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De acordo com o ciclo de vida, destaca-se com maiores índices a faixa etária feminina de 20 a

59 anos (72,4%) que sofre mais violência psicológica, seguida violência da física (71,1%), já a
faixa etária de 10 a 19 anos (57,32%) ocorre a maior quantidade de casos de violência sexual.
Em relação a faixa etária, constata-se uma prevalência na variável de 20 a 29 anos (32,26%)
na violência física e 29,23% na psicológica/moral entre 10 a 14 o índice é de (41,77%) para
vítimas de violência sexual. No referente a escolaridade a maior parte das vítimas de violência
física tinham ensino fundamental entre 5ª a 8ª série incompletas (22,23%), seguido da moral
(33,10%) e da sexual (31,59%). Quanto a cor/raça as mulheres de cor parda apresentam os
maiores índices no estudo, física (67,1%), psicológica/moral (77,5%) e sexual (70,7%)
respectivamente (Tabela 1).

Discussão
Com base nos dados coletados do DATASUS dos anos entre 2012 a 2016 do estado do
Maranhão, com 4777 notificações, observou-se que o ciclo de vida mais acometido pela
violência física foi o de 20 a 59 anos, sendo as mulheres adultas, representando o total de
71,1%, as mulheres adultas jovem que estão na faixa etária de 20 a 39 anos onde foram as
mais afetadas representado 57,46% dos casos. Dados semelhantes foram encontrados no
estado da Bahia para a mesma faixa etária com 56% dos registros, este fato é justificado pela
vida social dessas mulheres ser mais intensa que a dos outros intervalo de idades por esse
motivo elas ficam vulneráveis a serem vitimas de atos violentos por qualquer tipo de agressor,
a idade também pode contribuir para um melhor entendimento e reconhecimento da agressão
provocando assim o aumento das denúncias (GISELLE, et. al., 2017).

A maior parte delas não tinham o ensino fundamental completo, sendo 1062 o que representa
22,23% podendo representa a maioria, outros dados foram encontrados em outra pesquisa
realizada no município de Ribeirão Neves com 470 mulheres, com uma taxa de 53,4% das
mulheres que sofreram agressão física, isso nos evidência que quanto menor o tempo de
instrução escolar, menor é o seu poder e sua auto-estima, o que favorece a desigualdade de
gênero. (GOMES, et. al., 2016).

Já na raça/cor mais atingida esta presente aquelas que se declararam da com parda com 3,425
notificações isso vem a apresentar cerca de 67,1%, sendo assim considerado a maior parte
dos casos no estado. Resulta diferente do encontrado em minas gerais onde a cor de maior
prevalência é a branca, apresentando o percentual de 37,9% esse resultado é devido as
pessoas do estado se declararem da cor branca, causa também das notificações serem
despercebidas ou ignoradas de violência contra mulheres negras (JULIA, et. al., 2016).
Tabela 1: características sociodemográfica da mulher vítima de agressão sofrida
por companheiro.
Física Psicológica/ Sexual Total
Perfil Socio Demografico Moral
n % n % N % N %
Ciclo de Vida
Ignorado /Branco 12 0,3 3 0,10 2 0,14 17 0,18
<10 Anos 267 5,59 158 5,05 304 21,2 729 7,80
18,4 17,1 57,3 224 23,9
10-19 881 4 537 6 822 2 0 8
342 71,1 72,0 21,0 598 64,0
20-59 5 2255 4 302 6 2 4
60 e mais 192 4,02 177 5,65 4 0,28 373 3,99
477 100 100 100 934 100
Total 7 3130 1434 1
Faixa Etária
Ignorado /Branco 12 0,3 3 0,1 2 0,1 17 0,2
<1 Ano 62 1,30 22 0,70 24 1,67 108 1,16
1,37 6,07 201 2,34
01-04 89 1,86 43 87 9
2,97 13,4 402 4,30
05-09 116 2,43 93 193 6
6,87 41,7 107 11,5
10-14 265 5,55 215 599 7 9 5
10,2 15,5 116 12,4
15-19 616 12,9 322 9 223 5 1 3
154 32,2 29,2 11,9 262 28,1
20-29 1 6 915 3 172 9 8 3
120 25,2 28,1 5,79 216 23,2
30-39 4 0 880 2 83 7 0
10,3 10,2 2,44 852 9,12
40-49 496 8 321 6 35
50-59 184 3,85 139 4,44 12 0,84 335 3,59
60 e mais 192 4,02 177 5,65 4 0,28 373 3,99
477 100 100 100 934 100
Total 7 3130 1434 1
Escolaridade
113 14,2 14,3 178 19,1
Ignorado /Branco 6 23,8 444 205 5
Analfabeto 117 2,45 64 2,04 19 1,32 200 2,14
1ª a 4ª série incompleta do 7,22 12,6 831 8,90
EF 423 8,85 226 182 9
4ª série completa do EF 221 4,63 164 5,24 58 4,04 443 4,74
5ª a 8ª série incompleta do 106 22,2 33,1 31,5 255 27,3
EF 2 3 1036 0 453 9 1 1
11,1 3,84 771 8,25
Ensino fundamental completo 367 7,68 349 5 55
Ensino médio incompleto 450 9,42 254 8,12 118 8,23 822 8,80
13,5 12,3 7,32 113 12,1
Ensino médio completo 648 6 385 0 105 8 8
Educação superior 1,41 2,02 140 1,5
incompleta 67 1,40 44 29
Educação superior completa 68 1,42 58 1,85 14 0,98 140 1,5
3,39 13,6 520 5,57
Não se aplica 218 4,56 106 196 7
477 100 100 100 934 100
Total 7 3130 1434 1
Raça
Ignorado /Branco 431 9,0 148 4,7 45 3,1 624 6,68
9,8 14,8 109 11,8
Branca 580 12,1 307 212 9
Preta 487 10,2 219 7,0 151 10,5 857 9,2
Amarela 27 0,6 23 0,7 6 0,4 56 0,6
320 77,5 70,7 664 71,1
Parda 3 67,1 2426 1014 3
Indigna 49 1,0 7 0,2 6 0,4 62 0,7
477 100 100 934 100
Total 7 100 3130 1434 1

Discussão
A residência vem a ser o local onde mais ocorre a violência, foram 3057 vezes
notificados o que corresponde a mais da metade sendo 64%, resultado semelhante foi
encontrado em uma pesquisa realizada em municípios do sul do brasil o percentual de
mulheres agredidas em suas próprias residências chega a representar 97,4%, isso
pode ocorrer devido a residência ser um local favorável para o agressor o que não
ajuda na intervenção de outras pessoas contando ainda com a vergonha e o medo de
realizar uma denúncia.(Galvão, et. al., 2004).

Muitas vezes esses atos violentos acontecem mais de uma vez, neste estudo ocorreu
uma taxa de 34,5% para a violência de repetição, em outro estudo realizado com
dados do SINAN encontrou-se uma menor porcentagem com 15,9%. Em outros
países, a maioria das mulheres em que o episódio aconteceu mais de uma vez,
tentaram separar-se de seus companheiros, e grande parte dos atos acontecimentos
foram nos três meses antes do óbito. Esses aspectos a fragilidade e ineficácia a esses
esquemas de proteção e aos que atendem as vitimas (BARUFALDI, et. Al., 2017).

A força corporal e/ou o espancamento foi o meio mais utilizado para praticar está
ação contra a mulher neste estado, foram relatados 2963 casos o que representa mais
da metade de todos os outros meios de agressão física sendo assim 62%. No Distrito
Federal observou-se uma queda da utilização deste meio em apenas 48% desses
acontecimentos foram descritos com o uso da força e/ou espancamento. (SILVA, et.
Al., 2016).

O encaminhamento ambulatorial foi onde as vítimas mais foram atendidas, 20,4%


resultado menor foi encontrado em uma pesquisa feito pelo VIVA, onde apenas 5,8%.
Os serviços de saúde mostram sua importância por ser a primeira conexão da vítima a
instituições públicas, que realizam o atendimento e o acolhimento das pacientes,
também pode ampliar a perspectiva para superar está situação (LEILA, et. al., 2016).

Quanto a evolução dos quadros, 50,6% tiveram alta, é importante relatar que 1,1%
evoluíram para o óbito, outros dados coletados por meio um inquérito que compõe o
VIVA, realizado em 24 capitais e no Distrito Federal observou-se que 75% obtiveram
alta porém com uma menos taxa de óbitos apresentando apenas 0,7% dos casos
(LEILA, et. al., 2016)

Tabela 3: Numero de casos de violência contra mulher segundo local, repetição, meio de
agressão, encaminhamento ao setor de saúde e evolução do caso.

Física Psicológica/ Sexual Total


Perfil da Violência Moral
N % N % n % N %
Local ocorrência
64,0 75,9 60,5 6301 67,
Residência 3057 2377 867 5
Habitação Coletiva 25 0,5 14 0,4 14 1,0 53 0,6
Escola 43 0,9 29 0,9 11 0,8 83 0,9
Local de pratica esportiva 16 0,3 6 0,2 2 0,1 24 0,3
Bar ou Similar 251 5,3 96 3,1 14 1,0 361 3,9
19,8 11,1 13,3 1483 15,
Via pública 945 347 191 9
Comércio/Serviços 45 0,9 36 1,2 24 1,7 105 1,1
Indústrias/construção 5 0,1 5 0,2 3 0,2 13 0,1
Outros 181 3,8 151 4,8 150 10,5 482 5,2
Ignorado 151 3,2 51 1,6 128 8,9 330 3,5
Em Branco 58 1,2 18 0,6 30 2,1 106 1,1
100 100 100 9341 10
Total 4777 3130 1434 0
Violência de repetição
35,4 32,6 3223 34,
Sim 1649 34,5 1107 467 5
58,9 48,1 5047 54,
Não 2513 52,6 1844 690 0
Ignorado 421 8,8 119 3,8 219 15,3 759 8,1
Em Branco 194 4,1 60 1,9 58 4,0 312 3,3
100 100 100 9341 10
Total 4777 3130 1434 0
Meio de agressão
67,51 2113 22,
- -
Ameaça - - 2113 2
2963 31,
- - - -
Força corporal/ espancamento 2963 62,0 1
Enforcamento 213 4,5 - - - - 213 2,2
Objeto contundente 235 4,9 - - - - 235 2,5
Objeto perfuro cortante 865 18,1 - - 115 7,1 980 10,
3
Queimadura 52 1,1 - - - - 52 0,5
Arma de fogo 302 6,3 - - 70 4,3 372 3,9
Assédio Sexual - - - - 233 14,4 233 2,4
Atentado violento ao pudor - - - - 32 2,0 32 0,3
71,3 1154 12,
- -
Estrupo - - 1154 1
32,49 0,9 1179 12,
Outros meios 147 3,1 1017 15 4
100 100 100 9341 10
Total 4777 3130 1434 0
Encaminhamento setor saúde
14,6 1903 20,
Encaminhamento ambulatorial 976 20,4 458 469 32,7 4
Internação Hospitalar 393 8,2 129 4,1 122 8,5 644 6,9
Não se aplica 216 4,5 251 8,0 49 3,4 516 5,5
Ignorado 296 6,2 479 15,3 47 3,3 822 8,8
57,9 5456 58,
Em Branco 2896 60,6 1813 747 52,1 4
100 100 100 9341 10
Total 4777 3130 1434 0
Evolução do caso
42,0 49,3 4438 47,
Alta 2416 50,6 1315 707 5
Evasão/fuga 38 0,8 29 0,9 12 0,8 79 0,8
Óbito por violência 53 1,1 10 0,3 6 0,4 69 0,7
Óbito por outras causas 3 0,1 2 0,1 3 0,2 8 0,1
Ignorado 74 1,5 21 0,7 24 1,7 119 1,3
56,0 47,6 4628 49,
Em Branco 2193 45,9 1753 682 5
100 100 9341 10
Total 4777 100 3130 1434 0

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