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Resumo
O presente trabalho busca ser uma pequena contribuição, ou melhor uma reflexão
sobre a ausência do pensamento feminista nos debates sobre a descolonização do ser e do
saber na Amárica Latina de acordo com o pensamento descolonial, encabeçados por
autores homens como Orlando Fals Borda, Paulo Freire, Enrique Dussel, Franz Fanon etc.
A ausência ou a pouca visibilidade das mulheres e do pensamento feminista para
uma práxis libertária latino-americana mostra ainda, imensas questões que necessitam de
ser investigadas e buscadas as razões para tais.
Apesar do avanço do movimento e do pensamento feminista que vem ocorrendo nos
últimos anos, a voz das mulheres ainda está longe de igualar ao lugar de fala masculino,
branco, descendente de europeu que apesar de sustentar discurso libertário, ainda
consegue pouco dividir a voz com o pensamento feminista em suas diversas e múltiplas
necessidades.
Neste sentido, cabe-nos a indagação do por que desta ausência e como podemos
auxiliar na ocupação deste espaço pelas mulheres que tanto como homens necessitam de
ter sua voz ouvida e suas necessidades atendidas, não por um sistema representativo
insipiente, ou por seus intelectuais orgânicos, ou meios meramente participativos dominados
pela voz masculina.
Introdução
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Doutorando em Sociedade, Cultura e Fronteira. E-mail: gustavocarvalho.5@unioeste.br
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violada pelo burguês rico não acrescenta muita novidade a própria libertação da
mulher latino-americana.
Porém, o lugar que ocupamos socialmente nos faz ter experiências distintas
e outras perspectivas. A teoria do ponto de vista feminista e lugar de fala
nos faz refutar uma visão universal de mulher e de negritude, e outras
identidades, assim como faz com que homens brancos, que se pensam
universais, se racializem, entendam o que significa ser branco como
metáfora do poder, como nos ensina Kilomba. Com isso, pretende-se
também refutar uma pretensa universalidade.
Ao promover uma multiplicidade de vozes o que se quer, acima de tudo, é
quebrar com o discurso autorizado e único, que se pretende universal.
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Nós nos juntávamos a outros Ticuna, que ficavam ali no silêncio de sua
contemplação, observando, entre outras coisas, o solapamento do rio no
outro lado da margem. Ao menos era o que mais chamava atenção: ver este
banzeiro ir e vir. No meu pensar de criança, parecia estranho e incomodava
um pouco ver as pessoas em pé com braços cruzados ou acocadas,
totalmente em silêncio. E as águas batiam fortemente nas canoas que se
movimentavam de um lado para outro, como se dançassem ao som do rio.
muito menor, considerando os corpos humanos como território para elucidar este
imenso processo dialético do colonialismo, em especial, a mulher cujos corpos foram
constantemente desterritorializados pelo patriarcalismo eurocristão, cabe uma
reterritorialização de seus corpos através de lutas e resistências dentro das diversas
dimensões territoriais (Saquet, 2013;2017;2019) para a libertação da mulher
afrodescendente nas Américas, neste sentido que a autora (Gonzáles, 1988, p. 79
coloca:
Para uma linguagem interdisciplinar, podemos admitir que estes grupos irão
territorializar-se materialmente e imaterialmente através de continuidades e
descontinuidades sua resistência, produzindo assim uma territorialidade ativa onde o
feminismo descolonial realmente possa prosperar em seus saberes outros, de forma
a não repetir os processos opressivos vigentes até o momento:
Considerações Finais
Referências
MARINI, Rui Mauro. Dialética da dependência. São Paulo: Editora Vozes, 2000.