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All content following this page was uploaded by Sophia Silva de Mendonça on 21 January 2022.
1. Introdução
Neste capítulo, problematizamos fenômenos ligados ao amor e
à acessibilidade amorosa para autistas, partindo da experiência de uma
jornalista e mestranda em Comunicação Social de 23 anos de idade,
diagnosticada aos 11 com Transtorno do Espectro Autista (TEA), e
mulher transgênero. Na construção do texto, revelaram-se importantes
a leitura de autores vinculados às teorias dos afetos, à experiência de
uma das autoras deste artigo e o diálogo com personagens de novelas e
depoimentos de pessoas no Espectro Autista publicados em livros, blogs
ou matérias jornalísticas.
Então, caro leitor, não se assuste se encontrar no nosso texto uma
alternância entre a primeira pessoa do singular e a primeira pessoa do
plural. Nosso objetivo é mesmo uma reflexão polifônica, valorizando
as vozes da mestranda autista e da orientadora, bem como de outros
pesquisadores e de pessoas do Espectro Autista que já publicaram suas
experiências em produtos midiáticos, para compartilhar com vocês uma
pesquisa em uma construção. Apesar de nos conhecermos há anos, este
é o nosso primeiro desafio de escrita em conjunto. Esperamos que seja
possível a partilha de algumas reflexões que pretendem sintonizar a expe-
riência singular de uma jovem com debates científicos sobre a temática.
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Optamos por uma pesquisa em dimensão afetiva, ancorada em
aspectos teórico-metodológicos em desenvolvimento no “Afetos: Grupo
de Pesquisa em Comunicação, Acessibilidade e Vulnerabilidades”, da Uni-
versidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Conforme Pessoa, Marques
e Mendonça (2019, p. 8), olhar para a pesquisa com a lente afetiva exige
um movimento de integração, e não de distanciamento do fenômeno
pesquisado, porque o ser está imerso naquela rede de acontecimentos,
afeta e é afetado por ela.
Apoiadas em relatos de pessoas diagnosticadas com TEA e nas
reflexões propostas pelas pesquisadoras Sônia Caldas Pessoa e Mariana
Cecília da Silva no artigo Acessibilidade amorosa: ideias, encontros e afetos para
pessoas que experienciam situações de deficiência, publicado no livro Afetos:
Pesquisas, reflexões e experiências em 4 encontros com Jean-Luc Moriceau, que
tem como base a Teoria do Amor elaborada por Simon May, trazemos à
cena a problematização e a discussão sobre acessibilidade amorosa para
autistas e os desafios de caminhos possíveis para que se consolide.
2. Acessibilidade Amorosa?
Pessoa e Silva (2019, p. 35) conceituam as acessibilidades afetiva e
amorosa a partir da percepção de que, se a acessibilidade afetiva (Pessoa,
2019) está no campo de relações mais amplas, em que os encontros se
centram na presença dos corpos em condições de igualdade de comuni-
cação e de afetos cotidianos, a acessibilidade amorosa nos conduziria a
um conjunto de relações nas quais a presença dos corpos com deficiência
seria capaz de despertar afetações que tornem o enlevo possível entre
corpos diversos.
Para entender a relação entre amor, acessibilidade amorosa e autismo,
é importante compreender a forma como as pessoas autistas dialogam com
os discursos que caracterizam o imaginário popular acerca do tema. Afinal,
conforme apontam Pessoa e Silva (2019, p. 28), a problemática do amor,
em sua acepção cotidiana, reside na instabilidade de sensações que povoam
os imaginários sociais ou os modos de interpretação da “realidade” cons-
tituídos pelos sujeitos para que seja conformado um universo de sentidos
ou efeitos de sentidos. Para as autoras, esses imaginários são sustentados,
no cotidiano, pela materialização de comportamentos, a qual precisaria
de racionalização discursiva para, por sua vez, também se materializar.
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A decodificação dessas narrativas, por parte de pessoas mais prag-
máticas, como é o caso de autistas, pode resultar em insuficiência de
significados para manter algo trabalhoso como uma relação amorosa,
conforme apontado pela neuropsicóloga Annelise Júlio Costa (2020).
A fala da profissional de saúde encontra eco nos relatos de Selma Sueli
Silva, mãe da mestranda que aqui escreve. Após o próprio diagnóstico de
autismo, ela resolveu desistir por algum tempo das relações amorosas ao
afirmar que “apesar de admirar até hoje alguns homens que passaram por
minha vida, eu nem sequer tenho a certeza de que sei o que é o amor.
Será que um dia amei de verdade? Eu não sei e não me sinto preparada
para descobrir” (Silva, 2020). Tal discussão encontra-se em consonân-
cia com a problemática sobre Comunicação e Acessibilidade apontada
por Pessoa e Silva (2019, p. 28): como pode o amor ser uma espécie de
“porto seguro” e uma “resposta” às relações incontroláveis do mundo,
se o amor também é incontrolável?
No texto Reflexões sobre os relacionamentos com os homens, publicado
no blog O Mundo Autista em 2020, Selma Sueli Silva vai, passo a passo,
descrevendo a evolução do próprio entendimento sobre o relacionamento
afetivo, partindo do amor como objeto de hiperfoco (interesse repetitivo
e restrito do autista), o qual encontrou a origem na observação do na-
moro da irmã como forma de socialização, até a decepção consequente
da racionalização dos discursos amorosos e das próprias dificuldades
sociais inerentes ao TEA.
O leitor pode estar se perguntando o porquê da necessidade e da
importância do amor e da acessibilidade amorosa, visto que, por muitas
vezes, o trajeto do relacionamento humano pode resultar em sofrimento.
Contudo, é importante sublinhar a importância desta palavra: trajeto. As
relações entre as pessoas são caracterizadas por um percurso e, certamente,
não constituem um fim em si. Quando falamos de casamento, por exem-
plo, estamos falando sobre uma vida a dois que é construída no cotidiano.
Pessoa e Silva (2019, p. 34-35) partem da acessibilidade afetiva para
a acessibilidade amorosa, com o objetivo de afunilar um emaranhado
de relações que estão no âmbito de afetos específicos, relacionados ao
amor entre os sujeitos. Em consonância com essa linha de pensamento,
o atual artigo idealiza uma nova percepção ao sugerir uma inversão da
ótica sob a qual em muitos casos está posto o amor, inclusive romântico,
em relacionamentos interpessoais.
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Assim, em vez de se experimentar tal sentimento com plenitude
como uma meta a ser alcançada, seja por desejo próprio ou por respeito
exacerbado às convenções sociais, o que se propõe é tê-lo como ponto
de partida e de jornada para o aprimoramento das relações. Não se trata,
apenas, de exaltar a riqueza do aprendizado com as diferenças, mas sim
da compreensão de que o exercício do direito de afetar e de ser afetado
é crucial para a retirada dos sujeitos envolvidos no status quo. O amor,
neste contexto, ganha a conotação de “movimento”, da mobilização de
indivíduos como criadores e executores de objetivos e metas comuns,
os quais revelam-se mais importantes em suas construções do que em
seu sucesso ou fracasso.
Por se tratar de uma pesquisa realizada em dimensão afetiva, é
importante esclarecer a diferenciação entre as afecções e os afetos como
sentimentos: enquanto as primeiras se referem ao corpo e estão, neces-
sariamente, ligadas a um encontro entre corpos, os afetos indicam uma
passagem ou transição de um estado a outro em nós e, embora possam
ser compreendidos no conjunto das afecções, não se confundem e nem
se restringem a elas (Yonezawa, 2015, p. 188).
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o primeiro passo para além do isolamento afetivo-amoroso no qual eu
havia me colocado. Eu queria aquele rapaz por perto, mesmo que fosse
apenas como um amigo.
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As questões sensoriais também influenciam o comportamento do
autista perante as relações. Em entrevista à jornalista Gabriela Bandeira,
do portal Olhares do Autismo, a pedagoga e ativista autista Caroline Souza,
autora da página Autistando no Facebook, revela ser assexual. Segundo a
ativista, as questões sensoriais alteradas nos autistas mostraram-se fator
determinante para impedir que seus relacionamentos românticos se tor-
nassem duradouros. Na entrevista, ela afirma ter dificuldade com toques,
não gostar muito de beijos e carinhos e preferir ficar sozinha (Souza,
2019). A experiência de Caroline Souza encontra eco na minha própria
experiência. Apesar de eu não ser assexual, a sensibilidade sensorial alterada
revelou-se um desafio em minhas primeiras relações amorosas. Os odores
masculinos, mais fortes que os femininos devido à testosterona, oscilavam
de maneira que julgava estranha entre percepções de atração e incômodo.
O desejo de me envolver romanticamente com alguém me acom-
panha desde a adolescência, mas veio a se concretizar somente na vida
adulta. Desde que percebi esta vontade, tinha medo de não perceber as
regras sociais e sempre tive muita dificuldade de me aproximar dos rapazes
pelos quais tinha interesse. Meu primeiro beijo ocorreu proposto por
um amigo. Logo depois, nossa relação evoluiu para algo mais profundo,
ainda que, como Benê, eu tenha dificuldade de definir conceitualmente
o que fora, porque não éramos oficialmente namorados.
Um aspecto favorável nesta relação é o fato de que ele sempre me
dava feedbacks, seja com relação às regras sociais ou às questões mais ínti-
mas, o que me permitia ter uma ideia mais concreta da experiência. Esta
postura difere-se bastante de algumas das minhas primeiras experiências
amorosas. Certa vez, pedi a uma amiga que conversasse com determi-
nado garoto para saber se ele estava interessando em mim. Estávamos
conversando e nos encontrando há algum tempo, mas eu não conseguia
ler suas expressões e reações. Em outra ocasião, saí duas vezes com um
amigo, também autista e LGBTQ+. Apesar de haver sinais, como o jantar
sofisticado em um restaurante caro que ele me ofereceu, as conversas
“indiscretas” e o fato de ele abrir as portas do carro para mim, só fui
perceber depois de muito tempo e de conversar com psicólogos e amigos
que aquilo talvez significasse um interesse romântico.
Ex-marido de uma mulher autista, o editor Roberto Mendonça
aponta, em entrevista para o livro Neurodivergentes: Autismo na Contem-
poraneidade, que era difícil lidar com a inteligência muito objetiva, a
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honestidade desconcertante e a impaciência da esposa (Mendonça, 2019,
p. 55). Para um olhar clinicamente menos atento, essas sutis diferenças
podem ser interpretadas apenas como comportamentos estranhos, inusi-
tados ou deselegantes; afinal, o autismo é uma deficiência invisível, que
não explicita diferenças físicas. Mesmo as particularidades intelectuais
e comportamentais são sutis em quantidade expressiva de casos. Trata-
-se do que é definido pela quinta edição do Manual de Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais (o DSM-V, de 2013) como autismo
leve. O DSM-V define que os indivíduos que se enquadram nessa se-
ção do espectro autista precisam de suporte e, para os efeitos médicos,
biopsicossociais e legais, essa extremidade mais “funcional” também é
considerada uma deficiência.
A vivência com autistas mostra que eles exibem, muitas vezes, a
necessidade de escolher pessoas ao longo da vida para exercerem esse
suporte. Para alguns, pode ser o marido ou a esposa. Nesses casos, vale
lembrar que, como apontam Pessoa e Silva (2019, p. 36), o ato de cuidar
requer generosidade e entendimento do indivíduo, que não é uma ex-
tensão do sujeito alvo das práticas de cuidado. Assim, segundo as autoras,
para evitar possíveis prejuízos à pessoa com deficiência, cujas vulnera-
bilidades são expostas de maneira mais contundente, é preciso que os
parceiros da relação compreendam os próprios papéis e individualidades,
além de que a pessoa com deficiência tenha suas necessidades atingidas.
A fala de Roberto Mendonça serve, ainda, como um lembrete
de que o amor passa por uma teia de relações sociais, em que perpassam
confrontos entre os modos de funcionamento de neurotípicos e neuroa-
típicos, conforme podemos observar também pela entrevista de Rodrigo
Tramonte no livro Camaleônicos: A Vida de Adultos Autistas. Ele manteve
somente três relacionamentos sérios, dois deles com mulheres que conheceu
pela Internet. Todos esses relacionamentos duraram menos de um ano,
porque elas não suportaram peculiaridades como a necessidade de períodos
de isolamento, e porque Rodrigo perdeu o interesse por elas quando as
diferenças entre eles começaram a interferir na relação (Silva, 2019, p. 46).
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raiz de seu significado está em “cuidar, gostar de algo ou alguém, sentir
afeição, desejo ou preocupação”. Para as autoras, é importante pensar
que os modos como os sujeitos constituem discursividades sobre essa
manifestação afetiva variaram bastante ao longo da história; afinal, o ato
de amar e os modos como se manifesta socialmente são culturalmente
relacionados às sociedades de cada época.
Interessante perceber como a própria noção do amor é constituída
culturalmente, o que leva à problematização sobre como os autistas lidam
com essa visão, considerando que seu desafio é justamente interpretar e
lidar com as elaborações sociais. Silva (2017) relata, em um dos vídeos
do canal Mundo Autista, como a má percepção de algumas regras sociais
levaram seu comportamento a ser interpretado equivocadamente como
demonstração de desejo por outra mulher, o que a colocou em uma si-
tuação de assédio. As queixas sobre relacionamentos abusivos e assédios
sexuais costumam prevalecer com relação às mulheres autistas. No epi-
sódio 91 do podcast Introvertendo, intitulado Assédio e Abuso, a estudante
de letras Mariana Sousa, diagnosticada como autista em 2019, revela uma
situação ocorrida na virada do ano de 2019 para 2020, quando sofreu
abuso de uma pessoa em que “confiava bastante”:
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primeira no país a chamar a atenção para o complexo espectro autista,
Amor à Vida, produção da Rede Globo exibida no horário de 21 horas,
de 20 de maio de 2013 à 31 de janeiro de 2014, em 221 capítulos. A obra
trouxe a atriz Bruna Linzmeyer no papel da personagem autista Linda.
Em entrevista a Carla Neves, do Portal UOL do Rio de Janeiro, Bruna
afirmou que uma de suas maiores inspirações para compor a personagem
foi a youtuber e ativista canadense Carly Fleischmann, que é autista grau
3 (autismo severo), não oralizada. Contudo, Mendonça (2019, p. 85)
afirma que a telenovela “foi bastante criticada por carregar a mão nos
estereótipos, culpar a mãe e não definir bem o grau da jovem no espectro,
o que a tornou uma personagem mal desenvolvida ao longo da trama”.
Um dos pontos mais criticados foi o fato de que a personagem –
embora denotasse um nível de deficiência intelectual que a tornaria, para
algumas interpretações, “legalmente incapaz”, como condição coexistente
ao autismo – tenha se relacionado e até se casado. A LBI (Lei Brasileira
de Inclusão) resguarda às pessoas com deficiência o direito a decisões
sobre corpo, sexualidade, matrimônio, privacidade e maternidade: de
acordo com Pessoa e Silva (2019, p. 35), a acessibilidade amorosa estaria
ancorada, do ponto de vista legal, nessa lei.
Por um lado, a lei garante o direito ao indivíduo com deficiência;
por outro, no caso de autistas, pode ser que, dependendo do diagnóstico
e de características da pessoa, ela seja considerada “legalmente incapaz”.
Sobre esse assunto, a pesquisadora Ana Arantes, do Laboratório de
Aprendizagem Humana Multimídia Interativa e Ensino Informativo
(LAHMIEI), da Universidade Federal de São Carlos, em entrevista a
Luciana Alastre, da Revista Galileu (2013), disponível no site do peri-
ódico, enfatiza que
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escolheu não fazer, ou se fez, foi de maneira superficial. (Revista
Galileu, 2013, s/p)
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No entanto, a teledramaturgia pode, involuntariamente, e até de modo
idílico, construir narrativas otimistas, que apontem para uma transfor-
mação rápida demais, como se o amor fosse um componente, por si só,
capaz de promover alterações significativas em tempo recorde. Os afetos
são importantes para estímulos sensoriais do autista. Por outro lado, não
podemos desconsiderar a importância de terapias e acompanhamentos
de profissionais especializados no tema.
Como ocorre com todas as pessoas, não há um padrão para autistas,
e mesmo as dificuldades de comunicação social e comportamento atípico
variam, em suas manifestações, de um caso para o outro. É importante
separar, também, o que é o autismo e o que são comorbidades (condições
médicas ou psiquiatras que coocorrem com o TEA). A aparente defici-
ência intelectual de Linda não é critério para o diagnóstico de autismo,
embora possa fazer parte do quadro clínico de vários indivíduos com essa
condição. Tal diferenciação não pareceu clara na novela. Os aconteci-
mentos na vida da personagem, os quais não faziam jus aos rótulos que
lhe foram concedidos pelo público, podem ter favorecido a não aceitação
de um romance no enredo. “As noções abarcadas pelo senso comum, no
que se refere ao imaginário sobre as pessoas com deficiência, apontam,
quase sempre, para uma expectativa social baixa” (Costa; Mantovani,
& Pessoa, 2019, p.1).
Por outro lado, sob o lema “Nada sobre nós, sem nós”, temos
testemunhado essas pessoas tomarem para si a responsabilidade de cons-
tituir discursividades que questionam os modos vulneráveis como foram
apresentadas e representadas ao longo de séculos (Pessoa & Silva, 2019, p.
30). Em 2017, como parte da campanha intitulada “Sou Autista, Tenho
Direito ao meu Próprio Corpo”, a Associação Brasileira para Ação por
Direitos das Pessoas com Autismo lançou um manifesto no qual critica
o fato de que muitas pessoas autistas não são conhecidas como detentoras
do direito ao próprio corpo, com base nos relatos de vários indivíduos
no Espectro Autista que afirmam ter seus direitos sexuais e reprodutivos
impedidos. De acordo com a entidade, a justificativa é a falsa crença de
que alguém que não exerce sua sexualidade está mais protegido contra
abusos. (Abraça, 2017). Para Pessoa e Silva (2019, p. 35), a legislação
vigente registra o reconhecimento da capacidade civil das pessoas com
deficiência à tomada de decisões para assegurar a igualdade de direitos.
A percepção legal mostra-se contrária à noção de não sujeito associada,
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pelo senso comum, a pessoas que apresentam casos mais severos de au-
tismo e outras deficiências.
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afirmativa entendemos que, no caso de pessoas do TEA, esta acepção da
doxa torna-se ainda mais complexa. Além de lidar com a imprevisibilidade
da complexa arte de amar e de se relacionar, um conjunto de fatores,
como apontado no texto, pode desencadear sensações que instabilizam
aspectos da vida cotidiana.
O leitor pode estar se perguntando: mas não seria assim com
qualquer pessoa que é surpreendida por uma relação ou uma disposição
amorosa? Provavelmente, o leitor tenha razão, o que não nos exime da
necessidade de tal discussão. Ainda que, para economia deste capítulo,
tenham sido apresentados alguns depoimentos de pessoas do TEA e a
experiência singular de uma jovem autista, esperamos inspirar reflexões
em direção aos desafios da acessibilidade amorosa, especificamente para
essas pessoas, não somente favorecendo amores platônicos, mas amores
que possam ser vivenciados em sua plenitude.
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