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3 Rodada
3 Rodada
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017
CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017
DURAÇÃO
21/08/2017 A 19/11/2017
MATERIAL ÚNICO
Questões totalmente inéditas
ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone
2 QUESTÕES DISSERTATIVAS
Por rodada
1 PEÇA/PARECER
Por rodada
IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-PRO-
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. CURADOR
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela FEDERAL
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo. 1ª ED.
2017
CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 1
CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017
PROFESSORES
Rodolfo Cursino.
Professor de Direito Tributário. Procurador da Fazenda Nacional desde 2013. Especialista em Direito Processual/PUC-MG e
Direito Público/UBC-SP. Graduado em Direito/UFPE. Ex-Técnico do Seguro Social. Autor do livro “Procuradoria da Fazenda
Nacional / Coleção Aprovados” (lançamento em breve) e Coautor do livro “Questões Discursivas
Comentadas – Advocacia Pública Federal (AGU e PFN)”, ambos da Editora Juspodivm. Aprovado,
ainda, nos concursos de Julgador do Tribunal Administrativo Tributário de Pernambuco; Procurador
dos Municípios de Maceió/AL e João Pessoa/PB; Advogado da Caixa Econômica Federal; Analista do
MPU, TRT6 e TJPE; Técnico da Fazenda Municipal de Olinda/PE e do TRT6.
Ravi Peixoto.
Professor de Direito Processual Civil. Doutorando em direito processual pela UERJ. Mestre em Direito
pela UFPE. Procurador do Município de João Pessoa. Advogado. Aprovado nos concursos da PGM-
JP, PGDF e PGM-Recife.
INSTRUÇÕES GERAIS
Estamos muito felizes por começar este curso com vocês, sabendo que há pessoas que sonham
e se dedicam para assumir um dos cargos fundamentais à defesa própria das instituições estatais.
É muito bom ter, no nosso dia a dia, a missão de defender a coisa pública com excelência e saber
que, através do nosso trabalho, fortalece-se o modelo democrático que escolhemos seguir. É muito
bom, também, depois de meses ou anos de estudo – cada um tem seu tempo e sua estrada – viver
o dia da nossa aprovação, o dia da nossa nomeação e, finalmente, o dia da nossa posse. Como
é emocionante! Como é bom o momento em que chamam o nosso nome. Vale cada segundo do
trabalho duro!
De nossa parte, esforçamo-nos para, a cada rodada, oferecer-lhes um material de qualidade, bem
pensado de acordo com as exigências do edital e com a prática da advocacia pública.
Da primeira à nona rodada, teremos, em cada uma, 100 questões objetivas no estilo CESPE de
Certo ou Errado; duas questões dissertativas com resposta de até 30 linhas e uma peça ou parecer
com resposta de até 150 linhas. Será preciso que vocês se organizem bem.
Esforcem-se, também, para ler as rodadas pontualmente, bem como para responder às questões
dissertativas, recebendo nossas correções de forma individual.
Na 10ª rodada, faremos um simulado com 200 questões objetivas comentadas de forma mais
sucinta e, aí, não haverá questões dissertativas nem peça/parecer.
No canal do CEI no Youtube, temos um vídeo, feito pela Professora Marianna Motta, com dicas
para a leitura das rodadas.
Sigo à disposição de todos vocês para eventuais dúvidas pelo e-mail profcei.mariahelena@gmail.
com.
Que seja um caminho muito proveitoso para todos nós e que, em breve, possamos, juntos,
comemorar o sucesso de vocês.
Sigam firmes!
Um abraço,
CRONOGRAMA
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO DA RODADA
Queridos alunos,
Nesta rodada, chamo atenção de vocês para a questão de Direito Econômico referente ao gun
jumping, já que o entendimento administrativo sobre a defesa da concorrência é importantíssimo
no concurso de vocês.
Quanto a interação entre as matérias, notem que tivemos em Direito Constitucional e Legislação
de Ensino questões semelhantes em relação à concorrência competente para legislar sobre a
educação.
Algumas questões conceituais também merecem destaque, como a que explica com precisão a
sistemática da dívida flutuante em Direito Financeiro, e a que elucida a aplicação dos princípios da
anterioridade do exercício financeiro e da anterioridade nonagesimal, em Direito Tributário.
É importante não perder de vista ensinamentos básicos como esses, que, por serem recorrentes
nas provas, certamente lhes renderão algumas questões.
Nosso cuidado tem sido sempre, também, mantê-los atualizados, como se vê na questão que
explica o entendimento da TNU quanto à devolução de valores recebidos, por decisão judicial
precária.
Há, por fim, interessantes pontos sobre conceitos que devem ser conhecidos pelos aspirantes ao
cargo de procurador federal, a exemplo da teoria da desconsideração expansiva da personalidade
jurídica em Direito Civil, do acordo de Bretton Woods em Direito Internacional e da doutrina do
“forum non conveniens” em Direito Processual Civil.
Sigam firmes!
Maria Helena Rocha
ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum
material, a fim de simular a situação encontrada em prova.
DIREITO ADMINISTRATIVO
ccCERTO ccERRADO
02. O parecer do Advogado-Geral da União aprovado pelo Presidente da República e publicado
juntamente com o despacho presidencial vincula a Administração Pública Federal.
ccCERTO ccERRADO
03. A sanção imposta em Processo Administrativo disciplinar contra agente público
classifica-se como fato administrativo, e não ato administrativo.
ccCERTO ccERRADO
04. Caso determinado contrato público seja firmado sem licitação anterior e não seja hipótese
excepcionada da exigência licitatória, a Administração Pública pode, após decorridos, por
exemplo, quatro meses da execução das prestações, declarar a sua nulidade. Nesse caso, o
referido contrato será considerado ato jurídico inválido, embora perfeito e, até a declaração
de nulidade, eficaz.
ccCERTO ccERRADO
05. Considera-se simples o ato administrativo que depende da vontade de um único órgão
público.
ccCERTO ccERRADO
06. Havendo descumprimento das condições necessárias à manutenção do ato administrativo,
ele deve ser retirado do mundo jurídico através da cassação, que é uma faculdade inserida
no âmbito de discricionariedade do administrador público.
ccCERTO ccERRADO
07. Os atos administrativos individuais não podem se destinar a mais de uma pessoa, ainda
que os destinatários sejam especificados, é dizer, havendo mais de um sujeito a quem se
destina o ato, este será considerado geral.
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
09. As agências executivas são autarquias em regime especial que possuem um plano de
reestruturação institucional em andamento e celebram com o Ministério supervisor um
contrato de gestão.
ccCERTO ccERRADO
10. As agências reguladoras são autarquias em regime especial, cujos dirigentes, escolhidos
pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, exercem mandato fixo.
ccCERTO ccERRADO
11. Chama-se teoria da captura a que explica os riscos ligados à possibilidade de interesses
particulares apoderarem-se do funcionamento das agências reguladoras.
ccCERTO ccERRADO
12. O ex-dirigente de agência reguladora que desrespeita o período de quarentena incorre
em advocacia administrativa.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO CONSTITUCIONAL
13. São nulas as provas obtidas pelo Ministério Público oriundas de informações bancárias
de titularidade de prefeitura com o intuito de investigar crimes praticados por servidores
contra a Administração Pública.
ccCERTO ccERRADO
14. O Poder Judiciário não pode obrigar a realização de obras emergenciais em
estabelecimento prisional.
ccCERTO ccERRADO
15. Uma ação com o pedido de suplemento para criança lactante perde o objeto pelo fato de
terem se passado vários anos sem o julgamento.
ccCERTO ccERRADO
16. O Poder Judiciário não pode obrigar Município a fornecer vaga em creche por se tratar
de um interesse público local.
ccCERTO ccERRADO
17. O TJ pode julgar Ação Direta de Inconstitucionalidade contra lei municipal tendo como
parâmetro norma da Constituição Federal.
ccCERTO ccERRADO
18. Uma lei estadual pode fixar número máximo de alunos por sala de aula.
ccCERTO ccERRADO
19. Há a necessidade de prévia autorização da Assembleia Legislativa para que o STJ receba
denúncia criminal contra o Governador do Estado.
ccCERTO ccERRADO
20. A mera intuição de que está havendo tráfico de drogas na casa não autoriza o ingresso
sem mandado judicial ou consentimento do morador.
ccCERTO ccERRADO
21. A simples disponibilização de aparelhos radiofônicos (rádios) e televisores em quartos
de hotéis, motéis, clínicas e hospitais autoriza a cobrança de direitos autorais por parte do
ECAD.
ccCERTO ccERRADO
22. Se um membro de Ministério Público Estadual praticar uma falta administrativa que
também esteja prevista na lei penal como crime, o prazo prescricional para ingressar com
a ação civil para a aplicação da pena administrativa de perda do cargo só terá início com o
trânsito em julgado da sentença condenatória no âmbito penal.
ccCERTO ccERRADO
23. O réu em processo criminal pode assumir, como substituto, o cargo de Presidente da
República.
ccCERTO ccERRADO
24. Haverá violação à Súmula Vinculante 10, e ao art. 97 da CF/88, a decisão do órgão
fracionário do Tribunal que deixa de aplicar a norma infraconstitucional por entender não
haver subsunção aos fatos ou, ainda, que a incidência normativa seja resolvida mediante a
sua mesma interpretação, sem potencial ofensa direta à Constituição.
ccCERTO ccERRADO
25. Digamos que determinado Estado da federação tenha editado uma Lei estadual que
obriga concessionárias a instalarem bloqueadores de celular. Seria correto afirmar que essa
lei é inconstitucional.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO ECONÔMICO
26. Nos termos Lei 12.529/2011, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica é formado
pelo Tribunal Administrativo de Defesa Econômica, a Superintendência-Geral e pela Secretaria
de Acompanhamento Econômico. Dentre outras, é competência do Plenário do Tribunal
requerer à Procuradoria Federal junto ao CADE a adoção de providências administrativas e
judiciais.
ccCERTO ccERRADO
27. A prática de gun jumping é caracterizada pela consumação de atos de concentração
econômica antes da decisão final do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, com
previsão expressa na Lei nº 12.529/2011.
ccCERTO ccERRADO
Julgue os itens que se seguem, referentes à intervenção do estado no domínio econômico
e às parcerias público-privadas.
ccCERTO ccERRADO
29. A pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos
fluidos, constituem monopólio da União. Não sendo possível, entretanto, que este ente
contrate empresas privadas para a realização dessas atividades, em razão da possibilidade
de violação do interesse público.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO FINANCEIRO
30. É necessária autorização legislativa para que o Executivo possa efetuar operação
creditícia, tais como operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado.
ccCERTO ccERRADO
De acordo com a Lei nº 4.320/164, que estatui normas gerais de direito financeiro, julgue o
item subsecutivo.
31. A lei considera como dívida flutuante aqueles lançamentos definidos como restos a
pagar, excluídos os serviços da dívida, os serviços da dívida a pagar, os depósitos e também
os débitos de tesouraria.
ccCERTO ccERRADO
Com referência à Lei de Responsabilidade Fiscal no que se refere ao crédito público, julgue
os itens que seguem.
32. Não é admitido que um ente da Federação realize operação de crédito, na qualidade de
beneficiário do empréstimo, com uma instituição financeira estatal por ele controlada.
ccCERTO ccERRADO
33. É permitida pela LRF a operação de crédito consistente em confissão de dívida com
fornecedor de bens, mercadorias ou serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de
crédito.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO TRIBUTÁRIO
34. Por expressa disposição da Lei de Execuções Fiscais, aplicam-se aos créditos não
tributários todos os privilégios e garantias previstos no Código Tributário Nacional.
ccCERTO ccERRADO
35. Em execução fiscal, caracteriza-se a prescrição intercorrente quando, não localizado o
devedor ou não encontrados bens aptos à penhora, o feito ficar suspenso por cinco anos.
ccCERTO ccERRADO
36. Tratando-se de instituto de ordem pública, é possível que a prescrição intercorrente seja
decretada de ofício, sem prévia manifestação da Fazenda Pública Federal.
ccCERTO ccERRADO
37. É constitucional a cobrança de taxa municipal de coleta de lixo originado de imóvel
federal.
ccCERTO ccERRADO
38. Se o Município do Recife publicar, em dezembro de 2017, uma lei que majore a base
de cálculo do IPTU, referido normativo já será aplicável aos fatos geradores ocorridos em
janeiro de 2018.
ccCERTO ccERRADO
39. Uma das funções da Lei Complementar, em Direito Tributário, é dispor sobre conflitos de
competência entre os entes federativos.
ccCERTO ccERRADO
40. Os fatos geradores complexivos são caracterizados por vários eventos ocorridos em um
período de tempo determinado.
ccCERTO ccERRADO
LEGISLAÇÃO DE ENSINO
41. Segundo o STF, é inconstitucional lei estadual prevendo o número máximo de alunos
que poderiam estudar nas salas de aula das escolas, públicas ou particulares, ali existentes,
por usurpar a competência da União para legislar sobre normas gerais de educação.
ccCERTO ccERRADO
42. Segundo o STF, é inconstitucional lei estadual que determina que os escritórios de prática
jurídica de universidade estadual mantenham plantão criminal para atendimento, nos finais
de semana e feriados, dos hipossuficientes presos em flagrante delito.
ccCERTO ccERRADO
LEGISLAÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL
ccCERTO ccERRADO
44. Decai em 10 anos todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para a
revisão do ato de concessão de benefício, a contar da Data de Início do Benefício (DIB) ou,
quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no
âmbito administrativo.
ccCERTO ccERRADO
45. O benefício assistencial de prestação continuada, nos termos da Lei nº 8.742/93 e do
entendimento do STJ, para ser concedido, requer a comprovação de incapacidade duradoura
e absoluta, ou seja, não se permite ao requerente do benefício o desempenho de qualquer
atividade da vida diária nem o exercício de qualquer atividade laborativa.
ccCERTO ccERRADO
46. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após
consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas
que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. Todavia,
o recebimento de salário ou concessão de outro benefício, inclusive o de aposentadoria,
prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-acidente.
ccCERTO ccERRADO
47. Em consonância com o entendimento do STF, o afastamento contínuo da atividade sem
contribuição não pode ser considerado para calcular aposentadoria por invalidez precedida
de auxílio-doença.
ccCERTO ccERRADO
48. Tendo em vista que a LC 109/2011, responsável por dispor sobre o Regime de Previdência
Complementar, não definiu quem são os beneficiários dos planos de previdência
complementar, o STJ firmou entendimento que o parceiro homoafetivo não deverá ser
considerado como beneficiário em plano de previdência privada, em virtude de a relação
não constituir entidade familiar.
ccCERTO ccERRADO
49. Conforme o atual entendimento da TNU, os valores recebidos por força de antecipação
dos efeitos da tutela, posteriormente revogada em demanda previdenciária, são irrepetíveis
em razão da natureza alimentar e da boa-fé no seu recebimento.
ccCERTO ccERRADO
50. É inconstitucional a previsão legal de diferenciação de alíquotas em relação às
contribuições previdenciárias incidentes sobre a folha de salários de instituições financeiras
ou de entidades a elas legalmente equiparáveis após a edição da Emenda Constitucional nº
20/1998.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO AGRÁRIO
51. Imagine a seguinte situação: havendo uma desapropriação de imóvel rural, por interesse
social, para fins de reforma agrária, o expropriante, por sentença judicial, deverá depositar
o valor da indenização, em espécie, corrigido monetariamente, para as benfeitorias, porém
quanto à terra nua, esse valor deve ser depositado em títulos da dívida agrária.
ccCERTO ccERRADO
52. Compete privativamente a União legislar sobre o direito agrário.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO AMBIENTAL
53. O Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA é constituído pelo Conselho Nacional do
Meio Ambiente (CONAMA), como órgão superior; pela Secretaria Especial do Meio Ambiente
(SEMA), como órgão central; por órgãos ou entidades integrantes da Administração Pública
Federal, direta ou indireta, na qualidade de órgãos setoriais; por órgãos ou entidades
estaduais, na qualidade de órgãos seccionais e por órgãos ou entidades municipais,
representando as estruturas locais.
ccCERTO ccERRADO
54. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) é órgão integrante do SISNAMA, com
competência consultiva, deliberativa e recursal, devendo dispor sobre normas e padrões
compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade
de vida.
ccCERTO ccERRADO
Julgue os itens a seguir, relativos às categorias de Unidades de Conservação da Natureza
previstas na Lei nº 9.985/2000.
ccCERTO ccERRADO
56. Não é admitida a criação de novas unidades de conservação além das categorias
previstas na Lei nº 9.985/2000.
ccCERTO ccERRADO
57. As unidades de conservação e áreas protegidas criadas com base nas legislações
anteriores à Lei nº 9.985/2000 e que não pertençam às categorias nela previstas poderão
passar por procedimento de reavaliação com o objetivo de definir sua destinação, tendo em
vista a categoria e a função para as quais foram criadas.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO CIVIL
ccCERTO ccERRADO
59. Pela teoria da desconsideração expansiva da personalidade jurídica, é possível
estender os efeitos da desconsideração da personalidade jurídica aos ‘sócios ocultos’ para
responsabilizar aquele indivíduo que coloca sua empresa em nome de um terceiro ou para
alcançar empresas de um mesmo grupo econômico.
ccCERTO ccERRADO
60. Segundo o STJ, o dano ambiental decorrente de omissão do Estado se submete à teoria
objetiva, sendo a responsabilidade civil caracterizada por ser solidária com os demais
ccCERTO ccERRADO
61. Segundo o STJ, o terceiro que explorou clandestinamente área objeto de outorga para
pesquisa de viabilidade de lavra de minérios não deve indenizar o particular que possuía
o direito de pesquisa e de lavra, pois os recursos minerais presentes no subsolo são de
propriedade da União, nos termos do artigo 20, inciso IX, da CF/88.
ccCERTO ccERRADO
62. De acordo com o STJ, o valor de 30 salários mínimos constante no art. 108 do Código Civil
brasileiro, em referência à forma pública ou particular dos negócios jurídicos que envolvam
bens imóveis, é o atribuído pelas partes contratantes, e não qualquer outro valor arbitrado
pela Administração Pública com finalidade tributária.
ccCERTO ccERRADO
63. A comprovação de graves lesões decorrentes da abertura de air bag em acidente
automobilístico em baixíssima velocidade não configura a responsabilidade objetiva
da montadora de veículos pela reparação dos danos ao consumidor, uma vez que a
periculosidade do dispositivo é inerente ao seu funcionamento.
ccCERTO ccERRADO
64. Não deve ser reconhecido o direito à usucapião especial urbana para imóveis de dimensão
inferior a 250 m², uma vez que, ao se desrespeitar o módulo mínimo do lote previsto no
plano diretor do respectivo Município, há uma afronta à função social da propriedade devido
ao indesejado microfracionamento urbano que prejudica a organização e planejamento da
cidade.
ccCERTO ccERRADO
65. Segundo o STJ, não tem validade qualquer título de propriedade outorgado a particular
de bem imóvel situado em área considerada como terreno de marinha ou acrescido.
ccCERTO ccERRADO
66. Segundo o STJ, é possível o reconhecimento de usucapião em terreno de marinha de
propriedade da União, mas ainda não demarcado, nos termos do Decreto-Lei n.º 9.760/47.
ccCERTO ccERRADO
67. De acordo com o STF, nas situações de natureza contratual de trato sucessivo, a lei
nova pode incidir imediatamente sobre as cláusulas presentes no contrato, desde que as
normas legais sejam de natureza cogente, ou seja, aquelas cujo conteúdo foge do domínio
da vontade dos contratantes.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO EMPRESARIAL
68. O título de crédito é um documento por meio do qual se prova que existe uma obrigação
entre o(s) credor(es) e o(s) devedor(es), nos termos do que ali está escrito.
ccCERTO ccERRADO
69. Não é possível presumir a existência de exclusividade em zona de atuação de
representante comercial quando não houver previsão expressa em sentido contrário e
houver demonstração por outros meios da existência da exclusividade.
ccCERTO ccERRADO
70. Os contratos que impliquem transferência de tecnologia, para produzirem efeitos em
relação a terceiros, necessitam ser registrados e/ou averbados no INPI.
ccCERTO ccERRADO
71. O autor do pedido de falência precisa demonstrar que existem indícios da insolvência
ou da insuficiência patrimonial do devedor, bastando que o executado, por exemplo, não
pague/deposite/nomeie bens à penhora, dentro do prazo legal, qualquer quantia líquida.
ccCERTO ccERRADO
72. A Execução frustrada se dá quando o devedor é executado por qualquer quantia líquida,
mas não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO
73. As gorjetas constituem receita própria dos empregadores quando se tratam de valores
cobrados pela empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, ainda que destinadas à
distribuição aos empregados. Todavia, quando se tratarem de importância espontaneamente
dada pelo cliente ao empregado, as gorjetas não serão receita própria dos empregadores.
ccCERTO ccERRADO
74. Nos termos da Lei nº 13.467/2017, o valor relativo à assistência prestada por serviço médico
ou odontológico, próprio ou não, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos,
ccCERTO ccERRADO
75. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não permite a contratação de trabalhador para
prestar serviço em regime de tempo parcial. Assim, havendo contratação para cumprimento
de jornada reduzida, inferior à previsão constitucional de oito horas diárias ou quarenta e
quatro semanais, é ilícito o pagamento do piso salarial ou do salário mínimo proporcional
ao tempo trabalhado.
ccCERTO ccERRADO
76. Conforme a CLT, após a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, a contratação do
autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de
forma contínua ou não, não afastará a qualidade de empregado.
ccCERTO ccERRADO
77. Considerando o disposto no parágrafo único do art. 815 da CLT, bem como a regra da
igualdade, em que pese inexista previsão legal tolerando atraso no horário de comparecimento
da parte na audiência, uma vez que a parte se faça presente, ainda que após a prática de atos
processuais relevantes ou após encerrada a audiência, não se operará a preclusão.
ccCERTO ccERRADO
78. Conforme o entendimento do TST, o reconhecimento da existência de atividade insalubre
com base em Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA – torna desnecessária
a prova pericial.
ccCERTO ccERRADO
79. Em caso de recolhimento insuficiente das custas processuais ou do depósito recursal,
somente haverá deserção do recurso se, concedido o prazo de 5 (cinco) dias previsto no §
2º do art. 1.007 do CPC de 2015, o recorrente não complementar e comprovar o valor devido.
ccCERTO ccERRADO
80. A partir da entrada em vigor da reforma trabalhista, prevista para 11/11/2017, caso João,
reclamante, deseje desistir da ação interposta, necessitará do consentimento do reclamado,
ccCERTO ccERRADO
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
ccCERTO ccERRADO
82. Dentro das relações internacionais, é possível que o Estado acreditado declare um
membro da missão estrangeira como persona non grata, sanção no qual informa ao Estado
acreditante que o agente não é mais desejado no seu território, ou até antes mesmo do
seu ingresso. Esse é um ato discricionário e não depende de qualquer procedimento ou da
observância do devido processo legal.
ccCERTO ccERRADO
83. Em recente decisão, o Supremo Tribunal Federal entendeu que apesar de o Estado
requerente alegar que os delitos praticados pelo seu súdito são qualificados como de lesa-
humanidade, previstos na Convenção sobre Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra e dos
Crimes contra a Humanidade, de 1968, não torna tais crimes imprescritíveis no Brasil, razão
pela qual indeferiu o seu pedido de extradição.
ccCERTO ccERRADO
84. Dentro das relações internacionais consolidou-se o entendimento de que as embaixadas
constituem território do Estado estrangeiro, razão pela qual gozam de certos direitos e
imunidades garantidos pela Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961.
ccCERTO ccERRADO
85. De acordo com a doutrina internacionalista, a gênese do Direito Internacional Econômico
pode ser encontrada nos acordos de Bretton Woods de 1944, onde foram criados o Fundo
Monetário Internacional (FMI) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), bem
como iniciadas as negociações que culminaram na conclusão do Acordo Geral de Tarifas e
Comércio (GATT, em inglês), no ano de 1947.
ccCERTO ccERRADO
86. Segundo entendimento do STJ, quando o falso se exaure no descaminho, sem mais
potencialidade lesiva, é por este absorvido, como crime-fim, condição que não se altera por
ser menor a pena a este cominada.
ccCERTO ccERRADO
87. Segundo o STJ, por se tratar o descaminho de crime material, aplica-se a causa de extinção
da punibilidade prevista no § 2º, do artigo 9º, da Lei Federal n.º 10.684/2003, consistente no
pagamento integral do débito.
ccCERTO ccERRADO
88. Segundo a jurisprudência do STJ e do STF, o crime de descaminho admite a aplicação
do princípio da insignificância.
ccCERTO ccERRADO
89. Segundo o STF, o descumprimento de acordo de colaboração premiada justifica a
decretação de prisão preventiva.
ccCERTO ccERRADO
90. Segundo o STF, não há necessidade de prévia autorização da Assembleia Legislativa
para o recebimento de denúncia ou queixa e instauração de ação penal contra governador
de Estado, por crime comum.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
91. A querela nullitatis insanabilis constitui medida voltada à excepcional eiva processual,
podendo ser utilizada quando, ausente ou nula a citação, não se tenha oportunizado o
contraditório ou a ampla defesa à parte demandada, sendo a ela aplicável as mesmas regras
de competência da ação rescisória.
ccCERTO ccERRADO
92. As condições da ação devem ser analisadas com base na teoria da asserção, sendo tal
teoria consagrada pelo Superior Tribunal de Justiça.
ccCERTO ccERRADO
93. Na execução contra a Fazenda Pública, para que haja a alegação de inexigibilidade da
obrigação reconhecida em título judicial pela inconstitucionalidade do ato normativo ou lei,
a decisão do STF sobre o tema precisa ter sido tomada no controle de constitucionalidade
concentrado.
ccCERTO ccERRADO
94. No cumprimento de decisão contra a Fazenda Pública, caso haja uma decisão do
STF reconhecendo a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo que tenha gerado o
reconhecimento de obrigação pelo judiciário após o seu trânsito em julgado, será cabível
ação rescisória no prazo máximo de dois anos depois de findo o processo de conhecimento.
ccCERTO ccERRADO
95. Sempre que o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento
em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados
nos termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir
a possibilidade de inversão do resultado inicial.
ccCERTO ccERRADO
96. É possível a utilização do incidente de assunção de competência sempre que haja
relevante questão de direito, com grande repercussão social.
ccCERTO ccERRADO
97. A doutrina do forum non conveniens não é admitida pelo STJ.
ccCERTO ccERRADO
98. Há a possibilidade de reconhecimento da conexão entre a execução de título extrajudicial
e uma ação de conhecimento relativas ao mesmo ato jurídico e de execuções fundadas no
mesmo título executivo.
ccCERTO ccERRADO
99. Os embargos de divergência podem ser interpostos para sanar divergência atinente ao
juízo de admissibilidade de recurso especial.
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
DIREITO ADMINISTRATIVO
COMENTÁRIO
Sistematizando o ensinamento de Maria Sylvia Zanella Di Pietro ((DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella.
Direito Administrativo. São Paulo: Forense, 2017, p. 58), teríamos a seguinte divisão entre fontes
formais e materiais do Direito Administrativo:
Como se vê, a jurisprudência aparece nos dois quadros. A diferenciação feita pela autora citada é
a seguinte: se a jurisprudência produzir efeitos vinculantes, terá natureza de fonte formal. Porém,
nos demais casos, será fonte material. Assim, no caso de súmulas vinculantes, é seguro enquadrá-
las como fonte formal.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Como se sabe, também os atos normativos internos constituem fontes do Direito Administrativo, a
exemplo dos regulamentos, estatutos e regimentos. A Lei Complementar nº 73/1993 prevê, em seu
artigo 40, que “os pareceres do Advogado-Geral da União são por este submetidos à aprovação
do Presidente da República.” Os §§ 1º e 2º do mencionado dispositivo, por sua vez, dispõem o
seguinte: “o parecer aprovado e publicado juntamente com o despacho presidencial vincula a
Administração Federal, cujos órgãos e entidades ficam obrigados a lhe dar fiel cumprimento”
e “o parecer aprovado, mas não publicado, obriga apenas as repartições interessadas, a partir do
momento em que dele tenham ciência”. A respeito dos atos normativos, Di Pietro (Op. Cit., p.
64) afirma que “desde que expedidos com observância da Constituição e das leis, vinculam as
autoridades administrativas. Os atos que os contrariem padecem do vício de ilegalidade, sendo
passíveis de correção pelos órgãos de controle, inclusive pelo Poder Judiciário.”
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
GABARITO: ERRADO
04. Caso determinado contrato público seja firmado sem licitação anterior e não seja hipótese
excepcionada da exigência licitatória, a Administração Pública pode, após decorridos, por
exemplo, quatro meses da execução das prestações, declarar a sua nulidade. Nesse caso, o
referido contrato será considerado ato jurídico inválido, embora perfeito e, até a declaração
de nulidade, eficaz.
COMENTÁRIO
Quanto à classificação dos atos administrativos nos planos da existência, da validade e da eficácia,
Rafael Oliveira (Op. Cit., p. 294) aponta que o ato pode ser:
“a) perfeito, válido e eficaz: ato que concluiu o seu ciclo de formação, com a presença de todos
seus elementos, em compatibilidade com a lei e apto para produção dos efeitos típicos;
b) perfeito, inválido e eficaz: ato que concluiu o seu ciclo de formação e, apesar de violar
o ordenamento jurídico, produz seus efeitos (ex.: contrato administrativo celebrado sem
licitação, fora das hipóteses permitidas pela lei, que foi declarado nulo após três meses de
execução);
c) perfeito, válido e ineficaz: ato que concluiu o seu ciclo de formação, em conformidade com o
ordenamento jurídico, mas que não possui aptidão para a produção de efeitos em razão da fixação
de termo inicial ou de condição suspensiva, bem como aqueles que dependem da manifestação de
outro órgão controlador (ex.: exoneração a pedido do servidor a contar de data futura);
d) perfeito, inválido e ineficaz: ato que concluiu o seu ciclo de formação, mas encontra-se em
desconformidade com o ordenamento jurídico e não possui aptidão para produção de efeitos
jurídicos (ex.: concurso público, com exigências inconstitucionais, cujo resultado final ainda não foi
homologado e publicado).”
GABARITO: CERTO
05. Considera-se simples o ato administrativo que depende da vontade de um único órgão
público.
COMENTÁRIO
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Façamos uma breve classificação das formas de extinção dos atos administrativos: 1) extinção
natural: decorre do cumprimento regular dos propósitos do ato; 2) extinção por desaparecimento do
objeto ou do beneficiário (exemplos: desativação de empresa com licença para funcionar/morte do
beneficiário); 3) caducidade: superveniência de lei que impede a situação com que a Administração
consentiu antes; 4) contraposição: um novo ato se opõe faticamente, esvaziando os efeitos do
primeiro; 5) cassação: decorre do descumprimento de condições necessárias à manutenção do
ato administrativo; 6) anulação (ou invalidação): decorre do reconhecimento da ilegalidade do ato
praticado e 7) revogação: por motivos de conveniência e oportunidade da Administração Pública (o
ato é válido, mas deixou de ser proveitoso).
De fato, como ensina José dos Santos Carvalho Filho: “a cassação é a forma extintiva que
se aplica quando o beneficiário de determinado ato descumpre condições que permitem
a manutenção do ato e de seus efeitos. Duas são suas características: a primeira reside
no fato de que se trata de ato vinculado, já que o agente só pode cassar o ato anterior nas
hipóteses previamente fixadas na lei ou em outra norma similar. A segunda diz respeito à
sua natureza jurídica: trata-se de ato sancionatório, que pune aquele que deixou de cumprir
as condições para a subsistência do ato.” (CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2013, p. 154).
GABARITO: ERRADO
07. Os atos administrativos individuais não podem se destinar a mais de uma pessoa, ainda
que os destinatários sejam especificados, é dizer, havendo mais de um sujeito a quem se
destina o ato, este será considerado geral.
COMENTÁRIO
É interessante lembrar que os atos individuais não precisam, necessariamente, destinar-se a uma
única pessoa, mas, caso identifiquem seus destinatários, serão assim considerados. Vamos pensar
em quando vocês forem nomeados para o cargo de Procurador Federal: apesar de o ato dizer
respeito a 200 pessoas (tomara!), ainda assim será considerado concreto/individual.
Há, ainda, duas classificações que merecem nossa atenção, embora não sejam ponto expresso
deste edital específico:
Quanto ao critério dos efeitos, os atos administrativos podem ser, conforme Rafael Oliveira
(Op. Cit., p. 313): “a) atos constitutivos: são aqueles que criam, modificam ou extinguem direitos
(ex.: revogação de ato administrativo; aplicação de sanção a servidor); b) atos declaratórios:
declaram a existência de situações jurídicas preexistentes ou reconhecem direitos (ex.: edição de
atos vinculados, tais como a licença para construir e a licença profissional) e c) atos enunciativos:
atestam determinados fatos ou direitos, bem como envolvem, eventualmente, juízos de valor (ex.:
certidão que atesta o tempo de serviço do servidor; pareceres que retratam juízos de valor dos
agentes públicos.” Parte da doutrina considera que a distinção entre declaratórios e enunciativos
é ínfima, classificando os atos somente em constitutivos e declaratórios. É importante saber a
diferença, porque forte corrente doutrinária se refere especificamente aos atos enunciativos, como
José dos Santos Carvalho Filho e Maria Sylvia Zanella Di Pietro.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Como se sabe, os consórcios públicos podem assumir duas formas: associação pública ou
pessoa jurídica de direito privado. A Lei 11.107/2005, em seu art. 6º, § 1º, dispõe que “o consórcio
público com personalidade jurídica de direito público integra a administração indireta de todos os
entes da federação consorciados.” De acordo com o dispositivo mencionado, apenas nos casos
de se constituírem sob a forma de associação pública é que os consórcios públicos integrarão
a Administração Indireta dos entes federativos que o compõem (a interpretação que se faz, a
contrario sensu, é que, nos casos de se constituírem como pessoa jurídica de direito privado, não a
integrarão). Esse é o entendimento de parte da doutrina, a partir de interpretação gramatical. Outra
parte da doutrina entende que “trata-se da prestação de serviço público de forma descentralizada
por pessoa jurídica formada exclusivamente por pessoas da federação e, desse modo, a entidade,
pelo sistema vigente, não pode deixar de integrar a Administração Indireta. Pensamos, pois, que,
seja de direito público ou de direito privado, a entidade representativa do consórcio público se
incluirá na administração indireta dos entes federativos consorciados.” (CARVALHO FILHO, José
dos Santos. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2012, pp. 230-231). Para a prova
objetiva, procurem guardar o dispositivo legal.
GABARITO: CERTO
09. As agências executivas são autarquias em regime especial que possuem um plano de
reestruturação institucional em andamento e celebram com o Ministério supervisor um
contrato de gestão.
COMENTÁRIO
A alternativa está correta. Quanto às agências executivas – que também podem ser fundações
públicas –, vale, ademais, saber que a qualificação como tal decorre de decreto presidencial,
bem como que o regime especial por que se qualificam está ligado à maior autonomia de gestão
orçamentária, financeira e gerencial de que passam a gozar quando implementam as metas
definidas no contrato de gestão. Para Rafael Oliveira (Op. Cit, p. 100), seria correto considerar
que a maior autonomia conferida às agências executivas é uma espécie de contrapartida pela
observância das metas e prazos estabelecidos no contrato de gestão.
GABARITO: CERTO
10. As agências reguladoras são autarquias em regime especial, cujos dirigentes, escolhidos
pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, exercem mandato fixo.
COMENTÁRIO
As agências reguladoras são autarquias em regime especial. Esta especialidade se caracteriza por
alguns fatores. Em primeiro lugar, as agências reguladoras têm poder normativo. Além disso, seus
dirigentes, escolhidos pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal,
exercem mandato fixo1. Têm, também, autonomia decisória e independência administrativa. José
dos Santos Carvalho Filho (CARVALHO FILHO, Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas,
2010, pp. 479 e ss) elenca, além das “especialidades” descritas anteriormente, a independência
econômico-financeira, já que as agências reguladoras podem cobrar taxas de regulação.
GABARITO: CERTO
11. Chama-se teoria da captura a que explica os riscos ligados à possibilidade de interesses
particulares apoderarem-se do funcionamento das agências reguladoras.
COMENTÁRIO
O risco de desvio, ou seja, de que os interesses privados de grupos econômicos sejam determinantes
para o regramento estabelecido pelas agências reguladoras, com consequente prejuízo para os
mais fracos, é denominado pela doutrina de teoria da captura. Trata-se de teoria que busca salientar
que, se acontecer esse desvio, o regime das agências reguladoras se distanciará do modelo
democrático. É interessante notar, como Rafael Oliveira (Op. Cit., p. 114), que, para que as agências
1 A hipótese de extinção natural do mandato do dirigente de agência reguladora é o decurso do prazo. Além
desse caso, o art. 9º da Lei 9.986/00 prevê três possibilidades de perda do mandato: 1) a renúncia; 2) condenação
judicial transitada em julgado e 3) processo administrativo disciplinar.
reguladoras mantenham sua legitimidade democrática, devem observar alguns requisitos, como os
seguintes: “a) transparência do processo regulatório e efetivação de instrumentos de democracia
direta na elaboração de decisões e normas regulatórias (consultas e audiências públicas); b) os
órgãos colegiados das agências reguladoras devem ser compostos de representantes das mais
diversas linhas de interesse (governo, empresas reguladas e sociedade civil), o que garante a
pluralidade representativa e democrática; c) transferência de legitimidade democrática que ocorre
no momento da nomeação dos dirigentes pelo chefe do Poder Executivo, após aprovação do
Senado, órgão de forte expressão majoritária (representantes eleitos pelo povo); d) teoria dos
poderes neutrais: a insuficiência da soberania popular para efetivação da democracia demonstra a
necessidade de instituições estatais dotadas de forte autonomia em relação às diretrizes político-
governamentais (ex.: Tribunais de Contas, Conselhos Nacionais, agências reguladoras, etc.).”
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
O chamado “período de quarentena” é de 4 (quatro) meses, como dispõe o art. 8º da Lei 9.986/00:
“o ex-dirigente fica impedido para o exercício de atividades ou de prestar qualquer serviço no setor
regulado pela respectiva agência, por um período de quatro meses, contados da exoneração ou
do término do seu mandato.”
A alternativa, nesse sentido, está correta, pois reproduz o teor do art. 8º, § 4º, da Lei 9.986/00, que
prevê, justamente, que: “incorre na prática de crime de advocacia administrativa, sujeitando-se
às penas da lei, o ex-dirigente que violar o impedimento previsto neste artigo, sem prejuízo das
demais sanções cabíveis, administrativas e civis.”
GABARITO: CERTO
DIREITO CONSTITUCIONAL
13. São nulas as provas obtidas pelo Ministério Público oriundas de informações bancárias
de titularidade de prefeitura com o intuito de investigar crimes praticados por servidores
contra a Administração Pública.
COMENTÁRIO
Está errada a assertiva, isso pois, segundo o Superior Tribunal de Justiça, no HC 308.493-CE,
julgado em 20/10/2015, não são nulas as provas obtidas pelo Ministério Público oriundas de
informações bancárias de titularidade de prefeitura com o intuito de investigar crimes praticados
por servidores contra a Administração Pública.
Segundo o STJ, se o MP faz essa requisição com o objetivo de proteger o patrimônio público, não
se pode falar em quebra ilegal de sigilo bancário.
Vamos aproveitar para revisar quais órgãos poderão requerer informações bancárias diretamente
das instituições financeiras:
b) Fisco estadual, distrital e municipal: com fulcro no art 6º da Lei Complementar n. 105/2001;
c) CPI (federal/estadual/distrital): com fulcro no art 4º, § 1º, da Lei Complementar n. 105/2001;
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
A assertiva NÃO está compatível com entendimento recente do Supremo Tribunal Federal, no RE
Segundo o Supremo, o Poder Judiciário pode sim obrigar à Administração Pública a realizar obras
emergenciais em estabelecimento prisional, isso pois essas medidas consistem em dar efetividade
ao postulado da dignidade da pessoa humana e assegurar aos detentos o respeito à sua integridade
física e moral, nos termos do art. 5º, XLIX, da CF, não sendo possível, inclusive, a alegação da
cláusula da reserva do possível tampouco o princípio da separação dos poderes.
Art. 5º, XLIX, da CF determina que: “é assegurado aos presos o respeito à integridade física e
moral”;
GABARITO: ERRADO
15. Uma ação com o pedido de suplemento para criança lactante perde o objeto pelo fato de
terem se passado vários anos sem o julgamento.
COMENTÁRIO
Está errado, isso pois segundo o STJ, no AgRg no RMS 26.647-RJ, julgado em 2/2/2017.
Segundo a Corte Cidadã, uma ação com o pedido de suplemento para criança lactente não perde
o objeto pelo fato de terem se passado vários anos sem o julgamento.
Isso pois, trata-se de um direito fundamental da pessoa e dever do Poder Público garantir a saúde
e a vida, dito isso não há perda do objeto da ação diante do fato de ter se passado vários anos sem
julgamento.
GABARITO: ERRADO
16. O Poder Judiciário não pode obrigar Município a fornecer vaga em creche por se tratar
de um interesse público local.
COMENTÁRIO
Dito isso, cabe frisar que os Municípios têm o dever de atuar prioritariamente no ensino fundamental
e na educação infantil, de acordo com o art. 211, § 2º, da CF/88.
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade.
GABARITO: ERRADO
17. O TJ pode julgar Ação Direta de Inconstitucionalidade contra lei municipal tendo como
parâmetro norma da Constituição Federal.
COMENTÁRIO
Vale relembrar, porém que, via de regra, o controle de constitucionalidade realizado pelo Tribunal
de Justiça das leis estaduais tem-se como parâmetro a Constituição do Estado.
GABARITO: CERTO
18. Uma lei estadual pode fixar número máximo de alunos por sala de aula.
COMENTÁRIO
Está CORRETA a assertiva, segundo o Supremo Tribunal Federal, na ADI 4060/SC, julgada em
25/2/2015, e de acordo com o dispositivo constitucional, art. 24, IX, a competência para legislar
sobre educação e ensino é concorrente.
Assim, diante da competência concorrente para legislar, a União tem competência para estabelecer
as normas gerais e os Estados podem complementar essas normas. É o que diz os parágrafos do
mesmo dispositivo supracitado.
Em seguida, cabe frisar que as normas gerais sobre educação se encontram presentes na Lei
9.394/96, também conhecida como a Lei de Diretrizes e Base do Ensino.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
II - orçamento;
V - produção e consumo;
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.
GABARITO: CERTO
19. Há a necessidade de prévia autorização da Assembleia Legislativa para que o STJ receba
denúncia criminal contra o Governador do Estado.
COMENTÁRIO
Segundo o STF, na ADI 5540/MG, julgada em 3/5/2017, a assertiva está errada, porque não há
necessidade de prévia autorização da Assembleia Legislativa para que o STJ receba denúncia
ou queixa e instaure ação penal contra Governador de Estado, por crime comum.
Entendeu que se a Constituição Estadual exigisse essa autorização essa previsão seria considerada
inconstitucional.
Vamos mais além, imagine que o STJ recebeu a denúncia ou queixa-crime contra o Governador,
indaga-se: ele ficará automaticamente suspenso de suas funções no Poder Executivo estadual?
Para o STJ, não, pois o afastamento do cargo não se dá de forma automática.
GABARITO: ERRADO
20. A mera intuição de que está havendo tráfico de drogas na casa não autoriza o ingresso
sem mandado judicial ou consentimento do morador.
COMENTÁRIO
O Superior Tribunal de Justiça, no REsp 1.574.681-RS, julgado esse ano em 20/4/2017, decidiu
que a mera intuição de que está havendo tráfico de drogas na casa não autoriza o ingresso sem
mandado judicial ou consentimento do morador.
Dito de outro modo, a mera intuição acerca da prática de um crime, pode até autorizar uma abordagem
policial, na via pública, mas não o ingresso no domicílio do suspeito, sem o seu consentimento e
sem determinação judicial.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Art. 68. Sem prévia e expressa autorização do autor ou titular, não poderão ser utilizadas
obras teatrais, composições musicais ou lítero-musicais e fonogramas, em representações
e execuções públicas. § 2º Considera-se execução pública a utilização de composições
musicais ou lítero-musicais, mediante a participação de artistas, remunerados ou não,
ou a utilização de fonogramas e obras audiovisuais, em locais de frequência coletiva, por
quaisquer processos, inclusive a radiodifusão ou transmissão por qualquer modalidade,
O STJ aplicou a sua súmula de número 63, que diz: São devidos direitos autorais pela retransmissão
radiofônica de músicas em estabelecimentos comerciais.
No caso em comento, entendeu que tanto o hotel como a NET teriam que pagar direitos autorais
ao ECAD, pois estar-se-ia diante de fatos geradores distintos: o primeiro seria a captação de
transmissão de radiodifusão em local de frequência coletiva; e o segundo, a própria radiodifusão
sonora ou televisiva.
GABARITO: CERTO
22. Se um membro de Ministério Público Estadual praticar uma falta administrativa que
também esteja prevista na lei penal como crime, o prazo prescricional para ingressar com
a ação civil para a aplicação da pena administrativa de perda do cargo só terá início com o
trânsito em julgado da sentença condenatória no âmbito penal.
COMENTÁRIO
De acordo com o STJ, no REsp 1.535.222-MA, a assertiva está correta. De fato, se um membro
de Ministério Público Estadual praticar uma falta administrativa que também esteja prevista na lei
penal como crime, o prazo prescricional para ingressar com a ação civil para a aplicação da pena
administrativa de perda do cargo só terá início com o trânsito em julgado da sentença condenatória
no âmbito penal.
Vale lembrar que os membros do MP gozam de vitaliciedade e somente podem perder o cargo
por sentença judicial transitada em julgado, segundo traz expressamente o art. 128, § 5º, I, “a”, da
CF/88.
GABARITO: CERTO
23. O réu em processo criminal pode assumir, como substituto, o cargo de Presidente da
República.
COMENTÁRIO
O STF, na ADPF 402 MC-REF/DF, julgada em 7/12/2016, entendeu de modo diverso. Para
a Suprema Corte, o réu em processo criminal não pode assumir, como substituto, o cargo de
Presidente da República.
Dito isso, se um desses substitutos se tornarem réus criminais perante o STF, eles ficaram impedidos
de exercer a função de Presidente.
Por outro lado, entendeu o STF, que se eles já ocupam cargos como chefe de algum Poder, eles
poderão permanecer nesses cargos.
GABARITO: ERRADO
24. Haverá violação à Súmula Vinculante 10, e ao art. 97 da CF/88, a decisão do órgão
fracionário do Tribunal que deixa de aplicar a norma infraconstitucional por entender não
haver subsunção aos fatos ou, ainda, que a incidência normativa seja resolvida mediante a
sua mesma interpretação, sem potencial ofensa direta à Constituição.
COMENTÁRIO
O STF, na Rcl 24284/SP, julgada em 22/11/2016, entendeu de forma diversa. Para ele, não haverá
violação à Súmula Vinculante 10, e ao art. 97 da CF/88, a decisão do órgão fracionário do Tribunal
que deixa de aplicar a norma infraconstitucional por entender não haver subsunção aos fatos
ou, ainda, que a incidência normativa seja resolvida mediante a sua mesma interpretação, sem
potencial ofensa direta à Constituição.
própria que tenha como tema a constitucionalidade de normas que foram objeto de interpretação
das autoridades competentes.
Art. 97 da CF/88. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros
do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei
ou ato normativo do Poder Público.
Súmula vinculante 10 do STF: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de
órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei
ou ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.
GABARITO: ERRADO
25. Digamos que determinado Estado da federação tenha editado uma Lei estadual que
obriga concessionárias a instalarem bloqueadores de celular. Seria correto afirmar que essa
lei é inconstitucional.
COMENTÁRIO
Segundo o STF, no julgamento da ADI 3835/MS, sim. Se uma lei estadual dispor sobre bloqueadores
de sinal de celular em presídio, essa lei estará invadindo a competência da União para legislar
sobre telecomunicação.
Essa situação chegou ao STF porque alguns estados com base no art. 24, inciso I, da CF/88, que
traz a legislação concorrente para o direito penitenciário, passaram a editar leis que obrigaram
companhias de telefonia a instalar equipamentos para bloqueio do sinal de celular, em locais
próximos aos presídios.
Ocorre que, entendeu-se que o tema pertencia aos arts. 21, inciso XI, e 22, IV, da CF/88 que trata
das telecomunicações, que seria da competência da União.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
GABARITO: CERTO
DIREITO ECONÔMICO
26. Nos termos Lei 12.529/2011, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica é formado
pelo Tribunal Administrativo de Defesa Econômica, a Superintendência-Geral e pela Secretaria
de Acompanhamento Econômico. Dentre outras, é competência do Plenário do Tribunal
requerer à Procuradoria Federal junto ao CADE a adoção de providências administrativas e
judiciais.
COMENTÁRIO
Queridos alunos, mais uma vez trago questão relacionada a Lei 12.529/2011. Em razão da sua
importância para a matéria de Direito Econômico, continuaremos a tratá-la nas rodadas do curso.
Tenho convicção que serão questões certas na próxima prova da Procuradoria-Geral Federal,
fiquem atentos.
Embora traga parte do disposto no art. 5º, a questão insere um órgão estranho ao CADE, trata-
se da Secretaria de Acompanhamento Econômico que, embora esteja na estrutura do Sistema
Brasileiro de Defesa da Concorrência, na verdade integra o Ministério da Fazenda. É necessário
conhecer bem a letra da lei, já que a similaridade dos termos utilizados pode confundir na hora da
prova.
Art. 3º. O SBDC é formado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE
e pela Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, com as
atribuições previstas nesta Lei.
II - Superintendência-Geral; e
A parte final da questão reproduz um trecho correto da referida lei, apenas para confundir o
candidato, é uma tática bastante comum nas provas do Cespe. Por isso reitero a necessidade de
leitura da “lei seca”.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Prezados alunos, a resposta está correta. Gun Jumping é uma prática caracterizada pela consumação
de atos de concentração antes de uma decisão final do CADE. Trata-se de um conceito importado
do direito estrangeiro e que foi expressamente previsto na lei que estrutura o Sistema Brasileiro
de Defesa da Concorrência, no art. 88, § 3º, da Lei nº 12.529/2011. Segue o texto para melhor
elucidação:
Art. 88. Serão submetidos ao Cade pelas partes envolvidas na operação os atos de
concentração econômica em que, cumulativamente:
(...)
§ 3º Os atos que se subsumirem ao disposto no caput deste artigo não podem ser
consumados antes de apreciados, nos termos deste artigo e do procedimento previsto
no Capítulo II do Título VI desta Lei, sob pena de nulidade, sendo ainda imposta multa
pecuniária, de valor não inferior a R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) nem superior a R$
60.000.000,00 (sessenta milhões de reais), a ser aplicada nos termos da regulamentação,
sem prejuízo da abertura de processo administrativo, nos termos do art. 69 desta Lei.
É um conceito ainda pouco explorado pela doutrina brasileira. Entretanto, o próprio CADE elaborou
um guia prático para a análise desse tipo de ato. Esse é o link caso queiram fazer uma leitura
complementar. (www.cade.gov.br/acesso-a-informacao/...do_Cade/gun-jumping-versao-final.pdf)
No guia é possível observar que essas atividades são separadas em três grupos:
Pessoal, trata-se de um conceito que foi aplicado pela primeira vez pelo CADE há cerca de 1 ano!
Por isso há chances de aparecer algo na prova de vocês, então fiquem atentos.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Fiquem atentos ao edital! Embora essa questão aparente estar relacionada ao Direito Administrativo,
ela também consta do conteúdo programático da matéria de Direito Econômico. Esse tema foi,
inclusive, cobrado na última prova. Então não se espantem se encontrarem perguntas assim, já
que também estão relacionadas a intervenção do Estado no mercado.
Segundo Leonardo Vizeu, trata-se de uma “forma de financiamento para investimentos em diversos
setores de interesse coletivo, dentre os quais podemos destacar: infraestrutura, saúde, educação,
captando recursos da iniciativa privada para aplicação em áreas que ficavam, historicamente, às
expensas exclusivas do Poder Público.”
A questão reproduz dois trechos da Lei nº 11.079/2004, especificamente os artigos 10 e 13, onde
estão dispostos alguns requisitos para a instituição de uma PPP.
Por seu turno, o art. 13 traz previsão expressa sobre a possibilidade de inversão da ordem das fases
de habilitação e de julgamento, mas fiquem atentos que se trata de faculdade do administrador que
pode aplicar a ordem comum ao procedimento.
Art. 13. O edital poderá prever a inversão da ordem das fases de habilitação e
julgamento, hipótese em que: (...)
Essa sistemática é prevista em outras normas, como a Lei do Pregão (nº 10.520/2002) e a Lei nº
12.462/2011, que instituiu o Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC.
(Figueiredo, Leonardo Vizeu, 1975 – Lições de direito econômico / Leonardo Vizeu Figueiredo. – 7.
ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2014.)
GABARITO: CERTO
29. A pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos
fluidos, constituem monopólio da União. Não sendo possível, entretanto, que este ente
contrate empresas privadas para a realização dessas atividades, em razão da possibilidade
de violação do interesse público.
COMENTÁRIO
(...)
Pois bem. A intervenção do Estado na exploração direta de uma atividade econômica é algo
excepcional. Sendo classificada pelo Ministro Eros Grau como uma intervenção por absorção, já
que o Estado está avocando para si a iniciativa de exploração de determinada atividade econômica.
A Constituição Federal dispõe que esse tipo de intervenção só será permitida quando for necessária
aos imperativos da segurança nacional ou tenha relevante interesse coletivo, definidos em lei.
Trata-se do art. 173, in verbis:
Nesse sentido, coube ao constituinte, no art. 177, apresentar as hipóteses em que é possível a
prática de monopólios pela União. São os seguintes:
Como podemos observar a primeira parte da questão encontra-se correta, já que efetivamente a
pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos constituem
monopólio da União.
Ocorre, entretanto, que a contratação de empresas estatais ou privadas para realização dessas
atividades não é vedada, por expressa previsão constitucional disposta no § 1º do referido artigo.
Excepciona-se apenas o inciso V. Por essa razão a questão encontra-se errada, não havendo que
se falar em violação ao interesse público.
GABARITO: ERRADO
DIREITO FINANCEIRO
30. É necessária autorização legislativa para que o Executivo possa efetuar operação
creditícia, tais como operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado.
COMENTÁRIO
A afirmação está correta, uma vez que cabe ao Congresso Nacional dispor sobre todas as
matérias de competência da União entre as quais se encontram as operações de crédito,
dívida pública e emissões de curso forçado, segundo dispõe o art. 48, II, da Constituição Federal.
O que a Carta Magna pretende é a observância do princípio da legalidade para a realização de
empréstimos públicos.
Para o autor Ricardo Lobo Torres “crédito público consiste em empréstimos captados no
mercado financeiro interno ou externo, através de contratos assinados com os bancos e instituições
financeiras ou de oferecimento de títulos públicos em geral. Estende-se, ainda, à concessão de
garantias e avais, que potencialmente podem gerar endividamento”. (TORRES, Ricardo Lobo.
Curso de Direito Financeiro e Tributário. Rio de Janeiro: Renovar, 2005, p. 217).
Tendo em vista a relevância dos empréstimos públicos e visando evitar que um nível alto de
endividamento comprometa a sobrevivência do Estado, foram fixadas normas rígidas na Constituição
Federal para a questão da dívida pública.
Assim, embora o empréstimo público tenha similaridade com os contratos de mútuo do direito civil,
o Estado não figura em posição de igualdade com o particular e nem tem a mesma liberdade deste
na operação, pois há necessidade de autorização legislativa e previsão orçamentária para a sua
GABARITO: CERTO
De acordo com a Lei nº 4.320/164, que estatui normas gerais de direito financeiro, julgue o
item subsecutivo.
31. A lei considera como dívida flutuante aqueles lançamentos definidos como restos a
pagar, excluídos os serviços da dívida, os serviços da dívida a pagar, os depósitos e também
os débitos de tesouraria.
COMENTÁRIO
A assertiva está correta, uma vez que a Lei nº 4.320/1964 define como dívida flutuante: restos
a pagar, excluídos os serviços da dívida; os serviços da dívida a pagar; os depósitos; e
também os débitos de tesouraria, em disposição expressa constante no art. 92.
Para compreender o conceito de dívida flutuante é preciso partir da classificação do crédito público.
Assim, este pode ser classificado quanto à coercitividade, quanto à temporalidade e quanto à
origem dos recursos.
Em breve síntese, o crédito público pode ser forçado ou voluntário, pelo parâmetro da coercitividade.
O empréstimo forçado (também chamado de involuntário) é o realizado sem a anuência do
prestamista, assentado do ato de autoridade do Estado (ex. depósitos compulsórios feitos pelos
bancos junto ao Banco Central). Por outro lado, o crédito voluntário, mais comum, consiste num
contrato de mútuo ou de aquisição de títulos públicos representativos da dívida, que são realizados
entre o Estado e o particular.
Quanto à temporalidade, os empréstimos podem ser perpétuos ou temporários. Estes, por sua vez,
podem ser classificados em dívida flutuante (dívida de curto prazo para atender a necessidades
momentâneas) e dívida fundada ou consolidada (é aquela contraída em prazo superior a doze
meses, segundo o art. 98 da Lei nº 4.320/1964 e art. 29, I, da Lei de Responsabilidade Fiscal). Note
que o crédito público, por esse prisma, é uma fonte de receita para o Estado ao mesmo tempo em
que representa o Estado como devedor.
Registre-se, em simples palavras, os chamados serviços da dívida são os juros pagos pelos
empréstimos públicos.
GABARITO: CERTO
Com referência à Lei de Responsabilidade Fiscal no que se refere ao crédito público, julgue
os itens que seguem.
32. Não é admitido que um ente da Federação realize operação de crédito, na qualidade de
beneficiário do empréstimo, com uma instituição financeira estatal por ele controlada.
COMENTÁRIO
A afirmação está correta, pois a Lei de Responsabilidade fiscal veda “operação de crédito entre
uma instituição financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na qualidade de
beneficiário do empréstimo”, segundo seu art. 36.
Dessa sorte, para que o empréstimo esteja de acordo com a lei, é necessário que a instituição
financeira seja de outro ente da Federação e não daquele que realiza o empréstimo. A título de
exemplo, o Estado do Mato Grosso pode realizar uma operação de crédito com uma instituição
financeira controlada pelo Estado de Minas Gerais.
A regra, assim como toda a LRF, tem como objetivo garantir a gestão fiscal responsável.
GABARITO: CERTO
33. É permitida pela LRF a operação de crédito consistente em confissão de dívida com
fornecedor de bens, mercadorias ou serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de
crédito.
COMENTÁRIO
A assertiva está errada, uma vez que a confissão de dívida entabulada com fornecedor de
bens, mercadorias ou serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito é
expressamente vedada pela LRF.
Além da confissão de dívida, a lei equipara a empréstimo outras operações de créditos e também
veda a sua realização, de acordo do o art. 37.
GABARITO: ERRADO
DIREITO TRIBUTÁRIO
34. Por expressa disposição da Lei de Execuções Fiscais, aplicam-se aos créditos não
tributários todos os privilégios e garantias previstos no Código Tributário Nacional.
COMENTÁRIO
A Lei nº 6.830/80, Lei das Execuções Fiscais, dispõe sobre a aplicabilidade do procedimento
de cobrança judicial a todos os créditos, sejam de natureza tributária ou não tributária. Neste
ponto, referida legislação define a Dívida Ativa da Fazenda Pública como aquela denominada
como tributária ou não tributária na Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações
posteriores. No parágrafo primeiro do seu artigo 2º, acrescenta que será considerada Dívida Ativa
da Fazenda Pública qualquer valor, cuja cobrança seja atribuída por lei à União, aos Estados, ao
Distrito Federal, aos Municípios e suas respectivas autarquias. Da leitura da Lei nº 4.320/64, em
O Código Tributário Nacional, como decorre de seu próprio nome, aplica-se, em regra, apenas
aos créditos que possuem natureza tributária, cabendo a outros normativos regularem a cobrança
dos créditos de natureza não tributária. No entanto, por disposição do artigo 4º, parágrafo 4º,
da LEF, aplica-se à Dívida Ativa da Fazenda Pública de natureza não tributária o disposto
nos artigos 186 e 188 a 192 do Código Tributário Nacional, que regula algumas garantias e
privilégios.
O erro na assertiva se encontra ao alongar a aplicação a todos os privilégios e garantias, uma vez
que aos créditos não tributários não se aplicam os institutos previstos nos artigos 185, 185-A e 187,
do CTN.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Decorrido o prazo máximo de um ano da suspensão dos autos, sem que tenha a Fazenda Pública
adotado providência apta e útil ao prosseguimento do feito, o Juiz determinará o arquivamento
dos autos. É o arquivamento dos autos, e não a sua suspensão, o marco inicial de contagem do
prazo prescricional. Neste sentido, inclusive, a própria Súmula nº 314/STJ, dispõe que o cômputo
do prazo prescricional apenas ocorre após o decurso de um ano de suspensão dos autos: “em
execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por um ano, findo o
qual se inicia o prazo da prescrição qüinqüenal intercorrente”.
Assim, de acordo com a Lei de Execuções fiscais, pode-se afirmar que o instituto da prescrição
intercorrente ocorre quando, não localizado o devedor ou encontrados bens aptos à penhora, e
decorrido o prazo de suspensão, o feito ficar arquivado por cinco anos, durante os quais não
houver sido adotada qualquer providência útil ao prosseguimento por parte da Fazenda Pública ou
demonstrada eventual causa suspensiva ou interruptiva da prescrição.
GABARITO: ERRADO
36. Tratando-se de instituto de ordem pública, é possível que a prescrição intercorrente seja
decretada de ofício, sem prévia manifestação da Fazenda Pública Federal.
COMENTÁRIO
No entanto, ao dispor ser possível que a prescrição intercorrente seja decretada de ofício sem
prévia manifestação da Fazenda Pública, a assertiva se encontra correta. Isto porque, embora a
regra seja a prévia manifestação da Fazenda Pública, a própria de Lei de Execuções Fiscais, em
seu artigo 40, § 5º, previu exceção, dispondo que a manifestação prévia da Fazenda Pública
será dispensada em casos de cobranças judiciais cujo valor seja inferior ao mínimo fixado
por ato do Ministro de Estado da Fazenda.
No que se refere aos créditos tributários cobrados pela União, através da Procuradoria da Fazenda
Nacional, por exemplo, a Portaria MF nº 75/2012 fixou como valor mínimo para ajuizamento o
montante de R$ 20.000,00.
GABARITO: CERTO
37. É constitucional a cobrança de taxa municipal de coleta de lixo originado de imóvel federal.
COMENTÁRIO
A assertiva objetivou tratar de uma das limitações ao Poder de Tributar, qual seja, a imunidade
tributária recíproca, prevista no artigo 150, inciso VI, alínea a, da Constituição Federal de 1988. Da
análise do referido dispositivo, depreende-se ser vedado aos entes federados “instituir impostos
sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros”. Ou seja, referida limitação constitucional
apenas tem aplicação no que se refere à cobrança de impostos, não vedando seja realizada
a cobrança de outras espécies tributárias entre os entes federativos.
Neste contexto, a assertiva dispõe acerca da cobrança de taxa instituída por um Município em
face de um imóvel federal, o que não possui qualquer vedação constitucional. Ademais, a taxa
em questão se refere a uma taxa de coleta de lixo, a qual já fora considerada constitucional pelo
Supremo Tribunal Federal, conforme se infere do enunciado de Súmula Vinculante nº 19, segundo
o qual “a taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção
e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis não viola o artigo
145, II, da Constituição Federal”. Discussão havia quanto à referida cobrança no que tange à
interpretação se o serviço de coleta de lixo atenderia aos requisitos necessários à instituição da
taxa, qual seja, corresponder a um serviço específico e divisível. Ao apreciar o tema, o Supremo
Tribunal Federal firmou o entendimento de que são “específicos e divisíveis os serviços
públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de
imóveis, desde que essas atividades sejam completamente dissociadas de outros serviços
públicos de limpeza realizados em benefício da população em geral (uti universi) e de forma
indivisível, tais como os de conservação e limpeza de logradouros e bens públicos (praças,
calçadas, vias, ruas, bueiros). Decorre daí que as taxas cobradas em razão exclusivamente dos
serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes
de imóveis são constitucionais, ao passo que é inconstitucional a cobrança de valores tidos como
taxa em razão de serviços de conservação e limpeza de logradouros e bens públicos”. (STF, RE
576321 RG-QO, Relator Ministro Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, julgamento em 4.12.2008)
GABARITO: CERTO
38. Se o Município do Recife publicar, em dezembro de 2017, uma lei que majore a base
de cálculo do IPTU, referido normativo já será aplicável aos fatos geradores ocorridos em
janeiro de 2018.
COMENTÁRIO
Como cediço, em regra, para a instituição ou majoração de tributos, deve-se obedecer a alguns
princípios bases da vedação a não surpresa. A anterioridade de exercício financeiro, corresponde à
impossibilidade de instituição ou majoração de tributos no mesmo exercício financeiro em que haja
sido publicada a lei que os institui ou aumentou. Ou seja, se uma lei for publicada em 2017 para
majoração de um tributo, apenas será aplicável no exercício seguinte, em 2018.
De acordo com a regra geral acima exposta, a assertiva se encontraria incorreta, por desconsiderar
a anterioridade nonagesimal. Ocorre que a própria Constituição Federal cuidou de traçar
diversas exceções aos mencionados princípios, sendo a base de cálculo do IPTU uma
exceção à anterioridade nonagesimal, conforme previsão do artigo 153, § 1º. Assim, correta
se encontra a assertiva.
PRINCÍPIO CONCEITO
Impossibilidade de instituição ou majoração de tributos no mesmo
ANTERIORIDADE DE
exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os
EXERCÍCIO FINANCEIRO
institui ou aumentou.
ANTERIORIDADE
Proibição de que sejam cobrados tributos antes de decorridos 90
NONAGESIMAL E
dias da data de publicação da lei que os instituiu ou aumentou.
NOVENTENA
GABARITO: CERTO
39. Uma das funções da Lei Complementar, em Direito Tributário, é dispor sobre conflitos de
competência entre os entes federativos.
COMENTÁRIO
A Lei Complementar possui enorme importância para o Direito Tributário, sobretudo diante das
diversas previsões constitucionais a seu respeito. Primeiramente, em seu artigo 146, dispõe a
Constituição Federal de 1988 sobre a utilização da Lei Complementar para dispor sobre
a) conflitos de competência; b) limitações constitucionais ao poder de tributar; e c)
normais gerais em direito tributário. Neste último ponto, especificou-se parte das previsões
das normas gerais, devendo-se utilizar a Lei Complementar para dispor sobre a) definição de
tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados na Constituição,
a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento,
crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo
praticado pelas sociedades cooperativas; d) definição de tratamento diferenciado e favorecido
para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou
simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I
e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239, todos da Constituição Federal de 1988.
GABARITO: CERTO
40. Os fatos geradores complexivos são caracterizados por vários eventos ocorridos em um
período de tempo determinado.
COMENTÁRIO
No direito tributário, entende-se que o sujeito passivo deverá arcar com o pagamento de uma
obrigação quando verificada a ocorrência, no mundo fático, da hipótese de incidência prevista
em lei. Trata-se do fato gerador, que, nos termos do artigo 114, do CTN, em relação à obrigação
tributária principal, é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.
Ocorre que as relações jurídicas são complexas, não bastando uma única definição do que seria o
fato gerador e quando houve a sua ocorrência. Por este motivo, diante da diversidade de hipóteses,
a doutrina costuma dividir os fatos geradores em continuados, instantâneos e periódicos (ou
complexivos). Os primeiros correspondem aos fatos que se baseiam em um evento único,
mas que se prolonga no tempo. É o caso do IPTU e do ITR, a partir do qual a propriedade
é um evento único, que decorre da mera aquisição (registro) do imóvel, mas cujos efeitos se
perpetuam pelo tempo, até que se constate eventual perda do direito de propriedade. Os fatos
geradores complexivos, por sua vez, correspondem a diversos eventos ocorridos em um
determinado período de tempo. O clássico exemplo é o do Imposto de Renda, a partir do qual,
todo mês, em regra, o sujeito passivo aufere renda, rendimentos, etc., mas apenas ao fim do ano
que se considera ocorrido o fato gerador referente a todo o montante auferido. Por fim, os fatos
geradores instantâneos são os que ocorrem em um momento único e específico no tempo.
Como exemplo, tem-se o imposto de importação, ocorrendo o fato gerador no momento da entrada
da mercadoria estrangeira no território nacional. Segue quadro Mnemónico para facilitar a revisão:
GABARITO: CERTO
LEGISLAÇÃO DE ENSINO
41. Segundo o STF, é inconstitucional lei estadual prevendo o número máximo de alunos
que poderiam estudar nas salas de aula das escolas, públicas ou particulares, ali existentes,
por usurpar a competência da União para legislar sobre normas gerais de educação.
COMENTÁRIO
Trata-se de mais um entendimento jurisprudencial que com certeza deve ser cobrado na sua prova.
A decisão proferida pelo STF decorreu do julgamento da ADI 4060/SC (Informativo 775), em
que a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino pretendeu a declaração de
inconstitucionalidade de lei estadual prevendo o número máximo de alunos que poderiam estudar
nas salas de aula das escolas, públicas ou particulares, ali existentes, argumentando que se trata
de norma geral, sendo, pois, de competência legislativa da União.
Segundo o STF, referida norma jurídica não é inconstitucional, uma vez que se insere na competência
suplementar dos Estados-membros, nos termos do artigo 24, inciso IX e § 1º, da CF/88, por dois
motivos:
(i) limite máximo de alunos em sala de aula é um tema que não precisa ser tratado de forma
idêntica em todo o Brasil não precisando ter uma uniformidade nacional;
(ii) em matéria de competência legislativa, deve-se prestigiar as leis de iniciativas regionais e locais,
a menos que ofendam norma expressa e inequívoca da CF/88.
Questão certa de ser cobrada, por envolver competência legislativa em matéria de educação.
GABARITO: ERRADO
42. Segundo o STF, é inconstitucional lei estadual que determina que os escritórios de prática
jurídica de universidade estadual mantenham plantão criminal para atendimento, nos finais
de semana e feriados, dos hipossuficientes presos em flagrante delito.
COMENTÁRIO
Questão bastante importante e que pode cair na sua prova, por envolver um ponto específico do
edital do último concurso.
A matéria foi apreciada pelo STF por ocasião do julgamento da ADI 3.792, em que se assentou
o entendimento de que é inconstitucional lei estadual que determina que os escritórios de prática
jurídica de universidade estadual mantenham plantão criminal para atendimento, nos finais de
semana e feriados, dos hipossuficientes presos em flagrante delito.
Para o STF, muito embora a autonomia universitária não se revista de caráter de independência
(RMS nº 22.047/DF-AgR, ADI nº 1.599/UFMC), atributo dos Poderes da República, revela a
impossibilidade de exercício de tutela ou indevida ingerência no âmago próprio de suas funções,
assegurando à universidade a discricionariedade de dispor ou propor (legislativamente) sobre sua
estrutura e funcionamento.
O STF entendeu que o artigo 53 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei Federal n.º
9.394/1996, ao especificar o conteúdo do princípio da autonomia universitária, assegura a liberdade
das Instituições de Ensino Superior para fixar os currículos dos seus cursos e programas, implicando
o atendimento dos hipossuficientes presos em flagrante delito determinado por lei estadual em
alteração do currículo na parte de estágio obrigatório dos acadêmicos de Direito.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
O enunciado da questão trazido acima retrata a literalidade dos §§ 8º e 9º do art. 60 da Lei 8.213/91,
motivo pelo qual está correto. Referidos dispositivos, por terem sido incluídos pela Lei nº 13.457,
de 2017, requerem atenção redobrada para o concurso vindouro. Até a edição da MP 739/2016,
o instituto da alta programada ou COPES – Cobertura Previdenciária Estimada – estava previsto
no art. 78 do Regulamento da Previdência Social (Decreto nº 3.048/99), e não na Lei nº 8.213/91.
Referido dispositivo contempla que o INSS poderá estabelecer, mediante avaliação médico-pericial,
o prazo que entender suficiente para a recuperação da capacidade para o trabalho do segurado,
dispensada nessa hipótese a realização de nova perícia. Caso insuficiente o prazo estimado de
recuperação, o segurado tem a possibilidade de requerer a realização de nova perícia nos 15
Parágrafo único.
Parágrafo único.
O benefício a
Parágrafo único. O benefício a
que se refere
O benefício será que se refere
o caput deste
mantido até que o caput será
artigo será
o segurado seja mantido até que
mantido até que
considerado o segurado seja
o segurado seja
reabilitado para considerado
considerado
o desempenho reabilitado para
reabilitado para
de atividade o desempenho
o desempenho
que lhe garanta de atividade
de atividade
a subsistência que lhe garanta
que lhe garanta
ou, quando a subsistência
a subsistência
considerado não ou, quando
ou, quando
recuperável, for considerado não
considerado não
aposentado por recuperável, seja
recuperável, seja
invalidez. aposentado por
aposentado por
invalidez.
invalidez.
GABARITO: CERTO
44. Decai em 10 anos todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para a
revisão do ato de concessão de benefício, a contar da Data de Início do Benefício (DIB) ou,
quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no
âmbito administrativo.
COMENTÁRIO
O caput do art. 103 da Lei nº 8.213/91 prevê que decai em 10 anos todo e qualquer direito ou
ação do segurado ou beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício, a contar
do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso,
do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo.
Verifica-se, portanto, estar-se diante de 2 hipóteses de decadência. Uma, a decadência decenal
para a revisão de benefício previdenciário concedido. Duas, a decadência decenal para a
impugnação de ato administrativo que indeferiu benefício previdenciário. Aquela tem início
a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira parcela. Significa
dizer que tendo um benefício data de início em 2.1.2017 (Data do Início do Benefício – DIB) e o
pagamento, pelo INSS, da primeira prestação ocorrido em 5.1.2017 (Data do Início do Pagamento
– DIP), é a partir desta, e não daquela data que tem início o prazo decadencial, motivo pelo qual
o enunciado da questão posta acima se revela incorreto. Frederico Amado (Curso de direito
e processo previdenciário. 9. ed. rev. ampl. e atual. Salvador: Juspodium, 2017, p. 978) refere
que, apesar da omissão legal e do raro tratamento doutrinário, seria possível conceituar ação de
“revisão do ato de concessão do benefício” como aquela que pretende o recálculo da renda do
benefício, normalmente a renda mensal. Tendo em vista que apenas a contar de 27/6/1997, por
meio da publicação da MP 1.523-9/1997, foi instituído o prazo decadencial decenal para que os
segurados e seus dependentes postulem a revisão de benefícios já deferidos, surgiu dúvida acerca
da aplicação ou não desse prazo aos benefícios concedidos anteriormente a 27/6/1997. Após
intensa e longa discussão jurisprudencial, restou assentado, pelo STF, o entendimento de que o
prazo de 10 anos para revisão de benefícios do INSS aplica-se a benefícios concedidos antes
da MP 1.523-9/1997: PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS).
REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. 1. O direito à previdência
social constitui direito fundamental e, uma vez implementados os pressupostos de sua aquisição,
não deve ser afetado pelo decurso do tempo. Como consequência, inexiste prazo decadencial
para a concessão inicial do benefício previdenciário. 2. É legítima, todavia, a instituição de prazo
decadencial de dez anos para a revisão de benefício já́ concedido, com fundamento no princípio
da segurança jurídica, no interesse em evitar a eternização dos litígios e na busca de equilíbrio
financeiro e atuarial para o sistema previdenciário. 3. O prazo decadencial de dez anos, instituído
pela Medida Provisória 1.523, de 28.06.1997, tem como termo inicial o dia 1º de agosto de 1997, por
força de disposição nela expressamente prevista. Tal regra incide, inclusive, sobre benefícios
concedidos anteriormente, sem que isso importe em retroatividade vedada pela Constituição.
4. Inexiste direito adquirido a regime jurídico não sujeito a decadência. 5. Recurso extraordinário
conhecido e provido. (RE 626.489-SE, Rel. Min. Roberto Barroso). Ademais, convém recordar que
a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU) possui entendimento
sumulado de que “não incide o prazo decadencial previsto no art. 103, caput, da Lei n. 8.213/91,
nos casos de indeferimento e cessação de benefícios, bem como em relação às questões não
apreciadas pela Administração no ato da concessão”, isto é, temas não apreciados pelo INSS no
ato de concessão, não estão sujeitos a prazo decadencial. Por outro lado, o caput do art. 103 da Lei
nº 8.213/91 traz também a decadência decenal para a impugnação de ato administrativo que
indeferiu benefício previdenciário a contar da ciência do indeferimento. Significa dizer que, “se o
INSS indeferiu um benefício previdenciário, terá o requerente o prazo de dez anos para solicitar
a revisão judicial desse ato, a contar do dia da notificação do indeferimento, caso permaneça a
mesma situação fática original. Isso porque se o segurado ou o seu dependente postularem o
mesmo benefício, mas com novos fundamentos, não se realizará a decadência decenal, pois serão
demandas diversas” (AMADO, Frederico. Curso de direito e processo previdenciário. 9. ed. rev.
ampl. e atual. Salvador: Juspodium, 2017, p. 995). Do exposto, deve restar claro que não existe
prazo decadencial para a concessão inicial do benefício previdenciário, mas, sim, para a revisão
do ato concessório de benefício ou do ato que o indefere. Aquele a contar do dia primeiro do mês
seguinte ao do recebimento da primeira prestação alcançada ao beneficiário; este, da data da
ciência do indeferimento administrativo.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Conforme a Constituição Federal, art. 203, caput, é devido um salário mínimo como garantia mensal,
independentemente de contribuição à Seguridade Social, à pessoa portadora de deficiência e ao
idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por
sua família, conforme dispuser a lei. A fim de regulamentar o comando constitucional, foi publicada
a Lei nº 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), a qual disciplina, atualmente,
em seu art. 20, caput, que o benefício assistencial de prestação continuada é a garantia de um
salário mínimo mensal alcançado à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 anos ou mais que
comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família.
Ocorre que o § 2º do art. 20 da referida lei, em sua redação original, dispunha que, para efeito de
concessão do benefício assistencial de prestação continuada, a pessoa portadora de deficiência
seria aquela incapacitada para a vida independente e para o trabalho, porém não delimitava um
marco temporal. Em 2011, foram publicadas as Leis nº 12.435 e 12.470, que trouxeram nova
redação ao § 2º do art. 20 da LOAS. Aquela referiu que se considerava pessoa com deficiência
aquela que tivesse impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial,
os quais, em interação com diversas barreiras, poderiam obstruir sua participação plena e efetiva
na sociedade com as demais pessoas. Ainda, preocupou-se em definir o que seria impedimento de
longo prazo como aquele que incapacitasse a pessoa para a vida independente e para o trabalho
pelo prazo mínimo de 2 anos. Por sua vez, a Lei nº 12.470 trouxe o impedimento mental como
um dos possíveis requisitos a caracterizar a pessoa com deficiência. Em 2015, em virtude da
edição da Lei nº 13.146, o § 2º do art. 20 da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) passou
a dispor que se considera pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou
mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade
de condições com as demais pessoas. Mantido, como de longo prazo, o impedimento que
produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 anos nos termos do § 10 do art. 20 da LOAS. Todavia,
ainda que alargado o conceito de deficiência e fixado um marco temporal mínimo, emergiu a dúvida
de se a LOAS, em alguma de suas edições, teria exigido a incapacidade absoluta de pessoa com
deficiência para concessão do benefício de prestação continuada. O STJ, recentemente, dirimiu
a controvérsia ao julgar o REsp 1.404.019-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
27/6/2017, DJe 3/8/2017, tendo referido que em nenhuma das edições da LOAS havia exigência
de comprovação da incapacidade absoluta pelo requerente do benefício, motivo pelo qual não é
possível ao intérprete acrescer requisitos mais rígidos do que aqueles previstos na legislação para
a concessão do benefício. Desse modo, a assertiva trazida acima está incorreta, uma vez que
refere que o benefício assistencial de prestação continuada, nos termos da Lei nº 8.742/93 e do
entendimento do STJ, para ser concedido, não requer a comprovação de incapacidade absoluta,
mas, sim, impedimento, seja de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que, cotejado
com uma ou mais barreiras (fatores ambientais e atividades e participação), produza incapacidade
por um período mínimo de 2 anos.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
ao labor, o que é comprovado pelo § 1º do art. 60 da Lei nº 8.213/91, o qual dispõe que a renda
mensal do auxílio-acidente corresponderá a 50% (cinquenta por cento) do salário-de-benefício,
podendo, inclusive, ser inferior a um salário mínimo. Deve-se observar, ainda, que a Lei nº 8.213/91
não restringe a concessão do auxílio-acidente apenas a infortúnios decorrentes do trabalho. Tal
diferenciação terá relevância significativa quando da análise da competência para processar e
julgar ações envolvendo pedidos de benefícios de natureza acidentária, uma vez que se o acidente
for decorrente do trabalho, será competente apenas a justiça estadual conforme o inciso I do art.
109 da CF/88 (Aos juízes federais compete processar e julgar: (...)I - as causas em que a União,
entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés,
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à
Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho). Nesse sentido, inclusive, tem-se as Súmulas 501 do STF e
15 do STJ. Por algum tempo, discutiu-se se seria possível condicionar-se a concessão do benefício
acidentário à irreversibilidade da moléstia incapacitante. O STJ, dirimindo a controvérsia, fixou a
tese de que “será devido o auxílio-acidente quando demonstrado o nexo de causalidade entre a
redução de natureza permanente da capacidade laborativa e a atividade profissional desenvolvida,
sendo irrelevante a possibilidade de reversibilidade da doença” (REsp. 1112886. Tema 156). Nos
termos do § 2º do art. 60 da Lei nº 8.213/91, a data do início do auxílio-acidente deve ser fixada
a contar do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer
remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com qualquer
aposentadoria. Significa dizer que o recebimento de salário ou concessão de outro benefício,
exceto de aposentadoria, não prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-acidente
conforme a redação do § 3º do art. 60 da Lei nº 8.213/91. Deve-se verificar que a vedação, ao
segurado, de cumulação do auxílio-acidente com aposentadoria foi trazida à Lei nº 8.213/91 pela
Lei nº 9.528/97, fruto da conversão da MP 1.596-14, de 10 de novembro de 1997, pois, a partir da
entrada em vigor desta, o auxílio-acidente passou a integrar o salário de contribuição para fins do
cálculo do salário de benefício da aposentadoria (art. 31 da Lei nº 8.213/91). Significa que, para que
sejam cumulados auxílio-acidente e aposentadoria, a lesão incapacitante e a aposentadoria devem
ser anteriores a 11/11/1997. Nesse sentido, há entendimento sumulado tanto da AGU quanto do
STJ, motivo pelo qual se sugere atenção redobrada às Súmulas 75, de 2 de abril de 2014, da
AGU e 507 do STJ, as quais, respectivamente, dispõem que: “para a acumulação do auxílio-
acidente com proventos de aposentadoria, a consolidação das lesões decorrentes de acidentes de
qualquer natureza, que resulte sequelas definitivas, nos termos do art. 86 da Lei nº 8.213/91, e a
concessão da aposentadoria devem ser anteriores às alterações inseridas no art. 86, § 2º da Lei
nº 8.213/91, pela Medida Provisória nº 1.596-14, convertida na Lei nº 9.528/97” e “a acumulação
de auxílio-acidente com aposentadoria pressupõe que a lesão incapacitante e a aposentadoria
sejam anteriores a 11/11/1997, observado o critério do art. 23 da Lei 8.213/1991 para definição do
momento da lesão nos casos de doença profissional ou do trabalho”. Frente ao exposto, verifica-
se que o enunciado trazido acima contém erro em sua parte final, uma vez que refere que o
recebimento de salário ou concessão de outro benefício, inclusive o de aposentadoria, prejudicará
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
deveria ser recalculado incluindo o valor recebido a título de auxílio-doença no período básico
de cálculo? Tendo em vista que a discussão chegou ao STF, coube a ele dirimir a controvérsia
tendo dado provimento ao recurso do INSS. Entendeu o Supremo que o afastamento contínuo
da atividade sem contribuição não pode ser considerado para calcular aposentadoria por
invalidez precedida de auxílio-doença, portanto, não teria incidência, nesses casos, o disposto
no § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/91, o qual é “uma exceção razoável à regra proibitiva de tempo
de contribuição ficta ou tempo ficto de contribuição”. Significa dizer, para o STF, que o § 5º do art.
29 da Lei nº 8.213/91 “equaciona a situação em que o afastamento que precede a aposentadoria
por invalidez não é contínuo, mas intercalado com períodos de labor”. “Em razão do caráter
contributivo do regime geral de previdência (CF/1988, art. 201, caput), o art. 29, § 5º, da Lei nº
8.213/1991 não se aplica à transformação de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez,
mas apenas a aposentadorias por invalidez precedidas de períodos de auxílio-doença intercalados
com intervalos de atividade, sendo válido o art. 36, § 7º, do Decreto nº 3.048/1999, mesmo após a
Lei nº 9.876/1999” (RE 583834-SC. Rel. Min. Ayres Britto. Tribunal Pleno. Julgamento: 21/9/2011).
Portanto, o enunciado da questão trazido acima está correto, pois reflete o atual entendimento do
STF sobre a aplicação do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/91 apenas quando houver o recebimento
de auxílio-doença intercalado com o exercício de atividade laboral, casos em que o auxílio-doença
integrará o período básico de cálculo (PBC) da aposentadoria por invalidez.
GABARITO: CERTO
48. Tendo em vista que a LC 109/2011, responsável por dispor sobre o Regime de Previdência
Complementar, não definiu quem são os beneficiários dos planos de previdência
complementar, o STJ firmou entendimento que o parceiro homoafetivo não deverá ser
considerado como beneficiário em plano de previdência privada, em virtude de a relação
não constituir entidade familiar.
COMENTÁRIO
A Constituição Federal de 1988 disciplina o regime de previdência privada em seu art. 202, o
qual refere que ele é de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação
ao regime geral de previdência social, bem como que será facultativo, baseado na constituição
de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar. Em 2011, foi
publicada a Lei Complementar 108 e 109. Aquela dispõe sobre a relação entre a União, os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios, suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e
outras entidades públicas e suas respectivas entidades fechadas de previdência complementar.
Esta, a respeito do Regime de Previdência Complementar. A LC 109/2011 prevê, em seu art. 7º,
GABARITO: ERRADO
49. Conforme o atual entendimento da TNU, os valores recebidos por força de antecipação
dos efeitos da tutela, posteriormente revogada em demanda previdenciária, são irrepetíveis
em razão da natureza alimentar e da boa-fé no seu recebimento.
COMENTÁRIO
Conforme o art. 115 da Lei nº 8.213/91, os débitos do segurado ou dos dependentes poderão ser
descontados dos benefícios previdenciários desde que autorizados pela legislação previdenciária.
Dentre esses descontos legais permitidos, consta, no inciso III do art. 115 da Lei de Benefícios, a
possibilidade de ser efetuado o desconto do pagamento de benefício além do devido pelo INSS ao
segurado. A divergência pairava em torno da possibilidade de devolução, pelo segurado ao INSS,
das parcelas que lhe foram alcançadas em decorrência de benefício previdenciário concedido em
virtude de decisões judiciais provisórias posteriormente revertidas. Ocorre que a Lei nº 8.213/91
continha disposição, na redação original do seu art. 130 e seu parágrafo único, de que os recursos
interpostos pelo INSS em processos que envolvam prestações desta lei, serão recebidos
exclusivamente no efeito devolutivo, cumprindo-se, desde logo, a decisão ou sentença, através
de processo suplementar ou carta de sentença e, em caso de reforma da decisão, o benefício
seria suspenso e exonerado o beneficiário de restituir os valores recebidos por força da
liquidação condicionada. Todavia, referido art. 130 foi suspenso pelo STF na ADI/MC 675, cujo
julgamento ocorreu em 6/10/94, em virtude de que se entendeu que teria havido violação do regime
de precatório ao permitir a execução provisória do julgado e, ainda, que o seu parágrafo único
afrontaria o duplo grau de jurisdição ao impossibilitar a restituição dos valores alcançados pelo
INSS ao beneficiário, ainda que provido o recurso interposto pela Autarquia Previdenciária. Por sua
vez, o STJ se posicionou a respeito do assunto. Na edição 67 da Jurisprudência em Teses do STJ,
publicada em 5 de outubro de 2016, a Tese 15 dispôs que “os valores recebidos de benefícios
previdenciários recebidos por força de tutela antecipada posteriormente revogada devem
ser devolvidos, haja vista a reversibilidade da medida antecipatória, a ausência de boa-fé
objetiva do beneficiário e a vedação do enriquecimento sem causa”. Em contrapartida, a TNU
possuía entendimento contrário, consolidado em seu Enunciado 51: “os valores recebidos por
força de antecipação dos efeitos da tutela, posteriormente revogada em demanda previdenciária,
são irrepetíveis em razão da natureza alimentar e da boa-fé no seu recebimento”. Entretanto,
recentemente, mais precisamente em sessão de 30 de agosto, ocorrida na sede do TRF4, na
cidade de Porto Alegre, a TNU houve por bem seguir o entendimento uniformizado no âmbito do
Superior Tribunal de Justiça, qual seja, o Tema 692: “a reforma da decisão que antecipa a tutela
obriga o autor da ação a devolver os benefícios previdenciários indevidamente recebidos”, fruto
do julgamento do REsp nº 1.401.560 (Rel. p/ Acórdão Min. Ari Pargendler, 1ª Seção, julgado em
12/02/2014, DJe 13/10/2015). Assim, tem-se a incorreção do enunciado da questão acima trazida,
uma vez que reproduz o Enunciado 51 da TNU, que, atualmente, não mais subsiste em virtude do
seu cancelamento.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Embora menos requisitada do que a Lei nº 8.213/91 em provas de Procurador Federal, a leitura
e o consequente entendimento da Lei nº 8.212/91, relativa ao custeio do RGPS, não deve ser
negligenciada. O art. 22 da Lei nº 8.212/91 dispõe a respeito da contribuição incidente sobre a
folha de pagamento a cargo das empresas e destinadas à Seguridade Social. Verifica-se que,
em regra, a empresa deve contribuir à Seguridade com 20% (vinte por cento) sobre o total das
remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados
empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o
trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de
utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente
prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da
lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa,
bem como com 20% (vinte por cento) sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a
qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem
serviços. Todavia, o § 1º do art. 22 da Lei nº 8.213/91 traz uma exceção, que diz respeito ao
fato de ser a empresa enquadrada como banco comercial, banco de investimento, banco de
desenvolvimento, caixa econômica, sociedade de crédito, financiamento e investimento,
sociedade de crédito imobiliário, sociedade corretoras, distribuidora de títulos e valores
mobiliários, empresa de arrendamento mercantil, cooperativa de crédito, empresa de
seguros privados e de capitalização, agente autônomos de seguros privados e de crédito e
entidades de previdência privada abertas e fechadas. Nesses casos, além da contribuição de
20%, será devido, por essas empresas, alíquota adicional 2,5% (dois vírgula cinco por cento).
Ou seja, ao invés de essas empresas contribuírem com 20% (vinte por cento) à Seguridade Social,
contribuirão com 22,5% (vinte dois vírgula cinco por cento). Tendo em vista que o tema voltou à
tona recentemente quando do julgamento do RE 584458 AgR (Rel. do Min. Dias Toffoli, Segunda
Turma, julgado em 02/05/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-102 DIVULG 16/05/2017 PUBLIC
17/05/2017), entendeu-se por bem desenvolvê-lo, motivo pelo qual foi inserida esta questão na III
Rodada. A discussão que chegou ao STF diz respeito à possibilidade ou não de lei ordinária, no
caso, a Lei nº 9.876/99, dispor a respeito de alíquotas diferenciadas em relação às contribuições
previdenciárias incidentes sobre a folha de salários de instituições financeiras ou de entidades a
elas legalmente equiparáveis após a edição da Emenda Constitucional nº 20/1998. O Supremo
ratificou o seu entendimento de que é possível a instituição de alíquota diferenciada por lei ordinária
e de que não haveria vício de constitucionalidade, não havendo afronta ao disposto na alínea
“a” do inciso I do art. 195 da CF/88. Observe-se: “Agravo regimental no recurso extraordinário.
Contribuição previdenciária. Artigo 195, I, a, CF. Artigo 22, caput, III, § 1º, da Lei nº 8.212/91, com
a redação dada pela Lei nº 9.876/99. Instituição por lei ordinária. Possibilidade. Adicional de
2,5% sobre a folha de salários. Constitucionalidade. Serviço de corretagem. Enquadramento
legal. Questão infraconstitucional. Fatos e provas. 1. O Supremo Tribunal Federal consolidou o
entendimento de que a contribuição previdenciária prevista no art. 22, III, da Lei 8.212/1991, com a
redação dada pela Lei 9.876/1999, foi instituída com amparo no art. 195, I, a, da Constituição, com
a redação dada pela Emenda Constitucional 20/1998. Dessa forma, desnecessária a edição de lei
complementar para viabilizar sua cobrança. Precedentes. 2. É constitucional a previsão legal
de diferenciação de alíquotas em relação às contribuições previdenciárias incidentes sobre
a folha de salários de instituições financeiras ou de entidades a elas legalmente equiparáveis
após a edição da Emenda Constitucional nº 20/1998. Precedentes. (...)”. Ou seja, a necessidade
de lei complementar para instituição de contribuição social, para tributos não descritos nos termos
do § 4º do art. 195 da CF/88 não se aplica ao caso da previsão de alíquota diferenciada pela Lei
nº 9.7876/99 às instituições financeiras, pois a contribuição incidente sobre a folha de salários
está expressamente prevista na Constituição Federal desde a edição da EC nº 20/98. Portanto,
feito o cotejo entre o teor do enunciado e o teor do § 1º do art. 22 da Lei nº 8.213/91, verifica-se
sua incorreção quando refere ser inconstitucional a previsão legal de diferenciação de alíquotas
em relação às contribuições previdenciárias incidentes sobre a folha de salários de instituições
financeiras ou de entidades a elas legalmente equiparáveis após a edição da Emenda Constitucional
nº 20/1998, pois o STF entendeu ser constitucional conforme abordado e transcrito acima.
GABARITO: ERRADO
DIREITO AGRÁRIO
51. Imagine a seguinte situação: havendo uma desapropriação de imóvel rural, por interesse
social, para fins de reforma agrária, o expropriante, por sentença judicial, deverá depositar
o valor da indenização, em espécie, corrigido monetariamente, para as benfeitorias, porém
quanto à terra nua, esse valor deve ser depositado em títulos da dívida agrária.
COMENTÁRIO
Segundo o STF, no RE 247866/CE, a assertiva está errada, pois não é qualquer benfeitoria que
deve ser paga em dinheiro, apenas as úteis e necessárias. Ou seja, as voluptuárias não serão
pagas do mesmo modo. Além disso, o expropriante não precisa depositar a indenização, porque
esta será paga mediante precatório, com fulcro no art. 100 da CF/882.
2 Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em
virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à
conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos
créditos adicionais abertos para este fim.
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão hereditária, tenham 60
(sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de doença grave, ou pessoas com deficiência, assim definidos
na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo
fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade,
sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório.
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos
de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de
sentença judicial transitada em julgado.
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias, valores distintos às entidades
de direito público, segundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior
benefício do regime geral de previdência social.
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento
de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários
apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus
valores atualizados monetariamente.
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a
liquidação regular de precatórios incorrerá em crime de responsabilidade e responderá, também, perante o
Conselho Nacional de Justiça.
§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta em
até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os débitos que preencham as
GABARITO: ERRADO
§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da entidade federativa devedora, a entrega de créditos
em precatórios para compra de imóveis públicos do respectivo ente federado.
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de valores de requisitórios, após
sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de
remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples
no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de
juros compensatórios.
§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a terceiros, independentemente
da concordância do devedor, não se aplicando ao cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º.
§ 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após comunicação, por meio de petição protocolizada,
ao tribunal de origem e à entidade devedora.
§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complementar a esta Constituição Federal poderá estabelecer
regime especial para pagamento de crédito de precatórios de Estados, Distrito Federal e Municípios, dispondo
sobre vinculações à receita corrente líquida e forma e prazo de liquidação.
§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de
Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente.
§ 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aferirão mensalmente, em base anual, o
comprometimento de suas respectivas receitas correntes líquidas com o pagamento de precatórios e
obrigações de pequeno valor.
§ 18. Entende-se como receita corrente líquida, para os fins de que trata o § 17, o somatório das receitas
tributárias, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de contribuições e de serviços, de transferências
correntes e outras receitas correntes, incluindo as oriundas do § 1º do art. 20 da Constituição Federal,
verificado no período compreendido pelo segundo mês imediatamente anterior ao de referência e os 11 (onze)
meses precedentes, excluídas as duplicidades, e deduzidas:
I - na União, as parcelas entregues aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios por determinação constitucional;
III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios, a contribuição dos servidores para custeio de seu
sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da compensação financeira referida no § 9º do
art. 201 da Constituição Federal.
§ 19. Caso o montante total de débitos decorrentes de condenações judiciais em precatórios e obrigações
de pequeno valor, em período de 12 (doze) meses, ultrapasse a média do comprometimento percentual da
receita corrente líquida nos 5 (cinco) anos imediatamente anteriores, a parcela que exceder esse percentual
poderá ser financiada, excetuada dos limites de endividamento de que tratam os incisos VI e VII do art. 52
da Constituição Federal e de quaisquer outros limites de endividamento previstos, não se aplicando a esse
financiamento a vedação de vinculação de receita prevista no inciso IV do art. 167 da Constituição Federal.
§ 20. Caso haja precatório com valor superior a 15% (quinze por cento) do montante dos precatórios
apresentados nos termos do § 5º deste artigo, 15% (quinze por cento) do valor deste precatório serão pagos
até o final do exercício seguinte e o restante em parcelas iguais nos cinco exercícios subsequentes, acrescidas
de juros de mora e correção monetária, ou mediante acordos diretos, perante Juízos Auxiliares de Conciliação
de Precatórios, com redução máxima de 40% (quarenta por cento) do valor do crédito atualizado, desde que
em relação ao crédito não penda recurso ou defesa judicial e que sejam observados os requisitos definidos na
regulamentação editada pelo ente federado.
COMENTÁRIO
A princípio parece bem simples a afirmação acima, porém é muito comum a confusão entre os
concorrentes na prova da carreira da AGU.
Por isso, optamos por relembrar o tema. Afinal, o cargo de Procurador Federal lotado na matéria
do INCRA é de extrema importância.
GABARITO: CERTO
DIREITO AMBIENTAL
53. O Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA é constituído pelo Conselho Nacional do
Meio Ambiente (CONAMA), como órgão superior; pela Secretaria Especial do Meio Ambiente
(SEMA), como órgão central; por órgãos ou entidades integrantes da Administração Pública
Federal, direta ou indireta, na qualidade de órgãos setoriais; por órgãos ou entidades
estaduais, na qualidade de órgãos seccionais e por órgãos ou entidades municipais,
representando as estruturas locais.
COMENTÁRIO
A assertiva está errada, pois a estrutura referida estava prevista na redação original do art. 6º
da Lei nº 6.938/1981, que foi alterada pela Lei nº 7.804/1989, em seguida pela Lei nº 8.028/1990
e, posteriormente, pela Lei nº 12.856/2013. Dessa sorte, a constituição atual do SISNAMA prevê
os seguintes órgãos:
Art. 6º (...)
Note-se que o SISNAMA é formado pelo conjunto de órgãos e instituições dos diversos níveis do
Poder Público, incumbidos da proteção do meio ambiente, representando o grande arcabouço
institucional da gestão ambiental no Brasil.
Assim, órgãos da União, Estados, Distrito Federal, Municípios e fundações instituídas pelo Poder
Público formam uma estrutura político-administrativa oficial, que é responsável pela proteção e
melhoria da qualidade ambiental.
Recomenda-se que o aluno faça uma leitura atenta do art. 6º para fixar o conhecimento acerca dos
órgãos que integram o SISNAMA.
GABARITO: ERRADO
54. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) é órgão integrante do SISNAMA, com
competência consultiva, deliberativa e recursal, devendo dispor sobre normas e padrões
compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade
de vida.
COMENTÁRIO
A assertiva está errada, pois o CONAMA não possui mais competência recursal. Na redação
original da Lei nº 6.938/1981, o CONAMA detinha competência para decidir, como última instância
administrativa recursal, sobre as multas e outras penalidades impostas pelo IBAMA. A Lei nº
11.941/2009 revogou expressamente o inciso III do art. 8º da Lei nº 6.938/1981, extinguindo,
portanto, a competência recursal desse órgão.
É importante mencionar que a revogação desse dispositivo acarretou a revogação tácita do art.
130 do Decreto nº 6.514/2008, por consectário lógico, uma vez que o conteúdo e alcance desse
Decreto devem estar compatíveis com o que está previsto na Lei em decorrência da qual ele foi
expedido.
O CONAMA é considerado o órgão maior do SISNAMA e é presidido pelo Ministro do Meio Ambiente.
Acrescente-se que “sua composição obedece a critérios geopolíticos (representação dos Estados
da Federação, do Distrito Federal e dos Municípios), critérios institucionais (representação de
Ministérios e outros), critérios sociopolíticos (representação da sociedade civil organizada). Integram-
no também, na condição de Conselheiros convidados, sem direito a voto, um representante do
Ministério Público Federal, um representante dos Ministérios Públicos estaduais e um representante
da Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias da Câmara dos Deputados”, de
acordo com o art. 5º do Decreto nº 99.274/1990 e alterações posteriores. (MILARÉ, Edis. Direito
do Ambiente. 10ª ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 643).
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
A afirmação está correta. As Unidades de Proteção Integral ao lado das Unidades de Uso
Sustentável constituem os 02 (dois) grupos de unidades de conservação integrantes do
SNUC, nos termos da art. 7º da Lei nº 9.985/2000. Cada um desses grupos apresenta características
próprias, consoante §§ 1º e 2º do art. 7º. Nesse sentido, as Unidades de Proteção integral têm como
escopo básico a preservação da natureza, sendo admitido apenas o uso indireto de seus recursos
naturais, com exceções indicadas na lei. Por sua vez, as Unidades de Uso Sustentável apresentam
como objetivo básico a compatibilização da conservação da natureza com o uso sustentável de
parcela de seus recursos naturais.
GABARITO: CERTO
56. Não é admitida a criação de novas unidades de conservação além das categorias
previstas na Lei nº 9.985/2000.
COMENTÁRIO
A assertiva está errada, pois a Lei nº 9.985/2000 admite que outras unidades de conservação
passem a integrar o sistema. Contudo, trata-se de situação excepcional e que necessita de
autorização do CONAMA.
Dessa sorte, o parágrafo único do art. 6º da lei é expresso ao dispor que “Podem integrar o SNUC,
excepcionalmente e a critério do Conama, unidades de conservação estaduais e municipais
que, concebidas para atender a peculiaridades regionais ou locais, possuam objetivos de manejo
que não possam ser satisfatoriamente atendidos por nenhuma categoria prevista nesta Lei e cujas
características permitam, em relação a estas, uma clara distinção”. (GN).
Para facilitar a memorização do aluno, segue tabela com as categorias de Unidades de Conservação
para cada grupo:
Grupos Categorias
1. Estação Ecológica
2. Reserva Biológica
Unidades de
Proteção Integral 3. Parque Nacional
- UPI
4. Monumento Natural
3. Floresta Nacional
Unidades de Uso
4. Reserva Extrativista
Sustentável - UUS
5. Reserva de Fauna
GABARITO: ERRADO
57. As unidades de conservação e áreas protegidas criadas com base nas legislações
anteriores à Lei nº 9.985/2000 e que não pertençam às categorias nela previstas poderão
passar por procedimento de reavaliação com o objetivo de definir sua destinação, tendo em
vista a categoria e a função para as quais foram criadas.
COMENTÁRIO
A afirmação está correta e a regra está no art. 55 da lei que é categórico ao estabelecer que “As
unidades de conservação e áreas protegidas criadas com base nas legislações anteriores e que
não pertençam às categorias previstas nesta Lei serão reavaliadas, no todo ou em parte, no
prazo de até dois anos, com o objetivo de definir sua destinação com base na categoria e
função para as quais foram criadas”.
O intuito da lei é a proteção do meio ambiente por meio de espaços criados com finalidades
específicas. Logo, não pode haver empecilho intransponível a que espaços territoriais já
existentes sejam aproveitados e readequados em sua função na nobre missão de preservação da
biodiversidade.
Veja-se que a lei prevê que o procedimento para reavaliação dessas unidades de conservação e
áreas protegidas será disposto em Regulamento.
GABARITO: CERTO
DIREITO CIVIL
COMENTÁRIO
»» Ponto do edital: 2 Das pessoas. Das pessoas naturais. Das pessoas jurídicas. Do
domicílio.
O tema é de alta incidência em provas e deve ter uma atenção redobrada. A questão veiculou a
redação do Enunciado 283 da IV Jornada de Direito Civil do CJF/STJ, que estabelece que “É cabível
a desconsideração da personalidade jurídica denominada ‘inversa’ para alcançar bens de sócio
que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a terceiros.”
Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald ensinam que: “No Direito de Família ‘a penetração
do véu societário torna-se uma poderosa arma a favor da parte mais débil do relacionamento afetivo
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
»» Ponto do edital: 2 Das pessoas. Das pessoas naturais. Das pessoas jurídicas. Do
domicílio.
“Cuida-se da situação do chamado sócio oculto, não nos termos da sociedade em conta
de participação, fique claro, mas na condição ‘daquele que é sem nunca ter sido’, ou
seja, daquele que é o protagonista da empresa se valendo de interpostas pessoas
contratuais, denominadas na expressão popular de ‘laranjas’, ‘testa de ferro’, ‘homem
de palha’ e ‘boneco de gelo’, a funcionar como um véu, um anteparo, uma cortina,
enfim uma armadura à sua responsabilidade’” (GUSMÃO, Mônica. Lições de direito
empresarial, ed. 7, Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2008, p. 115/116).
GABARITO: CERTO
60. Segundo o STJ, o dano ambiental decorrente de omissão do Estado se submete à teoria
objetiva, sendo a responsabilidade civil caracterizada por ser solidária com os demais
causadores e de execução direta.
COMENTÁRIO
Tema importantíssimo e que pode ser cobrado. A questão cobrava um conhecimento do aluno
sobre o regime de responsabilidade civil do Estado por omissão em direito ambiental. O STJ,
no julgamento do REsp 1071741, de leitura essencial, decidiu que, excepcionalmente nestes
casos de omissão do Estado que produz dano ambiental, deve ser aplicada a teoria objetiva,
mas a responsabilidade civil é solidária de execução subsidiária. O que significa haver uma
responsabilidade civil solidária de execução subsidiária?
O STJ explicou que no referido regime de responsabilidade civil, o Estado integra o título executivo
sob a condição de, como devedor-reserva, só ser convocado a quitar a dívida se o degradador
original, direto ou material (= devedor principal) não o fizer, seja por total ou parcial exaurimento
patrimonial ou insolvência, seja por impossibilidade ou incapacidade, inclusive técnica, de
cumprimento da prestação judicialmente imposta, assegurado, sempre, o direito de regresso (art.
934 do Código Civil), com a desconsideração da personalidade jurídica (art. 50 do Código Civil).
E por que não poderia o Estado sofrer a execução diretamente pelos danos ambientais ocasionados
pela omissão na atuação?
O STJ entendeu que seria desaconselhável chamar o Estado – que, fruto de sua posição anômala,
ao final das contas, como representante da sociedade-vítima do dano urbanístico-ambiental,
também é prejudicado –, a responder, na linha de frente, pela degradação materialmente causada
por terceiro e que só a este beneficia ou aproveita.
GABARITO: ERRADO
61. Segundo o STJ, o terceiro que explorou clandestinamente área objeto de outorga para
pesquisa de viabilidade de lavra de minérios não deve indenizar o particular que possuía
COMENTÁRIO
A questão poderia induzir a erro, porque apresenta uma fundamentação constitucional convincente,
caso se ignore a existência de outorga para pesquisa de viabilidade de lavra de minérios entre a União
e pessoa jurídica de direito privado. Com efeito, no julgamento do REsp 1471571, o STJ entendeu
que a CF/88 franqueia aos particulares a exploração dos minérios, garantindo aos mineradores a
propriedade do produto da lavra. A fim de ordenar o livre acesso aos recursos minerais, o Código
de Mineração utiliza-se do direito de prioridade, e, por consequência, assegura ao pesquisador, de
forma exclusiva, a futura exploração da reserva pesquisada, bem como a possibilidade de eventual
negociação desse direito.
Assim, terceiro que explora, clandestina e ilicitamente, a reserva pesquisada, atenta contra o
direito de prioridade e causa dano direto ao legítimo pesquisador, devendo, pois, ressarcir-lhe
integralmente o prejuízo.
GABARITO: ERRADO
62. De acordo com o STJ, o valor de 30 salários mínimos constante no art. 108 do Código Civil
brasileiro, em referência à forma pública ou particular dos negócios jurídicos que envolvam
bens imóveis, é o atribuído pelas partes contratantes, e não qualquer outro valor arbitrado
pela Administração Pública com finalidade tributária.
COMENTÁRIO
»» Ponto do edital: 5 Dos fatos jurídicos. Do negócio jurídico. Defeitos do negócio jurídico.
Dos atos jurídicos lícitos. Dos atos ilícitos. Da prescrição e da decadência. Da prova.
Muita atenção porque a matéria foi objeto de questionamento na prova dissertativa do último
concurso da AGU, e, também porque houve uma superação do Enunciado 289 da IV Jornada
de Direito Civil do CJF/STJ, segundo o qual “O valor de 30 salários mínimos constante no art.
108 do Código Civil brasileiro, em referência à forma pública ou particular dos negócios jurídicos
que envolvam bens imóveis, é o atribuído pelas partes contratantes, e não qualquer outro valor
arbitrado pela Administração Pública com finalidade tributária”.
Isso porque o STJ, no julgamento do REsp 1099480, entendeu que o artigo 108 do CC/2002 se
refere ao valor do imóvel, e não ao preço do negócio. Assim, havendo disparidade entre ambos, é
aquele que deve ser levado em conta para efeito de aplicação da ressalva prevista na parte final
desse dispositivo legal.
O legislador quis, ao editar o artigo 108, possibilitar transações imobiliárias sem muito custo às
partes de baixa renda. Entendimento em contrário poderia induzir a fraudes, uma vez que as partes
poderiam atribuir ao negócio jurídico valores ínfimos.
A avaliação feita pela Fazenda Pública para atribuição do valor venal do imóvel é baseada em
critérios objetivos previstos em lei, refletindo, de forma muito mais consentânea com a realidade do
mercado imobiliário, o verdadeiro valor do imóvel objeto do negócio.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
A questão explorava os limites que balizam a noção de produto defeituoso. Com efeito, o artigo
12, § 1º, do CDC, dispõe que “o produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele
legitimamente se espera”. Os referidos limites, assim, são estabelecidos pelas expectativas de
segurança que deles legitimamente esperam os consumidores. Compreender referido critério
é fundamental para entender o caso concreto julgado pelo STJ no REsp 1.656.614, que decidiu que
a comprovação de graves lesões decorrentes da abertura de air bag em acidente automobilístico
em baixíssima velocidade, que extrapolam as expectativas que razoavelmente se espera do
mecanismo de segurança, ainda que de periculosidade inerente, configura a responsabilidade
objetiva da montadora de veículos pela reparação dos danos ao consumidor.
GABARITO: ERRADO
64. Não deve ser reconhecido o direito à usucapião especial urbana para imóveis de dimensão
inferior a 250 m², uma vez que, ao se desrespeitar o módulo mínimo do lote previsto no
plano diretor do respectivo Município, há uma afronta à função social da propriedade devido
ao indesejado microfracionamento urbano que prejudica a organização e planejamento da
cidade.
COMENTÁRIO
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros
quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de
outro imóvel urbano ou rural.
Assim, o texto constitucional estabelece quatro requisitos para aquisição originária da propriedade
neste caso:
(i) a pessoa deve estar na posse de uma área urbana de, no máximo, 250 m²;
(ii) posse mansa e pacífica dessa área por, no mínimo, 5 anos ininterruptos, sem oposição;
(iii) o imóvel deve estar sendo utilizado para a moradia da pessoa ou de sua família;
(iv) pessoa não pode ser proprietária de outro bem imóvel (urbano ou rural);
GABARITO: ERRADO
65. Segundo o STJ, não tem validade qualquer título de propriedade outorgado a particular
de bem imóvel situado em área considerada como terreno de marinha ou acrescido.
COMENTÁRIO
»» Ponto do edital: 7 Do direito das coisas. Dos direitos reais. Da propriedade. 11 Registros
públicos.
Impende lembrar, primeiramente, que os terrenos de marinha, conforme disposto no artigo 1º,
alínea “a”, do Decreto-Lei n. 9.760/1946 e no artigo 20, VII, da CF/88, são bens imóveis da União,
necessários à defesa e à segurança nacional, que se estendem à distância de 33 metros para a
área terrestre, contados da linha do preamar médio de 1831.
A linha do preamar médio é definida pela média das marés máximas, do ano de 1831. O ano de
1831 é usado para dar garantia jurídica, porque é conhecido o fenômeno de mudanças na costa
marítima decorrente do movimento da orla. Esses movimentos se dão por processos erosivos
ou por aterros. A partir da determinação da linha do preamar médio inicia-se a delimitação dos
terrenos de marinha.
Posteriormente houve a edição da Súmula 496, dispondo que “os registros de propriedade particular
de imóveis situados em terrenos de marinha não são oponíveis à União”.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
O aluno poderia se confundir ao recordar a redação do artigo 183, § 3º, da CF/88, que dispõe que
os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. Ocorre que, como mencionado, trata-
se de terreno de marinha ainda não demarcado. Nesse sentido, o STJ decidiu, no julgamento do
REsp 1.090.847, que é possível o reconhecimento de usucapião em terreno de marinha ainda
não demarcado, nos termos do Decreto-Lei n.º 9.760/47. Isso porque não poderia o jurisdicionado
ter a sua pretensão condicionada a prévia demarcação, que constitui procedimento complexo e
No entanto, o STJ ressalvou que permanecem resguardados os interesses da União caso haja
posterior demarcação, posto que, havendo natureza declaratória, incide a Súmula 496 do STJ, que
estabelece que “os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha
não são oponíveis à União”.
GABARITO: CERTO
67. De acordo com o STF, nas situações de natureza contratual de trato sucessivo, a lei
nova pode incidir imediatamente sobre as cláusulas presentes no contrato, desde que as
normas legais sejam de natureza cogente, ou seja, aquelas cujo conteúdo foge do domínio
da vontade dos contratantes.
COMENTÁRIO
Importante entender a diferenciação realizada pelo STF para enfrentar a questão. Segundo o STF,
para aplicação da cláusula constitucional que assegura, em face da lei nova, a preservação do direito
adquirido e do ato jurídico perfeito (CF, art. 5º, XXXVI), impõe-se distinguir duas diferentes espécies
de situações jurídicas: (a) as situações jurídicas individuais, que são formadas por ato de vontade
(especialmente os contratos), cuja celebração, quando legítima, já lhes outorga a condição de ato
jurídico perfeito, inibindo, desde então, a incidência de modificações legislativas supervenientes; e
(b) as situações jurídicas institucionais ou estatutárias, que são formadas segundo normas gerais
e abstratas, de natureza cogente, em cujo âmbito os direitos somente podem ser considerados
adquiridos quando inteiramente formado o suporte fático previsto na lei como necessário à sua
incidência.
Assim, os aspectos contratuais que encerram uma situação jurídica institucional – insuscetíveis,
portanto, de disposição por ato de vontade – podem ser atingidos por lei nova, uma vez que não se
encontram protegidos pelo princípio constitucional da preservação do ato jurídico perfeito.
GABARITO: CERTO
DIREITO EMPRESARIAL
68. O título de crédito é um documento por meio do qual se prova que existe uma obrigação
entre o(s) credor(es) e o(s) devedor(es), nos termos do que ali está escrito.
COMENTÁRIO
Corretíssima a assertiva. Segundo a doutrina de Cesare Vivante, jurista italiano, adotada pelo
nosso CC/02, no art. 887, o título de crédito é mesmo o documento necessário para o exercício do
direito literal e autônomo nele contido ou mencionado.
É importante frisar que o tema “título de crédito” é bastante comum em provas de concursos.
Por isso, revisem bem o tema.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Dito isso, vamos revisar o tema da representação comercial autônoma que faz parte do capítulo
sobre os contratos empresariais.
A representação comercial autônoma pode ser definida como sendo uma espécie de contrato em
que uma pessoa física ou jurídica (representante), compromete-se a ir em busca de interessados
que queiram adquirir os produtos ou serviços prestados por uma empresa (representada). Também
conhecida como “colaboração empresarial por aproximação”.
É um contrato típico porque está prevista na Lei n. 4.886/65. E o representante não é considerado
empregado do representado.
Além disso, o contrato de representação comercial deverá estipular a zona ou as zonas em que o
representante irá atuar e se o representante possui ou não exclusividade sobre essa zona.
Isso é importante, porque se tiver exclusividade, isso significa que o representado assumiu o
compromisso de somente comercializar seus produtos ou serviços nessa zona por meio do
representante.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
O STJ, no REsp 1.200.528-RJ, julgado em 16/2/2017, entendeu que os contratos que impliquem
transferência de tecnologia, para produzirem efeitos em relação a terceiros, necessitam ser
registrados e/ou averbados no INPI.
Isso se dá porque o INPI, ao examinar os contratos para averbação ou registro, pode avaliar
as cláusulas contratuais exigindo a alteração daquelas que forem abusivas ou ilegais, segundo
informa o art. 211, da Lei 9.279/96 combinado com o art. 2º da Lei 5.648/70.
Lei nº 9.279/96:
Art. 211. O INPI fará o registro dos contratos que impliquem transferência de tecnologia,
contratos de franquia e similares para produzirem efeitos em relação a terceiros.
Parágrafo único. A decisão relativa aos pedidos de registro de contratos de que trata
este artigo será proferida no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data do pedido de
registro.
GABARITO: CERTO
71. O autor do pedido de falência precisa demonstrar que existem indícios da insolvência
ou da insuficiência patrimonial do devedor, bastando que o executado, por exemplo, não
pague/deposite/nomeie bens à penhora, dentro do prazo legal, qualquer quantia líquida.
COMENTÁRIO
O STJ, no REsp 1.532.154-SC, julgado em 18/10/2016, entendeu de forma diversa e disse que
o autor do pedido de falência não precisa demonstrar que existem indícios da insolvência ou da
insuficiência patrimonial do devedor, bastando que o executado preencha umas das situações do
art. 94 da Lei 11.101.
II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à
penhora bens suficientes dentro do prazo legal;
III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação
judicial:
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos
ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu
ativo a terceiro, credor ou não;
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar
os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de
sua sede ou de seu principal estabelecimento;
GABARITO: ERRADO
72. A Execução frustrada se dá quando o devedor é executado por qualquer quantia líquida,
mas não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal.
COMENTÁRIO
De fato, o enunciado da questão traz um dispositivo legal bastante recorrente em prova objetivas e
subjetivas de concurso público.
O art. 94, inciso I da Lei de Falências conceitua a impontualidade injustificada. Que consiste na
hipótese em que o devedor, sem relevante razão de direito, não paga no vencimento obrigação
líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente
a 40 salários-mínimos na data do pedido de falência.
O inciso II do mesmo dispositivo conceitua por sua vez a execução frustrada, que ocorre quando
o devedor é executado por qualquer quantia líquida, mas não paga, não deposita e não nomeia à
penhora bens suficientes dentro do prazo legal.
Por fim, o inciso III, traz os chamados atos de falência que são:
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento
para realizar pagamentos;
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar
credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor
ou não;
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e
desembaraçados suficientes para saldar seu passivo;
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os
credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou
de seu principal estabelecimento;
GABARITO: CERTO
73. As gorjetas constituem receita própria dos empregadores quando se tratam de valores
cobrados pela empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, ainda que destinadas à
distribuição aos empregados. Todavia, quando se tratarem de importância espontaneamente
dada pelo cliente ao empregado, as gorjetas não serão receita própria dos empregadores.
COMENTÁRIO
Tendo em vista recente alteração promovida na CLT pela Lei nº 13.419, de 13 de março de 2017, que
entrou em vigor em 60 dias a contar da sua publicação, e disciplina o rateio, entre empregados, da
cobrança adicional sobre as despesas em bares, restaurantes, hotéis, motéis e estabelecimentos
similares, reputa-se necessário que o candidato atente à leitura dos artigos modificados e dos
incluídos na legislação trabalhista, ou seja, do § 3º ao 11 do art. 457 da CLT, eis que têm grandes
chances de virem a ser explorados em questões de provas, especialmente no que tange à de
Procurador Federal. Inicialmente, convém recordar que as gorjetas são destituídas de natureza
salarial, mas estão inseridas na composição da remuneração do empregado, não tendo havido
alteração na CLT quanto à sua natureza: Súmula 354 do TST. GORJETAS. NATUREZA JURÍDICA.
REPERCUSSÕES (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. As gorjetas, cobradas
pelo empregador na nota de serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clientes, integram a
remuneração do empregado, não servindo de base de cálculo para as parcelas de aviso-prévio,
adicional noturno, horas extras e repouso semanal remunerado. Ou seja, as gorjetas integram
a remuneração para efeito previdenciário (salário-de-contribuição), FGTS, gratificação natalina e
férias, mas sobre elas não incidem aviso-prévio, adicional noturno, hora extra e repouso semanal
remunerado. Para a resolução da questão trazida acima, o candidato deveria estar atento ao
disposto nos §§ 3º e 4º do art. 457 da CLT. Conforme o § 3º do dispositivo mencionado, considera-
se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como
também o valor cobrado pela empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, e
destinado à distribuição aos empregados. Por sua vez, o § 4º do art. 457 da CLT menciona que
a gorjeta não constitui receita própria dos empregadores, destinando-se aos trabalhadores
e sua distribuição obedecerá critérios de custeio e de rateio definidos em convenção ou
acordo coletivo de trabalho. Portanto, cotejando-se o enunciado acima com o teor dos §§ 3º
e 4º mencionados, verifica-se a incorreção da assertiva, pois tenta induzir a erro o candidato
diferenciando se a gorjeta é receita do empregado ou do empregador a partir do critério de ser dada
espontaneamente pelo cliente ao empregado ou se é valor cobrado pela empresa, como adicional
ou título, a qualquer título. Deve estar claro ao candidato que, independentemente do fato de a
gorjeta ser importância dada de modo espontâneo pelo cliente ao empregado ou ser o valor cobrado
pela empresa do cliente, ela não será receita própria dos empregadores. Além disso, a forma
de custeio e de rateio deverá obedecer a critérios estabelecidos em convenção ou acordo coletivo
de trabalho. Caso não exista previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho, os critérios
de rateio e distribuição da gorjeta serão definidos em assembleia geral dos trabalhadores. A Lei nº
13.419/2017 diferencia o percentual de retenção da arrecadação das gorjetas conforme a empresa
esteja inscrita em regime de tributação diferenciado ou não. Para as inscritas, há a possibilidade de
retenção de até 20% da arrecadação correspondente, desde que exista previsão em convenção
ou acordo coletivo de trabalho, para custear os encargos sociais, previdenciários e trabalhistas
derivados da sua integração à remuneração dos empregados, devendo o valor remanescente
ser revertido integralmente em favor do trabalhador. Caso a empresa não esteja inscrita em
regime de tributação federal diferenciado, é facultada a retenção de até 33% da arrecadação
correspondente, desde que exista previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho,
para custear os encargos sociais, previdenciários e trabalhistas derivados da sua integração à
remuneração dos empregados, devendo o valor remanescente ser revertido integralmente em favor
do trabalhador. Percebe-se, portanto, expressão do poder sindical quando a legislação vincula a
possibilidade de retenção em convenção ou acordo coletivo de trabalho, independentemente da
inscrição em regime de tributação diferenciado. Ainda, preocupou-se a Lei nº 13.419/2017 com as
gorjetas que são entregues diretamente pelo consumidor ao empregado. Nesses casos, previu que
os critérios serão definidos em convenção ou acordo coletivo de trabalho, bem como permitiu a
retenção do percentual de até 20 ou 33% pelo empregador conforme a empresa esteja inscrita ou
não, respectivamente, em regime de tributação federal diferenciado. Também a partir da entrada
em vigor da Lei nº 13.419/2017, as empresas devem anotar na CTPS dos empregados, além do
salário fixo, a média dos valores das gorjetas dos últimos 12 meses, e, caso cessada a cobrança
de gorjeta, pela empresa, que vinha sendo cobrada há mais de 12 meses, a gorjeta se incorporará
Gorjetas
CLT (antes da Lei nº 13.419, de
CLT (após a Lei nº 13.419, de 2017)
2017)
Art. 457. Compreendem-se na remuneração do empregado,
para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago
diretamente pelo empregador, como contraprestação do
serviço, as gorjetas que receber.
§ 3º - Considera-se gorjeta não só
a importância espontaneamente
§ 3º Considera-se gorjeta não só a importância
dada pelo cliente ao empregado,
espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como
como também aquela que for
também o valor cobrado pela empresa, como serviço ou
cobrada pela empresa ao cliente,
adicional, a qualquer título, e destinado à distribuição aos
como adicional nas contas, a
empregados. (Redação dada pela Lei nº 13.419, de 2017)
qualquer título, e destinada a
distribuição aos empregados.
§ 4º A gorjeta mencionada no § 3º não constitui receita própria
dos empregadores, destina-se aos trabalhadores e será
Sem dispositivo correspondente
distribuída segundo critérios de custeio e de rateio definidos
na redação antiga.
em convenção ou acordo coletivo de trabalho. (Incluído pela
Lei nº 13.419, de 2017)
GABARITO: ERRADO
74. Nos termos da Lei nº 13.467/2017, o valor relativo à assistência prestada por serviço médico
ou odontológico, próprio ou não, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos,
óculos, aparelhos ortopédicos, próteses, órteses, despesas médico-hospitalares e outras
COMENTÁRIO
GABARITO: ERRADO
75. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não permite a contratação de trabalhador para
prestar serviço em regime de tempo parcial. Assim, havendo contratação para cumprimento
de jornada reduzida, inferior à previsão constitucional de oito horas diárias ou quarenta e
quatro semanais, é ilícito o pagamento do piso salarial ou do salário mínimo proporcional
ao tempo trabalhado.
COMENTÁRIO
O regime de tempo parcial é caracterizado como aquele cuja duração não excede a 25 horas semanais
nos termos do art. 58-A da CLT. Todavia, não se sujeitam ao art. 58-A da CLT aqueles obreiros que
tenham jornada especial reduzida por força de norma jurídica própria como, por exemplo, jornalistas
profissionais e radialistas ou, ainda, bancários. Nesses casos, a jornada foi reduzida pela lei em
virtude do trabalho desgastante realizado por esses profissionais, diferentemente do que ocorre
no regime de tempo parcial. Nos termos do § 1º do art. 58-A da CLT, o salário a ser pago aos
empregados sob regime de tempo parcial será proporcional à sua jornada, em relação aos
empregados que cumprem, nas mesmas funções, tempo integral, podendo, inclusive, ser inferior ao
valor do salário mínimo nacional. Nesse sentido, o TST possui a OJ 358: SALÁRIO MÍNIMO E PISO
SALARIAL PROPORCIONAL À JORNADA REDUZIDA. EMPREGADO. SERVIDOR PÚBLICO
(redação alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 16.02.2016) - Res. 202/2016, DEJT
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
A Lei nº 13.467/2017 adiciona o art. 442-B à CLT. Referido dispositivo menciona que a contratação
do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de
forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3º desta Consolidação.
O intuito dessa inclusão, à semelhança da positivação do disposto no parágrafo único do art. 442 da
CLT, o qual refere que não há vínculo empregatício entre a sociedade cooperativa e seus associados
nem entre os associados e os tomadores de serviço daquela, tem o intuito de desestimular os
pedidos de reconhecimento da existência da relação de emprego entre trabalhadores autônomos
e empresas. Claro que, uma vez presente a subordinação jurídica entre o trabalhador e aquele
que lhe toma os serviços, associada a outros elementos típicos da relação de emprego como a
pessoalidade, a onerosidade e a não eventualidade, ter-se-á descaracterizado o trabalho autônomo
e configurado, por conseguinte, o vínculo empregatício, deixando, assim, de incidir o dispositivo
sob comento. Deve-se observar, ainda, que o art. 442-B refere que a relação de emprego não se
formará desde que cumpridas todas as formalidades legais quando da contratação do autônomo.
Todavia, essa disposição não se presta a esvaziar o princípio da primazia da realidade, norteador
do Direito do Trabalho, mas deve ser consentânea a ele. Significa dizer que, ainda que cumpridas
GABARITO: ERRADO
77. Considerando o disposto no parágrafo único do art. 815 da CLT, bem como a regra da
igualdade, em que pese inexista previsão legal tolerando atraso no horário de comparecimento
da parte na audiência, uma vez que a parte se faça presente, ainda que após a prática de atos
processuais relevantes ou após encerrada a audiência, não se operará a preclusão.
COMENTÁRIO
O ponto escolhido referente à (im)possibilidade de atraso à audiência por uma das partes tem
relevância frente à recente decisão do TST, proferida nos autos do TST-RO-10734-07.2013.5.01.0000,
SBDI-II, rel. Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 13.12.2016. INFO 151. Confirmando o teor da
OJ 245 da SDI-1, entendeu o Tribunal que não existe expressa previsão legal de tolerância ao atraso
no horário de comparecimento da parte na audiência, aplicando-se o parágrafo único do art. 815
da CLT apenas aos magistrados. Referido dispositivo bem como seu parágrafo único disciplinam
que, à hora marcada, o juiz ou presidente declarará aberta a audiência, sendo feita pelo secretário ou
escrivão a chamada das partes, testemunhas e demais pessoas que devam comparecer e que, se,
até 15 (quinze) minutos após a hora marcada, o juiz ou presidente não houver comparecido,
os presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de registro das audiências.
Deve-se observar que esse parágrafo da CLT refere-se à hora aprazada para o início da sessão.
Ou seja, se o magistrado estiver com mais de 15 minutos de atraso com relação ao horário da
realização da primeira audiência do dia, poderão os interessados dirigir-se à Vara do Trabalho e
requerer que o ocorrido fique registrado em livro próprio a fim de se resguardarem de eventual
aplicação de penalidades (MACHADO, Costa (Org.); ZAINAGHI, Domingos Sávio (Coord.). CLT
interpretada artigo por artigo, parágrafo por parágrafo. 8. ed. São Paulo: Manole, 2017, p. 759).
A mesma disposição pode ser visualizada no inciso III do art. 362 do NCPC, o qual refere que a
audiência poderá ser adiada por atraso injustificado de seu início em tempo superior a 30 (trinta)
minutos do horário marcado, prevalecendo, no caso, a CLT, eis que dispõe de regra própria. Por
outro lado, se o juiz estiver presente e as audiências subsequentes à primeira atrasarem em virtude
da demanda, o advogado não pode se valer do disposto no parágrafo único do art. 815 da CLT.
Deve ser verificado que, apesar de, em alguns casos, o TST ter relevado atrasos ínfimos das
partes, desde que demonstrada a ausência de prejuízos, ou seja, desde que a parte compareça
antes da prática de atos processuais relevantes e do encerramento da audiência, no caso posto
sob análise (TST-RO-10734-07.2013.5.01.0000), embora o atraso do advogado da reclamada
tenha sido de apenas nove minutos, consta dos autos que, no momento do comparecimento, a
audiência já estava encerrada e que a preposta, embora tenha chegado no horário, nenhuma
informação útil poderia prestar. Assim, ainda que o atraso seja de poucos minutos, se, quando
do comparecimento da parte, a audiência já estava encerrada e não fora trazida justificativa, ocorre
a preclusão dos atos processuais já praticados e consideram-se vencidas as etapas não havendo
que se mencionar do princípio do aproveitamento dos atos processuais na seara trabalhista. Isso
porque, frise-se, o parágrafo único do art. 815 da CLT não se destina aos litigantes nem aos
advogados, mas se dirige ao juiz. Portanto, o enunciado da questão acima está incorreto, uma vez
que revela ser possível, de forma equivocada, a aplicação do parágrafo único do art. 815 da CLT
às partes e seus advogados, quando é apenas dirigido ao juiz.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
A redação originária da OJ 140 da SDI-1 do TST previa a deserção do recurso pelo recolhimento
insuficiente das custas e do depósito recursal, ainda que a diferença em relação ao quantum
devido fosse irrisória, referente a centavos. Dispunha, então, que: “DEPÓSITO RECURSAL E
CUSTAS. DIFERENÇA ÍNFIMA. DESERÇÃO OCORRÊNCIA. Ocorre deserção do recurso pelo
recolhimento insuficiente das custas e do depósito recursal, ainda que a diferença em relação
ao “quantum” devido seja ínfima, referente a centavos”. “O recolhimento das custas processuais
e do depósito recursal constitui pressuposto de admissibilidade recursal, de modo que sua falta
gera a deserção, ou seja, o recurso não é processado ou conhecido. Pode ocorrer de algumas
vezes a parte recorrente efetuar o pagamento inferior ao devido a título de custas e depósito
recursal. Na época do CPC de 1973, alguns doutrinadores entendiam que, nessa hipótese, o art.
511, § 2º, do CPC/73 deveria ser aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho permitindo
a complementação dos valores. Além disso, os defensores dessa tese alegavam que, tratando
de diferença ínfima, o princípio da instrumentalidade das formas deveria ser invocado, dando
prevalência ao conteúdo em detrimento da forma. Porém, o C. TST não admitia a incidência dessa
norma na seara trabalhista” (MIESSA, Élisson. Impactos do novo cpc nas súmulas e orientações
jurisprudenciais do TST. Inclui teoria dos precedentes judiciais. Salvador: Juspodium, 2016, p. 95).
Todavia, após a entrada em vigor do NCPC, mais precisamente no corrente ano, a redação da OJ
140 da SDI-1 do TST foi revista tendo em vista o teor do § 2º do art. 1.007 do NCPC: “DEPÓSITO
RECURSAL E CUSTAS PROCESSUAIS. RECOLHIMENTO INSUFICIENTE. DESERÇÃO (nova
redação em decorrência do CPC de 2015 - Res. 217/2017 - DEJT divulgado em 20, 24 e
25.04.2017). Em caso de recolhimento insuficiente das custas processuais ou do depósito recursal,
somente haverá deserção do recurso se, concedido o prazo de 5 (cinco) dias previsto no § 2º do
art. 1.007 do CPC de 2015, o recorrente não complementar e comprovar o valor devido. Assim,
atualmente, se houver insuficiência no preparo das custas e do depósito recursal, somente haverá
deserção do recurso interposto se o recorrente não complementar e comprovar o recolhimento do
valor devido no prazo de 5 dias que lhe fora concedido. O entendimento consagrado atualmente
pelo TST vem ao encontro da nova ordem processual, idealizada pelo NCPC, a qual busca pela
decisão de mérito, afastando vícios sanáveis a fim de ser alcançada a tutela jurisdicional efetiva
restringindo, assim, a jurisprudência defensiva. No dizer de Élisson Miessa (Impactos do novo
cpc nas súmulas e orientações jurisprudenciais do TST. Inclui teoria dos precedentes judiciais.
Salvador: Juspodium, 2016, p. 97), não se pode negar que o NCPC não versa sobre o depósito
recursal, o qual, no processo do trabalho, engloba tanto as custas processuais (taxa) quanto o
depósito recursal (garantia de futura execução), o que deve afastar, por si só, a aplicação do
princípio da primazia da decisão de mérito no depósito recursal, vez que se trata de pressuposto
recursal, em que pese específico do processo do trabalho, passível de ser sanado.
GABARITO: CERTO
80. A partir da entrada em vigor da reforma trabalhista, prevista para 11/11/2017, caso João,
reclamante, deseje desistir da ação interposta, necessitará do consentimento do reclamado,
caso já oferecida a contestação, ainda que eletronicamente.
COMENTÁRIO
Atualmente, se o reclamante deseja desistir da ação interposta, ele assim pode requerer,
independentemente da concordância do reclamado, desde que requeira até a audiência de
conciliação, uma vez que a contestação é ato da audiência nos termos do art. 845 e 847, ambos
da CLT. Todavia, à similaridade do constante no § 4º do art. 485 do NCPC, o qual refere que,
oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação, foi
acrescido, pela Lei nº 13.467/2017, o § 3º ao art. 841 da CLT. O dispositivo legal disciplina que,
após a contestação, o reclamante não poderá desistir da ação, exceto se o reclamado consentir.
Duas observações devem ser feitas. A primeira diz respeito ao processo eletrônico trabalhista, o
qual faz com que o réu apresente sua contestação antes da audiência designada, motivo pelo qual
o § 3º do art. 841 da CLT refere que, uma vez oferecida a contestação, o reclamante poderá desistir
da ação desde que conte com a anuência do reclamado. Isto é, tenta minimizar a problemática de
que o reclamante, tendo acesso à contestação e os documentos prévia ou momentaneamente à
audiência, poderia, por exemplo, vir a requerer a desistência do feito caso constatasse que uma
das alegações do réu seria a inépcia da inicial ou, ainda, que as teses defensivas do réu, bem
como os documentos acostados são robustos e poderiam vir a lhe prejudicar. Segundo, deve-se
verificar que o artigo sob comento traz faz referência apenas à desistência, e não à emenda nem
ao adiamento, os quais continuam possíveis de serem requeridos até o recebimento oficial da
defesa que é a audiência.
Desistência da ação.
CLT (antes da reforma) CLT (após a reforma)
Art. 841. (...) Art. 841. (...)
§ 3º. Oferecida a contestação, ainda que eletronicamente,
Sem dispositivo correspondente na
o reclamante não poderá, sem o consentimento do
redação antiga.
reclamado, desistir da ação.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Prezados alunos, a questão aborda tema muito relevante sobre a hierarquia dos tratados
internacionais no ordenamento jurídico brasileiro. Segundo o Supremo Tribunal Federal, desde o
julgamento do RE 466.343, podemos dividir os tratados em três níveis hierárquicos de acordo com
a matéria envolvida (direitos humanos ou não) ou pela forma na qual é incorporada ao ordenamento
jurídico brasileiro, que podem ser resumidos da seguinte forma:
Caso a natureza do tratado verse sobre normas de direitos humanos e seja incorporado
de acordo com o rito de artigo 5º, § 3º, da Constituição Federal, esse tratado ou
convenção será equivalente a uma emenda constitucional.
Por outro lado, eventual tratado que discorra sobre direitos humanos, mas tenha sido
incorporada ao ordenamento jurídico pelo procedimento ordinário, será classificado como
uma norma supralegal, abaixo da Constituição, porém acima da legislação interna.
O caso apresentado na questão foi justamente o que deu ensejo ao julgamento do RE 466.343.
Embora disponha sobre normas de Direitos Humanos, essa convenção não foi internalizada por
meio do rito do art. 5º, § 3º, da CF, por essa razão a Corte Suprema, atribuindo-lhe natureza de norma
supralegal, entendeu que ela teria o condão de afastar a aplicação das normas infraconstitucionais
relativas a prisão do depositário infiel (matéria central do caso), o que torna a questão errada.
Trago trecho do voto paradigmático do Ministro Gilmar Mendes:
(...) desde a adesão do Brasil, sem qualquer reserva, ao Pacto Internacional dos
Direitos Civis e Políticos (art. 11) e à Convenção Americana sobre Direitos Humanos
– Pacto de São José da Costa Rica (art. 7º, 7), ambos no ano de 1992, não há mais
base legal para prisão civil do depositário infiel, pois o caráter especial desses
diplomas internacionais sobre direitos humanos lhes reserva lugar específico no
ordenamento jurídico, estando abaixo da Constituição, porém acima da legislação
interna. O status normativo supralegal dos tratados internacionais de direitos humanos
subscritos pelo Brasil, dessa forma, torna inaplicável a legislação infraconstitucional
com ele conflitante, seja ela anterior ou posterior ao ato de adesão. Assim ocorreu com
o art. 1.287 do CC de 1916 e com o DL 911/1969, assim como em relação ao art. 652 do
novo CC (Lei 10.406/2002).
[RE 466.343, rel. min. Cezar Peluso, voto do min. Gilmar Mendes, j. 3-12-2008, P, DJE
de 5-6-2009, tema 60.]
Por fim, é necessário registrar que há entendimento minoritário que defende a posição de norma
constitucional a todos os tratados de Direitos Humanos, ainda que incorporados pelo rito ordinário,
lastreados no art. 5º, § 2º da Constituição Federal. Caso não houvesse a ressalva na questão
de mencionar a jurisprudência do STF, poderíamos até considera-la correta, na interpretação
de alguns doutrinadores. (PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e
privado. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 131).
GABARITO: ERRADO
82. Dentro das relações internacionais, é possível que o Estado acreditado declare um
membro da missão estrangeira como persona non grata, sanção no qual informa ao Estado
acreditante que o agente não é mais desejado no seu território, ou até antes mesmo do
seu ingresso. Esse é um ato discricionário e não depende de qualquer procedimento ou da
observância do devido processo legal.
COMENTÁRIO
Queridos alunos, a questão está correta. A expressão em latim persona non grata pode ser
entendida como “pessoa não agradável” ou “pessoa não bem-vinda”. Trata-se de uma faculdade
que os Estados acreditados possuem em declarar o Chefe de uma Missão Estrangeira ou qualquer
membro do seu pessoal diplomático como persona non grata ou qualquer outro membro do seu
pessoal como não aceitável.
Essa medida é um costume antigo nas relações internacionais e que tem o objetivo de garantir
a estabilidade e as boas relações entres os Estados, evitando os abusos das imunidades
pela Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961, o que poderia resultar em
desentendimentos entre os Estados. Essa é uma prática bem comum nas relações internacionais,
muitas vezes é usada como mecanismo de mostrar insatisfação com alguma política ou medida
adotada pelo outro Estado.
Como uma medida muitas vezes política e discricionária, não há necessidade de qualquer
declaração de motivos ou prévio procedimento legal/administrativo, basta que haja a devida
comunicação oficial. Por essa razão não há necessidade sequer de contraditório ou ampla defesa,
não se aplicando os princípios constitucionais. É o que se extrair do art. 9º, itens 1 e 2, da referida
Convenção Internacional.
Artigo 9
Conforme consta do segundo item, caso o Estado acreditante se recuse a retirar a pessoa do Estado
acreditado, é possível que este não reconheça o agente como membro da missão estrangeira e
deixe de lhe aplicar os privilégios e imunidades a que anteriormente possuía direito, possibilitando,
portanto, que ele seja processado e julgado pelo judiciário local.
(PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado. Salvador: Juspodivm,
2015, p. 237-238).
GABARITO: CERTO
83. Em recente decisão, o Supremo Tribunal Federal entendeu que apesar de o Estado
requerente alegar que os delitos praticados pelo seu súdito são qualificados como de lesa-
humanidade, previstos na Convenção sobre Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra e dos
Crimes contra a Humanidade, de 1968, não torna tais crimes imprescritíveis no Brasil, razão
pela qual indeferiu o seu pedido de extradição.
COMENTÁRIO
Bem, essa questão reproduz parte do que ficou decidido pelo STF no julgamento do pedido
de Extradição nº 1.362/DF, requerida pela Argentina contra um súdito acusado de sequestrar e
assassinar militantes políticos de esquerda entre 1973 e 1975. O Estado alegava que os crimes eram
de lesa-humanidade e seriam imprescritíveis de acordo com a Convenção sobre Imprescritibilidade
dos Crimes de Guerra e dos Crimes contra a Humanidade, de 1968.
Ocorre que a Corte Suprema, de forma não unanime, entendeu pela impossibilidade de se extraditar
o indivíduo em razão da imprescritibilidade dos crimes segundo a lei brasileira, aplicando o conceito
da dupla punibilidade do art. 77, VI, da Lei 6.815/80, norma retratada na rodada anterior. Esse
requisito é parecido com o da dupla tipificação, mas com esse não se confunde, já que para aquele
trata da questão da punição do delito em ambos os países.
É um tema bastante polêmico e que pode voltar a ser julgado pela Corte, visto que já existem
diversos julgados da Corte Interamericana de Direitos Humanos que impõe a necessidade dos
Estados integrantes do SIDH em reconhecer a imprescritibilidade dos crimes de lesa-humanidade
e punir os autores.
Obs.: acredito que a leitura dessa convenção não deve ser obrigatória para a prova da AGU, mas
o conhecimento desse julgado sim. Fiquem atentos.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Prezados alunos, a resposta está errada! Havia uma interpretação doutrinária que defendia a
extraterritorialidade dos locais das embaixadas onde seriam pertencentes aos Estados acreditados,
entretanto essa teoria acabou sendo afastada pela literatura mais moderna. O que existe na verdade
é uma proteção que primeiramente decorreu de um costume e que foi codificada na Convenção
de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961, dispondo sobre a imunidade dos agentes e dos
locais da embaixada.
Trago um trecho bastante elucidativo do professor Valério Mazzuoli que discorre bem sobre essa
temática.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
A Conferência Monetária e Financeira das Nações Unidas, mais conhecida como Conferência
de Bretton Woods, ocorreu no ano de 1944 nos Estados Unidos e foi marcada por uma séria de
acordos entre as principais economias globais, dispondo sobre regras nos campos econômico,
comercial e financeiro.
Três estruturas foram idealizadas, mas apenas duas foram efetivamente criadas durante esse
evento: o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional para Reconstrução e
Desenvolvimento (BIRD). Foi pensada, também, a criação da Organização Internacional do
Comércio (OIC), discutida na Conferência de Havana de 1947, entretanto ela nunca saiu do papel
em razão de ter sido barrada pelo congresso americano (maior potência econômica global e quem
conduziu os acordos).
O Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), que hoje faz parte da
estrutura do Banco Mundial, é uma organização internacional que também foi criada em Bretton
Woods e que tem como objetivo principal a promoção do desenvolvimento mundial por meio de
empréstimos e projetos de cooperação. Foi concebido para atender prioritariamente a reconstrução
dos países europeus no pós II Guerra Mundial, mas que hoje atua em todas as regiões do mundo.
Em razão das suas concepções terem surgido nas reuniões de Bretton Woods, ficaram conhecidos
como “Tripé de Bretton Woods”, tendo sido feita uma questão sobre esse tema na prova oral do
concurso da AGU de 2009.
(PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado. Salvador: Juspodivm,
2015, p. 406-409).
GABARITO: ERRADO
86. Segundo entendimento do STJ, quando o falso se exaure no descaminho, sem mais
potencialidade lesiva, é por este absorvido, como crime-fim, condição que não se altera por
ser menor a pena a este cominada.
COMENTÁRIO
Para entender a questão, primeiramente seria importante recordar a redação dos tipos penais de
falsidade ideológica e descaminho:
Descaminho
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela
entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria.
Falsidade ideológica
Art. 299. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar,
ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com
o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente
relevante:
Repare que o crime de falsidade ideológica possui uma pena em abstrato superior à do crime de
descaminho. Assim, surgiu a dúvida: pode um crime-meio de pena máxima em abstrato superior
ser absorvido por crime-fim de pena máxima em abstrato inferior?
GABARITO: CERTO
87. Segundo o STJ, por se tratar o descaminho de crime material, aplica-se a causa de extinção
da punibilidade prevista no § 2º, do artigo 9º, da Lei Federal n.º 10.684/2003, consistente no
pagamento integral do débito.
COMENTÁRIO
Recordando a redação do § 2º, do artigo 9º, da Lei Federal n.º 10.684/2003, que delineia uma
causa de extinção da punibilidade mediante o pagamento integral do débito:
Art. 9º. É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos
arts. 1º e 2º da Lei n. 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168-A e 337-A do
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, durante o período em
que a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no
regime de parcelamento.
Ocorre que em 2013 o STJ alterou o seu entendimento a respeito da natureza jurídica do descaminho,
passando a considerar como crime formal. Isso porque o bem jurídico tutelado não se restringe
ao valor do imposto sonegado, pois, além de lesar o Fisco, atinge a estabilidade das atividades
comerciais dentro do país. Assim, como a causa de extinção da punibilidade do § 2º, do artigo 9º,
da Lei Federal n.º 10.684/2003 incide apenas sobre crimes materiais, o descaminho está excluído
de sua hipótese de incidência. Sobre o tema, reporta-se ao julgamento do RHC 43.558 STJ.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Apesar de o crime de descaminho ser crime formal, incoerentemente o STJ (HC 218.961/SP) e o
STF (HC 99740) entendem que é aplicável o princípio da insignificância. O crime de descaminho
se perfaz com o ato de iludir o pagamento de imposto devido pela entrada de mercadoria no pais.
Não é necessária, assim, a apuração administrativo-fiscal do montante que deixou de ser recolhido
para a configuração do delito. Trata-se, portanto, de crime formal, e não material, razão pela qual o
resultado da conduta delituosa relacionada ao quantum do imposto devido não integra o tipo legal.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
A afirmativa está errada. Isso porque o STF, no julgamento do HC 138.207, decidiu que do ponto de
vista jurídico, inexiste relação direta entre o descumprimento de acordo de colaboração premiada
e prisão preventiva. A decretação da prisão preventiva somente é cabível para a “garantia da
ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a
aplicação da lei penal”, nos termos do artigo 312 do CPP. Da mesma forma, as consequências de
eventual descumprimento de acordo de colaboração estão previstas na Lei Federal n.º 12.850/13,
sendo que, entre elas, não se inclui a imposição de prisão preventiva.
Tenho insistido no tema colaboração premiada por razões óbvias. É o assunto do momento, sendo
muito importante o conhecimento da jurisprudência recente sobre o instituto.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Muita atenção porque o tema sofreu uma reviravolta jurisprudencial do STF. Inicialmente, o STF
entendia ser legítimas as normas de Constituições Estaduais que subordinam a deflagração formal
de um processo acusatório contra o Governador de Estado mediante a autorização da Assembleia
Legislativa (ADI 4791).
Entretanto, houve, nesse ano de 2017, uma virada na jurisprudência do STF, que passou a entender
que não há necessidade de prévia autorização da Assembleia Legislativa para o recebimento de
denúncia ou queixa e instauração de ação penal contra governador de Estado, por crime comum.
Os fundamentos adotados pelo STF foram os seguintes: (i) ausência de previsão expressa e
inexistência de simetria entre a Constituição Estadual e a CF/88 neste tema; (ii) interpretação que
afronta o princípio republicano; (iii) referida matéria é de competência privativa da União, por se
tratar de direito processual penal, nos termos do artigo 22, inciso I, da CF/88; (iv) afronta ao princípio
GABARITO: CERTO
91. A querela nullitatis insanabilis constitui medida voltada à excepcional eiva processual,
podendo ser utilizada quando, ausente ou nula a citação, não se tenha oportunizado o
contraditório ou a ampla defesa à parte demandada, sendo a ela aplicável as mesmas regras
de competência da ação rescisória.
COMENTÁRIO
De fato, como já afirmou o STJ, “A “querela nullitatis insanabilis” constitui medida voltada à
excepcional eiva processual, podendo ser utilizada quando, ausente ou nula a citação, não se tenha
oportunizado o contraditório ou a ampla defesa à parte demandada (STJ, 3ª T., REsp 1.625.033/
SP, Rel. Min. Paulo De Tarso Sanseverino, j. 23/05/2017, DJe 31/05/2017).
No entanto, ela “deve ser proposta perante o juízo que proferiu a decisão (e não necessariamente
em tribunal, como é o caso da ação rescisória) (DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo
Carneiro da. Curso de direito processual civil. 14 ed. Salvador: Juspodivm, 2017, v. 3, p. 657,
grifos nossos). Esse entendimento é também adotado pelo STJ, que, no informativo n. 478 afirmou
que “Tem competência para processar e julgar a querela nullitatis o juízo que proferiu a decisão
supostamente viciada. 2. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo da 1ª Vara
de Acidentes do Trabalho de Santos - SP, o suscitado. (STJ, 3ª Seção, CC 114.593/SP, Rel.
Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 22/06/2011, DJe 01/08/2011). Em outros termos, a assertiva
está incorreta ao apontar que a querela nullitatis seguiria as mesmas regras de competência da
ação rescisória.
GABARITO: ERRADO
92. As condições da ação devem ser analisadas com base na teoria da asserção, sendo tal
teoria consagrada pelo Superior Tribunal de Justiça.
COMENTÁRIO
As condições da ação foram desenvolvidas por Liebman, que criou a teoria eclética da ação,
como requisitos a serem observados, depois de estabelecida regularmente a relação processual,
de forma que o juiz possa solucionar o mérito da causa. Elas assumem uma posição entre os
requisitos processuais e o mérito da causa.
Sempre foram muito criticadas justamente porque ou deveriam estar no mérito (legitimidade
ordinária) ou como requisitos processuais (legitimidade extraordinária). Os seus defensores, como
forma de defender sua utilidade, defenderam a teoria da asserção, por meio da qual “as condições
da ação devam ser aferidas de acordo com a afirmativa do autor na petição inicial, in statu
assertionis – à vista do que se afirmou na petição inicial, abstraindo-se as possibilidades
que se abrirão ao julgador no momento do juízo de mérito”. (DIDIER JR., Fredie. Um réquiem
às condições da ação. Estudo analítico sobre a existência do instituto. Revista Jus Navigandi, ISSN
1518-4862, Teresina, ano 7, n. 56, 1 abr. 2002. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/2918>.
Acesso em: 14 ago. 2017). Complementando, afirma Humberto Theodoro Junior que “Depois que
o caso dos autos se submete à análise concreta e detalhada, e exaurida já se acha a instrução da
causa, não se pode mais admitir que se mantenha, invariavelmente, como solução de preliminar
processual o pronunciamento do juiz que acolha a falta de legitimidade ou de interesse. Em tal
estágio, o que, na verdade, se está decidindo é se a prova colhida e o direito invocado sustentam,
ou não, o pedido ou, em outras palavras, se in concreto o autor tem, ou não, condições de exigir a
prestação que reclama do réu”. (THEODORO JR., Humberto Theodoro. Curso de direito processual
civil. 56ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. 1, p. 166).
O STJ, por diversas vezes, tem se utilizado da teoria na análise das condições da ação: Nos
termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a legitimidade para a causa, sendo
tema relacionado com o mérito e uma das condições da ação, deve ser analisada com base na
teoria da asserção. (STJ, 3ª T., AgInt no AREsp 925.422/SP, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas
Cueva, j. 20/06/2017, DJe 01/08/2017). No mesmo sentido: STJ, 4ª T., AgInt no AREsp 812.350/
RO, Rel. Min. Marco Buzzi, j. 09/05/2017, DJe 17/05/2017; STJ, 2ª T., REsp 1661571/SP, Rel.
Ministro Herman Benjamin, j. 09/05/2017, DJe 17/05/2017).
GABARITO: CERTO
93. Na execução contra a Fazenda Pública, para que haja a alegação de inexigibilidade da
obrigação reconhecida em título judicial pela inconstitucionalidade do ato normativo ou lei,
a decisão do STF sobre o tema precisa ter sido tomada no controle de constitucionalidade
concentrado.
COMENTÁRIO
O art. 535 do CPC regula a impugnação ao cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade
de obrigação de pagar quantia certa pela Fazenda Pública. O § 5º regula o tema alvo da assertiva:
“Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, considera-se também inexigível a
obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou
do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal,
em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso”. No regime do CPC anterior havia
polêmica sobre se a decisão do STF deveria ter sido tomada no controle de constitucionalidade
concentrado ou difuso, algo resolvido pelo CPC/2015, permitindo que as decisões sejam tomadas
no controle concentrado ou difuso.
É importante ainda destacar outro detalhe nessa regulação, que é o momento da decisão: “§ 7º
A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 5º deve ter sido proferida antes do trânsito
em julgado da decisão exequenda”. Em suma, para que haja a alegação de inconstitucionalidade
em sede de impugnação, a decisão do STF deve ter sido proferida antes do trânsito em julgado
da decisão exequenda.
GABARITO: ERRADO
94. No cumprimento de decisão contra a Fazenda Pública, caso haja uma decisão do
STF reconhecendo a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo que tenha gerado o
reconhecimento de obrigação pelo judiciário após o seu trânsito em julgado, será cabível
ação rescisória no prazo máximo de dois anos depois de findo o processo de conhecimento.
COMENTÁRIO
§ 5º Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, considera-se também
inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato
normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em
aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal
como incompatível com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade
concentrado ou difuso.
Outro problema é o prazo. Isso porque o prazo normal da rescisória é regulado pelo art. 975 do
CPC, segundo o qual: “O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito
em julgado da última decisão proferida no processo”. No entanto, para a situação específica de
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo que tenha gerado o reconhecimento de obrigação
pelo judiciário após o seu trânsito em julgado, o prazo é diverso. Isso porque o art. 535, § 8º, “Se
a decisão referida no § 5º for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá
ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo
Supremo Tribunal Federal”.
Veja-se que, nesse caso, o prazo continua a ser de dois anos, mas o termo inicial não é a última
decisão proferida no processo, mas do trânsito em julgado da decisão proferida pelo STF. Essa
situação pode gerar prazos muito longos, por exemplo, caso o STF reconheça a inconstitucionalidade
de determinada lei 10 anos depois do trânsito em julgado do processo de conhecimento, a Fazenda
Pública ainda teria mais dois anos para ajuizar a ação rescisória.
GABARITO: ERRADO
95. Sempre que o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento
em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados
nos termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir
a possibilidade de inversão do resultado inicial.
COMENTÁRIO
No entanto, essa técnica, embora mais ampla do que o anterior embargos infringentes, não será
aplicada a todas as situações. Isso porque, de acordo com o art. 942, § 4º, existem algumas
exceções: “§ 4º Não se aplica o disposto neste artigo ao julgamento: I - do incidente de
assunção de competência e ao de resolução de demandas repetitivas; II - da remessa
necessária; III - não unânime proferido, nos tribunais, pelo plenário ou pela corte especial”.
Veja-se que são três as exceções: i) julgamento de IAC ou IRDR; ii) remessa necessária e iii)
mesmo quando o julgamento não seja unânime, mas seja proferido pelo plenário ou corte especial
(por exemplo, o julgamento de questão de constitucionalidade).
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
A assertiva é falsa, pois lhe falta um dos requisitos do IAC. De acordo com o art. 947: “É admissível a
assunção de competência quando o julgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo
de competência originária envolver relevante questão de direito, com grande repercussão
Ou seja, o objetivo do IAC é o de formar precedente sobre questão relevante de direito ou que
possua grande repercussão social, desde que não haja repetição de processos. Havendo essa
repetição, é caso de IRDR. É importante ter conhecimento dos pressupostos de instauração de
cada um desses novos incidentes.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
O forum non conveniens seria a possibilidade do controle da competência “quando o foro escolhido
é um juízo inconveniente ou inadequado”, buscando a escolha de um foro “neutro”, sem que uma
das partes seja excessivamente prejudicada. Existem alguns textos doutrinários brasileiros (Fredie
Didier Jr.; Paula Sarno Braga, Antônio do Passo Cabral, Renato Beneduzi, Carmen Tibúrcio etc)
que defendem a sua possibilidade, mas ela não é admitida pelo STJ.
Segundo o STJ, é “Restrita (a) aceitação da doutrina do forum non conveniens pelos países
que adotam o sistema do civil-law, não havendo no ordenamento jurídico brasileiro norma
específica capaz de permitir tal prática” (STJ, 3ª T., REsp 1.633.275/SC, Rel. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, j. 08/11/2016, DJe 14/11/2016).
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
De acordo com o art. 55, § 2º, do CPC: “Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações
quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir. § 2º Aplica-se o disposto no caput: I - à
execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico;
II - às execuções fundadas no mesmo título executivo”.
GABARITO: CERTO
99. Os embargos de divergência podem ser interpostos para sanar divergência atinente ao
juízo de admissibilidade de recurso especial.
COMENTÁRIO
A assertiva está incorreta. De acordo com o STJ, “a configuração do dissídio interno que viabiliza
a interposição de embargos de divergência pressupõe que os acórdãos confrontados apresentem,
além de similitude fática, discussão das teses jurídicas distintas sob o mesmo enfoque legal, e
sejam assentados sob o exame do mérito do recurso, porque não servem tais embargos para
discussão sobre a aplicação de regra técnica de admissibilidade recursal”. (STJ, Corte
Especial, AgInt nos EAREsp 341.992/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 21/06/2017, DJe
29/06/2017).
Por outro lado, é importante ter o conhecimento de que “A divergência que autoriza a interposição
de embargos de divergência pode verificar-se na aplicação do direito material ou do direito
processual” (art. 1.043, § 2º, CPC).
É importante que se compreenda que o mérito do recurso pode ser uma questão processual,
a exemplo da competência. O recurso de embargos de divergência, então, seria para sanar
divergência interna do STJ acerca do tema da competência. Por outro lado, não seria possível,
por exemplo, embargos de divergência para discutir o tema do prequestionamento, por estar na
admissibilidade do recurso especial.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em
decisão de saneamento e de organização do processo: I - resolver as questões
processuais pendentes, se houver; II - delimitar as questões de fato sobre as quais
recairá a atividade probatória, especificando os meios de prova admitidos; III - definir a
distribuição do ônus da prova, observado o art. 373; IV - delimitar as questões de direito
relevantes para a decisão do mérito; V - designar, se necessário, audiência de instrução
e julgamento.
GABARITO: ERRADO
QUESTÕES DISSERTATIVAS
ORIENTAÇÃO: Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com
agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.
DIREITO ADMINISTRATIVO
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 15/09/2017:
profcei.mariahelena@gmail.com - LIMITE 30 LINHAS
DIREITO CIVIL
»» Ponto do edital abordado: Direito civil: 2 Das pessoas. Das pessoas naturais. Das
pessoas jurídicas. Do domicílio.
a) conceito;
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 15/09/2017:
profcei.rubensventura@gmail.com - LIMITE 30 LINHAS
PEÇA JUDICIAL
ORIENTAÇÃO: Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com
agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 15/09/2017:
profcei.mariannamotta@gmail.com - LIMITE 150 LINHAS
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