Você está na página 1de 135

CEI-PROCURADOR

FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

CEI-PROCURADOR
FEDERAL

3ª RODADA - 10/09/2017
DURAÇÃO

21/08/2017 A 19/11/2017

MATERIAL ÚNICO
Questões totalmente inéditas

ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone

100 QUESTÕES OBJETIVAS


Por rodada

2 QUESTÕES DISSERTATIVAS
Por rodada

1 PEÇA/PARECER
Por rodada

IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-PRO-
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. CURADOR
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela FEDERAL
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo. 1ª ED.
2017
CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 1
CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

PROFESSORES

Maria Helena Martins Rocha Pedrosa.


Coordenadora do curso e professora de Direito Administrativo. Advogada da União. Especialista
em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. Ex-Defensora Pública do Estado de Pernambuco.
Aprovada nos concursos da AGU, DPU, DPE/PE e DPE/RN.

Marianna M. Motta Loss.


Professora de Legislação de Seguridade Social, Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho.
Procuradora Federal. Ex-Analista MPU. Mestre em Direito. Especialista em Direito Público e Direito
Processual Civil. Mentora para concursos públicos e provas da OAB.

Renata d’Avila Lins Lemos.


Professora de Direito Constitucional, Direito Agrário e Direito Comercial. Procuradora Federal.
Especialista em direito público. Especialista em direito constitucional. Pós-graduando em direito
administrativo. Autora de livros jurídicos. Ex-procuradora municipal de Olinda/PE.

Rodolfo Cursino.
Professor de Direito Tributário. Procurador da Fazenda Nacional desde 2013. Especialista em Direito Processual/PUC-MG e
Direito Público/UBC-SP. Graduado em Direito/UFPE. Ex-Técnico do Seguro Social. Autor do livro “Procuradoria da Fazenda
Nacional / Coleção Aprovados” (lançamento em breve) e Coautor do livro “Questões Discursivas
Comentadas – Advocacia Pública Federal (AGU e PFN)”, ambos da Editora Juspodivm. Aprovado,
ainda, nos concursos de Julgador do Tribunal Administrativo Tributário de Pernambuco; Procurador
dos Municípios de Maceió/AL e João Pessoa/PB; Advogado da Caixa Econômica Federal; Analista do
MPU, TRT6 e TJPE; Técnico da Fazenda Municipal de Olinda/PE e do TRT6.

Ravi Peixoto.
Professor de Direito Processual Civil. Doutorando em direito processual pela UERJ. Mestre em Direito
pela UFPE. Procurador do Município de João Pessoa. Advogado. Aprovado nos concursos da PGM-
JP, PGDF e PGM-Recife.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 2


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

Vitor Veloso Barros e Santos.


Professor de Direito Internacional Público e Direito Econômico. Advogado da União. Especialista
em Direito Civil e Empresarial. Pós-graduando em Relações Internacionais pela UnB. Aprovado no
concurso para Advogado da Companhia de Saneamento de Alagoas.

Rubens Ventura de Almeida.


Professor de Direito Civil, Direito Penal, Direito Processual Penal e Legislação de ensino. Advogado
da União. Ex-Procurador do Município. Aprovado para os cargos de Procurador Legislativo da
Câmara Municipal de São Paulo e Analista Processual do MPU.

Maria Christina de Faria.


Professora de Direito Ambiental e de Direito Financeiro. Procuradora Federal. Ex-Analista TJMG. Pós-
graduada em Direito Processual.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 3


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

INSTRUÇÕES GERAIS

Queridos alunos, futuros Procuradores Federais,

Estamos muito felizes por começar este curso com vocês, sabendo que há pessoas que sonham
e se dedicam para assumir um dos cargos fundamentais à defesa própria das instituições estatais.

É muito bom ter, no nosso dia a dia, a missão de defender a coisa pública com excelência e saber
que, através do nosso trabalho, fortalece-se o modelo democrático que escolhemos seguir. É muito
bom, também, depois de meses ou anos de estudo – cada um tem seu tempo e sua estrada – viver
o dia da nossa aprovação, o dia da nossa nomeação e, finalmente, o dia da nossa posse. Como
é emocionante! Como é bom o momento em que chamam o nosso nome. Vale cada segundo do
trabalho duro!

De nossa parte, esforçamo-nos para, a cada rodada, oferecer-lhes um material de qualidade, bem
pensado de acordo com as exigências do edital e com a prática da advocacia pública.

Da primeira à nona rodada, teremos, em cada uma, 100 questões objetivas no estilo CESPE de
Certo ou Errado; duas questões dissertativas com resposta de até 30 linhas e uma peça ou parecer
com resposta de até 150 linhas. Será preciso que vocês se organizem bem.

Esforcem-se, também, para ler as rodadas pontualmente, bem como para responder às questões
dissertativas, recebendo nossas correções de forma individual.

Na 10ª rodada, faremos um simulado com 200 questões objetivas comentadas de forma mais
sucinta e, aí, não haverá questões dissertativas nem peça/parecer.

No canal do CEI no Youtube, temos um vídeo, feito pela Professora Marianna Motta, com dicas
para a leitura das rodadas.

Sigo à disposição de todos vocês para eventuais dúvidas pelo e-mail profcei.mariahelena@gmail.
com.

Que seja um caminho muito proveitoso para todos nós e que, em breve, possamos, juntos,
comemorar o sucesso de vocês.

Abaixo, segue o cronograma esperado do curso.

Sigam firmes!

Um abraço,

Maria Helena Rocha

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 4


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

CRONOGRAMA

Limite para Limite para Publicação


Rodada Publicação
resposta correção espelho

1ª Rodada 21/08 26/08 05/09 07/09

2ª Rodada 31/08 05/09 15/09 17/09

3ª Rodada 10/09 15/09 25/09 27/09

4ª Rodada 20/09 25/09 05/10 07/10

5ª Rodada 30/09 05/10 15/10 17/10

6ª Rodada 10/10 15/10 25/10 27/10

7ª Rodada 20/10 25/10 04/11 06/11

8ª Rodada 30/10 04/11 14/11 16/11

9ª Rodada 09/11 14/11 24/11 26/11

10ª Rodada 19/11 X X X

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 5


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

SUMÁRIO

QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO.................................................................................... 8


DIREITO ADMINISTRATIVO............................................................................................................................... 8
DIREITO CONSTITUCIONAL.............................................................................................................................. 9
DIREITO ECONÔMICO........................................................................................................................................ 11
DIREITO FINANCEIRO.........................................................................................................................................12
DIREITO TRIBUTÁRIO..........................................................................................................................................12
LEGISLAÇÃO DE ENSINO...................................................................................................................................13
LEGISLAÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL........................................................................................................13
DIREITO AGRÁRIO...............................................................................................................................................15
DIREITO AMBIENTAL..........................................................................................................................................15
DIREITO CIVIL........................................................................................................................................................16
DIREITO EMPRESARIAL......................................................................................................................................18
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO......................................................................18
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO............................................................................................................ 20
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL........................................................................................................21
DIREITO PROCESSUAL CIVIL............................................................................................................................21

GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS................................................................................................................... 24

QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO................................................................................ 25


DIREITO ADMINISTRATIVO............................................................................................................................. 25
DIREITO CONSTITUCIONAL............................................................................................................................ 33
DIREITO ECONÔMICO....................................................................................................................................... 42
DIREITO FINANCEIRO........................................................................................................................................ 47
DIREITO TRIBUTÁRIO......................................................................................................................................... 50
LEGISLAÇÃO DE ENSINO.................................................................................................................................. 56
LEGISLAÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL....................................................................................................... 58
DIREITO AGRÁRIO...............................................................................................................................................71
DIREITO AMBIENTAL......................................................................................................................................... 74
DIREITO CIVIL....................................................................................................................................................... 79
DIREITO EMPRESARIAL..................................................................................................................................... 87
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO......................................................................91
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO.......................................................................................................... 108
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL......................................................................................................114
DIREITO PROCESSUAL CIVIL.......................................................................................................................... 118

QUESTÕES DISSERTATIVAS....................................................................................................................................... 126


DIREITO ADMINISTRATIVO........................................................................................................................... 126
DIREITO CIVIL..................................................................................................................................................... 127

PEÇA JUDICIAL.............................................................................................................................................................. 128


DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO................................................................... 128

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 6


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

APRESENTAÇÃO DA RODADA

Queridos alunos,

Nesta rodada, chamo atenção de vocês para a questão de Direito Econômico referente ao gun
jumping, já que o entendimento administrativo sobre a defesa da concorrência é importantíssimo
no concurso de vocês.

Quanto a interação entre as matérias, notem que tivemos em Direito Constitucional e Legislação
de Ensino questões semelhantes em relação à concorrência competente para legislar sobre a
educação.

Algumas questões conceituais também merecem destaque, como a que explica com precisão a
sistemática da dívida flutuante em Direito Financeiro, e a que elucida a aplicação dos princípios da
anterioridade do exercício financeiro e da anterioridade nonagesimal, em Direito Tributário.

É importante não perder de vista ensinamentos básicos como esses, que, por serem recorrentes
nas provas, certamente lhes renderão algumas questões.

Nosso cuidado tem sido sempre, também, mantê-los atualizados, como se vê na questão que
explica o entendimento da TNU quanto à devolução de valores recebidos, por decisão judicial
precária.

Em Direito Ambiental, atentem, principalmente, para as regras sobre as Unidades de Conservação.

Há, por fim, interessantes pontos sobre conceitos que devem ser conhecidos pelos aspirantes ao
cargo de procurador federal, a exemplo da teoria da desconsideração expansiva da personalidade
jurídica em Direito Civil, do acordo de Bretton Woods em Direito Internacional e da doutrina do
“forum non conveniens” em Direito Processual Civil.

O material de Direito do Trabalho prossegue com os detalhamentos minuciosos sobre a reforma


trabalhista, para que vocês estejam bem afiados.

Sigo à disposição de todos no e-mail do curso: profcei.mariahelena@gmail.com

Sigam firmes!
Maria Helena Rocha

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 7


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO

ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum
material, a fim de simular a situação encontrada em prova.

DIREITO ADMINISTRATIVO

01. A Súmula Vinculante é considerada fonte formal do Direito Administrativo.

ccCERTO ccERRADO
02. O parecer do Advogado-Geral da União aprovado pelo Presidente da República e publicado
juntamente com o despacho presidencial vincula a Administração Pública Federal.

ccCERTO ccERRADO
03. A sanção imposta em Processo Administrativo disciplinar contra agente público
classifica-se como fato administrativo, e não ato administrativo.

ccCERTO ccERRADO
04. Caso determinado contrato público seja firmado sem licitação anterior e não seja hipótese
excepcionada da exigência licitatória, a Administração Pública pode, após decorridos, por
exemplo, quatro meses da execução das prestações, declarar a sua nulidade. Nesse caso, o
referido contrato será considerado ato jurídico inválido, embora perfeito e, até a declaração
de nulidade, eficaz.

ccCERTO ccERRADO
05. Considera-se simples o ato administrativo que depende da vontade de um único órgão
público.

ccCERTO ccERRADO
06. Havendo descumprimento das condições necessárias à manutenção do ato administrativo,
ele deve ser retirado do mundo jurídico através da cassação, que é uma faculdade inserida
no âmbito de discricionariedade do administrador público.

ccCERTO ccERRADO
07. Os atos administrativos individuais não podem se destinar a mais de uma pessoa, ainda
que os destinatários sejam especificados, é dizer, havendo mais de um sujeito a quem se
destina o ato, este será considerado geral.

ccCERTO ccERRADO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 8


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

08. O consórcio público pode assumir a forma de associação pública, integrando a


Administração Indireta de todos os entes da federação consorciados.

ccCERTO ccERRADO
09. As agências executivas são autarquias em regime especial que possuem um plano de
reestruturação institucional em andamento e celebram com o Ministério supervisor um
contrato de gestão.

ccCERTO ccERRADO
10. As agências reguladoras são autarquias em regime especial, cujos dirigentes, escolhidos
pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, exercem mandato fixo.

ccCERTO ccERRADO
11. Chama-se teoria da captura a que explica os riscos ligados à possibilidade de interesses
particulares apoderarem-se do funcionamento das agências reguladoras.

ccCERTO ccERRADO
12. O ex-dirigente de agência reguladora que desrespeita o período de quarentena incorre
em advocacia administrativa.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO CONSTITUCIONAL
13. São nulas as provas obtidas pelo Ministério Público oriundas de informações bancárias
de titularidade de prefeitura com o intuito de investigar crimes praticados por servidores
contra a Administração Pública.

ccCERTO ccERRADO
14. O Poder Judiciário não pode obrigar a realização de obras emergenciais em
estabelecimento prisional.

ccCERTO ccERRADO
15. Uma ação com o pedido de suplemento para criança lactante perde o objeto pelo fato de
terem se passado vários anos sem o julgamento.

ccCERTO ccERRADO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 9


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

16. O Poder Judiciário não pode obrigar Município a fornecer vaga em creche por se tratar
de um interesse público local.

ccCERTO ccERRADO
17. O TJ pode julgar Ação Direta de Inconstitucionalidade contra lei municipal tendo como
parâmetro norma da Constituição Federal.

ccCERTO ccERRADO
18. Uma lei estadual pode fixar número máximo de alunos por sala de aula.

ccCERTO ccERRADO
19. Há a necessidade de prévia autorização da Assembleia Legislativa para que o STJ receba
denúncia criminal contra o Governador do Estado.

ccCERTO ccERRADO
20. A mera intuição de que está havendo tráfico de drogas na casa não autoriza o ingresso
sem mandado judicial ou consentimento do morador.

ccCERTO ccERRADO
21. A simples disponibilização de aparelhos radiofônicos (rádios) e televisores em quartos
de hotéis, motéis, clínicas e hospitais autoriza a cobrança de direitos autorais por parte do
ECAD.

ccCERTO ccERRADO
22. Se um membro de Ministério Público Estadual praticar uma falta administrativa que
também esteja prevista na lei penal como crime, o prazo prescricional para ingressar com
a ação civil para a aplicação da pena administrativa de perda do cargo só terá início com o
trânsito em julgado da sentença condenatória no âmbito penal.

ccCERTO ccERRADO
23. O réu em processo criminal pode assumir, como substituto, o cargo de Presidente da
República.

ccCERTO ccERRADO
24. Haverá violação à Súmula Vinculante 10, e ao art. 97 da CF/88, a decisão do órgão
fracionário do Tribunal que deixa de aplicar a norma infraconstitucional por entender não
haver subsunção aos fatos ou, ainda, que a incidência normativa seja resolvida mediante a
sua mesma interpretação, sem potencial ofensa direta à Constituição.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 10


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

ccCERTO ccERRADO
25. Digamos que determinado Estado da federação tenha editado uma Lei estadual que
obriga concessionárias a instalarem bloqueadores de celular. Seria correto afirmar que essa
lei é inconstitucional.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO ECONÔMICO

26. Nos termos Lei 12.529/2011, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica é formado
pelo Tribunal Administrativo de Defesa Econômica, a Superintendência-Geral e pela Secretaria
de Acompanhamento Econômico. Dentre outras, é competência do Plenário do Tribunal
requerer à Procuradoria Federal junto ao CADE a adoção de providências administrativas e
judiciais.

ccCERTO ccERRADO
27. A prática de gun jumping é caracterizada pela consumação de atos de concentração
econômica antes da decisão final do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, com
previsão expressa na Lei nº 12.529/2011.

ccCERTO ccERRADO
Julgue os itens que se seguem, referentes à intervenção do estado no domínio econômico
e às parcerias público-privadas.

28. Em um procedimento licitatório para contratação de projeto de parceria público-privada


no âmbito da ANAC, autarquia federal, este deve ocorrer obrigatoriamente na modalidade
concorrência. Sendo possível, ainda, a inversão da ordem das fases de habilitação e
julgamento.

ccCERTO ccERRADO
29. A pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos
fluidos, constituem monopólio da União. Não sendo possível, entretanto, que este ente
contrate empresas privadas para a realização dessas atividades, em razão da possibilidade
de violação do interesse público.

ccCERTO ccERRADO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 11


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

DIREITO FINANCEIRO

30. É necessária autorização legislativa para que o Executivo possa efetuar operação
creditícia, tais como operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado.

ccCERTO ccERRADO
De acordo com a Lei nº 4.320/164, que estatui normas gerais de direito financeiro, julgue o
item subsecutivo.

31. A lei considera como dívida flutuante aqueles lançamentos definidos como restos a
pagar, excluídos os serviços da dívida, os serviços da dívida a pagar, os depósitos e também
os débitos de tesouraria.

ccCERTO ccERRADO
Com referência à Lei de Responsabilidade Fiscal no que se refere ao crédito público, julgue
os itens que seguem.

32. Não é admitido que um ente da Federação realize operação de crédito, na qualidade de
beneficiário do empréstimo, com uma instituição financeira estatal por ele controlada.

ccCERTO ccERRADO
33. É permitida pela LRF a operação de crédito consistente em confissão de dívida com
fornecedor de bens, mercadorias ou serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de
crédito.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO TRIBUTÁRIO

34. Por expressa disposição da Lei de Execuções Fiscais, aplicam-se aos créditos não
tributários todos os privilégios e garantias previstos no Código Tributário Nacional.

ccCERTO ccERRADO
35. Em execução fiscal, caracteriza-se a prescrição intercorrente quando, não localizado o
devedor ou não encontrados bens aptos à penhora, o feito ficar suspenso por cinco anos.

ccCERTO ccERRADO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 12


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

36. Tratando-se de instituto de ordem pública, é possível que a prescrição intercorrente seja
decretada de ofício, sem prévia manifestação da Fazenda Pública Federal.

ccCERTO ccERRADO
37. É constitucional a cobrança de taxa municipal de coleta de lixo originado de imóvel
federal.

ccCERTO ccERRADO
38. Se o Município do Recife publicar, em dezembro de 2017, uma lei que majore a base
de cálculo do IPTU, referido normativo já será aplicável aos fatos geradores ocorridos em
janeiro de 2018.

ccCERTO ccERRADO
39. Uma das funções da Lei Complementar, em Direito Tributário, é dispor sobre conflitos de
competência entre os entes federativos.

ccCERTO ccERRADO
40. Os fatos geradores complexivos são caracterizados por vários eventos ocorridos em um
período de tempo determinado.

ccCERTO ccERRADO
LEGISLAÇÃO DE ENSINO

41. Segundo o STF, é inconstitucional lei estadual prevendo o número máximo de alunos
que poderiam estudar nas salas de aula das escolas, públicas ou particulares, ali existentes,
por usurpar a competência da União para legislar sobre normas gerais de educação.

ccCERTO ccERRADO
42. Segundo o STF, é inconstitucional lei estadual que determina que os escritórios de prática
jurídica de universidade estadual mantenham plantão criminal para atendimento, nos finais
de semana e feriados, dos hipossuficientes presos em flagrante delito.

ccCERTO ccERRADO
LEGISLAÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL

43. Sempre que possível, o ato de concessão ou de reativação de auxílio-doença, judicial ou


administrativo, deverá fixar o prazo estimado para a duração do benefício. Na ausência de
fixação da Data da Cessação do Benefício (DCB), o benefício cessará após o prazo de cento

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 13


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

e vinte dias, contado da data de concessão ou de reativação do auxílio-doença, exceto se o


segurado requerer a sua prorrogação perante o INSS, na forma do regulamento.

ccCERTO ccERRADO
44. Decai em 10 anos todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para a
revisão do ato de concessão de benefício, a contar da Data de Início do Benefício (DIB) ou,
quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no
âmbito administrativo.

ccCERTO ccERRADO
45. O benefício assistencial de prestação continuada, nos termos da Lei nº 8.742/93 e do
entendimento do STJ, para ser concedido, requer a comprovação de incapacidade duradoura
e absoluta, ou seja, não se permite ao requerente do benefício o desempenho de qualquer
atividade da vida diária nem o exercício de qualquer atividade laborativa.

ccCERTO ccERRADO
46. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após
consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas
que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. Todavia,
o recebimento de salário ou concessão de outro benefício, inclusive o de aposentadoria,
prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-acidente.

ccCERTO ccERRADO
47. Em consonância com o entendimento do STF, o afastamento contínuo da atividade sem
contribuição não pode ser considerado para calcular aposentadoria por invalidez precedida
de auxílio-doença.

ccCERTO ccERRADO
48. Tendo em vista que a LC 109/2011, responsável por dispor sobre o Regime de Previdência
Complementar, não definiu quem são os beneficiários dos planos de previdência
complementar, o STJ firmou entendimento que o parceiro homoafetivo não deverá ser
considerado como beneficiário em plano de previdência privada, em virtude de a relação
não constituir entidade familiar.

ccCERTO ccERRADO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 14


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

49. Conforme o atual entendimento da TNU, os valores recebidos por força de antecipação
dos efeitos da tutela, posteriormente revogada em demanda previdenciária, são irrepetíveis
em razão da natureza alimentar e da boa-fé no seu recebimento.

ccCERTO ccERRADO
50. É inconstitucional a previsão legal de diferenciação de alíquotas em relação às
contribuições previdenciárias incidentes sobre a folha de salários de instituições financeiras
ou de entidades a elas legalmente equiparáveis após a edição da Emenda Constitucional nº
20/1998.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO AGRÁRIO

51. Imagine a seguinte situação: havendo uma desapropriação de imóvel rural, por interesse
social, para fins de reforma agrária, o expropriante, por sentença judicial, deverá depositar
o valor da indenização, em espécie, corrigido monetariamente, para as benfeitorias, porém
quanto à terra nua, esse valor deve ser depositado em títulos da dívida agrária.

ccCERTO ccERRADO
52. Compete privativamente a União legislar sobre o direito agrário.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO AMBIENTAL

A respeito do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, estruturado pela da Lei nº


6.938/1981, julgue os itens subsequentes.

53. O Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA é constituído pelo Conselho Nacional do
Meio Ambiente (CONAMA), como órgão superior; pela Secretaria Especial do Meio Ambiente
(SEMA), como órgão central; por órgãos ou entidades integrantes da Administração Pública
Federal, direta ou indireta, na qualidade de órgãos setoriais; por órgãos ou entidades
estaduais, na qualidade de órgãos seccionais e por órgãos ou entidades municipais,
representando as estruturas locais.

ccCERTO ccERRADO
54. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) é órgão integrante do SISNAMA, com
competência consultiva, deliberativa e recursal, devendo dispor sobre normas e padrões
compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 15


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

de vida.

ccCERTO ccERRADO
Julgue os itens a seguir, relativos às categorias de Unidades de Conservação da Natureza
previstas na Lei nº 9.985/2000.

55. É correto afirmar que as unidades de conservação integrantes do SNUC dividem-se


em Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável, sendo característica
específica deste último grupo a compatibilização da conservação da natureza com o uso
sustentável de parcela de seus recursos naturais.

ccCERTO ccERRADO
56. Não é admitida a criação de novas unidades de conservação além das categorias
previstas na Lei nº 9.985/2000.

ccCERTO ccERRADO
57. As unidades de conservação e áreas protegidas criadas com base nas legislações
anteriores à Lei nº 9.985/2000 e que não pertençam às categorias nela previstas poderão
passar por procedimento de reavaliação com o objetivo de definir sua destinação, tendo em
vista a categoria e a função para as quais foram criadas.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO CIVIL

58. É cabível a desconsideração da personalidade jurídica denominada inversa para alcançar


bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, com
prejuízo a terceiros.

ccCERTO ccERRADO
59. Pela teoria da desconsideração expansiva da personalidade jurídica, é possível
estender os efeitos da desconsideração da personalidade jurídica aos ‘sócios ocultos’ para
responsabilizar aquele indivíduo que coloca sua empresa em nome de um terceiro ou para
alcançar empresas de um mesmo grupo econômico.

ccCERTO ccERRADO
60. Segundo o STJ, o dano ambiental decorrente de omissão do Estado se submete à teoria
objetiva, sendo a responsabilidade civil caracterizada por ser solidária com os demais

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 16


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

causadores e de execução direta.

ccCERTO ccERRADO
61. Segundo o STJ, o terceiro que explorou clandestinamente área objeto de outorga para
pesquisa de viabilidade de lavra de minérios não deve indenizar o particular que possuía
o direito de pesquisa e de lavra, pois os recursos minerais presentes no subsolo são de
propriedade da União, nos termos do artigo 20, inciso IX, da CF/88.

ccCERTO ccERRADO
62. De acordo com o STJ, o valor de 30 salários mínimos constante no art. 108 do Código Civil
brasileiro, em referência à forma pública ou particular dos negócios jurídicos que envolvam
bens imóveis, é o atribuído pelas partes contratantes, e não qualquer outro valor arbitrado
pela Administração Pública com finalidade tributária.

ccCERTO ccERRADO
63. A comprovação de graves lesões decorrentes da abertura de air bag em acidente
automobilístico em baixíssima velocidade não configura a responsabilidade objetiva
da montadora de veículos pela reparação dos danos ao consumidor, uma vez que a
periculosidade do dispositivo é inerente ao seu funcionamento.

ccCERTO ccERRADO
64. Não deve ser reconhecido o direito à usucapião especial urbana para imóveis de dimensão
inferior a 250 m², uma vez que, ao se desrespeitar o módulo mínimo do lote previsto no
plano diretor do respectivo Município, há uma afronta à função social da propriedade devido
ao indesejado microfracionamento urbano que prejudica a organização e planejamento da
cidade.

ccCERTO ccERRADO
65. Segundo o STJ, não tem validade qualquer título de propriedade outorgado a particular
de bem imóvel situado em área considerada como terreno de marinha ou acrescido.

ccCERTO ccERRADO
66. Segundo o STJ, é possível o reconhecimento de usucapião em terreno de marinha de
propriedade da União, mas ainda não demarcado, nos termos do Decreto-Lei n.º 9.760/47.

ccCERTO ccERRADO
67. De acordo com o STF, nas situações de natureza contratual de trato sucessivo, a lei
nova pode incidir imediatamente sobre as cláusulas presentes no contrato, desde que as

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 17


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

normas legais sejam de natureza cogente, ou seja, aquelas cujo conteúdo foge do domínio
da vontade dos contratantes.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO EMPRESARIAL

68. O título de crédito é um documento por meio do qual se prova que existe uma obrigação
entre o(s) credor(es) e o(s) devedor(es), nos termos do que ali está escrito.

ccCERTO ccERRADO
69. Não é possível presumir a existência de exclusividade em zona de atuação de
representante comercial quando não houver previsão expressa em sentido contrário e
houver demonstração por outros meios da existência da exclusividade.

ccCERTO ccERRADO
70. Os contratos que impliquem transferência de tecnologia, para produzirem efeitos em
relação a terceiros, necessitam ser registrados e/ou averbados no INPI.

ccCERTO ccERRADO
71. O autor do pedido de falência precisa demonstrar que existem indícios da insolvência
ou da insuficiência patrimonial do devedor, bastando que o executado, por exemplo, não
pague/deposite/nomeie bens à penhora, dentro do prazo legal, qualquer quantia líquida.

ccCERTO ccERRADO
72. A Execução frustrada se dá quando o devedor é executado por qualquer quantia líquida,
mas não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO

73. As gorjetas constituem receita própria dos empregadores quando se tratam de valores
cobrados pela empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, ainda que destinadas à
distribuição aos empregados. Todavia, quando se tratarem de importância espontaneamente
dada pelo cliente ao empregado, as gorjetas não serão receita própria dos empregadores.

ccCERTO ccERRADO
74. Nos termos da Lei nº 13.467/2017, o valor relativo à assistência prestada por serviço médico
ou odontológico, próprio ou não, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos,

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 18


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

óculos, aparelhos ortopédicos, próteses, órteses, despesas médico-hospitalares e outras


similares, mesmo quando concedido em diferentes modalidades de planos e coberturas,
integram o salário do empregado para qualquer efeito, inclusive o salário de contribuição.

ccCERTO ccERRADO
75. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não permite a contratação de trabalhador para
prestar serviço em regime de tempo parcial. Assim, havendo contratação para cumprimento
de jornada reduzida, inferior à previsão constitucional de oito horas diárias ou quarenta e
quatro semanais, é ilícito o pagamento do piso salarial ou do salário mínimo proporcional
ao tempo trabalhado.

ccCERTO ccERRADO
76. Conforme a CLT, após a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, a contratação do
autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de
forma contínua ou não, não afastará a qualidade de empregado.

ccCERTO ccERRADO
77. Considerando o disposto no parágrafo único do art. 815 da CLT, bem como a regra da
igualdade, em que pese inexista previsão legal tolerando atraso no horário de comparecimento
da parte na audiência, uma vez que a parte se faça presente, ainda que após a prática de atos
processuais relevantes ou após encerrada a audiência, não se operará a preclusão.

ccCERTO ccERRADO
78. Conforme o entendimento do TST, o reconhecimento da existência de atividade insalubre
com base em Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA – torna desnecessária
a prova pericial.

ccCERTO ccERRADO
79. Em caso de recolhimento insuficiente das custas processuais ou do depósito recursal,
somente haverá deserção do recurso se, concedido o prazo de 5 (cinco) dias previsto no §
2º do art. 1.007 do CPC de 2015, o recorrente não complementar e comprovar o valor devido.

ccCERTO ccERRADO
80. A partir da entrada em vigor da reforma trabalhista, prevista para 11/11/2017, caso João,
reclamante, deseje desistir da ação interposta, necessitará do consentimento do reclamado,

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 19


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

caso já oferecida a contestação, ainda que eletronicamente.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

81. Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a Convenção Americana de


Direitos Humanos, denominada Pacto de San José da Costa Rica, possui status de Emenda
Constitucional, em razão do seu caráter protetivo aos direitos humanos encontrados também
na Constituição Federal da República Federativa do Brasil.

ccCERTO ccERRADO
82. Dentro das relações internacionais, é possível que o Estado acreditado declare um
membro da missão estrangeira como persona non grata, sanção no qual informa ao Estado
acreditante que o agente não é mais desejado no seu território, ou até antes mesmo do
seu ingresso. Esse é um ato discricionário e não depende de qualquer procedimento ou da
observância do devido processo legal.

ccCERTO ccERRADO
83. Em recente decisão, o Supremo Tribunal Federal entendeu que apesar de o Estado
requerente alegar que os delitos praticados pelo seu súdito são qualificados como de lesa-
humanidade, previstos na Convenção sobre Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra e dos
Crimes contra a Humanidade, de 1968, não torna tais crimes imprescritíveis no Brasil, razão
pela qual indeferiu o seu pedido de extradição.

ccCERTO ccERRADO
84. Dentro das relações internacionais consolidou-se o entendimento de que as embaixadas
constituem território do Estado estrangeiro, razão pela qual gozam de certos direitos e
imunidades garantidos pela Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961.

ccCERTO ccERRADO
85. De acordo com a doutrina internacionalista, a gênese do Direito Internacional Econômico
pode ser encontrada nos acordos de Bretton Woods de 1944, onde foram criados o Fundo
Monetário Internacional (FMI) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), bem
como iniciadas as negociações que culminaram na conclusão do Acordo Geral de Tarifas e
Comércio (GATT, em inglês), no ano de 1947.

ccCERTO ccERRADO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 20


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

86. Segundo entendimento do STJ, quando o falso se exaure no descaminho, sem mais
potencialidade lesiva, é por este absorvido, como crime-fim, condição que não se altera por
ser menor a pena a este cominada.

ccCERTO ccERRADO
87. Segundo o STJ, por se tratar o descaminho de crime material, aplica-se a causa de extinção
da punibilidade prevista no § 2º, do artigo 9º, da Lei Federal n.º 10.684/2003, consistente no
pagamento integral do débito.

ccCERTO ccERRADO
88. Segundo a jurisprudência do STJ e do STF, o crime de descaminho admite a aplicação
do princípio da insignificância.

ccCERTO ccERRADO
89. Segundo o STF, o descumprimento de acordo de colaboração premiada justifica a
decretação de prisão preventiva.

ccCERTO ccERRADO
90. Segundo o STF, não há necessidade de prévia autorização da Assembleia Legislativa
para o recebimento de denúncia ou queixa e instauração de ação penal contra governador
de Estado, por crime comum.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

91. A querela nullitatis insanabilis constitui medida voltada à excepcional eiva processual,
podendo ser utilizada quando, ausente ou nula a citação, não se tenha oportunizado o
contraditório ou a ampla defesa à parte demandada, sendo a ela aplicável as mesmas regras
de competência da ação rescisória.

ccCERTO ccERRADO
92. As condições da ação devem ser analisadas com base na teoria da asserção, sendo tal
teoria consagrada pelo Superior Tribunal de Justiça.

ccCERTO ccERRADO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 21


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

93. Na execução contra a Fazenda Pública, para que haja a alegação de inexigibilidade da
obrigação reconhecida em título judicial pela inconstitucionalidade do ato normativo ou lei,
a decisão do STF sobre o tema precisa ter sido tomada no controle de constitucionalidade
concentrado.

ccCERTO ccERRADO
94. No cumprimento de decisão contra a Fazenda Pública, caso haja uma decisão do
STF reconhecendo a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo que tenha gerado o
reconhecimento de obrigação pelo judiciário após o seu trânsito em julgado, será cabível
ação rescisória no prazo máximo de dois anos depois de findo o processo de conhecimento.

ccCERTO ccERRADO
95. Sempre que o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento
em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados
nos termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir
a possibilidade de inversão do resultado inicial.

ccCERTO ccERRADO
96. É possível a utilização do incidente de assunção de competência sempre que haja
relevante questão de direito, com grande repercussão social.

ccCERTO ccERRADO
97. A doutrina do forum non conveniens não é admitida pelo STJ.

ccCERTO ccERRADO
98. Há a possibilidade de reconhecimento da conexão entre a execução de título extrajudicial
e uma ação de conhecimento relativas ao mesmo ato jurídico e de execuções fundadas no
mesmo título executivo.

ccCERTO ccERRADO
99. Os embargos de divergência podem ser interpostos para sanar divergência atinente ao
juízo de admissibilidade de recurso especial.

ccCERTO ccERRADO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 22


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

100. Da decisão de organização e saneamento do processo, apenas será cabível o pedido de


esclarecimento ou de realização de ajustes no prazo de cinco dias.

ccCERTO ccERRADO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 23


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS

1 CERTO 26 ERRADO 51 ERRADO 76 ERRADO


2 CERTO 27 CERTO 52 CERTO 77 ERRADO
3 ERRADO 28 CERTO 53 ERRADO 78 ERRADO
4 CERTO 29 ERRADO 54 ERRADO 79 CERTO
5 CERTO 30 CERTO 55 CERTO 80 CERTO
6 ERRADO 31 CERTO 56 ERRADO 81 ERRADO
7 ERRADO 32 CERTO 57 CERTO 82 CERTO
8 CERTO 33 ERRADO 58 CERTO 83 CERTO
9 CERTO 34 ERRADO 59 CERTO 84 ERRADO
10 CERTO 35 ERRADO 60 ERRADO 85 ERRADO
11 CERTO 36 CERTO 61 ERRADO 86 CERTO
12 CERTO 37 CERTO 62 ERRADO 87 ERRADO
13 ERRADO 38 CERTO 63 ERRADO 88 CERTO
14 ERRADO 39 CERTO 64 ERRADO 89 ERRADO
15 ERRADO 40 CERTO 65 CERTO 90 CERTO
16 ERRADO 41 ERRADO 66 CERTO 91 ERRADO
17 CERTO 42 CERTO 67 CERTO 92 CERTO
18 CERTO 43 CERTO 68 CERTO 93 ERRADO
19 ERRADO 44 ERRADO 69 ERRADO 94 ERRADO
20 CERTO 45 ERRADO 70 CERTO 95 ERRADO
21 CERTO 46 ERRADO 71 ERRADO 96 ERRADO
22 CERTO 47 CERTO 72 CERTO 97 CERTO
23 ERRADO 48 ERRADO 73 ERRADO 98 CERTO
24 ERRADO 49 ERRADO 74 ERRADO 99 ERRADO
25 CERTO 50 ERRADO 75 ERRADO 100 ERRADO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 24


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

PROFESSORA: MARIA HELENA ROCHA


E-mail: profcei.mariahelena@gmail.com

DIREITO ADMINISTRATIVO

Futuros Procuradores Federais,


Como anda a força de estudo? Têm se preparado bem? Nesta rodada, aguardo notícias
de vocês, quando me enviarem as respostas da questão de Direito Administrativo.
Sigam firmes e contem conosco!
Maria Helena Rocha

01. A Súmula Vinculante é considerada fonte formal do Direito Administrativo.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 3 Fontes do direito administrativo: doutrina e jurisprudência na


formação do direito administrativo. Lei formal. Regulamentos administrativos, estatutos
e regimentos; instruções; princípios gerais; tratados internacionais; costume.

Sistematizando o ensinamento de Maria Sylvia Zanella Di Pietro ((DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella.
Direito Administrativo. São Paulo: Forense, 2017, p. 58), teríamos a seguinte divisão entre fontes
formais e materiais do Direito Administrativo:

Fontes formais Fontes materiais


“as que constituem propriamente o direito
“as que promovem ou dão origem ao
aplicável, abrangendo a Constituição, a lei,
direito aplicável, abrangendo a doutrina,
o regulamento e outros atos normativos
a jurisprudência e os princípios gerais do
da Administração Pública, bem como,
direito.”
parcialmente, a jurisprudência”.

Como se vê, a jurisprudência aparece nos dois quadros. A diferenciação feita pela autora citada é
a seguinte: se a jurisprudência produzir efeitos vinculantes, terá natureza de fonte formal. Porém,
nos demais casos, será fonte material. Assim, no caso de súmulas vinculantes, é seguro enquadrá-
las como fonte formal.

GABARITO: CERTO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 25


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

02. O parecer do Advogado-Geral da União aprovado pelo Presidente da República e publicado


juntamente com o despacho presidencial vincula a Administração Pública Federal.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 3 Fontes do direito administrativo: doutrina e jurisprudência na


formação do direito administrativo. Lei formal. Regulamentos administrativos, estatutos
e regimentos; instruções; princípios gerais; tratados internacionais; costume.

Como se sabe, também os atos normativos internos constituem fontes do Direito Administrativo, a
exemplo dos regulamentos, estatutos e regimentos. A Lei Complementar nº 73/1993 prevê, em seu
artigo 40, que “os pareceres do Advogado-Geral da União são por este submetidos à aprovação
do Presidente da República.” Os §§ 1º e 2º do mencionado dispositivo, por sua vez, dispõem o
seguinte: “o parecer aprovado e publicado juntamente com o despacho presidencial vincula a
Administração Federal, cujos órgãos e entidades ficam obrigados a lhe dar fiel cumprimento”
e “o parecer aprovado, mas não publicado, obriga apenas as repartições interessadas, a partir do
momento em que dele tenham ciência”. A respeito dos atos normativos, Di Pietro (Op. Cit., p.
64) afirma que “desde que expedidos com observância da Constituição e das leis, vinculam as
autoridades administrativas. Os atos que os contrariem padecem do vício de ilegalidade, sendo
passíveis de correção pelos órgãos de controle, inclusive pelo Poder Judiciário.”

GABARITO: CERTO

03. A sanção imposta em Processo Administrativo disciplinar contra agente público


classifica-se como fato administrativo, e não ato administrativo.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 15 Fatos da administração pública: atos da administração pública


e fatos administrativos. Formação do ato administrativo: elementos; procedimento
administrativo.

A diferença fundamental entre os atos e os fatos administrativos está ligada à representação da


vontade da Administração Pública. Segundo Rafael Oliveira, o caso dos atos administrativos, ocorre
a clara manifestação da “vontade da administração preordenada ao atendimento da finalidade
pública (ex.: ato administrativo punitivo editado no Processo Administrativo Disciplinar – PAD
– tem por objetivo punir o agente).” Por outro lado, no caso dos fatos administrativos, ocorrem
eventos cujos efeitos repercutem no mundo jurídico. O referido autor menciona a clássica lição de
Hely Lopes Meirelles, segundo a qual o fato administrativo resulta sempre do ato administrativo
que o determina, para destacar, contudo, que, “em determinados casos, os fatos administrativos
não guardam relação com os atos administrativos, tal como ocorre na desapropriação indireta

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 26


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

por esbulho da Administração Pública. Independentemente dos atos administrativos e do devido


processo legal, a Administração invade o terreno privado, afetando-o à finalidade pública, fato que
acarreta o dever de indenizar e a perda da propriedade do particular.” (OLIVEIRA, Rafael, Op. Cit.,
pp. 290-291).

GABARITO: ERRADO

04. Caso determinado contrato público seja firmado sem licitação anterior e não seja hipótese
excepcionada da exigência licitatória, a Administração Pública pode, após decorridos, por
exemplo, quatro meses da execução das prestações, declarar a sua nulidade. Nesse caso, o
referido contrato será considerado ato jurídico inválido, embora perfeito e, até a declaração
de nulidade, eficaz.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 16 Validade, eficácia e autoexecutoriedade do ato administrativo.

Em primeiro lugar, a alternativa encerra o entendimento jurisprudencial pacífico contido na Súmula


nº 473 do STF, segundo a qual “a administração pode anular seus próprios atos, quando eivados
de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo
de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial.”

Quanto à classificação dos atos administrativos nos planos da existência, da validade e da eficácia,
Rafael Oliveira (Op. Cit., p. 294) aponta que o ato pode ser:

“a) perfeito, válido e eficaz: ato que concluiu o seu ciclo de formação, com a presença de todos
seus elementos, em compatibilidade com a lei e apto para produção dos efeitos típicos;

b) perfeito, inválido e eficaz: ato que concluiu o seu ciclo de formação e, apesar de violar
o ordenamento jurídico, produz seus efeitos (ex.: contrato administrativo celebrado sem
licitação, fora das hipóteses permitidas pela lei, que foi declarado nulo após três meses de
execução);

c) perfeito, válido e ineficaz: ato que concluiu o seu ciclo de formação, em conformidade com o
ordenamento jurídico, mas que não possui aptidão para a produção de efeitos em razão da fixação
de termo inicial ou de condição suspensiva, bem como aqueles que dependem da manifestação de
outro órgão controlador (ex.: exoneração a pedido do servidor a contar de data futura);

d) perfeito, inválido e ineficaz: ato que concluiu o seu ciclo de formação, mas encontra-se em
desconformidade com o ordenamento jurídico e não possui aptidão para produção de efeitos
jurídicos (ex.: concurso público, com exigências inconstitucionais, cujo resultado final ainda não foi
homologado e publicado).”

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 27


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

GABARITO: CERTO

05. Considera-se simples o ato administrativo que depende da vontade de um único órgão
público.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 17 Atos administrativos simples, complexos e compostos.

Pessoal, o edital prevê, expressamente, diversas classificações dos atos administrativos. Em


relação ao critério de formação da vontade, tem-se que o ato administrativo pode ser: a) simples,
quando depende da vontade de um único órgão público; b) complexo, quando é elaborado pela
manifestação autônoma de órgãos diversos ou c) composto, quando um órgão “define o conteúdo
do ato e o outro verifica a sua legitimidade” (OLIVEIRA, Rafael. Op. Cit., p. 313).

GABARITO: CERTO

06. Havendo descumprimento das condições necessárias à manutenção do ato administrativo,


ele deve ser retirado do mundo jurídico através da cassação, que é uma faculdade inserida
no âmbito de discricionariedade do administrador público.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 20 Atos administrativos vinculados e discricionários. Mérito do ato


administrativo, discricionariedade.

Façamos uma breve classificação das formas de extinção dos atos administrativos: 1) extinção
natural: decorre do cumprimento regular dos propósitos do ato; 2) extinção por desaparecimento do
objeto ou do beneficiário (exemplos: desativação de empresa com licença para funcionar/morte do
beneficiário); 3) caducidade: superveniência de lei que impede a situação com que a Administração
consentiu antes; 4) contraposição: um novo ato se opõe faticamente, esvaziando os efeitos do
primeiro; 5) cassação: decorre do descumprimento de condições necessárias à manutenção do
ato administrativo; 6) anulação (ou invalidação): decorre do reconhecimento da ilegalidade do ato
praticado e 7) revogação: por motivos de conveniência e oportunidade da Administração Pública (o
ato é válido, mas deixou de ser proveitoso).

De fato, como ensina José dos Santos Carvalho Filho: “a cassação é a forma extintiva que
se aplica quando o beneficiário de determinado ato descumpre condições que permitem
a manutenção do ato e de seus efeitos. Duas são suas características: a primeira reside
no fato de que se trata de ato vinculado, já que o agente só pode cassar o ato anterior nas
hipóteses previamente fixadas na lei ou em outra norma similar. A segunda diz respeito à

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 28


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

sua natureza jurídica: trata-se de ato sancionatório, que pune aquele que deixou de cumprir
as condições para a subsistência do ato.” (CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2013, p. 154).

GABARITO: ERRADO

07. Os atos administrativos individuais não podem se destinar a mais de uma pessoa, ainda
que os destinatários sejam especificados, é dizer, havendo mais de um sujeito a quem se
destina o ato, este será considerado geral.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 19 Atos administrativos gerais e individuais.

Quanto ao critério dos destinatários, a classificação é a) atos concretos (também chamados de


individuais), que se destinam, de forma direta, a determinado(s) indivíduo(s), ou b) atos normativos
(também chamados gerais), que têm como destinatários pessoas indeterminadas.

É interessante lembrar que os atos individuais não precisam, necessariamente, destinar-se a uma
única pessoa, mas, caso identifiquem seus destinatários, serão assim considerados. Vamos pensar
em quando vocês forem nomeados para o cargo de Procurador Federal: apesar de o ato dizer
respeito a 200 pessoas (tomara!), ainda assim será considerado concreto/individual.

Há, ainda, duas classificações que merecem nossa atenção, embora não sejam ponto expresso
deste edital específico:

Quanto ao critério dos efeitos, os atos administrativos podem ser, conforme Rafael Oliveira
(Op. Cit., p. 313): “a) atos constitutivos: são aqueles que criam, modificam ou extinguem direitos
(ex.: revogação de ato administrativo; aplicação de sanção a servidor); b) atos declaratórios:
declaram a existência de situações jurídicas preexistentes ou reconhecem direitos (ex.: edição de
atos vinculados, tais como a licença para construir e a licença profissional) e c) atos enunciativos:
atestam determinados fatos ou direitos, bem como envolvem, eventualmente, juízos de valor (ex.:
certidão que atesta o tempo de serviço do servidor; pareceres que retratam juízos de valor dos
agentes públicos.” Parte da doutrina considera que a distinção entre declaratórios e enunciativos
é ínfima, classificando os atos somente em constitutivos e declaratórios. É importante saber a
diferença, porque forte corrente doutrinária se refere especificamente aos atos enunciativos, como
José dos Santos Carvalho Filho e Maria Sylvia Zanella Di Pietro.

Quanto ao critério de repercussão na esfera jurídica do particular, os atos administrativos podem


ser classificados em a) ampliativos, quando há reconhecimento de direitos aos particulares (há, na
verdade, uma verdadeira convergência entre a vontade do particular e a vontade da Administração),
ou b) restritivos, quando há uma restrição aos direitos/expectativas dos administrados.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 29


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

GABARITO: ERRADO

08. O consórcio público pode assumir a forma de associação pública, integrando a


Administração Indireta de todos os entes da federação consorciados.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 28 (...) Consórcios públicos (Lei nº 11.107/2005) (...).

Como se sabe, os consórcios públicos podem assumir duas formas: associação pública ou
pessoa jurídica de direito privado. A Lei 11.107/2005, em seu art. 6º, § 1º, dispõe que “o consórcio
público com personalidade jurídica de direito público integra a administração indireta de todos os
entes da federação consorciados.” De acordo com o dispositivo mencionado, apenas nos casos
de se constituírem sob a forma de associação pública é que os consórcios públicos integrarão
a Administração Indireta dos entes federativos que o compõem (a interpretação que se faz, a
contrario sensu, é que, nos casos de se constituírem como pessoa jurídica de direito privado, não a
integrarão). Esse é o entendimento de parte da doutrina, a partir de interpretação gramatical. Outra
parte da doutrina entende que “trata-se da prestação de serviço público de forma descentralizada
por pessoa jurídica formada exclusivamente por pessoas da federação e, desse modo, a entidade,
pelo sistema vigente, não pode deixar de integrar a Administração Indireta. Pensamos, pois, que,
seja de direito público ou de direito privado, a entidade representativa do consórcio público se
incluirá na administração indireta dos entes federativos consorciados.” (CARVALHO FILHO, José
dos Santos. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2012, pp. 230-231). Para a prova
objetiva, procurem guardar o dispositivo legal.

GABARITO: CERTO

09. As agências executivas são autarquias em regime especial que possuem um plano de
reestruturação institucional em andamento e celebram com o Ministério supervisor um
contrato de gestão.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 10 Autarquias. Agências reguladoras e executivas.

A alternativa está correta. Quanto às agências executivas – que também podem ser fundações
públicas –, vale, ademais, saber que a qualificação como tal decorre de decreto presidencial,
bem como que o regime especial por que se qualificam está ligado à maior autonomia de gestão
orçamentária, financeira e gerencial de que passam a gozar quando implementam as metas
definidas no contrato de gestão. Para Rafael Oliveira (Op. Cit, p. 100), seria correto considerar

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 30


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

que a maior autonomia conferida às agências executivas é uma espécie de contrapartida pela
observância das metas e prazos estabelecidos no contrato de gestão.

GABARITO: CERTO

10. As agências reguladoras são autarquias em regime especial, cujos dirigentes, escolhidos
pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, exercem mandato fixo.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 65 Regime Jurídico das Agências Reguladoras: características,


peculiaridades, independência, poder normativo, regime de pessoal, patrimônio e
especificidades na licitação.

As agências reguladoras são autarquias em regime especial. Esta especialidade se caracteriza por
alguns fatores. Em primeiro lugar, as agências reguladoras têm poder normativo. Além disso, seus
dirigentes, escolhidos pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal,
exercem mandato fixo1. Têm, também, autonomia decisória e independência administrativa. José
dos Santos Carvalho Filho (CARVALHO FILHO, Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas,
2010, pp. 479 e ss) elenca, além das “especialidades” descritas anteriormente, a independência
econômico-financeira, já que as agências reguladoras podem cobrar taxas de regulação.

GABARITO: CERTO

11. Chama-se teoria da captura a que explica os riscos ligados à possibilidade de interesses
particulares apoderarem-se do funcionamento das agências reguladoras.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 65 Regime Jurídico das Agências Reguladoras: características,


peculiaridades, independência, poder normativo, regime de pessoal, patrimônio e
especificidades na licitação.

O risco de desvio, ou seja, de que os interesses privados de grupos econômicos sejam determinantes
para o regramento estabelecido pelas agências reguladoras, com consequente prejuízo para os
mais fracos, é denominado pela doutrina de teoria da captura. Trata-se de teoria que busca salientar
que, se acontecer esse desvio, o regime das agências reguladoras se distanciará do modelo
democrático. É interessante notar, como Rafael Oliveira (Op. Cit., p. 114), que, para que as agências

1 A hipótese de extinção natural do mandato do dirigente de agência reguladora é o decurso do prazo. Além
desse caso, o art. 9º da Lei 9.986/00 prevê três possibilidades de perda do mandato: 1) a renúncia; 2) condenação
judicial transitada em julgado e 3) processo administrativo disciplinar.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 31


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

reguladoras mantenham sua legitimidade democrática, devem observar alguns requisitos, como os
seguintes: “a) transparência do processo regulatório e efetivação de instrumentos de democracia
direta na elaboração de decisões e normas regulatórias (consultas e audiências públicas); b) os
órgãos colegiados das agências reguladoras devem ser compostos de representantes das mais
diversas linhas de interesse (governo, empresas reguladas e sociedade civil), o que garante a
pluralidade representativa e democrática; c) transferência de legitimidade democrática que ocorre
no momento da nomeação dos dirigentes pelo chefe do Poder Executivo, após aprovação do
Senado, órgão de forte expressão majoritária (representantes eleitos pelo povo); d) teoria dos
poderes neutrais: a insuficiência da soberania popular para efetivação da democracia demonstra a
necessidade de instituições estatais dotadas de forte autonomia em relação às diretrizes político-
governamentais (ex.: Tribunais de Contas, Conselhos Nacionais, agências reguladoras, etc.).”

GABARITO: CERTO

12. O ex-dirigente de agência reguladora que desrespeita o período de quarentena incorre


em advocacia administrativa.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 65 Regime Jurídico das Agências Reguladoras: características,


peculiaridades, independência, poder normativo, regime de pessoal, patrimônio e
especificidades na licitação.

O chamado “período de quarentena” é de 4 (quatro) meses, como dispõe o art. 8º da Lei 9.986/00:
“o ex-dirigente fica impedido para o exercício de atividades ou de prestar qualquer serviço no setor
regulado pela respectiva agência, por um período de quatro meses, contados da exoneração ou
do término do seu mandato.”

A alternativa, nesse sentido, está correta, pois reproduz o teor do art. 8º, § 4º, da Lei 9.986/00, que
prevê, justamente, que: “incorre na prática de crime de advocacia administrativa, sujeitando-se
às penas da lei, o ex-dirigente que violar o impedimento previsto neste artigo, sem prejuízo das
demais sanções cabíveis, administrativas e civis.”

GABARITO: CERTO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 32


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

PROFESSORA: RENATA D’ÁVILA


E-mail: profcei.renatadavila@gmail.com

DIREITO CONSTITUCIONAL

13. São nulas as provas obtidas pelo Ministério Público oriundas de informações bancárias
de titularidade de prefeitura com o intuito de investigar crimes praticados por servidores
contra a Administração Pública.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 42 Conselho Nacional de Justiça e do Ministério Público.

Está errada a assertiva, isso pois, segundo o Superior Tribunal de Justiça, no HC 308.493-CE,
julgado em 20/10/2015, não são nulas as provas obtidas pelo Ministério Público oriundas de
informações bancárias de titularidade de prefeitura com o intuito de investigar crimes praticados
por servidores contra a Administração Pública.

Segundo o STJ, se o MP faz essa requisição com o objetivo de proteger o patrimônio público, não
se pode falar em quebra ilegal de sigilo bancário.

Vamos aproveitar para revisar quais órgãos poderão requerer informações bancárias diretamente
das instituições financeiras:

a) Receita federal: com fulcro no art 6º da Lei Complementar n. 105/2001.

b) Fisco estadual, distrital e municipal: com fulcro no art 6º da Lei Complementar n. 105/2001;

c) CPI (federal/estadual/distrital): com fulcro no art 4º, § 1º, da Lei Complementar n. 105/2001;

GABARITO: ERRADO

14. O Poder Judiciário não pode obrigar a realização de obras emergenciais em


estabelecimento prisional.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 40 Poder Judiciário: organização; estatuto constitucional


da magistratura. 41 Supremo Tribunal Federal: organização e competência. Súmula
Vinculante.

A assertiva NÃO está compatível com entendimento recente do Supremo Tribunal Federal, no RE

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 33


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

592581/RS, julgado em 13/8/2015.

Segundo o Supremo, o Poder Judiciário pode sim obrigar à Administração Pública a realizar obras
emergenciais em estabelecimento prisional, isso pois essas medidas consistem em dar efetividade
ao postulado da dignidade da pessoa humana e assegurar aos detentos o respeito à sua integridade
física e moral, nos termos do art. 5º, XLIX, da CF, não sendo possível, inclusive, a alegação da
cláusula da reserva do possível tampouco o princípio da separação dos poderes.

Art. 5º, XLIX, da CF determina que: “é assegurado aos presos o respeito à integridade física e
moral”;

GABARITO: ERRADO

15. Uma ação com o pedido de suplemento para criança lactante perde o objeto pelo fato de
terem se passado vários anos sem o julgamento.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 15. Direitos e garantias individuais e coletivos. Direitos


fundamentais.

Está errado, isso pois segundo o STJ, no AgRg no RMS 26.647-RJ, julgado em 2/2/2017.

Segundo a Corte Cidadã, uma ação com o pedido de suplemento para criança lactente não perde
o objeto pelo fato de terem se passado vários anos sem o julgamento.

Isso pois, trata-se de um direito fundamental da pessoa e dever do Poder Público garantir a saúde
e a vida, dito isso não há perda do objeto da ação diante do fato de ter se passado vários anos sem
julgamento.

O tribunal extraordinário explicitou que a necessidade ou não do fornecimento de leite especial


para a criança deverá ser apurada em fase de execução.

E ainda, acrescentou que se ficar realmente comprovada a impossibilidade de se acolher o pedido


principal, em virtude da longa discussão judicial acerca do tema, nada impede que a parte requeira
a conversão em perdas e danos.

GABARITO: ERRADO

16. O Poder Judiciário não pode obrigar Município a fornecer vaga em creche por se tratar
de um interesse público local.

COMENTÁRIO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 34


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

»» Ponto do edital abordado: 28 Estado federal: conceito e sistemas de repartição de


competência, direito comparado, discriminação de competência na Constituição de
1988, Intervenção federal, Princípio da simetria constitucional. 29 Estado Democrático
de Direito: fundamentos constitucionais e doutrinários.

O STF, no RE 956475, julgado em 12/05/2016, tem entendimento no sentido de que o Poder


Judiciário pode sim obrigar Município a fornecer vaga em creche

Segundo a Corte, a educação infantil, em creche e pré-escola, é uma prerrogativa constitucional


indisponível garantida às crianças até 5 anos de idade, sendo um dever do Estado, prevista no art.
208, IV, da CF/88.

Dito isso, cabe frisar que os Municípios têm o dever de atuar prioritariamente no ensino fundamental
e na educação infantil, de acordo com o art. 211, § 2º, da CF/88.

Assim, não podem, os entes municipais, se recusar a cumprir o dispositivo constitucional.

Vale reler os artigos correspondentes abaixo transcritos da CF/88:

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade.

Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime


de colaboração seus sistemas de ensino. § 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no
ensino fundamental e na educação infantil.

GABARITO: ERRADO

17. O TJ pode julgar Ação Direta de Inconstitucionalidade contra lei municipal tendo como
parâmetro norma da Constituição Federal.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 11 Ação direta de inconstitucionalidade: origem, evolução


e estado atual.

O Supremo Tribunal Federal, no RE 650898/RS, julgado recentemente em 1º/2/2017, entendeu


exatamente dessa forma e disse que Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de
constitucionalidade de leis municipais utilizando como parâmetro normas da Constituição Federal,
mas desde que se trate de normas de reprodução obrigatória pelos estados.

Vale relembrar, porém que, via de regra, o controle de constitucionalidade realizado pelo Tribunal
de Justiça das leis estaduais tem-se como parâmetro a Constituição do Estado.

GABARITO: CERTO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 35


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

18. Uma lei estadual pode fixar número máximo de alunos por sala de aula.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 15 Direitos e garantias individuais e coletivos. Direitos


fundamentais 24 Direitos sociais e sua efetivação. 28 Estado federal: conceito e sistemas
de repartição de competência, direito comparado, discriminação de competência na
Constituição de 1988, Intervenção federal, Princípio da simetria constitucional. 29
Estado Democrático de Direito: fundamentos constitucionais e doutrinários.

Está CORRETA a assertiva, segundo o Supremo Tribunal Federal, na ADI 4060/SC, julgada em
25/2/2015, e de acordo com o dispositivo constitucional, art. 24, IX, a competência para legislar
sobre educação e ensino é concorrente.

Assim, diante da competência concorrente para legislar, a União tem competência para estabelecer
as normas gerais e os Estados podem complementar essas normas. É o que diz os parágrafos do
mesmo dispositivo supracitado.

Em seguida, cabe frisar que as normas gerais sobre educação se encontram presentes na Lei
9.394/96, também conhecida como a Lei de Diretrizes e Base do Ensino.

Relembre o dispositivo mencionado na questão:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:

I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

II - orçamento;

III - juntas comerciais;

IV - custas dos serviços forenses;

V - produção e consumo;

VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos


recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;

VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;

VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de


valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento


e inovação;

X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 36


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

XI - procedimentos em matéria processual;

XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;

XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;

XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;

XV - proteção à infância e à juventude;

XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.

§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a


estabelecer normas gerais.

§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.

§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência


legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei


estadual, no que lhe for contrário.

GABARITO: CERTO

19. Há a necessidade de prévia autorização da Assembleia Legislativa para que o STJ receba
denúncia criminal contra o Governador do Estado.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 36 Poder Legislativo: organização, atribuições, prerrogativas


e vedações. Processo legislativo. Comissão Parlamentar de Inquérito.

Segundo o STF, na ADI 5540/MG, julgada em 3/5/2017, a assertiva está errada, porque não há
necessidade de prévia autorização da Assembleia Legislativa para que o STJ receba denúncia
ou queixa e instaure ação penal contra Governador de Estado, por crime comum.

Entendeu que se a Constituição Estadual exigisse essa autorização essa previsão seria considerada
inconstitucional.

Vamos mais além, imagine que o STJ recebeu a denúncia ou queixa-crime contra o Governador,
indaga-se: ele ficará automaticamente suspenso de suas funções no Poder Executivo estadual?
Para o STJ, não, pois o afastamento do cargo não se dá de forma automática.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 37


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

GABARITO: ERRADO

20. A mera intuição de que está havendo tráfico de drogas na casa não autoriza o ingresso
sem mandado judicial ou consentimento do morador.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 14 Declaração de direitos: histórico; teoria jurídica e teoria


política. 15 Direitos e garantias individuais e coletivos. Direitos fundamentais 16
Princípio da legalidade e da reserva legal.

O Superior Tribunal de Justiça, no REsp 1.574.681-RS, julgado esse ano em 20/4/2017, decidiu
que a mera intuição de que está havendo tráfico de drogas na casa não autoriza o ingresso sem
mandado judicial ou consentimento do morador.

Para o Tribunal mencionado, faz-se necessária a ocorrência de crime no interior da residência,


para que haja o efetivo ingresso.

Dito de outro modo, a mera intuição acerca da prática de um crime, pode até autorizar uma abordagem
policial, na via pública, mas não o ingresso no domicílio do suspeito, sem o seu consentimento e
sem determinação judicial.

GABARITO: CERTO

21. A simples disponibilização de aparelhos radiofônicos (rádios) e televisores em quartos


de hotéis, motéis, clínicas e hospitais autoriza a cobrança de direitos autorais por parte do
ECAD.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 15 Direitos e garantias individuais e coletivos. Direitos


fundamentais 16 Princípio da legalidade e da reserva legal.

O STJ, entendeu exatamente dessa forma, no REsp 1.474.832/SP, julgado em 13/12/2016. E o


fundamento utilizado foi o art. 68 da Lei nº 9.610/98, que assevera que:

Art. 68. Sem prévia e expressa autorização do autor ou titular, não poderão ser utilizadas
obras teatrais, composições musicais ou lítero-musicais e fonogramas, em representações
e execuções públicas. § 2º Considera-se execução pública a utilização de composições
musicais ou lítero-musicais, mediante a participação de artistas, remunerados ou não,
ou a utilização de fonogramas e obras audiovisuais, em locais de frequência coletiva, por
quaisquer processos, inclusive a radiodifusão ou transmissão por qualquer modalidade,

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 38


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

e a exibição cinematográfica. § 3º Consideram-se locais de frequência coletiva os


teatros, cinemas, salões de baile ou concertos, boates, bares, clubes ou associações
de qualquer natureza, lojas, estabelecimentos comerciais e industriais, estádios, circos,
feiras, restaurantes, hotéis, motéis, clínicas, hospitais, órgãos públicos da administração
direta ou indireta, fundacionais e estatais, meios de transporte de passageiros terrestre,
marítimo, fluvial ou aéreo, ou onde quer que se representem, executem ou transmitam
obras literárias, artísticas ou científicas. § 4º Previamente à realização da execução
pública, o empresário deverá apresentar ao escritório central, previsto no art. 99, a
comprovação dos recolhimentos relativos aos direitos autorais.

O STJ aplicou a sua súmula de número 63, que diz: São devidos direitos autorais pela retransmissão
radiofônica de músicas em estabelecimentos comerciais.

No caso em comento, entendeu que tanto o hotel como a NET teriam que pagar direitos autorais
ao ECAD, pois estar-se-ia diante de fatos geradores distintos: o primeiro seria a captação de
transmissão de radiodifusão em local de frequência coletiva; e o segundo, a própria radiodifusão
sonora ou televisiva.

GABARITO: CERTO

22. Se um membro de Ministério Público Estadual praticar uma falta administrativa que
também esteja prevista na lei penal como crime, o prazo prescricional para ingressar com
a ação civil para a aplicação da pena administrativa de perda do cargo só terá início com o
trânsito em julgado da sentença condenatória no âmbito penal.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 46 Ministério Público: princípios constitucionais.

De acordo com o STJ, no REsp 1.535.222-MA, a assertiva está correta. De fato, se um membro
de Ministério Público Estadual praticar uma falta administrativa que também esteja prevista na lei
penal como crime, o prazo prescricional para ingressar com a ação civil para a aplicação da pena
administrativa de perda do cargo só terá início com o trânsito em julgado da sentença condenatória
no âmbito penal.

Vale lembrar que os membros do MP gozam de vitaliciedade e somente podem perder o cargo
por sentença judicial transitada em julgado, segundo traz expressamente o art. 128, § 5º, I, “a”, da
CF/88.

GABARITO: CERTO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 39


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

23. O réu em processo criminal pode assumir, como substituto, o cargo de Presidente da
República.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 38 Presidente da República: poder regulamentar; medidas


provisórias. 39 Crimes de responsabilidade do Presidente da República e dos Ministros
de Estado.

O STF, na ADPF 402 MC-REF/DF, julgada em 7/12/2016, entendeu de modo diverso. Para
a Suprema Corte, o réu em processo criminal não pode assumir, como substituto, o cargo de
Presidente da República.

Segundo o art. 80 da CF/88, em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou


vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência
o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.

Dito isso, se um desses substitutos se tornarem réus criminais perante o STF, eles ficaram impedidos
de exercer a função de Presidente.

Por outro lado, entendeu o STF, que se eles já ocupam cargos como chefe de algum Poder, eles
poderão permanecer nesses cargos.

GABARITO: ERRADO

24. Haverá violação à Súmula Vinculante 10, e ao art. 97 da CF/88, a decisão do órgão
fracionário do Tribunal que deixa de aplicar a norma infraconstitucional por entender não
haver subsunção aos fatos ou, ainda, que a incidência normativa seja resolvida mediante a
sua mesma interpretação, sem potencial ofensa direta à Constituição.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 41 Supremo Tribunal Federal: organização e competência.


Súmula Vinculante.

O STF, na Rcl 24284/SP, julgada em 22/11/2016, entendeu de forma diversa. Para ele, não haverá
violação à Súmula Vinculante 10, e ao art. 97 da CF/88, a decisão do órgão fracionário do Tribunal
que deixa de aplicar a norma infraconstitucional por entender não haver subsunção aos fatos
ou, ainda, que a incidência normativa seja resolvida mediante a sua mesma interpretação, sem
potencial ofensa direta à Constituição.

No caso em tela, entendeu o Supremo que a reclamação constitucional fundada em afronta a


súmula vinculante supracitada não pode ser utilizada como substituto de recurso ou de uma ação

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 40


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

própria que tenha como tema a constitucionalidade de normas que foram objeto de interpretação
das autoridades competentes.

Art. 97 da CF/88. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros
do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei
ou ato normativo do Poder Público.

Súmula vinculante 10 do STF: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de
órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei
ou ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.

GABARITO: ERRADO

25. Digamos que determinado Estado da federação tenha editado uma Lei estadual que
obriga concessionárias a instalarem bloqueadores de celular. Seria correto afirmar que essa
lei é inconstitucional.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 28 Estado federal: conceito e sistemas de repartição de


competência, direito comparado, discriminação de competência na Constituição de
1988, Intervenção federal, Princípio da simetria constitucional.

Segundo o STF, no julgamento da ADI 3835/MS, sim. Se uma lei estadual dispor sobre bloqueadores
de sinal de celular em presídio, essa lei estará invadindo a competência da União para legislar
sobre telecomunicação.

Essa situação chegou ao STF porque alguns estados com base no art. 24, inciso I, da CF/88, que
traz a legislação concorrente para o direito penitenciário, passaram a editar leis que obrigaram
companhias de telefonia a instalar equipamentos para bloqueio do sinal de celular, em locais
próximos aos presídios.

Ocorre que, entendeu-se que o tema pertencia aos arts. 21, inciso XI, e 22, IV, da CF/88 que trata
das telecomunicações, que seria da competência da União.

Art. 21. Compete à União:

XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços


de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços,
a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais;

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 41


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:

I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: VITOR VELOSO


E-mail: profcei.vitorveloso@gmail.com

DIREITO ECONÔMICO

26. Nos termos Lei 12.529/2011, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica é formado
pelo Tribunal Administrativo de Defesa Econômica, a Superintendência-Geral e pela Secretaria
de Acompanhamento Econômico. Dentre outras, é competência do Plenário do Tribunal
requerer à Procuradoria Federal junto ao CADE a adoção de providências administrativas e
judiciais.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 14. Defesa da Concorrência Lei nº 12.529/2011.

Queridos alunos, mais uma vez trago questão relacionada a Lei 12.529/2011. Em razão da sua
importância para a matéria de Direito Econômico, continuaremos a tratá-la nas rodadas do curso.
Tenho convicção que serão questões certas na próxima prova da Procuradoria-Geral Federal,
fiquem atentos.

Embora traga parte do disposto no art. 5º, a questão insere um órgão estranho ao CADE, trata-
se da Secretaria de Acompanhamento Econômico que, embora esteja na estrutura do Sistema
Brasileiro de Defesa da Concorrência, na verdade integra o Ministério da Fazenda. É necessário
conhecer bem a letra da lei, já que a similaridade dos termos utilizados pode confundir na hora da
prova.

Art. 3º. O SBDC é formado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE
e pela Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, com as
atribuições previstas nesta Lei.

Art. 5º. O Cade é constituído pelos seguintes órgãos:

I - Tribunal Administrativo de Defesa Econômica;

II - Superintendência-Geral; e

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 42


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

III - Departamento de Estudos Econômicos.

A parte final da questão reproduz um trecho correto da referida lei, apenas para confundir o
candidato, é uma tática bastante comum nas provas do Cespe. Por isso reitero a necessidade de
leitura da “lei seca”.

GABARITO: ERRADO

27. A prática de gun jumping é caracterizada pela consumação de atos de concentração


econômica antes da decisão final do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, com
previsão expressa na Lei nº 12.529/2011.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 14. Defesa da Concorrência Lei nº 12.529/2011; Infrações à ordem


econômica. Atos de concentração.

Prezados alunos, a resposta está correta. Gun Jumping é uma prática caracterizada pela consumação
de atos de concentração antes de uma decisão final do CADE. Trata-se de um conceito importado
do direito estrangeiro e que foi expressamente previsto na lei que estrutura o Sistema Brasileiro
de Defesa da Concorrência, no art. 88, § 3º, da Lei nº 12.529/2011. Segue o texto para melhor
elucidação:

Art. 88. Serão submetidos ao Cade pelas partes envolvidas na operação os atos de
concentração econômica em que, cumulativamente:

(...)

§ 3º Os atos que se subsumirem ao disposto no caput deste artigo não podem ser
consumados antes de apreciados, nos termos deste artigo e do procedimento previsto
no Capítulo II do Título VI desta Lei, sob pena de nulidade, sendo ainda imposta multa
pecuniária, de valor não inferior a R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) nem superior a R$
60.000.000,00 (sessenta milhões de reais), a ser aplicada nos termos da regulamentação,
sem prejuízo da abertura de processo administrativo, nos termos do art. 69 desta Lei.

É um conceito ainda pouco explorado pela doutrina brasileira. Entretanto, o próprio CADE elaborou
um guia prático para a análise desse tipo de ato. Esse é o link caso queiram fazer uma leitura
complementar. (www.cade.gov.br/acesso-a-informacao/...do_Cade/gun-jumping-versao-final.pdf)

No guia é possível observar que essas atividades são separadas em três grupos:

(i) troca de informações entre os agentes econômicos envolvidos em um


determinado ato de concentração, busca-se evitar que informações concorrencialmente

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 43


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

sensíveis sejam desnecessariamente transmitidas entre as partes, de forma a prejudicar


a concorrência entre elas caso o ato de concentração não seja consumado (seja por
falta de aprovação do Cade, seja por questões inerentes à própria negociação).

(ii) definição de cláusulas contratuais que regem a relação entre agentes


econômicos têm seu foco no teor das regras que regerão a relação entre os agentes
econômicos antes de terminada eventual análise antitruste pelo Cade.

(iii) atividades das partes antes e durante a implementação do ato de concentração,


essas versam principalmente sobre a consumação efetiva de ao menos parte da
operação antes da sua devida aprovação pela autoridade antitruste.

Pessoal, trata-se de um conceito que foi aplicado pela primeira vez pelo CADE há cerca de 1 ano!
Por isso há chances de aparecer algo na prova de vocês, então fiquem atentos.

GABARITO: CERTO

Julgue os itens que se seguem, referentes à intervenção do estado no domínio econômico


e às parcerias público-privadas.

28. Em um procedimento licitatório para contratação de projeto de parceria público-privada


no âmbito da ANAC, autarquia federal, este deve ocorrer obrigatoriamente na modalidade
concorrência. Sendo possível, ainda, a inversão da ordem das fases de habilitação e
julgamento.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 13. Contribuições de Intervenção no domínio econômico. Serviços


Públicos. Monopólios. Concessões e Permissões. Parcerias Público Privadas.

Fiquem atentos ao edital! Embora essa questão aparente estar relacionada ao Direito Administrativo,
ela também consta do conteúdo programático da matéria de Direito Econômico. Esse tema foi,
inclusive, cobrado na última prova. Então não se espantem se encontrarem perguntas assim, já
que também estão relacionadas a intervenção do Estado no mercado.

Segundo Leonardo Vizeu, trata-se de uma “forma de financiamento para investimentos em diversos
setores de interesse coletivo, dentre os quais podemos destacar: infraestrutura, saúde, educação,
captando recursos da iniciativa privada para aplicação em áreas que ficavam, historicamente, às
expensas exclusivas do Poder Público.”

A questão reproduz dois trechos da Lei nº 11.079/2004, especificamente os artigos 10 e 13, onde
estão dispostos alguns requisitos para a instituição de uma PPP.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 44


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

O art. 10 trouxe a exigência de prévia licitação na modalidade concorrência, constitui um mecanismo


de proteção ao interesse público, em razão da complexidade desse tipo de contratação e do valor
envolvido (é vedada celebração de contrato com valor inferior a vinte milhões de reais, art. 2º, § 4º).

Art. 10. A contratação de parceria público-privada será precedida de licitação na


modalidade de concorrência, estando a abertura do processo licitatório condicionada
a: (...)

Por seu turno, o art. 13 traz previsão expressa sobre a possibilidade de inversão da ordem das fases
de habilitação e de julgamento, mas fiquem atentos que se trata de faculdade do administrador que
pode aplicar a ordem comum ao procedimento.

Art. 13. O edital poderá prever a inversão da ordem das fases de habilitação e
julgamento, hipótese em que: (...)

Essa sistemática é prevista em outras normas, como a Lei do Pregão (nº 10.520/2002) e a Lei nº
12.462/2011, que instituiu o Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC.

Por essas razões está correta a presente questão.

(Figueiredo, Leonardo Vizeu, 1975 – Lições de direito econômico / Leonardo Vizeu Figueiredo. – 7.
ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2014.)

GABARITO: CERTO

29. A pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos
fluidos, constituem monopólio da União. Não sendo possível, entretanto, que este ente
contrate empresas privadas para a realização dessas atividades, em razão da possibilidade
de violação do interesse público.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 13. Contribuições de Intervenção no domínio econômico. Serviços


Públicos. Monopólios. Concessões e Permissões. Parcerias Público Privadas.

Prezados alunos, primeiramente mostro-lhes o conceito de monopólio do Professor Leonardo


Vizeu, bastante elucidativo:

“Monopólio é a exploração exclusiva de determinada atividade econômica por um único


agente, não se admitindo a entrada de outros competidores. Outrossim, por atividade
econômica entende-se todo o processo de produção e circulação de bens, serviços e
riquezas na sociedade.

(...)

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 45


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

Trata-se, destarte, de situação específica de concorrência imperfeita, em que um


agente econômico detém o mercado de produto ou serviço, impondo sua vontade e
estabelecendo os preços aos que comercializam.”

Pois bem. A intervenção do Estado na exploração direta de uma atividade econômica é algo
excepcional. Sendo classificada pelo Ministro Eros Grau como uma intervenção por absorção, já
que o Estado está avocando para si a iniciativa de exploração de determinada atividade econômica.

A Constituição Federal dispõe que esse tipo de intervenção só será permitida quando for necessária
aos imperativos da segurança nacional ou tenha relevante interesse coletivo, definidos em lei.
Trata-se do art. 173, in verbis:

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de


atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos
da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

Nesse sentido, coube ao constituinte, no art. 177, apresentar as hipóteses em que é possível a
prática de monopólios pela União. São os seguintes:

Art. 177. Constituem monopólio da União:

I – a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos


fluidos;

II – a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;

III – a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das


atividades previstas nos incisos anteriores;

IV – o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos


de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de
petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem;

V – a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização


e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos
radioisótopos cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas.

Como podemos observar a primeira parte da questão encontra-se correta, já que efetivamente a
pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos constituem
monopólio da União.

Ocorre, entretanto, que a contratação de empresas estatais ou privadas para realização dessas
atividades não é vedada, por expressa previsão constitucional disposta no § 1º do referido artigo.
Excepciona-se apenas o inciso V. Por essa razão a questão encontra-se errada, não havendo que
se falar em violação ao interesse público.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 46


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

§ 1º A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização


das atividades previstas nos incisos I a IV deste artigo, observadas as condições
estabelecidas em lei.

(Figueiredo, Leonardo Vizeu, 1975 – Lições de direito econômico / Leonardo Vizeu


Figueiredo. – 7. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2014.)

GABARITO: ERRADO

PROFESSORA: MARIA CHRISTINA


E-mail: profcei.mariachristina@gmail.com

DIREITO FINANCEIRO

30. É necessária autorização legislativa para que o Executivo possa efetuar operação
creditícia, tais como operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 6 Crédito público. Conceito. Dívida Pública: conceito. Disciplina


Constitucional, classificação e extinção.

A afirmação está correta, uma vez que cabe ao Congresso Nacional dispor sobre todas as
matérias de competência da União entre as quais se encontram as operações de crédito,
dívida pública e emissões de curso forçado, segundo dispõe o art. 48, II, da Constituição Federal.
O que a Carta Magna pretende é a observância do princípio da legalidade para a realização de
empréstimos públicos.

Para o autor Ricardo Lobo Torres “crédito público consiste em empréstimos captados no
mercado financeiro interno ou externo, através de contratos assinados com os bancos e instituições
financeiras ou de oferecimento de títulos públicos em geral. Estende-se, ainda, à concessão de
garantias e avais, que potencialmente podem gerar endividamento”. (TORRES, Ricardo Lobo.
Curso de Direito Financeiro e Tributário. Rio de Janeiro: Renovar, 2005, p. 217).

Tendo em vista a relevância dos empréstimos públicos e visando evitar que um nível alto de
endividamento comprometa a sobrevivência do Estado, foram fixadas normas rígidas na Constituição
Federal para a questão da dívida pública.

Assim, embora o empréstimo público tenha similaridade com os contratos de mútuo do direito civil,
o Estado não figura em posição de igualdade com o particular e nem tem a mesma liberdade deste
na operação, pois há necessidade de autorização legislativa e previsão orçamentária para a sua

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 47


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

realização, bem como sujeita-se a controle do Congresso Nacional.

GABARITO: CERTO

De acordo com a Lei nº 4.320/164, que estatui normas gerais de direito financeiro, julgue o
item subsecutivo.

31. A lei considera como dívida flutuante aqueles lançamentos definidos como restos a
pagar, excluídos os serviços da dívida, os serviços da dívida a pagar, os depósitos e também
os débitos de tesouraria.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 6 (....) Dívida Pública: conceito. Disciplina Constitucional, classificação


e extinção.

A assertiva está correta, uma vez que a Lei nº 4.320/1964 define como dívida flutuante: restos
a pagar, excluídos os serviços da dívida; os serviços da dívida a pagar; os depósitos; e
também os débitos de tesouraria, em disposição expressa constante no art. 92.

Para compreender o conceito de dívida flutuante é preciso partir da classificação do crédito público.
Assim, este pode ser classificado quanto à coercitividade, quanto à temporalidade e quanto à
origem dos recursos.

Em breve síntese, o crédito público pode ser forçado ou voluntário, pelo parâmetro da coercitividade.
O empréstimo forçado (também chamado de involuntário) é o realizado sem a anuência do
prestamista, assentado do ato de autoridade do Estado (ex. depósitos compulsórios feitos pelos
bancos junto ao Banco Central). Por outro lado, o crédito voluntário, mais comum, consiste num
contrato de mútuo ou de aquisição de títulos públicos representativos da dívida, que são realizados
entre o Estado e o particular.

Quanto à temporalidade, os empréstimos podem ser perpétuos ou temporários. Estes, por sua vez,
podem ser classificados em dívida flutuante (dívida de curto prazo para atender a necessidades
momentâneas) e dívida fundada ou consolidada (é aquela contraída em prazo superior a doze
meses, segundo o art. 98 da Lei nº 4.320/1964 e art. 29, I, da Lei de Responsabilidade Fiscal). Note
que o crédito público, por esse prisma, é uma fonte de receita para o Estado ao mesmo tempo em
que representa o Estado como devedor.

Em relação à origem dos recursos, os empréstimos se distinguem em internos e externos. Aqueles


são as dívidas contraídas com as instituições financeiras do país ou através da colocação de títulos
no mercado. E estes são os empréstimos celebrados em moeda estrangeira, com uma pessoa não
nacional (ex. FMI) ou os títulos colocados nos mercados internacionais de capitais.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 48


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

Registre-se, em simples palavras, os chamados serviços da dívida são os juros pagos pelos
empréstimos públicos.

GABARITO: CERTO

Com referência à Lei de Responsabilidade Fiscal no que se refere ao crédito público, julgue
os itens que seguem.

32. Não é admitido que um ente da Federação realize operação de crédito, na qualidade de
beneficiário do empréstimo, com uma instituição financeira estatal por ele controlada.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 6 Crédito público. Conceito. Dívida Pública: conceito. Disciplina


Constitucional, classificação e extinção.

A afirmação está correta, pois a Lei de Responsabilidade fiscal veda “operação de crédito entre
uma instituição financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na qualidade de
beneficiário do empréstimo”, segundo seu art. 36.

Dessa sorte, para que o empréstimo esteja de acordo com a lei, é necessário que a instituição
financeira seja de outro ente da Federação e não daquele que realiza o empréstimo. A título de
exemplo, o Estado do Mato Grosso pode realizar uma operação de crédito com uma instituição
financeira controlada pelo Estado de Minas Gerais.

A regra, assim como toda a LRF, tem como objetivo garantir a gestão fiscal responsável.

GABARITO: CERTO

33. É permitida pela LRF a operação de crédito consistente em confissão de dívida com
fornecedor de bens, mercadorias ou serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de
crédito.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 6 Crédito público. Conceito. Dívida Pública: conceito. Disciplina


Constitucional, classificação e extinção.

A assertiva está errada, uma vez que a confissão de dívida entabulada com fornecedor de
bens, mercadorias ou serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito é
expressamente vedada pela LRF.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 49


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

Além da confissão de dívida, a lei equipara a empréstimo outras operações de créditos e também
veda a sua realização, de acordo do o art. 37.

Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito e estão vedados:

I - captação de recursos a título de antecipação de receita de tributo ou contribuição cujo


fato gerador ainda não tenha ocorrido, sem prejuízo do disposto no § 7º do art. 150 da
Constituição;

II - recebimento antecipado de valores de empresa em que o Poder Público detenha,


direta ou indiretamente, a maioria do capital social com direito a voto, salvo lucros e
dividendos, na forma da legislação;

III - assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou operação assemelhada,


com fornecedor de bens, mercadorias ou serviços, mediante emissão, aceite ou aval de
título de crédito, não se aplicando esta vedação a empresas estatais dependentes;

IV - assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, com fornecedores para


pagamento a posteriori de bens e serviços.

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: RODOLFO CURSINO


E-mail: profcei.rodolfocursino@gmail.com

DIREITO TRIBUTÁRIO

34. Por expressa disposição da Lei de Execuções Fiscais, aplicam-se aos créditos não
tributários todos os privilégios e garantias previstos no Código Tributário Nacional.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 7 Garantias e privilégios do crédito tributário. 25 Execução fiscal de


crédito não fiscal (“não tributário”).

A Lei nº 6.830/80, Lei das Execuções Fiscais, dispõe sobre a aplicabilidade do procedimento
de cobrança judicial a todos os créditos, sejam de natureza tributária ou não tributária. Neste
ponto, referida legislação define a Dívida Ativa da Fazenda Pública como aquela denominada
como tributária ou não tributária na Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações
posteriores. No parágrafo primeiro do seu artigo 2º, acrescenta que será considerada Dívida Ativa
da Fazenda Pública qualquer valor, cuja cobrança seja atribuída por lei à União, aos Estados, ao
Distrito Federal, aos Municípios e suas respectivas autarquias. Da leitura da Lei nº 4.320/64, em

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 50


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

seu artigo 39 e parágrafos, depreende-se as diferenciações entre os conceitos de dívida ativa


tributária e não tributária. A primeira corresponderia ao crédito da Fazenda Pública de natureza
tributária, proveniente de obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais e multas,
ao passo em que a dívida ativa não tributária seriam os demais créditos da Fazenda Pública,
tais como os provenientes de empréstimos compulsórios, contribuições estabelecidas em lei,
multa de qualquer origem ou natureza, exceto as tributárias, foros, laudêmios, alugueis ou taxas
de ocupação, custas processuais, preços de serviços prestados por estabelecimentos públicos,
indenizações, reposições, restituições, alcances dos responsáveis definitivamente julgados, bem
assim os créditos decorrentes de obrigações em moeda estrangeira, de sub-rogação de hipoteca,
fiança, aval ou outra garantia, de contratos em geral ou de outras obrigações legais.

O Código Tributário Nacional, como decorre de seu próprio nome, aplica-se, em regra, apenas
aos créditos que possuem natureza tributária, cabendo a outros normativos regularem a cobrança
dos créditos de natureza não tributária. No entanto, por disposição do artigo 4º, parágrafo 4º,
da LEF, aplica-se à Dívida Ativa da Fazenda Pública de natureza não tributária o disposto
nos artigos 186 e 188 a 192 do Código Tributário Nacional, que regula algumas garantias e
privilégios.

O erro na assertiva se encontra ao alongar a aplicação a todos os privilégios e garantias, uma vez
que aos créditos não tributários não se aplicam os institutos previstos nos artigos 185, 185-A e 187,
do CTN.

GABARITO: ERRADO

35. Em execução fiscal, caracteriza-se a prescrição intercorrente quando, não localizado o


devedor ou não encontrados bens aptos à penhora, o feito ficar suspenso por cinco anos.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 16 Prescrição intercorrente.

O instituto da prescrição intercorrente se encontra previsto na Lei de Execuções Fiscais, Lei nº


6.830/80, em seu artigo 40 e parágrafos. Quando, no curso da execução fiscal, após diversas
diligências, não for localizado o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa recair a
penhora, é dever do juiz determinar a suspensão da execução. Durante o período em que os autos
se encontrarem suspensos, por expressa disposição legal, não correrá o prazo prescricional.

Decorrido o prazo máximo de um ano da suspensão dos autos, sem que tenha a Fazenda Pública
adotado providência apta e útil ao prosseguimento do feito, o Juiz determinará o arquivamento
dos autos. É o arquivamento dos autos, e não a sua suspensão, o marco inicial de contagem do
prazo prescricional. Neste sentido, inclusive, a própria Súmula nº 314/STJ, dispõe que o cômputo

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 51


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

do prazo prescricional apenas ocorre após o decurso de um ano de suspensão dos autos: “em
execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por um ano, findo o
qual se inicia o prazo da prescrição qüinqüenal intercorrente”.

Assim, de acordo com a Lei de Execuções fiscais, pode-se afirmar que o instituto da prescrição
intercorrente ocorre quando, não localizado o devedor ou encontrados bens aptos à penhora, e
decorrido o prazo de suspensão, o feito ficar arquivado por cinco anos, durante os quais não
houver sido adotada qualquer providência útil ao prosseguimento por parte da Fazenda Pública ou
demonstrada eventual causa suspensiva ou interruptiva da prescrição.

GABARITO: ERRADO

36. Tratando-se de instituto de ordem pública, é possível que a prescrição intercorrente seja
decretada de ofício, sem prévia manifestação da Fazenda Pública Federal.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 16 Prescrição intercorrente.

Pelos princípios da celeridade e economicidade processual, cooperação processual e não surpresa,


ampla defesa e contraditório, entende-se, no moderno Direito Processual Civil, que, antes de
proferir decisão apta a causar prejuízo às partes, é dever do Judiciário proporcionar a manifestação
prévia às partes envolvidas, para que possam interferir em sua construção. Neste contexto, o §
4º, do Artigo 40, da Lei de Execuções Fiscal, dispõe que, decorrido o prazo prescricional, o juiz
poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato, depois de ouvida
a Fazenda Pública. Assim, em regra, ainda que possa ser decretada de ofício, necessário se
faz seja oportunizada manifestação prévia à Fazenda Pública, para que possa, eventualmente,
demonstrar causas aptas a afastar a configuração da referida prescrição. Isto também é o que
consta do artigo 921, § 5º, do Código de Processo Civil, que regula a prescrição intercorrente
aplicável às execuções cíveis.

No entanto, ao dispor ser possível que a prescrição intercorrente seja decretada de ofício sem
prévia manifestação da Fazenda Pública, a assertiva se encontra correta. Isto porque, embora a
regra seja a prévia manifestação da Fazenda Pública, a própria de Lei de Execuções Fiscais, em
seu artigo 40, § 5º, previu exceção, dispondo que a manifestação prévia da Fazenda Pública
será dispensada em casos de cobranças judiciais cujo valor seja inferior ao mínimo fixado
por ato do Ministro de Estado da Fazenda.

No que se refere aos créditos tributários cobrados pela União, através da Procuradoria da Fazenda
Nacional, por exemplo, a Portaria MF nº 75/2012 fixou como valor mínimo para ajuizamento o
montante de R$ 20.000,00.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 52


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

GABARITO: CERTO

37. É constitucional a cobrança de taxa municipal de coleta de lixo originado de imóvel federal.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 8 Sistema Tributário Nacional. Princípios gerais. Limitações do poder


de tributar. Impostos da União. Impostos dos estados e do Distrito Federal. Impostos
dos municípios. Repartição das receitas tributárias.

A assertiva objetivou tratar de uma das limitações ao Poder de Tributar, qual seja, a imunidade
tributária recíproca, prevista no artigo 150, inciso VI, alínea a, da Constituição Federal de 1988. Da
análise do referido dispositivo, depreende-se ser vedado aos entes federados “instituir impostos
sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros”. Ou seja, referida limitação constitucional
apenas tem aplicação no que se refere à cobrança de impostos, não vedando seja realizada
a cobrança de outras espécies tributárias entre os entes federativos.

Neste contexto, a assertiva dispõe acerca da cobrança de taxa instituída por um Município em
face de um imóvel federal, o que não possui qualquer vedação constitucional. Ademais, a taxa
em questão se refere a uma taxa de coleta de lixo, a qual já fora considerada constitucional pelo
Supremo Tribunal Federal, conforme se infere do enunciado de Súmula Vinculante nº 19, segundo
o qual “a taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção
e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis não viola o artigo
145, II, da Constituição Federal”. Discussão havia quanto à referida cobrança no que tange à
interpretação se o serviço de coleta de lixo atenderia aos requisitos necessários à instituição da
taxa, qual seja, corresponder a um serviço específico e divisível. Ao apreciar o tema, o Supremo
Tribunal Federal firmou o entendimento de que são “específicos e divisíveis os serviços
públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de
imóveis, desde que essas atividades sejam completamente dissociadas de outros serviços
públicos de limpeza realizados em benefício da população em geral (uti universi) e de forma
indivisível, tais como os de conservação e limpeza de logradouros e bens públicos (praças,
calçadas, vias, ruas, bueiros). Decorre daí que as taxas cobradas em razão exclusivamente dos
serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes
de imóveis são constitucionais, ao passo que é inconstitucional a cobrança de valores tidos como
taxa em razão de serviços de conservação e limpeza de logradouros e bens públicos”. (STF, RE
576321 RG-QO, Relator Ministro Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, julgamento em 4.12.2008)

GABARITO: CERTO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 53


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

38. Se o Município do Recife publicar, em dezembro de 2017, uma lei que majore a base
de cálculo do IPTU, referido normativo já será aplicável aos fatos geradores ocorridos em
janeiro de 2018.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 8 Sistema Tributário Nacional. Princípios gerais. Limitações do poder


de tributar. Impostos da União. Impostos dos estados e do Distrito Federal. Impostos
dos municípios. Repartição das receitas tributárias.

Como cediço, em regra, para a instituição ou majoração de tributos, deve-se obedecer a alguns
princípios bases da vedação a não surpresa. A anterioridade de exercício financeiro, corresponde à
impossibilidade de instituição ou majoração de tributos no mesmo exercício financeiro em que haja
sido publicada a lei que os institui ou aumentou. Ou seja, se uma lei for publicada em 2017 para
majoração de um tributo, apenas será aplicável no exercício seguinte, em 2018.

A anterioridade nonagesimal corresponde à proibição de que sejam cobrados tributos antes de


decorridos 90 dias da data de publicação da lei que os instituiu ou aumentou. Assim, em regra, no
exemplo acima, se um tributo for majorado por uma lei publicada em 31 dezembro de 2017, só será
aplicável tal majoração em 2018 (anterioridade de exercício financeiro) e em 31 de março 2018
(anterioridade nonagesimal). Isto é o que decorre da previsão constitucional do artigo 150, inciso
III, alíneas b e c. Ademais, no que tange às contribuições sociais, há semelhante previsão no artigo
195, § 6º, da Constituição Federal de 1988, que, para muitos, ali estabeleceu um terceiro princípio,
denominado Noventena, mas com regra semelhante à anterioridade nonagesimal.

De acordo com a regra geral acima exposta, a assertiva se encontraria incorreta, por desconsiderar
a anterioridade nonagesimal. Ocorre que a própria Constituição Federal cuidou de traçar
diversas exceções aos mencionados princípios, sendo a base de cálculo do IPTU uma
exceção à anterioridade nonagesimal, conforme previsão do artigo 153, § 1º. Assim, correta
se encontra a assertiva.

Segue quadro Mnemónico de diferenciação:

PRINCÍPIO CONCEITO
Impossibilidade de instituição ou majoração de tributos no mesmo
ANTERIORIDADE DE
exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os
EXERCÍCIO FINANCEIRO
institui ou aumentou.
ANTERIORIDADE
Proibição de que sejam cobrados tributos antes de decorridos 90
NONAGESIMAL E
dias da data de publicação da lei que os instituiu ou aumentou.
NOVENTENA

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 54


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

GABARITO: CERTO

39. Uma das funções da Lei Complementar, em Direito Tributário, é dispor sobre conflitos de
competência entre os entes federativos.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 3 Norma tributária. Espécies. Vigência e aplicação. Interpretação e


integração. Natureza.

A Lei Complementar possui enorme importância para o Direito Tributário, sobretudo diante das
diversas previsões constitucionais a seu respeito. Primeiramente, em seu artigo 146, dispõe a
Constituição Federal de 1988 sobre a utilização da Lei Complementar para dispor sobre
a) conflitos de competência; b) limitações constitucionais ao poder de tributar; e c)
normais gerais em direito tributário. Neste último ponto, especificou-se parte das previsões
das normas gerais, devendo-se utilizar a Lei Complementar para dispor sobre a) definição de
tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados na Constituição,
a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento,
crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo
praticado pelas sociedades cooperativas; d) definição de tratamento diferenciado e favorecido
para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou
simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I
e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239, todos da Constituição Federal de 1988.

Em segundo lugar, verifica-se de dispositivos constitucionais esparsos que a Lei Complementar


ainda tem outras importantes funções, sendo utilizada para instituição das Contribuições Sociais
Residuais (art. 195, § 4º, CF); Impostos Residuais (art. 154, I, CF); Empréstimos Compulsórios
(art. 148, CF); e Impostos sobre Grandes Fortunas (art. 153, VII, CF). Em conclusão, a assertiva se
encontra correta por refletir a disposição do artigo 146, da CF.

GABARITO: CERTO

40. Os fatos geradores complexivos são caracterizados por vários eventos ocorridos em um
período de tempo determinado.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 4 Obrigação tributária: conceito; espécies; fato gerador (hipótese de


incidência); sujeitos ativo e passivo; solidariedade; capacidade tributária; domicílio
tributário.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 55


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

No direito tributário, entende-se que o sujeito passivo deverá arcar com o pagamento de uma
obrigação quando verificada a ocorrência, no mundo fático, da hipótese de incidência prevista
em lei. Trata-se do fato gerador, que, nos termos do artigo 114, do CTN, em relação à obrigação
tributária principal, é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.

Ocorre que as relações jurídicas são complexas, não bastando uma única definição do que seria o
fato gerador e quando houve a sua ocorrência. Por este motivo, diante da diversidade de hipóteses,
a doutrina costuma dividir os fatos geradores em continuados, instantâneos e periódicos (ou
complexivos). Os primeiros correspondem aos fatos que se baseiam em um evento único,
mas que se prolonga no tempo. É o caso do IPTU e do ITR, a partir do qual a propriedade
é um evento único, que decorre da mera aquisição (registro) do imóvel, mas cujos efeitos se
perpetuam pelo tempo, até que se constate eventual perda do direito de propriedade. Os fatos
geradores complexivos, por sua vez, correspondem a diversos eventos ocorridos em um
determinado período de tempo. O clássico exemplo é o do Imposto de Renda, a partir do qual,
todo mês, em regra, o sujeito passivo aufere renda, rendimentos, etc., mas apenas ao fim do ano
que se considera ocorrido o fato gerador referente a todo o montante auferido. Por fim, os fatos
geradores instantâneos são os que ocorrem em um momento único e específico no tempo.
Como exemplo, tem-se o imposto de importação, ocorrendo o fato gerador no momento da entrada
da mercadoria estrangeira no território nacional. Segue quadro Mnemónico para facilitar a revisão:

FATO GERADOR CONCEITO EXEMPLOS


Fatos que se baseiam em
CONTINUADOS um evento único, mas que se IPTU, ITR
prolonga no tempo
Soma de diversos eventos
PERIÓDICO OU
ocorridos em um determinado IR
COMPLEXIVOS
período de tempo
INSTANTÂNEOS OU Ocorrem em um momento
II
SIMPLES único e específico no tempo.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: RUBENS VENTURA


E-mail: profcei.rubensventura@gmail.com

LEGISLAÇÃO DE ENSINO

41. Segundo o STF, é inconstitucional lei estadual prevendo o número máximo de alunos
que poderiam estudar nas salas de aula das escolas, públicas ou particulares, ali existentes,

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 56


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

por usurpar a competência da União para legislar sobre normas gerais de educação.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 1 A educação na Constituição da República Federativa do Brasil.

Trata-se de mais um entendimento jurisprudencial que com certeza deve ser cobrado na sua prova.

A decisão proferida pelo STF decorreu do julgamento da ADI 4060/SC (Informativo 775), em
que a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino pretendeu a declaração de
inconstitucionalidade de lei estadual prevendo o número máximo de alunos que poderiam estudar
nas salas de aula das escolas, públicas ou particulares, ali existentes, argumentando que se trata
de norma geral, sendo, pois, de competência legislativa da União.

Segundo o STF, referida norma jurídica não é inconstitucional, uma vez que se insere na competência
suplementar dos Estados-membros, nos termos do artigo 24, inciso IX e § 1º, da CF/88, por dois
motivos:

(i) limite máximo de alunos em sala de aula é um tema que não precisa ser tratado de forma
idêntica em todo o Brasil não precisando ter uma uniformidade nacional;

(ii) em matéria de competência legislativa, deve-se prestigiar as leis de iniciativas regionais e locais,
a menos que ofendam norma expressa e inequívoca da CF/88.

Questão certa de ser cobrada, por envolver competência legislativa em matéria de educação.

GABARITO: ERRADO

42. Segundo o STF, é inconstitucional lei estadual que determina que os escritórios de prática
jurídica de universidade estadual mantenham plantão criminal para atendimento, nos finais
de semana e feriados, dos hipossuficientes presos em flagrante delito.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 1 A educação na Constituição da República Federativa do Brasil. 2


Autonomia universitária.

Questão bastante importante e que pode cair na sua prova, por envolver um ponto específico do
edital do último concurso.

A matéria foi apreciada pelo STF por ocasião do julgamento da ADI 3.792, em que se assentou
o entendimento de que é inconstitucional lei estadual que determina que os escritórios de prática
jurídica de universidade estadual mantenham plantão criminal para atendimento, nos finais de
semana e feriados, dos hipossuficientes presos em flagrante delito.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 57


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

Para o STF, muito embora a autonomia universitária não se revista de caráter de independência
(RMS nº 22.047/DF-AgR, ADI nº 1.599/UFMC), atributo dos Poderes da República, revela a
impossibilidade de exercício de tutela ou indevida ingerência no âmago próprio de suas funções,
assegurando à universidade a discricionariedade de dispor ou propor (legislativamente) sobre sua
estrutura e funcionamento.

O STF entendeu que o artigo 53 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei Federal n.º
9.394/1996, ao especificar o conteúdo do princípio da autonomia universitária, assegura a liberdade
das Instituições de Ensino Superior para fixar os currículos dos seus cursos e programas, implicando
o atendimento dos hipossuficientes presos em flagrante delito determinado por lei estadual em
alteração do currículo na parte de estágio obrigatório dos acadêmicos de Direito.

Muita atenção porque pode ser cobrado esse entendimento.

GABARITO: CERTO

PROFESSORA: MARIANNA MOTTA


E-mail: profcei.mariannamotta@gmail.com

LEGISLAÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL

43. Sempre que possível, o ato de concessão ou de reativação de auxílio-doença, judicial ou


administrativo, deverá fixar o prazo estimado para a duração do benefício. Na ausência de
fixação da Data da Cessação do Benefício (DCB), o benefício cessará após o prazo de cento
e vinte dias, contado da data de concessão ou de reativação do auxílio-doença, exceto se o
segurado requerer a sua prorrogação perante o INSS, na forma do regulamento.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Auxílio-doença. DCB.

O enunciado da questão trazido acima retrata a literalidade dos §§ 8º e 9º do art. 60 da Lei 8.213/91,
motivo pelo qual está correto. Referidos dispositivos, por terem sido incluídos pela Lei nº 13.457,
de 2017, requerem atenção redobrada para o concurso vindouro. Até a edição da MP 739/2016,
o instituto da alta programada ou COPES – Cobertura Previdenciária Estimada – estava previsto
no art. 78 do Regulamento da Previdência Social (Decreto nº 3.048/99), e não na Lei nº 8.213/91.
Referido dispositivo contempla que o INSS poderá estabelecer, mediante avaliação médico-pericial,
o prazo que entender suficiente para a recuperação da capacidade para o trabalho do segurado,
dispensada nessa hipótese a realização de nova perícia. Caso insuficiente o prazo estimado de
recuperação, o segurado tem a possibilidade de requerer a realização de nova perícia nos 15

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 58


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

dias anteriores à alta estimada. A jurisprudência predominante posiciona-se no sentido da alta


programada ser ilegal, pois a perícia médica seria condição indispensável à cessação do benefício,
ou seja, somente ela poderia atestar se o segurado possui ou não condição de retornar às suas
atividades habituais. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU)
fixou o seguinte entendimento: “É indevida a fixação de termo final à cessação de auxílio-doença
por meio de decisão judicial (Alta Programada Judicial). Se a incapacidade surgir posteriormente ao
requerimento administrativo, o termo inicial do benefício por incapacidade concedido judicialmente
deverá ser fixado na data da citação” (PEDILEF 050134-33.2014.4.05.8302, j. 11/12/2015). Referiu,
a TNU, que o prazo indicado pelo perito como suficiente ao restabelecimento da capacidade seria
apenas uma estimativa, uma vez que a recuperação da capacidade laboral dependeria de fatores
alheios à vontade do segurado e do INSS. Com a publicação da MP 739, vigente de 7/7/2016 a
4/11/2016, o art. 60, da Lei nº 8.213/91, ganhou os §§ 8º e 9º, os quais dispunham que, sempre
que possível, o ato de concessão ou de reativação de auxílio-doença, judicial ou administrativo,
deverá fixar o prazo estimado para a duração do benefício e, se ausente a fixação de prazo final,
o benefício cessará em 120 dias, contados da data de concessão ou de reativação, salvo se o
segurado requerer sua prorrogação junto ao INSS, no período de 15 dias anterior ao prazo final.
Ocorre que a MP 739/2016 perdeu sua vigência a contar de 5/11/2016, pois não foi convertida em
lei. Posteriormente, foi publicada a MP 767, de 6 de janeiro de 2017, convertida na Lei nº 13.457,
de 26 de junho de 2017, que trouxe novamente para o contexto da Lei nº 8.213/91, a necessidade
de ser fixada a Data de Cessação do Benefício de auxílio-doença, sempre que possível e, na
eventualidade de não ser fixada, o benefício cessa em 120 dias da data de concessão ou de
reativação, sendo possível ao segurado requerer a prorrogação nos 15 dias anteriores à data
aprazada para o término, o que foi feito no art. 60, §§ 11 e 12. Ou seja, a regra atual é de que o
ato de concessão ou de reativação de auxílio-doença, seja judicial ou administrativo, deverá fixar
o prazo estimado para a duração do benefício sempre que possível. A exceção fica por conta de,
se não for fixado o prazo, o benefício deverá cessar automaticamente em 120 dias, contados
da data de concessão ou de reativação, exceto se o segurado requerer a sua prorrogação junto
ao INSS. Assim, tendo em vista que a alta programada permite ao segurado que solicite a sua
prorrogação, não haveria que se falar em ilegalidade nem em procedimento arbitrário, abusivo
ou que porventura viole garantias constitucionais. Ainda, deve-se atentar à inserção do § 10 ao
art. 60 da Lei nº 8.213/91, dispondo que o segurado, em gozo de auxílio-doença, concedido
judicial ou administrativamente, poderá ser convocado a qualquer momento para avaliação das
condições que ensejaram sua concessão ou manutenção à similaridade do que já era previsto para
a aposentadoria por invalidez (Lei nº 8.213/91, art. 60, § 4º). Verifica-se, portanto, que a publicação
da Lei nº 8.213/91 teve o intuito de superar a jurisprudência predominante, que preconizava a
ilegalidade da alta programada, bem como previu a necessidade de ser fixada a data de cessação
do benefício tanto para auxílios-doença concedidos administrativa quanto judicialmente.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 59


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

Auxílio-doença. Lei nº 8.213/91.


De 8/7/2016 a A partir de
Até 7/7/2016 De 5/11/2016 a De 6/1/2017 a
4/11/2016 27/6/2017
5/1/2017 26/6/2017
(antes da MP
(após a MP (Lei nº
739/2016) (Lei nº 8.213/91) (MP 767/2017)
739/2016) 13.457/2017)
Art. 62. O Art. 62. O
segurado segurado
em gozo de em gozo de
auxílio-doença, auxílio-doença,
insusceptível insusceptível
de recuperação de recuperação
Art. 62. O
para sua para sua
segurado Art. 62. O
atividade atividade
Art. 62. O em gozo de segurado
habitual, deverá habitual, deverá
segurado auxílio-doença, em gozo de
submeter-se submeter-se
em gozo de insusceptível auxílio-doença,
a processo de a processo de
auxílio-doença, de recuperação insuscetível de
reabilitação reabilitação
insusceptível para sua recuperação
profissional para profissional para
de recuperação atividade para sua
o exercício de o exercício de
para sua habitual, deverá atividade
outra atividade. outra atividade.
atividade submeter-se habitual, deverá
Não cessará o Não cessará o
habitual, deverá a processo de submeter-se
benefício até que benefício até que
submeter-se reabilitação a processo de
seja dado como seja dado como
a processo de profissional para reabilitação
habilitado para o habilitado para o
reabilitação o exercício de profissional para
desempenho de desempenho de
profissional. sua atividade o exercício de
nova atividade nova atividade
habitual ou de outra atividade.
que lhe garanta que lhe garanta
outra atividade.
a subsistência a subsistência
ou, quando ou, quando
considerado não- considerado não-
recuperável, for recuperável, for
aposentado por aposentado por
invalidez. invalidez.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 60


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

Parágrafo único.
Parágrafo único.
O benefício a
Parágrafo único. O benefício a
que se refere
O benefício será que se refere
o caput deste
mantido até que o caput será
artigo será
o segurado seja mantido até que
mantido até que
considerado o segurado seja
o segurado seja
reabilitado para considerado
considerado
o desempenho reabilitado para
reabilitado para
de atividade o desempenho
o desempenho
que lhe garanta de atividade
de atividade
a subsistência que lhe garanta
que lhe garanta
ou, quando a subsistência
a subsistência
considerado não ou, quando
ou, quando
recuperável, for considerado não
considerado não
aposentado por recuperável, seja
recuperável, seja
invalidez. aposentado por
aposentado por
invalidez.
invalidez.

GABARITO: CERTO

44. Decai em 10 anos todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para a
revisão do ato de concessão de benefício, a contar da Data de Início do Benefício (DIB) ou,
quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no
âmbito administrativo.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Decadência.

O caput do art. 103 da Lei nº 8.213/91 prevê que decai em 10 anos todo e qualquer direito ou
ação do segurado ou beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício, a contar
do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso,
do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo.
Verifica-se, portanto, estar-se diante de 2 hipóteses de decadência. Uma, a decadência decenal
para a revisão de benefício previdenciário concedido. Duas, a decadência decenal para a
impugnação de ato administrativo que indeferiu benefício previdenciário. Aquela tem início
a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira parcela. Significa
dizer que tendo um benefício data de início em 2.1.2017 (Data do Início do Benefício – DIB) e o

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 61


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

pagamento, pelo INSS, da primeira prestação ocorrido em 5.1.2017 (Data do Início do Pagamento
– DIP), é a partir desta, e não daquela data que tem início o prazo decadencial, motivo pelo qual
o enunciado da questão posta acima se revela incorreto. Frederico Amado (Curso de direito
e processo previdenciário. 9. ed. rev. ampl. e atual. Salvador: Juspodium, 2017, p. 978) refere
que, apesar da omissão legal e do raro tratamento doutrinário, seria possível conceituar ação de
“revisão do ato de concessão do benefício” como aquela que pretende o recálculo da renda do
benefício, normalmente a renda mensal. Tendo em vista que apenas a contar de 27/6/1997, por
meio da publicação da MP 1.523-9/1997, foi instituído o prazo decadencial decenal para que os
segurados e seus dependentes postulem a revisão de benefícios já deferidos, surgiu dúvida acerca
da aplicação ou não desse prazo aos benefícios concedidos anteriormente a 27/6/1997. Após
intensa e longa discussão jurisprudencial, restou assentado, pelo STF, o entendimento de que o
prazo de 10 anos para revisão de benefícios do INSS aplica-se a benefícios concedidos antes
da MP 1.523-9/1997: PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS).
REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. 1. O direito à previdência
social constitui direito fundamental e, uma vez implementados os pressupostos de sua aquisição,
não deve ser afetado pelo decurso do tempo. Como consequência, inexiste prazo decadencial
para a concessão inicial do benefício previdenciário. 2. É legítima, todavia, a instituição de prazo
decadencial de dez anos para a revisão de benefício já́ concedido, com fundamento no princípio
da segurança jurídica, no interesse em evitar a eternização dos litígios e na busca de equilíbrio
financeiro e atuarial para o sistema previdenciário. 3. O prazo decadencial de dez anos, instituído
pela Medida Provisória 1.523, de 28.06.1997, tem como termo inicial o dia 1º de agosto de 1997, por
força de disposição nela expressamente prevista. Tal regra incide, inclusive, sobre benefícios
concedidos anteriormente, sem que isso importe em retroatividade vedada pela Constituição.
4. Inexiste direito adquirido a regime jurídico não sujeito a decadência. 5. Recurso extraordinário
conhecido e provido. (RE 626.489-SE, Rel. Min. Roberto Barroso). Ademais, convém recordar que
a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU) possui entendimento
sumulado de que “não incide o prazo decadencial previsto no art. 103, caput, da Lei n. 8.213/91,
nos casos de indeferimento e cessação de benefícios, bem como em relação às questões não
apreciadas pela Administração no ato da concessão”, isto é, temas não apreciados pelo INSS no
ato de concessão, não estão sujeitos a prazo decadencial. Por outro lado, o caput do art. 103 da Lei
nº 8.213/91 traz também a decadência decenal para a impugnação de ato administrativo que
indeferiu benefício previdenciário a contar da ciência do indeferimento. Significa dizer que, “se o
INSS indeferiu um benefício previdenciário, terá o requerente o prazo de dez anos para solicitar
a revisão judicial desse ato, a contar do dia da notificação do indeferimento, caso permaneça a
mesma situação fática original. Isso porque se o segurado ou o seu dependente postularem o
mesmo benefício, mas com novos fundamentos, não se realizará a decadência decenal, pois serão
demandas diversas” (AMADO, Frederico. Curso de direito e processo previdenciário. 9. ed. rev.
ampl. e atual. Salvador: Juspodium, 2017, p. 995). Do exposto, deve restar claro que não existe
prazo decadencial para a concessão inicial do benefício previdenciário, mas, sim, para a revisão

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 62


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

do ato concessório de benefício ou do ato que o indefere. Aquele a contar do dia primeiro do mês
seguinte ao do recebimento da primeira prestação alcançada ao beneficiário; este, da data da
ciência do indeferimento administrativo.

GABARITO: ERRADO

45. O benefício assistencial de prestação continuada, nos termos da Lei nº 8.742/93 e do


entendimento do STJ, para ser concedido, requer a comprovação de incapacidade duradoura
e absoluta, ou seja, não se permite ao requerente do benefício o desempenho de qualquer
atividade da vida diária nem o exercício de qualquer atividade laborativa.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Assistência social. Benefício assistencial de prestação continuada.


Requisitos.

Conforme a Constituição Federal, art. 203, caput, é devido um salário mínimo como garantia mensal,
independentemente de contribuição à Seguridade Social, à pessoa portadora de deficiência e ao
idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por
sua família, conforme dispuser a lei. A fim de regulamentar o comando constitucional, foi publicada
a Lei nº 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), a qual disciplina, atualmente,
em seu art. 20, caput, que o benefício assistencial de prestação continuada é a garantia de um
salário mínimo mensal alcançado à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 anos ou mais que
comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família.
Ocorre que o § 2º do art. 20 da referida lei, em sua redação original, dispunha que, para efeito de
concessão do benefício assistencial de prestação continuada, a pessoa portadora de deficiência
seria aquela incapacitada para a vida independente e para o trabalho, porém não delimitava um
marco temporal. Em 2011, foram publicadas as Leis nº 12.435 e 12.470, que trouxeram nova
redação ao § 2º do art. 20 da LOAS. Aquela referiu que se considerava pessoa com deficiência
aquela que tivesse impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial,
os quais, em interação com diversas barreiras, poderiam obstruir sua participação plena e efetiva
na sociedade com as demais pessoas. Ainda, preocupou-se em definir o que seria impedimento de
longo prazo como aquele que incapacitasse a pessoa para a vida independente e para o trabalho
pelo prazo mínimo de 2 anos. Por sua vez, a Lei nº 12.470 trouxe o impedimento mental como
um dos possíveis requisitos a caracterizar a pessoa com deficiência. Em 2015, em virtude da
edição da Lei nº 13.146, o § 2º do art. 20 da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) passou
a dispor que se considera pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou
mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 63


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

de condições com as demais pessoas. Mantido, como de longo prazo, o impedimento que
produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 anos nos termos do § 10 do art. 20 da LOAS. Todavia,
ainda que alargado o conceito de deficiência e fixado um marco temporal mínimo, emergiu a dúvida
de se a LOAS, em alguma de suas edições, teria exigido a incapacidade absoluta de pessoa com
deficiência para concessão do benefício de prestação continuada. O STJ, recentemente, dirimiu
a controvérsia ao julgar o REsp 1.404.019-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
27/6/2017, DJe 3/8/2017, tendo referido que em nenhuma das edições da LOAS havia exigência
de comprovação da incapacidade absoluta pelo requerente do benefício, motivo pelo qual não é
possível ao intérprete acrescer requisitos mais rígidos do que aqueles previstos na legislação para
a concessão do benefício. Desse modo, a assertiva trazida acima está incorreta, uma vez que
refere que o benefício assistencial de prestação continuada, nos termos da Lei nº 8.742/93 e do
entendimento do STJ, para ser concedido, não requer a comprovação de incapacidade absoluta,
mas, sim, impedimento, seja de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que, cotejado
com uma ou mais barreiras (fatores ambientais e atividades e participação), produza incapacidade
por um período mínimo de 2 anos.

GABARITO: ERRADO

46. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após


consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas
que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. Todavia,
o recebimento de salário ou concessão de outro benefício, inclusive o de aposentadoria,
prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-acidente.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Auxílio-acidente.

O benefício de auxílio-acidente está disciplinado no caput e parágrafos do art. 86 da Lei nº


8.213/91. Ele é devido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões
decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução
da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia ou impossibilidade de desempenho
da atividade que exercia à época do acidente (caput do art. 86 da Lei nº 8.213/91 c/c incisos
I a III do art. 104 do Decreto nº 3.048/99). Todavia, não é todo e qualquer segurado que terá
direito à sua percepção. Ele apenas é devido ao segurado empregado, ao trabalhador avulso, ao
segurado especial e ao empregado doméstico nos termos do § 1º do art. 18 da Lei nº 8.213/91,
com redação dada pela LC nº 150/2015. Dizer que o auxílio-acidente reveste-se do caráter
indenizatório é dizer que ele não é substitutivo da remuneração do segurado, mas se destina a
servir de acréscimo aos seus rendimentos em virtude de infortúnio que lhe reduziu a capacidade

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 64


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

ao labor, o que é comprovado pelo § 1º do art. 60 da Lei nº 8.213/91, o qual dispõe que a renda
mensal do auxílio-acidente corresponderá a 50% (cinquenta por cento) do salário-de-benefício,
podendo, inclusive, ser inferior a um salário mínimo. Deve-se observar, ainda, que a Lei nº 8.213/91
não restringe a concessão do auxílio-acidente apenas a infortúnios decorrentes do trabalho. Tal
diferenciação terá relevância significativa quando da análise da competência para processar e
julgar ações envolvendo pedidos de benefícios de natureza acidentária, uma vez que se o acidente
for decorrente do trabalho, será competente apenas a justiça estadual conforme o inciso I do art.
109 da CF/88 (Aos juízes federais compete processar e julgar: (...)I - as causas em que a União,
entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés,
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à
Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho). Nesse sentido, inclusive, tem-se as Súmulas 501 do STF e
15 do STJ. Por algum tempo, discutiu-se se seria possível condicionar-se a concessão do benefício
acidentário à irreversibilidade da moléstia incapacitante. O STJ, dirimindo a controvérsia, fixou a
tese de que “será devido o auxílio-acidente quando demonstrado o nexo de causalidade entre a
redução de natureza permanente da capacidade laborativa e a atividade profissional desenvolvida,
sendo irrelevante a possibilidade de reversibilidade da doença” (REsp. 1112886. Tema 156). Nos
termos do § 2º do art. 60 da Lei nº 8.213/91, a data do início do auxílio-acidente deve ser fixada
a contar do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer
remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com qualquer
aposentadoria. Significa dizer que o recebimento de salário ou concessão de outro benefício,
exceto de aposentadoria, não prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-acidente
conforme a redação do § 3º do art. 60 da Lei nº 8.213/91. Deve-se verificar que a vedação, ao
segurado, de cumulação do auxílio-acidente com aposentadoria foi trazida à Lei nº 8.213/91 pela
Lei nº 9.528/97, fruto da conversão da MP 1.596-14, de 10 de novembro de 1997, pois, a partir da
entrada em vigor desta, o auxílio-acidente passou a integrar o salário de contribuição para fins do
cálculo do salário de benefício da aposentadoria (art. 31 da Lei nº 8.213/91). Significa que, para que
sejam cumulados auxílio-acidente e aposentadoria, a lesão incapacitante e a aposentadoria devem
ser anteriores a 11/11/1997. Nesse sentido, há entendimento sumulado tanto da AGU quanto do
STJ, motivo pelo qual se sugere atenção redobrada às Súmulas 75, de 2 de abril de 2014, da
AGU e 507 do STJ, as quais, respectivamente, dispõem que: “para a acumulação do auxílio-
acidente com proventos de aposentadoria, a consolidação das lesões decorrentes de acidentes de
qualquer natureza, que resulte sequelas definitivas, nos termos do art. 86 da Lei nº 8.213/91, e a
concessão da aposentadoria devem ser anteriores às alterações inseridas no art. 86, § 2º da Lei
nº 8.213/91, pela Medida Provisória nº 1.596-14, convertida na Lei nº 9.528/97” e “a acumulação
de auxílio-acidente com aposentadoria pressupõe que a lesão incapacitante e a aposentadoria
sejam anteriores a 11/11/1997, observado o critério do art. 23 da Lei 8.213/1991 para definição do
momento da lesão nos casos de doença profissional ou do trabalho”. Frente ao exposto, verifica-
se que o enunciado trazido acima contém erro em sua parte final, uma vez que refere que o
recebimento de salário ou concessão de outro benefício, inclusive o de aposentadoria, prejudicará

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 65


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

a continuidade do recebimento do auxílio-acidente, contrariando o disposto no § 3º do art. 60 da


Lei nº 8.213/91. Por fim, vale mencionar que a perda da audição, em qualquer grau, somente
proporcionará a concessão do auxílio-acidente, quando, além do reconhecimento de causalidade
entre o trabalho e a doença, resultar, comprovadamente, na redução ou perda da capacidade
para o trabalho que habitualmente exercia. Isto é, “não será qualquer acidente que ensejará
o pagamento do auxílio-acidente em razão da perda da audição, mas apenas os decorrentes de
acidente de trabalho e equipados” (Curso de direito e processo previdenciário. 9. ed. rev. ampl. e
atual. Salvador: Juspodium, 2017, p. 875).

GABARITO: ERRADO

47. Em consonância com o entendimento do STF, o afastamento contínuo da atividade sem


contribuição não pode ser considerado para calcular aposentadoria por invalidez precedida
de auxílio-doença.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Lei 8.213/91, art. 29, § 5º

O art. 29 da Lei nº 8.213/91 dispõe a respeito do salário-de-benefício. Os seus incisos I a III


disciplinam no que consiste o salário-de-benefício conforme as diferentes espécies de benefícios
previdenciários. Por sua vez, o § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/91 refere que, se, no período básico
de cálculo (PBC), o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será
contada, considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício
que serviu de base para o cálculo da renda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos
benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1 (um) salário mínimo. Em torno de referida
disposição legal, pairava dúvida sobre se, quando a aposentadoria por invalidez fosse precedida
de recebimento de auxílio-doença, durante período não intercalado com atividade laboral, se
o valor dos proventos seria obtido mediante a transformação do auxílio-doença, correspondente
a 91% do salário-de-benefício, em aposentadoria por invalidez, equivalente a 100% do salário
de benefício ou se o auxílio-doença não intercalado com exercício de atividade laboral
deveria ser utilizado como salário de contribuição durante o tempo em que foi pago, repercutindo,
consequentemente, no cálculo do valor da aposentadoria mediante aplicação do § 5º do art. 29 da
Lei nº 8.213/91. Exemplificando: João se aposentou por invalidez após ter recebido auxílio-doença
sem ter havido, entre a data da cessação do auxílio-doença e a data do início da aposentadoria
por invalidez, exercício de atividade laborativa, isto é, sem ter havido contribuições à Previdência.
Nesse caso, qual seria o valor dos proventos de João: seria o valor decorrente da transformação
do auxílio-doença, correspondente a 91% do salário-de-benefício, em aposentadoria por invalidez,
equivalente a 100% do salário de benefício ou se o valor do benefício de aposentadoria por invalidez

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 66


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

deveria ser recalculado incluindo o valor recebido a título de auxílio-doença no período básico
de cálculo? Tendo em vista que a discussão chegou ao STF, coube a ele dirimir a controvérsia
tendo dado provimento ao recurso do INSS. Entendeu o Supremo que o afastamento contínuo
da atividade sem contribuição não pode ser considerado para calcular aposentadoria por
invalidez precedida de auxílio-doença, portanto, não teria incidência, nesses casos, o disposto
no § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/91, o qual é “uma exceção razoável à regra proibitiva de tempo
de contribuição ficta ou tempo ficto de contribuição”. Significa dizer, para o STF, que o § 5º do art.
29 da Lei nº 8.213/91 “equaciona a situação em que o afastamento que precede a aposentadoria
por invalidez não é contínuo, mas intercalado com períodos de labor”. “Em razão do caráter
contributivo do regime geral de previdência (CF/1988, art. 201, caput), o art. 29, § 5º, da Lei nº
8.213/1991 não se aplica à transformação de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez,
mas apenas a aposentadorias por invalidez precedidas de períodos de auxílio-doença intercalados
com intervalos de atividade, sendo válido o art. 36, § 7º, do Decreto nº 3.048/1999, mesmo após a
Lei nº 9.876/1999” (RE 583834-SC. Rel. Min. Ayres Britto. Tribunal Pleno. Julgamento: 21/9/2011).
Portanto, o enunciado da questão trazido acima está correto, pois reflete o atual entendimento do
STF sobre a aplicação do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/91 apenas quando houver o recebimento
de auxílio-doença intercalado com o exercício de atividade laboral, casos em que o auxílio-doença
integrará o período básico de cálculo (PBC) da aposentadoria por invalidez.

GABARITO: CERTO

48. Tendo em vista que a LC 109/2011, responsável por dispor sobre o Regime de Previdência
Complementar, não definiu quem são os beneficiários dos planos de previdência
complementar, o STJ firmou entendimento que o parceiro homoafetivo não deverá ser
considerado como beneficiário em plano de previdência privada, em virtude de a relação
não constituir entidade familiar.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 10. Previdência Complementar.

A Constituição Federal de 1988 disciplina o regime de previdência privada em seu art. 202, o
qual refere que ele é de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação
ao regime geral de previdência social, bem como que será facultativo, baseado na constituição
de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar. Em 2011, foi
publicada a Lei Complementar 108 e 109. Aquela dispõe sobre a relação entre a União, os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios, suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e
outras entidades públicas e suas respectivas entidades fechadas de previdência complementar.
Esta, a respeito do Regime de Previdência Complementar. A LC 109/2011 prevê, em seu art. 7º,

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 67


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

parágrafo único, a possibilidade de serem ofertados planos de benefícios nas modalidades de


benefício definido (o valor do benefício do participante é decidido no momento de sua adesão e
suas contribuições vão variar à medida de sua vida de trabalho para alcançarem o valor estipulado
inicialmente), contribuição definida (decide-se o tamanho da contribuição a ser efetuada ao plano,
e o benefício do participante é definido no momento da aposentadoria, com base no montante
de recursos que o participante tenha contribuído durante o período que trabalhou) e contribuição
variável (presentes características de ambos os tipos de planos citados acima, ou seja, é uma
mistura entre contribuição e benefício definidos). Em que pese a LC 109/2011, em seu art. 8º,
tenha definido quem é o participante (pessoa física que aderir aos planos de benefícios) e quem
é o assistido (participante ou seu beneficiário em gozo de benefício de prestação continuada),
não cuidou de tratar quem é ou quem são os beneficiários. Desse modo, essa tarefa fica a cargo
dos respectivos planos. No que diz respeito ao parceiro homoafetivo, o STJ já se manifestou,
de modo expresso, no sentido de que ele deverá ser considerado como beneficiário em plano
de previdência privada, por ser a relação apta a instituir entidade familiar, à similaridade do
que ocorre no âmbito do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) (REsp 1026981, Rel. Min.
Nancy Andrighi, de 4/2/2010). “Previdência privada. Benefícios. Complementação. Pensão post
mortem. União entre pessoas do mesmo sexo. Princípios fundamentais. Emprego de analogia
para suprir lacuna legislativa. Necessidade de demonstração inequívoca da presença dos
elementos essenciais à caracterização da união estável, com a evidente exceção da diversidade
de sexos. Igualdade de condições entre beneficiários. (...) Mediante ponderada intervenção do
Juiz, munido das balizas da integração da norma lacunosa por meio da analogia, considerando-
se a previdência privada em sua acepção de coadjuvante da previdência geral e seguindo os
princípios que dão forma ao Direito Previdenciário como um todo, dentre os quais se destaca o da
solidariedade, são considerados beneficiários os companheiros de mesmo sexo de participantes
dos planos de previdência, sem preconceitos ou restrições de qualquer ordem, notadamente
aquelas amparadas em ausência de disposição legal”. Assim, a assertiva acima colocada está
incorreta, pois não reflete o entendimento do STJ, devendo, sim, o companheiro homoafetivo ser
considerado beneficiário em plano de previdência privada.

GABARITO: ERRADO

49. Conforme o atual entendimento da TNU, os valores recebidos por força de antecipação
dos efeitos da tutela, posteriormente revogada em demanda previdenciária, são irrepetíveis
em razão da natureza alimentar e da boa-fé no seu recebimento.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Repetibilidade de valores recebidos por força de antecipação de tutela


posteriormente revogada.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 68


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

Conforme o art. 115 da Lei nº 8.213/91, os débitos do segurado ou dos dependentes poderão ser
descontados dos benefícios previdenciários desde que autorizados pela legislação previdenciária.
Dentre esses descontos legais permitidos, consta, no inciso III do art. 115 da Lei de Benefícios, a
possibilidade de ser efetuado o desconto do pagamento de benefício além do devido pelo INSS ao
segurado. A divergência pairava em torno da possibilidade de devolução, pelo segurado ao INSS,
das parcelas que lhe foram alcançadas em decorrência de benefício previdenciário concedido em
virtude de decisões judiciais provisórias posteriormente revertidas. Ocorre que a Lei nº 8.213/91
continha disposição, na redação original do seu art. 130 e seu parágrafo único, de que os recursos
interpostos pelo INSS em processos que envolvam prestações desta lei, serão recebidos
exclusivamente no efeito devolutivo, cumprindo-se, desde logo, a decisão ou sentença, através
de processo suplementar ou carta de sentença e, em caso de reforma da decisão, o benefício
seria suspenso e exonerado o beneficiário de restituir os valores recebidos por força da
liquidação condicionada. Todavia, referido art. 130 foi suspenso pelo STF na ADI/MC 675, cujo
julgamento ocorreu em 6/10/94, em virtude de que se entendeu que teria havido violação do regime
de precatório ao permitir a execução provisória do julgado e, ainda, que o seu parágrafo único
afrontaria o duplo grau de jurisdição ao impossibilitar a restituição dos valores alcançados pelo
INSS ao beneficiário, ainda que provido o recurso interposto pela Autarquia Previdenciária. Por sua
vez, o STJ se posicionou a respeito do assunto. Na edição 67 da Jurisprudência em Teses do STJ,
publicada em 5 de outubro de 2016, a Tese 15 dispôs que “os valores recebidos de benefícios
previdenciários recebidos por força de tutela antecipada posteriormente revogada devem
ser devolvidos, haja vista a reversibilidade da medida antecipatória, a ausência de boa-fé
objetiva do beneficiário e a vedação do enriquecimento sem causa”. Em contrapartida, a TNU
possuía entendimento contrário, consolidado em seu Enunciado 51: “os valores recebidos por
força de antecipação dos efeitos da tutela, posteriormente revogada em demanda previdenciária,
são irrepetíveis em razão da natureza alimentar e da boa-fé no seu recebimento”. Entretanto,
recentemente, mais precisamente em sessão de 30 de agosto, ocorrida na sede do TRF4, na
cidade de Porto Alegre, a TNU houve por bem seguir o entendimento uniformizado no âmbito do
Superior Tribunal de Justiça, qual seja, o Tema 692: “a reforma da decisão que antecipa a tutela
obriga o autor da ação a devolver os benefícios previdenciários indevidamente recebidos”, fruto
do julgamento do REsp nº 1.401.560 (Rel. p/ Acórdão Min. Ari Pargendler, 1ª Seção, julgado em
12/02/2014, DJe 13/10/2015). Assim, tem-se a incorreção do enunciado da questão acima trazida,
uma vez que reproduz o Enunciado 51 da TNU, que, atualmente, não mais subsiste em virtude do
seu cancelamento.

GABARITO: ERRADO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 69


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

50. É inconstitucional a previsão legal de diferenciação de alíquotas em relação às


contribuições previdenciárias incidentes sobre a folha de salários de instituições financeiras
ou de entidades a elas legalmente equiparáveis após a edição da Emenda Constitucional nº
20/1998.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Lei nº 8.212/91. Custeio. Instituições financeiras.

Embora menos requisitada do que a Lei nº 8.213/91 em provas de Procurador Federal, a leitura
e o consequente entendimento da Lei nº 8.212/91, relativa ao custeio do RGPS, não deve ser
negligenciada. O art. 22 da Lei nº 8.212/91 dispõe a respeito da contribuição incidente sobre a
folha de pagamento a cargo das empresas e destinadas à Seguridade Social. Verifica-se que,
em regra, a empresa deve contribuir à Seguridade com 20% (vinte por cento) sobre o total das
remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados
empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o
trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de
utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente
prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da
lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa,
bem como com 20% (vinte por cento) sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a
qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem
serviços. Todavia, o § 1º do art. 22 da Lei nº 8.213/91 traz uma exceção, que diz respeito ao
fato de ser a empresa enquadrada como banco comercial, banco de investimento, banco de
desenvolvimento, caixa econômica, sociedade de crédito, financiamento e investimento,
sociedade de crédito imobiliário, sociedade corretoras, distribuidora de títulos e valores
mobiliários, empresa de arrendamento mercantil, cooperativa de crédito, empresa de
seguros privados e de capitalização, agente autônomos de seguros privados e de crédito e
entidades de previdência privada abertas e fechadas. Nesses casos, além da contribuição de
20%, será devido, por essas empresas, alíquota adicional 2,5% (dois vírgula cinco por cento).
Ou seja, ao invés de essas empresas contribuírem com 20% (vinte por cento) à Seguridade Social,
contribuirão com 22,5% (vinte dois vírgula cinco por cento). Tendo em vista que o tema voltou à
tona recentemente quando do julgamento do RE 584458 AgR (Rel. do Min. Dias Toffoli, Segunda
Turma, julgado em 02/05/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-102 DIVULG 16/05/2017 PUBLIC
17/05/2017), entendeu-se por bem desenvolvê-lo, motivo pelo qual foi inserida esta questão na III
Rodada. A discussão que chegou ao STF diz respeito à possibilidade ou não de lei ordinária, no
caso, a Lei nº 9.876/99, dispor a respeito de alíquotas diferenciadas em relação às contribuições
previdenciárias incidentes sobre a folha de salários de instituições financeiras ou de entidades a
elas legalmente equiparáveis após a edição da Emenda Constitucional nº 20/1998. O Supremo

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 70


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

ratificou o seu entendimento de que é possível a instituição de alíquota diferenciada por lei ordinária
e de que não haveria vício de constitucionalidade, não havendo afronta ao disposto na alínea
“a” do inciso I do art. 195 da CF/88. Observe-se: “Agravo regimental no recurso extraordinário.
Contribuição previdenciária. Artigo 195, I, a, CF. Artigo 22, caput, III, § 1º, da Lei nº 8.212/91, com
a redação dada pela Lei nº 9.876/99. Instituição por lei ordinária. Possibilidade. Adicional de
2,5% sobre a folha de salários. Constitucionalidade. Serviço de corretagem. Enquadramento
legal. Questão infraconstitucional. Fatos e provas. 1. O Supremo Tribunal Federal consolidou o
entendimento de que a contribuição previdenciária prevista no art. 22, III, da Lei 8.212/1991, com a
redação dada pela Lei 9.876/1999, foi instituída com amparo no art. 195, I, a, da Constituição, com
a redação dada pela Emenda Constitucional 20/1998. Dessa forma, desnecessária a edição de lei
complementar para viabilizar sua cobrança. Precedentes. 2. É constitucional a previsão legal
de diferenciação de alíquotas em relação às contribuições previdenciárias incidentes sobre
a folha de salários de instituições financeiras ou de entidades a elas legalmente equiparáveis
após a edição da Emenda Constitucional nº 20/1998. Precedentes. (...)”. Ou seja, a necessidade
de lei complementar para instituição de contribuição social, para tributos não descritos nos termos
do § 4º do art. 195 da CF/88 não se aplica ao caso da previsão de alíquota diferenciada pela Lei
nº 9.7876/99 às instituições financeiras, pois a contribuição incidente sobre a folha de salários
está expressamente prevista na Constituição Federal desde a edição da EC nº 20/98. Portanto,
feito o cotejo entre o teor do enunciado e o teor do § 1º do art. 22 da Lei nº 8.213/91, verifica-se
sua incorreção quando refere ser inconstitucional a previsão legal de diferenciação de alíquotas
em relação às contribuições previdenciárias incidentes sobre a folha de salários de instituições
financeiras ou de entidades a elas legalmente equiparáveis após a edição da Emenda Constitucional
nº 20/1998, pois o STF entendeu ser constitucional conforme abordado e transcrito acima.

GABARITO: ERRADO

PROFESSORA: RENATA D’ÁVILA


E-mail: profcei.renatadavila@gmail.com

DIREITO AGRÁRIO

51. Imagine a seguinte situação: havendo uma desapropriação de imóvel rural, por interesse
social, para fins de reforma agrária, o expropriante, por sentença judicial, deverá depositar
o valor da indenização, em espécie, corrigido monetariamente, para as benfeitorias, porém
quanto à terra nua, esse valor deve ser depositado em títulos da dívida agrária.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 3 O Processo de desapropriação para fins de reforma agrária

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 71


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

(Leis Complementares nºs76/1993 e 88/1996).

Segundo o STF, no RE 247866/CE, a assertiva está errada, pois não é qualquer benfeitoria que
deve ser paga em dinheiro, apenas as úteis e necessárias. Ou seja, as voluptuárias não serão
pagas do mesmo modo. Além disso, o expropriante não precisa depositar a indenização, porque
esta será paga mediante precatório, com fulcro no art. 100 da CF/882.

2 Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em
virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à
conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos
créditos adicionais abertos para este fim.

§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos,


pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez,
fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com
preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo.

§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão hereditária, tenham 60
(sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de doença grave, ou pessoas com deficiência, assim definidos
na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo
fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade,
sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório.

§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos
de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de
sentença judicial transitada em julgado.

§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias, valores distintos às entidades
de direito público, segundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior
benefício do regime geral de previdência social.

§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento
de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários
apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus
valores atualizados monetariamente.

§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário,


cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o pagamento integral
e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para os casos de preterimento de seu direito de
precedência ou de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da
quantia respectiva.

§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a
liquidação regular de precatórios incorrerá em crime de responsabilidade e responderá, também, perante o
Conselho Nacional de Justiça.

§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de valor pago, bem como o


fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução para fins de enquadramento de parcela do total ao
que dispõe o § 3º deste artigo.

§ 9º No momento da expedição dos precatórios, independentemente de regulamentação, deles deverá ser


abatido, a título de compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não
em dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas
vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de contestação
administrativa ou judicial.

§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta em
até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os débitos que preencham as

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 72


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

GABARITO: ERRADO

condições estabelecidas no § 9º, para os fins nele previstos.

§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da entidade federativa devedora, a entrega de créditos
em precatórios para compra de imóveis públicos do respectivo ente federado.

§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de valores de requisitórios, após
sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de
remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples
no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de
juros compensatórios.

§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a terceiros, independentemente
da concordância do devedor, não se aplicando ao cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º.

§ 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após comunicação, por meio de petição protocolizada,
ao tribunal de origem e à entidade devedora.

§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complementar a esta Constituição Federal poderá estabelecer
regime especial para pagamento de crédito de precatórios de Estados, Distrito Federal e Municípios, dispondo
sobre vinculações à receita corrente líquida e forma e prazo de liquidação.

§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de
Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente.

§ 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aferirão mensalmente, em base anual, o
comprometimento de suas respectivas receitas correntes líquidas com o pagamento de precatórios e
obrigações de pequeno valor.

§ 18. Entende-se como receita corrente líquida, para os fins de que trata o § 17, o somatório das receitas
tributárias, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de contribuições e de serviços, de transferências
correntes e outras receitas correntes, incluindo as oriundas do § 1º do art. 20 da Constituição Federal,
verificado no período compreendido pelo segundo mês imediatamente anterior ao de referência e os 11 (onze)
meses precedentes, excluídas as duplicidades, e deduzidas:

I - na União, as parcelas entregues aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios por determinação constitucional;

II - nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional;

III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios, a contribuição dos servidores para custeio de seu
sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da compensação financeira referida no § 9º do
art. 201 da Constituição Federal.

§ 19. Caso o montante total de débitos decorrentes de condenações judiciais em precatórios e obrigações
de pequeno valor, em período de 12 (doze) meses, ultrapasse a média do comprometimento percentual da
receita corrente líquida nos 5 (cinco) anos imediatamente anteriores, a parcela que exceder esse percentual
poderá ser financiada, excetuada dos limites de endividamento de que tratam os incisos VI e VII do art. 52
da Constituição Federal e de quaisquer outros limites de endividamento previstos, não se aplicando a esse
financiamento a vedação de vinculação de receita prevista no inciso IV do art. 167 da Constituição Federal.

§ 20. Caso haja precatório com valor superior a 15% (quinze por cento) do montante dos precatórios
apresentados nos termos do § 5º deste artigo, 15% (quinze por cento) do valor deste precatório serão pagos
até o final do exercício seguinte e o restante em parcelas iguais nos cinco exercícios subsequentes, acrescidas
de juros de mora e correção monetária, ou mediante acordos diretos, perante Juízos Auxiliares de Conciliação
de Precatórios, com redução máxima de 40% (quarenta por cento) do valor do crédito atualizado, desde que
em relação ao crédito não penda recurso ou defesa judicial e que sejam observados os requisitos definidos na
regulamentação editada pelo ente federado.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 73


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

52. Compete privativamente a União legislar sobre o direito agrário.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 1 Teoria geral do Direito Agrário: conceito e princípios.

A assertiva está correta, segundo a CF/88, art. 22. Observe:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico,


espacial e do trabalho;

A princípio parece bem simples a afirmação acima, porém é muito comum a confusão entre os
concorrentes na prova da carreira da AGU.

Por isso, optamos por relembrar o tema. Afinal, o cargo de Procurador Federal lotado na matéria
do INCRA é de extrema importância.

GABARITO: CERTO

PROFESSORA: MARIA CHRISTINA


E-mail: profcei.mariachristina@gmail.com

DIREITO AMBIENTAL

A respeito do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, estruturado pela da Lei nº


6.938/1981, julgue os itens subsequentes.

53. O Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA é constituído pelo Conselho Nacional do
Meio Ambiente (CONAMA), como órgão superior; pela Secretaria Especial do Meio Ambiente
(SEMA), como órgão central; por órgãos ou entidades integrantes da Administração Pública
Federal, direta ou indireta, na qualidade de órgãos setoriais; por órgãos ou entidades
estaduais, na qualidade de órgãos seccionais e por órgãos ou entidades municipais,
representando as estruturas locais.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 6 Organizações dos Sistemas Nacionais de Meio Ambiente e de


Unidades de Conservação (SISNAMA e SNUC). Instrumentos da Política Nacional do
Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981).

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 74


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

A assertiva está errada, pois a estrutura referida estava prevista na redação original do art. 6º
da Lei nº 6.938/1981, que foi alterada pela Lei nº 7.804/1989, em seguida pela Lei nº 8.028/1990
e, posteriormente, pela Lei nº 12.856/2013. Dessa sorte, a constituição atual do SISNAMA prevê
os seguintes órgãos:

Art. 6º (...)

I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente


da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o
meio ambiente e os recursos ambientais;

II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA),


com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de
políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no
âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente
ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida;

III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, com


a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a
política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente;

IV - órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais


Renováveis - IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade -
Instituto Chico Mendes, com a finalidade de executar e fazer executar a política e as
diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com as respectivas
competências;

V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução


de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar
a degradação ambiental;

VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e


fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições.

Note-se que o SISNAMA é formado pelo conjunto de órgãos e instituições dos diversos níveis do
Poder Público, incumbidos da proteção do meio ambiente, representando o grande arcabouço
institucional da gestão ambiental no Brasil.

Assim, órgãos da União, Estados, Distrito Federal, Municípios e fundações instituídas pelo Poder
Público formam uma estrutura político-administrativa oficial, que é responsável pela proteção e
melhoria da qualidade ambiental.

Recomenda-se que o aluno faça uma leitura atenta do art. 6º para fixar o conhecimento acerca dos
órgãos que integram o SISNAMA.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 75


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

GABARITO: ERRADO

54. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) é órgão integrante do SISNAMA, com
competência consultiva, deliberativa e recursal, devendo dispor sobre normas e padrões
compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade
de vida.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 6 Organizações dos Sistemas Nacionais de Meio Ambiente e de


Unidades de Conservação (SISNAMA e SNUC). Instrumentos da Política Nacional do
Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981).

A assertiva está errada, pois o CONAMA não possui mais competência recursal. Na redação
original da Lei nº 6.938/1981, o CONAMA detinha competência para decidir, como última instância
administrativa recursal, sobre as multas e outras penalidades impostas pelo IBAMA. A Lei nº
11.941/2009 revogou expressamente o inciso III do art. 8º da Lei nº 6.938/1981, extinguindo,
portanto, a competência recursal desse órgão.

É importante mencionar que a revogação desse dispositivo acarretou a revogação tácita do art.
130 do Decreto nº 6.514/2008, por consectário lógico, uma vez que o conteúdo e alcance desse
Decreto devem estar compatíveis com o que está previsto na Lei em decorrência da qual ele foi
expedido.

O CONAMA é considerado o órgão maior do SISNAMA e é presidido pelo Ministro do Meio Ambiente.
Acrescente-se que “sua composição obedece a critérios geopolíticos (representação dos Estados
da Federação, do Distrito Federal e dos Municípios), critérios institucionais (representação de
Ministérios e outros), critérios sociopolíticos (representação da sociedade civil organizada). Integram-
no também, na condição de Conselheiros convidados, sem direito a voto, um representante do
Ministério Público Federal, um representante dos Ministérios Públicos estaduais e um representante
da Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias da Câmara dos Deputados”, de
acordo com o art. 5º do Decreto nº 99.274/1990 e alterações posteriores. (MILARÉ, Edis. Direito
do Ambiente. 10ª ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 643).

GABARITO: ERRADO

Julgue os itens a seguir, relativos às categorias de Unidades de Conservação da Natureza


previstas na Lei nº 9.985/2000.

55. É correto afirmar que as unidades de conservação integrantes do SNUC dividem-se

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 76


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

em Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável, sendo característica


específica deste último grupo a compatibilização da conservação da natureza com o uso
sustentável de parcela de seus recursos naturais.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 4 (...) A proteção e a conservação da biodiversidade. 6 Organizações


dos Sistemas Nacionais de Meio Ambiente e de Unidades de Conservação (SISNAMA
e SNUC).

A afirmação está correta. As Unidades de Proteção Integral ao lado das Unidades de Uso
Sustentável constituem os 02 (dois) grupos de unidades de conservação integrantes do
SNUC, nos termos da art. 7º da Lei nº 9.985/2000. Cada um desses grupos apresenta características
próprias, consoante §§ 1º e 2º do art. 7º. Nesse sentido, as Unidades de Proteção integral têm como
escopo básico a preservação da natureza, sendo admitido apenas o uso indireto de seus recursos
naturais, com exceções indicadas na lei. Por sua vez, as Unidades de Uso Sustentável apresentam
como objetivo básico a compatibilização da conservação da natureza com o uso sustentável de
parcela de seus recursos naturais.

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC encontra sua fundamentação


no art. 225, § 1º, I, II, III e VII da Constituição Federal. O conceito de unidade de conservação é
normativo, ou seja, é a própria lei instituidora do sistema que o define. Assim, o art. 2º, I, da citada
lei fixa a noção de unidade de conservação como o “espaço territorial e seus recursos ambientais,
incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído
pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”.

GABARITO: CERTO

56. Não é admitida a criação de novas unidades de conservação além das categorias
previstas na Lei nº 9.985/2000.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 6 Organizações dos Sistemas Nacionais de Meio Ambiente e de


Unidades de Conservação (SISNAMA e SNUC).

A assertiva está errada, pois a Lei nº 9.985/2000 admite que outras unidades de conservação
passem a integrar o sistema. Contudo, trata-se de situação excepcional e que necessita de
autorização do CONAMA.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 77


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

Dessa sorte, o parágrafo único do art. 6º da lei é expresso ao dispor que “Podem integrar o SNUC,
excepcionalmente e a critério do Conama, unidades de conservação estaduais e municipais
que, concebidas para atender a peculiaridades regionais ou locais, possuam objetivos de manejo
que não possam ser satisfatoriamente atendidos por nenhuma categoria prevista nesta Lei e cujas
características permitam, em relação a estas, uma clara distinção”. (GN).

Para facilitar a memorização do aluno, segue tabela com as categorias de Unidades de Conservação
para cada grupo:

Grupos Categorias
1. Estação Ecológica

2. Reserva Biológica
Unidades de
Proteção Integral 3. Parque Nacional
- UPI
4. Monumento Natural

5. Refúgio de Vida Silvestre


1. Área de Proteção Ambiental

2. Área de Relevante Interesse Ecológico

3. Floresta Nacional
Unidades de Uso
4. Reserva Extrativista
Sustentável - UUS
5. Reserva de Fauna

6. Reserva de Desenvolvimento Sustentável

7. Reserva Particular do Patrimônio Natural

GABARITO: ERRADO

57. As unidades de conservação e áreas protegidas criadas com base nas legislações
anteriores à Lei nº 9.985/2000 e que não pertençam às categorias nela previstas poderão
passar por procedimento de reavaliação com o objetivo de definir sua destinação, tendo em
vista a categoria e a função para as quais foram criadas.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 6 Organizações dos Sistemas Nacionais de Meio Ambiente e de


Unidades de Conservação (SISNAMA e SNUC).

A afirmação está correta e a regra está no art. 55 da lei que é categórico ao estabelecer que “As

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 78


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

unidades de conservação e áreas protegidas criadas com base nas legislações anteriores e que
não pertençam às categorias previstas nesta Lei serão reavaliadas, no todo ou em parte, no
prazo de até dois anos, com o objetivo de definir sua destinação com base na categoria e
função para as quais foram criadas”.

O intuito da lei é a proteção do meio ambiente por meio de espaços criados com finalidades
específicas. Logo, não pode haver empecilho intransponível a que espaços territoriais já
existentes sejam aproveitados e readequados em sua função na nobre missão de preservação da
biodiversidade.

Veja-se que a lei prevê que o procedimento para reavaliação dessas unidades de conservação e
áreas protegidas será disposto em Regulamento.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: RUBENS VENTURA


E-mail: profcei.rubensventura@gmail.com

DIREITO CIVIL

58. É cabível a desconsideração da personalidade jurídica denominada inversa para alcançar


bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, com
prejuízo a terceiros.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 2 Das pessoas. Das pessoas naturais. Das pessoas jurídicas. Do
domicílio.

O tema é de alta incidência em provas e deve ter uma atenção redobrada. A questão veiculou a
redação do Enunciado 283 da IV Jornada de Direito Civil do CJF/STJ, que estabelece que “É cabível
a desconsideração da personalidade jurídica denominada ‘inversa’ para alcançar bens de sócio
que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a terceiros.”

A desconsideração inversa é amplamente aceita na jurisprudência do STJ, permitindo-se evitar


que a personalidade jurídica se torne um meio para blindagem patrimonial de sócio devedor. É um
mecanismo muito utilizado pelo cônjuge ou companheiro empresário que, valendo-se de pessoa
jurídica por ele controlada, subtrai do outro cônjuge direito oriundo da sociedade afetiva.

Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald ensinam que: “No Direito de Família ‘a penetração
do véu societário torna-se uma poderosa arma a favor da parte mais débil do relacionamento afetivo

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 79


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

e que, usualmente, se torna vítima da fraude ou do abuso societário’, permitindo-se verdadeira


‘oxigenação do direito societário’, responsabilizando-se quem dele se utiliza com torpeza” (Curso
de Direito Civil, 14ª edição, 2016, p. 478 apud MADALENO, Rolf, A disregard e a sua efetivação no
juízo de família, op. cit., p. 55).

Registre-se que a desconsideração não implica em dissolução da personalidade jurídica, mas


mera ineficácia do contrato ou estatuto social da empresa frente a credores cujos direitos
não são satisfeitos.

Sobre o tema, remeto à leitura do REsp 1.236.916/RS e REsp 1.522.142.

GABARITO: CERTO

59. Pela teoria da desconsideração expansiva da personalidade jurídica, é possível


estender os efeitos da desconsideração da personalidade jurídica aos ‘sócios ocultos’ para
responsabilizar aquele indivíduo que coloca sua empresa em nome de um terceiro ou para
alcançar empresas de um mesmo grupo econômico.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 2 Das pessoas. Das pessoas naturais. Das pessoas jurídicas. Do
domicílio.

A teoria da desconsideração expansiva da personalidade jurídica restou aplicada pelo plenário do


TCU no Acórdão nº 2.593/2013, que é objeto do MS 32494, em trâmite perante o STF. Sem pretender
adentrar no mérito sobre se o ordenamento jurídico permite a denominada desconsideração
expansiva, a questão proposta tem por finalidade apenas estudar o seu conceito, na medida em
que ainda inexiste uma posição da jurisprudência sobre o assunto.

A teoria da desconsideração expansiva da personalidade jurídica da sociedade, terminologia


utilizada pelo Prof. Rafael Mônaco, cujas lições são reproduzidas por Monica Gusmão, pode ser
compreendida nos seguintes termos:

“Cuida-se da situação do chamado sócio oculto, não nos termos da sociedade em conta
de participação, fique claro, mas na condição ‘daquele que é sem nunca ter sido’, ou
seja, daquele que é o protagonista da empresa se valendo de interpostas pessoas
contratuais, denominadas na expressão popular de ‘laranjas’, ‘testa de ferro’, ‘homem
de palha’ e ‘boneco de gelo’, a funcionar como um véu, um anteparo, uma cortina,
enfim uma armadura à sua responsabilidade’” (GUSMÃO, Mônica. Lições de direito
empresarial, ed. 7, Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2008, p. 115/116).

Em síntese, pela teoria da desconsideração expansiva da personalidade jurídica, é possível estender

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 80


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

os efeitos da desconsideração da personalidade jurídica aos “laranjas” para responsabilizar aquele


indivíduo que coloca sua empresa em nome de um terceiro ou para alcançar empresas de um
mesmo grupo econômico.

GABARITO: CERTO

60. Segundo o STJ, o dano ambiental decorrente de omissão do Estado se submete à teoria
objetiva, sendo a responsabilidade civil caracterizada por ser solidária com os demais
causadores e de execução direta.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 10 Responsabilidade civil por dano causado ao meio ambiente e a


bens e direitos de valor artístico, estético, histórico e paisagístico.

Tema importantíssimo e que pode ser cobrado. A questão cobrava um conhecimento do aluno
sobre o regime de responsabilidade civil do Estado por omissão em direito ambiental. O STJ,
no julgamento do REsp 1071741, de leitura essencial, decidiu que, excepcionalmente nestes
casos de omissão do Estado que produz dano ambiental, deve ser aplicada a teoria objetiva,
mas a responsabilidade civil é solidária de execução subsidiária. O que significa haver uma
responsabilidade civil solidária de execução subsidiária?

O STJ explicou que no referido regime de responsabilidade civil, o Estado integra o título executivo
sob a condição de, como devedor-reserva, só ser convocado a quitar a dívida se o degradador
original, direto ou material (= devedor principal) não o fizer, seja por total ou parcial exaurimento
patrimonial ou insolvência, seja por impossibilidade ou incapacidade, inclusive técnica, de
cumprimento da prestação judicialmente imposta, assegurado, sempre, o direito de regresso (art.
934 do Código Civil), com a desconsideração da personalidade jurídica (art. 50 do Código Civil).

E por que não poderia o Estado sofrer a execução diretamente pelos danos ambientais ocasionados
pela omissão na atuação?

O STJ entendeu que seria desaconselhável chamar o Estado – que, fruto de sua posição anômala,
ao final das contas, como representante da sociedade-vítima do dano urbanístico-ambiental,
também é prejudicado –, a responder, na linha de frente, pela degradação materialmente causada
por terceiro e que só a este beneficia ou aproveita.

GABARITO: ERRADO

61. Segundo o STJ, o terceiro que explorou clandestinamente área objeto de outorga para
pesquisa de viabilidade de lavra de minérios não deve indenizar o particular que possuía

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 81


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

o direito de pesquisa e de lavra, pois os recursos minerais presentes no subsolo são de


propriedade da União, nos termos do artigo 20, inciso IX, da CF/88.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 8 Responsabilidade civil do Estado e do particular. 9 Responsabilidade


civil do fornecedor pelos produtos fabricados e pelos serviços prestados. 10
Responsabilidade civil por dano causado ao meio ambiente e a bens e direitos de
valor artístico, estético, histórico e paisagístico.

A questão poderia induzir a erro, porque apresenta uma fundamentação constitucional convincente,
caso se ignore a existência de outorga para pesquisa de viabilidade de lavra de minérios entre a União
e pessoa jurídica de direito privado. Com efeito, no julgamento do REsp 1471571, o STJ entendeu
que a CF/88 franqueia aos particulares a exploração dos minérios, garantindo aos mineradores a
propriedade do produto da lavra. A fim de ordenar o livre acesso aos recursos minerais, o Código
de Mineração utiliza-se do direito de prioridade, e, por consequência, assegura ao pesquisador, de
forma exclusiva, a futura exploração da reserva pesquisada, bem como a possibilidade de eventual
negociação desse direito.

Assim, terceiro que explora, clandestina e ilicitamente, a reserva pesquisada, atenta contra o
direito de prioridade e causa dano direto ao legítimo pesquisador, devendo, pois, ressarcir-lhe
integralmente o prejuízo.

GABARITO: ERRADO

62. De acordo com o STJ, o valor de 30 salários mínimos constante no art. 108 do Código Civil
brasileiro, em referência à forma pública ou particular dos negócios jurídicos que envolvam
bens imóveis, é o atribuído pelas partes contratantes, e não qualquer outro valor arbitrado
pela Administração Pública com finalidade tributária.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 5 Dos fatos jurídicos. Do negócio jurídico. Defeitos do negócio jurídico.
Dos atos jurídicos lícitos. Dos atos ilícitos. Da prescrição e da decadência. Da prova.

Muita atenção porque a matéria foi objeto de questionamento na prova dissertativa do último
concurso da AGU, e, também porque houve uma superação do Enunciado 289 da IV Jornada
de Direito Civil do CJF/STJ, segundo o qual “O valor de 30 salários mínimos constante no art.
108 do Código Civil brasileiro, em referência à forma pública ou particular dos negócios jurídicos
que envolvam bens imóveis, é o atribuído pelas partes contratantes, e não qualquer outro valor
arbitrado pela Administração Pública com finalidade tributária”.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 82


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

Isso porque o STJ, no julgamento do REsp 1099480, entendeu que o artigo 108 do CC/2002 se
refere ao valor do imóvel, e não ao preço do negócio. Assim, havendo disparidade entre ambos, é
aquele que deve ser levado em conta para efeito de aplicação da ressalva prevista na parte final
desse dispositivo legal.

O legislador quis, ao editar o artigo 108, possibilitar transações imobiliárias sem muito custo às
partes de baixa renda. Entendimento em contrário poderia induzir a fraudes, uma vez que as partes
poderiam atribuir ao negócio jurídico valores ínfimos.

A avaliação feita pela Fazenda Pública para atribuição do valor venal do imóvel é baseada em
critérios objetivos previstos em lei, refletindo, de forma muito mais consentânea com a realidade do
mercado imobiliário, o verdadeiro valor do imóvel objeto do negócio.

GABARITO: ERRADO

63. A comprovação de graves lesões decorrentes da abertura de air bag em acidente


automobilístico em baixíssima velocidade não configura a responsabilidade objetiva
da montadora de veículos pela reparação dos danos ao consumidor, uma vez que a
periculosidade do dispositivo é inerente ao seu funcionamento.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 9 Responsabilidade civil do fornecedor pelos produtos fabricados e


pelos serviços prestados.

A questão explorava os limites que balizam a noção de produto defeituoso. Com efeito, o artigo
12, § 1º, do CDC, dispõe que “o produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele
legitimamente se espera”. Os referidos limites, assim, são estabelecidos pelas expectativas de
segurança que deles legitimamente esperam os consumidores. Compreender referido critério
é fundamental para entender o caso concreto julgado pelo STJ no REsp 1.656.614, que decidiu que
a comprovação de graves lesões decorrentes da abertura de air bag em acidente automobilístico
em baixíssima velocidade, que extrapolam as expectativas que razoavelmente se espera do
mecanismo de segurança, ainda que de periculosidade inerente, configura a responsabilidade
objetiva da montadora de veículos pela reparação dos danos ao consumidor.

Embora a afirmativa se reporte a um caso concreto, o critério da legítima expectativa de segurança


do consumidor pode ser utilizado em outras situações na interpretação do artigo 12, § 1º, do CDC,
motivo pelo qual vale a pena estudar o julgado.

GABARITO: ERRADO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 83


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

64. Não deve ser reconhecido o direito à usucapião especial urbana para imóveis de dimensão
inferior a 250 m², uma vez que, ao se desrespeitar o módulo mínimo do lote previsto no
plano diretor do respectivo Município, há uma afronta à função social da propriedade devido
ao indesejado microfracionamento urbano que prejudica a organização e planejamento da
cidade.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 7 Do direito das coisas. Dos direitos reais. Da propriedade.

Importante recordar inicialmente os requisitos da usucapião especial urbana. Conforme prevê o


artigo 183, da CF/88:

Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros
quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de
outro imóvel urbano ou rural.

Assim, o texto constitucional estabelece quatro requisitos para aquisição originária da propriedade
neste caso:

(i) a pessoa deve estar na posse de uma área urbana de, no máximo, 250 m²;

(ii) posse mansa e pacífica dessa área por, no mínimo, 5 anos ininterruptos, sem oposição;

(iii) o imóvel deve estar sendo utilizado para a moradia da pessoa ou de sua família;

(iv) pessoa não pode ser proprietária de outro bem imóvel (urbano ou rural);

A afirmativa trazia argumentos convincentes para limitar o direito constitucional à usucapião


especial urbana – que, particularmente, eu concordo – mas esse não foi o entendimento do STF.
No julgamento do RE 422349, o STF se posicionou no sentido de que se forem preenchidos os
requisitos do artigo 183 da CF/88, a pessoa terá direito à usucapião especial urbana e o fato de o
imóvel em questão não atender ao mínimo dos módulos urbanos exigidos pela legislação local para
a respectiva área não é motivo suficiente para se negar esse direito, que tem índole constitucional.
Isso porque uma norma infraconstitucional não poderia reduzir um direito constitucional.

GABARITO: ERRADO

65. Segundo o STJ, não tem validade qualquer título de propriedade outorgado a particular
de bem imóvel situado em área considerada como terreno de marinha ou acrescido.

COMENTÁRIO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 84


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

»» Ponto do edital: 7 Do direito das coisas. Dos direitos reais. Da propriedade. 11 Registros
públicos.

Impende lembrar, primeiramente, que os terrenos de marinha, conforme disposto no artigo 1º,
alínea “a”, do Decreto-Lei n. 9.760/1946 e no artigo 20, VII, da CF/88, são bens imóveis da União,
necessários à defesa e à segurança nacional, que se estendem à distância de 33 metros para a
área terrestre, contados da linha do preamar médio de 1831.

A linha do preamar médio é definida pela média das marés máximas, do ano de 1831. O ano de
1831 é usado para dar garantia jurídica, porque é conhecido o fenômeno de mudanças na costa
marítima decorrente do movimento da orla. Esses movimentos se dão por processos erosivos
ou por aterros. A partir da determinação da linha do preamar médio inicia-se a delimitação dos
terrenos de marinha.

Por se tratar de propriedade originária constitucionalmente outorgada à União, entendeu o STJ,


no julgamento do REsp 1.183.546, submetido à sistemática de recurso repetitivo, que o registro
imobiliário não é oponível para afastar o regime dos terrenos de marinha, servindo de mera
presunção relativa de propriedade particular.

Posteriormente houve a edição da Súmula 496, dispondo que “os registros de propriedade particular
de imóveis situados em terrenos de marinha não são oponíveis à União”.

GABARITO: CERTO

66. Segundo o STJ, é possível o reconhecimento de usucapião em terreno de marinha de


propriedade da União, mas ainda não demarcado, nos termos do Decreto-Lei n.º 9.760/47.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 7 Do direito das coisas. Dos direitos reais. Da propriedade.

O ponto controvertido na questão consiste em saber se é possível a declaração da usucapião sobre


área tida pela União como passível de eventualmente vir a ser considerada terreno de marinha, em
posterior demarcação a ser realizada pela Secretaria do Patrimônio da União – SPU, delimitando,
no local, as áreas que constituem bem público.

O aluno poderia se confundir ao recordar a redação do artigo 183, § 3º, da CF/88, que dispõe que
os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. Ocorre que, como mencionado, trata-
se de terreno de marinha ainda não demarcado. Nesse sentido, o STJ decidiu, no julgamento do
REsp 1.090.847, que é possível o reconhecimento de usucapião em terreno de marinha ainda
não demarcado, nos termos do Decreto-Lei n.º 9.760/47. Isso porque não poderia o jurisdicionado
ter a sua pretensão condicionada a prévia demarcação, que constitui procedimento complexo e

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 85


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

oneroso, submetido à conveniência e oportunidade da União.

No entanto, o STJ ressalvou que permanecem resguardados os interesses da União caso haja
posterior demarcação, posto que, havendo natureza declaratória, incide a Súmula 496 do STJ, que
estabelece que “os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha
não são oponíveis à União”.

GABARITO: CERTO

67. De acordo com o STF, nas situações de natureza contratual de trato sucessivo, a lei
nova pode incidir imediatamente sobre as cláusulas presentes no contrato, desde que as
normas legais sejam de natureza cogente, ou seja, aquelas cujo conteúdo foge do domínio
da vontade dos contratantes.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 1 Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro. Aplicação da lei


no tempo e no espaço. 5 Dos fatos jurídicos. Do negócio jurídico.

Importante entender a diferenciação realizada pelo STF para enfrentar a questão. Segundo o STF,
para aplicação da cláusula constitucional que assegura, em face da lei nova, a preservação do direito
adquirido e do ato jurídico perfeito (CF, art. 5º, XXXVI), impõe-se distinguir duas diferentes espécies
de situações jurídicas: (a) as situações jurídicas individuais, que são formadas por ato de vontade
(especialmente os contratos), cuja celebração, quando legítima, já lhes outorga a condição de ato
jurídico perfeito, inibindo, desde então, a incidência de modificações legislativas supervenientes; e
(b) as situações jurídicas institucionais ou estatutárias, que são formadas segundo normas gerais
e abstratas, de natureza cogente, em cujo âmbito os direitos somente podem ser considerados
adquiridos quando inteiramente formado o suporte fático previsto na lei como necessário à sua
incidência.

Assim, os aspectos contratuais que encerram uma situação jurídica institucional – insuscetíveis,
portanto, de disposição por ato de vontade – podem ser atingidos por lei nova, uma vez que não se
encontram protegidos pelo princípio constitucional da preservação do ato jurídico perfeito.

A matéria debatida no julgamento do RE 212609 se tratava da aplicação do artigo 21 da Lei Federal


n.º 9.069/95 (Lei que instituiu o Plano Real), relativamente a critérios para a conversão dos valores
dos aluguéis, modificando a periodicidade dos reajustes nos contratos de locação comercial. O
STF entendeu, neste julgamento, que índice de correção monetária constitui matéria de ordem
pública e tem natureza estatutária, ou seja, não pode ser afastado por vontade das partes, e não
está protegido pelo artigo 5º, inciso XXXVI, da CF/88.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 86


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

GABARITO: CERTO

PROFESSORA: RENATA D’ÁVILA


E-mail: profcei.renatadavila@gmail.com

DIREITO EMPRESARIAL

68. O título de crédito é um documento por meio do qual se prova que existe uma obrigação
entre o(s) credor(es) e o(s) devedor(es), nos termos do que ali está escrito.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 10 Títulos de crédito.

Corretíssima a assertiva. Segundo a doutrina de Cesare Vivante, jurista italiano, adotada pelo
nosso CC/02, no art. 887, o título de crédito é mesmo o documento necessário para o exercício do
direito literal e autônomo nele contido ou mencionado.

É importante frisar que o tema “título de crédito” é bastante comum em provas de concursos.
Por isso, revisem bem o tema.

Art. 887 do CC/02. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito


literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos
da lei.

GABARITO: CERTO

69. Não é possível presumir a existência de exclusividade em zona de atuação de


representante comercial quando não houver previsão expressa em sentido contrário e
houver demonstração por outros meios da existência da exclusividade.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 8 Contratos de Empresas: noções, requisitos, classificação,


formação, meios de provas, contratos de compra e venda e de prestação de serviços,
contratos de conta corrente, de abertura de crédito, de alienação e contrato de leasing.

Segundo decidiu o Superior Tribunal de Justiça, no REsp 1.634.077-SC, julgado em 9/3/2017,


somente é possível presumir a existência de exclusividade em zona de atuação de representante
comercial quando não houver previsão expressa em sentido contrário e houver demonstração por
outros meios da existência da exclusividade.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 87


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

Dito isso, vamos revisar o tema da representação comercial autônoma que faz parte do capítulo
sobre os contratos empresariais.

A representação comercial autônoma pode ser definida como sendo uma espécie de contrato em
que uma pessoa física ou jurídica (representante), compromete-se a ir em busca de interessados
que queiram adquirir os produtos ou serviços prestados por uma empresa (representada). Também
conhecida como “colaboração empresarial por aproximação”.

É um contrato típico porque está prevista na Lei n. 4.886/65. E o representante não é considerado
empregado do representado.

Além disso, o contrato de representação comercial deverá estipular a zona ou as zonas em que o
representante irá atuar e se o representante possui ou não exclusividade sobre essa zona.

Isso é importante, porque se tiver exclusividade, isso significa que o representado assumiu o
compromisso de somente comercializar seus produtos ou serviços nessa zona por meio do
representante.

GABARITO: ERRADO

70. Os contratos que impliquem transferência de tecnologia, para produzirem efeitos em


relação a terceiros, necessitam ser registrados e/ou averbados no INPI.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 8 Contratos de Empresas: noções, requisitos, classificação,


formação, meios de provas, contratos de compra e venda e de prestação de serviços,
contratos de conta corrente, de abertura de crédito, de alienação e contrato de leasing.

O STJ, no REsp 1.200.528-RJ, julgado em 16/2/2017, entendeu que os contratos que impliquem
transferência de tecnologia, para produzirem efeitos em relação a terceiros, necessitam ser
registrados e/ou averbados no INPI.

Isso se dá porque o INPI, ao examinar os contratos para averbação ou registro, pode avaliar
as cláusulas contratuais exigindo a alteração daquelas que forem abusivas ou ilegais, segundo
informa o art. 211, da Lei 9.279/96 combinado com o art. 2º da Lei 5.648/70.

Lei nº 9.279/96:

Art. 211. O INPI fará o registro dos contratos que impliquem transferência de tecnologia,
contratos de franquia e similares para produzirem efeitos em relação a terceiros.

Parágrafo único. A decisão relativa aos pedidos de registro de contratos de que trata
este artigo será proferida no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data do pedido de

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 88


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

registro.

GABARITO: CERTO

71. O autor do pedido de falência precisa demonstrar que existem indícios da insolvência
ou da insuficiência patrimonial do devedor, bastando que o executado, por exemplo, não
pague/deposite/nomeie bens à penhora, dentro do prazo legal, qualquer quantia líquida.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 15 Falência. Recuperação judicial e Extrajudicial. Intervenção


e liquidação extrajudicial.

O STJ, no REsp 1.532.154-SC, julgado em 18/10/2016, entendeu de forma diversa e disse que
o autor do pedido de falência não precisa demonstrar que existem indícios da insolvência ou da
insuficiência patrimonial do devedor, bastando que o executado preencha umas das situações do
art. 94 da Lei 11.101.

Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:

I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida


materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o
equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência;

II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à
penhora bens suficientes dentro do prazo legal;

III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação
judicial:

a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou


fraudulento para realizar pagamentos;

b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos
ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu
ativo a terceiro, credor ou não;

c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os


credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo;

d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a


legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor;

e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 89


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo;

f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar
os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de
sua sede ou de seu principal estabelecimento;

g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação


judicial.

GABARITO: ERRADO

72. A Execução frustrada se dá quando o devedor é executado por qualquer quantia líquida,
mas não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 15 Falência. Recuperação judicial e Extrajudicial. Intervenção


e liquidação extrajudicial.

De fato, o enunciado da questão traz um dispositivo legal bastante recorrente em prova objetivas e
subjetivas de concurso público.

Dito isso, vamos revisar alguns detalhes sobre o tema:

O art. 94, inciso I da Lei de Falências conceitua a impontualidade injustificada. Que consiste na
hipótese em que o devedor, sem relevante razão de direito, não paga no vencimento obrigação
líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente
a 40 salários-mínimos na data do pedido de falência.

O inciso II do mesmo dispositivo conceitua por sua vez a execução frustrada, que ocorre quando
o devedor é executado por qualquer quantia líquida, mas não paga, não deposita e não nomeia à
penhora bens suficientes dentro do prazo legal.

Por fim, o inciso III, traz os chamados atos de falência que são:

a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento
para realizar pagamentos;

b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar
credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor
ou não;

c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores


e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo;

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 90


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou


a fiscalização ou para prejudicar credor;

e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e
desembaraçados suficientes para saldar seu passivo;

f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os
credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou
de seu principal estabelecimento;

g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial.

GABARITO: CERTO

PROFESSORA: MARIANNA MOTTA


E-mail: profcei.mariannamotta@gmail.com

DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO

73. As gorjetas constituem receita própria dos empregadores quando se tratam de valores
cobrados pela empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, ainda que destinadas à
distribuição aos empregados. Todavia, quando se tratarem de importância espontaneamente
dada pelo cliente ao empregado, as gorjetas não serão receita própria dos empregadores.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Parcelas destituídas de natureza salarial. Gorjetas.

Tendo em vista recente alteração promovida na CLT pela Lei nº 13.419, de 13 de março de 2017, que
entrou em vigor em 60 dias a contar da sua publicação, e disciplina o rateio, entre empregados, da
cobrança adicional sobre as despesas em bares, restaurantes, hotéis, motéis e estabelecimentos
similares, reputa-se necessário que o candidato atente à leitura dos artigos modificados e dos
incluídos na legislação trabalhista, ou seja, do § 3º ao 11 do art. 457 da CLT, eis que têm grandes
chances de virem a ser explorados em questões de provas, especialmente no que tange à de
Procurador Federal. Inicialmente, convém recordar que as gorjetas são destituídas de natureza
salarial, mas estão inseridas na composição da remuneração do empregado, não tendo havido
alteração na CLT quanto à sua natureza: Súmula 354 do TST. GORJETAS. NATUREZA JURÍDICA.
REPERCUSSÕES (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. As gorjetas, cobradas
pelo empregador na nota de serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clientes, integram a
remuneração do empregado, não servindo de base de cálculo para as parcelas de aviso-prévio,

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 91


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

adicional noturno, horas extras e repouso semanal remunerado. Ou seja, as gorjetas integram
a remuneração para efeito previdenciário (salário-de-contribuição), FGTS, gratificação natalina e
férias, mas sobre elas não incidem aviso-prévio, adicional noturno, hora extra e repouso semanal
remunerado. Para a resolução da questão trazida acima, o candidato deveria estar atento ao
disposto nos §§ 3º e 4º do art. 457 da CLT. Conforme o § 3º do dispositivo mencionado, considera-
se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como
também o valor cobrado pela empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, e
destinado à distribuição aos empregados. Por sua vez, o § 4º do art. 457 da CLT menciona que
a gorjeta não constitui receita própria dos empregadores, destinando-se aos trabalhadores
e sua distribuição obedecerá critérios de custeio e de rateio definidos em convenção ou
acordo coletivo de trabalho. Portanto, cotejando-se o enunciado acima com o teor dos §§ 3º
e 4º mencionados, verifica-se a incorreção da assertiva, pois tenta induzir a erro o candidato
diferenciando se a gorjeta é receita do empregado ou do empregador a partir do critério de ser dada
espontaneamente pelo cliente ao empregado ou se é valor cobrado pela empresa, como adicional
ou título, a qualquer título. Deve estar claro ao candidato que, independentemente do fato de a
gorjeta ser importância dada de modo espontâneo pelo cliente ao empregado ou ser o valor cobrado
pela empresa do cliente, ela não será receita própria dos empregadores. Além disso, a forma
de custeio e de rateio deverá obedecer a critérios estabelecidos em convenção ou acordo coletivo
de trabalho. Caso não exista previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho, os critérios
de rateio e distribuição da gorjeta serão definidos em assembleia geral dos trabalhadores. A Lei nº
13.419/2017 diferencia o percentual de retenção da arrecadação das gorjetas conforme a empresa
esteja inscrita em regime de tributação diferenciado ou não. Para as inscritas, há a possibilidade de
retenção de até 20% da arrecadação correspondente, desde que exista previsão em convenção
ou acordo coletivo de trabalho, para custear os encargos sociais, previdenciários e trabalhistas
derivados da sua integração à remuneração dos empregados, devendo o valor remanescente
ser revertido integralmente em favor do trabalhador. Caso a empresa não esteja inscrita em
regime de tributação federal diferenciado, é facultada a retenção de até 33% da arrecadação
correspondente, desde que exista previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho,
para custear os encargos sociais, previdenciários e trabalhistas derivados da sua integração à
remuneração dos empregados, devendo o valor remanescente ser revertido integralmente em favor
do trabalhador. Percebe-se, portanto, expressão do poder sindical quando a legislação vincula a
possibilidade de retenção em convenção ou acordo coletivo de trabalho, independentemente da
inscrição em regime de tributação diferenciado. Ainda, preocupou-se a Lei nº 13.419/2017 com as
gorjetas que são entregues diretamente pelo consumidor ao empregado. Nesses casos, previu que
os critérios serão definidos em convenção ou acordo coletivo de trabalho, bem como permitiu a
retenção do percentual de até 20 ou 33% pelo empregador conforme a empresa esteja inscrita ou
não, respectivamente, em regime de tributação federal diferenciado. Também a partir da entrada
em vigor da Lei nº 13.419/2017, as empresas devem anotar na CTPS dos empregados, além do
salário fixo, a média dos valores das gorjetas dos últimos 12 meses, e, caso cessada a cobrança
de gorjeta, pela empresa, que vinha sendo cobrada há mais de 12 meses, a gorjeta se incorporará

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 92


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

ao salário do empregado de modo definitivo, exceto se houver previsão diferente em instrumento


coletivo de trabalho. Deve-se observar, ainda, que, em empresas com mais de 60 empregados,
será constituída comissão de empregados, conforme previsão em convenção ou acordo coletivo
de trabalho, para que procedam ao acompanhamento e à fiscalização da regularidade da cobrança
e da distribuição das gorjetas. Para isso, deverão ser eleitos, em assembleia geral, representantes.
Deve-se observar que a assembleia geral deve ser convocada pelo sindicato laboral especialmente
para o fim de eleição dos membros da comissão de empregados. Os eleitos terão garantia de
emprego vinculada ao desempenho das funções para as quais foram escolhidos. Para as demais
empresas, ou seja, para aquelas com 60 empregados ou menos, será constituída comissão
intersindical para aferir a cobrança e distribuição das gorjetas pelas empresas aos empregados.
Ainda, caso o empregador descumpra o disposto nos §§ 4º, 6º, 7º e 9º do art. 457 da CLT, deverá
pagar ao trabalhador prejudicado, a título de multa, o valor de 1/30 da média da gorjeta por dia
de atraso, limitada ao piso da categoria, assegurado o contraditório e a ampla defesa, e, caso
o empregador seja reincidente, a limitação será triplicada. Ainda, reincidente é o empregador
que, durante 12 meses, descumpre o disposto nos §§ 4º, 6º, 7º e 9º do art. 457 da CLT por mais
de 60 dias.

Gorjetas
CLT (antes da Lei nº 13.419, de
CLT (após a Lei nº 13.419, de 2017)
2017)
Art. 457. Compreendem-se na remuneração do empregado,
para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago
diretamente pelo empregador, como contraprestação do
serviço, as gorjetas que receber.
§ 3º - Considera-se gorjeta não só
a importância espontaneamente
§ 3º Considera-se gorjeta não só a importância
dada pelo cliente ao empregado,
espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como
como também aquela que for
também o valor cobrado pela empresa, como serviço ou
cobrada pela empresa ao cliente,
adicional, a qualquer título, e destinado à distribuição aos
como adicional nas contas, a
empregados. (Redação dada pela Lei nº 13.419, de 2017)
qualquer título, e destinada a
distribuição aos empregados.
§ 4º A gorjeta mencionada no § 3º não constitui receita própria
dos empregadores, destina-se aos trabalhadores e será
Sem dispositivo correspondente
distribuída segundo critérios de custeio e de rateio definidos
na redação antiga.
em convenção ou acordo coletivo de trabalho. (Incluído pela
Lei nº 13.419, de 2017)

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 93


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

§ 5º Inexistindo previsão em convenção ou acordo coletivo de


trabalho, os critérios de rateio e distribuição da gorjeta e os
Sem dispositivo correspondente percentuais de retenção previstos nos §§ 6º e 7º deste artigo
na redação antiga. serão definidos em assembleia geral dos trabalhadores, na
forma do art. 612 desta Consolidação. (Incluído pela Lei nº
13.419, de 2017)
§ 6º As empresas que cobrarem a gorjeta de que trata o § 3º
deverão:(Incluído pela Lei nº 13.419, de 2017)
I - para as empresas inscritas em regime de tributação
federal diferenciado, lançá-la na respectiva nota de
consumo, facultada a retenção de até 20% (vinte por cento)
da arrecadação correspondente, mediante previsão em
convenção ou acordo coletivo de trabalho, para custear os
encargos sociais, previdenciários e trabalhistas derivados da
sua integração à remuneração dos empregados, devendo o
Sem dispositivo correspondente valor remanescente ser revertido integralmente em favor do
na redação antiga. trabalhador; (Incluído pela Lei nº 13.419, de 2017)
II - para as empresas não inscritas em regime de tributação
federal diferenciado, lançá-la na respectiva nota de consumo,
facultada a retenção de até 33% (trinta e três por cento)
da arrecadação correspondente, mediante previsão em
convenção ou acordo coletivo de trabalho, para custear os
encargos sociais, previdenciários e trabalhistas derivados da
sua integração à remuneração dos empregados, devendo o
valor remanescente ser revertido integralmente em favor do
trabalhador; (Incluído pela Lei nº 13.419, de 2017)
§ 7º A gorjeta, quando entregue pelo consumidor diretamente
ao empregado, terá seus critérios definidos em convenção
Sem dispositivo correspondente
ou acordo coletivo de trabalho, facultada a retenção nos
na redação antiga.
parâmetros do § 6º deste artigo. (Incluído pela
Lei nº 13.419, de 2017)
§ 8º As empresas deverão anotar na Carteira de Trabalho
Sem dispositivo correspondente e Previdência Social de seus empregados o salário fixo e a
na redação antiga. média dos valores das gorjetas referente aos últimos doze
meses. (Incluído pela Lei nº 13.419, de 2017)

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 94


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

§ 9º Cessada pela empresa a cobrança da gorjeta de que


trata o § 3º deste artigo, desde que cobrada por mais de
Sem dispositivo correspondente doze meses, essa se incorporará ao salário do empregado,
na redação antiga. tendo como base a média dos últimos doze meses, salvo o
estabelecido em convenção ou acordo coletivo de trabalho.
(Incluído pela Lei nº 13.419, de 2017)
§ 10. Para empresas com mais de sessenta empregados,
será constituída comissão de empregados, mediante
previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho, para
acompanhamento e fiscalização da regularidade da cobrança
e distribuição da gorjeta de que trata o § 3º deste artigo, cujos
Sem dispositivo correspondente
representantes serão eleitos em assembleia geral convocada
na redação antiga.
para esse fim pelo sindicato laboral e gozarão de garantia
de emprego vinculada ao desempenho das funções para que
foram eleitos, e, para as demais empresas, será constituída
comissão intersindical para o referido fim. (Incluído pela Lei
nº 13.419, de 2017)
§ 11. Comprovado o descumprimento do disposto nos §§ 4º,
6º, 7º e 9º deste artigo, o empregador pagará ao trabalhador
prejudicado, a título de multa, o valor correspondente a 1/30
(um trinta avos) da média da gorjeta por dia de atraso, limitada
ao piso da categoria, assegurados em qualquer hipótese
o contraditório e a ampla defesa, observadas as seguintes
regras: (Incluído pela Lei nº 13.419, de 2017)
Sem dispositivo correspondente
na redação antiga. I - a limitação prevista neste parágrafo será triplicada caso o
empregador seja reincidente; (Incluído pela Lei nº 13.419, de
2017)

II - considera-se reincidente o empregador que, durante o


período de doze meses, descumpre o disposto nos §§ 4º, 6º,
7º e 9º deste artigo por mais de sessenta dias. (Incluído pela
Lei nº 13.419, de 2017)

GABARITO: ERRADO

74. Nos termos da Lei nº 13.467/2017, o valor relativo à assistência prestada por serviço médico
ou odontológico, próprio ou não, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos,
óculos, aparelhos ortopédicos, próteses, órteses, despesas médico-hospitalares e outras

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 95


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

similares, mesmo quando concedido em diferentes modalidades de planos e coberturas,


integram o salário do empregado para qualquer efeito, inclusive o salário de contribuição.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Salário utilidade ou in natura.

O Direito do Trabalho autoriza o pagamento do salário em pecúnia (dinheiro) ou em bens ou


serviços, designados como utilidades, institucionalizando, assim, o salário-utilidade ou in natura.
Não significa dizer que todo fornecimento de utilidades assume natureza salarial. Apenas quando
revestida das características da habitualidade (repetição uniforme em certo contexto temporal)
e da contraprestatividade, é que a utilidade terá natureza salarial, ou seja, quando for fornecida
pelo trabalho prestado pelo empregado, e não para o trabalho (DELGADO, Maurício Godinho.
Curso de direito do trabalho. 11. ed. São Paulo: LTr, 2012, p. 744-745). Como regra geral, o atual
caput do art. 458 da CLT, não alterado pela Lei nº 13.467/2017, dispõe que, além do pagamento
em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação,
vestuário ou outras prestações in natura que a empresa, por força do contrato ou do costume,
fornecer habitualmente ao empregado, não sendo permitido o pagamento com bebidas alcoólicas
ou drogas nocivas. Deve-se observar que, se o fornecimento de bens ou serviços for feito pelo
empregador a fim de viabilizar a prestação dos serviços, essas utilidades não terão natureza salarial.
Nesse sentido, é a disposição da Súmula 367 do TST: UTILIDADES “IN NATURA”. HABITAÇÃO.
ENERGIA ELÉTRICA. VEÍCULO. CIGARRO. NÃO INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO. I - A habitação,
a energia elétrica e veículo fornecidos pelo empregador ao empregado, quando indispensáveis
para a realização do trabalho, não têm natureza salarial, ainda que, no caso de veículo, seja
ele utilizado pelo empregado também em atividades particulares. II - O cigarro não se considera
salário utilidade em face de sua nocividade à saúde. Do mesmo modo que o caput do art. 458, o
seu § 2º também não sofreu ingerência da reforma de modo, contemplando uma série de utilidades
que não possuem natureza salarial, ou seja, não servem de base de cálculo para fins trabalhistas:
vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local
de trabalho, para a prestação do serviço; educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de
terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material
didático; transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou
não por transporte público; assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente
ou mediante seguro-saúde; seguros de vida e de acidentes pessoais; previdência privada; o valor
correspondente ao vale-cultura. Deve-se observar que o rol do § 2º do art. 458 da CLT, apesar
de inalterado pela Lei nº 13.467/2017, não é taxativo. Nos termos do art. 75-D, incluído na CLT
pela Lei nº 13.467/2017, que trata do teletrabalho, já explorado em Rodada anterior, a aquisição,
a manutenção ou o fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da infraestrutura necessária
e adequada à prestação do trabalho remoto, bem como ao reembolso de despesas arcadas pelo

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 96


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

empregado, serão previstas em contrato escrito e não integrarão a remuneração do empregado.


Ademais, o § 3º do art. 458 da CLT trata dos percentuais de desconto possíveis do salário do
empregado. A CLT, em seus arts. 81, 82 e 76, refere que, pelo menos 30% do salário do empregado,
deve ser pago em dinheiro. O restante, ou seja, até 70% poderá ser pago em utilidades. Todavia, o
empregador poderá efetuar descontos da parcela salarial paga em utilidade. Para isso, dispõem os
§§ 3º e 4º do art. 458 da CLT que a habitação e a alimentação fornecidas como salário-utilidade não
poderão exceder, respectivamente, a 25% e 20% do salário contratual do trabalhador urbano e
que se tratando de habitação coletiva, o valor do salário-utilidade a ela correspondente será obtido
mediante a divisão do justo valor da habitação pelo número de co-habitantes, vedada, em qualquer
hipótese, a utilização da mesma unidade residencial por mais de uma família. Por fim, a inovação
trazida ao art. 458 diz respeito à inclusão do § 5º, o qual, apaziguando entendimento jurisprudencial
dúbio, refere que o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio
ou não, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos,
próteses, órteses, despesas médico-hospitalares e outras similares, mesmo quando concedido
em diferentes modalidades de planos e coberturas, não integram o salário do empregado para
qualquer efeito nem o salário de contribuição, para efeitos do previsto na alínea q do § 9º
do art. 28 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991. Portanto, o enunciado da assertiva trazida
acima está errado, uma vez que refere que o valor relativo à assistência prestada por serviço
médico ou odontológico, próprio ou não, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos,
óculos, aparelhos ortopédicos, próteses, órteses, despesas médico-hospitalares e outras similares,
mesmo quando concedido em diferentes modalidades de planos e coberturas, integram o salário
do empregado para qualquer efeito nem o salário de contribuição, contrariando o § 5º do art. 458
da CLT, incluído pela reforma trabalhista.

Salário utilidade ou in natura


CLT (antes da reforma) CLT (após a reforma)
Art. 458 - Além do pagamento em dinheiro, compreende-
se no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação,
habitação, vestuário ou outras prestações “in natura”
que a empresa, por força do contrato ou do costume, Art. 458.
fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum
será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou
drogas nocivas.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 97


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

§ 2º Para os efeitos previstos neste artigo, não serão


consideradas como salário as seguintes utilidades
concedidas pelo empregador:
I – vestuários, equipamentos e outros acessórios
fornecidos aos empregados e utilizados no local de
trabalho, para a prestação do serviço;
II – educação, em estabelecimento de ensino próprio
ou de terceiros, compreendendo os valores relativos
a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material
didático;
III – transporte destinado ao deslocamento para o
trabalho e retorno, em percurso servido ou não por
transporte público;
IV – assistência médica, hospitalar e odontológica,
prestada diretamente ou mediante seguro-saúde;
V – seguros de vida e de acidentes pessoais;
VI – previdência privada; (Incluído pela Lei nº 10.243,
de 19.6.2001)
VII – (VETADO)
VIII - o valor correspondente ao vale-cultura.
§ 3º - A habitação e a alimentação fornecidas como
salário-utilidade deverão atender aos fins a que se
destinam e não poderão exceder, respectivamente, a
25% (vinte e cinco por cento) e 20% (vinte por cento) do
salário-contratual.
§ 4º - Tratando-se de habitação coletiva, o valor do salário-
utilidade a ela correspondente será obtido mediante a
divisão do justo valor da habitação pelo número de co-
habitantes, vedada, em qualquer hipótese, a utilização
da mesma unidade residencial por mais de uma família.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 98


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

§ 5º. O valor relativo à assistência


prestada por serviço médico ou
odontológico, próprio ou não,
inclusive o reembolso de despesas
com medicamentos, óculos, aparelhos
ortopédicos, próteses, órteses,
despesas médico-hospitalares e
Sem dispositivo correspondente na redação antiga. outras similares, mesmo quando
concedido em diferentes modalidades
de planos e coberturas, não integram
o salário do empregado para qualquer
efeito nem o salário de contribuição,
para efeitos do previsto na alínea q
do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212, de
24 de julho de 1991.

GABARITO: ERRADO

75. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não permite a contratação de trabalhador para
prestar serviço em regime de tempo parcial. Assim, havendo contratação para cumprimento
de jornada reduzida, inferior à previsão constitucional de oito horas diárias ou quarenta e
quatro semanais, é ilícito o pagamento do piso salarial ou do salário mínimo proporcional
ao tempo trabalhado.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Regime de tempo parcial.

O regime de tempo parcial é caracterizado como aquele cuja duração não excede a 25 horas semanais
nos termos do art. 58-A da CLT. Todavia, não se sujeitam ao art. 58-A da CLT aqueles obreiros que
tenham jornada especial reduzida por força de norma jurídica própria como, por exemplo, jornalistas
profissionais e radialistas ou, ainda, bancários. Nesses casos, a jornada foi reduzida pela lei em
virtude do trabalho desgastante realizado por esses profissionais, diferentemente do que ocorre
no regime de tempo parcial. Nos termos do § 1º do art. 58-A da CLT, o salário a ser pago aos
empregados sob regime de tempo parcial será proporcional à sua jornada, em relação aos
empregados que cumprem, nas mesmas funções, tempo integral, podendo, inclusive, ser inferior ao
valor do salário mínimo nacional. Nesse sentido, o TST possui a OJ 358: SALÁRIO MÍNIMO E PISO
SALARIAL PROPORCIONAL À JORNADA REDUZIDA. EMPREGADO. SERVIDOR PÚBLICO
(redação alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 16.02.2016) - Res. 202/2016, DEJT

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 99


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

divulgado em 19, 22 e 23.02.2016. I - Havendo contratação para cumprimento de jornada reduzida,


inferior à previsão constitucional de oito horas diárias ou quarenta e quatro semanais, é
lícito o pagamento do piso salarial ou do salário mínimo proporcional ao tempo trabalhado.
Portanto, cotejando-se o teor do enunciado acima com o do art. 58-A da CLT e da OJ 358 do TST,
verifica-se sua incorreção. Todavia, algumas observações devem ser feitas em relação aos efeitos
do regime de tempo parcial, além da proporcionalidade salarial. São elas: sistemas de férias anuais
remuneradas e proibição da extrapolação da jornada laborativa pactuada. No que tange às férias
anuais remuneradas, o empregado contratado para prestar labor em regime de tempo parcial as
gozará em período inferior àqueles contratados para laborar em regime de tempo integral. Isto é,
as fruirá proporcionalmente ao número de horas semanalmente trabalhadas, nos termos do art.
130-A da CLT. Ademais, o § 3º do art. 143 da CLT refere que é vedada a conversão pecuniária de
1/3 do período de férias aos empregados em regime de tempo parcial. Portanto, os trabalhadores
em regime de tempo parcial devem gozá-las integralmente não as podendo converter em abono
pecuniário. Em relação às horas extraordinárias, o § 4º do art. 59 da CLT as proíbe ao obreiro em
regime de jornada de trabalho parcial. Uma pequena complementação deve ser feita no que diz
respeito ao contrato de trabalho doméstico nos termos da LC 150/2015. Refere o diploma legal, em
seu art. 3º que o regime de tempo parcial será aquele cuja duração não exceda 25 horas semanais,
porém permite o acréscimo de horas suplementares, em número não excedente a 1 hora diária,
desde que pactuado mediante acordo escrito entre empregado e empregador, respeitado o limite
máximo de 6 horas diárias. Entretanto, após a entrada em vigor da reforma trabalhista, prevista
para 11/11/2017, o candidato deve ficar atento às alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017
no art. 58-A da CLT tanto no caput quanto pelo acréscimo dos §§ 3º a 7º. Assim, a jornada semanal
parcial passa a ser alargada permitindo a prestação de labor por até 30 horas por semana, sem
horas extras, ou por até 26 horas por semana, além da possibilidade de serem prestadas 6 horas
suplementares semanais, remuneradas com adicional de 50% sobre o salário-hora normal. Ainda,
caso prestadas horas extraordinárias numa semana, o empregador tem a opção de dar um dia de
folga ao empregado na semana seguinte à sua prestação e, caso assim não proceda, deverá quitá-
las na folha de pagamento do mês subsequente à sua prestação nos termos do § 5º do art. 58-A
da CLT. No que diz respeito às férias, a CLT inova novamente permitindo a conversão de 1/3 em
abono pecuniário e dispondo que as férias não serão inferiores a 30 dias desde que o número de
faltas ao serviço não seja superior a 5, no período de 12 meses de vigência do contrato de trabalho
(§§ 6º e 7º do art. 58-A da CLT). Assim, recomenda-se seja feita uma leitura atenta do art. 58-A da
CLT antes da reforma e com a redação após a reforma conforme o comparativo trazido na tabela
abaixo de modo a facilitar a visualização do exposto acima pelo candidato.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 100


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

Regime de tempo parcial


CLT (antes da reforma) CLT (após a reforma)
Art. 58-A. Considera-se trabalho em regime
de tempo parcial aquele cuja duração não
exceda a trinta horas semanais, sem a
Art. 58-A. Considera-se trabalho em regime de
possibilidade de horas suplementares
tempo parcial aquele cuja duração não exceda
semanais, ou, ainda, aquele cuja duração
a vinte e cinco horas semanais.
não exceda a vinte e seis horas semanais,
com a possibilidade de acréscimo de até
seis horas suplementares semanais.
§ 1º O salário a ser pago aos empregados sob
o regime de tempo parcial será proporcional
à sua jornada, em relação aos empregados
que cumprem, nas mesmas funções, tempo
integral.
§ 2º Para os atuais empregados, a adoção do
regime de tempo parcial será feita mediante
opção manifestada perante a empresa, na
forma prevista em instrumento decorrente de
negociação coletiva.
§ 3º As horas suplementares à duração do
trabalho semanal normal serão pagas com o
acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre
o salário-hora normal.
§ 4º Na hipótese de o Contrato de Trabalho em
regime de tempo parcial ser estabelecido em
número inferior a vinte e seis horas semanais,
as horas suplementares a este quantitativo
serão consideradas horas extras para fins
do pagamento estipulado no § 3º, estando
também limitadas a seis horas suplementares
semanais.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 101


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

§ 5º As horas suplementares da jornada de


trabalho normal poderão ser compensadas
diretamente até a semana imediatamente
posterior à da sua execução, devendo ser feita
a sua quitação na folha de pagamento do mês
subsequente, caso não sejam compensadas.
§ 6º É facultado ao empregado contratado sob
regime de tempo parcial converter um terço do
período de férias a que tiver direito em abono
pecuniário.
§ 7º As férias do regime de tempo parcial
são regidas pelo disposto no art. 130 desta
Consolidação.

GABARITO: ERRADO

76. Conforme a CLT, após a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, a contratação do


autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de
forma contínua ou não, não afastará a qualidade de empregado.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Contrato de trabalho. Autônomo.

A Lei nº 13.467/2017 adiciona o art. 442-B à CLT. Referido dispositivo menciona que a contratação
do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de
forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3º desta Consolidação.
O intuito dessa inclusão, à semelhança da positivação do disposto no parágrafo único do art. 442 da
CLT, o qual refere que não há vínculo empregatício entre a sociedade cooperativa e seus associados
nem entre os associados e os tomadores de serviço daquela, tem o intuito de desestimular os
pedidos de reconhecimento da existência da relação de emprego entre trabalhadores autônomos
e empresas. Claro que, uma vez presente a subordinação jurídica entre o trabalhador e aquele
que lhe toma os serviços, associada a outros elementos típicos da relação de emprego como a
pessoalidade, a onerosidade e a não eventualidade, ter-se-á descaracterizado o trabalho autônomo
e configurado, por conseguinte, o vínculo empregatício, deixando, assim, de incidir o dispositivo
sob comento. Deve-se observar, ainda, que o art. 442-B refere que a relação de emprego não se
formará desde que cumpridas todas as formalidades legais quando da contratação do autônomo.
Todavia, essa disposição não se presta a esvaziar o princípio da primazia da realidade, norteador
do Direito do Trabalho, mas deve ser consentânea a ele. Significa dizer que, ainda que cumpridas

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 102


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

todas as formalidades legais quando da contratação do autônomo se, na prática, verificar-se


presentes os requisitos da relação empregatícia, esta estará configurada em prol do trabalhador e
em detrimento da forma, privilegiando-se o art. 9º da CLT, que refere serem nulos os atos praticados
com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na legislação
trabalhista. Portanto, não é a forma de contratação que definirá o trabalhador como autônomo ou
como empregado, mas as circunstâncias do caso concreto que envolvem a relação. Desse modo, o
enunciado da assertiva trazida acima está errado, uma vez que refere que, após a entrada em vigor
da Lei nº 13.467/2017, a contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais,
com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, não afastará a qualidade de empregado,
quando o art. 442-B da CLT dispõe que afastará a qualidade de empregado do autônomo.

Contrato de trabalho. Autônomo.


CLT (antes da reforma) CLT (após a reforma)
Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas
por este todas as formalidades legais, com ou sem
Sem dispositivo correspondente na
exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a
redação antiga.
qualidade de empregado prevista no art. 3º desta
Consolidação.

GABARITO: ERRADO

77. Considerando o disposto no parágrafo único do art. 815 da CLT, bem como a regra da
igualdade, em que pese inexista previsão legal tolerando atraso no horário de comparecimento
da parte na audiência, uma vez que a parte se faça presente, ainda que após a prática de atos
processuais relevantes ou após encerrada a audiência, não se operará a preclusão.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Audiência.

O ponto escolhido referente à (im)possibilidade de atraso à audiência por uma das partes tem
relevância frente à recente decisão do TST, proferida nos autos do TST-RO-10734-07.2013.5.01.0000,
SBDI-II, rel. Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 13.12.2016. INFO 151. Confirmando o teor da
OJ 245 da SDI-1, entendeu o Tribunal que não existe expressa previsão legal de tolerância ao atraso
no horário de comparecimento da parte na audiência, aplicando-se o parágrafo único do art. 815
da CLT apenas aos magistrados. Referido dispositivo bem como seu parágrafo único disciplinam
que, à hora marcada, o juiz ou presidente declarará aberta a audiência, sendo feita pelo secretário ou
escrivão a chamada das partes, testemunhas e demais pessoas que devam comparecer e que, se,
até 15 (quinze) minutos após a hora marcada, o juiz ou presidente não houver comparecido,

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 103


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

os presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de registro das audiências.
Deve-se observar que esse parágrafo da CLT refere-se à hora aprazada para o início da sessão.
Ou seja, se o magistrado estiver com mais de 15 minutos de atraso com relação ao horário da
realização da primeira audiência do dia, poderão os interessados dirigir-se à Vara do Trabalho e
requerer que o ocorrido fique registrado em livro próprio a fim de se resguardarem de eventual
aplicação de penalidades (MACHADO, Costa (Org.); ZAINAGHI, Domingos Sávio (Coord.). CLT
interpretada artigo por artigo, parágrafo por parágrafo. 8. ed. São Paulo: Manole, 2017, p. 759).
A mesma disposição pode ser visualizada no inciso III do art. 362 do NCPC, o qual refere que a
audiência poderá ser adiada por atraso injustificado de seu início em tempo superior a 30 (trinta)
minutos do horário marcado, prevalecendo, no caso, a CLT, eis que dispõe de regra própria. Por
outro lado, se o juiz estiver presente e as audiências subsequentes à primeira atrasarem em virtude
da demanda, o advogado não pode se valer do disposto no parágrafo único do art. 815 da CLT.
Deve ser verificado que, apesar de, em alguns casos, o TST ter relevado atrasos ínfimos das
partes, desde que demonstrada a ausência de prejuízos, ou seja, desde que a parte compareça
antes da prática de atos processuais relevantes e do encerramento da audiência, no caso posto
sob análise (TST-RO-10734-07.2013.5.01.0000), embora o atraso do advogado da reclamada
tenha sido de apenas nove minutos, consta dos autos que, no momento do comparecimento, a
audiência já estava encerrada e que a preposta, embora tenha chegado no horário, nenhuma
informação útil poderia prestar. Assim, ainda que o atraso seja de poucos minutos, se, quando
do comparecimento da parte, a audiência já estava encerrada e não fora trazida justificativa, ocorre
a preclusão dos atos processuais já praticados e consideram-se vencidas as etapas não havendo
que se mencionar do princípio do aproveitamento dos atos processuais na seara trabalhista. Isso
porque, frise-se, o parágrafo único do art. 815 da CLT não se destina aos litigantes nem aos
advogados, mas se dirige ao juiz. Portanto, o enunciado da questão acima está incorreto, uma vez
que revela ser possível, de forma equivocada, a aplicação do parágrafo único do art. 815 da CLT
às partes e seus advogados, quando é apenas dirigido ao juiz.

GABARITO: ERRADO

78. Conforme o entendimento do TST, o reconhecimento da existência de atividade insalubre


com base em Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA – torna desnecessária
a prova pericial.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Prova. Perícia.

Dispõe o caput do art. 195 da CLT que a caracterização e a classificação da insalubridade e da


periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 104


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho. Por sua


vez, o § 2º do citado dispositivo refere que, arguida em juízo insalubridade ou periculosidade,
seja por empregado, seja por sindicato em favor de grupo de associado, o juiz designará perito
habilitado na forma deste artigo, e, onde não houver, requisitará perícia ao órgão competente
do Ministério do Trabalho. Desse modo, uma vez arguida, em juízo, por empregado ou por
sindicato em favor de grupo de associados, a insalubridade ou a periculosidade, realizar-se-á
perícia. No que tange ao PPRA, Raphel Miziara (http://ostrabalhistas.com.br/o-reconhecimento-
da-existencia-de-atividade-insalubre-com-base-em-programa-de-prevencao-de-riscos-ambientais-
ppra-torna-desnecessaria-prova-pericial/) destaca que três linhas de entendimento despontam. A
primeira refere que o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA – não se destina a
atestar de forma cabal o direito ao adicional de insalubridade, pois é instrumento de preservação da
saúde e integridade dos trabalhadores de modo que deve ser determinada a realização de perícia
nos moldes do art. 195 da CLT. A segunda entende que, apesar do disposto no § 2º do art. 195,
pode ser aplicado subsidiariamente o art. 472 do CPC, o qual permite a dispensa da prova pericial
quando as partes, na inicial e na contestação, apresentarem, sobre as questões de fato, pareceres
técnicos ou documentos elucidativos suficientes no entender do magistrado. Por fim, a terceira
corrente não defende nem a dispensa da perícia de modo genérico nem o uso indiscriminado do
PPRA como substitutivo da perícia. Prega que, em situações excepcionais, o ônus da prova deve
ser invertido, atribuindo-se à empresa comprovar que implementou as medidas previstas no PPRA.
E como se posiciona o TST diante dessas 3 correntes? Recentemente, a SBDI-1 do TST preferiu
a terceira corrente decidindo que: “ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. PERÍCIA. DISPENSA.
CONDENAÇÃO COM BASE NO PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS - PPRA.
POSSIBILIDADE. ART. 427 DO CPC DE 1973. LOCAL DE DIFÍCIL ACESSO. INVIABILIDADE DE
REALIZAÇÃO DE PROVA PERICIAL. Apesar de o art. 195 da CLT estabelecer que a caracterização
da insalubridade ocorrerá por meio de perícia, o art. 427 do CPC de 1973 (art. 472 do CPC de
2015) faculta ao juiz dispensar a prova pericial quando já houver nos autos pareceres técnicos ou
documentos elucidativos suficientes à formação de seu convencimento. Assim, na hipótese em
que o reclamante é laboratorista em (...) local de difícil acesso, em que a realização de perícia
revelou-se inviável, admite-se o reconhecimento da insalubridade com base no Programa
de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, documento obrigatório destinado à preservação
da saúde e da integridade física dos trabalhadores, em que se registra a classificação do risco da
atividade. No caso, ressaltou-se que a adoção do PPRA é medida excepcional, que se justifica
como forma de garantir (...) o acesso à justiça. Ademais, trata-se de prova que goza de presunção
juris tantum, razão pela qual pode a empresa demonstrar que o reclamante não realizava trabalho
insalubre ou perigoso” (Processo: RR - 223400-20.2007.5.08.0114). Observa-se que o entendimento
do TST não é inovador. Muito pelo contrário. A decisão da do TST ratifica o contido na OJ nº
278 da SBDI-1 do TST: “ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. PERÍCIA. LOCAL DE TRABALHO
DESATIVADO. A realização de perícia é obrigatória para a verificação de insalubridade. Quando
não for possível sua realização, como em caso de fechamento da empresa, poderá o julgador

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 105


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

utilizar-se de outros meios de prova”.

GABARITO: ERRADO

79. Em caso de recolhimento insuficiente das custas processuais ou do depósito recursal,


somente haverá deserção do recurso se, concedido o prazo de 5 (cinco) dias previsto no §
2º do art. 1.007 do CPC de 2015, o recorrente não complementar e comprovar o valor devido.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Deserção.

A redação originária da OJ 140 da SDI-1 do TST previa a deserção do recurso pelo recolhimento
insuficiente das custas e do depósito recursal, ainda que a diferença em relação ao quantum
devido fosse irrisória, referente a centavos. Dispunha, então, que: “DEPÓSITO RECURSAL E
CUSTAS. DIFERENÇA ÍNFIMA. DESERÇÃO OCORRÊNCIA. Ocorre deserção do recurso pelo
recolhimento insuficiente das custas e do depósito recursal, ainda que a diferença em relação
ao “quantum” devido seja ínfima, referente a centavos”. “O recolhimento das custas processuais
e do depósito recursal constitui pressuposto de admissibilidade recursal, de modo que sua falta
gera a deserção, ou seja, o recurso não é processado ou conhecido. Pode ocorrer de algumas
vezes a parte recorrente efetuar o pagamento inferior ao devido a título de custas e depósito
recursal. Na época do CPC de 1973, alguns doutrinadores entendiam que, nessa hipótese, o art.
511, § 2º, do CPC/73 deveria ser aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho permitindo
a complementação dos valores. Além disso, os defensores dessa tese alegavam que, tratando
de diferença ínfima, o princípio da instrumentalidade das formas deveria ser invocado, dando
prevalência ao conteúdo em detrimento da forma. Porém, o C. TST não admitia a incidência dessa
norma na seara trabalhista” (MIESSA, Élisson. Impactos do novo cpc nas súmulas e orientações
jurisprudenciais do TST. Inclui teoria dos precedentes judiciais. Salvador: Juspodium, 2016, p. 95).
Todavia, após a entrada em vigor do NCPC, mais precisamente no corrente ano, a redação da OJ
140 da SDI-1 do TST foi revista tendo em vista o teor do § 2º do art. 1.007 do NCPC: “DEPÓSITO
RECURSAL E CUSTAS PROCESSUAIS. RECOLHIMENTO INSUFICIENTE. DESERÇÃO (nova
redação em decorrência do CPC de 2015 - Res. 217/2017 - DEJT divulgado em 20, 24 e
25.04.2017). Em caso de recolhimento insuficiente das custas processuais ou do depósito recursal,
somente haverá deserção do recurso se, concedido o prazo de 5 (cinco) dias previsto no § 2º do
art. 1.007 do CPC de 2015, o recorrente não complementar e comprovar o valor devido. Assim,
atualmente, se houver insuficiência no preparo das custas e do depósito recursal, somente haverá
deserção do recurso interposto se o recorrente não complementar e comprovar o recolhimento do
valor devido no prazo de 5 dias que lhe fora concedido. O entendimento consagrado atualmente
pelo TST vem ao encontro da nova ordem processual, idealizada pelo NCPC, a qual busca pela

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 106


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

decisão de mérito, afastando vícios sanáveis a fim de ser alcançada a tutela jurisdicional efetiva
restringindo, assim, a jurisprudência defensiva. No dizer de Élisson Miessa (Impactos do novo
cpc nas súmulas e orientações jurisprudenciais do TST. Inclui teoria dos precedentes judiciais.
Salvador: Juspodium, 2016, p. 97), não se pode negar que o NCPC não versa sobre o depósito
recursal, o qual, no processo do trabalho, engloba tanto as custas processuais (taxa) quanto o
depósito recursal (garantia de futura execução), o que deve afastar, por si só, a aplicação do
princípio da primazia da decisão de mérito no depósito recursal, vez que se trata de pressuposto
recursal, em que pese específico do processo do trabalho, passível de ser sanado.

GABARITO: CERTO

80. A partir da entrada em vigor da reforma trabalhista, prevista para 11/11/2017, caso João,
reclamante, deseje desistir da ação interposta, necessitará do consentimento do reclamado,
caso já oferecida a contestação, ainda que eletronicamente.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Desistência da ação.

Atualmente, se o reclamante deseja desistir da ação interposta, ele assim pode requerer,
independentemente da concordância do reclamado, desde que requeira até a audiência de
conciliação, uma vez que a contestação é ato da audiência nos termos do art. 845 e 847, ambos
da CLT. Todavia, à similaridade do constante no § 4º do art. 485 do NCPC, o qual refere que,
oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação, foi
acrescido, pela Lei nº 13.467/2017, o § 3º ao art. 841 da CLT. O dispositivo legal disciplina que,
após a contestação, o reclamante não poderá desistir da ação, exceto se o reclamado consentir.
Duas observações devem ser feitas. A primeira diz respeito ao processo eletrônico trabalhista, o
qual faz com que o réu apresente sua contestação antes da audiência designada, motivo pelo qual
o § 3º do art. 841 da CLT refere que, uma vez oferecida a contestação, o reclamante poderá desistir
da ação desde que conte com a anuência do reclamado. Isto é, tenta minimizar a problemática de
que o reclamante, tendo acesso à contestação e os documentos prévia ou momentaneamente à
audiência, poderia, por exemplo, vir a requerer a desistência do feito caso constatasse que uma
das alegações do réu seria a inépcia da inicial ou, ainda, que as teses defensivas do réu, bem
como os documentos acostados são robustos e poderiam vir a lhe prejudicar. Segundo, deve-se
verificar que o artigo sob comento traz faz referência apenas à desistência, e não à emenda nem
ao adiamento, os quais continuam possíveis de serem requeridos até o recebimento oficial da
defesa que é a audiência.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 107


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

Desistência da ação.
CLT (antes da reforma) CLT (após a reforma)
Art. 841. (...) Art. 841. (...)
§ 3º. Oferecida a contestação, ainda que eletronicamente,
Sem dispositivo correspondente na
o reclamante não poderá, sem o consentimento do
redação antiga.
reclamado, desistir da ação.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: VITOR VELOSO


E-mail: profcei.vitorveloso@gmail.com

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

81. Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a Convenção Americana de


Direitos Humanos, denominada Pacto de San José da Costa Rica, possui status de Emenda
Constitucional, em razão do seu caráter protetivo aos direitos humanos encontrados também
na Constituição Federal da República Federativa do Brasil.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 1. História e fontes de direito dos tratados.

Prezados alunos, a questão aborda tema muito relevante sobre a hierarquia dos tratados
internacionais no ordenamento jurídico brasileiro. Segundo o Supremo Tribunal Federal, desde o
julgamento do RE 466.343, podemos dividir os tratados em três níveis hierárquicos de acordo com
a matéria envolvida (direitos humanos ou não) ou pela forma na qual é incorporada ao ordenamento
jurídico brasileiro, que podem ser resumidos da seguinte forma:

Caso a natureza do tratado verse sobre normas de direitos humanos e seja incorporado
de acordo com o rito de artigo 5º, § 3º, da Constituição Federal, esse tratado ou
convenção será equivalente a uma emenda constitucional.

Por outro lado, eventual tratado que discorra sobre direitos humanos, mas tenha sido
incorporada ao ordenamento jurídico pelo procedimento ordinário, será classificado como
uma norma supralegal, abaixo da Constituição, porém acima da legislação interna.

Os demais tratados inserem-se no mesmo nível da legislação ordinária, ficando


submetidos também aos critérios cronológico e de especialidade. Observação: em uma
interpretação da jurisprudência do STF, o professor Paulo Portela infere que esses

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 108


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

tratados não poderiam regular matéria reservada à lei complementar.

O caso apresentado na questão foi justamente o que deu ensejo ao julgamento do RE 466.343.
Embora disponha sobre normas de Direitos Humanos, essa convenção não foi internalizada por
meio do rito do art. 5º, § 3º, da CF, por essa razão a Corte Suprema, atribuindo-lhe natureza de norma
supralegal, entendeu que ela teria o condão de afastar a aplicação das normas infraconstitucionais
relativas a prisão do depositário infiel (matéria central do caso), o que torna a questão errada.
Trago trecho do voto paradigmático do Ministro Gilmar Mendes:

(...) desde a adesão do Brasil, sem qualquer reserva, ao Pacto Internacional dos
Direitos Civis e Políticos (art. 11) e à Convenção Americana sobre Direitos Humanos
– Pacto de São José da Costa Rica (art. 7º, 7), ambos no ano de 1992, não há mais
base legal para prisão civil do depositário infiel, pois o caráter especial desses
diplomas internacionais sobre direitos humanos lhes reserva lugar específico no
ordenamento jurídico, estando abaixo da Constituição, porém acima da legislação
interna. O status normativo supralegal dos tratados internacionais de direitos humanos
subscritos pelo Brasil, dessa forma, torna inaplicável a legislação infraconstitucional
com ele conflitante, seja ela anterior ou posterior ao ato de adesão. Assim ocorreu com
o art. 1.287 do CC de 1916 e com o DL 911/1969, assim como em relação ao art. 652 do
novo CC (Lei 10.406/2002).

[RE 466.343, rel. min. Cezar Peluso, voto do min. Gilmar Mendes, j. 3-12-2008, P, DJE
de 5-6-2009, tema 60.]

Por fim, é necessário registrar que há entendimento minoritário que defende a posição de norma
constitucional a todos os tratados de Direitos Humanos, ainda que incorporados pelo rito ordinário,
lastreados no art. 5º, § 2º da Constituição Federal. Caso não houvesse a ressalva na questão
de mencionar a jurisprudência do STF, poderíamos até considera-la correta, na interpretação
de alguns doutrinadores. (PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e
privado. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 131).

GABARITO: ERRADO

82. Dentro das relações internacionais, é possível que o Estado acreditado declare um
membro da missão estrangeira como persona non grata, sanção no qual informa ao Estado
acreditante que o agente não é mais desejado no seu território, ou até antes mesmo do
seu ingresso. Esse é um ato discricionário e não depende de qualquer procedimento ou da
observância do devido processo legal.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 17. Serviço diplomático e consular.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 109


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

Queridos alunos, a questão está correta. A expressão em latim persona non grata pode ser
entendida como “pessoa não agradável” ou “pessoa não bem-vinda”. Trata-se de uma faculdade
que os Estados acreditados possuem em declarar o Chefe de uma Missão Estrangeira ou qualquer
membro do seu pessoal diplomático como persona non grata ou qualquer outro membro do seu
pessoal como não aceitável.

Essa medida é um costume antigo nas relações internacionais e que tem o objetivo de garantir
a estabilidade e as boas relações entres os Estados, evitando os abusos das imunidades
pela Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961, o que poderia resultar em
desentendimentos entre os Estados. Essa é uma prática bem comum nas relações internacionais,
muitas vezes é usada como mecanismo de mostrar insatisfação com alguma política ou medida
adotada pelo outro Estado.

Como uma medida muitas vezes política e discricionária, não há necessidade de qualquer
declaração de motivos ou prévio procedimento legal/administrativo, basta que haja a devida
comunicação oficial. Por essa razão não há necessidade sequer de contraditório ou ampla defesa,
não se aplicando os princípios constitucionais. É o que se extrair do art. 9º, itens 1 e 2, da referida
Convenção Internacional.

Artigo 9

1. O Estado acreditado poderá a qualquer momento, e sem ser obrigado a justificar a


sua decisão, notificar ao Estado acreditante que o Chefe da Missão ou qualquer membro
do pessoal diplomático da Missão é persona non grata ou que outro membro do pessoal
da Missão não é aceitável. O Estado acreditante, conforme o caso, retirará a pessoa em
questão ou dará por terminadas as suas funções na Missão. Uma Pessoa poderá ser
declarada non grata ou não aceitável mesmo antes de chegar ao território do Estado
acreditado.

2. Se o Estado acreditante se recusar a cumprir, ou não cumpre dentro de um prazo


razoável, as obrigações que lhe incumbem, nos têrmos do parágrafo 1 dêste artigo, o
Estado acreditado poderá recusar-se a reconhecer tal pessoa como membro da Missão.

Conforme consta do segundo item, caso o Estado acreditante se recuse a retirar a pessoa do Estado
acreditado, é possível que este não reconheça o agente como membro da missão estrangeira e
deixe de lhe aplicar os privilégios e imunidades a que anteriormente possuía direito, possibilitando,
portanto, que ele seja processado e julgado pelo judiciário local.

(PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado. Salvador: Juspodivm,
2015, p. 237-238).

GABARITO: CERTO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 110


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

83. Em recente decisão, o Supremo Tribunal Federal entendeu que apesar de o Estado
requerente alegar que os delitos praticados pelo seu súdito são qualificados como de lesa-
humanidade, previstos na Convenção sobre Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra e dos
Crimes contra a Humanidade, de 1968, não torna tais crimes imprescritíveis no Brasil, razão
pela qual indeferiu o seu pedido de extradição.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 19. Regime jurídico do estrangeiro.

Pessoal, o conhecimento da jurisprudência é imprescindível na prova do CESPE/Cebraspe!


Fiquem atentos ao julgados mais recentes e que podem ser cobrados nas provas. Recomendo
muito a leitura do blog Dizer o Direito, um material muito bom para conhecer e revisar os julgados
mais importantes do STF e STJ. O professor Márcio Cavalcante é uma pessoa a quem todos nós
devemos gratidão.

Bem, essa questão reproduz parte do que ficou decidido pelo STF no julgamento do pedido
de Extradição nº 1.362/DF, requerida pela Argentina contra um súdito acusado de sequestrar e
assassinar militantes políticos de esquerda entre 1973 e 1975. O Estado alegava que os crimes eram
de lesa-humanidade e seriam imprescritíveis de acordo com a Convenção sobre Imprescritibilidade
dos Crimes de Guerra e dos Crimes contra a Humanidade, de 1968.

Ocorre que a Corte Suprema, de forma não unanime, entendeu pela impossibilidade de se extraditar
o indivíduo em razão da imprescritibilidade dos crimes segundo a lei brasileira, aplicando o conceito
da dupla punibilidade do art. 77, VI, da Lei 6.815/80, norma retratada na rodada anterior. Esse
requisito é parecido com o da dupla tipificação, mas com esse não se confunde, já que para aquele
trata da questão da punição do delito em ambos os países.

Como fundamento para reconhecer a imprescritibilidade do crime, os magistrados consignaram


nos votos vencedores que o Brasil não subscreveu a referida Convenção, não estando,
portanto, vinculado a seus termos. Fundamentaram, ainda, que apenas a lei penal brasileira
poderia dispor sobre o tema da prescrição, em razão do princípio constitucional da reserva
absoluta de lei formal.

É um tema bastante polêmico e que pode voltar a ser julgado pela Corte, visto que já existem
diversos julgados da Corte Interamericana de Direitos Humanos que impõe a necessidade dos
Estados integrantes do SIDH em reconhecer a imprescritibilidade dos crimes de lesa-humanidade
e punir os autores.

Obs.: acredito que a leitura dessa convenção não deve ser obrigatória para a prova da AGU, mas
o conhecimento desse julgado sim. Fiquem atentos.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 111


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

GABARITO: CERTO

84. Dentro das relações internacionais consolidou-se o entendimento de que as embaixadas


constituem território do Estado estrangeiro, razão pela qual gozam de certos direitos e
imunidades garantidos pela Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 17. Serviço diplomático e consular.

Prezados alunos, a resposta está errada! Havia uma interpretação doutrinária que defendia a
extraterritorialidade dos locais das embaixadas onde seriam pertencentes aos Estados acreditados,
entretanto essa teoria acabou sendo afastada pela literatura mais moderna. O que existe na verdade
é uma proteção que primeiramente decorreu de um costume e que foi codificada na Convenção
de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961, dispondo sobre a imunidade dos agentes e dos
locais da embaixada.

Trago um trecho bastante elucidativo do professor Valério Mazzuoli que discorre bem sobre essa
temática.

“Portanto, o que as embaixadas têm (assim como os navios e as aeronaves castrenses)


é uma inviolabilidade garantida tanto pelo costume como por normas convencionais,
em especial a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961. A sede da
embaixada ou da missão está sujeita às leis e regulamentos locais (do Estado acreditado),
regendo-se por essa lei os atos e fatos ali ocorridos. A inviolabilidade das embaixadas
impede que autoridades do Estado acreditado nela ingressem sem prévia autorização
(v.g., uma liberação de ingresso expedida pelo embaixador).

Ademais, o Estado estrangeiro – do qual a embaixada é apenas uma sede – tem


imunidade à jurisdição local, bem como os membros e pessoal da missão; tal não ocorre
com o imóvel da embaixada, que é território do país local. Daí o equívoco de dizer-se que
este imóvel (que serve como sede da embaixada e da missão diplomática) é território
estrangeiro por extensão. Trata-se de imóvel situado em território do próprio país onde
se localiza (v.g., a embaixada da Itália em Brasília situa-se em território brasileiro).”
(Mazzuoli, Valério de Oliveira. Curso de direito internacional público /Valério de
Oliveira Mazzuoli. -- 9. ed. rev., atual. e ampl. -- São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2015, p. 488).

GABARITO: ERRADO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 112


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

85. De acordo com a doutrina internacionalista, a gênese do Direito Internacional Econômico


pode ser encontrada nos acordos de Bretton Woods de 1944, onde foram criados o Fundo
Monetário Internacional (FMI) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), bem
como iniciadas as negociações que culminaram na conclusão do Acordo Geral de Tarifas e
Comércio (GATT, em inglês), no ano de 1947.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 8. Direito Econômico Internacional.

A Conferência Monetária e Financeira das Nações Unidas, mais conhecida como Conferência
de Bretton Woods, ocorreu no ano de 1944 nos Estados Unidos e foi marcada por uma séria de
acordos entre as principais economias globais, dispondo sobre regras nos campos econômico,
comercial e financeiro.

Três estruturas foram idealizadas, mas apenas duas foram efetivamente criadas durante esse
evento: o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional para Reconstrução e
Desenvolvimento (BIRD). Foi pensada, também, a criação da Organização Internacional do
Comércio (OIC), discutida na Conferência de Havana de 1947, entretanto ela nunca saiu do papel
em razão de ter sido barrada pelo congresso americano (maior potência econômica global e quem
conduziu os acordos).

O FMI é uma organização internacional voltada a promoção harmoniosa do sistema monetário


e financeiro internacional, promovendo a cooperação monetária e a estabilidade cambial,
disponibilizando, quando possível e necessário, assistência financeira temporária aos Estados
para ajustarem suas finanças. O objetivo principal era evitar incidentes como os que ocorreram em
1929 com a quebra da bolsa de Nova York, além de contribuir para a estabilidade do mundo como
um todo.

O Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), que hoje faz parte da
estrutura do Banco Mundial, é uma organização internacional que também foi criada em Bretton
Woods e que tem como objetivo principal a promoção do desenvolvimento mundial por meio de
empréstimos e projetos de cooperação. Foi concebido para atender prioritariamente a reconstrução
dos países europeus no pós II Guerra Mundial, mas que hoje atua em todas as regiões do mundo.

Com a dificuldade de se chegar a um consenso sobre a terceira organização, novos encontros


foram realizados, assim, o Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio (GATT, em
inglês), foi firmando em 1947, na Rodada de Genebra, com o objetivo de estimular o comércio
internacional com base numa maior liberalização da economia e combate ao protecionismo,
temas que estavam muito em voga na época. Entretanto, o GATT foi concebido para ser
provisório, já que regularia o comércio internacional até a constituição efetiva da OIC (que como
falei nunca ocorreu), mas perdurou por quase 40 anos até ser substituído pela rodada do Uruguai

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 113


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

de 1994, que criou a OMC.

Em razão das suas concepções terem surgido nas reuniões de Bretton Woods, ficaram conhecidos
como “Tripé de Bretton Woods”, tendo sido feita uma questão sobre esse tema na prova oral do
concurso da AGU de 2009.

Por seu turno, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) é uma organização


financeira internacional, que tem por objetivo o financiamento e o desenvolvimento econômico,
social e institucional dos Estados americanos, disponibilizando aos setores público e privado recursos
financeiros, por meio de empréstimos, doações e garantas, além de assessoria e assistência
técnica na formulação de políticas públicas e projetos de cooperação. Não se confundindo com o
BIRD ou com o Banco Mundial.

A questão está, portanto, errada!

(PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado. Salvador: Juspodivm,
2015, p. 406-409).

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: RUBENS VENTURA


E-mail: profcei.rubensventura@gmail.com

DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

86. Segundo entendimento do STJ, quando o falso se exaure no descaminho, sem mais
potencialidade lesiva, é por este absorvido, como crime-fim, condição que não se altera por
ser menor a pena a este cominada.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Direito Penal – 10 Crimes contra a administração pública e Lei nº


8.429/1992.

Para entender a questão, primeiramente seria importante recordar a redação dos tipos penais de
falsidade ideológica e descaminho:

Descaminho

Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela
entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria.

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 114


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

Falsidade ideológica

Art. 299. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar,
ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com
o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente
relevante:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de


um a três anos, e multa, se o documento é particular.

Repare que o crime de falsidade ideológica possui uma pena em abstrato superior à do crime de
descaminho. Assim, surgiu a dúvida: pode um crime-meio de pena máxima em abstrato superior
ser absorvido por crime-fim de pena máxima em abstrato inferior?

O STJ, no julgamento do REsp 1.378.053-PR (Informativo 587), consolidou o entendimento em sede


de recurso repetitivo de que quando o falso se exaure no descaminho, sem mais potencialidade
lesiva, é por este absorvido, como crime-fim, condição que não se altera por ser menor a pena a
este cominada. Para o STJ, crime de maior gravidade, assim considerado pela pena abstratamente
cominada, pode ser absorvido, por força do princípio da consunção, por um crime menos grave,
quando, repita-se, utilizado como mero instrumento para consecução de um objetivo final único.

GABARITO: CERTO

87. Segundo o STJ, por se tratar o descaminho de crime material, aplica-se a causa de extinção
da punibilidade prevista no § 2º, do artigo 9º, da Lei Federal n.º 10.684/2003, consistente no
pagamento integral do débito.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Direito Penal – 10 Crimes contra a administração pública e Lei nº


8.429/1992.

Recordando a redação do § 2º, do artigo 9º, da Lei Federal n.º 10.684/2003, que delineia uma
causa de extinção da punibilidade mediante o pagamento integral do débito:

Art. 9º. É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos
arts. 1º e 2º da Lei n. 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168-A e 337-A do
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, durante o período em
que a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no
regime de parcelamento.

§ 2º Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a pessoa


jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 115


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios.

Ocorre que em 2013 o STJ alterou o seu entendimento a respeito da natureza jurídica do descaminho,
passando a considerar como crime formal. Isso porque o bem jurídico tutelado não se restringe
ao valor do imposto sonegado, pois, além de lesar o Fisco, atinge a estabilidade das atividades
comerciais dentro do país. Assim, como a causa de extinção da punibilidade do § 2º, do artigo 9º,
da Lei Federal n.º 10.684/2003 incide apenas sobre crimes materiais, o descaminho está excluído
de sua hipótese de incidência. Sobre o tema, reporta-se ao julgamento do RHC 43.558 STJ.

GABARITO: ERRADO

88. Segundo a jurisprudência do STJ e do STF, o crime de descaminho admite a aplicação


do princípio da insignificância.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Direito Penal – 10 Crimes contra a administração pública e Lei nº


8.429/1992.8.137.

Apesar de o crime de descaminho ser crime formal, incoerentemente o STJ (HC 218.961/SP) e o
STF (HC 99740) entendem que é aplicável o princípio da insignificância. O crime de descaminho
se perfaz com o ato de iludir o pagamento de imposto devido pela entrada de mercadoria no pais.
Não é necessária, assim, a apuração administrativo-fiscal do montante que deixou de ser recolhido
para a configuração do delito. Trata-se, portanto, de crime formal, e não material, razão pela qual o
resultado da conduta delituosa relacionada ao quantum do imposto devido não integra o tipo legal.

Contudo, há uma divergência em relação ao parâmetro a ser adotado.

1ª Corrente – O STF sustenta que a Portaria MF n. 75/2012, na qual o Ministro da Fazenda


determinou o “não ajuizamento de execuções fiscais de débitos com a Fazenda Nacional cujo valor
consolidado seja igual ou inferior a 20 mil reais”, produz efeitos penais. Isso porque o fundamento
que orienta a avaliação da tipicidade da conduta é o mesmo estipulado como parâmetro para a
atuação do Estado em matéria de execução fiscal, ou seja, o valor do tributo devido. Logo, para o
STF, o novo valor máximo para fins de aplicação do princípio da insignificância passou a ser este
(HC 120617 – STF).

2ª Corrente – Contrariamente, o STJ entende que, a despeito da Portaria MF n. 75/2012, o patamar


para aplicação do princípio da insignificância permanece sendo 10 mil reais, previsto no artigo
20 da Lei Federal n.º 10.522/2002. Isso porque entende o STJ que mera portaria do Ministro da
Fazenda não poderia subordinar o exercício da jurisdição penal (REsp 1112748 / TO).

GABARITO: CERTO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 116


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

89. Segundo o STF, o descumprimento de acordo de colaboração premiada justifica a


decretação de prisão preventiva.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Direito Processual Penal – 4 Da prova: Da prisão e da liberdade


provisória. Prisão preventiva.

A afirmativa está errada. Isso porque o STF, no julgamento do HC 138.207, decidiu que do ponto de
vista jurídico, inexiste relação direta entre o descumprimento de acordo de colaboração premiada
e prisão preventiva. A decretação da prisão preventiva somente é cabível para a “garantia da
ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a
aplicação da lei penal”, nos termos do artigo 312 do CPP. Da mesma forma, as consequências de
eventual descumprimento de acordo de colaboração estão previstas na Lei Federal n.º 12.850/13,
sendo que, entre elas, não se inclui a imposição de prisão preventiva.

Tenho insistido no tema colaboração premiada por razões óbvias. É o assunto do momento, sendo
muito importante o conhecimento da jurisprudência recente sobre o instituto.

GABARITO: ERRADO

90. Segundo o STF, não há necessidade de prévia autorização da Assembleia Legislativa


para o recebimento de denúncia ou queixa e instauração de ação penal contra governador
de Estado, por crime comum.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Direito Processual Penal – 9 Do processo e do julgamento dos crimes


de responsabilidade dos funcionários públicos.

Muita atenção porque o tema sofreu uma reviravolta jurisprudencial do STF. Inicialmente, o STF
entendia ser legítimas as normas de Constituições Estaduais que subordinam a deflagração formal
de um processo acusatório contra o Governador de Estado mediante a autorização da Assembleia
Legislativa (ADI 4791).

Entretanto, houve, nesse ano de 2017, uma virada na jurisprudência do STF, que passou a entender
que não há necessidade de prévia autorização da Assembleia Legislativa para o recebimento de
denúncia ou queixa e instauração de ação penal contra governador de Estado, por crime comum.
Os fundamentos adotados pelo STF foram os seguintes: (i) ausência de previsão expressa e
inexistência de simetria entre a Constituição Estadual e a CF/88 neste tema; (ii) interpretação que
afronta o princípio republicano; (iii) referida matéria é de competência privativa da União, por se
tratar de direito processual penal, nos termos do artigo 22, inciso I, da CF/88; (iv) afronta ao princípio

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 117


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

da igualdade, não se justificando o privilégio do Governador em relação aos demais cidadãos.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: RAVI PEIXOTO


E-mail: profcei.ravipeixoto@gmail.com

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

91. A querela nullitatis insanabilis constitui medida voltada à excepcional eiva processual,
podendo ser utilizada quando, ausente ou nula a citação, não se tenha oportunizado o
contraditório ou a ampla defesa à parte demandada, sendo a ela aplicável as mesmas regras
de competência da ação rescisória.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 45 Querela Nullitatis.

De fato, como já afirmou o STJ, “A “querela nullitatis insanabilis” constitui medida voltada à
excepcional eiva processual, podendo ser utilizada quando, ausente ou nula a citação, não se tenha
oportunizado o contraditório ou a ampla defesa à parte demandada (STJ, 3ª T., REsp 1.625.033/
SP, Rel. Min. Paulo De Tarso Sanseverino, j. 23/05/2017, DJe 31/05/2017).

No entanto, ela “deve ser proposta perante o juízo que proferiu a decisão (e não necessariamente
em tribunal, como é o caso da ação rescisória) (DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo
Carneiro da. Curso de direito processual civil. 14 ed. Salvador: Juspodivm, 2017, v. 3, p. 657,
grifos nossos). Esse entendimento é também adotado pelo STJ, que, no informativo n. 478 afirmou
que “Tem competência para processar e julgar a querela nullitatis o juízo que proferiu a decisão
supostamente viciada. 2. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo da 1ª Vara
de Acidentes do Trabalho de Santos - SP, o suscitado. (STJ, 3ª Seção, CC 114.593/SP, Rel.
Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 22/06/2011, DJe 01/08/2011). Em outros termos, a assertiva
está incorreta ao apontar que a querela nullitatis seguiria as mesmas regras de competência da
ação rescisória.

GABARITO: ERRADO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 118


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

92. As condições da ação devem ser analisadas com base na teoria da asserção, sendo tal
teoria consagrada pelo Superior Tribunal de Justiça.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 3 Da ação: conceito; ação e pretensão; natureza jurídica, condições,


princípios, classificação.

As condições da ação foram desenvolvidas por Liebman, que criou a teoria eclética da ação,
como requisitos a serem observados, depois de estabelecida regularmente a relação processual,
de forma que o juiz possa solucionar o mérito da causa. Elas assumem uma posição entre os
requisitos processuais e o mérito da causa.

Sempre foram muito criticadas justamente porque ou deveriam estar no mérito (legitimidade
ordinária) ou como requisitos processuais (legitimidade extraordinária). Os seus defensores, como
forma de defender sua utilidade, defenderam a teoria da asserção, por meio da qual “as condições
da ação devam ser aferidas de acordo com a afirmativa do autor na petição inicial, in statu
assertionis – à vista do que se afirmou na petição inicial, abstraindo-se as possibilidades
que se abrirão ao julgador no momento do juízo de mérito”. (DIDIER JR., Fredie. Um réquiem
às condições da ação. Estudo analítico sobre a existência do instituto. Revista Jus Navigandi, ISSN
1518-4862, Teresina, ano 7, n. 56, 1 abr. 2002. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/2918>.
Acesso em: 14 ago. 2017). Complementando, afirma Humberto Theodoro Junior que “Depois que
o caso dos autos se submete à análise concreta e detalhada, e exaurida já se acha a instrução da
causa, não se pode mais admitir que se mantenha, invariavelmente, como solução de preliminar
processual o pronunciamento do juiz que acolha a falta de legitimidade ou de interesse. Em tal
estágio, o que, na verdade, se está decidindo é se a prova colhida e o direito invocado sustentam,
ou não, o pedido ou, em outras palavras, se in concreto o autor tem, ou não, condições de exigir a
prestação que reclama do réu”. (THEODORO JR., Humberto Theodoro. Curso de direito processual
civil. 56ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. 1, p. 166).

O STJ, por diversas vezes, tem se utilizado da teoria na análise das condições da ação: Nos
termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a legitimidade para a causa, sendo
tema relacionado com o mérito e uma das condições da ação, deve ser analisada com base na
teoria da asserção. (STJ, 3ª T., AgInt no AREsp 925.422/SP, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas
Cueva, j. 20/06/2017, DJe 01/08/2017). No mesmo sentido: STJ, 4ª T., AgInt no AREsp 812.350/
RO, Rel. Min. Marco Buzzi, j. 09/05/2017, DJe 17/05/2017; STJ, 2ª T., REsp 1661571/SP, Rel.
Ministro Herman Benjamin, j. 09/05/2017, DJe 17/05/2017).

GABARITO: CERTO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 119


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

93. Na execução contra a Fazenda Pública, para que haja a alegação de inexigibilidade da
obrigação reconhecida em título judicial pela inconstitucionalidade do ato normativo ou lei,
a decisão do STF sobre o tema precisa ter sido tomada no controle de constitucionalidade
concentrado.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 16 Processo de execução: pressupostos e princípios informativos.


Espécies de execução. Embargos à execução contra a Fazenda Pública. Penhora,
arresto, sequestro e depósito. Busca e apreensão. Adjudicação. Alienação em hasta
pública. Execução provisória. Embargos do devedor: natureza jurídica, cabimento e
procedimento. Embargos de terceiro: natureza jurídica, legitimidade e procedimento.
Execução fiscal. Da execução contra a fazenda pública.

O art. 535 do CPC regula a impugnação ao cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade
de obrigação de pagar quantia certa pela Fazenda Pública. O § 5º regula o tema alvo da assertiva:
“Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, considera-se também inexigível a
obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou
do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal,
em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso”. No regime do CPC anterior havia
polêmica sobre se a decisão do STF deveria ter sido tomada no controle de constitucionalidade
concentrado ou difuso, algo resolvido pelo CPC/2015, permitindo que as decisões sejam tomadas
no controle concentrado ou difuso.

É importante ainda destacar outro detalhe nessa regulação, que é o momento da decisão: “§ 7º
A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 5º deve ter sido proferida antes do trânsito
em julgado da decisão exequenda”. Em suma, para que haja a alegação de inconstitucionalidade
em sede de impugnação, a decisão do STF deve ter sido proferida antes do trânsito em julgado
da decisão exequenda.

GABARITO: ERRADO

94. No cumprimento de decisão contra a Fazenda Pública, caso haja uma decisão do
STF reconhecendo a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo que tenha gerado o
reconhecimento de obrigação pelo judiciário após o seu trânsito em julgado, será cabível
ação rescisória no prazo máximo de dois anos depois de findo o processo de conhecimento.

COMENTÁRIO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 120


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

»» Ponto do edital: 16 Processo de execução: pressupostos e princípios informativos.


Espécies de execução. Embargos à execução contra a Fazenda Pública. Penhora,
arresto, sequestro e depósito. Busca e apreensão. Adjudicação. Alienação em hasta
pública. Execução provisória. Embargos do devedor: natureza jurídica, cabimento e
procedimento. Embargos de terceiro: natureza jurídica, legitimidade e procedimento.
Execução fiscal. Da execução contra a fazenda pública.

De acordo com art. 535, § 5º, do CPC:

§ 5º Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, considera-se também
inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato
normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em
aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal
como incompatível com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade
concentrado ou difuso.

Existem duas formas se haver essa alegação de inconstitucionalidade baseada em decisão do


STF: i) quando a decisão for proferida antes do trânsito em julgado do processo de conhecimento,
a alegação deve ser feita nos próprios autos da execução (§ 7º); ii) quando a decisão for posterior
ao trânsito em julgado, haverá a necessidade de utilização da ação rescisória (§ 8º).

Outro problema é o prazo. Isso porque o prazo normal da rescisória é regulado pelo art. 975 do
CPC, segundo o qual: “O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito
em julgado da última decisão proferida no processo”. No entanto, para a situação específica de
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo que tenha gerado o reconhecimento de obrigação
pelo judiciário após o seu trânsito em julgado, o prazo é diverso. Isso porque o art. 535, § 8º, “Se
a decisão referida no § 5º for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá
ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo
Supremo Tribunal Federal”.

Veja-se que, nesse caso, o prazo continua a ser de dois anos, mas o termo inicial não é a última
decisão proferida no processo, mas do trânsito em julgado da decisão proferida pelo STF. Essa
situação pode gerar prazos muito longos, por exemplo, caso o STF reconheça a inconstitucionalidade
de determinada lei 10 anos depois do trânsito em julgado do processo de conhecimento, a Fazenda
Pública ainda teria mais dois anos para ajuizar a ação rescisória.

GABARITO: ERRADO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 121


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

95. Sempre que o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento
em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados
nos termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir
a possibilidade de inversão do resultado inicial.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 21 Processos nos tribunais (Edital de Procurador de Sergipe - a técnica


mencionada não existia no CPC/1973).

A assertiva é falsa. O CPC/2015 extinguiu o recurso de embargos infringentes, no entanto, o substituiu


por uma outra técnica assemelhada, mas sem natureza recursal. Essa técnica foi prevista no art.
942: “Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em
sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos
previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de
inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar
oralmente suas razões perante os novos julgadores”.

No entanto, essa técnica, embora mais ampla do que o anterior embargos infringentes, não será
aplicada a todas as situações. Isso porque, de acordo com o art. 942, § 4º, existem algumas
exceções: “§ 4º Não se aplica o disposto neste artigo ao julgamento: I - do incidente de
assunção de competência e ao de resolução de demandas repetitivas; II - da remessa
necessária; III - não unânime proferido, nos tribunais, pelo plenário ou pela corte especial”.
Veja-se que são três as exceções: i) julgamento de IAC ou IRDR; ii) remessa necessária e iii)
mesmo quando o julgamento não seja unânime, mas seja proferido pelo plenário ou corte especial
(por exemplo, o julgamento de questão de constitucionalidade).

GABARITO: ERRADO

96. É possível a utilização do incidente de assunção de competência sempre que haja


relevante questão de direito, com grande repercussão social.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 21 Processos nos tribunais (Edital de Procurador de Sergipe - a técnica


mencionada não existia no CPC/1973)

A assertiva é falsa, pois lhe falta um dos requisitos do IAC. De acordo com o art. 947: “É admissível a
assunção de competência quando o julgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo
de competência originária envolver relevante questão de direito, com grande repercussão

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 122


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

social, sem repetição em múltiplos processos”.

Não é cabível a assunção de competência quando haja repetição em múltiplos processos. A


razão disso? É porque, para os casos de repetição de processos, tem-se o incidente de resolução
de demandas repetitivas, consoante se infere do conteúdo do art. 976, I: “Art. 976. É cabível a
instauração do incidente de resolução de demandas repetitivas quando houver, simultaneamente: I -
efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão unicamente
de direito”.

Ou seja, o objetivo do IAC é o de formar precedente sobre questão relevante de direito ou que
possua grande repercussão social, desde que não haja repetição de processos. Havendo essa
repetição, é caso de IRDR. É importante ter conhecimento dos pressupostos de instauração de
cada um desses novos incidentes.

GABARITO: ERRADO

97. A doutrina do forum non conveniens não é admitida pelo STJ.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 2 Competência: conceito; competência funcional e territorial;


competência internacional. Competência absoluta e relativa. Modificações da
competência e conflito; conexão e continência.

O forum non conveniens seria a possibilidade do controle da competência “quando o foro escolhido
é um juízo inconveniente ou inadequado”, buscando a escolha de um foro “neutro”, sem que uma
das partes seja excessivamente prejudicada. Existem alguns textos doutrinários brasileiros (Fredie
Didier Jr.; Paula Sarno Braga, Antônio do Passo Cabral, Renato Beneduzi, Carmen Tibúrcio etc)
que defendem a sua possibilidade, mas ela não é admitida pelo STJ.

Segundo o STJ, é “Restrita (a) aceitação da doutrina do forum non conveniens pelos países
que adotam o sistema do civil-law, não havendo no ordenamento jurídico brasileiro norma
específica capaz de permitir tal prática” (STJ, 3ª T., REsp 1.633.275/SC, Rel. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, j. 08/11/2016, DJe 14/11/2016).

GABARITO: CERTO

98. Há a possibilidade de reconhecimento da conexão entre a execução de título extrajudicial


e uma ação de conhecimento relativas ao mesmo ato jurídico e de execuções fundadas no
mesmo título executivo.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 123


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 2 Competência: conceito; competência funcional e territorial;


competência internacional. Competência absoluta e relativa. Modificações da
competência e conflito; conexão e continência.

De acordo com o art. 55, § 2º, do CPC: “Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações
quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir. § 2º Aplica-se o disposto no caput: I - à
execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico;
II - às execuções fundadas no mesmo título executivo”.

Esses dois temas forma basicamente a consagração de entendimento jurisprudencial, citando


exemplos de situações em que havia certa polêmica quanto a existência de conexão. Inclusive,
sobre o inciso I há precedente já publicado em informativo, segundo o qual “Pode ser reconhecida
a conexão e determinada a reunião para julgamento conjunto de um processo executivo com um
processo de conhecimento no qual se pretenda a declaração da inexistência da relação jurídica
que fundamenta a execução, desde que não implique modificação de competência absoluta. (STJ,
4ª T., REsp 1.221.941-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 24/2/2015, DJe 14/4/2015, info. 559)

GABARITO: CERTO

99. Os embargos de divergência podem ser interpostos para sanar divergência atinente ao
juízo de admissibilidade de recurso especial.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 13 Recursos: conceito, fundamentos, princípios, classificação,


pressupostos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade, efeitos, juízo de mérito.
Concessão de efeito suspensivo pelo Relator. Reexame necessário. Apelação. Agravo.
Embargos infringentes, de divergência e de declaração. Recurso especial. Recurso
extraordinário. Recurso repetitivo no STJ (Lei nº 11.672/2008). Repercussão geral no
STF (Lei nº 11.418/2006). Ação rescisória. Nulidades.

A assertiva está incorreta. De acordo com o STJ, “a configuração do dissídio interno que viabiliza
a interposição de embargos de divergência pressupõe que os acórdãos confrontados apresentem,
além de similitude fática, discussão das teses jurídicas distintas sob o mesmo enfoque legal, e
sejam assentados sob o exame do mérito do recurso, porque não servem tais embargos para
discussão sobre a aplicação de regra técnica de admissibilidade recursal”. (STJ, Corte
Especial, AgInt nos EAREsp 341.992/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 21/06/2017, DJe
29/06/2017).

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 124


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

Por outro lado, é importante ter o conhecimento de que “A divergência que autoriza a interposição
de embargos de divergência pode verificar-se na aplicação do direito material ou do direito
processual” (art. 1.043, § 2º, CPC).

É importante que se compreenda que o mérito do recurso pode ser uma questão processual,
a exemplo da competência. O recurso de embargos de divergência, então, seria para sanar
divergência interna do STJ acerca do tema da competência. Por outro lado, não seria possível,
por exemplo, embargos de divergência para discutir o tema do prequestionamento, por estar na
admissibilidade do recurso especial.

GABARITO: ERRADO

100. Da decisão de organização e saneamento do processo, apenas será cabível o pedido de


esclarecimento ou de realização de ajustes no prazo de cinco dias.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 10 Petição inicial: conceito, requisitos. Pedidos: espécies, modificação,


cumulação. Causa de pedir. Despacho liminar: objeto, natureza, de conteúdo positivo,
de conteúdo negativo. Da citação. Da intimação. Da resposta do réu: contestação,
exceções, reconvenção. Revelia. Direitos indisponíveis. Providências preliminares e
julgamento conforme o estado do processo. Antecipação de tutela. Tutela específica.

A decisão de organização e saneamento do processo deve analisar as seguintes questões:

Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em
decisão de saneamento e de organização do processo: I - resolver as questões
processuais pendentes, se houver; II - delimitar as questões de fato sobre as quais
recairá a atividade probatória, especificando os meios de prova admitidos; III - definir a
distribuição do ônus da prova, observado o art. 373; IV - delimitar as questões de direito
relevantes para a decisão do mérito; V - designar, se necessário, audiência de instrução
e julgamento.

Em tese, apenas será cabível o pedido de esclarecimento ou de realização de ajustes no prazo


de cinco dias (art. 357, § 1º), findo o qual a decisão será estável. No entanto, algumas decisões
elencadas nos incisos do art. 357 podem ser alvo imediato de outros recursos. Um dos
exemplos é a decisão de redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º, contra a
qual cabe agravo de instrumento (art. 1.015, XI, CPC/2015). Portanto, a assertiva é falsa, pois é
possível que seja cabível igualmente o agravo de instrumento.

GABARITO: ERRADO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 125


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

QUESTÕES DISSERTATIVAS

ORIENTAÇÃO: Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com
agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.

PROFESSORA: MARIA HELENA ROCHA


E-mail: profcei.mariahelena@gmail.com

DIREITO ADMINISTRATIVO

1. João, Procurador Federal, respondeu a processo administrativo disciplinar pela prática


de concussão em dezembro de 2010. O PAD, que se iniciou em razão de denúncia anônima,
findou em janeiro de 2016. João responde a ação penal proposta pelo Ministério Público
Federal pelo mesmo fato, no âmbito da qual foi realizada interceptação telefônica, que,
emprestada ao PAD, embasou a demissão de João.

Diante da situação narrada, responda aos seguintes questionamentos:

a) Quais são as fases do processo administrativo disciplinar, no âmbito federal?

b) É possível que a Administração Pública inicie investigações contra determinado


servidor público em razão de notícia anônima?

c) No caso apontado, verificou-se a ocorrência da prescrição?

d) É possível a utilização de prova produzida no processo penal para instruir o processo


administrativo?

e) Explicando a relação entre o resultado do processo penal e o do processo


administrativo, bem como a possibilidade de revisão do PAD, indique se e em que
termos a eventual absolvição de João na ação penal pelo mesmo fato permitiria a
reversão de sua demissão.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 15/09/2017:
profcei.mariahelena@gmail.com - LIMITE 30 LINHAS

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 126


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

PROFESSOR: RUBENS VENTURA


E-mail: profcei.rubensventura@gmail.com

DIREITO CIVIL

»» Ponto do edital abordado: Direito civil: 2 Das pessoas. Das pessoas naturais. Das
pessoas jurídicas. Do domicílio.

2. “O princípio da autonomia patrimonial das pessoas jurídicas, consagrado no art.


1.024 do CC, constitui-se numa importantíssima ferramenta jurídica de incentivo ao
empreendedorismo, na medida em que consagra a limitação de responsabilidade – a
depender do tipo societário adotado – e, consequentemente, atua como importante redutor
do risco empresarial” (RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial esquematizado.
4. ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2014).

Com base no excerto, discorra sobre a desconsideração da personalidade jurídica,


abordando, necessariamente:

a) conceito;

b) teorias quanto aos requisitos necessários para sua aplicação;

c) teoria positivada no CC/2002;

d) jurisprudência do STJ em relação à possibilidade de desconsideração da


personalidade jurídica em caso de dissolução irregular de empresa.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 15/09/2017:
profcei.rubensventura@gmail.com - LIMITE 30 LINHAS

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 127


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

PEÇA JUDICIAL

ORIENTAÇÃO: Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com
agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.

PROFESSORA: MARIANNA MOTTA


E-mail: profcei.mariannamotta@gmail.com

DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO

O INSS realizou procedimento licitatório para a contratação de serviço de copeiragem a ser


executado nas dependências da Agência da Previdência Social de Canoas/RS. A vencedora
foi a empresa “Qcafé”. A partir de 2/1/2015, referida empresa passou a prestar serviços ao
INSS. Na mesma data, a empresa “Qcafé” contratou Albertina, como empregada, em regime
de experiência, na cidade de Porto Alegre/RS, a fim de desempenhar a atividade de copeira
pelo período de 90 (noventa) dias na Agência da Previdência Social de Canoas/RS. Findos os
90 (noventa) dias inicialmente acertados no contrato de experiência, Albertina não continuou
desempenhado seus serviços como copeira na Agência da Previdência Social de Canoas/
RS, bem como não foi feito novo acordo pela empresa “Qcafé” e Albertina. Todavia, após
a demissão, Albertina descobriu-se grávida. Seu médico informou que, na data-fim do seu
contrato de trabalho, Albertina estava grávida de 6 (seis) semanas. Passado um tempo após
o parto, Albertina retornou a residir em Bagé/RS, onde residem seus familiares, local em que
ingressou com reclamatória trabalhista apenas em face do INSS, em 1/8/2017. Na reclamatória,
Albertina pleiteia que o INSS seja condenado a lhe pagar adicional de insalubridade, pois
sua atividade de copeira a expunha a agentes insalubres, os quais são incompatíveis com a
gestação; a lhe reintegrar no emprego, pois alega ter direito à estabilidade provisória, uma
vez que estava grávida quando do fim do seu contrato de trabalho, bem como a lhe pagar
aviso prévio. Constata-se que Albertina não declarou insuficiência financeira nos autos da
reclamatória trabalhista. Com base apenas nos fatos acima trazidos, apresente a medida
processual cabível que deverá ser adotada pela Autarquia Previdenciária, bem como todas
as razões jurídicas suficientes à defesa dos interesses do INSS. Utilize, como data, o prazo
final para a apresentação da medida processual cabível.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 15/09/2017:
profcei.mariannamotta@gmail.com - LIMITE 150 LINHAS

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 128


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

NOME:_________________________________________________________________________________________________

CURSO: CEI-PROCURADOR FEDERAL 2017 - 3ª RODADA

PROFESSOR:___________________________________________________________________________________________

MATÉRIA: _____________________________________ PEÇA JUDICIAL DATA: _____/_____/_____

1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 129


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
56
57
58
59
60
61
62

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 130


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

63
64
65
66
67
68
69
70
71
72
73
74
75
76
77
78
79
80
81
82
83
84
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 131


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

97
98
99
100
101
102
103
104
105
106
107
108
109
110
111
112
113
114
115
116
117
118
119
120
121
122
123
124
125
126
127
128
129
130

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 132


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

131
132
133
134
135
136
137
138
139
140
141
142
143
144
145
146
147
148
149
150

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 133


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

NOME:_________________________________________________________________________________________________

CURSO: CEI-PROCURADOR FEDERAL 2017 - 3ª RODADA


PROFESSOR:___________________________________________________________________________________________

MATÉRIA: _____________________________________ QUESTÃO Nº: _________ DATA: _____/_____/_____

1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 134


CEI-PROCURADOR
FEDERAL
3ª RODADA - 10/09/2017

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 135

Você também pode gostar

  • 6 Rodada
    6 Rodada
    Documento114 páginas
    6 Rodada
    Diego
    Ainda não há avaliações
  • 2 Rodada
    2 Rodada
    Documento273 páginas
    2 Rodada
    Diego
    Ainda não há avaliações
  • 1 Rodada
    1 Rodada
    Documento283 páginas
    1 Rodada
    Diego
    Ainda não há avaliações
  • 3 Rodada
    3 Rodada
    Documento137 páginas
    3 Rodada
    Diego
    Ainda não há avaliações
  • 2 Rodada
    2 Rodada
    Documento48 páginas
    2 Rodada
    Diego
    Ainda não há avaliações
  • 4 Rodada
    4 Rodada
    Documento61 páginas
    4 Rodada
    Diego
    Ainda não há avaliações
  • 6 Rodada
    6 Rodada
    Documento55 páginas
    6 Rodada
    Diego
    Ainda não há avaliações
  • 3 Rodada
    3 Rodada
    Documento101 páginas
    3 Rodada
    Diego
    Ainda não há avaliações
  • 10 Rodada
    10 Rodada
    Documento67 páginas
    10 Rodada
    Diego
    Ainda não há avaliações
  • 1 Rodada
    1 Rodada
    Documento138 páginas
    1 Rodada
    Diego
    Ainda não há avaliações
  • 7 Rodada
    7 Rodada
    Documento117 páginas
    7 Rodada
    Diego
    Ainda não há avaliações
  • 10 Rodada
    10 Rodada
    Documento121 páginas
    10 Rodada
    Diego
    Ainda não há avaliações
  • 8 Rodada
    8 Rodada
    Documento123 páginas
    8 Rodada
    Diego
    Ainda não há avaliações
  • 9 Rodada
    9 Rodada
    Documento125 páginas
    9 Rodada
    Diego
    Ainda não há avaliações