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CEI-PROCURADOR

FEDERAL
1ª RODADA - 21/08/2017

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1ª RODADA - 21/08/2017
DURAÇÃO

21/08/2017 A 19/11/2017

MATERIAL ÚNICO
Questões totalmente inéditas

ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone

100 QUESTÕES OBJETIVAS


Por rodada

2 QUESTÕES DISSERTATIVAS
Por rodada

1 PEÇA/PARECER
Por rodada

IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-PRO-
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. CURADOR
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela FEDERAL
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo. 1ª ED.
2017
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PROFESSORES

Maria Helena Martins Rocha Pedrosa.


Coordenadora do curso e professora de Direito Administrativo. Advogada da União. Especialista
em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. Ex-Defensora Pública do Estado de Pernambuco.
Aprovada nos concursos da AGU, DPU, DPE/PE e DPE/RN.

Marianna M. Motta Loss.


Professora de Legislação de Seguridade Social, Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho.
Procuradora Federal. Ex-Analista MPU. Mestre em Direito. Especialista em Direito Público e Direito
Processual Civil. Mentora para concursos públicos e provas da OAB.

Renata d’Avila Lins Lemos.


Professora de Direito Constitucional, Direito Agrário e Direito Comercial. Procuradora Federal.
Especialista em direito público. Especialista em direito constitucional. Pós-graduando em direito
administrativo. Autora de livros jurídicos. Ex-procuradora municipal de Olinda/PE.

Rodolfo Cursino.
Professor de Direito Tributário. Procurador da Fazenda Nacional desde 2013. Especialista em Direito Processual/PUC-MG e
Direito Público/UBC-SP. Graduado em Direito/UFPE. Ex-Técnico do Seguro Social. Autor do livro “Procuradoria da Fazenda
Nacional / Coleção Aprovados” (lançamento em breve) e Coautor do livro “Questões Discursivas
Comentadas – Advocacia Pública Federal (AGU e PFN)”, ambos da Editora Juspodivm. Aprovado,
ainda, nos concursos de Julgador do Tribunal Administrativo Tributário de Pernambuco; Procurador
dos Municípios de Maceió/AL e João Pessoa/PB; Advogado da Caixa Econômica Federal; Analista do
MPU, TRT6 e TJPE; Técnico da Fazenda Municipal de Olinda/PE e do TRT6.

Ravi Peixoto.
Professor de Direito Processual Civil. Doutorando em direito processual pela UERJ. Mestre em Direito
pela UFPE. Procurador do Município de João Pessoa. Advogado. Aprovado nos concursos da PGM-
JP, PGDF e PGM-Recife.

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Vitor Veloso Barros e Santos.


Professor de Direito Internacional Público e Direito Econômico. Advogado da União. Especialista
em Direito Civil e Empresarial. Pós-graduando em Relações Internacionais pela UnB. Aprovado no
concurso para Advogado da Companhia de Saneamento de Alagoas.

Rubens Ventura de Almeida.


Professor de Direito Civil, Direito Penal, Direito Processual Penal e Legislação de ensino. Advogado
da União. Ex-Procurador do Município. Aprovado para os cargos de Procurador Legislativo da
Câmara Municipal de São Paulo e Analista Processual do MPU.

Maria Christina de Faria.


Professora de Direito Ambiental e de Direito Financeiro. Procuradora Federal. Ex-Analista TJMG. Pós-
graduada em Direito Processual.

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INSTRUÇÕES GERAIS

Queridos alunos, futuros Procuradores Federais,

Estamos muito felizes por começar este curso com vocês, sabendo que há pessoas que sonham
e se dedicam para assumir um dos cargos fundamentais à defesa própria das instituições estatais.

É muito bom ter, no nosso dia a dia, a missão de defender a coisa pública com excelência e saber
que, através do nosso trabalho, fortalece-se o modelo democrático que escolhemos seguir. É muito
bom, também, depois de meses ou anos de estudo – cada um tem seu tempo e sua estrada – viver
o dia da nossa aprovação, o dia da nossa nomeação e, finalmente, o dia da nossa posse. Como
é emocionante! Como é bom o momento em que chamam o nosso nome. Vale cada segundo do
trabalho duro!

De nossa parte, esforçamo-nos para, a cada rodada, oferecer-lhes um material de qualidade, bem
pensado de acordo com as exigências do edital e com a prática da advocacia pública.

Da primeira à nona rodada, teremos, em cada uma, 100 questões objetivas no estilo CESPE de
Certo ou Errado; duas questões dissertativas com resposta de até 30 linhas e uma peça ou parecer
com resposta de até 150 linhas. Será preciso que vocês se organizem bem.

Esforcem-se, também, para ler as rodadas pontualmente, bem como para responder às questões
dissertativas, recebendo nossas correções de forma individual.

Na 10ª rodada, faremos um simulado com 200 questões objetivas comentadas de forma mais
sucinta e, aí, não haverá questões dissertativas nem peça/parecer.

No canal do CEI no Youtube, temos um vídeo, feito pela Professora Marianna Motta, com dicas
para a leitura das rodadas.

Sigo à disposição de todos vocês para eventuais dúvidas pelo e-mail profcei.mariahelena@gmail.
com.

Que seja um caminho muito proveitoso para todos nós e que, em breve, possamos, juntos,
comemorar o sucesso de vocês.

Abaixo, segue o cronograma esperado do curso.

Sigam firmes!

Um abraço,

Maria Helena Rocha

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CRONOGRAMA

Limite para Limite para Publicação


Rodada Publicação
resposta correção espelho

1ª Rodada 21/08 26/08 05/09 07/09

2ª Rodada 31/08 05/09 15/09 17/09

3ª Rodada 10/09 15/09 25/09 27/09

4ª Rodada 20/09 25/09 05/10 07/10

5ª Rodada 30/09 05/10 15/10 17/10

6ª Rodada 10/10 15/10 25/10 27/10

7ª Rodada 20/10 25/10 04/11 06/11

8ª Rodada 30/10 04/11 14/11 16/11

9ª Rodada 09/11 14/11 24/11 26/11

10ª Rodada 19/11 X X X

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SUMÁRIO

QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO.................................................................................... 7


DIREITO ADMINISTRATIVO............................................................................................................................... 7
DIREITO CONSTITUCIONAL.............................................................................................................................. 9
DIREITO ECONÔMICO........................................................................................................................................ 11
DIREITO FINANCEIRO......................................................................................................................................... 11
DIREITO TRIBUTÁRIO..........................................................................................................................................12
LEGISLAÇÃO DE ENSINO...................................................................................................................................13
LEGISLAÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL........................................................................................................14
DIREITO AGRÁRIO...............................................................................................................................................15
DIREITO AMBIENTAL..........................................................................................................................................16
DIREITO CIVIL........................................................................................................................................................17
DIREITO EMPRESARIAL......................................................................................................................................18
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO......................................................................19
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO.............................................................................................................21
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL....................................................................................................... 22
DIREITO PROCESSUAL CIVIL........................................................................................................................... 22

GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS................................................................................................................... 25

QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO................................................................................ 26


DIREITO ADMINISTRATIVO............................................................................................................................. 26
DIREITO CONSTITUCIONAL............................................................................................................................ 35
DIREITO ECONÔMICO.......................................................................................................................................46
DIREITO FINANCEIRO........................................................................................................................................49
DIREITO TRIBUTÁRIO......................................................................................................................................... 53
LEGISLAÇÃO DE ENSINO.................................................................................................................................. 62
LEGISLAÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL.......................................................................................................64
DIREITO AGRÁRIO.............................................................................................................................................. 77
DIREITO AMBIENTAL......................................................................................................................................... 80
DIREITO CIVIL....................................................................................................................................................... 85
DIREITO EMPRESARIAL..................................................................................................................................... 93
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO..................................................................... 96
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO............................................................................................................111
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL...................................................................................................... 115
DIREITO PROCESSUAL CIVIL.......................................................................................................................... 119

QUESTÕES DISSERTATIVAS....................................................................................................................................... 128


DIREITO TRIBUTÁRIO....................................................................................................................................... 128
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO...................................................................................................... 129

PEÇA JUDICIAL.............................................................................................................................................................. 130


DIREITO CIVIL..................................................................................................................................................... 130

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO

ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum
material, a fim de simular a situação encontrada em prova.

DIREITO ADMINISTRATIVO

Sobre a disciplina da desapropriação por utilidade pública, à luz da jurisprudência do STJ,


analise os itens 01, 02 e 03:

QUESTÃO 1. Ocorrendo desapropriação, o ente que a promoveu é responsável pelos tributos


incidentes sobre o imóvel expropriado, ainda que os fatos geradores sejam contemporâneos
ao período em que o bem estava na posse e uso do expropriado.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 2. É possível que o ente público desista da desapropriação, mesmo que, adotada
a via judicial, já tenha ocorrido o trânsito em julgado, desde que concorram dois requisitos:
a não ocorrência do pagamento integral do preço e a ausência de alteração substancial que
impeça a utilização do imóvel tal como antes do procedimento.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 3. Se o fundamento para o procedimento for o funcionamento de transporte
coletivo, haverá a desapropriação por interesse social, e não por utilidade pública.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 4. A Justiça Federal é competente para julgar mandado de segurança contra ato
praticado por dirigente de sociedade de economia mista federal.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 5. Na composição do capital das sociedades de economia mista, há acionistas
públicos e privados, porém o Poder Público deve deter o controle acionário.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 6. De acordo com a jurisprudência do STJ, o estagiário voluntário da Administração

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Pública pode ser responsabilizado por ato de improbidade administrativa.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 7. Havendo condenação de determinado agente público por ato de improbidade
consistente em violação a princípios administrativos, é possível a fixação da suspensão dos
direitos políticos em dois anos.

ccCERTO ccERRADO
Considere a seguinte situação, para responder às questões 08 e 09:

João prestou concurso para técnico administrativo do Ministério da Fazenda, no qual eram
oferecidas 10 vagas. No decorrer do certame, a Administração Pública decidiu que seria
conveniente reduzir o número para 05 vagas, apesar de não haver previsão legal nesse
sentido. João foi aprovado em 6º lugar.

QUESTÃO 8. Nesse caso, o STF entende que a redução do número de vagas, nos moldes
apontados, viola a segurança jurídica.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 9. Se o concurso público se destinasse apenas à formação de cadastro de
reserva, e João fosse aprovado em 1º lugar, ele teria direito subjetivo à nomeação.

ccCERTO ccERRADO
Sobre a estrutura e funcionamento da Procuradoria-Geral Federal, julgue os itens 10, 11 e 12.

QUESTÃO 10. É atribuição dos membros da Procuradoria-Geral Federal a inscrição em


dívida ativa dos créditos devidos às autarquias e fundações públicas federais, para fins de
cobrança, seja amigável, seja judicial.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 11. O Procurador-Geral Federal é nomeado pelo Advogado-Geral da União e
pode atuar junto a qualquer juízo ou tribunal, no desempenho de suas funções.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 12. A representação das autarquias federais junto ao Supremo Tribunal Federal
é feita pelo Procurador-Geral Federal, que, de acordo com a lei, não poderá delegar essa
função a outrem.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO CONSTITUCIONAL

QUESTÃO 13. O Poder Judiciário não pode exigir que uma universidade pública federal
tenha que adequar seus prédios às normas de acessibilidade com o objetivo de permitir a
sua utilização por pessoas com deficiência.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 14. O trancamento da pauta por conta de Medidas Provisórias não votadas no
prazo de 45 dias, constante do art. 62 da CF/88, somente abarca os projetos de lei que tratem
sobre temas passíveis de serem tratados por Medida provisória.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 15. A autorização prévia para publicar uma biografia de um indivíduo não seria
uma forma de censura, sendo compatível com a liberdade de expressão consagrada pela
CF/88.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 16. A Administração Pública pode ser obrigada a manter quantidade mínima de
determinado medicamento em estoque, segundo o STJ.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 17. Faz-se necessária a autorização do Poder Judiciário para que o Fisco requisite
das instituições financeiras informações bancárias sobre os contribuintes.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 18. É plenamente constitucional a cobrança de anuidade por instituição pública
de ensino profissionalizante com o intuito de custear despesas com a alimentação dos
alunos.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 19. O próprio Tribunal de Contas poderá propor a execução de seu acórdão
quando este determinar a imputação de multa ou de débito.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 20. A imunidade parlamentar é uma proteção adicional ao direito fundamental de
todas as pessoas à liberdade de expressão, previsto no art. 5º, IV e IX, da CF/88, de acordo
com o STF.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 21. O STF não tem competência originária para processar e julgar Mandado
de Segurança e Habeas Corpus impetrados contra Comissão Parlamentar de Inquérito
constituída no âmbito do Congresso Nacional ou quaisquer de suas casas.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 22. Permite-se o tratamento diferenciado entre a licença-maternidade e a licença-
adotante no nosso ordenamento jurídico.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 23. O STF admite a teoria da transcendência dos motivos determinantes na
reclamação.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 24. É cabível mandado de segurança contra ato de deliberação negativa do
Conselho Nacional de Justiça, por não se tratar de ato que gere a substituição ou a revisão
do ato praticado por outro órgão do Judiciário.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 25. É possível que a Administração Pública adote critérios de heteroidentificação
para analisar se o candidato se enquadra nos parâmetros da cota para ingressar em
concursos públicos realizados no âmbito da administração pública federal, das autarquias,
das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista
controladas pela União.

ccCERTO ccERRADO

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DIREITO ECONÔMICO

QUESTÃO 26. Dentre outros, são princípios da ordem econômica explicitamente previstos
na Constituição Federal de 1988: a soberania nacional; a propriedade privada; a função
social da propriedade; a livre concorrência; a defesa do consumidor; a liberdade econômica;
a redução das desigualdades regionais e sociais; e a busca do pleno emprego.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 27. Nos termos da Lei nº 12.529/2011, a prática de ato que tenha por objetivo
o domínio de mercado relevante de bens ou serviços constitui infração da ordem
econômica, independente de quaisquer manifestações volitivas por parte dos agentes,
ainda que resultante de processo natural fundado na sua maior eficiência em relação a seus
competidores.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 28. As infrações à ordem econômica são dispostas de forma exemplificativa na
Lei nº 12.529/2011, ante a impossibilidade prática do legislador prever todas as hipóteses
de condutas lesivas à ordem econômica, podendo, inclusive, serem encontradas em outras
leis.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 29. As contribuições de intervenção no domínio econômico são classificadas
pela doutrina majoritária como tributos de natureza extrafiscal, por não possuírem uma
finalidade precípua de arrecadação, mas de efetivamente atuar em determinados setores da
economia.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO FINANCEIRO

QUESTÃO 30. No que diz respeito às normas constitucionais sobre finanças públicas,
julgue o item subsequente.

Conforme entendimento do STF, ao Poder Legislativo é reconhecida a possibilidade ampla


de emendar proposições da lei orçamentária, uma vez que é imperativo constitucional a
interferência dos representantes do povo no direcionamento dos recursos financeiros

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transferidos ao Poder Público.

ccCERTO ccERRADO
No que diz respeito às classificações da receita e da despesa em categorias econômicas,
previstas na Lei nº 4.320/1964, julgue os itens subsecutivos.

QUESTÃO 31. As dotações destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de


bens imóveis enquadram-se na classificação de despesa de custeio.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 32. As receitas provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de
constituição de dívidas são classificadas como receitas correntes.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 33. De acordo com a LRF, no que se refere às despesas com pessoal, julgue o
item seguinte.

Conforme entendimento do STJ, as restrições sobre as despesas com pessoal previstas


na Lei de Responsabilidade Fiscal não incidem quando essas despesas decorrerem de
decisões judiciais.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO TRIBUTÁRIO

QUESTÃO 34. Tanto a taxa como o preço público podem ter como sujeito ativo pessoas
jurídicas de direito público e ser cobrados em virtude da utilização efetiva ou potencial ou
do serviço público.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 35. De acordo com o STF, o pedágio possui natureza de preço público, não
respeitando os princípios tributários para sua cobrança, desde que seja disponibilizada ao
usuário uma via alternativa de tráfego.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 36. Embora não esteja prevista expressamente no Código Tributário Nacional, o

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Superior Tribunal de Justiça entende que, não só as alterações societárias ou incorporações


e fusões formalizadas implicam a responsabilidade tributária do sucessor, a qual também é
configurada a partir da mera sucessão de fato.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 37. Para o Superior Tribunal de Justiça, sendo a Lei de Execuções Fiscais uma
legislação especial, para que ocorra a penhora online de dinheiro, é necessário que o
exequente comprove alguns requisitos, dentre os quais se encontram a citação do devedor
tributário; inexistência de pagamento ou apresentação de bens à penhora no prazo legal;
e a não localização de bens penhoráveis após esgotamento das diligências realizadas pela
Fazenda Pública.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 38. O CADIN corresponde a um banco de dados, no qual são inseridos os nomes
e qualificações das pessoas, físicas ou jurídicas, que estejam em débito com a Administração
Pública Federal, direta ou indireta, ou com inscrições irregulares junto ao Ministérios da
Fazenda.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 39. Compete à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional a apuração e inscrição
em dívida ativa dos créditos da União, suas autarquias e fundações.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 40. Conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o parcelamento é
causa de interrupção do prazo prescricional.

ccCERTO ccERRADO
LEGISLAÇÃO DE ENSINO

QUESTÃO 41. A garantia constitucional da gratuidade de ensino obsta a cobrança por


universidades públicas de mensalidade em cursos de especialização, conforme entendimento
do STF.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 42. Segundo o STJ, é legal a exigência feita por universidade, com base em
resolução por ela editada, de prévia aprovação em processo seletivo como condição para
apreciar pedido de revalidação de diploma obtido em instituição de ensino estrangeira.

ccCERTO ccERRADO
LEGISLAÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL

QUESTÃO 43. Os beneficiários do Regime Geral de Previdência Social são classificados


como segurados e dependentes. Conforme a Lei nº 8.213/91, o exercente de mandato eletivo
federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência
social, é segurado obrigatório do Regime Geral de Previdência Social.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 44. João, após contar com 12 (doze) contribuições mensais à Previdência Social
como segurado empregado, perdeu sua qualidade de segurado do RGPS em 28/6/2017.
Nesse caso, se João precisar receber auxílio-doença em virtude de incapacidade após ter
perdido sua qualidade de segurado, João deverá contar, para efeito de carência, a partir da
nova filiação à Previdência Social, com 1/3 do período previsto no inciso I do art. 25 da Lei
nº 8.213/91, ou seja, com 4 (quatro) contribuições mensais.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 45. Para o financiamento do benefício de aposentadoria especial e dos
decorrentes de acidente do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas,
no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos, a contribuição
a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, será de 20%, acrescida de 1%, 2%
ou 3% conforme a atividade preponderante da empresa apresente riscos de acidente do
trabalho, considerados, respectivamente, leves, médios ou graves. Considera-se atividade
preponderante da empresa aquela em que há o maior número de empregados e trabalhadores
avulsos.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 46. Não haverá desconto de contribuição previdenciária sobre nenhum benefício
pago no âmbito do RGPS, exceto o salário-maternidade, único benefício considerado como
salário-de-contribuição.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 47. A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de


Seguridade Social contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um
conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento
às necessidades básicas.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 48. A justificação administrativa constitui recurso utilizado para suprir a falta ou
insuficiência de documento ou para produzir prova de fato ou circunstância de interesse
dos beneficiários, perante a previdência social. Será admitida a justificação administrativa
quando o fato a comprovar exigir registro público de casamento, de idade ou de óbito, ou de
qualquer ato jurídico para o qual a lei prescreva forma especial.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 49. Considerando o atual entendimento do Supremo Tribunal Federal, é
garantido o benefício de pensão por morte ao cônjuge varão, ainda que o óbito da segurada
tenha ocorrido na vigência da Constituição Federal de 1969, tendo em conta o princípio da
igualdade.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 50. Conforme o princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios, não
é possível a redução do valor nominal dos benefícios da seguridade social, porém os
benefícios da previdência social não são abarcados por referido princípio podendo sofrer
redução nominal e real.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO AGRÁRIO

QUESTÃO 51. O conceito de módulo fiscal determina se uma propriedade é pequena, média
ou grande, no direito agrário.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 52. A usucapião rural tem como objetivo atender a função social do imóvel rural.

ccCERTO ccERRADO

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DIREITO AMBIENTAL

Os princípios da precaução e da prevenção são basilares no Direito Ambiental. Há juristas


que usam ambas as expressões, supondo ou não diferença entre elas, e há aqueles que
entendem como necessária a distinção entre os dois princípios. Partindo desse último
pressuposto, julguem os itens seguintes.

QUESTÃO 53. Pode o órgão de gestão ambiental, com base no princípio da precaução,
negar a licença ambiental à determinada indústria que pretende se instalar em uma zona
industrial, quando o projeto por ela apresentado tenha o condão de comprometer o suporte
da área.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 54. Segundo jurisprudência do STF, quando há parâmetros aceitos pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), indicando ser incerta a existência de efeitos nocivos
que comprometam a qualidade de vida e o meio ambiente, não há que se invocar o princípio
da precaução para impor aos produtos e serviços parâmetros mais elevados de segurança.

ccCERTO ccERRADO
De acordo com o entendimento do STF, julgue o item seguinte, a respeito das regras
constitucionais sobre o meio ambiente.

QUESTÃO 55. A obrigação de o Estado garantir a todos o pleno exercício de direitos


culturais, incentivando a valorização e a difusão das manifestações, não prescinde da
observância da norma do inciso VII do art. 225 da CF, no que veda prática que acabe por
submeter os animais à crueldade.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 56. De acordo com o Código Florestal, julgue o próximo item, referentes às
regras de transição por ele trazidas e às infrações administrativas ambientais.

O STJ decidiu que os autos de infração relativos a fatos anteriores a 22 de julho de 2008
restaram invalidados pela entrada em vigor do novo Código Florestal.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 57. À luz da legislação sobre Sistema Nacional de Unidades de Conservação da


Natureza – SNUC, no que se refere à obrigação do empreendedor de realizar a compensação
ambiental em caso de empreendimento de significativo impacto ambiental, julgue o seguinte
item.

De acordo com o STF, deve ser respeitado o percentual previsto na lei de regência para
cálculo do montante de recursos a ser destinado à necessária compensação ambiental.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO CIVIL

QUESTÃO 58. Por serem meros detentores, não é possível o manejo de interditos
possessórios em litígio travado entre particulares sobre bem público dominical.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 59. As moradias construídas por particular em terras públicas devem ser
indenizadas pelo Poder Público, pois, a despeito da irregularidade da ocupação, aplica-se o
princípio que veda o enriquecimento sem causa.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 60. A configuração dos lucros cessantes exige mais do que a simples possibilidade
de realização do lucro, requer probabilidade objetiva e circunstâncias concretas de que
estes teriam se verificado sem a interferência do evento danoso.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 61. Segundo o STJ, a construção de hidrelétrica por empresa concessionária de
energia elétrica, ao impactar nas atividades desenvolvidas por pescador artesanal, enseja a
indenização por danos materiais e morais, ainda que observado o contrato de concessão e
as normas ambientais incidentes.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 62. Segundo o STJ, é cabível reparação civil por danos morais decorrente de
vazamento de litros de amônia perpetrado por subsidiária de sociedade de economia mista,
que prejudicou as atividades desenvolvidas por pescadores profissionais devidamente

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habilitados, não podendo se incluir no valor da indenização a ser arbitrado caráter punitivo.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 63. Segundo o STJ, a Teoria da Base Objetiva do Negócio Jurídico, prevista no
artigo 6º, inciso V, do CDC, se restringe às relações de consumo, não se admitindo extensão
às relações de direito civil mediante a aplicação da Teoria dos Diálogos das Fontes.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 64. Segundo o STJ, o direito de reclamar pelos vícios de produto durável, ainda
que grave e produtor de danos, se submete ao prazo decadencial de 90 dias, nos termos do
artigo 26, inciso II, do CDC.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 65. Não caracteriza dano extrapatrimonial para recém-nascido a perda de
uma chance por não ter suas células embrionárias colhidas e armazenadas por empresa
especializada contratada para, se for preciso, no futuro, fazer uso em tratamento de saúde.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 66. As taxas de manutenção criadas por associações de moradores em
condomínios de fato não obrigam os não associados ou que a elas não anuíram.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 67. De acordo com o STF, em caso de extravio de bagagem ocorrido em
transporte internacional envolvendo consumidor, aplica-se o CDC, por ser inconstitucional
a indenização tarifada prevista nas Convenções de Varsóvia e de Montreal.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO EMPRESARIAL

QUESTÃO 68. A instituição pode cobrar tarifa bancária pela liquidação antecipada do saldo
devedor, independentemente de quando tenha sido firmado o contrato de operações de
crédito e arrendamento mercantil.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 69. A migração de beneficiário de plano de saúde coletivo empresarial extinto


para plano individual ou familiar não enseja a manutenção dos valores das mensalidades
previstos no plano primitivo.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 70. Se houver a extinção das obrigações do falido esta extinção não se aproveita
aos codevedores.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 71. É necessária prévia autorização do cônjuge para que a pessoa preste aval
em títulos de créditos típicos.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 72. Em qualquer caso, diante de um contrato de shopping center, a sociedade
empresária tem legitimidade ativa para a causa, juntamente com o locatário, para ingressar
com ações contra o empreendedor nas causas em que houver interesses relativos ao
estabelecimento empresarial.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO

QUESTÃO 73. Nos termos da Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, que altera o § 2º do art.
2º da CLT e acrescenta a ele o § 3º, o conceito de grupo econômico no âmbito trabalhista
sofre alteração, pois o seu reconhecimento ocorrerá tanto vertical quanto horizontalmente,
exceto quando houver mera identidade de sócios desprovida de interesse integrado, de
efetiva comunhão de interesses ou de atuação conjunta das empresas dele integrantes.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 74. Atualmente, a CLT não contém dispositivo reconhecendo a possibilidade do
exercício do teletrabalho, ainda que o trabalhador preste o seu serviço fora do estabelecimento
do empregador e esteja subordinado aos meios telemáticos e informatizados de comando,
controle e supervisão, pois eles não se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos
meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 75. A reforma trabalhista, inaugurada pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017,
e com previsão de entrada em vigor em 120 dias a contar da data da sua publicação, prevê
que, caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores, as obrigações trabalhistas,
inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida,
serão sempre de responsabilidade exclusiva do sucessor, inclusive quando comprovada a
fraude na transferência da sucedida para a sucessora.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 76. Atualmente, o tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até
o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte, não é computado
na jornada de trabalho, exceto quando se tratar de local difícil acesso ou não servido por
transporte público e o empregador fornecer a condução. Todavia, com a entrada em vigor
da Lei 13.457/2017, considerar-se-á que o tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou
por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, será computado na
jornada de trabalho, por ser tempo à disposição do empregador.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 77. A partir da entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, a petição inicial da
reclamatória trabalhista, deverá trazer pedido certo, determinado e com indicação do seu
valor, sob pena de o pedido ser julgado extinto sem resolução do mérito.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 78. É possível afirmar que, a partir da entrada em vigor da reforma trabalhista,
inaugurada pela Lei nº 13.467/2017, não haverá impacto na forma de contagem dos prazos
processuais trabalhistas, uma vez os prazos processuais continuarão a ser contados
em dias corridos, e não em dias úteis, diferentemente do NCPC e privilegiando o teor da
Instrução Normativa do TST nº 39, de 2016, que ratifica o princípio da celeridade na Justiça
Trabalhista.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 79. De acordo com o entendimento sumulado do Tribunal Superior do Trabalho,
a prescrição intercorrente não ocorre no processo do trabalho.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 80. A denominada “reforma trabalhista” prevê, dentre suas inovações, a


competência da Justiça do Trabalho para homologar, mediante procedimento de jurisdição
voluntária, acordo extrajudicial trabalhista, cuja sentença fará coisa julgada material.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

QUESTÃO 81. A Convenção de Haia sobre Direito dos Tratados de 1969, ratificada e
promulgada pelo Brasil, tem por objetivo a codificação das regras do Direito Internacional
consuetudinário para harmonizar a elaboração, interpretação, ratificação, denúncia e a
extinção dos tratados internacionais.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 82. A Santa Sé, entidade que comanda a Igreja Católica Apostólica Romana, tem
a capacidade de celebrar tratados, participar de organizações internacionais e exercer o
direito de enviar e receber agentes diplomáticos.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 83. O organismo internacional que tenha garantida a imunidade de jurisdição
em tratado firmado pelo Brasil e internalizado na ordem jurídica brasileira não pode ser
demandado em juízo, salvo em caso de renúncia expressa a essa imunidade.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 84. Nos termos da Constituição Federal o cargo de Advogado-Geral da União é
de livre nomeação pelo Presidente da República dentre brasileiros natos maiores de trinta e
cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 85. Li Chin Nam e Hoo Sun Nam, casados e cidadãos da Coréia do Sul, estavam
a serviço do Japão promovendo programas sociais de combate à fome e a desnutrição no
Brasil. Considerando tais fatos, eventual filho do casal nascido no Brasil é considerado
brasileiro nato, nos termos da Constituição Federal.

ccCERTO ccERRADO

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DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

QUESTÃO 86. Segundo entendimento do STJ, para que haja a condenação pelo crime do
art. 89 da Lei nº 8.666/93, consistente no ato de dispensar ou inexigir licitação fora das
hipóteses previstas em lei, é prescindível a demonstração de que houve prejuízo ao erário.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 87. O crime de desacato não mais subsiste em nosso ordenamento jurídico
por ser incompatível com o artigo 13 do Pacto de San José da Costa Rica, incorrendo em
inconvencionalidade.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 88. A colaboração é um meio de obtenção de prova cuja iniciativa não se submete
à reserva de jurisdição, diferentemente do que ocorre nas interceptações telefônicas ou na
quebra de sigilo bancário ou fiscal.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 89. Viola o entendimento da SV 14-STF a decisão do juiz que nega a réu denunciado
com base em um acordo de colaboração premiada o acesso a outros termos de declarações
que não digam respeito aos fatos pelos quais ele está sendo acusado, especialmente se tais
declarações ainda estão sendo investigadas.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 90. A execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau de
apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não compromete o princípio
constitucional da presunção de inocência.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

QUESTÃO 91. Quando a parte é detentora do benefício da justiça gratuita, mesmo que o
recurso verse tão somente sobre os honorários advocatícios, há a dispensa do preparo.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 92. Caso a intimação de um determinado acórdão seja realizada por oficial de
justiça, o prazo será iniciado do cumprimento do mandado.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 93. Quando não há o registro da penhora, sempre há a presunção de boa-fé do
terceiro adquirente, cabendo ao exequente a comprovação da má-fé desse terceiro.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 94. A extinção por abandono de causa sempre depende de requerimento do réu.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 95. Em uma ação de responsabilidade civil ajuizada contra a União Federal, para
que a Advocacia-Geral da União concorde com a desistência, a parte autora deve renunciar
expressamente ao direito sobre que se funda a ação.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 96. A ação rescisória, quando busca desconstituir sentença condenatória que
fixou honorários advocatícios sucumbenciais, deve ser proposta não apenas contra o titular
do crédito principal formado em juízo, mas também contra o advogado em favor de quem
foi fixada a verba honorária.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 97. Na execução fiscal, a extinção do processo por abandono da causa sempre
depende de requerimento do executado.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 98. É possível a utilização de reclamação por violação de acórdão de recurso
extraordinário com repercussão geral de acórdão de julgamento em um tribunal, pendente
apenas o julgamento de embargos de declaração.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 99. Nos juizados especiais federais, não há condenação em honorários.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 100. A cláusula de reserva de plenário aplica-se às turmas recursais dos juizados.

ccCERTO ccERRADO

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GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS

1 ERRADO 26 ERRADO 51 CERTO 76 ERRADO


2 CERTO 27 ERRADO 52 CERTO 77 CERTO
3 ERRADO 28 CERTO 53 ERRADO 78 ERRADO
4 CERTO 29 CERTO 54 CERTO 79 CERTO
5 CERTO 30 ERRADO 55 CERTO 80 CERTO
6 CERTO 31 CERTO 56 ERRADO 81 ERRADO
7 ERRADO 32 ERRADO 57 ERRADO 82 CERTO
8 CERTO 33 CERTO 58 ERRADO 83 CERTO
9 ERRADO 34 ERRADO 59 ERRADO 84 ERRADO
10 CERTO 35 ERRADO 60 CERTO 85 CERTO
11 ERRADO 36 ERRADO 61 ERRADO 86 ERRADO
12 ERRADO 37 ERRADO 62 CERTO 87 ERRADO
13 ERRADO 38 CERTO 63 CERTO 88 CERTO
14 CERTO 39 ERRADO 64 ERRADO 89 ERRADO
15 ERRADO 40 CERTO 65 ERRADO 90 CERTO
16 CERTO 41 ERRADO 66 CERTO 91 ERRADO
17 ERRADO 42 CERTO 67 ERRADO 92 ERRADO
18 ERRADO 43 CERTO 68 ERRADO 93 ERRADO
19 ERRADO 44 ERRADO 69 CERTO 94 ERRADO
20 CERTO 45 CERTO 70 CERTO 95 CERTO
21 ERRADO 46 CERTO 71 ERRADO 96 CERTO
22 ERRADO 47 ERRADO 72 ERRADO 97 ERRADO
23 ERRADO 48 ERRADO 73 CERTO 98 ERRADO
24 ERRADO 49 CERTO 74 ERRADO 99 ERRADO
25 CERTO 50 ERRADO 75 ERRADO 100 ERRADO

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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

PROFESSORA: MARIA HELENA ROCHA


E-mail: profcei.mariahelena@gmail.com

DIREITO ADMINISTRATIVO

Futuros Procuradores Federais,


Nosso edital de Direito Administrativo é enorme e representa, quantitativamente, parcela
significativa da prova objetiva. Assim, temos uma tarefa extensa a cumprir.
Em nossas questões, procuraremos abordar temas jurisprudenciais recentes, bem
como as disposições legais, que, como se pode ver da prova passada, também tiveram
seu peso.
Em cada questão, procurem estudar os demais assuntos referentes ao tema geral.
Dessa forma, vocês terão, ao fim do curso, atingido grande parte do edital. Por exemplo,
se houver uma questão sobre limitação administrativa, não se limitem a estudar os
comentários. Leiam, também, em seus materiais, sobre as outras formas de intervenção
restritiva na propriedade e, assim, risquem esse assunto do edital.
O programa da PGF, em correspondência, aliás, com o cargo, abrange diversas
disciplinas específicas de direito regulatório, todas as quais precisamos conhecer. Não
podemos ignorar nenhum ponto do edital.
Assim, vocês poderão avançar bem. O caminho não é fácil nem curto. Exige muitas e
muitas horas de estudo e de abnegação, mas é possível.
Sigam firmes e contem conosco!
Maria Helena Rocha

Sobre a disciplina da desapropriação por utilidade pública, à luz da jurisprudência do STJ,


analise os itens 01, 02 e 03:

QUESTÃO 1. Ocorrendo desapropriação, o ente que a promoveu é responsável pelos tributos


incidentes sobre o imóvel expropriado, ainda que os fatos geradores sejam contemporâneos
ao período em que o bem estava na posse e uso do expropriado.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 44 Desapropriação por utilidade pública: conceito e fundamento


jurídico; objeto da desapropriação e competência para desapropriar; procedimentos

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administrativo e judicial; indenização.

Como se sabe, a desapropriação é forma originária de aquisição da propriedade, na medida em que


não decorre de nenhum título anterior e, portanto, também não se vincula a eles para quaisquer fins.
Nesse sentido, o artigo 35 do Decreto-Lei nº 3.365/1941 dispõe que “os bens expropriados, uma
vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada
em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação, julgada procedente, resolver-se-á em
perdas e danos.”

Interpretando esse consenso doutrinário em hipótese que versava sobre a cobrança de IPTU por
parte do Município à União referente a débitos pretéritos de imóvel desapropriado por este último
ente, o STJ decidiu, recentemente, que “o ente desapropriante não responde por tributos
incidentes sobre o imóvel desapropriado nas hipóteses em que o período de ocorrência dos
fatos geradores é anterior ao ato de aquisição originária da propriedade.” (REsp 1.668.058,
Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 08/06/2017).

ATENÇÃO: sobre a desapropriação, vale lembrar, como temos feito em todos os cursos de Direito
Administrativo, pela relevância do tema, que, de acordo com José dos Santos Carvalho Filho, há
quatro tipos de desapropriação (CARVALHO FILHO, Op. Cit., pp. 822-824):

1) Desapropriação ordinária (art. 5º, XXIV, da CF): pode ser por utilidade pública ou por interesse
social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro.

2) Desapropriação urbanística sancionatória (art. 182, § 4º, III, da CF): ocorre quando não há o
aproveitamento adequado do solo e é uma medida extrema, que só deve ser adotada depois de
tentativa de adequação através de parcelamento ou edificação compulsórios e IPTU progressivo no
tempo. No caso da desapropriação urbanística, que é de competência do município, o pagamento
é feito mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado, com
prazo de resgate de até 10 anos, em parcelas anuais.

3) Desapropriação rural (art. 184, CF): é a desapropriação para fins de reforma agrária do imóvel
rural que não esteja cumprindo sua função social. A competência é da UNIÃO e, nesse caso, a
prévia e justa indenização é em títulos da dívida agrária, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a
partir do segundo ano de sua emissão.

4) Desapropriação confiscatória (art. 243, CF): por dispensar indenização, é chamada por alguns de
expropriação, e ocorre nos casos de plantações de plantas psicotrópicas e exploração de trabalho
escravo. Podem ser propriedades urbanas ou rurais, e a destinação da propriedade já vem definida
na Constituição: reforma agrária e programas de habitação popular. Por último, vale lembrar o
entendimento do STF de que a expropriação recairá sobre toda a gleba, e não apenas às áreas
em que foram encontradas as plantações de psicotrópicos (RE 543.974-MG, Rel. Min. Eros Grau,
j. em 25/05/2009).

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GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 2. É possível que o ente público desista da desapropriação, mesmo que, adotada
a via judicial, já tenha ocorrido o trânsito em julgado, desde que concorram dois requisitos:
a não ocorrência do pagamento integral do preço e a ausência de alteração substancial que
impeça a utilização do imóvel tal como antes do procedimento.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 44 Desapropriação por utilidade pública: conceito e fundamento


jurídico; objeto da desapropriação e competência para desapropriar; procedimentos
administrativo e judicial; indenização.

O STJ firmou entendimento no sentido de que “é possível a desistência da desapropriação, a


qualquer tempo, mesmo após o trânsito em julgado, desde que ainda não tenha havido o
pagamento integral do preço e o imóvel possa ser devolvido sem alteração substancial que
impeça que seja utilizado como antes.” A situação fática seria, exemplificativamente, a seguinte:
o ente federativo adota todos os atos tendentes à desapropriação do bem, mas, por uma razão
superveniente, decide que o imóvel deixa de ser necessário à concretização do interesse público e,
por isso, quer desistir de desapropriá-lo. Nesse caso, se houver algum dano ao bem, deverá haver
indenização ao particular.

Contudo, se o dano for significativo a ponto de inviabilizar a utilização do bem tal como era feita
anteriormente pelo particular, deixará de concorrer um dos requisitos que apontamos acima e,
dessa forma, a desistência da desapropriação - que, em princípio, é direito do ente público - ficará
obstada. Ou seja, haverá um fato impeditivo do direito de desistência da desapropriação. Aliás,
vale lembrar a recente decisão do STJ (que consubstancia, também, lição de Direito Processual
Civil) no sentido de que “é ônus do expropriado provar a existência de fato impeditivo do direito de
desistência da desapropriação.” (REsp 1.368.773-MS, Rel. Min. Og Fernandes, Rel. para acórdão
Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, por maioria, julgado em 06/12/2016). Para chegar a essa
conclusão, o STJ considerou que “obrigar o poder público a ficar com um bem de que não precisa
certamente não atende nenhuma dessas finalidades [utilidade pública ou interesse social], mas
apenas o interesse particular do expropriado” e, por isso, não se deveria, sob pena de ofensa ao
devido processo legal, inverter o ônus da prova em desfavor do ente público.

GABARITO: CERTO

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QUESTÃO 3. Se o fundamento para o procedimento for o funcionamento de transporte


coletivo, haverá a desapropriação por interesse social, e não por utilidade pública.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 44 Desapropriação por utilidade pública: conceito e fundamento


jurídico; objeto da desapropriação e competência para desapropriar; procedimentos
administrativo e judicial; indenização.

Os casos de desapropriação por utilidade pública estão disciplinados no Decreto-Lei nº 3.365/41,


cuja leitura é indispensável. Já os casos de desapropriação por interesse social vêm descritos na
Lei nº 4.132/62.

O transporte coletivo está listado no artigo referente à utilidade pública. Vejam:

“Art. 5º Consideram-se casos de utilidade pública:

(...)

j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo;”

Esses dois diplomas legais devem ser lidos, pois tratam não apenas dos casos, mas também do
procedimento e prazos para cada tipo de desapropriação. São curtinhos. Vale a pena.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 4. A Justiça Federal é competente para julgar mandado de segurança contra ato
praticado por dirigente de sociedade de economia mista federal.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 13 Sociedade de economia mista.

O artigo 109, VIII, da Constituição da República, dispõe que é competência dos juízes federais
julgar: “os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal,
excetuados os casos de competência dos tribunais federais”.

Em relação às empresas estatais, é necessário, decerto, que vocês conheçam bem a Lei
nº 13.303/2016, que estabeleceu o Estatuto das Empresas Estatais. De início, transcrevo a
tabela elaborada por Rafael Oliveira, que sintetiza as diferenças entre as empresas públicas e
as sociedades de economia mista. Conhecer essas diferenças poderá garantir a vocês várias
respostas em provas objetivas. Vejam:

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 29


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- empresas públicas: apenas as pessoas administrativas participam da formação


Composição do capital;
do capital - sociedades de economia mista: formado por capital público e privado, mas o
controle acionário é do Estado.
- empresas públicas: podem ser revestidas por qualquer forma societária admitida
Forma em direito, inclusive, empresas públicas unipessoais.
societária
- sociedades de economia mista: são sociedades anônimas.
- empresas públicas: compete à Justiça Federal processar e julgar as empresas
públicas federais. As demais são processadas e julgadas na Justiça Estadual;
Foro
competente - sociedades de economia mista: competência da Justiça Estadual, mesmo que
para a sociedade de economia mista seja federal. Excepcionalmente, as sociedades
julgamento de economia mista federal são julgadas na Justiça Federal se a União intervier
dos litígios como assistente ou opoente (Súmula 517 do STF). A Justiça Federal também é
competente para julgar Mandado de Segurança contra ato praticado por sociedade
de economia mista federal (art. 109, VIII, da CRFB).

Fonte: OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Método,
2017, p. 138.

Dessa forma, a alternativa indicada está correta.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 5. Na composição do capital das sociedades de economia mista, há acionistas


públicos e privados, porém o Poder Público deve deter o controle acionário.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 13 Sociedade de economia mista.

O quadro transcrito na questão acima dá conta de que a assertiva está correta. Nesse sentido, é
interessante a lição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, quanto à necessidade de efetiva participação
do ente público na sociedade de economia mista. Diz o seguinte: “uma última observação é quanto
ao fato de não bastar a participação majoritária do Poder Público na entidade para que ela seja
sociedade de economia mista; é necessário que haja a participação na gestão da empresa e a
intenção de fazer dela um instrumento de ação do Estado, manifestada por meio da lei instituidora
e assegurada pela derrogação parcial do direito comum.” (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito
Administrativo. São Paulo: Forense, 2017, p. 570).

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GABARITO: CERTO

QUESTÃO 6. De acordo com a jurisprudência do STJ, o estagiário voluntário da Administração


Pública pode ser responsabilizado por ato de improbidade administrativa.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 58 Improbidade administrativa. Lei nº 8.429/1992.

Os artigos 2º e 3º da Lei 8.429/92 trazem um conceito amplíssimo de agente público para fins
de aplicação das sanções por atos ímprobos. No que diz respeito aos servidores públicos, Maria
Sylvia Zanella Di Pietro (Op. Cit., p. 1015) ensina que “todas as categorias estão incluídas,
independentemente de ocuparem cargos efetivos, em comissão ou vitalícios, funções ou empregos
públicos, seja o regime estatutário ou contratual, seja a função permanente ou transitória, seja qual
for a forma de provimento.” Interpretando os referidos dispositvios, o STJ decidiu que “o estagiário
que atua no serviço público, ainda que transitoriamente, remunerado ou não, está sujeito a
responsabilização por ato de improbidade administrativa (Lei 8.429/1992).” (REsp 1.352.035/
RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 18/08/2015).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 7. Havendo condenação de determinado agente público por ato de improbidade


consistente em violação a princípios administrativos, é possível a fixação da suspensão dos
direitos políticos em dois anos.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 58 Improbidade administrativa. Lei nº 8.429/1992.

O STJ (REsp 1.582.014/CE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 07/04/16) decidiu que, no
caso de ato que atenta contra os princípios, não se pode aplicar nem a penalidade de suspensão
dos direitos políticos nem a de proibição de contratar com o poder público em patamar inferior
ao mínimo legal estabelecido, por ausência de previsão. Vejam: “no caso dos autos, ao fixar a
condenação baseado no art. 12, III, da Lei 8.429/92, não poderia o acórdão regional revisar
para aquém do mínimo legal a penalidade imposta, qual seja, dois anos, por manifesta
ausência de previsão legal.”

GABARITO: ERRADO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 31


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1ª RODADA - 21/08/2017

Considere a seguinte situação, para responder às questões 08 e 09:

João prestou concurso para técnico administrativo do Ministério da Fazenda, no qual eram
oferecidas 10 vagas. No decorrer do certame, a Administração Pública decidiu que seria
conveniente reduzir o número para 05 vagas, apesar de não haver previsão legal nesse
sentido. João foi aprovado em 6º lugar.

QUESTÃO 8. Nesse caso, o STF entende que a redução do número de vagas, nos moldes
apontados, viola a segurança jurídica.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 59 Formas de provimento e vacância dos cargos públicos.

Essa é uma questão simples, que envolveria apenas o conhecimento da jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal no sentido de que apenas quando houver alteração legislativa que discipline a
carreira objeto do concurso público é permitida a alteração de normas editalícias no decorrer do
processo seletivo. Nesse sentido, “conforme assentado no julgamento do RE 598.099 (Tema
161), a alteração do número de vagas de concurso no decorrer do processo seletivo,
impedindo a nomeação de candidato aprovado dentro do número de vagas anteriormente
previsto, viola os princípios da segurança jurídica e da confiança.” (ARE 783248 AgR, Relator:
Min. Edson Fachin, Primeira Turma, julgado em 18/11/2016)

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 9. Se o concurso público se destinasse apenas à formação de cadastro de


reserva, e João fosse aprovado em 1º lugar, ele teria direito subjetivo à nomeação.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 60 Exigência constitucional de concurso público para investidura em


cargo ou emprego público. (...).

O STF tem entendimento que contraria a assertiva: “candidato aprovado em concurso público
para formação de cadastro de reserva não tem direito subjetivo à nomeação, mas mera
expectativa.” (RE 994948 AgR, Relator: Min. Roberto Barroso, Primeira Turma, julgado em
17/02/2017). Diversamente, se o candidato for classificado, inicialmente, fora do número de vagas e
houver desistência de candidato em colocação superior que tiver sido nomeado, há direito subjetivo
à nomeação (v., p. ex., o ARE 1005047, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10/02/2017).

GABARITO: ERRADO

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1ª RODADA - 21/08/2017

Sobre a estrutura e funcionamento da Procuradoria-Geral Federal, julgue os itens 10, 11 e 12.

QUESTÃO 10. É atribuição dos membros da Procuradoria-Geral Federal a inscrição em


dívida ativa dos créditos devidos às autarquias e fundações públicas federais, para fins de
cobrança, seja amigável, seja judicial.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 67 Estrutura e funcionamento da Procuradoria-Geral Federal. Lei nº


10.480/2002.

Pessoal, constitui ponto expresso do edital a Lei nº 10.480/2002, que criou a Procuradoria-Geral
Federal. Por isso, é claro, vocês precisam conhecê-la. Mas não apenas pela obrigação e sim,
também, pelo interesse em entender como se estrutura e funciona a carreira que vocês passarão
a integrar quando obtiverem êxito no concurso. Para responder a esta primeira assertiva, bastava
conhecer o que dispõe o artigo 10, caput, do referido diploma legislativo: “à Procuradoria-Geral
Federal compete a representação judicial e extrajudicial das autarquias e fundações públicas
federais, as respectivas atividades de consultoria e assessoramento jurídicos, a apuração
da liquidez e certeza dos créditos, de qualquer natureza, inerentes às suas atividades,
inscrevendo-os em dívida ativa, para fins de cobrança amigável ou judicial.”

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 11. O Procurador-Geral Federal é nomeado pelo Advogado-Geral da União e


pode atuar junto a qualquer juízo ou tribunal, no desempenho de suas funções.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 67 Estrutura e funcionamento da Procuradoria-Geral Federal. Lei nº


10.480/2002.

O artigo 11 da Lei nº 10.480/2002 prevê as regras referentes ao Procurador-Geral Federal, dispondo,


inicialmente, que deve ser bacharel em direito de reconhecido saber jurídico e elevada idoneidade.
De seu turno, o § 1º do mencionado dispositivo estabelece que “o Procurador-Geral Federal é
nomeado pelo Presidente da República, mediante indicação do Advogado-Geral da União.”
Aí percebe-se o erro da assertiva. O Advogado-Geral da União indica o Procurador-Geral Federal,
mas a nomeação é feita pelo Presidente da República. A segunda parte da afirmação, contudo,
está correta, e reproduz o teor do § 3º do mesmo dispositivo, segundo o qual “no desempenho de
suas atribuições, o Procurador-Geral Federal pode atuar junto a qualquer juízo ou Tribunal.”

GABARITO: ERRADO

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1ª RODADA - 21/08/2017

QUESTÃO 12. A representação das autarquias federais junto ao Supremo Tribunal Federal
é feita pelo Procurador-Geral Federal, que, de acordo com a lei, não poderá delegar essa
função a outrem.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 67 Estrutura e funcionamento da Procuradoria-Geral Federal. Lei nº


10.480/2002.

Com efeito, o artigo 11, § 2º, da Lei nº 10.480/2002 prevê as atribuições do Procurador-Geral
Federal, as quais transcrevo abaixo, para facilitar a memorização de vocês:

I – dirigir a Procuradoria-Geral Federal, coordenar suas atividades e orientar-lhe a


atuação;

II – exercer a representação das autarquias e fundações federais perante o Supremo


Tribunal Federal e os Tribunais Superiores;

III – sugerir ao Advogado-Geral da União medidas de caráter jurídico de interesse das


autarquias e fundações federais, reclamadas pelo interesse público;

IV – distribuir os cargos e lotar os membros da Carreira nas Procuradorias-Gerais ou


Departamentos Jurídicos de autarquias e fundações federais;

V – disciplinar e efetivar as promoções e remoções dos membros da Carreira de


Procurador Federal;

VI – instaurar sindicâncias e processos administrativos disciplinares contra membros


da Carreira de Procurador Federal, julgar os respectivos processos e aplicar as
correspondentes penalidades;

VII – ceder, ou apresentar quando requisitados, na forma da lei, Procuradores Federais;


e

VIII – editar e praticar os atos normativos ou não, inerentes a suas atribuições.

Entretanto, o § 4º do mesmo dispositivo prevê a possibilidade de delegação das atribuições do


inciso II acima grifado aos “Procuradores-Gerais ou Chefes de Procuradorias, Departamentos,
Consultorias ou Assessorias Jurídicas de autarquias e fundações federais e aos procuradores
federais na Adjuntoria de Contencioso.”

Vale lembrar, ainda, que as atribuições previstas nos incisos IV a VII podem ser delegadas ao
Subprocurador-Geral Federal.

GABARITO: ERRADO

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1ª RODADA - 21/08/2017

PROFESSORA: RENATA D’ÁVILA


E-mail: profcei.renatadavila@gmail.com

DIREITO CONSTITUCIONAL

QUESTÃO 13. O Poder Judiciário não pode exigir que uma universidade pública federal
tenha que adequar seus prédios às normas de acessibilidade com o objetivo de permitir a
sua utilização por pessoas com deficiência.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 15 e 40. Direitos e garantias individuais e coletivos. Direitos


fundamentais. Poder Judiciário: organização; estatuto constitucional da magistratura.

Está errada a assertiva, isso pois, segundo o Supremo Tribunal Federal, no REsp 1.607.472-
PE, julgado em 15/09/2016, o juiz não deve se influenciar com os argumentos de conveniência e
oportunidade trazidos pelo administrador.

Dito de outro modo, se um direito é qualificado pelo legislador como absoluta prioridade, não caberá
a alegação incidência da reserva do possível, posto que a sua possibilidade já foi determinada pela
Constituição ou pela lei.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 14. O trancamento da pauta por conta de Medidas Provisórias não votadas no
prazo de 45 dias, constante do art. 62 da CF/88, somente abarca os projetos de lei que tratem
sobre temas passíveis de serem tratados por Medida provisória.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 38 Presidente da República: poder regulamentar; medidas


provisórias.

A assertiva está compatível com entendimento recente do Supremo Tribunal Federal, no MS 27931/
DF, julgado em 29/06/2017. Isso pois, o art. 62, § 6º, da CF/88 afirma que:

Art. 62, § 6º. Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de
sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas
do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais
deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 35


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1ª RODADA - 21/08/2017

Assim, em que pese estar expresso no dispositivo, a expressão “em todas as demais deliberações”,
o STF entendeu que o § 6º, não deve ser interpretado literalmente e que ficarão sobrestadas apenas
as votações de projetos de leis ordinárias que versem sobre temas que possam ser tratados por
medida provisória.

Acrescenta ainda que, a MP só pode tratar sobre assuntos próprios de lei ordinária e desde que
não incida em nenhuma das proibições do art. 62, § 1º, relembre:

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar


medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso
Nacional.

§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

I – relativa a:

a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral;

b) direito penal, processual penal e processual civil;

c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de


seus membros;

d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e


suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º.

II – que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro


ativo financeiro;

III – reservada a lei complementar;

IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de


sanção ou veto do Presidente da República

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 15. A autorização prévia para publicar uma biografia de um indivíduo não seria
uma forma de censura, sendo compatível com a liberdade de expressão consagrada pela
CF/88.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 15. Direitos e garantias individuais e coletivos. Direitos


fundamentais. 70 Liberdade de expressão e pensamento.

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Está errado, isso pois segundo o Supremo Tribunal Federal, na ADI 4815/DF, julgada em 10/6/2015:
“É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias
ou audiovisuais, sendo por igual desnecessária a autorização de pessoas retratadas como
coadjuvantes ou de familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes”.

Dito isso, se o biografado ou qualquer outra pessoa retratada na biografia achar que seus direitos
foram violados, ele/eles terá/terão direito à reparação, através de uma indenização pecuniária, ou
com a publicação de ressalva, de nova edição com correção, de direito de resposta, entre outras.

E ainda, observe o art. 220 da CF/88:

Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob


qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o
disposto nesta Constituição.

§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade
de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o
disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.

§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 16. A Administração Pública pode ser obrigada a manter quantidade mínima de
determinado medicamento em estoque, segundo o STJ.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 34 Administração pública: princípios constitucionais.

O Superior Tribunal de Justiça, no RE 429903/RJ, julgado em 25/06/2014, tem entendimento


no sentido de que a Administração Pública pode ser obrigada sim, a manter estoque mínimo
de determinado medicamento utilizado no combate de doença grave, a fim de impedir que haja
interrupções no tratamento.

Segundo a Corte Cidadã, isso não viola o princípio da separação dos poderes já que o Poder
Judiciário não está determinando metas nem prioridades do Estado, nem tampouco interferindo na
gestão de suas verbas, ele está apenas controlando os atos e serviços da Administração Pública.

Explicita ainda que se a Administração não adquirir o medicamento determinado em tempo hábil
a dar continuidade ao tratamento dos pacientes, ele atua de forma ilegítima, violando o direito à
saúde daqueles pacientes, o que, por si só, autoriza a interferência do Poder Judiciário.

GABARITO: CERTO

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QUESTÃO 17. Faz-se necessária a autorização do Poder Judiciário para que o Fisco requisite
das instituições financeiras informações bancárias sobre os contribuintes.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 40. Poder Judiciário: organização; estatuto constitucional


da magistratura.

As autoridades e os agentes fiscais tributários dos entes federativos da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios podem requisitar diretamente das instituições financeiras
informações sobre as movimentações bancárias dos contribuintes.

Isto é possível porque o STF declarou constitucional o art. 6º da LC 105/2001, no MS 22934/


DF, julgado em 09/05/2016. Segundo a Suprema Corte, esta previsão não se caracteriza como
“quebra” de sigilo bancário, mas sim apenas a “transferência de sigilo” dos bancos ao Fisco.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 18. É plenamente constitucional a cobrança de anuidade por instituição pública


de ensino profissionalizante com o intuito de custear despesas com a alimentação dos
alunos.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 15 Direitos e garantias individuais e coletivos. Direitos


fundamentais

Está errada a assertiva, segundo o Supremo Tribunal Federal, no RE 357148/MT, julgado em


25/02/2014, posto que tal atitude viola o art. 206, IV, e o art. 208, VI, da CF/88. Dessa forma, é
inconstitucional a cobrança de anuidade por instituição pública de ensino profissionalizante com o
intuito de custear despesas com a alimentação dos alunos.

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;

Vale trazer à baila o conteúdo da Súmula Vinculante número 12 do Supremo, que traz o tema da
cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas. “A cobrança de taxa de matrícula nas
universidades públicas viola o disposto no art. 206, IV, da Constituição Federal.”

GABARITO: ERRADO

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QUESTÃO 19. O próprio Tribunal de Contas poderá propor a execução de seu acórdão
quando este determinar a imputação de multa ou de débito.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 59 Papel do Tribunal de Contas da União (TCU).

Está errada a assertiva, pois o art. 71, § 3º, da CF/88 não concedeu ao Tribunal de Contas da
União legitimidade para executar suas decisões das quais resulte imputação de débito ou multa.
Ao contrário, a competência para essa execução é do próprio titular do crédito constituído a partir
da decisão, ou seja, o ente público prejudicado.

Sendo assim, vale a pena revisar o Art. 71 da CF/88:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio
do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante


parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e


valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades
instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem
causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;

III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a
qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas
e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento
em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões,
ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato
concessório;

IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de


Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes
Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;

V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a


União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;

VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante


convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito
Federal ou a Município;

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VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de


suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e
inspeções realizadas;

VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de


contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa
proporcional ao dano causado ao erário;

IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao


exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;

X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à


Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;

XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.

§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso


Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.

§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não


efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão
eficácia de título executivo.

§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório


de suas atividades.

Por fim, o Supremo Tribunal Federal, no AI 826676 AgR, julgado em 08/02/2011, conclui exatamente
isso. Que o art. 71, § 3º, da CF/88 não outorgou ao TCU legitimidade para executar suas decisões
das quais resulte imputação de débito ou multa. A competência para isso é do titular do crédito
constituído a partir da decisão, ou seja, o ente público prejudicado.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 20. A imunidade parlamentar é uma proteção adicional ao direito fundamental de


todas as pessoas à liberdade de expressão, previsto no art. 5º, IV e IX, da CF/88, de acordo
com o STF.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 36 Poder Legislativo: organização, atribuições, prerrogativas


e vedações. Processo legislativo. Comissão Parlamentar de Inquérito.

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Os incisos acima supracitados asseguram que:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;  

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,


independentemente de censura ou licença;

Além disso, o art. 53 da CF/88, explicita que:

Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de
suas opiniões, palavras e votos.

§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a


julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.

§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser


presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos
dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus
membros, resolva sobre a prisão.

§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após


a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por
iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros,
poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.

§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável


de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora

§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.

§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações


recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que
lhes confiaram ou deles receberam informações.

§ 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e


ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva.

§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio,


só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa
respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que
sejam incompatíveis com a execução da medida.

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Dito isso, o Supremo, no Inq 4088/DF e Inq 4097/DF, julgado em 01/12/2015, concluiu que mesmo
quando se enquadrem em tipos penais, as palavras dos congressistas, desde que guardem alguma
pertinência com suas funções parlamentares, estarão cobertas pela imunidade material do art. 53,
“caput”, da CF/88.

Vale trazer à baila também a diferenciação entre imunidade material e formal:

a) Material: consiste em dizer que os parlamentares federais são invioláveis, civil e penalmente,
pelas suas opiniões, palavras e votos, desde que proferidos em razão de suas funções, no exercício
e relacionadas ao mandato, não se restringindo ao âmbito do Congresso Nacional. Também
chamada pela doutrina de freedom of speech.

b) Formal: por seu turno, pode ser subdividida em imunidade formal para a prisão e para o processo.

A imunidade formal para a prisão assevera que desde a expedição do diploma, os parlamentares
federais não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos
deverão ser remetidos à casa parlamentar respectiva, no prazo de 24 horas, para que, pelo voto
aberto da maioria absoluta, a prisão seja resolvida.

Já a imunidade formal para o processo representa o fato de que, uma vez recebida a denúncia
contra o parlamentar federal, por crime ocorrido após a diplomação, o STF dará ciência à casa
respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria absoluta
de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 21. O STF não tem competência originária para processar e julgar Mandado
de Segurança e Habeas Corpus impetrados contra Comissão Parlamentar de Inquérito
constituída no âmbito do Congresso Nacional ou quaisquer de suas casas.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 21 Habeas corpus, mandado de segurança, mandado de


injunção e habeas data. 36 Poder Legislativo: organização, atribuições, prerrogativas
e vedações. Processo legislativo. Comissão Parlamentar de Inquérito

Ocorre que a CPI é uma longa manus do Congresso Nacional, sendo assim, o STF, em regra,
pode determinar sim a prejudicialidade do MS e HC impetrados contra CPIs quando estas vierem
a ser extintas, em virtude da conclusão de seus trabalhos investigatórios, independentemente da
aprovação, ou não, de seu relatório final.

Relembre o art. 58 da CF/88, que trata do tema:

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 42


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Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias,
constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato
de que resultar sua criação.

§ 1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto


possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que
participam da respectiva Casa.

§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:

I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do


Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa;

II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;

III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a
suas atribuições;

IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa


contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas;

V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;

VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de


desenvolvimento e sobre eles emitir parecer.

§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação


próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das
respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal,
em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros,
para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for
o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil
ou criminal dos infratores.

§ 4º Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso Nacional,


eleita por suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo, com atribuições
definidas no regimento comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a
proporcionalidade da representação partidária.

GABARITO: ERRADO

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QUESTÃO 22. Permite-se o tratamento diferenciado entre a licença-maternidade e a licença-


adotante no nosso ordenamento jurídico.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 24 Direitos sociais e sua efetivação. 25 princípios


constitucionais do trabalho.

O Supremo Tribunal Federal, no RE 778889/PE, julgado em 10/03/2016, julgou inconstitucional


essa diferenciação de tratamento e determinou que os prazos da licença-adotante e da licença-
gestante devem ser os mesmos. Tampouco é possível fixar prazos diversos em função da idade
da criança adotada.

Isso se deu porque o art. 210 da Lei nº 8.112/90, bem como outras leis estaduais e municipais,
estabeleciam que o prazo para a servidora que adotar uma criança fosse inferior à licença que ela
teria caso tivesse tido um filho biológico.

O mesmo dispositivo ainda prevê que, se a criança adotada for maior que 1 ano de idade, o prazo
será menor do que seria se ela tivesse até 1 ano.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 23. O STF admite a teoria da transcendência dos motivos determinantes na


reclamação.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 65 Efeito vinculante das decisões do STF.

Muito pelo contrário, desde 2012, o STF, na Rcl 11477 AgR/CE, julgada em 29/05/2012, não vem
admitindo a “teoria da transcendência dos motivos determinantes”.

Segundo a Suprema Corte, só o dispositivo da decisão produz efeito vinculante. A fundamentação


não possui efeito vinculante - justamente o que defende a teoria em comento.

Assim, quando é proposta uma reclamação no STF e alega-se que uma determinada decisão ou
ato usurpou competência do STF; ou desrespeitou decisão proferida pelo STF, não é possível
aplicar a transcendência dos motivos determinantes do acórdão com efeito vinculante.

GABARITO: ERRADO

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QUESTÃO 24. É cabível mandado de segurança contra ato de deliberação negativa do


Conselho Nacional de Justiça, por não se tratar de ato que gere a substituição ou a revisão
do ato praticado por outro órgão do Judiciário.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 42 Conselho Nacional de Justiça e do Ministério Público.

Ao contrário, o STF entendeu que não cabe mandado de segurança contra ato de deliberação
negativa do Conselho Nacional de Justiça, por não se tratar de ato que gere a substituição ou a
revisão do ato praticado por outro órgão do Judiciário.

Explica-se, o STF, no MS 33163/DF, julgado em 05/05/2015, disse que não tem competência
para processar e julgar ações decorrentes de decisões negativas do CNJ e tampouco do CNMP.
Entendeu-se que como o Conselho não decidiu nada, ele não praticou nenhum ato. Sendo assim,
não existe ato do CNJ/CNMP a ser atacado no STF.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 25. É possível que a Administração Pública adote critérios de heteroidentificação


para analisar se o candidato se enquadra nos parâmetros da cota para ingressar em
concursos públicos realizados no âmbito da administração pública federal, das autarquias,
das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista
controladas pela União.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 34 Administração pública: princípios Constitucionais.

O STF, na ADC 41/DF, julgada em 08/06/2017, declarou constitucional a Lei nº 12.990/2014 que
estabeleceu uma cota aos negros de 20% das vagas em concursos públicos realizados no âmbito
da administração pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas
e das sociedades de economia mista controladas pela União e ainda concluiu que além da
autodeclaração, é possível que a Administração Pública adote critérios de heteroidentificação
para analisar se o candidato se enquadra nos parâmetros da cota.

O objetivo do STF ao adotar esses critérios de heteroidentificação é combater fraudes e assegurar


que os objetivos da política de cotas sejam alcançados.

O critério da autodeclaração, por sua vez, indica que poderão concorrer às vagas reservadas a
candidatos negros aqueles que se autodeclararem pretos/pardos no ato da inscrição no concurso
público, conforme o quesito cor ou raça utilizado pelo IBGE.

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GABARITO: CERTO

PROFESSOR: VITOR VELOSO


E-mail: profcei.vitorveloso@gmail.com

DIREITO ECONÔMICO

QUESTÃO 26. Dentre outros, são princípios da ordem econômica explicitamente previstos
na Constituição Federal de 1988: a soberania nacional; a propriedade privada; a função
social da propriedade; a livre concorrência; a defesa do consumidor; a liberdade econômica;
a redução das desigualdades regionais e sociais; e a busca do pleno emprego.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 7 Ordem constitucional econômica: princípios gerais da atividade


econômica.

Queridos alunos, o domínio do texto Constitucional é fundamental na solução de questões da banca


CESPE/Cebraspe, razão pela qual a leitura da lei “seca” deve estar na rotina de vocês. No campo
do Direito Econômico, em especial, a nossa Carta Política traz importantes princípios que norteiam
a matéria, sendo de conhecimento obrigatório aos candidatos do concurso da Procuradoria-Geral
Federal.

A questão é de simples resolução, já que o princípio da liberdade econômica não se encontra


previsto expressamente no art. 171, incisos, da CF/88. Segundo Leonardo Vizeu, trata-se de
princípio implícito que se manifesta no ciclo econômico (produção, circulação e consumo). Podendo
ser divido em duas espécies: liberdade de empresa, com a livre escolha da atividade que se busca
desempenhar, além dos próprios meios a serem utilizados; e a liberdade de concorrência, oriunda
do art. 1º, IV, da CF/88, numa perspectiva de livre disputa de mercados. É necessário registrar
que a liberdade econômica não é um direito absoluto e pode ser limitado pelo estado, conforme
dispõe o art. 170, parágrafo único, da CF/88, devendo ser sempre pautado no interesse público
(Figueiredo, Leonardo Vizeu, 1975 – Lições de direito econômico / Leonardo Vizeu Figueiredo. – 7.
ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2014).

GABARITO: ERRADO

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QUESTÃO 27. Nos termos da Lei nº 12.529/2011, a prática de ato que tenha por objetivo
o domínio de mercado relevante de bens ou serviços constitui infração da ordem
econômica, independente de quaisquer manifestações volitivas por parte dos agentes,
ainda que resultante de processo natural fundado na sua maior eficiência em relação a seus
competidores.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 14 Defesa da Concorrência Lei nº 12. 529/2011. Infrações à ordem


econômica.

Prezados, a Lei Federal nº 12.529/2011 é o principal instrumento normativo que rege Sistema
Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC). A relevância dessa lei é observada na quantidade
de questões encontradas na prova, na última foram cerca de 6 (seis), razão pela qual será bastante
abordada em todas as nossas rodadas.

A presente questão tem dois pontos que merecem atenção. A sua primeira parte encontra-se
correta, pois, efetivamente, as infrações à ordem econômica independem de culpa do agente que
a pratica, já que há previsão expressa os termos do caput do art. 36, da Lei 12.529/2011. Ocorre
que o mesmo art. 36, em seu § 1º, excetua a conquista de mercado quando esta seja oriunda de
um processo natural de eficiência do agente em relação a seus concorrentes. Como bem explica
Leonardo Vizeu, a caracterização do ilícito demanda uma “imposição arbitrária da vontade de um
agente econômico aos demais que atuam no mesmo nicho, por meio de atuação monopolística, ou
tendente a esta, objetivando a exclusão dos demais agentes competidores.” (Figueiredo, Leonardo
Vizeu, 1975 – Lições de direito econômico / Leonardo Vizeu Figueiredo. – 7. ed. – Rio de Janeiro:
Forense, 2014). Por essa razão, podemos dizer que é necessário que além da posição dominante,
que esta seja alcançada pelo abuso do poder do agente, o que torna a questão errada.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 28. As infrações à ordem econômica são dispostas de forma exemplificativa na


Lei nº 12.529/2011, ante a impossibilidade prática do legislador prever todas as hipóteses
de condutas lesivas à ordem econômica, podendo, inclusive, serem encontradas em outras
leis.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 14 Defesa da Concorrência Lei nº 12. 529/2011. Infrações à ordem


econômica.

A questão está correta. As condutas descritas no § 3º, do artigo 36, da Lei 12.529/2011, constituem

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um rol meramente exemplificativo, visto que é impossível o legislador prever expressamente


todas as condutas que possam ser praticadas pelos agentes do mercado e que caracterizem uma
infração à ordem econômica. Leonardo Vizeu destaca que a “tipificação legal deverá ser aberta,
com enumeração normativa meramente exemplificativa, sendo, sempre, infração administrativa de
caráter objetivo. Em outras palavras, o rol legal se traduz em mera apresentação de condutas que
poderão ser caracterizadas como infração à ordem econômica (ilícito de natureza administrativa),
sem prejuízo de quaisquer outras que venham a ser praticadas, independentemente de estarem ou
não arroladas em lei.” (Figueiredo, Leonardo Vizeu, 1975 – Lições de direito econômico / Leonardo
Vizeu Figueiredo. – 7. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2014). Por essa razão, é possível que condutas
descritas em outras normas possam caracterizar, também, infrações à ordem econômica, bastando
que sejam enquadradas nas hipóteses do caput e incisos do art. 36.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 29. As contribuições de intervenção no domínio econômico são classificadas


pela doutrina majoritária como tributos de natureza extrafiscal, por não possuírem uma
finalidade precípua de arrecadação, mas de efetivamente atuar em determinados setores da
economia.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 13 Contribuição de Intervenção no domínio econômico.

As Contribuições de Intervenção no domínio econômico estão previstas no art. 149 da Constituição


Federal e constituem um importante instrumento de intervenção indireta do estado na economia.
Dentro da teoria pentapartite, adotada pelo Supremo Tribunal Federal, as contribuições especiais
previstas no art. 149 e 149-A da Constituição são classificados como tributos, posição adotada
também pela doutrina majoritária. Quanto ao seu uso como instrumento setorial, colacionamos a
explicação dada pela Ministra do STJ Regina Helena Costa (2009, p. 133, apud Masso, Fabiano
Del, p.123): “Caracterizam-se por serem tributos setoriais, isto é, por abrangerem ramos da
atividade econômica específicos, como o canavieiro, o da navegação mercantil etc. Daí restar
evidente o caráter extrafiscal dessas contribuições, pois constituem instrumentos autorizados à
União voltados ao direcionamento do comportamento dos particulares, nos diversos segmentos do
domínio econômico”.

GABARITO: CERTO

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PROFESSORA: MARIA CHRISTINA


E-mail: profcei.mariachristina@gmail.com

DIREITO FINANCEIRO

QUESTÃO 30. No que diz respeito às normas constitucionais sobre finanças públicas,
julgue o item subsequente.

Conforme entendimento do STF, ao Poder Legislativo é reconhecida a possibilidade ampla


de emendar proposições da lei orçamentária, uma vez que é imperativo constitucional a
interferência dos representantes do povo no direcionamento dos recursos financeiros
transferidos ao Poder Público.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Finanças públicas na Constituição de 1988.

A assertiva pretende o conhecimento do candidato acerca das limitações constitucionais à


possibilidade de emendar os projetos de lei do orçamento anual, nos termos previstos no § 3º do
art. 166 da Constituição de 1988.

Art. 166 (...)

§ 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem


somente podem ser aprovadas caso:

I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias;

II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação


de despesa, excluídas as que incidam sobre:

a) dotações para pessoal e seus encargos;

b) serviço da dívida;

c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal;


ou

III - sejam relacionadas:

a) com a correção de erros ou omissões; ou

b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.

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A afirmação está errada porque a possibilidade de emendas não é ampla, ao contrário, é limitada
ao rol taxativo previsto na Constituição da República. E o posicionamento do STF é precisamente
no sentido da necessidade de respeito às hipóteses limitativas previstas na Constituição. Assim,

“O poder de emendar projetos de lei, que se reveste de natureza eminentemente


constitucional, qualifica-se como prerrogativa de ordem político-jurídica inerente
ao exercício da atividade legislativa. Essa prerrogativa institucional, precisamente
por não traduzir corolário do poder de iniciar o processo de formação das leis, pode
ser legitimamente exercida pelos membros do legislativo, desde que respeitadas as
limitações estabelecidas na Constituição da República”. (ADI 1.050 MC, Rel. Min. Celso
de Melo, DJ de 23/04/2004).

GABARITO: ERRADO

No que diz respeito às classificações da receita e da despesa em categorias econômicas,


previstas na Lei nº 4.320/1964, julgue os itens subsecutivos.

QUESTÃO 31. As dotações destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de


bens imóveis enquadram-se na classificação de despesa de custeio.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Normas de direito financeiro (Lei nº 4.320/1964). Despesa pública.


Conceito e classificação.

A assertiva está correta. Partindo de um conceito singelo, a despesa pública é um conjunto de


dispêndios realizados pelos entes públicos para funcionamento e manutenção dos serviços públicos
e demais atividades prestadas à sociedade. A Lei nº 4.320/1964 classifica as despesas públicas
em categorias econômicas: despesas correntes e despesas de capital, considerando os efeitos
produzidos por cada espécie de despesa, tendo em conta o ingresso de um bem de capital ao
patrimônio estatal. Assim, a despesas correntes não geram ativos para o Poder Público, referindo-
se à manutenção da máquina administrativa e à remuneração dos prestadores de serviços em prol
do Poder Público e da sociedade. Por sua vez, as despesas de capital referem-se à aquisição ou
produção de bens.

Vejamos o que diz a Lei nº 4.320/1964:

Art. 12 (...)

§ 1º - Classificam-se como Despesas de Custeio as dotações para manutenção de


serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de
conservação e adaptação de bens imóveis.

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Segue a tabela abaixo, visando facilitar a compreensão do candidato:

Classifica-
Conceito Categorias Alguns exemplos
ção
Gastos para Despesas de Despesas com pessoal civil e militar, custeio
pagamentos Custeio de materiais de consumo etc.
Despesas
das atividades
Correntes Transferên- Transferências intergovernamentais, inativos
rotineiras do
cias correntes e pensionistas, juros da dívida pública etc.
Estado.
Aquisição de instalações, equipamentos e
Investimentos materiais permanentes. obs. Não produzem
Criar novos aumento no PIB (Produto interno bruto).
bens de capital Aquisição de imóveis ou bens de capital. obs.
Despesas Inversões
e também à Produzem aumento no PIB (Produto interno
de Capital financeiras e
amortização da bruto).
dívida pública. Transferên-
cias de capi- Dotações para amortização da dívida pública
tal

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 32. As receitas provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de


constituição de dívidas são classificadas como receitas correntes.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Normas de direito financeiro (Lei nº 4.320/1964). Receita pública.


Conceito.

A assertiva está incorreta. Na perspectiva econômica, designa-se como receita pública toda e
qualquer entrada ou ingresso de recursos financeiros nos cofres do Estado. Assim, são classificadas
como receitas correntes as entradas que decorrem do poder impositivo do Estado (tributos em
geral e exploração da atividade econômica) e como receitas de capital a entradas provenientes da
realização de recursos financeiros oriundos da constituição de dívidas. Em outras palavras, esta
última categoria são as entradas provenientes de operações de crédito (assunção de dívidas –
todo empréstimo vinculado a obras e serviços é receita de capital).

Vejamos o que diz a Lei nº 4.320/1964:

Art. 11 (...)

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 51


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§ 2º - São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financeiros


oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os
recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender
despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento
Corrente.

Assertivas como as duas acima, de mera repetição da legislação, são menos comuns nas provas
da Banca Cespe. Contudo, em se tratando da abordagem da Lei nº 4.320/1964 em outras provas
dessa Banca, notou-se que o conhecimento de conceitos presentes nessa legislação foi cobrado
dos candidatos.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 33. De acordo com a LRF, no que se refere às despesas com pessoal, julgue o
item seguinte.

Conforme entendimento do STJ, as restrições sobre as despesas com pessoal previstas


na Lei de Responsabilidade Fiscal não incidem quando essas despesas decorrerem de
decisões judiciais.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Finanças públicas na Constituição de 1988. Lei de Responsabilidade


Fiscal (Lei Complementar nº 101/200).

A assertiva está correta. A Lei de Responsabilidade Fiscal fixa requisitos para a realização de
despesas em geral, com enfoque especial para as despesas com pessoal. A desatenção a tais
requisitos pelo gestor leva à irregularidade da despesa pública gerada. Assim, a despesa com
pessoal ativo e inativo dos entes estatais não poderá exceder os limites estabelecidos nessa lei
complementar, sendo tal limite para a União de 50% da sua receita corrente líquida, ou seja, a
União não poderá gastar mais de 50% de sua receita corrente líquida em despesa com pessoal.
Contudo, há regras de exceção elencadas no § 1º do art. 19 da lei em questão. Dessa sorte,
valores alusivos a determinadas despesas de pessoal, como as despesas decorrentes de decisão
judicial, não serão computados para fins do controle dos limites instituídos pelo art. 19 da LRF.

Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total
com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá
exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados:

I - União: 50% (cinquenta por cento);

II - Estados: 60% (sessenta por cento);

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 52


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III - Municípios: 60% (sessenta por cento).

§ 1º Na verificação do atendimento dos limites definidos neste artigo, não serão


computadas as despesas:

IV - decorrentes de decisão judicial (...).

O STJ tem precedente sobre o tema:

“As restrições sobre as despesas com pessoal, previstas na Lei de Responsabilidade


Fiscal, também não incidem quando decorrerem de decisões judiciais, nos termos
do art. 19, § 1º, IV, da LC 101/2000. (AgRg no REsp 1425832/RN, Rel. Ministro Mauro
Campbell Marques, 02/06/2014). (GN)

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: RODOLFO CURSINO


E-mail: profcei.rodolfocursino@gmail.com

DIREITO TRIBUTÁRIO

QUESTÃO 34. Tanto a taxa como o preço público podem ter como sujeito ativo pessoas
jurídicas de direito público e ser cobrados em virtude da utilização efetiva ou potencial ou
do serviço público.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 12 Distinção entre taxa e preço público

Via de regra, diferencia-se a incidência de uma taxa ou de um preço público, também conhecido
como tarifa, de acordo com a atividade exercida pelo Estado. Caso haja verdadeira vinculação
do serviço com a atividade estatal, estar-se-á diante de uma taxa. Por outro lado, não havendo
óbice ao desempenho da atividade por particulares, há a tarifa. A adoção de um ou de outro
instituto interfere sobremaneira na forma de sua cobrança, por possuírem diversas diferenças em
seu regime. Neste sentido, a taxa, por corresponder a um tributo, sujeita-se ao regime de direito
público, caracterizando verdadeiro vínculo obrigacional de natureza tributária, de forma que se
submete a todos os princípios tributários em sua cobrança. O preço público, por sua vez, é regido
pelo regime de direito privado, possuindo natureza contratual, o que admite, inclusive, rescisão,
não se submetendo aos princípios tributários.

Ademais, por ser um tributo, a taxa apenas pode ter por sujeito ativo uma pessoa jurídica de direito

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público, nascendo a cobrança de forma compulsória em razão da efetiva ou potencial utilização do


serviço público, sendo a sua arrecadação uma receita derivada. Já o preço público pode ter por
sujeito ativo pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, sendo necessária a vontade
para origem ao seu vínculo, cuja arrecadação é classificada como receita originária para o Estado,
sendo cobrado em razão da efetiva utilização do serviço público. É apenas neste ponto que a
assertiva se encontra equivocada.

Para facilitar a memorização das principais diferenças, segue quadro mnemônico extraído dos
livros de Ricardo Alexandre e Eduardo Sabbag:

TAXA PREÇO PÚBLICO (TARIFA)


Regime jurídico de direito público. Regime jurídico de direito privado.
O vínculo obrigacional é de natureza tributária O vínculo obrigacional é de natureza
(legal), não admitindo rescisão. contratual, admitindo rescisão.
O sujeito ativo é uma pessoa jurídica de direito O sujeito ativo pode ser pessoa jurídica de
público. direito público ou de direito privado.
Há necessidade de válida manifestação de
O vínculo nasce independentemente de vontade para surgimento do vínculo (é
manifestação de vontade (compulsório).
facultativo).
Pode ser cobrada em virtude de utilização Somente pode ser cobrada em virtude de
efetiva ou potencial ou do serviço público. utilização efetiva do serviço público.
A receita arrecadada é derivada. A receita arrecadada é originária.
Sujeita-se aos princípios tributários
Não se sujeita aos princípios tributários.
(legalidade, anterioridade, noventena etc.).

(ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8 ed. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: Método, 2014, p.63)

TAXA PREÇO PÚBLICO


É tributo Não é tributo
Prestação pecuniária compulsória Prestação pecuniária facultativa
Sem autonomia de vontade Com autonomia de vontade
Decorrente de lei Decorrente de contrato administrativo
Rescisão inadmissível Rescisão admissível
Obrigação “ex lege” Obrigação “ex voluntate”
Obedece aos princípios de direito Não está sujeito aos princípios de direito tributário, mas
tributário aos princípios de direito administrativo
Regime jurídico de direito público Regime jurídico de direito privado

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Há taxa de serviço de utilização Só há tarifa cobrada em face de serviço de utilização


potencial efetiva
Existe taxa cobrada em razão de
Não existe tarifa cobrada em razão de poder de polícia
poder de polícia
Exigida por pessoas jurídicas de Exigida por pessoas jurídicas de direito público e de
direito público direito privado
Receita derivada de direito público,
Receita originária de direito privado, sem uso de seu
com uso de seu poder de império
poder de império (a receita “origina-se” do próprio
(a receita “deriva” do patrimônio do
patrimônio do estado)
particular)
Cobrança não proporcional ao uso Cobrança proporcional ao uso

(SABBAG, Eduardo de Moraes. Direito Tributário Essencial. 14ed. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: Método, 2014. p. 70)

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 35. De acordo com o STF, o pedágio possui natureza de preço público, não
respeitando os princípios tributários para sua cobrança, desde que seja disponibilizada ao
usuário uma via alternativa de tráfego.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 12 Distinção entre taxa e preço público.

A definição da natureza jurídica do pedágio sempre foi alvo de grandes discussões no âmbito
doutrinário, ora sendo enquadrado como taxa, ora como preço público. Para parte da doutrina,
a atribuição da natureza de taxa ou de tarifa ao pedágio dependerá da pessoa jurídica que
explora aquela rodovia. Para outros, a natureza jurídica irá depender da existência ou não de
uma via alternativa para locomoção. Inexistindo a via, a passagem seria obrigatória e a cobrança
compulsória, aproximando-se, portanto da taxa. Ademais, a previsão do pedágio no artigo 150,
inciso V, da CF, é interpretada, majoritariamente, na doutrina, como um elemento que o caracteriza
como tributo. No entanto, há quem interprete em sentido diverso, entendendo como uma exceção
à cobrança de tributo a possibilidade da tarifa de pedágio.

Pela importância, transcrevemos as lições de Eduardo Sabbag, que sintetiza bem a celeuma:

“A doutrina não é uníssona quanto à natureza jurídica do pedágio, entendendo alguns


tratar-se de taxa, enquanto outros vinculam a exação a preço público, na espécie tarifa.
A questão é problemática, com intermináveis divergências. Veja, em resumo, algumas

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 55


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das razões abaixo: - O pedágio é prestação comumente cobrada por concessionárias,


isto é, por pessoas jurídicas de direito privado, que se colocam na posição de “sujeitos
ativos” – um paradoxo inaceitável no campo da obrigação tributária;

- O pedágio é prestação instituída e reajustada por atos diversos de lei, afastando


da exação a feição tributária; - Inexistindo as vias alternativas, a exação se torna
compulsória, aproximando-a de uma “taxa”, propriamente dita; - O art. 150, V, “parte
final”, da CF preceitua sobre o pedágio como ressalva a um princípio tributário, levando
o intérprete a vinculá-lo a “tributo”, o que lhe avocaria, de modo inflexível, os princípios
constitucionais tributários, entre os quais o da legalidade. A doutrina, quase de
maneira harmônica, entende que o pedágio é tributo. Todavia, há quem veja o pedágio
como preço público, entendendo que a ressalva no art. 150, V, “parte final”, da CF é
meramente didática. (...) Analisando a questão, podemos dizer que, caso a administração
da via pública, objeto de cobrança do pedágio, seja realizada por órgão da administração
direta (autarquia ou empresa controlada por Estado, como DER ou DERSA), a exação
deverá ser considerada uma taxa. Diversamente, se a via for explorada por entidade
particular (concessionárias, permissionárias etc.), poderá existir uma escolha da exação
pelo legislador – se pedágio-taxa ou pedágio-tarifa. (...) Em conclusão, o pedágio pode
ser taxa ou preço público (tarifa), dependendo das circunstâncias e da forma como
for exigido.” (SABBAG, Eduardo de Moraes. Direito Tributário Essencial. 14 ed. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2014. p. 70)

Tal discussão chegou ao Supremo Tribunal Federal através do julgamento da ADI/800, publicada
no informativo 750/STF. A Corte acabou por pacificar a questão, fixando o entendimento de que
o pedágio corresponderia a um preço público, de forma que não seria necessário o respeito aos
princípios tributários. Ademais, definiu o STF pela não necessidade de existência de uma via
alternativa, sem que isto retire a natureza de tarifa do pedágio. Sintetizemos as conclusões do STF
conforme informativo: “O pedágio cobrado pela efetiva utilização de rodovias não tem natureza
tributária, mas de preço público, consequentemente, não está sujeito ao princípio da legalidade
estrita (...). O Plenário sublinhou que seria irrelevante também, para a definição da natureza jurídica
do pedágio, a existência, ou não, de via alternativa gratuita para o usuário trafegar. Reconheceu
que a cobrança de pedágio poderia, indiretamente, limitar o tráfego de pessoas. Observou,
todavia, que essa restrição seria agravada quando, por insuficiência de recursos, o Estado não
construísse rodovias ou não conservasse adequadamente as existentes. Ponderou que, diante
dessa realidade, a Constituição autorizara a cobrança de pedágio em rodovias conservadas pelo
Poder Público, inobstante a limitação de tráfego que essa cobrança pudesse eventualmente
acarretar. Registrou, assim, que a contrapartida de oferecimento de via alternativa gratuita como
condição para a cobrança de pedágio não seria uma exigência constitucional, tampouco estaria
prevista em lei ordinária. Consignou que o elemento nuclear para identificar e distinguir taxa e
preço público seria o da compulsoriedade, presente na primeira e ausente na segunda espécie.

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Nesse sentido, mencionou o Enunciado 545 da Súmula do STF (“Preços de serviços públicos e
taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua
cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu”)”. ADI
800/RS, rel. Min. Teori Zavascki, 11.6.2014. (ADI-800)

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 36. Embora não esteja prevista expressamente no Código Tributário Nacional, o
Superior Tribunal de Justiça entende que, não só as alterações societárias ou incorporações
e fusões formalizadas implicam a responsabilidade tributária do sucessor, a qual também é
configurada a partir da mera sucessão de fato.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 23 Sucessão empresarial de fato e responsabilidade tributária.

A assertiva apenas se encontra incorreta em sua parte inicial. Isto porque o Código Tributário Nacional
prevê, expressamente, as duas modalidades de sucessão: a) a sucessão de direito, formalizada,
que ocorre quando a pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou
incorporação de outra ou em outra se torne responsável pelos tributos devidos até a data do
ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas. Neste
ponto, destaca-se que o CTN não incluiu a Cisão, instituto que nasceu, no ordenamento jurídico
brasileiro, posterior ao Código Tributário Nacional. No entanto, a doutrina e a jurisprudência
majoritária entendem pela sucessão tributária também quando ocorre a cisão de pessoas jurídicas;
b) sucessão de fato, que ocorre nos casos de extinção de pessoas jurídicas de direito privado,
quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente,
ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual. Ou seja, formalmente,
a pessoa jurídica apenas deixou de existir, não havendo uma formalização de ato/negócio jurídico
que demonstre alguma das formas de sucessão. No entanto, do ponto de vista fático, continua-se
a exploração da respectiva atividade.

A sucessão empresarial de fato se encontra prevista no parágrafo único do artigo 132, do Código
Tributário Nacional.

GABARITO: ERRADO

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QUESTÃO 37. Para o Superior Tribunal de Justiça, sendo a Lei de Execuções Fiscais uma
legislação especial, para que ocorra a penhora online de dinheiro, é necessário que o
exequente comprove alguns requisitos, dentre os quais se encontram a citação do devedor
tributário; inexistência de pagamento ou apresentação de bens à penhora no prazo legal;
e a não localização de bens penhoráveis após esgotamento das diligências realizadas pela
Fazenda Pública.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 21 Penhora on line.

Na seara tributária, na prática da execução fiscal, sempre houve confusão entre os institutos da
penhora online de dinheiro, via Sistema BACENJUD, e a indisponibilidade de bens prevista no artigo
185-A, do Código Tributário Nacional, a qual, por vezes, é utilizada para fundamentar o deferimento
da constrição dos valores. Isto ocorre porque, antes de 2006, não havia a previsão expressa no
Código de Processo Civil acerca da possibilidade de penhora dos numerários existentes nas contas
bancárias ou investimentos, de forma que, na execução fiscal, fundamentava-se, de fato, esse
pedido com base na declaração de indisponibilidade, prevista no mencionado artigo do CTN.

Hoje, no entanto, temos que estabelecer uma nítida distinção. Com base no artigo 835, I, e 854, do
CPC, c/c artigo 11, inciso I, da Lei de Execuções Fiscais, é possível, a qualquer tempo, a realização
de penhora online por meio do sistema BACENJUD. Em regra, inclusive, estando o executado
citado, a penhora online é a primeira medida constritiva a ser praticada, justamente pela prioridade
do dinheiro na ordem de bens a serem penhorados. Frise-se, ainda, sua utilização até mesmo
antes da citação, a título de arresto cautelar, quando houver fundamento para tanto.

O artigo 185-A, do CTN, por sua vez, que tem por efeito ocasionar a indisponibilidade de TODOS
os bens, presentes e futuros, do devedor, apenas é aplicado como última alternativa, necessitando
da comprovação de que foram esgotados todos os meios e diligências na busca de outros bens.

Para uma melhor compreensão, veja o seguinte exemplo: “Marcos foi devidamente citado em
execuções fiscal, mas não ofereceu bens em garantia ou procedeu ao pagamento total do débito”.
Nesta situação, a primeira medida de constrição a ser requerida pela Fazenda Pública, de acordo
com a ordem de preferência e liquidez da penhora, bem como por caracterizar maior celeridade e
efetividade da execução, é a penhora online, processada por meio do Sistema BACENJUD.

Neste mesmo exemplo, se a penhora online não tiver tido êxito, não bloqueando qualquer quantia
do executado, bem como tendo a exequente adotado diversas diligências com o intuito de
encontrar bens do executado (expedição de ofícios para o DETRAN, cartórios de imóveis, tentativa
de penhora livre de bens no endereço do executado, etc.), e nada tenha tido resultado positivo,
é neste caso, como última medida, que a Fazenda Pública requererá a aplicação da prerrogativa
de indisponibilidade dos bens presentes e futuros do executado, de forma que, nos cartórios,

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DETRAN, etc., ficará averbada a indisponibilidade, impedindo que o executado disponha dos bens
eventualmente ali existentes ou até de bens que posteriormente adquira e vá a registro. Ao mesmo
tempo, os cartórios informam ao Juízo que decretou a indisponibilidade e a eventual existência de
bens ali registrados.

Assim, a assertiva se encontra errada por condicionar a realização da penhora online aos requisitos
a serem demonstrados para aplicação do instituto da Indisponibilidade de Bens. Por relevante,
sobre o tema, destacamos julgado do Superior Tribunal de Justiça, realizado sob a sistemática dos
Recursos Repetitivos: “1. (...) a indisponibilidade de bens e direitos autorizada pelo art. 185-A do CTN
depende da observância dos seguintes requisitos: (i) citação do devedor tributário; (ii) inexistência
de pagamento ou apresentação de bens à penhora no prazo legal; e (iii) a não localização de bens
penhoráveis após esgotamento das diligências realizadas pela Fazenda, caracterizado quando
houver nos autos (a) pedido de acionamento do Bacen Jud e consequente determinação pelo
magistrado e (b) a expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado e ao
Departamento Nacional ou Estadual de Trânsito - DENATRAN ou DETRAN. 2. O bloqueio universal
de bens e de direitos previsto no art. 185-A do CTN não se confunde com a penhora de dinheiro
aplicado em instituições financeiras, por meio do Sistema BacenJud, disciplinada no art. 655-A
do CPC. 3. As disposições do art. 185-A do CTN abrangerão todo e qualquer bem ou direito do
devedor, observado como limite o valor do crédito tributário, e dependerão do preenchimento dos
seguintes requisitos: (i) citação do executado; (ii) inexistência de pagamento ou de oferecimento
de bens à penhora no prazo legal; e, por fim, (iii) não forem encontrados bens penhoráveis. 4.
A aplicação da referida prerrogativa da Fazenda Pública pressupõe a comprovação de que, em
relação ao último requisito, houve o esgotamento das diligências para localização de bens do
devedor. (REsp 1377507/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
26/11/2014, DJe 02/12/2014)

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 38. O CADIN corresponde a um banco de dados, no qual são inseridos os nomes
e qualificações das pessoas, físicas ou jurídicas, que estejam em débito com a Administração
Pública Federal, direta ou indireta, ou com inscrições irregulares junto ao Ministérios da
Fazenda.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 11 CADIN (Artigos 1º ao 9º da Lei nº 10.522/2002).

A assertiva se encontra correta e traz um conceito mais simples e didático do que seria o CADIN.
Por disposição legal, em seu artigo 1º, a Lei nº 10.522/02 conceitua o CADIN como o Cadastro
Informativo de créditos não quitados do setor público federal, acrescentando, em seu artigo 2º, que

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referido cadastro deve conter a relação das pessoas físicas e jurídicas que: I - sejam responsáveis
por obrigações pecuniárias vencidas e não pagas, para com órgãos e entidades da Administração
Pública Federal, direta e indireta; ou II - estejam com a inscrição nos cadastros indicados, do
Ministério da Fazenda, em uma das seguintes situações: a) cancelada no Cadastro de Pessoas
Físicas – CPF; e b) declarada inapta perante o Cadastro Geral de Contribuintes – CGC.

Frise-se que a referida legislação apenas tem aplicação no âmbito federal, não existindo uma
legislação nacional sobre a matéria, embora a maioria dos entes públicos, das demais esferas,
por legislação própria, acabem por reproduzir boa parte das regras da legislação federal. É o que
ocorre, por exemplo, no Cadastro Informativo Municipal, instituído pela Lei nº 14.094/2005-SP, pelo
Município de São Paulo, e CADIN ESTADUAL, previsto na Lei nº 12.799/08-SP pelo Estado de São
Paulo.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 39. Compete à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional a apuração e inscrição


em dívida ativa dos créditos da União, suas autarquias e fundações.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 9 Dívida ativa e certidões negativas.

Para se entender a competência para apuração, inscrição e cobrança dos créditos federais, deve-
se ter em mente que a representação judicial e extrajudicial da União, suas autarquias e fundações
compete à Advocacia-Geral da União, definida, conforme artigo 131, da Constituição Federal de
1998, como “a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado, representa a União,
judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua
organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder
Executivo”.

Em síntese, a Advocacia-Geral da União é composta por quatro órgãos, quais sejam, a Procuradoria-
Geral da Fazenda Nacional (Procuradores da Fazenda Nacional), que possui por atribuição
a representação da União nas causas que envolvam matérias fiscais; a Procuradoria Geral da
União (Advogados da União), que representa a União nas demais matérias que não as fiscais; a
Procuradoria do Banco Central (Procuradores do BACEN), que representam esta autarquia federal,
vinculada ao Ministério da Fazenda; e a Procuradoria-Geral Federal (Procuradores Federais),
responsáveis pela representação das demais Autarquias e Fundações Federais.

De acordo com a Lei Orgânica da AGU (LC nº 73/93), apenas a Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional e a Procuradoria Geral da União compõem, formalmente, a AGU, sendo os outros dois
órgãos regulamentados pela legislação como “órgãos vinculados” à AGU, em que pese já exista

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projeto de lei, no Congresso Nacional, para alterar referida legislação, incluindo-os expressamente
na estrutura da AGU.

Depreende-se da Lei Orgânica da AGU que compete à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional


a apuração e inscrição dos créditos da União, ao passo em que compete aos órgãos jurídicos das
autarquias e das fundações públicas (ou seja, à Procuradoria-Geral Federal e à Procuradoria do
BACEN), a apuração da liquidez e certeza dos créditos, de qualquer natureza, inerentes às suas
atividades, inscrevendo-os em dívida ativa, para fins de cobrança amigável ou judicial. É neste
ponto que se encontra incorreta a assertiva, ao atribuir à PGFN a competência para apurar e
inscrever débitos oriundos de autarquias e fundações federais.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 40. Conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o parcelamento é


causa de interrupção do prazo prescricional.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 14 Parcelamento.

De acordo com o artigo 151, inciso VI, do Código Tributário Nacional, o parcelamento consiste
em causa de suspensão da exigibilidade do crédito tributário. A formalização do parcelamento
do crédito tributário decorre de pedido expresso por parte do contribuinte, o qual corresponde,
conforme entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça, a verdadeira confissão irretratável
do débito. Por consequência, correspondendo essa confissão a um “ato inequívoco ainda que
extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor”, atrai-se a aplicação do artigo
174, inciso IV, do Código Tributário Nacional, configurando-se, assim, conforme reiteradamente
decidido pelo STJ, verdadeira causa de interrupção do prazo prescricional. Destarte, o pedido de
parcelamento interrompe o cômputo do prazo prescricional, o qual é reiniciado após a exclusão
formal do contribuinte do parcelamento.

A título de exemplo, observam-se os seguintes julgados:

“1. No tocante à interrupção da prescrição nos casos de pedido de parcelamento,


entende o STJ pela possibilidade, por constituir reconhecimento inequívoco do débito,
nos termos do art. 174, parágrafo único, IV, do Código Tributário Nacional, ainda que
o parcelamento não tenha sido efetivado” (AgInt no AREsp 1003879/MG, Rel. Ministro
MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/05/2017, DJe
05/05/2017); e “1. A jurisprudência desta Corte entende que havendo o parcelamento
da dívida, a prescrição interrompida volta a correr com a exclusão formal do contribuinte
do programa. (AgInt no AREsp 826.595/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA

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FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 27/04/2017, DJe 09/05/2017)

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: RUBENS VENTURA


E-mail: profcei.rubensventura@gmail.com

LEGISLAÇÃO DE ENSINO

QUESTÃO 41. A garantia constitucional da gratuidade de ensino obsta a cobrança por


universidades públicas de mensalidade em cursos de especialização, conforme entendimento
do STF.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 7 Cobrança de taxas em estabelecimentos públicos de ensino.

Muita atenção, pessoal. Trata-se de um entendimento jurisprudencial que com certeza deve ser
cobrado na prova. Primeiramente, importante recordar o teor da Súmula Vinculante n.º 12, que
dispõe que “A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art.
206, IV, da Constituição Federal”.

Ocorre que a redação do artigo 206, inciso IV, da CF/88 garante a gratuidade apenas do ensino,
não abarcando as atividades de pesquisa e extensão, que são diversas. A dúvida agora poderia
surgir sobre se o artigo 207, da CF/88, ao consagrar o princípio de indissociabilidade entre ensino,
pesquisa e extensão, não garantiria, consequentemente, a mesma gratuidade para pesquisa e
extensão conferida à atividade de ensino. O STF entendeu que não.

No julgamento do RE 597854 (Informativo 862), o STF explicou que a indissolubilidade entre


ensino, pesquisa e extensão exige que o financiamento público não se destine exclusivamente
ao ensino, visto que, para a manutenção e desenvolvimento do ensino, são necessários também,
nos termos do artigo 207, pesquisa e extensão. Contudo, a própria CF/88 permitiria uma abertura
na definição das atividades que integram a manutenção e o desenvolvimento do ensino, ou seja,
pós-graduação não necessariamente deve ser financiada exclusivamente por recursos públicos,
sendo possível a cobrança de mensalidades. Ainda, o art. 213, § 2º, da CF/88 estabelece que as
atividades de pesquisa e de extensão “poderão receber apoio financeiro do Poder Público”.

GABARITO: ERRADO

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QUESTÃO 42. Segundo o STJ, é legal a exigência feita por universidade, com base em
resolução por ela editada, de prévia aprovação em processo seletivo como condição para
apreciar pedido de revalidação de diploma obtido em instituição de ensino estrangeira.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 6 Revalidação de diploma obtido no estrangeiro.

Um conselho para os pontos que envolvem legislação muito específica, como é o caso de legislação
de ensino, é ter uma noção horizontal sobre os principais textos de lei, sem necessidade de muito
aprofundamento, mas saber os pormenores dos julgamentos importantes proferidos pelo STJ e
STF.

A questão exigia um conhecimento sobre o julgamento do REsp 1.349.445-SP (Info 520), em que
o STJ, sob a sistemática de recurso repetitivo, entendeu que não há qualquer óbice na Lei Federal
n.º 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação – que impeça que as universidades fixem
normas de revalidação para registro de diplomas de graduação expedidos por estabelecimentos
estrangeiros de ensino superior. Contrariamente, referidas normas são uma expressão da autonomia
didático-científica e administrativa prevista no art. 53, inciso V, da Lei Federal n.º 9.394/96 e no
artigo 207 da CF/88.

A possibilidade de ser cobrado o conhecimento sobre o assunto aumenta porque o STJ enfrentou
novamente a questão em sede de novo recurso repetitivo, ao julgar o REsp 1.215.550-PE (Informativo
570). Neste julgamento se travou uma nova discussão sobre se a o artigo 5º da Convenção
Regional sobre o Reconhecimento de Diploma de Ensino Superior na América Latina e no Caribe,
aprovada pelo Decreto Legislativo nº 66/77 e promulgada pelo Decreto Presidencial nº 80.419/77,
teria instituído uma espécie de revalidação automática de diplomas. O STJ entendeu que não,
isto é, que o referido Decreto nº 80.419/77 não traz norma específica que vede o procedimento
adotado pelas universidades brasileiras de revalidação dos diplomas estrangeiros, não havendo
uma automaticidade nesta análise.

A especificidade do julgado pode assustar o aluno, mas conhecer a jurisprudência sobre a


legislação de ensino, que não costuma ser cobrada em outros concursos, pode ser o diferencial
para a aprovação. Ressalta-se que esta questão tem dois julgamentos proferidos pelo STJ em
sede de recurso repetitivo, aumentando muito as chances de serem objeto de avaliação.

GABARITO: CERTO

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PROFESSORA: MARIANNA MOTTA


E-mail: profcei.mariannamotta@gmail.com

LEGISLAÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL

QUESTÃO 43. Os beneficiários do Regime Geral de Previdência Social são classificados


como segurados e dependentes. Conforme a Lei nº 8.213/91, o exercente de mandato eletivo
federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência
social, é segurado obrigatório do Regime Geral de Previdência Social.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Regime Geral da Previdência Social: beneficiários. Segurados.


Segurado obrigatório. Empregado.
»» Bibliografia utilizada: ROCHA, Daniel Machado da; JUNIOR, José Paulo Baltazar.
Comentários à lei de benefícios da previdência social. 11. ed. rev. e ampl. Porto Alegre:
Livraria do Advogado Editora ESMAFE, 2012.

O ponto escolhido a ser trabalhado nesta questão diz respeito aos beneficiários do Regime Geral
de Previdência Social, especialmente os segurados obrigatórios empregados. A escolha do ponto
decorre da amplitude do art. 11 da Lei nº 8.213/91, que traz a resposta para a assertiva acima.
O candidato, antes, deve atentar ao disposto no art. 10 da Lei nº 8.213/91, que refere quem são
os beneficiários do RGPS, ou seja, são os segurados e os dependentes. Assim, a primeira parte
do enunciado acima está correta, eis que traz o disposto no referido art. 10 da Lei nº 8.213, ou
seja, “os beneficiários do Regime Geral de Previdência Social classificam-se como segurados
e dependentes, nos termos das Seções I e II deste capítulo”. Todavia, a questão exige maior
conhecimento do candidato e requer que ele saiba quem são os segurados empregados do RGPS,
motivo pelo qual se faz necessário adentrar no estudo do art. 11 da Lei nº 8.213/91, que elenca,
como segurados obrigatórios do RGPS, 10 (dez) categorias de pessoas físicas empregadas, que
estão dispostas entre as alíneas (a) e (i), observando-se que as alíneas (h) e (j) têm textos idênticos
com a única diferença relativa à Lei que as incluiu, ou seja, a alínea (h) incluída pela Lei nº 9.506/97
e a alínea (j) incluída pela Lei nº 10.887/2004. O candidato, para resolver a questão, deveria estar
atento ao teor de referidas alíneas, as quais dispõem que “o exercente de mandato eletivo federal,
estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social é segurado
obrigatório, como empregado, do RGPS”. A questão não exige do candidato aplicação do direito
intertemporal, porém sugere-se que o candidato fique atento a esse aspecto, caso a prova lhe exija
resolução de caso prático. Observe-se, no caso, que a alínea (h) do inciso I do art. 11 da Lei nº
8.213/91, foi suspensa pela Resolução nº 26/2005 do Senado Federal. Ocorre que o STF, ao julgar

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o RE 351.717, decidiu pela inconstitucionalidade de referida alínea, pois ela trazia uma nova fonte
de custeio não veiculada por Lei Complementar, contrariando a exigência do art. 195 da CF/88.
Observe-se a ementa do acórdão do RE 351.717: “I. - A Lei 9.506/97, § 1º do art. 13, acrescentou
a alínea h ao inc. I do art. 12 da Lei 8.212/91, tornando segurado obrigatório do regime geral de
previdência social o exercente de mandato eletivo, desde que não vinculado a regime próprio
de previdência social. II. - Todavia, não poderia a lei criar figura nova de segurado obrigatório da
previdência social, tendo em vista o disposto no art. 195, II, C.F. Ademais, a Lei 9.506/97, § 1º do
art. 13, ao criar figura nova de segurado obrigatório, instituiu fonte nova de custeio da seguridade
social, instituindo contribuição social sobre o subsidio de agente político. A instituição dessa nova
contribuição, que não estaria incidindo sobre “a folha de salários, o faturamento e os lucros” (C.F.,
art. 195, I, sem a EC 20/98), exigiria a técnica da competência residual da União, art. 154, I, ex
vi do disposto no art. 195, § 4º, ambos da C.F. É dizer, somente por lei complementar poderia
ser instituída citada contribuição. III. - Inconstitucionalidade da alínea h do inc. I do art. 12 da Lei
8.212/91, introduzida pela Lei 9.506/97, § 1º do art. 13. IV. - R.E. conhecido e provido”. Assim,
posteriormente, o Senado suspendeu a eficácia erga omnes da alínea (h) ao editar a Resolução nº
26/2005: Art. 1º É suspensa a execução da alínea “h” do inciso I do art. 12 da Lei Federal nº 8.212,
de 24 de julho de 1991, acrescentada pelo § 1º do art. 13 da Lei Federal nº 9.506, de 30 de outubro
de 1997, em virtude de declaração de inconstitucionalidade em decisão definitiva do Supremo
Tribunal Federal, nos autos do Recurso Extraordinário nº 351.717-1 - Paraná. Ocorre que, após,
ou seja, em 2004, a Lei nº 8.213/91 teve a alínea (j) inserida pela Lei nº 10.887. No caso, tal
acréscimo é constitucional, pois a CF/88 teve seu art. 195, inciso I, alínea (a) alterado pela EC 20/98,
permitindo, desde então, a instituição de contribuições para o financiamento da seguridade social
sobre os rendimentos auferidos do trabalho, a qualquer título, viabilizando, assim, a disciplina por lei
ordinária, uma vez que dispõe: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade,
de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à
pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício”. Portanto, sabendo o teor
do art. 10 e a alínea (j) do inciso I do art. 11 da Lei nº 8.2139/91, o candidato conseguiria resolver
a questão.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 44. João, após contar com 12 (doze) contribuições mensais à Previdência Social
como segurado empregado, perdeu sua qualidade de segurado do RGPS em 28/6/2017.
Nesse caso, se João precisar receber auxílio-doença em virtude de incapacidade após ter
perdido sua qualidade de segurado, João deverá contar, para efeito de carência, a partir da

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nova filiação à Previdência Social, com 1/3 do período previsto no inciso I do art. 25 da Lei
nº 8.213/91, ou seja, com 4 (quatro) contribuições mensais.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Regime Geral da Previdência Social: benefícios. Auxílio-doença.


Carência.
»» Bibliografia: AMADO, Frederico. Curso de direito e processo previdenciário. 9. ed. rev.
ampl. e atual. Salvador: Juspodium, 2017.

O ponto carência para fins de concessão do auxílio-doença foi escolhido em virtude das recentes
alterações legislativas ocorridas: MP nº 739, de 7/7/2016; MP nº 767, de 6/1/2017 e Lei nº 13.457,
de 27/6/2017, as quais modificaram o número de meses necessários para o segurado, após se
filiar novamente ao RGPS, ter direito ao benefício de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez
e salário-maternidade. No enunciado sob apreço, o candidato deve ter conhecimento da recente
publicação da Lei nº 13.457, de 27/6/2017, que alterou o disposto no art. 27-A da Lei nº 8.213/91
e revogou o disposto no parágrafo único do art. 24 da Lei nº 8.213/91. Desse modo, a partir da
publicação da Lei nº 13.457, de 27/6/2017, o art. 27-A passou a dispor que, “no caso de perda
da qualidade de segurado, para efeito de carência para a concessão dos benefícios de que trata
esta Lei, o segurado deverá contar, a partir da nova filiação à Previdência Social, com metade dos
períodos previstos nos incisos I e III do caput do art. 25 desta Lei”. Ou seja, não deverá cumprir
a integralidade dos períodos previstos nos incisos I e III do caput do art. 25 da Lei nº 8.213/91,
que era previsto pela MP nº 739, de 7/7/2016, e pela MP nº 767, de 6/1/2017, tampouco a regra
do preenchimento de 1/3 do período previsto pelo parágrafo único do art. 24 da Lei nº 8.213/91,
revogado pela Lei nº 13.457, de 27/6/2017. Dessa forma, cotejando-se o teor do enunciado da
questão com o disposto no art. 27-A da Lei nº 8.213/91 c/c o inciso I do art. 25, também da Lei
nº 8.213/91, verifica-se que a assertiva está errada, pois João, que perdeu sua qualidade de
segurado, deve contar com, no mínimo, 6 (seis) contribuições mensais para fazer jus ao benefício
de auxílio-doença, após se filiar novamente à Previdência Social, não mais se aplicando a regra do
cumprimento de 1/3 do período contributivo, eis que revogada. O Anexo II do Memorando-Circular
Conjunto nº 2 DIRBEN/DIRSAT/PFE/INSS, de 10 de janeiro de 2017, traz o seguinte quadro com os
períodos de vigência das MPs nº 739/2016 e nº 767/2017 para análise de carência dos benefícios
de salário-maternidade, auxílio-doença e aposentadoria por invalidez:

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Anexo II do Memorando-Circular Conjunto nº 2 DIRBE/DIRSAT/PFE/INSS, de 10 de janeiro de


2017, disponível em: https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&-
ved=0ahUKEwjP3ºPI1tLVAhUHTZAKHVj4DkoQFggnMAA&url=http%3A%2F%2Fwww.agu.gov.
br%2Fpage%2Fdownload%2Findex%2Fid%2F37680570&usg=AFQjCNHiTeVHk_iaBk7Hnpz_qA-
cqVvUN2w.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 45. Para o financiamento do benefício de aposentadoria especial e dos decorrentes


de acidente do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer
do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos, a contribuição a cargo da
empresa, destinada à Seguridade Social, será de 20%, acrescida de 1%, 2% ou 3% conforme a
atividade preponderante da empresa apresente riscos de acidente do trabalho, considerados,
respectivamente, leves, médios ou graves. Considera-se atividade preponderante da empresa
aquela em que há o maior número de empregados e trabalhadores avulsos.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Regime Geral da Previdência Social: custeio.

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»» Bibliografia: AMADO, Frederico. Curso de direito e processo previdenciário. 9. ed. rev.


ampl. e atual. Salvador: Juspodium, 2017.
»» ALENCAR, Hermes Arrais. Direito previdenciário para concursos públicos. 3. ed. São
Paulo: Atlas, 2015.

Em que pesem as questões relativas à Seguridade Social na prova da Procurador Federal exijam
do candidato maior conhecimento da Lei nº 8.213/91 (Lei de Benefícios do RGPS) do que da
Lei nº 8.212/91 (Lei de Custeio do RGPS), não se pode negligenciar esta em privilégio daquela.
Portanto, se, porventura, o candidato tiver que optar por aprofundar o estudo de determinado
assunto, sugere-se que inicie o estudo pela leitura da Lei nº 8.213/91 acompanhada de doutrina
específica, jurisprudência e da realização de questões e, após, passe à leitura da Lei nº 8.212/91,
acompanhada da leitura da jurisprudência pertinente e da realização de questões, não havendo, a
princípio, necessidade de leitura de doutrina específica a respeito da Lei nº 8.212/91. Para que o
candidato resolva a questão sob análise, deve estar atento ao disposto no inciso I do art. 22 da Lei
8.212/91, que trata da contribuição a cargo da empresa destinada à Seguridade Social. No caso,
o segurado deve ficar atento ao fato de a alíquota de 20% incidir sobre o total das remunerações
pagas mensalmente, inclusive gorjetas (remuneração variável) e as utilidades na forma de ganhos
habituais, assim como sobre as devidas (dívidas) ou creditadas (adiantamentos) aos segurados
empregados e trabalhadores avulsos pelos serviços prestados durante o mês (AMADO, 2017, p.
394). Caso o candidato faça um cotejo entre o disposto no inciso I do art. 195 da CF/88 com o disposto
no inciso I do art. 22 da Lei nº 8.212/91, verá que esta contém previsão mais ampla do que aquela à
medida em que prevê a incidência de contribuição previdenciária patronal sobre as remunerações
pagas ou creditadas pelas empresas e também sobre as devidas. Significa que se a empresa não
pagar as remunerações mensais ou, ainda, adiantá-las, não ficará desobrigada do recolhimento da
cota patronal. Enquanto isso, o inciso II do art. 22 da Lei nº 8.213/91 prevê que, sobre o total das
remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados e trabalhadores avulsos,
também incidirá um adicional de 1%, 2% ou 3%, que será destinado ao custeio do benefício de
aposentadoria especial e dos benefícios decorrentes de acidente do trabalho. Referido dispositivo
consagra o Princípio da equidade na Forma de Participação no Custeio, uma vez que o percentual
adicional será proporcional à probabilidade da ocorrência de acidentes do trabalho. O aferimento
do risco é feito de acordo com a atividade preponderante da empresa, a qual é concebida como
aquela em que há o maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos nos termos
do § 3º do art. 202 do Decreto nº 3.048/99. Isto é, a empresa efetua o pagamento do adicional com
base numa alíquota única, ainda que desempenhe mais de uma atividade econômica, devendo,
para isso, ser considerada a sua atividade preponderante. Portanto, o enunciado da questão acima
está correto. A título de complemento, recomenda-se ao aluno verificar o disposto na Súmula 351
do STJ, a qual ratifica o entendimento do STJ de que a alíquota de contribuição para o SAT deve
ser aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ, ou
seja, não adotando o critério de atividade preponderante como um todo, caso possua mais de

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uma unidade, ou, ainda, pelo grau de risco da atividade preponderante quando houver apenas um
registro. A CESPE já exigiu do aluno o domínio do tema em oportunidade anterior (2010 – AGU –
Procurador), o que fez do seguinte modo: A alíquota da contribuição para o SAT deve corresponder
ao grau de risco da atividade desenvolvida em cada estabelecimento da empresa, individualizado
por seu CNPJ. Possuindo esta um único CNPJ, a alíquota da referida exação deve corresponder
à atividade preponderante por ela desempenhada. A alternativa foi dada como certa em virtude do
disposto na Súmula 351 do STJ.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 46. Não haverá desconto de contribuição previdenciária sobre nenhum benefício
pago no âmbito do RGPS, exceto o salário-maternidade, único benefício considerado como
salário-de-contribuição.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Salário-de-contribuição: conceito, parcelas integrantes e excluídas.


»» Bibliografia: AMADO, Frederico. Curso de direito e processo previdenciário. 9. ed. rev.
ampl. e atual. Salvador: Juspodium, 2017.

A resposta para a assertiva encontra respaldo no disposto nos § 2º e 9º do art. 28 da Lei nº


8.212/91, os quais dispõem, respectivamente, que o salário-maternidade é considerado salário-de-
contribuição e que os benefícios da previdência social, nos termos e limites legais, não integram
o salário-de-contribuição, salvo o salário-maternidade. Em relação ao tema, a 1ª Seção do STJ,
ao julgar o Recurso Especial 1.230.957-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, em 26/2/2014,
restaurou sua jurisprudência no sentido de que o salário-maternidade integra o salário-de-
contribuição. O fundamento da decisão é de que “o fato de não haver prestação de trabalho durante
o período de afastamento da segurada empregada, associado à circunstância de a maternidade
ser amparada por um benefício previdenciário, não autoriza conclusão no sentido de que o valor
recebido tenha natureza indenizatória ou compensatória, ou seja, em razão de uma contingência
(maternidade), paga-se à segurada empregada benefício previdenciário correspondente ao seu
salário, possuindo a verba evidente natureza salarial. Não é por outra razão que, atualmente,
o art. 28, § 2º, da Lei 8.212/91 dispõe expressamente que o salário maternidade é considerado
salário-de-contribuição. Nesse contexto, a incidência de contribuição previdenciária sobre o salário-
maternidade, no Regime Geral da Previdência Social, decorre de expressa previsão legal. Sem
embargo das posições em sentido contrário, não há indício de incompatibilidade entre a incidência
da contribuição previdenciária sobre o salário-maternidade e a Constituição Federal. A Constituição
Federal, em seus termos, assegura a igualdade entre homens e mulheres em direitos e obrigações
(art. 5º, I). O art. 7º, XX, da CF/88 assegura proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante

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incentivos específicos, nos termos da lei. No que se refere ao salário-maternidade, por opção do
legislador infraconstitucional, a transferência do ônus referente ao pagamento dos salários, durante
o período de afastamento, constitui incentivo suficiente para assegurar a proteção ao mercado
de trabalho da mulher” (Recurso Especial 1.230.957). Do mesmo modo, incide contribuição
previdenciária a cargo da empresa sobre os valores pagos a título de salário-paternidade, ou seja,
o valore recebido pelo empregado durante os dias de afastamento em razão do nascimento de
filho. A diferença é que o pagamento do salário-paternidade é de responsabilidade da empresa,
não se tratando, portanto, de um benefício previdenciário. A polêmica do tema volta à tona quando
o Procurador-Geral da República propôs a ADI 5.626, em 25/11/2016. O objetivo é que seja
declarada a inconstitucionalidade do dispositivo da Lei nº 8.212/91 que determina a incidência
de contribuição previdenciária sobre o salário-maternidade. O questionamento do PGR acerca
da constitucionalidade da incidência da contribuição previdenciária sobre a licença-maternidade
reside na teoria do impacto desproporcional (disparate impact doctrine), uma vez que entende
que “medidas estatais que imponham de forma desproporcional maior custo à mão de obra
feminina são incompatíveis com a premissa de equilíbrio entre a proteção da maternidade e do
emprego da mulher. Janot lembra que a Lei 6.136/1974 transferiu à Previdência Social o encargo
exclusivo pelo pagamento integral da remuneração da trabalhadora no período de licença, mas o
empregador continuou obrigado a recolher a contribuição sobre o salário-maternidade e, ainda,
arcar com o encargo incidente sobre a remuneração de eventual trabalhador temporário, substituto
da licenciada. “Essa dupla contribuição pelo mesmo posto de trabalho encarece a mão de obra
feminina e contraria a norma constitucional e a internacional”, sustenta, referindo-se à Convenção
103 da Organização Internacional do Trabalho”, conforme notícia disponível no site do STF em 25
de novembro de 2016: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=330529.
Acerca do tema do impacto desproporcional, vale lembrar que já havia sido enfrentado na ADI 1.946-
5/DF, Rel. Min. Sydnei Sanches, em 3/4/2003, em que restou assentado que “(...) se se entender
que a Previdência Social, doravante, responderá apenas por R$1.200,00 (hum mil e duzentos
reais) por mês, durante a licença da gestante, e que o empregador responderá, sozinho, pelo
restante, ficará sobremaneira, facilitada e estimulada a opção deste pelo trabalhador masculino,
ao invés da mulher trabalhadora. Estará, então, propiciada a discriminação que a Constituição
buscou combater, quando proibiu diferença de salários, de exercício de funções e de critérios de
admissão, por motivo de sexo (art. 7º, inc. XXX, da C.F./88), proibição, que, em substância, é um
desdobramento do princípio da igualdade de direitos, entre homens e mulheres, previsto no inciso
I do art. 5º da Constituição Federal. Estará, ainda, conclamado o empregador a oferecer à mulher
trabalhadora, quaisquer que sejam suas aptidões, salário nunca superior a R$1.200,00, para não
ter de responder pela diferença. Não é crível que o constituinte derivado, de 1998, tenha chegado
a esse ponto, na chamada Reforma da Previdência Social, desatento a tais consequências. Ao
menos não é de se presumir que o tenha feito, sem o dizer expressamente, assumindo a grave
responsabilidade. 4. A convicção firmada, por ocasião do deferimento da Medida Cautelar, com
adesão de todos os demais Ministros, ficou agora, ao ensejo deste julgamento de mérito, reforçada

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substancialmente no parecer da Procuradoria Geral da República. 5. Reiteradas as considerações


feitas nos votos, então proferidos, e nessa manifestação do Ministério Público federal, a Ação
Direta de Inconstitucionalidade é julgada procedente, em parte, para se dar, ao art. 14 da Emenda
Constitucional nº 20, de 15.12.1998, interpretação conforme à Constituição, excluindo-se sua
aplicação ao salário da licença gestante, a que se refere o art. 7º, inciso XVIII, da Constituição
Federal. 6. Plenário. Decisão unânime”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 47. A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de


Seguridade Social contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um
conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento
às necessidades básicas.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Assistência social.


»» Bibliografia: AMADO, Frederico. Curso de direito e processo previdenciário. 9. ed. rev.
ampl. e atual. Salvador: Juspodium, 2017.

A questão exige do candidato conhecimento acerca do sistema de seguridade social no Brasil.


Com o advento da Constituição Federal de 1988, especialmente entre os seus arts. 194 a 204,
inaugurou-se no Brasil, o sistema de seguridade social, o qual engloba as ações na área da
previdência social, da assistência social e da saúde pública. Todavia, o sistema de seguridade social
se biparte em sistema contributivo e não contributivo. Dentro daquele, está apenas a previdência
social. Dentro deste, a assistência social e a saúde pública. Desse modo, a previdência social
pressupõe o pagamento de contribuições previdenciárias dos segurados para a cobertura dos
seus atendimentos e dos seus dependentes. Por outro lado, a assistência social e a saúde pública
são custeadas pelos tributos em geral (especialmente as contribuições destinadas ao custeio
da seguridade social) e disponíveis a todas as pessoas que delas necessitarem, inexistindo a
exigência de pagamento de contribuições específicas dos usuários para o gozo dessas atividades
públicas (AMADO, 2017, p. 28-29). Essa classificação do sistema nacional de seguridade social
em sistema contributivo (previdência social) e não contributivo (assistência social e saúde pública)
possui importância quando da definição do regime jurídico de cada campo da seguridade social,
bem como dos princípios que o norteiam e os objetivos de cada sistema, motivo pelo qual se optou
pela sua cobrança nesta rodada inicial. O fundamento legal da questão está tanto no caput do
art. 203 da CF/88, o qual dispõe que “a assistência social será prestada a quem dela necessitar,
independentemente de contribuição à seguridade social, bem como no caput do art. 1º da Lei
nº 8.742/93, que dispõe: a assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política

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de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um
conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às
necessidades básicas”. Portanto, o erro da alternativa está em referir que a assistência social
tem caráter contributivo. Sugere-se ao candidato a leitura integral da Lei nº 8.742/93 devido à
importância do tema ao certame.

Seguridade Social Caráter

Previdência Social Contributivo

Assistência Social Não contributivo

Saúde Pública Não contributivo

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 48. A justificação administrativa constitui recurso utilizado para suprir a falta ou
insuficiência de documento ou para produzir prova de fato ou circunstância de interesse
dos beneficiários, perante a previdência social. Será admitida a justificação administrativa
quando o fato a comprovar exigir registro público de casamento, de idade ou de óbito, ou de
qualquer ato jurídico para o qual a lei prescreva forma especial.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Regulamento da Previdência Social (Decreto nº 3.048/1999).


Justificação Administrativa.
»» Bibliografia: AMADO, Frederico. Curso de direito e processo previdenciário. 9. ed. rev.
ampl. e atual. Salvador: Juspodium, 2017.

A escolha do ponto relativo à Justificação Administrativa (J.A.) deve-se à relevância do


tema no âmbito do processo e julgamento dos processos envolvendo pedidos de benefícios
previdenciários. O capítulo VI do Decreto nº 3.048/99 é destinado ao tema. Conforme dispõe o art.
142 de referido diploma legal, a justificação administrativa constitui recurso utilizado para suprir
a falta ou insuficiência de documento ou produzir prova de fato ou circunstância de interesse dos
beneficiários, perante a previdência social. Todavia, conforme refere seu § 1º, não será admitida
a justificação administrativa quando o fato a comprovar exigir registro público de casamento, de
idade ou de óbito, ou de qualquer ato jurídico para o qual a lei prescreva forma especial, o que
torna o enunciado acima errado, uma vez que contraria a legislação pertinente. Deve-se observar
que o processo de justificação administrativa é, em regra, parte de processo antecedente, sendo
proibida sua tramitação na condição de processo autônomo (§ 2º), exceto seu processamento
para efeito de inclusão ou retificação de vínculos no CNIS (AMADO, 2017, p. 1096). Ademais, nos

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termos do art. 143 do Decreto nº 3.048/99, a justificação administrativa ou judicial, no caso de prova
exigida pelo art. 62 (prova de tempo de serviço), dependência econômica, identidade e de relação
de parentesco, somente produzirá efeito quando baseada em início de prova material. Ou seja,
não será admitida prova exclusivamente testemunhal. Todavia, Frederico Amado (2017, p. 1095)
ressalta que essa previsão regulamentar não encontra guarida legal, uma vez que apenas se exige
início de prova material para a comprovação de tempo de serviço ou de contribuição, motivo pelo
qual a dependência, a identidade ou relação de parentesco poderá ser comprovada por todos os
meios de prova não proibidos em Direito, em atenção ao princípio do livro convencimento motivado.
Para isso, refere a posição do STJ: 1. A Terceira Seção deste Superior Tribunal, no âmbito da
Quinta e da Sexta Turma, já consolidou entendimento no sentido de que não se exige início de
prova material para comprovação da dependência econômica de mãe para com o filho, para
fins de obtenção do benefício de pensão por morte. (AGREsp 886.069, de 25.09.2008).

Caso se pretenda fazer prova de tempo de serviço e tiver ocorrido motivo de força maior ou
caso fortuito, dispensa-se o início de prova material, conforme o § 1º do art. 143 do Decreto nº
3.048/99. Ainda, é importante saber o disposto no art. 145 do referido Decreto, pois refere que,
para o processamento da justificação administrativa, o interessado deverá apresentar requerimento
expondo, clara e minuciosamente, os pontos que pretende justificar, indicando testemunhas
idôneas, em número não inferior a três nem superior a seis, cujos depoimentos possam levar à
convicção da veracidade do que se pretende comprovar. Ademais, o art. 147 do Decreto nº 3.048/99
traz disposição relevante que diz não ser cabível recurso da decisão da autoridade competente
do INSS que considerar eficaz ou ineficaz a justificação administrativa. Deve-se observar que a
justificação administrativa é processada sem ônus para o interessado e que é regida pelo princípio
da subsidiariedade, isto é, somente é admitido o seu processamento quando ficar evidenciada
a inexistência de outro meio capaz de configurar a verdade do fato alegado, e o início de prova
material apresentado levar à convicção do que se pretende comprovar, nos termos do art. 148 c/c
art. 151 do Decreto nº 3.048/99. Recomenda-se ao candidato, caso não leia o Decreto nº 3.048/99
em sua integralidade, que faça a leitura dos arts. 142 a 151 relativos à justificação administrativa.
Ainda, não se pode olvidar de que a justificação administrativa contém previsão expressa na Lei nº
8.213/91 tanto em seu art. 108 quanto no art. 55, § 3º.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 49. Considerando o atual entendimento do Supremo Tribunal Federal, é


garantido o benefício de pensão por morte ao cônjuge varão, ainda que o óbito da segurada
tenha ocorrido na vigência da Constituição Federal de 1969, tendo em conta o princípio da
igualdade.

COMENTÁRIO

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»» Ponto do edital: Pensão por morte.

A pensão por morte é um benefício previdenciário alcançado aos dependentes do segurado, que são
as pessoas elencadas no art. 16 da Lei nº 8.213/91. Ou seja, é devida ao cônjuge, a companheira,
o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou
inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; aos pais; ao irmão de
qualquer condição menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual
ou mental ou deficiência grave, nos termos do regulamento. A condição de dependente, atendendo
ao princípio do tempus regit actum (Súmula 340 do STJ), deve ser aferida no momento do óbito do
instituidor, e não em outro marco, uma vez que é com o falecimento que surge o direito. Com base
nesse entendimento é que no regime previdenciário anterior à Lei nº 8.213/91, apenas o marido
inválido era dependente de sua esposa e tinha o direito de receber pensão por morte. Isto é, se
fosse válido, não teria o direito. Assim, para óbitos ocorridos a contar de 5/4/1991, é devida a pensão
por morte ao companheiro e ao cônjuge do sexo masculino independente da condição de invalidez,
desde que atendidos os demais requisitos legais (Instrução Normativa INSS nº 77/2015, art. 368).
Ocorre que o STF decidiu que tendo em vista que a CF/88, em seu art. 201, inciso V, equiparou
homens e mulheres para efeito de pensão por morte, referido dispositivo tem aplicação imediata e,
portanto, deve ser aplicado a contar da promulgação da CF, em 5/10/1988, e não somente após a
publicação da Lei nº 8.213, de 5/4/1991, sob pena de violação ao princípio da isonomia. AGRAVO
REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE.
CONCESSÃO AO CÔNJUGE VARÃO. ÓBITO DA SEGURADA ANTERIOR AO ADVENTO DA LEI
N. 8.213/91. EXIGÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE INVALIDEZ. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA
ISONOMIA. ARTIGO 201, INCISO V, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. AUTOAPLICABILIDADE.
1. O Princípio da Isonomia resta violado por lei que exige do marido, para fins de recebimento de
pensão por morte da segurada, a comprovação de estado de invalidez (Plenário desta Corte no
julgamento do RE n. 385.397-AgR, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJe 6.9.2007). A regra
isonômica aplicada ao Regime Próprio de Previdência Social tem aplicabilidade ao Regime Geral
(RE n. 352.744-AgR, Relator o Ministro JOAQUIM BARBOSA, 2ª Turma, DJe de 18.4.11; RE n.
585.620-AgR, Relator o Ministro RICARDO LEWANDOWSKI, 1ª Turma, Dje de 11.5.11; RE n.
573.813-AgR, Relatora a Ministra CÁRMEN LÚCIA, 1ª Turma, DJe de 17.3.11; AI n. 561.788-AgR,
Relatora a Ministra CÁRMEN LÚCIA, 1ª Turma, DJe de 22.3.11; RE 207.282, Relator o Ministro
CEZAR PELUSO, 2ª Turma, DJ 19.03.2010; entre outros). 2. Os óbitos de segurados ocorridos
entre o advento da Constituição de 1988 e a Lei 8.213/91 regem-se, direta e imediatamente,
pelo disposto no artigo 201, inciso V, da Constituição Federal, que, sem recepcionar a parte
discriminatória da legislação anterior, equiparou homens e mulheres para efeito de pensão por
morte. 3. Agravo regimental não provido. (RE 607907 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira
Turma, julgado em 21/06/2011, DJe-146 DIVULG 29-07-2011 PUBLIC 01-08-2011 EMENT VOL-
02556-06 PP-01041). Ocorre que o STF, recentemente, alargou seu entendimento e passou a
deferir a pensão por morte em favor do homem, mesmo não inválido, ainda que o óbito de sua

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esposa/companheira tenha ocorrido em período anterior à CF/88: PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO


REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PENSÃO POR MORTE AO CÔNJUGE
VARÃO. ÓBITO DA SEGURADA EM DATA ANTERIOR AO ADVENTO DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL DE 1988. PRINCÍPIO DA ISONOMIA (ART. 153, § 1º, DA CF/1967, NA REDAÇÃO
DA EC 1/1969). PRECEDENTES. 1. Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal,
o óbito da segurada em data anterior ao advento da Constituição Federal de 1988 não afasta
o direito à pensão por morte ao seu cônjuge varão. Nesse sentido: RE 439.484-AgR, Rel. Min.
ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, DJe de 5/5/2014; RE 535.156-AgR, Rel. Min. CÁRMEN
LÚCIA, Primeira Turma, DJe de 11/4/2011. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (Ag.
Reg. no RE 880.521-SP, Rel. Min. Teori Zavascki, Segunda Turma, julgado em 8/3/2016). Assim,
o enunciado trazido acima está correto, uma vez que consolida o atual entendimento do STF de
que há afronta ao princípio da isonomia exigir a invalidez do cônjuge varão supérstite para fins de
concessão do benefício de pensão por morte, caso o óbito da segurada tenha ocorrido em período
anterior à promulgação da CF/88, ou seja, sob a égide da Carta Magna de 1967, com a redação da
EC 1/1969, eis que já preceituava que todos são iguais perante a lei, sem distinção de sexo.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 50. Conforme o princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios, não


é possível a redução do valor nominal dos benefícios da seguridade social, porém os
benefícios da previdência social não são abarcados por referido princípio podendo sofrer
redução nominal e real.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 1 Seguridade Social: conceito; organização e princípios.


»» Bibliografia: AMADO, Frederico. Curso de direito e processo previdenciário. 9. ed. rev.
ampl. e atual. Salvador: Juspodium, 2017.

Dentre os princípios que norteiam a seguridade social (previdência social, assistência social e
saúde pública) está o princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios. Para que o candidato
resolva a questão, deve ter presente que, em virtude do princípio da segurança jurídica, não é
possível que seja reduzido o valor nominal de benefício da seguridade social proibindo-
se, dessa forma, o retrocesso securitário. Em contrapartida, no que diz respeito aos benefícios
previdenciários, além do valor nominal, é garantido constitucionalmente, no art. 201, § 4º, o
reajustamento para a manutenção do valor real, conforme os índices definidos em lei, o que reflete
uma irredutibilidade material. Essa previsão constitucional é regulamentada pela Lei nº 8.213/91,
art. 2º, inciso V, c/c art. 41-A, que prevê expressamente a manutenção do valor real dos benefícios
pagos pelo INSS por meio da incidência anual de correção monetária pelo INPC, na mesma data

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de reajuste do salário mínimo. Amado (2017, p. 35) faz a diferença de modo bastante prático.
Observe: “se um benefício da saúde pública ou da assistência social for pago no valor de R$
200,00 por largo período, não haverá violação constitucional, pois apenas o seu valor nominal
não poderá ser diminuído, inexistindo determinação para o seu reajustamento periódico visando
manter o poder real de compra, certamente em razão do seu caráter não contributivo”. Por outro
lado, ressalta que, “no caso de um benefício previdenciário, além de não poder reduzir o seu valor
nominal, o Poder Público ainda deverá garantir o seu reajustamento periódico, a teor da ordem
insculpida no artigo 201, § 4º, da Constituição, em função do caráter contributivo que marca a
previdência social no Brasil”. Analisando-se provas de concursos anteriores da CESPE para as
carreiras da AGU, verifica-se que o tema esteve presente na última prova objetiva para o concurso
de Advogado da União (2015) da seguinte forma: No que diz respeito à seguridade social, julgue
o item a seguir. Conforme a jurisprudência do STF, a irredutibilidade do valor dos benefícios é
garantida constitucionalmente, seja para assegurar o valor nominal, seja para assegurar o valor
real dos benefícios, independentemente dos critérios de reajuste fixados pelo legislador ordinário.
A assertiva estava, portanto, errada, uma vez que depende dos critérios de reajuste fixados pelo
legislador ordinário. Para melhor elucidação do assunto, Amado (2017, p. 36) propõe o seguinte
quadro esquemático:

Irredutibilidade pelo valor nominal Saúde pública e assistência social


Irredutibilidade pelo valor nominal e real Previdência social

Deve ser observado que desde o advento das Leis nºs 8.212/91 e 8.213/91, os benefícios
previdenciários tiveram índices de reajuste desvinculados do salário mínimo, motivo pelo qual pode
ocorrer que uma pessoa que se aposentou recebendo 3 (três) salários mínimos receba, hoje, valor
inferior a esses 3 (três) salários mínimos iniciais. A jurisprudência do STF, inclusive, já se consolidou
nesse sentido: Agravo regimental em recurso extraordinário. 2. Previdência Social. Benefícios.
Reajuste. 3. O art. 41, II, da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 e suas sucessivas alterações não
violou o disposto no art. 194, IV, e 201, § 2º, da Carta Magna. Precedentes. 4. Agravo regimental
a que se nega provimento (Ag. Reg. no AI 540.956-2-MG; Rel. Min. Gilmar Mendes, 14/3/2006).
Tendo em vista o princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios, o STJ vinha entendendo
não ser possível a redução do valor nominal do benefício previdenciário pago em atraso em
virtude de índices negativos (deflação) (RE 1.242.584, de 14/5/2011). Entretanto, o STJ mudou
seu entendimento em 2012 e passou a firmar sua jurisprudência no sentido de que é possível a
aplicação de índices negativos de inflação na atualização dos benefícios previdenciários desde
que respeitada a irredutibilidade da totalidade dos valores pagos a título de parcelas atrasadas:
PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
ESPECIAL. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DE ÍNDICE INFLACIONÁRIO NEGATIVO SOBRE
A CORREÇÃO MONETÁRIA, DESDE QUE PRESERVADO O VALOR NOMINAL DO MONTANTE
PRINCIPAL. 1. A Corte especial deste Tribunal no julgamento do REsp nº 1.265.580/RS, Relator
o Ministro Teori Albino Zavascki, DJe de 18/4/2012, modificou a compreensão então vigente,

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passando a adotar o entendimento segundo o qual desde que preservado o valor nominal do
montante principal, é possível a aplicação de índice inflacionário negativo sobre a correção
monetária de débitos previdenciários, porquanto os índices deflacionados acabam se compensando
com supervenientes índices positivos de inflação. 2. Embargos de declaração acolhidos com
excepcionais efeitos modificativos (EDcl no AgRg no Recurso Especial nº 1.142.014-RS). Significa,
portanto, que se, no cálculo final relativo ao montante das parcelas devidas atrasadas a título de
benefícios previdenciários, a atualização, conforme os índices negativos de correção monetária,
implicar redução do valor principal, deverá prevalecer o valor nominal. Ainda, deve-se atentar
que o princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios não se confunde com a constatação de
irregularidade no que tange ao valor do benefício. Observe essa situação hipotética: Joana recebe
benefício de aposentadoria por tempo de contribuição do RGPS. O INSS verificou irregularidades
na concessão da aposentadoria de Joana, as quais, se sanadas, resultam em redução do valor
nominal por ela recebido. Nessa situação, conforme o entendimento do STF, não é possível a redução
do valor nominal da aposentadoria de Joana, dado o princípio constitucional da irredutibilidade
do valor do benefício. Errado. Conforme o entendimento do STF, “4. A redução de proventos de
aposentadoria, quando concedida em desacordo com a lei, não ofende o princípio da irredutibilidade
de vencimentos” (MS 30830, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 23/10/2012, publicado
em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-215 DIVULG 30/10/2012 PUBLIC 31/10/2012).

GABARITO: ERRADO

PROFESSORA: RENATA D’ÁVILA


E-mail: profcei.renatadavila@gmail.com

DIREITO AGRÁRIO

QUESTÃO 51. O conceito de módulo fiscal determina se uma propriedade é pequena, média
ou grande, no direito agrário.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 2 Reforma Agrária (Lei nº 8.629/1993).

O módulo fiscal está previsto no art. 49 do Estatuto da Terra.

Art. 49. As normas gerais para a fixação do imposto sobre a propriedade territorial rural
obedecerão a critérios de progressividade e regressividade, levando-se em conta os
seguintes fatores:

I - o valor da terra nua;

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II - a área do imóvel rural;

III - o grau de utilização da terra na exploração agrícola, pecuária e florestal;

IV - o grau de eficiência obtido nas diferentes explorações;

V - a área total, no País, do conjunto de imóveis rurais de um mesmo proprietário.

§ 1º Os fatores mencionados neste artigo serão estabelecidos com base nas informações
apresentadas pelos proprietários, titulares do domínio útil ou possuidores, a qualquer
título, de imóveis rurais, obrigados a prestar declaração para cadastro, nos prazos e
segundo normas fixadas na regulamentação desta Lei.

§ 2º O órgão responsável pelo lançamento do imposto poderá efetuar o levantamento


e a revisão das declarações prestadas pelos proprietários, titulares do domínio útil ou
possuidores, a qualquer título, de imóveis rurais, procedendo-se a verificações “in loco”
se necessário.

§ 3º As declarações previstas no parágrafo primeiro serão apresentadas sob inteira


responsabilidade dos proprietários, titulares do domínio útil ou possuidores, a qualquer
título, de imóvel rural, e, no caso de dolo ou má-fé, os obrigará ao pagamento em dobro
dos tributos devidos, além das multas decorrentes e das despesas com as verificações
necessárias.

§ 4º Fica facultado ao órgão responsável pelo lançamento, quando houver omissão dos
proprietários, titulares do domínio útil ou possuidores, a qualquer título, de imóvel rural,
na prestação da declaração para cadastro, proceder ao lançamento do imposto com a
utilização de dados indiciários, além da cobrança de multas e despesas necessárias à
apuração dos referidos dados.

Concluindo-se que:

a)   01 a 04 módulos fiscais – pequena propriedade

b)   04 a 15 módulos fiscais – média propriedade

c)   Mais de 15 módulos fiscais – grande propriedade

Por fim, frisa-se que o conceito de módulo fiscal foi utilizado para o cálculo do Imposto Territorial
Rural, com fulcro no art. 50 do mesmo Estatuto da Terra.

E ainda, não confunda o conceito de módulo fiscal com o conceito de modulo rural. O módulo
rural este previsto no art.4º, I, do Estatuto que explica:

Art. 4º Para os efeitos desta Lei, definem-se:

I - “Imóvel Rural”, o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização

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que se destina à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agro-industrial, quer através


de planos públicos de valorização, quer através de iniciativa privada;

II - “Propriedade Familiar”, o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo


agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a
subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada
região e tipo de exploração, e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros;

III - “Módulo Rural”, a área fixada nos termos do inciso anterior;

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 52. A usucapião rural tem como objetivo atender a função social do imóvel rural.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 4 Usucapião constitucional rural (artigo 191 da Constituição


da República e Lei nº 6.969/1981). Demarcação de terras indígenas.

Antes da explicação, observem que o último edital da PGF trouxe um único item para tratar do tema
da usucapião constitucional rural, sendo assim, é importante revisar bem o assunto.

De fato, a usucapião rural tem como objetivo atender a função social do imóvel rural. Também
chamada de posse-trabalho, esta modalidade de usucapião, não exige a boa-fé, nem o justo título.
Por outro lado, não garante a transferência da propriedade também.

Além disso, somente poderá ser utilizada uma única vez pelo usucapiente que não possua outra
propriedade, seja ela rural ou urbana.

O art. 191 da CF/88 traz expressamente o conceito da usucapião rural:

Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu,
por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a
cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela
sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

GABARITO: CERTO

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PROFESSORA: MARIA CHRISTINA


E-mail: profcei.mariachristina@gmail.com

DIREITO AMBIENTAL

Os princípios da precaução e da prevenção são basilares no Direito Ambiental. Há juristas


que usam ambas as expressões, supondo ou não diferença entre elas, e há aqueles que
entendem como necessária a distinção entre os dois princípios. Partindo desse último
pressuposto, julguem os itens seguintes.

QUESTÃO 53. Pode o órgão de gestão ambiental, com base no princípio da precaução,
negar a licença ambiental à determinada indústria que pretende se instalar em uma zona
industrial, quando o projeto por ela apresentado tenha o condão de comprometer o suporte
da área.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Princípios do Direito Ambiental.

A assertiva está errada, pois se o órgão ambiental verificar que o projeto apresentado pela indústria
irá comprometer o suporte da área, ou seja, se os riscos e impactos da instalação da indústria já
são conhecidos, o fundamento da decisão que deverá negar a licença pretendida é o princípio da
prevenção.

Vejamos o que diz a doutrina sobre esses princípios:

“Aplica-se o princípio da prevenção quando o perigo é certo e quando se tem elementos


seguros para afirmar que uma determinada atividade é efetivamente perigosa”.

Por sua vez, “a invocação do princípio da precaução é uma decisão a ser tomada quando
a informação científica é insuficiente, inconclusiva ou incerta e haja indicações de que os
possíveis efeitos sobre o ambiente, a saúde das pessoas ou dos animais ou a proteção
vegetal possam ser potencialmente perigosos e incompatíveis com o nível de proteção
escolhido”. (MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente. 10ª ed. rev. atual. e ampl. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 263 e 265).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 54. Segundo jurisprudência do STF, quando há parâmetros aceitos pela


Organização Mundial da Saúde (OMS), indicando ser incerta a existência de efeitos nocivos

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que comprometam a qualidade de vida e o meio ambiente, não há que se invocar o princípio
da precaução para impor aos produtos e serviços parâmetros mais elevados de segurança.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 1. Princípios do Direito Ambiental. 2. A Constituição Federal e o meio


ambiente.

A compreensão da questão tem como pressuposto o conhecimento e estudo da jurisprudência


do STF. Isso porque muitas das questões que serão propostas efetivamente abordarão temas
discutidos pelos Tribunais Superiores. É este o caso, pois o STF debateu o conteúdo do princípio da
precaução no julgamento do RE 627.189/SP, (divulg. 31/03/2017 e publ. 03/04/2017), em relação à
necessidade de impor às concessionárias de energia elétrica a adoção de novos níveis do campo
eletromagnético das linhas de transmissão de energia elétrica.

A assertiva está correta. E a fundamentação do voto condutor do Acórdão foi no sentido de que

“a aplicação do princípio (da precaução) somente deve ser exigida quando existente
um certo nível de evidência sobre um risco e quando a margem de segurança seja
excedida; ou seja, incidirá o princípio quando houver incertezas científicas sobre riscos
possíveis, a fim de se evitarem impactos potencialmente prejudiciais ao meio ambiente
e/ou à saúde pública”.

Assim, enquanto um produto, evento ou serviço estiver sendo oferecido dentro dos níveis de
segurança estabelecidos pela OMS e desde que não haja incertezas científicas sobre a possibilidade
de desequilibrar o meio ambiente ou atingir a saúde dos cidadãos, não há que se lançar mão do
princípio da precaução para impor novos padrões de exigência.

GABARITO: CERTO

De acordo com o entendimento do STF, julgue o item seguinte, a respeito das regras
constitucionais sobre o meio ambiente.

QUESTÃO 55. A obrigação de o Estado garantir a todos o pleno exercício de direitos


culturais, incentivando a valorização e a difusão das manifestações, não prescinde da
observância da norma do inciso VII do art. 225 da CF, no que veda prática que acabe por
submeter os animais à crueldade.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 2. A Constituição Federal e o meio ambiente.

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A assertiva está correta. O STF externou esse entendimento em julgados em que analisou a
constitucionalidade de normas estaduais que visavam regulamentar práticas tidas como expressões
culturas com animais, a exemplo da “farra do boi” e da “vaquejada”. Valendo-se da técnica da
ponderação, a Corte Suprema consignou na ADI 4983 (Rel. Min. Marco Aurélio, j. 06/20/2016) que

“a crueldade intrínseca à “vaquejada” não permite a prevalência do valor cultural


como valor desejado pelo sistema de direitos fundamentais da Constituição. Portanto,
o sentido da expressão “crueldade” constante na parte final do inciso VII do § 1º do art.
225 da CF alcança a tortura e os maus-tratos infligidos aos bovinos durante a prática
impugnada, de modo a tornar intolerável a conduta humana autorizada pela norma
estadual atacada”.

Porém, registre-se que, logo após o julgamento da citada ADI o Congresso Nacional editou a Lei nº
13.364/206, em que alçou “o Rodeio, a Vaquejada, bem como as respectivas expressões artístico-
culturais, à condição de manifestação cultural nacional e de patrimônio cultural imaterial,
nos termos da ementa da lei. E, em seguida, foi promulgada a Emenda Constitucional nº 96, de
06/06/2017, acrescentando o § 7º ao art. 225 da Constituição Federal para “determinar que práticas
desportivas que utilizem animais não são consideradas cruéis, nas condições que especifica”,
conforme consta na sua ementa.

Cabe assinalar que o efeito vinculante resultante do julgamento pelo STF dos processos de fiscalização
abstrata não se aplica nem se estende à atividade legislativa. Em outros termos, a função legislativa
não é alcançada pela eficácia erga omnes, nem pelo efeito vinculante da decisão proferida pelo STF
em controle abstrato de constitucionalidade. Com efeito, não é vedado ao legislador editar nova lei
com idêntico conteúdo normativo de lei declarada inconstitucional pelo STF.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 56. De acordo com o Código Florestal, julgue o próximo item, referentes às
regras de transição por ele trazidas e às infrações administrativas ambientais.

O STJ decidiu que os autos de infração relativos a fatos anteriores a 22 de julho de 2008
restaram invalidados pela entrada em vigor do novo Código Florestal.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 3. A legislação brasileira florestal (Leis nº 12.651/2102, 11.428/2006,


11.284/2006 e regulamentos). 5. Poder de Polícia Ambiental. Crimes e infrações
administrativas contra o meio ambiente (Lei nª 9.605/1998 e regulamentos).

A assertiva está errada. O assunto cobrado é o conhecimento, especificamente, das regras

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constantes no art. 59 e parágrafos da Lei nº 12.651/2012, chamada de Novo Código Florestal,


no que toca à discussão acerca da falada anistia a infrações ambientais trazidas por essa nova
legislação. O erro da assertiva é a afirmação de que o STJ posicionou-se no sentido da invalidação
dos autos de infração lavrados anteriormente ao citado marco legal. O que não ocorreu. Pelo
contrário, o STJ decidiu pela validade das infrações administrativas ambientais praticadas antes
de 22/07/2008.

Art. 59. A União, os Estados e o Distrito Federal deverão, no prazo de 1 (um) ano,
contado a partir da data da publicação desta Lei, prorrogável por uma única vez, por igual
período, por ato do Chefe do Poder Executivo, implantar Programas de Regularização
Ambiental - PRAs de posses e propriedades rurais, com o objetivo de adequá-las aos
termos deste Capítulo.

§ 1º Na regulamentação dos PRAs, a União estabelecerá, em até 180 (cento e oitenta)


dias a partir da data da publicação desta Lei, sem prejuízo do prazo definido no caput,
normas de caráter geral, incumbindo-se aos Estados e ao Distrito Federal o detalhamento
por meio da edição de normas de caráter específico, em razão de suas peculiaridades
territoriais, climáticas, históricas, culturais, econômicas e sociais, conforme preceitua o
art. 24 da Constituição Federal.

§ 2º A inscrição do imóvel rural no CAR é condição obrigatória para a adesão ao PRA,


devendo essa adesão ser requerida no prazo estipulado no § 3º do art. 29 desta Lei.
(Redação dada pela Lei nº 13.335, de 2016).

§ 3º Com base no requerimento de adesão ao PRA, o órgão competente integrante do


Sisnama convocará o proprietário ou possuidor para assinar o termo de compromisso,
que constituirá título executivo extrajudicial.

§ 4º No período entre a publicação desta Lei e a implantação do PRA em cada Estado e


no Distrito Federal, bem como após a adesão do interessado ao PRA e enquanto estiver
sendo cumprido o termo de compromisso, o proprietário ou possuidor não poderá ser
autuado por infrações cometidas antes de 22 de julho de 2008, relativas à supressão
irregular de vegetação em Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de
uso restrito.

§ 5º A partir da assinatura do termo de compromisso, serão suspensas as sanções


decorrentes das infrações mencionadas no § 4º deste artigo e, cumpridas as obrigações
estabelecidas no PRA ou no termo de compromisso para a regularização ambiental das
exigências desta Lei, nos prazos e condições neles estabelecidos, as multas referidas
neste artigo serão consideradas como convertidas em serviços de preservação, melhoria
e recuperação da qualidade do meio ambiente, regularizando o uso de áreas rurais
consolidadas conforme definido no PRA.

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§ 6º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).

Em trecho do Acórdão restou consignado que,

“Ora, se os autos de infração e multas tivessem sido invalidados pelo novo Código ou
houvesse sido decretada anistia ampla e irrestrita das violações que lhe deram origem,
evidenciaria contradição e ofensa à lógica jurídica a mesma lei referir-se a “suspensão”
e “conversão” daquilo que não mais existiria: o legislador não suspende ou converte o
nada jurídico, o que antes era e depois (com a nova lei) deixou de ser. Vale dizer, a regra
geral é que os autos de infração lavrados continuam plenamente válidos, intangíveis e
blindados, como ato jurídico perfeito que são – apenas sua exigibilidade monetária fica
suspensa na esfera administrativa, no aguardo do cumprimento integral das obrigações
estabelecidas no PRA ou no TC”. (STJ. REsp 1240122/PR. Rel. Min. Herman Benjamim,
j. 02/10/2012).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 57. À luz da legislação sobre Sistema Nacional de Unidades de Conservação da


Natureza – SNUC, no que se refere à obrigação do empreendedor de realizar a compensação
ambiental em caso de empreendimento de significativo impacto ambiental, julgue o seguinte
item.

De acordo com o STF, deve ser respeitado o percentual previsto na lei de regência para
cálculo do montante de recursos a ser destinado à necessária compensação ambiental.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 6. Organizações dos Sistemas Nacionais de Meio Ambiente e de


Unidades de Conservação (SISNAMA e SNUC).

A assertiva está errada. O tema cobrado diz respeito ao percentual aplicado e à metodologia de
cálculo do valor da compensação ambiental obrigatória para empreendimentos de significativo
impacto ambiental, nos termos do art. 36, § 1º, da Lei nº 9.985/2008 – SNUC.

Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo


impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento
em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é
obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo
de Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no regulamento desta Lei.

§ 1º O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta finalidade


não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do

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empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo


com o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento.

O STF decidiu, no julgamento da ADI 3378 (Rel. Min. Carlos Brito, DJ 20/06/2008), pela
constitucionalidade da cobrança do valor da compensação, porém, expurgou da norma a sua
fórmula de cálculo (0,5% sobre os custos totais do empreendimento), de modo que, em síntese,
o montante de recursos a ser destinado como compensação ambiental deve ser fixado de acordo
com o grau de impacto ambiental, sem relação necessária com o custo do empreendimento.

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: RUBENS VENTURA


E-mail: profcei.rubensventura@gmail.com

DIREITO CIVIL

QUESTÃO 58. Por serem meros detentores, não é possível o manejo de interditos
possessórios em litígio travado entre particulares sobre bem público dominical.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 7. Da posse.

O tema posse em concursos de advocacia pública é de extrema relevância, sendo imprescindível


que o aluno compreenda todas as nuances enfrentadas pela jurisprudência do STJ.

Assim, em matéria de posse sobre bem público, três aspectos importantíssimos ajudarão a resolver
a maioria das questões referentes ao assunto, praticamente esgotando as possibilidades que o
examinador terá de surpreender o aluno:

(i) a jurisprudência do STJ se consolidou no sentido de que contra o Poder Público o particular
exerce mera detenção sobre bem público (STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1200736/DF, Rel. Min.
Cesar Asfor Rocha, julgado em 24/05/2011);

(ii) em se tratando de mera detenção exercida por particular contra o Poder Público sobre bem
público irregularmente ocupado, resta afastado o direito de retenção por benfeitorias e o almejado
pleito indenizatório à luz da alegada boa-fé, uma vez que o art. 1.219 do Código Civil exige posse
(STJ. AgRg no REsp 1470182/RN, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA
TURMA, julgado em 04/11/2014, DJe 10/11/2014);

(iii) excepcionalmente, é possível reconhecer posse de bem público exercida por particular contra

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outro particular, desde que se trate de bem dominical, justamente por ostentar estatuto semelhante
ao dos bens privados, não estando destinado a uma finalidade pública (STJ. REsp 1.484.304-DF,
Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 10/3/2016, DJe 15/3/2016).

Aplicando sobre o enunciado referidos entendimentos jurisprudenciais, conclui-se que a afirmativa


está errada, sendo possível o manejo de interdito possessório relativamente a bem público,
porquanto se trata de disputa entre particulares e o bem público é dominical.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 59. As moradias construídas por particular em terras públicas devem ser
indenizadas pelo Poder Público, pois, a despeito da irregularidade da ocupação, aplica-se o
princípio que veda o enriquecimento sem causa.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 7. Da posse.

Primeiramente, cumpre recordar que benfeitorias são formas de melhoramento da coisa,


enquanto que acessão artificial é uma forma de aquisição originária de propriedade. Enquanto a
indenizabilidade de benfeitorias pelo possuidor se encontra delineada no artigo 1.219 do CC/2002,
a aquisição por acessão artificial está disciplinada no artigo 1.255 do CC/2002.

As benfeitorias e acessões artificiais realizadas por particulares em bem público objeto de ocupação
irregular não devem ser indenizadas pelo Poder Público, mas por fundamentos diferentes:

(i) em relação às benfeitorias, não há direito a indenização em razão de o artigo 1.219 do CC/2002
exigir posse, ostentando o particular, no entanto, mera detenção;

(ii) quanto às acessões artificiais, não se aplica o artigo 1.255 do CC/2002, pois os bens públicos
são inalienáveis, imprescritíveis e impenhoráveis, não podendo o particular adquirir a construção
erguida sobre terra pública.

Outrossim, por referidas construções serem realizadas sem as devidas licenças administrativas, o
STJ costuma afastar a tese de que haveria enriquecimento sem causa do Poder Público, uma vez
que, em verdade, as construções irregulares não só não beneficiam a Administração Pública, como
também geram custos ao erário em razão da demolição e recuperação das áreas.

Sobre o assunto, remeto à leitura dos seguintes julgamentos proferidos pelo STJ: AgRg no REsp
1319975, AgRg no AREsp 762197, AgInt no REsp 1448907.

GABARITO: ERRADO

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QUESTÃO 60. A configuração dos lucros cessantes exige mais do que a simples possibilidade
de realização do lucro, requer probabilidade objetiva e circunstâncias concretas de que
estes teriam se verificado sem a interferência do evento danoso.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 6 Da responsabilidade civil.

A afirmativa é verdadeira, ao reproduzir trecho do julgamento proferido pelo STJ (3ª Turma.
Recurso Especial n. 1.655.090. Relator Ministro Ricardo Villas Bôas Cuevas. Data de julgamento:
07/03/2017).

O tema desperta atenção, por se tratar de importante tese de defesa utilizada pela Fazenda
Pública nas ações indenizatórias, e que adquiriu especial repercussão na questão relativa à
responsabilidade civil da União reconhecida pelo STF sobre à indevida intervenção no domínio
econômico no setor sucroalcooleiro, que teria causado prejuízo bilionários às usinas que integram
o setor. Com efeito, no julgamento do REsp 1347136 / DF, submetido à sistemática de recursos
repetitivos, o STJ decidiu que “[...] O suposto prejuízo sofrido pelas empresas possui natureza
jurídica dupla: danos emergentes (dano positivo) e lucros cessantes (dano negativo). Ambos
exigem efetiva comprovação, não se admitindo indenização em caráter hipotético, ou presumido,
dissociada da realidade efetivamente provada [...] quando reconhecido o direito à indenização (an
debeatur), o quantum debeatur pode ser discutido em liquidação da sentença por arbitramento, em
conformidade com o art. 475-C do CPC [...]”.

Muita atenção neste julgado, uma vez que também pode vir a ser cobrado na prova subjetiva,
principalmente como tese de defesa da peça envolvendo responsabilidade civil.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 61. Segundo o STJ, a construção de hidrelétrica por empresa concessionária de


energia elétrica, ao impactar nas atividades desenvolvidas por pescador artesanal, enseja a
indenização por danos materiais e morais, ainda que observado o contrato de concessão e
as normas ambientais incidentes.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 10 Responsabilidade civil por dano causado ao meio ambiente e a


bens e direitos de valor artístico, estético, histórico e paisagístico.

A questão aparenta ser complexa num primeiro momento, por envolver a existência de uma
concessão de serviço público, direito ambiental e responsabilidade civil, mas a solução jurídica

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proposta pelo STJ é relativamente simples, e deve ser bem compreendida para permitir que o
aluno resolva situações concretas similares.

A controvérsia subjacente ao caso concreto consiste na análise sobre a indenizabilidade por danos
materiais e morais de atividades lícitas promovidas pelo Poder Público. Ao julgar o caso no REsp
1.371.834, o STJ se utilizou da doutrina do professor Celso Antônio Bandeira de Mello, que ensina
que o fato ou ato lesivo para que seja indenizável necessita ser:

(i) certo, isto é, não apenas eventual, possível;

(ii) especial, no caso de atos lícitos, isto é, particular à ou às vítimas e não um prejuízo
generalizado incidente sobre toda a sociedade. Se alcançasse a todos os cidadãos
configuraria ônus comum à vida em sociedade, repartindo-se, então, generalizadamente
entre seus membros;

(iii) anormal, superando os incômodos e inconvenientes comuns, ordinários e que são


inerentes à vida social como futuro iniludível do convívio societário;

(iv) o dano atinja uma situação legítima da vítima.

A ideia de se indenizar os danos produzidos por atividades lícitas do Poder Público tem por
fundamento reparar o sacrifício que algumas pessoas sofreram por toda a coletividade e pelo
interesse público.

Deve o aluno se perguntar, neste momento: Então qual seria o erro da afirmativa?

O erro está em incluir o dano moral como objeto de indenização. Com efeito, o STJ entendeu no
julgamento do REsp 1.371.834 que não cabe dano moral, pois este tem como objetivo, na seara
ambiental, eliminar fatores que possam causar riscos intoleráveis. Em contrapartida, a construção
de hidrelétrica constitui atividade lícita e devidamente licenciada, objeto inclusive de compensação
ambiental.

Em síntese: não cabe dano moral decorrente de impacto ambiental produzido por atividades lícitas
promovidas pelo Poder Público.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 62. Segundo o STJ, é cabível reparação civil por danos morais decorrente de
vazamento de litros de amônia perpetrado por subsidiária de sociedade de economia mista,
que prejudicou as atividades desenvolvidas por pescadores profissionais devidamente
habilitados, não podendo se incluir no valor da indenização a ser arbitrado caráter punitivo.

COMENTÁRIO

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»» Ponto do edital: 10 Responsabilidade civil por dano causado ao meio ambiente e a


bens e direitos de valor artístico, estético, histórico e paisagístico

Prosseguindo no tema da questão anterior, é fundamental comparar as situações enfrentadas pelo


STJ. Neste caso, julgado no REsp 1.354.536 sob a sistemática de recurso repetitivo, diferentemente
da questão anterior, a moldura fática apresenta uma hipótese de reparabilidade do dano moral
decorrente de atividade ilícita, consistente na poluição do ambiente em que o pescador profissional
desenvolvia a sua atividade, privando-o das condições de trabalho. Consoante as explicações
formuladas no item anterior, pode o aluno concluir que cabe a indenização por danos morais,
uma vez que este, na seara ambiental, tem por função eliminar fatores que possam causar riscos
intoleráveis, como o são aqueles produzidos por atos ilícitos.

O ponto que considero de maior importância do REsp 1.354.536 é o entendimento do STJ de que
não cabe atribuir caráter punitivo na fixação do valor do dano moral. Isso porque, para o STJ, o
ordenamento jurídico brasileiro não consagra o instituto de direito comparado dos danos punitivos
(punitive damages), haja vista que a responsabilidade civil por dano ambiental prescinde da culpa
e que, revestir a compensação de caráter punitivo propiciaria o bis in idem, pois a punição imediata
já é conferida pelo direito administrativo e penal.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 63. Segundo o STJ, a Teoria da Base Objetiva do Negócio Jurídico, prevista no
artigo 6º, inciso V, do CDC, se restringe às relações de consumo, não se admitindo extensão
às relações de direito civil mediante a aplicação da Teoria dos Diálogos das Fontes.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 6 Do inadimplemento das obrigações.

A questão foi extraída do julgamento do REsp 1.321.614, em que o STJ decidiu que a “[...] teoria
da base objetiva, que teria sido introduzida em nosso ordenamento pelo art. 6º, inciso V, do Código
de Defesa do Consumidor - CDC, difere da teoria da imprevisão por prescindir da previsibilidade de
fato que determine oneração excessiva de um dos contratantes. Tem por pressuposto a premissa
de que a celebração de um contrato ocorre mediante consideração de determinadas circunstâncias,
as quais, se modificadas no curso da relação contratual, determinam, por sua vez, consequências
diversas daquelas inicialmente estabelecidas, com repercussão direta no equilíbrio das obrigações
pactuadas [...]”.

Entendeu o STJ que não se poderia estender a Teoria da Base Objetiva, que exige apenas a
desproporcionalidade das prestações, para o campo das relações contratuais de direito civil, pois
o artigo 478 do CC/2002 expressa a superveniência e imprevisibilidade do evento.

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Para aprofundamento do tema, recomendo a leitura do artigo “Revisão judicial dos contratos e
seus problemas contemporâneos”, do professor Otavio Luiz Rodrigues Junior, disponível em
http://www.conjur.com.br/2015-fev-02/direito-civil-atual-revisao-judicial-contratos-problemas-
contemporaneos.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 64. Segundo o STJ, o direito de reclamar pelos vícios de produto durável, ainda
que grave e produtor de danos, se submete ao prazo decadencial de 90 dias, nos termos do
artigo 26, inciso II, do CDC.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 9 Responsabilidade civil do fornecedor pelos produtos fabricados e pelos


serviços prestados.

A clássica distinção entre vício e defeito do produto tem sido relativizada pela doutrina e pela
jurisprudência do STJ em algumas hipóteses. Tradicionalmente, o vício é conceituado como a
falha que compromete o produto em aspectos como quantidade, qualidade e eficiência, ou seja,
uma inadequação para os fins que se destina. Já o defeito se refere a circunstância que gere
insegurança do produto, implicando em responsabilidade pelo fato do produto.

Contudo, no julgamento do REsp 1.176.323, o STJ entendeu que um grave vício do produto,
ainda que não produza uma situação de insegurança, mas que cause dano material ou moral ao
consumidor, configura fato do produto, submetendo-se ao prazo prescricional de 5 anos, e não ao
prazo decadencial de 90 dias (ou 30 dias para produtos não duráveis).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 65. Não caracteriza dano extrapatrimonial para recém-nascido a perda de


uma chance por não ter suas células embrionárias colhidas e armazenadas por empresa
especializada contratada para, se for preciso, no futuro, fazer uso em tratamento de saúde.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 2 Das pessoas. Das pessoas naturais. e 9 Responsabilidade civil do


fornecedor pelos produtos fabricados e pelos serviços prestados.

O REsp 1.291.247, julgado no qual a questão se embasou, não é o mais recente sobre o assunto,
mas ajuda muito a fixar o ponto da matéria relativamente à teoria adotada pelo STJ no que tange

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à indenizabilidade do dano moral.

A dúvida que poderia surgir ao resolver a questão gravitava em torno da possibilidade de um recém-
nascido sofrer dano moral, ou seja, se a alteração negativa do ânimo do indivíduo é necessária
para formação do vínculo de responsabilidade civil.

Embora parte da doutrina sustente ser necessária a alteração negativa do ânimo do indivíduo, o STJ
tem entendido que basta uma simples ofensa a determinados direitos ou interesses. Isso porque
o evento danoso não se revela na dor, no padecimento, que são, na verdade, consequências do
dano, seu resultado. Assim, para o STJ, “[...] as crianças, mesmo da mais tenra idade, fazem jus
à proteção irrestrita dos direitos da personalidade, entre os quais se inclui o direito à integridade
mental, assegurada a indenização pelo dano moral decorrente de sua violação, nos termos dos
arts. 5º, X, in fine, da CF e 12, caput, do CC/02 [...]” (REsp 1037759/RJ).

Ressalte-se que há um julgado mais recente sobre o assunto, veiculado no Informativo 559 (REsp
1.245.550).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 66. As taxas de manutenção criadas por associações de moradores em


condomínios de fato não obrigam os não associados ou que a elas não anuíram.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 7 Do direito das coisas. Da concessão de direito real de uso.

Atenção porque o tema foi objeto de julgamento de recurso repetitivo pelo STJ. Importante,
primeiramente, entender do que se trata os denominados condomínios de fato. Como forma de
melhorar a segurança de bairros residenciais, não é incomum que moradores se reúnam para
fechar os logradouros públicos existentes, criando uma associação para organizar o funcionamento
desse condomínio de fato formado, bem como instituindo contrapartidas pecuniárias para custear
serviços como guarita, segurança, limpeza, etc.

Ocorre que referido fenômeno urbano não pode nem ser considerado um loteamento – regido
pela Lei Federal n.º 6.766/1979 –, porquanto não decorreu do parcelamento de gleba em lotes,
com abertura de novas vias de circulação; nem pode ser qualificado como um condomínio – nos
termos da Lei Federal n.º 4.591/1964 – uma vez que a aquisição de fração ideal do terreno não está
atrelada à atividade de incorporação imobiliária.

A ausência de disciplina legal gerou a controvérsia, ou seja, se deve o morador não associado ou
que não anuiu à formação da associação, mas que se beneficia dos serviços prestados, pagar a
contrapartida pecuniária instituída.

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Em síntese, trata-se de um embricamento entre o princípio constitucional da liberdade associativa


e o princípio da proibição do enriquecimento sem causa.

A solução conferida pelo STJ no julgamento do AgRg nos EAg 1385743⁄RJ foi no sentido de
proteger o princípio constitucional da liberdade associativa, formulando a tese de que “As taxas de
manutenção criadas por associações de moradores em condomínios de fato não obrigam os não
associados ou que a elas não anuíram”.

Por fim, atente-se que a tese do Ministro Relator Ricardo Villas Bôas Cuevas não foi a vencedora.
Para ele, na tentativa de conciliar a liberdade associativa com a proibição de enriquecimento
sem causa, a melhor solução seria a de que: “As ‘taxas’, contribuições de manutenção ou de
conservação criadas por associação de moradores ou administradora de loteamento só podem ser
impostas a proprietário de imóvel adquirido após a constituição da associação ou que a ela tenha
se associado ou aderido ao ato que instituiu o encargo”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 67. De acordo com o STF, em caso de extravio de bagagem ocorrido em


transporte internacional envolvendo consumidor, aplica-se o CDC, por ser inconstitucional
a indenização tarifada prevista nas Convenções de Varsóvia e de Montreal.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Das várias espécies de contratos.

Depois de uma longa controvérsia sobre o tema, o STF finalmente resolveu a questão, decidindo,
em repercussão geral, no julgamento do RE 636.331, que devem prevalecer as Convenções de
Varsóvia e de Montreal, uma vez que o artigo 178 da CF/88 dispõe que “A lei disporá sobre a
ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto à ordenação do transporte
internacional, observar os acordos firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade”.

Segundo o ministro Gilmar Mendes, o preceito da defesa do consumidor não é o único mandamento
constitucional que deve ser examinado neste caso. Isso porque a CF/88 também prevê a manutenção
da ordem econômica e a observância aos acordos internacionais.

Cuidado, pois a questão se refere a transporte internacional, não se aplicando ao transporte


nacional.

GABARITO: ERRADO

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PROFESSORA: RENATA D’ÁVILA


E-mail: profcei.renatadavila@gmail.com

DIREITO EMPRESARIAL

QUESTÃO 68. A instituição pode cobrar tarifa bancária pela liquidação antecipada do saldo
devedor, independentemente de quando tenha sido firmado o contrato de operações de
crédito e arrendamento mercantil.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 8 Contratos de Empresas: noções, requisitos, classificação,


formação, meios de provas, contratos de compra e venda e de prestação de serviços,
contratos de conta corrente, de abertura de crédito, de alienação e contrato de leasing.

O Superior Tribunal de Justiça, no REsp 1.370.144-SP, julgado em 07/02/2017, entendeu que


para os contratos firmados antes da Resolução do CMN nº 3.516/2007, datado de 10/12/2007, era
possível a cobrança de tarifa, porém para os contratos firmados depois dessa Resolução não era
mais possível.

Então, para os contratos de operações de crédito e arrendamento mercantil celebrados antes da


Resolução de 10/12/2007 do CMN, podem ser cobradas tarifas pela liquidação antecipada no
momento em que for efetivada a liquidação, contanto que a cobrança dessa tarifa esteja expressa
no extrato de conferência.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 69. A migração de beneficiário de plano de saúde coletivo empresarial extinto


para plano individual ou familiar não enseja a manutenção dos valores das mensalidades
previstos no plano primitivo.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 8 Contratos de Empresas: noções, requisitos, classificação,


formação, meios de provas, contratos de compra e venda e de prestação de serviços,
contratos de conta corrente, de abertura de crédito, de alienação e contrato de leasing.

Segundo decidiu o Superior Tribunal de Justiça, no REsp 1.471.569-RJ, julgado em 01/03/2016, e


explicita o art. 16, VII, da Lei nº 9.656/1998, os planos de saúde podem ser classificados quanto ao

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regime e ao tipo de contratação, observe:

a) individual ou familiar: conforme consta na RN n. 195/2009 da ANS (autarquia federal), em seu


art. 3º, é aquele em que a pessoa física contrata diretamente com a operadora ou por intermédio de
um corretor autorizado. Assim, sua vinculação é livre, não há requisitos relacionados ao emprego
ou à profissão do usuário em potencial, por exemplo;

b) coletivo: por sua vez, se dá quando contratado por uma empresa, conselho, sindicato ou
associação junto à operadora de planos de saúde para oferecer assistência médica e/ou odontológica
às pessoas ou seus dependentes relacionadas a essas entidades supracitadas.

De acordo com a ANS, o plano de saúde quando coletivo, ainda pode ser subdividido em:

b.1) empresarial, que assegura que a assistência médica e/ou odontológica dos beneficiários da
empresa contratante diante do vínculo empregatício ou estatutário;

b.2) por adesão, o qual é contratado por pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou
setorial, como conselhos, sindicatos, cooperativas e associações profissionais.

Dito isso, o Superior Tribunal de Justiça ao analisar o caso concreto entendeu que não existe
legislação no nosso ordenamento jurídico que assegure, em caso de migração do plano coletivo para
o individual, a manutenção dos valores de mensalidade determinados no plano coletivo empresarial
primitivo. Isso pois, no plano coletivo existe uma prévia negociação com base na quantidade de
pessoas que irá aderir a esse plano, o que assegura preços mais baratos, ao contrário do individual
em que não há essa negociação.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 70. Se houver a extinção das obrigações do falido esta extinção não se aproveita
aos codevedores.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 15 Falência. Recuperação judicial e Extrajudicial. Intervenção


e liquidação extrajudicial.

De acordo com o STJ, no REsp 834.932-MG, julgado em 25/08/2015, a extinção das obrigações do
falido não extingue nem impede o prosseguimento de execução ajuizada contra os codevedores,
como o avalista e/ou o devedor solidário, conforme determina o art. 158, III, da Lei nº 11.101/2005.

O art. 158, inciso III, da Lei de Falências esclarece que:

Art. 158. Extingue as obrigações do falido:

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III – o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da falência, se o


falido não tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei;

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 71. É necessária prévia autorização do cônjuge para que a pessoa preste aval
em títulos de créditos típicos.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 10 Títulos de crédito.

O art. 1.647, III, do CC/02 determina que uma pessoa casada somente poderá prestar aval se
houver autorização do seu cônjuge, salvo se o regime de bens for da separação absoluta.

Interpretando o dispositivo, o STJ, no REsp 1.526.560-MG, julgado em 16/03/2017, afirmou que


somente deve ser aplicada essa norma aos títulos de créditos inominados, regidos pelo Código
Civil.

Em contrapartida, os títulos de créditos nominados/típicos, que são regidos por leis extravagantes,
não precisam seguir essa regra do art. 1.647, III, do CC/02.

Portanto, o aval dado aos títulos de créditos típicos não exige a outorga uxória ou marital.

Recapitulando, os títulos de créditos nominados/típicos são: cédulas e notas de crédito, letra de


câmbio, nota promissória, cheque e duplicata.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 72. Em qualquer caso, diante de um contrato de shopping center, a sociedade


empresária tem legitimidade ativa para a causa, juntamente com o locatário, para ingressar
com ações contra o empreendedor nas causas em que houver interesses relativos ao
estabelecimento empresarial.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital abordado: 8 Contratos de Empresas: noções, requisitos, classificação,


formação, meios de provas, contratos de compra e venda e de prestação de serviços,
contratos de conta corrente, de abertura de crédito, de alienação e contrato de leasing.

Na verdade, existe um requisito para isso, segundo a doutrina. Ou seja, em um contrato de


shopping center, a sociedade empresária tem legitimidade ativa para a causa, juntamente com o

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locatário para ingressar contra o empreendedor nas causas em que houver interesses relativos
ao estabelecimento empresarial, contanto que, no contrato firmado entre as partes, haja a
expressa destinação do espaço para a realização das atividades empresariais da sociedade
da qual faça parte.

GABARITO: ERRADO

PROFESSORA: MARIANNA MOTTA


E-mail: profcei.mariannamotta@gmail.com

DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO

QUESTÃO 73. Nos termos da Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, que altera o § 2º do art.
2º da CLT e acrescenta a ele o § 3º, o conceito de grupo econômico no âmbito trabalhista
sofre alteração, pois o seu reconhecimento ocorrerá tanto vertical quanto horizontalmente,
exceto quando houver mera identidade de sócios desprovida de interesse integrado, de
efetiva comunhão de interesses ou de atuação conjunta das empresas dele integrantes.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 4 Responsabilidade solidária de empresas. Conceito de grupo


econômico.
»» Bibliografia: DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 11. ed. São
Paulo: LTr, 2012.

Atualmente, o art. 2º da CLT traz o conceito de empregador. Em seu parágrafo 2º, o referido
art. 2º, traz o conceito de grupo econômico. Atualmente, “sempre que uma ou mais empresas,
tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle
ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade
econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa
principal e cada uma das subordinadas”. Do exposto, verifica-se que a caracterização de grupo
econômico, hoje, requer que exista uma relação de subordinação entre as empresas. Ou seja,
deverá haver, por parte de uma empresa sobre as demais, direção, controle ou administração,
o que, doutrinariamente, convencionou-se denominar de grupo econômico vertical, pois há uma
hierarquia entre as empresas. Uma vez caracterizada a reunião das empresas como grupo
econômico, a responsabilidade entre as empresas será solidária, apesar de cada uma das unidades
manter personalidade jurídica própria. Isto é, “as entidades do grupo econômico respondem pelos
créditos laborais oriundos de certo contrato de emprego, ainda que firmado este exclusivamente

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com uma única dessas entidades” (DELGADO, 2012, p. 411). Todavia, com a publicação da Lei
nº 13.467, de 13 de julho de 2017, positivou-se no § 2º do art. 2º da CLT, o reconhecimento
também de grupo econômico horizontal ou por coordenação, no qual não há necessidade de que
uma empresa controle, coordene ou administre as demais para fins de caracterização de grupo
econômico na seara trabalhista. Desse modo, a alteração do disposto no § 2º do art. 2º da CLT
é benéfica ao trabalhador, pois alarga o conceito de grupo econômico permitindo, atualmente,
seu reconhecimento tanto de forma vertical (por subordinação) quanto pela forma horizontal
(coordenação). Por sua vez, o § 3º, que foi introduzido ao art. 2º da CLT pela Lei nº 13.467/2017,
traz elementos que permitem definir o que não é grupo econômico. Refere o dispositivo que “não
caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo necessárias, para a configuração
do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação
conjunta das empresas dele integrantes”. Verifica-se, portanto, que, além da ampliação do conceito
de grupo econômico, consolidou-se o entendimento jurisprudencial de que, para caracterizar grupo
econômico, é necessário haver comunhão de interesses, não bastando identidade de sócios.
TST. INFORMATIVO 83. “Existência de sócios comuns. Grupo econômico. Não caracterização.
Ausência de subordinação. O simples fato de duas empresas terem sócios em comum não autoriza
o reconhecimento do grupo econômico, pois este, nos termos do art. 2º, § 2º, da CLT, pressupõe
subordinação à mesma direção, controle ou administração, ou seja, exige uma relação de
dominação interempresarial em que o controle central é exercido por uma delas (teoria hierárquica
ou vertical).” Desse modo, a inserção do § 3º ao art. 2º da CLT positiva a necessidade de atuação
conjunta, com comunhão de interesses entre duas ou mais empresas que possuam sócio comum,
a fim de restar caracterizado o grupo econômico para fins trabalhistas. Assim, o teor do enunciado
da questão está correto, pois mescla o teor dos §§ 2º e 3º do art. 2º da CLT, respectivamente
alterado e inserido pela Lei nº 13.467/2017.

Grupo econômico. Responsabilidade solidária.


CLT (antes da reforma) CLT (após a reforma)
Art. 2º. (...) Art. 2º. (...)
§ 2º - Sempre que uma ou mais empresas, § 2º - Sempre que uma ou mais empresas,
tendo, embora, cada uma delas, personalidade tendo, embora, cada uma delas, personalidade
jurídica própria, estiverem sob a direção, jurídica própria, estiverem sob a direção,
controle ou administração de outra, constituindo controle ou administração de outra, ou ainda
grupo industrial, comercial ou de qualquer quando, mesmo guardando cada uma sua
outra atividade econômica, serão, para os autonomia, integrem grupo econômico,
efeitos da relação de emprego, solidariamente serão responsáveis solidariamente pelas
responsáveis a empresa principal e cada uma obrigações decorrentes da relação de
das subordinadas. emprego.

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§ 3º - Não caracteriza grupo econômico


a mera identidade de sócios, sendo
necessárias, para a configuração do grupo,
a demonstração do interesse integrado, a
efetiva comunhão de interesses e a atuação
conjunta das empresas dele integrantes.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 74. Atualmente, a CLT não contém dispositivo reconhecendo a possibilidade do


exercício do teletrabalho, ainda que o trabalhador preste o seu serviço fora do estabelecimento
do empregador e esteja subordinado aos meios telemáticos e informatizados de comando,
controle e supervisão, pois eles não se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos
meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Teletrabalho.

A partir da edição da Lei nº 12.551, de 15 de dezembro de 2011, o caput do art. 6º da CLT passou
por alteração, bem como teve incluído o parágrafo único. Referida alteração veio a regulamentar
o teletrabalho, conhecido como aquele que é desenvolvido no domicílio do empregado, ou em
outro lugar, desde que seja prestado de forma remota, com remessa ou aproveitamento de dados
ou ações à distância, sendo que a subordinação, característica essencial à relação de emprego,
pode ser exercida por meios informatizados e telemáticos de controle e de supervisão. Ou seja,
o atual art. 6º e seu parágrafo único da CTL reconhecem a possibilidade da existência de vínculo
empregatício ainda que o trabalho seja prestado remotamente, uma vez que não distingue entre
o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado
e o realizado a distância, desde que presentes os pressupostos da relação de emprego podendo,
no teletrabalho, o comando, controle e a supervisão serem realizados por meios telemáticos e
informatizados. Diante do exposto, o enunciado da questão trazida está incorreto. O tema ganha
relevância a partir da reforma trabalhista, inaugurada pela Lei nº 13.467/2017, que vem a disciplinar
pontos até então não enfrentados pela legislação, bem como a suprimir direitos que eram concedidos
ao trabalhador. Com a inserção do art. 75-A e seguintes na CLT, a Lei nº 13.467/2017 dispõe, no
art. 75-B sobre o conceito de teletrabalho referindo que é aquele realizado “preponderantemente”
fora das dependências do empregador. Significa que, ainda que empregado, eventualmente, preste
o seu serviço dentro das dependências do empregador, como, por exemplo, participe de reuniões
presenciais ou cursos, ainda assim o teletrabalho não estará descaracterizado. Ademais, o art.
75-B da CLT diferencia o teletrabalho do trabalho externo, uma vez que aquele é realizado de

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modo preponderante fora das dependências do empregador, mas em um lugar fixo, enquanto este,
o trabalho externo, é prestado fora das dependências do empregador, porém em local variável.
Ademais, outra diferenciação entre eles está no controle da jornada, uma vez que o teletrabalhador
não está sujeito ao cumprimento de horários fixos, bem como não recebe horas extras, nos termos
do inciso III, acrescentado ao art. 62 da CLT pela Lei nº 13.467/2017, diferentemente, em regra, do
trabalhador externo, que exerça atividade externa compatível com a fixação de horário de trabalho
e, se comprovada a prestação de horas extras, receberá por elas. O art. 75-C da CLT exige que o
teletrabalho esteja formalmente disciplinado em contrato escrito prevendo, inclusive, as atividades
que serão desenvolvidas pelo empregado. Além disso, o § 1º do art. 75-C prevê a possibilidade de
ser alterado o regime de trabalho presencial para o teletrabalho, desde que seja feito de comum
acordo e conste de aditivo contratual. Por outro lado, se a transferência for do teletrabalho para o
trabalho presencial, o legislador entendeu que poderá haver determinação unilateral do empregador
desde que respeitado o período de transição mínimo de 15 dias com o correspondente aditivo ao
contrato. Ou seja, para o legislador, a possibilidade de o empregador requerer que o empregado
retorne ao trabalho presencial enquadra-se dentro do jus variandi, o qual consiste no poder de
direção do empregador por meio do qual pode alterar, de maneira unilateral, dentro dos limites
legais, as condições de trabalho de seus empregados. O art. 75-D da CLT traz, ainda, a necessidade
de que as disposições relativas à responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento
dos equipamentos tecnológicos e da infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho
remoto, bem como ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado, deverão ser previstas em
contrato escrito e que essas utilidades não integram a remuneração do empregado. Por fim, o art.
75-E dispõe a respeito das instruções sobre precauções a tomar a fim de evitar doenças e acidentes
de trabalho, que são de responsabilidade do empregador e a necessidade de o empregado assinar
termo de responsabilidade comprometendo-se a seguir as instruções fornecidas pelo empregador.
No âmbito da AGU-PGF, a Portaria PGF nº 978, de 24 de dezembro de 2015, fixa as diretrizes
para a criação de Equipes de Trabalho Remoto no âmbito da Procuradoria Federal e dá outras
providências. Frente ao exposto, sugere-se ao candidato ficar atento à regulamentação atual e às
inovações legislativas, pois, não raro, as bancas trazem assertivas comparando os regramentos e,
ainda, exigindo que o candidato saiba se a alteração legislativa consolida o entendimento que já
estava presente no âmbito jurisprudencial e/ou doutrinário.

Teletrabalho

CLT (antes da
CLT (após a reforma)
reforma)

Sem dispositivo Art. 75-A. A prestação de serviços pelo empregado em regime de


correspondente. teletrabalho observará o disposto neste Capítulo.

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Art. 75-B. Considera-se teletrabalho a prestação de serviços


preponderantemente fora das dependências do empregador, com a
utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por
Sem dispositivo sua natureza, não se constituam como trabalho externo.
correspondente. Parágrafo único. O comparecimento às dependências do empregador
para a realização de atividades específicas que exijam a presença
do empregado no estabelecimento não descaracteriza o regime de
teletrabalho.

Art. 75-C. A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho


deverá constar expressamente do contrato individual de trabalho,
que especificará as atividades que serão realizadas pelo empregado.

§ 1º Poderá ser realizada a alteração entre regime presencial e de


Sem dispositivo teletrabalho desde que haja mútuo acordo entre as partes, registrado
correspondente. em aditivo contratual.

§ 2º Poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho para


o presencial por determinação do empregador, garantido prazo de
transição mínimo de quinze dias, com correspondente registro em
aditivo contratual.

Art. 75-D. As disposições relativas à responsabilidade pela aquisição,


manutenção ou fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da
infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto,
Sem dispositivo bem como ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado,
correspondente. serão previstas em contrato escrito.

Parágrafo único. As utilidades mencionadas no caput deste artigo


não integram a remuneração do empregado.

Art. 75-E. O empregador deverá instruir os empregados, de maneira


expressa e ostensiva, quanto às precauções a tomar a fim de evitar
Sem dispositivo doenças e acidentes de trabalho.
correspondente. Parágrafo único. O empregado deverá assinar termo de
responsabilidade comprometendo-se a seguir as instruções
fornecidas pelo empregador.

GABARITO: ERRADO

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QUESTÃO 75. A reforma trabalhista, inaugurada pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017,
e com previsão de entrada em vigor em 120 dias a contar da data da sua publicação, prevê
que, caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores, as obrigações trabalhistas,
inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida,
serão sempre de responsabilidade exclusiva do sucessor, inclusive quando comprovada a
fraude na transferência da sucedida para a sucessora.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 4 Sucessão de empresas. Responsabilidade.


»» Bibliografia: DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 11. ed. São
Paulo: LTr, 2012.
»» MACHADO, Costa (Org.); ZAINAGHI, Domingos Sávio (Coord.). CLT interpretada artigo
por artigo, parágrafo por parágrafo. 8. ed. São Paulo, Manole, 2017.

Para responder a questão, o candidato deve estar atento às disposições da Lei nº 13.467/2017, a
qual se recomenda seja lida integralmente, fazendo-se um paralelo entre as disposições da CLT
atual e as inauguradas pela reforma trabalhista. Referida legislação insere, na CLT, o art. 448-A e
seu parágrafo único, que dispõem a respeito da responsabilidade em caso de sucessão empresarial
ou de empregadores, bem como em caso de fraude na sucessão. Antes de se adentrar no tema
da questão, deve ser esclarecido o conceito de sucessão empresarial, também conhecida como
alteração subjetiva do contrato, uma vez que é pré-requisito ao entendimento do tema. No dizer de
Delgado (2012, p. 414), “consiste no instituto justrabalhista em virtude do qual se opera, no contexto
da transferência de titularidade de empresa ou estabelecimento, uma completa transmissão de
créditos e de assunção de dívidas trabalhistas entre alienante e adquirente envolvidos”. A CLT
disciplina os reflexos da sucessão trabalhista em seus arts. 10 e 448. Enquanto aquele refere que “a
alteração na estrutura conjunta da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados”,
este determina que “a mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os
contratos de trabalho dos respectivos empregados”. Isto é, “havendo qualquer mudança na estrutura
jurídica da empresa, tais como alteração em seu fim social, a elevação de seu capital social, a
mudança de seu quadro societário ou a mudança do tipo de sociedade, os direitos adquiridos por
seus empregados não serão atingidos” (MACHADO, 2017, p. 17). Fixado o conceito, passa-se à
análise das disposições relativas à sucessão trabalhista trazida pela Lei nº 13.467/2017, eis que
é o cerne da questão sob comento. O teor do art. 448-A ao referir que, caracterizada a sucessão
empresarial ou de empregadores prevista nos arts. 10 e 448 desta CLT, as obrigações trabalhistas,
inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida,
são de responsabilidade do sucessor” consolida entendimento que já era assente na jurisprudência
nacional. Observe-se: “OJ – SDI1 – 261. BANCOS. SUCESSÃO TRABALHISTA. As obrigações
trabalhistas. As obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados

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trabalhavam para o banco sucedido, são de responsabilidade do sucessor, uma vez que a este
foram transferidos os ativos, as agências, os direitos e deveres contratuais, caracterizando típica
sucessão trabalhista.” Desse modo, ainda que exista sucessão de empregadores, a empresa
sucessora responde não só pela continuidade do contrato de trabalho, mas também assume todas
as dívidas contratuais da empresa que ela está sucedendo. Entretanto, se comprovada a fraude na
sucessão, a empresa sucedida responderá solidariamente com a sucessora. O intuito da norma é
evitar prejuízo ao trabalhador, que poderia, em caso de sucessão fraudulenta, ou seja, quando a
transferência da propriedade é feita para empresa deficitária que não dispõe de patrimônio suficiente
para a garantia das dívidas trabalhistas contraídas com os empregados, ficar desprovido de seus
direitos trabalhistas. Portanto, nesse caso, a legislação chamará ambas as empresas – sucessora
e sucedida – a arcar com a responsabilidade. Assim, a regra geral é de que a responsabilidade é da
empresa sucessora pelas obrigações decorrentes dos contratos de trabalho da sucedida, inclusive
aquelas contraídas quando os empregados trabalhavam para a empresa sucedida. A exceção fica
por conta da constatação de fraude na sucessão, caso em que a empresa sucedida responderá
solidariamente à sucessora. Desse modo, o teor do enunciado da questão sob análise está errado.
Deve ser observado que a inserção do art. 448-A e de seu parágrafo único à CLT vem ao encontro do
teor dos arts. 10 e 448 da CLT, uma vez que resguardam os direitos dos trabalhadores empregados
frente à sucessão empresarial privilegiando, assim, os princípios (a) da continuidade do contrato de
trabalho; (b) da despersonalização do empregador e (c) da inalterabilidade contratual, proibindo-
se a lesiva ao empregado, o que poderia ser explorado em uma questão mesclando o instituto da
sucessão empresarial e os princípios do direito do trabalho que ele realiza.

Sucessão de empresas. Responsabilidade pelas obrigações trabalhistas.


CLT (antes da
CLT (após a reforma)
reforma)
Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores
prevista nos arts. 10 e 448 desta Consolidação, as obrigações
Sem dispositivo
trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados
correspondente.
trabalhavam para a empresa sucedida, são de responsabilidade do
sucessor.
Sem dispositivo Parágrafo único. A empresa sucedida responderá solidariamente com
correspondente. a sucessora quando ficar comprovada fraude na transferência.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 76. Atualmente, o tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até
o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte, não é computado
na jornada de trabalho, exceto quando se tratar de local difícil acesso ou não servido por
transporte público e o empregador fornecer a condução. Todavia, com a entrada em vigor

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da Lei 13.457/2017, considerar-se-á que o tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou
por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, será computado na
jornada de trabalho, por ser tempo à disposição do empregador.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Horas in itinere ou horas de trajeto.

As horas in itinere ou horas de trajeto expressam o tempo despendido pelo trabalhador entre a
sua residência e o local de trabalho. Atualmente, estão disciplinadas no § 2º do art. 58 da CLT, o
qual reproduziu o entendimento consagrado pela Súmula 90, I, do TST: “HORAS “IN ITINERE”.
TEMPO DE SERVIÇO (incorporadas as Súmulas nºs 324 e 325 e as Orientações Jurisprudenciais
nºs 50 e 236 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005. I - O tempo despendido pelo
empregado, em condução fornecida pelo empregador, até o local de trabalho de difícil acesso,
ou não servido por transporte público regular, e para o seu retorno é computável na jornada de
trabalho. (ex-Súmula nº 90 - RA 80/1978, DJ 10.11.1978)”. Portanto, a regra geral atual é de que
as horas de deslocamento do trabalhador entre a sua residência e o local de trabalho não são
computadas na duração da jornada de trabalho. Todavia, em caso de o local de trabalho (a) ser
de difícil acesso ou não ser guarnecido por transporte público; e (b) o empregador fornecer a
condução, as horas in itinere deverão ser computadas na jornada de trabalho, pois consideradas
como tempo à disposição do empregador conforme o disposto no caput do art. 4º da CLT. Todavia,
com a publicação da Lei nº 13.467/2017, o regramento das horas in itinere sofre alteração vista, em
regra, como prejudicial ao trabalhador, uma vez que o direito às horas in itinere foi suprimido. O § 2º
do art. 58 passa a disciplinar que o tempo despendido pelo empregado, desde a sua residência até
a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio
de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho,
uma vez que não é mais considerado tempo à disposição do empregador, em que pese a Lei nº
13.467/2017 não tenha alterado nem revogado o disposto no caput do art. 4º da CLT. Merece ser
observado que, diante da nova redação do § 2º do art. 58 da CLT, a Súmula 429 do TST passa a ser
inaplicável, pois determina que o período de deslocamento entre a portaria da empresa e o local
de trabalho, se superior a 10 (dez) minutos diários, deve ser considerado como tempo à disposição
do empregador e, portanto, deve ser computado na jornada de trabalho. Desse modo, cotejando-
se o enunciado da assertiva sob análise com o teor do atual § 2º do art. 58, atual e reformado pela
Lei nº 13.467/2017, verifica-se que o enunciado está errado.

Horas in itinere ou horas de trajeto


CLT (antes da reforma) CLT (após a reforma)
Art. 58. (...) Art. 58. (...)

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§ 2º O tempo despendido pelo empregado


§ 2º O tempo despendido pelo empregado
desde a sua residência até a efetiva
até o local de trabalho e para o seu retorno,
ocupação do posto de trabalho e para o seu
por qualquer meio de transporte, não será
retorno, caminhando ou por qualquer meio
computado na jornada de trabalho, salvo
de transporte, inclusive o fornecido pelo
quando, tratando-se de local de difícil acesso
empregador, não será computado na jornada
ou não servido por transporte público, o
de trabalho, por não ser tempo à disposição
empregador fornecer a condução.
do empregador.
§ 3º Poderão ser fixados, para as microempresas
e empresas de pequeno porte, por meio de
acordo ou convenção coletiva, em caso de
transporte fornecido pelo empregador, em local
§ 3º (Revogado)
de difícil acesso ou não servido por transporte
público, o tempo médio despendido pelo
empregado, bem como a forma e a natureza
da remuneração.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 77. A partir da entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, a petição inicial da


reclamatória trabalhista, deverá trazer pedido certo, determinado e com indicação do seu
valor, sob pena de o pedido ser julgado extinto sem resolução do mérito.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 32. Processo do trabalho.

A CLT, em seu art. 840 determina quais são os requisitos da reclamatória trabalhista. Entretanto,
atualmente, o referido artigo não delimita como deve ser feito o pedido no rito ordinário, ou seja,
não traz de modo expresso que deve ser certo, determinado e com indicação de seu respectivo
valor. No rito sumaríssimo, por sua vez, a CLT disciplina, em seu art. 852-B, de que o pedido deve
ser certo, determinando e indicar o valor correspondente. A partir da entrada em vigor da Lei nº
13.467/2017, que altera o disposto no § 1º do art. 840 da CLT, haverá uma correspondência entre
o regramento do pedido, seja a reclamatória processada sob o rito ordinário ou sumaríssimo, o
que vem ao encontro do disposto no CPC, art. 324, uma vez que deverão trazer pedido certo,
determinado e com indicação de seu valor correspondente independentemente do rito sob o qual
tramitem. Ainda, o art. 840 da CLT ganha um § 3º com a reforma trabalhista, o qual disciplina que,
caso não atendidos os requisitos do § 1º, pela reclamatória trabalhista, o pedido – e não o processo
– será julgado extinto sem resolução de mérito. Essa nova previsão legal na seara trabalhista,

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em que pese conter consequência à não delimitação do pedido, simultaneamente, consagra o


princípio da economia processual e do máximo aproveitamento dos atos processuais fazendo com
que pedido incerto ou indeterminado ou ilíquido não acarrete de pronto a extinção do processo sem
resolução e mérito, mas limite-se a extinguir o pedido defeituoso. Portanto, fazendo-se um paralelo
entre o enunciado da assertiva e o disposto nos §§ 1º e 3º do art. 840, com a redação da Lei nº
13.467/2017, verifica-se que a questão está correta.

Petição inicial
CLT (antes da reforma) CLT (após a reforma)
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou
verbal. verbal.
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá § 1º Sendo escrita, a reclamação deverá
conter a designação do Presidente da Junta, conter a designação do juízo, a qualificação
ou do juiz de direito a quem for dirigida, a das partes, a breve exposição dos fatos de
qualificação do reclamante e do reclamado, que resulte o dissídio, o pedido, que deverá
uma breve exposição dos fatos de que resulte ser certo, determinado e com indicação de
o dissídio, o pedido, a data e a assinatura do seu valor, a data e a assinatura do reclamante
reclamante ou de seu representante. ou de seu representante.
§ 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a § 2º Se verbal, a reclamação será reduzida
termo, em 2 (duas) vias datadas e assinadas a termo, em duas vias datadas e assinadas
pelo escrivão ou secretário, observado, no que pelo escrivão ou secretário, observado, no que
couber, o disposto no parágrafo anterior. couber, o disposto no § 1º deste artigo.
§ 3º Os pedidos que não atendam ao
Sem dispositivo correspondente. disposto no § 1º deste artigo serão julgados
extintos sem resolução do mérito.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 78. É possível afirmar que, a partir da entrada em vigor da reforma trabalhista,
inaugurada pela Lei nº 13.467/2017, não haverá impacto na forma de contagem dos prazos
processuais trabalhistas, uma vez os prazos processuais continuarão a ser contados
em dias corridos, e não em dias úteis, diferentemente do NCPC e privilegiando o teor da
Instrução Normativa do TST nº 39, de 2016, que ratifica o princípio da celeridade na Justiça
Trabalhista.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Prazos.


»» Bibliografia: GIGLIO, Wagner D. Direito processual do trabalho. 13. ed. São Paulo:

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Saraiva, 2003.

Prazo é o lapso de tempo fixado para a prática ou abstinência de atos, findos os quais atinge-se
a fase seguinte do processo (GIGLIO, 2003, p. 87). A partir da entrada em vigor da Lei nº 13.467,
em 11 de novembro de 2017, nos termos do seu art. 6º, a contagem dos prazos trabalhistas passa
a ser feita em dias úteis, vindo ao encontro do disposto no art. 219 do NCPC. Dispõe a nova
redação do art. 775 que os prazos estabelecidos neste Título, ou seja, os relacionados ao processo
do trabalho, serão contados em dias úteis, com exclusão do dia do início e inclusão do dia do
vencimento. A forma de exclusão ou inclusão, respectivamente, do dia inicial e final não se altera.
A alteração diz respeito ao cômputo somente de dias úteis na contagem dos prazos processuais
trabalhistas, alargando-se, por conseguinte, o seu termo final. Mas, afinal, o que se considera dia
útil para fins processuais trabalhistas? Tendo em vista que a CLT é omissa quanto à definição do
que seria dia útil, pode-se fazer uso, valendo-se do disposto em seu art. 769 (“Nos casos omissos,
o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo
em que for incompatível com as normas deste Título”), do disposto no art. 216 do NCPC. Referido
dispositivo processual civil refere que, além dos declarados em lei, são feriados, para fins forense,
os sábados, os domingos e os dias em que não existir expediente forense. Portanto, todos os dias
em que não for feriado, serão considerados dias úteis para fins processuais. Assim, a regra trazida
pela Lei nº 13.467/2017 ao caput do art. 775 da CLT aproxima o direito processual trabalhista
do direito processual civil. Esmiuçando-se e comparando-se o teor dos dispositivos da CLT e do
NCPC, verifica-se, ainda, que a CLT previu de modo mais ampla a contagem em dias úteis do que
o NCPC, uma vez que não restringe o cômputo aos prazos em dias, ao contrário do NCPC, que
determina que, na contagem de prazo em dias, tanto os estabelecidos por lei como os fixados pelo
juiz, serão computados somente os dias úteis. Significa dizer que o direito processual civil exclui do
cômputo em dias úteis os prazos convencionais, os prazos em horas, meses e anos. Todavia, até
que a Lei nº 13.467/2017 entre em vigor, os prazos processuais trabalhistas devem ser computados
de modo contínuo, ou seja, não se lhes aplicando a regra do cômputo em dias úteis. Inclusive, esse
entendimento foi trazido pela Instrução Normativa do TST nº 39/2016, a qual refere que a contagem
dos prazos em dias úteis não é transposta para o processo do trabalho, conforme preconiza o seu
art. 2º, inciso III. O fundamento seria a ausência de omissão da CLT, uma vez que seu atual art.
775 disciplina a forma de cômputo dos prazos, bem como a incompatibilidade com os preceitos
trabalhistas, que requerem celeridade no atendimento das demandas do trabalhador. Portanto,
o enunciado da questão ora analisada está errado, uma vez que faz referência à não ingerência
da Lei nº 13.467/2017 nos prazos processuais trabalhistas. Convém, ainda, complementar que a
CLT, em seu art. 775, incisos I e II, mantém a possibilidade de prorrogação dos prazos pelo juiz
pelo tempo estritamente necessário e desde que ele entenda necessário ou restar comprovada a
ocorrência de força maior. Entretanto, não há menção do que se considera como necessário para
a prorrogação dos prazos processuais pelo juiz, podendo-se trazer à baila a dicção do art. 765 da
CLT e do art. 139 do CPC, o qual dispõe que caberá ao juiz dirigir o processo devendo, dentre

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 106


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outras incumbências, dilatar os prazos processuais a fim de conferir maior efetividade à tutela do
direito. Por fim, cumpre observar que a doutrina entende não ser possível a dilação de prazos
peremptórios, motivo pelo qual restringe o disposto no inciso I do § 1º do art. 775 da CLT (com
redação dada pela Lei nº 13.467/2017) aos prazos dilatórios, ou seja, aqueles fixados em normas
dispositivas que podem ser ampliados ou reduzidos de acordo com a convenção das partes.

Prazos
CLT (antes da reforma) CLT (após a reforma)
Art. 775. Os prazos estabelecidos neste
Título serão contados em dias úteis, com
Art. 775. Os prazos estabelecidos neste Título exclusão do dia do começo e inclusão do dia
contam-se com exclusão do dia do começo do vencimento.
e inclusão do dia do vencimento, e são § 1º Os prazos podem ser prorrogados,
contínuos e irreleváveis, podendo, entretanto, pelo tempo estritamente necessário, nas
ser prorrogados pelo tempo estritamente seguintes hipóteses:
necessário pelo juiz ou tribunal, ou em virtude
de força maior, devidamente comprovada. I - quando o juízo entender necessário;

II - em virtude de força maior, devidamente


comprovada.
§ 2º Ao juízo incumbe dilatar os prazos
Parágrafo único - Os prazos que se vencerem processuais e alterar a ordem de produção
em sábado, domingo ou dia feriado, terminarão dos meios de prova, adequando-os às
no primeiro dia útil seguinte. necessidades do conflito de modo a conferir
maior efetividade à tutela do direito.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 79. De acordo com o entendimento sumulado do Tribunal Superior do Trabalho,


a prescrição intercorrente não ocorre no processo do trabalho.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 33. Prescrição e decadência. Prescrição intercorrente.


»» Bibliografia: DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 11. ed. São
Paulo: LTr, 2012.

“Intercorrente é a prescrição que flui durante o desenrolar do processo” (DELGADO, 2012, p. 272).
Conforme a Súmula 114 do TST, a prescrição intercorrente não ocorre no processo trabalhista:
“PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. É inaplicável

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na Justiça do Trabalho a prescrição intercorrente”. Entende o TST que, devido à falta de higidez
econômica de empresas que surgem e desaparecem rapidamente no mercado, sem integralizar
capital nem patrimônio, deixando os empregados a descoberto, bem como a fim de assegurar a
efetividade das decisões judiciais, não se admite que o devedor possa, após o transcurso do prazo
transcricional de dois anos simplesmente requerer o arquivamento da ação sob o fundamento da
ocorrência de prescrição intercorrente. Deve ser observado que a prescrição intercorrente não é
aceita nem no processo de cognição nem no processo de execução trabalhista. O fundamento
reside no art. 878 da CLT, por meio do qual a execução pode ser promovida de ofício pelo juiz, o
qual consagra o princípio do impulso oficial. Todavia, ao mesmo tempo em que o TST entende ser
inaplicável a prescrição intercorrente no âmbito trabalhista, o STF entende ser possível conforme
o disposto em sua Súmula 327. Apesar de aparentemente incompatíveis, ambas as súmulas
convivem harmonicamente. Observe-se: em regra, a prescrição intercorrente não se aplica no
âmbito processual trabalhista conforme a Súmula 114 do TST. Todavia, caso o exequente, intimado
para a prática de ato que a ele cabe praticar, quedar-se inerte por mais de 2 (dois) anos, então,
seria possível de ser pronunciada a prescrição intercorrente julgando-se extinto o processo de
execução, a pedido do executado, nos termos da Súmula 327 do STF (DELGADO, 2012, p. 273).
Delgado (2012, p. 273) observa que a ausência de atos executórios derivada da falta de bens do
executado, por exemplo, não enseja a pronúncia da prescrição, uma vez que a inércia processual
não é passível de ser atribuída ao exequente. Portanto, cotejando-se o teor do enunciado da
questão com o entendimento sumulado do TST, tem-se que, atualmente, a assertiva está correta.
Ocorre que, com a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017 (reforma trabalhista), a prescrição
intercorrente passará a ser aceita na seara trabalhista aproximando-se do entendimento trazido
pela Súmula 327 do STF. Para tanto, dispõe a CLT, em seu art. 11-A, caput, c/c § 1º, inseridos pela
Lei nº 13.467/2017, que a prescrição intercorrente será pronunciada no prazo de 2 (dois) anos,
tendo início quando o exequente deixar de cumprir determinação judicial no curso da execução.
Ou seja, se, por inércia ou desídia do credor-exequente, a execução ficar paralisada, então, sim,
terá início a fluência do prazo prescricional intercorrente, o que difere por exemplo, do exequente,
intimado, informar que não localizou bens do executado passíveis de penhora. Ademais, no caso
da prescrição intercorrente, a legislação expressamente admite que poderá ser pronunciada de
ofício pelo juiz, isto é, sem que ocorra requerimento do executado nos termos do § 3º do art. 11-A
da CLT. Desse modo, recomenda-se ao candidato traçar um paralelo entre as Súmulas 114 do TST,
327 do STF e, ainda, o art.11-A e seus parágrafos, da CLT.

Prescrição intercorrente
CLT (antes da reforma) CLT (após a reforma)
Art. 11. (...) Art. 11. (...)
Sem dispositivo Art. 11-A. Ocorre a prescrição intercorrente no processo do
correspondente. trabalho no prazo de dois anos.

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§ 1º A fluência do prazo prescricional intercorrente inicia-se


Sem dispositivo
quando o exequente deixa de cumprir determinação judicial
correspondente.
no curso da execução.
§ 2º A declaração da prescrição intercorrente pode ser requerida
ou declarada de ofício em qualquer grau de jurisdição.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 80. A denominada “reforma trabalhista” prevê, dentre suas inovações, a


competência da Justiça do Trabalho para homologar, mediante procedimento de jurisdição
voluntária, acordo extrajudicial trabalhista, cuja sentença fará coisa julgada material.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 37. Termo de conciliação e sua eficácia. Competência. Justiça do


Trabalho. Acordo extrajudicial.

O acordo extrajudicial é aquele firmado entre empregado e empregador fora do âmbito da Justiça
do Trabalho. A partir da entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, a Justiça do Trabalho será
competente para decidir acerca da homologação de acordo extrajudicial em matéria de competência
da Justiça do Trabalho. Observe-se que a alínea “f”, inserida pela Lei nº 13.467/2017, no art. 652
da CLT, prevê que o juiz irá decidir se homologa ou não o acordo extrajudicial. Significa dizer que
o juiz não está obrigado a homologar o acordo feito extrajudicialmente. Inclusive, o TST possui
entendimento sumulado dispondo a respeito da faculdade do juiz em homologar ou não acordo, o
que está em consonância com o texto legal trazido pela reforma trabalhista. SÚMULA Nº 418 DO
TST. MANDADO DE SEGURANÇA VISANDO À HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO (nova redação
em decorrência do CPC de 2015) - Res. 217/2017 - DEJT divulgado em 20, 24 e 25.04.2017.
“A homologação de acordo constitui faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável
pela via do mandado de segurança.” Isto é, caso o juiz verifique, por exemplo, estar-se diante
de lide simulada com o intuito de prejudicar terceiro ou, ainda, de acordo lesivo aos interesses
do trabalhador, poderá deixar de homologar o acordo que lhe é apresentado, sendo, nesses
casos, um dever seu, e não uma faculdade, sob pena de afronta à legislação. Assim, prevista a
possibilidade de a Justiça do Trabalho homologar acordos feitos extrajudicialmente entre empregado
e empregador, cabe analisar como se dará esse procedimento. A reforma trabalhista prevê que
a homologação de acordo extrajudicial tratar-se-á de procedimento de jurisdição voluntária,
tendo reservado a regulamentação da matéria nos arts. 855-B a 855-E da CLT. O acordo, então,
deverá ser apresentado ao juiz em petição conjunta, e não podem as partes valer-se do mesmo
advogando, devendo estar, cada uma, representada por seu advogado. Em que pese a reforma
insira disposição na CLT a respeito do procedimento de jurisdição voluntária para homologação de

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acordo extrajudicial, ela não permite que o prazo previsto no § 6º do art. 477 seja desrespeitado
sob pena de o empregador ter que arcar com o pagamento da multa do § 8º do art. 477 da CLT.
Significa dizer que, ainda que exista acordo extrajudicial, firmado entre empregado e empregador,
não poderá o empregador desrespeitar o disposto nos §§ 6º e 7º do art. 477 da CLT, ainda que o
trabalhador concorde. Assim, uma vez recebida a petição do acordo, o juiz analisará e, se entender
necessário, designará audiência e, após, proferirá sentença. Por fim, deve-se observar que o art.
855-E da CLT refere que o prazo prescricional ficará suspenso apenas em relação aos direitos
contidos na petição do acordo extrajudicial e voltará a fluir do dia seguinte ao do trânsito em julgado
da decisão denegatória da homologação do acordo. Portanto, o trabalhador deve ficar atento ao
fato de que direitos não transacionados entre as partes e, por conseguinte, excluídos da petição do
acordo, não terão seus prazos prescricionais suspensos.

Acordo extrajudicial
CLT (antes da
CLT (após a reforma)
reforma)
Art. 652. - Compete às
Juntas de Conciliação Art. 652. - Compete às Varas do Trabalho:
e Julgamento:
Sem dispositivo f) decidir quanto à homologação de acordo extrajudicial em matéria
correspondente. de competência da Justiça do Trabalho.
Art. 855-B. O processo de homologação de acordo extrajudicial
terá início por petição conjunta, sendo obrigatória a representação
das partes por advogado.
Sem dispositivo
§ 1º As partes não poderão ser representadas por advogado
correspondente.
comum.
§ 2º Faculta-se ao trabalhador ser assistido pelo advogado do
sindicato de sua categoria.
Art. 855-C. O disposto neste Capítulo não prejudica o prazo
Sem dispositivo
estabelecido no § 6º do art. 477 desta Consolidação e não afasta
correspondente.
a aplicação da multa prevista no § 8º art. 477 desta Consolidação.
Art. 855-D. No prazo de quinze dias a contar da distribuição da
Sem dispositivo
petição, o juiz analisará o acordo, designará audiência se entender
correspondente.
necessário e proferirá sentença.
Art. 855-E. A petição de homologação de acordo extrajudicial
suspende o prazo prescricional da ação quanto aos direitos nela
Sem dispositivo especificados.
correspondente. Parágrafo único. O prazo prescricional voltará a fluir no dia
útil seguinte ao do trânsito em julgado da decisão que negar a
homologação do acordo.

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GABARITO: CERTO

PROFESSOR: VITOR VELOSO


E-mail: profcei.vitorveloso@gmail.com

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

QUESTÃO 81. A Convenção de Haia sobre Direito dos Tratados de 1969, ratificada e
promulgada pelo Brasil, tem por objetivo a codificação das regras do Direito Internacional
consuetudinário para harmonizar a elaboração, interpretação, ratificação, denúncia e a
extinção dos tratados internacionais.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 1. História e fontes de direito dos tratados.

O CESPE/CEBRASPE costuma trocar conceitos ou nomes de certos institutos para buscar confundir
o candidato na hora da prova. A questão é simples, mas a atenção é algo indispensável para
prova dessa banca. A afirmativa está errada na medida que aponta cidade diversa daquela onde
foi elaborada a convenção, permanecendo correta sua parte final. A Convenção de Viena sobre
Direito dos Tratados foi efetivamente assinada em 1969 na cidade de Viena, Áustria, e constitui
principal instrumento internacional sobre a elaboração, interpretação, ratificação, denúncia e a
extinção dos tratados internacionais, razão pela qual o conhecimento e o domínio do seu conteúdo
são indispensáveis na solução de questões sobre o tema dos tratados. Essa convenção buscou na
codificação e o desenvolvimento dos direitos dos tratados, a promoção da manutenção da paz e da
segurança internacional, aprimorando o desenvolvimento das relações amistosas e a consecução
da cooperação entre as nações, propósitos enunciados na Carta das Nações Unidas (DECRETO
Nº 7.030, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2009).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 82. A Santa Sé, entidade que comanda a Igreja Católica Apostólica Romana, tem
a capacidade de celebrar tratados, participar de organizações internacionais e exercer o
direito de enviar e receber agentes diplomáticos.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 4. Entes de direito internacional.

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A resposta está correta. A Santa Sé é entidade sui generis de direito internacional que comanda
a Igreja Católica Apostólica Romana. Essa entidade exerce a soberania no território do Vaticano
e com este não se confunde. O status de sujeito de direito internacional foi adquirido pela Santa
Sé em razão da sua atuação e influência histórica nas relações internacionais, remontando aos
tempos em que a religião exercia papel central no estabelecimento de comportamentos sociais
e estatais. O Estado da Cidade do Vaticano foi criado com a celebração do Tratado de Latrão,
entre a Itália e a Santa Sé em 1929, com a cessão de um pequeno território na cidade de Roma.
Nesse acordo foi reconhecida a soberania da Santa Sé no estado do Vaticano, encerrando antigas
disputas sobre os chamados Estados Pontifícios. Por fim, a capacidade de legação, ou seja, de
enviar e receber agentes diplomáticos, é exercida pela Santa Sé, que atua em nome do Estado da
Cidade do Vaticano. As suas missões diplomáticas são chamadas nunciaturas apostólicas e são
chefiadas pelos Núncios Papais ou Apostólicos, posto equivalente ao de embaixador (PORTELA,
Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado. Salvador: Juspodivm, 2015, p.
158-159).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 83. O organismo internacional que tenha garantida a imunidade de jurisdição


em tratado firmado pelo Brasil e internalizado na ordem jurídica brasileira não pode ser
demandado em juízo, salvo em caso de renúncia expressa a essa imunidade.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 4. Entes de direito internacional.

Trata-se de questão muito importante nos concursos da AGU, tanto é que foram cobradas duas
questões na última prova para Procurador Federal. Fiquem atentos!

A imunidade de jurisdição nas relações internacionais sempre foi um tema que gerou diversos
debates na comunidade acadêmica, por envolver o poder jurisdicional de um lado e a soberania
estatal do outro. A doutrina e a jurisprudência brasileira apontam duas fases de análise quanto
a imunidade dos Estados. A imunidade de jurisdição no processo de conhecimento diz respeito
a possiblidade ou não desses agentes internacionais serem demandados no judiciário de um
terceiro Estado contra a sua vontade. Modernamente, se construiu o entendimento de que esse
direito é relativo, havendo uma distinção dos atos praticados no exercício de suas prerrogativas
soberanas (atos de império), i.e, o ato de concessão de visto ao um estrangeiro, e aqueles em
que a atuação do Estado é equiparada a de um particular (atos de gestão), como no aluguel de
um imóvel para abrigar uma embaixada. No Brasil, construiu-se uma jurisprudência permissiva
à apreciação pelas autoridades judiciárias nos litígios que envolvam atos de gestão do Estados,
mitigando, assim, imunidade de jurisdição. Por outro lado, a imunidade de execução se relaciona

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com a possibilidade de constrição de bens de um Estado para o adimplemento de suas dívidas. O


tema não é pacifico, embora se observe a predominância do seu caráter absoluto, há julgados que
afastam a imunidade de execução quando envolvam bens que não estejam afetos às atividades
diplomáticas e consulares. O professor Paulo Portela elenca algumas hipóteses possíveis em que
o pode haver a satisfação do débito do ente estatal derrotado num processo judicial:

“• pagamento voluntário pelo Estado estrangeiro;

• negociações conduzidas pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil e, correlata


a esta possibilidade, a solicitação de pagamento pelas vias diplomáticas;

• expedição de carta rogatória ao Estado estrangeiro;

• execução de bens não afetos aos serviços diplomáticos e consulares do Estado


estrangeiro, como recursos financeiros vinculados a atividades empresariais disponíveis
em contas bancárias;

• renúncia à imunidade de execução pelo Estado estrangeiro.

No caso das organizações internacionais o Direito Convencional é que determina a


extensão dessa imunidade, ou seja, os tratados constitutivos firmados pelos Estados
regulam a imunidade da entidade, que em regra é absoluta. Por essa razão, não é possível
que seja dispensado o mesmo tratamento das regras costumeiras frequentemente
aplicadas à imunidade de jurisdição dos Estados. (PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves.
Direito internacional público e privado. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 192-203).

A jurisprudência está atenta a essa diferenciação, tanto é que a questão transcreve parte do recente
julgado RE 1034840/DF do Supremo Tribunal Federal, que reafirmou a jurisprudência dominante
na corte, exatamente no sentido de que organismos internacionais não podem ser demandados
em juízo, salvo renúncia expressa à imunidade de jurisdição. Conforme ficou bem destacado pelo
Ministro Relator Luiz Fux, “a imunidade de jurisdição e de execução não é, necessariamente,
atributo inerente a essas pessoas jurídicas de direito internacional”. Porém, no caso concreto,
a organização estava respaldada por duas convenções internacionais que foram ratificadas e
internalizadas pelo Brasil, razão pela qual restava garantida a sua imunidade de jurisdição.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 84. Nos termos da Constituição Federal o cargo de Advogado-Geral da União é


de livre nomeação pelo Presidente da República dentre brasileiros natos maiores de trinta e
cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.

COMENTÁRIO

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»» Ponto do edital: 18. Nacionalidade, naturalização.

A Constituição Federal prevê em seu art. 12, § 3º, que são cargos privativos de brasileiros natos os
cargos: de Presidente e Vice-Presidente da República; de Presidente da Câmara dos Deputados;
de Presidente do Senado Federal; de Ministro do Supremo Tribunal Federal; da carreira diplomática;
de oficial das Forças Armada; e, de Ministro de Estado da Defesa. Acredito que essa lista já esteja
na ponta da língua de vocês, entretanto é preciso lembrar que é possível que a própria Constituição
crie outras distinções entre brasileiros natos e naturalizados (art. 12, § 2º). Como é o caso do art.
89, VII, que exige a condição de brasileiro nato para compor o Conselho da Republica. Outro caso
menos lembrado e previsto na Carta Magna diz respeito às empresas jornalísticas e de radiodifusão
sonora e de sons e imagens, onde há a exigência de o brasileiro ter se naturalizado há mais de dez
anos para o exercício de certas funções. (Art. 222, caput, e §§ 1º e 2º, da CF). Por certo a questão
está errada, já que não é exigido ao cargo de Advogado-Geral da União a condição de brasileiro
nato, nos termos do art. 131, § 1º, da CF.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 85. Li Chin Nam e Hoo Sun Nam, casados e cidadãos da Coréia do Sul, estavam
a serviço do Japão promovendo programas sociais de combate à fome e a desnutrição no
Brasil. Considerando tais fatos, eventual filho do casal nascido no Brasil é considerado
brasileiro nato, nos termos da Constituição Federal.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Nacionalidade, naturalização.

A Constituição Federal do Brasil adota um critério misto para a aquisição da nacionalidade, aceitando
tanto o jus solis, quanto o jus sanguinis, a depender do enquadramento fático. Seu art. 12, I, a,
dispõe que caso os pais estrangeiros estejam servindo seu país no Brasil, um eventual filho do
casal não adquire a nacionalidade nata brasileira, regra bastante comum no direito comparado. Por
outro lado, caso os estrangeiros sirvam a país distinto do seu, não deve ser aplicada a parte final do
inciso, fazendo com que seus filhos adquiram nacionalidade brasileira nata, em razão do jus solis
caso tenham nascido no território nacional. Esse é justamente o caso da questão, que, portanto,
está correta.

GABARITO: CERTO

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PROFESSOR: RUBENS VENTURA


E-mail: profcei.rubensventura@gmail.com

DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

QUESTÃO 86. Segundo entendimento do STJ, para que haja a condenação pelo crime do
art. 89 da Lei nº 8.666/93, consistente no ato de dispensar ou inexigir licitação fora das
hipóteses previstas em lei, é prescindível a demonstração de que houve prejuízo ao erário.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Direito Penal – 11 Crimes relativos à licitação (Lei nº 8.666/1993 e


alterações posteriores).

Não são numerosos os principais crimes que interessam aos concursos da advocacia pública,
motivo pelo qual é imprescindível conhecer a jurisprudência relacionada. A questão cobrou um
conhecimento específico sobre a jurisprudência do STJ a respeito do crime previsto no artigo 89
da Lei nº 8.666/93, que se consolidou no sentido de que a tipificação de referida infração penal
depende a presença do dolo específico de causar dano ao erário e a caracterização do efetivo
prejuízo. O entendimento proferido pela Corte Especial do STJ na AP 480, passou a ser seguido
pelas duas turmas integrantes da 3ª Seção (RHC 70.752 – 5ª Turma; e HC 343715 – 6ª Turma).

O aspecto importante da questão, e que poderia induzir a erro o aluno, é saber que no STF houve
uma reinstauração da controvérsia que estava anteriormente pacificada. Isso porque, no julgamento
da AP 971 (Informativo 856), a 1ª Turma passou a adotar o entendimento de que “[...] O crime do
art. 89 da Lei 8.666/93 é formal, consumando-se tão somente com a dispensa ou inexigibilidade
de licitação fora das hipóteses legais. Não se exige, para sua configuração, prova de prejuízo
financeiro ao erário, uma vez que o bem jurídico tutelado não se resume ao patrimônio público,
mas coincide com os fins buscados pela CF/88, ao exigir em seu art. 37, XXI, licitação pública que
assegure igualdade de condições a todos os concorrentes [...].”

Prestem muita atenção sempre no comando do enunciado, verificando de qual tribunal superior
está se cobrando o posicionamento jurisprudencial.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 87. O crime de desacato não mais subsiste em nosso ordenamento jurídico
por ser incompatível com o artigo 13 do Pacto de San José da Costa Rica, incorrendo em
inconvencionalidade.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 115


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COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Direito Penal – 10 Crimes contra a administração pública e Lei nº


8.429/1992.

Muito cuidado em manter um acompanhamento atualizado da jurisprudência. A questão poderia


induzir a erro quem estudou o REsp 1640084/SP, julgado em dezembro de 2016.

Naquela oportunidade, a 5ª Turma do STJ entendeu que o crime de desacato não mais subsistiria
no ordenamento jurídico, por ser incompatível com o artigo 13 do Pacto de San José da Costa Rica.

Ocorre que a 3ª Seção do STJ, órgão que reúne os Ministros da 5ª e 6ª Turmas, decidiu em
sentido contrário no HC 379.269/MS, afirmando que “desacatar funcionário público no exercício da
função ou em razão dela continua a ser crime, conforme previsto no art. 331 do Código Penal”. O
julgamento, que ocorreu em 24/05/2017, por ser mais recente e proferido pela seção em detrimento
do entendimento da turma, é o que deve ser adotado para responder questões objetivas.

O caso foi notícia no site do STJ, que destacou a guinada jurisprudencial: http://www.stj.jus.br/
sites/STJ/default/pt_BR/Comunica%C3%A7%C3%A3º/noticias/Not%C3%ADcias/Terceira-
Se%C3%A7%C3%A3º-define-que-desacato-continua-a-ser-crime

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 88. A colaboração é um meio de obtenção de prova cuja iniciativa não se submete
à reserva de jurisdição, diferentemente do que ocorre nas interceptações telefônicas ou na
quebra de sigilo bancário ou fiscal.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Direito Processual Penal – Lei Federal nº 12.850/2013 (posterior ao


último edital)

Com a profusão de investigações decorrentes das famosas colaborações premiadas, o tema


adquire força e provavelmente será objeto de questões. O enunciado exige um conhecimento
sobre o texto da lei, embora o STF tenha se debruçado sobre o instituto no julgamento da Pet 7074
(Informativo 870).

Deveria o aluno recordar que a colaboração premiada está prevista, dentre outros diplomas
normativos, no artigo 3º, inciso I, da Lei Federal nº 12.850/2013, inserido no Capítulo II intitulado
como “Da investigação e dos Meio de Obtenção de Prova”. A corroborar o conceito de meio de
obtenção de prova, e não meio de prova, recorde-se o conteúdo do artigo 4º, § 16, da Lei Federal nº

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 116


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12.850/2013, que determina que nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento
apenas nas declarações de agente colaborador.

Portanto, o enunciado veicula um conceito correto sobre o instituto.

Quanto à afirmativa de que a iniciativa da colaboração premiada não se submete à reserva de


jurisdição, a resposta está no artigo 4º, § 6º, da Lei Federal nº 12.850/2013, que impede que o juiz
participe das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de colaboração.

Sobre este ponto, no julgamento da Pet 7074 (Informativo 870), o STF apresentou importantes
fundamentos para retirar o juiz do acordo de colaboração premiada, que ajudam a tornar a letra da
lei menos árida:

(i) caso o magistrado interagisse nas negociações, haveria uma grave violação do sistema
acusatório e um seríssimo risco de contaminação da sua imparcialidade, considerando que as
informações enunciadas pelo eventual colaborador iriam incutir no julgador preconcepções sobre
o próprio delator e seus comparsas. Se as negociações não culminassem com um acordo, a
opinião do julgador a respeito do investigado/denunciado já estaria construída em seu psicológico
considerando que teria ouvido confissões sobre os fatos criminosos.

(ii) a simples presença do juiz da causa na tentativa de acordo poderia exercer uma indevida
coerção velada para que o investigado/acusado aceitasse eventual proposta, o que contraria a
natureza do instituto já que a colaboração deve ser voluntária.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 89. Viola o entendimento da SV 14-STF a decisão do juiz que nega a réu denunciado
com base em um acordo de colaboração premiada o acesso a outros termos de declarações
que não digam respeito aos fatos pelos quais ele está sendo acusado, especialmente se tais
declarações ainda estão sendo investigadas.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Direito Processual Penal – Lei Federal nº 12.850/2013 (posterior ao


último edital)

Assim como conhecer o teor das súmulas vinculantes é fundamental para a prova, saber a forma de
aplicação de cada enunciado pelo STF é muito importante. O site do STF tem uma seção dedicada
à “Aplicação das Súmulas no STF” (http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp),
e em cada uma das súmulas há uma parte denominada “Jurisprudência posterior ao enunciado”,
que deve ser conhecida pelo aluno.

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Dispõe a Súmula Vinculante 14 que: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso
amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por
órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.”

A questão exigia o posicionamento do STF sobre se poderia o advogado do réu denunciado com
base em colaboração premiada invocar a Súmula Vinculante 14 para ter acesso a outros termos
das declarações deduzidas pelo colaborador.

A solução da controvérsia, julgada nos autos da Reclamação 22009 (Informativo 814), foi no
sentido de que a Súmula Vinculante 14 não alberga essa hipótese, uma vez que a jurisprudência
do STF protege o direito do defensor apenas ao acesso das “provas já produzidas e formalmente
incorporadas ao procedimento investigatório, excluídas, consequentemente, as informações e
providências investigatórias ainda em curso de execução e, por isso mesmo, não documentados
no próprio inquérito ou processo judicial” (STF. 2ª Turma. HC 93.767, Rel. Min. Celso de Mello, DJe
de 01-04-2014).

Ainda, o art. 7º da Lei nº 12.850/2013 confere sigilo às declarações formuladas na colaboração


premiada, que, se rompido, poderia prejudicar o êxito das investigações e colocar em risco o
colaborador.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 90. A execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau de


apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não compromete o princípio
constitucional da presunção de inocência.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Direito Processual Penal – Da prisão e da liberdade provisória.

Cuidado porque, embora o entendimento do STF tenha se tornado bastante conhecido, as idas e
vindas da jurisprudência somadas ao nervosismo da prova podem confundir na hora de responder.
Isso porque o STF, no julgamento do HC 84078 (julgado em 05/02/2009), entendeu que a CF/88
prevê que ninguém poderá ser considerado culpado até que haja o trânsito em julgado da sentença
penal condenatória, nos termos do artigo 5º, LVII, da CF/88. O entendimento perdurou por muitos
anos.

No entanto, recentemente, no julgamento do HC 126292/SP (Informativo 814), o STF reviu o


seu posicionamento anterior, passando a sustentar que, como os recursos excepcionar não se
prestariam para discutir fatos, o princípio constitucional da presunção da inocência seria protegido
apenas até o segundo grau de jurisdição.

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Logo, é possível a execução provisória da pena na pendência do julgamento dos recursos


excepcionais.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: RAVI PEIXOTO


E-mail: profcei.ravipeixoto@gmail.com

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Caros alunos, o edital base para a elaboração das assertivas será o edital do Concurso
de Procurador Federal de 2013, pelo CESPE. No entanto, como é de conhecimento de
todos, em 2015, foi aprovado um novo Código de Processo Civil, com novos institutos,
os quais não existiam na legislação anterior e, por isso, naturalmente não foram
levados em conta pelo edital de Procurador Federal. Pensando nessa problemática, as
assertivas de processo civil terão como base principal o edital de procurador federal,
no entanto, para alguns itens específicos, levarei em conta o recente edital do CESPE
para procurador de Sergipe. Este edital, embora muito mais sucinto do que o edital de
procurador federal, trata de algumas novidades do CPC/2015, que provavelmente serão
cobradas no próximo concurso.
Dentre temas não cobrados no concurso de 2013 tem-se os precedentes, o Incidente
de Assunção de Competência, a desconsideração da personalidade jurídica, a Lei
14.140/2015, dentre vários outros.

QUESTÃO 91. Quando a parte é detentora do benefício da justiça gratuita, mesmo que o
recurso verse tão somente sobre os honorários advocatícios, há a dispensa do preparo.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 11 Despesas processuais e honorários advocatícios.

A assertiva é falsa. Veja-se que o art. 99, § 5º, do CPC/2015 afirma o seguinte: “Na hipótese do §
4º, o recurso que verse exclusivamente sobre valor de honorários de sucumbência fixados
em favor do advogado de beneficiário estará sujeito a preparo, salvo se o próprio advogado
demonstrar que tem direito à gratuidade”.

A lógica por trás desse texto normativo é a de que o benefício da justiça gratuita é personalíssimo.
Portanto, ele não se estende ao advogado e nem aos sucessores da parte (art. 99, § 6º).

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Um destaque é o de que, caso o recurso verse, por exemplo, sobre um dos pedidos da parte
(exemplo: danos morais) e os honorários advocatícios, o benefício é aplicável. Ou seja, apenas
finda o benefício se o recurso for exclusivo em relação aos honorários advocatícios.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 92. Caso a intimação de um determinado acórdão seja realizada por oficial de
justiça, o prazo será iniciado do cumprimento do mandado.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 5 Prazos: conceito, classificação, princípios, contagem; preclusão.


Prazos especiais da Fazenda Pública.

Em regra, o prazo recursal é iniciado com a intimação. No entanto, como definido pelo STJ no tema
359 (REsp 1.632.777/SP; REsp 1.632.497/SP), sendo a intimação/citação por correio (art. 231, I
do CPC/2015), oficial de justiça (art. 231, II do CPC/2015), ou por carta de ordem, precatória ou
rogatória (art. 231, VI do CPC/2015), o prazo recursal inicia-se com a juntada aos autos do aviso
de recebimento, do mandado cumprido ou da juntada da carta.

A assertiva, por conta disso, está incorreta. Eis que o prazo apenas seria iniciado da data da
juntada do respectivo mandado de intimação aos autos e não do seu cumprimento.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 93. Quando não há o registro da penhora, sempre há a presunção de boa-fé do


terceiro adquirente, cabendo ao exequente a comprovação da má-fé desse terceiro.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 16 Processo de execução: pressupostos e princípios informativos.


Espécies de execução. Embargos à execução contra a Fazenda Pública. Penhora,
arresto, sequestro e depósito. Busca e apreensão. Adjudicação. Alienação em hasta
pública. Execução provisória. Embargos do devedor: natureza jurídica, cabimento e
procedimento. Embargos de terceiro: natureza jurídica, legitimidade e procedimento.
Execução fiscal. Da execução contra a fazenda pública.

Essa assertiva trata de um tema repleto de variações jurisprudenciais e de alterações normativas,


a fraude à execução. No caso específico a discussão é sobre a boa-fé do terceiro adquirente. Em
regra, aplica-se a súmula 375 do STJ, segundo a qual “O reconhecimento da fraude à execução

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depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente”.


Esse mesmo raciocínio foi reafirmado no tema 243 (REsp 956.943/PR; REsp 1.112.648/DF; REsp
773.643/DF), no qual foram firmadas as seguintes teses: “Para fins do art. 543-C do CPC, firma-
se a seguinte orientação: 1.1. É indispensável citação válida para configuração da fraude de
execução, ressalvada a hipótese prevista no § 3º do art. 615-A do CPC. 1.2. O reconhecimento
da fraude de execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-
fé do terceiro adquirente (Súmula n. 375/STJ). 1.3. A presunção de boa-fé é princípio geral de
direito universalmente aceito, sendo milenar parêmia: a boa-fé se presume; a má-fé se prova.
1.4. Inexistindo registro da penhora na matrícula do imóvel, é do credor o ônus da prova de que o
terceiro adquirente tinha conhecimento de demanda capaz de levar o alienante à insolvência, sob
pena de torna-se letra morta o disposto no art. 659, § 4º, do CPC. 1.5. Conforme previsto no § 3º do
art. 615-A do CPC, presume-se em fraude de execução a alienação ou oneração de bens realizada
após averbação referida no dispositivo.”.

Em outros termos, existiriam duas opções para o reconhecimento da fraude à execução: i) registro
da penhora do bem alienado, nos termos do art. 828, caso em que haverá presunção absoluta
de conhecimento do terceiro da pendência do processo e, por isso, “Presume-se em fraude à
execução a alienação ou a oneração de bens efetuada após a averbação” (§ 4º). Esse raciocínio
é igualmente reforçado pelo art. 792, I, do CPC: Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é
considerada fraude à execução: I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito real
ou com pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no
respectivo registro público, se houver; ou ii) deverá o exequente comprova a má-fé do terceiro
adquirente.

No entanto, é necessário destacar o § 2º, do art. 792, segundo o qual, “No caso de aquisição de
bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas
necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no
domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem”. Note-se que o texto normativo
altera o entendimento do STJ no repetitivo mencionado e na súmula 375, fazendo com que, no
caso de bens não sujeitos a registro, haja uma presunção de má-fé, cabendo ao terceiro
adquirente e não ao exequente a comprovação da boa-fé. Trata-se de um dispositivo que se
aplica aos bens móveis, eis que alguns não são sujeitos a registro.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 94. A extinção por abandono de causa sempre depende de requerimento do réu.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 4 Do processo e procedimento: natureza e princípios. Formação,

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suspensão e extinção do processo; pressupostos processuais; tipos de procedimentos.

A assertiva é falsa. De acordo com o art. 485, III, do CPC/2015, “O juiz não resolverá o mérito
quando: (...) III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar
a causa por mais de 30 (trinta) dias”. No entanto, no mesmo artigo, há uma exigência para tal
extinção, eis que, de acordo com o “§ 6º Oferecida a contestação, a extinção do processo por
abandono da causa pelo autor depende de requerimento do réu”.

De qualquer forma, havendo essa espécie de extinção, antes ou depois de oferecida a contestação,
o § 1º exige que, “Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente
para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias”. Ou seja, o juiz deve intimar a parte para que dê o
devido andamento ao processo.

Veja-se que o CPC/2015 vai além do conteúdo da súmula 240 do STJ, segundo a qual “A extinção
do processo, por abandono da causa pelo autor, depende de requerimento do réu’’. Nessa súmula
não havia menção à necessidade de ter havido prévio oferecimento da contestação.

Isso significa que, após a entrada em vigor do CPC/2015, para que haja a necessidade de pedido
do réu, a contestação deve já ter sido oferecida. Há um detalhe que precisa ser observado:
quando a contestação ainda não tiver sido oferecida, o juiz poderá extinguir o processo por
abandono da causa de ofício.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 95. Em uma ação de responsabilidade civil ajuizada contra a União Federal, para
que a Advocacia-Geral da União concorde com a desistência, a parte autora deve renunciar
expressamente ao direito sobre que se funda a ação.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 37 Causas de extinção do processo com ou sem resolução de mérito

De acordo com o art. 485, § 4º, do CPC, “Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o
consentimento do réu, desistir da ação”. Aponte-se ainda que, de acordo com o STJ, a discordância
do réu acerca da desistência deve ser devidamente fundamentada para ser aceita (STJ, Resp
241.780, 2000). Aponte-se ainda que a desistência é do processo, não do direito material, podendo
a parte ingressar novamente com a mesma ação.

A questão é que, em algumas situações, existem particularidades. De acordo com o art. 3º, da
Lei 9.469/1997, “As autoridades indicadas no caput do art. 1º poderão concordar com pedido
de desistência da ação, nas causas de quaisquer valores desde que o autor renuncie
expressamente ao direito sobre que se funda a ação”. As autoridades mencionadas pelo art.

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1º são: “O Advogado-Geral da União, diretamente ou mediante delegação, e os dirigentes


máximos das empresas públicas federais, em conjunto com o dirigente estatutário da área afeta
ao assunto, poderão autorizar a realização de acordos ou transações para prevenir ou terminar
litígios, inclusive os judiciais”. Ressalte-se que o STJ já chancelou essa escolha legislativa e admite
a recusa do ente público a concordar com a desistência do autor baseado no fato de que ele não
renunciou ao pedido (AgRg no Resp 1.237.853, 2011).

Em outros termos, para a AGU, a desistência do autor depende de que ele renuncie
expressamente ao direito sobre que se funda a ação, não bastando a desistência da ação.

Um último aspecto sobre esse regime está no parágrafo único do art. 3º, segundo o qual “Quando a
desistência de que trata este artigo decorrer de prévio requerimento do autor dirigido à administração
pública federal para apreciação de pedido administrativo com o mesmo objeto da ação, esta não
poderá negar o seu deferimento exclusivamente em razão da renúncia prevista no caput deste
artigo”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 96. A ação rescisória, quando busca desconstituir sentença condenatória que
fixou honorários advocatícios sucumbenciais, deve ser proposta não apenas contra o titular
do crédito principal formado em juízo, mas também contra o advogado em favor de quem
foi fixada a verba honorária.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 13 Recursos: conceito, fundamentos, princípios, classificação,


pressupostos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade, efeitos, juízo de mérito.
Concessão de efeito suspensivo pelo Relator. Reexame necessário. Apelação. Agravo.
Embargos infringentes, de divergência e de declaração. Recurso especial. Recurso
extraordinário. Recurso repetitivo no STJ (Lei nº 11.672/2008). Repercussão geral no
STF (Lei nº 11.418/2006). Ação rescisória. Nulidades.

A assertiva está correta, inclusive, decorrente de decisão publicada no informativo 605 do STJ
(REsp 1.651.057-CE, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 16/5/2017, DJe 26/5/2017). Imagine a
situação em que uma determinada sentença julga procedente o pedido de João, condenando o
réu a pagar-lhe 100 mil reais e condena também o réu a pagar aos advogados de João (André e
Carla) 10% de honorários sucumbenciais. Se o réu quiser ajuizar ação rescisória para discutir a
sentença rescindenda (mérito e honorários), os réus da rescisória serão João e seus advogados
André e Carla.

Para entender essa questão, cabe salientar que o CPC não traz nenhuma norma positiva expressa

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acerca da legitimidade passiva para a ação rescisória. Tanto o art. 487 do CPC/73, como o art. 967
do CPC/2015, tratam apenas e tão somente da responsabilidade ativa - razão pela qual, para a
solução da lide, devem incidir as regras normais da legitimidade passiva extraídas da teoria geral
do processo. Assim sendo, a definição dos legitimados passivos na ação rescisória deve se dar
da mesma maneira como ocorre nas demandas em geral, visto se tratar de um meio autônomo
de impugnação das decisões judiciais. Para saber quem deve figurar como réu é preciso atentar,
portanto, para aquele que terá ou poderá ter seus direitos, concretamente definidos pela sentença
rescindenda, afetados pelo julgamento a ser proferido. O principal critério a ser considerado é,
portanto, o pedido deduzido no juízo rescisório.

Conforme informado pela teoria da asserção, devem estar no polo passivo da demanda
todos aqueles e somente aqueles que possam ser afetados pelo provimento do pedido. Se
a legitimidade passiva é definida, essencialmente, a partir do pedido formulado, não há nenhum
obstáculo de ordem técnico-jurídica que impeça a atribuição da legitimidade passiva a quem não
tenha sido parte no processo matriz. Desde que essa pessoa tenha obtido, por meio da sentença
rescindenda, a certificação de uma situação jurídica que lhe seja favorável, terá ela interesse na
manutenção do decisum, ostentando, por isso, legitimidade passiva para figurar na ação rescisória.
Isso sucederá, por exemplo, quando a ação rescisória buscar desconstituir somente o capítulo
da sentença que fixou os honorários advocatícios. Nessa situação, o titular do direito material
discutido na ação rescisória, haja vista o art. 23 da Lei n. 8.906/1994, e também o art. 85,
caput, do CPC, é o próprio advogado, e não a parte cujos interesses ele patrocinou. Assim, se
o advogado pode vir a ser implicado com o julgamento da ação rescisória, detém, inegavelmente,
legitimidade passiva para a causa.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 97. Na execução fiscal, a extinção do processo por abandono da causa sempre
depende de requerimento do executado.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 16 Processo de execução: pressupostos e princípios informativos.


Espécies de execução. Embargos à execução contra a Fazenda Pública. Penhora,
arresto, sequestro e depósito. Busca e apreensão. Adjudicação. Alienação em hasta
pública. Execução provisória. Embargos do devedor: natureza jurídica, cabimento e
procedimento. Embargos de terceiro: natureza jurídica, legitimidade e procedimento.
Execução fiscal. Da execução contra a fazenda pública.

A assertiva está incorreta. Como se viu na assertiva 94, a extinção do processo por abandono da
causa dependerá de requerimento do réu caso oferecida a contestação. Por óbvio, na execução

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fiscal, não há contestação, sendo a defesa realizada por meio dos embargos.

E, em se tratando de execuções não embargadas, a jurisprudência do STJ, em sede de recurso


representativo de controvérsia (REsp 1.120.097/SP), firmou-se no sentido da possibilidade
de extinção do feito, sem resolução de mérito, “ex officio”, por abandono da exequente,
independentemente de requerimento do executado. A tese n. 314 foi fixada da seguinte forma: “A
inércia da Fazenda exequente, ante a intimação regular para promover o andamento do feito
e a observância dos artigos 40 e 25 da Lei de Execução Fiscal, implica a extinção da execução
fiscal não embargada ex officio, afastando-se o Enunciado Sumular 240 do STJ, segundo o qual
“A extinção do processo, por abandono da causa pelo autor, depende de requerimento do réu”.
Matéria impassível de ser alegada pela exequente contumaz.

Foi destacado no mencionado precedente que “a razão para se exigir o requerimento de extinção
do processo pela parte contrária advém primacialmente da bilateralidade da ação, no sentido de
que também assiste ao réu o direito à solução do conflito. Por isso que o não aperfeiçoamento da
relação processual impede presumir-se eventual interesse do réu na continuidade do processo, o
qual, em sua visão contemporânea, é instrumento de realização do direito material e de efetivação
da tutela jurisdicional, sendo de feição predominantemente pública, que não deve prestar obséquios
aos caprichos de litigantes desidiosos ou de má-fé.

Portanto, nas execuções fiscais, caso esta não tenha sido embargada, poderá ser extinta de ofício
mesmo sem requerimento do executado.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 98. É possível a utilização de reclamação por violação de acórdão de recurso


extraordinário com repercussão geral de acórdão de julgamento em um tribunal, pendente
apenas o julgamento de embargos de declaração.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 25 Reclamação Constitucional.

A assertiva está incorreta. Primeiro, é preciso destacar que é, sim, cabível a reclamação para
garantir a observância de decisão do STF. Tal previsão não consta dos incisos do art. 988, mas do §
5º, II: § 5º É inadmissível a reclamação (...) II – proposta para garantir a observância de acórdão
de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em
julgamento de recursos extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas as instâncias
ordinárias”.

No entanto, nos casos de reclamação para garantir a observância de acórdão de recurso

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extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento


de recursos extraordinário ou especial repetitivos, há um requisito extra, qual seja, o de prévio
esgotamento das instâncias ordinária. Ou seja, todos os recursos devem ter sido utilizados e
não pode pender o julgamento de nenhum recurso, mesmo de embargos de declaração. Inclusive
esse tema específico foi alvo de recente decisão do STF na reclamação 27.713, em que não se
admitiu reclamação justamente porque pendente o julgamento de embargos de declaração.

De toda forma, é preciso prestar atenção: não há necessidade de utilização dos embargos de
declaração para que haja o esgotamento das vias ordinárias. O problema nesse caso foi que esse
recurso foi utilizado e estava pendente de julgamento. Mas, caso não tivesse havido utilização
dos embargos de declaração, as vias ordinárias teriam sido esgotadas, pois do acórdão do
tribunal apenas seriam cabíveis o resp e o rext.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 99. Nos juizados especiais federais, não há condenação em honorários.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 18 Juizados especiais federais.

A assertiva está incorreta. Inicialmente, destaca-se a existência do microssistema dos juizados


especiais cíveis, em que é possível a complementação da regulação de um juizado pelo outro.
Veja-se que o art. 1º, da Lei 10.259/2001 é uma das bases de tal conclusão: “São instituídos os
Juizados Especiais Cíveis e Criminais da Justiça Federal, aos quais se aplica, no que não conflitar
com esta Lei, o disposto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995”.

Em relação aos honorários, não há o seu tratamento na lei dos juizados especiais cíveis no âmbito da
justiça federal, sendo tal tema regulado pelo art. 55 da Lei 9.099/1995, segundo o qual: “A sentença
de primeiro grau não condenará o vencido em custas e honorários de advogado, ressalvados os
casos de litigância de má-fé. Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará as custas e
honorários de advogado, que serão fixados entre dez por cento e vinte por cento do valor de
condenação ou, não havendo condenação, do valor corrigido da causa”.

Isso significa que existem duas possibilidades para a condenação em honorários nos juizados: i) no
primeiro grau, quando haja constatação de litigância de má-fé e ii) caso haja recurso, o recorrente,
caso vencido, pagará as custas e honorários de advogado, que serão fixados entre dez por cento e
vinte por cento do valor de condenação ou, não havendo condenação, do valor corrigido da causa.

GABARITO: ERRADO

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QUESTÃO 100. A cláusula de reserva de plenário aplica-se às turmas recursais dos juizados.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 18 Juizados especiais federais. 33 Incidente de declaração de


inconstitucionalidade e cláusula de reserva de plenário.

No Brasil, de acordo com o art. 97 da Constituição, para a declaração incidental de inconstitucionalidade


por tribunais, em regra, exige-se a utilização da cláusula de reserva de plenário: “Somente pelo voto
da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os
tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público”.

Ocorre que, de acordo com o STF, “A regra da chamada reserva do plenário para declaração de
inconstitucionalidade (art. 97 da CF) não se aplica, deveras, às turmas recursais de Juizado
Especial” (RE 453.744-AgR, voto do Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 13-6-2006, Primeira
Turma, DJ de 25-8-2006.). Isso ocorre porque as turmas recursais não são consideradas como
tribunais (esse mesmo raciocínio é utilizado pelo STJ para não admitir a utilização de recurso
especial de decisão de turma recursal).

Em precedente mais recente, o STF foi ainda mais didático na abordagem do tema: “O art. 97 da
Constituição, ao subordinar o reconhecimento da inconstitucionalidade de preceito normativo a
decisão nesse sentido da “maioria absoluta de seus membros ou dos membros dos respectivos
órgãos especiais”, está se dirigindo aos tribunais indicados no art. 92 e aos respectivos órgãos
especiais de que trata o art. 93, XI. A referência, portanto, não atinge juizados de pequenas
causas (art. 24, X) e juizados especiais (art. 98, I), os quais, pela configuração atribuída pelo
legislador, não funcionam, na esfera recursal, sob regime de plenário ou de órgão especial”.
(ARE 792.562 AgR, rel. min. Teori Zavascki, j. 18-3-2014, 2ª T, DJE de 2-4-2014).

GABARITO: ERRADO

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QUESTÕES DISSERTATIVAS

ORIENTAÇÃO: Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com
agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.

PROFESSOR: RODOLFO CURSINO


E-mail: profcei.rodolfocursino@gmail.com

DIREITO TRIBUTÁRIO

»» Pontos do edital: 6 Responsabilidade tributária. Responsabilidade por dívida


própria e por dívida de outrem. Solidariedade e sucessão. Responsabilidade
pessoal e de terceiros. Responsabilidade supletiva; 20 Responsabilidade tributária.
Responsabilidade dos sócios. Responsabilidade de terceiros; e 22 Redirecionamento
da execução fiscal.

QUESTÃO 1. Considere a seguinte situação hipotética:

“Foi ajuizada uma execução fiscal de crédito tributário federal em face da FAMILIA STARK LTDA,
cujo quadro societário era composto por LYANNA STARK e NED STARK, cabendo apenas a este
a administração da sociedade. Em cumprimento de mandado de citação, em 20/01/2017, o Oficial
de Justiça certificou que a empresa se encontrava com as portas fechadas e que os vizinhos
informaram que a empresa não funcionava há mais de seis meses. Em 20/07/2017, após ser
devidamente citado, NED STARK faleceu, deixando os filhos ARYA e JOÃO DAS NEVES”.

Analisando o caso narrado, responda, de forma fundamentada, de acordo com o CTN e entendimento
jurisprudencial, aos seguintes questionamentos:

a) Podem LYANNA, NED, ARYA e JOÃO DAS NEVES ser responsabilizados pelo pagamento
do crédito tributário cobrado na execução fiscal?

b) Existe prazo prescricional para que a exequente requeira o redirecionamento da execução


fiscal em face dos sócios da pessoa jurídica?

c) Como se dá o exercício do contraditório por parte do responsável tributário? É necessária


a instauração de incidente processual prévio?

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 26/08/2017:
profcei.rodolfocursino@gmail.com - LIMITE 30 LINHAS

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 128


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PROFESSORA: MARIANNA MOTTA


E-mail: profcei.mariannamotta@gmail.com

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

QUESTÃO 2. Considerando o instituto da desconsideração da personalidade jurídica, redija


um texto dissertativo acerca do seu eventual cabimento no âmbito da Justiça do Trabalho.

Em seu texto,

1 – cite a origem e as hipóteses legais em que é cabível a desconsideração da personalidade


jurídica nos diplomas legislativos nacionais;

2 – discorra sobre a interpretação do TST a respeito (IN nº 39/2016);

3 – aborde o instituto sob as inovações trazidas pela reforma trabalhista (Lei nº 13.467/2017).

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 26/08/2017:
profcei.mariannamotta@gmail.com - LIMITE 30 LINHAS

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 129


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PEÇA JUDICIAL

ORIENTAÇÃO: Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com
agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.

PROFESSOR: RUBENS VENTURA


E-mail: profcei.rubensventura@gmail.com

DIREITO CIVIL

»» Ponto do edital abordado: Direito civil: 7 Da posse. Legislação sobre ensino: 1


A educação na Constituição da República Federativa do Brasil. Direito Processual
Civil: 29 Ações possessórias. Imissão, manutenção e reintegração de posse. Interdito
proibitório.

No dia 31/07/2017, integrantes do movimento estudantil invadiram o prédio público da


reitoria da Universidade Federal Fluminense, ocupando todas as repartições da instituição. A
invasão, motivada por ideais político-partidários, ocasionou a total paralisação das atividades
acadêmicas e administrativas. Após frustrada a tentativa de negociação com os invasores,
João da Silva, líder do movimento estudantil, em documento dirigido ao reitor da universidade
acompanhado de “abaixo assinado” elaborado pelos envolvidos, consignou que:

“A regular ocupação das repartições administrativas da instituição, promovida pelo


movimento estudantil, está amparada no princípio da autonomia universitária,
insculpido no artigo 207, bem como no direito fundamental de manifestação, previsto
no artigo 5º, incisos IV e XVI, ambos da CF/88. A universidade é um lugar para
ampla discussão de ideias, sendo legítimo que o movimento estudantil se utilize
do espaço público para promovê-la. Por esse motivo, não haverá desocupação do
prédio da reitoria, e, ainda, haverá nova invasão caso haja retirada a manu militari
dos estudantes”.

Em ofício expedido à Procuradoria-Geral Federal em 15/08/2017, acompanhado de diversas


fotos antes e depois da invasão, boletim de ocorrência, e cópia da folha de pagamento
dos funcionários da universidade, a reitoria informa que “a situação é preocupante, pois
portas foram quebradas e houve pichação do salão nobre e da galeria dos ex-Reitores, confisco
das chaves do prédio e uso de móveis e utensílios para criar barricadas, totalizando um prejuízo
estimado em R$ 122.000,00, além do impedimento de professores e técnicos de exercerem suas
funções, a despeito de a universidade ter de permanecer remunerando referidos servidores. Nesse

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sentido, alguma medida judicial urgente deve ser tomada”.

Tendo sido designado para oficiar no caso, na qualidade de procurador federal, elabore a
medida judicial em toda a extensão cabível, abordando necessariamente a aplicação dos
conceitos de princípio da autonomia universitária e de ação coletiva passiva em relação ao
caso concreto.

Dispense o relatório.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 26/08/2017:
profcei.rubensventura@gmail.com - LIMITE 150 LINHAS

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NOME:_________________________________________________________________________________________________

CURSO: CEI-PROCURADOR FEDERAL 2017 - 1ª RODADA

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MATÉRIA: _____________________________________ PEÇA JUDICIAL DATA: _____/_____/_____

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NOME:_________________________________________________________________________________________________

CURSO: CEI-PROCURADOR FEDERAL 2017 - 1ª RODADA


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MATÉRIA: _____________________________________ QUESTÃO Nº: _________ DATA: _____/_____/_____

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