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Grupo de Projeto de Trabalho Colaborativo para a elaboração de um referencial de boas práticas na prestação

de cuidados de saúde nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI)

Referencial de boas
práticas na prestação
de cuidados de saúde
nas Estruturas
Residenciais para
Pessoas Idosas
GRUPO DE TRABALHO COLABORATIVO

documento de trabalho 26. janeiro.2022


Grupo de Projeto de Trabalho Colaborativo para a elaboração de um referencial de boas práticas na prestação
de cuidados de saúde nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI)

Grupo de Trabalho

Edite Soares Correia

Inspeção-Geral das Atividades em Saúde Helena Dias

Marília Pascoal

Ana Paula Revez

Instituto da Segurança Social, I.P. Cristina Caetano

Vanda Santos

Ordem dos Enfermeiros Luís Filipe Barreira

Helena Farinha (Setembro de


2021 a Fevereiro de 2022)
Ordem dos Farmacêuticos
Luís Lourenço (março de 2022
a outubro de 2022)

Alexandre Lourenço

Ordem dos Médicos Alberto Costa

Álvaro Ferreira Silva

Carla Gonçalves

Ordem dos Nutricionistas Paulo Niza

Tânia Cordeiro

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Grupo de Projeto de Trabalho Colaborativo para a elaboração de um referencial de boas práticas na prestação
de cuidados de saúde nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI)

Sumário Executivo

O presente Referencial de Boas Práticas na Prestação de Cuidados de Saúde consubstancia


o resultado do trabalho colaborativo desenvolvido entre as entidades inspetivas/fiscalizadoras
do setor da saúde e do setor social e as Ordens Profissionais, representadas no grupo de
trabalho criado com a finalidade de integrar, num documento acessível a todos, as boas
práticas reconhecidas e recomendadas para cada uma das áreas multidisciplinares
envolvidas na prestação de cuidados de saúde nas estruturas residenciais para pessoas
idosas, face à escassez de normas e orientações de aplicação universal.
Ao longo deste documento que se encontra estruturado em sete capítulos são enunciadas as
boas práticas que devem orientar a prestação de diferentes modalidades de cuidados de
saúde que envolvem, predominantemente, a prestação de cuidados de enfermagem,
cuidados médicos, nutrição, bem como, em menor escala, a atividade farmacêutica, na ótica
da melhoria contínua do processo de cuidados.
O referencial tem como principal propósito permitir às estruturas residenciais para pessoas
idosas adaptar a sua cultura organizacional, os seus processos e procedimentos, potenciando
a qualidade de vida e ganhos em saúde das pessoas idosas, através de uma prestação de
cuidados de saúde adequada e segura, constituindo ainda um instrumento de apoio ao
exercício das competências das diferentes entidades e autoridades envolvidas.
No capítulo dedicado à gestão integrada de cuidados preconiza-se, designadamente, que o
planeamento e prestação de cuidados não pode ser isolado, devendo garantir a intervenção
dos diferentes serviços, unidades da segurança social, o envolvimento e participação da
família/cuidador e garantir a intervenção dos serviços e unidades de saúde geograficamente
competentes, essenciais para permitir a equidade no acesso aos cuidados de saúde, a
identificação de medidas de prevenção da doença e promoção da saúde, bem como prevenir
e sinalizar as situações de negligência.
Por imperativo legal o modelo de prestação de cuidados assenta num plano individual de
cuidados, pelo que, em capítulo autónomo, é recomendada a participação interdisciplinar de
todos os profissionais intervenientes na prestação de cuidados e o envolvimento dos
residentes e das respetivas famílias no processo de cuidar. São definidas, de acordo com as
diferentes áreas de atuação, as medidas preventivas e boas práticas, incluindo, a avaliação e
as intervenções da responsabilidade do médico assistente e salientada a importância da
vigilância do estado de saúde e da realização de rastreios à população idosa, seja nos termos
definidos, seja sempre que o estado de saúde da pessoa idosa o exija ou recomende.
De igual modo, no plano da avaliação e intervenções de enfermagem, para além da
obrigatoriedade do planeamento de cuidados, da avaliação inicial e contínua, são enunciadas
boas práticas, recomendando-se, designadamente, que o plano individual de cuidados

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contemple registos completos e claros dos serviços prestados, inclua a avaliação inicial e
regular do grau de dependência, do risco de queda, do risco de ulcera de pressão, do risco
de desidratação que, neste último caso, pode ser um sintoma de malnutrição. No mesmo
capítulo é também dedicada particular atenção à avaliação e intervenção nutricional, face à
obrigatoriedade de garantir que as necessidades nutricionais das pessoas idosas são
satisfeitas de acordo com a sua condição clínica, recomendando-se a identificação do risco
nutricional, seguida da avaliação e intervenção no estado nutricional dos utentes, bem como
a sua monitorização e registo dos resultados.
De idêntica forma se destaca a área do medicamento e farmácia, salientando a urgência na
modificação do paradigma de cuidados de saúde neste contexto, no qual muitas das pessoas
idosas exibem pluripatologias e estão polimedicadas, apresentando um risco acrescido para
problemas relacionados com a sua medicação, requerendo, em consequência, intervenções
pluridisciplinares. São enunciadas as boas práticas relacionadas com o aprovisionamento,
distribuição/dispensa de produtos farmacêuticos, otimização da terapêutica medicamentosa,
educação e informação sobre medicamentos e enunciadas recomendações associadas às
boas práticas.
No plano da segurança do doente, considera-se essencial a implementação de uma política
de prevenção e controlo de infeções associadas à prestação de cuidados, devidamente
articulada com as unidades de saúde pública, responsáveis pela sua monitorização e
avaliação anuais, boas práticas no âmbito do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções
e de Resistência aos Antimicrobianos, bem como a existência de uma política de saúde
ambiental e desinfeção conhecida por todos e efetivamente implementada.

O referencial aborda igualmente as políticas e procedimentos de preparação para atuação em


caso de emergência, salientando a necessidade de uma política de comunicação,
monitorização e avaliação destinada a todos os profissionais envolvidos, processos de gestão
e manutenção dos equipamentos, medicamentos e material de consumo clínico.
Por fim, para alcançar o desiderato pretendido recomenda-se o desenvolvimento e
implementação de uma plataforma digital que garanta a centralização de informação de
saúde, clínica e social e um sistema que garanta de forma efetiva o cumprimento das normas
quanto ao acesso à informação de saúde e clínica, bem como a confidencialidade e
privacidade dos dados registados, defendendo-se que, no atual contexto, os sistemas de
informação devem integrar três áreas essenciais: sistemas de registo e articulação; sistema
de partilha e interoperabilidade e sistemas de telessaúde.
O presente referencial será revisto quando as entidades envolvidas na sua elaboração
considerem necessário ou quando existam alterações significativas no enquadramento legal
aplicável.

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Índice

Grupo de Trabalho ............................................................................................................................ i


Sumário Executivo ........................................................................................................................... ii
Índice ................................................................................................................................................. iv
Índice de quadros e figuras.......................................................................................................... viii
Siglas e acrónimos .......................................................................................................................... ix
Glossário ............................................................................................................................................ x
Capítulo I: Introdução.....................................................................................................................15
1.1. Descrição do projeto ............................................................................................................. 16
1.2. Finalidade................................................................................................................................ 17
1.3. Resultados .............................................................................................................................. 17
Capítulo II: Enquadramento ..........................................................................................................18
2.1. Caracterização das respostas sociais para pessoas idosas .......................................... 21
2.2. Caracterização dos utentes em respostas sociais para pessoas idosas ..................... 23
2.3. Funções de direção e gestão............................................................................................... 25
Capítulo III: Gestão Integrada de Cuidados ...............................................................................27
3.1. Articulação com os serviços de saúde ............................................................................... 30
3.2. Saúde mental ......................................................................................................................... 31
Capítulo IV: Plano Individual de Cuidados .................................................................................33
4.1. Família / Cuidador ................................................................................................................. 33
4.2. Intervenções da Equipa Interdisciplinar ............................................................................. 34
4.2.1. Precauções / Fatores de Risco ..................................................................................... 35
4.2.2. Atendimento na Ocorrência de Queda (médico/enfermeiro) .................................... 35
4.3. Avaliação e Intervenções Médicas ..................................................................................... 36
4.3.1. Avaliação Geriátrica ........................................................................................................ 36
4.3.2. Exame objetivo ................................................................................................................ 37
4.3.3. Intervenções médicas ..................................................................................................... 37
4.4. Avaliação e Intervenções de Enfermagem: Planeamento de cuidados ........................ 38
4.4.1. Avaliação inicial e contínua............................................................................................ 38
4.4.2. Avaliação de grau de dependência, risco de queda e úlcera de pressão .............. 39

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4.4.3. Aplicação de medidas de contenção ............................................................................ 40


4.4.4. Preparação e administração de terapêutica................................................................ 41
4.4.5. Alimentação e hidratação ............................................................................................... 41
4.4.6. Autocuidados.................................................................................................................... 42
4.4.7. Registos de enfermagem ............................................................................................... 43
4.4.8. Princípios ético-deontológicos ....................................................................................... 43
4.5. Avaliação e Intervenção Nutricional: Planeamento de Cuidados .................................. 44
4.5.1. Alimentação ...................................................................................................................... 44
4.5.2. Hidratação ........................................................................................................................ 45
4.5.3. Cuidado Nutricional ......................................................................................................... 45
4.6. Área do Medicamento e Farmácia ...................................................................................... 47
4.6.1. Aprovisionamento e distribuição/dispensa de Produtos Farmacêuticos ................ 47
4.6.2. Otimização da Terapêutica Medicamentosa ............................................................... 48
4.6.3. Educação e informação sobre medicamentos ............................................................ 48
4.6.4. Segurança do Doente ..................................................................................................... 49
4.7. Outros cuidados assistenciais ............................................................................................. 49
Capítulo V: Consentimento Informado ........................................................................................51
5.1. No âmbito da ERPI ................................................................................................................ 51
5.2. No âmbito da prestação de cuidados de saúde................................................................ 51
Capítulo VI: Plano de Contingência .............................................................................................55
6.1. Prevenção e controlo de infeção associada à prestação de cuidados ......................... 55
6.2. Ecologia, saúde ambiental e desinfeção ........................................................................... 58
6.3. Gestão de resíduos ............................................................................................................... 59
6.4. Atuação em emergência e anafilaxia ................................................................................. 61
6.4.1.Anafilaxia: diagnóstico, tratamento e equipamento .................................................... 61
6.5. Material e equipamento necessário para prestação de cuidados de saúde ................ 61
Capítulo VII: Sistemas de Informação .........................................................................................62
7.1. Sistemas de registo e articulação ....................................................................................... 62
7.2. Sistema de partilha: interoperabilidade .............................................................................. 63
7.3. Sistemas de telessaúde........................................................................................................ 63
Capítulo VIII: Confidencialidade, privacidade e proteção de dados .......................................65
Referências .....................................................................................................................................66
Anexo I - Referencial normativo e documental ..........................................................................72

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1.Referencial normativo................................................................................................................ 72
2.Referencial documental............................................................................................................. 73
3.Referencial COVID-19 ............................................................................................................... 74
Anexo II - Vigilância e rastreios ....................................................................................................76
1.Rastreios Oncológicos .............................................................................................................. 76
1.1. Rastreio do Cancro do Cólon e Reto ............................................................................... 76
1.2. Rastreio do Cancro da Mama ........................................................................................... 76
1.3. Rastreio do Cancro da Próstata ....................................................................................... 77
2.Vigilância em utentes com fatores de risco cardiovasculares ............................................ 77
2.1. Rastreio de Hipertensão arterial em Adultos .................................................................. 77
2.2. Rastreio de Diabetes em Adultos ..................................................................................... 78
2.3. Rastreio de Dislipidemia em Adultos ............................................................................... 79
2.4. Vigilância do utente Hipertenso sem complicações ...................................................... 79
2.5. Vigilância do utente com Diabetes mellitus .................................................................... 80
2.6. Vigilância do utente com Dislipidemia ............................................................................. 81
2.7. Vigilância do utente com Insuficiência Cardíaca ........................................................... 81
3.Vigilância do utente com Doenças Respiratórias.................................................................. 81
3.1. Vigilância do utente com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica................................. 81
3.2. Vigilância do utente com Asma ........................................................................................ 82
4.Rastreio da Osteoporose .......................................................................................................... 82
5.Vigilância do utente com Demência ........................................................................................ 82
5.1. Intervenção nos fatores de risco modificáveis na demência ....................................... 83
5.2. Planeamento de cuidados ................................................................................................. 83
5.3. Intervenção terapêutica ..................................................................................................... 83
5.4. Formação ............................................................................................................................. 83
6.Rastreio de Risco Nutricional ................................................................................................... 84
6.1. Vigilância do utente com obesidade ................................................................................ 84
6.2. Vigilância do utente em risco nutricional ......................................................................... 84
Anexo III - Boas Práticas sobre medicamentos e outras tecnologias de saúde ..................85
Anexo IV – Anafilaxia: Diagnóstico, Tratamento e Equipamento .......................................... 87
Anexo V – Equipamento e mobiliário específico para prestação de cuidados de saúde .. 94
Anexo VI - Manifestação de interesse ........................................................................................95

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Índice de quadros e figuras

Figura 1: Evolução do número das principais respostas para as pessoas idosas em Portugal
Continental entre 2000 - 2020 ..............................................................................................22

Figura 2: Taxa de cobertura das principais respostas sociais para pessoas idosas por
Concelho, 2020 ....................................................................................................................23
Figura 3: Distribuição percentual dos utentes das principais respostas sociais para as
Pessoas Idosas por escalão etário, Portugal Continental 2020 ............................................24
Figura 4: percentagem de utentes com complementos por dependência em ERPI ..............24
Figura 5: percentagem de utentes com dependência em ERPI, desagregado por intervalo de
idade ....................................................................................................................................25

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Siglas e acrónimos

ACES - Agrupamentos de Centros de Saúde


AIVD - Atividades Instrumentais de Vida Diária
ARS, I.P. - Administração Regional de Saúde, I.P.
AVD - Atividades de Vida Diária
CNECV - Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida
DGS - Direção-Geral da Saúde

ECCI - Equipas de Cuidados Continuados Integrados


EFSA - European Food Safety Authority
ERPI - Estrutura Residencial para Pessoas Idosas
IGAS - Inspeção-geral das Atividades em Saúde
INE, I.P. - Instituto Nacional de Estatística, I.P.
ISS, I.P. - Instituto da Segurança Social, I.P.
OE - Ordem dos Enfermeiros
OF - Ordem dos Farmacêuticos
OM - Ordem dos Médicos
OMS - Organização Mundial de Saúde
ON - Ordem dos Nutricionistas
RNCCI - Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados
SNS - Serviço Nacional de Saúde
ULS - Unidades Locais de Saúde

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Glossário

«Atividades de Vida Diária (AVD)»


Atividades básicas necessárias à vida, as quais incluem higiene, alimentação, eliminação e
mobilização. Existem vários instrumentos para a sua avaliação que permitem determinar a
capacidade de realização dessas atividades de forma independente.

«Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD)»

Atividades da vida diária nas vertentes de funcionamento cognitivo e social, as quais incluem
ir às compras, cozinhar, efetuar as tarefas de casa, gerir o dinheiro, tomar medicamentos e
utilizar o telefone.

«Cuidados continuados integrados»


O conjunto de intervenções sequenciais de saúde e ou de apoio social, decorrente de
avaliação conjunta, centrado na recuperação global entendida como o processo terapêutico
e de apoio social, ativo e contínuo, que visa promover a autonomia melhorando a
funcionalidade da pessoa em situação de dependência, através da sua reabilitação,
readaptação e reinserção familiar e social (Assembleia da República, 2012).

«Dependência»
A “(…) situação em que se encontra a pessoa que, por falta ou perda de autonomia física,
psíquica ou intelectual, resultante ou agravada por doença crónica, demência orgânica,
sequelas pós-traumáticas, deficiência, doença severa e ou incurável em fase avançada,
ausência ou escassez de apoio familiar ou de outra natureza, não consegue, por si só, realizar
as atividades da vida diária” (Ministério da Saúde, 2006).

“Destinatários [das ERPI]”


As estruturas residenciais destinam-se “à habitação de pessoas com 65 ou mais anos que,
por razões familiares, dependência, isolamento, solidão ou insegurança, não podem
permanecer na sua residência”, conforme artigo 5.º da Portaria n.º 67/2012, de 21 de março,
podendo ainda “destinar-se a pessoas adultas de idade inferior a 65 anos, em situações de
exceção devidamente justificadas”.

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Para além do referido, a estrutura residencial destina-se, nos termos do n.º 3 do citado artigo
5.º “a proporcionar alojamento em situações pontuais, decorrentes da ausência, impedimento
ou necessidade de descanso do cuidador”.

«Doença crónica»
A “doença de curso prolongado, com evolução gradual dos sintomas e com aspetos
multidimensionais, potencialmente incapacitante, que afeta, de forma prolongada, as funções
psicológica, fisiológica ou anatómica, com limitações acentuadas nas possibilidades de
resposta a tratamento curativo, mas com eventual potencial de correção ou compensação e
que se repercute de forma acentuadamente negativa no contexto social da pessoa por ela
afetada” (Ministério da Saúde, 2006).

«Domicílio»
A “residência particular, o estabelecimento ou a instituição onde habitualmente reside a
pessoa em situação de dependência” (Ministério da Saúde, 2006).

“Equipas de Cuidados Continuados Integrados (ECCI)”


São equipas “… multidisciplinar[es] destinada[s] à prestação de serviços domiciliários,
decorrentes da avaliação integral, de cuidados médicos, de enfermagem, de reabilitação e de
apoio social, ou outros, a pessoas em situação de dependência funcional, doença terminal ou
em processo de convalescença, com rede de suporte social, cuja situação não requer
internamento, mas que não podem deslocar-se de forma autónoma” (Ministério da Saúde,
2006), e que requerem (Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e Saúde,
2017):
a) frequência de prestação de cuidados de saúde superior a 1 vez por dia, ou, prestação
de cuidados de saúde superior a 1 hora e 30 minutos por dia, no mínimo de 3 dias por
semana;
b) cuidados além do horário normal de funcionamento da equipa de saúde familiar,
incluindo fins de semana e feriados;
c) complexidade de cuidados que requeira um grau de diferenciação ao nível da
reabilitação;
d) necessidades de suporte e capacitação ao cuidador informal.
Com vista à prossecução da sua finalidade, as ECCI asseguram, designadamente (Ministério
da Saúde, 2006):

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a) “cuidados domiciliários de enfermagem e médicos (preventivos, curativos,


reabilitadores ou paliativos), de acordo com as necessidades clínicas detetadas;
b) cuidados de reabilitação;
c) apoio psicossocial e de terapia ocupacional, envolvendo os familiares e outros
prestadores de cuidados;
d) educação para a saúde aos doentes, familiares e cuidadores;
e) apoio na satisfação das necessidades básicas;
f) apoio no desempenho das atividades da vida diária;
g) coordenação e gestão de casos com outros recursos de saúde e sociais”.

“Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI)”


Os “estabelecimentos[s] para alojamento coletivo, de utilização temporária ou permanente,
em que sejam desenvolvidas atividades de apoio social e prestados cuidados de
enfermagem”, conforme artigo 1.º da Portaria n.º 67/2012, de 21 de março.
Estas estruturas visam, “a promoção, a inclusão e a participação na comunidade,
independentemente do maior ou menor grau de autonomia/dependência do idoso e de este
se encontrar a residir na sua habitação ou numa instituição” (Ministério do Trabalho,
Solidariedade e Segurança Social. Gabinete de Estratégia e Planeamento, 2019, p. 43)
Constituem, ainda, objetivos destas estruturas, designadamente, os seguintes (Ministério da
Solidariedade e da Segurança Social, 2012):
a) Proporcionar serviços permanentes e adequados à problemática biopsicossocial
das pessoas idosas;

b) Contribuir para a estimulação de um processo de envelhecimento ativo;


c) Criar condições que permitam preservar e incentivar a relação intrafamiliar;
d) Potenciar a integração social.

«Funcionalidade»
A “capacidade que uma pessoa possui, em cada momento, para realizar tarefas de
subsistência, para se relacionar com o meio envolvente e para participar socialmente”
(Ministério da Saúde, 2006).

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«Interdisciplinaridade»
Abordagem prestada por profissionais de diferentes áreas, em estreita colaboração, centrada
na pessoa idosa que necessita de cuidados diferenciados e multidisciplinares, com vista à sua
recuperação e, ou manutenção de estado de saúde.

«Multidisciplinaridade»
Refere-se à complementaridade de atuação entre diferentes especialidades profissionais
(Ministério da Saúde, 2006).

«Plano Individual de Cuidados (PIC)»


É um instrumento que permite uma melhor gestão dos cuidados de saúde de que as pessoas
idosas necessitam, e que deve conter o registo das atividades a desenvolver, o registo dos
serviços e cuidados prestados e a identificação dos responsáveis pela elaboração, avaliação
e revisão do PIC (Ministério da Solidariedade e da Segurança Social, 2012).
A Unidade de Missão para os Cuidados Continuados Integrados define-o como um documento
dinâmico baseado na avaliação que orienta a frequência e os serviços de saúde e/ou apoio
social que um utente recebe. Tem por objetivo individualizar os cuidados e facilitar a sua
continuidade. A sua elaboração decorre de um Plano Individual de Intervenção multidisciplinar
(Unidade de Missão para os Cuidados Continuados Integrados (UMCCI), 2011).

«Princípios de atuação das ERPI»


Na sua atuação, as ERPI regem-se pelos seguintes princípios (Ministério da Solidariedade e
da Segurança Social, 2012):
“a) Qualidade, eficiência, humanização e respeito pela individualidade;
b) Interdisciplinaridade;

c) Avaliação integral das necessidades do residente;


d) Promoção e manutenção da funcionalidade e da autonomia;
e) Participação e corresponsabilização do residente ou representante legal ou
familiares, na elaboração do plano individual de cuidados”.

«Serviço comunitário de proximidade»


Designa a “estrutura funcional criada através de parceria formal entre instituições locais de
saúde, de segurança social e outras comunitárias para colaboração na prestação de cuidados

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continuados integrados, constituído pelas unidades de saúde familiar, ou, enquanto estas não
existirem, pelo próprio centro de saúde, pelos serviços locais de segurança social, pelas
autarquias locais e por outros serviços públicos, sociais e privados de apoio comunitário que
a ele queiram aderir” (Ministério da Saúde, 2006).

“Serviços das ERPI”


Para além de outros, as ERPI prestam, designadamente, os serviços enunciados no artigo 8.º
da Portaria n.º 67/2012, de 21 de março, entre os quais:
a) A alimentação adequada às necessidades dos residentes;
b) Cuidados de higiene pessoal;
c) Tratamento de roupa;
d) Higiene dos espaços;
e) Atividades de animação sociocultural, lúdico-recreativas e ocupacionais que visem
contribuir para um clima de relacionamento saudável entre os residentes e para a
estimulação e manutenção das suas capacidades físicas e psíquicas;
f) Apoio no desempenho das atividades da vida diária;
g) Cuidados de enfermagem e outros cuidados de saúde adequados e necessários;
h) Administração de medicamentos.
Para além dos serviços, a ERPI deve permitir:

a) A convivência social, através do relacionamento entre os residentes e destes com os


familiares e amigos, com os cuidadores e com a própria comunidade, de acordo com
os seus interesses;
b) A participação dos familiares ou representante legal, no apoio ao residente sempre
que possível e desde que este apoio contribua para um maior bem-estar e equilíbrio
psicoafectivo do residente.

Podem, ainda, ser disponibilizados outro tipo de serviços, visando a melhoria da qualidade de
vida da pessoa idosa, nomeadamente, fisioterapia, hidroterapia, cuidados de imagem e
transporte.

A estrutura residencial deve ainda permitir a assistência religiosa, sempre que a pessoa idosa
o solicite, ou, na incapacidade deste, a pedido dos seus familiares ou representante legal.

documento revisto em 26. outubro.2022 xiv


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de cuidados de saúde nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI)

Capítulo I: Introdução

A prestação de cuidados de saúde no contexto das Estruturas Residências para Pessoas


Idosas (ERPI), a sua adequação, segurança e qualidade, constituem um elemento de especial
importância, tal e como decorre do enunciado na Portaria n.º 67/2012, de 21 de março.
No contexto das suas atribuições, compete ao Instituto da Segurança Social, I.P. (ISS, I.P.),
e à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), o desenvolvimento de ações de
monitorização e fiscalização destas estruturas quer quanto ao cumprimento das disposições
normativas e orientações aplicáveis, quer no que se refere às condições e qualidade dos
cuidados de saúde prestados por pessoas singulares e coletivas que atuam neste âmbito.
Conscientes da necessidade de dotar este setor de uma cultura de melhoria contínua que
permita às estruturas residenciais adaptar a sua cultura organizacional, os seus processos e
procedimentos, potenciando a qualidade de vida e ganhos em saúde das pessoas idosas,
através de uma prestação de cuidados de saúde adequada e segura, a presente iniciativa
destina-se, de igual forma, a constituir um instrumento de apoio ao exercício das
competências das diferentes entidades e autoridades envolvidas.
A diversidade e especificidades que os cuidados de saúde adequados às pessoas idosas
residentes nestas estruturas exigem, assim como a escassez de normas e orientações de
aplicação universal, têm sido reconhecidas como uma barreira que dificulta a atuação das
entidades envolvidas na sua fiscalização e acompanhamento, bem como constitui, em
inúmeras situações, uma importante barreira de acesso a cuidados de saúde adequados e
atempados, da população residente em ERPI.
O reconhecimento da necessidade de integrar, num documento acessível a todos, as boas
práticas reconhecidas e recomendadas para cada uma das áreas multidisciplinares
envolvidas na prestação de cuidados de saúde, esteve na origem do projeto de trabalho
colaborativo, resultante de um esforço conjunto entre o ISS,IP., a IGAS e as Ordens
Profissionais da Saúde, Ordem dos Enfermeiros (OE), Ordem dos Farmacêuticos (OF),
Ordem dos Médicos (OM) e Ordem dos Nutricionistas (ON), entidades que detêm as
competências e conhecimentos necessários à elaboração de normas técnicas, princípios e
regras deontológicas próprias de cada uma das disciplinas clínicas envolvidas na elaboração
de um referencial de boas práticas na prestação de cuidados de saúde.
Assumindo a proteção da pessoa idosa e as suas necessidades de cuidados como elemento
central desta vertente de um sistema que congrega a proteção social e a proteção na saúde
de uma população particularmente vulnerável, o presente referencial pretende contribuir para
implementar, em cada ERPI, uma abordagem vocacionada para a recuperação e manutenção

documento de trabalho 26. janeiro.2022 15


Grupo de Projeto de Trabalho Colaborativo para a elaboração de um referencial de boas práticas na prestação
de cuidados de saúde nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI)

dos melhores níveis de saúde possíveis de cada pessoa idosa, bem como para o
desenvolvimento de uma cultura de aprendizagem nesta área.
A pandemia COVID-19 tornou evidente a vulnerabilidade dos sistemas dirigidos aos mais
idosos, que se encontram fragmentados e mal monitorizados, por falta de uma perspetiva
integrada, o que resultou na propagação descontrolada da infeção e de taxas de mortalidade
devastadoras para a população idosa, mais frágil e com mais comorbilidades, com impactos
significativos para o bem-estar e saúde dos utentes, dos cuidadores, das famílias e das suas
comunidades (União Europeia; Comissão Europeia, 2021a).
O impacto desproporcionado da pandemia nas pessoas idosas – em termos de
hospitalizações e mortes – evidenciou alguns dos desafios que o envelhecimento da
população coloca aos setores da saúde e da proteção social (União Europeia; Comissão
Europeia, 2021a), entre eles o de uma maior adequação dos cuidados de saúde prestados,
para o qual esperamos que este referencial constitua uma mais-valia, em particular no que se
refere à integração de melhores práticas na operacionalização e atuação de todos os
intervenientes.

1.1. Descrição do projeto


Em termos gerais, as ERPI integram nas suas atividades e serviços disponíveis a prestação
de diferentes modalidades de cuidados, envolvendo, predominantemente, a prestação de
cuidados de enfermagem, cuidados médicos, nutrição, bem como, em menor escala, a
atividade farmacêutica, entre outras.
Os cuidados e serviços enunciados, agrupados no conceito abrangente de “prestação de
cuidados de saúde”, poderão aumentar a sua efetividade e eficiência se forem geridos,
avaliados e fiscalizados de acordo com as melhores práticas evidenciadas para estas
estruturas, as quais deverão constituir-se como padrão para a melhoria contínua do processo
de cuidados.
Para que este propósito se concretize, é necessário que as ERPI, os seus profissionais e as
diferentes entidades envolvidas, em particular o ISS, I.P. e a IGAS, sejam dotadas dos
conhecimentos e instrumentos necessários, incorporando saberes próprios das diferentes
áreas clínicas envolvidas na prestação de cuidados de saúde e detidos pelas Ordens
Profissionais.

A saúde envolve, simultaneamente, diferentes dimensões (biológica, psicológica, social,


cultural, entre outras) e componentes, exigindo uma abordagem multicausal e
multidimensional (Tavares, 2017), assente num sistema prestador organizado em torno de um
elemento central – a pessoa idosa – entendida como um todo no contexto de uma visão
holística e de abordagem mais ampla e dirigida para a recuperação ou manutenção dos
melhores níveis de saúde possíveis face aos processos de envelhecimento.

documento revisto em 26. outubro.2022 16


Grupo de Projeto de Trabalho Colaborativo para a elaboração de um referencial de boas práticas na prestação
de cuidados de saúde nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI)

A construção de um Referencial de Boas Práticas na Prestação de Cuidados de Saúde,


centrado nas necessidades de cuidados das pessoas idosas, deve espelhar, na visão do
Grupo de Trabalho Colaborativo, a amplitude, multidisciplinaridade e interdisciplinaridade
referidas, identificando as diferentes áreas de atuação e as boas práticas recomendadas em
cada uma das áreas clinicas envolvidas, enunciadas de acordo com as competências
atribuídas à Ordem dos Enfermeiros (OE), à Ordem dos Farmacêuticos (OF), à Ordem dos
Médicos (OM) e à Ordem dos Nutricionistas (ON) , quer quanto à autorregulação das
profissões, quer no que se refere ao desenvolvimento da sua capacidade técnica e científica.
Pretende-se que o projeto de trabalho colaborativo para a criação de um Referencial de Boas
Práticas na Prestação de Cuidados de Saúde nas ERPI, assente no referencial normativo e
documental existente (Anexo I), seja um instrumento de apoio, não apenas ao exercício das
competências de cada uma destas entidades, mas sobretudo à melhoria da prestação de
cuidados de saúde e ao desenvolvimento de uma cultura de aprendizagem nesta área.

1.2. Finalidade
O presente projeto tem como objetivo a criação de um Referencial de Boas Práticas na
Prestação de Cuidados de Saúde nas ERPI, centrado na pessoa idosa, baseado na
integração de cuidados e no conhecimento partilhado pelas entidades envolvidas,
identificando práticas inovadoras com resultados comprovados e aproveitando as
oportunidades proporcionadas pelas tecnologias digitais.
De idêntica forma, pretende-se que o Referencial que se apresenta sustente processos de
mudança, necessários em todos os setores, contextos e realidades, com vista à
implementação de uma política de “melhor cuidado”.

1.3. Resultados
a) Referencial de Boas Práticas na Prestação de Cuidados de Saúde nas ERPI, com
vista a potenciar a melhoria contínua do processo de cuidados e a apoiar as atividades
inspetivas;
b) Plano de capacitação destinado a promotores/as, diretores/as técnicos/as e aos
colaboradores das ERPI;
c) Plano de comunicação do Referencial de Boas Práticas na Prestação de Cuidados de
Saúde nas ERPI.

documento revisto em 26. outubro.2022 17


Grupo de Projeto de Trabalho Colaborativo para a elaboração de um referencial de boas práticas na prestação
de cuidados de saúde nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI)

Capítulo II: Enquadramento

O envelhecimento constitui, para as sociedades contemporâneas desenvolvidas, uma


questão cada vez mais central, assumindo reflexos, consequências e implicações num
espectro cada vez mais amplo e diverso de dimensões da vida social. Com efeito, o
envelhecimento, que é “à partida simplesmente demográfico, de transformação das estruturas
de população por idade e sexo, transformou-se em problema de economia e de organização
social.” (Guillemard, 1991) citado por (Santa Casa da Misericordia de Lisboa., [...]).

Este reconhecimento resulta evidenciado na versão final do relatório de atividades da


Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia (PPUE) - Resultados e iniciativas no
domínio dos Direitos Humanos-, sobre os Direitos das Pessoas Idosas, de 26 de outubro de
2021, e no qual os Estados-membros foram convidados a elaborar um quadro estratégico
nacional para a integração do envelhecimento nas políticas públicas para que as pessoas
idosas de toda a União Europeia possam realizar os seus direitos humanos e todo o seu
potencial (PORTUGAL, 2021).
Em Portugal, o efeito cumulativo da diminuição da mortalidade e da natalidade tem-se
traduzido no progressivo envelhecimento da população. Segundo o Instituto Nacional de
Estatística, IP. (INE, IP.), na informação disponibilizada na sua página eletrónica a 31 de
março de 2020, entre 2018 e 2080, a população idosa (mais de 65 anos) residente em
Portugal, passará de 2,2 milhões para 3,0 milhões (INE, IP, 2020).
De idêntica forma, refere o INE que o índice de envelhecimento quase duplicará em resultado
da diminuição da população jovem e do aumento da população idosa, podendo o índice de
sustentabilidade diminuir de forma acentuada em resultado do decréscimo da população ativa
a par do aumento da população idosa. “Este índice passará de 259 para 138 pessoas em
idade ativa, por cada 100 idosos, entre 2018 e 2080” (INE, IP, 2020).
O contributo dos sistemas de saúde para o desenvolvimento e alterações verificadas nas
sociedades modernas é inegável. O aumento da oferta de serviços de saúde, a introdução de
novas tecnologias e o aumento da qualidade de vida conseguidas através de medidas
preventivas e promotoras de saúde pública, foram fatores determinantes para a mudança
verificada no estado de saúde das populações e para o aumento da esperança media de vida.
A conjugação destes fatores e as suas implicações, estão na origem da transição
epidemiológica que colocou a prestação de cuidados no âmbito da doença crónica e do
envelhecimento no eixo central das políticas públicas e dos sistemas de saúde.
Segundo o “Retrato da Saúde de 2018”, em 2015, as doenças cérebro-cardiovasculares foram
responsáveis por 29,7% das mortes ocorridas em Portugal, já as doenças oncológicas

documento revisto em 26. outubro.2022 18


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de cuidados de saúde nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI)

apresentam um aumento muito significativo entre a população portuguesa, sendo a segunda


causa de morte (Ministério da Saúde, 2018, p. 23).
No mesmo documento, a hipertensão arterial surge como um dos principais fatores de risco
cardiovascular, afetando 36% dos portugueses entre os 25 e os 74 anos, enquanto a diabetes
afeta 10% da população portuguesa entre os 25 e os 74 anos, sobretudo homens e os grupos
etários com mais idade, cerca de 23,8% dos indivíduos entre os 65 e os 74 anos (Ministério
da Saúde, 2018).
Em 2006, Portugal implementou a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados
(RNCCI), criada pelo Decreto-Lei n.º 101/2006, de 6 de junho, com o objetivo de colmatar as
carências verificadas “ao nível dos cuidados de longa duração e paliativos, decorrentes do
aumento da prevalência de pessoas com doenças crónicas incapacitantes” (Ministério da
Saúde, 2006).
A RNCCI constitui uma resposta intermédia de cuidados de saúde e de apoio social, que se
situa entre os cuidados hospitalares e os cuidados de base na comunidade, entre os quais se
inserem os cuidados de saúde primários e as ERPI (Ministério da Saúde, 2006). A RNCCI
surge como uma resposta temporária de cuidados integrados de saúde e apoio da área social
para pessoas com dependência, com vista à reabilitação e recuperação da funcionalidade
para reintegração socio familiar ou em ERPI ou uma resposta permanente para manutenção
de cuidados a pessoas com doenças ou processos crónicos, com diferentes níveis de
dependência, com necessidade diária de cuidados de saúde diferenciados e que não reúnam
condições para serem cuidadas no domicílio ou em ERPI (Ministério da Saúde, 2006).
A necessidade de cuidados continuados integrados surge após um episódio de doença aguda
com sequelas de deficiências funcionais ou deriva do desenvolvimento gradual de doenças
crónicas e incapacitantes, com as fragilidades que se vão associando. Esta não é, nem pode
ser considerada, como uma resposta social em ERPI.

Tais necessidades podem ocorrer logo no nascimento ou surgir subitamente em qualquer


altura da vida, aumentando consideravelmente com a idade, representando as pessoas
idosas a percentagem mais elevada destes utentes. Em Portugal 85% dos doentes da RNCCI
têm idade superior a 65 anos (Ministério da Saúde; Ministério do Trabalho, Solidariedade e
Seguraça Social, 2016).
A parceria estabelecida entre os Ministérios do Trabalho e da Solidariedade Social e da
Saúde, no âmbito da RNCCI, possibilitou as dinâmicas de criação e fomento de respostas
multissectoriais, com o objetivo de promover a continuidade da prestação de cuidados de
saúde e apoio social a todo o cidadão que apresente dependência, com compromisso do seu
estado de saúde, ou em situação de doença terminal, sustentado por diversos stakeholders,
como entidades públicas (hospitais, centros de saúde, centros distritais do Instituto da

documento revisto em 26. outubro.2022 19


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Segurança Social, I.P.) sociais e privadas (da Rede Solidária e da rede lucrativa), tendo o
Estado por principal incentivador (Franco, 2019).
Neste contexto, o Plano Nacional de Saúde 2012-2016 previa, no âmbito das estratégias para
a saúde, “Ações e Recomendações para a promoção da cidadania em saúde”, a criação e
desenvolvimento de programas específicos na área da educação para a saúde, autogestão
da doença e capacitação dos cuidadores informais para a saúde e em particular no contexto
da gestão da doença crónica (Direção-Geral da Saúde, 2013).
Em julho de 2018, a Assembleia da República aprovou, sob a forma de Recomendação ao
Governo, a adoção de medidas de apoio aos cuidadores informais e a aprovação do seu
estatuto (Assembleia da República, 2016), recomendação esta concretizada pela entrada em
vigor da Lei n.º 100/2019, de 6 de setembro, que veio aprovar o Estatuto do Cuidador Informal
(Assembleia da República, 2019),e sua regulamentação, publicada no Decreto Regulamentar
n.º 1/2002, de 10 de janeiro (Presidência do Conselho de Ministros, 2022) .
O Cuidador não deverá substituir-se aos profissionais de saúde indicados para o
acompanhamento e, ou tratamento da situação clínico-funcional do doente, mas antes, prestar
apoio em articulação e com orientação de profissionais da área da saúde, solicitando apoio
sempre que necessário, e atuando como elemento central na preservação dos ganhos
funcionais obtidos pela intervenção dos agentes de saúde, conforme artigo 6.º do Estatuto do
Cuidador Informal, publicado em anexo à Lei n.º 100/2019, de 6 de junho (Assembleia da
República, 2019).
A crise financeira e económica veio obrigar a uma maior reflexão, evidenciando a necessidade
de otimizar a eficiência dos serviços, através de uma gestão mais rigorosa dos recursos
disponíveis.
É importante que todos sejamos conscientes de que se avizinham tempos difíceis em todas
as áreas e sectores, e muito particularmente nas áreas da proteção social e da saúde, pelo
que, a implementação de políticas de saúde e de proteção social que permitam desenvolver
ações mais próximas das pessoas idosas em situação de dependência, investindo no
desenvolvimento de cuidados de longa duração, qualificando e humanizando a prestação de
cuidados, potenciando os recursos localmente existentes e investindo em serviços de base
comunitária de proximidade, deve constituir um objetivo a atingir a curto e médio prazo. (World
Health Organization, 2021).

Para este efeito, poderá ser necessário o recurso a entidades e serviços de natureza privada,
reforçando o Serviço Nacional de Saúde (SNS) em áreas com menor capacidade de atuação,
salvaguardando o interesse público e trazendo novos recursos e potenciais inovações.

Deverá ser considerada a necessidade de criação de serviços de cuidados integrados,


especialmente na gestão de doenças crónicas, na disponibilização de mais cuidados
domiciliários e de proximidade, sendo a oferta destes cuidados adequada, tanto quanto

documento revisto em 26. outubro.2022 20


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de cuidados de saúde nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI)

possível, às necessidades concretas de cada região, de forma a garantir um acesso mais


uniforme em todas as regiões do país (World Health Organization, 2021).
A prestação de cuidados médicos e de enfermagem no domicílio já se encontra contemplada
em inúmeras cartas de compromisso no âmbito dos cuidados de saúde primários.
Verifica-se, no entanto, que as famílias são, cada vez mais, confrontadas com novas
necessidades de cuidados a dependentes a seu cargo, e em particular a pessoas idosas,
cuidados estes apenas prestados por profissionais de saúde habilitados, podendo ser
auxiliados por assistentes operacionais, sempre sob a sua supervisão e orientação,
Os profissionais são chamados a prestar cuidados de apoio direto a pessoas idosas no
domicílio e, ou em contexto institucional, zelando pelo seu bem-estar físico, psicológico e
social, de acordo com as orientações clínicas adequadas e as práticas recomendadas. Para
além do referido, tendo sido formalmente reconhecida a figura do Cuidador Informal e o seu
Estatuto, torna-se necessária a implementação de medidas concretas de capacitação,
literacia e apoio daqueles que venham a requerer o referido estatuto.
Em sentido similar, o Plano de Recuperação e Resiliência prevê no âmbito das Componentes
1 e 3, o reforço das ECCI e da RNCCI, em articulação com a requalificação e alargamento da
rede de respostas sociais, num modelo que “preconiza o desenvolvimento de uma nova
geração de respostas de proteção social” às pessoas idosas e, ou dependentes, baseada em
estruturas residenciais e respostas na comunidade, através de programas faseados que
abranjam promotores do sector público, social ou privado.

2.1. Caracterização das respostas sociais para pessoas idosas


As respostas sociais para pessoas idosas visam a satisfação de Atividades da Vida Diária
(AVD) e de Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD), assegurar a prevenção e
reparação das situações de carência e dependência, garantindo especial proteção aos grupos
mais vulneráveis, designadamente das pessoas idosas em situação de dependência ou de
carência económica ou social.
No que diz respeito às respostas sociais para pessoas idosas, no âmbito da Rede de Serviços
e Equipamentos Sociais (RSES) é possível identificar, nomeadamente:
• Centros de Dia
• Serviços de Apoio Domiciliário (SAD)
• Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI)
Globalmente estas respostas têm vindo a ter uma evolução significativa no que diz respeito
às taxas de cobertura, conforme é assinalado na Figura 1, sendo que as ERPI se encontram
entre aquelas que apresentam um maior crescimento em anos recentes (Gabinete de
Estratégia e Planeamento, 2021).

documento revisto em 26. outubro.2022 21


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de cuidados de saúde nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI)

Figura 1: Evolução do número das principais respostas para as pessoas idosas em Portugal
Continental entre 2000 - 2020

Fonte: (Gabinete de Estratégia e Planeamento, 2021)

Em termos territoriais, e conforme figura 2, verifica-se a existência de respostas sociais


destinadas à população idosa na totalidade dos concelhos do território continental.

documento revisto em 26. outubro.2022 22


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Figura 2: Taxa de cobertura das principais respostas sociais para pessoas idosas por
Concelho, 2020

Fonte: (Gabinete de Estratégia e Planeamento, 2021)

2.2. Caracterização dos utentes em respostas sociais para pessoas


idosas
No que diz respeito à caracterização dos utentes em ERPI e com base nos dados recolhidos
para a Carta Social, as pessoas com 75 ou mais anos representam 86% do total (Gabinete
de Estratégia e Planeamento, 2021).
Decorre desta carta que a resposta social das zonas Metropolitanas é quantitativamente
inferior à das áreas mais desprotegidas do interior, realçando a necessidade de termos
respostas diferenciadas para realidades muito diferentes.

documento revisto em 26. outubro.2022 23


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Acresce que em 63% dos casos, por Concelho ou Distrito, os utentes encontram-se
deslocados das suas zonas de residência.

Figura 3: Distribuição percentual dos utentes das principais respostas sociais para as Pessoas
Idosas por escalão etário, Portugal Continental 2020

Fonte: (Gabinete de Estratégia e Planeamento, 2021)

Quanto ao nível da capacidade para realização de atividades básicas da vida diária, os dados
reportados pelas entidades sugerem que é na resposta social de ERPI que existem níveis de
dependência mais elevados

Do cruzamento efetuado entre os dados dos utentes em ERPI e as pessoas que têm
complemento por dependência de 1.º e 2.º grau é possível, observar que mais de 65% dos
utentes que estão acolhidos em respostas com acordo de cooperação são dependentes.

Figura 4: percentagem de utentes com complementos por dependência em ERPI

Fonte: ISS, IP. /Instituto Informática,2021

documento revisto em 26. outubro.2022 24


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ERPI

45%
40%
35%
30%
25% Autónomo
20% Dependente
15%
10%
5%
0%
<65 66-79 80-94 >95

Figura 5: percentagem de utentes com dependência em ERPI, desagregado por intervalo de


idade

Fonte: ISS, IP. /Instituto Informática, 2021

2.3. Funções de direção e gestão


Apesar do presente projeto ter como objetivo a criação de um referencial de boas práticas na
prestação de cuidados de saúde nas ERPI, centrado no individuo e baseado na integração de
cuidados e no conhecimento partilhado pelas entidades envolvidas, a experiência no terreno
tem evidenciado a necessidade de clarificar a importância e o papel atribuído àqueles que,
nestas estruturas, desempenham funções de administração, gestão e direção.
No contexto nacional, as ERPI e os seus responsáveis, encontram-se vinculados a um dever
especial de proteção, vigilância e salvaguarda de todos aqueles que se encontram ao seu
cuidado, competindo a estes responsáveis desenvolver e implementar as condições
necessárias à proteção e segurança de todos os utentes, e em particular daqueles que não
podem viver de forma autónoma.

Decorre deste dever uma obrigação legal e contratual, concreta, de assegurar a prestação de
todos os cuidados adequados às necessidades das pessoas idosas, designadamente
alimentação, cuidados de higiene e conforto, de ocupação, médicos e de enfermagem, tal
como decorre da aplicação conjunta dos artigos 3.º, 4.º, 8.º e 9º da Portaria n.º 67/2012, de
21 de março, de cujo regime decorre ainda a disponibilização de serviços permanentes e
adequados à situação das pessoas idosas que aí se encontram internadas, conforme alínea
a) do artigo 3.º do citado diploma.

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Este dever geral de proteção, vigilância e salvaguarda que onera os responsáveis pelas ERPI
não é suscetível de ser afastado ou negado na sua concretização a todos e a cada um dos
utentes destas estruturas, impondo-se de forma particular a obrigação de proporcionar os
cuidados de saúde adequados às necessidades de cuidados identificadas de acordo com as
boas práticas recomendadas.
Para além do referido, o dever de garantir condições de saúde e segurança que permitam a
prestação de cuidados de saúde de acordo com a evidência disponível obriga a que, na
organização e gestão dos processos de trabalho e recursos existentes, as ERPI garantam a
existência de condições de trabalho que assegurem o respeito pela deontologia, princípios e
praxis das profissões envolvidas e da legislação em vigor, em particular, no que se refere ao
respeito pela autonomia técnica e científica de cada uma das profissões.

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Capítulo III: Gestão Integrada de Cuidados

No contexto das ERPI, a integração de cuidados deve abranger três dimensões essenciais, a
integração com os serviços e unidades no âmbito da segurança social, o envolvimento,
participação e responsabilização da família/cuidador de acordo com as suas características e
condições, bem como a articulação entre a atividade assistencial prestada na ERPI e os
serviços e unidades de saúde geograficamente competentes.
A prestação integrada de cuidados entre a saúde e a segurança social, de base comunitária,
na qual se situam as ERPI, é fundamental para a resiliência e equilíbrio dos sistemas, uma
vez que a fronteira de cada sector representa uma alteração a vários níveis, nomeadamente
nos incentivos financeiros, nos valores e cultura, no desenvolvimento dos processos e dos
organismos que regulam as respostas. Além disso, a falta de articulação de forma integrada
traduz-se na utilização de mais recursos, mas menos eficazes, assim como no aumento dos
custos (World Health Organization, 2021).
Para se alcançar uma melhoria do impacto dos cuidados, é imprescindível o investimento na
articulação entre a saúde e segurança social, de forma coordenada e centrada na pessoa e
nas suas necessidades de cuidado, para que seja encontrada a melhor resposta à satisfação
das suas necessidades.
A intervenção integrada a nível local permite, ainda, um melhor conhecimento da realidade,
respostas mais rápidas e eficientes e o desenvolvimento de soluções mais adequadas e de
proximidade, que são essenciais para os processos de tomada de decisão relativos ao bem-
estar das pessoas idosas.
Os vários níveis de cuidados não devem ser encarados como substitutos uns dos outros, mas
como complementares, interligados, cobrindo eficazmente as necessidades individualizadas
de cada utente, o qual deve ter a possibilidade de transitar numa dinâmica interdisciplinar, em
função das necessidades de saúde.
Dependendo das necessidades específicas de cada pessoa e das condições subjacentes que
conduzem à perda de funcionalidade, será necessária uma combinação de todos ou de alguns
destes serviços, que vão desde o apoio ambulatório, domiciliário, passando pelas instituições
residenciais para pessoas idosas, serviços de saúde e as unidades de cuidados continuados
integrados.
As boas práticas neste domínio reconhecem que as pessoas idosas não são um grupo
homogéneo, têm diferentes necessidades, preferências e oportunidades ao longo da sua vida,
que a violência contra estas pessoas pode manifestar-se de diversas formas, incluindo o
abandono e a negligência, ocorrendo frequentemente no ambiente doméstico ou em contexto
institucional, e que as expetativas e necessidades das pessoas idosas devem ser

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de cuidados de saúde nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI)

contempladas nos diferentes níveis de planeamento e decisão, assim como deve estar
assegurado o acesso a cuidados de proximidade, individualizados, centrados na pessoa e
integrados nos diferentes níveis de cuidados, com a sua participação e envolvimento.
A desejada abordagem integrada (mainstreaming) do envelhecimento implica não apenas
combater o idadismo nas suas diversas formas, mas também promover o acesso a cuidados
de qualidade e de longa duração, centrados na integralidade das pessoas e não na doença,
garantindo uma intervenção integrada das áreas da saúde e da segurança social que
contemple, também, as medidas previstas na estratégia para os direitos das pessoas com
deficiência 2021-2030, dando-se assim particular atenção às pessoas idosas com deficiência
(União Europeia.Comissão Europeia, 2021b).

O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) tem vindo a alertar para a
vulnerabilidade das pessoas idosas que residem em instituições coletivas, exigindo uma
particular atenção sobretudo ao fator “saúde mental”, defendendo que “a tutela da dignidade
da pessoa humana nesta fase da vida e nestas circunstâncias exige uma proteção acrescida
dos seus direitos e uma atenção especial aos aspetos relacionais dos cuidados” (CNECV,
2014).
Por seu turno, a Organização Mundial de Saúde (OMS), a propósito da estratégia para o
envelhecimento ativo, defende cuidados de proximidade para o envelhecimento, uma
abordagem centrada na pessoa e integrada, que garanta a promoção e vigilância da saúde,
a prevenção da doença, o diagnóstico e tratamento dos doentes e a reabilitação clínica e
social, salientando a necessidade de orientar os serviços para as necessidades das pessoas
idosas institucionalizadas (Organização Mundial de Saúde, 2015).

De acordo com o Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde de 2015 (Organização


Mundial de Saúde, 2015), os cuidados devem atender à existência de três subpopulações
diferentes de pessoas idosas, distinguindo aquelas com capacidade relativamente alta e
estável, das com declínio na capacidade, e das que apresentam perdas significativas da
capacidade.
Apesar de reconhecer que esses subgrupos não são rígidos nem cobrem o curso da vida de
cada pessoa maior, defende-se que, se as necessidades desses subgrupos forem atendidas,
a maioria das pessoas idosas terá sua capacidade funcional aumentada.
Assim, o quadro de saúde pública para o Envelhecimento Saudável identifica como objetivo
comum a otimização da capacidade funcional.
As quatro áreas prioritárias que podem ajudar a alcançar esse objetivo são as seguintes: 1.
alinhar os sistemas de saúde com este objetivo; 2. desenvolver sistemas de cuidados de longo
prazo; 3. criar ambientes favoráveis às pessoas idosas; 4. melhorar a medição, a
monitorização e a compreensão dos resultados.

documento revisto em 26. outubro.2022 28


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de cuidados de saúde nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI)

Para garantir o acesso a cuidados centrados nas pessoas idosas, os sistemas devem
conhecer e organizar-se em torno das suas necessidades e preferências, garantir o
envolvimento da família e consequente assunção da sua responsabilidade, de outros
cuidadores e da comunidade, integrar diferentes serviços e assegurar cuidados de longa
duração.
As principais ações que podem ajudar a alcançar esse objetivo são: a avaliação abrangente
da saúde das pessoas idosas, a elaboração de planos individuais de cuidados para otimizar
sua capacidade, o desenvolvimento de serviços de proximidade do local da sua residência
pessoal ou institucional, o fornecimento de serviços comunitários, a criação de estruturas de
serviços que promovam cuidados por equipas multidisciplinares, o apoio no autocuidado e o
aumento da literacia em saúde.
Para prestarem cuidados de saúde de qualidade e integrados, os profissionais de saúde
devem desenvolver competências gerontogeriátricas, bem como as competências
necessárias para trabalhar com sistemas de saúde, incluindo trabalho em equipa, tecnologias
de informação e comunicação.
Verifica-se, no contexto da prestação de cuidados de saúde, a inexistência de normativos e
orientações técnicas unificadoras e orientadoras no âmbito dos cuidados de saúde prestados
nas ERPI, contribuindo para a existência de uma heterogeneidade de procedimentos neste
âmbito, que urge começar a resolver. O contexto epidemiológico recente, veio evidenciar a
necessidade de agregar boas práticas dispersas, uniformizar os cuidados de saúde essenciais
a serem assegurados nas ERPI, incluindo quanto à identificação de medidas de prevenção
da doença e promoção da saúde.

No plano da saúde para o Outono-Inverno 2020-2021, é mencionada a necessidade de


identificar respostas locais, de forma a conhecer modelos positivos e soluções que possam,
com ou sem adaptações, contribuir para a melhoria da qualidade noutras unidades de saúde,
através da partilha sistemática de boas práticas (Ministério da Saúde. Direção-Geral da
Saúde, 2020).
Reconhece-se que as populações vulneráveis, em particular as pessoas idosas, constituem
uma prioridade de atuação, pelo que os referenciais e normativos específicos devem merecer
particular atenção à luz da melhor evidência disponível, assumindo-se como desígnios
prioritários de intervenção integrada nestas entidades, com vista a diminuir as desigualdades,
o acompanhamento das comorbilidades, os problemas de saúde mental e comportamentos
aditivos (incluindo a prevenção da violência ao longo do ciclo de vida), a par da promoção de
estilos de vida saudáveis, as medidas de saúde preventivas, com especial enfoque na
alimentação saudável e na atividade física.
Admite-se que, pelo menos parcialmente, o seguimento destas pessoas possa ser
assegurado por teleconsulta e telemonitorização e destaca-se a importância das visitas

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domiciliárias e respostas comunitárias de proximidade, reforçadas sobretudo para as


populações mais vulneráveis, independentemente do seu local de residência.

3.1. Articulação com os serviços de saúde


No contexto da prestação de cuidados integrados de saúde, e no que se refere à articulação
entre as equipas de saúde das ERPI e os serviços e unidades de saúde, pode considerar-se:

- O acompanhamento pelo ACES geograficamente competente, através das suas unidades


funcionais, em particular das unidades de saúde familiar, das unidades de cuidados na
comunidade e das unidades de cuidados de saúde personalizados ou de equipas constituídas
para este efeito, como se verificou no período pandémico, com a criação de equipas
tripartidasi, com visíveis ganhos em saúde, qualidade de vida e assistencial, nos mesmos
termos em que é feito o acompanhamento aos demais utentes, promovendo e garantindo uma
maior fluidez entre estas estruturas, os cuidados de saúde primários, hospitalares, cuidados
continuados integrados e domiciliários, bem como contribuindo para uma atempada e
adequada realização de meios de diagnóstico, no âmbito da prestação de cuidados
preventivos, curativos e de reabilitação;
- O acompanhamento pelas Unidades de Saúde Pública, no âmbito das suas competências
específicas, como seja a vigilância epidemiológica, a monitorização do estado de saúde da
população da ERPI, seus determinantes e fatores de risco, o planeamento em saúde, a
definição de programas de intervenção adequados à população da ERPI e suas necessidades
de saúde, monitorização de indicadores de saúde, de controlo de infeção associados à
atividade assistencial prestada, bem como a atuação em situações de urgência ou
emergência de saúde pública;
- A articulação com as unidades hospitalares e de cuidados continuados integrados,
contribuindo para a realização atempada de avaliação clínica com carácter de urgência das
pessoas idosas residentes nas ERPI quando exista necessidade da sua transferência, seja
por necessidade clínica, seja a pedido dos serviços competentes;
- A articulação com estruturas comunitárias existentes ou a criar, com a participação dos
representantes do setor social, autarquias, ministérios da saúde e da segurança social ou
outros que se afigurem adequados.

Para além do mencionado nos parágrafos que antecedem, as estruturas e serviços


envolvidos, devem garantir o alinhamento do planeamento e gestão dos cuidados com as
orientações estratégicas para o envelhecimento ativo, bem como com os objetivos e
indicadores dos programas nacionais de saúde prioritários (vg. saúde mental) e com o

i
Veja-se o artigo 278.º da Lei n.º 75-B/2020, de 31 de dezembro, que aprova o Orçamento do Estado para
2021.

documento revisto em 26. outubro.2022 30


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Programa Nacional de Prevenção da Violência no Ciclo de Vida (Ministério da Saúde.


Gabinete da Secretária de Estado da Saúde, 2019).
Importa ter presente, quando se pondera o modelo de gestão integrada de cuidados no
contexto das ERPI, as diferenças e assimetrias verificadas ao longo do País e enorme
heterogeneidade entre as estruturas residenciais existentes, o que poderá implicar diferentes
formas de concretização do modelo de gestão integrada definido, consoante a localização
geográfica da estrutura residencial, acesso a cuidados, articulação com serviços de saúde,
entre outros.

3.2. Saúde mental


A melhoria nos processos de cuidar e em particular na prestação de cuidados de saúde das
últimas décadas contribuíram, como já mencionado, para um aumento da esperança média
de vida. Consequentemente, e tal como é próprio dos processos de envelhecimento, este
aumento da esperança média de vida é acompanhado no aumento do número de pessoas
com doença crónica, entre as quais a doença mental (World Health Organization, 2012).

O número de pessoas com demência aumenta anualmente, prevendo-se que duplique até
2030 (World Health Organization, 2012).
A demência constitui, neste momento, um dos principais desafios de saúde pública à escala
global, exigindo uma resposta integrada das sociedades e dos decisores, considerando os
custos sociais, familiares e económico-financeiros associados.
No contexto dos países da OCDE, Portugal encontra-se entre aqueles que apresentam maior
prevalência de casos de demência (OECD, 2019), constituindo a saúde mental um importante
desafio quer para o sistema de saúde quer para o sistema de proteção social.
Associada ao processo de envelhecimento, a demência, as doenças degenerativas e outros
problemas de saúde mental, têm-se agravado de forma significativa nas últimas décadas,
apresentando um aumento exponencial no grupo etário com mais de 65 anos (OECD, 2019).
O aumento da incidência constatado determina a necessidade de dotar as ERPI e os seus
profissionais de meios, recursos, competências e conhecimentos adequados à sua
abordagem, tratamento e aumento acentuado nas necessidades de cuidados, conforme
reconhecido no Decreto-Lei n.º 8/2010, de 28 de janeiro que veio criar um conjunto de
unidades e equipas de cuidados continuados integrados de saúde mental (Ministério da
Saúde, 2010).
As ERPI devem, na sua atuação, articular-se com diferentes serviços ou equipas comunitárias
de saúde mental contribuindo, deste modo, para que a prestação de cuidados de saúde
mental seja centrada na pessoa idosa, “reconhecendo a sua individualidade, necessidades
específicas e nível de autonomia, assim como evitando a sua estigmatização, discriminação

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negativa ou desrespeito em contexto de saúde”, tal como se enuncia no Decreto-Lei n.º


113/2021, de 14 de Dezembro (Presidência do Conselho de Ministros, 2021).
Importa, neste contexto, implementar nestas estruturas, medidas de carácter transversal e
universal, que permitam a identificação de fatores de risco, assim como o reconhecimento
precoce de sintomas, permitindo um diagnóstico atempado e o início do tratamento
recomendado, potenciando a qualidade de vida das pessoas idosas com doença mental
(World Health Organization, 2012), contribuindo para uma maior equidade no acesso a
cuidados, independentemente da região e contexto em que a pessoa idosa se encontre.
De idêntica forma, e em concordância com as recomendações da Organização Mundial de
Saúde, o desenvolvimento de investigação sobre fatores de risco, determinantes e estado de
saúde da pessoa idosa em ERPI, e sobre métodos de trabalho, abordagens e processos no
âmbito do cuidar, deve ser considerada uma prioridade atento o impacto e ganhos em saúde
e qualidade de vida, tanto para a pessoa idosa como para os seus cuidadores (World Health
Organization, 2012).

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Capítulo IV: Plano Individual de Cuidados

De forma a melhorar a qualidade dos cuidados de saúde prestados nas ERPI, tem sido
evidenciada a necessidade de implementar uma alteração efetiva do modelo de prestação de
cuidados, abandonando uma visão reativa e implementando uma abordagem proactiva,
centrada nas necessidades da pessoa idosa, suas famílias/cuidador e profissionais
envolvidos, definida pela equipa de saúde da ERPI, atualizada de forma permanente e
espelhada nos registos existentes no plano individual de cuidados de cada pessoa.

Esta visão pressupõe o reconhecimento da importância da articulação com os cuidados de


saúde primários em cuja área geográfica as ERPI se encontram inseridas, em particular no
que se refere à identificação e compreensão das necessidades de saúde da população
residente nas diferentes ERPI, permitindo, deste modo, potenciar a capacidade de resposta
às necessidades de saúde identificadas.
A recente pandemia de SARS-CoV-2 veio evidenciar a necessidade de uma maior
proximidade e articulação entre os profissionais de saúde das ERPI e os ACES. Neste mesmo
sentido, em países como o Reino Unido, esta articulação é considerada uma boa prática,
essencial, sendo proposta a existência de um “Gestor de Cuidados de Saúde” (“Care
Coordinator”) em cada ERPI, a quem competirá a gestão dos cuidados e recursos, com vista
à melhoria contínua, sendo este o ponto focal de contacto com outros profissionais de saúde
da ERPI, as famílias/cuidadores, profissionais do ACES ou de outras unidades de saúde com
os quais seja necessário articular a prestação de cuidados identificada (National Health
Service England, 2020).

4.1. Família / Cuidador


O dever de cuidar que incide sobre as pessoas idosas abrange o Estado nas diferentes
dimensões de governação e intervenção, a sociedade e a própria família.
Em Portugal, o ordenamento jurídico reconhece à pessoa idosa, um conjunto de direitos que
correspondem a deveres familiares, entre eles os deveres de respeito, de cooperação e de
assistênciaii (PORTUGAL, 1966 [act a 2021]).
Elemento importante do bem-estar e qualidade de vida das pessoas idosas, o envolvimento
familiar na prestação de cuidados residenciais de longa duração assume uma enorme
variedade de formas e depende de inúmeros fatores (Gaugler, 2005), sendo suscetível de
modificações, de forma a potenciar a qualidade de vida e bem-estar dos residentes em ERPI
(Roberts & Ishler, 2018).

ii
Veja-se o artigo 1874.º do Código Civil.

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O seu contributo, como facilitador, nos processos de adesão ao plano de cuidados


recomendado, ou como potenciador de ganhos em saúde e bem-estar desta população, é
hoje inegável (Roberts & Ishler, 2018).
O envolvimento familiar na prestação de cuidados em ERPI deve resultar de intervenções que
promovam uma participação efetiva e responsável das famílias no processo de cuidar.
Para que este envolvimento responsável possa existir, deve ser adotada uma estratégia que
potencie e estabeleça uma relação de confiança e participação entre a família e os
prestadores de cuidados (Roberts & Ishler, 2018), que permita a participação efetiva dos
familiares na prestação de cuidados para além da participação nos processos de tomada de
decisão formal, incluindo em cuidados de saúde mental (Backhaus, et al., 2020).

Estudos realizados em outros países evidenciam a importância de encontrar formas que


estabeleçam uma verdadeira “parceria” entre a família e as equipas destas estruturas,
potenciando o intercâmbio e reciprocidade na informação e abordagem às pessoas idosas
institucionalizadas (Backhaus, et al., 2020).

4.2. Intervenções da Equipa Interdisciplinar


Compete à generalidade dos profissionais das ERPI a verificação e a implementação das
precauções e medidas que se enunciam, de acordo com as suas áreas de atuação,
intervenção e responsabilidade.
Esta questão é particularmente relevante dada a prevalência de quedas entre as pessoas
idosas residentes nestas estruturas e a necessidade de atuar e prevenir neste contexto, como
evidenciado no Plano Nacional para a Segurança dos Doentes 2021-2026 (Ministério da
Saúde, 2021).

Neste contexto, a integração de uma cultura de notificação de incidentes de segurança


constitui um pilar essencial da qualidade dos cuidados prestados, contribuindo para a sua
efectividade e melhoria, devendo constar dos itens a serem avaliados em sede de
monitorização, vistoria ou fiscalização a ERPIs.
Como forma de promover a prática de reporte de incidentes, deve ser incentivada a sua
notificação no sistema NOTIFICA, disponibilizado pela DGS conforme Norma n.º 015/2014,
de 25/09/2014, pelos profissionais envolvidos na prestação de cuidados (Direção-Geral da
Saúde, 2014).
De idêntica forma, deve existir um plano de monitorização do acompanhamento e notificação
dos incidentes de segurança do doente, assumido como estratégico pelos responsáveis de
cada ERPI, que contemple ainda a identificação e implementação das medidas corretivas
consideradas adequadas pelos profissionais competentes.

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Ainda no âmbito da segurança do doente, e no que se refere a reacções adversas ou efeitos


indesejáveis a medicamentos, devem os profissionais envolvidos proceder à sua notificação
no Portal RAM disponibilizado pelo INFARMED.

4.2.1. Precauções / Fatores de Risco


Implementação de precauções básicas a todas as Pessoas Idosas residentes nas ERPI:

o Iluminação adequada, com luz de presença;


o Remoção de barreiras e obstáculos no percurso de marcha;
o Piso limpo e seco;
o Sinalética de aviso de piso molhado, no âmbito da higienização do pavimento;
o Manter equipamentos, materiais e dispositivos médicos fora da área de circulação;
o Sistema de chamada (ex: campainha) acessível;
o Sapatos e vestuário adequados à marcha;
o Ajudas sensoriais acessíveis (ex: óculos, aparelhos auditivos);
o Cadeiras, camas e outros equipamentos travados;
o Altura da cama na posição mais baixa adequada para a pessoa;
o Elevação das grades das macas/camas sempre que a pessoa é transportada, ou se
encontra sem supervisão;
o Ajudas Técnicas / produtos de Apoio à marcha (ex: canadianas, andarilhos, cadeiras
de rodas, cadeiras sanitárias) disponíveis em condições de utilização segura e
acessíveis;
o Dispositivos de segurança (ex: corrimãos, barras de apoio aos sanitários) disponíveis
e acessíveis e em condições de utilização segura;
o Portas de entrada e saída dos serviços com sistemas de controlo;
o Vigilância frequente, pelos cuidadores;
o Utilização de almofadas de gel ou antiderrapantes nas cadeiras;
o Utilização de tecnologia adicional de alarmes corporais / cama;
o Educação para a saúde dirigida à Pessoa Idosa e aos Cuidadores.

As intervenções abaixo enunciadas competem a médicos/enfermeiros, de acordo com o


profissional que estiver presente no momento da sua ocorrência.

4.2.2. Atendimento na Ocorrência de Queda (médico/enfermeiro)


o Avaliação do estado de consciência;
o Avaliação dos parâmetros vitais (pressão arterial (PA), frequência respiratória (FR),
frequência cardíaca (FC) e dor, (SpO2), glicemia capilar
o Avaliação de danos corporais associados à queda; Tipo e grau de dano;

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o No caso de suspeita de contusão cervical não mover a pessoa idosa e imobilizar a


coluna cervical;
o Verificação de terapêutica antiagregante ou anticoagulante;
o Reavaliação e monitorização da situação clínica (as lesões por queda podem não
surgir de imediato);
o Referência hospitalar quando clinicamente necessário.

4.2.2.1. Notificação e Registo (médico/enfermeiro)


o Registo e descrição de queda;
o Circunstâncias da queda (data e hora da queda, envolvência, espaço físico
onde ocorreu, tipo de queda, estado físico e psíquico);
o Referência se a queda foi presenciada por outra pessoa e a quem foi
comunicada a queda.

4.2.2.2. Intervenções efetuadas (médico/enfermeiro)


o Intervenções clínicas efetuadas;
o Referência hospitalar com carta de informação clínica;
o Informação à família/cuidador/representante legal.
Quando existem perdas funcionais, quer de autonomia quer de independência, deparamo-nos
com as síndromes geriátricas que devem integrar a avaliação da equipa para posterior
intervenção, nomeadamente, incapacidade cognitiva, instabilidade postural, imobilidade e
incapacidade comunicativa, incontinência urinária, insuficiência familiar e iatrogenia.

4.3. Avaliação e Intervenções Médicas


Recomenda-se a existência de um responsável pelas intervenções médicas na ERPI, que
atuará no âmbito das suas atribuições e competências.
A pessoa idosa residente em ERPI, pode ser acompanhada por médico assistente ou outro,
por indicação do próprio ou de familiar competente, que assegure o acompanhamento médico
da pessoa idosa, tal como decorre da alínea c) do n.º 1 do artigo 9.º da Portaria n.º 67/2012,
de 21 de março, quanto aos elementos do processo individual do residente.

4.3.1. Avaliação Geriátrica


A Avaliação Geriátrica deve ser clínica e multifatorial, com enfoque para:

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o Comorbilidades que aumentam o risco de queda (compromisso cognitivo,


incontinência, compromisso da visão, síndrome vertiginoso, síncope e patologia
osteoarticular);
o Adesão à terapêutica e Revisão terapêutica (analgésicos, incluindo opiáceos,
antipsicóticos, benzodiazepinas incluindo fármacos análogos,
antiepiléticos/anticonvulsivos (alto risco), anti-hipertensivos, antiarrítmicos,
antidepressivos (médio risco) e diuréticos (baixo risco);
o História de quedas (número, causas, circunstâncias e consequências).

4.3.2. Exame objetivo


o Avaliação da marcha e equilíbrio através da aplicação de um teste de rastreio
simples como o Timed Up and Go Test (TUG);
o Exame neurológico incluindo avaliação cognitiva através do Mini Mental State
Examination (MMSE);
o Avaliação da acuidade visual e auditiva;
o Avaliação da força muscular;
o Avaliação da incontinência urinária;
o Exame podológico, avaliação do calçado e vestuário;
o Avaliação psicológica: medo de cair;
o Avaliação do estado nutricional e das necessidades nutricionais (em articulação com
Enfermagem e Nutricionista).

4.3.3. Intervenções médicas


o Avaliação e diagnóstico médicos;
o Prescrição de terapêutica;
o Registo completo e notificação dos diagnósticos e intervenções médicas realizadas;
o Referenciação hospitalar quando clinicamente necessário;
o Verificação de terapêutica anticoagulante;
o Reavaliação e monitorização da situação clínica (as lesões por queda podem não
surgir de imediato).

No contexto da prestação de cuidados de saúde nas ERPI, assumem particular importância


a vigilância do estado de saúde e a realização de rastreios à população idosa, seja nos termos
definidos, seja sempre que o estado de saúde da pessoa idosa o justificar, conforme consta
do Anexo II.

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4.4. Avaliação e Intervenções de Enfermagem: Planeamento de cuidados


A realidade e o contexto das ERPI apresentam uma enorme variedade de culturas
organizacionais, sectoriais e de visões até quanto aos cuidados prestados e sua organização.
Como até aqui, e nos termos da Portaria n.º 67/2012, de 21 de março, os enfermeiros são
chamados a desempenhar um papel central na prestação de cuidados de saúde e bem-estar,
como sistematizado nas secções que se sucedem, sendo essencial que as ERPI sejam
capazes de fixar e manter a dotação adequada de profissionais de acordo com as
necessidades de saúde identificadas.

No que se refere à capacitação e promoção da saúde, e no âmbito das intervenções de


enfermagem, devem ser abrangidos três domínios essenciais: a) promoção do
envelhecimento ativo; b) organização da prestação de cuidados de saúde, e c) promoção de
ambientes facilitadores de autonomia e independência.
Consequentemente, o enfermeiro deve atuar:
a) Para que as pessoas idosas mantenham e alcancem o seu máximo potencial;
b) Para conseguir saúde, bem-estar e qualidade de vida, sendo que em pessoas idosas
dependentes será a melhor qualidade de vida possível;
c) Na promoção da saúde, promovendo programas de educação para a adoção de estilos
de vida saudáveis, nomeadamente relacionados com a alimentação equilibrada,
controlo do peso, exercício físico, períodos de repouso e sono, uso de drogas e outras
substâncias, estratégias de coping, entre outras;
d) No cumprimento do programa nacional de vacinação e identificação de grupos de risco
(diabéticos, hipertensos, ostomizados e pessoas com défices cognitivos, etc)
estabelecendo medidas preventivas;
e) Identificação de sinais e sintomas de problemas relacionados com as situações
agudas e crónicas inerentes ao envelhecimento e que possam requerer tratamento
imediato;
f) Limitar a incapacidade e promover a autonomia no autocuidado;
g) Na minimização de danos, implementando programas de reabilitação física, psíquica
e social, de modo a garantir ao idoso a permanência no meio em que vive, exercendo
de forma independente as suas funções na sociedade (na medida do possível).

4.4.1. Avaliação inicial e contínua


Esta avaliação, para além de obrigatória é essencial para determinar as necessidades de
cuidados de enfermagem, estando as ERPI obrigadas a garantir cuidados permanentes
quando acolham pessoas em situação de dependência severa a total.

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Sendo essencial para os processos de tomada de decisão, a avaliação dos sinais vitais
indicadores do estado de saúde e da garantia das funções cardio-circulatória, respiratória,
neurológica e endócrina, contribuem para uma avaliação rigorosa da condição de saúde da
pessoa concretamente ponderada (Teixeira, et al., 2015).
De entre os sinais vitais, a avaliação da dor e o seu controlo, exigem uma avaliação rigorosa
pelos enfermeiros, de acordo com as orientações técnicas da Direção-Geral de Saúde (DGS),
incluindo quanto ao registo sistemático, utilização de escalas validadas e inclusão na folha de
registo de espaço próprio para o registo da intensidade da dor, prevenindo situações que
possam colocar em risco a qualidade de vida, bem-estar e saúde da pessoa idosa (Direção-
Geral da Saúde, 2003).

Assim, na prestação de cuidados em contexto de ERPI, compete aos enfermeiros a avaliação


inicial dos utentes através de instrumentos predefinidos, a identificação dos problemas de
saúde em geral e de enfermagem em particular, com a obrigatória recolha e análise de dados
sobre cada situação apresentada pelo idoso, formulação de diagnósticos de enfermagem,
planeamento e prescrição de cuidados e sua execução, metas e objetivos, bem como a
avaliação e eventual reformulação de intervenções, quando adequado.
Na incapacidade cognitiva, que pressupõe comprometimento da cognição e
consequentemente alterações nas AVD e AIVD por inexistência de recursos cognitivos que
lhes permitam executar tais tarefas, os enfermeiros devem identificar as alterações
comportamentais, formular diagnósticos adequados e intervir criando rotinas, adotando
precauções de segurança, adaptando o ambiente, promovendo exercícios de estimulação
cognitiva entre outros.

A avaliação inicial criteriosa, com uma componente, também interdisciplinar, deve abranger o
estado de saúde da pessoa idosa, a envolvente familiar e os recursos disponíveis.
Neste contexto compete ao enfermeiro supervisionar e desenvolver intervenções que
capacitem os cuidadores sobre o que fazer, como fazer, quando fazer e depois informando
sobre as principais dificuldades e sobre o papel do cuidador em geral, fornecendo a
informação necessária para que aqueles que prestam cuidados sejam agentes ativos da
execução das intervenções, contribuindo para a segurança da pessoa a cuidar.

4.4.2. Avaliação de grau de dependência, risco de queda e úlcera de pressão


O Plano Nacional para a Segurança dos Doentes 2015-2020 (Ministério da Saúde, 2015)
contempla como objetivos estratégicos, entre outros, prevenir a ocorrência de quedas e
prevenir a ocorrência de úlcera por pressão.
No referido plano está descrito que “a prevalência de quedas na população residente em lares
é superior àquela que vive na comunidade” (Ministério da Saúde, 2015), evidenciando a

documento revisto em 26. outubro.2022 39


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importância e imperatividade de garantir a avaliação regular do risco de queda de todas as


pessoas idosas residentes em ERPI, com recurso à escala de queda de Morse.
Cada pessoa idosa deve possuir um plano individual de cuidados do qual constem registos
completos e claros dos serviços prestados, incluindo a avaliação inicial e regular do: a) grau
de dependência (Índice de Barthel), b) risco de queda (Escala de Quedas de Morse) (Direção-
Geral da Saúde, 2019), c) risco de úlcera de pressão (Escala de Braden).
Evidencia-se a particular importância e, obrigatoriedade, nos termos da Portaria n.º 67/2012,
de 21 de março, da avaliação inicial e contínua do grau de dependência de acordo com o
Índice de Barthel.
De acordo com a Orientação n.º 017/2011 de 19/05/2011 da DGS, paralelamente à aplicação
da Escala de Braden, deve ser regularmente avaliado o estado da pele através do instrumento
de avaliação da pele (Direção-Geral da Saúde, 2011a)).
A aplicação dos instrumentos citados, bem como a interpretação dos resultados obtidos e
suas implicações, insere-se no âmbito das competências dos enfermeiros, sendo
determinantes para o processo de cuidar e de adequação dos cuidados a prestar a cada
residente, tal e como decorre do regime enunciado nos artigos 3.º e 4.º da Portaria n.º
67/2012, de 21 de março.
A avaliação deve ser realizada por enfermeiro, de forma regular, atentas as suas implicações
na gestão e afetação de recursos humanos e materiais, assim como na própria gestão dos
cuidados (saúde, alimentação, higiene, conforto, …).
Na dependência física com comprometimento das AVD e AIVD sem alterações cognitivas
significativas, os cuidados a prestar pelo enfermeiro passam por:

a) Orientar sobre a forma de lidar com as alterações relacionadas com a higiene, a


alimentação, a mobilidade, eliminação, incentivando o autocuidado, em respeito pelos
hábitos e preferências do idoso de modo a manter e promover a autonomia possível e
a funcionalidade;
b) Promover a autoestima, dando reforços positivos e preservando a sua dignidade.

4.4.3. Aplicação de medidas de contenção


Na esteira do previsto pela DGS na sua Orientação n.º 021/2011, relativa à contenção de
doentes, a aplicação de medidas de contenção “apenas deve ter lugar após avaliação de risco
clínico”, de acordo com critérios clínicos de proporção e adequação (a contenção deve ser
considerada o último recurso) à situação clínica da pessoa idosa individual e concretamente
considerada, apenas podendo ser desencadeada “por profissional de saúde” durante a
prestação de cuidados (Direção-Geral da Saúde, 2011b)).

documento revisto em 26. outubro.2022 40


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No âmbito do seu exercício profissional, compete aos enfermeiros, conforme mencionado na


Orientação n.º 021/2011 da DGS, garantir a existência de um ambiente seguro, identificando
e implementando as intervenções adequadas à prevenção de eventos adversos, como as
quedas, de acordo com o conhecimento e gestão dos riscos potenciais e medidas retificativas
baseadas na melhor evidência disponível, conforme decorre das orientações da OMS
(Organização Mundial de Saúde, 2015).
No que se refere à aplicação de medidas de segurança, e face ao enunciado, compete ao
enfermeiro a sua avaliação e implementação de acordo com critérios de risco clínico, sendo
obrigatório o registo completo no plano individual de cuidados do utente, a comunicação à
equipa e a informação à família.

4.4.4. Preparação e administração de terapêutica


Quando a preparação de medicamentos não seja assegurada por serviços farmacêuticos, a
sua preparação compete aos enfermeiros.
Nas ERPI em que a preparação é assegurada por serviços farmacêuticos, compete ao
enfermeiro a sua verificação prévia à administração, assim como a vigilância dos efeitos da
terapêutica.
E isto porque no contexto dos cuidados de saúde à pessoa idosa residente em ERPI e
atendendo às especiais características desta “(com alterações fisiológicas que condicionam a
capacidade de reserva do organismo e a capacidade de manutenção da homeostasia, sendo
mais afetados os sistemas nervoso, cardiovascular e músculo-esquelético, com várias
comorbilidades crónicas, maior risco de agudização de doenças crónicas, polimedicadas e
com elevados graus de dependência física e/ou mental, marcadamente vulnerável),o
processo de gestão de medicamentos requer os mesmos cuidados que estão legalmente
definidos pela Direcção-Geral da Saúde (Direção-Geral da Saúde, 2015), assim como o
cumprimento rigoroso das normas recomendadas pelo Instituto Português da Qualidade”
(Ordem dos Enfermeiros, 2020) (Instituto Português da Qualidade: Comissão Sectorial para a
Saúde, 2014).
Este processo, nomeadamente a preparação e a administração de medicamentos, enquadra-
se num conjunto de intervenções da competência dos enfermeiros, conforme se encontra
vertido no REPE (Ministério da Saúde, 1996).

4.4.5. Alimentação e hidratação


A alimentação das pessoas idosas e a sua adequação à situação concreta da pessoa
individualmente decorre de avaliação do grau de dependência, incluindo quanto à
determinação da necessidade de apoio na alimentação (Direção-Geral da Saúde, 2020).

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de cuidados de saúde nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI)

Neste sentido, nas pessoas idosas com dependência no autocuidado “Alimentar-se”, é


importante que o enfermeiro exclua a existência de disfagia e, se identificada, tome medidas
para que a alimentação seja adequada à situação do utente, responsabilizando-se pela
administração dos alimentos pela via e técnica consideradas adequadas. Compete-lhe, ainda,
avaliar a tolerância aos alimentos, alterações do grau de disfagia, eventuais intercorrências,
agindo de acordo com a situação identificada.
Ao referido acrescem as situações em que não sendo possível a alimentação oral, se torna
necessário recorrer a uma das diversas opções da alimentação entérica: sonda nasogástrica,
sonda duodenal, gastrostomia percutânea e jejunostomia (Heuberger, 2010), situações em
que a administração de alimentação e os cuidados a ela inerentes são da responsabilidade
dos Enfermeiros (Administração Central do Sistema de Saúde, I.P., 2011).
No que se refere à hidratação, o enfermeiro deve assegurar a hidratação correta a cada
pessoa idosa, de acordo com a sua situação clínica, sendo fundamental que avalie o risco de
desidratação e que incentive o consumo de água.

4.4.6. Autocuidados
4.4.6.1. Cuidados de higiene e conforto
Os utentes de ERPI são, de acordo com a evidência disponível, aqueles que apresentam
idade mais avançada, níveis de dependência mais elevados e maior tempo de permanência
nas instituições. Vinculadas à obrigação de avaliar integralmente as necessidades dos
residentes, bem como de prestar cuidados adequados à situação da pessoa idosa, compete
aos enfermeiros, neste contexto, a avaliação e respetivo registo, do estado de cada utente,
incluindo as condições de integridade e hidratação da pele e mucosas (Administração Central
do Sistema de Saúde, I.P., 2011), definindo os cuidados de higiene e conforto adequados a
cada pessoa.

4.4.6.2. Eliminação
Os processos de eliminação assumem uma particular importância quando na presença de
pessoas idosas com dependência, sendo um fator essencial de avaliação de forma a prevenir
complicações clínicas evitáveis.
O plano de intervenção dos enfermeiros integra, na prestação diária de cuidados, a
monitorização dos processos de eliminação naturais e com recursos a dispositivos próprios,
procedendo à sua avaliação de acordo com o plano individual de cuidados definido, ajustando
as estratégias e intervenções necessárias para o controlo dos processos de eliminação
sempre que clinicamente adequado de acordo com o nível de dependência da pessoa idosa
(Administração Central do Sistema de Saúde, I.P., 2011).

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de cuidados de saúde nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI)

Realçamos, no contexto da prestação de cuidados a pessoas idosas em ERPI, a


imprescindibilidade da avaliação da eliminação vesical e eliminação intestinal, que permitirão
detetar precocemente alterações na eliminação como, entre outros, diminuição de débito
urinário, sinais de infeção urinária, obstipação e, assim, atempadamente definir estratégias
para as corrigir.
Acrescem, ainda, as situações de pessoas com algaliação permanente e/ou com ostomias de
eliminação (intestinal ou urinária) que exigem particular atenção e cuidados específicos que
devem ser prestados.

4.4.7. Registos de enfermagem


De acordo com o disposto no artigo 9.º da Portaria n.º 67/2012, de 21 de março, cada
residente deve possuir um processo individual do qual conste um Plano Individual de
Cuidados.
No que se refere aos registos clínicos, os enfermeiros devem ter presente que os diagnósticos
de enfermagem, com maior incidência e prevalência na pessoa idosa e na pessoa idosa
dependente devem ser:
o Défice no autocuidado, confusão, alteração da memória, baixa autoestima, vontade
de viver diminuída, solidão, alterações do humor, alterações comportamentais, não
adesão à terapêutica, negligência e stresse.
O processo de saúde encontra-se abrangido pela norma jurídica aplicável quanto ao acesso
a informação de saúde, especialmente tutelado e de acesso reservado, sendo competência
do enfermeiro, nas ERPI, o registo completo, rigoroso e claro das observações e intervenções
de enfermagem realizadas, incluindo as enunciadas nos parágrafos que antecedem.
Quanto à delegação de tarefas, realça-se que os enfermeiros apenas podem delegar a sua
realização, assegurando a supervisão, quando estejam verificadas as seguintes condições:
a) Os profissionais sejam funcionalmente dependentes dos enfermeiros;
b) Os profissionais tenham a preparação, os conhecimentos e o treino necessários à
execução das tarefas em causa;
c) A natureza das tarefas a executar e o grau de dependência da pessoa idosa, o
permitam.

4.4.8. Princípios ético-deontológicos


No contexto da prestação de cuidados a pessoas idosas ou com dependência residentes em
ERPI, para além de outras normas e princípios a que se encontram ética, deontológica e
legalmente vinculados, os enfermeiros devem:

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a) Respeitar e assegurar os valores, os princípios ético-deontológicos e as normas legais


da profissão no contexto da Enfermagem Gerontogeriátrica;
b) Proteger os direitos, a saúde e a segurança da pessoa idosa, da família e/ou cuidador;
c) Cuidar de acordo com o código deontológico do enfermeiro e os princípios da bioética
aplicáveis;
d) Promover a tomada de decisão ética e autodeterminação não coerciva da pessoa
idosa, família e/ou cuidador em relação à vida diária, aos tratamentos, ao planeamento
antecipado dos cuidados e à implementação de cuidados em fim de vida;
e) Aplicar princípios éticos e legais nos assuntos complexos que emergem no cuidado à
pessoa idosa;
f) Promover técnicas de liderança e comunicação que fomentem a discussão e reflexão
sobre a diversidade cultural na equipa e o seu impacto no cuidado à pessoa idosa;
g) Implementar padrões de cuidado para reconhecer e reportar situações de
vulnerabilidade e/ou risco da pessoa idosa, família e/ou cuidador.

4.5. Avaliação e Intervenção Nutricional: Planeamento de Cuidados


4.5.1. Alimentação
Neste contexto, e de acordo com o disposto na Portaria n.º 67/2012, de 21 de março, as ERPI
devem providenciar refeições que cumpram os necessários requisitos higiossanitários e de
equilíbrio nutricional (Ministério da Solidariedade e da Segurança Social, 2012).
Com efeito, no sentido de garantir a sua saúde nutricional, é imperioso que as instituições que
prestam cuidados à população idosa garantam que as necessidades nutricionais das pessoas
idosas sejam satisfeitas de acordo com a sua condição clínica, tal e como decorre da alínea
a) do n.º 1 do artigo 8.º da Portaria n.º 67/2012, de 21 de março (Ministério da Solidariedade
e da Segurança Social, 2012). Assim, a identificação, monitorização, bem como tratamento
da malnutrição em instituições devem ser realizados por nutricionistas (Flanagan, et al., 2012).
Efetivamente os estabelecimentos de apoio social que prestam cuidados a pessoas idosas
beneficiam do apoio de nutricionistas, de acordo com o número residentes, com objetivo de
garantirem a adequabilidade alimentar e nutricional, bem como a segurança e qualidade
alimentar, em harmonia com os documentos de referência sobre as principais respostas
sociais dirigidas a este grupo etário, de que se destacam as publicações do Instituto da
Segurança Social relativas às ERPI (Instituto da Segurança Social, I.P., 2007).
No âmbito da garantia da adequabilidade alimentar e nutricional, bem como da segurança e
qualidade alimentar, os Manuais de processos-chave do ISS, I.P. apresentam regras
orientadoras para a elaboração de ementas, preparação, confeção, distribuição e apoio
durante as refeições.

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A elaboração de ementas, em particular, deve ter por base os seguintes pressupostos,


conforme Manuais de processos-chave (Instituto da Segurança Social, I.P., 2007), (2010 a),
(2010 b):
a) Garantir uma alimentação equilibrada, variada e rica nutricionalmente, respeitando o
contexto sociocultural dos utentes a que se destina;
b) Garantir uma alimentação diversificada que esteja de acordo com as necessidades de
cada utente, nomeadamente regimes especiais;
c) Considerar as preferências de cada utente;
d) Ser elaborada com a colaboração de todos os responsáveis no estabelecimento por
este processo e com base no aconselhamento de um nutricionista;
e) Ser elaborada, no mínimo, com uma periodicidade semanal;
f) Deve ter em conta as regras para uma alimentação saudável.

4.5.2. Hidratação
Manter um correto estado de hidratação é fundamental para potenciar a saúde, especialmente
no envelhecimento devido às alterações fisiológicas associadas (Maughan, 2012).
A desidratação pode ser considerada como uma situação de malnutrição, pelo que é
fundamental realizar regularmente exame físico para identificar, precocemente,
sintomatologia que possa estar associada à desidratação, nomeadamente, diminuição da
produção de suor, mucosa oral seca, redução da elasticidade da pele, urina com cor e odor
intensos e diminuição do débito urinário (Woodward, 2013).
A monitorização para a ingestão hídrica diária deve ser uma prática regular nas ERPI, pelo
que devem ser desencadeadas as necessárias estratégias para a otimização do estado de
hidratação do utente, assim como da sua situação clínica.
As estratégias poderão passar, a título de exemplo, por providenciar águas aromatizadas
(com ervas aromáticas, citrinos, canela, …), chás e infusões, sopas, produtos lácteos como o
leite ou iogurtes líquidos, frutos e sumos de fruta sem adição de açúcar, ou pela utilização de
águas gelificadas, em situações de disfagia (Bunn, Jimoh, Wilsher, & Hooper, 2015).

4.5.3. Cuidado Nutricional


A identificação do risco nutricional, seguida da avaliação e intervenção no estado nutricional
dos utentes, bem como a sua monitorização e comunicação dos resultados obtidos, de acordo
com o preconizado no Nutrition Care Process, constitui um fator determinante para o sucesso
dos cuidados nutricionais prestados nas estruturas residenciais para pessoas idosas (Swan,
et al., 2017), (Kondrup, et al., 2003). Neste sentido, a identificação do risco nutricional, através
da aplicação da ferramenta de rastreio nutricional Mini Nutritional Assessment Short Form ®

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(MNA-SF). (Nestlé® Nutrition Institute, 2009), (Volkert, et al., 2019), permite sinalizar os
indivíduos que estão desnutridos ou em risco de desnutrição, determinando a necessidade de
proceder à avaliação do estado nutricional, e consequente intervenção nutricional
personalizada. Para tal, importa criar dinâmicas internas que promovam o trabalho
colaborativo e interdisciplinar.
A identificação do risco nutricional deve ocorrer (Ordem dos Nutricionistas, 2021):
a) Até 48 horas após a admissão do utente na ERPI;
b) Trimestralmente;
c) Sempre que ocorram eventos significativos com o utente (p.ex. internamento
hospitalar, intercorrência infeciosa, luto).

A avaliação do estado nutricional, sempre que se verifique a presença de risco nutricional,


visa realizar um diagnóstico nutricional individual do utente, devendo o nutricionista procurar
encontrar as suas causas etiológicas, realizando (Mueller, Compher, Ellen, & Directors, 2011):
a) Avaliação clínica e funcional (força muscular, presença de dificuldades de mastigação
e/ou deglutição, presença de problemas gastrointestinais, ...);
b) Avaliação da ingestão alimentar;
c) Avaliação antropométrica e da composição corporal;
d) Avaliação de exame físico e dados bioquímicos.
A intervenção nutricional compreende a instituição de suporte ou plano nutricional, de acordo
com as necessidades estabelecidas, considerando para tal o Manual de Dietas vigente na
estrutura residencial, assim como, em caso de necessidade, o Manual de Suplementação
Nutricional, tendo em vista a adequação da ingestão alimentar e nutricional. Esta é
propositadamente desenhada e planeada, em articulação com a equipa interdisciplinar. É
direcionada à resolução da etiologia ou do diagnóstico nutricional, podendo também incluir o
alívio de sintomas (Swan, et al., 2017). A articulação com a equipa interdisciplinar é
particularmente necessária quando a intervenção nutricional individualizada envolva o recurso
à Nutrição Entérica ou Parentérica.
A monitorização dos utentes pretende identificar o progresso alcançado e averiguar se os
objetivos nutricionais e terapêuticos foram concretizados, contribuindo assim para a melhoria
do estado nutricional e clínico dos mesmos. Para este fim, contribui igualmente o registo das
decisões terapêuticas e dos dados recolhidos no processo individual do utente, bem como a
sua partilha e discussão com a equipa interdisciplinar, tratando os dados em conformidade
com as regras do novo Regulamento Geral de Proteção de Dados (Parlamento Europeu.
Conselho da União Europeia, 2016).

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4.6. Área do Medicamento e Farmácia


As pessoas residentes em ERPI, na sua maioria idosas, que vivem com doença enfrentam
vários desafios específicos quando se trata de tomar os seus medicamentos de forma segura
e correta, necessitando para o efeito de apoio especializado. No coração dessas dificuldades
está o peso crescente das doenças do sistema nervoso central (ex: demência) e da doença
crónica no geral, entre outros, que afetam predominantemente a população idosa.
Considerando a carga de doença muitas vezes presente nestes residentes, há urgência na
modificação do paradigma de cuidados de saúde desta população, com desenvolvimento de
ações diferenciadas assentes em referenciais de boas praticas e qualidade, configurando-se
assim uma oportunidade para se estar na vanguarda do apoio multidisciplinar efetivo para
estas pessoas e seus cuidadores.
De salientar ainda que muitas destas pessoas exibem pluripatologia e estão polimedicadas,
apresentando um risco acrescido para problemas relacionados com a sua medicação,
requerendo, em consequência, intervenções pluridisciplinares. Torna-se assim necessário:

1. Aumentar a qualidade e segurança na utilização do medicamento e outras tecnologias


de saúde;
2. Cumprir os normativos e recomendações de boas práticas associadas ao
medicamento, relativos às vertentes organizacionais, de infraestruturas, de processos
e de sistemas de informação.
As ERPI apresentam benefícios efetivos da integração ou colaboração de
farmacêuticos/serviços, farmacêuticos, incluindo quanto à realização e supervisão das
atividades nas áreas do medicamento, em particular as desenvolvidas no contexto de uma
atuação integrada interdisciplinar.

4.6.1. Aprovisionamento e distribuição/dispensa de Produtos Farmacêuticos


1. Aprovisionar e dispensar os medicamentos nas dosagens e formulações adequadas a
cada doente;
2. Manipular formulações de dosagem não comercialmente disponíveis para satisfazer
necessidades específicas dos doentes;
3. Informar sobre a compatibilidade e o modo de administrar os medicamentos por vias
especiais (ex. tubo de alimentação, sondas nasogástricas, subcutânea);
4. Fornecer aconselhamento especializado sobre compatibilidade e estabilidade se
aplicável (ex. administração intravenosa ou subcutânea de múltiplos fármacos);
5. Desenvolver protocolos para atuação em situações de emergência.

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4.6.2. Otimização da Terapêutica Medicamentosa


1. Revisão da medicação (Ordem dos Farmacêuticos. Direção Nacional, 2021)
(validação da terapêutica) para identificar potenciais problemas relacionados com
medicamentos e avaliar que medicamentos possam já não ser adequados ou fazer
falta, tendo em conta a situação do doente, contribuindo para a otimização da
utilização do medicamento no seio da equipa de saúde;

2. Identificar vias alternativas de administração de medicamentos em doentes com


dificuldade de deglutição, por exemplo;
3. Recomendar ferramentas de auxílio à adesão, por exemplo, caixas de comprimidos;
preparação individualizada de medicação, ou outras, destinadas a fomentar a adesão
ao regime terapêutico;
4. Alertar sobre os medicamentos que necessitam de desmame gradual, dando
orientações sobre esquemas de desmame e o que monitorizar durante este processo
(por exemplo, sinais ou sintomas de abstinência ou exacerbação da doença);
5. Orientar na seleção e individualização da dosagem utilizando conhecimento
especializado de farmacocinética, incluindo recomendações de ajustes de doses à
função renal e hepática do doente;
6. Diferenciar entre efeito adverso induzido por fármaco e reação alérgica induzida por
fármacos e, se adequado, propor medida terapêutica para resolução;
7. Notificar possíveis reações adversas;
8. Detetar e aconselhar os profissionais sobre interações fármaco/ fármaco, fármaco/
suplementos e produtos naturais, fármaco/ alimentação oral ou entérica;
9. Identificar alternativas custo-efetivas para a gestão dos sintomas em doentes com
preocupações financeiras.

4.6.3. Educação e informação sobre medicamentos


1. Informar os profissionais de saúde sobre eventuais atualizações, alertas e orientações
sobre medicamentos;
2. Educar doentes e cuidadores sobre o uso e administração adequados de
medicamentos, tais como inaladores, medicamentos nebulizados, adesivos
transdérmicos, administração transmucosal, e outros. Desenvolver ferramentas
educacionais – guias - para o doente, com a informação necessária;
3. Informar e aconselhar sobre a medicação sempre que tenha havido transferência entre
diferentes níveis de cuidados ou após a alta, mitigando a perda de informação.

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4.6.4. Segurança do Doente


1. Implementar procedimentos destinados a garantir a identificação do profissional, a
identificação inequívoca dos utentes, nome do medicamento, dose, via de
administração, hora e frequência;
2. Garantir a conservação adequada dos medicamentos, identificação e armazenamento
corretos, identificação da validade pós abertura (ex. xaropes) e controlo dos prazos de
validade;
3. Monitorizar a presença de erros de medicação e colaborar no desenvolvimento de
planos, quer específicos a um dado doente, quer estruturais, para a prevenção,
correção e resolução dos mesmos;
4. Elaborar, disseminar, implementar e auditar práticas seguras no que respeita aos
medicamentos com nome ortográfico e/ou fonético e/ou aspeto semelhantes -
medicamentos LASA (Look-Alike, Sound-Alike), de acordo com a norma da DGS nº
020/2014 (Direção-Geral da Saúde, 2014);

5. Elaborar, disseminar, implementar e auditar práticas seguras no que respeita aos


medicamentos de alerta máximo, de acordo com a norma da DGS nº 014/2015
(Direção-Geral da Saúde, 2015);

6. Elaborar, disseminar, implementar e participar em programas de reconciliação da


medicação, de acordo com a norma da DGS nº 018/2016 (Direção-Geral da Saúde,
2016). A reconciliação da medicação deve ser realizada na admissão, durante a
prestação do cuidado e após alta ou transferência do doente, se aplicável.

Considerando os aspetos relativos ao medicamento e outras tecnologias de saúde, propõe-


que sejam consideradas as boas práticas recomendadas (Anexo III), como referencial a ser
observado nos diferentes contextos e realidades das ERPI.

4.7. Outros cuidados assistenciais


Quanto aos inúmeros auxiliares e assistentes operacionais existentes nestas estruturas, e tal
como recomendado pela OCDE (OECD, 2020), considera-se essencial que as ERPI
reconheçam a importância de investir na formação e qualificação destes profissionais dado o
impacto que a sua intervenção tem na qualidade de vida, saúde e até integridade dos
residentes.

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A implementação do presente Referencial deverá ser acompanhada de medidas


intersectoriais que potenciem e permitam o treino e desenvolvimento profissional e pessoal
dos profissionais integrados nestas estruturas (OECD, 2020).
O desenvolvimento de programas de formação inicial e formação contínua devem permitir e
concorrer, cada vez mais, para uma prestação de cuidados baseada em boas práticas,
transversal a todas as tipologias de estruturas e especificas de acordo com as características
dos residentes e sob a supervisão de enfermeiros.
De idêntico modo, também no que se refere a estes prestadores de cuidados, é importante
que cada ERPI assegure a dotação do pessoal existente e horários de trabalho às
necessidades de cuidados e grau de dependência dos destinatários de cuidados.

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Capítulo V: Consentimento Informado


No que se refere às estruturas residenciais para pessoas idosas, existem duas ordens de
consentimento informado a serem observadas. O consentimento necessário à integração na
ERPI e procedimentos daí decorrentes, e por outro lado, o consentimento informado no âmbito
da prestação de cuidados de saúde, que obedece a um quadro legislativo próprio, cuja
observância se mantém e que implica a existência de procedimentos e circuitos diferenciados,
como decorre da alínea g) do n.º 1 e n.º 2 do artigo 9.º da Portaria n.º 67/2012, de 21 de março
(Ministério da Solidariedade e da Segurança Social, 2012).

5.1. No âmbito da ERPI


No âmbito do processo de acolhimento e integração na Estrutura Residencial de Pessoas
idosas, é necessário o consentimento livre, expresso e informado do futuro residente. Livre,
no sentido de ser o próprio a tomar esta decisão sem intromissão abusiva. Expresso porque,
estando no uso das suas faculdades, terá que ser ele a dar o consentimento, por escrito.
Informado, porque é necessário que manifeste essa vontade tendo conhecimento completo
dos seus direitos e deveres, bem como dos da estrutura residencial. A decisão de ingressar
numa estrutura residencial cabe ao próprio, ou ao representante legal, quando aplicável.
Decorrente da implementação do Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD), os
residentes em ERPI ou quem os represente, têm de dar o seu consentimento para o
tratamento dos seus dados pessoais, incluindo quanto à existência de decisão judicial no
âmbito do regime do maior acompanhado, de forma lícita, leal e transparente (princípios da
licitude, lealdade e da transparência), recolhendo-se apenas a informação necessária e
pertinente à finalidade a que se destina (princípio da minimização dos dados), conforme artigo
5.º do RGPD (União Europeia, 2016).

5.2. No âmbito da prestação de cuidados de saúde


A pessoa idosa é um adulto a quem o ordenamento jurídico reconhece capacidade de gozo e
de exercício, ainda que, em consequência do processo de envelhecimento ou da presença de
doença crónica, possa evidenciar, permanente, parcial ou esporadicamente, uma capacidade
diminuída ou comprometida.
Excepcionam-se deste capítulo as situações de urgência ou de perigo imediato para a vida
do utente, em que os profissionais de saúde podem, legitimamente, agir com vista à
salvaguarda da sua vida e integridade, sem que tenham de previamente obter o
consentimento informado.

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Quando o utente tenha capacidade de entendimento e de discernimento para entender e


tomar decisões relativas à sua saúde e às abordagens clínicas propostas, deve ser o próprio,
em regra, o titular do direito a ser informado, esclarecido e a consentir.
A verificação da capacidade de entender e de decidir, depende sempre de uma ponderada e
rigorosa avaliação clínica, realizada pela equipa responsável pela prestação de cuidados de
saúde.
De acordo com a Convenção de Oviedo iii , a pessoa, ainda que apresente uma diminuta
capacidade para consentir, deve participar e ser integrada, na medida do possível, no
processo de tomada de decisão, conforme artigo 6.º e seguintes, pelo que, nas situações em
que não existe capacidade para decidir ou se verifique alguma limitação, a decisão deve
envolver os familiares de referência.
Os deveres de informação, esclarecimento e obtenção de consentimento informado, no que
se refere à prestação de cuidados de saúde, integram o núcleo dos deveres deontológicos e
normativos dos profissionais de saúde, pelo que, competem a estes profissionais no âmbito
das competências e áreas de intervenção próprias da profissão.
No que se refere aos residentes em instituições, e no âmbito da identificação de necessidades
de cuidados de saúde, importa verificar a existência de vontade anteriormente manifestada,
ou a existência de procurador de cuidados de saúde.
Sem prejuízo do que se enuncia nos parágrafos seguintes, as directivas antecipadas de
vontade e a procuração de cuidados de saúde, ainda que não registadas no RENTEV, são
igualmente eficazes, desde que tenham sido formalizadas através de documento escrito,
assinado presencialmente perante notário, conforme artigo 3.º da Lei n.º 25/2012, de 16 de
julho (Assembleia da República, 2012), na qual se estabelece o regime aplicável às
designadas directivas antecipadas de vontade, seja quanto à existência de testamento vital,
seja quanto à nomeação de procurador de cuidados de saúde.

À data de acolhimento e integração em ERPI, quanto à existência de directiva antecipada de


vontade, o regime jurídico em causa, prevê a possibilidade de:
a) ser entregue a profissional de saúde que integre a equipa de prestadores de cuidados,
conforme artigo 6.º, documento do qual consta a vontade anteriormente manifestada
quanto à prestação de cuidados, seja pelo próprio, por procurador de cuidados de
saúde nomeado ou pelos familiares;
b) ser comunicada a existência de informação registada no RENTEV.

iii
Convenção para a protecção dos direitos do homem e da dignidade do ser humano face às aplicações da
biologia e da medicina: Convenção sobre os Direitos do Homem e a Biomedicina

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A informação relativa a directivas antecipadas de vontade e a informação registada no


RENTEV, têm natureza especialmente protegida e acesso reservado nos termos da legislação
especial e do regime geral de proteção de dados pessoais.
Assim, compete aos profissionais de saúde, designadamente médicos e enfermeiros,
conforme n.º 1 do artigo 5.º da Portaria n.º 96/2014, de 5 de maio (Ministério da Saúde, 2014),
alterada pela Portaria n.º 141/2018, de 18 de maio (Ministério da Saúde, 2018), consultar o
RENTEV para confirmar a existência de documento ou de procuração de cuidados de saúde
registados.
Para além do enunciado, o Portal do RENTEV, apenas podendo ser consultada:
a) pelo próprio através da sua área pessoal no portal do SNS 24;
b) por profissionais do RENTEV, designados nas unidades de saúde para esse efeito, e
por médicos validadores para questões de verificação procedimental devidamente
identificadas;
c) por profissionais de saúde no âmbito da prestação de cuidados de saúde, através do
Portal do Profissional, conforme n.º 5 do artigo 8.º da Portaria n.º 96/2014, de 5 de
maio, com a redacção decorrente da entrada em vigor da Portaria n.º 141/2018, de 18
de Maio, ou
d) pelo médico responsável pela prestação de cuidados de saúde à pessoa incapaz de
expressar de forma livre e autónoma a sua vontade, conforme artigo 5.º, n.º 1 da
Portaria n.º 96/2014, de 5 de maio.
A informação tratada nos parágrafos que antecedem, deve ser, obrigatoriamente, registada
pelo responsável pelos cuidados de saúde no processo clínico, conforme n.º 3 do artigo 6.º
da Lei n.º 25/2012, de 16 de julho (Assembleia da República, 2012), e no Plano Individual de
Cuidados de cada utente, cujo acesso é restrito nos termos da legislação aplicável, conforme
disposto no artigo 9.º, n.º 2 da Portaria n.º 67/2012, de 21 de Março (Ministério da
Solidariedade e da Segurança Social, 2012).
Existindo decisão judicial de acompanhamento que inclua a prestação de cuidados de saúde
ou procurador de cuidados de saúde, estes (acompanhante e, ou procurador de cuidados)
participam do processo de tomada de decisão.
Quando exista directiva antecipada de vontade, sob a forma de testamento vital, o seu
conteúdo deve ser respeitado, sem prejuízo das situações excepcionadas na legislação em
vigor. Qualquer decisão fundada neste regime, deve ser, obrigatoriamente, inscrita no
processo clínico do residente pelos profissionais de saúde envolvidos.
A equipa clínica deve procurar conhecer junto dos familiares ou cuidador, a vontade
anteriormente manifestada pelo utente.
O consentimento informado para prestação de cuidados de saúde, deve ser implementado e
operacionalizado, pela equipa de saúde, de acordo com a legislação de acesso a dados de

documento revisto em 26. outubro.2022 53


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saúde em vigor, em cada instituição, através de suporte próprio, que obedeça aos requisitos
legais e normas em vigor, devidamente registado.
Outros profissionais da ERPI que, no exercício das suas funções, venham a ter conhecimento
de dados e informação constantes de documento de directivas antecipadas de vontade ou de
procuração de cuidados de saúde, ficam obrigados a observar sigilo profissional, ainda que
venham a cessar funções na referida ERPI, conforme artigo 18.º da Lei n.º 25/2012, de 16 de
julho (Assembleia da República, 2012).

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Capítulo VI: Plano de Contingência

A prestação de cuidados de qualidade e seguros constitui uma exigência essencial no


contexto das ERPI, pelo que importa prever, em cada estrutura, a existência de um documento
preventivo que sustente a atuação em situações de emergência ocorridas no contexto da
prestação de cuidados de saúde, minimizando as suas consequências negativas.
Para além de definir em cada estrutura a coordenação, equipa e responsabilidades dos
profissionais afetos à sua implementação, os planos de contingência, em cada ERPI, devem
integrar as áreas identificadas no presente documento, sem prejuízo de outras determinadas
face à concreta situação de cada ERPI.
Neste contexto, é ainda recomendável a articulação com as Unidades de Saúde Pública,
atentas as suas competências.

6.1. Prevenção e controlo de infeção associada à prestação de cuidados


É hoje reconhecida a necessidade de implementar, de forma efetiva e permanente, sistemas
de prevenção e controlo de infeção associada à prestação de cuidados em todas as ERPI,
independentemente da tipologia de cuidados, sector e contexto, tal como resultou evidenciado
de forma global, pela pandemia de SARS-CoV-2 na generalidade dos países.
Constituindo estas infeções um problema de saúde devido à morbimortalidade a que esta
população é particularmente vulnerável, e sendo hoje conhecidas medidas de prevenção e
controlo cuja eficácia se encontra demonstrada (Direção-Geral da Saúde, 2012), considera-
se ser essencial a implementação de uma política de prevenção e controlo de infeções
associadas à prestação de cuidados, elaborada em articulação com a Unidade de Saúde
Pública dos ACES da área geográfica de cada ERPI, a quem competirá, proceder, pelo
menos, anualmente, à sua monitorização e avaliação.

Recomenda-se que em cada ERPI esta medida, pela sua componente técnica e implicações
na organização e prestação de cuidados, seja implementada por profissional de saúde com
competência reconhecida em controlo de infeção.

A estratégia de prevenção e controlo de infeções nas ERPI deve integrar (Ontario Agency for
Health Protection and Promotion (Public Health Ontario), 2020); (NYC Department of Health
and Mental Hygiene., [...]):

1. Desenvolvimento e implementação de um normativo adequado ao contexto e


circunstâncias de acordo com uma orientação nacional;
2. Implementação de um programa de controlo de infeção:

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a. Identificação de todas as atividades de controlo de infeção presentes nas


diferentes áreas de atuação da ERPI;
b. Implementação de um programa de vigilância contínua de doenças de acordo
com as recomendações internacionais, as medidas de controlo implementadas
e a disponibilização de manuais e procedimentos atualizados, acessíveis a
todos os profissionais;
c. Monitorização e avaliação frequente do impacto das medidas implementadas;
d. Formação em prevenção e controlo de infeção para todos os colaboradores da
ERPI.
3. Implementação efetiva de medidas que permitam e potenciem a higiene das mãos de
residentes e profissionais da ERPI, disponibilização de formação, de informação,
auditorias e identificação precisa de momentos em que a higienização das mãos é
obrigatória, conforme exemplo que se enuncia (Direção-Geral de Saúde, 2019):
i. Antes de prestar cuidados/tocar na pessoa idosa;
ii. Antes de realizar procedimentos de limpeza/higiene ou procedimentos
assépticos;
iii. Depois de exposição ou risco de exposição a fluidos corporais;
iv. Depois de prestar cuidados/tocar na pessoa idosa;
v. Depois de tocar em objetos e na envolvente da pessoa a quem foram
prestados cuidados.
4. Uso adequado de equipamento de proteção individual (EPI):
a. Existência de equipamento de proteção individual adequado às necessidades
de cuidados identificadas e em função dos cuidados prestados e da situação
epidemiológica;
b. Definição de procedimentos para seleção e uso correto de equipamento de
proteção individual, acessíveis a todos os profissionais diretamente envolvidos
na prestação de cuidados;
c. Definição de locais adequados para disponibilização e armazenamento de
equipamento de proteção individual;
d. Formação, treino e monitorização, frequente, quanto ao uso e manuseio de
equipamento de proteção individual;
e. Afixação de sinalização clara (deve indicar apenas o tipo de equipamento a ser
usado) nos acessos a áreas, incluindo quartos, que requeiram precauções de
controlo de transmissão.

5. De entre o EPI recomendado em ERPI, o correto manuseamento das luvas assume


um papel crucial na prevenção de infeções associadas à prestação de cuidados
(Direção-Geral da Saúde, 2012):
a. As luvas usadas devem ser adequadas ao utilizador e ao procedimento a que
se destinam;

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b. Devem ser de uso único e removidas imediatamente após o uso em cada


doente e, ou após o procedimento realizado;
6. Os uniformes/fardas dos profissionais que prestam cuidados nas ERPI são de uso
exclusivo no espaço físico da instituição, estando vedada a sua utilização em saídas
ao exterior. Assim:
a. O uso de uniforme/farda no exterior apenas será admitido em situações de
acompanhamento de utente, após o qual deve ser higienizada antes de nova
utilização em contexto da ERPI;
b. Os uniformes/fardas devem ser, preferencialmente, higienizados nas
instituições. Quando a lavagem da roupa seja realizada no domicílio, deve o
uniforme/farda ser sempre transportado em saco impermeável e fechado;
c. A lavagem deve ser realizada a temperatura superior a 60º C e separada de
outra roupa;
d. Após lavagem deve ser guardada e transportada em saco impermeável limpo.
7. Definição de procedimentos de higiene e etiqueta respiratória (Direção-Geral da
Saúde, 2012) aplicáveis a todos os profissionais, residentes e visitantes que
apresentem sintomas de infeção respiratória:
a. Formação e informação aos profissionais, residentes e famílias no momento
na admissão;
b. Disponibilização de máscaras, lenços e outros meios, em local acessível à
entrada e nas instalações;
c. Definição de procedimento face a visitante que apresente sintomatologia
compatível;
d. Definição de procedimento a adotar, sem prejuízo dos colaboradores, quando
estes apresentem sintomatologia compatível.

8. Identificação de profissional habilitado, com competências e conhecimentos que


permitam implementar e garantir:
a. A implementação de uma adequada vigilância de doenças.
b. A identificação de eventos sentinela e identificação precoce de potenciais
riscos entre residentes e profissionais,
c. A implementação de medidas de isolamento,
d. Uma adequada investigação e controlo de possíveis surtos ou de surtos
existentes,
e. A correta e atempada notificação de casos e consequente coordenação com
os serviços de saúde;
f. A correta assistência à pessoa idosa ou ao profissional afetado.
9. Coordenação com as autoridades de saúde competentes, em particular em caso de
surtos;

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10. Formação e treino em preparação para emergências;


11. Identificar e implementar as melhores práticas recomendadas na qualidade
assistencial:
a. Cumprimento do programa nacional de vacinação por profissionais e
residentes, bem como adesão a outras campanhas de vacinação
recomendadas em função da situação clínica e faixa etária dos residentes;
b. Existência de procedimentos e recursos materiais que garantam uma
adequada e atempada profilaxia pós-exposição imediata a riscos biológicos e
material potencialmente contaminado;
c. Monitorização da situação dos residentes que tenham sido transferidos para
unidades e serviços de saúde.
12. Implementação de boas práticas no âmbito do Programa de Prevenção e Controlo de
Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos:
a. Elaboração, em equipa, de política sobre prescrição de antibióticos e sua
administração, na qual esteja definida a monitorização a adotar;
b. Implementação das recomendações nacionais;
13. Existência de uma política de saúde ambiental e desinfeção conhecida por todos e
efetivamente implementada.

6.2. Ecologia, saúde ambiental e desinfeção


Para que a qualidade dos cuidados assistenciais seja garantida, é fundamental que exista
uma política e procedimentos escritos, conhecidos por todos, que incluam quer a limpeza de
rotina às instalações, materiais e equipamentos partilhados, quer a limpeza a ser realizada
após a saída de um residente.

Deve ser garantido que as áreas em que são prestados cuidados de saúde são seguras para
a prestação, em particular no que se refere à limpeza de superfícies, equipamento e material
clínicos e manutenção ambiental (Direção-Geral da Saúde, 2012).
1. A limpeza dos espaços deve ser definida de acordo com as áreas e sua utilização,
conforme um horário previamente definido e conhecido por todos;
2. A limpeza dos materiais e equipamentos deve obedecer às recomendações do
fabricante e especificações técnicas;
3. A limpeza e desinfeção de superfícies deve ser realizada com os produtos adequados
e de acordo com o plano definido pelos responsáveis pelo controlo de infeção,
conforme os riscos identificados;
4. Toda a roupa usada, de residentes e profissionais, deve ser manuseada e
acondicionada de forma adequada conforme procedimentos de manuseamento
previamente definidos em documento próprio.

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Para além das medidas genéricas, devem ainda:


1. Ser considerados procedimentos especiais decorrentes da presença ou suspeita de
presença de elementos patogénicos específicos;
2. Estar claramente identificados os colaboradores responsáveis pelas tarefas de
limpeza e de desinfeção, identificando as tarefas, os materiais e os equipamentos a
desinfetar, bem como a frequência de limpeza e de monitorização do seu estado;
3. As equipas de limpeza e de prestação de cuidados devem ser distintas, integrando,
respetivamente trabalhadores auxiliares e ajudantes de ação direta, sempre que
possíveliv;
4. Existir e estar acessíveis, e devidamente identificados, os equipamentos e produtos
de limpeza adequados à limpeza e desinfeção de superfícies, materiais e
equipamentos de acordo com as orientações das autoridades competentes em matéria
de segurança na prestação de cuidados;
5. Ser realizadas ações de formação e treino à equipa responsável pela limpeza e
desinfeção, seja quanto aos procedimentos, seja quanto à utilização dos produtos e
materiais adequados, seja quanto às precauções associadas ao seu manuseio.

6.3. Gestão de resíduos


A atividade assistencial prestada nas ERPI gera resíduos de diferentes tipos, sendo a sua
maioria resíduos não regulamentados e por isso sujeitos a tratamento similar à grande maioria
dos resíduos produzidos por outras unidades.
Contudo, a prestação de cuidados de saúde gera resíduos regulamentados ao abrigo do
regime aplicável aos designados resíduos hospitalares, definidos como sendo o “resíduo
resultante de atividades de prestação de cuidados de saúde a seres humanos [...]”, no
Decreto-Lei n.º 102-D/2020, de 10 de dezembro (Presidência do Conselho de Ministros,
2020).
Para além destes, existem ainda resíduos perigosos, de risco biológico (como o material de
proteção individual, resíduos provenientes de quartos e de residentes com doença
transmissível, material usado em dialise, sistemas de administração de soros e
medicamentos, sacos coletores de resíduos orgânicos e respetivos sistemas, fraldas e
resguardos descartáveis contaminados ou com vestígios de fluidos orgânicos) e resíduos
específicos como sejam materiais perfurantes e cortantes (agulhas, cateteres e todo o
material invasivo), materiais de risco biológico e produtos farmacêuticos que não estejam
abrangidos por legislação específica.

iv
Boletim do Trabalho e do Emprego n.º 31, de 22.08.2015

documento revisto em 26. outubro.2022 59


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Os riscos associados ao manuseamento e recolha dos resíduos decorrentes da prestação de


cuidados de saúde, exige o conhecimento e a implementação de procedimentos específicos
de manuseamento e gestão em função do tipo de cuidados prestados e do número de
residentes.
Considerando que às Autoridades de Saúde compete o poder de atuar no âmbito da gestão
do risco para a saúde e para o ambiente associado à produção de resíduos decorrentes da
prestação de cuidados de saúde, sem prejuízo de um referencial nacional, será recomendável
que, pelo menos anualmente, os procedimentos de gestão de resíduos em cada ERPI sejam
monitorizados e avaliados pela Unidade de Saúde Pública do ACES da sua área geográfica.
No que se refere à gestão de resíduos, cada ERPI deverá:

1. Garantir a existência de um espaço destinado à recolha de resíduos decorrentes da


prestação de cuidados de saúde, permitindo a deposição seletiva de resíduos dos
grupos III e IV (respetivamente resíduos de risco biológico e de incineração
obrigatória);
2. Os profissionais devem aprender e separar os resíduos de acordo com as suas
categorias, colocando-os nos diferentes recipientes, para que possam ser
manuseados e tratados em segurança, conforme política e procedimentos definidos;
3. Dispor de uma política e procedimentos de tratamento de resíduos decorrentes da
prestação de cuidados de saúde e assistenciais, conhecida por todos e acessível a
todos os colaboradores da ERPI;
4. Realizar formação e treino para todos os profissionais abrangidos, bem como proceder
à monitorização frequente, contribuindo para a interiorização dos procedimentos de
manuseio adequados;
5. Estabelecer protocolos de colaboração com entidades licenciadas para a recolha,
tratamento e gestão destes resíduos, incluindo quanto à dispensa de contentores
apropriados, ou à sua recolha;
6. Caso sejam administrados medicamentos sujeitos ao regime especial de substâncias
controladas, deve ser definida uma política de controlo fortemente consolidada,
incluindo quanto aos requisitos específicos para a sua eliminação e destruição.
Como em outras áreas, também na gestão de resíduos o trabalho em equipa é essencial para
a segurança dos profissionais da ERPI, para a qualidade da prestação, para a redução dos
custos associados à gestão dos resíduos e para o próprio ambiente.
A formação, o treino e uma boa política de monitorização e de comunicação são essenciais
no âmbito das matérias inseridas neste capítulo, contribuindo para um ambiente de trabalho
mais seguro e saudável.

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6.4. Atuação em emergência e anafilaxia


Em cada ERPI devem ser elaboradas políticas e procedimentos de preparação para atuação
em caso de emergência, bem como deve ser implementada uma política de comunicação,
monitorização e avaliação destinada a todos os profissionais da ERPI envolvidos.

6.4.1.Anafilaxia: diagnóstico, tratamento e equipamento


A administração de medicamentos pode, ainda que raramente, provocar reações alérgicas
graves, nomeadamente reações anafiláticas.
Para diagnóstico, equipamento e tratamento de reações anafiláticas deve ser observada a
Norma n.º 014/2012 da DGS, Anafilaxia: Abordagem Clínica (2012), na sua versão mais
atualizada à data do presente referencial e se sintetiza no Anexo IV.
As ERPI devem garantir que se encontram reunidos os meios e recursos necessários a uma
pronta atuação em caso de anafilaxia, conforme recomendações da DGS, devendo o
enfermeiro verificar periodicamente as condições do material e equipamento necessário,
assim como deve ser prestada formação adequada aos profissionais.

6.5. Material e equipamento necessário para prestação de cuidados de


saúde
A implementação do presente Referencial de boas práticas, deve ter em conta os processos
de gestão e manutenção dos equipamentos, medicamentos e material de consumo clínico
existente em cada ERPI.

A qualidade e segurança dos cuidados de saúde prestados dependem, em cada ERPI, da


aplicação dos procedimentos e boas práticas na área da qualidade e segurança dos cuidados
de saúde a prestar às pessoas idosas, bem como da existência de equipamento adequado
aos cuidados de saúde prestados, conforme Anexo V

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Capítulo VII: Sistemas de Informação

Os sistemas de informação constituem um instrumento central na prestação de cuidados de


saúde, contribuindo para uma melhoria contínua da sua qualidade, através de registos mais
claros e completos.
A integração da informação de saúde e de informação clínica em sistemas de informação
pelos profissionais de saúde devidamente habilitados, contribui, igualmente, para a
continuidade de cuidados centrados nas necessidades da população idosa e de cada
residente individualmente considerado.
As ERPI são, face ao envelhecimento populacional e à crescente necessidade de cuidados
continuados em contexto domiciliário, uma componente crescente no sistema de proteção
social e de saúde
Neste âmbito, será essencial o desenvolvimento e implementação de uma plataforma digital
que permita, através de uma política de acessos desenhada de acordo com a legislação de
proteção e acesso a dados pessoais e de saúde, que contribuía para a centralização de
informação de saúde, clínica e social, necessária à sustentação dos processos de cuidar e de
tomada de decisão.
Num modelo que se propõe centrado nas necessidades da população residente em ERPI os
sistemas de informação devem integrar três áreas essenciais.

7.1. Sistemas de registo e articulação


Os registos clínicos são um elemento central essencial na prestação de cuidados de saúde,
constituindo um dever deontológico das diferentes profissões de saúde, que se encontram
obrigadas a registar de forma clara, completa e precisa as observações, diagnóstico,
intervenções e informação considerada adequada, relativamente a cada pessoa.

No que se refere às ERPI, e dada a centralidade dos cuidados de saúde, os sistemas de


informação deverão comportar dados que resultam de avaliação a partir da pessoa idosa, a
formulação de diagnósticos, objetivos e intervenções. O registo completo das observações e
intervenções realizadas, constitui um dever essencial à qualidade, segurança e continuidade
dos cuidados.
Os registos clínicos são essenciais como suporte de informação relativa a cada residente na
ERPI, centralizando a informação de saúde, clínica ou outra resultante de cada observação
ou intervenção, e como meio de comunicação/articulação entre os diferentes profissionais que
prestam cuidados de saúde, seja na própria instituição, seja quando há necessidade de
transferência ou de cuidados mais diferenciados.

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A comunicação bidirecional da informação de saúde e clínica dos residentes em ERPI


contribui para que esta cumpra critérios de integridade, completude, adequação e fidelidade,
evitando a perda ou alterações da informação a partilhar.
Deste modo, importa promover a definição e utilização de Modelos Clínicos de Dados,
assentes em normas, metodologias e requisitos que garantam a normalização dos
procedimentos de registo clínico na generalidade das ERPI, contribuindo para a segurança
da prestação, a qualidade da informação e a melhoria efetiva dos processos de tomada de
decisão internos e/ou partilhados com outros profissionais de saúde.

7.2. Sistema de partilha: interoperabilidade


A interoperabilidade entre as diferentes plataformas existentes é essencial como elemento
para a melhoria contínua da qualidade dos cuidados prestados. A existência de diferentes
plataformas destinadas ao suporte da prestação de cuidados de saúde, sem que haja
possibilidade de partilha de informação, aumenta os custos da prestação, duplica
procedimentos, aumenta a possibilidade de erro na prestação e continuidade de cuidados,
atrasa o acesso aos cuidados adequados
A implementação de sistemas de informação adequados, em diferentes experiências-piloto
realizadas em ERPI em outros países tem sinalizado o seu contributo para o aumento da
eficiência e eficácia da equipa de prestadores e dos cuidados prestados, aumentando a
segurança da prestação e a satisfação dos destinatários de cuidados.

Consequentemente, a criação, desenvolvimento e implementação de um módulo específico,


baseado no SClinico, de aplicação nacional e universal a todas as ERPI, que permita a
articulação e interligação com os diferentes serviços de saúde, e em particular, com a
possibilidade de partilha de informação, seria uma grande valia.

7.3. Sistemas de telessaúde


Os sistemas de eHealth e de Telessaúde, assumem uma cada vez maior importância face ao
envelhecimento populacional e ao aumento das doenças crónicas, em particular entre a
população idosa, contribuindo para um melhor e mais célere acesso a cuidados de saúde.
Num país com as assimetrias identificadas, a disponibilização de sistemas de telessaúde na
generalidade das ERPI irá contribuir para potenciar a sua articulação com os serviços de
saúde da área geográfica, mas também com outros serviços que prestam cuidados de saúde
diferenciados.

documento revisto em 26. outubro.2022 63


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Neste contexto, a telemonitorizaçãov, a teleconsultavi e a teleconsultoria clínicavii, devem ser


entendidos como instrumentos de partilha de informação e monitorização do estado de saúde
dos residentes, e como meio potenciador de processos de tomada de decisão, envolvendo os
diferentes prestadores de cuidados de saúde, constituindo igualmente uma dimensão do
acesso a cuidados de saúde de qualidade, em particularmente nas regiões em que este
acesso seja mais complexo ou se encontre dificultado.
Para além desta dimensão de acesso e integração de cuidados, os sistemas de telessaude
têm contribuído para a formação e atualização técnica e científica dos profissionais
envolvidos.
Desta forma, o modelo desejado deve tomar como ponto de partida a experiência já existente,
integrando as necessidades dos prestadores, dos destinatários de cuidados e restante
pessoal, e salvaguardar as questões legais e éticas associadas a estas matérias.

v
A existência de dispositivos de monitorização nas ERPI e a existência de uma plataforma adequada,
permitem a transmissão automática dos dados biomédicos de cada residente e o acompanhamento,
em tempo real, pelos profissionais do serviço de saúde adequado, de acordo com critérios de inclusão
e de exclusão previamente definidos.
vi
Consulta realizada através do recurso a meios electrónicos.
vii
Permite aos profissionais de saúde da ERPI e dos serviços de saúde a partilha de informação,
aconselhamento e esclarecimento, essenciais aos processos de tomada de decisão, de acordo com a
situação clínica da pessoa idosa e as suas necessidades de cuidados.

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Capítulo VIII: Confidencialidade, privacidade e proteção


de dados
No âmbito da sua atuação, as ERPI estão sujeitas às regras de confidencialidade, privacidade
e proteção de dados decorrentes do Regulamento Geral de Proteção de Dados e legislação
conexa em vigor em Portugal.

Para além destes normativos, são ainda aplicáveis as normas decorrentes do regime jurídico
e deontológico das profissões envolvidas, em particular as relativas ao sigilo profissional,
sempre que aplicável.

No que se refere ao acesso a dados de saúde, médicos e genéticos, é ainda de aplicação o


regime decorrente da Lei n.º 12/2005, de 26 de janeiro, e regulamentação conexa, em
particular no que se refere ao acesso de terceiros não profissionais de saúde à informação de
saúde, médica e genética, se for o caso (Assembleia da República, 2005).
Deste modo, os processos clínicos de cada residente devem encontrar-se separados do
processo individual, social, permanecendo em lugar de acesso reservado, no qual seja
garantida a sua segurança, confidencialidade, controlo de acesso e reforço do dever de sigilo,
considerando o disposto na Lei n.º 12/2005, de 26 de Janeiro.
Consequentemente, a implementação de um sistema que garanta de forma efetiva o
cumprimento das normas quanto ao acesso à informação de saúde e clínica, bem como a
confidencialidade e privacidade dos dados registados, é essencial para o bom funcionamento
das estruturas, sua articulação com os serviços de saúde e confiança dos residentes e suas
famílias.
Em concreto, cada ERPI deverá promover a:
1. Realização de formação e educação jurídico-deontológica da totalidade dos seus
órgãos de gestão e colaboradores nestas matérias, suas implicações,
responsabilidades e consequências;
2. Existência de uma cultura de registo, acesso e tratamento de dados e informação,
ética e responsável, de acordo com as áreas de competência e de atuação,
“assegurando os níveis de segurança apropriados e cumprindo as exigências
estabelecidas pela legislação que regula a proteção de dados pessoais,
nomeadamente para evitar a sua destruição, acidental ou ilícita, a alteração, difusão
ou acesso não autorizado ou qualquer outra forma de tratamento ilícito da informação,
em harmonia com o disposto no artigo 4.º, Lei n.º 12/2005, de 26 de janeiro;
3. Célere intervenção e implementação de medidas corretivas, nos termos da legislação
em vigor, quando existam ameaças ou violação às normas em vigor.

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Referências
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procedimentos técnicos. 2.ª ed. Lisboa: ACSS,I.P.
Assembleia da República. (26 de janeiro de 2005). Lei n.º 12/2005. DR n.º 18/2005. I Série A.
Informação genética pessoal e informação de saúde.
Assembleia da República. (16 de julho de 2012). Lei n.º 25/2012, DR n.º 136, I Série. Regula as
diretivas antecipadas de vontade, designadamente sob a forma de testamento vital, e a
nomeação de procurador de cuidados de saúde e cria o Registo Nacional do Testamento Vital
(RENTEV).
Assembleia da República. (5 de setembro de 2012). Lei n.º 52/2012. DR n.º 172/2012, I Série. Lei de
Bases dos Cuidados Paliativos.
Assembleia da República. (16 de Setembro de 2015). Lei n.º 156/2015. DR 154. I Série. Estatuto da
Ordem dos Enfermeiros. Lisboa.
Assembleia da República. (18 de julho de 2016). Resolução n.º 130/2016. DR. n.º 136, I Série.
Recomenda ao Governo medidas de apoio aos cuidadores informais e a aprovação do seu
estatuto.
Assembleia da República. (6 de setembro de 2019). Lei n.º 100/2019. DR. 171, I Série. Aprova o
Estatuto do Cuidador Informal.
Backhaus, R., Hoek, L. J., Vries, E. d., Haastregt, J. C., Hamers, J. P., & Verbeek, H. (30 de Oct de 2020).
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de cuidados de saúde nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI)

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resíduos, transpondo as Diretivas (UE) 2018/849, 2018/850, 2018/851 e 2018/852.
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Integrated Long-term Care Provision: Building resilience through better integration across
health, social care and social protection. webinar meeting hosted by WHO Regional Office for
Europe. Copenhagen.

Anexo I - Referencial normativo e documental

Tratando-se de uma atividade regulada, as estruturas residenciais para pessoas idosas


dispõem de um quadro normativo próprio ao qual se encontram vinculadas, bem como de um
conjunto de documentos orientadores, os quais foram considerados como base da presente
reflexão e trabalho, e por isso integrados nesta seção.
Por se considerar adequado no contexto epidemiológico em que este documento será
disponibilizado, foi integrada uma seção autónoma na qual se identificam as normas e
orientações aplicáveis durante a fase pandémica de COVID-19 às ERPI e cuja atualização
deve ser verificada no momento da sua consulta e utilização.

1.Referencial normativo
a) Portaria n.º 67/2012, de 21 de março, define as condições de organização, funcionamento
e instalação das estruturas residenciais para pessoas idosas (ERPI), estabelecendo que
a fiscalização incumbe ao ISS, I.P.

documento revisto em 26. outubro.2022 72


Grupo de Projeto de Trabalho Colaborativo para a elaboração de um referencial de boas práticas na prestação
de cuidados de saúde nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI)

Disponível em https://dre.pt/web/guest/pesquisa/-
/search/553657/details/normal?q=Portaria+n.%C2%BA%2067%2F2012%2C%20de+21+
de+mar%C3%A7o;

b) Decreto-Lei n.º 64/2007, de 11 de março, que define o regime jurídico de instalação e


funcionamento e fiscalização dos estabelecimentos de apoio social gerido por entidades
privadas, estabelecendo o respetivo regime contraordenacional, na sua última versão
alterado e republicado em anexo ao Decreto-Lei n.º 126-A/2021 de 31 de dezembro:
Disponível a sua versão consolidada em https://dre.pt/dre/legislacao-consolidada/decreto-
lei/2007-115002318 ;

c) Portaria n.º 196-A/2015, de 1 de julho: define os critérios, regras e formas em que assenta
o modelo específico da cooperação estabelecida entre o ISS, I.P. e as instituições
particulares de solidariedade social ou legalmente equiparadas.
Foi alterada e republicada, com efeitos a 1 de julho de 2019 pela Portaria n.º 218-D/2019
- Diário da República n.º 133/2019, 1º Suplemento, Série I de 15 de julho de 2019 que
procede à republicação da referida portariaviii.
Disponível em https://dre.pt/web/guest/analisejuridica/-
/aj/123185803/init/normal?p_p_auth=RwaIw9cd&_AnaliseJuridica_WAR_drefrontofficep
ortlet_mode=dt
Alterada pela Portaria n.º 199/2021, de 21 de Setembro.

d) Portaria n.º 143/2021, de 9 de julho, altera o Regulamento do Programa de Celebração


ou Alargamento de Acordos de Cooperação para o Desenvolvimento de Respostas
Sociais, republicado em anexo. https://dre.pt/web/guest/analisejuridica/-
/aj/106556093/init/maximized?p_p_auth=RwaIw9cd&tipoAssocId=162&mode=at

2.Referencial documental
a) Recomendação da comissão setorial para a saúde do sistema (RECCS09/01/2014),
sobre Gestão da Medicação nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas.
Disponível em
http://www1.ipq.pt/PT/SPQ/ComissoesSectoriais/CS09/Documents/Recomendacao_para
GT_ERPI.pdf.

b) Manual de Gestão da Qualidade para Lares de Idosos.

viii
Nos termos do artigo 7.º, o Conselho Diretivo do ISS, I. P., deveria ter aprovado, no prazo de 30 dias a contar da data da
entrada em vigor da portaria, as orientações técnicas necessárias à sua aplicação

documento revisto em 26. outubro.2022 73


Grupo de Projeto de Trabalho Colaborativo para a elaboração de um referencial de boas práticas na prestação
de cuidados de saúde nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI)

Disponível em
http://www1.ipq.pt/PT/IPQ/Publicacoes/PublicacoesDownload/Documents/QualIdade/MG
Q_LI.pdf

c) Modelo de Avaliação da Qualidade - Estrutura Residencial para idosos.


Disponível em https://www.seg-
social.pt/documents/10152/13645/gqrs_lar_estrutura_residencial_idosos_modelo_avalia
%C3%A7%C3%A3o/41b4bfa9-a62d-4bb4-b368-c79d60211ecd

d) Manual de Boas Práticas. Um guia para o acolhimento residencial das pessoas mais
velhas, para dirigentes, profissionais, residentes e familiares.
Disponível em https://www.seg-
social.pt/documents/10152/14714/acolhimento_residencial_pessoas_mais_velhas/cab53
2a6-b2c8-4ab8-b164-ef0235b894c7

e) Manual do Prestador Recomendações para a Melhoria Contínua, RNCCI, Agosto de 2011


Disponível em https://www.acss.min-saude.pt/wp-
content/uploads/2016/10/Man_Prestador_UMCCI-RNCCI.pdf

3.Referencial COVID-19
a) Despacho Conjunto n.º 5436/2020, de 12 de maio: determina que o Despacho n.º 4097-
B/2020, de 2 de abril, publicado no Diário da República, 2.ª série, 2.º suplemento, n.º 66,
de 2 de abril de 2020, mantém-se em vigor enquanto perdurar a situação epidemiológica
nacional provocada pela infeção por SARS-CoV-2, causadora da doença COVID-19.
Disponível em https://dre.pt/web/guest/pesquisa/-
/search/131051270/details/normal?q=Despacho+n.%C2%BA%204097-B%2F2020

b) Direção-Geral da Saúde. Orientação n.º 009/2020, de 11 de março de 2020, atualizada a


10 de janeiro de 2021. COVID-19: Procedimentos para Estruturas Residenciais para Idosos
(ERPI) e para Unidades de Cuidados Continuados Integrados (várias tipologias). Lisboa:
DGS.
Disponível em https://www.dgs.pt/normas-orientacoes-e-informacoes/orientacoes-e-
circulares-informativas/orientacao-n-0092020-de-11032020-pdf.aspx

c) Direção-Geral da Saúde. Norma n.º 002/2021, de 20 de janeiro de 2021, atualizada a 11


de janeiro de 2022. Campanha de Vacinação Contra a COVID-19. Lisboa: DGS.

documento revisto em 26. outubro.2022 74


Grupo de Projeto de Trabalho Colaborativo para a elaboração de um referencial de boas práticas na prestação
de cuidados de saúde nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI)

Disponível em https://www.dgs.pt/normas-orientacoes-e-informacoes/normas-e-
circulares-normativas/norma-n-0022021-de-30012021-pdf.aspx

d) Direção-Geral da Saúde. Norma n.º 006/2021, de 25 de setembro de 2021, atualizada a


14 de dezembro de 2021. Vacinação contra a gripe. Época 2021/2022. A presente
atualização permite a administração da vacina contra a gripe e da vacina contra a COVID-
19 sem qualquer intervalo de tempo. Lisboa: DGS.
Disponível em https://www.dgs.pt/normas-orientacoes-e-informacoes/normas-e-
circulares-normativas/norma-n-0062021-de-250920211.aspx

documento revisto em 26. outubro.2022 75


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de cuidados de saúde nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI)

Anexo II - Vigilância e rastreios

Os rastreios são essenciais para o conhecimento do estado de saúde e de doença da


população residente em ERPI, possibilitando a prevenção de agudizações e a prestação
atempada de cuidados.
Neste contexto e tendo presente que as ERPI se destinam, essencialmente, à habitação de
pessoas com 65 ou mais anos, ou de pessoas adultas com idade inferior a 65 anos, em
situações de exceção devidamente justificadas, os rastreios devem realizar-se em
colaboração com a Unidade de Saúde Pública do ACES em cuja área geográfica a ERPI se
insere, atendendo a critérios etário, de saúde previamente identificados, assim como às
competências e condições de prestação de cuidados existentes em cada uma das estruturas.
De idêntica forma, os processos e programas de vigilância e de rastreio devem ser ajustados
e adaptados à sintomatologia apresentada ou situação clínica verificada, sendo realizados,
independentemente do intervalo etário em causa, sempre que considerado clinicamente
adequado ou necessário. Para além dos aqui identificados, deve ser assegurada a vigilância
e outros rastreios, de acordo com avaliação clínica e de problemas próprios da pessoa idosa,
nomeadamente auditivos, oftalmológicos, osteoarticulares, respiratórios, sociais ou outros.
A vigilância e os rastreios realizados entre a população idosa residente em ERPI deve ser
realizada pela equipa de saúde da ERPI e pelas unidades e serviços de saúde da área
geográfica competente, de acordo com as normas e orientações em vigor.

1.Rastreios Oncológicos
1.1. Rastreio do Cancro do Cólon e Reto
Entre os 50 e 74 anos de idade deverá ser realizada a pesquisa de sangue oculto nas fezes
(PSOF), pelo método imunoquímico a realizar cada 2 anos. Aos casos positivos deve ser
proposta a realização de colonoscopia total, a qual deve obedecer a critérios de qualidadei.

1.2. Rastreio do Cancro da Mama


Entre os 50 e 69 anos de idade deverá ser realizada a mamografia com dupla leitura a realizar
a cada 2 anos. Utentes com mamografias classificadas com BI-RADS 1 ou 2 repetem a

iMinistério da Saúde. Gabinete do Secretário de Estado Adjunto e da Saúde. Despacho n.º


8254/2017. DR 183. II Série. 20788-20789. (21 de setembro de 2017). Estabelece os critérios
técnicos para os rastreios oncológicos de base populacional realizados no Serviço Nacional de Saúde
(SNS).

documento de trabalho 26. janeiro.2022 76


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mamografia em 2 anos Utentes com mamografias classificadas com BI-RADS 3 devem ser
referenciadas para consulta de aferição, bem como os resultados díspares em dupla leitura
(recomendada repetição de mamografia em 6 meses). Utentes com mamografias
classificadas com BI-RADS 4 ou 5 devem ser referenciadas para consulta de patologia
mamáriaii.

1.3. Rastreio do Cancro da Próstata


O rastreio do cancro da próstata requer uma decisão partilhada: esclarecimento sobre
benefícios e os riscos de sobrediagnóstico e hipertratamento a que fica sujeito pelo facto de
integrar o rastreio oportunístico.
A população alvo são homens entre 50 – 75 anos de idade. O estudo analítico requer a
prescrição de Antigénio Específico da Próstata (PSA) total. A periodicidade da vigilância
requeriii:
• PSA < 2,5 ng/mL, a periodicidade da determinação do PSA é de 2 anos.
• PSA ≥ 2,5 e < 4, a periodicidade da determinação do PSA é de 1 ano.
• PSA entre 4 e 10 ng/mL, deve ser efetuada a determinação da percentagem (%)
de PSA livre, que:
o Quando ≥ 25% deve ser feito controlo anual;
o Quando < 25% deve ser referenciado a consulta de especialidade
hospitalar, a efetivar no prazo máximo de 60 dias (com caráter prioritário),
para realização de biópsia.
• PSA > 10 ng/mL deve ser referenciado a consulta de especialidade hospitalar, a
efetivar no prazo máximo de 60 dias (com caráter prioritário), para realização de
biópsia.

2.Vigilância em utentes com fatores de risco cardiovasculares


2.1. Rastreio de Hipertensão arterial em Adultos
No que concerne a vigilância de utente adulto, esta deverá contemplar a medição de Pressão
arterial (PA) de forma regular.
• Se PA inferior a 120/80 mmHg deverá ser repetido a medição da PA pelo menos
a cada 5 anos.
• Se PA normal repetir a medição da PA pelo menos a cada 3 anos.

ii
Ver nota supra.
iii
Direção-Geral da Saúde. (29 de dezembro de 2011). Norma n.º 060/2011. Prescrição e
determinação do antigénio específico da próstata – PSA. Lisboa: DGS.

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• Se PA normal alta (130-139/85-89 mmHg) repetir a medição da PA pelo menos 1


vezes por anoiv.

2.2. Rastreio de Diabetes em Adultos


O rastreio de Diabetes requer a realização de glicose em jejum. A população alvo sãov:
• Adultos com excesso de peso ou obesidade (Índice de Massa Corporal (IMC) ≥25
kg/m2 ou ≥23 kg/m2 em Americanos Asiáticos) que tenham ≥1 dos seguintes
fatores de risco:
o Familiares de 1º grau com diabetes;
o Raça / etnia (Afro-Americanos, Latinos, Americanos nativos, Asiáticos-
americanos);
o História de doença cardiovascular;
o Hipertensão;
o Nível de colesterol HDL inferior a 35mg/dL e/ou nível de TG superior a
250mg/dL - Mulher com Síndrome Ovário Poliquístico; Sedentarismo;
o Outra condição associada a insulino-resistência (obesidade severa,
acantose nigricans);
o Adultos com pré-diabetes o Mulheres com antecedentes de diabetes
gestacional;
o Todos os outros adultos, devem ser testados a partir dos 45 anos;
A Periodicidade da vigilância será anual se adultos com hiperglicemia intermédia e a cada 3
anos nos restantes indivíduos, se resultado normal. Considerar maior frequência dependendo
dos resultados iniciais e do status de risco.
O diagnóstico de diabetes é feito com base nos seguintes parâmetros e valores para plasma
venoso na população em geral: a) Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl (ou ≥ 7,0 mmol/l); ou b)
Sintomas clássicos + glicemia ocasional ≥ 200 mg/dl (ou ≥ 11,1 mmol/l); ou c) Glicemia ≥ 200
mg/dl (ou ≥ 11,1 mmol/l) às 2 horas, na prova de tolerância à glicose oral (PTGO) com 75g de
glicose; ou d) Hemoglobina glicada A1c (HbA1c) ≥ 6,5%vi.

iv European Society of Cardiology (ESC). European Society of Hypertension (ESH). (1 de setembro de


2018). European Heart Journal. Clinical Practice Guidelines for the Management of Arterial
Hypertension, 39(33), pp. 3021-3104. https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehy339
v
American Diabetes Association. (1 janeiro de 2020). Clinical Diabetes. Standards of Medical Care in
Diabetes – 2020 Abridged for Primary Care Providers, 38(1), pp. 10-38. https://doi.org/10.2337/cd20-
as01
vi Direção-Geral da Saúde (14 de janeiro de 2011). Norma n.º 002/2011. Diagnóstico e Classificação

da Diabetes Mellitus. Lisboa: DGS.

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2.3. Rastreio de Dislipidemia em Adultos


O rastreio de dislipidemia requer a realização do perfil lipídico com 12h de jejum (CT, TG, c‐
HDL e c‐LDL).

A população alvo é:
• Doença Cardiovascular (DCV) aterosclerótica clinicamente evidente;
• Diabetes mellitus;
• História familiar de DCV prematura: indivíduos do sexo masculino < 55 anos ou
do sexo feminino < 60 mL/min/1,73m2;
• Fatores de risco clássicos para DCV, para além de diabetes mellitus:
o Hábitos tabágicos;
o Hipertensão arterial (HTA);
o IMC ≥ 30 kg/m2 ou perímetro da cintura ≥ 94 cm nos homens e ≥ 80 cm
nas mulheres;
• Doentes sem fatores de risco cardiovascular identificados nem DCV conhecida:
homens com idade ≥ 40 anos e mulheres com idade ≥ 50 anos ou na pós-
menopausa;
A Periodicidade:
• Se c-LDL não alterado - repetir em 5 anos se Avaliação
do Risco Cardiovascular SCORE (Systematic Coronary Risk Evaluation) < 1%;
• Anualmente se SCORE ≥ 1 e <10%vii.

2.4. Vigilância do utente Hipertenso sem complicações


O utente hipertenso deverá vigiado através da prescrição de estudo analítico (função renal,
glicemia em jejum, análise da urina através da relação albumina/creatinina), bem como
eletrocardiograma (ECG). O ecocardiograma poderá estar recomendado para a avaliação da
estrutura e função cardíaca, entre outros Meios Complementares de diagnóstico e terapêutica
(MCDT).
Um utente hipertenso sem complicações com mais de 65 anos deverá ter como perfil tensional
alvo 130-139 mmHg (pressão arterial sistólica) e 70-79 mmHg (pressão arterial diastólica). De
reforçar o papel do tratamento não farmacológico e farmacológico no controlo tensional destes
utentesviii.

vii
Direção-Geral da Saúde. (30 de dezembro de 2011). Norma n.º 066/2011. Prescrição de exames
laboratoriais para avaliação de dislipidemias no adulto. Lisboa: DGS.
viii Ver nota iv

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2.5. Vigilância do utente com Diabetes mellitus


A vigilância do utente diabético é complexa, requerendo intervenção farmacológica, corretos
hábitos alimentares e de exercício físico. Deverá ser avaliado o controlo metabólico através
da hemoglobina glicada a cada pelo menos 6 meses.
Em termos de valores alvo devermos obter uma HbA1c inferior a 7% na maioria dos adultos.
Uma HbA1c inferior a 6,5% poderá ser reservada a doentes selecionados, sem risco de
hipoglicemia nem efeitos laterais de fármacos: doentes com diabetes de curta duração,
diabetes tipo 2 tratado com metformina ou alterações de estilo de vida, esperança de vida
longa e sem doença cardiovascular significativa. Por um fim um valor alvo de HbA1c inferior
a 8% será reservada a doentes com história de hipoglicemia grave, esperança de vida
limitadaix.
É ainda determinante adequar a alimentação ao perfil metabólico do utente, ajustando-a,
igualmente, à intervenção farmacológica.

2.5.1. Rastreio do Pé Diabético


O rastreio do pé diabético deverá ser anual de modo a identificar: fatores de risco
condicionantes de lesões nos pés; sinais de neuropatia e/ou isquemia; inspeção de calçado
e meias. Se médio ou alto risco de ulceração, deverá ser realizada vigilância semestral ou a
cada 1 a 3 meses, respetivamentex.

2.5.2. Rastreio da Nefropatia Diabética


A taxa de filtração glomerular (TFG) deverá ser avaliada anualmente, uma vez que a sua
redução aumenta significativamente o risco cardiovascular e probabilidade de evolução para
a insuficiência renalxi.

2.5.3. Rastreio da Retinopatia Diabética


A retinografia destina-se a utentes com diabetes, sendo que periocidade da vigilância será
anual. Se retinopatia não proliferativa moderada, grave, retinopatia proliferativa ou
maculopatia o utente deverá ser referenciado precocemente a consulta de oftalmologiaxii.

ix Ver nota v.
x Direção-Geral da Saúde. (19 de fevereiro de 2013). Informação n.º 001/2013. Processo Assistencial
Integrado da Diabetes Mellitus tipo 2. Lisboa: DGS
xi Ver nota x.
xii Direção-Geral da Saúde. (13 de Setembro de 2018). Norma n.º 016/2018. Rastreio da Retinopatia

Diabética. Lisboa: DGS

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2.6. Vigilância do utente com Dislipidemia


Na abordagem terapêutica das dislipidemias os médicos devem promover intervenções no
estilo de vida, adequadas a cada pessoa.

É objetivo terapêutico, na pessoa com um risco cardiovascular baixo (SCORE < 1%) a
moderado (SCORE  1% a < 5%), manter o valor de c-total inferior a 190 mg/dla e c-LDL
inferior a 115 mg/dl. Na pessoa assintomática e com um risco cardiovascular alto (SCORE ≥
5% a < 30 ml/min/1.73 m2] ou um nível de SCORE ≥ 10%) deveremos obter um c-LDL alvo
inferior a 70 mg/dlxiii.

2.7. Vigilância do utente com Insuficiência Cardíaca


A vigilância de um utente com Insuficiência Cardíaca (IC) deve contemplar a pesquisa ativa
de sinais e sintomas sugestivos de descompensação da patologia, enquadrando o utente de
acordo com classe New York Heart Association (NYHA). A abordagem farmacológica requer
o constante ajuste terapêutico de modo a melhorar a qualidade de vida do utente (diminuindo
sintomas e capacidade de exercício), bem como a presença de fármacos com impacto
prognóstico (diminuição da morbilidade e mortalidade)xiv.

3.Vigilância do utente com Doenças Respiratórias


3.1. Vigilância do utente com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica
Considerar Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) deve ser considerada em qualquer
indivíduo com >40 anos com: Dispneia (persistente e de instalação progressiva); tosse
crónica; produção crónica de expetoração; história recorrente de infeções do trato respiratório
inferior; história de exposição a fatores de risco para a doença; história familiar de DPOC e/ou
fatores de infância. A espirometria é necessária para o diagnóstico, nomeadamente um índice
de Tiffeneau pós-broncodilatação inferior a 0,70 confirma a presença de obstrução persistente
do fluxo respiratórioxv.
Para o tratamento farmacológico, a DPOC deve ser classificada da seguinte forma
considerado a avaliação da sintomatologia, nomeadamente, dispneia (através da escala
Modified Medical Research Council (mMRC)) e o impacto no quotidiano (através da escala
COPD Assessment Test (CAT)) e o número de exacerbações de DPOC no último ano. O

xiii
Direção-Geral da Saúde. (28 de Setembro de 2011). Norma n.º 019/2011. Abordagem Terapêutica
das Dislipidemias no Adulto. Lisboa: DGS
xiv European Society of Cardiology. (14 de Julho de 2016). 2016 ESC Guidelines for the diagnosis and

treatment of acute and chronic heart failure. European Heart Journal, 37(27), pp. 2129-2200
xv Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease. (2020). Global Strategy for the Diagnosis,

Management, and Prevention of Chronic Obstructive Pulmonary Disease 2021 Report. GOLD

documento revisto em 26. outubro.2022 81


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seguimento clínico requer realização de consulta médica, no mínimo, de 6 em 6 meses, com


recurso à avaliação clínica combinada, bem como espirometria anualmentexvi.

3.2. Vigilância do utente com Asma


O diagnóstico requer suspeição através da história clínica em conjunto com exame físico. A
espirometria com teste de broncodilatação para determinação de obstrução brônquica variável
(confirmada também pela variabilidade do pico expiratório máximo ao longo de 2 semanas –
em adultos, média de variação diurna ≥ 10%; em crianças, média de variação diurna ≥ 13%)xvii.
A sua monitorização requer a avaliação de controlo e fatores de risco, nomeadamente:

(1) Avaliar controlo sintomático nas últimas 4 semanas;


(2) Identificar e modificar fatores de risco;
(3) Avaliar a função pulmonar antes do tratamento, 3 a 6 meses após e depois
periodicamente. Além disso, é da responsabilidade do médico assistente a
avaliação do tratamento em curso e efeitos laterais, bem como a avaliação de
técnica inalatóriaxviii.

4.Rastreio da Osteoporose
A realização da osteodensitometria (DEXA) está recomendada em: Mulheres com idade
superior a 65 anos e homens com idade superior a 70 anos. Algumas exceções serão:
Mulheres pós-menopausa com idade inferior a 50 anos se apresentarem 1 fator de risco major
ou 2 minor, bem como mulheres pré-menopausa e homens com superior a 50 anos apenas
se existirem causas conhecidas de Osteoporose secundária ou fatores de risco majorxix.

5.Vigilância do utente com Demênciaxx


Estabelecer diagnóstico integrado: clínico, funcional e compreensivo. Recomendando-se a
realização de:

• Teste mini mental state examination (mmse);

xvi Direção-Geral da Saúde. (26 de Agosto de 2019). Norma Clínica 005/2019. Diagnóstico e
Tratamento da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica no Adulto. Lisboa: DGS
xvii
Direção-Geral da Saúde. (26 de Junho de 2017). Orientação n.º 011/2017. ASMA – Descrição,
diagnóstico diferencial, comorbilidades e codificação. Lisboa: DGS
xviii Global Iniciative for Asthma. (2020). A pocket guide for asthma management and prevention: for

adults and children older than 5 years (updated 2020). GINA


xix Direção-Geral de Saúde. (30 de Setembro de 2010). Norma n.º 001/2010. Prescrição da

Osteodensitometria na Osteoporose do Adulto. Lisboa: DGS


xx World Health Organization. (2012). Dementia: a public health priority. Genebra: WHO

documento revisto em 26. outubro.2022 82


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• Estudo analítico;
• TAC crânio-encefálico.

5.1. Intervenção nos fatores de risco modificáveis na demência


• Prevenção dos traumatismos crânio-encefálicos, TCE (quedas);
• Controlo do peso: obesidade e perda de peso, desnutrição, perda de massa
muscular, fragilidade;
• Intervenções alimentares e nutricionais na anorexia do envelhecimento, dos
problemas de mastigação, da disfagia e risco de pneumonia por aspiração;
• Controle de hipertensão arterial;
• Controle da diabetes;
• Tratamento do deficit auditivo;
• Abordagem dos sintomas neuropsiquiátricos apatia, perturbações do sono,
depressão, agitação, sintomas psicóticos;
• Promoção da atividade física;
• Reduzir o consumo excessivo de álcool menos de 21 unidades por semana;
• Promover contacto social;
• Não fumar.

5.2. Planeamento de cuidados


• Integração de cuidados holísticos da saúde mental com a saúde física,
morbilidades e presença de outras doenças e comorbilidades;
• Monitorização e avaliação continuadas com registos regulares.

5.3. Intervenção terapêutica


O tratamento deve começar com intervenções não farmacológicas: atividades sensoriais,
ocupacionais, das funcionalidades e sociais complementadas por intervenção farmacológica
adequada (evitar riscos iatrogénicos, análise custo-benefício).

5.4. Formação
Considerando as especificidades que a saúde mental apresenta, recomenda-se o
desenvolvimento de formação no âmbito da área da saúde, para os utentes da comunidade,
cuidadores e profissionais de saúde, visando os princípios bioéticos compensadores da perda
de autonomia respeitando diretivas antecipadas de vontade e promovendo a nomeação do
procurador dos cuidados de saúde, bem como a efetiva implementação do estatuto do maior
acompanhado.

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6.Rastreio de Risco Nutricional


A realização do rastreio de risco nutricional é recomendada na comunidade, especialmente
aos utentes das ERPI por forma a diagnosticar precocemente situações de desnutrição. As
ferramentas utilizadas para a identificação do risco nutricional são simples, sensíveis,
específicas, seguras, de baixo custo e bem aceites pelos utentes xxi;xxii. recomendando-se a
aplicação da ferramenta de rastreio nutricional Mini Nutritional Assessment Short Form ®
(MNA-SF)xxiii.

6.1. Vigilância do utente com obesidade


A vigilância de um utente com obesidade deve complementar a avaliação antropométrica e
exame físico.
A avaliação antropométrica deve ser realizada com recurso a medidas como o peso e altura
e índice de massa corporal, o exame físico deverá contemplar a avaliação da gordura
subcutânea, massa muscular, acumulação de fluidos, estado de hidratação e carência de
vitaminas e mineraisxxiv.

6.2. Vigilância do utente em risco nutricional


A vigilância de um utente em risco nutricional deve contemplar a utilização regular de
ferramenta de identificação do risco nutricional, permitindo sinalizar os indivíduos que se
encontram desnutridos ou em risco de desnutrição, determinando a necessidade de proceder
à avaliação do estado nutricional, e consequente intervenção nutricional personalizada.

Para que a mesma seja aplicada com a regularidade necessária, importa criar dinâmicas
internas que promovam o trabalho colaborativo e interdisciplinar.

xxi
Volkert, D., Beck, A. M., Cederholm, T., Cruz-Jentoft, A., Goisser, S., Hooper, L., . . . Bischoff, S. C.
(February de 2019). ESPEN guideline on clinical nutrition and hydration in geriatrics. Clinical Nutrition,
38(1), pp. 10-47. doi:https://doi.org/10.1016/j.clnu.2018.05.024
xxii
Nestlé® Nutrition Institute. (2009). Um Guia para completar a Mini Avaliação Nutricional®. [em
linha]. Obtido de https://www.mna-elderly.com/sites/default/files/2021-10/mna-guide-portuguese.pdf
xxiii
Ver notas xxi e xxii
xxiv
Ordem dos Nutricionistas. (2021). Guia Orientador “Intervenção do nutricionista em
estabelecimentos de apoio social para pessoas idosas“. GO 01/2021. Versão 01. Porto:
Departamento da Qualidade, Ordem dos Nutricionistas. Obtido de
https://www.ordemdosnutricionistas.pt

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Anexo III - Boas Práticas sobre medicamentos e outras


tecnologias de saúde

RECOMENDAÇÕES DE BOAS PRÁTICAS

ÁREA DO MEDICAMENTO E OUTRAS TECNOLOGIAS DE SAÚDE S N


RECURSOS HUMANOS
Outros: Tem apoio farmacêutico?
Qual a periodicidade?
PROCESSO INDIVIDUAL*
Prescrição médica legível, rubricada e datada
Revisão da medicação prescrita (validação farmacêutica), rubricada e datada
Evidência de registos das intervenções farmacêuticas, rubricados e datados
Evidência de registos de validação e administração de enfermagem, rubricados e datados
PROTOCOLOS E PROCEDIMENTOS
Evidência de implementação de práticas seguras no que respeita aos medicamentos com
nome ortográfico e/ou fonético e/ou aspetos semelhantes - medicamentos LASA (Look-
Alike, Sound-Alike), de acordo com a norma da DGS nº 020/2014.
Evidência de implementação do programa de reconciliação terapêutica em doentes de alto
risco para Problemas Relacionados com o Medicamento, de acordo com a norma da DGS
nº 018/2016.
BOAS PRÁTICAS DE ARMAZENAMENTO
Medicamentos armazenados por pessoa, de preferência na embalagem original,
respeitando as características técnicas (proteção da luz; termolábeis no frigorifico;
temperatura ambiente em local com temperatura e humidade adequados). Medicamentos
termolábeis armazenados em frigorifico com controle de temperatura, mediante registo
continuo (de preferência frigorifico científico). Medicamentos gerais para SOS,
armazenados por ordem alfabética de DCI e por forma farmacêutica. Controlo dos prazos
de validade com registo.
Medicamentos e afins (dispositivos médicos; material de consumo clínico)
Estão definidos procedimentos para receção, armazenamento e controlo das existências e
validades
Identificação dos produtos com lote e prazo de validade
Identificação da data de abertura de medicamentos multidose (ex: xaropes; registo da
data de abertura e prazo de utilização)
Arrumação por ordem alfabética da DCI e por forma farmacêutica
Existência de individualização da medicação por doente (caixas, separadores, etc)
Evidência verificação de prazos de validade (registos por pessoa)
Registo dos fármacos deteriorados ou fora do prazo de validade
Medicamentos e produtos que necessitem refrigeração
Frigorífico de medicação corretamente identificado

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Mapa de registo diário de temperatura (entre 2-8ºC), preferencialmente eletrónico


Identificação e individualização do acondicionamento dos medicamentos
Insulinas e outros, corretamente identificados com respetiva data de abertura
Plano em caso de ocorrência de desvio de temperatura do frigorifico
Registo de ações tomadas em caso de ocorrência de desvio de temperatura do frigorifico
Estupefacientes e psicotrópicos e benzodiazepinas
Armazenamento em local individualizado e com fechadura de segurança
Registo próprio da administração do medicamento (nome do utente, dose, data e hora da
administração)
Registo dos psicotrópicos com prazo de validade expirado e respetiva inutilização

Os Inflamáveis (ex: álcool, alguns antissépticos e desinfetantes) encontram-se em local


individualizado e sinalizado
PREPARAÇÃO DA MEDICAÇÃO REALIZADA EM LOCAL ADEQUADO
Preparação da medicação realizada em local adequado
Horários de preparação de medicação definidos
A organização do espaço e do material permite uma fácil limpeza
Instalações cuidadas, limpas e livres de sujidade ou pó, e secas
Plano de higienização e desinfeção, com periodicidade definida
Copos ou outros contentores de medicamentos devidamente higienizados com produto
antisséptico
Os copos ou outros recipientes de medicamentos encontram-se devidamente
acondicionados e separados de forma a permitir o cumprimento da prescrição
nomeadamente garantindo o medicamento para o utente certo, no horário previsto e na
dose adequada?
Folha de administração terapêutica individualizada encontra-se atualizada, com:
A prescrição legível
A data e o horário de preparação
A identificação de quem preparou a medicação
A data da administração da medicação
O horário da administração da medicação
A identificação de quem administrou a medicação
Os solutos e soros corretamente fechados e com data de abertura escrita no recipiente
Existência de plano e registo do erro na administração da medicação
* a existência futura de plataforma eletrónica permitirá eliminar o papel, mitigando erros e
promovendo qualidade

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Anexo IV – Anafilaxia: Diagnóstico, Tratamento e


Equipamentoxxv

xxv
Direção-Geral da Saúde (16 dezembro 2012). Norma n.º 014/2012. Anafilaxia: abordagem clínica.
atualizada em 18. Dezmebro 2014. Lisboa: DGS.
Direção-Geral da Saúde. (27 setembro 2020). Norma n.º 018/2020. Programa Nacional de Vacinação
2020. Lisboa: DGS. Anexo Reação anafilática: Diagnóstico, Tratamento e Equipamento.

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Anexo V – Equipamento e mobiliário específico para


prestação de cuidados de saúde

Em cada ERPI deverá existir o equipamento e material médico necessários à prestação de


cuidados de saúde adequados quer ao número de residentes quer às necessidades de
cuidados das pessoas idosas residentes:

 Cama elevatória com grades laterais  Elevador de doentes


 Colchões  Pares de canadianas
 Colchões anti escara  Rolos de posicionamento
 Mesa de cabeceira com apoio lateral  Tripés
 Divisória entre camas em material  Suportes de Soros
lavável e não inflamável
 Suportes de saco de urina
 Armário com gavetas para guardar
 Urinóis
objetos pessoais
 Transfer
 Espelhos
 Carro de emergência
 Cadeiras tipo poltrona de quarto
 Laringoscópio com lâminas
 Almofadas de posicionamento de
material lavável  Ambu
 Andarilhos  Monitor desfibrilhador com Pace
 Aparelho de Sp 02  Carro de medicação - unidose
 Aparelho de TA+FC+SAPO2+Temp  Marquesa
 Aparadeiras  Maca
 Balança Medição Peso/Altura  Candeeiro de observação para sala de
tratamentos
 Maca Banheira
 Bomba infusora
 Cadeira para duche
 Carro de higiene
 Cadeiras de rodas
 Carro roupa limpa
 Cadeiras de rodas com sanitário
 Carro roupa suja
 Cunhas para posicionamentos
 Máquina para tratamento de
 Degrau
aparadeiras

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Anexo VI - Manifestação de interesse

O Grupo de Projeto de Trabalho Colaborativo surgiu das necessidades, constrangimentos e


desafios identificados na prossecução das atribuições das entidades envolvidas,
particularmente evidenciados durante o período pandémico.
Assim, o documento produzido, pelas suas características, finalidade e natureza, constitui um
referencial técnico que permita à variedade de ERPI existentes a sua implementação e
monitorização, com o objetivo de melhorar a qualidade dos cuidados de saúde e assistenciais
prestados, incluindo cuidados de prevenção e promoção da saúde, através de programas de
vigilância e rastreios identificados em função das características da população em causa.
Neste sentido, a alteração do quadro legislativo existente não constitui um objetivo primário
do trabalho desenvolvido, ainda que estejam identificadas barreiras e dificuldades decorrentes
dessa normatividade. Tal não invalida que a monitorização e avaliação do impacto da sua
aplicação nas ERPI, quanto à: a) obtenção de ganhos em saúde e qualidade de vida, b)
melhoria da acessibilidade a cuidados de saúde e c) consumo eficiente de serviços e de
cuidados, possa vir a contribuir para uma futura alteração normativa.
Contudo, o foco do presente trabalho e sua implementação deve centrar-se nos utentes e
necessidades de cuidados identificadas, permitindo a réplica e aplicação em todas as
estruturas de um conjunto de requisitos mínimos que garantam e salvaguardem a qualidade,
segurança, adequação e melhoria contínua dos cuidados de saúde prestados a uma
população especialmente vulnerável.

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