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Curso EAD e-SUS na Atenção Primária

à Saúde para Profissionais de Saúde e gestores

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Curso EAD e-SUS na Atenção Primária
à Saúde para Profissionais de Saúde e gestores

MÓDULO Apostila:

01
Introdução:
conceitos aplicados

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Índice

Objetivos 3
Atenção Primária à Saúde 3
Informação em Saúde 10
Indicadores de Saúde 12
Sistema de Informação em Saúde 14
Prontuário Eletrônico 18
Segurança da Informação 21
Resumo 23
Referências bibliográficas 25

Os objetivos do módulo “Introdução: Conceitos aplicados” são:

Apresentar o conceito de Atenção Primária à Saúde, Informação em Saúde, Sistema


de Informação, Prontuário Eletrônico e Segurança da Informação aos profissionais do
Sistema Único de Saúde e usuários do e-SUS.

Justificar a importância de um registro correto da informação nos diferentes níveis de


atenção e o alcance da boa prática na área da saúde.

Atenção Primária à Saúde


Segundo os Descritores em Ciências da Saúde, o conceito de Atenção Primária à Saúde
(APS) e conforme a Declaração de Alma-Ata-Organização Pan-Americana da Saúde é:

[...] a assistência sanitária essencial baseada em métodos e tecnologias


práticas, cientificamente fundados e socialmente aceitáveis, postos ao alcance
de todos os indivíduos e famílias da comunidade mediante a sua plena
participação e a um custo que a comunidade e o país possam suportar, em
todas e cada etapa do seu desenvolvimento com um espírito de

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autorresponsabilidade e autodeterminação. (WHO, 1978, p. 2, tradução


nossa).

Ou seja, a Atenção Primária é um cuidado em saúde, embasado em conhecimentos


técnicos e científicos, disponíveis para uma população determinada - pode ser um país, uma
cidade ou ainda um grupo pré-definido. Os cuidados precisam ser economicamente viáveis
para a realidade e as pessoas envolvidas devem participar de forma ativa, do cuidado
individual e coletivo. As percepções psicossocioculturais são validadas quando pensamos no
conceito de Atenção Primária, ou seja, os recursos podem ser priorizados ou não, conforme a
realidade de cada grupo ou local.

A Atenção Primária à Saúde é o primeiro nível de atenção em saúde e se caracteriza por


um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a
proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a
redução de danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção
integral que impacte positivamente na situação de saúde das coletividades. Trata-se da
principal porta de entrada do SUS e do centro de comunicação com toda a Rede de Atenção
dos SUS, devendo se orientar pelos princípios da universalidade, da acessibilidade, da
continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da responsabilização, da humanização
e da equidade.

A Atenção Primária em termos históricos é descrita pela primeira vez no Relatório


Dawson, em 1920, que se propõe a delimitar de forma estruturada e organizada o modelo de
atenção à saúde na Inglaterra. O Sistema de Saúde do Reino Unido (National Health Service -
NHS) surgiu em 1948 e é baseado em cobertura universal, norteada por princípios de
equidade e integralidade. A organização desse sistema criou a figura do General Practitioner
(GP) profissionais da atenção primária responsáveis pela captação de pacientes para a
assistência hospitalar não emergencial, sendo o primeiro contato do paciente com outros
níveis de atenção. O sistema inglês passa por um processo de modificação e atualizações
através das quais ele se adapta aos desenvolvimentos tecnológicos, as demandas da sociedade
e transparências em relação a custos e financiamentos. O Canadá também apresenta um

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sistema de saúde organizado, em que a estrutura base é a atenção primária, com cobertura de
serviços variáveis nas diferentes províncias/cidades. O sistema já passou por uma série de
reformas e conformações visando qualificar e atender os desejos da sua população. Os
desafios para o nível primário no Canadá são semelhantes a realidade brasileira e atualmente
se discute a dificuldade de fixar profissionais em áreas remotas do norte do país,
particularmente em reservas indígenas. Entre as soluções estão tentativas de recrutar
pessoas de inúmeros etnias indígenas para escolas médicas, garantindo a formação de
profissionais oriundos da cultura local.

No Brasil, a estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS) foi construída tendo a Atenção
Primária como acesso de primeiro contato do usuário principal ao sistema de saúde. A
Estratégia de Saúde da Família foi o programa responsável pela construção e ampliação da
APS no sistema público de saúde brasileiro, como ordenadora de todo o sistema, principal
identificadora das necessidades de saúde da população, conformou uma Rede de Atenção à
Saúde (RAS). Atualmente, o Saúde Em Família é um conjunto de iniciativas que visa cuidar da
população no ambiente que ela vive - congrega diferentes programas que unidos formam o
nível de cuidado primário do Brasil.

Na análise de diferentes matrizes conceituais que operacionalizam as principais


interpretações do conceito de APS, Eugênio Villaça Mendes (2012) conclui que os diferentes
modelos orbitam ao redor de três principais variantes: a primeira, que situa a APS como
atenção primária seletiva, a segunda, que vê a APS como nível primário do sistema de atenção
à saúde e a terceira, que coloca a APS como estratégia de organização do sistema de atenção
à saúde. É possível encontrar essas decodificações em diferentes países e até mesmo
coexistindo dentro de um mesmo país, ao mesmo tempo. A primeira interpretação – APS como
atenção primária seletiva – compreende como um programa específico destinado às
populações e regiões pobres as quais são oferecidos grupos de serviços baseados em
tecnologias simples, de baixo custo, com equipes com baixa qualificação profissional e sem
possibilidade de referenciamento a outros níveis de atenção, para resolução problemas mais
complexos. A segunda interpretação – APS como nível primário do sistema de atenção à saúde

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– entende a APS como porta de entrada do sistema de saúde, enfatizando o potencial


resolutivo desse nível de atenção na resolução de problemas mais comuns de saúde da
população. Possui uma orientação no sentido de minimização de custos e de satisfação das
demandas da população, restritas às ações de atenção de primeiro nível.

A interpretação da APS como estratégia de organização do sistema de atenção à saúde,


por sua vez, compreende-a como uma forma singular de apropriação, recombinação e
reordenamento dos recursos do sistema de acordo com necessidades, demandas e
representações da população. Isso implica uma articulação da APS com outros níveis de
atenção. A APS como parte e como coordenadora da RAS. Por isso, há quem sugira que a APS
deve conduzir o sistema de atenção à saúde e quem proponha RAS baseadas na APS.

A Organização Pan-Americana da Saúde vem, nesse sentido, propondo a renovação da


APS para garantir a emergência de uma APS com um enfoque na saúde e nos direitos humanos
no qual os cuidados primários superem os aspectos específicos das doenças. Propõe também
que as políticas de desenvolvimento sejam mais globais, dinâmicas e transparentes e apoiadas
em compromissos legais e econômicos de modo a alcançar melhorias na equidade em saúde.

O objetivo de ter um sistema de saúde organizado e estruturado pela atenção primária


é ordenar níveis de atenção, numa tentativa de assegurar o atendimento das necessidades
fundamentais dos indivíduos, sendo capaz de promover, manter ou restabelecer as condições
de bem-estar físico e mental. O objetivo da APS é desenvolver uma atenção integral que gere
impactos positivos e melhorias nas situações de saúde das coletividades.

A Professora Bárbara Starfield, aprofunda os estudos acerca da APS, incluindo a


elaboração de uma metodologia de avaliação chamada PCATool (Primary Care Assessment
Tool). Starfield em 2002, elencou elementos imprescindíveis para a APS, os atributos
essenciais. E elementos qualificadores, os atributos derivados. Os quatro atributos essenciais
são: acesso de primeiro contato, longitudinalidade, integralidade e coordenação do cuidado.
Os outros três derivados, orientação familiar, orientação comunitária e competência cultural
(Figura 1, a seguir).

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Figura 1: Atributos da Atenção Primária à Saúde.

Fonte: Harzheim (2011).

• Acesso de primeiro contato: engloba a acessibilidade e a utilização do serviço de


saúde como referência de cuidado para novos problemas de saúde. A acessibilidade se refere
às características estruturais ou a disponibilidades de recurso, ofertas de atendimentos e
consultas, em relação a demanda de determinado lugar. O acesso é a forma como as pessoas
percebem a acessibilidade. O objetivo é que as pessoas entendam a APS como o local de
primeiro contato e que a APS esteja acessível, com uma oferta capaz de suprir a demanda local.

• Longitudinalidade: cuidado continuado ao longo do tempo. Capaz de criar uma


relação de confiança entre a população e o serviço de saúde. O acompanhamento de pessoas
e comunidades ao longo do tempo permite a otimização de recursos, diagnósticos mais
precisos e um cuidado individualizado, que utiliza a observação e a demora permitida como
ferramentas para evitar intervenções e encaminhamentos desnecessários.

• Integralidade: o cuidado integral de uma pessoa, abrangendo o indivíduo como um


todo, considerando seus aspectos físicos, psíquicos, religiosos e sociais. A abrangência e a
diversidade de serviços oferecidos pela APS - a Carteira de Serviços - vão influenciar
diretamente na integralidade do cuidado.

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• Coordenação do cuidado: é o papel de organização do cuidado em saúde e o


planejamento das ações de um indivíduo ou família, mesmo que ele esteja sendo acompanhado
em outros níveis de atenção ou complexidade. A APS é a coordenadora do cuidado não apenas
por ser quem orienta o movimento do usuário nos diferentes níveis de atenção, mas por
apresentar um papel de gerenciamento de casos complexos com visão mais integral e
capacidade de articular ações entre diferentes atores e em diferentes cenários de cuidados
em saúde. A coordenação do cuidado é essencial, principalmente em pacientes com múltiplas
comorbidades que necessitam acompanhamento com diferentes especialistas e profissionais.

• A orientação familiar significa conhecer e entender a inserção do indivíduo num


contexto familiar e é importante principalmente com um perfil de envelhecimento da
população e a necessidade de apoio não apenas para o cuidado dos idosos, mas para a
resolução de questões inerentes às relações familiares que afetam diretamente o processo
saúde-doença e a disponibilidade e a forma de cuidado entre os entes da família.

• A orientação comunitária, ou seja, considerar características específicas de


determinada comunidade e o papel do indivíduo no seu contexto social associando ao
processo de saúde-doença e planejando as ações em saúde, quer no âmbito individual, quer no
âmbito coletivo considerando essas particularidades caracterizam a orientação comunitária.

• Competência cultural e linguística implica na capacidade de disponibilizar cuidados


em saúde e compreender as necessidades culturais e linguísticas da comunidade. Incluindo as
crenças, as práticas e as expectativas dos pacientes como parte do processo terapêutico e
nunca como barreira ao acesso e cuidado em saúde.

A definição conceitual dos atributos da APS, permitiu que o instrumento PCATool fosse
elaborado e que os atributos da APS fossem aferidos de forma objetiva. A comparação de
diferentes cenários em relação a APS fortes, com resolutividade, e os desempenhos de
indicadores de saúde permite que possamos inferir determinadas condições de saúde que são
sensíveis a intervenções e melhorias do nível primário de atendimento.

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Os benefícios são inúmeros. A APS bem estruturada é capaz de intervir de forma ágil
nas modificações sociais e econômicas que afetam a qualidade de saúde das pessoas. A APS
de qualidade é capaz de reduzir o gasto global em saúde, otimizando a eficiência do cuidado e
reduzindo internações hospitalares e doenças preveníveis ou rastreáveis. A APS é capaz de
agir direto no ambiente da população, sendo uma ferramenta importante nos casos de
doenças emergentes- ou situações específicas que necessitem de ação direta na comunidade
ou no domicílio do usuário. A APS forte é capaz de ordenar o sistema de saúde, ser um eixo que
integre os diferentes sistemas de vigilância em saúde. Os modelos de sistema de saúde
organizados estruturalmente em torno da APS, tendo ela como coordenador do cuidado
apresenta resultados melhores, com melhores custos e qualidade, bem como redução de
iniquidades, quando comparados com outros modelos.

No Brasil, a implantação e a consolidação da Estratégia de Saúde da Família refletiu na


diminuição de internações hospitalares por condições sensíveis à APS, redução da
mortalidade infantil, materna e por causas preveníveis. A avaliação sistemática da APS
associada ao monitoramento sistemático de indicadores de saúde forma um painel capaz de
identificar necessidades de melhorias. Estratégias criativas e intervenções inovadoras são
alternativas para enfrentar dificuldades no cuidado em saúde e podem ser monitoradas e
qualificadas, desde que os indicadores e as informações em saúde provenientes de diferentes
bancos de dados sejam de qualidade.

Informação em Saúde
O maior objetivo do registro correto de qualquer informação é garantir uma
comunicação clara entre dois ou mais serviços ou profissionais. O registro sequencial, com
data e local favorece que as informações quando resgatadas, por diferentes motivos, sejam
organizadas no tempo e espaço.

Na área da saúde, o registro de informações é prática de qualquer profissional de saúde


e remonta à antiguidade grega. O registro correto de informações sobre o quadro clínico dos

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pacientes auxilia a comunicação entre diferentes profissionais. Servindo de suporte e


memória para acompanhamento das condições de saúde ao longo do tempo.

Assim, relembrando os diferentes atributos da APS, a garantia de acesso e a utilização


do serviço a cada nova ocasião que leve a pessoa a buscar um serviço de saúde define a acesso
ao primeiro contato. A possibilidade de relação continuada de atenção à saúde, seja por parte
do serviço com sua população, ou por parte do profissional com o paciente, ao longo do tempo,
demonstra o atributo longitudinalidade. Já a integralidade, refere tanto aos serviços ofertados
na APS quanto aos arranjos necessários para que o usuário possa receber todo tipo de cuidado
que necessite - mesmo que isso envolva ações não disponíveis naquele serviço. A
coordenação, último atributo essencial, garante a articulação entre os diversos serviços de
saúde. De forma geral ela operacionaliza os atributos anteriores. Em sua essência, um
elemento chave está presente em todos atributos: a informação. Essa, pode ser registrada,
compartilhada, protegida, resguardada de diversas formas, com diferentes objetivos e por
diferentes motivos.

Acesso: à informação e o registro adequado é capaz de otimizar atendimentos,


permitindo um número maior de usuários em contato com o serviço de saúde.

Integralidade: a informação adequada permite que o planejamento de cuidados de


saúde seja individualizado, respeitando a autonomia do paciente e suas percepções em
relação a saúde doença. O registro claro favorece a comunicação entre diferentes
profissionais de saúde atuantes no mesmo nível de atenção ou em níveis de atenção diferente
- a qualidade do registro favorece a qualidade do atendimento, terapêuticas objetivas e
autonomia.

Longitudinalidade: a informação com registro objetivo e claro pode garantir um


atendimento longitudinal do paciente, permitindo que mesmo na necessidade de substituição
de um profissional atuante na APS, o registro seja capaz de elucidar e sintetizar o
acompanhamento do indivíduo e o seu plano de cuidado.

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Coordenação do Cuidado: a informação capaz de realizar uma comunicação precisa


entre diferentes profissionais ou locais da RAS permite que o profissional da APS seja capaz
de coordenar o cuidado, não apenas por realizar o encaminhamento preciso e no tempo
adequado, mas por permitir o gerenciamento de casos complexos, permitindo inclusive que
esse profissional atue como educador e esclarecedor de dúvidas referentes a outros níveis de
atenção, garantindo a coordenação do cuidado, mas também um atendimento integral e
longitudinal.

A informação precisa de um registro claro e objetivo que transmita uma mensagem


exata para que exerça sua ação principal: COMUNICAR.

A informação gera um dado que gera uma informação


Quando precisamos comunicar o resumo de um conjunto de dados, utilizamos recursos
para que a comunicação seja mais clara e capaz de representar o grupo de dados como um
todo. Essa organização da informação através de agrupamentos, proporções é capaz de
proporcionar métricas objetivas que permitem uma avaliação concreta e quantitativa de
variáveis latentes.

Os dados precisam ser fidedignos e completos. Eles podem ser registrados de forma
contínua ou periódica. Os dados que são utilizados na área da saúde podem ser de fontes
diversas e serem oriundos de dados socioeconômicos ou ambientais.

Independente do tipo de dado utilizado na avaliação da saúde de uma população, é


importante conhecer as limitações inerentes ao próprio dado, para que a interpretação da
informação seja adequada.

Entre os diferentes objetivos de análise de dados em saúde está a comparação das


informações entre diferentes grupos. Para que essa equiparação seja viável é importante que
os dados sejam transformados em indicadores de saúde.

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Indicadores de Saúde
Os indicadores de saúde permitem a análise de uma situação, a comparação em
diferentes cenários e a variação ao longo do tempo. São medidas que contém informações
relevantes sobre determinados aspectos, tanto relacionados ao estado de saúde como ao de
desempenho de serviços e sistemas de saúde.

Os indicadores de saúde são razões, apresentadas na forma de proporções ou


coeficientes/taxas ou índices.

● Proporções: uma parte do todo.

Exemplo: Considerando dois bolos do mesmo tamanho, como comparar qual das
porções é maior?

Em termos matemáticos, se considerarmos um bolo que foi cortado em 8 fatias iguais.


Temos a seguinte representação: 1 fatia / 8 fatias (bolo inteiro) = ⅛ = 0,125 ou 12,5%.

Se quisermos comparar, com 3 fatias de um bolo do mesmo tamanho que foi fatiado em
18 fatias iguais, precisamos fazer outra proporção: 3 fatias/18 fatias (bolo inteiro) = 0,166 =
16,7%.

Agora temos dois valores comparáveis: 12,5% e 16,7%.

● Coeficiente ou Taxa: probabilidade de algum evento acontecer /todas as pessoas


expostas ao evento ou susceptíveis, num espaço de tempo.

Exemplos: número de carros vermelhos/total de carros do município entre 2000 e


2010

Coeficientes de morbidade

Coeficiente de mortalidade

● Índice: não há relação entre numerador e denominador, ou seja, o numerador não


está no denominador.

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Exemplos: 4 camisas para cada calça; 5 telefones celulares/habitantes; 4


doces/convidado

Índice de Mortalidade Infantil

Índice de Mortalidade Materna

Considerando sistemas organizados de saúde, a coleta de organização de dados e a


avaliação sequencial e ao longo do tempo de indicadores é a forma internacional de identificar
mudanças e tendência, tanto na área da saúde, como na economia ou na educação.

A avaliação de determinantes sociais ou outros fatores que afetam a vida das pessoas
e o processo saúde doença norteiam a escolha de indicadores a serem avaliados e qual a
interpretação possível do grupo de dados.

No Brasil, alguns indicadores apresentam levantamento e registro de forma


sistematiza e ficam organizados e disponíveis para consulta no DATASUS - website do
Departamento de Informática do SUS. O DATASUS foi fundado em 1991 com função inicial
de processamento de contas referentes à saúde. Já desenvolveu mais de 200 sistemas que
auxiliam diretamente o Ministério da Saúde no processo de construção e fortalecimento do
sistema de saúde.

Sistema de Informação em Saúde


Sistemas de Informação são um grupo integrado e organizado de arquivos,
procedimentos e equipamentos para o armazenamento, manipulação e recuperação de
informações. Ou seja, um conjunto de elementos que, agindo de forma coordenada,
processam a informação a fim de divulgá-la conforme as funções e os objetivos de um país,
serviço de saúde ou organização empresarial.

Um sistema de informação é composto por três elementos: dado, informação e


conhecimento. O dado é o elemento mais simples desse processo, e a informação é composta
de dados com significados para quem os vê. O conjunto de nosso aprendizado segundo

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algumas convenções, experiências acumuladas e a percepção cognitiva irão transformar em


conhecimento uma dada realidade.

No Brasil, um marco histórico, considerando a organização e estruturação de


informações e dados na área da saúde é a Lei Federal nº 6.015/73, que regulamentou o
registro civil no país e atribuiu ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a
responsabilidade pelas estatísticas do registro civil. Desde então até a década de 90 foram
criados inúmeros sistemas de informação em saúde (Quadro 1). Os sistemas de informações
para atender as demandas do Ministério da Saúde tinham enfoque em estatísticas
epidemiológicas, já os sistemas de apoio às questões previdenciárias, apresentavam um
enfoque assistencial. A criação do SUS gera a necessidade de reorganização das informações
em termos federais.

O Departamento de Informática do SUS foi fundado em 1991. O DATASUS tem a


responsabilidade de prover os órgãos do SUS de sistemas de informação e suporte de
informática, imprescindíveis ao processo de planejamento, operação e controle. O DATASUS
já desenvolveu mais de 200 sistemas que apoiam o Ministério da Saúde. A estrutura de
armazenamento de dados tem condições de armazenar informações sobre toda população
brasileira.

O Departamento de Informática do SUS, responsável pelo desenvolvimento dos


sistemas de informação no âmbito do SUS, absorveu os sistemas já vigentes e assumiu a
responsabilidade de realizar o processamento eletrônico do faturamento de ambulatórios e
hospitais. Em um sistema de reestruturação, com necessidade de informações para
planejamento, avaliação e auditoria, a informatização foi tomada como dispositivo para
qualificação, fazendo com que o DATASUS fosse demandado pelas diversas áreas técnicas
para o desenvolvimento de sistemas específicos (Quadro 1, a seguir).

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Quadro 1 - NOME ANO


Sistemas de
informação
em saúde
criados no
Brasil desde a
década de
1970.SIGLA

SIM Sistema de Informação sobre Mortalidade 1976

SIA Sistema de Informação Ambulatorial 1990

SIH Sistema de Informação Hospitalar 1990

SINASC Sistema de Informação de Nascidos Vivos 1990

SINAN Sistema de Informação de Agravos de Notificação 1993

SI-PNI Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações 1997

SIAB Sistema de Informação da Atenção Básica 1998

SISCOLO Sistema de Informação do câncer do colo do útero 1998

SNT Sistema Nacional de Transplantes 1998

CIHA Comunicação de Informação Hospitalar 1999

SISPRENATAL Sistema de Acompanhamento do Programa de Humanização no 2000


Pré-Natal e Nascimento

HIPERDIA Sistema de Gestão da Clínica de Hipertensão Arterial e 2001


Diabetes Mellitus

SISREG Sistema Nacional de Regulação 2001

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CNES Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde 2005

SISMAMA Sistema de Informação do Câncer de Mama 2008

Sisprenatal Sistema de Monitoramento e Avaliação do Pré-Natal, Parto, 2012


Web Puerpério e Criança

SISAB Sistema de Informação em Saúde da Atenção Básica 2013

SISCAN Sistema de Informação do Câncer 2013


Fonte: Adaptado de Panitz (2014).

Se por um lado esse processo ocorreu de forma rápida e em grande escala, por outro
gerou significativa fragmentação na produção das informações do SUS. A Política Nacional de
Informação e Informática em Saúde (PNIIS) (BRASIL, 2012) apresenta como objetivos
melhorar a qualidade da interação entre a gestão das informações nas três esferas de governo.
Reforça o papel estratégico do campo da informática e da informação como prioridades, entre
suas diretrizes está o estabelecimento de um padrão de e-Saúde que inclui o Registro
Eletrônico em Saúde e demais requisitos técnicos e de infraestrutura para implementação,
como por exemplo: a adoção de um identificador unívoco de usuários, profissionais e
estabelecimentos de saúde; a definição de padrões e protocolos de interoperabilidade e a
criação de condições para o alto tráfego de informações digitais (BRASIL, 2012).

Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica


(SISAB) e a proposta do e- SUS-APS
O Sistema de Informação em Saúde da Atenção Básica (SISAB) foi instituído pela
Portaria no 1.412, de 10 de julho de 2013 (BRASIL, 2013), considerando a necessidade de
adotar medidas para melhoria e modernização do sistema de gerenciamento das informações
de saúde (BRASIL, 2013). Visando qualificar o detalhamento da informação, antes
consolidada, para o uso de dados individualizados o sistema pretende possibilitar o
acompanhamento de cada usuário atendido qualificando as ações desenvolvidas por cada
profissional de saúde. O quadro 2, a seguir, apresenta uma comparação entre os dois sistemas.

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Quadro 2 – Comparação entre SIAB e-SUS APS


os sistemas SIAB e e-SUS AB
do Ministério da Saúde.

Tecnologia de informação Não permite a Permite a interoperabilidade


comunicação com com outros sistemas de saúde
outros sistemas em uso no município

Plataforma de Utiliza linguagem de Utiliza linguagem de


desenvolvimento programação clipper e programação Java Web e é
plataforma MS-DOS multiplaforma

Sistema de Coleta Por meio de fichas Por meio de fichas com


consolidados registro individualizado ou com
prontuário eletrônico
Fonte: DAB/SAS/MS, apud CONASS (2013, p. 3).

Entre as premissas de desenvolvimento do sistema, podemos destacar as seguintes


diretrizes:

 individualização dos dados (permitindo o acompanhamento de cada


usuário atendido, assim como a documentação das ações desenvolvidas pelos
profissionais da equipe);
 integração dos sistemas de informação oficiais na APS, bem como a
integração desses sistemas com os outros sistemas do SUS;
 eliminação do retrabalho no registro dos dados e a automação dos
processos de trabalho;

 produção da informação para o usuário e para os profissionais com
vistas à gestão e à qualificação do cuidado em saúde. (BRASIL, 2014, p. 5).

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Prontuário Eletrônico
Também denominado prontuário do paciente, o prontuário médico surge a partir da
padronização dos registros médicos ocorrida no final do século XVIII. Apresentando como
fundamentos a observação, classificação, registro sistemático dos episódios de cuidado do
indivíduo, sinais e sintomas verificados, o prontuário médico tornou-se uma ferramenta
fundamental para o desenvolvimento da medicina moderna e consequentemente para o
campo da saúde (PANITZ, 2014).

A necessidade de incorporação desses fundamentos decorre, principalmente, da


mudança no entendimento da natureza das doenças, que passaram a ser entendidas como
resultantes de um amplo processo e só passíveis de diagnóstico a partir da observação
sistemática da história clínica do paciente (MASSAD et al., 2003).

A conformação do prontuário, como conhecemos hoje, tem início em 1907, quando


William Worral Mayo, fundador da clínica Mayo, adotou um documento único para os
pacientes de sua instituição, organizados em estrutura cronológica. Depois, em 1920,
padronizou o seu conteúdo, definindo uma estrutura mínima de dados de preenchimento
obrigatório pelos médicos. Salvo algumas pequenas modificações, esse modelo influenciou
diretamente o modelo de prontuário de pacientes utilizados na maioria dos hospitais do
mundo (MASSAD et al., 2003).

Antevendo os desafios que poderiam se colocar frente a informatização dos


consultórios dos médicos (e do pessoal da saúde), Weed (1968), publicou o artigo Medical
Records that Guide and Teach que indicava a necessidade de desenvolvimento de uma
abordagem mais estruturada e organizada do prontuário médico e marca a criação da
proposta do Registro Clínico Orientado por Problemas (ver mais sobre isso no módulo
“Prontuário Eletrônico do Cidadão: funcionalidades”).

A evolução da clínica e a crescente incorporação tecnologias geraram mudanças no antigo


prontuário médico, que a partir da incorporação da dimensão “eletrônica” cria o conceito de

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Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP). Segundo a National Alliance for Health Information
Technology (NAHIT), PEP pode ser definido como: “[...] an electronic record of health-related
information on an individual that can be created, gathered, managed, and consulted by
authorized clinicians and staff within one health care organization.” (U.S. DEPARTMENT OF
HEALTH & HUMAN SERVICES, S. d.).

Ao revisitar o processo de informatização dos registros médicos, Costa (2001) aponta


que ele inicia em meados da década de 60, também em ambientes hospitalares. Nessa etapa,
o objetivo proposto era a integração dos diferentes setores da instituição como estoque,
faturamento e prescrições médicas. Não demorou muito para que esses sistemas
incorporassem partes de prontuários dos pacientes na perspectiva de subsidiarem a decisão
dos profissionais médicos desses serviços (COSTA, 2001). 


Assim, o PEP é a versão digital do antigo prontuário do paciente, agora disponível ao


acesso simultâneo por todos profissionais de saúde da instituição (PANITZ, 2014). O
prontuário eletrônico pode facilitar o processo de trabalho nas equipes de saúde, melhorando
a qualidade e a segurança da assistência ofertada ao paciente. Harzheim (2011) apresenta
uma lista interessante de itens que não devem faltar em um prontuário eletrônico:

Um sistema de informação integrado, contando com prontuário eletrônico


unificado e que vincula todos os serviços de saúde da rede é estrutura de
comunicação fundamental para a consolidação das redes integradas. Esse
sistema deve:
● vincular todos os serviços de saúde, os serviços de apoio diagnóstico e
terapêutico, os serviços de saúde pública e a gestão;
● prover segurança e confidencialidade com níveis hierarquizados de acesso
de acordo com atribuições e funções de cada profissional;
● ter identificador comum e único dos pacientes; ● ter definição comum de
termos;
● evitar alimentação duplicada de informação;
● ser integrado com outros sistemas de informação do DataSUS
● prover uma grande variedade de dados para atender a todas as necessidades
de informação dos diferentes profissionais e serviços da rede, entre os quais
destacamos:
- dados sobre a situação de saúde da população, incluindo seus
determinantes socioeconômicos e com classificação de risco;
- dados sobre a demanda e utilização dos serviços de saúde;

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- dados sobre a trajetória clínica dos pacientes independentemente de


local de atenção;
- dados clínicos completos de cada usuário;
- dados sobre controle de materiais, insumos e procedimentos;
- dados sobre satisfação do usuário;
- dados econômicos;
● oferecer base georreferenciada para o conjunto de dadoscitados acima;
● ser acessível para toda a rede;
● ter sistemas de apoio para decisão clínica;
● sistematizar e facilitar a execução, monitoramento e avaliação de programas
e linhas-guia, produzindo ampla gama de relatórios;
● ser a base de cadastro das famílias junto à ESF;
● facilitar a comunicação do sistema de referência e contrarreferência,
permitindo comunicação entre profissionais de diferentes níveis assistenciais;
● usar além do Código Internacional de Doenças (CID) a Codificação
Internacional da Atenção Primária (CIAP 2);
● agregar os dados dos usuários em prontuário familiar;
● disponibilizar ferramentas de abordagem familiar, como, por exemplo,
genograma. (HARZHEIM, 2011, p. 117).

Segurança da Informação
Segurança da Informação é o conjunto de procedimentos que devem ser adotados para
proteger as informações pessoais e as relacionadas a qualquer projeto, ação ou trabalho.

A norma ISO 27001 é o padrão e a referência Internacional para a gestão da Segurança


da informação, assim como a ISO 9001 é a referência Internacional para a certificação de
gestão em Qualidade. A sua origem remonta na realidade a um documento publicado em 1992
por um departamento do governo Britânico que estabelecia um código de práticas relativas à
gestão da Segurança da Informação.

O Ministério da Saúde segue normativos legais e recomendações emanadas pelo


Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República – GSI/PR e na Política
vigente de Segurança da Informação e Comunicações.

São algumas das normas voltadas para Segurança da Informação:

ISO 27001 – Sistema de Gestão de Segurança da Informação.

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ISO 27002 – Código de Prática para Gestão de Segurança da Informação.

ISO 27003 – Diretrizes para Implantação de um Sistema de Gestão da Segurança da

Informação.

ISO 27004 – Métricas para a Gestão da Segurança da Informação.

ISO 27005 – Gestão de Risco da Segurança da Informação.

O Núcleo de Segurança da Informação e Comunicações do Ministério da Saúde,


visando gerenciar a Segurança da Informação e Comunicações, preparou algumas dicas
aplicáveis ao seu dia-a-dia de trabalho com informação em saúde:

Utilização adequada dos recursos: ative sempre o descanso de tela com bloqueio de
senha para evitar que pessoas tenham acesso a esse tipo de dado.

Incidentes de Segurança: os usuários do Ministério da Saúde devem estar cientes das


regras de informação, evitando incidentes de manipulação das informações, recursos
computacionais ou de rede. Comunique qualquer incidente de segurança imediatamente, para
que as providências necessárias sejam tomadas a tempo.

Identificação e Autenticação: o compartilhamento de conta e outros mecanismos de


autenticação comprometem a rastreabilidade das ações realizadas no sistema e podem fazer
com que você responda por crimes cometidos por outras pessoas. Não compartilhe sua conta.

Controle de Acesso: sua conta é pessoal e intransferível, e seus privilégios de acesso


são definidos pelo gestor da informação. Lembre-se: todos os acessos à rede de comunicação
são registrados e sujeitos a rastreabilidade.

Contas e Senhas: certifique-se de guardar sua senha em local seguro, de preferência


memorize-a. A senha é pessoal e intransferível.

Códigos Maliciosos: tenha muito cuidado ao navegar em sites desconhecidos e não


faça uso pessoal do e-mail de trabalho.

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Ambiente de Trabalho: aa hora do lanche, procure um lugar adequado, comida e bebida


são verdadeiros inimigos de equipamentos eletrônicos de trabalho.

Resumo
Atenção Primária à Saúde: cuida de pessoas e oferta um atendimento abrangente e
resolutivo. Permite um cuidado longitudinal e integral do indivíduo, orientado para as
questões familiares e comunitárias.

 Atributos Essenciais (acesso, integralidade, longitudinalidade, coordenação do


cuidado).
 Atributos Derivados (orientação familiar, orientação comunitária e
competência cultural).

Informação em Saúde: a informação precisa de um registro claro e objetivo


quetransmita uma mensagem exata para que exerça sua ação principal: COMUNICAR. A
informação gera um dado, que gera uma informação. Com base em dados e informações
adequados, geramos e transmitimos conhecimento.

A informação está a serviço da APS, sendo capaz de otimizar atendimentos, permitindo


um número maior de usuários em contato com o serviço de saúde, planejamento de cuidados
de saúde individualizados, claros e de qualidade. O registro favorece a qualidade do
atendimento, com terapêuticas objetivas, autonomia e promove a coordenação do cuidado,
através do gerenciamento de casos complexos. Mesmo na necessidade de substituição de um
profissional atuante na APS, o registro é capaz de elucidar e sintetizar o acompanhamento do
indivíduo e o seu plano de cuidado.

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Indicadores de Saúde: os indicadores de saúde permitem a análise de uma situação, a


comparação em diferentes cenários e a variação ao longo do tempo. São medidas que contém
informações relevantes sobre determinados aspectos, tanto relacionados ao estado de saúde
como ao de desempenho de serviços e sistemas de saúde.

Os indicadores de saúde são razões, apresentadas na forma de proporções ou


coeficientes/taxas ou índices.

Sistema de Informação em Saúde

● No Brasil, em março de 2011 iniciou-se a reestruturação do então vigente Sistema de


Informação da Atenção Básica (SIAB), em função de problemas de usabilidade e
efetividade;

● Como marco de início do SISAB (Sistema de Informação em Saúde para Atenção


Básica), em maio de 2013 é lançado o e-SUS APS, com o módulo da Coleta de Dados
Simplificada. Em agosto de 2013 é lançada a versão 1.0 do sistema com o módulo de
Prontuário Eletrônico do Cidadão, primeiro prontuário eletrônico da APS em nível
nacional!

● São diretrizes do SISAB:

 individualização dos dados (permitindo o acompanhamento de cada


usuário atendido, assim como a documentação das ações desenvolvidas pelos
profissionais da equipe);
 integração dos sistemas de informação oficiais na APS, bem como a
integração desses sistemas com os outros sistemas do SUS;
 eliminação do retrabalho no registro dos dados e a automação dos
processos de trabalho;

 produção da informação para o usuário e para os profissionais com
vistas à gestão e à qualificação do cuidado em saúde. (BRASIL, 2014, p. 5).

Prontuário Eletrônico


● Vantagens: agilidade no acesso à informação; diminuição do retrabalho com;


preenchimento; possibilidade de coordenação do cuidado; integração dos vários sistemas de

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informação; aplicação de lembradores e alertas (ferramentas de apoio clínico); redução na


duplicidade de cadastros; mobilidade/acesso via web e armazenamento.

● Desvantagens: dependência de boas taxas de conexão; campos obrigatórios no


preenchimento/tempo; menor confiabilidade do usuário; necessidade de equipe de
desenvolvimento para integração com demais sistemas da rede eletrônica de saúde;
Heterogeneidade de conhecimentos de informática; custos iniciais de implantação.

Segurança da Informação: segurança da Informação é o conjunto de procedimentos


que devem ser adotados para proteger as informações pessoais e as relacionadas a qualquer
projeto, ação ou trabalho. A norma ISO 27001 é o padrão e a referência Internacional para a
gestão da Segurança da informação.

As principais recomendações práticas são: descanso de tela com bloqueio de senha;


comunicação de incidente de segurança imediata; não compartilhamento de conta; guardar
sua senha em local seguro, cuidado ao navegar em sites desconhecidos e não fazer uso pessoal
do e-mail de trabalho e não trazer comida e bebida para perto de equipamentos eletrônicos
de trabalho.

Referências
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