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DIREda SaúdeRIZES
da Mulher
Centro de Referência da Saúde da Mulher
Hospital Maternidade Interlagos
EDITORES
Luiz Henrique Gebrim
Professor Livre-Docente da Disciplina de Mastologia da UNIFESP e Diretor do Centro de
Referência da Saúde da Mulher – Hospital Pérola Byington.
AUTORES
GINECOLOGIA GERAL
André Luiz Malavasi, Michelle Pongiluppi Herbst, Eduardo Bechara Patah,
Luciano Gibran, Luis Carlos Sakamoto, Maria Cecilia Rossi, Maria Eugênia Simões Onofre de Santi,
Maria Lucia Saviolli, Nelson Gonçalves, Renata A. Belotto.
REPRODUÇÃO HUMANA
Mario Cavagna Neto – Artur Dzik e Nilka Donadio.
MASTOLOGIA
Jorge Yoshinori Shida, André Mattar, Luiz Henrique Gebrim e Felipe Andreotta Cavagna.
ONCOLOGIA CIRÚRGICA
Roney Cesar Signorini Filho, Guilherme Bicudo Barbosa, Lucinda Assis Derze, Priscila de Paulo
Giacon, Thaiane Silverio Fatibello Rosa e Giulia Cerutti Dalvi.
ENDOSCOPIA GINECOLÓGICA
Luciano Gibran, Camila Beckhauser Calegari e Mariana Lacerda Fava.
OBSTETRÍCIA
Rita de Cássia Silva Calabresi, Alexandre Massao Nozaki, Fabiano Elisei Serra.
Índice 3
PREFÁCIO........................................................................................................ 5
GINECOLOGIA GERAL................................................................................. 7
• Uroginecologia.........................................................................................23
• Sexologia....................................................................................................27
• Endoscopia Ginecológica......................................................................30
REPRODUÇÃO HUMAMA........................................................................38
MASTOLOGIA..............................................................................................56
ONCOLOGIA GENITAL..............................................................................87
• Patologia do Trato Genital Inferior....................................................87
• Diretriz para Referenciamento ao CAGIO.................................... 104
OBSTETRÍCIA............................................................................................. 124
Prezados colegas
Referências
1. CDC – 2015 Sexually Transmitted Diseases Treatment Guidelines
2. Caroline Mitchell, MPH, Malavika Prabhu. Pelvic Inflammatory Disease: Current concepts in pathogen-
esis, diagnosis and treatment. Infect Dis Clin North Am. 2013; 27(4): 10-19.
3. Jonathan D C Ross. Pelvic inflammatory disease.B Clinical Evidence 2013;12:(1606)-1-28.
4. Catherine L Haggerty, Patricia A Totten3, Gong Tang1, Sabina G Astete2, Michael J Ferris4,Johana
Norori4, Debra C Bass1, David H Martin5, Brandie D Taylor1, Roberta B Ness6. Identification of novel
microbes associated with pelvic inflammatory disease and infertility. Sex Transm Infect 2016;0:1–6.
5. SBDST-AIDS – Protocolo Clínico Doença Inflamatória Pélvica – 2015.
Ginecologia Geral 9
Referências
1. Smith-Bindman R, Kerlikowske K, Feldstein VA, et al. Endovaginal ultrasound to exclude endometrial
cancer and other endometrial abnormalities. Jama. 1998; 280:1510-1517.
2. ACOG Committee Opinion No. 426: The role of transvaginal ultrasonography in the evaluation of post-
menopausal bleeding. Obstet Gynecol. 2009; 113:462-464.
10 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
Referência
1. Medical eligibility criteria for contraceptive use – 4th ed.© World Health Organization 2010.
Ginecologia Geral 11
PROJETO GRAVIUS
Referências
1. Manual de Ginecologia Endócrina da FEBRASGO 2003
2. Clinical Gynecologic Endocrinology and Infertility – Speroff L, Glass RH, Kase NG. 2008
Ginecologia Geral 13
Referências
1. Committee Opinion No. 477: the role of the obstetrician-gynecologist in the early detection of epithe-
lial ovarian cancer. Obstet Gynecol. 2011; 117:742-746.
2. Falcone T. Adnexal masses: when to observe, when to intervene, and when to refer. Obstet Gynecol.
2010; 115:680-681.
Ginecologia Geral 15
Referências
1. Jonsdottir GM, Jorgensen S, Cohen SL, et al.Increasing minimally invasive hysterectomy: effect on cost
and complications. Obstet Gynecol. 2011; 117:1142-1149.
2. AAGL position statement: route of hysterectomy to treat benign uterine disease. J Minim Invasive Gy-
necol. 2011; 18:1.
Assintomática Sintomática
Tratamento
Histerectomia Miomectomia
expectante
Embolização
Análogo GnRH
SIU-LNG
Referências
1. Duhan N, Sirohiwal D. Uterine myomas revisitedEur J ObstetGynecolReprod Biol. 2010; 152 (2): 119-25.
2. Haney AF. Clinical decision making regarding leiomyomata: what we need in the next millenium. Envi-
ron Health Perspect. 2000; 108 Suppl 5:835-9.
18 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
Tratamento Falha
Dor
clínico terapêutica
Propedêutica
ENDOMETRIOSE Infertilidade ENCAMINHAR
específica
A CENTRO DE
REFERÊNCIA
Assintomáticas SEGUIMENTO
CLÍNICO
PERIÓDICO
Referências
1. Won HR, Abbott J. Optimal management of chronic cyclical pelvic pain: an evidence-based and prag-
matic approach. Int J Women’s Health. 2010 Aug 20; 2:263-77.
2. Petta CA, Ferriani RA, Abrão MS, Hassan D, Rosa e Silva JC, Podgaec S, Bahamondes L. A 3-year fol-
low-up women with endometriosis and pelvic pain users of the levonorgestrel-releasing intrauterine
system. Eur J ObstetGynecolReprod Biol. 2009; 143(2): 128-9.
Ginecologia Geral 19
Toda paciente com indicação cirúrgica deve ser submetida à avaliação de risco pelo
escore de Caprini:
Idade ≥ 75 anos
História de TEV
História familiar de TEV
Fator V de Leiden
3 pontos cada Protrombina 20210A
Anticoagulante lúpico
Anticorpos anticardiolipina
Homocisteína sérica elevada
Trombocitopenia induzida por heparina
Outras trombofilias congênitas ou adquiridas
Risco TEV < 0,5% Risco TEV 1,5% Risco TEV 3% Risco TEV 6%
Profilaxia
Deambulação Profilaxia Profilaxia
mecânica +
precoce mecânica farmacológica
farmacológoca
Profilaxia mecânica
Algoritmo de tromboprofilaxia
Adptado de: Caprini JA. Dis Mon. 2005 Feb-Mar;5(2-3):70-8.40
Gould MK, et al. Chest. 2012: 141 (2 Suppl):e227S-77S.41
Paciente
Profilaxia Manter
submetida Avaliação de
farmacológica se tromboprofilaxia
a cirurgia risco de TEV
indicada por 7 a 10 dias*
ginecológica
*Continuar a profilaxia de
NO CASO DE CIRURGIA Manter farmacológica de TEV até que o
POR CÂNCER ABDOMINAL tromboprofilaxia paciente não apresente redução
OU PÉLVICO por até 28 dias significativa da mobilidade
(no mínimo 7 a 10 dias).
Heparina não
Risco Enoxaparina Fondaparinux fracionada (HNF)
20 mg SC 2,5 mg SC 5.000 UI
Risco moderado a cada 24h a cada 24h a cada 12h
40 mg SC 2,5 mg SC 5.000 UI
Risco Alto
a cada 24h a cada 24h a cada 8h
TFG entre
20 e 30 mL/min:
TFG < 30 mL/min: recomendam-se
20 mg SC 2,5 mg em dias
Ajuste de dose a cada 24h. alternados.
Não é necessário Não é
ajuste por idade recomendado para
pacientes com
TFG* < 20 mL/min
Referências:
1. Gould, M.K., et al., Prevention of VTE in nonorthopedic surgical patients: Antithrombotic Therapy and
Prevention of Thrombosis, 9th ed: American College of Chest Physicians Evidence-Based Clinical Prac-
tice Guidelines. Chest, 2012. 141(2 Suppl): p. e227S-77S.
2. Anderson FA, Wheeler HB, Goldberg RJ, Hosmer DW, Patwardhan NA, Jovanovic B, et al. A popula-
tion-based perspective of the hospital incidence and case fatality rates of deep vein thrombosis and
pulmonary embolism: the Worcester DVT Study. Arch Intern Med 1991;151:933–8.
3. ShojaniaKG,DuncanBW,McDonaldKM,WachterRM.Makinghealthcaresafer: a critical analysis of patient
safety practices. Evidence Report/Technology Assessment No. 43 (Prepared by the University of Califor-
nia at San Francisco- Stanford Evidence-based Practice Center under Contract No. 290-97-0013). Rock-
ville, MD: Agency for Healthcare Research and Quality, July 2001;332-46; AHRQ Publication No. 01-E058.
3. Agu O, Handa A, Hamilton G, Baker DM. Deep vein thrombosis prophylaxis: audit of practice in general
surgical patients in a teaching hospital. Phlebology 2000;15:71–4.
4. Michota FA. Bridging the gap between evidence and practice in venous throm- boembolism prophylax-
is: the quality improvement process. J Gen Intern Med 2007;22(12):1762–70. Epub 2007 Sep 22.
Ginecologia Geral 23
UROGINECOLOGIA
Hiperatividade Detrusora
A Bexiga Hiperativa (BH) é uma síndrome representada por contrações involuntárias
do músculo detrusor sem controle pela paciente. Tem como sintomatologia a urgência,
associada ou não à urge- incontinência, e frequentemente acompanhada de aumento da
frequência miccional e noctúria, na ausência de infecções locais e fatores metabólicos.
As causas são multifatorias, podendo ser neurogênicas ex: sequela de AVC, doença de
Parkinson/ Alzhaimer) e não neurogenica (obstrução uretral, prolapsos pélvicos, idiopática).
O diagnóstico diferencial inclui principalmente a infecção do trato urinário (ITU) e Cis-
tite Intersticial, no entanto outras causas devem ser investigadas, como uretrite, Inconti-
nência Urinária de Esforço, presença de corpo estranho vesical, divertículo uretral, fístula
urinária, principalmente após procedimentos cirúrgicos e cistites não bacterianas (p ex:
actínica e tuberculose vesical).
O tratamento de escolha consiste na utilização de fármacos que tem por objetivo re-
duzir a atividade contrátil do músculo detrusor, porém apresentam como efeitos colate-
rais xerose, redução da secreção gástrica, náuseas, cefaleia, sonolência, tonturas, bem
como distúrbios cognitivos, como a diminuição da memória para fatos recentes, muitas
vezes limitando o uso dessas substâncias em pacientes susceptíveis.Estão contra indica-
das em pacientes com glaucoma de ângulo fechado, arritmias cardíacas e hipertensão
arterial não compensada.
Ginecologia Geral 25
Referências:
1. Abrams P, Blaivas JG, Stanton SL, Andersen JT The standardisation of terminology of lower urinary tract
function. The International Continence Society Committee on Standardisation of Terminology. Int Ur-
ogynecol J Pelvic Floor Dysfunct. 2008 May;19(5):607-14. doi: 10.1007/s00192-007-0498-2. Epub 2008
Jan 9.
2. Schimpf MO; Rahn DO; Wheeler TL et al. Sling surgery for stress urinary incontinence in women:a sys-
tematic review and metaanalysis. Am J Obstet Gynecol 2014;211:71.e1-27.
3. Davila GW, Neimark M. The overactive bladder: prevalence and effects on quality of life. Clin Obstet
Gynecol. 2002;45(1):173-81;
4. Ouslander JG. Management of overactive bladder. N Engl J Med. 2004;350(8):786- 99
26 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
O prolapso de órgãos genitais é definido por uma disfunção do assoalho pélvico, onde
ocorre a descida das paredes vaginais anterior (cistoceles) e/ou posterior (retoceles/ re-
toenteroceles) e /ou ápice vaginal (útero ou cúpula vaginal).
Estádio I: ponto de maior prolapso está localizado até 1 cm para dentro do hímen (-1 cm).
stádio II: o ponto de maior prolapso está localizado até -1 cm e +1 cm (entre 1 cm acima e 1 cm
E
abaixo hímen).
stádio III: o ponto de maior prolapso está a mais de 1 cm para fora do hímen, porém sem ocorrer
E
eversão total.
stádio IV: eversão total do órgão prolapsado. O ponto de maior prolapso fica no mínimo no com-
E
primento vaginal menos dois cm (CVT-2).
Tratamento:
• Conservador: uso de pessários vaginais. Oferecer teste com tamanho adequado
e orientar higienização do dispositivo 1 a 2 vezes na semana, associado a uso de
cremes vaginais lubrificantes ou hormonais.
• Cirúrgicos: técnicas de uso de tecido nativo/sítio-específicas, uso de malhas sintéti-
cas em casos de prolapsos recidivados ou com fáscia de má qualidade ou grandes
prolapsos, obliterativas (colpocleise) em casos individualizados.
Ginecologia Geral 27
Conceitos e condutas
área de sua atuação as disfunções sexuais e todas as dificuldades sexuais que determi-
nam ou caracterizam as inadequações sexuais.
ENDOSCOPIA GINECOLÓGICA
Falha
Progestágenos
Anamnese TRATAMENTO terapêutica
(orais, SIU-
Exame físico CLÍNICO LNG), Pílulas
combinadas,
AINH, Ácido TRATAMENTO
MIOMA tranexâmico CIRÚRGICO
UTERINO
Nódulos
USG PÉLVICO volumosos Considerar
SITUAÇÕES
Transabdominal Desejo imediato tratamento
ESPECIAIS
e transvaginal de concepção cirúrgico
Mioma
submucoso
Referências
1. Duhan N, Sirohiwal D. Uterine myomas revisitedEur J ObstetGynecolReprod Biol. 2010; 152 (2): 119-25
2. Haney AF. Clinical decision making regarding leiomyomata: what we need in the next millenium. Envi-
ron Health Perspect. 2000; 108 Suppl 5:835-9.
32 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
Tratamento Falha
Dor
clínico terapêutica
Propedêutica
ENDOMETRIOSE Infertilidade ENCAMINHAR
específica
A CENTRO DE
REFERÊNCIA
Assintomáticas SEGUIMENTO
CLÍNICO
PERIÓDICO
Referências
1. Won HR, Abbott J. Optimal management of chronic cyclical pelvic pain: an evidence-based and prag-
matic approach. Int J Women’s Health. 2010 Aug 20; 2:263-77.
2. Petta CA, Ferriani RA, Abrão MS, Hassan D, Rosa e Silva JC, Podgaec S, Bahamondes L. A 3-year fol-
low-up women with endometriosis and pelvic pain users of the levonorgestrel-releasing intrauterine
system. Eur J ObstetGynecolReprod Biol. 2009; 143(2): 128-9.
Ginecologia Geral 33
Diretrizes:
• • Não deve ser realizada USGTV de rotina, em mulheres na pós-menopausa para
rastreamento de câncer de endométrio e/ou ovário.
• • Mulheres na pós-menopausa, que apresentem sangramento uterino, deverão ser
submetidas a um USGTV
• • Pacientes na pós-menopausa COM SANGRAMENTO UTERINO e espessura endo-
metrial > 4 mm necessitam avaliação complementar, preferencialmente por histe-
roscopia e/ou biópsia endometrial ambulatorial.
• • Pacientes na pós-menopausa com sangramento uterino, devem ter avaliação en-
dometrial mesmo que espessura endometrial ≤ 4 mm em casos de sangramento
recorrente ou fatores de risco para câncer de endométrio.
• • Em casos de mulheres na pós-menopausa, assintomáticas (sem sangramento) e
que realizaram USGTV que mostrou espessamento endometrial, a conduta deve
seguir o seguinte fluxograma:
EE 8 Expectante
34 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
Referências
1. Smith-Bindman R, Kerlikowske K, Feldstein VA, et al. Endovaginal ultrasound to exclude endometrial
cancer and other endometrial abnormalities. Jama. 1998; 280:1510-1517.
2. ACOG Committee Opinion No. 426: The role of transvaginal ultrasonography in the evaluation of post-
menopausal bleeding. Obstet Gynecol. 2009; 113:462-464.
3. Laiyemo R, Dudill W, Jones SE, Browne H. Postmenopausal women with thickened endometrium on
trans-vaginal ultrasound in the absence of vaginal bleeding need hysteroscopic assessment? A Pilot
Study. J Obstet Gynaecol. 2016;36(2):223-6.
4. Giannella L, Mfuta K, Setti T, Boselli F, Bergamini E, Cerami LB. Diagnostic accuracy of endometrial thick-
ness for the detection of intra-uterine pathologies and appropriateness of performed hysteroscopies
among asymptomatic postmenopausal women. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2014;177:29-33.
5. Famuyide AO, Breitkopf DM, Hopkins MR, Laughlin-Tommaso SK. Asymptomatic thickened endometri-
um in postmenopausal women: malignancy risk. J Minim Invasive Gynecol. 2014;21(5):782-6.
Ginecologia Geral 35
Referências
1. Committee Opinion No. 477: the role of the obstetrician-gynecologist in the early detection of epithe-
lial ovarian cancer. Obstet Gynecol. 2011; 117:742-746.
2. Falcone T. Adnexal masses: when to observe, when to intervene, and when to refer. Obstet Gynecol.
2010; 115:680-681.
36 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
Patologias ginecológicas
benignas diversas
Exame clínico
Considerar
pré-operatório,
encaminhamento
avaliação
para realização
custo/benefício
de laparoscopia
laparoscópico
Fluxograma de encaminhamento
para laparoscopia
Referências
1. Jonsdottir GM, Jorgensen S, Cohen SL, et al.Increasing minimally invasive hysterectomy: effect on cost
and complications. Obstet Gynecol. 2011; 117:1142-1149.
2. AAGL position statement: route of hysterectomy to treat benign uterine disease. J Minim Invasive Gy-
necol. 2011; 18:1.
38 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
REPRODUÇÃO HUMANA
Atividades assistenciais do setor de Reprodução Humana do CRSM
O setor de reprodução humana do CRSM oferece os seguintes tratamentos:
• Estimulação ovariana para coito programado;
• Inseminação intra-uterina;
• Fertilização in vitro convenciona (FIV);
• Injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI);
• Preservação da fertilidade em pacientes oncológicas;
• Ovodoação;
• O setor realiza cerca de 300 ciclos de tratamento de alta complexidade anual-
mente, de forma totalmente gratuita, inclusive fornecendo as medicações.
Referências
1. Dzik A,Pereira DHM,Cavagna M,Naves WN Tratado de Reprodução Assistida Atualizado e Ampliado.
SBRH Segmento-Farma, São Paulo. 2011.
2. Farquhar CM, Liu E, Armstrong S et al. Intrauterine insemination with ovarian stimulation versus ex-
pectant management for unexplained infertility (TUI): a pragmatic, open-label, randomised, controlled,
two-centre trial. Lancet, 2018; 391: 441–50.
40 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
Referência
1. Dzik A,Banzato CAP, Miklos T in Tratado de Reprodução Assistida Atualizado e Ampliado. SBRH
Segmento-Farma, São Paulo.pp 47 - 54 2011.
Reprodução Humana 41
As TRA de alta complexidade são aquelas onde há a manipulação laboratorial dos ga-
metas masculino e feminino, procedendo-se à fecundação fora do corpo da mulher. Des-
sa forma, as TRA de alta complexidade compreendem os procedimentos de fertilização “in
vitro” (FIV) com transferência de embriões; a FIV pode ser convencional ou pode ser feita
através de injeção intracitoplasmática de espermatozóide (ICSI).
Indicações: As principais indicações da FIV são o fator tubo-peritoneal e o fator mas-
culino grave. Entretanto, várias outras indicações são admitidas, quais sejam:
• Endometriose
• Infertilidade de causa inexplicada
• Falha de tratamentos de baixa complexidade
• Doação de oócitos
• Cessão temporária de útero
• Fertilização de oócitos congelados
• Congelamento de embriões antes de terapia oncológica
Fator tubário
Casal infértil
ou fator masculino
Tubas pérvias
Tratamentos de
Falha de tratamento
baixa complexidade
Protocolo padrão
CFA < 10:
• 300 UI FSH/hMG a partir de D3 (E1)
• USG: E6. Antagonista com folículo ≥ 15 mm
• Coma maioria dos folículos > 10 mm, entrar com minidose de hCG
• Desencadeamento da maturação folicular final com 5000 UI hCG
CFA ≥ 10:
• 225 UI FSH/hMG a partir de D3 (E1)
• USG: E6. Antagonista com folículo ≥ 15 mm
• Coma maioria dos folículos > 10 mm, entrar com minidose de hCG
• Desencadeamento da maturação folicular final com 5000 UI hCG
Referência
1. Cavagna M, Cavagna F. – Fertilização Assistida – Programa de atualização em Ginecologia e Obstetrícia.
ArtMed Editora, Porto Alegre, 2008.
Reprodução Humana 43
Indicações: Pacientes jovens, com idade < 40 anos, que serão submetidas a tratamen-
tos com potencial de promover insuficiência ovariana, como os tratamentos quimioterápi-
cos para o câncer, devem receber as informações pertinentes para poderem decidir sobre
intervenções que visam salvaguardar a fertilidade.
Técnica: Atualmente, propõe-se a criopreservação de oócitos como a principal mo-
dalidade de preservação da fertilidade, técnica atualmente tão eficiente e mais simples
do que a criopreservação de embriões, inclusive considerando-se aspectos éticos. A vitri-
ficação dos oócitos é atualmente o método de escolha de criopreservação, evitando-se a
formação de cristais de gelo no interior da célula. A criopreservação de tecido ovariano é
opção válida, principalmente para crianças e adolescentes, mas trata-se de técnica ainda
experimental e com resultados discretos.
A proteção medicamentosa dos ovários com análogos agonistas do GnRH também
pode ser indicada, concomitantemente ao tratamento quimioterápico. No caso de câncer
de mama, o protocolo de estimulação ovariana para coleta de oócitos deve ser individua-
lizado, evitando-se níveis altos de estradiol durante o procedimento. No CRSM, utilizamos
o protocolo esquematizado.
Antagonista 0,25 mg
Coleta
r-FSH/hMG 200-300 UI
Letrozole 5 mg
Dias
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
do ciclo
Fol. 19 mm
Triptorelina 0,2 mg
Referências
1. Cavagna F, Pontes A, Cavagna M, Dzik A, Donadio NF, Portela R, Nagai M, Gebrim LH. Specific protocols
of controlled ovarian stimulation for oocyte cryopreservation in breast cancer patients. Curr Oncol
2018, 6: e527-e532.
2. Cavagna F, Pontes A, Cavagna M, Dzik A, Donadio NF, Portela R, Nagai M, Gebrim LH. A specific con-
trolled ovarian stimulation (COS) protocol for fertility preservation in women with breast cancer under-
going neoadjuvant chemotherapy. Contemp Oncol 2017; 21 (4): 290–294.
Reprodução Humana 45
Referência
1. Donadio NF, Donadio N, Cavagna M. In: Tratado de Reprodução Assistida. Segmento-Farma, São Pau-
lo. pp. 255, 2010.
46 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
SÍNTESE DOS ATENDIMENTOS: Entre 2000 e 2018, o NPE atendeu 47.532 casos
de violência sexual, sendo 13.957 mulheres adultas (29,5%), 13.526 adolescentes
(28,5%) e 19.882 crianças (42%), conforme gráfico 1.
5000
4194 4140
4000
3475
2875
2723 2626 3000
2552 2551 2486
2330 2359
2179 2142 2094
2034
1920 1926
1716 2000
1210
1000
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
CASOS NOVOS 1210 1716 2179 2034 2142 2094 1920 1926 2330 2723 2552 2359 2875 2551 2486 2626 3475 4194 4140
Casos novos
NÚCLEO DE PROGRAMAS ESPECIAIS
SERVIÇO DE VIOLÊNCIA SEXUAL E ABORTO LEGAL 47
Entre 2000 e 2018, o NPE realizou 2.406 abortamentos previstos em Lei por
situação de gravidez decorrente de estupro. A distribuição das interrupções de ges-
tação por ano de realização pode ser observada no gráfico 2.
381
365
315
175
172
137
116
86
74 73 74
61 65 65 63
50 48 48
38
Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Gestações
61 50 65 38 48 74 73 65 63 86 48 74 116 137 172 175 315 381 365
pós estupro
A anticoncepção de emergência (AE) deve ser oferecida para todas as mulheres e ado-
lescentes expostas à gravidez forçada através de contato certo ou duvidoso com sêmen,
independente do período do ciclo menstrual, que tenham tido a menarca e que se encon-
trem antes da menopausa. A medida não é necessária se houver o uso adequado de mé-
todo anticonceptivo eficaz no momento da violência sexual, a exemplo do contraceptivo
oral ou injetável, esterilização cirúrgica ou DIU. O mecanismo de ação demonstrável da
AE varia conforme o período do ciclo menstrual em que é administrada. Na primeira fase
do ciclo, a AE suprime o pico do LH impedindo ou postergando a ovulação. Administrada
após a ovulação, a AE interfere na capacitação e migração sustentada dos espermatozoi-
des, tornando hostil o muco cervical. Dessa forma, a AE impede exclusivamente a fecun-
dação. Não há efeito da AE sobre a morfologia ou imunohistoquímica do endométrio ou
alteração dos marcadores de receptividade para a nidação. Evidências diretas e indiretas
48 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
IMPEDIMENTO DA FECUNDAÇÃO
Referências
1. Brasil. Ministério da Saúde. Área Técnica de Saúde da Mulher. Anticoncepção de emergência: pergun-
tas e respostas para profissionais de saúde. 2ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2011.
2. Durand M, Larrea F, Schiavon R. Mecanismos de acción de la anticoncepción hormonal de emergencia:
efectos del levonorgestrel anteriores y posteriores a la fecundación. Salud Publica Mex. 2009;51(3):1-7.
3. Novikova N, Weisberg E, Stanczyk FZ, Croxatto HB, Fraser IS. Effectiveness of levonorgestrel emergency
contraception given before or after ovulation – a pilot study. Contraception. 2007;75(2):112-8.
NÚCLEO DE PROGRAMAS ESPECIAIS
SERVIÇO DE VIOLÊNCIA SEXUAL E ABORTO LEGAL 49
DTG 50 mg 1 cp VO 1 x ao dia
ATV/r A
TV 300 mg 1 cp VO 1 x ao dia
RTV 100 mg 1 cp VO 1 x ao dia
DRV/r D
RV 600 mg 1 cp VO 2 x ao dia
RTV 100 mg 1 cp VO 2 x ao dia
Referências
1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de vigilância epidemi-
ológica. Hepatites virais: o Brasil está atento. Brasília: Ministério da Saúde; 2005.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Controle das doenças sexualmente
transmissíveis. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Recomendações para terapia anti-retro-
viral em adultos e adolescentes infectados pelo HIV. 6ª edição. Brasília: Ministério da Saúde; 2007.
4. Centers for Disease Control and Prevention. Antiretroviral postexposure prophylaxis after sexual, in-
jection-drug use, or other nonoccupational exposure to HIV in the United States: recommendations
from the U.S. Department of Health and Human Services. MMWR 2005;54(No.RR-2).
5. World Health Organization, Regional Office for South-East Asia. Management of HIV infection and an-
tiretroviral therapy in adults and adolescents: a clinical manual. (Technical Publication Series No. 58).
Geneve: WHO;2007.
52 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
A legislação penal brasileira classifica a violência sexual como Crimes Contra a Dignida-
de Sexual. Entre eles, destaca-se o estupro, artigo 213, como “constranger alguém, mediante
violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou permitir que com ele se pratique outro
ato libidinoso”. Entende-se por violência a força física suficiente para superar a resistência
da vítima. Por grave ameaça se define a ameaça do autor de praticar dano para a vítima,
capaz de impedir sua reação. A conjunção carnal corresponde exclusivamente à penetra-
ção vaginal e o ato libidinoso compreende toda prática sexual diferente da penetração
vaginal. O estupro de vulnerável, artigo 217-A, define como crime ter conjunção carnal ou
praticar ato libidinoso com menor de 14 anos, ou contra alguém que, por enfermidade ou
doença mental, não pode consentir ou oferecer resistência. Quando a primeira atitude da
mulher que sofre violência sexual é a busca pelo Distrito Policial ou Delegacia de Defesa
da Mulher, cabe à autoridade policial realizar o Boletim de Ocorrência Policial e requisitar
o Exame de Corpo de Delito e Conjunção Carnal, realizado pelo Instituto Médico Legal (IML),
que fará a coleta e preservação de evidências materiais do crime sexual. O acesso ao IML
se faz exclusivamente pela requisição das autoridades competentes e os profissionais de
saúde não podem solicitar esse procedimento. Ao término desses passos, a mulher deve
ser orientada e apoiada para realizar atendimento em saúde, o mais breve possível. Caso
a primeira alternativa da mulher seja a busca pelo serviço de saúde, não há impedimento
legal ou ético para que o médico preste a assistência necessária, incluindo-se o exame
físico e ginecológico, a prescrição de profilaxias ou outro tratamento necessário. Após o
atendimento, a vítima deve ser apoiada para buscar a polícia, prestar depoimento ou se
submeter ao exame do IML. Contudo, a mulher que sofre violência sexual não tem dever
legal de noticiar o fato à polícia ou realizar o exame no IML.
ORIENTAÇÃO: Os profissionais de saúde devem cumprir a Lei 10.778/03 que es-
tabelece a Notificação Compulsória de todo caso de violência contra a mulher, atendi-
do por serviço de saúde público ou privado. Situações suspeitas ou confirmadas de
abuso sexual envolvendo crianças e adolescentes menores de 18 anos devem, obri-
gatoriamente, ser comunicadas ao Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras medidas
legais, conforme artigo 13 do Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Nº 8.069.
NÚCLEO DE PROGRAMAS ESPECIAIS
SERVIÇO DE VIOLÊNCIA SEXUAL E ABORTO LEGAL 53
VIOLÊNCIA SEXUAL
Alternativa da mulher que busca por atendimento
ATENDIMENTO
NOTIFICAÇÃO BOLETIM DE Investigação,
MÉDICO
COMPULSÓRIA OCORRÊNCIA identificação
(incluindo
(todos os casos) POLICIAL do autor da
exame físico e
violência sexual
ginecológico,
COMUNICAÇÃO
profilaxias)
AO CONSELHO
TUTELAR Requisição de
ATENDIMENTO
(menores de exame de corpo Responsabilização
SOCIAL E
18 anos) de delito do autor da
PSICOLÓGICO
realizado no IML violência
Orientação e Orientação e
apoio para busca apoio para busca
de atendimento de atendimento
policial em saúde
Referências
1. Brasil. Ministério da Saúde. Área Técnica de Saúde da Mulher. Aspectos jurídicos do atendimento
às vítimas de violência sexual – perguntas e respostas para profissionais de saúde. 2ª ed. Brasília:
Ministério da Saúde; 2010.
2. Conselho Regional de Medicina de São Paulo. Violência sexual e aspectos éticos da assistência. In:
Cadernos de ética em ginecologia e obstetrícia. 2ª edição. São Paulo: CREMESP; 2002.
54 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
O Decreto-Lei 2848, inciso II do artigo 128 do Código Penal, estabelece que não há
crime e que não se pune o abortamento praticado por médico quando a gravidez resulta
de estupro. O abortamento deve ser precedido do consentimento da gestante ou, quan-
do incapaz, de seu representante legal. O abortamento nos casos de gravidez decorrente
de estupro não exige apresentação de Autorização Judicial, nem a abertura ou sentença
de um processo contra o agressor. O abortamento não está juridicamente vinculado à
apresentação do Boletim de Ocorrência Policial ou do Exame de Corpo de Delito e Conjunção
Carnal, do IML. Os profissionais de saúde não estão sujeitos à penalização caso se revele,
posteriormente, que as informações não correspondam à verdade se tomados todos os
cuidados procedimentais, conforme artigo 20, § 1º do Código Penal. Amostra de material
embrionário ou fetal deve ser preservada para eventual análise de DNA para identificar
e responsabilizar o autor do estupro. Esse material deve ser acondicionado sem fixador,
formol ou álcool, para evitar a desnaturação do DNA, se possível em congelação a -30°C.
ORIENTAÇÃO: A interrupção da gravidez nessas circunstâncias deve cumprir a Por-
taria MS/GM n° 1.508 do Ministério da Saúde, que estabelece os Procedimentos de Justifi-
cação e Autorização da Interrupção da Gravidez. Os procedimentos técnicos para o aborta-
mento encontram-se na norma técnica Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da
Violência Sexual Contra Mulheres e Adolescentes, Ministério da Saúde, 2012.
NÚCLEO DE PROGRAMAS ESPECIAIS
SERVIÇO DE VIOLÊNCIA SEXUAL E ABORTO LEGAL 55
Ultrassonografia Ultrassonografia
obstétrica obstétrica Indícios de falsa
IG ≥ 20 semanas IG < 20 semanas alegação de crime sexual
OU E (dados incompatíveis com SIM
Peso fetal ≥ 400 Peso fetal < 400 artigo 213 ou 217-A do
gramas gramas Código Penal
Compatibilidade Recusa da
NÃO
entre IG na USG solicitação
e data da
violência sexual
Aprovação da
solicitação do
Encaminhamento abortamento
Ausência de
para assistência indicador de
pré-natal gravidez de outra
especializada situação consentida IG < 12 semanas IG 12 – 20
Aspiração semanas
intrauterina Abortamento
manual ou elétrica com misoprostol
ou misoprostol e/ou laminária
Referências
1. Brasil. Ministério da Saúde. Área Técnica de Saúde da Mulher. Aspectos jurídicos do atendimento
às vítimas de violência sexual – perguntas e respostas para profissionais de saúde. 2ª ed. Brasília:
Ministério da Saúde; 2010.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Área Técnica de Saúde da Mulher. Prevenção e tratamento dos agravos
resultantes da violência sexual contra mulheres e adolescentes. 3ª ed. atualizada e ampliada. Brasília:
Ministério da Saúde; 2012.
3. Delmanto C, Delmanto R, Delmanto-Júnior R, Delmanto FMA (editores). Código penal comentado. São
Paulo: Saraiva; 2010.
4. World Health Organization. Safe abortion: technical and policy guidance for health systems. Geneva:
World Health Organization; 2003.
56 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
MASTOLOGIA
INTRODUÇÃO
O câncer de mama é considerado um problema para saúde pública. Observa-se
uma incidência crescente do câncer de mama, principalmente em países em desen-
volvimento devido ao envelhecimento populacional e exposição a fatores de risco.
Nesses países são observadas altas taxas de mortalidade pelo câncer.
Informações do SIS mama INCA (2019): O câncer de mama é a neoplasia mais
incidente na população feminina, com estimativa de 49 casos novos a cada 100
mil mulheres em 2010. Na Região Sudeste, esse é o tipo mais incidente (65/100
mil), seguida das regiões Sul (64/100 mil), Centro-Oeste (38/100 mil) e Nordeste
(30/100 mil). O câncer de mama é também o primeiro em mortalidade por câncer
em mulheres, com taxa bruta de 11,49 a cada 100 mil, em 2007. A mortalidade por
câncer de mama entre as brasileiras de 30 a 69 anos passou de 17,4 por 100 mil
habitantes, em 1990, para 20,4 em 2010, o que representa um aumento de 16,7%.
É o que mostram os dados da “Síntese de Indicadores Sociais”, divulgado pelo IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O número mais alto, segundo a análise, é consequência da dificuldade de aces-
so ao diagnóstico e início do tratamento e da desinformação sobre a periodicidade
dos exames preventivos.
Entretanto, pudemos observar uma consistente redução na taxa padronizada
de mortalidade por câncer de mama à partir do biênio de 2009/2010 confirmando
a tendência de redução da mortalidade do Estado de São Paulo. O coeficiente de
mortalidade por Câncer de Mama no município de São Paulo foi de 20/100.000
habitantes/ano de 2016 para 18,7/100.000 habitantes/ano de 2017 (Área Técnica da
Saúde Integral da Mulher – PMSP)
Em 2015, 16,7% dos casos diagnosticados e tratados pelo SUS no Hospital Péro-
la Byington (SP) foram em pacientes com idade inferior a 40 anos, 36,1% entre 40 e
50 anos e 47,2% após os 50 anos (Gráfico 1).
300
250
200
150
100
50
0
20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 70-79 80-89 > 90
100
80
60
40
20
0
EI E II E III E IV
Tabela 1 – Tempo médio para consulta e diagnóstico das pacientes com nódulo
de mama atendidas no Hospital Pérola Byington, São Paulo, 2012.
45 Gráfico 3 – Redução
40 da evolução do
estadiamento do
35 E II cancer de mama, em
30 pacientes atendidas
no hospital Perola
25 EI Byington após a
20 In Situ implementação do
E III atendimento resolutivo
15
em uma consulta.
10 (n=4.258 patients).
5 E IV
0
2004 2006 2008 2012
60 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
PACIENTES SINTOMÁTICAS
DOR
A dor mamária é uma das principais queixas que levam a mulher a procurar o gineco-
logista. A grande preocupação com o câncer de mama faz com que elas correlacionem a
dor com alguma doença, em especial o câncer, apesar de ser um sintoma pouco relacio-
nado a ele.
A presença de câncer de mama em pacientes que referem como único sintoma a dor
mamária é rara, ocorrendo em apenas 0.5 a 3.3% dos casos, em geral, associada a nódulo
palpável. Temos que dividir a mastalgia em três: 1- Cíclica – normalmente bilateral e aco-
metendo mais as porções súperolaterais das mamas, com início pouco antes ou durante
o fluxo menstrual, decorrente da ação do estrogênio e progesterona nas glândulas mamá-
rias. O autoexame leva a percepção de falsas nodulações, o que preocupa a paciente. Uma
boa orientação quanto a benignidade do quadro, associado a uma diminuição de xantinas
e gorduras, aplicação de compressas frias e o uso de soutien justo costumam melhorar o
quadro, mas as vezes faz-se necessário o uso de analgésicos. 2- Não cíclica – normalmente
unilateral, e acometendo mulheres na peri ou pós menopausa. Está associada a proces-
sos inflamatórios / infecciosos das mamas, ou massas volumosas (especialmente cistos
mamários). Um bom exame físico é suficiente para o diagnóstico, e o tratamento da mas-
talgia está associado ao da patologia primaria. 3- Dor extra mamária – É a dor referida na
mama na ausência de alterações funcionais ou orgânicas da mesma. Sua principal causa
é a nevralgia intercostal, que pode piorar no pré–mênstruo pela maior compressão dos fi-
letes nervosos decorrente do edema mamário. Tem muitos diagnósticos diferenciais além
da nevralgia, como mialgia, trauma, pleurite, fibromialgia, etc. O diagnóstico depende de
uma boa anamnese, questionando as características da dor (que muitas vezes segue o
trajeto do nervo, podendo irradiar para membros superiores ou dorso) e exame físico, o
qual deve incluir a palpação de espaços intercostais.
Muitos clínicos ou ginecologistas com intuito de tranquilizar a paciente, solicitam
ultrassom que não elucida a etiologia das pseudo–nodulações, e por vezes relatam pe-
quenas alterações benignas (cistos, fibroadenomas) em áreas distintas, atemorizando
ainda mais as pacientes, que acabam sendo encaminhadas para um Centro de Refe-
Mastologia 61
Mastalgia
Precede Menstruação?
Bilateral?
Mais intensa em QSL?
Sensação de "nódulos"?
SIM NÃO
Dor extra
Tratar a patologia
mamária
da mama
Nevralgia
Cistos volumosos
Mialgia
Mastites/abscesos
Trauma
Nódulos volumosos
Fibromialgia
Fluxo espontâneo
uniductal
Biópsia excisional
(estudo em
parafina)
Citologia
Ultrassom
(inespecífica)
(Alt. palpatória)
Core ou
Mamografia
mamotomia
(> 40 anos)
(não indicadas)
6) Quando encaminhar?
Todas as pacientes com fluxo mamilar suspeito devem ser encaminhadas para a ava-
liação e biópsia cirúrgica, mesmo aquelas que apresentarem exames de imagem normais.
7) Como tratar?
O diagnóstico e tratamento são feitos pela biópsia cirúrgica com ressecção dos ductos
acometidos pelo fluxo suspeito (setorectomia de mama)
MASSA PALPÁVEL
Trata-se da principal queixa que leva a procura pelo especialista e, apesar da maioria
das lesões serem benignas, a ansiedade frente a um possível diagnóstico de câncer está
muitas vezes presente.
Aproximadamente 90% das massas palpáveis na mama de mulheres com idade entre
20–35 anos são benignos. Excluir o câncer é importante nas pacientes com idade acima de
35 anos, principalmente após os 50 anos.
As massas palpáveis podem ser de natureza cística, sólida ou infecciosa.
Dados clínicos
Etiologia Dor Mobilidade Multiplicidade Idade Consistência Limites
Fibroadenoma - + + (30%) 18-35 maior/elástica precisos
Macrocisto + + + (60%) 35-50 variável variável
Carcinoma - variável - > 40 maior/pétrea imprecisos
Lipoma - + - > 35 amolecida precisos
Infecciosa ++ variável + (variável) 35-50 variável variável
Mastologia 65
50%
40% Fibroadenoma
30%
Cisto Câncer
20%
10%
0%
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
NÓDULOS
São lesões sólidas, podendo ter diferentes diagnósticos diferenciais (lesões fibroepite-
liais, carcinoma, lipoma), inclusive não sólidas (cistos, abscessos).
1. Tamanho
De uma maneira geral, um nódulo é considerado pequeno quando menor de 2cm,
médio quando entre 2-3/4cm e grande acima de 3/4cm. Há tendência em investigação
citológica ou histológica quando um nódulo é palpável e maior de 2cm (veremos mais
adiante quando solicitar citologia ou histologia).
2. Características
Clinicamente, devemos avaliar a mobilidade, consistência e forma além do tamanho
da tumoração. É importante avaliar a pele da mama, especialmente adjacente ao tumor,
assim como a presença de fluxo papilar, e adenomegalias, principalmente em axila ipsila-
teral da lesão.
As características imaginológicas são normalmente avaliadas pelo radiologista, e clas-
sificadas segundo as categorias do Bi-Rads (mais adiante). De uma maneira geral, um
nódulo suspeito é microlobulado ou espiculado, perpendilucal a pele, podendo conter
calcificações agrupadas em seu interior (não confundir com calcificações grosseiras, indi-
cativo de benignidade).
66 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
4. Crescimento
Se a paciente já se apresenta com um nódulo estável por mais de dois anos, não há
necessidade de se continuar com investigação. Por isso a importância de solicitar os exa-
mes antigos para comparar o tamanho e as características da lesão em questão.
Caso uma paciente abaixo dos 25 anos tenha realizado um USG de mama por algum
motivo e identificado lesão não palpável subcentimétrica, não há necessidade de acom-
panhamento, apenas orientações.
Se o nódulo for uma queixa nova, o crescimento só deve ser avaliado caso a paciente
não seja de alto risco para câncer de mama e apresente uma lesão de um tamanho e ca-
racterísticas clínicas e imaginológicas favorecendo benignidade. Caso contrário, deve-se
prosseguir com a investigação (veremos mais adiante).
Para realizar o controle de crescimento, a paciente deve ser avaliada em 6, 12 e 24
meses. Lembrar sempre a paciente que caso ela note crescimento importante do nódulo
antes do próximo controle, é preciso que ela retorne rapidamente.
Se o nódulo for palpável, em uma paciente jovem (especialmente abaixo dos 25 anos),
o controle deve ser apenas clínico, não sendo necessário exames de imagem. Se o nódulo
for visibilizado tanto por USG quanto pela MMG, a preferência pelo acompanhamento é
sempre pelo USG, especialmente abaixo dos 40 anos.
Variações de 3mm são esperadas durante o acompanhamento, e não devem ser valo-
rizadas. A comparação deve de preferência ser realizada entre o primeiro exame (seja cli-
nico ou de imagem) com o último, e após a estabilidade por dois anos ou mais, a paciente
deve ser tranquilizada em relação a lesão em questão.
Se houver crescimento, deve-se continuar com a investigação. Em pacientes jovens
com lesões sugestivas de fibroadenoma, lembrar que habitualmente estas lesões tem
crescimento autolimitado, não costumando ultrapassar os 2cm.
Mastologia 67
Nódulo bem delimitado menor que 2 cm em pacientes com menos de 35 anos, é alta-
mente sugestivo de fibroadenoma. Preconiza-se apenas seguimento clínico, sem necessi-
dade de exames de imagem adicionais ou procedimento invasivo. Naqueles maiores que
2-3 cm, recomenda-se a exérese ambulatorial. Nas pacientes com idade acima de 35 anos,
a PAAF e mamografia diagnóstica (> 40 anos) são importantes para exclusão de malignida-
de, permitindo, quando negativo, fazer apenas seguimento clínico anual.
Nas pacientes com nódulo suspeito de malignidade (inclusive na gestação) deve-se
realizar de imediato a biópsia por agulha grossa (core), podendo ser sob orientação ultras-
sonográfica se necessário. Realizar a PAAF nos casos de alta suspeita geralmente retarda
68 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
Pacientes com menos de 35 anos, com nódulos menores que 2 cm móveis, fibroelásticos
(não suspeitos) devem acompanhar clinicamente, sem necessidade de exames adicionais.
Nódulos acima de 2 cm devem ser investigados em qualquer idade, principalmente
aqueles de rápido crescimento.
Pacientes com mais de 35 anos devem complementar com ultrassonografia e naque-
las com mais de 40 anos com mamografia. A PAAF pode ser realizada de imediato em nó-
dulos de baixa suspeita para ajudar a diferenciar lesão cística no atendimento resolutivo.
Todos os nódulos com características suspeitas devem ser investigados imediatamen-
te, muitas vezes notamos que a espera por exames de imagem atrasa o tratamento. A
biópsia deve ser de fragmento e não PAAF (Encaminhar imediatamente para a CORE).
Nódulos de crescimento rápido também devem ser investigados, assim como nódulos
suspeitos na gestação. (Não esperar para investigar após o parto).
Tratamento
O cisto simples diagnosticado pela ultrassonografia, ou por punção aspirativa com lí-
quido não suspeito (não hemorrágico), não requer tratamento complementar. Não haven-
70 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
Microcistos ou
macrocistos não
palpáveis
Punção
esvaziadora Seguimento
(citologia clínico anual
desnecessária)
Macrocisto
(palpável)
Pacientes com cistos complexos ao USG (vegetações em seu interior, área solida,
traves) devem ser classificadas em cisto complexo de alto ou baixo risco, conforme a
tabela abaixo.
Cistos únicos, grandes e assintomáticos devem ser esvaziados para evitar a rotura
com eventual mastite.
Classificação BI-RADS
Conduta
BI-RADS 3 – A categoria 3 só deve ser usada para lesões não palpáveis e sem estabili-
dade em exames anteriores com > 2 anos, descritas a seguir:
Observar que as lesões só podem entrar na categoria 3 após elucidação com exames
de imagem adicionais. Ou seja, nódulos comprovadamente sólidos em USG e calcificações
com ampliações, assimetrias com compressões.
BI-RADS 6
Categoria reservada às pacientes com câncer previamente confirmado por citohisto-
logia. Não deve ser usada para pacientes que já removeram a lesão e não apresentam
imagens suspeitas.
Considerações
1. Mama densa: não deve ser laudada como categoria 0. Deve ser classificada como
categoria 1, ou se tiver outros achados, de acordo com os mesmos.
2. Alteração mamográfica Categoria 4 já biópsiada (benigna), compatível com o
grau de suspeita da lesão: nesses casos é importante orientar a paciente a anexar sem-
pre o resultado da biópsia para o radiologista avaliar e laudar como categoria 2. Achados
categoria 4 só podem ser transformados em categoria 2 após estudo histopatológico.
• Forma e diâmetro
• Margem: (pelo menos 75% deve ser avaliada)
• Densidade
• Localização
• Achados associados: pele espessada, pele retraída, espessamento dos ligamentos
de Cooper, distorção arquitetural, calcificações ou assimetria focal, linfonodos axi-
lares aumentados.
Alteração mamográfica
BI-RADS 3 BI-RADS 4
BI-RADS 1 ou 2
Ultrassom (sólido) A - Seguimento
(Seguimento de rotina)
Microcalcificações (6, 12 e 24 meses)
(mono/amorfas) B e C - Biópsia orientada
Classificação da Calcificações
a) Forma
• Heterogêneas e grosserias: são irregulares, mas não são finas.
• Amorfas: são tênues, não sendo possível definir a sua forma.
• Finas e pleomórficas: de forma e tamanho variado, podem simular letras chinesas.
• Finas e lineares: são finas e seguem trajetos de ductos, lineares.
b) Distribuição
• Difusa: esparsa pela mama.
• Segmentar: acompanha o trajeto do ducto e lóbulos, formando um triângulo.
• Agrupadas: 5 calcificações em 1 cm cúbico.
• Lineares: distribuídas em linha, seguindo um ducto.
• Regional: acomete mais de um ducto, ocupando grande volume de mama.
MASTITES
Mastite Lactacional
Tratamento:
• Alívio da dor com antinflamatórios não esteroidais.
• Antibioticoterapia com cefalosporinas de 2a geração
• Se não houver resposta ao tratamento inicial em 48–72h solicitar USG para identi-
ficar os abscessos.
• A drenagem pode ser realizada por ultrassom, com resolução após 1 a 3 drenagens
de até 90% dos casos.
• Abcessos profundos e multiloculados devem ser drenados cirurgicamente.
Na presença de abscessos os mesmos devem ser drenados, ou por USG guiada com
lavagem da cavidade com soro ou cirurgicamente. Nos casos de recidiva, recomenda-se
drenagem cirúrgica e se possível encaminhar o material para cultura e antibiograma.
Mastite Tuberculosa
Ela deve ser suspeita em pacientes com abscesso e múltiplas fístulas periféricas. Na
biópsia identificamos granuloma caseoso, mas isolar o bacilo é difícil. A prova tuberculí-
nea pode guiar quando temos um alto valor, indicando infecção.
Mastite Actínica
Lesões Cutâneas
Mamografia e Suspeita de
ultrassom normais doença benigna ou
linfoproliferativa
Biópsia (core) ou
exérese para estudo
PAAF orientado Ressonância magnética em parafina e
por ultrassom (CA oculto) imunoistoquímico
para exérese apenas se houver crescimento acima de 2 cm são suficientes, evitando exa-
mes de imagem desnecessários.
Resposta: D
9) Paciente retornou com mamografia BI-RADS 0, por mamas densas, sem achados
associados. Sua conduta nesse caso é:
a) Complementar com USG de mamas, já que categoria 0.
b) Solicitar mamografia de controle em 6 meses.
c) Orientar a paciente para realizar a mamografia de rotina pois se trata de BI-RADS
1, e se possível revisar o laudo.
d) Solicitar ressonância de mamas.
Muitos radiologistas ainda cometem o equívoco de laudar a mamografia de mamas
densas como BI-RADS 0. Neste caso tranquilizar a paciente e solicitar a rotina com revisão
do laudo após palpação cuidadosa das mamas.
Resposta: C
10) Paciente de 60 anos com nódulo microlobulado hiperdenso com 1,5 cm no exa-
me de mamografia, BI-RADS 4b. Qual a conduta?
a) Tentar achar a área na palpação e realizar a biópsia.
b) Solicitar ultrassonografia de mamas.
c) Controle em 6 meses com nova mamografia.
d) Encaminhar para biópsia por agulha grossa guiada por USG.
O ultrassom isoladamente não é resolutivo. Para evitar falso–negativo deve-se indicar
a biópsia por agulha grossa, orientada por ultrassom que retira fragmento de tecido e
permite a avaliação imunohistoquimica.
Resposta: D
11) Paciente com 65 anos, retorna com mamografia BI-RADS 3 descrita como nódulo
hiperdenso de 1,5 cm, circunscrito de contornos bem definidos e estável há 1
ano. As mamas são lipossubstituidas. Neste caso, qual a conduta:
a) Solicitar USG de mama para diferenciar se é um nódulo sólico ou cístico
b) Solicitar nova mamografia em 6 meses pois se trata de BI-RADS 3
c) Solicitar nova mamografia em 12 meses.
d) Solicitar punção aspirativa por agulha fina por USG.
Nódulo circunstrito estável há 12 meses seja cisto ou sólido neste grupo etário não
requer procedimento complementar. Manter a mamografia de rotina apenas.
Resposta: C
12) Paciente com 50 anos tabagista com queixa de nódulo doloroso e mama averme-
lhada há 7 dias. Ao exame eritema e nódulo doloroso palpável de 4,0cm em união
de quadrantes laterais/ periareolar. Qual sua principal hipótese diagnostica?
a) Mastite periductal.
b) Tuberculose mamária.
c) Carcinoma inflamatório.
d) Mastite lactacional.
Nódulo doloroso com eritema, próximo a região central tem como principal diagnos-
tico a mastite periductal.
Resposta: A
84 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
15) Paciente de 50 anos com hiperemia por toda a mama esquerda, sem dor, febre e
sem nódulo palpáveis. Ao exame edema e hiperemia em todos o quadrante supe-
rior da mama esquerda e parte o quadrante inferior. A sua suspeita clínica é:
a) Tuberculose de mama.
b) Carcinoma Inflamatório de mama.
c) Mastite periductal.
d) Infecção de pele.
Edema e hiperemia extensos na mama, sem nódulos, dor ou febre sugere um quadro
de carcinoma inflamatório de mama.
Resposta: B
16) A mesma paciente acima retornou com mamografia e USG de mamas normais.
Frente aos exames, sua conduta seria:
a) Tranquilizar a paciente pois nenhuma lesão suspeita foi identificada.
b) Solicitar ressonância magnética de mamas, para identificar a lesão.
c) Realizar biópsia incisional de pele.
d) Realizar biópsia de agulha grossa em qualquer região da mama acometida.
Nesse caso, os exames apenas retardaram o diagnóstico. Paciente com suspeita
de carcinoma inflamatório (hiperemia e edema sem sinais de dor ou nódulo), devem
ser submetidas a biópsia incisional. Exames normais não afastam o diagnóstico e não
elucidam o caso.
Resposta: C
Mastologia 85
17) Paciente, 68 anos vem em consulta de rotina com mamografia com microcalcifi-
cações irregulares não vistas em exame anterior, classificadas como BI-RADS 0.
Qual a sua conduta?
a) Solicitar ampliação da área para melhor avaliar a forma das calcificações.
b) Solicitar ultrassonografia complementar.
c) Encaminhar para cirurgia.
d) Encaminhar para biópsia a vácuo.
Pacientes com calcificações irregulares necessitam de complementação com amplia-
ções, permitindo melhor avaliação da área antes de indicarmos procedimentos invasivos.
A ultrassonografia não é método de escolha para avaliar calcificações.
Resposta: A
19) A paciente foi encaminhada para o centro de referência que realizou a biópsia
de vácuo guiada por esterotaxia e retornou com resultado benigno de adeno-
se simples e amostra considerada satisfatória. Realiza nova mamografia que
descreve clipe no local da biópsia anterior e microcalcificações irregulares resi-
duais. Qual a conduta?
a) Reencaminhar ao serviço de referência para avaliar as novas calcificações.
b) Solicitar nova mamografia para ampliar a área.
c) Encaminhar laudo de anatomopatológico benigno para o radiologista.
d) Encaminhar para a cirurgia pois sobraram calcificações suspeitas na área.
No caso acima as calcificações já foram biópsiadas e são compatíveis com o anato-
mopatológico, não há necessidade de cirurgia, mas o radiologista deve receber a cópia da
biópsia para concluir o laudo.
Resposta: C
20) Paciente de 55 anos traz mamografia com área extensa setorial de microcalcifi-
cações pleomórficas, irregulares categoria BI-RADS 5. Qual a conduta?
a) Ampliação da área para melhor avaliar a forma das calcificações.
b) Ultrassonografia complementar.
c) Ressonância magnética.
d) Biópsia á vácuo ou biópsia cirúrgica orientadas por estereotaxia.
Neste caso as calcificações são de alta suspeita e não precisamos de ampliações ou
86 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
exames adicionais para avalia–las, a biópsia está indicada, sendo esta a vácuo ou por setor
de mama guiado.
Resposta: D
21) Paciente realizou tratamento de câncer de mama esquerda há 6 anos. Foi sub-
metida a tratamento conservador recebeu quimioterapia, realizou radioterapia
e hormonioterapia adjuvantes por 5 anos. Recebe alta do centro de referência
para acompanhar em UBS. Qual a sua conduta?
a) Reencaminhar ao centro de referência pois a paciente que teve câncer deve ser
acompanhada pelo mastologista.
b) Solicitar mamografia bilateral de 6/6 meses já que se trata de paciente de alto
risco.
c) Solicitar exames de rastreamento todo ano: mamografia, USG de mamas, abdo-
me e USGTV.
d) Realizar apenas Exame clínico e mamografia anuais.
O rastreamento de recidivas e metástases após 5 anos é baseado apenas em sinais e
sintomas clínicos. O único exame a ser realizado na paciente assintomática é a mamogra-
fia anual. Essas pacientes podem ser seguidas na UBS.
Resposta: D
Oncologia Genital 87
O setor de PTGI tem como escopo principal o tratamento das lesões precurso-
ras do câncer do colo do útero, vagina e vulva, relacionadas à infecção pelo Papilo-
ma vírus Humano (HPV).
Além disso, acompanha doenças genitais benignas de difícil controle, como
condiloma acuminado, líquen escleroso e vulvodínea.
Alterações vulvares
• Condiloma acuminado em pacientes imunossuprimidas;
• Líquen escleroso com dúvida diagnóstica (associado a NIV de qualquer
espécie).
88 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
Diretrizes:
Não é recomendado biopsiar lesões condilomatosas ou encaminhar para colposcopia.
Recomendação de biópsia SOMENTE nos casos de falha do tratamento, dúvida diag-
nóstica e pacientes imunodeprimidas. Não há indicação de Colposcopia e Vulvoscopia
rotineiros.
Existem várias possibilidades terapêuticas, devendo se considerar disponibilidade do
serviço, capacitação médica, tamanho e localização das lesões, idade da paciente, gestan-
te ou não, efeitos colaterais e disponibilidade de controle e acompanhamento.
Biópsia apenas
CONDILOMA ACUMINADO
em casos específicos
Queratinizada Não-queratinizada
Adolescentes
Gestantes
ATA 90%
Laser CO2 / CAF ATA 90%
Laser CO2 / CAF
Podofilina /
Exérese a frio Eletrocoagulação
5-Fluoro
EXPECTANTE Eletrocoagulação Imiquimod Imiquimod
Referências
1. Guidelines ASCCP, 2010
2. AMB Febrasgo, 2010.
90 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
Situações Especiais:
Gestantes: as recomendações são as mesmas das mulheres não-gestantes;
Exceção: pacientes imunossuprimidas, que já devem ser encaminhadas para col-
poscopia.
O seguimento inicial deve ser feito na própria Unidade Básica de Saúde (UBS) e refe-
renciado apenas nos casos de nova citologia alterada.
Oncologia Genital 91
ALTERAÇÃO CITOLÓGICA
ASC-US LIEBG
SEGUIMENTO COLPOSCOPIA
Citologia em
6 ou 12 meses
Referências
1. Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero (INCA 2016)
2. American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2010)
3. International Agency for Research on Cancer (IARC 2007)
92 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
Recomendação:
Qualquer das seguintes alterações citológicas: ASC-H, LIEAG, AGC, CARCINOMA in
situ ou ADENOCARCINOMA in situ ou “não se pode excluir microinvasão”, em qual-
quer idade, deve-se encaminhar para COLPOSCOPIA IMEDIATAMENTE.
• JEC deve ser visível (ou “torna-la visível”), com avaliação minuciosa de canal endocervical;
• Considerações: investigação de canal com citobrush, curetagem de canal endocervi-
cal ou EZT tipo III são condutas aceitáveis.
• Toda lesão colposcópica deve ser biopsiada, seguimento conforme resultado de AP;
“See and Treat” (“ver e tratar”): ZT tipo II ou II, lesão totalmente visível, mulher > 30
anos, é considerada a primeira opção de tratamento. Biópsia apenas em caso de
dúvida colposcópica;
• Repetição da citologia (exclusivamente) é considerada conduta inaceitável;
• Colposcopia inadequada por processo inflamatório deve ser repetida após tratamento;
• LIEAG em mulheres < 25 anos correspondem, na maioria dos casos, a NIC II histoló-
gico, com grande possibilidade de regressão espontânea;
• Em mulheres < 25 anos o método “see and treat” é inaceitável. Deve-se realizar uma
nova biópsia da lesão, quando houver a presença de “achados maiores” à colposco-
pia, e seguir conforme resultado.
Referências
1. Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero (INCA 2016)
2. International Agency for Research on Cancer (IARC 2007)
Oncologia Genital 93
COLPOSCOPIA
Biópsia NIC
Biópsia NIC I
II / III
Biópsia:
Discordância
CEC invasor
Cito-histo-colposcópica
Adenoca invasor
CONIZAÇÃO A FRIO
Referências
1. Diretrizes Brasileiras para Rastreamento do Câncer do Colo do Útero. Ministério da Saúde – INCA 2016.
2. Cervical Cancer – Version 1.2016. NCCN Clinical Practice Guidelines in Oncology 2016.
Oncologia Genital 95
Citologia Endocervical
Assintomática
Citologia Endocervical +
Reavaliar
CONIZAÇÃO Colposcopia HISTEROSCOPIA
Referências
1. Diretrizes Brasileiras para Rastreamento do Câncer do Colo do Útero. Ministério da Saúde – INCA 2016.
Oncologia Genital 97
Referência
1. Hakama et al, 1982; Lehtnen et al, 1983; Kinat et al, 1985; Paavomen et al, 1985; JAMA, 2001.
98 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
Quando biopsiar?
Liquen Escleroso Vulvar (denominação atualizada em 2011- PARIS pela ISSVD):
Doença inflamatória benigna de etiologia ainda duvidosa, crônica, maior incidência em
mulheres (10:1), no período pós menopausa e que acomete região genital.
A biópsia deve ser realizada sempre que houver falha de tratamento, presença de
ulceração, área de ceratose intensa e atipias vasculares; visando descartar lesões de alto
grau ou carcinoma escamoso, conhecendo a associação líquen e câncer vulvar que varia
de 28 a 76%.
CLASSE FARMACOLÓGICO
VALERATO DE BETAMETASONA
Corticoide Potente
ACETONITE DE FLUOCINOLONA
ALTERNATIVAS
Referência
1. Almeida, 2005; VAL, 2012; ISSVD, 2011.
100 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
POSITIVO
HPV NEGATIVO
(principalmente o 16)
LIQUEN ESCLEROSO
Doenças Associadas CONDILOMA ACUMINADO
HIPERPLASIA
Métodos Destrutivos:
• Lesões multifocais e extensas
• Acompanhamento rigoroso com vulvoscopia
CONSENSUAL: a
associação das modalidades terapêuticas diminuem o risco de recidiva
e elevam a taxa de cura (86 a 92%).
As recidivas podem ocorrer por não eliminação viral, exigindo, portanto, acompanha-
mento rigoroso com vulvoscopia.
Referência
1. Sideri, 2004; VAL, 2011; Manual de PTGI, 2012.
Oncologia Genital 101
Referências
1. Carvalho JJM. Atualização em HPV, abordagem cientifica e multidiciplinar. 2012: 321-25
2. Marcoux D et al. Pediatric anogenital warts: a 7-year review of children referred to a tertiary-care
hospital in Montreal, Canada. Pediatr Dermatol. 2006 May-Jun;23(3):199- 207.
3. Jones V et al. Nonsexual transmission of anogenital warts in children: a retrospective analysis.
ScientificWorldJournal. 2007 Nov 26;7:1896-9.
102 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
Vulvodínea é uma enfermidade que apresenta como sintomas dor vulvar crônica, em
queimação, ou ardor constante. Ocorre principalmente na região vestibular, mas também
pode ocorrer em qualquer outra região da vulva, causando danos sexuais e distúrbios
emocionais nas mulheres acometidas.
De acordo com ISSVD em 2005, é classificada de acordo com o local da dor, se locali-
zada ou generalizada, provocada ou não provocada, ou ainda, mista.
Várias causas podem ser apontadas como desencadeante da patologia, como: altera-
ções embrionárias, fatores genéticos, excreção de oxalato urinário, fatores imunológicos,
hormonais, alterações neurológicas, infecções de repetição, processos alérgicos, ou mes-
mo associações destas causas.
Vulvodínea localizada: acomete a região vestibular e intróito vaginal, apresentando eri-
tema localizado ao teste do cotonete. Geralmente, ocorre após atividade sexual e período
pré menstrual.
Vulvodínea generalizada: acomete vários pontos vulvares, ao teste do cotonete, não
existindo local de maior sensibilidade.
O diagnostico é feito por exclusão. O teste do cotonete deve ser realizado para ava-
liação da intensidade da dor e para comparações pós-tratamento. Biópsias, no local de
maior dor, podem ser realizadas.
Deve ser realizado pH vaginal, cultura fúngica e coloração de gram. Testes alérgicos e
biologia molecular para pesquisa de HPV não são necessários.
Na vulvoscopia geralmente não se encontram alterações significativas.
Tratamento
FLUXOGRAMA: Diretrizes da ACOG (2005) em acordo com ASCCP (2008)
Adjuvantes:
• Roupas íntimas 100% algodão (não usar à noite);
• Evitar irritantes vulvares (perfumes, corantes, xampus, detergentes) e duchas higiênicas;
• Uso de sabonetes suaves para o banho ou limpar a vulva com água apenas;
• Evitar o uso de secadores de cabelo sobre a área vulvar;
• Secar bem o local após o banho;
• Aplicar emolientes a base de óleo vegetal ou vaselina para manter a umidade da pele;
• Absorventes 100% algodão;
• Usar lubrificação adequada para relação sexual;
• Aplicar compressas frias sem gel para a área da vulva;
• Lavar e manter seca a vulva após a micção;
• Terapia física, modificações na dieta, terapia cognitiva e comportamental, aconse-
lhamento sexual, acupuntura, hipnoterapia, toxina botulínica.
Oncologia Genital 103
SIM NÃO
Tratar a patologia
Teste do cotonete
identificada
Diagnósticos
Positivo Negativo
alternativos
Cultura Tratamento
fúngica opcional
Alívio dos Alívio
sintomas parcial
Boa Resposta
resposta inadequada
Referências
1. Haefner HK et al. The vulvodynia guideline. J Low Genit Tract Dis 2005;9:40–51. Available at: http://
www.jlgtd.com/pt/re/jlgtd/pdfhandler.00128360-200501000-00009.pdf. Retrieved March 15, 2006.
104 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
Diretriz para
Referenciamento ao CAGIO
CENTRO DE ALTA RESOLUTIVIDADE EM
GINECOLOGIA ONCOLÓGICA
Câncer do Endométrio
• Diagnóstico histológico de câncer endometrial (referenciamento ime-
diato);
• Pacientes com sangramento uterino na pós-menopausa e espessamento en-
dometrial (ECO≥4mm) ao ultrassom pélvico;
• Pacientes no menacme com sangramento uterino de origem endometrial,
refratário ao tratamento clínico hormonal.
Tumor do Ovário
• Formações anexiais complexas, com presença de áreas sólidas, multilo-
culação, bilateralidade, ascite ou apresentarem grande volume (>10cm);
• Estudo Doppler é dispensável e não deve ser realizado rotineiramente;
• Dosagem sérica de Ca-125 está indicada nos casos com suspeita de tumor
epitelial, mas é exame por vezes inespecífico, não confirma nem exclui o
diagnóstico de malignidade.
Tumor de Vulva
• Diagnóstico histológico de câncer vulvar (referenciamento imediato);
• Pacientes com história de prurido vulvar crônico e lesões com suspeita onco-
lógica à vulvoscopia.
Oncologia Genital 105
SANGRAMENTO PÓS-MENOPAUSA
(exclusão de doença cervical ou vaginal)
ULTRASSOM TRANSVAGINAL
Referências
1. Smith RA et al. Cancer Screening in the United States, 2009: a review of current American Cancer So-
ciety guidelines and issues in cancer screening. CA Cancer J Clin 2009 Jan-Feb;59(1):27-41.
2. Jacobs I et al. Sensitivity of ultrasound screening for endometrial cancer in postmenopausal women: a
case-control study within UKCTOCS cohort. Lancet Oncol 2011 Jan;12(1):38-48.
3. ACOG And SGO Practice Bulletin of Clinical Management Guidelines For Obstetrician - Gynecologists of
Endometrial Cancer Number 149 Vol 125, April 2015.
4. Emons G et al. Interdisciplinary diagnosis, therapy and follow-up of patients with endometrial cancer.
Guideline (S3-Level, AWMF Registry Nummer 032/034-OL, April 2018) – Part I with recommendations
on the epidemiology, screening, diagnosis and hereditary factors of endometrial cancer. Geburtsshilfe
Frauenheilkd. 2018 Oct;78(10):949-971.
5. Bellester M, Bendifallah S, Daraï E. European guidelines (ESMO-ESGO-ESTRO consensus conference)
for the management of endometrial cancer. Bull Cancer. 2017 Dec;104(12):1032-1038.
6. Smith RA et al. Cancer screening in the United States, 2019. A review of current American Cancer
Society guidelines and current issues in cancer screening. CA Cancer J Clin. 2019 May;69(3):184-210.
Oncologia Genital 107
BIÓPSIA DE ENDOMÉTRIO
(compatível com neoplasia invasora)
Adenocarcinoma
Neoplasias de alto grau*
Endometróide G1 e G2
Histerectomia
com anexectomia
***Cirurgia completa para estadiamento:
histerectomia + anexectomia + lavado
Congelação
peritoneal + linfadenectomia pélvica +
intraoperatória e avaliação
linfadenectomia periaórtica
da invasão miometrial e de
(até nível IV) + omentectomia**
colo uterino
Referências
1. ACOG And SGO Practice Bulletin of Clinical Management Guidelines For Obstetrician - Gynecologists of
Endometrial Cancer Number 149 Vol 125, April 2015.
2. Bellester M, Bendifallah S, Daraï E. European guidelines (ESMO-ESGO-ESTRO consensus conference)
for the management of endometrial cancer. Bull Cancer. 2017 Dec;104(12):1032-1038.
3. Uterine Neoplasms – Version 4.2019. NCCN Clinical Practice Guidelines in Oncology 2019.
Oncologia Genital 109
Diretriz: todo caso de hiperplasia endometrial complexa com atipias deve ser subme-
tido a biópsia de congelação no intraoperatório, após histerectomia total. Dessa forma, o
referenciamento para serviço de referência deve ocorrer nestes casos. Caso a congelação
seja positiva para neoplasia invasora, deve-se complementar a cirurgia com salpingoofo-
rectomia bilateral, linfadenectomia pélvica e periaórtica a depender do grau de invasão
miometrial, do estroma cervical e/ou grau histológico.
Adenocarcinoma Congelação e
Endometróide parafina negativos Pacientes com desejo
G1 e G2 reprodutivo ou alto risco
cirúrgico e com exames
de imagem (RNM) não
Avaliação da Seguimento evidenciando invasão
invasão miometrial ginecológico miometrial
e de colo uterino rotina (UBS)
Histerectomia +
anexectomia bilateral SIU + seguimento
clínico e histerocópico
Referência
1. Chan JK et al. Influence of gynecologic oncologists on the survival of patients with endometrial cancer.
J Clin Oncol 2011 Mar 1; 29(7):832-8.
Oncologia Genital 111
Recomendações:
• citologia oncológica cervicovaginal (Papanicolaou) há menos de 1 ano da cirurgia;
– atenção especial à amostra, que deve ser sempre “satisfatória”;
– preferencialmente com elementos da zona de transformação ou células endo-
cervicais;
HISTERECTOMIA SIMPLES
TC Abdome
IA1 IA2 / IB1 /IB2
e Pelve
Seguimento
Normal LN +
Oncológico 5 anos
Radioterapia Complementação
cirúrgica +
LN periaórtica
Referências
1. Cervical Cancer – Version 4.2019. NCCN Clinical Practice Guidelines in Oncology 2019.
2. Bhatla N et al. Revised staging for carcinoma of the cervix uteri. Int J Gynaecol Obstet. 2019
Apr;145(1):129-135.
3. Bhatla N et al. Cancer of the cervix uteri. Int J Gynaecol Obstet. 2018 Oct;143 Suppl 2:22-36.
114 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
Classicamente, o tratamento das neoplasias do colo do útero EC IA2, IB1, IB2 e IIA1
é cirúrgico (FIGO 2018), sendo: histerectomia total radical (Querleu B ou C – Wertheim-
-Meigs), contemplando a salpingectomia, parametrectomia bilateral, colpectomia proxi-
mal (1/3 superior da vagina) e linfadenectomia pélvica completa. A cirurgia radical não
contempla a ooforectomia, exceto em mulheres menopausadas.
Mulheres jovens, com desejo de gestação, se beneficiam da modalidade cirúrgica de-
nominada TRAQUELECTOMIA RADICAL Este procedimento é realizado em dois tempos.
Primeiramente, linfadenectomia pélvica laparoscópica com estudo anatomopatológico
imediato por congelação. Caso não haja nenhum indício de metástase linfonodal, prosse-
gue-se com o tempo vaginal, a traquelectomia radical propriamente dita (exérese do colo
uterino em monobloco com paramétrios laterais e colpectomia superior). É importante
a preservação do ramo ascendente das artérias uterinas, e a realização de cerclagem no
mesmo ato operatório.
Dados de literatura não demonstram prejuízo oncológico em comparação à cirurgia
convencional de Wertheim-Meigs, com taxas de fertilidade de até 50%.
Além disso, a lesão não deve se aproximar do orifício interno do colo (preferencialmen-
te ectocervical e exofítica), de modo a não comprometer a margem cranial da ressecção.
Os adenocarcinomas têm pior prognóstico quando comparados aos CECs, mas na
faixa etária em questão (<40 anos) podem corresponder a quase metade dos casos, o que
também não contraindica a técnica.
Oncologia Genital 115
Invasão
Linfadenectomia
angiolinfática < 2cm 2cm
Laparoscópica
presente
Invasão
angiolinfática
ausente Negativa Positiva
Referências
1. Cervical Cancer – Version 4.2019. NCCN Clinical Practice Guidelines in Oncology 2019.
2. Bhatla N et al. Revised staging for carcinoma of the cervix uteri. Int J Gynaecol Obstet. 2019
Apr;145(1):129-135.
3. Bhatla N et al. Cancer of the cervix uteri. Int J Gynaecol Obstet. 2018 Oct;143 Suppl 2:22-36.
116 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
Como suspeitar?
Sintomas inespecíficos, mas presentes na maioria dos casos de câncer do ovário:
• Distensão abdominal
• Dor abdominal ou lombar
• Inapetência, empachamento, indigestão
• Urgência miccional, obstipação
• Fadiga, mal estar
Ao exame físico, pode se notar massas abdominais ou pélvicas, ascite, emagrecimen-
to, o que direcionará a propedêutica complementar.
Como diagnosticar?
O diagnóstico definitivo apenas se faz com estudo anatomopatológico, habitualmente
produto de procedimento cirúrgico. Para tal, deve-se inicialmente definir a entidade ex-
pansiva (tumor) com exame de imagem.
ULTRASSOM é o exame de eleição, de fácil acesso e baixo custo. Apesar de depender
da experiência do examinador, possui alta sensibilidade. Quanto à avaliação da massa
ovariana propriamente dita, não há vantagem da tomografia sobre o ultrassom, exceto na
detecção de doença metastática linfonodal ou extra-pélvica.
O valor preditivo negativo de malignidade aproxima-se de 100% (“cistos simples”). Já o
valor preditivo positivo de malignidade advém da somatória dos achados ultrassonográfi-
cos, expostos na tabela abaixo.
Oncologia Genital 117
Referências
1. American College of Obstetricians and Gynecologists. ACOG Practice Bulletin No. 83: Management of
adnexal masses. Obstet Gynecol. 2007;110:201-214.
2. Buys SS et al. Effect of screening on ovarian cancer mortality: the prostate, lung, colorectal and ovarian
(PLCO) cancer screening randomized controlled trial. JAMA 2011 Jun 8;305(22):2295-303.
3. Ovarian Cancer – Version 1.2016. NCCN Clinical Practice Guidelines in Oncology 2016.
4. Smith RA et al. Cancer screening in the United States, 2019. A review of current American Cancer Soci-
ety guidelines and current issues in cancer screening. CA Cancer J Clin. 2019 May;69(3):184-210.
118 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
Inibina Tu Granulosa
DHL Disgerminoma
CISTO ANEXIAL
ULTRASSOM
SEGUIMENTO CIRURGIA
DOPPLER /
MARCADORES
Referência
1. 1. Medeiros LR et al. Accuracy of ultrasonography with color Doppler in ovarian tumor: a systematic
quantitative review. Int J Gynecol Cancer 2009 Oct;19(7):1214-20.
120 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
Referências
1. Salani et al. An update on post-treatment surveillance and diagnosis of recurrence in women with
gynecologic malignancies: Society of Gynecologic Oncology (SGO) recommendations. Gynecol Oncol.
2017 Jul;146(1):3-10.
2. Zola P et al. Follow-up in Gynecological Malignancies: a state of art. Int J Gynecol Cancer. 2015
Sep;25(7):1151-64.
Oncologia Genital 121
Sabe-se que 15 a 40% das cirurgias ginecológicas evoluem com Trombose Venosa
Profunda (TVP), mesmo que assintomáticas. Estima-se que 1/3 dos Trombo-Embolismos
Pulmonares (TEP) possuem a TVP como etiologia. A grande maioria dos fenômenos trom-
bo-embólicos ocorrem no pós-operatório imediato, sendo 50% nas primeiras 24h e 75%
nas primeiras 48h. Em pacientes de alto risco, a possibilidade de ocorrência do evento
pode durar até 21 dias.
Avaliação de Risco:
Buscando um protocolo de profilaxia para TVP e TEP, em 2001, o American College of
Chest Physicians (ACCP), no Consenso da Sexta Conferência em Terapia Antitrombótica,
publicou uma ampla discussão sobre profilaxia de TVP e estratificou quatro categorias de
risco, baseadas em idade, quadro clínico e fatores de risco. Com base nesta publicação,
desenvolveram um algoritmo para profilaxia de TVP:
Diretriz da Trombo-Profilaxia:
• Pacientes submetidas a cirurgias abdominais pélvicas com Baixo Risco (Caprini 0)
não é recomendado profilaxia farmacológica, devendo apenas estimular a deam-
bulação precoce;
• Pacientes submetidas a cirurgias abdominais pélvicas com Moderado Risco (Caprini 2)
recomenda-se profilaxia mecânica;
122 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
• Pacientes submetidas a cirurgias abdominais pélvicas com Alto Risco (Caprini 3-4)
sem risco de hemorragia como complicação pós operatória, recomenda-se o uso de
heparina de baixo peso molecular, heparina não-fracionada ou profilaxia mecânica;
• Pacientes submetidas a cirurgias abdominais pélvicas com Alto Risco (Caprini 3-4)
com risco de hemorragia como complicação pós-operatória, recomenda-se apenas
o uso de profilaxia mecânica preferencialmente com compressão pneumática;
• Pacientes submetidas a cirurgias abdominais pélvicas com Muito Alto Risco (Caprini 5)
sem risco de hemorragia como complicação pós-operatória, recomenda-se o uso de
heparina de baixo peso molecular ou heparina não-fracionada associada ao uso de
meia elástica de compressão gradual;
• Pacientes submetidas a cirurgias abdominais pélvicas com Muito Alto Risco (Caprini 5)
com risco de hemorragia como complicação pós operatória, recomenda-se o uso de
profilaxia mecânica preferencialmente com compressão pneumática até a diminuição
do risco de hemorragia, quando então poderá introduzir a profilaxia farmacológica.
Observação: não é recomendado o uso de Filtro de Veia Cava como primeira op-
ção para prevenção de TVP, assim como não se recomenda realização seriada de USG
de MMII seriado.
Tempo Recomendado
• cirugias benignas: profilaxia deve ser mantida por 7 a 10 dias, mesmo que o pacien-
te tenha alta ou volte a deambular
• cirurgias oncológica: manter a profilaxia por 4 semanas (28 dias)
Recomendações - Enoxaparina
Suspender enoxaparina 12h antes do procedimento cirúrgico;
Iniciar de 6 a 12h após o procedimento cirúrgico;
Suspender enoxaparina 12h antes de eventual retirada de catéter peridural;
Contraindicação: Insuficiência Renal Aguda.
Referências
1. Caprini JA, Arcelus JI, Reyna JJ. Effective risk stratification of surgical and nonsurgical patients for ve-
nous thromboembolic disease. Semin Hematol. 2001;38(2 Suppl 5):12-9.
2. Davison SP, Venturi ML, Attinger CE, Baker SB, Spear SL. Prevention of venous thromboembolism in
the plastic surgery patient. Plast Reconstr Surg. 2004;114(3):43E-51E.
3. American College of Obstetrics and Gynecology (ACOG – 2007). Guidelines Updated for Prevention of
DVT and PE Linked with Gynecologic Surgery.
4. Gould MK et al. Prevention of VTE in Nonorthopedic Surgical Patients. Antithrombotic Therapy and
Prevention of Thrombosis, 9th ED: ACCP Guidelines. CHEST 2012.
5. Kearon C et al. Antithrombotivc Therapy for VTE Disease. CHEST Guideline and Expert Panel Report.
CHEST 2016.
124 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
OBSTETRÍCIA
Útero Compatível Compatível ou Menor que o Menor que o Amolecido e Menor que o
com IG não a IG esperado para esperado para doloroso à esperado para
a IG a IG palpação a IG
IG: Idade gestacional; BCF: Batimentos cardiofetais; CCN: Comprimento cabeça-nádega; +: presente;
Importante: descartar gestação ectópica (USG) e avaliar Tipagem sanguínea – Imunoglobulina Anti-D
Ameaça de Observação
abortamento Repouso relativo
Progestágeno como opção
Abortamento Observação
completo Repetir USG em 15 dias para reavaliação
Abortamento Internação
incompleto Misoprostol (<12s: 400-800 mcg 1x / >12s: 200 mcg a cada 6h)
AMIU ou CTG se restos ovulares
Referências:
1. Zugaib M, Francisco RPV. Abortamento. In: Zugaib M, Francisco RPV (Eds.). Zugaib obstetrícia. 3a ed.
São Paulo: Manole, 2017.
2. PM Doubilet, CB Benson, T Bourne, M BlaivasDiagnostic criteria for nonviable pregnancy early in the
first trimester.
3. N Engl J Med, 369 (2013), pp. 1443-1451.
126 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
Cesárea prévia +
colo desfavorável
Liberação de
Métodos mecânicos Colo favorável
prostaglandina local
Referências:
1. American College of Obstetricians and Gynecologists. ACOG Practice bulletin no. 115: Vaginal birth
after previous cesarean delivery. Obstet Gynecol 2010; 116:450. Reaffirmed 2017.
2. Royal College of Obstetricians and Gynaecologists Induction of labour. Evidence Based Clinical Guide-
line No. 9, Clinical Effectiveness Support Unit, RCOG, London, Royal College of Obstetricians and Gy-
naecologists 2001
3. Cervical ripening and induction of labor in women with a prior cesarean delivery, UptoDate, 2019.
4. Techniques for ripening the unfavorable cervix prior to induction, UptoDate, 2019.
OBSTETRÍCIA 127
TIPOS:
PERIDURAL: fase ativa do trabalho de parto (a princípio, discutir com 6cm dilatação).
RAQUIANESTESIA: período expulsivo
INALATÓRIA: em qualquer fase do trabalho de parto.
INDICAÇÕES:
• Solicitação e desejo da parturiente sob assinatura de Termo de Consentimento Li-
vre e Esclarecido;
• Trabalho de parto dirigido (contrações uterinas regulares e dilatação cervical pro-
gressiva a partir dos 6 cm na abertura do partograma para Raqui e Peri, Inalatória
em qualquer fase do TP);
• Parto instrumental (fórcipe);
• Período expulsivo (diminuição do esforço como no descolamento de retina, aneu-
risma cerebral sem hipertensão intracraniana);
• Cesárea anterior (abreviação do período expulsivo e revisão de canal de parto e
cavidade uterina após a dequitação placentária);
• Cardiopatias (principalmente não obstrutivas); Insuficiência mitral, aórtica, comu-
nicação interventricular, comunicação interatrial, persistência do ducto arterioso,
insuficiência coronariana;
• DPOC, asma, síndromes restritivas pulmonares, edema agudo de pulmão;
• Síndromes hipertensivas na gestação sem alterações de coagulação (em casos de
bloqueios).
CONTRA-INDICAÇÕES (BLOQUEIOS):
• Distúrbios de coagulação / Trombocitopenia (plaquetas < 50.000): colher coagulo-
grama antes do procedimento se plaquetopenia ou queda das plaquetas ou san-
gramento suspeito;
• Sepse;
• Hipertensão intracraniana;
• Alteração de consciência;
• Hemorragia/hipovolemia e/ou instabilidade cardiovascular;
• Alergia à soluções anestésicas e opióides;
• Recusa do paciente.
CONTRA-INDICAÇÕES (INALATÓRIA):
• Instabilidade Hemodinâmica / Arritimia / Insuf. Cardiáca / Comprometimento da
função Cardiáca
128 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
Vantagens:
• Não altera motilidade da paciente
• Não necessita de monitorização adicional
• Permite à própria paciente ter o controle
• Término rápido do efeito após a retirada da máscara
Referências
1. Zugaib, Marcelo. Obstetrícia. 3ª ed. Barueri, São Paulo: Manole, 2016 e alterações
2. American College of Obstetricians and Gynecologists Practice Bulletin 209 – Obstetric Analgesia and
Anesthesia – vol 133, nº3, march 2019
3. American Society of Anesthesiologists Task Force on Obstetric Anesthesia: Practice Guidelines for Ob-
stetric Anesthesia: An updated report by the American Society of Anesthesiologists Task Force on Ob-
stetric Anesthesia. Anesthesiology 2016
4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento
de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. Diretrizes nacionais de assistência ao parto nor-
mal: versão resumida [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e
Insumos Estratégicos, Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. – Brasília :
Ministério da Saúde, 2017.
OBSTETRÍCIA 129
Impossibilidade de controle
da doença materna
Resolução da gestação
Viabilidade e vitalidade
fetal comprometida
Oxigenação
Sulfato de magnésio
Avaliação global
Conduta obstétrcia
UTI
Referências:
1. American College of Obstetricians and Gynecologists; Task Force on Hypertension in Pregnancy. Hy-
pertension in pregnancy. Report of the American College of Obstetricians and Gynecologists’ Task
Force on Hypertension in Pregnancy. Obstet Gynecol. 2013;122(5):1122-31.
2. Zugaib M, Francisco RPV Pré-eclâmpsia. In: Zugaib M, Francisco RPV (Eds.). Zugaib obstetrícia. 3a ed.
São Paulo: Manole, 2017.
3. Peraçoli JC, Borges VT, Ramos JG, Cavalli RC, Costa SH, Oliveira LG, et al. Pré-eclâmpsia/eclâmpsia. São
Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018.
OBSTETRÍCIA 131
Glicemia de jejum
24 a 28 semanas Imediatamente
imediatamente
Diabetes
Diabetes
mellitus
mellitus Ao menos um valor de
gestacional Ao menos um valor de
jejum: 92 a 125 mg/dL
jejum: 126 mg/dL
1ª hora: 180 mg/dL
2ª hora: 200 mg/dL
2ª hora: 153 a 199 mg/dL
Jejum ≤ 95
Referências:
1. Organização Pan-Americana da Saúde. Ministério da Saúde. Federação Brasileira das Associações de
Ginecologia e Obstetrícia. Sociedade Brasileira de Diabetes. Rastreamento e diagnóstico de diabetes
mellitus gestacional no Brasil. Brasília, DF: OPAS, 2016. 32p.: il. ISBN: 978-85-7967-118-0
2. Zugaib M. Diabetes mellitus. In: Zugaib M, editor. Zugaib Obstetrícia. Barueri: Manole; 2015. p.
892-905.
3. HAPO Study Cooperative Research Group. Hyperglycemia and adverse pregnancy outcomes. N Engl J
Med. 2008;358(19):1991-2002.
OBSTETRÍCIA 133
Os critérios para definição da via de parto nas gestantes vivendo com o HIV dependem
da Carga Viral realizada nas 34 semanas de gestação e da adesão ao esquema antirretro-
viral (tratamento adequado). O uso de AZT (zidovudina) pode ser dispensado naquelas
pacientes com carga viral indetectável sustentada e que têm boa adesão ao tratamento.
O esquema proposto pelo Ministério da Saúde se baseia no seguinte fluxograma:
Indetectável sustentada
>1.000 cópias/mL (< 50 cópias/mL) *INFUSÃO
Detectável
ou desconhecida TARV DEVE SER
< 1.000 cópias/mL
Sem contraindicação > 3h
obstétrcia
Sem
Cesárea eletiva contraindicação
38 semanas obstétrica Parto vaginal
Com AZT EV* Parto vaginal Manter TARV VO
Manter TARV VO Com AZT EV*
Manter TARV VO
O AZT endovenoso deve ser iniciado pelo menos 3 horas antes do início do procedi-
mento com dose de ataque e manutenção (ataque – 2mg/kg na primeira hora e manu-
tenção – 1mg/kg/h até clampear cordão umbilical). Após o nascimento, deve-se forne-
cer, a TODAS as pacientes, 2 comprimidos (0,5 mg) de Cabergolina, em dose única, para
inibição da lactação, independentemente da Carga Viral. Deve-se reforçar, também, a
manutenção da TARV.
Referência
1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepa-
tites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Prevenção da Transmissão vertical de HIV,
Sífilis e Hepatites virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. 248 p. : il.
134 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
Ajuda
Equipe multidisciplinar
Comunicar paciente Gravidade da perda volêmica
Sinais clínicos
Índice de choque/grau de choque
Estimativa da perda
Coletar exames
HMG/prova cruzada
Coagulograma/fibrinogênio
Oxigenação
2 acessos venosos calibrosos
Infusão racional de cristaloide
Causa do sangramento aquecido
4 T's: Tônus/tecido O2 máscara facial
Trauma/trombina Sondagem vesical de demora
Tratamento específico Prevenis hipotermia
TÔNUS (ATONIA)
OCITOCINA SIM
Dose de
1 grama, EV lento, em 10 min
manutenção
500 ml com 20-40 UI, 250 ml/h, EV
Sem resposta
MISOPROSTOL
(800 g- via retal)
Sem resposta
TAN/ BALÃO
TAMPONAMENTO INTRAUTERINO
Sem resposta
LAPAROTOMIA
(Suturas compressivas/ligaduras vasculares/
histerectomia/cirurgia de controle de danos)
136 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
TRAUMA
Laparotomia
ROTURA UTERINA Revisar segmento após parto vaginal de paciente com
cesariana anterior
Manobra de taxe
INVERSÃO UTERINA
Laparotomia/balão de tamponamento
TECIDO
SE FALHA TRATAMENTOS
Avaliar laparotomia/embolização
INICIAIS
Referência
1. Organização Pan-Americana da Saúde. Recomendações assistenciais para prevenção, diagnóstico e
tratamento da hemorragia obstétrica. Brasília: OPAS; 2018
OBSTETRÍCIA 137
Alguns outros critérios foram criados para determinar que há uma suspeita de não
evolução da gestação, mas ainda com necessidade de confirmação. São eles:
• Embrião com CCN < 7 mm e sem atividade cardíaca
• Diâmetro médio do saco gestacional entre 16 e 24 mm sem embrião
• Ausência de embrião com atividade cardíaca 7-13 dias depois de uma ultrassono-
grafia que evidenciou saco gestacional SEM vesícula vitelínica
• Ausência de embrião com atividade cardíaca 7-10 dias depois de uma ultrassono-
grafia que evidenciou saco gestacional COM vesícula vitelínica
• Ausência de embrião ≥ 6 semanas após o último ciclo menstrual
• Âmnio vazio (visto adjacente à vesícula vitelínica, sem embrião visível)
• Vesícula vitelínica aumentada (> 7mm)
• Saco gestacional pequeno em relação ao tamanho do embrião.
Referências
1. PM Doubilet, CB Benson, T Bourne, M BlaivasDiagnostic criteria for nonviable pregnancy early in the
first trimester.
2. N Engl J Med, 369 (2013), pp. 1443-1451.
138 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
Fora do
Encaminhar
período Cesariana*
à UTI
expulsivo
Feto Se instável
vivo
Parto vaginal
Em período
espontâneo ou
expulsivo
instrumental
com parto
(fórceps ou
iminente
vácuo-extrator)
Encaminhar
paciente
Amniotomia
ao Centro
Obstétrico Gestação Encaminhar
Cesariana*
instável à UTI
Feto morto
Internação ou inviável
CONDUTA (< 24
imediata
semanas)
Parto vaginal
Gestação
– Ocitócito + analgesia
estável
MEDIDAS INICIAIS – Aguardar de 4 - 6 horas
• Jejum
• 2 acessos venosos calibrosos Se fracaso
– Colher exames:
Manter pressão arterial
Hemograma, coagulograma,
tipagem sanguínea, dosagem de
Média 65 mmHg e
fibrinogênio, creatinina, ureia Diurese 0,5 ml/kg/hora Cesariana*
– Reposição volêmica
• Monitorização cardíaca
• Sondagem vesical de
demora: quantificar diurese Encaminhar
• O2 sob máscara Correção dos distúrbios à UTI
• Reserva de hemoderivados de coagulação
concentrado de hemácias,
plaquetas, plasma, crioprecitado *Obs. Se útero de
Couvelaire no
Hemoderivados visando: intraoperatório sem
Hb 7 g/dL resposta contrátil
Plaquetas 50.000/mm3 = Histerectomia
Fibrinogênio 300 mg/dL Subtotal
Referências
1. Feitosa FEL et al. Descolamento prematuro de placenta. In: Fernandes CE, Sá MFS (Eds.). Tratado de
obstetrícia Febrasgo. 1a ed. Rio de Janeiro : Elsevier, 2019. n.p.
2. Montenegro CAM, Rezende Filho J. Descolamento prematuro da placenta. In: Montenegro CAM, Rezen-
de Filho J (Eds.). Rezende obstetrícia. 13a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2017.
3. RCOG – Guidelines Committee of the Royal College of Obstetricians and Gynaecologists. Antepartum
Haemorrhage. Green Top Guidelines. 1st ed. 2011.
4. Zugaib M, Francisco RPV. Descolamento prematuro de placenta. In: Zugaib M, Francisco RPV (Eds.).
Zugaib obstetrícia. 3a ed. São Paulo: Manole, 2017. p. 713-24.
140 Manual de Diretrizes da Saúde da Mulher
OBSTETRÍCIA 141
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