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Manutenção de notebooks, parte1: Desmontando um Toshiba A70


Por Carlos E. Morimoto
http://www.guiadohardware.net
10/07/2006

Os notebooks estão se tornando um ítem cada vez mais popular, muitas vezes substituindo o
desktop. Um dos principais fatores que vem impulsionando este crescimento é a redução da
diferença de preço em relação a um desktop. Os notebooks mais baratos chegam a custar R$
2200 (julho de 2006), já com 512 MB de RAM e leitor de DVD. Este é quase o mesmo que
pagaríamos por um desktop de configuração razoável, com no-break e um monitor LCD. Como o
notebook consome menos energia, parte da diferença acaba sendo amortizada ao longo dos
anos na forma de uma pequena economia na conta de luz.

Apesar disso, um dos principais problemas com relação aos notebooks continua sendo a
manutenção. Antigamente, existia o mito de que, apesar de mais caros, os notebooks eram
construídos com componentes de melhor qualidade e que, por isso, raramente davam
problemas. Isso pode ter sido verdade no passado, mas, hoje em dia, com modelos cada vez
mais baratos e fabricantes trabalhando com margens cada vez mais estreitas, os notebooks
apresentam tantos problemas de hardware quanto os desktops, ou talvez até mais.

Caímos então no alto custo da manutenção. Uma simples limpeza pode custar mais de 350 reais
numa autorizada. Uma troca de tela custa quase metade do valor de um equipamento novo e
assim por diante. Muita gente acaba vendendo notebooks com telas apagadas ou problemas de
travamento a preço de banana, quando o problema é na verdade simples de remover.

De certa forma, o hardware de um notebook é muito similar ao de um desktop. O notebook tem


barramento AGP, usa memória DDR e possui até slots PCI (na forma do encaixe mini-PCI, usado
normalmente para a placa wireless e do slot PC-Card). A grande diferença é que no notebook
quase tudo é miniaturizado, o que leva ao uso de componentes mais compactos e que
consomem menos energia.

Ao contrário dos desktops, as telas LCD dos notebooks não utilizam o conversor analógico-digital.
Elas são digitais por natureza, o que economiza componentes e reduz o consumo. Os pentes de
memória também são miniaturizados. Antigamente, os pentes de memória para notebook eram
muito caros, com alguns fabricantes cobrando preços extorsivos pelos upgrades, mas
atualmente os preços estão muito mais próximos dos pentes tradicionais.

Na maioria dos notebooks, é fácil substituir o HD ou instalar mais um pente de memória. Em


alguns modelos, o compartimento do cooler também está bem acessível o que facilita a limpeza
(aquele problema clássico, do notebook começar a travar ou desligar depois de um ano de uso, é
quase sempre causado justamente pelo acúmulo de sujeira).

Este tutorial é o primeiro de uma série sobre manutenção de notebooks, onde vou abordar a
desmontagem de diversos modelos, substituição de peças, upgrades e resolução de problemas
diversos.
Para começar, vamos a um tutorial de desmontagem do Toshiba A70, um modelo que
geralmente precisa de bastante manutenção.

Cada notebook possui um procedimento de desmontagem ligeiramente diferente, mas os passos


básicos podem ser resumidos ao seguinte:

1- Remova a bateria e abra os compartimentos do HD e memória e/ou placa wireless.

2- Remova o HD, drive de CD/DVD e a placa wireless, sem se esquecer de desconectar os


cabos da antena, que é integrada à tela. Tome muito cuidado com os conectores, cabos,
flats, etc. pois eles são fáceis de quebrar e muito difíceis de substituir.

3- Remova todos os parafusos da parte inferior da carcaça. Quase sempre existem alguns
escondidos no compartimento da bateria, HD, memória ou placa wireless. Em alguns
casos, o drive ou HD é preso por um parafuso embaixo do teclado.

4- Todo notebook possui um protetor removível entre a tela e o teclado, algumas vezes
bem duro de desencaixar. Depois de removê-lo, você pode retirar o teclado, o que vai lhe
dar acesso à placa mãe e outros parafusos.

5- Remova a tela com cuidado, depois de desconectar todos os cabos e remover os


parafusos que a prendem à carcaça.

6- Desconecte o flat do touchpad e das caixas de som e remova a parte superior da


carcaça, tomando cuidado para não deixar dentes no plástico.

7- Remova o restante dos parafusos e outras placas visíveis e retire a placa mãe. Em
alguns casos o cooler e o processador estão bem acessíveis e podem ser removidos logo
no início da desmontagem, mas em outros você só tem acesso a eles depois de remover
a placa mãe.

Vamos então à desmontagem do A70, nossa "vítima" de hoje. Ele usa um processador Pentium 4
de 3.06 GHz, por isso é bem pesado e utiliza dois exaustores:

O primeiro passo é virar o note e remover os protetores do compartimento da placa wireless, do


HD e a bateria. O protetor do HD inclui um encaixe plástico além dos dois parafusos, por isso é
um pouco duro de remover:
O próximo passo é remover o HD. Ele é preso pelos mesmos dois parafusos que prendem o
protetor. É só puxar com cuidado:
A placa wireless é instalada no um slot mini-PCI, presa por duas presilhas, similares às do pente
de memória. Tome cuidado ao desconectar os fios da antena, pois os conectores são bastante
frágeis. Aproveite para remover o pente de memória, caso instalado. Este notebook vem com
256 MB soldados à placa-mãe, por isso possui um único soquete vago para upgrade de memória.
Muitos modelos possuem dois.
Remova em seguida o drive de DVD, que é preso pelo parafuso ao lado da etiqueta de
identificação. Em quase todos os notebooks temos algo similar, com o drive preso por um único
parafuso, na parte inferior e por isso fácil de remover:
Com exceção dos drives "slim", usados em alguns notebooks ultra-compactos, os drives para
notebooks são padronizados, permitindo que você substitua um drive com problemas, ou instale
um gravador de DVDs muito facilmente. Aqui temos o drive do Toshiba A70, junto com o drive do
HP NX6110. Veja que o conector e espessura dos dois são idênticos, a única coisa que muda é a
presilha de metal que prende o drive à carcaça, presa a ele por dois parafusos. Basta trocar as
presilhas e um drive pode ser usado no outro note sem problema algum. A única observação é
que alguns notebooks antigos, com leitores de CD, não se dão muito bem com gravadores de CD
e DVD, pois estes consomem mais energia.
Continua...

Chegamos então à parte mais chata, que é remover todos os demais parafusos da parte inferior.
São 16 parafusos no total, fora os 4 que já removemos. Lembre-se de que é comum as lojas
cobrirem alguns dos parafusos com as etiquetas de garantia, justamente para impedir a
desmontagem.

Não se esqueça dos dois parafusos dentro do compartimento da bateria e deste aqui, dentro do
compartimento do HD que fica especialmente camuflado:
Depois de terminar, vire o notebook. Agora vem o maior "segredo" da desmontagem de notes
em geral. Para remover o teclado e continuar com o desmantelamento, você deve remover o
protetor que fica entre a tela e o teclado. Em alguns notebooks, ele fica preso por parafusos na
parte inferior (no HP NX6110, por exemplo, existem dois parafusos embaixo da bateria). Ele é
preso por um conjunto de encaixes, por isso é bem duro de remover. É preciso usar um pouco de
força, mas, ao mesmo tempo, ter muito cuidado para não quebrar ou danificar o acabamento.

Neste modelo, o jeito mais fácil de remover é usar uma chave de fenda para desencaixar a parte
sobre a base do monitor, primeiro um lado, depois o outro e depois puxar os dois
simultaneamente:
Remova agora os dois parafusos que prendem o teclado. Existe também uma trava no meio, que
precisa ser solta usando a chave de fenda:
O teclado é conectado à placa-mãe através de um cabo flat. Afrouxe os dois lados da trava para
desconectá-lo. Nunca puxe o teclado de uma vez ao desmontar qualquer notebook, pois você
pode arrebentar o flat (o que vai lhe obrigar a comprar outro teclado ou passar algumas horas
tentando reparar o flat partido), ou, pior, danificar o conector na placa mãe:
Neste ponto, você pode remover a tela. Puxe o cabo da antena wireless com cuidado (ele passa
para o outro lado, através de uma abertura na carcaça), desconecte o cabo do LCD (ele possui
um terra que é preso à carcaça por um parafuso) e depois remova os parafusos que prendem a
tela. São quatro no total, dois na parte traseira, ao lado do conector da fonte e da entrada do
modem e mais dois na parte metálica da base:
Aqui temos o Toshiba sem a tela. Já vi gente usando o note assim, ligado a um monitor externo,
depois de quebrar a tela e desistir de trocá-la por causa do preço ;).
Em casos em que o LCD realmente quebra ou trinca, não existe outra saída senão realmente
trocar a tela, o que muitas vezes sai mais da metade do valor do note. Mas, casos em que a tela
está intacta e apenas a iluminação não funciona, são quase sempre sanáveis.

A cobertura é presa por seis parafusos (dois na parte prateada e mais quatro na parte preta da
carcaça). Além de removê-los, você deve desconectar o flat do touchpad e os dois conectores
dos speakers:
Em seguida vem a parte mais delicada, que é remover a cobertura, tendo o cuidado de não
quebrar as travinhas, nem danificar o acabamento. Uma das formas mais práticas é usar uma
chave de fenda bem fina para começar a soltar pela parte próxima ao encaixe da tela e depois
usar um cartão magnético, ou uma paleta de violão para soltar o restante. Não use a chave de
fenda, senão você vai deixar a carcaça cheia de dentes e arranhados. Se estiver preso em algum
ponto, é provável que você tenha esquecido de remover algum dos parafusos nas etapas
anteriores:
Continua...

Chegamos agora à parte final, que é remover a placa mãe. Comece tirando os quatro parafusos
hexagonais dos conectores do vídeo e porta paralela:
Remova agora o protetor do soquete PCMCIA (dummy card) e os dois parafusos pretos que
prendem a placa mãe à carcaça:
A placa é presa também pelo slot PCMCIA, pelo potênciômetro que ajusta o audio e as saídas de
som. É preciso desencaixar com cuidado, usando a chave de fenda:
Levante a placa e puxe-a com cuidado. Neste notebook o cooler do processador é preso à própria
placa, na face inferior.
Depois de remover a placa, retire os quatro parafusos prateados que prendem os exaustores do
cooler:
Vire a placa com cuidado, desconecte os dois cabos de força e remova os exaustores. O A70 usa
um cooler duplo, com um dissipador sobre o processador e um dissipador auxiliar, ligado ao
primeiro através de um hot-pipe.

Muita gente acha que o segundo exaustor é para o chipset de vídeo ATI, mas ele é na verdade
um chipset onboard, de baixo consumo, integrado ao chipset principal e que usa memória
compartilhada. Na prática, não é muito melhor do que o vídeo onboard dos notebooks com
chipset intel.
Neste notebook o cooler é preso diretamente à placa mãe e a única forma de ter acesso a ele é
fazendo uma desmontagem completa do notebook. O engenheiro que inventou este design devia
estar com dor de barriga, ou com raiva do mundo, pois o cooler está na pior posição possível do
ponto de vista da manutenção. Com o tempo, o cooler acumula poeira, o que prejudica a
eficiência do sistema de ventilação, fazendo com que o processador superaqueça. Ao atingir uma
temperatura limite, o notebook simplesmente desliga sozinho, levando embora qualquer
trabalho não salvo.
Em qualquer notebook, é recomendável limpar o cooler preventivamente a cada 6 meses ou um
ano, de acordo com o volume de uso. Quanto maior é a dissipação térmica do processador,
maior precisa ser a rotação do cooler, acentuando o problema. Os notebooks baseados em
processadores Pentium 4 ou Athlon são os que precisam de limpezas mais freqüentes. O
acúmulo de sujeira é de longe o motivo mais comum de problemas relacionados a travamentos e
desligamentos espontâneos e as autorizadas chegam a cobrar R$ 350 por uma limpeza.

Este A70 foi limpo a pouco mais de 4 meses e, mesmo assim, veja que a poeira já encobriu
quase que completamente a abertura do cooler:
Na hora de limpar, você pode usar um jato de ar comprimido (o ideal) ou, na falta deste, usar um
pincel. Aproveite também para trocar a pasta térmica do processador a cada limpeza.

Aqui temos a placa mãe depois de terminada a desmontagem:


Em alguns notebooks é possível fazer upgrade do processador, substituindo-o por outro com
clock ligeiramente maior. Isso nem sempre é recomendável, pois um processador mais rápido
também consumirá mais energia, sobrecarregando os circuitos de alimentação e gerando
superaquecimento. Mas, existem casos em que o upgrade pode ser feito sem maiores
problemas, como ao substituir um Celeron por um Pentium do mesmo clock, ou ao substituir o
processador por outro baseado numa arquitetura mais recente, que apesar do aumento do clock,
tenha uma dissipação térmica similar. Verifique neste caso a compatibilidade da placa mãe.

Uma dica na hora de remontar é que neste modelo as entradas para os parafusos possuem uma
legenda. As com o "F3" são para os parafusos menores e as com o "F8" são pra os grandes. Nem
todas as marcas utilizam estas legendas, mas quando presentes elas facilitam um pouco:
Nesta primeira parte vimos como desmontar o A70. No próximo vou falar sobre como resolver
problemas relacionados à tela. Como você viu, simplesmente trocar toda a tela é muito fácil, já
que você a retira logo no início da desmontagem, mas quem é macho de verdade, abre e troca
apenas o que está quebrado :).

Em muitos casos, um simples ajuste no trimpot do FL-inverter pode lhe economizar mais de 500
reais. É como na velha piada: o técnico cobra R$ 1 para apertar o parafuso, e mais R$ 100 por
saber qual apertar.

Copyright 2003 Carlos E. Morimoto, http://www.guiadohardware.net ­ Todos os direitos


reservados
:. Manutenção de notebooks, parte 2: Desmontando o HP NX6110
Por Carlos E. Morimoto
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26/07/2006

Continuando a série sobre manutenção de notebooks, vamos agora desmontar um HP 6110NX. A


construção deste notebook é quase idêntica à do 6105, 6115 e o 6125, mudando apenas o
processador, placa mãe e alguns outros componentes internos, mas sem mudanças no processo
de desmontagem.

Você perceberá que apesar de todas as diferenças técnicas e nos componentes usados, a lógica
da desmontagem é mais ou menos a mesma da do Toshiba A70. Vou aproveitar para incluir mais
algumas dicas gerais, que se aplicam também a outros modelos.

Comece virando o notebook, removendo a bateria, os protetores dos slots PCMCIA e abrindo o
compartimento da memória e placa wireless. O conector que você vê próximo ao pente de
memória é usado pela bateria adicional, que é um dos atrativos deste modelo. Ela é usada pelo
sistema antes da bateria principal, aumentando bastante a autonomia. Muitos modelos um
pouco mais antigos possuem encaixes similares, porém utilizados pela docking station:
Continuando com a desmontagem, abra agora o compartimento do HD, remova o parafuso que
prende o HD à carcaça e remova-o com cuidado, puxando a fita para a esquerda:
Assim como o CD-ROM, o HD é um componente padronizado, que pode ser facilmente
substituído. Cada modelo de note utiliza uma baia um pouco diferente, por isso o HD é instalado
dentro de um suporte metálico e inclui um conector destacável. Ao substituir o HD, você só
precisa desmontar o conjunto. Além dos HDs de 2.5" slim, que são os mais comuns, existem HDs
de 1.8", usados em alguns notebooks ultra-portáteis e HDs de 2.5 regulares, utilizados em
notebooks antigos, que possuem o dobro da espessura e por isso não podem ser usados nos
modelos atuais.
Depois do HD, remova agora a placa wireless e o pente de memória (caso esteja instalado),
tomando cuidado ao desconectar os fios da antena. Como de praxe, tome o cuidado de sempre
manusear as placas pelas bordas, nunca encostando nos chips ou contatos, a menos que esteja
usando uma pulseira antiestática:
Remova agora os dois parafusos dentro do compartimento da bateria, que prendem o protetor
do teclado:
Para remover estes dois parafusos, você vai precisar de uma chave Torx. Na verdade, você vai
precisar de um kit com chaves Torx de vários tamanhos para desmontar diversos notebooks,
impressoras e outros eletrônicos, por isso, se ainda não tem um, é hora de atualizar seu kit de
ferramentas.

A vantagem das chaves Torx é que elas oferecem um encaixe muito mais preciso que as chaves
de fenda, evitando que o parafuso seja espanado, ou que a chave escorregue ao apertar um
parafuso em algum local delicado, danificando a placa. Outra questão é que, por serem menos
comuns, o uso desestimula a desmontagem por leigos, por isso os fabricantes geralmente
gostam delas :).
Remova também os dois parafusos escondidos dentro do compartimento do pente de memória.
Eles prendem o teclado e o drive de DVD:
Precisamos agora remover o protetor do teclado. Existem duas formas de fazer isso neste
modelo. O primeiro é usar uma chave de fenda bem fina para desencaixar pelos cantos, tomando
bastante cuidado para não deixar dentes no plástico:
A segunda forma, um pouco mais exótica é deixar o notebook de lado e usar uma chave de
fenda para pressionar através dos encaixes dos dois parafusos dentro do compartimento da
bateria, que acabamos de remover. Tome cuidado para não fazer muita força e acabar
derrubando o notebook:
Com o protetor fora do caminho, chegou a hora de remover o teclado. Além dos dois parafusos
dentro do compartimento da memória, ele é preso por mais um, na frente da tecla F4:
Ao remover o teclado, tome muito cuidado com o cabo flat:
Em seguida, remova o exaustor do cooler, que é preso por dois parafusos simples. Veja que, por
usar um processador de mais baixo consumo (um Celeron-M, baseado no core Dothan), o
NX6110 usa um cooler mais "normal", muito menor e mais leve que o usado no Toshiba A70.
Como de praxe, o exaustor é dividido em dois blocos, ligados por um hot pipe, uma barra de
cobre, contendo uma pequena quantidade de um fluído vaporizável, que se encarrega de mover
o calor do bloco sobre o processador (mais quente) para o bloco "frio", refrigerado pelo exaustor.
Este design permite montar o cooler na horizontal, o que é essencial no caso de um notebook.
O chipset é refrigerado passivamente por outro pequeno dissipador, também de cobre:
Desmontando até este ponto, você tem acesso à saída de ar do dissipador e pode aproveitar
para fazer uma manutenção preventiva, removendo a sujeira acumulada. Veja também que
existe um segundo slot de memória escondido (ao invés dos chips serem soldados diretamente à
placa mãe, como no A70), permitindo que o pente original seja substituído em caso de upgrade:
O próximo passo é remover a tela. Comece desconectando com cuidado o cabo principal,
puxando a fita. Aproveite para puxar os fios da antena. Eles são presos por uma pequena
presilha metálica na placa mãe, que você pode abrir com cuidado usando uma chave de fenda
bem pequena:
Uma curiosidade é que neste modelo a tela representa mais de 50% do peso total do note
(descontando a bateria). Se a HP utilizasse uma tela mais moderna, o note poderia ser bem mais
leve :). A tela é presa por um total de 6 parafusos. Dois sobre as dobradiças e mais quatro no
painel traseiro:
O drive de DVD é preso por um dos dois parafusos que prendem o teclado. Você pode tanto
removê-lo logo no início da desmontagem, quanto deixar para fazer isso depois de remover a
tela. No caso deste modelo, tanto faz:
Temos agora acesso às entranhas do note. Uma vantagem deste modelo é que você não precisa
abrir a carcaça para ter acesso aos componentes internos. Neste ponto você pode remover o
dissipador e o próprio processador ou substituir a bateria da placa mãe:
Continuando, remova todos os demais parafusos da carcaça. Temos mais um na parte superior,
próximo ao teclado e mais 13 na parte inferior. Desencaixe também os conectores da bateria do
CMOS e do touchpad, ambos situados bem ao lado do conector usado pelo flat do teclado.

Depois de remover todos os parafusos, desencaixe a parte superior da carcaça, procurando os


encaixes com cuidado. Ao contrário do A70, os encaixes são bem duros, por isso o cartão
magnético não será de muita ajuda. O jeito é usar a chave de fenda no vinco entre as duas
partes para ir soltando os encaixes um a um. Existem dois encaixes, um na área do drive de DVD
e outro ao lado do conector do modem que são especialmente duros. Cuidado para não quebrá-
los.
Temos aqui uma foto com o note aberto:
Assim como em diversos outros modelos, os conectores de áudio fazem parte de uma daughter-
board, que é ligada à placa mãe através de dois cabos. O segundo é usado apenas em alguns
modelos, que incluem saídas adicionais. Neste modelo ele vem desconectado:
Continuando, desconecte os dois cabos da placa de audio e o cabo do speaker:
Remova os 4 parafusos que prendem o speaker à carcaça e remova-o:
A placa mãe é presa por um último parafuso, escondido ao lado do conector do modem. É
importante enfatizá-lo pois ele fica bem no canto, numa parte da placa que pode facilmente se
quebrar caso você tente removê-la sem primeiro tirar o parafuso, o que inutilizaria o
equipamento. Aproveite para remover também o exaustor do cooler:
É necessário remover também os dois parafusos hexagonais do conector VGA:
Outra pegadinha é que os dois fios da placa MDC são presos ao conector do modem. Você deve
desconectar o cabo no lado conectado à placa MDC, ou simplesmente remover a placa MDC de
uma vez:
O MDC (Mobile Daughter Card, ou Modem Daughter Card) é um slot de expansão similar ao slot
AMR encontrado nas placas para desktop. Ele é usado por modems e transmissores bluetooth
(nos notebooks atuais, ambos são combinados numa única placa MDC), permitindo que os
componentes analógicos (que precisam ser certificados pelos órgãos de telecomunicação) sejam
separados do restante da placa mãe. Para os fabricantes, é possível integrar todos os
componentes diretamente à placa mãe, eliminando a necessidade de usar a placa MDC, mas isso
abre brecha para atrasos no processo de certificação atrasarem todo o projeto.

Como disse, nos notebooks atuais a placa MDC combina o modem e o transmissor bluetooth.
Embora difíceis de encontrar, estas placas MDC "dual" podem ser usadas para atualizar
notebooks sem bluetooth, sem necessidade de usar um transmissor USB externo. Uma
observação é que é necessário haver suporte por parte do BIOS, caso contrário a placa pode se
recusar a funcionar com a nova placa, exibindo uma mensagem de "Invalid Daughter Card".

Normalmente, a própria placa inclui uma pequena antena para o transmissor bluetooth, embora
em alguns modelos seja usada uma antena separada. As placas que combinam modem e
bluetooth são também chamadas de BMDC (Bluetooth and Modem Daughter Card) e o slot na
placa mãe se chama CDC.

Temos aqui a placa mãe em carreira solo, já sem o dissipador do processador:


Para remover o processador, basta girar o parafuso de segurança. Esta placa mãe aceita
também processadores Pentium-M com core Dothan, de até 1.6 GHz. Eles oferecem a vantagem
de suportarem o SpeedStep, que reduz bastante o consumo do processador em relação ao
Celeron, aumentando a autonomia das baterias. Embora não seja tão comum ver processadores
mobile à venda, caso consiga um por um bom preço, seria um bom upgrade.
Copyright 2003 Carlos E. Morimoto, http://www.guiadohardware.net ­ Todos os direitos reservados
:. Manutenção de notebooks, parte 3: Manutenção de telas de LCD
Por Carlos E. Morimoto
http://www.guiadohardware.net
02/08/2006

Depois dos problemas diversos gerados por acúmulo de sujeira e (possivelmente) os HDs, as
telas de LCD são os componentes que mais dão problemas nos notebooks.

É possível comprar telas de reposição diretamente com os fabricantes, mas o preço é quase
sempre proibitivo. Nos sites de leilão, é possível encontrar algumas telas usadas, geralmente
retiradas de notebooks com defeitos diversos e vendidas separadamente. As telas usadas são
uma opção mais palatável em termos de custo, mas é difícil encontrar o modelo exato, e você
nunca sabe qual é a real condição do equipamento antes de tê-lo em mãos.

Trocar uma tela é um procedimento relativamente simples. Você precisa fazer apenas uma
desmontagem parcial do notebook, removendo uma e instalando a outra. Mas, trocar a tela
inteira é quase sempre um desperdício, com exceção, claro, de situações onde o notebook cai e
o LCD realmente se quebra.

Em primeiro lugar, o LCD em sí é uma espécie de chip. A técnica de fabricação de um


processador e de uma tela de LCD são similares, a principal diferença é que o processador é feito
sobre o waffer de silício, enquanto uma tela de LCD é feita sobre silício amorfo, ou seja, uma
placa de vidro. Numa tela de matiz ativa, temos um transístor para cada ponto da tela (cada
pixel é formado por três pontos) e um pequeno sulco, onde é depositado o cristal líquido.

Os cristais líquidos são substâncias que tem sua estrutura molecular alterada quando recebem
corrente elétrica. Em seu estado normal, estas substâncias são transparentes, mas ao receberem
uma carga elétrica tornam-se opacas, impedindo a passagem da luz. A função de cada transístor
é controlar o estado do ponto correspondente, aplicando a tensão correta para cada tonalidade:

Os LCDs mais simples, como os usados em relógios e palmtops com tela monocromática,
utilizam uma camada refletora, instalada na parte traseira, que simplesmente reflete a luz
ambiente. Existem casos de LCDs coloridos que utilizam o mesmo princípio (como o usado no
Game Boy Advance), mas os LCDs usados nos notebooks sempre utilizam iluminação traseira.

Temos aqui uma tela de LCD de notebook desmontada. Veja que ela é apenas parcialmente
transparente. É graças à iluminação que você pode ver a imagem claramente:
Existem duas tecnologias de iluminação de telas LCD. A mais comum é o uso de lâmpadas de
catodo frio, um tipo de lâmpada florescente, ultra compacta e de baixo consumo. Alguns poucos
notebooks ultra portáteis, como o Sony Vaio TX2 utilizam LEDs para a iluminação da tela, uma
tecnologia que permite produzir telas mais finas, econômicas e duráveis, porém absurdamente
mais caras ;). Por enquanto, 99% dos LCDs utilizam as boas e velhas lâmpadas de catodo frio.

Assim como as lâmpadas florescentes domésticas, as lâmpadas de catodo frio trabalham com
uma tensão altíssima (geralmente 1300 volts) necessária para transformar os gases dentro da
lâmpada no plasma que gera a luz.

Nas lâmpadas florescentes é usado um reator para gerar a tensão necessária, enquanto num
notebook é usado o FL inverter, um tipo de reator ultra compacto, que transforma os 5 volts
fornecidos pela placa mãe nos 1300 volts ou mais usados pelas lâmpadas de catodo frio.

Para economizar energia e também para cortar custos, são geralmente usadas apenas duas
lâmpadas, nas duas extremidades da tela. Entre as duas, temos uma tela difusora, que se
encarrega de espalhar a luz uniformemente por toda a tela.

A tela de LCD em si é extremamente durável, normalmente precisando de troca apenas quando


é trincada ou quebrada. As lâmpadas de catodo frio possuem uma vida útil estimada em entre
10 mil horas (nos notebooks mais antigos) e 30 mil horas (nos notebooks atuais) de uso
contínuo. Temos ainda o FL inverter, cuja vida útil é quase sempre menor que a da lâmpada e a
placa de circuito contendo o controlador da tela.
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O defeito mais comum é a tela simplesmente "apagar", devido a falhas no sistema de


iluminação. Olhando para a tela sob luz forte, você percebe que ela está funcionando, mas sem a
iluminação não é possível vez com clareza.

Os problemas de tela apagada são quase sempre causados pelo FL Inverter. O FL Inverter
raramente "queima", ele apenas perde eficiência com o uso, passando a fornecer uma tensão
um pouco mais baixa que o normal. Com as lâmpadas de catodo frio é "tudo ou nada", se a
tensão fornecida for apenas um pouco abaixo da normal, elas simplesmente não acendem.

Mesmo ao reduzir a luminosidade da tela (o que é feito reduzindo a luminosidade das luzes), é
reduzida apenas a amperagem e não a tensão. Revisando: a amperagem determina a
quantidade de energia que é fornecida, enquanto a tensão determina a vazão. Fazendo uma
analogia com um rio, a tensão seria o comprimento do rio, enquanto a amperagem seria a vazão
de água. É possível tanto ter uma tensão muito alta e uma amperagem muito baixa (como na
saída do FL Inverter), quanto uma amperagem incrivelmente alta e uma tensão muito baixa,
como no caso de um processador Pentium 4. Os 1300 volts de saída do FL Inverter podem
eletrocutar uma pessoa, enquanto uma bateria de carro (que utiliza apenas 12 volts, porém com
amperagem muito mais alta), é inofensiva.

Continuando, embora muito mais raro, existem casos em que as próprias lâmpadas queimam.
Como é improvável que as duas queimem exatamente ao mesmo tempo, a tela ficará apenas
"meio apagada", com um lado bem mais escuro que o outro. Em geral, apenas cerca de 5% dos
defeitos de tela apagada são causados por queima das lâmpadas. O maior culpado é mesmo o FL
Inverter.
Existe também uma pequena possibilidade do problema ser com a placa controladora, dentro da
tela, ou com o próprio chipset de vídeo ou outro componente na placa mãe, o que pode causar
sintomas diversos, desde a falta de uma das três cores primárias (deixando a tela com as cores
alteradas), até distorções diversas na imagem.

O primeiro passo para consertar a maioria dos defeitos é desmontar a tela. Na maioria dos casos,
é possível desmontar a tela diretamente, sem precisar removê-la da carcaça do note. Mas, é
muito mais fácil e recomendável trabalhar na tela depois de removê-la:

Toda tela de notebook é desmontável, porém nem sempre isso é muito simples, pois temos
sempre uma combinação de parafusos, encaixes e partes coladas.

A primeira coisa é encontrar e remover os parafusos. Eles são sempre escondidos embaixo das
borrachinhas de apoio ou adesivos. Comece localizando e removendo cada com a ajuda da chave
de fenda:
Na hora de remontar o monitor, use um pequeno pingo de cola branca em cada uma das
borrachinhas. Isso ajuda a cola-las novamente.

Neste monitor da HP, por exemplo, temos um total de 12 parafusos: 4 na parte inferior, 4 na
parte superior e mais 2 de cada lado:
Este esquema, de um dos manuais da IBM, mostra as posições dos parafusos na tela de um
Thinkpad T40:

Depois de remover todos, os parafusos, use um cartão magnético para desencaixar a parte
frontal do bezel. Evite usar a chave de fenda, pois ela pode escorregar e fazer um risco "lindo" na
tela. Normalmente, além dos encaixes, os fabricantes usam cola ou algum tipo de adesivo, o que
torna alguns pontos bem duros de descolar.
Aqui temos a tela aberta:
O FL Inverter é uma plaquinha localizada na base da tela. Como ele é um componente que
trabalha com alta tensão, ele vem sempre protegido por uma capa plástica.
Trocar o FL Inverter é uma tarefa simples, basta remover qualquer parafuso que o prenda à
carcaça e soltar os dois conectores.

O FL Inverter é uma peça relativamente barata, que custa de US$ 60 a US$ 120, dependendo do
modelo. Aqui no Brasil, os preços variam muito, de acordo com onde pesquisar. É possível
também encontrar alguns com bons preços nos sites de leilão.

Se você tem um cartão de crédito internacional, a melhor opção é comprar diretamente no


exterior. Pesquisando pelo part number (que quase sempre vem decalcado, ou impresso num
adesivo), ou pelo modelo do note, você encontra diversas lojas que vendem peças de reposição,
como a http://www.sparepartswarehouse.com/, http://www.impactcomputers.com e a
http://www.laptoprepairco.com. Muitas delas enviam para o Brasil. Como se trata de um
componente pequeno e barato, muitas vezes você nem vai precisar pagar os 60% de imposto.

É possível também ajustar a tensão de saída do FL Inverter, o que pode ser usado como uma
solução emergencial, quando não encontrar outro para reposição, ou quando o preço for
proibitivo.

Removendo a capa plástica, você encontra um potenciômetro (similar ao encontrado no laser


dos drivers de CD-ROM) que permite ajustar a tensão de entrada do inversor. Girando-o para o
sentido horário você aumenta a potência e para o sentido anti-horário a diminui.

Quase sempre, em casos onde o inversor não está queimado, você pode extender a vida útil do
FL inverter aumentando um pouco a tensão de entrada. Gire o potenciômetro cerca 10 graus no
sentido horário (ou seja 1/36 de uma volta completa, bem pouco). Em seguida, remonte a tela e
faça o teste.
Se a tela voltar a apagar depois de algumas semanas de uso, você pode repetir o procedimento
mais uma vez. Se ela falhar novamente depois de algum tempo, é hora de realmente trocar o FL
Inverter.

O potenciômetro é extremamente sensível, por isso você deve sempre ajustá-lo em pequenos
incrementos. Se você quiser um exemplo "marcante" do que acontece ao aumentar muito a
tensão de entrada do FL Inverter, pegue um drive de CD condenado, desmonte e procure pelo
trimpot, um parafusinho parecido com o regulador de tensão do FL Inverter, instalado próximo à
lente do laser. Dê uma ou duas voltar completas, em sentido horário e monte novamente o drive.
Ao ligar o micro e colocar um CD qualquer no drive, você vai ouvir um "vuuuummmm", seguido
por um estalo e um leve cheiro de queimado. Desmonte novamente o drive e você verá vários
componentes queimados próximos ao laser. O drive foi inutilizado de vez.

É mais ou menos isso que acontece ao aumentar demais a saída do FL inverter num notebook.
Você pode queimar as lâmpadas, queimar de vez o próprio FL inverter, ou mesmo sobrecarregar
os circuitos de alimentação na placa mãe, possivelmente inutilizando o equipamento. Como
disse, ao ajustar o FL inverter, todo o cuidado é pouco. Você foi avisado.

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Em casos onde o problema é com as lâmpadas, ou com o LCD em si, prossiga a desmontagem,
removendo os parafusos que prendem a tela à carcaça:
Uma dica é que em casos de telas quebradas, sai muito mais barato comprar um LCD de
segunda mão (trocando apenas o LCD e aproveitando a carcaça) do que comprar a tela
completa. Em geral, cada fabricante trabalha com alguns poucos modelos de telas diferentes,
mudando apenas a carcaça de um modelo para o outro. Muitas vezes, o mesmo modelo de LCD é
usado em notebooks de três ou quatro marcas diferentes. Se a tela for do mesmo tamanho e
usar o mesmo conector, é quase certeza que ela pode ser usada.

No caso desta tela da HP, o LCD é preso à carcaça por seis parafusos, quatro na base e mais dois
na parte superior. Depois de remover a tela, você precisa retirar mais quatro parafusos, que
prendem as dobradiças:
As antenas da placa wireless fazem parte da carcaça, e não da tela em si, por isso você não
precisa se preocupar com elas ao substituir a tela. Apenas tome cuidado com os fios, pois eles
são bastante frágeis.
Aqui temos a tela desmontada, esperando para ser substituída:
O alumínio que quase sempre envolve a tela serve como refletor, para evitar qualquer perda de
luz e, ao mesmo tempo, como uma proteção para a tela enquanto está fora da carcaça.

Neste modelo ele é colado pelas bordas e por isso dá um bom trabalho removê-lo. É preciso usar
um estilete para ir descolando cuidadosamente:
Aqui temos a placa lógica da tela. A parte branca é o difusor, responsável por espalhar a luz
gerada pelas lâmpadas de catodo frio:
Note que o cabo flat e os fios do conector da placa mãe são bastante frágeis, por isso inspiram
cuidado redobrado.

Copyright 2003 Carlos E. Morimoto, http://www.guiadohardware.net ­ Todos os direitos reservados

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