Entomological Intelligencer

Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM

Diamantina, Minas Gerais, Brasil
202X, vol. X, n. X, pp. X-X
ISSN 2764-4235

Oiketicus kirbyi Guilding (Lepidoptera: Psychidae) se

alimentando em Punica granatum (Lythraceae)

Samuel Victor dos Santos1 Vinícius Tadeu Santos Aguilar¹, Wilson Faustino Júnior, Marcus¹
Alvarenga Soares1;
1
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, Minas Gerais, 39100-000, Brasil

Autor correspondente: samuel.santos@ufvjm.edu.br

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Resumo. A espécie Oiketicus kirbyi (Lepidoptera: Psychidae) foi observada se alimentando e hospedando em
planta de romã (Punica granatum) (Lythraceae) em Diamantina, região do alto Vale do Jequitinhonha, Minas
Gerais, Brasil. Esse é o primeiro relato de O. kirbyi utilizando P. granatum como planta hospedeira, a
observação possibilita a identificação eficiente dessa praga e pode minimizar os impactos do seu ataque em
cultivos de romã e outras plantas hospedeiras.

Palavras-chave: Bicho-cesto, Planta hospedeira, Romãzeira.

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Oiketicus kirbyi Guilding (Lepidoptera:
Psychidae), conhecido popularmente como "bicho-
cesto", é um inseto polífago amplamente distribuído
no mundo, principalmente na América Central, Caribe
e América do Sul (CORIA et al., 2011). O O. kirbyi
pode causar danos em diversas espécies florestais,
ornamentais e de importância agrícola,
representando uma ameaça econômica significativa
(ELLIS et al., 2005).
Oiketicus kirbyi foi relatado em plantas
cultivadas e silvestres como: o abacateiro (Persea
americana Mill., Lauraceae) (RHAINDS & CABRERA,
2010), a bananeira (Musa spp., Musaceae) (PONCE
et al., 1979), o cafeeiro (Coffea sp., Rubiaceae)
(GRAVENA & ALMEIDA, 1982), o dendezeiro (Elaeis
guineensis, Arecaceae) (RHAINDS et al., 1996), a
laranjeira (Citrus spp., Rutaceae) (GRAVENA &
ALMEIDA, 1982), a videira (Vitis labrusca L.,
Vitaceae, cvs. Borda e Niagara) e o pessegueiro
(Prunus persica (L.) Batsch, Rosaceae) (BARONIO et
al., 2012). Outras plantas como nêspera (Eriobotrya
japonica, Rosaceae), eucalipto (Eucalyptus spp.,
Myrtaceae), teca (Tectona grandis L., Lamiaceae),
amêndoa (Terminalia catappa L., Combretaceae),
extremosa (Lagerstroemia speciosa (L.) Pers.,
Lythraceae) e pata-de-vaca (Bauhinia forficata Link,
Fabaceae) são hospedeiras para O. kirbyi (GARA et
al., 1990; PEREIRA et al. 2001; RHAINDS et al.,
2008; RHAINDS & SADOF, 2009; MENDES et al.,
2010; TAVARES et al., 2011).
Um imaturo de Oiketicus kirbyi foi observado
em abril de 2023, enquanto se alimentava e abrigava
em uma planta de Punica granatum (Lythraceae),
localizada na área urbana do município de
Diamantina, na região do alto Vale do Jequitinhonha,
estado de Minas Gerais, Brasil (8.1967306°S,
43.5690944°W; 1.300 m de altitude). Foram
conduzidas observações sistemáticas diárias por
duas semanas consecutivas.
O O. kirbyi estava dentro do cesto, estrutura
formada por folhas e pequenos ramos para abrigar a
larva deste inseto, pendurado nos ramos mais jovens
da parte inferior de P. granatum. A larva estendia a
parte anterior do corpo para fora do cesto, iniciando
sua alimentação pelas folhas próximas da base do
galho e, em seguida, em direção ao topo, resultando
no desfolhamento completo do ramo (Figura 1).
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A B
C D
Figura 1. Larva de Oiketicus kirbyi (Lepidoptera:
Psychidae) se alimentado e hospedando (A, B e C)
em Punica granatum (Lythraceae) protegida pelo
cesto (D) formado por pequenas folhas e ramos
dessa planta.
A P. granatum, comumente conhecida como
romãzeira, apresenta significativa relevância
econômica em regiões tropicais e subtropicais ao
redor do globo. Originária da Ásia Central, essa
frutífera possui uma longa história de utilização em
diversas culturas ancestrais. A romãzeira distingue-
se por seus frutos exuberantes, notáveis pela
elevada concentração de antocianinas e flavonoides,
substâncias que desempenham um papel importante
como potentes agentes antioxidantes. Essa
composição nutritiva tem sido associada de maneira
consistente à promoção da saúde humana,
conferindo-lhe propriedades protetoras contra
enfermidades. A romãzeira é também utilizada para
análises genéticas, dado o seu curto período juvenil e
a prolificidade na produção de progênies. Essa
característica torna a planta ideal para investigações
científicas, contribuindo assim para o avanço do
conhecimento no campo da genética vegetal. O
gênero Punica L. 1753 é composto por apenas duas
espécies: Punica granatum L. e a Punica protopunica
Balf. Este gênero foi anteriormente categorizado na
família Punicaceae, porém, com base em evidências
morfológicas e moleculares recentes, foi
reclassificado na família Lythraceae. A espécie
Punica protopunica Balf. f., endêmica das Ilhas
Socotra, é considerada o ancestral da romã cultivada
(ZUKHOVSKIJ, 1950; GUARINO et al., 1990). Estes
aspectos ressaltam não apenas a relevância
econômica, mas também a complexidade histórica e
genética associada à Punica granatum L.
Este é o primeiro relato de O. kirbyi se
alimentando de P. granatum na região do alto Vale
do Jequitinhonha, estado de Minas Gerais. Isso pode
fornecer informações valiosas para os agricultores
locais, possibilitando rápida identificação e o manejo
e controle mais eficiente dessa praga e,
consequentemente, minimizando os impactos do seu
ataque em cultivos de romã e outras plantas
hospedeiras.
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