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revista e ampliada

ZILDO APARECIDO DA SILVA


JOSÉ ANTÔNIO MARCONDES

^
Santo Antonio
do Pinhal
DE SERTÃO A MUNICÍPIO
1785 A 2024
2ª edição
revista e ampliada

Entre, sinta-se em casa!


2024
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024

Zildo Aparecido da Silva


José Antônio Marcondes

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida, apropriada ou usada de
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curtos citados em resenhas, artigos ou outras publicações, mediante a devida referência à fonte.

Coordenação Editorial Todos os direitos reservados:


André Luiz Cabral de Vasconcelos

Revisão
Carol Vasconcelos

Arte da capa
Maurício Pereira Entre, sinta-se em casa!
www.casacultura.com.br
Produção contatos@casacultura.com.br
Editora Casa Cultura Editora Casa Cultura
2ª edição: Janeiro / 2024
@editoracasacultura
(12) 99773.2950 - André Luiz Cabral

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

SILVA, Zildo Aparecido da; MARCONDES, José


Antônio

Santo Antônio do Pinhal: de Sertão a Município - 1785


a 2024 / Zildo Aparecido da Silva; José Antônio
Marcondes. Taubaté: Casa Cultura, 2024. 2ªed.

320 p. / 148x210mm

ISBN 978-8553096-37-4

1. História de outras regiões


I. Título

CDU: B. 990
Índice para catálogo sistemático:
1. Brasil: História de outras regiões. B. 990
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024

Dedicamos este livro a todos que entenderam e acreditaram que a


história deve ser contada para não ser esquecida. O historiador José
Honório Rodrigues revelou um aspecto singular: “Aprendi que a história
não pode ser uma crônica aos mortos; ela deve servir aos vivos e assim
deve ser escrita”.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024

Zildo

Agradecimento especial aos meus pais, minha mulher Elizete, meu


filho Lorenzo, aos antepassados, amigos e todos que acreditaram no
trabalho.

José Antônio

Agradecimento especial a minha esposa Antonia Marcondes dos


Santos (2º casamento), mãe de minha filha Sofia, aos meus filhos Karindia e
Lukas, ao povo pinhalense e a todos que acreditaram em nosso trabalho.
Agradecimento póstumo, ao meu pai Téo, minha mãe D. Neuza, meu
tio Sebastião Laércio Marcondes Cesar e ao meu avô, Ditinho Raposo, que
em muito ajudaram na construção de Santo Antônio do Pinhal.

Agradecemos imensamente aos nossos apoiadores culturais que


contribuíram generosamente para que essa 2ª edição do livro se tornasse
possível, em especial ao Prefeito Anderson José Mendonça.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024

Apoio Cultural:

Prefeitura Municipal

Colaboradores especiais:

Família Alex Domenici e Zenaide Mo a Domenici.


Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024

Prefácio da 1ª edição, em 2009

Com a publicação de “Santo Antônio do Pinhal – De Sertão à


Município. 1785 a 2009”, o advogado José Antônio Marcondes e o
professor de História e Geografia Zildo Aparecido enriquecem
sobremaneira o acervo histórico da Serra da Mantiqueira.
Através de uma pesquisa extenuante e honesta, fundada,
sobretudo, em documentos oficiais, sesmarias, fotos, mapas e
inventários, os autores oferecem com o presente livro uma real e
fiel revisão histórica de Santo Antônio do Pinhal, uma das mais
importantes estâncias turísticas do Estado de São Paulo.
Tivemos o privilégio de acompanhar pari-passu o esforço
hercúleo e paciente dos Autores ao longo dos anos, com a perma-
nente preocupação de que talvez eles desistissem da empreitada,
ante a incompreensão de muitos e o descrédito de todos.
Valentes e corajosos, decididos e incansáveis, venceram todos
os obstáculos que a cultura brasileira, marcada pelo desprezo à
memória histórica, se lhes antepuseram.
E agora, presenteiam São Paulo e o Brasil com esta obra notá-
vel, de absoluta fidelidade histórica e de resgate de um passado
longínquo.
A nosso modesto ver, deveríamos odiar os indiferentes, os
abúlicos e os apáticos que transformam os arquivos oficiais da
cultura brasileira em fogueiras da Idade Média.
É fundamental conhecer o passado para entender o presente e
prover o futuro. O historiador José Honório Rodrigues revelou um
aspecto singular: “Aprendi que a história não pode ser uma crônica
aos mortos; ela deve servir aos vivos e assim deve ser escrita”.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024

Os autores desta obra histórico-pedagógica, José Antônio


Marcondes e Zildo Aparecido da Silva, ofertam um precioso presente
aos pinhalenses: agora, Santo Antônio do Pinhal se conhece!

Santo Antônio do Pinhal, verão de 2.009.


Pedro Paulo Filho (in memorian)
Membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo,
do Instituto de Estudos Vale paraibanos,
da União Brasileira de Escritores,
da Academia de Letras de Campos do Jordão,
de Pindamonhangaba, de Santos e da Academia
Valeparaibana de Letras e Artes.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024

Sobre este livro

Santo Antônio do Pinhal, de Sertão a Município, vem a público


para preencher uma lacuna na história das gentes que povoaram as
vastas terras do Brasil. Trabalho árduo e preciso de pessoas que
laboraram com paixão, o livro fundamenta-se em pesquisa séria e
infatigável. De fato, os autores não se contentaram com a abor-
dagem superficial dos fatos que apresentam: optaram por
mergulhos mais profundos que vão desde a leitura de esquecidos
livros-tombos de velhas igrejas até o trabalho de campo junto a
descendentes daqueles que, pode-se dizer, construíram a história
da cidade de Santo Antônio do Pinhal.
Procedendo desse modo, os autores fizeram falar os mortos
ainda uma vez, mostrando-os nas lutas que, em vida, se empe-
nharam.
Por essa via, ressuscitaram-se bandeirantes que largaram da
Vila de São Paulo, cruzaram as águas do Paraíba do Sul e embre-
nharam-se nos altos da Serra da Mantiqueira, abrindo caminhos,
fundando o Brasil; por ela renasceram os imigrantes italianos,
gentes que, no início do século XX, galgaram a Mantiqueira e
depois deles, os japoneses e outros tantos homens de várias etnias.
Trata, portanto, o livro que o leitor ora tem em mãos de
uma história que é parte de um conjunto de histórias que terão
se realizado em todo o país durante o seu período de maior
povoamento.
Entretanto, não só do passado vive a presente obra. Se, de um
lado, constatamos a passagem do tempo através de fatos como as três
construções da Igreja Matriz, o patrulhamento das montanhas ao
tempo da Revolução de 1932 e os incríveis sucessos que constituem
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024

a Revolta dos Canos, de outro temos a visão atual da cidade com


informações úteis a quem queira visitá-la.
É com satisfação que recebo a publicação de Santo Antônio do
Pinhal, de Sertão a Município. Filho da terra e tendo conhecido, em
minha infância e juventude, muitas das pessoas nela citadas, valeu-
me a leitura para recordar e refletir sobre homens e suas sagas em
seu esforço comum para o desenvolvimento da região onde vivem.
Cidade de clima invejável e grande beleza natural, já era tempo
de Santo Antônio do Pinhal ter a sua história. Quis o destino que a
tivesse por mãos de autores que tudo fizeram para dignificá-la.

Ayrton César Marcondes


Santo Antônio do Pinhal,
fevereiro de 2009.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024

Prefácio da 2ª edição

Vygotsky, (1896-1934) educador russo, afirmava que somos


seres históricos. Isto é, nós somos em pensamentos e ações, a soma
de todas as nossas experiências, vivências, convivências, tudo que
vimos, ouvimos e oralizamos.
Enquanto o filósofo alemão Nietzsche, (1844-1900) na sua
teoria do Eterno Retorno, postulava que o retorno comemorativo se
faz necessário para que possamos reviver o que passou e dar um
recomeço às nossas vidas. Nunca atermos a mesmice, nem girarmos
no mesmo lugar, mas girarmos em espiral ascendente.
Desse modo revivemos todos os anos o Natal, o ano novo,
aniversários, as festas de santos, as datas históricas, etc. Outro
grande dilema médico que nos assusta atualmente é a possibilidade
de perdermos a memória pela insidiosa e malfadada doença de
Alzheimer.
A pior coisa que pode ocorrer a nós humanos é, num lapso de
memória não saber quem somos, onde estamos, de onde viemos,
para onde vamos. Somos seres históricos e acumulamos conhe-
cimentos, sem os quais, não somos nada porque temos a vida
roubada.
O trabalho de pesquisa e publicação do advogado Dr. José
Antônio Marcondes e do professor e historiador Zildo Theodoro,
agora em segunda edição, vem justamente preencher a lacuna de
que trata Vygotsky, ou seja, de que somos seres históricos porque
acumulamos conhecimentos ao longo da vida, bem como corrobora
a tese Nietzscheniana de que necessitamos conhecer nossos fatos
históricos, primeiramente para acharmos neles nossa identidade
e posteriormente para vivermos o eterno retorno.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024

Vivemos uma era de tecnologia dinâmica. A descoberta ou


invenção de ontem estará obsoleta amanhã. Temos que aprender
e desaprender o conhecimento e a informação a todo instante. A
tecnologia nos permite e patrocina isto, por outro lado, temos esse
foco desviado para o prazer e a satisfação momentânea dos jogos
eletrônicos, das músicas sem conteúdo, do erotismo gratuito, da
cultura inútil, entre outras, imposta pela mídia. É exatamente
contra esse vazio cultural e em favor de estabelecermos um ponto de
partida que a dupla Zildo e Zé se desdobram em pesquisas, em
buscas incansáveis para trazer até você, curioso leitor, a informação
mais precisa, o fato mais explicado e o conhecimento mais apri-
morado. Parabéns aos pesquisadores, parabéns a você leitor, pois
todos saímos mais ricos cultural e socialmente dessa empreitada.

Prof. Mestre Sergio Roberto da Motta


Santo Antônio do Pinhal
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024

Índice

Introdução ........ 19

1 Aspectos gerais ........ 21


2 Origem do nome ........ 24
3 Penetração Bandeirante ........ 29
4 Os indígenas ........ 30
5 Os desbravadores ........ 34
6 As sesmarias ........ 36
7 A divisa entre as capitanias ........ 40
8 Os conflitos ........ 41
9 Origens do município ........ 42
10 Annais da Câmara dos Deputados, 1827 ........ 49
11 Os fundadores ........ 49
12 Fim da escravidão ........ 61
13 Dados interessantes ........ 63
14 Família Jacintho da Silva ........ 69
15 O comércio local ........ 72
16 Religião ........ 77
17 Os imigrantes ........ 93
18 A revolução ........ 103
19 Emancipação política e seus problemas ...... 106
20 Estância climática ........ 134
21 A revolta dos canos ........ 135
22 Economia e desenvolvimento ........ 144
23 Transporte e comunicação ........ 152
24 Turismo ........ 165
25 As associações ........ 176
26 Educação ........ 179
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024

Índice

27 Cultura ........ 182


28 Causos e contos populares ........ 185
29 Esporte municipal ........ 194
30 Centro de saúde ........ 198
31 Artistas populares ........ 200
32 Nomes de algumas ruas ........ 207
33 Hino e Brasão ........ 211
34 Galeria de prefeitos ........ 217
35 História do legislativo municipal ........ 219
36 Freguesia de Santo Antônio do Pinhal ........ 241

Referências ........ 316


Os autores ........ 318
Fonte Santo Antônio

Introdução

Após índios e bandeirantes, ouro e escravos, no Sertão do Alto


do Rio Sapucaí Mirim, em 1785, foi concedida a primeira sesmaria
da região pela Capitania de São Paulo. Um conflito se instalou por
muitos anos, por causa da disputa da divisa entre as capitanias de
São Paulo (1714) e Minas Gerais (1720).
Sertão do Alto da Serra, para os paulistas que não aceitavam a
divisa, para os mineiros, conhecida como Sertão de Camanducaia
(MG), cidade mineira.
Em 1809, foi aberto um caminho pelos mineiros em terras
habitadas pelos paulistas da Vila de Pindamonhangaba, que já
possuíam as sesmarias na região, mas logo foi fechado pelo então
Capitão-Mor Ignácio Marcondes do Amaral.
Em 1811, após um acordo amigável, ficou combinado que
continuaria aberta a estrada com uma guarda mantida por São Paulo
no lugar denominado Sertão em Terras de Claro Monteiro do
Amaral, cerca de 10 km acima da hoje cidade Sapucaí Mirim (MG).
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20 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Na região onde existe hoje a cidade mineira de Sapucaí Mirim,


estabeleceram-se diversos moradores sob a proteção do Capitão
Manoel Furquim de Almeida, representante de Minas.
Essas terras eram reclamadas pelo paulista Inácio Caetano
Vieira de Carvalho, antigo sesmeiro, que conseguiu reavê-las em
1813 com intervenção da Câmara de Pindamonhangaba (SP) a seu
favor.
Em 1814, em abril, houve um contra movimento por parte de
Minas retirando a guarda do local combinado e em julho foi insta-
lado um quartel no alto da Serra da Mantiqueira, hoje estação
Eugênio Lefévre. Em 31 de agosto do mesmo ano, a Câmara de
Pindamonhangaba obrigou os mineiros a retirarem o quartel, que
ficou abandonado até novembro quando foi queimado pelas auto-
ridades de Pindamonhangaba. A denominação “Quartel Queimado”
figura nos documentos de 1847 e no mapa de Minas de 1855.
Com a abertura oficial da estrada em 1811, ligando as duas
capitanias, a região começou a prosperar. Com a fundação da
Freguesia de São Bento do Sapucaí, essas terras do alto da serra
ficaram pertencendo à essa nova freguesia.

Vista do cruzeiro da cidade


Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 21

Foram feitas muitas doações para a Capela de Santo Antônio


no local denominado Bairro do Pinhal. A mais conhecida delas
ocorreu em 11 de abril de 1856, quando o senhor Antônio José de
Oliveira e sua mulher doaram terras ao santo de devoção.
Após anos de submissão, mandos e desmandos, os descen-
dentes dos antigos povoadores decidiram conquistar à indepen-
dência. O antigo Bairro do Pinhal gerava, através de sua produção,
muitos impostos à São Bento do Sapucaí, mas graças aos heróis
pinhalenses, após demandas judiciais, comemorou-se a emanci-
pação em 1960. Dessa data em diante a nova cidade prosperou e
transformou-se no ‘‘Charme da Serra’’.

1 Aspectos gerais
Vista parcial da cidade

Área: 141 km - Fonte SEADE


Altitude da sede: 1.080 m
Ponto mais alto: 1.800 m
Clima: frio, variando entre -2 e 30°C.
Santo Antônio do Pinhal
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Topografia: Montanhosa com predominância de mar de


morros em formato de meia laranja.
População: 7.133 pessoas; 53,63 hb por km² - Fonte: IBGE-2022
Coordenadas: 22º50' latitude sul, 45º38' longitude oeste.
Distâncias: São Paulo: 173 km; Campos do Jordão: 17 km;
Pindamonhangaba: 30 km; Taubaté: 32 km; São José dos Campos:
75 km.
Freguesia: lei 2 de 23 de março de 1861.
Emancipação: 26 de janeiro de 1960.
Santo Padroeiro: Santo Antônio, 13 de Junho.
CEP: 12450-000
DDD: 12
Hidrografia: Rio Sapucaí Mirim (Rio da Prata dentro do
perímetro urbano), Ribeirão do Lageado, do Barreiro, do Rio Preto,
do Boa Vista, do Pico Agudo.
Vocação Turística: Turismo Ecológico, Romântico, Rural e
de Aventura.
Acessos: Rodovias Presidente Dutra; Carvalho Pinto; Floriano
Rodrigues Pinheiro (SP 123); Osvaldo Barbosa Guisard (SP 46) e SP
50.
Divisas: Campos do Jordão, Pindamonhangaba, São Bento do
Sapucaí, Monteiro Lobato e estado de Minas Gerais.
a) Divisa Municipal LEI 8092 de 28-02-1964
1 - Com o Estado de Minas Gerais: começa no espigão entre as
águas do Rio Preto Pequeno e Ribeirão dos Pilões, espigão que é a
Serra da Mantiqueira, na extremidade da reta ao rumo, aproxi-
madamente Sul, que vem do divisor das águas do córrego Guarda
Velha e Rio Sapucaí-Mirim; segue pela divisa com o Estado de Minas
Gerais até a cabeceira do córrego Distrital, no morro da Jangada.
2 - Com o Município de São Bento do Sapucaí: Começa no morro
da Jangada, na cabeceira do córrego Distrital; desce por este até o
Ribeirão do Lageado, pelo qual sobe até a foz do ribeirão dos Melos.
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3 - Com o Município de Campos do Jordão: Começa no ribeirão


do Lageado, na foz do ribeirão dos Meios; sobe pelo Ribeirão do
Lageado até a foz do córrego dos Sanatórios; continua pelo
contraforte fronteiro, entre o ribeirão do Lageado, à esquerda, e o
ribeirão dos Barreiros, à direita, até alcançar a serra da Mantiqueira.
4 - Com o Município de Pindamonhangaba: Começa na Serra
da Mantiqueira no ponto de entroncamento com o contraforte
entre os Ribeirões dos Barreiros e do Lageado; segue pela Serra da
Mantiqueira até o pião divisor entre os rios Buquira, Ribeirão Boa
Vista e rio Piracuama.
5 - Com o Município de Monteiro Lobato: Começa na Serra da
Mantiqueira, no pião divisor entre o rio Buquira, Ribeirão Boa Vista
e rio Piracuama; segue pela serra da Mantiqueira até cruzar com o
divisor entre o rio Preto Pequeno e Ribeirão dos Pilões; segue por
este divisor até a extremidade da reta de rumo aproximadamente
Sul que vem do divisor das águas do córrego da Guarda Velha e
Sapucaí-Mirim, onde tiveram início estas divisas.

Datas importantes:
Ÿ Abertura da estrada em 1809.
Ÿ Abertura oficial entre as capitanias em 1811.
Ÿ Queima do quartel mineiro em 1814.
Ÿ Anexação à freguesia de São Bento do Sapucaí Mirim em 1827.
Ÿ Freguesia pela Lei provincial nº. 2 de 23 de março de 1861.
Ÿ Distrito de Paz pela Lei nº. 13 de 16 de março de 1880.
Ÿ Anexado a Campos do Jordão pelo decreto Lei nº. 6.867, de
14 de outubro de 1934.
Ÿ Reintegrado a São Bento do Sapucaí pelo decreto lei 14.334
de 30 de novembro de 1944.
Ÿ Elevado a município pela Lei n° 5.285 de 18 de fevereiro de
1959.
Ÿ Criação do município: 26 de Janeiro de 1960 (Decisão STF).
Ÿ Estância climática pela Lei estadual n° 9.714 de 27 de janeiro
de 1967.
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2 Origem do nome

Bairro do Pinhal foi o nome encontrado em documentos de


doação das terras à Capela de Santo Antônio, santo de devoção dos
doadores, o povoado era um bairro de São Bento do Sapucaí.
Sertão de Camanducaia, Sertão de Pindamonhangaba, Quartel
Queimado, foram outros nomes encontrados no início do século
XIX.
Em 1827 com a anexação da região à São Bento do Sapucaí,
passou a chamar-se Bairro do Pinhal, em 1856 com a doação, Santo
Antônio do Pinhal e freguesia em 1861.

Fundação da Freguesia.(Placa)

Os indígenas
Por Alves da Mota Sobrinho

João Ramalho foi dos primeiros sertanistas a


penetrar o vale do paraíba, fato consumado em 1562,
e sobre o que Taunay, Ellis Júnior e Basílio de
Magalhães estão concordes, ao estudarem o fenômeno
do bandeirismo.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 25

Sob o signo de Fálus, o marido de Bartira, no rastro


das guaianases, deu largas a seu instinto de proli-
ferador, contando para isso com as lindas e viçosas
nativas que habitavam o velho vale, onde, à margem
do grande e sinuoso rio, iriam crescer seus rebentos
mamelucos. Um prolongamento da geração de valentes
mestiços, que iniciara em São Vicente, prosseguira no
planalto de piratininga, para de lá fazer espraiar,
por sobre o paraíba, sua torrente geradora de bravos.
Haveriam de engrossar as bandeiras rumo ao oeste
brasileiro. Então, já não se dava caça ao índio, nem se
combatia mais o tamoio, buscavam-se metal e pedras
preciosas, e o século XVII extinguiu-se com as últimas
entradas de preamento.
Antes da corrida do ouro, já muitos dos principais
troncos vicentinos e piratininganos possuíam sesma-
rias e tratos de terra, na futurosa região, para onde se
encaminhavam seus membros.
Os guaianases tinham seu habitat na floresta, em
aldeamentos próximos de cursos de água, ou em
fumas, como as de Alambari, entre Barreiro e Bananal.
Numerosos depósitos de ossadas de cerâmica indígena
são encontradiços ainda hoje em todo o Vale, havendo
preciosos achados de igaçabas, de tigelões de barro, na
cidade de Aparecida, nos quais os desenhos, de surpre-
endente lavor ornamental, superam esteticamente as
formas pouco variadas dos objetos de uso doméstico
ou guerreiro. Os Puris, que habitavam o sertão de
Guaipacaré, onde se levantaria Lorena, eram "mansos
trabalhadores e bons camaradas". Com a invasão do
europeu, eles recuaram para a mantiqueira, procu-
rando, assim, defender-se dos brancos.
Os aborígines do paraíba, a despeito de serem
nômades e viverem à lei da natureza e de deificarem
Santo Antônio do Pinhal
26 De Sertão a Município - 1785 a 2024

suas forças, pareciam saudáveis, sem os vícios imundos


das tribos mais bárbaras, cuja luxúria espantava os
observadores da época, feria a santidade de Anchieta
e obrigava Nóbrega a solicitar ao reino quantas órfãs
tivesse para poder-se constituir família, no rebanho de
homens sob sua guarda. Deles, ainda tínhamos vestí-
gios, no fim do século XVIII. Nas imediações de Areias,
a aldeia de Queluz originou-se em 1802, de uma
redução de Puris que, recebendo terras e meios de
trabalhá-las, abandonaram as brenhas e vieram, com
seu chefe Vuitir, viver ao lado dos poucos civilizados
portugueses e de suas mulheres oriundas de Taubaté,
ali estabelecidos. Minoria branca para mais de uma
centena de bugres a serem assimilados.
Por determinação do governador-geral das capi-
tanias, Mem de Sá, em visita a São Vicente, no ano de
1560, Brás Cubas deixou Santos, acompanhado de Luís
Martins e muitos portugueses e nativos, para abrir na
região o "caminho para o norte", em demanda do rio
São Francisco. Responde a esta ocorrência a confusão
de chamar-se, até hoje, ao vale do paraíba, de norte de
São Paulo. Com o objetivo de mineração, Brás Cubas e o
minerador Luís Martins, em 1540, já tinham explorado
a região, visando alcançar ponto de ligação com as
gerais.
Aberta a rota, por sobre os carreiros dos silvícolas,
marginando sempre o rio, para as alternativas de via
fluvial ou chão firme, a bacia do paraíba seria, dora-
vante, atravessada por expedições, com objetivos
diversos, que iam e vinham: de André de Lion, de
Domingos Rodrigues, de Nicolau Barreto, de Jacques
Félix, de Fernão Dias Pais, de Amador Bueno da Veiga.
Este último propôs-se a fazer "o caminho novo", via
mambucaba, que permitiria passagem de "gados e
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 27

gentes e cavalgaduras carregadas", em deriva para


Angra dos reis, depois do fechamento do caminho velho
ou dos guaianases, por onde o ouro se evadia para o
litoral. A nova via de comunicação transformar-se-ia,
mais tarde, em escoadouro de boa parte da safra
cafeeira dos municípios de Lorena e vizinhos.
Aventureiros, menos ambiciosos uns, cansados
do nomadismo outros, vão sedentarizando-se pelos
arraiais que se formam durante o ciclo do ouro, cuja
febre de mineração elevou-se e se extinguiu no século
XVIII.
A garganta do embaú, entre-rios, passa vinte, o
porto da cachoeira e o sertão de guaipacaré eram 20
pontos de travessia ou de paragem obrigatória das
tropas esfalfadas, os arranchados exerciam economia
de subsistência, exploravam a terra, faziam roças,
desenvolviam pequeno comércio para apoio e abaste-
cimento de viveres às caravanas em busca do ouro
das gerais. Viviam em pequenas propriedades para
famílias pequenas. Os latifúndios surgiram com os
canaviais e engenhos, e mais ainda pela exigência da
lavoura cafeeira do século XIX.
Com o estabelecimento do homem branco, quase
sempre português ou seu descendente, no sertão vale-
paraibano, esboçaram-se as primeiras aldeias e vilas,
numa das principais coordenadas da ocupação do
solo paulista. Apareceram Jacareí, Taubaté, o núcleo
bandeirante mais notável, Guaratinguetá, o ponto-
chave na interseção da rota de Parati, no litoral
fluminense, com o vale do paraíba. Essas vilas eram
oriundas de provisões outorgadas pelo capitão-mor de
Itanhaém e confirmadas pela donatária, a condessa
de vimieiro, através de seu procurador. Os sertanistas
fundavam-nas e seus moradores exploravam a terra
Santo Antônio do Pinhal
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mediante forais competentes. Os foreiros recebiam


lotes de um lado e de outro do caminho marginal ao
paraíba, empurravam, para mais longe, o sertão com
seus Jeromis, gente Bugre, e aí situavam suas criações
e culturas.
O esforço povoador se faz através de muitas con-
cessões, e não raro até religiosos entram com seu
contingente, em nome das fraquezas humanas. A
mestiçagem com o elemento índio, no começo, era uma
contingência. A família branca, reduzida por força das
próprias condições de vida, vegetava em torno de seu
fogo, até que se lhe vem juntar o negro africano, pela
necessidade do braço escravo, para a cultura da cana-
de-açúcar. A vida agrícola já apresentava complexi-
dade e possibilidades econômicas de lucro mais nítidas.
O cruzamento do branco português ou seu descendente,
com mulher de cor, far-se-ia em escala apreciável.
Durante o ciclo do café, não mais como imperativo
biológico ditado pela falta de mulher da mesma raça,
mas como definida inclinação lusa para a africana, em
contraste com a repulsão lusa pelo homem negro com o
branco foi maior ainda. Criou-se um grupo social, o dos
mulatos, graças às virtudes e defeitos dos Lusíadas,
aquelas, naturalmente, muito maiores do que estes.
Mas também formaram-se clãs familiais em que se
casavam primos entre si e até tios com sobrinhas,
como defesa racial e patrimonial, de representantes
do patriciado urbano e rural.
A igreja, em justaposição com a classe dirigente, a
tudo assistia e procurava cumprir sua missão evan-
gelizadora, tão sublimada por Nóbrega e Anchieta no
século XVI. Passada a fase heróica da catequese
intensa, esta representada na figura do pároco, o
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 29

senhor abade tão lusitano com que se honra a família


brasileira nascente, pois um de seus anelos era ter um
membro padre, que, de volta do seminário, assumiria
a função vicarial de sua vila. Muitos deles chegaram à
liderança política, possuíram escravos e até deixaram
descendência.
O milagre do café emerge dessa fácies social e só
foi possível graças ao suor do braço servil. Embora
aviltado pelo tráfico negreiro e por sua condição de
escravos, os negros africanos passaram a viver aqui
melhor do que em seu continente de origem.
O negro robusto foi providencial em inúmeros
empreendimentos, assim como nas funções do eito,
nas domésticas, na construção de estradas, como a
Taubaté - São Luís do Paraitinga - Ubatuba, impres-
sionante serpentina de pedra, com longos trechos
cortados na rocha.
Impossível descrever com palavras o que Deus nos
deu. Os nomes indígenas dos acidentes topográficos
e vilas comprovam a afirmativa: Vila Capivari, Pedra
do Baú, Rio Canhambora, Rio Sapucaí, Bairro
Umuarama, Vila Jaguaribe, Serra da Mantiqueira.

3 Penetração Bandeirante
As Bandeiras Paulistas geraram duas
diferentes atividades ou ciclos: o ciclo da caça
ao índio e o ciclo do ouro, nos quais os tauba-
teanos tiveram importante participação.
As bandeiras, em sua grande maioria,
eram organizadas na Vila de São Paulo e de
lá partiam em direção aos chamados sertões
Santo Antônio do Pinhal
30 De Sertão a Município - 1785 a 2024

de Taubaté (ou Sertões dos Cataguás), região que mais tarde passou
a chamar-se Minas Gerais.
Taubaté transformou-se também em um importante centro de
organização de numerosas bandeiras, algumas de passagem, vindas
de São Paulo, e outras organizadas na própria vila, contando sempre
com a participação de muitos taubateanos.
Em consequência dessa intensa atividade dos bandeirantes
taubateanos, foram fundadas as cidades vale paraibanas e também
as famosas cidades históricas de Minas Gerais. Essa atividade
dos bandeirantes foi a que mais movimentou a vila de Taubaté
projetando-a para outras partes do Brasil, ao mesmo tempo em
que se registrava definitivamente na história nacional.
De passagem por Taubaté, as bandeiras paravam para repouso
e reabastecimento. Era nessas ocasiões que muitos taubateanos –
como eram chamados todos os moradores da vila, nascidos ou não
no lugar – se integravam aos grupos de bandeirantes e seguiam
viagem com eles. Numerosas bandeiras organizadas por tauba-
teanos também se destacaram no ciclo do ouro em Minas Gerais.
Partindo de Taubaté, havia diversas opções para se chegar às
minas de ouro, uma vez que na Serra da Mantiqueira existiam várias
passagens naturais que davam acesso a região das minas. Porém,
a mais utilizada era a Garganta do Embaú, nas proximidades de
Cachoeira Paulista.

4 Os indígenas
Texto interpretado pelos autores, baseado no livro ‘‘A civilização do café’’.

Os Guaianases tinham seu habitat na floresta, em aldeamentos


próximos a cursos de água. Ainda hoje, numerosos depósitos de
restos de cerâmicas indígenas são encontrados em todo o vale,
assim como preciosos achados de igaçabas e tigelões de barro, na
cidade de Aparecida, os desenhos das peças ornamentais superam
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 31

esteticamente as formas pouco variadas dos objetos de uso domés-


tico ou guerreiro.
Os índios Puris eram mansos,
trabalhadores e habitavam o Sertão de
Guaiapacaré, onde posteriormente se
levantaria Lorena. Com a invasão dos
brancos eles se recuaram para a manti-
queira.
Mesmo sendo nômades, os aborí-
gines do Vale do Paraíba respeitavam a
lei da natureza, eram saudáveis e sem
vícios, diferentemente das tribos mais
bárbaras cuja luxúria espantava os
observadores da época. Puris, segundo versão de Rugendas

Com o estabelecimento do homem branco, na sua maioria


português ou descendente, surgiram as primeiras aldeias e vilas no
sertão vale paraibano.
Numa das principais coordenadas de ocupação do solo paulista
apareceram: Jacareí, Taubaté o núcleo bandeirante mais notável
e Guaratinguetá, o ponto chave na intersecção da rota de Parati,
no litoral fluminense com o Vale do Paraíba.
Essas vilas eram oriundas de provisões outorgadas pelo
Capitão-Mor de Itanhaém e confirmadas pela donatária, a
Condessa de Vimieiro, através do seu procurador. Eram fundadas
pelos sertanistas e os moradores exploravam a terra mediante
forais competentes. Os foreiros recebiam lotes de ambos os lados
do caminho que margeava o rio Paraíba e iniciavam suas criações
e culturas, afastando para mais longe os sertões onde viviam os
Jeromis, Puris e gente bugre.
Essa afirmativa é comprovada pelos nomes indígenas de
acidentes topográficos e vilas: Capivari, Rio Canhambora, Rio
Piracoama, Tremembé, Rio Sapucaí, Bairro Umuarama, Vila
Jaguaribe, Serra da Mantiqueira, Taubaté, Pindamonhangaba etc.
Santo Antônio do Pinhal
32 De Sertão a Município - 1785 a 2024

No Bairro Renópolis, município de Santo Antônio do Pinhal,


após a chegada da colônia japonesa em 1929 e com o cultivo da terra,
no que são mestres, foram encontradas machadinhas, bodoques,
cuias e pilões, todos artefatos indígenas e ainda hoje conservados por
alguns dos descendentes dos primeiros japoneses.
No centro urbano da cidade também foram encontrados outros
artefatos, comprovando, assim, a passagem dos índios pela região.
Provavelmente foram os índios Puris, que frequentavam as regiões
altas e frias próximas a Campos do Jordão, conforme relatado nos
diários de viagem de Antônio Knivet, que rememorou a expedição de
Martim Corrêa de Sá em 1530. A expedição partiu do Rio de Janeiro
e percorreu as cabeceiras do Rio Sapucaí.

Artefatos Indígenas encontrados em Santo Antônio do Pinhal


Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 33

Preparando a terra para o cultivo

Caetés: Pertenciam à tribo Tupi e foram os habitantes primi-


tivos da região que abrangia desde o Cabo de Santo Agostinho até
a Foz do Rio São Francisco.

Cataguás: Nome de uma tribo de índios selvagens que habi-


tavam a região de Minas Gerais. O vocábulo “cataguases” é,
portanto, de origem indígena e sua versão mais aceita é prova-
velmente a dos Drs. Diogo Luiz Pereira de Vasconcelos e Napoleão
Reys, que o traduziu por “gente boa”, cuja forma original julga-
vam ser catu-auá.

Outros autores o traduziram por “terra das lagoas tortas” e


“povo que mora no país das matas.”
Santo Antônio do Pinhal
34 De Sertão a Município - 1785 a 2024

5 Os desbravadores

Mapa da Capitania de Itanhaém

Segundo o dicionário geográfico de Saint Adolfhe, as minas de


Campanha do Rio Verde (Itagiba) foram descobertas em 1720, sendo
a freguesia criada quatro anos depois.
A transcrição do documento abaixo confirma esta afirmação,
que está de acordo também com o que disse Inácio Caetano Vieira
de Carvalho, em 1773, que sessenta ou setenta anos antes Gaspar
Vaz da Cunha, chamado Oyaguara, abriu o caminho da Vila de
Pindamonhangaba para o Sapucaí, rompendo as Campinas de
Capivari.
Vale ressaltar que: Itagiba ficava onde hoje é a cidade de
Campanha (MG), garganta do Embaú fica na subida da serra da
Mantiqueira depois de Cruzeiro, campinas de Capivari foi aquele
tempo Arraial que fazia parte da estrada real e hoje é distrito de
Pouso Alto (MG).
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 35

“ O Padre João da Sylva Cavalo, clérico e presbítero


do habito de Sam Pedro; certifico, em como entrei
nestas novas minas de Itajiba, em adjunto com Geraldo
Cubas Ferreira com animo de assistir nellas, e dahi a
hum mês, pouco mais, ou menos; entrou Gaspar Vaz
da Cunha, cujo contando tanta grandeza de Sapucahy,
e com promessas altas, que me fizerão elle dito e outros
mais; me reduzirão a seguir viagem com elles, e como
depois de chegado ao lugar me achasse no engano;
tornei para estas ditas minas, donde estou assistente,
por nellas achar ouro de sobra e com conta pelo que
tenho visto em algumas esperiencias que fis, e pello
ouro, que tenho visto; tem labrado o guarda mor, e
seu genro e camaradas, e o estarem estas minas em
má openião por cuja causa não vem gente a ellas;
foi por cauza de hum cavalheiro escrever cartas a
Tabay, bathe dizendo: não havia ouro nestas minas, e
que estavão bromadas; falço grandiozo, porque ao
contrario tenho visto, e os mais, que aqui se achão, não
tiram sim de uma cata arobas de ouro mas sim tiram
couza que os agrade; e por isso passar na realidade;
juro esta verdade in verbo sacerdotis. Novas minas
de Itajiba em novembro, 3 de 1723 annos. O Padre João
da Sylva Cavalo”.

Sesmaria

Lote de terras devolutas ( inculto ou abandonado) que o Rei de


Portugal concedia ao sesmeiro que quisesse cultivá-la.
Algumas das sesmarias de que se tem notícia nesta região são:
Ÿ 11 de novembro 1785: duas léguas de testada e uma légua
de sertão a José Homem de Mello (- 1840), Agostinho
Santo Antônio do Pinhal
36 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Marcondes do Amaral (1770 - 1844), Manoel de Oliveira


Silva e Joaquim de Oliveira Silva.
Ÿ 27 de setembro de 1790: Inácio Caetano Vieira de Carvalho,
João de Brito Marinho e Manoel José Botelho Mosqueira.
Ÿ 2 de junho de 1795: uma légua e meia de testada e uma
légua e meia de sertão a Manoel Monteiro de Castilhos (1737
- 1807), José Marcondes do Amaral e Manoel Cerqueira
César (- 1839).
Ÿ 19 de outubro de 1795: uma légua e meia de testada por
uma légua e meia de sertão a Domingos Moreira César e
Salvador Leite do Prado.

6 As sesmarias

Penetração bandeirista no território mineiro

A determinação da posição de limite dessas antigas sesmarias,


provavelmente, explica muitas das esquisitices da linha divisória
atualmente respeitada. Vale lembrar, que testada é a parte no alto da
serra em frente a Pindamonhangaba e sertão é a parte que adentrava
sentido oeste.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 37

O nome sertão era utilizado por moradores de Pindamonhangaba,


que usavam a denominação “Sertão da Paraíba”. Os moradores de
Camanducaia, por sua vez, chamavam de “Sertão de Camanducaia”.
Sertão era considerado toda área desabitada, devoluta, desertão.
É importante ressaltar que, o Capitão Mor da Vila de
Pindamonhangaba, Ignácio Marcondes do Amaral, teve grande
influência na doação das cartas de sesmaria, uma vez que irmãos,
cunhados e amigos a obtiveram como um meio para bloquear as
tentativas de invasão no alto da serra por parte dos mineiros.
A mais importante de todas as sesmarias foi a de José Machado
da Silva, de onde gerou o núcleo urbano que é hoje a cidade de Santo
Antônio do Pinhal.

Transcrição do livro de sesmaria

José Machado da Silva, da Villa de Pindamonhangaba.

Terras devolutas no alto da Serra de Parayba nas


cabeceiras das terras de João Gonçalves do Prado e
o Furriel Ignácio Soares de Toledo, do Bairro de
Piracoama entre as testadas da sesmaria do Capitão
Gaspar Nunes de Mendonça e o Tenente Domingos
Marcondes do Amaral e terão de testada três quartos
mais ou menos, entre as testadas dos ditos moradores
e nas sobre quadras dos referidos João Gonçalves e
Furriel Ignácio Soares, principiando a testada do rumo
da sesmaria de Francisco da Silva Moraes, correndo o
sertão conforme os ventos da testada dos acima ditos,
duas léguas, mais ou menos, até um serrote redondo
que fica por de traz da dita serra, onde findará o sertão
(livro de sesmaria nº 30, fls:133V)
Santo Antônio do Pinhal
38 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Essas terras devolutas acima referidas, no alto da Serra da


Mantiqueira (antiga Parayba) tem a sua cabeceira voltada para o
Bairro do Piracoama, na cidade de Pindamonhangaba.

Curiosidade: Uma légua é a medida itinerária equivalente a


3.000 braças ou 6.600 metros. O mesmo que légua de sesmaria.

A nobreza rural esteve bem representada


em Pindamonhangaba:

Ÿ Barão Homem de Mello: Francisco Ignácio Homem de


Mello
Ÿ Barão de Itapeva: Ignácio Bicudo de Siqueira Salgado
Ÿ Barão, depois Visconde da Palmeira: Antônio Salgado
Silva
Ÿ Barão, depois Visconde de Parahybuna: Custódio
Gomes Varella Lessa
Ÿ Primeiro Barão de Pindamonhangaba: Manuel
Marcondes de Oliveira Mello
Ÿ Visconde de Pindamonhangaba: Francisco Marcondes
Homem de Mello
Ÿ Barão de Romeiro: Manuel Ignácio Marcondes Romeiro
Ÿ Barão de Taubaté: Antônio Vieira de Oliveira Neves
Ÿ Barão de Lessa: Eloy Bicudo Varella Lessa
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 39

Mapa de 1766
Santo Antônio do Pinhal
40 De Sertão a Município - 1785 a 2024

7 A divisa entre as capitanias

À medida que a região passou a ganhar importância, surgiu o


questionamento a respeito da divisa entre as duas Capitanias a de
São Paulo, criada em 1714 e a de Minas Gerais, em 1720.
A discussão tomou um caráter geográfico versando sobre o
verdadeiro significado do termo “Serra da Mantiqueira”. Os paulis-
tas admitiram a pretensão mineira da divisão pela demarcação de
Thomaz Rubin, engenheiro mapeador.
Para os mineiros, a Serra da Mantiqueira era o divisor natural de
águas entre o Rio Grande (incluindo o Rio Sapucaí) e o Rio Paraíba,
ou seja, o que separa as águas que correm para o Vale do Paraíba.
Na visão dos paulistas, esse divisor, na parte correspondente
ao Rio Sapucaí Mirim, era a Serra da Paraíba, enquanto que a
Mantiqueira era uma lombada interna que atravessava os dois Rios
Sapucaí e emendava-se com o tronco principal em frente à Vila de
Guaratinguetá.
Segundo os paulistas, o nome “Serra da Mantiqueira” acom-
panhava a crista mais elevada do sistema, ao passo que, no ponto
de vista dos mineiros, acompanhava o principal divisor hidrográfico
de acordo com o uso moderno de divisão.
Acima da serra da Mantiqueira, somente 3 cidades são
paulistas, região historicamente paulista e geograficamente mineira.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 41

8 Os conflitos

Os primeiros conflitos começaram com desentendimentos


entre vizinhos. Em 1796, Inácio Caetano, sesmeiro da Capitania de
São Paulo no atual município de Campos do Jordão, queixava-se que
João da Costa Manso, antigo sesmeiro da Capitania de Minas, havia
aberto caminho até as suas terras. Inácio Caetano atribuiu a esse
ato 'usurpação' por parte dos mineiros, quando na verdade, pode ter
sido apenas um ato de 'conveniência' para a comunicação com os
vizinhos do Rio Sapucaí Mirim, passando por detrás da sua fazenda.
Por volta de 1789, estabeleceu-se um registro mineiro nas
vizinhanças de Itajubá Velho (Soledade), hoje Delfim Moreira, num
lugar chamado “as bicas”, quando houve uma tentativa por parte
do comandante, de sujeitar à sua jurisdição a fazenda de Inácio
Caetano. Logo depois, em 1792, o governo de São Paulo concedeu
diversas sesmarias pelo Rio Sapucaí Mirim abaixo.
Em 1803, as autoridades da Vila da Campanha - Minas Gerais,
tentaram estabelecer um registro na estrada de Itupeva, de modo
que, a fazenda de Inácio Caetano e todas as demais acima da serra
passariam a pertencer às terras mineiras.
Esses conflitos entre paulistas e mineiros cessaram somente em
1862 com a publicação do mapa da Província de Minas Gerais, por
Henrique Geber, quando os mineiros finalmente aceitaram a divisa
imposta pelos paulistas.
Santo Antônio do Pinhal
42 De Sertão a Município - 1785 a 2024

9 Origens do município

Os despachos

Foram encontrados diversos despachos ou correspondências


entre os Comandantes de São Paulo e de Minas, mostramos aqui
alguns deles. Acredita-se que a expressão “subir a serra” tenha sido
criada nesse período, em virtude de determinadas situações em que
a paciência se esgota.
As partes dirigidas ao governo de Ouro Preto aconselhavam o
estabelecimento do registro no “Alto da Serra da Mantiqueira” (para
os mineiros) e “Serrote da Parahyba” (para os paulistas) e tendo-se
obtido ordem do governador de Minas nesse sentido, em julho de
1814 foi aí construído um quartel, conforme escreve o Capitão Mor
de Pindamonhangaba ao comandante do registro de Jagoari:

Despacho do Capitão Mor de Pindamonhangaba.

“A minha noticia chega que Vós Merce. Entrou pelo


distrito desta Vila, e Capitania, sem atenção alguma ao
governo, levantando casas sobre a Serra da Paraíba,
que diz ser quartel, fazendo divisão sua própria contra
as ordem de sua alteza real de tantos de novembro de
1798 em que mandou que cada capitania se conservasse
na sua antiga posse, sem alteração....” “...que com
simulado pretexto de patrulhar mandou entrar pela
Capitania de São Paulo, afim de tomar terras de
sesmarias da mesma, e com interesse particular.”
Continua, “não nos perturbe , e se retire desistindo desse
seu atentado que desde já protesto da parte do governo
desta capitania não consentir que coisa alguma
prejudique o distrito desta vila..” Ignácio Marcondes
do Amaral, 22 de julho de 1814.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 43

Assim respondeu o comandante de Jagoari ao ofício


recebido do Capitão Mor da Vila de Pindamonhangaba.

“Recebi o oficio de V.mce de 22 do corrente e vejo o


seu conteúdo ao que lhe respondo que fui mandado pelo
meu exmo. General para vir por este quartel no logar
em que o assentei, conhecido por todos a Serra da
Mantiqueira, o mesmo exmo. Sr. Me não determinou no
oficio de 20 de junho participasse a V.mce. E por a dita
guarda neste lugar, nem também me diz no dito oficio
faça eu participação alguma ao governo desta
capitania...” Por fim “... E assim, o governo que decida
com o meu General, que é que me mandou, enquanto o
quartel fica armado, e o sr. Capitão Mor se tem poder
o venha por abaixo, e assim passo a dar parte
imediatamente ao meu exmo. General de ter armado o
quartel conforme a sua ordem de 20 de Junho dirigida
pelo Ilmo. Sr. Brigadeiro inspetor da Capitania, que me
determina deixe eu no dito quartel dois soldados, esta
guarda não proíbe a passagem de ninguém, pode
passar por ela quem quiser, só vem evitar os extravios
que prejudicão Sua Alteza Real. Quartel de Santo
Antônio da Serra da Mantiqueira, 25 de Julho de 1814.”

Neste ofício aparece pela primeira vez o nome de Santo Antônio,


referindo-se ao quartel construído pelos mineiros na Serra da
Mantiqueira. Tudo leva a crer que se dava nome de santo a cada
novo quartel. Depois destas correspondências, a Câmara de
Pindamonhangaba obrigou a guarda mineira a se retirar, a 31 de
agosto, presumivelmente antes de ter chegado ao seu conhecimento
o aviso régio expedido poucos dias antes a 22 do mesmo mês
mandando guardar o “status quo”, ou seja, permanecer tudo como
está.
Santo Antônio do Pinhal
44 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Pronunciamento na Câmara de Pindamonhangaba


no fatídico dia 31 de agosto de 1814.

“Exmos e Illmos Srs. -pelo grande vexame que expe-


rimentaram os habitantes do Certão desta Vila Real
com a guarda mineira que proibiu saídas e entradas
dos mesmos sem consistir sair pessoa alguma mesmo
para buscar remédios para enfermos dizendo que
aquele caminho estava tapado e quem quisesse sair
fosse por São Paulo, ou Itajubá tanto assim que nem
a guarda posta por V. Exa. e senhorias consentiram
entrar para render aos que lá estavam nas áreas
proibidas; o que nos obrigou a requerimento do povo
dizimeiro, e Capitão Mor, a irmos a dita guarda e a
ordem de S.A.R. (Sua Alteza Real) fizemos retirar para
os seus limites; e temos assertado que se eles voltarem
como costumam, não irmos lá mais sem divisão de S.A.
Ou expressa ordem de V. Exa. e senhorias porque estes
atentados vão ameaçando guerra pela pouca força e
respeito que temos para com ele sem sermos munidos de
ordens dirigidas a nós com algum militar e disto mesmo
demos parte a S.A.R. Desejamos perfeita saúde e muitas
felicidades a V. Exa. Para o nosso amparo e de todo este
povo vexado e cansados com os assaltos mineiros e por
isso merecedores de isenção de recrutas ao menos até a
decisão de S.A. Sobre este caminho sendo isto aprovado
como de gosto de V. Exa e senhorias a quem deus guarde
por muitos anos.”

O novo quartel ficou abandonado até novembro do mesmo


ano, quando foi queimado por ordem das autoridades de
Pindamonhangaba como consta na correspondência com o governo
de Minas enviado do quartel de Jagoari em 29 de novembro de 1814.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 45

“No dia 28 do presente me deu parte o Capitão


Comandante do Distrito de Camandocaia Manoel
Furquim de Almeida que botaram fogo no quartel que
se fez na Serra da Mantiqueira, e que tudo se queimou, e
que foram mandados os que deitaram o dito fogo pelos
empregados na Câmara da Vila de Pindamonhangaba;
o povo esta muito alvoroçado porque fizeram o quartel
com muita satisfação, e temo haja alguma novidade. A
Câmara está tão atrevida que veio dentro da nossa
Capitania prender Salvador Joaquim Pereira, e condu-
ziram para dita Vila.
Estes homens não respeitam a nada, e como sua
excelência me determina no seu oficio que por ora
nada inove, por esta razão estou aturando semelhantes
insultos, e por temer maior desordem o nosso povo lhe
não tirarão o dito prezo. V.S. Mandará o que for
servido”. - José Pereira Mascarenhas Pessanha, Alferes
Comandante.
Santo Antônio do Pinhal
46 De Sertão a Município - 1785 a 2024

A denominação de “Quartel Queimado” figura ainda nos


documentos datados de 1847 e no mapa de Minas Gerais de 1855.
Ao que parece, ele foi construído exatamente na garganta da
serra onde se encontra hoje a Estação Ferroviária no Bairro Eugênio
Lefévre em Santo Antônio do Pinhal.

Em resumo:
Na região do Alto Sapucahy, depois da ordem regia de 22 de
Agosto de 1814, houve um período de calma relativa. A queixa de
Salvador Joaquim Pereira parece referir-se aos fatos acima men-
cionados e também com relação ao soldado que foi preso pelos
pindenses, na administração anterior.
Em 1809, os mineiros abriram um caminho em terras habitadas
pelos paulistas da Vila de Pindamonhangaba, que já possuíam as
sesmarias na região, mas logo foi fechado pelo então Capitão Mor
Ignácio Marcondes do Amaral.
Em 1811, após um acordo amigável ficou combinado que seria
aberta uma estrada em um lugar denominado Sertão (hoje Rio
Preto) nas terras de Claro Monteiro do Amaral, cerca de 10 km
acima da hoje cidade de Sapucaí Mirim-MG e que seria vigiada por
São Paulo.
Nessa região, hoje denominada Sapucaí Mirim, devido ao rio
que tem esse nome por ser pequeno e que tem sua nascente no alto
da serra, estabeleceram-se diversos moradores protegidos pelo
representante de Minas, o Capitão Manoel Furquim de Almeida,
cujas terras eram reclamadas pelo antigo sesmeiro paulista Inácio
Caetano Vieira de Carvalho, que conseguiu reavê-las em 1813
quando a Câmara de Pindamonhangaba interveio a seu favor.
Em abril de 1814, houve um contra movimento por parte de
Minas Gerais, culminando com a retirada da guarda do local
combinado (guarda velha). Em julho os mineiros instalaram um
quartel no alto da Serra da Mantiqueira, mas foram obrigados a
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 47

retirá-lo em 31 de agosto por ordem da Câmara de Pindamonhangaba.


O quartel ficou abandonado até novembro quando foi queimado pelas
autoridades de Pindamonhangaba.
Com a reabertura da estrada em 1811 ligando as duas capitanias,
a região começou a prosperar. Com a fundação da Freguesia de São
Bento do Sapucaí, as terras do Alto da Serra passaram a pertencer
à nova freguesia.
A certidão escrita pelo Vigário de Pindamonhangaba, datada de
1814, atesta que residiam no Bairro do Cerrano, que confina com
a Capitania de Minas Gerais, sobre a Serra da Mantiqueira, hoje
região de São Bento do Sapucaí e Santo Antônio do Pinhal, ‘‘existia
60 fogos e 270 de confissão” duzentas e setenta pessoas distribuídas
em 60 casas.

Os antigos ranchos tropeiros e aldeias, deram início


a povoados que se tornaram cidades.
Santo Antônio do Pinhal
48 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Independência do Brasil em 1822

Em 1822, quando o então Príncipe D. Pedro I passou por


Pindamonhangaba com destino a São Paulo, dez dos catorze oficiais
residentes na Vila de Pindamonhangaba incorporaram-se à sua
guarda de honra, cinco dos quais pertenciam à família Marcondes.

Cel. Manuel Marcondes de Oliveira e Mello


Capitão João Monteiro do Amaral
Tenente Mor Francisco Bueno Garcia Leme
Sargento Mor Domingos Marcondes Andrade
Alferes Manoel Ribeiro do Amaral
Alferes Adriano Gomes Vieira de Almeida
Antônio Marcondes Homem de Mello
Capitão Benedicto Correa da Silva
Miguel de Godoy Moreira e Costa
Capitão Manuel de Godoy Moreira

Manoel Ribeiro do Amaral

O Alferes Manoel Ribeiro do Amaral nasceu em Pindamonhangaba,


era filho de José Machado da Silva e D. Clara Marcondes do Amaral.
Em 1822 ocupou o posto de Alferes da Guarda de Honra do príncipe
regente D. Pedro I e esteve às margens do Rio Ipiranga, quando
rompeu-se do lábio augusto o brado de Independência ou Morte.
Em 1833 foi eleito vereador da Câmara da então Villa Real de
Pindamohangaba e seu nome figura em todas as indicações pro-
pondo os melhoramentos de que necessitava a sua terra natal.
Herdou, com o falecimento de seu pai, parte na sesmaria onde
hoje é centro urbano de Santo Antônio do Pinhal e lá construiu 10
casas (Vide 1ª e 3ª doação). Em 1871, publicou-se petição de 42
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 49

tropeiros, pedindo nomeação de Manoel para o cargo de Inspetor


do caminho do sul de Minas, Taubaté, para o porto de Ubatuba.
Faleceu a 11 de abril de 1879 na avançada idade de 82 anos.
No Diário do Norte da época, menciona que: “Não era, o finado,
dotado de um espírito cultivado nas letras; mas no nível de suas
luzes era uma inteligência forte e um dos homens de espírito mais
recto e imparcial, a quem conhecemos.”

10 Annais da Câmara dos Deputados, 1827


Consolidada a posse dos paulistas no alto da serra e São Bento
do Sapucaí sendo elevado a categoria de freguesia, à Assembleia
Geral Legislativa decreta no artigo 4º, que:

Art. 4º O distrito da Villa de Pindamonhangaba, acima da serra


da Mantiqueira, ficará pertecendo à freguesia de São Bento do
Sapucahy-Mirim.

O distrito da Vila de Pindamonhangaba, acima da Serra da


Mantiqueira narrado no artigo acima, é Santo Antônio do Pinhal que
até este momento, ainda não possuía denominação oficial. Para os
pindenses; Bairro do Pinhal, para os mineiros quartel do alto da
Serra ou quartel queimado.

11 Os fundadores

As primeiras famílias

Através dos documentos de doação podemos afirmar que os


primeiros habitantes deste rincão de que se tem conhecimento
Santo Antônio do Pinhal
50 De Sertão a Município - 1785 a 2024

foram: José Rodrigues Moreira e Luiza Correa, sogros de Antônio


José de Oliveira. As famílias Theodoro de Carvalho, Ferreira de
Faria, Manoel Ribeiro do Amaral e Antônio José Moreira, que deve
ter algum grau de parentesco com José Rodrigues Moreira.
As famílias Teixeira, Arantes e Siqueira já residiam no povoado,
e ao redor dele, muito antes da data de fundação da paróquia.
A lista das principais famílias que em 1867, já habitavam este
vilarejo, foi retirada do livro de batismo da Igreja Matriz de Santo
Antônio do Pinhal.

As doações para a capela de Santo Antônio

Em 1850, Luiza Correa doa, por escrito, a primeira gleba de


terras a Capela de Santo Antônio. Terras que pertenciam a sesmaria
de José Machado da Silva casado em 1794 com Clara Francisca do
Amaral, também conhecida como Clara Marcondes de Andrade.
Clara era a nona filha do Tenente Domingos Marcondes do
Amaral (irmão do Capitão Mor Ignácio Marcondes do Amaral
doador das sesmarias) e de dona Ana Izabel de Andrade.

A 1ª doação

“Por esta na melhor forma de direito digo os abaixo


assignados Luiza Correa a meu rogo assigna Antônio
José de Oliveira, que muito de minha vontade doam
terras a que corresponder a dez mil réis, doava doação
feita no inventario de Dona Clara Marcondes de
Andrade sendo que comprei as ditas terras a Gustavo
Francisco Berthu a qual houve do Herdeiro Domingos
Marcondes Machado. Para patrimônio da Capella que
esta edificando para o patrimônio de Santo Antônio
neste lugar denominado Pinhal, districto de São Bento
do Sapucahimirim e também no dito lugar o terreno
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 51

das dez casas feitas por Manoel Ribeiro do Amaral e


por Antônio José Moreira no valor de quinze mil reis
sendo para se saber na porteira no outro lugar deste
mesmo citio do dito terreno que corresponde aos ditos
quinze mil reis. Muito de minha livre vontade fiz esta
doação -------que sirva para o referido patrimônio da
dita Capella e para que tenha inteira validade peço as
justiças de sua majestade o Imperador o fação cumprir
como se fosse escritura publica e por ---------falta
alguma das clausulas dêem direito especial estão de
hoje por cumpridas como se dellas fizessem menção,
Pinhal districto de São Bento do Sapucahimirim, aos
vinte seis do mez de junho de mil oitocentos e cincoenta
= Arrogo de Luiza Correa, Gustavo Francisco
Berthould. Arrogo de Luisa Correa, Antônio José de
Oliveira, como testemunha Romão Lemes dos Santos,
Como testemunha da presente Augusto Lemes.”
Os abaixo assignados, procuradores desta Capella
do Santo Antônio do Pinhal declaram que a quantia de
terras de que faz menção este titulo é com aproximação
de cinco alqueires de planta de milho. Capella de Santo
Antônio do Pinhal, quatro de março de mil oitocentos e
cinqüenta e cinco. Gustavo Francisco Berthould = Luis
Manoel Moreira = Antônio José de Oliveira, arrogo de
José Correia de Souza, José Joaquim Ramos de Mello.
Reconheço como verdadeiras as firmas de Gustavo
Francisco Berthould, Antônio José de Oliveira, Romão
Luis dos Santos, Augusto Luis, José Luis dos Santos,
Luis Manoel Moreira, Manoel Joaquim de Oliveira,
José Joaquim Ramos de Mello, as quais se acham
assignadas nos termos e papeis de doação.
Pindamonhangaba, vinte e sete de março de mil
oitocentos e cinqüenta e cinco.
Santo Antônio do Pinhal
52 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Em testemunho da Verdade, .... dou signal Publico


o tabelião interino Candido Marcondes de Andrade
= Numero três cento e secenta réis = Pagou cento e
secenta reis, Pindamonhangaba. Vinte e sete de março
de mil oitocentos e cincoenta e cinco = Marcondes =
Pereira Araújo = Segundo o que se continha de lavrar
nos ditos papeis de doação o que tudo que registrei com
próprios originais numa pasta e dou fé. Eu Francisco
Marcondes de Oliveira , tabelião que as escrevi.

Nesta carta acima descrita, percebe-se a clareza em mencionar


que a doadora Luiza Correa adquiriu as terras de Gustavo Francisco
Berthoud e este do herdeiro Domingos Marcondes Machado, filho
de Clara Marcondes de Andrade.
Também, na data de 26 de junho de 1850, a capela já estava
sendo edificada e que no local, se encontrava dez casas feitas por
Manoel Ribeiro do Amaral e Antônio José Moreira, portanto, os 5
alqueires estavam dentro da área do sítio, mas em outro lugar.

O sertão desconhecido agora virava caminho dos tropeiros e seus muares,


que subiam e desciam a serra com suas mercadorias.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 53

Em 02 de abril de 1852, Luiza Correa dá esta declaração por


escrito:

“Luiza Correa, que sou possuidora de humas terras


no citio dos herdeiros da defunta Clara Marcondes de
Andrade, compra feita do defunto marido pelo tio
berthu de cujas terras breganhei, de hoje para sempre a
quantia que corresponde com cinco mil réis da
avaliacão feita no inventario sendo as ditas terras no
Pinhal no lugar onde existe a Capella de Santo Antônio
e como feito breganhei com Antônio José Moreira a
quem pertencendo hoje em diante a troco de igual teor
no tão mesmo valor de cinco mil réis do mesmo
inventário, sendo este no caminho que vai no citio que
foi de João Ferreira e por constar pedi a Gustavo
Francisco Berthu que esta a fazer a Capella de Santo
Antônio. Douz de Abril de mil oitocentos e cincoenta
e douz = como testemunha que escrevi, Gustavo
Francisco Berthoud = como testemunha José Lemes dos
Santos = Arrogo de Luiza Correa. Romão Lemes dos
Santos = Como testemunha Antônio José de Oliveira”

Caminho entre as Araucárias,


Bairro Renópolis
Santo Antônio do Pinhal
54 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Mais tarde, esclarece a quantia exata da permuta.

“Os abaixo assignados possuidores desta Capella de


Santo Antônio do Pinhal declarão que a quantia de
terras que faz menção este titulo he aproximadamente
de douz e meio alqueires de planta de milho. Capella
de Santo Antônio do Pinhal quatro de março de mil
oitocentos e cincoenta e cinco. Gustavo Francisco
Berthoud = Luiz Manoel Moreira, Antônio José de
Oliveira = Manoel Joaquim de Oliveira = arrogo de
José Correa de Souza = José Joaquim Ramos de Mello”

O defunto marido de Luiza era José Rodrigues Moreira, irmão


de Antônio José Moreira. Aqui, mais uma vez, deixa claro que
Gustavo Francisco Berthould foi o construtor da capela de Santo
Antônio.

2ª doação

Já em abril de 1852, partes das terras de Antônio José Moreira


e de sua mulher, também foram doadas conforme abaixo descrito:

“Por esta e na melhor forma de direito dizemos nos


abaixo assignados Antônio José Moreira e minha
mulher , a meu rogo por mim assigna Antônio Joaquim
de Oliveira, Romão Lemes dos Santos que de nossas
livres vontades doamos terras aqui declaradas para
patrimônio da Capella de Santo Antônio no lugar
chamado Pinhal e porque esta doação tenha inteira
validade pedimos as justiças nacionais as facão
cumprir como se fosse escritura publica e faltando
algumas clausulas ------------as-------------iniciamos
por este ------------como se dellas fizéssemos a primeira
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 55

menção por clareza pedimos a Gustavo Francisco


Berthoud que este fizesse a Capella de Santo Antônio
douz de Abril de mil oitocentos e cincoenta e douz como
testemunha que escrevi = Gustavo Francisco Berthoud
= como testemunha José Lemes dos Santos = Arrogo de
outorgante Joaquim Moreira da Silva = Romão Lemes
dos Santos = Arrogo de Antônio José Moreira, Antônio
José de Oliveira = Numero douz cento e sessenta e seis
= Pagou cento e sessenta réis Pindamonhangaba
dezessete de junho de mil oitocentos e cincoenta e cinco
= Marcondes

Nesse anterior, sublinhamos a palavra “pedimos”, pois então


foi dentro das terras de Antônio José Moreira que foi construída
a capela.

3ª doação

Cinco anos depois da primeira doação, em março de 1855,


outras doações vieram somar o patrimônio da capela que já estava
edificada e desta vez, Manoel Ribeiro do Amaral e sua esposa
Catharina Maria de Jesus doaram dois alqueires.

“Dizemos nos abaixo assignados marido e mulher,


que somos possuidores de humas terras no distrito da
freguezia de São Bento, cujas terras ouvemos por
compra de João Soares de Oliveira, de cujas terras nos
damos o terreno que leva dous alqueires de milho, digo,
de planta de milho, para o patrimônio da Capella do
Santo Antônio no Pinhal, e porque esta doação tenha
validade pedimos a Justiça Nacional a faça cumprir
como se fosse escritura Pública e faltando algumas
clausulas ------------a vemos por declarado como dela
Santo Antônio do Pinhal
56 De Sertão a Município - 1785 a 2024

fizemos menção e por não saber ler e escrever pedimos


a Manoel Azevedo Fernandes que isto por nos fizesse
arrogo assignados Capella de Santo Antônio, aos vinte
de março de mil oitocentos e cinqüenta e cinco. Arrogo
de Manoel Ribeiro do Amaral = Manoel Azevedo
Fernandes = A pedido de Catharina Maria de Jesus =
Gustavo Francisco Berthould. Testemunha presente
Firminiano Monteiro do Amaral = testemunha
presente Manoel da Silva Teles = Reconheço serem
verdadeiras as firmas de Manoel de Azevedo
Fernandes, Gustavo Francisco Berthould, Firminiano
Monteiro do Amaral, Manoel da Silva Teles,
Pindamonhangaba aos vinte e sete de março de mil
oitocentos e cinqüenta digo e cinco. Em testemunho
da verdade estava o sinal público o tabelião interino
Candido Marcondes de Andrade = numero douz,
cento e sessenta = pagou cento e sessenta Reis.
Pindamonhangaba, vinte e sete de março de mil
oitocentos e cinqüenta e cinco = Marcondes = Pereira
Araújo”

4º doação

Também Antônio Theodoro de Carvalho e sua primeira mulher,


Ana Justina de Faria tinham terras dentro da Fazenda Pinhal e
doaram três alqueires para a capela, conforme segue:

“Eu Antônio Theodoro de Carvalho e minha mulher


Anna Justina de Faria, abaixo assignados que é ver-
dade somos senhores e possuidores de uma parte de
terras nesta fazenda denominada Pinhal do distrito da
freguezia de São Bento do termo de Pindamonhangaba
desta dita parte de terras, nos fazemos a doação para o
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 57

senhor Santo Antônio da quantia de três alqueires de


terreno de planta de milho e para o patrimônio do
senhor por ser de muito nosso gosto dar esta terra livre
e desembaraçada nos obrigamos a fazer firme e valiosa
esta doação por vontade de tudo pedimos a Manoel de
Azevedo Fernandes que este por nos fizesse e somente
assigne por meu próprio punho a pedido do collector
que assigna Plácido José de Almeida. Capella de Santo
Antônio Quinze de Junho de mil oitocentos e cincoenta
e cinco = Antônio Theodoro de Carvalho. Testemunha
presente João Baptista da Cunha = testemunha
presente Balduíno Ferreira de Faria = Plácido José de
Almeida = Numero hum cento e sessenta seis = pagou
cento e sessenta reis Pindamonhangaba dezenove
de junho de mil oitocentos e cincoenta e cinco =
Marcondes.”

Estes documentos foram registrados na Vila de Pindamonhangaba


pelo tabelião Francisco Marcondes de Oliveira.

Curiosidade: A Lei de Terras, como ficou conhecida a lei nº 601


de 18 de setembro de 1850, é um documento fundamental para
compreender a organização agrária do Brasil. Ela atendia à evidente
necessidade de organizar a situação dos registros de terras doadas
desde o período colonial e legalizar as ocupadas sem autorização,
para depois reconhecer as chamadas terras devolutas, pertencentes
ao Estado. Esta lei foi de grande importância para a compra e venda
de terras. Antes, a aquisição só era possível através de sesmaria.

Em 1856, Antônio José de Oliveira e sua esposa, Germana


Maria de Jesus, doaram 20 alqueires de planta de milho, no valor de
vinte mil réis à Capela de Santo Antônio, terras que houvera recebido
da herança de seus falecidos sogros, Sr. José Rodrigues Moreira e
Santo Antônio do Pinhal
58 De Sertão a Município - 1785 a 2024

D. Luiza Corrêa, conforme a escritura lavrada no cartório de notas


da Vila Real de Pindamonhangaba, datada de 11 de abril do dito ano.

Escritura de doação que faz Antônio José de Oliveira...

“Saibam quantos este público instrumento de


escritura de doação virem que sendo ao ano de
nascimento de nosso senhor Jesus Cristo de mil
oitocentos e cincoenta e seis, aos 11 de abril do dito
mês, nesta cidade de Pindamonhangaba e sendo ai,
comparecem presente Antônio José de Oliveira
conhecido de mim tabelião, pelo próprio que dou fé e
pelo outorgado doador me foi dito em presença de duas
testemunhas abaixo assignado que este instrumento
faz a doação a Capella de Santo Antônio deste termo,
districto da freguezia de São Bento do Sapucaí- Mirim
para seu patrimonio de uma sorte de terras no mesmo
lugar que existe a capela, na extenção calculada em 20
alqueires de planta de milho no valor de 20 mil réis,
sendo mil réis por alqueire, devendo ficar por divisa
que ora marca: começando em um marco de pedra que
esta afincado na beira do ribeirão que vem do alto da
serra, que vai bordejando o caminho no lugar onde
fronteia um vale perto do 'córrego fundo'; daí segue
pelo rio acima que servirá de divisa, ficando as ruas da
capella para o lado direito até frontear um valo que tem
no espigão próximo a casa de moradia dele doante, e
daí segue dito valo acima, subindo o espigão até o alto
em direção as terras de Manoel José a encontrar com o
valo de João Soares de Oliveira, filho do dito Manoel
José e ficando compreendida toda a vertente para o
lado da capella, até interar os dito 20 alqueires, e se
exceder, fica da mesma sorte doado a dita capela, cujas
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 59

terras ele doante houve parte por herança dos seus


sogros e parte por compra que fez a Gustavo Francisco
Berthoud, o qual possui livre e desimpedido e por isso de
sua livre e espontânea vontade faz doação a dita capela
de Santo Antônio, como por esta escritura doado tem
afim de lhe servir de patrimônio para o que transfere a
dita capela todo jus, posse e domicilio e pede a justiça de
sua majestade que lhe de todo o vigor e faça com que,
e assim me pediu lhe lavrasse este instrumento o que
lhe passei em razão de meu oficio. Neste ato me foi
apresentado pelo doador o conhecimento da sisa, cujo é
do teor seguinte: nº. 75, rua de tal, coletoria do distrito
de Pindamonhangaba, ano financeiro de 1855 a 1856,
as folhas 12 do livro de receita fica estipulado a quantia
de $ 1.200,00 (hum mil e duzentos reis) que pagou o sr.
Antônio José de Oliveira em 11 de abril de 1856 do dito
ano cujo correspondente a $ 20.000,00(vinte mil réis)
importância que fez doação a Santo Antônio de uma
terra no Bairro do Pinhal, distrito de São Bento do
Sapucahy-Mirim.
O coletor Claro Marcondes do Amaral, escrivão
João Nepomuceno de Almeida. E por não ser esta
distribuída, e lavrei, sendo-lhes lida achando-a
contento aceitou, assinou perante as testemunhas de
Miguel Monteiro de Godoy e José Moreira Marcondes
Ramos, reconhecidos de mim, tabelião que escrevi.
Em tempo, declaro: houve por herança de seu
falecido sogro e sogra José Rodrigues Moreira e sua
sogra Luiza Correa e não de Gustavo Francisco
Berthoud, aa. Antônio José de Oliveira, Miguel
Monteiro de Godoy, José Moreira Marcondes Ramos, a
rogo de Germana Maria de Jesus, Claro Monteiro do
Amaral. Esta conforme e dou fé.”
Santo Antônio do Pinhal
60 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Em 6 de julho de 1923, foi escriturada definitivamente pelo


tabelião João José de Aquino a pedido do Padre José Vitta que
oportunamente necessitava da documentação para a venda dos
lotes de terras aos foreiros, no intuito de angariar fundos para a
construção da nova Matriz.
Foram encontradas no 1º cartório de notas de Pindamonhangaba,
livro 11 folhas 58v e 60v.

Escritura de doação que fazem Antônio Theodoro de


Carvalho e sua mulher Anna Justina de Faria, Manoel
Ribeiro do Amaral e sua mulher Catharina Maria de
Jesus e bem assim Antônio José Moreira, como abaixo
se declaram aos 04 de julho de 1856.
No cartório da villa real de Pindamonhangaba,
todos os moradores da capella de Santo Antônio, fazem
doação a Capella de Santo Antônio deste terreno, para
patrimônio do mesmo santo de um terreno de 20
alqueires de milho colocado ao redor da capella que já
se acha medido e demarcada em trezentas e dezenove
braças quadradas e com quatro marcos de pedra,
incluindo-se neste terreno a doação feita pela finada
Tereza Correa, em data de 26 de junho de 1850 e bem
assim incluindo nesta doação que faz Antônio José
Moreira ao mesmo santo em data de 04 de março de
1855 cujos papéis se acham registrados no presente
livro de notas de mim tabelião.
E declaram que por estas escrituras demitiam de si
todos os direitos que tinham em dito terreno, ficando
de hoje em diante e para todo sempre pertencendo para
o patrimônio do dito santo.
Assinando, fazendo a rogo da doadora Anna
Justina, Antônio Marcondes do Amaral, a rogo de
Catharina, Cypriano Gomes dos Santos, a rogo de
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 61

Manoel Ribeiro do Amaral, Manoel de Azevedo


Fernandes.
Testemunhas Martinho de Almeida Salles, João
Chrisosthomo, Francisco Marcondes de Oliveira,
tabelião.

De todo exposto, concluímos que foi nos anos 50 do século XIX


que se deu início ao povoamento em volta da capela que estava sendo
edificada por Gustavo Francisco Berthu (Berthould), e que fizeram
estas doações ao Santo Antônio, terras estas no Bairro do Pinhal,
distrito da freguesia de São Bento do Sapucahy.

Os doadores das terras à Capela de Santo Antônio

Antônio Theodoro de Carvalho e sua mulher Anna Justina de


Faria; Manoel Ribeiro do Amaral e sua mulher Catharina Maria
de Jesus; Antônio José de Oliveira e sua mulher Germana Maria de
Jesus; José Rodrigues Moreira e sua mulher Luiza Correa; Antônio
José Moreira e Tereza Correa.

12 Fim da escravidão

Santo Antônio do Pinhal possuía um grande número de


escravos e mesmo antes da Lei Áurea, em 1888, uma família de
grande importância no então recente distrito dá um exemplo de
humanidade concedendo a liberdade a um escravo, conforme carta
em forma de escritura pública lavrada no cartório local transcrita
a seguir.
Santo Antônio do Pinhal
62 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Carta de liberdade
Publica forma de teor d´uma carta de concessão de liberdade
que fazemos, herdeiros da finada Maria Theodora de Carvalho,
como abaixo se declara.

Saibam quantos este público instrumento virem, que


sendo no anno de nascimento de Nosso Senhor Jesus
Christo de mil oitocentos e oitenta e quatro, nesta
freguesia de Santo Antônio do Pinhal, aos vinte dias do
mês de março do dito anno, em meu cartório me foi
apresentado para reproduzir em publica forma a
carta do modo e teor seguinte: dizemos nos abaixo
assignados filhos e herdeiros da finada Maria
Theodora de Carvalho, que existindo entre os bens
por aquella finada deixados o escravo Benedito, crioulo
que sempre foi da particular estima da mesma, e tendo
nos muitas vezes ouvido da dita nossa mãe que o
escravo por sua morte seria livre em condição alguma.
Queremos como bons filhos e consenciozos cumprir
aquillo que ella o faria senão fosse arrebatada pela
morte repentina, pelo de comum acordo damos e
sedemos, digo e consedemos ao dito escravo Benedito
liberdade em condição alguma para que d´ora em
diante gose de todos os fôros de cidadão livre como
si assim houvesse nascido, e pedimos as justiças do
império dem pleno vigor a este nosso feito que e a
expressão da justiça em favor do mesmo. Santo Antônio
do Pinhal, 20 de março de 1884.
Antônio Theodoro de Faria, Pacifico Theodoro de
Faria, Valério Celestino Fernandes, João Baptista
Ferreira de Faria. Era o que se continha em a dita carta
que me foi apresentada para ser reproduzido por cópia
legal e autentica e ao qual me reporto em tempo declaro
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 63

que no acto desta reprodução assignou o herdeiro


Cândido Theodoro de Faria, o qual não tinha assignado
o original, tendo da mesma bem e fielmente feito e
extrahir a prezente publica forma. Que depois conferi
e concertei com o original e por achá-la em tudo
conforme a subscrevo e assigna em publico e rogo,
entregando-a ao portador juntamente com aquelle
original do que dou fé. Nesta freguesia de Santo
Antônio do Pinhal em dia e hora. Eu José Maria
Moreira escrivão a subscrevo e assigno em público e
rogo.
Em testemunho da verdade.
José Maria Moreira

13 Dados interessantes

Anuário comercial do final do século XIX


Distrito de Paz de Santo Antônio do Pinhal
Lei nº. 13 de 16.3.1880

Ÿ Fazendas, ferragens, armarinhos etc.


Ten. Domingos Granato, Ten. Miguel Derrico, Ten. Luíz
Jacintho da Silva, Ten. Marcolino Jacintho da Silva e Manoel José
da Cunha Brandão.

Ÿ Fazendeiros e lavradores
Maj. Francisco Inácio de Moura Marcondes, Ten. Francisco
Justino Berthoud, Cap. Inoccencio Francisco Ramos, Alfs. Inácio
Dias Chaves Pereira, Ten. José Pereira Machado, João Baptista da
Silva, Miguel Derrico, Luíz Jacintho da Silva, Manoel Vaz Cardoso,
Pedro Valvano.
Santo Antônio do Pinhal
64 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Ÿ Hotéis:
Ten. Joaquim Xavier de Assis César, Joaquim Alves Moreira.

Ÿ Secos e molhados:
Silvestre Dias Moreira, José Diogo de Souza, Olympio Pereira
Leite, Antônio José Vicente Barbosa, Francisco Moliterno,
Francisco Valvano, Francisco Jacintho da Silva, José Cândido
Ramos, André Moliterno, Joaquim Alves Moreira, Ângelo Maria
Granato, Antônio Ferreira Coelho de Andrade, Fabiano Marcílio
da Silva, João Rabello e Cândido Monteiro da Silva.

Ainda consta neste anuário do final do século XIX, por volta dos
anos de 1896 a 1898, que a população do distrito de Santo Antônio
do Pinhal era de 3.000 habitantes aproximadamente.

Administração judiciária Administração religiosa

Ÿ Juiz de paz: Culto católico


1º Antônio F. C. de Andrade Vigário-vago
2º Virgilio S. de O. e Silva Sacristão
3º José Moreira de Castilho José Francisco A. do Carmo

Ÿ Escrivão:
João Climaco E. Dias

Ÿ Autoridades policiais
Subdelegado:
Marcolino Jacintho da Silva

Ÿ Suplentes:
1º Joaquim Alves Moreira
2º Cândido Monteiro da Silva
3º Filipe Leopaldi
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 65

Instrução pública

Ÿ Escola municipal
Professor José Crescêncio P. Santos
Professora Maria Marcondes Salgado

Ÿ Agência de correio
agente Aldina Castro

Comércio, indústria e profissões

Ÿ Armazéns de secos e molhados


Antônio Valvano
André Moliterno
Benedicto Sérgio Pelloreiro
Francisco Moliterno
Silvestre D. Moreira
Manoel José da C. Brandão

Ÿ Hotéis
Benedicto C. P. Moreira

Ÿ Lavradores
Domingos Granato
José Moreira Machado
Miguel Derrico

Oficinas diversas

Ÿ Alfaiates
José da C. Brandão
José Francisco de Assis
Santo Antônio do Pinhal
66 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Ÿ Sapateiro:
José Oliva

Ÿ Fabriqueiro:
Domingos Granato

Transporte de jaca, década de 20

Transporte de Pessoas para Aparecida


Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 67

Os Botões e os Jagunços

Veio a república, aqui comemorada, como não podia deixar de


ser com foguetório, banda de música e criançada na rua, Capitão Luiz
Jacintho da Silva, chefe do partido republicano, ”os Botões” gritando
vivas a Deodoro nas portas das casas das autoridades que, uma a
uma, foram destituídas de seus cargos, sendo nomeados novos
ocupantes. Os depostos formavam o partido liberal, de tendência
conservadora, favoráveis ao império, aqui chamados “Jagunços”
liderados pelo capitão Marcolino Jacintho da Silva.
Conta-se que a rivalidade entre Jagunços e Botões estendeu-se
até o fim do coronelismo e a luta era ferrenha. Quando um candidato
de um determinado lado ganhava as eleições, a banda de música saia
pelas ruas da cidade a comemorar o feito, existia a banda dos Botões
e a dos Jagunços, na ocasião das eleições, o distrito transformava-se
em uma praça de guerra e os candidatos gastavam verdadeiras fortu-
nas na compra de votos dos eleitores que, frequentemente, votavam
no outro candidato, dele também recebendo presentes.
Os coronéis surgiram no Brasil a partir da criação da Guarda
Nacional em 1831, pelo Regente Feijó. Era uma corporação de elite,
composta por elementos de posse, recrutados pela burguesia. Apesar
da obrigatoriedade de servi-la, os elementos que a compunham eram
selecionados, enquanto que o Exército recrutava indiscriminada-
mente para aumentar contingente.
A Guarda Nacional teve papel político importante no meio rural
e era subordinada ao Ministério da Justiça, foi extinta em 1918 e seus
remanescentes passaram a constituir o exército de 2ª linha.
O posto de coronel era ambicionado pelos senhores de terras,
grandes fazendeiros e comerciantes que, depois de nomeados,
compravam patente para poderem exercer a função de chefes, os
coronéis dominavam a política de cada município de modo pater-
nalista e arbitrário, cercavam-se de capangas e protegidos, intro-
metiam-se em todos os assuntos, até na igreja, resolvendo as coisas
Santo Antônio do Pinhal
68 De Sertão a Município - 1785 a 2024

como bem entendiam, dominavam juízes e delegados em relação à


disposição da lei, todos conheciam o lema: ‘‘aos amigos justiça, aos
inimigos aplicamos a lei”.
O coronelismo ou “compromisso coronelista” chegou até 1930,
o compromisso existia entre os chefes políticos e o governo que dava
carta branca ao coronel que dominava o município à vontade, em
troca, recebia apoio político para os candidatos situacionistas, não
sendo o voto secreto o povo votava em quem o coronel mandasse.
Em Santo Antônio do Pinhal, antigo distrito, existiram alguns
de títulos comprados: tenente Domingos Granato, tenente Miguel
Derrico, tenente Manoel José da Cunha Brandão, major Ângelo
Maria Granato, major Francisco Inocencio de Moura Marcondes,
tenente Francisco Justino Berthould, tenente José Pereira Machado,
tenente Inácio Dias Chaves Pereira, tenente Joaquim Xavier de Assis
César e outros, mas os mais influentes foram o capitão Luiz Jacintho
(chefe dos Botões) e seu irmão capitão Marcolino Jacintho (chefe dos
Jagunços) que eram os mandões do lugar.
Em especial o capitão Luiz Jacintho (Porfírio) não chegou a
comprar o título de coronel: não fez diferença, o poder político dele
veio do poder financeiro. Foi a seu tempo o homem mais rico da
região, nunca foi de ostentar o status adquirido, algumas vezes fora
confundido como trabalhador do patrão, para alguns era capitão
para outros Nhô Luiz. Especulava financeiramente, com boa mar-
gem de juros nas letras de crédito, a prata legítima e a libra esterlina
estavam aqui.
Alguns dados encontrados, mostram ser ele possuidor de
enorme quantidade de terras, assim, seria hoje o dono de 40% do
território de Santo Antônio, na época, parte de suas terras estavam
no que hoje são Campos do Jordão e São Bento, sem contar, terras
em Paraisópolis (MG) e sobrados em São Paulo (capital).
De volta as eleições, os daqui auxiliavam os de São Bento do
Sapucaí, onde existia a câmara municipal. A história registra o grupo
de coronéis que dominaram a cidade de São Bento e o distrito de
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 69

Santo Antônio, alguns alternando o poder e outros perpetuando-se


nele, como o caso do Coronel Manuel Marcondes da Silva que foi
presidente da câmara por mais de 30 anos. Como chefe político dos
Botões, com sua influência, elegeu por várias vezes, toda a câmara,
governando sem oposição, expulsou um juiz de direito a toque de
caixa e foguetes, mandava e desmandava, o juiz veio despachar no
distrito de Santo Antônio do Pinhal onde permaneceu algum tempo,
antes de ir embora solicitou apoio do estado.

14 Família Jacintho da Silva

Banda do Capitão Luís Jacintho da Silva


Os integrantes da banda em pé esquerda para direita: Benedito dos Santos, (?), (?), Acilino
F. do Carmo, (?), (?), (?), (?), Miguel Derrico, Artur Carlos de Andrade, Domingos Granato.
Sentados no meio: José Lourenço Derrico, Pedro Antônio Valvano, Sebastião de Almeida
Morais, João Rabelo, Tunico Granato. Sentados na frente: Nicolino Granato, João Jacintho
da Silva, Paulino Granato, Rosa Bartolomeu Granato, (?), (?). (algumas pessoas não foram identificadas)

Por volta do final do século XIX, na freguesia de Santo Antônio


do Pinhal, surgiu a família Jacintho da Silva, que até os dias atuais
Santo Antônio do Pinhal
70 De Sertão a Município - 1785 a 2024

possui grande influência na política local. Um exemplo dessa afir-


mativa é o fato de vários ex-prefeitos e várias autoridades locais
serem descendentes do mesmo tronco Jacintho da Silva.

Capitão Luís Jacintho da Silva

Nasceu dia 7 de julho de 1857 em São José de Toledo (MG),


faleceu em sua residência em Santo Antônio do Pinhal em 8 março
de 1933, chegou na freguesia de Santo Antônio do Pinhal prova-
velmente na década de 70 do século XIX com sua mãe e seus irmãos,
sua mãe tinha origens aqui, seu pai faleceu na guerra do Paraguai
quando seguia de Mato Grosso rumo a Laguna-Paraguai, saíra de
Ouro Preto (MG) pelo 17º batalhão de voluntários da pátria. A Luiz,
o fato de ser um ótimo negociante e comerciante, possibilitou-lhe
comprar imensas glebas de terras.
Capitão Luís Jacintho, casou-se em 1877 com Constância
Theodora de Carvalho (neta de Gustavo Francisco Berthould) era
considerado o homem mais rico da região, foi o líder do partido
republicano no distrito, cuja alcunha era “Partido dos Botões”, dada
à ostentação dos botões dos jalecos dos militares que proclamaram
a República em nosso País.
Também era mantenedor de uma
banda de música que concorria com a
banda de seu irmão. Com o seu faleci-
mento em 1933 a Igreja Matriz estava
com crédito, graças à avultada doação
de 10 contos de réis. Tal quantia foi
entregue à caixa da igreja pelos filhos do
capitão Luís que prometeu e cumpriu.

Ao lado sua esposa Constância


Theodoro de Carvalho
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 71

Capitão Luiz, Nhô Luiz ou Porfírio como ficou conhecido, foi


muito influente e pouco vaidoso, não gostava de tirar fotos e não
comprou o título de capitão, recebeu-o pelo seu poder financeiro.

Capitão Marcolino Jacintho da Silva

Nasceu em 1855 batizado em São


José de Toledo (MG) e faleceu em seu
domicílio neste distrito em 10 de maio
de 1927. Casou-se com Maria das Dores
em 1873 e deixou inúmeros descen-
dentes no município. Grande líder da
política local e do “Partido dos Jagunços”
(denominação dada aos simpatizantes
do Partido Liberal, que apoiavam a
Monarquia).
Possuía grande quantidade de
terras no município e tinha também
uma banda de música que concorria
diretamente com a de seu irmão.

Banda dos Jagunços 1905


Santo Antônio do Pinhal
72 De Sertão a Município - 1785 a 2024

15 O comércio local

No início do século XX, Santo Antônio do Pinhal já possuía


uma população de aproximadamente três mil pessoas, sendo que
a maioria vivia na zona rural. O bairro do Rio Preto era o mais
populoso.
A igreja matriz era o coração do distrito e ao seu redor estavam
instalados os poucos comércios, cuja procura maior era nos finais
de semana quando havia missa dominical.
Como não havia automóveis na região, os meios de transporte
dos sítios para a vila eram os cavalos, as charretes e as carroças.
A rua principal e em torno da matriz eram locais disputadís-
simos para a parada dos cavalos e dos demais meios de locomoção.
A riqueza era ostentada pelas selas ornamentadas com chapas
trabalhadas em metal valioso e selim de prata maciça.
A pacata vila já contava com uma pensão, correio, alguns
armazéns e uma escola pública, como descreve o anuário.
Encontramos um anúncio sobre a pacata Villa no ALMANACK
DE SÃO PAULO-1895/96/97, apresentado a seguir.

Imagem ilustrativa
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 73

Interessante artigo publicado pelo ALMANACK DE SÃO PAULO-1896-1897


Santo Antônio do Pinhal
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Interessante artigo publicado pelo ALMANACK DE SÃO PAULO-1896-1897


Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 75

Interessante artigo publicado pelo ALMANACK DE SÃO PAULO-1896-1897


Santo Antônio do Pinhal
76 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Interessante carta de Monteiro Lobato-1895- à sua mãe que estava tratando da


saúde no antigo distrito de Santo Antônio do Pinhal. Sua mãe D. Olímpia Augusta
Monteiro é filha de José Francisco Monteiro - Barão e Visconde de Tremembé.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 77

16 Religião

Afrescos e vitrais da igreja de Santo Antônio do Pinhal-SP

EXPLICAÇÃO DOS AFRESCOS E VITRAIS DA IGREJA MATRIZ:

Ÿ 1º EUCARISTIA: cacho de uva-vinho, a chama da fé, JHS = JESUS HOMEM E SENHOR


Ÿ 2º OS EVANGELISTA:
Ÿ A) MATEUS ERA COBRADOR DE IMPOSTOS É SIMBOLIZADO PELO ANJO QUE O INSPIRA A BUSCAR NO VELHO
TESTAMENTO A JUSTIFICATIVA DA VINDA DO MESSIAS.
Ÿ B) MARCOS É SIMBOLIZADO PELO LEÃO, A PERSISTÊNCIA E O EMPENHO NA PREGAÇÃO DO EVANGELHO.
Ÿ C) LUCAS É REPRESENTADO PELO TOURO, A FORÇA E MAGESTADE, ELE ERA MÉDICO.
Ÿ D) JOÃO É SIMBOLIZADO PELA ÁGUIA, AQUELE QUE VÊ DO ALTO O PANORAMA DO MUNDO - O APOCALIPSE.
Ÿ 3º O PELICANO QUE NÃO DEIXA SEUS FILHOTES MORREREM DE FOME, ENTÃO ELE SE FERE PARA QUE SE
ALIMENTEM DE SEU SANGUE, SIMBOLIZANDO O DESPRENDIMENTO DO AMOR AO PRÓXIMO, AS LETRAS P E X
SIMBOLIZAM A PAX- A PAZ.
Ÿ 4º O CRUCIFIXO E O CORAÇÃO COM A COROA DE ESPINHOS REPRESENTAM O SACRIFÍCIO EXPIATÓRIO DE CRISTO,
O RAMO DE LÍRIO SIMBOLIZA PUREZA E SANTIDADE.
Ÿ 5º ALFA E ÔMEGA = O PRINCÍPIO E O FIM = CRISTO, O P DE PAI, DEUS, E O M DE MARIA É MÃE.
Ÿ 6º OS VITRAIS MOSTRAM À ESQUERDA, SANTO ANTÔNIO FERNANDO DISTRIBUINDO PÃO AOS POBRES E
CARENTES E NO OUTRO, À DIREITA O HOMEM QUE NÃO O RECONHECEU COMO SANTO E SEU BURRO AJOELHA E
REVERENCIA SANTO ANTÔNIO.
Santo Antônio do Pinhal
78 De Sertão a Município - 1785 a 2024

A Igreja

Em 27 de novembro de 1883 dá-se início oficial ao livro tombo


da matriz de Santo Antônio do Pinhal, cujos registros eram feitos
anteriormente em cadernos de anotações.
Já se tem comprovados através de documentos que, por volta de
1850 já existia uma capela no Bairro do Pinhal, distrito da freguesia
de São Bento do Sapucaí. Com a elevação de capela à paróquia, em 23
de março de 1861, o italiano Francisco Cardelli torna-se o primeiro
padre da nova freguesia de Santo Antônio do Pinhal.

A primeira Igreja 1905

Consta no livro tombo nº. 1, datado de 7 de outubro de 1883


que: “péssimo estado e abandono em que se acha a Matriz. Falei e
enxotei ao povo e nomeei um tesoureiro e um administrador das
obras precisas ao reparo na pessoa do cidadão do tenente José
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 79

Innocencio A. Bitterncourt e em seguida fomos esmolando e tra-


tando dos concertos...”.
Francisco Monteiro César pediu demissão do cargo de vigário
da matriz, que foi anexada à freguesia de São Bento do Sapucaí.

Os primeiros casamentos de Santo Antônio do Pinhal.

Conforme encontrado no livro nº 1 de casamentos de Santo


Antônio do Pinhal de 1867 a 1879:

03 de Janeiro de 1867
Victoriano Ramos do Nascimento de São Bento do Sapucaí com
Victoriana Maria de Oliveira de Jagoary - Minas. O Vigário foi José
da Silva Figueiredo Caramuru.

11 de Janeiro de 1867
Procópio Lemes dos Santos, filho de Francisco Lemes dos
Santos e D. Generosa Maria de Jesus, com Maria Francisca de Jesus
filha de Manoel Ribeiro da Silva e D. Alexandrina Maria de Jesus.

29 de Agosto de 1871
Antônio José de Oliveira, filho de Antônio José de Oliveira e D.
Germana Luiza da Conceição, com Gertrudes Maria da Conceição,
filha de João Leonardo dos Santos e Delfina Maria de Oliveira.

20 de Agosto de 1873
Marcolino Jacintho da Silva filho de Júlio Jacintho da Silva e
Maria Clara dos Santos, com Maria das Dores filha de Honório
Maranje e Verônica Maria de Jesus.

15 de Maio de 1877
Luís Jacintho da Silva filho de Júlio Jacintho da Silva e Maria
Clara dos Santos, com Constância Theodora de Carvalho filha de
Antônio Theodoro de Carvalho e Constância Francisca Berthoud.
Santo Antônio do Pinhal
80 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Os primeiros batizados registrados

Como não existia registros de batismo, a partir de 1885 iniciou-


se um 'livro de batismo' e na medida do possível e conforme a
necessidade, foram registrados batismos desde 1850.
Abaixo, dois exemplos de registros transcritos do livro de
batismo.

Antônio
“Manoel Ribeiro do Amaral e a senhora Gertrudes
Alves Monteiro, pessoas fidedignas e depois de
prestarem juramento, declararam que Antônio, filho
legitimo de Francisco Alves Moreira e de D. Maria
Benedita de Jesus, fora batizado na matriz desta
paróchia de Santo Antônio do Pinhal no ano de 1862
pelo reverendo vigário Nicolao. Sendo padrinhos
Antônio Alves Cardoso, já falecido e a declarante
Gertrudes Alves Monteiro e como não se fez o
lançamento do dito assento no livro competente,
por autorização de s. Exª senhor bispo diocesano,
concedido por despacho de 07 de fevereiro de 1885,
tomei por termos declaração acima referida para abrir
o presente assento que firmo. Vig. Joaquim Antônio
Siqueira.”

Francisco
“Aos dez de junho de 1889 compareceram em minha
presença Manoel José da Cunha Brandão e José Maria
Moreira, os quais depois de prestarem juramento,
declararam que Francisco, filho legitimo de Joaquim
Fernandes de Azevedo e de Cândida Christina da Cunha
foi batizado nesta matriz de Santo Antônio do Pinhal
em 1862 ou 1863 e que foram seus padrinhos Manoel
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 81

Fernandes de Azevedo e Manoela da Silva Franca. Fiz


este assento por não achar livros de batismo daquelle
annos. Vig. Domingos Perrone”.

Igreja em obras 1920

Pela provisão episcopal de


28 de abril 1917, foi nomeado
vigário da paróquia de Santo
Antônio do Pinhal, o Rev.
Padre Estevam Masl, que
tomou posse no dia 2 de maio
do mesmo ano e tendo como
testemunhas do ato os Srs.
Cândido Monteiro da Silva e
Antônio Ribeiro Pimenta.

Segunda igreja
Santo Antônio do Pinhal
82 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Em 8 de julho de 1917, foi aprovada a comissão nomeada para


a construção de uma nova matriz, pois a existente já se encontrava
em estado bastante precário.
No início de 1918, houve uma nova provisão e o Padre Estevam
Masl manteve-se no cargo de vigário desta paróquia. No cargo de
fabriqueiro, o Sr. Cândido Monteiro da Silva e como sacristão o Sr.
Antônio Ribeiro Pimenta.
Nos moldes da primeira igreja, com duas torres, as obras
ficaram estagnadas por falta de verbas, até que parte do telhado e
uma de suas torres desabaram com as intensas chuvas.

Bairros e moradores em 1917

Capóra: hoje entre Sertãozinho e Boa Vista


Sertãozinho: o mesmo
Bixiguento: São Judas Tadeu, entre José da Rosa e Lageado
José da Rosa: o mesmo
Barreiro do Rio Preto: Barreirinho Rio Preto
Rio Preto: o mesmo
Da Barra: no Rio Preto
Mellos: o mesmo, hoje Campos do Jordão
Lageado: o mesmo
Fazenda do Pinhal: o mesmo no Rio Preto
Mouras: Machadinho saída para José da Rosa
Morro Grande: o mesmo
Barreiro do Lageado: o mesmo
Cassununga: o mesmo
Paiol Velho: o mesmo, hoje pertence a São Bento do Sapucaí
Fazenda Miguel Derrico: Rio Preto de baixo, subida para
Maria Bela.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 83

A terceira e última igreja

Com o desabamento de grande parte da construção, o Revmo.


Bispo ordenou que fosse demolido o restante para dar início a uma
nova obra, dessa vez mais sólida e acompanhada por um técnico.
O arquiteto Francisco D'Arace elaborou uma planta de 10 x 13,50
metros e foi contratado para supervisionar a obra.
Em 1924 iniciou-se então a construção da nova matriz, foi feita
uma grande festa para a colocação da primeira pedra.
Em artigo no periódico “O Pinhalense” de 15 de maio de 1925, o
então vigário encarregado Padre José Vitta, coloca à venda alguns
lotes de terras da capela para angariar fundos para terminar as obras
da matriz, conforme descrito:

Aviso
Aos foreiros de Santo Antônio do Pinhal.
“Sendo impossível pela grande falta de recurso,
prosseguirem os trabalhos da nova matriz em
construcção, o Exmo. Sr. Bispo autorizou-me a vender
uma parte dos terrenos do patrimônio e empregar o
producto em beneficio das obras da matriz, como os
terrenos estão todos aforados, venho communicar aos
illustres foreiros a nova resolução e que os terrenos de
hoje em diante serão vendidos a quem mais vantagem
offerecer. Os foreiros têm uma certa preferência na
compra. Porem, uma vez que não queiram comprar e
nem desistir para que se possam vender a outros, dar-
se-á a desapropriação, conforme o regulamento da
fabrica que diz.. “ficando a fabrica desta egreja com
pleno direito ao domínio directo e desapropriação do
mesmo terreno no caso de necessidade ou utilidade da
egreja, com direito as indenizações das benfeitorias
existentes”.
O encarregado – Pe. José Vitta
Santo Antônio do Pinhal
84 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Com essa iniciativa tomada pelo Padre José Vitta, o centro de


Santo Antônio passava das mãos do santo, representada pela igreja,
para particulares, principalmente os foreiros.
Foreiro, segundo Aurélio Buarque de Hollanda é: quem paga
foro; aquele que tem domínio útil de um prédio, por contrato.
Naquela época, sendo a Igreja possuidora das terras recebidas
por doação e com os povoados que cresciam ao redor da capela, ela
cedia parte de seu domínio a particulares que pagavam um tributo
para a sua utilização.
Este domínio poderia ser transmitido por herança, mas sem a
documentação necessária, pois a propriedade continuaria sendo da
Igreja. Sendo a paróquia de Santo Antônio pobre e não podendo
contar com o pagamento regular dos foros, e muito menos com
grandes doações para a construção da nova matriz, algumas pessoas
tomaram a iniciativa para a compra do respectivo terreno.

A nova matriz de Santo Antônio do Pinhal

Artigo do Organ Independente O Pinhalense


em 15 de maio de 1925

“Grande tem sido a luta sustentada pelos encar-


regados da construção da nova matriz. Dificuldades de
toda espécie, mil obstáculos se tem apresentado mas,
até o presente, por uma graça do céu, não foi necessário
parar, apesar de o serviço ser tratado com grande
morosidade, pela grande falta de recursos.
A nova matriz a esta hora já poderia estar coberta
e por conseguinte servindo, se não fosse o grande e
condenável indiferentismo da maior parte da popu-
lação desta paróquia e principalmente dos habitantes
da sede, com honrosas exceções.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 85

A princípio, era voz unânime que todos estavam


prontos para concorrer na medida de suas posses, para
a realização do ideal: a construção de nossa igreja;
mas, infelizmente tal não sucedeu, como todos tiveram
ocasião para presenciar, não sabemos qual o motivo; o
lugar estava há cinco anos desprovido de igreja, assim
nos expressamos, porque a que existia não preenchia as
condições exigidas ou necessárias para um templo;
o povo não cessava de reclamar, pedindo a construção
de uma nova igreja, esse, diziam todos, era o veemente
desejo dos habitantes desta paróquia. Que contraste!
A princípio, desconfiados, queria ver o início da obra;
vieram-no, depois muitas outras desculpas, sem razão
de ser, e afinal, parece que estão resolvidos a não
contribuir com o que prometeram. Uma ingratidão
para com a Igreja e uma nódoa na consciência daqueles
que assim procedem!
Negar uma esmola prometida, para a construção
de uma igreja é, sem dúvida, uma falta grave perante
Deus! Os encarregados, com grandes trabalho, só
conseguiram arrecadar a importância de 21.807$900,
sendo que até a época presente as despesas são supe-
riores a arrecadação. Essa arrecadação foi feita
durante o largo prazo de um ano e daqui em diante há
pouca esperança se o povo não mudar de orientação.
Há ainda 15 contos prometidos, mas pensamos que
ficam só em promessas... E como tal não podemos
contar com eles. Estamos na triste e dolorosa contin-
gência de ser preciso parar o serviço, há duas semanas,
que a caixa esta desprovida do necessário para o
pagamento e assim continuando, os encarregados
outra coisa não podem fazer senão suspender o serviço
por algum tempo.
Santo Antônio do Pinhal
86 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Que Deus não permita tal coisa, porque seria


talvez um fracasso! Só faltam dez a 12 contos, para
pôr a igreja em condição de ser utilizada. A quantia é
pequena; não haverá nesta terra a possibilidade de
arranjar a importância mencionada?
Apelamos para os filhos deste lugar, e eles nos
respondam! Apelamos para o nobre sentimento deste
povo! Unidos todos pelo sentimento de patriotismo,
poderão, se quiserem, arranjar muito mais. Por isso,
os encarregados da árdua tarefa esperam e contam
com a máxima boa vontade de todos”.

Inauguração 1929

Inauguração em 1929

Comemorativo 1929
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 87

Major Ângelo Granato acompanhando a inauguração da igreja, em 1929

Padre Vitta

Nasceu em 23 de março de 1895, em Sapucaí Mirim cidade


mineira antes conhecida como Santana do Sapucaí Mirim, e foi
batizado em São Bento do Sapucaí. Viveu sua infância na fazenda de
seus pais, Donato Vitta e Maria Leopoldina Ferreira e, em 1909
ingressou no Seminário Menor de Pirapora de onde se transferiu
para o seminário de Taubaté em 20 de fevereiro de 1911.
A bênção e vestição de batina teve lugar em 17 de fevereiro de
1915. Em 19 de setembro de 1917, D. Epaminondas Nunes de Ávila
e Silva conferiu-lhe as quatro ordens menores. Em 16 de março de
1918 foi-lhe conferida a ordem do subdiaconato, e no dia seguinte a
ordem do diaconato, também por D. Epaminondas que nessa época
encontrava-se muito doente, já desenganado por doença cardíaca,
mas recuperou-se, pois Deus ainda lhe reservava uma missão.
Santo Antônio do Pinhal
88 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Pe. José Vitta passava férias na fazenda de seu pai, e de lá andava


nove quilômetros a cavalo até a paróquia de São Bento do Sapucaí.
Numa dessas andanças encontrou um menino pobre que queria
ser padre mas não tinha recursos. Pe.Vitta conseguiu autorização do
bispo diocesano para que ele não pagasse as anuidades. O menino
passou a frequentar as aulas para os vestibulares do seminário em
Taubaté, tendo sido aluno do Professor Plínio Salgado, o grande
escritor e político católico de São Bento do Sapucaí. Foi aprovado e
ingressou no seminário de onde saiu, anos mais tarde, como o maior
orador sacro brasileiro: D. Antonio de Almeida Moraes Jr.
Ainda hoje, quem vai pela variante do Bairro José da Rosa em
direção a Sapucaí Mirim, em estrada de terra, depois de atravessar
uma ponte de concreto na divisa de estado, encontra à direita uma
tosca moradia com os dizeres: “aqui nasceu D. Antonio de Moraes,
Arcebispo de Niterói.
Pe. Vitta foi ordenado em 20 de abril de 1919, em solenidade
presidida pelo núncio apostólico no Brasil, D. Ângelo Giacinto
Scapardini, pois D. Epaminondas encontrava-se ainda enfermo.
Sua primeira designação foi para lecionar no antigo Colégio
São Miguel, em Jacareí, em 1920. No início de 1922 foi nomeado
vigário cooperador de Caçapava e dali transferiu-se para Lambari,
Minas Gerais.

As irmãs do padre Vitta, Nicolino Granato, José Lourenço de Castro


e Paulino Granato... o menino é desconhecido.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 89

Em maio de 1924 sofreu uma hemoptise e retornou à fazenda de


seu pai, onde foi recebido por Angelina, sua madrasta, recuperou-se
e foi para a casa de sua irmã em Pindamonhangaba, onde passou a
prestar serviços ao pároco João José de Azevedo.

Foto de 1924 em frente a 2ª igreja que foi demolida meses depois: Nicolino Granato,
padre Vitta, Paulino Granato, as irmãs do padre, Mariquinha e Cotinha,
José Lourenço de Castro, Luiz Granato e o menino desconhecido.

Foi designado por D. Epaminondas a prestar serviços em Santo


Antônio do Pinhal e com a ajuda do povo, construiu a igreja matriz,
inaugurada em 1929.
Nessa época, as obras da E. F. Campos do Jordão já chegavam
até a estação de Eugênio Lefévre, a poucos quilômetros de Santo
Antônio do Pinhal. Em 1925, guiado pela providência, comprou uma
casa na Vila Abernéssia em Campos do Jordão, onde passou a morar
com suas duas irmãs solteiras conhecidas por Mariquinha e Cotinha.
Lá iniciou sua grande obra, no dia 7 de setembro de 1954, foi
agraciado por decreto do Papa Pio XII com o honroso título de
Monsenhor Camareiro Secreto de Sua Santidade, na presença do
governador Lucas Garcez. Em 30 de abril de 1959 recebeu o título de
Cidadão Honorário de Campos do Jordão.
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90 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Faleceu em Campos do Jordão no dia 13 de dezembro de 1972,


às 23h45, assistido por suas irmãs chefiadas por Odete Freire e pelos
seus médicos e amigos os Drs. Franklin A. Bueno Maia e Alfonso
Chung Zumaeta.
Em sua homenagem póstuma, em Campos do Jordão a via de
acesso ao Sanatório São Vicente de Paulo passou a ser denominada
“Rua Monsenhor José Vitta” assim como a Escola de Primeiro Grau
de Vila Abernéssia que também recebeu o seu nome.
Apagara-se uma luz na terra, e mais uma começou a brilhar no
céu!

Monsenhor José Vitta, década 1970.


Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 91

Igreja de São Benedito

No dia 21 de março de 1947, Domingo de Ramos, foi dada a


benção solene da 1ª pedra da Igreja de São Benedito, nesta paróquia,
por delegação especial do Exmo. Sr. Bispo.
Um ano depois a igreja foi inaugurada, marcada por empolgante
manifestação de fé que iniciou com a procissão da qual faziam parte
cinquenta pessoas da Irmandade de São Benedito.
Foi um dia inolvidável para todos os pinhalenses, e culminou
com a celebração da primeira Missa celebrada pelo Pe. Sebastião
Hugo Santana, o então vigário, e participação em massa da comu-
nidade.

Inauguração Igreja de São Benedito, 1948


Santo Antônio do Pinhal
92 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Casa Paroquial

Quando faleceu o vigário paroquial, Pe. Estevam Masl, deixou


para a diocese um terreno e uma casa. Encontrando-se em péssimo
estado de conservação, a casa foi vendida com a devida licença da
autoridade diocesana e o dinheiro empregado na construção da
matriz.
No final da década de trinta foi construída uma nova casa
paroquial com oito quartos em um terreno mais próximo da matriz.
Existia na casa paroquial antiga, apenas uma mesa de jantar
rude, uma cama velha e cobertor, uma cama de arame, uma mesa
velha e estante simples.
Com auxílio de amigos, filhos de Santo Antônio residentes em
Pindamonhangaba, foi providenciado tudo o que era necessário
para acomodar decentemente um vigário. Em 1944, foi inaugurado
um pequeno salão ao lado da casa paroquial para as associações
religiosas utilizarem em reuniões de trabalho e de lazer.
Recentemente, o Cônego Pedro Alves dos Santos, conhecido
carinhosamente como Padre Pedrinho, Pároco da Matriz desde 5
de janeiro de 1991, reformou por completo a antiga casa paroquial,
transformado-a em um amplo sobrado para receber padres e
visitantes.
Como a Igreja Católica faz parte da historia da cidade, esta
diretamente ligada ao contexto do livro. Mas nem todos professam a
religião católica, então, igrejas evangélicas foram se instalando na
cidade com decorrer dos anos, tais como: Congregação Cristã do
Brasil, Quadrangular, Assembleia de Deus, Testemunha de Jeová,
Batista e Adventista que hoje agrega grande número de fiéis.
Santo Antônio do Pinhal
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17 Os imigrantes

Os Italianos

Com o sonho de fazer riqueza na América, desembarcaram no


Brasil no final do século XIX, dezenas de famílias de italianos que
vieram trabalhar nas plantações de café no Vale do Paraíba e Sul de
Minas Gerais, mas, por motivos diversos, abandonaram as fazendas
e se instalaram neste distrito. Com o passar dos anos essas pessoas
transformaram-se em pontos de referência como comerciantes e
agricultores, das quais destacaram-se: Família Granato (de
Domingos Granato - italiano) Ângelo Maria Granato, de outra
linhagem, Aurichio, Valvano, Cazari, Moliterno, Derrico, de Vita,
Scadelaso, Roberti, Motolla e Grasso. A maioria das famílias vieram
de Corleto Monforte, província de Salermo, na Itália.
No dia 13 de outubro de 1885, Ângelo di Ruberto e Felice de Vita
embarcaram em um navio chamado “Vicenzo Florio”, com destino
a Buenos Aires, Argentina. Mas quando o navio aportou no Brasil,
Ângelo Di Ruberto e outras quatro famílias italianas da mesma
região e parentes entre si, desembarcaram no Rio de Janeiro no dia 11
de novembro de 1885. Entre essas famílias estavam os Vita (Felice),
Moliterno (Andréa Moliterno), os Granato (Pietro Izidoro Granato e
Ângelo Granato) e Pietro Valvano.
Conforme a certidão de desembarque, encontrava-se também
no navio uma pessoa com o nome de Nicola Ruberto, acompanhante
Ângelo Di Ruberto e Felice de Vita, cujo destino era a cidade de São
Paulo. Certa vez, subiram a serra até Santo Antônio do Pinhal para
vender suas mercadorias. Acharam o lugar tão parecido com Corleto
e como outros, acabaram vindo morar aqui.

Curiosidade: João Antônio Moliterno era italiano da Comune


de Corleto Monforte e veio para o Brasil com aproximadamente
quatro anos de idade. Como era filho de Andréa Moliterno (André,
Santo Antônio do Pinhal
94 De Sertão a Município - 1785 a 2024

como foi traduzido) o menino João ficou conhecido no município


como “João André”. Casou-se com Maria Rosa de Vita, filha de Felice
de Vita e Antonia Motolla.
Capitão Domingos Granato - italiano, da mesma região de todos
os outros, casou-se em 11 de fevereiro de 1886 na matriz de Santo
Antônio do Pinhal com Luiza Derrico, ele filho de Nicolau Granato e
Joana Juliana, ela filha de Felipe Derrico e Bárbara Granato, chegou
em Santo Antônio por volta de 1880, muito trabalhador, sendo ele
responsável pela manutenção da estrada da serra que ligava Pinda à
São Bento.
Foi pessoa de importantíssimo valor no distrito, sendo de uma
outra linhagem de Granato, foi fabriqueiro na cidade, onde influen-
ciou as características das casas, foi ele que construiu as duas torres
na reforma de 1899 da 1ª igreja que foi demolida para dar início a 2ª
em 1917 e demolida em 1924 dando lugar à atual, muito colaborou
com a igreja como é citado pelo padre em trechos do livro tombo.
Tornou-se bem sucedido e comprou muitas terras no distrito,
foi grande líder político favorável a república, “os botões”, chegou até
a comprar título da guarda nacional de capitão em 1908, com 35 anos
em 1890 era eleitor nesta freguesia.
Foram pais de: Tunico, Rosa, Luiz, Nicolino, Ramira e Paulino.

Luiza Derrico, Luiz,


Domingos Granato,
Tunico e Rosa - 1894
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 95

Domingos Granato, Luiz, Luiza Derrico, Tunico, Rosa, Ramira, Nicolino e Paulino,
provavelmente 1905, mesmo ano da foto da banda.

Personalidades

Domingos Granato - FEB:


Nascido em 28 de junho de 1919 no anti-
go distrito de Santo Antônio do Pinhal, filho
de Ângelo Maria Granato e Margarida Cazari,
recebeu este nome em homenagem ao grande
amigo de seu pai Domingos Granato (imagem
ao lado) que faleceu um ano antes de seu nasci-
mento, foi combatente na Segunda Grande
Guerra. Grande representante de nossa cidade
na Itália, terra natal de seus pais. Faleceu dia
16-07-2008 na cidade de São José dos Campos.

Ângelo Maria Granato:


Nascido em 1864 na cidade de Corlleto de Monforte - Salerno -
na Itália, ainda jovem veio sozinho para o Brasil, iniciou a vida
Santo Antônio do Pinhal
96 De Sertão a Município - 1785 a 2024

aprendendo o trabalho de tropeiro, fazendo transporte de merca-


dorias entre as cidades do vale do Paraíba e sul de Minas, ganhou
muito dinheiro, fato que possibilitou-lhe a compra de muitas terras
na cidade, foi influente líder político local sendo favorável a repú-
blica no distrito conhecido como partido dos botões que mantinham
uma banda de música, trabalhou muito, de forma a possibilitar
que tivesse grandes contatos com políticos do estado, tais como
Washington Luiz, chegou a comprar título da guarda nacional de
major.
Em 24 de fevereiro de 1894, Ângelo Maria Granato na idade de
30 anos casou-se com Francisca Maria de Paula de 16 anos, ela
natural deste distrito e filha de Francisco Alves dos Santos e Maria
Jesus do Espírito Santo, faleceu pouco depois.
No dia 28 de janeiro de 1899, Ângelo viúvo, casou-se com
Margarida Cazari de 18 anos, ela filha de Augostinho Cazari e
Carolina Philomena Grasso, todos italianos que foram convencidos
por Ângelo a virem para o Brasil. Ângelo Maria Granato faleceu em
seu domicílio neste distrito em 28 de maio de 1932.

Margarida Cazari e Ângelo Granato


Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 97

Passaporte do sr. Felice Di Vita de 13 de outubro de 1885


Santo Antônio do Pinhal
98 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Os imigrantes Suiços

Franz Dolder, Emil Pfeiffer, Alfred Luthold, Brander,


Kaufmann e Hans Sauberli. Os descendentes de Hans Sauberli
ainda permanecem na cidade.

Os imigrantes Japoneses

A formação do primeiro núcleo de japoneses na região ocorreu


em 1929 no Bairro Renópolis, zona agrícola de clima temperado.
Segundo Shunsunke Kimura, na década de 20, Dona Renée
Lujan de Carvalho, uma francesa casada com brasileiro e radicada
no Rio de Janeiro, adquiriu uma área de 142 alqueires onde iniciou
a construção de um hospital próximo à atual parada Renópolis.
Seria o primeiro Sanatório da região, mas a obra foi abandonada
no estágio da cobertura.
Em setembro do mesmo ano, um grupo de japoneses que
pretendia fixar-se na região de Pindamonhangaba veio alojar-se e
trabalhar nas terras emprestadas pelos próprios proprietários do
loteamento Renópolis. Pouco tempo depois passaram a arrendá-las
e mais tarde compraram 80 dos 142 alqueires, dando origem ao
loteamento.
Em 1927, Dona Renée elaborou uma planta de loteamento de
suas terras, sem chegar entretanto a registrá-la, dando ao loteamento
o nome de Renópolis, que deriva de seu pré nome Renée. Em 1929,
com problemas financeiros viu-se obrigada a vender a sua pro-
priedade, que foi adquirida por Orlando Drumond Murgel, então
diretor da Estrada de Ferro de Campos do Jordão e Manoel Olímpio
Romeiro, advogado da referida Estrada de Ferro e pelo poeta José
Carlos Barbosa, que pouco tempo depois transferiu a sua parte para
Orlando Murgel e ao seu pai Mauricio Eugênio Murgel.
Nove famílias japonesas foram as fundadoras da Colônia
Renópolis: Morikiti Yoshikai, Kakiti Yao, Hissaiti Yamada, Takeiti
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 99

Awata, Inao Kano, Ei-iti Mizuta, Matsuji Shibuya, Sakae Kurozawa


e Sue Kussama.
Mais tarde vieram: Masato Yamada, Nizo Katayama, Shoji
Kimura, Sussumu Nagaoka.
Após 1933, outras famílias se estabeleceram na região do
distrito: Riiti Katayama, Hayashida, Sanefugi, Shisito, Yoshikai
e mais tarde, os Nakamura, Abe, Fukumitsu, Kaida, Nishimura,
Yamaguchi, Yawasaki, Tamura, Tanaka, Oikawa, Hatsuda, Hirakawa,
Watanabe e Ito.
No início mal falavam a língua e a agricultura era o caminho para
a riqueza. Plantavam hortaliças como repolho, tomate, mas foi na
cultura da cenoura que os primeiros colonos obtiveram êxito em seu
trabalho. A colônia foi o berço dessa raiz em escala comercial no
Brasil. Da cenoura, os japoneses passaram para fruticultura de clima
temperado, plantando pêssego, ameixa, pêra, nectarina. Alguns
obtiveram sucesso também na avicultura.
Foi através de um amigo mascate que a família Katayama
conheceu a cultura da orquídea, que atualmente constitui a ativi-
dade principal da Colônia Renópolis com a variedade Cymbidium.
O pioneiro na escala comercial foi Shoji Kimura que iniciou o cultivo
em 1976.
Em dezembro de 2008, a Câmara Municipal de Santo Antônio
do Pinhal, através do Projeto de Lei Legislativo de autoria da
Vereadora Rachel Carvajal, outorgou homenagem de honra ao
mérito aos Produtores de Orquídeas, os senhores: Shiguero
Katayama, Tadaki Yamada, Junji Kimura, Kazuo Takanashi,
Antonio Kawakami, Antonio Ywasaki, Sakae Nischimura, Toschio
Moricane, Kenji Ocabe, pela dedicação ao cultivo de orquídeas, que
muito contribui para elevar o nome do município.
Santo Antônio do Pinhal, quando recém emancipado, tinha um
número aproximado de 60 famílias japonesas residindo em terras
pinhalenses.
Santo Antônio do Pinhal
100 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Mas, esse número começou a cair no anos 70, quando a


agricultura perdeu seu valor comercial e os japoneses começaram
a migrar para cidades maiores buscando outras alternativas. Seus
filhos e netos começaram a fazer o trajeto contrário de seus avós,
buscando dinheiro na “terra do sol nascente”.

Em 1979 comemorou-se os cinquenta anos da colônia no Bairro


Renópolis, contando com a presença dos pioneiros e fundadores,
das autoridades locais, do Engenheiro Orlando Murgel, Deputado
Armando Pinheiro e representantes do Consulado Japonês no Brasil.
Hoje a Nihonjinkai de Renópolis denomina-se Associação
Cultural Recreativa Nipo-Brasileira de Santo Antônio do Pinhal.
Possui um pequeno número de associados, mas é muito bem
estruturada, com sede própria, campo de futebol e quadra-poli-
esportiva.
Em comemoração aos 100 anos da chegada dos primeiros
japoneses no Brasil a bordo do navio Kasato Maru, a Praça Benedito
Marcondes Raposo, também conhecida como Praça do artesão,
ganhou contornos inovadores inspirados na cultura oriental que
inclui um jardim japonês e um Portal Torii.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 101

Em 2009, comemorou-se 80 anos da colônia em nosso


município.

Apresentação Japonesa na Praça da Matriz

Casa da Vó

Shoji Ito e sua mulher Yoshi Ito chegaram no Brasil a bordo do


Manila Maru em 1934. Com eles vieram cinco filhos e aqui em Santo
Antônio nasceram três filhas. Emi Ito, residente em Santo Antônio,
é uma de suas netas, filha de Paulo Mossami Ito e D. Tereza.
Santo Antônio do Pinhal
102 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Um fato interessante é que, mesmo sem falar bem o português


D. Yoshi tornou-se conhecida. A família morava no bairro do
Sertãozinho, onde é hoje a propriedade do ex-deputado Armando
Pinheiro. Cuidavam de pessoas enfermas dos mais variados males
com remédios à base de ervas. A casa ficou conhecida como ‘‘casa
da Vó Yoshi’’ ou apenas casa da Vó. Ela era parteira, e de todos os
recém-nascidos ela tirava um pedaço do cordão umbilical e levava
ao fogo dentro de uma lata para desidratar. Depois dava-o à mãe
dizendo que se a criança ficasse doente ela poderia usá-lo para fazer
chá e dar para a criança beber. Poderia também ser utilizado por
adultos.
Interessante ressaltar que, num passado não muito distante o
cordão umbilical era utilizado para tratamento. Atualmente, a área
médica vem desenvolvendo pesquisas para tratamento através de
células embrionárias.
Durante muitos anos a colônia japonesa abasteceu os mercados
hortifruti granjeiros da região com a sua produção. Nas últimas duas
décadas a produção local diminuiu em razão dos descendentes dos
antigos imigrantes terem-se voltado para outras atividades fora da
cidade.

Praça Benedito Marcondes Raposo

Curiosidade: Um Torii (em japonês) é um portão tradicional


japonês. Ele foi criado para ser originalmente apenas um simples
portão das antigas cercas do santuário. Quando as cercas foram
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 103

retiradas, o Torii permaneceu para designar a entrada de um lugar


sagrado e afastar os maus espíritos. O Torii é composto por dois
pilares verticais, unidos no topo por uma trave horizontal (kasagi)
geralmente mais larga que a distância entre os postes. Sob a kasagi
há outra trave horizontal (Nuki) que une os dois pilares. As madeiras
são geralmente pintadas de vermelho.

18 A revolução

Em 9 de Julho de 1932, explode em São Paulo uma revolta


contra o presidente Getúlio Vargas. Tropas federais são enviadas
para conter a rebelião. As forças paulistas lutam contra o exército
durante três meses. O episódio fica conhecido como a Revolução
Constitucionalista de 1932.
Em 1930, uma revolução derrubava o governo dos grandes
latifundiários de Minas Gerais e São Paulo. Getúlio Vargas assumia
a presidência do Brasil em caráter provisório, mas com amplos
poderes. Todas as instituições legislativas foram abolidas, desde o
Congresso Nacional até as Câmaras Municipais. Os governadores
dos Estados foram depostos. Para suas funções, Vargas nomeou
interventores. A política centralizadora de Vargas desagradava as
oligarquias estaduais, especialmente as de São Paulo. As elites polí-
ticas, do Estado economicamente mais importante, sentem-se preju-
dicadas. E os liberais reivindicam a realização de eleições e o fim
do governo provisório. O governo Vargas reconhece oficialmente os
sindicatos dos operários, legaliza o Partido Comunista e apóia um
aumento no salário dos trabalhadores. Estas medidas irritam ainda
mais as elites paulistas.
Em 1932, uma greve mobiliza 200 mil trabalhadores no Estado.
Preocupados, empresários e latifundiários de São Paulo se unem
contra Vargas. No dia 23 de maio é realizado um comício reivindi-
cando uma nova constituição para o Brasil. O comício termina em
Santo Antônio do Pinhal
104 De Sertão a Município - 1785 a 2024

conflitos armados. Quatro estudantes morrem: Martins, Miragaia,


Dráuzio e Camargo.
As iniciais de seus nomes formam a sigla MMDC, que se
transforma no grande símbolo da revolução. E em julho, explode a
revolta. As tropas rebeldes se espalham pela cidade de São Paulo e
ocupam as ruas. A imprensa paulista defende a causa dos revoltosos.
No rádio, o entusiasmo de César Ladeira faz dele o locutor oficial da
Revolução Constitucionalista. Uma intensa campanha de mobili-
zação é acionada.

Revolução Constitucionalista de 1932, segundo


o Livro Tombo nº 2 da paróquia Santo Antônio

Inicia-se na Capital de nosso Estado de São Paulo, com


ramificação em todo o território do Estado, tremenda movimentação
revolucionária, secundado pelo Estado do Mato Grosso. Muitos
homens em armas querem impor o regime da lei ao ditador Getúlio
Vargas, obrigando-o a dar Constituição imediata a nação e demitir-se
da cadeira ditatorial.
O povo de Santo Antônio do Pinhal, em grande maioria fazen-
deiros ou herdeiros de terras nas zonas rurais do município, com
a notícia da revolução empreitada pelos paulistas, imigraram, a
princípio, para o mais junto de suas matas e voltando, depois de um
mês a suas moradias no pequeno centro urbano e com menos temor
da dita revolução. Ficando na cidade, somente Brás Oliva, homem
culto, proprietário de uma sapataria. Tal medida de permanecer
tinha sua importância. Primeira por que sua mãe estava muito
doente e com problemas de locomoção e, em sua residência no centro
da vila, funcionava a única linha telefônica e seria de grande utili-
dade ao serviço da revolução. Vizinho territorial do Estado e Minas
Gerais, Santo Antônio do Pinhal viu suas casas, as suas estradas, as
cristas de seus morros, povoadas pelos soldados da Lei.
Ficavam em sentinela contra a possível invasão mineira pelo
seu território. Pela força revolucionária, foi pedido que regalassem
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 105

auxílio à causa do Estado e assim, de todas as fazendas foram doadas


rêses para a alimentação dos soldados. A estrada de rodagem que
ligava esta vila à cidade de Pindamonhangaba através da garganta
da Serra da Mantiqueira, que na época era de péssimo estado, teve
uma participação integral dos homens pinhalenses com um auxílio
considerável aos soldados paulistas para a comunicação com a
Estrada de Ferro Central do Brasil.
Cerca de 600 homens trabalharam na dita estrada.
Em 19 de agosto de 1932, encontrava-se nesta paróquia o padre
João José de Azevedo, que pregou diariamente, sobretudo, aos
soldados paulistas que, em número de 400 homens no município,
guardavam as fronteiras de nosso Estado de São Paulo. A casa
paroquial foi requisitada pelas forças e entregue à intendência das
tropas.
Em outubro de 1932 os exércitos ditatoriais, compostos de
policiais e forças federais de todos os Estados da União, conseguiram
romper as linhas paulistas, vencendo em todos os setores as tropas
que queriam o regime da Lei e uma Constituição na República.
Consequentemente, retiravam-se desta vila de Santo Antônio
do Pinhal, os soldados que aqui se achavam acantonados por alguns
meses, tempo suficiente para cunhar laços de amizades, relegarem
apelidos e deixar suas marcas de trincheiras encravadas em terras
pinhalenses, mas não sem antes de ter experimentado cerrado fogo
das tropas mineiras por 34 horas ininterruptas, isto dentro do
município vizinho de São Bento do Sapucaí.
O movimento constitucionalista do Estado de São Paulo esta-
cionou por quase três meses na vila de Santo Antônio do Pinhal.
Cerca de 300 homens do Batalhão Piratininga, constituído pela
elite da mocidade estudantina e independente do Estado, ou seja,
voluntários que lutavam em prol do movimento revolucionário, por
serem estudantes, pertenciam às famílias de classe média e rica do
Estado, receberam a alcunha de "Batalhão Pó de Arroz" queriam o
regime da Lei e uma Constituição na República.
Santo Antônio do Pinhal
106 De Sertão a Município - 1785 a 2024

19 Emancipação política e seus problemas

Possivelmente os descasos de São Bento com o povo pinhalense


foi um dos maiores motivos pela vontade de liberdade do distrito,
após o período dos coronéis, Botões x Jagunços a vontade aumentou.
A disputa sempre acirrada pelos eleitores de Santo Antônio e
São Bento, proporcionava casos insólitos.
Na década de 1930, precisamente em 1934, o distrito foi ane-
xado à Campos do Jordão que possuía uma estrutura privilegiada e
estava mais próxima. Assim permaneceu até 1944 quando foi re-
anexado à São Bento do Sapucaí. Em 1948 através de plebiscito o
povo pinhalense foi favorável de voltar a ser distrito de Campos do
Jordão.
São Bento tinha filhos importantes, Miguel Reale, Plínio
Salgado, Genésio Pereira, políticos de renome herdeiros dos antigos
coronéis que influenciaram muito contra o pequeno distrito, assim a
Assembleia Legislativa de São Paulo deixou sem efeito o plebiscito de
1948. O tempo passou! Mas a vontade de emancipação não! A falta
de sistema de água no distrito desencadeou, “Revolta dos Canos” e
o processo emancipatório, descrito nas próximas páginas.
Em 1958 uma lei permitia a criação de novos municípios, um
novo plebiscito foi marcado e de novo os pinhalenses confirmaram
que a vontade de independência estava no sangue.
Em seu favor um grande ministro que quando criança morou no
antigo distrito, fez muitas amizades e tinha um grande amor por
nossa terra. O Ministro Nélson Hungria, amigo de Candido Monteiro
da Silva, foi apresentado aos emancipadores e engajou-se na luta dos
heróis pinhalenses, mostrou aos de São Bento que a força política
agora estava do nosso lado.
O município foi criado em 1959, mas os de São Bento não
deixaram barato a decisão do STF: entraram com representação
contra a decisão, inconformados com o fato de estarem nesse
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 107

momento perdendo grande parte de sua arrecadação. Todos os


impostos pagos para São Bento seriam agora de Santo Antônio.

Jornal Correio Paulistano 15-12- 1934.

Decreto 6.867 de 14 de dezembro de 1934, anexando o distrito


de Santo Antônio do Pinhal à Campos do Jordão.

‘‘Decretos assignados hontem’’

O sr. Interventor federal assignou hontem os seguintes


decretos:
Approvando o regulamento de transito para o
estado de São Paulo, que entrará em vigor em 1º de
janeiro de 1935, com excepção dos capítulos 4, 5, 6, 7, 8,
9, 29 e 30, cujas disposições só se tornarão effectivas 90
dias depois daquella data.
- Incorporando à estância sanitária de Campos do
Jordão, o distrito de Santo Antonio do Pinhal.
Santo Antônio do Pinhal
108 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Correio Paulistano 21 de dezembro de 1934.


Opinião dos São Bentistas sobre o decreto através de seu
correspondente.

Pela lei 6.867 de 14-10-1934, o distrito de Santo Antônio do


Pinhal foi anexado à Campos do Jordão, pelo decreto lei 14.334 de 30
de novembro de 1944 voltou a ser distrito de São Bento do Sapucaí.
Devido a diversos problemas existentes anteriormente com São
Bento, o povo pinhalense resolveu fazer um plebiscito em 24-10-
1948 como demonstra a foto a seguir. Infelizmente um deputado
amigo de São Bento agiu contra Santo Antônio, como veremos na
sequência.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 109

A votação de 1948, foi no antigo grupo escolar.

Os dizeres do bilhete:
A D. Maria Granato, incansável chefe da cantina do Q.G pró
C. Jordão, com gratidão da turma.
Em 24/10/1948
Santo Antônio do Pinhal
110 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Noticiado no Jornal de Notícias em 19 de 10-1948,telegrama


de um vereador de Campos do Jordão à Assembleia do Estado.
Santo Antônio do Pinhal
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Noticiado no jornal de Notícias do Estado de São Paulo, 13 de


dezembro de 1948, deixando sem efeito o plebiscito de 24 de outubro
de 1948.

Novo plebiscito agora em 1958

O plebiscito objetivava consultar a população, se ela queria que


Santo Antônio continuasse jungido e dependente de São Bento,
como distrito, ou se almejava vê-lo desmembrar-se, tornar-se
autônomo e, por fim, ser elevado à categoria de município.
Santo Antônio do Pinhal
112 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Realizou-se, portanto, o plebiscito em 13 de dezembro de 1958,


apresentando o seguinte resultado: total dos votos apurados, 317;
votos pelo sim, 311; pelo não, 3; em branco, 2; nulo 1.
A vitória da tese autonomista fora, portanto, esmagadora.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 113

Em 31 de março de 1960, o prefeito de São Bento do Sapucaí,


informa aos vereadores sobre as dificuldades encontradas para
arrecadar impostos e o processo emancipatório ganho por Santo
Antônio do Pinhal.
Santo Antônio do Pinhal
114 De Sertão a Município - 1785 a 2024

O prefeito de São Bento, informando que fora contratado um


dos maiores advogados para tentar reverter decisão favorável a
emancipação de Santo Antônio do Pinhal.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 115

Telegrama entre Dr. Genésio e Plínio Salgado informando a


perda do embargo sobre a emancipação.
Plínio Salgado, grande político nascido em São Bento e outros
influenciaram no plebiscito de 1948 contra o povo pinhalense, agora
já não possuía tanta representatividade.
Santo Antônio do Pinhal
116 De Sertão a Município - 1785 a 2024

O novo prefeito de Santo Antônio do Pinhal, Noé Alves Ferreira,


informando sua renúncia ao cargo de vereador do antigo distrito
de São Bento do Sapucaí.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 117

Pela segunda vez em 24-07-1961, o prefeito de São Bento


interpõe recurso contra a criação do novo município de Santo
Antônio do Pinhal - noticiado no jornal em 06-10-61.
Santo Antônio do Pinhal
118 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Vereadores de Santo Antônio do Pinhal propõem moção


veemente de protesto contra o prefeito de São Bento - Benedito
Gomes de Souza, pelo segundo recurso contra a criação do novo
município.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 119

Ofício do prefeito de São Bento à câmara municipal informando


sobre a moção de protesto contra ele elaborada pela câmara do recém
criado município de Santo Antônio do Pinhal, publicada em jornal
da capital, no dia 19-10-1961.
Santo Antônio do Pinhal
120 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Ação do novo município de Santo Antônio do Pinhal contra o


município de São Bento do Sapucaí, requerendo a prestação de
contas desde sua criação em 18 de fevereiro de 1959, noticiado em
19-04-1962.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 121

Flâmula comemorativa da emancipação 1960, do Atestado do vigário 1855


e da primeira eleição em 1961

Governador Carvalho Pinto assinando a criação do município.


Junto, da esquerda para direita: assessor, Sebastião Laércio Marcondes César,
Oswaldo Gustavo da Silva, Félix Vieira, Noé Alves Ferreira, assessor do governador.
Santo Antônio do Pinhal
122 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Emancipação
Por Ayrton César Marcondes

Muito antes dos celulares, das ligações telefônicas diretas e da


internet, a comunicação mais rápida a longa distância se fazia através
de telegramas ou ligações via telefonista.
E foi através de telegrama que o povo de Santo Antônio do
Pinhal recebeu a notícia de sua emancipação política. De concreto
pode-se dizer que a notícia chegou por volta das duas horas da tarde
e espalhou-se rapidamente por todos os bairros.
A partir daí foi como se ocorresse um levante: braços fortes
largaram as enxadas e correram para a praça em frente à Igreja
Matriz do recém-município. O anseio de liberdade até então ador-
mecido, de repente fez-se coletivo e passou a governar a multidão
que corria pelas ruas aos gritos de vitória. Lágrimas desciam livres
nas faces, orações proclamavam-se em uníssono, a fraternidade
irmanava as pessoas inundadas de sentimentos até então desco-
nhecidos.
Foi assim. Os que viram jamais se esquecerão. As imagens de
uma grande alegria coletiva poderão variar de uma memória para
outra. Mas todas se uniram num mesmo grito, aquele que de repente
conduziu a multidão aos pés do santuário de Nossa Senhora para,
juntos, orarem e agradecerem.
Terminava a tarde. Estavam todos finalmente livres, não lhes
importava muito de que jugo. Santo Antônio era agora um muni-
cípio, e esse fato maior estaria nos sonhos das pessoas da nova cidade
na madrugada seguinte.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 123

Sumário da Emancipação
Por Sebastião Laércio Marcondes César

1 – Santo Antônio do Pinhal, ao final da década de 50, já se


sentia como comunidade, seguro sobre seus membros adolescentes e
fortes e, qual filho que ao atingir a maioridade se liberta da tutela
paterna, anelava conquistar sua autonomia político-administrativa,
passando a gerir os seus próprios negócios e a esculpir com as suas
mãos o futuro.
E esse sentimento, que pulsava na alma da comunidade, teve
sua grande chance na Lei Qüinqüenal nº 5.113 de 1958, segundo a
qual, o distrito que contasse com uma série de requisitos básicos,
por ela estabelecidos, poderia pleitear sua elevação à categoria de
município.
Diga-se de permeio que esse movimento, que é em 1º lugar a
manifestação do espírito de liberdade do homem, não deixa de
apresentar também outras razões, reais e significativas, tais como a
total falta de sintonia entre duas comunidades, a distância entre as
duas localidades (na época, com transporte difícil e dispendioso),
o que dificultava o recolhimento de impostos e outras atividades
necessárias, a indiferença ou incapacidade de São Bento em fomen-
tar o progresso em seu distrito, que jazia estagnado, entregue a sua
própria sorte.
Estes e outros fatores mais estavam na maré do descontenta-
mento popular e que, no exato momento, levou os líderes pinha-
lenses a proclamarem a irreversível liberdade de seu torrão.
Pois bem, tangido por essa complexa gama de motivos foi que
um grupo de bravos pinhalenses se reuniu a 21 de abril de 1958,
1ª reunião, na casa do senhor Noé Alves Ferreira.
Neste encontro, o 1º realizado com objetivos autonomistas, foi
criada a COMISSÃO EMANCIPADORA, que assim ficou constituída:
Presidente, Noé Alves Ferreira; Vice-Presidente, Expedito da
Costa Manso; Secretário, Miguel Derrico Neto e Tesoureiro, Vicente
Chiaradia.
Santo Antônio do Pinhal
124 De Sertão a Município - 1785 a 2024

As seguintes pessoas participaram do encontro e se torna-


ram membros da comissão emancipadora: Getúlio Motta, Joaquim
Francisco de Oliveira, Geraldo Ferreira de lima, Gumercindo
Femandes da Silva, José Ferreira de Lima, Antenor Custavo da
Silva, Shicara Umesu, Taketomi, Carlos Kimura, Sebastião Targino
e Afonso Vieira da Silva.

2 – O Movimento mal começara e já se incandesce. Uma


segunda reunião se realiza a 28 de abril, já com a presença daquele
que viria a ser um dos mais importantes autonomistas, a figura
leonina de Monsenhor João José de Azevedo, que tão nobres e
relevantes serviços haveria de prestar à causa nascente. Mons. João,
na época, vigário ecônomo e vigário da paróquia local.
Presentes ainda as destacadas figuras de João Batista da Motta
e Oswaldo Gustavo da Silva, Ainda participaram do encontro todos
os membros da Comissão Emancipadora, presentes na 1ª reunião.
A partir desse momento, a maioria da população adere de corpo
e alma ao movimento. A bandeira desfraldada começa a empolgar
a comunidade e a nobre causa principia a inflamar os corações.
Começa a luta...

3 – Ainda, na segunda reunião, realizada a 28 de abril de 1958,


o deputado André Franco Montoro foi aclamado, pelos presentes,
como um dos líderes do Movimento. Deste modo, a 30 de abril
foi entregue ao mesmo deputado, na Assembleia Legislativa, uma
representação do povo de Santo Antônio do Pinhal, na qual se
pleiteava a independência político-administrativa do até então
distrito.

4 – A entrega do memorial na Assembleia, referida anterior-


mente, foi um ato solene e um instante grandioso do Movimento
Autonomista, pois na ocasião, o presidente da Casa suspendeu os
trabalhos para receber a delegação pinhalense. Ao mesmo tempo
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 125

em que o líder do PDC, Deputado André Franco Montoro, lia e


comentava em Plenário os termos do memorial, solidarizando-se
com Santo Antônio do Pinhal, cuja causa achava justa, bem
fundamentada e legal.

5 – Ainda com referência aos expressivos acontecimentos na


Assembleia Legislativa, não se poderia omitir alguns informes
historicamente sugestivos. O primeiro deles é a presença, em meio
à delegação pinhalense, do vulto olímpico de Mons. João José de
Azevedo, que, a essa altura dos acontecimentos, tinha sido alçado ao
posto de Presidente de Honra do Movimento Autonomista.
Outro aspecto digno de nota é o fato do dia 30 de abril ser
exatamente o último dia fixado pela Lei Quinquenal, o seu prazo
limite, para ser dada entrada, na Assembleia Legislativa, a uma
petição autonomista, ou seja, a um pedido visando a transformação
de um distrito em município. E Santo Antônio apresentou sua
reivindicação no último instante, é verdade, mas em tempo hábil
e juridicamente válido.
E todos esses marcantes acontecimentos de um dia incomum
tiveram o seu término exatamente às 6 (seis) horas da tarde. Ali
mesmo, num recanto mais tranquilo, a delegação se aconchegou,
sob os eflúvios da doce Ave-Maria que percutia suavemente no
ambiente, e, sob intensa emoção, orou a Ave-Maria, oração murmu-
rada primeiramente pelos lábios de Mons. João, que no ato entregou
o destino de Santo Antônio e de sua grande causa nas mãos de Maria
e seu amado filho, Jesus.

6 – Nesse estágio dos acontecimentos entra em cena a figura


impressionante de Benedito Marcondes Raposo, farmacêutico esta-
belecido na localidade desde 1932. Homem inteligente e culto,
orador afamado, polígrafo e apaixonado cultor do gênero epistolar,
exilado pelo destino nos píncaros da Mantiqueira, donde correspon-
dia-se com altas personalidades da vida pública do país.
Santo Antônio do Pinhal
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Demorou-se um pouco a assumir o seu posto de "capitain" na


Liça Autonomista, mas se justificava: sentia-se embaraçado por ser
filho de São Bento, terra que amava estremecidamente, e temia
pela incompreensão de seu gesto e pelas críticas que o farpeariam
fatalmente, vindas de velhos amigos e até de parentes chegados.
Não queria ser tomado por outro Calabar...
Todavia, lúcido como era, nunca entendeu que empunhar a
bandeira da Emancipação significasse se opor a São Bento. Para ele
Santo Antônio atingira sua maioridade e necessitava desprender-se
do vínculo paterno para seguir a rota de seu destino, indivi-
dualizando-se e progredindo. Era apenas um processo natural na
evolução das comunidades, que São Bento não quis ou não soube
entender.
E com o Ditinho, diminutivo carinhoso empregado por seus
amigos, vieram outros vultos Iuminosos, que acabaram por arrebar
a vitória, na acirrada batalha judiciária que se travou, a prol de
Santo Antônio. E isso foi muito importante, pois São Bento, terra da
inteligência e de filhos ilustres como Plínio Salgado, Miguel Reale
e Genésio Pereira Filho, desfrutava de amplo prestígio junto aos
poderes constituídos do país.
Ditinho Raposo conquistava novas e importantes adesões nas
cúpulas políticas e jurídicas, enquanto Noé arregimentava e incan-
descia as bases, em maravilhosa sintonia de consumados estrate-
gistas.
Foi nessa fase que aderiu ao Movimento o então Cel. Sebastião
Marcondes da Silva, irmão de Ditinho, que, também ele sambentista
de nascimento, tornou-se, no entanto, um dos maiores heróis da
Emancipação, a qual prestou assinalados e generosos serviços.
Mas foi, sem dúvida, a amizade de Ditinho Raposo com o
renomado penalista, Ministro Nélson Hungria, do Supremo Tribu-
nal Federal, o fator primordial da Emancipação, a sua carta decisiva,
o seu trunfo imbatível. Sem o engajamento de Ditinho Raposo não
haveria um interesse tão profundo do Ministro pela causa e sem o
Ministro, nem em sonho teria havido Emancipação.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 127

Noé Alves Ferreira pode ser considerado, pelo seu pioneirismo


e pelo inquebrantável espírito de luta, o Pai da Emancipação. A
Ditinho Raposo caberia, entre outros, o título de Cérebro da Eman-
cipação ou Arquiteto da Autonomia. Mas, qualquer título com que
se queira agraciar, ainda que postumamente, o Ministro Nélson
Hungria, resulta pálido e inexpressivo diante da magnitude de
seu formidável labor autonomista. Talvez, por perene gratidão,
possamos tê-Io em nossos corações, de geração a geração, como o
benfeitor máximo de nossa terra e de nossa gente.

Ministro Nelson Hungria e o 1º Prefeito Noé Alves Ferreira entrando na Prefeitura.

7 – A seguir, vamos focalizar um dos aspectos mais importantes


da Campanha emancipatória, ou seja, o fator financeiro. Um movi-
mento que se inicia a 21/4/58 e que se estende até 26/1/60,
enfrentando batalhas seguidas e tendo de mobilizar um grande
número de personalidades, impondo a seus líderes viagens e con-
tatos seguidos, tem um rol de despesas das mais pesadas.
Bem, algo é certo: a brava e lendária comissão emancipadora
não cuidava desse aspecto da campanha. Então, dois homens, Noé
Alves Ferreira e João Batista da Motta tomaram sobre os ombros
Santo Antônio do Pinhal
128 De Sertão a Município - 1785 a 2024

essa responsabilidade. A dupla começou a contrair empréstimos,


sendo um aceitante das promissórias e o outro avalista, alternando
essas posições, conforme o caso. Em suma, avalizavam-se mutua-
mente.
Como as dívidas aumentavam e prevendo a possibilidade de um
insucesso para Santo Antônio em seus planos autonomistas, Noé
Alves Ferreira ampliou o número de avalistas, que poderiam assim
resgatar a dívida mais suavemente. Os novos avalistas eram os
seguintes: Geraldo Ferreira de Lima, Joaquim Alves de Lima, Miguel
Derrico Neto, Expedito Costa Manso e Sebastião Targino, além de
outros mais, que serão oportunamente mencionados.
Os empréstimos eram obtidos junto de particulares e de casas
bancárias. Entre os particulares arrolavam-se as figuras de Joaquim
Altino, do Lageado, de José João de Melo, dos Melos, de Francisco
Felix da Silva e do próprio Benedito Marcondes Raposo.
Dentre as instituições bancárias das quais foram tomados
empréstimos estava o Banespa, de Campos do Jordão, e o Real, de
Pindamonhangaba. Aceitante para esses empréstimos maiores era
Noé Alves Ferreira e os avalistas a dupla constituída por Geraldo
Ferreira de Lima e Joaquim Alves de Lima.
O povo, que exultava nas ruas com a marcha dos acontecimentos
e com as vitórias alcançadas, desconhecia, porém, os apertos finan-
ceiros da comissão emancipadora, a essa altura quase falida.
Quando por fim Santo Antônio conquistou a sua tão ambi-
cionada Emancipação, a dívida decorrente orçava a importância de
300 (trezentos) milhões de cruzeiros. (Essa importância se refere aos
valores financeiros da época.)
Essa grande dívida foi paga pelo próprio município pinhalense,
depois de sua instalação. E da seguinte maneira: foi através de um
auxílio dado pelo então governador Carvalho Pinto, para se pagar as
despesas pendentes da Emancipação.
Através de Lei Municipal de autoria do senhor Noé Alves
Ferreira, ficou o mesmo autorizado a receber a importância desti-
nada pelo governo estadual e resgatar, finalmente, a dívida.
Santo Antônio do Pinhal
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8 – Entretanto, o processo da Emancipação segue o seu aciden-


tado curso, no qual, porém, Santo Antônio, apesar dos contratempos,
vai conquistando sempre mais espaço e mais direitos. Assim, por
exemplo, a Resolução de nº 294/58 da Assembleia Legislativa, do
deputado Franco Montoro, autorizava a realização do plebiscito na
Terra dos Pinheirais. O plebiscito objetivava consultar a população
para saber o seguinte: se queria que Santo Antônio continuasse
jungido e dependente de São Bento, como distrito, ou, se pelo
contrário, almejava vê-lo desmembrar-se, tornar-se autônomo e,
por fim, ser elevado à categoria de município.
Realizou-se, pois, o plebiscito a 13/12/58, apresentando o
seguinte resultado: total dos votos apurados, 317; votos pelo sim, 311;
pelo não, 3; em branco, 2; nulo 1. A vitória da tese autonomista fora,
pois, esmagadora.
Anote-se que havia, ao tempo do plebiscito, 585 eleitores no
distrito pinhalense, porém, somente 317 puderam votar. E foram
exatamente aqueles que eram inscritos no distrito e ali votavam. A
legislação, porém, não permitiu que os que residiam em Santo
Antônio mas votavam em São Bento votassem. Assim, foram
excluídos do pleito 268 eleitores. Eram moradores do Rio Preto de
Baixo, do Meio e de Cima, uns poucos da Vila e outros do José da
Rosa.
De um modo geral, já pela proximidade geográfica como pelos
laços sociais mais firmes, esses eleitores, se tivessem votado, fá-lo-
iam fatalmente em favor dos interesses sambentistas. Eram, pois,
contra as pretensões de Santo Antônio.

9 – Ainda com respeito ao plebiscito impõe-se o seguinte


registro: quando a documentação apresentada por Santo Antônio,
para instruir o pedido para a realização do plebiscito, estava em mãos
da Comissão de Divisão Administrativa e Judiciária, o Sr. Benedito
Gomes de Souza, candidato a prefeito de São Bento, e Benedito
Chiaradia, tabelião, entraram com hábil recurso, o que levou a
Santo Antônio do Pinhal
130 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Assembleia Legislativa, por unanimidade de votos, a aceitar o


parecer da comissão (inteiramente favorável a São Bento), deter-
minando ainda o arquivamento da representação de Santo Antônio.
O insucesso, porém, não arrefeceu o ânimo pinhalense. O
seu líder natural, Noé Alves Ferreira, redobrou os seus esforços,
permanecendo uma semana a fio na Capital Bandeirante, dialo-
gando com os líderes (13) das bancadas partidárias na Assembleia.
Sendo que, ao final da extenuante luta, consegue desarquivar
a representação.
Foi então que a 13/12/58 a Assembleia Legislativa determinou
a realização do plebiscito, pela Resolução 294/58, conforme já foi
mencionado.

10 – Em 31/12/58 a Assembleia Legislativa votou a Lei nº 5.113,


que criava vários novos municípios paulistas, sendo um deles Santo
Antônio do Pinhal. Com a promulgação dessa Lei, o TRE marcou as
eleições dos municípios recém-criados para novembro de 1959. Seria
a primeira eleição municipal de Santo Antônio.
Todavia, a euforia foi fugaz. São Bento do Sapucaí, não se
conformando com a nova situação, entra com um mandado de
segurança junto ao Tribunal de Justiça do Estado, conseguindo por
este meio anular a criação do novel município. E Santo Antônio,
constrangido, voltava novamente à condição de distrito de São
Bento.
Entretanto, pela Lei nº5.285 de 18/2/59, a Assembleia Legis-
lativa restabeleceu a criação de vários municípios, ficando, porém,
o caso de Santo Antônio pendente, em razão da decisão unânime
(adversa) do Tribunal de Justiça do Estado e dos embargos ofere-
cidos por São Bento.
Nesta altura de dramáticos acontecimentos, quando São Bento
se obstinava na luta, com muita fibra, empenho e prestígio; quando
os sonhos de Santo Antônio pareciam se evaporarem e o espectro da
derrota já parecia projetar sua sombra glacial sobre a comunidade,
Santo Antônio do Pinhal
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neste exato momento, organiza-se uma nova comissão emanci-


padora e Benedito Marcondes Raposo, o homem providencial para
a conjuntura, com enorme talento e sedução pessoal, assume a
chefia.
Nos primeiros dias de janeiro de 1959, uma pequena comissão
constituída pelos senhores Benedito Marcondes Raposo, Noé Alves
Ferreira e Mons. João José de Azevedo partiu para o Rio de Janeiro,
onde, no Supremo Tribunal Federal, foi carinhosamente recebida
pelo ministro Nélson Hungria.
Informado do assunto, o Ministro, sem tardança, guiou a
comissão ao procurador geral da República do governo Juscelino
Kubitschek, pedindo sua ajuda no restabelecimento da Lei que havia
criado o município de Santo Antônio.
Posteriormente, através de um recurso extraordinário, o Su-
premo Tribunal Federal, com a presença genial e tutelar do Ministro
Nélson Hungria, anulou a decisão do Tribunal de Justiça de São
Paulo, restabelecendo a criação do município de Santo Antônio do
Pinhal, de acordo com a Lei 5.285, de 18/2/59.
Esta histórica decisão do Supremo Tribunal Federal deu-se a
26/1/60.

11 – Mas, São Bento não se entregava. (Se lutasse com o mesmo


denodo pelo seu progresso e pelo de seu distrito, talvez a história
tivesse sido outra...) E dentro de poucas horas, conhecido o resul-
tado do Supremo favorável a Santo Antônio, São Bento entra com
recurso mais forte, ou seja, oferece embargos à decisão do Supremo,
requerendo a anulação da Lei 5.285, em que o próprio supremo se
fundamenta para outorgar a autonomia a Santo Antônio.
Apreciando os embargos de São Bento, o Supremo Tribunal
Federal não reconheceu neles fundamento jurídico, não os
aceitando. Desta forma, a brava gente pinhalense vencia mais um
"round" na longa e difícil batalha pela Emancipação. Era, enfim, a
segunda vitória conquistada no Supremo.
Santo Antônio do Pinhal
132 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Ainda não seria desta vez que São Bento haveria de se conformar
com o revés na justiça. E mais uma vez recorre, mas agora com uma
representação à procuradoria geral da república, última medida
legal cabível, na qual pleiteava a revogação pura e simples do ato
que elevara Santo Antônio ao nível de município.
Neste ínterim, o Supremo Tribunal Federal confirma a legali-
dade da Lei5.285, de 19/2/59. O que leva o Tribunal Regional
Eleitoral a marcar eleições (pela segunda vez) para Santo Antônio do
Pinhal, com data fixada para 5/3/61.

12 – Realizadas as eleições, na data prevista, foram eleitas as


seguintes autoridades municipais: Prefeito, Noé Alves Ferreira;
Vice-Prefeito, João Batista da Motta; Vereadores, Benedito
Marcondes Raposo (Presidente da Câmara), Oswaldo Gustavo da
Silva, Acir Pereira, Sebastião Honório Pereira, Geraldo lnácio Vieira,
Luiz Ferreira da Costa, Expedito da Costa Manso, Antônio Pereira
dos Santos e Benedito Faria da Silva.
O município, porém, só viria a ser instalado a 21/4/61.

13 – Em outubro de 1961 realizou-se o julgamento, pelo


Supremo Tribunal Federal, agora em Brasília, da representação
encaminhada por São Bento à Procuradoria Geral da República. E
lá estavam presentes, mais uma vez, os grandes heróis da causa,
Benedito Marcondes Raposo e Noé Alves Ferreira.
Como se sabe, a decisão final foi favorável aos dois grandes
líderes. E dessa forma, Santo Antônio do Pinhal, pela terceira e
última vez, conquistava a vitória na mais Alta Corte de Justiça do
país.

14 – As seguintes personalidades tiveram atuação destacada no


processo autonomista e não podem ser esquecidas.
Em São Paulo, o advogado, especialista em Direito Municipal,
Dr. Antônio Mesquita Filho, que prestou relevantes serviços à causa,
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 133

a pedido de seu amigo, Cel. Sebastião Marcondes da Silva; Dr.


Antônio Azeredo, advogado do PDC para o setor político; Dr. Clóvis
Garcia, advogado do partido situacionista na época. No plano
federal avulta a figura do Dr. Dario de Almeida Magalhães, grande
advogado, que por solicitação do ministro Nélson Hungria, assume
a causa pinhalense, vencendo, no supremo, os três recursos de São
Bento.

15 – Por fim, cabe-nos dizer uma palavra sobre aqueles que,


embora radicados em terras pinhalenses, há muito tempo, por
motivos subalternos ou mera conveniência pessoal, se abstiveram de
participar da grande epopéia da Emancipação. E também daqueles
outros que, nas mesmas condições, lutaram ardorosamente, mas
sob a bandeira antagonista de São Bento.
Algumas destas pessoas tinham certo destaque no contexto
político-social da época e pesavam na balança dos fatos. Temos,
por assim dizer, os seus nomes no bico da pena. E, aqui, podíamos
arrolá-Ios para perene execração da memória comunitária.
Todavia, refletimos melhor. Uma página tão bela e heróica,
como a da Emancipação não merece ser tisnada com a menção de
fatos deslustrativos ou, pior ainda, com a apresentação de uma lista
negra. E, assim, pensando, decidimos omitir, deste apontamento
histórico, os nomes dos que não souberam entender ou sentir a
grandeza da causa, que, afinal, era a de todos os pinhalenses!

Sebastião Laércio Marcondes César


08/02/1928 - 18/01/1985
Taubaté, 10/03/83
Santo Antônio do Pinhal
134 De Sertão a Município - 1785 a 2024

20 Estância climática

Mas não bastava a Santo


Antônio ser promovida à cate-
goria de município, a cidade
apresentava também condições
naturais para ser elevada ao
nível de estância climática ou
até mesmo de estância hidro-
mineral.
Comício

Foi de autoria do deputado


Benedito Matarazzo a Lei esta-
dual n°. 9.714, de 27 de janeiro
de 1 9 6 7, aprovada por unani-
midade de votos pela Assem-
bleia Legislativa e que transfor-
mou o município em estância
Inauguração do Pico Agudo climática.
Posteriormente, essa lei foi sancionada pelo então governador
Laudo Natel.

Foi uma luta memorável,


onde mais uma vez despontou os
brios da gente pinhalense, tendo
como seu gênio tutelar a figura
inesquecível do ilustre deputado
Benedito Matarazzo, grande
amigo de Santo Antônio do
Pinhal. Inauguração da Delegacia
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 135

Reunião Política Digno de registro foi o epi-


sódio em que, à véspera do gover-
nador sancionar essa lei, veio
ele a Campos do Jordão, em
viagem pelo tradicional bondi-
nho. Avisados de que o gover-
nador iria passar em Lefévre,
os pinhalenses, encabeçados por
Olavo Siqueira, encheram um caminhão e partiram rumo à famosa
parada.
Lá chegando, o bondinho já estava de saída, com o governador e
comitiva. Este, porém, avistando ao caminhão que surgia, ordenou
que a automotriz parasse, desceu e veio ao encontro da caravana
pinhalense. Na oportunidade, o então vereador Laércio Marcondes
manteve longa palestra com o chefe do executivo paulista, exaltando
as qualidades naturais de Santo Antônio e rogando sua elevação à
categoria de Estância Climática.
O governador ouviu atentamente a sua exposição, respondendo
que ao examinar o projeto no dia seguinte, em São Paulo, o faria com
bom ânimo, tendo em mente as palavras ouvidas naquele momento.
Mais tarde, em Campos do Jordão, Noé Alves Ferreira e João
Batista da Motta reforçariam o mesmo pedido.

21 A revolta dos canos


Por Noé Alves Ferreira

Tendo o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo anulado a


criação do Município de Santo Antônio do Pinhal, por unanimidade
de votos de seus desembargadores, e considerando que as primeiras
eleições de prefeito, vice-prefeito e vereadores estavam marcadas
para o dia 15 de novembro de 1959, do Município de São Bento do
Sapucaí, continuava junto ao Supremo Tribunal.
Santo Antônio do Pinhal
136 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Nas eleições de 15 de novembro de 1959, do Município de São


Bento do Sapucaí, Noé Alves Ferreira candidatou-se a vereador
daquele Município, porém, sempre chefiando e defendendo o movi-
mento da independência política de Santo Antônio do Pinhal.
O então prefeito de São Bento do Sapucaí, Sebastião de Mello
Mendes, não acreditou no sucesso da autonomia de Santo Antônio
do Pinhal.
Junto ao seu candidato a Prefeito, Sr. Benedito Gomes de Souza,
e outros políticos dominantes da época, em convenção do Partido
Democrata Cristão (PDC) foram escolhidos para candidato a
vereadores pelo distrito de Santo Antônio do Pinhal, Noé Alves
Ferreira, Benedito Marcondes Raposo, João Batista da Motta,
Francisco Alves Pereira, Procópio Marcondes de Azeredo e José
Geraldo da Costa. Para acerto das candidaturas especificadas Noé
Alves Ferreira propôs o melhoramento do abastecimento de água na
então Vila de Santo Antônio, tendo à proposta apresentada merecido
a aprovação dos seus companheiros candidatos e vereadores pelo
distrito.
Cumprindo o acordo, imediatamente o Prefeito Sebastião Mello
Mendes enviou a Santo Antônio canos suficientes para melhorar o
abastecimento de água. Tudo isto aconteceu em agosto de 1959.
Realizando as eleições em 15 de novembro de 1959, foi eleito o
Prefeito Benedito Gomes de Souza, bem como, pelo distrito de Santo
Antônio, foram eleitos os seguintes vereadores: Noé Alves Ferreira,
Procópio Marcondes de Azeredo, Francisco Alves Pereira e José
Geraldo da Costa.
Em 31 de dezembro de 1959, foram empossadas autoridades de
São Bento do Sapucaí, bem como os vereadores que representavam o
distrito de Santo Antônio do Pinhal. E o serviço de melhoramento de
água? E os canos? Continuaram em pilhados na praça da Igreja
Matriz de Santo Antônio desde agosto de 1959, durante toda a
campanha eleitoral para conseguir votos dos eleitores de Santo
Antônio do Pinhal.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 137

Noé sempre lutou para que os serviços de melhoramento de


água da vila fossem executados. Noé não conseguiu...
Noé não faltava às sessões da Câmara em São Bento do Sapucaí,
porém lutava diariamente junto com seus companheiros, Mons.
João José de Azevedo, Benedito Marcondes Raposo e outros, para
conquistar a vitória da Emancipação de Santo Antônio do Pinhal,
junto ao Supremo Tribunal Federal. Esta luta teve início em abril de
1959, ocasião em que o Tribunal de Justiça havia anulado a Lei 5.113
de 31 de dezembro de 1958 na parte em que se referia ã criação do
Município de Santo Antônio do Pinhal.
Em 16 de janeiro de 1960, o Prefeito Benedito Gomes de Souza
ficou sabendo pelo seu advogado, Dr. Genésio Pereira Filho, este
assessorado pelo jurista Miguel Reale, ambos filhos ilustres de São
Bento do Sapucaí, que Santo Antônio do Pinhal em poucos dias
tornar-se-ia município por decisão do Supremo Tribunal Federal,
tornando sem efeito a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Em tal circunstância de fatos a serem efetivados jurispruden-
cialmente, Benedito Gomes de Souza manda buscar os canos de
volta para São Bento do Sapucaí. Noé Alves Ferreira, na qualidade
de vereador, deu contra-ordem e solicitou aos funcionários da
Prefeitura que descarregassem os caminhões, no que foi obedecido.
(Os canos já haviam sido colocados nos caminhões para retornarem
a São Bento do Sapucaí.) O povo de Santo Antônio, entusiasmado
pela emancipação do antigo distrito, deu apoio ao Noé. O povo
indistintamente, homens, mulheres, jovens e crianças, ajudou a
amontoar os canos da praça da Matriz.
Enquanto isso acontecia, Noé comunicou-se com o vigário
Mons. João José de Azevedo, o qual telefonou ao Palácio do
Governador Carvalho Pinto, pedindo apoio suficiente para defen-
der o direito de toda Santo Antônio.
Enquanto Noé e Monsenhor Azevedo tomavam uma provi-
dência, o Prefeito Souza telefonou ao Vereador Noé, dizendo rustica-
Santo Antônio do Pinhal
138 De Sertão a Município - 1785 a 2024

mente que os canos seriam retirados e que os caminhões já tinham


seguido para Santo Antônio do Pinhal, com policiais para garantir a
ordem, ao que Noé respondeu que só acataria com mandado judicial.
Os caminhões logo chegaram com soldados da Polícia Militar. O
povo montava guarda em volta dos canos. Noé recebeu ordem por
escrito do Prefeito Souza, trazida pelo Comandante dos policiais.
Mais uma vez relutou e reafirmou que os canos só sairiam
mediante ordem judicial. Os caminhões voltaram novamente vazios
para São Bento do Sapucaí.
A noite chegou. O povo passou toda noite em vigília. No dia
seguinte constatou-se que aumentara o número de pessoas solidá-
rias com o movimento.
No dia seguinte (17/1/60) chega um sargento enviado pelo
governo do Estado com vários soldados policiais militares para
cumprir ordem judicial para os canos serem entregues. Dia e noite o
povo guardava os canos. Por duas noites Santo Antônio do Pinhal
ficou sem iluminação elétrica. O povo colocava na cidade pequenas
fogueiras e lanternas de querosene.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 139

Noé temendo confusões imprevisíveis mandou guardar os


canos no quintal de seu sogro, Olímpio Vieira da Silva. Esta não foi
a solução; a multidão de pessoas cada vez aumentava.
O Prefeito conseguiu do Batalhão Policial de Taubaté soldados
da polícia para garantir a ordem na hora precisa.
Noé com ordem do Monsenhor Azevedo mandou guardar os
canos dentro da igreja Matriz de Santo Antônio.
A parte central da Igreja Matriz ficou toda tomada pelos canos.
Os devotos entravam na Igreja pela porta da Sacristia. Noé, na
ocasião, era correspondente do Diário de São Paulo. Logo nos
primeiros dias do movimento, Noé fez uma reportagem por telefone,
que foi transmitida pelo "Grande Jornal Falado Tupi" que tinha
como chefe o Dr. Corifeu de Azevedo. Com essa divulgação do
movimento popular, a cidade ou a próxima futura cidade, recebeu
vários repórteres de jornais e revistas ficando a "Guerra dos Canos",
na ocasião assim denominada, e conhecida em todo Brasil pelas
reportagens e fotos do Diário de São Paulo, Folha de São Paulo, Folha
da Tarde e outros jornais, inclusive o jornal Estado de São Paulo.
Durante 4 ou 5 dias os grossos canos enchiam a Igreja Matriz.
Santo Antônio do Pinhal
140 De Sertão a Município - 1785 a 2024
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 141

A cidade cheia de gente aguardava também a decisão sobre a


emancipação político-administrativa de Santo Antônio do Pinhal.
Enquanto isso o Prefeito Benedito Gomes de Souza não conse-
guira nomeação de um juiz de Direito para a comarca de São Bento
do Sapucaí. Janeiro era período de férias forenses.
Os ministros do Supremo Tribunal Federal tomaram conheci-
mento do direito que o antigo distrito pleiteava há cinco anos: sua
autonomia.
Santo Antônio do Pinhal durante 100 anos, foi distrito de São
Bento do Sapucaí. Foi, na verdade, durante um século, um setor
eleitoreiro dos dominantes de São Bento do Sapucaí.
A sorte estava ajudando Santo Antônio. O prefeito Souza não
conseguiu nomear ou designar pelo Tribunal de Justiça de São Paulo
um juiz para São Bento.
No dia 26 de janeiro de 1960, o Supremo Tribunal Federal
anulou a decisão do Tribunal de Justiça do Estado que havia, pelo
seu acórdão, decidido pela anulação da Lei paulista que criara o
Município de Santo Antônio do Pinhal. Com sentença da mais alta
corte do Brasil, por unanimidade de seus ministros que assim vota-
ram, Santo Antônio do Pinhal voltou a ser município independente
de São Bento do Sapucaí.
Às 6 horas da tarde, na hora da Ave-Maria, Noé como de
costume estava fazendo pelo alto-falante da Igreja Matriz o minuto
de meditação e logo em seguida deveria dar os avisos ao povo sobre
a Emancipação e sobre a guarda dos canos. Noé foi interrompido
para atender um telefonema do advogado da Comissão Emancipa-
dora, de Santo Antônio do Pinhal. Noé volta ao microfone e dá a boa
nova ao povo pinhalense.
Os sinos da Igreja Matriz e da Igreja de São Benedito repicaram
festivamente. Os canos foram retirados de dentro da Igreja pela
grande multidão de pessoas que em poucos minutos deixaram a
Igreja limpa e em ordem para que o Monsenhor João José de
Azevedo, com mais dois padres, celebrasse à meia-noite do dia
Santo Antônio do Pinhal
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26/1/60 a primeira missa em Ação de Graças do novel município. A


festa continuou pela noite adentro: o povo cantava, rezava, chorava
de alegria e emoção. Em grandes passeatas o povo levava nos ombros
Noé e João Batista da Motta. Fogos de grandes potências estouravam
no alto do Santo Cruzeiro e em todas as ruas de Santo Antônio do
Pinhal. O povo continuava lotando as ruas. De todos os bairros
chegavam caminhões, charretes, cavaleiros trazendo aqueles que
desejavam compartilhar da festa da vitória.
No dia seguinte Noé, atendendo acordo amigável do Prefeito
Benedito Gomes de Souza, entregou os canos à Prefeitura de São
Bento do Sapucaí. O acordo foi assinado pelo Vereador Noé, chefe do
Movimento, pelo representante do Prefeito Souza, pelo Delegado
de Polícia e várias testemunhas. O povo novamente unido ajudou
a colocar os canos nos caminhões, devolvendo-os a São Bento do
Sapucaí, satisfeitos e confiantes de que de agora em diante Santo
Antônio do Pinhal teria condições para adquirir com seus próprios
recursos novos encanamentos para refazer seu sistema de água.
Com o restabelecimento da Lei que emancipou Santo Antônio
do Pinhal, por decisão do Supremo Tribunal Federal, no dia 26 de
janeiro de 1960, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo marcou
as primeiras eleições para Prefeito e Vice-Prefeito e Vereadores de
Santo Antônio do Pinhal, para 5 de março de 1961.
Esta é a história da "Revolta dos Canos" que por fazer parte da
história da própria emancipação política e administrativa de Santo
Antônio do Pinhal, julgamos por bem incluí-la, uma vez que já veio à
tona em salas de aula.

De capela a município
Da formação de uma capela ao estabelecimento de um muni-
cípio, existe um percurso de denominações. Entendam melhor quais
são e o que significam:
Capela: pequeno templo fundado pelos nobres ou senhores nas
terras de sua propriedade, geralmente ao lado de sua casa. Convertia-
se muitas vezes em paróquia, formando uma Vila.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 143

Freguesia: sede de uma igreja paroquial que servia para a


administração civil. Era a categoria oficial em que era elevado um
povoado quando nele havia uma capela administrada por um pároco
que era mantido a custas dos moradores, que lhe pagavam um valor
anual para o seu sustento.
Vila: Unidade político-administrativa autônoma equivalente a
município, trazida de Portugal para o Brasil no início da colonização,
tendo perdurado até fins do século XIX; toda vila deveria possuir
Câmara e cadeia, além de um “pelourinho” – símbolo da autonomia;
termo empregado em substituição a município, pois este não podia
ser empregado na colônia, ou seja, em terras não emancipadas.
Termo: Território da vila, cujos limites são imprecisos; tinha a
sua sede nas vilas ou cidades respectivas; era dividido em freguesias,
limite, raia ou marco divisório que extrema uma área circunscrita.
Cidade: Título honorífico concedido, até a Proclamação da
República, pela Casa Imperial, a vilas e municípios, sem nada
acrescentar à sua autonomia; a partir da Constituição de 1891, este
poder é delegado aos Estados, que podem tornar cidade toda e
qualquer sede de município; nome reconhecido legalmente para as
povoações de determinada importância.
Município: Divisão administrativa de origem romana, levada
pelos romanos para a Península Ibérica, e de Portugal trazida para o
Brasil; equivalente à vila; menor unidade territorial político-admi-
nistrativo autônoma; entre os romanos, cidade que possuía o direito
de se administrar e governar por suas próprias leis; no Brasil subs-
titui definitivamente o termo “vila” a partir da República, tendo
aparecido pela primeira vez na legislação através da Carta Régia de
29/10/1700.
Santo Antônio do Pinhal
144 De Sertão a Município - 1785 a 2024

22 Economia e desenvolvimento

Vilarejo do Pinhal
Um terreno abandonado cheio de entulho e mato, na entrada da
cidade, foi neste local que um grupo de empresários paulistas já
apreciadores da cidade decidiram construir um centro comercial
organizado.
Um local que reunisse lojas, bons produtos, arte e alimentação,
que recebesse bem o turista e acolhe-se eventos oferecendo um ponto
de encontro e bem estar. Assim foi inaugurado em 29 de junho de
2002 o Shopping Vilarejo do Pinhal. Sua arquitetura é a um só tempo
arrojada e coerente com o entorno.
Madeira roliça, cerâmica, telhas coloniais e telhados alpinos,
também inspirados nas asas delta que voam pelos céus da cidade.
Muitos jardins, compondo um paisagismo representativo da
região e sua altitude, incontáveis árvores nativas de mata atlântica
e plantas exóticas de clima frio convivem em harmonia. O Vilarejo
abrigou inclusive os primeiros caixas eletrônicos da cidade, facili-
tando em muito a vida dos moradores e visitantes.
Conforme comentou o bem humorado governador paulista
Geraldo Alckmin em visita a cidade: “O empreendimento destacou
Santo Antônio das cidades vizinhas, gerou empregos, alavancou o
comércio e tornou-se referência de qualidade e bom gosto”.
Em 2021 encerrou as atividades de comércio e em 2023 iniciou
mudanças para futuros negócios.

Agricultura
O município de Santo Antônio do Pinhal sempre teve a atividade
agropecuária como base de sua economia. No início do século
passado, destacava-se o cultivo de olerícolas, sendo o plantio limi-
tado a algumas poucas culturas, como batata, repolho, além do
cultivo de milho e mandioca.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 145

Na década de 20, começaram a chegar os primeiros japoneses


à região e com eles tem início o processo de diversificação das
atividades produtivas. Inicia-se o plantio de cenoura em grande
escala, cultura esta que encontrou grande receptividade nos merca-
dos do Rio de Janeiro e São Paulo. Essas culturas foram introduzidas
principalmente nas áreas altas do município o que por consequência
levou à retirada de boa parte da vegetação original, iniciando-se
assim o processo de erosão em muitas áreas de declive acentuado.
Teve início também, o plantio de algumas frutas de clima temperado,
com destaque para o cultivo de marmelo, pera e uva.
Na década de 50, o plantio intenso de pêssego em várias regiões
do Município deu início a uma era de prosperidade e Santo Antônio
do Pinhal ganhou destaque no Estado pela grande produção de peras
e pêssegos.
Começam a aparecer as primeiras granjas para a produção de
ovos e a pecuária de leite começa a se estabelecer de modo mais
definitivo, fazendo com que se intensificasse o processo de redução
da cobertura florestal, principalmente no topo dos morros.
No início da década de 70, a maior parte dos produtores de
Pêssego inicia o cultivo de Nectarina, que logo acaba ganhando
destaque no mercado regional. A produção de pêra entra em declínio
devido a uma série de fatores. Talvez o principal deles tenha sido
a pequena preocupação com as técnicas necessárias para uma
produção competitiva em escala comercial e segundo alguns ao início
de produção de Pinus elliottii que contribuiu para a não polinização
de espécies frutíferas.
No fim da década de 70 algumas famílias japonesas dão início
à produção de flores (Orquídeas). Nessa época com a construção da
Rodovia SP-123, o turismo ganha novo impulso na região, com maior
destaque para o turismo ambiental e de aventura. A prática do vôo
livre também passa a ser mais explorada.
Já nos anos 80, a fruticultura começa a sentir os efeitos da
importação de frutas de clima temperado do Chile e, devido ao alto
Santo Antônio do Pinhal
146 De Sertão a Município - 1785 a 2024

custo de produção e à dificuldade de comercialização, passa a não


ser um produto tão rentável. A grande maioria dos fruticultores
substitui, então, a produção de frutas pela produção de flores. A
avicultura começa a se concentrar nas mãos de grandes empresas e
os produtores abandonam as atividades para investir mais recursos
na floricultura.
Na década de 90, observa-se um grande crescimento do turismo
na região; algumas propriedades começam a trabalhar com o turis-
mo rural. Instalam-se as primeiras pousadas na área rural.
A especulação imobiliária passa a promover grande valor à
terra. Muitos produtores começam a parcelar suas propriedades e
com isso aumenta consideravelmente o número de pequenos sítios
de lazer. Alguns produtores abandonam a atividade agropecuária
e passam a trabalhar como funcionários nessas propriedades. Boa
parte da mão de obra jovem, principalmente feminina, acaba indo
trabalhar em pousadas e restaurantes instalados no município.
As sucessivas crises econômicas que muito contribuíram para a
descapitalização dos produtores, e as restrições ambientais que se
impuseram a com maior rigor a partir de 1998, quando o município
foi inserido na APA - Área de Proteção Ambiental - contribuíram
para a redução da atividade agropecuária, principalmente em termos
de área cultivada. Mesmo assim, esse segmento ainda constitui o
suporte da economia do município, desenvolvida atualmente em
sua maioria por agricultores familiares que se dedicam ao cultivo de
hortaliças diversas.
Quanto à comercialização, cerca de oitenta por cento dos
produtos olerícolas são comercializados nos mercados de Campos
do Jordão, Pindamonhangaba e Taubaté. O restante da produção
é comercializada nas quitandas, supermercados, restaurantes e
pousadas do município.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 147

Pecuária
O leite é comercializado através das cooperativas de São José
dos Campos e de São Bento do Sapucaí. Cerca de 20% do leite
produzido é vendido “in natura” ou processado na fabricação de
queijos e doces no próprio município.
No Bairro do Lageado encontra-se o Sítio Aconchego que se
dedica à criação e venda de gado Jersey e a produção de leite “in
natura”. De excelente qualidade, o Leite Integral Sítio Aconchego é
processado no local, pasteurizado, engarrafado e vendido na região.
No Bairro do Rio Preto, o leite Mantiqueira é entregue na região
e Vale do Paraíba.

Piscicultura
O clima frio de Santo Antônio do Pinhal é propício para o
desenvolvimento da truticultura, condição que estimula alguns
produtores a fazer dela uma fonte de renda.
Um dos principais fornecedores da truta que é consumida no
município é o engenheiro agrônomo Benedito Antônio da Costa,
proprietário do Sítio Matão, localizado no bairro do Rio Preto. Benê,
como é conhecido, é criador de trutas há 22 anos e produz cerca de
40.000 peixes por ano.
Além de fornecer para os restaurantes locais e Campos do
Jordão, o produtor mantém um pesqueiro onde a truta pode ser
pescada e saboreada na hora, no restaurante que funciona no sítio.
O que favorece a criação dessa espécie de peixe da família do
salmão é a água de boa qualidade, vinda da montanha a uma altitude
de mais de 1.000 metros.
Existem outros pesqueiros no município, dentre eles, o pes-
queiro Arco Íris localizado no trecho entre Eugênio Lefévre e a
entrada da cidade.
Curiosidade: A truta é um peixe da família do salmão e a espé-
cie Arco-Íris, originária da América do Norte, habita águas puras,
Santo Antônio do Pinhal
148 De Sertão a Município - 1785 a 2024

cristalinas e muito oxigenadas, encontrando nas montanhas frias


de Santo Antônio do Pinhal, um hábitat perfeito para sua criação.
Além de ser uma excelente fonte de proteínas, sais minerais, cálcio,
fósforo e vitaminas, a truta possui ácido-graxo, o ômega-3, que reduz
o colesterol se consumido regularmente.

Floricultura
O cultivo da orquídea foi introduzido no município pelo
pioneiro Shiguero katayama, substituindo boa parte dos antigos
pomares e hortas e as gerações foram se sucedendo no comando da
produção. As primeiras mudas foram trazidas do Japão há 33 anos,
principalmente das variedades Cymbidium que hoje deve render
cem mil vasos e mais de um milhão de galhos (mudas); depois, a
variedade Ondicium.
Dominado sobretudo pela colônia japonesa do município, o
cultivo de orquídeas já incorpora modernas técnicas, como clona-
gem e multiplicação por meio de polinização em laboratórios que se
dedicam a reproduzir variedades mais raras, por cruzamento (os
híbridos) ou a partir de sementes colhidas na natureza.
Segundo os produtores, o clima é o que mais favorece o cultivo
de orquídeas em Santo Antônio, entretanto, um dos fatores que
dificultam a tarefa de produção de variedades raras é o tempo que se
leva para conseguir chegar à floração, uma vez que uma planta pode
levar até cinco anos para florescer.
Para comercializar o produto, foi instalado um galpão na
estação Eugênio Lefévre, ponto de parada do bondinho de turistas
da Estrada de Ferro Campos do Jordão, onde a venda é direta ao
consumidor.

Artesanato
JARDINS DE BARRO ATELIER CAFÉ
O Jardins de Barro compreende o atelier da artista plástica
paulistana Cynthia Duarte, que vive na cidade há cerca de 20 anos.
Santo Antônio do Pinhal
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São peças de cerâmica, utilitárias e decorativas, que estão à


venda no local ou sob encomenda. Para quem quer sentir o gostinho
de por a mão no barro é possível participar de oficinas individuais ou
em grupo. O local conta com uma pequena e charmosa cafeteria com
direito a café no coador de pano e quitutes com sabores da roça.

PAPEL MACHÊ COM ARTE


A loja Papel Machê com Arte reúne obras do artista plástico
Antônio Maria Soares, nascido na vizinha São Bento do Sapucaí e
que há 26 anos vive na cidade. O artista usa o dom para transformar
resíduos em lindas peças decorativas em papel machê, agregando
principalmente pó de madeira, papelão e papel. Seu ponto forte são
os pets que, por sinal, também podem virar pequenas réplicas a
partir de fotos – sob encomenda.

VIVARTEARE ATELIÊ
A galeria-loja Vivarteare reúne obras do casal Míriam Leite
(pintora, escultora e designer) e Dioclésio José (tecelão), que há
12 anos vive na cidade. O resultado é um ambiente agradável e
harmônico com exposição de pinturas, quadros de mandalas,
esculturas, trabalhos em tecelagem, camisetas e uma infinidade
de acessórios em prata.

ANDRÉ MARX ATELIÊ


O designer paulistano André Marx, que vive na cidade desde
2009, já nasceu imerso na arte – é filho do renomado pintor e
arquiteto Antônio Marx. Formado em física em 1986, o designer
autodidata usa o seu conhecimento para produzir móveis contem-
porâneos a partir de madeiras provenientes de manejo florestal
sustentável ou demolição. Foi um dos pioneiros na utilização da
madeira certificada. Há cerca de dois anos, ele introduziu a pedra
em seus trabalhos – o que tem resultado principalmente em belas
luminárias.
Santo Antônio do Pinhal
150 De Sertão a Município - 1785 a 2024

ATELIER DE CERÂMICA NANCY BARROS E SYLVIA GARNER


A artesã americana Nancy Barros vive na cidade desde 1978. O
ponto forte do atelier é a cerâmica de alta temperatura, com peças
utilitárias e decorativas. Seu gosto por trabalhos manuais começou
ainda menina e há cerca de 19 anos, começar a trabalhar com
cerâmica. Hoje, divide o espaço com a filha Sylvia Garner – que
segue os passos da mãe no amor pela arte. No local, também funciona
o Haras Saracuras com aulas de equitação.

ATELIER EDUARDO MIGUEL PARDO


O artista plástico paulistano Eduardo Miguel vive há 22 anos
em Santo Antônio do Pinhal. O atelier, um espaço agradável rodeado
pela natureza, é um misto de sensibilidade e criatividade. Sem falar
na organização, com peças estrategicamente guardadas. O ponto
forte das obras é a madeira, que muitas vezes ganha vida com a ajuda
dos mais variados materiais recicláveis. Com esse “diálogo com o
material”, surgem assim lindos móveis e objetos de decoração. Suas
obras estão presentes em mais de 70 países.

PRATA D´LUA
A loja Prata D´Lua reúne os trabalhos do designer argentino
Guilhermo Estefanía, que vive na cidade desde 1987. O espaço conta
com acessórios artesanais feitos a partir de metais nobres, princi-
palmente a prata e pedras. O designer, que soma 35 anos na arte, usa
a técnica e a sensibilidade para criar peças únicas e criativas. O local
também faz consertos e restaurações.

GALERIA JOÃO PAULO RAIMUNDO


A galeria designer mineiro João Paulo Raimundo, que há 10
anos vive em Santo Antônio, conta com obras feitas a partir do
papelão reciclado – utilizando a técnica do papel machê. O local
reúne lindas peças exclusivas, como bancos, mandalas, esculturas
e luminárias. Além de pronta entrega, a galeria trabalha com
encomendas e projetos.
Santo Antônio do Pinhal
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MATINHO DI FLOR
A artista plástica paulistana Cassia Mônica vive há 29 anos na
cidade. Psicóloga, a artista se atenta aos detalhes para criar um lindo
e colorido artesanato feito à mão utilizando a técnica de colagem em
tecido. São peças, a maioria vasos, com flores naturais secas e tecidos
coloridos que dão alegria e um charme todo especial. As flores podem
ser aromatizadas na hora. Venda também sob encomenda.

ANDRÉ WAGNER ARTE


O desenhista industrial André Wagner mora há cerca de seis
anos na cidade, onde em meio à natureza descobriu sua grande
habilidade também como artesão. Desde menino já gostava de
montar e desmontar coisas. Cada peça é produzida artesanalmente,
uma a uma, utilizando como matéria-prima madeiras descartadas e
de reflorestamento – como maracatiara, pau marfim, ipês e outras.
Assim, gaivotas, beija-flores, baleias, barcos estão entre as obras
criadas que ganham movimento.

RR PLACAS ENTALHADAS
A RR Placas Entalhadas, sob o comando dos pinhalenses
Roberto Camargo e Luiz Roberto de Oliveira (Robertinho), pai e
filho, atua há mais de 30 anos no mercado. As placas são confec-
cionadas no atelier, utilizando madeira de qualidade, em estilo
rústico, feitas artesanalmente – tornando cada peça única. As placas
podem levar nomes, logomarcas, frases, desenhos e outros. Basta
usar a criatividade!

ATELIER MORITO EBINE


O artesão Morito Ebine trouxe para Santo Antônio do Pinhal
as técnicas de encaixe da tradicional marcenaria japonesa. Do seu
organizado atelier, saem as mais variadas peças em madeira que
encantam o mundo. Num conceito focado na qualidade e durabi-
lidade, o artesão cria móveis “para a vida toda”.
Santo Antônio do Pinhal
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23 Transporte e comunicação

Uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos exploradores


do Vale do Sapucaí foi o transporte. Não havia estradas e sim
caminhos naturais entre as matas virgens que foram no passado
trilhas de índios ou abertos pelo homem.
O relevo acidentado com caminhos íngremes e tortuosos,
estreitos e escorregadios, fizeram do burro o animal mais impor-
tante para o transporte por ser o que mais se adaptava as condições
topográficas e que suportava cargas mais pesadas. Foi introduzido na
região pelos bandeirantes e tornou-se o responsável pela integração
do Vale do Paraíba com o Sul de Minas, transportando a nossa
cultura junto com as pesadas cargas. As pessoas que buscavam ar
puro para a sua saúde eram transportadas em liteiras ou no lombo
dos animais. O clima de nossa região já era conhecido desde Século
XIX como sendo benéfico para a saúde.
As primeiras trilhas na Serra da Mantiqueira ligando o Alto
Sapucaí ao Vale do Paraíba, foram abertas pelos bandeirantes que
usavam diversas trilhas entre elas a Garganta de Piracoama para se
dirigirem às minas com suas tropas de burros.

Tropa de Muares
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 153

Findo o ciclo dos minérios e dos Índios, vieram as sesmarias e


depois surgiram as fazendas produtoras de café, açúcar, cereais e de
criação de gado, intensificando-se a criação de burros e aumentando
o tráfego de tropas que desciam e subiam as trilhas da Serra da
Mantiqueira.
Os fazendeiros que instalaram-se na região onde hoje
encontram-se as cidades de Santo Antônio e São Bento do Sapucaí,
pertenciam as tradicionais famílias de Pindamonhangaba e Taubaté,
mantinham estreitas relações comerciais com as duas cidades.
Usando as trilhas abertas, primeiro pelos índios, depois pelos
bandeirantes, as tropas desciam e subiam a Serra, levando fumo,
principal produto de exportação, toucinho, café, cereais, e do Vale,
traziam ferramentas, querosene, sal, tecidos, armarinhos, produtos
manufaturados e importados, enfim, o necessário para a vida dos
serranos.

Tropa do Virgilio

O tropeiro
Teve papel importante no desenvolvimento sócio econômico do
distrito de Santo Antônio, sendo o elo entre o Vale do Paraíba e o Sul
de Minas.
Santo Antônio do Pinhal
154 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Tropeiro era o condutor-chefe da tropa, alguns eram donos dela,


levavam consigo o condutor e o cozinheiro, chegavam a andar três
léguas por dia e cada animal carregava no máximo 120kl.
Levando-se em conta que uma légua tem aproximadamente
6km e a distância entre Santo Antônio e Pindamonhangaba é de
30km, uma viagem entre as duas cidades durava cerca de uma
semana, a viagem não era contínua em cada rancho de tropas que
encontravam paravam para descansar os animais.

Tropa do Tunico Granato

Urbano Moreira, 1940


Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 155

Mais tarde, o transporte mais confortável passou a ser a


charrete, algumas tinham cobertura e banco estofado e trans-
portavam até três pessoas adultas mais alguma bagagem ou criança.
O seu uso limitava-se ao trânsito entre a zona rural e a cidade.
Nas décadas de 40 e 50, Benedito Ribeiro Pimenta, mais
conhecido como Dito Pimenta, fazia o transporte do distrito para
a estação de trem Eugênio Lefévre.

Charrete do Dito Pimenta

Automóveis

Segundo documentos da época, o primeiro automóvel surgiu na


região de São Bento do Sapucaí na segunda década do século XX. Em
1917, Carmenuto Fitipaldi possuía automóveis de aluguel e o Sr. José
Batista de Oliveira Paiva transportava pessoas até Eugênio Lefévre,
ponto de conexão com a Estrada de Ferro Campos do Jordão. Em
Santo Antônio do Pinhal
156 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Santo Antônio o automóvel surgiu na década de trinta e o primeiro


proprietário foi Tião Sissui e seu irmão Sebastião Damasceno.
Em 1929 instalou-se a primeira empresa regular de transporte -
Auto Viação São Paulo - Minas - de propriedade do Sr. Octaviano
Marcondes Cabral e fazia o trajeto diário entre São Bento e Eugênio
Lefévre, com saída às 7 horas da manhã e retorno às 17 horas.
A precariedade das vias de acesso ao Vale do Paraíba tornou o
automóvel pouco usado nas primeiras décadas do século, inten-
sificando-se a partir da abertura da estrada Campos do Jordão - São
José dos Campos - a SP 50, passando por Santo Antônio do Pinhal.
A região de serra era muito perigosa e os passageiros preferiam o
bondinho, com baldeação em Eugênio Lefévre.

Aparecida do Norte: Geraldinho, João Ribeiro, Francisca, José L. Derrico, 24 - 04 - 1926


Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 157

Estação Eugênio Lefévre - 1929

O sonho do trem
No contrato de concessão de uso e exploração de Estrada de
Ferro Campos do Jordão havia uma cláusula que obrigava a cons-
trução de um ramal ligando Paraisópolis - MG a Eugênio Lefévre,
mas não foi cumprida. A ideia era unir a ferrovia elétrica a ferrovia
a vapor que existia na cidade mineira, para facilitar o escoamento
de mercadorias para o Vale do Paraíba. Houve outras tentativas
de trazer o trem para Santo Antônio, 1949-1986, mas, todas frus-
tradas.

Correio
O serviço de correio foi criado em 1858, no Distrito de Santo
Antônio a agência foi criada em 20-12-1876 noticiado pelo Jornal
Correio Paulistano desse dia. Um estafeta fazia a viagem a cavalo
uma vez por mês para Pindamonhangaba, levando e trazendo as
correspondências. Isso durou até a chegada do automóvel, quando
as viagens tornaram-se mais frequentes.
A comunicação entre Santo Antônio e o resto do país era muito
difícil e lenta. Os tropeiros eram os únicos portadores das cartas
enviadas pelos pinhalenses aos seus amigos e parentes de Pinda e
Taubaté ou vice-versa.
Santo Antônio do Pinhal
158 De Sertão a Município - 1785 a 2024

O primeiro estafeta motorizado foi o Sr. José Batista de Oliveira


Paiva, mais conhecido como Juca do Fonsico, usando o seu próprio
automóvel ele fazia viagens diárias até Eugênio Lefévre, após 1914,
onde apanhava a correspondência, ou a mala postal vinda pela E. F.
Campos do Jordão, deixava as correspondências de Santo Antônio
e seguia viagem para São Bento do Sapucaí.

Telefone
O serviço telefônico foi instalado em 10 de dezembro de 1908
pela rede telefônica pindamonhangabense, noticiado pelo Jornal
Estado de São Paulo desse dia.
Após o início das atividades da Estrada de Ferro Campos do
Jordão, a mesma assumiu o sistema de telefonia.

Rádio e Gramophone
Os aparelhos de rádio começaram a chegar por aqui na década
de 30, poucos se davam ao luxo de possuir um aparelho em casa,
dado ao seu alto custo e poucos também possuíam o gramophone.

Luz elétrica
Noticiado pelo Correio Paulistano em 30 de junho de 1916,
“Illuminção pública ficou óptima”.

Jornal Cine repórter, 08 de outubro de 1948


Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 159

Televisão
O primeiro aparelho chegou a Santo Antônio nos anos 60 e
pertencia à Sra. Maria Barbosa, esposa de J. Monteiro, dono do
cinema inaugurado em 1948, sua casa ficava cheia de telespecta-
dores, principalmente em dia de jogos de futebol, embora sinto-
nizasse apenas um canal com mais chuviscos do que imagens.
Com o tempo, o televisor ficou mais popular e as antenas eram
instaladas nos morros da cidade formando um emaranhado de fios
cruzados por todos os lados. Era comum ver alguém com uma
taquara desenrolando os fios paralelos depois que alguma coruja ou
gavião pousava neles. Mais tarde foi construída uma torre repeti-
dora no bairro Joaquim Alves que dava muito trabalho ao técnico
de manutenção. Hoje a antena parabólica faz parte do visual do
município.

Imprensa
Correio Paulistano de 1904, relata a publicação de “Combate”,
jornal que se publica na freguesia de Santo Antônio, pelo Sr. José C.
Palma.
Com relação ao periódico “A Abelha”, noticiado em nosso livro
na sua 1ª edição, existiu de fato, mas era publicado na corte, não em
nossa região, era destinado a todas as províncias.
Em 15 de maio de 1925 foi publicado o primeiro exemplar do
jornal “O Pinhalense”, cujo diretor, fundador e proprietário, era o
Sr. Nicolino Granato; como gerente, o Sr. Paulino Granato; Redator
Chefe, o Sr. Machado Vale, visitante que passava longas temporadas
neste distrito.
Depois de longos anos sem manifestação jornalística no muni-
cípio, em 1º de dezembro de 1963 foi relançado o “O Pinhalense”,
pelo novo diretor e fundador Sr. Sebastião Laércio Marcondes
César, mais conhecido como Laércio Marcondes; redator chefe, Sr.
Benedito Marcondes Raposo; gerente, o Comendador Heitor Cunha
Filho. Sua tiragem mensal chegou à 12ª edição. Outros periódicos
Santo Antônio do Pinhal
160 De Sertão a Município - 1785 a 2024

surgiram depois representados por pequenos jornais como Tribuna


da Serra, ACB Mantiqueira, Jornal da Cidade, todos de vida efêmera.
Por fim, surge o informativo mensal da ACASAP que trans-
formou-se no “Correio da Serra”. Fundado em dezembro de 2000.

Jornal “O PINHALENSE” DE 1925


Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 161

Curiosa lista de anunciantes do jornal


“O PINHALENSE” de 1925.
Santo Antônio do Pinhal
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Curiosa lista de anunciantes do jornal


“O PINHALENSE” de 1925.
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De Sertão a Município - 1785 a 2024 163

Jornal “O PINHALENSE”, 1964


Santo Antônio do Pinhal
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Curiosidades:

Bairros Rurais
Sertãozinho, Pico Agudo, Renópolis, Barreiro, Machadinho,
Santa Cruz, Lageado, José da Rosa, Cassununga, Mouras,
Pinhalzinho, São Judas Tadeu, Rio Preto de Cima, Rio Preto de
Baixo, Reno, Barreirinho do Rio Preto, Boa Vista, Eugênio Lefévre.

Antonio Pereira da Silva


Antonio Pereira, ingressou na Força Pública em 1947, foi o 1º
guarda florestal em Santo Antônio, trabalhou também em São Bento
e Campos do Jordão. Chegou em Santo Antônio em 1958 e perma-
neceu até 1965, alguns filhos nasceram em Santo Antônio. Como era
de sua função estava sempre fiscalizando os caminhões que trans-
portavam madeira, na época era comum a devastação, ajudava no
combate a incêndios, fiscalizando com rigor, por parte da Polícia
Florestal obteve elogios individuais graças ao seu excelente trabalho.
Hoje é normal encontrarmos guardas florestais, mas naquela época
era muito raro. Foi casado com Santa Fernandes da Silva, tiveram
doze filhos. Cinco filhas vivem hoje na Suíça, uma possui uma casa
em Santo Antônio, outra uma chocolateria na Suíça.

Avenida década de 1950


Santo Antônio do Pinhal
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24 Turismo

A cidade de Santo Antônio do Pinhal está estrategicamente


localizada no contexto geográfico brasileiro, a apenas vinte minutos
da Rodovia Presidente Dutra, a principal via de ligação do Brasil que
liga São Paulo ao Rio de Janeiro, e a dez minutos de Campos do
Jordão.
Uma de suas características importantes é a altitude média de
1.100 metros, o que proporciona durante o ano todo temperaturas
agradáveis que variam entre 20 e 23 graus durante o dia e 5 a 15 graus
à noite. No inverno, época da alta temporada, as geadas fazem baixar
os termômetros que chegam a indicar até 3 graus negativos, dando
todo um charme à região da Serra da Mantiqueira.
O clima ameno favorece passeios como o do famoso Bondinho
que corta a Serra, as caminhadas, cavalgadas e trilhas pelos cami-
nhos entre a vegetação exuberante e preservada da Mata Atlântica,
habitat dos esquilos, jacus, tatus e tucanos. Além dos passeios, a
cidade oferece oportunidades da prática de esportes radicais e de
aventura, favorece o turismo rural agrícola com visitação os locais de
criação de trutas, cavalos, cultivo de shitake, orquídeas e ateliês dos
artesãos e artistas locais. Os turistas não só visitam como levam para
a casa ou para presentear um pouco da arte e da cultura local. E como
não poderia deixar de ser, as opções gastronômicas são muitas, ricas
e variadas, do trivial à típica comida mineira entre outras passando
pela cozinha internacional.
Um dos principais pontos de visitação é o Pico Agudo, com
altitude de aproximadamente 1.700 metros, de onde se tem uma
perfeita visão de 360 graus da região. Lá no alto o vento é quase
sempre constante e permite a prática do vôo livre com decolagem de
asa delta, paraglider ou parapent.
Quer pela variedade das charmosas pousadas ou pela gastro-
nomia, passeios, aventuras e gente hospitaleira, a verdade é que o
turismo vem crescendo em Santo Antônio do Pinhal. Suas carac-
Santo Antônio do Pinhal
166 De Sertão a Município - 1785 a 2024

terísticas proporcionam lazer, aventura e boas lembranças a todos


que a visitam.

Pico Agudo
A 9 km do centro da cidade por estrada de terra, os seus quase
1.700m de altitude proporciona 360 graus de visão, avistando desde
a Pedra do Baú, em São Bento do Sapucaí, o vale do Sapucaí Mirim,
serra de Santa Luzia até o Vale do Paraíba. Em dias claros é possível
avistar as cidades do Vale, desde São José dos Campos até a Cúpula
da Basílica de N. Sra. Aparecida, na cidade de Aparecida do Norte.
Local preferido dos praticantes de esportes radicais, voo livre,
paraglider e pelos bikers que praticam down hill em suas encostas. É
considerado uma das principais atrações turísticas do município.

Big Biker
O cenário de Santo Antônio do Pinhal com o seu relevo monta-
nhoso e paisagem exuberante, recortadas por trilhas a serem
descobertas em meio a natureza preservada, é palco para sediar
etapas do Big Biker, que já foram realizadas no município pelo
terceiro ano consecutivo. O evento reúne atletas amadores e
profissionais, adeptos do esporte e com fôlego suficiente para
percorrer, pelo menos, 50 quilômetros de percursos “radicais”.
Além do Big Biker há outras opções de esporte de aventura, tais
como: Cascading nas cachoeiras, Escaladas, Arborismo, Trekking e
Rappel.

Mirante Nossa Senhora Auxiliadora


No trevo de acesso a Santo Antônio do Pinhal, Bairro Eugênio
Lefévre, ergue-se no mirante voltado para o Vale do Paraíba, uma
grande imagem de Nossa Senhora Auxiliadora, com um pátio ao
redor de onde tem-se uma vista privilegiada do vale.
Ponto de acesso entre o Vale do Paraíba e o sul de Minas Gerais,
esse local era anteriormente conhecido como Garganta da Serra ou
do Piracoama.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 167

Praça do Cruzeiro
Local onde avista-se o antigo centro, iniciado na década de 1920,
nos anos 2000 foi construído um mirante no local e permaneceu sem
o Cruzeiro, sendo somente mirante. Foi colocado de novo uma nova
cruz no dia 24-12-2014 .
É nessa praça onde se inicia a procissão da Via Sacra durante
a Quaresma.

Estação Eugênio Lefévre


Inaugurada em 1916 em homenagem ao engenheiro Eugênio
Lefévre que juntamente com Euclídes da Cunha, projetaram a
ferrovia nunca construída que ligaria Mogi das Cruzes ao porto de
São Sebastião.
É uma verdadeira relíquia da história ferroviária do país,
conhecida como "Estação do Bondinho", localiza-se no trevo de
acesso à cidade para quem vem do Vale do Paraíba. Atualmente
pode-se realizar um pitoresco passeio de 14 km até Campos do
Jordão através dos bondinhos. Os estudos indicam como local onde
foi instalado o quartel da guarda mineira, queimado pelos paulistas
em 1814.

Igreja Matriz de Santo Antônio


A cidade ainda conserva a pureza das tradições populares do
Brasil e das festas religiosas. Todos os anos a igreja realiza as festas
de São Sebastião, São Benedito, Corpus Christi, Divino Espírito
Santo e a grande festa dedicada a Santo Antônio, em 13 de junho.
É a terceira Igreja Matriz de Santo Antônio construída no
mesmo pátio da primeira, cujas obras iniciaram-se em 1924 e no dia
14 de Abril de 1929 ela foi aberta ao público durante a grande festa
das missões. Padre Vitta foi o responsável pela obra, projetada e
supervisionada pelo arquiteto Francisco D'Arace. Já passou por
algumas reformas, inclusive os vitrais que trazem a pintura sacra e o
altar em mármore.
Santo Antônio do Pinhal
168 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Boulevard Araucária
Localiza-se na revitalizada Praça dos Emancipadores, área
central da cidade. É o ponto de encontro dos moradores que passam
horas agradáveis sentados nos bancos de onde observam o movi-
mento da cidade e o vai-e-vem dos turistas que param para fotografar
os canteiros bem cuidados que florescem o ano inteiro. É o palco de
eventos com música ao vivo que acontecem em algumas ocasiões.

Cachoeiras
A região possui um relevo onde se vê cachoeiras descendo
vertiginosamente dos altos da Mantiqueira, destacando-se entre elas
a do Lageado e a do Cassununga, ambas de fácil acesso.

Cachoeira do Lageado
Localizada no Bairro do Lageado a 5 km do centro da cidade, a
cachoeira do Lageado é uma ótima opção para lazer, entreteni-
mentos e descanso. Possui uma queda d'água de 15 metros, propor-
cionando uma relaxante massagem corporal.
Oferece ao turista toda a infraestrutura necessária como:
lanchonete, banheiros, churrasqueiras, bancos e trilhas pela mata.

Cachoeira do Rancho Feliz


Seguindo pela SP-46, entrando na SP-50 no sentido de São
Bento do Sapucaí, após 2 km do lado esquerdo no Bairro de Rio Preto
encontra-se a entrada para a cachoeira que fica escondida numa
clareira no meio da mata, ainda intacta como foi criada pela natureza.
É uma das muitas quedas d'água hoje localizadas dentro do
Residencial Parque da Mantiqueira.

Cachoeira do Funil
À margem da SP-50, no Bairro do Rio Preto a 500 metros depois
da cachoeira do Rancho Feliz, em meio à mata natural. É um
fenômeno o rio de águas claras e abundantes que desaparece na
terra, reaparecendo quase 500 metros depois.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 169

Cachoeira do Cassununga
À margem da SP-50, do lado esquerdo da rodovia no sentido de
Campos do Jordão. Local de fácil acesso e bem frequentado pelos
moradores do Bairro Cassununga e a 10km do centro da cidade
bem próximo ao Bairro José da Rosa. Há diversas quedas d'água,
poços para banhar, churrasqueiras, bancos, banheiros e um agra-
dável bar.

Fonte Santo Antônio


Em frente à Praça Benedito Marcondes Raposo, é a mais
conhecida. Sua água é radioativa, pura e de agradável sabor, indi-
cada para pessoas com problemas de câncer e infecções internas.
Há relatos de inúmeras curas de pacientes desenganados. Mais
conhecida como “biquinha”, a fonte é utilizada desde a fundação da
cidade e a fama de suas propriedades curativas já ultrapassou os
limites do Estado.

Fonte Santo Estevão


Está localizada próxima à Igreja Matriz, no centro da cidade,
sua água é ferruginosa, indicada para pessoas anêmicas ou em fase
pós-operatório. Local agradável, arborizado e bancos para ficar mais
próximo da natureza. O som da água da fonte e do rio que corre ao
lado, traz momentos de tranquilidade interior.
Santo Antônio do Pinhal
170 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Fonte São Geraldo


Localiza-se do lado direito da estrada da entrada da cidade, no
sentido centro de Santo Antônio do Pinhal. Sua água é magnesiana,
pura e muito leve, é indicada para pessoas com problemas digestivos.

Jardins Temáticos
O município possui o primeiro e único parque de jardins
temáticos do Brasil, localizado na entrada da cidade, do lado
esquerdo, sentido centro de Santo Antônio do Pinhal. Local onde
pode-se praticar modalidades de ecoturismo como tirolesa e arbo-
rismo. Os jardins foram inspirados no paisagismo italiano, japonês
e canadense, e situam-se em meio às trilhas floridas. Além da
caminhada ecológica pelos jardins, o parque conta ainda com
restaurante, anfiteatro, loja temática e brinquedoteca para as
crianças.

Parque Linear das Águas


O parque localiza-se no centro da cidade, próximo à Fonte Santo
Antônio. Criado às margens do Rio da Prata (Sapucaí Mirim) conta
com painéis explicativos sobe o ciclo da água que esclarece a
importância deste bem precioso. Para oferecer mais saúde e
qualidade de vida aos pinhalenses, o parque conta ainda com uma
academia de ginástica ao ar livre.
Santo Antônio do Pinhal
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O presépio animado
Tradição natalina em Santo Antônio do Pinhal, o presépio
animado atrai todos os anos muitas pessoas da cidade e região. O
presépio idealizado pelo padre Clair em 1959 e ensinado ao Sr. José
Honório Motta, conhecido por Zé Motta, que aperfeiçoou e melhorou
com o movimento dos bonecos, mostra a história natalina, a história
da cidade, da capela de Santo Antônio e as mais diversas ferramentas
e costumes do primeiros habitantes da região, tais como: moinho de
pedra movido a água, serra com duas pessoas, o monjolo, o engenho,
a dança de roça, enfim o folclore local.
Santo Antônio do Pinhal
172 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Infelizmente o Sr. Zé Motta não esta mais entre nós,


(26/12/1934 - 16/09/2007) porém deixou a seu neto Gustavo
Granato Motta da Costa, aos senhores Benedito Rodolfo de Mello,
José Franco de Morais, Marcolino de Souza (in memorian) e
Santiago Batista da Motta, todo o conhecimento para poder mantê-lo
vivo. O presépio é montado e desmontado todos os anos.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 173

A Bodega
A Bodega é uma cachaçaria artesanal idealizado pelo paulista
Sr. Ernesto Ferrari que encontrou em Santo Antônio o seu lugar de
sossego. Logo ao chegar você se depara com lindos tonéis de carvalho
de 6 metros de altura por 5 de largura que decoram o ambiente. O
espaço A Bodega foi criado com intuito de entreter toda a família,
trazendo a antiga cultura dos grandes armazéns de época da região,
com jardins, playground, orquidário, lagos, lojinha de artesanatos,
cachaça e vinhos. Tonéis originais de carvalho, trazidos do sul do
país, decoram o local e transformam o ambiente no clima das adegas
de montanha.

Fazenda Renópolis
A RPPN Fazenda Renópolis é um local para desenvolvimento
de turismo sustentável com práticas de educação ambiental, turismo
ecológico e cultural e o desenvolvimento de pesquisas científicas,
além da AVIS - Associação de Vida Silvestre, desde 2010.
Em agosto de 2017, a reserva foi homologada e aprovada pelo
IBAMA e Polícia Ambiental como área de tratamento e soltura dos
animais silvestres aprendidos ou resgatados. Desde então centenas
de animais foram recebidos, cuidados e soltos na reserva.
Localizada dentro de uma propriedade familiar, a Fazenda
Renópolis é uma atração que costuma agradar muito as famílias que
decidem visitar o destino. Oferece atividades para todos os gostos:
trilhas ecológicas, horta aromática, plantações orgânicas, loja de
artesanato e dois museus temáticos, o Museu da Natureza e a Casa do
Papai Noel. Sendo uma das atividades mais visitadas pelos pequenos
que passam por lá, a Casa do Papai Noel – que é mobiliada com peças
antigas da família que administra a fazenda – possui o diferencial de
estar aberta para visitação durante o ano todo.
Santo Antônio do Pinhal
174 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Sítio Olea Rossini


Depois de aposentados, começamos a transformar nosso sonho
em realidade. Como poucos outros olivicultores, somos pioneiros
nessa nova cultura no Brasil.
Nosso olival está situado na Estância Climática Santo Antônio
do Pinhal, cerca de 170km de São Paulo, município encravado nos
contrafortes da Serra da Mantiqueira, que reúne as condições ideais
do clima tropical de altitude, com chuvas de verão intensas. No
inverno, as geadas embelezam a paisagem.

Fazenda do Campo Alto (Azeite Sabiá)


Produtora do Azeite Sabiá da Mantiqueira, a Fazenda do Campo
Alto conta com um passeio que passa pela produção do azeite,
degustação e visitas aos campos de oliveiras. Idealizado pelo casal,
a jornalista Bia Pereira e o administrador e publicitário Bob Vieira da
Costa que se dedicam à olivicultura desde 2014 e com apenas 4
safras, o Azeite Sabiá já conquistou 93 prêmios internacionais e
nacionais, posicionando-se entre os melhores do mundo.

Museu a céu aberto ODETTE EID


(07/03/1922 - 13/07/2019)
Odette Haidar Eid foi uma escultora libanesa, radicada no Brasil
desde 1925. Nascida no Líbano, em 7 de março de 1922.
Nem toda arte precisa de moldura e espaço fechado. Prova disso
é o roteiro de esculturas a Céu aberto com obras de Odette Eid, que
leva o nome da escultora de fama internacional.
Em vida, Odette criou suas obras no Ateliê Amarilis, à avenida
de mesmo nome em São Paulo, e no Ateliê Riacho Doce, em seu sítio,
as margens do Riacho do Pico Agudo em Santo Antônio do Pinhal.
A doação acontece como tributo a Santo Antônio do Pinhal, sua
segunda casa, seu segundo ateliê, e fonte das muitas inspirações
ligadas à natureza. O museu foi inaugurado em 07/03/2022, em
homenagem ao seu centenário.
Santo Antônio do Pinhal
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Eisland Gelatos da Fazenda


A Fazenda Eisland, com cerca de 30 anos, era uma fazenda
leiteira, do casal de alemães; Heinz e Claudia Thiellemann. Como
não conseguiam vender a quantidade de leite que produziam, então
resolveram investir em maquinário de gelatos e contrataram um
sorveteiro da Itália para desenvolver as receitas, com os leites produ-
zidos na Fazenda de vacas Jersey.
A Fazenda Eisland tem 80 hectares, sendo 60 hectares de mata e
os outros 20 hectares distribuídos entre plantio, pomar e pastagem.
As margens da Estrada do Lageado, tem a loja da fazenda, onde se
pode degustar de um excelente Gelato em meio a muita natureza, ar
puro e a bela paisagem da Serra da Mantiqueira.

Espaço Essenza
O Espaço Essenza é especializado na produção de vinhos finos e
espumantes de alta qualidade. A vinícola possui vinhedos próprios,
nos quais são cultivadas diferentes variedades de uvas, incluindo
algumas das mais tradicionais, como Cabernet Sauvignon, Merlot,
Syrah e Chardonnay. Essas uvas são cuidadosamente colhidas à
mão durante a safra, garantindo a seleção dos melhores frutos para
a produção dos vinhos. Além da produção de vinhos, a vinícola
também oferece experiências enoturísticas aos visitantes. É possível
realizar visitas guiadas pelas instalações da vinícola, conhecendo
todo o processo de produção, desde o cultivo das uvas até o engar-
rafamento dos vinhos. Durante a visita, os visitantes têm a opor-
tunidade de degustar os vinhos produzidos no local, apreciando
seus aromas e sabores característicos.
Santo Antônio do Pinhal
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25 As associações

ACASAP
A ACASAP -Associação Comercial e Turística de Santo Antônio
do Pinhal, fundada em 24 de novembro de 1992, constitui pessoa
jurídica de direito privado sem fins lucrativos, com sede e foro no
município de Santo Antônio do Pinhal, é constituída para: congre-
gar todas as pessoas físicas ou jurídicas que explorem atividades
comerciais, industriais, agrícolas, transportes, prestações de servi-
ços, instituições financeiras, seguros, difusão, divulgação e todas
as respectivas entidades de classe; congregar, individualmente,
os sócios e diretores das empresas ou entidades enumeradas,
associadas ou não e os ex-presidentes da entidade; a defesa dos
superiores interesses do país, do estado e do município; a defesa e
preservação do meio ambiente e dos recursos hídricos.
São prerrogativas da Associação: representar e defender
perante as autoridades administrativas e judiciárias os interesses
gerais da sua categoria representada e os interesses individuais de
seus associados; celebrar contratos, acordos de natureza econômica
e jurídica; eleger e designar representante da categoria represen-
tada; colaborar com os poderes públicos no desenvolvimento da
solidariedade social; impor contribuições a todos aqueles que
participem das categorias representadas nos termos da Constituição
Federal e legislação vigente; exercer todas e quaisquer atividades,
inclusive de caráter econômico-financeiro, respeitadas as normas
constitucionais e legais vigentes.
Prestar todo e qualquer serviço do interesse de suas catego-
rias econômicas representadas e ou dos associados, a critério da
Diretoria e dentro de suas possibilidades; incrementar a cultura
através da elaboração e execução de projetos culturais, além de
cursos palestras e eventos.
São deveres da Associação: colaborar com os poderes públicos
no desenvolvimento da solidariedade social; promover eventos.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 177

Praça dos Emancipadores

Festival da Truta e Pinhão


Com a realização da Associação Comercial e Turística de Santo
Antônio do Pinhal (ACASAP) e parceria da Prefeitura Municipal
através da Secretaria Municipal de Turismo, o Festival da Truta
e Pinhão incentiva o turismo da cidade movimentando o setor
gastronômico, de hospedagem bem como todo o comércio local, e
também promove nossos atrativos turísticos e culturais oferecendo
aos turistas e moradores, entretenimento e lazer. O 5º Festival da
Truta e Pinhão de 2023 aconteceu na Praça do Artesão, no centro
da cidade, com uma praça de alimentação montada com tendas e
barracas de pratos, porções, lanches e quitutes doces e salgados.
Também houve cervejas artesanais locais, e um espaço kids para as
crianças. Tudo isso juntamente com as apresentações culturais e
musicais no palco da praça.

Convênio Médico e Odontológico


Implantação de Projetos na Formatação de Produtos Turísticos,
e Qualificação Profissional, através do Programa de Desenvolvi-
mento do Turismo Receptivo IPDTR.
Santo Antônio do Pinhal
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APAE
Fundada em 26 de fevereiro de 1993, Sociedade Civil de caráter
assistencial, sem fins lucrativos.Tem por finalidade, atendimentos
variados para portadores de necessidades especiais e também seus
familiares.

APRUSAP
Associação do produtores rurais de Santo Antônio do Pinhal,
fundada em maio de 2005,tem por finalidade o fortalecimento dos
produtores rurais do município, sendo seu objetivo promover a
união entre produtores, técnicos e pessoas ligadas a atividade agro-
pecuária, para intercambio técnico e cultural, visando incrementar
a atividade do setor.

Assistência Social Pinhalense (ASP)


Fundada em 07 de setembro de 1963, idealizada pelo padre
Joãozinho (João Maria Raimundo da Silva) com apoio do prefeito
e moradores à época, tem por finalidade, atender os mais carentes
com atividades diversas, entre elas, atividades sócio-educativas,
culturais, ocupacionais, atendendo jovens de 7 a 14 anos. Para os
jovens de 14 a 18 anos e os da melhor idade inclusão digital.

ASP- Assistência Social Pinhalense


Santo Antônio do Pinhal
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26 Educação

A Assembleia Legislativa Provincial, lei nº9 de 11 de março de


1858, criou cadeiras de primeiras letras para o sexo masculino
em Santo Antônio do Pinhal, publicado pelo jornal “Publicador
Paulistano.” Em outros documentos a partir 1884, informa escola
para o sexo masculino e o professor era o Sr. João Baptista de
Oliveira Santos.
Alguns alunos matriculados em 1895: Jacintho da Silva 6 anos,
Philipe Derrico 7 anos, Nicolau Derrico 6 anos, Juvêncio Jacintho
da Silva 7 anos, Manoel Vaz Cardoso Junior 8 anos, Basílio de Aguiar
César 7 anos, Antônio Cesário Rabelo 12 anos, Florentino Chiaradia
7 anos, Benedito Jacintho da Silva 7 anos, Joaquin Antônio de Faria
10 anos, Luiz Jacintho da Silva Sobrinho 7 anos.
No ano de 1901, foi implantada a Escola Municipal para o
sexo feminino e a professora era senhora Maria Athanazia Moreira.
Algumas alunas: Rosa Bartholomeu Granato, Ramira Granato,
Carmela Valvano, Rosa Valvano, Carmela de Vitta, Maria Barboza
Derrico, Maria José Chiaradia, Maria José da Silva, Anna Jacintha
da Silva.
Após 1910 foram implantadas as escolas mistas onde meninos e
meninas estudavam juntos.
O primeiro grupo escolar foi instalado em 1948 agrupando três
escolas mistas: a do bairro do Sertãozinho, regida pela professora
Delfina Barbosa; a urbana pela professora Mary de Arruda Camargo;
e a do bairro do Cristal, pela professora Hilda Castilho. Além do
grupo escolar, mais uma classe foi criada, regida pela professora
Risoleta Moliterno e uma classe mista no bairro José da Rosa na
década de 1950 denominada Grupo Escolar Antônio Porfírio da Silva
que depois foi modificada para Benedito da Costa Manso.
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Santo Antônio do Pinhal
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O Ginásio Estadual de Santo Antônio do Pinhal foi instalado em


1968, funcionando no mesmo prédio do grupo escolar, o colégio
estadual de Santo Antônio do Pinhal, em 1974.
Em 1976, houve a unificação do grupo escolar com o colégio
estadual dando origem à Escola Estadual de 1° e 2° graus
Desembargador Affonso de Carvalho.
Em 1985, criou-se a escola Municipal de Ensino Fundamental,
recebeu o nome do prefeito João Batista da Motta.
Em junho de 2008 foi inaugurada a Escola Prefeito Noé Alves
Ferreira. Existem escolas rurais em alguns bairros, no bairro do
Lageado, foi implantada uma parceria entre prefeitura e instituto
Lumiar de São Paulo, onde tem uma escola particular bilíngüe,
período integral, parte da manhã em inglês e a tarde português, na
parceria com os mesmos moldes da particular, mas mantida pela
prefeitura, o instituto criou uma nova maneira de educar, a partir de
2022 muitos pais se uniram e estão à frente da escola mantendo os
mesmos princípios, e mudaram o nome para escola Aleká.

Classificação atual das Escolas


Ÿ E.E. Desembargador Affonso de Carvalho - Ensino Médio e
Ÿ Fundamental (Supletivo).
Ÿ E.M. Benedito da Costa Manso - Ensino Básico e
Fundamental.
Ÿ E.M. Prefeito Noé Alves Ferreira - Ensino Fundamental.
Ÿ E.M. Prefeito João Baptista da Motta - Ensino Infantil .
Ÿ Prefeito Noé Alves Ferreira e escolas rurais sendo elas Otávio
Leite, José da Fonseca Braga e Antônio Porfírio dos Santos
totalizam 709 alunos.
Ÿ Benedito da Costa Manso e Antônio José Ramos totalizam
351 alunos.
Ÿ Prefeito João Baptista da Motta tem um total de 324 alunos.
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27 Cultura

A cultura sempre esteve presente desde a fundação de Santo


Antônio do Pinhal, na arte ou na música trazida pelos primeiros
povoadores vindo do Vale do Paraíba ou de Minas Gerais. Depois,
com os italianos e posteriormente com a chegada dos japoneses.
No final do século XX o distrito tinha duas bandas musicais
financiadas pelos dois irmãos, Luis Jacintho e Marcolino Jacintho,
rivais politicamente.
Na década de 50, a cidade já contava com um salão de dança,
cinema e uma intensa vida cultural.
O “Projeto Montanh'Art” foi implantado em 14 de Março de
2005, tem por objetivo promover a auto-estima das crianças e
jovens pinhalenses. Desenvolvendo habilidades e competências para
melhorar a qualidade da educação, oferece atividades culturais que
favorecem o desenvolvimento integral da criança, além de auxiliar no
desempenho escolar. Atende crianças a partir dos três anos de idade.

FAMSAP e FAMSAPINHA são as fanfarras de Santo Antônio


do Pinhal, que fazem parte do Projeto Montanh'Art, mantido pela
Prefeitura por meio das Secretarias de Educação e Cultura. Após
um ano cheio de ensaios e apresentações com muito trabalho e
dedicação, jovens e crianças que delas fazem parte, só têm que
comemorar tantas conquistas.
Santo Antônio do Pinhal
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A Fanfarra Municipal de SAP (FAMSAP) é composta por mais


de 60 jovens maiores de 11 anos. Já a Fanfarra Mirim Municipal
“Silvana Silva e Souza” (FAMSAPINHA) estreou no desfile de
aniversário da cidade no dia 13 de junho de 2014. Ela foi criada em
2014 e é composta com 30 crianças de 6 a 10 anos.
Depois do desfile cívico, a FAMSAPINHA se apresentou no
Festival de Inverno da cidade, no festival de música da cidade e na
festa do bairro Santa Cruz em outubro, na feira cultural da escola
João Batista em novembro e na festa de Natal.

Projeto Guri
O Projeto Guri teve início em 1995 em vários municípios do
Estado de São Paulo e tem como missão promover a inclusão sócio-
cultural de crianças e adolescentes de oito a dezoito anos através do
ensino da música. Seu maior patrocinador é o Governo do Estado de
São Paulo. O projeto chegou ao município em 29 de Agosto de 2006
através de uma parceria com a Prefeitura Municipal.

Educação Ambiental
Para melhor conscientizar a população pinhalense sobre a
importância do Meio Ambiente e do Turismo Sustentável, os alunos
da rede municipal de ensino tiveram a matéria Ecoturismo implan-
tada na grade curricular. Alunos de 1° a 9° anos agora aprendem
sobre importância de preservar o meio ambiente e a natureza.

Rosap
A tradicional Festa do Rodeio que faz parte da cultura municipal
teve início em 1991 e foi evoluindo a cada ano. No início, o evento não
passava do âmbito municipal. A arena era atrás da rodoviária e feita
de eucaliptos, os bois do Toninho Pimenta e os peões do município.
Logo depois, foi formado a Comissão do Rodeio, com um local mais
apropriado no Clube Recreativo Pinhalense e se profissionalizou. A
estrutura era de metal, arquibancada, show, peões renomados no
ranking brasileiro. Desta forma, chegamos em 2023 e o clima do
Santo Antônio do Pinhal
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rodeio começou no primeiro final de semana de agosto com o desfile


da Rainha do Rodeio, na Praça do Artesão, seguido de show, foram
escolhidas as meninas representantes do rodeio: Rainha: Giovana
Manuele dos Santos Palmeira; Princesa: Danúbia Elisane Alves;
Miss Simpatia: Evelyn Biagioni; Madrinha: Camila Berti Pereira; e
Rainha da Boa Vizinhança: Bianca Vitório Sabino Prisco (Sapucaí
Mirim-MG). O Rosap é promovido pela prefeitura e foi realizado
no Estádio Municipal Maurício Nader, o campeão do rodeio foi
premiado com um carro.

Auditório
Em 27 de novembro de 2015, foi inaugurado o Auditório, com
a presença das mais variadas autoridades e da comunidade local.
O referido espaço reforça o viés turístico e cultural do município e
enriquece a agenda da cidade, já que será palco de exibição de filmes,
apresentações musicais e teatrais, eventos de dança, formaturas e
atividades vinculadas à Secretaria da Educação.

Festival da Viola
O evento começou timidamente em 2006 e a partir de então
proporciona aos pinhalenses e visitantes o contato com a tradição da
música caipira, a cidade foi berço de grandes violeiros, a essência do
município. O objetivo do projeto é o resgate da cultura local e a
valorização dos artistas da cidade e da região.
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28 Causos e contos populares

Como todo lugar, Santo Antônio do Pinhal também tem suas


lendas e contos. Verdade ou ficção? Não se sabe. O certo é que
passam de boca em boca e de geração em geração povoando o
imaginário de crianças e adultos, conferindo identidade à comu-
nidade.
Embora contados de maneira diferente os “causos” normal-
mente aconteceram e tem o final engraçado, os contos mantêm em
comum o mesmo fato e refere-se a crendices populares e religiosas.

Corpo seco
João Mariano, lavrador e proprietário de terras no bairro do
Sertãozinho era católico fervoroso e não faltava à missa dominical.
Certa feita, retornando para a sua residência pelo caminho do
Clotário parou no mato para fazer suas necessidades.
Ainda de cócoras, ouviu um barulho estranho por perto, assus-
tado, levantou e deparou-se com um corpo seco, com roupas velhas
e rasgadas, mas sem os músculos de sustentação da ossada.
No rosto, a falta de pele deixava às claras os ossos faciais
enquanto os olhos, penetrantes e frios, olhavam para ele interroga-
tivamente. Sem perda de tempo, João Mariano, sujeito direito,
honesto e que não mentia, saiu correndo deixando para trás essa
alma a procura de descanso.
Obs: Outros moradores também se depararam com o corpo seco
do Clótário, principalmente as mulheres que iam buscar lenha seca
para alimentar o fogão.

O defunto correio
O transporte do correio e de passageiros era feito por uma
jardineira que vinha da cidade vizinha de São Bento do Sapucaí até
a estação Eugênio Lefévre, em Santo Antônio do Pinhal, durante o
percurso parava para apanhar passageiros. Certa feita, estava lotado,
Santo Antônio do Pinhal
186 De Sertão a Município - 1785 a 2024

e o motorista deixou que o passageiro subisse no bagageiro em cima


da jardineira onde se encontrava um caixão de defunto.
Este, um pouco receoso, verificou se o caixão estava vazio e
deitou-se do lado. Quando começou a chover ele resolveu entrar
dentro da urna funerária, deixando somente uma pequena aber-
tura para a entrada de ar. Mais adiante havia outro passageiro e o
motorista teve o mesmo procedimento. “Pode subir que já tem um lá
em cima!”, disse o motorista.
Também receoso, olhando ressabiado para o caixão, ele deitou-
se do lado para se proteger do vento. O de dentro esticou o braço para
fora para ver se ainda continuava chovendo. O de fora, vendo o braço
saindo do caixão, pulou da jardineira e saiu correndo. Até hoje
ninguém sabe para onde ele foi.

O cruzeiro
Existia aqui um padre chamado de Frei Caetano que decidiu
implantar um cruzeiro no morro mais alto do centro da cidade.
A terra foi doada e o terreno preparado para receber a santa cruz
que estava sendo confeccionada pelos homens da vila. A grande
preocupação dos devotos era em relação ao tamanho e peso para ser
transportado morro acima, mas o padre sempre os acalmava e dizia
que quando chegasse a hora, ele resolveria. No dia da festa, depois
da santa missa, o padre distribuiu oito pedaços de meio metro de
fita de tecido benta para dezesseis moças puras que cobriram a
bendita cruz. Podem acreditar, porque as moças levaram a cruz
para o local definitivo no alto do morro. Todos admiraram a força
de devoção do padre.

Tiroteio no cinema
A primeira exibição do cinema na cidade foi em 1947. Foi
divulgado no vilarejo sobre o que viria acontecer e todos vieram,
empolgados e curiosos para tal novidade, afinal, o máximo que
conheciam era o rádio e jornal. Todo o equipamento cinematográfico
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 187

foi preparado e a sala de projeção foi inaugurada com um filme de


faroeste, ou seja, o puro bangue-bangue americano. Em uma das
cenas quando o tiroteio corria solto na tela, um dos espectadores que
até aquele momento nunca tinha visto um filme, tirou da cintura
um revólver e disparou contra a tela. Houve um alvoroço total na
sala e a sessão foi interrompida.

Velha chorona
Para aqueles que ouvem choros na beira de córregos e ribeirões.
Contam os mais velhos que trata-se de uma senhora que deu à luz a
uma criança e a criança morreu antes de ser batizada. A mãe sem que
ninguém soubesse enterrou-a na beira de um córrego. Acontece que
quando a mãe morreu ela não teve permissão para entrar no céu,
quando lá chegou lhe disseram que somente entraria depois que
encontra-se seu filho, assim, ela voltou e fica procurando. Por isso,
todas as noites ela fica na beira dos brejos chorando e procurando
o filho para que possa redimir-se dos pecados e entrar no céu.

Sexta-feira Santa
Os compadres João Paulino, Téo e Jorge Pestana estavam
caçando em mata fechada no Bairro do Trabijú. Ao anoitecer, em
plena Sexta-Feira Santa, resolveram dormir por aquelas bandas.
Noite adentro, uma tempestade os fez procurar um abrigo;
encontraram uma choupana de portas lacradas. Romperam a
resistência da porta de entrada e refugiaram-se dentro dela. Ao
acenderem uma fogueira, perceberam que o chão batido de terra
estava tingido de sangue e do teto escorria filetes de sangue pelo
madeiramento com um odor típico da morte. Nada mais foi possível
parar a louca disparada dos compadres até chegarem ao centro da
cidade. Quando lá voltaram novamente, nada encontraram.
Santo Antônio do Pinhal
188 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Lenhador da noite
Segundo os moradores, em algumas noites no bairro do
Lageado, antes da meia noite, ouve-se o barulho do machado e
depois o tombo da árvore. Dizem que foi um escravo que estava
no mato cortando madeira quando foi assassinado. Ainda hoje os
moradores escutam o escravo cortando a madeira.

Lobisomem
Segundo os mais antigos numa família de sete filhos homens o
mais novo vira lobisomem se não for batizado pelo mais velho. São
vários os causos de lobisomem, mas o mais conhecido é o do casal de
namorados que estava perto de se casar. Os pais da moça tinham uma
desconfiança do noivo e sempre alertavam a filha sobre algumas
atitudes suspeitas dele. De vez em quando ele sumia à noite e só
aparecia no dia seguinte. Casaram e tiveram o primeiro filho.
Um dia eles foram participar de uma festa de bairro o que é
comum. Quando estavam voltando para casa já bem noitinha, o
marido disse à mulher que precisava dar um pulo no mato, para fazer
as suas necessidades. Alguns minutos depois apareceu uma criatura
enorme e foi direto pra cima da criança. A mulher apavorada deu
alguns passos e subiu numa porteira tentando defender a criança da
fera, enquanto gritava pela ajuda do marido que não apareceu. Por
sorte, algumas pessoas que moravam próximo ouviram seus gritos e
vieram em seu socorro. Depois de muito tempo que ela estava em
casa o marido chegou e perguntou a ela o que tinha acontecido.
Enquanto ela contava ele deu risada, e então ela viu que entre os
dentes dele estava cheio de fiapos do cobertor da criança.

O homem que vendeu a alma


A história conta sobre um homem que vivia em situação de
pobreza, sempre trabalhando mas não conseguia se acertar na vida.
Um dia, depois de muito pensar na vida de miséria que vivia, ele
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 189

perdeu a fé em Deus. Segundo contam os mais velhos, ele fez um


pacto de sangue com o diabo. O diabo disse que no dia seguinte ele
se tornaria uma pessoa de muitas posses até o último dia de vida,
mas após a morte sua alma seria dele. Há relatos de pessoas que
afirmam que a prova mais concreta sobre este fato é que quando a
pessoa morre seu corpo desaparece. Então, o velório é feito com o
caixão fechado e no enterro coloca-se dentro do caixão um talo de
bananeira para dar peso e parecer que tem um corpo dentro.

O fusca do Funil
Esse fato incomum aconteceu há alguns anos no bairro do
Cassununga. Havia lá um fusquinha de muita estima, sempre bem
cuidado, todinho original, o orgulho do dono, de todos do bairro e até
mesmo da cidade. Em um dia de verão quando foi buscar seu carro
para um passeio, triste fato ele presenciou. “Cadê o meu fusca”?, ele
se perguntou.
O fusquinha tinha desaparecido. A tristeza assolou toda a
família e ninguém achava a resposta para o fato. “O que teria
acontecido?”, pensavam eles. Ninguém sabia quem seria o culpado
pelo sumiço do querido carro. Mas, grande foi a surpresa após
alguns dias, quando o dono do fusquinha foi avisado por um vizinho
próximo que o seu carro estava na boca do Funil.
Funil é onde o rio do Cassununga adentra-se na terra e reapa-
rece depois de uns quinhentos metros pra frente. Uma obra da
natureza, é verdade, mas o fato é que o culpado pelo sumiço do
querido fusquinha havia sido uma inundação causada pela grande
quantidade de chuva que ocorreu na noite anterior. Como o carro
ficava em uma garagem próxima do rio ele foi levado até o funil pela
correnteza. A água não conseguiu levá-lo para mais longe .

Cemitério
Por volta dos anos 60, o cemitério local ainda não estava
totalmente fechado e as covas dos defuntos eram rasas. Com as
Santo Antônio do Pinhal
190 De Sertão a Município - 1785 a 2024

chuvas os ossos desciam morro abaixo. No Bar do Dito Rodolfo, Téo,


homem metido a valentão, apostou um relógio de pulso com Totico
que, à meia-noite de sexta-feira 13 ele entraria no cemitério e
pegaria um crânio. Ganhou a aposta, e também um inimigo. O dono
do crânio passou a atormentá-lo querendo-o de volta. Téo, só voltou
a ter sossego na vida quando finalmente devolveu o crânio ao dono
que estava enterrado no abrigo final dos homens.

O cemitério dos Mellos


Dizem os moradores dos Mellos que, próximo à igreja do Congo
existe um cemitério que foi construído só para enterrar os negros
que moravam no bairro e na região. Não se sabe se é verdade, mas
existem algumas pedras no local dando a impressão de que algo está
enterrado ali.

O Congo
No mesmo Bairro dos Mellos, a igrejinha e o local onde ela fica
receberam o nome de Congo. Muitos não sabem que Congo é um
país da África de onde vieram milhares de escravos para o Brasil, no
período triste da nossa história. Segundo os mais antigos, o local
recebeu este nome porque um rico fazendeiro possuía um escravo
que fora apelidado de Congo. Escravo muito bom e fiel, era o carreiro
do fazendeiro. Um dia o escravo sofreu um acidente neste local, com
os bois do carro que trabalhava e faleceu. Então, em sua homenagem,
deram o nome de Congo ao local e construíram uma igrejinha.

Procissão dos mortos


O dia dos fiéis defuntos, dia dos mortos ou dia de Finados é
celebrado pela Igreja Católica no dia 2 de Novembro, no dia seguinte
de Todos-os-Santos. Os moradores mais antigos da cidade, contam
que à meia-noite acordavam ouvindo sons de rezas que iniciava no
Largo de São Benedito e finalizava, com o badalar dos sinos na Igreja
Matriz. As janelas das casas se abriam para ver o cortejo passar,
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 191

mas não viam pessoas, apenas ouviam as vozes daqueles que já


tinham partido deste mundo.

Pisadeira
Está na crendice popular do nosso município conhecida como
Pisadeira. Ela vem com os seus pés enormes a procura de alguém que
esteja dormindo de barriga para cima. Com um pé em cima da cama e
o outro em cima do peito da pessoa ela pressiona o coração tentando
evitar que a vítima consiga respirar, ocasionando um terrível descon-
forto que pode levar à morte .
Muitas pessoas já contaram essa história, mas esperamos que
seja mentira.

A escritura enferrujada
Segundo os moradores mais antigos, existiram no passado
moradores que detinham de certas posses e também muita astúcia,
“Os grileiros pinhalenses” uns dois desses, eram famosos por grila-
rem terras dos mais simples e de menos conhecimento.
O modo de agir era simples, chegavam à casa, puxavam conversa
e perguntavam onde era a divisa do fulano, o fulano contava tudo,
eles corriam no cartório e em parceria com o cartoriante faziam
escritura baseada nas informações passadas.
Depois de certo tempo voltavam ao mesmo local e perguntavam
se o dono possuía escritura, como na maioria dos casos ninguém
tinha escritura, eles diziam que tinham escritura daquele local e
acabou-se a história. Certa vez estavam os dois reunidos planejando
quem seria a próxima vítima! Seria um antigo caçador da vila e
foram fazer a visita. Chegaram e como de costume muito educados,
pediram ao morador se tivesse escritura se poderiam vê-la, pois para
eles aquele local pertencia a eles.
O morador já conhecia a fama dos Grileiros e também muito
educado disse: ‘‘Claro que tenho! Espera só um minuto que vou
buscar, esta atrás da porta, está um pouco enferrujada por falta de
uso, mas ainda funciona.’’
Santo Antônio do Pinhal
192 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Os dois que não eram nada bobos, percebendo no mesmo


instante que viria chumbo grosso, montaram em seus cavalos e se
escafederam.

O caçador e cão valente


Conhecido na Vila como caçador e um pouco vantajoso nas
histórias que contava, possuidor de um ótimo cachorro para caçar
tatus, muitas foram às vezes que o cachorro provou ser o melhor da
região, corria para o mato, encontrava, entocava e ele mesmo matava
os bichos, mas o tempo passou, o cachorro ficou velho, perdeu os
dentes e mesmo assim continuava valente. O caçador saiu com o fiel
cão para uma caçada e o animal latiu e sumiu. Já estava escuro,
depois de algum tempo o caçador começou a tremer, pois começou a
escutar uma forte gargalhada no meio do mato. De noite, gargalhada,
só poderia ser assombração, conforme o caçador seguia em frente o
barulho aumentava, foi então que com uma lanterna que possuía
iluminando o trilho, encontrou seu fiel cachorro que tinha encur-
ralado do lado de uma árvore um enorme tatu canastra. O cão estava
tentando morder a barriga do tatu, pois é desta forma que os
cachorros matam os bichos. Entretanto como era velho estava
desdentado e fazia somente cócegas no tatu que estava quase morto,
mas de tantas gargalhadas.

O padre que fez a missa na sorveteria


Existia, na antiga Vila, um padre muito severo e sempre
preocupado com a determinação dos fiéis de sua paróquia. A antiga
sorveteria da Vila era conhecida pelo delicioso sorvete, pelas mesas
de bilhar, pela cerveja da boa e pela grande quantidade de homens
que frequentavam o local e não participavam das missas dominicais.
Os fatos eram sempre relatados ao padre, sobre tudo o que
acontecia na sorveteria. Certa vez, pouco antes do início da missa, o
padre já sabedor dos hábitos dos pinhalenses, chamou o sacristão e
algumas beatas correram à sorveteria. Como o local estava cheio e
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 193

sem saberem que o padre viria todos estavam tranquilos, o padre


muito esperto correu para o lado de dentro e pediu ao proprietário
que fechasse as portas para que ninguém saísse, enfim, depois de um
breve sermão foi celebrada a missa dentro da sorveteria com muitos
novos participantes.

O Sacristão e o Sino
Provavelmente esse é um dos mais velhos causos que escrevo.
Entre 1890 e 1900 formaram-se no Vilarejo a pedido do vigário, que
naquela época mandava na cidade, duas Bandas de música, a dos
Botões e dos Jagunços, a primeira a favor da recém implantada
república e a segunda ainda dos favoráveis à monarquia.
A disputa sempre acirrada entre as Bandas, não somente nas
festas que aconteciam no Vilarejo, mas com maior empolgação no
período da disputa política entre os candidatos a deputados, o
Vilarejo era distrito de São Bento e tinha seus eleitores a serem
conquistados.
As Bandas ajudavam muito os candidatos e seus simpatizantes
a serem a favor de um ou outro candidato. Em certa festa lá por volta
de 1905 no período eleitoral estavam as duas Bandas no largo da
matriz esperando a hora de início da missa, iniciaram-se os insultos
por parte dos Jagunços, os Botões muito atrevidos replicaram e
começaram as ofensas, quase chegando a contatos físicos já que não
era a primeira vez que isso acontecia.
O sacristão percebendo a situação que já estava acirrada, todos
com os ânimos exaltados, correu na torre da igreja e começou a tocar
o sino que simbolizava o início da missa. No mesmo instante, todos,
muito respeitosos à Igreja, devotos assíduos dos assuntos religiosos,
acalmaram-se e foram para dentro da casa de Deus antes da hora
oficial da missa.
Santo Antônio do Pinhal
194 De Sertão a Município - 1785 a 2024

29 Esporte municipal

Na edição de 15 de maio de 1925 do ‘Pinhalense’, a coluna de


notas cita que: “...realizou-se em Lageado, bairro deste formoso
recanto climatérico, o encontro amistoso de futebol entre os
quadros Raízes da Serra (do Piracuama) e Lageado Futebol Clube.
Verificando o seguinte resultado: Raízes 8 – Lageado 2”.
Esta foi a primeira nota que temos sobre esse esporte em nossa
cidade. Para o bairro do Lageado, por ser o maior produtor agrícola
da região, vinham famílias de outras cidades para trabalharem no
local. Assim, após o dia normal de trabalho da época, por tarefas, os
homens dedicavam-se à pratica do “football” esporte que acabara de
chegar do solo europeu onde foi inventado. Aqui em nosso distrito,
chegavam do velho continente as primeiras levas de ingleses e
italianos para se instalarem e divulgarem as regras do novo esporte
que se tornaria, em futuro próximo, a paixão nacional.
Equipe do Lageado - 1925
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 195

Equipe do U.E.P. 1933

Agachados esquerda para direita: Jorge Faria, Zé Ladau, Gumercindo Valério, Alcides,
Oscar chato, Goleiro Pedro Bernardo. Em pé esquerda para direita, Tião Sissui, Orlando
Nunes, Dito Nunes, João Gomes, Zé Cabral e Sebastião Severino.

Equipe do Unidos Clube 1957

Em pé da esquerda para direita: Marcolino, João Valerio, Nego Romeiro, Zicão,


Dito João e Pereirão. Agachados da esquerda para direita: João Pedro,
Brás João, Viola, Antônio Carlos e Romeu.
Santo Antônio do Pinhal
196 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Agremiações futebolísticas locais


U.E.P. – União Esportiva Pinhalense
E.C.P. – Esporte Clube Pinhalense
U.C. – Unidos Clube. Mistura entre os jogadores da cidade e a
equipe do Lageado, como se fosse uma seleção da cidade de Santo
Antônio.
Paulista Atlético Clube, fundado oficialmente em 10 de abril de
1962. Em 1966, o nome foi modificado para Santo Antônio F.C., que
permanece até os dias atuais. Estas equipes são das décadas de 30,
40, 50, 60.
Atualmente existem as seguintes equipes: S.A.F.C; José da Rosa
F.C; Barreiro F.C; Rio Preto F.C; Sertãozinho F.C. e Melos F.C.

Campo de futebol
O campo de futebol é a área onde se pratica o popular esporte de
origem inglesa. Poderíamos comparar à praça de esportes uma vez
que, não existindo um outro lugar, esta área era utilizada para
diversos eventos.
Em Santo Antônio do Pinhal, existem poucas áreas planas, fator
essencial para a prática de futebol. Por isso, o campo de futebol foi
deslocado várias vezes até chegar ao local atual.
No começo do século XX, o campo era no local onde é hoje a
escola João Batista da Motta; depois mudou próximo à rodoviária
atual; anos mais tarde passou para o alto do morro onde encontra-se
o prédio onde seria o hospital.
Em 1977, finalmente foi inaugurado o atual Estádio Maurício
Nader, na Vila de Fátima, com um jogo entre os profissionais do E.C.
Taubaté e S.A.F.C, com resultado de 2x2.
O Taubaté estava na 2ª divisão do futebol paulista, o time local
foi formado com jogadores ex-profissionais que eram amigos do Zé
Mauro, ex-profissional, filho do Zé Magro, que amava o futebol,
apoiados pelos pinhalenses: Marcolino Oliveira, Bati rua, prefeito da
época e outros.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 197

Muita chuva, muito futebol de mesmo nível, esfregas, refregas e


lama marcaram a inauguração.
Já a Quadra Poliesportiva José Pereira Neto, foi inaugurada em
1992.

Jogos de verão
Acontecem desde 1994 e priorizam atividades para todas as
faixas etárias, proporcionando diversão e lazer.

Equipe S.A.F.C. - 2004


Torneio em homenagem ao Senhor Benedito Barboza no bairro
do Lageado.

Em pé da esquerda para direita: Rubens Camargo, Willian, Alberio, Nelsinho, Zezão,


Matheus, Durval, Lucas, Leandro. Agachados da esquerda para direita: Pedro,
Gustinho, Weslei, Rafael, Zildo, Tiago, Fabrício, João e Bruninho.
Santo Antônio do Pinhal
198 De Sertão a Município - 1785 a 2024

30 Centro de saúde

Aberto 24 horas para atendimentos e agora com plantões


médicos. Além de curativos, suturas, administração de medica-
mentos injetáveis, soroterapia, ECG, observação e repouso/dia.
Os exames de imagem são realizados em Campos do Jordão
(no Hospital S3) já os exames como tomografia, USG, mamografia,
ressonância magnética, endoscopia e os atendimentos com médicos
especialistas são agendados pela central de vagas .

Programa de Saúde da Família - Equipe 1


Dividida em 7 microáreas: urbana e rural, composta por:
1 médico; 1 enfermeira; 2 auxiliares de enfermagem; 7 agentes
comunitários e 1 equipe de saúde bucal.
Esta equipe atende toda a área urbana e uma parte rural que
abrange: o centro da cidade, Bairro Joaquim Alves, Bairro do
Sertãozinho, Bairro do Barreiro, Renópolis e Bairro Santa Cruz.

Programa de Saúde da Família - Equipe 2


Dividida em 6 microáreas rurais é composta por: 1 médico;
1 enfermeira; 2 auxiliares de enfermagem e 6 agentes comunitários.
Esta equipe atende somente a área rural nos bairros do Rio Preto,
José da Rosa, Reno, Cassununga, Pinhalzinho, Machadinho, Boa
Vista, Santa Luzia e Lageado.

Na retaguarda das duas equipes de PSF, existem algumas


especialidades como pediatria, ginecologia, cardiologia, psiquiatria e
psicologia.
Atendimento de Enfermagem;
Atendimento odontológico das 8h às 17h diariamente;
Realização de PKU - (exame do pezinho);
Sala de vacina das 8h às 12h;
Agendamento e coleta para exames laboratoriais;
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 199

Puericultura com acompanhamento de peso e crescimento das


crianças menores de 2 anos, uma vez por mês, e entrega da multi-
mistura àquelas indicadas;
Distribuição de preservativos e anticoncepcionais com orien-
tação individual sobre DST / AIDS e planejamento familiar;
Farmácia do PSF com distribuição e orientação sobre o uso
correto dos medicamentos prescritos;
Coleta de material para exame de papanicolau, realizado pela
enfermeira do PSF e pelo médico.

Equoterapia - Haras Saracuras, Santo Antônio do


Pinhal
Segundo dados estatísticos de São Paulo, cerca de cinco por
cento da população apresenta necessidades especiais. Entende-se
por necessidade especial toda deficiência física, mental, sensorial
e ou múltiplas condutas, apresentada pelo indivíduo, em caráter
temporário ou permanente.
Nos municípios de Santo Antônio, Campos do Jordão,
Caçapava, Pindamonhangaba e Sapucaí Mirim, existem órgãos que
prestam auxílio a essas pessoas e seus familiares. Há, porém, um
déficit de espaços e profissionais adequados para o atendimento da
população necessitada de tratamento.
A equoterapia é um método terapêutico e educacional, que
utiliza o cavalo dentro de uma abordagem multidisciplinar, nas
áreas da saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento
biopsico-social de pessoas portadoras de necessidades especiais,
distúrbios de comportamento, desequilíbrios emocionais, apren-
dizado e fala. Esse método terapêutico exige a participação do
corpo como um todo, e contribui para o desenvolvimento do tônus
muscular ao mesmo tempo em que promove relaxamento, cons-
cientização do próprio corpo e o equilíbrio. O resultado é o aper-
feiçoamento da coordenação motora, da autoconfiança e auto
Santo Antônio do Pinhal
200 De Sertão a Município - 1785 a 2024

estima. A equoterapia promove a reabilitação e a educação do


praticante de forma global.
O cavalo é utilizado com fins terapêuticos pela sua docilidade,
força, porte, e por se deixar montar. Ao montar e relacionar-se com
o animal, o praticante passa a se aceitar resgatando sua autoestima,
já que o cavalo também o aceita independentemente da sua condição.
Um fato importante é que a equoterapia requer do praticante atenção
concentrada durante a sessão, cuja duração é de aproximadamente
trinta minutos.
Além disso, auxilia a aprimorar as percepções auditivas, visuais,
táteis, cinestésicas e proprioceptivas. Desenvolve o equilíbrio, a
postura, a lateralidade, as motricidades ampla e fina, contribui
inclusive para o enriquecimento do vocabulário.

31 Artistas populares

Luar pinhalense
Milton Barbosa Monteiro (1928- 2010 )

I
Como é gostoso de vez
em quando recordar
Os tempos idos em
Santo Antônio do Pinhal
Com o luar iluminando toda a rua
E a moçada pela mesma a passear
Como eram lindas aquelas noites de luar
Agradeço a Deus do céu esta beleza
Quando me lembro fico sempre a pensar
Como é tão triste aqueles tempos não mais voltar.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 201

II
Na rua os casais de namorados trocavam juras para
um dia se casar
Ouvindo aquelas músicas românticas que tocavam no
alto falante sem cessar
Ainda sinto saudade do cinema quando tocava o prefixo
para sessão começar
Era uma correria de pessoas pra comprar o ingresso
e o filme apreciar.

Branco

Marcio Leonardo Sossio, popular


Branco, nasceu na cidade de São Paulo -
Capital (1947-2021) e desde 1981 fre-
quenta Santo Antônio, em sua juventude
já compunha músicas e tinha conhecido
vários artistas, tal com Sergio Reis, Tim
Maia, Roberto Carlos e outros.
Sua composição mais famosa foi “A
festa de Santo Reis”, interpretada e gra-
vada por Tim Maia e outros.
Santo Antônio do Pinhal
202 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Poema de Santo Antônio


João Paulino (1925 -2011)

I
Há muito tempo passado, Santo Antônio foi
capela!
As casas toda de barro, com jeito muito
singelo!
Cadeia de pau-a-pique toda feita de martelo
Quando tinha um prisioneiro que ia dormir
na cela
De madrugada fugia pelo buraco da janela!

II
Santo milagroso que deu um pulo tão belo
Santo Antônio emancipou por ser o filho mais belo
Para desmembrar de São Bento foi preciso fazer guerra
A parada foi dureza quase correu sangue na terra
Entregaram foi de medo do cano parabelo (arma)

III
Santo Antônio é só progresso até fazer duelo
Hoje nossa Santo Antônio é presépio da serra
As casas que eram de barro virou castelo!
Deputados e senadores é quem moram dentro delas
Santo Antônio hoje é cidade e não mais pé de chinelo

IV
Para correr nossa divisa tenho um cavalo amarelo
Eu entro aqui pelo Barreiro, do Lageado até os Mello
Dou volta pro Zé da Rosa, divisa do Paiol Velho
Desço lá pelo Rio Preto na fazenda Maria Bela
Passo no Dito Pimenta pra tomar uma pinga Amélia

V
Agora que eu vou contar os bichos da minha terra
E o cachorro late grosso por que tem força na goela
As moreninhas mais bonitas comem doce de marmela
Pro homem é boi na brasa, pois não come mortadela.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 203

Estância de ecologia
Santiago da Motta (1945 -)

Por entre pinheiros e flores silvestres


Num vale encantado que Deus criou
Bem junto a nascente do rio da prata
Que um viajante seu rancho plantou

Sem saber que um dia no dorso da mata


Nascesse a cidade que ele sonhou
Alguém com carisma e muita bravata
Fez sua casinha bem simples pacata
e nossa cidade se originou

Famílias cresceram se multiplicaram


Lutando com garra e muito ideal
Nasceu uma vila num dia sagrado
Pois treze de junho é um memorial

Então Santo Antônio que veio de Pádua


Passou a ser Santo Antônio do Pinhal
Trazendo mais fé para o brasileiro
Que um milagroso e casamenteiro
Veio a residir em nosso pinheiral

Depois de um tempo sem muito sucesso


Nasceu pinhalense com sangue valente
Que muitos lutaram buscando progresso
Com dificuldade mas muito prudentes

Passou a município Estância climática


Trabalho de heróis com muita euforia
Porém compensado o tempo passado
Com muito orgulho estamos conversado
Pois já e estância de ecologia

Curiosidade:
Santiago da Motta é filho do ex-prefeito João Batista da Motta
Santo Antônio do Pinhal
204 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Percorrendo o Município
Paulo Valério (1939- 2004)

Hoje foi meu pagamento o que vou fazer


agora
Vou dar uma volta no mundo pra conhecer
o Capora
Vou pegar o trem das onze pra mim viajar
mais gostoso
Vou até o Pico Agudo mirante com fragoso

Varando por Sertãozinho fui até o São Gotardo


Conheci a Vargem Grande, Boa Vista e Matinado
Descendo por Morro Grande fui até o Barreirinho
So não cheguei lá nos Brito porque vim pro Pinhalzinho

Pra chegar lá no Rio Preto varamos por Ponte Funda


Visitei Fazenda Velha e também o Caçununga
Subindo pro Zé da Rosa fui a São Judas Tadeu
Só não cheguei lá nos Mello porque logo escureceu

Visitei também Lageado, Santa Cruz e Fazendinha


Bairro dos Mouras e Salgado, Brejo Grande e Cachoeirinha
Costa Manso e Machadinho eu deixo por derradeiro
Visito com Rio das Pedras quando eu for lá pro Barreiro

Se o meu tempo foi tão curto mais fiz mais que obrigação
Peço desculpa aos amigos lá do Bairro da Estação
A Colônia Japonesa quero parabenizar
Que qualquer hora talvez nós aparece por lá
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 205

Berço do meu coração


João Valério (1929- 2006) e
Miguel Valério ( 1941- 2010 )

Eu nasci num velho rancho no recanto do sertão


Eu adoro minha terra berço do meu coração
Lá me criei na invernada lidando com criação
Laçando boi pantaneiro foi a minha inclinação
Sentindo o peso do laço no calo da minha mão

Quando o sol se despedia e escondia no espigão


A noite vinha chegando com sua negra escuridão
Pra curar o meu cansaço eu sentava no galpão
Afinava bem meu pinho e cantava uma canção
A natureza aplaudia meu amigo violão

Porém tudo se acabou grande saudade me mata


Não vejo mais o sertão nem o luar cor de prata
Não vejo mais o sereno na folhagem lá da mata
Não vejo mais a beleza do riacho e da cascata
Meu violão emudeceu não toca mais serenata

Hoje longe muito longe esquecer não sou capaz


A saudade mais aumenta muita lembrança me traz
A ilusão é uma fumaça que no espaço se desfaz
Assim foi minha infância que os anos jogou pra traz
Digo adeus aos meus bons tempos que não volta nunca mais
Santo Antônio do Pinhal
206 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Adeus juventude
Zé Morgado (1931- 1994)

Quem nasceu pequenininho e já teve


sua infância
Hoje velho tem saudade do seu tempo
de criança
A vida passou depressa que nem o vento
alcança
Quando lembro do passado chego
a chorar de lembrança

Assim foi meu bom tempo que passou como fumaça


Tal qual meu pensamento que ninguém vê quando passa
Hoje longe muito longe do parquinho lá da praça
A distância traz tristeza e a saudade me abraça

Assim como choro eu da tristeza que me evade


Como posso ser feliz sem ter a felicidade
A cabocla que eu amava foi embora da cidade
Só me deixou por lembrança a tristeza e a saudade

Adeus minha juventude que deixei a muito tempo


Adeus saudosa infância que não sai do pensamento
Quero esquecer não consigo me lembro a cada momento
Pra não morrer de saudade choro de sentimento

Curiosidade:
João Valério, Miguel Valério, Paulo Valério e Zé Morgado
eram todos irmãos, filhos de Gumercindo Fernandes da Silva
(Gumercindo Valério), família tradicional de violeiros da região.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 207

32 Nomes de algumas ruas

Av. Ministro Nelson Hungria (Lei nº 2 de 1961)


Antiga Rua Cônego Tomas passou a ser denominada de Avenida
Nelson Hungria, nasceu a 16 de maio de 1891, no município de Além
Paraíba, Estado de Minas Gerais. Era filho de Alberto Teixeira de
Carvalho Hungria e de D. Anna Paula Domingues Hungria.
Nomeado Ministro do Supremo Tribunal Federal, por decreto
de 29 de maio de 1951, pelo Presidente Getúlio Vargas e aposentado
por decreto de 11 de abril de 1961.
Seu pai foi fiscal de barreira na divisa entre SP-MG, passou
a infância nesta cidade fazendo aqui diversos amigos, teve forte
influência na emancipação do distrito.

Av. Antônio Joaquim de Oliveira (Lei nº 20 de 1961)


Um dos doadores das terras à Capela de Santo Antônio no ano de
1856, terras que houve por herança do sogro e sogra José Rodrigues
Moreira e dona Luiza Correia. Antônio residia na Cidade de Taubaté
e casou com a pinhalense Germana Maria de Jesus. Seu nome correto
é Antônio José de Oliveira.

Rua Gov. Carvalho Pinto


Carlos Alberto Alves de Carvalho Pinto, nasceu em 1910 na
cidade de São Paulo. Era sobrinho-neto do ex-presidente da repú-
blica, Rodrigues Alves. Formou-se em Direito em 1931 na Faculdade
de Direito da Universidade de São Paulo. Professor de Ciências das
Finanças na Faculdade Paulista de Direito e advogado da prefeitura
de São Paulo. Sua carreira pública culminou com sua eleição para o
governo do Estado. Seu governo decorreu de 1959 a 1963, foi com
sua assinatura criado o município de Santo Antônio do Pinhal,
faleceu na capital paulista em 21 de julho de 1987.
Santo Antônio do Pinhal
208 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Rua Cônego Tomás (Lei n º 20 de 1961)


Passou a denominar-se Rua Cônego Tomaz a antiga e popular-
mente conhecida Rua da Boiada. Homenagem prestada ao Cônego
Tomas De Affonseca e Silva que em 1883 era Cônego neste distrito.
Antes, a Rua Cônego Tomas, foi, por muitos anos, a rua central do
distrito, hoje Av. Ministro Nélson Hungria.

Rua Dep. Franco Montoro (Lei n º 20 de 1961)


Foi o ilustre Deputado André Franco Montoro o patrono da
emancipação deste município na Assembleia Legislativa do Estado.
Vereador em São Paulo, Deputado Estadual e três vezes Deputado
Federal, Senador e Governador do Estado. Nasceu na Capital
paulista em 1916 e faleceu no dia 10 de julho de 1999.
Lutou com dedicação à causa Pinhalense apresentando razões
justas e de direito à autonomia, foi seu o projeto de resolução da
Assembleia ao plebiscito da causa.

Rua Dr. Lourenço de Sá (Lei n º 20 de 1961)


Ocupando o cargo de sub-prefeito deste distrito, Dr. Lourenço
era um verdadeiro cristão que se preocupava com os desprovidos da
sorte e criou a Legião Brasileira de Assistência em Santo Antônio.
Como católico de fé, construiu um monumento em louvor à rainha
do Brasil em sua fazenda Rio das Pedras. Quando vendeu a sua
propriedade, a imagem foi deslocada e uma nova gruta construída
para abrigar a Santa. Por muitos anos esteve aberta ao povo, estava
situada em frente a escola Desembargador Afonso de Carvalho.

Rua Cel. Sebastião Marcondes da Silva (Lei nº 20 de 1961)


Nasceu na Cidade de São Bento do Sapucaí em 1919, filho do
abastado fazendeiro Teófilo Marcondes da Silva e de dona
Henriqueta Chiaradia. Era irmão de Benedito Marcondes Raposo e
um grande colaborador na luta pela emancipação. Vereador por São
Paulo, Deputado Estadual pelo MDB de 1975 a 1979 e suplente por
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 209

diversas vezes. Formado em Direito, Medicina, Farmácia e Econo-


mia. General do Exército Brasileiro, faleceu na capital paulista no
dia 28 de junho de 2004.

Rua Bráz Oliva (Lei n º 20 de 1961)


Antiga Rua da Biquinha ganhou o nome do inesquecível Braz
Oliva, nasceu em Santos no ano de 1888 e era filho único dos italianos
José Oliva e dona Filomena. Casou-se com Maria José Jacinto da
Silva, filha do célebre Capitão Marcolino Jacinto da Silva e não
tiveram filhos. Foi chefe do serviço telefônico local que conseguiu
trazer da E.F.C.J.. Também foi um dos baluartes da iluminação
pública do distrito em 1911. Homem culto, político, conselheiro mais
concorrido em sua época, desempenhou importantíssimo papel na
história de nossa terra. Faleceu em 08 de setembro de 1959. Brás
Oliva, guia e símbolo imortal da gente pinhalense.

Travessa Padre Sebastião Hugo Santana (Lei nº 20 de 1961)


Foi um dos párocos mais atuantes que esta Paróquia possuiu,
pois, desde o ano de 1943 a 1951, Padre Sebastião não só cuidou da
direção espiritual, mas se esforçou para o bem geral da coletividade.
Além de sua dedicação pela causa sacerdotal, era um trabalhador e
de espírito progressista, construiu a antiga casa Paroquial, adquiriu
um relógio para a torre da Matriz, construiu a bela igreja de São
Benedito, as festas religiosas reapareceram, e conseguiu todas as
imagens para a semana santa.

Rua Capitão Luís Jacintho da Silva (Lei nº 20, item c,


de 1961)
Capitão Luís Porfírio, foi o líder do Partido Republicano no
distrito, cuja alcunha era “Partido dos Botões” dado a ostentação
dos enormes botões dos Jalecos dos militares que proclamaram a
República em nosso país. Foi casado com Constância Theodoro de
Carvalho, neta de Gustavo Francisco Berthoud, um dos fundadores
de Santo Antônio do Pinhal.
Santo Antônio do Pinhal
210 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Praça Monsenhor João José Azevedo (Lei 19 de 1961)


Nome dado a praça da igreja Matriz, Monsenhor Azevedo,
desde 1924, já dirigia os destinos espirituais dos pinhalenses, sendo
nesta data nomeado vigário desta Paróquia. Foi líder da Comissão
emancipadora desde o início do movimento autonomista e nos
momentos mais cruciais, junto aos poderes do Estado.

Praça Benedito Marcondes Raposo


Praça em frente a fonte Santo Antônio e ao lado da casa onde
morou o farmacêutico Ditinho Raposo. Nascido na cidade de São
Bento do Sapucaí, em 1905, e faleceu em 1977, com a idade de 73
anos. Curava seus pacientes com poções que preparava no fundo da
farmácia. Inicialmente não aderiu à Emancipação por ser filho de
São Bento, mas quando abraçou a causa, lutou heroicamente. Seus
discursos eram famosos por toda região. Foi eleito vereador e 1º
presidente da Câmara Municipal na 1ª Legislatura.

Praça Calin Eid


Nasceu em 08-05-1923 em Novo Horizonte, São Paulo, cursou
dois anos de medicina e abandonou, foi chamado para servir na
Segunda Grande Guerra mas a guerra acabou. Casou-se em 1946
com D. Odete Haidar (Odete Eid, escultora) e tiveram quatro filhos,
começou a negociar e criou uma rede de mercados (Gigante) foi
secretário do abastecimento, presidente da Associação Comercial
de São Paulo, Diretor Comercial da Fepasa e Chefe da Casa Civil
do Governador Maluf. Conseguiu muitos benefícios para Santo
Antônio. Conheceu a cidade através do ex-deputado Sr. Armando
Pinheiro.

Rua Gumercindo Fernandes da Silva


Nasceu em 1904 em Santo Antônio do Pinhal, casou em 1926
com Daliria Moreira da Silva, foram pais dos saudosos violeiros da
cidade: João Valério, Paulo Valério, Miguel Valério e Zé Morgado.
Agricultor e comerciante, foi membro da comissão emancipadora e
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 211

muito colaborou com a cidade, tinha em seus conselhos seu grande


potencial, faleceu em 1979.

Rua Mário Tavares


Nascido em Pindamonhangaba - 1874/1958, foi um político e
jornalista brasileiro, sendo Senador da República.
Participou, em 1899, do diretório do Partido Republicano
Paulista na cidade de Araras, desenvolvendo ali sua atividade
política. Foi eleito ao congresso estadual em 1903, participando
dos debates sobre a reforma constitucional, tendo tomado parte ativa
nas discussões da reforma eleitoral municipal, do processo civil e
comercial e do sistema da eleição municipal.
Seus descendentes ainda possuem um dos imóveis mais antigos
da cidade, casa em estilo austríaco, datada de 1912.

33 Hino e Brasão

Como muitos municípios, Santo Antônio do Pinhal ganhou sím-


bolos, como o hino e o brasão. Oficializado em dezembro de 1988.
Autor: Milton Barbosa.

I
Na Serra da Mantiqueira
Existe um lindo lugar:
É minha terra querida,
A sua beleza aqui vou cantar...

II
Santo Antônio do Pinhal,
Nunca esquecerei,
A sua paisagem colossal,
Jamais outra igual, encontrarei...
Santo Antônio do Pinhal
212 De Sertão a Município - 1785 a 2024

III
Tens os mais lindos pinheirais,
E mil e cem metros de altitude,
Fontes de águas minerais,
Um clima abençoado, oh terra da saúde...

IV
Tem a nascente do Rio da Prata,
Em teu solo fértil
Deslizando por entre a mata
Nesse pedaço, do meu Brasil...

V
A saudade me maltrata
Estando longe de tí
Se gorgeia o Sabiá lá na mata
Ou canta o Juruti...

VI
Pico-Agudo é uma beleza
Bem pertinho do céu
Agradeço a Deus Pai e a mãe natureza
Ser um dos filhos teus...

Agradeço a Deus Pai e a mãe natureza,


Ser um dos filhos seus...
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 213

HINO: “MINHA TERRA”


(Autor Milton Barbosa Monteiro)

Vem conhecer minha terra


Tem água e clima sem igual
Na Serra da Mantiqueira
És um mimo, Santo Antônio do Pinhal

Sejam bem-vindos, senhores visitantes


Venham ver os mais lindos pinheirais
Pico Agudo e vales deslumbrantes
Que não esquecerão jamais, jamais!

Do Brasão:
Criado em 1968 e modificado pelo
heraldista Dr. Lauro Ribeiro Escobar, revo-
gado e oficializado em 03-01-1998, tem a
seguinte interpretação;
I - O escudo ibérico era usado em
Portugal à época do descobrimento do
Brasil e sua adoção evoca os primeiros
colonizados e desbravadores da nossa
Pátria;
II - O metal prato no campo do escudo, é representativo
heráldico de felicidade, pureza, temperança e amizade, a revelar as
belezas naturais da região, a pureza e higidez das águas e do ar,
destacando ainda os atributos de administradores e munícipes ao
relacionamento leal, de compreensão e harmonia de que desfrutam;
III - A cruz grega, com os braços iguais é das armas da família
Bulhões, lembra a figura de Fernando Martins de Bulhões, daquela
nobre estirpe, que, tendo abandonado os esplendores da riqueza e
da nobreza para seguir sua vocação religiosa, transformou-se no
Santo Antônio do Pinhal
214 De Sertão a Município - 1785 a 2024

glorioso Servo de Deus que foi Santo Antônio, Padroeiro do muni-


cípio.
IV - A cruz é o símbolo máximo da fé cristã e a cor vermelha é
indicativa de audácia e honra, virtudes dos primeiros colonizadores
da região, legadas a seus pósteros, que, sem esmorecer ante as
dificuldades naturais que se lhes opunha a aspereza do sertão,
lançaram as sementes de nosso município;
V - Os pinheiros simbolizam constância, referindo-se aqui, às
terras ubérrimas a vegetação luxuriante de que o município tanto se
beneficia;
VI - O chefe, colocado na parte superior do escudo, é a primeira
das peças honrosas de primeira ordem e a cor azul é emblema de
justiça, referência sempre presentes às virtudes de administradores
do povo de Santo Antônio do Pinhal e ainda ao turismo, a propiciar
as benesses do repouso e recreação;
VII - As três fontes de prata, aludem à riqueza hidrográfica do
município, em especial às fontes Santo Estevão, São Geraldo e Santo
Antônio, ao Ribeirão da Prata e também aos numerosos córregos,
ribeirões e nascentes, de onde jorra a mais pura água;
VIII - O contra chefe, peça colocada na parte inferior do escudo,
endentado (com dentes em forma de serra), salienta o terreno
acidentado em que se situa o município, coberto de matas nativas,
onde a flora e a fauna são objetos de cuidadosa proteção;
IX - A coroa mural, é o símbolo da emancipação política, e de
prata com oito torres, das quais unicamente cinco estão aparentes,
vem a ser a reservada às cidades; as portas abertas de sable (preto)
proclamam o caráter hospitaleiro do povo de Santo Antônio do
Pinhal;
X - Arama de tomateiro com frutos e as orquídeas em flor,
atestam a fertilidade das terras generosas do município, assim como
sua vocação agrícola, apontando as lides do campo como fator básico
da economia municipal;
XI - No listel de goles (vermelho), o topônimo “SANTO
ANTÔNIO DO PINHAL”, em letras de prata, identifica o município.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 215

Da Bandeira Municipal
Também do mesmo heraldista Dr. Lauro Ribeiro Escobar, assim
se descreve: retangular, de verde, com uma cruz firmada de verme-
lho, coticada de branco e tendo brocante sobre o cruzamento de seus
ramos um círculo de branco, carregado do Brasão de Armas.
1° - Tem a Bandeira 14 M (quatorze módulos) de altura, por 20 M
(vinte módulos) de comprimento; os ramos da cruz três 2 M (dois
módulos) de largura e as cóticas, 0,5 M (meio módulo), estando a
linha mediana do ramo vertical situada a 7 M (sete módulos) de
distância da tralha, o círculo tem 10 M (dez módulos) de diâmetro
e o Brasão de Armas, 8,5 M (oito módulos e meio) de altura.
2° - A cruz é símbolo de fé e o círculo, de eternidade, assina-
lando que os munícipes, depondo irrestrita fé no Criador, buscam
liberdades municipais.
3° - O simbolismo das cores da Bandeira é o mesmo ao Brasão de
Armas, observando-se, contudo, que o metal prata dos brasões de
armas corresponde ao branco das bandeiras.
Santo Antônio do Pinhal
216 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Administração do município através dos tempos

Os três poderes:
Na República Federativa do Brasil, o governo é formado por três
poderes: executivo, legislativo e judiciário. Eles são independentes
entre si, tem papéis bem definidos pela Constituição e formam um
tripé que é base da democracia.

O poder executivo é exercido pelo presidente, pelos gover-


nadores de estado e pelos prefeitos das cidades. Eles são eleitos
diretamente pelo voto popular para um período de quatro anos, com
direito à reeleição para um período de mais quatro anos.
Eles têm a responsabilidade de administrar o País, os Estados
e os Municípios, criarem metas de administração, investirem em
saúde e saneamento básico e tudo mais que diz respeito ao bem-estar
da população.

O poder legislativo é exercido pelos senadores, eleitos por


um período de oito anos, e deputados federais no âmbito federal;
deputados estaduais nos estados; e vereadores nos municípios, todos
eleitos para períodos de quatro anos. Senadores e deputados fede-
rais estabelecem as leis do País e fiscalizam as ações do presidente e
dos ministros, enquanto os deputados estaduais criam leis no Estado
e fiscalizam as ações do governador. Os vereadores, por sua vez,
criam as leis das cidades e fiscalizam as ações do prefeito.

O poder judiciário é exercido pelos juízes. Compete a eles


julgarem, executarem as leis e zelarem pela carta magna, a Cons-
tituição.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 217

34 Galeria de prefeitos

A história dos prefeitos que passaram pela administração de


Santo Antônio do Pinhal, pode ser contada da seguinte forma: Os
pioneiros; Noé e João Batista, desfizeram de patrimônio próprio
para concretizar o sonho da Emancipação.

Noé Alves Ferreira João Batista da Motta


21-4-1961 a 20-04-1965 (1º prefeito) 21-04-1965 a 21-04-1969 (2º)
21-4-1969 a 31-01-1973 (3º)

E os que vieram depois, cada qual com seus méritos e deméritos,


avanços e retrocessos, cada um deles, conforme pode e percebeu que
a cidade poderia mais do que a simples administração vazia, sem
retaliações aos opositores, com a vontade e consciência de que fora
eleito pela maioria e não para somente alguns, sabedor de que o
prefeito não é melhor, nem mais inteligente que ninguém, simples-
mente foi eleito pela maioria para administrar para todos.
Não cabe a nós julgar, simplesmente analisar os fatos.
Santo Antônio do Pinhal
218 De Sertão a Município - 1785 a 2024

José Geraldo Martins José Olegário César e Silva


01-02-1973 a 31-01-1977 (4º) , 21-01-1977 a 31-01-1983 (5º)
01-02-1983 a 31-12-1988 (6º) , 01-01-1993 a 31-12-1996 (8º)
01-01-1997 a 31-12-2000 (9º)

Mario Luiz Vieira José Augusto G. Pereira


01-01-1989 a 31-12-1992 (7º) 01-01-2005 a 31-12-2008 (11º)
01-01-2001 a 31-12-2004 (10º) 01-01-2009 a 31-12-2012 (12º)

Clodomiro de Toledo Júnior Anderson José Mendonça (Parrão)


01-01-2013 a 31-12-2016 (13º) 01-01-2021 a 31-12-2024 (15º)
01-01-217 a 31-12-2020 (14º)
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 219

35 História do legislativo municipal


(Somente um pouco das campanhas)

Mudaram-se os partidos políticos, mas, por tradição, conti-


nuaram com os antigos nomes todos os descendentes e adeptos dos
Jagunços e Botões dos tempos republicanos, inclusive a rivalidade:
filho de jagunço, jagunço sempre, o mesmo com os botões.

1ª legislatura - 21 de abril de 1961 a 20 de abril de 1965

Resumo da Campanha

Foram dois os candidatos que pleitearam o cargo de primeiro


prefeito em Santo Antônio do Pinhal: Noé Alves Ferreira e Procópio
Marcondes Azeredo, Noé foi vereador pelo distrito em São Bento do
Sapucaí, pinhalense e grande baluarte da emancipação política,
filho de Joaquim Alves Ferreira e de dona Maria Ferreira de Lima,
concorrendo pelo partido Democrático Cristão (PDC), tendo como
vice, João Batista da Motta.
Anteriormente Noé já tinha sido vereador pelo distrito, pela
União Democratica Nacional (UDN) de Carlos Lacerda.
O Sambentista e farmacêutico Procópio Marcondes Azeredo
acompanhado com o vice João Gustavo da Silva, pertencente a
tradicional família pinhalense. Santo Antônio, em 1961, tinha 1.028
eleitores inscritos em suas cinco seções (três da cidade, uma do Rio
Preto e uma do Zé da Rosa) e nesta eleição de 05 de março de 1961
que escolheu o primeiro prefeito, votaram 937 e elegeram Noé Alves
Ferreira com um total de 578 votos contra 330 de Procópio (Tóte).
Os vices também eram votados e neste item, o vice João Batista
da Mota, obteve mais votos que o seu concorrente com 585 votos.
Na câmara, Benedito Marcondes Raposo foi o mais votado com 148
votos sendo eleito o primeiro presidente da Câmara Municipal de
Santo Antônio do Pinhal.
Santo Antônio do Pinhal
220 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Curiosidade: No último dia para a inscrição dos candidatos e


partidos políticos para o primeiro pleito eleitoral em Santo Antônio
do Pinhal no cartório eleitoral da Comarca em São Bento do Sapucaí,
a secretária do Partido Democrata Cristão encontrava-se na cidade
de Taubaté.
Não tinha portanto, tempo hábil para regressar e providenciar a
sua assinatura no pedido de inscrição para que o candidato Noé Alves
Ferreira, seu vice e demais candidatos a vereadores concorressem na
eleição. Daí ter-se forjado a assinatura dela, dando-se entrada nos
documentos que foram aceitos. Se fosse descoberta a falsidade desta
assinatura, o primeiro prefeito em Santo Antônio do Pinhal teria sido
então, Procópio Marcondes Azeredo, mais conhecido como Tóte e
seu vice João Gustavo. Fato narrado pela própria secretária.

Votação dos candidatos a Prefeito


Eleitorado: 1.028 eleitores
1º Noé Alves Ferreira - PDC - 578 votos
2º Procópio Marcondes Azeredo (Tóte) - UDN - 330 votos

Eleito Prefeito: Noé Alves Ferreira - PDC


Vice-Prefeito: João Baptista da Motta - UDN

Vereadores eleitos:
Ÿ Benedito Marcondes Raposo (Ditinho Raposo, neto de
Manuel Marcondes da Silva) - Botão
Ÿ Oswaldo Gustavo da Silva (Nino, Neto de Luiz Jacintho da
Silva) - Botão
Ÿ Acyr Pereira (Cirinho, bisneto de Marcolino Jacintho da
Silva) - Jagunço
Ÿ Sebastião Honório Pereira
Ÿ Expedito Costa Manso (Neto de Luiz Jacintho ) - Botão
Ÿ Antonio Pereira dos Santos
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 221

Ÿ Benedito Faria da Silva (Dito Faria, Neto de Luiz Jacintho)


- Botão
Ÿ Geraldo Inácio Vieira (Neto de Luiz Jacintho ) - Botão
Ÿ Luiz Ferreira da Costa (Neto de Luiz Jacintho ) - Botão

1.ª Sessão Legislativa


Presidente: Benedito Marcondes Raposo - Botão
Vice Pres.: Benedito Faria da Silva - Botão

2.ª Sessão Legislativa


Presidente: Oswaldo Gustavo da Silva - Botão
Vice Pres.: Expedito Cosa Manso - Botão
1.º secretário: Antonio Pereira dos Santos

2ª legislatura: 21 de abril de 1965 a 21 de abril de 1969

Resumo da Campanha

Em sete de março de 1965, João Batista da Motta, vice de Noé


e tendo o apoio do mesmo, foi eleito prefeito numa disputa contra
Comendador Heitor Cunha Filho.

Prefeito: João Batista da Motta


Vice-Prefeito: Benedito Faria da Silva - Botão

Vereadores eleitos:
Ÿ Benedito Theodoro de Faria
Ÿ Benedito Alves Pereira
Ÿ Geraldo Monteiro da Costa
Ÿ Celso Gatto
Ÿ José Bernardo Souto Lemos
Ÿ Vinício Inácio Pereira
Santo Antônio do Pinhal
222 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Ÿ Benedito Hugo de Barros


Ÿ Joaquim Honorato Martins
Ÿ Procópio Marcondes Azeredo (Tóte)

1.ª Sessão Legislativa


Presidente: Celso Gatto
Vice Pres.: Vinício Inácio Pereira
1.º secretário: José Bernardino Souto Lemos
2.º secretário: Geraldo Monteiro da Costa

2.ª Sessão Legislativa


Presidente: Celso Gatto ( reeleito)
Vice Pres.: Procópio Marcondes Azeredo (Tóte)
1.º secretário: Geraldo Monteiro da Costa (reeleito)
2.º secretário: Vinício Inácio Pereira

Entre os feitos desta administração estão:


1. A urbanização da “biquinha”, hoje Fonte Santo Antônio.
2. A criação e instalação do Ginásio Estadual que só teve auto-
rização de funcionamento após publicação no Diário Oficial, depois
de muito empenho em fazer com que os pais matriculassem seus
filhos e que houvesse numero suficiente para o funcionamento legal.
Para tanto fez-se necessário diariamente transportar alunos dos
bairros vizinhos no único carro disponível da prefeitura, até que
comprassem um ônibus “jardineira” vinda de Natercia-MG. Isso
aconteceu em abril de 1967 e funcionou no antigo prédio de cinema
da propriedade de Juca Monteiro.
3. Com o apoio e empenho dos diretores do DNER Eng. Portela
e Eng. Alcides fez-se a pavimentação da rua principal da cidade.
4. Remodelamento e urbanização na praça da Matriz com
pedras decorativas trazidas de São Tomé das Letras-MG.
5. A abertura da estrada do Pico Agudo, em congresso realizado
em Serra Negra-SP, no começo do ano de 1967, o Dr. Mario Henrique
Simonsen, secretário estadual das estâncias turísticas estabeleceu
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 223

que Santo Antônio só se elevaria a Estância Mineral e Climática se


urbanizasse as fontes e tivesse um atrativo turístico diferencial. Era
preciso abrir estrada até o cume do Pico Agudo com a maior urgência.
Não houve tempo para fazer concorrência pública, fez-se então
a tomada de preço, mas o valor da obra não poderia ultrapassar dos
CR$ 10.000,00. A Companhia contratada pertencia a Fauzi e Paulo
de Campos do Jordão. A inauguração deu-se em 7 de setembro de
1967 e a cidade de Santo Antônio então foi elevada a Estância.

3ª legislatura - 21 de abril de 1969 a 31 de janeiro de 1973

Resumo da Campanha

Prefeito: Noé Alves Ferreira


Vice-Prefeito: Heitor Cunha Filho

Vereadores eleitos:
Ÿ Benedito da Costa Manso
Ÿ Shunsuke Kimura
Ÿ Antonio Martins Pereira Filho (Toninho Martins)
Ÿ José Felix da Silva (Zé Félix)
Ÿ João Batista da Motta
Ÿ José Cirineu Rosa
Ÿ Benedito Theodoro de Faria
Ÿ Arlindo Inácio Fernandes
Ÿ Vicente Chiaradia (Nene Chiaradia)

1.ª Sessão Legislativa


Presidente: Benedito da costa Manso
Vice Pres.: Shunsuke Kimura
1.º secretário: José Félix da Silva
2.º secretário: Antonio Martins P. Filho
Santo Antônio do Pinhal
224 De Sertão a Município - 1785 a 2024

2.ª Sessão Legislativa


Presidente: João Baptista da Motta
Vice Pres.: Antonio Martins Pereira Filho
1.º secretário: Vicente Chiaradia
2.º secretário: Joaquim Moreira da Rosa

4ª legislatura - 1.º de fevereiro de 1973 a 31 de janeiro


de 1977

Resumo da Campanha

O prefeito Noé Alves Ferreira estava com dificuldade em pagar


os salários atrasados dos funcionários da prefeitura municipal e não
tinha candidato para apoiar. José Geraldo Martins com o apoio do
presidente da Câmara Municipal, Sr. Benedito da Costa Manso,
propôs que tivesse como vice Francisco Pereira, que não aceitou o
cargo. Então Zé Martins indicou seu vice o Sr. José Geraldo da Costa,
conhecido como Zé Costa, filho do presidente da Câmara pinhalense.
O prefeito Noé pregou o voto nulo em sua campanha e por não ter
candidato da situação, foi uma vitória certa.
Curiosidade: Maria de Lourdes da Silva (Lurdinha), mãe do
prefeito Clodomiro Correa de Toledo Junior, foi a primeira mulher
a ser eleita vereadora e presidente da Câmara Municipal.

Prefeito: José Geraldo Martins


Vice-Prefeito: José Geraldo da Costa

Vereadores eleitos:
Ÿ José Olegário César e Silva (Zé Olegário)
Ÿ Joaquim Moreira da Rosa
Ÿ José Aparecido dos Santos
Ÿ José Cândido Machado
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 225

Ÿ Maria de Lourdes da Silva (Lurdinha)


Ÿ Miguel Cardoso da Costa
Ÿ Nilson Carlos Faria
Ÿ Shiguero Katayama (representando a Colônia Japonesa)
Ÿ Vicente Pereira de Carvalho

1.ª Sessão Legislativa


Presidente: José Olegário César e Silva
Vice Pres.: Shiguero Katayama
1.º secretário: José Aparecido dos Santos
2.º secretário: Maria de Lourdes da Silva

2.ª Sessão Legislativa


Presidente: Maria de Lourdes da Silva (Lurdinha)
Vice Pres.: José Aparecido dos Santos
1.º secretário: José Olegário César e Silva
2.º secretário: Shiguero Katayama

5ª legislatura - 31 de janeiro de 1977 a 31 de janeiro


de 1983

Resumo da Campanha

O partido ARENA1 (Aliança Renovadora Nacional) indicou José


Olegário César e Silva, então vereador, para o cargo majoritário.
Concorreu pela oposição, José Roberto da Costa Barbosa com o vice
Clodomiro Correa de Toledo pelo MDB (Movimento Democrático
Brasileiro) José Teodoro de Souza (Zé da Vó) e seu vice Benedito
Jorge de Melo; Para o Vice de Olegário, foi indicado o protético
José Faustino de Mello, mais conhecido como José Dentista. Foi
uma campanha tranquila, sem ataques pessoais, onde a união dos
candidatos prevaleceu.
Santo Antônio do Pinhal
226 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Prefeito: José Olegário César e Silva


Vice-Prefeito: José Faustino de Mello (Zé Dentista)

Vereadores eleitos:
Ÿ José Benedito de Morais (Zé Morais)
Ÿ Antonio Kawakami
Ÿ Arlindo Inácio Fernandes
Ÿ Noé Alves Ferreira
Ÿ José Cândido Machado
Ÿ José João Ferreira
Ÿ João Baptista da Motta
Ÿ João Batista dos Santos (João Paulino)
Ÿ Noé Teodoro da Mota

1.ª Sessão Legislativa


Presidente: Noé Alves Ferreira
Vice Pres.: José Benedito de Moraes
1.º secretário: Antonio Kawakami
2.º secretário: João Baptista da Motta

2.ª Sessão Legislativa


Presidente: Antonio Kawakami
Vice Pres.: (não há registro)
1.º secretário: (não há registro)
2.º secretário: (não há registro)
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 227

6ª legislatura - 1.º de fevereiro de 1983 a 31 de dezembro


de 1988

Resumo da Campanha

Prefeito: José Geraldo Martins


Vice-Prefeito: Benedito Faria da Silva

Vereadores eleitos:
Ÿ José Rubens Reno de Freitas
Ÿ Antonio Pedro Claro (Nico) – PDS
Ÿ Benedito Flávio Simões Faria (Dico) – PMDB
Ÿ Eliseo Divino Lopes – PDS
Ÿ Francisco Antonio Pereira
Ÿ Geraldo Valvano – PDS
Ÿ José Aparecido dos Santos
Ÿ José Benedito de Moraes
Ÿ Valter Veloso Mendonça

1.ª Sessão Legislativa


Presidente: José Rubens Reno de Freitas
Vice Pres.: Geraldo Valvano
1.º secretário: José Bendito de Moraes
2.º secretário: Valter Veloso Mendonça

2.ª Sessão Legislativa


Presidente: Benedito Flavio Simões Faria
Vice Pres.: Antonio Pedro Claro
1.º secretário: Geraldo Valvano
2.º secretário: Eliseo Divino Lopes

3ª Sessão Legislativa
Presidente: José Benedito de Moraes
Vice Pres.: José Rubens Reno de Freitas
Santo Antônio do Pinhal
228 De Sertão a Município - 1785 a 2024

1.º secretário: Antonio Pedro Claro


2.º secretário:José Aparecido dos Santos

7ª legislatura - 1.º de janeiro de 1989 a 31 de dezembro


de 1992

Resumo da Campanha

Prefeito: Mario Luiz Vieira


Vice-Prefeito: José Olegário César e Silva

Vereadores eleitos:
Ÿ José Rubens Reno de Freitas
Ÿ José Antonio de Carvalho (Ferrugem)
Ÿ Newton Bueno Candotta Junior
Ÿ José Benedito Magalhães
Ÿ Lioiti Hirakawa
Ÿ Nelson Vicente dos Santos
Ÿ Lazaro Valvano
Ÿ Arlindo Inácio Fernandes
Ÿ José Benedito de Moraes
Ÿ Paulo Benedito da Silva (Paulo Preto)
Ÿ Joseane Maria Pereira

1.ª Sessão Legislativa


Presidente: Joseane Maria Pereira
Vice Pres.: Nelson Vicente dos Santos
1.º secretário: Lioiti Hirakawa
2.º secretário: (não há registro)

2.ª Sessão Legislativa


Presidente: José Rubens Reno de Freitas
Vice Pres.: Lioiti Hirakawa
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 229

1.º secretário: Joseane Maria Pereira


2.º secretário: José Benedito Magalhães

8ª legislatura - 1.º de janeiro de 1993 a 31 de dezembro


de 1996

Resumo da Campanha

Prefeito: José Olegário César e Silva


Vice-Prefeito: Antônio Santiago da Motta

Vereadores eleitos:
Ÿ José Antônio de Carvalho (Ferrugem)
Ÿ Geraldo Valvano – PMDB
Ÿ João Benedito Magalhães (João do Xande) – PMDB
Ÿ Paulo Benedito da Silva (Paulo Preto) – PMDB
Ÿ Pedro Paulo de Lima (Pedrinho) – PSD
Ÿ Márcio José Martins –PPB
Ÿ Edna Emi Ito Ferreira – PFL
Ÿ Benedito Edson da Costa (Dito Macaco) – PDT
Ÿ Lázaro Valvano – PFL

1.ª Sessão Legislativa


Presidente: José Antônio de Carvalho
Vice Pres.: Geraldo Valvano
1.º secretário: João Benedito Magalhães
2.º secretário: Paulo Benedito da Silva

2.ª Sessão Legislativa


Presidente: Edna Emi Ito Ferreira
Vice Pres.: José Antônio de Carvalho
1.º secretário: Benedito Edson da Costa
2.º secretário: Marcio José Martins
Santo Antônio do Pinhal
230 De Sertão a Município - 1785 a 2024

9ª legislatura - 1.º de janeiro de 1997 a 31 de dezembro


de 2000

Resumo da Campanha

Votação dos Candidatos a Prefeito:


1º - Jose Geraldo Martins (PPB) – 1.716 votos
2º - Mario Vieira (PSDB) – 1.046 votos
3º - Sergio Franco Pereira (PFL) – 980 votos

Prefeito: José Geraldo Martins – PPB


Vice-Prefeito: José Carlos de Morais (Carlinho Moraes) – PPB

Vereadores eleitos:
Ÿ Paulo Aparecido da Luz – PPB – 174 votos
Ÿ Daniel Ambrogi – PFL – 152 votos
Ÿ Lazaro Valvano – PFL – 148 votos
Ÿ Eliseo Divino Lopes – PPB – 133 votos
Ÿ Sinídio Pereira de Lima – PMDB – 117 votos
Ÿ Job Vitória da Mota – PMDB – 113 votos
Ÿ Marcio José Martins – PPB – 112 votos
Ÿ José Benedito de Moraes – PFL – 111 votos
Ÿ Pedro Paulo de Lima – PSDB – 107 votos

1.ª Sessão Legislativa


Presidente: Marcio José Martins
Vice Pres.: José Benedito de Moraes
1º secretário: Daniel Ambrogi
2º secretário: Eliseo Divino Lopes

2.ª Sessão Legislativa


Presidente: Daniel Ambrogi
Vice Pres.: Marcio José Martins
1º secretário: José Benedito de Moraes
2º secretário: Lazaro Valvano
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 231

10ª legislatura - 1.º de janeiro de 2001 a 31 de dezembro


de 2004

Resumo da Campanha

Votação dos Candidatos a Prefeito:


1º - Mario Vieira (PSDB) – 1.990 votos
2º - Sergio Franco Pereira (PFL) – 1.119 votos
3º - Jose Geraldo Martins (PP) – 1.048 votos

Prefeito: Mario Luiz Vieira – PSDB


Vice-Prefeito: José Olegário César e Silva – PMDB

Vereadores eleitos:
Ÿ José Augusto de Guarnieri Pereira – PPS – 236 votos
Ÿ José Antonio de Carvalho (Ferrugem) – PMDB – 226 votos
Ÿ José Antonio de Moraes (Zinho) – PSDB – 201 votos
Ÿ Irami Batista Cardoso de Mello – PSDB – 175 votos
Ÿ Rachel Ribeiro da Silva Carvajal (Profª Raquel) – PFL – 161
votos
Ÿ Benedito Edson da Costa ( Dito Macaco) – PDT – 160 votos
Ÿ Círio Moraes – PMDB – 145 votos
Ÿ Lazaro Valvano – PPB – 141 votos
Ÿ Paulo Aparecido da Luz (Paulo da Luz) – PSDB – 134 votos

1.ª Sessão Legislativa


Presidente: José Antonio de Carvalho
Vice Pres.: Paulo Aparecido da Luz
1.º secretário: Irami Batista Cardoso de Mello
2.º secretário: José Antonio de Moraes

2.ª Sessão Legislativa


Presidente: José Antonio de Moraes
Vice Pres.: Rachel Ribeiro da Silva Carvajal
Santo Antônio do Pinhal
232 De Sertão a Município - 1785 a 2024

1.º secretário: José Augusto de Guarnieri Pereira


2.º secretário: Círio Moraes

11ª legislatura - 1º de janeiro de 2005 a 31 de dezembro


de 2008

Resumo da Campanha

Uma campanha desigual da máquina administrativa contra


o “moleque” do PT. O prefeito Mário Vieira, experiente político e
tentando a reeleição utilizou todos os meios para evitar a sua derrota.
Mesmo tendo um alto índice de rejeição durante o seu governo, ele e
seus correligionários, acreditavam em uma vitória sobre a oposição.
Paralelo e obscuro, o PV com o candidato Marcio Martins
apenas participava como número.
Eleito, Augusto Pereira, com o lema da campanha em “Parti-
cipação e Transparência”, tornou-se o prefeito mais jovem de Santo
Antônio com apenas 26 anos de idade.

Votação dos Candidatos a Prefeito:


1º - Augusto Pereira (PT) – 2.424 votos
2º - Mario Vieira (PSDB) – 1.799 votos
3º - Márcio Martins (PV) – 135 votos

Prefeito: José Augusto de Guarnieri Pereira – PT


Vice-Prefeito: Rogério Oliveira – PSB

Vereadores eleitos:
Ÿ Rubens Jacinto de Camargo – PTB – 212 votos
Ÿ Paulo Aparecido da Luz (Paulo da Luz) – PL – 194 votos
Ÿ João Manoel Lourenço Pereira (Professor João) – PT – 182
votos
Ÿ Rachel Ribeiro da Silva Carvajal (Professora Raquel) – PPS –
166 votos
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 233

Ÿ José Luiz Donizete da Silva (Zé Luis Mecânico) – PTB – 163


votos
Ÿ Luzia Valéria de Oliveira (Valéria do Zé da Rosa) – PPS – 144
votos
Ÿ Job Vitório da Motta (Jobinho do Rio Preto) – PMDB – 131
votos
Ÿ César Carlos de Almeida (César da Pousada) – PSDB – 117
votos
Ÿ Lázaro Valvano – PSDB – 87 votos

1.ª Sessão Legislativa


Presidente: Rubens Jacintho de Camargo
Vice Pres.: Paulo Aparecido da Luz
1.º secretário: (não há registro)
2.º secretário: (não há registro)

2ª Sessão Legislativa
Presidente: Rachel Ribeiro da Silva Carvajal
Vice Pres.: (não há registro)
1.º secretário: (não há registro)
2.º secretário: (não há registro)

12ª legislatura - 1.º de janeiro de 2008 a 31 de dezembro


de 2012

Resumo da Campanha

Após uma administração exemplar, Augusto Pereira foi reeleito


com grande maioria dos votos.

Votação dos Candidatos a Prefeito:


1º Augusto Pereira (PT) – 3595 votos – 79,06 % dos votos
válidos
Santo Antônio do Pinhal
234 De Sertão a Município - 1785 a 2024

2º Junior Martins (PP) – 952 votos – 20,94% dos votos válidos

Prefeito: José Augusto de Guarnieri Pereira – PT


Vice-Prefeito: Rogério Oliveira – PSB

Vereadores eleitos:
Ÿ Rubens Jacintho de Camargo – PTB – 252 votos
Ÿ Luiz Inácio Batista (Luiz Inácio) – PTB – 226 votos
Ÿ Carla Oliveira de Carvalho Berti – PSB – 214 votos
Ÿ José Antônio Marcondes da Silva – PT – 189 votos
Ÿ Edenilson Demetrio – PT – 179 votos
Ÿ Rachel Ribeiro da Silva Carvajal – PPS – 175 votos
Ÿ Jose Roberto dos Santos – PSB – 169 votos
Ÿ Paulo Aparecido da Luz – DEM – 162 votos
Ÿ Luiz Alberto de Oliveira – PSDB – 114 votos

1.ª Sessão Legislativa


Presidente: Rachel Ribeiro da Silva Carvajal
Vice Pres.: Paulo Aparecido
1.º secretário: (não há registro)
2.º secretário: (não há registro)

2.ª Sessão Legislativa


Presidente: Carla Oliveira de Carvalho Berti
Vice Pres.: Luiz Alberto de Oliveira
1.º secretário: Luiz Inácio Batista
2.º secretário: Paulo Aparecido da Luz
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 235

13ª legislatura - 1º de janeiro de 2013 a 31 de dezembro


de 2016

Prefeito: Junior advogado


Vice-Prefeita:Luzia Valéria de Oliveira

Resumo da Campanha para Prefeito e Vereadores

A maior dificuldade do então prefeito Augusto Pereira (PT) era


encontrar um nome que pudesse agregar valores, confiança, conhe-
cimento da máquina estatal e fidelidade ao estilo de governo. Dos
nomes existentes, alguns se destacavam e outros não, mas, o jovem
advogado da prefeitura Dr. Clodomiro Correia de Toledo Junior
foi o nome escolhido pelo prefeito e acolhido pela cúpula do PT
pinhalense.
Até então desconhecido pela população, tinha que ser traba-
lhado para entrar na acirrada campanha eleitoral. De outro lado, a
oposição tinha dois nomes fortes, um do ex-prefeito Mario Vieira
pelo PSDB, que mesmo sem participar da última eleição em 2008,
tinha seus eleitores fiéis. De outra banda, o jovem arquiteto Junior
Martins (PP) que trazia um recall de 900 votos da última eleição e
contava com o apoio dos dissidentes do PT pinhalense.
No início da campanha, a coligação do PSDB posicionava na
frente nas pesquisas e seguido de perto pelo candidato do PP, lá
embaixo, na intenção de votos, o candidato da coligação do PT
saindo do zero. A virada foi questão de tempo, primeiro com a
desistência do atual Vice Prefeito Rogério de Oliveira de participar
do pleito e a entrada em cena da candidata a vice-prefeita Valéria
(PPS) representando o eleitorado feminino, seguindo o exemplo das
outras coligações que tinham como candidata a vice a professora Lili
(PSDB) e a professora Nilcéia (PHS).
Nos últimos meses a coligação “Responsabilidade e Desenvol-
vimento” polarizou e ultrapassou nas sondagens realizadas.
Santo Antônio do Pinhal
236 De Sertão a Município - 1785 a 2024

A eleição de 2012 ficou manchada pelos panfletos noturnos e


sem autoria, deixando de lado as propostas de governo esperadas
pela população e exatamente este foi o fator determinante para a
escolha do novo governante.
Não havia mais o que fazer para reverter o clamor popular e
o jovem desconhecido Junior Advogado, passava então, através do
voto no dia da eleição, a ser o novo prefeito de Santo Antônio do
Pinhal com mais de 60 % dos votos válidos, deixando para trás as
ofensas pessoais, as intrigas e as mentiras.

Eleitorado: 6047
Comparecimento: 5.080 (84,01%)
Votos Válidos: 4.831 (95,10%)
Abstenção: 967 (15,99%)
Em branco: 95 (1,87%)
Nulos: 154 (3,03%)

Votação dos Candidatos a Prefeito:


1º Junior Advogado (PT) – 2.890 votos
2º Mario Vieira (PSDB) – 1.035 votos
3º Junior Martins (PP) – 732 votos
4º Nany (PMDB) – 99 votos
5º Cesar da Pousada (PDT) – 75 votos

Prefeito: Junior advogado – PT


Vice-Prefeito: Luzia Valéria de Oliveira – PSB

Vereadores eleitos:
Ÿ Anderson José Mendonça – PTB – 295 votos
Ÿ Luiz Inácio Batista – PTB – 199 votos
Ÿ Osmar Silva – PRB – 191 votos
Ÿ Raquel Ribeiro da Silva Carvajal – PPS – 160 votos
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 237

Ÿ José Antônio de Morais – PMDB – 147 votos


Ÿ Edenilson Demetrio – PT – 143 votos
Ÿ Paulo Aparecido da Luz – PSDB – 141 votos
Ÿ José Antônio do Nascimento – 129 votos
Ÿ Luiz Alberto de Oliveira – PSDB – 123 votos

1.ª Sessão Legislativa


Presidente: Luiz Inácio Batista
Vice Pres.: Luiz Alberto de Oliveira
1º secretário: Anderson José Mendonça
2.º secretário: Paulo Aparecido da Luz

2ª Sessão Legislativa
Presidente: Paulo Aparecido da Luz
Vice Pres.: Raquel Ribeiro da Silva Carvajal
1.º secretário: Luiz Alberto de Oliveira
2.º secretário: Luiz Inácio Batista
Santo Antônio do Pinhal
238 De Sertão a Município - 1785 a 2024

14ª legislatura - 1º de janeiro de 2017 a 31 de dezembro


de 2020

Resumo da Campanha para Prefeito e Vereadores

Eleitorado: 6171
Comparecimento: 4.922
Votos Validos: 4.470 (90,82%)
Em branco: 155(3,15%)
Nulos: 297 (6,03%)
Abstenção: 1.249 (20,24%)

Votação dos Candidatos a Prefeito:


1º Junior Advogado (PSD) – 2.708 votos
2º Solange Vieira (PSDB) – 1.238 votos
3º Rogério da Matinal (PSB) – 524 votos

Prefeito: Junior Advogado


Vice-Prefeito: Anderson José Mendonça (Parrão)

Vereadores eleitos:
Ÿ Fatima Enfermeira – PSD – 350 votos
Ÿ Pastor Marcos Aurélio – PSC – 334 votos
Ÿ Zé Luiz Mecanico – PV – 296 votos
Ÿ José Antonio de Carvalho (Ferrugem) – PTB – 187 votos
Ÿ Luzia Valéria de Oliveira – PPS – 184 votos
Ÿ Luiz Inácio Batista – PTB – 171 votos
Ÿ Luiz Alberto de Oliveira – PSDB – 158 votos
Ÿ Paulo Aparecido da Luz – DEM – 142 votos
Ÿ Caren Martins – PR – 107 votos
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 239

15ª legislatura - 1º de janeiro de 2021 a 31 de dezembro


de 2024

Resumo da Campanha para Prefeito e Vereadores

Eleitorado: 6.231
Comparecimento: 4.788
Votos Validos: 4.348 (90,81%)
Em branco: 134 (2,80%)
Nulos: 206 (4,30%)
Abstenção: 1.443 (23,16%)

Votação dos Candidatos a Prefeito


1º Anderson José Mendonça (PSDB) – 1.804 votos
2º Junior Martins (PP) – 1.761 votos
3º Joseline (PSD) – 783 votos

Prefeito: Anderson José Mendonça (Parrão)


Vice-Prefeita: Luzia Valéria de Oliveira

Vereadores eleitos:
Ÿ Rafael Andrade – PSDB – 309 votos
Ÿ Zé Luiz Mecânico – PSL – 300 votos
Ÿ Fátima Enfermeira – PSD – 192 votos
Ÿ Caren Martins – PP – 164 votos
Ÿ Reginaldo Móveis – PL – 162 votos
Ÿ Paulo Aparecido da Luz – PSDB – 159 votos
Ÿ Martinha Professora – PDT – 145 votos
Ÿ Adriano dos Santos – PP – 114 votos
Ÿ Antonia Conselheira –PSL – 74 votos
Santo Antônio do Pinhal
240 De Sertão a Município - 1785 a 2024
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 241

36 Freguesia de Santo Antônio do Pinhal

O Santo Antônio

Ÿ 1195: Nasce em Lisboa, filho de Maria e Martinho de


Bulhões. É batizado com o nome de Fernando. Reside na
frente da Catedral.
Ÿ 1202: Com sete anos de idade, começa a frequentar a escola,
um privilégio raro na época.
Ÿ 1209: Ingressa no Mosteiro de S. Vicente, dos Cônegos
Regulares de S. Agostinho, perto de Lisboa. Torna-se agosti-
niano.
Ÿ 1211: Transfere-se para Coimbra, importante centro cultural,
onde se dedica de corpo e alma ao estudo e à oração, pelo
espaço de dez anos.
Ÿ 1219: É ordenado sacerdote. Pouco depois conhece os pri-
meiros franciscanos, vindos de Assis, que ele recebe na
portaria do mosteiro. Fica impressionado com o modo
simples e alegre de viver daqueles frades.
Ÿ 1220: Chegam a Coimbra os corpos de cinco mártires
franciscanos. Fernando decide fazer-se franciscano como
eles. É recebido na Ordem com o nome de Frei Antônio,
enviado para as missões entre os sarracenos de Marrocos,
conforme deseja.
Ÿ 1221: Chegando a Marrocos, adoece gravemente, sendo
obrigado a voltar para sua terra natal. Mas uma tempes-
tade desvia a embarcação arrastando-a para o sul da Itália.
Desembarca em Sicília. Em maio do mesmo ano participa,
em Assis, do capítulo das Esteiras, uma famosa reunião de
cinco mil frades. Aí conhece o fundador da Ordem, São
Francisco de Assis. Terminado o Capítulo, retira-se para o
eremitério de Monte Paolo, junto dos Apeninos, onde passa
15 meses na solidão contemplativa e no trabalho braçal.
Santo Antônio do Pinhal
242 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Ninguém suspeita da sabedoria que aquele jovem frade


português esconde.
Ÿ 1222: Chamado de improviso a falar numa celebração de
ordenação, Frei Antônio revela uma sabedoria e eloquência
extraordinárias, que deixam a todos estupefatos. Começa
sua epopéia de pregador itinerante.
Ÿ 1224: Em brevíssima Carta a Frei Antônio, São Francisco
o encarrega da formação teológica dos irmãos. Chama-o
cortesmente de " Frei Antônio, meu bispo".
Ÿ 1225: Depois de percorrer a região norte da Itália, passa a
pregar no sul da França, com notáveis frutos. Mas tem duras
disputas com os hereges da região.
Ÿ 1226: É eleito "custódio" na França e, um ano depois,
"provincial" dos frades no norte da Itália.
Ÿ 1228: Participa, em Assis, do Capítulo Geral da Ordem, que
o envia a Roma para tratar com o Papa de algumas questões
pendentes. Prega diante do Papa e dos Cardeais. Admirado
de seu conhecimento das Escrituras, Gregório IX o apelida
de "Arca do Testamento".
Ÿ 1229: Frei Antônio começa a redigir os "Sermões", que hoje
possuímos impressos em dois grandes volumes.
Ÿ 1231: Prega em Pádua a famosa quaresma, considerada
como o momento de refundação cristã da cidade. Multidões
acorrem de todos os lados. Há conversões e prodígios. Êxito
total! Mas Frei Antônio está exausto e sente que seus dias
estão no fim. Na tarde de 13 de junho, mês em que os lírios
florescem, Frei Antônio de Lisboa morre às portas da cidade
de Pádua. Suas últimas palavras são: "Estou vendo o meu
Senhor". As crianças são as primeiras a saírem pelas ruas
anunciando: "Morreu o Santo".
Ÿ 1232: Não tinha bem passado um ano desde sua morte,
quando Gregório IX o inscreveu no catálogo dos santos.
Ÿ 1946: Pio XIII declara Santo Antônio Doutor da Igreja, com
o título de "Doutor Evangélico".
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 243

As primeiras famílias

Através dos documentos de doação podemos afirmar que os


primeiros habitantes deste rincão que temos conhecimento foram:
José Rodrigues Moreira e Luiza Correa, sogros de Antônio José de
Oliveira.
As famílias Theodoro de Carvalho, Ferreira de Faria, Manoel
Ribeiro do Amaral e Antônio José Moreira, que deve ter algum grau
de parentesco com José Rodrigues Moreira.
As famílias Teixeira, Arantes e Siqueira já residiam no povoado,
e ao redor dele, muito antes da data da fundação da paróquia.
A lista das principais famílias que em 1867, já habitavam este
vilarejo, foi retirada do livro de batismo da Igreja Matriz de Santo
Antônio do Pinhal.

As primeiras doações para a capela de Santo Antônio

Em 1850, Luiza Correa doa, por escrito, a primeira gleba de


terras a Capela de Santo Antônio. Terras que pertenciam a sesmaria
de José Machado da Silva casado em 1794 com Clara Francisca do
Amaral, também conhecida como Clara Marcondes de Andrade.
Clara era a nona filha do Tenente Domingos Marcondes do Amaral
(irmão do Capitão Mor Ignácio Marcondes do Amaral doador das
sesmarias) e de dona Ana Izabel de Andrade.
De todo exposto, concluímos que foi nos anos 50 do século XIX
que deu-se início ao povoamento em volta da capela que estava sendo
edificada por Gustavo Francisco Berthu (Berthould) e que fizeram
essas doações ao Santo Antônio, terras estas no Bairro do Pinhal,
distrito da freguesia de São Bento do Sapucahy.
Antônio Theodoro de Carvalho e sua mulher Anna Justina de
Faria; Manoel Ribeiro do Amaral e sua mulher Catharina Maria de
Jesus;
Santo Antônio do Pinhal
244 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Antônio José de Oliveira e sua mulher Germana Maria de Jesus;


José Rodrigues Moreira e sua mulher Luiza Correa; Antônio José
Moreira e sua mulher Tereza Correa.

Registro de doação que fazem Manoel Ribeiro


do Amaral e sua mulher, Antônio Theodoro de
Carvalho e sua mulher, Luisa Correa à Capella de
Santo Antônio no Bairro do Pinhal, como abaixo
se declara.

Dizemos nós abaixo assignados marido e mulher,


que somos possuidores de humas terras no distrito da
freguezia de São Bento, cujas terras ouvemos por
compra de João Soares de Oliveira, de cujas terras nos
damos o terreno que leva dous alqueires de milho, digo,
de planta de milho, para o patrimônio da Capella do
Santo Antônio no Pinhal, e porque esta doação tenha
validade pedimos a Justiça Nacional a faça cumprir
como se fosse escritura Pública e faltando algumas
clausulas ------------ a vemos por declarado como dela
fizemos menção e por não saber ler e escrever pedimos
a Manoel Azevedo Fernandes que isto por nós fizesse
arrogo assignados Capella de Santo Antônio, aos vinte
de março de mil oitocentos e cinqüenta e cinco. Arrogo
de Manoel Ribeiro do Amaral = Manoel Azevedo
Fernandes = A pedido de Catharina Maria de Jesus.
Gustavo Francisco Berthould = testemunha presente
Firminiano Monteiro do Amaral = testemunha presente
Manoel da Silva Teles = Reconheço serem verdadeiras
as firmas de Manoel de Azevedo Fernandes, Gustavo
Francisco Berthould, Firminiano Monteiro do Amaral,
Manoel da Silva Teles, Pindamonhangaba aos vinte e
sete de março de mil oitocentos e cinqüenta digo e cinco.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 245

Em testemunho da verdade estava o sinal público o


tabelião interino Candido Marcondes de Andrade =
numero douz, cento e sessenta = pagou cento e sessenta
Reis. Pindamonhangaba, vinte e sete de março de mil
oitocentos e cinqüenta e cinco = Marcondes = Pereira
Araújo = digo eu Antônio Theodoro de Carvalho e minha
mulher Anna Justina de Faria, abaixo assignados que é
verdade somos senhores e possuidores de uma parte de
terras nesta fazenda denominada Pinhal do distrito da
freguezia de São Bento do termo de Pindamonhangaba
desta dita parte de terras, nos fazemos a doação para
o senhor Santo Antônio da quantia de três alqueires
de terreno de planta de milho e para o patrimônio do
senhor por ser de muito nosso gosto dar esta terra livre
e desembaraçada nos obrigamos a fazer firme e valiosa
esta doação por vontade de tudo pedimos a Manoel de
Azevedo Fernandes que este por nós fizesse e somente
assigne por meu próprio punho a pedido do collector
que assigna. Placido Jose de Almeida, Capella de Santo
Antônio Quinze de Junho de mil oitocentos e cincoenta
e cinco = Antônio Theodoro de Carvalho testemunha
presente João Baptista da Cunha = testemunha
presente Balduino Ferreira de Faria = Placido Jose de
Almeida = Numero hu cento e sessenta seis = pagou
cento e sessenta reis Pindamonhangaba dezenove de
junho de mil oitocentos e cincoenta e cinco = Marcondes
= Digo Luiza Correa, que sou possuidora de humas
terras no citio dos herdeiros da defunta Clara
Marcondes de Andrade, compra feita do defunto
marido pelo tio berthu de cujas terras breganhei, de
hoje para sempre a quantia que corresponde com cinco
mil reis da avaliacao feita no inventario sendo as ditas
terras no Pinhal no lugar onde existe a Capella de Santo
Santo Antônio do Pinhal
246 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Antônio e como feito breganhei com Antônio Jose


Moreira a quem pertencendo hoje em diante a troco
de igual teor no tão mesmo valor de cinco mil reis do
mesmo inventario sendo este no caminho que vai no
citio que foi de João Ferreira e por constar pedi a
Gustavo Francisco Berthu que esta a fazer a Capella
de Santo Antônio Douz de Abril de mil oitocentos e
cincoenta e douz = como testemunha que escrevi,
Gustavo Francisco Berthoud = como testemunha Jose
Lemes dos Santos = Arrogo de Luiza Correa. Romão
Lemes dos Santos = Como testemunha Antônio Jose de
Oliveira = Os abaixo assignados possuidores desta
Capella de Santo Antônio do Pinhal declarao Que a
quantia de terras que faz menção este titulo he
aproximadamente de douz e meio alqueires de planta de
milho.
Capella de Santo Antônio do pinhal quatro de marco
de mil oitocentos e cincoenta e cinco. Gustavo Francisco
Berthoud = Luiz Manoel Moreira, Antônio Jose de
Oliveira = Manoel Joaquim de Oliveira = arrogo de Jose
Correa de Souza = Jose Joaquim Ramos de Mello = por
esta e na melhor forma de direito dizemos nos abaixo
assignados Antônio Jose Moreira minha mulher, a meu
rogo por mim assigna Antônio Joaquim de Oliveira,
Romão Lemes dos Santos que de nossas livres vontades
doamos terras aqui declaradas para patrimônio da
Capella de Santo Antônio no lugar chamado Pinhal e
porque esta doacao tenha inteira validade pedimos as
justiças nacionais as facão cumprir como se fosse
escritura publica e faltando algumas clausulas ----------
-------as iniciamos por este ------------como se dellas
fizéssemos a primeira menção por clareza pedimos a
Gustavo Francisco Berthoud que este fizesse a Capella
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 247

de Santo Antônio douz de Abril de mil oitocentos e


cincoenta e douz, como testemunha que escrevi =
Gustavo Francisco Berthoud = como testemunha José
Lemes dos Santos = Arrogo de outorgante Joaquim
Moreira da Silva = Romão Lemes dos Santos = Arrogo
de Antônio José Moreira, Antônio José de Oliveira =
Numero douz cento e sessenta e seis = Pagou cento e
sessenta reis, Pindamonhangaba dezessete de junho
de mil oitocentos e cincoenta e cinco = Marcondes =
por esta na melhor forma de direito digo os abaixo
assignados Luiza Correa a meu rogo assigna Antônio
José de Oliveira, que muito de minha vontade doam
terras a que corresponder a dez mil reis, doava doação
feita no inventario de Dona Clara Marcondes de
Andrade sendo que comprei as ditas terras a Gustavo
Francisco Berthu a qual houve do Herdeiro Domingos
Marcondes Machado. Para patrimônio da Capella que
esta edificando para o patrimônio de Santo Antônio
neste lugar denominado Pinhal, districto de São Bento
do Sapucahimirim --------- e também no dito lugar o
terreno das dez casas feitas por Manoel Ribeiro do
Amaral e por Antônio Jose Moreira no valor de quinze
mil reis, sendo para se saber na porteira no outro lugar
deste mesmo citio do dito terreno que corresponde aos
ditos quinze mil reis. Muito de minha livre vontade fiz
esta doação -------que sirva para o referido patrimônio
da dita Capella e para que tenha inteira validade peco
as justicas de sua majestade o Imperador o facão
cumprir como se fosse escritura publica e por ---------
falta alguma das clausulas dêem direito especial estão
de hoje por cumpridas como se dellas fizessem menção,
Pinhal districto de São Bento do Sapucahimirim aos
vinte seis do mez de junho de mil oitocentos e cincoenta =
Santo Antônio do Pinhal
248 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Arrogo de Luiza Correa, Gustavo Francisco Berthould.


Arrogo de Luisa Correa, Antônio José de Oliveira,
como testemunha Romão Lemes dos Santos, Como
testemunha da presente Augusto Lemes. Os abaixo
assignados, procuradores desta Capella do Santo
Antônio do Pinhal declaram que a quantia de terras de
que faz menção este título é com aproximação de cinco
alqueires de planta de milho. Capella de Santo Antônio
do Pinhal, quatro de março de mil oitocentos e cin-
qüenta e cinco. Gustavo Francisco Berthould = Luis
Manoel Moreira = Antônio José de Oliveira, arrogo de
José Correia de Souza, José Joaquim Ramos de Mello.
Reconheço como verdadeiras as firmas de Gustavo
Francisco Berthould, Antônio José de Oliveira, Romão
Luis dos Santos, Augusto Luis, José Luis dos Santos,
Luis Manoel Moreira, Manoel Joaquim de Oliveira, José
Joaquim Ramos de Mello, as quais se acham assignadas
nos termos e papeis de doação. Pindamonhangaba,
vinte e sete de março de mil oitocentos e cinqüenta e
cinco. Em testemunho da Verdade, ---------- dou signal
Publico o tabelião interino Candido Marcondes de
Andrade = Numero três cento e secenta reis = Pagou
cento e secenta reis, Pindamonhangaba Vinte e sete de
marco de mil oitocentos e cincoenta e cinco = Marcondes
= Pereira Araújo = Segundo o que se continha de lavrar
nos ditos papeis de doação o que tudo que registrei com
próprios originais numa pasta e dou fé.

Eu Francisco Marcondes de Oliveira,


tabelião que as escrevi.

Francisco Marcondes de Oliveira


Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 249
Santo Antônio do Pinhal
250 De Sertão a Município - 1785 a 2024
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252 De Sertão a Município - 1785 a 2024
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 253

A doação mais importante ao patrimônio do Santo


Antônio.

Escritura de doação que faz


Antônio José de Oliveira.

Saibao quantos este publico instrumento digo


escritura de doação virem que sendo no anno de
nascimento de nosso senhor Jesus christo de mil
oitocentos e cincoenta e seis aos honze de abril do dito
anno nesta cidade de Pindamonhangaba em meu
cartório vindo ahi compareceo Antonio Jose de Oliveira
conhecido de mim tabelião pelo próprio de quem dou fé
e pelo outorgante doador me foi dito em presença de
duas testemunhas abaixo assignadas que por este
instrumento fazia doação a capella de Santo Antonio do
pinhal deste termo distrito da freguesia de São Bento do
sapucahimirim para ser patrimônio de uma sorte de
terras no mesmo lugar em que existe a capella na
estensão calculada em vinte alqueires de planta de
milho no valor de vinte mil reis sendo mil reis por
alqueire devendo ficar conprehendida que o marco
começando em hu marco de pedra que esta afincado na
beira do ribeirão que vem do alto da serra que vem
bordejando o caminho no lugar onde fronteia hu vallo
perto do córrego fundo ahi segue pelo rio acima que
servia de diviza ficando as terras da capella para o lado
direito athe frontear hu vallo que termina espigão
próximo a casa de morada delles doantes ahi segue pelo
dito vallo acima sobindo o espigão athe o alto dahi volta
Santo Antônio do Pinhal
254 De Sertão a Município - 1785 a 2024

em direção a terras de Manoel Jose encontra com o vallo


de João Soares de oliveira filho do dito Manoel Jose
ficando conprehendida toda vertente para o lado da
capella athe inteirar os dito vinte alqueires e fica a
mesma sorte o espigão doado a dita capella cujas terras
elles doantes houveram parte por herança de seus
sogros parte por compra que fez a Gustavo Francisco
Berthu as quais possuem livres e desimpedidas e pos isso
sua livre e espontânea vontade faz doação a dita capella
de Santo Antonio por esta escritura doado tem a fim de
servir de patrimônio para o que transfere a dita capella
todo jus para domínio pedimos as justiças de sua
majestade que lhes dem todo de forma uma, digo todo o
vigor facão cumprir e me pedio lhe lavrasse este
instrumento o que lhe fazíamos com ação de meo
officio neste acto me foi apresentado pelo doador o
conhecimento do selo cujo he de teor seguinte – numero
setenta e cinco para selar – collectoria do distrito de
Pindamonhangaba – anno financeiro de mil oitocentos
e cincoenta e seis – folhas doze do livro de receita, fica
lançada a quantia de mil e duzentos reis que pagou o
senhor Antonio Jose de Oliveira, No dia honze de abril
de mil oitocentos e cincoenta e seis do dito anno
correspondente a vinte mil reis porque fez doação a
Santo Antonio de humas terras no bairro do pinhal
distrito da freguesia de São Bento – o collector Claro
Marcondes do Amaral – o escrivão João Nepomuceno
de Almeida – E por mim de todos atribuídos paguei –
E sendo tudo, lido achando a contento de todos
assignando perante as testemunhas, logo: Doutor
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 255

Miguel Monteiro de Godoi, Jose Moreira Marcondes


Romeiro, reconhecidos pelos próprios de mim
Francisco Marcondes de Oliveira, tabelião que escrevi.

Em tempo, de dano houve por herança


De seus falecidos sogro e sogra
José Rodrigues Moreira sua sogra Luiza Correa
e não de Gustavo Francisco Berthu,
O escrivão Oliveira

Antônio José de Oliveira


Miguel Monteiro de Godoi
José Moreira Marcondes Romeiro
A rogo de Germana Maria de Jesus
Claro Marcondes do Amaral
Santo Antônio do Pinhal
256 De Sertão a Município - 1785 a 2024
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 257
Santo Antônio do Pinhal
258 De Sertão a Município - 1785 a 2024

A primeira igreja

Em 27 de novembro de 1883, dá-se o início oficial do livro tombo


da matriz de Santo Antônio do Pinhal, que antes era feito em
cadernos de anotações.
Consta no livro tombo nº. 1, datado de 7 de outubro de 1883,
que: “Péssimo estado e abandono em que se acha a Matriz. Falei e
enxotei ao povo e nomeei um tesoureiro e um administrador das
obras precisas ao reparo na pessoa do cidadão do tenente José
Innocencio A. Bitterncourt e em seguida fomos esmolando e tra-
tando dos concertos...”.
Francisco Monteiro César pediu demissão do cargo de vigário da
matriz, que foi anexada à freguesia de São Bento do Sapucaí.
Na véspera da virada do século, em outubro do ano de 1899, o
Sr. Domingos Granato, italiano residente nesta paróquia entrega
completamente reformada a parte frontal da igreja matriz com a
construção de duas torres de tijolos, como também o muro principal
da frente da igreja, tendo-se gasto na obra quantia superior a seis
contos de reis.
Este dinheiro foi em parte organizado entre os fiéis desta
paróquia e de outras localidades.
Na visita pastoral ocorrida em 10 de outubro de 1911, ou seja, 12
anos depois da reforma frontal da igreja, Dom Epaminondas, bispo
de Taubaté, escreve que “A pobre Matriz acha-se quase no mesmo
triste estado em que encontrou-a o Exm. Sr. D. Lino, Bispo de São
Paulo quando visitou-a há vinte e tantos anos.”.
Temos, comprovado em documentos que, por volta de 1850, já
existia uma capela no bairro do Pinhal, distrito da freguesia de São
Bento do Sapucaí, temos também um o atestado do padre em 1855 e o
mais importante, uma declaração possessória de Gustavo Francisco
Berthoud de 1845, conforme mostra a próxima página.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 259

N1 PG de selo 16 São Bento,


setembro de 1845
Ferreira

Digo eu Gustavo Francisco Berthoud e mª. mer


Maria Alvez Ferrª que fomos snrº e possuidores de
humas terras sitas no Bairo do Pinhal districto de S.
Bento, por compra q'e fizemos a Domingos Marcondes
Machado avaliadas as ditas terras a cento e noventa e
três mil quinhentos e cinquenta e três reis no inventario
dos herdeiros da defunta Dona Clara Marcondes de
Andrada.
De cujas terras vendemos ao Snr. José Rodrigues
Moreira a parte que tocar em proporção ao valor de
cinquenta mil reis da dita avaliação.
Cuja parte de R: 50#000, vendemos pello preço de
duzentos mil reis pagando o comprador a competente
...?.
Tendo nos recebido do Snr. José Rodrige. Morª a
quantia de sessenta mil reis em dinheiro e cento e
quarenta mil em hum credito q'e o dito Snr: nos pasara
para pagar ao 22 de maio de 1846.
Cedemos lhe todo o jus e domínio que tínhamos n'esa
parte q'e lhe temos vendido e para clareza passei o
presente e asignei e a rogo de minha muer.

Asigna-se Antonio José de Oliveira.


a rogo de Maria Alvez Ferrª Antonio José de Oliveira.

Bairro do Pinhal, 22 de maio de 1845.


Ass. Gustavo Francisco Berthoud Como tst - Presente
Antônio Ferraz de Araújo
Santo Antônio do Pinhal
260 De Sertão a Município - 1785 a 2024
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 261

Atestado do Vigário

O Reverendíssimo João Nepomuceno de Assiz


Salgado, Cavalheiro da Ordem de Christo, Cônego
Honorário da Se de São Paulo e Vigário collado na
Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso de
Pindamonhangaba por S. M. ?????????

Attesta que nos Pinhaiz termo da Cidade de


Pindamonhangaba existe huma Capella, dedicada a
Santo Antônio, cuja Capella dista desta cinco legoaz
conforme diferença e outro tanto de distancia sendo que
os caminhoz com ????? para aquelle lado da Freguesia
de São Bento: e discurso que esta na colletoria o
juramento Sacrificio da Missa. juro que há ali bastantes
habitantez, esses muitoz pobrez, he o que próprio juro, e
teor me ter fidedignamente estigma Pindamonhangaba
23 de fevereiro de 1855.

O Cônego Vigário João Nepomuceno de Assiz Salgado


Santo Antônio do Pinhal
262 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Fundação da Paróquia de Santo Antônio do Pinhal

Com a elevação de capela a paróquia, em 23 de março de 1861,


José Tavares Coelho e Rocha em 30 de setembro de 1861, tornou-se
vigário encomendado da nova freguesia de Santo Antônio do Pinhal
que já era curato quando foi elevado a categoria de freguesia pela Lei
provincial de 23 de março de 1861.
Capela curada em 9 de abril de 1876, exautorada da categoria de
freguesia pela lei provincial de 04 de março de 1876, voltando pela
provisão de 9 de setembro de 1876 á capela curada, até que foi
novamente elevado a categoria de paróquia (pag. 5 verso - livro
tombo 2).
Instituída canonicamente como freguesia a capela de Santo
Antônio do Pinhal do município de São Bento do Sapucaí, pela lei
provincial nº13 de 16 de março de 1880.
Sendo vigário encomendado o
reverendo padre Francisco Cardelli,
subdito italiano, com todo o apoio
do Senhor Bispo diocesano D. Lino
Deodato Rodrigues.

D. Lino Deodato Rodrigues


Bispo da Diocese, Faleceu
em 19 de agosto de 1894.

Curato é um termo religioso, derivado de cura ou padre, que era


usado para designar aldeias e povoados com as condições necessárias
para se tornar uma freguesia, ou seja, tornar-se distrito de um muni-
cípio, era o povoado onde morava o Cura.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 263

Primeira igreja 1905


Santo Antônio do Pinhal
264 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Os primeiros registros

Somente em 12 de junho de 1889, Dom Lino Deodato Rodrigues


de Carvalho, Bispo Diocesano de São Paulo autorizou o Reverendo
Padre Joaquim Antônio de Siqueira, vigário da Paróquia de São
Bento do Sapucaí, abrir o primeiro livro Tombo da Paróquia de
Santo Antônio do Pinhal.
O livro Tombo, segundo a autorização, serviria para nele serem
lançados os provimentos de visita, os inventários dos bens e objetos
pertencente à Igreja Matriz e Capelas filiais, a escritura do patri-
mônio, a lei provincial da criação da Freguesia e provisão da
respectiva instituição Canônica. Tal ato ocorreu em 15 de maio de
1889 quando o bispo, dirigindo-s à Paróquia de São Bento do
Sapucaí, “em busca de alivio a sérios incômodos de sua saúde,
foi-nos preciso demorar a viagem nesta Freguesia de Santo Antônio
do Pinhal, o qual é vigário encomendado o Rev. Domingos Perroni,
natural da Itália e cidadão brasileiro”, permaneceu em visita pas-
toral, por dois dias nesta Paróquia.
Segundo o Bispo, do exame e observação a que procedeu,
evidenciou-se o estado pouco satisfatório da Matriz em sua parte
material, quer a falta de paramentos e alfaias de que necessitava.
Quanto ao templo, escreve o bispo, “é pequeno, de construção
frágil (madeira e barro, vulgo paredes de mão). Já está deteriorado e
precisando de importantes reparos. Só está forrado na capela-mor...”
O livro tombo teve uma interrupção de longos 12 anos sem
anotações e somente reativada com a visita pastoral em 10 de outubro
de 1911, quando D. Epaminondas aqui esteve. Segundo o mesmo, “o
estado dos livros da paróquia é simplesmente vergonhoso. Nem um
documento transcrito nestes três tristes anos do paroquiato do atual
vigário. Os registros de batizados, de casamentos e de óbitos feitos
com faltas enormes, gerais e substanciais.”.
A consequência desta falta de zelo pelo livro tombo e outros da
paróquia de Santo Antônio do Pinhal, foi a destituição do padre Alino
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 265

Petibom do cargo de vigário da mesma e esta anexada a paróquia de


São Bento do Sapucaí sob o comando do vigário Rev. Padre Francisco
Reale.

Os primeiros casamentos

Conforme encontrado no livro Nº 1 de casamentos da recém


criada freguesia de Santo Antônio do Pinhal - 1867 a 1879, citamos
alguns casamentos:

03 de Janeiro de 1867
Victoriano Ramos do Nascimento de São Bento do Sapucaí com
Victoriana Maria de Oliveira de Jagoary - Minas. O Vigário foi Jose
da Silva Figueiredo Caramuru.

11 de Janeiro de 1867
Procópio Lemes dos Santos, filho de Francisco Lemes dos
Santos e D. Generosa Maria de Jesus, com Maria Francisca de Jesus
filha de Manoel Ribeiro da Silva e D. Alexandrina Maria de Jesus.
O Vigário foi Jose da Silva Figueiredo Caramuru.

29 de Agosto de 1871
Antônio Jose de Oliveira, batizado em Taubaté, filho de Antônio
Jose de Oliveira e D. Germana Luiza da Conceição com Gertrudes
Maria da Conceição, filha de João Leonardo dos Santos e Delfina
Maria de oliveira. O Vigário foi Jose da Silva Figueiredo Caramuru

20 de Agosto de 1873
Marcolino Jacintho da Silva, batizado em São José de Toledo -
MG, filho de Julio Jacintho da Silva e Maria Clara dos Santos, com
Maria das Dores, batizada em Taubaté filha de Honório Maranje e
Verônica Maria de Jesus. Vigário Francisco Antônio Marcondes.
Santo Antônio do Pinhal
266 De Sertão a Município - 1785 a 2024

09 de dezembro de 1874
Roque dos Santos, batizado em Taubaté, filho de Domingos
José Vaz e Ana Maria da Glória com Leopoldina Maria Leite, filha
de Manoel Moreira dos Santos e Custódia Francisca Leite. O Vigário
foi José Benedito Marcondes de Mello.

15 de Maio de 1877
Luiz Jacintho da Silva filho de Julio Jacintho da silva e Maria
Clara dos Santos, com Constancia Theodora de Carvalho filha de
Antônio Theodoro de Carvalho e Constancia Francisca Berthu. O
Vigário foi José Benedito Marcondes de Mello.

28 de outubro de 1883
Antônio Theodoro de Carvalho, viúvo de Constancia, sepultada
na freguesia de Santa Rita, com Gertrudes Francisca Berthur,
batizada em São Bento do Sapucaí, filha de Gustavo Francisco
Berthur e da finada Maria Alves Ferreira. Vigário foi Joaquim
Antônio Siqueira.

11 de fevereiro de 1886
Domingos Granato, da Itália filho de Nicolau Granato e Joana
Juliana com Luiza Derrico, da Itália, filha de Fellippe Derrico e
Bárbara Granato. O Vigário foi Fellipe Gavetosa.

04 de julho de 1887
Angelo Lippi, de Oneta na Itália, filho de João Domingos Lippi e
Maria Luiza Tomei com Maria Azzema Lippi filha de Constantino
Lippi e Clementina Pelegrini. O Vigário foi Fellipe Gavetosa.

25 de outubro de 1902
Valério Celestino Fernandes, viúvo de Bernardina Theodoro de
Faria com Francisca Jacinto da Silva, viúva de Benjamim Ferreira de
Mattos. O Vigário foi Francisco Realle.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 267

14 de janeiro de 1904
Nicolau de Vitta, da Itália, filho de Felice de Vitta e Antonia
Motolla com Bárbara Moliterno, da Itália, filha de Andrea Moliterno
e Rosa Giuliano. O Vigário foi Francisco Realle.

Os primeiros batizados registrados

Como não existia um livro de batismo, a partir de 1885


iniciou-se um livro de batismo e na medida do possível, conforme a
necessidade, foram registrados os batismos antigos desde 1850.
Aqui daremos o exemplo de dois registros deste livro de batismo da
paróquia de Santo Antônio do Pinhal:

Antônio
“Manoel Ribeiro do Amaral e a senhora Gertrudes Alves
Monteiro, pessoas fidedignas e depois de prestarem juramento,
declararam que Antônio, filho legitimo de Francisco Alves Moreira
e de D. Maria Benedita de Jesus, fora batizado na matriz desta
paróchia de Santo Antônio do Pinhal no ano de 1862 pelo reverendo
vigário Nicolao.
Sendo padrinhos Antônio Alves Cardoso, já falecido e a decla-
rante Gertrudes Alves Monteiro, como não se fez o lançamento do
dito assento no livro competente, por autorização de S. Exª senhor
bispo diocesano, concedido por despacho de 07 de fevereiro de 1885,
tomei por termos declaração acima referida para abrir o presente
assento que firmo. Vig. Joaquim Antônio Siqueira.”

Observação: o Sr. Manoel Ribeiro do Amaral, acima referido, foi


um dos integrantes da guarda de honra de D. Pedro I em 1822 e um
dos doadores de uma área de terras a Santo Antônio no ano de 1856.
Santo Antônio do Pinhal
268 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Francisco
“Aos dez de junho de 1889 compareceram em minha presença
Manoel José da Cunha Brandão e José Maria Moreira, os quais
depois de prestarem juramento, declararam que Francisco, filho
legitimo de Joaquim Fernandes de Azevedo e de Cândida Christina
da Cunha fora batizado nesta matriz de Santo Antônio do Pinhal em
1862 ou 1863 e que foram seus padrinhos Manoel Fernandes de
Azevedo e Manoela da Silva Franca. Fiz este assento por não achar
livros de batismo daquelles annos. Vig. Domingos Perrone”.

Os padres da paróquia Santo Antônio

Ÿ Rev. padre José Tavares Coelho e Rocha, vigário enco-


mendado em 30 de setembro de 1861
Ÿ Rev. padre Joaquim Antônio de Siqueira 1863/1866
Ÿ Rev. padre José da Silva Figueiredo Caramurú 1867
Ÿ Rev. padre Francisco Antônio Marcondes em 1868/1873
Ÿ Rev. padre José Benedito Marcondes Homen de Mello,
vigário em 09 de setembro de 1872/1877
Ÿ Rev. padre Francisco Cárdelli, vigário de 1880 até 1883
Ÿ Rev. padre Conego Thomas de Affonseca e Silva - Tudo fez no
sentido de regularizar a escrituração nos livros, promoveu
melhoramentos na igreja que servia como matriz, devido a
seu zelo e esforço proporcionou uma melhora sensível na
paróquia, 1880 até 1883
Ÿ Rev. padre Francisco Monteiro César, vigário em 1884
Ÿ Rev. padre Felippe Gavetosa, vigário de 1885 até 1888
Ÿ Rev. padre Domingos Perrone, vigário em 1888/1889
Ÿ Rev. padre José Carnevale, vigário em 1894
Ÿ Rev. padre André Bertone, vigário em 1895/1896
Ÿ Rev. padre Domenico Antônio Sccacia, vigário em 1901/1902
Ÿ Rev. padre Emílio Vigorita, vigário em 1904
Ÿ Rev. padre Delfino Bonae, vigário em 1905 até 1907
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 269

Ÿ Rev. padre Bernardo Chico 29/07/1916 (Livro tombo nº 12)


28/04/1917

Os padres

Ÿ Padre Estevan Masl, tomou posse em 02/05/1917


Ÿ Padre José Vitta, em maio 1924 chegou em Santo Antônio do
Pinhal.
Ÿ Padre José Francisco de Von Alzingen, 1933
Ÿ Padre Pedro do Valle Monteiro,1934
Ÿ Padre Plínio Gonçalves de Freitas, 1935 até 1942
Ÿ Padre Nestor José de Azevedo, 1942/43
Ÿ Padre Sebastião Hugo Santana, tomou posse em 31.10.1943
um dos mais populares.
Ÿ Padre Plínio (não foi encontrado registro do período)
Ÿ Padre João José de Azevedo, 1956
Ÿ Padre Américo, 1956
Ÿ Padre Clair, 1959
Ÿ Frei Mariano, 1960
Ÿ Padre Joãozinho, 1963
Ÿ Padre Tabir, 1973
Ÿ Padre Luiz Mancilha, 1980
Ÿ Padre Donizete, 1982 até 1985
Ÿ Padre Joaquim, 1985 até 1990
Ÿ Padre Pedro Alves dos Santos, tomou posse em 1991, perma-
neceu até 2011.
Ÿ Padre Edinho e Padre João, 2011 até 2016
Ÿ Padre Marcelo Sílvio Emídio, assumiu a paróquia em 01-02-
2016 e permaneceu até 30-01-2020
Ÿ Padre Luís, assumiu em 01-02- 2020.

Alguns padres dedicaram a vida pela paróquia, outros, nem


tanto, não deveriam ser lembrados. Mas, um local de tantas quali-
Santo Antônio do Pinhal
270 De Sertão a Município - 1785 a 2024

dades e histórias terá um grande futuro mesmo com muitos desfa-


zedores de história.

Construção da 2ª igreja e seus problemas

Pela provisão episcopal de 28 de abril 1917, foi nomeado vigário


da paróquia de Santo Antônio do Pinhal, o Rev. padre Estevam Masl,
que tomou posse no dia 2 de maio do mesmo ano e, tendo como
testemunha do ato os Srs. Cândido Monteiro da Silva e Antônio
Ribeiro Pimenta.
Em 8 de julho de 1917, foi aprovada a comissão nomeada para a
construção de uma nova matriz, pois a existente estava em estado
precário.
No início de 1918, houve uma nova provisão e o padre Estevam
Masl manteve-se no cargo de vigário desta paróquia. No cargo de
fabriqueiro, o Sr. Cândido Monteiro da Silva e como sacristão
Antônio Ribeiro Pimenta.
Reza no livro tombo que a promessa de ajuda para a construção
da nova matriz não passou de meras palavras.
Em abril de 1918, iniciou-se a construção e neste ano não houve
festa pública para dar ao povo maior facilidade de ajudar na obra.
Em setembro do mesmo ano, a velha igreja já estava desman-
chada e o Santuário da nova estava coberto e assoalhado, mas, o caixa
já estava esgotado.
Escreve o pároco: “O Conselho não ajuda eficazmente. Os inte-
resses particulares parecem dominar”. E ainda: “A Sé está na mão
dos políticos e da politicagem”.
A partir deste fato, o vigário começa a ignorar o Conselho e
trabalhar de acordo com os membros e o povo da roça.
Os bairros do Sertãozinho, Capora, José da Rosa, Cassununga,
Moura, Lageado, Rio Preto mostraram-se muito dedicados.
Os bairros dos Mellos, Bixigento, Paiol Velho, Barreiro e Barra
do Rio Preto são mais ou menos indiferentes.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 271

Por fim, os bairros da Fazenda do Pinhal, Pinhal e Barba de Bode


são nulos.

Segunda igreja 1922 Segunda igreja 1922.


Santo Antônio do Pinhal
272 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Em outubro do mesmo ano, uma grande ventania ocorreu em


Santo Antônio do Pinhal e abalou os muros orientais da igreja em
construção, que ficou oitenta centímetros fora do aprumo, mas as
ligações permitiram, depois de muito trabalho, recolocá-los em seu
devido lugar.
Em maio de 1919, o vigário nota a ineficácia do método de não
fazer festa para que o povo possa auxiliar na construção da nova
matriz e escreve: “O povo gosta de festas e tem sempre dinheiro para
gastar e sobrar nos divertimentos públicos. Não se devem suprimir
as festas.”
Maiores problemas estavam por vir. Em julho do mesmo ano, a
igreja já estava coberta e o vigário emprestou oito contos de réis para
chegar a este ponto da obra. A comissão já não ajudava mais. Os
operários deixaram o lugar e a freguesia de Santo Antônio parecia
estar deserta.
Segundo o padre, “Os que não quiseram e nem querem
cumprir com as suas promessas, criticam a igreja.” E desabafa: “O
povo nota que um tal inimigo declarado da igreja, de abastado e
honrado, tornou-se de repente pobre e desprezado”.
No mês de agosto de 1920, inicia-se a execução de abertura de
caminhos para dividir as terras da igreja em lotes com um traçado de
seis quilômetros. A abertura tem por objetivo alugar os lotes para
interessados em residir na paróquia.
Ainda neste ano, os trabalhos na construção permanecem para-
dos e causando péssima impressão sobre as pessoas de fora que vem
ao distrito em busca de um lugar de saúde, considerado superior ao
de Campos do Jordão em vários pontos, tais como abundância em
água mineral, principalmente para aquelas que padecem do fígado
e intestino; clima sempre igual; ventilação ligeira e constante que
purifica sempre o ar; ausência de neblina e céu sempre puro.
Do outro lado das qualidades do distrito, a igreja enfrenta difi-
culdades com o aforamentos, cujos foreiros costumavam a pagar
sempre atrasado, de dois em dois anos. Ou seja, entra sem pagar e
depois de dois anos, retira-se sem pagar.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 273

A consequência é inevitável, o vigário ficou responsável pelos


oito contos emprestados para a construção da igreja e garantidos
pelas promessas particulares das famílias pinhalenses.
A autoridade Diocesana não quis reconhecer a divida da igreja,
também as famílias não cumpriram com as suas promessas. O vigário
por sua vez, não tinha dinheiro e rogou para Deus pagar (livro tombo
1,pag. 22).
Um ano depois, em 20 de agosto de 1921, Dr. Fortunato,
secretário do Estado, combina com o vigário os meios de estabelecer
um sanatório em Santo Antônio. O governo projeta a compra de
todos os terrenos compreendidos entre o alto da Serra e Santo
Antônio. Seria a salvação da igreja, que finalmente teria meios de
reorganizar a Paróquia com escolas católicas nos principais bairros
e terminaria a Matriz.
Nos anos seguintes, a missa continuava a ser campal, ou seja,
em frente da construção da matriz.
Fato marcante foi o reinício dos trabalhos para dividir o patri-
mônio em lotes para construção de casas. Os aforamentos, na maior
parte eram escolhidos na cidade de São Paulo pelo D. Eugênio de
Toledo.
Tem notícia que o Sr. Ângelo Granato foi desapropriado do seu
aforamento por causa de utilidade e necessidade da igreja. Por seu
turno, este rejeita sair do local e invoca motivos sem valor e recusa
de submeter-se a queixas do bispado, recorrendo ao Juiz de Direito
da Comarca de São Bento do Sapucaí.
Em julho de 1923, o governo do Estado de São Paulo aceita fazer
um caminho para automóvel do alto da Serra à Santo Antônio. A
divisão do patrimônio em lotes foi sem dúvidas, a causa deter-
minante para abertura da estrada e que traria desenvolvimento à
paróquia.
Enquanto isto, a Comissão nomeada para os trabalhos da igreja
não produz efeito e a Matriz que se encontra abandonada, vai se
deteriorando e não recebe nenhum conserto.
Santo Antônio do Pinhal
274 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Perto da construção, os trabalhos para abertura das ruas já


estava bem adiantado e o terceiro quilômetro era entregue. Apresen-
tavam-se como foreiros vários senadores, deputados e capitalistas
de São Paulo.
Antes de finalizar o ano, acaba o sexto quilômetro de rua no
patrimônio. O Sr. Ângelo Granato continua a oposição, quer aos
trabalhos das ruas como também da igreja e influencia de sobre-
maneira a Comissão que fica não somente inútil como nociva, pois
neste momento, a construção já estava minada pelas águas.
Depois de ser muito criticado, o vigário Padre Estevan Masl
fica desanimado e pensa em deixar a paróquia, mas os foreiros de
São Paulo pedem-lhe a continuação de seus serviços que, por Deus
e por eles somente, aceita a permanecer trabalhando em Santo
Antônio do Pinhal.
A torre da igreja, minada pelas águas do telhado durante cinco
anos, caiu durante a noite chuvosa do dia 19 de abril de 1924.
Em maio do mesmo ano, foi constituída uma nova Comissão
para a reconstrução da Igreja e foi eleito como presidente desta
Comissão, o Padre José Vitta.

Nessa foto de 1924, 2ª igreja antes da queda da torre, estão presentes,


da esquerda para direita: Nicolino Granato, padre Vitta, Paulino Granato,
Mariquinha e Cotinha irmãs do padre, José Lourenço de Castro,
Luiz Granato e o menino desconhecido.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 275

Padre José Vitta: o grande benfeitor

O Padre José Vitta nasceu em 23 de março de 1895, em Sapucaí


Mirim, antes conhecida como Santana do Sapucaí Mirim, cidade
mineira, foi batizado em São Bento do Sapucaí, cidade paulista mais
próxima.Viveu sua infância na fazenda de seu pai, Donato Vitta e
com sua mãe Maria Leopoldina Ferreira, em 1909, ingressou no
seminário menor de Pirapora de onde transferiu-se para o de
Taubaté, em 20 de fevereiro de 1911.
A investidura da batina teve lugar em 17 de fevereiro de 1915
quando D. Epaminondas Nunes de Ávila e Silva conferiu-lhe as
quatro ordens menores em 19 de setembro de 1917. Quando esteve
para morrer, por doença cardíaca, Dom Epaminondas conferiu-lhe
a ordem do subdiaconato, em 16 de março de 1918, e no dia seguinte
a ordem do diaconato, não morreu, Deus lhe reservara uma missão.
Passava as férias na fazenda de seu pai, e de lá andava a cavalo
nove quilômetros até a paróquia de São Bento do Sapucaí.
Numa dessas andanças encontrou um menino pobre que insistia
em ser padre, mas não tinha recursos, ao que padre Vitta conseguiu
do bispo diocesano autorização para que ele não pagasse as
anuidades. Esse menino pobre teve aulas para os vestibulares do
seminário em Taubaté, seu professor foi Plínio Salgado, o grande
escritor e político católico, de São Bento do Sapucaí.
O jovem conseguiu ser aprovado e ingressou no seminário, de
onde saiu para ser o maior orador sacro brasileiro: D. Antônio de
Almeida Moraes Junior, quem vai pela variante do bairro José da
Rosa em direção a Sapucaí Mirim, em estrada de terra depois de
atravessar uma ponte de concreto na divisa de estado encontrava à
direita, uma tosca moradia, com os dizeres: "aqui nasceu D. Antônio
de Moraes, arcebispo de Niterói."
Pe. Vitta foi ordenado em 20 de abril de 1919, em solenidade
presidida pelo núncio apostólico para o Brasil, D. Angelo Giacinto
Scapardini, uma vez que Dom Epaminondas encontrava-se enfermo.
Santo Antônio do Pinhal
276 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Sua primeira designação foi para lecionar no antigo colégio São


Miguel em Jacareí, no ano de 1920, no início de 1922 foi nomeado
vigário cooperador de Caçapava, dali se transferindo para Lambari,
em Minas Gerais.
Em maio de 1924 sofreu uma hemoptise e retornou à fazenda de
seu pai, onde foi recebido por sua madrasta, Angelina; recuperando-
se, dirigiu-se a Pindamonhangaba, para a casa de sua irmã, Tereza
Granato, passando a prestar serviços ao pároco João José de
Azevedo.
Dom Epaminondas designou-o para prestar serviços em Santo
Antônio do Pinhal, onde, com a ajuda do povo construiu a igreja
matriz entre os anos de 1925 e 1929, quando foi inaugurada.
Nessa época, as obras da E.F. Campos do Jordão já chegavam
até a estação de Eugênio Lefévre, a poucos quilômetros de Santo
Antônio do Pinhal.
Em 1926, guiado pela providência, comprou uma casa em vila
Abernéssia, onde passou a morar com suas duas irmãs solteiras,
Mariquinha e Cotinha, ali iniciou a sua grande obra, no dia 7 de
setembro de 1954, foi agraciado por decreto do papa Pio XII, com o
honroso título de Monsenhor Camareiro Secreto de S. Santidade,
presente o governador Lucas Garcez, e em 30 de abril de 1959, com
o título de cidadão honorário de Campos do Jordão.
Faleceu em Campos do Jordão, no dia
13 de dezembro de 1972, às 23:45 horas,
assistido por suas irmãs, chefiadas por
Odete Freire e pelos seus médicos e
amigos, Drs. Franklin A. Bueno Maia e
Alfonso Chung Zumaeta.

“Apagara-se uma luz na


terra e começou a
brilhar mais uma
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 277

Em sua homenagem póstuma, na cidade de Campos do Jordão


a via de acesso ao sanatório São Vicente de Paulo, passou a ser
denominada de "Rua Monsenhor José Vitta" e bem acima a escola de
1.° grau de Vila Abernéssia.

Construção da 3ª e última Igreja

Dom Epaminondas, Bispo de Taubaté, publica uma portaria no


dia 18 de julho de 1924 em que narra a urgente necessidade em dotar
uma igreja na freguesia de Santo Antônio do Pinhal e que atendendo
aos poucos recursos da população somente poderia atender este
fim, centralizando todos os meios nas mãos da Comissão Executora
das obras por eles nomeados. Também suprimiu temporariamente
o Conselho da Fábrica, passando todas as atribuições que lhes cor-
respondiam pelo regulamento à Comissão Executora.
Em 1924, passou a ser construída uma nova Matriz. Tendo caído
grande parte da igreja feita pelo então vigário, padre Estevam Masl,
o Exmo. sr. bispo ordenou que fosse demolido o que ainda restava da
Matriz para dar início a uma nova obra, mais sólida e dirigida por um
técnico.
Mandou o arquiteto Francisco D'Arace executar uma planta de
10 x 18,50 m e contratou o mesmo para dirigir a obra, foi feita uma
grande festa para a colocação da 1ª pedra.
A obra da terceira e atual matriz teve início no mês de maio de
1924. Em 12 de fevereiro de 1925, toma posse desta Paróquia o Padre
Francisco Luis dos Passos que deveria auxiliar o Padre Estevan Masl
que já se encontrava bem idoso.
Para financiar a obra, o Bispo de Taubaté concedeu o primeiro
alvará para que o Padre José Vitta pudesse vender a quem mais
desse, cinco ou seis alqueires de terras do patrimônio da paróquia,
empregando o produto da venda, isto é, oito ou dez contos, nas obras
da matriz, o alvará foi liberado em 30 de março de 1925.
Santo Antônio do Pinhal
278 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Em artigo no periódico ‘O Pinhalense’ de 15 de maio de 1925, o


padre José Vitta, encarregado, coloca a venda alguns lotes de terras
da capela para angariar fundos, conforme alvará concedido:

Aviso aos foreiros de Santo Antônio do Pinhal

Sendo impossível pela grande falta de recurso,


prosseguirem os trabalhos da nova matriz em
construcção, o Exmo. sr. Bispo autorizou-me a vender
uma parte dos terrenos do patrimônio e empregar o
producto em beneficio das obras da matriz, como os
terrenos estão todos aforados, venho communicar aos
illustres foreiros a nova resolução e que os terrenos de
hoje em diante serão vendidos a quem mais vantagem
offerecer.
Os foreiros têm uma certa preferência na compra.
Porem, uma vez que não queiram comprar e nem
desistir para que se possam vender a outros, dar-se-á
a desapropriação, conforme o regulamento da fabrica
que diz.. “ficando a fabrica desta egreja com pleno
direito ao domínio directo e desapropriação do mesmo
terreno no caso de necessidade ou utilidade da egreja,
com direito as indenizações das benfeitorias existentes”.

O encarregado – pe. José Vitta

Com esta iniciativa tomada pelo padre José Vitta, o centro de


Santo Antônio passava das mãos do santo, representada pela igreja,
para particulares, principalmente os foreiros.
Foreiro segundo Aurélio Buarque de Hollanda é: quem paga
foro; aquele que tem domínio útil de um prédio, por contrato.
Naquela época, sendo a Igreja possuidora das terras recebidas
por doação e com os povoados que cresciam ao redor da capela, esta
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 279

cedia parte de seu domínio a particulares que pagavam um tributo


para a sua utilização.
Este domínio poderia ser transmitido por herança, mas sem a
documentação necessária, pois a propriedade continuaria sendo da
Igreja. E, sendo a paróquia de Santo Antônio pobre e não podendo
contar com o pagamento regular dos foros e muito menos com
grandes doações para a construção da nova matriz, algumas pessoas
tomaram a iniciativa para a compra do respectivo terreno.
A nova matriz de Santo Antônio do Pinhal, Artigo ‘O Pinhalense’
em 15 de maio de 1925:
“Grande tem sido a luta sustentada pelos encarregados da cons-
trução da nova matriz. Dificuldades de toda espécie, mil obstáculos
se tem apresentado, mas, até o presente, por uma graça do céu,
não foi necessário parar, apesar de o serviço ser tratado com grande
morosidade, pela grande falta de recursos.
A nova matriz a esta hora já poderia estar coberta e por conse-
guinte servindo, se não fosse o grande e condenável indiferentismo
da maior parte da população desta paróquia e principalmente dos
habitantes da sede, com honrosas exceções.
A princípio, era voz unânime que todos estavam prontos para
concorrer na medida de suas posses, para a realização do ideal: a
construção de nossa igreja; mas, infelizmente tal não sucedeu, como
todos tiveram ocasião para presenciar, não sabemos qual o motivo;
o lugar estava há cinco anos desprovido de igreja, assim nos expres-
samos, porque a que existia não preenchia as condições exigidas ou
necessárias para um templo; o povo não cessava de reclamar,
pedindo a construção de uma nova igreja, esse, diziam todos, era o
veemente desejo dos habitantes desta paróquia.
Que contraste! A princípio, desconfiados, queriam ver o início
da obra; vieram-no, depois muitas outras desculpas, sem razão de
ser, e afinal, parece que estão resolvidos a não contribuir com o que
prometeram. Uma ingratidão para com a Igreja e uma nódoa na
consciência daqueles que assim procedem! Negar uma esmola
Santo Antônio do Pinhal
280 De Sertão a Município - 1785 a 2024

prometida, para a construção de uma igreja é, sem dúvida, uma falta


grave perante Deus! Os encarregados, com grandes trabalhos, só
conseguiram arrecadar a importância de 21.807$900, sendo que
até a época presente as despesas são superiores a arrecadação. Essa
arrecadação foi feita durante o largo prazo de um ano e daqui em
diante há pouca esperança se o povo não mudar de orientação.
Há ainda 15 contos prometidos, mas pensamos que ficam só em
promessas... E como tal não podemos contar com eles.
Estamos na triste e dolorosa contingência de ser preciso parar o
serviço, há duas semanas, que a caixa esta desprovida do necessário
para o pagamento e assim continuando, os encarregados outra coisa
não podem fazer senão suspender o serviço por algum tempo.
Que Deus não permita tal coisa, porque seria talvez um fracasso!
Só faltam 10 a 12 contos, para pôr a igreja em condição de ser utili-
zada. A quantia é pequena; não haverá nesta terra a possibilidade de
arranjar a importância mencionada?
Apelamos para os filhos deste lugar, que eles nos respondam!
Apelamos para o nobre sentimento deste povo! Unidos todos pelo
sentimento de patriotismo, poderão, se quiserem, arranjar muito
mais. Por isso, os encarregados da árdua tarefa esperam e contam
com a máxima boa vontade de todos.”.

Outros alvarás foram concedidos dando licença para o Padre


José Vitta vender a quem mais der os terrenos que ainda possui a
referida paróquia, e do produto reservar seis contos de reis para a
conclusão das obras da matriz, que foi mais tarde revogado. O
restante deveria ser recolhido à Cúria Diocesana a fim de se con-
verter em títulos de renda para a Paróquia, conforme determinava
a Santa Sé. Foram seus dedicados auxiliares os irmãos Paulino
Granato e Nicolino Granato a quem o padre deixou no livro tombo
seus sinceros agradecimentos.
A venda dos terrenos em muito auxiliou na construção. Até
aquela data, já tinha entrado mais de oito contos de reis e sem aquela
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 281

importância, não teria sido inaugurada. Na visita


Diocesana nesta Paróquia, o visitador que ficou
hospedado na casa do padre Estevam Masl, isto em
29 de junho de 1928, escreve que:
“A matriz continua em obras sob a direção do
Rev. Padre José Vitta, fabriqueiro da Matriz, embo-
ra residente nos Campos do Jordão.
O que está feito é uma prova evidente de quanto
aquele operoso, apesar de doente, tem feito em
benefício desta paróquia.”

Alguns meses depois, faleceu Padre


Estevan Masl, em 12 de setembro de 1929,
no hospital da cidade de Taubaté. Com a
Lembrança das Missões
morte do vigário, foi provido no cargo de
vigário ecônomo da Paróquia, até 31 de dezembro de 1930, o Padre
José Vitta que acumulava o trabalho de fabriqueiro nesta matriz e
vigário em Campos do Jordão.
A dúvida ficou na questão dos aforamentos dos terrenos,
quando Padre José Vitta assumiu os bens da Paróquia, encontrou
na localidade mais de sessenta foreiros e quase todos da cidade de
São Paulo.
Depois de obter licença para vender os terrenos, foi escrita uma
carta a todos os foreiros, dando-lhes preferência na alienação por
escritura definitiva. Quase todos se recusaram a comprar os terrenos
aforados.
Padre José Vitta consultou alguns juristas e estes chegaram a
conclusão de que todos os aforamentos feitos pelo Padre Estevam
Masl eram nulos por não ter tido concorrência e edital, condições
indispensáveis para a legitimidade de aforamento.
Além disto, todos os foreiros tinham deixado passar três anos
sem pagamento do foro anual, perdendo portando todo e qualquer
direito sobre as terras.
Santo Antônio do Pinhal
282 De Sertão a Município - 1785 a 2024

No dia 14 de abril de 1929, a matriz foi inaugurada e entregue


ao culto público, por ocasião da inauguração estavam na Paróquia e
pregavam as Santas Missões os Reverendos Padres Redentoristas
tendo como fim um resultado espiritual bastante consolador.

Revolução Constitucionalista de 1932

Material histórico encontrado no livro Tombo n° 2 da Casa Paroquial


de Santo Antônio do Pinhal e depoimentos de pessoas
que viveram na época da revolução de 1932.

Inicia-se na Capital de nosso Estado de São Paulo, com rami-


ficação em todo o território do Estado, tremenda movimentação
revolucionaria, secundado pelo Estado do Mato Grosso. Cento e
muitos mil homens em armas querem impor o regime da Lei ao
Ditador Getulio Vargas, obrigando-o a dar Constituição imediata a
nação e demitir-se da cadeira ditatorial.
O povo de Santo Antônio do Pinhal, em grande maioria
fazendeiros ou herdeiros de terras nas zonas rurais do município,
com a notícia da revolução empreitada pelos paulistas, migraram, a
princípio, para o mais junto de suas matas e voltando, depois de um
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 283

mês a suas moradias no pequeno centro urbano e com menos temor


da dita revolução.
Ficando na cidade, somente Braz Oliva, homem culto, pro-
prietário de uma sapataria. Tal medida de permanecer tinha sua
importância. Primeira por que sua Mãe estava muito doente e
com problemas de locomoção, em sua residência no centro da Vila,
funcionava a única linha telefônica e seria de grande utilidade ao
serviço da revolução.
Vizinho territorial do Estado e Minas Gerais, Santo Antônio do
Pinhal viu suas casas, as suas estradas, as cristas de seus morros,
povoadas pelos soldados da Lei. Ficavam em sentinela (estado de
vigia e prontidão) contra a possível invasão mineira pelo seu territó-
rio. Pela força revolucionaria, foi pedido que regalassem auxílio
a causa do Estado e assim, de todas as fazendas foram doadas rezes
à alimentação dos soldados. A estrada de rodagem, que na época era
de péssimo estado que ligava esta Vila a cidade de Pindamonhangaba
através da garganta da Serra da Mantiqueira, teve uma participação
integral dos homens pinhalense, num auxilio considerável aos solda-
dos paulistas para a comunicação com a Estrada de Ferro Central do
Brasil. Cerca de seiscentos homens se prestaram ao serviço da dita
estrada.
Em 19 de agosto de 1932, encontrava-se nesta Paróquia o
Padre João José de Azevedo, que pregou diariamente, sobretudo,
aos soldados paulistas que em número de quatrocentos homens no
município, guardavam as fronteiras de nosso Estado de São Paulo.
Muitos eram os soldados e oficiais que assistiam diariamente
ao Santo sacrifício da missa e ouviam a palavra de Deus naquele
momento de tensão provocada pela revolução. A casa Paroquial foi
requisitada pelas forças e entregue a intendência das tropas.
Em outubro de 1931, com a traição sórdida de elementos oficiais
da força pública paulista, chefiada pelo seu comandante geral Cel.
Herculano de Carvalho, novo Calabar paulista, os exércitos ditato-
riais, composto de policiais e forças federais de todos os Estados da
Santo Antônio do Pinhal
284 De Sertão a Município - 1785 a 2024

União, conseguiram romper as linhas paulistas, vencendo em todos


os setores as tropas que queriam o regime da Lei e uma Constituição
na República.
Consequentemente, retirava-se desta Vila de Santo Antônio do
Pinhal, os soldados que aqui se achavam acantonados por alguns
meses, tempo suficiente para cunhar laços de amizades, relegar
apelidos e deixar suas marcas de trincheiras encravadas em terras
pinhalense, mas não sem antes de ter experimentado cerrado fogo
das tropas mineiras por trinta e quatro horas ininterruptas, isto
dentro do município vizinho de São Bento do Sapucaí.
A Vila foi evacuada, o quartel general localizado na Casa Paro-
quial, sem que, houvesse ficado no mesmo dano de grande porte, a
não ser a falta de higiene que a deixaram, também foram arrombadas
todas as portas e janelas.
Por fim, foram gastas ou consumidas as varas das cercas da
mesma.
O movimento Constitucionalista do Estado de São Paulo
estacionou por quase três meses em nossa Vila de Santo Antônio do
Pinhal.
Cerca de trezentos homens do Batalhão Piratininga, constituído
da elite da mocidade estudantina e independente do Estado, ou seja,
voluntários que lutavam em pró ao movimento revolucionário, por
serem estudantes, pertenciam às famílias de classe média e rica do
Estado, receberam a alcunha de "Batalhão Pó de Arroz".

O relógio da matriz

Foi adquirido por ocasião da festa de Santo Antônio, graças a


boa vontade do católico e progressista povo pinhalense, um magní-
fico e suntuoso relógio.
Foi inaugurado no dia 13 de junho de 1945, com as bênçãos do
Exmo Rev. Dom Francisco Borgia do Amaral e a benção significativa
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 285

do ato, pelo ilustre prelado bispo desta diocese, findo o ato, foi tocado
pela banda local o Hino Nacional.

Procissão religiosa década de 1940.

O ilustre Dr. Carlos de Aguiar, da cidade de São Paulo que esteve


em Santo Antônio, assistindo um certo domingo a missa e notando a
desproporção entre a pequena imagem do padroeiro e a respectiva
igreja em construção e altar mor, prometeu espontaneamente a
paróquia, uma imagem de Santo Antônio de cento e oitenta centí-
metros, ou seja, um metro e oitenta de altura, tamanho normal de
uma pessoa.
Dr. Carlos Aguiar cumpriu a promessa
aos dezoito dias do mês de dezembro de
1932, quando fez chegar nesta Vila à refe-
rida imagem que foi benta pelo vigário
canônico diante de fiéis que encheram a
Igreja.

A imagem do Santo Antônio


Santo Antônio do Pinhal
286 De Sertão a Município - 1785 a 2024

As irmandades da Paróquia Santo Antônio

Ÿ Irmandade dos Vicentinos, fundada 27/09/1914


Ÿ Irmandade da Congregação Mariana, fundada 08/12/1919
Ÿ Irmandade do Santíssimo Sacramento, fundada 01 /05 1920
Ÿ Apostolado da oração, fundado 12/06/1921
Ÿ Irmandade São Benedito, fundada 13/04/1974
Ÿ Irmandade da Legião de Maria, fundada 08/04/1994
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 287

Casa paroquial

Com o falecimento do bom Padre Estevam Masl, vigário da


Paróquia, deixou este a diocese, um terreno e casa. Achando-se a
mesma em péssimo estado de conservação, foi com a devida licença
da autoridade diocesana vendida e a importância empregada na
construção da matriz.
Hoje, funciona a casa Paroquial em uma boa casa, de oito (8)
quartos, ótimo terreno, mais perto da matriz, também ligado a
paróquia do mesmo padre Estevam Masl que a construiu. Foi melho-
rada, acrescentando, com auxílio colhido a esmo, comedor, serviços
sanitários, tendo mandado cercar o terreno para o quintal e feito
conserto no telhado, forro e assoalho. Existia na casa paroquial
antiga, apenas uma mesa de jantar tosca, uma cama velha e cober-
tor, uma cama de arame, uma mesa velha e estante tosca.
Conseguiu-se acrescentar à casa paroquial com auxílio de bons
amigos, filhos de Santo Antônio residentes em Pindamonhangaba,
tudo o que precisava a dita casa paroquial, para asilo cômodo e
decente de um vigário. Assim é que adquiriu-se para ela o seguinte:
4 camas e respectivos colchões, sendo uma nova “patente”, 1 de
madeira e duas de arame; 1 escrivaninha nova, 1 guarda comida, 12
pratos fundos e rasos, 12 talheres de cada espécie, 6 toalhas de mesa,
idem guardanapos, utensílios de cozinha, um grupo de mobília de
vime, com 4 cadeiras, 1 de balanço, sofá, 1 mesa de centro, 6 cadeiras
de madeira para a sala de jantar.
Ofereceram ainda a casa paroquial alguns quadros, uma Nossa
Senhora de Aparecida, bules, bacias, jarros, entre outros.
Em 1944, foi inaugurado um pequeno salão paroquial, ao lado
da casa paroquial, para as associações religiosas utilizarem para
reuniões e lazer.
Recentemente, com o Padre Pedro, conhecido carinhosamente
pelo nome de Padre Pedrinho, decano da Matriz, reformou por com-
Santo Antônio do Pinhal
288 De Sertão a Município - 1785 a 2024

pleto a antiga casa paroquial, em seu lugar, erigiu um sobrado de


grande porte para receber padres visitantes.

A antiga casa paroquial e a nova, o sonho realizado com os


esforços dos bravos pinhalenses e o incansável padre Pedrinho.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 289

As Capelas da Paróquia Santo Antônio

Capela São Benedito - Bairro: Centro. Doador do terreno:


José e sua esposa 1947. Fundador - Pe. Hugo S. Santana, dia e hora
de Missa: 1ª quinta-feira às 07h, festa anual 3º domingo de Abril.
Capela São Sebastião - Bairro: Joaquim Alves. Doador do
terreno: Joaquim Alves e Maria F. Alves com oferta por uma graça
alcançada em 1975, dia e hora de Missa: Missas alternadas conforme
planejamento do ano.
Capela São Francisco das Chagas - Bairro: Fazendinha.
Doador do terreno: Benedito Monteiro, 1971, dia e hora de Missa: 3ª
sexta-feira às 19h, festa anual mês de Outubro.
Capela São Pedro - Bairro: Santa Cruz. Doador do terreno:
Otávio Leite, 1989, dia e hora de Missa: 4ª terça-feira às 19h, festa
anual 3º Domingo de Julho.
Capela Santa Cruz (Marieta) - Bairro: Santa Cruz. Doador
do terreno: Adriano Messias de Souza, 1930, dia e hora de Missa:
Missas alternadas conforme planejamento do ano.
Capela Nossa Senhora do Perpétuo Socorro - Bairro:
Lageado. Doador do terreno: Milton Pedro Lopes, fundador Antônio
José Ramos 1925, dia e hora de Missa: 3ª terça-feira às 19h festa
anual Setembro.
Capela Nossa Senhora do Desterro - Bairro: Congo.
Doador do terreno: Antônio José Ramos, 1953, dia e hora de Missa:
2ª segunda-feira às 19:30h, festa anual Fevereiro.
Capela São José - Bairro: José da Rosa. Doador do terreno:
José Maria, 1987, dia e hora de Missa: Aos domingos 16:30h e 1ª
sexta-feira 19h, festa anual Maio.
Capela Santos Reis - Bairro: Paiol Velho. Doador do terreno:
José Francisco da Silva, 1978, dia e hora de Missa: 1ª quinta-feira
às 19h, festa anual Janeiro.
Capela São Miguel - Bairro: Mouras. Doador do terreno: José
Batista, 1900, dia e hora de Missa: Missas alternadas conforme
planejamento do ano.
Santo Antônio do Pinhal
290 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Capela Sagrado Coração de Maria - Bairro: Cassununga.


Doador do terreno: Noel Alcides dos Santos, 1950. Fundador Nicolau
Emiliano, dia e hora de Missa: 1º domingo 15h, festa anual Maio.
Capela Nossa Senhora Aparecida - Bairro: Fazenda Velha.
Doador do terreno: Miguel Cardoso da Costa, 1940, dia e hora de
Missa: 2ª quinta-feira às 19h, festa anual Novembro.
Capela São José - Bairro: Pinhalzinho. Doador do terreno:
Sebastião Laércio da Mota, 1991, dia e hora de Missa: 2ª sexta-feira
às 19h, festa anual Março.
Capela São Benedito do Trevo - Bairro: Rio Preto. Doador
do terreno: Plínio Claudino Barbosa, 1960, dia e hora de Missa:
Missas alternadas conforme planejamento do ano, festa anual
Setembro.
Capela Santa Luzia - Bairro: Rio Preto. Doador do terreno:
José Inácio, 1975, dia e hora de Missa: 3º domingo às 15h, festa
anual Dezembro.
Capela São João - Bairro: Renó. Doador do terreno: Sebastião
Reno Sobrinho, 1979. Fundador José Rubens de Freitas 1961, dia e
hora de Missa: 2º domingo ás 15h, festa anual Junho.
Capela Bom Jesus - Bairro: Rio Preto. Doador do terreno:
Nélson Monteiro da Silva, 1928. Fundador José Monteiro, dia e hora
de Missa: Última sexta-feira, às 19h, festa anual Agosto.

As mais importantes capelas

Os caminhos eram dois que vinham de Minas sentido Vale do


Paraíba; o primeiro vindo pelo lado de Sapucaí Mirim-MG, Guarda
Velha do Rio Preto, Morro Grande onde existe a Capela de Nossa
Senhora de Aparecida, seguia reto morro acima pelo que pertencia a
Fazenda Velha saindo no Machadinho onde encontrava o caminho
que vinha pelos Teodoros.
Não possuímos documentos que comprovem a data de cons-
trução das capelas, pois ficavam em propriedades particulares,
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 291

porém pela arquitetura e sabedores da existência do caminho, acre-


ditamos ser possivelmente das décadas de 1880 a 1900.

capela do Morro grande

O segundo: vindo por São Bento do Sapucaí- Baú- Guarda Velha


via Jangada, Zé da Rosa entrava à esquerda passava pela capela de
São José seguia em direção ao Lageado passando em frente a Capela
que hoje conhecemos como São Judas Tadeu, entrava no caminho
dos “Cambraia”- St. Cruz (antigo sítio Barba de Bode) e chegava no
centro da vila; o outro à direita pelo terreno dos “Teodoro” passava
em frente a Capela de São Miguel, unia-se depois com o primeiro
caminho e seguia em direção ao distrito de Santo Antônio do Pinhal.

capela de São José


Santo Antônio do Pinhal
292 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Fato muito interessante, a de São Judas Tadeu, por muito tempo


ficou conhecida como Bixiguento, capela do Bixiguento no local de
mesmo nome. O local serviu de cemitério para os falecidos da doença.
Por volta de 1890 diversas famílias foram contaminadas pela varíola
(também conhecida como bexiga é uma doença infecto-contagiosa).
É causada por um Orthopoxvirus, um dos maiores vírus que infec-
tam seres humanos, com cerca de 300 nanômetros de diâmetro,
o que é suficientemente grande para ser visto como um ponto ao
microscópio óptico.
Mais que a peste negra, tuberculose ou mesmo a AIDS, a varíola
afetou a humanidade de forma significativa, por milhares de anos.
Múmias, como a de Ramsés V, que data o período de 1157 a.C,
apresentam sinais típicos da varíola. Esta que é tida como a prin-
cipal causa de mortes em nosso país, desde o seu descobrimento.

capela de São Judas Tadeu

Desconhecidos até pouco tempo atrás, pouco se sabia quanto à


transmissão de doenças causadas por vírus.
No caso da varíola, esta se dá pelo contato com pessoas doentes
ou objetos que entraram em contato com a saliva ou secreções destes
indivíduos.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 293

Penetrando no corpo, o patógeno se espalha pela corrente san-


guínea e se instala, principalmente, na região cutânea, provocando
febre alta, mal-estar, dores no corpo e problemas gástricos. Logo
depois destas manifestações surgem, em todo o corpo, numerosas
protuberâncias cheias de pus, que dificilmente cessam sem deixar
cicatrizes, e conferem coceira intensa e dor.
O risco de cegueira pelo acometimento da córnea, e morte por
broncopneumonia ou doenças oportunistas, já que tais manifes-
tações comprometem o sistema imunitário, são riscos que o indiví-
duo infectado está sujeito.
Na capela de São Miguel, possivelmente de 1880, também serviu
como cemitério e está no caminho dos “Teodoro” e vai encontrar-se
com o caminho do Morro Grande.

capela de São Miguel

Igreja de São Benedito

Construção da igreja de São Benedito, no dia 21 de março de


1947. No Domingo de Ramos, foi dada a benção solene da 1ª pedra
da Igreja de São Benedito nesta paróquia por delegação especial do
Exmo. Sr. Bispo.
Santo Antônio do Pinhal
294 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Com grande alegria para nossos corações, foi a recepção da


belíssima e artística imagem de São Benedito, modelo único em todo
este norte, mede 1,60m (um metro e sessenta de altura), carregada
em triunfo pelos futuros irmãos de tão glorioso santo até a sua igreja,
no dia 28 de março.
Tomaram tropas de São Benedito (Capa sem mangas, usado
em atos solenes pelos irmãos de confrarias religiosas) cinquenta
irmãos, número este dos fundadores da mesma, obrigando aos
deveres estritamente essenciais, isto é, confissão anual, comunhão
pascoal e assistência às missas nos domingos e dias santos.
Realizou-se a empolgante manifestação da fé, no dia 29 deste
mês em que os cinquenta irmãos saíram na piedosa procissão. Este
dia inobidavél para todos os pinhalenses foi ao que se celebrou a
primeira missa na nova capela, com grande assistência. A missa foi
cantada pelo Padre Sebastião Hugo Santana, vigário desta paróquia.
Na entrada da deslumbrante procissão houve o panegírico do gene-
roso e querido santo.
A inauguração da igreja São Benedito foi com grande festa no
ano de 1948.

Igreja de São Benedito 1948


Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 295

Igreja de São Benedito 2010


Santo Antônio do Pinhal
296 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Reação Católica
Retirado do livro tombo da igreja

Em janeiro de 1953, os espíritas do Vale do Paraíba, chefiados


pelos de Campos do Jordão, planejaram realizar em Santo Antônio
do Pinhal uma concentração.
Os católicos da paróquia chefiados pelo vigário, organizaram
uma semana de Nossa Senhora de Fátima, com meditação, pregada
pela manhã, celebração de Santa Missa e reza a noite, ou recitação do
santo Terço, pregação e benção do santíssimo sacramento.
No dia da concentração espírita, houve missa ou comunhão
geral, na mesma hora da concentração, realizou-se uma procissão
colossal de Nossa Senhora de Fátima até o local onde os espíritas se
concentravam.
Calcula-se em mais de duas mil pessoas católicas na procissão.
Dirige a procissão o Vigário e diante dos três ou quatro caminhões
de espíritas, no Largo de São Benedito, o Exmo. Sr. Monsenhor João
José de Azevedo, pároco de Pindamonhangaba dirigiu a sua palavra
a grande multidão de católicos e também aos espíritas.
Falou sobre Nossa Senhora de Fátima e explicou também,
clara e abertamente, o que é o espiritismo. Essa heresia terrível,
que arrasta aos manicômios e depois ao inferno, milhares e milhares
de pessoas.
Contou fatos acontecidos em Pindamonhangaba que provam
perfeitamente a força do espiritismo. Depois, entre vivas e aclama-
ções a Nosso Senhor, a Nossa Senhora, a igreja e ao Papa, terminou
aquela grande reação católica contra os espíritas na paróquia.
O importante foi o seguinte, enquanto o Monsenhor Azevedo
falava, os espíritas e seus caminhões fizeram meia volta e se escafe-
deram, sem se atreverem a fazer sua concentração.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 297

A Paróquia Emancipada
Retirado do livro tombo da igreja

Emancipação Política em 1960

Em campanhas eleitorais para o pleito municipal de São Bento


do Sapucaí em 04 de outubro de 1959, um dos candidatos a prefeito
de lá, Sr. Benedito Gomes de Souza, conseguiu do prefeito em
exercício Sebastião Mendes, a vinda para este distrito de 1500 metros
de canos de ferro de 2,5 polegadas, para a rede de água local, sem,
porém, cuidar das verbas para a utilização deste material, que ficou
empilhado na praça da matriz.
Eleito, tal candidato ordenou a retirada destes mesmos canos
para São Bento, em vésperas da decisão do supremo tribunal federal
sobre o mandato de segurança impetrado por São Bento contra o
ato da Assembleia Legislativa do estado e do executivo paulista,
elaborando e promulgando a lei que concedia ao distrito de Santo
Antônio do Pinhal sua desejada autonomia, desfazendo-se de São
Bento do Sapucaí.
Vendo, os pinhalenses, no ato administrativo dos sãobentistas
um abuso de poder e uma descortesia para com aqueles que o
elegeram.. “o amigo do velho distrito”, a população pinhalense,
empenhou-se em impedir a execução da ordem municipal da reti-
rada dos canos.
Quatro policiais vindos de São Bento sem as devidas autori-
zações, como consta nos arquivos municipais de São Bento, mos-
traram-se, no final, sensatos, não empregando violência contra a
população indignada.
Com receio, porém, de incursões desordeiras dos Sãobentistas,
a noite do dia 24 de janeiro, num domingo, depois da proibição do
vigário cooperador, Padre Mario Donati, cerca de 300 homens que
vigiavam os canos, removeram-nos para o interior da matriz e
a sacristia, comunicando o fato consumado ao vigário ecônomo,
Santo Antônio do Pinhal
298 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Monsenhor João José de Azevedo, que aquiesceu com a medida,


realmente pacificadora, pois os sãobentistas, cientes da mesma,
detiveram-se de qualquer turbulência contra os pinhalenses.
No dia 26, terça-feira, o Supremo Tribunal Federal rejeitou, por
unanimidade de votos, a procedência do mandato de segurança
impetrado por São Bento, concedendo com isso, de pleno direito, a
emancipação de Santo Antônio do Pinhal.
A população aguardava esse acontecimento histórico e a notícia
espalhou-se rapidamente por todos os bairros. A partir daí foi como
se ocorrera um levante: braços fortes largaram as enxadas, as tarefas
diárias e correram à praça em frente à Igreja Matriz do agora
Município.

O anseio até então adormecido de liberdade de repente fez-se


coletivo e passou a governar a multidão que corria pelas ruas aos
gritos de vitória. Lágrimas desciam livres nas faces, orações procla-
mavam-se em uma só voz, a fraternidade irmanava gentes inun-
dadas de sentimentos até então desconhecidos.
Fogos de grandes potências estouravam no alto do santo
cruzeiro e em todas as ruas de Santo Antônio. O povo continuava
lotando as ruas. De todos os bairros chegavam caminhões, charretes,
cavaleiros trazendo aqueles que desejavam compartilhar da festa
da vitória.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 299

A igreja, que só então foi aberta, foi para onde se dirigiu o povo.
Com a presença do Monsenhor João José, Cônego Nestor e Padre
Mario, celebraram-se a missa solene à meia-noite, precedida de 03
horas de fervente adoração do santíssimo com a igreja super lotada.
Após a missa, passeata dos fiéis pelas ruas. Um destacamento policial
foi enviado da cidade de Taubaté, mas, para em nome do governo
estadual, assistir as festas de Santo Antônio.
A festa continuou pela noite adentro: uma grande procissão
percorreu as ruas da cidade, o povo cantava, rezava, chorava de
alegria e emoção. Em grandes passeatas o mesmo povo levava nos
ombros Noé Alves Ferreira e João Batista da Motta.
Jornalistas, pela manhã, perambulavam pela matriz, colhendo
fotos e dados, entrevistando pessoas, interessados nos últimos
acontecimentos do novo município.
Atendendo a um acordo amigável com o prefeito Benedito
Gomes de Souza, Noé entregou os canos à prefeitura de São Bento
do Sapucaí.
O acordo foi assinado pelo vereador Noé, chefe do movimento,
pelo representante do prefeito de São Bento, pelo delegado de polícia
e várias testemunhas. O povo novamente unido ajudou a colocar os
canos nos caminhões, devolvendo-os a São Bento do Sapucaí,
satisfeitos e confiantes de que de agora em diante Santo Antônio do
Pinhal teria condições de adquirir com seus próprios recursos novos
canos para o sistema de água.
Santo Antônio do Pinhal
300 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Jornal de 28 de janeiro de 1960 - SP com a manchete:


“Santo Antônio é o comandante e o vigário capitão”
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 301

Festa de Santo Antônio década de 1950


Santo Antônio do Pinhal
302 De Sertão a Município - 1785 a 2024

3ª praça em 2007
Santo Antônio do Pinhal
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4ª praça em 2012

O Sino de Santo Antônio

Na madrugada de sexta-feira, 10-12-2010, enquanto os pinha-


lenses de bem dormiam, ladrões roubaram o sino da Matriz de Santo
Antônio do Pinhal.
A falta do sino foi notada na manhã da sexta-feira, quando o
padre encontrou a porta principal da igreja aberta e percebeu a falta
do sino. O roubo deve ter sido feito por alguém que ficou do lado de
dentro no dia anterior evitando assim o arrombamento das portas,
para sair foi feita a retirada dos pinos das dobradiças da porta que
leva a torre.
A mesma opinião tem a polícia, a porta principal foi aberta por
dentro, sendo somente arrombada a porta que dá acesso a torre.
Isso indicaria a possibilidade de uma pessoa ter ficado dentro do
templo após o seu fechamento.
“O sino é muito pesado, não pode ter sido levado por apenas
uma pessoa”, disse o Padre Pedro Alves.
Santo Antônio do Pinhal
304 De Sertão a Município - 1785 a 2024

O sino é do período do Império, o único valor é o histórico, a


freguesia é de 1861 e provavelmente ele seja dessa época.
Depois de diversas reportagens em todos os jornais do vale e
capital, o povo pinhalense orando, chorando e implorando, a polícia
já nos calcanhares dos larápios, por volta das 15hs da quarta-feira,
15-12-2010, arrependidos, os ladrões deixaram a peça roubada no
km 3 da rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro, SP-123, em Taubaté.
Um usuário da rodovia viu a peça no acostamento da estrada e
ligou para a delegacia de Santo Antônio do Pinhal, após encontrar ao
lado do sino um bilhete no qual estava escrito:
“Estou devolvendo o sino de Santo Antônio do Pinhal, pois sou
devoto. A fé faz as coisas impossíveis se tornarem possíveis.”

Acredito que todos tem fé quando precisam, os larápios já


estavam na mira da polícia, sem poder vender ou fazer qualquer
outra coisa com o sino acharam melhor devolvê-lo, antes que a
polícia os encontrassem.

Festa na igreja, 1979.


Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 305

Relação de Festas

Matriz e Comunidades para ano de 2023

DATA BAIRRO
12/01 à 22/01 Cidade
01/03 à 03/03 Congo
09/03 à 18/03 Pinhalzinho
13/04 à 22/04 Cidade
27/04 à 06/05 Cassununga
04/05 à 13/05 Renópolis
11/05 à 20/05 José da Rosa
18/05 à 27/05 Marieta
04/06 à 17/06 Cidade
15/06 à 24/06 Renó
29/06 à 08/07 Sertãozinho
06/07 à 15/07 Santa Cruz
27/07 à 05/08 Rio Preto
17/08 à 26/08 Joaquim Alves
31/08 à 09/09 Lageado
07/09 à 16/09 Barreiro
14/09 à 23/09 Fazendinha
21/09 à 30/09 Mouras
28/09 à 07/10 Rio Preto
03/10 à 12/10 Sertãozinho
12/10 à 21/10 Cidade
02/11 à 11/11 Fazenda Velha
16/11 à 25/11 Boa Vista
30/11 à 09/12 Rio Preto
Santo Antônio do Pinhal
306 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Padre Pedro

“Eu vim para servir”


Este foi o tema da minha ordenação.

Pedro Alves dos Santos, nascido dia 4 de maio de 1936, no bairro


do Pedregulho, Caçapava.
Filho de José Alves dos Santos e Rosa da Silva dos Santos, sendo
o mais velho de 6 irmãos, 4 homens, 2 mulheres, iniciou os estudos
primários na escola do bairro da Roseira, mas não concluiu.
Com 27 anos entrou no colégio comercial em Caçapava onde
concluiu os estudos primários, todo esse tempo trabalhou na roça,
depois na fazenda Aura como grangista, no departamento de
Material Construção Pereira, na Mafersa S/A e na Pro vidro limitada
trabalhou 21 anos, foi servente, comprador e saiu como chefe do
Almoxarifado.
Fez os estudos superiores, filosófico e teológico em Taubaté,
no seminário Santo Antônio, foi ordenado sacerdote no dia 30 de
junho de 1990, trabalhou como vigário paroquial em São Luiz do
Paraitinga.
“Fui enviado pelo Bispo Diocesano Dom. Antônio Afonso de
Miranda a esta Paróquia de Santo Antônio no dia 06 de Janeiro de
1991, às 17h recebi as chaves da Igreja Matriz, os livros do meu
antecessor Rev. Pe. Joaquim Vicente dos Santos e logo após, às 19h,
em uma Missa presidida pelo Bispo Dom. Antônio Afonso de
Miranda, foi dada a posse de Pároco e em seguida foi lida a provisão,
conforme o rito de posse.
Após receber e desenvolver, escutei o povo, visitei todas as
comunidades (capelas), fiz contato com as lideranças das pastorais e
comunidades, vi a realidade das pessoas da zona rural e da cidade.
Rezei e roguei as bênçãos de Deus sobre mim para que eu pudesse
julgar a agir com clareza.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 307

Em uma missa consultei o povo sobre os horários das missas,


dias e horário das festas, dos festeiros e das tradições da Paróquia,
assim se deu início a minha missão colocando em prática o que
aprendi ainda na fábrica e no seminário, trabalhar em equipe.
Criei a equipe da liturgia com vários grupos para as celebrações,
criei o CPPe CAEPs com os seus membros que tem ajudado muito
para o bom andamento da Paróquia, pessoas boas, missionárias e
discípulas do meio da Igreja.
Demos uma nova dimensão evangelizadora na Paróquia apro-
veitando a boa herança recebida de meu querido antecessor, assim
parti para equipar a Paróquia e as comunidades, com formações
permanentes a nível da Paróquia CPP, Decanato, Diocese e vi a
necessidade de reformar a Igreja de São Benedito e fazer ali um
centro pastoral para encontros e que hoje é uma realidade, reforma
geral da Igreja Matriz, forro, telhado, revestimento do barrado em
mármore, vitrais, ventiladores, altar novo em mármore, capela do
santíssimo, sistema de som moderno, serviço de multimídia e data
show, centro de eventos, como festas e outros, cantina, sanitários,
cerca com grade de aço, casa paroquial, reforma do salão paroquial.
Nossas igrejas rurais, graças ao trabalho em equipe de nosso povo,
estão bem equipadas com cozinha, sanitários e salão de encontros.
Meu povo tem acompanhado tudo isso de perto, tudo é prestado
conta com notas fiscais, recibos, balancetes mensalmente e em cada
festa sou presença na vida do meu povo, no batismo, casamento,
doença, funerais, consolo espiritual e ainda não terminei a minha
missão, sou mais Padre no meio do povo, tenho acesso com todas as
autoridades construídas em nossa cidade.
Meu querido Bispo, companheiro de evangelização, ao saber de
tudo isso me homenageou com um título de Cônego que guardo com
carinho, quanto mais tempo meu Deus me der de vida, darei a Igreja
que jurei servir, como neste tempo de alegria do Jubileu resta
agradecer a Santo Antônio por tudo o que recebi de Deus. Eu vim
para servir, e Viva Santo Antônio!”.
Santo Antônio do Pinhal
308 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Cônego Pedro Alves dos Santos


Santo Antônio do Pinhal-2011

Após a chegada do padre Pedro em 6 de janeiro de 1991 até


junho de 2004, foram realizadas as seguintes obras:
Reconstrução de 7 casas na praça 23 de março para os velhinhos;
reconstrução da igreja São Benedito, casa, cozinha e pavilhão de
aço; construção da igreja no bairro Joaquim Alves.
Construção dos sanitários da matriz, cozinha, pavilhão de aço,
vitrais artísticos, telhado em metal, pintura total em todos os anos.
Construção da rampa de entrada, muros, portões de aço e
escrituração da igreja de São José no bairro José da Rosa; salão
de reunião, cerca de alambrado da igreja do bairro pinhalzinho;
conclusão da igreja São Pedro e salão de formação; salão de forma-
ção da igreja N. S. Perpétuo Socorro do bairro do Lageado; cons-
trução da igreja de São Francisco e salão de festa no bairro Boa Vista;
Reconstrução da igreja Bom Jesus, salão de festas e alambrado;
construção da nova igreja de São Luiz, Santa Cruz e cozinha no
bairro do Renópolis; construção da igreja Nossa Senhora das graças
e sanitários no bairro do Barreiro; construção da igreja de São
Francisco das Chagas, salão de festas e sanitários no bairro da
Fazendinha;
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 309

Construção do salão de festa da igreja de N. S. Aparecida no


bairro Fazenda Velha; construção de alambrado, porta de aço,
cozinha de festa e confessionário na igreja de São João no bairro
Renó; reconstrução da igreja São Benedito no bairro do Rio Preto
e cozinha; ampliação da igreja de Santa Luzia e construção de salão
de festas; reconstrução da igreja Sagrado Coração de Maria e
construção de salão de festas no bairro Cassununga;
Reconstrução da igreja de São Miguel no bairro dos Mouras,
construção do salão de festas, cozinha e sanitário na igreja do
Coração de Jesus no bairro do Sertãozinho; construção de alambrado
com portão de aço na igreja N. S. Aparecida no bairro Santa Cruz;
construção de uma casinha de dois cômodos para necessitados no
bairro do José da Rosa; reconstrução de uma casinha de quatro
cômodos para necessitados no bairro do Barreirinho, construção
de uma casinha de dois cômodos no bairro do Joaquim Alves;
construção de uma casinha de quatro cômodos no bairro da
Fazendinha.

Depois de 13 anos reformando a igreja matriz, capelas e


ajudando os mais necessitados, com a aprovação do Conselho Pas-
toral Paroquial e o visto do Bispo Diocesano, iniciaram as obras da
nova casa paroquial nos moldes em que hoje se encontra.
Festa na igreja, 1981.
Santo Antônio do Pinhal
310 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Ilustrações de Rugendas e Debret


Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 311

‘‘Por entre pinheiros e flores silvestres, em um vale encantado que Deus criou,
bem junto a nascente do Rio da Prata, um viajante seu rancho montou.’’

‘‘No início, os primeiros habitantes, Pouris e Coroados.


No entanto, aos poucos os brancos foram chegando.’’
Santo Antônio do Pinhal
312 De Sertão a Município - 1785 a 2024

‘‘E como em passe de mágica, fizeram amizades,


dando-lhes presentes até então desconhecidos.’’
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 313

Vista parcial da cidade, 1905

Rua Principal, década de 1910


Santo Antônio do Pinhal
314 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Década de 1950

Vista aérea da cidade


Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 315

Inauguração da estátua no Largo São Benedito, 1965.

Escultura à Revoada de D. Odete Eid, na Praça Calin Eid, Bairro Eugênio Lefévre
Santo Antônio do Pinhal
316 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Referências

Ÿ Acervo digital biblioteca nacional:


http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx
Ÿ Acervo histórico de José Antonio Marcondes da Silva.
Ÿ Acervo histórico e fotográfico de Zildo Aparecido da Silva.
Ÿ Almanaque de São Bento do Sapucaí (1928).
Ÿ ANDRADE, Condelac Chaves. Almanaque Campos do
Jordão. 1947.
Ÿ Arquivo Dr. Waldomiro Benedito de Abreu,
Pindamonhangaba/S.P.
Ÿ Câmara Municipal de Santo Antônio do Pinhal.
Ÿ Cartório de Registros e Anexos de Santo Antônio do
Pinhal.
Ÿ Cúria Diocesana de Taubaté-SP, paróquia Santo Antônio -
Santo Antônio do Pinhal - SP - livros tombo e casamentos.
Ÿ Documentos Interessantes Para a História e Costumes de
São Paulo. Vol. XI, 1896. Disponível em:
https://bibdig.biblioteca.unesp.br/communities/d8ee2f32
-679a-4a95-a648-59cdbd0777ce.
Ÿ FILHO, Pedro Paulo. História de Campos do Jordão.
Aparecida: Editora Santuário, 1977.
Ÿ Museu de história natural de Taubaté.
Ÿ SILVEIRA, Lucia Bueno de Almeida. Conto, canto e
encanto com a minha história, Brodowski. São Paulo:
Noovha América, 2005.
Ÿ PRADO, José Benedito. Conto, canto e encanto com a
minha história, Taubaté. São Paulo: Noovha América,
2005
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 317

Ÿ Síntese Histórica de Therezinha Vieira Cabral (1986).


Ÿ SOBRINHO, Alves Motta. A Civilização do Café (1820-
1920). São Paulo: Brasiliense, 1967.

Consideramos mais que justo informar os artistas que com


muito esforço e grandes dificuldades, fizeram as pinturas dos
afrescos do altar mor da igreja matriz de Santo Antônio do Pinhal
na década de 1950 e parabenizá-los pelo trabalho que ainda hoje,
mesmo sem restauração, continuam causando admiração a todos.

O senhor Lucídio Guido da Silva, nascido em 20 de abril de


1936, de família tradicional pinhalense, começou como sacristão e
durante muitos anos foi o organista da igreja, tocando muito bem o
antigo Órgão de Fole.

O espanhol Antônio Limones, nascido em Granada - Espanha


(1895/1964), filho de Miguel Limones e Carmen Pasqual Maura
Limones, casou em 1918 com Maria Peterman, filha de João
Peterman e Cristina Stein.
Veio ao Brasil jovem e aqui, morando no Bráz, em São Paulo,
buscou oportunidades na então cidade. Reconhecido artista das
pinturas, destacam-se: Matriz de Salesópolis, Monteiro Lobato
(antigo Buquira), São Francisco Xavier, Pindamonhangaba, Santo
Antônio do Pinhal e outras.
Santo Antônio do Pinhal
318 De Sertão a Município - 1785 a 2024

Os autores

Zildo Aparecido da Silva

Filho de Zildo Teodoro da Silva e Maria Aparecida da Silva (in


memoriam). Nascido aos 27 de Outubro de 1972 em Pindamonhangaba,
reside desde criança em Santo Antônio do Pinhal, morou na Estação
Eugênio Lefévre (E.F.C.J.), onde seu pai se aposentou. Seus avós maternos
tem origem no antigo vilarejo de Santo Antônio, seus avós paternos são
de Minas Gerais.
Concluiu Ensino Fundamental e Médio na Escola Desembargador
Affonso de Carvalho, em Santo Antônio do Pinhal.
Com nível superior em Geografia e História, concluiu seus estudos
no ano de 2000. Morou na Alemanha e Suíça, o que lhe deu um grande
aprendizado. Teve sempre interesse por assuntos ligados a história, tanto
nacional, mundial mas, principalmente, regional, onde identificou diver-
sas perguntas não respondidas pelo que se encontrava escrito na cidade e
região.
O maior interesse, em princípio, foi o de resgatar fotos antigas, o que
faz até hoje. Mas depois veio a busca por documentos que contassem uma
história respondendo perguntas não respondidas. Porém, interessante e
satisfatório foi descobrir nas pesquisas informações que mudavam o que já
tinha sido escrito e trazia a tona a real história da região. Junto com o amigo
José Antônio e o meio de transporte disponível, o fusquinha 1962, que os
levou em todos os locais sem nunca os deixar na mão, foram pesquisar.
Em todos os momentos disponíveis trabalhou muito para a publicação
dessa obra e agora está pronta para todos os apreciadores da história de
Santo Antônio do Pinhal.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024 319

Os autores

José Antônio Marcondes

Nasceu em Pindamonhangaba, em 1961. Estudou as primeiras letras


no Grupo Escolar de Santo Antônio, terminou o 4º ano, foi morar com o pai
em Caraguatatuba, só retornando a Santo Antônio para concluir o colegial
no Desembargador Afonso de Carvalho.
Em 1979 foi para São Paulo com o sonho de ser médico. Cursou 3 anos
da Faculdade de Psicologia, em Taubaté. Em 1985, partiu para Inglaterra
e morou ainda em Portugal, Espanha, Suíça, Grécia, Bélgica, Holanda e
Alemanha. De regresso à terra natal, trabalhou com a mãe no cartório local.
Em 1997 formou-se na Faculdade de Direito da UNITAU e advogou por 3
anos.
De 2000 a 2004, residiu na Alemanha e em setembro de 2004,
regressou por definitivo a Santo Antônio.
Foi vereador em Santo Antônio do Pinhal.
Hoje, advoga, escritor, historiador, pesquisador das famílias pinha-
lenses e colunista no Jornal Correio da Serra. Tem três filhos, dois residindo
na Alemanha e a pequena Sofia, em Santo Antônio.
Santo Antônio do Pinhal
De Sertão a Município - 1785 a 2024

Zildo Aparecido da Silva


José Antônio Marcondes

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