Você está na página 1de 62

Matemática Básica

Parte 2

Francisco Edson da Silva

Simone Batista
Conteúdo

1 Polinômios e Funções Polinomiais 2


1.1 Polinômios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.1.1 Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.1.2 Valor numérico de um polinômio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1.3 Polinômio nulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.1.4 Grau de um polinômio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.1.5 Igualdade de polinômios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2 Operações com polinômios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3 Produtos notáveis e fatoração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.3.1 Produtos notáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.3.2 Completar quadrados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.3.3 Fatoração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.4 Funções polinomiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.5 Função de 1o grau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.5.1 Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.5.2 Estudo do gráfico de uma função de 1o grau . . . . . . . . . . . . . 15
1.5.3 Modelando problemas com funções de 1o grau . . . . . . . . . . . . 20
1.6 Função de 2o grau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.6.1 Definição e gráfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.6.2 Zeros da função de 2o grau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.6.3 Coordenadas do vértice do gráfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.6.4 Imagem e estudo do sinal da função quadrática . . . . . . . . . . . 31
1.6.5 Gráficos funções de 2o grau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.6.6 Modelando problemas com funções de 2o grau . . . . . . . . . . . . 36
1.7 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

2 Função Modular 44
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.2 A função modular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

ii
2.3 Domı́nio de funções modulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
2.4 Imagem de funções modulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
2.5 Gráfico de funções modulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
2.6 Equações modulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
2.7 Exercicios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

1
Capı́tulo 1

Polinômios e Funções Polinomiais

As funções polinomiais estão entre as funções mais familiares em nosso dia-a-dia. Essas
funções podem e são usadas para descrever e modelar diversas situações e sistemas do
cotidiano.
O estudo das funções polinomiais é de extrema importância, mas para estudarmos
as funções polinomiais e trabalharmos com elas precisamos primeiro definirmos o que
é um polinômio e aprendermos a operar com eles. Assim, neste capı́tulo, estudaremos
os polinômios, as operações com polinômios, as funções polinomiais em geral e, mais
especificamente, as funções polinomiais de primeiro e de segundo graus.

1.1 Polinômios
1.1.1 Definição
Um polinômio na variável real x é uma expressão composta pela soma de produtos de
constantes por potências inteiras positivas de x e sempre pode ser escrito na forma:
P (x) = an xn + an−1 xn−1 + . . . + a2 x2 + a1 x + a0
onde n ∈ IN; ai (com i = 0, 1, 2, . . . , n) são números reais chamados coeficientes; e as
parcelas ai xi são chamados termos do polinômio.
Podemos citar como exemplos de polinômios:

a) P (x) = 7x4 − 3x2 + 1



b) P (x) = 2x5 + 3x4 − x

c) P (x) = −3x2 + π

2
d) P (x) = 0

No entanto, as expressões a seguir não são polinômios.


1
a) f (x) = x2 − 3x 2 + 1

b) f (x) = x−3 + 2x + 1

Nos dois casos acima temos expoentes de x que não são números naturais, portanto
estas expressões não representam polinômios.

1.1.2 Valor numérico de um polinômio


Quando é atribuı́do um valor fixo para x, por exemplo x = α (α ∈ IR), e calculamos
P (α) = an αn + an−1 αn−1 + . . . + a3 α3 + a2 α2 + a1 α + a0 , dizemos que P (α) é o valor
numérico do polinômio P (x) para x = α.

Exemplo: Determine o valor numérico do polinômio P (x) = 3x3 − 4x2 + 1 para:

a) x = 2;
Resolução: Fazendo as contas temos:

P (2) = 3 · 23 − 4 · 22 + 1 = 3 · 8 − 4 · 4 + 1 = 9
1
b) x = − ;
2
Resolução: Fazendo as contas temos:
( ) ( )3 ( )2
1 1 1 3 1 3 3
P − =3 − −4· − +1=− −4· +1=− −1+1=−
2 2 2 8 4 8 8

c) x = 0;
Resolução: Fazendo as contas temos:

P (0) = 3 · 03 − 4 · 02 + 1 = 0 − 0 + 1 = 1

d) x = 1;
Resolução: Fazendo as contas temos:

P (1) = 3 · 13 − 4 · 12 + 1 = 3 − 4 + 1 = 0

Observação: Quando P (α) = 0, dizemos que α é raiz do polinômio P (x). Assim,


no item d acima, temos que x = 1 é raiz do polinômio P (x) = 3x3 − 4x2 + 1.

3
1.1.3 Polinômio nulo
Polinômio nulo ou Polinômio identicamente nulo é aquele em que todos os seus
coeficientes são iguais a zero (an = an−1 = . . . = a2 = a1 = a0 = 0) e, portanto, P (x) = 0.

Exemplo: Supondo que o polinômio P (x) = (a − 7)x3 − 4(2 − b)x2 + 6(c + 2)x − d
é identicamente nulo, determine os valores de a, b, c e d.
Resolução: Se cada coeficiente do polinômio deve ser nulo, temos que:

 a3 = 0 =⇒ a − 7 = 0 ⇒ a = 7


 a = 0 =⇒ −4(2 − b) = 0 ⇒ b = 2
2

 a1 = 0 =⇒ 6(c + 2) = 0 ⇒ c = −2


a0 = 0 =⇒ −d = 0 ⇒ d = 0

1.1.4 Grau de um polinômio


Dado o polinômio P (x) = an xn + an−1 xn−1 + . . . + a2 x2 + a1 x + a0 , não identicamente
nulo, com an ̸= 0, dizemos que o grau do polinômio corresponde a mais alta potência de
x presente nesse polinômio e denotamos por gr(P (x)) = n.

Exemplo: Qual o grau de cada polinômio P (x) a seguir?

a) P (x) = 5x3 − 3x + 1;
Resposta: O grau do polinômio P (x) é 3, ou seja, gr(P (x)) = 3

b) P (x) = 9x9 − 2;
Resposta: gr(P (x)) = 9.

c) P (x) = −2x;
Resposta: gr(P (x)) = 1.

d) P (x) = 7;
Resposta: gr(P (x)) = 0.

4
1.1.5 Igualdade de polinômios
Dois polinômios P (x) e Q(x) são iguais ou idênticos, P (x) = Q(x), quando todos os
seus coeficientes são ordenadamente iguais.

Exemplo: Dados os polinômio P (x) = ax5 + bx4 + cx3 + dx2 + ex + f e Q(x) =


4x4 − 9x3 + 7x + 1, determine os valores das constantes reais a, b, c, d, e e f , para
que P (x) e Q(x) sejam iguais.
Resposta: Para que P (x) = Q(x), devemos ter a = 0, b = 4, c = −9, d = 0, e = 7
e f = 1.

1.2 Operações com polinômios


Agora vamos definir as operações que podemos realizar com polinômios. Para isto
vamos considerar que são dados os polinômios P (x) e Q(x), tais que P (x) = an xn +
an−1 xn−1 + . . . + a2 x2 + a1 x + a0 e Q(x) = bn xn + bn−1 xn−1 + . . . + b2 x2 + b1 x + b0 , e também
temos dado k ∈ IR.
Desta forma podemos realizar as seguintes operações com polinômios:

a) Adição de polinômios

A adição de polinômios, é representada por:


(P + Q)(x) = P (x) + Q(x)
A adição de polinômios é feita somando-se os coeficientes dos termos de mesma
potência de x em cada polinômio. Ou seja, a adição de polinômios é dada por:

(P + Q)(x) = (an + bn )xn + (an−1 + bn−1 )xn−1 + . . . + (a2 + b2 )x2 + (a1 + b1 )x + (a0 + b0 )

Exemplo: Dados os polinômios P (x) = 3x4 − 8x3 + x2 − 3x e Q(x) = 4x4 + 5x3 +


7x + 1, qual é o polinômio dado pela soma P (x) + Q(x)?
Resposta: O polinômio soma, (P + Q)(x), vale:

(P + Q)(x) = P (x) + Q(x)


(P + Q)(x) = 3x4 − 8x3 + x2 − 3x + 4x4 + 5x3 + 7x + 1
(P + Q)(x) = (3 + 4)x4 + (−8 + 5)x3 + (1 + 0)x2 + (−3 + 7)x + (0 + 1)
(P + Q)(x) = 7x4 + 3x3 + x2 + 4x + 1

5
b) Diferença de polinômios

A diferença ou subtração de polinômios é representada por:


(P − Q)(x) = P (x) − Q(x)
Esta operação é feita subtraindo-se os coeficientes dos termos de mesma potência de
x em cada polinômio. Ou seja, a diferença de polinômios é dada por:

(P − Q)(x) = (an − bn )xn + (an−1 − bn−1 )xn−1 + . . . + (a2 − b2 )x2 + (a1 − b1 )x + (a0 − b0 )

Exemplo: Dados os polinômios P (x) = 3x4 − 8x3 + x2 − 3x e Q(x) = 4x4 + 5x3 +


7x + 1, qual é o polinômio dado pela diferença P (x) − Q(x)?
Resposta: O polinômio diferença, (P − Q)(x), vale:

(P − Q)(x) = P (x) − Q(x)


(P − Q)(x) = 3x4 − 8x3 + x2 − 3x − (4x4 + 5x3 + 7x + 1)
(P − Q)(x) = (3 − 4)x4 + (−8 − 5)x3 + (1 − 0)x2 + (−3 − 7)x + (0 − 1)
(P − Q)(x) = −x4 − 13x3 + x2 − 10x − 1

c) Multiplicação de polinômio por número real (ou escalar)

A multiplicação do polinômio P (x) pelo escalar k, representada por:


(k · P )(x) = k · P (x)
Fazemos a multiplicação de polinômio pelo número real k, multiplicando k por cada
coeficiente do polinômio P (x). Assim, temos que:

(k · P )(x) = (k · an )xn + (k · an−1 )xn−1 + . . . + (k · a2 )x2 + (k · a1 )x + (k · a0 )

Exemplo: Dados o polinômio P (x) = 3x4 − 8x3 + x2 − 3x e k = −5, determine o


polinômio (k · P )(x).
Resposta: O polinômio (k · P )(x), vale:

(k · P )(x) = k · P (x)
(k · P )(x) = (−5)(3x4 − 8x3 + x2 − 3x)
(k · P )(x) = (−5)3x4 + (−5)(−8)x3 + (−5)x2 + (−5)(−3)x
(k · P )(x) = −15x4 + 40x3 − 5x2 + 15x

6
d) Multiplicação de polinômios

A multiplicação dos polinômios P (x) e Q(x), é representada por:


(P · Q)(x) = P (x) · Q(x)
A multiplicação de polinômios é feita utilizando-se a propriedade distributiva da mul-
tiplicação. Vamos demonstrá-la através dos dois exemplos a seguir.

Exemplo: Determine o produto dos polinômios P (x) e Q(x) dados a seguir.

a) P (x) = 3x + 1 e Q(x) = 4x2 − 3x + 2.


Resolução: O produto (P · Q)(x) é dado por:

(P · Q)(x) = P (x) · Q(x)


(P · Q)(x) = (3x + 1) · (4x2 − 3x + 2)
(P · Q)(x) = 3x · (4x2 − 3x + 2) + 1 · (4x2 − 3x + 2)
(P · Q)(x) = 12x3 − 9x2 + 6x + 4x2 − 3x + 2
(P · Q)(x) = 12x3 − 5x2 + 3x + 2

b) P (x) = 2x3 − x2 + x e Q(x) = x2 − 5x + 2.


Resolução: O produto (P · Q)(x) é dado por:

(P · Q)(x) = P (x) · Q(x)


(P · Q)(x) = (2x3 − x2 + x) · (x2 − 5x + 2)
(P · Q)(x) = (2x3 ) · (x2 − 5x + 2) − x2 · (x2 − 5x + 2) + x · (x2 − 5x + 2)
(P · Q)(x) = 2x5 − 10x4 + 4x3 − x4 + 5x3 − 2x2 + x3 − 5x2 + 2x
(P · Q)(x) = 2x5 − 11x4 + 10x3 − 7x2 + 2x

e) Divisão de polinômios

A divisão do polinômio D(x), dividendo, pelo polinômio d(x), divisor, não nulo, sig-
nifica que temos que determinar o polinômio quociente, q(x), e o polinômio resto, r(x),
tais que:

a) D(x) = d(x) · q(x) + r(x).

b) gr(r(x)) < gr(d(x)) ou r(x) = 0.

Obs.: Se r(x) = 0, dizemos que D(x) é divisı́vel por d(x) ou que a divisão é exata.

7
A divisão pode ser feita por meio de um algoritmo simples, que simula a divisão de
números inteiros, conhecido como método da chave. Este algoritmo pode ser descrito
pelas seguintes etapas:

i) divide-se o termo de mais alto grau do polinômio dividendo pelo termo de maior
grau do divisor;

ii) multiplica-se o quociente pelo divisor e subtrai-se este resultado do dividendo;

iii) repete-se o processo até se obter um polinômio de grau menor que o divisor. Este
último polinômio será o resto da divisão.

Vamos demonstrar a divisão de polinômios no exemplo a seguir.

Exemplo: Determine a divisão entre os polinômios D(x) e d(x) dados a seguir.

a) D(x) = 3x5 − 6x4 + 13x3 − 9x2 + 11x − 1 e d(x) = x2 − 2x + 3.

D −→ 3x5 −6x4 +13x3 −9x2 +11x −1 +x2 −2x +3 ←− d


−3x5 +6x4 −9x3 −9x2 +11x −1 3x3 +4x −1 ←− q
4x3 −9x2 +11x −1
−4x3 +8x2 −12x
−x2 −x −1
x2 −2x +3
r −→ −3x +2

A divisão feita na ‘conta’ acima pode ser descrita nos seguintes passos.

i) Faz-se a divisão: (3x5 ) : (x2 ) = 3x3 ;


ii) Faz-se a multiplicação: (3x3 ) · (x2 − 2x + 3) = 3x5 − 6x4 + 9x3 ;
iii) Subtrai-se este polinômio do dividendo: (3x5 − 6x4 + 13x3 − 9x2 + 11x − 1) −
(3x5 − 6x4 + 9x3 ) = 4x3 − 9x2 + 11x − 1;
iv) Recomeça-se o processo, até que o resto tem grau inferior ao divisor.
Assim, temos que o dividendo pode ser escrito como:

3x5 − 6x4 + 13x3 − 9x2 + 11x − 1 = (x2 − 2x + 3) · (3x3 + 4x − 1) + (−3x + 2)

8
b) D(x) = x4 − 3x2 + 5x + 1 e d(x) = x − 2
Neste caso, temos que:

x4 +0x3 −3x2 +5x +1 x −2


−x4 +2x3 x3 +2x2 +x +7
+2x3 −3x2 +5x +1
−2x3 4x2
x2 +5x +1
−x2 +2x
+7x +1
−7x +14
15

Pela divisão feita acima, podemos escrever que:

x4 − 3x2 + 5x + 1 = (x − 2) · (x3 + 2x2 + x + 7) + 15

A divisão acima e as outras divisões de polinômio de grau n por um polinômio de


grau 1 também podem ser feitas usando o método de Briot-Ruffini. Mas iremos deixar
este método à parte e ficar apenas com o método mais geral para divisão de polinômios.
O estudante que estiver interessado pode pesquisar em outros textos o método de Briot-
Ruffini para a divisão de polinômio por um polinômio de grau 1.

1.3 Produtos notáveis e fatoração


1.3.1 Produtos notáveis
Ao trabalharmos com operações entre expressões algébricas, alguns tipos de expressões
aparecem com certa frequência. Estas expressões, que são multiplicações de polinômios,
são bastante conhecidas e utilizadas e são chamadas de produtos notáveis.
Como estes produtos de polinômios são bastante utilizados, vamos listar os principais e
mostrar alguns exemplos que ajudarão o estudante a adquirir traquejo com a manipulação
de expressões algébricas.
Os principais produtos notáveis são:

1. (a + b)2 = a2 + 2ab + b2

2. (a − b)2 = a2 − 2ab + b2

9
3. a2 − b2 = (a + b) · (a − b)

4. (a + b)3 = a3 + 3a2 b + 3ab2 + b3

5. (a − b)3 = a3 − 3a2 b + 3ab2 − b3

6. a3 + b3 = (a + b) · (a2 − ab + b2 )

7. a3 − b3 = (a − b) · (a2 + ab + b2 )

8. (a + b + c)2 = a2 + b2 + c2 + 2ab + 2ac + 2bc

9. (x − a) · (x − b) = x2 − (a + b)x + ab

10. (x + a) · (x + b) = x2 + (a + b)x + ab

11. (x + a) · (x − b) = x2 + (a − b)x − ab

Apresentados os principais produtos notáveis, vamos fazer alguns exemplos para fixar-
mos em nossas mentes a forma desses produtos notáveis, principalmente, dos primeiros 3
produtos notáveis da lista.

Exemplo:

1. Obtenha o valor das expressões a seguir desenvolvendo as multiplicações e mostre


que é igual à expressão do produto notável correspondente.

a) (2x − y)2
Resolução: Desenvolvendo a multiplicação temos que:

(2x − y)2 = (2x − y) · (2x − y) = 4x2 − 2xy − 2xy + y 2


(2x − y)2 = 4x2 − 4xy + y 2

Usando o produto notavel, temos que:


(2x − y)2 = (2x)2 − (2 · 2x · y) + (y)2 = 4x2 − 4xy + y 2

Como podemos observar, as expressões são exatamente iguais


b) (x + 4z)3
Resolução: Desenvolvendo a multiplicação temos que:

(x + 4z)3 = (x + 4z) · (x + 4z)2 = (x + 4z) · (x2 + 8xz + 16z 2 )


(x + 4z)3 = x3 + 8x2 z + 16xz 2 + 4x2 z + 32xz 2 + 64z 3
(x + 4z)3 = x3 + 12x2 z + 48xz 2 + 64z 3

10
Usando o produto notável temos que:

(x + 4z)3 = (x)3 + 3 · (x)2 · (4z) + 3 · x · (4z)2 + (4z)3


(x + 4z)3 = x3 + 12x2 z + 48xz 2 + 64z 3

Onde vemos que as duas expressões são exatamente iguais.

1.3.2 Completar quadrados


Os produtos notáveis mais utilizados são os dois primeiros de nossa lista, ou seja,
(a + b)2 e (a − b)2 . Sua larga utilização deve-se ao fato de estarem relacionados a funções
de segundo grau que são usadas para modelar diversos problemas simples em Matemática,
Fı́sica e Engenharia.
Um polinômio de segundo grau (polinômio onde a maior potência da variável é igual
a 2), sempre pode ser reescrito em termos dos produtos notáveis (a + b)2 ou (a − b)2 . Esta
operação usada para reescrever um polinômio é chamada de completar quadrados e
feita por comparação direta entre os termos do polinômio e o desenvolvimento de um dos
produtos notáveis.
Vejamos os exemplos a seguir para entender esta operação algébrica.

Exemplo: Complete quadrados com as expressões a seguir:

a) x2 + 8x
Resolução: Podemos comparar esta expressão com o produto notável (a+b)2 ,
pois o coeficiente do termo em x é positivo. Assim:
(a + b)2 = a2 +2ab +b2
x2 +6x
Comparando as expressões acima temos que a = x e 2ab = 8x. Portanto, temos
que 2b = 8 ⇒ b = 4 ⇒ b2 = 16. Desta forma, o produto notável completo
seria:
(x + 4)2 = x2 + 8x + 16

Mas, temos que:


x2 + 8x = x2 + 8x + 16 − 16 = (x + 4)2 − 16

Ou seja, realizando a operação de completar quadrados temos:


x2 + 8x = (x + 4)2 − 16

11
b) x2 − x + 3
Resolução: Para completar quadrado nesta expressão vamos, primeiro, des-
considerar a constante e completar quadrado da expressão x2 − x.
A expressão x2 − x pode ser comparada com (a − b)2 , pois o coeficiente do
termo em x é negativo. Assim:
(a − b)2 = a2 −2ab +b2
x2 −x
Comparando as expressões acima vemos que a = x e que 2ab = x. desta forma,
1 1
temos que 2b = 1 ⇒ b = ⇒ b2 = .
2 4
Assim, temos que:
( )2
1 1
x −x= x+
2

2 4
Substituindo este valor na expressão original temos:
( )2
1 1
x − x + 3 = (x − x) + 3 = x +
2 2
− +3
2 4
O que nos dá, finalmente:
( )2
1 11
x − x + 3 = (x − x) + 3 =
2 2
x+ −
2 4

1.3.3 Fatoração
Fatorar um polinômio significa reescrevê-lo como produto de outros polinômios.
Esta operação pode ser efetuada dividindo-se por outro polinômio ou pondo um termo
em evidência e/ou comparando com algum dos produtos notáveis.
Vamos demonstrar esta operação no exemplo a seguir.

Exemplo: Fatore os polinômios a seguir.

a) P (x) = 2x + 2
Resposta: Podemos fatorar este polinômio pondo o coeficiente a1 = a2 = 2 em
evidência. Assim:

P (x) = 2x + 2 = 2(x + 1)

b) P (x) = x3 − x
Resposta: Podemos fatorar este polinômio pondo o x em evidência e, depois,
comparando um dos polinômios do produto com os produtos notáveis. Assim:

P (x) = x3 − x = x(x2 − 1) = x(x + 1)(x − 1)

12
c) P (x) = x4 − 5x2
Resposta: Neste caso, temos que:
√ √
P (x) = x4 − 5x2 = x2 (x2 − 5) = x2 (x + 5)(x − 5)

d) P (x) = x4 − 1
Resposta: Neste caso, temos que:

P (x) = x4 − 1 = (x2 + 1)(x2 − 1) = (x2 + 1)(x + 1)(x − 1)

e) P (x) = x3 + 8
Resposta: Neste caso, temos que:

P (x) = x3 + 8 = (x + 2)(x2 + 2x + 4)

f) P (x) = x6 − 27
Resposta: Neste caso, temos que:

P (x) = x6 − 27 = (x2 − 3)(x4 + 3x2 + 9)


√ √
P (x) = (x + 3)(x − 3)(x4 + 3x2 + 9)

1.4 Funções polinomiais


As funções polinomiais, como já foi dito, estão entre as funções mais familiares em
nosso dia-a-dia. Essas funções podem e são usadas para descrever e modelar diversas
situações e sistemas do cotidiano.
Nesta e nas próximas seções deste capı́tulo vamos definir as funções polinomiais e
estudar dois tipos especı́ficos destas funções: as funções polinomiais de primeiro grau e as
funções polinomiais de segundo grau.
Vamos, a partir da definição de polinômio, definir a função polinomial.

Seja n um número natural e sejam a0 , a1 , a2 , . . . , an−1 , an números reais com an ̸= 0.


A função dada por:

f (x) = an xn + an−1 xn−1 · · · + a2 x2 + a1 x + a0


é uma função polinomial de grau n.

13
A partir desta definição para as funções polinomiais devemos fazer os seguintes lem-
bretes ao estudante.

1. Aqui estamos considerando válida a nossa convenção sobre o domı́nio e contra-


domı́nio de nossas funções, ou seja, a função polinomial definida acima é uma função
f : IR → IR, pois o contra-domı́nio das funções reais é sempre IR e, como não valor
de x ∈ IR que invalide uma função polinomial, o domı́nio da função polinomial
também é o conjunto dos números reais.

2. Os termos ai são os coeficientes da função. E an é chamado coeficiente principal.

3. A função f (x) = 0 é uma função polinomial. Ela tem grau n = 0 e coeficiente


a0 = 0. Todas as funções constantes são funções polinomiais de grau n = 0.

Exemplo: Quais das funções a seguir são funções polinomiais? Para as funções
polinomiais, defina o coeficiente principal e o grau da função.
1
a) f (x) = 3x5 − 4x2 +
3
Resposta: Esta é uma função polinomial de grau n = 5 e coeficiente principal
a5 = 3.

b) f (x) = 7x−4 − 8
Resposta: Esta NÃO é uma função polinomial, pois uma das potências de x é um
coeficiente negativo.

c) f (x) = 9x4 + 16x2
Resposta: Esta NÃO é uma função polinomial, pois a função está dentro de um
radical e não é possı́vel extrai-la do radical de forma que ela tenha a estrutura de
um polinômio.

d) f (x) = 13x − 9x3


Resposta: Esta é uma função polinomial de grau n = 3 e coeficiente principal
a3 = −9.

e) f (x) = 16x4 − 40x2 + 25
Resposta: Esta NÃO é uma função polinomial, pois a função está dentro de um
radical e não é possı́vel extrai-la do radical de maneira que ela assuma a forma de
um polinômio. Veja que
√ √
f (x) = 16x4 − 40x2 + 25 = (4x2 − 5)2 = |4x2 − 5|
Tornando a função f (x) uma função modular, cujo tipo será estudado no próximo
capı́tulo.

14
f) f (x) = ax + b
Resposta: Esta é uma função polinomial de grau n = 1 se a ̸= 0 e de grau n = 0
se a = 0.

g) f (x) = ax2 + bx + c
Resposta: Esta é uma função polinomial de grau: n = 2 se a ̸= 0; de grau n = 1
se a = 0 e b ̸= 0; e de grau n = 0 se a = b = 0.

Nas seções seguintes deste capı́tulo vamos estudar apenas dois tipos de funções poli-
nomiais: as funções polinomiais de 1o grau; e as funções polinomiais de 2o grau. Outras
funções polinomiais serão estudadas em um texto mais avançado.

1.5 Função de 1o grau


1.5.1 Definição
Uma função de primeiro grau ou função linear ou função afim é uma função
polinomial de grau n = 1. Assim, tem a forma:

y = f (x) = mx + b
com m, b ∈ IR e m ̸= 0
A equação da função y = f (x) = mx + b, nesta forma, também é chamada de forma
reduzida ou forma padrão da função de 1o grau.
O coeficiente principal da função, m, é chamado de coeficiente angular da função.
O número b é chamado coeficiente linear da função.
A função de primeiro grau tem como gráfico uma reta. Por mais que o estudante já
esteja familiarizado às funções de primeiro grau, vale enfatizar alguns pontos importantes
sobre as funções deste tipo.

1.5.2 Estudo do gráfico de uma função de 1o grau


1. Uma função de primeiro grau é uma reta e, por isto, pode ser completamente definida
a partir de dois pontos quaisquer que estejam na reta.

2. O coeficiente angular, m, determina a inclinação da reta: se m > 0 a função f (x) é


crescente; e se m < 0 a função f (x) é decrescente. Se m = 0 a função não é uma

15
função de primeiro grau, mas uma função constante que também é representada por
uma reta.

3. O coeficiente linear, b, é o valor da função para x = 0, ou seja, b = f (0). Este é o


valor onde a reta intercepta o eixo y. Ou seja, o ponto (0, b) pertence à função.

4. A função linear (m ̸= 0) intercepta o eixo x em um ponto.

4.1. O valor onde a reta intercepta o eixo x é chamado de zero da função.


4.2. Para determiná-lo basta igualar a função a zero: f (x) = 0. Ou seja, resolver a
equação de primeiro grau dada por: mx + b = 0.
b
mx + b = 0 =⇒ mx = −b =⇒ x = −
m
b
Desta forma, a raı́z de uma equação de primeira grau é dada por x = −
m
5. Uma função linear troca de sinal (passa de positiva para negativa ou de negativa
para positiva) no ponto em que a reta intecepta o eixo x, ou seja, no zero da função.

5.1. Se a função é crescente (m > 0) a função passa de negativa para positiva no


zero da função. Ou seja, se m > 0:
m
y = f (x) < 0 ⇒ x < −
b
m
y = f (x) > 0 ⇒ x > −
b
5.2. Se a função é decrescente (m < 0) a função passa de positiva para negativa no
zero da função. Ou seja, se m < 0:
m
y = f (x) > 0 ⇒ x < −
b
m
y = f (x) < 0 ⇒ x > −
b
6. A imagem de uma função de primeiro grau (m ̸= 0) é todo o conjunto dos reais:
Imf = IR.

7. A função constante, f (x) = b, tem imagem b, ou seja, Imf = {b}.

16
Exemplos

1. Encontre a forma reduzida e o zero das funções de primeiro grau dadas pelas ex-
pressões a seguir e faça um esboço de seu gráfico.

a) f (x) = 2(x − 1) + 3(x + 1) − 4(x + 2)


Resolução: Abrindo as multiplicações na expressão da função:

f (x) = 2(x − 1) + 3(x + 1) − 4(x + 2) = 2x − 2 + 3x + 3 − 4x − 8


f (x) = x − 7 (1.1)

que a expressão da função de primeiro grau y = f (x) na forma padrão ou


reduzida, onde m = 1 e b = −7.
Já o gráfico dessa função pode ser facilmente esboçado se tomarmos dois pontos
que satisfaçam a equação da função e os marcarmos no plano cartesiano e depois
tracemos a reta que liga os dois pontos.
Para o primeiro ponto podemos tomar x = 0 e, pela equação da função, obte-
mos f (0) = −7, Assim, o ponto P = (0, −7) pertence à curva da função de
primeiro grau y = f (x) = x − 7.
Para o segundo ponto podemos, por exemplo, fazer f (x) = 0 e, assim, obtemos
x = 7. Portanto o ponto Q = (7, 0) pertence ao gráfico da função y = f (x) =
x − 7.
Um esboço do gráfico dessa função é mostrado na figura abaixo.

Para a análise do sinal da função f (x) = x − 7, o que pode ser feito levando-se
em consideração: o coeficiente angular da função e sua raiz; ou, equivalen-
temente, o gráfico esboçado para a função. Desta análise do sinal da função
temos:

17


 f (x) < 0 ⇐⇒ x < 7
f (x) = 0 ⇐⇒ x = 7


f (x) > 0 ⇐⇒ x > 7
O que também pode ser representado pela figura:

b) f (x) = 2 − 5x
Resolução: A função já está em sua forma padrão, apenas teve seus termos
escritos em ordem trocada. Assim, podemos escrever que:
f (x) = −5x + 2
Onde m = −5 e b = 2.
Por cálculo
( )análogo ao do item anterior, vemos que os pontos P = (0, 2) e
2
Q = , 0 obedecem à equação da função e, portanto, pertencem ao seu
5
gráfico.
O esboço do gráfico da função y = f (x) = −5x + 2 é mostrado na figura a
2
seguir, onde levamos em consideração que = 0, 4.
5

Para a análise do sinal da função f (x) = −5x + 2, temos:




 f (x) < 0 ⇐⇒ x < 5
2

f (x) = 0 ⇐⇒ x = 52


f (x) > 0 ⇐⇒ x > 25

18
O que também pode ser representado pela figura:

x+3 x+2
c) f (x) = − − 12
2 3
Resolução: Abrindo as multiplicações e somas de frações na expressão da
função:

x 3 x 2 1 3x − 2x 9 − 4 + 1
f (x) = + − − + = +
2 2 3 3 6 6 6
x
f (x) = +1 (1.2)
6
que é a expressão da função de primeiro grau y = f (x) na forma padrão, onde
1
m = e b = 1.
6
Usando cálculo análogo ao dos itens anteriores percebemos que os pontos P =
(0, 1) e Q = (−6, 0) pertencem ao gráfico da função e, portanto, o esboço do
gráfico da função é mostrado na figura a seguir.

x
Para a análise do sinal da função f (x) = + 1, temos:
 6

 f (x) < 0 ⇐⇒ x < −6
f (x) = 0 ⇐⇒ x = −6


f (x) > 0 ⇐⇒ x > −
O que também pode ser representado pela figura:

19
2. O gráfico da função f (x) é a reta que passa nos pontos P = (−2, 2) e Q = (2, 0).
Determine o valor de f (1/2).
Resolução: Sabemos que o coeficiente angular de uma reta pode ser definido em
termos das coordenadas de dois pontos pertencentes à reta como:
∆y y2 − y1
m= =
∆x x2 − x1
Assim:
y2 − y1 2 − (−2) 4
m= = = = −2
x2 − x 1 −2 −2
Desta forma:

y = −2x + b

Usando um dos pontos, por exemplo o ponto P , temos que:

2 = −2(−2) + b =⇒ b = 2 − 4 =⇒ b = −2

Portanto:

y = f (x) = −2x − 2

E:
( ) ( )
1 1 1
f = −2 · − 2 =⇒ f = −3
2 2 2

1.5.3 Modelando problemas com funções de 1o grau


Diversos problemas e situações do cotidiano podem ser modelados em termos de funções
de primeiro grau. O estudo destas situações resume-se ao estudo da função de primeiro
grau que as modelam.
Nos exemplos a seguir vamos descrever dois problemas que podem ser modelados por
equações de primeiro grau e resolvê-los. Nos exercı́cios deste capı́tulo há alguns outros
problemas deste tipo.

Exemplos

1) Os irmãos Pedro e Paulo compraram um carro em sociedade. O carro custou R$


3
9.870,00 e eles combinaram que Pedro pagaria do que Paulo pagar. Quanto cada
4
irmão pagou pelo carro?
Resolução: Podemos modelar este problema em termos de uma função/equação

20
de primeiro grau, considerando que a parte que Paulo vai pagar do valor carro vale
x.
3
Assim, Pedro pagará x e temos que:
4
3
x + x = 9.870, 00
4
Para sabermos quanto cada irmão pagou pelo carro temos que resolver a equação
3
acima, que dará o valor pago por Paulo, e depois multiplicar este resultado por
4
(ou subtrai-lo do valor total) para obtermos o valor pago por Pedro.
Assim, temos:

( )
x + 34 x = 9.870, 00 ⇒ 1 + 34 x = 9.870, 00 ⇒ 74 x = 9.870, 00 ⇒
x= 4
7
· 9.870, 00 ⇒ x = 5.640, 00

Desta forma, Paulo pagou R$ 5.640,00. E Pedro, por sua vez, pagou y = 9.870, 00 −
3
5.640, 00 = 4.230, 00 ou y = · 9.870, 00 = 4.230, 00.
4

2) Carlos e Ana são casados. Ele é 5 anos mais velho que ela e a soma de suas idades
é igual a 51 anos.

a) Calcular a idade de Carlos e de Ana hoje;


Resolução: Para calcular as idades de Carlos e Ana vamos, primeiro, modelar
o problema em termos de uma equação de primeiro grau.
Considerando que a idade de Carlos é igual a x, assim temos:
x + x − 5 = 51

Resolvendo a equação acima temos:


56
x + x − 5 = 51 ⇒ 2x = 51 + 5 ⇒ x = ⇒ x = 28
2
Portanto, a idade de Carlos é igual a 28 anos e a idade de Ana é igual a 23
anos.
Esta parte do problema também poderia ser resolvida considerando a idade
de Ana como sendo x, mas neste caso a conta seria levemente diferente e o
resultado exatamente igual.

21
b) determinar há quantos anos Carlos tinha o dobro da idade de Ana.
Resolução: Neste caso, reescrevemos a equação para as idades considerando
que a diferença de idade entre eles sempre foi de 5 anos. Assim, em algum
momento do passado a idade de Carlos era 2y e também era igual à idade de
Ana adicionada de 5 anos, y + 5. Então:
2y = y + 5 ⇒ 2y − y = 5 ⇒ y = 5

Desta forma, quando a idade dele era o dobro da dela eles tinham 10 e 5 anos,
respetivamente. Como, hoje, Carlos tem 28 anos, isto ocorreu há 18 anos.

1.6 Função de 2o grau


1.6.1 Definição e gráfico
Uma função de segundo grau ou função quadrática ou função parabólica é
uma função polinomial de grau n = 2. Assim, a função de segundo grau tem a forma:

y = f (x) = ax2 + bx + c
com a, b, c ∈ IR e a ̸= 0
A função de segundo grau pode ser usada para modelar diversas situações do cotidi-
ano. Estudar uma função de segundo grau é estudar o problema/situação que pode ser
modelado por ela.
A função de segundo grau tem como gráfico uma parábola. Por isto que também é
chamada de função parabólica.
Vamos determinar, nos exemplos a seguir, o gráfico de algumas funções quadráticas
usando a estratégia aprendida no Ensino Médio.

Exemplos: Determine o gráfico das funções a seguir.

1. y = f (x) = x2 + x
Resolução: Escolhendo alguns valores para a variável independente x e calculando
os valores da função nestes valores temos, por exemplo, a tabela a seguir:

22
x f (x) = x2 + 2x
−2 0
−1 −1
0 0
1 3
2 8

A partir destes dados, podemos traçar a curva mostrada no gráfico da figura a seguir
onde foram marcados os pontos da tabela e a curva ligando estes pontos.

2. y = f (x) = −2x2 + 1
Resolução: Escolhendo alguns valores para a variável independente x e calculando
os valores da função nestes valores temos, por exemplo, a tabela a seguir.

x f (x) = −2x2 + 1
−2 −7
−1 −1
0 0
1 1
2 −7

23
A partir dos dados da tabela, traçamos o esboço do gráfico mostrado na figura
seguinte.

Ao fazermos os esboços dos gráficos das funções de segundo grau acima, percebemos
algumas coisas importantes e interessantes sobre as funções de segundo grau.

1. Se a > 0 a concavidade da parábola está voltada para cima.

2. Se a < 0 a concavidade da parábola está voltada para baixo.

Também percebemos que se fizermos uma escolha inicialmente equivocada de valores


para a variável dependente x podemos não observar logo a forma do gráfico.
Como os zeros ou raı́zes de uma função determinam os pontos onde a curva corta o eixo
x, podemos traçar mais facilmente o gráfico de uma função de segundo grau determinando:

i) as raı́zes desta função;

ii) as coordenadas do vértice desta parábola.

Assim, vamos estudar as subseções seguintes para facilitar a nossa determinação do


gráfico de uma função de segundo grau.

24
1.6.2 Zeros da função de 2o grau
Chamamos de zeros ou raı́zes da função de segundo grau, os números reais x que
satisfazem à equação: f (x) = 0.
As raı́zes da equação de segundo grau são dadas pela fórmula de Baskara:

−b ± b2 − 4ac
x=
2a
Para relembrarmos a determinação das raı́zes de equações de segundo grau vamos
resolver as equações do exemplo a seguir. Devemos lembrar que a fórmula de Baskara para
equações de segundo grau vale sempre, mas para equações de segundo grau incompletas
(b = 0 ou c = 0) não é necessário aplicar esta fórmula para resolver tal equação.

Exemplo: Determine as raı́zes das funções a seguir:

a) f (x) = x2 − 5x + 6
Resolução: Tomando a equação x2 − 5x + 6 = 0 e resolvendo-a pela fórmula
de Baskara, temos que:
√ √
−b ± b2 − 4ac −(−5) ± (−5)2 − 4 · 1 · 6 5±1
x = = =
2a 2·1 2
Portanto, temos:
5+1
x′ = =3
2
e
5−1
x′′ = =2
2
Portanto, x′ = 3 e x′′ = 2 são as raı́zes da função de segundo grau f (x) =
x2 − 5x + 6
b) f (x) = 4x2 − 4x + 1
Resolução: Tomando a equação x2 − 5x + 6 = 0 e resolvendo-a pela fórmula
de Baskara, temos:
√ √
−b ± b2 − 4ac −(−4) ± (−4)2 − 4 · 4 · 1 4±0 1
x = = = =
2a 2·4 8 2
1
Neste caso, a função de segundo grau tem apenas uma raiz: x′ = x′′ = .
2

25
c) f (x) = 2x2 + 3x + 4
Resolução: Tomando a equação x2 − 5x + 6 = 0 e resolvendo-a pela fórmula
de Baskara, temos:
√ √ √
−b ± b2 − 4ac −(−5) ± (−5)2 − 4 · 2 · 4 4 ± −7
x = = = ⇒ @x ∈ IR
2a 2·2 4
Neste caso, a função de segundo grau não possui raı́zes reais: x′ , x′′ ̸∈ IR. Isto
quer dizer que o gráfico da função f (x) = 2x2 + 3x + 4 não interceptará o eixo
das abcissas.
d) f (x) = 4x2 − 1
Resolução: Tomando a equação 4x2 − 1 = 0, vemos que esta equação de
segundo grau está incompleta, portanto podemos resolvê-la diretamente sem
aplicar a fórmula de Baskara. Assim:
√ {
1 1 x′ = 12
4x − 1 = 0 ⇒ 4x = 1 ⇒ x = ⇒= ±
2 2 2

4 4 x′′ = − 21

e) f (x) = 4x2 + 2x
Resolução: Tomando a equação 4x2 + 2x = 0, vemos que esta equação de
segundo grau está incompleta, portanto podemos resolvê-la diretamente sem
aplicar a fórmula de Baskara. Assim:
4x2 + 2x = 0 ⇒ 2x(x + 2) = 0

A igualdade expressa na equação acima será verdade se 2x = 0 ou se x + 2 = 0.


Portanto, resolvendo estas duas equações de primeiro grau temos as duas raı́zes
da equação de segundo grau 4x2 + 2x = 0.
Ou seja:
{
2x = 0 ⇒ x′ = 0
2x(x + 2) = 0
x + 2 = 0 ⇒ x′′ = −2

Em alguns casos, para estudar função quadrática ou o problema por ela modelado,
faz-se necessário usar as relações entre a soma e o produto das raı́zes de uma equação de
segundo grau. Essas relações são:

b
x′ + x′′ = −
a
′ ′′ c
x ·x =
a

26
Exemplo: Determine a função quadrática cujo produto das raı́zes é 6 e cuja soma
é 5 e que tem a = 3.
Resolução: Usando as expressões para o produto e soma das raı́zes de uma equação
de segundo grau temos

c b
x′ + x′′ = − ⇒ − = 5 ⇒ b = −5a
a a
′ ′′ c c
x · x = ⇒ = 6 ⇒ c = 6a
a a

Usando que a = 3 nas expressões acima, obtemos que b = −15 e c = 18, portanto a
equação de segundo grau que satisfaz as condições do enunciado é

3x3 − 15x + 18 = 0

1.6.3 Coordenadas do vértice do gráfico


Sabemos, sobre a concavidade da parábola, que:

a) quando a > 0, a concavidade da parábola está voltada para cima, portanto a


parábola tem um ponto de mı́nimo;

b) quando a < 0, a concavidade da parábola está voltada para baixo, portanto a


parábola tem um ponto de máximo.

Podemos, ainda, escrever a função quadrática que, na forma padrão, é:


f (x) = ax2 + bx + c
na sua forma canônica:
f (x) = a(x − h)2 + k
onde (h, k) é o vértice da parábola.
Podemos achar os valores das coordenadas do vértice da parábola expandido a função
em sua forma canônica e comparando com a sua forma padrão.
Desta forma:

f (x) = a(x − h)2 + k = a(x2 − 2hx + h2 ) + k


f (x) = ax2 − 2ahx + ah2 + k

Comparando a equação acima com a função quadrática em sua forma padrão, temos:

27
b
b = −2ah ⇒ h = −
2a
E também:
( )2
b b2
c = ah + k = a −
2
+k = +k
2a 4a
Que nos fornece:
4ac − b2
k=
4a
Portanto, as coordenadas do
( vértice da parábola
) ( são: )
b 4ac − b2 b ∆
PV = − , = − ,−
2a 4a 2a 4a
Embora seja interessante deduzirmos as coordenadas do vértice da parábola para qual-
quer função de segundo grau, não precisamos desta dedução para determinar as coorde-
nadas do vértice da parábola das funções que possuem raizes reais (uma ou duas). Nestes
casos, só precisamos saber que a coordenada xV é a média das raı́zes da função de segundo
grau e que a coordenada yV é o valor da função para x = xV , ou seja:
x′ + x′′
xV = ; yV = f (xV )
2
No caso em que x′ = x′′ , temos que
xV = x′ ; yV = f (xV )

Exemplo: Determine as coordenadas dos vértices da parábola das funções a seguir


e reescreva a função quadrática em sua forma canônica.

a) f (x) = x2 − 5x + 6
Resolução a.1: Tomando as coordenadas do vértice da parábola, temos:
b −5 5
xV = − = − =
2a 2·1 2
e
4ac − b2 4 · 1 · 6 − (−5)2 1
yV = = =−
4a 4·1 4
( )
5 1
Portanto, o vértice da parábola é o ponto PV = ,− .
2 4
Resolução a.2: Tomando a equação x2 − 5x + 6 = 0 e resolvendo-a pela
fórmula de Baskara, temos:
√ √ {
−b ± b2 − 4ac −(−5) ± (−5)2 − 4 · 1 · 6 5±1 x′ = 3
x = = = ⇒
2a 2·1 2 x′′ = 2

Assim, temos que:

28
x′ + x′′ 3+2 5
xV = = =
2 2 2
e
( ) ( )2 ( )
5 5 5 25 25 25 − 50 + 24 1
yV = f (xV ) = f = −5 +6 = − +6 = =−
2 2 2 4 2 4 4
( )
5 1
Portanto, o vértice da parábola é o ponto PV = ,− .
2 4

b) f (x) = 4x2 − 4x + 1
Resolução b.1: Tomando as coordenadas do vértice da parábola, temos:
b (−4) 4 1
xV = − = − = =
2a 2·4 8 2
e
4ac − b2 4 · 4 · 1 − (−4)2 16 − 16 0
yV = = = = =0
4a 4·4 16 16
( )
1
Portanto, o vértice da parábola é o ponto PV = ,0 .
2
Resolução b.2: Tomando a equação 4x2 − 4x + 1 = 0 e resolvendo-a pela
fórmula de Baskara, temos:
√ √
−b ± b2 − 4ac −(−4) ± (−4)2 − 4 · 4 · 1 −(−4) ± 0 1
x = = = =
2a 2·4 8 2
′ ′′
Como a função de segundo grau tem apenas uma raiz, temos ( que)xV = x = x
1
e yV = 0. Portanto, o vértice da parábola é o ponto PV = ,0 .
2

c) f (x) = x2 + 5x + 7
Resolução c.1: Tomando as coordenadas do vértice da parábola, temos:
b 5 5
xV = − = − =−
2a 2·1 2
e
4ac − b2 4 · 1 · 7 − (5)2 28 − 25 3
yV = = = =
4a 4·1 4 4
( )
5 3
Portanto, o vértice da parábola é o ponto PV = − , .
2 4

29
Resolução c.2: Tomando a equação x2 + 5x + 7 = 0 e resolvendo-a pela
fórmula de Baskara, temos:
√ √ √
−b ± b2 − 4ac −5 ± 52 − 4 · 1 · 7 −5 ± −2
x = = = ⇒ @x ∈ IR
2a 2·1 2
Como a função de segundo grau não tem raı́zes reais, não podemos deteminar
as coordenadas de seu vértice usando suas raı́zes.

2. Escreva a equação da função quadrática que tem por vértice o ponto PV = (1, 3) e
passa no ponto P = (0, 5)
Resolução: Considerando a função de segundo grau na sua forma canônica:

f (x) = a(x − h)2 + k

E substituindo os valores das coordenadas do vértice da parábola na equação acima,


PV = (h, k) = (1, 3), temos:

f (x) = a(x − 1)2 + 3

Como a parábola passa no ponto P = (0, 5), temos que:

f (0) = a(0 − 1)2 + 3 = 5 ⇒ a · 12 + 3 = 5 ⇒ a = 5 − 3 ⇒ a = 2

Portanto, na forma canônica, a função de segundo grau que obedece as condições


do enunciado é:

f (x) = 2(x − 1)2 + 3

Expandindo a equação acima, podemos escrevê-la na forma padrão. Vamos a esta


expansão:

f (x) = 2(x − 1)2 + 3 = 2(x2 − 2x + 1) + 3 = 2x2 − 4x + 2 + 3


f (x) = 2x2 − 4x + 5

Vale lembrar que poderı́amos também, ter resolvido este exemplo partindo da função
de segundo grau na forma padrão, ao invés da forma canônica, e determinando os
coeficientes a, b e c da função. Fica para o estudante resolver esse exemplo por esta
forma.

30
1.6.4 Imagem e estudo do sinal da função quadrática
O conjunto imagem de uma função, como já vimos em um dos capı́tulos anteriores, é
o conjunto dos valores que a função pode assumir.
Para as funções quadráticas, há duas possibilidades:

1. Quando a > 0, a função tem um mı́nimo e

{ } { }
4ac − b2 4ac − b2
Imf = y ∈ IR|y ≥ yV = = y ∈ IR|y ≥
4a 4a

2. Quando a < 0, a função tem um máximo e

{ } { }
4ac − b2 4ac − b2
Imf = y ∈ IR|y ≤ yV = = y ∈ IR|y ≤
4a 4a

Estudar o sinal de uma função é determinar os intervalos onde a função é positiva,


negativa e nula.
Para o estudo do sinal de uma função quadrática, vamos considerar as duas possibili-
dades usadas para se estudar a imagem da função.

1. Quando a > 0 e a função:

i) tem duas raı́zes reais distintas e x′ < x′′ , o valor da função será: positivo para
x < x′ e para x > x′′ ; negativo para x′ < x < x′′ ; nulo para x = x′ e para
x = x′′ .
ii) tem uma raiz real (x′ = x′′ ), o valor da função será: positivo para x ̸= x′ ; nulo
para x = x′ .
iii) não possui raiz real, o valor da função será sempre positivo.

2. Quando a < 0 e a função:

i) tem duas raı́zes reais distintas e x′ < x′′ , o valor da função será: negativo para
x < x′ e para x > x′′ ; positivo para x′ < x < x′′ ; nulo para x = x′ e para
x = x′′ .
ii) tem uma raiz real (x′ = x′′ ), o valor da função será: negativo para x ̸= x′ ; nulo
para x = x′ .

31
iii) não possui raiz real, o valor da função será sempre negativo.

Exemplo: Estude o sinal da seguinte função quadrática f (x) = 3x2 − 4x


Resolução: Esta função de segundo grau tem concavidade voltada para cima (a =
3 > 0) e raı́zes determinadas por:
{
x′ = 0
3x2 − 4x = 0 ⇒ x(3x − 4) = 0
x′′ = 43

Portanto, o sinal desta função é dado por:


 ( )

 y > 0 ⇔ x < 0 ou x > 3
4

y < 0 ⇔ 0 < x < 43




y = 0 ⇔ x = 0 ou x = 34

1.6.5 Gráficos funções de 2o grau


Usando o cálculo das raı́zes e das coordenadas do vértice de uma função de 2o grau
somados ao valor da função para x = 0, ou seja, f (0), podemos traçar, mais facilmente,
o esboço do gráfico de uma função de segundo grau.

Exemplo: Considere as funções a seguir e trace um esboço de seus gráficos.

a) f (x) = x2 − 5x + 6
Resolução:
Temos que a = 1 > 0, portanto a parábola tem concavidade voltada para cima.
Determinando as raı́zes desta equação de segundo grau via fórmula de Baskara,
obtemos que x′ = 3 e x′′ = 2.
( )
Desta forma, o vértice da parábola é o ponto de coordenadas PV = 25 , − 14 .
Para x = 0 temos que f (0) = 6.
Portanto, o esboço do gráfico da função f (x) = x2 + 5x + 6, traçado a partir das
informações acima, é mostrado na figura a seguir.

32
Usando a análise do sinal da função f (x) = x2 − 5x + 6, podemos escrever que:


 f (x) > 0 ⇐⇒ x < 2 ou x > 3
f (x) = 0 ⇐⇒ x = 2 ou x = 3


f (x) < 0 ⇐⇒ 2 < x < 3

O que também pode ser representado pela figura:

b) f (x) = −4x2 + 4x − 1
Resolução:
Temos que a = −4 < 0, portanto a parábola tem concavidade voltada para baixo.
Determinando as raı́zes desta equação de segundo grau via fórmula de Baskara,
1
obtemos que x′ = x′′ = .
2
( )
Desta forma, o vértice da parábola é o ponto de coordenadas PV = 21 , 0 .
Para x = 0 temos que f (0) = −1.
Portanto, o esboço do gráfico da função f (x) = −4x2 + 4x − 1, traçado a partir das
informações acima, é mostrado na figura a seguir.

33
Usando a análise do sinal da função f (x) = −4x2 + 4x − 1, podemos escrever que:
{
f (x) < 0 ⇐⇒ x < 12 ou x > 12
f (x) = 0 ⇐⇒ x = 21

O que também pode ser representado pela figura:

c) f (x) = x2 + 5x + 7
Resolução:
Temos que a = 1 > 0, portanto a parábola tem concavidade voltada para cima.
Determinando as raı́zes desta equação de segundo grau via fórmula de Baskara,
obtemos que x′ , x′′ ̸∈ IR.

34
Calculando, por outro lado, o vértice da parábola obtemos o ponto de coordenadas
( )
PV = − 25 , 34 .
E, para x = 0, temos que f (0) = 7.
Portanto, o esboço do gráfico da função f (x) = x2 + 5x + 7, traçado a partir das
informações acima, é o esboço mostrado na figura a seguir.

Usando a análise do sinal da função f (x) = x2 + 5x + 7, podemos escrever que:

f (x) > 0 ⇐⇒ x ∈ IR

O que também pode ser representado pela figura:

35
1.6.6 Modelando problemas com funções de 2o grau
Diversos problemas e situações do cotidiano podem ser modelados em termos de
funções de segundo grau. O estudo destas situações resume-se ao estudo da função de
segundo grau que as modelam, suas raizes e ou imagens.
Nos exemplos a seguir vamos descrever dois problemas que podem ser modelados
por equações de segundo grau e resolvê-los. Nos exercı́cios desta seção há alguns outros
problemas deste tipo.

Exemplos

1. Entre todos os retângulos cujos perı́metros são iguais a 100 centı́metros, encontre
as dimensões do que tem a área máxima.
Resolução: Podemos considerar um retângulo geral de base igual a y e altura igual
a x. Desta forma, sua área pode ser escrita como:

A = xy

O perimetro ou soma do comprimento dos lados deste retângulo deve ser igual a
100, portanto temos que:

2x + 2y = 100

O que nos permite escrever, diretamente, que:

2x + 2y = 100 ⇒ x + y = 50 ⇒ y = 50 − x

Substituindo este valor na expressão para a área dos retângulos, ficamos com:

A(x) = x(50 − x) = 50x − x2

Como o coeficiente a = −1 < 0, esta função tem concavidade voltada para baixo e
possui um máximo no vértice de sua parábola, que é a área máxima.
Atenção à notação usada neste exemplo!
A função A = f (x) é a função quadrática estudada.
Lembrando que o xV é a média das raı́zes da função de segundo grau, vamos deter-
minar as raı́zes e o xV e a área do retângulo de área máxima.
Assim:
{
x′ = 0
A(x) = x(50 − x) = 0 ⇒
x′′ = 50

Então:

36
x′ + x′′ 0 + 50
xv = = = 25
2 2
E, desta forma:

A(25) = 25(50 − 25) = 25 · 25 = 625 cm2

O que nos diz que o retângulo de perı́metro igual a 100 cm que tem área máxima é
o quadrado de lado igual a 25 cm.

2. [FUVEST-SP – Adaptado] Num terreno, que tem a forma de um triângulo retângulo


com catetos de medidas 20 e 30 metros, deseja-se contruir uma casa retangular de
dimensões x e y (com o segmento y paralelo ao menor dos catetos, como mostrado
na figura a seguir).

Detemine:

a) a expressão de y em função de x;
Resolução: Pela figura e usando semelhança de triângulos, podemos escrever:
y 20 20
= ⇒ y = (30 − x)
30 − x 30 30
O que nos dá para y como função de x, ou seja, y = f (x):
2
y(x) = (30 − x)
3
b) a área da casa, A, como função de x;
Resolução: A área da casa será:
A = xy

Substituindo o resultado do item a na expressão acima, temos a área da casa


em função de x:

37
2 2x
A(x) = x (30 − x) ⇒ A(x) = (30 − x)
3 3
Ou ainda:
2x2
A(x) = 20x −
3
c) a área da casa, A, como função de y;
Resolução: Podemos inverter a equação encontrada no item a para escrever-
mos x = f (y). Ou, ainda, podemos observar pela figura, que podemos escrever:
x 20 2
= ⇒ x = (20 − y)
20 − y 30 3
Ou seja:
2
x(y) = (20 − y)
3
Substituindo a expressão encontrada para x(y) na expressão para a área da
casa:
2
A = xy =⇒ A(y) = (20 − y)y
3
Portanto:
40y 2y 2
A(y) = −
3 3
d) o valor de x para que a área ocupada pela casa seja máxima.
Resolução: A expressão da área da casa em função de x (resposta do item b)
2
é uma função de segundo grau com coeficiente a = − < 0, portanto a função
3
A(x) tem concavidade voltada para baixo e um máximo em seu vértice.
Encontrando as raı́zes da função:
{
2x x′ = 0
A(x) = (30 − x) = 0 ⇒
3 x′′ = 30

Portanto:
x′ + x′′ 0 + 30
xv = = = 15
2 2
E, desta forma:
2 · 15 30
A(15) = (30 − 15) = (15) = 150 m2
3 3
Perceba que, neste exemplo, o terreno ocupado pela casa é um retângulo que
tem comprimento x = 15 m e largura y = 10 m.

38
1.7 Exercı́cios
1. Determine quais expressões a seguir são polinômios.

a) y = 3x6 + 5x4 − x3 + 9
2
b) y = x 3 − 5x + 3

c) y = (a + 2)x4 − (a2 − 1)x2 − 2
d) y = (4x2 − 3)12
e) y = 3x−2 + 2x−1 − 1
f) y = π 3

2. Determine o valor numérico dos polinômios a seguir para x = 0, x = 1, x = −2 e


x = 5.

a) P (x) = x4 − 2x3 + 1
b) P (x) = 3x3 − 2x2
c) P (x) = x2 + 3x − 10
d) P (x) = 2ax3 − (3 − a)x2 + 5

3. Determine o valor de r no polinômio P (x) = x3 − rx2 + 2, sabendo que x = 1 é raiz


desse polinômio.
1
4. Seja o polinômio P (x) = x4 − 3x2 − 5. Calcule P (−1) − P (3).
7
5. Determine m e n no polinômio P (x) = mx3 − 2x2 + nx − 1, sabendo-se que 1 é raiz
do polinômio e que P (−2) = −21.

6. Determine o polinômio P (x) = ax2 + bx + c, sabendo-se que P (0) = 5, P (1) = 6 e


P (−2) = −9.

7. Determine a, b e c de modo que os polinômios P (x) = 15x + 3 e Q(x) = (a − b)x2 +


(3a + 2b)x + (2a − c) sejam iguais.

8. Diga quais afirmações são verdadeiras.

a) A soma de dois polinômios de grau 4 é sempre um polinômio de grau 4.


b) O produto de dois polinômios de graus 5 e 8, respectivamente, é um polinômio
de grau 13.
c) A diferença de dois polinômios de grau 9 pode ser um polinômio de grau 5.

39
9. Dados os polinômios P (x) = 12x5 − 32x4 + x3 − 40x2 − 2x − 12, Q(x) = 4x2 − 5
e S(x) = x − 2 e k = −2 e m = 3, realize as seguintes operações envolvendo
polinômios:

a) P (x) + Q(x)
b) P (x) − Q(x)
c) P (x) + S(x)
d) Q(x) − S(x)
e) k · P (x)
f) k · Q(x) − m · S(x)
P (x)
g)
Q(x)
P (x)
h)
S(x)
Q(x)
i0)
S(x)

10. Complete os quadrados das expressões a seguir:

a) z = x2 + 3
b) z = 2x2 + 4
c) z = 3x2 + 3y 2
d) z = x2 + x + 9
e) z = 3x2 + y
f) z = x2 − 3x
x2 −3x
g) z = 2

h) z = x − 9x2
i) z = x4 − 2x2 + 2
j) z = x4 − 3x2

11. Prove, por desenvolvimento das multiplicações, os produtos notáveis.

a) a2 − b2 = (a + b) · (a − b)
b) (a + b)3 = a3 + 3a2 b + 3ab2 + b3
c) (a − b)3 = a3 − 3a2 b + 3ab2 − b3

40
d) a3 + b3 = (a + b) · (a2 − ab + b2 )
e) a3 − b3 = (a − b) · (a2 + ab + b2 )
f) (a + b + c)2 = a2 + b2 + c2 + 2ab + 2ac + 2bc
g) (x − a) · (x − b) = x2 − (a + b)x + ab
h) (x + a) · (x + b) = x2 + (a + b)x + ab
i) (x + a) · (x − b) = x2 + (a − b)x − ab

12. Resolva as expressões a seguir.

a) z = (2x − y)3
b) z = (x + 4y)2
c) z = (3x − 4) · (3x + 5)
c) z = (3x − 4) · (3x + 4)

13. Fatore os seguintes polinômios:

a) y = 6x + x2
b) y = x2 − 25
c) y = 16x4 − a4
d) y = x7 − 1
e) y = x6 + 2x4 + x2
f) y = x5 − 6x3 + 9x

14. Escreva cada uma das funções de primeiro grau a seguir em sua forma padrão e
esboce seus gráficos.

a) f (x) = (3x + 2) − 2x
x+1 x−1 x+3
b) f (x) = + −
3 2 4
c) f (x) = x − (x − 3)
2 2

15. Encontre a função de primeiro grau tal que f (−1) = 2 e f (3) = −2.

16. Determine o número real x tal que sua metade mais a sua terça parte é igual a -5.

17. Considere as funções de primeiro grau definidas por y = ax + 5 e y = −ax + 9, com


a > 0. Determine se seus gráficos se interceptam e, em caso afirmativo, determine
este(s) pontos de intersecção.

41
18. Paulo e Pedro recebem o mesmo salário por hora de trabalho. Após Paulo ter
trabalhado 4 horas e Pedro 3 horas e 20 minutos, Paulo tinha a receber R$ 15,00 a
mais que Pedro. Quanto eles ganham por hora de trabalho?

19. Dona Maria, de 52 anos, tem dois filhos: João de 23 anos e Pedro de 26 anos.

a) Há quanto tempo a soma das idades dos três era igual a 71 anos?
b) Daqui a quanto tempo a soma das idades dos três será igual a 131 anos?

20. Na Escola de Ciências e Tecnologia da UFRN, a média parcial dos alunos em um


componente curricular é obtido multiplicando-se a nota da primeira avaliação por 4
e a nota da segunda avaliação por 5 e dividindo-se o resultado obtido por 9. Se esta
média for maior ou igual a 7,0, o aluno é dispensado da avaliação final. Sabendo
que um aluno tirou nota 5,5 na primeira avaliação, quanto ele precisará tirar na
segunda para não precisar fazer a avaliação final?

21. Determine as raı́zes reais de cada uma das funções quadráticas dadas:

a) f (x) = x2 − 3x + 2
b) f (x) = 3x2 − 7x + 2
3
c) f (x) = −x2 − x + 1
2
d) f (x) = x − 2x
2

e) f (x) = −3x2 + 6
√ √
f) f (x) = x2 + (1 − 3)x − 3

g) f (x) = x2 − 4 3 + 12
h) f (x) = (2 − x)(2x − 5)

22. Determine os valores de m, com m ∈ IR, de modo que a a função f (x) seja uma
função de segundo grau.

a) f (x) = (m − 1)x2 + 2x − 3
b) f (x) = (m2 − 5m + 4)x2 − 4x + 5

23. Determine o valor de p para o qual a função quadrática f (x) = x2 + (3p + 2)x +
(p2 + p + 2) tenha uma única raiz.

24. As raı́zes da função f (x) = x2 − 2px + 8 são positivas e uma é o dobro da outra.
Qual o valor de p?

42
25. Determine o parâmetro m de modo que a função f (x) = x2 + mx + (m2 − m − 12),
de modo que ela tenha uma raiz nula e outra positiva.

26. Determine o valor de m da função real f (x) = −3x2 + 2(m − 1)x + m + 1, para que
o valor máximo da função seja 2.

27. Determine o perı́metro do retângulo de área máxima que pode ser inscrito em um
triângulo isóceles de base igual a 4 cm e altura igual a 6 cm.

∗ ∗ ∗

43
Capı́tulo 2

Função Modular

2.1 Introdução
Em Matemática e Fı́sica, muitas vezes trabalhamos com funções definidas por sentenças
matemáticas diferentes em intervalos diferentes.

Exemplo: Considere as funções a seguir que são definidas por sentenças


matemáticas diferentes em mais de um intervalo e esboce os seus gráficos.
{
−1, se x < 0
1) f (x) =
1, se x ≥ 0
Resposta: Para traçarmos o esboço de uma função definida por expressões
matemáticas diferentes em intervalos diferentes devemos traçar a curva que repre-
senta a função em cada intervalo em separado e, a seguir, unir/representar estas
curvas em um mesmo gráfico. A função deste exemplo, também conhecida como
função degrau, tem gráfico bastante caracterı́stico. Na figura a seguir temos: (a) o
gráfico da função no intervalo x < 0; (b) o gráfico da função no intervalo x ≥ 0; e
(c) o gráfico da função em todo o seu domı́nio.

44
{
1, se x < 0
2) f (x) =
x + 1, se x ≥ 0
Resposta: O gráfico desta função está representado na figura a seguir, onde temos:
(a) o gráfico da função no intervalo x < 0; (b) o gráfico da função no intervalo x ≥ 0;
e (c) o gráfico da função em todo o seu domı́nio.



 x + 2, se x ≤ −1
3) f (x) = 1, se − 1 < x < 0

 2
x + x, se x ≥ 0
Resposta: O gráfico desta função está representado na figura a seguir, onde temos:
(a) o gráfico da função no intervalo x ≤ −1; (b) o gráfico da função no intervalo
−1 < x < 0; (c) o gráfico da função para x ≥ 0; e (d) o gráfico da função em todo
o seu domı́nio.

45
2.2 A função modular
A função modular é um tipo especial de função definida por sentenças matemáticas
diferentes em mais de um intervalo. Com a diferença que, com o uso de módulos, ela pode
ser apresentada em termos de uma única expressão.
Vejamos como isto ocorre.
A função modular é a função dada por:

f (x) = |x|
Esta função pode ser escrita, em termos de sentenças matemáticas diferentes definidas
em dois intervalos diferentes. Ou seja, podemos escrever que:
{
−x, se x < 0
f (x) = |x| =
x, se x ≥ 0
Esta função tem gráfico mostrado na figura a seguir:

Neste livro vamos tratar, também, como função modular toda função na qual apareça
a variável independente, x, ou combinações envolvendo-a, dentro de um módulo. Assim,
chamaremos de função modular as funções definidas por sentenças matemáticas diferentes
em intervalos diferentes como, entre outras, as funções dadas a seguir:

f (x) = |x2 − x|
g(x) = 3x − |x3 + 5|
3
h(x) = + 7x3
1 − |x|
As funções escritas acima e todas as funções escritas em termos de módulos podem
ser escritas em termos de diferentes sentenças matemáticas em intervalos diferentes.
Vejamos alguns exemplos de como escrever uma função modular em termos de suas
expressões nos diferentes intervalos.

46
Exemplo: Considere as funções modulares a seguir e escreva-as em termos de suas
expressões matemáticas em cada intervalo.

a) f (x) = |2x|
Resolução: O argumento do módulo desta função é uma função linear, portanto
ela troca de sinal uma única vez e isto acontece no ponto em que

2x = 0 ⇒ x = 0

Para x ≥ 0 temos que o argumento do módulo será positivo, portanto:

f (x) = 2x se x ≥ 0

E, para x < 0 o argumento do módulo será negativo, por isto, para escrevermos a
expressão matemática da função sem o módulo temos que multiplicar o argumento
do módulo por −1. Ou seja:

f (x) = −2x se x < 0

Desta forma, temos que:


{
−2x, se x < 0
f (x) = |2x| =
2x, se x ≥ 0

b) g(x) = |4 − 2x|
Resolução: Neste caso, o argumento do módulo da função também é uma função
linear, mas ele irá trocar de sinal em:

4 − 2x = 0 ⇒ 2x = 4 ⇒ x = 2

Portanto, para x ≥ 2 temos que o argumento do módulo será negativo e, para


escrever a função sem o módulo, precisamos multiplicar seu argumento por −1:

g(x) = −(4 − 2x) = −4 + 2x se x ≥ 2

E, para x < 2 o argumento do módulo será positivo, por isto, para escrevermos a
expressão matemática da função sem o módulo basta retirar o módulo. Ou seja:

g(x) = 4 − 2x se x < 2

Desta forma, temos que:

47
{
4 − 2x, se x < 2
g(x) = |4 − 2x| =
−4 + 2x, se x ≥ 2

c) h(x) = 3x − |x2 − 1|
Resolução: Neste caso, o argumento do módulo é uma função quadrática que: (i)
se tiver duas raı́zes reais irá trocar de sinal duas vezes; (ii) se tiver uma raiz real ou
nenhuma raiz real não irá trocar de sinal
Verificando a função e calculando suas raı́zes, temos:

x2 − 1 = 0 ⇒ x2 = 1 ⇒ x = ±1

Portanto, o argumento do módulo tem duas raı́zes reais e irá trocar de sinal duas
vezes.
Como o coeficiente do x2 é a = 1 > 0, a concavidade da parábola é voltada para
cima e, portanto, temos que para valores de x menores que o valor da primeira raiz
o argumento do módulo é positivo e podemos retirar o módulo. O mesmo acontece
para valores de x maiores que o valor da segunda raiz. Já para valores de x entre os
valores das duas raizes, o argumento do módulo é negativo e só podemos remover o
módulo multiplicando seu argumento por −1.
Assim, temos que:
(i) para x < −1 ⇒ h(x) = 3x − x2 + 1;
(ii) para x > 1 ⇒ h(x) = 3x − x2 + 1; e
(iii) para −1 ≤ x ≤ 1 ⇒ h(x) = 3x − [−(x2 + 1)] = 3x + x2 − 1.
Portanto, temos que:
{
3x − x2 + 1, se x < −1 ou se x > 1
h(x) = 3x − |x2 − 1| =
3x + x2 − 1, se − 1 ≤ x ≤ 1

Pode-se, também, escrever a função acima como:




 3x − x + 1,
2
se x < −1
h(x) = 3x − |x2 − 1| = 3x + x2 − 1, se − 1 ≤ x ≤ 1


3x − x2 + 1, se x > 1

48
x
d) r(x) = 3 −
|x2 − 16|
Resolução: Neste caso também temos, no argumento do módulo, uma função de
segundo grau com concavidade voltada para cima e com duas raı́zes reais (x = ±4).
No entanto, na hora de fazermos a análise devemos excluir do intervalo onde a
função está definida os pontos em que o argumento do módulo se anula, pois nestes
pontos a função não está definida por serem pontos que anulariam o denominador
de uma fração.
Assim:
(i) para x < −4 e para x > 4 temos que a função pode ser escrita como:
x x
r(x) = 3 − = 3 −
|x2 − 16| x2 − 16

(ii) para −4 < x < 4 temos que:


x x x
r(x) = 3 − =3− =3+ 2
|x2 − 16| −(x − 16)
2 x − 16
Portanto, temos que:


 3−
x
x2 −16
, se x < −4
x
r(x) = 3 − 2 = 3+ x
, se − 4 < x < 4
|x − 16| 
x2 −16
3− x
x2 −16
, se x > 4

Onde excluimos, da expressão da função, os pontos x = ±4 pois eles não pertencem


ao domı́nio da função r(x).

2.3 Domı́nio de funções modulares


Para determinarmos o domı́nio d euma função modular fazemos como para qualquer
outro tipo de função: verificamos quais valores reais da variável independente, x, invalidam
ou tornam a expressão da função indeterminada e o domı́nio da função será o conjunto
dos números reais menos esses valores.
Com funções modulares só precisamos de uma pequeno cuidado extra: ao escrever
a função em termos de suas expressões definidas para intervalos diferentes já devemos
excluir os pontos que não estão no domı́nio da função.
Vamos a um exemplo para visualizarmos melhor o que acabamos de dizer.

49
Exemplo: Determine o domı́nio das funções modulares dadas a seguir.

a) f (x) = |2x + 1|
Resolução: Esta função modular não tem a variável independente no denominador
de frações e tão pouco no radicando de raı́zes n-ésimas de ı́ndice par e nem outros
tipos de estruturas que possam indeterminar a função para qualquer valor de x ∈ IR.
Portanto:

Df = {x ∈ IR}

1
b) f (x) =
|x|
Resolução: Neste caso há, na função, denominador de fração que contém a variável
independente. Explicitamente, temos como denominador de fração |x|. Desta forma:

|x| ̸= 0 ⇐⇒ x ̸= 0

Portanto:

Df = {x ∈ IR| x ̸= 0}

Esta função pode ser escrita em termos de suas expressões definidas para intervalos
distintos como:
{
1 − x1 , se x < 0
g(x) = =
|x| 1
x
, se x > 0

Onde percebe-se que, na expressão acima, está explı́cito o domı́nio de f (x) pois não
definimos a função para x = 0.

x
c) f (x) = 3 −
|x2
− 16|
Resolução: Neste caso a restrição do domı́nio de f (x) é que

|x2 − 16| ̸= 0 ⇐⇒ x2 − 16 ̸= 0 ⇐⇒ x2 ̸= 16 ⇐⇒ x ̸= ±4

Portanto

Df = {x ∈ IR| x ̸= −4 e x ̸= 4}

50
Lembre que quando escrevemos esta função em termos de suas expressões em in-
tervalos diferentes, na seção anterior, falamos destes pontos de indeterminação e os
excluimos da expressão da função qeu foi escrita como:


 3 − x2 −16
x
, se x < −4
x
f (x) = 3 − 2 = x
3 + x2 −16 , se − 4 < x < 4
|x − 16|  
3 − x2 −16 , se x > 4
x

|x2 − 1|
d) f (x) =
|x − 1|
Resolução: Para esta função modular temso que:

|x − 1| ̸= 0 ⇐⇒ x ̸= 1

O que nos dá:

Df = {x ∈ IR| x ̸= 1}

Para esta função temos que ficar atentos ao fato que, ao escrever suas espressões
para vários intervalos, ela pode ser simplificada de forma que, para x < 1:

|x2 − 1| (x + 1)(x − 1)
f (x) = = =⇒ f (x) = −(x + 1)
|x − 1| −(x − 1)
e para x > 1

|x2 − 1| (x + 1)(x − 1)
f (x) = = =⇒ f (x) = x + 1
|x − 1| (x − 1)
De forma que:
{
|x2 − 1| −(x + 1), se x < 1
f (x) = =
|x − 1| x + 1, se x > 1


e) f (x) = x2 + 4x + |5x|
Resolução: No caso desta função modular podemos dividir a nossa análise em duas
partes.
Primeiro, para x < 0, temos que a função pode ser escrita como
√ √ √
f (x) = x2 + 4x + |5x| = x2 + 4x − 5x = x2 − x

Analisando a equação de segundo grau x2 − x = 0, vemos que ela tem raizes reais
dadas por x′ = 0 e x′′ = 1. e como sua concavidade é voltada para cima, temos que

51
o argumento da raiz de f (x) só será negativo para 0 < x < 1. No entanto, nossa
análise está sendo feita para x < 0 e, neste intervalo, o argumento da raiz não será
negativo e a função f (x) não apresenta qualquer restrição.
Em segundo, para x > 0 temos que
√ √ √
f (x) = x2 + 4x + |5x| = x2 + 4x + 5x = x2 + 9x

Analisando a equação de segundo grau x2 + 9x = 0, vemos que ela tem raizes reais
dadas por x′ = −9 e x′′ = 0. e como sua concavidade também é voltada para
cima, temos que o argumento da raiz de f (x) só será negativo para −9 < x < 0.
No entanto, nossa análise está sendo feita para x > 0 e, também neste intervalo,
o argumento da raiz não será negativo e a função f (x) não apresenta qualquer
restrição.
Perceba que no ponto x = 0 a função f (x) pode ser definida pela expressão para
x < 0 e também pela expressão para x > 0 e, portanto, o valor de x = 0 também
pertence ao domı́nio da função. desta forma:

Df = {x ∈ IR}

Se formos reescrever a expressão de f (x) em termos de suas expressões em mais de


um intervalo, temos que:
{ √
√ x2 − x, se x ≤ 0
f (x) = x2 + 4x + |5x| = √ 2
x + 9x, se x > 0
ou ainda como:
{ √
√ x2 − x, se x < 0
f (x) = x2 + 4x + |5x| = √
x2 + 9x, se x ≥ 0
onde, nas duas formas, explicitamos todo o domı́nio da função, incluindo o ponto
x = 0.

2.4 Imagem de funções modulares


Em se tratando da imagem de uma função modular podemos deerminá-la, sem o uso
de limites e derivadas, através: da verificação da imagem de cada expressão que representa
a função nos intervalos distintos; ou, em alguns casos, a partir da análise da sua expressão
na forma modular; ou, ainda, diretamente do gráfico da função.

52
Vamos determinar, usando a expressão da função, a imagem de algumas funções mod-
ulares no exemplo a seguir para entendermos essas determinações.

Exemplo: Determine a imagem das funções modulares dadas a seguir.

a) f (x) = 3 − |x|
Resolução: Olhando a expressão da função modular percebemos que, para qual-
quer valor de x ∈ IR, −|x| ≤ 0. Portanto a função f (x) = 3 − |x| pode assumir
qualquer valor real menor ou igual a 3. Ou seja, f (x) ≤ 3, de forma que podemos
escrever que

Imf = {y ∈ IR| y ≤ 3}


b) f (x) = x2 + 4x + |5x|
Resolução: Olhando a a expressão da f (x) percebemos, imediatamente, que esta
função só assume valores não negativos. Assim:

Imf = {y ∈ IR| y ≥ 0}

x2 − 1
c) f (x) =
|x − 1|
Resolução: Reescrevendo a função em termos de suas expressões em intervalos
distintos:
{
|x2 − 1| −(x + 1), se x < 1
f (x) = =
|x − 1| x + 1, se x > 1

Percebemos que, para x < 1, com a função definida por f (x) = −x − 1, os valores
que a função assume no intervalo de x considerado são f (x) > −2. E para x > 1,
com a função definida porf (x) = x+1, os valores que a função assume são f (x) > 2.
Combinando as duas informações da análise acima, temos que:

Imf = {y ∈ IR| y > −2}

Vale ressaltar que, mesmo sem fazer o gráfico de f (x), percebemos que a função
deste exemplo tem uma descontinuidade de salto em x = 2.

53
2.5 Gráfico de funções modulares
O gráfico de uma função modular, assim como o gráfico de qualquer função definida
por expressões diferentes em intervalos distintos, é determinado a partir do gráfico de suas
partes.
Assim, vamos determinar alguns gráficos de funções modulares para familiarizar o
estudante com esses gráficos.

Exemplo: Reescreva cada uma das funções modulares a seguir em termos de suas
expressões em intervalos distintos, desenhe o esboço de seu gráfico e, a partir desse,
determine a sua imagem.

a) f (x) = 3 − |x|
Resolução: Reescrevendo essa função, obtemos:
{
3 + x, se x < 0
f (x) = 3 − |x| =
3 + x, se x ≥ 0

Fazendo o gráfico a partir do esboço de cada uma das espresões em temos o esboço
mostrado na figura a seguir, onde do lado esquerdo, no mesmo plano cartesiano,
temos representado o esboço das retas y = 3 − x e y = 3 + x. Já no plano cartesiano
da direita temos o esboço do gráfico de y = f (x) = 3 − |x|.

Este esboço também poderia ser obtido analisando-se a função f (x) = 3−|x| a parte
de seus núcleos e traçando o gráfico de suas partes. Por este procedimento terı́amos
a sequência de gráficos mostrados na figura a seguir, onde o gráfico mais à esquerda
representa o esboço de y = |x|, o gráfico do meio representa o esboço de y = −|x|, e
o gráfico mais à direita representa o esboço da curva da função y = f (x) = 3 − |x|.

54
Olhando o gráfico de f (x) percebemos, imediatamente, que a imagem da função é
dada por:

Imf = {y ∈ IR| y ≤ 3}

b) f (x) = 2x|x|
Resolução: Reescrevendo a expressão da função:
{
−2x2 , se x < 0
f (x) = 2x|x| =
2x2 , se x ≥ 0

Neste caso não é trivial traçarmos o gráfico de f (x) a partir do gráfico de seus
núcleo, pois terı́amos que fazer os gráficos de y = |x| e de y = 2x e multiplicarmos
um pelo outro em todos os pontos do domı́nio de f (x) para obtermos o gráfico desta
última. Portanto, vamos exemplificar o esboço do gráfico de f (x) apenas a partir
dos gráficos de suas expressões nos intervalos distintos.
Por outro lado, olhando o gráfico de f (x) percebemos, imediatamente, que a imagem
da função é dada por:

Imf = {y ∈ IR}

55
c) f (x) = 2 − |x2 − 4|
Resolução: Reescrevendo a função em termos de suas expressões em intervalos
distintos:
{
−x2 + 6, se x < −2 ou se x > 2
f (x) = 2 − |x2 − 4| =
x2 − 2, se − 2 ≤ x ≤ 2

Pelas expressões para f (x) em intervalos distintos, percebemos que traça o esboço
do gráfico da função a partir dos gráficos de y = −x2 + 6 e de x2 − 2 nos intervalos
considerados deve ser um pouco trabalhoso.
No entanto, se pensarmos na função f (x) a partir de cada um de seus fatores
podemos traçar o esboço de seu gráfico muito mais rapidamente. O esboço do
gráfico de f (x) traçado por este procedimento é mostrado na figura a seguir, onde
no gráfico: (a) é mostrado o esboço de y = x2 − 4; (b) é mostrado o esboço de
y = |x2 − 4|; (c) é mostrado o esboço de y = −|x2 − 4|; (d) é mostrado o esboço de
f (x) = 2 − |x2 − 4|.

Pelo esboço do gráfico de f (x) (esboço do gráfico (d) da figura acima) percebemos,
imediatamente, que a imagem da função é dada por:

Imf = {y ∈ IR| y ≤ 2}

56
O esboço do gráfico de combinações das funções elementares pode ser feito, sem o uso
do cálculo de limites e derivadas, utilizando-se esta estratégia: fazemos o gráfico da função
elementar que conhecemos o comportamento e é núcleo principal da função e completamos
a análise até chegarmos ao esboço da função f (x) cujo gráfico queremos determinar. Nos
próximos capı́tulos, após estudarmos o comportamentos das funções elementares e de
seus gráficos, faremos diversos outros exemplos de determinação de esboços de gráficos
por esta estratégia e também poderemos fazer esboços de gráficos de funções modulares
que envolvam nos argumentos de seus módulos, outros tipos de funções.

2.6 Equações modulares


Resolver uma equação é achar o valor ou o conjunto de valores que a satisfaz. Até
o momento relembramos como resolver, especificamente, equações de primeiro e segundo
graus. Nesta seção queremos aprender a resolver equações em que aparecem módulos e
que chamaremos de equações modulares.
Para resolvermos equações modulares vamos considerar que, de modo geral, se k é um
número real positivo e temos que |x| = k, então temos que x = k ou x = −k.
Vamos usar esta propriedade para podemos resolver as equações modulares. Vejamos
como nos exemplos a seguir.

Exemplo: Resolva as equações modulares a seguir:

a) |3x − 2| = 3
Resolução: Para resolvermos esta equação vamos considerar dois casos: (i) o caso
em que o argumento do módulo é positivo, o que nos permite escrever diretamente
a equação sem o módulo; e (ii) o caso em que o argumento do módulo é negativo,
onde para retirarmos o módulo multiplicamos seu argumento por −1.

i) No primeiro caso, podemos escrever que:


5
3x − 2 = 3 ⇒ 3x = 5 ⇒ x =
3
ii) No segundo caso, temos que:

−(3x − 2) = 3 ⇒ −3x + 2 = 5 ⇒ 3x = −3 ⇒ x = −1

Portanto, o conjunto }solução da equação modular{|3x −}2| = 3 é S =


{
5 5
x ∈ IR|x = −1; x = , ou, de forma abreviada, S = −1, .
3 3

57
b) |2x − 1| = |x + 3|
Resolução: Para resolvermos esta equação vamos considerar dois casos: (i) o caso
em que os argumentos dos módulos são positivos, o que nos permite escrever dire-
tamente a equação sem os módulos; e (ii) o caso em que o argumento de um dos
módulos é positivo e o argumento do outro é negativo, onde para retirarmos os
módulos vamos multiplicar um dos argumentos por −1.

i) Podemos escrever que:

2x − 1 = x + 3 ⇒ x = 4

ii) Temos que:


2
2x − 1 = −(x + 3) ⇒ 2x − 1 = −x − 3 ⇒ 3x = −2 ⇒ x = −
3
{ }
2
Portanto, S = − , 4 .
3

c) |x2 + 3| = |4x − 1|
Resolução: Para resolvermos esta equação vamos considerar, novamente, dois ca-
sos: (i) o caso em que os argumentos dos módulos são positivo, o que nos permite
escrever diretamente a equação sem o módulo; e (ii) o caso em que o argumento de
um dos módulos é positivo e o argumento do outro é negativo, onde para retirarmos
os módulos vamos multiplicar um dos argumentos por −1.

i) Para o primeiro caso, podemos escrever que:

x2 + 3 = 4x − 1 ⇒ x2 − 4x + 4 = 0

Resolvendo esta equação de segundo grau por Baskara, obtemos que x′ = x′′ =
2
ii) No segundo caso, temos que:

x2 + 3 = −(4x − 1) ⇒ x2 + 4x + 2 = 0

Resolvendo esta equação de segundo grau por Baskara, obtemos que x′ = 2+ 2

x′′ = 2 − 2.
{ √ √ }
Portanto, S = 2 − 2, 2, 2 + 2 .

Ao término deste capı́tulo, sugerimos aos estudantes que refaçam todos os exemplos
deste e, só depois, siga para os exercı́cios a seguir.

58
2.7 Exercicios
1. Determine, eliminando os módulos, o valor de x nas expressões a seguir:

a) x = 2−1

b) x = 2− 5
√ √
c) x = 3 2−4 3
√ √
d) x = 3−1 − 1− 3
√ √
c) x = 2− 1− 2

2. Determine o domı́nio das funções reais a seguir:

1 2x
a) f (x) = +
|x| |x + 2|
2
− 3x
b) f (x) =
x|9 − x2 |
2 |3 + x|
c) f (x) = √ + 3
4
2x x + 2x2

d) f (x) = |5 − 3x| − 9
x−3
e) f (x) = √
|x − 4|
|x − 5|
f) f (x) = √
1 − |x|
5
g) f (x) = − √
5
1 − |x|
x2 − 3x − 9
h) f (x) =
|2x + 1| − 3

3. Escreva as funções modulares a seguir em termos de funções definidas em dois ou


mais intervalos e determine seu domı́nio e sua imagems e faça esboços de seus gráficos
explicando o raciocı́nio e/ou o procedimento utilizado.

a) f (x) = |5x|
b) f (x) = |2x − 3|
c) f (x) = |3x + 5|
|x − 2|
d) y = 1 +
x−2
e) f (x) = |x2 − 9|

59
f) f (x) = |25 − x2 |
g) f (x) = 2 − |x2 + 4x|
h) f (x) = |x| − 3
i) f (x) = |x| + x
j) f (x) = |x − 3| + (x − 2)
k) f (x) = −3x|x|
|x|
l) f (x) =
x
4. Resolva as equações modulares a seguir:

a) |x − 2| = 5
b) |2x + 5| = |x + 3|
c) |x − 5| = −2x + 3
x−1
d) =4
2x + 3
e) |x|2 − 4|x| + 4 = 0

∗ ∗ ∗

60

Você também pode gostar