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ENCARGOS PREVIDENCIÁRIOS E TRABALHISTAS NA

CONSTRUÇÃO CIVIL

INTRODUÇÃO

O Sinduscon-MG elaborou o presente trabalho com o objetivo de orientar as


empresas no que se refere aos encargos sociais na indústria da construção civil.
Entretanto, destaca-se que este estudo não tem a pretensão de impor um número
definitivo, sendo ele mais um roteiro de como deve ser examinado o problema em
cada Estado, em cada cidade, em cada empresa em particular ou até mesmo em cada
canteiro.

Qualquer aplicação deste trabalho deve, necessariamente, ser adequada a cada


empresa, acompanhada por um assessoramento técnico, ficando o Sinduscon/MG
totalmente isento de qualquer responsabilidade pelo uso inadequado dos
números aqui apresentados.

O Estudo foi realizado com base em parâmetros específicos e que são diferenciados de
empresa para empresa. Portanto, é necessário muita atenção e cautela na utilização
destes números, ressaltando que eles devem ser revistos e adequados à realidade de
cada empresa em particular. Este estudo, portanto, é somente um instrumento
de orientação e não de definição em relação ao percentual de encargos sociais
no setor da construção civil.

Os índices de aproveitamento dos Recursos Humanos em um canteiro isolado têm,


evidentemente, valores bem mais definidos que os de um canteiro nos centros
urbanos; em contrapartida, estes registram custos outros que devem ser motivo de
outras considerações que não cabem a este estudo.

Este roteiro justifica algumas posições que foram consensualmente aprovadas no 50º
ENIC e atualizadas por ocasião dos 66º e 67º ENIC's, ajustadas conforme a
Convenção Coletiva de Trabalho do Sinduscon-MG, devendo ser cotejadas sob o prisma de
outros custos quando forem perfeitamente definidos. O trabalho envolve, ainda, os
resultados de uma pesquisa realizada pelo Sinduscon-MG entre as suas empresas
associadas.

 PARÂMETROS BÁSICOS

44 h/semana

4,3452 semana/mês = 365 : 12 : 7

7,3333 h/dia = 1/6 44 h

51,3331 h/semana c/repouso = (7,3333 X 7 = 51,3331)


223,05 h/mês = 51,3331 X 4,3452

Horas Extras Eventuais

52,1429 semanas/ano = 365 : 7

I) HORAS EFETIVAMENTE TRABALHADAS

Total de horas em 1 ano = 7,3333 X 7 X 4,3452 X 12 = 2.676,63

Deste total deve-se retirar tudo considerado como MÉDIA

1) Descanso Remunerado

7,3333 X 4,3452 X 11 = 350,51 h

2) Feriados

Considerou-se 12 no ano, sendo que 1 pode cair no Domingo

(12 - 1) X 7,3333 = 80,67 h

3) Enfermidade

4 dias de afastamento em média no ano (conforme pesquisa realizada pelo Sinduscon-


MG entre as suas empresas associadas).

4 X 7,3333 = 29,33 h

4) Acidentes

16% de acidentes na construção civil (conforme pesquisa realizada pelo Sinduscon-MG


entre as suas empresas associadas);

Os empregados afastam-se, em média, 15 dias.

0,16 X 15 dias X 7,3333 = 17,60 h


5) Férias

7,3333 X 7 x 4,3452 = 223,05 h

6) Descanso Paternidade

 Crescimento populacional = 1,55% a.a.(Taxa média de crescimento geométrico


- 1986/96);
 Não há necessidade de separar homens e mulheres, pois só podem ser pais ou
mães em conjunto;
 Idade de procriar = 18 a 56 anos (50% da população total);

100% PEA construção estão em idade de procriação:

97% são homens  (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD -


1995)

3% são mulheres

05 dias de afastamento.

7,3333 X 5 X 0,0155 X 0,97 = 1,10 h


0,50

7) Licença Maternidade

Mesmas considerações acima;

120 dias de afastamento.

7,3333 X 120 X 0,0155 X 0,03 = 0,82h


0,50

HORAS EFETIVAMENTE TRABALHADAS = HET/ANO

HORAS TOTAIS - ( 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7) = 1.973,55 h

2.676,63 - (350,51 + 80,67 + 29,33 + 17,60 + 223,05 + 1,10 + 0,82)= 1.973,55


II) % DOS ENCARGOS

a) Descanso Semanal Remunerado

350,51 h = 17,76%
1.973,55 h

b) Férias

7,3333 x 7 x 4,3452 x 1 h = 11,30%


1.973,55 h

c) 1/3 Constitucional de Férias

7,3333 x 7 x 4,3452 x 0,3333 h = 3,77%


1.973,55 h

d) Feriados

80,67 h = 4,09%
1.973,55 h

e) Enfermidade

29,33 h = 1,49%
1.973,55 h

f) Acidentes no Trabalho

17,60 h = 0,89%
1.973,55 h
g) Descanso Paternidade

1,10 h = 0,06%
1.973,55 h

h) Licença Maternidade

0,82h = 0,04%
1.973,55 h

Obs.: Este item não aparece discriminado no Grupo II, uma vez que já está incluído
no percentual do INSS (item 1 do Grupo I).

i) Aviso Prévio

 Tempo médio de permanência é de 4,0 (quatro) meses (conforme pesquisa


realizada pelo Sinduscon-MG entre as suas empresas associadas);
 95% dos empregados recebem aviso, os outros 5% ou pedem demissão ou se
aposentam;
 30 dias sem distinção se mensalista ou semanalista;
 20% trabalham o aviso;
 80% recebem o indenizado.

(0,95 X 7,3333 X 7 X 0,20)+(0,95 X 7,3333 x 7 x 4,3452 X 0,80) =


1.973,55 X 4,0
12
= 179,27 = 27,25%
657,85

 separando o percentual (%) do aviso trabalhado e do indenizado,


temos:

 Trabalhado - Incidem os encargos básicos, fica no Grupo II

(0,95 X 7,3333 X 7 X 0,20) = 9,75 = 1,48%


1.973,55 X 4,0 657,85
12

 Indenizado - Não incidem os encargos básicos, fica no Grupo III(*)

(0,95 X 7,3333 X 7 X 4,3452 X 0,80) = 169,52 = 25,77%


1.973,55 x 4,0 657,85
12

(*) De acordo com a Lei nº 9.528 de 10 de dezembro de 1.997.

j) Multa Fundiária por Dispensa Sem Justa Causa

 95% dos empregados têm direito;


 O tempo médio de permanência é de 4,0 (quatro) meses.

Depósitos FGTS = 0,085(*)X 223,05 X 0,95 X 4,0 = 72,05 = 10,95%


1.973,55 X 4,0 657,85
12

Adicional 50%(*) = 0,5 x 10,95% = 5,48%

(*)Incluindo Contribuição Social instituída pela Lei Complementar nº110 de


29/06/2001.

k) Adicional Noturno

 7,3333 + 2,00 horas extras = 9,3333 h/dia;


 As HE, quando habituais, repercutem nas férias e no 13º salário;
 30% + caro ( De acordo com a Convenção Coletiva de Trabalho Sinduscon-
MG);
 HE 100% + caras ( De acordo com a Convenção Coletiva de Trabalho
Sinduscon-MG);
 Só 1% dos trabalhadores faz jus (vigias).

(7,3333 x 7 x 4,3452 x 13 x 0,3 x 0,01)+(2,00 x 7 x 4,3452 x 13 x 1,00 x 0,01)=


1.973,55 h
= 16,61 h = 0,84%
1.973,55 h

l) 13º Salário

7,3333 X 7 x 4,3452 = 223,05 = 11,30%


1.973,55 h 1.973,55

m) FGTS no 13º SALÁRIO - Deixa de ter tratamento tributário diferenciado, não


compondo mais o Grupo III. Já está incorporado ao Grupo II pela incidência do item
08 do grupo I no item 19 do Grupo II.

n) Horas Extras (eventuais)

 As HE eventuais não repercutem nas férias, no repouso, no 13º, etc., portanto,


ficam mais baratas para a empresa que a hora normal.

Sobre elas incidem os 100% (de acordo com a Convenção coletiva de Trabalho
- Sinduscon-MG) e os encargos básicos.

o) Indenização Adicional - (Lei 7.238/84)

 Por ser um assunto específico e particular de cada empresa, no percentual geral


dos encargos sociais apresentados neste trabalho não foi considerado o
pagamento da Indenização Adicional prevista no Art. 9º da Lei 7.238/84, ou
seja, o valor de um salário do empregado quando o mesmo for dispensado
arbitrariamente ou sem justa causa no período trintídio que antecede à data-
base da categoria.

ANÁLISE DOS PERCENTUAIS

ENCARGOS PREVIDENCIÁRIOS E TRABALHISTAS


I -PREVIDENCIÁRIOS - (GRUPO I)

1 - INSS 20,00%

2 - SESI (1) 1,50%

3 - SENAI (1) (2) 1,00%

4 - SEBRAE (1) 0,60%

5 - INCRA 0,20%

6 - SAL. EDUCAÇÃO 2,50%

7 - SEGURO ACIDENTE 3,00%

8 - FGTS (3) 8,50%

9 - SECONCI 1,00%

TOTAL= 38,30%

II - TRABALHISTAS - (GRUPO II)

10 - REPOUSO SEMANAL 17,76%

11 - FÉRIAS 11,30%

12 - 1/3 CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS (4) 3,77%

13 - FERIADOS 4,09%

14 - AVISO PRÉVIO TRABALHADO 1,48%

15 - AUXÍLIO ENFERMIDADE 1,49%

16 - ACIDENTE DE TRABALHO 0,89%

17 - ADICIONAL NOTURNO 0,84%

18 - DESCANSO PATERNIDADE 0,06%

19 - 13º SALÁRIO 11,30%

TOTAL= 52,98%

III - TRABALHISTAS - (GRUPO III)

20 - MULTA FUNDIÁRIA (rescisão s/justa causa) (5) 5,48%


21 - AVISO PRÉVIO INDENIZADO (6) 25,77%

TOTAL= 31,25%

IV - INCIDÊNCIA DO I NO II 20,29%

(0,3830 x 0,5298) = 20,29%

V - TOTAL GERAL 142,82%

1. A Lei n.º 8.154 de 28/12/90, determina a elevação, a partir de janeiro de 1993,


das alíquotas de contribuição para o SESI e SENAI, para 1,8% e 1,3%
respectivamente. Conforme Resolução n.º 43, de 17.07.91, da Previdência
Social, houve desmembramento de 0,30%, a partir de 1993, dos percentuais
referentes ao SESI/SENAI, que totalizando 0,60%, foram destinados ao
SEBRAE.
2. De acordo com o artigo 6º do Decreto-Lei n.º 4.048 de 22/01/42 e o artigo 3º
do Decreto-Lei n.º 6.246 de 05/02/44 é previsto um adicional de 20% para o
SENAI devido pelas empresas com mais de 500 empregados.
3. Incluindo Contribuição Social instituída pela Lei Complementar nº 110 de
29/06/2001.
4. De acordo com a Instrução Normativa FGTS/DAF N.03, de 26 de Junho de
1996, item 1.1 .
5. Incluindo Contribuição Social instituída pela Lei Complementar nº 110 de
29/06/2001.
6. De acordo com a Lei n.º 9.528 de 10 de dezembro de 1.997.

OBS.: Mediante acordo com o SENAI, as empresas que objetivam suplementar os seus
investimentos e encargos em sistema próprio de formação profissional poderão
formular pedidos de redução da contribuição devida ao SENAI, de acordo com a
Portaria n.º 3.082 de 23.02.79 do Ministério do Trabalho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 Procurou-se adotar parâmetros e médias comuns ao setor de construção civil e


característicos da Convenção Coletiva de Trabalho-Sinduscon/MG.
 Creches e pré-escolas: não foi considerado no estudo o direito do trabalhador à
assistência gratuita aos filhos e dependentes até 06 anos de idade em creches e
pré-escolas, face à indefinição das condições de sua implementação na prática.
 Entretanto, não deve ser desprezado o estudo da CNI que estabeleceu um
percentual médio nacional para o setor de 4,62%.
 Vale-transporte: quanto ao Vale-Transporte não foi considerado como encargo,
pois reflete aspectos de âmbito regional (se a obra é ou não urbana, custos do
transporte, distância entre a obra e a residência do trabalhador).
 Além do que não é matéria nova tratada na Constituição de 1988 e é motivo de
compensação no imposto de renda da construtora.
 Não se levou em consideração periculosidade; insalubridade; CIPA (Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes); PCMAT (Programa de Condições e Meio
Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção); PCMSO (Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional); bem como outros benefícios (NR 05;
NR 07; NR 18).

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