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Requisitos para Acumulação de Petróleo

ROCHA GERADORA E PETRÓLEO

Testemunho de uma rocha Rocha potencialmente geradora de


geradora de petróleo da Formação petróleo observada ao microscópio
Candeias (folhelho rico em matéria (folhelho). Fonte: Adans, 1984.
orgânica), Bacia do Recôncavo.
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QUALIDADE DA MATÉRIA ORGÂNICA

- A maior parte do petróleo resulta do craqueamento do


querogênio, polímero poliaromático de alta massa molar,
originário da matéria orgânica depositada juntamente
com os sedimentos, numa bacia sedimentar.
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QUALIDADE DA MATÉRIA ORGÂNICA
Craqueamento

- Derivado do verbo em inglês to crack: quebrar, dividir.


É como se denominam vários processos químicos na
indústria, principalmente na indústria do petróleo, onde
um composto é dividido em partes menores pela ação
de calor.
Exemplos:

C2H6 → C2H4 + H2

Exemplo da produção de eteno, importante matéria-prima


para a produção de plásticos.
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MATURAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA

Quanto a maturação da matéria orgânica, as rochas podem


ser:

Rochas Imaturas - as condições termoquímicas foram


inadequadas à geração de quantidades significativas de petróleo.

As rochas imaturas podem gerar gás seco (metano, de origem


bioquímica) e pequenas quantidades de óleo imaturo.
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MATURAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA

∙ Rochas Maturas - as condições termoquímicas


foram adequadas à geração de quantidades
substanciais de petróleo.

∙ Rochas Senis - a paleotemperatura máxima foi


excessiva, tendo destruído o petróleo líquido
eventualmente gerado. Somente acumulações de
gás (principalmente metano) podem ser esperadas
de rochas senis.
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ROCHA RESERVATÓRIO

- Trata-se de qualquer rocha porosa e permeável capaz


de armazenar o petróleo expulso das rochas geradoras
durante o processo de compactação. Pode ser ígnea,
metamórfica ou sedimentar.

A maior parte do petróleo até hoje descoberto


encontra-se em arenitos e calcários (rochas porosas e
permeáveis são as mais comuns nas bacias
sedimentares).
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ROCHA RESERVATÓRIO

Testemunho de uma Arenito observado ao microscópio.


rocha-reservatório (arenito portador Fonte: Adans, 1984.
de petróleo), Bacia do Recôncavo.
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ROCHA RESERVATÓRIO

O Campo de Ghawar, na Arábia


Saudita, que é o maior campo
petrolífero do mundo, produz de
calcários. O Campo de Burgan, no
Kuwait, o segundo em reservas de óleo,
produz de arenitos do Cretáceo

Calcarenito observado ao
microscópio. Fonte: Adans,
1984.
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ROCHA RESERVATÓRIO

POROSIDADE

• É a percentagem de vazios (espaços porosos) das


rochas. Quando todos os poros são levados em
consideração, tem-se a porosidade absoluta.

• Se apenas os poros conectados entre si são


considerados, tem-se a porosidade efetiva. Todas as
rochas-reservatório têm uma certa proporção de poros
não conectados.
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ROCHA RESERVATÓRIO

Distribuição dos fluidos nos poros de uma rocha-reservatório. Do


volume total do óleo existente somente um pequeno percentual é
recuperável, neste caso 30%. Fonte: Alves et al., 1986.
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ROCHA RESERVATÓRIO
A classificação das rochas-reservatório quanto à porosidade,
pode ser visualizada na tabela 4:

Classificação das rochas reservatório quanto à porosidade.

Porosidade (%)

Fechada 0-9
Regular 9 - 15
Boa 15 - 20
Excelente 20 - 25
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ROCHA RESERVATÓRIO
POROSIDADE (Ø) = (Volume de poros / Volume da Amostra) x 100

•A porosidade dos reservatórios varia tanto vertical como


horizontalmente.

•A maioria dos reservatórios apresenta porosidade entre 10 e 20%.


Uma rocha menos porosa pode ser explorada, desde que sua
espessura seja grande.

•A porosidade deve ter continuidade lateral, para que o volume de


óleo armazenado seja comercialmente explotável.

• Alguns arenitos apresentam boa porosidade em caráter regional,


outros têm porosidade extremamente variada.
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ROCHA RESERVATÓRIO

Denomina-se porosidade primária aquela controlada pelo


ambiente de sedimentação.

Ou seja, o material detrítico ou orgânico pode acumular-se de


tal forma que espaços vazios (poros) são deixados entre os
grãos de areia ou fragmentos de conchas, por exemplo.

A porosidade primária é a porosidade mais importante em


arenitos.
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ROCHA RESERVATÓRIO
• A porosidade secundária desenvolve-se como resultado de
algum processo geológico após a rocha-reservatório ter sido
litificada (consolidada).

• A porosidade secundária desempenha importante papel em


calcários.

• O tamanho dos poros varia desde milimétricos até cavernas,


no caso de porosidade secundária desenvolvida pela
dissolução da rocha carbonática original.
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ROCHA RESERVATÓRIO
A disposição, a classificação, o arredondamento dos grãos e a
proporção de cimento e matriz são os principais fatores que
afetam a porosidade.

As rochas-reservatório são estudadas em laboratórios de


petrofísica, principalmente através de testemunho. São obtidos
dados quantitativos não só da porosidade e da permeabilidade,
mas também da saturação dos fluidos presentes
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ROCHA RESERVATÓRIO
PERMEABILIDADE

• É a medida da capacidade de uma rocha de permitir fluxo de


fluidos.

• É normalmente expressa em Darcy (D). Como esta unidade é


muito grande, na prática utiliza-se o milidarcy (mD).

• Diz-se que uma rocha tem permeabilidade (k) de 1 Darcy


quando transmite um fluido de 1 cp (centipoise) de viscosidade
através de uma seção de 1 cm2, à razão de 1 cm3 por
segundo, sob um gradiente de pressão de 1 atm.
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A classificação das rochas-reservatório quanto à


permeabilidade pode ser visualizada na tabela 5:

Classificação das rochas reservatório quanto à


permeabilidade:

Permeabilidade (mD)
Baixa Menor que 1
Regular 1 – 10
Boa 10 – 100
Muito boa 100 – 1000
Excelente Maior que 1000
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• Normalmente, a permeabilidade encontrada nos


reservatórios varia entre 5 e 1000 mD.

• Verifica-se que rochas com a mesma porosidade podem ter


permeabilidades bastante diferentes.

• Uma rocha pode ser muito porosa, porém não permeável,


como é o caso dos folhelhos.

• O fraturamento da rocha pode aumentar consideravelmente


sua permeabilidade.
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ROCHA RESERVATÓRIO

Foto de rochas-reservatório ao microscópio mostrando uma


grande variação da permeabilidade para porosidades
semelhantes. Fonte: Schlumberger/CMR.
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ROCHA RESERVATÓRIO
A maioria dos campos brasileiros produz de arenitos:
campos de Miranga, Água Grande, Araçás e Buracica na
Bacia do Recôncavo; Roncador, Marlim, Albacora e Vermelho
na Bacia de Campos e Canto do Amaro, Estreito, Fazenda
Belém na Bacia Potiguar.

Rochas com baixa ou nenhuma permeabilidade original


podem, através de fraturamento hidráulico, tornar-se boas
produtoras.

Nos Estados Unidos (Kentucky), existe um campo com 3.800


poços produtores em folhelhos fraturados. No Campo de
Candeias, no Recôncavo Baiano, também há produção em
folhelhos fraturados.
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ROCHA CAPEADORAS
A rocha-reservatório é um recipiente onde o petróleo se
acumula. Um reservatório qualquer só pode conter fluidos se
suas paredes forem relativamente impermeáveis.

No caso dos reservatórios


geológicos, as paredes do
recipiente são as rochas ditas
capeadoras.
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ROCHAS CAPEADORAS

Seção esquemática de uma acumulação de petróleo, numa


trapa estrutural
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ROCHA CAPEADORA
• Uma boa rocha capeadora deve ser mais ou menos
plástica, pois as rochas mais rígidas são mais
fraturáveis, deixando escapar o petróleo.

• Os calcários, quando puros, são muito quebradiços e,


portanto, inadequados como rochas capeadoras.

• No Campo de Burgan, no Kuwait, as rochas capeadoras


são calcários impuros e folhelhos.

• Nenhum material é completamente impermeável. O


capeamento, frequentemente, é imperfeito, o que
acarreta a presença de exsudações na superfície.
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ROCHA CAPEADORA

Alguns arenitos e siltitos têm permeabilidade tão baixa que


podem funcionar como rochas capeadoras.

Entretanto, fraturam-se com facilidade devido aos movimentos da


crosta terrestre. Conglomerados também são excelentes
rochas capeadoras

Conglomerado. Fonte: Adans,


1984
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ROCHA CAPEADORA
Na figura temos um resumo das relações entre o tipo de
rocha e sua função numa acumulação de petróleo.

FOLHELHOS GERADORES E SELANTES *

ARENITOS RESERVATÓRIOS

RESERVATÓRIOS
CALCÁRIOS
GERADORES E SELANTES *

EVAPORITOS SELANTES

* RESERVATÓRIO QUANDO FRATURADOS


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TRAPAS ou ARMADILHAS

São situações estruturais ou estratigráficas que


propiciam condições para a existência de acumulações
petrolíferas.

De um modo geral, as trapas podem ser classificadas,


segundo Levorsen (1958), em três tipos principais:

•Estruturais
•Estratigráficas
•Combinadas.
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TRAPAS ou ARMADILHAS

TRAPAS ESTRUTURAIS

• São trapas formadas por alguma deformação local, como


resultado de falhamentos e de dobramentos,

• São as mais evidentes nos mapeamentos geológicos de


superfície e as mais rapidamente localizadas em
subsuperfície.
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TRAPAS ou ARMADILHAS
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TRAPAS ou ARMADILHAS
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TRAPAS ou ARMADILHAS

Tipos mais comuns de trapas estruturais


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TRAPAS ou ARMADILHAS
ESTRATIGRÁFICAS

São as trapas formadas por alguma variação na estratigrafia,


na litologia ou em ambas. Podem ser primárias ou
secundárias.
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TRAPAS ou ARMADILHAS

Trapas Estratigráficas Primárias


São produtos diretos do ambiente de sedimentação. São
também denominadas trapas deposicionais.
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TRAPAS ou ARMADILHAS

Trapas Estratigráficas secundária

São as que desenvolveram-se após a deposição e


diagênese da rocha reservatório. Estas trapas estão
frequentemente associadas a discordâncias.
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TRAPAS ou ARMADILHAS

TRAPAS COMBINADAS

• São as trapas formadas pela combinação de fatores


estruturais e estratigráficos em proporção
aproximadamente igual.

• Trapas combinadas típicas são formadas quando uma


falha corta um arenito próximo à sua mudança de
fácies para folhelho ou quando este mesmo arenito
é dobrado.
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RELAÇÕES TEMPORAIS

• Uma acumulação comercial de petróleo só ocorre após


uma sequência predeterminada de eventos.

• Por exemplo, se uma trapa se formar após a migração


do petróleo, ela será seca.

• Consequentemente, uma trapa formada muito tarde na


história de uma bacia não é atrativa do ponto de vista
exploratório.
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MIGRAÇÃO DO PETRÓLEO

• A saída dos hidrocarbonetos a partir do querogênio e o


seu transporte dentro e através dos capilares e
poros estreitos de uma rocha geradora constitui o
mecanismo denominado de migração primária.

• O movimento do petróleo, depois da sua expulsão da


rocha geradora, através de fraturas, falhas,
discordâncias e das rochas permeáveis, constitui a
migração secundária
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MIGRAÇÃO DO PETRÓLEO

Representação da migrações primária e secundária.


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MIGRAÇÃO PRIMÁRIA DO PETRÓLEO
•Movimento da fase hidrocarboneto, induzido por pressão.

• A geração de HC a partir da atuação da temperatura sobre


o querogênio, aumenta continuamente o volume de
querogênio.

• Ocorre a criação de centros de alta pressão dentro das


rochas geradoras.

• Aumento de pressão, microfraturas, subsequente


liberação de pressão, expansão dos fluidos e,
finalmente, transporte produzem a movimentação de uma
quantidade significativa de óleo ou gás.
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MIGRAÇÃO SECUNDÁRIA DO PETRÓLEO


• A pressão capilar é a força que faz com que as gotas de
petróleo e as bolhas de gás preencham os espaços
porosos da rocha.

• Sempre que as pressões capilares são muito altas ou


os poros das rochas são muito reduzidos, o óleo em
migração é trapeado.
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MIGRAÇÃO SECUNDÁRIA DO PETRÓLEO

É controlada por quatro parâmetros:

• Flutuação de óleo e gás na água que satura os poros das


rocha,
• Diferencial de pressão,
• Diferencial de concentração e
• Fluxo hidrodinâmico.
Enquanto os fluidos aquosos nos poros das rochas em
subsuperfície estiverem estacionários, a única força
condutora para a migração secundária é a flutuação.

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