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2. PETRÓLEO
2.1. Cronologia do Aparecimento dos Lubrificantes
Registros históricos da utilização do petróleo remontam a 4 000 a.C. devido a exsudações e
afloramentos frequentes no Oriente Médio. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, da Pérsia e
da Judeia já utilizavam o betume para pavimentação de estradas, calafetação de grandes
construções, aquecimento e iluminação de casas, bem como lubrificantes e até laxativo. Os
chineses já perfuravam poços, usando hastes de bambu, no mínimo em 347 a.C.. Heródoto citou
em "História", processos de obtenção do petróleo e do betume no Oriente Médio (Século V AC).
Amiano Marcelino, historiador do período final do Império Romano, menciona o óleo da Media,
usado em flechas incendiárias, e que não era apagado com água, apenas com areia; um outro
óleo, mais viscoso, era produzido na Pérsia, e chamado na língua persa de nafta. No início da era
cristã, os árabes davam ao petróleo fins bélicos e de iluminação. O petróleo de Bacu, no Azerbaijão,
já era produzido em escala comercial, para os padrões da época, quando Marco Polo viajou pelo
norte da Pérsia, em 1271.

2.2. Composição Química do Petróleo


O petróleo é constituído quase inteiramente por carbono e hidrogênio em várias combinações
químicas (hidrocarbonetos). Dependendo dos tipos de hidrocarbonetos predominantes em sua
composição, o petróleo pode ser classificado em base parafínica e base naftênica. No caso de não
haver predominância de um tipo de composto sobre o outro, o petróleo é classificado como base
mista. Certas características físico-químicas do petróleo, como fluidez, cor e odor, podem variar em
função de sua composição e do local extraído.

A figura abaixo classifica os derivados de petróleo, de acordo com o número de carbonos.


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2.3. Tipos de Petróleo


Podemos dividir o petróleo, de acordo com a sua composição, em três grandes tipos:

a) Parafínicos - composto de hidrocarbonetos parafínicos;

b) Naftênicos - composto de hidrocarbonetos naftênicos;

c) Aromáticos - composto de hidrocarbonetos parafínicos e naftênicos.

Cada um desses três tipos possui características próprias e de acordo com o tipo de aplicação é
indicado ou contra-indicado. Os óleos naftênicos e principalmente os parafínicos se prestaram mais
para a formulação de óleos lubrificantes; não sendo este fator decisivo visto que com os modernos
recursos de aditivação conseguem-se características importantes e que anteriormente não possuía.
Os óleos aromáticos não se prestam para a produção de lubrificantes.
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A jazida de petróleo - é uma área rochosa do subsolo em cujos poros o petróleo se acumula. O
petróleo nunca se encontra sob a forma de lago subterrâneo, como se costuma acreditar. Assim,
O termo lençol petrolífero não expressa a realidade. Sob pressões vindas de cima, o petróleo
desceu, infiltrando-se em rochas porosas, gota a gota, do jeito (mal comparando) com que café
morno embebe torrão de açúcar, até encontrar uma camada de rocha impermeável - isto é, sem
poros - que o deteve. Esta camada de rocha impermeável forma, então, os limites naturais da
jazida. Para que se suspeite de presença de petróleo em quantidade que justifique uma possível
exploração comercial, é necessário que as formações sedimentares tenham considerável
espessura. Estudar e definir tais formações é a primeira tarefa. As regiões que apresentam essas
características são chamadas de bacias sedimentares e são nelas que os geólogos e os geofísicos
vão trabalhar, para saberem onde se deve perfurar um poço. Programa-se um longo trabalho de
estudos e análises de superfície e subsuperfície da terra. Os técnicos decidem perfurar somente
depois de realizarem um prognóstico de comportamento das inversas camadas do subsolo, através
de métodos e processos altamente científicos. Surge, então, ao fim de tanta pesquisa, o poço
pioneiro. A perfuração de um poço é noite e dia sem parar - Desde o momento em que a perfuração
é iniciada, o trabalho se processa ininterruptamente durante as vinte e quatro horas e só se encerra
quando atinge os objetivos predeterminados. O objetivo de um poço, em termos de perfuração, é
traduzido na profundidade programada: oitocentos, dois mil, cinco mil metros. Isso requer trabalho
árduo e vigília permanente. À medida que a broca avança, vão-se acrescentando tubos, em
segmentos de dez metros. Trabalho estafante. Normalmente, uma broca tem vida útil de quarenta
horas. Para trocá-la, tem-se de retirar todos os segmentos da tubulação e recolocá-los. Imagine o
trabalho e o tempo, se a perfuração estiver, por exemplo, a profundidade de quatro mil metros. As
brocas e a velocidade dependem da dureza das rochas - Para vencer rochas muito duras,
empregam-se brocas de tungstênio ou diamante. Para rochas menos resistentes, são utilizadas
brocas de dentes ou lâminas. Há perfurações que progridem mais de quinhentos metros por dia.
Porém são conhecidas perfurações que não passam dos dez metros por dia (região do alto Juruá,
Amazonas). Tais fatos demonstram a variação de dureza do terreno. Quando a lama é valiosa -
Chama-se lama de perfuração uma mistura de betonita, argila, óleo diesel, água, etc., que mantém
a pressão ideal para que as paredes do poço não desmoronem e que serve, também, para lubrificar
a broca e deter o gás e o petróleo, no caso de descoberta. A lama explica o poço - Enquanto se
processa a perfuração, todo o material triturado pela broca vem à superfície em mistura com a
lama. De posse desse material, o geólogo examina os detritos nele contidos. Aos poucos, vai
reunindo a história geológica das sucessivas camadas rochosas vencidas pela sonda. A análise
dos dados assim recolhidos pode dar a certeza de que a sonda encontrou petróleo. Pode também
sugerir que a perfuração deve continuar ou, então, que não há esperança de qualquer descoberta.
O geólogo, contudo, dispõe, desde o começo do furo, de muitas informações, transmitidas pelos
trabalhos preliminares de pesquisa. Normalmente, ele sabe que a zona de maior possibilidade está
localizada a partir de uma determinada profundidade. Além disso, ele pode buscar auxílio na
interpretação de outro poço perfurado nas proximidades. No momento em que a broca perfura o
limite do lençol, o petróleo jorra para fora, às vezes até 100 metros de altura. Quando diminui a
pressão interna do bolsão, o petróleo tem que ser bombeado, através de uma unidade de
bombeamento para reservatórios situados junto ao poço. Dos reservatórios o óleo é transportado
para as refinarias através de naviospetroleiros, composições ferroviárias ou através de oleodutos.
Na refinaria o petróleo bruto será destilado; e dessa operação se obterá a série de derivados, que
segundo alguns, ultrapassam a casa dos mil.
REFINAÇÃO DO PETRÓLEO - Na refinaria, o petróleo é submetido a diversos processos, pelos
quais se obtém a grande série de derivados: gás liquefeito, gasolinas, naftas, óleo diesel,
querosene para aviões a jato, óleos combustíveis, asfaltos, lubrificantes, solventes, parafinas,
coque de petróleo e resíduos. Conforme a qualidade do petróleo - mais leve ou mais pesado - as
parcelas dos derivados variam. Assim, os petróleos mais leves dão maior quantidade de gás
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liquefeito, gasolinas, naftas (produtos leves), enquanto os mais pesados dão origem a volumes
maiores de óleos combustíveis, asfaltos e resíduos (produtos pesados).
No meio da série estão os produtos médios, como o óleo diesel e os querosenes. De cada cem
partes do petróleo processado numa refinaria, apenas três partes são consumidas nas diversas
unidades produtoras. Um parque de refino de petróleo não produz apenas combustível. Temos
unidades que produzem lubrificantes para motores, parafinas para velas frações especiais para
produção de detergentes, solventes, enxofre, benzeno, tolueno, naftas para petroquímica, etc.
Estas unidades também valorizam, em boa escala, o petróleo processado e são muitos úteis para
a indústria nacional.

2.4. Obtenção dos Lubrificantes

Os óleos lubrificantes têm sido preparados com crus de petróleo das mais variadas proveniências
do globo terrestre. Como seria de esperar, as características físicas e o grau de rendimento
operacional e quantitativo dos lubrificantes, fabricados a partir de tais crus, apresentam diferenças
consideráveis. Estes óleos são obtidos com base na parte mais viscosa dos crus, depois de
separados, por destilação, do óleo Diesel e de outros produtos mais leves. Quando considerados
pelo volume, uma esmagadora maioria dos óleos lubrificantes produzidos em todo o mundo provém
diretamente de crus, sob a forma de seus. Destila dos ou produtos residuais. Muito embora os crus
petrolíferos das várias partes do mundo diferem muito, tanto nas suas propriedades como na
aparência, são relativamente poucas as diferenças detectadas por análise elementar. De fato, as
amostras de petróleo bruto proveniente das mais variadas origens provam conter carbono, em
proporções que variam de 83 a 87% e hidrogênio de 14 a 11%. As análises elementares de crus
petrolíferos realmente revelam muito pouco da enorme variedade, ou da natureza dos óleos
lubrificantes que se podem preparar com eles.
O conhecimento das proporções e da qualidade dos seus constituintes é muito importante para a
refinaria, que tem de classificar tipos de crus e avaliar as propriedades físicas dos óleos deles
obtidos. Além dos flagrantes diferentes físicos que apresentam os óleos lubrificantes extraídos de
crus diferentes, existem outras menos perceptíveis. Por exemplo, os que provêm de certos crus
podem conter vestígios de determinados compostos naturais de enxofre, capazes de atuar como
inibidores de oxidação, quando o óleo se encontra em serviço efetivo e sujeito às elevadas
temperaturas, evitando ou retardando a formação de produtos de oxidação, ácidos ou resinosos.
Outros podem apresentar consideráveis diferenças na forma como reagem a certos aditivos
químicos, que possam vir a ser-lhes introduzidos na fase de acabamento, para lhes conferirem as
características necessárias a determinadas aplicações.
O fabricante de óleos lubrificantes tem, pois, de escolher criteriosamente entre os crus de várias
procedências, o que lhe convém.
Na fabricação do lubrificante, o refino do cru, que nada mais é o que o petróleo, dará origem aos
chamados óleos básicos. Eles têm designação própria, de acordo com suas características.
Exemplos:
Spindle Oil - parafínico, baixo ponto de fluidez.
Bright Stock - parafínico, emulsificante.
Neutro médio - parafínico, antiespumante.
Opaco leve - naftênico, antioxidante.
Os básicos terão propriedades semelhantes aos dos crus que foram originados. Um cru naftênico
dará origem a um básico também naftênico. Na formulação do lubrificante se usam diferentes tipos
do básico, para obter-se as propriedades requeridas para o emprego daquele lubrificante. A mistura
de básicos denomina-se. "blending".

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