Este documento é um ensaio analítico sobre o romance "Os Ratos" de 1935 de Dyonélio Machado. O ensaio discute como o romance se encaixa na categoria de "Romance da Urbanização" proposta por Fernando Gil para descrever obras que retratam o processo de modernização de metrópoles provinciais brasileiras na década de 1930. O ensaio também destaca algumas características peculiares de "Os Ratos" dentro desta categoria, como a narrativa em terceira pessoa e as condições do
Este documento é um ensaio analítico sobre o romance "Os Ratos" de 1935 de Dyonélio Machado. O ensaio discute como o romance se encaixa na categoria de "Romance da Urbanização" proposta por Fernando Gil para descrever obras que retratam o processo de modernização de metrópoles provinciais brasileiras na década de 1930. O ensaio também destaca algumas características peculiares de "Os Ratos" dentro desta categoria, como a narrativa em terceira pessoa e as condições do
Este documento é um ensaio analítico sobre o romance "Os Ratos" de 1935 de Dyonélio Machado. O ensaio discute como o romance se encaixa na categoria de "Romance da Urbanização" proposta por Fernando Gil para descrever obras que retratam o processo de modernização de metrópoles provinciais brasileiras na década de 1930. O ensaio também destaca algumas características peculiares de "Os Ratos" dentro desta categoria, como a narrativa em terceira pessoa e as condições do
Introdução A obra Os ratos, escrita por Dyonélio Machado, é um romance do escritor Dyonélio Machado, publicado em 1935, considerado o mais importante do autor. O livro nasceu de um pedido do escritor Érico Veríssimo para participar de um concurso literário.
Análise
O termo Romance de 30, frequente em nossa crítica literária, abrange
um conjunto heterogêneo de obras. Em sua tese de doutorado, Fernando Gil propõe uma nova categoria para a literatura brasileira a partir da exposição e análise de três romances – Os Ratos (1935), de Dyonelio Machado; Angústia (1936), de Graciliano Ramos e O Amanuense Belmiro (1937), de Ciro dos Anjos. Publicadas no miolo dos anos 30, essas três obras parecem formar um conjunto à parte ao tematizarem metrópoles provincianas em processo de modernização incipiente, opondo-se ao que seria o típico romance de 30, cujas narrativas estariam "centradas nas transformações do mundo rural" (GIL,1999, p. 36). Para dar conta desse conjunto de obras, Fernando Gil recicla o termo Romance da Urbanização, utilizado por Roberto Schwarz em ensaio sobre O Amanuense Belmiro.
Unindo os três romances da urbanização ainda teríamos outras
características, como a presença do herói fracassado e uma percepção histórico-temporal peculiar. Vejamos:
"[…] o romance da urbanização nada conta do passado nem tampouco
aponta para o futuro. [...] Contrariamente ao tradicional romance de 30, em que uma consciência crítico-desencantada narra a desintegração e o colapso de um determinado universo social, apontando implicitamente para as transformações que derivam dessa ordem social em ruínas, no romance da urbanização não estão mais em jogo o sentimento e a visão de mundo guiada e normatizada por uma escala de valores a partir da qual o personagem baliza a sua trajetória e experiência, conformando-se com ela ou entrando em choque." (GIL, 1999, p.36)
Os Ratos, entretanto, parece guardar algumas especificidades
interessantes em relação às demais obras que compõem a análise de Gil. Primeiramente, é o único dos três romances narrado em 3ª pessoa, além de possuir um narrador que, por sua vez, também se apresenta como peculiar na narrativa brasileira da época. Em segundo lugar, as condições intelectuais e socioeconômicas de Naziazeno diferem significativamente daquelas dos protagonistas dos outros dois romances. Partindo do quadro composto por Gil, esboçaremos nas próximas páginas uma análise de Os Ratos que se propõe a considerar essas especificidades.