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Sou bem jovem, ainda não completei catorze anos, mas não falta muito, logo, isso

acontecerá! Estudo em um colégio no vale, moro nas montanhas, não é tão longe assim, vou e
volto a pé, gosto de caminhar, não passa de meia hora de caminhada, montanha abaixo, montanha
acima. Gosto de ver as flores do campo, ouvir os passarinhos e ver borboletas, ainda brinco com
minhas bonecas, ajudo no que posso em casa, vivo bem.
Um dia, eu voltava pra casa, quando ouvi alguém dizer: “Quer companhia?”. Eu etava muito
desligada, prestava atenção a nada não, claro, daí, eu me assustei, dei um gritinho, o que fez a
pessoa rir um pouco. Olhei pro lado, era o Mosca, um colega do colégio. Ele não estudava comigo,
era de outra turma, bem mais velho que eu. Eu sou só uma menina, quase uma mocinha, mas ele
já é um rapaz, tem vinte anos, bonito, alegre, mora lá embaixo no vale, não sei o que veio fazer
aqui. “Vou acompanhar você até sua casa, só isso.” disse ele.
Apesar do apelido de ”Mosca”, ele é um rapaz bonito, charmoso, tem um corpo muito forte,
parece que frequenta academia de musculação, mas é isso não, ele trabalha com o pai no campo,
faz muito esforço físico e isso o deixa daquele jeito, lindo! As meninas vivem se mordendo, aos
tapas por causa dele, mas não se sabe de nenhuma que tenha tido a sorte de namorar com ele.
Eu? Ora, claro que não! Olhe bem pra mim! Sou só uma menina, pequena, um metro e sessenta,
quarenta e seis quilinhos, morena de pele clara, cabelos compridos, com pernas grossas, seios
firmes, pequenos, mas já bem bonitos mesmo, adoro meus seios…, um corpo bem desenvolvido
pra minha idade, pareço mais uma mocinha do que uma menina, mas ainda brinco com bonecas,
já falei isso. É por isso que chamam ele de “Mosca”, brincam dizendo que “ele é uma mosca morta,
não namora com ninguém”. Eu não ligo, a gente quase não se fala, ele tem as coisas dele pra fazer,
a vida dele, sei lá o que faz; e eu tenho as minhas coisas, a minha vida.
Mas ele estava bem ali, falando ao meu ouvido, uma voz grave, nem parece de rapaz, parece
adulto. Voz forte, dizem que é de baixo profundo, não entendo disso, mas é bem bonita, parece
um trovão! “Calma, pequena, não vou te fazer mal, só pensei em fazer companhia até sua casa, só
isso. Você aceita?”. Bem, dizer o quê? Ele me acompanhou, ficou conversando um tempo comigo
na entrada da chácara onde moro e foi embora. Isso aconteceu por mais de uma vez, por mais de
duas… bem, ele continuou me acompanhando e eu gostando, mas eu era ainda inocente, só
pensava em amizade, em estudar, em brincar com as bonecas, não pensava em namoro, não. Nem
ele me falou nisso, apenas conversava comigo, era uma boa companhia.
Até que um dia, ele me perguntou: “Posso te dar um beijo de despedida?”. Vi nada de errado
nisso. Virei o rosto pra ele me beijar na bochecha, mas ele me deu foi um selinho nos lábios. Eu
não disse nada, mas achei aquilo estranho... e ele se foi. Mas aquilo se repetiu mais vezes, quando
ia se despedir, me dava um beijo nos lábios, rápido, virava e seguia pro vale.
“Minha menina já não é aquela garotinha de brincar com os porquinhos, os gatinhos e
bonecas, já está de namoradinho!”, foi o que falou papai um dia. Eu achei engraçado ele dizer
aquilo. “Pois não é seu namorado? É o que parece. Eu acho ruim não, ele é um bom rapaz, fico feliz
por você, mesmo porque você é novinha, inocente e ele já é um rapaz, mas é decente… poderia
ser pior se fosse alguém sem caráter…, daí eu não ia deixar de jeito nenhum!”. Sabe que eu não
havia pensado daquela forma até então? Foi o que papai disse que me fez pensar no assunto, se
ele não dissesse aquilo, eu mesma continuaria a pensar no Mosca apenas como um amigo, nada
mais. Mas pensei diferente desde aquele dia. Passei a ver o Mosca como… não sei explicar, mas ele
não era mais apenas um amigo que me acompanhava até o portão da chácara. Pegava na minha
mão, eu ficava sem jeito, mas gostava muito. As meninas do colégio começaram a falar de nós dois,
mas eu nem ligava. “Ela é uma sonsa, olha só como anda, parece até que nem vê a gente!”
Bem, a vida continua, não é? Com comentários ou sem eles.
Eu fui mudando, aos poucos.
E Mosca começou a mudar também.
Os beijos já não eram selinhos, ele quase me deixava sem fôlego! Mas eu gostava demais! Ui!
Que coisa boa que era! Cada beijo arrepiava os cabelinhos de minha nuca, eu suava todinha
mesmo, ria feito uma boba. Mas os beijos eram só isso, beijos. Até que, um dia, ele me abraçou,
forte, contra o corpo dele, olhou bem nos meus olhos e disse que eu era a coisa mais bonita que
ele conhecia. Me deu um beijo bem demorado e eu… eu… virei manteiga! Me derreti todinha! Ai!
Minhas pernas perderam as forças, fiquei fraquinha, ele teve de me segurar, que braços fortes ele
tem, fiquei pensando. “Gosto muito mesmo de você, pequena! Não é como aquelas meninas do
colégio que pensam em coisas… sei lá… são assanhadas… você é inocente, ingênua… continue
assim….”
Mas aquilo estava mexendo comigo. Claro, eu podia não saber o que se passava, não tinha
experiência nenhuma, mas percebia umas coisas…, aquele corpo me apertando, aqueles beijos, eu
sentia um calor estranho, uma vontade de tirar a roupa! Sei…, isso tudo era natural, afinal quando
a gente sente calor, pensa é nisso mesmo, tirar a roupa, tomar banho, coisas assim.
E foi o que aconteceu.
Um dia, a gente foi caminhando, de mãos dadas, daí chegamos em um pequeno ribeiro que
descia dasmontanha, formando um pequeno lago no meio de umas pedras.

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