Você está na página 1de 20

TOR MENTO

ETER NO
C R É DI TO S
PRODUÇÃO E DIAGRAMAÇÃO
Renê Ricardo

REVISÃO
Geilson Marques

ILUSTRAÇÕES
Tithi Luadthong
Vector Show
T Studio
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 04

ENREDO 05

ATAQUE NA ESTRADA 06

BEM-VINDO À TARZIA 07

DE VOLTA AO LAR 10

EM BUSCA DA CRIPTA PERDIDA 12

ALMAS EM AGONIA 14

CONCLUSÃO 16

AGRADECIMENTOS 17
INTRODUÇÃO
A aventura que está prestes a conhecer foi construída de modo a ser possí-
vel adaptar seu enredo para vários RPGs, invés de se prender a um único sis-
tema. Sua temática possui raízes no medieval fantástico, sendo assim possível
utilizá-la em jogos como Dungeons&Dragons, Tormenta20, Mighty Blade ou
Shadow of the Demon Lord. Contudo, não se prenda aos jogos aqui citados.
Deseja usar a aventura em GURPS, Dungeon World, Savage World, Old Dra-
gon ou qualquer outro RPG? Não tem problema. Faça os devidos ajustes no
cenário e divirta-se.

Todas as nossas aventuras apresentam este formato aberto. Sem regras e


mecânicas específicas para que você decida como utilizá-las. Leia a aventura
por inteiro, identifique os principais elementos do cenário e decida com seu
grupo qual RPG querem usar para dar vida a esta trama.

Esta aventura pode ser usada como um evento isolado em uma campanha
pré-existente ou o pontapé inicial de uma incrível e longa jornada. Assim
como a duração do jogo, o número de jogadores que irão lhe acompanhar nes-
ta aventura pode variar. Podem ser apenas 3 jogadores ou talvez 6. Neste caso,
faça as alterações que considerar necessárias.

Na verdade, aconselhamos que faça alterações sempre que desejar. Consi-


dere as próximas páginas que está prestes a ler como um guia, não um manual
que deve ser seguido à risca. Insira elementos novos que considere interes-
santes, aproveite o backgound (histórico de vida) dos personagens, remova
elementos que possam não agradar ao grupo. Torne esta aventura aquilo que
você e seu grupo desejam que ela seja.

Antes de apresentar a aventura aos seus jogadores é aconselhável que você


a leia por inteiro. Conheça cada ponto. Deste modo, caso necessário, você terá
maior facilidade em improvisar cenas durante o jogo.

Ah, e não esqueça do principal: Divirta-se!

TORMENTO ETERNO 4 POR TRÁS DO ESCUDO


ENREDO Entretanto, nem tudo é resolvido
de modo definitivo. Algumas mar-
A aventura se passa em uma pe- cas são para sempre. Chagas podem
quena cidade chamada Tarzia. Com ser abertas por puro capricho do
pouco mais de setecentas famílias, destino. Tarzia possui fantasmas que
Tarzia é cercada por montanhas ao estão voltando para assombrá-la e, tal-
Norte e uma densa f loresta ao Sul. É vez desta vez, ela precise de heróis.
ponto de parada para viajantes que
estão a caminho para outras cidades As árvores que crescem ao Sul
maiores, mas ainda muito distantes. foram adubadas com sangue de ino-
centes. Uma sombra ainda permeia
Sua economia gira em torno da o coração de Tarzia. Esta sombra se
agricultura, pecuária, vendas de es- chama Zas’tai, um feiticeiro que, em
peciarias e belas peças de madeira busca da vida eterna, sacrificou inú-
extraída da f loresta pelos lenhado- meras crianças em um ritual profano.
res. Esculturas, quadros, móveis e
incontáveis outras variedades arte- A história diz que o antigo cava-
sanais podem ser encontradas à ven- leiro Damian Blayc sacrificou sua
da no mercado da cidade. vida para derrotar o feiticeiro. O fei-
ticeiro fora derrotado, mas seu corpo
As pessoas da cidade possuem nunca foi encontrado. Por séculos a
certo tino para os negócios e costu- população temeu que Zas’tai pudesse
mam tratar os viajantes com esmero. ainda retornar, mas com o tempo a
Contudo, podem ser bem cautelosas história virou lenda. O medo virou
também. A vida próxima aos ani- piada. Nada além de mito para as-
mais selvagens da f loresta ao Sul os sustar criancinhas.
ensinou a esperar pelo inesperado
e a saberem se defender, já que di- Bem... os anciões estavam certos!
ficilmente chegaria ajuda de outra
cidade a tempo de resolver qualquer
problema.

Foi graças a este instinto de so-


brevivência que a população de Tar-
zia conseguiu superar inúmeros de-
safios e se manter próspera apesar de
seu tamanho.

TORMENTO ETERNO 5 POR TRÁS DO ESCUDO


ATAQUE NA ESTRADA trada e atravessar a floresta. O per-
curso não é desafiador, uma vez que
O grupo está na estrada em busca o grupo saiba em que direção deve
de um local para se abrigar. É noi- ir. Após algum tempo de caminhada
te e uma forte tempestade se abateu encontrarão uma estrada, usada pe-
sobre suas cabeças, lhes obrigando los lenhadores, que leva direto para
a buscar um lugar para descansar o a cidade.
quanto antes. A estrada que percor-
rem, ao pé da montanha, não é se- Os ventos uivantes da tempestade
gura. O grupo já passou por alguns debilitam os sentidos de percepção
deslizamentos de terra que enfati- do grupo. Deste modo, o grupo di-
zam o risco de continuar a viagem. ficilmente perceberá a aproximação
Felizmente é possível ver as luzes de do perigo. A menos que alguém do
uma pequena cidade poucos quilô- grupo tenha sido bem-sucedido em
metros abaixo. perceber o que acontece em seu en-
torno, todos são atacados de surpre-
Os personagens veem um raio sa por esqueletos.
cair na f loresta que fica entre eles e
a pequena cidade. A luminosidade O número de oponentes é igual
do relâmpago é tamanha que a noi- ao dobro de personagens no grupo.
te parece virar dia por alguns pou- Eles são facilmente derrotados, mas
cos segundos. O estrondo do trovão sua vantagem numérica é algo que
é ensurdecedor e chega a assustar não deve ser subestimada. Todos eles
até os mais atentos à tempestade. possuem entre 95cm e 1,5m. Perso-
Aqueles que ficarem extasiados com nagens atentos a esse detalhe podem
a cena podem ter dificuldade com o acabar percebendo que a estrutura
que está por vir. O estrondo gera um daqueles esqueletos parece ser igual
deslizamento de terra acima do gru- a de crianças de 3 a 12 anos. Quando
po. Aqueles que não agirem rápido cada um dos esqueletos é derrotado
podem acabar sendo soterrados ou os ossos se desfazem, restando ape-
se ferirem gravemente. nas uma pequena poça de sangue em
seu lugar que rapidamente se espalha
Quando parte da parede da mon- pelo chão graças a chuva.
tanha se desfaz sobre a estrada em
diferentes pontos, bloqueando a Após o confronto com os esquele-
passagem, os personagens percebem tos o grupo chegará à cidade sem mais
que não há como contornar os des- infortúnios, mas atravessarão a flores-
troços sem pôr suas vidas em risco. ta com uma forte sensação de estarem
O meio mais seguro será sair da es- sendo observados durante o trajeto.

TORMENTO ETERNO 6 POR TRÁS DO ESCUDO


BEM-VINDO À TARZIA Dave Murac
Os personagens chegam à Tarzia Dave é o proprietário da Es-
ainda sob forte chuva. Quase todas talagem Corcel. É um homem
as casas estão fechadas e sem luzes alto com cabelos negros sempre
acesas, exceto pela estalagem. Aci- desgrenhados, já na casa dos
ma da porta de entrada uma placa 40 anos. Possui um porte físico
de madeira bem adornada balança atlético e construiu a estalagem
ao ser soprada pelo forte vento. Nela com suas próprias mãos.
está escrito “Estalagem Corcel” logo
abaixo do entalhe de uma cabeça de A propriedade é fruto de seus
cavalo. longos anos trabalhando na ma-
deireira da cidade. Apesar de
Ao entrarem no local todos per- sisudo, tem um grande e gentil
cebem que um homem está apagan- coração. Ele auxilia a qualquer
do as luzes do lugar e, ao notá-los um da forma que for possível,
na porta, passa para trás do balcão mas jamais permite que alguém
de recepção com um lampião em se aproveite disso e “ultrapasse
mãos. A luz do lampião é agora a o limite”.
única fonte de luz no lugar e dá ao
homem um tom sombrio. Ou talvez
seja apenas a face mal encarada do floresta. Dave não está interessado
homem, que diz prontamente que em histórias de viajantes a esta hora
já estava fechando todo o local. Ele da noite e irá cortar o assunto assim
não se apresenta e parece bem mal que os personagens tentarem con-
humorado, mas não irá se recusar a versar com ele. Talvez tenham maior
atender o grupo. Tudo o que ele mais sorte pela manhã.
quer é que eles parem logo de molhar
todo o seu piso. Caso perguntem seu Na manhã do dia seguinte a ci-
nome, ele os responderá de forma di- dade estará bastante movimentada.
reta e até um pouco ríspida: “Dave”. Pessoas conversando na rua sobre
telhados quebrados, galpões invadi-
Não há muito o que fazer no mo- dos pela água, plantações perdidas
mento a não ser repor as energias e animais que fugiram em busca
dormindo em uma cama quente após de um abrigo melhor. A tempesta-
um belo banho de água morna. Na de certamente trouxe alguns danos
manhã seguinte suas roupas estarão para muitos da cidade, mas o mais
secas e o grupo poderá pensar me- comentado sem dúvida é a queda da
lhor sobre o ocorrido na estrada da estátua na praça principal.

TORMENTO ETERNO 7 POR TRÁS DO ESCUDO


Uma pequena aglomeração em persticiosas demais. Ele fala aberta-
meio aos destroços é aos pouco dis- mente que Tarzia é uma cidade atra-
persada por um cavaleiro. sada devido seus costumes e crenças.
Para ele, a cidade deveria expandir
Em frente aos destroços uma dis- os negócios com as grandes cidades,
tinta figura permanece. Um homem vendendo madeira em larga escala.
de baixa estatura, careca e longa
barba cinza olha com certo espanto Esta visão é contrária a associa-
e tristeza para os destroços, enquan- ção de madeireiros e lenhadores da
to um jovem rapaz de longos cabelos cidade, que pregam o uso sustentável
ruivos começa a erguer os pesados da f loresta, derrubando apenas o ne-
blocos da estátua e os amontoa na cessário para manter o seu estilo de
base da estrutura. O distinto homem vida simples, porém, próspero.
chama-se Eldrim Blayc, o prefeito
da cidade. O rapaz erguendo os des- Caso os personagens comentem
troços da estátua chama-se Kildran com o prefeito sobre o ataque na noi-
Blayc, filho do prefeito. te passada, este se mostrará surpreso
e chama o cavaleiro para perto.
Caso os personagens decidam
perguntar o porque de tanta in- Sir Wallace Braw é um cavaleiro
quietação por uma estátua, Kildran andante já de meia-idade que se ins-
lhes contará com orgulho a história talou na cidade anos atrás e é o res-
de como seu antepassado, Damian ponsável pela segurança do local. Ele
Blayc, sacrificou a própria vida para faz todas as perguntas possíveis aos
salvar a cidade de um famigerado personagens e pede até que o grupo
feiticeiro. A estátua não só é uma mostre o local do ataque. Contudo,
homenagem ao cavaleiro como tam- não há nada no local. As águas da
bém um símbolo da força e coragem chuva eliminaram qualquer evidência
do povo de Tarzia. O prefeito se em- que comprove o relato dos personagens.
polga e transborda simpatia enquan-
to conta a história de sua família, Caso os personagens decidam
deixando para trás a tristeza ao ter perguntar aos cidadãos comuns so-
se deparado com o monumento em bre criaturas nas redondezas, as pes-
ruínas. soas dirão que há ataques de animais
selvagens eventualmente, mas estes
Kildran, por outro lado, se mos- só ocorrem muito longe da cidade.
tra incomodado. Para ele a estátua Não relatam nada fora do natural e,
nada mais é do que uma relíquia, não se informados sobre os esqueletos,
um símbolo, e que as pessoas são su- muitos entram em pânico.

TORMENTO ETERNO 8 POR TRÁS DO ESCUDO


Muitos começam a associar a Os Blayc
queda da estátua ao ataque, dizendo
que isso deve ser algum tipo de pres- Eldrim é o prefeito de Tarzia as-
ságio ou mau agouro. sim como seu pai foi, e como o
pai de seu pai foi. Existe, apa-
Outros irão zombar dos perso- rentemente, uma certa tradição
nagens, dizendo que eles devem ter na família Blayc. Pouquíssimas
tomado muita chuva na cabeça e que vezes a cidade foi governada por
estavam vendo coisas. alguém de fora da família Blayc.
Alguns governaram em interes-
Caso tentem conversar com Dave, se próprio, outros possuem um
que agora pela manhã parece bem desejo genuíno de trazer pros-
mais simpático, ele será um dos peridade ao povo. Eldrim é sem
poucos que dará a devida atenção dúvida alguém que busca o bem
ao caso. Dave conta que durante o estar da população. É fascina-
tempo em que trabalhava para uma do pelo legado de sua família
das madeireiras da cidade, ele e seus e busca ser alguém de princí-
companheiros ouviam murmúrios pios. A população, no geral, tem
na f loresta, em uma região na qual apreço por sua figura.
a maioria dos animais não adentra-
vam. Na região há uma cripta aban- Kildram é filho único e, talvez
donada há séculos e, mesmo depois por isso, tenha sido mimado de-
que os murmúrios cessaram, Dave e mais. Ele anseia pela oportuni-
seus colegas decidiram não ir mais dade de tornar-se governante
naquela região. para implementar seus ideais.
Para ele, Tarzia poderia ser
Caso falem sobre o caso com al- grandiosa, mas o povo tem ca-
guns lenhadores, o grupo pode ter a beça pequena. Sua evidente pre-
sorte de encontrar algum que relata potência é algo que lhe garante
exatamente o que Dave relataria aos certas inimizades, em especial
personagens. Já há alguns dias que com lenhadores e um dos dois
um grupo de lenhadores tem ouvido proprietários de madeireiras da
alguns sons estranhos na floresta. cidade. Kildram acredita que se
Contudo, ao contrário de Dave, os conseguir trazer para seu lado
lenhadores mais jovens não possuem ambos os proprietários das ma-
conhecimento sobre a existência de deireiras, os lenhadores e popu-
uma cripta abandonada na região em lação em geral serão uma ques-
que ouvem os sons horripilantes. tão simples de resolver.

TORMENTO ETERNO 9 POR TRÁS DO ESCUDO


DE VOLTA AO LAR responsáveis pelas mortes que virão.
Qualquer um na cidade que tenha
Os personagens ficam cientes ao condições de lutar irá tentar ajudar
longo do dia que as estradas estão no combate, mesmo não sendo con-
bloqueadas devido quedas de árvo- vocado por Sir Wallace.
res e deslizamentos. Muitos já estão
trabalhando para liberar o caminho. As ruas parecem um campo de
O grupo poderia tentar contornar, guerra. A chuva espalha o sangue
mas as nuvens no céu ao longo do derramado e os lenhadores se mos-
dia deixam evidente que eles podem tram completamente insanos. Em
acabar sendo pegos pela chuva nova- torno de seus olhos veias negras pul-
mente. Por mais rápido que pudes- sam violentamente. Eles não param
sem se locomover não chegariam em de atacar enquanto estiverem cons-
outra cidade antes do anoitecer. A cientes, seja com os machados, facas,
decisão mais segura é, certamente, paus ou as próprias mãos. Durante
permanecer em Tarzia até que o cli- o combate Sir Wallace pede que evi-
ma melhore. tem a todo custo ferir mortalmente
os lenhadores, dificultando ainda
Uma leve chuva após o meio-dia mais a situação.
faz com que os lenhadores acabem
voltando da f loresta mais cedo. Pelo O combate deve durar 5 ou 6 ro-
menos é isso que aparentava à prin- dadas. Após este tempo os lenhado-
cípio. Entretanto, algo inusitado res que ainda estiverem conscientes
acontece. Os lenhadores começam irão cair no chão gritando desespe-
a entrar em suas casas e uma grita- radamente. Uma fumaça negra sairá
ria toma conta das ruas. Mulheres e por suas bocas e voará sobre a cabeça
crianças correndo e pedindo socor- de todos na rua como sombras dis-
ro, muitas já feridas. Os lenhadores formes. Em seguida, seguem floresta
são vistos atacando todos a sua volta a dentro.
com seus machados.
Aqueles que estiverem atentos a
Sir Wallace convoca rapidamente situação podem acabar percebendo
todos que pode para incapacitar os que uma destas sombras se desgarra
lenhadores. Os personagens podem das demais e vai em direção a casa
recusar a convocação, mas serão do prefeito. Sir Wallace está muito
hostilizados por todos caso deci- longe para perceber ou ser chamado
dam não intervir. Qualquer um que a tempo. Se os personagens não agi-
recuse a convocação do cavaleiro é rem rápido pode acabar sendo tarde
visto como covarde e parcialmente demais. Se eles seguirem a sombra

TORMENTO ETERNO 10 POR TRÁS DO ESCUDO


chegarão no exato momento em que lhante aquela quando atravessaram
ela invade os corpos de Eldrim e Kil- a floresta na tempestade. Eles nota-
dram. Uma nova batalha se inicia. rão uma esfera cintilante flutuar aci-
Em caso de vitória a sombra sairá do ma deles. A esfera se aproximará do
corpo de ambos e parte em direção a peito de um dos Blayc caídos e então
f loresta como as demais. o corpo se erguerá.
Seus olhos emanam uma luz azu-
Caso ninguém perceba a sombra lada e este começa a falar:
indo em direção a casa do prefeito,
levará algum tempo até que um em- “Eu não tenho muito tempo
pregado venha ao encontro de Sir neste corpo. Meu nome é Da-
Wallace para informar que tanto o mian Blayc e preciso da ajuda de
prefeito quanto o seu filho desapare- vocês. Há 276 anos meu espírito
ceram. Eles foram atacados por uma está preso na cripta de um antigo
sombra que entrou em seus corpos e, templo, perdido no meio da flo-
em seguida, ambos partiram em di- resta. Eu sacrifiquei minha vida
reção a f loresta. Um dos empregados para derrotar um feiticeiro cha-
que tentou impedir que eles partis- mado Zas’tai, que na busca por
sem acabou tento o pescoço quebra- vida eterna assassinou muitas
do por Kildram. crianças de meu povo e conde-
nou suas almas a um tormento
Se o empregado chegou até os per- eterno. Não fui forte o suficiente
sonagens antes de chegar ao cavalei- para destruí-lo, mas juntamen-
ro eles podem decidir se irão avisá-lo te com meu espírito o aprisionei
ou não. Se avisarem, ele pede ajuda na cripta. De algum modo o selo
aos personagens para resgatar o pre- foi quebrado e agora ele buscará
feito e seu filho. Quer eles aceitem ou vingança. Contudo, seu corpo e
não, Sir Wallace parte ao resgate. espírito estão fracos. Ele precisa
do sangue de meus descendentes
para reaver a força que lhe rou-
bei. Ele não irá parar até con-
ESCOLHAS E CONSEQUÊNCIAS seguir sua vingança. Agora que
estou livre, não posso mais ficar
• Se o grupo conseguir derrotar El- neste mundo. Estou realizando a
drim e Kildram: passagem. Mas as almas daqueles
que Zas’tai assassinou jamais te-
Após a sombra partir rumo à flo- rão descanso enquanto ele existir.
resta o grupo sentirá ainda que está Deixo aqui meu último pedido:
sendo observado. A sensação é seme- salve-os deste tormento eterno!”

TORMENTO ETERNO 11 POR TRÁS DO ESCUDO


Ao fim destas palavras o corpo • Se o grupo seguir Sir Wallace:
cai no chão novamente e a esfera cin-
tilante se desfaz diante dos olhos dos Encontrar o rastro de Eldrim e
personagens. Kildram não será tarefa difícil. A
chuva leve permite que pegadas dei-
Aqueles que tiverem conversado xadas na lama sejam facilmente de-
com Dave podem localizar a posição tectadas. Ao derrotarem Eldrim e
da cripta. Por outro lado, caso te- Kildram o espírito de Damian Blayc
nham falado com lenhadores podem revela a história por trás dos últimos
ter uma vaga ideia de onde procurar acontecimentos.
o templo e sua cripta.
• Se o grupo não avisar Sir Wallace
É possível também que aqueles sobre os Blayc:
que tiverem um bom raciocínio ló-
gico possam deduzir que o raio que O grupo pode acabar decidindo
caiu na floresta na noite passada te- agir sem o cavaleiro. Os Blayc dei-
nha sido o responsável pela quebra xam um rastro na lama que facilita a
do selo. busca. A ausência do cavaleiro pode
tirar do grupo uma ajuda valiosa nos
Se os personagens não buscarem momentos finais, mas também pode
encontrar o local rápido, Zas’tai re- livrá-los de uma possível situação di-
alizará uma nova investida. Ele fará fícil. Veja as Escolhas e Consequên-
isso até conseguir o corpo de algum cias da cena final.
dos Blayc.

• Se o grupo não seguir Sir Wallace:


EM BUSCA DA CRIPTA PERDIDA
Apesar de experiente, o cavaleiro
não é páreo para o que terá que en- De uma forma ou de outra os per-
frentar. Sir Wallace estará morto e sonagens acabarão indo para o cora-
Zas’tai chegará na cidade com plenos ção da floresta. A menos que deci-
poderes e pronto para efetuar sua vin- dam “lavar as mãos” e deixar Tarzia
gança. Se os personagens entrarem na entregue à própria sorte.
frente do feiticeiro, este não terá pro-
blema algum em adicioná-los em sua Se o grupo agir rápido poderá en-
lista de almas para tomar. Esta será contrar os Blayc antes que cheguem
uma batalha difícil e talvez mortal à cripta. Se o grupo demorar demais,
para todos do grupo. Zas’tai terá recobrado suas forças ao
sacrificar os Blayc.

TORMENTO ETERNO 12 POR TRÁS DO ESCUDO


Seguir o rastro dos Blayc é fácil, Ao entrarem no templo, a sensação
mas isso não significa que o trajeto de desolação cai sobre todos. Não há
será tranquilo. No coração da floresta quase nenhum indício que indique
há animais selvagens e territorialistas que o local foi algum dia um tem-
que certamente não apreciarão inva- plo. São apenas paredes cobertas de
sores. Ou, até mesmo, vejam o grupo musgo, poças d’água espalhadas pelo
como caça. Sinta-se livre para usar chão, e um teto completamente des-
animais que considere interessantes. truído permitindo a entrada da chuva.

Ursos, lobos e panteras são boas Um pouco mais ao fundo, atrás de


opções. Tenha em mente que um onde um dia possa ter sido o altar, há
combate em meio a floresta pode um enorme buraco com escombros
fazer com que o grupo perca um espalhados em sua borda. Nos es-
tempo precioso, além de recursos e combros é possível ver, com certa di-
vitalidade. Considere encerrar um ficuldade, runas entalhadas. Alguns
possível combate na floresta quando dos escombros parecem se encaixar e
os animais tiverem perdido metade tudo indica que faziam parte de uma
de sua vitalidade. Nenhum animal pedra grande que lacrava o buraco.
tem intenção de lutar até a morte.
O instinto de sobrevivência sempre Uma escadaria de pedra se proje-
fala mais forte. ta escuridão adentro neste buraco. A
menos que portem alguma fonte de
No coração da f loresta o grupo luz, os personagens não conseguirão
encontrará um antigo templo em enxergar a descida. Além da falta de
ruínas. Suas paredes foram tomadas visibilidade, a descida está escorre-
pela vegetação e corroídas pelo tem- gadia, já que é recoberta por limo e
po e erosão de chuvas. O teto é prati- pela água da chuva. Cair da escada-
camente inexistente e a entrada pos- ria pode ser algo bem ruim, pois não
sui, além de muitas vinhas e galhos, há onde se possa segurar, levando a
um bloqueio de madeira tomada por pessoa a continuar caindo até chegar
cupins e fungos. ao fim da escadaria.

Os personagens podem, sem mui- Ao descer a escadaria os persona-


ta dificuldade, remover o bloqueio gens chegam à cripta. O local é escu-
da entrada. Podem também procu- ro, frio e fétido. Aqueles que estive-
rar outra entrada. As paredes laterais rem bastante atentos poderão notar
possuem algumas aberturas; fissuras uma espada caída ao lado da escada-
causadas pela corrosão na estrutura ria. É a antiga espada de Sir Damian
que permitem a passagem. Blayc.

TORMENTO ETERNO 13 POR TRÁS DO ESCUDO


Mesmo após tanto tempo a espa- o corpo de algum membro do grupo.
da ainda manteve seu fio e a escrita Alguém que for possuído pode ten-
“Serene” em seu cabo. É bem possí- tar resistir e expulsar o espírito sem-
vel que a espada acabe passando des- pre ao fim de seu turno.
percebida devido sua posição e falta
de luminosidade. A única fonte de luz na cripta
será aquela emitida pelo orbe preso
Os túmulos dos antigos sacerdo- no colar de Zas’tai. Tirar o colar da
tes do lugar ficam nas paredes late- posse de Zas’tai não tira dele o do-
rais e estão deteriorados, permitindo mínio sobre as sombras, mas des-
que suas ossadas fiquem parcialmen- truir o orbe irá libertar as almas de
te expostas. Logo à frente há uma sua danação eterna. Quando todos
porta de pedra e um pequeno feixe os esqueletos forem derrotados as
de luz alaranjada passa pelas frestas. sombras serão absorvidas pelo orbe.
O orbe parará de emitir seu brilho,
deixando o local na escuridão. Isso
coloca Zas’tai em enorme vantagem
ALMAS EM AGONIA contra os personagens.

Atrás da porta de pedra está


Zas’tai, reunindos suas forças. No
momento em que algum dos perso- ESCOLHAS E CONSEQUÊNCIAS
nagens tocar na porta, ele invocará
as almas atormentadas daqueles que • Se o grupo não tiver conseguido
sacrificou no passado. As sombras derrotar os Blayc, ou não os tenha
estouram a porta de pedra e entram alcançado:
nas ossadas dos antigos sacerdotes,
animando-as e partindo contra o Existe a chance de os personagens
grupo. terem perdido a luta para os Blayc,
mas o mais provável é que eles não
Considere que há, pelo menos, cheguem a tempo na cripta. Em qual-
um esqueleto para cada membro do quer um destes casos, Zas’tai já terá
grupo. As sombras emitem um som usado o sangue dos Blayc para recu-
agudo. Uma cacofonia de gritos, perar suas forças. Seu corpo será jo-
choro e lamúrias. O forte vento ge- vem e forte, e seus poderes estarão no
rado pelo estouro da porta apagará ápice.
qualquer fonte de luz natural que os
personagens tenham em mãos. Elas É pouco provável que todos saiam
tentam, uma vez por rodada, possuir com vida se o enfrentarem.

TORMENTO ETERNO 14 POR TRÁS DO ESCUDO


Zas’tai • Se Sir Wallace estiver presente na
batalha final:
Zas’tai possui hoje um corpo
decrépito, com pouquíssima Durante a batalha final, Zas’tai
carne cobrindo seus ossos. Em tentará tomar o corpo do cavaleiro
sua vida mortal foi um poderoso para si caso comece a perder. Ele fin-
feiticeiro, mas sua ganância por girá ser derrotado só para pegar todos
mais poder o fez rejeitar a ideia de guarda baixa quando possuir o
de que a morte era inevitável. corpo de Sir Wallace. Zas’tai não sai-
rá do corpo do cavaleiro até que este
Sem nenhum remorso ele sacri- seja morto. Ao ser derrotado no corpo
ficou mais de 100 vidas em um do cavaleiro o espírito de Zas’tai vol-
ritual que lhe concedeu vida tará para o orbe do colar que carrega-
eterna. O orbe que ele carre- va em seu pescoço.
ga mantém a sua imortalidade,
condenando as almas daqueles Se seu corpo original tiver sido
que ele assassinou. destruído ele aguardará pela opor-
tunidade de possuir o primeiro que
Suas forças foram tiradas no tocar o orbe.
momento em que Sir Damian
Blayc sacrificou a própria vida • Se o grupo tiver encontrado a es-
para derrotá-lo no passado. pada do cavaleiro caído:

Agora ele precisa do sangue de Serene, a espada de Sir Damian


descendência Blayc para que Blayc, ainda possui um elo com seu
seu decrépito corpo possa re- antigo dono e o ritual de sacrifício
juvenescer e, assim, levar sua utilizado por ele. Caso alguém do
vingança contra o povo que o grupo use a espada contra Zas’tai irá
cavaleiro salvou. causar o dobro de dano que normal-
mente causaria.

Além disso, se o último golpe des-


ferido contra Zas’tai for realizado
com esta espada, o espírito do feiti-
ceiro será selado nela, impedindo-o
de se libertar por conta própria.

TORMENTO ETERNO 15 POR TRÁS DO ESCUDO


CONCLUSÃO • Zas’tai é selado na espada: Tal-
vez o melhor final possível. Se Zas’tai
Como é de se esperar de uma for selado na espada seu vínculo com
aventura de RPG, Tormento Eter- o orbe é quebrado. As almas que exis-
no não possui uma única conclusão tiam em tormento são finalmente
possível. O final desta trama depen- libertadas e poderão descansar em
derá das escolhas tomadas pelos jo- paz. Além disso, o orbe de Zas’tai po-
gadores. As ações dos personagens derá ser usado sem medo.
determinam o rumo da história e
desenham vários finais possíveis. Mesmo após a derrota de Zas’tai,
Eles podem ter entregue a cidade à a depender do resultado final, você
própria sorte. Podem ter enfrentado ainda pode aproveitar muitos ele-
o feiticeiro imortal em toda sua ple- mentos desta aventura em tramas
nitude. Podem, até mesmo, não te- futuras. Mesmo antes da batalha fi-
rem saído vivos de Tarzia. Algumas nal você pode desenvolver elementos
possíveis conclusões são: aqui apresentados para enriquecer a
trama. Talvez Zas’tai esteja tão fraco
• Zas’tai se apossa do corpo de Sir que leve um bom tempo para reali-
Wallace e o grupo tem que matá-lo: zar seu ataque. Até lá sinta-se livre
A população da cidade ficará em um para abordar e desenvolver tramas
misto de gratidão com tristeza. Nin- secundárias em Tarzia.
guém culpará os personagens, mas
claramente não se sentem confortá- Os interesses de Kildram Blayc
veis com sua presença. e sua aliança com um dos donos de
madeireira. O conflito entre os le-
• Zas’tai é derrotado, mas o nhadores e Kildram. Ataques de ani-
orbe não é destruído: Enquanto o mais selvagens aos locais de trabalho
orbe existir Zas’tai poderá retornar. dos lenhadores. Pequenos ataques
Zas’tai é paciente, e permitirá que al- enviados por Zas’tai na tentativa de
gum personagem faça uso de seu orbe capturar os Blayc e muito mais.
por um bom tempo, até que considere
seguro possuir o portador do orbe. O que quer que decida, lembre-se
que o intuito principal sempre será a
• Zas’tai é derrotado e seu orbe diversão!
destruído: Sem o orbe, Zas’tai não
terá como retornar. A morte final-
mente o abraçará. As almas que exis-
tiam em tormento são finalmente li-
bertadas e poderão descansar em paz.

TORMENTO ETERNO 16 POR TRÁS DO ESCUDO


AGRADECIMENTOS
Gostaríamos de agradecer aos nossos apoiadores que nos inspiram a pro-
duzir cada vez mais material de RPG. Os Escudeiros também tem espaço em
nosso coração. Esta aventura é para demonstrar nossa gratidão não só ao
apoio, mas também a todo o carinho que recebemos.

Muito Obrigado!
Equipe Por Trás Do Escudo

• Adriano Dultra • Andréia Santos • Bruno Wolf •


• Cintia Araujo • Daniel Pirraça • Davi Medeiros •
• Fagner Fernandes • Michelly Bianca • Monique Silva •
• Nailison Hiley • Paulo Cazuza • Raul Leite •
• Roosevelt Lira • Vítor Júnior •

TORMENTO ETERNO 17 POR TRÁS DO ESCUDO


Orbe de Zas’tai
Zas’tai foi, em vida, um poderoso O portador pode também detec-
feiticeiro. Sua ganância por poder era tar e expulsar espíritos em um raio
tamanha que ele não podia aceitar a de 10 metros, aprisionando-os no
ideia de que, assim como todo ser Orbe. Ele também pode libertar to-
vivo, ele também estava destinado a dos os espíritos presos ao Orbe de
morrer. A fim de escapar das garras uma só vez, mas se o fizer não terá
da morte, Zas’tai criou este Orbe e controle sobre eles.
infundiu seu poder e alma nele.
Caso Zas’tai perceba que a men-
Através de um profano ritual, o te do portador é poderosa demais
feiticeiro sacrificou diversas vidas e para que este seja possuído, ele ten-
aprisionou as almas no Orbe. As al- tará persuadi-lo a realizar o ritual da
mas serviam como amplificador para imortalidade. Zas’tai sabe que para
seus poderes e sua imortalidade. isso o portador deverá infundir par-
te de sua alma no Orbe, deixando-o
Aquele que portar o Orbe pode assim mais suscetível à possessão.
não ter ciência de que o espírito do
feiticeiro ali habita, aguardando pa-
cientemente pela oportunidade de
possuir um corpo forte.

O portador do Orbe de Zas’tai


pode convocar os espíritos ali apri-
sionados para possuir os vivos e lu-
tar por ele. O número de espíritos
que podem ser convocados por dia
depende do quão habilidoso com
magia o portador seja. Quando os
corpos possuídos são derrotados, os
espíritos retornam ao Orbe.

TORMENTO ETERNO 18 POR TRÁS DO ESCUDO


Serene
Esta espada longa não aparenta Assim como o cavaleiro antigo,
ter nada de muito especial, com ex- o portador pode cravar a espada
ceção de seus adornos e nome, quase em si mesmo, depositando sua vida
imperceptível, escrito em seu cabo. em um golpe decisivo. O portador
Sua confecção não é distinta de qual- não terá muito tempo para atingir o
quer outra espada comum. Entretan- oponente, mas ao atingi-lo este será
to, é em sua história que a verdade é derrotado, não importando quan-
revelada. ta vitalidade ele ainda possuísse. O
portador cairá morto após o ataque
Séculos atrás, um nobre e valoroso bem-sucedido e não poderá retornar
cavaleiro chamado Damian Blayc sa- a vida, a menos que haja uma inter-
crificou a própria vida para derrotar venção divina.
um profano feiticeiro. O cavaleiro ba-
nhou sua lâmina com o próprio san-
gue, depositando toda sua fé em um
golpe decisivo contra o feiticeiro, der-
rotando-o. Seu corpo não resistiu e
sua espada foi perdida. No momento
de seu sacrifício, o deus a qual o ca-
valeiro era devoto, abençoou Serene.

A lâmina de Serene nunca perde o


fio, não importa as condições em que
seja encontrada. Ela emite um bri-
lho azulado quando está na presença
de espíritos e corruptores e, quando
utilizada contra eles, seus golpes são
sempre considerados acertos críticos.

TORMENTO ETERNO 19 POR TRÁS DO ESCUDO


Tormento Eterno é uma aventura construída para múltiplos
sistemas. Não lhe serão apresentadas mecânicas específicas.
Você é livre para fazer todos os ajustes que considerar
necessário. Dê asas à sua imaginação e divirta-se.

Um antigo selo mágico é rompido, libertando um feiticeiro


imortal que agora busca vingança contra aqueles que foram
responsáveis pela sua clausura. Sua imortalidade vem das almas
que ele mantém aprisionadas em agonia. Você e seu grupo serão
os valorosos heróis que darão fim ao tormento destas pobres
almas? Ou perecerão diante o poder do feiticeiro imortal?

catarse.me/portrasdoescudo

portrasdoescudo portrasdoescudo portrasdoescudo

Você também pode gostar