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FLÁVIO PIEROBON

CONSTITUIÇÃO FEDERAL
ANOTADA

Londrina/PR
2020
© Direitos de Publicação Editora Thoth. Londrina/PR.
www.editorathoth.com.br
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Diagramação e Capa: Editora Thoth
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Dr. Antônio Pereira Gaio Júnior

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Pierobon, Flávio. Constituição Federal Anotada / Flávio Pierobon. –


Londrina, PR: Thoth, 2020. (Coleção Códigos Anotados Editora Thoth)

ISBN 978-65-990261-5-7

1.Constituição Federal. 2. Código anotado. 3.Direito constitucional.


I. Título.

CDU - 341.2

Índices para catálogo sistemático


1. Direito Constitucional: 341.2

Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização.


Todos os direitos desta edição reservardos pela Editora Thoth. A Editora Thoth não
se responsabiliza pelas opiniões emitidas nesta obra por seu autor.
SOBRE O AUTOR

FLÁVIO PIEROBON
Advogado. Professor Universitário. Coordenador do Núcleo de Práticas
Jurídicas da Faculdade Positivo Londrina-PR. Professor convidado de vários
cursos de Pós-Graduação lato senso. Mestre em Ciência Jurídica pela
UENP - Universidade Estadual do Norte do Paraná. Possui pós-graduação
(lato senso) nas áreas de Direito, Educação e Filosofia e aperfeiçoamento
em direitos fundamentais e globalização pela Universidade Complutense de
Madrid-Espanha.
áreas de Direito, Educação e Filosofia e aperfeiçoamento em direitos
fundam
Para Dudu.
Razão e motivo de tudo em minha vida.
AGRADECIMENTOS

A realização desta obra nasceu com o generoso convite feito pela


Editora Thoth, por meio do Dr. Bruno Fuga. Agradeço pela confiança e
aproveito para deixar registrado a minha satisfação de ter sido lembrado para
um projeto tão bonito e grandioso. Thoth e Bruno Fuga, mesmo sendo muito
jovens, já registraram os seus nomes nas letras jurídicas nacionais. Muito
obrigado.
É importante também agradecer ao amigo e colega de trabalho Eliezer
Rosa da Silva. Sem a tua colaboração, gentil e competente, esta obra não
seria possível, não tenho palavras para agradecer pelo seu trabalho e pela
parceria, há um futuro brilhante para o teu presente. Obrigado.
Por fim, é necessário tornar público aquilo que no particular já se sabe
de sobra, obrigado pelo apoio e compreensão Natália D’Angelo Pierobon,
minha companheira de vida. Esta obra também é tua. Sem você nada disso
seria possível e nem desejável.
QUESTÕES INICIAIS

A presente obra busca dar ao texto constitucional um apanhado geral.


Desta forma, são adotadas as seguintes anotações: jurisprudência do STF,
especialmente naqueles casos onde a decisão possui efeito vinculante ou em
casos cuja decisão apresenta questões muito relevantes ou em casos onde
a repercussão geral foi reconhecida pelo Tribunal. Recursos extraordinários
serão usados excepcionalmente, apenas em casos muito específicos ou em
casos onde houver controle difuso de constitucionalidade. A jurisprudência
de outros Tribunais é observada apenas em situações onde a tomada de
decisão está diretamente relacionada com a Constituição. As anotações
também indicarão súmulas do STF, vinculantes ou não. Nas ocasiões onde
houver, serão indicadas as leis que regulamentam o texto constitucional
ou que tratam do tema em análise. Por fim, serão considerados tratados
internacionais, preferencialmente os já incorporados pelo sistema jurídico
brasileiro e os comentários do organizador. Os comentários serão reduzidos
ao essencial, a fim de que a obra atenda ao seu objetivo, que é ser uma
Constituição Federal anotada, de rápido manejo e com informações diretas e
de fácil entendimento.
APRESENTAÇÃO COLEÇÃO CÓDIGOS
ANOTADOS

No ano de 2020, a Editora Thoth lança a Coleção Códigos Anotados.


Diversos Códigos serão publicados por professores Londrina/Pr, cidade
sede da Editora Thoth, com o propósito de disponibilizar Códigos com as
respectivas leis e anotações pertinentes. As anotações nos artigos legais
consistiram em enunciados, direito jurisprudencial dos Tribunais Superiores,
súmulas, resoluções e afins, sempre ligados ao artigo e ao Código em
questão.
A coordenação geral é de responsabilidade do Professor Bruno Fuga,
que foi responsável pela ideia inicial do projeto e por conversar com todos os
professores responsáveis pelos respectivos Códigos, alinhando entre todos
uma padronização na pesquisa para criar harmonia no projeto como um todo
– respeitando, claro, a particularidade de cada Código.
De parabéns, assim, todos os autores da Coleção Códigos Anotados
da Editora Thoth, por aceitarem o desafio e, dessa forma, colaborar com a
pesquisa e estudo, cada qual na sua respectiva área.

Londrina, janeiro de 2020.


APRESENTAÇÃO CONSTITUIÇÃO FEDERAL
ANOTADA

Quem, em pleno século XXI, ainda lança uma obra com anotações a
uma lei? Parece que em tempos digitais fazer uma obra com anotações ao
texto constitucional é fora de época e de contexto, mas não é isso que a prática
jurídica vem demonstrando, ter em mãos um livro onde estejam disponíveis
o texto constitucional, sua interação com outros dispositivos constitucionais,
com a legislação infraconstitucional e com tratados e decisões de cortes
internacionais, além da jurisprudência e das súmulas, vinculantes ou não, do
STF, parece ainda ter um espaço de utilidade na vida dos vários estudiosos do
Direito. Vale ressaltar que não há uma forma de usar ou um público específico
para quem se destina uma legislação anotada, ela serve tanto para o Juiz
quanto para o bacharel ou bacharelando em direito. É, portanto, uma obra de
uso plural.
O texto que ora se apresenta foi feito pensando na necessidade de
compreensão global do Direito, pois um texto constitucional não se interpreta
só, assim como não gera efeitos, muitas vezes, por si só, é necessária a
interação com outros dispositivos constitucionais e, em muitos casos, a
conformação por normas infraconstitucionais.
Pensamos em uma Constituição Federal Anotada que fizesse menção
a outros dispositivos constitucionais, o que permite àquele que estiver a
manuseá-la ter uma compreensão geral das diversas possibilidades de
efeitos do texto constitucional, normas que veiculam princípios muitas vezes
deitam suas raízes em mais de um dispositivo, tornando necessário, para
a adequada interpretação do texto constitucional, uma imprescindível visão
global da Constituição Federal.
O texto sai atualizado com as novas emendas e com a legislação federal
elaborada até janeiro de 2020.
As decisões judiciais foram preferencialmente aquelas tomadas em
controle concentrado de constitucionalidade e, dentre estas, as mais recentes,
mas fizemos questão de trazer decisões tomadas em ações cujo efeito se dá
interpartes ou em ações onde não há efeito vinculante, especialmente quando
tais decisões são marcos no entendimento sobre determinada matéria. Neste
sentido trouxemos, como exemplo, a anotação do HC 143.641, acerca da
prisão domiciliar para detentas grávidas ou mães de crianças até 12 anos.
Além da jurisprudência do STF, trouxemos algumas decisões tomadas
em Tribunais internacionais, assim como tratados internacionais que
apresentam relação direta com o dispositivo constitucional em análise. As
anotações também contemplam as observações gerais emitidas pelo Comitê
de Direito Econômicos sociais e culturais a respeito do teor das normas
contidas no Pacto internacional de Direitos econômicos Sociais e culturais
que estão também previstas no texto constitucional.
Trata-se de uma obra feita com o intuito de colaborar na prática diária
de profissionais e estudantes de Direito, é uma obra inacabada, como toda
obra humana, mas feita com o firme propósito de demonstrar respeito ao texto
constitucional e reforçar a sua importância para a construção de um país com
justiça social, igualdade e liberdade.
Encerro esta apresentação com um trecho do discurso de promulgação
da Constituição Federal, feito por Ulysses Guimarães em 05 de outubro de
1988:
“A Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa, ao
admitir a reforma. Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir,
jamais. Afrontá-la, nunca. Traidor da Constituição é traidor da Pátria.
Conhecemos o caminho maldito: rasgar a Constituição, trancar as portas do
Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio,
o cemitério. A persistência da Constituição é a sobrevivência da democracia.”
É com este espírito que elaboramos esta obra, uma ode à Constituição,
ao seu respeito e à sua observação. Vida longa ao texto da liberdade, da
igualdade, da dignidade humana e da cidadania. Avante!

Londrina-PR, 05 de fevereiro de 2020

Flávio Pierobon
LISTA DE ABREVIAÇÕES

LC – lei complementar
ADI - Ação direta de inconstitucionalidade
ADI (QO) - Ação direta de inconstitucionalidade – questão de ordem
ADC – Ação declaratória de Constitucionalidade
ADO – Ação Direta de inconstitucionalidade por omissão
ADPF – arguição de descumprimento de preceito fundamental
CODESC - Comitê de Direitos Econômicos Sociais e Culturais da ONU
CF/88 – Constituição Federal de 1988
DL – decreto legislativo
HC – habeas corpus
LO – Lei Ordinária
MS – mandado de Segurança
MSC – Mandado de Segurança Coletivo
PIDESC – Pacto internacional de direitos Econômicos Sociais e Culturais
RE – Recurso extraordinário
RG – Repercussão geral
SUMÁRIO

SOBRE O AUTOR ......................................................................................... 5


AGRADECIMENTOS ..................................................................................... 9
APRESENTAÇÃO COLEÇÃO CÓDIGOS ANOTADOS .............................. 13
APRESENTAÇÃO CONSTITUIÇÃO FEDERAL ANOTADA........................ 15

TÍTULO I - Dos Princípios Fundamentais ................................................. 25


TÍTULO II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais ................................ 31
CAPÍTULO I - DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETI-
VOS ......................................................................................................... 31
CAPÍTULO II - DOS DIREITOS SOCIAIS .............................................. 63
CAPÍTULO III - DA NACIONALIDADE.................................................... 72
CAPÍTULO IV - DOS DIREITOS POLÍTICOS ........................................ 74
CAPÍTULO V - DOS PARTIDOS POLÍTICOS ........................................ 77
TÍTULO III - Da Organização do Estado ................................................... 79
CAPÍTULO I - DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA ....... 79
CAPÍTULO II - DA UNIÃO ....................................................................... 81
CAPÍTULO III - DOS ESTADOS FEDERADOS ................................... 104
CAPÍTULO IV - DOS MUNICÍPIOS ...................................................... 107
CAPÍTULO V - DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS........113

Seção I - DO DISTRITO FEDERAL .....................................................113


Seção II - DOS TERRITÓRIOS ...........................................................113

CAPÍTULO VI - DA INTERVENÇÃO......................................................113
CAPÍTULO VII - DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................ 115

Seção I - DISPOSIÇÕES GERAIS ...................................................... 115


Seção II - DOS SERVIDORES PÚBLICOS .........................................125
Seção III - DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL
E DOS TERRITÓRIOS ........................................................................134
Seção IV - DAS REGIÕES ..................................................................134

TÍTULO IV - Da organização dos poderes ..............................................135


CAPÍTULO I - DO PODER LEGISLATIVO ............................................135

Seção I - DO CONGRESSO NACIONAL ............................................135


Seção II - DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL .........136
Seção III - DA CÂMARA DOS DEPUTADOS ......................................139
Seção IV - DO SENADO FEDERAL ....................................................140
Seção V - DOS DEPUTADOS E DOS SENADORES .........................143
Seção VI - DAS REUNIÕES ................................................................145
Seção VII - DAS COMISSÕES ............................................................146
Seção VIII - DO PROCESSO LEGISLATIVO ......................................148

Subseção I - Disposição Geral ..........................................................148


Subseção II - Da Emenda à Constituição ..........................................148
Subseção III - Das Leis ......................................................................150

Seção IX - DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E


ORÇAMENTÁRIA ................................................................................158

CAPÍTULO II - DO PODER EXECUTIVO ..............................................162

Seção I - DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLI-


CA ........................................................................................................162
Seção II - DAS ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA ..164
Seção III - DA RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLI-
CA ........................................................................................................167
Seção IV - DOS MINISTROS DE ESTADO.........................................169
Seção V - DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO CONSELHO DE
DEFESA NACIONAL............................................................................169
Subseção I - Do Conselho da República............................................169
Subseção II - Do Conselho de Defesa Nacional ................................170

CAPÍTULO III - DO PODER JUDICIÁRIO ..............................................170

Seção I - DISPOSIÇÕES GERAIS .......................................................170


Seção II - DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.................................183
Seção III - DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA...........................190
Seção IV - DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E DOS JUÍZES
FEDERAIS ............................................................................................192
Seção V - DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO, DOS TRIBUNAIS
REGIONAIS DO TRABALHO E DOS JUÍZES DO TRABALHO ..........194
Seção VI - DOS TRIBUNAIS E JUÍZES ELEITORAIS .........................196
Seção VII - DOS TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES ..........................198
Seção VIII - DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS ..................198

CAPÍTULO IV - DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA ..................200

Seção I - DO MINISTÉRIO PÚBLICO ..................................................200


Seção II - DA ADVOCACIA PÚBLICA ..................................................207
Seção III - DA ADVOCACIA..................................................................207
Seção IV - DA DEFENSORIA PÚBLICA...............................................208

TÍTULO V - Da Defesa do Estado e Das Instituições Democráticas .......209


CAPÍTULO I - DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO ....209

Seção I - DO ESTADO DE DEFESA ....................................................210


Seção II - DO ESTADO DE SÍTIO ........................................................210
Seção III - DISPOSIÇÕES GERAIS ..................................................... 211

CAPÍTULO II - DAS FORÇAS ARMADAS ............................................. 211


CAPÍTULO III - DA SEGURANÇA PÚBLICA ..........................................213
TÍTULO VI - Da tributação e do orçamento ..............................................215
CAPÍTULO I - DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL ........................215

Seção I - DOS PRINCÍPIOS GERAIS ..................................................215


Seção II - DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR ..................219
Seção III - DOS IMPOSTOS DA UNIÃO ..............................................223
Seção IV - DOS IMPOSTOS DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDE-
RAL ......................................................................................................226
Seção V - DOS IMPOSTOS DOS MUNICÍPIOS .................................231
Seção VI - DA REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS ..........231

CAPÍTULO II - DAS FINANÇAS PÚBLICAS .........................................235

Seção I - NORMAS GERAIS ...............................................................235


Seção II - DOS ORÇAMENTOS ..........................................................236

TÍTULO VII - Da Ordem Econômica e Financeira ...................................247


CAPÍTULO I - DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMI-
CA...........................................................................................................247
CAPÍTULO II - DA POLÍTICA URBANA .................................................258
CAPÍTULO III - DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA REFORMA
AGRÁRIA ...............................................................................................259
CAPÍTULO IV - DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL.....................262
TÍTULO VIII - Da Ordem Social .............................................................262
CAPÍTULO I - DISPOSIÇÃO GERAL ....................................................262
CAPÍTULO II - DA SEGURIDADE SOCIAL ...........................................262

Seção I - DISPOSIÇÕES GERAIS ......................................................262


Seção II - DA SAÚDE ..........................................................................266
Seção III - DA PREVIDÊNCIA SOCIAL ...............................................270
Seção IV - DA ASSISTÊNCIA SOCIAL................................................274

CAPÍTULO III - DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO ....276

Seção I - DA EDUCAÇÃO ...................................................................276


Seção II - DA CULTURA ......................................................................286
Seção III - DO DESPORTO .................................................................289

CAPÍTULO IV - DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO ................291


CAPÍTULO V - DA COMUNICAÇÃO SOCIAL .......................................293
CAPÍTULO VI - DO MEIO AMBIENTE ..................................................297
CAPÍTULO VII - Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do
Idoso ......................................................................................................302
CAPÍTULO VIII - DOS ÍNDIOS ..............................................................309
TÍTULO IX - Das Disposições Constitucionais Gerais ............................310

ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS.............319


FLÁVIO PIEROBON

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA Dos Princípios Fundamentais


FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988.
Art. 1º A República Federativa do Brasil,
PREÂMBULO
formada pela união indissolúvel dos Estados
e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se
Nós, representantes do povo brasileiro,
em Estado Democrático de Direito e tem como
reunidos em Assembleia Nacional Constituinte
fundamentos:
para instituir um Estado Democrático,
destinado a assegurar o exercício dos
I - a soberania;
direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a Relação com outros dispositivos
igualdade e a justiça como valores supremos constitucionais Relação com outros
dispositivos constitucionais
de uma sociedade fraterna, pluralista e
sem preconceitos, fundada na harmonia Art. 18 e art. 60, §4º, I da CF/88.
social e comprometida, na ordem interna e Jurisprudência – STF
internacional, com a solução pacífica das (…) Os princípios democrático e republicano
controvérsias, promulgamos, sob a proteção repelem a manutenção de expedientes
de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA ocultos no que concerne ao funcionamento
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. da máquina estatal em suas mais diversas
facetas. É essencial ao fortalecimento da
Jurisprudência - STF democracia que o seu financiamento seja
feito em bases essencialmente republicanas
Devem ser postos em relevo os valores que
e absolutamente transparentes. Prejudica-se
norteiam a Constituição e que devem servir
o aprimoramento da democracia brasileira
de orientação para a correta interpretação
quando um dos aspectos do princípio
e aplicação das normas constitucionais e
democrático — a democracia representativa —
apreciação da subsunção, ou não, da Lei
se desenvolve em bases materiais encobertas
8.899/1994 a elas. Vale, assim, uma palavra,
por métodos obscuros de doação eleitoral.
ainda que brevíssima, ao Preâmbulo da
Sem as informações necessárias, entre elas a
Constituição, no qual se contém a explicitação
identificação dos particulares que contribuíram
dos valores que dominam a obra constitucional
originariamente para legendas e para
de 1988 (...). Não apenas o Estado haverá
candidatos, com a explicitação também destes,
de ser convocado para formular as políticas
o processo de prestação de contas perde em
públicas que podem conduzir ao bem-estar, à
efetividade, obstruindo o cumprimento, pela
igualdade e à justiça, mas a sociedade haverá
justiça eleitoral, da relevantíssima competência
de se organizar segundo aqueles valores, a
estabelecida no art. 17, III, da CF.
fim de que se firme como uma comunidade
fraterna, pluralista e sem preconceitos (...). E, [ADI 5.394, rel. min. Alexandre de Moraes, j.
referindo-se, expressamente, ao Preâmbulo da 22-3-2018, P, DJE de 18-2-2019.]
Constituição brasileira de 1988, escolia José Art. 4º, I; art. 5º, LXXI; art. 17; art. 21, I e II; art.
Afonso da Silva que “O Estado Democrático de 49, II; art. 84, VII, VII e XIX; art. 9; art.170 e art.
Direito destina-se a assegurar o exercício de 231, §5º da CF/88.
determinados valores supremos. ‘Assegurar’,
tem, no contexto, função de garantia dogmático- II - a cidadania
constitucional; não, porém, de garantia dos Relação com outros dispositivos
valores abstratamente considerados, mas do constitucionais
seu ‘exercício’. Este signo desempenha, aí,
função pragmática, porque, com o objetivo Art. 5º, LXXI, LXXIII, LXXVII; art. 22, XIII; art.62,
de ‘assegurar’, tem o efeito imediato de I, “a”; art. 68, §1º, II e art. 205.
prescrever ao Estado uma ação em favor da Legislação infraconstitucional
efetiva realização dos ditos valores em direção Lei 9.265/96 – Dispõe sobre a gratuidade dos
(função diretiva) de destinatários das normas atos necessários ao exercício da cidadania.
constitucionais que dão a esses valores
conteúdo específico” (...). Na esteira destes Lei 10835/2004 - Institui a renda básica de
valores supremos explicitados no Preâmbulo cidadania e dá outras providências.
da Constituição brasileira de 1988 é que se Jurisprudência - STF
afirma, nas normas constitucionais vigentes, o Ninguém é obrigado a cumprir ordem ilegal,
princípio jurídico da solidariedade. ou a ela se submeter, ainda que emanada de
[ADI 2.649, voto da rel. min. Cármen Lúcia, j. autoridade judicial. Mais: é dever de cidadania
8-5-2008, P, DJE de 17-10-2008.] opor-se à ordem ilegal; caso contrario, nega-
Vide também [ADI 2.076 – Não se trata se o Estado de Direito. Precedentes. 2. Ainda
de norma de reprodução obrigatória nas que o paciente tenha se ocultado para não
Constituições estaduais, pois não possui força se submeter a ordem de prisão ilegal, este
normativa.] fato não foi o único fundamento suficiente do
segundo decreto de prisão, baixado por outra
TÍTULO I autoridade judiciária em outro processo; a nova

25
CONSTITUIÇÃO FEDERAL ANOTADA

ordem de prisão atende às previsões dos arts. liberdade de locomoção mediante condução
312, 313, I, e 315 do CPP. 3. “Habeas-corpus” sob custódia por forças policiais, em vias
originário, substitutivo de recurso ordinário em públicas, não sendo tratamento normalmente
“habeas-corpus”, conhecido, mas indeferido. aplicado a pessoas inocentes. Violação.
[HC 73454, Relator(a): Min. MAURÍCIO Dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da
CORRÊA, Segunda Turma, julgado em CF/88). O indivíduo deve ser reconhecido
22/04/1996, DJ 07-06-1996 PP-19827 EMENT como um membro da sociedade dotado de
VOL-01831-01 PP-00125] valor intrínseco, em condições de igualdade
Jurisprudência – STF e com direitos iguais. Tornar o ser humano
mero objeto no Estado, consequentemente,
A Lei 8.899/1994 é parte das políticas públicas contraria a dignidade humana (NETO, João
para inserir os portadores de necessidades Costa. Dignidade Humana: São Paulo, Saraiva,
especiais na sociedade e objetiva a igualdade 2014. p. 84). Na condução coercitiva, resta
de oportunidades e a humanização das relações evidente que o investigado é conduzido para
sociais, em cumprimento aos fundamentos da demonstrar sua submissão à força, o que
República de cidadania e dignidade da pessoa desrespeita a dignidade da pessoa humana.
humana, o que se concretiza pela definição de (...) A condução coercitiva representa uma
meios para que eles sejam alcançados. supressão absoluta, ainda que temporária,
[ADI 2.649, rel. min. Cármen Lúcia, j. 8-5- da liberdade de locomoção. Há uma clara
2008, P, DJE de 17-10-2008.] interferência na liberdade de locomoção,
ainda que por período breve. Potencial
III - a dignidade da pessoa humana; violação ao direito à não autoincriminação,
Documentos internacionais na modalidade direito ao silêncio. Direito
consistente na prerrogativa do implicado a
Carta das Nações Unidas
recursar-se a depor em investigações ou ações
Declaração Universal de Direitos Humanos. penais contra si movimentadas, sem que o
Convenção americana de Direitos humanos. silêncio seja interpretado como admissão de
responsabilidade. Art. 5º, LXIII, combinado
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos,
com os arts. 1º, III; 5º, LIV, LV e LVII. O direito
Sociais e Culturais.
ao silêncio e o direito a ser advertido quanto
Pacto Internacional dos Direitos Civis e ao seu exercício são previstos na legislação
Políticos. e aplicáveis à ação penal e ao interrogatório
Convenção Internacional sobre a Eliminação policial, tanto ao indivíduo preso quanto ao
de Todas as Formas de Discriminação Racial. solto – art. 6º, V, e art. 186 do CPP. O conduzido
é assistido pelo direito ao silêncio e pelo direito
Convenção sobre a Eliminação de todas as à respectiva advertência. Também é assistido
Formas de Discriminação contra a Mulher. pelo direito a fazer-se aconselhar por seu
Convenção contra a Tortura e Outros advogado. Potencial violação à presunção
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou de não culpabilidade. Aspecto relevante ao
Degradantes. caso é a vedação de tratar pessoas não
Convenção sobre os Direitos da Criança. condenadas como culpadas – art. 5º, LVII.
A restrição temporária da liberdade e a
Convenção Internacional sobre a Proteção dos condução sob custódia por forças policiais
Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes em vias públicas não são tratamentos que
e Membros de suas Famílias normalmente possam ser aplicados a pessoas
Convenção dos Direitos das Pessoas com inocentes. O investigado é claramente tratado
Deficiência como culpado. A legislação prevê o direito
Súmula vinculante 11 - Só é lícito o uso de de ausência do investigado ou acusado ao
algemas em casos de resistência e de fundado interrogatório. O direito de ausência, por
receio de fuga ou de perigo à integridade sua vez, afasta a possibilidade de condução
física própria ou alheia, por parte do preso ou coercitiva. Arguição julgada procedente, para
de terceiros, justificada a excepcionalidade declarar a incompatibilidade com a Constituição
por escrito, sob pena de responsabilidade Federal da condução coercitiva de investigados
disciplinar, civil e penal do agente ou da ou de réus para interrogatório, tendo em vista
autoridade e de nulidade da prisão ou do ato que o imputado não é legalmente obrigado a
processual a que se refere, sem prejuízo da participar do ato, e pronunciar a não recepção
responsabilidade civil do Estado. da expressão ‘para o interrogatório’, constante
do art. 260 do CPP.
Súmula vinculante 56 - A falta de
estabelecimento penal adequado não autoriza [ADI 3.510, rel. min. Ayres Britto, j. 29-5-2008,
a manutenção do condenado em regime P, DJE de 28-5-2010.]
prisional mais gravoso, devendo-se observar, Jurisprudência de Tribunais
nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE internacionais
641.320/RS. A Convenção Americana, por sua vez, reconhece
Jurisprudência - STF - STF expressamente o direito à integridade pessoal,
Presunção de não culpabilidade. A condução bem jurídico cuja proteção encerra a finalidade
coercitiva representa restrição temporária da principal da proibição imperativa da tortura

26
FLÁVIO PIEROBON

e penas ou tratamentos cruéis, desumanos à livre iniciativa e à liberdade profissional.


ou degradantes. Este Tribunal considerou de Jurisprudência: RE 414426 Relator(a): Min.
maneira constante em sua jurisprudência que Ellen gracie, Tribunal Pleno, julgado em 01-
essa proibição pertence hoje ao domínio do 8-2011; RE 511961, Relator(a): Min. Gilmar
ius cogens. O direito à integridade pessoal não mendes, Tribunal Pleno, julgado em 17-6-
pode ser suspenso em circunstância alguma. 2009. O sistema constitucional de proteção
(...) 132. A Corte considera que as precárias de liberdades goza de prevalência prima facie,
condições de funcionamento da Casa de devendo eventuais restrições ser informadas
Repouso Guararapes, tanto as condições por um parâmetro constitucionalmente legítimo
gerais do lugar quanto o atendimento médico, e adequar-se ao teste da proporcionalidade,
se distanciavam de forma significativa das exigindo-se ônus de justificação regulatória
adequadas à prestação de um tratamento de baseado em elementos empíricos que
saúde digno, particularmente em razão de que demonstrem o atendimento dos requisitos
afetavam pessoas de grande vulnerabilidade para a intervenção. (...) A captura regulatória,
por sua deficiência mental, e eram per se uma vez evidenciada, legitima o Judiciário
incompatíveis com uma proteção adequada da a rever a medida suspeita, como instituição
integridade pessoal e da vida. (...) 137. A Corte estruturada para decidir com independência
já salientou que da obrigação geral de garantia em relação a pressões políticas, a fim de
dos direitos à vida e à integridade física nascem evitar que a democracia se torne um regime
deveres especiais de proteção e prevenção, os serviente a privilégios de grupos organizados,
quais, neste caso, se traduzem em deveres de restando incólume a Separação dos Poderes
cuidar e de regular. ante a atuação dos freios e contrapesos para
[Caso nº 12.237 - Corte IDH. Ximenes anular atos arbitrários do Executivo e do
Lopes vs. Brasil. Mérito, reparações e custas. Legislativo. A Constituição impõe ao regulador,
Sentença de 4- 7-2006.]. mesmo na tarefa de ordenação das cidades, a
opção pela medida que não exerça restrições
IV - os valores sociais do trabalho e da livre injustificáveis às liberdades fundamentais
iniciativa; de iniciativa e de exercício profissional (art.
1º, IV, e 170; art. 5º, XIII, CRFB), sendo
Relação com outros dispositivos inequívoco que a necessidade de aperfeiçoar
constitucionais o uso das vias públicas não autoriza a criação
Art. 5º, XIII, art.7º; art. 21, XXIV; 22, I, XVI, art. de um oligopólio prejudicial a consumidores
24, V; art. 170 a 174; art. 192. e potenciais prestadores de serviço no
Legislação infraconstitucional setor, notadamente quando há alternativas
conhecidas para o atingimento da mesma
Decreto nº 591/1992 – promulga o pacto finalidade e à vista de evidências empíricas
Internacional de direitos Econômicos sociais e sobre os benefícios gerados à fluidez do
culturais. trânsito por aplicativos de transporte, tornando
Lei nº 13.874/2019 patente que a norma proibitiva nega ‘ao
Jurisprudência - STF cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente’,
em contrariedade ao mandamento contido no
O motorista particular, em sua atividade laboral, é art. 144, § 10, I, da Constituição, incluído pela
protegido pela liberdade fundamental insculpida Emenda Constitucional 82/2014.
no art. 5º, XIII, da Carta Magna, submetendo-se
apenas à regulação proporcionalmente definida [ADPF 449, rel. min. Luiz Fux, j. 8-5-2019, P,
em lei federal, pelo que o art. 3º, VIII, da Lei DJE de 2-9-2019.]
Federal 12.965/2014 (Marco Civil da Internet) V - o pluralismo político.
e a Lei Federal 12.587/2012, alterada pela Lei
13.640 de 26 de março de 2018, garantem Relação com outros dispositivos
a operação de serviços remunerados de constitucionais
transporte de passageiros por aplicativos. Art. 5º, VIII; art. 17 e art.8º do ADCT.
A liberdade de iniciativa garantida pelos
Legislação infraconstitucional
artigos 1º, IV, e 170 da Constituição brasileira
consubstancia cláusula de proteção destacada Lei nº 9.70981998 – Dispõe sobre os partidos
no ordenamento pátrio como fundamento da políticos
República e é característica de seleto grupo das Jurisprudência - STF
Constituições ao redor do mundo, por isso que
Normas que condicionaram o número
não pode ser amesquinhada para afastar ou
de candidatos às câmaras municipais ao
restringir injustificadamente o controle judicial
número de representantes do respectivo
de atos normativos que afrontem liberdades
partido na Câmara Federal. Alegada afronta
econômicas básicas. (...) O exercício de
ao princípio da isonomia. Plausibilidade da
atividades econômicas e profissionais por
tese, relativamente aos parágrafos do art. 11,
particulares deve ser protegido da coerção
por instituírem critério caprichoso que não
arbitrária por parte do Estado, competindo
guarda coerência lógica com a disparidade
ao Judiciário, à luz do sistema de freios e
de tratamento neles estabelecida. Afronta
contrapesos estabelecidos na Constituição
à igualdade caracterizadora do pluralismo
brasileira, invalidar atos normativos que
político consagrado pela Carta de 1988.
estabeleçam restrições desproporcionais

27
CONSTITUIÇÃO FEDERAL ANOTADA

[ADI 1.355 MC, rel. min. Ilmar Galvão, j. 23- para operações de recolhimento antecipado
11-1995, P, DJ de 23-2-1996.] do ICMS com a concessão de desconto (...).
Violação à separação de poderes.
Parágrafo único. Todo o poder emana
do povo, que o exerce por meio de [ADI 1.703, rel. min. Alexandre de Moraes, j.
8-11-2017, P, DJE de 19-12-2017].
representantes eleitos ou diretamente, nos
termos desta Constituição. Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da
Relação com outros dispositivos República Federativa do Brasil:
constitucionais
Art. 14; art. 15; art. 45; art. 60, §4º, II. a) Os objetivos fundamentais da República
configuram verdadeira obra de um
Legislação infraconstitucional
constituinte programático, cuja realização não
Lei nº 9.709/1998 – regulamenta os está à disposição dos governantes ou dos
mecanismos de participação direta do Povo
(plebiscito, referendo e iniciativa popular) legisladores. Os objetivos fundamentais da
dispostos no art. 14 da CF/88. República justificam e marcam a existência
do Estado brasileiro e, por esta razão, são de
Jurisprudência - STF
observação obrigatória.
A aplicação retroativa das novas regras
que ampliaram o número de vereadores I - construir uma sociedade livre, justa e
nos Municípios brasileiros para alcançar o solidária;
processo eleitoral concluído em 2008, tal como
prevista no inciso I do art. 3º da EC 58/2009, Relação com outros dispositivos
contraria inarredavelmente os princípios constitucionais
constitucionais (...). (...) O art. 1º, parágrafo Art.5º; art. 170 e art. 193.
único, da Constituição brasileira é taxativo ao Jurisprudência – STF
dispor que “todo poder emana do povo, que
o exerce por meio de representantes eleitos”. O art. 7º da Lei 6.194/1974, na redação que
Apenas titularizam essa condição aqueles que lhe deu o art. 1º da Lei 8.441/1992, ao ampliar
foram assim proclamados pela Justiça Eleitoral, as hipóteses de responsabilidade civil objetiva,
nos termos das normas constitucionais e legais em tema de acidentes de trânsito nas vias
que vigiam no momento das eleições. Os terrestres, causados por veículo automotor, não
suplentes de vereadores, aqueles que não parece transgredir os princípios constitucionais
lograram se eleger, não podem ser alçados que vedam a prática de confisco, protegem
à condição de eleitos por força de emenda o direito de propriedade e asseguram o
à Constituição, por ato de representante do livre exercício da atividade econômica. A
poder soberano. Admitir o contrário consagraria Constituição da República, ao fixar as diretrizes
espécie de eleição indireta, contrastando com a que regem a atividade econômica e que tutelam
previsão contida na parte final do art. 29, I, da o direito de propriedade, proclama, como
Constituição da República. valores fundamentais a serem respeitados, a
supremacia do interesse público, os ditames
[ADI 4.307, voto da rel. min. Cármen Lúcia, j. da justiça social, a redução das desigualdades
11-4-2013, P, DJE de 1º-10-2013.] sociais, dando especial ênfase, dentro dessa
perspectiva, ao princípio da solidariedade, cuja
Art. 2º São Poderes da União, independentes realização parece haver sido implementada
e harmônicos entre si, o Legislativo, o pelo Congresso Nacional ao editar o art. 1º da
Executivo e o Judiciário. Lei 8.441/1992.
Relação com outros dispositivos [ADI 1.003 MC, rel. min. Celso de Mello, j. 1º-
constitucionais 8-1994, P, DJ de 10-9-1999.]
Art. 44; 60, §4º, III; art. 76; art. 92; art. 2º do II - garantir o desenvolvimento nacional;
ADCT.
Relação com outros dispositivos
Súmula – STF constitucionais
Súmula 43 - Não contraria a Constituição Art. 5º, XXIX; art. 21, IX; art. 23, parágrafo
Federal o art. 61 da Constituição de São Paulo, único; art. 43; art. 174, parágrafo único; art.
que equiparou os vencimentos do Ministério 180; art. 192; art. 200, V; 215,§3º;art. 216-A;
Público aos da magistratura. art. 218 caput e §2º; art. 219; 239,§1º
Súmula 649 - É inconstitucional a criação, Jurisprudência – STF
por Constituição estadual, de órgão de controle
A questão do desenvolvimento nacional (CF,
administrativo do Poder Judiciário do qual
art. 3º, II) e a necessidade de preservação da
participem representantes de outros Poderes
integridade do meio ambiente (CF, art. 225):
ou entidades.
O princípio do desenvolvimento sustentável
Jurisprudência - STF como fator de obtenção do justo equilíbrio entre
Art. 10, II (...), da Lei 10.542/1997 do Estado as exigências da economia e as da ecologia.
de Santa Catarina. Normas que exigem O princípio do desenvolvimento sustentável,
prévia e específica autorização legislativa além de impregnado de caráter eminentemente

28
FLÁVIO PIEROBON

constitucional, encontra suporte legitimador decorrer da interpretação e das condições


em compromissos internacionais assumidos factuais que impuserem a aplicação do texto
pelo Estado brasileiro e representa fator de normativo.
obtenção do justo equilíbrio entre as exigências
da economia e as da ecologia, subordinada, no Jurisprudência – STF
entanto, a invocação desse postulado, quando (...) gostaria (...) de tecer algumas
ocorrente situação de conflito entre valores considerações sobre a Convenção da Haia e a
constitucionais relevantes, a uma condição sua aplicação pelo Poder Judiciário brasileiro.
inafastável, cuja observância não comprometa (...) A primeira observação a ser feita, portanto,
nem esvazie o conteúdo essencial de um dos é a de que estamos diante de um documento
mais significativos direitos fundamentais: o produzido no contexto de negociações
direito à preservação do meio ambiente, que multilaterais a que o País formalmente aderiu e
traduz bem de uso comum da generalidade ratificou. Tais documentos, em que se incluem
das pessoas, a ser resguardado em favor das os tratados, as convenções e os acordos,
presentes e futuras gerações. pressupõem o cumprimento de boa-fé pelos
[ADI 3.540 MC, rel. min. Celso de Mello, j. 1º- Estados signatários. É o que expressa o velho
9-2005, P, DJ de 3-2-2006.] brocardo pacta sunt servanda. A observância
dessa prescrição é o que permite a coexistência
III - erradicar a pobreza e a marginalização e e a cooperação entre nações soberanas cujos
reduzir as desigualdades sociais e regionais; interesses nem sempre são coincidentes.
Os tratados e outros acordos internacionais
Relação com outros dispositivos preveem em seu próprio texto a possibilidade
constitucionais de retirada de uma das partes contratantes se
Art. 23, X; art. 170, VII, art. 203, V; art. 79 a 82 e quando não mais lhe convenha permanecer
(ADCT); art. 84, §2º, III (ADCT). integrada no sistema de reciprocidades ali
Legislação infraconstitucional estabelecido. É o que se chama de denúncia do
tratado, matéria que, em um de seus aspectos,
Decreto nº 7.492/2011 – Institui o Plano Brasil o da necessidade de integração de vontades
sem miséria. entre o chefe de Estado e o Congresso
IV - promover o bem de todos, sem Nacional, está sob o exame do Tribunal. (...)
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade Atualmente (...) a Convenção é compromisso
internacional do Estado brasileiro em plena
e quaisquer outras formas de discriminação. vigência e sua observância se impõe. Mas,
Relação com outros dispositivos apesar dos esforços em esclarecer conteúdo
constitucionais e alcance desse texto, ainda não se faz claro
Art. 5º, XLI, XLII; art. 7º, XX, XXXI; art. 227 para a maioria dos aplicadores do direito o que
caput e §1º, II. seja o cerne da Convenção. O compromisso
assumido pelos Estados-membros, nesse
Legislação infraconstitucional. tratado multilateral, foi o de estabelecer um
Decreto nº 4.377/2002 – Promulga a convenção regime internacional de cooperação, tanto
sobre a Eliminação de Todas as Formas de administrativa, por meio de autoridades
Discriminação contra a Mulher, de 1979. centrais, como judicial. A Convenção estabelece
Decreto nº 4.886/2003 - Institui a Política regra processual de fixação de competência
Nacional de Promoção da Igualdade Racial – internacional que em nada colide com as
PNPIR. normas brasileiras a respeito, previstas na
LICC. Verificando-se que um menor foi retirado
Jurisprudência - STF de sua residência habitual, sem consentimento
Não se pode permitir que a lei faça uso de de um dos genitores, os Estados-partes
expressões pejorativas e discriminatórias, ante definiram que as questões relativas à guarda
o reconhecimento do direito à liberdade de serão resolvidas pela jurisdição de residência
orientação sexual como liberdade existencial habitual do menor, antes da subtração, ou
do indivíduo. Manifestação inadmissível de seja, sua jurisdição natural. O juiz do país da
intolerância que atinge grupos tradicionalmente residência habitual da criança foi o escolhido
marginalizados. pelos Estados-membros da Convenção como o
juiz natural para decidir as questões relativas à
[ADPF 291, rel. min. Roberto Barroso, j. 28-
sua guarda. A Convenção também recomenda
10-2015, P, DJE de 11-5-2016.]
que a tramitação judicial de tais pedidos se faça
com extrema rapidez e em caráter de urgência,
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-
de modo a causar o menor prejuízo possível ao
se nas suas relações internacionais pelos bem-estar da criança. O atraso ou a demora
seguintes princípios: no cumprimento da Convenção por parte
das autoridades administrativas e judiciais
a) Vale notar que a Constituição utiliza brasileiras tem causado uma repercussão
a expressão princípios, significa dizer negativa no âmbito dos compromissos
que os dispositivos abaixo são normas assumidos pelo Estado brasileiro, em razão
constitucionais que enunciam princípios que do princípio da reciprocidade, que informa o
darão a origem a outras normas que hão de cumprimento dos tratados internacionais. (...) É

29
CONSTITUIÇÃO FEDERAL ANOTADA

este o verdadeiro alcance das disposições da 1989.


Convenção.
Decreto nº 40/1991 – Promulga a Convenção
[ADPF 172 MC-REF, rel. min. Marco Aurélio, contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas
voto da min. Ellen Gracie, j. 10-6-2009, P, DJE Cruéis, Desumanos ou Degradantes.
de 21-8-2009.]
Decreto nº 678/1992 – Promulga a Convenção
I - independência nacional; Americana sobre Direitos Humanos.
Relação com outros dispositivos Decreto nº 591/1992 – Promulga o pacto
constitucionais Internacional de direitos Econômicos sociais e
culturais.
Art. 78; art. 91, §1º, IV.
Decreto nº 592/1992 – Promulga o pacto
II - prevalência dos direitos humanos; Internacional de direitos civis e políticos.
Normas equivalentes a emenda Decreto nº 1.973/1996 – promulga a Convenção
constitucional (art.5º, §3º da CF/88) Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar
Decreto Legislativo nº 186/2008 - Aprova o a Violência contra a Mulher.
texto da Convenção sobre os Direitos das Decreto nº 4.316/2002 – promulga o protocolo
Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo facultativo à Convenção sobre eliminação de
Facultativo. todas as formas de discriminação contra a
Decreto nº 6.949/2009 - Promulga a Convenção mulher.
Internacional sobre os Direitos das Pessoas Decreto nº 4.377/2002 – Promulga a
com Deficiência e seu Protocolo Facultativo Convenção sobre a Eliminação de todas as
Decreto Legislativo nº 261/2015 - Aprova o formas de Discriminação contra a Mulher.
texto do Tratado de Marraqueche para Facilitar III - autodeterminação dos povos;
o Acesso a Obras Publicadas às Pessoas
Cegas, com Deficiência Visual ou com outras IV - não-intervenção;
Dificuldades para Ter Acesso ao Texto Impresso
Decreto nº 9.522/2018 - Promulga o Tratado de
V - igualdade entre os Estados;
Marraqueche para Facilitar o Acesso a Obras Jurisprudência – STF
Publicadas às Pessoas Cegas, com Deficiência Arguição de descumprimento dos preceitos
Visual ou com Outras Dificuldades para Ter fundamentais constitucionalmente
Acesso ao Texto Impresso. estabelecidos: decisões judiciais nacionais
Documentos internacionais permitindo a importação de pneus usados de
Preceitos da Carta das Nações Unidas de países que não compõem o Mercosul: objeto
1945. de contencioso na Organização Mundial
do Comércio, a partir de 20-6-2005, pela
Declaração Universal dos Direitos Humanos de Solicitação de Consulta da União Europeia
1948. ao Brasil. (...) Autorização para importação
Declaração Americana dos Direitos e Deveres de remoldados provenientes de Estados
do Homem de 1948 integrantes do Mercosul limitados ao produto
Declaração do Direito ao Desenvolvimento de final, pneu, e não às carcaças: determinação
1986. do Tribunal ad hoc, à qual teve de se submeter
o Brasil em decorrência dos acordos firmados
Declaração e Programa de Ação de Viena de pelo bloco econômico: ausência de tratamento
1993. discriminatório nas relações comerciais
Declaração de Pequim de 1995. firmadas pelo Brasil.
Legislação infraconstitucional [ADPF 101, rel. min. Cármen Lúcia, j. 24-6-
Decreto nº 30.822/52 – Promulga a Convenção 2009, P, DJE de 4-6-2012.]
para prevenção e repressão do crime de VI - defesa da paz;
Genocídio.
Decreto nº 50.215/1961 – Promulga a VII - solução pacífica dos conflitos;
Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados
de 28 de julho de 1951. VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
Decreto nº 65.810/1969 – Promulga a Relação com outros dispositivos
Convenção sobre a Eliminação de todas as constitucionais
formas de Discriminação Racial. Art. 5º, XLII, XLIII;
Decreto nº 70.946/1972 – Promulga o Protocolo Legislação infraconstitucional
sobre o Estatuto dos Refugiados.
Lei nº 7.716/1989 – Define os crimes resultantes
Decreto nº 98.386/1989 – Promulga a de preconceito de raça ou de cor.
Convenção Interamericana para Prevenir e
Decreto nº 5.639/2005 – Promulga a Convenção
Punir a Tortura
interamericana contra o terrorismo.
Decreto nº 9.9710/1990 – Promulga a
Lei nº 12.288/2010 – Institui o Estatuto da
Convenção sobre os Direitos da Criança –
igualdade racial

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