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Biologia

1) Unidades estruturais e funcionais das células procarióticas e


eucarióticas. Constituintes básicos – macromoléculas

Estrutura celular Caracterização Função


Membrana celular ou Membrana
plasmática  Regula as trocas de
 Estrutura que delimita a substâncias entre os meios
célula intra e extracelular;
 Constituída por uma  Mantem a integridade da
Bicamada fosfolipídica e célula;
proteínas, que muitas vezes  Permite que a célula
estão voltadas para o meio mantenha mais ou menos
intracelular e extracelular. constante o ambiente
interno

Parede celular
 Estrutura rígida, rica em
celulose, que delimita  Conferir rigidez à célula,
exteriormente a membrana suporte e protecção
nas células vegetais

Mitocôndria  Possui duas membranas: uma


externa e outra interna.
 A membrana interna
 Local onde ocorre a maioria
apresenta invaginações para
das reacções da respiração
o interior – cristas
aeróbica
mitocondriais
 Produzir energia biológica –
 No interior da mitocôndrias
ATP
encontra-se a matriz
mitocondrial
 Possui algum DNA
 Possui uma dupla membrana
 A membrana interna
invagina-se para o interior,
Cloroplasto originando vesículas
achatadas – lamelas e
tilacóides
 Conjuntos de tilacóides  Local onde ocorre o processo
empilhados originam um fotossintético
granum
 Os intergrana são lamelas
que unem os grana
 O estoma é a matriz que
envolve os tilacóides
 Possui algum DNA
 Sistema de sáculos, vesículas  Sintetizar e transportar
Retículo endoplasmático e canais que intercomunicam proteínas (RER)
entre si.  Sintetizar lípidos e hormonas
 Pode apresentar ribossomas (REL)
na sua superfície externa –
Retículo Endoplasmático
Rugoso (RER) ou não os
possuir – Retículo
Endoplasmático Liso (REL)

Complexo de Golgi
 Conjunto de cisternas
 Intervir em fenómenos de
achatadas (sáculos) e de
secreção
vesículas
 A sua função está relacionada
 Cada conjunto de cisternas,
com a do RER,
sobrepostas e associas a
nomeadamente na formação
vesículas, constitui um
dos lisossomas
dictiossoma

 Intervir na digestão
intracelular:
 Pequenas vesículas esféricas
- aufagia: degradação de
de membranas simples que
moléculas e estruturas
Lisossomas contêm no seu interior
celulares;
enzimas digestivas
-heterofagia: degradação de
(hidrólases)
partículas oriundas do meio
celular
 Armazenar compostos
Vacúolo
orgânicos, pigmentos ou
 São delimitados por uma gases
membrana  Regular o fluxo de água e iões
 Possuem tamanho variável entre a célula e o meio
 Predominam nas células  Digerir partículas nutritivas
vegetais (vacúolos digestivos)

Núcleo
 É o maior organelo celular
 É delimitado por uma dupla
 Controlar a actividade celular
membrana com poros –
 Armazenar a maior parte da
invólucro nuclear
informação genética
 A membrana externa tem
continuidade com o RE

 Estruturas pequenas
Ribossomas constituídas por duas porções
(pequena subunidade e
grande subunidade)  Fundamentais na síntese de
 Aparecem livres no proteínas
citoplasma, agrupadas ou
associadas ao retículo
endoplasmático
 Estrutura de aspeto cilíndrico
Centríolos
constituída por nove  Intervir na divisão celular
3
conjuntos de três
microtúbulos

Célula eucariótica vegetal


Célula eucariótica animal

Célula procariótica

 Macromoléculas
A maioria das macromoléculas existentes nos seres vivos são polímeros, uma vez que resultam da
união de várias moléculas simples, iguais ou semelhantes a si, os monómeros por um processo
designado por polimerização.
Os constituintes químicos de um ser vivo podem ser agrupados em:
 Compostos inorgânicos ou minerais – água e sais minerais;
 Compostos orgânicos – hidratos de carbono, lípidos, prótidos, ácidos nucleicos e outras
biomoléculas
Estes constituintes desempenham várias funções:
 Função estrutural ou plástica – se entram na constituição dos componentes do organismo, tais
como, membranas celulares, ossos, sangue…
 Função energética – se são degradados no processo de obtenção de energia na forma de ATP e
calor
 Função enzimática e reguladora – se intervêm como agentes catalisadores das reacções
químicas, quer no metabolismo celular quer em processos extracelulares, como a digestão, ou se
controlam o funcionamento coordenado de órgãos e sistemas
 Função de armazenamento e transferência de informação – se garantem a expressão da
informação genética e a sua transmissão aos descendentes de todos os seres vivos.

Tipos de
Moléculas Configuração Características Função (exemplo)
compostos
 Principal constituinte  Estrutural (meio onde
molecular dos seres ocorrem todas as
vivos reacções celulares)
 Molécula polar com  Transporte das
alto poder solvente substâncias essenciais
 Atua como reagente para a célula (plasma)
Água
químico em várias  Remoção dos resíduos
reacções (hidrólises, produzidos pela célula
oxidações e (urina)
Inorgânicos reduções) devido à  Regulação de
sua capacidade de temperatura corporal
ionização (Suor)
 Encontram-se na
forma:
 Estrutural (ossos)
-salina (ex:
Sais  ReguladorA (parte
carbonato de cálcio,
minerais integrante de algumas
fosfato de cálcio)
enzimas
-iónica (Ca2+, Cl-,
Mg2+)
 Compostos
quaternários de
carbono, hidrogénio,  Estrutural
oxigénio e azoto (membranas celulares)
 Unidade estrutural:  Enzimática (enzimas)
aminoácido  Transporte
 Tipo de ligação: (hemoglobina)
Prótidos
peptídica  Motora (proteínas
 Hierarquia contrateis dos
Aminoácido estrutural: músculos)
- Aminoácido (aa)  Imunológica
Orgânicos - Péptido(dipéptidos, (anticorpos)
polipéptido)
- Proteínas
 Compostos ternários
de hidrogénio,
carbono e oxigénio
Hidratos  Energética (glicose)
 Fórmula geral:
de  Estrutural (celulose,
Cm(H2O)n, podendo
carbono quitina)
m=n
 Unidade estrutural:
monossacarídeos ou
oses (podem ser
classificados
atendendo ao
número da carbonos
da molécula em
triose, pentose,
hexose)
 Tipo de ligação:
glicosídica
 Hierarquia
estrutural:
- monossacarídeos
(glicose, frutose,
ribose)
- dissacarídeos
(sacarose. Lactose,
maltose)
- polissacarídeos
(celulose, amido e
glicogénio)
 Compostos ternários
constituídos por
carbono, hidrogénio
e oxigénio (podem
integrar outros
elementos, como
fósforo e azoto)
 Insolúveis em água
 Solúveis em
solventes orgânicos,
como benzeno, éter
e clorofórmio
 Tipos de ligação:  Estrutural (membrana
éster celular)
 Alguns tipos:  Energética (produção
- Glicerídeos: de calor)
Lípidos
resultam da ligação  Protectora (gordura
entre uma molécula subcutânea)
de glicerol como  Hormonal
uma, duas ou três (progesterona)
moléculas de ácidos
gordos
- Fosfolípidos:
molécula anfipáticas,
pois possuem zona
polar (hidrofílica),
com afinidade para a
água, e uma zona
apolar (hidrofóbica)
- Esteróides
(colesterol)
- Ceras (cutina)
Ácidos Nucleotido RNA  Unidade estrutural:  Armazenamento da
Nucleicos nucleótido informação genética
(constituído por um  Transferência de
fosfato, uma pentose informação
e uma base azotada)
 Tipos:
Base azotada (adenina, guanina, -DNA (ácido
citosina, uracilo) desoxirribonucleico)
-RNA (ácido
Nucleotido DNA ribonucleico)
 RNA: estrutura
simples
 DNA: estrutura em
dupla hélice

Base azotada (adenina, guanina,


citosina, timina)
2) Metabolismo e catabolismo. Produção de energia na célula.
Respiração aeróbica e anaeróbica.

A matéria que chega às células permite a ocorrência de numerosas reacções químicas, acompanhadas
por transferências de energia. O conjunto de todas as reacções celulares constitui o metabolismo celular.

O conjunto de reacções que ocorrem no interior das células de qualquer ser vivo constitui o metabolismo
celular. O metabolismo compreende dois tipos de reacções:
 Anabolismo: conjunto de reacções químicas onde há síntese de moléculas complexas a partir de
moléculas mais simples, com consumo de energia. Exemplo deste processo é a biossíntese de
proteínas a partir de aminoácidos com consumo de moléculas de ATP.
 Catabolismo: conjunto de reacções químicas onde há degradação de moléculas em moléculas
sucessivamente mais simples. Como exemplos de catabolismo refiram-se os processos de
obtenção de energia de (ATP) pelas células. Por estes processos a energia acumulada em
moléculas orgânicas, como exemplo a glicose, é utilizada na síntese de moléculas de ATP. Estes
compostos orgânicos são libertamente degradados ao longo de uma série de reacções em cadeia,
ocorrendo por etapas a libertação de energia neles acumuladas. Estas reacções de degradação
implicam a perda de iões de hidrogénio e electrões correspondentes. Se o aceitador final de
electrões for o oxigénio, o conjunto de reacções designam-se respiração aeróbia. Se o aceitador
final de electrões for uma outra molécula e não o oxigénio, o processo pode designar-se
fermentação ou respiração anaeróbia.

2.1 Fermentação
Existem seres procariotas que utilizam este método como único modo de obtenção de energia – seres
anaeróbios obrigatórios. Contudo existem seres que apesar de realizarem a respiração aeróbia, utilizam
como via energética alternativa a fermentação – anaeróbios facultativos.
O processo de fermentação ocorre no citoplasma das células e compreende duas etapas:
 Glicólise: conjunto de reacções que degradam a glicose em duas moléculas de ácido pirúvico. Ao
longo deste processo ocorre:
o Consumo de 2 moléculas de ATP
o Produção de 2 moléculas de NADH resultantes da redução de 2 moléculas de NAD+ pela
captação de iões H+ e electrões libertados
o Produção de 4 moléculas de ATP
 Redução do ácido pirúvico: pode efectuar-se por diversas vias metabólicas, originando diferentes
tipos de produtos finais. São estes produtos, dos quais se salientam o álcool etílico e o ácido
láctico que permitem classificar o tipo de fermentação

Fermentação Alcoólica – neste tipo de fermentação realizado pelas leveduras e por outros
microorganismos, o ácido pirúvico sofre uma descarboxilação (remoção de uma molécula de CO2) e uma
redução pelo NADH, formando se álcool etílico. A fermentação alcoólica pode ser representada de uma
forma geral pela equação:

Fermentação láctica – o ácido pirúvico não sofre descarboxilação, sendo directamente reduzido a ácido
láctico pelo NADH.

Os processos de fermentação são pouco rentáveis energeticamente, visto que a célula apenas obtêm
duas moléculas de ATP por degradação de uma molécula de glicose. As moléculas orgânicas resultantes
da fermentação, álcool etílico e ácido láctico, ainda possuem uma grande quantidade de energia
acumuladas nas suas ligações químicas.

Respiração aeróbia
A respiração aeróbia é uma via metabólica realizada com consumo de oxigénio que permite a degradação
total da molécula de glicose com um rendimento energético muito superior ao da fermentação, os
organismos onde este processo ocorre como via fundamental de produção de energia designam-se seres
aeróbios.
A respiração aeróbia compreende quatro etapas:
 Glicólise: etapa comum à fermentação que ocorre no hialoplasma
 Formação de acetilcoenzima A: esta curta etapa ocorrida na matriz mitocondrial, integra uma
reacção de descarboxilação e outra de oxidação. Como resultado destas reacções por cada
molécula de ácido pirúvico formam-se uma molécula de acetilcoenzima A (acetil-CoA), uma de
NADH + H+ e uma de CO2.
 Ciclo de Krebs: esta etapa decorre também na matriz mitocondrial e consiste num conjunto de
reacções que ocorrem segundo uma sequência cíclica. Este ciclo de reacções é iniciado com a
formação de ácido cítrico resultante da reacção da acetil-CoA com o ácido oxaloacético. No final
do ciclo de reacções, o ácido oxaloacético é regenerado, o que permite a realização de um novo
ciclo. Em cada ciclo de Krebs formam-se:
o Duas moléculas de CO2
o Três moléculas de NADH
o Uma molécula de FADH2
o Uma molécula de ATP
o Três H+
 Cadeia transportadora de electrões ou cadeia respiratória: esta etapa ocorre nas cristas
mitocondriais, onde se encontram transportadores proteicos com diferentes graus de afinidade
para os electrões. As moléculas de NADH e de FADH2, anteriormente formadas, transferem os
electrões que transportam para as proteínas da cadeia transportadora de electrões.
•mobilizam a energia de compostos orgânicos
Anaeróbios apenas em anaerobiose (na ausência de O2)
obrigatórios •fermentação
•ex.: algumas bactérias

•mobilizam a energia de comspostos


orgânicos em anaerobiose e em aerobiose
Anaeróbios (na ausencia ou na presença de O2)
facultativos •fermentação ou repiração celular
•ex.: leveduras

•utilizam o processo de aerobiose (na


presença de O2)
Aeróbios •respiração celular
•ex.: animais
3) Crescimento, renovação e diferenciação celular
4) Divisão e proliferação

O DNA é um polímero constituído por unidades por nucleótidos. Cada nucleótido é constituído por
pentose, a desoxirribose, à qual se ligam um grupo fosfato e uma base azotada. Existem quatro tipos de
nucleótidos:

A molécula de DNA é constituída por duas cadeias de nucleótidos antiparalelas, ou seja, com sentidos de
crescimento inversos e dispostas helicoidalmente. Esta dupla hélice mantem-se unida devido à
complementaridade das bases azotadas que estabelecem ligações químicas entre si, as pontes de
hidrogénio.

O RNA é um polímero de nucleótidos, mas neste caso, a ribose substitui a desoxirribose, daí a designação
de ácido ribonucleico. Para além desta diferença, não possui nucleótidos de timina, uma vez que esta
base azotada é substituída pelo uracilo. A molécula de RNA é constituída apenas por uma cadeias de
nucleótidos. Esta cadeia, por vezes, pode enrolar, quando se estabelecem ocasionalmente pontes de
hidrogénio entre as bases (A=U e C=G). Existem vários tipos de RNA consoante a função: RNAm
(mensageiro), RNAt (transferência) e RNAr (ribossómico)

4.1 Replicação semiconservativa do DNA

O DNA possui a capacidade de originar copias de si mesmo, através de um processo designado por
replicação. Este processo assegura tanto a produção de células geneticamente idênticas como a
passagem da informação genética ao longo das gerações, em todos os organismos.
A replicação tem lugar no interior do núcleo das células, nas células eucariontes, e no citoplasma, nos
seres procariontes. O processo inicia-se pela ligação à moléculas do DNA de um complexo enzimático a
DNA-polimerase, este complexo desfaz a dupla hélice e cora as pontes de hidrogénio, provocando à sua
passagem a separação das duas cadeias antiparalelas. À medida que as duas cadeiras se separam, a DNA-
polimerase vai ligando a cada uma das cadeias os nucleótidos complementares de acordo com
complementaridade das bases azotadas. Cada cadeia nucleotídica da molécula antiga serve assim de
molde à nova cadeia antiparalela que se vai formando à passagem do complexo enzimático. No final deste
processo obtém-se duas moléculas de DNA exactamente iguais, com os nucleótidos dispostas na mesma
sequencia em que estavam dispostos na molécula original. Cada uma das moléculas fica com uma das
cadeias da molécula original que serviu de molde. Por essa razão este processo é designado por
replicação semiconservativa.

4.2 Síntese proteica

O DNA regula a actividade das células através do controlo da produção dos constituintes bioquímicos que
são os responsáveis por essa actividade – as proteínas.
As proteínas são macromoléculas que resultam da ligação de aminoácidos por ligações peptídeas.
A porção de DNA que contem a informação para a síntese de cada proteína designa-se gene. É na
sequência de pares de bases complementares da dupla hélice, que constitui o gene, que está contida a
informação que determina a sequência e o número de aminoácidos numa proteína. Esta mensagem está
codificada numa linguagem de quatro letras correspondentes às quatro bases azotadas dos nucleótidos
(A, T, C e G).
A totalidade dos genes necessários para o desenvolvimento e formação de um organismo completo
constitui o genoma. Nos seres eucariontes, o DNA está ligado a proteínas, as histonas, constituindo
estruturas filamentosas, os cromossomas, localizados no núcleo das células.
Cada ser vivo possui as suas próprias moléculas de DNA, contendo os genes que codificam as suas
proteínas especificas, que o distingue de todos os seres vivos. A correspondência entre as sequencias dos
pares de bases de uma molécula de DNA e os aminoácidos da sequência de uma molécula de proteína
constitui o código genético. Cada sequência de três pares de bases (tripleto) da molécula de DNA que
contem a informação necessária para adicionar um novo aminoácido à molecular de proteína em
formação designa-se por codogene. Decifrar estas sequências é conhecer a linguagem em que estão
escritos os genes.
A síntese proteica é um fenómeno relativamente rápido e muito complexo que ocorre no interior das
células. Este processo ocorre em duas fases: transcrição e tradução.
 Transcrição:
A transcrição ocorre no interior do núcleo das células e consiste na síntese de uma molécula de mRNA a
partir da leitura da informação contida numa molécula de DNA.
Este processo inicia-se pela ligação de uma complexo enzimático à molécula de DNA, a RNA-polimerase.
Esta enzima abre a dupla hélice destruindo as pontes de hidrogénio que ligam as bases complementares
das duas cadeias. De seguida, a RNA-polimerase inicia a síntese de uma molécula de mRNA de acordo
com a complementaridade das bases azotadas. Quando a leitura, a molécula de mRNA separa-se da
cadeia do DNA. As duas cadeias complementares restabelecem as pontes de hidrogénio e a dupla hélice é
reconstruída.
Nem todas as sequências da molécula de DNA codificam aminoácidos. Ao mRNA são retiradas porções
não correspondentes a aminoácidos das proteínas (intrões), ficando a molécula mais curta e apenas
constituída por sequências que codificam os aminoácidos das proteínas (exões). A molécula de mRNA
formada migra para os ribossomas, através dos poros do involucro nuclear.
Quando o mRNA está pronto para migrar para o citoplasma, possui uma copia da sequencia dos pares de
bases do DNA. A cada tripleto do DNA (codogene) corresponde uma sequencia de três nucleótidos na
molécula de mRNA, o codão, que corresponde à informação necessária para codificar um aminoácido.
 Tradução
A tradução ocorre no citoplasma e consiste na leitura da mensagem do mRNA, da qual resulta a produção
de uma sequência de aminoácidos que, em cadeia, constitui a proteína.
Nesta etapa da síntese proteica intervêm: o mRNA, que veio do interior do núcleo, as ribossomas, o tRNA
(RNA transferência), enzimas (responsáveis pelo controlo das reacções de síntese) e o ATP, que fornece a
energia necessária ao processo. O tRNA possui uma sequência de 3 nucleótidos – anticodão, que ligando-
se ao codão, permite a adição do aminoácido específico que transporta À cadeia polipeptídica em
formação.

4.3 Ciclo celular

Nos seres vivos multicelulares o seu crescimento deve-se ao aumento e do tamanho de células que os
constituem, neste organismo, a divisão celular permite também a regeneração de células ou partes de
órgãos que foram danificadas, ou a renovação das que envelheceram e morreram. Na maioria dos seres
unicelulares, a diviso celular conduz à reprodução do individuo, dando origem a duas células independes,
que irão constituir dois novos indivíduos. Ao conjunto de transformações que uma célula desde o seu
aparecimento até ao momento em que sofre divisão denomina-se ciclo celular. O ciclo celular
compreende duas etapas fundamentais:
 Interfase - Corresponde ao período compreendido entre o final de uma divisão celular e o início
da divisão celular seguinte. É um período de crescimento intenso da célula devido às sínteses que
ocorrem no seu interior, em especial a síntese proteica. Durante o período S da interfase ocorre a
replicação semiconservativa do DNA. Este fenómeno permite que as células passem a dispor de
duas copias exactamente iguais do seu DNA para transferir cada uma delas para as duas células
em que se irá dividir. No final da interfase a células atingiu o seu volume máximo e produziu todos
os componentes necessários para entrar em divisão celular. Existem, contudo, células de
determinadas orgãos que devido aos seu elevado grau de diferenciação interrompem o ciclo
celular, deixando de se dividir, como no caso dos neurónios, células do sistema nervoso, e das
fibras musculares, células do tecido muscular, que quando morrem não são substituídas por
outras.
 Divisão celular – durante esta etapa ocorre a divisão da célula em duas células-filhas. Elas
caracterizam-se por possuir o mesmo numero de cromossomas da células que as originou, a
divisão celular das eucarióticas inicia-se pela divisão do núcleo, mitose, seguida da divisão do
citoplasma, citocinese.

4.4 Mitose
A mitose consiste na divisão nuclear da qual resulta a formação de dois núcleos extramente iguais ao da
célula que os originou. A mitose decorre em quatro etapas: prófase, metáfase, anafase e telófase.
Profase – inicia-se por um processo de condensação dos cromossomas, que se vão tornando cada vez
mais grossos, curtos e visíveis ao microscópio óptico. Cada um deles é constituído por dois cromatídios
unidos pelo centrómero. O involucro nuclear desorganiza-se e os nucléolos desaparecem.
Metafase – os cromossomas atingem o máximo de condensação e ligam-se pelo centrómero a algumas
fibrilas do fuso acromático. Os cromossomas alinham-se na zona equatorial do fuso acromático com os
respectivos centrómeros alinhados, formando a estrutura típica desta etapa, placa equatorial.
Anafase – dá-se a divisão do centrómero e a separação dos dois cromatídios do mesmo cromossomas
constituindo-se dois cromossomas independentes.
As fibrilas ligadas aos cromossomas encurtam e os dois cromossomas irmãos iniciam a sua ascensão para
os pólos. No final desta etapa existem nos dois pólos da célula duas colecções de cromossomas idênticos,
possuindo copias também idênticas de DNA.
Telófase – o involucro nuclear organiza-se em volta dos cromossomas de cada pólo e os nucléolos
aparecem de novo, desfaz-se o fuso acromático e os cromossomas descondensam, tornando-se longos,
finos e invisíveis ao microscópio otico. No final desta fase a célula possui dois núcleos, continuando a
divisão do seu citoplasma para originar duas células-filhas.
A citocinese ocorre, normalmente, ainda durante as ultimas fases da divisão nuclear, altura em que se
inicia o processo de divisão do citoplasma, esta divisão difere consoante se trate de células animais ou
células vegetais. Nos animais, a membrana citoplasmática começa a deslocar-se para o interior do
citoplasma, devido à acção de um anel de filamentos proteicos que puxa a membrana para o interior. Este
deslocamento dos dois lados da membrana da célula continua até se unirem e originarem duas células
distintas. Nas células vegetais, a presença da parede celular impede a divisão por estrangulamento,
nestas células ocorre a acumulação de vesículas formadas no aparelho de Golgi que fundindo-se originam
a membrana citoplasmática das duas células.
5) Reprodução

5.1) reprodução assexuada


Características:
 São rápidos e conduzem à obtenção de um elevado número de descendentes, o que permite uma rápida
dispersão das populações;
 Apenas um progenitor é necessário para originar descendentes, o que representa uma economia de
energia;
 Os descendentes possuem a mesma informação genética entre si, por sua vez, igual à dos progenitores, que
se reflecte no fato de possuírem as mesmas características estruturais e funcionais – homogeneidade
genética;
 Ocorrem quando as condições ambientais são favoráveis, permitindo crescimentos acentuados nas
populações.
Essas células resultam todas de um processo de divisão mitótica, tendo herdado a mesma constituição genética do
progenitor, ou seja, cópias do seu genoma, por esta razão os descendentes de reprodução assexuada são todos
clones do progenitor e, consequentemente estes processos são modos de clonagem.

Processo/exempl
Esquema Caracterização
o

 A célula divide-se em duas células-filhas


Bipartição
aproximadamente iguais;
paramécia
 A célula original desaparece.

 Surgem no progenitor pequenas saliências (gomos


ou gemas) que acabam por originar um novo ser;
 Progenitor mantém-se e o gomo origina um
Gemulação
descendente de menores dimensões;
Leveduras, hidra
 Nos seres pluricelulares os descendentes
normalmente não se separam do progenitor,
originando colónias.

 Produção de células resistentes, os esporos; capazes


de germinar e originar novos descendentes, quando
as condições do meio são favoráveis;
Esporulação  Os esporos possuem paredes celulares resistentes
Bolor do pão que lhes permitem sobreviver em condições
adversas;
 São muito numerosos e produzidos em órgãos
especializados – esporângios.
 As fêmeas produzem óvulos que, sem serem
Partenogénese fecundados originam novos descendentes;
Pulgões, dáfnias  Os descendentes podem ser machos (abelha), fêmea
(dáfnias e pulgões) ou de ambos os sexos.
 Fragmentação do organismo em diversas porções
Fragmentação
sendo cada uma delas capaz de regenerar as partes
Estrela-do-mar,
em falta para constituir um novo organismo
planária
completo.
Multiplicação  Multiplicação das plantas a partir de determinados
vegetativa órgãos vegetais: raízes, caules (rizomas, tubércules)
Fetos, e folhas.
morangueiro  Porções de determinados órgãos com grupos de
células indiferenciadas (totipotentes) originam
novos descendentes;
 Algumas técnicas de multiplicação vegetativa, como
a enxertia, a mergulhia, a alporquia e a propagação
in vitro são utilizadas frequentemente na
propagação de variedades de interesse agrícola.

5.2) Reprodução sexuada

A reprodução sexuada constitui-se como o processo quase universal de reprodução dos seres vivos eucariontes.
Podendo coexistir, no mesmo organismo, com processos de reprodução assexuada.
A reprodução sexuada distingue-se da assexuada pelo fato de cada descendente ser o resultado de uma fecundação,
isto é, surgir da fusão de duas células reprodutoras – os gâmetas – que geralmente têm a sua origem em dois
indivíduos diferentes, um masculino, que origina o gâmeta masculino, e um feminino, que dá origem ao gâmeta
feminino. Da fecundação resulta uma célula designada por um ovo ou zigoto que por divisões mitóticas sucessivas e
processos de diferenciação celular dará origem a um novo individuo.

5.2.1) Meiose e fecundação

Durante a fecundação ocorre a fusão dos citoplasmas dos gâmetas (plasmagamia), seguida da união dos respectivos
núcleos (cariogamia). Deste processo resulta uma única célula, o ovo ou zigoto, cujo núcleo possui o dobro dos
cromossomas existentes nos gâmetas. Nesta célula é possível isolar pares de cromossomas idênticos, os
cromossomas homólogos, relativamente aos quais um cromossoma resultou do gâmeta masculino e o outro do
feminino. Na grande maioria dos seres vivos, após a fecundação, o ovo sofre divisões múltiplas sucessivas que
conduzem à formação de um novo organismo, constituindo por células com núcleos iguais ao do ovo que as
originou, estas células designam-se por diplóides (2n cromossomas), por contraste com os gâmetas que possuem
metade dos cromossomas destas células (possuem apenas um cromossoma de cada par) e se designam haplóides (n
cromossomas). O número de cromossomas bem como a sua estrutura, existente nas células diplóides dos
organismos de uma dada espécie, constitui o seu cariótipo.
A formação de gâmetas, células que possuem metade dos cromossomas das células do organismo que os produz,
permite, em cada geração, manter o cariótipo da espécie. A produção de gâmetas exige assim um processo de
divisão nuclear especial – a meiose – durante a qual uma célula diplóide se divide em quatro células que possuem
apenas metade dos cromossomas da célula que lhes deu origem. A meiose tal como a mitose corresponde à divisão
do núcleo, à qual se segue normalmente a divisão do citoplasma.
5.3) Variabilidade genética

Há dois momentos fundamentais na meiose que permitem o aparecimento de novas combinações de genes nos
gâmetas:
 Durante a prófase I ocorre o emparelhamento dos cromossomas homólogos. Podendo verificar-se a
sobreposição dos seus cromatídios em locais designados por pontos de quiasma. Nesses pontos de
sobreposição, havendo quebra dos cromatídios, pode ocorrer troca de segmentos do cromatídio de um
cromossoma com o cromatídio do outro cromossoma do par – crossing-over.
 Na anafase I ocorre a separação dos cromossomas homólos para os pólos da células – segregação dos
homólos. No início desta fase os cromossomas dos diferentes pares de homólogos dispõem-se ao acaso na
placa equatorial, isto é, num par pode estar virado par o pólo superior o cromossoma paterno e noutro par
estar o materno.
Duante a meiose podem ocorre anomalias – as mutações cromossómicas – que alteram a estrutura dos
cromossomas ou o seu numero nas células resultantes – os gámetas. Esta mutações podem ser estruturais, se
modificam a disposição do genes nos cromossomas, ou numéricas, se alteram o seu número. A perda de porções do
cromossoma (deleção), a sua duplicação (duplicação) e a troca de segmentos entre os cromossomas de pares
diferentes (translocação) são exemplos de mutações cromossómicas estruturais.
6) Evolução biológica

Fixismo – os seres vivos são o resultado de um acto de criação divino, mantendo-se as diferentes
espécies inalteradas ao longo do tempo desde o momento da sua criação, ou seja, as espécies
são fixas e imutáveis e, como tal, não sofrem alterações.

Lamarckismo – em 1809 Jean Baptiste Lamarck propôs uma explicação para a evolução dos seres
vivos. Admitia uma progressão constante e gradual dos organismos mais simples para os mais
complexos. Esta progressão ocorreria segundo dois princípios:
 Lei do uso e do desuso: segundo Lamarck o ambiente é o principal agente responsável
pela evolução dos seres vivos. A necessidade que os seres sentem de se adaptar a novas
condições ambientais, resultantes de alterações do ambiente, conduz ao uso ou ao
desuso contínuo de certos órgãos. Deste modo, a função que órgão desempenha acabará
por determinar a sua estrutura como forma de adaptação ao meio.
 Lei da herança de caracteres adquiridos: Lamarck considerava que as transformações
sofridas, provocadas pelo ambiente, quer no sentido do desenvolvimento do órgão quer
da sua atrofia, eram transmitidas à descendência. Essas pequenas transformações, ao
acumularem-se ao longo de gerações sucessivas, provocariam o aparecimento de novas
espécies, funcionando assim como o principal factor de evolução.

Darwinismo – o evolucionismo acabou por se impor no mundo científico graças a Charles


Darwin, em virtude, sobretudo, dos dados recolhidos durante uma viagem de circum-navegação
e as observações efetuadas, em especial no arquipélago dos Galápagos, permitiram a Darwin
propor a selecção natural como mecanismo que dirige a evolução.
De acordo com a selecção natural, os seres vivos mais aptos sobrevivem e espalham na natureza
os caracteres mais favoráveis. Dado que o ambiente não possui recursos necessários para a
sobrevivência de todos os seres vivos que nascem, devera ocorrer uma luta pela sobrevivência a
qual serão eliminados os menos aptos.
A teoria de Darwin pode ser resumida no seguinte raciocínio:
 Todas as espécies apresentam, dentro de uma dada população, indivíduos com pequenas
variações nas suas características, como por exemplo na forma, no tamanho e na cor;
 Uma vez que as espécies originam mais descendentes do que aqueles que podem
sobreviver, os descendentes que possuem variações vantajosas, relativamente ao meio
que se encontram, têm maior taxa de sobrevivência, nesta luta pela sobrevivência são
eliminados os indivíduos que possuem varrições desfavoráveis (sobrevivência diferencial)
 Através deste mecanismo de selecção natura. O ambiente condiciona a sobrevivência dos
diferentes indivíduos da população. Os indivíduos portadores de varrições favoráveis
sobrevivem, transmitindo as suas características à descendência.
 A selecção natural actuando ao longo de muita gerações, conduz à aclamação de
características que no seu conjunto poderão vir a originar novas espécies.

Neodarwinismo
 Os cromossomas são as estruturas que transportam os genes responsáveis pelo
desenvolvimento dos caracteres do individuo
 A ocorrência de mutações, genética e cromossómicas, aumenta a variabilidade genética,
podendo conduzir ao aparecimento dos novos genes responsáveis por novas
características
 A meiose, durante a qual ocorre a separação dos cromossomas homólogos e o crossing-
oves, conduz ao aparecimento de novas combinações genéticas nos gâmetas
 A fecundação da origem a uma descendência com múltiplas combinações descendentes,
que é assim influenciada pelo meio ambiente
 As populações podem assim adquirir novos conjuntos de genes, aprofundando nas
gerações seguintes as alterações do seu fundo genético, evoluindo de uma forma lente e
gradual.
7) Características gerais dos seres vivos dos diferentes reinos

Protista ou
Reinos Monera Fungi Plantae Animalia
Protoctista
 Eucariontes  Eucariontes
Nível de  Unicelulares  Unicelulares
organização  Procariontes  Estruturas colonial (raros)  Eucariontes  Eucariontes
celular/estru  Unicelulares  Pluricelulares com  Pluricelulares  Pluricelulares  Pluricelulares
tural baixo grau de com baixo grau
diferenciação de diferenciação
 Autotróficos
 Autotróficos
fotossintéticos
(fotossíntese ou  Autotróficos
(algas)
quimiossintético  Heterotróficos  Heterotróficos
Nutrição
s)  Heterotróficos por por absorção
fotossintéticos
por ingestão
ingestão
 Heterotróficos
(protozoários ou
por absorção
absorção)
 Produtores (algas)
Interacções
 Produtores  Microconsumid  Macroconsu
nos  Macroconsumidor
ores midores
 Microconsumido es (protozoário)  Produtores
ecossistema (decompositore (consumidor
res  Microconsumidor s) es)
s
es (raros)
8) Embriologia

O desenvolvimento embrionário (ou embriogénese) é o conjunto de transformações que


decorrem desde a fecundação até ao nascimento. Durante o desenvolvimento embrionário
distinguem-se diferentes fenómenos que são idênticos para as diferentes espécies: a
multiplicação celular, os movimentos morfogenéticos e a diferenciação celular.
Nos vertebrados este desenvolvimento é contínuo embora seja possível distinguir três fases
distintas: segmentação, gastrulação e organogénese.
Após a fecundação que dá origem ao ovo ou zigoto, este sofre várias transformações. O ovo é
uma célula diploide, resultante da fusão dos dois gâmetas haploides. Os componentes do ovo
geralmente estão distribuídos de forma heterogénea, sendo por isso comum apresentar uma
polaridade. Nestes casos podem distinguir-se, na célula, um polo animal (zona do protolécito) e
um polo vegetativo (zona do deutolécito). O protolécito ou vitelo germinativo é composto pelo
citoplasma ativo da célula (hialoplasma e organitos) e o deutolécito ou vitelo de nutrição é
composto pelos nutrientes necessários ao desenvolvimento do embrião.
De acordo com quantidade e distribuição do vitelo que contêm os ovos são classificados em:
 ovos isolecíticos: ovos geralmente de dimensões reduzidas, com pouca quantidade de
substâncias de reserva distribuídas homogeneamente pelo citoplasma, formando
grânulos no citoplasma ativo. São exemplos de animais com estes ovos o ouriço do mar
(equinoderme), o anfioxo (cefalocordata) e todos os mamíferos.
 ovos heterolecíticos: o vitelo encontra-se distribuído de forma heterogénea,
concentrando-se no pólo vegetativo do ovo. No pólo germinativo, o núcleo encontra-se
rodeado por citoplasma ativo, o vitelo germinativo ou protolécito. Estes ovos são
característicos dos anfíbios e peixes.
 ovos telecíticos: são ovos de grandes dimensões que têm grande quantidade de vitelo, e
o citoplasma é apenas uma pequena camada (protolécito) que constitui o disco
germinativo, blastodisco ou cicatrícula. Estes ovos são envolvidos por uma casca calcária
ou córnea e possuem albumina (a “clara” dos ovos). São ovos característicos de répteis e
aves.

8.1 As fases do desenvolvimento embrionário:

Segmentação
Série de sucessivas divisões mitóticas que o ovo sofre, formando-se uma massa compacta de
pequenas células, a blástula. As células do embrião durante a segmentação designam-se por
blastómeros. Na primeira fase da segmentação o embrião tem um aspecto de uma pequena
amora, a mórula, constituída por células mais ou menos esféricas, que progressivamente
diminuem de tamanho fazendo com que o embrião não varie muito de dimensão durante esta
fase mantendo-se praticamente do tamanho do ovo inicial. No final da segmentação os
blastómeros estão organizados numa camada única, a blastoderme (primeiro folheto
germinativo), que delimita uma cavidade interna cheia de fluído, o blastocélio.
Os padrões de divisão da segmentação variam com o tipo de ovo em que ocorrem, dependendo
da quantidade e distribuição das substâncias de reserva do vitelo ou deutolécito (que tende a
inibir a segmentação):
 Segmentação holoblástica (total) e igual: ocorre nos ovos isolecíticos, e atinge todo o
ovo, dando origem a blastómeros de dimensões semelhantes. A blástula é esférica com
apenas uma camada de células e com uma cavidade interna central. Típica do anfioxo e
dos mamíferos.
 Segmentação holoblástica (total) e desigual: ocorre em ovos heterolecíticos, embora
ocorra em todo o ovo ocorre mais rapidamente no pólo animal, originando dois tipos de
blastómeros no embrião, os micromeros (de menores dimensões junto ao pólo animal)
macromeros (de maiores dimensões junto ao pólo vegetativo). A blástula também é
esférica. Típica dos anfíbios, lampreias (Agnatha) e peixes pulmonados (Sarcopterigeos).
 Segmentação meroblástica (parcial) e discoidal: ocorre nos ovos telolecíticos, e não
atinge todo o vitelo, restringindo-se à camada superficial do ovo, a região do disco
germinativo (pólo animal, região oposta à do vitelo), que poderá dar origem a um
blastodisco. A blástula tem a forma de disco achatado com duas camadas de células.
Típica dos peixes, répteis e aves.

Gastrulação

As células rearranjam-se e em simultâneo com a divisão celular ocorrem movimentos celulares


dos blastómeros uns em relação aos outros, formando um embrião com intestino, notocorda e
dois ou três folhetos (ectoderme, mesoderme e endoderme). Nos animais diploblásticos, apenas
se formam dois folhetos, a ectoderme voltada para o exterior e a endoderme voltada para o
interior do embrião. Incluem-se neste grupo os cnidários e ctenoforos. Nos animais
triploblásticos, forma-se um terceiro folheto, a mesoderme (por exemplo, os cordados).
Podem-se identificar dois tipos de gastrulação em vertebrados:
 Por involução e migração das células superficiais através do blastóporo – peixes e anfíbios
 Por involução e migração das células do epiblasto através da linha primitiva – aves,
répteis e mamíferos
O embrião designado por gástrula possui duas ou três camadas de células a envolver a cavidade
interna, o arquêntero, ou intestino primitivo que abre para o exterior pelo blastóporo. O
processo de formação da mesoderme varia bastante entre diferentes grupos de animais.

Organogénese

Em paralelo com o desenvolvimento do embrião ocorre a diferenciação celular em tecidos,


órgãos e sistemas de órgãos. Nos animais celomados a mesoderme subjacente ao notocórdio
diferencia-se em dois folhetos, a somatpleura ou a mesoderme parietal, ligada à ectoderme, e
esplancnopleura ou mesoderme visceral, ligada à endoderme. Estes folhetos delimitam a
cavidade interna geral, ou celoma, originando órgãos internos. Nos celomados deuterostómios o
blastoporo dará origem ao ânus e a boca surgirá na extremidade oposta (cordados e
equinodermes). Nos celomados protostómios o blastoporo dará origem à boca e o ânus surgirá
na extremidade oposta (moluscos, anelídeos e artrópodes).

A organogénese dos cordados inicia-se com a neurulação – desenvolvimento do notocórdio e do


tubo neural. A placa neural, achatamento da região dorsal da ectoderme do embrião, começa a
envaginar e forma-se um canal, a goteira neural. Quando os bordos da goteira se unem, forma-
se o tubo neural, que se destaca da ectoderme e que dará origem ao sistema nervoso. Já o
notocórdio tem origem mesodérmica por baixo do tubo neural em formação. Quando ambas as
estruturas estão formadas o embrião atinge o estádio de nêurula.
Os diferentes folhetos embrionários dão origem a diferentes órgãos e tecidos do embrião.
 Ectoderme: epiderme, glândulas da pele, sistema nervoso, revestimento da boca e ânus
 Mesoderme: coração, vasos sanguíneos, rins, bexiga, vias urinárias, músculos, ossos,
derme
 Endoderme: revestimento do tubo digestivo e respectivas glândulas anexas

MECANISMOS BIOLÓGICOS DO DESENVOLVIMENTO

As células dos animais formam tecidos e órgãos, com funções específicas, especializadas,
interdependentes, com coordenação nas suas funções e desenvolvimento através da formação
de camadas durante a embriogénese. Estas características se encontram ausentes nos protistas.
As funções celulares que atuam durante o desenvolvimento embrionário de um indivíduo são
coordenadas por mecanismos biológicos importantes, tais como: a diferenciação, a indução, a
proliferação, a motilidade e a morte celular.
Os bilhões de tipos celulares diferentes que se distribuem em variadas combinações nos tecidos
são produto de uma única célula – o zigoto. Essa formação de muitas classes celulares se deve a
um processo chamando diferenciação celular. Assim, se define a obtenção de características
próprias que as distinguem das outras e que são imprescindíveis para a sobrevivência celular.
No organismo, todas as células possuem os mesmos genes, sendo que a peculiaridade de suas
proteínas estruturais e enzimáticas, conforme sua distribuição, qualidade e proporções,
determinam as características morfológicas e funcionais que diferenciam cada célula, e que sua
produção não depende unicamente dos genes, mas também dos diversos componentes
citoplasmáticos. Assim, conforme avança o desenvolvimento, as células produzem suas proteínas
particulares, entrando em suas linhas evolutivas, uma vez que são activados genes que as
codificam e não os genes de proteínas de células alheias.
A diferenciação celular a partir do zigoto começa quando da desigualdade na distribuição
molecular de componentes citoplasmáticos decorrente da clivagem, promovendo uma
assimetria na distribuição desses componentes, sendo que algumas dessas moléculas regulam
actividades génicas envolvidas nas primeiras diferenciações. Essas moléculas são denominadas
de determinantes citoplasmáticos do desenvolvimento, os quais agiriam como factores de
transcrição.
Convém ressaltar que, todas as moléculas presentes no citoplasma do ovócito foram
sintetizadas durante a ovogénese, ou seja, se encontravam presentes antes da fertilização, e não
codificadas por genes do embrião, e sim, por genes da mãe.
A distribuição heterogénea de moléculas no citoplasma do zigoto continua diversificandose mais
e mais conforme as sucessivas gerações de células avançam até a formação do embrião
bilaminar. Todas as moléculas que entram no embrião passam de um blastómero para outro
através de junções comunicantes que se formam entre os contactos celulares.
De acordo com o nível ou gradiente de concentração das moléculas que passam para as células,
as respostas ao processo de diferenciação são as mais diversas, essas moléculas são
denominadas de morfógenos. Assim, o tipo de resposta ou de diferenciação, seria o resultado da
activação, nas células, de genes distintos de acordo com o gradiente de concentração, acima ou
abaixo do morfógeno.
Quando o embrião se torna bilaminar, as células se encontram formando duas camadas,
estabelecendo seus sítios corporais, esta organização confere uma distribuição ou
posicionamento as moléculas citoplasmáticas, conferindo-lhes valores posicionais diferentes
entre si. Esta relação de proximidade entre os grupos celulares possibilitam a influência de
algumas células sobre as outras, onde a primeira emite um sinal e a segunda se diferencia. Dessa
maneira estabelecem-se os fenómenos indutivos promotores de diferenciações futuras
No processo de diferenciação, as células tem que se modificar antes de se diferenciarem. Tal
fenómeno de compromisso é chamado determinação ou comprometimento, é irreversível e
pode se promovido por um determinante citoplasmático ou um fenómeno indutivo.
9) Tecidos animais

9.3 Tecidos epiteliais

O tecido epitelial inclui epitélios e glândulas; glândulas são estruturas secretoras derivadas dos
epitélios. Um epitélio é uma lâmina de células que recobre uma superfície exposta ou reveste
uma cavidade ou via interna. Cada epitélio é uma barreira com propriedades específicas. Os
epitélios recobrem toda a superfície exposta do corpo. A superfície da pele é um bom exemplo,
mas os epitélios também revestem os tratos digestório, respiratório, genital e urinário – vias de
comunicação com o meio externo.
Os epitélios também revestem cavidades e vias internas, como a cavidade torácica, câmaras
encefálicas preenchidas com líquido, olho, orelha interna e superfícies internas dos vasos
sanguíneos e coração.
Características importantes dos epitélios são:
1. Celularidade: Os epitélios são compostos quase inteiramente de células fortemente ligadas
por junções celulares. Há pouco ou nenhum espaço intercelular nos tecidos epiteliais. (Na
maioria dos outros tecidos, líquido extracelular ou fibras separam as células individuais.)
2. Polaridade: Um epitélio sempre apresenta uma superfície apical exposta voltada para o
exterior do corpo ou algum espaço interno. Também apresenta uma superfície basal fixa, onde o
epitélio é anexado a tecidos subjacentes. As superfícies diferem na estrutura e função do
plasmalema. Se o epitélio contém uma única camada de células ou múltiplas camadas, as
organelas e outros componentes citoplasmáticos não se encontram uniformemente distribuídos
entre a superfície exposta e a fixa. Polaridade é o termo que se refere a uma distribuição
desigual.
3. Fixação: A superfície basal de um epitélio típico é ligada a uma lâmina basal delgada. A lâmina
basal é uma estrutura complexa produzida pelo epitélio e pelas células do tecido conectivo
subjacente.
4. Avascularidade: Os epitélios não contêm vasos sanguíneos. Em função desta condição
avascular (a, sem + vas, vaso), as células epiteliais precisam obter nutrientes por meio de difusão
ou absorção através das superfícies apical ou basal.
5. Organização em lâminas ou camadas: Todo tecido epitelial é composto de uma ou mais
camadas de células, aumentando sua espessura.
6. Regeneração: Células epiteliais danificadas ou perdidas na superfície

Funções do tecido epitelial


Os epitélios desempenham algumas funções essenciais:
1. Oferecem protecção física: Os epitélios protegem superfícies externas e internas contra
abrasão, desidratação e destruição por agentes químicos e biológicos.
2. Controlam a permeabilidade: Qualquer substância que penetra ou sai de um corpo
necessariamente precisa atravessar um epitélio. Alguns epitélios são relativamente
impermeáveis, enquanto outros são permeáveis a compostos tão grandes quanto proteínas.
Muitos epitélios contêm dispositivos moleculares necessários para absorção selectiva ou
secreção. A barreira epitelial pode ser regulada e modificada em resposta a vários estímulos. Por
exemplo, hormônios podem afetar o transporte de íons e nutrientes através de células epiteliais.
Até mesmo o estresse físico pode alterar a estrutura e as propriedades de epitélios – lembre-se
das calosidades que se formam nas suas mãos quando você faz algum trabalho pesado por um
período de tempo mais longo.
3. Proporcionam sensação: A maior parte dos epitélios é extensamente suprida por nervos
sensitivos. Células epiteliais especializadas podem detectar modificações no ambiente e
transmitir informações sobre tais modificações para o sistema nervoso. Por exemplo, receptores
de tato nas camadas epiteliais mais profundas da pele respondem à pressão por estimulação de
nervos sensitivos adjacentes. Um neuroepitélio é um epitélio sensitivo especializado.
Neuroepitélios são encontrados nos órgãos dos sentidos que fornecem sensações como olfação,
gustação, visão, equilíbrio e audição.
4. Produzem secreções especializadas: Células epiteliais que produzem secreções são
denominadas células glandulares. Células glandulares individuais estão freqüentemente
dispersas entre outros tipos de células em um epitélio. Em um epitélio glandular, a maior parte
ou todas as células epiteliais produzem secreção.

9.4 Tecidos conjuntivos


Os tecidos conectivos são observados por todo o corpo, mas nunca estão expostos ao meio
ambiente externo. Os tecidos conectivos incluem osso, gordura e sangue, tecidos bastante
distintos tanto em aparência quanto em função. Entretanto, todos os tecidos conectivos
apresentam três componentes básicos: (1) células especializadas, (2) fibras de proteína
extracelulares e (3) um líquido, conhecido como substância fundamental. As fibras
extracelulares e a substância fundamental constituem a matriz que circunda a célula. Ao
contrário do tecido epitelial que consiste quase inteiramente em células, o tecido conectivo é
constituído principalmente por matriz extracelular.
Os tecidos conectivos desempenham várias funções que vão muito além de simplesmente
conectar as partes do corpo entre si. Essas funções incluem:
1. Estabelecer uma estrutura de sustentação para o corpo;
2. Transportar líquidos e materiais dissolvidos de uma região a outra do corpo;
3. Oferecer proteção para os órgãos delicados;
4. Sustentar, envolver e interconectar outros tipos de tecidos;
5. Armazenar energia de reserva, especialmente em forma de lipídeos; e
6. Defender o corpo contra a invasão de microrganismos.
Embora a maior parte dos tipos de tecidos conectivos apresente múltiplas funções, nenhum
tecido conectivo desempenha todas essas funções simultaneamente.
Classificação dos tecidos conectivos
Os tecidos conectivos podem ser classificados em três categorias: (1) tecido conectivo próprio,
(2) tecidos conectivos líquidos e (3) tecidos conectivos de sustentação. Essas categorias são
apresentadas na Figura 3.11.
1. Tecido conectivo próprio refere-se ao tecido conectivo com muitos tipos de células e fibras
extracelulares em uma substância fundamental viscosa. Esse tecido conectivo pode diferir
quanto ao número de tipos de células que contém e às propriedades e proporções das fibras em
relação à substância fundamental. Tecido adiposo (gordura), ligamentos e tendões apresentam
grandes diferenças entre si, porém os três são exemplos de tecido conectivo próprio.
2. Os tecidos conectivos líquidos apresentam uma população específica de células suspensas em
matriz aquosa que contém proteínas dissolvidas. Existem dois tipos de tecido conectivo líquido:
sangue e linfa.
3. Os tecidos conectivos de sustentação apresentam menor diversidade em sua população de
células do que se observa no tecido conectivo próprio e apresentam uma matriz que contém
fibras intimamente agrupadas. Há dois tipos de tecidos conectivos de sustentação: cartilagem e
osso. A matriz de cartilagem é um gel, cujas características variam dependendo do tipo de fibra
predominante. A matriz do osso é dita calcificada porque contém depósitos minerais,
predominantemente sais de cálcio. Esses minerais conferem resistência e rigidez ao osso.
9.5 Tecidos musculares
O tecido muscular é especializado para contracção. Células musculares possuem organelas e
propriedades distintas das de outras células.
Elas são capazes de contracções poderosas que encurtam a célula no seu eixo longitudinal. Por
serem diferentes de células “típicas”, o termo sarcoplasma é usado para fazer referência ao
citoplasma de uma célula muscular, e sarcolema é o termo utilizado para se referir ao seu
plasmalema.
Três tipos de tecido muscular são encontrados no corpo: (1) estriado esquelético1, (2) estriado
cardíaco e (3) liso. O mecanismo de contracção é similar nos três tipos, porém estes diferem em
sua organização interna.

Tecido muscular estriado esquelético


O tecido muscular estriado esquelético contém células musculares muito grandes. Pelo fato de
as células musculares esqueléticas individuais serem relativamente longas e delgadas, elas são
em geral chamadas de fibras musculares. As fibras musculares esqueléticas são muito diferentes
porque podem apresentar 0,3 m de extensão ou mais, e cada célula é multinucleada, contendo
centenas de núcleos com localização imediatamente subjacente à superfície do sarcolema. As
fibras musculares esqueléticas são incapazes de se dividir, mas novas fibras musculares podem
ser produzidas por meio da divisão de células musculares satélites (mioblastos), células
mesenquimais que persistem no tecido muscular esquelético adulto. Assim, o tecido muscular
esquelético pode, ao menos parcialmente, reparar-se após lesão.
As fibras musculares esqueléticas contêm filamentos de actina e miosina, arranjados em
paralelo, em grupos funcionais organizados. Como resultado, as fibras musculares esqueléticas
têm uma aparência de bandas, ou estriada. Normalmente, as fibras musculares esqueléticas não
se contrairão a menos que estimuladas por nervos, e o sistema nervoso confere controle
voluntário sobre suas atividades.
Assim, o músculo esquelético é denominado músculo estriado voluntário.
O tecido muscular esquelético é mantido unido por tecido conectivo
areolar. As fibras elásticas e colágenas em torno de cada célula e grupo de células mesclam-se
com aquelas dos tendões ou aponeuroses que conduzem a força de contração, geralmente para
um osso do esqueleto. Quando o tecido muscular se contrai, traciona o osso e gera o
movimento.

Tecido muscular estriado cardíaco


O tecido muscular estriado cardíaco é encontrado apenas no coração. Uma célula muscular
cardíaca típica é menor do que uma fibra muscular esquelética e apresenta apenas um núcleo
centralmente localizado. As estriações proeminentes, assemelham- se àquelas do músculo-
esquelético. Células musculares cardíacas formam conexões extensas umas com as outras; essas
conexões ocorrem em regiões especializadas conhecidas como discos intercalados (intercalares).
Como resultado, o tecido muscular cardíaco consiste em uma rede de ramificações de células
musculardes interconectadas. As junções-âncora auxiliam a direccionar as forças de contracção,
e as junções comunicantes nos discos intercalados auxiliam a coordenar as atividades de células
musculares cardíacas individuais. Como as fibras musculares esqueléticas, as células musculares
cardíacas são incapazes de se dividir, e uma vez que este tecido não apresenta células satélites, o
tecido do músculo cardíaco lesionado não pode se reparar. As células musculares cardíacas não
contam com actividade nervosa para iniciar sua contracção. Em vez disso, células musculares
cardíacas especializadas, denominadas células marca-passo, estabelecem uma frequência de
contracção em ritmo regular. Ainda que o sistema nervoso possa alterar a frequência de
actividade do marca-passo, ele não oferece controle voluntário sobre células musculares
cardíacas individuais. Portanto, o músculo cardíaco é denominado músculo estriado
involuntário.

Tecido muscular liso


O tecido muscular liso pode ser encontrado na base dos folículos pilosos; nas paredes dos vasos
sanguíneos; nas paredes de órgãos ocos, como a bexiga urinária; e em camadas nas paredes dos
tratos respiratórios, circula tório, digestório e genital. Uma célula muscular lisa é uma pequena
célula com extremidades afiladas, contendo um núcleo oval único e centralmente localizado. As
células musculares lisas podem dividir-se e regenerar-se após lesão. Os filamentos de actina e
miosina nas células musculares lisas são organizados diferentemente daqueles dos músculos
cardíaco e esquelético, e como resultado não há estriações; é o único tecido muscular não-
estriado. As células musculares lisas em geral contraem-se involuntariamente, por meio da acção
das células “auto-ajustáveis”. Ainda que as contracções do músculo liso possam ser disparadas
por actividade neural, o sistema nervoso normalmente não oferece controle voluntário sobre
essas contracções. Como consequência, o músculo liso é chamado de músculo não-estriado
involuntário.

Tecido nervoso
O tecido nervoso, também conhecido com tecido neural, é especializado para a condução de
impulsos eléctricos provenientes de uma região do corpo até outra. A maior parte do tecido
nervoso do corpo (aproximadamente 96%) está concentrada no encéfalo e na medula espinal, os
centros de coordenação do sistema nervoso. O tecido nervoso apresenta dois tipos básicos de
célula: neurónios (neuro, nervo), ou células nervosas, e muitos tipos diferentes de células de
sustentação, colectivamente denominadas neuróglia ou células da glia (glia, cola).
Os neurónios conduzem impulsos eléctricos ao longo do seu plasmalema. Todas as funções do
sistema nervoso envolvem modificações no padrão e na frequência dos impulsos conduzidos por
neurónios individuais. A neuralgia apresenta variadas funções, como oferecer uma estrutura de
sustentação para o tecido nervoso, regular a composição do tecido intersticial e fornecer
nutrientes para os neurónios. Os neurónios são as células mais longas no corpo, muitas atingindo
até 1 m de comprimento. A maioria dos neurónios é incapaz de se dividir em circunstâncias
normais e apresenta capacidade muito limitada de regeneração após lesão. Um neurónio típico
apresenta um corpo celular, ou soma, que contém um grande núcleo proeminente. Tipicamente,
o corpo celular apresenta diversas ramificações, denominadas dendritos (dendron, árvore), e um
único axónio. Os dendritos recebem mensagens aferentes; os axónios conduzem mensagens
eferentes. É o comprimento do axónio que determina a extensão do neurónio; uma vez que os
axónios são bastante delgados, eles são também chamados de fibras nervosas.
10) Estrutura e função dos sistemas nos animais

10.1 Sistema nervoso

O sistema nervoso permite a integração das informações provenientes tanto dos


receptores sensoriais que captam estímulos do meio exterior, como dos diferentes órgãos do
organismo, usando-as para controlar a fisiologia e o funcionamento do organismo. Este sistema
compreende o sistema nervoso central (encéfalo e medula espinal) e o sistema nervoso
periférico (nervos).
A unidade básica do sistema nervoso é o neurónio, célula nervosa, onde se distinguem
três zonas: corpo celular, onde se localiza o núcleo e a maior parte do citoplasma com os
restantes organelos, as dendrites, ramificações citoplasmáticas que recebem o impulso nervoso
de outros neurónios ou dos órgãos receptores, e o axónio, prolongamento citoplasmático,
geralmente recoberto pela bainha de mielina e com ramificações terminais, que conduz para
fora da célula nervosa, transmitindo-o a outro axónio, uma célula musculas ou a uma célula
glandular. O axónio de um neurónio, envolvido ou não pela bainha de mielina, constitui uma
fibra nervosa. Os nervos são constituídos por conjuntos de fibras nervosas organizadas em feixes
que, por sua vez, estão revestidos por um tecido onde circulam vasos sanguíneos,

A propriedade mais importante dos neurónios é a capacidade da sua membrana poder


gerar sinais eléctricos que constituem o impulso nervoso.
Nos neurónios, tal como em outras células do organismo, existe uma desigual distribuição de
iões negativos e poisitos de um e do outro lado da membrana plasmática. Verificando-se uma
maior concentração de iões negativos no meio intracelular relativamente ao meio extracelular.
Essa diferença faz com que a face interna da membrana seja negativa e a face externa seja
positiva – membrana polarizada. Essa diferença de potencial eléctrico entre a face interna e a
face externa da membrana do neurónio chama-se potencial de membrana. Num neurónio não
estimulado, este potencial é chamado potencial de repouso. Quando o neurónio é estimulado,
a permeabilidade da membrana a certos iões é alterada, o que torna a sua face interna mais
positiva – despolarização da membrana. Assim, na zona de actuação do estímulo ocorre a
inversão na polaridade da membrana, designada por potencial de acção, que se propaga de
modo sequencial pelas zonas vizinhas à medida que vai sendo restabelecida a polaridade nas
zonas anteriores. Atingindo o final do axónio, o impulso nervoso passa para outro neurónio ou
para uma célula efectora.
O axónio de um neurónio não contacta directamente com as dendrites de outro neurónio ou
com a célula efectora, ocorrendo a transmissão do impulso nervoso numa zona designada
sinapse. Quando o impulso nervoso chega à zona terminal do axónio, as vesículas contendo
neurotransmissores, substância químicas produzidas pelos neurónios fundem-se com a
membrana da célula pré-sináptica, lançando os neurotransmissores na fenda sináptica. A
membrana da célula pós-sináptica possui receptores específicos para os neurotransmissores que
ligando-se a eles, permitem a alteração da permeabilidade da membrana e a continuidade do
impulso nessa célula ou o estímulo de um órgão efector.
10.2 Sistema digestivo

Digestão intracelular ocorre no interior das células, em vacúolos digestivos, enquanto que a
digestão extracelular ocorre fora das células, no exterior do organismo (fungos) ou no interior do
corpo do organismo, em cavidade ou órgãos especializados (animais).

Tubo
Exemplos Digestão Aspectos funcionais Vantagens evolutivas
digestivo
A digestão ocorre no
A digestão inicia-se na interior do corpo do
Hidra
cavidade gastrovascular – animal – digestão
digestão extracelular -, onde intracorporal
são lançadas enzimas que A cavidade digestiva
atuam sobre os alimentos e
possui uma certa
os transformam em
partículas simples.
diferenciação:
As partículas parcialmente  Presença da faringe,
digeridas são depois que permite aos
fagocitadas por células que animal captar os
 Extracelular
Incompleto continuam a digestão dentro animais de que se
 Intracelular de vacúolos digestivos – alimenta;
Planária digestão intracelular -,  A maior área de
simples para as restantes
digestão e de
células do organismo.
absorção permite a
Os resíduos são eliminados
por exocitose para a cavidade uma distribuição
gastrovascular e desta, por eficaz de nutrientes
contracção da parede do por todas as células,
corpo para o exterior ressultante da
juntamente com a água. ramificação
gastrovascular.
O alimento entra pela  Maior e mais eficaz
boca, passa pela faringe, aproveitamento dos
pelo esófago e deste para alimentos, dado que
o papo, onde é acumulado estes se deslocam
e humidificado. De num único sentido
seguida, passa para a permitindo uma
moela, onde é triturado digestão e uma
com a ajuda de grãos de absorção sequencia
areia. ao longo do tubo.
O alimento fraccionado  Existência de vários
Minhoca por digestão mecânica órgãos onde pode
segue para o intestino, ocorrer digestão por
onde: acção mecânica e
Completo  Extracelular  Sofre a acção de química
enzimas que completam  Maior capacidade de
a digestão; absorção uma vez que
 Ocorre a absorção das esta pode ocorrer em
substâncias mais diferentes zonas do
simples. tubo
Os resíduos alimentares  Eficiente eliminação
são eliminados pelo ânus. através do ânus dos
No tubo digestivo do resíduos alimentares
Homem, bem como em não absorvidos
todos os vertebrados,  Possibilidade de
Homem
cada uma das áreas é armazenamento de
especializada numa etapa maior quantidade de
particular do processo alimento
digestivo, realizando-se a
maior parte deste
processo no estômago e,
sobretudo, no intestino
delgado.
 Na boca por acção dos
dentes e da saliva inicia-
se a digestão mecânica e
química
 No estômago e no
intestino delgado são
produzidas enzimas
especificas ocorrendo
também aqui a digestão
química e mecânica
 No intestino delgado
são lançadas ao mesmo
tempo o suco
pancreático e bílis,
provenientes do
pâncreas e do fígado.
 No intestino delgado
após terminar a
digestão inicia-se a
absorção facilitada pela
existência de projecções
ricamente
vascularizadas da
superfície de absorção.
Por difusão ou por
transporte ativo os
diferente nutrientes
atravessam a parede
intestinal sendo
absorvido pela corrente
sanguínea.
 Após a absorção os
reiduos alimentares
acumulam-se no
intestino grosso onde
antes de serem
eliminados através do
ânus se dá a reabsorção
da água.

10.3 Sistema circulatório

Um sistema circulatório constituído pelos seguintes elementos:


• Um órgão propulsor do fluido circulante – coração.
• Um conjunto de tubos ou espaços por onde o fluido, em parte ou no todo, circula – vasos
sanguíneos e lacunas.
• Um fluido circulante – hemolinfa ou sangue.
Sistema aberto ou lacunar: existe em grande parte dos artrópodes, como a maioria dos insetos,
e nos moluscos. O fluido circulante sai do interior dos vasos e mistura-se com o líquido
intersticial celular. Não há, assim, distinção entre o fluido circulante e o fluido intersticial, pelo
que o fluido circulante se designa hemolinfa. Esta sai dos vasos e banha as células diretamente.
Um ou mais corações bombeiam a hemolinfa num sistema de espaços que rodeiam os órgãos –
lacunas. O gafanhoto é um exemplo de animal que apresenta um sistema de transporte aberto
ou lacunar. O coração destes animais, de forma tubular e com posição dorsal, recebe a
hemolinfa e, com uma contração, impulsiona-a para a aorta dorsal. Daqui é expulsa para o
hemocélio, banhando os vários órgãos e procedendo às trocas necessárias. Após a contração, o
coração relaxa, gerando -se uma força de sucção que, acompanhada da abertura de válvulas, os
ostíolos, força a hemolinfa a entrar de novo no coração.~

Sistema fechado: existe em anelídeos e vertebrados. O sangue só circula no interior de vasos


sanguíneos, não se misturando com o líquido intersticial. Um ou mais corações bombeiam o
sangue para grandes artérias que se ramificam. Ao nível dos capilares, ocorrem trocas de
materiais entre o sangue e o fluido intersticial que banha as células. A minhoca é um exemplo de
animal que apresenta um sistema de transporte fechado. Neste animal, o coração corresponde a
um vaso dorsal, que percorre todo o seu corpo, e ao qual estão ligados vários vasos laterais
anelares, um por segmento. Os primeiros cinco vasos laterais têm ainda capacidades contráteis,
funcionando também como corações. Os vasos laterais ramificam-se em estruturas cada vez
mais finas, formando vastas redes de capilares.
Aspectos funcionais e Influência no
Tipos de circulação Representação
estruturais mecanismo
 Coração com duas
cavidades: uma
aurícula e um
ventrículo
 A aurícula recebe o
sangue venoso
proveniente de todo A chegada de
o organismo e nutrientes e oxigénio
Simples envia-o para o as células e a remoção
O sangue efetua um ventrículo de resíduos é pouco
único trajecto passando  O ventrículo eficiente uma vez que
uma vez pelo coração impulsiona o sangue o sangue flui com
sob a forma de sangue para para as baixa velocidade e
venoso brânquias onde pressão para as
ocorrem as trocas células dos tecidos e
gasosas órgãos.
 Das brânquias o
sangue segue para
os tecidos e órgãos
com baixa
velocidade e
pressão.
O sangue bombeado
Incompleta  Coração com três directamente do
cavidades: duas coração para os
aurículas e um capilares dos
Dupla
ventrículo diferentes órgãos
O sangue percorre dois
trajectos:
 A aurícula recebe o chega com maior
 Pequena circulação ou sangue venoso e a velocidade e pressão
circulação pulmonar – esquerda o sangue para os tecidos, o que
o sangue sai do arterial aumenta a eficácia
ventrículo para a  A circulação das trocas de
artéria pulmonar, que pulmonar e a materiais com o
se ramifica para os circulação sistémica líquido intersticial.
órgãos onde é não são Possui a desvantagem
purificado regressando independentes de ocorrer mistura
à aurícula esquerda do
ocorrendo a mistura parcial dos dois tipos
coração pelas veias
parcial de sangue de sangue no
pulmonares.
venoso e arterial no ventrículo o que
 Grande circulação ou
circulação sistémica – ventrículo afecta a concentração
o sangue sai do de oxigénio no sangue
ventrículo para a arterial.
artéria aorta em  Coração com quatro Esta circulação
direcção aos tecidos. cavidades garante um maior
Regressa  No lado direito do aporte de oxigénio às
posteriormente à coração circula células do organismo,
aurícula direita pelas Completa
apenas sangue o que permite maior
veias cavas.
venoso e mo lado produção de energia
esquerdo sague Este aumento
arterial reflecte-se numa
 A circulação maior capacidade de
pulmonar e a produção de calor
circulação sistémica corporal eu é
são independes não distribuído de modo
ocorrendo misturas uniforme por todo o
de sangues organismo mantendo
constante a sua
temperatura - animais
homeotérmicos. Esta
aquisição contribui
para uma melhor
adaptação destes
animais a uma grande
variedade de
ambientes .

10.4 Tipos de Respiração dos Animais


Nas superfícies respiratórias, as trocas gasosas podem fazer -se por:
• Difusão direta, se as trocas ocorrem diretamente entre as células e o meio exterior (ar ou
água), como acon tece, por exemplo, nos insetos.
• Difusão indireta, como acontece nos vertebrados, em que os gases são transportados por um
fluido circulante, geralmente sangue, desde a superfície respiratória até às células e destas de
novo até à superfície respiratória. Neste caso, quando as trocas gasosas se fazem através de um
fluido, designam-se hematose.

O fator que determina o movimento dos gases, por difusão, através de uma superfície
respiratória, é a pressão parcial do gás, ou seja, o valor da pressão exercida por esse gás em
relação aos restantes gases presentes. A difusão dos gases é feita do meio em que a pressão
parcial de um determinado gás é elevada para o meio em que a pressão desse mesmo gás é mais
baixa.
Dada a enorme diversidade de animais e a grande variedade de ambientes onde vivem, existem
diversas superfícies respiratórias, embora todas tenham em comum certas características que
permitem trocas gasosas eficazes, designadamente:
• São muito finas, geralmente com uma só camada de células, para serem permeáveis aos gases;
• São húmidas, facilitando a troca de oxigénio e de dióxido de carbono, já que estes necessitam
de estar dissolvidos;
• Possuem uma grande superfície de contacto com o meio externo, apresentando, assim, uma
morfologia em que o aumento de área é privilegiado em detrimento do volume;
• Nos animais com difusão indireta são muito vascularizadas.

10.5.1 Difusão direta


10.5.1.1 Hematose tranqueal
O gafanhoto tem um sistema constituído por um conjunto de canais – traqueias – que se vao
ramificando até se encontrarem em contato com as células onde ocorrem as trocas gasosas.
O oxigénio difunde-se directamente através das traqueias sem intervenção de um sistema de
transporte sendo a ventilação facilitada pelos movimentos corporais. Esta difusão direta permite
elevadas taxas metabólicas.

10.5.2 Difusão indirecta


10.5.2.1 Hematose cutânea
As minhocas, por exemplo, utilizam como superfície respiratória o seu tegumento, que é fino,
húmido e suficientemente extenso para a realização eficaz da hematose, designada, neste caso,
hematose cutânea. A distribuição dos gases até às células é realizada através da circulação
sanguínea, pois o tegumento é muito vascularizado, sendo, por isso, a difusão indireta. Existem
outros animais que também realizam a hematose através do tegumento, como, por exemplo, as
planárias e as hidras, ou os anfíbios, em determinadas circunstâncias.
10.5.2.2. Hematose branquial
Os peixes são animais aquáticos e realizam a hematose branquial através de brânquias,
extensões da superfície corporal que estão, no caso dos peixes ósseos, inseridas em cavidades
branquiais protegidas por uma placa óssea — o opérculo.
A cavidade branquial comunica com o exterior através da fenda opercular. Cada brânquia é
suportada por um arco ósseo – arco branquial – e é constituída por duas fiadas de filamentos
branquiais, subdivididos em inúmeras lamelas branquiais, no interior das quais existe uma rede
de capilares sanguíneos, cujo sangue que aí circula realiza a hematose branquial, havendo
portanto difusão indireta dos gases.
Apesar de a água possuir muito menos oxigénio disponível do que o ar, as brânquias são muito
eficientes na realização da hematose, porque são bastante finas, irriga das, com grande
superfície, e porque o sentido de circulação da água é contrário ao sentido de circulação do
sangue – mecanismo de contracorrente

10.5.2.3 Hematose pulmonar


Os vertebrados terrestres apresentam difusão indireta e realizam as trocas gasosas através de
pulmões – hematose pulmonar. Os pulmões são conjuntos de tubos e sacos com grau de
complexidade crescente, dos anfíbios para os mamíferos. Os pulmões estão situados no interior
dos organismos, o que reduz em grande parte a perda de água através deles.
A subdivisão pulmonar vai aumentando sucessivamente, permitindo que a área da superfície
respiratória aumente bastante, por unidade de volume do pulmão, favorecendo as trocas
gasosas.
No sistema respiratório dos mamíferos, os pulmões enchem e esvaziam sucessiva e
alternadamente, devido às contrações do diafragma e dos músculos intercostais que geram a
inspiração – entrada de ar devido ao aumento do volume da caixa torácica e consequente
expansão dos pulmões – e a expiração – saída de ar dos pulmões devido ao relaxamento dos
mesmos músculos e consequente diminuição do volume da caixa torácica.
Deste modo, é feita a renovação do ar que se encontra dentro dos milhões de alvéolos
pulmonares e é permitida a hema tose entre estes e o sangue dos capilares envolventes,
havendo portanto difusão indireta dos gases. As vias respiratórias possuem células produto ras
de muco e células ciliadas que limpam o ar antes de este chegar aos alvéolos.
10.5 Sistema de excreção
Ver livro
10.6 Sistema Imunológico
Imunização ativa
Imunização ativa natural
A imunização ativa natural consiste na produção de anticorpos pelo próprio organismo contra
um determinado agente específico. Ao entrar em contato com esse agente – o antígeno – o
corpo naturalmente pode criar anticorpos. Esse tipo de imunização ocorre, por exemplo, com
crianças que contraem caxumba ou sarampo.
Imunização ativa artificial
A imunização ativa artificial envolve a produção de anticorpos por nosso próprio organismo,
porém de modo estimulado por vacinas que possuam antígenos capazes de desencadear
resposta imunitária sem causar a doença. Há, claro, diferentes tipos de vacinas, mas
originalmente as vacinas foram idealizadas para trabalhar desse modo.
Imunização passiva
Imunização passiva natural
Na imunização passiva natural, o indivíduo recebe anticorpos de outro indivíduo por via natural.
Estamos falando, por exemplo, da gestação e a amamentação. Como o bebé ainda não possui
um sistema imune desenvolvido e não teve contacto com muitas doenças, ele “utiliza”
anticorpos do sistema imunitário da mãe.
Através da placenta ocorrem trocas de substâncias entre o sangue materno e o fetal, sem que
haja mistura do plasma em si. As substâncias são trocadas por meio da difusão, ou seja, apenas
substâncias com determinado peso molecular passam através da placenta do sangue da mãe
para o sangue do feto. Moléculas muito grandes não atravessam a barreira placentária. A criança
nasce com grande quantidade de anticorpos herdados da mãe, que acabam permanecendo entre
6 a 9 meses em seu organismo – até que ela comece a desenvolver seu próprio sistema imune.

Imunização passiva artificial


Na imunização passiva artificial o indivíduo recebe anticorpos de outro indivíduo por meio da
inoculação de soro hiperimune. Esse soro é rico em algum tipo de anticorpo.
O soro hiperimune possui função curativa ou terapêutica, porque age diretamente sobre os
antígenos. Como o organismo recebe os anticorpos prontos, a ação é imediata, mas o efeito é
passageiro, uma vez que seu sistema imune não “aprende” a produzir esses anticorpos.
11)Biologia das plantas

11.1 desenvolvimento embrionário em Angiospérmicas

As angiospermas constituem o grupo de plantas mais diversificado do planeta, provavelmente


em razão da presença de flores, frutos e sementes, que garantem uma reprodução mais
eficiente. A reprodução das angiospermas inicia-se com a polinização, que é o encontro do grão
de pólen com a parte feminina de uma flor, mais precisamente o estigma.

Inicialmente o grão de pólen – gametófito masculino imaturo – é formado pela célula do tubo e
a célula geradora. Posteriormente, antes ou durante a dispersão, ocorre a formação de dois
gametas a partir da célula geradora. Ao chegar ao estigma, o grão de pólen começa a absorver
uma substância açucarada produzida pelas células dessa região, germina e forma o tubo polínico.
Nesse estágio, com o tubo polínico formado e os dois gametas, ele é considerado maduro.

O tubo polínico cresce através do estilete até o saco embrionário do óvulo – gametófito feminino
maduro –, que é a região onde está localizada a oosfera. O saco embrionário é composto,
geralmente, de oito núcleos e sete células: três antípodas, duas sinérgides, uma oosfera e uma
célula central com os dois núcleos polares.

Ao chegar ao óvulo, o tubo polínico, atraído por sinais químicos liberados pelas sinérgides,
penetra essa estrutura por uma abertura chamada de micrópila. No interior do óvulo, ele
adentra em uma das duas sinérgides e libera os dois gametas e o núcleo do tubo.

Um dos gametas encontra a oosfera e o outro une-se aos núcleos polares. Como os dois
gametas participam do processo, dizemos que ocorre uma dupla fecundação, uma característica
marcante das angiospermas.
O gameta que se uniu à oosfera origina o zigoto (2n), já os núcleos polares, juntamente ao
outro gameta, são responsáveis por dar origem ao endosperma (3n), uma reserva nutritiva da
semente. O zigoto forma o embrião, e os tegumentos do óvulo formam a casca da semente.

O desenvolvimento do ovário leva à formação dos frutos, que possuem como função principal a
proteção da semente, além, é claro, de ajudarem na dispersão. Os frutos e as flores constituem
as características mais marcantes de uma angiosperma.

11.2 plantas vasculares


Tecidos de transporte
As plantas vasculares apresentam um sistema de transporte muito eficaz e que foi essencial na
adaptação ao meio terrestre. É através deste sistema que se realiza o movimento de água e
solutos.
Estas plantas apresentam dois tecidos condutores de características diferentes e que
desempenham também funções diferentes – o xilema ou lenho e o floema ou líber

Xilema
O xilema, por onde se movimenta a seiva bruta – água e sais minerais com um pH ligeiramente
ácido –, da raiz para todas as partes aéreas da planta, é constituído por diferentes tipos de
células e tecidos:
 Os elementos condutores – traqueídeos e elementos de vaso – conduzem a seiva bruta.
Os primeiros são longos e de extremidades afiladas e os segundos são de maior calibre. As
suas paredes laterais apresentam-se lenhificadas, o que lhes confere rigidez.
 As fibras são células longas que apresentam normalmente também as suas paredes
lenhificadas. Têm uma função de sustentação.
 O parênquima, o único tecido constituído por células vivas, desempenha funções
variadas, como, por exemplo, o armazenamento de amido.

Floema
O floema, por onde se desloca a seiva elaborada – água e solutos orgânicos, geralmente
sacarose, aminoácidos e hormonas, entre outros –, sobretudo das folhas para outros órgãos da
planta, é constituído por diferentes tipos de células e tecidos:
 As células dos tubos crivosos são os elementos condutores do floema (Fig. 1B) e estão
ligadas entre si, topo a topo, pelas placas crivosas, que possuem orifícios através dos
quais as células comunicam.
 As células de companhia estão associadas às células dos tubos crivosos, com as quais
interagem para ocorrer o movimento de materiais no floema.
 As fibras são as únicas células mortas do floema e têm função de sustentação.
 O parênquima é um tecido cujas células têm uma função de reserva.
Absorção de água e sais minerais pela raiz
A maior parte da água e dos sais minerais necessários à vida das plantas é absorvida pelas raízes.
Grande parte da massa das plantas é água. As plantas usam água na fotossíntese e a maioria
delas perde diariamente muita água para a atmosfera, por transpiração. Ou seja, as plantas
necessitam de uma eficaz captação de água, o que é possível devido à presença de pelos
radiculares, que aumentam a superfície de contacto das células da raiz com o solo.
Na raiz, o meio intracelular é, em geral, hipertónico, porque as células acumulam iões em
concentrações muito superiores às do solo, por transporte ativo. Isto causa um movimento de
água do solo para as células (osmose) que arrasta alguns solutos mais concentrados no solo
(difusão).
Este transporte ativo continua até ao xilema, originando um gradiente osmótico que provoca o
movimento da água.

Transporte no xilema
Quando a água e os sais minerais atingem o xilema, constituem a seiva bruta, que é transportada
ao longo do organismo da planta até às folhas. Para explicar este movimento, existem duas
hipóteses: a hipótese da pressão radicular e a hipótese da tensão -coesão-adesão.

Hipótese da pressão radicular


A elevada pressão osmótica das células da raiz, condicionada pelo transporte ativo de iões,
determina o movimento de água do solo para as células e, sucessivamente, até ao xilema. A sua
acumulação nas células gera uma pressão radicular que provoca a ascensão da seiva bruta nos
vasos xilémicos.
Apesar de não ser suficiente para explicar o movimento da água até à parte superior de algumas
plantas de grandes dimensões (árvores, por exemplo), é um importante mecanismo auxiliar na
condução de água no xilema, embora nem todas as plantas apresentem elevada pressão
radicular.
Cortando o caule de algumas plantas junto ao solo, na região seccionada liberta-se água e sais
minerais – exsudação –, o que comprova a existência de uma pressão radicular elevada. Outra
evidência deste fenómeno é o mecanismo da gutação que se observa em algumas plantas, em
que a água é forçada a sair por aberturas existentes nas suas folhas – hidátodos ou estomas
aquíferos.

Hipótese da tensão-coesão-adesão
De acordo com esta hipótese, o movimento da água do solo para a raiz e da seiva bruta no
xilema é desencadeado pelo mecanismo da transpiração que ocorre nas folhas, através dos
estomas. Estes controlam as perdas de água por transpiração devido à capacidade que têm de
abertura e fecho do ostíolo.

Quando a planta perde água por transpiração, o conteúdo das células -guarda fica hipertónico
em relação às células envolventes, o que provoca um aumento da sua pressão osmótica que gera
o movimento de água das células vizinhas para as células-guarda e assim sucessivamente até ao
xilema.
O aumento da pressão osmótica cria, assim, uma tensão ou força de sucção que faz movimentar
a água e os sais minerais desde a raiz até às folhas, ao longo do xilema. Assim, o gradiente de
potencial de água estabelecido entre o ar ao nível da folha e a solução do solo é responsável por
condicionar os fenómenos de transpiração e, consequentemente, de absorção.
O movimento da seiva bruta no xilema faz-se em coluna contínua devido às forças de coesão
estabelecidas entre as moléculas de água e às forças de adesão destas com as moléculas polares
das paredes dos vasos xilémicos.
11.5 Hormonas vegetais

Hormonas Actividade
Auxinas - Estimulam:
 O crescimento celular
 O alongamento dos caules
 A formação das raízes
 O desenvolvimento dos frutos
- Controlam o gravitropismo e o fototropismo
- Retardam a queda de frutos e folhas
Giberelinas Estimulam:
 O crescimento celular
 A germinação de sementes
 A floração
 O desenvolvimento dos frutos
Citoquininas Estimulam:
 A divisão celular e o desenvolvimento de gomos laterais
 A germinação de sementes
 O desenvolvimento dos frutos
 O metabolismo celular impedindo ou retardando o
envelhecimento dos órgãos sobretudo as folhas
Etileno - Estimula
 O amadurecimento dos frutos
 A queda das folhas , flores e dos frutos
- inibe o alongamento dos caules
Acido ascísico -estimula:
 O fecho dos estomas
 A abscisao
- inibe a germinação de sementes e o desenvolvimento de gomos

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