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H.C. Ibañez et al.

/ Science of the Total Environment 650 (2019) 1278-1291

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Science of the Total Environment

ELSEVIER E n d e r e ç o d o s i t e : w w w. e l s e v i e r. c o m / l o c a t e / s c i t o t e n v

Tentências espaciais em malformações congênitas e a química de cursos


d’água no Sul do Brasil.
Humberto C. Ibanez a,b, Viviane S. Melandac, Viviane K.Q. Gerber a,b, Otavio A.B. Lichtd, Marilea V.C. Ibanez a,
Terencio R. Aguiar Junior e, Rosiane G. Mello a,b, Heloisa Komechen a,e, Diancarlos P. Andrade a,b,
Gledson L. Picharskia,b, Damasio P.G. Figueiredo e, Mara A.D. Pianovskie,f, Mirna M.O. Figueiredo e,
Gislaine Custodio e, Ivy Z.S. Parise a,b, Laura M. Castilho a, Mariana M. Paraizo a,b, Chloe Edinger a,
Carmem M.C.M. Fiorig,h, Helio Pedrini Nilton Kiesel Filhoj, Ana Luiza M.R. Fabro aj, Rayssa D. Fachin a,
Karin R.P. Ogradowskia,b, Guilherme A. Parise e, Paulo H.N. Saldiva k, Edith F. Legalb, Roberto Rosatia,b, Carlos
Rodriguez-Galindo', Raul C. Ribeiro b,m, Gerard P. Zambettin, Enzo Lallio, Bonald C. Figueiredo a'b'e'p'*
a
Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, Curitiba, PR, Brasil
b
Faculdades Pequeno Príncipe, Curitiba, PR, Brasil
c
Departamento de Vigilância Epidemiológica, Secretaria do Estado da Saude do Paraná, Curitiba, PR, Brasil
d
Instituto de Terras Cartografia e Geologia, Curitiba, PR, Brasil
e
Centro de Genética Molecular e Pesquisa do Câncer em Crianças (CEGEMPAC), Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil
f
Hospital Erasto Gaertner, Curitiba, PR, Brasil
g
União Oeste Paranaense de Estudos e Combate ao Câncer - UOPECCAN, Cascavel, PR, Brasil
h
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, PR, Brasil
i
Instituto de Computação, Universidade de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil
j
Hospital Pequeno Príncipe, Curitiba, PR, Brasil
k
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
l
Department of Global Pediatric Medicine, St. Jude Children's Research Hospital, Memphis, TN, USA
m
Department of Oncology, St. Jude Children's Research Hospital, Memphis, TN, USA
n
Department of Pathology, St. Jude Children's Research Hospital, Memphis, TN, USA
o
Institut de Pharmacologie Moleculaire et Cellulaire CNRS, 660 route des Lucioles, Sophia Antipolis, Valbonne, France
p
Departamento de Saúde Coletiva, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil

D E S TA Q U E S R E S U M O G R Á F I C O

• Poluição química em rios foi demonstrada


com base em níveis de DDT e íons de
Cloro (Cl−).
• Cl− correlacionado com DDT e
produtividade de agrícola (PA) em sub-
região como alta PA.
• Cl− e agricultura estão espacialmente
autocorrelacionados com malformação
congênita (MC).
• Aumento de 2.96 mg/L no Cl− foi associado
a aumento de 45% na densidade de kernel
da MC.
• Níveis de Cl− podem servir como
marcadores de longo prazo de degradação
de substancias químicas contendo Cl−.

* Correspondência para o autor em: Instituto de Pesquisa Pele Pequeno Principe, Avenida SilvaJardim, 1632, Agua Verde, 80.250-200, Curitiba, PR, Brazil. E-mail address: bonald@ufpr.br (B.C. Figueiredo).’

https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2018.09.061
0048-9697/© 2018 Published by Elsevier B.V.’
I N F O R M A Ç Ã O D O A R T I G O R E S U M O
Histórico do Artigo: A incidência de malformação congênita (MC) variável entre 399 municípios do estado do Paraná, Sul do Brasil, sugere o
Recebido em 21 Maio 2018
papel etiológico de fatores ambientais. Este estudo examinou a) concentração ambiental de ânions de cloro (Cl −)
Receibido revisado em 17 Agosto 2018
Aceito em 4 Setembro 2018 associados com organoclorados (OCs); e b) associação entre essas substâncias químicas e a produção agrícola com
Disponível online em 05 Setembro 2018 MCs, usando um Sistema de informações geográficas. Em um dos três anos que durou a amostragem (2008, 2009 ou
2010) foram medidos os níveis de Cl −, dichlorodiphenyltrichloroethane (p,p'-DDT), dichlorodiphenyldichloroethylene (p,
Editor: Ashantha Goonetilleke p'-DDE), dichlorodiphenyldichloroethane (p,p'-DDD) e endosulfan em 465 (465/736, 63%) bacias hidrográficas. A
produtividade agrícola das colheitas entre 2006 e 2010 também foi avaliada (t/km 2). Mais, a densidade kernel de MC
Palavras-chave: para os 399 municípios do Paraná, durante o período de 2007 a 2014, foi investigada. Os níveis de Cl − aumentaram
Produção agrícola significativamente em um dos três anos (2008, 2009 ou 2010) nas bacias hidrográficas do oeste, comparados com 1996
Pesticida (p < 0,0001). Os múnicípios foram divididos de acordo com os níveis de Cl − encontrados, onde a sub-região C2 (centro-
Organoclorado sul) < 1.8 mg/L < sub-regiões C1 (noroeste) e C3 (leste-sudeste). Nós identificamos 8756 casos de MCs entre 1.221.287
Cloreto recém-nascidos (RN) em todas as sub-regiões. C1 teve as mais altas concentrações de DDT-DDE-DDD (p,p'-DDT +
Malformação congênita p,p'-DDE + p,p'-DDD), maior produtividade agrícola, e maior densidade kernel de CM. C2 e C3 tiveram menores
Análise espacial produtividade agrícola (por km quadrado) e densidade de MC. Um aumento de 2.96 mg/L no Cl− entre as sub-regiões
C1 e C2 foi co-localizada com um aumento de 45% na densidade de MC (risco relativo espacial = 1.45, CI95%: 1.36-
1.55). C1 teve os mais altos Log das Razões de Verossimilhança (p = 0,001) identificado via análise de agrupamento do
SaTScan. Organoclorados e outras substâncias tóxicas cloradas podem ter contribuído para MCs em humanos, e essas
substâncias químicas são, em última análise, transformadas e liberam Cl − nos rios. Níveis mais elevados de Cl − foram
significativamente correlacionados com maior produtividade agrícola, níveis de DDT-DDE-DDD, e MCs em algumas
partes das sub-regiões norte e oeste (C1).
© 2018 Published by Elsevier B.V.

1. Introdução O Paraná tem uma das mais produtivas áreas agrícolas do Brasil e,
historicamente, vem usando defensivos para reduzir perdas em lavouras,
Pesticidas contêm diversas substâncias químicas com níveis variáveis uma solução que é adotada globalmente. O Paraná também (com 199.727
de toxicidade. Pesticidas orgânicos incluem os pesticidas organoclorados km2, 399 municípios, 10,5 milhões de habitantes) tem uma das maiores
(OCs), organofosforados (OPs), carbamatos e piretroides sintéticos. Entre produtividades agrícolas por quilômetro quadrado do planeta. Soja, milho e
estes OCs estão aqueles associados ao dichlorodiphenyldichloroethylene trigo ocupam 85,7% das áreas de cultivo. Além disso, um grande número de
(p,p '-DDE), 1 cloro 2 [2,2 dicloro 1 (4 chlorophenyl)ethyl]benzene (o,p '- outros produtos agrícolas são cultivados, especialmente cana de açúcar e
DDD) (também conhecido como mitotano), e café, no norte. Cabe realçar que o Paraná é o segundo maior estado
dichlorodiphenyldichloroethane (p,p'-DDD), que são os principais derivados produtor de soja do Brasil (IBGE, 2016; IPARDES, 2017).
do dichlorodiphenyltrichloro- ethane (p,p'-DDT). Estes OCs já foram Este é um dos primeiro estudos de larga escala sobre a associação do
utilizados livremente na agricultura antes de se tornarem parcialmente meio ambiente e doenças no Brasil. Coletamos amostras de água de bacias
proibidos por lei no Brasil em 1985 (Brasil, 1985); em seguida terem sido hidrográficas para medição de Cl − e defensivos agrícolas e analisamos suas
totalmente banidos em 2009 (Brasil, 2009). relações com a produtividade agrícola e taxas de MC (incidência e
Santos et al. (2006) relatam concentrações de OC acima do limite densidade kernel ponderada), que foram calculadas utilizando dados
máximo legal em vários tipos de queijos produzidos no Rio Grande do Sul coletados da população geral. Demonstramos que os níveis de cloreto estão
(RS), um estado próximo ao Paraná e com fronteiras com Uruguai e correlacionados com a produtividade das lavouras e os níveis de defensivos
Argentina. Eles também descobriram que vários OCs foram encontrados (p,p'-DDT e seus derivados) e então validamos essa correlação via um
sendo mais prevalentes e com maior concentração no sangue (10%), leite processo de dois passos. Inicialmente, a análise de regressão espacial foi
materno (78%), e tecido adiposo (100%) em habitantes do meio rural que realizada e, em seguida, a acuracidade dos resultados da primeira etapa foi
naqueles residentes em áreas urbanas, em 2003 e 2004. Não sendo verificada com base nos log das razões de verosimilhança - log likelihood
surpreendente, traços de p,p'- DDT, p,p'-DDD, e p,p'-DDE foram ratios (LLR) a partir da análise de agrupamentos. O mais importante, nossa
encontrados em todas as amostras de água das bacias que suprem os 316 abordagem efetivamente propõe o monitoramento de Cl − como uma
municípios do estado de RS em 2016 (Rubo, 2016). alternativa de pré-triagem para testes de larga escala em busca de
A Pesquisa Geoquímica do Estado do Paraná, sob direção da substancias tóxicas cloradas usadas na agricultura. Finalmente,
instituição do governo do Estado, Minerais do Paraná (MINEROPAR), apresentamos fortes evidências que a suscetibilidade a MC esteja
identificou níveis atípicos de ânion de cloro (Cl −) em cursos de água no associada com poluição ambiental causada pelo homem (antropogênica).
norte do estado do Paraná, e os pesquisadores elaboraram a hipótese de
que o excesso de Cl− pode ter derivado de processos de degradação de 2. Materiais e métodos
pesticidas no local (Licht, 2005; MINEROPAR, 2001).
O acoplamento de dados de poluentes ambientais e malformação 2.1. Projeto do Estudo
congênita (MC) com outros dados espacialmente dependentes pode ajudar
a esclarecer os mecanismos de causalidade e ajudar na predição para Neste estudo, realizamos um estudo descritivo e analítico
práticas de saúde pública (Fore et al., 2002; Dolk e Vrijheid, 2003; Brent, epidemiológico ambiental. Postulamos que os níveis de Cl − em bacias
2004). De Siqueira et al. (2010) relataram as quantidades de ingredientes hidrográficas poderiam ser um marcador de quantidades anteriores de
ativos de pesticidas agrícolas vendidos e consumidos em 2000 em organoclorados, fertilizantes e outros compostos clorados expostos à
diferentes estados do Brasil. O estado de São Paulo teve o maior uso de população. Testamos a hipótese que os riscos de MC variam em diferentes
pesticidas (8,05 kg/ha/ano por área cultivada), enquanto o Paraná teve o sub-regiões através da classificação das sub-regiões conforme os níveis de
quarto maior uso de pesticidas (3,44 kg/ha/ano por área cultivada). Estes Cl− nos rios. Para tanto, os municípios foram agrupados de acordo com os
autores compararam tais dados com a frequência média de MC em cada níveis de Cl− acima ou abaixo de 1.8 mg/L; o quadro é apresentado na Fig.
estado, que variou de 0,15% a 0,.79%. A frequência média de MC no 1. Considerando todas as possíveis fontes de Cl −, o nível de produtividade
Paraná foi de 0,66%. Zhang (2018) revisou o aumento dramático de agrícola, número de instalações industriais e a proximidade a grandes áreas
consumo de defensivos agrícolas no Brasil e outros principais países nos urbanas também foram levados em conta no agrupamento dos municípios.
últimos anos, sugerindo maior potencial para excessiva poluição e severo
impacto para saúde de fetos humanos.
H.C. Ibañez et al. / Science of the Total Environment 650 (2019) 1278-1291

Fig.1. Localização da área do estudo, e diagrama descrevendo o quadro geral para teste de aleatoriedade espacial entre variáveis independentes e dependentes. Cl − = níveis do
ânion cloro na água; CMs = malformações congênitas; PA = produtividade agrícola; DDT = níveis de DDT + DDE + DDD na água.

Da mesma forma, os municípios podem ser classificados em três sub- os dados georreferenciados à área da bacia foram usados para estimar seus
regiões (C1, C2 e C3). Adicionalmente, C0 foi classificada como o grupo níveis proporcionais no município. Em seguida, essas estimativas foram
de 66 múnicípios para os quais a análise de água não seria realizada. utilizadas para avaliar as correlações com as variáveis georreferenciadas
Maiores detalhes são apresentados nos Resultados (Seção 3.1). pela área tais como produtividade agrícola (t/km 2) ou densidade kernel de
Os níveis de Cl− e OCs (p,p'-DDT, p,p'-DDD e p,p'-DDE) foram MC.
medidos em locais estratégicos dentro das bacias, (georreferenciados por
latitude e longitude). Primeiramtente, usamos estes dados para avaliar as
correlações entre eles (de acordo com os pontos de coleta); em segundo,
2.2. Análise do Cl− amostra de água (500 mL) utilizando cartuxos C18 de extração de fase
sólida adquirido de Waters (Milford, MA, USA). Cada cartuxo foi
2.2.1. Bacias coletoras e amostragem da água
primeiramente limpo com 6 mL de acetato de etila , metanol, e água Milli-Q
Em bacias de rios, a água flui de acordo com o declive das montanhas
ultrapure (Millipore, Bedford, MA), depois que as amostras foram
para as planícies. A água coletada em um local onde um tributário encontra percoladas através dos cartuxos usando um sistema de vácuo (JT Baker -
um rio principal pode ser usada para determinar a caracteristic de todos os Phillipsburg, NJ) a um fluxo de 6 mL/min. Os cartuxos foram então secos
rios drenando para uma determinada bacia coletora. A fração de um sob vácuo por 15 min para remoção do excesso de água, e a extração
elemento ou substância química em particular na água coletada naquele realizada com 6 mL de cada de acetato de etila e metanol. O extrato foi
seco sob um leve fluxo de nitrogênio utilizando um bloco seco a 40 °C
ponto (meio do canal do rio, onde a água flui regularmente) deveria ser
(Marconi, SP, Brazil) e reconstituído em 50 μL acetato de etila. As amostras
considerada como a fração média de todos os rios que compreendem a
foram, então, transferidas para ampolas para análise de cromatografia
bacia coletora. Para comparar a composição química das amostras de gasosa-espectometria de massa.
água de um dado território, as bacias coletoras devem ter áreas similares.
Em 1996, a MINEROPAR delimitou 736 bacias coletoras com uma média
de área de coleta de 225-km2 cobrindo 199.727 km2 estado do Paraná. 2.3.2. Cromatografia gasosa-espectometria de massa
Água corrente de cada estação de amostragem foi coletada em 697 (Gas chromatography-mass espectometry, (GC-MS))
bacias (a área amostrada corresponde a 165.646 km2 ou 83% do Paraná) e Os p,p'-DDT, p,p'-DDE e p,p'-DDD foram extraídos utilizando método
analizadas para determinação do conteúdo iônico incluindo Cl − (Licht, proposto por Lacorte et al. (2000) e Aguiar et al. (2015) de acordo com os
2005; MINEROPAR, 2001). Os resultados de Cl− de 1996 foram fornecidos protocolos SANCO/10232/2006 EU (EURL, 2006). A análise GC-MS foi
pela MINEROPAR, um parceiro neste estudo. As amostras de água foram realizada utilizando um cromatógrfo de gás Varian 431-GC acoplado a um
coletadas apenas uma vez para cada bacia, em 2008, 2009 ou 2010, sob Varian 220 MS, um espectrômetro de massa de porta de íon equipado com
supervisão da MINEROPAR, em 63% dessas estações de campo uma coluna capilar VF-5 ms (30 m x 0,25 mm, com espessura de filme de
(465/736) no meio do canal dos rios. Cada amostra de água (1 L) foi 25 μm). A temperatura do forno GC foi programada para aumentar de 90
filtrada a vácuo usando filtros Millipore (tamanho do poro: 45 μm) e °C (mantida por 0,5 min) a 160 °C (mantida por 4 min) a 15 °C min -1, e
armazenadas em garrafa de de vidro pré-higienizada e esterilizada. Todas então para 280 °C (mantida por 10 min) a 20 °C min -1. As temperaturas da
as amostras de água foram mantidas congeladas a -20 °C por tempo de 1 interface GC e das fontes de íons eram 280 °C e 200 °C, respectivamente.
a 3 anos antes das análises. O espectrômetro de massa de porta de íons foi acionado no modo de
impacto do elétron de ionização a uma energia de ionização de 70 eV e
2.2.2. Cromatografia Iônica corrente de emissão de 300 mA. Gás hélio foi utilizado como gás condutor
As análises de Cl− foram coordenadas pela MINEROPAR (Curitiba, a um fluxo constante de 1.0 mL/min. A injeção de volume foi de 1 μL em
Brasil) e processadas pelo Laboratório de Análise Mineral (LAMIN, Rio de modo sem divisão (1 min) com injetor à temperatura de 250 °C. Da
Janeiro, Brasil) da CPRM: Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, dissociação induzida por colizão (MS/MS), três íons de fragmentos de
que também havia realizado a pesquisa geoquímica multi-elementar em massa foram selecionados para cada composto: endosulfan--β (m/z 269*,
1996 (Licht, 2005; MINEROPAR, 2001). O cloreto foi quantificado por 263 e 400), endosulfan α (m/z 263*, 269 e 400), endosulfan-sulphate (m/ z
cromatografia iônica usando o método EPA 300.1/USEPA adaptado de 291*, 285 e 421), 4,4 p,p'-DDT (m/z 199*, 165 e 342), 4,4 p,p'- DDD (m/z
estudos anteriores (APHA Method, 1992; Edgell et al., 1994). Água 199*, 165 e 320) e 4,4 p,p'-DDE (m/z 246*, 316 e 318), que inclui os
ultrapurificada com condutância <0,1 μS/cm (Purelab™ Maxima, Elga Lab principais íon de fragmentos de massa utilizados como precursores (*). Os
Water, UK) foi usada para a preparação de todas as soluções, que foram íons de fragmento de massa selecionados foram utilizados para a
filtradas através de uma membrana de poro de 0,2 μm. Uma solução quantificação e os outros compostos foram utilizados para confirmação de
padrão foi preparada utilizando cloreto de sódio (Merck, Germany). A estrutura. Soluções padrão foram preparadas para todos os agroquímicos
solução eluente (Na 2CO3 9.0 mM) foi injetada em uma taxa de fluxo de 0,8 (pureza 99%, Sigma-Aldrich, Missouri, USA) a concentrações de 10 mg
mL/min. Separação ótima foi obtida por otimização de temperatura, pH, e mL-1 em acetato de etila e foram armazenados a -4 °C. O Atrazine-D5 foi
taxa de fluxo da fase móvel, e pela plotagem do gráfico entre potencial do determinado utilizando os íons m/z 127, 139, e 205. Uma curva de
eletrodo e concentração. Áreas de pico e alturas de todas as amostras calibração com padrões diluídos (0,01-30 μg/L) foi elaborada. As curvas de
foram medidas (uma concentração próxima da mínima detectável, i.e., 0,01 Calibração tinham coeficientes de correlação de 0,99 e desvios padrão
mg/L). Curvas de calibração foram construídas pela plotagem das áreas de relativos <9% (n = 4) para todos os compostos. O limite inferior de
pico para cada íon versus a concentração. A acuracidade do método era quantificação foi de 0,01 μg/L, no qual todos os compostos tinham sinais
verificada periodicamente. O controle de qualidade foi realizado pela significativos. Estudos de recuperação foram realizados com uma mistura
checagem dos níveis de concentração contra a solução padrão calibrada de agroquímicos a uma concentração de 1 μg/L água de solo livre de
no meio da curva de calibração. O sistema de cromatografia iônica incluiu agroquímicos; valores de recuperação ficaram no intervalo entre 83 e 97%
um aparelho Thermo Scientific Dionex™ modelo 5000 (USA), um detetor com desvio padrão de <12% (n = 5) para todos os compostos. Os
de condutividade (Alltech Model 650, USA), uma coluna de guarda de compostos alvo foram identificados e confirmados baseado nos seguintes
ânion (protetor) (Dionex AG9-HC, 2 mm, model 52248, USA) e uma coluna critérios: (I) desvio de tempo de retenção em relação ao padrão <2 s, (II)
separadora de ânion (Dionex AS9-HC, 2 mm, 160 52244, USA). três valores m/z característicos e (III) variação de intensidade nas
características m/z <15% comparadas com o m/z padrão.

2.3. Análises de p,p'-DDT, p,p'-DDE, p,p'-DDD e endosulfan


2.4. Teoria e Cálculo
2.3.1. Extração de amostras
O protocolo de extração foi estabelecido pela optimização do protocolo 2.4.1. Medidas de CI-, p,p'-DDT, p,p'-DDE, p,p'-DDD e endosulfan em
proposto por Lacorte et al. (2000) e modificado por Aguiar et al. (2015). As bacias hidrográficas dentro de um município
amostras foram inicialmente filtradas usando membranas de celulose com Para desenvolver uma referência comum para estatísticas (áreas
tamanho de poro de 0,45 μm e diâmetro de 47 mm (Merck Millipore - administrativas dos municípios), a soma dos níveis de p,p'-DDT + p,p'-DDE
Darmstadt, Germany) e congeladas a -20 °C por um período de um a três + p,p'- DDD (DDT-DDD-DDE) e CI - foram proporcionalmente distribuídos
anos. Antes da extração, 0,1 μg de Atrazine-D5 (pureza 99%, Bellefonte, entre os municípios contidos ou parcialmente cobertos pelas respectivas
PA, USA) foi adicionada a 500 mL de amostra de água como padrão bacias hidrográficas. Para cada bacia, calculamos um coeficiente de
substituto. Para calcular perdas durante o processo de extração, o interseção com a área administrativa do município. Essa referência comum
endosulfan, p,p'-DDT, p,p'-DDE e p,p'-DDD foram extraídos de cada possibilitou a avaliação das variáveis de relacionamento atribuídas à área
física (bacia hidrográfica) com variáveis econômicas ou demográficas
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referenciadas por toda área administrativa (município). Os níveis estimados área fazendo a média dos pontos dentro de cada município. A densidade
das substâncias químicas CI- ou DDT-DDD- DDE (LcXm) no município (m) ponderada kernel no município m (CMwkdem) pode ser expressa como
pode ser expresso como segue:

onde LcXm é o nível estimado da substância química X no município m,


LcXw é o nível da substância X na bacia hidrográfica w, N é o número total onde m é o município; N é o número de pontos da grade dentro do
município obtidos pela função st_within (PostGIS, 2017); x e y representam
de bacias que se interseccionam à área administrativa do município.
as coordenadas UTM Leste e Norte respectivamente (unidade UTM =
icfmw é o coeficiente de interseção entre o município e a bacia hidrográfica,
metro; as coordenadas UTM foram geo codificadas a partir do endereço da
e stjntersection e st_area são funções do sistema PostGIS (PostGIS,
mãe); n = 150 para o número de pontos de grade em cada direção; w é o
2017). st_intersection produz uma geometria que representa a porção
peso da ponderação; LBmp é o número de nascidos vivos no município m
superposta dos polígonos m e polígonos w; st_area produz uma área de
em um dado período p de anos; e PRe = c(135977, 799877, 7044829,
geometria cartesiana bidimensional.
7509602) para a extensão do Paraná (zona UTM 22S). Designando o valor
2.4.2. Produtividade agrícola no Paraná 1 para os casos e considerando suas respectivas localizações, a
Para avaliar se as variações nos níveis de Cl − estão associadas com densidade kernel de eventos espaciais (territoriais) em uma malha regular
as principais culturas (soja, milho, trigo, feijão, cana de açúcar e café) em pôde ser obtida. Para as MCs, a chance de ocorrência do evento também
dada região, a média anual em toneladas (t) de produtos agrícolas colhidos está associada ao tamanho da população. Assim, também foi necessário
em cada município (Tapm) obtida a partir do registro público (IPARDES, um fator de ponderação para cada ponto e esse foi determinado como
2017) foi dividida pela área total do município (Aream) (IBGE, 2016). Isso sendo inversamente proporcional ao número de recém-nascidos durante o
nos permitiu calcular a produtividade das (Cpm, t/km2) da seguinte forma: período (caso de MC/Σnascimentos).
Embora os casos de MC serem georreferenciados por pontos
(endereços) o total de nascimentos foi georreferenciado por área
(municípios). Isso nos impediu de normalizarmos a densidade de MC pela
densidade geral de nascimentos vivos (Svechkina e Portnov, 2017). Apesar
de essa limitação reduzir a resolução da análise de densidade, o poder da
onde Tmy é a quantidade de toneladas (tons) de soja + milho + trigo +
análise permanece o mesmo.
feijão + cana + café colhidos no município m no ano y, e Ny é o número de
anos (Ny = 5) usado para obter a média anual.
2.4.4. SIG e análise estatística
Usamos o Sistema de Informações Geográficas (SIG) para Internet
2.4.3. Incidência de malformação congênita e densidade de kernel
Geomedicina® (Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Principe, 2007,
ponderada
Curitiba, Brazil), o MapServer 6.4 (MapServer, 2017) e o PostGIS 2.1
Foram considerados todos os novos casos de MC listados na
(PostGIS, 2017) para construir os mapas contendo as camadas de dados
Classificação de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, 10ª
ambientais (níveis de substâncias químicas e produtividade agrícola)
Revisão (Capítulo XVII, ICD-10,2012). Os dados de MC foram obtidos junto
superpostos pela ocorrência de MCs. O SIG para Internet Geomedicina®
à base de dados de nascimentos do Programa de Vigilância da Secretaria
incorpora software livre da Open Source Geospatial Foundation (OSGeo,
do Estado da Saude do Parana (SESA) para todos os 399 municípios, que
2017). Geomedicina® e Quantum GIS® 2.4 (QGIS, 2016) foram utilizados
são habitados por grande proporção de indivíduos com ancestrais
para gerar os mapas mostrados nas figuras, e o software R (R 3.2) foi
europeus. Nascimentos em óbito e abortos espontâneos foram excluídos.
utilizado para realizar todas as análises estatísticas (R Development Core
O período de levantamento de dados inclui o intervalo 1° de Janeiro de
Team, 2011).
2007 a 31 de Dezembro de 2014. Aprovação foi obtida do Comitê de Ética
da SESA (Hospital do Trabalhador de Curitiba). A Taxa Média Ponderada
2.4.4.1. Correlações Lineares. Para as interações avaliadas com
da incidência anual de malformações congênitas (CMwair) entre nascidos
Geomedicina®, foram feitas análises de correlações através da seleção de
vivos pode ser expressa como
retângulo incluindo um conjunto de localizações (pontos ou áreas) de
interesse e, então, submentendo seus atributos ao teste de associação
entre amostras pareadas, o que foi conduzido seja pelo coeficiente de
correlação produto-momento de Pearson, pelo tau Kendall, ou pelo rho de
onde m é o município, y é o ano, CM representa malformação congênita, e Spearman em conjunto como a função cor.test do pacote R stats (Best and
LB representa o número de nascidos vivos. Roberts, 1975; Hollander e Wolfe, 1973).
Os endereços dos recém-nascidos diagnosticados com MCs foram
geograficamente codificados pela API Geocoding do Google Maps (Google 2.4.4.2. Análise de regressão de múltiplas varáveis. Para poder explicar
Developers, 2017). Essa abordagem foi útil para descartar tendências de os níveis de Cl− nos municípios, criamos modelos que incorporam as
referência associadas com endereços de centros clínicos. Depois da variáveis candidatas explanatórias DDT-DDD-DDE, endosulfan, e
codificação geográfica, os dados pontuais onde viveram durante a gravidez produtividade agrícola (crop productivity, CP) em conjunto com a
foram convertidos para uma grade de densidade de MC, usando o classificação das sub-regiões dos municípios (grupos C1, C2 ou C3).
estimador de densidade de kernel (núcleo) 2D de pontos em uma função Começando a partir de um modelo inicial linear sem variáveis, adicionamos
de área com um núcleo normal bivariado alinhado ao eixo; esses resutados as variáveis ao modelo e o avaliamos por meio de um teste de análise de
foram avaliados em uma grade quadrada com o pacote R MASS (Venables variância (ANOVA), para levantar se a inclusão resultava em um ganho de
and Ripley, 2002) e foram adaptadas para tratamento de ponderação dos informação que justificasse o aumento de complexidade e dos graus de
pontos pela função kde2d.weighted no pacote R ggtern (Hamilton, 2017). liberdade. Utilizando o princípio da parcimônia, selecionamos o modelo
De forma similar às variáveis físicas (Cl − e DDT-DDD-DDE), foi necessário mais simples e informativo. Um processo similar foi seguido para criar o
transformar os pontos da grade (grid points (gp)) para obter uma referência modelo de malformações congênitas (congenital malformation (CM)), com
comum (área administrativa do município). Transformamos a grade em a inclusão do Cl− no conjunto de variáveis explanatórias. O Endosulfan foi
excluído das análises subsequentes porque não apresentou diferenças com a máxima probabilidade juntamente com métodos de matrizes densas,
significativas entre as sub-regiões. Os modelos lineares finais para Cl − (a) e expressos como
CM (b) foram empregados na regressão espacial como

(a)
onde lmModel vem da equação anterior (b), nb se refere ao método de
(b) objeto de vizinhança e MC é o método de Monte Carlo para aproximação
do log-determinante.
onde a função scale foi utilizada para compensar as diferenças entre a
magnitude da densidade de MC (10 -12) quando comparada a (10 -0) das
demais variáveis (CP, Cl− e DDT-DDD-DDE). 2.4.4.5. Risco espacial relativo. Para podermos comparar a suscetibilidade
a MCs nas sub-regiões C1, C2 e C3, calculamos o risco espacial relativo
2.4.4.3. Autocorrelação Espacial. O teste do Índice Global de Moran (spatial relative risk (SRR)) entre elas, expresso como
(Moran Global Index (MGI)) foi realizado para avaliar a autocorrelação
espacial, utilizando a função moran.test no pacote R spdep (Bivand et al.,
2008). A variância foi determinada de acordo com Cliff e Ord (1981). A
matriz de vizinhança foi construída por contiguidade, na qual um vizinho
era definido como compartilhando pelo menos um ponto de fronteira com a
matriz. O parâmetro S também foi empregado, assim foi reproduzido o
esquema de codificação de estabilização de variância proposto por
Tiefelsdorf et al. (1999). Carregamos os polígonos dos municípios com a
função readShapePoly do pacote R maptools (Bivand e Lewin-Koh, 2015).
Construímos a lista de vizinhanças a partir de tais polígonos, por meio da
função poly2nb do pacote R spdep (Bivand e Piras, 2015). Essa lista de onde m é o município pertencente a uma das sub-regiões, X e Y são
vizinhanças foi complementada por ponderação espacial com estilo de conjuntos de municípios, N é o número de municípios em cada conjunto e
relação padronizada (soma de todas as ligações a n). SARARX e SARARY vêm da equação sacsarlm(lmModel,datam,listw =
nb,type = sac,method = MC).

2.4.4.4. Modelos de Regressão Espacial (SAR e SARAR). Para


2.4.4.6. Agrupamentos mais prováveis. Para validar nossos achados,
determinar se nossos achados se encaixariam em um modelo espacial,
identificamos os agrupamentos mais prováveis (most likely clusters (MLC))
testamos duas diferentes abordagens. A primeira era achar a existência de
utilizando o software SaTScan 9.4.4, que é amplamente usado em serviços
autocorrelação espacial através da análise do Índice Global de Moran
de saúde para detectar agrupamentos de doenças com forma geométrica
seguida do teste multiplicador de Lagrange (Anselin, 1988). A segunda
circular (Kulldorff, 1999). Foi preparado um arquivo de entrada de casos,
abordagem seguiu a proposta de Anselin (Anselin, 2003), a qual é
no qual o número de casos de MC por ano, e a densidade de kernel
estruturada com base em análise de regressão linear de múltiplas
ponderada (descrita na Seção 2.4.3) para cada município, no respectivo
variáveis. Finalmente, ambas abordagens foram consideradas para
ano, foi usada como atributo. A linha de tempo do MLC calculado
confirmar que o modelo autorregressivo espacial (spatial autoregressive
correspondeu ao período estudado (2007-2014). Parametrizamos uma
(SAR) model) deveria ser aplicado, o que permite o uso de uma variável
análise baseada em 10% da população sob risco, como tamanho máximo
principal como componente espacial do modelo. A análise de regressão foi
do agrupamento espacial. Todos demais parâmetros foram mantidos em
feita para estimar as relações espaciais entre resultados ambientais e de
seus valores básicos (default). Realizamos uma análise puramente
saúde para o período 2007-2014.
espacial, varrendo agrupamentos com altos valores e modelo de
A dependência espacial nos dados residuais do modelo de regressão
probabilidade normal. O formato do resultado forneceu identificadores de
linear foi testada utilizando os testes MGI e Lagrange (LT). Este último
localização incluídos em cada um dos dez MLCs. Geramos, com o
emprega um modelo autorregressivo espacial (SAR (c)) para o modelo de
Quantum GIS® 2.4, um mapa coroplético, utilizando os identificadores de
ânions de cloro e um modelo espacial autorregressivo combinado (SARAR
localização e os log das razões de verossimilhança (log likelihood ratios
(d)) para o modelo de malformação congênita, que são expressos como
(LLR)) os quais estão apresentados no mapa.

(c) 3. Resultados

(d) As proporções de produtividade agrícola (t/km 2) nas sub-regiões


onde pWY é o efeito de interação endógena, λWu é o efeito de interação revelaram uso intensivo da terra na sub-região C1 (Tabela 1). O quadro
entre termos de erro, e W é a matriz de vizinhanças por contiguidade. designado (Fig. 1) envolveu um processo de dois passos: 1) o passo
Ambos os modelos (SAR e SARAR) foram verificados utilizando o método ambiental que focou no teste da hipótese se Cl −, DDT-DDE-DDD, e
de critério de informação Bayesiano (Bayesian Information Criterion (BIC)). produtividade agrícola eram significativamente associadas em qualquer
Utilizamos a função sacsarlm do pacote R spdep para o SARAR, de acordo sub-região, e 2) o passo da variável dependente (MC) que concentrou-se
em identificar se a densidade kernel de MC mais elevada estava associada
a qualquer dos parâmetros ambientais.
Tabela 1
Dados Globais e proporções
Ano ou período C1 dp C2 dp C3 dp
Cl− (NM) 2010 114 - 200 - 19 -
DDT + DDD + DDE (NM) 2010 110 - 160 - 13 -
Lavouras em Municípios (NM) 2010 114 - 200 - 19 -
Produção Agrícola (t) 2006-2010 30.384.039 343.596 30.386.579 213.717 501.985 43.598
Area (km2) - 38.374,3 - 123.674,0 - 10.282,2 -
Produitividade Agrícola (PA) (t/km2) 2006-2010 791,78 995,6 245,0 483,01 48,82 89,00
Nascimentos vivos (N) 2007-2014 289.530 - 490.545 - 381.551 -
- -
MCs (N) 2007-2014 2044 - 3625 2728
MCs = Malformações congênitas; N = número total de casos; NM = número total de municípios investigados; t = toneladas; dp = desvio padrão.
Grupo C0, mostrado nas Figs. 4, 5 e 6 corresponde a 66 municípios sem dados de Cl − em 2010, e tais dados não estão incluídos nesta tabela.
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3.1. Cl− , DDT-DDE-DDD e produtividade agrícola DDT-DDE-DDD e Cl− e (Fig. 2f) (p = 0,0003). Os Municípios foram
agrupados de acordo com o nível de Cl − (abaixo ou acima de 1,81 mg/L) e
Os dados de Cl− de 1996 (Fig. 2a, da MINEROPAR) e de 2008, 2009 ou
de acordo com a atividade regional predominante (agricultura ou industrial).
2010 (Fig. 2b, presente estudo, em colaboração com MINEROPAR)
A última dessas categorias inclui refinarias de óleo, empresas de extração,
estavam positivamente correlacionados (p = 0,0001) (Fig. 2d e 2e). A mais
indústrias de manufatura e metalúrgicas, que são reconhecidas por
importante elevação de Cl − foi encontrada nos municípios do Oeste. As
estarem concentradas mais próximas da capital do estado, mas essas não
mais altas concentrações de DDT-DDE-DDD foram encontradas em 2008,
foram quantificadas.
2009 ou 2010 nas bacias hidrográficas do norte (Fig. 2c), onde
significativas correlações positivas foram observadas entre os níveis de

Fig. 2. Cloreto (Cl−) e DDT + DDD + DDE (DDT) em bacias hidrográficas do estado do Paraná, Brasil (esquerda) e correlações (direita). (a) níveis de Cl − em miligramas por litro
(mg/L) coletado em 1996 de 95% das bacias coletoras (697/736); (b) Cl− (mg/L) no presente estudo coletado em 2008, 2009 ou 2010 (2008/2009/2010) de 63% das bacias,
sobrepondo a camada de dados de Cl − de 1996; (c) níveis de DDT em microgramas por litro (µg/L) coletados em 2008/2009/2010, sobrepondo os dados de Cl − de 2008/2009/2010.
(d, e) Correlações entre níveis log-transformados (Log) de Cl − (1996 vs. 2008/2009/2010); (f) correlações entre níveis Log Cl − e Log DDT em 2008/2009/2010. As áreas em branco
em (b) e (c) representam localidades sem análise de resíduos de Cl− ou DDT.
C1 (114 municípios), C2 (200 municípios) e C3 (19 municípios) na Fig. menores níveis de Cl− (<1.81 mg/L) foi identificado no centro do estado e
3a apresentam níveis de Cl− dentro do aceitável para a saúde humana. O na área que se extende ao sul, e essa foi classificada como a sub-região
nível máximo de contaminante Cl − na água potável é 250 mg/L (Lei C2. Uma pequena porção ao norte da sub-região C1, que divide os
Brasileira 9.443/1997), o que é amplamente aceito em diversas regulações, campos agrícolas do norte e oeste, é mais dedicada à criação do que à
incluindo a Organização Mundial de Saúde (World Health Organization agricultura. Bacias hidrográficas com níveis de Cl − >1.81 mg/L e a maior
(WHO, 2003)). A Fig. 3b apresenta as áreas com produtividade agrícola atividade industrial no estado, combinadas com menor atividade agrícola
mais forte, que corresponderam a áreas com os níveis mais elevados de que as sub-regiões norte e oeste, foram classificadas como C3 (Fig. 3a e
Cl− mostrados na Fig. 3a. As principais características para cada sub- b). Terras de produção bovina e suína estão concentradas entre o norte e
região são agricultura forte e níveis de Cl − altos (>1,81 mg/L) em C1, a oeste, e esse tipo de terra é também muito comum em C2. MGIs para Cl−
produtividade agrícola mais fraca e níveis de Cl − altos (>1,81 mg/L) em C3, em C1 e C3 eram compatíveis com níveis mais elevados de Cl − detectados
que inclui a capital, e agricultura média com os menores níveis de Cl − na área, em comparação com C2. Os resultados estimados de MGI
(<1,81 mg/L) em C2. indicaram que existia significativa autocorrelação espacial para a
A maioria dos municípios de C1 apresentaram produtividade agrícola distribuição de Cl− (mediana MGI = 0,518; p < 0,0001; ou mediana MGI =
mais forte (Fig. 3b). Um agrupamento de bacias hidrográficas com os 0,625; p = 0,0005, excluindo C3).

Fig. 3. Sub-regiões do estado do Paraná classifcadas de acordo com os níveis de cloreto (Cl−) (C1, C2 e C3) e a predominância de atividade agrícola (C1 e C2) ou industrial (C3).
(a) Níveis de Cl− em municípios: em C1 (norte e oeste) e C3 (principalmente sudeste), Cl− > 1,81 mg/L; em C2 (central e sul), Cl− < 1,81 mg/L. (b) Produtividade agrícola média (PA)
em toneladas por quilômetro quadrado (t/km2) em municípios. C0 refere-se a municípios onde os níveis de Cl− em 2010 são desconhecidos. (c, d) Correlações entre níveis de Cl− e
PA.

3.2. Degradação ambiental dos Organoclorados e liberação de HCl na ilustrar combinações dessas três substâncias químicas com os níveis de
água Cl−, também será importante analisar outros grupos de OC.

A estimativa de correlação espacial nos conjuntos de dados de Cl − e 3.3. Incidência e densidade de malformações congênitas no Paraná
DDT-DDE-DDD mostrados na Fig. 2 foi computacionalmente e
matematicamente formulada, o que possibilitou cálculos diretos. A perda de Para avaliar se o padrão de distribuição espacial permanece
uma molécula de HCl por degradação ambiental ou biológica transforma relativamente constante ao longo do tempo, calculamos a incidência média
p,p'- DDT em p,p'-DDE. Outro derivado importante formado é o DDD de MC em todos os municípios durante dois períodos de tempo (2007-2010
(IPCS, 1989). Apesar da ênfase ter sido colocada nos DDT-DDE-DDD para e 2011-2014, mostrados nas Fig. 4a e 4c, respectivamente). Entre as MC
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mais comuns identificadas estão sindrome de Down, hidrocefalia correlação entre productividade agrícola e a densidade de MCs (R 2
congênita, gastroquise, lábio leporino, palato fendido, polidactilismo, outras (Spearman) = 0,7279, p < 0,0001) (Fig. 5b e 5e). Observamos significativas
deformidades congênitas dos pés, malformações congênitas cardíacas e correlações para todos os municípios do Paraná entre PA e densidade de
hipospádia. Contudo, não encontramos diferenças de incidência de MC ou MC ((R2 (Pearson) = 0,5022, p < 0,0001) (Fig. 5c) e entre níveis de Cl − e
densidade de MC entre as 3 sub-regiões estudadas. A densidade média de densidade de MC (R2 (Spearman) = 0,4524, p < 0,0001) (Fig. 5f). A maior
MC nos municípios (Fig. 4b e 4d) mostrou uma grande disparidade incidência de MC observada em C1 não é discriminada no que diz respeito
regional, e os valores estavam significativamente associados com áreas de a um tipo particular de MC em excesso comparada com lugares de mais
altos níveis de Cl− nos rios (R2 (Spearman) = 0,7154, p < 0,0001) (Fig. 5a, baixa incidência (C2). A falta de correlações estatísticas significativas entre
5d, e 5f), onde os níveis de Cl− estavam também correlacionados com níveis de DDT-DDE-DDD e a densidade de MC identificada pode indicar
níveis mais elevados de DDE-DDD-DDT (R 2 (Pearson) = 0,5519, p < que as influências de outros OCs ou outros agentes tóxicos usados na
0,0001) (Fig. 2c e 2f) e produção agrícola (R 2 (Spearman) = 0,5596, p = agricultura são importantes.
0,0141) (Fig. 3b e 3d); ambas as correlações foram corroboradas pela

Fig. 4. Taxa de incidência (TI) de malformações congênitas (MC) (média ponderada no período) por 1000 nascidos vivos (NV) e estimativa da densidade de kernel ponderada
(edkp) por NV em municípios do estado do Paraná, superpondo as sub-regiões C0, C1, C2 e C3. (a, b) TI de MC e edkp para o período 2007-2010; (c, d) TI de CM e edkp para o
período 2011-2014. Para TI, o (N = número) é a contagem de municípios no respectivo intervalo.
3.4. Regressão espacial e risco relativo era apropriado para o modelo de ânions de cloro (LMerr = 27,131, LMlag =
62,1, RLMerr = 0,437, RLMerr = 35,406) e que SARAR era apropriado para
Durante o desenvolvimento dos modelos lineares, detectamos a
o modelo de MC (LMerr = 372,603, LMlag = 401,007, RLMerr = 1,784,
existência de dependência espacial baseada nos resultados obtidos no
RLMlag = 30,188). A Tabela 2 mostra que DDT-DDE-DDD e PA estão
teste MGI (cloreto: MGI = 0,214 (p < 0,001) e Moran I = 0,752 (p < 0,001)
relacionados a mudanças de Cl−, embora Cl− predominasse em C3 (média
para MCs). Os resultados dos testes de Lagrange sugeriram que o SAR
6,02 mg/L, dp 5,69), seguido por C1 (média 3,85 mg/L, dp 2,43).
Tabela 2
Modelo Espacial Autorregressivo (Spatial autoregressive (SAR)) para anions de cloro.
Variável Coeficiente de regressão Direto Indireto Total
C1 0,3639 (<0,001) 0,3914 (<0,001) 0,3331 (<0,001) 0,7245 (<0,001)
C2 -0,3723 (<0,001) -0,4005 (<0,001) -0,3408 (<0,001) -0,7413 (<0,001)
C3 0,8739 (<0,001) 0,9401 (<0,001) 0,8000 (<0,001) 1,7401 (<0,001)
scale (DDT-DDE-DDD) 0,1365 (<0,001) 0,1468 (<0,001) 0,1249 (0,003) 0,2717 (<0,001)
scale (PA) 0,0619 (0,093) 0,0666 (0,082) 0,0567 (0,090) 0,1233 (0,081)
Valores de p dados entre parêntesis.
Além disso, os DDT-DDE-DDD tiveram um impacto direto mais baixo Comparando valores nas sub-regiões com a atividade
nas MCs (0,08, p = 0,03) que a produtividade agrícola (0,1, p = 0,03). predominantemente agrícola (C1 e C2), um aumento de 2,96 mg/L no
Ânions de cloro, DDT-DDE-DDD, e PA claramente contribuíram para a cloreto em C1, em relação a C2, concorre com um aumento da densidade
explicação da distribuição de MCs (Tabela 3) no modelo. Assim, níveis de de MC de 45% (SRR = 1,45, 95% CI 1,36-1,55) (Tabela 4).
ânions de cloro associados a níveis de DDT-DDD-DDE e PA foram
significativamente implicados na densidade de MC.
Tabela 3
Modelo Espacial Autorregressivo Combinado (Spatial autoregressive combined (SARAR)) para malformação congênita.
Variável Coeficiente de Regressão Direto Indireto Total
(Intercepto) -0,0559 (0,351)
scale (Cl−) 0,1265 (<0,001) 0,1614 (<0,001) 0,4688 (0,196) 0,6303 (0,121)
scale (DDT-DDE-DDD) 0,0681 (0,042) 0,0868 (0,049) 0,2522 (0,247) 0,3391 (0,182)
scale (PA) 0,0884 (0,023) 0,1128 (0,019) 0,3276 (0,326) 0,4403 (0,253)

scale (Cl ). (PA) -0,1062 (0,006) -0,1356 (0,005) -0,3938 (0,269) -0,5294 (0,193)

scale (DDT-DDE-DDD) . (Cl ) -0,1176 (0,002) -0,1501 (0,004) -0,4360 (0,162) -0,5861 (0,098)

Valores de p dados entre parêntesis. Cl = Cloreto; PA = Produtividade Agrícola

Tabela 4
Diferenças, razões e risco especial relativo (spatial relative risk (SRR)) entre grupos.
Diferença [D] ou razão [R] Malformação Congênita (Densidade de kernel)
Cl− [D] (mg/L) DDT [D] (µg/L) PA [R] (t/km2) Risco Espacial Relativo (SRR) (IC 95%)
C1 x C2 2,96 12,50 3,22 1,45 (1,36-1,55)
C1 xC3 -2,17 20,10 16,22 1,34 (1,25-1,42)
C3 x C2 5,13 -7,60 0,20 1,09 (0,93 1,24)
IC = Intervalo de confiança

3.5. Agrupamento espacial utilizando SaTScan log das razões de verossimilhança (log likelihood ratios (LLR)), 323,32 >
LLR > 689,28 (p = 0,001) estavam agrupados dentro da sub-região C1
A distribuição espacial das densidades de kernel ponderadas (dkp)
(municípios marcados com H na Fig. 6). Isso sugere que, em C1, a intensa
sugeriu que os municípios com mais altas densidades de MCs estão dentro
produtividade agrícola (PA), o mais alto nível de Cl − e DDT-DDD-DDE estão
da sub-região C1. Os achados de agrupamento pelo SaTScan corroboram
co-localizados com os mais elevados LLRs detetados para MC.
com as dkp, mostrando que sete de nove municípios com os mais elevados

Fig. 6. Agrupamentos mais prováveis para malformações congênitas gerados pelo SaTScan (v 9.4.4). A escala de tons de marron indica os maiores log das razões de
verossimilhança (log likelihood ratios (LLR)), cada uma com p = 0,001. Múnicipios marcados com H representam aqueles que têm correlação com os três LLRs mais elevados
(variando de 323,23 a 689,28). As sub-regiôes C1, C2 e C3 estão demarcadas; C1 (contorno azul escuro) engloba 77,8% dos municípios com mais elevados LLRs. C0 foi excluída
da análise porque suas amostras de água não foram avaliadas. (Para interpretação das referências para as cores na legenda desta figura, o leitor pode ser referir à versão da web
deste artigo.)
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4. Discussão p,p'-DDT e p,p'-DDE era entre 10 e 42 µg/kg do peso corporal de crianças
em amamentação, em Bangladesh (Bergkvist et al., 2012).
Muitos estudos têm relatado sobre o papel de fatores ambientais e Como nossas amostras de água foram coletadas do meio dos rios,
genéticos na explicação da etiologia de MC. Causas monogênicas de MCs presumimos que, sob tais condições, a meia vida do p,p'-DDT não é tão
representam 25%, etiologias ambientais 10%, e a interação entre fatores longa quanto no solo (20-30 anos, de acordo com Dimond and Owen,
genéticos e ambientais parece ser responsável por quase 65% (Brent, 1996), mas não tão curta quanto na atmosfera (~2,5 anos, Cortes et al.,
2004). Ambos p,p'-DDT e p,p'-DDE podem facilmente penetrar a barreira 1998). Da mesma forma, concluímos que o período de toxicidade do p,p'-
placentária (Al-Saleh et al., 2012; Bergonzi et al., 2009; Cohn et al., 2003). DDT e seus derivados durou ao menos até 2014 quando os casos de MC
Dependendo da dose e tempo de gravidez, esses e outros OCs podem ser foram incluídos no estudo. Trinta e três anos atrás, o p,p'-DDT foi banido
presumivelmente implicados em um amplo espectro de malformações da agricultura no Brasil (Brasil, 1985); contudo, o banimento total foi
(Brent, 2004). Baixos níveis de p,p'-DDE no sangue do cordão umbilical implementado apenas em 2009 (Brasil, 2009), sugerindo que o
(0,197 ± 0,961 µg/L) foram associados com efeitos de detrimento de fornecimento de p,p '-DDT, p,p'-DDE e p,p'-DDD poderia ter sido
crescimento fetal na Arábia Saudita (Al-Saleh et al., 2012). Outras oficialmente aprovado. Note-se que o uso de OCs por agências públicas
implicações toxicológicas foram relatadas, incluindo hormônios esteroides tem sido permitido em campanhas de saúde pública para combate
debilitados e outras funções moleculares de sinalização (Matsushima, específico de vetores que servem como agentes etiológicos de doenças
2017), funções cognitivas prejudicadas (Patandin et al., 1999), e defeitos tais como malária e dengue (Chanon et al., 2003). Por exemplo, o Aedes
do tubo neural (Kalra et al., 2016), entre outros. Notavelmente, apoptose aegypti, o principal portador do vírus da dengue, é encontrado nas regiões
induzida por p,p'-DDE durante os estágios iniciais de desenvolvimento de norte e oeste do Paraná (Fares et al., 2015).
células neurais embrionárias de camundongos é mediada por receptor de Postulamos que as diferenças regionais em Cl − poderiam refletir
ácido retinoico mais do que por mecanismos tóxicos (Wnuk et al., 2016). exposição anterior a compostos químicos tóxicos contendo Cl −, que são
Nossos achados suportam Cl − como um marcador plausível para o uso transformados e liberam HCl e ânions de cloro na água. Uma importante
crônico de p,p'-DDT e outros OCs, e exposição crônica a essas característica desse composto é ser encontrado em altos níveis próximo
substâncias pela população do norte do Paraná (C1), e os dados aos locais de aplicação por causa de sua baixa volatilidade e baixo
mostraram boa combinação com a produção agrícola (comparando Figs. 2 potencial de lixiviação; assim, ele permanece praticamente imóvel nos
e 3). Apesar dos altos níveis de Cl− na região sudeste (C3), as bacias locais de aplicação (De Andrea et al., 1991). O uso inapropriado do p,p'-
hidrográficas desta região não são correlatas com altos níveis de DDT- DDT, que pode levar à contaminação da água potável e alimentos, tem
DDE-DDD; assim, diferenças nos níveis de Cl− podem ter sido derivadas de sido relatado em vários continentes (Bhattacharya et al., 2003; Kannan et
outros pesticidas, maior atividade industrial, do mar, produtos de limpeza e al., 2004; Naso et al., 2004). Os 399 municípios analisados neste estudo
outras fontes. Contudo, a maioria das ocorrências de Cl − parecem ser não mostraram uma modesta taxa média de MC, mas amplas variações 0,6 a
relacionadas com origens geológicas em C1, por causa das concentrações >30,0 casos por 1000 recém-nascidos, por ano, foram mais frequentes em
aumentadas e outras flutuações observadas em várias bacias hidrográficas alguns municípios de C1.
de 1996 a 2008, 2009 ou 2010 (período de amostragem); portanto, os O custo/benefício médio anual de 2010 a 2014 no Brasil foi o mais
níveis de Cl− poderiam indicar muitos anos de uso intensivo de OCs e/ou elevado (1.883 g defensivo usado/kg produção agrícola), enquanto seu uso
outros compostos químicos tóxicos clorados. O cloro é um ânion médio anual de defensivos foi o quarto mais elevado (6.166 kg/ha) entre os
comumente encontrado na água. É altamente solúvel em água e é mais principais países do mundo (Zhang, 2018).
comumente detectado em áreas urbanas e produtos de instalações De Siqueira et al. (2010) relataram que em 2000, diferentes estados
industriais, tais como água sanitária doméstica, produtos de limpeza, brasileiros tiveram frequência média de MC variando entre 1,5 e 7,9 por
químicos, borrachas e solventes, que são mais frequentemente utilizados 1000 recém-nascidos por ano. Apesar de estas médias serem similares
para tratamento de resíduos industriais e esgotos (Bertrand et al., 2016). àquelas relatadas para Oklahoma, USA (Janitz et al., 2016) e outros
Tais fontes podem ser responsáveis pelos altos níveis de Cl − nas amostras países, elas podem não ser discriminatórias no nível de macro-região
da sub-região C3. O Cl − pode também originar-se de outros contaminantes (estado ou país). É altamente significativo avaliar frequências de MC em
ambientais muito presentes incluindo dibenzo-p-dioxinas policloradas nível de microrregião (distrito, município ou regiões menores), como
(polychlorinated-p-dibenzodioxins, PCDDs) e dibenzofurano policlorados observado em alguns municípios localizados em C1. Contudo, há
(polychlorinated di-benzofurans, PCDFs) (USEPA, 2006). Os maiores exceções, por exemplo, a prevalência de MC é alta (21,6/1000) na
valores para PCDDs e PCDFs medidos em amostras de leite de vaca do província de Shaanxi (macro-região >40 milhões de habitantes) localizada
Paraná e seis outros estados do Brasil foram coletados de regiões onde a no Noroeste da China, onde serviços de saúde e condições econômicas
principal atividade econômica era relacionada com variados processos são piores que em outras regiões da China (Pei et al., 2015). Tomadas em
industriais tais como incineração de matéria orgânica; em contraste, os conjunto, a variável de risco mundial de MC está relacionada com muitas
níveis mais baixos foram encontrados em regiões agrícolas (Rocha et al., combinações de suscetibilidades genéticas, diferenças de exposição
2016). De acordo com estes autores, todas as amostras apresentaram cultural, social e ambiental, como relatado entre crianças nascidas nos
concentrações de PCDD e PCDF abaixo do limite estabelecido pela União Estados Unidos em 2008 (Egbe et al., 2015). A população do estado do
Europeia para leite de vaca, o que sugere que estes compostos podem Paraná é predominantemente de ancestralidade europeia, onde diferenças
não ter representado um papel mais importante na carga de MC nestes genéticas relacionadas com diferenças raciais são menos comuns que nas
sete estados brasileiros. áreas do norte do Brasil, mas as condições de vida são variáveis entre
Generalização dos resultados para áreas rurais é provável em países todos os 399 municípios do estado do Paraná.
com baixo status socioeconômico, onde a atividade rural é a principal fonte Nossos achados excluem inferências significativas relacionadas com o
de renda. Em rios de tais áreas rurais, o Cl − poderia ser usado como envolvimento de fatores ambientais em municípios que apresentam
marcador do uso crônico de OC. Para lidar com a não conformidade incidência de MC mais alta. Isso poderia incluir a influência de p,p'-DDT,
relativa à legislação existente dessa e de outras regiões similares mundo, seus derivados e outros OCs, especificamente na parte norte do estado,
facilitada pela falta de pessoal e infraestrutura adequada de vigilância, o que teve altos níveis de Cl− correlacionados com maior produtividade
monitoramento de custo efetivo de rios e alimentos poderia ser implantado agrícola (dados recalculados do IPARDES, 2017) e taxas de incidência de
à luz dos resultados deste estudo. Recentemente, Wang et al. (2018) MC mais altas. A Fig. 3 mostra uma forte relação entre níveis de Cl− e a
relataram a distribuição, composição e concentração de 15 OCs em produção agrícola na região norte. Interessante, o MGI = 0,518 (p =
amostras de superfície da água de toda a bacia do rio Yongding (China) e 0,0001) suporta a existência de agrupamentos espaciais de níveis mais
identificaram sua característica sazonal de poluição. Os autores estimaram elevados de Cl− em C1, que é mais forte para o MGI = 0,625 (p = 0,0005)
que a concentração total de OC variou no intervalo de <0,08 a 197,71 ng/L. calculado sem C3. Este MGI pode ter sido influenciado pelas diferenças
Mais, considerando o acúmulo em lipídios, a exposição diária estimada a nas fontes de água em municípios vizinhos, políticas de uso de defensivos
para pequenos e grandes fazendeiros e tipos de cultura. A hipótese de que
valores mais elevados de Cl − em C1 poderiam indicar maiores exposições 5. Conclusões
a OC, como encontrado para DDT-DDE-DDD, foi apoiada pela notável
produção agrícola e ocorrência de mais elevado risco espacial relativo Registramos 8756 casos de MCs entre 1.221.287 recém-nascidos em
quando comparado com a sub-região C2 (Tabela 4). Risco espacial relativo 399 municípios ao longo de um período de 8 anos. Com relação aos altos
entre as densidades de MC de C1 e C2 indicou que a ocorrência dessas níveis de DDT-DDE-DDD e extensas áreas de cultivo contaminadas por
anomalias foi significativamente mais elevada em C1, onde o Cl −, que p,p'-DDT em muitos rios, este OC barato, eficiente, mas altamente tóxico
hipoteticamente representa produtos específicos contendo Cl −, usados na poderia ter sido usado em uma tentativa de controlar mosquitos vetores de
agricultura, foi espacialmente associado com atividade agrícola. Isso doenças como a Dengue e/ou para outros propósitos agrícolas até seu
sugere que existe uma tendência para que a densidade de MC siga a banimento total em 2009. Estudos de coortes amplas e estudos de casos-
variação espacial dos níveis de Cl− e PA. controle poderiam determinar mais definitivamente o risco cumulativo do
Outra abordagem seria identificar agrupamentos de MC (por exemplo, pesticida e validar as medidas de Cl− como parâmetro de triagem
como proposto por Kulldorff et al., 2006), seguido pelo cálculo de juntametne com outras substâncias químicas em populações expostas.
probabilidade de possíveis “pontos quentes” (hot spots) de MC Estudos mais profundos são necessários para avaliar doenças congênitas
(agrupamentos positivos) que sejam significativamente diferentes dos e subtipos de MCs em crianças nascidas de mães com níveis aumentados
agrupamentos negativos de localizações de MC, no que diz respeito a de organoclorados para melhor elucidar o papel dos diferentes tipos de
níveis de Cl−, DDT-DDE-DDD, e/ou de produção agrícola. Notavelmente, os organoclorados nas populações expostas.
resultados de nossas análises SaTScan confirmaram que os LLR de MC
estão fortemente concentrados dentro da sub-região C1, onde os níveis de Declaração de interesses
Cl− estão correlacionados com os níveis de DDT-DDE-DDD e
espacialmente associados com PA. Por outro lado, C2 foi considerada uma Nenhum interesse declarado ou interesse financeiro concorrente.
região rural com menos poluição e menor risco de desenvolvimento de
MCs. Reconhecimentos (Agradecimentos)
Variações geográficas de MCs específicas são um fenômeno
Estamos em débito com Ety Cristina Forte Carneiro, Jose Alvaro
estabelecido. Por exemplo, a incidência média de defeito no tubo neural na
Carneiro, os empregados da antiga agência do Paraná, MINEROPAR
China exibe uma grande variação regional com uma incidência
(extinta desde 2017, mas legalmente representada pelo Instituto de Terras
desproporcionada na província de Shanxi, que é atribuível a fatores
Cartografia e Geologia), o Laboratório de Análises Minerais (LAMIN, Rio de
genéticos e ambientais (Yu e Zhang, 2011). Estudos têm documentado que
Janeiro), o Instituto de Pesquisa Pele Pequeno Principe, o Laboratorio de
muitas substâncias químicas estão relacionadas com MCs, incluindo p,p'-
Pesquisas Hidrogeologicas (LPH; Universidade Federal do Paraná,
DDT e seus derivados (Grandjean e Landrigan, 2014). Para comparação,
Curitiba, Brasil), Dr. Lauro Mera de Souza e Dra. Fernanda Cunha por suas
as mais altas incidências de MC observada em nosso estudo foram pelo
contribuições com este estudo.
menos dez vezes mais altas que a média anual de incidência de MC em
Oklahoma, USA (Janitz et al., 2016).
Em nosso estudo, os altos níveis de DDT-DDE-DDD em algumas Recursos
regiões pode refletir a economia altamente dependente da agricultura e
possível uso para controle da dengue. Países que experimentam impacto Este projeto foi custeado por doações da Secretaria de Estado de
muito mais baixo de substâncias químicas usadas na agricultura podem Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado do Paraná (No.
ainda estar sujeitos a diferentes categorias de fatores ambientais 026/06/SET1/ Geomedicina, 2006-2011), Conselho Nacional de Pesquisa e
associados com suscetibilidades genéticas. Esse poderia ser caso para a Desenvolvimento (CNPq, 2016-2018) e Coordenadoria de Aperfeiçoamento
associação relatada entre câncer materno e MCs em uma coorte de de Pessoal de Ensino Superior (CAPES, 2011-2018).
estudos englobando todo o território dinamarquês (Momen et al., 2017),
e/ou os resultados de Oklahoma, onde risco de câncer infantil foi Referências
significativamente mais alto entre crianças com anomalias congênitas
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