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A Lenda de HIRAM

Ir.´. Norberto Berrio Sgobbi


CIM 236137
LENDA DE HIRAM

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David, Rei de Israel, tentando erigir um Templo ao Eterno, acumulou, para tal fim, imensos tesouros. Tendo-se, porém,
desviado da senda da virtude, tornou-se indigno da proteção do Grande Arquiteto do Universo, e a glória da edificação do
Templo coube ao seu filho Salomão.

Salomão que, antes de dar começo a tão grande edifício, comunicou o seu projeto ao Rei de Tiro, seu vizinho, amigo e aliado,
que lhe enviou Hiram, o mais célebre arquiteto daqueles tempos, Salomão, ciente das virtudes e talentos de Hiram, concedeu-
lhe todas as honras e confiou-lhe a direção dos Operários e o levantamento da planta do Templo.

Como os trabalhos eram imensos, distribuíram-se os Operários em três classes: APRENDIZES, COMPANHEIROS E
MESTRES.Cada uma dessas classes, a fim de ser reconhecida e receber o seu salário, tinha Sinais, Toques e Palavras.

Reuniram-se as classes dos Aprendizes na Coluna do Norte, os Companheiros na Coluna do Sul e os Mestre na Câmara do
Meio.

OS ASSASSINOS DE HIRAM

Os “assassinos” de Hiram-Abif, foram JUBELAS, JUBELOS E JUBELUM.

Aparentemente, os nomes sugerem uma declinação de nome latino, mas a raiz destes nomes em hebraico é “Yubel”, que
significa “rio” ou “sinal” e que pode ser traduzido literalmente como:

“corrente da Vida e dos interesses materiais”.

Os três “assassinos”, constituem, obviamente, um símbolo, pois tratando-se de uma lenda, os personagens também, são
mitológicos.

A diferenciação dos nomes, terminado em “as”, “os” e “um” é apenas, empregada como individualização das ações, porque,
o crime foi cometido, apenas por uma entidade:

A DESTRUIÇAO.

Cada “assassino”, isolado, representa um estado de espirito, obviamente, negativo.

A Ignorância, o Fanatismo e a Ambição.

São os Filhos da Putrefação, oriundos de um mesmo “ventre”, tendo por pai, uma mesma origem.

Simbolicamente, as “forças do mal”, ficaram reduzidas a três estágios.

Inicialmente, temos doze participantes de um complot: a retirada, por desistência dos primeiros nove, não lhes tolhe a
responsabilidade, eis que cometeram o crime de “omissão”, seu dever era o de abortar a conjura e revelar a trama para que o
sacrifício fosse evitado.

MAS, NÃO TIVERAM CORAGEM, OU FORAM FRACOS. (E ISTO ACONTECE AGORA, E IRA ACONTECER A
TODO O INSTANTE)

Para melhor entendimento, assim sucedeu com os Doze Discípulos de Jesus; todos sabiam que um deles haveria de ser o
traidor, pois durante a Santa Ceia, Jesus dissera que quem o haveria de trair tinha as mãos sobre o prato, E ESTAVA NA
MESMA COM ELE.

(OS TRAIDORES COMEM NA NOSSA MESA – SENTIMOS MAS NÃO TEMOS CERTEZA, DORMEM AO NOSSO
LADO E OS DEIXAMOS ILESOS)

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Todos advertidos, porém, ninguém tomou a iniciativa de subjugar a traição.

Foram todos, portanto, participantes do sacrifício.

Os nove Companheiros “arrependidos”, simbolizam todos os que permanecem inertes diante do descaso, do comodismo, da
rotina, tolerância abusiva, insensíveis sobre o que pode advir de seu marasmo e indiferença, VEMOS ISSO DIARIAMENTE
EM NOSSA VOLTA.

JUBELAS representa a Ignorância; para o ignorante, o grande desperdício é a cultura; sempre encontra palavras para
menosprezar aqueles que julga pedante e sofisticado.

JUBELOS representa o Fanatismo; que é o exagero de uma qualidade estimulativa; segue, cegamente o que, por ignorância
julga acertado; o fanatismo é cego.

JUBELUM, representa a Ambição; sem meios e qualificações para subir e elevar-se, qualquer meio é justificado para a
obtenção do fim almejado.

OS IRMAOS JUBELOS, representam os inimigos de “de dentro” da Instituição Maçônica e também da sociedade.

Não são estranhos, mas os mais achegados.

Muitos inclusive são fáceis de identificar, bajuladores, aduladores, puxa-sacos e muitos outros tipos caracteristicos.

Numa autocrítica encontraram-se capacitados e “dignos”, a receberem o Mestrado.

Comer os frutos saudaveis que outros a duras penas produzem.

É o desejo de atingirem a meta por meio do esforço alheio.

Os Instrumentos usados para a destruição, por ironia da sorte, foram os mesmos destinados à construção. (MALHETE,
ESQUADRO E REGUA, ESTES SÃO AS ARMAS DOS CONSTRUTORES SOCIAIS, estas são as armas do maçom).

Muitos possuem este Dom negativo, o de, através dos meios para construir, DESTRUIR.

O crime cometido, tem sentido astronômico.

MAS O CRIME SEMPRE SERÁ CASTIGADO.

Devemos nos deter que o evento ocorreu no Oriente; três meses antes do advento do Solstício de Inverno.

Os doze Companheiros participantes do complot, representam as doze horas do dia, bem como os doze meses do ano.

Cada um dos doze, cumpre a sua parte, por predestinação; parte preparatória, de recuo e de concretização.

Enquanto os primeiros nove Companheiros retrocedem; os três últimos prosseguem no seu trágico propósito; ao terceiro
golpe, o mestre sucumbe; simboliza o dia agonizante sobrevindo a noite fria e longa.

Também, é simbólica a busca que nove Irmãos empreendem para a localização do corpo do Mestre; seu trabalho é realizado à
noite, mas só os três últimos, ao raiar do dia é que descobrem a tumba.

Sucumbindo o ano, iniciado o Solstício do Inverno, a morte do Verão, simboliza as dificuldades que sobrevirão, antes do
surgimento da Ressurreição.

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Nove meses durou a perseguição aos três “assassinos”; estes se ocultam ao Sol; encontram-se no inverno de suas vidas, na
fase mais difícil.

Sua fuga é do Oriente para o Ocidente, obedecendo o caminho da Elíptica; regressam para o Oriente em busca do Sol
desaparecido, sua vã esperança de salvação.

Na busca, por sua vez, os três Mestres, que se dirigiram para o Ocidente, foram os que encontraram o Sol, ou seja, o Mestre.

As “armas” usadas pelos “assassinos”, simbolizam, por sua vez, astronomicamente: a diminuição das horas, simbolizada pela
Régua das 24 polegadas; o Esquadro representa a “Linha Solsticial”, a rigidez fria, destruidora da temperatura com a ausência
do Sol é simbolizada pelo Maço, ou Malhete, inclusive utilizada pelos magistrados em seus vereditos.

Assim, morre, junto a Hiram-Abif, simbolicamente, o Ano; e, o Inverno que dificulta e torna mais penosa a busca.

A busca, envolta em luto e tristeza, é fria e escura; a Aleluia da Ressurreição, será o inicio da Primavera.
O SEPULCRO

Dentro da Lenda de Hiram-Abif, nos defrontamos com três Sepulcros: o primeiro, quando os assassinos esconderam o corpo
do Mestre sob escombros; o segundo quando transportaram seu corpo e o enterraram no Monte Líbano, ou Moriá,
assinalando o local com um ramo de Acácia e o terceiro, quando Salomão determinou a exumação e exéquias pomposas,
colocando o corpo dentro do Templo em túmulo condigno.

A primeira fase simboliza a tragédia imprevista, desorganizada e provisória; a Segunda, a fase oculta, do mistério e trevas; e a
terceira, a exteriorização da Morte, a liturgia e a glorificação.

A reação do homem diante da morte é confusa, imobilizando-o e aterrorizando-o

A confusão, a paralisação e o terror, são os atributos externos da Morte.

Os três assassinos não desejavam a morte do mestre; queriam apenas, extorquir-lhe o segredo.

Este foi o motivo vital de sua funesta ação.

Sempre, o desconhecido é atração; o ser humano deseja saber e não se detém diante de nenhum obstáculo até atingir a
satisfação de seu desejo.

O segredo da Vida, obviamente, está na Morte.

A Morte, disse o Poeta, não é o fim, mas o começo de tudo.

O homem, e isto é genérico, não escapando, nem o Maçom, não sabe reagir à Morte.

Devemos, para compreender o seu aspecto, distinguir entre o evento fatal por nos presenciado e quando este evento nos
atinge.

A presença da Morte de um ente querido com toda a sua gama triste de separação e desorganização familiar e social, nos
atinge profundamente, porém, com o passar do tempo, reagimos e aceitamos o fato como condição da Natureza.

As reações são diversas, porem, o tempo ameniza a dor; há o conforto recebido dos amigos e a mútua consolação.

Qual, porém, a reação individual quando a Morte nos atinge na própria carne ?

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Pondo de lado o discutível esclarecimento que nos fornece o “espirita”, dentro de suas concepções metafísicas e mesmo do
que as religiões nos informam, mormente, a Cristã, o assunto, ainda é e sempre estará envolto em mistério.

Não conseguimos um contato real e convincente com pessoas “desencarnadas”, isto é, com os que morreram.

O que sabemos nos chega através da tradição, através do testemunho de terceiros; resume-se, pois, o nó górdio da questão, na
capacidade que cada um de nós, possa Ter, de aceitar ou rejeitar tais noticias.

Sobre as reações diante da Morte alheia, não há qualquer mistério ou segredo para perscrutar.

Porém, sobre a nossa própria morte, muito se há, ainda, de dizer.

Experiências recentes, não tanto cientificas, mas muito jornalísticas, nos informam que entrevistadas dezenas de pessoas que
passaram por uma “morte cardíaca” e “ressuscitadas” através de massagens no coração ou outros meios médicos, todas, sem
exceção, relatam os mesmos fenômenos: certos estados de fantasia, com situações estranhas, porem, sempre, dentro de um
conceito humano, do que já sabiam; repetições a respeito de viagens por lugares desconhecidos, mas terrenos.

Ninguém teve “encontros” com seres “angelicais”, ou foram transportados para locais “extraterrenos”.

Estas pessoas que tiveram uma Morte clínica, se não atendidas com urgência, obviamente, não retornariam a si e os seus
corpos se decomporiam.

Que pensar e dizer sobre os futuros descongelamentos de pessoas que aguardarão um tempo indeterminado, na espera da cura
de suas enfermidades fatais?

Quando acordadas, reavivadas, o que nos dirão? Terá sido uma suspensão de suas atividades volitivas, ou os seus
pensamentos terão buscado outras zonas desconhecidas?

Por mais que os filósofos sonhem em definir estas questões, a prudência nos determina, de aceitarmos a Morte como fator
real, fatal e definitivo.

Todos nós nos perguntamos o que faríamos diante da Morte; num sentido geral, cada um de nós passou por perigos tais que a
Morte esteve bem próxima; estas são experiências preliminares que suscitam profundas meditações; pessoas que não levavam
a Vida a sério, após a passagem de um grande perigo, transformaram-se e passaram à Grande Busca !

A Maçonaria, por crer, e isto é um dos seus princípios mutáveis, numa Vida Futura, se preocupa no preparo de seus filiados
diante do que todos afirmam ser o imprevisível, mas que é justamente, o que deve ser previsto.

O que dá insegurança, fugas, depressões, é o avançar dos anos, a sedimentação, velhice e fragilidade do organismo, porque a
Morte, realmente, se aproxima.

O consolo do desenlace permanente, é buscado nas religiões, mas estas, hoje, se apresentam vazias de realidade; são
promessas de um severo castigo para aqueles que não souberam manter um comportamento social, pelo menos, na aparência.

É o farisaísmo externo; é a arte de ocultar os próprios desvios e “pecados”; a encenação exterior da criação boníssima,
caritativa que semeia ao seu redor, com palavras belas, um ambiente santificado.

A grande maioria, busca fora de si, a resposta de sua curiosidade.

Enterra, apressadamente, sob os escombros do que foi a sua Vida, o seu próprio corpo e sai em busca de auxilio, na calada da
noite, porque, ainda tudo é trevas, para si.

Este é o sepulcro da ignorância, do medo e do desespero.

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Aparece, então, o segundo momento.

Faz-se necessario entregar o que é considerado sagrado, o seu corpo, a um Sepulcro definitivo.

A convicção da Morte; já não é um pecado, mas uma realidade; mais tranqüilo, o “indivíduo”, porque, ainda, não houve a
harmonização com o Ser Supremo, trata de seu corpo físico com respeito e veneração; há então o translado de seus restos,
para um lugar elevado, e os deposita dentro de uma cavidade, junto à Natureza; devolve-o à terra, que em seu seio, saberá
cumprir e completar a sua missão.

Um ramo de Acácia, porem, é colocado sobre o Sepulcro.

A Acácia é um anuncio; é o substituto da lápide, onde deveria estar escrito: “AQUI JAZ...”, na longa jornada fria, do inverno
espiritual, quando o Sol já não brilha, encontra-se o local devidamente marcado, para que no dia de “libertação”, atue como
Luz e indique:

“aqui estou Eu, não esqueçam ! “

O Maçom aguarda a chegada do Rei Salomão que com sua “garra”, o erguerá do sepulcro.

O Rei Salomão está incessantemente chamando por nós, embora não o ouçamos.

No Cristianismo é a voz do Bom Pastor que chama o seu rebanho; nós fazemos ouvidos de surdo; não queremos ouvir.

O sepulcro, todavia, não é definitivo, e o ramo de Acácia é a prova; ninguém esqueceu o local onde o Maçom jaz inerte; ele
não o percebe, mas a Corrente da Fraternidade, que é Universal, mantém-se coesa e alerta.

O erro desta insegurança, do desconhecido, do terror, está na concepção que o indivíduo tem da Morte e na relativa pouca
importância que dá, a si próprio, vemos isto diariamente.

Já é vulgar, que o homem é constituído de duas partes; a exterior, física e sensitiva e a interna que é mística e espiritual.

Se, enquanto vivos nós “sentimos” a existencia desta parte interna, é claro que após a “desencarnação”, ou a perda da parte
exterior, nós continuaremos sentindo, da mesma forma, a existencia de nossa parte interior.

Aqui está a mecânica a que devemos nos ater e desenvolver, para que possamos nos conscientizar de que somos “imortais”;
portanto é a imortalidade o segredo de nossa existencia.

Vamos esperar a Morte para nos dedicarmos à busca da Imortalidade?

Devemos saber que, embora nos creiamos “vivos”, nos encontramos sob “os escombros” da ignorância; todos aqueles que
“não têm tempo”, por muito ocupados e preocupados, em juntar valores materiais, e conservar uma aparência faustosa social,
já se encontra de há muito tempo, “assassinado” e soterrado sob “escombros”, dentro do primeiro Sepulcro de sua própria
Vida.

Do primeiro Sepulcro, precisamos ser livrados; não será o esforço físico individual, porque este já não atua, mas será com o
auxilio das forças “internas”, do que é Imortal em nós, que nos conduzirá para o segundo Sepulcro, onde o ramo de Acácia
marca o local.

Neste segundo Sepulcro, nosso corpo maternal está preservado; a vida vegetativa prossegue, porque o corpo, ainda não está
putrefato.

Inexplicavelmente, então, nossa Tumba é descoberta; o ramo da Acácia conduziu até o local, aqueles que nos procuravam.

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Ninguém é só; o Maçom não é elo isolado da Corrente; todos os seus Irmãos, participam da busca e não descansam enquanto
não nos encontram.

É preciso crer na força da União, no amor da Fraternidade no cultivo da espiritualidade.

Este trabalho que aqui é descrito com palavras comuns, é silencioso e místico.

Toda liturgia do descobrimento do segundo Sepulcro, e da difícil retirada do corpo, já em principio de decomposição, ou seja,
em “putrefação”, faz parte da “Lenda de Hiram-Abif”, que é a lenda de cada um de nós.

Esta ressurreição misteriosa e incompreensível, simboliza que o Homem e no caso, o Maçom, penetrou, finalmente, dentro de
si mesmo e descobriu que é um Ser Imortal !

A ressurreição é de “dentro” para “fora”, assim como é a retirada do corpo: de dentro do Sepulcro, para fora.

O mergulho que o indivíduo dá dentro de si mesmo, constitui em um banho de Luz, onde encontrará todas as “parcelas
cristicas” e “divinas”, de seus Irmãos; encontrará uma multidão; uma comunidade coesa e organizada.

É a Comunidade dos Escolhidos, daqueles que cultivam a Imortalidade e que se aproximaram, realmente, do Grande
Arquiteto do Universo.

O indivíduo que penetra em si mesmo, não se isola, jamais, mas encontra a sua Família.

E pensar, que há homens que fazem de suas vidas, uma mera rotina e que se sentem isolados, sós, deprimidos e em tédio.

Homens que buscam o consolo para as suas aparentes mágoas fora de si, porque não “enxergam” que dentro de si, lhe espera
ansiosamente, a multidão de Irmãos que tentam, através de todos os meios, um contato real com o Filho Pródigo !

O Pródigo que fugiu da casa paterna e não encontra coragem para regressar, e conscientizar-se de que na casa de seu Pai, que
está dentro de si mesmo, há muitas moradas...

Logo que o Mestre sai do segundo Sepulcro, é colocado com toda pompa no terceiro e definitivo Sepulcro.

Ali será depositada a sua Vida; o resultado de suas ações; a sua participação na Sociedade. Os frutos de seu trabalho e ele,
liberto, imortal, encontrará o verdadeiro significado da Vida na harmonia do convívio com seu Arquiteto que é Grande e
Supremo.

O terceiro Sepulcro é a moldura de uma Vida realizada, de alguém que deixou seu nome evidenciado pelas obras que efetuou;
passou pela Vida e a aproveitou para beneficiar os que participaram dela; aquele que foi bom pai, filho exemplar, marido fiel;
o amigo que deixou saudades e foi pranteado.

Nome que não se esquece e que foi um marco na trajetória toda.

“Salomão”, o poder da mente, é quem propicia o terceiro Sepulcro, pois se trata de uma posição mental; a sabedoria coroando
a Vida daquele indivíduo que foi centro de atração.

“Hiram-Abif” que foi o exemplo de sua Vida, qual Cristo a sacrificar-se para a Redenção do Maçom, com seu simbolismo
trágico e ao mesmo tempo glorioso.

“Hirão de Tiro”, quem proporcionou os meios materiais para a construção do Templo, externa e internamente.

São os três Reis, ou melhor, os três “canais” através dos quais a Vida se manifesta.

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Cada um de nós se preocupa na satisfação dos desejos primários de seu corpo, sem cuidar que existe o poder latente e terno,
uma Verdade desconhecida.

Desconhecida, porém, real.

O caminho que o Filho Pródigo deve percorrer, em seu retorno, é sempre, de sacrifício e pela estrada que se chama Morte.
Quando julga que vagou longos anos pela estrada larga do prazer e da satisfação, na realidade encontrava-se numa região de
sombras; ao bater à porta que o deixa entrar dentro de sua Alma, é recebido pelo Pai que se rejubila e promove festejos junto
à Família porque seu filho predileto retornou.

E o caminho deste retorno é um só: o da Morte.

Ao se abrir a Porta de seu próprio Ser, o filho Pródigo passa a espargir Luz; é o seu “post-mortem”.

Quando o mestre descobre que a jornada terminou e que a construção acabou, porque ela era a última “Pedra” que faltava,
passa a descobrir que penetrou na Realidade e que aquilo significa a Vida Verdadeira e sente-se liberto.

O ciclo da vida terrena terminou; as pontas do Compasso encontram-se sobre o Esquadro.

Seus cinco sentidos que cultivava durante longos anos, começam a participar do convívio de uma Família real; é a Vida
Celestial.

Alguém, então, toma o Neófito pela mão e o conduz a um Altar onde, sobre uma placa triangular do mais fino metal, será
escrita a Palavra Perdida.

Para colocá-la em algum lugar, que em nossa linguagem seja acessível, a Palavra Perdida está dentro do Coração de cada um
de nós.

Esta “imersão” para dentro de si mesmo, paradoxalmente, não constitui um enclausuramento limitado pela matéria, mas sim,
um mergulho dentro do Infinito.

Entrar para poder voar com os seus sentidos do tato a páramos jamais imaginados, sem limitações; distancias inenarráveis
que não separam, mas unem os Mundos Ignotos e as Verdadeiras Criaturas; sons musicais percebidos através de seus ouvidos
espirituais; belezas que são compostas de equilibradas vibrações do belo e da graça; banquetes espirituais; néctares que seus
sentidos do olfato e gosto passam a perceber e usufruir.

A era da libertação; a “Grande Libertação”, concluída a longa busca !

Esta é a concepção filosófica do Terceiro Grau para a Morte e a Vida.

Os homens visitam os Sepulcros, alguns denominados de Santos Sepulcros que contem a matéria inerte de sábios e deuses.

Para melhor compreensão, o Santo Sepulcro Cristão, onde a tradição indica Ter sido depositado o corpo de Jesus o Nazareno.

Os lugares santos, da Gruta de Belém, do Jardim das Oliveiras, do monte Gólgota, são de peregrinação; corações contritos,
para o contato com a mística; o ambiente sagrado, pleno de superstições, na busca ansiosa do encontro com a Verdade,

Passam-se os séculos e os Santos Sepulcros permanecem como marcos deste fracasso dos Vivos; aparentemente, vivos.

A sábia lição da “Lenda de Hiram-Abif” é ponto central dos ensinamentos do Rito Escocês Antigo e Aceito.

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Infelizmente, nem todos dispõe de animo suficiente, para penetrar nos mistérios da Iniciação. São os portadores das lâmpadas
das Virgens Imprudentes referidas na Parábola Evangélica, que aguardavam a vinda de seu Senhor, sem a preocupação do
reabastecimento periódico de suas lamparinas.

Chega o Senhor, é gasto o azeite, e na escuridão não são percebidas e perdem a oportunidade.

Existirá uma Segunda oportunidade?

A metempsicose, ou reencarnação, existirá ?

Será uma discussão acadêmica ou real ?

A verdade, que às vezes surpreende, é que a prudência ensina de não se perder a oportunidade.

Sejamos, portanto, dentro do simbolismo da Trilogia Sepulcral, o Neófito a ocupar o Sepulcro triunfal, e não como é
apresentado, na linguagem bíblica: UM SEPULCRO NEGRO, CAIADO DE BRANCO...

FONTES;
Dicionário Enciclopédico de La Masoneria/213

Biblioteca Maçônica de Instrução Completa do Franc-Maçon/1836

A Missa e Seus Mistérios Comparados com o Mito Solar/J.M. Ragón/1781-1866-

Rizzardo da Camino – Dicionario Maçônico/90

Rizzardo da Camino – Lendas Maçônicas/82

Ritual do Simbolismo do Grau de mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo.

Idem, idem do Grande Oriente do Brasil/1955

Idem, idem, idem de 1965

Idem, idem, idem de 1949

Ir.´. Norberto Berrio Sgobbi

Obreiro da A.´.R.´.L.´.S.´. União Fraternal 3011

CIM 236137

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