Você está na página 1de 1

A garrafa

Perto da hora de fechar o movimento crescera. Todas as caixas estavam a


funcionar e para lá fluíam cestos e carrinhos mais ou menos cheios, empurrados por
pessoas cansadas e ansiosas por se despacharem.
Na sua pequena sala, com vários écrans, todos com imagens no momento do que
se passava na loja, o Funcionário começou a seguir um grupinho de três jovens que
entrara pouco antes. Percebia-se que falavam alto e estavam divertidas. Foram directas
para os últimos corredores, sem carrinho ou cestos, agarraram em chocolates. Chamou-
lhe a atenção o movimento de uma delas a baixar-se, viu quando se erguia que na mão
direita trazia uma pequena garrafa que rapidamente colocou na carteira. Alto lá, o que é
que se passa aqui?! Voltou a ver o filme e contactou depois um colega. As três já iam a
sair quando foram abordadas por um segurança:
- Foram vocês que roubaram uma garrafa?
- Mas qual garrafa, só comprámos chocolates! Respondeu uma delas, que da sua
mala tirou o extracto da conta e o exibiu.
Ouvindo instruções, o segurança dirigiu-se à segunda:
- Foi você!
- Eu não roubei nada!
- Nós não roubámos nada! Juntaram-se-lhe as amigas.
À volta, últimos clientes e responsáveis que encerravam outras lojas olhavam para
eles.
- Sigam-me!
Elas seguiram-no de volta ao Supermercado, para sala reservada, onde estava o
primeiro funcionário que visionara o filme. Eram agora dois contra as três.
- Mostre-nos o que tem na mala!
“Mostre!”, “Não mostro!”, acabou por mostrar, esvaziando todo o conteúdo na
pequena mesinha encostada à parede - artigos de maquiagem, chave, documentos,
lenços de papel, telemóvel e… porquinho porta-moedas feito de garrafa, que não
vendiam ali.
Deixara-o cair, baixara-se para o apanhar e só então fora vista e filmada.

Você também pode gostar