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LARA SMITHE

Ele
É
Meu

Série “Os Lafaiete” conto 1


Capa: Elis Santos
Revisão: Planeta Azul Editora
Diagramação: Lara Smithe

Todos os personagens desta obra são fictícios. Qualquer semelhança com pessoas vivas
ou mortas é mera coincidência.

Título original: ELE É MEU


Todos os Direitos reservados

Copyright © 2016 by Lara Smithe


ÍNDICE

ÍNDICE
MENSAGEM
Prólogo
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete
Oito
Nove
Dez
Onze
Doze
Treze
Quatorze
Quinze
Dezesseis
Dezessete
Dezoito
Dezenove
Vinte
Vinte e um
Vinte e dois
Vinte e três
Vinte e quatro
OUTROS TRABALHOS
PRÓXIMO CONTO
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Depois de Tudo, VOCÊ
Cold Heart
Emma
Recomeço
A Viúva
Incontrolável
MENSAGEM

Vencerás
Não desanimes.
Persiste mais um tanto.
Não cultives pessimismo.
Centraliza-te no bem a fazer.
Esquece as sugestões do medo destrutivo.
Segue adiante, mesmo varando a sombra dos próprios erros.

Avança, ainda que seja por entre lágrimas.


Trabalha constantemente.
Edifica sempre.
Não consintas que o gelo do desencanto te entorpeça o coração.
Não te impressiones à dificuldade.
Convence-te de que a vitória espiritual é construção para o dia-a-dia.

Não desistas da paciência.


Não creias em realização sem esforço.
Silêncio para a injúria.
Olvido para o mal.
Perdão às ofensas.
Recorda que os agressores são doentes.
Não permitas que os irmãos desequilibrados te destruam o trabalho ou te apaguem a
esperança.
Não menosprezes o dever que a consciência te impõe.
Se te enganaste em algum trecho do caminho, reajusta a própria visão e procura o rumo
certo.

Não contes vantagens nem fracassos.


Estuda buscando aprender.
Não te voltes contra ninguém.
Não dramatizes provações ou problemas.
Conserva o hábito da oração para que se te faça luz na vida íntima.

Resguarda-te em Deus e persevera no trabalho que Deus te confiou.


Ama sempre, fazendo pelos outros o melhor que possas realizar.
Age auxiliando.
Serve sem apego.
E assim vencerás.

(Emmanuel)
Prólogo

“O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um


objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo
fará coisas admiráveis.”
José de Alencar

***

Sabe aquelas histórias que só acontecem nos filmes ou em livros


românticos. Pois é, aconteceu comigo.

Sou Sabrina Lafaiete, filha de Alfredo Lafaiete e tenho três


irmãos: Matheus, Marcos e Maurício, os famosos M&Ms. Estou com
24 anos, e sou muito voluntariosa, assim diz o meu pai. A teimosia
me domina, e quando quero algo, vou à luta, só desisto quando não
há mais jeito.

Meu pai diz que a minha teimosia vem de berço, pois quase
não nasci.

A grande maioria dos homens quando descobrem que será


pai, torcem para que o primeiro seja menino. Meu pai não, ele
sempre desejou uma menina, e para isso acontecer minha mãe
precisou dar a ele três filhos antes de mim.

Quando mamãe engravidou pela quarta vez, ela foi categórica:


“Alfredo se não for uma menina, você terá que se conformar, ou
então adotaremos uma, porque não tenho mais saúde para parir
outro filho”.

Meus pais não gostavam de saber o sexo dos bebês, eles


preferiam a surpresa do momento do nascimento. Papai,
resmungou, bateu com o pé e respondeu a mamãe o seguinte:
“Preste atenção, se esse bebê não for uma menina, tentaremos só
mais uma vez, e se não acontecer, você fecha a firma e nos
aquietamos”.

Mamãe não gostou muito da ideia, mas aceitou os argumentos


do papai. E para surpresa deles, eu nasci. Linda e dona de lindos
olhos verdes. Mamãe faleceu quando eu estava perto de fazer
quatro anos, perdi-a para o câncer de mama. Não me recordo muito
dela, pois a maior parte dos anos que estivemos juntas foi pouca,
ela vivia mais no hospital do que em casa, mas lembro-me do seu
sorriso e do seu cheiro de flor.

Fui criada pelo amor do meu pai e dos meus irmãos. Nunca
senti falta da presença feminina. Sim, eu posso dizer isso, pois meu
pai fez perfeitamente bem o papel de mãe, e os meus irmãos foram
o complemento.

Desde cedo, meu pai ensinou a mim e aos meus irmãos como
uma mulher deve ser tratada e cuidada. Dizia que homem que é
homem, deve em primeiro lugar respeitar, cuidar, mimar e amar uma
mulher. Hoje, os meus irmãos são disputados à tapas pela
mulherada da minha cidade, todas querem levar para o altar um
Lafaiete. E, com isso, cresci sabendo como é um verdadeiro
homem.
Quando conheci Cadu, só tinha dez anos de idade, e assim
que coloquei os meus olhinhos inocentes de criança nele, encantei-
me. Ele tinha 20 anos, já era um homem, já fazia faculdade, e nem
imaginava que um dia ficaria louco de paixão por mim... Bem, eu o
ajudei nessa parte.

Cadu, Cadu... Ai, ai! Ô homem lindo, meu deusinho! Moreno,


alto, musculoso, olhos castanhos claros, aquela barba que arrepia a
pele quando toca o meu corpo, principalmente as partes que ele
adora pôr a boca, como ele gosta de chamá-la carinhosamente de
“monte da perdição”.

Lembro-me como se fosse hoje o primeiro dia em que o


conheci. Era uma linda tarde de sol, estava brincando no balanço,
quando escutei uma voz masculina chamando por um dos meus
irmãos. Desci do balanço e fui ver quem era.

Assim que ele entrou no jardim da nossa casa e perguntou


pelo o meu irmão Matheus, meu coração sorriu de alegria; disse
com todo entusiasmo de uma criança... “Você é o meu príncipe
encantado?” Ele riu, agachou-se e me disse: “Se você for uma fada
e me fazer parar de envelhecer, prometo esperá-la”. Ele puxou
minhas tranças e beijou-me a testa.

Aquele beijo marcou minha vida, e foi a partir daí que eu tive a
certeza... Um dia ele seria meu.

E cá estou. Hoje é o dia do meu casamento e daqui a cinco


horas irei me casar com o homem dos meus sonhos de criança. O
homem que despertou em mim logo cedo, a ideia fixa de me casar
só se fosse com ele.
Hoje não sou mais aquela menina de tranças, que fazia de
tudo para ficar em seus braços, só para sentir o seu cheiro e os
seus carinhos, nem a adolescente vislumbrada que vivia correndo
atrás dele, deixando-o louco... Louco de nervoso e louco de tesão.

Sou uma mulher. Uma mulher que não desistiu do que é seu,
uma mulher determinada e bem resolvida, e é o que diz a imagem
refletida no grande espelho a minha frente... Olhos de felicidade,
pele macia, cabelos sedosos... Em meu corpo está um espartilho
branco todo em renda, cinta-liga, meias sete oitavos brancas,
rendadas nas extremidades. Ao meu lado, está o meu vestido
branco brilhante, pendurado em um cabide, o véu esparramado à
cama, e uma linda grinalda de flores brancas. Não pensem vocês
que foi fácil chegar à data de hoje. Meu futuro marido deu-me muito
trabalho, pois nem ele sabia o quanto um dia iria me amar...
Um

Meu celular começou a tocar desesperadamente. A música era


agitada e incompreensível aos ouvidos de quem a escutasse. Minha
mão alcançou o aparelho e o fez calar.

— Merda!

Ainda sonolenta e um pouco atordoada com o barulho


ensurdecedor do toque do celular, dei-me por conta de que não era
tão cedo quanto parecia. As cortinas das janelas estavam impedindo
a entrada de luz para o quarto.

— Merda! Merda mil vezes!

Levantei-me e cambaleei até o banheiro do quarto.

Por que fui dormir tão tarde? Poderia ter me lembrado de que
hoje seria a minha festa de dezoito anos... Mas não, preferi, como
sempre, desde os meus dez anos de idade, correr atrás do senhor
“tesudo”.

É óbvio que se fosse esperta teria recusado essa bendita festa,


mas não poderia deixar escapar uma oportunidade de ficar agarrada
ao Cadu por algumas horas, em todas as festas de aniversário
aproveito para tirar uma lasquinha do meu Cadu.

De toda forma, a ideia de uma festa não foi de todo mal, Cadu
será meu por uma porção de horas, só assim conseguirei afastá-lo
da sem graça da Marcela, a insuportável “loira de farmácia”.

Desde que ganhei corpo de mulher, deixei minhas tranças e o


ar de menina, não disfarço o meu interesse por ele. Cadu sabe o
quanto estou apaixonada, confessei meu amor por ele na festa dos
meus quinze anos. Confessei não! Parti para cima dele como uma
louca. Quase tentei violentar sua boca, tentando roubar-lhe um
beijo.

Claro que levei um fora. Mesmo sendo linda, com um corpão


de mulher, Cadu é mais velho do que eu dez anos, e ele foi
categórico... Posso dizer até cruel, e disse-me com todas as letras.

— Ficou louca, Sabrina! Você bebeu? Menina, eu não quero


ser morto, nem pelo seu pai nem pelo seus irmãos, como também
não quero ser preso por pedofilia. Vá se apaixonar por um garoto
da sua idade.

Ainda tentei partir para briga, insinuei-me, rocei-me em seu


corpo, sabia que ele era tarado. Escutava muitas conversas entre
ele e os meus irmãos. Cadu era mulherengo e não ficava por muito
tempo com alguém.

Enganchei meus braços em seu pescoço e me mantive firme,


tentando atiçar o diabo com vara curta.

— Sabrina! Você não me escutou. — Continuei me esfregando


em seu corpo e tentando lhe roubar um beijo.

Minha boca colada a dele, minha língua deslizando por seus


lábios. Ele rosnava, empurrava-me com as mãos; no entanto, eu
não desistia.
— Eu te amo, Cadu, te amo desde os meus dez anos de idade.
Eu quero você, quero ser sua. — Continuava o provocando
esfregando meu corpo ao dele. — Não precisamos contar para
ninguém que estamos juntos, podemos namorar escondidos até eu
completar a maioridade. O que acha?

— Nem morto, Sabrina! Você é uma criança, eu te peguei no


colo... Você... Você é como se fosse uma irmã para mim, chega a
ser um incesto isso.

Ele me empurrou para longe do seu corpo. Com raiva, grito.

— Irmã! Irmã, o caralho! Seu imbecil... E fique sabendo que


deixei de ser criança há muito tempo.

Fui até ele e o encarei. Estava furiosa. Imagine como uma


mulher rejeitada se sente.

— Olhe para mim, seu imbecil? — Forcei-o a me avaliar de


cima a baixo.

Cadu olhou para o alto, revirou os olhos, passou as mãos


nervosamente pelos cabelos negros, e após alguns segundos fez o
que pedi.

— Vê alguma criança aqui? — Peguei uma das mãos dele e a


levei até um dos meus seios; com minha mão, forcei a sua a apertá-
lo. — Uma criança tem isso? Hein! E isso... — Desci sua mão até a
minha boceta e o fiz apalpá-la.

Ele puxou a mão rapidamente. Aproveitei seu atordoamento e


o agarrei, minha barriga encostou-se na frente de sua calça. A porra
do seu pau estava duro. Caralho! O bicho é grande. Ele me
desejava.

— Mesmo com tudo isso, você continua uma criança — disse-


me olhando em meus olhos. — Você continua ser a minha fadinha
de trancinhas. Vá sonhar com um garoto da sua idade, Sabrina. Sou
um homem, e um homem tem outras necessidades, necessidades
essas que uma menina com a sua idade não pode suprir. Um
homem precisa de uma mulher, e você não é uma mulher, é só uma
menina mimada e rebelde.

Ele me empurrou e foi embora. E toda vez que Cadu me via,


corria de mim. Contudo, eu não desistia, e sempre que tinha uma
oportunidade dava encima dele. Era rejeitada, mas não desistia. Fiz
com que ele terminasse muitos namoros, pois sempre fazia com que
suas namoradas entendessem que tínhamos algum envolvimento.
Sempre que podia, ia até o seu escritório de administração e partia
para lhe roubar um beijo, e roubava. Ele sempre ficava excitado, seu
pau pulsava em minha barriga quando o meu corpo encostava-se ao
dele e começava a me roçar. Sempre foi assim, até hoje, corro atrás
dele e ele corre de mim.

~~~

Abri o chuveiro e mergulhei o corpo na água morna. Fiquei


embaixo da ducha por alguns minutos, até sentir que o meu corpo e
os meus sentidos estavam voltando ao normal.

Já estava me trocando, quando Júlia bateu a porta.

— Menina Sabrina, o seu pai está lhe chamando.


— Agora não, Jú. Ainda não acordei.

— Acordada, eu e ele sabemos que está, pois escutamos lá de


baixo o seu celular tocar a música “acorda defunto” — disse Júlia
sorrindo. — Então menina, o que digo para ele?

— Diga-lhe que já vou.

Júlia soltou um suspiro desanimado e foi embora. Ela sabia


que eu iria demorar, no mínimo, uns vinte minutos para atender a
ordem do meu pai.

Olhei em volta da bagunça, tentando recordar o que havia


acontecido para o meu quarto estar revirado daquele jeito. Sento-me
à cama, reviro os olhos, leva o dedo indicador à boca e tento
recordar.

— Putz! — Pego o meu celular e começo a escrever uma


mensagem.

Sabrina — Tadeu, seu idiota dos infernos, onde está a


doida da sua irmã, ela está por perto?

Tadeu — Morreu, sua anta...! E aí, conseguiu acordar


depois do porre de ontem? Seu pai já descobriu que vc roubou
o carro e foi parar na festa à fantasia do clube?

Sabrina — Caralho, veio! Kd a Lana? Eu fiz mesmo aquilo?


Eu fiz porra?

Tadeu — Fez... KKKKKK, o coitado do Cadu nem sabe o


tamanho da encrenca em que se meteu, se os seus irmãos
descobrirem, ele é um homem morto.
Sabrina — Avise a Lana que eu quero falar com ela, e é pra
ontem... E não pense que me esqueci do seu show.

Tadeu — Não sou seu empregado... E só falei a verdade.


By.

Lana e Tadeu são meus amigos de infância, e meus cúmplices.


Na noite passada, nós três entramos disfarçados no clube privado
da cidade...
Dois

Todos os anos o clube oferece aos seus associados um baile de


máscara. É obrigado o uso de fantasia. Duas semanas atrás,
descobri que o Cadu iria a este baile, mas tinha um problema, só
entrava na festa quem tivesse o convite. Foi aí que a Lana e o
Tadeu entraram na história.

Lana já tem 20 anos e o Tadeu tem 23. Ele é expert em


computador, foi fácil copiar, ou seja, falsificar três convites.

Compramos perucas, máscaras, fantasias e lentes de contatos


cor de mel para mim. Inventei para o meu pai que dormiria na casa
da Lana, ele não gostou muito da ideia, pois toda vez que isto
acontecia, sempre entrava em confusão. Mesmo assim, concordou,
mas lembrou-me de que eu ainda era menor de idade.

Para complicar minha vida, o carro do Tadeu ficou com


problemas na bateria, por isso voltei em casa e roubei o carro do
papai. Ele não dirigia depois das vinte e duas horas; se ocorresse
algum imprevisto, ele chamava um dos meus irmãos.

O problema do carro foi resolvido. Fomos nos arrumar. Minha


fantasia foi de Alice; vestido curto meias até às coxas, sapatos altos,
peruca loira Chanel, e uma maquiagem bem carregada, a máscara
cobria bem o meu rosto, só minha boca ficava à mostra. Lana
vestiu-se de bruxa e o Tadeu de vampiro. Ele é meio dark, adora
essas coisas pavorosas.

— Caralho, Tadeu! Você está parecendo o Frankenstein. —


Caí na gargalhada.

— Frankenstein, da sua bunda... Sua retardada, sou o conde


Drácula. — Ele partiu em minha direção com os braços abertos e
mostrando as presas falsas. — Dá o seu pescocinho, eu quero
chupar o seu sanguinho.

Sei que o Tadeu tem uma queda por mim, sempre soube,
como ele também sabe que o meu coração só tem um dono... Cadu.
Por isso, ele nunca tentou nada comigo, além só, da nossa
amizade.

— Parem você dois — grita Lana. — Por que vocês não


transam logo? Fica só nesse flerte seco, dá logo para ele, Sabrina,
assim você aprende como se faz, e quando for fazer com o Cadu,
não vai te chamar de criança como sempre te chama.

Lana não entende minha obsessão pelo Cadu, e torce para


que eu e o Tadeu fiquemos juntos.

Tadeu ficou sem graça. Dei de ombros e não alimentei a


alfinetada da Lana.

— Você está digna da sua fantasia “amiga” — foi à única coisa


que disse. — Vamos embora... Hoje, pego o Cadu de jeito.

Chegamos ao clube um pouco mais das vinte e três horas. Não


vi o Cadu nem a Marcela, “loira de farmácia”, atualmente é a
namorada oficial, ainda não consegui fazê-la desistir dele. Todos os
dias eu tento, mas ela é resistente, mas sei que cedo ou tarde, eu a
coloco para correr, como fiz com todas as outras.

Lana já estava de flerte com um cara. E o Tadeu, quando


percebeu que avistei o Cadu, saiu de fininho e foi procurar alguma
garota livre.

A loira de farmácia não desgrudava do Cadu, desse jeito seria


difícil levar adiante o meu plano. Mergulhei nas taças de
champanha, já estava ficando meio zonza. Rezei a Deus para que a
Marcela o largasse só por alguns segundos, esse tempo seria o
suficiente para laçá-lo.

Ele já havia me olhado de canto de olho, eu o conheço bem,


ele não dispensa uma mulher bonita. E, modéstia a parte, estou
gostosa pra cacete.

Deus escutou as minhas preces, Marcela foi não sei para


aonde. Era a minha chance. Balancei a cabeça para ele e o
cumprimentei com a taça. Ele me ofereceu um meio sorriso e fez o
mesmo gesto com o copo de uísque. Lambi os lábios com a ponta
da língua e fui até ele.

Não poderia abrir minha boca para falar nada, pois se fizesse
isso, ele reconheceria minha voz, e tudo estaria perdido. Então,
cheguei bem perto e sorri indecentemente. Ele coçou a testa...
Descarado filho da puta! Quando você for meu, te capo se sorrir
assim para outra mulher.

Passei por ele, e caminhei lentamente, olhando de soslaio.


Entrei em uma sala e observei se tinha chave e se estava vazia.
Cadu me seguiu com os olhos, olhei para ele novamente e sorri. Ele
avaliou o salão, decerto estava procurando a “loira de farmácia”.

Em meio minuto Cadu já estava na minha frente. Empurrou-me


para dentro da sala e trancou a porta. A única iluminação era a luz
da lua que passava através dos vidros da janela.

Cadu jogou-me contra a parede e roubou-me a boca. Caralho!


Que beijo do cacete! Quando sua língua tocou a minha, meu corpo
todo virou geleia. Ela escorregou boca adentro, formando uma
dança erótica lingual. Se elas fossem duas pessoas, estariam nesse
momento fodendo.

Meu corpo entrou em combustão. Tenho 17 anos, faltam


algumas horas para completar 18, nunca transei, mas já fiz uma
porção de sacanagem com alguns garotos. E, graças a Deus, que
as fiz, pois, agora, posso por em prática tudo que iniciei com minhas
cobaias.

Minha mão direita foi direto à frente da sua calça, e minha


outra mão segurou firme em seu pescoço, meus dedos circularam lá
e segurei o que eles alcançaram.

— Caralho! — Ele sussurrou. Apertei, até que minhas unhas


entraram em sua carne. Meu! Você é meu filho da puta. Marquei
meu território.

— Cacete! Mulher desse jeito você vai arrancar meu couro.

Não era só o couro dele que eu queria arrancar. Apertei sua


ereção com minha mão. Ele chupou o ar com os dentes. Minha
língua foi mordida, meus lábios chupados. Em seguida, senti os
seus dentes em meu queixo, e enquanto ele fazia um caminho
abaixo para os meus seios, minha mão desafivelava o seu cinto e
abria o zíper da sua calça, rapidamente libertei a fera que estava
escondida dentro dela.

Ele pulsou em minha mão. Queria olhá-lo, mais a boca do


Cadu em meu seio não deixava apreciar aquele pau duro, mais duro
que uma barra de ferro.

— Humm! — Gemi quando mordeu meu bico retesado através


do tecido do vestido.

Sabia o que estava fazendo quando aluguei aquela fantasia.


Tudo prático para deixar livre o que eu quisesse deixar à disposição
do meu homem. O vestido era de botões na frente.

Cadu foi rápido e, em pouco tempo, meus dois seios estavam


em suas mãos, ele segurava um com a mão e o outro com a boca,
brincava de mamar leitinho. Cacete! Que boca quente dos infernos,
que língua gostosa é essa...

Minha mão apertava aquele pau com vontade, a cabeça já


estava toda melada, o bicho pulsava. O filho da puta se depilava,
estava lisinho. Babei só em pensar em deslizar minha língua
naquele longo comprimento, enfiá-lo todinho em minha boca.

Cadu continuava a mamar em minhas tetas. Chupava e mordia


os meus bicos. Comecei a masturbá-lo, aproveitando sua umidade,
meus dedos subiam e desciam. Ele gemia a cada aperto que eu
dava na cabeça do seu pau.
— Porra! Você adora me apertar, sua sacana. — Ele rosnou,
sua boca ainda envolta no meu seio. Você ainda não viu nada,
espera só, quando minha boca engolir o seu pau.

Ele ficou ereto, suspendeu minha perna, colocando-a em volta


da sua cintura. Sua mão escorregou por minha coxa até chegar,
próximo a minha boceta.

— Puta merda! Nem cheguei à sua boceta e já estou sentindo


sua quentura; moça, você vai queimar o meu pau quando entrar aí
dentro.
Três

Aqueles olhos lindos sorriram para mim, era tudo o que queria.
Incendiar não só o seu pau, mas todo o seu corpo.

Lentamente seus dedos alcançaram a minha calcinha, sua


boca roubou a minha e o beijo foi tão quente quanto a sua mão lá
embaixo. Ele afastou o tecido de renda para o lado com um dedo,
enquanto o outro começou a escorregar sobre minhas dobras
molhadas.

Minhas pernas tremeram quando ele alcançou o meu clitóris e


senti o beliscão lá. Ele apertou forte e o esticou, até ouvir o meu
gemido.

— Safada, cachorra... Tão molhada, tão quente, tão gostosa!

Seu dedo explorou minha boceta com desespero, tudo nela foi
bolinado, até o meu segundo buraco foi atiçado. Quando ele colocou
um dedo lá e outro em minha abertura, começou a penetrar-me
lentamente.

— Tão deliciosamente apertada... Caralho! — Disse


sussurrando tão próximo à minha boca.

Enlouqueci.

— Humm! — Gemi e me sacudi.


Minha mão começou a masturbá-lo com mais rapidez e a sua
boca procurou a minha, seu peito roçava-se em meus seios,
fazendo-me ficar em chamas. A parede era minha salvação, pois
minhas pernas não me obedeciam mais.

Seus dedos mágicos levaram-me à loucura. Soltei o seu pau,


agarrando-me em seus cabelos, meus dedos entrelaçaram nos fios
negros e os pressionei. Mordi meu lábio inferior e gemi
longamente... Humm! Gozei, gozei desvairadamente, puta merda,
que gozada do cão, foi tão forte que senti a umidade entre minhas
coxas.

— Caralho, moça, você está se esvaindo em água.

A porra do homem fez a coisa mais sacana que já apreciei na


vida.

Ele levou os dedos com minha umidade à boca, e os lambeu


um a um. Aquilo fez um reboliço em meu ventre. E lá vinha o desejo
louco de colocar aquele cacete medonho na boca. Ele fitou-me em
meus olhos.

— Moça, agora eu quero me enfiar dentro da sua boceta


melada, vou socar meu pau aí dentro com tanta força, que você vai
senti-lo no útero.

Seus olhos não deixaram os meus. Cada palavra foi sentida


em minhas entranhas. Finalmente meu deusinho, finalmente vou dar
pra ele, essa porra de virgindade vai deixar de existir e será o meu
homem quem vai tirá-la.
Cadu segurou-me pelo pescoço, minha cabeça ficou rente à
parede, mesmo que eu quisesse não poderia me mover, ele apertou
minha garganta.

— Relaxe, safada. — Sua voz soava com aspereza e tesão,


uma mistura diabolicamente sexy. — Respire devagar, cachorra, ou
vai perder o melhor que tenho para te dar.

Ele enfiou o pau entre minhas coxas e começo a se mover


para frente e para trás, a cabeça da manjuba escorregava entre
minhas dobras, até alcançar o meu grelo pulsante. Puta merda! Se
ele continuar com essa sacanagem vou gozar novamente.

— Tá gostoso, não tá, mudinha? Você gosta de ser provocada,


mudinha safada. — Minha garganta foi apertada novamente. — Não
vai falar? Ok, você não precisa, só goze novamente, goze, sua
sacana escrota.

Papai do céu existe! Aqui estou com uma perna enganchada


no corpo do Cadu e com sua vara, roçando na minha boceta...
Obrigada senhor!

Não me contive, arqueei o quadril para frente, e a cabeça do


pau encontrou o caminho... Ela já estava na porta da felicidade,
quando meu tesudo gostoso, afastou-a de lá.

— Calma, moça! Sem proteção, não tem tesão... — O sacana


sorriu, mostrando aquela carreirinha de dentes brancos que eu tanto
admiro.

Ele começou a procurar o preservativo nos bolsos...


Já estava ficando apreensiva. Cadu mexia na frente, atrás, por
dentro do blazer. Até que parou, e com uma cara de quem comeu e
não gostou, jogou um balde de água fria em minha cara.

— Sinto, moça safada, mas nossa foda vai ficar para próxima
oportunidade... — Riu torto, arqueando a sobrancelha esquerda —
sem camisinha, não tem fodinha.

Murchei... Porra! Era só o que faltava, lá se foi minha


oportunidade de dar para o Cadu... Porra, porra!

— Não fique triste, moça safada, podemos brincar de foder,


fodo você com a língua e você me fode com essa boca gostosa... —
Ele passou o dedo por meus lábios, logo depois o enfiou em minha
boca. Suguei como se fosse o seu pau. Ele silvou gostoso.

Sua boca já estava descendo por meu corpo quando


escutamos batidas na porta...

— Quem está aí... É você, Cadu? Carlos Eduardo, se for você


aí dentro... Juro que dou na sua cara e na cara da puta que está
com você, abra logo essa porra, eu sei que é você, seu sacana,
estou sentindo o seu perfume, filho da puta, eu mato você...

Marcela esmurrava a porta com raiva. Cadu espalmou a mão


em minha boca, impedindo-me de soltar qualquer som.

— Não vai abrir! Pois bem, vou atrás de alguém para abrir esta
porra, e me aguarde, seu galinha da porra.

Ele colocou o dedo indicador nos meus lábios... — Shhh! —


Ele sussurrou.
Sua mão soltou minha boca.

— É minha namorada — disse cinicamente.

Que raiva dele e dela, aquela vaca vai me pagar caro.

— Ela vai voltar, acho melhor deixarmos para outro dia o nosso
enrosca, enrosca. Passe-me o seu número de telefone?

Disse-lhe não com a cabeça.

— Você é muda mesmo? Ou é só charme? Não vai me dar o


número, vai?

Neguei novamente com a cabeça.

— Ok, então toma o meu — ele me entregou um cartão que


retirou do bolso do blazer — assim podemos terminar o que
começamos aqui. — e beijou minha boca. — Agora vá, antes que
minha namorada venha com reforços, vou ficar mais um pouco,
preciso baixar o pau da barraca — e aponta para as suas partes
baixas.

A porra do cacete estava apontando para cima, e babando


feito cachorro louco. Não resisti, e antes de ir, passei o dedo na
abertura chorosa e puxei um fio do líquido viscoso, levando-o à
boca.

— Cachorra! — Rosnou, tentando alcançar meu braço.

Escapei. Ajeitei meu vestido, minha calcinha e saí às pressas,


nem olhei para o Cadu.
Quatro

Saí da sala bufando de raiva... Essa loira de farmácia me paga, vai


me pagar por duas coisas: por ter empatado minha foda com o
Cadu, e porque eu a odeio. Fui à procura dos meus amigos, aquela
festa deu o que tinha de dar, queria ir embora, mas, antes, precisava
acertar contas com dona Marcela.

Avistei a Lana. Ela me viu, e lançou os braços ao longo do


corpo, com um gesto de alívio por me achar.

— Onde você se meteu, mulher? — Perguntou com


impaciência.

— Estava com o Cadu. — Puxei-a pela mão e começamos a


andar, ela me puxa de volta.

— Como assim? Você e o Cadu transaram? — Sua boca fica


semiaberta.

— Foi por pouco, depois eu te conto. — Baixei meus olhos


tristemente.

— E o que deu errado... Não vá me dizer que ele descobriu o


seu disfarce...

— Não. — Interrompi a Lana. — A porra da Marcela apareceu


e adeus foda. — Dei uma olhada em volta do salão. — Cadê o
Tadeu? — Ela deu de ombros. — Vá procurá-lo e, na volta, roube
uma garrafa de uísque e uma de champanha, vamos encher a cara
lá em casa. Vai, vai buscar o Tadeu e espere-me no carro.

Lana virou as costas e saiu em direção ao outro salão.


Continuo procurando o Cadu e a Marcela. O Cadu, eu não vi, mas a
Marcela estava vindo apressadamente em sentido de onde estava;
ao seu lado, um rapaz a acompanhava.

Fui até o garçom e me servi de uma taça de vinho tinto.


Percorri o caminho em direção a Marcela, estudei um pouco os seus
movimentos e, sutilmente, esbarrei-me em seu corpo. A taça de
vinho virou, sujando todo o seu vestido.

— Mais que porra é essa... Você está cega? Não me viu, sua
imbecil!

Marcela ficou toda atordoada, começou a passar as mãos pelo


vestido, todo manchado de vinho. As pessoas ficaram nos
observando.

— Perdoe-me, senhorita, não a vi... Ai, meu Deus! Dizem que


mancha de vinho não sai se secar na roupa, perdoe-me, posso
pagar por sua fantasia, se preferir. — Falei com voz disfarçada, pois
ela conhece a minha.

Nesse momento, Cadu aparece e vem ao socorro de Marcela,


ele fica todo preocupado e nem me olha. Filho de uma cadela, ele
não perde por esperar... Você será meu, ou não me chamo Sabrina
Lafaiete.

Saí de fininho, deixando os dois resolver os seus problemas.


Decerto, Marcela iria fritar o juízo dele com perguntas. Bem feito!
~~~

Lana ficou me olhando por uma porção de minutos, Tadeu foi


escolher uma música para escutarmos. Fitei-a e perguntei:

— Qual é o problema?

— Quero saber o que aconteceu com você e o Cadu?

Tadeu olhou para mim. Seus olhos brilharam, não sei se de


ódio ou curiosidade.

— Ficamos escondidos dentro de uma sala escura, só com a


luz da lua. E desta vez, fui beijada sem ser rejeitada. Além dos
beijos, minhas mãos tocaram em seu maravilhoso pau e as mãos
dele exploraram todo o meu corpo, sua boca estava faminta por
mim... E quando finalmente íamos fazer amor, a cachorra da
Marcela apareceu batendo na porta e começou a...

— Fazer amor... — Tadeu me interrompeu. — Você disse isso


mesmo? Acorda, Sabrina, o Cadu ia trepar com você, como trepa
com todas as outras mulheres que ele pega. Você adora ser iludida.
— E começou a gargalhar.

— Ele pode trepar com as outras, mas comigo fará amor.

— Oh, sua iludida, o Cadu nem sabia que era você. Estava
certo de ser uma mulher qualquer da festa. Para ele, você ou
qualquer outra era a mesma coisa... Acorda, sua trouxa, o Cadu
nunca vai prestar atenção em você; para ele, você é só a irmãzinha
dos melhores amigos dele, desperta para vida, Sabrina.
— Pega leve, Tadeu, não precisa exagerar. — Lana tenta
acalmar os ânimos.

— Pegar leve com essa aí!? Não dá, Lana, estou cansado de
vê-la correndo atrás de um cara que não está nem aí nem chegando
para ela, enquanto tem uma porção de rapazes loucos por uma
oportunidade, mas a cega da sua amiga não enxerga.

— E um desses rapazes é você. — Falei com sarcasmo. —


Você é meu amigo, Tadeu, sempre fui sincera com você. Não quero
outros rapazes, só quero o Cadu, só vou namorar e me casar com o
Cadu. Aceite isso que dói menos, Tadeu.

— Vamos parar, gente, isso está ficando sério. — Lana ficou


entre mim e o Tadeu, com as mãos estendidas.

— Não é o que vejo. Você pegou uma porção de amigos meus,


fez coisas com eles... Sei de tudo, dona Sabrina.

Tadeu estava alterado. Seu maxilar tremia a cada palavra dita.

— Sim. Peguei os seus amigos, eles foram minhas cobaias, foi


com eles que pratiquei tudo que lia nos livros eróticos, menos foder.
E daí, qual o problema?

Ele veio até a mim, segurou por meus braços e chacoalhou o


meu corpo.

— O problema, sua cega... É que você não precisava ficar com


os meus amigos, eu poderia ser sua cobaia, não me importo que me
use, antes a mim do que eles, pelo menos não sairia me gabando
por aí.
Ele me soltou, fez menção de ir embora, chegou até a segurar
a maçaneta da porta... Para, deu meia-volta e veio ao meu encontro
novamente.

— Porra, Sabrina! Olha para você, não sou só eu quem morre


de amor por você, conheço alguns rapazes que fariam qualquer
coisa só por uma oportunidade, caralho! Acorde, acorde antes que
seja tarde demais, você vai terminar sozinha, rabugenta e chata. O
Cadu nunca vai te olhar como eu, nunca vai te querer como eu,
nunca vai te amar como eu. Cacete, sua anta! O Cadu nem sabe
que você existe, e quanto ao que aconteceu hoje, eu lhe garanto, se
ele soubesse quem estava por detrás da máscara, teria colocado
você nos ombros e trazido você de volta para casa e ainda ajudaria
o seu pai a lhe dar uma surra... E quer saber? É o que você merece,
sua idiota.

Tadeu soltou os meus braços, virou as costas e foi embora,


batendo a porta com força atrás de si.
Cinco

Fiquei boquiaberta com a atitude do meu amigo. Lana estava tão


espantada quanto eu, ela olhava-me com os olhos saltados.

Ela os piscou repetidamente.

— Cacete, você viu isso? — Ela perguntou. — Finalmente o


macho fluiu do corpo do meu irmão...

Provavelmente ela deve estar muito satisfeita com a reação do


Tadeu. Lana sempre torceu para algo entre mim e o irmão
acontecesse. Agora deve estar cheia de esperanças, o tom da sua
voz estava dizendo isso.

— Desfaça sua cara de contentamento, Lana, não existe


possibilidade alguma de qualquer envolvimento com o Tadeu, —
olhei para ela com descrença — ele é meu amigo, não tenho
interesse íntimo para com ele. Eca! Só queria entender o porquê
desse rompante.

— E você não, não entendeu? Credo, Sabrina, ele só está


cansado de vê-la correndo atrás do Cadu, parecendo uma idiota,
porra, mulher! O Cadu a tem como uma irmã. E o Tadeu está certo,
se com todas as suas investidas ele até hoje não se apaixonou por
você, não vai se apaixonar é nunca.
Fui até o banheiro do quarto, sentei-me no vaso e de lá mesmo
mandei-a calar a boca, não me interessava a opinião dela nem a de
ninguém sobre os sentimentos do Cadu em relação a mim.

— Vamos mudar de assunto, Lana. Quando quiser a sua


opinião sobre os sentimentos do Cadu por mim, eu peço.

Levantei do vaso, apertei o botão de descarga, lavei as mãos e


voltei para o quarto.

— Quer? — Ofereci a garrafa de champanha a ela, que


recusou.

— Você é bem pior do que uma idiota. Quer ficar dando murro
na parede, então fique. Enquanto isso, o Cadu vai vivendo a vida
dele e você deixando a vida passar.

Ela olha-me com complacência. Não gostei daquele olhar, isso


só acontece quando ele me esconde algo importante.

— Vai falando logo, desembucha... Lana o que você está me


escondendo?

Ela jogou o seu longo cabelo loiro para o lado, não chegou a
erguer os olhos, mas fez um gesto com a boca. Como eu já
conhecia aquele sinal, fiquei na expectativa.

— Escutei minha mãe conversar com o meu pai sobre o


Cadu...

Ela recostou na parede azul onde ficava uma fotografia enorme


dele. Sorri amarelo.
— A mãe do Cadu contou para ela — fez uma pausa, lá vem
bomba, ela continuou — o Cadu vai morar junto com a Marcela.
Eles já decoraram até o apartamento que alugaram.

A notícia caiu feito uma bomba em minha cabeça. Como não


fiquei sabendo sobre isso? Por que ninguém havia comentado sobre
isso aqui em casa, só podia ser brincadeira.

— Isso é história, dona Célia devia estar brincando quando


disse isso à sua mãe, o Cadu jamais se comprometeria... Ele vive
dizendo para quem quiser ouvir, nunca irá se casar.

— Pois vá se acostumando com a ideia, Cadu e Marcela vão


morar juntos. — Disse atirando-se numa das cadeiras próximo à
cama.

— Pare. — Disse com voz alterada. — Ele é meu, e não será


um “Morar juntos” que vai tirá-lo da minha vida, posso garantir a
você com toda convicção, eles não vão morar juntos, entendeu?

— Pare você, Sabrina, — ela saiu da cadeira e sentou-se na


cama encarando-me — você já pensou quando isso acontecer, você
está preparada para isso? Merda, Sabrina! O Cadu tem todo o
direito de casar, ter filhos, formar sua família, e com quem ele
quiser, e cedo ou tarde isso irá acontecer, se não for com a Marcela
será com...

— Comigo. — interrompi. — Será comigo, ele só se casará


comigo, entendeu? Ele vai se apaixonar por mim... Se já não estiver,
pois quando estamos sozinhos e começo a provocá-lo, sinto isso, e
não é só tesão, a respiração dele acelera, ele fica nervoso. Ele é
meu, só meu.
Ela levanta-se, fica me encarando com as mãos na cintura.

— Sabrina, — ela fixa os olhos em meu rosto —se isso


acontecer, se o Cadu casar, e não for com você, já pensou nisso?
Acorde minha amiga, ele não gosta de pirralhas; se gostasse, ele
teria pegado a maioria das moças da nossa cidade que vive
suspirando por ele. O Cadu gosta de mulheres mais velhas, olhe
para os lados e comece a viver, desapegue desse homem, vá se
tratar, procure ajuda... Isso já virou doença. Caralho, Sabrina, estou
muito preocupada com você.

— Chega! — Gritei. Ela olhou-me, em seu rosto uma


expressão de surpresa. — Se você não quer me ajudar, então não
me atrapalhe, é melhor você ir embora.

Mostrei a porta para ela com a mão. Lana respirou


profundamente.

— Ok, eu vou, agora depois não diga que não te avisei. Até
mais tarde.

Ela beijou minha testa e foi embora.

Joguei-me na cama, e as lágrimas desceram pelos lados do


meu rosto. Em minha mente já estava vendo o Cadu ao lado da
Marcela. Ela, com uma enorme barriga, e ele todo feliz. Peguei a
garrafa de bebida e comecei a ingerir o líquido doce, a dor desta
lembrança deixou-me louca, e descarreguei minha frustração em
todas as coisas que encontrei pela frente. Esvaziei a garrafa de
champanha e bebi alguns goles do uísque.

~~~
Não sei como fui parar na cama, mas o quarto ao que me
parece foi pego por um furacão. Comecei a guardar algumas coisas,
e jogar outras fora, não poderia deixar essa bagunça, pois, com
certeza, a Júlia reclamaria com o meu pai. Olhei por baixo da cama
e encontrei a arma do crime... As garrafas de bebidas. Rapidamente
as peguei e as escondi dentro do meu armário bem lá no fundo.

Fiquei nessa arrumação durante uns trinta minutos. Agora era


hora de enfrentar o meu pai. O que será que ele tinha para me dizer,
ou perguntar.

Cheguei à cozinha e o vi, em pé, em frente ao balcão, olhando


fixamente para a cafeteira.

Senhor Alfredo é um homem bem aperfeiçoado, está com 53


anos, mas poderia dizer que tem uns 45; os cabelos, um pouco
grisalhos, lhes dão um ar sofisticado e muito charmoso, olhos
verdes e um sorriso encantador, meu pai tem corpo de corredor,
atlético e musculoso, acho que isso é hereditário, pois os meus
irmãos são muito bem estruturados fisicamente.

Após a morte da mamãe, papai optou em não se casar


novamente. Ele tem suas aventuras amorosas, mas nenhuma delas
nos foram apresentadas, mantém os seus romances bem longe da
família.

Limpei a garganta para chamar-lhe a atenção. Então, deu uma


olhada a sua volta e os seus olhos vieram direto a mim. O riso do
meu pai fazia meu coração palpitar, era como um presente do
senhor.
— Já não era sem tempo, — ele voltou à cafeteira, serve-se de
uma xícara — quer café?

Ele nem esperou minha resposta, pegou outra xícara e


derramou o líquido negro dentro dela.

— O que o senhor queria falar comigo? Sentei-me à mesa.

Minha mão foi direto no bolo de laranja, cortei uma fatia e


comecei a saboreá-lo.

Papai andou alguns passos e sentou-se em uma cadeira bem


em minha frente.

— Como foi à festa? — Ele indaga, levando a xícara à boca,


soprando um pouco acima da borda, a fumaça espalha-se trazendo
até mim o cheiro do café fresco.

Tomei um susto, será que ele descobriu que fui ao baile de


máscara? Se foi isso, estou ferrada.

— Que festa? — Respondi com outra pergunta.

— Você não foi dormir na casa da Lana? — Assenti. — Então,


estou supondo que foi a alguma festa, foram ou não?

— Não. Viemos para cá e ficamos até tarde jogando conversa


fora.

Ele olhou-me por cima dos olhos, aquele olhar inquisidor, que
eu tanto conheço. Baixei os olhos. Ele estendeu minha xícara com
café, eu a peguei e pus a apreciar o líquido quente.
Papai ficou me olhando por um tempo precioso, depois levou a
mão ao bolso e tirou algo de lá.

— Tome. — Uma pequena caixa quadrada florida foi entregue


para mim.

Meus olhos piscaram. Papai adorava me dar presentes, e, em


meu aniversário, costumava ganhar vários. Abri a pequena caixa...

— Onde ele está, onde ele está! — Gritei, e sai correndo para
o jardim de casa...
Seis

Corri para fora de casa, cheia de entusiasmo. A euforia tomou


conta do meu coração. Papai me seguiu. Quando cheguei quase
perto do grande portão de ferro que protegia a entrada do jardim,
meus três irmãos estavam lá. Cada um com um sorriso estampado
no rosto.

— E aí, irmãzinha, o que achou do seu presente de


aniversário?

Matheus veio até a mim, e suspendeu-me do chão, rodopiando


comigo nos braços.

— É LINDO! — Gritei com entusiasmo.

— Mas só vai usá-lo quando fizer o exame. — Meu pai rebateu


o meu entusiasmo.

— Nós já a escrevemos no curso. — Mauricio vem até o


Matheus e me toma dos braços dele. — Estamos de olho em você,
a chave ficará com o Matheus e ele só a entregará quando a
senhorita estiver habilitada.

— Vou levá-la e buscá-la todos os dias na autoescola, assim


não fugirá das aulas, pois nós a conhecemos e sabemos como é
esperta, vai tentar escapar das aulas só por que já sabe dirigir. —
Marcos articula rapidamente.
Quando se é criada no meio de quatro homens super
protetores, é isso que acontece, eles não me deixam nem respirar
direito. Agora eu entendo o medo do Cadu.

Maurício me põe no chão. Corri ao encontro do meu carro. Um


Honda Fit vermelho. Não via a hora de me sentar atrás do volante e
sair por aí, curtindo o meu carrinho.

— Gostou filha? Foi o Cadu quem escolheu o modelo e a cor,


ele acertou?

Tudo ficou completo. Ajustei os pensamentos e sai do


deslumbre. Então o homem dos meus sonhos era também o
responsável por tamanha felicidade. Ai, Deusinho, o senhor é um
gênio!

Corri para o carro e entrei nele. Sentei no banco do carona e


chamei o Matheus, pedi para que ele me levasse até o escritório do
Cadu. Ele tentou dizer não, mas sabia que se não fizesse isso, seria
capaz de empurrar o carro até o centro da cidade só para chegar
até o Cadu. Então fez o que pedi.

No caminho, liguei para o Cadu e pedi para que me esperasse


em frente ao prédio do escritório. Mesmo de longe, avistei-o, ele deu
uma olhadinha no relógio. Ergueu a cabeça em nossa direção e
abriu um vasto sorriso. Mesmo não nos vendo ele já sabia que era
eu e o Matheus.

Matheus estacionou o carro, e antes mesmo de desligá-lo, saí


correndo e fui ao encontro do Cadu. Abriu os braços e me recebeu
calorosamente. Apertando o meu corpo ao dele, uma de suas mãos
foi direto à minha cabeça e ele a acariciou enquanto me abraçava.
— Como você sabia que eu queira um carro vermelho, não me
lembro de ter comentado com você sobre isso. — Ele beijou minha
testa antes de explicar.

— Fadinha, eu te conheço como as palmas das minhas mãos.


— Fiz um muxoxo, ele riu. — Desde os seus dez anos de idade,
todos os seus brinquedos têm que ter algum detalhe vermelho, as
meninas da sua idade adoravam rosa, você adorava vermelho.

Soltei beijos por todo o seu rosto e, por último, dei-lhe um beijo
rápido nos lábios, ele não teve como desviar a boca, ficou surpreso
olhando-me com os olhos saltados, nem dei ibope, puxei-o pela mão
e o levei até o carro.

Matheus permanecia dentro dele, esperando-me. Ele saiu do


carro e entregou a chave para o Cadu.

— Velho, agora é com você, leva esse moça de volta para


casa, tenho uma reunião urgente. — Matheus nem esperou a
resposta do Cadu, virou as costas e nos deixou sozinhos.

O riso disfarçado de segundas intenções, escondi dele, dei a


volta no carro e entrei, já colocando o cinto de segurança. Cadu
coçou a cabeça com impaciência, ele sabia que ficar a sós comigo,
não era uma coisa muito boa para sua sanidade. Ele entrou e me
olhou com aqueles olhos escuros lindos de viver.

— Comporte-se, dona fadinha, seja uma boa menina e não me


atente.

— Vamos tomar sorvete no farol. — Seus olhos avaliaram o


meu rosto.
Eu sei, ele sabia que por detrás daquele pedido, estava uma
terrível segunda intenção.

— Por favor, Cadu... É minha primeira vez em meu carro, custa


fazer minha vontade, custa!? Please! — Juntei as mãos em forma
de súplica.

— Tudo bem, mas se a senhorita tentar qualquer movimento


para me agarrar, coloco-a no primeiro táxi, ok?

— Eu juro. — Beijei meus dedos em cruz. — Serei uma boa


fadinha.

Nós dois sabíamos, as coisas não seriam exatamente assim.

Desde criança, meu lugar favorito era o farol, Cadu sabia


disso. Ele sempre me levava para tomar sorvete e brincarmos de
empinar pipa. E quando chegava ao final do dia, sentávamos para
assistir o pôr do sol. Ele abria as pernas e eu sentava entre elas,
recostando minha cabeça em seu peito, eram os momentos mais
felizes da minha vida. Lá, eu fingia ser sua namorada, fazia juras de
amor em silêncio. A vista era linda; do alto, avistávamos o horizonte
e um lençol azul de cansar a visão.

Cadu pediu para que não saísse do carro, e foi comprar os


sorvetes. Ele já conhecia o meu sabor favorito, “nata goiaba”; e o
dele, chocolate com coco. Aproveitei e arranquei o meu sutiã,
escondendo-o na bolsa.

Cadu voltou só com um sorvete, ele o entregou a mim.


Perguntei por que não comprou um para ele, disse-me não estar
com vontade. Ele parecia indiferente, desviou o rosto para o lado
contrário do meu. Seus dedos começaram a dedilhar ao volante, e
começou a cantarolar uma música...

“Tem um pedaço do meu peito bem colado ao teu

Alguma chave, algum segredo, que me prende ao seu

Um jeito perigoso de me conquistar

Teu jeito tão gostoso de me abraçar...”

Fiquei escutando, deixei-o cantarolar a música até o final.


Cadu continuava olhando para o lado oposto do meu rosto. Quando
voltou para o início da música, perguntei:

— Meu jeito é perigoso de te conquistar?

— O quê!? — Ele virou o rosto rapidamente na minha direção.

Peguei-o de surpresa. Meu rosto estava tão próximo ao dele,


um só movimento e nossas bocas se chocariam... Sorri
lascivamente.

— Você acha-me perigosa, ou tem medo do que está sentindo


por mim?

Não me afastei, ao contrário, cheguei um pouco mais perto. Os


olhos dele nem piscavam. Olhos negros, cheiro gostoso... Ô homem
lindo!

— Volte para seu lugar, Sabrina. — Ele disse, seus olhos não
se desviaram dos meus.

Sua língua deslizou por seus lábios. Nossa mãe de Jesus! Eu


vou agarrar esse homem, 1, 2, 3... Pulei em seu colo. Meu cotovelo
direito bateu no volante e o meu sorvete virou em sua camisa. Ele
parou os olhos bem no local.

Tentei limpar, só piorou, e uma porção do sorvete ficou na


ponta do seu queixo. Não resisti. Soltei a casquinha do sorvete entre
nossos corpos, circulei meus braços em volta do seu pescoço. Ele
tentou se desvencilhar do meu aperto.

Minha boca colou em seu queixo, lambi o sorvete que estava


lá. Cadu soltou um rosnado. Ele apertou os olhos e suas mãos
espalmaram-se em meus ombros.

— Pare. Pare, Sabrina, isso não vai dá certo. Pare menina,


não me tente.

Fixamos nossos olhares. Estavam escritos neles, eu te quero,


eu te desejo. Aquele olhar foi um incentivo. Roubei sua boca
gostosa. Ele nada fez, só me deixou beija-lo. Não desisti, continuei
beijando-o.

Fiquei mais ousada e o forcei a entreabrir os lábios,


empurrando minha língua entre eles.

— Pare, Sabrina. — Com a boca colada à minha, ele me pedia


para parar. — Não... Não... Jesus Cristo!

Passei uma perna para o outro lado do seu corpo, ficando


sentada de frente para ele, completamente esparramada, uma parte
do sorvete entrou em meu decote, eu senti o gelado em meus seios.
O fogo subiu e já senti a língua do Cadu lambendo-os...

— Sa, Sabrina pare, por favor... Caralho, eu, eu não sou de


ferro.
Cadu segurou-me pela cintura, os dedos apertando minha
carne, ele me puxou para mais perto do seu peito. Seu pau pulsou
quando sentiu o calor da minha boceta. Mesmo de short jeans,
minha boceta estava completamente molhada.

Comecei a roça-la em sua virilha. Enquanto fazia isso, minha


boca explorava a sua, mordia, chupava os seus lábios. Encostei
meus seios em seu peito e comecei a me esfregar nele. Os dois
primeiros botões da minha blusa desabotoaram.

Cadu não resistiu. Sua mão foi direto para minha nuca e a
pressionou, forçando nosso beijo. Ele foi bruto, voraz, gostoso,
dominador, devorador. Queimou meu corpo, cada célula dele gritava
por Cadu. Aquela língua sabia o caminho a percorrer.

Ela explorou minha boca, sem misericórdia; e enquanto eu


recuperava o fôlego, sua boca descia até o decote da minha blusa,
e ela encontrou os meus seios nus e os lambeu fervorosamente.

— Isso é sacanagem, eles são lindos! — Cadu parou por um


momento.

Ele ficou extasiado, desenhando os meus seios com os dedos,


sua boa entreaberta, e os olhos parados, em direção aos meus
mamilos rosados.

— Isso não está certo —hesitou. Seus olhos vieram em


direção aos meus. — Não. Isso não está certo, vamos parar por
aqui.

Cadu limpou o restante do sorvete com a mão, fechou os


botões da minha blusa, ele foi tão rápido, eu não pude fazer nada,
em questão de segundos já estava de volta ao banco do carona de
cinto colocado. Já ia abrir a boca para protestar.

— Cale-se. Dê-se por satisfeita por não colocá-la em um táxi.

Fiquei quieta, ele estava muito alterado. Literalmente alterado.


Sete

O salão de festas já estava cheio quando cheguei. O ar cheirava as


pequenas flores de jasmim, ladeadas de angélicas. As vozes
ecoavam por toda parte, as luzes encandecestes, misturavam-se
com as azuis e vermelhas. O DJ soltava o som, algumas pessoas já
estavam soltando o corpo na pista de dança, os garçons passeavam
entre as mesas servindo aos convidados.

Entrei no grande salão, de braços dados com o meu pai. Ele,


elegantemente trajado em seu terno preto. Desta vez escolhi o
vestido que condissesse ao momento. Claro que escolhi algo para
chamar a atenção do Cadu. Meu vestido era vermelho longo, em
renda sobre tule, com decote canoa, justo ao corpo, forro cor da
pele, com saia em chifon fino, com uma longa fenda lateral. Partes
do vestido deixavam minha pele à mostra.

Meu pai disse-me que estava um pouco demais. A opinião dele


só afirmava que acertei na escolha. Matheus quase me manda
trocá-lo, já o Marcos e o Maurício só saberiam quando me vissem.

A música parou, e logo começou a tocar uma valsa. Dancei por


uns dez minutos com papai, depois vieram meus irmãos por ordem
decrescente. Matheus, Marcos e Maurício. Os dois últimos
reclamaram do meu vestido. Não me importei, só me interessava a
opinião de um homem, e ele seria o próximo a dançar comigo.
Meus olhos foram em direção à figura imponente do meu futuro
“namorido”, ele estava lindo de viver, terno risca de giz azul-
marinho, e com uma linda rosa vermelha nas mãos. Minha
respiração oscilou, quando parou diante de mim e estendeu a mão.
Maurício concedeu a dança. Ficamos por um milésimo de segundos
absoltos em nossos olhares.

Ele sorriu. Correspondi. Beijou-me a testa. Respirei fundo para


não desmaiar em seus braços.

— Pronta para rodopiar pelo salão, senhorita maior idade?

Ao me perguntar isso, seus lindos olhos escuros avaliaram o


meu rosto.

— Já nasci pronta para você, meu príncipe.

Cadu segurou uma das minhas mãos, levando-a para próximo


ao seu coração. Seu outro braço circulou minha cintura e sua mão
pousou um pouco acima do meu cóccix. Fui puxada ternamente,
ficamos colados, Deitei minha cabeça em seu peito. E uma música
lenta começou a tocar “Photograph - Ed Sheeran”. Fechei meus
olhos, e começamos a danças suavemente.

— A propósito... — Cadu afastou o rosto um pouco para me


observar. — Esse vestido está muito indecente, se o tivesse visto
antes, falaria com o senhor Alfredo para não permitir que o vestisse.
— Como disse, consegui o meu objetivo, ele ficou com ciúmes.

A certa altura, Cadu afastou-se um pouco do meu corpo, fitou-


me com ternura, parou de dançar, fui colocada em frente a seu
corpo, seu dedo indicador apontou para uma tela branca.
— Preste atenção! — Disse.

Enquanto a música tocava, minha vida foi passada na grande


tela. Fotografias minhas, com todas as minhas idades. Foi então
que percebi que o meu sorriso mudou a partir dos meus dez anos
de idade. A felicidade era sentida a cada slide passado. Cadu
estava em todas elas. Fiz um esforço descomunal para não chorar.
Não, eu não amava esse homem, era muito mais do que amor. Era
celestial.

Ao terminar os slides o fotógrafo aproximou-se e disse.

— Está é para juntarem-se as outras.

Rimos. Cadu me acompanhou até à mesa, onde estavam o


meu pai, meus irmãos e os pais do Cadu... Lamentavelmente,
Marcela também estava à mesa. Tornei-a invisível.

Fiquei um tempo conversando com o senhor Jorge e dona


Célia, até que Lana e o Tadeu chegaram e me puxaram para
dançar. Cadu ficou sentado à mesa. Percebi que ele não tirava os
olhos de mim; quando olhava para ele, ele disfarçava e desviava o
olhar para outra direção. Todos os meus amigos estavam na festa e
não eram poucos, já estava cansada de tanto dançar e de tantas
fotos. Tadeu desgrudou um pouco de mim e foi dar atenção às
outras moças, Lana foi se enroscar com um peguete.

Finalmente consegui voltar para a mesa. Mas Cadu não estava


lá. Olhei em volta do salão e o achei dançando agarrado a Marcela.
Aquela visão me enfureceu. Não perdi um segundo e fui até lá. Bati
nas costas dele, ele parou de dançar. Nem pedi licença e o puxei
para mim, sob os protestos de Marcela. Ignorei-a.
Puxei o Cadu para o meio do salão e começamos a dançar.

— Você não devia ter feito isso. — Disse.

— Isso o quê? — Fingi-me de desentendida.

— A Marcela é minha namorada, você não tem o direito de


tratá-la com indiferença.

— A Marcela é sua ficante, sua namorada será euzinha,


quando você entender que fomos feitos um para o outro... — Olhei
fixamente para ele. — A Marcela é só um detalhe, logo, logo ela
deixará de existir.

— Cresça, Sabrina, somos amigos, só amigos.

Ele parou de dançar e me puxou para fora da pista de dança.


Ficamos a alguns centímetros da nossa mesa. Marcela não
desviava os olhos de nós dois.

— Tenho um presente para você. — Diz. Sua mão vai ao bolso


do paletó e de lá retira uma pequena caixa.

— Ai, meu Deus, são as nossas alianças de noivado!

Só disse aquilo para desorientá-lo, embora sonhasse com isso


há muito tempo. Ele entregou-me a caixa. — Abra-a. Tenho certeza
de que você vai adorar.

Abri-a. Não eram as nossas alianças, mas o que estava dentro


dela nublou os meus olhos. Uma linda pulseira em ouro com um
pingente de uma fadinha. Pulei no pescoço dele, e o enchi de beijos
por todo o rosto. Ele colocou-a em meu braço. Beijei-o novamente
com mais afoitamento.
— Calma, menina! Devagar com esses beijos afoitos, todos
estão nos olhando.

Não pensei duas vezes, peguei Cadu pela mão e o guiei sem
contestação. Ele ainda tentou retroceder, mas era tarde demais,
entrei em um dos camarins do clube. Puxei-o com força e tranquei a
porta. Para que perder tempo, voei em seu pescoço... Minha boca
tomou a sua. Não o deixei nem pensar, e quando ele menos
percebeu, minha língua serpenteou em sua boca.

Minhas mãos tomaram vida própria e se apossaram do seu


corpo, elas percorreram todos os caminhos dos seus músculos,
deixei-o desnorteado. Cadu livrou-se do paletó, jogando-o do lado,
mãos fortes agarraram o meu rosto e fui beijada com posse latente,
cada centímetro do meu rosto foi saboreado por sua boca, mãos
ávidas desenharam as curvas do meu corpo, uma delas encontrou o
meu seio e ele foi acariciado. Ele baixou a boca, beijando-o e o
mordendo sofregamente. Ele gemeu, chamando por meu nome, eu
estava no comando. Naquele momento, ele era meu.

Alcancei o seu pau com a mão e o domei. O bicho pulsou com


o calor dela. Abri o zíper e o peguei por cima da cueca, Cadu
enlouqueceu, puxou-me para o seu corpo e nossas respirações
ofegantes se cruzaram, seu olhar avaliador, girou em torno do meu
rosto. Coração palpitante, gotas de suor escorrendo por sua testa, e
um desejo devorador em seu corpo, seu pau pulsava em meus
dedos.

— Eu te amo. — Murmurei. Cadu reteve a respiração. Segurou


por meus braços e empurrou-me.
— Eu não posso, eu não posso. Você é minha fadinha, minha
menininha... Eu não posso. — E saiu correndo, deixando-me cheia
de desejo.

Sozinha naquele camarim, sentindo-me triste. Comecei a me


lembrar de todas as loucuras que fiz por ele, de todas as namoradas
que afastei da sua vida. Elas vinham e eu as tangia. Quando será
que ele vai acordar e perceber que me ama? Quando vai parar de
procurar em outra mulher o que ele sabe que só encontrará em
mim?
Oito

Lembro-me como se fosse hoje. Eu tinha 16 anos, Cadu estava


saindo com uma mulher chamada Solange. Uma morena muito
bonita, cabelos encaracolados, lábios carnudos, peitos grandes e
uma bunda, que só chamando por Deus. Entrei até na academia
para malhar os glúteos, pois, dessa vez, a concorrência era
medonha. Ficava por duas horas fazendo todos aqueles
exercícios... Pernas, panturrilhas e bunda.

Três vezes na semana de sofrimento. Mas não durou muito,


Cadu descobriu e foi me buscar na academia, quase processara o
dono por ter aceitado uma menor de idade, incentivando-a a pegar
pesos sem a autorização dos responsáveis. Ele era assim, não
queria nada comigo, mas vivia se metendo em minha vida. Não
deixava os rapazes maiores de dezoito anos chegarem perto de
mim, era pior do que o meu pai e os meus irmãos.

A tal da Solange era bonita e gostosa. A mulher fazia a


“homarada” virar a cabeça quando passava. Cadu não ligava muito,
era tranquilo, nunca percebi fazer cena de ciúmes. E olha que ela
provocava, vestia cada roupa curta e justa; no entanto, não fazia
com ela o que fazia comigo... Como mandar trocar a roupa ou retirar
a maquiagem, ele dizia que os meus trajes e maquiagem não
condiziam com minha idade.
O namoro dos dois estava sossegado demais, mesmo com
todas as minhas tentativas de sabotagem, ele sempre contornava a
situação. E o “namoro” já estava se arrastando para mais de duas
semanas. Então bolei um plano para ela nos pegar juntos.

Fiquei na esquina do prédio onde o Cadu morava, esperando


por ele. O porteiro me conhecia, por isso não precisava ser
anunciada. Assim que Cadu entrou no prédio, esperei um pouco e
fui para o seu apartamento. Bati na porta e ele abriu. Quando me
viu, ficou logo nervoso, pois Cadu me conhecia, ou era provocação
ou era insinuação, mas minha intenção era outra.

— Posso entrar? — Sorri cinicamente, e antes que ele me


mandasse embora, entrei.

— Você já entrou — Ele disse, sua voz já soava com


impaciência. — Sabrina, nem tente, se veio aqui me provocar, vá
logo dando meia-volta e indo embora, não estou em um dia bom
para criancices.

—Humm! Quer dizer que não posso visitar meu príncipe para
bebericar um suco com ele?

Cadu fitou-me com incredulidade. Ele me conhecia, no fundo


sabia não estava ali para suco algum. Ele riu. Aquele riso que eu
tanto amo, virou o corpo e foi até a cozinha. Fui atrás.

— Quero o meu com bastante gelo. — Fui aproximando-me


dele lentamente.

— Parada aí! — Assustei-me com a sua voz, fiquei boquiaberta


olhando-o pasmada. — Mais um passo, e eu a coloco nos ombros e
levo você para casa.

— Eu hein! Acalme-se príncipe, eu não mordo, só se você


quiser. — Ri com a cara que ele fez. Permaneci quieta, o espaço
entre nós dois era exatamente uns três passos de distância.

Ele serviu o suco em um copo. Quando foi servir o outro,


aproveitei sua distração e avancei em sua direção. Circulei meus
braços em torno da sua cintura, colei o meu corpo ao dele.

Ele estava de costas para mim. Minhas mãos espalmaram-se


em seu peito acariciando-o com destreza.

— Cadu, meu amor, amo tanto você... Tanto!

Ele virou-se de frente para mim, suas mãos seguraram as


minhas. Cadu estava ofegante e o seu olhar era indecifrável. Com
olhar fixo ao meu, ele replicou.

— Pelo amor de Deus, Sabrina, você é doida, ou você quer me


complicar a vida. Porra! — Baixei meus olhos, ele estava furioso. —
Olha para mim, Sabrina, olha porra! — Olhei. — Você só tem 16
anos, como pode afirmar me amar, não brinque com fogo, menina...
Merda! — Ele soltou-me e se afastou. — Fadinha, eu tenho 26 anos
e posso ser preso se alguém nos pegar aqui, com você abraçando-
me e se roçando ao meu corpo... Você é menor de idade, é uma
criança... Merda!

Lágrimas escorriam pelo meu rosto. Fiquei ali, de pé, sentindo-


me uma infeliz.

— Amo você... — Murmurei chorando. — Você pode até não


acreditar, mas continuarei dizendo... Amo você. — Solucei.
Cadu baixou a guarda e veio até mim, abraçou-me com
carinho. O coração dele batia no mesmo ritmo que o meu. Suas
mãos pressionaram minha cintura, escondi o rosto em seu peito,
aconchegando-me em seu carinho. Aos poucos, minhas mãos foram
explorando o seu corpo, sem insinuações, elas caminhavam por
seus braços, ombros, pescoço, chegaram ao seu rosto e ele foi
acariciado por meus dedos.

Ergui a cabeça e o fitei com os olhos ainda marejados. Ele


avaliou o meu rosto com carinho, sua boca veio até bem próximo...
A intenção dele era beijar o meu rosto, porém, a minha era outra,
virei minha face para o lado oposto e sua boca encontrou a minha.

O beijo foi lento. Ele deixou ser beijado, e aos poucos o beijo
foi se intensificando. Em menos de dois segundos já estava
gemendo em sua boca e minhas mãos explorando o seu corpo. E as
mãos dele passeando timidamente por minhas curvas, seus dedos
traçavam a curva dos meus seios, sem ousar, o que era lamentável.

Como ele não tomava a iniciativa, tomei... Minha mão pousou


na frente de sua calça. Apertei seu pau com força e o massageei.
Cadu sibilou. Seus dentes morderam minha língua e o seu corpo
ganhou vida roçando-se ao meu. Suas mãos tornaram-se mais
ousadas e apertaram minha bunda.

— Cacete! Menina eu não sou de ferro... Cacete, eu vou ser


preso, humm! Fadinha, não me tenta. — Ele sussurrava, sua boca
na minha, e sua língua serpenteando dentro dela.

Não vacilei por um segundo. Ele me queria, e naquele


momento ele era meu, massageei com mais perspicácia o seu pau,
pressionando minha mão. Era tão duro, pulsava, parecia ter vida
própria, minha vontade era colocá-lo na boca, provar o sabor, o seu
calor. Deusinho, obrigada!

— Fadinha... Faz assim não! — Murmurava cheio de tesão.

Minha boca soltou a sua, e fez um caminho abaixo. Desabotoei


sua camisa, soltei beijos por todo seu peito peludo, mordiscando os
seus mamilos. Fui descendo o corpo, já estava quase de joelhos.
Quando fui pega pelos ombros e o meu corpo foi erguido. Cadu
fitou-me com força expressiva, o desejo estava dentro do seu olhar,
mas não era só isso, havia algo a mais, o brilho era diferente. Ele
puxou-me para o seu peito e abraçou-me, suspirou tão fortemente e
ficou preso a mim, acariciando os meus cabelos.

— Cad..

— Shh! — Ele me interrompeu. — Vou levá-la para casa.

Foi a única frase que ele disse. Cadu afastou-se de mim e foi
até o quarto. Decerto, foi acalmar as suas duas cabeças.

Só então lembrei o que fui fazer ali. A talzinha da Solange


estava perto de chegar. Deus ajude-me, faça com que tudo saia
como planejei.

Corri até a cozinha, derramei um pouco de suco em minha


blusa branca, e sai apressadamente para a lavanderia, despejei um
pouco de sabão líquido no tecido e o esfreguei. Procurei a água
sanitária destampei o frasco, pus de volta no lugar e o derrubei, pus
a mão no nariz para não sentir o cheiro. Sou alérgica, chamei o
Cadu.
Já saí da lavanderia ofegante. Cadu correu até mim. Ele sabe
sobre a minha alergia e sentiu o cheiro do cloro.

— Puta merda! Cadê sua bombinha, Sabrina, cadê ela?

Ele correu até minha bolsa e começou a procurá-la. Tentei


explicar o que aconteceu. Ele mandou ficar quieta. É lógico que
minha bombinha não estava em minha bolsa. Ele me pegou no colo
e fui levada para cama.

— Está muito ruim, quer ir ao hospital? — Neguei com a


cabeça. — Então fique aqui quietinha, vou até a farmácia comprar a
bombinha, uma não, umas dez. Deixarei algumas aqui por
precaução. — Ele estava tão nervoso, que nem percebeu que antes
de sair desesperado, beijou-me na boca. — Não demoro, minha
fadinha, não demoro.

Assim que escutei a porta fechar, despi minha blusa, deixando


os meus seios nus, cobri-me com o lençol. Agora era só rezar para
que a Solange chegasse, seria muito azar justamente hoje ela
resolver não vir, pois todas às terças, quintas e no domingo às 15h.,
ela ia para a casa do Cadu. Ela é enfermeira e nos dias de plantão
vem ficar de sacanagem com o Cadu. Só esperava que ela fosse
pontual, pois se ela demorasse, quem ia dançar era eu.

Não demorou muito e escutei a sua voz chamando por Cadu.


Fingi estar dormindo.

— Tesão! Cheguei, meu moreno gostoso. — Ri, ela só podia


estar de sacanagem, chamar meu homem de tesão... Eu vou dá na
cara dela. Puxei o lençol e deixei os meus seios à mostra.
Ela entrou no quarto.

— Mas que porra é essa! O que você está fazendo na cama do


meu homem? E nua!?

Sustentei o meu corpo pelos cotovelos, fingi surpresa.

— Que eu saiba o Cadu nunca foi o seu homem, ele sempre


foi o meu homem. Ele não te contou? — Minha cara cínica era digna
de um Oscar. — O Cadu resolveu assumir o nosso namoro, portanto
tenha um pouco de dignidade e saia da vida dele, antes que ele lhe
dê um fora.

Ela me olhou furiosa.

— Vagabunda! Sonsa, biscateira, filha da puta... Pois faça bom


proveito daquele filho de uma cadela, eu sabia que cedo ou tarde
ele ia ceder as suas investidas. Você é esperta menina, palmas para
você.

Enrolei meu corpo no lençol e fui até ela.

— Caia fora daqui, ou quer que o Cadu diga para você na


minha frente que não quer mais você... Ele foi até a farmácia
comprar mais camisinha, as que tinham aqui acabaram... — Os
olhos dela brilharam de raiva, ela engoliu em seco virou pelos
calcanhares e gritou.

— Diga aquele imbecil, para não se dá ao trabalho de ligar


para mim.

Solange morria de ciúmes de mim. Todas às vezes que


ficávamos nós três juntos, sempre dava um jeito de infernizar a vida
dela. Ela saiu soltando fumaça pelas ventas... Gargalhei com
vontade. Mais uma fora da vida do Cadu, eu sei, ele ia ficar uma
fera, não ligo, essa não foi a primeira e nem será a última que eu
despacho da vida dele. Vesti minha blusa e voltei para cama.

Cadu chegou minutos depois. Todo preocupado e cheio de


bombinhas, é claro que eu fingi estar com falta de ar. Usei o inalador
e aproveitei o carinho e a atenção do meu amor. Assim que
aparentei melhoras, ele me levou para casa.

Dois dias depois, Cadu foi à minha casa, com os olhos


saltados. Nervoso feito um cachorro raivoso. Gritou comigo, exigiu
que eu me retratasse e fosse desmentir tudo que disse para a
Solange. Lógico que me neguei a isso, ele ficou muito puto, saiu
dizendo nunca mais olhar na minha cara. Um mês depois ele já
estava com outra mulher. E essa também eu despachei, e foi assim
com todas as outras, até a tal Marcela surgir na vida dele, essa
estava durando mais do que devia, ainda não tinha conseguido
fazê-la seguir o caminho da roça, mas ela não perdia por esperar.
Se ela pensava que ia roubá-lo de mim, não ia mesmo. Ela que me
aguarde.
Nove

Continuei no camarim por alguns minutos. Estava triste, pois


pensei ser hoje o grande dia; afinal, estou completando a maior
idade, e não tem porque o Cadu fugir de mim. O problema todo era
a minha idade, agora tenho 18 anos. Qual será o problema dele?
Mas se ele pensa que vou me dar por vencida, está muito
enganado. Hoje o Cadu será meu, custe o que custar.

Voltei para o salão de festas. Procurei o Cadu por um bom


tempo, não consegui encontrá-lo, nem ele nem a loira de farmácia.
Avistei o Tadeu, ele estava com a Talita, uma ruivinha. Ela sempre
foi apaixonada por ele, estudamos juntas e toda vez em que o
Tadeu ia me buscar na saída da escola, ela pedia uma carona.

Espero que os dois se acertem, ele merece alguém que o ame,


já estou ficando sem jeito de vê-lo com os olhos baixos para mim,
parece aqueles cachorrinhos pedindo por um pouco de carinho.
Gosto muito do Tadeu para vê-lo se humilhando por amor, mesmo
que seja por mim. Não quis ir até eles, pois tenho certeza que, se
fizer isso, a Talita seria dispensada.

Virei o rosto para o meu lado direito e vi o Matheus com a


Lana, decerto ele saberia aonde o Cadu se meteu. Fui ao encontro
dos dois.
Matheus não quer admitir, mas tenho certeza de que ele está
arrastando uma carreta pela Lana. Minha amiga é uma loira linda,
meiga, inteligente e tem algo que o Matheus adora em uma mulher...
Ela é tímida. Já o escutei comentando com os meus outros dois
irmãos e o Cadu, ele dizia: “A timidez é o que torna uma mulher
extremamente sexy e interessante, é o que a torna indecifrável”.

Esse é o meu irmão mais velho, um homem lindo, sexy,


romântico, mas muito reservado, até hoje nunca nos apresentou
uma mulher como sua. Meu pai sempre lhe diz que já está mais do
que na hora de ter a sua própria família.

Matheus sempre respondia: “Não estou com pressa, pois o que


é do homem o bicho não come, e a mulher que será minha está me
esperando, e quando achar que ela já está pronta, tomo-a para
mim”. Eu tenho a impressão de que o Matheus já sabe quem é a tal
mulher. Às vezes desconfio ser a Lana, pois ele é muito possessivo
com ela. Adora dar ordens, e vive chamando sua atenção com as
roupas que usa. Se for, ficarei muito feliz.

Eles me avistaram. Lana levanta a mão e acena para mim,


respondi ao aceno e fui ao encontro dos dois.

— Sua festa está linda, amiga! Aonde você se meteu? Estava


agora mesmo perguntando por você ao Matheus.

Lana fala sem vírgulas, ela tenta disfarçar o nervoso. Fitei o


Matheus e logo depois a Lana, esses dois não me enganam. Sorri
amarelo e respondi:

— Estava procurando o Cadu, vocês o viram? — Não menti no


todo... Mas, na verdade, eu estava no esfrega e esfrega com o
Cadu.

Matheus olhou-me com as sobrancelhas juntas, parando o


olhar em meu rosto por alguns segundos.

— Eu te conheço, Sabrina, alguma você aprontou... — Sorri


para ele. Matheus reforça o olhar, juntando ainda mais os olhos. —
Sabrina! — Ele alongou o “bri” do meu nome. — Anda logo,
desembucha... O que você fez dessa vez. — Ele espera minha
explicação. Dou de ombros. — Se eu descobrir que você aprontou
alguma com o Cadu, farei o papai colocá-la de castigo por um bom
tempo.

— Não fiz nada! Por que vocês sempre acham que estou
aprontando alguma contra o Cadu?

— Porque você adora infernizar a vida dele... Desde menina,


você tomou o Cadu pra Judas, só isso “fadinha”. — Ele pegou um
dos meus cachos e os puxou.

— “Judas”, não. Meu futuro “marido”, escreva isso, o Cadu


será o seu cunhado.

— Bem, minha irmãzinha, acho melhor você esquecer isso,


pois o Cadu está prestes a juntar as escovas de dente com a
Marcela, e pelo o que sei, a senhorita é muito nova para pensar em
casamento. Portanto, conforme-se, o Cadu está fora da sua mira.

Então era verdade. O Cadu pretendia mesmo morar junto com


a Marcela.

Lana olhava-me com ar de preocupação, ela me conhecia o


suficiente para saber o que estava se passando por minha cabeça
naquele exato momento.

— A Sabrina está brincando Matheus, ela sabe perfeitamente


que o Cadu nunca irá se interessar por ela; afinal, para ele, ela
apenas uma criança.

Não sei o porquê que a Lana disse aquilo, mas não gostei nem
um pouco da resposta do Matheus.

— É bom mesmo, pois já estava começando a ficar


preocupado com as brincadeiras sem graça dela com o Cadu. —
Ele fitou-me sério. — O Cadu é um homem e você acabou de sair
das fraldas, se quer namorar, namore um rapaz da sua idade. —
Falou cheio de soberba.

Agora ele apelou. Empurrei-o pelo peito e rebati sua empáfia.

— Espero que pense o mesmo sobre a Lana, pois a nossa


diferença de idade não é tão grande assim, ela só é mais velha do
que eu, dois anos, e o senhor é mais velho do que o Cadu um ano;
portanto, o senhor escute bem o que disse...

— Sabrina! — Lana interrompeu-me. — Me tire do bolo que eu


não sou fermento, o que tenho eu com essa história?

Não respondi, virei às costas e saí batendo os pés no chão. Eu


precisava encontrar o Cadu e tirar esta história a limpo, sobre morar
com a Marcela.

Rodei o salão de festa inteiro a procura dele. Meu pai estava


sentado à mesa com os pais do Cadu. Fui até eles.
— Minha menina mulher! — Papai já estava um pouco ébrio.
As doses de uísque já estavam fazendo efeito. — Minha princesa,
está gostando da festa?

— Amando! — Sentei-me em seu colo e lhe dei um beijo


carinhoso no rosto.

Ele cheirava gostoso, fiquei observando o rosto lindo do meu


pai. Não entendo por que ele é tão solitário, tantas mulheres lindas
na cidade, elas só faltavam se jogar aos seus pés, e, no entanto, ele
continuava sozinho desde a morte da mamãe.

— Papai, o senhor viu o Cadu? — Olhei em direção aos pais


dele e sorri.

— Não, minha princesa. — Papai deu uma espiada por volta


do espaço. — Ele deve estar com a Marcela em algum canto.

— Ou com os seus irmãos, meu anjo. — Articulou senhor


Jorge, o pai do Cadu. Dona Célia riu para mim, balançando a
cabeça.

Levantei-me do colo do meu pai. Merda! Se eu pegar o Cadu


de amasso com aquela loira de farmácia juro que a empurro na
piscina do clube, ah se empurro. Dei um beijo em meu pai, pedi
licença e sai à caça do meu homem.

Fui até a pista de dança, ao longe avistei o meu irmão Marcos,


ele estava dançando com uma moça. Fiz um giro de 360°, nada do
Cadu, olhei em direção ao bar, o Maurício estava conversando com
uma moça, fui até lá.

Assim que o Maurício me viu, abriu um sorriso.


— Minha linda princesa! — Ele abriu os braços, sua boca cola
em minha testa, o beijo foi demorado, ele tem essa mania de
demorar no beijo. — Gostando da sua festa? — Assenti com a
cabeça. — Quer alguma coisa?

— Você viu o Cadu? Já o procurei por todo o clube.

— Ele foi embora há um tempo, e foi sozinho, acho que brigou


com a Marcela, pois logo depois ela saiu apressadamente atrás dele
e com...

Nem o deixei terminar. Deixei-o falando sozinho, só o escutei


chamar por meu nome.

Procurei a Lana. Ela estava dançando com o Matheus,


praticamente desmaiada nos braços do meu irmão. Ali tinha, com
certeza, algo estava rolando entre os dois. Minha última esperança
era o Tadeu.

Ele estava no maior amasso com a Talita. Fiquei observando


os dois; um pouco reticente, fui ao encontro dos dois. Limpei a
garganta e o chamei.

Tadeu ficou todo sem graça. Pediu licença a Talita e veio até
mim. Nem o deixei abrir a boca.

— Empreste-me o seu carro, é caso de vida ou morte... — Ele


ficou parado, olhando-me com cara de bobo. — Por favor, Tadeu
quebra essa pra mim! — Ele nada disse, enfiou a mão no paletó e
me entregou as chaves e o documento do carro.
Dez

Estacionei o carro ao lado do prédio onde o Cadu morava. Rezei a


Deus para que a Marcela não estivesse com ele, mas se estivesse,
eu a poria para correr. Nervosa como estava, daria uns três gritos e
a chutaria de lá com um quente e três fervendo.

Dei boa noite para o porteiro. Ele estava tirando um cochilo, a


porta foi destravada, passei batida, sem ao menos olhar as fusas do
homem.

Minhas pernas tremiam. Pense Sabrina, pense rápido, você


precisa de um plano para fazer o Cadu desistir dessa ideia em
morar junto com a Marcela. Não esperava por isso, nunca passou
por minha cabeça de um dia o Cadu pensar, quanto mais ir morar
junto com alguma mulher... Ô, meu deusinho, o senhor me
sacaneou!

Cheguei defronte à porta do apartamento. E agora! Será que a


Marcela estaria aí dentro? Seja o que Deus quiser. Bati na porta.

A porta foi aberta, e um Cadu com o cabelo desalinhado,


camisa por fora da calça e cara de poucos amigos surgiu bem
diante dos meus olhos. Ele ficou entre a porta e o batente,
impedindo-me de entrar.

— O que você quer? Vá embora, Sabrina, volte para sua festa,


garanto que lá está muito mais divertido do que aqui, deixe-me em
paz...

Fiquei olhando-o por alguns segundos. Ele não parecia bem.

— Você está sozinho?

— Não! Vá embora.

Ele já ia fechando a porta. Empurrei-o com força, ele não


esperava por isso. Entrei e fui direto ao quarto.

— Que porra pensa que está fazendo, sua pirralha filha da


mãe?

Ele vem em minha direção. Seus olhos estavam crispados de


raiva. Afastei-me dele rapidamente, meu medo era de ele me pôr
para fora do apartamento à força.

— Vá embora, Sabrina, não a quero em meu apartamento, vá


embora.

Ele esbravejou com sonoridade.

— Não. — Gritei. — Por que você foi embora da festa, por que
você fugiu de mim... Por que você vai morar com a Marcela?

Olhei para ele. Engoli o choro, não iria demonstrar fraqueza.


Ele não vai me ver chorar.

— Vá embora. Não lhe devo satisfação. — Ele foi até a porta e


a abriu, apontando a saída.

Não fraquejei. Permanecia de pé, fitando-o desafiadoramente.

— Não irei embora enquanto não me responder. — Rebati.


— Pois bem, você quer respostas... É isso? Então as darei. —
Ele fechou a porta com força. Veio em minha direção com passos de
felino... Dos bem perigosos.

Engoli em seco, quando ele ficou frente a frente a mim, deu-me


um frio na barriga, o que nos separava, era apenas a mesa de vidro
da sala.

— Serei bem explícito em minhas palavras e espero que preste


bem atenção ao que lhe direi.

Com as palmas das mãos espalmadas à mesa e o corpo


inclinado em minha direção, ele olhava-me com um brilho estranho
nos olhos, não soube identificar. Só posso dizer que era o olhar
mais sexy e perigoso que até hoje o Cadu dirigiu a mim. Fiquei
quieta e nada disse, apenas esperei suas explicações.

— A primeira resposta responderá as duas primeiras


perguntas... Fui embora da sua festa para não fazer besteira, para
não fazer algo que possa arrepender-me depois. Quanto à terceira
pergunta, sim, eu e a Marcela vamos morar juntos. Pronto respondi
aos seus questionamentos, agora vá embora... Vá embora e me
esqueça. Esqueça-me Sabrina.

Se ele pensava que iria me dar por vencida, enganou-se. Meu


medo foi embora. E a fera que habitava em mim, aflorou. Parti para
cima dele de punhos fechados.

— Idiota! Seu grandíssimo idiota! — Esmurrava o seu peito


com força. — Você é um imbecil. Foge de mim, porque é um
covarde, não consegue aceitar o fato de estar apaixonado por mim,
medroso filho da puta, depois eu que sou a criança.
Ele tentava me conter, tentava segurar por meus pulsos. Como
não conseguiu, segurou-me pela cintura, circulando os braços por
volta dela, e me apertou tanto que fiquei sem ar. Chutei-lhe as
pernas e continuava dizer-lhe desaforos.

— Foge, covarde, foge... Vá se esconder no meio das pernas


da loira de farmácia, só que não vai adiantar, eu sempre vou estar
por perto, sempre vou assombrá-lo, você me ama, você me quer,
mas você é muito covarde para admitir isso, ao invés de lutar contra
o seu preconceito idiota, prefere se juntar a uma mulher que não
ama...

Ele me apertou com mais força. Meu tronco foi para trás, puxei
o ar para os meus pulmões. Desgraçado, filha da mãe, isso não vai
ficar assim... Parei de esmurrá-lo, minhas duas mãos pousaram em
seus ombros, fiz pressão com elas, e o cabeceei. Senti estrelinhas
ladeando minha cabeça. Ele me soltou, levou a mão à testa. Fiquei
tonta e minha cabeça doía.

— Puta merda! Sua onça dos infernos. Darei uma lição em


você que nunca mais esquecerá.

Ele veio em minha direção, mesmo zonza corri. Fui direto para
o quarto. Tentei fechar a porta, mas ele enfiou o pé e avançou em
minha direção.

— Eu devia ter feito isso há muito tempo, talvez assim tivesse


evitado muita dor de cabeça. — Cadu estava espumando raiva,
nunca o vi assim antes.

Ele me alcançou, puxou-me, agarrando-me por minha cintura.


Meus pés foram suspensos do chão, ele me carregou até a cama.
Sentou-se, e me pôs deitada de bruços em seu colo. Meu vestido foi
suspenso, foi então que senti o ardor em minha bunda.

— Cada palmada dessa, são por todos os anos que você me


atormentou, por todos os assédios, por todos os términos dos meus
relacionamentos.

Esperneei, tentava sair do seu aperto, mas ele é um mostro de


grande e suas mãos são enormes. As palmadas eram duras, deixei
de contar na oitava, o ardor era demasiado horrendo. As lágrimas
banharam o meu rosto, escorrendo por cima da colcha de veludo
azul-marinho.

Parei de lutar, não iria adiantar, isso só fazia a sua fúria


aumentar. Fiquei quieta, esperando a próxima palmada... Até que
ele parou.

Continuei de bruços em seu colo, meu vestido levantado até a


minha cintura, e provavelmente minha bunda estaria da cor do meu
vestido. Cadu respirava ofegantemente, suas pernas estavam
trêmulas.

O silêncio atordoou os meus sentidos, pensei virar o meu


corpo, mas quando já ia o fazer, senti os dedos dele percorrerem a
pele ardida da minha bunda. A carícia era tão suave, sentia só o
leve toque aveludado. Seus dedos foram até minha nuca, fizeram
um círculo e depois retornaram pelo mesmo caminho.

Todos os pelos do meu corpo ficaram arrepiados, minha boceta


começou a lubrificar, meus mamilos endureceram. Apertei meu lábio
inferior com tanta força que doeu. Sem querer, soltei um gemido
longo e carregado de tesão. Seus dedos chegaram à minha bunda,
e eles desenharam o rego até chegarem a minha boceta... Jesus me
segura, esse homem quer me deixar louca!
Onze

Cadu manteve uma de suas mãos em minhas costas, deste modo


não conseguia me mover. Enquanto me mantinha imóvel, sua outra
mão explorava minha boceta através da minha fina calcinha de
renda vermelha, que propositalmente a coloquei para deixá-lo louco
quando ficasse nua em sua frente.

Escutei o seu gemido baixo. Arqueei a bunda, tentando dar a


ele espaço para explorar mais o meu sexo molhado e ardente. Ele
pressionou a mão para baixo, fazendo-me voltar à posição de antes.
Seus dedos deslizaram para frente e para trás, ele afundou-os um
pouco, encostando-os ao meu clitóris, bolinou por uma fração de
segundos torturante. Meu deusinho, dai-me força, se ele persistir
com essa tortura eu vou gritar...

Fechei minhas pernas tentando encontrar algum alívio. Cadu


não permitiu, ele espalmou a palma da mão com toda força em
minha bunda.

— Quieta! Se você se fechar novamente para mim, receberá


mais duas palmadas...

A voz quente, carregada de tesão, dura, autoritária,


irreconhecível, fizeram o meu corpo queimar, minha vontade era
desobedecê-lo; no entanto, pensei na dor sentida se apanhasse
novamente, mas que deu vontade, deu. Cadu estava escondendo o
jogo, aquele não era o homem fujão, o homem que escorregava por
minhas mãos toda vez que o assediava.

Suas mãos desceram minha fina calcinha por minhas coxas,


elas foram retiradas, percebi que ele a guardou no bolso da calça.
Com minhas partes íntimas expostas, estava vulnerável ao bel
prazer do meu príncipe moreno. E enquanto ficava imaginando ele
saboreando com a boca minha sortuda boceta. Recebi um beliscão
em minhas dobras, ou seja, nos meus grandes lábios, exatamente
lá.

— Deusinho! — Disse com grito abafado ao sentir a força da


pegada.

— Não era isso que você queria, “fadinha”? Hein! Então estou
lhe dando o que quer...

Sua voz soou com um sarcasmo arrastado, tenebroso.

— Tão entregue, tão desejosa, nem sabe o que a espera... —


Ele estava me provocando.

Um dos seus dedos penetrou-me lentamente. — Aí. — Gemi


arrastando a voz.

Ele o girou lá dentro. Balancei o quadril para cima e para baixo.


Aquilo doía e era muito bom ao mesmo tempo. Cadu retirou a mão
das minhas costas, e suas duas mãos espalharam as bandas da
minha bunda. Ele inclinou o tronco... Então... Então, eu senti, senti o
ar quente do seu hálito bem em meu buraco traseiro.

— Ca... Cadu! Deus do céu, eu... Eu estou com medo. —


Ofeguei tão profundamente quando senti o toque da ponta da sua
língua rodeando as pregas sensíveis do meu traseiro.

— Você não queria me conhecer intimamente? Não queria


provar um homem de verdade? Você quer ser uma das mulheres
que dividem a cama comigo, não é isso que você quer, Sabrina?

Foi então que eu entendi, ele estava me testando, estava


tentando me deixar com medo. — Filho da mãe! — Antes mesmo de
ele me deter, saí do seu colo.

Ajeitei o meu vestido. Cadu continuou sentado, as mãos


apoiadas ao colchão, o corpo inclinado para trás, sendo sustentado
por seus braços estendidos. Ele avaliava-me de cima abaixo, com
um riso cínico nos lábios.

— Está pronta para ser uma mulher, Sabrina? Ou você acha


que ficarei satisfeito só com um esfrega e esfrega de corpos e suas
mãos masturbando o meu pau, enquanto fodo você com o meu
dedo. Você acha mesmo que eu vou me contentar com as mesmas
coisas no qual você anda fazendo com os moleques da sua idade.

— O quê!? — Fiquei rubra de vergonha. Como ele sabia sobre


isso.

— Você deve estar se perguntando como eu sei sobre isso.


Não responderei a essa pergunta, mas sei de tudo e posso até dar
nomes aos cabritos, se está duvidando da minha palavra. — Falou
com sarcasmo.

— Idiota! Você anda me vigiando, seu imbecil, é isso? — Ele


riu daquele jeito que me deixa louca de raiva. Baixa a cabeça e a
balança de um lado ao outro.
— Não interessa. O que interessa é que estava certo o tempo
todo. Você não está pronta para um homem, você acha que sexo é
masturbação, é sexo oral.

Fiquei com tanta raiva daquele Cadu prepotente, arrogante do


cacete. Ele fitava-me com altivez, como se fosse o dono da verdade,
o senhor dos senhores. O sacana, filho da mãe, estava me vigiando
o tempo todo... E o pior: ele sabia sobre minhas cobaias, e não se
importou em saber que outros caras tocavam em mim, assim como
eu também tocava neles. Ele não estava nem ai.

— Cachorro, filho da mãe! — Esbravejei.

Fechei minhas mãos em punhos, apertei tanto os meus dedos,


que eles ficaram dormentes. Ele continuou me olhando com cinismo
acirrado.

— Você sabia o tempo todo? E nem se importou...

Virei minhas costas, eu precisava sair, eu precisava ir embora.


A vergonha tomou conta de mim. Como o Cadu pode fazer isso
comigo, como pode me enganar. Já estava chegando à porta do
quarto quando ele ralhou.

— E o que você queria que eu fizesse? Não tenho o direito de


me meter na sua vida. Você é uma menina, estava aprendendo a se
conhecer, estava com garotos da sua idade, fazendo coisas nas
quais eu fiz quando tinha a sua idade também, não podia podar as
suas experiências.

Ele falou com tristeza. Algo estava errado, o Cadu queria dizer-
me algo com aquele discurso todo, mas minha raiva não estava me
deixando raciocinar.

— Experiências! Que porra é essa... É assim que você diz se


importar comigo? Porra, Cadu, eu estava com outros caras, estava
quase tendo relações sexuais com eles, e você nada fez,
simplesmente deixou acontecer. Você me viu com eles? Me viu?
Responda Cadu?

— Exatamente isso, experiências, não podia impedir que


crescesse, não podia atrapalhar suas descobertas, você está na
idade do conhecimento, em breve vai para faculdade, vai conhecer
outros rapazes, vai se apaixonar centenas de vezes. Qual o direito
que eu tenho de interferir no seu voo, hein! O máximo que eu podia
fazer era ficar de olho para que nenhum deles avançasse o sinal
antes da hora; se isto acontecesse, é claro que iria me meter.

O filho da mãe estava me seguindo o tempo todo. Bem que eu


desconfiava que alguém estava de olho em mim quando eu saia
com algum menino e íamos para o alto do morro. É lá onde todo
mundo vai namorar, os que não têm dinheiro ou é menor de idade
para ir ao motel.

— Você é muito nojento... Muito nojento, isso é doentio, Cadu.


Você me via com aqueles garotos fazendo aquelas coisas, credo! —
Fiquei furiosa, minha vontade era matá-lo.

— Não. Eu só via a movimentação do carro, e pelos


movimentos eu saberia se deveria ou não interferir. — Ele levantou-
se, suas mãos passaram por seu rosto, depois foram para os
cabelos, seus dedos os puxaram para cima. — Sabrina, você tem
uma linda aventura pela frente, a faculdade vai mudar você, acredite
em mim... — Ele colocou as mãos nos bolsos e fitou-me sobre as
sobrancelhas. — Você vai conhecer vários rapazes e se apaixonar
por uma centena deles. Com o tempo, essa paixonite que você
sente por mim, vai virar piada.

— Então é isso, você acha mesmo que o meu amor é só uma


paixonite. Podemos tirar a prova dos nove agora. — Olhei para ele,
baixei o zíper do meu vestido e o deixei cair em poça sob os meus
pés.
Doze

Cadu ficou estagnado ao ver o meu vestido descer feito uma pluma
pelo meu corpo. Ele não esperava por isso, talvez pensasse que eu
correria como uma garotinha amedrontada, no entanto estava de pé,
feito um poste, inerte, olhando-me com escabroso espanto, seus
olhos nem piscavam, engoliu em seco e começou a balançar a
perna esquerda nervosamente.

Todavia não nego, também estava nervosa, nunca fiquei nua


na frente de um homem. Quando saia com os carinhas de carro
para as minhas experiências sexuais, não despia minha roupa. Eles
tocavam em mim, mas sempre foi por cima da minha roupa. Não
dava a eles o direito de me despir.

Ao contrário dos mesmos, pois exigia que ficassem pelados,


pois eu queria vê-los nus, tocá-los em suas partes íntimas,
precisava praticar, não poderia passar para o Cadu inexperiência.
Por conseguinte, o sexo oral praticado nas minhas cobaias,
deixaram alguns rapazes pegajosos, fazendo com que eles não me
deixassem em paz, viviam tentando um segundo encontro,
demoravam a entender, eu não repetia encontros.

Tangi os meus pensamentos para bem longe, junto com o meu


nervosismo. Se você está na chuva, decerto irá se molhar. Meus
olhos prenderam-se aos olhos do Cadu. Tentei disfarçar a voz
trêmula, não sei se consegui, mas consegui falar, mantendo a voz
baixa e firme.

— E aí, Cadu, vamos tirar a prova dos nove, eu te mostro não


ser mais uma menina e você mostra para si mesmo não sentir nada
por mim.

Dei dois passos em sua direção. Quando ele percebeu minha


intenção, esticou o braço a frente do corpo com a palma da mão
aberta e articulou.

— Pare aí mesmo, nem mais um passo. — Ele estava


tentando manter o controle e a distância corporal, percebi isso
quando a sua mandíbula travou. — Vista-se e vá embora, volte para
sua festa, não vai rolar nada entre nós dois, nada Sabrina.

Não dei ouvidos para ele e continuei andando. Cadu abriu um


par de olhos quando o meu corpo encostou-se ao dele. Ficamos
frente à frente, minha cabeça erguida em direção ao seu rosto lindo.
Ele estava ofegante, o brilho do seu olhar era intenso.

Aquele homem lindo, com aqueles olhos escuros, estava


tremendo. Nem de longe parecia o Cadu de minutos atrás, quando
me colocou no colo e aplicou várias palmadas em meu traseiro. Só
de pensar nisso, meu corpo arrepiou.

Não tenho dúvida alguma, o Cadu estava travando uma


batalha interior para não me agarrar. Coitado dele, eu não tinha
intenção alguma de facilitar a sua vida.

Tentei aproximar-me mais, ele sustentou os meus ombros com


as mãos. Não me intimidei.
— Eu quero você, e sei o quanto você me quer. — Toquei em
seu rosto com a ponta dos meus dedos, ele fechou os olhos e
respirou fundo. — Não entendo você, por que esse drama todo para
assumir um relacionamento comigo. Vejo homens casando-se com
moças mais novas, com uma diferença de idade gritante de 20, 30
anos, e eles não estão nem um pouco preocupados com a opinião
alheia...

— Não me preocupo com a opinião alheia. — Cadu me


interrompeu. — Não estou nem aí para opinião dos outros. Acontece
que a diferença entre esses homens e a nossa, é bastante clara.
Eles não viram suas respectivas companheiras crescerem, eles não
aprenderam a fazer tranças em seus cabelos, não ficaram horas
sentados no chão dos seus quartos brincando com elas de bonecas,
não as levavam para brincar de empinar pipas, ao parque, ao
cinema, não as levavam e iam buscar na escola, não lia histórias
para elas antes dormir. Está é a diferença, quando olho para você e
a vejo em meus braços, é como... Como se estivéssemos fazendo
algo muito errado. Sinto-me um depravado...

— Chega Cadu! — Eu o interrompi. — Que porra é essa?


Quantas vezes eu já lhe disse, você não tem idade de ser meu pai...
O máximo você poderia ser meu irmão mais velho ou, quem sabe,
um tio, mas... Pai, não. Se é isso que está nos atrapalhando, acaba
aqui.

Tentei abraçá-lo, entretanto ele continuava com as mãos


planadas em meus ombros, e não tirava os olhos do meu rosto.

— Você não me conhece, Sabrina, não sabe o homem


perigoso que eu sou...
— Como não te conheço? — Interrompi o seu pensamento,
mas que merda ele pensa que vai fazer. — Eu o conheço há 8 anos,
é muito para um relacionamento, não acha?

— Oito anos! — Ele riu com tristeza. — Há oito anos você


conhece o amigo Cadu, não o homem Carlos Eduardo. Este,
pouquíssimas mulheres conheceram... E as que conheceram não
gostaram muito; portanto, fique bem longe de mim.

Cadu puxou o ar com força, e com a mesma força ele o


colocou para fora. O que o Cadu estava me escondendo.

— Você é daquele tipo de homem que bate em mulher? Pois


eu duvido, se for então você tem dupla personalidade. — Fitei-o.

Ele riu torto.

— Eu bati hoje em você, lembra-se? — Ele apontou para


cama. Levei minha mão até minha bunda nua. Ela ainda ardia. —
Não se preocupe, não bato em mulher, mas você mereceu cada
palmada. São anos me atormentando, deixando-me puto da vida.

— A Marcela conhece esse homem que você tenta esconder


de mim?

— Não. Eu sou o tipo de homem exigente, comigo é 100%,


não aceito 99, por isso nunca me comprometi com mulher alguma,
prefiro cada um no seu canto. Entendeu?

— Não. E por que você vai morar junto com a Marcela? Você
não a ama.
— Justamente por isso... Eu não a amo, se der, deu, se não
der, vai cada um para um lado diferente. Eu e a Marcela nos damos
muito bem na cama e para mim é o suficiente.

— Ela sabe disso, sabe que você não a ama, ela sabe do seu
amor por mim?

— Não começa, Sabrina. Acho que dei explicações demais a


você.

Ele afastou-se de mim, foi até onde o meu vestido estava


jogado, pegou-o e voltou para aonde estou. Ele tenta vesti-lo em
mim. Empurrei-o, tomei o vestido das suas mãos e o joguei longe.

— Não vestirei o vestido, não irei embora. Eu vim aqui com um


objetivo, terminar o que começamos no clube na noite do baile de
mascaras...

Ao escutar a frase baile de máscaras, ele fitou-me. Seu olhar


dúbio fez-me dar um passo atrás.
Treze

Cadu ignorou por completo a minha nudez. De nada adiantou ter


dado um passo atrás, em questão de milésimos de segundos, meus
pulsos estavam sendo seguros por suas mãos ágeis. Seu olhar
avaliador e perigoso deu-me medo. Vacilei feio em ter confessado
sobre o baile de máscaras.

— Aonde pensa que vai? Agora você não irá a lugar algum,
não enquanto me explicar sobre o baile de máscara.

Senti o seu hálito quente em meu rosto. Poderia dizer que os


olhos dele faiscavam flechas de fogo.

— A moça de Alice, que você agarrou, apalpou, beijou e quase


transou com ela, era eu...

Despejei de vez na cara dele.

— Ah, ah, ah! — Ele ralhou. Suas mãos apertaram tanto meus
pulsos que eu contorci o corpo para o lado esquerdo. — O que eu
faço com você, Sabrina, diz pra mim, o que faço como você?

— Termine o que você começou naquela sala escura, você


prometeu... Lembra-se? Deu-me até o seu cartão para ligar para
você... Galinha descarado!
— Galinha! Sua ordinária, como você entrou no baile, vamos,
diga-me, eu vou processar aquele clube por ter permitido a entrada
de uma menor de idade. — Cadu estava visivelmente alterado. Ele
me sacudia, gritava com a voz trêmula. — Como, como você entrou
no baile, Sabrina? Diga-me.

Ele berrou. Só não tapei os ouvidos, porque minhas mãos


estavam presas às dele.

— Não importa, fui ao baile e pronto, já passou, e não fique na


defensiva. A moça vestida de Alice deixou-o louco, e você não a viu
como uma criança, você gostou, gostou tanto que queria vê-la
novamente. Pois a moça, gostosa, safada, cachorra, sacana e muda
era eu, e você estava disposto a ir às últimas consequências e só
não fomos porque você não tinha camisinha.

— Caralho! Caralho! Que merda, Sabrina. Você percebeu a


loucura que íamos fazer, você acha mesmo que eu não iria
descobrir... Porra!

Ele soltou os meus braços e foi até a cama. Sentou-se. Baixou


a cabeça, ficando assim por alguns instantes.

— Quando você descobrisse, já teríamos feitos, não poderia


fazer mais nada a não ser aceitar... Caralho, Cadu, qual o problema
em querer dar pra você. A porra de virgindade é minha e dou a
quem quiser. — Ele ergueu a cabeça.

— O problema é esse. E se eu não for o cara certo, e se lá na


frente você se arrepender, hein? Não, nunca mais faça isso...
Merda! Porra! Caralho, Sabrina, você me deixa louco!
— Louco de tesão. — Rebati. — Amo você, Cadu, e se não for
você a tirar minha virgindade, vou dar pra Jesus. Juro! Viro freira. É
sério... Não ria de mim.

Ele riu e balançou a cabeça, nossos olhos fixaram-se, ficamos


mergulhados naquele momento hipnótico.

— O que eu faço com você, minha fadinha, diz para mim, o


que faço com você minha linda fada? Se eu soubesse, que era
você, não teríamos passado dos beijos, você sabe disso, não sabe?

— Sim, mas você gostou, não gostou? Foi bom pra cacete,
não foi? Surpreendi você, né!?

— Verdade, mas não se vanglorie, foi um momento de


fraqueza, embora eu não soubesse que era você.

Aproveitei o momento de fraqueza do Cadu, e me aproximei


dele. Quando Cadu percebeu, meus seios duros já estavam bem à
sua frente, meus mamilos retesados apontando para sua boca
carnuda e quente.

— Vamos terminar o que começamos no baile de máscaras e


no camarim. Olha para mim, Cadu, estou nua, molhada de desejo,
pronta para você...

— Eu sei. — Ele me interrompeu. — Estou sentindo o seu


cheiro daqui, por isso é melhor se vestir e ir embora...

Silenciei-o com dois dedos nos lábios. Inclinei-me e substitui os


meus dedos por minha boca, rocei-a por um breve instante. Depois,
beijei-o com desespero. Minha necessidade por ele era urgente,
faminta, voraz.
Cadu tentou reagir, suas mãos vieram até o meu rosto, mas
invés de afastarem-me, ele o segurou e o homem bruto, selvagem
tomou conta dele.

Ele gemeu, e chupou minha língua com a mesma intensidade


do seu desejo por mim. Ele me queria, suas mãos me queriam.

Tesão, desejo e amor se misturaram, algo mudou, sua ânsia


desesperada por mim, veio à tona. Sua boca sob a minha, exigente,
ardente, uma língua cálida, aveludada serpenteando dentro da
minha boca, exigindo mais de mim, mais do meu beijo.

Ele me puxou. Caí por cima dele, ele soltou o meu rosto e
agarrou minha bunda. Ela foi apertada, beliscada, seus dedos a
exploraram totalmente. O rego foi acariciado com o dedo,
escorregou lento até o buraco central, ele começou a brincar com
minhas pequenas pregas, circulava-o com o indicador, depois com o
polegar.

Senti a pressão no local. Prendi a respiração, meu coração


acelerou. Tudo aquilo era novo para mim, apesar de já ter lido muito
sobre isso, mas nunca havia experimentado. Fiquei tensa quando o
seu dedo penetrou o meu pequeno buraco. Segurei meus músculos
anais. Cadu percebeu meu temor.

— Relaxe, fadinha, não machucarei você, relaxe o ânus, solte


o meu dedo, se ficar tensa, aí sim vou machucá-la... Relaxe, minha
fadinha.

Obedeci. Entreguei-me aquela sensação maravilhosa. Meu


sangue ferveu, Cadu ofegou, gemeu em minha boca. Mordeu o meu
queixo, minhas bochechas, o lóbulo da minha orelha, desceu por
meu pescoço, lambendo-me.

Umas de suas mãos alcançaram um dos meus seios, ele foi


acariciado, e o meu mamilo foi pressionado com força, no primeiro
momento senti um ardor diabólico, mas depois senti o calor da sua
boca e a maciez da sua língua nele.

Quando o alívio veio, Cadu mordeu meu mamilo retesado,


mordeu forte. Jesus! Foi uma dor fina, e diabolicamente gostosa. —
Oh, Deus! — Murmurei. Meu ofego preso na garganta.

A boca do Cadu ia conquistando cada centímetro do meu


corpo, enquanto os seus dedos exploravam minha bunda e minha
boceta.

— Fadinha, porra! Eu fico zonzo com você, caralho, você me


tira o juízo...

Ele sussurrava, enquanto sua boca mordia e beijava meus


seios. O corpo dele e o meu estavam pegando fogo. Cadu soltou
meu seio por um segundo e retirou os dedos da minha intimidade.
Senti-me vazia e com medo de ser rejeitada novamente. Mas ele só
se afastou para se livrar das suas roupas rapidamente, as coitadas
foram jogadas longe, foram fazer companhia ao meu vestido, foram
ser testemunhas do nosso amor, Cadu virou-me de costas para o
colchão e se levantou.

— Minha linda menina, eu sou um louco, Deus me ajude!


Quatorze

Ele livrou-se da calça, depois da cueca... Cacete do céu! Que pau


lindo! Parecia aqueles paus dos atores pornôs, longo, grosso e
encurvado... Engasguei, engoli em seco, e fiquei observando o
Cadu massageá-lo, com um riso torto nos lábios e sem tirar os olhos
do meu rosto.

Aquele moreno lindo estava disposto a me provocar. Como eu


também estava disposta provocá-lo.

Abri minhas pernas, deixei-as bem esparramadas. Minha mão


foi até o meu clitóris e o toquei com os dedos, senti-o duro, bolinei-o.
Veio um frisson dos diabos de dentro para fora. Cadu não tirava os
olhos da minha boceta, como também não deixou de se masturbar.
Sua língua passeou suavemente por seus lábios.

Fechei os meus olhos e continuei com a brincadeira em meu


clitóris. Meu dedo indicador e o polegar o pressionaram — humm! —
gemi longamente. Sibilei e o Cadu também. Já estava pronta para
gozar, quando fui puxada por meus pés.

A boca do Cadu devorou minha boceta, e o meu pequeno


clitóris foi sugado. Meu corpo arqueou com força. Cadu explorava
cada centímetro da minha boceta, sua língua varria meu suco, sua
boca puxava minhas dobras para si. Cacete! Eu vou gozar, vou
gozar, meu deusinho!
Ele retirou a boca de lá. Deu-me um medo. Será que o Cadu
vai me mandar embora?

Quando pensei em erguer o corpo para vê-lo, senti seus dedos


deslizando em minha carne inchada.

— Caralho, fadinha, isso aqui é o monte da perdição, que porra


é essa?

Sua boca voltou para lá. Cada raspada de língua em minhas


dobras levavam-me ao delírio. Sua língua sabia o que estava
fazendo, seus dedos sabiam o que estavam fazendo. Cadu perdeu-
se em meio as minhas pernas. Ele gemia, urrava, só via a sua
cabeça balançando para cima e para baixo.

— Caralho! Você é deliciosa... Puta merda! — Sua língua


trabalhando e ele gemendo...

Soltei um grito, quando um dedo penetrou o meu ânus, e ele


começou a socá-lo. Deus do céu! Que porra gostosa é essa...
Aquela sensação era muito boa. A mão dele subiu por meu ventre
até alcançar o bico do meu seio. Ele o beliscou com força.

Gritei. Ele fez novamente. Gritei de novo. Cadu bateu em meu


mamilo e foi fundo com a língua e com dedo em meus dois buracos.

— Merda! — Ele rosnou baixo. — Merda! — Rosnou outra vez.

Com o orgasmo à beira, murmurei... — Qual o problema?

— Goze, fadinha, goze para mim. — Outro dedo foi para a


abertura da minha boceta. Ele me fodia, em meus dois buracos e
sua língua trabalhando em meu clitóris, foi demais para mim. Soltei
um gemido longo e delirante.

Minhas pernas envolveram sua cintura e o puxei para mim, sua


cabeça ficou toda enfiada no meio das minhas pernas. Gozei com
tanta força, acho que o grito dado por mim foi escutado no outro
lado da rua.

Ele continuava lá. Lambendo-me, chupando-me, meu corpo foi


se aquietando, mas ele não desistia da minha boceta. Estava
trêmula com a força do meu orgasmo. Cadu ergue-se, rolou comigo
na cama, sua respiração ofegante.

Nossos corpos sedentos se misturavam, um buscando o outro.


Ele queria mais, eu também. Sua ereção entre minhas pernas. —
Feche as pernas fadinha. — Não foi um pedido, foi uma ordem.
Obedeci. Prendi seu pau entre elas.

Cadu começou a mover-se, a fricção do seu pau no meio da


minha racha acendeu um desejo louco em mim. Cadu percebeu, e
aumentou o vai e vem. Seu pau foi mais fundo e se encontrou com
meu clitóris, cada raspada lá, me atordoaram.

— Mais, mais... Jesusinho... Mais... Humm! — Ele deu-me


mais.

Cadu me queria, e queria muito. Ele me desejava com força,


com vontade. Não era só tesão, os olhos dele diziam muito mais
que tesão, pois nesse momento eles estavam fixados aos meus,
sua boca entreaberta, sua mãos em meus seios, apertando-os, seu
corpo trêmulo, aquele gemido gostoso.
— Porra, porra... Eu vou gozar novamente! — Ele disse.

Como assim gozar novamente. Ele gozou quando?

Não tive tempo de perguntar. Fui virada de costas para ele.


Meus quadris foram erguidos... — Feche-se. — Ele ordenou
novamente. Fechei as pernas como ele mandou. Seu pau ficou no
meio delas, ele escorregou lentamente.

Seu vai e vem deixou-me zonza. Recebi uma tapa na bunda.


Depois outra. Cadu aumentou o ritmo.

Vou ser fodida, deusinho eu vou ser fodida, enfim Cadu vai
tirar o meu cabaço, oh gloria!

Recebi um dedo em meu buraco traseiro, depois outro.


Balancei meu quadril para frente e para trás. — Rebole, minha
porrinha, rebole esse rabinho para mim. — Rebolei. — Mais safada,
eu sei que você pode me dar mais que isso, safada gostosa. —
Deusinho, esse não é o Cadu... Não muda ele não, Deus, estou
adorando!!

Recebi mais dois tapas. O pau do Cadu escorregou em minhas


dobras tocando meu clitóris no vai e vem. Fiquei sem fôlego, e
mesmo assim gritei.

— Foda-me, Cadu, entra em mim com esse pau logo, pelo


amor de Deus!

Senti nossa umidade misturando-se, ele mordeu minhas


costas, agarrou meus seios apertando-os. Sua boca desceu e subiu
me lambendo.
Cadu saiu das minhas dobras e me virou apressadamente. Caí
de costas na cama.

— Não consigo segurar mais, preciso entrar em você com


força, com toda força que existe em mim, se eu não fizer isso, irei
enlouquecer.

Ele disse-me isso me olhando nos olhos. Cadu me amava, ele


me amava com toda força do seu coração. Fui beijada com paixão,
ternura. O beijo foi ficando possessivo, duro, violento.

Cadu ficou entre minhas pernas, e o senti... Ele estava me


penetrando. Seu pau estava apossando-se da minha boceta. Minha
abertura começou a arder, senti a pressão da invasão, e o que era
prazer virou dor. Bateu o desespero, o medo. Fiquei tensa, cravei
minhas unhas em suas costas.

Ele estava em estado de êxtase, Cadu silvava e gemia ao


mesmo tempo. Quanto a mim... Medo era a palavra. Tentei fechar
minhas pernas, não consegui, Cadu estava entre elas... Então gritei.

— Está doendo, Cadu! — Ele parou. Parou de imediato, seus


olhos fitaram os meus. Seu olhar desesperado me apavorou.

— Que porra eu estou fazendo... Mas que porra eu estou


fazendo.

Cadu saiu de dentro de mim, e de cima de mim. Levantou-se e


foi direto para o banheiro. Nada disse, só se trancou lá dentro.
Quinze

Atordoada com tudo que acabara de acontecer. Levantei-me e fui


até a porta do banheiro. Bati, chamei por seu nome, ele não
respondeu. Zonza e sentindo-me indefesa, bati com mais força a
porta.

— Cadu — gritei. — Abra a porra dessa porta, pelo amor de


Deus, abra essa porta.

O silêncio reinava lá dentro.

— Cadu... — Murmurei. As lágrimas já teimavam em vir. Eu ia


desabar no choro. — Meu amor, abra a porta, deixe-me entrar,
vamos conversar...

Escutei um sentido suspiro. O chuveiro foi ligado. Estava


sentindo frio, voltei para cama e me embrulhei-me ao lençol, voltei
para porta do banheiro.

— Cadu, abra a porta.

Ele abriu. Saiu com uma toalha na mão secando o cabelo.


Estava vestido em uma calça jeans e uma camisa gola V branca.
Foi até o canto da cama e apanhou meu vestido.

Veio até mim. Puxou o lençol, ele tentou não olhar para o meu
corpo, nem para o meu rosto. Seus olhos estavam vermelhos... Ele
havia chorado. Mas, por quê?

Puxei o vestido das suas mãos e o joguei longe.

— Eu não vou vesti-lo. — Disse asperamente. — Cadu, olhe


para mim — tentei segurar por seu rosto, ele retirou minha mão
rudemente. — Cadu, não faz assim, você me ama, eu sei que ama.

Cadu desiste de tentar me vestir. Ele vai até a porta do quarto,


vira-se para minha direção e articula com a voz dura e fria.

— Já que você não quer ir embora, vou eu. E só volto quando


não estiver mais aqui.

Ele virou-me as costas e foi embora, só escutei a batida


violenta da porta.

Não sei por quanto tempo fiquei no chão chorando. Estava


nua, sozinha e me sentindo a pior das mulheres. Já não tinha mais
lágrimas. Será que o Cadu não voltaria mesmo enquanto eu
permanecesse aqui?

Escutei o barulho de chaves, sendo jogada no vidro da mesa.


É ele... Corri até a sala. E para minha surpresa não era ele.

— Sabrina! Que porra é essa?

Marcela indaga com espanto desarvorado.

Estava diante dela, nua e entre lágrimas. Sinceramente, essa


não era a melhor hora para a Marcela aparecer. Minha vontade era
sair dali correndo, no entanto, eu não podia. Só me restou uma
alternativa: fugir para o quarto.
Dei meia-volta e saí apressadamente.

— Epa! Volte aqui. — Marcela falou entre dentes. — Você não


vai se esconder garota. — Ela me alcançou, puxou-me pelo braço,
fazendo-me ficar de frente a ela. — Cadê o Cadu? O que você
aprontou dessa vez?

Quem ela pensa ser. Que moral ela tem para me acusar de
qualquer coisa. Puxei meu braço da sua mão e a encarei com
escárnio.

— Está vendo o Cadu aqui? Olha debaixo da cama, talvez ele


esteja se escondendo de você... — Dei um riso petulante.

— Você não vai descansar enquanto não complicar a vida do


Cadu. Eu o avisei sobre você, eu o mandei ficar longe, cantei essa
pedra desde o dia em que descobri sua obsessão por ele. — Ela
fitou-me de cima abaixo. — Já posso até imaginar o que você fez.
— Ela riu torto. — Tentou seduzi-lo. Você é patética, menina, você
acha mesmo que um homem como o Cadu, vai querer se envolver
com uma pirralha, você mal saiu dos cueiros, pode até ter corpo de
mulher, mas não sabe usá-lo ainda, é verde como uma...

— Se eu fosse você, calava a boca. —interrompi Marcela. — O


Cadu me ama. Ele é meu, e o melhor que você tem a fazer é dar o
fora da vida dele, sua loira de farmácia.

Ela soltou uma sonora gargalhada, aquilo me deixou fula da


vida.

— Aonde o Cadu vai amar uma imbecil como você, o Cadu


gosta de mulher, não de garotinhas choronas que vivem fazendo da
vida dele um inferno, cresça menina. Cadê ele?

Enfiei a mão na cara dela. Ela não esperava por isso, a marca
da minha unha ficou desenhada no lado esquerdo do seu rosto, bem
próximo à orelha; o sangue se formou no lugar. Marcela levou a mão
ao lugar, e suas feições mudaram, seus olhos saltaram e ela veio
com tudo para cima de mim.

— Garota dos infernos, hoje você me paga o velho e o novo,


pois agora não corro o risco de ser processada por bater em uma
menor.

Fui jogada ao chão. Marcela ficou por cima de mim, sentada


em meu abdômen, prendeu meus braços com uma das mãos e com
a outra deu-me vários tapas em meu rosto. Tentei fugir do seu
aperto, mas eu sou muito pequena e ela tem uma força do cão.

— Miniatura de cadela, dê-se ao respeito, vá arrumar um


pirralho para foder, o Cadu já tem dona, projeto de puta...

Não sei aonde arrumei forças, mas consegui soltar uma das
minhas mãos e lhe dei um murro bem no olho direito. Ela caiu do
lado.

Arrastei-me para o quarto e consegui trancar a porta. Vesti o


meu vestido, peguei minha bolsa. Pense, pense Sabrina, como você
vai passar por essa jararaca sem que ela tente agredi-la novamente.
Pensei, pensei, e cheguei à conclusão que o único jeito era passar
por cima dela. Marcela esmurrava a porta com fúria, jurando encher
minha cara de tapas.
Peguei uma luminária da mesa do computador do Cadu e a
transformei em uma arma. Abri a porta do quarto e a coloquei na
frente do meu corpo.

— Nem tente. — Disse-lhe, balançando a luminária em sua


direção. — Se encostar-se em mim, eu quebro essa porra em sua
cara.

— Filhote de vagabunda, vou pegar você, vou te mostrar o que


uma mulher de verdade pode fazer.

— Se ser mulher de verdade é ser igual a você, prefiro ser a


fadinha do meu Cadu... — Joguei a luminária nela e corri para porta,
abri-a e antes de ir embora eu disse. — Você já era Marcela, depois
de hoje, o Cadu não vai querer mais você.

Só escutei ela me chamar de um palavrão. Desci as escadas


correndo. Cadu morava no terceiro andar. Passei pelo porteiro e
nem escutei o que ele disse. Estava trêmula. Meu rosto doía das
tapas que levei. Contudo, não era isso que estava me deixando
apreensiva e com medo, minha preocupação era o Cadu.
Dezesseis

Quando cheguei ao clube, a festa estava a todo vapor. Não sei


bem que horas eram, também não me interessava. Estava tão triste,
sentindo-me abandonada. Não foi isso que planejei para o meus
dezoitos anos. Nos meus planos originais, passaria a noite com o
meu príncipe Cadu, e logo depois de uma noite de amor longa e
inesquecível, dormiríamos agarrados extasiados de prazer.

Mas o frouxo do Cadu mais uma vez fugiu de mim. Isso já


estava ficando sem graça e cansativo.

Deixei o carro do Tadeu no mesmo lugar que o encontrei. E fui


a sua procura para devolver a chave e pedir a ele que me levasse
para casa. Não tinha mais clima para festa, só queria me esconder
de todo mundo e esquecer esse dia.

Minha cabeça estava doendo e o meu rosto ardendo. Bem,


não queria entrar no clube, mas como faria para chamar o Tadeu de
onde eu estava. Olhei a minha volta procurando um rosto amigo.
Então vi uma das minhas colegas de sala do ensino médio. Fui até
ela. Tente lembrar o nome, Sabrina, pelo amor de Deus lembre-se...

Ela me viu indo em sua direção e abriu um sorriso largo. Como


todas as garotas de Sant Lourenço, ela era uma das que daria
qualquer coisa para namorar com um dos meus irmãos; por isso, ela
jamais negaria qualquer pedido meu.
— Nossa, Sabrina! Você foi atropelada por um caminhão?
Seus cabelos estão todos desalinhados e o... O seu rosto está
horrível! — Ela tentou pegar em meu rosto, desviei-o da sua mão.

— Não foi nada, foi só o vento frio, empreste-me o seu celular.

Ela me olhou cheio de contentamento. Abriu a bolsa e de lá


tirou o seu Iphone. Entregou-o a mim sem questionamento.

Disquei o número do Tadeu, que demorou um pouco para


atender. Assim que eu disse alô, ele reconheceu minha voz, e logo
veio o interrogatório, pedi para que me encontrasse no
estacionamento e não dissesse a ninguém sobre isso.

Entreguei o celular à dona e agradeci, nem esperei ela


responder, virei às costas e fui esperar o Tadeu no estacionamento.

O local estava deserto, e um frio medonho. Abracei meu corpo


com meus braços, escutei o som de britas sendo pisadas, pensei
ser o Tadeu, mas não era, pois logo o silêncio atordoado reinou, só
se escutava o som bem ao longe da música. Tive a impressão de
estar sendo observada, deu-me um medo medonho.

Destravei a porta do carro com a chave e entrei nele. Encolhi o


corpo e fiquei na expectativa da chegada do Tadeu.

Cinco minutos depois ele chegou. Destravei a porta e ele


entrou pela porta do motorista.

— Onde você estava, Sabrina? Seu pai e seus irmãos estão


feitos loucos a sua procura... — Ele olhou desconfiado.
Sua mão foi até o espelho central do carro e ele acendeu a luz
interior do veículo.

— Puta merda! O que aconteceu com você? Quem fez isso a


você Sabrina, quem foi? — Tadeu tocou em meu rosto, segurou os
meus ombros e me sacudiu enquanto tentava obter uma resposta às
suas especulações.

— Leve-me para casa, por favor, leve-me para casa e não me


pergunte mais nada. — Joguei-me em seus braços e comecei a
chorar.

— Shhh! Deus do céu, o que fizeram a você minha princesa.


— Ele segura o meu rosto com as duas mãos e o avalia.

As lágrimas desceram. Não precisava escondê-las do Tadeu.


Fui abraçada novamente e os meus cabelos desalinhados foram
acariciados.

— Leve-me embora, Tadeu. — Supliquei.

— Ok, mas eu prometo se eu descobrir quem é o causador do


seu sofrimento, juro que farei picadinho da pessoa com minhas
próprias mãos.

Tadeu apagou a luz do carro. Colocou o meu cinto de


segurança, e partimos para minha casa.
Dezessete

A casa estava silenciosa, só as sancas ornamentadas estavam


acesas. Ainda tinha o cheiro do meu perfume no ar, uma mistura
doce de jasmim e rosas brancas. Olhei em volta de toda sala, e lá
estava ele... O meu Cadu, em todas as fotografias, dos porta-
retratos que enfeitavam a nossa grande sala; vendo todas essas
recordações, deu-me um aperto no peito e uma vontade louca de
chorar. Tadeu percebeu minha tristeza, tocou em meu braço e
perguntou preocupado.

— Quer conversar sobre o que aconteceu com você, princesa?


Você sabe que pode confiar em mim, não sabe?

— Sim, eu sei, meu amigo... — Sorri para ele, foi um riso meio
forçado, pois, na verdade, estava com uma louca vontade chorar. —
Mas não se preocupe, vou ficar bem, eu só preciso de um banho e
de uma boa noite de sono.

Tadeu até tentou me acompanhar até o meu quarto, mas


consegui convencê-lo estar bem. Despedi-me dele com um beijo no
rosto em frente à porta, ressaltando-lhe que ficaria bem. Sob
protestos e descontentamentos, foi embora.

Fui direto para o quarto. Júlia me viu entrar e antes de sumir no


imenso corredor que levava aos quartos, olhei de soslaio para ela, já
sabia que ela viria saber o que aconteceu, e não demorou muito
para isso acontecer.

— Menina Sabrina, quer alguma coisa? — Ri, ela sempre faz


isso. Sua batida forte na porta demonstrava preocupação. —
Querida, eu estou aqui... — O tom da sua voz, derreteu o coração.

— Entre Júlia.

A porta foi aberta rapidamente. Júlia sorriu para mim.

Júlia Santos está conosco desde que minha mãe adoeceu.


Uma senhora com olhos sorridentes e uma alma tranquila, sempre
preocupada com todos da casa, ela é os braços e pernas do papai.
Não tem família, o único parente que ela tinha era um irmão mais
velho e este faleceu há cinco anos. Nós somos a sua família.

Ela estava com uma caneca de porcelana vermelha aninhada


entre as duas mãos, a fumaça dançava por cima da borda e o cheiro
veio até mim... Chá de camomila. Ela chegou perto de mim e esticou
os braços oferecendo-me.

Estava sentada na cama penteando os meus cabelos. Aceitei a


caneca, soprei a borda da caneca e o aroma trazido com a fumaça
entrou por minhas narinas. Júlia pegou a escova da minha mão e
começou a pentear os meus cabelos.

— Por que minha menina está triste? A festa não estava boa?
Alguém magoou você? Foi o senhor Cadu?

Pronto, desabou as perguntas. Júlia começava com uma


palavra e terminava sempre o com o nome do Cadu, sempre foi
assim, toda vez que eu chorava, ela cogitava logo o nome do Cadu.
— A festa estava perfeita Jú, só faltou você lá... — Fiz uma
pequena pausa, respirei fundo. — Por que o Cadu tem que ser tão
teimoso... Por que tem que ser uma besta quadrada.

— A menina tem que entender que o senhor Cadu a viu


crescer e é muito difícil para ele admitir certos sentimentos
diferentes dos fraternos. Ele está confuso, para nós mulheres é mais
fácil, pois nascemos românticas e sonhadoras, fomos feitas para o
amor; já os homens precisam aprender a amar, e isso leva tempo,
os homens têm uma mania dos diabos de confundir tudo, e por isso
quando estão amando acham que é só sexo ou qualquer outra
coisa, é muito difícil eles admitirem amar. Tenha paciência, menina
Sabrina, o que é seu, virá sozinho para você.

Ela terminou a trança, prendeu-a com um elástico. Recebi um


beijo no alto da cabeça e antes de ir completou:

— O senhor Cadu precisa primeiro aceitar o amor, e aprender


a lidar com ele, não tenha pressa. — Ela riu. — Vocês, jovens,
vivem apressados, querem tudo para ontem... Respire, menina, e
viva um dia de cada vez.

Ela pegou a caneca das minhas mãos e foi embora.

~~~

O sábado foi lento como um filme em câmera lenta. Passei o


dia tentando falar com o Cadu, porém ele não aceitou nenhuma das
minhas ligações e não foram poucas. Não quis perguntar por ele
aos meus irmãos, pois decerto desconfiariam haver algo errado e
me cobririam de perguntas.
Com a chegada da noite, minha tristeza foi piorando. Sem
notícias do Cadu, perdi o apetite, tranquei-me no quarto e resolvi
ligar para a Lana, pedi para que ela ligasse para ele e procurasse
investigar o que estava acontecendo.

Ela reclamou, disse que não faria isso, pois o Cadu saberia
imediatamente ser eu a mandante da ligação. Depois de muita
implorar, aceitou.

Meia hora depois Lana retornou a ligação. E o que me disse,


só piorou o meu estado de espírito. Cadu mandou-me dizer para
esquecê-lo por alguns dias e assim que colocasse a cabeça no
lugar, iria me procurar para conversarmos em definitivo. Meu
coração parou por alguns milésimos de segundos. Não, eu não
conseguiria esperar alguns dias, a saudade dele estava me
sufocando, desliguei o telefone. E fui à procura do meu celular. Se
ele não quer escutar minha voz, então ele vai ler minha mensagem.

“Cadu, não consigo entendê-lo, juro que faço um esforço


danado para entender você, mas torna-se incompreensível as suas
atitudes. Todas às vezes que estamos a sós, você demonstra sentir
as mesmas necessidades que sinto. E não foi diferente na sexta à
noite, corrija-me se estiver errada... VOCÊ GOSTOU DO QUE
FIZEMOS, GOSTOU TANTO QUE GOZOU DUAS VEZES. E agora
foge de mim como um coelho assustado. Pare de idiotices e assuma
logo o seu amor por mim, ou eu mesmo farei isso por você, pois não
desistirei de você, EU AMO VOCÊ. Entendeu! Saiba, se você não
me procurar até amanhã à noite, eu te caço nem que seja no
inferno. Beijos recheados de amor e gostosuras da sua fadinha de
trancinhas. Sabrina.”
Reli a mensagem e a enviei. Agora é só esperar a reação dele.
Fiquei aguardando a resposta, mas não houve retorno, cansada de
esperar adormeci.

Acordei com o som de uma música vinda do jardim. Todos os


domingos, meus irmãos faziam churrasco na piscina e recebiam os
amigos. Meu ânimo voltou, pois o Cadu não perdia isso por nada.
Levantei-me, tomei uma ducha rápida, vesti o meu biquíni, coloquei
um short e uma blusinha, fiz um desjejum rápido e corri para piscina,
na esperança de encontrar o meu príncipe. Cadu não estava lá.
Desta vez não me fiz de rogada e perguntei ao Matheus. Ele disse-
me que o Cadu não viria, pois surgiu um imprevisto no qual ele não
poderia deixar de lado. Mas que porra de imprevisto é esse que o
impediria de vir me ver.

Liguei para a Lana e perguntei se ela e o Tadeu não viriam.


Ficar sozinha nesse momento não seria uma boa ideia. Eles
chegaram uma hora depois. Ficamos na piscina conversando. Lana
estava um pouco distraída, ela não tirava os olhos do Matheus,
minhas desconfianças sobre esses dois só aumentavam, tanto o
Matheus quanto ela não conseguia mais disfarçar o interesse de um
pelo outro. Tadeu mostrou-se mais prestativo e carinhoso do que
antes, acho que ele percebeu minha carência. Convidei a Lana e o
Tadeu para jantarem comigo. Eles aceitaram. Jantamos em meu
quarto e logo depois fomos assistir a um filme. Não sei qual foi o
final do filme, pois terminei adormecendo.
Dezoito

Matheus levou-me para fazer a matrícula na faculdade. Escolhi o


curso de Administração, quis ser prática, pois o Cadu tem uma
empresa de exportação e importação, ele é formado em
administração de empresas e fez MBA em comércio exterior. Não
pretendo trabalhar para ninguém e sim ajudá-lo nos negócios, pois
quando nos casarmos, irei trabalhar com ele.

A faculdade a qual escolhi fica na cidade vizinha, leva cerca de


meia hora de carro. Matheus gostou da ideia, pois ele pensa que em
breve estarei ajudando a administrar nossas empresas. Somos
donos de várias casas de materiais de construção. Inclusive o
Marcos está indo para outro estado abrir e administrar outra filial.

Percebi que Matheus estava muito mais tagarela do que antes,


não sei se ele me escondia algo, ou se estava tentando me agradar;
de qualquer forma, as duas opções me deixaram curiosas. Quando
já ia especular sobre o assunto, avistei a Lana conversando com um
grupo de conhecidos. Era minha oportunidade de despistar o
Matheus, pois minha intenção era ir atrás do Cadu e tirar a limpo de
uma vez por todas essa ideia de se afastar de mim por alguns dias.

— Matheus, pare o carro, vou ficar um pouco com a Lana.


Você não se importa? — Apontei em direção à praça. Ele olhou em
direção ao meu dedo, fez a volta na praça, parando em frente à
banca de revistas.
Assim que a Lana viu o carro do Matheus, correu em direção a
ele. Matheus baixou o vidro e lhe ofereceu um sorriso lúbrico. Fiquei
com vontade de soltar uma gargalhada, mas aquietei-me.

— Boa tarde, coraç... Lana! — Ele limpou a garganta e


consertou a frase.

Ela sorriu de orelha a orelha e ruborizou.

— Boa tarde, Matheus! — Respondeu com certa timidez.

Matheus desceu do carro e abriu a porta do carona, ajudando-


me a descer. Ele não conseguia desviar o olhar do rosto da Lana.
Então articulei de supetão e sai às pressas em direção à turma de
conhecidos.

— Por que vocês dois não se beijam logo, e param de babar


um pelo outro?

Só escutei a voz brava do meu irmão chamando-me atenção e


pedindo desculpas à Lana.

Matheus foi embora, mas antes eu vi quando ele abraçou a


Lana carinhosamente e a beijou no alto da cabeça. Ele nunca fez
isso, o máximo que fazia era um sonoro “oi, tudo bem”, ali tinha. Só
acho, aliás, tenho certeza, a Lana vai passar de amiga a cunhada.
Fiquei observando o seu sorriso contente enquanto caminhava em
minha direção... Seus olhos estavam tão brilhantes quantos os
meus quando ficava perto do Cadu.

Sentamos no banco da praça e começamos a papear. Vinte


minutos depois, levantei-me e já estava pronta para ir ao encontro
do Cadu, quando fui puxada com força pelo ombro.
— Está satisfeita agora, sua sonsa?

Marcela surgiu do nada. Coloquei minhas mãos em defensiva,


pois da última vez que nos vimos ela me agrediu. Só que desta vez
não entendi o porquê da agressão.

— Ficou doida, mulher. Esqueceu-se de tomar o remedinho de


tarja preta hoje?

— Você não me provoque, sua cínica da porra! Você viu o que


fez, por causa da sua sem-vergonhice, o Cadu foi embora, e eu
tenho certeza de que você é a grande culpada.

Minha visão ficou turva. Procurei apoio nos ombros da Lana,


senti um frio percorrer o meu corpo.

— Você está brincando, o Cadu jamais iria embora, ele não


faria isso comigo. — Marcela soltou uma sonora gargalhada, seus
olhos brilhavam, não sei se de raiva ou felicidade.

— Não, fadinha! Ele se mandou, foi para a Argentina ontem à


noite. — Ela olhou-me de cima abaixo. — Sabe de uma, fadinha,
você terminou nos fazendo um favor, pois ao contrário de você, sou
maior, independente e posso ir e vir quando quiser... — Sorriu com
sarcasmo. Retirou algo da bolsa. — Estou embarcando hoje à noite
para Buenos Aires, vou me encontrar com o Cadu, boa sorte para
você, fadinha. — Suas mãos sacodiram bem à frente do meu rosto
uma passagem aérea.

Marcela saiu andando de costas rindo da minha cara e


soltando beijos para mim com a mão. Filha da puta desgraçada,
filha de uma cadela maldita. Tentei ir atrás dela, mas a Lana não
deixou.

— Acalme-se, Sabrina, ela pode estar de sacanagem, veio


aqui só tirar sarro da sua cara.

— Será que é isso mesmo? — Alguma coisa dentro de mim


dizia ser verdade.

Livrei-me da mão da Lana em meu braço e fui em direção ao


ponto de táxi. Ela veio correndo atrás de mim.

Chegamos ao prédio onde o Cadu mora. O porteiro não me


deixou entrar, disse-me sentir muito, mas tinha ordens do Cadu para
não me deixar subir. Tentei de todos os jeitos, mas foi em vão, o
porteiro não abriu o portão.

Desisti do porteiro, mas não de encontrar respostas. Fui direto


para o escritório do Cadu. A secretária dele disse-me que ele não
estava e não sabia se voltaria hoje. Pelo olhar baixo que ela me
dirigiu, percebi que estava mentindo. Dei meia-volta e fui embora.

Só uma pessoa poderia dar-me as respostas certas... Matheus.

Lana não saiu de perto de mim, fomos direto para a casa de


material de construção.

Matheus estava no atendimento e assim que nos viu acenou


com a mão, pediu licença ao cliente e veio ao nosso encontro. Não
o deixei nem abrir a boca e fui logo o atropelando com perguntas.

— Você sabe algo sobre o Cadu? Você sabe onde ele está?
Matheus olhou-me com indulgência. Pediu licença a Lana e
levou-me até o seu escritório no andar de cima.

As lágrimas já teimavam em sair. Estava trêmula, e o meu


corpo começou a ficar febril, a reação do Matheus já disse tudo. O
Cadu foi embora mesmo. Ele me levou até um estofado, quase fui
forçada a sentar-me, ao invés de respostas, ele foi buscar um copo
com água. Quase joguei a água na cara dele, mas me contive.

— Princesa, se acalme. — Me acalmar, como assim, será que


o Matheus não percebe, nem em outra reencarnação ficarei calma.
— Se eu não contei, foi porque o Cadu me pediu, ele sabia o quanto
você ficaria nervosa, ele só quis te proteger.

— Me proteger! — Pulei do assento do estofado, com extremo


nervosismo. exaspero. — Proteger-me de quê? Aquele imbecil foge
de mim e depois diz que quer me proteger... Quando ele partiu?

— Ontem à noite. E ele não fugiu de você, o Cadu foi cuidar de


negócios, sua empresa está se expandindo, depois de muito
esforço, ele finalmente escutou o meu conselho e foi finalizar a
abertura da filial na Argentina.

— Negócio! Por que eu nunca fiquei sabendo disso, por que


ele nunca me contou sobre esses projetos, ele está fugindo de
mim...

— Pare! Pare, Sabrina. O Cadu não tem motivos para fugir de


você, se ele não te contou, foi por que não achou apropriado, só eu
e ele sabíamos sobre esse sonho. E quer saber... — Matheus vem
até mim, me segura por meus ombros e fita-me nos olhos. — É bom
mesmo ele se afastar de você por algum tempo, talvez assim você
fique curada dessa sua obsessão por ele e o deixe em paz, já está
mais do que na hora. O Cadu precisa viver a vida dele, e você a
sua... Sabrina, você não é mais uma criança, cresça, arrume um
namorado e deixe o Cadu seguir o caminho dele.

— Eu o amo, Matheus, não preciso de um namorado, eu já


tenho um. E se não quer acreditar, é um problema seu, eu amo o
Cadu e ele a mim, mas o infeliz finge não amar, não sei por que ele
insiste em ignorar tal sentimento.

— Cale-se, Sabrina, o Cadu não ama você, entende de uma


vez por toda. O Cadu não te ama, ele gosta de você... Porra! Isso
está ficando sério, pensei que esqueceria essa história de príncipe
com o tempo, mas estou vendo que piorou.

Soltei-me das suas mãos e saí da sua frente.

— Ele é meu, Matheus, meu! Escreva isso, não desistirei dele


por nada nesse mundo.

Matheus veio atrás de mim, mas ele não conseguiu me


alcançar; quando ele chegou à frente da loja, já estava no táxi.
Dezenove

Foi mais de um mês de cama, febre alta, falta de apetite e


desânimo total, perdi os primeiros dias das aulas na faculdade. Não
tinha mais motivo para me formar. O Cadu não me ligou. Decerto,
soube sobre o meu estado de saúde, mas não se importou. Meus
irmãos e papai não sabiam mais o que fazer. Eles tentavam me
animar, eu ficava apática a tudo e todos.

Tadeu e a Lana revezavam para ficarem comigo, uma noite de


cada. Por fim, três meses depois, resolvi me erguer. Sair da inércia.
Não precisei de ninguém para voltar à vida, nem mesmo do Cadu.
Todos ficaram admirados, pois quando surgi na cozinha de banho
tomado e pronta para ir à faculdade, eles não acreditaram.

Na verdade, cheguei à conclusão que se continuasse naquele


estado vegetativo, não resolveria o meu problema, não traria o Cadu
de volta, se ele não voltou até hoje mesmo sabendo o quanto estava
depressiva, nem para o meu enterro ele viria. Resolvi dar uma
chance para mim.

Meses se passaram, ninguém lá em casa tocava no nome do


Cadu, nem eu, passei a impressão de ter superado o amor sentido
por ele durante anos. Bem, para todos, eu havia me esquecido, mas
não havia... Meu amor pelo Cadu continuava latente, desejoso,
febril, contudo ninguém precisava saber disso.
Comecei a sair com o Tadeu. Por suplica dele, não queria me
envolver com ninguém, aceitei por ele ser uma excelente
companhia, e estar ao lado dele afastava os outros rapazes. Mas fui
bem explícita, nossa intimidade iria até onde o meu corpo e minha
cabeça permitisse. Para desespero de Tadeu, nossa intimidade não
passava de beijos quentes e amassos vorazes... Sexo, sexo, não
conseguia, até tentei.

O Tadeu é um homem experiente, gostoso, quente e lindo! Ele


me fazia esquecer os momentos febris que vivi com o Cadu.
Quando estávamos no tasc, tasc... O bicho pegava. Tadeu deixava-
me doidinha, ele tinha uma pegada de predador do cão, sabia
mexer nos meus pontos erógenos com maestria, chegava ao
orgasmo com uma fúria louca.

Ele era muito bom no sexo oral. E as minhas experiências com


minhas cobaias, fizeram-me exímia devoradora de pau. Tadeu não
conseguia se segurar por muito tempo e logo o seu prazer era posto
para fora com longas esguichadas. Porém, quando ele tentava ir
além do sexo oral, terminávamos brigando.

Com o passar do tempo, ele não conseguiu segurar sua


frustração em ter uma namorada e não transar com ela. Já
estávamos há quase dois anos namorando e nada de sexo. Na
verdade, ele suportou até demais esta relação, acho que ele tinha
esperanças de um dia reverter a situação e, assim, como por
mágica, eu me apaixonasse por ele.

Só que isso não aconteceu. E nossas brigas e as exigências


dele só me afastaram. E foi a gota d’água quando ele tentou me
pedir em casamento. Cortei a conversa na hora, e o que veio depois
foi pior. Disse-me não aguentar mais, precisava de uma namorada
inteira, uma namorada para um futuro casamento, filhos etc.
Terminamos nesse dia. Não deixamos de ser amigos, mas nossa
amizade nunca mais foi a mesma.

Dez meses depois, ele começou a sair com Talita. Fiquei feliz
por ele, pois a Talita sempre foi apaixonada por ele, e o Tadeu
merece toda a felicidade do mundo.

Depois do término com o Tadeu, passei a sair com vários


rapazes, meu point favorito era o Sinuca’s Bar, ficava próximo à
entrada da cidade, minha noite começava lá e terminava dentro do
meu carro, com muito amasso e sexo oral. Também tive os meus
motivos, Lana trouxe-me a notícia mais motivadora para minha
mudança. Numa tarde, ela chegou toda eufórica lá em casa.
Dizendo-me ter uma notícia bomba para me contar, logo pensei no
Cadu, será que ele havia voltado... Se for isso... Minha felicidade
voltaria a toda força.

— Fala logo, Lana, não me deixe angustiada. Vai, mulher,


desembucha.

— Eu acho que você não vai gostar. — Dei-lhe uma tapa no


braço. — Tá, tá... Lá vai. A mãe da Marcela esteve lá em casa e
disse que a Marcela está grávida e vai se casar...

— O Que! —Interrompi a Lana. — Grávida, casar, não pode


ser, não pode... — Não sei como arrumei forças, mas ergui o corpo
do sofá e saí correndo sem destino. O homem que tanto amo vai se
casar e não será comigo.
Após essa descoberta, virei uma desavergonhada, não nego,
mas era a maneira que encontrei de me vingar do Cadu, dando aos
outros o que ele rejeitou, só faltava liberar a xereca, mas um dia
conseguirei dar essa porra para alguém.

Com minha nova escolha de vida, Lana se afastou de mim,


pois o meu irmão Matheus machista e possessivo não permitia que
a sua amada namorada andasse comigo. Para evitar
constrangimentos, ela foi fazer pós-graduação na mesma cidade
que o Maurício estava morando, assim ele podia ser os olhos do
Matheus.

Com o tempo, minha convivência com meu irmão machista e o


meu pai mandão foi ficando insuportável, as cobranças eram
ameaçadoras, então resolvi morar sozinha e bem longe das vistas
dos dois. Minha vida ficou bem mais fácil após minha mudança.

Minha formatura foi ao estilo da nova Sabrina. Nada de


mimimi... A farra foi no Sinuca’s Bar com os meus novos amigos,
regada a muita cerveja, uísque e homens muitos gostosos e doidos
para tirar uma lasquinha de mim. Não rolou porra nenhuma, fiquei
bêbada e o meu irmão possessivo foi chamado. Acordei em minha
antiga casa com a Júlia olhando-me com indulgência.

— Menina Sabrina, o que você está fazendo com sua vida,


olhe para você, nem parece mais aquela doce menina, a minha
bonequinha. Não permita que um amor tão lindo destrua sua vida, a
sua juventude. Ainda há tempo menina, cuide-se, saia dessa
penúria, goste de você um pouco mais.

As cortinas estavam abertas e os raios do sol estavam


deixando-me quase cega. Coloquei o braço à frente do meu rosto,
protegendo-o da claridade, pisquei meus olhos por diversas vezes.

— Bom dia para você também, Júlia! — Levantei-me da cama


e fui direto para o banho, ela me seguiu.

Ficou recostada ao batente, olhando eu me despir.

— Quando você fez isso... Deus do céu, se o seu pai sabe de


uma coisa dessas, e isso aí não é nenhum palavrão não, ou é?

Júlia apontou para a minha tatuagem logo abaixo do meu seio


esquerdo. Ela olhava com descrença balançando a cabeça de um
lado ao outro. A frase estava escrita em inglês: “You did not go. You
always will be... My”.

— Faz pouco tempo, Júlia, e ninguém viu a minha tatu, só a vê


quem eu quero que veja — respirei lentamente. — Significa: Você
não foi. Você sempre será... Meu! — Entrei debaixo da ducha e só
sai de lá quando ela foi embora.

Fui embora sem dar satisfação a ninguém. A vida era minha, e


sou a única responsável por mim mesma.
Vinte

Hoje está fazendo seis anos que o Cadu foi embora de Sant
Lorenzo. Seis anos sem ter notícias dele, a única notícia que tive
durante esse tempo todo foi sobre o seu noivado, seu filho e seu
futuro casamento. A esta altura do campeonato, o filho já deve estar
com uns dois anos de idade.

Entrei no Sinuca’s Bar como faço todos os anos para


comemorar esta data animadora, hoje eu estava disposta a dar a
xereca para o primeiro gostoso que aparecesse na minha frente.

Avaliei o ambiente, não estava muito cheio, só alguns


motoqueiros ocupando uma das mesas de sinuca, duas mulheres se
atracando em um canto. E dois carinhas estranhos, eles não eram
da cidade, dava para perceber pelo modo como se comportavam.
No entanto, eram dois gatos lindos de viver, virei o copo de uísque
de uma só vez, e dei um gole na cerveja gelada; em seguida, pedi
uma garrafa de uísque.

Juntei as duas garrafas e o copo e fui até a mesa de sinuca,


comecei a jogar sozinha. Já estava ficando animada, pedi ao dono
do bar para aumentar o volume do som. Estava usando um short de
couro curto bem justo, meias pretas fio 70, um corpete com
fechamento em zíper e uma bota cano alto até as coxas. Minha
intenção era provocar o sexo oposto, hoje eu deixaria de ser virgem.
Acabei de completar 24 anos e devo ser a única virgem com essa
idade no mundo.

No terceiro copo de uísque e já na terceira cerveja, meu juízo


não era mais o mesmo. Uma música bem sensual começou a tocar,
não me contive e comecei a dançar, movia os quadris lentamente
para um lado ao outro. Sabia que estava sendo observada pelos
dois gostosos, eles estavam bem em frente à mesa de sinuca.

Aproveitei os seus olhos avaliadores sobre mim. Debrucei-me


sob a mesa e mirei a ponta do taco na bola branca, ela bateu na
bola 7 e a mesma foi direto para caçapa do meio, minha bunda ficou
bem na direção dos olhos dos dois gostosos. Assim que me ergui,
senti duas mãos circularem por minha cintura e uma boca com hálito
quente sussurrou ao meu ouvido.

— Bebê, você segura firme em um taco, gostei de ver. A


maneira como o agarra diz-me que adora um taco, roliço e grande.

Ele riu com deboche. Mordeu o lóbulo da minha orelha e


passou a mão suavemente na minha bunda. Ri da sua ousadia,
esses anos sozinha deram-me sagacidade.

— E o cavalheiro também sabe segurar firme em um taco? —


Fitei-o por cima do ombro.

— Não. Costumo segurar com firmeza em duas bolas, de


preferência em formas de melões. — Ele rebate, olhando
diretamente para o decote do meu corpete.

Estava de frente para ele. Empurrei-o com certa arrogância e


sorri com escárnio.
— Humm! Melões! Sério? Então o seu amigo deve ser um
travesti ou tem colhões avariados.

Ele bufou, enchendo o pulmão de ar. Segurou-me pelo braço e


falou bem próximo ao meu rosto.

— Por que você não vem com nós dois até o meu carro. Você
já foi fodida por dois homens nos dois buracos? Estamos doidos
para fodê-la, garanto que você nunca mais vai esquecer esta foda.
Topa?

— Não, obrigada! Tenho o costume de escolher os meus


parceiros, e você estava a um passo de ser o escolhido, mas
infelizmente você não soube esperar. Portanto “bebê” by, by.

Larguei o taco na mesa. Fui até o balcão, paguei minha bebida


e fui embora.

Assim que coloquei a mão na porta do carro, duas mãos


agarraram-me. Meu corpo ficou entre o corpo do homem e o carro,
ele roçava sua ereção em minha bunda, enquanto falava
sacanagens ao meu ouvido. O outro cara estava ao lado e começou
a se masturbar. Esfregando a mão em sua ereção por cima da
calça.

— Então, bebê, você vem conosco por bem ou por mal?


Prometo proporcionar momentos inesquecíveis, você será fodida
por dois pausudos, seu cuzinho e sua boceta vão ficar ardidos de
tanta piroca. Hein! Gostosa.

Fui puxada pelos cabelos, o outro cara veio e ficou na minha


frente, virei a salsicha das duas bandas do pão. O loiro alto meteu a
mão entre minhas pernas e apertou minha boceta, e o moreno com
cara de cowboy perigoso agarrou os meus seios.

Tentei escapar das mãos poderosas dos dois homens, ainda


consegui chutar suas pernas, e mordi o braço do moreno. Eles
riram.

— Isso, bebê, lute, quanto mais você luta mais nos deixa
excitados. Cadê a gostosa do bar, a provocadora, a oferecida, não
quer mais nos deixar loucos de tesão por você... — Ele mordeu
minha orelha, tentei virar o rosto para mordê-lo. — Não precisa
mais, bebê, já estamos e vamos nos divertir até deixá-la molinha.

Dei-lhe um chutão com o salto da minha bota na canela do


moreno, depois uma joelhada nas bolas do loiro. Eles me soltaram,
consegui correr alguns passos, mais fui pega novamente pelos
cabelos, já ia começar a lutar com os dois, quando escutei o som
alterado de uma voz... Eu não queria acreditar, mas eu conhecia
perfeitamente aquela voz.

— Solte-a agora, solte a moça agora, seus imbecis, ou eu...

— Ou o que boneca? — Os dois homens olharam para o Cadu


e começaram a rir.

— Ou eu atiro nas bolas dos dois, não vou matá-los, só


inutilizar, acho até que farei um bem para a mulherada, homens
como vocês não valem a merda que cagam.

Cadu apontava uma arma em direção às partes baixas do


homem moreno.
Os dois homens me largaram e saíram correndo. Cadu veio
correndo ao meu encontro. Ainda estava zonza... Zonza com tudo
aquilo que acabara de acontecer, foi uma mistura de informações.
Vinte e um

Fui quase violentada, estava completamente bêbada e o infeliz do


Cadu estava bem diante dos meus olhos, armado e perigoso. O
susto foi tamanho que os meus joelhos dobraram. Ele me segurou,
apoiando o meu corpo ao dele.

— Você está bem? Eles a machucaram? — Fitei-o... Meus


olhos pararam nos seus, avaliei-os por um bom tempo. — Sabrina!
Você está bem?

— Seu idiota! Quem lhe pediu ajuda, não preciso que me


ajude, passei seis anos da minha vida me virando sozinha, nunca
precisei de você, e não será agora que vou precisar, vá se foder
Cadu.

Ele enfiou a arma na parte de trás da calça.

— Eu vi como você poderia ter se virado sozinha, faltava um


tanto assim para os caras estuprarem você... Não tem de quê,
Sabrina. — Falou ironicamente.

— Era questão de tempo, assim que eles me pusessem de


joelhos para chupá-los, eu morderia o pau de um até arrancá-lo com
os dentes e o outro eu espremeria as bolas com minha mão até elas
estourarem, era assim que me livraria dos dois, seu idiota. Viu!?
Não preciso que faça papel de herói.
Empurrei-o pelo peito e saí de perto. Sua presença estava
atordoando o meu raciocínio. Corri cambaleando para o carro, já
estava quase dentro dele quando fui puxada com força para fora.

— Nem pense que vai dirigir nesse estado alcoólico. Vou levá-
la para casa — ele tentou levar-me com ele até o carro.

— Seu filho da puta escroto, solte-me. — Puxei meu braço


com veemência. — Desde os meus dezenove anos dirijo bêbeda,
não será hoje que precisarei de ajuda, vá a merda.

Fui pega por braços forte e posta em seus ombros.

— Você irá comigo com os seus pés ou com os meus.

— Solte-me, seu imbecil, solte-me, filho da puta.

— Fadinha, olhe o respeito, minha mãezinha não tem a nada a


ver com nossa história. — Recebi uma puta de uma palmada, minha
bunda ficou dormente.

— Fadinha é o caralho! Deixei de ser fada há muito tempo,


agora sou uma bruxa. E juro que vou quebrar minha vassoura em
sua cabeça, cretino dos infernos.

— Quebre o que quiser em mim, mas vou levá-la para casa.

Fui colocada no banco do carona do seu carro, ele colocou o


cinto de segurança em volta do meu corpo e travou a porta. O carro
começou a se movimentar, e os solavancos da estrada fizeram meu
estômago revirar, não consegui segurar a ânsia por muito tempo.
Regurgitei no painel do carro. Fitei-o com desprezo e ironizei.

— Era para ser na sua cara, seu merda. — Ele sorriu...


Deus do céu, ele riu, aquele riso torto, tremendamente sexy, os
seis anos deram-lhe mais beleza, mas virilidade, o homem estava
muito mais bonito quase irresistível.

~~~

Acordei em minha cama, vestida em meu pijama e


provavelmente de banho tomado, pois sentia o cheiro do meu
sabonete de jasmim. A pergunta era: “como cheguei aqui e como fiz
tudo isso?”

Escutei um barulho vindo da cozinha e um cheiro delicioso de


café... Caralho! Cadu. Levantei-me de supetão. Assim que pus os
pés no chão, minha cabeça rodou, o chão desapareceu, caí como
uma jaca.

Quando acordei, dois pares de olhos escuros, lindos de viver,


fitavam-me com preocupação, uma mão quente acariciava os meus
cabelos. Pisquei os meus olhos e tentei falar algo.

Não consegui nem pensar. A boca do Cadu juntou-se a minha.


Uma língua quente e macia procurou a minha, e as duas se
entregaram a lascividade do momento. Meus lábios foram mordidos
e, ao mesmo tempo, acariciados por sua língua aveludada.

Mãos passeavam por minhas curvas, e dedos delineavam a


curva dos meus seios. Deus do céu, que saudade dessas mãos,
dessa boca, desse corpo, desse cheiro... Desse homem. Gemi
quando uma mão beliscou o meu mamilo retesado, ele o girou entre
os dedos, trazendo uma onda de prazer por meu corpo
desencadeando em minha boceta.
Arqueei o corpo com força e sussurrei o seu nome. Uma mão
quente pousou sobre minha boceta, e ela foi apalpada com força
contida.

— Puta merda, meu monte da perdição continua


deliciosamente gordinho e apetitoso. — Cadu distribuía beijos por
meu rosto e falando sobre o meu monte com muita intimidade.

Sua boca foi de encontro ao meu seio, e ele foi abocanhado.


Mesmo por cima do tecido da blusa do meu pijama, aquilo foi muito
quente, deixou meu corpo aceso e trêmulo, meu clitóris pulsou e
minha calcinha ficou úmida. Dois dedos encostaram lá.

— Caralho! Você já está pronta para mim... Fadinha, senti


tanto a sua falta, senti tanta necessidade dos seus beijos, do seu
corpo, foram anos de desespero, anos de solidão, eu am...

Filho de uma cadela... Mentiroso do capeta dos infernos, como


ele ousa mentir para mim. Empurrei-o com toda força para longe do
meu corpo. Cadu estava de cueca e de cacete armado. Deus meu!
Engoli em seco, aquilo era muita tentação, precisava manter o foco,
o foco Sabrina. Desviei o olhar daquele pau escondido pelo tecido
da cueca, mas que eu sabia ser lindo.

— Vá embora, Cadu, dá o fora da minha casa, caia fora da


minha... — Ele olhava-me estupefato. Assim que recuperou o
controle do susto, tentou argumentar.

— Sabrina, deixe-me explicar...

— Vá se explicar para o caralho — interrompi. — Não preciso


das suas explicações, seu mentiroso filho da puta. Guarde suas
explicações para quem quiser escutá-las, saia daqui, volte para a
Argentina e me esqueça.

— Sabrina, eu voltei para você, pelo amor de Deus, minha


fadinha, escute-me. Eu tenho tanto para falar, faz isso não,
fadinha...

— Já lhe disse que não sou mais fadinha — interrompi


novamente. — E nem você é mais o meu príncipe, você virou sapo,
cretino dos infernos.

Fui até a porta de saída e a abri, apontei a saída. Cadu


empacou na porta do quarto.
Vinte e dois

Com o cérebro meio entorpecido por quase seis anos de


sofrimento, esperei Cadu dar os primeiros passos para fora do meu
apartamento e da minha vida. No entanto, ele não se movia,
permanecia empacado na frente da porta do meu quarto.

— O que está esperando, Cadu? Quer que eu chame a polícia,


é isso?

— Sabrina, eu só saio daqui quando explicar tudo o que


aconteceu, quando esclarecer os porquês. Fique à vontade, se
quiser chamar a polícia.

O sangue subiu à cabeça, quanta petulância. Quem ele pensa


que é? Fechei a porta e caminhei até ele. Com o dedo apontado
para o seu rosto e as lágrimas já teimando escapar pelos meus
olhos, disse com toda a raiva que emanava de dentro de mim.

— Nem se dê ao trabalho de gastar o seu português comigo.


— Comecei a cuspir o meu ressentimento. — Você não acha tarde
demais para isso, foram seis anos, seis anos, Cadu. Você teve
todas as oportunidades possíveis para se explicar. — Lembrei-me
dos primeiros meses de depressão. — Você importava-se tanto
comigo, que não se deu nem ao trabalho de ligar para mim quando
quase morri de depressão por sua causa, nem uma ligaç...
— Como assim! — Cadu me interrompeu. — Eu nunca soube
que ficou doente, Sabrina, juro a você, pode perguntar aos seus
irmãos, eu ligava quase todos os dias para saber como você estava,
e nunca fui informado sobre nada. Ao contrário, seus irmãos me
diziam que você estava bem, triste, mas bem, e cedo ou tarde a sua
tristeza iria embora.

Ele veio até mim, nossos corpos ficaram tão próximos, cheguei
a sentir as batidas fortes do seu coração.

— Você acha mesmo que se eu soubesse sobre sua doença,


não teria pegado o primeiro avião? Caralho, Sabrina, eu só queria o
seu bem, merda!

— Você quer culpar aos meus irmãos por sua falta de


consideração por mim? Poupe-me, Carlos Eduardo. Meus irmãos
jamais me magoariam, seu idiota, arrume outra desculpa.

— Eu tenho certeza sobre isso, eles amam muito você. Algum


motivo eles tiveram para não me contaram sobre o seu estado de
saúde, mas tenha certeza de que se eu tivesse conhecimento, teria
voltado.

Franzi a testa, por um momento fiquei em dúvida. Será


realmente que o Cadu estava falando a verdade? E se estivesse,
por que os meus irmãos mentiram para ele?

Ele sorriu, mas sem nenhum traço de satisfação.

Fugi das suas mãos, e estendi as minhas diante do meu corpo


impedindo-o de se aproximar.
— Ok, vou escutar as suas explicações, mas com uma
condição, assim que terminar você irá embora. Concorda?

Ele fez aquela cara de insatisfeito. Balançou a cabeça


afirmando. Puxei a cadeira e sentei-me, bem distante do seu cheiro.

— Estou pronta, pode começar suas explanações. Mas


primeiro vista a roupa, ficar diante de você de cuecas, não é nada
reconfortante.

Realmente não era fácil. Aquele homem lindo, só de cuecas,


diante dos meus olhos, era tentador, alucinante; minha vontade era
cair de joelhos, puxar-lhe a cueca para baixo e engolir aquele pau,
saboreando cada pedacinho daquele nervo pulsante. Minhas mãos
foram para minhas coxas e tentei me concentrar. Ele entrou em meu
quarto demorou alguns minutos, voltou completamente vestido e
calçado.

— Está bom assim? — Abriu os braços e girou em torno dos


calcanhares.

— Ótimo! Agora pode começar. — Disse-lhe com certo


sarcasmo.

Ele limpou a garganta, coçou a cabeça. Recostou-se a um


móvel onde estava meu notebook.

— Quando você começou a me chamar de príncipe, cheia de


certezas, dizendo que quando crescer iria se casar comigo e
teríamos dois filhos, levei tudo na brincadeira. Contudo, você
cresceu e continuava com os mesmos pensamentos, não foi fácil
para mim ver a minha fadinha crescer e se tornar um mulherão,
cheia de curvas, e sendo desejada por uma porção de marmanjos.

Ele levantou o braço e levou a mão até a cabeça, coçou-a com


energia, parecia que queria espantar os pensamentos, ficou em
silêncio.

— Continue, ou era só isso... — Olhando-o de longe, ele


parecia tão perdido... O que é isso, Sabrina, vai ficar com dó do
cretino?

Ele apenas sorriu e continuou falando.

— Mais difícil era lutar contra o sentimento de posse e ciúmes


que crescia latente. Não queria admitir estar apaixonado pela minha
fadinha, a menininha que vi crescer. Foi na festa dos seus quinze
anos, quando tive certeza do meu suplício. Você não faz ideia de
como foi difícil me controlar, você se esfregando ao meu corpo,
tocando-me de um jeito dominador, deixando-me louco e sem poder
tocá-la, caralho! Sabrina, precisei ficar por horas debaixo da ducha
fria para fazer o meu pau baixar...

Escondi o riso com a mão, já estava visualizando o Cadu


batendo uma, em minha intenção. Cadu parou de falar quando
percebeu o meu riso escondido.

— Então, foi a partir daí, a minha certeza, eu estava


apaixonado por você. Pense, Sabrina, um cara de 25 anos,
acostumado com mulheres da minha idade ou um pouco mais
velhas, apaixonado por uma adolescente. E o pior, irmã do meu
melhor amigo. Foi o inferno. E você não me dava uma folga.
Fiquei com dó do Cadu, realmente eu não gostaria de estar no
seu lugar. Nunca dei um sossego para ele. Sempre que tinha uma
oportunidade, lá estava eu, esfregando-me, tocando-o, beijando-o...
Aí, que saudade daquele tempo.

— E quanto mais o tempo passava, mais você ficava


determinada, e muito mais ousada. Eu não me importava quando
você se metia em meus namoros, nunca me importei, até gostava,
evitava o meu constrangimento de dizer que acabou...

Então... — Estreitei os olhos para ele, e o interrompi:

— Por que você não enfrentou o meu pai e os meus irmãos,


por que me afastava de você, por que não aceitou a minha proposta
de namorarmos escondidos até a minha maior idade?

— Por que... Eu não tinha o direito de podar o seu


amadurecimento, as suas descobertas, Sabrina. Se eu a tomasse
para mim, faria da sua vida um inferno. Eu lhe disse, não sou um
homem que aceita uma mulher 99%, ela tem que ser minha 100%,
sou ciumento demais, possessivo demais, não aceitaria dividi-la
com ninguém, e você estava na fase das descobertas, por isso
deixei-a livre, mas sempre por perto, meu medo era que você
descobrisse não me amar mais, ou se interessar por outro rapaz da
sua idade.

— Pois é, até hoje espero os rapazes nos quais você disse por
quem eu iria me apaixonar, nunca me interessei por nenhum deles.

— Mas saiu com vários deles, não negue, sei de tudo; se


duvidar, sei até o nome de cada um.
— Seu cachorro, você estava me vigiado esse tempo todo? —
Levantei-me da cadeira furiosa e comecei a gesticular a minha ira
com os braços. — Como pode, Cadu?

— Você vai me deixar continuar? — Baixei o rosto, sentei-me


novamente. — Foi muito difícil resistir a você, Sabrina, e uma
semana antes do seu aniversário de 18 anos já estava disposto a
assumir você como minha namorada. — Ele apertou os olhos e
respirou profundamente.

— Pare, pare com a representação Cadu, chega de mentiras.


— Ele deu uma olhada em volta, tentando entender o que
aconteceu para fazê-lo se calar. — Você vai me dizer que após ter
ido para Argentina, ficou triste, sentindo-se sozinho. Aí a Marcela foi
atrás de você e resolveram ficar juntos, quem sabe assim ela
poderia fazê-lo me esquecer. E aconteceu, ela ficou grávida e você
se viu na obrigação de se casar... blá, blá, blá, blá. Cadê a Marcela
e o seu filho, onde eles estão, por acaso você se cansou de brincar
de casinha ou você quer...

— Mas que merda é essa? De que porra você está falando?

Fui interrompida inesperadamente, ele veio furioso até mim,


agarrou-me pelos meus braços e me sacudiu com violência.

— Do seu casamento com a Marcela e do seu filho. É disso


que estou falando, seu pulha.

— Mas que porra de casamento, porra de filho. A Marcela foi


atrás de mim, sim, mas não ficamos juntos, contei sobre os meus
sentimentos por você e sobre o motivo de não podermos ficar
juntos. Ela casou-se sim, mas não foi comigo, foi com um argentino,
amigo meu, e o filho é do marido dela.

— Mentiroso! — Exasperei. — Mentiroso! Eu não acredito em


você. Vá embora Cadu, vá embora. Ele inclinou a cabeça e
começou a me avaliar.

— Sabrina até dois meses atrás, eu não podia ter filhos. Por
isso fui embora, eu descobri, cinco dias antes do seu aniversário de
18 anos que sofria de uma doença rara. Em minha cabeça, não era
um homem inteiro, não podia fazer isso com você, não tinha o
direito de colocá-la em um casamento sem filhos. Quando quase
fizemos amor naquela noite, percebi o quanto seria difícil ficar longe
de você, por isso fui embora. Quatro anos depois, conheci uma
pessoa e contei nossa história de amor, e os motivos pelos quais
nos separamos. Graça a Deus, ela conhecia um médico que estava
fazendo um novo teste para reverter o quadro de pacientes com o
meu problema, como eu não tinha nada a perder, resolvi virar
cobaia. Hoje, estou curado e por isso voltei. Se você quiser
acreditar, acredite, mas essa é a verdade.
Vinte e três

Cadu virou às costas e foi embora. Não fiz nada para impedi-lo. Só
escutei a batida forte da porta, até tomei um susto com a pancada.
Estava tão perdida, foram seis anos odiando o Cadu, seis anos
pensando que ele fugiu de mim por covardia, por não gostar de mim
de verdade.

E agora recebo essa enxurrada de informações no meio dos


peitos. Será verdade ou o Cadu está querendo me tirar de tempo,
mas o que ele ganharia com isso?

Sabrina, sua anta, você precisa tirar isso a limpo e tem que ser
agora.

Corri para o quarto e vesti a primeira roupa que encontrei em


minha frente. Moletom... Horroroso! Mas serviu, eu tinha pressa em
descobrir a verdade.

Peguei um táxi, meu carro ficou no estacionamento do


Sinuca’s Bar, dei o endereço ao taxista e pedi pressa.

Cheguei à casa do meu pai quinze minutos depois. Dei um


beijo na Júlia e outro nele.

— Cadê o Matheus? — Indaguei. Meus olhos avaliavam tudo


em volta.
— O que quer com o seu irmão. — Meu pai investigou curioso.
— Ele anda fulo da vida com você.

— Se tudo que eu soube hoje for verdade, quem ficará fula da


vida serei eu... Cadê o Matheus?

— Ele está se aprontando para ir para loja.

— Ok, hoje ele chegará atrasado.

Fui direto para o quarto do Matheus. Entrei sem bater. Meu


irmão estava abotoando a camisa. Fiquei observando... Matheus é
um homem muito bonito, sua altura chama a atenção, musculoso
nos lugares certos, fica elegante em qualquer traje. Seus olhos são
o seu cartão postal. Às vezes estão azuis, às vezes verdes, a Lana
é uma sortuda, conseguiu laçar um dos homens mais lindos da
minha família. Pigarreei.

Ele olhou-me por cima dos ombros e juntou os olhos.

— Ora, ora, finalmente a senhorita lembrou-se que tem uma


família! A que devo a honra?

— Deixe de palhaçadas... — Rebati imediatamente, não estava


ali para brincadeiras. — Precisamos conversar, e tem que ser agora.

Matheus virou-se de frente a mim.

— Preciso me preocupar? Sabrina! — Ele arrastou o “bri” do


meu nome. — O que você aprontou dessa vez? Ande, conte logo de
uma vez.

Com impaciência, ele caminha até mim, suas mãos pousam


em meus ombros e o seu olhar prende-se ao meu.
— Desta vez não fui eu, desta vez foi você. — Ergui a cabeça
e o fitei, sem vacilar por nenhum momento.

— Eu!? — Replicou surpreso, apontando o dedo para o peito.


— Diga-me o que fiz de tão grave para fazê-la vir até aqui arrancar-
me satisfações.

Não tinha tempo para rodeios, por isso fui direta.

— Por que você mentiu para Cadu, por que você não disse o
quanto fiquei doente por ele ter ido embora. Esse tempo todo você
deixou-me pensar que ele não se importava comigo. Por que,
Matheus? Eu o odiei por seis anos, pensei coisas horríveis ao seu
respeito. É verdade, Matheus?

Matheus me solta e caminha até a janela, fica parado diante


dela.

— Como você soube?

— O Cadu me procurou ontem, ele me contou os motivos


pelos quais foi embora. Esse tempo todo pensei ter sido ignorada
por ele... Matheus, você nem para desmentir sobre o casamento
dele com a Marcela.

— Casamento!? — Ele se vira rapidamente para mim. —


Casamento com a Marcela? Mas que droga é essa, eu nem sabia
sobre isso, posso ter omitido o seu estado de saúde para o Cadu,
mas não estava sabendo dessa história de casamento. Estive em
contato com o Cadu este tempo todo, mas ele nunca me falou sobre
casamento algum, ele sempre dizia estar sozinho, quem te contou
isso?
— Então ele nunca se comprometeu com ninguém?

— O Cadu passou esses anos todos sem compromisso algum,


e todos os dias ele perguntava por você. Falávamo-nos todos os
dias.

— Por que, Matheus? Por que nunca me disse sobre isso, por
que não contou ao Cadu como fiquei após ele ter ido embora?

— Sabrina, — Matheus vem até mim, suas mãos seguram por


meus braços, ele me guia até a cama, e nos sentamos nela.
Segurando minha mão com carinho ele completa. —ficamos com
medo do seu estado emocional piorar, você estava tão obcecada
pelo Cadu, tínhamos medo desta obsessão tomar um caminho sem
volta, se falássemos sobre sua saúde ao Cadu, ele teria pego o
primeiro avião de volta, e as nossas esperanças iriam por água
abaixo; e se o Cadu continuasse longe daqui, você se interessaria
por outro rapaz, foi por isso que omitimos tudo. Quando você
resolveu viver a sua vida, mesmo de uma maneira tosca, mas
resolveu esquecê-lo, ficamos aliviados, pois fizemos o certo. Você
está bem agora, e é o que interessa para nós.

— Nunca estive bem; Matheus. Será que vocês são cegos!?


Nunca estive bem... Nunca esqueci o Cadu e a dor em pensar que
ele não se importava comigo só pioraram. Olhe para mim, pareço-
me uma pessoa normal? Fiz loucuras esse tempo todo, saía com
todos os caras que surgiam à minha frente, bebia, dirigia em alta
velocidade, isso é normal? O Cadu foi, é e será o único amor da
minha vida, por que vocês não acreditaram em meus sentimentos,
por quê?
— Sabrina, meu amor, você era só uma criança, como
poderíamos acreditar. Crianças se apaixonam e se esquecem em
um mesmo instante. Desculpe-nos, fomos quatro idiotas, quatro
grandíssimos idiotas, mas saiba que só fizemos isso para protegê-
la. Porém, estou disposto a ajudá-la a recuperar o seu grande amor,
se o Cadu a ama como você diz amar, faça o que você sabe fazer
com perfeição: atormenta ele. Ele não está na cidade?

— Uhum! — Já estava entre lágrimas.

— Então!? Vá atrás do que é seu. Você está de carro?

— Não — disse limpando os olhos com o dorso da mão.

— Tome as chaves do meu. — Ele enfiou a mão no bolso da


calça e me entregou as chaves.

Não pensei duas vezes, tomei a chave e saí correndo do


quarto. Desci as escadas apressadamente. Esbarrei com a Júlia na
entrada da casa e quase a derrubei.

— Desculpe-me. — Consegui segurá-la a tempo. Ela pergunta


se vou tirar o pai da forca. Digo-lhe não, no entanto vou recuperar
minha felicidade.

~~~

Cheguei à casa do Cadu em menos de quinze minutos.


Estacionei o carro de qualquer jeito. Dona Célia me recebeu com
alegria, ela mal me cumprimentou e já fui perguntando pelo Cadu.

Porém, o que ela me disse quase me deixa de joelhos. Dona


Célia me disse que o Cadu tinha acabado de sair, que havia ido
para o aeroporto, estava voltando para a Argentina.

Não esperei ela terminar a frase e saí correndo, desesperada,


os pneus cantaram assim que saí com o carro.
Vinte e quatro

Mesmo sabendo ser errado e arriscado usar o celular dirigindo, eu


o fiz. Liguei para o Cadu. Ele demorou um pouco para atender.

— Alô.

— Onde você está? Já chegou ao aeroporto? Não pegue o


avião, por favor, espere-me chegar, por favor, por favor, Cadu... —
Desabei a falar sem vírgulas.

— Sabrina...

— Por favor, Cadu, só diz que vai me esperar.

— Sabrina, quer me escutar — ele grita. — Calei-me.

— Não estou no aeroporto, estou em seu lugar favorito, vim me


despedir de você, meu voo é daqui a uma hora, não esperarei por
você mais do que vinte minutos, apresse-se.

Ele desligou.

Cadu estava no farol. Liguei para o restaurante próximo,


sempre ficávamos lá quando resolvíamos passar o dia apreciando a
vista. Uma moça atendeu.

— Com quem eu falo? — Perguntei.


— Com a Bela, senhora.

— Bela, de onde você está, consegue ver o farol? — Ela diz


que sim. — Você está vendo um moreno, alto, lindo de viver, só em
olhá-lo sua calcinha molha? — Ela ri, e diz que sim. — Você tem
alto falante aí, não tem? Você poderia baixar esta música para mim,
o nome é “Quer namorar comigo” os cantores são Edson e Hudson,
baixe e ponha para tocar de um jeito que ele escute, já estou
chegando, prometo recompensá-la.

Pisei no acelerador. Ao chegar ao restaurante, fui direto ao


gerente e pedi o microfone. De onde eu estava, Cadu não podia me
ver, mas poderia me ouvir...

Peguei o microfone, respirei fundo. Vamos lá, Sabrina,


coragem, você já fez coisas mais ridículas do que esta.

— Cadu, — quando ele escutou o seu nome ser chamado,


olhou em volta e ficou procurando de onde vinha à voz. — Ao vê-lo
pela primeira vez, tive a certeza, ser você o homem a dividir todos
os dias da minha vida. — Ele riu. Só então percebeu o que estava
acontecendo. Ele virou-se ficando de frente ao restaurante. — Eu só
tinha dez anos de idade e já sabia disso. Hoje, aos 24 anos,
continuo com a mesma certeza... VOCÊ É MEU. Meu amor, preste
atenção à letra desta música, vou descrevê-la. — Fui andando até a
frente do restaurante e ele me avistou: — Cadu, faz algum tempo
que você vive em meus sonhos e eu esperando esse momento
chegar. Você tem um minuto pra pensar, apenas um segundo pra
falar e a vida inteira pra mostrar que me quer.

O gerente do restaurante aumentou o volume do sistema de


som e a música chegou aonde eu queria, e eu repeti o refrão:
— Cadu, quer namorar comigo?

Nós dois estávamos emocionados, e nossa plateia também.


Repeti.

— Cadu, quer namorar comigo?

Namora com ela, Cadu, aceita vai... — Vozes repetiram ao


mesmo tempo esta frase.

Se você não namorar, eu namoro... — Um engraçadinho gritou.


Cadu esticou o pescoço e fez uma cara feia.

Ele moveu os lábios pausadamente, consegui entender o que


ele disse.

— Minha fadinha maluquinha.

Fui até ele e ele veio até mim. Ficamos frente à frente, coração
batendo um perto do outro, ao mesmo ritmo, respirações ofegantes,
e as emoções a flor da pele.

Beija logo... — Alguém gritou.

Ele riu olhando em meus olhos, seu rosto aproximou-se e


encostou os lábios nos meus, dando-me um beijo leve.

Reagi imediatamente. Peguei-o pelos ombros e o puxei com


força para mim, encostando o seu corpo ao meu, o beijo simples foi
transformando em um beijo quente e lascivo.

Logo o desejo foi despertado e eu senti algo pulsando na


altura do meu umbigo. Uma tempestade estava se formando. Ele
percebeu, pois estávamos prestes a oferecer um espetáculo de
graça.

— Acho melhor irmos para o comercial, pois o filme está dando


muito ibope — disse rindo, e os seus olhos foram direto para frente
da sua calça.

Afastei-me. Para minha surpresa, Cadu segurou a minha mão


e puxou-me para mais perto, e... E eu escutei aquela frase, a frase
na qual esperei a vida inteira para ouvir.

— Eu te amo Sabrina, eu te amo, minha fadinha.

Pela primeira vez não sabia o que fazer. Então não disse nada.
Deitei minha cabeça em seu ombro e me deixei ser guiada até o
Restaurante. Fomos aplaudidos com emoção.

Bela não aceitou a recompensa, só me pediu para convidá-la


para o casamento, afirmei que todos estavam convidados. Cadu me
levou até o carro do Matheus, fui o seguindo até o aeroporto, ele
devolveria o carro alugado.

Deixei o Cadu no Sinuca’s Bar, onde ele pegou o meu carro.


Fomos direto para a casa do meu pai. Estacionei o carro, Cadu veio
até mim ajudando-me a descer. Fomos juntos entregar a chave ao
Matheus. Ficamos por umas duas horas conversando, cada um
desculpando-se do seu jeito e quando já estávamos na porta,
prontos para irmos embora, Cadu chama o meu pai e o Matheus.

— Alfredo, Matheus, quero informar aos dois que, a partir de


hoje, a Sabrina é minha mulher e em um curto espaço de tempo vou
transformá-la em minha esposa, deixo bem claro, não estou pedindo
permissão, estou afirmando.

Cadu nem esperou a resposta, puxou-me pela mão e saímos


apressados direto para o carro.

Entramos no carro gargalhando. Deixamos meu pai e o


Matheus com caras de paisagem. Por um minuto parei o meu olhar
no rosto do Cadu, e aquele riso faceiro mexeram comigo, um frisson
percorreu o meu corpo.

Minha fome por este homem estava adormecida por seis anos,
e não suportei esperar chegar em casa. Assim que o Cadu pisou na
embreagem e trocou a marcha, minhas mãos foram à sua braguilha.

— Porra, Sabrina! Quer que eu bata o carro — disse


completamente assustado com o choque das minhas mãos
apalpando o seu pau.

— Príncipe, mantenha o foco na estrada e deixe que do resto


cuido eu, serão deliciosos vinte minutos.

Abri o zíper da calça, e puxei o bicho para fora. Ele estava duro
e com a cabeça melada, se tivesse boca estaria sorrindo.

— Caralho! — Gritei. — Finalmente vou matar minha fome de


você, Carlos Eduardo, seu filho da puta escroto... — Baixei minha
cabeça até o seu pau e o lambi com a ponta da língua.

— Cacete! — Ele disse, chupando o ar entre os dentes. —


Safada... Humm! — Ele perdeu o controle do carro quando eu o
coloquei todo na boca. — Ordinária, nós vamos ser presos por
direção perigosa. Caralho, Sabrina, que boca gostosa.
Segurei sua ereção com a mão e a lambi todinha. Lembrei-me
de um delicioso picolé. Minha outra mão alcançou suas bolas,
mesmo por cima do tecido do jeans e pressionei meus dedos. Olhei
para ele rapidamente. Cadu fez uma cara gostosa de tesão.

— Fadinha, você me deixa louco.

Levei o seu pau todo na boca, a cabeça tocou bem no fundo


da minha garganta, chupei forte. O líquido viscoso escorreu,
saboreei-o com vontade... Aquela porra agora era minha, aquele
pau agora era meu, filha da puta nenhuma iria colocar a boca ou a
boceta ou o que quer que seja, ali. Chupei novamente, mordi a
cabeça com os lábios depois com os dentes, Cadu soltou um grito.

— Esse caralho agora é meu, e ai de você se der para outra,


eu capo você e o faço comer, não duvide de mim, Cadu.

— Cacete, Sabrina, isso é hora de dizer essas coisas, estou


perto de gozar... — Devorei novamente, comecei a fodê-lo com a
boca e com a língua.

— Porra! Porra! — Ele xingava, gemia, rebolava, batia no


volante. Cadu enlouqueceu.

Então veio o prazer máximo, o seu orgasmo intenso e quente,


seu gozo desceu por minha garganta, continuei chupando o seu pau
e, por último, lambi-o até seu ficar limpinho e pronto para voltar para
sua prisão.

Ele fez uma cara de satisfeito, respirou profundamente, fiquei


olhando para ele com cara de menina sapeca. Ele fitou-me e sorriu.
— Você não perde por esperar, fadinha, aguarde quando
chegarmos em casa.

— Estou contando os segundos, senhor meu homem — disse


com voz lúbrica.

Cadu me agarrou assim que entramos no elevador. Ele não se


importou com nada. Fiquei montada nele, enganchada em seus
quadris. Minha boceta colada em sua ereção, roçando-se, atiçando
o prazer, a boca dele colada a minha, roubando minha língua
mordendo-a, chupando-a, era briga de cachorro grande.

Uma das suas mãos agarrada ao meu seio e a outra embrenha


em meus cabelos. A porta do elevador se abriu e saí montada nele,
não sei nem como conseguimos entrar no apartamento, senti o
baque das minhas costas na parede fria.

Minha blusa foi arrancada, ajudei a tirar a dele, meu sutiã virou
dois, e os meus seios foram devorados por uma boca faminta,
dentes afiados e uma língua quente e aveludada. Ele mamava em
meus seios e eu chupava os seus dedos.

— Que porra é essa aqui. — Ele apontou para minha


tatuagem. E leu. — Espero que a frase esteja se referindo a mim.

— Você tem alguma dúvida quanto a isso? — Articulei


sorrindo, seus lábios abriram-se em um lindo sorriso.

Sua boca voltou ao meu seio e o meu mamilo foi mordido,


soltei um grito e uma língua quente o circulou aliviando o ardor da
mordida.
— Porra, caralho! Isso é muito quente. — Ele murmurava com
a boca colada em meu corpo. — Você está com muita roupa,
fadinha, isso não está certo, precisamos dar um jeito nisso.

— Você também — completei.

A energia que nos cercava era intensa, meu corpo queimava,


chamava por ele, não sei se conseguiria esperar.

Cadu levou-me para cama. Continuava presa em seus quadris,


minha boceta em contato com sua ereção, apenas separados pelo
tecido de nossas calças.

Bem, nossas calças não ficaram nos empatando por muito


tempo. Cadu arrancou a minha com um único puxão, e a minha
pobre calcinha foi se esconder não sei aonde. Tão rápido como se
livrou das minhas roupas, ele livrou-se das dele. E, em instantes, ele
estava completamente nu, para o meu deleite.

Cadu estava muito mais lindo, muito mais másculo, muito mais
definido. Seis anos o transformaram em um homem
extraordinariamente lindo e devasso, pois ele veio com tudo em
mim.

Fui puxada pelos pés e suspensa pela bunda. Só minha


cabeça permaneceu no colchão. Minha boceta foi devorada por sua
boca saudosa. Dentes arranhavam minhas dobras, enquanto sua
língua fazia um passeio completo por toda a minha intimidade. Cadu
não tinha restrição a nada, do meu ânus ao meu clitóris, tudo foi
explorado, chupado, mordido, lambido, dedos me fodiam e gemidos
vindos da sua garganta atiçando o meu juízo.
— Oh, Deus! Cadu, eu vou gozar... Puta que pariu, isso é
muito bom.

— Minha safada, você ainda não sentiu o prazer, isso são só


as preliminares, você vai implorar por mais, e mais e depois você vai
implorar que pare. Gostosa, minha fadinha gostosa.

Ele mergulhou a língua em minha entrada, depois varreu o


líquido e o chupou com força.

— Caralho, Sabrina, o meu monte da perdição é a décima


maravilha do mundo. Que coisa gostosa de comer, chupar e morder.

Sua lascividade e descaração era algo que me arrepiava a


pele, Cadu era um safado, despudorado, e muito gostoso, Deus do
céu, que homem é esse.

Quando o seu dedo penetrou o meu buraco traseiro e sua


língua foi fundo em minha abertura, não suportei a onda elétrica que
invadiu o meu corpo, meus pelos arrepiaram-se e uma força
descomunal invadiu-me. Gozei. Arqueei com tanta força o meu
quadril que quase sufoco o Cadu.

Cadu não esperou eu tomar folego. Deitou-me sobre o colchão


e engatinhou sobre mim. Ele ficou entre minhas pernas, seus olhos
fixaram-se aos meus, e a promessa foi feita... “Ele iria me comer
agora”, seis anos esperando para dar para ele, e chegou o grande
momento.

Cadu mordeu meus lábios, um por um. Sua língua passeou


sobre eles suavemente. Senti a cabeça do membro roçando em
minhas carnes. Meu corpo estremeceu, o frisson apossou-se de
todo o meu ser. Com a ajuda da sua mão, ele posicionou sua ereção
em minha abertura. Não perdi o seu olhar. Cadu fechou os olhos por
um breve momento quando seu membro começou a ser devorado
por minha abertura.

Senti o ardor, a dor dilacerante, a sensação de ser rasgada.


Fiquei tensa, tentei fechar as pernas, minhas unhas cravaram em
suas costas. Então me veio a lembrança da nossa última noite,
quando ele descobriu que ainda era virgem, e fugiu de mim... Uma
vozinha dentro de mim repetia... Ele vai fugir novamente.

Não suportaria outra rejeição. Fiquei quieta. Vou suportar a


dor, vou suportar a dor, repetia para mim mesma.

Cadu moveu o quadril para frente, forçou a invasão. Apertei os


meus olhos com força e mordi o meu lábio inferior. Gotas de suor
surgiram em sua testa, e o meu escorria por minhas têmporas.
Soltei um pequeno grito, ele fitou-me com preocupação. Agora
fodeu, ele percebeu que ainda sou virgem.

Agarrei-me a ele com força, e entre lágrimas implorei.

— Foda-me, pelo amor de Deus, Cadu! Foda-me logo...

Ele empurrou, a pressão aumentou, ardia como o diabo, Cadu


foi paciente, sua boca espalhou beijos por todo o meu rosto e suas
mãos acariciavam o meu corpo. Minhas lágrimas escorriam pelo
meu rosto contra a minha vontade, ele as lambeu...

— Obrigada, fadinha, obrigada! — Ele sussurrou ao meu


ouvido.

Não entendi o porquê do obrigada. Olhei para ele aturdida.


— Obrigada pelo que amor? — Cadu sorriu, e em seguida
beijou-me com carinho.

— Obrigada por ter me esperado, obrigada por ter se guardado


para mim. Prometo cuidar muito bem de você pelo resto das nossas
vidas. Serei só seu, unicamente seu para todo o sempre.

Ele empurrou tudo. Soltei um grito, quando a porra entrou.


Meus dentes cravaram em seu ombro e o mordi com força. Cadu
gemeu e começou a entrar e sair de dentro do meu corpo. Caralho!
Esqueci por completo da dor, o membro do Cadu inchou dentro de
mim, e o vai e vem, era algo muito gostoso, uma sensação que sexo
oral nenhum seria capaz de superar. Relaxei o corpo e me entreguei
ao meu homem, e deixei que ele me usasse de todas as maneiras
que quisesse.

De lado, de quatro, sentada, de pé, de costas, com as pernas


para cima, no chão, na cadeira, cavalgando, cachorrinha. Todas as
posições desejadas por meu lindo homem, muito foda. Gozei uma,
duas, sei lá quantas vezes.

Só sei que a primeira vez tornou-se duas. Dormimos,


acordamos e a terceira tornou-se quatro. E ficamos assim até o
início da tarde do dia seguinte.

Formamos um casal foda literalmente falando. Juntou a fome


com a vontade de ser comida. Cadu não me dava sossego e
quando ele estava sossegado, eu lhe tirava o sossego.

Uma semana depois recebi uma caixa, ornamentada em um


lindo embrulho com um grande laço de fita branco, dentro dele
estava um espartilho branco todo em renda, cinta-liga, meias sete
oitavos brancas, rendadas nas extremidades, acompanhado por um
bilhete e nele estava escrito:

Quero que o vista por baixo do seu vestido de noiva em nosso


casamento, daqui a uma semana.

Quase enlouqueço, o Cadu havia viajado para Argentina e


voltava exatamente em uma semana. O filho da puta escondeu de
mim direitinho esse segredo, vou matá-lo quando voltar... Ops! Não
posso matar o meu marido, preciso mudar minhas frases.

E foi assim que eu consegui o meu príncipe. Ele me deu


trabalho, sofri como uma cachorra pulguenta, e mesmo quando tudo
parecia perdido, o meu amor permaneceu vivo e latente dentro de
mim. Continuei lutando por ele, mesmo sem eu mesma saber disso.

Acho que o universo ficou ao meu favor, o tempo todo. De


tanto eu repetir... ELE É MEU. Consegui... ELE É MEU

FIM
OUTROS TRABALHOS
PRÓXIMO CONTO

ELA É MINHA

A história de Matheus Lafaiete e Lana.


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