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FOTOGRAMETRIA DIGITAL

Prof. José Carlos Ribeiro


Deptº de Engenharia Florestal
Universidade Federal de Viçosa
rib@mail.ufv.br

I. INTRODUÇÃO

A Fotogrametria, que surgiu nos meados do Século XIX, mais precisamente


em 1858 na França com o Cel. Aimée Laussedat, que a denominou de "Metrofotografia",
tem tido inúmeros avanços desde então.
Muitos autores consideram outros tipos de sensores como os CCDs, radares,
MSS e outros como pertencentes ao grande campo da fotogrametria, como se pode ler na
página 1 do “Manual of Photogrammetry”, 4ª edição de 1980 da mundialmente
conceituada American Society for Photogrammetry and Remote Sensing :

“Fotogrametria é a arte, ciência, e tecnologia de obtenção de informações


confiáveis sobre os objetos físicos e o meio ambiente através de processos de
gravação, medição e interpretação de imagens fotográficas e padrões da
energia eletromagnética radiante e outros fenômenos” (ASPRS, 1980).

Os avanços desta tecnologia têm sido enormes, alcançando imensa utilidade


prática nos mapeamentos e planejamentos da terra os mais diversos. Hoje, desponta com
imenso potencial, revolucionando-a ainda mais sua versão mais recente denominada de
Fotogrametria Digital.
Em agosto de 2001, num curso para técnicos e engenheiros do IBGE, no Rio de
Janeiro, o Dr. em Fotogrametria, professor Irineu da Silva do Deptº de Transportes da
Escola de Engenharia de São Carlos, USP, inicia sua série de explanações, sobre esta
nova fase da fotogrametria, traduzindo da revista Geomatics Info Magazine de 1995
uma entrevista que o conceituadíssimo Dr. Friedrich Ackermann, concedia a este
informativo técnico:

“O maior avanço já ocorrido na fotogrametria é o aparecimento da foto-


grametria digital ...O avanço que ora se iniciou é tão fantástico e de potencial tão
ilimitado que eu não estou preocupado com os futuros desenvolvi-mentos...O
resultado irá ultrapassar qualquer expectativa que nós podíamos ter sonhado,
simplesmente devido ao poder da tecnologia digital.”

Dr. Irineu da Silva divide a Fotogrametria geral em 4 sub-áreas do


conhecimento tecnológico, são elas:

Fotogrametria Geométrica;
Fotogrametria Analógica;
Fotogrametria Analítica e
Fotogrametria Digital.
II. Fotogrametria Geométrica

“Fotogrametria Geométrica é a parte da fotogrametria que trata dos aspectos


geométricos do uso de fotografias, com a finalidade de obter valores aproximados de
comprimentos, alturas e formas. Ela desconsidera o princípio da orientação das fotos e,
em alguns casos, permite o uso de apenas uma foto”.
Fazem parte desta sub-área os procedimentos simples, que são ensinados nos
cursos básicos de Fotogrametria, quais sejam:

Escalas (Fotos Verticais e Fotos Oblíquas)

Fotos Verticais Fotos Oblíquas


L L y'
x
f
Foto Vert.
t

p
y
H n

x'
eixo ótico Terr
Terreno prumo

hter. N.M.M

f / cos t − y '× sen t


f Esc =
Esc = H − h Terr
H − h Terr .

Coordenadas Fotográficas (Fotos Verticais e Fotos Oblíquas)

As coordenadas de fotografias aéreas tomadas com câmeras cartográficas e


determinadas com boa precisão através de aparelhos tipo monocomparadores produzem
resultados altamente confiáveis se se determinar a inclinação do eixo-ótico destas fotos
(“tilt – t”), bem como a direção desta inclinação (“swing – s”).
Hoje, com o uso de GPS determina-se as coordenadas de 3 pontos do campo e,
com as coordenadas destes 3 pontos na foto, através de processos como o de “Church”
calcula-se o t e o s. Se a fotografia for vertical ( t < 3o ) suas coordenadas podem ser
tratadas por equações mais simples em aplicações rurais onde não se exige alta precisão.

Foto Vertical ( t < 3º ): Foto Oblíqua:


H − hQ H − hQ
X Q = xQ × X Q = x 'Q ×
f f
− y ' Q × sen t
cos t
H − hQ H − hQ
YQ = y Q × YQ = y ' Q × × cos t
f f
− y ' Q × sen t
cos t

Estas coordenadas terrestres são úteis na determinação de distâncias, ângulos e


mesmo áreas dando resultados altamente confiáveis.

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Triangulação Radial (Só aplicável em Fotos Verticais)

Este é outro procedimento da Fotogrametria Geométrica muito útil. Pode ser


aplicado na confecção de mapas planimétricos, bem como na determinação de pontos de
ajuste para confecção de um mosaico semi-controlado.

As fotografias da faixa de
cima ainda estão soltas e as de
baixo já se encontram ajustadas
através de uma triangulação radial
gráfica.
Este processo de ajustamento
pode ser feito com moldes metá-
licos ou por moldes de cartões
vasados.
Só funcionando bem para
fotos aéreas verticais.

Deslocamento Radial (Fotos Verticais e Fotos Oblíquas)


L
Os pontos A e B se encontram
na fotografia (a e b), deslocados da
a' a p b' b posi-ção que teriam se o terreno
fosse plano (a’ e b’). A está
Hv deslocado ne-gativamente e B,
positivamente, isto é, para fora. Por
B semelhança de triân-gulos corrige-se
estes deslocamentos:
h

pb × hTerr
h Desl B =
Hv
A

Paralaxe (Para ser aplicada em fotos quase nadirais necessita de interpolações)

Através do uso da paralaxe e sua medição estereoscópica com auxílio de um


estereoscópio e micrômetros do tipo “barra de paralaxes” (estereomicrômetros) pode-se
conseguir resultados muito bons para aplicações práticas como no levantamento de
áreas rurais. 2 teses de mestrado defendidas em Viçosa confirmam esta informação.
Este procedimento exige do operador um bom Domínio da barra de paralaxe,
mas é uma prática que temos observado que os alunos aptos, aqueles que naturalmente já
têm uma acuidade visual estereoscópica boa, dominam em 2 semanas de treinamento.
Para se determinar a altitude do ponto Q, utilizando-se o processo da paralaxe
estereoscópica tem-se 2 casos. a) se as fotos forem verticais aplica-se somente a
equação de paralaxe, bastando conhecer a altitude de um ponto do Terreno; b) sendo
uma ou as 2 fotos inclinadas, necessita-se conhecer as altitudes de no mínimo 4 pontos
do Terreno.

3
+C 1 +C 2
Foto 1 Foto 2

d1
d2

+C Q
Q
d4
d3
R ?
hR N.M.M. +C 3 +C 4

Fotos verticais: (Equação da paralaxe) Fotos oblíquas: (Correção de altitude)


4

( H − h R ) × dpx ( a r )
∑ (C j d 2
j )
hQ = h R + C Q = 1
4
b R + dpx ( a r ) ∑ 1
(1 d 2
j )

Com estes procedimentos tem-se conseguido determinar altitudes de pontos no


terreno com RMSE da ordem de 1,5 ‰ em relação a altura de vôo sobre o Terreno.

III. Fotogrametria Analógica

A Fotogrametria Analógica apareceu aproximadamente na década de 1960, e é


responsável pela maior parte dos mapas topográficos existentes no mundo inteiro (quase
todos do IBGE e da DSGE). Muitos destes aparelhos, de altíssima precisão,
permanecem funcionando até hoje, quando estão sob cuidados de técnicos bem
treinados. Isto está até trazendo um certo problema na transformação dos laboratórios
para passarem a operar somente na modalidade da Fotogrametria Digital.
Todos funcionam a base de diapositivos. Compreende dois tipos de instru-
mental:

Restituidores de Projeção Ótica Direta

Este tipo de restituidores, já se encontram em quase total desuso, mas são de


enorme facilidade de operação, ajustamento, prestando-se muito para o ensinamento das
3 etapas da orientação. Sua visão 3D, geralmente se dá por anaglifos ou cintilometria

4
O esquema do restituidor
apresentado ao lado denomi-na-
se “universal” devido pos-suir os
3 deslocamentos, bx, by e bz e
os 3 movimentos rota-cionais
dos 3 eixos cartesianos que têm
origem no centro ótico ( χ – eixo
Z; ϕ – eixo Y e ω – eixo X).
Quando este restituidor é
dotado de um 3º ou mais pro-
jetores (câmeras) pode-se fazer,
além da restituição, uma
“Triangulação Analó-gica”.
O Multiplex tem 9 câmeras.

Restituidores de Projeção Ótico-Mecânica

No fim da década de 1980, estes aparelhos começaram a operar


hibridamente, com o auxílio de computadores na coleta das coordenadas espaciais ( X,
Y e Z ) no lugar de serem utilizados seus “plotteres” mecânicos, precisos mas com
muitos problemas de falhas, borrado das canetas etc, o que fazia com que sempre
estivessem operando 2 técnicos, um na visão 3D do restituidor, manipulando a marca
flutuante e outro simplesmente observando se o traçador não estava falhando.

Este tipo de aparelho foto-


gramétrico dominou de 1960 a
1998, e muitos, funcionando
bem até os dias de hoje.
Nestes um operador bem
treinado consegue plotar um
ponto com a precisão de 0,04
‰ da Hv, isto é, um erro de
4cm para fotos tomadas a
1.000,0 metros sobre a cota
média da área.
Um modelo muito comum
no Brasil foi o B8S da Wild,
Restituidor ZEISS, modelo Planicart, com a mesa tendo firmas que possuiam
traçadora (aparelho de 1ª Ordem de precisão) dezenas deste instrumento.

Muitos destes restituidores ótico-mecânicos funcionam também como estereo-


comparadores, coletando dados para aerotriangulação analítica.
Ainda muitos fazem aerotriangulação analógica para um número qualquer de
fotos por faixa, devido possuirem inversão das oculares através do princípio de
“Paralelogramo Zeiss”.

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IV. Fotogrametia Analítica

A Fotogrametria Analítica apareceu como um desenvolvimento natural das


facili-dades computacionais, com o aumento da velocidade e o desenvolvimento de
softwares de ajustamento de Aerotriangulação por faixa e em Bloco.
Instrumental deste tipo de fotogrametria assim como os da analógica também
faz uso de diapositivos fotográficos, devido sua alta precisão e estabilidade dimensional.
O grande passo deste instrumental se reside no fato de determinar as
coordenadas terrestres de qualquer ponto através de processos analíticos, principalmente
através das chamadas “Equações de Colinearidade” e “Equações de Coplanaridade”, ao
invés de ser uma solução mecânica, que obedecia a intercessão mecânica das barras que
simulavam os feixes luminosos dos raios homólogos.
Estes instrumentos estão tendo vida curta, pois apareceram nos fins da
década de 1980 e já estão sendo substituídos pelos totalmente digitais.

O aparelho da fotografia ao lado é


um restituidor analítico Wild de 1ª or-
dem.
Nestes aparelhos ainda aparecem as
manivelas onde o operador faz os
movimentos da marca flutuante X e Y,
no pedal da direita faz o movimento Z.
Observar que as placas porta-fotos
não possuem os movimentos dos resti-
tuidores analógicos, pois toda a solução
se dá analiticamente.

Com estes restituidores a Aerotriangulação, e a própria restituição começaram


a introduzir nos seus modelos matemáticos os elementos de distorção da câmera
fotogramétrica; não só as marcas fiduciais e a distância focal calibrada, mas funções
matemáticas que expressam qual o deslocamento sofrido por um ponto na sua posição
x/y do diapositivo. Da mesma forma começou-se a introduzir correções da refração
atmosférica e correções da forma da terra.
Os algorítimos de ajustamento pelo MMQ ficaram cada vez mais eficientes
dando resultados superiores aos dos restituidores analógicos ótico-mecânicos.

Princípio da Colinearidade

A Fotogrametria Analítica, em sua quase totalidade se apóia sobre a


denominada “equação básica da fotogrametria” ou “Equação da Colinearidade”, e uma
variação desta equação, mais complexa, denominada “Equação da Coplanaridade”.
A Equação da Colinearidade expressa que, independente da posição que a
câmera tenha assumido no espaço (atitude => χ, φ, ω), na hora da exposição, o feixe
luminoso descreve uma reta entre o ponto do terreno (X, Y, Z) e a posição espacial do
centro ótico da câmera (XL, YL, ZL) naquela estação de tomada fotográfica
(verdadeiramente ocorre uma pequena curvatura do feixe luminoso, introduzida pela
refração atmosférica, maior quanto mais se afasta do ponto nadiral e mais alta estiver a
câmera sobre o terreno).
Estas equações da colinearidade são aplicadas em dois sentidos:

6
Como estas equações são aplicadas nas 2 fotos, tem-se 4 equações para cada
ponto. Os coeficientes m11 até m33 expressam a atitude da câmera (ângulos).

m 11 ( X − X L ) + m12 (Y − Y L ) + m 13 ( Z − Z L )
x=−f ×
m 31 ( X − X L ) + m 32 (Y − Y L ) + m 33 ( Z − Z L )

m 21 ( X − X L ) + m 22 (Y − Y L ) + m 23 ( Z − Z L )
y=−f ×
m 31 ( X − X L ) + m 32 (Y − Y L ) + m 33 ( Z − Z L )

Primeiro a partir do terreno (coordenadas de pontos de apoio) para as fotos, para se


determinar a posição espacial da câmera (XL, YL e ZL) nas 2 estações e ainda na
determinação das atitudes da câmera (χ, φ e ω) em cada estação; sendo 2 fotos tem-se
então 12 incógnitas); f é a distância focal calibrada. x e y são os valores das
coordenadas do ponto lidas simultaneamente nas 2 fotos no restituidor. Como são 12
incógnitas e cada ponto do terreno monta 2 equações, são necessários no mínimo 6
pontos de apoio do terreno. Havendo mais que 6 pontos, utiliza-se o MMQ e determina-
se estes parâmetros fotogramétricos com mais exatidão.
Segundo a partir das 2 fotos, através do restituidor, determina-se as coordenadas X, Y e
Z ( 3 incógnitas) de qualquer ponto visto estereoscopicamente. Novamente, como para
cada ponto o restituidor determina as coordenadas x e y nas 2 fotos, tem-se 4 equações e
3 incógnitas, aplicando-se novamente o MMQ, determina-se as coordenadas do ponto
com mais exatidão.

Triangulação em Bloco

Alguns poucos softwares existentes no mercado, fazem uso de equações deste


tipo, e lendo-se coordenadas fotográficas de alguns pontos nos estereomodelos (pontos
de “Von Grubber” – pontos tri), sendo alguns destes pontos apoiados no campo,
executam uma aerotriangulação de todo o conjunto de fotos, obtendo-se as coordenadas
geográficas (X, Y, Z) de todos os pontos lidos. Entre outros softwares deste tipo
existem: ORIMA,

V. Fotogrametria Digital

No livro Introduction to Modern Photogrammetry (Mikhail, et al, 2001) lê-se


em seu prefácio:
- “While the basic mathematical principles of photogrammetry remain
unchanged, their implementation and application for production purposes have
drastically changed.” ( realce nosso)

Prof. Irineu da Silva define Fotogrametria Digital:


- “A Fotogrametria Digital é a parte da fotogrametria que trata dos
aspectos geométricos do uso de fotografias, com a finalidade de obter valores
precisos de comprimentos, alturas e formas, baseando-se no so de imagens
digitais, armazenadas em meio magnético, na forma de pixels. Ela é totalmente
baseada no princípio da estereoscopia e na orientação analítico-digital das
fotos.”

Em Fotogrametria Digital trabalha-se com fotos ou imagens no formato digital


(“softcopy”), enquanto na F. Analógica trabalha-se nos diafilmes fotográficos de

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altíssima precisão (“hardcopy”). A obtenção destas fotos digitais pode ser através de
scanners, de alta precisão geométrica e fidelidade de cor ou, diretamente, a partir de
câmeras digitais que estão surgiram no mercado nestes últimos 2 anos.

Scanners Fotogramétricos

Alguns scanners fotogramétricos estão


conseguindo precisão alta acusando erros
da ordem RMSE = 1,5 a 2,3 µm; respec-
tivamente em x e y.
Uma foto P&B leva aproximadamente
6min e uma colorida 8min para ser escanea-
da.
Estes escanners pegam diretamente os 2
rolos do filme.
Scanner fotogramétrico Leica, DSW

Expressa-se a resolução em filmes e fotos em “pares de linhas/mm” (lp/mm).


Uma boa câmera fotogramétrica atual chega a alcançar resolução de 125lp/mm, ficando
na prática entre 30-70lp/mm. 50lp/mm corresponde então a 100 linhas em um mm, logo
resolução de 10µm que é um valor máximo de resolução que deve ser usado ao se
escanear um filme.
Ex. de espaço ocupado por uma foto digital

Para se ter uma idéia da memória necessária para se armazenar fotografias


digitais vamos ver o caso de se escanear uma foto colorida obtida por uma câmera
cartográfica (23 x 23cm) :
- resolução (tamanho do pixel) 25,4µm (aprox. 1.000dpi)
- tamanho da foto 230 x 230 mm
- nº de pixels por linha 9.055
- total de pixels da fotografia digitalizada 81.993.025
- se esta fosse P&B 78,2 MB
- se for uma foto colorida (RGB) 234,6 MB
Observe que um rolo de filme utilizado pela maior parte das câmeras aéreas
chega a ter 500 fotos (aprox. 114,6GB).

Câmeras Fotogramétricas Digitais

As câmeras fotogramétricas digitais são mais um passo altamente


revolucionário da fotogrametria e de todo o sensoriamento remoto. Eliminam todo o
trabalho de se escanear os filmes, obtêm diretamente vários tipos de imagens, isto é,
algumas são multi espectrais, tomando simultaneamente imagens pancromáticas, canais:
azul, verde, verme-lho e infravermelho próximo. Devido serem sensores CCD de linhas,
como os usados pelos satélites da série SPOT, exigem das estações fotogramétricas
tratamentos diferentes dos usados nas fotografias de forma quadrada.

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Câmera digital Leica ADS-40 Câmera digital Zeiss/Image

A câmera digital ADS-40 não toma


uma chapa fotográfica quadrada como as
câmeras convencionais de filmes, possui
7 sensores tipo CCD em linha que
funcionam:
1 – de linha pancromático para trás;
2 – de linha pancromático nadiral;
3 – de linha pancromático para frente;
4 – de linha infravermelho próximo;
5, 6 e 7 linhas coloridas, azul, verde e
vermelho.

Abaixo 8 seqüências de uma mesma imagem obtida pela ADS-40, sendo ampliada e não
perdendo a nitidez depois de mais de 100 vezes de ampliação:

Observe a 1ª foto,
70000 não tem o formato
padrão Quadrado. Nota-se
que foi obtida por um
sensor de linhas que
variaram com o avião em
cada uma dessas linhas,
posteriormente ajustadas.
GSD(m) (“ground size
distance”) é a resolução do
pixel no terreno.

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Estações Fotogramétricas

São relativamente poucos os fornecedores de equipamentos de Fotogrametria


Digital no mercado. Destacam-se no Brasil, a Leica/Helava (antiga Wild, Kern e
Leica), a Zeiss e DVP.
Os restituidores de Fotogrametria Digital recebem o nome de “Estações Fotogra-
métricas”, devido a sua maior parte funcionar sobre “Workstation” que geralmente são
plataformas computacionais poderosas, funcionando grande parte em sistema UNIX.
Contudo, há versões de muitos restituidores para Windows em micros Pentiun,
como o DVP e outros.

SOCET-SET(Leica/Helava) DVP (DVP Inc.) PHODIS (Zeiss/Image)

Alguns equipamentos de F. D. existentes no mercado

Fabricante Equipamento Lançamento


DVP DVP 1988
Zeiss/Intergraph PS1 1990
Leica/Helava DPW 1992
Intergraph Image Station
Zeiss ZEISS Phodis
Leica SOCET SET 1995
ISM DiAP 1992

Visão Estereoscópica 3D

Muitos trabalhos da fotogrametria digital exigem a visão 3D da cena, principal-


mente na marcação de pontos para a aerotriangulação, no traçado de estradas, limites de
feições terrestres, auxiliar na confecção de DTM, etc.
Existem, altualmente 4 formas de obtenção da visão estereoscópica nos
monitores das Estações Fotogramétricas:
- processo de Anaglifo (óculos de cores complementares);
- estereoscópio de prisma (espelho) (“split-screen”);
- polarização passiva (tela de cristal líquido na frente do monitor e óculos) e
- polarização ativa (óculos de cristal liquido, oscilando a 120 Hz).
Parece haver uma forte tendência de dominar o 3º ou o 4º processo. O primeiro,
de Anaglifo, só permite o uso de fotografias P&B, há sempre problemas com os
diversos tipos de monitor e atrapalha o monitor quando este tem que olhar para as
janelas dos comandos do software; o segundo, split-screen, permite o uso de imagens
coloridas, mas o operador se cansa devido ficar sempre numa só posição, não permite
visualização simultânea de várias pessoas e atrapalha um pouco quando o operador tem
que olhar para as janelas dos comandos do software; já o terceiro e quarto processos não
apresentam nenhuma dificuldade, principalmente o 3º de polarização passiva. Seu único

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inconveniente está no alto preço da tela de cristal líquido, polarizante do monitor e
ainda, tanto para o processo de polarização ativa quanto o de polarização passiva
exigem monitores que tenham taxa de atualização (“vertical refreshing rate”) de 120
Hz, que ainda são relativamente caros no mercado.

Anaglifo Split-screen (estereoscópios espelhos)

Polarização passiva Polarização ativa

A Fotogrametria Digital além de permitir a restituição convencional que era


comum nos restituidores analógicos e analíticos, vai além, gerando diretamente
mosaicos, ortofotos, modelos digitais de elevação e ainda processamento analítio de
imagens de sensores orbitais. Como disse o Prof. Ackermann “... irá ultrapassar
qualquer expectativa que nós podíamos ter sonhado, devido ao poder da tecnologia
digital”.

Simplificação das Operações

A ISM (International Systemap Corp.) em sua publicação técnica “The Funda-


mentals of Digital Photogrammetry” após discorrer sobre inúmeras operações como as
orientações Interior, Relativa e Absoluta que estão ficando praticamente automatizada
(Ex: na Orientação Interior há softwares como o SOCET-SET que solicita a marca e
modelo da câmera e reconhece suas marcas fiduciais, fazendo o ajuste e determinação
do sistema de coordenadas em fração de um segundo, e feito para a primeira fotografia
de um projeto, automaticamente faz para todas as demais a não ser que haja
interferência do operador, pois o sistema aceita trabalhar com câmeras diferentes).
Fluxo Operacional das diferentes fases de um Sistema Digital

O Prof. Irineu da Silva apresenta, esquematicamente, as diversas etapas pelas


quais tem que passar um sistema de Fotogrametria Digital:

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Importar Dados
Criar Projeto
* Imagem escaneada * Ptos de Controle

* Satélite * DTM (opcional)


* Terrestre * Vetores (opcional)

* acrescento Câmeras Digitais

Orientação Interior

Medir ptos de controle e ptos de


ligação entre imagens

Aerotriangulação

Restituição Extração automática de DTM Medição de coordenadas,


Fotointerpretação

Mapas Curvas de Nível 3D sombreado


Perspectiva Ortofotos Relatórios
Temáticos DTM, 3D Linha de visada

Mosaicos

Produtos: Ortofotos, DTM, TIN, Curvas de Nív., mosaicos, vetores, perspectivas, seções, etc.

VI. Fotogrametria na U.F.V.

Ensino:

Em seu aspecto “lato”, ou seja, segundo a definição da ASP&RS, que


considera dentro da Fotogrametria todos os sensores que operam com base na radiação
eletromag-nética e não apenas os sensores de perspectiva cônica e com filmes de cristais
de prata, temos disciplinas de Fotogrametria (sensores remotos) nos cursos:

Nível de Graduação Nível de Pós-Graduação

Engª Agronômica Solos e Nutrição de Plantas


Engª Agrícola Ciência Florestal
Engª Agrimensura Meteorologia Agrícola
Arquitetura Engª Civil
Engª Civil Engª Agrícola
Engª Florestal

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Pesquisa:

1. O NEPUT (Núcleo de Estudos sobre o Planejamento e Uso da Terra / Dept. Solos),


possui um avião, monomotor Cessna 172 adaptado com berço onde podem operar 2
câmeras fotográficas pequeno formato Hasselblad ELX com lentes de 50 e 80mm.
Estas câmeras são dotadas de um acessório, o Magazin 70, que lhes permite a tomada
de 70 fotografias em um único rolo de filme bobinado.
Com este equipamento já foram desenvolvidas 10 teses de mestrado na UFV,
voltadas ao levantamento, planejamento e estudos de solos.
Inúmeras monografias de estudantes de graduação têm sido feitas utilizando também
das fotos obtidas por este sistema.
2. No Deptº de Engª Florestal, curso de pós-graduação em Ciências Florestais têm sido
desenvolvidas teses a nível de MS e DR utilizando as tecnologias de sensoriamento
remoto em número de 52 (ver artigo do Prof. Vicente P. Soares).
3. No Deptº de Engª Civil, curso de MS em Geotecnia já foram desenvolvidas diversas
teses de mestrado, utilizando-se técnidas de SIG (Prof. Lúcia Calijuri).
4. No Deptº de Arquitetura, o Prof. Fragassi desenvolveu um software que aplicando os
modelos matemáticos da DLT (“Direct Linear Transformation”), realiza a retificação
de fotos escaneadas, tomadas com câmeras comuns, prestando-se perfeitamente para
trabalhos de levantamento de fachadas de prédios ou de qualquer superfície
relativamente plana (foto aérea em região plana).
4. Iniciou-se há mais de 2 anos uma tentativa de um grupo (Engº José C.L. Ribeiro,
J.C.Ribeiro e Elpídio I.F. Fº) da construção de um restituidor digital analítico. Está
em parte pronto, pois permite a determinação de pontos terrestres com razoável
precisão, mas encontrou um problema com a visão 3D e monitores.

VII. Referências

1. SILVA, Irineu da; Curso de Fotogrametria Digital; Deptº de Transportes da Escola


de Engenharia de São Carlos, USP; ExpoGEO; 1999. (cópias de transparências)

2. ISM – International Systemap Corp. The Fundamentals of Digital Photogrammetry;


Vancouver, British Columbia, Canadá; April 1997; (paginação p/ capítulos)

3. MIKHAIL, Edward M.; BETHEL, James S.; & McGlone, J. Chris; Introduction to
Modern Photogrammetry; John Wiley & Sons, Inc. New York; 479p+ ix; 2001

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