EDITORIAL ÍNDICE

Depois de quase três anos sem publicação

retornamos com a publicação da Revista O Solimões. Tefé além de seus 161 anos
Nesta quarta edição trazemos duas matérias Páginas 4, 5 e 6
especiais: uma do historiador e arqueólogo do Instituto
de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM)
Criança de 8 anos, em Tefé,
leu 401 livros no ano passado
e colaborador do Laboratório de Arqueologia dos
Página 9
Trópicos (Arqueotrop) do Museu de Arqueologia e
Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE/USP),
Charme e elegância do Casarão das Missões
Eduardo Kazuo Tamanaha, que traz a matéria Tefé além
Páginas 12 e 13
dos 161 anos e de Kristian Oliveira de Queiroz, professor
de Geografia do Centro de Estudos Superiores de Tefé,
Tefé: 161 anos na vanguarda Amazônida
da Universidade do Estado do Amazonas - CEST/UEA
Páginas 16 e 17
e Pesquisador do Laboplan FFLCH/USP, com a matéria
Tefé: 161 anos na vanguarda Amazônida. Programa de rádio escolar “Club Five”
As contribuições desses dois profissionais trazem completa 1 ano no ar
à Revista recortes importantes do contexto histórico Página 22
de Tefé, tornando o seu conteúdo mais rico, o que
representará para a comunidade tefeense mais um Paulinho a todo vapor no Vasco da Gama
subsídio para entender a rica história da estratégica Página 25
cidade de Tefé.
A você que é um apreciador da leitura e reconhece Primeira Peneira de um clube
a importância do registro histórico este é mais um profissional em Tefé
caminho que optamos para trilhar e deixar os rastros dos Página 29
acontecimentos que a nossa comunidade experimenta
ou experimentou. A UEA e a invenção da autonomia
Aos patrocinadores a nossa gratidão e o Páginas 30 e 31
reconhecimento pelo interesse de anunciar, pelo apoio
à publicação e pela credibilidade que deposita em nosso Maior cheia da história de Tefé
veículo como instrumento de divulgação e de leitura. Páginas 34 e 35

Em mais de 15 anos de atuação, Instituto

FICHA TECNICA Mamirauá consolida infraestrutura de
Editor e Diretor: Raifan Brandão pesquisa no Médio Solimões
Colaboradores: Eduardo Kazuo Tamanaha, Eunice Páginas 36 e 37
Venturi, Kristian Oliveira de Queiroz, Marco Lopes,
Batalhão Curupaiti, IK Publicidade e Guilherme Githay Benefícios do futebol na infância
Diagramação: Ana Pizzol Página 38
Fotografias: Raifran Brandão, Marcos Lopes,
Eunici Venturi, Comunicação do Batalhão Curupaiti, IEADA leva centenas de crianças ao Templo
Amanda Lelis, Júnia Chaves e Eduardo Tamanaha. Central durante a EBF
Página 39

2 RevistaSolimões
RevistaSolimoes 3
TEFÉ ALÉM DE
SEUS 161 ANOS

4 RevistaSolimões
E
m 2016 a cidade de Tefé
completou 257 anos e sua
trajetória histórica está
representada em locais e
monumentos históricos,
como a atual sede da prefeitura,
o Seminário São José, Missão
dos Espiritanos, a Comunidade
Nogueira ou a Agrovila. Esses
importantes marcos contam uma
parte da história de Tefé, porém
a região é habitada há muito mais
tempo do que imaginamos.
Os locais onde são encontrados Pesquisas arqueológicas, É muito comum encontrar fragmentos
os vestígios de antigas ocupações, realizadas no município de Tefé e em cerâmicos onde existe essa terra
sejam eles de 1.000 anos atrás ou outras partes do médio Solimões, escura. Ela não é natural e foi criada
100 anos, são chamados de Sítios encontraram vestígios materiais com uma tecnologia indígena antiga,
Arqueológicos. Só no município de de períodos anterior à chegada dos capaz de tornar o solo pobre para
Tefé já foram encontrados 45 sítios portugueses e espanhóis na região, plantio em algo rico em nutrientes.
arqueológicos, mais de 380 por todo conhecido como “Período Pré- Pesquisadores da EMBRAPA e de
o Solimões e quase 1.000 por todo Colonial”. Em alguns locais, como outras partes do mundo tentam
estado do Amazonas. No entanto, no Lago Amanã, foram identificados desvendar essa tecnologia, mas até o
somente as fragmentos momento continuamos sem respostas.
AMANÃ. CRÉDITO: JÚNIA
CHAVES

áreas de fácil de vasos A partir do início da era Cristã,

acesso (próximo cerâmicos de mais ou menos em torno de 400 d.C.
das sedes dos uma antiga (depois de Cristo), é perceptível o
municípios) aldeia do ano aumento de aldeias espalhadas por
é que foram 1.610 a.C. todo o Lago Tefé, Caiambé, Jutica e
pesquisadas, (antes de nas margens do rio Solimões. Para esse
ou seja, esse Cristo), ou seja, período foram encontrados dezenas
Urna funerária escavada no Lago
número poderá mais de 3.600 de sítios arqueológicos com grandes
quintuplicar conforme as pesquisas anos atrás. Ainda se sabe muito pouco urnas funerárias (vasos cerâmicos
ocorrerem nos próximos anos. sobre a população que habitou esse para enterrar os mortos), Terra Preta
Os arqueólogos encontram todos vilarejo, mas é possível que se trate de extensa e milhares de fragmentos
os tipos de vestígios, como fragmentos um grupo pequeno e que ficou pouco cerâmicos ricamente decorados com
de vasos cerâmicos, vidro, metal, ossos tempo na região. pinturas em vermelho, preto, branco
de animais, restos de plantas, fogueiras, No entanto, em torno de 800 e amarelo, além de representações
lixeiras, cemitérios, artefatos de pedra, anos a.C., temos evidências de um de animais e pessoas. Na própria área
etc. Todas essas evidências nos ajudam aumento populacional nas aldeias, urbana de Tefé foram encontrados
a contar uma história antiga, que não por conta da quantidade de utensílios vestígios desse período, como na
está escrita em nenhum documento e cerâmicos e de uma terra escura Colônia Ventura e no entorno do
que só pode ser resgatada através de conhecida regionalmente como “Terra Campus Universitário da UEA.
intensos estudos arqueológicos. Preta de Índio” ou apenas Terra Preta. Vimos também que o alimento

RevistaSolimoes 5
 RÉDITO: AMANDA LELIS

CRÉDITO: EDUARDO TAMANAHA.

Material sendo analisado
minuciosamente em laboratório
dessas populações antigas não é
muito diferente dos dias de hoje.
Restos de plantas (como o milho e
acastanha) e osso de animais (peixes
e outros animais aquáticos) foram
encontrados queimados e associados
a lixeiras. Vestígios de palmeiras como
a pupunha, açaí, tucumã, buriti, etc.
também foram encontrados dentro
das panelas de cerâmica.
Próximo ao ano de 1.500 d.C.,
um pouco antes da chegada de
Pedro Álvares Cabral no atual litoral
brasileiro, o rio Solimões e seus
afluentes eram densamente povoados,
com aldeias que se estendiam por
quilômetros terra adentro, plantando
diversos tipos de produtos nas várzeas
e extraindo produtos da terra firme.
Os primeiros viajantes europeus que
passaram perto do Lago Tefé relatam
sobre aldeias com mais de três mil
pessoas, fartura de alimento e uma
organização política que se estendia
além das atuais fronteiras com o Peru e
Colômbia. E também perceberam que
havia muita floresta no entorno dessas
aldeias, repleta de animais, e rios cheios
de peixes.
Acredita-se que existia mais
gente morando na Amazônia antes
de 1500 d.C. do que nos dias de hoje
e essas populações, antepassados dos
atuais indígenas, souberam aproveitar
todos os recursos da floresta e dos
rios, sem prejudicar a sua fartura.
Com a chegada dos colonizadores
europeus ocorreu o extermínio de
vários povos indígenas, uma intensa
exploração dos recursos naturais e
hoje sentimos a escassez de peixes e de
outros alimentos nas cidades. Muito
do conhecimento sobre a Amazônia
acumulado ao longo de 2 mil anos foi
perdido em apenas 500 anos.
Vaso cerâmico em processo de restauração e com
representações de animais.
Os primeiros habitantes de Tefé
possuíam uma tecnologia de manejar
o meio ambiente que desconhecemos
nos dias de hoje (como a Terra Preta).
Conseguiam alimentar grandes
povoados sem afetar as florestas ou os
rios. O trabalho da arqueologia é tentar
desvendar como eles faziam isso no
passado, pois essa pode ser a resposta
para melhorarmos as condições de
vida do interior da Amazônia, além de
ajudar a preservar a natureza para que
as futuras gerações possam usufruir
desses benefícios naturais.
SOBRE O AUTOR
Eduardo Kazuo Tamanaha é
historiador e arqueólogo do Instituto
de Desenvolvimento Sustentável
Mamirauá (IDSM) e colaborador
do Laboratório de Arqueologia dos
Trópicos (Arqueotrop) do Museu
de Arqueologia e Etnologia da
Universidade de São Paulo (MAE/
USP).

6 RevistaSolimões
RevistaSolimoes 7
8 RevistaSolimões
CRIANÇA DE 8 ANOS,
EM TEFÉ, LEU 401
LIVROS NO ANO PASSADO
E
m tempos de internet,
jogos eletrônicos e outras
tecnologias digitais, o livro
vem sendo preterido até
por quem o aprecia. Aliado
ao fato de que poucas pessoas
cultivam o hábito da leitura, apesar
dos inúmeros benefícios, o livro, no
Brasil, é um instrumento manuseado
por poucos.
Essa realidade, entretanto, não
faz parte do cotidiano de Eduardo
Ernani Costa Nunes, de oito anos.
Filho do casal Saulo Ernani Nunes
e Elizângela Assis Costa Nunes,
ambos naturais do Estado de Goiás.
O pai, um advogado que optou pela
carreira militar, hoje, Capitão do
Exército, explicou que a ideia da
leitura surgiu a partir de uma matéria
veiculada no programa Fantástico da
Rede Globo, no qual mostrava uma
criança que havia lido 500 livros.
“No início o objetivo era apenas
criar um hábito de leitura, mas a coisa
foi fluindo, ele foi pegando gosto pela
leitura e hoje essa prática faz parte da
vida dele”, explicou o pai.
Seguindo um planejamento e o
acompanhamento dos pais, Eduardo
cumpre uma meta diária de número
de páginas a serem lidas todos os
dias, de segunda a domingo. A meta
é cumprida exercitando uma média
de uma hora por dia. “Hoje, com a
leitura mais fluente, nós fizemos uma
seleção de livros maiores e o natural
é que caia a média do número de
livros lidos”, disse.
A leitura dos 401 livros no
ano passado foi trabalhada de
forma sistemática, devidamente
programada e acompanhada
pelos pais. Eles deixam claro
que não estão preocupados com
os números, mas demonstram
orgulho na prática do filho. “Temos
consciência da importância e dos
benefícios da leitura e poder colocar
isso em prática em família é muito
prazeroso”, afirmou.
Apostando no diferencial
pessoal e profissional do filho,
Ernani e Elizângela seguem com a
proposta de leitura para o pequeno
Eduardo, que sem gastar muito futebol, jogos eletrônicos, cinema
tempo e sem se privar das atividades e xadrez. Sem cinema em Tefé ele
que praticam outras crianças de sua busca outras alternativas não menos
idade coloca em prática um hábito importantes para a sua formação.
pouco comum. Talvez ainda sem a Com um olhar tímido que nem
consciência plena do que isso poderá sempre corresponde com o seu jeito
representar para ele no futuro, mas ativo, o menino descobriu no livro o
respondendo com serenidade um mundo da leitura: sem limites para
exercício cada vez menos frequente a imaginação, um universo para a
entre os brasileiros, a leitura. aprendizagem e a certeza de que o
Além de ler, Eduardo gosta de futuro será promissor.
RevistaSolimoes 9
10 RevistaSolimões
RevistaSolimoes 11
CHARME E ELEGÂNCIA DO
CASARÃO DAS MISSÕES
C
onstrução em estilo
arquitetônico “Colonial”
com dois pavimentos,
projetado pelo arquiteto
JOSÉ YATAGAM
FERREIRA DE SÁ e construído
no ano de 1983, a pedido do
empresário LUCIANO ARTHUR
RODRIGUES ALVES, com a
12 RevistaSolimões
finalidade de servir como opção de
estadia para sua genitora.
O casarão, bem como suas
benfeitorias, foi comprado da família Alves
pela União Federal aos 13 de julho de 1993,
do Sr DUARTE NUNO RODRIGUES
ALVES, publicitário, dono do terreno e
representando a família Alves, para uso do
então Ministério do Exército.
Com a transferência da 16ª
Brigada de Infantaria da Região
Sul para a Região Norte, cujo
deslocamento definitivo para o seu
destino final, a cidade de Tefé-AM,
ocorreu a partir do mês de maio de
1993, verificou-se a necessidade de
criar-se um Círculo Militar.
CIRCULO MILITAR
DE TEFÉ - CMTF
Denominado Círculo Militar em 7
de março de 1995, é uma organização
social sem fins lucrativos.

FINALIDADES:
- Desenvolver os laços de
camaradagem e incentivar o espírito
social entre os Oficiais integrantes das
Forças Armadas e Polícia Militar da
Guarnição de Tefé-AM (ativa, reserva
e reformados), proporcionando-lhes
e a seus dependentes toda sorte de
diversões e, ao mesmo tempo, realizar
o entrelaçamento social entre militares
e civis;
- Promover atividades de caráter
social, cultural e cívico;
- Estimular e desenvolver a prática
de atividades desportivas;
- Servir como Hotel de Trânsito
a militares e seus dependentes, bem
como, a comitivas militares vindas a
esta Guarnição.

RevistaSolimoes 13
14 RevistaSolimões
RevistaSolimoes 15
TEFÉ: 161 ANOS NA
VANGUARDA AMAZÔNIDA
• Kristian Oliveira de Queiroz
• Professor de Geografia CEST/UEA
• Pesquisador do Laboplan FFLCH/USP
E
m 15 de junho de 2015
Tefé comemorou os 160
anos de elevação de vila à
cidade. Este fato ocorreu
em função de que em 1º
de janeiro de 1852 a Província
do Amazonas foi instalada no
então Império do Brasil. Logo,
as viagens de autoridades,
conselheiros e servidores públicos
a Manaus (Barra do Rio Negro)
se tornaram frequentes, estas
provocaram protestos, clamores
e reclamações posteriormente
atendidos pelo Presidente da
Província que instalou em 19
de março de 1855 a Comarca
16 RevistaSolimões
de Tefé, nome direcionado
posteriormente ao de Comarca do
Solimões. A posição estratégica
de Tefé possibilitou a valorização
do território a partir das operações
da Marinha, inclusive peruana,
e pelas instituições públicas
estabelecidas, que somada ao
vigor do comércio da vila, o maior
da província neste período, levou
aos conselheiros e deputados
amazonenses a refletirem sobre
a vila assumir irrevogavelmente
responsabilidades de cidade. A
lei nº: 44 de 15 de junho de 1855
conferiu a Tefé o título de cidade,
no entanto, esta não possuía
infraestruturas suficientes para
gerir responsabilidades territoriais
que equivaliam a 500.000 km².
Todavia, a representação do
governo em pequenas sedes
com posição estratégica no vale
do Amazonas proporcionaria a
manutenção da soberania nesta
fração do então Império brasileiro.
Tefé possuía 7 casas de telhas
e 94 cobertas por palhas, uma
igreja espaçosa com uma paróquia
contando 1.894 habitantes, a vila
contava apenas com 400 pessoas.
Entretanto, o poeta Gonçalves Dias
chamou Tefé de “princesinha do
rio Solimões” em visita à cidade em
1861; assim como os pesquisadores
Luiz e Elizabeth Agassiz afirmaram
que dentre todas as pequenas
povoações do Amazonas Tefé era
aquela “com aspecto mais risonho
e agradável”. Deste momento até
1981 o território tefeense sofreu
sete desmembramentos territoriais
que levaram a criação de todos os
municípios da região do Médio
Solimões e alguns do Alto Solimões
e Juruá.
Atualmente, a cidade é o maior
centro urbano da região do Médio
Solimões, suas infraestruturas e
instituições públicas promovem
fluxos virtuosos à integração e ao
desenvolvimento nesta fração da
Amazônia Ocidental. Uma cidade
regional que representa uma
modernização incompleta, pois
possui infraestruturas urbanas das
mais diferenciadas, instituições
que em hierarquia se equiparam
a Manaus (como o INSS), capital
amazonense e maior centro
econômico da região Norte brasileira.
No entanto, o desempenho advindo
destas infraestruturas institucionais
fica aquém de contemplar as
necessidades tanto da cidade quanto
das populações de toda a região
que dependem de serviços como
telecomunicações, transportes,
energia, etc.
A população da cidade sofre
com as interrupções e racionamentos
de energia elétrica que prejudicam
hospitais, escolas, comércio, serviços
e o próprio desenvolvimento no que
se refere à capacidade de atração
de novas empresas e instituições
ao município. Para um referencial,
entre 2007 e 2010 Tefé sofreu 2.793
interrupções de energia elétrica. O
crescimento sem planejamento dos
setores urbanos e dos bairros centrais
leva ao aumento da criminalidade
e do desemprego, isto provoca
migrações de Tefé para outras
cidades o que proporcionou uma
diminuição da população em 3.004
habitantes entre 2.000, quando
contava com 64.457 habitantes,
e 2010 quando possuía 61.453, de
acordo com o Censo do IBGE/2010.
O acompanhamento deficiente do
poder público ao tráfego de trânsito
provocou uma série de prejuízos;
entre eles um típico de grandes
centros urbanos representada pela
poluição sonora advinda dos veículos,
principalmente dos carros de som;
para um referencial, o recomendado
para os limites sonoros ao ouvido
humano pela NBR 10152 da ABNT é
de 55 decibéis, em uma pesquisa que
realizamos nos carros de som em Tefé
constatamos 83,8 decibéis emitidos.
Isto afeta a população de diversas
formas prejudicando aulas em escolas,
universidades, reuniões formais e até
mesmo a tranquilidade de mães com
o intuito de adormecerem seus filhos.
Os espaços públicos de Tefé outrora
diversificados em seu uso (para um
exemplo, em 1972 na atual Praça
Túlio Azevedo existia um zoológico
e jardins mantidos pela prefeitura
e pela população que motivava o
teatro, o cinema do seminário e
iniciativas artesanais em seu entorno)
mostram o pequeno vigor cultural
da cidade que depende da iniciativa
pública para esta atribuição, pois a
iniciativa privada é incipiente neste
contexto sociocultural, o que reflete
a antagonia de uma elite social e
ideológica em detrimento à atuação
de uma elite política. Ressalta-se que
o papel de uma elite está em mostrar
o caminho a ser seguido pelo restante
da população, estrada esta perdida
entre promessas políticas e anseios
surreais no Solimões.
As perspectivas de Tefé são
positivas com relação ao futuro se
considerarmos as obras de ampliação
do aeroporto o que traz uma
revalorização do potencial vinculado
à posição estratégica da cidade e
o aumento da disponibilidade dos
serviços de profissionais liberais
atuantes em setores jurídicos,
educacionais, assistenciais e da
saúde. Por conseguinte, Tefé é o
maior centro financeiro da região de
acordo com o Banco Central, difunde
seus fluxos de serviços e finanças e
integra por intermédio destes todas
as cidades de sua região de influência
e além desta. A cidade não pode mais
ostentar o título de “princesinha
do rio Solimões” solicitado
por Manacapuru. No entanto,
mesmo com os “protocidadãos”
que assumem a gestão executiva
e administrativa, prejudicando
a economia e a sociedade com
escândalos contínuos de corrupção,
o que ocorre em todos os municípios
da região do Médio Solimões, Tefé
ainda é o centro urbano gestor desta
fração do território amazônida. A
cidade nunca se desvinculou de seu
papel como capital regional do Médio
Solimões, é notório concluir que
pela sua funcionalidade primordial
para a circulação na Amazônia
Ocidental nestes últimos três séculos
e, principalmente nestes 160 anos,
Tefé não foi verdadeiramente a
“princesinha do rio Solimões”
sempre esteve mais para a “Rainha do
Solimões”.
RevistaSolimoes 17
 Fone: 3343-2947
E-mail: fboaraujo2010@gmail.com

18 RevistaSolimões
RevistaSolimoes 19
20 RevistaSolimões
PANIFICADORA
SABOROSA: UMA
MARCA QUE INOVA
Oferecendo Almoço,
Pizza e lanche Gourmet

I
novação e investimento na qualidade de
seus serviços e produtos tem sido uma
marca recorrente da Panificadora Saborosa.
Depois de romper com o conservadorismo
do mercado de panificação e confeitaria da
cidade a Saborosa buscou novas alternativas,
agregou uma demanda local com serviços e
produtos diferenciados e ofereceu aos seus
clientes opções de almoço, pizza e lanche
gourmet, além de produtos de panificação e
confeitaria.
Aliado a tudo isso a Panificadora Saborosa
investiu no ambiente físico e fez de suas
instalações um dos locais mais agradáveis de Tefé.
Tudo isso sem perder de vista o cuidado e o zelo
pela qualidade de seus produtos e serviços que
trazem boas referências em sua clientela.
“Manter o padrão de qualidade dos nossos
produtos e serviços e criar novas opções para
atender bem o nosso público e corresponder
suas expectativas é um desafio diário. A crise
tem nos obrigado a realizar esforços e a buscar
alternativas para superá-la, nos colocando
diariamente diante de grandes desafios, mas
penso que isso é o que norteia o empreendedor”,
disse o proprietário da empresa Samuel
Rodrigues.
RevistaSolimoes 21
PROGRAMA DE RÁDIO
ESCOLAR “CLUB FIVE”
COMPLETA 1 ANO NO AR
O
programa “Club Five”
comandado por cinco
estudantes do ensino
médio: Luiza Maria, Bruna
Citrini, Ingrid Costa
(locutoras); Hanah Clara (operadora
- dj) e Maria Luiza (produtora),
estreou no dia 2 de maio de 2015, às
18:00, na Rádio Educação Rural de
Tefé e completou um ano no ar.
O programa com uma hora de
duração vai ao ar todos os sábados e
tem como público alvo os estudantes
das redes estadual e municipal de
ensino, mas caiu no gosto de todas as
faixas etárias já que sempre executa
uma playlist eclética e conteúdo
diversificado. De cunho educativo,
atingiu um alto índice de audiência
com blocos como “Agenda cultural”,
“Entrevistas” e “A escola no rádio”
este último com o objetivo de
revelar talentos das escolas através
da música, poesia, indicação de
livros, além de divulgar projetos e
entrevistar professores para indicar
métodos de estudos e dar dicas para
os vestibulares e ENEM.
O programa de rádio “Club
Five” é fruto do projeto “Comunicar
para a Vida”, desenvolvido pelo programa “Mais Cultura na Escola” de módulos com abordagem à
Centro Educacional Governador do governo federal. Durante o linguagem radiofônica, jornal
Gilberto Mestrinho, através do projeto 70 alunos participaram impresso e televisão.

22 RevistaSolimões
 Seu
filho tem mais
de 4 anos? Venha
participar do Projeto
“Amigos da bola”
Se seu filho gosta de futebol nós temos o Projeto “Amigos
da bola”. Uma boa oportunidade para ele melhorar a sua
coordenação motora, conviver em mais um ambiente cole-
tivo e desenvolver mais uma forma de aprendizagem.
Local: Arena Tefé, horários das 18:00 às 19:00 h.
Início dia primeiro de fevereiro.
Contato: 97-99164-2616 – Falar com
Raifran Brandão.

RevistaSolimoes 23
24 RevistaSolimões
PAULINHO A TODO
VAPOR NO VASCO DA GAMA

O
atleta mirim tefeense,
Paulo Ricardo de
Oliveira Babilônia,
o Paulinho, que atua
nas categorias de base
da equipe do Vasco da Gama
continua a todo vapor na equipe
cruzmaltina. Ele acaba de ganhar
um tratamento fisiológico do
time, o que permitirá ao atleta um
acompanhamento mais de perto
do seu desenvolvimento físico. “O
Vasco tem investido no meu filho”,
relatou o pai de Paulinho, Ricardo
de Oliveira Babilônia, o Mutante.
Paulinho acabou de
participar do mundial em
Goiânia, onde foi vice-campeão
com cinco gols. Apesar de
atuar com meia, ele tem se
destacado nas assistências até
em finalizações que culminam
em gols.
Atualmente Paulinho está
disputando o Campeonato
Carioca Dente de Leite e o
Campeonato da Federação de
Futsal, onde já marcou 8 gols.

RevistaSolimoes 25
 PIZZARIA VARANDAS AGORA
TAMBÉM COM SERVIÇO DE
LANCHE E PANIFICAÇÃO
C
onsolidada no mercado
de Pizzaria e com uma
estrutura pouco comum
no município, a Pizzaria
Varandas traz para os
seus clientes mais um serviço: o
de Panificação.
O diretor da empresa,
Francisco de Lima Queiroz, o
Júnior, explicou que as novidades
fazem parte das estratégias
de ampliação dos serviços e
produtos que a empresa pretende
estabelecer no município. “Vamos
oferecer Café Regional, Lanche
com hambúrguer caseiro e Sopa à
noite”, explicou.
Inquieto e preocupado com
o crescimento e a qualidade
dos serviços que presta, o
empreendedor sempre buscou
mudanças, ora em espaços físicos,
ora na oferta de novos produtos.
“Desde que começamos ali na
26 RevistaSolimões
Rua Monteiro Lobato muitas no manuseio dos produtos
mudanças foram feitas, com que fornece será uma marca
elas também tivemos muitas da casa. “Quero deixar visível
conquistas e estou consciente de todo processo de produção da
que o desejo de atender bem os empresa para que os nossos
nossos clientes passa por isso”, clientes tenham a segurança
destacou. do nosso comprometimento
A Varandas já se estabeleceu com as questões de higiene e na
em Manaus. Na Praça do qualidade de nossos produtos”,
Caranguejo, no tradicional bairro finalizou.
do Eldorado, a empresa já
deixou a sua marca. “Aqui em
Tefé lançamos também uma
lanchonete para atender,
principalmente, a demanda
de salgados, mas queremos
ir além. Acredito muito
no potencial da cidade e a
nossa credibilidade nos dá
segurança para continuar
investindo”, afirmou o
diretor da empresa.
Ele disse ainda
que a transparência
RevistaSolimoes 27
SEIVA TUPÉ
Viva as tetas da Coisa Pública
que alimentam prole infiel!
Salve-nos dos sanguessugas
que nos afundam tão rico batel!
A Velha Ega, então saqueada,
vê branca seiva, em largo pranto,
por íngrimes caminhos, desviada,
entristecendo guerreiro canto
da outrora formosa aldeia Tupé.
O quê foi feito de tua arquitetura?
Despojaram-te de encanto e fé,
teu pujante folclore, nossa cultura?!
Índia Caboré, por que fazem de ti
palco farsesco onde bobos da corte
28 RevistaSolimões
desfilam a ganância de te extorquir
usurpando-te alma e canto caboclos?
Salvemos nossa aldeia Tupepa
dos saltimbancos vagabundos
que apenas destroem história Ega
pela sede de saciar vícios imundos.
Viva a virtude, decência e cordura
que habitam os corações Tapibás!
E que as fartas tetas da Res Publica
alimentem o povo Tupé, nada mais!
(M.C.)
(Marta Cortezão)
MARTA
BARBOSA COR-
TEZÃO nasceu
em Tefé/AM e
foi registrada
na cidade de
Uarini, lugar
onde passou a
infância.
Em no-
vembro de
2014, estreou
no mundo da escrita com a poesia
“Atreva-se”, na revista “Subversa,
literatura luso-brasileira”. Desde
setembro de 2014 escreve poemas
e pequenas reflexões no seu blog
www. tefetupeba.wordpress.com e
em sua página “Banzeiro Manso”,
no Facebook. Participou em várias
antologias nacionais e internacionais
e, em breve, lançará seu primeiro
livro com capítulo especial dedicado
à sua terra Tupeba, onde passará, em
revista, personagens tefeenses, len-
das, folclore, costumes, expressões
regionais, hábitos, identidade e cultu-
ra e muitas surpresas com pitadas de
bom humor e saudosismo.
Marta Cortezão é também
membro da Associação Brasileira de
Escritores e Poetas Pan-amazônicos
– ABEPPA.
PRIMEIRA
PENEIRA
DE UM CLUBE
PROFISSIONAL
EM TEFÉ
A
s peneiras são os caminhos mais
fáceis para os milhares de jovens
e crianças que sonham com o
mundo da bola. Ela consiste em
uma seleção criteriosa por um
olheiro de um clube e tem como objetivo levar
novos talentos para as categorias de base dos
clubes profissionais.
Em Tefé, através do Paulinho, tefeense
que já atua nas categorias de base do Vasco,
em uma parceria com a escolinha ABC do
futebol, o Avaliador Técnico Oficial da equipe
do Vasco da Gama, Ademar Braga Júnior
esteve no município. Mais de cem jovens entre
nove e dezesseis anos estiveram participando
do evento, que apontou Rian Miranda,12, para
ir ao Rio de Janeiro, onde será submetido a
outro teste. A ida do garoto ao Rio de Janeiro
está prevista para depois das Olimpíadas.
Antes da viagem uma série de documentos e
exames médicos será exigida pelo clube.
Um dos coordenadores do evento em
Tefé, Ricardo de Oliveira Babilônia, o Mutante,
disse que durante esse período as passagens
e os preços na capital carioca estarão em alta
por causa das olimpíadas e que a coordenação,
por esse motivo, optou para um período
depois do evento do Rio.

RevistaSolimoes 29
A UEA E A INVENÇÃO
DA AUTONOMIA
Prof. Dr. Guilherme
Gitahy de Figueiredo*
Q
uando a sociedade
do Médio Solimões
conquistou o Centro de
Estudos Superiores de Tefé
(CEST) da Universidade
do Estado do Amazonas (UEA), em
2001, surgiu também a expectativa
de que formaria líderes capazes
de combater mazelas tais como a
letargia econômica, o autoritarismo,
a incompetência administrativa e a
corrupção. Agora já se sabe que as
mudanças podem ser mais lentas do
que o esperado. A universidade é um
instrumento poderoso de inovação
e, justamente por isso, é de se esperar
que uma parte das oligarquias
coloquem freios. Porém, desde que
30 RevistaSolimões
busquemos o autoconhecimento
e a reflexão histórica, há muitas
alternativas por se criar.
A educação escolar na Amazônia,
como investigou José Ribamar Bessa
Freire, surgiu como necessidade
do colonizador para subjugar os
nossos povos. Ao impor a construção
da sociedade colonial era preciso
unificar a língua e a visão de mundo,
destruir identidades e disciplinar os
corpos para que nos sentíssemos
"civilizados", ou seja, aceitássemos
a escravidão. Os europeus também
introduziram a violência como
princípio educativo, pois as
pedagogias tradicionais indígenas
prezam pela liberdade das crianças
para pesquisar e experimentar o
mundo. A ciência europeia, por sua
vez, impôs o método em que somos
“objeto” do conhecimento e da
exploração.
No CEST ainda dominam os
saberes e métodos dos "principais
centros" do Ocidente e do Brasil -
como Manaus -, e pouco fazemos para
construir uma ciência ribeirinha, voltada
para o desenvolvimento autônomo
da região. Os currículos dos cursos
são, em grande parte, a reprodução
cega de propostas elaboradas em
outros contextos. Há algumas
exceções louváveis, como a criação de
disciplinas voltadas para as histórias,
literaturas e pedagogias indígenas e
africanas, mas em geral tem havido
pouca consciência da necessidade de
se criar propostas inovadoras. São
fundamentais os projetos de pesquisa e
extensão enraizados em nossas histórias
e comprometidos com um futuro
sustentável, justo e democrático, mas
ainda são poucos.
É importante que o CEST
contribua na reformulação dos
currículos da UEA de forma estratégica,
a partir do debate sobre o Médio
Solimões. A pesquisa e a extensão
precisam se intensificar, para que
sejamos autônomos na produção de
saberes sobre o mundo e ligados a ações
concretas para o desenvolvimento
regional. Afinal, em um mundo cada
vez mais conectado, o Médio Solimões
deve se inserir não apenas consumindo,
mas produzindo e difundindo
conhecimentos e tecnologias. Um
passo importante acaba de ser dado: em
10/08/2016 aconteceu a aula inaugural
do Programa de Pós-Graduação
Interdisciplinar em Ciências Humanas,
uma parceria do CEST, Escola de
Artes e Turismo da UEA e Instituto
Mamirauá. Agora temos sete alunos
ingressantes e mais sete especiais
cursando o mestrado em Tefé.
Diante de tantos desafios, um
obstáculo é a falta de autonomia
administrativa: em 14 anos a reitoria
da UEA nunca disse "somos 57
municípios unidos na construção de
uma universidade". Ela diz "pensamos
sempre em como podemos ajudar
aquela região" (ver a UEA em Revista
número 1, p. 68), como se o sujeito
da universidade estivesse apenas em
Manaus. É conveniente para a capital
acreditar que o interior é incapaz,
pois essa crença legitima as relações
de dependência e a centralização
das decisões e das finanças. O ano
de 2015 terminou com eleições para
a direção do CEST, e o novo diretor
poderá contribuir para a construção da
autonomia se adotar medidas rumo à
gestão participativa, e se conseguir atuar
como defensor dos interesses de Tefé
em Manaus. Porém, as mudanças mais
profundas dependem de todos e todas.
Precisamos promover mudanças
de mentalidade, ao mesmo tempo
valorizando as melhores tradições.
Muitos têm priorizado a luta por
ascensão social, e esse individualismo
nos transforma em reprodutores do
clientelismo. Não há nada de errado
em se almejar uma vida melhor, mas
ela só será alcançada através da luta
pelo bem comum. Sigamos o exemplo
dos estudantes indígenas, que fazem
do estudo uma contribuição a suas
comunidades. Outra tradição é o
cosmopolitismo: o encontro dos rios
Solimões, Japurá e Juruá há séculos vem
favorecendo as viagens e migrações. O
censo de 2010 mostra que 26,7% dos
tefeenses nasceu em outros lugares,
um número próximo aos 31,24% de
imigrantes de Manaus. Isso faz da nossa
região um importante elo de diálogos
interculturais, e o CEST tem que fazer
jus a este riquíssimo legado.
Para que seja efetivamente do
Médio Solimões, o Centro precisa de
uma gestão participativa que inclua a
diversidade de estudantes, professores,
funcionários e de povos da região na
construção de um projeto científico e
educativo coletivo e plural, que ajude a
inserir nossos municípios com altivez
num mundo cada vez mais globalizado.
O professor Guilherme vive em Tefé há 12 anos,
atuando em comunidades, aldeias, bairros e escolas e
na universidade como aprendiz, cientista, educador e
radialista.
RevistaSolimoes 31
 Serviços de contabilidade em geral
32 RevistaSolimões
Fones: (97) 3343-4911 - (97) 98115-3395 - (97) 99393-3960
 Frango maringá Ovos de codorna Arroz prato
Óleo de soja lisa chic
Margarina
deline Açúcar doce dia

5,39 3,39
7,90
1,75 5,25
3,39

RevistaSolimoes 33
MAIOR CHEIA DA
HISTÓRIA DE TEFÉ 2015

ENCHENTE ENCHEU OS COFRES DA PREFEITURA

E ESVAZIOU A BARRIGA DOS ALAGADOS

34 RevistaSolimões
A
maior cheia já registrada
no município de Tefé
mudou a rotina dos
tefeenses, aconteceu em
2015. No Centro e em
diversos pontos da cidade houve
alagações e consequentemente
interdições em locais importantes,
obrigando o poder público a buscar
adequações para dar o mínimo de
normalidade ao fluxo de veículos.
Mas se no trânsito foi fácil encontrar
uma solução, o mesmo não se
pode dizer em relação à situação
dos alagados. Dinheiro não faltou.
O Governo do Estado repassou
R$ 1 milhão e o Governo Federal,
mais um milhão e cinqüenta e três
mil reais, totalizando mais de R$ 2
milhões em dinheiro, além de 1.600
cestas básicas, filtros e colchões
enviados pelo Governo do Estado.
Os recursos que deveriam dar
suporte e atenuar o sofrimento
das vítimas da cheia não tiveram
o destino que os originou. A
informação foi constatada pela
câmara municipal em visita aos
alagados da zona urbana e na
zona rural, através de informações
confirmadas pelos líderes
comunitários.
“Com a enchente agente
perdeu muito. A nossa casa ficou
toda alagada, perdemos fogão,
geladeira, tudo que a gente tinha
foi pro fundo, tivemos um prejuízo
muito grande e não recebemos
nenhum auxilio da prefeitura” -
Francisco Félix Maciel- Morador da
Rua Beira Mar – Centro.
“Tivemos que sair de casa
porque a água botou agente pra fora,
o bom e que nós temos familiares
que moram mais ali pra cima, ai
agente teve pra onde ir, mas se
vê muitas pessoas que não teve a
mesma sorte e não receberam nada”,
Eliézio Dantas Bruce- Morador do
Bairro do Abial.
“Eu nunca tinha visto uma
enchente assim. Tivemos logo que
aumentar o piso, por nossa conta,
para continuar dentro de casa e ainda
vamos ter prejuízos por causa da
madeira das casas que teremos que
trocar”, Raimundo Nonato Ferreira da
Silva - Morador do bairro Santa Rosa.
Um exemplo de má fé da
prefeitura de Tefé durante o período
de cheia foi a utilização de donativos da
defesa civil para servir como merenda
escolar. Inventa-se uma compra de
merenda escolar e utiliza o dinheiro
público para alimentar as festanças e
investimentos da corte Veloso.
RevistaSolimoes 35
ESCOLA EDUARDO RIBEIRO
GANHA CERTIFICAÇÃO ISO 9001
C
onhecida como uma das
instituições de ensino de
primeiro ao quinto ano
mais cobiçada pelos pais de
alunos dessas séries, a Escola
Estadual Eduardo Ribeiro, uma das
mais antigas de Tefé, mostrou porque
que lá uma vaga é tão concorrida. A
escola acabou de ganhar a certificação
ISSO 9001. O selo será dado pela
empresa líder mundial de certificação
BVQI, com sede na França.
A recomendação da certificação
foi feita depois de um rigoroso critério
de avaliação da escola, após indicação
da Seduc, baseada nas premiações de
reconhecimento da qualidade do ensino
na instituição.
“A ISSO 9001 é um atestado
dado pelo órgão certificador de que a
organização trabalha em um sistema
de qualidade sempre buscando atender
a satisfação de seus clientes”, explicou
Luís Cláudio Ribeiro da Rocha, auditor
36 RevistaSolimões
fiscal da ISSO 9001, o último a visitar o
município.
Depois de assistir a uma
programação cultural no pátio
da escola, o auditor teceu elogio à
instituição e anunciou que a escola
atendia os pré-requisitos para a
certificação.
Após o anúncio do auditor a
emoção tomou conta dos alunos,
professores e colaboradores da
educação, que entre risos e lágrimas
comemoraram eufóricos mais uma
conquista da educação no município.
Muito emocionada, a
coordenadora da Seduc, Assunta
Maria Castro Araújo, disse que a
certificação representa a qualidade na
gestão educacional que se busca a cada
dia e que a Escola Eduardo Ribeiro,
com muito esforço e muita luta pode
comemorar essa conquista.
Para a gestora da escola,
Francilene Conceição dos Santos
Fernandes, a premiação demonstra
o comprometimento da equipe na
qualidade do ensino na educação
de Tefé e que representa mais
oportunidade para seus alunos.
“Estudando em uma escola de
referência eles terão mais oportunidade
para se destacar na educação e isso é
muito importante”, disse.
Pedrina Rodrigues Macário foi
aluna da escola que hoje trabalha
há 28 anos. Conhecida pelo rigor
e capacidade de botar os alunos
mais sapecas na linha ela disse que
a certificação foi um prêmio como
reconhecimento do esforço de toda
escola.
A coordenadora adjunta
pedagógica, Andressa Costa de Lima
Moura, que esteve até pouco tempo na
gestão da escola disse que a certificação
simboliza o padrão de qualidade que se
busca e que todos estão de parabéns.
RevistaSolimoes 37
EM MAIS DE 15 ANOS DE ATUAÇÃO, INSTITUTO
MAMIRAUÁ CONSOLIDA INFRAESTRUTURA
DE PESQUISA NO MÉDIO SOLIMÕES
O
Texto: Eunice Venturi
crescimento da
infraestrutura de pesquisa
para várias partes da calha
do Solimões. O aumento
da população de pirarucus
em decorrência do manejo da espécie.
Cerca de 17 milhões de reais gerados
para comunidades ribeirinhas em
decorrência do manejo de recursos
naturais. Esses são alguns dos
38 RevistaSolimões
resultados da atuação do Instituto
Mamirauá e que vem se consolidando
como um importante centro de
pesquisa com sede em Tefé.
“O Instituto Mamirauá completou
15 anos no ano passado, mas quando
penso em tempo não consigo deixar
de lembrar os anos anteriores a 1999
e todo o trabalho realizado pelo José
Marcio Ayres e pela Sociedade Civil
Mamirauá. Acreditando que a inclusão
FOTOS: AMANDA LELIS
social é imprescindível para a proposta
de desenvolvimento sustentável,
continuamos empenhando
esforços para esse fim”, disse
Isabel Sousa, diretoria de Manejo e
Desenvolvimento.
O Instituto foi fundado no dia
23 de abril de 1999, mas para falar de
sua história é preciso recorrer aos
antecedentes, pois a determinação de
um pesquisador, em defesa de uma
espécie de macaco, tem sido capaz de
mobilizar muitas pessoas em torno
de um único objetivo: a conservação
da Amazônia. Na década de 1980, o
primatólogo José Márcio Ayres iniciou
uma pesquisa na região, atraído pelos
relatos do naturalista inglês Henry
Walter Bates sobre a presença de uma
espécie endêmica de macaco: o uacari-
branco (Cacajao calvus calvus).
Cinco anos depois, o cientista
encaminhou uma proposta ao
Governo Federal, para a criação de
uma área de cerca de 200 mil hectares
que protegeria o primata. A solicitação
foi atendida em 1986 com a criação
da Estação Ecológica Mamirauá. Em
1990, essa Unidade de Conservação
passou para a administração do
Governo do Estado do Amazonas.
Houve expansão dos seus limites,
abrangendo uma área de 1.124.000
hectares. Em 1996, foi transformada
em Reserva de Desenvolvimento
Sustentável (RDS), a primeira no
Brasil. Atualmente, há cerca de outras
30 RDS’s no território brasileiro.
Desde então, um número cada
vez maior de pesquisadores e técnicos
foram integrados à equipe do então
Projeto Mamirauá, criado para
desenvolver atividades de pesquisa e
extensão na Reserva Mamirauá. Quase
20 anos depois da chegada de Márcio,
uma organização social foi constituída:
o Instituto de Desenvolvimento
Sustentável Mamirauá. Márcio foi o
primeiro diretor do Instituto Mamirauá,
mas faleceu em 2003, vítima de câncer,
e não pôde acompanhar o crescimento
da instituição.
Determinação foi o que motivou
os que o sucedem: “Pela determinação
da equipe inicial, e da que hoje atua
na instituição, o Instituto segue em
ritmo crescente [veja Mamirauá em
Números], é importante para a região
e reconhecido no Brasil e no exterior”,
disse Ana Rita Pereira Alves, assessora
institucional do Instituto Mamirauá.
Recentemente, Luiz Gonzaga
de Matos, membro da Colônia Z-32
de Maraã e morador da Reserva
Mamirauá, refletiu sobre a criação do
Instituto: “Nós também destacamos a
fundação do Instituto Mamirauá como
uma evolução, de crescimento, de vida
para a unidade. O Instituto Mamirauá
é muito importante na nossa vida, por
aquilo que representa, por aquilo que
desenvolve”.
Ao resultado do que é
desenvolvido soma-se: 600 mil
reais gerados para 15 comunidades
beneficiadas com as iniciativas
de manejo florestal; mais de 12
milhões de reais foram gerados
para 31 comunidades, três colônias
de pescadores e um sindicato de
pescadores com as iniciativas de
manejo de pesca e 1,9 milhão de reais
com as iniciativas de turismo de base
comunitária.
Além disso, mais de 1.200 pessoas
capacitadas para atuarem como
líderes comunitários, comunicadores
populares ou agentes ambientais
voluntários. As ações promovidas
nesses 16 anos pelo Instituto
Mamirauá ocorrem dentro das
linhas de atuação de pesquisa para a
conservação, assessoria técnica para
o manejo sustentável de recursos
naturais, educação ambiental, entre
outras. Outra importante influência
é na formulação de políticas públicas
na área de meio ambiente e recursos
naturais na Amazônia.
Segundo Isabel, as experiências
com manejo de recursos naturais
extrapolaram os limites das Reservas
Mamirauá e Amanã, e estão sendo
disseminadas para outras áreas da
Amazônia, beneficiando outras
populações ribeirinhas. “Nesse sentido,
destaco o manejo florestal, um modelo
de manejo comunitário, implementado
em 1999, em cinco comunidades da
Reserva Mamirauá, cujos planos de
manejo foram os pioneiros do estado
do Amazonas. Destaco também as
pesquisas voltadas para o manejo do
pirarucu que abriram precedentes para
o IBAMA/AM licenciar a pesca e a
comercialização”, destacou.
INICIAÇÃO CIENTÍFICA
Uma das formas de atuação do
Instituto Mamirauá é a realização
do Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação Científica
oportunizando a formação
de jovens pesquisadores, com
financiamento do Conselho
Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) e
Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado do Amazonas (Fapeam).
RevistaSolimoes 39
40 RevistaSolimões
RevistaSolimoes 41
BENEFÍCIOS DO
FUTEBOL NA INFÂNCIA
O
futebol é uma linguagem
universal de milhões de
crianças no mundo. O jogo
não é um privilégio, mas
um direito fundamental
das crianças, de acordo com a
Convenção dos Direitos da Criança.
O futebol desempenha um importante
papel na preservação desse direito
infantil. É uma linguagem universal de
milhões de pessoas em todo o mundo,
inclusive de crianças e adolescentes,
independentemente de onde sejam,
o idioma que falem, ou a religião que
sigam.
O denominador comum é
a bola, com a qual os meninos
brincam numa quadra, no campo,
nas ruas, em acampamentos,
estacionamentos, inclusive em locais
abandonados. O futebol é o esporte
mais popular do mundo. Em muitos
lugares do mundo, especialmente
na América do Sul e Europa, o
42 RevistaSolimões
futebol é muito mais que um jogo.
É um estilo de vida. Cada vez mais
meninos se inscrevem em escolas de
futebol, seduzidos em converterem-
se em uma grande estrela do futebol
mundial. As meninas também estão
conquistando espaços dentro desse
esporte.
Na etapa de crescimento, as
crianças desenvolvem condições
ideais para treinar a habilidade.
A partir dos 5 anos de idade, a
maioria das crianças está preparada
para dar seus primeiro passos no
futebol. Adaptam-se facilmente aos
movimentos e podem apresentar
melhor coordenação. O futebol
também é um importante meio
de canalizar a energia da criança,
diminuindo a probabilidade de
ela desenvolver comportamentos
violentos. Além de fomentar a
atividade física para o resto da vida,
a prática do esporte para garotos e
garotas constitui-se de bom meio de
desenvolver nos pequenos uma série
de aptidões sociais. Muitas vezes,
crianças tímidas conseguem se
comunicar melhor em grupos mais
próximos.
Bem controlado e com uma
adequada preparação, este esporte
pode contribuir com grandes
benefícios:
- Aumentar a potência muscular
das pernas. - Melhora a capacidade
cardiovascular; Estimula a
velocidade de reação, a coordenação
motora, e a visão periférica; contribui
com aumento da densidade óssea
femural; aumenta a potência do salto;
aumento dos níveis de testosterona,
o que fará com que se forme mais
tecido muscular e oxigena o sangue,
acrescidos de outros benefícios.
Além disso, o futebol sociabiliza
as crianças, e lhes insere no
gratificante trabalho em equipe.
IEADA LEVA CENTENAS
DE CRIANÇAS AO TEMPLO
CENTRAL DURANTE A EBF
A
Igreja Evangélica
Assembleia de Deus, em
Tefé, promove todo ano, no
período de férias escolares
o Estudo Bíblico de Férias
– EBF. O evento é uma maneira
criativa e divertida de a igreja pregar
o evangelho tanto para crianças que
já congregam na Assembleia de Deus
quanto para aquelas que ainda não
fazem parte da igreja.
O Pastor Diogo Ávila disse que
as atividades da EBF acontecem
todos os anos e que são realizadas
pelo departamento infantil da igreja
com objetivo de transmitir a palavra
de Deus às crianças. “Em provérbios
a palavra de Deus diz que devemos
ensinar a criança no caminho que
deve andar. Então o objetivo central
do evento é ensinar a palavra de Deus
aos pequeninos”, explicou o pastor.
Diogo Ávila acrescentou ainda que
além de ensinar a palavra de Deus, a
EBF ensina as crianças a serem bons
cidadãs, ensina a obediência e que
ajuda na consolidação de valores e de
respeito aos mais velhos e à família.
O Evento foi coordenado por
Ada Karen Queiroz Pires, líder do
Ministério Infantil da IEADAM. Ela
explicou que a EBF é um evento
que busca também a consolidação
da fé das crianças que já fazem parte
da igreja e que busca também levar
outras crianças que ainda não são
convertidas na palavra.
Durante o evento as crianças
participaram de oficinas, teatro de
fantoche e outras atividades lúdicas
com temas bíblicos. Culto, louvores e
brincadeiras infantis variadas também
fizeram parte da programação
do Estudo Bíblico de Férias da
Assembleia de Deus.
RevistaSolimoes 43
44 RevistaSolimões