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07/03/2024, 23:47 "Apocalipse da internet": tudo o que sabemos até aqui

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CIÊNCIA E ESPAÇO

“Apocalipse da internet”: tudo


o que sabemos até aqui

Ciclo solar intenso vem levantando debates sobre as consequências


de uma tempestade geomagnética e um "apocalipse da internet"

Lucas Soares 06/03/2024 11h41, atualizada em 06/03/2024 21h13

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No fim do ano passado, uma leva de rumores de que a


NASA teria anunciado um suposto “apocalipse da internet”
ganhou força nas redes sociais. Como explicou o Olhar
Digital, tudo não passou de uma grande fake news que
interpretou estudos de maneira sensacionalista. Entretanto,
apesar de não existir nenhum “anúncio” do tipo, cientistas
analisam e até criam planos de contingência caso uma

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tempestade solar de intensidade extrema cause


consequências além do esperado no nosso planeta.

Essa alvoroço começou com um estudo de 2021, que


revelou que além de afetar drasticamente redes elétricas e
comunicações tradicionais, uma ejeção de massa coronal
extremamente intensa também seria catastrófica para a
internet global, que continuaria offlline mesmo dias depois da
eletricidade ser restabelecida diante de um episódio do tipo.

Na história moderna, apenas três casos mais violentos foram


registrados desde 1859, quando o “Evento Carrington” fez
com que as agulhas de bússolas girassem
descontroladamente (sinal de que uma tempestade solar
forte afetou o campo magnético da Terra). Em 1929, um
evento ainda maior, com três dias de duração, causou
incêndio de média escala na Estação Grand Central de Nova
York, derrubando também a rede de telégrafos da cidade.

Finalmente, em 1989, um evento moderado de ejeção de


massa coronal derrubou a rede elétrica Hydro-Québec, no
norte do Canadá, deixando a parte mais alta do país sem
energia por aproximadamente nove horas. Jyothi argumenta,
porém, que depois de mais de 30 anos sem um evento
majoritário, é provável que um deles esteja em vias de
ocorrer nos próximos anos.

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Quais as chances de um apocalipse


da internet?

O estudo liderado pela cientista Sangeetha Abdu Jyothi


levou em conta um cenário extremo onde de fibra óptica
estarão especialmente vulneráveis a um evento de ejeção de
massa coronal de grande porte.

“O que realmente me fez pensar nisso foi a atual pandemia


[da Covid-19], onde, com ela, vi o quanto o mundo não
estava preparado”, disse Jyothi à WIRED. “Não havia
protocolo para lidar com os problemas de forma eficiente, e o
mesmo vale para a resiliência da internet. A nossa
infraestrutura não está preparada para um evento solar de
grande escala. Temos uma compreensão muito limitada de
quanto dano pode ocorrer”.

De forma bem resumida, tempestades solares são erupções


de gás altamente ionizado provenientes da coroa do Sol, que
são carregadas até o campo magnético da Terra e
derrubando por completo redes elétricas, de comunicação e
estações do gênero, levando a blecautes de longa duração.

Segundo a especialista, o problema seria de escala global:

Estações de fibra óptica regionais estariam


majoritariamente seguras;

Mas cabos oceânicos que atravessam continentes


seriam os mais vulneráveis;

Uma tempestade solar afetaria esses cabos


internacionais de internet, cortando o fornecimento de
conexão na fonte.

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“É como fechar o suprimento de água de uma casa


quebrando o encanamento da rua”, ela exemplifica.

(Imagem: Pedro Spadoni via DALL-E/Olhar Digital)

O motivo para os cabos submarinos serem mais vulneráveis


ao “apocalipse da internet” reside no fato de que todos eles
usam repetidores a variações entre 50 km e 150 km de
distância percorrida. Esses repetidores amplificam o sinal
dos cabos de fibra óptica, assegurando que nada se perca
no caminho. Embora os cabos em si sejam maciços, o
mesmo não pode ser dito dos repetidores, cujos
componentes eletrônicos os tornam suscetíveis a uma
tempestade solar.

Não há motivo para pânico

Especialistas apontam que uma interrupção generalizada da


internet pode, de fato, ser provocada por uma forte
tempestade solar que vier a atingir a Terra – um evento raro,
mas muito real, que ainda não aconteceu na era digital.

Peter Becker, pesquisador da Universidade George Mason,


em Fairfax, no estado norte-americano da Virgínia, lidera um
projeto em parceria com o Laboratório de Pesquisa Naval
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dos EUA, que tem por objetivo desenvolver um sistema


capaz de alertar a população cerca de 18 horas antes que as
partículas solares cheguem ao campo magnético terrestre
com potencial de causarem um possível “apocalipse da
internet”.

“A internet atingiu a maioridade durante uma


época em que o Sol estava relativamente calmo.
Agora, ele está entrando em uma época mais
ativa. Esta é a primeira vez na história da
humanidade que houve um aumento da
atividade solar com tamanha dependência da
internet.”

Peter Becker

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O Sol está no centro da imagem acima, que mostra primeiro um brilho


repentino na borda noroeste causado por uma erupção solar M6.8. Em
seguida, vemos a cena “salpicada” de prótons de alta energia.
Créditos: SDO, SOHO e jhelioviewer.

Conforme noticiado pelo Olhar Digital, o pico do atual ciclo


solar, até então esperado para 2025, deve chegar um ano
antes. Segundo Becker, há cerca de 10% de probabilidade
de que, na década de 2030, “algo realmente grande
aconteça e possa acabar com a internet”.

A equipe de cientistas envolvida no projeto monitora a


atividade solar, analisando o brilho do astro. Ao detectar
alterações que sinalizem o disparo de CMEs em direção à
Terra, eles conseguem estimar a chegada das partículas
carregadas ao planeta.

Esse material poderia causar uma interrupção do campo


magnético entre 18 e 24 horas. Para Becker, o alerta seria
essencial para que os aparelhos sejam desligados e não
queimem.

“Há coisas que podem ser feitas para mitigar o problema, e o


alerta é um deles”, diz o pesquisador. “A longo prazo,
estamos falando sobre um fortalecimento da internet, o que
é um desafio econômico, e o projeto funcionaria como uma
apólice de seguro. Você pode nunca precisar disso, e
custaria trilhões para realmente fortalecer o sistema”.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e


atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.

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