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21 de março de 2023, Brasília

Caro Comitê,

Nesta carta, irei tratar a respeito da minha opinião sobre a proposta realizada pelo Membro 1
sobre a criação de um sistema de captação/armazenamento de energia elétrica oriunda de
raios.

Os raios, fenômenos meteorológicos vastamente conhecidos, se tratam de descargas elétricas


de grande intensidade ocorridos na atmosfera, ocorridas comumente entre nuvens e o solo,
porém também podendo ocorrer entre nuvens e dentro destas.
À primeira vista, pode ser que a ideia pareça aplicável. Porém, existem alguns importantes
fatores a se observar.

O raio em si é o fenômeno qual ocorre após uma quantidade abundante de energia


eletrostática entre dois pontos é dissipada, gerando uma grande quantidade de energia térmica,
tudo isso em uma fração de segundo. Assim, sobra, durante o fenômeno, uma quantidade de
energia elétrica armazenável bastante pequena. Considerando que um raio ocorrido entre uma
nuvem e o solo traz consigo uma carga elétrica de, em média, 10 C, e que a tensão ao longo
do canal (caminho do raio entre os dois pontos) meça por volta de 100 milhões de volts, a
energia elétrica total do raio é de 10^9 J, ou seja, cerca de 300 kWh. Porém, apenas 1% dessa
energia viria a poder ser armazenada, devido a dissipação da energia no ar durante e após o
evento.
O consumo médio de energia elétrica por residência no Brasil é, atualmente, cerca de 152,2
kWh por mês, ou seja, seria necessária a energia elétrica armazenada de aproximadamente 12
raios para alimentar apenas uma (1) casa durante uma semana. No Brasil atualmente existem
aproximadamente 72 milhões de domicílios.

Considerando todos os fatores científicos acima, além de que os raios são eventos altamente
imprevisíveis, e que a elaboração e a implantação de tal sistema seria uma operação bastante
cara, não vejo o porquê tal ideia seria útil, muito menos realista e/ou cabível.

Atenciosamente.

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