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ANAIS DO VIII

ENCONTRO DE
INICIAÇÃO
CIENTÍFICA
2023

IFNMG-CAMPUS PIRAPORA
Organização

Coordenador
Josué Batista Antunes
Coordenador da Coordenadoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação

Comissão Organizadora
Josué Batista Antunes
Adler Augusto Rath
Alex Lara Martins
Anderson Vantuir Nobre Vieira
Daniel Brito Bulhões
Deyvid de Sousa Porto
Clodoaldo Roberto Alves
Hélio de Morais Filho
Jean Carlo Laughton de Sousa
Juliara Lopes da Fonseca
Luciano Soares Diniz
Luiz Carlos Medeiros Damasceno
Marcelo de Miranda Lacerda
Maria do Socorro Vieira Barreto
Maria Neuza de Almeida Queiroz
Renata Maurício Sampaio
Walter Andrade de Freitas

Tema: Ciências Básicas para o


Desenvolvimento Sustentável
14 a 16 de dezembro de 2023
“VIII Encontro de Iniciação Científica 2023" (3. :2023: Pirapora, MG)”

Anais [recurso eletrônico] /VIII Encontro de Iniciação Científica 2023, 14 a 16


dez. em Pirapora, MG. Organização: ANTUNES, J. B. Autores: SILVA, D.C.;
MEDEIROS, C.A.; SILVA, H.B.; [et al.]. – Pirapora, Minas Gerais: Instituto Federal
do Norte de Minas Gerais, 2023. 37 p.

Disponível em: http://www.ifnmg.edu.br


1. IFNMG. 2 Anais. 3. Iniciação Científica. 4. Resumos.
ISSN – Sem ISSN

Como citar:
SOBRENOME, Nome do primeiro autor do trabalho científico. Título do trabalho científico. In:
VIII Encontro de Iniciação Científica, 2023, Pirapora, MG. Anais [recurso eletrônico]/ VIII
Encontro de Iniciação Científica. Pirapora (MG): IFNMG, 2023, p. página inicial-página final.
Disponível em: http://www.ifnmg.edu.br. Acesso em: dia, mês e ano.
APRESENTAÇÃO

O Instituto Federal do Norte de Minas Gerais - Campus Pirapora, por meio de sua
Coordenadoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação, organiza anualmente o Encontro de
Iniciação Científica. Este evento é uma plataforma dedicada à divulgação da produção
científica do Campus Pirapora que reúne docentes, técnicos, estudantes e pesquisadores do
IFNMG e de outras instituições de ensino. Em 2023, em sua oitava edição, o encontro foi
integrado à programação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), da Feira de
Ciências e da Semana da Informática (SEINFO), proporcionando uma programação
diversificada e enriquecedora.

A abertura do evento foi marcada pela palestra do Professor Doutor Fausto Makishi, que
deu início às atividades da 20ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do Campus
Pirapora. O dia 15/12/2023 se destacou por uma série de oficinas e mesas redondas,
criando oportunidades para que estudantes imergissem em debates e compartilhassem
suas visões. À noite, o evento continuou com a abertura da Semana da Informática
(SEINFO), juntamente com a realização do VIII Encontro de Iniciação Científica, momento
em que foram apresentados os resultados das pesquisas desenvolvidas por pesquisadores,
bolsistas e voluntários de Iniciação Científica. Dando sequência ao evento, no dia
16/12/2023 ocorreu a II Feira de Ciências, onde estudantes do ensino médio integrado
tiveram a chance de explorar o universo da ciência, tecnologia, engenharia, física e
matemática. Esta experiência prática incentiva a aplicação do conhecimento adquirido em
sala de aula, além de fomentar o desenvolvimento de competências como pesquisa,
comunicação e solução de problemas.

Desse modo, nestes Anais de trabalhos científicos, teremos a publicação de resumos que
são resultado do trabalho de estudantes de cursos técnicos, graduação e servidores do
IFNMG. Essa publicação destaca não apenas o avanço do conhecimento científico, mas
também estimula o desenvolvimento de competências essenciais, como o pensamento
crítico, trabalho em equipe e autonomia.
SUMÁRIO

RESUMOS

BLOQUETES SUSTENTÁVEIS: UMA ABORDAGEM PROMISSORA UTILIZANDO RECURSOS RESIDUAIS


DA AGRICULTURA E PECUÁRIA ................................................................................................06

CONCRETO VIRADO EM OBRA – IDENTIFICAÇÃO DOS TRAÇOS MAIS UTILIZADOS NO MUNICÍPIO DE


PIRAPORA/MG...................................................................................................................... 09

A CONSTRUÇÃO CONJUNTA DE UMA PERGUNTA CIENTÍFICA ELABORADA POR ESTUDANTES DO


ENSINO MÉDIO PARA O ESTUDO DE UM SISTEMA COMPLEXO..................................................12

DOSAGEM EXPERIMENTAL DE CONCRETOS CONVENCIONAIS PRODUZIDOS COM A BRITA 01 DE


ARENITO ARCÓSIO EXTRAÍDA NO MUNICÍPIO DE PIRAPORA/MG...............................................17

APLICAÇÃO DO CAPIM VETIVER NA ESTABILIDADE DE TALUDES.................................................22

ESTUDO DOS IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS DAS USINAS DE ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA NA


CIDADE DE PIRAPORA.............................................................................................................28

A PRESENÇA E AMPLIAÇÃO DAS USINAS DE ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICAS NO MUNICÍPIO DE


PIRAPORA/MG - ESTUDO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS............................................................30

PADRÕES INTERATIVOS EM COMUNIDADES DE PLANTAS E POLINIZADORES: COLETA, INTEGRAÇÃO


E PADRONIZAÇÃO EM UM BANCO DE DADOS...........................................................................36
BLOQUETES SUSTENTÁVEIS: UMA ABORDAGEM PROMISSORA UTILIZANDO
RECURSOS RESIDUAIS DA AGRICULTURA E PECUÁRIA

SILVA, D.C ¹, MEDEIROS, C.A. ², SILVA, H.B.³, TORRES, H.M.S.4, MACHADO, G.C.5 e
LIMA, R. de C.6

Discentes do curso de Bacharelado em Engenharia Civil do IFNMG – Campus Januária.


1,2,3,4,
5
Me. e doutorando em Engenharia de Materiais pela Universidade do Porto – Portugual.
6
Dr. e Prof. EBTT de Física do IFNMG – Campus Januária.

Palavras-chave: Cimento. Sustentabilidade. Economia Circular.

Introdução
Nos dias atuais há muitas discussões sobre a degradação ambiental, principalmente devido ao
aumento da emissão dos gases de efeito estufa, podendo destacar a indústria da construção. Conforme
a população mundial cresce, é natural que mais edificações, estradas, barragens e outras infra
estruturas, que dependem diretamente do concreto, sejam construídas, elevando o consumo dos
recursos naturais e gerando diversos impactos para o meio ambiente, principalmente à poluição da
água, do ar e do solo, além da escassez de recursos não renováveis (SANTOS e ISAIA, 2020). Segundo
FAPOHUNDA et al. (2021), “A produção de cimento não só requer o uso massivo de calcário, um
recurso natural não renovável, mas também resulta na liberação de CO 2 e outros gases de efeito
estufa na atmosfera”. O crescente consumo de cimento pode ser compensado por sua substituição
parcial (HAMID e RAFIQ, 2020). Sob esse desafio, a ONU lançou a iniciativa global "ambição Net Zero"
dentro da agenda 2030 – objetivo de reduzir as emissões de CO2 e outras emissões de gases
prejudiciais à atmosfera (WBCSD, 2010).
Os blocos de concreto, ou bloquetes, são compostos por cimento, o que apresenta um dilema
ambiental. Contudo, esses blocos são altamente vantajosos devido a sua permeabilidade e
durabilidade na construção civil. Eis a relevância do projeto, visto que, com a substituição parcial do
uso de cimento na fabricação dos bloquetes, podemos corroborar para a diminuição da emissão de
CO2. Nosso objetivo é analisar a viabilidade técnica, econômica, ambiental e social da aplicação das
cinzas de resíduos ambientais e agrícolas em bloquetes sextavados como substituição parcial do
cimento em bloquetes, auxiliando a redução da emissão de gases de efeito estufa.

Material e métodos /Metodologia


Foram realizados uma busca na literatura com ênfase em artigos científicos recentes relacionados às
temáticas que englobam o uso e desenvolvimento de cimentos sustentáveis. Priorizamos aqueles que
empregam as cinzas de resíduos agrícolas para a substituição parcial do cimento no desenvolvimento
de bloquetes intertravados utilizados na construção civil. As cinzas provenientes de resíduos agrícolas
que apresentaram os resultados mais satisfatórios em pesquisas e viabilidade de obtenção no IFNMG
– Campus Januária foram as da fibra de coco, fibras da casca da mandioca, biochar da suinocultura,
casca da banana, cana-de-açúcar e castanhas. Estas foram selecionadas para a composição de um
artigo de revisão acerca de cimentos sustentáveis. Além disso, será feito o uso de equipamentos
específicos para a produção dos bloquetes. Entre esses equipamentos, incluem-se a mesa vibratória,
a betoneira, as formas sextavadas, entre outros, conforme ilustrado na Fig. 1 (A e B). Todos esses
equipamentos foram adquiridos pelo cartão BB Pesquisa - Ed. 139-2022 do IFNMG para a realização
do projeto. Nesse contexto, serão realizados ensaios físico/mecânicos nos bloquetes. Após a
realização dos ensaios, os resultados obtidos serão apresentados, juntamente com uma comparação
dos resultados já conduzidos e descritos na literatura.

Resultados e discussão
Após a análise de revisões bibliográficas que envolve este estudo, foi observado um grande potencial
nos compostos orgânicos para substituir parcialmente o cimento na mistura de argamassa, no qual,
através de ensaios e da análise da micro e macroestrutura das misturas, revelam características
mecânicas, físicas e de molhabilidade das misturas em ambos os estados fresco e endurecido,
associado à avaliação da contribuição pozolânica desses resíduos na composição cimentícia, mediante
a substituição apropriada do cimento Portland comum (OPC) por compostos orgânicos em
porcentagem adequada. No presente momento, estes pesquisadores estão produzindo um artigo
review sobre o assunto e em breve, já em 2023-02, será iniciada síntese própria de bloquetes de
cimentícios com resíduos de cinzas orgânicas provenientes do instituto.

Conclusão(ões)/Considerações finais
Através da análise da literatura, verificou-se que as cinzas provenientes de resíduos agrícolas
demonstram resultados satisfatórios como substitutos parciais do cimento. A Fig. 2 (A, B e C)
apresenta os resultados finais obtidos por pesquisadores cujo tema é semelhante a este estudo. Destaca
- se a importância de explorar alternativas sustentáveis na construção civil. A expectativa é que, após
o artigo de review, alcançar uma proporção viável para a utilização de cinzas orgânicas na substituição
do cimento e publicar os resultados emergentes.

Agradecimentos
Agradecemos aos: apoio de investimento financiado pelo cartão pesquisa BB - PROPPI - Ed. 139-
2022; apoio ao projeto de pesquisa pela Direção de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (DPPI) do
IFNMG Campus Januária.

Referências
FAPOHUNDA, C. et al. A review of some agricultural wastes in Nigeria for sustainability in the production of
structural concrete. Nigerian Journal of Technological Development, v. 18, n. 2, p. 76–87, 2021.
FILHO, S. T. M.; MARTINS, C. H. Utilização da cinza leve e pesada do bagaço de cana-de-açúcar como aditivo
mineral na produção de blocos de concreto para pavimentação. Revista em Agronegócio e Meio Ambiente,
Maringá (PR). v. 10, n. 4, p. 1205-1224, out./dez. 2017. Disponível em: http://dx.doi.org/10.17765/2176-
9168.2017v10n4p1205-1225. Acesso em: 31 de ago. 2023.
HAMID, Z.; RAFIQ, S. Na experimental study on behavior of wood ash in concrete as partial replacement of
cement. Materials today: proceedings, v. 46, p. 3426-3429, 2021.
IACKS, J. A. et al. Propriedades tecnológicas de blocos de concreto com cinza de casca de arroz destinados a
pavimentos. Revista Brasileira de Engenharia e Sustentabilidade. . v. 6, n. 1, p. 22-28, jul. 2019. Disponível em:
https://doi.org/10.15210/rbes.v6i1.14410. Acesso em: 31 de ago. 2023.
SANTOS, C. C. DOS; ISAIA, G. C. Materiais alternativos para concretos de cimento portland. Revista Tecnologia,
[S. l.], v. 41, n. 1, 2020. DOI: 10.5020/23180730.2020.10187. Disponível em:
https://ojs.unifor.br/tec/article/view/10187. Acesso em: 25 ago.
SILVA, C.; AGUIAR, M. B. A utilização da casca da banana como substituição de parte do cimento na produção
de tijolos ecológicos: a busca por alternativas sustentáveis. Revista interdisciplinary da PUC Minas no Barreiro. V. 7
n. 13, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.5752/P.2236-0603.2017v7n13p19. Acesso em: 31 de ago. 2023.
WORLD BUSINESS COUNCIL SUSTAINABLE DEVELOPMENT – WBCSD. Cement Sustainability Initiative.
Cement technology roadmap 2009: carbon emissions reductions up to 2050. Paris, 2010.
ANEXO I

Figura 1A - Betoneira 150 litros para mistura de materiais e mesa vibratória em caixa. Fig. 1B. Conjunto de equipamentos
essenciais, incluindo pás, colheres de pedreiro, formas plásticas sextavadas, balde, peneiras e bandeijas de plástico. Fonte:
Arquivo Pessoal (2023).

ANEXO II

Figura 2A - Tijolo de solo-cimento com a adição do pó da casca de banana. Fonte: Silva; Aguiar, 2017 . Fig. 2B. Blocos
de concreto com adição de cinza de casca de arroz. Fonte: Iacks et al., 2019. Fig. 2C. Bloco de concreto intertravado com
adição de cinza do bagaço de cana de açúcar. Fonte: Filho; Martins, 2017.
CONCRETO VIRADO EM OBRA – IDENTIFICAÇÃO DOS TRAÇOS MAIS
UTILIZADOS NO MUNICÍPIO DE PIRAPORA/MG
ALVES, G.S. ; DIAS, N.C.F.M. ; AQUINO, J.L.C. ; LIMA, J.H.S. ; RAMOS, E.B.S. ;
1 2 3 4 5

SANTOS, A.S. 6

1
Discente do curso técnico em Edificações do IFNMG – Campus Pirapora; 2Discente do curso técnico
em Edificações do IFNMG – Campus Pirapora; 3Discente do curso superior em Engenharia Civil do
IFNMG – Campus Pirapora; 4Discente do curso superior em Engenharia Civil do IFNMG – Campus
Pirapora; 5Discente do curso superior em Engenharia Civil do IFNMG – Campus Pirapora; 6Docente
do IFNMG – Campus Pirapora.

Palavras-chave: Cimento. Dosagem. Proporção. Resistência. Estudo.

Introdução

O Concreto de Cimento Portland é um material que resulta da combinação de diferentes componentes


em proporções específicas, sendo eles: um aglomerante (cimento Portland), o agregado miúdo (areia),
o agregado graúdo (brita) e água. Em casos necessários, também é comum o uso de aditivos e adições
minerais (ARAÚJO; RODRIGUES; FREITAS, 2000, p. 78).
A dosagem do concreto é o procedimento realizado para determinar a proporção adequada de cada
constituinte da mistura, visando obter as propriedades desejadas para o concreto no estado fresco e
endurecido, de forma econômica. Isso significa encontrar a combinação de materiais que atenda às
necessidades específicas de um projeto, fazendo uso eficaz dos recursos disponíveis (ARAÚJO;
RODRIGUES; FREITAS, 2000, p. 93).
No que diz respeito ao modo de preparo do concreto, tem-se o concreto produzido em central e o
concreto virado na obra. No canteiro de obras, o concreto é produzido a partir de traços empíricos
repassados de geração em geração, ou obtidos através de simplificações, com a adoção de valores
médios para as características dos agregados e do cimento, sendo ainda a relação água/cimento e
outras características do concreto obtidas a partir de experiências acumuladas ao longo do tempo por
profissionais da construção (SOUZA, RIPPER, 1998, p. 34).
A característica fundamental do concreto reside na sua resistência à compressão, pois determina o
seu desempenho e pode ser prontamente avaliada por meio da realização de ensaios em corpos de
prova cilíndricos com 100 mm de diâmetro por 200 mm de altura ou de 150 mm de diâmetro por
300mm de altura, conforme especificado pela ABNT/NBR 5738 e pela ABNT / NBR 5739
(RECENA, 2011, p. 27).

Nesse contexto, o presente estudo tem como objetivo identificar os traços de concreto comumente
utilizados nas obras no município de Pirapora/MG. Para a identificação dos traços, realizou-se uma
pesquisa de campo, para isso, foi necessário elaborar um questionário de fácil compreensão,
identificar as obras em andamento que produzem concreto no próprio canteiro, conduzir entrevistas
e analisar os dados coletados. Esta pesquisa é relevante porque a maioria do concreto utilizado no
município de Pirapora/MG é produzido no canteiro de obras, utilizando traços empíricos, repassados
de geração em geração, sem considerar a resistência final do concreto. Identificar os traços de
concreto mais utilizados na região permitirá uma próxima fase de pesquisa, que envolverá a
moldagem e ensaio de corpos de prova, para determinação da resistência à compressão do concreto.
Material e Métodos

A. Material

Prancheta, lápis, borracha, caneta, questionário.

B. Métodos

Realização de uma pesquisa de campo nas obras no município de Pirapora/MG, onde o concreto é
produzido diretamente no canteiro de obras, com o objetivo de coletar dados relacionados ao traço
utilizado na produção do concreto. Esses dados incluem informações sobre a proporção e o tipo de
cimento empregado, a proporção e a granulometria da areia, a proporção e o diâmetro da brita, bem
como a quantidade de água utilizada. Posteriormente, realizou-se uma análise abrangente de todas as
informações coletadas para determinar os traços mais frequentemente utilizados no município de
Pirapora/MG.

Resultados e Discussão
A pesquisa foi realizada em 15 obras no município de Pirapora/MG no período de 01 de julho de
2023 a 20 de agosto de 2023. Após a coleta dos dados, foi feita em laboratório a análise e interpretação
das informações obtidas na pesquisa de campo a fim de identificar os traços de concreto mais
utilizados no município de Pirapora/MG.
Os resultados revelaram que, predominantemente, o concreto utilizado nas obras locais é produzido
em betoneiras. Para a dosagem dos agregados, geralmente são empregados carrinhos de mão, com
referência a um saco de cimento de 50 kg. Foi observado que os traços utilizados são transmitidos de
geração em geração, sem que haja uma base sólida de conhecimento sobre a resistência do concreto
produzido. Quanto ao cimento, o tipo mais comum empregado em Pirapora/MG, é o Cimento
Portland Composto com Fíler e uma resistência mínima à compressão de 32 MPa (CP II-F-32). Já os
agregados utilizados no concreto incluem a area média proveniente do rio São Francisco e a “Brita
01” obtida a partir de rocha calcária.

Devido à prática generalizada de medida dos agregados (areia e brita) em carrinhos de mão, foi
necessário realizar uma análise para converter o volume de um carrinho em latas de 18 litros. Foi
observado que o volume de um carrinho de mão pode ser composto por 3 ou 4 latas, a depender do
modelo de carrinho de mão utilizado. Verificou-se que a quantidade de água adicionada no concreto
é feita de maneira aleatória, não sendo possível identificar a quantidade exata ou aproximada para
cada traço. Portanto, os traços descritos não incluirão a proporção de água em sua composição. Em
uma próxima fase da pesquisa, que envolverá a produção de concreto a partir dos traços mais
utilizados, ficou estabelecido que a dosagem levará em consideração o carrinho de mão com quatro
latas e com três latas. Além disso, será adotado um método de adição gradual de água até que o
concreto atinja uma consistência adequada para uso, assemelhando-se à consistência do concreto
produzido nas obras locais.

A proporção dos traços de concreto mais empregados no município de Pirapora/MG, com base nos
resultados desta pesquisa, estão representados na Tabela 1.
Considerações finais
Foram obtidos três traços mais utilizados para produção do concreto “virado em obra” no município
de Pirapora/MG. Nos traços 1 e 2, apresentados na Tabela 1, a proporção de agregados em relação ao
cimento é bem significativa, o que pode gerar uma diminuição na resistência do concreto produzido
com esses traços. Já o traço 3 (Tabela 1), apresenta um teor de argamassa seca (areia e cimento) muito
alta, o que também pode comprometer a resistência do concreto e contribuir para o surgimento de
patologias. Outro ponto a ser destacado é que a utilização de betoneiras na produção do concreto é
um aspecto positivo, pois assegura uma maior uniformidade, o que, por sua vez, melhora a qualidade
do concreto produzido.
Com base nos resultados obtidos na pesquisa, pretende-se produzir o concreto utilizando os traços
mais empregados no município de Pirapora/MG. Uma vez que houve variações no volume de um
carrinho de mão, pretende-se produzir o concreto de cada traço duas vezes, uma considerando o
carrinho com 3 latas de agregado e outra considerando o carrinho com 4 latas de agregado. No total
serão feitas 6 “betonadas” de concreto, sendo moldados seis corpos de prova por “betonada”, três
para rompimento com idade de 7 dias, e três para rompimento com idade de 28 dias. Após a
moldagem, os corpos de prova deverão permanecer em cura submersa até o período de seu
rompimento, conforme prescreve a norma NBR 5738 – Concreto – Procedimentos para moldagem e
cura de corpos de prova. Após a cura, os corpos de prova deverão ser levados à prensa hidráulica para
determinação da resistência à compressão do concreto dosado com cada um dos traços mais utilizados
no município de Pirapora/MG.
Agradecimentos
Agradeço ao Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) Campus Pirapora por fornecer
todo apoio necessário para o desenvolvimento da pesquisa.

Referências
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5738: Concreto – Procedimentos para
moldagem e cura de corpos de prova. Rio de Janeiro: ABNT, 2016.
ARAUJO, Regina Célia Lopes; RODRIGUES, Edmundo Henrique Ventura; FREITAS, Edna das Graças Assunção.
Materiais de Construção. Coleção Construções Rurais. Rio de Janeiro: Editora Universidade Rural, 2000.
RECENA, F. A. P. Dosagem e Controle da Qualidade de Concretos Convencionais de Cimento Portland. 3. ed.
Porto Alegre: ediPUCRS, 2011.
SOUZA, Vicente Custódio Moreira; RIPPER, Thomaz. Patologia, Recuperação e Reforço das Estruturas de
Concreto. São Paulo: PINI, 1998.

Tabela 1. Traços de concreto mais utilizados no município de Pirapora/MG

Carrinho de mão com capacidade de 3 latas de 18l Carrinho de mão com capacidade de 4 latas de 18l

Cimento Areia Brita Cimento Areia Brita


Traços Traços
(sacos 50k) (Latas 18L) (Latas 18L) (Sacos 50k) (Latas 18L) (Latas 18L)

Traço 1 1 4,5 4,5 Traço 1 1 6 6

Traço 2 1 6 6 Traço 2 1 8 8

Traço 3 1 6 3 Traço 3 1 8 4

Fonte: Arquivo Pessoal (2023).


A CONSTRUÇÃO CONJUNTA DE UMA PERGUNTA CIENTÍFICA
ELABORADA POR ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO PARA O ESTUDO DE
UM SISTEMA COMPLEXO

D’AVILA, J.U. 1; SILVA, V.G. 1; LEMES, F.C 1; 1; PEREIRA, I.L. 2, DANTAS, L. P.


S.2; SOUZA.W.G.;RECH, A.R. 4; FARIA, B.L.5
1
Discente do curso técnico em Informática do IFNMG Campus Diamantina; 2 Discente
do curso superior em Ciências Biológicas, UFVJM, Campus Diamantina; 3Discente do
PPGCF – Campus Diamantina; 4Docente da UFVJM – Campus Diamantina; 5Docente do
IFNMG - Campus Diamantina

Palavras – chave: Iniciação científica, ensino médio, visitantes florais, ecologia, sistemas
complexos.

Introdução
Sistemas complexos são aqueles cuja soma das partes não corresponde ao todo,
apresentando propriedades emergentes que os tornam mais abrangentes do que a mera
agregação de seus componentes (RODRIGUES, VANNUCCHI, LUZZI, 2019). Segundo
Nascimento et al. (2022) estes sistemas são observados em diversas áreas do
conhecimento, e sua análise demanda abordagens integrativas. Neste estudo, focamos em
um sistema complexo pertencente à ecologia: a organização de uma comunidade
ecológica com múltiplas camadas. Especificamente, investigamos as interações
ecológicas nas flores da candeia (Eremanthus incanus (Less.) Less - Asteraceae) nos
Campos Rupestres de Diamantina. As flores da família Asteraceae são notáveis por
atraírem herbívoros, que ovipositam nos botões florais e cujas larvas consomem as
sementes em desenvolvimento, e também polinizadores, que transportam o pólen,
assegurando a formação de sementes (VILLAGRA; MEZA; URZÚA, 2014). Dada esta
dualidade de interações, as flores das Asteraceae devem equilibrar a atração e repulsão de
visitantes florais para otimizar a produção de sementes e minimizar a predação por
herbívoros. Além disso, é comum encontrar formigas nas árvores de candeia, que atuam
como protetoras da planta contra diversos insetos. Considerando que tanto os herbívoros
quanto os polinizadores da candeia são insetos, surge uma questão intrigante: qual é o
impacto da presença de formigas nos ramos da candeia sobre esses grupos de insetos
visitantes?

O propósito deste trabalho é analisar detalhadamente cada uma destas interações e,


com base nesses insights, desenvolver um projeto de pesquisa colaborativo com
estudantes de ensino médio, aqui referidos como "cientistas juniores". O objetivo final foi
formular e responder a uma pergunta científica derivada dessas observações.

Material e Métodos
O projeto foi dividido em duas etapas principais:

Etapa 1. Formação da Equipe e Formulação das Perguntas Científicas


Nesta fase, realizamos encontros formativos com a equipe de pesquisa para
introduzir conceitos sobre sistemas complexos, interações de herbivoria floral, interações
de polinização e o papel das formigas na defesa das plantas. Após a assimilação dessas
informações, discutimos a formulação de perguntas e hipóteses científicas. Os estudantes
foram incentivados a propor suas próprias perguntas e hipóteses. O processo de
formulação dessas questões e hipóteses foi analisado e refletido pela equipe, sendo parte
integrante dos resultados deste estudo.
Etapa 2. Desenho Experimental e Coleta de Dados
Com um entendimento claro do objeto de estudo, procedemos à coleta de dados.
Decidimos coletar dados de 16 indivíduos de candeia. Em cada planta, alguns ramos
foram isolados das formigas, garantindo que cada árvore tivesse flores acessíveis e
inacessíveis às formigas. Durante a floração da candeia, observamos os visitantes florais.
Após esse período, coletamos os capítulos florais de ramos com e sem formigas. Estes
foram mantidos em recipientes adequados no laboratório, permitindo a emergência e
identificação dos herbívoros. A partir dos dados coletados, construímos redes de
interações nas flores da candeia. Ao final, contabilizamos as sementes produzidas em
ramos com e sem formigas para avaliar o impacto das interações nas flores sobre a
reprodução da planta.

Resultados e Discussão

Após a formação da equipe, os estudantes elaboraram as perguntas científicas e as


hipóteses (Figura 1). Percebe-se que houve uma boa compreensão por parte dos
estudantes em relação ao que fora planejado. A implementação das atividades de campo
também se mostrou mais simples após os estudantes participarem do processo criativo da
formulação das hipóteses do trabalho. De acordo com Carvalho (2018) para que haja de
fato um Ensino por Investigação (EI) os estudantes precisam (SEI): “I) Pensar,
considerando que o conhecimento tem uma forma própria de ser produzido; II) Falar,
construir argumentos que permitam elaborar ideias a partir de fatos; III) Ler, e a medida
da leitura deve ser a capacidade crítica de debater o tema lido; IV) Escrever, de forma
clara, objetiva, lógica e sintética os resultados encontrados (CARVALHO, 2018, p. 766)”.
Nesta atividade pudemos avaliar que os estudantes puderam pensar, falar e ler de acordo
com a perspectiva da EI. A atividade de escrever, pensando em comunicar não foi
totalmente elaborada pois nem todos os estudantes entregaram as atividades propostas,
impedindo que analisássemos a efetividade do trabalho realizado sobre esta etapa. No
geral, sustentamos que foi desenvolvida em termos gerais uma proposta de EI, conforme
proposto por Carvalho (2018).
Em relação a implementação do processo investigativo com as atividades de
pesquisa propriamente dita, podemos avaliar que as atividades estão em execução. Dessa
forma, a avaliação crítica do processo formativo associado ao desempenho das atividades
ainda seria prematura, visto que as coletas ainda não foram finalizadas. A coleta de dados
dos herbívoros e polinizadores ocorreu em ramos com e sem formiga e apresentamos aqui
apenas dados preliminares. De acordo com os dados já obtidos nos ramos sem formigas
foram encontradas sete espécies de herbívoros enquanto nos ramos com formigas foram
encontradas apenas quatro (Figura 2). É importante ressaltar que esses dados não foram
testados estatisticamente para poderem ser avaliados com maior rigor. Com relação aos
visitantes florais, os dados também ainda são preliminares. Foram realizadas 10 horas e
50 minutos de observação em 16 indivíduos. Percebemos que as flores são visitadas por
abelhas e borboletas. A espécie Apis mellifera foi registrada em todas as plantas
observadas.

Considerações finais
Nossa avaliação acerca do andamento do projeto até aqui permite avaliar que a
ciência pode ser desenvolvida por estudantes em qualquer nível de formação, desde que
devidamente acompanhados e fundamentados. As estratégias do EI se mostraram
eficientes na mediação do processo formativo da equipe. A curiosidade como uma
habilidade humana precisa ser estimulada e modulada a fim de adequar-se aos requisitos
da testabilidade do método científico, e pode a partir daí resultar em um processo
formativo dinâmico e rico. Apontamos o ensino por investigação como uma perspectiva
interessante para o ensino de ciência e para a formulação de questões relacionadas aos
sistemas complexos de uma maneira geral.

Agradecimentos
Agradecemos à FAPEMIG (APQ-00932-21, APQ-03100-21, RED-00253-16,
APQ-02806-22, APQ-03364-21, APQ-01151-22, APQ-01822-21) ao CNPq (Processos
311665/2022-5, 400904/2019-5, 423939/2021-1) e a CAPES (Código 001 e processo
88887.837988/2023-00).Também agradecemos ao CNPq e IFNMG pelo apoiofornecido
nesta pesquisa.

Referências

RODRIGUES, C.; VANNUCCHI, F. S.; LUZZI, Roberto. Sobre modelagem


matemática e formalismos estatísticos de sistemas complexos. Disponível em:
https://dx.doi.org/10.1590/1806-9126-rbef-2019-0090. Acesso em: 30 de agosto de 2023.
NASCIMENTO, J.; PEREIRA, H. B.; CUNHA, Marcelo do Vale; MORET, M. Sistemas
complexos e Ciências das redes: redes semânticas baseadas em abstracts e keywords
do Ensino de Física Nacional. Disponível em:
http://ojs.unirg.edu.br/index.php/1/article/download/2695/783/. Acesso em: 30 de agosto
de 2023.
VILLAGRA, C. A.; MEZA, A. A.; URZÚA, A. Differences in arthropods found in
flowers versus trapped in plant resins on Haplopappus platylepis Phil. (Asteraceae): Can
the plant discriminate between pollinators and herbivores? Arthropod-Plant
Interactions, v. 8, n. 5, p. 411–419, 26 set. 2014.
CARVALHO, A. M. P. de. Fundamentos Teóricos e Metodológicos do Ensino por
Investigação. Revista Brasileira De Pesquisa Em Educação Em Ciências, v. 18 n.3 p. 765–
794, 2018.

Figura 1. Representação da formulação da hipótese do trabalho por um


dos bolsistas. Diamantina, 2023.

Figura 2. Rede de interações entre herbívoros de capítulo e plantas de


candeia com ramos com (lado esquerdo) e sem formigas (lado direito)
de candeia em Diamantina, 2023.
Figura 3. Coleta de dados e insetos visitantes das flores de candeia em
Diamatina, 2023.
DOSAGEM EXPERIMENTAL DE CONCRETOS CONVENCIONAIS PRODUZIDOS COM
A BRITA 01 DE ARENITO ARCÓSIO EXTRAÍDA NO MUNICÍPIO DE PIRAPORA/MG.

ALVES,G.S.1; DIAS,N.C.F.M.2; AQUINO,J.L.C.3;LIMA,J.H.S.4; RAMOS,E.B.S.5; SANTOS, A.S.6


1
Discente do curso técnico em Edificações do IFNMG – Campus Pirapora; 2Discente do curso
técnico em Edificações do IFNMG – Campus Pirapora; 3Discente do curso superior em Engenharia
Civil do IFNMG – Campus Pirapora; 4Discente do curso superior em Engenharia Civil do IFNMG –
Campus Pirapora; 5Discente do curso superior em Engenharia Civil do IFNMG – Campus Pirapora;
6
Docente do IFNMG – Campus Pirapora.

Palavras-chave: Traços de concreto. Cimento Portland. Agregados. Método IBRACON.

Introdução
Em obras realizadas nos municípios do norte de Minas Gerais é comum a produção de concreto no
próprio local da obra, especialmente em regiões que não possuem concreteira. Além disso, o
fornecimento de concreto usinado é vendido em quantidades a partir de 3m3, inviabilizando o
consumo em obras que demandam um baixo volume de concreto.
Desta forma, embora o estudo de tecnologia do concreto tenha se desenvolvido, diversas vezes a
produção in loco não progride do mesmo modo, acarretando em uma discrepância de qualidade
entre a prática de produção do concreto estrutural na obra e na concreteira. Como consequência,
geralmente, o concreto produzido em obra não segue o recomendado pelas novas normas
regulamentadoras, pois na maioria das vezes os dados dos traços são obtidos por meio das
experiências acumuladas por profissionais da construção civil, que não possuem referência sobre a
resistência e valores normativos utilizados no traço de concreto produzido.
No município de Pirapora, em Minas Gerais, o concreto é frequentemente produzido no canteiro de
obras, de modo manual ou através da betoneira. Os valores utilizados nos traços de concreto da
região são obtidos através de conhecimento empírico, repassados de geração em geração, ou são
estabelecidos pelos pedreiros sem que haja uma referência efetivamente comprovada que garanta a
qualidade e resistência do material. Além disso, a concepção do concreto no local da obra emprega
uma associação entre os dados medidos em massa e volume, sendo a quantidade de água utilizada
sem um controle apropriado.
O concreto de cimento Portland, segundo a NBR 12655: 2022 (ABNT, 2022a), é formada a partir da
combinação homogênea de água, cimento, agregados miúdo e graúdo, podendo em alguns casos ser
integrado a outros componentes em menor quantia, como aditivos, pigmento e materiais
pozolânicos. Em Pirapora, os materiais mais utilizados como composição para o concreto é o
Cimento Portland composto com fíler e com classe de resistência mínima igual a 32 MPa (CP II-F
32), a areia provinda do Rio São Francisco como agregado miúdo e a brita 01 derivada da rocha
calcária como agregado graúdo. Contudo, a região do Norte de Minas Gerais possui uma grande
reserva de rochas de arenito arcósio que não é comum de ser utilizada nas obras de construção civil
local. Caso a rocha de arenito arcósio atenda os requisitos necessários para ser utilizada como
agregado na produção de concreto, poderá ocasionar em uma maior viabilidade financeira nos
processos de concretagem do município, considerando a sua grande oferta.
Com base no que foi descrito, este projeto visa definir traços de concreto para fins estruturais
obtidos através de estudo de dosagem experimental, adequados à realidade local de produção do
concreto no canteiro de obras e que utiliza os materiais disponíveis no município de Pirapora/MG e
regiões circunvizinhas. O projeto também propõe obter traços considerando diferentes condições de
preparação do concreto, de modo que corresponda com as unidades de medidas utilizadas na
comunidade local para se adotar determinados controles otimizados do processo da produção do
concreto. Para isso será empregado o método IBRACON para dosar o concreto, empregando areia
do Rio São Francisco, pedra britada 01 de arenito arcósio e cimento CP II-F 32. A fim de se adquirir
uma resistência característica à compressão de 20 MPa aos 28 dias de idade, considerando
diferentes condições de preparação do concreto.
Para garantir que a brita de arenito arcósio seja um agregado próprio para a preparação do concreto,
a NBR 7211:2022 (ABNT, 2022b) define alguns requisitos a serem atendidos e observados em
relação às características dos materiais utilizados. O cumprimento destas exigências é de suma
importância para garantir a trabalhabilidade e resistência do concreto gerado. Esta norma estabelece
limites e faixas de utilização para os agregados, além de explanar as normas que devem ser
obedecidas para os ensaios de caracterização dos agregados.
O método mais dinâmico utilizado para o estudo de dosagem experimental é o do IBRACON, no
qual possibilita a determinação do teor de argamassa, da relação água/cimento, a consistência e a
resistência à compressão do concreto. Associando práticas laboratoriais e analíticas por meio de
equações que regem o comportamento do concreto, conforme descrito por Tutikian e Helene (2011).

Material e métodos /Metodologia


Foram coletadas amostras dos materiais para a elaboração do estudo de caracterização dos
agregados. No que se refere aos agregados miúdos, foram conduzidos ensaios específicos para
determinar a análise granulométrica, a massa unitária e o inchamento da areia. Esses ensaios foram
conduzidos de acordo com as normas nacionais em vigor, e os dados resultantes foram
minuciosamente analisados com o propósito de avaliar se a areia utilizada atendia aos requisitos
estabelecidos pela norma NBR 7211:2022 (ABNT, 2022b) para sua aplicação na produção de
concreto.
Já no que diz respeito ao agregado graúdo, também foram realizados os ensaios de modo que fosse
possível identificar se a brita de arenito arcósio atendia aos requisitos especificados para ser
utilizada na preparação do concreto. Desta forma, determinou-se a massa específica aparente, a
granulométrica da brita e o índice de forma do agregado graúdo.
Após identificar as características dos agregados, deu-se início à fase de dosagem do concreto. O
objetivo foi determinar o teor ideal de argamassa (α), levando em consideração a trabalhabilidade e
a consistência visual observadas durante o processo de mistura do concreto. A relação entre a
quantidade de água e o total de materiais secos (H) foi estabelecida por meio do teste de abatimento
do tronco de cone, utilizando o teste do slump. Nesse teste, o objetivo era atingir um abatimento de
tronco de cone de 150 ± 10mm, buscando alcançar as propriedades desejadas de fluidez e
consistência do concreto que são empregadas em obras correntes.
Utilizando o valor constante do teor de argamassa e a relação água/materiais secos, calculou-se
através das equações definidas por Tutikian e Helene (2011) as proporções unitárias para o traço
rico (1:4), traço intermediário (1:5) e traço pobre (1:6). Com os valores dos traços unitários
estabelecidos, foi determinada a quantidade total de material necessário para atender o volume
mínimo de 30 dm3 de concreto para a execução do estudo de dosagem.
A equipe realizou a organização e seleção dos materiais (cimento, areia e brita) e equipamentos
(betoneira, balança, peneira, pá, enxada, balde, molde de corpo de prova e tanque de cura) a serem
utilizados no processo de produção do concreto e da moldagem dos corpos de prova.
Para cada um dos três traços foi realizado uma “betonada” de concreto, sendo moldados 06 corpos
de prova para cada traço. Após 24 horas da moldagem, os corpos de prova foram colocados no
tanque de cura para realização da cura submersa por um período de 07 e 28 dias como prescreve a
norma NBR 5738 – Concreto – Procedimentos para moldagem e cura de corpos de prova (ABNT,
2015).
Durante a produção do concreto, foi determinada a massa unitária de cada um dos traços de
concreto, para que assim fosse possível orçar o consumo de cimento por m3 de concreto adensado e
dar prosseguimento a segunda etapa da pesquisa de validação do estudo através da determinação da
contraprova.
Quando os corpos de prova submersos no tanque de cura atingiram a idade de 7 dias, foi realizado o
ensaio de resistência à compressão dos corpos de prova. Foram rompidos 03 corpos de prova por
traço e calculada a resistência média de cada um deles com 7 dias de cura. O mesmo procedimento
foi realizado assim que os demais corpos de prova atingiram a idade de cura de 28 dias.

Resultados e discussão
Por meio dos ensaios de caracterização dos agregados, pode-se constatar que a composição
granulométrica da areia é pertencente a zona utilizável estabelecida pela NBR 7211:2022 (ABNT,
2022b) e o módulo de finura está dentro da zona ótima, logo a área estudada está apta para ser
utilizada como agregado miúdo do concreto. Quanto aos ensaios realizados com o agregado graúdo,
pode-se identificar que o módulo de finura da brita atende ao intervalo da zona granulométrica na
qual a brita pertence, assim como o índice de forma dos grãos, logo é apropriada para o uso. Os
resultados gerados através dos ensaios de caracterização da areia e brita foram expressos na Tabela
1.
Visto que as características dos agregados estavam dentro dos requisitos especificados pela NBR
7211:2022 (ABNT, 2022b), procedeu-se às demais etapas da pesquisa. A sequência de atividades
iniciais do estudo de dosagem experimental pelo método IBRACON teve início com a avaliação
preliminar do concreto produzido utilizando o traço intermediário (1:5) para a obtenção do teor
ideal de argamassa seca (α) por meio de uma análise tátil-visual, no qual obteve-se um valor
correspondente a 52%. A relação entre a quantidade de água e os materiais secos (H) foi
determinada a partir do ensaio de abatimento do tronco de cone, realizado conforme a NBR
16889:2020 (ABNT, 2020). Assim que o abatimento do tronco alcançou o valor desejado de 160
mm, computou-se o valor de água utilizado, obtendo-se uma quantia de H=11,33%. A fig. 1 mostra
o momento em que o abatimento foi atingido por meio do teste de slump.
Dispondo desses dados, foi possível calcular as proporções de água e materiais dos traços unitários
rico, intermediário e pobre, além da quantidade total de material requerido para a produção de 30
litros de concreto por traço, conforme a NBR 16886 (ABNT, 2020). Os valores obtidos através
destes cálculos foram apresentados na Tabela 2.
Assim, o concreto foi produzido com os traços rico (1:4), pobre (1:6) e intermediário (1:5) e
moldados 6 corpos de prova para cada um dos respectivos traços. Após 7 dias de cura, foram
retirados 9 corpos de prova - 3 corpos de prova para cada um dos traços - que estavam submergidos
dentro do tanque de cura para o ensaio de compressão à resistência. Os corpos de prova cilíndricos
foram medidos e posteriormente submetidos a tensão exercida pela prensa hidráulica. Por meio dos
valores das dimensões e força suportada até a ruptura, foi calculada a tensão de resistência à
compressão suportada por cada corpo de prova. Esse procedimento foi repetido, após os corpos de
prova atingirem a idade de 28 dias. Os valores de tensão suportados através destes ensaios foram
informados na Tabela 3.

Conclusão(ões)/Considerações finais
Fundamentado nos resultados obtidos, conclui-se que a pedra britada de arenito arcósio, embora
seja apta para a utilização como agregado de concreto, não apresentou resultados satisfatórios no
que diz respeito à resistência à compressão, visto que não atingiu a tensão mínima necessária de 20
MPa. Para validação deste estudo de dosagem, posteriormente será realizada uma nova produção de
concreto baseada nas equações derivadas deste estudo, a fim de se verificar a exatidão desta
pesquisa por meio de uma contraprova.
Do mesmo modo, verificou-se que a brita de arenito arcósio apresenta uma massa unitária menor
que a brita de calcário comumente utilizada. Além de necessitar de uma quantidade maior de água
para atingir o abatimento desejado, considerando um mesmo teor de argamassa para estudo de
ambas as britas.
Assim, propõe-se a realização de um novo estudo de dosagem utilizados a brita 0 de arenito arcósio
com a finalidade de verificar se a diferença de granulometria das britas pode contribuir para uma
maior resistência mecânica do concreto.

Agradecimentos
Agradecemos ao Instituto Federal do Norte de Minas Gerais pelo apoio financeiro e logístico
mediante a concessão de bolsas no âmbito do PIBIC e PIBIC/EM-JR e disponibilização do
Laboratório de Materiais de Construção do Campus Pirapora para execução das práticas. Assim,
possibilitando a execução dessa pesquisa.

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12655: Concreto de cimento Portland — Preparo,
controle, recebimento e aceitação — Procedimento. Rio de Janeiro, 2022a. 6 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16886: Concreto — Amostragem de concreto
fresco. Rio de Janeiro, 2020. 4p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5738: Concreto — Procedimento para moldagem e
cura de corpos de prova. Rio de Janeiro, 2015. 9 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7211: Agregados para concreto — Requisitos. Rio
de Janeiro, 2022b. 10 p.
TUTIKIAN, Bernardo F.; HELENE, Paulo. Dosagem dos Concretos de Cimento Portland. In: ISAIA, Geraldo C..
Concreto: Ciência e Tecnologia. São Paulo: IBRACON, 2011. Cap. 12. p. 415-451.
ANEXO 1

Figura 1 - Abatimento de tronco de cone equivalente a 160mm. Fonte: Arquivo Pessoal (2023)

Tabela 1 - Dados obtidos através do estudo de caracterização dos agregados. Fonte: Arquivo Pessoal (2023)
Massa unitária Módulo de finura Dimensão máxima Coeficiente de Umidade crítica Índice de forma
(kg/dm3) (mm) (mm) inchamento médio (%) dos grãos
Agregado miúdo 1,48 2,24 1,18 1,37 3,9 -
Agregado graúdo 1,34 6,97 19,0 - - 2,27

Tabela 2 - Quantitativo de materiais utilizados nos traços unitários e consumo total. Fonte: Arquivo Pessoal (2023)
TRAÇO UNITÁRIO (em massa) CONSUMO TOTAL DE MATERIAIS (kg)
Cimento Areia Brita a/c Cimento Areia Brita Água
Rico 1 1,6 2,4 0,57 15 24 36 8,50
Piloto 1 2,12 2,88 0,68 12 25,44 34,56 8,16
Pobre 1 2,64 3,36 0,79 11 29,04 36,96 8,73

Tabela 3 - Tensão de resistência média à compressão de corpos de prova em MPA. Fonte: Arquivo Pessoal (2023)
7 dias de cura 28 dias de cura
Rico 16,47 19,60
Piloto 11,70 13,33
Pobre 8,93 11,37
APLICAÇÃO DO CAPIM VETIVER NA ESTABILIDADE DE TALUDES

1
Discente do curso superior em Engenharia Civil do IFNMG – campus Pirapora; 2Discente do curso
superior em Engenharia Civil do IFNMG – campus Pirapora; 3Docente do IFNMG – campus
Pirapora;

Palavras-chave: Desastres. Bioengenharia. Movimentos de massa.

Introdução

No Brasil, os movimentos de massa são eventos frequentes, influenciados pelo clima


tropical, geologia e topografia do território, sendo mais suscetíveis nas regiões sul e sudeste, por
possuírem relevo com a presença de morros e serras, e pelo alto uso e ocupação do solo. Esses
eventos acabam interditando ruas, avenidas e rodovias, arrastando veículos e soterrando
construções, deixando assim, diversas famílias desabrigadas, sem acesso às necessidades básicas
para o ser humano. Além disso, causam vítimas, podendo inclusive ser fatais.

Essa informação pode ser confirmada pelos dados do Cemaden (Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), onde, numa análise do período de outubro de 2022
a outubro de 2023, houve cerca de 921 alertas de riscos geológicos e aproximadamente 191
ocorrências de riscos geológicos na região sudeste, ficando atrás somente da região sul. Em anexo
são apresentados os gráficos de alerta de riscos geológicos (Figura 1A) e o de ocorrência de riscos
geológicos (Figura 1B), que apresenta a porcentagem de alerta e ocorrência em cada região no
período de um ano.

Com isso, o trabalho busca divulgar a Bioengenharia, com foco na utilização de gramíneas,
em especial o capim vetiver, como uma técnica para mitigar e/ou solucionar problemas de
instabilidades de taludes, visto que o capim vetiver vem sendo amplamente usado, não somente na
área da engenharia civil, porém, muitas pessoas, principalmente profissionais e acadêmicos da área,
ainda não possuem conhecimento das vantagens desse sistema.

Materiais e Métodos

Conforme a norma NBR 11682 (2009, p.18) a estabilidade de taludes pode ser dividida em:

Estabilidade interna aquela que envolve superfícies potenciais de escorregamento localizadas, a


serem estabilizadas pela estrutura de contenção, como no de uma cunha de empuxo ativo. Por
outro lado, a estabilidade externa é aquela que envolve superfícies de escorregamento globais. No
caso de estruturas de arrimo reforçadas por tirantes, tiras, grampos ou geossintéticos, por exemplo,
as superfícies localizadas interceptam os elementos de reforço (estabilidade interna), enquanto que
as superfícies globais não interceptam estes elementos (estabilidade externa).

A estabilidade do talude é um dos principais fatores a se ponderar, já que a instabilidade


pode pôr em risco a vida de uma sociedade e do ecossistema. Normalmente, os movimentos de
massa ocorrem em períodos chuvosos, uma vez que uma parte da água escoa sobre a superfície do
solo, enquanto a outra parte é infiltrada. Quando a parte infiltrada encontra rochas impermeáveis,
ela se acumula, elevando o nível de saturação do solo (PARANÁ, 2023).

De acordo com Bernardes et al. (2022), o maciço torna-se instável quando a tensão de
cisalhamento provocada sob um corpo de massa ultrapassa a resistência ao cisalhamento do
material constituinte do talude. Outro fator a se atentar para não prejudicar a estabilidade do talude
é a drenagem, pois o desgaste do sistema de drenagem pode elevar a infiltração da água das chuvas.
(MGSUL ENGENHARIA, 2022 apud BERNARDES, et al. 2022).

Para a estabilização do talude, podem ser construídas estruturas de contenções, podendo ter
diversos tipos como: solo cimento ensacado, pedra rachão, concreto ciclópico, gabião, bloco de
concreto articulado, solo-pneu, terra armada, solo compactado e reforçado com geossintéticos, ou
sem estruturas de contenção, aplicando técnicas como a Bioengenharia.

A Bioengenharia foi desenvolvida como solução de repor a cobertura vegetal, tendo como
foco o sistema radicular, pois são as raízes que proporcionam melhorias mecânicas e hidrológicas,
provocando um efeito promissor no talude. Vale ressaltar, que conforme a instabilidade do talude é
que será feita a escolha da vegetação, porque existem raízes de diversos tamanhos, porém, não é
aconselhável a utilização de árvores de grande porte, mesmo que possuam raízes profundas, devido
à sobrecarga que pode proporcionar ao talude pela força do vento (MARIANO, 2015).

A Bioengenharia de solos é uma técnica muito utilizada para solucionar problemas de erosão
e instabilidade de taludes, porém, é necessário realizar um estudo prévio do local de aplicação, visto
que em alguns casos, somente o uso de técnicas de Bioengenharia não seriam apropriadas para
aquele local e/ou situação. A aplicação da Bioengenharia apresenta algumas vantagens como:
diminuição da escavação utilizando equipamentos pesados, com isso resultará em um menor custo e
menor impacto; menor perturbação do solo e áreas próximas; economia e entre outros (LEWIS,
2000).

Lewis (2000) explica que a Bioengenharia utiliza materiais vegetais vivos e técnicas de
engenharia flexível para reduzir problemas ambientais. Essas técnicas possuem registro de
aplicação na Ásia e Europa desde 28 a.c., e, com o passar dos anos e a exploração intensiva de
florestas resultou na adição de grandes problemas ambientais, como erosões extremas,
escorregamentos, avalanches e a degradação extrema nas margens dos rios. Com isso, os
bioengenheiros europeus (a maioria silvicultores e engenheiros de formação) passaram a encontrar
novas aplicações para as práticas antigas, a fim de desenvolver novas soluções para possíveis
problemas ambientais.

Lemes (2001, p. 15) apud Pereira (1968) cita que:

No Brasil, foi criado o Instituto de Geotécnica no Estado da Guanabara, após grandes


escorregamentos ocorridos em janeiro de 1966 na Serra do Mar devido às chuvas intensas, com o
objetivo exclusivo de estudar e encontrar soluções para os problemas do controle de erosão e
recuperação das encostas. O primeiro trabalho executado pelo Instituto foi o reflorestamento da
encosta a montante da rua Tabatinguera (Pereira, 1968). Esse autor indica estar provado ser a
proteção vegetal o método mais barato e eficaz para o controle de erosão.

Como exemplo de Bioengenharia existe o capim vetiver, onde sua utilização como planta
para estabilização de solos remonta há mais de três mil anos na Ásia. Porém, na década de 1980 que
o Banco Mundial compreendeu a importância do capim vetiver, e deu início a muitos projetos na
Índia, com uso na estabilidade de taludes e conservação dos solos. Esses projetos foram chamados
de Tecnologia do Vetiver, em inglês Vetiver Grass Technology (VGT). O vetiver possui diversas
aplicações, como no controle de erosão, porque possui características que servem como um filtro
biológico, na recarga de aquíferos, além de possuir propriedades que conservam nutrientes e
umidade, melhorando a qualidade do solo, fazendo com que outras plantas se estabeleçam naquele
local (PINNERS et al., 2008; PEREIRA, 2006).

O capim vetiver é uma planta tropical, que resiste a temperaturas de −14 °C a 55 °C, com
isso, podendo resistir ao clima frio, ao clima seco e à umidade. Mesmo que seja afetado com a seca
ou geadas, ele ainda possui uma capacidade de crescimento rápido, além de que o capim resiste a
solos ácidos e alcalinos, na faixa de pH de 3,3 a 12,5 sem necessidade de correção do solo
(PINNERS; VAN; TRUONG, 2008).

Com raízes profundas e de crescimento rápido, podendo alcançar de 3 a 4 m (Figura 02) no


primeiro ano de aplicação, possui caules eretos e duros que auxiliam a resistir ao fluxo de águas,
diminuindo consequentemente a velocidade do fluxo superficial, contribuindo para a permanência
de sedimentos, que poderiam ser levados pela água. O capim vetiver é uma planta estéril, e mesmo
parecendo um problema, quando se trata da Bioengenharia, isso se torna uma vantagem, já que não
crescem ervas daninhas ao redor.

Esta pesquisa buscou avaliar a influência das raízes do capim vetiver no aumento da
estabilidade de taludes hipotéticos, através do cálculo do fator de segurança (FS) desses taludes,
expresso pela razão entre as tensões resistentes do maciço de solo do talude pelas tensões
solicitantes no mesmo (gravidade, peso próprio, sobrecarga). As raízes do capim vetiver funcionam
como barras de aço que conferem uma resistência ao cisalhamento do solo, seriam como grampos
no solo, podendo comparar um talude com a presença do sistema vetiver, como um solo grampeado,
tipologia clássica de estrutura de contenção.

Para isso, foi necessário encontrar na bibliografia qual a força de tração resistente das raízes
para uma determinada espécie de capim vetiver, e encontrar qual a profundidade que essas raízes
alcançam no solo. Posteriormente, foi utilizado o software Hyrcan, que é um software livre de
análise de estabilidade de taludes, para modelagem de taludes hipotéticos utilizando as raízes do
capim vetiver como grampos, com determinada força resistente à tração. Logo em seguida, foram
rodadas análises no programa utilizando diversos métodos de Equilíbrio Limite, tais como: Bishop;
Fellenius; Janbu; Morgenstern & Price, para o cálculo do FS.

Espera-se que os resultados dos FS encontrados sejam maiores do que 1 (um), indicando que
o talude se encontra estável.

Resultados esperados

Espera-se que os fatores de segurança dos taludes analisados sejam maiores do que 1, tendo em vista
a resistência que as raízes do vetiver comprovadamente conferem ao maciço de solo.

Considerações finais

Essa pesquisa apresenta o capim vetiver como uma solução para estabilizar taludes, uma vez
que estas áreas instáveis causam um grande impacto na nossa sociedade. Com o conhecimento de
estratégias mais acessíveis e sustentáveis, como as técnicas de bioengenharia, podemos resolver
problemas de movimentos de massas, erosão e entre outros graças às propriedades das raízes desta
gramínea, e, por se tratar de uma técnica natural, promove também a instauração de novos habitats.

Agradecimentos

Agradecemos ao Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) - campus Pirapora pela
oportunidade.

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11682: Estabilidade de Encostas. 2 ed. Rio de
Janeiro: ABNT, 2009. 33 p.

BARROS, P. L. A. Obras de Contenção: Manual Técnico. Jundiaí/SP: MACCAFERRI DO BRASIL Ltda., 2014. 219 p.

BERNARDES, Lucas Alves Cassimiro et al. Contenção de obras rodoviárias: restrições e estabilização de taludes e
encostas. 2022.

A) CEMADEN (Brasil). Boletim de Impactos de Extremo de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades


Estratégicas para o Brasil – 13/10/2022. 2022a. Disponível em: Boletim de Impactos de Extremos de Origem
Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil – 13/10/2022 ANO 05 Nº 47 — Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais - Cemaden/MCTI (www.gov.br). Acesso em: 09 nov. 2023.

B) CEMADEN (Brasil). Boletim de Impactos de Extremo de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades


Estratégicas para o Brasil – 17/11/2022. 2022b. Disponível em: Boletim de Impactos de Extremos de Origem
Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil – 17/11/2022 ANO 05 Nº 48 — Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais - Cemaden/MCTI (www.gov.br). Acesso em: 09 nov. 2023

C) CEMADEN (Brasil). Boletim de Impactos de Extremo de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades


Estratégicas para o Brasil – 15/12/2022. 2022c. Disponível em: Boletim de Impactos de Extremos de Origem
Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil – 15/12/2022 ANO 05 Nº 49 — Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais - Cemaden/MCTI (www.gov.br). Acesso em: 09 nov. 2023.

D) CEMADEN (Brasil). Boletim de Impactos de Extremo de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades


Estratégicas para o Brasil – 20/01/2023. 2023d. Disponível em: Boletim de Impactos de Extremos de Origem
Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil – 20/01/2023 ANO 06 Nº 50 — Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais - Cemaden/MCTI (www.gov.br). Acesso em: 09 nov. 2023.

E) CEMADEN (Brasil). Boletim de Impactos de Extremo de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades


Estratégicas para o Brasil – 13/02/2023. 2023e. Disponível em: Boletim de Impactos de Extremos de Origem
Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil – 13/02/2023 ANO 06 Nº 51 — Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais - Cemaden/MCTI (www.gov.br). Acesso em: 09 nov. 2023.

F) CEMADEN (Brasil). Boletim de Impactos de Extremo de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades


Estratégicas para o Brasil – 15/03/2023. 2023f. Disponível em: Boletim de Impactos de Extremos de Origem
Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil – 15/03/2023 ANO 06 Nº 52 — Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais - Cemaden/MCTI (www.gov.br. Acesso em: 09 nov. 2023.

G) CEMADEN (Brasil). Boletim de Impactos de Extremo de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades


Estratégicas para o Brasil – 13/04/2023. 2023g. Disponível em: Boletim de Impactos de Extremos de Origem
Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil – 13/04/2023 ANO 06 Nº 53 — Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais - Cemaden/MCTI (www.gov.br). Acesso em: 09 nov. 2023.

H) CEMADEN (Brasil). Boletim de Impactos de Extremo de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades


Estratégicas para o Brasil – 15/05/2023. 2023h. Disponível em: Boletim de Impactos de Extremos de Origem
Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil – 15/05/2023 ANO 06 Nº 54 — Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais - Cemaden/MCTI (www.gov.br). Acesso em: 09 nov. 2023.

I) CEMADEN (Brasil). Boletim de Impactos de Extremo de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades


Estratégicas para o Brasil – 15/06/2023. 2023i. Disponível em: Boletim de Impactos de Extremos de Origem
Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil – 15/06/2023 ANO 06 Nº 55 — Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais - Cemaden/MCTI (www.gov.br). Acesso em: 09 nov. 2023.

J) CEMADEN (Brasil). Boletim de Impactos de Extremo de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades


Estratégicas para o Brasil – 14/07/2023. 2023j. Disponível em: Boletim de Impactos de Extremos de Origem
Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil – 14/07/2023 ANO 06 Nº 56 — Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais - Cemaden/MCTI (www.gov.br). Acesso em: 09 nov. 2023.

K) CEMADEN (Brasil). Boletim de Impactos de Extremo de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades


Estratégicas para o Brasil – 15/08/2023. 2023k. Disponível em: Boletim de Impactos de Extremos de Origem
Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil – 15/08/2023 ANO 06 Nº 57 — Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais - Cemaden/MCTI (www.gov.br). Acesso em: 09 nov. 2023.

L) CEMADEN (Brasil). Boletim de Impactos de Extremo de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades


Estratégicas para o Brasil – 15/09/2023. 2023l. Disponível em: Boletim de Impactos de Extremos de Origem
Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil – 15/09/2023 ANO 06 Nº 58 — Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais - Cemaden/MCTI (www.gov.br). Acesso em: 09 nov. 2023.
M) CEMADEN (Brasil). Boletim de Impactos de Extremo de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades
Estratégicas para o Brasil – 11/10/2023. 2023m. Disponível em:Boletim de Impactos de Extremos de Origem
Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil – 11/10/2023 ANO 06 Nº 59 — Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais - Cemaden/MCTI (www.gov.br). Acesso em: 09 nov. 2023.

LEMES, Marta Regina Tocchetto. Revisão dos efeitos da vegetação em taludes. 2001. 140 f. Dissertação (Mestrado) -
Curso de Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil - PPGEC, Escola de Engenharia, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001. Disponível em:
https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/1675/000305828.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 14 nov.
2023.

LEWIS, Lisa. Soil Bioengineering An Alternative for Roadside Management: a practical guide. San Dimas,
California: United States Department Of Agriculture, 2000. Disponível em:
https://www.fs.usda.gov/t-d/pubs/pdf/00771801.pdf. Acesso em: 13 nov. 2023.

MARIANO, Daniela Pratas. Efeito do coberto vegetal no reforço e na proteção de taludes. Universidade NOVA de
Lisboa, 2015. Disponível em: https://run.unl.pt/bitstream/10362/16525/1/Mariano_2015.pdf. Acesso em: 28 de set.
2023.

PARANÁ. Secretária da Educação. Secretária da Educação do Paraná. Deslizamentos. Disponível em:


https://encurtador.com.br/vzWX7. Acesso em: 29 set. 2023.

PINNERS, Elise; VAN, Tran Tan; TRUONG , Paul. Vetiver system applications: Technical Reference Manual. Rede
Internacional de Vetiver, 2008. Disponível em: https://www.vetiver.org/network-services/manuals-guides/. Acesso
em: 24 out. 2023.

SANTANA, Rafael Galvão de. Análise de soluções de engenharia para estabilização de encostas ocupadas na
Região Metropolitana do Recife PE. Estudo de caso: ruptura ocorrida em encosta com ocupação desordenada na UR
2, Ibura. 2006. 208 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil, Centro de Tecnologia e Geociências,
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2006. Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/5555.
Acesso em: 12 nov. 2023.

TEIXEIRA, Thiago Marques . Análise da influência das raízes de vetiver nos parâmetros de resistência dos solos com a
profundidade. Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, 2017. Disponível em:
http://www.repositorio.ufop.br/jspui/handle/123456789/8685. Acesso em: 24 out. 2023.

USO DO VETIVER NA ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES E ENCOSTAS. Belo Horizonte: Fapi Ltda, v. 1, n. 3,


set. 2006. Disponível em:
http://deflor.com.br/wp-content/uploads/2021/10/3-USO_DO_VETIVER_NA_ESTABILIZACAO_DE_TALUDES_E_
ENCOSTAS.pdf. Acesso em: 13 nov. 2023.

ANEXO I

Figura 1 - Gráficos de alerta e ocorrência de riscos baseados em dados do CEMADEN. Fig. 1A. Alerta de riscos
geológicos no período de outubro de 2022 a outubro de 2023. Fig. 1B. Ocorrência de riscos geológicos no período de
outubro de 2022 a outubro de 2023. Fonte: Autores (2023).
Figura 2 - Sistema vetiver. Fonte: Deflor (2023).
ESTUDO DOS IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS
DAS USINAS DE ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA NA CIDADE DE PIRAPORA

ROCHA, A. M. N.1; GUEDES E SILVA, L. G. 2; SANTOS, A. S.3; PORTO, D. S.3

1
Discente do curso Técnico em Edificações do IFNMG – campus Pirapora;
2
Discente do curso Técnico em Energia Renováveis do IFNMG – campus Pirapora;
3
Docente do IFNMG – campus Pirapora;

Introdução:
A energia solar é uma alternativa promissora para suprir a demanda energética de forma
sustentável, proporcionando benefícios ambientais e econômicos significativos. Apesar dos
desafios, o potencial da energia solar é enorme e seu papel na matriz energética global
continuará a crescer à medida que as tecnologias solares avançam e se tornam mais acessíveis.
O norte de Minas Gerais possui intensa incidência solar, devido à localização da região próxima
à linha do Equador. Nessa região, destaca-se a cidade de Pirapora, a qual apresenta terrenos
planos, com pouca variação topográfica e intensa incidência solar. Porém, torna-se necessário
entender o processo de implementação das usinas solares e seus impactos socioeconômicos
sobre o município de Pirapora, considerando que a chegada e a permanência dessas empresas
são importantes na dinâmica da região.

Objetivo:
O objetivo deste estudo foi reunir informações com o estudo dos impactos socioeconômicos
promovidos pela implantação e crescimento de usinas de energia solar no município de
Pirapora – MG, uma das principais regiões de produção de energia fotovoltaica no Brasil.

Metodologia:
A investigação dos processos de implantação de usinas de energia solar fotovoltaica no
município de Pirapora foi realizada a partir da busca por notícias, revistas científicas e artigos
recentes encontrado na literatura, considerando os últimos 10 anos, que abordaram a história e
o andamento das obras dos complexos de energia solar na cidade. Todos os parques solares de
Pirapora foram levantados e mapeados, a partir da pesquisa das empresas investidoras e da
localização.
Os aspectos socioeconômicos foram avaliados quanto aos dados publicados pelo IBGE e por
pesquisas recentes publicadas com dados do município. Outras informações de sites sobre
energia solar e artigos publicados online foram considerados para o desenvolvimento do estudo.

Resultados:
A energia solar fotovoltaica em Pirapora é promissora e indica que a utilização dessa energia
renovável está crescendo rapidamente no Estado de Minas Gerais. Os avanços tecnológicos
estão tornando os painéis solares mais eficientes e acessíveis, o que está contribuindo para o
aumento da adoção dessa fonte de energia limpa.
O início da história das usinas solares em Pirapora ocorreu em 2015, com o começo das obras
do Complexo Solar Fotovoltaico Lar do sol. Sua construção envolveu um aporte de cerca de
R$1,4 bilhão, que possibilitou ao parque a capacidade instalada de aproximadamente 297
MWp, o que o torna capaz de suprir o consumo de energia elétrica de cerca de 142 mil
residências.
O Complexo Sola Pirapora foi a segunda usina a chegar em Pirapora, em 2016. sendo um dos
maiores projetos de energia solar do Brasil. Construído pela EDF Renewables, o complexo
possui cerca de 400 MWp, capaz de suprir o consumo de energia elétrica de aproximadamente
190 mil residências. A usina foi concluída em cerca de cinco anos, com várias etapas e
processos envolvidos, devido a necessidade de preparação do terreno e preparos importantes.
Os indicadores socioeconômicos foram avaliados a partir de 2015, ano da implantação da
primeira usina solar.
É possível observar uma elevação do PIB a partir de 2015, com um grande avanço de 2015 para
2016 e um pequeno avanço de 2016 para 2017. Destaca-se que nesse período houve o início
das obras da usina Lar do Sol, em 2017. Com relação ao PIB de 2017 para 2018, pode ser
observado o maior crescimento dentro do período analisado, acompanhando as obras de
finalização do Complexo Solar Pirapora. Com grande investimento, o início das obras
contribuiu para o PIB da região, e pode ter colaborado para o grande crescimento do PIB neste
período.
Em relação ao crescimento populacional, a partir de 2016, o município de Pirapora apresentou
uma população média de 56000 pessoas, com variações pequenas para aumento ou diminuição
populacional.

Conclusão: Até o momento das pesquisas podemos analisar que as usinas solares fotovoltaicas
de Pirapora impactaram a cidade com a chegada dos investimentos, com possível contribuição
no PIB, e empregos. Não foram observadas variações consideradas no crescimento
populacional após a chegada das usinas na cidade. A integração bem-sucedida desses elementos
leva a cidade de Pirapora a se destacar no âmbito nacional, quando o assunto é energia solar.

Palavras-chave:
Impactos socioeconômicos, fontes renováveis, energia solar, tecnologia, população.

Agradecimentos:
Gostaria de agradecer ao professor Áureo, pela coordenação do trabalho e incentivo, e ao
professor Deyvid, pela orientação e confiança neste projeto. Também queria agradecer à
Letícia, pela colaboração e parceria no desenvolvimento deste estudo e ao IFNMG, pela bolsa
concedida e pela oportunidade para fazer parte desse projeto.
A PRESENÇA E AMPLIAÇÃO DAS USINAS DE ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICAS
NO MUNICÍPIO DE PIRAPORA/MG - ESTUDO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS

GUEDES E SILVA, L. G.1; ROCHA, N. M. A.2; SANTOS, A. S.3; PORTO, D. S.3


1
Discente do curso Técnico em Energia Renováveis do IFNMG – campus Pirapora;
2
Discente do curso Técnico em Edificações do IFNMG – campus Pirapora;
3
Docente do IFNMG – campus Pirapora;

Palavras-chave: Usinas solares. Impacto ambiental. Energia solar fotovoltaica. Desmatamento. Pirapora.

Introdução
A implantação de usinas solares em Minas Gerais tem crescido nos últimos anos, e o estado vem se
tornando uma das principais referências quando se fala de energia solar fotovoltaica. Diferentemente
da maioria das demais unidades federativas brasileiras, Minas Gerais possui sua matriz energética
renovável, sendo predominantemente a energia hídrica, porém a energia solar com o maior
crescimento percentual, principalmente no que diz respeito à região norte do estado (EPE, 2012).
A cidade de Pirapora, localizada no norte de Minas Gerais, é uma cidade ribeirinha, às margens do
Rio São Francisco, e tem crescido nos últimos anos como uma referência na área de energia solar
fotovoltaica (MARTINS, 2019).
Seu relevo não é muito acidentado, e detém grandes áreas planas para a implantação de usinas, além
disso, a irradiação solar é alta, porém a temperatura não tão elevada, favorece o bom funcionamento
da mesma. Por isso, foi notório o investimento de empresas privadas na construção de parques solares
na cidade, e, atualmente, cerca de 4 empresas nesse ramo atuam na cidade, tanto com pequenos
projetos residenciais, quanto com gerações em larga escala.
Além disso, há, no município, uma subestação de energia, que o conecta à rede nacional de
transmissão, evitando gastos desnecessários com a estruturação de uma nova rede elétrica. No mais,
o incentivo do governo vem facilitando as licenças para instalação das usinas, explicitando a
capacidade da região de ter um grande retorno, sem grandes prejuízos locais, como é no caso das
hidrelétricas (MARTINS, 2019).

Material e métodos

A investigação dos impactos ambientais gerados a partir da implantação de usinas de energia solar
fotovoltaica no município de Pirapora foi realizada a partir da busca dados em revistas científicas e
artigos recentes encontrados na literatura, considerando os últimos 10 anos.
Todos os parques solares de Pirapora foram levantados e mapeados, a partir da pesquisa das empresas
investidoras e da localização.
Os dados referentes às temperaturas foram buscados no portal do Instituto Nacional de Meteorologia
do Brasil (INMET) e em bases de dados como Meteoblue.
As investigações sobre o licenciamento ambiental e o desmatamento foram realizadas a partir da
busca por leis e arquivos, assim como a avaliação de imagens de satélite a partir do programa de
computador Google Earth, versão 7.3.3.
Resultados e Discussão
Análise da variação de temperatura

O gráfico 1 demonstra a variação de temperatura na cidade de Pirapora - MG, os dados apresentados


levam em consideração a média de temperatura da referida cidade nos últimos 40 anos, e o aumento
ou redução do coeficiente nos anos em questão, 1979 a 2022. Uma vez que a energia solar iniciou o
seu processo de implantação/exploração no município no ano de 2016, a análise foi realizada a partir
desse ano.
É possível verificar que entre os anos de 2015 e 2019, houve um aumento da temperatura média. No
entanto, segundo Oliveira (2020), de 2020 a 2022 a tendência da mesma foi de queda, esse fator pode
ser explicado devido à diminuição da atividade industrial durante a pandemia da Covid-19.
O Gráfico 2 apresenta os dados de 2016 a 2022, com maior detalhamento das temperaturas dos
últimos 7 anos. Para os anos de 2016 a 2017 pode ser observado a manutenção da temperatura média
do município, período em que se inicia a construção da primeira usina fotovoltaica, o Complexo Solar
Pirapora. Porém um pico de aumento na temperatura média ocorreu de 2018 e 2019, com a mudança
de temperatura média de 24,9°C para 25,9°C, respectivamente, variação de 1°C . Nesse período as
usinas já estavam em funcionamento, sem crescimento considerável de capacidade instalada. Após
2019, observa-se a partir do gráfico 2, que há queda na temperatura até o ano de 2020, permanecendo
sem acentuada variação até 2022.
Portanto, observa-se uma oscilação pouco acentuada nas temperaturas na cidade de Pirapora entre os
anos de 1979 a 2022, ocorrendo o maior índice na temperatura no ano de 2015. Sendo o ano de
implantação da energia solar no município, o ano de 2016, tornam-se necessárias investigações
minuciosas no sentido de concluir sobre a influência dos parques solares, na temperatura da cidade
de Pirapora, MG.

Licenciamento Ambiental
O Licenciamento Ambiental é um mecanismo efetivado pelos órgãos ambientais que permite um
indivíduo (pessoa física) ou uma empresa (pessoa jurídica) a realizar ações que necessitam de
recursos naturais ou que causará qualquer tipo de alteração no meio ambiente. Nesse ramo, para que
o licenciamento seja adquirido, são necessárias três etapas SAMPAIO (2023):
• Licença Prévia: concedida na fase inicial do projeto da empresa. Nele é atestada a viabi-
lidade ambiental e condiciona a obtenção das demais etapas.
• Licença de Instalação: essa autoriza o início das determinadas atividades e acorda com
os pré-requisitos selecionados pela Licença Prévia.
• Licença de Operação: é um documento que permite a efetivação do projeto. Ela garante
que o órgão ambiental poderá fiscalizar as ações e verificar os impactos no meio ambi-
ente.
No estado de Minas Gerais, há dois principais órgãos ambientais, a Secretaria de Estado de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), a qual realiza o Licenciamento Ambiental, e,
aquele vinculado à Secretaria de Estado de Infraestrutura, dos Recursos Hídricos e do Meio Ambiente,
o COPAM (Conselho Estadual de Política Ambiental). Este último expeliu em 2019, uma lei a
respeito de uma política estadual de incentivo ao uso de energia solar. Nela, as usinas fotovoltaicas
também ficam sujeitas a passarem pelo processo de regularização ambiental (Art. 2º) e torna
imprescindível a concessão da Licença Ambiental para a implantação da mesma.
Outrora, na Constituição Federal apresenta em seu Capítulo VI, Art.225, leis que visam a proteção
do meio ambiente, entretanto, não consta nela nenhuma especificação no que diz respeito às usinas
solares, diferentemente das usinas de reatores nucleares e hidrelétricas, as últimas aparecem
principalmente no Capítulo I Da Organização Político-Administrativa (BRASIL, 1988).
Apesar da necessidade da licença ambiental, não foi encontrado as respectivas licenças para ambas
as usinas solares avaliadas neste estudo.

Evolução do desmatamento em áreas de instalação de parques solares – Pirapora - MG


As figuras de 1 a 4 são imagens de satélite que demonstram a evolução do desmatamento nas áreas
onde se instalaram parques solares, no município de Pirapora, MG, especificamente duas usinas:
Usina Complexo Solar e a Usina Solar do Sol.
A partir das imagens de satélite da área na qual Complexo Solar Pirapora está instalado, Figuras 1 e
2, é possível observar que houve um aumento considerável no desmatamento em sua área de
instalação, considerando o intervalo entre fevereiro de 2019 (antes do início da implantação) e
setembro de 2023.
A usina Complexo Solar ocupa área compreendida em 5.556.081,13 m², onde é perceptível o alto
nível de antropização em uma área que antes era coberta por árvores, e não apenas vegetação rasteira.
Para a Usina Solar do Sol, Figura 3 e 4, observa-se que no intervalo de novembro de 2013 a setembro
de 2023, foi contatado que a área já se encontrava desmatada e com alto nível de antropização já em
2013, havendo, portanto, somente a evolução da instalação de equipamentos para composição da
usina. Isso demonstra que a área de ocupação da usina Solar do Sol, com: 7.586.481,12, não foi
desmatada a partir de sua implantação.

CONCLUSÃO
Diante da demanda mundial por energia e busca por formas de produzir energia limpa, o município
de Pirapora, apresenta-se promissor nesse sistema de produção de energia limpa. Porém torna-se
importante a avaliação dos impactos ambientais promovidos pela implantação de diferentes usinas e
suas contribuições para a alteração da dinâmica do ambiente. A análise da variação temperatura média
de Pirapora nos últimos 8 anos revelou uma pequena variação após o funcionamento das usinas
solares. Apesar disso, torna-se necessário melhor investigação de diversos fatores, como fenômenos
climáticos e atividade industrial, para maior entendimento sobre as variações encontradas. O
desmatamento observado na área do Complexo Solar Pirapora revela que houve um grande impacto
no bioma e no ecossistema local, devido a observação de mais de 90% da área com supressão da
vegetação.
Os resultados encontrados demonstram que houve impactos sobre o ambiente em Pirapora, como o
desmatamento do Complexo Solar Pirapora, e possíveis contribuições na variação da temperatura
local, apesar da necessidade do melhores investigações sobre esse aspecto.

REFERÊNCIAS:

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 2016.
496 p. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf.
Acesso em: 28 nov. 2023.
EPE, NOTA TÉCNICA. Análise da inserção da geração solar na matriz elétrica brasileira. Nota Técnica da EPE, Rio
de Janeiro, p. 25, 2012. Disponível em: https://scholar.google.com.br/scholar. Acesso em: 02 set. 2023.

LANA, Luana Teixeira Costa; ALMEIDA, E,; DIAS, F. C. L. S.; ROSA; A. C.; SANTO, O. C.E.; SACRAMENTO, T.
C. B.; BRAZ, K. T. M. Energia solar fotovoltaica: revisão bibliográfica. Engenharias On-line, v. 1, n. 2, p. 21-33,
2015. Disponível em: https://scholar.google.com.br/scholar. Acesso em: 02 set. 2023.
MARTINS, Lucas Zolini Ruas et al. Desenvolvimento local a partir da geração centralizada de energia solar
fotovoltaica: o modelo regulatório da usina de Pirapora–MG. Revista Brasileira de Planejamento e
Desenvolvimento, Curitiba, v. 8, n. 3, p. 357-381, set./dez. 2019. Disponível em: http://repositorio.fjp.mg.gov.br/.
Acesso em: 03 set. 2023.

SAMPAIO, Rômulo. Direito ambiental. Fundação Getúlio Vargas, v. 2, p. 43, 2011. Disponível em:
https://scholar.google.com.br/ . Acesso em: 29 de nov. 2023.

ANEXO I

Gráfico 1 - Temperatura média de Pirapora de 1979 a 2022. Fonte: Autor.

Gráfico 2 - Temperatura média de Pirapora de 2016 a 2022. Fonte: Autor.


Figura 1- Imagem de Satélite da Usina Complexo Solar de fevereiro de 2019. Fonte: Google Earth (2023).

Figura 2 - Imagem de Satélite da Usina Complexo Solar de setembro de 2023. Fonte: Google Earth (2023).

Figura 3 - Imagem de Satélite da Usina Solar do Sol de novembro de 2013. Fonte: Google Earth (2023).
Figura 4 - Imagem de Satélite da Usina Solar do Sol de setembro de 2023. Fonte: Google Earth (2023).
PADRÕES INTERATIVOS EM COMUNIDADES DE PLANTAS E POLINIZADORES: COLETA,
INTEGRAÇÃO E PADRONIZAÇÃO EM UM BANCO DE DADOS

D’AVILA, J.U. 1; SILVA, V.G. 2; LEMES FARIA, B.L.3

1
Discente do curso técnico em Informática do IFNMG Campus Diamantina
2
Docente do IFNMG – campus Diamantina

Introdução:

A polinização é um processo vital para a reprodução das plantas na produção agrícola,. No


entanto, os polinizadores vêm sofrendo declínios acentuados devido a mudanças no uso da
terra e atividades humanas, o que impacta diretamente a biodiversidade ao longo do tempo.
Coletar, documentar, armazenar e analisar indicadores sobre a distribuição espaço-temporal
de polinizadores e suas interações com o ambiente é crucial para monitorar as mudanças na
biodiversidade. Assim, a padronização e construção de bancos de dados de biodiversidade é
crucial para monitorar as mudanças na diversidade biológica e entender melhor a distribuição
das espécies e suas interações com o ambiente. Objetivo: padronizar os dados obtidos em
preferencialmente em formato Darwin Core (padrão internacional para dados sobre
biodiversidade), identificar padrões interativos em comunidades de plantas e polinizadores e
contribuir para o manejo sustentável de recursos naturais na região de Diamantina.
Metodologia: Para identificar a relação entre as interações, foram construidos panoramas de
interação e de comunidades interativas de plantas e polinizadores. Os dados foram obtidos a
partir de fontes diretas e indiretas. As fontes diretas foram feitas com a observação e
contabilização dos visitantes e polinizadores por cerca de 10 minutos e anotando todas as
interações observadas nas flores, utilizando também filmadoras. Resultados: Os resultados da
análise revelaram padrões em sistemas complexos de interações entre plantas e polinizadores
na região de Diamantina, evidenciando uma notável diversidade de polinizadores e a
especialização entre espécies. Conclusão: Os destacam a diversidade de polinizadores e a
importância de espécies-chave. A análise contribui para o manejo sustentável, orientando
estratégias de conservação e preservação da biodiversidade na região. Essas descobertas
fornecem insights valiosos para a sustentabilidade dos ecossistemas locais.

Palavras-chave: Biodiversidade. polinização. Banco de dados

Agradecimentos
Devem agradecemos ao CNPq e IFNMG pelo apoio fornecido nesta pesquisa.

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