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ELIANE CRISTINA SAMPAIO DE FREITAS

CRESCIMENTO E QUALIDADE DE MUDAS DE


Cassia grandis LINNAEUS f., Plathymenia foliolosa BENTH. E
Dipteryx alata VOGEL EM RESPOSTA À ADUBAÇÃO
FOSFATADA E SATURAÇÃO POR BASES DO SUBSTRATO

Dissertação apresentada à Universidade Federal de


Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-
Graduação em Ciência Florestal, para obtenção do
título de Magister Scientiae.

VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2013
ELIANE CRISTINA SAMPAIO DE FREITAS

CRESCIMENTO E QUALIDADE DE MUDAS DE


Cassia grandis LINNAEUS f., Plathymenia foliolosa BENTH. E
Dipteryx alata VOGEL EM RESPOSTA À ADUBAÇÃO
FOSFATADA E SATURAÇÃO POR BASES DO SUBSTRATO

Dissertação apresentada à Universidade Federal de


Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-
Graduação em Ciência Florestal, para obtenção do
título de Magister Scientiae.

APROVADA: 24 de julho de 2013.

________________________________ ________________________________
Helio Garcia Leite Sílvio Nolasco de Oliveira Neto
(Coorientador) (Coorientador)

________________________________
José Mauro Gomes

________________________________
Haroldo Nogueira de Paiva
(Orientador)
AGRADECIMENTOS

A Deus, pela vida e por tudo que tenho.


Aos meus pais, Elson e Piedade, e aos meus irmãos por todo o amor e apoio,
sem os quais eu não chegaria até aqui.
Aos funcionários do Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pelo
auxílio, e aos professores pelos conhecimentos transmitidos, essenciais para minha
formação.
Aos professores Helio Garcia e Sílvio Nolasco pelas valiosas colaborações.
Em especial, ao professor e orientador, Haroldo Nogueira de Paiva, por ter
acreditado em minha capacidade, pela paciência e dedicação, fundamentais para a
concretização deste trabalho.
Aos funcionários do Viveiro de Pesquisa do DEF, João, Magela e Maurício,
por toda a ajuda durante a condução desse estudo.
Ao Raphaell, Alex, Gustavo, Rafael, amigos da Engenharia Florestal, e a
todos que contribuíram, direta ou indiretamente, para que esse estudo fosse realizado.
À Universidade Federal de Viçosa, que proporcionou a realização de um
grande objetivo da minha vida.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),
pela concessão da Bolsa.

ii
BIOGRAFIA

Eliane Cristina Sampaio de Freitas, filha de Elson de Freitas e Maria da


Piedade Sampaio de Freitas, nasceu em 21 de junho de 1988, em Curvelo, Minas
Gerais. Concluiu o Ensino Médio em Curvelo, na Escola Estadual Bolivar de Freitas,
em 2005.
Em 2007, iniciou o curso de Engenharia Florestal, na Universidade Federal
de Viçosa, sendo o mesmo concluído em dezembro de 2011. Em fevereiro de 2012,
iniciou o curso de Mestrado em Ciência Florestal na mesma Instituição.

iii
ÍNDICE

RESUMO ................................................................................................................................. vi

ABSTRACT............................................................................................................................ vii

1. INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................................... 1

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 4

2. CAPÍTULO 1: Crescimento e qualidade de mudas de Cassia grandis Linnaeus f.


em resposta à adubação fosfatada e saturação por bases do substrato............................. 6

Resumo ................................................................................................................................ 6

Introdução ............................................................................................................................ 7

Material e métodos............................................................................................................... 9

Resultados e discussão ....................................................................................................... 11

Conclusões ......................................................................................................................... 19

Referências bibliográficas .................................................................................................. 19

3. CAPÍTULO 2: Crescimento e qualidade de mudas de Plathymenia foliolosa Benth.


em resposta à adubação fosfatada e saturação por bases do substrato........................... 24

Resumo .............................................................................................................................. 24

Introdução .......................................................................................................................... 25

Material e métodos............................................................................................................. 27

Resultados e discussão ....................................................................................................... 29

Conclusões ......................................................................................................................... 36

Referências bibliográficas .................................................................................................. 36

4. CAPÍTULO 3: Crescimento e qualidade de mudas de Dipteryx alata Vogel em


resposta à adubação fosfatada e saturação por bases do substrato................................. 40

Resumo .............................................................................................................................. 40

Introdução .......................................................................................................................... 41

Material e métodos............................................................................................................. 43

Resultados e discussão ....................................................................................................... 45

iv
Conclusões ......................................................................................................................... 49

Referências bibliográficas .................................................................................................. 49

5. CONCLUSÕES GERAIS ............................................................................................ 53

v
RESUMO

FREITAS, Eliane Cristina Sampaio de, M. Sc., Universidade Federal de Viçosa, julho de
2013. Crescimento e qualidade de mudas de Cassia grandis Linnaeus f., Plathymenia
foliolosa Benth. e Dipteryx alata Vogel em resposta à adubação fosfatada e saturação
por bases do substrato. Orientador: Haroldo Nogueira de Paiva. Coorientadores: Helio
Garcia Leite e Sílvio Nolasco de Oliveira Neto.

Diante a exploração, muitas vezes desordenada, dos recursos naturais, culminando na


degradação das áreas e perda da biodiversidade, a recuperação ambiental por meio do
plantio de espécies nativas é importante para reestabelecer o equilíbrio dos ecossistemas e
para preservar as espécies. Mudas de qualidade são fundamentais para garantir o sucesso dos
plantios florestais, pois possibilitam o maior crescimento e sobrevivência pós-plantio no
campo. Para a produção de mudas de boa qualidade é necessário conhecer as exigências
nutricionais das espécies cultivadas. Entretanto, para muitas espécies arbóreas nativas esse
conhecimento ainda é escasso. Nesse sentido, o objetivo do presente estudo foi avaliar a
influência da saturação por bases do substrato e da adubação fosfatada sobre o crescimento e
qualidade de mudas de cássia-rosa (Cassia grandis Linnaeus f.), vinhático-da-mata
(Plathymenia foliolosa Benth.) e baru (Dipteryx alata Vogel), utilizando como substrato um
Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, de textura argilosa. Os tratamentos foram
representados por um fatorial de seis níveis de P (0, 120, 240, 360, 480 e 600 mg dm-3), por
cinco níveis de saturação por bases do substrato (3,5 (original), 25, 40, 55, 70 %), sendo
dispostos no delineamento em blocos ao acaso, com quatro repetições. Ao final do
experimento foram obtidas a altura da parte aérea (H), diâmetro do coleto (DC), massa de
matéria seca da parte aérea (MSPA), de raízes (MSRA) e total (MST), e calculadas as
relações H/MSPA, H/DC, MSPA/MSRA, e o índice de qualidade de Dickson (IQD). A
adubação fosfatada contribui para o crescimento e a qualidade das mudas de Cassia grandis
e Plathymenia foliolosa. A Dipteryx alata não apresenta resposta às doses de fósforo, se
mostrando potencial para o plantio em solos com baixos teores desse nutriente. A elevação
da saturação por bases influencia o crescimento e a qualidade das mudas de vinhático-da
mata e baru, não sendo observada resposta pela cássia-rosa.

vi
ABSTRACT

FREITAS, Eliane Cristina Sampaio de, M. Sc., Universidade Federal de Viçosa, July, 2013.
Growth and seedlings quality of Cassia grandis Linnaeus f., Plathymenia foliolosa
Benth. and Dipteryx alata Vogel in response to phosphate fertilization and basis
saturation of substratum. Advisor: Haroldo Nogueira de Paiva. Co-Advisor: Helio Garcia
Leite and Sílvio Nolasco de Oliveira Neto.

Given the exploration of natural resources, many times disordered, culminating in


degradation of areas and loss of biodiversity, the environmental recovery through native
species is important to reestablish the equilibrium of ecosystems and to preserve the species.
Quality seedlings are fundamental to ensure the success of forest plantations, since they
allow a better growth and survival once planted. For the production of quality seedlings it is
necessary to know the nutritional requirements of cultivated species. However, for many
native woody species, this knowledge is still scarce. Therefore, this study aimed at
evaluating the influence of basis saturation of substratum and the phosphate fertilization on
the growth and seedlings quality of cássia-rosa (Cassia grandis Linnaeus f.), vinhático-da-
mata (Plathymenia foliolosa Benth.) and baru (Dipteryx alata Vogel), using like substrate a
dystrophic red-yellow latosol, with clay texture. The treatments were represented by a
factorial of 6 (P doses: 0, 120, 240, 360, 480 and 600 mg dm-3) by 5 (basis saturation: 3,5
(original), 25, 40, 55, 70 %) being arranged in a randomized blocks design with four
replications. In the end of the experiment were obtained the height of shoot, stalk diameter,
mass of shoot dry matter, mass of roots dry matter, and total dry matter, beyond their
relationships, and the Dickson's quality index. The phosphate fertilization contributes to the
growth and the seedlings quality of Cassia grandis and Plathymenia foliolosa. The Dipteryx
alata seedlings don´t present response to the phosphorus doses, showing be potential to the
planting in soils with low content of this nutrient.

vii
1. INTRODUÇÃO GERAL

A expansão agrícola e a alta demanda por produtos madeireiros aumentaram a


exploração dos remanescentes florestais nativos resultando em altas taxas de
desmatamento.
Segundo o IDS - 2012 (Indicadores de Desenvolvimento Sustentável),
lançado pelo IBGE (2012), a área desflorestada na Amazônia se aproxima dos 20%
da área florestal original, situação semelhante aos biomas extra-amazônicos. Em
2010 restavam 12% de uma área total de 128.898.972 ha da Mata Atlântica, sendo as
áreas desmatadas substituídas por áreas agrícolas, pastoris e urbanas. Dados de 2009
mostram o maior percentual de desmatamento para o Pampa (54%), seguido pelo
Cerrado (49%), Caatinga (46%) e Pantanal (15%).
Com o desmatamento dos biomas, aumenta-se o número de espécies da fauna
e flora extintas ou ameaçadas de extinção. De acordo com o IBGE (2012), a flora
possui 461 espécies ameaçadas de extinção, sendo as espécies arbóreas as mais
vulneráveis, pois além do desmatamento e das queimadas, o crescimento
relativamente lento dificulta a recuperação natural da destruição provocada pela
atividade madeireira. A Mata Atlântica apresenta o maior número de espécies
ameaçadas (275), seguida pelo Cerrado (131) e pela Amazônia (24). Por meio da
Portaria Nº 37, de 3 de abril de 1992, o IBAMA (1992) tornou pública a Lista Oficial
de Espécies da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção.
O abandono de áreas com recursos esgotados na busca por áreas mais
produtivas culminou em um cenário comum de degradação em diferentes regiões
brasileiras. Nesse sentido, a recuperação dessas áreas é fundamental para
reestabelecer o equilíbrio dos ecossistemas, assim como os serviços e bens
ambientais oferecidos.
O método utilizado para revegetar as áreas degradadas depende do nível de
degradação, resiliência, características do entorno e do fator de distúrbio. Vezzani e
Mielniczuk (2009) conceituam resiliência como a capacidade de um solo recuperar
sua integridade funcional e estrutural após um distúrbio. Quando a intensidade do
distúrbio é alta, ocorrendo redução do banco de sementes e resiliência do solo,
associada à inexistência de fragmentos florestais próximos, a regeneração natural é
dificultada ou extremamente lenta. A regeneração natural de florestas tropicais
possui restrições como a competição com gramíneas, as condições microclimáticas

1
desfavoráveis para o estabelecimento das plantas, baixa disponibilidade de nutrientes
do solo e a redução do banco de sementes (PARROTTA, 1992). Nesses casos, a
intervenção por meio do plantio de mudas, apesar de onerosa, possui maior eficácia
em relação ao tempo de estabelecimento.
Além dos benefícios ambientais fornecidos pelo componente arbóreo,
ressalta-se o potencial de algumas espécies nativas para atender a demanda não
somente madeireira, mas de produtos como castanhas, frutos e óleos, desde que seja
praticado o manejo sustentável. Entretanto, o conhecimento sobre as necessidades
nutricionais de espécies arbóreas nativas é escasso, justificando a realização de
estudos que visam informações para produção de mudas com melhor qualidade
(CRUZ et al., 2004). As mudas devem apresentar características que as permitam
resistir às condições adversas que poderão ocorrer posteriormente ao plantio, mesmo
em períodos favoráveis (CARNEIRO, 1995).
Entre os substratos utilizados para produção de mudas de espécies arbóreas
nativas, destaca-se a terra de subsolo, que devido à intemperização, pode possuir
elevada acidez e baixo teor de nutrientes. O processo de intemperização do solo
promove sua acidificação, com adsorção de H+, Al+++ e Mn++ em suas cargas
negativas, e consequentemente a perda de bases (CARNEIRO, 1995). Por meio da
aplicação de corretivos ocorre a redução das concentrações tóxicas de Al e Mn,
proporcionando condições mais favoráveis ao desenvolvimento de microrganismos
decompositores da matéria orgânica, nitrificadores e fixadores de N, maior
disponibilidade de P e Mo, e fornecimento de Ca e Mg (MALAVOLTA, 1980).
O fósforo é um nutriente essencial, requerido por todas as plantas para o
crescimento, desenvolvimento e reprodução. É constituinte dos ácidos nucléicos,
fosfolipídios, proteínas, éster fosfato e adenosina trifosfato (ATP), fazendo parte da
maioria dos processos metabólicos como fotossíntese, respiração, armazenamento e
transferência de energia (DECHEN e NACHTIGALL, 2007). Contudo, os solos
tropicais normalmente apresentam baixa disponibilidade de P às plantas, devido ao
elevado poder de adsorção/fixação deste nutriente (NOVAIS e SMYTH, 1999).
Diversos fatores influenciam a adsorção do P ao solo, como teor de argila,
tempo de contato, teor de matéria orgânica e de outros nutrientes que competem
pelos sítios de adsorção, e o pH do solo. A capacidade de adsorção do P em solos
argilosos é maior do que em solos arenosos, e com maior tempo de incubação o P
também se torna menos disponível (GAVA et al., 1997).

2
A adubação torna-se necessária quando a quantidade demandada pela planta é
maior que a quantidade disponível no solo. As características e quantidade de adubo
a ser aplicado dependem da fertilidade do solo, da eficiência do adubo e sua reação
com o solo, fatores econômicos, e da necessidade nutricional da espécie cultivada
(GONÇALVES, 1995). Espécies com sementes pequenas e com baixos teores de P,
com sistema radicular pouco desenvolvido, maior taxa de crescimento e na fase
inicial de desenvolvimento, com maior capacidade micotrófica, apresentam maior
resposta ao fornecimento de P (FURTINI NETO et al., 2005).
A calagem em solos ácidos é a maneira mais eficiente para aumentar a
disponibilidade de fósforo para as plantas, elevando o pH e, consequentemente, a
densidade de cargas negativas, acarretando maior repulsão entre o fósforo e a
superfície adsorvente e redução da capacidade máxima de adsorção do solo
(NOVAIS et al., 2007).
Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo avaliar a influência da
saturação por bases do substrato e da adubação fosfatada no crescimento e qualidade
de mudas de cássia-rosa (Cassia grandis Linnaeus f.), vinhático-da-mata
(Plathymenia foliolosa Benth.) e baru (Dipteryx alata Vogel).

3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARNEIRO, J. G. A. Produção e controle de qualidade de mudas florestais.


Curitiba: UFPR/ FUPEF/UENF, 1995. 451 p.

CRUZ, C. A. F.; PAIVA, H. N.; GOMES, K. C. O.; GUERRERO, C. R. A. Efeito de


diferentes níveis de saturação por bases no desenvolvimento e qualidade de ipê-roxo
(Tabebuia impetiginosa (Mart.) Standley). Scientia Forestalis, Piracicaba, n.66,
p.100-107, dez. 2004.

DECHEN, A.R.; NACHTIGALL, G.R. Elementos requeridos à nutrição de plantas.


In: NOVAIS, R.F.; ALVAREZ V., V.H.; BARROS, N.F.; FONTES, R.L.F.;
CANTARUTTI, R.B.; NEVES, J.C.L. (Eds.). Fertilidade do solo. Viçosa:
Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2007. p.91-132.

FURTINI NETO, A.E.; SIQUEIRA, J.O.; CURI, N.; MOREIRA, F.M.S. Fertilização
em reflorestamentos com espécies nativas. In: GONÇALVES, J. L. M.; BENEDETI,
V. (Eds.). Nutrição e fertilização florestal. Piracicaba: IPEF, 2005. p. 351-383.

GAVA, J.L.; GONÇALVES, J.L.M.; SHIBATA, F.Y.; CORRADINI, L. Eficiência


relativa de fertilizantes fosfatados no crescimento inicial de eucalipto cultivado em
solos do cerrado. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 21, n.3, p.497-
504, 1997.

GONÇALVES, J. L. M. Recomendações de adubação para Eucalyptus, Pinus e


espécies típicas da Mata Atlântica. Piracicaba: IPEF, 1995. 23p. (Documentos
Florestais, 15).

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais


Renováveis. Portaria n. 37, de 3 de abril de 1992. Torna pública a lista oficial de
espécies da flora brasileira ameaçada de extinção. Diário Oficial da União, Brasília,
1992.

4
IBGE. Indicadores de Desenvolvimento Sustentável – IDS 2012. Disponível em:
<ftp://geoftp.ibge.gov.br/documentos/recursos_naturais/indicadores_desenvolviment
o_sustentavel/2012/ids2012.pdf > Acesso em: 11 jul. 2013.

MALAVOLTA, E. Elementos de nutrição mineral de plantas. São Paulo: Ceres,


1980. 251p.

NOVAIS, R.F.; SMYTH, T.J. Fósforo em solo e planta em condições tropicais.


Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1999. 399p.

NOVAIS, R.F.; MELLO, J.W.V. Relação solo-planta. In: NOVAIS, R.F.;


ALVAREZ V., V.H.; BARROS, N.F.; FONTES, R.L.F.; CANTARUTTI, R.B.;
NEVES, J.C.L. Fertilidade do solo. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do
Solo, 2007. p.133-204.

PARROTTA, J. A. The role of plantation forests in rehabilitating degraded tropical


ecosystems. Agriculture, Ecosystems and Environment, Amsterdam, v. 41, n.2,
p.115-133, 1992.

VEZZANI, F. M.; MIELNICZUK, J. Uma visão sobre qualidade do solo. Revista


Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 33, n.4, p. 743-755, 2009.

5
2. CAPÍTULO 1: Crescimento e qualidade de mudas de Cassia grandis
Linnaeus f. em resposta à adubação fosfatada e saturação por bases do
substrato

Resumo

O objetivo deste estudo foi avaliar o crescimento e a qualidade de mudas de


Cassia grandis Linnaeus f. (cássia-rosa), em função da adubação fosfatada e da
saturação por bases do substrato. Os tratamentos foram representados por um fatorial
de seis níveis de P (0, 120, 240, 360, 480 e 600 mg dm-3), por cinco níveis de
saturação por bases do substrato (3,5 (original), 25, 40, 55, 70%), sendo dispostos no
delineamento em blocos ao acaso, com quatro repetições. O substrato utilizado foi
um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, de textura argilosa. Aos 65 dias após a
repicagem, foram medidas a altura da parte aérea (H), o diâmetro do coleto (DC), a
massa de matéria seca da parte aérea (MSPA), de raízes (MSRA) e total (MST), e
calculadas as relações H/MSPA, H/DC, MSPA/MSRA, e o índice de qualidade de
Dickson (IQD). A adubação fosfatada teve influência significativa em todas as
características avaliadas, relações e IQD. Apenas a relação H/MSPA e o IQD
apresentaram interação significativa entre a adubação fosfatada e calagem. Para a
saturação por bases não foi observado efeito significativo para as características
avaliadas, exceto para as relações H/DC, H/MSPA, MSPA/MSRA. A dose de fósforo
adequada para a produção de mudas de cássia-rosa, na saturação por bases média, é
de 450 + 50 mg dm-3.

Palavras-chave: Fósforo, cássia-rosa, calagem.

6
Introdução

A exploração desordenada dos recursos naturais e o abandono das áreas


desmatadas culminaram na degradação de extensas áreas no Brasil. A revegetação
dessas áreas é fundamental para melhorar as características físicas e químicas do
solo, fornecendo, por meio da cobertura vegetal, a proteção necessária para diminuir
a perda de sedimentos por erosão (SILVA et al., 2011).
Os programas de revegetação que visam à recuperação de áreas degradadas e
proteção de mananciais hídricos recomendam o plantio de espécies nativas, tendo em
vista reestabelecer as condições ecológicas (FURTINI NETO et al., 1999). A
utilização de espécies arbóreas nativas, adaptadas a condições de estresse, pode
reverter os processos de degradação por meio da estabilização dos solos, pelo
desenvolvimento do sistema radicular, e aumento da matéria orgânica do solo através
da deposição de serapilheira (PARROTTA, 1992).
A Cassia grandis, popularmente conhecida como cássia-rosa ou canafístula, é
recomendada para recuperação de matas ciliares, em locais com inundações
periódicas de rápida duração e com curto período de encharcamento (CARVALHO,
1994). Trata-se de uma espécie pioneira a secundária inicial (CARVALHO, 1994),
pertencente à família Fabaceae e subfamília Caesalpinoideae, com ocorrência na
Região Amazônica, na floresta de terra firme (LORENZI, 2002). Em plantios
experimentais, tem melhor crescimento em solos com elevada fertilidade
(CARVALHO, 1994).
A cássia-rosa além de ser muito utilizada para o paisagismo, uma vez que é
extremamente ornamental (LORENZI, 2002), se destaca como potencial para a
consorciação em sistemas agroflorestais, devido aos frutos adocicados que são
apreciados pelo gado, e sua madeira também pode ser utilizada na construção civil e
para produção de carvão (CARVALHO, 1994).
A produção de mudas é uma das fases mais importantes para projetos de
reflorestamento, seja para fins comerciais ou ambientais. Mudas de espécies
florestais de boa qualidade, com nutrição e substratos adequados, são fundamentais
para garantir a adaptação e crescimento após o plantio (GONÇALVES et al., 2005),
evitando replantios e gastos adicionais (GOMES et al., 2002). Para isto, deve-se
conhecer melhor a dinâmica dos nutrientes no solo, as exigências nutricionais das

7
espécies e os fatores que afetam o equilíbrio dentro do complexo solo-planta
(FERNANDES e CARVALHO, 2001).
Muitos viveiros utilizam a terra de subsolo como substrato para produção de
mudas de espécies arbóreas nativas. Entretanto, a maior parte dos solos brasileiros é
altamente intemperizada, com elevada acidez e baixa disponibilidade de nutrientes,
principalmente o fósforo que é fortemente adsorvido. A calagem, além de corrigir a
acidez do solo, estimula a atividade microbiana e aumenta a disponibilidade da
maioria de nutrientes para as plantas (ALVAREZ V. e RIBEIRO, 1999).
O fósforo é fundamental nos processos de armazenamento e transferência de
energia (MARSCHNER, 1995), e sua deficiência é um dos fatores que mais limita o
crescimento das espécies florestais (FURTINI NETO et al., 2005). Uma reduzida
disponibilidade de fósforo pode ser responsável pelo inadequado desenvolvimento
das plantas em solos ácidos de regiões tropicais (FURTINI NETO et al., 1999). Para
a produção de mudas, a deficiência desse nutriente nos substratos provoca
crescimento irregular, tanto na parte aérea quanto no sistema radicular, prejudicando
a qualidade das mudas (GOMES e PAIVA, 2012). Nesse sentido se fazem
necessárias adubações fosfatadas para atender a demanda das plantas, que é variável
de acordo com a espécie.
A demanda de P pelas espécies está associada a diversos fatores, como
tamanho e teor de P das sementes, grau de desenvolvimento do sistema radicular,
dependência micorrízica, taxa de crescimento e estádio de desenvolvimento da planta
(SANTOS et al., 2008). Estes autores ressaltam que a maior resposta ao
fornecimento de P é esperada em espécies de sementes pequenas e com baixos teores
do nutriente, sistema radicular pouco desenvolvido, maior capacidade micotrófica,
maior taxa de crescimento e na fase inicial de desenvolvimento.
Diante a importância das espécies arbóreas nativas para programas de
recuperação de áreas degradadas e escassez de informações sobre suas exigências
nutricionais, o presente estudo teve como objetivo avaliar a influência da adubação
fosfatada e da saturação por bases do substrato sobre o crescimento e a qualidade de
mudas de Cassia grandis.

8
Material e métodos

O estudo foi conduzido entre outubro de 2012 e janeiro de 2013, no


município de Viçosa-MG, localizado a 20° 45’ de latitude Sul, 46° 51’ de longitude
Oeste, e 689 metros de altitude, no Viveiro de Pesquisa do Departamento de
Engenharia Florestal, pertencente à Universidade Federal de Viçosa. Segundo a
classificação de Köppen, o clima na região de Viçosa é do tipo Cwb, mesotérmico
com verões quentes e chuvosos, e invernos frios e secos. A temperatura e a
precipitação pluviométrica média anual são de 19,4 °C e 1.221 mm, respectivamente
(DNMET, 1992).
O substrato utilizado foi um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, textura
argilosa, retirado de uma área da Dendrologia, também pertencente à Universidade
Federal de Viçosa, Campus Viçosa, MG, na camada de 20-50 cm de profundidade.
Posteriormente, o solo foi peneirado (malha de 4 mm de diâmetro) e destinado ao
enchimento dos vasos. Desse solo, foi coletada amostra para caracterização física
(argila = 570 g kg-1, silte = 110 g kg-1, areia grossa = 190 g kg-1 e areia fina = 130
g kg-1) e química (Tabela 1).

Tabela 1 - Características químicas da amostra de solo utilizado para a produção de


mudas de cássia-rosa (Cassia grandis Linnaeus f.)

pH em água - Relação 1: 2,5; P e K - Extrator Mehlich 1; Ca2+, Mg2+ e Al3+ - Extrator: KCl 1 mol L-1;
H + Al - Extrator CaOAc 0,5 mol L-1, pH 7,0; SB = Soma de bases; CTC(t) = Capacidade de troca
catiônica efetiva; CTC(T) = Capacidade de troca catiônica, pH 7,0; V = Saturação por bases; m =
Saturação por alumínio; Matéria orgânica (MO) = C. org. x 1,724 - Método Walkley-Black.

Os tratamentos foram representados por um fatorial de seis níveis de P (0,


120, 240, 360, 480 e 600 mg dm-3), por cinco níveis de saturação por bases (3,5
(original), 25, 40, 55 e 70%), sendo dispostos no delineamento em blocos ao acaso,
com quatro repetições. A parcela experimental foi constituída por um vaso de
polietileno rígido, contendo 1,8 dm3 de solo.

9
O solo recebeu cinco níveis de calagem, de acordo com o método de elevação
da saturação por bases, ou seja, 3,5% (saturação por bases em condições naturais), e
elevação da saturação por bases para 25, 40, 55 e 70%, utilizando-se da seguinte
fórmula para cálculo:

NC (t/ha) = (V2 - V1) CTC(T)/100

Em que:
NC = necessidade de calagem (toneladas/hectare);
V2 = porcentagem de saturação por bases desejada;
V1 = porcentagem de saturação por bases do solo, conforme análise;
CTC(T) = Capacidade de troca catiônica a pH 7,0.

O corretivo consistiu de mistura de CaCO3 e MgCO3, na relação


estequiométrica de 4:1. Após a aplicação do corretivo, o solo foi incubado durante 30
dias, com o teor de umidade mantido próximo à capacidade de campo, incluindo a
porção que não recebeu calcário.
A fonte de P utilizada foi o fosfato de sódio monobásico-monohidratado
(NaH2PO4.H2O) aplicado por solução antes da repicagem. A adubação básica foi
aplicada, 15 dias após a repicagem, por solução e consistiu de 100 mg dm-3 de N, 100
mg dm-3 de K e 40 mg dm-3 de S, pelo emprego de NH4NO3, KCl e K2SO4,
respectivamente, conforme sugerido por Passos (1994). Após 30 dias, foi realizada
uma adubação de cobertura de 50 mg dm-3 de N. Juntamente à primeira aplicação foi
realizada a adubação com uma solução de micronutrientes, nas seguintes doses: 0,81
mg dm-3 de B (H3BO3), 1,33 mg dm-3 de Cu (CuSO4.5H2O), 3,66 mg dm-3 de Mn
(MnCl2.H2O), 4,00 mg dm-3 de Zn ( ZnSO4.7H2O), e 0,15 mg dm-3 de Mo((NH4)6
Mo7O24.4H2O), de acordo com Alvarez V. et al. (2006).
As sementes de cássia-rosa foram tratadas com ácido sulfúrico por 40
minutos para quebra de dormência e semeadas em canteiro de areia. Após 24 dias, as
mudas foram repicadas para os vasos, quando apresentavam dois pares de folhas, e
mantidas por 15 dias em casa de sombra (sombrite 50%). Posteriormente, as mudas
foram colocadas em casa de vegetação e raleadas, deixando apenas uma muda por
vaso.

10
Durante o período experimental, a umidade do solo foi mantida próxima de
60% da capacidade de campo. A irrigação foi feita de acordo com o monitoramento
diário.
Aos 65 dias após a repicagem, foram feitas medições da altura e diâmetro do
coleto de todas as plantas utilizando régua graduada em centímetros e paquímetro
digital com precisão de 0,01 mm, respectivamente. As plantas foram separadas em
raiz e parte aérea, lavadas e secas em estufa com circulação forçada de ar, a uma
temperatura próxima a 70 °C, até peso constante. Em seguida, as partes constituintes
das plantas foram pesadas em balança analítica com precisão de 0,01 g.
Através dos dados de altura (H), diâmetro do coleto (DC), massa de matéria
seca da parte aérea (MSPA), raiz (MSRA) e total (MST), foram calculadas as
relações de qualidade de mudas: H/DC, H/MSPA, MSPA/MSRA, e Índice de
Qualidade de Dickson (IQD=MST/[(H/DC)+(MSPA/MSRA)]). Os dados foram
analisados por meio de análise de variância e de regressão (p<0,05). Os modelos
foram escolhidos baseados na significância dos coeficientes da regressão e no
coeficiente de determinação (R²).

Resultados e discussão

A adubação fosfatada teve influência significativa em todas as características


avaliadas e suas relações (Tabela 1). Apenas a relação H/MSPA e o IQD tiveram a
interação significativa entre adubação fosfatada e calagem. A saturação por bases
não apresentou efeito significativo para as características avaliadas, exceto para as
relações H/DC, H/MSPA, MSPA/MSRA. A falta de resposta à calagem pode ser
explicada pela adaptação da espécie a solos ácidos, e que os teores de Ca e Mg
contidos no solo atendem às exigências da espécie na fase inicial de crescimento. A
resposta à prática de calagem pode ou não ocorrer, dependendo das características de
cada espécie que se pretenda cultivar, principalmente no que se refere à tolerância a
acidez (VALE et al., 1996).

11
Tabela 2 – Resumo da análise de variância das características morfológicas e suas
relações para mudas de cássia-rosa, aos 65 dias após a repicagem, em resposta às
doses de fósforo e saturação por bases do substrato
Quadrado médio
FV GL
H DC MSPA MSRA MST H/DC H/MSPA MSPA/MSRA IQD
Bloco 3 1,64 0,56 0,08 0,01 0,06 1,06* 12,54 0,33* 0,00
V 4 4,62 0,27 0,37 0,16 0,98 1,02* 50,65** 0,22* 0,02
P 5 298,13** 5,16** 7,67** 1,45** 15,79** 1,91** 515,75** 0,65** 0,21**
PxV 20 17,91 0,43 0,52 0,13 1,15 0,53 21,89* 0,08 0,02*
Resíduo 87 10,64 0,27 0,36 0,10 0,79 0,35 11,51 0,09 0,01
CV % 14,17 13,46 32,74 34,18 32,56 9,83 22,88 14,52 31,13

** e * significativo a 1% e 5% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F.


H – altura da parte aérea; DC – diâmetro do coleto; MSPA – massa de matéria seca da parte aérea; MSRA –
massa de matéria seca da raiz; MST – massa de matéria seca total; H/DC – relação entre altura da parte aérea e
diâmetro do coleto; H/MSPA – relação entre altura da parte aérea e massa de matéria seca da parte aérea;
MSPA/MSRA – relação entre massa de matéria seca da parte aérea e massa de matéria seca da raiz; IQD – índice
de qualidade Dickson.

Vale et al. (1996) estudaram o crescimento radicular de 15 espécies florestais


em um solo altamente ácido, com alto teor de Al trocável, e Ca e Mg deficientes.
Entre as espécies estudadas, os autores constataram que a Acacia mangium (acácia-
mangium), Eucalyptus grandis (eucalipto) e Peltophorum dubium (angico-amarelo)
tiveram o crescimento radicular menos afetado em condições de solo ácido, e que a
Acacia mangium, Mimosa caesalpiniaefolia (sabiá), Mimosa Scabrella (bracatinga),
e Peltophorum dubium tiveram próximo ou igual a 100% de crescimento relativo de
raízes nesse solo.
A falta de resposta significativa para a calagem também foi observada para a
Anadenanthera colubrina (GOMES et al., 2004); Acacia holoserica e Acacia
auriculiformis (BALIEIRO et al., 2001); Tabebuia impetiginosa (CRUZ et al.,
2004); Astronium fraxinifolium, Guazuma ulmifolia, Anadenanthera macrocarpa e
Inga edulis (SILVA et al., 2011), corroborando com os resultados deste estudo.
Espécies tolerantes à toxidez por Al podem reduzir sua absorção, aumentando
o pH da rizosfera, ou excluí-lo do tecido (VALE et al., 1996). Além dos mecanismos
desenvolvidos pela espécie para se adaptar a solos ácidos, a resposta à calagem é
influenciada pelo tipo de substrato utilizado para a produção de mudas.
Bernardino et al. (2005), Souza et al. (2010) e Souza et al. (2008) não
observaram efeito significativo da elevação da saturação por bases sobre as

12
características morfológicas e suas relações na produção de mudas de angico-
vermelho (Anadenanthera macrocarpa), fedegoso (Senna macranthera) e bico-de-
pato (Machaerium nictitans), respectivamente, quando utilizaram um Argissolo
como substrato. Por outro lado, esses mesmos autores observaram resposta
significativa destas espécies quando utilizaram como substrato Latossolos distrófico
e álico.
Respostas significativas para a calagem, contrárias às obtidas neste estudo,
favorecendo o crescimento em altura, diâmetro e produção de matéria seca de mudas,
foram encontradas para a cássia-verrugosa (Senna multijuga), ipê-mirim
(Stenolobium stans), angico-do-cerrado (Anadenanthera falcata) e cedro (Cedrela
fissilis) (FURTINI NETO et al., 1999). Ressalta-se que as respostas das espécies
devem ser comparadas com mudas produzidas em substratos com características
químicas e físicas semelhantes.
Para as doses de fósforo, as características morfológicas avaliadas
apresentaram respostas quadráticas (Figura 1).

13
(a) (b)

(c) (d)

(e)
Figura 1 – Altura da parte aérea (H) (a), diâmetro do coleto (DC) (b), massa de
matéria seca da parte aérea (MSPA) (c), massa de matéria seca da raiz (MSRA) (d),
massa de matéria seca total (MST) (e) de mudas de cássia-rosa, aos 65 dias após a
repicagem, em resposta à adubação fosfatada, com os respectivos intervalos de
confiança.

14
Respostas positivas à adubação fosfatada têm sido registradas por diversos
autores para espécies florestais nativas, como freijó (Cordia goeldiana)
(FERNANDES et al., 2007); angico-vermelho (Parapiptadenia rigida)
(SCHUMACHER et al., 2004; GONÇALVES et al., 2008); garapa (Apuleia
leiocarpa) (GOMES et al., 2008); angico-branco (Anadenanthera colubrina)
(GOMES et al., 2004), fedegoso (Senna macranthera) (CRUZ et al., 2011), açoita-
cavalo (Luehea divaricata) (CECONI et al., 2006), sansão-do-campo (Mimosa
caesalpiniaefolia) (GONÇALVES et al., 2010), erva-mate (Ilex paraguariensis)
(SANTIN et al., 2008), aroeira (Lithraea molleoides), aroeirinha (Schinus
terebinthifolius), sesbânia (Sesbania virgata) (SANTOS et al., 2008), angico-amarelo
(Peltophorum dubium) (SCHUMACHER et al., 2003), sendo a concentração crítica
variável com a espécie e tipo de substrato utilizado.
Dentre as características morfológicas que determinam a qualidade das
mudas, a altura da parte aérea é muito utilizada em viveiros, pois além de sua
medição ser muito fácil e não destrutiva (GOMES et al., 2002) fornece uma
excelente estimativa da predição do crescimento inicial no campo (CAIONE et al.,
2012). A maior altura (26,02 cm) foi obtida na dose de 400,12 mg dm -3 de P.
Dosagem próxima de fósforo, 411,15 mg dm-3, proporcionou maior diâmetro do
coleto (4,21 mm). A sobrevivência e o crescimento inicial das mudas no campo são
relacionadas diretamente com o diâmetro do coleto (SOUZA et al., 2006) e altura da
parte aérea (GOMES e PAIVA, 2012). Santin et al. (2008) também obtiveram
resposta quadrática para as características avaliadas em mudas de erva-mate (Ilex
paraguariensis), com os valores máximos obtidos nas doses de 440 e 533 mg dm-3
de P para diâmetro do coleto e altura, respectivamente.
O valor máximo encontrado para a altura se enquadra no estabelecido por
Gonçalves et al. (2005) para mudas de boa qualidade, que possuem entre 20 a 35 cm
de altura.
Os pontos de máxima produção de massa de matéria seca da parte aérea, de
raízes e total foram obtidos em doses maiores, 529,10, 525,67 e 466,70 mg dm-3 de
P, respectivamente. A massa de matéria seca é a característica que melhor reflete a
produção (GONÇALVES et al., 2008), e tem sido considerada uma das melhores
para predizer a qualidade de mudas, porém apresenta o inconveniente de não ser
viável a sua determinação em muitos viveiros, principalmente por ser destrutiva e
necessitar de estufas (GOMES e PAIVA, 2012).

15
As características morfológicas podem ser consideradas isoladamente,
todavia, recomenda-se que os seus valores sejam relacionados. A distribuição de
massa na muda é indicada pela relação MSPA/MSRA. Segundo Gomes e Paiva
(2012), a melhor relação entre a massa de matéria seca da parte aérea e a respectiva
massa de matéria seca de raiz ficou estabelecida como 2,0, em um encontro de
pesquisadores. A dose de P que proporcionou esse resultado neste estudo foi de
238,49 mg dm-3 (Figura 2). Embora a saturação por bases tenha sido significativa
para a relação MSPA/MSRA, quando ajustada a regressão, após a remoção dos
outliers, a mesma deixa de ser significativa.

Figura 2 – Relação entre massa de matéria seca da parte aérea e massa de matéria
seca da raiz (MSPA/MSRA) de mudas de cássia-rosa, aos 65 dias após a repicagem,
em resposta à adubação fosfatada, com o respectivo intervalo de confiança.

A altura da parte aérea combinada com o diâmetro do coleto constitui um dos


mais importantes índices para estimar o crescimento das mudas após o plantio
definitivo no campo (GOMES e PAIVA, 2012). O valor resultante da divisão da
altura da parte aérea pelo seu respectivo diâmetro do coleto exprime o equilíbrio de
crescimento, relacionando essas duas importantes características morfológicas em
apenas um índice (CARNEIRO, 1995), também conhecido como quociente de
robustez (GOMES e PAIVA, 2012). Para uma mesma altura, quanto menor a relação
melhor será o crescimento da muda após o plantio no campo. As menores relações de
H/DC, 5,49 e 5,78, foram obtidas na saturação por bases original do solo (Figura 3-a)
e nos tratamentos sem adubação fosfatada (Figura 3-b), respectivamente.

16
(a) (b)

Figura 3 – Relação entre altura da parte aérea e diâmetro do coleto (H/DC) de mudas
de cássia-rosa, aos 65 dias após a repicagem, em resposta à saturação por bases do
substrato (a) e adubação fosfatada (b), com os respectivos intervalos de confiança.

A menor relação entre altura e massa de matéria seca da parte aérea foi obtida
na saturação por bases igual a 34,76% e na dose de 463,13 mg dm-3 de P (Figura 4-
a). De acordo com Gomes e Paiva (2012), quanto menor o quociente obtido pela
divisão da altura da parte aérea pela massa de matéria seca da parte aérea mais
lenhificada será a muda e maior deverá ser sua sobrevivência no campo. A adoção da
relação altura/massa de matéria seca da parte aérea deve ser considerada, pelo fato de
apresentar boa contribuição relativa ao padrão de qualidade das mudas (GOMES et
al., 2002).

17
(a) (b)
Figura 4- Relação entre altura e massa de matéria seca da parte aérea (H/MSPA) (a) e
índice de qualidade Dickson (IQD) (b) de mudas de cássia-rosa, aos 65 dias após a
repicagem, em resposta à adubação fosfatada e saturação por bases do substrato.

Melhores mudas de nim-indiano (Azadirachta indica) foram produzidas


quando a saturação por bases do substrato estava entre 30 e 40% (CALDEIRA
JÚNIOR et al., 2007), e 50% para angico-vermelho (Anadenanthera macrocarpa)
(BERNARDINO et al., 2005) e ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa) (CRUZ et al.,
2004).
O maior IQD, de 0,45, foi obtido na dose de 588,34 mg dm-3 e saturação por
bases de 10,66% (Figura 4-b). O índice de qualidade de Dickson é considerado como
um dos melhores indicadores da qualidade das mudas, pois no seu cálculo são
considerados a robustez e o equilíbrio da distribuição de massa na muda, ponderando
os resultados de várias características importantes empregadas para avaliação da
qualidade (FONSECA et al., 2002). Quanto maior for o valor desse índice, melhor
será o padrão de qualidade das mudas (GOMES e PAIVA, 2012).
As doses que possibilitaram o melhor crescimento e qualidade das mudas de
cássia-rosa são semelhantes às encontradas para algumas espécies nativas. Para a
produção de mudas de boa qualidade são recomendadas de 312 mg dm-3 a 600
mg dm-3 de P para sansão-do-campo (Mimosa caesalpiniaefolia), dependendo do tipo
de solo (GONÇALVES et al., 2010); 447 mg dm-3 para erva-mate (Ilex
paraguariensis) (SANTIN et al., 2008); e 450 mg dm-3 para angico-vermelho
(Parapiptadenia rigida) (SCHUMACHER et al., 2004).

18
Conclusões

A adubação fosfatada influencia positivamente o crescimento e a qualidade


das mudas de cássia-rosa nas condições estudadas. O mesmo não é observado para a
elevação da saturação por bases do substrato.
A dose de fósforo adequada para a produção de mudas de cássia-rosa, na
saturação por bases média, é de 450 + 50 mg dm-3.

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23
3. CAPÍTULO 2: Crescimento e qualidade de mudas de Plathymenia
foliolosa Benth. em resposta à adubação fosfatada e saturação por bases
do substrato

Resumo

O objetivo deste estudo foi avaliar o crescimento e a qualidade de mudas de


Plathymenia foliolosa Benth. (vinhático-da-mata), em função da adubação fosfatada
e da saturação por bases do substrato. Os tratamentos foram representados por um
fatorial de seis níveis de fósforo (0, 120, 240, 360, 480 e 600 mg dm-3) por cinco
níveis de saturação por bases do substrato (3,5 (original), 25, 40, 55, 70%), sendo
dispostos no delineamento em blocos ao acaso, com quatro repetições. Aos 118 dias
após a repicagem, foram medidas a altura da parte aérea (H), o diâmetro do coleto
(DC), a massa de matéria seca da parte aérea (MSPA), de raízes (MSRA) e total
(MST), e calculadas as relações H/MSPA, H/DC, MSPA/MSRA, e o índice de
qualidade de Dickson (IQD). A adubação fosfatada teve efeito significativo para
todas as características e relações avaliadas, exceto para H/DC. O efeito da saturação
por bases também foi significativo, exceto para H/DC e MSPA/MSRA. Não foi
observado efeito significativo para a interação entre saturação por bases e adubação
fosfatada. Diante os resultados recomenda-se a aplicação de 300 mg dm-3 de P, na
saturação por bases média, para a produção de mudas de vinhático-da-mata.

Palavras-chave: Fósforo, vinhático-da-mata, calagem.

24
Introdução

No Brasil, os projetos de recuperação ambiental têm se tornado fundamentais


para o reestabelecimento do equilíbrio ambiental de áreas degradadas, uma vez que a
regeneração natural, muitas vezes, não tem sido capaz de recuperar de forma
satisfatória a cobertura vegetal e espécies anteriormente existentes na área. Devido
ao atual cenário, a sociedade tem se mobilizado no sentido de preservar as áreas
remanescentes e replantar com espécies nativas os locais degradados pela mineração,
construção civil, construção de reservatórios das usinas hidrelétricas, ou mesmo pela
utilização do solo para fins agrícolas (FERNANDES et al., 2000).
As espécies leguminosas se destacam no processo de recuperação de áreas
degradadas, pois favorecem a ciclagem de nutrientes (COSTA et al., 2004), uma vez
que sua serapilheira constitui fonte de matéria orgânica rica em nutrientes,
principalmente N, proporcionando o aumento na fertilidade do solo e estímulo da
atividade biológica (GONÇALVES et al., 2005).
A Plathymenia foliolosa, pertencente à família Fabaceae e subfamília
Mimosoideae, é popularmente conhecida como vinhático, vinhático-da-mata,
vinhático-rajado, vinhático-amarelo e pau-de-candeia. A árvore é exuberante e muito
ornamental, podendo chegar a 30 m de altura. Sua madeira é muito utilizada no
mobiliário de luxo, construção civil, confecção de lâminas decorativas, painéis e
tonéis de vinho (LORENZI, 2002). Trata-se de uma espécie secundária inicial
(SILVA et al., 2003), com ocorrência de Pernambuco ao Rio de Janeiro, porém com
maior frequência em Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro, na floresta
pluvial atlântica, ocorrendo geralmente em terrenos elevados, em matas mais ou
menos secas, principalmente no interior da mata densa (LORENZI, 2002).
A utilização de espécies florestais nativas para fins madeireiros ou para
enriquecimento de matas e recuperação de áreas degradadas é ainda dificultada, em
grande parte, pela carência de informações sobre as exigências nutricionais dessas
espécies para produção de mudas e para o estabelecimento e desenvolvimento das
plantas no campo (GONÇALVES et al., 2010).
Mudas de boa qualidade são fundamentais para o sucesso de projetos de
reflorestamento, uma vez que apresentam maior resistência às condições adversas do
meio ambiente e menor tempo para seu estabelecimento (CRUZ et al., 2004). Para
que as mudas no viveiro consigam crescer adequadamente tanto em altura, diâmetro

25
e em produção de massa é indispensável que o substrato contenha disponíveis todos
os nutrientes que as mudas necessitam (CECONI et al., 2006).
Todavia, para a produção de mudas de espécies nativas têm sido utilizadas
recomendações de adubação de outras espécies de maior interesse econômico, devido
ao desconhecimento e falta de informações sobre suas exigências nutricionais.
A nutrição fosfatada tem elevada relação com os índices que expressam a
qualidade das mudas, proporcionando maior taxa de sobrevivência das mudas no
campo (CAIONE et al., 2012), e consequentemente, minimizando as perdas pós-
plantio. O fósforo é constituinte dos ácidos nucléicos, fosfolipídios, proteínas, éster
fosfato e adenosina trifosfato (ATP), fazendo parte da maioria dos processos
metabólicos como fotossíntese, respiração, armazenamento e transferência de energia
(DECHEN e NACHTIGALL, 2007). Entretanto, os solos tropicais normalmente
apresentam baixa disponibilidade de P às plantas, devido ao elevado poder de
adsorção/fixação deste nutriente (NOVAIS e SMYTH, 1999).
Em Minas Gerais, muitos dos subsolos apresentam alta saturação por Al e
baixa percentagem de saturação por Ca no complexo de troca, o que limita a
exploração do solo pelas raízes na busca por umidade e nutrientes (VALE et al.,
1996). Nesse sentido, são necessárias práticas que corrijam essas propriedades do
solo, possibilitando o desenvolvimento das espécies cultivadas.
A correção do pH do solo, por meio da calagem, corresponde a um acréscimo
na capacidade de troca catiônica, que é importante para manutenção dos cátions que
são nutrientes para as plantas (CARNEIRO, 1995). A aplicação de corretivos tem
como objetivo diminuir as concentrações tóxicas de Al e Mn, proporcionar condições
favoráveis ao desenvolvimento de microrganismos decompositores da matéria
orgânica, nitrificadores e fixadores de N, aumentar a disponibilidade de P e Mo, e
fornecimento de Ca e Mg (MALAVOLTA, 1980).
Diante o exposto, o objetivo do presente estudo foi avaliar o crescimento e a
qualidade de mudas de Plathymenia foliolosa Benth. sob influência da adubação
fosfatada e da saturação por bases do substrato.

26
Material e métodos

O estudo foi conduzido entre outubro de 2012 e março de 2013, no município


de Viçosa-MG, localizado a 20° 45’ de latitude Sul, 46° 51’ de longitude Oeste, e
689 metros de altitude, no Viveiro de Pesquisa do Departamento de Engenharia
Florestal, pertencente à Universidade Federal de Viçosa. Segundo a classificação de
Köppen, o clima na região de Viçosa é do tipo Cwb, mesotérmico com verões
quentes e chuvosos, e invernos frios e secos. A temperatura e a precipitação
pluviométrica média anual são de 19,4 °C e 1.221 mm, respectivamente (DNMET,
1992).
O substrato utilizado foi um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, textura
argilosa, retirado de uma área da Dendrologia, também pertencente à Universidade
Federal de Viçosa, Campus Viçosa, MG, na camada de 20-50 cm de profundidade.
Posteriormente, o solo foi peneirado (malha de 4 mm de diâmetro) e destinado ao
enchimento dos vasos. Desse solo, foi coletada amostra para caracterização física
(argila = 570 g kg-1, silte = 110 g kg-1, areia grossa = 190 g kg-1 e areia fina = 130
g kg-1) e química (Tabela 1).

Tabela 1 - Características químicas da amostra de solo utilizado para a produção de


mudas de vinhático-da-mata (Plathymenia foliolosa Benth.)

pH em água - Relação 1: 2,5; P e K - Extrator Mehlich 1; Ca2+, Mg2+ e Al3+ - Extrator: KCl 1 mol L-1;
H + Al - Extrator CaOAc 0,5 mol L-1, pH 7,0; SB = Soma de bases; CTC(t) = Capacidade de troca
catiônica efetiva; CTC(T) = Capacidade de troca catiônica, pH 7,0; V = Saturação por bases; m =
Saturação por alumínio; Matéria orgânica (MO) = C. org. x 1,724 - Método Walkley-Black.

Os tratamentos foram representados por um fatorial de seis níveis de P (0,


120, 240, 360, 480 e 600 mg dm-3) por cinco níveis de saturação por bases do
substrato (3,5,original, 25, 40, 55 e 70%), sendo dispostos no delineamento em
blocos ao acaso, com quatro repetições. A parcela experimental foi constituída por
um vaso de polietileno rígido, contendo 1,8 dm3 de solo.
O solo recebeu cinco níveis de calagem, de acordo com o método de elevação
da saturação por bases, ou seja, 3,5% (saturação por bases em condições naturais), e

27
elevação da saturação por bases para 25, 40, 55 e 70%, utilizando-se da seguinte
fórmula para cálculo:

NC (t/ha) = (V2 - V1) CTC(T)/100

Em que:
NC = necessidade de calagem (toneladas/hectare);
V2 = porcentagem de saturação por bases desejada;
V1 = porcentagem de saturação por bases do solo, conforme análise;
CTC(T) = Capacidade de troca catiônica a pH 7,0.

O corretivo consistiu de mistura de CaCO3 e MgCO3, na relação


estequiométrica de 4:1. Após a aplicação do corretivo, o solo foi incubado durante 30
dias, com o teor de umidade mantido próximo à capacidade de campo, incluindo a
porção que não recebeu calcário.
A fonte de P utilizada foi o fosfato de sódio monobásico-monohidratado
(NaH2PO4.H2O) aplicado por solução antes da repicagem. A adubação básica foi
aplicada, por solução, 15 dias após a repicagem e consistiu de 100 mg dm-3 de N, 100
mg dm-3 de K e 40 mg dm-3 de S, pelo emprego de NH4NO3, KCl e K2SO4,
respectivamente, conforme sugerido por Passos (1994). Foi realizada adubação de
cobertura de 50 mg dm-3 de N e 25 mg dm-3 de K, em duas aplicações, intercaladas
em um intervalo de aproximadamente 30 dias. Juntamente a primeira aplicação foi
realizada a adubação com uma solução de micronutrientes, nas seguintes doses: 0,81
mg dm-3 de B (H3BO3), 1,33 mg dm-3 de Cu (CuSO4.5H2O), 3,66 mg dm-3 de Mn
(MnCl2.H2O), 4,00 mg dm-3 de Zn ( ZnSO4.7H2O), e 0,15 mg dm-3 de Mo((NH4)6
Mo7O24.4H2O), de acordo com Alvarez V. et al. (2006).
As sementes de vinhático-da-mata foram tratadas com ácido sulfúrico por 10
minutos para quebra de dormência, semeadas em canteiro de areia, e repicadas após
32 dias, quando as mudas apresentavam dois pares de folhas. Cada vaso recebeu duas
mudas, e após a repicagem as mesmas permaneceram por 15 dias em casa de sombra
(sombrite 50%). Em seguida, as mudas foram colocadas em casa de vegetação e
raleadas, deixando apenas uma muda por vaso.

28
Durante o período experimental, a umidade do solo foi mantida próxima de
60% da capacidade de campo, procedendo-se o monitoramento diário para esse
controle.
Aos 118 dias após a repicagem, foram feitas medições da altura e diâmetro do
coleto de todas as plantas utilizando régua graduada em centímetros e paquímetro
digital com precisão de 0,01 mm, respectivamente. As plantas foram separadas em
raiz e parte aérea, lavadas e secas em estufa com circulação forçada de ar, a uma
temperatura próxima a 70 °C, até peso constante. Posteriormente, as partes
constituintes das plantas foram pesadas em balança analítica com precisão de 0,01 g.
Através dos dados de altura (H), diâmetro do coleto (DC), massa de matéria seca da
parte aérea (MSPA), de raiz (MSRA) e total (MST), foram calculados as relações de
qualidade de mudas: H/DC, H/MSPA, MSPA/MSRA, e Índice de Qualidade de
Dickson (IQD=MST /[(H/DC)+(MSPA/MSRA)]). Os dados obtidos foram
analisados por meio de análise de variância e análise de regressão (p<0,05). Os
modelos foram escolhidos baseados na significância dos coeficientes da regressão e
no coeficiente de determinação (R²).

Resultados e discussão

A adubação fosfatada teve efeito significativo para todas as características e


relações avaliadas, exceto para H/DC (Tabela 1). O efeito da saturação por bases do
substrato também foi significativo, exceto para H/DC e MSPA/MSRA. Não foi
observada interação significativa entre saturação por bases e adubação fosfatada.

29
Tabela 1 – Resumo da análise de variância das características morfológicas e suas
relações para mudas de vinhático-da-mata, aos 118 dias após a repicagem, em
resposta a doses de fósforo e saturação por bases do substrato
Quadrado médio

FV GL H DC MSPA MSRA MST H/DC H/MSPA MSPA/MSRA IQD

Bloco 3 342,99* 6,03 13,86* 1,11 22,74 3,66 18,23 0,62 0,23

V 4 398,73** 20,43** 39,90** 4,88** 72,52** 1,39 385,64** 0,08 1,45**

P 5 396,20** 21,98** 52,80** 4,50** 87,52** 2,21 381,93** 3,16* 1,49**

PxV 20 115,23 2,96 7,28 0,78 12,62 1,23 62,77 0,78 0,20

Resíduo 87 88,94 2,75 5,01 0,68 9,00 0,98 57,64 1,10 0,18

CV % 34,56 29,86 58,18 65,35 58,70 20,04 64,96 33,66 65,40


** e * significativo a 1% e 5% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F.
H – altura da parte aérea; D – diâmetro do coleto; MSPA – massa de matéria seca da parte aérea; MSRA – massa
de matéria seca da raiz; MST – massa de matéria seca total; H/DC – relação entre altura da parte aérea e diâmetro
do coleto; H/MSPA – relação entre altura e massa de matéria seca da parte aérea; MSPA/MSRA – relação entre
massa de matéria seca da parte aérea e massa de matéria seca da raiz; IQD – índice de qualidade Dickson.

A elevação da saturação por bases influenciou negativamente o crescimento e


a qualidade das mudas. As características avaliadas e o IQD apresentaram resposta
linear (Figura 1). Valeri et al. (1985) também observaram resposta negativa da
aplicação de Ca na forma de carbonato de cálcio sobre o crescimento em altura,
diâmetro das plantas e teor de K nas folhas de Eucalyptus grandis.

30
(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

Figura 1- Altura da parte aérea (H) (a), diâmetro do coleto (DC) (b), massa de
matéria seca da parte aérea (MSPA) (c), massa de matéria seca da raiz (MSRA) (d),
massa de matéria seca total (MST) (e), e índice de qualidade Dickson (IQD) (f) de
mudas de vinhático-da-mata, aos 118 dias após a repicagem, em resposta à saturação
por bases do substrato, com os respectivos intervalos de confiança.

31
Resposta contrária foi encontrada por Tucci et al. (2010) em que a calagem
favoreceu a produção de mudas de qualidade de pau-de-balsa (Ochroma lagopus
Sw.). Esses mesmos autores não observaram efeitos significativos para absorção de
fósforo em nenhuma das doses, concluindo que a calagem, neste caso, não contribuiu
com o acúmulo desse nutriente. As espécies florestais respondem de forma
diferenciada à aplicação de corretivos, de acordo com a tolerância a solos ácidos.
Os maiores valores para todas as características morfológicas (H = 31,54 cm,
DC = 6,68 mm, MSPA = 5,48 g, MSRA = 1,83 g, MST = 7,30 g) e índice de
qualidade de Dickson (0,83), foram observados na saturação por bases original do
solo. Isso pode ser explicado pelo mecanismo de adaptação da espécie a solos ácidos,
e que o Ca e Mg disponíveis no solo são suficientes para a demanda da planta na fase
inicial de crescimento. Como mecanismo de adaptação, espécies tolerantes à toxidez
por Al podem reduzir sua absorção através da diminuição do pH da rizosfera ou
excluí-lo do tecido (VALE et al., 1996).
A altura da parte aérea e o diâmetro do coleto se enquadram no intervalo,
altura entre 20 a 35 cm e diâmetro do coleto entre 5 e 10 mm, estabelecido por
Gonçalves et al. (2005), para mudas de boa qualidade. A altura das mudas e o
diâmetro do coleto são as características mais avaliadas para classificar a qualidade
das mudas em viveiros, devido à facilidade de visualizar, por não serem destrutivas,
e por correlacionarem com o crescimento e sobrevivência no campo após o plantio
(CARNEIRO, 1995). Quanto à produção de massa pelas plantas, essa é muito
importante, pois se correlaciona com o vigor e capacidade fotossintética, podendo
inferir que o desejável para essa variável se encontra no seu máximo (CRUZ et al.,
2011).
Apesar da altura, diâmetro do coleto e massa de matéria seca serem bons
indicadores da qualidade das mudas, não devem ser utilizados isoladamente, a fim de
que não ocorram erros na seleção das mudas. Fonseca et al. (2002) observaram que
mudas de Trema micrantha desenvolvidas sob maiores períodos de sombreamento,
embora tenham alcançado maiores alturas da parte aérea e área foliar, apresentaram
as piores qualidades, com redução do diâmetro do coleto, da massa de matéria seca
do sistema radicular e do índice de qualidade de Dickson, e aumento da relação
altura da parte aérea/diâmetro do coleto e da relação parte aérea/sistema radicular.
O índice de qualidade de Dickson é um bom indicador da qualidade das
mudas, pois no seu cálculo são considerados a robustez e o equilíbrio da distribuição

32
de massa na muda, ponderando os resultados de várias características importantes
empregadas para a avaliação da qualidade (FONSECA et al., 2002), sendo quanto
maior esse índice melhor a qualidade das mudas.
A relação entre altura e massa de matéria seca da parte aérea é relacionada
com a sobrevivência pós-plantio, de modo que quanto menor o quociente obtido pela
divisão mais lenhificada será a muda e maior deverá ser sua sobrevivência no campo
(GOMES e PAIVA, 2012). Nesse estudo, o valor mínimo para essa relação,
equivalente a 7,62, também foi observado na saturação por bases original do solo
(Figura 2-a). Para a adubação fosfatada o valor mínimo para H/MSPA (7,71) foi
obtido na dose de 357,80 mg dm-3 de P (Figura 2-b).

(a) (b)
Figura 2- Relação entre altura e massa de matéria seca da parte aérea (H/MSPA) de
mudas de vinhático-da-mata, aos 118 dias após a repicagem, em resposta à elevação
da saturação por bases do substrato (a) e doses de fósforo (b), com os respectivos
intervalos de confiança.

A adubação fosfatada proporcionou ganhos no crescimento e qualidade das


mudas de vinhático-da-mata. Todas as variáveis dependentes observadas tiveram
comportamento quadrático para as doses de fósforo (Figura 3). Os valores máximos
para H (31,50 cm), DC (6,42 mm), MSPA (5,10 g), MSRA (1,60 g), MST (6, 73 g) e IQD
(0,77) foram obtidos entre as doses de 275 e 315 mg dm-3 de P.

33
(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

Figura 3- Altura da parte aérea (H) (a), diâmetro do coleto (DC) (b), massa de
matéria seca da parte aérea (MSPA) (c), massa de matéria seca da raiz (MSRA) (d),
massa de matéria seca total (MST) (e), e índice de qualidade Dickson (IQD) (f) de
mudas de vinhático-da-mata, aos 118 dias após a repicagem, em resposta à adubação
fosfatada, com os respectivos intervalos de confiança.

34
Nesse experimento não foi observado resultado da relação MSPA/MSRA
igual a 2,0, o que é indicado para mudas de boa qualidade (GOMES e PAIVA,
2012). O ponto máximo para essa relação, equivalente a 3,47, foi obtido na dose de
370,33 mg dm-3 de P, e o tratamento sem a aplicação de P foi o que possibilitou o
mais próximo do indicado (2,23) (Figura 4). Isso se deve ao fato que em condições
de baixa disponibilidade deste nutriente, a planta destina maior potencial de
crescimento para o sistema radicular (SOARES et al., 2007). Fernandes et al. (2000)
observaram que ao aumentar o fornecimento de fósforo, ocorreu sensível aumento
na produção de MSPA em relação à MSRA das plantas de aroeirinha (Schinus
terenbinthifolius), paineira (Chorisia speciosa) e jambolão (Syzygium jambolanum).

Figura 4- Relação entre massa de matéria seca da parte aérea e massa de matéria seca
da raiz (MSPA/MSRA) de mudas de vinhático-da-mata, aos 118 dias após a
repicagem, em resposta à adubação fosfatada, com o respectivo intervalo de
confiança.

A adubação fosfatada influencia positivamente a qualidade das mudas de


diversas espécies florestais nativas, sendo recomendadas 300 g m-3 de P para paricá
(Schizolobium amazonicum) (CAIONE et al., 2012); 312 mg dm-3 a 600 mg dm-3 de
P, dependendo do tipo de solo, para sansão-do-campo (Mimosa caesalpiniaefolia)
(GONÇALVES et al., 2010); 360 mg kg-1 de P para angico-amarelo (Peltophorum
dubium) (SCHUMACHER et al., 2003); 250 mg dm-3 de P para pata-de-vaca
(Bauhinia forficata) (BRONDANI et al., 2008); 222,36 a 335,00 mg dm-3 de P para
fedegoso (Senna macranthera) (CRUZ et al., 2011); 360 mg kg-1 de P para açoita-
cavalo (Luehea divaricata) (CECONI et al., 2006); 150 a 250 mg dm-3 de P para

35
angico-vermelho (Anadenanthera macrocarpa) (GONÇALVES et al., 2008),
corroborando com os resultados do presente estudo.

Conclusões

A adubação fosfatada influencia positivamente o crescimento e a qualidade


das mudas de vinhático-da-mata nas condições estudadas. O contrário é observado
para a elevação da saturação por bases do substrato, que influencia negativamente
todas as características e relações estudadas.
A dose de fósforo que proporciona o melhor crescimento e qualidade de
mudas de vinhático-da-mata é de 300 mg dm-3, na saturação por bases média.

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39
4. CAPÍTULO 3: Crescimento e qualidade de mudas de Dipteryx alata
Vogel em resposta à adubação fosfatada e saturação por bases do
substrato

Resumo

O objetivo deste estudo foi avaliar o crescimento e a qualidade de mudas de


Dipteryx alata Vogel, popularmente conhecido como baru, em função da adubação
fosfatada e da saturação por bases do substrato. Os tratamentos foram representados
por um fatorial de seis níveis de P (0, 120, 240, 360, 480 e 600 mg dm-3) por cinco
níveis de saturação por bases do substrato (3,5 (original), 25, 40, 55, 70 %), sendo
dispostos no delineamento em blocos ao acaso, com quatro repetições. Aos 150 dias
após a semeadura, foram medidas a altura da parte aérea (H), o diâmetro do coleto
(DC), a massa de matéria seca da parte aérea (MSPA), de raízes (MSRA) e total
(MST), e calculadas as relações H/MSPA, H/DC, MSPA/MSRA, e o índice de
qualidade de Dickson (IQD). A adubação fosfatada não apresentou efeito
significativo para as características e relações avaliadas, exceto para H/DC. Apenas a
MSRA, MST e IQD tiveram resposta significativa à elevação da saturação por bases
do substrato. Nenhuma característica e relação apresentaram interação significativa
entre a adubação fosfatada e saturação por bases.

Palavras-chave: Fósforo, baru, calagem.

40
Introdução

O crescimento populacional e a exploração desordenada dos recursos naturais


culminaram na degradação ambiental e aumento do número de espécies ameaçadas
de extinção. Entre os biomas brasileiros, o Cerrado é o que sofre as maiores
intervenções em termos de aberturas de novas áreas para atividades agropecuárias
(SANO et al., 2001). Estima-se que 49% de sua área tenha sido desmatada e que
cerca de 131 espécies da flora estejam ameaçadas de extinção (IBGE, 2012). Entre
os principais fatores que ocasionam a redução da biodiversidade do Cerrado
destacam-se a erosão dos solos, a degradação das áreas e a invasão biológica causada
por gramíneas exóticas (KLINK e MACHADO, 2005).
Para a recuperação de áreas com alto nível de degradação e predomínio de
invasoras agressivas, o plantio de mudas de espécies arbóreas apresenta maior
eficácia no estabelecimento das plantas, e com o passar do tempo proporciona o
desenvolvimento de espécies de outros níveis de sucessão. As espécies frutíferas
nativas se destacam no processo de recuperação, uma vez que atraem os animais
frugívoros dispersores de sementes. Silva et al. (1994) ressaltam que o plantio de
frutíferas do Cerrado, além de proporcionar a preservação dessas espécies, apresenta-
se como potencial para exploração agroindustrial, uma vez que a maioria dos frutos
possuem elevados teores de açúcares, vitaminas e sais minerais.
A Dipteryx alata Vogel (baru) é uma espécie secundária, pertencente à
família Fabaceae e subfamília Faboideae, que ocorre no Cerrado (CARVALHO
1994) e se destaca pelo potencial alimentício. Suas sementes constituem uma fonte
significativa de proteínas e fibras, além do alto grau de insaturação do óleo,
favorecendo seu uso para fins comestíveis ou como matéria-prima para as indústrias
farmacêutica e oleoquímica (TAKEMOTO et al., 2001). A polpa do fruto pode ser
consumida “in natura” ou na forma de doces e geleias, e a amêndoa pode ser
consumida crua, torrada ou processada na forma de doces e paçoquinha (SILVA et
al., 1994).
A espécie é comum no Cerrado, com 15 a 25% de frequência relativa, com
base nas 190 listagens que compõem o inventário florestal de Minas Gerais
(OLIVEIRA FILHO, 2006), e pode ser utilizada para diversos fins. O baru pode ser
usado no paisagismo e para fins madeireiros, na construção naval e civil (LORENZI,
2002), produção de mourões (SANO et al., 1999), utilização da celulose na

41
confecção de papéis para rápida impressão, de embrulho e embalagens (ANDRADE
e CARVALHO, 1996), e para recuperação de áreas degradadas em solos com boa
drenagem (CARVALHO, 1994).
Para o sucesso de projetos de recuperação ambiental, além da escolha de
espécies adaptadas às condições edafoclimáticas do local, devem ser utilizadas
mudas de boa qualidade, com nutrição e substratos adequados (GONÇALVES et al.,
2005), ocasionando a maior sobrevivência e crescimento pós-plantio e,
consequentemente, redução da necessidade de replantio e frequência dos tratos
culturais (CARNEIRO, 1995).
A terra de subsolo é um dos substratos mais utilizados nos viveiros para
produção de mudas de espécies arbóreas nativas. Entretanto, a maioria dos solos do
Cerrado possui elevada acidez e baixa disponibilidade de nutrientes, principalmente
fósforo, que pode ser responsável pelo menor desenvolvimento das plantas
(FURTINI NETO et al., 1999). A calagem em solos ácidos é a maneira mais
eficiente para aumentar a disponibilidade de fósforo, elevando o pH e
consequentemente a densidade de cargas negativas, acarretando maior repulsão entre
o fósforo e a superfície adsorvente, reduzindo a capacidade máxima de adsorção de P
do solo (NOVAIS et al., 2007).
Para a otimização dos insumos e produção de mudas de qualidade é
necessário conhecer as exigências nutricionais das espécies, uma vez que estas são
variáveis. A demanda de fósforo pelas espécies está associada a diversos fatores,
como tamanho e teor de P das sementes, grau de desenvolvimento do sistema
radicular, dependência micorrízica, taxa de crescimento e estádio de
desenvolvimento da planta (SANTOS et al., 2008). Esses mesmos autores ressaltam
que maior resposta ao fornecimento de fósforo é esperada em espécies de sementes
pequenas e com baixos teores desse nutriente, sistema radicular pouco desenvolvido,
maior capacidade micotrófica, maior taxa de crescimento e na fase inicial de
desenvolvimento.
Em função da grande variabilidade das espécies e heterogeneidade dos solos
das regiões tropicais, são ainda incipientes as informações disponíveis sobre o
comportamento das espécies florestais no que diz respeito aos requerimentos
nutricionais e a sua capacidade de adaptação a condições ambientais distintas
(FURTINI NETO et al., 1999).

42
Diante o exposto, o presente estudo teve como objetivo avaliar o crescimento
e a qualidade de mudas de Dipteryx alata Vogel sob influência da adubação
fosfatada e da saturação por bases do substrato.

Material e métodos

O estudo foi conduzido entre janeiro e junho de 2013 no município de


Viçosa-MG, localizado a 20° 45’ de latitude Sul, 46° 51’ de longitude Oeste, e 689
metros de altitude, no Viveiro de Pesquisa do Departamento de Engenharia Florestal,
pertencente à Universidade Federal de Viçosa. Segundo a classificação de Köppen, o
clima na região de Viçosa é do tipo Cwb, mesotérmico com verões quentes e
chuvosos, e invernos frios e secos. A temperatura e a precipitação pluviométrica
média anual são de 19,4 °C e 1.221 mm, respectivamente (DNMET, 1992).
O substrato utilizado foi um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, textura
argilosa, retirado de uma área da Dendrologia, também pertencente à Universidade
Federal de Viçosa, Campus Viçosa, MG, na camada de 20-50 cm de profundidade.
Posteriormente, o solo foi peneirado (malha de 4 mm de diâmetro) e destinado ao
enchimento dos vasos. Desse solo, foi coletada amostra para caracterização física
(argila = 570 g kg-1, silte = 110 g kg-1, areia grossa = 190 g kg-1 e areia fina =
130 g kg-1) e química (Tabela 1).

Tabela 1 - Características químicas da amostra de solo utilizado para a produção de


mudas de baru (Dipteryx alata Vogel)

pH em água - Relação 1: 2,5; P e K - Extrator Mehlich 1; Ca2+, Mg2+ e Al3+ - Extrator: KCl 1 mol L-1;
H + Al - Extrator CaOAc 0,5 mol L-1, pH 7,0; SB = Soma de bases; CTC(t) = Capacidade de troca
catiônica efetiva; CTC(T) = Capacidade de troca catiônica, pH 7,0; V = Saturação por bases; m =
Saturação por alumínio; Matéria orgânica (MO) = C. org. x 1,724 - Método Walkley-Black.

Os tratamentos foram representados por um fatorial de seis níveis de P (0,


120, 240, 360, 480 e 600 mg dm-3) por cinco níveis de saturação por bases do
substrato (3,5 (original), 25, 40, 55 e 70%), sendo dispostos no delineamento em

43
blocos ao acaso, com quatro repetições. A parcela experimental foi constituída por
um vaso de polietileno rígido, contendo 1,5 dm³ de solo.
O solo recebeu cinco níveis de calagem, de acordo com o método de elevação
da saturação por bases, ou seja, 3,5% (saturação por bases em condições naturais), e
elevação da saturação por bases para 25, 40, 55 e 70%, utilizando-se da seguinte
fórmula para cálculo:

NC (t/ha) = (V2 - V1) CTC(T)/100

Em que:
NC = necessidade de calagem (toneladas/hectare);
V2 = porcentagem de saturação por bases desejada;
V1 = porcentagem de saturação por bases do solo, conforme análise;
CTC(T) = Capacidade de troca catiônica a pH 7,0.

O corretivo consistiu de mistura de CaCO3 e MgCO3, na relação


estequiométrica de 4:1. Após a aplicação do corretivo, o solo foi incubado durante 30
dias, com o teor de umidade mantido próximo à capacidade de campo, incluindo a
porção que não recebeu calcário.
A fonte de P utilizada foi o fosfato de sódio monobásico-monohidratado
(NaH2PO4.H2O) aplicado por solução antes da semeadura. A adubação básica foi
aplicada por solução após 30 dias do início da germinação das sementes e consistiu
de 100 mg dm-3 de N, 100 mg dm-3 de K e 40 mg dm-3 de S, pelo emprego de
NH4NO3, KCl e K2SO4, respectivamente, conforme sugerido por Passos (1994). Foi
realizada adubação de cobertura de 50 mg dm-3 de N e 25 mg dm-3 de K, em duas
aplicações, intercaladas em um intervalo de aproximadamente 30 dias. Juntamente a
primeira aplicação foi realizada a adubação com uma solução de micronutrientes, nas
seguintes doses: 0,81 mg dm-3 de B (H3BO3), 1,33 mg dm-3 de Cu (CuSO4.5H2O),
3,66 mg dm-3 de Mn (MnCl2.H2O), 4,00 mg dm-3 de Zn ( ZnSO4.7H2O), e 0,15 mg
dm-3 de Mo((NH4)6 Mo7O24.4H2O), de acordo com Alvarez V. et al. (2006).
Antes da semeadura, a parte carnosa dos frutos foi retirada com auxílio de
uma peneira, após os mesmos permanecerem por 48 horas em água. Foram semeados
três frutos em cada vaso e realizado o raleio conforme necessário, deixando apenas
uma muda por vaso.

44
Durante o período experimental, a umidade do solo foi mantida próxima de
60% da capacidade de campo, procedendo-se o monitoramento diário para esse
controle.
Aos 150 dias após a semeadura, foram feitas medições da altura e diâmetro
do coleto de todas as plantas utilizando régua graduada em centímetros e paquímetro
digital com precisão de 0,01 mm, respectivamente. As plantas foram separadas em
raiz e parte aérea, lavadas e secas em estufa com circulação forçada de ar, a uma
temperatura próxima a 70 °C, até peso constante. Posteriormente, as partes
constituintes das plantas foram pesadas em balança analítica com precisão de 0,01 g.
Através dos dados de altura (H), diâmetro do coleto (DC), massa de matéria seca da
parte aérea (MSPA), de raiz (MSRA) e total (MST), foram calculadas as relações de
qualidade de mudas: H/DC, H/MSPA, MSPA/MSRA, e Índice de Qualidade de
Dickson (IQD=MST/[(H/DC)+(MSPA/MSRA)]). Os dados obtidos foram analisados
por meio de análise de variância e análise de regressão (p<0,05). Os modelos foram
escolhidos baseados na significância dos coeficientes da regressão e no coeficiente
de determinação (R²).

Resultados e discussão

A adubação fosfatada não apresentou efeito significativo para as


características e relações avaliadas, exceto para H/DC (Tabela 1). Apenas a MSRA,
MST e IQD tiveram resposta significativa para a saturação por bases do substrato.
Nenhuma característica e relação apresentaram interação significativa entre a
adubação fosfatada e saturação por bases.

45
Tabela 1 – Resumo da análise de variância das características morfológicas e suas
relações para mudas de baru, aos 150 dias após a semeadura, em resposta ao fósforo
e saturação por bases do substrato
Quadrado médio
FV GL
H DC MSPA MSRA MST H/DC H/MSPA MSPA/MSRA IQD

Bloco 3 19,82 2,52 1,29 0,75 2,01 0,21 4,22 4,68 0,24
V 4 2,44 0,88 1,58 1,07* 4,93* 0,15 7,21 2,99 0,38**
P 5 10,94 1,17 0,69 0,17 1,04 0,63** 4,20 1,21 0,06
PxV 20 7,98 1,10 0,63 0,38 1,73 0,26 8,25 1,71 0,14
Resíduo 87 8,96 1,18 0,75 0,32 1,51 0,18 6,87 2,19 0,10

CV % 17,13 16,97 29,08 36,17 26,98 15,55 40,57 65,71 33,05


** e * significativo a 1% e 5% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F.
H – altura da parte aérea; DC – diâmetro do coleto; MSPA – massa de matéria seca da parte aérea; MSRA –
massa de matéria seca da raiz; MST – massa de matéria seca total; H/DC – relação entre altura da parte aérea e
diâmetro do coleto; H/MSPA – relação entre altura e massa de matéria seca da parte aérea; MSPA/MSRA –
relação entre massa de matéria seca da parte aérea e massa de matéria seca da raiz; IQD –índice de qualidade
Dickson.

A falta de resposta para a adubação fosfatada pode ser justificada, uma vez
que, o baru é pouco exigente quanto à fertilidade do solo (CARVALHO, 1994). De
modo geral, as espécies pioneiras são mais exigentes nutricionalmente, mostrando-se
bastante responsivas à fertilização, ao passo que com o avanço do grupo sucessional
o estímulo ao crescimento proporcionado pela adubação é menos pronunciado ou
inexistente; tendência, em parte, atribuída ao crescimento mais lento (FURTINI
NETO et al., 2005; SANTOS et al., 2008). Esses mesmos autores estudaram o
crescimento de espécies florestais e observaram que as espécies pioneiras foram mais
eficientes em produzir massa da parte aérea e na absorção de P que as clímax.
Entretanto, para mudas de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw.), espécie
pioneira, Tucci et al. (2010) não observaram efeitos significativos para absorção de
fósforo. Estes resultados evidenciam a variabilidade das espécies florestais quanto à
resposta à adubação fosfatada, que pode estar relacionada às suas características
genéticas, independente das características ecológicas.
O mesmo pode ser observado para a resposta à calagem, em que o esperado é
que espécies pioneiras sejam mais responsivas à correção da acidez, e com o avanço
do grupo sucessional (espécies secundárias e clímax), o estímulo ao crescimento
proporcionado pela calagem seja menos pronunciado (FURTINI NETO et al., 1999),

46
como o observado no presente estudo, em que a correção do solo não influenciou o
crescimento em altura, diâmetro do coleto e produção de massa das mudas.
Todavia, diferentes respostas e independentes do grupo sucessional são
obtidas por diversos autores. A calagem teve influência positiva na produção de
mudas de Machaerium nictitans (SOUZA et al., 2008), Senna multijuga,
Stenolobium stans, Anadenanthera falcata e Cedrela fissilis (FURTINI NETO et al.,
1999). Ao passo que, muitas espécies não responderam à aplicação de corretivos ao
substrato, como observado para Anadenanthera colubrina (GOMES et al., 2004);
Tabebuia impetiginosa (CRUZ et al., 2004); Astronium fraxinifolium, Guazuma
ulmifolia, Anadenanthera macrocarpa e Inga edulis (SILVA et al., 2011).
A H/DC teve seu valor mínimo (2,58) na dose de 366,27 mg dm-3 de P
(Figura 1-a). A relação entre a altura e massa de matéria seca da parte aérea, também
conhecida como quociente de robustez, além de ser de fácil obtenção e não
destrutiva, indica o equilíbrio de crescimento, e quanto menor o seu resultado maior
a sobrevivência das mudas após o plantio (GOMES e PAIVA, 2012).

47
(a) (b)

(c) (d)

Figura 1 – Relação entre altura da parte aérea e diâmetro do coleto (H/DC) (a) em
resposta à adubação fosfatada; massa de matéria seca da raiz (MSRA) (b), massa de
matéria seca total (MST) (c), e índice de qualidade de Dickson (IQD) (d) de mudas
de baru, aos 150 dias após a semeadura, em resposta à elevação da saturação por
bases do substrato, com os respectivos intervalos de confiança.

Os pontos de máxima produção para MSRA (1,73 g) e MST (4,99 g), e


máximo IQD (1,10) foram obtidos nas saturações por bases de 43,74, 40,34, e 42,04
%, respectivamente. A matéria seca total é a característica que melhor reflete a
produção (GONÇALVES et al., 2008). Em solos ácidos, com elevada saturação por
alumínio, a calagem promove a precipitação do Al tóxico do solo, aumentando a
distribuição e desenvolvimento do sistema radicular, que é fundamental na fase pós-

48
plantio no campo, podendo aumentar a taxa de pegamento e estabelecimento mais
rápido (CALDEIRA JÚNIOR et al., 2007).
O índice de qualidade de Dickson é um bom indicador da qualidade das
mudas, pois no seu cálculo são considerados a robustez e o equilíbrio da distribuição
da biomassa na muda, ponderando os resultados de várias características importantes
empregadas para avaliação da qualidade (FONSECA et al., 2002), e quanto maior
esse índice melhor a qualidade das mudas.

Conclusões

Para as condições deste estudo, a adubação fosfatada não influencia o


crescimento e a qualidade das mudas de baru, embora a MSRA, MST e o IQD sejam
influenciados positivamente pela elevação da saturação por bases.

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5. CONCLUSÕES GERAIS

A elevação da saturação por bases influencia o crescimento e a qualidade das


mudas de Plathymenia foliolosa e Dipteryx alata, não sendo observada resposta pela
Cassia grandis.
A adubação fosfatada contribui para o crescimento e a qualidade das mudas
de cássia-rosa e vinhático-da-mata. O mesmo não é observado para o baru, se
mostrando potencial para o plantio em solos com baixos teores de fósforo.

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