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VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2013
ELIANE CRISTINA SAMPAIO DE FREITAS
________________________________ ________________________________
Helio Garcia Leite Sílvio Nolasco de Oliveira Neto
(Coorientador) (Coorientador)
________________________________
José Mauro Gomes
________________________________
Haroldo Nogueira de Paiva
(Orientador)
AGRADECIMENTOS
ii
BIOGRAFIA
iii
ÍNDICE
RESUMO ................................................................................................................................. vi
ABSTRACT............................................................................................................................ vii
Resumo ................................................................................................................................ 6
Introdução ............................................................................................................................ 7
Material e métodos............................................................................................................... 9
Conclusões ......................................................................................................................... 19
Resumo .............................................................................................................................. 24
Introdução .......................................................................................................................... 25
Material e métodos............................................................................................................. 27
Conclusões ......................................................................................................................... 36
Resumo .............................................................................................................................. 40
Introdução .......................................................................................................................... 41
Material e métodos............................................................................................................. 43
iv
Conclusões ......................................................................................................................... 49
v
RESUMO
FREITAS, Eliane Cristina Sampaio de, M. Sc., Universidade Federal de Viçosa, julho de
2013. Crescimento e qualidade de mudas de Cassia grandis Linnaeus f., Plathymenia
foliolosa Benth. e Dipteryx alata Vogel em resposta à adubação fosfatada e saturação
por bases do substrato. Orientador: Haroldo Nogueira de Paiva. Coorientadores: Helio
Garcia Leite e Sílvio Nolasco de Oliveira Neto.
vi
ABSTRACT
FREITAS, Eliane Cristina Sampaio de, M. Sc., Universidade Federal de Viçosa, July, 2013.
Growth and seedlings quality of Cassia grandis Linnaeus f., Plathymenia foliolosa
Benth. and Dipteryx alata Vogel in response to phosphate fertilization and basis
saturation of substratum. Advisor: Haroldo Nogueira de Paiva. Co-Advisor: Helio Garcia
Leite and Sílvio Nolasco de Oliveira Neto.
vii
1. INTRODUÇÃO GERAL
1
desfavoráveis para o estabelecimento das plantas, baixa disponibilidade de nutrientes
do solo e a redução do banco de sementes (PARROTTA, 1992). Nesses casos, a
intervenção por meio do plantio de mudas, apesar de onerosa, possui maior eficácia
em relação ao tempo de estabelecimento.
Além dos benefícios ambientais fornecidos pelo componente arbóreo,
ressalta-se o potencial de algumas espécies nativas para atender a demanda não
somente madeireira, mas de produtos como castanhas, frutos e óleos, desde que seja
praticado o manejo sustentável. Entretanto, o conhecimento sobre as necessidades
nutricionais de espécies arbóreas nativas é escasso, justificando a realização de
estudos que visam informações para produção de mudas com melhor qualidade
(CRUZ et al., 2004). As mudas devem apresentar características que as permitam
resistir às condições adversas que poderão ocorrer posteriormente ao plantio, mesmo
em períodos favoráveis (CARNEIRO, 1995).
Entre os substratos utilizados para produção de mudas de espécies arbóreas
nativas, destaca-se a terra de subsolo, que devido à intemperização, pode possuir
elevada acidez e baixo teor de nutrientes. O processo de intemperização do solo
promove sua acidificação, com adsorção de H+, Al+++ e Mn++ em suas cargas
negativas, e consequentemente a perda de bases (CARNEIRO, 1995). Por meio da
aplicação de corretivos ocorre a redução das concentrações tóxicas de Al e Mn,
proporcionando condições mais favoráveis ao desenvolvimento de microrganismos
decompositores da matéria orgânica, nitrificadores e fixadores de N, maior
disponibilidade de P e Mo, e fornecimento de Ca e Mg (MALAVOLTA, 1980).
O fósforo é um nutriente essencial, requerido por todas as plantas para o
crescimento, desenvolvimento e reprodução. É constituinte dos ácidos nucléicos,
fosfolipídios, proteínas, éster fosfato e adenosina trifosfato (ATP), fazendo parte da
maioria dos processos metabólicos como fotossíntese, respiração, armazenamento e
transferência de energia (DECHEN e NACHTIGALL, 2007). Contudo, os solos
tropicais normalmente apresentam baixa disponibilidade de P às plantas, devido ao
elevado poder de adsorção/fixação deste nutriente (NOVAIS e SMYTH, 1999).
Diversos fatores influenciam a adsorção do P ao solo, como teor de argila,
tempo de contato, teor de matéria orgânica e de outros nutrientes que competem
pelos sítios de adsorção, e o pH do solo. A capacidade de adsorção do P em solos
argilosos é maior do que em solos arenosos, e com maior tempo de incubação o P
também se torna menos disponível (GAVA et al., 1997).
2
A adubação torna-se necessária quando a quantidade demandada pela planta é
maior que a quantidade disponível no solo. As características e quantidade de adubo
a ser aplicado dependem da fertilidade do solo, da eficiência do adubo e sua reação
com o solo, fatores econômicos, e da necessidade nutricional da espécie cultivada
(GONÇALVES, 1995). Espécies com sementes pequenas e com baixos teores de P,
com sistema radicular pouco desenvolvido, maior taxa de crescimento e na fase
inicial de desenvolvimento, com maior capacidade micotrófica, apresentam maior
resposta ao fornecimento de P (FURTINI NETO et al., 2005).
A calagem em solos ácidos é a maneira mais eficiente para aumentar a
disponibilidade de fósforo para as plantas, elevando o pH e, consequentemente, a
densidade de cargas negativas, acarretando maior repulsão entre o fósforo e a
superfície adsorvente e redução da capacidade máxima de adsorção do solo
(NOVAIS et al., 2007).
Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo avaliar a influência da
saturação por bases do substrato e da adubação fosfatada no crescimento e qualidade
de mudas de cássia-rosa (Cassia grandis Linnaeus f.), vinhático-da-mata
(Plathymenia foliolosa Benth.) e baru (Dipteryx alata Vogel).
3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FURTINI NETO, A.E.; SIQUEIRA, J.O.; CURI, N.; MOREIRA, F.M.S. Fertilização
em reflorestamentos com espécies nativas. In: GONÇALVES, J. L. M.; BENEDETI,
V. (Eds.). Nutrição e fertilização florestal. Piracicaba: IPEF, 2005. p. 351-383.
4
IBGE. Indicadores de Desenvolvimento Sustentável – IDS 2012. Disponível em:
<ftp://geoftp.ibge.gov.br/documentos/recursos_naturais/indicadores_desenvolviment
o_sustentavel/2012/ids2012.pdf > Acesso em: 11 jul. 2013.
5
2. CAPÍTULO 1: Crescimento e qualidade de mudas de Cassia grandis
Linnaeus f. em resposta à adubação fosfatada e saturação por bases do
substrato
Resumo
6
Introdução
7
espécies e os fatores que afetam o equilíbrio dentro do complexo solo-planta
(FERNANDES e CARVALHO, 2001).
Muitos viveiros utilizam a terra de subsolo como substrato para produção de
mudas de espécies arbóreas nativas. Entretanto, a maior parte dos solos brasileiros é
altamente intemperizada, com elevada acidez e baixa disponibilidade de nutrientes,
principalmente o fósforo que é fortemente adsorvido. A calagem, além de corrigir a
acidez do solo, estimula a atividade microbiana e aumenta a disponibilidade da
maioria de nutrientes para as plantas (ALVAREZ V. e RIBEIRO, 1999).
O fósforo é fundamental nos processos de armazenamento e transferência de
energia (MARSCHNER, 1995), e sua deficiência é um dos fatores que mais limita o
crescimento das espécies florestais (FURTINI NETO et al., 2005). Uma reduzida
disponibilidade de fósforo pode ser responsável pelo inadequado desenvolvimento
das plantas em solos ácidos de regiões tropicais (FURTINI NETO et al., 1999). Para
a produção de mudas, a deficiência desse nutriente nos substratos provoca
crescimento irregular, tanto na parte aérea quanto no sistema radicular, prejudicando
a qualidade das mudas (GOMES e PAIVA, 2012). Nesse sentido se fazem
necessárias adubações fosfatadas para atender a demanda das plantas, que é variável
de acordo com a espécie.
A demanda de P pelas espécies está associada a diversos fatores, como
tamanho e teor de P das sementes, grau de desenvolvimento do sistema radicular,
dependência micorrízica, taxa de crescimento e estádio de desenvolvimento da planta
(SANTOS et al., 2008). Estes autores ressaltam que a maior resposta ao
fornecimento de P é esperada em espécies de sementes pequenas e com baixos teores
do nutriente, sistema radicular pouco desenvolvido, maior capacidade micotrófica,
maior taxa de crescimento e na fase inicial de desenvolvimento.
Diante a importância das espécies arbóreas nativas para programas de
recuperação de áreas degradadas e escassez de informações sobre suas exigências
nutricionais, o presente estudo teve como objetivo avaliar a influência da adubação
fosfatada e da saturação por bases do substrato sobre o crescimento e a qualidade de
mudas de Cassia grandis.
8
Material e métodos
pH em água - Relação 1: 2,5; P e K - Extrator Mehlich 1; Ca2+, Mg2+ e Al3+ - Extrator: KCl 1 mol L-1;
H + Al - Extrator CaOAc 0,5 mol L-1, pH 7,0; SB = Soma de bases; CTC(t) = Capacidade de troca
catiônica efetiva; CTC(T) = Capacidade de troca catiônica, pH 7,0; V = Saturação por bases; m =
Saturação por alumínio; Matéria orgânica (MO) = C. org. x 1,724 - Método Walkley-Black.
9
O solo recebeu cinco níveis de calagem, de acordo com o método de elevação
da saturação por bases, ou seja, 3,5% (saturação por bases em condições naturais), e
elevação da saturação por bases para 25, 40, 55 e 70%, utilizando-se da seguinte
fórmula para cálculo:
Em que:
NC = necessidade de calagem (toneladas/hectare);
V2 = porcentagem de saturação por bases desejada;
V1 = porcentagem de saturação por bases do solo, conforme análise;
CTC(T) = Capacidade de troca catiônica a pH 7,0.
10
Durante o período experimental, a umidade do solo foi mantida próxima de
60% da capacidade de campo. A irrigação foi feita de acordo com o monitoramento
diário.
Aos 65 dias após a repicagem, foram feitas medições da altura e diâmetro do
coleto de todas as plantas utilizando régua graduada em centímetros e paquímetro
digital com precisão de 0,01 mm, respectivamente. As plantas foram separadas em
raiz e parte aérea, lavadas e secas em estufa com circulação forçada de ar, a uma
temperatura próxima a 70 °C, até peso constante. Em seguida, as partes constituintes
das plantas foram pesadas em balança analítica com precisão de 0,01 g.
Através dos dados de altura (H), diâmetro do coleto (DC), massa de matéria
seca da parte aérea (MSPA), raiz (MSRA) e total (MST), foram calculadas as
relações de qualidade de mudas: H/DC, H/MSPA, MSPA/MSRA, e Índice de
Qualidade de Dickson (IQD=MST/[(H/DC)+(MSPA/MSRA)]). Os dados foram
analisados por meio de análise de variância e de regressão (p<0,05). Os modelos
foram escolhidos baseados na significância dos coeficientes da regressão e no
coeficiente de determinação (R²).
Resultados e discussão
11
Tabela 2 – Resumo da análise de variância das características morfológicas e suas
relações para mudas de cássia-rosa, aos 65 dias após a repicagem, em resposta às
doses de fósforo e saturação por bases do substrato
Quadrado médio
FV GL
H DC MSPA MSRA MST H/DC H/MSPA MSPA/MSRA IQD
Bloco 3 1,64 0,56 0,08 0,01 0,06 1,06* 12,54 0,33* 0,00
V 4 4,62 0,27 0,37 0,16 0,98 1,02* 50,65** 0,22* 0,02
P 5 298,13** 5,16** 7,67** 1,45** 15,79** 1,91** 515,75** 0,65** 0,21**
PxV 20 17,91 0,43 0,52 0,13 1,15 0,53 21,89* 0,08 0,02*
Resíduo 87 10,64 0,27 0,36 0,10 0,79 0,35 11,51 0,09 0,01
CV % 14,17 13,46 32,74 34,18 32,56 9,83 22,88 14,52 31,13
12
características morfológicas e suas relações na produção de mudas de angico-
vermelho (Anadenanthera macrocarpa), fedegoso (Senna macranthera) e bico-de-
pato (Machaerium nictitans), respectivamente, quando utilizaram um Argissolo
como substrato. Por outro lado, esses mesmos autores observaram resposta
significativa destas espécies quando utilizaram como substrato Latossolos distrófico
e álico.
Respostas significativas para a calagem, contrárias às obtidas neste estudo,
favorecendo o crescimento em altura, diâmetro e produção de matéria seca de mudas,
foram encontradas para a cássia-verrugosa (Senna multijuga), ipê-mirim
(Stenolobium stans), angico-do-cerrado (Anadenanthera falcata) e cedro (Cedrela
fissilis) (FURTINI NETO et al., 1999). Ressalta-se que as respostas das espécies
devem ser comparadas com mudas produzidas em substratos com características
químicas e físicas semelhantes.
Para as doses de fósforo, as características morfológicas avaliadas
apresentaram respostas quadráticas (Figura 1).
13
(a) (b)
(c) (d)
(e)
Figura 1 – Altura da parte aérea (H) (a), diâmetro do coleto (DC) (b), massa de
matéria seca da parte aérea (MSPA) (c), massa de matéria seca da raiz (MSRA) (d),
massa de matéria seca total (MST) (e) de mudas de cássia-rosa, aos 65 dias após a
repicagem, em resposta à adubação fosfatada, com os respectivos intervalos de
confiança.
14
Respostas positivas à adubação fosfatada têm sido registradas por diversos
autores para espécies florestais nativas, como freijó (Cordia goeldiana)
(FERNANDES et al., 2007); angico-vermelho (Parapiptadenia rigida)
(SCHUMACHER et al., 2004; GONÇALVES et al., 2008); garapa (Apuleia
leiocarpa) (GOMES et al., 2008); angico-branco (Anadenanthera colubrina)
(GOMES et al., 2004), fedegoso (Senna macranthera) (CRUZ et al., 2011), açoita-
cavalo (Luehea divaricata) (CECONI et al., 2006), sansão-do-campo (Mimosa
caesalpiniaefolia) (GONÇALVES et al., 2010), erva-mate (Ilex paraguariensis)
(SANTIN et al., 2008), aroeira (Lithraea molleoides), aroeirinha (Schinus
terebinthifolius), sesbânia (Sesbania virgata) (SANTOS et al., 2008), angico-amarelo
(Peltophorum dubium) (SCHUMACHER et al., 2003), sendo a concentração crítica
variável com a espécie e tipo de substrato utilizado.
Dentre as características morfológicas que determinam a qualidade das
mudas, a altura da parte aérea é muito utilizada em viveiros, pois além de sua
medição ser muito fácil e não destrutiva (GOMES et al., 2002) fornece uma
excelente estimativa da predição do crescimento inicial no campo (CAIONE et al.,
2012). A maior altura (26,02 cm) foi obtida na dose de 400,12 mg dm -3 de P.
Dosagem próxima de fósforo, 411,15 mg dm-3, proporcionou maior diâmetro do
coleto (4,21 mm). A sobrevivência e o crescimento inicial das mudas no campo são
relacionadas diretamente com o diâmetro do coleto (SOUZA et al., 2006) e altura da
parte aérea (GOMES e PAIVA, 2012). Santin et al. (2008) também obtiveram
resposta quadrática para as características avaliadas em mudas de erva-mate (Ilex
paraguariensis), com os valores máximos obtidos nas doses de 440 e 533 mg dm-3
de P para diâmetro do coleto e altura, respectivamente.
O valor máximo encontrado para a altura se enquadra no estabelecido por
Gonçalves et al. (2005) para mudas de boa qualidade, que possuem entre 20 a 35 cm
de altura.
Os pontos de máxima produção de massa de matéria seca da parte aérea, de
raízes e total foram obtidos em doses maiores, 529,10, 525,67 e 466,70 mg dm-3 de
P, respectivamente. A massa de matéria seca é a característica que melhor reflete a
produção (GONÇALVES et al., 2008), e tem sido considerada uma das melhores
para predizer a qualidade de mudas, porém apresenta o inconveniente de não ser
viável a sua determinação em muitos viveiros, principalmente por ser destrutiva e
necessitar de estufas (GOMES e PAIVA, 2012).
15
As características morfológicas podem ser consideradas isoladamente,
todavia, recomenda-se que os seus valores sejam relacionados. A distribuição de
massa na muda é indicada pela relação MSPA/MSRA. Segundo Gomes e Paiva
(2012), a melhor relação entre a massa de matéria seca da parte aérea e a respectiva
massa de matéria seca de raiz ficou estabelecida como 2,0, em um encontro de
pesquisadores. A dose de P que proporcionou esse resultado neste estudo foi de
238,49 mg dm-3 (Figura 2). Embora a saturação por bases tenha sido significativa
para a relação MSPA/MSRA, quando ajustada a regressão, após a remoção dos
outliers, a mesma deixa de ser significativa.
Figura 2 – Relação entre massa de matéria seca da parte aérea e massa de matéria
seca da raiz (MSPA/MSRA) de mudas de cássia-rosa, aos 65 dias após a repicagem,
em resposta à adubação fosfatada, com o respectivo intervalo de confiança.
16
(a) (b)
Figura 3 – Relação entre altura da parte aérea e diâmetro do coleto (H/DC) de mudas
de cássia-rosa, aos 65 dias após a repicagem, em resposta à saturação por bases do
substrato (a) e adubação fosfatada (b), com os respectivos intervalos de confiança.
A menor relação entre altura e massa de matéria seca da parte aérea foi obtida
na saturação por bases igual a 34,76% e na dose de 463,13 mg dm-3 de P (Figura 4-
a). De acordo com Gomes e Paiva (2012), quanto menor o quociente obtido pela
divisão da altura da parte aérea pela massa de matéria seca da parte aérea mais
lenhificada será a muda e maior deverá ser sua sobrevivência no campo. A adoção da
relação altura/massa de matéria seca da parte aérea deve ser considerada, pelo fato de
apresentar boa contribuição relativa ao padrão de qualidade das mudas (GOMES et
al., 2002).
17
(a) (b)
Figura 4- Relação entre altura e massa de matéria seca da parte aérea (H/MSPA) (a) e
índice de qualidade Dickson (IQD) (b) de mudas de cássia-rosa, aos 65 dias após a
repicagem, em resposta à adubação fosfatada e saturação por bases do substrato.
18
Conclusões
Referências bibliográficas
ALVAREZ V., V. H; DIAS, L.E.; LEITE, P. B.; SOUZA R. B.; RIBEIRO JUNIOR,
E. S. Poda de raízes e adubação para crescimento do cafeeiro cultivado em colunas
de solo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v.30, n.1, p. 111-119, 2006.
19
CALDEIRA JÚNIOR, C.F.; FERNANDES, L.A.; MARTINS, E.R.; SANTOS,
A.M.; DE PAULA, T.O.M.; ALVARENGA, I.C.A. Níveis de saturação por bases
para a produção de mudas de nim-indiano (Azadirachta indica A. Juss). Revista
Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v.9, n.4, p.80-85, 2007.
20
FERNANDES, A. R.; PAIVA, H. N.; CARVALHO, J. G.; DE MIRANDA, J. R. P.
Crescimento e absorção de nutrientes por mudas de freijó (Cordia goeldiana Huber)
em função de doses de fósforo e de zinco. Revista Árvore, Viçosa, v.31, n.4, p.599-
608, 2007.
FURTINI NETO, A.E.; SIQUEIRA, J.O., CURI, N.; MOREIRA, F.M.S. Fertilização
em reflorestamentos com espécies nativas. In: GONÇALVES, J. L. M.; BENEDETI,
V. (Eds.). Nutrição e fertilização florestal. Piracicaba: IPEF, 2005. p. 351-384.
GOMES, K. C. O.; PAIVA, H. N.; NEVES, J. C.L.; BARROS, N.F.; SILVA., S.R.
Influência da saturação por bases e do fósforo no crescimento de mudas de angico-
branco. Revista Árvore, Viçosa, v.28, n.6, p.785-792, 2004.
21
GONÇALVES, J. L. M.; SANTARELLI, E.G.; MORAES NETO, S.P.; MANARA,
M.P. Produção de mudas de espécies nativas: substrato, nutrição, sombreamento e
fertilização. In: GONÇALVES, J. L. M.; BENEDETI, V. (Eds.). Nutrição e
fertilização florestal. Piracicaba: IPEF, 2005. p. 309-350.
22
SANTOS, J. Z. L.; RESENDE, A. V.; FURTINI NETO, A. E.; CORTE, E. F.
Crescimento, acúmulo de fósforo e frações fosfatadas em mudas de sete espécies
arbóreas nativas. Revista Árvore, Viçosa, v.32, n.5, p.799-807, 2008.
23
3. CAPÍTULO 2: Crescimento e qualidade de mudas de Plathymenia
foliolosa Benth. em resposta à adubação fosfatada e saturação por bases
do substrato
Resumo
24
Introdução
25
e em produção de massa é indispensável que o substrato contenha disponíveis todos
os nutrientes que as mudas necessitam (CECONI et al., 2006).
Todavia, para a produção de mudas de espécies nativas têm sido utilizadas
recomendações de adubação de outras espécies de maior interesse econômico, devido
ao desconhecimento e falta de informações sobre suas exigências nutricionais.
A nutrição fosfatada tem elevada relação com os índices que expressam a
qualidade das mudas, proporcionando maior taxa de sobrevivência das mudas no
campo (CAIONE et al., 2012), e consequentemente, minimizando as perdas pós-
plantio. O fósforo é constituinte dos ácidos nucléicos, fosfolipídios, proteínas, éster
fosfato e adenosina trifosfato (ATP), fazendo parte da maioria dos processos
metabólicos como fotossíntese, respiração, armazenamento e transferência de energia
(DECHEN e NACHTIGALL, 2007). Entretanto, os solos tropicais normalmente
apresentam baixa disponibilidade de P às plantas, devido ao elevado poder de
adsorção/fixação deste nutriente (NOVAIS e SMYTH, 1999).
Em Minas Gerais, muitos dos subsolos apresentam alta saturação por Al e
baixa percentagem de saturação por Ca no complexo de troca, o que limita a
exploração do solo pelas raízes na busca por umidade e nutrientes (VALE et al.,
1996). Nesse sentido, são necessárias práticas que corrijam essas propriedades do
solo, possibilitando o desenvolvimento das espécies cultivadas.
A correção do pH do solo, por meio da calagem, corresponde a um acréscimo
na capacidade de troca catiônica, que é importante para manutenção dos cátions que
são nutrientes para as plantas (CARNEIRO, 1995). A aplicação de corretivos tem
como objetivo diminuir as concentrações tóxicas de Al e Mn, proporcionar condições
favoráveis ao desenvolvimento de microrganismos decompositores da matéria
orgânica, nitrificadores e fixadores de N, aumentar a disponibilidade de P e Mo, e
fornecimento de Ca e Mg (MALAVOLTA, 1980).
Diante o exposto, o objetivo do presente estudo foi avaliar o crescimento e a
qualidade de mudas de Plathymenia foliolosa Benth. sob influência da adubação
fosfatada e da saturação por bases do substrato.
26
Material e métodos
pH em água - Relação 1: 2,5; P e K - Extrator Mehlich 1; Ca2+, Mg2+ e Al3+ - Extrator: KCl 1 mol L-1;
H + Al - Extrator CaOAc 0,5 mol L-1, pH 7,0; SB = Soma de bases; CTC(t) = Capacidade de troca
catiônica efetiva; CTC(T) = Capacidade de troca catiônica, pH 7,0; V = Saturação por bases; m =
Saturação por alumínio; Matéria orgânica (MO) = C. org. x 1,724 - Método Walkley-Black.
27
elevação da saturação por bases para 25, 40, 55 e 70%, utilizando-se da seguinte
fórmula para cálculo:
Em que:
NC = necessidade de calagem (toneladas/hectare);
V2 = porcentagem de saturação por bases desejada;
V1 = porcentagem de saturação por bases do solo, conforme análise;
CTC(T) = Capacidade de troca catiônica a pH 7,0.
28
Durante o período experimental, a umidade do solo foi mantida próxima de
60% da capacidade de campo, procedendo-se o monitoramento diário para esse
controle.
Aos 118 dias após a repicagem, foram feitas medições da altura e diâmetro do
coleto de todas as plantas utilizando régua graduada em centímetros e paquímetro
digital com precisão de 0,01 mm, respectivamente. As plantas foram separadas em
raiz e parte aérea, lavadas e secas em estufa com circulação forçada de ar, a uma
temperatura próxima a 70 °C, até peso constante. Posteriormente, as partes
constituintes das plantas foram pesadas em balança analítica com precisão de 0,01 g.
Através dos dados de altura (H), diâmetro do coleto (DC), massa de matéria seca da
parte aérea (MSPA), de raiz (MSRA) e total (MST), foram calculados as relações de
qualidade de mudas: H/DC, H/MSPA, MSPA/MSRA, e Índice de Qualidade de
Dickson (IQD=MST /[(H/DC)+(MSPA/MSRA)]). Os dados obtidos foram
analisados por meio de análise de variância e análise de regressão (p<0,05). Os
modelos foram escolhidos baseados na significância dos coeficientes da regressão e
no coeficiente de determinação (R²).
Resultados e discussão
29
Tabela 1 – Resumo da análise de variância das características morfológicas e suas
relações para mudas de vinhático-da-mata, aos 118 dias após a repicagem, em
resposta a doses de fósforo e saturação por bases do substrato
Quadrado médio
Bloco 3 342,99* 6,03 13,86* 1,11 22,74 3,66 18,23 0,62 0,23
PxV 20 115,23 2,96 7,28 0,78 12,62 1,23 62,77 0,78 0,20
Resíduo 87 88,94 2,75 5,01 0,68 9,00 0,98 57,64 1,10 0,18
30
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
Figura 1- Altura da parte aérea (H) (a), diâmetro do coleto (DC) (b), massa de
matéria seca da parte aérea (MSPA) (c), massa de matéria seca da raiz (MSRA) (d),
massa de matéria seca total (MST) (e), e índice de qualidade Dickson (IQD) (f) de
mudas de vinhático-da-mata, aos 118 dias após a repicagem, em resposta à saturação
por bases do substrato, com os respectivos intervalos de confiança.
31
Resposta contrária foi encontrada por Tucci et al. (2010) em que a calagem
favoreceu a produção de mudas de qualidade de pau-de-balsa (Ochroma lagopus
Sw.). Esses mesmos autores não observaram efeitos significativos para absorção de
fósforo em nenhuma das doses, concluindo que a calagem, neste caso, não contribuiu
com o acúmulo desse nutriente. As espécies florestais respondem de forma
diferenciada à aplicação de corretivos, de acordo com a tolerância a solos ácidos.
Os maiores valores para todas as características morfológicas (H = 31,54 cm,
DC = 6,68 mm, MSPA = 5,48 g, MSRA = 1,83 g, MST = 7,30 g) e índice de
qualidade de Dickson (0,83), foram observados na saturação por bases original do
solo. Isso pode ser explicado pelo mecanismo de adaptação da espécie a solos ácidos,
e que o Ca e Mg disponíveis no solo são suficientes para a demanda da planta na fase
inicial de crescimento. Como mecanismo de adaptação, espécies tolerantes à toxidez
por Al podem reduzir sua absorção através da diminuição do pH da rizosfera ou
excluí-lo do tecido (VALE et al., 1996).
A altura da parte aérea e o diâmetro do coleto se enquadram no intervalo,
altura entre 20 a 35 cm e diâmetro do coleto entre 5 e 10 mm, estabelecido por
Gonçalves et al. (2005), para mudas de boa qualidade. A altura das mudas e o
diâmetro do coleto são as características mais avaliadas para classificar a qualidade
das mudas em viveiros, devido à facilidade de visualizar, por não serem destrutivas,
e por correlacionarem com o crescimento e sobrevivência no campo após o plantio
(CARNEIRO, 1995). Quanto à produção de massa pelas plantas, essa é muito
importante, pois se correlaciona com o vigor e capacidade fotossintética, podendo
inferir que o desejável para essa variável se encontra no seu máximo (CRUZ et al.,
2011).
Apesar da altura, diâmetro do coleto e massa de matéria seca serem bons
indicadores da qualidade das mudas, não devem ser utilizados isoladamente, a fim de
que não ocorram erros na seleção das mudas. Fonseca et al. (2002) observaram que
mudas de Trema micrantha desenvolvidas sob maiores períodos de sombreamento,
embora tenham alcançado maiores alturas da parte aérea e área foliar, apresentaram
as piores qualidades, com redução do diâmetro do coleto, da massa de matéria seca
do sistema radicular e do índice de qualidade de Dickson, e aumento da relação
altura da parte aérea/diâmetro do coleto e da relação parte aérea/sistema radicular.
O índice de qualidade de Dickson é um bom indicador da qualidade das
mudas, pois no seu cálculo são considerados a robustez e o equilíbrio da distribuição
32
de massa na muda, ponderando os resultados de várias características importantes
empregadas para a avaliação da qualidade (FONSECA et al., 2002), sendo quanto
maior esse índice melhor a qualidade das mudas.
A relação entre altura e massa de matéria seca da parte aérea é relacionada
com a sobrevivência pós-plantio, de modo que quanto menor o quociente obtido pela
divisão mais lenhificada será a muda e maior deverá ser sua sobrevivência no campo
(GOMES e PAIVA, 2012). Nesse estudo, o valor mínimo para essa relação,
equivalente a 7,62, também foi observado na saturação por bases original do solo
(Figura 2-a). Para a adubação fosfatada o valor mínimo para H/MSPA (7,71) foi
obtido na dose de 357,80 mg dm-3 de P (Figura 2-b).
(a) (b)
Figura 2- Relação entre altura e massa de matéria seca da parte aérea (H/MSPA) de
mudas de vinhático-da-mata, aos 118 dias após a repicagem, em resposta à elevação
da saturação por bases do substrato (a) e doses de fósforo (b), com os respectivos
intervalos de confiança.
33
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
Figura 3- Altura da parte aérea (H) (a), diâmetro do coleto (DC) (b), massa de
matéria seca da parte aérea (MSPA) (c), massa de matéria seca da raiz (MSRA) (d),
massa de matéria seca total (MST) (e), e índice de qualidade Dickson (IQD) (f) de
mudas de vinhático-da-mata, aos 118 dias após a repicagem, em resposta à adubação
fosfatada, com os respectivos intervalos de confiança.
34
Nesse experimento não foi observado resultado da relação MSPA/MSRA
igual a 2,0, o que é indicado para mudas de boa qualidade (GOMES e PAIVA,
2012). O ponto máximo para essa relação, equivalente a 3,47, foi obtido na dose de
370,33 mg dm-3 de P, e o tratamento sem a aplicação de P foi o que possibilitou o
mais próximo do indicado (2,23) (Figura 4). Isso se deve ao fato que em condições
de baixa disponibilidade deste nutriente, a planta destina maior potencial de
crescimento para o sistema radicular (SOARES et al., 2007). Fernandes et al. (2000)
observaram que ao aumentar o fornecimento de fósforo, ocorreu sensível aumento
na produção de MSPA em relação à MSRA das plantas de aroeirinha (Schinus
terenbinthifolius), paineira (Chorisia speciosa) e jambolão (Syzygium jambolanum).
Figura 4- Relação entre massa de matéria seca da parte aérea e massa de matéria seca
da raiz (MSPA/MSRA) de mudas de vinhático-da-mata, aos 118 dias após a
repicagem, em resposta à adubação fosfatada, com o respectivo intervalo de
confiança.
35
angico-vermelho (Anadenanthera macrocarpa) (GONÇALVES et al., 2008),
corroborando com os resultados do presente estudo.
Conclusões
Referências bibliográficas
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pau-de-balsa (Ochroma lagopus sw., Bombacaceae). Acta Amazonica, Manaus,
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39
4. CAPÍTULO 3: Crescimento e qualidade de mudas de Dipteryx alata
Vogel em resposta à adubação fosfatada e saturação por bases do
substrato
Resumo
40
Introdução
41
confecção de papéis para rápida impressão, de embrulho e embalagens (ANDRADE
e CARVALHO, 1996), e para recuperação de áreas degradadas em solos com boa
drenagem (CARVALHO, 1994).
Para o sucesso de projetos de recuperação ambiental, além da escolha de
espécies adaptadas às condições edafoclimáticas do local, devem ser utilizadas
mudas de boa qualidade, com nutrição e substratos adequados (GONÇALVES et al.,
2005), ocasionando a maior sobrevivência e crescimento pós-plantio e,
consequentemente, redução da necessidade de replantio e frequência dos tratos
culturais (CARNEIRO, 1995).
A terra de subsolo é um dos substratos mais utilizados nos viveiros para
produção de mudas de espécies arbóreas nativas. Entretanto, a maioria dos solos do
Cerrado possui elevada acidez e baixa disponibilidade de nutrientes, principalmente
fósforo, que pode ser responsável pelo menor desenvolvimento das plantas
(FURTINI NETO et al., 1999). A calagem em solos ácidos é a maneira mais
eficiente para aumentar a disponibilidade de fósforo, elevando o pH e
consequentemente a densidade de cargas negativas, acarretando maior repulsão entre
o fósforo e a superfície adsorvente, reduzindo a capacidade máxima de adsorção de P
do solo (NOVAIS et al., 2007).
Para a otimização dos insumos e produção de mudas de qualidade é
necessário conhecer as exigências nutricionais das espécies, uma vez que estas são
variáveis. A demanda de fósforo pelas espécies está associada a diversos fatores,
como tamanho e teor de P das sementes, grau de desenvolvimento do sistema
radicular, dependência micorrízica, taxa de crescimento e estádio de
desenvolvimento da planta (SANTOS et al., 2008). Esses mesmos autores ressaltam
que maior resposta ao fornecimento de fósforo é esperada em espécies de sementes
pequenas e com baixos teores desse nutriente, sistema radicular pouco desenvolvido,
maior capacidade micotrófica, maior taxa de crescimento e na fase inicial de
desenvolvimento.
Em função da grande variabilidade das espécies e heterogeneidade dos solos
das regiões tropicais, são ainda incipientes as informações disponíveis sobre o
comportamento das espécies florestais no que diz respeito aos requerimentos
nutricionais e a sua capacidade de adaptação a condições ambientais distintas
(FURTINI NETO et al., 1999).
42
Diante o exposto, o presente estudo teve como objetivo avaliar o crescimento
e a qualidade de mudas de Dipteryx alata Vogel sob influência da adubação
fosfatada e da saturação por bases do substrato.
Material e métodos
pH em água - Relação 1: 2,5; P e K - Extrator Mehlich 1; Ca2+, Mg2+ e Al3+ - Extrator: KCl 1 mol L-1;
H + Al - Extrator CaOAc 0,5 mol L-1, pH 7,0; SB = Soma de bases; CTC(t) = Capacidade de troca
catiônica efetiva; CTC(T) = Capacidade de troca catiônica, pH 7,0; V = Saturação por bases; m =
Saturação por alumínio; Matéria orgânica (MO) = C. org. x 1,724 - Método Walkley-Black.
43
blocos ao acaso, com quatro repetições. A parcela experimental foi constituída por
um vaso de polietileno rígido, contendo 1,5 dm³ de solo.
O solo recebeu cinco níveis de calagem, de acordo com o método de elevação
da saturação por bases, ou seja, 3,5% (saturação por bases em condições naturais), e
elevação da saturação por bases para 25, 40, 55 e 70%, utilizando-se da seguinte
fórmula para cálculo:
Em que:
NC = necessidade de calagem (toneladas/hectare);
V2 = porcentagem de saturação por bases desejada;
V1 = porcentagem de saturação por bases do solo, conforme análise;
CTC(T) = Capacidade de troca catiônica a pH 7,0.
44
Durante o período experimental, a umidade do solo foi mantida próxima de
60% da capacidade de campo, procedendo-se o monitoramento diário para esse
controle.
Aos 150 dias após a semeadura, foram feitas medições da altura e diâmetro
do coleto de todas as plantas utilizando régua graduada em centímetros e paquímetro
digital com precisão de 0,01 mm, respectivamente. As plantas foram separadas em
raiz e parte aérea, lavadas e secas em estufa com circulação forçada de ar, a uma
temperatura próxima a 70 °C, até peso constante. Posteriormente, as partes
constituintes das plantas foram pesadas em balança analítica com precisão de 0,01 g.
Através dos dados de altura (H), diâmetro do coleto (DC), massa de matéria seca da
parte aérea (MSPA), de raiz (MSRA) e total (MST), foram calculadas as relações de
qualidade de mudas: H/DC, H/MSPA, MSPA/MSRA, e Índice de Qualidade de
Dickson (IQD=MST/[(H/DC)+(MSPA/MSRA)]). Os dados obtidos foram analisados
por meio de análise de variância e análise de regressão (p<0,05). Os modelos foram
escolhidos baseados na significância dos coeficientes da regressão e no coeficiente
de determinação (R²).
Resultados e discussão
45
Tabela 1 – Resumo da análise de variância das características morfológicas e suas
relações para mudas de baru, aos 150 dias após a semeadura, em resposta ao fósforo
e saturação por bases do substrato
Quadrado médio
FV GL
H DC MSPA MSRA MST H/DC H/MSPA MSPA/MSRA IQD
Bloco 3 19,82 2,52 1,29 0,75 2,01 0,21 4,22 4,68 0,24
V 4 2,44 0,88 1,58 1,07* 4,93* 0,15 7,21 2,99 0,38**
P 5 10,94 1,17 0,69 0,17 1,04 0,63** 4,20 1,21 0,06
PxV 20 7,98 1,10 0,63 0,38 1,73 0,26 8,25 1,71 0,14
Resíduo 87 8,96 1,18 0,75 0,32 1,51 0,18 6,87 2,19 0,10
A falta de resposta para a adubação fosfatada pode ser justificada, uma vez
que, o baru é pouco exigente quanto à fertilidade do solo (CARVALHO, 1994). De
modo geral, as espécies pioneiras são mais exigentes nutricionalmente, mostrando-se
bastante responsivas à fertilização, ao passo que com o avanço do grupo sucessional
o estímulo ao crescimento proporcionado pela adubação é menos pronunciado ou
inexistente; tendência, em parte, atribuída ao crescimento mais lento (FURTINI
NETO et al., 2005; SANTOS et al., 2008). Esses mesmos autores estudaram o
crescimento de espécies florestais e observaram que as espécies pioneiras foram mais
eficientes em produzir massa da parte aérea e na absorção de P que as clímax.
Entretanto, para mudas de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw.), espécie
pioneira, Tucci et al. (2010) não observaram efeitos significativos para absorção de
fósforo. Estes resultados evidenciam a variabilidade das espécies florestais quanto à
resposta à adubação fosfatada, que pode estar relacionada às suas características
genéticas, independente das características ecológicas.
O mesmo pode ser observado para a resposta à calagem, em que o esperado é
que espécies pioneiras sejam mais responsivas à correção da acidez, e com o avanço
do grupo sucessional (espécies secundárias e clímax), o estímulo ao crescimento
proporcionado pela calagem seja menos pronunciado (FURTINI NETO et al., 1999),
46
como o observado no presente estudo, em que a correção do solo não influenciou o
crescimento em altura, diâmetro do coleto e produção de massa das mudas.
Todavia, diferentes respostas e independentes do grupo sucessional são
obtidas por diversos autores. A calagem teve influência positiva na produção de
mudas de Machaerium nictitans (SOUZA et al., 2008), Senna multijuga,
Stenolobium stans, Anadenanthera falcata e Cedrela fissilis (FURTINI NETO et al.,
1999). Ao passo que, muitas espécies não responderam à aplicação de corretivos ao
substrato, como observado para Anadenanthera colubrina (GOMES et al., 2004);
Tabebuia impetiginosa (CRUZ et al., 2004); Astronium fraxinifolium, Guazuma
ulmifolia, Anadenanthera macrocarpa e Inga edulis (SILVA et al., 2011).
A H/DC teve seu valor mínimo (2,58) na dose de 366,27 mg dm-3 de P
(Figura 1-a). A relação entre a altura e massa de matéria seca da parte aérea, também
conhecida como quociente de robustez, além de ser de fácil obtenção e não
destrutiva, indica o equilíbrio de crescimento, e quanto menor o seu resultado maior
a sobrevivência das mudas após o plantio (GOMES e PAIVA, 2012).
47
(a) (b)
(c) (d)
Figura 1 – Relação entre altura da parte aérea e diâmetro do coleto (H/DC) (a) em
resposta à adubação fosfatada; massa de matéria seca da raiz (MSRA) (b), massa de
matéria seca total (MST) (c), e índice de qualidade de Dickson (IQD) (d) de mudas
de baru, aos 150 dias após a semeadura, em resposta à elevação da saturação por
bases do substrato, com os respectivos intervalos de confiança.
48
plantio no campo, podendo aumentar a taxa de pegamento e estabelecimento mais
rápido (CALDEIRA JÚNIOR et al., 2007).
O índice de qualidade de Dickson é um bom indicador da qualidade das
mudas, pois no seu cálculo são considerados a robustez e o equilíbrio da distribuição
da biomassa na muda, ponderando os resultados de várias características importantes
empregadas para avaliação da qualidade (FONSECA et al., 2002), e quanto maior
esse índice melhor a qualidade das mudas.
Conclusões
Referências bibliográficas
ALVAREZ V., V. H; DIAS, L.E.; LEITE, P. B.; SOUZA R. B.; RIBEIRO JUNIOR,
E. S. Poda de raízes e adubação para crescimento do cafeeiro cultivado em colunas
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5. CONCLUSÕES GERAIS
53