Você está na página 1de 17

O Espiritismo como recurso narrativo na obra de Machado de Assis

Glaucio V. Cardoso

Resumo
Surgido em 1857, quando é publicado O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, o
Espiritismo teve ampla aceitação em diversos segmentos da sociedade, chegando ao
Brasil em 1860. Seus conceitos foram amplamente discutidos pela intelectualidade do
século XIX e serviram de base para algumas produções no campo da dramaturgia, da
literatura e das artes plásticas. Na obra de Machado de Assis, aparece como
elemento motivador da ação e além de ser exposto em algumas de suas crônicas.
O uso que machado faz dos conceitos Espíritas em suas obras é ainda pouco
explorado. Nosso trabalho apresentará algumas idéias iniciais para que se problematize
o que se pode chamar de “Espiritismo Literário”, i.e., o Espiritismo como material
ficcional.

Palavras-chave: Espiritismo, Machado de Assis

Introdução

No ano que marca o centenário de morte, ou melhor dizendo, de imortalidade de


Machado de Assis, é natural que voltemos a nos debruçar sobre sua obra buscando
ainda compreender o processo de formação de um escritor de seu nível. A dimensão da
obra machadiana é tal que se torna até o momento inesgotável, sendo possível ao
pesquisador encontrar na mesma um vasto campo temático para suas análises.
Como homem de seu tempo, Machado se nos apresenta como um inteligente
observador da sociedade, capaz de transformar os acontecimentos mais corriqueiros em
farto material para sua produção literária em todas as expressões a que se dedicou.
No texto que hora se inicia, procurarei mapear algumas das referências e usos
estilísticos que O Bruxo do Cosme Velho fez a um dos “produtos” importados de
França pelos brasileiros: o Espiritismo.
Em vários de seus escritos, encontram-se referências à doutrina surgida na
capital francesa em meados do século XIX. De antemão é relevante notar que Machado

1
demonstra um conhecimento concreto a respeito do Espiritismo, fazendo-se muitas
vezes de defensor das idéias espíritas.
Não se trata aqui de fazer proselitismo religioso ou de tentar provar que nosso
escritor era simpático às idéias espíritas, muito menos de insinuar que fosse seu
praticante.
Trata-se, isto sim, de demonstrar o quanto Machado de Assis usava de sua
inteligência para tomar de empréstimo um assunto então amplamente debatido e
difundido na sociedade e fazer dele objeto de sua arte.
Uma breve história do Espiritismo
No dia 18 de abril de 1857, pela manhã, a Livraria Dentu, uma tradicional casa
editorial de Paris, recebia a primeira edição de uma de suas mais acalentadas
publicações; consta que seu diretor à época, Edouard-Henri-Justin-Dentu, voltou-se para
seu amigo, o jornalista René Du Chalard, e disse-lhe: “Este é o trabalho mais sério até
hoje publicado na França sobre os Espíritos” 1 . A obra vinha assinada por um certo
Allan Kardec; seu título: Le Livre des Esprits 2 , considerado marco inicial do
Espiritismo.
Entretanto, a publicação da primeira obra de Allan Kardec nada mais representa
que o passo mais significativo de uma série de acontecimentos que já vinham ocorrendo
ao longo da história. De fato, o contato com os chamados ‘mortos’ não era nenhuma
novidade. Desde tempos remotos e em praticamente todas as culturas encontram-se
referências à comunicação com deuses, espíritos ancestrais, guardiões da terra, etc. Se
quisermos alguns exemplos: Joana d’Arc (1412-1431) e Teresa de Jesus (1515-1582)

1
ABREU, Canuto. O Livro dos Espíritos e sua tradição histórica e lendária. São Paulo:
LFU-ICESP, 1996, p. 43.
2
“No ‘Courrier de Paris’ de 11 de junho de 1857, Du Chalard deu seu parecer
estampando extenso artigo, do qual destacamos: O Livro dos Espíritos do Sr. Allan
Kardec é página nova do próprio grande livro do infinito e, estamos persuadidos, uma
marca será posta nesta página. Seria lamentável que pudessem pensar que aqui estamos
a fazer reclame bibliográfico; se tal se pudesse admitir, preferiríamos quebrar a pena.
Não conhecemos o autor mas proclamamos, bom som, que gostaríamos de o conhecer.
Quem escreveu aquela introdução que abre O Livro dos Espíritos deve ter a alma aberta
a todos os sentimentos nobres.” (Abreu, 1996: 46)

2
afirmavam ouvir as vozes do céu; Emmanuel Swedenborg (1688-1772) escreveu e
publicou longa obra atribuída a um espírito; no campo da literatura, lembremos que todo
o drama shakespeareano Hamlet, tem como elemento motivador o juramento que o
jovem príncipe faz ao espírito de seu pai.
No entanto, o movimento ao qual o Espiritismo está mais diretamente ligado é o
que se convencionou denominar “Espiritualismo Moderno” e que tem como ponto de
partida os fenômenos ocorridos a partir de 28 de março de 1848 em Hydesville, vilarejo
situado próximo da cidade de Rochester, condado de Wayne, Estado de Nova Iorque
(EUA). Naquela noite os Fox, uma família de Protestantes, foram acordados por
estranhos ruídos que pareciam vir de dentro da madeira da casa, fazendo com que a
mesma vibrasse por inteiro. John D. Fox e sua esposa, Margareth, fizeram minucioso
relato de tudo o que ocorrera naquela noite e nas posteriores.
Com o passar do tempo, as filhas do casal, Catherine e Margareth, com nove e
doze anos, respectivamente, desenvolveram um método para comunicar-se com as
pancadas que vinham ouvindo. Tal método consistia em a cada número de pancadas
soadas corresponderia uma letra do alfabeto; também se convencionou que, para
respostas a perguntas diretas, uma pancada significaria “não” e duas pancadas “sim.
Dessa forma obtiveram a informação de que as pancadas eram produzidas pelo espírito
de um homem que fora assassinado naquela casa; a informação do assassinato só foi
devidamente confirmada 56 anos depois.
Na década de 1850 3 tem ampla divulgação aquilo que
era, para muitos, o grande divertimento e, para outros, o grande
enigma da época: as sessões em torno das ‘mesas girantes e falantes’,
práticas que reuniam freqüentadores dos salões de toda a Europa em
busca de mensagens obtidas a partir da pancadas e movimentos

3
“Foi em meados de 1853 que as primeiras manifestações espiríticas, através das
chamadas ‘mesas girantes e falantes’, entraram no Brasil. Os singulares fenômenos, que
então empolgavam a América do Norte, a Europa e parte da Ásia, eclodiram, quase que
simultaneamente, na corte do Rio de Janeiro, no Ceará, em Pernambuco e na Bahia.”
WANTUIL, Zeus. Grandes espíritas do Brasil. 3ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1990, p.
563.

3
produzidos por objetos que pareciam obedecer a alguma força
misteriosa e autônoma. (Giumbelli, 1997: 57) 4
O fenômeno das ‘mesas girantes e falantes’ é geralmente apontado como um
desdobramento dos acontecimentos de Hydesville, fazendo parte do espiritualismo
moderno, chamando a atenção de vários pesquisadores das mais diversas áreas,
inclusive da Academia de Ciências, da França, que em 1854 organizou uma comissão
para investigar tais fenômenos. O parecer da comissão, encabeçada pelo químico
Chevreul e pelo físico Faraday, emitiu um parecer desfavorável aos fenômenos,
atribuindo-lhes pura e simplesmente a fraude e o embuste 5 .
É nesse contexto que um professor francês, cético e valendo-se da metodologia
científica, procurará lançar uma nova luz sobre o espiritualismo moderno. Seu nome era
Rivail.
Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804-1869), natural da cidade francesa de
Lyon e descendente de uma família católica. Forma-se pedagogo junto a Jean-Henri
Pestalozzi, educador liberal e protestante cuja inspiração provinha das obras de
Rousseau.
Em 1820, radica-se em Paris, onde trabalha como tradutor, ministra cursos
particulares e publica diversos manuais de instrução acadêmica, dentre os quais se
destacam:
• Plano proposto para melhoramento da Instrução pública (1828);
• Curso prático e teórico de Aritmética, segundo o método de Pestalozzi, para
uso dos professores e das mães de família (1831);
• Gramática francesa clássica (1831).
Homem de seu tempo, Rivail era versado no alemão, inglês, holandês, com
sólidos conhecimentos de latim, grego, gaulês e de algumas línguas neolatinas,
constando inclusive que chegara a dominar o português. Era ainda membro de diversas
das chamadas sociedades sábias (Sociétés Savantes), associações livremente formadas e

4
GIUMBELLI, Emerson. O Cuidado dos Mortos: uma história da condenação e
legitimação do espiritismo. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1997.
5
No entanto, a Enciclopédia Barsa registra Faraday como um dos intelectuais a
aderirem ao espiritismo.

4
aprovadas pela administração prefeitorial, que tinham por objetivo levar adiante estudos
e desenvolver as ciências, artes e projetos aos quais se dedicavam 6 .
Em 1854 ouve falar pela primeira vez do fenômeno das mesas girantes e falantes
reagindo de maneira cética; não que julgasse impossível que o magnetismo fosse capaz
de mover mesas e outros objetos, ele mesmo era membro da Escola Mesmeriana e
estudioso do fluido magnético. O que aguçara seu ceticismo, e conseqüentemente sua
curiosidade, era o fato de que a mesas “falavam” e respondiam com lógica as questões
a elas dirigidas.
Decidido a desmascarar um possível embuste, formulou perguntas em idiomas
não falados pelos presentes e obteve respostas nos mesmos idiomas. De acordo com os
registros históricos do Espiritismo, em dado momento ele teria dito de si para consigo:
“Não posso crer que uma mesa destituída de cérebro possa falar.”, pensamento íntimo
ao qual a ‘mesa’ respondeu: “Não é a mesa quem fala. Somos nós, os espíritos dos que
já não são da terra quem falamos por meio dela.”. Abria-se um novo campo de estudos
para o Prof. Rivail:
Ninguém havia então pensado nos Espíritos como um meio de
explicar o fenômeno; foi o próprio fenômeno que revelou a palavra.
Em ciências exatas muitas vezes se formulam hipóteses para se ter
uma base de raciocínio; ora, não é aqui o caso. (Kardec, 2007 [1857]:
29)
A partir de então, Rivail lança-se a um estudo detalhado das causas por trás
daquele fenômeno. O espiritualismo moderno parecia-lhe um campo vasto e caótico,
portanto, cabia-lhe encontrar a ordem em meio ao caos e lançar novas luzes na
penumbra do experimentalismo.
Em meio a tantos curiosos e pessoas frívolas que viam nas mesas girantes um
mero divertimento havia aqueles grupos sérios, que desejavam também se instruir e
entender o fenômeno. É a eles que Rivail visita, propondo questões de ordem científica,
filosófica e moral, abrangendo diversas áreas do conhecimento humano como as artes, a

6
Para maiores esclarecimentos acerca de Rivail e sua participação na sociedade da
época, bem como de dados detalhados de sua biografia, recomendamos: WANTUIL,
Zeus e THIESEN, Francisco. Allan Kardec (Meticulosa pesquisa biobibliográfica). 3
vol. Rio de Janeiro: FEB, 1979.

5
sociologia, a medicina, as ciências. Comparando respostas dadas em diferentes grupos,
por intermédio de médiuns que não conheciam uns aos outros, Rivail constitui aos
poucos um amplo painel teórico e prático a respeito dos fenômenos que vinha
observando e de outros temas a ele ligados. A ele se apresenta um espírito que se
identifica simplesmente como Espírito Verdade, seu guia espiritual.
Surgia uma nova vertente no espiritualismo moderno, a mais bem estruturada,
baseada na razão, descartando o chamado sobrenatural para dizer que aquilo que
acreditamos fora da ordem da natureza só o é quando não nos debruçamos para buscar
suas causas e origens, sempre levando-se em conta que “todo efeito inteligente há de
por força derivar de uma causa inteligente” (Kardec, 1990 [1861]: 80).
“Para coisas novas precisamos de palavras novas; assim o exige a clareza da
linguagem, para evitarmos a confusão inerente ao sentido múltiplo dos mesmos
terrenos.” (Kardec, 2007 [1857]: 21). O primeiro período que abre a obra fundadora do
Espiritismo esclarece a diferença deste para com as outras doutrinas espiritualistas. O
Espiritismo se liga à generalidade do que se entende como “espiritualismo”, porém, suas
características específicas o singularizam em meio às filosofias espiritualistas.
Ao publicar O Livro dos Espíritos, Rivail adota o pseudônimo “Allan Kardec”,
nome que teve em uma encarnação anterior. A explicação para tal medida era simples:
sendo ele um homem público, desejava que o livro fosse analisado pelo que continha e
não por quem o assinava. Não se colocou como criador do espiritismo, mas como
alguém que buscou ordenar as idéias reveladas pelos espíritos, sendo por isso chamado
de o Codificador.
Publicou ainda outras obras sobre Espiritismo que, juntamente ao livro
publicado em 1857, constituem a chamada Codificação do Espiritismo, mais
conhecida como Codificação Kardequiana. Estas obras são:
• O Livro dos Espíritos (1857) – referente à parte filosófica, composto por 1019
questões formuladas aos espíritos e suas respectivas respostas.
• O que é o Espiritismo (1859) – uma exposição objetiva dos principais aspectos
do Espiritismo.
• O Livro dos Médiuns (1861) – relativo à parte experimental e científica,
tratando das diversas modalidades da mediunidade, i.e., da faculdade de entrar
em contato com os espíritos desencarnados.

6
• O Espiritismo em sua expressão mais simples (1862) – nova exposição de
aspectos espíritas.
• O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864) – concernente à parte moral, um
estudo profundo dos textos do Novo Testamento.
• O Céu e o Inferno (1865) – considerações a respeito da noção de causalidade
das penas e recompensas divinas.
• A Gênese (1868) – exposição a respeito dos milagres e da formação do globo
terrestre sob a ótica espírita, enfatizando o caráter científico da doutrina.
Em 1858 iniciou a publicação da Revue Spirite – Journal d’Études
Psychologiques (Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos), publicação mensal
que dirigiu até sua morte, constituindo um verdadeiro laboratório de experiências e
debates. Algumas anotações por ele deixadas foram publicadas em 1890 sob o título
Obras Póstumas.
Da leitura da Codificação pode-se extrair que o Espiritismo fundamenta-se em
cinco princípios fundamentais:
1. A existência de Deus – apontado como a “inteligência suprema, causa primária
de todas as coisas” (Kardec, 2007 [1857]:71).
2. A imortalidade da alma – o ser humano é um espírito ocupando um corpo
material; quando a matéria (o não-ser) se desagrega pelo fenômeno da morte, o
espírito (o ser) se liberta conservando sua individualidade.
3. A pluralidade das existências – a reencarnação, i.e., a possibilidade de o espírito
após sua morte (desencarne, desencarnação) tornar a nascer em um outro corpo;
o ciclo das reencarnações implica a evolução do espírito.
4. A pluralidade dos mundos habitados – princípio segundo o qual o espírito pode
reencarnar em diferentes mundos que estejam em sintonia com sua evolução
espiritual.
5. A comunicabilidade dos espíritos – a possibilidade que os encarnados e os
desencarnado têm de entrar em contato uns com os outros por meio da
mediunidade; médium é aquele capaz de sentir num grau qualquer os espíritos.
Diversos intelectuais e artistas aderiram ao Espiritismo, dentre os quais cabe
destacar Gerger Sand (escritora), Victor Hugo (escritor), Victorien Sardou (dramaturgo)
e Camille Flamarion (astrônomo).

7
No Brasil, o Espiritismo chega por volta de 1860 por intermédio de viajantes e
imigrantes vindos da França e que traziam em sua bagagem exemplares de O Livro dos
Espíritos. Foi em meio à relativamente numerosa colônia de imigrantes franceses no
Rio de Janeiro que surgiram os primeiros adeptos do Espiritismo em terras brasileiras,
com sessões restritas a pequenos grupos esotéricos. Em 1960 o professor Casimir
Lietaud publica, em francês, a obra Les temps sont arrivés.
Mas foi em Salvador que as idéias espíritas ganhariam maior exposição pública
graças aos esforços do professor e jornalista Luís Olímpio Teles de Menezes (1825-
1893). Mantendo contato com Lietaud e com vários espíritas da França, inclusive o
próprio Kardec, Menezes fundou o Grupo Familiar de Espiritismo em 1865 e no ano
seguinte traduziu e publicou estratos de O Livro dos Espíritos sob o título de O
Espiritismo – introdução ao estudo da Doutrina Espirítica 7 . Tal obra motivou o
Arcebispo da Bahia, D. Manuel Joaquim da Silveira, a divulgar uma Pastoral sobre “os
erros perniciosos do Espiritismo” datada de 16 de junho de 1867. A partir de então
trava-se, pela imprensa, intensa polêmica entre Teles de Menezes e o clero católico
local.
Em 1884, é fundada a Federação Espírita Brasileira (FEB), no Rio de Janeiro,
que no século seguinte se tornará o principal órgão de contato entre as diversas
instituições espíritas do país, sendo hoje a maior instituição espírita do mundo. Antes de
sua fundação diversos outros grupos já existiam no Brasil, principalmente na capital
carioca. Mesmo após a FEB ter assumido os rumos do movimento espírita Brasileiro,
durante muito tempo este existiu sem unidade; era o momento que ficou conhecido
como “espiritismo à moda da casa” em que cada instituição, grupo familiar ou mesmo
indivíduo seguia sua própria metodologia, muitas vezes introduzindo conceitos
estranhos à proposta das obras da Codificação.

7
As primeiras traduções integrais das obras de Kardec para o português foram
promovidas pelo primeiro grupo espírita carioca fundado fora da comunidade francesa,
a Sociedade de Estudos Espíritas – Grupo Confúcio (1873), e publicadas pela editora
Garnier, a saber: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Céu e o Inferno, em
1875, e O Evangelho Segundo o Espiritismo, em 1876. Foram traduzidas pelo médico
Joaquim Carlos Travassos (Wantuil, 1990: 400-32).

8
Não tentaremos dar aqui um retrato completo da história do Espiritismo no
Brasil, apenas cabe ressaltar que a proposta teve ampla aceitação em nossas terras,
atingindo todas as camadas sociais, ao contrário do que se costuma dizer, por falta de
conhecimento, que apenas as classes mais pobres da população procuravam as
instituições espíritas, afinal o Espiritismo é baseado principalmente no estudo. Para se
ter uma idéia da penetração da proposta espírita em nossa sociedade, veja-se o que diz
Emerson Giumbelli, a citação é um tanto longa, mas serve para se ter uma idéia da
sociedade espírita carioca no século XIX:
Mencionando as profissões de algumas dessas pessoas, podemos ter
idéia da inserção social da doutrina de Kardec entre 1870 e 1890 no
Rio de Janeiro. Havia médicos, alopatas como Joaquim Carlos
Travassos e Bezerra de Menezes, homeopatas como Antônio Pinheiro
Guedes, Antônio de Castro Lopes e Francisco Menezes Dias da Cruz;
engenheiros, como Antônio da Silva Neto; advogados, como
Francisco Leite de Bittencourt Sampaio, Júlio César Leal, Ernesto dos
Santos Silva e Antônio Luiz Sayão; militares, como Raimundo
Ewerton Quadros; outros eram simples funcionário públicos, como
Frederico da Silva Júnior, João Gonçalves do Nascimento e Carlos
Joaquim Lima e Cirne, ou autônomos, como Augusto Elias da Silva e
Affonso Torterolli. Algumas mulheres também marcavam presença,
ora como esposas desses personagens, ora não, como era o caso de
mme. Collard (...).
A maioria dos principais líderes (...) ocupava posições sociais
relativamente privilegiadas (...). Vários deles chegaram a exercer
cargos públicos, seja na esfera administrativa – como Ernesto e Silva
Neto – seja na legislativa – como Bezerra de Menezes (...). (...) figuras
influentes na vida política do Rio de Janeiro – como Saldanha
Marinho, Quintino Bocaiúva e Alcindo Guanabara – eram tidas como
simpáticos ao espiritismo. (1997: 62-3)
Como se pode observar a aceitação do Espiritismo pelas diversas camadas
sociais, tanto no estrangeiro quanto em terras brasileiras, faz parte da história universal
e não pode ser ignorada. Profissionais das mais variadas categorias, artistas, políticos,

9
todos tiveram contato com as idéias vindas de França que traçaram um novo rumo para
o espiritualismo moderno.
Machado de Assis e o Espiritismo
Afirmar que Machado de Assis era conhecedor dos conceitos espíritas não é
nenhum absurdo e pode ser constatado pelas palavras do próprio escritor. Antes de nos
determos na produção literária de Machado, recorramos às suas crônicas a fim de
verificar o seu contato com o Espiritismo.
Em crônica publicada no dia 05 de outubro de 1885 8 , na “Gazeta de Notícias”,
Machado começa com seu habitual tom jovial: “MAL ADIVINHAM os leitores onde
estive sexta-feira. Lá vai; estive na sala da Federação Espírita Brasileira, onde ouvi a
conferência que fez o Sr. M. F. Figueira sobre o espiritismo.”.
Na seqüência da crônica, o Bruxo conta ao leitor como (num processo hoje
chamado de “projeção”) desprendeu-se do corpo e visitou em espírito a sede da FEB,
onde assistiu à palestra na qual se convenceu da inexistência do diabo e jurou converter-
se à nova doutrina. Ao retornar a casa encontrou seu corpo animado por um espírito que
se identificou como sendo o próprio diabo; este lhe expõe a idéia de que o Espiritismo
não passava de mais um modismo condenado ao esquecimento assim que não surtisse o
efeito dele esperado.
É evidente que estamos diante de uma das ironias finas de Machado, não nos
sendo possível crer na sua viagem espiritual até a sede da FEB ou em sua conversa com
o diabo. Entretanto a narrativa que ele faz de sua projeção interessa-nos, sobretudo por
mostrar conhecimento do processo envolvido no desprendimento da alma do corpo,
conforme descrito em diversos tratados espíritas desde Kardec até os dias atuais.
Também é de se ressaltar que Machado estava a par das atividades desenvolvidas pela
FEB e das pessoas nelas envolvidas. 9

8
ASSIS, Machado de. Balas de estalo & Crítica. São Paulo: Globo, 1997, p. 103-5.
9
Nos anos de 1885, 1886 e 1887, a FEB promoveu as “Conferências públicas sobre o
Espiritismo” nas quais os princípios da Doutrina Espírita eram expostos ao público
leigo por diversos estudiosos membros da FEB entre os quais estava o primeiro vice-
presidente da mesma, Manuel Fernandes Figueira.

10
Na crônica seguinte, datada de 11 de outubro do mesmo ano 10 , Machado volta a
falar de sua conversão ao Espiritismo. Vejamos o que ele nos conta.
Fui iniciado quinta-feira, às nove horas da noite, e não conto
nada do que se passou, porque jurei calá-lo, por todos os séculos dos
séculos. Uma vez admitido no grêmio, preparei as malas para ir
estabelecer-me em Santo Antônio de Pádua.
Claro era o meu plano. Metia-me na vila, deixava-me inspirar
por potências invisíveis, predizia as coisas mais joviais ou mais
melancólicas deste e do outro mundo, reunia gente, e fundava uma
igreja filial. Antes de seis meses podíamos ter ali um bom contingente.
Para aquele que possui um mínimo conhecimento do Espiritismo o texto soa
altamente risível pelos seguintes fatos:
1. Não há, e nunca houve, no Espiritismo qualquer tipo de cerimônia de iniciação,
muito menos juramentos secretos.
2. Não é função prioritária do Espiritismo o intercâmbio mediúnico, mas sim a
renovação moral do indivíduo mediante o estudo e a prática da caridade.
Apesar do deslize (creio que proposital), Machado ainda nos demonstra nesta
crônica como as práticas religiosas não católicas eram perseguidas na época:
(...) Tudo estava pronto, malas, alma e algibeiras, quando li o
código de posturas da Câmara Municipal de Santo Antônio de Pádua,
que está sujeito à aprovação da assembléia provincial do Rio de
Janeiro. Nesse código leio este ominoso artigo, o art. 113:
“Fica proibido fingir-se inspirado por potências invisíveis, ou
predizer cousas tristes ou alegres”.
(...)
Não me digam que o artigo apenas veda a simulação. Os fiscais de
Santo Antônio de Pádua não podem saber quando é que a gente finge
ou é deveras inspirado.
Mas não foi essa a última vez que os leitores do cronista iriam ler sobre o
Espiritismo em suas linhas. Em diversas ocasiões encontramos referências ao

10
ASSIS, Machado de. Op cit, 1997, p. 106-7

11
Espiritismo nas crônicas machadianas, e em muitos casos nosso escritor demonstra
pleno conhecimento do assunto. Passemos a alguns exemplos mais significativos.
• 3 de julho de 1892 – Expõe sobre a reencarnação, fazendo a distinção entre esta
de acordo com o Espiritismo e a metempsicose 11 dos brâmanes. Interessante
notar que ele reproduz praticamente na íntegra a inscrição encontrada no túmulo
de Allan Kardec: “A lei é esta: nascer, morrer, tornar a nascer e renascer ainda,
progredir sempre.” (Assis, 1997: 12).
• 23 de setembro de 1894 – Mais considerações a respeito da reencarnação e de
como ela poderia explicar um caso de acusação de bigamia.
• 27 de outubro de 1895 – Entre outras considerações gerais surge o
questionamento da divergência entre o artigo 157 do Código Penal de 1890, que
declara crime “praticar o espiritismo, a magia e seus sortilégios”, e a
Constituição Republicana, chamada de “mãe do Código”, que acabava com a
religião do Estado.
Há outras referências ao Espiritismo nas crônicas de Machado de Assis que
julgo desnecessário enumerar por constituírem meras citações de menor relevância no
contexto de cada crônica. Passemos aos romances.
As narrativas machadianas em diálogo com o Espiritismo
Finalmente chegamos ao cerne de nossa proposta: apontamentos sobre o uso de
conceitos espíritas como recursos narrativos no romance machadiano. Para tanto nos
deteremos em duas de suas obras: Memórias Póstumas de Brás Cubas e Esaú e Jacó.
Comecemos com o segundo deles.
Esaú e Jacó: espiritismo à moda da casa
Penúltimo romance de Machado, publicado em 1904, Esaú e Jacó traz em si,
além do brilhante jogo do narrador em 3ª pessoa que é ao mesmo tempo personagem,
referências interessantes quanto à relação que a sociedade carioca mantinha com os
fenômenos mediúnicos no século XIX, bem como mostra como muitas vezes se
procedia a um “espiritismo feito em casa”, de acordo com uma expressão usada pela
FEB.
11
A metempsicose fundamenta-se em idéia semelhante à da reencarnação, com a
diferença de que nesta a o espírito evolui sempre enquanto naquela o espírito que
animou um corpo humano pode vir a animar o de um animal e vice-versa.

12
A narrativa inicia-se em 1871, com a consulta de Natividade, mãe dos gêmeos, a
uma vidente que atendia pela alcunha de “a cabocla do Castelo”, nada mais do que uma
médium das que atendiam em casa como tantas que infestavam o Rio de Janeiro no
século XIX. Esta lhe pergunta se os meninos tinham brigado antes de nascer, o que
poderia explicar a gravidez confusa de Natividade.
Mais à frente, temos a informação de que seu esposo, Santos, havia se iniciado
no estudo do Espiritismo tendo como mestre um certo Plácido. E é o capítulo em que os
dois conversam sobre os gêmeos que nos interessa no presente trabalho.
O capítulo em questão é o de número XV, intitulado “Teste David cum Sibylla”.
Em seu decorrer vemos Santos e Plácido consultando a Bíblia a fim de encontrar uma
explicação plausível para as palavras da cabocla; eles comparam as histórias dos
gêmeos Pedro e Paulo com a de seus homônimos bíblicos; aventam a possibilidade de
que os espíritos destes dois apóstolos é que tenham inspirado os nomes dos gêmeos;
tecem considerações sobre as divergências de opinião dos dois apóstolos além de
diversos sinais e símbolos que fazem rir àqueles que conhecem o Espiritismo.
Não é de estranhar que Machado repita aqui o que já tinha feito na crônica de 11
de outubro de 1885; o atento observador da sociedade não deixara escapar o fato de que
entre os que primeiro professavam o espiritismo em terras brasileiras muitos havia que
só lhe conheciam a superfície e o praticassem sem conformidade com os conceitos de
lógica e razão que a Codificação Espírita preconizava. Isto se lhe constitui um prato
cheio para verdadeiros malabarismos narrativos.
De fato, se fosse levar em conta os conceitos espíritas de conformidade com o
que era exposto nas obras de Kardec, Machado não poderia escrever esses capítulos cuja
relevância dentro do romance é fundamental: a previsão da cabocla e sua parcial
validação pelo “estudioso” espírita são as bases aparentes sobre as quais repousa a ação
do romance. O leitor desatento deixa-se enganar por elas e julga que a inimizade dos
irmãos já havia sido traçada antes do nascimento. Uma leitura atenta revela que sua
inimizade é antes um ponto de acordo entre eles.
Memórias Póstumas de Brás Cubas: espiritismo literário
Publicado em 1881, embora tendo surgido em forma de folhetim no ano anterior,
a trajetória do defunto autor impressiona pela exposição crítica, irônica e por vezes até
amarga que faz de sua vida. Muitas páginas já foram dedicadas a esse romance ímpar

13
em nossa literatura, grande parte delas enfocando o distanciamento que a morte do
narrador das memórias póstumas estabelece. Afinal, pode haver melhor ponto de vista
para avaliar a vida e a sociedade que o de quem se encontra afastado de ambas?
Sem procurar penetrar ainda mais neste campo de análise da obra em questão,
julgando que já há trabalhos excelentes sobre tal temática, passemos a avaliação de
como Machado utiliza-se de idéias colhidas no Espiritismo para a composição das
memórias de seu defunto autor.
Comecemos com a própria idéia da obra em si: um morto que escreve suas
memórias a partir do além.
Se levarmos em conta que desde o século XVIII surgiram livros atribuídos a
espíritos e que Machado foi contemporâneo da chegada dos primeiros livros espíritas no
Brasil, poderemos concluir que a referência cultural é clara, não trazendo portanto nada
de tão novo assim, mesmo na época em que é publicado, o que levou o temido Silvio
Romero a classificá-lo como uma “espécie de espiritismo literário” 12 .
Ironicamente, eu diria que machadianamente, Silvio Romero deu-nos a primeira
chave para analisar o romance em questão: espiritismo literário seria a criação ficcional
apoiada ou inspirada em conceitos espíritas. O defunto autor das memórias póstumas é,
portanto, a representação ficcional dos defuntos autores presentes nas obras espíritas
desde os livros organizados por Allan Kardec.
Na explicação ao leitor, o narrador Brás Cubas evita “contar o processo
extraordinário que empreguei na composição destas Memórias” alegando que “Seria
curioso, mas nimiamente extenso, e aliás desnecessário ao entendimento da obra.” Para
tanto ele argumenta que “O melhor prólogo é o que contém menos cousas, ou o que as
diz de um jeito obscuro e truncado.”.
É um excelente recurso para a) fugir de explicações a respeito do processo da
psicografia, i.e., o processo pelo qual o espírito transmite seu pensamento ao médium
que o transcreve, tal processo foi amplamente descrito por Allan Kardec em O livro dos
médiuns, constituindo um dos mais conhecidos fenômenos mediúnicos; no entanto,
como são vários os gêneros pelos quais a psicografia se opera e como havia muita

12
Citado por H. Pereira da Silva em “Sobre os romances de Machado de Assis
(Memórias Póstumas de Brás Cubas)”. In: ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de
Brás Cubas. Rio de Janeiro: SEDEGRA, 1960, p. 5-15.

14
controvérsia sobre os mesmo à época é natural que Machado se abstivesse de o explicar
com o estatuto de que melhor prólogo é o que menos diz, ou seja, só diz aquilo que
realmente interessa à narrativa; e b) eximir o autor Machado de Assis de qualquer
influência ou responsabilidade sobre a obra o que se entende quando levamos em conta
que até então Machado havia cultivado uma escrita bem comportada e, por isso mesmo,
aceita pelo público leitor de então; se como diz Ronaldes de Melo e Souza “O estatuto
ambivalente do narrador desdobrado no encenador e no ator do drama de sua vida
singulariza a situação narrativa dos romances machadianos de primeira pessoa” (Souza,
2006:139), não é absurdo julgarmos que tal singularização possui um efeito extremo no
caso do romance de memórias póstumas e que, portanto, torna o autor tão distante do
narrador que não se lhes pode indicar qualquer tipo de identidade em comum.
Exposição aguda da influência das idéias espíritas na escrita machadiana pode
ser encontrada em outras passagens das Memórias. Por exemplo, quando o defunto
autor fala de sua reação à morte da mãe:
Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e
realço a minha mediocridade; advirta que a franqueza é a primeira
virtude de um defunto. (Assis, 1999: 87)
Há perfeita simetria entre a passagem acima e outras tantas encontradas nas
obras espíritas da época. Só para citar uma fonte primária, refletimos que as questões
919 e 919-a de O Livro dos Espíritos tratam especificamente do conhecimento de si
mesmo indicando-o como o meio mais eficaz que o espírito, encarnado ou
desencarnado, possui para julgar suas ações e confessar-se falho quando tal necessidade
se apresenta.
Já na resposta à questão de nº 1000 encontramos a pergunta retórica “De que lhe
serve [ao espírito], finalmente, humilhar-se perante Deus, se continua orgulhoso diante
dos homens?” (Kardec, 2007: 547), o que nos leva à seqüência das reflexões feitas por
Cubas:
Na vida, o olhar da opinião, o contraste dos interesses, a luta das
cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar os
rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as revelações que faz
à consciência (...) Mas, na morte, que diferença! que desabafo! que
liberdade! Como a gente pode sacudir fora a capa, deitar ao fosso as

15
lentejoulas, despregar-se, despintar-se, desafeitar-se, confessar
lisamente o que foi e o que deixou de ser! Porque, em suma, já não há
vizinhos, nem amigos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos,
não há platéia. (Assis, 1999: 87-8)
Outro trecho da mesma resposta à questão 1000 aponta-nos mais um exemplo de
como Machado exibe sua capacidade de torcer conceitos vários para que estes validem
sua narrativa: “Só por meio do bem se repara o mal (...)” (Kardec, 2007 [1857]: 547).
Este conceito de reparar o mal com o bem será desenvolvido em várias passagens de
toda a Codificação Espírita, notadamente em O Evangelho Segundo o Espiritismo,
sendo desnecessário que lhe façamos a transcrição. Parece-me ser este o conceito base
para a “lei da equivalência das janelas”: Brás se julga perdoado por roubar a esposa de
Lobo Neves restituindo uma moeda achada estabelecendo “que o modo de compensar
uma janela fechada é abrir outra, a fim de que a moral possa arejar continuamente a
consciência.” (Assis, 1999: 126).
Longe de pretender esgotar todas as possibilidades de diálogo entre as
Memórias Póstumas de Brás Cubas e as idéias espíritas encerro esta parte com uma
curiosidade que acredito proposital da parte de Machado: Brás Cubas nasce a 20 de
outubro de 1805, pouco mais de um ano depois do nascimento de Allan Kardec em 03
de outubro de 1804, e morre em uma data ignorada do mês de agosto de 1869, sendo
este também o ano de morte de Kardec, mais precisamente no dia 31 de março.
Coincidência ou simples capricho de Humanitas?

Bibliografia
ABREU, Canuto. O Livro dos Espíritos e sua tradição histórica e lendária. São Paulo:
LFU-ICESP, 1996.
________. A Semana I. São Paulo: Globo, 1997, p. 12-4; 144-7; 231-5.
________. A Semana II. São Paulo: Globo, 1997, p. 60-3.
________. Balas de estalo & Crítica. São Paulo: Globo, 1997, p. 103-5.
________. Esaú e Jacob. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; Brasília: INL, 1975
[1904].
________. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Belo Horizonte: Autêntica, 1999
[1881].

16
ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA. Enciclopédia Barsa – vol. 7. Rio de Janeiro-São
Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações, 1989.
GIUMBELLI, Emerson. O Cuidado dos Mortos: uma história da condenação e
legitimação do espiritismo. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1997.
KARDEC, Allan. A Gênese (La genèse, les miracles et les prédictions selon lê
spiritisme). Trad. de Guillon Ribeiro. 34ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1991 [1868].
________. O Céu e o Inferno (Le ciel et l’enfer). Trad. de Manuel Justiniano Quintão.
36ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1990 [1865].
________. O Evangelho Segundo o Espiritismo (L’Evangile selon lê Spiritisme). Trad.
de Guillon Ribeiro. 103ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1990 [1864].
________. O Livro dos Espíritos (Le livre des esprits). Trad. de Evandro Noleto
Bezerra. Edição comemorativa do 1º sesquicentenário. Rio de Janeiro: FEB, 2007
[1857].
________. O Livro dos Médiuns (Le livre des médiums). Trad. de Guillon Ribeiro. 57ª
ed. Rio de Janeiro: FEB, 1990 [1861].
________. O que é o Espiritismo (Qu’est-ce que lê spiritisme?). Trad. de Guillon
Ribeiro. 36ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1993 [1859].
________. Obras póstumas (Oeuvres posthumes). Trad. de Guillon Ribeiro. 22ª ed. Rio
de Janeiro: FEB, 1987 [1890].
________. Revista Espírita – Jornal de estudos psicológicos – ano II – 1959 (Revue
Spirite – Journal d’Études Psychologiques). Trad. de Evandro Noleto Bezerra. Rio de
Janeiro: FEB, 2004.
LOUREIRO, Carlos Bernardo. As mulheres médiuns. 2ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998.
SILVA, H. Pereira da. “Sobre os romances de Machado de Assis (Memórias Póstumas
de Brás Cubas)”. In: ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de
Janeiro: SEDEGRA, 1960, p. 5-15.
SOUZA, Ronaldes de Melo e. O romance tragicômico de Machado de Assis. Rio de
Janeiro: EdUERJ, 2006.
WANTUIL, Zeus e THIESEN, Francisco. Allan Kardec (Meticulosa pesquisa
biobibliográfica). 3 vol. Rio de Janeiro: FEB, 1979.
WANTUIL, Zeus. Grandes espíritas do Brasil. 3ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1990.

17

Você também pode gostar