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ALCÂNTARA

Terra de índios (primeiros habitantes), europeus e africanos, Alcântara é um município


maranhense conhecido por seu acervo histórico e suas tradições. Já teve suas terras habitadas
por índios Tupinambás, em uma aldeia chamada Tapuitapera. Os franceses, em suas longas
buscas, também estiveram por aqui no início do século XVII, mas logo foram expulsos pelos
portugueses. Um misto de cultura, conhecimento, raças, advindos de lugares diversificados: é
assim que a cidade de Alcântara é composta.

Ao caminhar por suas ruas, adentrar em suas velhas casas e sentir o passado que se mantém
vivo em cada pedra que compõe suas paredes, percebe-se fortemente a presença de séculos
anteriores. Índios e portugueses, barões e operários, pescadores e negros escravizados,
sinhazinhas e mucamas, que por um tempo, fizeram desse espaço o lugar de reprodução de suas
existências. Para o conhecimento histórico, aliás, não existe nenhuma prática humana que possa
estar “congelada” ou totalmente estagnada.

Relíquias do passado, com suas ruas irregulares, seus casarios imponentes, suas igrejas
perpassadas por elementos do sagrado, e em sua volta, o mar – que mesmo bravio, é sempre
carregado de calmaria.

Os escombros de uma velha igreja, os restos do que outrora foi um casarão – onde barões e
baronesas se assentavam em suas mesas fartas, e em conversas intermináveis, discutiam o
destino de suas proles – as ladeiras que saúdam seus visitantes que desembarcam neste chão,
os bancos das praças que já foram palco de inúmeros romances, conversas aleatórias, sorrisos
e mesmo brigas, um pequeno universo de experiências impregnadas em todos os vãos de
Alcântara... Mães sorrindo enquanto observam suas crianças, padres a saudarem os fiéis após a
missa matinal; ruas, ruínas, ladeiras, muitos espaços da cidade, guardam as lembranças dessas
vidas. É impossível chegar diante do Pelourinho, e não ter na mente, imagens, ainda que não
tenhamos vivido nessa época, dos negros escravizados que ali eram castigados. Histórias como
estas atravessaram o tempo e são repassadas de geração em geração. É o compartilhamento
dessas memórias, que garantem a perpetuação do saber alcantarense, que se elabora
constantemente através das memórias compartilhadas, alimentando o imaginário de quem
ouve e fortalecendo o sentimento de pertencimento daqueles que repassam seu saber
(HALBWACHS, 2006).

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