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Sumário

Apresentação ..................................................................................................................................................... 3

Aulas - 11/03 a 15/03......................................................................................................................................... 3

Aulas - 18/03 a 22/03......................................................................................................................................... 4

Direito do Trabalho ............................................................................................................................................ 5

Direito Penal .................................................................................................................................................... 13

Direito Constitucional ...................................................................................................................................... 31

Direito Civil ....................................................................................................................................................... 43

Direito Processual Civil..................................................................................................................................... 55

Ética Profissional ............................................................................................................................................ 140

Direito Tributário ........................................................................................................................................... 147

Direito Administrativo.................................................................................................................................... 172

Direito Processual Penal ................................................................................................................................ 209

Direito Processual do Trabalho ...................................................................................................................... 218

Direito Previdenciário .................................................................................................................................... 222

Direito Empresarial ........................................................................................................................................ 236

Estatuto da Criança e Adolescente ................................................................................................................ 241

Direitos Humanos .......................................................................................................................................... 245

Direito Internacional ...................................................................................................................................... 248

Direito Ambiental ........................................................................................................................................... 252

Direito Consumidor ........................................................................................................................................ 253

Direito Financeiro........................................................................................................................................... 271

Direito Eleitoral .............................................................................................................................................. 278

Filosofia do Direito ......................................................................................................................................... 315

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Jornada do Futuro Advogado – 1ª Fase | OAB 40
APRESENTAÇÃO
Olá, futuros advogados

Com carinho e dedicação, nos dirigimos a vocês para apresentar um projeto de extrema importância em
suas jornadas em busca da aprovação no Exame de Ordem. Apresentamos a "Jornada do Futuro Advogado",
uma parte essencial do projeto "Reta Final" promovido pelo Estratégia OAB.

A "Jornada do Futuro Advogado" está agendada para o período de 11 a 24 de março e representa um


momento crucial em sua preparação. Durante esse período, nossos professores farão suas previsões finais
sobre os tópicos mais propensos a serem cobrados na prova, levando em consideração o contexto atual do
exame.

Compreendemos que a preparação para a OAB pode ser desafiadora, e é por isso que estamos aqui para
ajudá-los a direcionar seus esforços de estudo de maneira eficaz. Portanto, não deixem de aproveitar a
oportunidade de assistir às videoaulas disponíveis em nosso canal no YouTube do Estratégia OAB.

Destacamos o cronograma de aulas que servirá como base para seus estudos nos próximos 10 dias:

AULAS - 11/03 A 15/03


Data Horário Disciplina Professor
11/03 8h30 Revisão de Direito do Trabalho – Aula 01 | 1ª Fase - Priscila Ferreira
OAB 40
14h Revisão de Direito Penal - Aula 01 | 1ª Fase - OAB 40 Cristiano Rodrigues
19h Revisão de Direito Constitucional - Aula 01 | 1ª Fase - Diego Cerqueira
OAB 40
12/03 8h30 Revisão de Direito Civil - Aula 01 | 1ª Fase - OAB 40 – Paulo Sousa
14h Revisão de Direito Processual Civil – Aula 01 | 1ª Fase Ricardo Torques
- OAB 40
19h Revisão de Ética Profissional | 1ª Fase - OAB 40 – Savio Chalita
13/03 8h30 Revisão de Direitos Humanos e ECA | 1ª Fase - OAB 40 Géssica Ehle
14h Revisão de Direito do Trabalho - Aula 02 | 1ª Fase - Priscila Ferreira
OAB 40
19h Revisão de Direito Constitucional - Aula 02 | 1ª Fase - Diego Cerqueira
OAB 40
14/03 8h30 Revisão de Direito Tributário – Aula 01 | 1ª Fase - OAB Rodrigo Martins
40
14h Revisão de Direito Processual Penal - Aula 01 | 1ª Fase Ivan Marques
- OAB 40

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19h Revisão de Direito Penal - Aula 02 | 1ª Fase - OAB 40 – Cristiano Rodrigues
15/03 8h30 Revisão de Direito Administrativo - Aula 01 | 1ª Fase - Igor Maciel
OAB 40
14h Revisão de Direito Processual Penal - Aula 02 | 1ª Fase Ivan Marques
- OAB 40
19h Revisão de Direito Civil - Aula 02| 1ª Fase - OAB 40 Paulo Sousa

AULAS - 18/03 A 22/03


Data Horário Disciplina Professor
18/03 8h30 Revisão de Direito Processual Civil – Aula 02 | 1ª Fase Ricardo Torques
- OAB 40
14h Revisão de Direito Previdenciário e Financeiro | 1ª Rubens Maurício e
Fase - OAB 40 Rodrigo Martins
19h Revisão de Direito Constitucional - Aula 03 | 1ª Fase - Diego Cerqueira
OAB 40
19/03 8h30 Revisão de Direito Civil - Aula 03| 1ª Fase - OAB 40 – Paulo Sousa
14h Revisão de Direito Ambiental e Eleitoral | 1ª Fase - André Rocha e Savio
OAB 40 Chalita
19h Revisão de Processo do Trabalho | 1ª Fase - OAB 40 Priscila Ferreira
20/03 8h30 Revisão de Filosofia, D. do Consumidor e Direito Alessandro Sanchez,
Internacional | 1ª Fase - OAB 40 Igor Maciel e Paulo
Sousa
14h Revisão de Direito Penal - Aula 03 | 1ª Fase - OAB 40 Cristiano Rodrigues
19h Revisão de Direito Tributário – Aula 02 | 1ª Fase - OAB
40 Rodrigo Martins
21/03 8h30 Revisão de Direito Administrativo - Aula 02 | 1ª Fase - Felipe Duque
OAB 40
14h Revisão de Direito do Trabalho - Aula 03 | 1ª Fase - Priscila Ferreira
OAB 40
19h Revisão de Direito Empresarial | 1ª Fase - OAB 40 –
Alessandro Sanchez
22/03 8h30 às Ética Essencial | 1ª Fase - OAB 40 Priscila Ferreira;
17h30 Savio Chalita; e
Géssica Ehle.

A Coordenação Estratégia OAB permanece à disposição para auxiliá-los em cada etapa dessa jornada.
Sigamos em frente, e que essa trajetória seja repleta de aprendizado e conquistas!

Desejamos a todos excelentes estudos,

Coordenação Estratégia OAB

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JORNADA DO FUTURO ADVOGADO – 40º
EXAME DE ORDEM
DIREITO DO TRABALHO

Introdução
Olá, pessoal.
Neste momento, já em clima de reta final para a sua prova da OAB, vamos estudar de forma intensa a
primeira parte do maravilhoso mundo de Priscilinha - rs.
Este e-book será o seu parceiro de preparação para o Exame de Ordem. Nossa missão é simplificar o Direito
do Trabalho e apresentar os principais pontos que poderão estar na sua prova.
Vamos juntos!
Bons estudos,
Prof.ª Priscila Ferreira.
@profpriscilaferreira

Aula 01
Olá, pessoal.
Neste momento, já em clima de reta final para a sua prova da OAB, vamos estudar de forma intensa a
primeira parte do maravilhoso mundo de Priscilinha - rs.
Este e-book será o seu parceiro de preparação para o Exame de Ordem. Nossa missão é simplificar o Direito
do Trabalho e apresentar os principais pontos que poderão estar na sua prova.
Vamos juntos!
Bons estudos,
Prof.ª Priscila Ferreira.
@profpriscilaferreira

Relação de Trabalho e Emprego

▪ Requisitos do Vínculo de Emprego: subordinação, habitualidade (ou continuidade), onerosidade (ou


remuneração), pessoalidade e pessoa física (Macete de memorização – SHOPP).
▪ Requisitos do Vínculo de Emprego: subordinação, habitualidade (ou continuidade), onerosidade (ou
remuneração), pessoalidade e pessoa física (Macete de memorização – SHOPP).
▪ O empregado deverá ter a sua Carteira de Trabalho (CTPS) assinada no prazo de cinco dias úteis, sob
pena de pagamento de multa.

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Relações Empregatícias Especiais

Hipersuficiente – Art. 444, parágrafo único, da CLT

▪ Empregado portador de diploma de nível superior e que perceba salário mensal igual ou superior a
duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
o Atenção as diferenças de requisitos para a Arbitragem.

Empregada Doméstica – LC nº 150/2015.

▪ É aquele(a) que presta seus serviços em âmbito familiar e sem qualquer finalidade lucrativa por
parte do empregador, conforme Lei Complementar nº 150/2015.
o A idade mínima para ser doméstica é de 18 anos com fins de ter anotação na CTPS;
o Admite-se para doméstica a jornada 12x36, sendo ainda possível indenização dos intervalos
para repouso e alimentação, quando suprimidos;
o Banco de Horas (Acordo Individual): As primeiras 40 horas extras mensais realizadas pelo
empregado deverão ser pagas como hora extraordinária, e apenas as demais, que
ultrapassarem a este montante, é que serão incluídas no banco de horas, e compensadas
no prazo máximo de um ano;
o O intervalo intrajornada é de, no mínimo, 01 hora e, no máximo, 02 horas, sendo autorizada
a redução do intervalo para 30 minutos, quando houver acordo escrito entre as partes, não
se fazendo necessária a existência de negociação coletiva para tal especificidade da relação
laboral.

Teletrabalho – Artigo 75-A ao 75-E da CLT

▪ Considera-se teletrabalho ou trabalho remoto a prestação de serviços fora das dependências do


empregador, de maneira preponderante ou não, com a utilização de tecnologias de informação e
de comunicação, que, por sua natureza, não configure trabalho externo.
▪ Poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho para o presencial por determinação do
empregador, garantido prazo de transição mínimo de quinze dias, com correspondente registro em
aditivo contratual.
▪ A jornada de trabalho deste tipo de empregado (serviço por produção ou tarefa) será enquadrada
no artigo 62, III, da CLT;
▪ O artigo 75-D da CLT prevê que a responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento
dos equipamentos tecnológicos e de infraestrutura necessários para a adequada prestação do
trabalho remoto, assim como o reembolso de despesas arcadas pelo empregado serão previstas em
contrato escrito, ou seja, estipulado pelas partes em comum acordo;
▪ Por fim, o artigo 75-E da CLT dispõe que o empregado deve ser instruído de maneira expressa e
ostensiva acerca das precauções que deverá realizar para fins de evitar doenças e acidentes de
trabalho.

Empregador - Poderes

▪ Regulamento de Empresa (Estipulação)

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o Súmula n. 51, do TST.
▪ Uso de Uniforme X Higienização
o Súmula n. 51, do TST.

Grupo Econômico

Grupo Econômico: Coordenação / Subordinação:

▪ Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria,
estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando
cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis solidariamente pelas
obrigações decorrentes da relação de emprego.
▪ Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo necessárias, para a
configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e
a atuação conjunta das empresas dele integrantes.

Sucessão de Empresas

▪ Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores, as obrigações trabalhistas, inclusive as


contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida, são de
responsabilidade do sucessor.
▪ A empresa sucedida responderá solidariamente com a sucessora quando ficar comprovada fraude
na transferência.

Sócio Retirante – Art. 10-A, da CLT

▪ O sócio retirante responde subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas da sociedade relativas


ao período em que figurou como sócio, somente em ações ajuizadas até dois anos depois de
averbada a modificação do contrato, observada a seguinte ordem de preferência: I - a empresa
devedora; II - os sócios atuais; e III - os sócios retirantes.

▪ O sócio retirante responderá solidariamente com os demais quando ficar comprovada fraude na
alteração societária decorrente da modificação do contrato.

Classificação do Contrato de Trabalho

▪ Contrato por prazo determinado (Art. 443, da CLT): a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade
justifique a predeterminação do prazo; b) de atividades empresariais de caráter transitório; c) de
contrato de experiência.
▪ Contrato de Trabalho Intermitente: Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual
a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos
de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses,
independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas,
regidos por legislação própria.

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Aula 02
Olá, pessoal.
Neste momento, já em clima de reta final para a sua prova da OAB, vamos estudar de forma intensa a
segunda parte do maravilhoso mundo de Priscilinha - rs.
Este e-book será o seu parceiro de preparação para o Exame de Ordem. Nossa missão é simplificar o Direito
do Trabalho e apresentar os principais pontos que poderão estar na sua prova.
Vamos juntos!
Bons estudos,
Prof.ª Priscila Ferreira.
@profpriscilaferreira

Alteração do Contrato de Trabalho – Art. 468, da CLT.

Requisitos:
1) Consentimento do empregado;
2) A alteração não ocasione prejuízo direto ou indireto ao trabalhador.
▪ Jus Variandi do Empregador:
✓ Reversão – Art. 468, da CLT;
✓ Transferência dos Empregados – Art. 469, da CLT;
✓ Alteração da Data de Pagamento - Art. 459, § 1° da CLT;
✓ Alteração de Turno (Noturno para Diurno) – Súmula 60, do TST.

Jornada de Trabalho

▪ Jornada de Trabalho - 8 horas diárias e 44 horas semanais;


▪ Período da Jornada - O trabalho noturno terá remuneração superior a do diurno e, para esse efeito,
sua remuneração terá um acréscimo de 20 % (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna.
A hora do trabalho noturno será computada como de 52 minutos e 30 segundos.
▪ Jornada Reduzida - Havendo contratação para cumprimento de jornada reduzida, inferior à
previsão constitucional de oito horas diárias ou quarenta e quatro semanais, é lícito o pagamento
do piso salarial ou do salário-mínimo proporcional ao tempo trabalhado - OJ nº 358 da SDI-I/TST;
▪ Tempo à Disposição do Empregador - O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência
até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer
meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de
trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador – Art. 58, §2º, da CLT;
▪ Cartão de Ponto - Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as
variações de horário no registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite
máximo de dez minutos diários.

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▪ Ausência do Controle de Jornada - Empregados que exercem atividade externa; Gerentes; e
Teletrabalho (prestam serviço por produção ou tarefa).
▪ Horas Extras / Compensação de Jornada - O labor extraordinário, como regra, deve ser remunerado
com o adicional de, no mínimo, 50% sobre o valor da hora normal;
▪ Compensação de Jornada
Período de Compensação Forma do Acordo de Compensação
Anual Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) ou
Acordo Coletivo de Trabalho (ACT)
Semestral CCT, ACT ou Acordo Individual Escrito
Mensal CCT, ACT ou Acordo Individual, Tácito ou
Escrito

Jornadas Especiais de Trabalho

Jornada 12x36

o É facultado às partes, mediante acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo


coletivo de trabalho, estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis
horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e
alimentação;
o A remuneração mensal pactuada abrange os pagamentos devidos pelo descanso semanal
remunerado e pelo descanso em feriados, e serão considerados compensados os feriados e as
prorrogações de trabalho noturno, quando houver, de que tratam o art. 70 e o §5º do art. 73
desta Consolidação.

Tempo Parcial

o Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a trinta horas
semanais, sem a possibilidade de horas suplementares semanais, ou, ainda, aquele cuja duração
não exceda a vinte e seis horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até seis horas
suplementares semanais.
o Para os atuais empregados, a adoção do regime de tempo parcial será feita mediante opção
manifestada perante a empresa, na forma prevista em instrumento decorrente de negociação
coletiva.

Intervalo

Intervalo Intrajornada
▪ Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de
um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo
escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas.
▪ Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 15 (quinze)
minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas.

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Férias

▪ As férias, em regra, serão de, no mínimo, 30 dias, a cada 12 meses de serviços prestados
(denominado período aquisitivo) e deverão ser usufruídas em um só período.
▪ Fracionamento das Férias:
o Concordância do empregado com o fracionamento, por meio de acordo individual;
o Fracionamento em até 03 períodos;
o Um dos períodos do fracionamento não pode ser inferior a 14 dias, e os demais períodos não
podem se inferiores a 05 dias corridos.
▪ Conforme artigo 134, § 3º da CLT, é vedado o início das férias no período de 02 dias que antecede
feriado ou dia de repouso semanal remunerado;
▪ O pagamento da remuneração das férias e, se for o caso, o do abono, serão efetuados até 2 (dois)
dias antes do início do respectivo período.

Sistema Remuneratório

▪ Remuneração: Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além


do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas
que receber.
▪ Desconto Salarial: Como regra geral, somente são possíveis os descontos quando estes resultarem
de: Previsão legal; Adiantamentos salariais; Dano; e Salário utilidade – art. 458 da CLT.

Parcelas Salariais e Indenizatórias

Aula 03
Olá, pessoal.
Vamos continuar com a última parte do nosso estudo de Direito do Trabalho. Os temas da jornada de
trabalho e sistema remuneratório são frequentemente cobrados no Exame de Ordem, por isso, não deixe
de revisá-los com atenção.
Desejo a você ótimos estudos e muito sucesso!
Prof.ª Priscila Ferreira.
@profpriscilaferreira

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Parcelas Salariais e Indenizatórias

Equiparação Salarial

o Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, no
mesmo estabelecimento empresarial, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia,
nacionalidade ou idade.

o Requisitos:

✓ O trabalho exercido pelo empregado paragonado e o paradigma deve ser de igual


produtividade e valor, no exercício da mesma função e prestados no mesmo
estabelecimento ao mesmo empregador;
✓ A diferença de tempo de serviço para o mesmo empregador não seja superior a 04 anos, e a
diferença de tempo na função não seja superior a 02 anos;
✓ Inexista quadro de carreira ou plano de cargo e salário;
✓ O trabalhador readaptado em nova função por motivo de deficiência física ou mental
atestada pelo órgão competente da Previdência Social, não poderá servir de paradigma para
fins de equiparação salarial;

Estabilidade Provisória

✓ Dirigente sindical - artigo 8º, VIII, da CF e Artigo 543, § 3º da CLT


o O dirigente sindical goza de estabilidade desde o registro da sua candidatura e, se eleito, até 01 ano
após o final do seu mandato (03 anos). A estabilidade do dirigente também se aplica aos seus
suplentes, de forma que se limita, portanto, a 07 titulares e 07 suplentes.

✓ Dirigente da CIPA (Comissão Interna de Prevenção a Acidentes)


o O empregado eleito para o cargo de direção da CIPA gozará de estabilidade desde o registo da
candidatura até 1 ano após o final do mandato, conforme artigo 10, II, “a” do ADCT.

✓ Estabilidade da Gestante
o Nos termos do artigo 10, II, “b” do ADCT, é vedada a dispensa da empregada gestante, desde a
confirmação da gravidez até 5 meses após o parto.

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✓ Estabilidade por Acidente ou Doença do Trabalho
o Requisitos:
• Afastamento superior a 15 dias, sendo os primeiros 15 dias hipótese de interrupção
do contrato de trabalho, com o pagamento sob responsabilidade do empregador; e
• Percepção do auxílio-doença acidentário (código B-91).
Atenção: O TST prevê que tal estabilidade persistirá, ainda que se trate de contrato por prazo
determinado

Suspensão e Interrupção do Contrato

Extinção do Contrato - Distrato

O contrato de trabalho poderá ser extinto por acordo entre empregado e empregador, caso em que serão
devidas as seguintes verbas trabalhistas: I - por metade: a) o aviso prévio, se indenizado; b) a indenização
sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, prevista no § 1o do art. 18 da Lei no 8.036, de 11
de maio de 1990; II - na integralidade, as demais verbas trabalhistas.
Atenção:
o A extinção do contrato, nesta modalidade, permite a movimentação da conta vinculada do
trabalhador no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço limitada a até 80% (oitenta por cento) do
valor dos depósitos;
o Não se autoriza o ingresso no Programa de Seguro-Desemprego.

Extinção do Contrato - Culpa Recíproca

Súmula n. 14, do TST: Reconhecida a culpa recíproca na rescisão do contrato de trabalho


(art. 484 da CLT), o empregado tem direito a 50% (cinquenta por cento) do valor do aviso
prévio, do décimo terceiro salário e das férias proporcionais.

Aviso Prévio

▪ Proporcionalidade do Aviso Prévio

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CONTRATO AVISO PRÉVIO
Até 1 ano INCOMPLETO 30 dias
+ 1 ano COMPLETO + 3 dias / ano
MÁXIMO 90 dias

Em razão de o aviso prévio ser um dever recíproco das partes, em situação de dispensa sem justa causa,
poderá o empregado usufruir de uma redução de sua jornada de trabalho, de duas formas, a ser escolhida
pelo obreiro:
o Redução de 2 horas diárias na jornada de trabalho, por todo o período do aviso prévio;

o Redução de 7 dias consecutivos sem laborar, durante o período do aviso prévio.

Reconsideração: Concedido o aviso prévio, a rescisão torna-se efetiva depois de expirado o respectivo
prazo, mas, se a parte notificante reconsiderar o ato, antes de seu termo, à outra parte é facultado aceitar
ou não a reconsideração.
Falta Grave: Em ocorrendo falta grave no curso do aviso prévio, ter-se-á, por consequência, a perda do
período restante do aviso prévio e os reflexos salariais decorrentes do referido período.
Estabilidade: O empregado poderá adquirir estabilidade no curso do aviso prévio, quando tratar-se de
gestante, conforme artigo 391-A da CLT, ou empregado acidentado, conforme Súmula nº 378 do TST.

Conclusão
Chegamos ao fim deste roteiro, criado especificamente para ajudá-lo na preparação para o Exame de Ordem.
Lembre-se de que a Banca FGV é conhecida por sua exigência, e dominar os tópicos abordados aqui é crucial.
Pratique, estude com dedicação e esteja confiante de que está se preparando da melhor forma possível.
Sucesso,
Prof.ª Priscila Ferreira
@profpriscilaferreira

DIREITO PENAL

Introdução

Iniciamos hoje o nosso estudo de Direito Penal para o XL Exame da OAB, através da Jornada do Futuro
Advogado, e nossas aulas vão abranger alguns dos os principais temas cobrados em Direito Penal na prova
objetiva de 1ª Fase da OAB, que será realizada pela FGV em 24/03/2024.

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Antes de iniciarmos, gostaria de pedir licença para me apresentar. Meu nome é Cristiano Rodrigues, sou
Advogado, graduado em Direito pela Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Mestre em Ciências
Penais pela Universidade Cândido Mendes-RJ (UCAM-RJ), e Doutorando em Ciências Penais pela
Universidade de Coimbra - Portugal e autor de diversas obras jurídicas.

Sou professor de Direito Penal há mais de 22 anos e, embora seja advogado, sempre me dediquei
exclusivamente ao magistério em cursos de graduação, pós graduação, preparatórios para o Exame de
Ordem e para diversos concursos públicos, e qualquer coisa que você precisar é só me chamar no Instagram:
@profcristianorodrigues

Vamos dar início às nossas aulas de Direito Penal da Jornada do Futuro Advogado, aqui no Estratégia OAB,
e espero vocês na nossa 2a Fase Penal, hein?!

Forte abraço,

Prof. Cristiano Rodrigues.

Aula 01

Iter Criminis

Conceito

O Iter Criminis nada mais é do que o estudo 4 etapas de realização do crime doloso, o que obviamente é de
grande importância para nossa prova, algumas destas etapas são obrigatórias, outras facultativas, podendo
ou não aparecer no caso concreto, são elas:

1ª Cogitação: Significa pensar, imaginar, elaborar mentalmente a prática de algo. Sendo uma etapa psíquica,
que não afeta bem jurídico alheio, é absolutamente impunível, em face do princípio da lesividade.
2ª Preparação ou atos preparatórios: É etapa concreta, no mundo fático, que visa propiciar, preparar,
instrumentalizar a realização do crime. Porém, por não ultrapassar a esfera do próprio agente é, via de regra,
também impunível.
Há exceções em que o legislador opta por criminalizar autonomamente atos que seriam de mera preparação
impunível, fazendo que esses atos passem a configurar crimes de forma autônoma (ex.: arts. 288 e 291 do
CP, Lei 13.260/16 - Terrorismo).

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3ª Atos executórios ou execução: ocorrem quando o agente dá início à realização do crime, passando a
interferir na esfera do bem jurídico alheio e permitindo a intervenção do direito penal, o que ocorre ao
menos através da tentativa (art. 14, II e parágrafo único, do CP), que funcionará como causa de diminuição
de pena de 1/3 a 2/3.
Por isso, afirmamos que, o Direito Penal só pode intervir, criminalizando condutas, a partir da delimitação
do início dos atos de execução, e isso ocorrerá através de um importante instituto que todos vocês
conhecem... a famosa TENTATIVA!!!
4ª Consumação: Vejam que esta etapa ocorre quando o crime está completo, ou seja, quando o agente
realiza tudo aquilo que o tipo penal proibiu, lesionando o bem jurídico tutelado pela norma, e precisamos
perceber que isso pode ocorrer de 3 formas:
a) Com a concreta produção, materialização do resultado previsto no mundo fático (crimes materiais – ex.:
art. 121 do CP – homicídio com o resultado morte);
b) Com a completa realização da conduta formalmente proibida, independentemente da produção do
resultado previsto (crimes formais – ex.: extorsão mediante sequestro; art. 159 do CP – não há necessidade
de obter a vantagem do resgate);
c) Com a completa realização da mera conduta proibida, já que não há sequer previsão de resultados (crimes
de mera conduta – ex:. arts. 135 e 330 do CP).

Desistência Voluntária (Art. 15 do CP)

Com base no nosso Código Penal, a desistência voluntária ocorre quando o agente inicia os atos executórios
e, durante sua realização, voluntariamente desiste de prosseguir e abandona a prática dos atos em curso.
Dessa forma, diante de uma situação de desistência voluntária, não há consumação e afasta-se a tentativa
(tentativa abandonada), já que não há “motivos alheios” para a não ocorrência do resultado, mas sim uma
escolha voluntária do autor de abandonar a execução em andamento, logo, o fato por ele iniciado será
considerado atípico.
Porém, fiquem atentos, pois num caso concreto de desistência, nada impede que ele possa responder por
outros crimes que já tenham ocorrido durante a realização dos atos.
Vale a pena lembrarmos que, a desistência voluntária (e o arrependimento eficaz) são chamados de “ponte
de ouro” do direito penal, já que permitem ao agente voltar à legalidade depois de ter iniciado a realização
de um crime.
Ex.: Um agente abre a porta de um carro que está destrancado num estacionamento rotativo, e quando está
subtraindo o rádio resolve parar e ir embora, já que achou que o modelo do rádio não valia a pena.
Nesse caso, sua conduta será atípica, ou responderá apenas pelo crime de dano (art. 163 do CP), caso tenha
arrombado a porta do veículo.
Para diferenciar, em um caso concreto, uma situação de desistência voluntária de uma tentativa, evitando-
se confusões relativas ao uso de temos como “desiste”, “abandona” (lato sensu) em um enunciado, utiliza-
se a famosa Fórmula de Frank:

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“Se posso prosseguir e não quero, haverá desistência voluntária, mas se quero prosseguir e não posso,
haverá tentativa.”

Arrependimento Eficaz (Art. 15 do CP)

Agora que já vimos a desistência voluntária, podemos estudar o arrependimento eficaz, que ocorre quando
o agente inicia e completa todos os atos executórios, não havendo mais nada a realizar, porém, por sua
própria escolha, atua eficazmente e impede a consumação, evitando assim a produção do resultado.
Percebam que nesse caso, também afasta-se a tentativa (não há motivos alheios) e não havendo
consumação, o fato iniciado torna-se atípico, podendo apenas se imputar ao agente outros crimes que
eventualmente tenham ocorrido.
Vamos a um exemplo concreto de como isso pode aparecer na nossa prova!
Ex.: Um agente coloca veneno na bebida de seu desafeto e, após este ter tomado o veneno, resolve que não
quer mais que ele morra, ministrando um antídoto ou levando a vítima a um hospital onde esta é salva. Logo,
não responde pela tentativa de homicídio (que fica atípico), podendo responder somente por eventuais
lesões corporais que a vítima tenha sofrido.

Arrependimento Posterior (Art. 16 do CP)

Vejam como fica fácil: o arrependimento posterior é assim chamado por acontecer posteriormente à
consumação, quando o agente repara o dano ou restitui a coisa, para receber diminuição de pena de um
terço a dois terços, desde que preenchidos os seguintes requisitos:
a) Crime sem violência ou grave ameaça à pessoa;
b) A reparação do dano deve ser feita até o recebimento da denúncia.
Embora haja divergência, entende-se que a reparação parcial não impossibilita a aplicação do
arrependimento posterior, desde que seja razoável (STF: mínimo de 50%), obviamente gerando uma
diminuição menor que o máximo de 2/3, que será usado apenas para as reparações que forem integrais.

Crime Impossível (Art. 17 do CP)

O crime impossível é assim chamado por ser aquele que é impossível de se consumar, já que, diante da
situação concreta, a lesão do bem jurídico tutelado no tipo específico é absolutamente impossível de
ocorrer, embora o agente, que não sabe disso, realize a conduta e atue com dolo.
Isto ocorre de duas formas, quando o meio utilizado para gerar o resultado é absolutamente ineficaz (ex.:
matar com arma desmuniciada), ou ainda quando o objeto a ser atingido é absolutamente impróprio de
sofrer o resultado pretendido (ex.: matar o morto).
Em outras palavras, no crime impossível é impossível de se gerar o resultado pretendido pelo agente, ou
seja, diante da situação concreta a consumação jamais se produzirá, a lesão ao bem jurídico é impossível,
por isso, diz-se que o agente atua em situação conhecida como tentativa inidônea, tentativa ineficaz ou
tentativa imprópria, para gerar ao resultado pretendido,

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Logo, vocês podem perceber que essa “tentativa”, por ser impossível o fato se consumar, terá como
consequência a atipicidade deste fato, e fiquem atentos pois essa consequência é o que costuma ser
perguntado em nossa prova.
Se o meio ou o objeto forem apenas relativamente incapazes de gerar o resultado lesivo, não haverá crime
impossível, mas sim tentativa punível. Logo, de acordo com a sumula 567 do STJ a tentativa de furto em
lojas com sistema de segurança, vigilância e câmeras será punida normalmente, não gerando crime
impossível, já que, por menor que seja, sempre existe uma chance de o crime se consumar.
Ainda, de acordo com o STF, o flagrante preparado, também chamado de delito de ensaio, em face da
impossibilidade de consumação, configura crime impossível, e não será válido, afastando assim a tentativa
e tornando o fato atípico (Súmula 145 do STF).

Princípio da lesividade ou ofensividade

Agora vamos iniciar o estudo dos dois princípios mais importantes para nossa prova, já que são os mais
cobrados no exame de ordem e ambos têm muita incidência prática, principalmente o famoso princípio da
insignificância, que vocês conhecem bem.
Para que possamos estudar a famosa insignificância, primeiro precisamos entender o princípio da lesividade,
pelo qual para que haja crime, a conduta do agente deverá atingir, lesionar, afetar bem jurídico alheio de
forma significante, relevante.
A principal função da lesividade é proibir incriminação de condutas que não ultrapassem o âmbito, a esfera
do próprio agente (ex.: autolesão não configura crime).
Porém, é importante lembrar que certas condutas autolesivas, que paralelamente venham a afetar um bem
jurídico alheio, poderão gerar crime (ex.: tentativa de suicídio da mulher grávida = autoaborto – art. 124 do
CP. Autolesão para recebimento de seguro = estelionato por fraude à seguradora – art. 171, § 2º, V, do CP).
Gente, essas são pegadinhas clássicas para serem perguntadas em questões concertas na nossa prova,
então, todo mundo atento a essas hipóteses acima.
Finalmente chegamos ao mais cobrado e, portanto, mais importante princípio penal para estudarmos juntos,
o famoso princípio da insignificância!!!

Princípio da Insignificância e Crimes Tributários

Vamos ficar atentos pois este princípio é decorrente da lesividade, que acabamos de estudar juntos, e de
acordo com ele lesões ínfimas, pequenas, insignificantes, a um bem jurídico alheio devem ser
desconsideradas, para que então o fato seja reconhecido como atípico, por ausência da chamada tipicidade
material.
Sendo assim, precisamos desmembrar o conceito de fato típico na visão do STF:
Fato típico = tipicidade formal + tipicidade material
(artigo) (lesividade)

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De acordo com o STF, lesões insignificantes a um bem alheio não produzem tipicidade material e, portanto,
tornam o fato atípico.
Esse princípio vem tendo aplicação ampla em nossos tribunais.
Porém, é importante ressaltar para nossas provas que de acordo com o STF, não se aplica o princípio da
insignificância nas seguintes hipóteses:
a) crimes com violência ou grave ameaça à pessoa;
b) tráfico de drogas (art. 33 da Lei 11.343/2006);
c) falsificação de moeda (art. 289 do CP): quanto ao pequeno valor falsificado.
É importante que a gente se lembre que, em crimes de falsidade em geral, a falsificação grosseira gera fato
atípico, porém isto ocorre em face do crime impossível (art. 17 do CP), já que esse tipo de falsificação nunca
será capaz de ofender a fé pública, e amigos, isso JÁ CAIU NA NOSSA PROVA!!!!
No entanto, FIQUEM ATENTOS que pode surgir uma pegadinha nessas hipóteses, pois nada impede que
outro crime possa surgir da situação fática realizada (ex.: estelionato – art. 171 do CP).
Outro ponto super importante para vocês ficarem atentos diz respeito aos famosos crimes tributários (ex.:
figuras da Lei 8.137/1990 e também descaminho – art. 334; apropriação indébita previdenciária – art. 168-
A do CP), nos quais o STF vem adotando valor determinado para aplicação do princípio da insignificância,
qual seja, para lesões de até R$ 20.000,00 (Portaria MF 75/2012), valor estipulado de acordo com a mudança
nos parâmetros da Lei de Execução Fiscal (Lei 10.522/2002).

Já nos demais crimes não há valor certo, devendo-se, de acordo com o STF, ponderar diversos fatores como:
a pequena lesividade, o reduzido grau de reprovabilidade do agente, a mínima ofensividade para a vítima, a
repercussão social da conduta etc.

Aula 02

Crimes omissivos próprios e impróprios

Fique atento a essas classificações, pois já foram cobradas várias vezes no exame de ordem e são de grande
importância para nós!

a) Omissivos próprios ou puros:

Vejam, aqui trata-se da omissão por essência, quando a própria lei prevê a omissão, ou seja, há um verbo de
não agir previsto na lei como proibido (não atuar, deixar de agir, deixar de fornecer). Dessa forma, ao prever
que é crime se omitir, surge um dever geral de agir imposto a todos que se encontrem na situação narrada
pelo tipo.

Por prever uma conduta omissiva como crime, os crimes omissivos próprios jamais irão imputar resultados
concretos ao agente, que só responderá por ter se omitido, nunca sendo imputado por qualquer resultado
fático, como, por exemplo, morte ou lesão.

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Isso se dá pelo fato de que inércia não é capaz de causar nada e, portanto, aquele que apenas se omite não
pode responder por resultados naturalísticos surgidos no mundo fático.

Além disso, como, salvo expressa disposição em contrário (por exemplo, em crimes próprios), as leis penais
se destinam a todos, e na omissão pura há um dever geral de agir imposto a qualquer pessoa, por isso, nestes
crimes não haverá qualquer obrigação de enfrentar o perigo diante da situação concreta (ex.: art. 135 do CP
– omissão de socorro).

b) Omissivos impróprios ou impuros:

Primeiramente quero que vocês entendam que na verdade, não se trata de classificação dada a um ou outro
crime, mas tão somente de forma criada pela doutrina para se imputar, a título de dolo ou culpa, quaisquer
resultados previstos na lei através de ação (ex.: arts. 121, 129 e 163), a aqueles que possuírem um dever
específico de evitar esses resultados, e de enfrentar o perigo (garantidores – art. 13 do CP), caso venham a
se omitir.

Os garantidores responderão, caso se omitam, dolosa ou culposamente pelos resultados produzidos na


situação concreta, ou seja, vão responder pelos crimes previstos no código penal por ação, e pelos resultados
gerados na situação concreta, mas CUIDADO!!!

Isso só ocorrerá numa questão concreta, desde que haja a concreta possibilidade de ação.

Vamos agora analisar quem são esses tais garantidores que caracterizam as omissões improprias que
acabamos de estudar, e de acordo com o art. 13, § 2º, do CP, consideram-se garantidores:

b.1) quem por lei possua o dever de proteção cuidado ou vigilância:

Como vocês sabem, essa alínea é a mais importante e abrangente no que tange aos garantidores, pois
engloba ascendentes, descendentes, cônjuges e irmãos (todos mutuamente), tutores e curadores e, ainda,
funcionários públicos com esses deveres específicos (médico, bombeiro e policial).

Amigos, embora haja divergência e você possa até já ouvido coisa diferente por aí, não se
engane, para a maioria da doutrina, o funcionário público só é garantidor, tendo a
obrigação de enfrentar perigo e responder por resultados, durante o efetivo exercício da
sua função. Fora dele, é pessoa comum que pode responder apenas por omissão de socorro
(art. 135 do CP).

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b.2) quem de outra forma se obrigou a evitar resultados:

Percebam que essa alínea engloba os contratos privados (segurança particular, babá, professora, salva-vidas
do clube), e ainda os acordos de vontade, mesmo que informais.

b.3) quem com seu comportamento criar o risco de ocorrência do resultado:

Nesse caso, estamos falando de qualquer pessoa que, dolosa ou culposamente, criar uma situação de risco
para terceiros torna-se garantidor, e deverá enfrentar o perigo para evitar esse resultado.

Para a prova...

Com isso, concluímos esse breve estudo dos famosos crimes omissivos e suas espécies, omissivos próprios
ou puros e omissivos impróprios ou impuros, temas que diversas vezes foram cobrados na nossa prova de
1ª Fase da OAB

Teoria do Erro

Galera, vamos agora entrar em dois dos temas mais interessantes, e ao mesmo tempo complexos, do Direito
Penal, a famosa Teoria do Erro!!!

Nós sabemos o quanto estes temas são importantes e muito cobrados no exame da OAB, bem como em
todos os tipos de concurso público, e por isso, precisamos analisar com muito cuidado todas as espécies de
de erro previstas em nosso ordenamento, bem como suas consequências práticas, muito abordadas nas
questões de prova.

Então, mãos à obra, e vamos começar a desmistificar esse tema tão interessante!!!

Introdução

No que tange às espécies de erro, nosso ordenamento adotou, a partir da teoria normativa pura da
culpabilidade, que já estudamos anteriormente, a vertente chamada teoria limitada da culpabilidade.

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Através desta teoria (limitada) há três espécies de erros essenciais, assim chamados pois se relacionam com
os elementos essenciais integrantes do conceito de crime, quais sejam:

- Erro de tipo incriminador (art. 20 do CP)

- Erro de tipo permissivo (art. 20, § 1º, do CP)

- Erro de proibição (art. 21 do CP).

Além disso, também precisamos lembrar que há também os chamados erros acidentais, que são assim
chamados por serem relacionados a falhas, acidentes, no momento de realização da conduta típica, são
eles:

- Erro sobre a pessoa (art. 20, § 3º, do CP)

- Erro de execução ou aberratio ictus (art. 73 do CP)

- Aberratio criminis (art. 74 do CP).

Erros Essenciais

a) Erro de tipo incriminador (art. 20, caput, do CP)

Art. 20 CP - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.

De forma bastante simples, podemos dizer que o erro de tipo incriminador é aquele que incide nos
elementos objetivos que compõem o tipo penal, ou seja, quando o agente se equivoca a respeito da situação
fática que está realizando ao cometer o crime.

Logo, neste erro, ao cometer o crime age acreditando estar fazendo outra coisa (Ex.: Transporta um pacote
com cocaína pensando se tratar de farinha de trigo).

O erro de tipo incriminador irá sempre afastar o dolo, permitindo que o agente responda pela forma culposa
se o erro for evitável, produto de falta de cuidado, ou, ainda, afastar o dolo e também a culpa se o erro for
inevitável, tornando o fato atípico.

b) Erro de tipo permissivo (Art. 20, § 1º, do CP)

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No código penal o erro de tipo permissivo, também chamado de erro suis generis por parte da nossa
doutrina, está previsto da seguinte forma:

Descriminantes putativas

Art. 20 § 1º É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias,
supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena
quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.

O erro de tipo permissivo é aquele que incide sobre elementos integrantes de um tipo penal autorizador,
por isso permissivo, ou seja, incide sobre elementos que compõem uma excludente de ilicitude (ex.:
agressão na legítima defesa), gerando a chamada descriminante putativa.

Fiquem atentos!!! Pois, como dissemos, este erro é chamado por parte da doutrina nacional de erro suis
generis, devido as suas caraterísticas e consequências bastante peculiares.

Como dica, podemos dizer que, de acordo com a Teoria Limitada da Culpabilidade, adotada em nosso
ordenamento, o erro de tipo permissivo terá basicamente as mesmas consequências do erro de tipo comum
(incriminador), quais sejam, sempre afastar a responsabilidade por dolo, podendo punir a forma culposa do
crime se o erro for evitável, produto de falta de cuidado, ou afastar também a responsabilidade por culpa,
se o erro for inevitável, excluindo assim o crime e isentando o agente de pena.

Nas hipóteses de erro de tipo permissivo evitável, o agente responderá pela forma culposa do crime por
meio da chamada culpa imprópria, já que nessa situação há dolo na conduta (o agente quer atingir o suposto
agressor), mas esse dolo será afastado para punir “impropriamente” a forma culposa do crime.

Podemos resumir as consequências deste erro tão importante da seguinte forma, montando um pequeno
quadro, como fizemos no erro de tipo incriminador, mas que neste erro torna-se ainda mais útil, devido às
suas características tão peculiares no que tange as consequências que o CP previu para as descriminastes
putativas fáticas, principalmente aplicadas a hipótese conhecida como Legítima Defesa Putativa:

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Amigos, precisamos ressaltar que a famosa culpa imprópria, produto do erro de tipo permissivo, é a única
hipótese no nosso direito penal em que se admite falar em tentativa de crime “culposo”.

Isso ocorre, por exemplo, quando, acreditando estar agindo em legítima defesa (legítima defesa putativa),
o agente, com dolo de matar o suposto agressor, erra o disparo e este sobrevive, havendo assim uma
tentativa de homicídio doloso, mas afasta-se o dolo em razão do erro de tipo permissivo, punindo, assim, a
tentativa de homicídio (doloso), mas na forma culposa.

c) Erro de proibição (Art. 21 do CP)

Erro sobre a ilicitude do fato

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se


inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminui-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único. Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a
consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir
essa consciência.

Podemos perceber que o erro de proibição ocorre quando o agente não conhece o caráter ilícito, proibido,
do seu comportamento, ou seja, erra a respeito da proibição daquilo que faz, atua sem o conhecimento da
ilicitude de seus atos.

Importante lembrar que, o erro de proibição é separado ainda pela doutrina em direto, quando o agente
acredita de forma direta que sua conduta simplesmente não está proibida, ou indireto, quando, para pensar
que seu comportamento não é proibido, o agente acredita erroneamente que existe uma norma permitindo
seu ato naquela situação (ex.: acredita que há uma norma que lhe autorize agir em eutanásia – erro de
permissão).

Mas fiquem tranquilos pois essa classificação não interfere em nada nas consequências do erro de proibição,
e dificilmente irá influenciar no gabarito das questões na nossa prova.

Vocês podem perceber que, como o potencial conhecimento da ilicitude é um elemento da culpabilidade,
fundamental para o juízo de reprovação, as consequências do erro de proibição, que incide nesse elemento
serão:

- Afastar a culpabilidade e o crime, isentando de pena (erro inevitável);

- Reduzir a pena de 1/6 a 1/3 (erro evitável).

Podemos ver os seguintes exemplos para o erro de proibição que, inclusive, já foram objeto de questões na
nossa prova:

- O caso do holandês que usa drogas no Brasil; a eutanásia em familiar desenganado; filha pensa que
pode ficar com as verbas previdenciárias da mãe após a morte desta; alguns crimes ambientais.

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Em suma, sobre o erro de proibição, assim como fizemos com os demais erros essenciais:

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Aula 03

Concurso de Criminis

Trata-se de assunto diretamente relacionado à dosimetria da pena privativa de liberdade, sem relação com
o cálculo em si, mas sim com situações em que o caso concreto apresente vários crimes cometidos pelo
agente, para se definir a espécie de concurso, e a forma de se aplicar a pena, por isso, é assunto muito
cobrado nas nossas provas!

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Definição

Podemos, de forma bastante simples, dizer que o concurso de crimes ocorre quando o agente realiza vários
crimes, idênticos ou diferentes, por meio de várias condutas (concurso material ou crime continuado) ou
por meio de uma só conduta (concurso formal), sendo que, de acordo com a espécie de concurso de crime
ocorrida, será definida a forma de aplicação da pena para os crimes praticados.

Vejam que esta é a razão pela qual este tema é tão cobrado na nossa prova de 1ª fase, e também de 2ª Fase,
já que de acordo com a espécie de concurso de crimes, reconhecida no caso concreto apresentado, o juiz
deverá definir a forma de aplicação da pena, e isto, muitas vezes será apresentado a você de forma ERRADA,
impondo assim uma pena maior do que a efetivamente devida no caso narrado.

Por isso, devemos ficar atentos as caraterísticas de cada espécie de concurso de crimes, para afastar a
aplicação de pena mais severa e pedir que seja aplicada a espécie correta, e com isso diminuir a pena.

Espécies de Concurso de Crimes

a) Concurso material (art. 69 do CP)

Trata-se da modalidade mais simples de concurso de crimes e ocorre quando o agente realiza vários crimes
idênticos (concurso material homogêneo) ou diferentes (concurso material heterogêneo) por meio de várias
condutas independentes, não havendo necessidade de qualquer relação entre os crimes, as vítimas,
motivação etc.

Nesse caso, aplica-se a pena de cada um dos crimes separadamente, somando-as (sistema do cúmulo
material) e, portanto, na nossa prova, muitas vezes o caso concreto vai falar em concurso material,
somando-se as penas, para que a tese defensiva seja exatamente afastá-lo, evitando assim a soma das pena.

b) Concurso formal perfeito ou próprio (art. 70, 1ª parte, do CP)

Aqui a situação é bem diferente, e o concurso formal perfeito ocorre quando o agente, por meio de uma só
conduta, gera vários crimes idênticos (homogêneo), ou diferentes (heterogêneo), possuindo unidade de
desígnio, ou seja, um único objetivo, que pode ser um único dolo, gerando vários resultados, ou mesmo
gerar vários resultados através de uma única conduta descuidada (culpa).

Atenção, pois trata-se de uma ótima tese defensiva, já que, nesse caso, aplica-se a pena de um só crime,
qual seja o mais grave, aumentada de 1/6 a 1/2 (sistema da exasperação).

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Ex.: Alguém dispara para matar seu desafeto, atinge o alvo, mas acaba acertando também um
terceiro; um motorista avança o sinal de trânsito, bate no carro e acaba matando 2 pessoas.

c) Concurso formal imperfeito ou impróprio (art. 70, 2ª parte, do CP)

Esta outra modalidade de concurso formal ocorre quando, por meio de uma só ação, o agente gera vários
crimes, porém com dolos independentes em relação a cada crime, ou seja, atua com desígnios autônomos.

Como dissemos no concurso material, aqui também podemos ter como tese defensiva o afastamento dessa
modalidade de concurso de crimes, já que nesses casos aplica-se a pena de cada um dos crimes
separadamente, somando-as, da mesma forma que ocorre no concurso material (sistema do cúmulo
material).

Ex.: Explodir uma bomba em um automóvel para matar 3 pessoas.

d) Crime continuado (art. 71 do CP)

Vamos agora abordar o conhecido crime continuado, que ocorre quando, por meio de várias condutas, o
agente realiza inúmeros crimes, desde que todos sejam da mesma espécie (mesmo artigo – STF), e todos
sejam realizados em circunstâncias de tempo, lugar e modo de execução semelhantes.

Percebam que essa é mais uma tese defensiva a ser utilizada por nós, pois nesse caso, para evitar a aplicação
no concurso material, e afastar a soma das penas, por uma ficção jurídica, considera-se como se os vários
crimes fossem um só, realizado em continuidade, para se aplicar uma só pena aumentada de 1/6 a 2/3
(sistema da exasperação).

Ex.: A caixa de supermercado que retira quantia de dinheiro do caixa por vários dias, nos mesmos horários,
onde trabalha. Responde por um único furto, com sua pena aumentada/ Um arrastão em que vários furtos
são praticados e o sujeito responde por um só crime com a pena aumentada, ao invés de somadas.

Quando, em situação de crime continuado, preenchidos os seus requisitos básicos, houver ainda
pluralidade de vítimas e violência ou grave ameaça as pessoas em todas as condutas, ocorre o chamado
crime continuado específico, e neste caso a pena poderá ser aumentada de 1/6 até o triplo (Art. 71,
parágrafo único, do CP). Ex.: serial killer, chacina, arrastão para roubos.

A Súmula 605 do STF perdeu aplicação e nada impede utilizar o crime continuado para
crimes contra a vida, porém na chamada modalidade específica, em que o crime
continuado irá gerar aumento de pena de até o triplo.
Súmula 659 do STJ - Crime Continuado - Determina valores específicos para aumento de
pena de acordo com o número de crimes
De acordo com o STF, o intervalo máximo de tempo entre cada uma das condutas no crime
continuado será de 30 dias. Acima disso afasta-se o crime continuado, aplicando-se o
concurso material e a soma das penas.
Em concurso formal perfeito (art. 70, 1ª parte) e no crime continuado, o valor da pena
aumentada no caso concreto jamais poderá exceder o equivalente à soma das penas

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aplicadas de forma independente. Caso isso venha a ocorrer, com base nas penas
concretamente aplicadas em uma situação fática, afasta-se o aumento, realizando-se a
soma das penas definidas no caso prático (Concurso material benéfico – art. 70, parágrafo
único, do CP).

Concurso de Agentes e Crimes Próprios

O concurso de pessoas é tema muito cobrado no exame de ordem, tanto na 1a fase quanto na 2a fase Penal,
e um dos pontos preferidos do examinador é a relação existente com uma classificação específica de crimes,
qual seja, os crimes próprios e as formas de realização destes crimes por vários agentes, em situação de
concurso de pessoas.

Para entendermos melhor a relação dos crimes próprios com o concurso de pessoas, tema que
recorrentemente aparece nas nossas provas, faremos a seguir um pequeno resumo do assunto, para que
você possa relembrar um pouco dos principais aspectos da coautoria e da participação

Concurso de Agentes

De acordo com o art. 29 do CP, nosso ordenamento adotou a teoria monista temperada, pela qual autor,
coautor e partícipe respondem pelo mesmo crime, embora cada um tenha sua pena individualizada e
calculada separadamente, respondendo, portanto, na medida de sua culpabilidade.

Não podemos esquecer que há algumas exceções à teoria monista previstas na parte especial do nosso
Código Penal, em que se possibilita que coautores respondam por crimes diferentes, por exemplo, no crime
de aborto, em que a mãe realiza o aborto em si mesma ou autoriza que outrem realize o aborto nela:

Nesta hipótese, enquanto a mãe responderá pelo crime de autoaborto (art. 124 do CP), seu coautor, aquele
que realizar a conduta de aborto, não responderá pelo mesmo crime, mas sim pelo crime de aborto com
consentimento da gestante (art. 126 do CP).

Autoria

Teoria do domínio do fato: autor é aquele que possui o domínio final sobre os fatos, ou seja, que possui as
“rédeas da situação”, podendo modificar ou mesmo impedir a ocorrência do resultado, independentemente
da realização ou não do verbo núcleo do tipo penal (STF – posição majoritária).

Logo, para esta teoria, partícipe será todo aquele que colaborar com o fato principal do autor, porém de
forma acessória e não essencial, sem domínio sobre os fatos.

Obs.: Nos crimes culposos, para delimitação da autoria, adota-se, majoritariamente, a teoria extensiva, pela
qual, todo aquele que, de qualquer forma, colaborar para o resultado através de sua falta de cuidado será
considerado autor do fato.

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Coautoria

Pessoal, para que possamos compreender corretamente a coautoria precisamos saber que se trata apenas
de uma autoria conjunta, comum, em que cada um dos agentes, tendo domínio do fato, concorre para a
prática do crime, desde que interligados por um acordo de vontades chamado liame subjetivo.

A coautoria pode se dar quando os coautores realizam pessoalmente e conjuntamente toda a conduta típica,
ou ainda quando ocorre a chamada divisão de tarefas, em que cada um dos agentes desempenha uma
função essencial para a empreitada criminosa, possuindo assim o domínio sobre o final dos fatos (domínio
funcional do fato).

Independentemente da tarefa realizada por cada coautor, havendo o liame subjetivo e sendo cada tarefa
essencial, todos irão responder pelo mesmo crime, de acordo com a teoria monista adotada pelo CP (art.
29). Porém, cada um terá sua pena calculada individualmente e na medida de sua culpabilidade.

Por fim, precisamos lembrar que, a maioria da doutrina admite falar em coautoria nos crimes culposos, já
que nesses crimes pode haver um acordo de vontades para realização conjunta de uma conduta descuidada,
imprudente, que venha a gerar um resultado típico culposo, bem como também se admite,
majoritariamente, a coautoria em crimes omissivos.

Participação

Galera, agora que já estudamos a autoria, a coautoria, e suas diversas características, ficará muito mais fácil
a gente compreender a participação, que nada mais é do que uma colaboração dolosa no fato principal do
autor, mediante acordo de vontades (liame subjetivo), porém, sem o domínio do fato e, por isso, de forma
acessória à conduta do autor, sendo que, de acordo com a Teoria Monista adotada pelo CP, o partícipe
responderá pelo mesmo crime que o autor do fato.

No que tange à participação, nosso ordenamento adotou a teoria da acessoriedade limitada, pela qual, para
se imputar um crime ao partícipe, a conduta principal do autor deverá ser típica e ilícita; logo, a
consequência prática para questões concretas de prova será que, havendo exclusão de ilicitude na conduta
do autor, afasta-se o crime também do partícipe.

Ex.: O partícipe que emprestou a arma para um agente cometer homicídio também será beneficiado pela
exclusão da ilicitude, se este autor acabar praticando a conduta em legítima defesa.

Formas de participação

Há 3 formas de participação reconhecidas em nosso ordenamento, sendo que, a participação pode ser
considerada como moral através do induzimento (criar a ideia, a vontade na cabeça do autor) ou instigação
(ampliar a vontade preexistente do autor quanto ao cometimento do crime), ou ainda do chamado auxílio
moral (dicas, conselhos), e haverá participação material através do auxílio material (meios e modos de
execução, instrumentos, armas, local).

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Classificação de Crimes quanto ao sujeito ativo

Este grupo de classificação se refere ao sujeito ativo, logo vamos classificar os crimes quanto a quem pode
praticar a conduta típica, e assim ficará bem simples pra gente guardar estes conceitos:

a) Crime comum: é a regra geral para os crimes, sendo aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa,
não havendo restrições ou exigências no tipo penal quanto ao sujeito ativo (ex.: art. 121 do CP).

b) Crime próprio: é aquele em que o tipo penal exige características específicas do sujeito ativo, ou seja, são
crimes que, via de regra, só podem ser praticados por quem possua essas características exigidas pelo tipo,
logo são crimes “próprios de determinada categoria de pessoas”.

De acordo com o art. 30 do CP, é possível imputar um crime próprio a quem não possua as características
exigidas pelo tipo, isso ocorre quando este atuar como coautor ou partícipe, ou seja, em concurso de pessoas
com quem possua as características exigidas pelo tipo.

Exatamente aqui, reside o ponto de cobrança mais importante pra sua prova!

As características próprias do sujeito ativo, exigidas pelo crime próprio, são consideradas elementares
(elementos integrantes do caput) de caráter pessoal destes crimes, devendo, de acordo com o art. 30 do CP,
comunicar-se a todos os participantes do fato, desde que sejam do seu conhecimento (Ex.: Homem pode
responder por infanticídio – art. 123 do CP – se ajudar a mãe a matar o filho, logo após o parto sob influência
do estado puerperal).

Considerações Finais

Muito bem, galera, fechamos nosso estudo de alguns dos principais temas de DIREITO PENAL, aqui na
Jornada do Futuro Advogado OAB - XL Exame de Ordem, e aqui abordamos diversos assuntos de grande
relevância para nossa prova de 1ª Fase do Exame de Ordem, e a seguir, temos uma lista de questões que
envolvem os temas tratados nas nossas aulas.

Bora treinar!!!

Espero vocês na nossa 2a Fase de Direito Penal !!!

Forte abraço e até lá!!!

Prof. Cristiano Rodrigues (Instagram: @profcristianorodrigues)

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Introdução

Olá, alunos do Estratégia OAB! Sejam bem-vindos! Hoje estudaremos um tema de alta incidência em provas
de Constitucional da OAB! Preparados?

O encontro de hoje será destinado para revisão em Direito Constitucional.

Preparei um resumo completo sobre esse assunto, que disponibilizo a seguir.

Bons estudos a todos! :)

Aula 01

Direito Individuais e Coletivos

# Liberdade de Pensamento x Direito de Resposta

- A Constituição garante a liberdade de expressão. No entanto, a liberdade de expressão não pode ser usada
para a prática de atividades ilícitas ou para a prática de discursos de ódio, contra a democracia ou contra as
instituições. (art. 5º, IV da CRFB/88)

- Direito de resposta é aplicável em relação a todas as ofensas, independentemente de elas configurarem ou


não infrações penais. (art. 5º, V da CRFB/88)

- Deverá ser sempre proporcional, ou seja, veiculada no mesmo meio de comunicação utilizado pelo agravo,
com mesmo destaque, tamanho e duração.

# Liberdade de Crença e Consciência

- É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. (art. 5º, VI a VIII da CRFB/88)

- Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo
se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa,
fixada em lei.

- Lembrar que o requisito é cumulativo:

1. recusar-se a cumprir obrigação legal; e

2. cumprir a prestação alternativa fixada pela lei.

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# Inviolabilidade Domiciliar

- A regra é inviolabilidade do lar! Mas, temos algumas exceções. (art. 5º, XI da CRFB/88)

- Com consentimento do morador: a qualquer hora, não precisa de autorização judicial.

- Sem consentimento do morador: (i) a qualquer hora em casa de flagrante delito ou desastre, ou ainda para
prestar socorro; (ii) sob ordem judicial, apenas durante o dia.

# Direito de Reunião

- Deve ser exercício com fins pacíficos e sem armas; (art. 5º, XVI da CRFB/88)

- Necessidade apenas de prévio aviso à autoridade competente (não precisa de autorização);

- Não poderá frustrar outra reunião convocada anteriormente para o mesmo local;

- Protegido por MS e não HC.

# Associação

- Condições para existência: Pluralidade de pessoas, surgimento de um ato de vontade dos associados,
presença da estabilidade na união. (art. 5º, XVII e XIX da CRFB/88)

- Deve ter fins lícitos;

- Vedada a de caráter militar;

- Independe de autorização estatal;

- Dissolução compulsória da associação somente ocorre por decisão judicial que tenha transitado em julgado.
Contudo, para ter sua atividade suspensa, basta uma simples decisão judicial (sem trânsito em jugado).

# Direito à Informação

- Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. (art. 5º, XXXIII da CRFB/88)

- Objetiva resguardar o direito de conhecimento de informações públicas ou particulares.

# Direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada

- A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. (art. 5º, XXXVI da CRFB/88)

- São instrumentos de segurança jurídica trazidos pelo Constituinte que visam impedir leis ou atos
normativos de retroagirem para prejudicar situações já estabelecidas ou reconhecidas.

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# Princípio da Intranscendência da Pena

- Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação
do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o
limite do valor do patrimônio transferido. (art. 5º, XLV da CRFB/88)

- Esse princípio impede que uma pessoa que não tenha cometido um crime, cumpra pena pela a autora do
delito.

# Extradição

- Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma
da lei; (art. 5º, LI da CRFB/88)

- Não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;

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Remédios Constitucionais

# Habeas Corpus

- Objetivo é cessar uma ameaça ou coação à liberdade de locomoção do indivíduo, diante de um ato coator
praticado com ilegalidade ou abuso de poder. (art. 5º, LXVIII da CRFB/88)

- Caráter preventivo ou repressivo.

- Legitimados ativos: qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira.

- Só pode ser impetrado a favor de pessoa natural.

- Legitimados passivos: autoridade pública; pessoa privada.

- Advogado não é indispensável.

- Isento de custas.

# Mandado de Segurança

- Proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data - Princípio da
Subsidiariedade. (art. 5º, LXIX da CRFB/88)

- Sem dilação probatória.

- Repressivo ou preventivo.

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- Legitimados Ativos: Todas as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, domiciliadas ou não no
Brasil; Ministério Público; Alguns órgãos públicos (órgãos de grau superior), na defesa de suas prerrogativas
e atribuições; As universalidades (que não chegam a ser pessoas jurídicas) reconhecidas por lei como
detentoras de capacidade processual para a defesa de seus direitos (Ex: massa falida/ espólio).

- Não há condenação ao pagamento dos honorários advocatícios (ônus de sucumbência).

- Há custas processuais.

# Mandado de Segurança Coletivo

- Legitimados Ativos: organização sindical; entidade de classe ou associação legalmente constituída e em


funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. (art. 5º,
LXX da CRFB/88)

- A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe
da autorização destes. (Súmula 629 STF)

- A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão veiculada
interesse apenas a uma parte da respectiva categoria. (Súmula 630 STF)

# Mandado de Injunção

- Falta de norma regulamentadora que inviabilize o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e as
prerrogativas inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania. (art. 5º, LXXI da CRFB/88)

- Quando uma norma de eficácia limitada da Constituição não for regulamentada.

- Legitimados Ativos: Qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira.

- Legitimados Passivos: Autoridade que se omitiu à proposição da lei ou ato normativo.

- Não há isenção de custas.

- Pressupostos: 1. Falta de norma que regulamente uma norma constitucional programática propriamente
dita ou que defina princípios institutivos ou organizativos de natureza impositiva; 2. Nexo de causalidade
entre a omissão do legislador e a impossibilidade de exercício de um direito ou liberdade constitucional ou
prerrogativa inerente à nacionalidade, à soberania e à cidadania; 3. O decurso de prazo razoável para
elaboração da norma regulamentadora (retardamento abusivo na regulamentação legislativa).

# Mandado de Injunção Coletivo

- Legitimados Ativos: Ministério Público; Partido Político com representação no Congresso Nacional;
Organização Sindical, Entidade de classe ou Associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo
menos 1 (um) ano; Defensoria Pública.

- Corrente Não Concretista: a decisão apenas realizará uma recomendação ao legislador.

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- Corrente Concretista: o Judiciário deve adotar uma postura ativa, ou seja, não basta reconhecer a omissão
legislativa, é necessário efetivar a concretização do direito.

- Concretista Geral: Efeitos erga omnes, alcance além do caso concreto.

- Concretista Individual: Eficácia interpartes, limitada as partes do caso concreto.

- Individual Direta: realizada pelo Judiciário de forma direta e imediatamente.

- Individual Intermediária: não cabe ao Judiciário a concretização imediatamente do direito do autor da ação.
Primeiro, o órgão omisso será comunicado e haverá um prazo para suprir a omissão. Contudo, se a norma
regulamentadora não for elaborada, então as providências necessárias para a concretização do direito serão
realizadas pelo Judiciário. Ao analisar a Lei nº 13.300/2016, percebe-se que o Legislador adotou a corrente
intermediária quanto ao reconhecimento da mora legislativa.

# Habeas Data

- Direito à informação, retificação ou assentamento de dados - constante de registros ou bancos de dados.


(art. 5º, LXXII da CRFB/88)

- Qualquer PF ou PJ, nacional ou estrangeira.

- Legitimados Passivos: Entidades governamentais ou PJ de caráter público que tenham registros ou banco
de dados, ou, ainda, PJ de direito privado detentoras de banco de dados de caráter público.

- Há isenção de custas.

# Ação Popular

- Objetivo é a anulação do ato lesivo ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente
e ao patrimônio histórico e cultural. (art. 5º, LXIX e LXXIII da CRFB/88)

- Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular.

- Ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.

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Aula 02

Nacionalidade

# Perda de Nacionalidade

- Recentemente, tivemos a promulgação da Emenda Constitucional nº. 131/23 que trouxe alterações
significativas nas hipóteses de perda da nacionalidade brasileira.

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- Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de fraude relacionada ao processo de
naturalização ou de atentado contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;

II - fizer pedido expresso de perda da nacionalidade brasileira perante autoridade brasileira competente,
ressalvadas situações que acarretem apatridia.

- Analisando os dois novos incisos, temos: (i) o cancelamento de naturalização; e (ii) chamado pedido
expresso.

- A renúncia da nacionalidade, não impede o interessado de readquirir sua nacionalidade brasileira


originária, nos termos da lei.

Organização do Estado

# A Federação

- Características

1. Repartição constitucional de competências: a CRFB/88 define quais são as atribuições de cada ente
federativo.

2. Indissolubilidade do vínculo federativo: não é permitido que os entes se retirem da federação (não há a
presença do direito de secessão).

3. Nacionalidade única: todos os cidadãos da federação possuem a mesma nacionalidade independente do


seu estado-membro de origem.

4. Rigidez constitucional: para a manutenção de um Estado federal é preciso que o pacto federativo seja
protegido.

5. Existência de mecanismo de intervenção: federais ou estaduais que são usados para combater atos
praticados contra o pacto federativo.

6. Existência de um Tribunal Federativo: cuja finalidade é solucionar litígios entre os entes federativos. No
Brasil, essa competência é do STF.

7. Participação dos entes federativos na formação da vontade nacional: através de um órgão legislativo. Na
federação brasileira os Estados e o DF participam da vontade nacional através do Senado Federal. Esse órgão
representa os poderes regionais, menos os Municípios.

# Alteração na Estrutura da Federação

- Alteração na estrutura dos Estados: Consulta prévia às populações diretamente interessadas - Realização
de plebiscito - Oitiva das Assembleias Legislativas dos estados interessados (opinativa) - Edição de Lei
Complementar pelo Congresso Nacional.

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1. Fusão: é a formação de um novo ente federado a partir da união de outros, que deixam de existir.

2. Incorporação: aqui um ente federativo (Estado agregado) desaparece após ser incorporado por um outro
Estado (Estado agregador), que terá um aumento no seu território. Ocorre a manutenção da personalidade
do Estado agregador.

3. Subdivisão ou cisão: ao se subdividir um Estado desaparece dando origem a outros Estados ou Territórios
Federais. Surgem duas ou mais novas personalidades jurídicas.

4. Desmembramento-anexação: não haverá extinção de personalidade jurídica alguma. Um ou mais Estados


cede apenas parte de seu território, que será anexada a um outro Estado.

5. Desmembramento-formação: um novo ente é criado a partir de parcela do território cedida por um ou


mais Estados. Não haverá a extinção de ente algum.

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Repartição de Competências

# Competência Concorrente

- Entre a União, os Estados e DF.

- Ex: Penitenciário, Urbanístico, Financeiro, Econômico, Tributário, Orçamento (PUFETO).

- A competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.

- Não exclui a competência suplementar dos Estados.

- Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para
atender a suas peculiaridades.

- A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for
contrário.

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Processo Legislativo Constitucional

# Procedimento Legislativo Ordinário

- Iniciativa privativa do Presidente da República: o art. 61 §1º, da CRFB/88 que estabelece quais matérias
são da iniciativa privativa do Presidente da República, ou seja, aquelas que somente podem ser objeto de
projeto apresentado por ele, como: leis que fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;
disponham sobre criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou
aumento de sua remuneração.

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- Sanção (ato unilateral do Presidente da República, por meio do qual este manifesta sua aquiescência, ato
irretratável).

- Veto (manifesta discordância, sempre motivado, pode ser jurídico ou político, irretratável).

# Procedimento Legislativo Especial

- Emendas Constitucionais:

- Nossa CF/88 é rígida, logo, o processo de emenda constitucional é mais difícil.

- Iniciativa: a) de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; b) do
Presidente da República; c) de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação,
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

- Discussão e votação: em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada
quando obtiver, em ambos, 3/5 dos votos dos membros de cada uma delas. Rejeitada ou havida por
prejudicada? Arquivada, não podendo a matéria dela constante ser objeto de nova proposta na mesma
sessão legislativa (princípio da irrepetibilidade - aqui é absoluto).

- Promulgação: Atenção!!! Será pelas Mesas da Câmara e do Senado, com o respectivo número de ordem,
se aprovada.

- Limitações ao Poder de Reforma: Vale ressaltar que o poder de reforma da CF é permanente, deve obedecer
aos requisitos da CF, também é de observância obrigatória pelos Estados-membros. Podemos ter 4 tipos de
limitações:

1. Temporais: ocorrem quando o Poder Constituinte Originário estabelece um prazo durante o qual não pode
haver modificações ao texto da Constituição (não houve até o momento).

2. Circunstanciais: a Constituição estabelece que em certos momentos de instabilidade política do Estado


seu texto não poderá ser modificado. CF/88 estabelece: estado de sítio, estado de defesa e intervenção
federal (o que não se permite é a promulgação das emendas constitucionais).

3. Formais: já destrinchados anteriormente, referentes a: iniciativa, discussão e votação, promulgação e


princípio da irrepetibilidade.

4. Materiais: matérias não poderão ser abolidas por meio de emenda. São divididas doutrinariamente em
dois grupos. O primeiro tipo delas – explícitas ou expressas (art. 60, § 4º da CF/88): a forma federativa de
Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes e os direitos e garantias
individuais, chamadas “cláusulas pétreas expressas”, que são insuscetíveis de abolição por meio de emenda
constitucional. Temos também as limitações implícitas, dentre elas: a titularidade do Poder Constituinte
Originário (Povo) e Derivado (Congresso Nacional) e os procedimentos de reforma e revisão constitucional.

- O STF entende que somente é obrigatório o retorno da proposta de emenda à Constituição à Casa
Legislativa de origem quando ocorrer modificação substancial de seu texto.

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- Medidas Provisórias:

- Ato normativo primário geral.

- Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força
de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. Porém, caso este esteja de recesso, não há
a necessidade de convocação extraordinária.

- Há matérias que as medidas provisórias não podem tratar - art. 62, § 1º da CF/88. Exemplos: relativa a
nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral.

- Uma vez editada pelo Presidente, esta deverá ser submetida, de imediato, ao Congresso Nacional, onde
terá o prazo de 60 dias (prorrogáveis por mais sessenta) para ser apreciada (os prazos não correm durante
os períodos de recesso do Congresso Nacional).

- Será apreciada por uma comissão mista, composta de senadores e deputados, que apresentará um parecer
favorável ou não à sua conversão em lei. Emitido o parecer, o Plenário das Casas Legislativas examinará a
medida provisória.

- A votação será iniciada, obrigatoriamente, pela Câmara dos Deputados, que é a Casa iniciadora.

- Medida provisória integralmente convertida em lei? O Presidente do Senado Federal a promulgará,


remetendo-a para publicação.

- Integralmente rejeitada ou perca sua eficácia por decurso de prazo (em face da não apreciação pelo
Congresso Nacional no prazo estabelecido)? O Congresso Nacional baixará ato declarando-a insubsistente e
deverá disciplinar, por meio de decreto legislativo, no prazo de sessenta dias, as relações jurídicas dela
decorrentes. Caso contrário, as relações jurídicas surgidas no período permanecerão regidas pela medida
provisória.

- Não for apreciada em até 45 dias contados de sua publicação? Entrará em regime de urgência,
subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional.

- Efeito repristinatório: Quando uma medida provisória é editada, ela suspende a eficácia da norma anterior
que lhe for contrária. Caso a medida provisória não seja convertida em lei ou perca sua eficácia por decurso
de prazo, será restaurada a eficácia da norma suspensa.

- Contrabando legislativo: o STF passou a entender que o Congresso Nacional não pode incluir, em medidas
provisórias editadas pelo Poder Executivo, emendas parlamentares que não tenham pertinência temática
com a norma.

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Aula 03

Controle Abstrato de Constitucionalidade

Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADI

- Competência: STF

- Parâmetro de Controle: Todas as normas constantes do texto constitucional; tratado sobre direitos
humanos. Somente as normas constitucionais em vigor podem ser parâmetro.

- Objeto de Controle: Aferição da validade de lei ou ato normativo federal ou estadual editados
posteriormente à promulgação da Constituição Federal. Só podem ser impugnados via ADI atos que possuam
normatividade, isto é, sejam dotados de generalidade e abstração.

Logo, os atos de efeitos concretos, em regra, não podem ser objeto de controle abstrato de
constitucionalidade, salvo atos de efeitos concretos aprovados sob a forma de lei em sentido estrito,
elaborada pelo Poder Legislativo e aprovada pelo Chefe do Executivo, podem ser objeto de ADI (a LDO, a
LOA e as MP's que abrem créditos extraordinários podem ser objeto de controle de constitucionalidade por
meio de ADI).

Atenção!! Caso uma lei distrital tenha sido editada no exercício de competência estadual, ela poderá ser
objeto de ADI perante o STF; no entanto, caso a lei distrital tenha sido editada no exercício de competência
municipal, ela não poderá ter sua constitucionalidade examinada por meio de ADI.

- Legitimidade ativa

1. Legitimados Universais: Aqueles que podem propor ADI sobre qualquer matéria. São eles: Presidente da
República, Mesa do Senado Federal, Mesa da Câmara dos Deputados, partido político com representação
no Congresso Nacional, Procurador-Geral da República e Conselho Federal da OAB.

2. Legitimados Especiais: Podem propor ADI quando haja comprovado interesse de agir, ou seja, pertinência
entre a matéria do ato impugnado e as funções exercidas pelo legitimado. Precisa de pertinência temática.
São eles o Governador de Estado e do DF, Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF e
confederação sindical e entidade de classe de âmbito nacional.

- Processo decisório da ADI: Apresentada a petição inicial, ela será distribuída a um Ministro do STF (Ministro
Relator). Caso seja inepta, não fundamentada ou manifestamente improcedente, ela será liminarmente
indeferida pelo relator. Nesse caso, a ADI não será nem mesmo conhecida pelo STF.

Se a ADI for admitida, o relator pedirá informações aos órgãos ou às autoridades das quais emanou a lei ou
o ato normativo impugnado. Se a lei cuja constitucionalidade é arguida for uma lei federal, serão solicitadas
informações ao Congresso Nacional. Se for uma lei estadual, o relator solicitará informações à Assembleia
Legislativa do Estado do qual ela provém. Essas informações serão prestadas no prazo de 30 (trinta dias)
contados do recebimento do pedido.

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- Intervenção de terceiros e "Amicus Curiae": não se admite intervenção de terceiros no processo de ADI,
porém admite "amicus curiae".

- Participação do AGU e do PGR: o AGU atua, em regra, em defesa da constitucionalidade da norma


impugnada. O PGR atua como "fiscal da Constituição", sua participação é obrigatória.

- Medida Cautelar: Possível se presentes a fumaça do bom direito e o perigo na demora. Será concedida por
decisão da maioria absoluta dos membros do STF (seis votos), devendo estar presentes na sessão, pelo
menos, oito Ministros (quórum de presença). Efeitos: ex nunc, erga omnes, vinculante e repristinatório,
porém, o STF poderá afastar o efeito repristinatório.

- Imprescritibilidade: Não há prazo prescricional ou decadencial.

- Deliberação: Quórum de presença - pelo menos 8 Ministros; quórum de votação - 6 Ministros (maioria
absoluta).

- Natureza dúplice ou ambivalente: A decisão de mérito proferida produz eficácia quando o pedido é
concedido ou quando é negado.

- Efeitos da decisão: Ex tunc, erga omnes, vinculante e repristinatório. A decisão de mérito em ADI é
definitiva/irrecorrível, ressalvada a interposição de embargos declaratórios. Também não cabe ação
rescisória.

- Modulação temporal dos efeitos da decisão: Poderá o Supremo, por decisão de 2/3 (dois terços) dos seus
membros, em situações especiais, tendo em vista razões de segurança jurídica ou relevante interesse
nacional, restringir os efeitos da declaração de inconstitucionalidade, dar efeitos prospectivos (“ex nunc”) à
mesma, ou fixar outro momento para que sua eficácia tenha início.

- Caso especial - ADI interventiva: É um instrumento destinado a proteger os princípios constitucionais


sensíveis. A ADI interventiva é uma das formas pelas quais se viabiliza a intervenção federal (nos Estados, DF
ou municípios localizados em Territórios) e a intervenção estadual (nos Municípios).

Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão - ADO

- Legitimados Ativos: Mesmos legitimados da ADI.

- Legitimados Passivos: Órgãos ou autoridades omissas, que deixaram de tomar as medidas necessárias à
implementação dos dispositivos constitucionais não-autoaplicáveis.

- Objeto da ADO: Omissão (de órgãos federais e estaduais em face da CF/88) inconstitucional, caracterizada
pela inobservância da Carta Magna devido à inércia do poder constituído competente para promover sua
implementação. A omissão deverá relacionar-se a normas constitucionais de eficácia limitada de caráter
mandatório, cuja aplicabilidade requer uma ação do Poder Público.

- Atuação da AGU e PGR: Na ADI, é obrigatória a manifestação do AGU e do PGR. Já na ADO, o PGR deverá
sempre se manifestar, porém a participação do AGU não é obrigatória.

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- Medida Cautelar na ADO: O Tribunal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, desde que
presentes à sessão de julgamento pelo menos 08 ministros, poderá conceder medida cautelar, após a
audiência dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão inconstitucional, que deverão pronunciar-
se no prazo de cinco dias.

A medida cautelar poderá consistir em: a) Suspensão da aplicação da lei ou do ato normativo questionado,
no caso de omissão parcial. b) Suspensão de processos judiciais ou processos administrativos. c) Outra
providência fixada pelo Tribunal.

- Efeitos da decisão: 2 situações:

1. Em caso de omissão de um do Poderes do Estado: o STF dará ciência ao Poder competente para a adoção
das providências necessárias.

2. Em caso de omissão imputável a órgão administrativo: o STF notificará o órgão para que adote as
providências necessárias em 30 (trinta) dias a partir da ciência da decisão ou em outro prazo razoável a ser
estipulado pelo Tribunal, tendo em vista as circunstâncias específicas do caso e o interesse público
envolvido.

Atenção!! Na ADI nº 3.682, o STF estipulou o prazo de 18 (dezoito) meses para que o Congresso Nacional
conferisse disciplina legislativa ao tema, contemplando as situações verificadas em virtude da omissão
legislativa.

Ação Declaratória de Constitucionalidade - ADC

- Legitimados Ativos: Mesmos legitimados da ADI.

- Objeto: Leis e atos normativos federais apenas. Para que a ADC possa ser ajuizada, é necessário que haja
controvérsia judicial que esteja pondo em risco a presunção de constitucionalidade da norma impugnada.

- AGU e PGR: Não há participação do AGU. Manifestação do PGR é obrigatória.

- Medida Cautelar em ADC: Da mesma forma que na ADI, o STF poderá, em sede de ADC, deferir pedido de
medida cautelar, por decisão da maioria absoluta dos seus membros. Esta consistirá na determinação de
que os juízes e tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato
normativo objeto da ação até que esta seja julgada em definitivo.

- Impossibilidade de desistência: Não é admissível a desistência, assim como ocorre na ADI e ADO.

- Intervenção de terceiros e "Amicus Curiae": Não é admitida a intervenção de terceiros. É admitida a figura
do “amicus curiae”.

- Efeitos da decisão: Eficácia contra todos, efeito vinculante, natureza dúplice, ex tunc. Quando houver a
declaração de inconstitucionalidade da norma, é possível a modulação dos efeitos temporais da sentença.

Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental - ADPF

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- Legitimidade ativa: Mesmos legitimados da ADI.

- Objeto: Leis e atos normativos municipais, dos atos administrativos e do direito pré-constitucional. A ADPF
tem caráter subsidiário, ou seja, não será admitida arguição de descumprimento de preceito fundamental
quando houver qualquer outro meio eficaz para sanar a lesividade.

- Tutela Provisória de urgência e medida liminar: A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e
tribunais suspendam o andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra
medida que apresente relação com a matéria objeto da ADPF, salvo se decorrentes da coisa julgada.

- Amicus Curiae: Fica a critério do relator, caso entenda oportuno, o deferimento do pedido de “amicus
curiae”.

- Princípio da Fungibilidade: A ADI e a ADPF são consideradas ações fungíveis, o que significa que uma pode
ser substituída pela outra.

- Efeitos da decisão de mérito: Erga omnes, ex tunc, vinculante. Possível modulação temporal da declaração
de constitucionalidade. Ao contrário das decisões proferidas em ADI e ADC, que só produzem efeitos a partir
da publicação da ata de julgamento no Diário da Justiça, a decisão de mérito em ADPF produz efeitos
imediatos, independentemente da publicação do acórdão.

Link de Questões: CLICA AQUI

DIREITO CIVIL

Introdução
Olá, galera! Tudo bem?
Aqui quem fala é o Prof. Paulo Sousa, professor de Direito Civil na 1ª e 2ª Fases do Exame da OAB. Eu gostaria
de apresentar a você minhas apostas finais para a 1ª Fase do XL Exame de Ordem. Serão duas aulas com
resumos dos principais pontos, esta é a primeira.
Como você sabe, o Direito Civil é a matéria com mais conteúdo na prova da 1ª Fase, disparado. Por isso, hora
de eu calibrar a mira pra conseguir acertar o alvo com minhas melhores apostas!
Forte abraço,
Prof. Paulo Sousa

Aula 01

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1. Direito das Obrigações: Inadimplemento

1.1 - Mora

A mora não ocorre apenas nos casos de obrigação pecuniária, verificando-se também nas obrigações de
fazer ou não fazer e nas obrigações de dar coisa diferente de dinheiro.

A. Mora do devedor

Na dívida pura, a jurisprudência entende que uma vez interpelado o devedor, judicial ou extrajudicialmente
(mora ex persona), para adimplir a obrigação, deve-se conceder um prazo razoável para que isso seja feito,
não se considerando a mora desde o momento da notificação.

Nos casos de obrigação impura a mora opera automaticamente com o evento (mora ex re), não se
necessitando de interpelação (dies interpellat pro homine, ou seja, o dia interpela pelo homem). Se a
obrigação for pecuniária, só se pode falar em mora quando a dívida é líquida e certa; se for ilíquida, deve o
credor propor ação para liquidá-la, segundo as regras processuais (notadamente os arts. 509 e ss. do
CPC/2015).

Em qualquer caso, configurada a mora, em decorrência do reconhecimento do inadimplemento


(descumprimento com imputação), há dois efeitos para o devedor:

B. Mora do credor

Se o credor tem razões jurídicas para se negar a receber, não se configura sua mora, segundo o art. 396 do
CC/2002. Para o credor há apenas um efeito da mora:

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C. Purgação ou emenda da mora

Nas situações de mora, seja da parte devedora, seja da parte credora, tem a contraparte o direito de purgar
a mora, ou seja, oferecer a prestação devida, ou receber a prestação, respectivamente, arcando com as
consequências decorrentes da mora, na dicção do art. 401.

1.2 - Perdas e danos

Quando se imputa o inadimplemento ao devedor, além dos juros e da cláusula penal, deve indenizar o credor
pelas perdas e danos devidos. Essa indenização por perdas e danos abrange duas espécies de prejuízos:

1.3 - Juros

Os juros são prestações acessórias que se acoplam à obrigação principal. Quanto à origem, você pode
visualizar juros que nascem da lei (juros legais) ou da vontade (juros convencionais).

A. Moratórios

O CC/2002 chama os juros moratórios de “juros legais”, dando a entender que os juros moratórios decorrem
de Lei, apenas. No entanto, decorrentes da mora, podem eles ser livremente pactuados, como regra geral.
Não obstante, essa regra sofre numerosas exceções, em sua maioria decorrentes de Lei.

B. Compensatórios ou remuneratórios

Os juros são tradicionalmente a remuneração do capital. Por isso, são também chamados de frutos civis.
Toda vez que alguém faz disposição de determinado capital, tem direito de cobrar uma remuneração pelo
tempo que deixou de usufruir daquele capital (é basicamente uma remuneração pelo tempo que se deixou
de usar o dinheiro). Por isso, os juros remuneratórios não exigem mora e não se ligam ao descumprimento
de uma obrigação.

1.4 - Correção monetária

A correção monetária nada mais é do que a recomposição do valor da moeda, que é paulatinamente
alterado pela variação inflacionária. Tão maior for a inflação, maior a desvalorização da moeda será,
exigindo recomposição para que o valor de compra não seja reduzido.

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1.5 - Cláusula penal

Também chamada de pena convencional, está tratada nos arts. 408 a 416. Entende-se como a convenção de
uma prestação acessória que é devida nos casos de inadimplemento absoluto ou relativo ou ainda de
descumprimento de alguma cláusula específica, na dicção do art. 406.

Não confunda a cláusula penal com a multa penitencial, que é cabível nos casos de resilição unilateral do
contrato (“quebra de contrato”).

1.6 - Arras

A. Arras confirmatórias

Consistem na entrega de uma quantia ou coisa para a garantia de que o pacto será cumprido, servindo
também como adiantamento do pagamento, conforme estabelece o art. 417. Como não possuem caráter
de pena, a parte que recebeu as arras deve devolvê-las ou imputar seu valor no pagamento da obrigação.
Sua função é, portanto, de garantia, primordialmente.

B. Arras penitenciais

Consistem na entrega de uma quantia para, igualmente, garantir a efetividade do pacto, mas servem como
possibilidade de arrependimento às partes. Sua função é, portanto, meramente indenizatória.

2. Direito dos Contratos: Teoria geral

2.1 - Garantias

A. Vícios redibitórios

A disciplina dos vícios redibitórios vale para todos os contratos comutativos e onerosos; ou seja, não vale
para contratos aleatórios ou gratuitos/benéficos, conforme regra do art. 441.

Os vícios redibitórios são defeitos ocultos que desvalorizam a coisa ou a tornam imprestável para o uso
proposto. Aplica-se a redibição ainda que a coisa pereça em poder do adquirente, desde que o vício tenha
surgido antes da tradição, na leitura do art. 444.

Para que se verifique a existência de um vício redibitório, exige-se a presença de três requisitos:

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B. Evicção

O que significa evicção? Segundo César Fiuza: "É a perda judicial da coisa, em virtude de sentença, por quem
a possuía como sua, em favor de terceiro, detentor de direito anterior sobre ela".

O CC/2002 protege o evicto quando da aquisição da coisa em hasta pública, numa tentativa de aumentar
o valor pago pelos bens em leilões e estimular sua compra, com menos riscos. É o teor do art. 447;
exatamente o inverso da disciplina dos vícios redibitórios!

C. Exceção de contrato não cumprido

O art. 476 estabelece claramente que nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes pode exigir o
cumprimento da parte do outro, antes de cumprida a sua própria obrigação. É a chamada exceção de
contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus). A exceção, aqui, tem a noção processual de
defesa, de contradireito, tal qual a exceção de incompetência processual, por exemplo.

Somente aos contratos bilaterais aplica-se a exceção de contrato não cumprido. Em se tratando de
contratos unilaterais, ao contrário, não há que se falar em aplicação da exceção, tendo em conta que
apenas uma das partes é onerada por ele (ausência de bilateralidade).

2.2 - Revisão

A. Teoria da imprevisão por onerosidade excessiva

Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação
seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva. É o apelo à
vetusta cláusula canônica rebus sic stantibus.

A partir dessa cláusula, a Teoria da Imprevisão pretende reconhecer que acontecimentos supervenientes
e imprevisíveis, ocorridos involuntariamente, refletem diretamente na execução do contrato, autorizando
em alguns casos a sua resolução ou revisão, ajustando o pacto a essas novas e diferentes circunstâncias.

B. Teoria da quebra da base objetiva do negócio

Para que se aplique essa teoria, é necessário a presença de dois requisitos para sua configuração:

• A. Desequilíbrio da prestação

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• B. Rompimento objetivo da finalidade contratual

Veja-se que é desnecessário se verificar os requisitos de imprevisibilidade, onerosidade excessiva ou


irresistibilidade para que se possa revisar ou resolver o contrato, o que é bastante útil na prática, eis que
não se precisa provar que tal fato era ou não previsível e que sua alteração terá causado onerosidade
pequena ou grande. Basta que se prove que a mudança nos fatos tenha desnaturado a própria razão de
ser do contrato.

Aula 02

1. Direito dos Contratos - Doação

1.1. Disposições gerais

A aceitação pelo donatário é elemento indispensável para a doação e precisa ser, em geral, expressa,
segundo se extrai do art. 539. A aceitação do donatário será tácita ou presumida nos casos previstos nos
arts. 539, 543 e 546:

1.2. Restrições

Em geral, a doação é ampla e irrestrita. A lei, porém, em determinadas situações, veda que se doe, ou ao
menos restringe o alcance da doação. Quais são essas hipóteses?

• A) DOAÇÃO DE TODOS OS BENS DO DOADOR (DOAÇÃO UNIVERSAL OU TOTAL)


• Segundo o art. 548, não se pode doar todo o patrimônio, sem reserva de parte ou de renda
suficiente para a subsistência (estatuto jurídico do patrimônio mínimo, na lição de Luiz Edson
Fachin).
• O objetivo é proteger o doador e a sociedade, evitando que aquele passe a ficar totalmente
desamparado e tenha que ser assistido pelo Estado.
• B) DOAÇÃO DE PARTE QUE CABERIA À LEGÍTIMA (DOAÇÃO INOFICIOSA)
• Nos termos do art. 549, é nula a doação que é superior à parte disponível.
• A legítima é a parte da herança sobre a qual não pode o doador versar (art. 1.789). Essa
restrição visa a proteger o patrimônio dos herdeiros.

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• No momento da doação deve ser aferido se o bem a ser doado é superior à metade dos bens
do doador. Se for, o prejudicado deve propor ação para reduzir o valor doado
inoficiosamente, para que ele volte à legítima.
• Se o doador não tiver herdeiros necessários, ele tem ampla liberdade de doar os bens,
observando-se apenas as demais restrições previstas;
• A exceção fica para o caso de a doação ser feita ao filho por nascer do descendente, o
nascituro, conforme permite o art. 542.
• C) DOAÇÃO DO CÔNJUGE ADÚLTERO A SEU CÚMPLICE (DOAÇÃO ADÚLTERA)
• Prevista no art. 550, a restrição existe para proteger o cônjuge e os herdeiros necessários.
• D) DOAÇÃO QUE PREJUDIQUE OS CREDORES DO DOADOR (DOAÇÃO FRAUDATÓRIA)
• Prevista no art. 158;
• Protege os credores quirografários contra fraudes;
• Podem anular a doação quando o doador estiver insolvente com eles ou ficar insolvente com
os credores por ter doado bens a terceiros.

Assim, são nulas as doações de todos os bens do doador e as doações realizadas em parte superior à da
legítima, e, consequentemente, as ações declaratórias são imprescritíveis (art. 169). Por sua vez, são
anuláveis as doações feitas pelo cônjuge adúltero ao cúmplice, e, consequentemente, a ação
(des)constitutiva tem prazo decadencial de 2 anos (art. 179). Além disso, são anuláveis as doações
realizadas de maneira fraudatória em face dos credores, e, consequentemente, a ação (des)constitutiva
tem prazo decadencial de 4 anos (art. 178, inc. II).

A doação pode ser revogada, não se permitindo, inclusive, que o doador renuncie antecipadamente ao
direito de revogar doações feitas (art. 556), nos seguintes casos:

A) DESCUMPRIMENTO DO ENCARGO

• Se o donatário incorrer em mora, não cumprindo o encargo no prazo assinalado pelo doador,
o doador pode desfazer a doação (art. 555).
• Para isso, o doador deve conceder prazo razoável ao donatário para cumpri-lo (art. 562).

B) INGRATIDÃO DO DONATÁRIO

• O legislador visou a punir o donatário. Possibilidades (art. 557, incisos):


• a) se o donatário atentar contra a vida do doador ou cometer crime de homicídio doloso
contra ele (sendo que, nesse último caso, a ação de revogação será proposta pelos herdeiros
do doador assassinado);
• b) se o donatário praticar ofensa física contra o doador;
• c) se o beneficiado injuriou ou caluniou gravemente o doador;
• d) se o donatário, tendo condições financeiras, negar-se a prestar alimentos ao doador que
deles necessitar.
• Há exceções à revogabilidade por ingratidão. Ou seja, mesmo que caracterizada a ingratidão, a doação se
manterá incólume (art. 564, incisos):

A) DOAÇÕES PURAMENTE REMUNERATÓRIAS

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• Aquelas em que o doador transferiu o bem em reconhecimento a serviços prestados pelo
donatário, salvo na parte que excede a remuneração.

B) DOAÇÕES ONERADAS COM ENCARGO JÁ CUMPRIDO

C) DOAÇÕES QUE SE FIZEREM EM CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO NATURAL

D) DOAÇÕES FEITAS PARA DETERMINADO CASAMENTO (PROPTER NUPTIAS)

2. Direito das Coisas: Posse

2.1. Modalidades

2. Composse

Em regra, o objeto da posse tem de ser exclusivo, pela própria natureza da posse. Porém, nada impede
que a apreensão de uma coisa seja comum a mais de uma pessoa.

A composse não se confunde com o desdobramento entre posse direta e indireta (o proprietário é
possuidor indireto da coisa locada, enquanto o locatário detém a posse direta). Ou seja, possuidores direto
e indireto não possuem composse – aqui, o grau de posse é que varia, já que um dos possuidores fica privado
da coisa.

A composse exige que todos possam utilizar a coisa diretamente, sem excluir os demais, segundo o
disposto no art. 1.199 do CC/2002, pelo que diversos possuidores podem exercer a posse
simultaneamente. Ou seja, ela é semelhante ao condomínio, onde todos são proprietários de uma cota
abstrata da coisa, de modo indivisível ou pro indiviso.

B. Espécies de posse

1. QUANTO AO VÍCIO OBJETIVO

• Classificação adotada pelo art. 1.200 do CC/2002, que considera a aquisição da posse de
modo lícito ou ilícito:

A. Posse justa

• Se for adquirida por meios legalmente admitidos, a posse é justa, ou seja, posse conforme o
Direito.
• Ela é justa quando não maculada pela violência, clandestinidade ou precariedade.
• Tem de ser pública (para que o interessado em sua extinção tome as medidas possessórias) e
contínua (exercício de modo manso e pacífico).

B. Posse injusta

• Ao contrário, aquela adquirida de modo violento, clandestino ou precário.


• Posse violenta é aquela adquirida por força, mediante a prática de atos irresistíveis.

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• Posse clandestina é aquela obtida às escondidas, usando de artifícios para enganar o
possuidor.
• Posse precária, por sua vez, se obtém por abuso de confiança, sem que fosse restituída a coisa
devida.

2. QUANTO AO VÍCIO SUBJETIVO

• A posse depende de avaliação do estado anímico do possuidor. Em regra, entende-se manter


a posse o mesmo caráter com que foi adquirida, segundo estabelece o art. 1.203 do CC/2002:

A. Posse de boa-fé

• O possuidor ignora o obstáculo que impede a aquisição da coisa, nos termos do art. 1.201 do
CC/2002. Ou seja, a boa-fé é negativa, ignorância, não positiva, convicção. Pode ser:
• i. real: apoiada em elementos evidentes que não deixam dúvida;
• ii. presumida: quando possui justo título (art. 1.201, parágrafo único).

B. Posse de má-fé

• Mesmo conhecendo o vício, possui.


• O estado de dúvida não induz, necessariamente, a má-fé; deve haver culpa grave para
caracterizá-la (erro inescusável).

3. QUANTO AO TÍTULO

• A partir da noção mais tradicional de título causal, um título que representa a causa do
negócio jurídico, fala-se em “causa representativa de transmissão” da posse. Assim, pode ser
ela:

A. Posse com título

• O possuidor adquire a posse com uma "causa representativa de transmissão", como ocorre
na posse direta transmitida do locador ao locatário por meio do contrato de locação.
• Também chamada de posse civil ou jurídica.

B. Posse sem título

• O possuidor apreende a coisa mesmo sem um título representativo da causa, como no caso
da acessão causada pela formação de ilhas.
• Também chamada de posse natural.

4. QUANTO AO DESDOBRAMENTO DA POSSE

• Consequência da "Teoria objetiva" de Jhering, utilizada pelo Direito brasileiro. Podem existir,
portanto, duas relações de posse sobre a coisa, sem que elas se anulem:

A. Posse direta

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• Aquele que detém o poder físico detém a posse direta. Em geral, o proprietário é também
possuidor direto. Mas nem sempre.
• O possuidor indireto pode defender autonomamente sua posse, mesmo contra o possuidor
direto, se for turbado na posse (art. 1.197 do CC/2002).
• É o caso, por exemplo, do locador que tenta um “despejo extrajudicial”; o locatário pode
exercer uma reintegração de posse em face do locador, nesse caso.

B. Posse indireta

• O proprietário, ainda que limitadamente, detém a posse indireta da coisa, mesmo que não a
detenha, não a tenha consigo ou não a utilize.
• É o caso do locador, que não detém a posse direta, mas, por causa do direito de propriedade,
detém posse indireta.

Aula 03

1. Direito de Família: União estável

1.1. Requisitos

A união estável goza de proteção legal por força do art. 226, §3º, da CF/1988 (“Para efeito da proteção do
Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei
facilitar sua conversão em casamento”). O art. 1.723 do CC/2002, assim, reconhece como entidade familiar
a união estável entre um homem e uma mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura
e estabelecida com o objetivo de constituição de família.

Por força de decisão do STF, na Adin 4.277 e na ADPF 132, a união estável se estende também a casais
formados por pessoas do mesmo sexo, já que a Corte julgou inconstitucional a parte que trata da
diversidade de gênero.

Seja na união heteroafetiva, seja na união homoafetiva, é possível retirar do art. 1.723 os requisitos para
que se configure a união estável.

1. ESTABILIDADE

• Art. 226, §3º, da CF/1988

Não é qualquer união de fato entre duas pessoas que gera efeitos no campo familiar, seja pessoalmente,
seja patrimonialmente. O fator tempo, assim, exerce papel importante.

2. PUBLICIDADE

• Art. 1.723 do CC/2002

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Deve haver publicidade da relação, ou seja, não pode o relacionamento das partes se limitar ao âmbito
privado. Inversamente, a privacidade da união a aproxima do “concubinato”, situação na qual um ou
ambos os conviventes pretendiam ocultar sua relação, por variadas razões, desde morais a jurídicas.

3. CONTINUIDADE

• Art. 1.723 do CC/2002

Igualmente, a relação, apesar de estável e pública, pode ser entremeada por períodos de falta de
convivência. Novamente, o juiz se valerá de elementos variados para julgar o que é e o que não é contínuo,
já que, atualmente, não é incomum que casais, mesmo casados, acabem tendo rupturas relativamente
longas.

4. OBJETIVO DE CONSTITUIÇÃO DE FAMÍLIA

• Art. 1.723 do CC/2002

Esse requisito é um tanto óbvio, pois mesmo que duas pessoas convivam de maneira estável, pública,
contínua e duradoura, isso não configurará união estável se não houver objetivo de constituir família.

1.2. Defeitos

À união estável são aplicadas as mesmas regras dos defeitos do casamento, em regra. Vou resumir aqui
esses elementos, desdobrando-os quando da análise do matrimônio, mais adiante. Inicialmente, trato do
tema a partir da tripartição de planos da Teoria do Fato Jurídico ponteana, quais sejam os planos da
existência, da validade e da eficácia.

Primeiro, quanto ao plano da inexistência. Será inexistente a união estável apenas no caso de ausência de
vontade, derivada da coação absoluta (vis absoluta). Não se aplica à união estável a existência de forma,
relativa à incompetência absoluta (ratione materiae) da autoridade celebrante, porque autoridade
celebrante não há.

Segundo, quando o plano da validade, a união estável pode ser nula ou anulável. Será nula a união estável
nos casos do art. 1.521, sendo que eventual união de pessoas à revelia do impedimento legal constituirá
mero concubinato. Não podem constituir união estável:

• I. Os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil


• II. Os afins do companheiro, em linha reta
• III. O adotante com quem foi companheiro do adotado e o adotado com quem o foi do adotante
• IV. Os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive
• V. O adotado com o filho do adotante
• VII. O companheiro sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra
o seu convivente sobrevivo

De outra banda, prevê o art. 1.550 as hipóteses de anulabilidade do casamento. Elas são aplicáveis à união
estável, desde que cabível a situação. É anulável a união estável:

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• I. De quem não completou a idade mínima para casar
• II. Do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal
• III. Por vício da vontade, nos casos de coação ou erro essencial quanto à pessoa
• IV. Do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento

2. Direito das Sucessões: Sucessão do cônjuge

O Código Civil estabelece, no art. 1.829, a ordem da sucessão legítima, que se aplica no caso de morte sem
testamento, quando o testamento é anulado ou em outras situações peculiares.

Eis a ordem:

• I - aos descendentes
• II - aos ascendentes
• III - ao cônjuge sobrevivente
• IV - aos colaterais

2.1. Em concorrência com os descendentes

Havia grande discussão em relação às diferenças na sucessão do cônjuge (casado) e do companheiro (união
estável). O STF, no entanto, colocou pá de cal nessas discussões, de maneira acertada, ao declarar
inconstitucional o art. 1.790 do CC/2002, no RE 878.694 e no RE 646.721, julgados em conjunto.

A distorção, absurda, não tinha razão de ser. Felizmente, o STF fixou, no RE 878.694e no RE 646.721, a
seguinte tese, que acaba com a distinção: É inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre
cônjuges e companheiros prevista no art. 1.790 do CC/2002, devendo ser aplicado, tanto nas hipóteses de
casamento quanto nas de união estável, o regime do art. 1.829 do CC/2002.

Vale lembrar que as regras sucessórias, tanto do cônjuge, quanto do companheiro, dependem do regime
de bens do casamento e da união estável, respectivamente.

Primeiro, somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge ou companheiro sobrevivente se, ao tempo
da morte do outro, não estavam eles separados de fato há mais de dois anos. A exceção fica por conta da
prova de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente (art. 1.830).

CÔNJUGE OU COMPANHEIRO HERDA EM CONCORRÊNCIA NO REGIME DA

• Comunhão parcial de bens, havendo SIM bens particulares do falecido


• Separação convencional de bens
• Participação final nos aquestos

CÔNJUGE OU COMPANHEIRO NÃO HERDA EM CONCORRÊNCIA NO REGIME DA

• Comunhão parcial de bens, NÃO havendo bens particulares do falecido


• Separação obrigatória de bens
• Comunhão universal de bens

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Se há comunhão universal de bens, comunicam-se todos os bens e o sobrevivente tem direito à meação de
todos os bens (salvo as exceções legais), independentemente de serem bens adquiridos antes da união (bens
particulares) ou depois (bens comuns). Isso porque, nesse regime, não há distinção entre patrimônio
particular e patrimônio comum; há apenas um patrimônio. Por isso, o sobrevivente nada herda, já que
não há como herdar um bem que é seu mesmo, apenas tem direito à meação.

2.2. Em concorrência com os ascendentes

Em falta de descendentes, são chamados à herança os ascendentes. Os ascendentes compõem a segunda


classe hereditária. Aqui, convivente e ascendentes são considerados herdeiros de segunda classe.

A concorrência do convivente com os ascendentes é, felizmente, muito mais simples do que a concorrência
com os descendentes. Em quais regimes de bens o convivente é herdeiro e em quais não? Veja o art. 1.829,
inc. II: A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: II - aos ascendentes, em concorrência com o
cônjuge.

Em quais regimes ele herda? Em todos! Como assim, em todos? Em qual regime de bens o convivente NÃO
herda? NENHUM; ele é herdeiro SEMPRE! Não pode... Aponte para mim um regime no qual o convivente
não herda, segundo a regra supra transcrita. Não existe!

Assim, no regime da comunhão universal de bens, no regime da comunhão parcial de bens, havendo bens
particulares do falecido, no regime da comunhão parcial de bens, não havendo bens particulares do
falecido e no regime da participação final nos aquestos, o sobrevivo tem direito à meação e à herança.

2.3. Isoladamente, sem concorrência

Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao convivente sobrevivente,
conforme regra do art. 1.838. Aqui, fala-se na terceira classe hereditária. Novamente, há alguma restrição a
depender do regime de bens adotado? Não.

Assim, no regime da comunhão universal de bens, no regime da comunhão parcial de bens, havendo bens
particulares do falecido, no regime da comunhão parcial de bens, não havendo bens particulares do
falecido, no regime da participação final nos aquestos, no regime da separação obrigatória de bens e no
regime da separação voluntária de bens, apesar de não ter direito à meação, o sobrevivo tem direito à
herança na integralidade.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Introdução

Olá, amigos. Neste ebook vamos tratar os 8 temas prediletos da FGV em Exames de Ordem. Embora seja um
dos temas mais cobrados, não faremos inserir o conteúdo de “procedimento comum”, pois ele será objeto
de aula própria sobre o tema.

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Assim, vamos analisar aqui os seguintes assuntos:

1. Partes e Procuradores
2. Competência
3. Intervenção de Terceiros
4. Tutela Provisória
5. Sentença.
6. Apelação e Agravo de Instrumento
7. Embargos de Declaração
8. Ação Rescisória

Vamos lá?

Aula 01

Partes e Procuradores

Pressupostos processuais

● CONCEITO: Pressupostos processuais são todos os elementos de existência, os requisitos de validade


e as condições de eficácia do procedimento.

● PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS

 elementos de existência
 requisitos de validade
 condições de eficácia do procedimento

● CLASSIFICAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS

• pressupostos de existência
• subjetivos
• juiz - investido de jurisdição
• parte - capacidade de ser parte
• objetivos
• existência de demanda
• requisitos de validade
• subjetivos
• juiz - competência e imparcialidade
• partes - capacidade processual, capacidade postulatória e legitimidade "ad causam"
• objetivos
• intrínsecos - respeito ao formalismo processual

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• extrínsecos: a) negativos - inexistência de perempção, litispendência, coisa julgada ou
convenção de arbitragem; e b) positivo - interesse de agir.

Partes e procuradores

 São três as espécies de capacidades:

 capacidade para ser parte


 capacidade para estar em juízo
 capacidade postulatória

 A capacidade de ser parte (também conhecida como capacidade processual ou judiciária) remete ao
conceito de capacidade civil.

 A capacidade de estar em juízo (de capacidade processual em sentido estrito, ou legitimatio ad


processum) refere-se ao modo como se exerce a ação e a defesa no curso do processo em relação à prática
de atos processuais.

 TODA pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo.
 O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor ou por curador, na forma da lei.
 A curadoria do incapaz será determinada em duas situações:
a) quando o incapaz não possuir representante ou assistente; ou
b) quando os interesses do incapaz colidirem com os interesses do representante ou do
assistente.
 O CPC prevê a designação de curador especial para o réu preso revel e para aqueles que foram
citados por edital ou por hora certa.

 Em relação à pessoa jurídica, a capacidade de ser parte e a capacidade de ir a juízo decorre da constituição.
Contudo, em relação à pessoa jurídica, faz-se necessário – devido ao fato tratar-se de uma ficção jurídica –
de quem se faça presente em nome da pessoa jurídica.

REGRAS DE PRESENTAÇÃO

União AGU

Estados e Distrito Federal procuradores do Estado

Município Prefeito ou procuradores municipais

autarquias e fundações públicas quem tiver essa prerrogativa de acordo com lei
específica.
massa falida administrador judicial

herança jacente ou vacante curador

espólio inventariante

pessoa jurídica quem o ato constitutivo designar ou seus diretores

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sociedade e associações sem personalidade pessoa que for responsável pela administração dos
jurídica bens
pessoa jurídica estrangeira gerente, representante ou administrador da filial no
Brasil
condomínio administrador ou síndico

 Quando o inventariante for dativo, os sucessores do falecido serão intimados no processo no qual o
espólio seja parte.
 A sociedade ou a associação sem personalidade jurídica NÃO poderá opor a irregularidade de sua
constituição quando demandada.
 O gerente de filial ou agência presume-se autorizado pela pessoa jurídica estrangeira a receber citação
para qualquer processo.
 A capacidade processual (ou postulatória) constitui atributo para que determinada pessoa possa
praticar validamente atos processuais.
 Atributo conferido ao advogado regular perante a OAB e, em situações específicas, à própria parte.

 Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte, o juiz suspenderá


o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício.

➢ Se o autor não regularizar a incapacidade processual ou a irregularidade de representação, o


processo será extinto sem julgamento do mérito.
➢ Se o réu não regularizar a incapacidade processual ou a irregularidade de representação, ele será
revel no processo, considerando-se que se recusou a manifestar-se validamente no processo.
➢ Se for terceiro interessado no processo, poderá ser excluído ou considerado revel.

 Na fase recursal

➢ NÃO conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente;


➢ Determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido.

 A legitimação para agir é requerida quando duas ou mais pessoa atuam juntas no processo ou, pelo
menos, que ambas as partes (com capacidade de ser parte, de estar em juízo e postulatória) sejam intimadas.

LEGITIMAÇÃO PARA AGIR DOS CÔNJUGES

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Para propor ação: Quando demandados:
⚫ devem ingressar juntos quando envolver ação ⚫ devem ser citados quando envolver ação sobre
sobre direito real imobiliário, exceto se o regime de direito real imobiliário, exceto se casados em
bens for de separação total. regime de separação total de bens.
⚫ Ambos os cônjuges deverão, necessariamente,
ser citados nas seguintes hipóteses:
 Ação que envolva fatos relacionados a ambos os
cônjuges.
 Ação referente à dívida contraída por um dos
cônjuges a bem de família.
 Ação que tenha por objeto o reconhecimento, a
constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel de
um ou de ambos os cônjuges.
Por exemplo, ação hipotecária em face de bens do
casal.

 Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor, ou do réu, SOMENTE é indispensável


nas hipóteses de composse ou de ato praticado por ambos.

 A ação de suprimento de vontade de um dos cônjuges poderá ser proposta em duas situações:

➢ negativa de um dos cônjuges sem justo motivo; e


➢ quando for impossível o cônjuge conceder o consentimento.

 Deveres das partes e de seus procuradores

 Constitui dever das partes:

• expor fatos conforme a verdade


• não formular pretensão destituída de fundamento
• não produzir provas inúteis/desnecessárias
• informar e atualizar endereços
• cumprir as decisões judiciais e não criar embaraços
• não praticar inovação ilegal no estado de fato ou de bem ou direito litigioso;
• manter cadastro junto aos órgãos judiciais atualizados para fins de citação.

 A violação dos deveres das partes poderá impor sanções, tais como ato atentatório à dignidade da
justiça e litigância de má-fé.
 O ato atentatório à dignidade da justiça:
• é dano é ao Poder Judiciário.
• implica multa de até 20% do valor da causa ou multiplicada por até 10 salários mínimos, caso
seja irrisório/inestimável o valor da causa.
• cabe nas seguintes hipóteses: a) não cumprir decisões jurisdicionais; b) criar embaraços à
efetivação do processo; e c) inovação ilegal no estado de fato de bem litigiosos.
• será revertido para o fundo de modernização do Poder Judiciário

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 A litigância de má-fé

• é dano é à parte contrária.


• implica multa de 1 a 10% do valor da causa ou multiplicada por até 10 salários mínimos, caso
seja irrisório/inestimável o valor da causa.
• cabe nas seguintes hipóteses: a) contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; b) alterar
a verdade; c) objetivo ilegal; d) resistência injustificada; e) proceder de modo temerário; f)
provocar incidente manifestamente infundado; e g) recurso manifestamente protelatório.
• será revertido para a parte que sofreu o dano.

 Despesas, dos honorários advocatícios e das multas

 Despesas:

• regra de pagamento: parte que for vencida na ação.


• sucumbência recíproca: se ambas as partes forem vencedores e vencidos, as despesas
serão distribuídas proporcionalmente, exceto quando houver sucumbência mínima de
uma das partes, hipótese em que a parte que sucumbiu em praticamente todo o objeto
da ação será responsável pela integralidade das despesas do processo.
• litisconsórcio: proporcionalmente a seus quinhões.
• adiantamento: as despesas devem ser adiantadas pela parte que der causa ao gasto,
exceto se esse requerimento for determinado pelo juiz ou requerido pelo ministério
público quando atuar na condição de fiscal da ordem jurídica, hipótese em que as
despesas serão adiantadas pela parte autora.
• abrangência: custas dos atos do processo, indenização para viagem, remuneração do
assistente técnico e diária de testemunha.
• jurisdição voluntária: as despesas serão adiantadas pelo requerente e rateadas pelos
interessados.
• juízos divisórios: se não houver litígio, serão rateadas as despesas proporcionalmente aos
seus respectivos quinhões.
• adiantamento de despesas requeridos pela fazenda, MP e DP: há o pagamento apenas ao
final do processo. no caso de perícia, elas serão realizadas por entidades públicas ou
adiantadas pelos cofres públicos, se houver previsão orçamentária.
• atos adiados ou repetição necessária: as despesas extras decorrentes serão pagas por
quem der causa.
• adiantamento de assistente técnico: compete à parte que indicou.
• perícia: será adiantado pela parte que requereu e, quando determinada pelo magistrado
ou requerido por ambas as partes, o custo do adiantamento será dividido.
• assistente: condenado ao pagamento das custas em proporção à atividade que houver
exercido no processo.

 Honorário do advogado

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• regra: o vencido será o responsável pelo pagamento dos honorários.
• são devidos de forma cumulativa: sentença de mérito, reconvenção, cumprimento
(provisório ou definitivo), execução (resistida ou não) e recursos.
• critérios para definição do percentual de honorários: a) zelo profissional; b) lugar da
prestação dos serviços; c) natureza e importância da causa; e d) trabalho realizado e
tempo dedicado.
• percentuais mínimos e máximos: 10 e 20% do valor da condenação, do proveito
econômico obtido com a ação ou sobre o valor da causa.
• ação de valor inestimável/irrisório: caberá ao juiz arbitrar, segundo critérios utilizados
para aferir os percentuais.
• ação de indenização contra pessoa por ato ilícito: para o cálculo do montante da
condenação, consideram-se os valores já devidos (prestações vencidas) e as primeiras 12
parcelas vincendas.
• perda do objeto da ação: responde pelos honorários a parte que deu causa ao processo.
• honorários em recurso: caberá ao Tribunal majorar o valor dos honorários, levando em
consideração os percentuais máximos (em regra, de 10 a 20%).
• cumulatividade: os honorários são cumulativos com multas e outras sanções aplicáveis.
• natureza jurídica da verba: caráter alimentar com preferência creditória.
• pagamento: o advogado pode requerer que o pagamento seja feito diretamente à
sociedade de advogados e, caso não fixado o valor em sentença, poderá ingressar com
ação autônoma para definição do valor e pagamento.
• juros moratórios: contam do trânsito em julgado.
• atuação em causa própria: são devidos, do mesmo modo, os honorários do advogado.

 Regras específicas aplicáveis às despesas e aos honorários advocatícios

• caução do não residente (brasileiro ou estrangeiro) quando for parte autora não
exigem caução: a) em face de acordo, ou de tratado internacional, os Estados signatários
dispensarem a exigência; b) nas ações de execução de título extrajudicial e no
cumprimento de sentenças; c) nas ações de reconvenção.
• litisconsortes: havendo vários autores ou réus vencidos, responderão proporcionalmente
pelas despesas e pelos honorários.
• desistência, denúncia e reconhecimento do pedido: serão pagos pela parte que desistiu,
renunciou ou reconheceu. Se houver vários, calcula-se o valor proporcionalmente.
• reconhecimento da procedência do pedido e cumprimento: são reduzidos os honorários
pela metade (não se aplica às despesas).
• transação: as partes podem estipular quem pagará despesas processuais e, se nada
disserem, será dividido.
• sentença sem resolução de mérito: somente poderá ser proposta nova ação se pago ou
depositado o valor referente às despesas e aos honorários.

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• sucumbência mínima: honorários e despesas serão devidos na integralidade pela parte
que sucumbir em praticamente todo o objeto da demanda.

 Gratuidade da Justiça

 A parte ou terceiro deve requerer o benefício na primeira vez que tiver oportunidade de se
manifestar nos Autos (petição inicial, contestação, ingresso de terceiro ou por petição, se
superveniente).
 Pressupõe-se a insuficiência alegada pela pessoa natural.
 A parte contrária pode impugnar e o juiz decidirá a respeito de acordo com elementos constantes
dos autos.
 Trata-se de benefício de caráter pessoal (não extensível ao litisconsorte ou sucessor).
 Recurso formulado por beneficiário dispensa preparo, exceto se esse recurso tratar
exclusivamente de honorários advocatícios, a não ser que o advogado também seja beneficiário da
Justiça gratuita.
 A assistência do beneficiário por advogado não impede a concessão do benefício.

 Procuradores

 A parte será representada em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados
do Brasil.

 Situações nas quais é admitida, excepcionalmente, a atuação sem mandato de procuração:

➢ atuação em causa própria (art. 103, parágrafo único, do CPC);


➢ para evitar preclusão, decadência ou prescrição; e
➢ para praticar ato considerado urgente.

PROCURAÇÃO
... GERAL DE FORO ... ESPECÍFICA
Habilita o advogado para a prática de Exige-se menção específica na procuração para:
todos os atos do processo.  citar
 confessar
 reconhecer a procedência do pedido
 transigir
 desistir
 renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação
 receber
 dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de
hipossuficiência econômica.
 Pode ser assinada digitalmente.
 Deve conter: nome do advogado, número e endereço. Se o advogado integrar sociedade de
advogados será necessário indicar o nome, o número e o endereço da sociedade.

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 A procuração constituída na fase de conhecimento será válida para todo o processo, exceto se
houver alguma restrição estipulada contratualmente.

 Direitos assegurados aos advogados:

• examinar processos em cartório.


• requerer vista do processo pelo prazo de 5 dias, quando tiver procuração.
• retirar os autos da secretaria quando couber falar nos autos.

 Renúncia do mandato. O advogado que renunciar deve:

• comprovar que comunicou a renúncia à parte;


• permanecer representante por mais 10 dias, para evitar prejuízo ao representado.

 sucessão das partes e dos procuradores: no curso do processo, somente é lícita a sucessão
voluntária das partes nos casos expressos em lei.

 alienação de coisa litigiosa: não altera a legitimidade das partes.

• O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em juízo, sucedendo o alienante ou


cedente, sem que o consinta a parte contrária.
• O adquirente ou cessionário poderá intervir no processo como assistente litisconsorcial do
alienante ou cedente.
• Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as partes originárias ao adquirente ou
cessionário.

Litisconsórcio

 Há litisconsórcio quando, no mesmo polo do processo, existir uma pluralidade de partes ligadas por uma
afinidade de interesses.

 CLASSIFICAÇÃO

 Quanto aos sujeitos – Ativo, Passivo e Misto


 Quanto ao momento – Inicial e Ulterior
 Quanto aos efeitos – Simples e Unitário

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possibilidade de que a decisão seja diferente para
LITISCONSÓRCIO SIMPLES
os litisconsortes no mesmo polo

obrigatoriedade de que a decisão seja a mesma


LITISCONSÓRCIO UNITÁRIO
para os litisconsortes no mesmo polo

 Quanto à obrigatoriedade – Facultativo e Necessário

➢ Facultativo:
o entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;
o entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir;
o ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.
➢ Obrigatório: por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a
eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes.
o por força da lei.
o por força da unilateralidade da relação jurídica.

● Litisconsórcio Multitudinário: litisconsórcio formado por um número excepcionalmente grande de


litigantes, sempre que, em razão de sua formação, possa ocorrer o comprometimento da defesa, ou do
cumprimento de sentença, ou a rápida solução do litígio. Por motivos atinentes à paridade de armas e à
efetividade do processo, portanto, é possível desmembrar o litisconsórcio

● Efeito da sentença sem observância das regras do litisconsórcio necessário

 A sentença será nula se for hipótese litisconsórcio unitário, ou seja, se a decisão deveria ser
uniforme para todos aqueles que deveriam ter integrado o polo da ação.

 Agora, se o litisconsórcio for necessário, mas simples, a sentença será ineficaz em relação
àqueles que não foram integrados à lide. Dito de outra forma, a sentença não produzirá efeitos
em relação a essas outras partes.

 Regime jurídico do litisconsórcio

Benéficos Prejudiciais
Litisconsórcio Como a decisão pode ser diferente para Como a decisão pode ser diferente para
Simples cada um dos litisconsortes, os atos cada um dos litisconsortes, os atos
benéficos não beneficiarão os demais benéficos não prejudicarão os demais
litisconsortes. litisconsortes.
Litisconsórcio Sim, os atos benéficos estendem-se a Não, inclusive quanto ao praticante do ato
Unitário todos. prejudicial. Nesse caso, dependerá da
concordância de todos os litisconsortes.

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Intervenção de Terceiros

Introdução

 Toda vez que o terceiro for atingido direta ou reflexamente pela decisão proferida em processo alheio,
ele se tornará parte legítima para ingressar no processo.

 Terceiro é quem não pede e não tem pedidos formulados contra si. Desse modo, é parte quem pede
ou quem tem pedido formulado contra si.

Assistência

 Hipóteses de cabimento

 terceiro com interesse jurídico que uma das partes processuais seja a vencedora da demanda.

 o assistente receberá o processo no estado em que se encontrar.

 assistência em decorrência da intervenção anódina: intervenção da União nas causas em que


figurarem, no polo ativo ou passivo da demanda, autarquias, fundações públicas, sociedades de
economia mista ou empresas públicas federais, quando for proprietária ou acionista majoritária.

 Espécies

ASSISTÊNCIA
SIMPLES LITISCONSORCIAL
A parte ingressa em juízo para auxiliar uma das partes Sempre que a sentença influir na relação
por possuir interesse jurídico no deslinde da demanda. jurídica entre ele e o adversário do assistido.
Relação jurídica do terceiro assistente apenas com o Relação jurídica do terceiro assistente com
assistido. ambas as partes na ação.
O assistente é um coadjuvante no processo (atividade O assistente recebe tratamento de parte.
subordinada).

 procedimento: uma vez pleiteado o ingresso do assistente na ação, o magistrado poderá:

 rejeitar liminarmente o ingresso; ou

 se não for o caso de rejeição, o magistrado deverá intimar as partes para que, no prazo de 15
dias, apresentem impugnação.

Denunciação da lide

 Constitui uma demanda, pois ela envolve o direito de ação. Essa demanda se caracteriza por ser: a)
incidente; b) regressiva; c) eventual; e d) antecipada.

 Hipóteses de denunciação da lide

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 ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a
fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam;

 àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo
de quem for vencido no processo.

 Procedimento e formação

 Feita a denunciação pelo AUTOR, o denunciado poderá assumir a posição de litisconsorte do


denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial, procedendo-se em seguida à citação
do réu.

 Feita a denunciação pelo RÉU:

• se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá tendo, na


ação principal, em litisconsórcio, denunciante e denunciado;
• se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua defesa,
eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva;
• se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal, o denunciante
poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a
procedência da ação de regresso.

Chamamento ao processo

 Hipóteses

 Admite-se o chamamento do afiançado quando o fiador for demandado.

 Admite-se o chamamento ao processo dos demais fiadores quando a ação for proposta apenas
contra um deles.

 Admite-se o chamamento ao processo dos demais devedores solidários quando o credor ingressar
contra um deles apenas.

 Procedimento

 citado, o réu poderá chamar o afiançado, demais fiadores ou devedores solidários no prazo de:
30 dias, se residir na mesma comarca, seção ou subseção; ou
 2 meses, se residir em comarca, seção ou subseção distintas ou estiver em LINS.

 Formação do título executivo: finalidade do chamamento ao processo é a formação do título executivo


contra os demais devedores solidários do processo.

Incidente de desconsideração da personalidade jurídica

 modelos: ação e incidente.

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 legitimidade: será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir
no processo.

 procedimento

 cabível:

• fase de conhecimento
• cumprimento de sentença
• execução de título extrajudicial

 Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as
provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias.

 EFEITOS DO JULGAMENTO: acolhido o pedido de desconsideração, de alienação ou de oneração de


bens, havida em fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente.

Amicus Curiae

 Terceiro que, espontaneamente, a pedido da parte ou por provocação do órgão jurisdicional, intervém
no processo para fornecer subsídios que possam aprimorar a qualidade da decisão.

 AUTORIZA-SE O AMICUS CURIE QUANDO ENVOLVER

• matéria relevante
• tema específico
• repercussão social da controvérsia

 O amicus curie não se confunde com a atuação do Ministério Público como fiscal da ordem jurídica,
pois a figura interventiva não tem qualquer interesse no julgamento da ação. O amicus curie atua como
um órgão meramente opinativo e não tem tantos poderes quanto o MP.

 O amicus curie não se confunde com o assistente, pois esse tem interesse no resultado do julgamento,
tendo poderes mais amplos que a figura interventiva.

 Os poderes do amicus curie serão fixados pelo magistrado na decisão que determina o ingresso. Desse
modo, em regra, o amicus curie irá se manifestar sobre os fatos discutidos no processo.

 O amicus curie poderá opor embargos de declaração e interpor recursos que julgue os incidentes de
resolução de demandas repetitivas. Outras possibilidades recursais somente serão admitidas se o juiz
permitir.

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Tutela Provisória

Informações Gerais

 A tutela definitiva é a decorrente da sentença, em que o juiz conhece profundamente da discussão


para chegar a uma decisão definitiva. Assim, podemos afirmar que ela se caracteriza por:

 cognição aprofundada;

 definitividade; e

 tem o trânsito em julgado como efeito.

 Na tutela provisória busca-se antecipar o gozo de determinado direito ou assegurá-lo a fim de que
possa ser gozado em momento oportuno. Caracteriza-se, portanto por ser de

 cognição sumária, ou seja, a decisão se assenta em análise superficial do objeto litigioso;

 precária, vale dizer, poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo; e pela

 impossibilidade de coisa julgada, de modo que não poderá sofrer os efeitos da coisa julgada.

 Espécies de tutela provisória:

antecipada cautelar evidência

provisórias

satisfativa conservativa satisfativa

urgentes alta probabilidade

Regras Gerais Aplicáveis às Tutelas Provisórias

 As tutelas provisórias podem ser alteradas ou revogadas a qualquer tempo.

 Conservam a eficácia no período de suspensão do processo, exceto em caso de decisão em


sentido contrário.

 O juiz possui poder geral de cautela e efetivação no sentido de que poderá determinar as medidas
necessárias para efetivação de tutelas provisórias concedidas (segue o cumprimento provisório de
sentença).

 As tutelas de urgência (tutela antecipada e cautelar) podem ser antecedentes ou incidental.

 A tutela de evidência é apenas incidental.

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 As tutelas provisórias incidentais independem do pagamento de custas.

 As decisões que envolvem tutela provisórias devem ser claras e precisas (princípio da
cooperação).

 Não há possibilidade de concessão de ofício de tutela provisória.

 São legitimados a requerer: partes, MP (como fiscal da ordem jurídica) e terceiros intervenientes.

Tutelas de Urgência

 Para configuração da tutela de urgência:

 “perigo de dano” ou “risco ao resultado útil do processo”

 plausibilidade do direito

 irreparabilidade do dano ou de difícil reparação

 Como a concessão de tutela antecipada implica riscos, pois a cognição é sumária, poderá o magistrado
exigir caução.

 As tutelas provisórias podem ser concedidas:

 sem a oitiva da parte contrária (inauditera altera pars ou in limine); ou

 com a notificação da parte contrária para apresentar pedido de justificação em face do


requerimento provisório deduzido.

 A tutela de urgência de natureza antecipada NÃO será concedida quando houver perigo de
irreversibilidade dos efeitos da decisão.

 A tutela de urgência de natureza cautelar é utilizada para:

 arrestos - resguardar futura execução por QUANTIA;

 sequestros - resguardar futura entrega de COISA;

 arrolamento de bens - garantir futura PARTILHA DE BENS;

 registro de protesto contra alimentação de bem - EVITAR TRANSFERÊNCIA supostamente


indevida de bem sujeito a registro;

 QUALQUER outra medida idônea para assegurar o direito.

 A parte que requerer, caso concedida a tutela provisória de urgência, responde objetivamente caso:

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 a sentença seja desfavorável;

 não forneça meios necessários para citação do requerido no prazo de 5 dias;

 caso haja cessão da eficácia da medida; ou

 se o juiz acolher a prescrição ou decadência.

Tutela Antecipada

 A tutela antecipada pode ser antecedentes ou incidental.

 A tutela antecipada incidental é mero requerimento sem a exigência de maiores formalidades.

Tutela antecipada requerida em caráter antecedente

 Decorre do requerimento antes de a discussão em cognição aprofundada inicial.

 Admite ajuizamento de “ação inicial sumarizada”, cujo pedido principal é a concessão da tutela
antecipada.

 informação de que se trata de tutela provisória de urgência de natureza antecipada;


 pretensão final (correspondência);
 conflito;
 fumus boni iuris;
 periculum in mora;
 valor da causa.

 Procedimento:

1º - requerimento;

2º - concessão/não concessão:

o no caso de concessão:
▪ autor será intimado para complementar a argumentação, juntar novos
documentos e confirmar o pedido da tutela inicial no prazo de 15 dias;
▪ após, cita-se o réu para comparecer à audiência de conciliação e mediação e
demais atos do procedimento comum.
o no caso de não concessão:
▪ autor será intimado para emendar a petição inicial no prazo de 5 dias, a fim de que
seja dada continuidade à ação na forma regular;
▪ caso não haja aditamento, o processo será extinto sem julgamento do mérito.

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PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE

CONCESSÃO NÃO CONCESSÃO

aditar no prazo de 15 dias emendar no prazo de 5 dias

citar réu para


audiência de infrutífera a
não emendou emendou
conciliação e autocomposição
mediação

o réu sai intimado extingue o processo


em caso de
para contestar em sem julgamento de segue o processo
autocomposição
15 dias mérito

extingue o processo
com julgamento de
mérito

 A tutela provisória antecipada em caráter antecedente caso concedida, mas não recorrida, estabiliza-
se.

 A parte requerida, após a decisão concessória, pode interpor recurso de agravo de instrumento. Caso
interponha, deve-se aguardar decisão do tribunal. Caso não interponha o agravo de instrumento, haverá
estabilização da lide.

 A tutela provisória antecipada antecedente estabilizada pode ser modificada apenas por outra ação,
a ação revisional.

• pode ser ajuizada a qualquer tempo pelas partes;


• será feita em autos apartados;
• pode ser requerido o desarquivamento do processo anterior para ser usado na instrução;

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• será distribuída ao mesmo juízo que foi competente para a concessão da tutela.

Tutela cautelar

 Tal como a tutela antecipada, ela pode ser requerida em carácter antecedente ou incidental.

 O requerimento de tutela cautelar incidental não implica maiores formalidades, dependendo


de mero requerimento nos autos do processo.

Tutela cautelar requerida em caráter antecedente

 O pedido ser apresentado de forma simplificada, contendo:

 indicação do conflito e do fundamento;

 exposição do direito que se pretende assegurar; e

 exposição do perigo de dano ou do risco ao resultado útil ao processo.

 O juiz poderá conceder de forma liminar ou mediante manifestação da parte contrária.

 No caso de citação, a parte contrária terá 5 dias para se manifestar;

 Se houver contestação, segue-se o rito comum;

 Caso não haja contestação, o juízo tem 5 dias para decidir, presumindo-se verdadeiros o fatos
alegados pelo requerente.

 Concedida a tutela, a parte autora tem o prazo de 30 dias para ajuizar a ação principal, sem
necessidade de adiantamento de custas processuais.

 Há necessidade de que o pedido principal se refira à cautelar (referibilidade).

 Cessa a eficácia da tutela cautelar

 não ajuizamento da ação principal no prazo de 30 dias;

 não efetivação da medida conservativa no prazo de 30 dias;

 improcedência do pedido principal;

 extinção do processo sem resolução do mérito.

 O indeferimento da tutela cautelar:

 não impede o ajuizamento da ação principal, exceto no caso de reconhecimento de prescrição


ou decadência;

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 não influencia o julgamento da ação principal.

Tutela de Evidência

 Não há urgência!

 Tem caráter satisfativo.

 Não pode ser concedida em caráter antecedente.

 Hipóteses de cabimento da tutela de evidência:

 Abuso do direito de defesa ou manifesto propósito protelatório do réu (liminar);

 Alegações de fato comprovadas apenas com documentos e tese firmada em julgamento de


casos repetitivos ou em súmula vinculante (liminar);

 Ação de depósito, quando quem está com algum bem em razão de contrato de depósito e não
a entrega a quem de direito na forma e nos prazos devidos, poderá a parte demandar tutela de
evidência com a cominação de multa em caso de não devolução no prazo fixado (liminar).

 Petição instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos sem oposição
razoável do réu (liminar)

Procedimento Comum

 Admissibilidade da Ação

 Análise prévia dos autos pelo juiz, da qual pode resultar:

• indeferimento da petição inicial;


• improcedência liminar do pedido; ou
• seguimento da ação.

 O indeferimento da petição inicial decorre de vícios processuais.

• Antes, deve o juiz determinar a emenda/complementação, quando forem identificados


vícios sanáveis no processo. Concede-se prazo de 15 dias.
• Caso haja retificação/complemento, o juiz segue para análise preliminar do mérito.
• Caso não haja retificação/complemento, será indeferida a petição inicial.
• Hipóteses de indeferimento da petição inicial:
o Inépcia da petição inicial: a) faltar pedido ou causa de pedir; b) pedido
indeterminado (exceto se for caso legal de pedido genérico); c) falta de lógica entre
narração e conclusão; e d) pedidos incompatíveis
o Manifestamente ilegítima
o Faltar interesse processual

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o Não manter endereço atualizado quando atuar em causa própria ou não proceder
à emenda.
• Trata-se de:
o Sentença, sem análise de mérito;
o Recorrível mediante apelação (prazo de 15 dias);
o Admite-se a retratação (no prazo de 5 dias úteis); e
o Faz coisa julgada formal (admite, por isso, a repropositura).
 A improcedência liminar do pedido decorre de pedido contrário a precedente vinculante ou
em caso de prescrição ou decadência.
• Somente será admita a improcedência liminar se dispensada a produção de provas;
• Hipóteses de improcedência liminar do pedido:
o Pedido contrário a enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do
Superior Tribunal de Justiça.
o Pedido contrário a acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo
Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos.
o Pedido em sentido adverso a entendimento firmado em incidente de resolução de
demandas repetitivas ou de assunção de competência;
o Pedido contrário a enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
o Pedido contrário ao reconhecimento da prescrição e da decadência.
• Trata-se de:
o Sentença, com análise de mérito;
o Recorrível mediante apelação (prazo de 15 dias);
o Admite-se a retratação (no prazo de 5 dias úteis); e
o Faz coisa julgada material( não admite, por isso, a repropositura).

 Se não for caso de indeferimento da petição inicial e improcedência liminar do pedido, o juiz
determinará a citação do réu para comparecer à audiência de conciliação e de mediação.

 Respostas do Réu

 Contestação

• São aplicáveis dois princípios:


o princípio da eventualidade: o réu deve concentrar toda a matéria de defesa na
contestação.
▪ exceções
• direito ou fato superveniente
• matéria cognoscível de ofício
• quando a lei permitir a alegação posterior à contestação
o princípio da impugnação específica dos fatos: o réu deve atacar ponto a ponto, sob
pena de presunção do alegado pelo autor.
▪ não geram presunção
• fatos que não for possível confessar

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• se a petição inicial não estiver acompanhada de documentos que a
lei considerar essencial
• se o fato estiver contraditado pela defesa no seu conjunto
• se a defesa for produzida por defensor público, advogado dativo ou
curador especial.
• A parte ré, além de questões de defesa de mérito, poderá alegar preliminares de
contestação, que são matérias (processuais) que devem ser analisadas antes do mérito.
• preliminares de contestação:
o inexistência ou nulidade da citação
o incompetência absoluta e relativa
o incorreção do valor da causa
o inépcia da petição inicial
o perempção
o litispendência
o coisa julgada
o conexão
o incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização
o convenção de arbitragem
o ausência de legitimidade ou de interesse processual
o falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar
o indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça

** No caso de alegação de ilegitimidade:


▪ o réu deve indicar o sujeito passivo;
▪ o autor poderá:
• aceitar a indicação;
• negar a indicação; ou
• seguir com ambos no polo passivo.

** No caso de incompetência:
▪ pode ser protocolada pelo réu no próprio domicílio;
▪ será distribuída, remetida ao juiz da causa;
▪ se reconhecida, os autos tramitaram no juízo que recebeu a contestação.

• A contestação deve ser ofertada no prazo de 15 dias:

1ª REGRA: se houve audiência de conciliação e mediação.

contado da audiência ou da última sessão de conciliação ou de mediação, caso haja


várias delas.

2ª REGRA: não houve audiência porque o réu peticionou informando que não deseja
participar da sessão de conciliação e de mediação.

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contado do protocolo do pedido de cancelamento da audiência.

3ª REGRA: se houver litisconsortes.

Se o autor não desejar expressamente a audiência de conciliação/mediação,


necessário levar em consideração a manifestação dos réus:

a) se ambos não tiverem interesse no ato de composição, o prazo contará


individualmente para cada um deles a partir do peticionamento;
b) se um deles tiver interesse ou não pedir o cancelamento, o prazo contará, para
ambos, a partir da audiência infrutífera.

Se o autor desejar ou não se manifestar sobre a conciliação, a audiência ocorrerá e o


prazo para contestação correrá, para ambos os réus, da audiência infrutífera.

4ª REGRA: se não houver audiência de conciliação e de mediação.

réu será citado na forma tradicional, por carta ou por mandato, situação em que o
prazo irá iniciar a partir da juntada aos autos do mandado de citação.

 Reconvenção

• A reconvenção é uma ação inversa, em que o demandado propõe contra a parte autora
um pedido próprio, que irá ampliar o objeto da demanda.
• a reconvenção deve ter:
o conexão com a ação principal; ou
o com o fundamento da defesa.
• Segundo a doutrina, são requisitos para a reconvenção:
o Existência de uma causa pendente;
o Apresentação da reconvenção no prazo da contestação;
o O juízo da causa principal deve ser também competente para analisar a
reconvenção;
o Os procedimentos da ação e da reconvenção devem ser compatíveis, uma vez que
são processados conjuntamente; e
o Há necessidade de identificação de conexão ou correlação com os fundamentos
da defesa.

 Revelia

• Defesa que se manifestada pela não contestação.


• Efeitos:
o presunção de veracidade das alegações feitas pelo demandante. Trata-se de
presunção relativa contra a qual é possível a produção de provas.

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o prazos: em decorrência da revelia, os prazos do réu serão informados com a
publicação da decisão.
o preclusão: com a não apresentação da defesa, o réu não poderá mais alegar
direitos ou fatos, exceto se supervenientes, se envolver questões que podem ser
conhecidas de ofício ou que haja expressa autorização legal para que sejam
alegadas em outro momento.
o julgamento antecipado: a revelia traz a possibilidade de julgamento antecipado do
processo.
▪ não se aplica a presunção de veracidade:
 quando houver pluralidade de réu e um deles contestar a ação (a
contestação de um aproveita a todos);
 quando a demanda envolver direitos indisponíveis;
 quando a petição inicial estiver desacompanhada de documento
que a lei considere indispensável para provar os fatos alegados; e
 quando as alegações de fato formuladas pelos autores forem
inverossímeis ou estiverem em contradição com as provas
produzidas nos autos.
 Com a contestação (e/ou reconvenção), poderá haver réplica e tréplica a depender das
alegações e juntada de documentos. Após, encerra-se a fase postulatória.

 Providências Preliminares

 A fase organizatória do procedimento inicia-se com as providencias preliminares, cujo foco é a


análise da defesa indireta de mérito e questões processuais.

 Nas providências preliminares, são analisadas:

➢ alegação de defesa indireta de mérito;


➢ alegação de questões preliminares na contestação; e
➢ providências ligadas ao saneamento e à instrução do feito.

 Se o réu alegar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, este será ouvido no
prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe o juiz a produção de prova.

• fatos constitutivos: são aqueles que dão vida a um efeito jurídico e à expectativa de um bem
por parte de alguém.
• fatos modificativos: são aqueles que não negam a válida constituição do direito, mas tem por
objetivo alterá-lo.
• fatos extintivos: são aqueles que fazem cessar um efeito jurídico e a consequente expectativa
sobre um bem.

 Preliminares de contestação:

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• O juiz determinará a oitiva do autor no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe a
produção de prova.
• verificando a existência de irregularidades ou de vícios sanáveis, o juiz determinará sua
correção em prazo nunca superior a 30 (trinta) dias.
• Cumpridas as providências preliminares ou não havendo necessidade delas, o juiz seguirá
para:
o sanear o feito e designar audiência de instrução e julgamento; e/ou
o julgar antecipadamente o mérito.

 A decisão de saneamento e de organização do processo constitui o fecho da fase organizatória do


procedimento comum. Após resolver questões processuais, o juízo irá “preparar o terreno” para
produção de provas e discussão jurídica da causa. Assim:

• decide-se questões processuais pendentes, se houver;


• delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória;
• definir a distribuição do ônus da prova;
• delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito;
• designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento. Quanto à oitiva de
testemunhas:
o o juiz despacha para indicar no prazo de 15 dias;
o sendo que, cada parte poderá arrolar 10 testemunhas ao total, 3 para cada fato.
• da decisão saneadora, as partes podem pedir esclarecimentos no prazo de 5 dias;
• caso complexa a causa, o juízo poderá designar audiência para saneamento e organização
compartilhados do processo.

 O julgamento antecipado da causa é forma de abreviar o processo, quando a audiência de


instrução se faz desnecessária.

• O julgamento antecipado poderá ser total ou parcial.


o Quando total, implica em sentença, dado o encerramento da fase de conhecimento.
Da decisão, cabe apelação.
o Quando parcial, implica em decisão interlocutória, uma vez que em relação aos
pedidos não decididos, haverá instrução. Da decisão de julgamento parcial de mérito,
cabe recurso de agravo de instrumento.
• Hipóteses de cabimento:
o revelia, com presunção de veracidade dos fatos alegados pela parte autora;
o incontrovérsia.

 Se não for hipótese de julgamento antecipado do mérito total e saneado o processo, a próxima
etapa é a audiência de instrução e julgamento.

Sentença

Disposições Gerais

 São “conceitos” legais de sentença:

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 aquilo que o procedimento especial disciplinar como sentença (ex. formal de partilha);

 no procedimento comum é o pronunciamento que põe fim à fase cognitiva;

 pronunciamento que extingue a execução.

 Doutrinariamente, sentença é ato jurídico do qual decorre uma norma jurídica individualizada, que se
torna indiscutível pela coisa julgada.

 As sentenças classificam-se em terminativa e definitiva.

 Na sentença terminativa não temos análise do mérito (art. 485, CPC); na sentença definitiva há análise
do mérito (art. 487, CPC).

• de ambas as decisões, cabe recurso de apelação no prazo de 15 dias;


• no caso de sentença terminativa, o juízo pode se retratar no prazo de 5 dias.
• a sentença terminativa não impede repropositura, desde que haja pagamento das despesas e
custas do processo extinto; no caso da sentença definitiva, há formação de coisa julgada material.

 São hipóteses de sentenças terminativas:

▪ indeferimento da petição inicial;


▪ negligência das partes (ambas): 1 ano, com intimação pelo juízo com prazo de 5 dias;
▪ abandono da causa (pelo autor): 30 dias, com intimação pelo juízo com prazo de 5 dias;
▪ ausência de pressupostos processuais como requisito de existência e validade do processo;
▪ constatação de perempção, litispendência ou coisa julgada;
▪ ausência de legitimidade ou de interesse processual;
▪ desistência da ação;
▪ intransmissibilidade da ação;
▪ demais casos prescritos na legislação processual.
 perempção:
▪ três abandonos da causa (deixar de dar andamento ao processo por mais de 30 dias quando lhe
competia dar andamento ou cumprir diligências determinadas pelo juiz).
▪ implica a impossibilidade de discutir o mesmo objeto contra as mesmas partes
▪ não impede que o objeto seja utilizado como matéria de defesa.
 São hipóteses de sentença definitiva:
▪ acolhimento ou rejeição do pedido;
▪ decidir pela prescrição ou pela decadência;
▪ reconhecimento da procedência do pedido;
▪ transação;
▪ renúncia à pretensão formulada.

 A sentença é composta por relatório, fundamentação e dispositivo.

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 O relatório envolve a análise de tudo o que ocorreu no processo.

• nome das partes


• identificação do caso
• resumo do pedido e da contestação
• registro das principais ocorrências no processo

 A fundamentação é o ponto central da sentença, pois é o local em que o magistrado analisa o


problema jurídico posto pelas partes.

 O dispositivo constitui o fecho da sentença.

 Não se considera fundamentada a sentença quando:

 Apenas indicar, reproduzir ou parafrasear o ato normativo sem relacioná-lo com as questões a
serem decididas.
 Empregar conceitos jurídicos indeterminados sem explicar a incidência no caso concreto.
 Invocar motivos genéricos, que possam justificar qualquer outra decisão no processo.
 Não enfrentar todos os argumentos apresentados pelas partes capazes de contrariar a tese
adotada pelo julgador.
 Apenas fizer referência a determinado precedente ou súmula, sem demonstrar que o caso
concreto se amolda aos fundamentos do julgado ou súmula.
 A sentença, como regra, deve ser líquida, devendo indicar:
 a extensão da obrigação;
 o índice de correção monetária;
 a taxa de juros;
 a periodicidade de capitalização dos juros.
* São exceções à sentença líquida:
▪ não for possível definir o montante devido;
▪ for necessária prova para apurar o montante devido.
 O magistrado deve decidir de acordo com o pedido formulado pelas partes. São recorríveis as:

 sentença infra petita - ocorre quando o juiz não aprecia um dos pedidos formulados (esquece);

 sentença extra petita - ocorre quando o juiz aprecia um pedido fora daquilo que foi demandado
(inventa);

 sentença ultra petita - ocorre quando o juiz decide para além daquilo que foi demandado
(exagera).

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Remessa Necessária

 Constitui condição de eficácia da sentença e um óbice para a formação da coisa julgada.

 Não se trata de recurso, uma vez que independe da manifestação de irresignação da parte
prejudicada pela sentença.

 Haverá remessa necessária contra:

 sentenças proferidas contra a Administração Pública direta, autarquia e fundacional;


 sentenças que julgarem procedentes embargos à execução fiscal.
* exceções
• Condenação contrária à União (+ autarquias/fundações) inferior a 1000 salários-mínimos.
• Condenação contrária ao Estado, DF ou município de capital inferior a 500 salários-mínimos.
• Condenação contrária ao município (exceto o de capital) inferior a 100 salários-mínimos.
• Condenação contrária à Fazenda Pública quando fundamentada em súmula de tribunal
superior, acórdão do STF/STJ em julgamento de recursos repetitivos, entendimento firmado
em incidente de resolução de demandas repetitivas ou assunção de competência,
entendimento pacificado administrativamente em parecer ou súmula administrativa.

Julgamento das Ações Relativas às Prestações de Fazer, de Não Fazer e de Entregar Coisa

 Nas prestações de fazer ou de não fazer a sentença irá determinar providência específica ou assegurar
o resultado prático pretendido.

 Além da possibilidade de tutela específica de fazer ou não fazer (prevista no caput) temos a tutela
inibitória e de remoção de ilícito.

• A tutela inibitória tem por finalidade, como o próprio nome indica, de inibir determinada
prática, repetição ou continuidade de ilícito.
• A tutela de remoção de ilícito, por sua vez, tem a finalidade de eliminar eventual situação de
ilicitude ou de remoção dos efeitos concretos que derivam de determinada situação ilícita.

 Nas prestações de entregar coisa somente haverá conversão da tutela específica em perdas e
danos em duas hipóteses:

• o autor assim requerer no processo; ou


• a prestação específica ou o resultado prático equivalente se tornar impossível.

Coisa Julgada

 A coisa julgada divide-se em:

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 formal: preclusão temporal que não permite mais a discussão daquele processo; e

 material: qualidade da sentença que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais
sujeita a recurso

 A sentença de mérito tem força de lei nos limites daquilo que foi decido e em relação às questões
expressamente decididas pelo juiz.

 Apenas fará coisa julgada material aquilo que constar do dispositivo da sentença. Assim, não transitam
em julgado:

 os motivos; e

 a verdade dos fatos.

 Questão prejudicial não transita em julgado, exceto se:

 depender do julgamento do mérito;

 se houver contraditório (prévio e efetivo); e

 o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa.

 É vedado à parte discutir, no curso do processo, as questões já decididas a cujo respeito se operou a
preclusão, que se classifica em:

 temporal - perda da prerrogativa de praticar ato processual em face do tempo;


 lógica - perda da prerrogativa de praticar ato processual pela prática de ato incompatível;
 consumativa - perda da prerrogativa de praticar ato processual pelo exercício da referida
faculdade.

Aula 02

Cumprimento da Sentença

 O cumprimento de sentença é a fase de realização material do que foi previsto na sentença.

 O devedor será intimado:

 no Diário da Justiça na pessoa do advogado da parte ré;

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 por carta com AR quando o réu for representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver
procurador constituído no processo, a não ser na hipótese de réu revel, cuja intimação ocorre por
edital;

 por meio eletrônico em relação às empresas que são obrigadas a manter cadastro perante os
órgãos judiciários.

 por edital, quando o réu for citado por edital (desconhecido ou incerto o citando, quando ignorado,
incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar o citando) no processo de conhecimento e
permaneceu revel ao longo do procedimento.

 Estão sujeitos a cumprimento de sentença os títulos executivos judiciais, quais sejam:

 As decisões judiciais, de um modo geral, são consideradas títulos executivos judiciais.

 As decisões homologatórias de autocomposição são também espécies de título executivo judicial.


Esses acordos de homologação podem ser executados no bojo do processo (autocomposição judicial)
ou independentemente da existência do processo (autocomposição extrajudicial).

 O formal e a certidão de partilha também são considerados títulos executivos judiciais, pois
constituem a sentença de inventário.

 O crédito de auxiliar da justiça referente às despesas do processo (custas, emolumentos ou


honorários), concedido na sentença, são títulos executivos judiciais.

 Do mesmo modo, a sentença arbitral poderá ser levada ao Poder Judiciário a fim de que seja
efetivada judicialmente. É importante destacar que essa sentença produz título executivo judicial!

 As decisões estrangeiras possuem, também, natureza de título executivo judicial. Tanto as


sentenças como as decisões interlocutórias podem ser consideradas título executivo judicial.

* No que diz respeito às decisões estrangeiras, para que sejam consideradas como título executivo
judicial:

• a sentença deve ser homologada pelo STJ


• a decisão interlocutória depende de exequatur pelo STJ
 Para a fixação da competência para o cumprimento de sentença, devemos considerar três regras:
 Caso se trate de processo que esteja tramitando originariamente no tribunal, será o próprio
tribunal o órgão competente para o cumprimento.
 Caso se trate de processo que tramite no primeiro grau de jurisdição, a competência será, em
regra, do órgão que sentenciou o processo.
 Caso se trate de processo cujo título executivo se formou no juízo penal, arbitral, no estrangeiro
ou em tribunal marítimo, o cumprimento de sentença tramitará no juízo competente para analisar a
matéria cível, caso o processo fosse ajuizado diretamente no juízo cível.

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* Em relação às duas últimas hipóteses, há a possibilidade de que o cumprimento da sentença seja
promovido:

 no domicílio do executado;

 no juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução; ou

 no juízo do local onde deve ser cumprida a obrigação de fazer ou de não fazer.

 O protesto constitui técnica extrajudicial adotada para induzir o pagamento de determinada prestação.

 Pressupõe o trânsito em julgado;

 O credor requererá certidão em juízo do teor da certidão (será fornecida em 3 dias);

 O cancelamento do protesto, caso satisfeita a obrigação, será feita mediante ofício do juízo (a ser
expedido no prazo de 3 dias a contar do requerimento)

 Admite-se cumprimento provisório de sentença que reconhece exigibilidade de obrigação para pagar
quantia certa.

 Pressupostos para requerimento de cumprimento provisório:

• sentença condenatória de pagar quantia certa; e


• recurso desprovido de efeito suspensivo.

 A responsabilidade pelo cumprimento provisório de sentença é do exequente, de forma que, se


reformada ou anulada a sentença, ainda que parcialmente, será objetivamente responsável por
reparar eventuais danos.

 O cumprimento provisório de sentença perde o efeito caso haja decisão posterior que modifique
ou anule a sentença.

 Eventual levantamento de dinheiro, transferência da posse, ou outro direito real sobre bem do
executado em cumprimento provisório de sentença exige caução por parte do exequente.

• A caução pode ser dispensada:


• Se o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem;
• Se o credor demonstrar situação de necessidade;
• Se pender o agravo contra decisão do Presidente do Tribunal que não conhece do RE e do
REsp.
• Se a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância com a súmula da
jurisprudência do STF ou do STJ ou em conformidade com acórdão proferido no julgamento
de casos repetitivos.

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Espécies de Cumprimento de Sentença

 Cumprimento definitivo da sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa

 Cabe quando:

• houver condenação em sentença com fixação de quantia certa;


• houver condenação em sentença ilíquida, mas cujo incidente de liquidação já findou; e
• quando, embora não transitado globalmente o processo, houver parcela da condenação
incontroversa.

 Se o condenado não efetuar o pagamento no prazo de 15 dias, o juiz determinará a expedição de


mandado de penhora e a avaliação dos bens do executado a fim de quitar o valor devido.

 Em caso de não pagamento, incidem:

• 10% a título de multa; e


• 10% a título de honorário advocatícios.

 A petição, com demonstrativo discriminado do débito, deve conter:

• o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro


Nacional da Pessoa Jurídica do exequente e do executado;
• o índice de correção monetária adotado;
• os juros aplicados e as respectivas taxas;
• o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;
• a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
• a especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados;
• a indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível.

 Impugnação ao cumprimento de sentença

 Admite-se a alegação de:

• falta ou nulidade da citação;


• ilegitimidade da parte;
• inexigibilidade do título ou obrigação;
• penhora incorreta ou avaliação errônea;
• excesso de execução ou cumulação indevida de execução;
• incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
• causa modificativa ou extintiva da obrigação.

 No caso de alegação de excesso de execução, deverá o executado, ao impugnar, informar o valor


que entende correto, mediante apresentação de um demonstrativo descriminado e atualizado dos
valores.

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 A impugnação não possui, em regra, efeito suspensivo. A apresentação da impugnação não
impede a prática de atos executivos, inclusive atos de expropriação de bens do executado.

• Admite-se que, no caso concreto, o magistrado conceda efeito suspensivo à impugnação, que
depende de:

1º – requerimento do executado;

2º - oferecimento de garantia por intermédio de penhora, caução ou depósito; e

3º - execução capaz de gerar grave dano de difícil ou incerta reparação.

 Podem ser alegados após o prazo para a impugnação

• fatos supervenientes no prazo de 15 dias a contar da ciência; e


• validade e adequação da penhora no prazo de 15 dias a contar da realização da penhora.

 A impugnação somente poderá ser apresentada até o trânsito em julgado da decisão exequenda.
Após o trânsito parte deverá ajuizar uma ação rescisória.

 Cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de prestar alimentos

 Uma vez determinado pelo juiz o pagamento de verba alimentícia, o réu tem três possibilidades:

1ª – iniciar o pagamento no prazo de 3 dias.

2ª – justificar a impossibilidade de pagamento no prazo de 3 dias.

Nesse caso, o juiz irá avaliar a escusa, deferindo ou não a impossibilidade de pagamento.

3ª – nada fazer.

 No caso de não cumprimento da ordem de pagamento:

• Protesto
• Prisão civil

 A prisão civil será decretada, em regime fechado, pelo prazo de 1 a 3 meses, que não eximirá o
executado do cumprimento da prestação alimentícia.

 Se o réu estiver preso e, durante o período recluso, houver o pagamento, será suspensa a prisão
civil.

 Cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa pela
Fazenda Pública.

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 Às condenações contra a Fazenda Pública não se aplicam a multa de 10% em caso de não pagamento
espontâneo no prazo de 15 dias.

 Podem ser alegados em impugnação ao cumprimento de sentença

• falta ou nulidade da citação


• ilegitimidade da parte
• inexigibilidade do título ou obrigação
• excesso de execução ou cumulação indevida de execução
• incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução
• causa modificativa ou extintiva da obrigação

 O pagamento de condenação contra Fazenda Pública:

• se superior a 60 salários mínimos: precatório


• se igual ou inferior a 60 salários-mínimos: RPV

 Cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer

 No caso de obrigações de fazer ou não fazer, a condenação será para a prática da tutela específica (ou
seja, fazer ou não fazer) ou obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.

 Se necessário, o juiz poderá determinar a expedição de mandado de busca e apreensão para cumprimento
da obrigação, devendo ser cumprido por dois oficiais de justiça.

 O não atendimento à determinação judicial no mandado de busca e apreensão implica litigância de má


fé.

 astreintes: multa pecuniária pelo não cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer.

• Aplicável a qualquer momento do procedimento (fase de conhecimento ou execução).


• Deve ser fixada em em valor compatível, suficiente e por prazo razoável a fim de compelir o devedor
a cumprir a obrigação.
• O valor da multa poderá ser alterado, com aumento ou redução, ou excluído, caso se torne
insuficiente, ou excessivo, ou se houver cumprimento parcial ou suficiente da obrigação.

 Cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de entregar coisa

 Quando se tratar de bem móvel expede-se o mandado de busca e apreensão para, conforme o nome já
nos indica, apreender o bem imóvel e entregá-lo a quem é de direito.

 Quando se tratar de bem imóvel, haverá expedição de mandado de imissão na posse do réu a fim de
reparar o esbulho na posse. O esbulho é o ato por meio do qual a pessoa é privada de bem do qual seja
proprietário ou tenha a posse.

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Procedimentos Especiais

Introdução ao Estudo dos Procedimentos Especiais

 Processo e procedimento são coisas distintas.

 Relação jurídica processual constitui o conjunto de direitos, deveres, ônus, obrigações e faculdades
que relacionam os atores do processo.

➢ competência privativa da União (art. 2, I, da CF);


➢ ex. regras de suspeição e de impedimento, ônus da prova, coisa julgada.

 Procedimento constitui a forma como os atos processuais se combinam no espaço e no tempo.

➢ competência concorrente da União, estados e DF (art. 24, IX, da CF);


➢ ex. fixação da ordem dos atos processuais (petição, contestação, saneamento, produção de
provas).

 O modelo dos procedimentos especiais descritos no CPC, são os seguintes:

• Ação de Consignação em Pagamento (art. 539 a 549)


• Ação de Exigir Contas (art. 550 a 553)
• Ações Possessórias (art. 554 a 568)
• Ação de Divisão e da Demarcação de Terras Particulares (art. 569 a 598)
• Ação de Dissolução Parcial de Sociedade (art. 599 a 609)
• Ação de Inventário e da Partilha (art. 610 a 673)
• Embargos de Terceiro (art. 674 a 681)
• Oposição (art. 682 a 686)
• Habilitação (art. 687 a 692)
• Ações de Família (art. 693 a 699)
• Ação Monitória (art. 700 a 702)
• Homologação de Penhor Legal (art. 703 a 706)
• Regulação de Avaria Grossa (art. 707 a 711)
• Restauração de autos (art. 712 a 718)
• Procedimento de Jurisdição Voluntária (art. 719 a 770)
 Ao ajuizar a demanda, a parte autora poderá optar por usar das regras específicas do procedimento
especial ou ajuizar a demanda pelo procedimento comum (regra da fungibilidade). Isso não é possível,
quando:

 for observada a impossibilidade de tutela do direito, a não ser pelo procedimento especial (ex.
inventário e partilha de bens); ou
 por expressa disposição legal vedando a utilização do procedimento comum (ex. procedimento
dos juizados especiais de fazenda pública ou federal).

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 O CPC prevê um rol específico de procedimentos especiais. Caso necessária ajuizar demanda que não se
adeque a um procedimento especial, deve ser utilizado o procedimento comum.

Ação de Consignação em Pagamento

 A ação em consignação em pagamento visa à liberação do devedor de determinada obrigação, que


objetiva declaração judicial liberando o devedor da obrigação.
 As hipóteses de cabimento da ação de consignação em pagamento podem decorrer de dificuldades na
aceitação do pagamento ou dúvida quanto a quem pagar. São elas:

 credor não puder ou injustificadamente se recursar a receber;

 credor não receber a coisa no lugar, no tempo e na condição devidos;

 credor for incapaz de receber, não for conhecido, for declarado ausente ou residir em local incerto
ou cujo acesso seja perigoso ou difícil acesso;

 houver dúvida em relação a quem deve receber o pagamento; e

 pender litígio sobre o objeto do pagamento.

 Podem ser consignáveis obrigações de pagar quantia certa ou de entregar coisa. Não se aplica, portanto,
às ações de obrigação de fazer e de não fazer.

 A consignação em pagamento pode dar de forma extrajudicial, quando envolver obrigação de pagar
quantia certa.

 Nesse caso, deve-se efetuar o depósito em rede bancária, cabendo ao gerente do banco a
notificação do credor em 10 dias.

 O credor poderá:

➢ levantar o valor consignado ou nada fazer (quitação da dívida); ou


➢ não aceitar (não precisa justificar).

 No caso de recusa, o devedor disporá de 1 mês para ajuizar a ação em consignação em pagamento.
Se não ingressar com a ação, fica sem efeito o depósito.

 Assim, a ação de consignação em pagamento poderá ocorrer:

 quando for frustrada a consignação em pagamento extrajudicial;

 quando envolver obrigação de entrega; e

 quando o devedor optar por tal modalidade diretamente.

 A ação será ajuizada do foro do lugar do pagamento.


 O depósito faz cessar juros e riscos, salvo se improcedente a ação.

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 Quando a consignação envolver prestações sucessivas, consignada uma das parcelas, as demais devem
ser depositadas no prazo de 5 dias, a contar do vencimento.

 Caso se trate de consignação de coisa incerta, devemos observar se a determinação fica a cargo do autor
ou do réu:

 se depender do autor: deverá fazê-lo no momento da petição inicial; ou

 se depender do réu: juiz fixa prazo (ou em 5 dias) para determinação da coisa.

 Citado, o réu apresentará contestação, podendo alegar que:

 não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa devida;

 foi justa a recusa;

 depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento;

 depósito não é integral, caso em que deverá indicar o valor que entende devido.

 Na hipótese de alegação de depósito insuficiente, cabe ao réu indicar o valor devido. Nesse caso:

 intima-se o autor para: complementar o depósito no prazo de 10 dias; e

 se não houver complementação, há liberação parcial do autor e o réu poderá levantar o valor
incontroverso, o processo segue para discutir a diferença:

➢ se julgada procedente a ação, libera-se o autor da diferença e o réu pagará as custas e os


honorários;
➢ se julgada improcedente a ação, o réu terá um título executivo para executar contra o réu.

 Quando houver dúvida de quem é o credor:

 citam-se todos os possíveis credores

 assim:

➢ não comparecendo ninguém, converte-se o depósito em arrecadação de coisa vaga;


➢ comparecendo apenas um, o juiz decidirá a consignação;
➢ comparecendo mais de um ou todos, o juiz declara efetuado o depósito, extingue a
obrigação do devedor (consignante) e o processo terá seu curso para tratar da distribuição
entre os credores.

Ações Possessórias

 Primeiramente, devemos fixar alguns conceitos:

 proprietário: aquele que tem o direito de usar, gozar e dispor da coisa (quem tem o título);
 possuidor: quem está investido na propriedade (locador); e

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 detentor: quem exercer posse em nome de terceiro (caseiro).

 Quando se tratar de defesa da propriedade, devemos ingressar com ação petitória (ex. ação
reivindicatória, ação de imissão de posse ou ação ex empto) ou desforço imediato (ação de direito material).

 Quando envolver defesa da posse, devemos ingressar com ação possessória. Há, nesse caso, duas
modalidades de ações de defesa da posse:

➢ desforço imediato (ação de direito material) para defesa da detenção; ou


➢ ações possessórias, para defesa da posse ou da propriedade, abrangendo:
o ação de reintegração de posse (protege do esbulho, perda da posse);
o ação de manutenção de posse (protege da turbação, incômodo da posse);
o interdito proibitório (protege a posse, em caso de ameaça).

 As ações possessórias são fungíveis entre si, pela dificuldade de identificação da violação ou pela
possibilidade de evolução da ameaça, para turbação, para esbulho.

 Junto com o pedido possessório, a parte poderá cumular pedido de:

 condenação em perdas e danos; ou

 indenização de frutos.

 As ações possessórias admitem o pedido contraposto, ou seja, pedido do réu para ser indenizado em
perdas e danos em face do pedido contra ele formulado na ação possessória.

 As ações possessórias possuem natureza dúplice, de modo que ao se negar o pedido do autor, concede-
se o direito material possessório ao réu.

 As ações possessórias, podem admitir duas modalidades de ritos.

 Adota-se o rito especial quando a ação for ajuizada dentro de 1 ano e 1 dia a contar do esbulho,
turbação ou necessidade de proteção (força nova). Para o rito especial, o pedido deve estar
suficientemente instruído (a caracterizar tutela de evidência).

• se o juiz não se convencer, poderá requerer justificação para concessão da tutela; e


• após, o processo segue o curso do procedimento comum.
 Nos demais casos (ação após 1 ano e 1 dia), adota-se o rito comum (ou seja, sem a possibilidade de
concessão de tutela de evidência) (força velha).

Ação de Manutenção e Reintegração

 Para as hipóteses de turbação, vale-se da ação de manutenção; e, para as hipóteses de esbulho, utiliza-
se a ação de reintegração.
 Na petição inicial, a parte autora deve provar:

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 posse;

 turbação ou esbulho (com a indicação da data); e

 pedido de cessação da turbação ou de reintegração no caso de esbulho.

 A após a concessão da liminar de tutela de evidência ou após o indeferimento da medida, temos:

 5 dias para o autor citar o réu; e

 citado, o réu tem 15 dias para contestar.

Ação possessória em conflito coletivo por imóvel

 A petição inicial:

 caso envolva força nova (menos de 1 ano e 1 dia), há possibilidade de concessão de tutela de evidência,
se suficientemente instruída;

 se envolver força velha (mais de 1 ano e 1 dia), parte-se para a citação.

 A citação será orientada para:

 réus presentes (oficial);

 réus ausentes (edital);

 MP; e

 Defensoria.

 Após, haverá audiência de mediação:

 para ação de mais de 1 ano e 1 dia (força velha); ou

 para a ação de menos 1 ano e 1 dia, se concedida a tutela de evidência, e não for possível cumprir
no período de 1 ano (a contar da distribuição da ação, não da concessão da tutela).

Interdito Proibitório

 Procedimento que busca evitar que o proprietário possa ser turbado ou esbulhado, mediante mandado
com fixação de multa.

Ação de Divisão e de Demarcação de Terras Particulares

 CONCEITOS

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 AÇÃO DE DEMARCAÇÃO: delimitar o imóvel com os demais confinantes

 AÇÃO DE DIVISÃO: ratear o imóvel de acordo com o quinhão de cada condômino

 DEMARCAÇÃO E DIVISÃO POR ESCRITURA PÚBLICA:

 partes maiores;

 partes capazes; e

 partes em acordo.

 AÇÃO DE DEMARCAÇÃO

1) Petição Inicial (prova do título do imóvel, descrição dos limites e indicação dos confinantes).

2) Citação (correios → oficial de justiça → edital)

3) Contestação (15 dias)

4) Procedimento pelo rito comum, com perícia de agrimensura.

5) Sentença (de improcedência: extingue; de procedência: cumprimento de sentença).

6) Cumprimento de sentença (plantas, marcos e linha; relatório; manifestação das partes em 15 dias).

(7) Sentença homologatória do relatório (extingue a fase de cumprimento).

 AÇÃO DE DIVISÃO

(1) Petição inicial (prova do título, origem da comunhão, indicação dos condôminos e benfeitorias comuns).

2) Citação (correios → oficial de justiça → edital)

3) Contestação (15 dias)

4) Procedimento pelo rito comum, com perícia (mediação e divisão).

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5) Intimação dos condôminos (prova do título da parte que lhes cabe)

6) Impugnação pelos condôminos (15 dias)

7) Decisão quanto às impugnações (10 dias)

8) Resolução de benfeitorias em área limítrofe (se tiver mais de 1 ano, serão respeitadas).

9) Restituição dos terrenos usurpados.

10) Laudo propondo a divisão.

11) Manifestação dos condôminos sobre o laudo.

12) Decisão de partilha.

13) Memorizar descritivo (elaborado pelo perito).

14) Sentença homologatória do memorial.

Ação de Dissolução Parcial de Sociedade

 CONCEITO: ação específica para tratar da saída de um dos sócios de determinada pessoa jurídica.

 PROCEDIMENTO:

 amistoso:

➢ não há condenação em honorários e o valor relativo às custas serão rateados entre os sócios
proporcionalmente ao capital social;
➢ liquidação direta.

 contencioso:

➢ contestação no prazo de 15 dias;


➢ observância do procedimento comum com sentença constitutiva;
➢ liquidação.

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 decisão para liquidação:

➢ fixação da data da retirada


FALECIMENTO → data do óbito
RETIRADA IMOTIVADA → 60 dias após a notificação
RECESSO → dia do recebimento da notificação
RETIRADA POR JUSTA CAUSA E EXCLUSÃO JUDICIAL → trânsito em julgado
EXCLUSÃO EXTRAJUDICIAL → data da assembleia ou da reunião
➢ fixação dos critérios de haveres
Duas regras:
1. o que prever o estatuto; ou
2. juiz, com base:
a. 1º valor patrimonial apurado em balanço;
b. 2º bens e direitos que compõem o ativo da empresa;
c. 3º passivo.
➢ nomeação de perito

 fixado o valor:

 paga-se conforme estatuto; ou

 no prazo de 90 dias.

Inventário e Partilha

 PRINCÍPIO DA SAISINE: com o falecimento, toda a herança é transmitida de forma automática aos
herdeiros.

 INVENTÁRIO: relação de bens e direitos de determinada pessoa.

 PARTILHA: distribuição desses bens e direitos entre os sucessores.

 INVENTÁRIO E PARTILHA JUDICIAIS e EXTRAJUDICIAIS:

 judicial

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➢ quando houver testamento
➢ quando envolver interessado incapaz

 extrajudicial: quando os sucessores forem capazes e o procedimento se der na forma amigável.

➢ efetivada por escritura pública; e


➢ exige-se assistência por advogado ou defensor público.

 PRAZOS DO INVENTÁRIO E PARTILHA JUDICIAIS:

 para instaurar o inventário e partilha: 2 meses

 para ultimar o procedimento: 12 meses (admite-se prorrogação)

 ADMINISTRADOR PROVISÓRIO

 até o inventariante prestar compromisso.

 deve informar frutos, ser reembolsado de despesas e responder por dolo ou culpa.

LEGITIMADOS PARA PROPOR O INVENTÁRIO

 REGRA GERAL: incumbe a quem estiver na posse e na administração do espólio (administrador provisório)
no prazo de 2 meses, a contar do falecimento.

 LEGITIMADOS CONCORRENTES:

 cônjuge ou companheiro supérstite;

 herdeiro;

 legatário;

 testamenteiro;

 cessionário do herdeiro ou do legatário;

 credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança;

 Ministério Público, havendo herdeiros incapazes;

 Fazenda Pública, quando tiver interesse;

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 o administrador judicial da falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do cônjuge ou
companheiro supérstite.

 ORDEM A SER OBSERVADA PELO MAGISTRADO NA NOMEAÇÃO DO INVENTARIANTE

 cônjuge ou companheiro convivente

 herdeiro que se achar na posse e na administração do espólio

 qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na administração do espólio

 herdeiro menor, por seu representante legal

 testamenteiro (se confiada a administração do espólio ou herança em legados)

 cessionário do herdeiro ou do legatário

 inventariante judicial

 pessoa estranha idônea

 Nomeado o inventariante, esse tem prazo de 5 dias para prestar COMPROMISSO

 PARA EXERCER AS ATRIBUIÇÕES ABAIXO É NECESSÁRIO OUVIR INTERESSADOS E AUTORIZAÇÃO JUDICIAL

 alienar bens

 transigir (extra ou judicialmente)

 pagar dívidas

 fazer despesas necessárias para conservação ou melhoramento dos bens

 SERÁ REMOVIDO DA FUNÇÃO, O INVENTARIANTE QUE

 não prestar as declarações (primeiras ou últimas)

 não der ao inventário andamento regular

 suscitar dúvidas infundadas

 praticar atos meramente protelatórios

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 deterioração, dilapidação ou danos aos bens por culpa

 não defender o espólio nas ações em que for citado

 deixar de cobrar dívidas ativas

 não promover as medidas necessárias para evitar o perecimento de direitos

 não prestar contas ou se as que prestar não forem julgadas boas

 sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio

 PROCEDIMENTO DE REMOÇÃO DO INVENTARIANTE

 procedimento incidente em autos apartados (apenso/vinculado)

 intimação para defesa e apresentação de documentos no prazo de 15 dias.

 em seguida, o juiz decide.

 caso seja promovida a remoção, haverá substituição por outro, observada a ordem de nomeação

 o inventariante removido deve entregar imediatamente os bens.

 eventual resistência implica: a) mandado de busca e apreensão (bem móvel) ou imissão na posse (bens
imóveis); e b) aplicação de multa em até 3% calculado sobre o valor dos bens.

 CITAÇÕES E IMPUGNAÇÕES

 SERÃO CITADOS NA AÇÃO DE INVENTÁRIO E PARTILHA

➢ cônjuge companheiro
➢ herdeiros legatários
➢ Fazenda Pública
➢ Ministério Público (caso haja incapaz, ausente)
➢ testamenteiro (se houver)

 IMPUGNAÇÕES

➢ arguir erro, omissão ou sonegação, SE PROCEDENTE: retificação das “primeiras declarações”

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➢ reclamação contra nomeação do inventariante, SE PROCEDENTE: remoção do inventariante com
nomeação de outro, conforme a ordem legal
➢ contestar algum dos herdeiros indicados, SE PROCEDENTE: suspende-se o processo de inventário e
partilha para que seja definido o rol de herdeiros pelo procedimento comum (com produção de
provas), com posterior retomada do procedimento.

 ADMISSÃO COMO HERDEIRO: pode pleitear a qualquer tempo desde que antes da partilha.

➢ ouvidas as partes no prazo de 15 dias o juiz decidirá.


➢ se necessária produção de provas, segue o procedimento comum, com reserva do quinhão.

 AVALIAÇÃO E CÁLCULO DO IMPOSTO

1) Remessa ao avaliador judicial ou nomeação de perito.

* não será nomeado perito se capazes as partes, e se a Fazenda Pública concordar com o valor indicado nas
“primeiras declarações”.

** não se expede carta precatória para avaliação de bem fora da comarca se for bem de pequeno valor ou
conhecido do perito nomeado

2) Laudo

3) Intimação das partes para se manifestarem no prazo comum de 15 dias

4) Decisão do juiz

5) Termo de “últimas declarações” pelo inventariante

6) Intimação das partes das “últimas declarações” no prazo comum de 15 dias

7) Cálculo do tributo

8) Intimação das partes e da Fazenda Pública no prazo de 5 dias para ciência do valor do tributo.

9) Homologação do juiz do valor devido

 COLAÇÃO

 CONCEITO: o instrumento por intermédio do qual os herdeiros necessários indicam os bens que
receberam por doação inter vivos do falecido.

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 Faz-se necessário para o cálculo da legítima.

 Admite-se impugnação pela sonegação, no prazo de 15 dias, com decisão de plano pelo juiz ou, se
necessárias provas, com remessa para o procedimento comum.

 PAGAMENTO DE DÍVIDAS

 Credores podem requerer a habilitação para pagamento de dívidas vencidas até a partilha.

 DÍVIDA VENCIDA:

➢ herdeiros devem concordar


➢ não concordarem, instaura-se processo pelo rito comum com reserva de bens para pagamento

 DÍVIDA NÃO VENCIDA

➢ herdeiros devem concordar


➢ credor deve aguardar vencimento

 PARTILHA

 pedido de quinhão: 15 dias

 regras para a partilha:

➢ igualdade em relação ao valor, à natureza e à qualidade dos bens;


➢ prevenção de futuros litígios; e
➢ máxima comodidade dos coerdeiros, do cônjuge ou do companheiro.

 ordem de partilha:

1º - dívidas atendidas

2º - meação do cônjuge

3º - repartição do quinhão da meação disponível.

 FORMAL DE PARTILHA

➢ peças
➢ termo de inventariante e título de herdeiros

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➢ avalição dos bens do quinhão
➢ pagamento do quinhão hereditário
➢ quinhão de impostos
➢ sentença

 AÇÃO ANULATÓRIA DE PARTILHA AMIGÁVEL - prazo de um ano, a contar

 da cessação da COAÇÃO

 da realização do ato com DOLO ou ERRO

 da cessação da incapacidade quando havia INCAPAZ e, portanto, não era admissível a partilha extrajudicial

 AÇÃO RESCISÓRIA DE PARTILHA:

 COAÇÃO (2 anos)

 ato com DOLO ou ERRO (2 anos)

 PRETERIÇÃO DAS FORMALIDADES LEGAIS (2 anos)

 PRETERIÇÃO DE HERDEIRO (10 anos)

 ARROLAMENTO SUMÁRIO

 As partes requerem a nomeação de inventariante que já designaram.

 Declaração de títulos dos herdeiros e bens do espólio.

 Atribuição de valor aos bens para a partilha.

 Homologação pelo Juiz

 ARROLAMENTO COMUM

 bens do espólio igual ou inferior a 1000 salários mínimos

 inventariante designado apresenta declaração com atribuição dos valores

 impugnado pode ser nomeado avaliador

 pago os tributos, julga-se a partilha

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* nesse caso, admite-se que, entre os herdeiros, haja incapaz, desde que o Ministério Público participe do
procedimento.

Embargos de Terceiro

 CONCEITO: ação que visa impedir ou livrar constrição de bem que esteja na posse ou na propriedade de
terceiro.

 NÃO PODE SER PARTE (terceiro)

 sofreu CONSTRIÇÃO ou AMEAÇA de constrição em relação a bens sobre os quais tem direito.

 LEGITIMADOS ATIVOS

 cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação (exceto
expropriação de bem indivisível)

 adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada
em fraude à execução

 quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da personalidade jurídica, de
cujo incidente não fez parte

 credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de garantia, caso não
tenha sido intimado nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos

 AJUIZAMENTO

 FASE DE CONHECIMENTO: a qualquer tempo, antes do trânsito em julgado

 FASE DE EXECUÇÃO: até 5 dias após adjudicação, alienação ou arrematação, DESDE QUE antes da
assinatura da carta

 DISTRIBUIÇÃO DA AÇÃO

 REGRA: por dependência

 no caso de embargos de terceiro por ato praticado em carta precatória executória:

➢ REGRA: ajuizamento no juízo deprecado; ou


➢ NO CASO DE DEVOLUÇÃO DA CARTA: juízo deprecante.

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 PETIÇÃO INICIAL:

 prova sumária da posse/domínio

 prova de que é exercício

 provas a produzir (rol de testemunhas)

 CONTESTAÇÃO: 15 dias

 Se o autor dos embargos for detentor de DIREITO REAL DE GARANTIA SOBRE O BEM IMÓVEL, na peça de
defesa poderá ser alegado:

➢ a insolvência do réu;
➢ que o título que concede o direito real é nulo ou não vincula terceiros;
➢ que a coisa dada em garantia é outra e não a coisa litigiosa.

Oposição

 CONCEITO: Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e
réu poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos.

 AJUIZAMENTO: até a sentença.

 DISTRIBUIÇÃO: por dependência.

 DISTRIBUÍDA:

 15 dias para contestar;

 trâmite conjunto com sentença na mesma data (primeiro decide a oposição, após o processo originário).

 excepcionalmente, a decisão será em momento distinto, caso:

➢ a oposição seja ajuizada após a audiência de instrução e julgamento; e


➢ houver prejuízo à duração razoável do processo.

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Habilitação

 CONCEITO: procedimento incidental especial para viabilizar o ingresso do sucessor ou do espólio em ações
transmissíveis em caso de falecimento de uma das partes processuais.

 NASCE COMO INCIDENTE e, caso necessária a instrução processual, FORMA PROCEDIMENTO ESPECIAL
APARTADO.

 5 DIAS: para manifestação da parte requerida, sobre o incidente; e

Ações de Família

 OBJETIVO CENTRAL: solução consensual.

 ABRANGÊNCIA DO REGRAMENTO ESPECÍFICO:

 processo de divórcio;

 processo de separação, reconhecimento ou extinção de união estável;

 processo de guarda;

 processo de visitação; e

 processo de filiação.

 NÃO SE APLICA:

 ações de alimentos; e

 ECA.

 INSTRUMENTOS PARA SOLUÇÃO CONSENSUAL:

 utilização da mediação e da conciliação.

 citação do réu para comparecer à audiência de conciliação sem envio da contrafé.

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 possibilidade de várias sessões de conciliação ou de mediação.

 O MP atuará como fiscal da ordem jurídica nas ações de família apenas quando houver interesse de
incapaz, quando deve ser ouvido previamente à fixação do acordo.

 Se o processo versar sobre alienação parental, o depoimento do incapaz deve ser acompanhado de equipe
técnica.

Ação Monitória

 Procedimento específico, utilizado para pretender a cobrança ou a exigência de obrigação em face de


título executivo extrajudicial sem eficácia executiva.

 Proporciona um procedimento mais célere, mediante apresentação de prova escrita e inversão do


ônus para instaurar a discussão a respeito da in/existência do direito.

 Há maior segurança em decorrência do título certo e líquido, embora não executável.

 A ação monitória abrange todos os tipos de obrigações:

 pagar quantia em dinheiro;

 entregar o bem;

 obrigação de fazer ou não fazer.

 Admite-se ação monitória contra a Fazenda.

 Ajuizada a petição inicial, o juízo fará admissibilidade:

 oportunidade em que irá analisar pedido de tutela de evidência, podendo decidir inclusive de
forma liminar;

 cabendo indeferimento da petição inicial em caso de:

• não indicação do valor a ser pago, do valor do bem ou do conteúdo patrimonial ou proveito
econômico (a depender da natureza da obrigação);
• inépcia (faltar pedido ou causa de pedir, pedido indeterminado, falta de correção lógica entre
fatos e conclusão ou formulação de pedidos incompatíveis);
• parte manifestamente ilegítima;
• falta de interesse processual.

 cabendo improcedência liminar do pedido, nos termos do art. 332, CPC.

 Admitida a ação, cita-se o réu (sem necessidade de observar forma específica).

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 Citado, o réu:

 poderá pagar no prazo de 15 dias, caso em que pagará apenas 5% dos honorários advocatícios e
ficará isento e custas processuais;

 poderá embargar;

• Pode ser alegada qualquer matéria de defesa.


• Podem ser ajuizados independentemente de prévia garantia do juízo.
• Suspendem a eficácia da tutela de evidência concedida, até a decisão de primeiro grau.
• Admite-se reconvenção.
• Se nos embargos o réu da ação monitória arguir que há excesso de execução, temos duas
situações:

1ª situação – se esse for o único argumento, a parte deverá indicar o valor que entende
devido, sob pena de rejeição liminar dos embargos à ação monitória;

2ª situação – se além desse argumento, houver outros, mas a parte não indicar o valor
devido, o juiz prosseguirá o julgamento do feito, mas desconsiderará a discussão
quanto ao valor devido.

* A ideia dessa regra é permitir que seja executado o montante incontroverso.

 poderá nada fazer, hipótese em que o título executivo sem eficácia extrajudicial, torna-se título
executivo judicial, submetendo-se ao cumprimento de sentença.

 Caso haja constituição do título executivo extrajudicial (inércia do citado), a parte poderá ajuizar
posteriormente ação rescisória para anular essa decisão.

 Em relação a créditos contra a Fazenda Pública, haverá cumprimento de sentença na forma que o CPC
estabelece para Fazenda Pública.

 Admite-se, na execução em sentença monitória, o parcelamento do débito.

 Da sentença em ação monitória é cabível recurso de apelação para o tribunal.

 Considera-se litigância de má-fé com condenação de até 10% sobre o valor da causa:

a) propor a ação monitória indevidamente e caso haja pagamento (condena-se o autor)

b) oposição de embargos à ação monitória de má-fé.

Homologação de penhor legal

 PETIÇÃO INICIAL: petição regular com indicação do contrato que gerou o penhor.

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 POSSIBILIDADE DE HOMOLOGAÇÃO EXTRAJUDICIAL: ocorrerá no caso de o devedor pagar o débito no
prazo de 5 dias.

 SE IMPUGNAR O PROCEDIMENTO É JUDICIALIZADO:

 Defesa:

➢ nulidade do processo;
➢ extinção da obrigação;
➢ não se tratar de dívida legal;
➢ bens não sujeitos ao penhor; ou
➢ demonstração de caução idônea, rejeitada.

 Audiência preliminar;

 Após, procedimento comum.

 Sentença homologatória, se procedente, confere a posse ao autor sobre o bem disputado.

Restauração de Autos

 Restauração de autor constitui procedimento para recuperação de autos que foram extraviados.

 Podem instaurar o procedimento:

 juiz de ofício

 a requerimento da parte

 a requerimento do MP

 A petição inicial deve conter:

 declaração do estado do processo ao tempo do desaparecimento

 juntada de documentos: certidões, cópias de peças e informações que possam auxiliar na


recuperação das informações.

 A contestação da parte contrária será ofertada no prazo 5 dias.

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 não concordar, concordar parcialmente ou não se manifestar (procedimento comum para que o
juiz possa avaliar o que aconteceu com os autos)

 concordar (exibir os documentos que eventualmente possua e que possam propiciar a restauração
do procedimento)

 Quanto às provas já produzidas

 É admissível ouvir novamente as testemunhas, admitindo-se, nesse caso, a oitiva de outras


testemunhas;

 Haverá também, se for o caso, a realização de nova perícia que deve ser efetuada
preferencialmente com o mesmo perito; e

 Se necessário, os documentos serão reconstituídos.

 No que diz respeito à responsabilidade de quem der causa ao desaparecimento, abrange:

 pelas custas

 pelos honorários

 responsabilidade civil ou penal (a ser avaliada em procedimento próprio).

Procedimento de Jurisdição Voluntária

 PROCEDIMENTOS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

• típicos

• notificação e interpelação

• alienação judicial

• divórcio e separação consensuais, extinção consensual de união estável e alteração do regime de


bens do matrimônio

• testamento e codicilos

• bens dos ausentes

• coisas vagas

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• tutela e curatela

• organização e fiscalização das fundações

• ratificação dos protestos marítimos e processos testemunháveis formados a bordo

• atípicos

 LEGITIMADOS:

 interessado;

 Ministério Público; e

 Defensoria Pública.

 INSTAURAÇÃO DE OFÍCIO, excepcionalmente admitida em:

 alienação judicial;

 herança jacente;

 bens ausentes; e

 coisas vagas.

 PROCEDIMENTO:

 citação dos interessados: 15 dias;

 parecer do MP (15 dias), se envolver interesse de incapaz; e da Fazenda Pública quando for o caso.

 decisão no prazo de 15 dias.

 da sentença admite-se apelação.

 PROTESTO, NOTIFICAÇÃO E INTERPELAÇÃO

 procedimentos de jurisdição voluntária

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 PROTESTO: deixou de existir no CPC

 NOTIFICAÇÃO: comunicação de pessoa(s) a respeito do seu propósito sobre assunto que contenha
relevância jurídica.

 Será realizada por edital quando destinada ao público em geral.

 INTERPELAÇÃO: comunicação para que terceiro faça algo ou deixe de fazer.

 NÃO HÁ DEFESA OU MANIFESTAÇÃO, exceto a manifestação, quando:

A) houver suspeita de que o requerente pretende alcançar fim ilícito por intermédio da comunicação;
ou

B) for requerida a averbação da notificação em registro público.

 ALIENAÇÃO JUDICIAL

 A alienação judicial constitui procedimento de jurisdicional voluntária por intermédio do qual o Poder
Judiciário poderá, de ofício ou a requerimento, proceder à venda de bens privados.

 Hipóteses de cabimento:

➢ alienação autônoma não vinculada a outro procedimento


➢ alienação cautelar (caráter conservativo) no curso de processo pendente

 DIVÓRCIO E DA SEPARAÇÃO CONSENSUAIS, EXTINÇÃO CONSENSUAL DE UNIÃO ESTÁVEL E ALTERAÇÃO


DO REGIME DE BENS DO MATRIMÔNIO

 o procedimento poderá ser extrajudicial; ou judicial. Será extrajudicial quando não houver nascituro ou
filhos incapazes (leia-se, menores de 18 anos).

 petição inicial:

➢ descrição e à partilha dos bens comuns;


➢ pensão alimentícia entre os cônjuges;

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➢ guarda dos filhos incapazes e ao regime de visitas; e
➢ valor da contribuição para criar e educar os filhos.

 procedimento de alteração do regime de casamento:

➢ requerimento conjunto, com razões que justificam a alteração;


➢ intimação do MP; e
➢ decisão no prazo de 30 dias.

 TESTAMENTO E CODICILO

TESTAMENTO: disposição, para após a morte, sobre os bens do testador.

CODICILO: declarações adicionais do testamento.

PROCEDIMENTO:

 conhecer a vontade do testado;

 verificar a regularidade do procedimento particular;

 determinar a execução.

 HERANÇA JACENTE

 CONCEITO: a herança jacente tem lugar quando não houver herdeiros, hipótese em que os bens serão
arrecadados.

 CURADOR: será nomeado para guardar, conservar e administrar os bens até habilitação do sucessor ou
declaração de vacância.

 INCUMBE AO CURADOR: representar, guardar, conservar, apresentar balancete e prestar contas dos bens
administrados.

 OFICIAL DE JUSTIÇA: será responsável pela arrecadação dos bens e por auxiliar o juiz nos atos a serem
praticados com a finalidade de serem identificados os herdeiros ou sucessores.

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 ULTIMADA A ARRECADAÇÃO DOS BENS, serão publicados editais para o fim de serem descobertos os
herdeiros e sucessores.

 O Juiz poderá adotar medidas conservatórias para manter o patrimônio, inclusive, a alienação antecipada.

 Passado 1 ano da primeira publicação do edital e não havendo herdeiro habilitado nem habilitação
pendente, será a herança declarada vacante.

 BENS AUSENTES

 CONCEITO: procedimento utilizado para nomeação de curador para administrar bens de pessoa declarada
ausente.

 Após a ARRECADAÇÃO, administração dos bens pelo curador, decurso dos prazos constantes do edital, há
conversão da arrecadação em sucessão provisória.

 A sucessão PROVISÓRIA converte-se em DEFINITIVA 10 anos após: a) certeza da morte; b) 10 anos da


sentença da sucessão provisória; ou c) 5 anos da sucessão provisória, caso conte com 80 anos de idade.

 COISAS VAGAS

 FINALIDADE: encontrar o dono da coisa móvel perdida.

 Caso o dono será encontrado, o bem será restituído e o descobridor receberá recompensa, não inferior a
5% do valor da coisa achada.

 Caso o dono não seja encontrado, o bem será vendido em hasta pública e o valor será revertido para o
município.

 INTERDIÇÃO

 CONCEITO: procedimento de jurisdição voluntária destinado a conferir assistência para administração


dos bens do interdito.

 CURADORIA: encargo público conferido por lei para administração de bens e assistência para a prática de
atos da vida civil por quem não tem capacidade para fazê-lo.

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 LEGITIMIDADE ATIVA:

➢ cônjuge/companheiro;
➢ parente/tutores;
➢ representantes de entidades que acolha o interditado;

 LEGITIMADOS PASSIVO (considerando-se o Estatuto da Pessoa com Deficiência):

➢ quem não tiver condições por razão transitória ou permanente de exprimir sua vontade; ou
➢ ébrios habituais e viciados em tóxicos.

 PETIÇÃO INICIAL, além dos requisitos tradicionais deve ser apresentado:

➢ documento que comprove a incapacidade; e


➢ laudo médico

 OITIVA do interditando, com possibilidade de acompanhamento técnico especializado.

 intimação do MINISTÉRIO PÚBLICO na qualidade de fiscal da ordem jurídica.

 LEVANTAMENTO: a qualquer tempo, desde que cesse a causa que gerou a interdição.

 ORGANIZAÇÃO E FISCALIZAÇÃO DAS FUNDAÇÕES

 Cabimento do procedimento:

➢ negativa de aprovação do estatuto pelo Ministério Público;


➢ modificação imposta pelo Ministério Público, sem concordância do instituidor;
➢ interessado não concordar com o estatuto elaborado pelo Ministério Público.

 Legitimidade para propor a extinção:

➢ interessado; ou
➢ Ministério Público.

 Hipótese de extinção:

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➢ ilicitude do objeto;
➢ impossibilidade de manutenção da fundação; e
➢ vencimento do prazo para o qual foi instituída a fundação.

 RATIFICAÇÃO DOS PROTESTOS MARÍTIMOS E PROCESSOS TESTEMUNHÁVEIS FORMADOS A BORDO

 Procedimento específico destinado à comprovação, pelo capitão do navio, quanto a fatos ocorridos ao
longo do trajeto percorrido pelo navio durante sua viagem.

Execução

Princípios

 PRINCÍPIO DA NULLA EXECUTIO SINE TITULO: não existe execução sem título executivo.

 PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE DA EXECUÇÃO: a execução – que se realiza em favor do credor –


deve se valer de todos os atos necessários com a finalidade de satisfazer o crédito.

 PRINCÍPIO DO MENOR SACRIFÍCIO PARA O DEVEDOR: quando, por mais de um meio igualmente
vantajoso para o credor, for possível efetuar a execução, deverá ser feita pelo meio menos gravoso ao
executado.

 PRINCÍPIO DA ATIPICIDADE DOS MEIOS EXECUTIVOS: o juiz poderá adotar as medidas que entender
necessárias para o bem do cumprimento da execução.

 PRINCÍPIO DA ESPECIFICIDADE DA EXECUÇÃO: o juiz deve prestar a tutela jurisdicional específica em


relação às obrigações de fazer, de não fazer e de dar e, apenas excepcionalmente, convertê-la em perdas e
danos.

 PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA: o exequente, independentemente de ser execução


definitiva ou provisória, tem o dever de reparar todos os dados que, por ventura, causar ao executado em
razão do processo de execução.

Disposições Gerais

 APLICABILIDADE DAS REGRAS DE EXECUÇÃO:

 ao processo de execução de título extrajudicial;

 aos procedimentos especiais em execução; e

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 aos procedimentos de cumprimento de sentença.

 PODERES DO JUIZ NA EXECUÇÃO:

 ordenar o comparecimento;

 advertir prática de ato atentatório à dignidade da justiça;

 ordenar a colaboração com a execução.

 ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA EXECUÇÃO

 Hipóteses

• Fraude à execução.
• Oposição maliciosa à execução, empregando ardis e meios artificiosos.
• Dificultar ou embaraçar a realização da penhora.
• Resistência injustificada às ordens judiciais.
• Não indicar os bens passíveis de penhora e valores ou não exigir prova de propriedade quando
intimado pelo Juiz para fazê-lo.

 Consequência: multa revertida para o exequente não superior a 20%, calculado sobre o valor atualizado
do débito.

 DESISTÊNCIA DA EXECUÇÃO: não implica desistência do direito de executar e implica a extinção


automática da impugnação e dos embargos quando envolver questões processuais, mas será necessária
concordância do impugnante/embargante quando houver discussão de outros assuntos (o exequente deve
pagar custas e honorários).

Legitimidade

● LEGITIMIDADE ATIVA

 legitimado ordinário: credor

 legitimado derivado ou superveniente: recebeu o crédito por sucessão

 legitimado extraordinário: em nome próprio cobra crédito alheio

● LEGITIMIDADE PASSIVA

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 ordinária: devedor, que consta do título

 derivado ou superveniente:

a) espólio, herdeiro ou sucessores

b) cessão de débito

c) fiador

d) concessão de bem de terceiro com garantia real

 responsável tributário

● CUMULAÇÃO SUBJETIVA NA EXECUÇÃO: Admite-se a formação de litisconsórcio no procedimento de


execução.

● CUMULAÇÃO OBJETIVA NA EXECUÇÃO: condições:

 mesmo executado;

 igual competência do juízo; e

 igualdade de procedimento.

● INTERVENÇÃO DE TERCEIRO: admite-se o incidente de desconsideração de personalidade jurídica.

Competência

 JUÍZO COMPETENTE PARA A EXECUÇÃO (à escolha do exequente)

 foro do domicílio do executado

 foro de eleição

 foro dos bens executados

Requisitos

● INADIMPLEMENTO (situação de fato)

 não satisfação de obrigação certa, líquida e exigível.

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 em obrigações bilaterais, o credor somente poderá exigir do devedor quando cumprir com a sua parte.

● TÍTULO EXECUTIVO (situação de direito)

 CONCEITO: ato ou fato a quem a lei atribui eficácia executiva.

 ROL ABERTO (novos podem ser criados por lei):

1) Letra de câmbio, nota promissória, duplicata, debênture e cheque.

2) Escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor.

3) Documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas.

4) Instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela
Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por
tribunal.

5) Contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele
garantido por caução.

6) Contrato de seguro de vida em caso de morte.

7) Crédito decorrente de foro e laudêmio.

8) Crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos


acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio.

9) Certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei.

10) Crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas


na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente
comprovadas.

11) Certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e
demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei.

12) Todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.

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Características do título executivo

 certeza:

➢ Quem deve?
➢ Para quem deve?
➢ Como deve?
➢ O que deve?

 liquidez:

➢ Quanto deve?

 exigibilidade:

➢ Já venceu?

Responsabilidade patrimonial

 PREMISSAS

1ª premissa: a regra geral é que a responsabilidade seja do devedor. É a situação na qual o responsável é o
próprio devedor.

2ª premissa: a responsabilidade é patrimonial (presente e futuro), embora ainda existam alguns resquícios
da responsabilização pessoal do devedor.

 BENS PASSÍVEIS DE EXECUÇÃO:

 REGRA: bens do executado.

 LIMITAÇÕES:

➢ limitações lógicas: se o produto arrecadado não for suficiente nem mesmo para pagamento das
custas de execução.
➢ limitações políticas: impenhorabilidades.
➢ Limitação voluntária: negócio jurídico processual (controvertido).

 FRAUDE CONTRA CREDORES – hipóteses

 Alienação ou oneração de bem quando já houver averbação da existência de ação envolvendo direito real
ou pretensão reipersecutória.

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 Averbação de certidão de que a execução foi admitida pelo juiz no registro de imóveis, de veículos ou
registro de outros bens sujeitos à penhora. Nesse caso, a alienação ou oneração na pendência de processo
de execução é fraude contra credores.

 Alienação ou oneração após averbação de hipoteca judiciária ou ato de constrição judicial originário do
processo em que fora arguida a fraude.

 Alienação ou oneração de bens quando tramitava, contra o credor, ação capaz de reduzi-lo à insolvência.

Disposições Gerais das Espécies de Execução

● NA PETIÇÃO DE EXECUÇÃO:

 instruir: título e demonstrativo do débito (atenção à condição ou termo e às obrigações bilaterais).

Ä indicar: espécie de execução, qualificação e bens suscetíveis de penhora.

● QUANTO AO DEMONSTRATIVO DE DÉBITO – deve constar:

 índice de correção monetária, com termos inicial e final de incidência

 taxa de juros, com termos inicial e final de incidência

 periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso

 especificação do desconto obrigatório realizado

● EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA

 regra: escolha pelo devedor

 exceção: se o devedor não indicar no prazo (10 dias ou que prever o contrato) ou se couber ao credor

● A ordem judicial para a CITAÇÃO INTERROMPE A PRESCRIÇÃO e será considerada a partir da propositura
da ação, ainda que o despacho emane de juízo incompetente.

NULIDADE DA EXECUÇÃO

 Hipóteses:

• Obrigação incerta, ilíquida ou inexigível.


• Irregularidade de citação.

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• Não ocorrência de termo ou condição do título.

 Pronunciamento de ofício ou a requerimento (independe de embargos).

Execução por Quantia Certa

● INTRODUÇÃO

 FASES:

➢ 1ª fase: proposição
➢ 2ª fase: apreensão de bens
➢ 3ª fase: expropriação
➢ 4ª fase: pagamento

Ä Finalidade: prover tutela jurisdicional consistente em pagar dinheiro.

 Expropriação: conjunto de atos processuais praticados na execução para, com o patrimônio do


executado, satisfazer o crédito do exequente.

➢ adjudicação
➢ alienação
➢ apropriação de frutos e rendimentos

● ADJUDICAÇÃO: passagem dos bens do devedor para o credor como forma de quitação dos bens
penhorados para satisfação do crédito.

● REMIÇÃO: Ato pelo qual o executado paga ou consigna, em pagamento, o montante da execução (valor
devido, juros, custas e honorários) é admissível ATÉ a adjudicação ou a alienação.

● CITAÇÃO DO DEVEDOR E DO ARRESTO

 PRIMEIRA FASE: PROPOSIÇÃO.

 CITADO, O EXECUTADO:

• Pode pagar em três dias, hipótese em que os honorários serão de 5%.

• Pode não pagar, hipótese em que os honorários serão de 10%.

• Pode apresentar embargos à execução no prazo de 15 dias, hipótese em que, se rejeitados os


embargos, os honorários poderão atingir 20%.

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 ADMITIDA A EXECUÇÃO

➢ Fornecimento de certidão ao exequente para averbar a pendência de execução contra o devedor.


➢ O exequente deve informar nos autos as averbações efetuadas no prazo de 10 dias.
➢ A partir da averbação, da alienação ou da oneração a terceiros, presume-se feita com fraude.
➢ Com a penhora do valor suficiente para quitar o débito, as averbações devem ser canceladas pelo
exequente em relação aos bens não penhorados no prazo de 10 dias (se não cumprir, o juiz determina
de ofício).

● ARRESTO: medida preventiva de apreensão judicial de bens do devedor (pré-penhora).

 Com o arresto, o oficial de justiça deverá retornar ao endereço por duas vezes em horários distintos a fim
de intimar o executado.

 Havendo suspeita de ocultação, o oficial de justiça fará a citação por hora certa.

Ä Não havendo suspeita de ocultação, o exequente poderá requerer a citação por edital.

● PENHORA, DEPÓSITO E AVALIAÇÃO

 A PENHORA DEVE “COBRIR”:

➢ o valor do principal atualizado


➢ os juros
➢ as custas
➢ os honorários do advogado

 INALINENABILIDADE: não podem ser vendidos os bens que, determinados por lei, ou gravados por
cláusula, não possam ser vendidos ou gravados com ônus real.

 SÃO ABSOLUTAMENTE IMPENHORÁVEIS

➢ Os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução.


➢ Os bens que guarnecem a residência, exceto os de “alto valor”.
➢ Os bens de uso pessoal do executado, exceto os de “alto valor”.
➢ Os rendimentos da pessoa, exceto para pagamento de obrigação alimentícia e valores mensais
superiores a 50 salários mínimos.
➢ Os bens necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado.
➢ O seguro de vida.
➢ Os materiais necessários para obras em andamento, exceto se a obra estiver penhorada.

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➢ A pequena propriedade rural (conforme a lei e para ser usada pela família)
➢ Os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação,
saúde ou assistência social.
➢ A quantia depositada em caderneta de poupança até 40 salários-mínimos.
➢ Os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político.
➢ Os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária,
vinculados à execução da obra.

 ORDEM PREFERENCIAL DE PENHORA

➢ dinheiro, em espécie ou em depósito, ou aplicação em instituição financeira


➢ títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em mercado
➢ títulos e valores mobiliários com cotação em mercado
➢ veículos de via terrestre
➢ bens imóveis
➢ bens móveis em geral
➢ semoventes
➢ navios e aeronaves
➢ ações e quotas de sociedades simples e empresárias
➢ percentual do faturamento de empresa devedora
➢ pedras e metais preciosos
➢ direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária em garantia

● DEPÓSITO

Dinheiro, crédito, pedras e metais Banco público


preciosos
Móveis, semoventes e imóveis urbanos Depositário judicial (se não houver, fica com o exequente)
Imóveis rurais e maquinário agrícola Executado (mediante caução)
* móveis e semoventes podem ficar com o executado se forem de difícil remoção.

 Caso não haja depositário judicial, os móveis, os semoventes e os imóveis urbanos penhorados ficam sob
o encargo do exequente.

 Os móveis ficarão depositados com o executado quando forem de difícil remoção.

 Pedras e metais precisos devem ser depositados com registro do valor estimado de resgate.

● LUGAR DE REALIZAÇÃO DA PENHORA:

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1ª – no caso de penhora de imóveis, ou de veículos, admite-se que ela ocorra por intermédio de termo nos
autos, com a indicação aos respectivos registros.

2ª – se estiverem fora da circunscrição do juiz da execução e não for possível a realização da penhora por
termo nos autos, haverá a expedição de carta precatória.

● ARROMBAMENTO: poderá ser determinado toda vez que o executado se opor à abertura do imóvel para
a penhora de bens. Se isso ocorrer, o oficial de justiça informará ao magistrado que poderá expedir a ordem
de arrombamento. De posse dessa ordem:

 dois oficiais de justiça se dirigem ao local para a entrada forçada;

 o juiz poderá requisitar força policial para auxílio dos oficiais;

 todos os atos serão lavrados em auto circunstanciado assinado por duas pessoas.

● MODIFICAÇÕES DA PENHORA

 requerimento no prazo de 10 dias, a contar da formalização da penhora

Ä demonstrar que a substituição resultará em execução menos onerosa

 demonstrar que a substituição não trará prejuízos

 indicar pormenorizadamente o bem substituto

 indicar onde se encontram os bens para substituição

 prova a propriedade com as certidões necessárias

 não promover atitudes que possam dificultar ou embaraçar a realização da penhora.

● ADMITE-SE O REQUERIMENTO DE SUBSTITUIÇÃO DA PENHORA SE

 NÃO obedecer à ordem legal

 NÃO incidir sobre os bens designados em lei, contrato ou ato judicial para o pagamento

 havendo bens no foro da execução, outros tiverem sido penhorados

 havendo bens livres, ela tiver recaído sobre bens já penhorados ou objeto de gravame

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 incidir sobre bens de baixa liquidez

 fracassar a tentativa de alienação judicial do bem

 o executado não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das indicações previstas em lei

● HIPÓTESES EM QUE HAVERÁ NOVA PENHORA

 anulação da anterior

 fruto da alienação não for suficiente

 exequente desistir da primeira penhora realizada

● ADMITE-SE ALIENAÇÃO ANTECIPADA

 veículos automotores

 pedras e metais preciosos

 móveis sujeitos à depreciação ou à deterioração

 manifesta vantagem

PENHORA DE DIREITO EM DEPÓSITO OU EM APLICAÇÃO FINANCEIRA


 Admite-se a indisponibilidade desses valores sem a prévia ciência do executado.
 Uma vez havido o bloqueio, o juiz tem 24 horas para determinar o cancelamento do valor excessivo.
 Com a indisponibilidade, o executado será intimado para, no prazo de 5 dias:
a) Arguir a impenhorabilidade, se for o caso; ou
b) Alegar e comprovar eventual excesso de execução.
 O juiz decidirá no prazo de 24 horas.
 Após, a indisponibilidade converte-se em penhora, sem a necessidade de lavratura de termo.
 Comunica-se a instituição financeira que, no prazo de 24 horas, irá transferir os valores para a conta
vinculada ao juízo da execução.
 Se houver pagamento, o juiz expedirá determinação de imediato cancelamento da indisponibilidade
para que a instituição bancária cumpra no prazo de 24 horas.
 Em relação ao bloqueio de valores de partidos políticos, a indisponibilidade poderá ocorrer tão
somente em relação ao órgão partidário que contraiu a dúvida (órgão nacional, estadual ou local).
PENHORA DE CRÉDITOS

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 Se o executado tiver algum crédito a receber de terceiro, admite-se a penhora por intimação. Nesse
caso, o terceiro será intimado para pagar ao exequente (não ao executado) e o executado será intimado
para não dispor do crédito.
 A penhora sobre títulos de crédito (letra de câmbio, nota promissória, duplicata ou cheque) se faz com
a apreensão do documento.
A) Se não for possível apreender o documento, mas o terceiro confessar que o executado possui direito
a um crédito, o terceiro somente ficará desonerado na execução se depositar o montante que deve ao
executado em juízo.
B) Se o terceiro agir em conluio com o executado será considerado fraude.
 A penhora poderá ocorrer sobre o direito que decorrer de eventual ação promovida pelo executado
contra terceiro. Nesse caso, o exequente:
A) ficará sub-rogado nos direitos do executado na ação contra terceiro; ou
B) se preferir, poderá requerer a alienação judicial do direito no prazo de 10 dias.
 No caso de penhora sobre dívidas de dinheiro a juros, de direito a rendas ou de prestações periódicas,
o exequente poderá levantar os valores à medida que forem sendo depositados, abatendo-se do crédito
as importâncias recebidas.
 No caso de penhora sobre direito à prestação ou à restituição de coisa determinada, o executado será
intimado para, no vencimento, depositá-la, correndo sobre ela a execução.
PENHORA DE QUOTAS OU AÇÕES
 O juiz assinará prazo não superior a 3 meses para que a empresa apresente o balanço, ofereça as
quotas aos demais sócios (direito de preferência) ou processe a liquidação.
PENHORA DE EMPRESA, ESTABELECIMENTO OU SEMOVENTES
 Na penhora de estabelecimento, de semoventes, de plantações e de edifícios em construção, haverá
nomeação de depositório que apresentará plano de administração no prazo de 10 dias.
 Na penhora sobre empresa que atue mediante concessão ou autorização, a incidência se dá sobre
rendas, determinados bens ou sobre todo o patrimônio.
 Na penhora sobre navio ou aeronave permite-se o uso do bem desde que haja seguro.
PENHORA DE PERCENTUAL DE FATURAMENTO
 Na hipótese de o executado não ter outros bens, ou forem bens de difícil alienação, ou insuficientes
para saldar o crédito, admite-se a penhora sobre faturamento da empresa.
 Será fixado percentual capaz de atender à quitação progressiva da dívida e que, ao mesmo tempo,
não afete a atividade empresarial.
 Há nomeação de administrador-depositário.
PENHORA DE FRUTOS E RENDIMENTOS DE COISA MÓVEL OU IMÓVEL
 Utiliza-se essa modalidade de penhora quando mais eficiente e menos gravosa para o executado.
 Será nomeado administrador-depositário que será responsável pela administração dos bens.
a) Pode ser o executado ou o exequente e, caso não haja acordo, será um administrador profissional.

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b) A administração se submete à aprovação judicial.
 O executado perde a fruição de seus frutos e utilidades até o pagamento do principal, juros, custas e
honorários advocatícios.
 Essa penhora é eficaz contra terceiros a partir da decisão (com averbação, se tratar de bens imóveis).

● AVALIAÇÃO

 FINALIDADE: determinar o valor do bem.

 CONCEITO: o dimensionamento econômico do bem penhorado.

 AVALIADOR

➢ regra: oficial de justiça


➢ exceção: avaliador
o conhecimentos especializados
o valor da execução comportar
o 10 dias para entregar o laudo

● DESNECESSÁRIA A AVALIAÇÃO

 estimativa aceita pela parte contrária

 título ou mercadorias com cotação em bolsa

Ä títulos da dívida pública, ações de sociedade e títulos de crédito negociáveis em bolsa

 veículos automotores e bens cujo preço médio possa ser extraído em pesquisa de mercado

● ADJUDICAÇÃO

 CONCEITO: A adjudicação é a transferência do bem penhorado ao exequente como forma de satisfação


do crédito.

• depende de requerimento do exequente

• não pode ser por valor inferior ao da avaliação

• depende de intimação do executado

• depende da decisão judicial

 ADMITE-SE A ADJUDICAÇÃO POR:

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• coproprietário de bem indivisível, quando há penhora de fração ideal;

• titular de usufruto, uso, habitação, enfiteuse, direito de superfície, concessão de uso especial
para fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora recair sobre bem
gravado com tais direitos reais;

• proprietário do terreno submetido ao regime de direito de superfície, enfiteuse, concessão de


uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora recair
sobre tais direitos reais;

• credor pignoratício, hipotecário, anticrético, fiduciário ou com penhora anteriormente averbada,


quando a penhora recair sobre bens com tais gravames, caso não seja o credor, de qualquer
modo, parte na execução;

• promitente comprador, quando a penhora recair sobre bem em relação ao qual haja promessa
de compra e venda registrada;

• promitente vendedor, quando a penhora recair sobre direito aquisitivo derivado de promessa de
compra e venda registrada;

• a União, o Estado e o Município, no caso de alienação de bem tombado;

• pelos demais credores concorrentes;

• pelo cônjuge ou companheiro; e

• pelos descendentes (filhos) ou pelos ascendentes (pais, avós) do executado.

LICITAÇÃO ENTRE AJUDICANTES

• maior lance

• se iguais, prevalece:

1º - cônjuge/companheiro; após

2ª – descendentes; após

3º - ascendentes.

 Havendo interessados e definido o adjudicante, o executado será intimado. Se não se manifestar no prazo
de 5 dias, o juiz ordenará a lavratura da carta de adjudicação.

➢ pelo juiz;
➢ pelo adjudicatário;
➢ pelo chefe de secretaria (ou escrivão); e

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➢ pelo executado, se estiver presente.

● ALIENAÇÃO

 Frustrada a adjudicação, passamos para a alienação.

 A alienação pode ocorrer por iniciativa particular ou por leilão.

● INICIATIVA PARTICULAR

 por corretor contratado; ou

 por leiloeiro público credenciado.

 Ao Poder Judiciário compete a fixação de parâmetros para a alienação:

➢ Forma de publicidade;
➢ Preço mínimo;
➢ Condições de pagamento;
➢ Garantias; e
➢ Comissão de corretagem.

 Será realizado, preferencialmente, o leilão eletrônico ao presencial.

 Incumbências do leiloeiro público:

➢ publicar o edital anunciando o leilão;


➢ realizar o leilão onde estiverem os bens ou no local em que for designado pelo magistrado;
➢ expor bens e mercadorias aos possíveis compradores;
➢ receber e depositar, no prazo de um dia, o produto da alienação; e
➢ prestar contas nos 2 dias seguintes ao depósito do leilão executado.

 Preço mínimo: fixado pelo juiz.

 Edital conterá todos os requisitos necessários para a identificação dos bens (com referência a eventuais
ônus), valor de avaliação, local em que se encontram os bens, local onde ocorrerá o leilão (que poderá ser
na internet, nesse caso, indica-se o site), local, dia e horário do procedimento.

 Primeiro temos a escolha e designação do leiloeiro, a fixação de parâmetros do leilão pelo juiz e a
elaboração do edital.

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 O edital do leilão deve ser publicado com, pelo menos, 5 dias de antecedência do ato, com veiculação na
internet e em locais comumente divulgados no foro.

 Se o leilão não ocorrer, haverá transferência da data.

NÃO PODEM OFERECER LANCE NO LEILÃO


tutor, curador, testamenteiro, administrador ou * em relação aos bens que estejam sob sua
liquidante responsabilidade.
mandatário * em relação ao bem que administra.
juiz, MP, DP e servidores * em relação aos bens, cuja execução atuem.
leiloeiros e prepostos * em relação aos bens que estejam sob responsabilidade
para o leilão.
advogados * se atuarem em favor de alguma das partes

● “preço vil”: valor inferior a 50% do valor indicado no edital ou na avaliação.

● SE O EXEQUENTE ARREMATAR O BEM DEVERÁ DEPOSITAR A DIFERENÇA, CASO O BEM LEILOADO SEJA
SUPERIOR AO VALOR DA EXECUÇÃO, NO PRAZO DE 3 DIAS!

● PAGAMENTO PARCELADO

➢ é necessário pagar 25% à vista;


➢ o restante poderá ser parcelado até 30 meses.
➢ o preço ofertado não pode ser inferior ao da avaliação em primeiro leilão.
➢ faz-se necessário conceder caução (bem móvel) ou hipoteca (bem imóvel).

● IMÓVEIS de INCAPAZ: se os lances ofertados no leilão forem inferiores a 80% do valor da avaliação do
bem, o juiz determinará o adiamento do leilão por prazo não superior a um ano.

● NÃO OBSTANTE O FATO DA ARREMATAÇÃO SER IRRETRATÁVEL, ELA PODERÁ SER:

 invalidada, se:

➢ Realizada por preço vil;


➢ Realizada com outro vício.

 ineficaz se não houver intimação de terceiros que possuam algum tipo de gravame sobre o bem; ou

 resolvida, se:

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➢ Não for pago o preço; ou
➢ Não prestada a caução.

● DESISTÊNCIA PELO ARREMATANTE, DENTRO DO PRAZO DE 10 DIAS:

 nos casos de invalidação e ineficácia, se assim arguir;

 no caso de não pagamento ou não prestação da caução;

 se for citado em ação autônoma para discutir a invalidação da arrematação, desde que o faça no
prazo da contestação.

● SATISFAÇÃO DO CRÉDITO

 adjudicação do bem

 entrega do dinheiro obtido no leilão

Execução de Título Executivo Extrajudicial contra a Fazenda Pública

 CONCEITO DE FAZENDA: União, Estados, Municípios, autarquias e fundações.

 PROCEDIMENTO:

 A Fazenda Pública será citada para opor embargos no prazo de 30 dias (pode alegar qualquer matéria de
interesse da execução).

 Rejeitados os embargos ou não oposto, o juiz ordenará a requisição do precatório ou a requisição de


pequeno valor (RPV).

Execução de Alimentos

 Decorre de título executivo extrajudicial consistente na obrigação de pagar alimentos não adimplida.

 O executado será citado para pagar no prazo de 3 dias e poderá:

 adimplida a obrigação (gera a extinção do processo);

 justificar e comprovar a impossibilidade absoluta de efetuar o pagamento (se aceita, promove-se


a execução por quantia certa; não aceita, se atual o débito temos a prisão civil);

 manter-se inerte (se atual o débito, procede-se à prisão civil; caso contrário, haverá execução por
quantia certa).

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 O débito atual é aquele que tem por causa de pedir o inadimplemento das três parcelas vencidas antes
do ajuizamento dada execução e das que se vencerem no curso do processo.

 Há possibilidade do desconto em folha.

 Independe do executado;

 Não cumprimento pelo empregado gera crime de desobediência.

 A concessão de efeito suspensivo aos embargos à execução não obsta a que o exequente levante
mensalmente a importância da prestação.

Embargos à Execução

● AJUIZAMENTO:

 Independe de penhora.

 Autuação em apartado (vinculação ou apenso).

 Instrução com peças processuais relevantes.

 Prazo de 15 dias.

 Formas de Ajuizamento:

➢ juízo da execução: regra.


➢ Juízo deprecado, para o ajuizamento com processamento no juízo deprecante ou para o ajuizamento
e processamento perante o juízo deprecado quando envolve penhora, avaliação ou alienação.

● CONTAGEM DO PRAZO:

 EMBARGOS AO PROCESSO DE EXECUÇÃO

➢ Considera-se começo do prazo de 15 dias da juntada aos autos do comprovante de citação cumprido.

 EMBARGOS AO PROCESSO DE EXECUÇÃO POR CARTA

➢ Considera-se o começo do prazo de 15 dias, quando a competência for do juízo deprecante, da


comunicação nos autos de origem da citação ou, caso não haja tal comunicação, da juntada dos autos
de precatória no processo de execução.

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➢ Considera-se o começo do prazo de 15 dias, quando a competência para julgar for do juízo deprecado
(irregularidade ou vícios na penhora, avaliação ou alienação) a comunicação de realização da citação
nos autos da carta precatória.

● PARCELAMENTO DA EXECUÇÃO

 Não se aplica ao cumprimento de sentença.

 Requerimento: deposita 30% do débito atualizado com custas e honorários e requere o parcelamento do
restante em 6 vezes mensais, com correção monetária e juros de 1%.

 A decisão poderá ser:

➢ Pelo deferimento, situação em que o exequente fará o levantamento dos 30%. O executado deverá
efetuar o pagamento mensal de forma rigorosa sob pena de:

A) vencimento das prestações subsequentes e continuidade do processo de execução em


relação ao valor remanescente.

B) multa de 10% sobre o valor das prestações não pagas.

➢ Pelo indeferimento, hipótese em que os 30% depositados serão convertidos em penhora e a


execução prosseguirá pelo restante.

● MATÉRIAS ARGUÍVEIS

 inexequibilidade do título

 inexigibilidade da obrigação

 penhora incorreta

 avaliação errônea

 excesso de execução

➢ Considera-se excesso de execução: a) o exequente pleiteia quantia superior à do título; b) ela recai
sobre coisa diversa daquela declarada no título; c) ela se processa de modo diferente do que foi
determinado no título; d) o exequente, sem cumprir a prestação que lhe corresponde, exige o
adimplemento da prestação do executado; e e) exequente não prova que a condição se realizou.

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 cumulação indevida de execuções

 retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para entrega de coisa certa

 incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução

 qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento

● HIPÓTESES DE REJEIÇÃO LIMINAR DOS EMBARGOS

 intempestivos

 indeferimento da petição inicial

Ä improcedência liminar

 manifestamente protelatórios

● PRAZO PARA IMPUGNAÇÃO: 15 dias.

Apelação

 A apelação é o recurso que se interpõe das sentenças dos juízes de primeiro grau de jurisdição para levar
a causa ao reexame dos tribunais de segundo grau, visando à obtenção de uma reforma total ou parcial da
decisão impugnada, ou mesmo a sua invalidação.

 Cabe apelação de:

 de sentença; e

 de decisões interlocutórias das quais não cabe agravo de instrumento.

 Como regra, não há juízo de retratabilidade, exceto:

 indeferimento de inicial

 improcedência liminar do pedido

 sentenças terminativas

 O prazo para interpor recurso de apelação é de 15 dias.

 Admite-se interposição na forma adesiva.

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 Com a chegada no tribunal, o relator: decide monocraticamente ou elabora voto.

 Poderá o relator decidir monocraticamente ao:

- não admitir o recurso por ausência dos pressupostos de admissibilidade do recurso ou


quando prejudicado ou que não tiver impugnado especificamente os fundamentos da decisão
recorrida.

- negar provimento a recurso que for contrário:

a) à súmula do STF, do STJ ou do próprio tribunal que faça parte o relator;

b) ao acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de recursos repetitivos;

c) ao entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas


(IRDR) ou de assunção de competência;

- depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão


recorrida for contrária:

a) à súmula do STF, do STJ ou do próprio tribunal que faça parte o relator;

b) ao acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de recursos repetitivos;

c) ao entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas


(IRDR) ou de assunção de competência.

* da decisão monocrática cabe agravo interno.

 elaborar seu voto para julgamento do recurso pelo órgão colegiado do tribunal.

 O recurso de apelação tem efeito apenas devolutivo, como regra. Exceções:

 homologação de divisão ou demarcação de terras;

 condenação em alimentos;

 extinção do processo sem resolução de mérito;

 improcedência dos embargos;

 procedência de pedido de instituição de arbitragem;

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 confirmação, concessão ou revogação de tutela provisória;

 decreto de interdição.

 O recurso de apelação é dotado de efeito devolutivo, de modo que todas as questões suscitadas e
discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado
(profundidade).

 Admite-se o julgamento desde logo da apelação “madura” quando:

 decisão sem o conhecimento do mérito;

 decreto de nulidade da sentença por incongruência;

 omissão do juízo “a quo”; ou

 falta de fundamentação.

Embargos de Declaração

 Os embargos de declaração não têm por finalidade cassar ou reformar a decisão proferida. Pretende-se
esclarecer, integrar, corrigir e completar a decisão prolatada

 O prazo para embargos é de 5 dias.

 Cabe embargos de declaração de sentenças e decisões interlocutórias, para:

 esclarecer obscuridade: falta clareza na redação da decisão, afetando a compreensão da ideia


exposta.

 eliminar contradição: há duas ou mais proposições ou enunciados inconciliáveis na sentença.

 suprir omissão: verificação de omissão na análise de algum dos pedidos formulados. Considera-se
omissa a decisão:

- que deixar de se manifestar em relação a teses trazidas por uma das partes em julgados de
casos repetitivos ou de incidentes de assunção de competência.

- quando faltar fundamentação, se:

a) apenas indicar, reproduzir ou parafrasear o ato normativo sem relacioná-lo com as


questões a serem decididas.

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b) empregar conceitos jurídicos indeterminados sem explicar a incidência no caso
concreto.

c) invocar motivos genéricos, que possam justificar qualquer outra decisão no


processo.

d) não enfrentar todos os argumentos apresentados pelas partes capazes de contrariar


a tese adotada pelo julgador.

e) apenas fizer referência a determinado precedente ou súmula, sem demonstrar que


o caso concreto se amolda aos fundamentos do julgado ou súmula.

f) pelo contrário, deixar de seguir súmula, jurisprudência ou precedentes invocados


pela parte sem demonstrar a inaplicabilidade ao caso concreto ou a superação do
entendimento anteriormente adotado.

 corrigir erro material

 Oposto o recurso de embargos de declaração, o prazo para interposição de outros recursos é


interrompido e, após o julgamento, o prazo será integralmente devolvido à parte para apresentação do
recurso.

 Lembre-se: são 5 dias para:

 opor os embargos de declaração;

 a parte contrária se manifestar quanto aos embargos opostos (se infringentes);

 o magistrado julgar os embargos.

 A decisão será:

 colegiada, quando impugnada a decisão do tribunal

 monocrática, quando impugnada a decisão do juízo ou no caso de decisão monocrática no tribunal.

 Há possibilidade de utilização dos embargos de declaração com intuito de prequestionamento:

 Para que o REsp ou RE sejam conhecidos, deve constar pré-análise e julgamento prévio pelos
tribunais de segunda instância da matéria que se pretende recorrer.

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 A mera interposição dos embargos de declaração já é suficiente para prequestionar a matéria,
independentemente de rejeição dos embargos pelo tribunal de segundo grau.

 Os embargos de declaração têm efeito suspensivo (ope legis) como regra.

 A parte recorrente poderá requerer tal efeito (ope judicis) se:

- demonstrar a probabilidade de provimento do recurso; ou

- relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação.

 Os embargos de declaração protelatórios, impõem aplicação de multa na seguinte proporção:

1ª interposição: multa de até 2%

2ª interposição: multa de até 10%

3ª interposição: inadmissibilidade imediata

 O valor da multa é calculado sobre o valor atualizado da causa, cujo valor arrecadado é revertido
em favor da parte contrária.

 Há, ainda, possibilidade de embargos de declaração atípicos (modificativos ou com efeitos infringentes):

 Ao efetuar o esclarecimento, a complementação ou a correção de erro material em sede de


embargos de declaração, há a possibilidade de que decorra alguma alteração no bojo daquilo que foi
decidido, hipótese excepcional em que os embargos terão efeitos infringentes.

 Há necessidade de intimar o embargado para complementar as razões (no prazo de 15 dias) e a


parte contrária para se manifestar (prazo de 5 dias).

Ação rescisória

 MEIO AUTÔNOMO DE IMPUGNAÇÃO

 finalidade: desconstituir julgado protegido pela coisa julgada e obter novo julgamento.

 Juízos:

1º - juízo de admissibilidade – verificação do cabimento da ação rescisória;

2º - juízo rescindente – desconstituição da coisa julgada;

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3º - juízo rescisório – novo julgamento

 HIPÓTESES DE CABIMENTO

 Sentença de mérito do juiz for proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz.

 Sentença de mérito por Juiz impedido ou absolutamente incompetente.

 Sentença de mérito resultar de dolo, coação da parte vencedores ou de simulação entre as partes.

 Sentença de mérito ofender à coisa julgada.

 Sentença de mérito violar manifestamente norma jurídica.

 Sentença de mérito fundada em prova comprovadamente falsa (em processo penal ou na própria ação
rescisória).

 Prova nova capaz de assegurar provimento favorável que, à época do processo originário, o autor ignorava
ou não pode usar.

Sentença de mérito fundada em erro de fato extraível dos autos originários.

 ROL TAXATIVO

 AÇÃO ANULATÓRIA – para as sentenças homologatórias que ingressarem nas hipóteses acima.

 LEGITIMADOS PARA PROPOR A AÇÃO RESCISÓRIA

 parte no processo originário

 sucessor da parte a título universal ou singular

 terceiro juridicamente interessado

 Ministério Público, quando:

a) não foi ouvido no processo quando obrigatória a intervenção;

b) a sentença é efeito de simulação ou colusão das partes; ou

c) for caso de atuação do Ministério Público na qualidade de fiscal da ordem jurídica.

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d) a parte não participou do processo que deveria ter sido ouvida.

Cabe ação rescisória tanto nas sentenças com análise do mérito como nas sentenças terminativas (ou que
não analisam o mérito).

 PRAZO DECADENCIAL DE 2 ANOS - contagem

 regra: do trânsito em julgado.

 exceções:

➢ da descoberta ou acesso à prova nova;


➢ do conhecimento da simulação ou colusão pela parte interessada.

PROCEDIMENTO:

1) Ajuizamento.

2) Registro e distribuição a um relator.

3) Admissibilidade da ação e análise de pedido de tutela provisória (se for o caso).

4) Citação do réu para contestar (15-30 dias)

5) Relatório

6) Remessa de cópia do relatório aos demais julgadores.

7) Instrução probatória (se for o caso). Possibilidade de expedição de carta de ordem (1-3 meses).

8) Alegações finais no prazo sucessivo de 10 dias (autor-réu)

9) Julgamento.

9.1) Se unanimemente rejeitado, inadmitido ou improcedente, reverte-se os 5% ao réu.

9.2) Se dado provimento, restitui-se os 5% e, se for o caso, procede-se novo julgamento.

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ÉTICA PROFISSIONAL
Introdução

Olá pessoal, tudo bem?!


Este é um resumo pontual e objetivo sobre alguns dos temas mais importantes de Ética Profissional. Vamos
juntos gabaritar Ética e garantir nossa aprovação para a 2 fase?!

Bons estudos e muita luz nesta reta final de preparação!

Prof. Savio Chalita


@savio.chalita

Aula 01

Atividade da Advocacia

Atividades privativas da Advocacia

• Postulação perante os órgãos do poder judiciário*


• Consultoria, assessoria e direção jurídica
• Visar atos constitutivos de Pessoas Jurídicas**

*Existem casos de prescindibilidade do advogado (ou seja, embora indispensável poderá o cidadão atuar
diretamente, sem a presença do advogado).

** No caso de ME ou EPP prescinde a presença do advogado visando os atos de constituição da Pessoa


Jurídica.

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JEC Estadual (até 20 Salários Mínimos)

JEC Federal (até 60 Salários Mínimos)

HC e Revisão Criminal
Prescindiblidade do Advogado

Justiça do Trabalho (1ª Instância e TRT. Não se


incluem as ações originárias)

Justiça de Paz

Fixação de alimentos (Lei 5.478/68)

Lei Maria da Penha (medidas protetivas de


urgência e fixação de alimentos)

EIRELI (se vier com o enquadramento em ME ou


EPP)

Juizados Especiais Cíveis

a) HC e Revisão Criminal (em qualquer instância)

b) Justiça do Trabalho (Vara do Trabalho e TRT – Tribunal Regional do Trabalho)

- Exceto ações originárias no TRT ou TST

c) Justiça de Paz

d) Ação de Alimentos (Lei 5.478/68)

e) Lei Maria da Penha

IMPORTANTE:

➔ No processo administrativo, o advogado contribui com a postulação de decisão favorável ao seu


constituinte, e os seus atos constituem múnus público.

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➔ O advogado pode contribuir com o processo legislativo e com a elaboração de normas jurídicas, no âmbito
dos Poderes da República.

Inscrição do Advogado

Os requisitos para inscrição na condição do advogado estão previstos no art. 8º, EOAB. São eles:

I – capacidade civil;
II – diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de ensino
oficialmente autorizada e credenciada;
III – título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro (apenas aos homens);
IV – aprovação em Exame de Ordem;
V – não exercer atividade incompatível com a advocacia;(art. 28, EOAB)
VI - idoneidade moral;(art. 31, EOAB)
VII – prestar compromisso perante o conselho. (Juramento do art. 20, RGOAB –
indelegável, personalíssimo: § 1º, art. 20, RGOAB).

Cancelamento da Inscrição (art. 11, EOAB e parágrafo único, art. 22, RGOAB)

A inscrição ainda poderá ser cancelada nas seguintes situações:

a) Requerimento do Advogado (Sem que seja apresentada justificativa).


b) Penalidade de exclusão.
c) Falecimento.
d) Exercício definitivo de atividade incompatível (MP, Magis etc.).
e) Perda dos requisitos do art. 8º, EOAB.
f) Quando ocorrer a terceira suspensão em razão de inadimplemento de anuidades distintas.

Importante: quanto às situações sublinhadas, a inscrição do advogado será cancelada de


ofício, pelo Conselho Seccional, por comunicação de qualquer pessoa.

E quais são as consequências do cancelamento da inscrição (art. 11, §§ 1º a 3º, EOAB)?

Resposta: No caso de cancelamento da inscrição haverá a perda do número de inscrição original. Caso venha
a requerer nova inscrição, deverá comprovar apenas os requisitos dos incisos I, V, VI e VII, do art. 8º, EOAB:

Licença (art. 12, EOAB)

O art. 12, EOAB, dispõe sobre as situações nas quais poderá o advogado licenciar-se da advocacia, quais
sejam:

a) assim o requerer, por motivo justificado;

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b) passar a exercer, em caráter temporário, atividade incompatível com o exercício da
advocacia;
c) sofrer doença mental considerada curável.

Doença Mental Doença Mental


Inscrição Suplementar
Curável Incurável

•A contar do 6º ato •Liença do Advogado •Cancelamento da


privativo ao ano inscrição do advogado
•Quando da constituição
de sociedade em
Conselho Seccional
diferente do de origem
•Quando da criação de
filiais

Impedimentos e Incompatibilidades

Tema também muito recorrente em Exames. Trata-se de situações onde se observa uma limitação ao
exercício da advocacia. Limitações que poderão ser totais (incompatibilidades, art. 28, EOAB) parciais
(impedimentos, art. 30, EOAB) ou ainda mais específicas (como no caso dos procuradores gerais, art. 29,
EOAB).

Incompatibilidades (art. 28, EOAB)

São restrições ao exercício da Advocacia e deverão SEMPRE obedecer a uma prévia disposição legal, em
respeito ao livre exercício profissional (art. 5º, XIII, CF e art. 7º, I, EOAB). Podemos dizer ser um rol taxativo
de situações predispostas, não admitindo interpretações que visem seu alargamento.

A proibição alcança todos os atos privativos da advocacia (Art. 1º, EOAB), mesmo quando em causa própria.
As incompatibilidades serão:

a) Transitórias ou Temporárias: Acarretará o LICENCIAMENTO (art. 12, EOAB)


b) Permanentes ou Definitivas: Acarretará o CANCELAMENTO (art. 11, EOAB)

Para não Confundir:

MOMENTO QUE SE VERIFICA O


EXERCÍCIO DE ATIVIDADE CONSEQUÊNCIA
INCOMPATÍVEL

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No pedido de inscrição como
Indeferimento
ADVOGADO

-Transitório: Licença (mantém o


número de inscrição)
Após a inscrição
Definitivo: Cancelamento (perde
o número de inscrição)

Impedimentos

Proibição Parcial para o exercício da advocacia, de limitação variável (diferentemente do que ocorre nas
incompatibilidades, onde a proibição é total). Os atos que extrapolarem a limitação serão considerados
nulos. As hipóteses estão relacionadas no art. 30, EOAB:

I – os servidores da administração direta, indireta e fundacional, contra a Fazenda Pública


que os remunere ou à qual seja vinculada a entidade empregadora

Cargos Estatutários

Servidores Públicos Empregos Celetistas

Funções

Parágrafo único. Não se incluem nas hipóteses do inciso I os docentes dos cursos jurídicos.
Exemplo:

Professor de Direito UNESP poderá advogar em face do Estado de São Paulo

*UNESP= Universidade Estadual Paulista

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II – os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis, contra ou a favor das
pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, sociedades de economia mista,
fundações públicas, entidades paraestatais ou empresas concessionárias ou
permissionárias de serviço público
Senadores/Deputados Federais ou

União
Estaduais/Vereadores

Estado

Município

Suspensão preventiva do advogado

Não se confunde com a sanção de SUSPENSÃO, que é aplicada após o trânsito em julgado do processo
disciplinar. Possui caráter temporário e cautelar (90 dias, no máximo)
Cabimento: Quando a conduta do advogado gerar repercussão prejudicial à dignidade da advocacia (art. 70,
§ 3º, EOAB).
Competência: TED do local de inscrição do advogado (exceção à regra de competência territorial do processo
disciplinar).
Procedimento a ser adotado: Tribunal de Ética e Disciplina (TED) irá notificar o advogado para que preste
esclarecimentos em sessão especial;
Se o advogado não comparecer: Será nomeado defensor dativo e a suspensão preventiva será imposta.
Se o advogado comparecer e seus esclarecimentos não forem suficientes: imposição preventiva será
imposta.
Caberá Recurso da Decisão?

Resposta: Da decisão proferida pela TED caberá Recurso ao Conselho Seccional correspondente.

Sigilo no Processo Disciplinar

O Processo tramitará em sigilo (acesso apenas às partes, ao órgão julgador e à autoridade judicial
competente – quando necessário). O sigilo abarca proteção a todas as peças do procedimento além das
certidões informativas de andamento ou existência. Importa destacar que transitado em julgado o processo

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disciplinar, temos os seguintes desdobramentos e reflexos quanto a publicização da decisão (e não do
processo):

• Se aplicada pena de Censura: Sigilo permanece.


• Se aplicada pena de Suspensão ou Exclusão: Haverá publicidade quanto à aplicação da sanção.
Intenção também é evitar que pessoas venham a contratar advogado que esteja SUSPENSO ou
EXCLUÍDO.

Cabe destacar que mesmo diante da existência de uma suspensão preventiva, tal circunstância não imporá
publicidade ao procedimento disciplinar, mas tão somente à suspensão (uma vez que suspenso o advogado
não pode advogar, e portanto, deverá ser publicizado).

Processo Disciplinar:

I) Etapa Postulatória/Instauração

II) Etapa Probatória/Instrutória

III) Etapa Decisória/ Julgamento

Dicas
Etapas do Processo Disciplinar

Postulatória/Instauração

Probatória/Instrução

Decisória/ Julgamento

Prescrição da pretensão punitiva:

– Antes do Processo Disciplinar: Prazo de 5 anos

– Intercorrente: Prazo de 3 anos

OAB e sua estrutura: órgãos, competências e características

Características da OAB

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a) Conselho Federal (Arts. 51 ao 55 EOAB)
b) Conselhos Seccionais (Arts. 56 ao 59, EOAB)
c) Subseções (arts. 60 e 61 EOAB)
d) Caixas de Assistência (Art. 62, EOAB)

DIREITO TRIBUTÁRIO

Introdução

Olá, pessoal!

Estamos na reta final da tua preparação para a prova da 1ª fase da OAB.

Por isso escolhemos focar, neste momento, em alguns dos assuntos de maior incidência em nossa matéria,
além de outras apostas.

Bons estudos e uma excelente prova a todos!

Um forte abraço do

Prof.º Rodrigo Martins.

Aula 01

Olá, AOBeiros!

Estamos dando início às nossas aulas de Direito Tributário na jornada do Futuro Advogado!

Será uma honra estar contigo nesta caminhada rumo à aprovação na primeira fase do Exame e Ordem.

E para garantir que você consiga um ótimo desempenho na nossa disciplina, vamos focar, nesta nossa
jornada, nos principais temas cobrados pela banca, que, com toda certeza, aparecerão na tua prova.

Nosso conteúdo será distribuído em 2 aulas.

Qualquer dúvida, estarei à disposição.

Um forte abraço e bons estudos!

Prof. Rodrigo Martins

@professorrodrigomartins

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1 – Fontes Do Direito Tributário

Estudaremos abaixo alguns aspectos das principais fontes do direito tributário. Vejamos:

1.1 – Lei Complementar

A CF/88 exige lei complementar quanto a diversas matérias tributárias, por exemplo:

 A instituição de empréstimo compulsório (art. 148 da CF);


 A instituição e regulação de imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII, da CF);
 A instituição do imposto residual (art. 154, I, da CF);
 Estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre prazos de
prescrição e de decadência tributários (art. 146 da CF).

Portanto, atenção: as matérias acima só podem ser disciplinadas por meio de lei
complementar.

1.2 – Tratados e Convenções Internacionais

O art. 98 do CTN prescreve que os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a


legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.

Destacamos - atenção - que o STF julgou constitucional a concessão de isenção de tributos Estaduais,
Municipais ou do Distrito Federal por meio de tratado ou convenção internacional, o que não constitui
afronta ao Princípio da Vedação às Isenções Heterônomas.

2 – Definição Legal De Tributo

O art. 3º do CTN define tributo como toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela
se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada.

3 – Espécies Tributárias

É possível identificar, a partir do texto constitucional, o total de 5 espécies tributárias, quais sejam: impostos,
taxas, contribuição de melhoria, empréstimo compulsório e contribuições especiais.

3.1 – Impostos

3.1.1 – Imposto Extraordinário de Guerra – IEG

Além dos impostos ordinários previstos no art. 153 da CF/88, o inciso II do art. 154 dá à União competência
para instituir o Imposto Extraordinário de Guerra – IEG, em relação ao qual é importante “gravar” as
seguintes características:

 Competência: privativa da União.

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 Pressupostos: (i) iminência ou (ii) ocorrência de guerra externa.
 Fato gerador: poderá ter como hipótese de incidência (verbo + complemento) um imposto já
compreendido da competência tributária da União ou até mesmo um imposto da competência
tributária de outro ente da federação (bis in idem e bitributação constitucionalmente admitidas).
 Veículo introdutor de normas: Lei Ordinária ou Lei em Sentido Estrito.
 O prazo de supressão: é de 5 anos, contados da data da celebração da paz (art. 76 do CTN).

3.1.2 – Imposto Residual

À União também foi dada competência, no art. 154, inciso I, para instituir imposto residual, sobre o qual
temos que “gravar as seguintes características:

 Competência: privativa da União.


 Limitações: (i) não podem ser cumulativos e (ii) não pode ter fato gerador ou base de cálculo
próprios dos já discriminados na CF/88.
 Veículo introdutor de norma: de forma excepcional, exige-se LC para a sua instituição.

3.2 – Taxas

O art. 145, inciso II, da CF/88 prevê que a União, Estados, Distrito Federal e Municípios poderão instituir
taxas de polícia ou taxas de serviço.

3.2.1 – Taxa de Polícia ou pelo exercício do Poder de Polícia

Pois bem: que é poder de polícia? O próprio CTN o define no art. 78 como a atividade do Estado que limita
ou disciplina o exercício de direitos, propriedades e atividades individuais no interesse do bem comum.

Atenção 1: De acordo com o STF, a taxa pelo exercício do poder de polícia administrativa
não pode ser cobrada em razão do exercício potencial do poder de polícia, mas somente
pelo exercício efetivo.

Atenção 2: Ainda, de acordo com o STF, a base de cálculo da Taxa de Polícia não pode
adotar como critério o número de empregados da pessoa jurídica.

3.2.2 – Taxa de serviço ou pela prestação de um serviço público

A CF/88 também dá competência para todas as entidades federativas para instituir taxas pela utilização,
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a
sua disposição. Assim, para que a cobrança de uma taxa de serviço seja regular, é necessário que o serviço
seja:

 Efetivamente utilizado (fruição efetiva): aquele fruído por quem dele se beneficiou.
 Potencialmente utilizado (utilização potencial): o “pagamento” é compulsório, usando ou não
usando o serviço, pois foi colocado à disposição da pessoa, que dele está tirando algum proveito,
nem que seja meramente econômico.
 Específico: quando permite identificar “qual é" e o “quanto” a pessoa usufruiu.

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 Divisíveis: cujo beneficiário pode ser identificado previamente.

3.2.3 – Base de cálculo das taxas

O § 2º do art. 145 da CF/88 determina que “As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos”.

3.3 – Contribuições Especiais

As contribuições especiais podem ser classificadas em (i) contribuições sociais, (ii) contribuições de
intervenção no domínio econômico, (iii) contribuições corporativas, e (iv) contribuição de iluminação pública
e de sistemas de monitoramento para segurança e preservação de logradouros públicos. Dentre todas,
queremos destacar as contribuições sociais residuais:

3.3.1 – Contribuições residuais para a seguridade social

Assim como fez em relação aos impostos (outorga de competência residual), o constituinte também
autorizou a União instituir outras contribuições, de forma residual, destinadas ao financiamento da
seguridade social (contribuições sociais residuais), em relação à qual é importante "gravar" as seguintes
características:

 1ª) Competência: privativa da União.


 2ª) Limitações: (i) a contribuição social residual não pode ser cumulativa e (ii) não pode ter fato
gerador ou base de cálculo próprios das contribuições já discriminadas na CF/88.
 3ª) Veículo introdutor de norma: Lei Complementar.

4 – Competência Tributária

Pode ser definida como a aptidão para criar, in abstracto, tributos. A competência tributária possui
determinadas características, dentre as quais queremos destacar a indelegabilidade. Contudo, a
competência tributária não se confunde com a capacidade tributária ativa:

 Competência tributária: é aptidão para criar, por meio da edição de lei, tributos.
 Capacidade tributária ativa: é aptidão para figurar no polo ativo da relação jurídico-tributária, isto
é, para cobrar, fiscalizar e até ficar com o valor arrecadado.
Atenção: a competência tributária é indelegável; mas a capacidade tributária ativa,
diferentemente, pode ser delegada por meio de lei da entidade competente.

5 - Princípios De Direito Tributário

Estudaremos, abaixo, os principais Princípios de Direito Tributário.

5.1 – Princípio da Estrita Legalidade

De acordo com o princípio da legalidade (ou estrita legalidade), positivado no art. 150, inciso I, da CF/88,
nenhum tributo pode ser instituído e nem aumentado senão por meio de lei em sentido estrito.

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De acordo com o § 2º do art. 97 do CTN, a simples atualização do valor monetário da respectiva base de
cálculo não constitui majoração de tributo. No caso do IPTU há, inclusive, uma Súmula do STJ a respeito:

Súmula 160: É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao
índice oficial de correção monetária.

5.1.1 – Exceções ao princípio da legalidade quanto à majoração de determinados tributos

O próprio texto constitucional estipulou exceções à legalidade estrita quanto à modificação da alíquota de
determinados tributos, quais sejam:

 II - Imposto de Importação;
 IE - Imposto de Exportação;
 IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados;
 IOF - Imposto sobre Operações Financeiras; e
 CIDE-Combustível.

5.1.2 – Princípio da Legalidade Tributária e Lei Complementar

Os tributos devem ser instituídos, em regra, por meio de lei ordinária, mas a CF/88 exige lei complementar,
excepcionalmente, para a instituição dos seguintes tributos:

 Empréstimo compulsório;
 Imposto sobre grandes fortunas;
 Imposto residual;
 Novas contribuições sociais ou contribuições sociais residuais;
 Imposto seletivo;
 Imposto sobre bens e serviços; e
 Contribuição sobre bens e serviços.

5.1.3 – Princípio da Legalidade Tributária e Medida Provisória

A instituição ou majoração de tributos (e não só de impostos, especificamente) por meio de Medida


Provisória não afronta o Princípio da Legalidade Tributária.

Contudo, somente as matérias tributárias que podem ser disciplinadas por Lei Ordinária (podem ser
disciplinadas, também, por Medida Provisória. Logo, aqueles tributos que só podem ser instituídos por Lei
Complementar não podem ser instituídos por Medida Provisória.

Para os demais tributos cuja instituição ou aumento são permitidos por Medida Provisória, ela só produza
efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que
foi editada, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II.

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5.2 – Princípios da Anterioridade

O Princípio da Anterioridade se divide em Princípio da Anterioridade Anual (ou de Exercício) e Princípio da


Anterioridade Nonagesimal (ou Noventena).:

1.2.1 – Princípio da Anterioridade Anual ou de Exercício

De acordo com esse princípio, positivado no art. 150, inciso III, alínea "c", da CF/88, é vedada a cobrança de
tributos no mesmo exercício financeiro (ano) em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou.

5.2.2 – Princípio da Anterioridade Nonagesimal ou da Noventena

Esse princípio encontra previsão no art. 150, inciso III, alínea “c”, da CF/88 e estipula que é vedado cobra
tributo antes de noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou,
observado, cumulativamente, o Princípio da Anterioridade Anual ou de Exercício.

5.2.3 – Exceções aos Princípios da Anterioridade

Essas exceções estão espalhadas no texto da CF/88.

5.2.3.1 – Exceções ao Princípio da Anterioridade de Exercício ou Anual

São as seguintes exceções:

 Empréstimo compulsório para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade


pública, de guerra externa ou sua iminência.
 II, IE, IPI e IOF.
 Imposto extraordinário de guerra.
 Contribuições sociais para a seguridade social.
 Aumento e redução das alíquotas do ICMS especificamente sobre combustíveis e lubrificantes.
 Aumento e redução das alíquotas da CIDE especificamente sobre Combustíveis.
 Alteração da data de vencimento ou da quantidade de parcelas de tributo.

5.2.3.2 – Exceções aos Princípios da Anterioridade Nonagesimal ou Noventena

São exceções ao Princípio da Anterioridade Nonagesimal ou Noventena:

 Empréstimo compulsório para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade


pública, de guerra externa ou sua iminência.
 II, IE, IR e IOF.
 Imposto extraordinário de guerra.
 Fixação da base de cálculo do IPVA.
 Fixação da base calculada do IPTU.
 Fixação da alíquotas de referência do IBS.
 Fixação da alíquotas de referência da CBS.
 Alteração da data de vencimento ou da quantidade de parcelas de tributo.

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5.3 – Princípio da Irretroatividade

De acordo com o Princípio da Irretroatividade, positivado no art. 150, inciso III, alínea “a”, da CF/88, é vedado
cobrar tributo em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver
instituído ou aumentado.

5.3.1 – Exceções ao Princípio da Irretroatividade

As exceções estão previstas no art. 106 do CTN, segundo o qual, tratando-se de ato não definitivamente
julgado:

 Quando deixe de defini-lo como infração;


 Quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não
tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;
 Quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.

5.5 – Princípio da Vedação ao Confisco

De acordo com esse princípio, positivado no art. 150, inciso IV, da CF/88, é vedado utilizar tributo com efeito
de confisco.

O STF decidiu, em regime de Repercussão Geral, que as multas tributárias se submetem SIM ao referido
Princípio da Vedação ao Confisco, tendo fixado os seguintes limites objetivos:

 Multa moratória: de até 20% do valor do tributo; e


 Multa punitiva: de até 100% do valor do tributo.

6 – Imunidades (Gerais) Tributárias

Estudaremos, neste momento, as imunidades gerais previstas nas alíneas do inciso VI do art. 150 da CF/88,
que - atenção - só alcançam os impostos.

6.1 – Imunidade Recíproca

De acordo com o art. 150, inciso VI, alínea “a”, da CF/88, a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios não podem instituir impostos sobre o patrimônio, rendas ou serviços, uns dos outros.

6.1.1 – Extensão da imunidade recíproca às autarquias, fundações e à empresa pública prestadora


de serviço postal

De acordo com o art. 150, § 2º, da CF/88, a imunidade recíproca é extensiva às autarquias e às fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público, as sociedades de economia mista e empresas públicas prestadoras
de serviço público em sentido estrito e especificamente à empresa pública prestadora de serviço postal,
isto é, aos Correios (ECT), no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades
essenciais ou às delas decorrentes.

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A imunidade em questão não se aplica ao patrimônio, à renda e aos serviços relacionados com exploração
de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, quando, por
exemplo, uma sociedade de economia mista negocia ações na bolsa de valores.

6.2 – Imunidade Religiosa

De acordo com o art. 150, inciso VI, alínea “b”, da CF/88, as entidades religiosas e templos de qualquer culto,
inclusive suas organizações assistenciais e beneficentes, também têm a garantia da imunidade tributária
relativamente a impostos.

Pois bem. O § 4º do art. 150 da CF/88 prescreve, ainda, que a imunidade compreende somente o patrimônio,
a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais da entidade religiosa.

Atenção: o STF já pacificou o entendimento de que o imóvel pertencente a uma entidade


religiosa que está alugado a terceiro permanece imune à incidência do IPTU, desde que
o valor do aluguel seja revertido às suas finalidades religiosas (RE 325.822).

6.3 – Imunidade dos Partidos Políticos, das Entidades Sindicais e das Instituições de Educação ou
de Assistência Social, Sem Fins Lucrativos

De acordo com o art. 150, inciso VI, alínea “c”, da CF/88, o patrimônio, a renda ou os serviços dos (i) partidos
políticos, inclusive suas fundações, (ii) das entidades sindicais dos trabalhadores, (iii) das instituições de
educação e de assistência social, sem fins lucrativos, também têm a garantia da imunidade tributária
relativamente a impostos.

A CF/88 estipula que essas imunidades alcançam somente as entidades que atendam aos requisitos
estabelecidos em lei (imunidades condicionadas). Tais condições estão previstas no art. 14 do CTN:

 Não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;
 Aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais;
 Manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de
assegurar sua exatidão.
Atenção: não ter fins lucrativos não significa não ter lucro! Não ter fins lucrativos
significa, juridicamente, não distribuir seus lucros (inciso I do art. 14 do CTN acima
transcrito). A entidade pode ter lucro, e terá a garantia da imunidade desde que esse
lucro (superávit) seja revertido para as suas finalidades essenciais.

De acordo com o § 4º do art. 150 da CF/88, a imunidade alcança somente o patrimônio, a renda ou os
serviços relacionados com os objetivos institucionais da instituição.

Contudo, o STF entende que mesmo alugado a terceiros, o imóvel permanece imune ao IPTU desde que o
valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades, conforme entendimento foi
consubstanciado na Súmula Vinculante nº 52.

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6.4 – Imunidade do Livro, Jornal e Periódico e do Papel Destinado à Sua Impressão

De acordo com o art. 150, inciso VI, alínea “d”, da CF/88, os livros, jornais, periódicos e o papel destinado à
sua impressão também têm a garantia da imunidade tributária de impostos.

O STF firmou jurisprudência de que essa imunidade inclui os filmes e papéis fotográficos (Súmula nº 657 do
STF).

Pois bem. Em análise casuística, o STF também já reconheceu a imunidade em questão aos álbuns de
figurinhas (RE 221.239), deixando de reconhecer, porém, em relação aos encartes de propaganda
distribuídos com jornais e periódicos, devido à sua natureza propagandística, de exclusiva índole comercial
(RE 213.094).

O STF também reconheceu a imunidade do livro eletrônico (e-book), o que culminou na edição da Súmula
Vinculante 57.

6.5 – Imunidade dos Fonogramas e Videofonogramas Musicais

De acordo com a alínea “e” do inciso V do art. 150 da CF/88, as entidades federativas também não podem
instituir impostos sobre fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras
musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros
bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação
industrial de mídias ópticas de leitura a laser.,

6.6 – Imunidades e Obrigações Acessórias

A imunidade tributária se restringe tão somente à obrigação tributária principal, ou seja, à obrigação
patrimonial de dar dinheiro ao Estado a título de tributo.

Portanto, a imunidade tributária não impede a instituição e exigência de deveres instrumentais ou


obrigações acessórias, que, acaso não cumpridas, podem ocasionar a autuação do ente imune.

Aula 02

Olá, AOBeiros!

Abaixo você encontrará o conteúdo da nossa 2ª aula de Direito Tributário para a 1ª fase do Exame de Ordem.

Qualquer dúvida, estarei à disposição.

Um forte abraço e bons estudos!

Prof. Rodrigo Martins

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@professorrodrigomartins

1 – Obrigação Tributária

De acordo com o art. 113 do CTN, existem duas espécies de obrigações tributárias: a principal e a acessória
(ou dever instrumental); a obrigação tributária principal corresponde à obrigação de dar dinheiro ao Estado
a título de tributo ou multa (é patrimonial); as acessórias correspondem a uma obrigação de fazer ou não
fazer algo no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos (não-patrimonial).

1.1 – Princípio do Pecunia Non Olet

De acordo com o art. 118 do CTN, mesmo que determinado ato (que corresponda ao fato gerador de uma
obrigação tributária) venha a ser praticado por agente incapaz, tenha objeto ilícito, impossível,
indeterminável ou indeterminado, ou não observe os requisitos de forma prescrita ou não defesa em lei,
ainda assim desencadeará os efeitos tributários e imporá o dever de cumprir a obrigação (princípio do
pecunia non olet, também conhecido como princípio da interpretação objetiva do fato gerador).

2 – Sujeição Passiva Tributária

Se o sujeito ativo é quem detém a aptidão para exigir o cumprimento da obrigação, o sujeito passivo será,
então, a pessoa natural ou jurídica obrigada ao cumprimento dessa obrigação.

2.1 – Solidariedade tributária

O polo passivo de uma obrigação tributária poderá ser ocupado (i) por uma única pessoa ou (ii) por várias,
em regime de solidariedade passiva (codevedores solidários). Os efeitos da solidariedade tributária estão
previstos no artigo 125 do CTN:

 O pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais;


 A isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a
um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo saldo;
 A interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica aos demais.

2.2 - Sujeito passivo da obrigação tributária principal

O sujeito passivo da obrigação tributária principal pode ser classificado, por sua vez, em (i) contribuinte e (ii)
responsável tributário, conforme dispõe o art. 121 do CTN.

2.2.1 - Responsabilidade tributária na aquisição de bem imóvel

De acordo com o caput do artigo 130 do CTN, somente os seguintes tributos podem ser transferidos para a
responsabilidade de adquirente de bem imóvel:

 IPTU;
 ITR;

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 Taxas pela prestação de serviços públicos referentes a tais bens (como, por exemplo, a de lixo);
 Contribuição de melhoria; e
 Multas por descumprimento à legislação tributária que disciplina os tributos acima especificados
(essa hipótese não está explícita no texto, estando, assim, implícita).
Porém, essa regra de responsabilização tem uma exceção prevista no parágrafo único: no caso de
arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorrerá sobre o respectivo preço da arrematação.

2.2.2 – Responsabilidade tributária na fusão, transformação, incorporação ou cisão de pessoa


jurídica

De acordo com o art. 132 do CTN, a pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação
ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até a data do ato pelas pessoas
jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas.

De acordo com a Súmula nº 554 do STJ, essa responsabilidade abrange não apenas os tributos devidos pela
sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a
data da sucessão.

2.2.3 – Responsabilidade tributária na aquisição de estabelecimento ou fundo de comércio

De acordo com o art. 133 do CTN, a pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por
qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a
respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos
tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até a data do ato, sendo que:

 A responsabilidade será integral do adquirente acaso o alienante cesse a exploração do comércio,


indústria ou atividade.
 A responsabilidade do adquirente será subsidiária em relação ao alienante se este prosseguir na
exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo
ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.

De acordo com a Súmula nº 554 do STJ, essa responsabilidade também abrange não apenas os tributos
devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores
ocorridos até a data da sucessão.

2.2.4 – Responsabilidade do administrador de pessoa jurídica

De acordo com o inciso III do art. 135 do CTN, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas
de direito privado são pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias
resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. O
dispositivo legal em questão fixa a transferência da responsabilidade tributária para os administradores,
sócio ou não. A simples condição de sócio (sem poder para administrar) não enseja a responsabilização.

Pois bem: o mero inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a
responsabilidade do administrador (Súmula nº 430 do STJ) e presume-se dissolvida irregularmente a
empresa que deixar de funcionar no seu domicílio sem comunicação aos órgãos competentes,

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legitimando, nesse caso, o redirecionamento da execução fiscal para o administrador (Súmula nº 435 do
STJ).

2.3 – Exclusão da responsabilidade pela denúncia espontânea da infração

O art. 138 do CTN dá uma “premiação” para aquela pessoa que, tendo cometido uma infração à legislação
tributária, decida por se autodenunciar (exclusão da responsabilidade - relativamente à multa - pela
denúncia espontânea da infração).

De acordo com o parágrafo único do art. 138, não se considera espontânea (não excluindo a multa) a
denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização,
relacionados com a infração.

Pois bem: o benefício da denúncia espontânea é incompatível com o parcelamento do tributo e também não
se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a
destempo (fora do prazo).

2.4 – Capacidade tributária passiva

De acordo com o inciso I do artigo 126 do CTN, s capacidade tributária passiva independe:

 Da capacidade civil das pessoas naturais;


 De achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício de
atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios;
 De estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade econômica
ou profissional.

3 – Suspensão Da Exigibilidade Do Crédito Tributário

As hipóteses que suspendem a exigibilidade do crédito tributário estão previstas no art. 151 do CTN.
Vejamos, pois, os principais aspectos das principais hipóteses suspensivas:

3.1 – Moratória

De acordo com o art. 152 do CTN, a moratória pode ser concedida por meio de lei em caráter geral ou em
caráter individual, quando dependerá do despacho da autoridade administrativa.

A lei concessiva de moratória pode circunscrever expressamente a sua aplicabilidade à determinada região
do território da pessoa jurídica de direito público que a expedir, ou a determinada classe ou categoria de
sujeitos passivos.

A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogado de ofício,
sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira
ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, cobrando-se o crédito acrescido de juros de
mora (i) com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou simulação do beneficiado, ou de terceiro
em benefício daquele; ou (ii) sem imposição de penalidade, nos demais casos.

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3.2 – Reclamações e Recursos Administrativos

De acordo com o inciso III do art. 151 do CTN, as reclamações e os recursos administrativos também
suspendem a exigibilidade do crédito tributário.

Conforme a Súmula Vinculante nº 21, é inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios


de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.

3.3 – A suspensão da exigibilidade do crédito tributário não suspende as obrigações tributárias


acessórias

De acordo com o parágrafo único do art. 151 do CTN em questão, a suspensão da exigibilidade do crédito
tributário (hipóteses acima estudadas) alcança somente as obrigações principais, e não as acessórias.

4 – Extinção Do Crédito Tributário

As hipóteses que extinguem "o crédito" tributário estão prescritas no art. 156 do CTN. Queremos destacar,
pois, somente os principais aspectos das principais hipóteses extintivas da obrigação tributária. Vejamos:

4.1 – Decadência e Prescrição

De acordo com o inciso V do art. 156 do CTN, a decadência e a prescrição extinguem o crédito tributário.

4.1.1 – Decadência

O prazo decadencial se refere ao tempo que a Fazenda Pública tem para constituir um crédito tributário,
que é de 5 (cinco) anos, que devem ser contados na forma do art. 173 e do art. 150, § 4º, do CTN (observe
os diferentes termos iniciais de contagem):

 1º) Do primeiro dia do ano seguinte (1º de janeiro) do ano seguinte ao da ocorrência do fato gerador
quando ainda não exista um crédito tributário constituído (crédito parcial).
 2º) A partir da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o
lançamento anteriormente efetuado.
 3ª) A partir da data da ocorrência do fato gerador quando houver a entrega de um lançamento por
homologação pelo contribuinte, feito à menor.

4.1.2 – Prescrição

O prazo prescricional se refere ao tempo que a Fazenda Pública tem para cobrar um crédito tributário já
constituído, que é de 5 anos, contados da data da sua constituição definitiva.

No caso do “autolançamento” ou lançamento por homologação, a própria declaração entregue pelo


contribuinte, reconhecendo débito fiscal, constitui o crédito tributário, sendo que o prazo prescricional deve
ser contado a partir da entrega (ou do vencimento, o que ocorrer por último), dispensada qualquer outra
providência por parte do fisco (Súmula 436 do STJ).

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Diferentemente da decadência, que não admite suspensão e nem interrupção, a prescrição pode ter seu
curso suspenso ou interrompido. As hipóteses que suspendem a exigibilidade do crédito tributário, previstas
no art. 151 do CTN, também suspendem o curso da prescrição.

As hipóteses interruptivas da prescrição estão previstas, por sua vez, no Parágrafo Único do artigo 174 do
CTN:

 Pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal;


 Pelo protesto judicial;
 Por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
 Por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito
pelo devedor.
Nos termos da Súmula nº 653 do STJ, "o pedido de parcelamento fiscal, ainda que indeferido, interrompe o
prazo prescricional, pois caracteriza confissão extrajudicial do débito.

5 – Exclusão Do Crédito Tributário

De acordo com o artigo 175 do CTN, a isenção e a anistia excluem o crédito tributário.

5.1 – Isenção

A isenção é um benefício fiscal concedido por meio de lei que dispensa o contribuinte do pagamento do
tributos.

De acordo com o parágrafo único do art. 176 do CTN, a isenção pode ser restrita a determinada região do
território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares, o que não afronta o Princípio da
Uniformidade Geográfica dos Tributos e tampouco o Princípio da Isonomia Tributária.

Em regra, as isenções podem ser revogadas a qualquer tempo por meio de lei do mesmo ente tributante
que a concedeu, salvo se concedida (i) por prazo certo e (ii) em função de determinadas condições (nesse
caso, não pode ser retirada do beneficiário).

5.2 – Anistia

A anistia inibe a constituição do crédito tributário relativamente a uma infração (AIIM - Auto de Infração e
Imposição de Multa).

5.3 – Alcance das hipóteses de exclusão do crédito tributário

De acordo com o Parágrafo Único do art. 175 do CTN, a isenção e a anistia - atenção - não dispensam o
contribuinte do cumprimento das obrigações acessórias ou deveres instrumentais, ou seja, só dispensam
da obrigação tributária principal.

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6 – Garantias E Privilégios Do Crédito Tributário

As garantias do crédito tributário correspondem aos meios previstos em lei para assegurar que o Fisco
receba o crédito tributário a que faz jus. Os privilégios, diferentemente, correspondem à uma preferência
de que goza o crédito tributário no concurso com outros tipos de crédito.

6.1 – Garantias do crédito tributário

De acordo com o art. 184 do CTN, é o patrimônio do contribuinte que garante (o pagamento) o crédito
tributário, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis.

Assim, dentre os bens impenhoráveis no direito tributário, se incluem aqueles descritos no art. 833 do CPC
(com exceção do inciso I, relativo aos bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário) e o denominado
bem de família previsto na Lei Federal nº 8.009/90

Contudo, a impenhorabilidade do bem de família não é absoluta, pois essa lei permite seja ele seja
penhorado para o pagamento de IPTU, de ITR, de taxas de serviço e de contribuições devidas em função
do imóvel familiar.

6.1.1 – Presunção de fraude à Execução Fiscal

De acordo com o art. 185 do CTN, presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou
seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente
inscrito como dívida ativa. O marco temporal utilizado para a caracterização da fraude à Execução Fiscal
é, portanto, a inscrição do débito na Dívida Ativa, E NÃO A PROPOSITURA DA EXECUÇÃO FISCAL.

Contudo, a presunção absoluta de fraude é afastada se o devedor reservar bens suficientes a garantir a
dívida.

6.1.2 – Indisponibilidade de bens e direitos

De acordo com o art. 185-A do CTN, na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar
nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz
determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos.

Verifica-se, assim, a decretação de indisponibilidade depende do cumprimento das seguintes etapas:

 1ª) A citação do devedor;


 2ª) O não pagamento do débito (depois de regularmente citado);
 3ª) O não oferecimento de bens à penhora (acaso não pague após ser regularmente citado); e
 4ª) A não localização de bens penhoráveis (se não houver o pagamento ou o oferecimento de
bens após a citação, o Estado-Fisco deve pesquisar bens penhoráveis e indicá-los ao Juiz).

A forma de comprovar o cumprimento da 4º etapa acima é definida na Súmula nº 560 do STJ, segundo a
qual a decretação da indisponibilidade de bens e direitos, na forma do art. 185-A do CTN, pressupõe o
exaurimento das diligências na busca por bens penhoráveis, o qual fica caracterizado: (i) quando
infrutíferos o pedido de constrição sobre ativos financeiros, isto é, BACENJud Negativo (ii) e a expedição de

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ofícios aos registros públicos do domicílio do executado, ao Denatran ou Detran (um e outro, e não um ou
outro).

6.2 – Privilégios do crédito tributário

O art. 186 do CTN, c/c os artigos 83 e 84 da Lei Federal nº 11.101/05, estipula uma ordem de preferência
quando um devedor tributário possuir outros débitos de diferentes naturezas. Essa ordem pode ser
resumida no seguinte quadro:

ORDEM DE PREFERÊNCIA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO


NA AUSÊNCIA DE FALÊNCIA NO CASO DE FALÊNCIA
1º) créditos trabalhistas e acidentários 1º) créditos extraconcursais (aqui estão incluídos os tributos
2º) créditos tributários cujos fatos geradores ocorrerão após a decretação da falência)
2º) créditos derivados da legislação trabalhista, limitados a 150
salários-mínimos por credor, e aqueles decorrentes de
acidentes de trabalho, sem o referido limite
3º) créditos com garantia real (como, por exemplo, imóvel
hipotecado) até o limite do valor do bem gravado
4º) créditos tributários decorrentes de obrigação principal
(tributos, correção monetária e juros moratórios cujos fatos
geradores ocorreram a data da decretação da falência).
5º) créditos quirografários
6º) Multas (contratuais, penais e também as tributárias)
7º) créditos subordinados
8º) os juros vencidos após a decretação da falência.

7 – Administração Tributária

Ao tratar da Administração Tributária, o CTN referiu-se à (i) fiscalização, (ii) dívida ativa e (iii) certidões
tributárias. Vejamos, pois, os principais assuntos de cada um desses temas:

7.1 – Fiscalização Tributária

De acordo com o art. 197 do CTN, uma série de pessoas e entidades são obrigadas a prestar ao Fisco as
informações que possuem em relação a bens, negócios ou atividades de terceiros. Dentre essas entidades
estão os bancos (instituições financeiras), nos termos do inciso II.

Pois bem. Em consonância com esse inciso II, o art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001 permite que as
autoridades e os agentes fiscais tributários possam examinar documentos, livros e registros de instituições
financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, independentemente de
ordem judicial, desde que haja processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais
exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente.

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O dispositivo acima ensejou uma grande discussão acerca da sua (in)constitucionalidade, pois, ao permitir
tal acesso sem ordem judicial, parece estar “quebrando” o sigilo bancário constitucionalmente tutelado nos
incisos X e XII do art. 5º da CF/88.

No entanto, de acordo com o STF (RE 601.314 e ADI nº 2.386/DF), o referido dispositivo é constitucional,
não implicando em afronta à garantia constitucional do sigilo bancário.

Assim, o acesso aos dados bancários dos contribuintes, pelo fisco, diretamente, independentemente de
ordem judicial, é constitucional, e só pode ocorrer se obedecidos os seguintes requisitos:

 1º) Haja processo administrativo ou procedimento de fiscalização regularmente instaurados;


 2º) Tal exame seja considerado imprescindível pela autoridade fiscal;
 3º) Que as informações obtidas pelo Fisco sejam mantidas em sigilo;
 4º) E que seja facultado ao contribuinte requerer vista do processo ou procedimento
administrativo.

7.2 – Dívida Ativa

Dívida Ativa é o conjunto de débitos que pessoas jurídicas e físicas possuem junto a órgãos públicos Federais,
Estaduais, Municipais ou Distrital, incluindo autarquias públicas, referentes a dívidas não pagas
espontaneamente. Os incisos do art. 202 do CTN descreve, por sua vez, as informações que o termo de
inscrição e a respectiva certidão (Certidão da Dívida Ativa) devem necessariamente conter:

 O nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis;


 A quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos;
 A origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que seja
fundado;
 A data em que foi inscrita;
 Sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito.
 A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do livro e da folha da inscrição.
Uma vez inscrita e desde que contenha todos os elementos acima, a Certidão da Dívida Ativa gozará das
presunções de certeza e liquidez, conforme art. 204 do CTN. No entanto, a presunção de certeza e liquidez
em questão é relativa, pois a Certidão de Dívida Ativa pode conter algum vício (ausência ou incorreção
quanto a alguma dessas informações, hipótese em que a inscrição na dívida ativa será considerada nula,
nos termos do art. 203 do CTN. Contudo, a nulidade poderá ser sanada até a decisão de primeira instância,
na Execução ou nos Embargos à Execução Fiscal, mediante e emenda (correção) ou substituição da
certidão nula, devolvido ao sujeito passivo, acusado ou interessado o prazo para defesa, que somente
poderá versar sobre a parte modificada.

Muito embora o texto legal admita a referida correção da CDA, a Jurisprudência do STJ fixou o
entendimento de que a emenda ou substituição não pode ocasionar a modificação (substituição) do
sujeito passivo da execução (Súmula nº 392 do STJ); nesse caso, o vício é considerado insanável e a
execução deve ser consequentemente extinta.

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7.3 – Certidões Tributárias

No âmbito do Direito Tributário existem 3 (três) diferentes tipos de certidões, que podem ser expedidas pela
Administração Tributária (Fisco) àquele que as solicitar:

 Certidão Negativa de Débitos - CND;


 Certidão Positiva com Efeitos de Negativa – CPEND ou CPEN;
 Certidão Positiva de Débitos - CPD.
Diante da inexistência de qualquer débito vencido, o contribuinte terá direito à expedição de uma “Certidão
Negativa de Débitos”, conhecida como “CND”, conforme preceitua o art. 205 do CTN.

Contudo, em determinadas hipóteses, mesmo que haja algum débito vencido e não pago, o art. 206 do
CTN prevê a expedição de uma certidão com os mesmos efeitos da CND, chamada de “Certidão Positiva
com Efeitos de Negativa”, que será emitida quando:

 1º) Constar a existência de créditos ainda não vencidos;


 2º) O débito estiver em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora ou
outra forma de garantia; ou
 3º) O débito estiver com a sua exigibilidade suspensa por força de alguma das hipóteses previstas
no art. 151 do CTN.
Acaso o contribuinte possua débitos vencidos, em curso de cobrança executiva sem penhora ou cuja
exigibilidade não esteja suspensa, sua certidão será emitida como “Certidão Positiva de Débitos”, ou “CPD”.
Será negada a CND ou a CPEND, isto é, a certidão de regularidade fiscal, quando os créditos tiverem sido
constituídos pelo próprio contribuinte, por meio de “autolançamento” ou lançamento por homologação, e
não pagos no prazo de seu vencimento (Súmula nº 446 do STJ).

8 – Impostos Federais

Vejamos as principais características de alguns impostos federais:

– Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza

O fato gerador do IR - Imposto sobre a Renda é definido pelo art. 43 do CTN, sendo caracterizado pela
aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de renda, que é o produto do capital, do trabalho ou da
combinação de ambos, ou pela aquisição de proventos de qualquer natureza.

Atenção: renda para fins de IR requer ACRÉSCIMO PATRIMONIAL. Logo, se não houver
acréscimo patrimonial, não há fato gerador do IR - Imposto de Renda. Por isso estão
excluídas da incidência do IR - Imposto de Renda todas as verbas ou recebimentos COM
NATUREZA DE INDENIZAÇÃO.

Nesse sentido, a jurisprudência tem afastado a incidência do imposto de renda nas seguintes hipóteses:

Súmula 125 do STJ: O pagamento de férias não gozadas por necessidade do serviço não está sujeita à incidência do Imposto
de Renda.

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Súmula 136 do STJ: O pagamento de licença-prêmio não gozada por necessidade do serviço não está sujeito ao imposto de
renda.
Súmula 215 do STJ: A indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à demissão voluntária não está sujeita à
incidência do imposto de renda.
Súmula 386 do STJ: São isentas de imposto de renda as indenizações de férias proporcionais e o respectivo adicional.”
Súmula 498 do STJ: “Não incide imposto de renda sobre a indenização por danos morais.

8.2 – Imposto sobre Produtos Industrializados

O fato gerador do IPI é definido no art. 46 do CTN. Quanto ao seu fato gerador, o STJ já firmou jurisprudência
no sentido da legalidade da incidência do IPI na saída de produtos de procedência estrangeira do
estabelecimento do importador, ainda que o produto não tenha sofrido qualquer industrialização. Assim, o
contribuinte pode ser tributado pelo IPI na importação no momento do desembaraço aduaneiro (com
fundamento no inciso I do art. 46 do CTN) e também depois, quanto da revenda desse produto importado
no mercado interno (será tributado mais uma vez pelo IPI), ainda que não tenha realizado qualquer
industrialização no produto, com base no inciso II do mesmo dispositivo.

A base de cálculo do IPI é disciplinada, por sua vez, pelo art. 47 do CTN, segundo o qual, no caso de
mercadoria importada, a base de cálculo do IPI é a mesma do imposto de importação, acrescido do próprio
imposto de importação (o valor do II passa é somado na base de cálculo do IPI/Importação), das taxas
exigidas para entrada do produto no País e ainda dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador
ou dele exigíveis (esses outros valores também são somados na base de cálculo do IPI/Importação).

Além dos aspectos gerais acima, a CF/88 traz, ainda, diversas regras, princípios e imunidades específicas
relativas ao imposto em estudo:

 De acordo com o disposto no inciso I do § 3º do art. 153 da CF/88, o IPI será seletivo, em função da
essencialidade do produto.
 O inciso II do § 3º do art. 153 em questão prescreve, por sua vez, que o IPI será não cumulativo,
compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores.
 Dando continuidade, consoante disposto no inciso III do referido § 3º do art. 153 da CF, não incidirá
IPI sobre produtos industrializados destinados ao exterior.
 Importa destacar, ainda no campo das imunidades, que a operação de industrialização de
combustíveis é imune ao IPI, podendo sofrer tão somente a incidência do ICMS, do II (Imposto de
Importação) e do IE (Imposto de Exportação).
 Por fim, de acordo com o inciso IV do dispositivo em questão, o impacto do IPI (isto é, sua carga)
será reduzida sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do imposto.

8.3 – Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural

O fato gerador do ITR - Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural é definido pela conjugação do art. 29
do CTN com o artigo 15 do Decreto-lei nº 57/66:

 1ª) Como regra geral, o critério distintivo entre a incidência do ITR e do IPTU é a localização do
imóvel. Nesse sentido, aqueles imóveis situados na zona urbana sofrem a incidência do IPTU e os
imóveis localizados na área rural sofrem a incidência do ITR.

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 2ª) No entanto, relativamente aos imóveis situados na zona urbana, mas que sejam empregados
na exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial, aplica-se o critério da
destinação, incidindo, assim, sobre esses, o ITR.

Quanto à base de cálculo do ITR, o art. 30 do CTN estipula que é o valor fundiário do imóvel, isto é, o valor
da terra nua (VTN), que corresponde à avaliação do mercado imobiliário, excluindo-se o valor das
construções, edificações, benfeitorias, culturas permanentes e temporárias, pastagens cultivadas e
melhoradas e florestas plantadas.

Pois bem. O inciso I do § 4º do art. 153 da CF/88 estipula, por sua vez, que o ITR será progressivo e terá suas
alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas. Se trata, pois, da
progressividade extrafiscal do ITR, já que não objetiva tão somente a arrecadação; objetiva,
diferentemente, desestimular a manutenção de propriedades improdutivas.

O ITR possui uma imunidade específica, prevista no inciso II do § 4º do art. 153 da CF/88, segundo a qual
esse imposto não incidirá (imunidade) sobre:

 Pequenas glebas rurais definidas em lei,


 Quando as explore o proprietário
 Que não possua outro imóvel.

Por fim, o inciso III do § 4º do art. 153 da CF/88 prescreve que o ITR será fiscalizado e cobrado pelos
Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer
outra forma de renúncia fiscal. Se trata, no caso, de delegação da capacidade tributária ativa. Se os
Municípios fizerem essa opção poderão exercer a cobrança e fiscalização do ITR e poderão ficar com 100%
do produto da arrecadação (ao invés de somente 50%), nos termos do inciso II do art. 158 da CF/88.

9 – Impostos Estaduais

Iremos estudar, a partir de agora, os principais aspectos dos impostos ordinários da competência tributária
privativa dos Estados e do Distrito Federal, lembrando, porém, que de acordo com o art. 147 da CF/88,
compete (i) à União, em Território Federal (acaso existente), os impostos municipais acaso o Território
não seja dividido em Municípios, e (ii) ao Distrito Federal, os impostos municipais.

9.1 – Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação

O inciso I do art. 155 da CF/88 atribui competência tributária aos Estados e ao Distrito Federal para instituir
o ITCMD – Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação.

É importante destacar, por oportuno, que o STF admite a incidência do ITCMD em caso de morte
presumida, declarada nos termos da lei civil (Súmula nº 331 do STJ).

O critério espacial do ITCMD (que nos informa para qual Estado-membro é devido o imposto ou se é devido
para o Distrito Federal) é definido pelo próprio texto constitucional:

 Tratando-se de transmissão causa mortis ou por doação de bens imóveis e respectivos direitos, o
ITCMD é devido ao Estado onde localizado o bem ou ao Distrito Federal;

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 Tratando-se de transmissão causa mortis ou por doação de bens móveis, títulos e créditos, o ITCMD
é devido ao Estado onde era domiciliado ode cujus (em caso de transmissão causa mortis), ou tiver
domicílio o doador (em caso de transmissão por doação), ou ao Distrito Federal.

Quanto às alíquotas do ITCMD, cada ente tributante (Estados-membros e Distrito Federal) poderá fixá-las
em suas próprias leis. Contudo, o texto constitucional estabelece que compete ao Senado Federal definir
as alíquotas máximas (teto) do ITCMD.

O ITCMD é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão (Súmula nº 112 do STF), devendo
ser calculado sobre o valor dos bens na data da avaliação (Súmula nº 113 do STF).

O imposto em questão pode ter alíquotas progressivas em razão do valor do quinhão, do legado ou da
doação.

Por fim, a CF/88 prevê duas imunidades específicas para o ITCMD:

 Não incidirá sobre as doações destinadas, no âmbito do Poder Executivo da União, a projetos
socioambientais ou destinados a mitigar os efeitos das mudanças climáticas e às instituições federais
de ensino.
 Não incidirá sobre as transmissões e as doações para as instituições sem fins lucrativos com finalidade
de relevância pública e social, inclusive as organizações assistenciais e beneficentes de entidades
religiosas e institutos científicos e tecnológicos, e por elas realizadas na consecução dos seus
objetivos sociais, observadas as condições estabelecidas em lei complementar.

9.2 – Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços

O art. 155, inciso II, da CF/88 atribuem competência tributária aos Estados e ao Distrito Federal para instituir
o ICMS – Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços, que possui quatro (4) diferentes
materialidades (ou fatos geradores):

 Operações relativas à circulação de mercadorias (ICMS-Mercadoria).


 Prestação de serviço de transporte interestadual e intermunicipal (ICMS-Transporte).
 Prestação de serviço de comunicação (ICMS-Comunicação).
 Operação de importação de bem, mercadoria ou serviço (ICMS-Importação), por pessoa física ou
jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade
(portanto, até para uso próprio).

Quanto à base de cálculo do ICMS, queremos destacar que no ICMS-Importação ela corresponderá ao valor
da mercadoria ou bem importado, constante em documento de importação, convertido em moeda
nacional pela mesma taxa de câmbio utilizada para o cálculo do imposto de importação, acrescido do valor
do IPI, do IOF, do próprio II e das demais despesas aduaneiras.

Pois bem. De acordo com o art. 155, § 2º, III, da CF/88, a alíquota do ICMS “poderá” ser seletiva em função
da essencialidade da mercadoria ou do serviço.

O inciso I do § 2º do art. 155 da CF/88 prescreve, por sua vez, que o ICMS será não-cumulativo,
compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas operações anteriores.

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O ICMS também possui algumas imunidades específicas, previstas no texto constitucional, além de a ele se
aplicar aquelas imunidades gerais do art. 150. As imunidades específicas são:

 Sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a
destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto
cobrado nas operações e prestações anteriores;
 Sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis
líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica;
 Sobre o ouro, quando ativo financeiro; e
 Nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e
imagens de recepção livre e gratuita.
Por fim, quanto ao ICMS, os benefícios fiscais não são dados unilateralmente pela entidade competente
por meio da sua própria lei em sentido estrito: é necessária a concordâncias dos demais Estados e do Distrito
Federal por meio de um órgão chamado CONFAZ. Acaso haja esta concordância, o benefício será concedido
por meio de Convênio ratificado por Decreto. A autorização de concessão de um benefício fiscal de ICMS
por meio de Convênio celebrado junto ao CONFAZ não gera, por si só, direito adquirido aos contribuintes.
O referido Convênio tem natureza, pois, meramente autorizativa. Assim, uma vez autorizado um benefício
por meio de Convênio, o Estado poderá ou não o conceder por meio de sua lei, ou concedê-lo parcialmente,
restringindo os termos do Convênio.

9.3 – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores

Por fim, o inciso III do art. 155 da CF/88 atribui competência tributária aos Estados e ao Distrito Federal para
instituir o IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores, incluindo-se no conceito de
"veículo automotor" para fins de IPVA as embarcações e as aeronaves.

Quanto ao critério espacial (Estado para o qual o imposto é devido), corresponde ao Estado-membro (ou
Distrito Federal) onde o contribuinte do imposto mantém a sua sede ou seu domicílio tributário, onde deve
consequentemente registrar o veículo de circulação terrestre, ou ao estado onde domiciliado o proprietário
dos veículos aquáticos e aéreos.

No que tange à alíquota, cada Estado-membro ou o Distrito Federal é livre para estabelecê-las, desde que
observadas as seguintes balizas e diretrizes constitucionais:

 Terá alíquotas mínimas (piso) fixadas pelo Senado Federal; e


 Poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo, do valor, da utilização e do impacto
ambiental.

Atenção: é possível concluir que está admitida a PROGRESSIVIDADE PARA AS ALÍQUOTAS


DO IPVA.

Mas os Estados e o Distrito Federal não podem adotar alíquotas mais elevadas para automóveis de origem
estrangeira pelo simples fato de serem veículos “importados”; também não o podem fazer com base no
fato de que o veículo foi produzido "neste" ou "naquele" Estado, pois a origem não foi eleita como um
critério de diferenciação.

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Por fim, o IPVA possui imunidades específicas previstas no texto constitucional, não incidindo sobre:

 Aeronaves agrícolas e de operador certificado para prestar serviços aéreos a terceiros;


 Embarcações de pessoa jurídica que detenha outorga para prestar serviços de transporte aquaviário
ou de pessoa física ou jurídica que pratique pesca industrial, artesanal, científica ou de subsistência;
 Plataformas suscetíveis de se locomoverem na água por meios próprios, inclusive aquelas cuja
finalidade principal seja a exploração de atividades econômicas em águas territoriais e na zona
econômica exclusiva e embarcações que tenham essa mesma finalidade principal; e
 Tratores e máquinas agrícolas.

10 – Impostos Municipais

Estudaremos, nesta aula, os impostos ordinários da competência tributária dos Municípios, ou seja,
aqueles que a doutrina denomina como impostos municipais em espécie, previstos no art. 156 da CF/88,
lembrando, porém, que de acordo com o art. 147 da CF/88, compete (i) à União, em Território Federal
(acaso existente), os impostos municipais acaso o Território não seja dividido em Municípios, e (ii) ao
Distrito Federal, os impostos municipais.

10.1 – Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana

O fato gerador do IPTU é definido pela conjugação do art. 32 do CTN com o artigo 15 do Decreto-lei nº 57/66:

 1ª) Como regra geral, o critério distintivo entre a incidência do ITR e do IPTU é a localização do
imóvel. Nesse sentido, aqueles imóveis situados na zona urbana sofrem a incidência do IPTU e os
imóveis localizados na área rural sofrem a incidência do ITR.
 2ª) No entanto, relativamente aos imóveis situados na zona urbana, mas que sejam empregados
na exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial, aplica-se o critério da
destinação, incidindo, assim, sobre esses, o ITR.

Contudo, a simples delimitação da zona urbana na legislação municipal não é suficiente, por si, para
fundamentar a tributação dos imóveis nela situados a título de IPTU, pois o § 1º do art. 32 do CTN exige que
na localidade (área urbana onde se quer cobrar o IPTU) exista pelo menos 2 (dois) dos seguintes
melhoramentos, construídos ou mantidos pelo Poder Público:

 Meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;


 Abastecimento de água;
 Sistema de esgotos sanitários;
 Rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;
 Escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel
considerado.
Pois bem. O CTN também permite que a lei municipal considere como urbana, para fins de incidência de
IPTU, a área urbanizável ou de expansão urbana, consistente de loteamentos aprovados pelos órgãos
competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora da zona
urbana primitiva. Para essa área, não se exige a presença daqueles melhoramentos indicados nos incisos
I a V do § 1º do art. 32 do CTN para fins de incidência do IPTU, conforme a Súmula 626 do STJ: "A incidência

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do IPTU sobre imóvel situado em área considerada pela lei local como urbanizável ou de expansão urbana
não está condicionada à existência dos melhoramentos elencados no art. 32, § 1º, do CTN."

Pois bem. De acordo com a CF/88, além da seletividade, o IPTU admite duas diferentes formas de
progressividade:

A progressividade extrafiscal ou no tempo, que é prevista no art. 182, § 4º, inciso II, da CF/88, segundo a
qual é facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor,
exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não
utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de imposto sobre a
propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo (objetiva "forçar" o cumprimento da função
social da propriedade).

E a progressividade fiscal, prevista no art. 156, § 4º, II, da CF/88, que permite que o IPTU seja progressivo
em razão do valor do imóvel.

Além das progressividades fiscal e extrafiscal, a CF/88 também prevê a seletividade do IPTU, ao autorizar a
adoção de alíquotas diferenciadas de acordo com a localização e o uso do imóvel.

Por fim, o IPTU pode ter sua base de cálculo atualizada pelo Poder Executivo, conforme critérios
estabelecidos em lei municipal.

10.2 – Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis

Por sua vez, o art. 156, inciso II, da CF/88 outorga competência tributária aos Municípios para instituir o ITBI,
que tem como fato gerador a transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis,
por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão
de direitos a sua aquisição.

O critério espacial do ITBI (que nos informa para qual Município é devido o imposto ou se é devido para o
Distrito Federal) é definido, por sua vez, pelo próprio texto constitucional, que estipula competir ao
Município da localização do imóvel.

No que tange à alíquota, muito embora os Municípios tenham autonomia para fixá-las em suas próprias leis,
não poderão instituir alíquotas progressivas com base no valor venal do imóvel, conforme consta na
Súmula nº 656 do STF.

Além daquelas imunidades gerais, previstas no art. 150, inciso VI, da CF/88, o imposto em questão é
alcançado, ainda, por 2 (duas) imunidades específicas, previstas no inciso I do § 2º do art. 156 da CF/88:

 Não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa


jurídica em realização de capital (a imunidade, nesse caso, se limita ao valor do capital
integralizado, incidindo o ITBI sobre a diferença a maior do valor do imóvel); e
 Nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrentes de fusão, incorporação, cisão ou
extinção de pessoa jurídica.

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Ocorre, porém, que nas duas hipóteses acima, não haverá imunidade se a atividade preponderante do
adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento
mercantil.

10.3 – Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza

Por sua vez, o art. 156, inciso III, da CF/88 outorga aos Municípios competência tributária para instituir o ISS
– Imposto sobre Serviços, que tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa à
Lei Complementar nº 116/2003.

Partindo do pressuposto de que tão somente aquilo que se enquadrar no conceito de "serviço" acima pode
ser tributado pelo ISS, torna-se inconstitucional exigir tal imposto sobre aquilo que não é serviço, tal como
já decidido pelo STF, segundo o qual é inconstitucional a incidência do ISS sobre operação de locação de
bens móveis, nos termos da Súmula Vinculante nº 31.

Quanto ao critério espacial (que define para qual Município é devido o imposto), o art. 3º da Lei
Complementar nº 116/2003 adota um sistema misto, trazendo:

 A regra no caput do art. 3º, segundo o qual o ISS é devido para o Município onde estiver situado o
estabelecimento do prestador, ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio do prestador;
 Diversas exceções em seus incisos, quando o ISS será devido em local diverso.

Dentre as inúmeras exceções, queremos destacar algumas, consideradas mais importantes para a prova da
OAB, quando o ISS será devido no local:

 Da execução da obra ou da demolição, no caso dos serviços de construção civil.


 Da execução da varrição, coleta, remoção, incineração, tratamento, reciclagem, separação e
destinação final de lixo, rejeitos e outros resíduos quaisquer.
 Da execução da limpeza, manutenção e conservação de vias e logradouros públicos, imóveis,
chaminés, piscinas, parques, jardins e congêneres.
 Dos bens ou do domicílio das pessoas vigiados, segurados ou monitorados.
A base de cálculo do ISS corresponde, em regra, ao preço bruto do serviço, isto é, ao preço acordado entre
o prestador e tomador para a realização do serviço, nos termos do caput do art. 7º da LC nº 116/2003.
Quando a prestação do serviço não envolver o fornecimento de materiais (insumos), não há controvérsia
quanto à base de cálculo do ISS. No entanto, quando a prestação do serviço envolver o fornecimento de
insumos, teremos as seguintes situações:

 1ª) Se a Lei Complementar nº 116/2003 não prescrever, expressamente, que os insumos utilizados
na prestação do serviço ficam sujeitos à incidência do ICMS, então o seu preço (do insumo) será
incluído na base de cálculo do ISS.
 2ª) No entanto, em diversos subitens a Lei Complementar em questão determina, de forma
expressa, a exclusão do valor dos materiais empregados (insumos) da base de cálculo do ISS,
estipulando que ficam sujeitos à incidência do ICMS.

As alíquotas do ISS devem ser fixadas nas próprias leis Municipais ou do Distrito Federal disciplinadoras do
imposto em estudo, mas eles não têm total liberdade quanto à fixação da alíquota do ISS, pois a CF/88

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determina que é função da Lei Complementar estipular as alíquotas mínimas e máximas desse imposto,
sendo que o inciso II do art. 8º da Lei Complementar nº 116/2003 fixou a alíquota máxima do ISS em 5% e
o art. 8º-A da mesma lei fixa a alíquota mínima em de 2%. Entre o mínimo e o máximo podem os Município
(e o Distrito Federal) escolher e fixar, por meio de suas respectivas leis ordinárias, o percentual de alíquota
para cada um dos serviços tributáveis.

Pois bem: a alíquota mínima de 2% é a regra, pois há exceções quanto à observância do patamar mínimo de
2%, conforme disposto no § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar em questão: o imposto não será objeto de
concessão de isenções, incentivos ou benefícios tributários ou financeiros, inclusive de redução de base de
cálculo ou de crédito presumido ou outorgado, ou sob qualquer outra forma que resulte, direta ou
indiretamente, em carga tributária menor que a decorrente da aplicação da alíquota mínima estabelecida
no caput, exceto para os serviços de construção civil e de transporte intramunicipal de passageiros.

DIREITO ADMINISTRATIVO

Introdução

Olá, futuro(a) advogado(a). Tudo certo?

Elaborei este material com nossas apostas de Direito Administrativo para o XL Exame. Espero que gostem e
garantam mais acertos na prova.

Aula 01

Organização da Administração Pública

Para executar sua atividade administrativa de forma plena, o Estado divide sua atuação em unidades de
poder menores e mais especializadas. Diferentemente do que ocorrer na centralização, onde a
Administração atua diretamente na execução de políticas públicas, a subdivisão poderá operar-se através
dos institutos da desconcentração ou da descentralização.

Na desconcentração, com base em seu poder hierárquico, o Estado subdivide-se internamente distribuindo
o poder dentro da mesma pessoa jurídica, através da criação de órgãos públicos. Estes não possuem
personalidade jurídica própria e estão diretamente subordinados à autoridade superior.

Já na descentralização, a administração pública atua através da criação de entidades que possuem


personalidade jurídica própria, deslocando a competência de atuação para uma nova pessoa, em um vínculo
desprovido de hierarquia e subordinação.

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SEM
DesCOncentração Cria Órgãos personalidade
jurídica

COM
DesCEntralização Cria Entidades personalidade
jurídica

Administração Direta

A Administração Direta nada mais é do que a própria atuação da administração pública diretamente ou
através de seus órgãos. Os entes que compõem a Administração Direta, portanto, estão sujeitos a
prerrogativas de direito público, uma vez que – sem exceção – são consideradas pessoas jurídicas de direito
público.

Assim, a estes entes aplicam-se as seguintes regras:

a) seus servidores são servidores públicos e submetem-se a concurso público;

b) seus atos administrativos gozam de presunção de legitimidade;

c) gozam de privilégios tributários;

d) seus bens são bens públicos e, portanto, impenhoráveis;

e) seus créditos são pagos através de precatórios;

Administração Indireta

A Administração Indireta é caracterizada pelo conjunto de pessoas jurídicas, sem autonomia política, que
exercem de forma descentralizada determinadas atividades administrativas. Nesta atuação, as entidades –
com personalidade jurídica - que compõem a Administração Indireta são:

Autarquias;

Empresas Públicas;

Sociedades de Economia Mista;

Fundações Públicas;

Consórcios Públicos (associações públicas);

Tratam-se de entes que possuem personalidade jurídica, patrimônio próprios, receita própria e que possuem
características específicas a seguir a depender de cada ente.

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A lei irá autorizar a criação de empresas públicas ou sociedades de economia mista, mas apenas o registro
dos atos na Junta terá a capacidade de atribuir personalidade jurídica a tais entidades.

Já as autarquias são pessoas jurídicas de direito público criadas por lei para o desempenho de um serviço
público de forma descentralizada com capacidade de autoadministração. Desenvolvem, assim, atividades
típicas de Estado prestando serviços de forma técnica e especializada. A elas se aplicam todas as regras
inerentes ao direito público.

Agências Reguladoras

As agências reguladoras são autarquias em regime especial que fiscalizam a prestação de serviços públicos
por parte das concessionárias e permissionárias

Estas foram sensivelmente atualizadas com a nova Lei 13.848/2019 e hoje devem ser reguladas da seguinte
forma:

a) a investidura dos dirigentes dá-se de forma especial (nomeados pelo presidente da república com prévia
aprovação do Senado Federal);

b) os dirigentes possuem mandato com prazo fixo que não pode ultrapassar a legislatura do Presidente da
República;

c) os dirigentes não poderão ser exonerados ad nutum, apenas perdendo o mandato em caso de renúncia
ou condenação judicial transitada em julgado;

d) após terminado o mandato, o ex dirigente fica sujeito a uma quarentena, sendo impedido de exercer
qualquer atividade ou prestar serviço no setor regulado após 6 (seis) meses, conforme lei 9.986/00;

e) Além disso, não será qualquer pessoa que poderá ser nomeada como Diretor da Agência Reguladora,
mas apenas aqueles previstos no artigo 8º, da Lei 9.986/00.

Empresas Estatais

As empresas estatais (empresas públicas e sociedades de economia mista) surgiram no ordenamento


jurídico brasileiro com a natureza jurídica de direito privado. Os empregados das estatais, inclusive, são
regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).

A ideia é que a Administração Pública possa explorar diretamente atividades econômicas quando relevante
o interesse coletivo ou necessário aos imperativos de segurança nacional.

As empresas estatais são criadas através do registro de seus atos constitutivos na Junta Comercial, após a
autorização para sua criação em lei específica. Dois são os tipos de empresas estatais: as empresas públicas
e as sociedades de economia mista.

As empresas públicas são constituídas sob qualquer modalidade permitida em direito (LTDA, S/A, EIRELI)
desde que seu capital seja 100% (cem por cento) público. Trata-se, assim, de uma empresa onde a totalidade
das quotas sociais é constituída por recursos públicos, podendo ser federal, estadual ou municipal.

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Já as sociedades de economia mista também são criadas com o registro de seus atos constitutivos na Junta
Comercial, após a autorização por lei específica. Contudo, estas sociedades são compostas pelo capital
parcialmente público e parcialmente privado. Necessariamente as sociedades de economia mista serão
constituídas sob a forma de sociedades anônimas, cujas ações com direito a voto serão pertencentes em
sua maioria ao poder público.

As estatais são regidas na atualidade pela Lei 13.303/2016, cuja leitura se recomenda.

Estas, em que pese atuarem sob a égide do direito privado, possuem algum capital público envolvido e,
exatamente por isto, sujeitam-se à fiscalização de seus atos pelos Tribunais de Contas. Contudo, nesta
fiscalização, deverá o órgão de controle atentar para não interferir na gestão destas estatais.

Além disso, as características de direito público que circundam a atuação das empresas estatais exigem a
impessoalidade na contratação de pessoas, obras e serviços, o que redunda na necessidade de as estatais
contratarem pessoal, através de concurso público; e obras e serviços através de procedimento licitatório
(ainda que simplificado).

As estatais, quando atuam sob a égide do direito privado, não poderão gozar de privilégios fiscais não
extensivos às do setor privado, conforme parágrafo 2º, do artigo 173, da Constituição Federal. Contudo, a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal fora construída no sentido se diferenciar as empresas estatais
que prestam serviço público das que exercem atividade econômica em regime concorrencial.

Na opinião da Corte Suprema, existem três tipos de empresas estatais: as que prestam serviço público, as
que exercem atividade econômica em regime de monopólio (ex: Correios) e as que atuam no mercado em
regime concorrencial. Nos dois primeiros casos, as regras de direito público devem ser aplicadas com maior
ênfase, dado o interesse público que circunda a atuação estatal. Assim, o STF já reconheceu imunidade
tributária aos Correios, por exemplo.

Fundações Públicas

a) Fundações Públicas de Direito Público: Criadas por lei específica sem a necessidade de posterior
inscrição de seus atos constitutivos em qualquer órgão registral; demais características todas de
direito público, devendo ser considerada, em essência, uma autarquia.
b) Fundações Públicas de Direito Privado: criadas com o registro de seus atos constitutivos nos
cartórios de registro, após a edição de lei específica que autoriza a criação; possuem as demais
características similares ao direito privado, apesar de sofrerem ingerências do poder público, a
exemplo da fiscalização de suas contas pelos órgãos de controle;

Consórcios Públicos

Os consórcios públicos são disciplinados pela Lei 11.107/2005. Em uma definição mais direta, consórcio
público é uma pessoa jurídica criada (por meio de contrato) por entes federados que se associam para o fim
de obter sucesso em um objetivo de interesse comum.

Os consórcios públicos, conforme a respectiva lei, podem ter origem em duas modalidades. O consórcio
público adquirirá personalidade jurídica de direito público, no caso de constituir associação pública,

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mediante a vigência das leis de ratificação do protocolo de intenções, e integrará a administração indireta
de todos os entes da Federação consorciados.

O consórcio público adquirirá personalidade jurídica de direito privado, mediante o atendimento dos
requisitos da legislação civil. Neste caso, o consórcio público observará as normas de direito público no que
concerne à realização de licitação, celebração de contratos, prestação de contas e admissão de pessoal, que
será regido pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT.

A União somente pode participar de consórcios públicos em que também façam parte todos os Estados em
cujos territórios estejam situados os Municípios consorciados; e o consórcio público que tenha por objeto o
serviço relacionado à saúde deverá seguir as diretrizes e normas que regulam o Sistema Único de Saúde
(SUS).

Bens Públicos

Segundo artigo 98 do CC/2002, São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas
de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. Apenas
podem ser formalmente considerados como bens públicos os bens de propriedade das pessoas jurídicas de
direito público: União, Estados, Municípios e respectivas autarquias e fundações.

Qualquer que seja sua utilização, os bens destas entidades – corpóreos, incorpóreos, móveis, imóveis, - estão
sujeitos ao regime jurídico dos bens públicos e, portanto, gozam das seguintes características:

• Imprescritibilidade - Os bens públicos são insuscetíveis de aquisição mediante usucapião (prescrição


aquisitiva de direito).
• Impenhorabilidade – Os bens públicos não se sujeitam ao regime de penhora, eis que a satisfação
de créditos da Fazenda Pública deve ser feita através do regime de precatórios;
• Não Onerabilidade – Os bens públicos não podem ser gravados como garantia de créditos em favor
de terceiros. São espécies de direitos reais de garantia sobre coisa alheia: o penhor, a anticrese e a
hipoteca.
• Inalienabilidade (relativa) – Os bens públicos que se encontram destinados a uma finalidade pública
específica (afetados) não podem ser objeto de alienação, consoante será visto adiante.

Classificação dos bens públicos

• Bens de uso comum do povo – São aqueles destinados à utilização geral pelos indivíduos, que podem
ser utilizados por todos em igualdade de condições. Ex: ruas, praças, mares e rios.
• Bens de uso especial – São aqueles destinados à execução de serviços administrativos e dos serviços
públicos em geral. São os bens das pessoas jurídicas de direito público utilizados para a prestação de
serviços públicos (em sentido amplo). Ex: escolas públicas, hospitais públicos, prédios de repartições
públicas..
• Bens Dominicais – São os bens públicos que não possuem uma destinação pública definida, que
podem ser utilizados pelo Estado para fazer renda, PODEM SER ALIENADOS. Ex: terras devolutas,
prédios públicos desativados e móveis inservíveis.

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Afetação X Desafetação

Os bens públicos afetados (que possuem uma destinação específica) não podem, enquanto permanecerem
nesta situação ser alienados. Assim, os bens de uso comum do povo e os bens de uso especial não são
suscetíveis de alienação enquanto assim estiverem destinados. Por outro lado, acaso ocorra a sua
desafetação, tais bens serão considerados bens dominicais e poderão ser alienados, por não estarem
afetados a um fim público.

Apesar da afetação ser possível pela simples destinação do bem, pelo uso, a desafetação não é admitida pela
doutrina pelo simples fato do não uso.

Intervenção do Estado na Propriedade

Modalidades de Intervenção do Estado na Propriedade

a) Limitação Administrativa: ato genérico por meio do qual o poder público impõe a
proprietários indeterminados obrigações com o objetivo de fazer com que aquela propriedade atenda
à sua função social. Podem ser instituídas em lei ou regulamento de qualquer ente da Administração.
É gratuita, surgindo o dever de indenizar tão somente em casos de redução do valor econômico do
bem. Todavia, o proprietário do bem não fará jus a qualquer direito indenizatório se tiver adquirido o
bem após a limitação administrativa já ter sido imposta. Os danos causados em caso de limitação
administrativa devem ser objeto de ação pessoal, cujo prazo prescricional é de cinco anos. Ex:
Limitação à altura dos prédios em determinada região da cidade.
b) Servidão Administrativa: restrição específica que atinge parcial e concretamente o direito de
propriedade, incidindo sobre o caráter exclusivo de propriedades determinadas. A servidão consiste
em uma obrigação de tolerar ou deixar fazer e autoriza o Poder Público a usar da propriedade imóvel
do particular para assegurar a realização e conservação de obras e serviços de utilidade pública. Pode
ser instituída por acordo administrativo ou através de sentença judicial e, por constituírem direito real
de uso, devem ser averbadas no respectivo Registro de Imóveis. Exemplo de servidão, tem-se a
passagem de rede elétrica (fios de alta tensão) por dentro da propriedade. Apenas gera direito a
indenização se o ônus imposto ao proprietário for tão elevado que cause algum dano à propriedade
(referida indenização será prévia).
c) Ocupação Temporária: restrição estatal que atinge o caráter exclusivo da propriedade,
fundada na necessidade pública normal de realização de obras ou exercício de atividades. Trata-se de
intervenção provisória e que incide tão somente em razão da necessidade que pode ter o Estado de
utilizar, temporariamente, um imóvel particular para realização de obras públicas ou execução de
serviços públicos. Há o dever de indenizar somente se houver dano à propriedade e no caso de imóveis
contíguos a imóveis desapropriados (art. 36, do Decreto Lei 3.365/41). Ex: ocupação de terreno para
guardar o maquinário necessário a construção de rodovia. A instituição da ocupação dá-se por meio
de ato da administração, sem necessidade de apreciação prévia do Poder Judiciário.
d) Requisição: utilização pelo Estado de bens móveis e imóveis, ou mesmo de serviços prestados
por particulares, em face de situações de iminente perigo. A indenização será sempre posterior e acaso
haja dano.
e) Tombamento: restrição estatal na propriedade privada, que se destina especificamente à
proteção do patrimônio histórico e artístico nacional, assim considerando o conjunto de bens móveis

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e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público. Poderá gerar direito a
indenização acaso gere desvalorização do bem. São impostas algumas obrigações ao proprietário do
bem tombado, dentre elas a de fazer todas as obras que forem necessárias para a conservação da
coisa. As regras do tombamento estão previstas no Decreto-Lei 25/37. De acordo com o artigo 5o, do
Decreto-Lei 25/37, o tombamento dos bens pertencentes à União, aos Estados e aos Municípios se
fará de ofício, por ordem do diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, mas deverá
ser notificado à entidade a quem pertencer, ou sob cuja guarda estiver a coisa tombada, afim de
produzir os necessários efeitos.
f) Desapropriação: forma mais drástica de intervenção do Estado na propriedade, que afeta o
próprio caráter perpétuo e irrevogável do direito de propriedade.

Desapropriação

Por meio dela, o poder público toma o domínio da propriedade de seu titular para o fim de vinculá-la a algum
interesse público, consistente em necessidade ou utilidade pública, bem ainda em interesse social. Trata-se
de forma de aquisição originária de propriedade.
Existem dois tipos de desapropriação:
a) Desapropriações ordinárias: realizadas por necessidade ou utilidade pública ou por interesse social,
sendo exigida a prévia indenização em dinheiro.
b) Desapropriações extraordinárias: decorrem do inadequado aproveitamento do solo urbano (artigo
182, CF) e da improdutividade do imóvel rural (artigo 184, CF).
Por fim, o artigo 243, da CF, trata não de uma modalidade de desapropriação, mas de expropriação, uma vez
que a União não indeniza o proprietário da terra. Este simplesmente perde o bem em razão de penalidade
constitucionalmente prevista.

Desapropriação por utilidade pública ou interesse social

A desapropriação por utilidade pública está prevista no Decreto-Lei 3.365/41 e será cabível, nos termos do
artigo 5º. Já a desapropriação por interesse social será cabível, nos termos da Lei 4.132/62, artigo 2º. Tanto
a desapropriação por necessidade ou utilidade pública, quanto a desapropriação por interesse social serão
regidas pelas disposições do Decreto-Lei 3.365/41.

A desapropriação segundo referido Decreto-Lei divide-se em duas fases muito bem definidas:
a) Fase declaratória da desapropriação: o processo administrativo irá verificar a caracterização de uma
das hipóteses de interesse social ou necessidade ou utilidade pública, com o objetivo de expedir o
decreto expropriatório. Trata-se de ato discricionário do Administrador Público. Publicado o decreto
expropriatório, tem-se a manifestação do interesse da Administração Pública em desapropriar aquela
determinada propriedade. Em tal momento, inicia-se o prazo para a propositura da ação judicial de
desapropriação. Passado o prazo de cinco anos após o decreto expropriatório, acaso a Administração
Pública permaneça omissa em intentar a ação de desapropriação, o decreto caducará e o mesmo
bem somente poderá ser objeto de nova declaração após decorrido o prazo de um ano. É de dois
anos o prazo decadencial para propositura da demanda de desapropriação por interesse social e
de cinco anos o prazo para propositura de demanda por necessidade ou utilidade pública. Em
ambos os casos, caduco o decreto expropriatório, novo decreto relacionado ao mesmo bem apenas

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poderá ser editado somente depois de um ano. Aplica-se este prazo também à desapropriação por
interesse social, em razão do disposto no artigo 5º, da Lei 4.132/62. São efeitos da declaração
(ALEXANDRINO, 2015, pg. 1077): sujeição do imóvel à força expropriatória do Estado; fixação do
Estado do bem (benfeitorias de mero deleite ou voluptuárias feitas após a declaração não serão
indenizáveis. Benfeitorias necessárias sempre serão indenizáveis. Benfeitorias úteis apenas serão
indenizáveis se autorizadas pela Administração – artigo 26, parágrafo 1o, Decreto 3.365/41); atribui
ao Estado o direito de adentrar no imóvel declarado, após prévia autorização judicial; fixação do
termo inicial para o prazo de caducidade da declaração.
b) Fase executória da desapropriação: possível a fase executória da desapropriação ocorrer mediante
acordo na esfera administrativa, mas a regra é a demanda judicial. Pela recente alteração trazida pela
Lei 13.867/2019, o poder público deverá notificar o proprietário com a oferta de indenização e o
proprietário irá dizer se aceita ou não estes valores. Aceitos os valores, a desapropriação efetivar-se-
á por acordo na esfera administrativa. Rejeitada a oferta, ou transcorrido o prazo sem manifestação,
o poder público procederá ao ajuizamento de ação de desapropriação na forma do artigo 11 do DL
3.365/41. A lei permite ainda que o particular opte por uma mediação ou pela via arbitral.
Apenas juízes estaduais ou federais podem processar a demanda, sendo certo não haver hipótese de
competência delegada. Se da justiça comum estadual a competência, caberá ao juiz da vara da
situação do bem a análise e processamento da demanda.
Segundo Guilherme Barros (2015, pg. 444), o legitimado ativo é o ente público que edita o decreto
expropriatório – União, Estado, Distrito Federal ou Município. Além disso, a desapropriação pode ser
proposta pela concessionária de serviço público no exercício da função delegada, mediante
autorização expressa em lei ou contrato. Já o polo passivo da demanda será ocupado pelo
proprietário do bem, sendo certo que os entes públicos maiores poderão desapropriar bens dos
entes menores, não sendo a recíproca verdadeira.
De acordo com os artigos 19 e 20, do Decreto-Lei 3.365/41, feita a citação, a causa seguirá com o rito
ordinário. A contestação só poderá versar sobre vício do processo judicial ou impugnação do preço;
qualquer outra questão deverá ser decidida por ação direta. Assim, tendo em vista que o mérito da
contestação é de cognição limitada, podendo abranger apenas eventual vício no processo judicial ou
o valor da indenização, incabível a propositura de reconvenção. Contudo, o contestante poderá
postular o direito de extensão, entendido como o direito que assiste ao particular de, impugnando o
valor ofertado pelo Poder Público, pleitear a extensão da desapropriação, para que esta alcance a
parte remanescente do bem que se tornaria inútil ou de difícil utilização, caso o bem fosse
desapropriado apenas parcialmente.
A imissão provisória na posse do imóvel pelo Poder Público difere em razão do tipo do imóvel. É que
a imissão provisória na posse do imóvel rural pode ocorrer acaso alegue o expropriante urgência e
deposite em juízo a quantia que entende devida pelo imóvel, podendo o proprietário levantar 80%
do valor depositado.
Já a imissão provisória na posse de imóvel residencial urbano sujeito a desapropriação segue o
disposto no Decreto-Lei 1.075/70. Assim, alegada a urgência e depositado o preço ofertado, antes da
concessão da liminar, deverá o juiz intimar o réu para se manifestar sobre o preço no prazo de 5 dias.
Tendo por fundamento o poder da autotutela, possível a desistência da ação de desapropriação
através da revogação do decreto expropriatório. Para o STJ, possível a desistência a qualquer tempo
da ação de desapropriação desde que ainda não tenha sido pago integralmente o valor da
indenização ao particular.

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O artigo 27, do Decreto-Lei 3.365/41 disciplina em seu parágrafo 1º o pagamento de honorários
advocatícios em ações de desapropriação. Nos termos da ADIN 2.332-2, decidiu o Supremo Tribunal
Federal que a limitação prevista em lei com relação ao valor dos honorários advocatícios (R$.
151.000,00) seria inconstitucional. Assim, a base de cálculo dos honorários advocatícios é a diferença
entre a oferta e a indenização, além dos valores devidos a título de juros compensatórios e
moratórios, tudo corrigido monetariamente. Sobre este valor, incide o percentual de 0,5% a 5%, a
título de honorários advocatícios, sem limitação de teto.
Já as custas processuais serão pagas pelo autor se o réu aceitar o preço oferecido; em caso contrário,
pelo vencido, ou em proporção, na forma da lei.
De acordo com o artigo 28, do Decreto-Lei 3.365/41, da sentença que julga o pedido de
desapropriação caberá recurso de apelação pelo particular (apenas no efeito devolutivo) e pelo ente
público (no duplo efeito. Além disso, o reexame necessário é exigido quando o valor fixado na
sentença é superior ao dobro do preço inicialmente ofertado pelo ente público.
A sentença no processo de desapropriação deve fixar o valor da justa indenização a ser paga pelo
expropriante, fixando também a incidência de juros e correção monetária. Os juros compensatórios
são devidos para compensar a perda da posse do imóvel pelo particular, a partir da imissão provisória
da posse pelo ente público, pois este é o momento em que o particular perde a possibilidade de
usufruir do bem. Quanto aos juros moratórios, estes são devidos em razão da mora do ente público
em pagar o valor da indenização constante na sentença judicial. Tal mora, em razão do regime de
precatório constante no artigo 100, da Constituição Federal, apenas dá-se com o não pagamento do
precatório no prazo constitucional.
Em relação à correção monetária, diz a Súmula 561 – STF que, em desapropriação, é devida a
correção monetária até a data do efetivo pagamento da indenização, devendo proceder-se à
atualização do cálculo, ainda que por mais de uma vez.

Desapropriação Indireta

De acordo com Alexandrino (2015, pg. 1082), "Desapropriação indireta é o fato administrativo por meio do
qual o Estado se apropria de bem particular, sem observância dos requisitos da declaração e indenização
prévia."

Segundo decidiu o STJ, a ação de desapropriação indireta possui natureza real e pode ser proposta pelo
particular prejudicado enquanto não tiver transcorrido o prazo para que o Poder Público adquira a
propriedade do bem por meio da usucapião, aplicando-se por analogia o prazo da usucapião extraordinária.
O artigo 1.238, do Código Civil atual estabelece que o prazo prescricional da usucapião é de 15 anos, podendo
ser reduzido para 10 anos se o possuidor tiver realizado obras ou serviços de caráter produtivo no local
(parágrafo único do artigo 1.238).
Enquanto a ação de desapropriação indireta possui natureza real e prazo prescricional decenal, nos termos
do parágrafo único do artigo 1.238, do Código Civil, a ação reparatória em virtude das perdas ocasionadas
por limitações administrativas, terá natureza pessoal e por isso prescrição quinquenal.

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Retrocessão e Tredestinação

Efetivada a desapropriação, o poder público deve destinar o bem desapropriado à finalidade pública que
justificou o ato expropriatório. Se não o fizer, ocorrerá o fenômeno da tredestinação. Esta poderá ser lícita
ou ilícita.
A tredestinação lícita ocorre quando o bem é desapropriado para um fim, mas lhe é dado fim diverso pelo
poder público, porém ainda permanecendo o interesse público. Já a tredestinação ilícita ocorre quando ao
bem desapropriado é dado destino desprovido de interesse público (transferência do bem a terceiro, por
exemplo).
O direito de retrocessão é, pois, aquele que assiste ao proprietário do bem exigi-lo de volta caso, após
efetivada a desapropriação, a ele seja dada destinação desprovida de interesse público. Assim, sempre será
cabível o direito de retrocessão em caso de tredestinação ilícita. Trata-se de instrumento previsto no artigo
519 do Código Civil.
Por fim, a doutrina majoritária cita-nos ainda o fenômeno da adestinação que seria a ausência de qualquer
finalidade dada ao bem após finalizada a desapropriação. Celso Antônio Bandeira de Melo defende que em
hipóteses de adestinação não caberia o direito de retrocessão, haja vista que o Poder Público não é obrigado
a dentro de determinado prazo dar um fim ao imóvel.

Desapropriação para fins de reforma agrária

A desapropriação para fins de reforma agrária possui previsão constitucional nos arts. 184 a 186.

O imóvel que poderá sofrer a desapropriação para fins de reforma agrária será apenas aquele imóvel rural
que não atende à sua função social, sendo certo que o objetivo da reforma agrária é exatamente dar função
social a este bem.

De acordo com o artigo 2º, da LC 76/93, a competência para propor a Desapropriação para fins de reforma
agrária é privativa/exclusiva da União Federal, sendo proposta pelo órgão executor (INCRA) perante a Justiça
Federal.

Assim, quanto à competência, tem-se:

a) Desapropriação por interesse social – Não é exclusivo da União (também os Estados, DF e Municípios
podem fazê-lo);
b) Desapropriação de Imóvel Rural – Não é exclusivo da União (também os Estados, DF e Municípios
podem fazê-lo);
c) Desapropriação por interesse social de imóvel rural – Não é exclusivo da União (também os Estados,
DF e Municípios podem fazê-lo);
d) Desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária – Regra Geral – Apenas a União
(Exclusivo/Privativo);
A contestação na ação de desapropriação para fins de reforma agrária é mais ampla que no Decreto-Lei
3.365/41, eis que poderá o réu alegar qualquer matéria de defesa, exceto a relativa à existência de interesse
social. Para discutir o interesse social, seria possível o manejo de ação própria (Mandado de Segurança, Ação
Cautelar, enfim).

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Mesmo contestando, é dado ao expropriado o levantamento de até 80% (oitenta por cento) do valor
depositado, apenas quanto ao dinheiro das benfeitorias.
A legislação nada dispõe acerca da citação da mulher e do marido, levando-nos à conclusão de que ambas
são necessárias, nos termos do Código de Processo Civil. Além disso, o artigo 18, da LC 76/93 dispõe
expressamente sobre a necessidade de intimação do Ministério Público.
De acordo com o artigo 19, da LC 76/93, os honorários advocatícios serão fixados em até 20% (vinte por
cento) da diferença existente entre a oferta e o preço final.
Por fim, efetuada a desapropriação, o INCRA terá 03 anos para efetivar a reforma agrária, sob pena de
tredestinação que gera o direito a retrocessão.

Desapropriação para fins urbanísticos

A desapropriação para fins urbanísticos é prevista no artigo 182, §3º, inciso III da Constituição Federal e no
artigo 8º da Lei nº 10.257 / 2001 (Estatuto da Cidade).
Segundo Guilherme Barros (2015, pg. 464), os requisitos dessa desapropriação são: a localização do imóvel
em área urbanas e sua caracterização como não edificado, subutilizado ou não utilizado. A legitimidade ativa
para a realização da desapropriação é exclusiva do Município.
O artigo 182, da Constituição Federal prevê duas hipóteses de desapropriação. A primeira é uma hipótese
de desapropriação ordinária (por utilidade ou necessidade pública ou por interesse social) prevista no
parágrafo 3º. Assim, mesmo que a propriedade esteja cumprindo sua função social, poderá o Poder Público
desapropriá-la em caso de necessidade ou utilidade pública, ou ainda, em caso de interesse social. Neste
caso, a indenização será prévia e em dinheiro.
Hipótese diferente é aquela prevista no parágrafo 4º, inciso III, do artigo 182, da CF. Neste caso, a
propriedade que não cumpre sua função social e que já passara sucessivamente pela edificação ou
parcelamento compulsórios e pelo IPTU progressivo no tempo, poderá ser desapropriada.
Trata-se, pois, de uma desapropriação extraordinária (uma verdadeira sanção ao particular) e cujo
pagamento será feito em títulos da dívida pública, conforme previsão constitucional.
Verificado que o imóvel se tratar de solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, lei municipal
específica para área incluída no plano diretor poderá determinar o parcelamento, a edificação ou a utilização
compulsórios, fixando as condições para o cumprimento desta obrigação.
Assim, o Poder Executivo Municipal notificará o proprietário para que parcele, edifique ou utilize o imóvel
em evidência. Tal notificação deverá ser, inclusive, averbada no competente cartório de registro de imóveis.
Terá, pois, o particular o prazo mínimo de um ano (a depender da previsão da lei municipal) para protocolar
o projeto da destinação que pretende dar ao bem. Tal prazo será contado a partir da notificação. Por outro
lado, aprovados os projetos, terá o particular o prazo de dois anos para iniciar as obras do empreendimento,
contados da data da aprovação dos projetos.
O Estatuto das Cidades estabeleceu que a transmissão do imóvel – a título gratuito ou oneroso, por ato inter
vivos ou causa mortis – posterior à notificação transfere todas as obrigações previstas quanto ao
parcelamento, edificação e utilização do imóvel e sem qualquer interrupção dos prazos.
Acaso descumpridas as obrigações impostas na notificação anteriormente explicada, o Município poderá
aplicar a majoração das alíquotas do IPTU pelo prazo de cinco anos consecutivos.

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Continuando a descumprir, passados os cinco anos de cobrança de IPTU progressivo, o Município poderá ou
manter a cobrança do IPTU em valores máximos até que o proprietário cumpra sua obrigação ou proceder
à desapropriação do imóvel, com pagamento em títulos da dívida pública.
O valor não deverá computar expectativas de ganhos futuros, lucros cessantes ou compensatórios, mas o
valor real apurado naquele momento quanto ao imóvel. Além disso, o valor do imóvel deve refletir a base
de cálculo do IPTU no momento da notificação feita pelo Município para que o proprietário aproveitasse
o imóvel.
A doutrina afirma que o rito processual a ser observado é o do Decreto-lei 3.365/41, em especial os artigos
11 a 30, que na matéria teria caráter geral (CARVALHO FILHO, 2013, pg. 139), no que couber, devendo o
intérprete proceder à adequação entre os procedimentos fins a que se destina cada espécie de
desapropriação.
De acordo com o parágrafo 4º, do artigo 8º, do Estatuto das Cidades, o Município tem o prazo máximo de
cinco anos – contado a partir da incorporação do imóvel ao patrimônio público para proceder ao seu
adequado aproveitamento.

Responsabilidade Civil do Estado

A responsabilidade civil do Estado baseia-se na teoria do Risco Administrativo consagrada no artigo 37, § 6º,
da Constituição Federal de 1988. De acordo com tal dispositivo, tanto as pessoas jurídicas de direito público
quanto as de direito privado prestadoras de serviço público responderão de forma objetiva pelos danos
causados a terceiros por atos de seus agentes.

Além disso, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal se orienta no sentido de que as pessoas jurídicas
de direito privado, prestadoras de serviço público, respondem objetivamente pelos prejuízos que causarem
a terceiros usuários e não usuários do serviço.

Para ensejar a responsabilização do Estado, o particular precisa demonstrar em juízo apenas a conduta, o
dano e o nexo causal existente entre ambas, sendo desnecessária a prova do dolo ou culpa do agente estatal.
Por outro lado, em sua defesa, é possível que a Administração Pública demonstre a existência de hipóteses
de excludentes ou de redução de sua responsabilização, como o caso fortuito, a força maior ou a culpa
exclusiva de terceiros.

A teoria do risco administrativo difere, portanto, da teoria do risco integral, onde o Estado figura como um
segurador universal e, independente de caso fortuito ou força maior, o Ente Público responde integralmente
pelo dano causado ao particular.

A Administração Pública pode ser responsabilizada por indenizar o particular mesmo que tenha praticado
um ato lícito, desde que este ato cause danos anormais e específicos, que excedam o limite do razoável /
tolerável.

Atos Comissivos X Atos Omissivos

A regra é a responsabilidade objetiva do Estado aplicável aos atos comissivos, não devendo ser tal
modalidade invocada em relação a atos omissivos. Já a responsabilidade civil do Estado, no caso de atos
omissivos, somente se configurará quando estiverem presentes elementos que caracterizem o
descumprimento de dever legal atribuído ao poder público (culpa administrativa).

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Porém, em relação à omissão específica, o Estado tem o dever legal de evitar um dano ao cidadão e assume
o risco de cuidar da saúde e integridade do particular que – em geral - está sob sua guarda ou custódia. É o
caso, por exemplo, da responsabilidade nas relações que envolvem a morte ou suicídio de presidiários.

Assim, em razão desta especial relação de supremacia entre o Estado e o indivíduo, é dever do Estado
garantir a incolumidade física dos indivíduos custodiados, devendo o Estado responder objetivamente pela
morte de detento, ocorrida no interior do estabelecimento prisional ou de hospital psiquiátrico. Neste
sentido, pacífica a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. A ideia é a mesma quanto a crianças que
estão sob o dever de guarda do Estado em escolas públicas.

Possibilidade da Vítima entrar com ação diretamente contra o Agente Estatal

Segundo pacificou o Supremo Tribunal Federal não é possível o ajuizamento de ação pela vítima diretamente
contra o agente causador do dano, pois a responsabilidade civil do servidor público frente ao Estado é
subjetiva.

O ofendido somente poderá propor a demanda em face do Estado. Se este for condenado, aí sim poderá
acionar, via ação regressiva, o servidor que causou o dano, acaso logre demonstrar que este agiu com dolo
ou culpa. Adotou-se a teoria da dupla garantia.

Prescrição e Fazenda Pública

O Superior Tribunal de Justiça, em julgamento sujeito à sistemática dos recursos repetitivos, fixou a Corte
Superior o entendimento segundo o qual o Decreto 20.910/32 encerra normal especial que deverá
prevalecer sobre a norma de caráter geral (Código Civil) e; o artigo 10 do Decreto 20.910/32 apenas refere-
se aos prazos anteriores à sua edição, não contemplando os prazos posteriores. Assim, o prazo prescricional
a ser aplicado mesmo nas demandas indenizatórias propostas em face da Administração Pública deve ser
quinquenal.

Aula 02

Serviços Públicos

a) Definição

• O conceito de serviço público não é estático;


• Atividades desenvolvidas e oferecidas pelo Estado, na entrega das políticas públicas aos
administrados;
• CF, art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
• Lei 8.987/95
• Lei 11.079/04

b) Concessão Comum de Serviços Públicos

• Lei 8.987/95, artigo 2º:

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II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante
licitação, na modalidade de concorrência ou diálogo competitivo, à pessoa jurídica ou consórcio de
empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo
determinado;
III - concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: a construção, total ou
parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de interesse público,
delegada pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência ou diálogo
competitivo, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a sua
realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da concessionária seja remunerado e
amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo determinado;

Extinção das Concessões

Este um dos pontos mais importantes para a prova da OAB e tentaremos explicar de uma forma bastante
didática.

Como ocorre a extinção do contrato de concessão?

Simples. É possível a extinção da concessão de 6 formas, todas previstas no artigo 35, da Lei 8.987/95:

Termo Final
do Prazo

Falência ou
Extinção da Rescisão
Concessionária

Encampação Anulação

Caducidade

Certo. Mas vamos ver se eu entendi ...

A concessão poderá se encerrar de seis formas diferentes.

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A primeira delas será pela finalização do prazo (termo final)?

Isso.

Imagine um contrato que possui o prazo de 60 meses, por exemplo. Quando chegarmos no 60º mês, o
contrato chegará ao seu termo e, portanto, será extinto. Neste caso, não será necessário nenhum ato formal
ou notificação para a extinção do contrato.

E, eventualmente, os bens e investimentos feitos pela concessionária que serão revestidos (devolvidos) ao
poder público serão indenizados, se ainda não amortizados:

Art. 36. A reversão no advento do termo contratual far-se-á com a indenização das parcelas
dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados ou depreciados,
que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a continuidade e atualidade do
serviço concedido.

Professor, logicamente a falência ou extinção da empresa concessionária também irão


encerrar a concessão, correto?

Exato.

Nos casos de falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do titular, se


estivermos falando de empresário individual, o cumprimento do objeto do contrato resta impossível.

Percebem?

Naturalmente, o contrato será extinto e o Poder Concedente, retomando o serviço público, poderá realizar
nova licitação para uma nova concessão com outro concessionário.

Anulação tem a ver com algum vício?

Sim.

A anulação da concessão deverá ocorrer se existir algum vício de legalidade no contrato. A decretação da
nulidade poderá ocorrer por decisão administrativa ou judicial.

Mas o que seria a rescisão?

A rescisão é a extinção do contrato por culpa do Poder Concedente.

Isso mesmo.

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O Estado está fazendo bobagem e o particular pretende encerrar o contrato, repita-se, em razão das falhas
da própria Administração Pública que está descumprindo normas contratuais, regulamentares ou legais.

Art. 39. O contrato de concessão poderá ser rescindido por iniciativa da concessionária, no
caso de descumprimento das normas contratuais pelo poder concedente, mediante ação
judicial especialmente intentada para esse fim.

Percebam que mesmo a Administração Pública descumprindo o contrato, o concessionário poderá encerrar
a concessão, mas não pode abandonar os serviços públicos. Estes devem continuar sendo prestados de
forma contínua:

Artigo 39.
Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste artigo, os serviços prestados pela
concessionária não poderão ser interrompidos ou paralisados, até a decisão judicial
transitada em julgado.

Professor, mas o que seria caducidade?

Atenção!

A caducidade – hipótese mais cobrada na OAB – é muito parecida com a rescisão.

Lembram que a rescisão é uma extinção do contrato por culpa do Estado (poder
concedente)?

Ótimo.

Na caducidade, também existe um culpado. Mas, neste caso, o culpado será o concessionário (o
empresário particular).

Assim, a caducidade pode ser considerada uma hipótese de extinção do contrato de concessão com causa
imputada ao concessionário que descumpriu cláusulas contratuais, regulamentares ou inclusive legais.

Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, a critério do poder


concedente, a declaração de caducidade da concessão ou a aplicação das sanções
contratuais, respeitadas as disposições deste artigo, do art. 27, e as normas
convencionadas entre as partes.

Mas professor, quando é possível afirmarmos que existe culpa do concessionário e que a
caducidade poderá ser aplicada?

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A lei 8.987/95 expressamente elenca as hipóteses (discorre sobre o que seria ou não uma culpa do
concessionário) no parágrafo 1º, do artigo 38. Assim, a caducidade da concessão poderá ser declarada pelo
poder concedente quando:

I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente, tendo por base as
normas, critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade do serviço;

II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou disposições legais ou


regulamentares concernentes à concessão;

III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tanto, ressalvadas as hipóteses


decorrentes de caso fortuito ou força maior;

IV - a concessionária perder as condições econômicas, técnicas ou operacionais para


manter a adequada prestação do serviço concedido;

V - a concessionária não cumprir as penalidades impostas por infrações, nos devidos


prazos;

VI - a concessionária não atender a intimação do poder concedente no sentido de


regularizar a prestação do serviço; e
V
II - a concessionária não atender a intimação do poder concedente para, em 180 (cento e
oitenta) dias, apresentar a documentação relativa a regularidade fiscal, no curso da
concessão, na forma do art. 29 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.

Entendi, professor.

Então, se o concessionário for culpado, o Estado vai até lá e encerra o contrato de forma
unilateral e sem qualquer medida prévia. É isso mesmo?

Não!

Como tudo no Direito Administrativo, o Poder Concedente precisa respeitar o devido processo legal e o
contraditório do concessionário.

Imagine que o concessionário esteja certo, mas o administrador público pensa que não. Logo, o processo
administrativo será extremamente útil para o esclarecimento dos fatos.

Além disso, não será instaurado sequer o processo administrativo antes de ser dada uma oportunidade para
o concessionário corrigir as eventuais falhas.

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Os parágrafos 2º e 3º, do artigo 38, da Lei 8.987/95 assim estabelecem:

§ 2o A declaração da caducidade da concessão deverá ser precedida da verificação da


inadimplência da concessionária em processo administrativo, assegurado o direito de
ampla defesa.

§ 3o Não será instaurado processo administrativo de inadimplência antes de comunicados


à concessionária, detalhadamente, os descumprimentos contratuais referidos no § 1º
deste artigo, dando-lhe um prazo para corrigir as falhas e transgressões apontadas e para
o enquadramento, nos termos contratuais.

Tudo bem, professor. Mas se for verificada a falha da concessionária em um processo


administrativo, será necessária uma lei para encerrar a concessão?

Não.

Acaso instaurado o processo administrativo e comprovada a inadimplência da empresa concessionária, a


administração pública irá declarar a caducidade do contrato de concessão por meio de decreto,
independentemente de indenização prévia (§ 4º, artigo 38).

Eventual indenização será calculada no decurso do processo e terá o seu valor abatido das eventuais multas
devidas pelo concessionário (§ 5º).

E os empregados da concessionária que forem demitidos, poderão pedir indenização ao


Estado?

Não.

Uma vez declarada a caducidade, não resultará para o poder concedente qualquer espécie de
responsabilidade em relação aos encargos, ônus, obrigações ou compromissos com terceiros ou com
empregados da concessionária (§ 6º).

E como este tema já foi cobrado na OAB?

Atenção, amigos.

Vocês precisam se perguntar qual o motivo que ensejou a extinção da concessão para entender a resposta
das questões propostas pela FGV/OAB. Vejamos.

FGV - OAB UNI NAC/OAB/XVIII Exame/2015 - Após dezenas de reclamações dos usuários
do serviço de transporte metroviário, o Estado Y determinou a abertura de processo
administrativo para verificar a prestação inadequada e ineficiente do serviço por parte da
empresa concessionária. Caso se demonstre a inadimplência, como deverá proceder o
poder público concedente?

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a) Declarar, por decreto, a caducidade da concessão.
b) Declarar, por decreto, a encampação do serviço.
c) Declarar, por decreto, após lei autorizativa, a revogação da concessão.
d) Declarar, por lei, a anulação do contrato de concessão.
Comentários
Usuários reclamando. Serviço prestado de forma ineficiente. Serviço inadequado.
Se estas reclamações forem procedentes, qual a forma de extinção da concessão?
Caducidade.
E como deve ocorrer a caducidade, por lei ou decreto?
Decreto. Vimos isto também.
Mas a caducidade ocorre de forma direta ou exige um prévio processo administrativo?
Necessário um prévio processo administrativo.
Gabarito, Letra A.
Art. 38, Lei 8.987/95
§ 4o Instaurado o processo administrativo e comprovada a inadimplência, a caducidade
será declarada por decreto do poder concedente, independentemente de indenização
prévia, calculada no decurso do processo
Muito fácil, meus amigos.
E o baile segue da mesma forma.
FGV - OAB UNI NAC/OAB/VIII Exame/2012 - Uma concessionária de serviço público, em
virtude de sua completa inadequação na prestação do serviço, não consegue executar o
contrato.
Nesse caso, segundo a Lei n. 8.987/95, poderá ser declarada, a critério do poder
concedente, a extinção do contrato por
a) caducidade.
b) encampação.
c) anulação.
d) revogação.
Comentários
Culpa de quem na extinção do contrato? Da concessionária e sua completa inadequação
na prestação do serviço e, portanto, não consegue executar o contrato. Logo, temos uma
hipótese de caducidade.
Gabarito, Letra A.

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FGV - OAB UNI NAC/OAB/IV Exame/2011 - Ao tomar conhecimento de que o serviço
público de transporte aquaviário concedido estava sendo prestado de forma inadequada,
causando gravíssimos transtornos aos usuários, o ente público, na qualidade de poder
concedente, instaurou regular processo administrativo de verificação da inadimplência da
concessionária, assegurando-lhe o contraditório e a ampla defesa. Ao final do processo
administrativo, restou efetivamente comprovada a inadimplência, e o poder concedente
deseja extinguir a concessão por inexecução contratual.
Qual é a modalidade de extinção da concessão a ser observada no caso narrado?
a) Encampação.
b) Caducidade.
c) Rescisão.
d) Anulação.
Comentários
Gabarito, Letra B.
Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, a critério do poder
concedente, a declaração de caducidade da concessão ou a aplicação das sanções
contratuais, respeitadas as disposições deste artigo, do art. 27, e as normas
convencionadas entre as partes.
§ 1o A caducidade da concessão poderá ser declarada pelo poder concedente quando:
I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente, tendo por base as
normas, critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade do serviço;

FGV - OAB UNI NAC/OAB/II Exame/2010 - Uma determinada empresa concessionária


transfere o seu controle acionário para uma outra empresa privada, sem notificar,
previamente, o Poder concedente, parte no contrato de concessão.
Assinale a alternativa que indique a medida que o Poder concedente poderá tomar, se não
restarem atendidas as mesmas exigências técnicas, de idoneidade financeira e
regularidade jurídica por esta nova empresa.
a) Poderá o Poder concedente declarar a caducidade da concessão, tendo em vista o
caráter intuitu personae do contrato de concessão.
b) Poderá retomar o serviço, por motivo de interesse público, através da encampação,
autorizada por lei específica, após prévio pagamento da indenização.
c) Poderá o Poder concedente anular o contrato de concessão, através de decisão
administrativa,, uma vez que a transferência acionária da empresa concessionária sem a
notificação prévia ao Poder concedente gera irregularidade, insusceptível de convalidação.
d) Nada poderá fazer o Poder concedente, uma vez que a empresa concessionária, apesar
da alteração societária, não desnatura o caráter intuitu personae do contrato de
concessão.
Comentários

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Gabarito, Letra A.
Aqui também temos uma hipótese de caducidade, visto que apenas o concessionário
poderá executar o serviço, sendo vedada a transferência da prestação do serviço para um
terceiro, ainda que através da transferência do controle acionário da empresa.

FGV - OAB UNI NAC/OAB/XXV Exame/2018 - A União celebrou com a empresa Gama
contrato de concessão de serviço público precedida de obra pública. O negócio jurídico
tinha por objeto a exploração, incluindo a duplicação, de determinada rodovia federal.
Algum tempo após o início do contrato, o poder concedente identificou a inexecução de
diversas obrigações por parte da concessionária, o que motivou a notificação da
contratada. Foi autuado processo administrativo, ao fim do qual o poder concedente
concluiu estar prejudicada a prestação do serviço por culpa da contratada.
Com base na hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
a) O contrato é nulo desde a origem, eis que a concessão de serviços públicos não pode ser
precedida da execução de obras públicas.
b) O poder concedente pode declarar a caducidade do contrato de concessão, tendo em
vista a inexecução parcial do negócio jurídico por parte da concessionária.
c) O poder concedente deve, necessariamente, aplicar todas as sanções contratuais antes
de decidir pelo encerramento do contrato.
d) O processo administrativo tem natureza de inquérito e visa coletar informações precisas
dos fatos; por isso, não há necessidade de observar o contraditório e a ampla defesa da
concessionária.
Comentários
Gabarito, Letra B.
Enunciado grande. Questão que assusta. Mas a resposta é muito fácil.
Quem deu causa ao encerramento da concessão? O concessionário.
Sabendo disso e, portanto, sabendo que se trata de uma hipótese de caducidade,
praticamente já é possível marcarmos a letra B como a resposta.
Além disso, faz-se necessário um prévio processo administrativo e a administração não
está obrigada a aplicar nenhuma sanção prévia antes de reconhecer a caducidade, apenas
oportunizar um prazo para o concessionário se adequar aos pontos identificados como mal
executados.

E a intervenção na concessão, não seria o melhor caminho?

Depende.

Os artigos 32 e seguintes da Lei 8.987/95 regulam a possibilidade de o Estado intervir na concessão. Tratam-
se de hipóteses onde o concessionário não consegue realizar o objeto do contrato e como o Poder

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Concedente é o Estado, este guarda o poder-dever de fiscalizar a atividade do concessionário e intervir caso
este não esteja cumprindo corretamente o avençado.

Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de assegurar a
adequação na prestação do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas
contratuais, regulamentares e legais pertinentes.
Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do poder concedente, que conterá a
designação do interventor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida.

Desta forma, uma vez declarada a intervenção, o Poder Concedente iniciará o processo administrativo para
verificar a caducidade que deverá ser concluído no prazo de até 180 (cento e oitenta) dias.

Art. 33. Declarada a intervenção, o poder concedente deverá, no prazo de trinta dias,
instaurar procedimento administrativo para comprovar as causas determinantes da
medida e apurar responsabilidades, assegurado o direito de ampla defesa.
§ 1o Se ficar comprovado que a intervenção não observou os pressupostos legais e
regulamentares será declarada sua nulidade, devendo o serviço ser imediatamente
devolvido à concessionária, sem prejuízo de seu direito à indenização.
§ 2o O procedimento administrativo a que se refere o caput deste artigo deverá ser
concluído no prazo de até cento e oitenta dias, sob pena de considerar-se inválida a
intervenção.

E se o processo administrativo concluir que a empresa estava correta, sem descumprir


qualquer penalidade?

Neste caso, não será operada a caducidade e a concessão será devolvida ao concessionário.

Art. 34. Cessada a intervenção, se não for extinta a concessão, a administração do serviço
será devolvida à concessionária, precedida de prestação de contas pelo interventor, que
responderá pelos atos praticados durante a sua gestão.

Mas professor, para finalizar, o que seria a encampação dos serviços públicos?

A encampação é outra forma de o poder concedente extinguir a concessão.

Aqui, não há falha de ninguém.

É dizer: nem o poder concedente teve culpa (rescisão) nem o concessionário (caducidade).

O poder concedente simplesmente decide encerrar a concessão por motivos de interesse público, utilizando-
se da prerrogativa da supremacia do interesse público e encerra unilateralmente o contrato administrativo.

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A administração pública tem um interesse na retomada do serviço, não se exigindo para caracterizar tal
instituto qualquer inadimplemento por parte da concessionária. Trata-se de previsão do artigo 37 da Lei
8.987/95:

Art. 37. Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder concedente durante
o prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa específica
e após prévio pagamento da indenização, na forma do artigo anterior.

Parcerias público-privadas (PPP)

As Parcerias Público Privadas (PPPs) são bastante cobradas nas provas da OAB e são um tema absolutamente
fácil. Parece brincadeira de criança.

Vamos voltar ao nosso exemplo anterior quando falamos de concessões comuns.

Imagine que o Estado de São Paulo deseja construir uma nova rodovia que liga a capital ao
Porto de Santos.

Esta obra foi orçada em 50 milhões de reais, mas o governo estadual não dispõe ou não
deseja gastar estes recursos no momento.

O Estado poderá, então, realizar um contrato onde delegará a execução e manutenção da


nova rodovia a um particular.

Quem vai pagar por esta obra?

O usuário, exclusivamente.

Isso mesmo. Eu, você e toda a coletividade pagaremos por esta obra, através do pagamento de pedágio.

Esta é uma hipótese de concessão comum, correto?

Sim.

E o que são as PPPs?

Parcerias Públicos Privadas são contratos de concessão especial de serviços públicos onde o parceiro privado
é remunerado não exclusivamente pelo usuário.

Nas PPPs, o concessionário será remunerado:

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Integralmente pelo Poder Público (concessão administrativa) ou;

Parte pelo Poder Público e parte pelos usuários (concessão patrocinada)

As parcerias público privadas foram introduzidas pela Lei 11.079/2004 que expressamente as divide em dois
tipos: a concessão patrocinada e a concessão administrativa, conforme artigo 2º:

Art. 2º - Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na modalidade


patrocinada ou administrativa.
§1º - Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de
que trata a Lei nº. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver, adicionalmente à
tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro
privado.
§2º - Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a
Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de
obra ou fornecimento e instalação de bens.

são contratos administrativos


de concessão especial com o
Definição
objetivo de implantação ou
gestão de serviço público.
Parcerias Público Privadas

Concessão de serviços
públicos comum, envolvendo
a cobrança de trarifa dos
usuários
Patrocinada
Contraprestação pecuniária do
parceiro público ao parceiro
privado
Modalidades
Contrato de prestação
deserviço na qual a Adm.
Pública é direta ou
Administrativa indiretamente usuária, mesmo
envolvendo execução de obra
ou fornecimento ou instalação
de bens.

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Professor, entendi. Mas o que mais eu preciso saber para gabaritar PPPs na prova da OAB?

Em primeiro lugar, saiba que concessão comum e concessão especial não se confundem, conforme parágrafo
3º, do artigo 2º, da Lei 11.079/2004:

§ 3o Não constitui parceria público-privada a concessão comum, assim entendida a


concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei no 8.987, de 13 de
fevereiro de 1995, quando não envolver contraprestação pecuniária do parceiro público
ao parceiro privado.

Além disso, decore. Isso mesmo, decore o parágrafo 4º, do artigo 2º, da Lei 11.079/2004, a seguir
esquematizado:

Quando é vedada a celebração da PPP?

É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada:

I - cujo valor do contrato seja inferior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais);


II - cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) anos; ou
III - que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e
instalação de equipamentos ou a execução de obra pública.

PPP com valor inferior a 10 milhões de reais? Não pode ser feita.

PPP com prazo inferior a 5 anos? Não pode ser feita.

PPP com o objetivo único e exclusivo de fornecer mão se obra? Não pode ser feita.

Mas professor, por que este contrato é chamado de “parceria”?

Basicamente, em uma síntese bastante rasa, podemos dizer que a parceria consiste na repartição de riscos
do contrato entre o parceiro público e o parceiro privado, além do compartilhamento com a Administração
Pública de ganhos econômicos efetivos do parceiro privado decorrentes da redução do risco de crédito dos
financiamentos utilizados pelo parceiro privado.

Tratam-se de disposições previstas nos artigos 4º e 5º da Lei 11.079/2004, cuja leitura se recomenda.

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Improbidade

Em 25 de outubro de 2021, foi publicada a Lei nº 14.230/2021, que promoveu uma profunda alteração na
ação de improbidade administrativa, modificando diversos dispositivos dela. Citemos as principais
modificações trazidas:

a) Natureza da Ação de Improbidade Administrativa: Durante muito tempo a doutrina amplamente majoritária
caracterizou a ação de improbidade administrativa como verdadeira espécie de ação civil pública. Contudo,
essa natureza foi radicalmente alterada com o advento da Lei 14.230/21, que modificou a Lei 8.429/92 e
passou a declarar expressamente que a natureza da ação de improbidade é repressiva, sancionatória, não
constituindo ação civil.

b) Fim da Modalidade Culposa: Nos termos da redação original da LIA (Lei de Improbidade Administrativa), as
condutas previstas em seu artigo 10, que causam lesão ao erário, admitiam modalidades culposa ou dolosa.
No entanto, a Lei 14.230/2021 determina que, agora, somente é considerado ato de improbidade se
comprovado, de maneira efetiva, o dolo. Portanto, não há mais previsão de ato de improbidade administrativa
culposo.

c) Rol do Artigo 11 passa a ser Taxativo: Anteriormente, o rol dos artigos 9º, 10 e 11 eram meramente
exemplificativos. Isso significa dizer que as condutas que importassem improbidade não estariam
exaustivamente dispostas na Lei 8.429/92. No entanto, a Lei 14.230/2021 modificou o caput do artigo 11 para
determinar que os atos de improbidade administrativa que atentam contra os princípios da administração
pública são apenas aqueles dispostos nos seus incisos.

d) Legitimidade para propor: Com o advento da Lei 14.230/2021, mais especificamente seu artigo 17, a Fazenda
Pública do ente prejudicado não possuiria mais a competência para ajuizar ação de improbidade
administrativa; apenas o Ministério Público seria legitimado para tal. Porém, em fevereiro de 2022, no
julgamento das ADIs 7042 e 7043 do STF, o Ministro Alexandre de Moraes deferiu cautelar para conceder
interpretação conforme a Constituição Federal, no sentido da existência de legitimidade ativa concorrente
entre o Ministério Público e as pessoas jurídicas interessadas para a propositura da ação por ato de
improbidade administrativa.

e) Alteração no Prazo Prescricional: Para a Ação de Improbidade Administrativa, o prazo prescricional era de 5
anos, contados do término do exercício do mandato, do cargo em comissão ou da função de confiança, até 5
anos da data da apresentação à administração pública da prestação de contas final pelas entidades, ou dentro
do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do
serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego. Com a publicação da Lei 14.230/2021, o
prazo prescricional foi aumentado para 8 anos, contados da prática do ato.

f) Modificação nas Sanções:

Sanções segundo a redação do artigo 12 dada pela Lei 14.230/2021:


- Suspensão Multa civil Proibição Perda da Ressarci- Perda dos
dos direitos de função mento ao bens
políticos contratar Erário ilícitos
Art. 9º Até 14 anos Valor do Até 14 anos Sim Sim DEVE ser
(enriquecimento ilícito) acréscimo aplicada
patrimonial

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Art. 10 (lesão ao erário) Até 12 anos Valor do dano Até 12 anos Sim Sim PODE ser
aplicada
Art. 11 (atentado Não se 24x a Até 4 anos Não se Não se Não se
contra princípios da aplica remuneração aplica aplica aplica
administração)

Servidores Públicos

Nos termos do artigo 37, inciso I e II da CF, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei;
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso
público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do
cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;

Os cargos públicos no Brasil, serão acessíveis tanto aos brasileiros, natos ou naturalizados, como os
estrangeiros, estes últimos apenas na forma da Lei, conforme previsão constitucional expressa.

Vale ressaltar que a Constituição, elencou determinados cargos que serão preenchidos apenas por
brasileiros natos, sendo excluídos os naturalizados e os estrangeiros, estes cargos encontram-se previstos
no artigo 12, §3º da CF:

§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:


I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)

E professor, quais são os requisitos de acesso aos cargos públicos?

Esses requisitos devem estar previstos sempre em Lei. Além disso, o edital do concurso público deverá
pautar-se pelos dispositivos legais correspondentes. Isto quer dizer que o edital do concurso poderá impor
cláusulas que barrem determinados candidatos, por exemplo, em razão da altura ou da idade, desde que

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exista EXPRESSA previsão em lei em sentido formal. Logo, um decreto ou ato administrativo não poderá
prever este tipo de situações.

Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, editou a súmula nº 14, in verbis:

Súmula 14: Não é admissível, por ato administrativo, restringir, em razão da idade,
inscrição em concurso para cargo público.

Professor, então é possível estabelecer limite de idade em concurso público?

Sim, meus amigos, desde que seja justificável pela natureza do cargo a ser ocupado, como por exemplo, um
policial militar, devendo necessariamente existir previsão legal e não apenas no edital.

É o que estabelece a súmula 683 do STF:

Súmula 683 - STF - O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima
em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das
atribuições do cargo a ser preenchido.

No mesmo sentido, temos o seguinte julgado, recente, do STF:

O estabelecimento de limite de idade para inscrição em concurso público apenas é legítimo


quando justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. [Tese definida
no ARE 678112 RG, rel. min. Luiz Fux, P,J. 25-4-2013, DJE de 17-5-2016, Tema 646.]

Existe também a situação trazida pela Súmula 266, do STJ, na qual, o diploma ou habilitação legal para o
exercício do cargo deverá ser exigido apenas na posse e não na inscrição para o concurso público.

Súmula 266 - O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na
posse e não na inscrição para o concurso público.

Mas professor, e no caso do requisito de idade? Quando deverá ser comprovada?

O STF, neste particular, entende que o momento adequado para apresentar e comprovar o requisito da
idade, seria na inscrição no certame, não se aplicando a súmula 266 do STJ neste caso. Vejamos a ementa
que dá sustento à esta tese:

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.


INTERPOSIÇÃO EM 7.6.2017. DIREITO ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. CURSO DE
FORMAÇÃO DE OFICIAIS DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS. LIMITE DE IDADE.
PREVISÃO EM LEI. MOMENTO DA COMPROVAÇÃO. INSCRIÇÃO NO CERTAME. 1. A idade
estabelecida em lei e no edital do certame deve ser comprovada no momento da inscrição

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no concurso. 2. Agravo regimental a que se nega provimento, com previsão de aplicação
da multa prevista no art. 1.021, §4º, do CPC. Inaplicável o artigo 85, §11, CPC, porquanto
não houve fixação de honorários anteriormente. (ARE 979284 AgR, Relator(a): Min. EDSON
FACHIN, Segunda Turma, julgado em 16/10/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-247 DIVULG
26-10-2017 PUBLIC 27-10-2017)

E professor, quando a altura do candidato, poderá ser cobrada em concurso?

A altura mínima também poderá ser exigida desde que esteja expressamente prevista em lei e no edital,
segundo a jurisprudência do STF - no RE 640.284, e deverá estritamente ser justificado pela natureza do
cargo.

Assim como também, é o que acontece com o exame psicotécnico, que poderá ser cobrado em concurso
público, caso exista previsão legal.

Deve o aluno grifar obrigatoriamente a súmula vinculante nº 44 do STF, que versa sobre este assunto:

Súmula Vinculante nº 44, STF: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação
de candidato a cargo público.

Edital do Concurso Público

O Edital é a lei do certame, ou seja, uma vez publicado, gera direitos e obrigações entre os envolvidos.

Por exemplo, se o edital diz que os critérios de classificação de uma determinada maneira, não poderão ser
alterados no decorrer do certame.

A jurisprudência entende desta maneira:

MANDADO DE SEGURANÇA. PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO. CONSELHO


NACIONAL DE JUSTIÇA. CONCURSO PARA A MAGISTRATURA DO ESTADO DO PIAUÍ.
CRITÉRIOS DE CONVOCAÇÃO PARA AS PROVAS ORAIS. ALTERAÇÃO DO EDITAL NO CURSO
DO PROCESSO DE SELEÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. ORDEM DENEGADA. (…) 2. Após a
publicação do edital e no curso do certame, só se admite a alteração das regras do
concurso se houver modificação na legislação que disciplina a respectiva carreira.
Precedentes. (RE 318.106, rel. min. Ellen Gracie, DJ 18.11.2005). (…) 4. A pretensão de
alteração das regras do edital é medida que afronta o princípio da moralidade e da
impessoalidade, pois não se pode permitir que haja, no curso de determinado processo de
seleção, ainda que de forma velada, escolha direcionada dos candidatos habilitados às
provas orais, especialmente quando já concluída a fase das provas escritas subjetivas e
divulgadas as notas provisórias de todos os candidatos.

Prazo de validade do Concurso Público

Quando tratamos do prazo de validade do concurso público, devemos entender que este será de até dois
anos, conforme disposição constitucional, especificamente no artigo 37, inciso III, a seguir elencado:

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Art. 37, CF. […]
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez,
por igual período;

Vejam que na parte final, existe a hipótese da prorrogação, por apenas uma vez, pelo mesmo período.

Prazo de validade → Até 2 anos → Prorrogável 1 vez → Por igual Período


Exemplo Concurso de 1 ano → Prorrogável por mais 1 Mesmo período,
ano → portanto, apenas
poderá ser prorrogado
por 1 ano e não 2.

Ordem de Classificação no Concurso Público

O inciso IV, do artigo 37, da CF/1988 estabelece a ordem de classificação do certame. Para não existir afronta
ao princípio da moralidade e da impessoalidade, deve ser convocado, durante o prazo previsto no edital,
apenas o aprovado em concurso público, tendo este prioridade sobre os novos concursados para assumir o
mesmo cargo ou emprego, dentro da carreira. Vejamos:

Art. 37, CF. […]


IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em
concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre
novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira;

Isto significa que, durante o prazo de validade do concurso público, as pessoas classificadas nos primeiros
lugares deverão ter prioridade caso abrirem novas vagas para o cargo que o candidato está concorrendo,
tendo este, um verdadeiro direito subjetivo para ocupar o cargo público.

Vamos imaginar o seguinte: foi lançado hoje, um edital com 5 (cinco) vagas, para o cargo de arquiteto do
Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe. Sabemos até agora, que se o edital é lei entre as partes, infere-se
que a Administração Pública, fez um estudo de viabilidade econômica e necessidade da contratação e que
existiam recursos para tanto. Na sequência, João foi aprovado em 5º lugar, indaga-se o seguinte, durante o
prazo de validade do concurso, João tem direito ser nomeado? Ou tem uma mera expectativa de ser
nomeado? Poderá ser impetrado Mandado de Segurança para poder obrigar a Administração a nomear o
candidato?

A resposta, meus amigos, é positiva. O candidato aprovado dentro do número de vagas do edital, possui
direito subjetivo a ser nomeado, no prazo de validade do concurso. Podendo o administrador público,
discricionariamente escolher, dentro daquele prazo de validade, quando será nomeado.

Mas professor, e se um candidato ficar, no mesmo exemplo anteriormente dado, em 6º


lugar, tem direito à nomeação ou mera expectativa?

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Pois bem, o candidato aprovado fora do número de vagas do edital, terá mera expectativa de direito a ser
nomeado. Mas existe uma hipótese, na qual caso existir uma quebra na ordem de classificação, surgirá o
direito do candidato preterido, daí sim, um direito subjetivo. É que estabelece a súmula 15 do STF:

Súmula 15 - STF - Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem


direito à nomeação, quando o cargo for preenchido sem observância da classificação.

Além disso, também terá direito subjetivo o candidato aprovado quando surgirem novas vagas, ou for aberto
novo concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos aprovados fora
das vagas de forma arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos acima.

Cumpre ressaltar que o administrador público não está obrigado a prorrogar o prazo de validade do
concurso. Segundo o STF, existe juízo de conveniência e oportunidade que deverá ser feito por parte do
administrador para prorrogar o prazo de validade do certame público. Vejamos a ementa:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ADMINISTRATIVO


E PROCESSUAL CIVIL. 1) PRORROGAÇÃO DE PRAZO DE VALIDADE DE CONCURSO PÚBLICO:
JUÍZO DE CONVENIÊNCIA E DE OPORTUNIDADE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. 2)
LEGITIMIDADE AD CAUSAM. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL: OFENSA CONSTITUCIONAL
INDIRETA. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. (ARE 733649 AgR,
Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, julgado em 13/08/2013, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-170 DIVULG 29-08-2013 PUBLIC 30-08-2013).

Portanto, o STF entende que, em harmonia com a jurisprudência do mesmo tribunal, assentou-se que a
prorrogação, ou não, do prazo de validade de concurso depende de juízo de conveniência e de oportunidade
da Administração Pública.

Mas professor, e se, por exemplo, existirem 5 vagas e apenas 4 assumirem, ficando um
cargo vago por desistência do 5º colocado, existiria direito subjetivo à nomeação do 6º
colocado?

Sim. O STJ inclusive, tem jurisprudência neste sentido, vejamos:

(…) 2. Ademais, o entendimento dessa Corte é de que o candidato incialmente aprovado


em colocação além do número de vagas previstas no edital, tem direito subjetivo a
nomeação ante a desistência de candidato classificado dentro do número de vagas
previsto, que permita a inclusão do candidato excedente seguinte nesse rol. (…) (AgInt no
Responsabilidade 1576096/DF, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 20/02/2018, DJe 08/03/2018).

Continuando, existe também o tema da intimação do candidato em concurso público, e poderá ser feita por
edital ou diário oficial. Aqui cabe ressaltar que, ainda que o Edital do concurso não tenha previsão expressa,

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a demora excessiva das fases do concurso ou o transcurso de razoável lapso temporal entre a homologação
do resultado e a nomeação exigem a intimação pessoal dos candidatos;

Neste sentido, temos a jurisprudência do STJ:

(…) 1. A despeito da ausência de norma editalícia prevendo a intimação pessoal do


candidato, a Administração Pública tem o dever de intimar pessoalmente o candidato,
quando há o decurso de tempo razoável entre a homologação do resultado e a data da
nomeação, em atendimento aos princípios constitucionais da publicidade e razoabilidade.
2. É desarrazoada exigência de que a Impetrante efetue a leitura diária do Diário Oficial do
Estado, por prazo superior a 1 ano, ainda mais quando reside em município em que não há
circulação do referido periódico. (…) (RMS 23.106/RR, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA
TURMA, julgado em 18/11/2010, DJe 06/12/2010)

Por fim, o inciso VIII do artigo 37 da CF/1988 determina:

Art. 37, CF. […]


VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras
de deficiência e definirá os critérios de sua admissão;

Podemos inferir da leitura do inciso acima mencionado que, os deficientes farão o concurso público
normalmente. Porém, um percentual das vagas ofertadas no certame será obrigatoriamente reservado aos
deficientes.

O STF, nestas situações, exige a reserva de vagas, ainda que se trate de um cargo que, em tese, não seria
possível de ser exercido por pessoa com deficiência.

É importante também, ler e grifar no seu material, a súmula 377 do STJ, para fins de prova:

Súmula 377 - STJ: O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso
público, às vagas reservadas aos deficientes.

Acumulação de cargos públicos

Sem dúvida, a FGV neste ponto vai trazer um caso prático, na qual contará uma história e você deverá aplicar
o direito ao caso concreto.

Imaginemos que Gertrudes, advogada da Caixa Econômica Federal há mais de 10 anos,


decide fazer um novo concurso público para auditor fiscal do município. Na sequência, foi
aprovada e nomeada. Questiona-se o seguinte:

A advogada pode exercer os dois cargos públicos? É possível acumular dois cargos
públicos?

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Comentários

A Resposta é negativa. Mas essa é a regra, como toda regra, existem exceções que deverão ser estudadas
com mais detalhes.

Primeiro é importante lembrar que é vedada a acumulação de cargo, inclusive quando aposentado. Por
exemplo, determinado professor de uma universidade pública federal, está aposentado e decide fazer novo
concurso para auditor, após a nomeação, decide fazer concurso novamente para professor, poderia neste
caso acumular? Não, porque a aposentadoria conta como cargo público, sendo vedada esta hipótese no
nosso exemplo.

Permite-se a acumulação de dois cargos voluntários. A vedação que estamos tratando neste momento,
refere-se à acumulação remunerada.

Para o Prof. José dos Santos Carvalho Filho, a regra da vedação é com o intuito de não prejudicar a eficiência
do servidor:

O fundamento da proibição é impedir que o acúmulo de funções públicas faça com que o
servidor não execute qualquer delas com a necessária eficiência. Além disso, porém, pode-
se observar que o Constituinte quis também impedir a acumulação de ganhos em
detrimento da boa execução das tarefas públicas. Tantos são os casos de acumulação
indevida que a regra constitucional parece letra morta; quando se sabe que o caos que
reina nas Administrações sequer permite a identificação correta de seus servidores,
afigura-se como grotesca a proibição constitucional, pois que será praticamente impossível
respeitar o que se estabelece a respeito. (FILHO, 2018)

Como falamos anteriormente, a acumulação de cargos públicos remunerados é vedada em regra, mas
existem certas exceções.

Para que seja permitida a acumulação de cargos o cargo, faz-se necessário observar alguns requisitos
essenciais dispostos constitucionalmente, tais como a compatibilidade de horário, serem dois cargos de
professor ou um cargo de professor e outro técnico ou científico ou dois cargos de profissionais de saúde.

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Acumulação de cargo público
Exceção:
Regra: Vedada

Profesor + cargo
Dois cargos de 2 Profissionais da
técnico ou
Professor saúde
científico

O artigo que trata do tema é o art. 37, inciso XVI, da CF/1988:

Art. 37.
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver
compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI (teto
remuneratório, que será tratado posteriormente): (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de 2001)

A hipótese dos dois cargos de professores é bem simples de entender, caso um determinado professor de
uma universidade pública federal, seja aprovado em concurso em outra universidade pública estadual por
exemplo, poderá - desde que exista compatibilidade de horários - acumular esses dois cargos.

Já, no que tange aos cargos privativos de saúde, não alcança os servidores de áreas administrativas que
estejam lotados em órgãos onde se presta serviço de saúde, tais como hospitais, clínicas ou ambulatórios.
Poderão acumular os cargos, apenas quem exercer profissão privativa da área da saúde, com as profissões
regulamentadas pelos órgãos respectivos, como por exemplo, médicos, enfermeiros, odontólogos,
fisioterapeutas, etc.

Pode surgir a dúvida, na alínea “b”, que trata da acumulação dos cargos técnicos ou científicos com um de
professor. Importante, portanto, elucidar o que seria “cargo técnico ou científico”, para tanto, nos
auxiliamos das lições do Prof. José dos Santos Carvalho Filho:

O conceito de cargo técnico ou científico, por falta de precisão, tem provocado algumas
dúvidas na Administração. O ideal é que o estatuto fixe o contorno mais exato possível
para sua definição, de modo que se possa verificar, com maior facilidade, se é possível, ou
não, a acumulação. Cargos técnicos são os que indicam a aquisição de conhecimentos

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técnicos e práticos necessários ao exercício das respectivas funções. Já os cargos científicos
dependem de conhecimentos específicos sobre determinado ramo científico.
Normalmente, tal gama de conhecimento é obtida em nível superior; essa exigência,
porém, nem sempre está presente, sobretudo para os cargos técnicos. Por outro lado, não
basta que a denominação do cargo contenha o termo “técnico”: o que importa é que suas
funções, por serem específicas, se diferenciem das meramente burocráticas e rotineiras.
Seja como for, nem sempre será fácil atribuir tais qualificações de modo exato. As soluções
adequadas normalmente são adotadas ao exame da situação concreta.

Neste sentido, existe jurisprudência do STJ, vejamos:

1. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria de servidores civis ou


militares com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os
acumuláveis na atividade, os cargos eletivos ou em comissão, segundo o art. 37, §10, da
Constituição Federal.
2. O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que cargo técnico ou científico, para fins
de acumulação com o de professor, nos termos do art. 37, XVII, da Lei Fundamental, é
aquele para cujo exercício sejam exigidos conhecimentos técnicos específicos e
habilitação legal, não necessariamente de nível superior. (…) (RMS 20.033/RS, Rel.
Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 15/02/2007, DJ
12/03/2007, p. 261)

E professor, a vedação de acumular cargo público, é apenas para a Administração Pública


Direta?

Não. A proibição se estende a empregos e funções e abrange tanto as autarquias, fundações, empresas
públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias e as sociedades controladas direta ou
indiretamente pelo poder público.

É a regra expressa no artigo 37, inciso XVII, da CF/1988:

Art. 37.
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias,
fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e
sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, 1998).

Lembram do nosso exemplo anterior, da advogada da Caixa Federal? Pois bem, a resposta está
fundamentada neste inciso acima citado, devendo se estender a proibição, por força desta previsão
constitucional.

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Teto remuneratório

A criação de cargos, a reestruturação da carreira e o aumento da remuneração dos servidores públicos


deverá ser prevista em lei de iniciativa do Poder Executivo. Esta matéria encontra-se elencada no artigo 61,
da CF:

Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou
Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao
Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao
Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta
Constituição.
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que (Entenda-se —>
Chefe do Poder Executivo):
II - disponham sobre:
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica
ou aumento de sua remuneração;
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços
públicos e pessoal da administração dos Territórios;
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos,
estabilidade e aposentadoria;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

Entendido professor, mas posso aumentar o salário do servidor do jeito que o Governador, Prefeito ou
Presidente quiser?

Não! Existe proibição constitucional sobre o aumento indiscriminado dos salários dos servidores públicos,
estabelecendo-se um verdadeiro teto remuneratório no inciso XI do artigo 37 da CF, vejamos:

Art. 37. XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos


públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie
remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou
de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o
subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador
no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito
do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a
noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite
aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos;

Esquematizemos esta parte para melhor entender o que nos traz este inciso um pouco extenso:

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No Poder
Teto Remuneratório No Poder Executivo No Poder Judiciário
Legistlativo o limite
máximo o limite é: o limite é:
é:

Subsídio mensal
Estados e DF: O O Subsídio dos
Subsídio mensal
Subsídio mensal mensal dos Desembargadores
do STF
do Governador Deputados do Tribunal de
Estaduais e Justiça
Distritais
Municípios: O
Limitado a 90,25%
Subsídio mensal
do subsídio mensal
do Prefeito
dos ministros do
STF

Aplica-se também
aos membros do
MP, Procuradores e
Defensores Públicos.

Mas professor, esse teto se aplica às empresas estatais?

Depende, meus amigos.

Existem dois tipos de empresas estatais, aquelas que sobrevivem no mercado de maneira autônoma sem
precisar de recursos públicos para tanto e aquelas que são financiadas em parte ou totalmente pelo Estado,
portanto, utilizam recursos públicos.

O art. 37, §9º trata sobre esta situação, elencando o seguinte:

§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades de economia


mista, e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito
Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.

Resumindo:

• Empresa estatal dependente de recursos públicos —> aplica-se o teto remuneratório do inciso XI do
art. 37 da CF;
• Empresa estatal que não recebe recursos do ente público —> não se aplica o teto remuneratório.

Mas professor, se a cumulação de cargos públicos for permitida, isto não faria com que os salários possam
superar o teto remuneratório? Como ficaria a situação do servidor público?

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A jurisprudência do STF, pacificou o tema e estabeleceu a regra de que, na acumulação de cargos, empregos
e funções, o teto remuneratório não será analisado do somatório dos ganhos do agente público, mas sim
sobre cada um dos vínculos.

Nos casos autorizados, constitucionalmente, de acumulação de cargos, empregos e


funções, a incidência do artigo 37, inciso XI, da Constituição Federal, pressupõe
consideração de cada um dos vínculos formalizados, afastada a observância do teto
remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do agente público.

Em outras palavras, poderá o servidor, nas hipóteses constitucionalmente permitidas de acumulação de


cargos públicos, superar o teto remuneratório do inciso XI, do artigo 37 da CF, pois cada remuneração é
analisada de maneira isolada.

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Introdução
Olá, pessoal.
Neste momento, já em clima de reta final para a sua prova da OAB, vamos estudar a matéria mais legal e
que garante 6 pontos para todo mundo – processo penal do Woody.
O roteiro de estudos em Direito Processual Penal será o seu ponto de apoio na preparação para o Exame de
Ordem.
Nossa missão é simplificar o processo penal e apresentar os principais pontos que poderão estar na sua
prova.
Vamos juntos!
Bons estudos,
Prof. Ivan Marques
IG: @prof.ivanmarques
YT: Ivan Luis Marques

Aula 01

Princípio da Indisponibilidade

Disponibilidade é a liberdade que as pessoas têm de exercer ou não seus direitos. Elas escolhem.

Na ação penal privada vigora o princípio da disponibilidade, ou seja, o ofendido pode desistir da ação ou, até
mesmo, sequer oferecer a queixa-crime. Ele pode, literalmente, “deixar pra lá”. Esse mesmo princípio
garante ao ofendido (querelante) o direito de desistir da ação penal ou do recurso interposto.

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De outro lado, prevalece no processo criminal o princípio da indisponibilidade ou obrigatoriedade da ação
penal pública.
A autoridade policial não pode se recusar a proceder às investigações preliminares (CPP, art. 5º) nem
arquivar inquérito policial (CPP, art. 17); do mesmo modo que o Ministério Público não pode desistir da ação
penal interposta (CPP, art. 42) nem do recurso interposto (CPP, art. 576). É a regra da indisponibilidade.

Existem exceções a esse princípio – ESTUDE CADA UM DELES (leia a letra da lei) PORQUE VAI CAIR!!!

• transação penal em infrações penais de menor potencial ofensivo (art. 76, da Lei 9.099/95);
• acordo de não persecução penal, preenchidas as regras legais (art. 28-A do CPP); e
• suspensão condicional do processo, preenchidos os requisitos legais (art. 89 da Lei 9.099/95).

Investigação Preliminar

# Súmulas Vinculantes do STF


Súmula vinculante 11: “Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado
receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de
terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato
processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.”

Súmula Vinculante 14: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso


amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do
direito de defesa.”
# Súmulas Não Vinculantes do STF
Súmula 524 do STF: “Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento
do Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.”
# Súmulas do STJ
Súmula 444: “É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para
agravar a pena-base”.

Súmula 330: “É desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514 do Código de
Processo Penal, na ação penal instruída por inquérito policial.”

Súmula 234: “A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória


criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia”.

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Acordo de Não Persecução Penal - ANPP

Trata-se da possibilidade de o Ministério Público deixar de oferecer a denúncia em ações penais públicas,
apresentando ao suspeito uma proposta de acordo, desde que ele preencha os requisitos e condições do
art. 28-A do CPP.

Requisitos para a apresentação do ANPP

1 - não ser caso de arquivamento


2 - ter o agente delitivo confessado formal e integralmente o delito
3 - a infração não ter sido praticada com violência ou grave ameaça
4 - a pena mínima cominada ao delito ser inferior a 4 anos - atenção aqui, pessoal. Seguindo as regras gerais
de fixação de competência, para descobrir a pena mínima cominada ao delito você deve calcular as causas
de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto.
5 - não ser uma infração de competência do JECRIM (art. 61 da Lei 9.099/95).
6 - não ser caso de violência de gênero contra a mulher (Lei 11.340/2006).

Quando não cabe o acordo

a) Quando for caso de arquivar o inquérito policial.


b) Quando for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos do artigo
76 da Lei 9.099/95.
c) quando o investigado for reincidente
d) quando houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional,
exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas - hipótese bem estranha aprovada no plano legislativo
por quem não conhece as ciências criminais. Se o fato pretérito é insignificante, falta-lhe a tipicidade material
pela insignificância e sequer será crime. Logo, essa observação legal seria desnecessária.
e) ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo de
não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo.
f) nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por
razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor - trata-se de norma que deve ser complementada
pelo artigo 121, § 2º-A, em que nos é apresentado o real significado da expressão "por razões da condição
de sexo feminino".

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Como descobrir o juízo competente?

Para descobrir se a competência é da Justiça Federal, leia com atenção o art. 109 da CRFB/88.

Se no caso concreto da prova o juiz for incompetente, você encontrou uma tese de NULIDADE (art. 564, I,
do CPP). Essa será a resposta da prova.

Prova Emprestada

É aquela que, tendo sido produzida em outro processo, vem a ser apresentada no processo corrente, de
forma a também neste produzir os seus efeitos.

Somente poderá ser utilizada, vinda de outro processo, a prova que respeitar, para a sua inclusão, o princípio
do contraditório, caso contrário não será admitida como prova, em seu conceito mais amplo.

Diante do princípio do contraditório, parte da doutrina sustenta que a prova emprestada não pode gerar
efeito contra quem não tenha figurado como uma das partes no processo originário.

Prisão – Audiência de custódia

Toda pessoa presa tem direito a ser levado à presença de um juiz que vai decidir se ele continuará preso ou
se será solto.

O CPP apresenta essa audiência com 3 opções de decisão ao magistrado:

Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente:


I - relaxar a prisão ilegal; ou

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II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos
constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as
medidas cautelares diversas da prisão; ou
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.

Incomunicabilidade entre jurados

Dispõe o art. 466, § 1º, que os jurados não poderão comunicar-se entre si e com outrem, nem manifestar
sua opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do Conselho e multa, na forma do § 2º do art. 436 do
Código.

Caso aconteça, teremos a nulidade do julgamento. Ou seja, o júri realizado será anulado (desprezado, jogado
fora) e outro será feito.

Audiência de Instrução

O que diz o CPP sobre esse tema?

Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60


(sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das
testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto
no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao
reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado.

O que a FGV mais pergunta é sobre a ordem das oitivas. Se a ordem for invertida, teremos a nulidade da
audiência.

Citação

Espécies de citação – a regra geral é a citação pessoal

a) pessoal: é a feita na própria pessoa do acusado, gerando a certeza de sua realização. Procede-se mediante
mandado (CPP, art. 351), carta precatória (CPP, art. 353) ou carta de ordem (determinada por órgão de
jurisdição superior), requisição (CPP, art. 358) e carta rogatória (CPP, arts. 368 e 369);

b) ficta ou presumida: é a realizada por meio da publicação ou afixação de edital em local determinado. Há,
também, a citação por hora certa, consoante o art. 362 do CPP: Verificando que o réu se oculta para não ser
citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma
estabelecida nos arts. 252 a 254 do Código de Processo Civil.

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Efeitos dos Recursos

Os recursos possuem os seguintes efeitos:

a) Efeito obstativo – O recurso, quando interposto, impede a ocorrência da preclusão temporal.

b) Efeito devolutivo – É o efeito mediante o qual o recorrente devolve ao Tribunal a competência para
conhecer a matéria impugnada e apreciar o recurso. Na verdade, o termo não faz muito sentido, pois só se
devolve alguma coisa a alguém que já possuiu, em algum momento, aquilo. Como o Tribunal está recebendo
pela primeira vez a matéria para apreciação, o termo devolução se mostra inapropriado (Ele existe porque,
antigamente, o Tribunal delegava ao Juiz a competência para julgar, e quando havia recurso, falava-se que
o recurso “devolvia” a matéria ao Tribunal). Todo recurso possui efeito devolutivo.

c) Efeito suspensivo – O efeito suspensivo não está presente em todos os recursos, e diz respeito à
impossibilidade de a decisão impugnada produzir efeitos enquanto não for julgado o recurso. Parte da
Doutrina defende que não é o recurso que possui efeito suspensivo, mas a mera previsão de sua existência
já gera o efeito suspensivo, pois a decisão não poderá produzir efeitos enquanto não transcorrido o prazo
para a interposição do recurso.

d) Efeito Translativo – Refere-se à possibilidade de o Tribunal conhecer, de ofício, determinadas matérias


que não foram impugnadas pelo recorrente, por serem de ordem pública. Assim, imaginem que o recorrente
impugna a sentença em razão de não se conformar com o julgamento de procedência do pedido da acusação
(condenação). Imaginem que no Tribunal se verifica que houve a prescrição. Ainda que o recorrente não
tenha alegado a prescrição, poderá o Tribunal decretá-la, pois a prescrição é considerada matéria de ordem
pública.

ATENÇÃO: Súmula 160 do STF: É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu,
nulidade não arguida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício.

PORÉM, em caso de incompetência do juízo, o Tribunal pode decidir de ofício. [HC 107.457, rel. min. Cármen
Lúcia, 2ª T, j. 2-10-2012, DJE 207 de 22-10-2012.

e) Efeito substitutivo – É o efeito que implica na substituição da decisão recorrida pela decisão do juízo ad
quem, seja mantendo ou reformando a decisão atacada.

f) Efeito regressivo (ou iterativo ou diferido) – O efeito regressivo também não está presente em todos os
recursos, e é o efeito que permite ao prolator da decisão se retratar da decisão proferida, evitando a remessa
ao órgão ad quem (órgão recursal).

g) Efeito Extensivo – Decorre da necessidade de que haja isonomia no julgamento de todos aqueles que
respondem pelo mesmo fato. Assim, se um dos corréus interpõe recurso, a decisão desse recurso se estende
aos demais, SALVO SE FUNDADA EM RAZÕES DE CARÁTER ESTRITAMENTE PESSOAL. Vejamos o que diz o art.
580 do CPP: Art. 580. No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto
por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos
outros.

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Chegamos ao fim deste roteiro, criado especificamente para ajudá-lo na preparação para o Exame de Ordem.
Lembre-se de que a Banca FGV é conhecida por sua exigência, e dominar os tópicos abordados aqui é crucial.

Pratique, estude com dedicação e esteja confiante de que está se preparando da melhor forma possível.

Sucesso,
Prof. Ivan Marques
IG: @prof.ivanmarques
YT: Ivan Luis Marques

Aula 02

Princípio da Correlação

Emendatio e Mutatio Libelli

As partes movimentam o processo. Cabe a elas requerer ao juiz o provimento jurisdicional.


Isso ocorre pelo fato de a jurisdição ser inerte. Não pode o juiz se comportar como se fosse parte. Desta
forma, ele deve ficar inerte, esperando alguém peticionar e pedir.
Tema relevante nessa questão é a possibilidade de o juiz alterar a classificação jurídica do fato imputado ao
réu na denúncia ou queixa-crime. Isso é possível, mas há regras importantes que caem na OAB sobre esse
tema. Vamos a elas:

O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica
diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. É a nossa conhecida Emendatio
libelli - CPP, art. 383.
Se o réu se defende dos FATOS, o juiz pode alterar o DIREITO, sem interferir no contraditório e na ampla
defesa.
Quanto ao artigo 384 do mesmo diploma (mutatio libelli), o aditamento passou a ser sempre necessário,
porém, não mais atuando o juiz de ofício.
Caso o Ministério Público não decida pelo aditamento da denúncia para alterá-la com os fatos novos
descobertos em audiência, o juiz remete os autos, valendo-se do art. 28 do CPP, ao chefe do Ministério
Público que dará a última palavra se adita (reescreve a denúncia adicionando uma parte nova) ou mantém
a denúncia original (CPP, art. 384, § 1º)
O princípio tem fundamento na adoção do processo acusatório (em contraponto ao processo inquisitivo),
no qual há nítida separação das funções de julgar, acusar e defender. É um progresso das regras processuais
penais.

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Arquivamento do Inquérito Policial

A nova regra do arquivamento está no art. 28 do CPP:

Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos


informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao
investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão
ministerial para fins de homologação, na forma da lei.
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do
inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação,
submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme
dispuser a respectiva lei orgânica.
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e
Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela
chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial.

Ação penal Privada x Pública condicionada

Grande confusão reside nesse ponto.


Atenção para não errar:

Quando no tipo penal está escrito: “somente se processa mediante QUEIXA : ação penal
privada.

Quando no tipo penal está escrito: “somente se processa mediante REPRESENTAÇÃO –


ação penal pública condicionada.

Na ação privada a titularidade é do ofendido. Não tem denúncia do MP.


Na ação pública a titularidade é do MP. Tem denúncia.

Perda do cargo durante o processo

REGRA - A competência também se desloca, ou seja, o Tribunal deixa de ser competente e o processo vai
para a primeira instância se o agente deixa o cargo no meio do processo.
EXCEÇÃO – Se já terminou a instrução processual, tendo já havido intimação para a apresentação de
alegações finais (ou memoriais), a competência permanece no Tribunal, não se deslocando.

Provas Ilícitas

Provas produzidas em desconformidade com a lei e com a CRFB/88 são ilícitas.

De acordo com o art. 157 do CPP, provas ilícitas precisam ser assim declaradas pelo juiz e, na sequência,
desentranhadas.

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Segue o regramento legal:

Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas,
assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem
ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e
de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato
objeto da prova.
§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será
inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente.

Prisão Temporária – Lei 7.960 de 1989

A prisão temporária será cabível quando:

• for imprescindível para as investigações do inquérito policial;


• houver fundadas razões de autoria ou participação do indiciado;
• for justificada em fatos novos ou contemporâneos;
• for adequada à gravidade concreta do crime, às circunstâncias do fato e às condições pessoais do
indiciado; e
• não for suficiente a imposição de medidas cautelares diversas da prisão.

Composição dos danos civis

• Após a etapa em sede policial, será designada audiência preliminar


• Obtida a composição civil dos danos causados (art. 74, da Lei 9.099/95), o Juiz a homologará por sentença,
que será IRRECORRÍVEL. Esta sentença valerá como título executivo na seara cível.
• Se o crime for de ação penal pública CONDICIONADA ou de ação penal privada, a composição civil dos danos
acarreta a RENÚNCIA DO DIREITO DE OFERECER REPRESENTAÇÃO OU QUEIXA.
• Caso não seja obtida a composição civil dos danos, e sendo caso de ação penal privada ou pública condicionada
à representação, o Juiz dará oportunidade ao ofendido para que apresente a sua representação ou ofereça a
queixa.

Apelação na 2ª fase do júri

Caberá apelação das decisões do Tribunal do Júri (2ª fase do rito especial) quando:
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. Citação

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Carta testemunhável

É o recurso que tem por fim provocar o reexame da decisão que denegar ou impedir o seguimento de recurso
em sentido estrito e do agravo em execução.

O recurso da carta testemunhável está nos artigos 639 a 646 do Código de Processo Penal.

A carta testemunhável deve ser requerida dentro de 48 horas, após a ciência do despacho que denegar o
recurso ou da decisão que obstar o seu seguimento (art. 640). Não constando, no ato de intimação, o horário
que foi realizada, deve-se considerar o prazo de dois dias.

A carta testemunhável é recurso de caráter residual ou subsidiário, sendo cabível, portanto, somente
quando não houver previsão de outro recurso específico.

Assim, por exemplo, com relação ao não recebimento da apelação, cabe recurso em sentido estrito (art. 581,
XV, do CPP), não sendo cabível, nesse caso, carta testemunhável.

A carta testemunhável tem cabimento nas seguintes hipóteses:

• não recebimento ou negativa de seguimento ao recurso em sentido estrito;


• não recebimento ou negativa de seguimento ao agravo em execução.

Chegamos ao fim deste roteiro de processo penal.


Pratique, estude com dedicação e esteja confiante de que está se preparando da melhor forma possível.
Sucesso,
Prof. Ivan Marques
IG: @prof.ivanmarques
YT: Ivan Luis Marques

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Introdução

Olá, pessoal.

Este e-book de Direito Processual do Trabalho foi cuidadosamente elaborado para facilitar a sua preparação
para o Exame de Ordem. Nosso objetivo é simplificar e destacar os principais tópicos que você precisa
dominar.

Então, mãos à obra.

Desejamos a você bons estudos e muito sucesso!

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Prof.ª Priscila Ferreira

@profpriscilaferreira

Aula 01

Linha do Tempo (Inicial / Defesa / Aud. / Sentença)

▪ Linha do Tempo

Reclamação Trabalhista e Tutela Provisória

▪ A CLT prevê duas possibilidades de o empregado se valer de uma medida liminar, quais sejam:
o 1ª) Para obstar transferência abusiva de empregado (art. 659, IX, CLT).
o 2ª) Para reintegrar dirigente sindical que tenha sido afastado, suspenso ou dispensado de
forma ilegal (art. 659, X, CLT).

Perempção

▪ Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor reclamação verbal, não se apresentar, no prazo
estabelecido no parágrafo único do art. 786, para fazê-lo tomar por termo, incorrerá na pena de
perda, pelo prazo de 6 (seis) meses, do direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho.
▪ E na mesma pena incorrerá o reclamante que, por 2 (duas) vezes seguidas, der causa ao
arquivamento.

Prescrição

▪ Prescrição Bienal / Prescrição Quinquenal


▪ A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve em cinco anos para
os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de
trabalho.
▪ A interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo ajuizamento de reclamação trabalhista, mesmo
que em juízo incompetente, ainda que venha a ser extinta sem resolução do mérito, produzindo
efeitos apenas em relação aos pedidos idênticos.

Jus Postulandi

▪ O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos
Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de
segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

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Honorários

Honorários Advocatícios

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze
por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda
que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes
de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão
ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as
certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos
que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais
obrigações do beneficiário. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Declarado
inconstitucional pela ADI 5766)

Honorários Periciais

Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte


sucumbente na pretensão objeto da perícia, ainda que beneficiária da justiça
gratuita. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) (Declarado inconstitucional pela
ADI 5766)

Recursos

▪ Prazos Recursais
- Prazo de 08 Dias: Recurso Ordinário; Recurso de Revista; Agravo de Petição; Agravo de Instrumento;
Embargos de Divergência; Embargos Infringentes; Recurso Adesivo; e Agravo Regimental / Interno.
- Prazos Diferenciados: *Embargos de Declaração – 05 Dias; *Recurso Extraordinário – 15 Dias; *Embargos à
Execução – 05 Dias.
- OJ 310, SD1 – TST: Prazo Simples (Litisconsortes com Procuradores Diferentes).

▪ Irrecorribilidade das Decisões Interlocutórias;


o Exceção: Súmula 214, do TST.
▪ Pressupostos de Admissibilidade Intrínsecos e Extrínsecos - Agravo de Instrumento;
▪ Efeito Devolutivo e Suspensivo - Súmula nº 414, I, do TST;
▪ Preparo = Custas + Depósito Recursal
o O depósito recursal poderá ser substituído por fiança bancária ou seguro garantia judicial;
o O valor do depósito recursal será reduzido pela metade para entidades sem fins lucrativos,
empregadores domésticos, microempreendedores individuais, microempresas e empresas de
pequeno porte.;
o São isentos do depósito recursal: Beneficiários da justiça gratuita; Entidades filantrópicas; Empresas
em recuperação judicial; Administração Pública direta, autárquica e fundacional que não explorem
atividade econômica; Entes de Direito Público Externo; Massa falida; Ministério Público do Trabalho.

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Recurso em Espécie

Provas

▪ Horas Extras – Cartão de Ponto

Situação Obrigação de Juntar o Cartão Ônus da Prova


de Ponto

Empresa com mais de 20 Sim - Reclamado Empresa deve apresentar os cartões de


Empregados ponto, sob pena de presunção relativa da
jornada apontada pelo empregado.

Empresa com menos de 20 Não Empregado deve provar a sua jornada e


Empregados eventuais horas extras

Empresa com mais de 20 Sim - Reclamado Cartões inválidos para fins probatórios e
Empregados (Cartão de acabam por inverter o ônus da prova
Ponto Britânico) (presunção relativa da jornada apontada
pelo empregado)

Empresa com mais de 20 Sim - Reclamado Cartão Válido, de forma que cabe ao
Empregados (Cartão de empregador provar a jornada por ele
Ponto Variável) alegada.

▪ Prova testemunhal
o Quem pode testemunhar? Todos, exceto incapazes, impedidos e suspeitos (Art. 447, CPC)
o SUM. 357, do TST - Litigar ou ter litigado contra o mesmo empregador: *Não torna a
testemunha suspeita.
o Faltar com a Verdade: Multa (percentual acima de 1% e inferior a 10% sobre o valor da
causa).
▪ Prova Pericial
o Súmula n. 293, do TST - Agente insalubre diverso do apontado na inicial;
o Súmula n. 453 do TST – Pagamento Espontâneo.

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Conclusão

Chegamos ao fim deste e-book de Processo do Trabalho, preparado especialmente para o Exame de Ordem.
Esperamos que tenha sido uma preparação eficaz e desejamos sucesso em sua jornada rumo à aprovação.

Estamos aqui torcendo por você!

Prof.ª Priscila Ferreira.

@profpriscilaferreira

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Introdução
Olá, pessoal.
Esse e-book de Direito Previdenciário foi elaborado para ajudar na sua preparação para a 1ª faze do Exame
de Ordem. Nosso objetivo é apresentar o conteúdo de forma direta e objetiva, simplificando os principais
tópicos da nossa disciplina.
Bons estudos e contem comigo nessa jornada.

Abraços,
Rubens Maurício
@profrubensmauricio

Aula 01

1. Renda Mensal Inicial (Pensão por Morte, Aposentadoria Programada e


Aposentadoria Especial)

1.1. Pensão por morte (nos termos da EC 103/2019)

A pensão por morte será equivalente a uma cota familiar de 50% do valor da aposentadoria recebida pelo
segurado ou daquela a que teria direito se fosse aposentado por incapacidade permanente na data do
óbito, acrescida de cotas de 10% por dependente, até o máximo de 100%. Se o número de dependentes
for superior a 5, a pensão por morte se manterá em 100%. Em qualquer caso, o valor global do benefício não
será inferior ao salário-mínimo.
Na hipótese de existir dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave, o valor da
pensão por morte será, independentemente do número de dependentes, equivalente a 100% (cem por
cento) da aposentadoria recebida pelo segurado ou daquela a que teria direito se fosse aposentado por
incapacidade permanente na data do óbito, até o limite máximo de benefícios do Regime Geral de
Previdência Social.

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Importante destacar que o valor final obtido será divido igualmente por todos os dependentes. Além disso,
as cotas por dependente cessarão com a perda dessa qualidade e não serão reversíveis aos demais
dependentes, preservado o valor de 100% (cem por cento) da pensão por morte quando o número de
dependentes remanescente for igual ou superior a 5 (cinco) ou enquanto existir dependente inválido ou com
deficiência intelectual, mental ou grave.
O fato de a cota de um dependente não ser reversível aos demais implica que o valor global da pensão por
morte diminuirá em 10% cada vez que um dependente perde esta qualidade.
O valor total da pensão por morte não poderá ser inferior a um salário-mínimo. No entanto, cada
dependente que esteja dividindo a mesma pensão por morte poderá receber uma cota no valor abaixo de
um salário-mínimo. Mas, como já vimos, a soma de todas as cotas não poderá ser inferior a um salário-
mínimo.
Enquanto o dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave mantiver essa condição,
independentemente do número de dependentes habilitados ao benefício, o valor da pensão será mantido
em 100% da aposentadoria recebida pelo segurado ou daquela a que teria direito se fosse aposentado por
incapacidade permanente na data do óbito, e será rateado entre todos os dependentes em partes iguais.
Quando não houver mais dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave, o valor da
pensão será recalculado, seguindo a regra geral, ou seja, uma cota familiar de 50% do valor da aposentadoria
recebida pelo segurado ou daquela a que teria direito se fosse aposentado por incapacidade permanente na
data do óbito/reclusão, acrescida de cotas de 10% por dependente, até o máximo de 100%.
A condição como dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave, pode ser
reconhecida previamente ao óbito do segurado, por meio de avaliação biopsicossocial realizada por
equipe multiprofissional e interdisciplinar, observada revisão periódica na forma da legislação.

1.2. Aposentadoria Programada (nos termos da EC 103/2019)

A reforma da previdência também trouxe uma alteração significativa no momento do cálculo da Renda
Mensal Inicial do benefício de aposentadoria programada. Com as novas regras, se um segurado se
aposentar com o tempo mínimo de contribuição exigido para a aposentadoria, ou seja, 20 anos para os
homens e 15 anos para mulheres e, o valor da renda mensal inicial será de 60% do salário-de-benefício.
Para cada ano de trabalho que o segurado tenha além desse mínimo exigido, acrescenta-se mais 2%. Nesse
cálculo, as mulheres conseguirão se aposentar com 100% do salário-de-benefício aos 35 anos de
contribuição e os homens, aos 40 anos de contribuição.
Resumindo, a renda mensal inicial da aposentadoria programada será:
• 60% do salário-de-benefício caso tenha atingido o tempo mínimo de contribuição (20 anos para os
homens e 15 anos para mulheres) +
• 2% do salário-de-benefício para cada ano de contribuição que exceder o tempo de 20 anos de
contribuição, para os homens, ou de 15 anos de contribuição, para as mulheres.

Observações: As novas regras permitem que um segurado receba mais de 100% do seu
salário-de-benefício, desde que o valor total da aposentadoria não exceda ao teto
previdenciário (limite máximo do salário-de-contribuição). Portanto, se um homem tiver

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mais de 40 anos de contribuição e uma mulher tiver mais de 35 anos de contribuição, a
porcentagem poderá ser maior que 100%.

1.3. Aposentadoria Especial (nos termos da EC 103/2019)

A reforma da previdência trouxe uma alteração significativa no cálculo da Renda Mensal Inicial da
aposentadoria especial. Atualmente, a renda mensal inicial da aposentadoria especial, será:
• Para as aposentadorias que exijam tempo exposição de 20 ou 25 anos:
• 60% do salário-de-benefício;

+
• 2% do salário-de-benefício para cada ano de contribuição que exceder o tempo de 20 anos de
contribuição, para os homens, ou de 15 anos de contribuição, para as mulheres.

• Para as aposentadorias que exijam tempo exposição de 15 anos:


• 60% do salário-de-benefício;

+
• 2% do salário-de-benefício para cada ano de contribuição que exceder o tempo mínimo de 15 anos
de contribuição, tanto para os homens quanto para as mulheres.

2. Data de Cessação do Benefício - Aposentadoria por Incapacidade Permanente e


Aposentadoria Programada

2.1. Aposentadoria por Incapacidade Permanente

A aposentadoria por incapacidade permanente cessará nos seguintes casos:

• Aposentado por incapacidade permanente que retornar voluntariamente à atividade. Neste caso,
a aposentadoria será automaticamente cancelada, a partir da data do retorno;
• Recuperação da capacidade laborativa, verificada mediante avaliação médica da perícia do INSS;
• Morte do segurado.

Verificada a recuperação da capacidade laborativa do aposentado por incapacidade permanente, será


observado o seguinte procedimento:

• Quando a recuperação for total e ocorrer no prazo de 5 (cinco) anos, contados da data do início da
aposentadoria por incapacidade permanente ou do auxílio por incapacidade temporária que a
antecedeu sem interrupção, o benefício cessará:
o de imediato, para o segurado empregado que tiver direito a retornar à função que
desempenhava na empresa quando se aposentou, na forma da legislação trabalhista, valendo

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como documento, para tal fim, o certificado de capacidade fornecido pela Previdência Social;
ou
o após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxílio por incapacidade
temporária e da aposentadoria por incapacidade permanente, para os demais segurados.
• Quando a recuperação for parcial ou ocorrer após 5 (cinco) anos, contados da data do início da
aposentadoria por incapacidade permanente ou do auxílio por incapacidade temporária que a
antecedeu sem interrupção, ou ainda quando o segurado for declarado apto para o exercício de
trabalho diverso do qual habitualmente exercia, a aposentadoria será mantida, sem prejuízo da
volta à atividade:
o no seu valor integral, durante 6 (seis) meses contados da data em que for verificada a
recuperação da capacidade;
o com redução de 50% (cinquenta por cento), no período seguinte de 6 (seis) meses;
o com redução de 75% (setenta e cinco por cento), também por igual período de 6 (seis) meses,
ao término do qual cessará definitivamente.

Como vimos, há casos em que o segurado poderá voltar ao trabalho e, mesmo assim, continuará recebendo,
por algum tempo, a aposentadoria por incapacidade permanente. Trata-se da conhecida mensalidade de
recuperação.

2.2. Aposentadoria Programada

A aposentadoria programada (por idade e por tempo de contribuição) cessará apenas com a morte do
segurado.

Nos termos do Regulamento da Previdência Social, as aposentadorias programadas concedidas pela


previdência social são irreversíveis e irrenunciáveis.

Neste sentido, o Supremo Tribunal Federal (STF) se pronunciou pela inviabilidade da desaposentação e
reaposentação dos segurados no RGPS.

A desaposentação é a renúncia pelo segurado da aposentadoria percebida a fim de requerer uma nova
aposentadoria (reaposentação). Foi uma tese criada para permitir que aposentados que continuavam a
trabalhar e, portanto, a contribuir, pudessem incorporar os novos salários-de-contribuição, bem como um
fator previdenciário mais benéfico pelo aumento da idade, do tempo de contribuição e diminuição da
expectativa de vida por ocasião da nova aposentadoria.

Administrativamente, sempre houve recusa pelo INSS em aceitar os pedidos de desaposentação. No


entanto, o STJ firmou entendimento que seria possível a renúncia à aposentadoria por tempo de serviço
(desaposentação), e concessão de novo benefício mais vantajoso da mesma natureza (reaposentação), com
o cômputo dos salários-de-contribuição posteriores à aposentadoria, acréscimo de tempo de contribuição,
incremento da idade e redução da expectativa de vida, sem a necessidade de devolução dos valores
recebidos no benefício renunciado.

Seguindo a mesma tendência, a Turma Nacional de Uniformização (TNU), órgão jurisdicional de cúpula dos
Juizados Especiais Federais, também firmou posicionamento admitindo a desaposentação.

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A questão chegou ao Supremo Tribunal Federal que se pronunciou, no julgamento do RE661256 RG/DF,
com repercussão geral reconhecida, pela inviabilidade da desaposentação.

Ou seja, afora as duas situações legalmente pontuadas, o aposentado que voltasse a trabalhar não possuiria
direito a nenhum outro benefício (inclusa a desaposentação/reaposentação) pelo fato de estar novamente
pagando contribuições para a Previdência Social.

A corte também compreendeu que houve silêncio da Constituição, que, apesar de não proibir o direito à
"desaposentação", também não o previu. Neste caso, caberia ao legislador ordinário estabelecer ou não essa
possibilidade e, no caso, o art. 18, § 2º da Lei nº 8.213/91 proibiu.

Um dos argumentos utilizados pelos advogados dos aposentados é que o artigo da lei 8.213/91 seria
inconstitucional, porque desconsideraria contribuições efetivamente vertidas para custeio do sistema.
Porém, essa alegação restou afastada ao argumento que o sistema previdenciário brasileiro é solidário e
contributivo.

3. Data da Cessação do Benefício - Pensão por Morte

3.1. Cessação da Cota Individual da Pensão por Morte

O direito à percepção de cada cota individual da pensão por morte cessará:


• pela morte do pensionista;
• para o filho, pessoa a ele equiparada (enteado e menor sob tutela) ou o irmão, de ambos os sexos,
ao completar vinte e um anos de idade, salvo se o pensionista for inválido ou tiver deficiência
intelectual ou mental ou deficiência grave;
• para filho, pessoa a ele equiparada (enteado e menor sob tutela) ou irmão inválido, pela cessação
da invalidez;
• para filho, pessoa a ele equiparada (enteado e menor sob tutela) ou irmão que tenha deficiência
intelectual ou mental ou deficiência grave, pelo afastamento da deficiência, nos termos do
regulamento;
• pela adoção, para o filho adotado que recebia pensão por morte dos pais biológicos.

Cessação da cota individual da pensão por morte do cônjuge/companheiro(a):


• para CÔNJUGE ou COMPANHEIRO(A):
o se inválido ou com deficiência, cessa a cota individual da pensão por morte pela cessação da
invalidez ou pelo afastamento da deficiência, respeitados os períodos mínimos abaixo.
o em 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer:
▪ sem que o segurado tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais; ou
▪ se o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos
antes do óbito do segurado.

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o transcorridos os períodos abaixo, estabelecidos de acordo com a idade do cônjuge ou
companheiro(a) na data de óbito do segurado, se o óbito ocorrer depois de vertidas 18
(dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do casamento ou
da união estável (CONFORME PORTARIA ME Nº 424, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2020):
▪ 3 (três) anos, com menos de 22 (vinte e dois) anos de idade;
▪ 6 (seis) anos, entre 22 (vinte e dois) e 27 (vinte e sete) anos de idade;
▪ 10 (dez) anos, entre 28 (vinte e oito) e 30 (trinta) anos de idade;
▪ 15 (quinze) anos, entre 31 (trinta e um) e 41 (quarenta e um) anos de idade;
▪ 20 (vinte) anos, entre 42 (quarenta e dois) e 44 (quarenta e quatro) anos de idade;
▪ vitalícia, com 45 (quarenta e cinco) ou mais anos de idade.
Poderão ser fixadas, em números inteiros, novas idades na tabela acima, em ato do Ministério da Economia,
após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e desde que nesse período se verifique o incremento mínimo
de um ano inteiro na média nacional única, para ambos os sexos, correspondente à expectativa de sobrevida
da população brasileira ao nascer, limitado o acréscimo na comparação com as idades anteriores ao referido
incremento.

ATENÇÃO: Se o óbito do segurado decorrer de acidente de qualquer natureza ou de


doença profissional ou do trabalho, mesmo que o segurado não tenha vertido 18
contribuições mensais ou tenha menos de 2 anos de casamento ou da união estável, não
se aplicará o prazo mínimo de 4 meses. Dever-se-á, neste caso, aplicar a tabela de idades
acima ou, tratando-se de cônjuge ou companheiro(a) inválido ou com deficiência, pela
cessação da invalidez ou pelo afastamento da deficiência, respeitados os períodos mínimos
da tabela de idades, conforme o caso.

Obs.: O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) será


considerado na contagem das 18 (dezoito) contribuições mensais da regra acima estudada.

Obs.: Perde o direito à pensão por morte o condenado criminalmente por sentença com
trânsito em julgado, como autor, coautor ou partícipe de homicídio doloso, ou de
tentativa desse crime, cometido contra a pessoa do segurado, ressalvados os
absolutamente incapazes e os inimputáveis.

Obs.: Perde o direito à pensão por morte o cônjuge, o companheiro ou a companheira se


comprovada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no casamento ou na união estável,
ou a formalização desses com o fim exclusivo de constituir benefício previdenciário,
apuradas em processo judicial, assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa.

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Obs.: As cotas por dependente cessarão com a perda dessa qualidade e não serão
reversíveis aos demais dependentes, preservado o valor de 100% (cem por cento) da
pensão por morte quando o número de dependentes remanescente for igual ou superior
a 5 (pois a RMI da pensão por morte equivale a 50% + 10% por dependente), exceto quando
pelo menos um dos dependentes for inválido ou tiver deficiência intelectual, mental ou
deficiência grave, pois, nesse caso, a pensão por morte será sempre paga na totalidade,
independentemente do número de dependentes.

3.2. Cessação do Benefício de Pensão por Morte

A pensão por morte cessará, por completo, nos seguintes casos:


• Com a extinção da cota do último pensionista;
• Verificado o reaparecimento do segurado, em caso de pensão provisória por morte presumida, pois, nesse
caso, o pagamento da pensão cessará imediatamente, desobrigados os dependentes da reposição dos
valores recebidos, salvo de comprovada má-fé.

4. Princípios Constitucionais Aplicáveis ao Financiamento da Seguridade Social

4.1. Contribuições Sociais Residuais

Segundo a CF/88, a lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da
seguridade social.
No entanto, somente a União poderá instituir essas novas contribuições sociais, denominadas
“Contribuições Sociais Residuais”. A União somente poderá instituir essas contribuições sociais residuais
mediante lei complementar, e desde que sejam não-cumulativas e não tenham fato gerador ou base de
cálculo próprios das contribuições discriminadas nesta Constituição.

ATENÇÃO: As contribuições sociais residuais não poderão ter fato gerador ou base de
cálculo iguais as contribuições sociais já definidas e discriminadas na CF/88. No entanto,
não há qualquer vedação para que essas novas contribuições sociais para a seguridade
social tenham o mesmo fato gerador e base de cálculo de impostos já existentes.

Imposto e Contribuição Social são diferentes tipos de tributos.

Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de
qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Ou seja, o imposto é exigido
sem que seja necessário que o Estado preste uma atividade específica em relação ao
contribuinte.

Já a contribuição social é destinada ao custeio da seguridade social, então é exigida

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contrapartida do Estado em relação ao contribuinte (benefícios e serviços de Seguridade
Social).

Portanto, não há impedimento de que a União crie uma contribuição social residual cujo
fato gerador seja a propriedade ou domínio útil de um imóvel urbano, que é o fato gerador
do IPTU (que é um imposto e não uma contribuição social).

4.2. Anterioridade Nonagesimal ou Mitigada

Segundo a CF/88, as contribuições sociais destinadas ao financiamento da Seguridade Social só poderão ser
exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado,
não se lhes aplicando o princípio da anterioridade.
Trata-se de uma espécie de noventena, destinada às contribuições sociais de Seguridade Social, denominada
pela maioria dos doutrinadores como anterioridade nonagesimal ou anterioridade mitigada.
Apesar do texto constitucional, em seu art. 195 § 6º, dispor expressamente que o prazo de noventa dias será
contado da data da publicação da lei que houver instituído ou modificado contribuições sociais de
seguridade social, o Supremo Tribunal Federal – STF, entendendo que a anterioridade nonagesimal existe
para proteger o contribuinte contra mudanças que repercutam negativamente no seu patrimônio, decidiu
que tal artigo só é aplicável no caso de instituição ou majoração. (e não em qualquer modificação, como
consta no texto da constituição).
Por fim, cabe destacar que não se aplica o princípio da anterioridade (do exercício financeiro) às
contribuições sociais em questão, ou seja, mesmo que instituídas ou modificadas tais contribuições, as
mesmas poderão ser exigidas no mesmo exercício financeiro que tenha ocorrido a publicação da respectiva
lei, bastando, tão somente, que respeitem o decurso de, pelo menos, noventa dias após a publicação.

5. Contribuição Previdenciária da Empresa

5.1. Introdução

As contribuições previdenciárias a cargo da empresa estão previstas na própria Constituição Federal,


especificamente em seu artigo 195, I, “a”, que dispõe que a seguridade social será financiada por toda a
sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes, dentre outros, das
contribuições sociais do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes
sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa
física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício.
Dentro desta diretriz constitucional, são contribuições a cargo da empresa, destinadas à Seguridade Social:
I – 20% sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos
segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho,
qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os
adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo
tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de
convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.

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II – 1% ou 2% ou 3% para o financiamento do benefício de aposentadoria especial e daqueles concedidos
em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho -
RAT, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados
e trabalhadores avulsos, conforme critérios abaixo:
• 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do
trabalho seja considerado leve;
• 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado
médio;
• 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado
grave.
III – 20% sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos
segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços;

OBSERVAÇÃO 1: Para o cálculo da contribuição das empresas, a base de cálculo não sofre
qualquer limitação, tal qual ocorre, em regra, com a contribuição dos segurados. Assim
sendo, se a remuneração do segurado empregado, trabalhador avulso ou contribuinte
individual for R$ 40.000,00, a contribuição patronal devida (contribuição da empresa) será
de 20% sobre os R$ 40.000,00, totalizando uma contribuição de R$ 8.000,00.

OBSERVAÇÃO 2 : No caso de instituições financeiras, tais como bancos comerciais, bancos


de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito,
financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras,
distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil,
cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes
autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de previdência privada abertas e
fechadas, é devida contribuição adicional de 2,5% sobre as remunerações dos segurados
empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço, em
acréscimo aos 20% previstos nos itens I e III retro mencionados.

Para melhor entendimento do assunto, vamos estudar cada uma destas contribuições das empresas
(patronais) individualmente.

5.2. Contribuição da Empresa sobre a Remuneração de Empregados e Trabalhadores Avulsos

Como vimos, a empresa contribui com 20% sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a
qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem
serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos
habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços
efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos
da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.

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No caso de determinadas atividades econômicas, a exemplo das instituições financeiras, a presente alíquota
será majorada em 2,5%, totalizando 22,5%.

5.3. Contribuição da Empresa sobre a Remuneração dos Contribuintes Individuais

Como vimos, a empresa contribui com 20% sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer
título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços.
No caso de instituições financeiras e demais atividades econômicas previstas na legislação previdenciária, a
presente alíquota será majorada em 2,5%, totalizando 22,5%.

5.4. Contribuição da Empresa para o GIL/RAT

Como vimos, a empresa contribui com 1%, 2% ou 3% para o financiamento do benefício de aposentadoria
especial e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos
riscos ambientais do trabalho - RAT (antigo SAT), sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no
decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos, conforme critérios abaixo:
a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho
seja considerado leve;
b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio;
c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave.

Obs.: O RAT incide apenas sobre a remuneração dos segurados empregados e


trabalhadores avulsos, não incidindo sobre a remuneração dos contribuintes individuais.

Considera-se preponderante a atividade que ocupa, na empresa, o maior número de segurados empregados
e trabalhadores avulsos. Quando a empresa exerce mais de uma atividade, considera-se atividade
preponderante aquela que reúna na empresa o maior número de segurados empregados e trabalhadores
avulsos.
A empresa com mais de um estabelecimento e com mais de uma atividade econômica, deverá apurar a
atividade preponderante em cada estabelecimento, individualmente.
O enquadramento nos correspondentes graus de risco é de responsabilidade da empresa, e deve ser feito
mensalmente, de acordo com a sua atividade econômica preponderante, conforme a Relação de Atividades
Preponderantes e Correspondentes Graus de Risco, elaborada com base na CNAE, prevista no Anexo V do
Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99.
Apurado o mesmo número de segurados empregados e trabalhadores avulsos em atividades econômicas
distintas, considerar-se-á como preponderante aquela que corresponder ao maior grau de risco.
Verificado erro no autoenquadramento, a RFB adotará as medidas necessárias à sua correção e, se for o
caso, constituirá o crédito tributário decorrente.

5.5. Fator Acidentário de Prevenção - FAP

A contribuição para o financiamento do benefício de aposentadoria especial e daqueles concedidos em razão


do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho – RAT (antigo

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SAT) terá suas alíquotas reduzidas em até cinquenta por cento ou aumentadas em até cem por cento, em
razão do desempenho da empresa em relação à sua respectiva atividade, aferido pelo Fator Acidentário de
Prevenção – FAP.
O FAP consiste num multiplicador variável num intervalo contínuo de cinco décimos (0,5000) a dois inteiros
(2,0000), aplicado com quatro casas decimais, considerado o critério de arredondamento na quarta casa
decimal, a ser aplicado à respectiva alíquota RAT.
Assim sendo, após multiplicarmos o RAT (cujo valor será de 1%, 2% ou 3%, segundo a atividade
preponderante da empresa), pelo FAP, cujo valor é individualizado por empresa, chegaremos ao “RAT
AJUSTADO”, que nada mais é do que o resultado da multiplicação do RAT pelo FAP (RAT x FAP).
Para fins da redução ou majoração do valor do FAP, proceder-se-á à discriminação do desempenho da
empresa, dentro da respectiva atividade econômica, a partir da criação de um índice composto pelos índices
de:
• Gravidade (peso de 50%)
• Frequência (peso de 35%)
• Custo (peso de 15%)
Os índices de frequência, gravidade e custo serão calculados segundo metodologia aprovada pelo Conselho
Nacional de Previdência Social, levando-se em conta:
I - para o índice de frequência, os registros de acidentes ou benefícios de natureza acidentária.
II - para o índice de gravidade, as hipóteses de auxílio por incapacidade temporária, auxílio-acidente,
aposentadoria por incapacidade permanente, pensão por morte e morte de natureza acidentária, aos quais
são atribuídos pesos diferentes em razão da gravidade da ocorrência, da seguinte forma:
a) pensão por morte e morte de natureza acidentária: peso de 50%;
b) aposentadoria por incapacidade permanente: peso de 30%;
c) auxílio por incapacidade temporária: peso de 10%.
c) auxílio-acidente: peso de 10%.
III - para o índice de custo, os valores dos benefícios de natureza acidentária pagos ou devidos pela
previdência social.

6. Contribuintes com Base de Cálculo Diferenciadas

Estudaremos, a seguir, algumas empresas que contribuem com uma base de cálculo diferenciada. Tais
empresas merecem nosso destaque e especial atenção.
Por hora, estudaremos as seguintes empresas que possuem base de cálculo diferenciadas:
• Empregador Rural Pessoa Física;
• Produto Rural Pessoa Jurídica;
• Agroindústria;
• Associação Desportiva que Mantém Equipe de Futebol Profissional.

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6.1. Empregador Rural Pessoa Física

O produtor rural pessoa física que explora a sua atividade com o auxílio de empregados permanentes é
segurado obrigatório da Previdência Social, enquadrado na categoria de contribuinte individual.
Assim sendo, enquanto segurado contribuinte individual, ele recolherá suas contribuições da mesma
maneira que os demais contribuintes individuais que prestam serviços por conta própria.
No entanto, as contribuições aqui estudadas não são por ele devidas na qualidade de segurado. Trata-se de
contribuição do produtor rural pessoa física enquanto empregador, caso contrate trabalhadores para lhe
prestar serviços. Nesta condição, o produtor rural pessoal física é denominado empregador rural pessoa
física, passando a ser, neste caso, equiparado a empresa, nos termos do art. 15 da Lei nº 8.212/1991.
A contribuição patronal deste empregador rural pessoa física, enquanto equiparado à empresa, tem
alíquotas e base de cálculo diferenciadas das demais empresas, conforme previsto no art. 25 da Lei nº
8.212/91, conforme segue:
Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição
de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos,
respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à
Seguridade Social, é de:
I - 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita bruta proveniente da
comercialização da sua produção; (Redação dada pela Lei nº 13.606, de 2018)
II - 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para
financiamento das prestações por acidente do trabalho.

Nos termos do inciso I do art. 22 da Lei nº 8.212/91, a contribuição de 1,3% do empregador rural pessoal
física é devida em substituição à contribuição da empresa de 20% sobre o total das remunerações pagas,
devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos
que lhe prestem serviços.
Atenção: a contribuição patronal do Empregador Rural Pessoa Física, que totaliza 1,3%, incidentes sobre a
receita bruta da comercialização de sua produção rural, substituem apenas as contribuições patronais
incidentes sobre a remuneração paga aos empregados e trabalhadores avulsos por eles contratados. Desta
forma, não substituem as contribuições patronais por ele devidas caso contrate contribuintes individuais ou
cooperados por intermédio de cooperativa de trabalho.
O produtor rural pessoa física poderá optar por contribuir com 1,3% sobre a receita bruta da
comercialização de sua produção rural ou sobre a folha de pagamento dos segurados empregados e
trabalhadores avulsos a seu serviço, manifestando sua opção mediante o pagamento da contribuição
incidente sobre a folha de salários relativa a janeiro de cada ano, ou à primeira competência subsequente
ao início da atividade rural, e será irretratável para todo o ano-calendário.
Equipara-se ao empregador rural pessoa física o consórcio simplificado de produtores rurais, formado pela
união de produtores rurais pessoas físicas, que outorgar a um deles poderes para contratar, gerir e demitir
trabalhadores para prestação de serviços, exclusivamente, aos seus integrantes, mediante documento
registrado em cartório de títulos e documentos.

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O consórcio deverá ser matriculado no INSS em nome do empregador a quem hajam sido outorgados os
poderes, na forma do regulamento.
Os produtores rurais integrantes do consórcio simplificado de produtores rurais serão responsáveis
solidários em relação às obrigações previdenciárias.
O Supremo Tribunal federal – STF já reconheceu a constitucionalidade da contribuição patronal do
Empregador Rural Pessoa Física no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 718.874, com repercussão
geral reconhecida, conforme tese abaixo:

É constitucional formal e materialmente a contribuição social do empregador rural pessoa


física, instituída pela Lei 10.256/2001, incidente sobre a receita bruta obtida com a
comercialização de sua produção.

6.2. Produtor Rural Pessoa Jurídica

A contribuição devida pelo empregador, pessoa jurídica, que se dedique à produção rural, em substituição
à prevista nos incisos I e II do art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, nos termos do art. 25 da Lei
nº 8.870/94, passa a ser de 1,8% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção, conforme
segue:
I - 1,7% (um inteiro e sete décimos por cento) da receita bruta proveniente da
comercialização da sua produção;
II - um décimo por cento da receita bruta proveniente da comercialização de sua produção,
para o financiamento da complementação das prestações por acidente de trabalho.
A contribuição de 1,7% do produtor rural pessoal jurídica é devida em substituição à contribuição da
empresa de 20% sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o
mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços.
A contribuição de 0,1% do produtor rural pessoal jurídica é devida em substituição à contribuição da
empresa para o RAT, de 1%, 2% ou 3%, sobre o sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no
decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos.
Atenção: as contribuições patronais do Produtor Rural Pessoa Jurídica, incidentes sobre a receita bruta da
comercialização de sua produção rural, substituem apenas as contribuições patronais incidentes sobre a
remuneração paga aos empregados e trabalhadores avulsos a seu serviço. Desta forma, não substituem as
contribuições patronais por ele devidas caso contrate contribuintes individuais ou cooperados por
intermédio de cooperativa de trabalho.
O produtor rural pessoa jurídica poderá optar por contribuir com 1,8% sobre a receita bruta da
comercialização de sua produção rural ou sobre a folha de pagamento dos segurados empregados e
trabalhadores avulsos a seu serviço, manifestando sua opção mediante o pagamento da contribuição
incidente sobre a folha de salários relativa a janeiro de cada ano, ou à primeira competência subsequente
ao início da atividade rural, e será irretratável para todo o ano-calendário.

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6.3. Agroindústria

A agroindústria é o produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica seja a industrialização de
produção própria ou de produção própria e adquirida de terceiros. A agroindústria, portanto, exerce
atividade de produtor rural e de indústria.
A contribuição devida pela agroindústria, incidente sobre o valor da receita bruta proveniente da
comercialização da produção, em substituição às previstas nos incisos I e II do art. 22 da Lei n 8.212/91, é de
2,6%, assim distribuídos:
I – 2,5% destinados à Seguridade Social;
II – 0,1% para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei no 8.213, de
24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de
incapacidade para o trabalho decorrente dos riscos ambientais da atividade.
Nos termos do inciso I do art. 22 da Lei nº 8.212/91, a contribuição de 2,5% da agroindústria é devida em
substituição à contribuição da empresa de 20% sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas
a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem
serviços.
Nos termos do inciso II do art. 22 da Lei nº 8.212/91, a contribuição de 0,1% da agroindústria é devida em
substituição à contribuição da empresa para o RAT, de 1%, 2% ou 3%, sobre o sobre o total das remunerações
pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos.
Tal contribuição não se aplica às sociedades cooperativas e às agroindústrias de piscicultura, carcinicultura,
suinocultura e avicultura, nos termos do §4º, do art. 22-A da Lei 8.212/91.
Atenção: as contribuições patronais da agroindústria, incidentes sobre a receita bruta da comercialização de
sua produção rural, substituem apenas as contribuições patronais incidentes sobre a remuneração paga aos
empregados e trabalhadores avulsos a seu serviço. Desta forma, não substituem as contribuições patronais
por ele devidas caso contrate contribuintes individuais ou cooperados por intermédio de cooperativa de
trabalho.

6.4. Associação Desportiva que Mantém Equipe de Futebol Profissional

A contribuição empresarial da associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional, destinada
à Seguridade Social, em substituição às previstas nos incisos I e II do art. 22 da Lei nº 8.212/91, é de 5% da
receita bruta decorrente de:
• espetáculos desportivos de que participem em todo território nacional em qualquer modalidade
desportiva, inclusive jogos internacionais;
• patrocínio;
• licenciamento de uso de marcas e símbolos;
• publicidade;
• propaganda ;
• transmissão de espetáculos desportivos.

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Nos termos do inciso I do art. 22 da Lei nº 8.212/91, as contribuições acima mencionadas substituem as
seguintes contribuições:
• Contribuição da empresa de 20% sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a
qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem
serviços;
• As contribuições relativas ao RAT, de 1%, 2% ou 3%, sobre o sobre o total das remunerações pagas
ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos.
Atenção: as contribuições patronais da Associação Desportiva que mantém equipe de futebol profissional,
incidentes sobre as circunstâncias retro mencionadas, substituem apenas as contribuições patronais
incidentes sobre a remuneração paga aos empregados e trabalhadores avulsos a seu serviço. Desta forma,
não substituem as contribuições patronais por ela devidas caso contrate contribuintes individuais ou
cooperados por intermédio de cooperativa de trabalho.
Associações Desportivas que não mantenham equipe de futebol profissional devem contribuir da mesma
forma que as empresas em geral.
Caberá à entidade promotora do espetáculo a responsabilidade de efetuar o desconto de cinco por cento
da receita bruta decorrente dos espetáculos desportivos e o respectivo recolhimento ao Instituto Nacional
do Seguro Social, no prazo de até dois dias úteis após a realização do evento.
Caberá à associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional informar à entidade promotora
do espetáculo desportivo todas as receitas auferidas no evento, discriminando-as detalhadamente.
No caso de a associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional receber recursos de empresa
ou entidade, a título de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e
transmissão de espetáculos, esta última ficará com a responsabilidade de reter e recolher o percentual de
cinco por cento da receita bruta decorrente do evento, inadmitida qualquer dedução.
O Conselho Deliberativo do Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto informará ao Instituto
Nacional do Seguro Social, com a antecedência necessária, a realização de todo espetáculo esportivo de que
a associação desportiva referida no caput participe no território nacional

6.5. Contribuições Não Substituídas

Como vimos, as contribuições patronais estudadas substituem apenas aquelas incidentes sobre a
remuneração paga aos empregados e trabalhadores avulsos a seu serviço. Desta forma, não substituem as
contribuições patronais devidas caso contratem contribuintes individuais ou cooperados por intermédio de
cooperativa de trabalho.

DIREITO EMPRESARIAL

Introdução

Olá, pessoal.

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Neste momento, já em reta final para a sua prova da OAB, vamos estudar os principais pontos de Direito
Empresarial.

Vale sempre mencionar que, nesta fase, devemos focar nos pontos de maior incidência para a sua prova da
OAB.

Bons estudos,

Prof. Alessandro Sanchez

Aula 01

Empresa e empresário

Empresa

ATIVIDADE ECONÔMICA, PROFISSIONAL E ORGANIZADA para a produção de bens e/ou serviços. O Código
Civil adota o caráter funcional para compreende que a empresa é a própria atividade exercida, seja a
produção ou o comércio de bens e serviços.

Regime empresarial: Atividades intelectuais

As atividades intelectuais são excluídas pois tais atividades, não tem no elemento da organização um fator
de grande relevância.
O próprio parágrafo único do art. 966, CC, traz as espécies intelectuais, classificando-as como as de natureza
científica (médico, contadores ou advogados), literária (escritores) ou artística (pintor de quadros). O que
caracteriza um intelectual não é o seu talento na gestão dos fatores de produção e comércio, mas o próprio
talento intelectual.
Os intelectuais não são empresários; no entanto, quando a atividade intelectual for absorvida pelo elemento
de empresa (organização), a atividade intelectual será considerada empresária.

Obrigações do empresário: Registro empresarial

REGISTRO PÚBLICO DE EMPRESAS MERCANTIS

DREI – Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração: Órgão de pesquisa, sistematização e


uniformização dos procedimentos das juntas comerciais de todo o país.
JUNTAS: Órgão de competência administrativa dos Estados com vinculação ao Registro Público de Empresas
Mercantis.

PRINCIPAIS ATOS REGISTRAIS

 Arquivamento: Registro de atos empresariais.


 Matrícula: Registro dos auxiliares do Comércio.

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 Autenticação: Registro dos Livros Empresariais

Sociedades Limitadas

Responsabilidade dos sócios

Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos
respondem solidariamente pela integralização do capital social.

Em regra, as sociedades limitadas adotam, subsidiariamente, as regras das sociedades simples, e a escolha
pelas sociedades por ações para sanar as omissões sobre suas regras é solução supletiva, em vista do
disposto no art. 1.052 do Código Civil.

Tratando-se da responsabilidade limitada dos sócios pelas obrigações sociais, vejamos como funcionam
as regras para a determinação do limite da responsabilidade dos sócios.
Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos
respondem solidariamente pela integralização do capital social.

Administração

A sociedade poderá ser administrada por sócios, ou ainda, por quem não seja sócio, se o contrato social
permitir. Trata-se de inovação trazida pelo Código Civil. Existindo permissão no contrato social de
administrador não sócio, este será escolhido por deliberação dos sócios.

Art. 1.060. A sociedade limitada é administrada por uma ou mais pessoas designadas no
contrato social ou em ato separado.

Endosso e aval

Endosso

✓ Endosso é o ato pelo qual o beneficiário de um título opera sua transferência a outrem. Evidente
que a transferência do título a terceiro se efetiva mediante a tradição, já que é necessária a
apresentação do título para sua cobrança. (“cartularidade”).

Aval

✓ É o ato em que uma pessoa garante o pagamento do título em favor do devedor principal ou de um
coobrigado. Quem dá garantia de pagamento é chamado de avalista. A quem é dada a garantia é
chamado de avalizado.

✓ O aval pode ser total ou parcial, e o avalista é responsável da mesma forma que o seu avalizado,
sendo sua obrigação autônoma em relação ao avalizado.

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Propriedade Industrial - Patentes

Invenção e Modelo de utilidade

Requisitos da Patente

• Novidade: o bem não é conhecido no estado da técnica


• Atividade inventiva: relacionada aos procedimentos
• Aplicação industrial: relacionada à fabricação

É patenteável a invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial.

Modelo de utilidade

É a melhoria introduzida na forma de objetos conhecidos, a fim de aumentar sua utilidade. Não se trata de
uma invenção, mas, sim, de um acréscimo na utilidade. Pode-se dizer que uma novidade parcial é agregada.

Falências

Causas de falência

ART. 94. SERÁ DECRETADA A FALÊNCIA DO DEVEDOR QUE:


I - sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou
títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na
data do pedido de falência;
II - executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens
suficientes dentro do prazo legal;
III - pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial:
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para
realizar pagamentos;
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar
credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não;
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e sem
ficar com bens suficientes para solver seu passivo;
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a
fiscalização ou para prejudicar credor;
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e
desembaraçados suficientes para saldar seu passivo;
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores,
abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal
estabelecimento;
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial.

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Classificação dos créditos

E tais créditos extraconcursais estão previstos no art. 84 da Lei nº 11.101/05:

ART. 84. SERÃO CONSIDERADOS CRÉDITOS EXTRACONCURSAIS E SERÃO PAGOS COM PRECEDÊNCIA SOBRE OS MENCIONADOS
NO ART. 83 DESTA LEI, NA ORDEM A SEGUIR, AQUELES RELATIVOS:
I – revogado;
I-A - às quantias referidas nos arts. 150 e 151 desta Lei;
I-B - ao valor efetivamente entregue ao devedor em recuperação judicial pelo financiador, em
conformidade com o disposto na Seção IV-A do Capítulo III desta Lei;
I-C - aos créditos em dinheiro objeto de restituição, conforme previsto no art. 86 desta Lei;
I-D - às remunerações devidas ao administrador judicial e aos seus auxiliares, aos reembolsos devidos a
membros do Comitê de Credores, e aos créditos derivados da legislação trabalhista ou decorrentes de
acidentes de trabalho relativos a serviços prestados após a decretação da falência;
I-E - às obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação judicial, nos
termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da falência;
II – às quantias fornecidas à massa pelos credores;
III - às despesas com arrecadação, administração, realização do ativo, distribuição do seu produto e custas
do processo de falência;
IV - às custas judiciais relativas às ações e às execuções em que a massa falida tenha sido vencida;
V - aos tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da falência, respeitada a ordem
estabelecida no art. 83 desta Lei.

Recuperação de empresas

Requisitos

Os requisitos a serem preenchidos pelo empresário ou pela sociedade empresária estão descritos no artigo
48, Lei 11.101/95:

Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido,
exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes
requisitos, cumulativamente:

Para o pedido de recuperação judicial, o empresário (pessoa física ou jurídica) deverá atender aos seguintes
requisitos:

 exercício regular da atividade empresária há mais de 2 (dois) anos (art. 48, caput, da Lei nº
11.101/05);
 não ser falido e, se faliu, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as
responsabilidades daí decorrentes (art. 158 da Lei nº 11.101/05);
 não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial (art. 48, II, da Lei nº
11.101/05);
 não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano
especial para Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (art. 48, III, da Lei nº 11.101/05) e;

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 não ter sido condenado (empresário individual) ou, no caso de sociedade empresária, não ter, como
administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos na Lei
11.101/05 art. 48, IV, da Lei nº 11.101/05.

Chegamos ao fim deste e-book de Direito Empresarial, preparado especialmente para o Exame de Ordem.
Esperamos que tenha sido uma preparação eficaz e desejamos sucesso em sua jornada rumo à aprovação.
Estamos aqui torcendo por você!
Prof.º Alessandro Sanchez.
@profalessandrosanchez

ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE


Introdução

Olá, “oabeiro”! Tudo bem?

Seja bem-vindo a nossa super revisão de Direito da Criança e do Adolescente.

Por meio da aula de hoje, revisaremos os principais temas cobrados pela FGV nos Exames de Ordem, no
intuito de capacitá-lo ainda mais, garantido o gabarito de nossas questões.

Vamos lá?

Um abraço.

Professora Ms. Géssica Ehle.

Instagram: @profgessicaehle

Aula 01

Das Disposições Preliminares – Conceitos e Principiologia

QUEM é a CRIANÇA?
QUEM é o ADOLESCENTE?
O ECA se aplica a maiores de 18 anos?
PRINCÍPOS BASILARES

• Proteção Integral;
• Superior Interesse da Criança e do Adolescente;
• Peculiar Estágio de Desenvolvimento;
• Prioridade Absoluta;

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Dos Direitos Fundamentais

Do Direito à Vida e à Saúde

• Direitos da parturiente e deveres dos estabelecimentos de saúde

Dos Crimes em Espécie

Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de atenção à


saúde de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo
referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável,
por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do
parto e do desenvolvimento do neonato: [...] .
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde
de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto,
bem como deixar de proceder aos exames [...].

Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade

▪ O direito à liberdade compreende o direito de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços
comunitários, ressalvadas as restrições legais – DA PREVENÇÃO;
▪ A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou
de tratamento cruel ou degradante;

Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária

▪ Regra GERAL é FAMÍLIA NATURAL;


▪ A busca à família extensa respeitará o prazo máximo de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual
período.
▪ Os detentores da guarda possuem o prazo de 15 (quinze) dias para propor a ação de adoção,
contado do dia seguinte à data do término do estágio de convivência.
▪ Regra GERAL: POBRE ou BANDIDO não perde o PODER FAMILIAR;
▪ Do reconhecimento do estado de filiação

Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e


imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer
restrição, observado o segredo de Justiça.

▪ Do direito de conhecer sua origem biológica

Da adoção

Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter
acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes,
após completar 18 (dezoito) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

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Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado
menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e
psicológica.

Da Família Substituta

▪ Guarda;
▪ Tutela;
▪ Adoção.

Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer

▪ É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente atendimento educacional especializado aos


portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
▪ Dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos
de maus-tratos, reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos
escolares e de elevados níveis de repetência.
▪ Do dever de fornecimento de certidões de antecedentes criminais

Dos Direitos Individuais e Das Garantias Processuais

Da comunicação da apreensão

▪ A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão incontinenti


(imediatamente) comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à
pessoa por ele indicada.
▪ Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em:

1) FLAGRANTE de ato infracional

2) por ORDEM ESCRITA E FUNDAMENTADA da autoridade judiciária competente.

Da internação provisória

▪ A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de 45 (quarenta e cinco)
dias.

Da identificação compulsória

• O adolescente civilmente identificado não será submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais,
de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada.

Das Garantias Processuais

▪ Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal.
▪ Das garantias:

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▪ O adolescente apreendido por força de ordem judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade
judiciária.
▪ O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será, desde logo, encaminhado à
autoridade policial competente.

Oferecida a representação, a autoridade judiciária designará audiência de apresentação do adolescente [...]:

a) Se os pais ou responsável não forem localizados: A autoridade judiciária dará curador especial ao
adolescente.

b) Não sendo localizado o adolescente: A autoridade judiciária expedirá mandado de busca e apreensão,
determinando o sobrestamento do feito, até a efetiva apresentação.

c) Se o adolescente, devidamente notificado, não comparecer, injustificadamente: A autoridade judiciária


designará nova data, determinando sua condução coercitiva.

Da intimação da sentença que aplicar medida socioeducativa

▪ Se for de internação ou semiliberdade: Quando não for encontrado o adolescente, a seus pais ou
responsável, sem prejuízo do defensor.
▪ Se for outra MSE: A intimação far-se-á unicamente na pessoa do defensor.

Medidas Socioeducativas - Da Obrigação de Reparar o Dano

▪ Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for
o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma,
compense o prejuízo da vítima.
▪ Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substituída por outra adequada.
▪ + CC/2002: “Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores
que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;”.

Do Conselho Tutelar

▪ É órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo
cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.

Formação:

▪ Mínimo 1, 5 membros, 4 anos de mandato, várias reconduções.

O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção
de idoneidade moral;

Das atribuições:

Art. 13; Art. 18-B; Art. 56; Art. 129 I a VII – as aplicáveis aos pais ou responsável.

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▪ Representar à autoridade judicial ou policial para requerer o afastamento do agressor do lar, do
domicílio ou do local de convivência com a vítima nos casos de violência doméstica e familiar contra
a criança e o adolescente;
▪ Representar à autoridade judicial para requerer a concessão de medida protetiva de urgência à
criança ou ao adolescente vítima ou testemunha de violência doméstica e familiar, bem como a
revisão daquelas já concedidas;
▪ Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do
convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe informações
sobre os motivos de tal entendimento e as providências tomadas para a orientação, o apoio e a
promoção social da família.

Conselho Tutelar NÃO APLICA:

VIII - perda da guarda;


IX - destituição da tutela;
X - suspensão ou destituição do poder familiar.

DIREITOS HUMANOS

Aula 01

Teoria Geral dos Direitos Humanos: Características dos Direitos Humanos (Declaração
e Programa de Ação de Viena de 1993)

Das características dos Direitos Humanos

➢ superioridade normativa
➢ historicidade
➢ universalismo
➢ relativismo
➢ irrenunciabilidade, inalienabilidade, imprescritibilidade e interdependência.
➢ Os Direitos Humanos têm normatividade aberta e aplicabilidade imediata.

Declaração das Nações Unidas sobre os Povos Indígenas

➢ É instrumento de proteção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais a todos os indígenas,
representando, portanto, sujeitos de direitos e não meros objetos de proteção legal.
➢ Corrobora o tratamento conferido pela Constituição Federal, nos arts. 231, 232 e art. 210.

Dos direitos previstos pela DUPI

• Direito à igualdade
• Garantia contra não discriminação

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• Direito à autodeterminação, que abrange a autonomia, autogoverno para tratar dos assuntos locais
referentes à comunidade.
• Direito a conservar e assegurar as próprias instituições políticas, jurídicas, econômicas, sociais e
culturais.
• Direito a nacionalidade
• Direito à vida, integridade física e mental, à liberdade e segurança pessoal.
• Direito à liberdade.
• Direito de preservar a cultura própria
• Direito de pertencer a uma comunidade ou nação indígena
• Direito à terra ou territórios ocupados
• Direito de praticar e revitalizar tradições, culturas, costumes, religiões
• Direito de educação dos filhos segundo padrões e preceitos da comunidade indígena
• Direito aos meios próprios de informação, inclusive quanto à língua
• Direito de fazer-se representar e participar das decisões políticas afetas aos seus interesses
• Direito a melhores condições econômicas e sociais, com assistência estatal em esferas como
educação, emprego, capacitação, moradia, saneamento, saúde e seguridade social, com especial
atenção aos idosos, mulheres, jovens, crianças e deficientes
• Direito à manutenção e conservação do meio ambiente e, especialmente, da produtividade de suas
terras

Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos

➢ É instrumento autoaplicável (efetividade dos direitos);


➢ Busca afirmar a proteção aos direitos civis e políticos decorrentes da condição humana;
➢ Assegura a autodeterminação dos povos (liberdade para definir seu estatuto jurídico e para decidir a
respeito do próprio desenvolvimento econômico, social e cultural);
➢ Admite derrogação temporária das obrigações decorrentes do Pacto em Estado emergência, ou
quando necessário à segurança nacional ou à ordem pública;
➢ Observe que não é admitida interpretação capaz de abolir ou restringir direito assegurado no PIDCP
(vedação a interpretações restritivas) e que a legislação interna do país não poderá ser aplicada se
prever regras menos favoráveis que as constantes do Pacto (aplicação da regra mais benéfica).

➢ Das vedações:

a) Vedação à pena de morte: Segundo Protocolo Facultativo (1989); admite-se que os Estados oponham
reserva, caso prevejam internamente;

b) Vedação ao trabalho forçado: Vedação mitigada pelas previsões internas lavradas preteritamente;

c) Vedação à tortura e à escravidão: Vedação absoluta;

ATENÇÃO: Direitos que não poderão ser suspensos (mesmo no estado de emergência): direito à vida;
vedação à tortura; vedação à escravidão, servidão ou trabalhos forçados; vedação à prisão do depositário
infiel; princípio da anterioridade penal, da vedação à aplicação da lex gravior e aplicação da lei considerada
mais benéfica ao condenado; reconhecimento da personalidade jurídica; e liberdade de pensamento, de
consciência e de religião.

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➢ Dos Protocolos Facultativos:

1. Protocolo Facultativo que prevê o mecanismo de petições individuais;

2. Protocolo Facultativo que visa abolir internacionalmente a pena de morte (reservas: guerra declarada e
condenação por infração penal de gravidade extrema).

Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica)

• Toda pessoa que se ache legalmente no território de um Estado tem direito de circular nele e de nele
residir em conformidade com as disposições legais.
• É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros.
• A vinculação ao Pacto é do Estado Federal, que não pode alegar o descumprimento das disposições
do Pacto de San José da Costa Rica sob o argumento de que internamente essa competência é do
ente federado.
• O Pacto San José da Costa Rica ou Convenção Interamericana dos Direitos Humanos foi internalizado
em nosso ordenamento jurídico com STATUS SUPRALEGAL;

Direitos constantes do Pacto

I. Direito à vida: A proteção à vida tem início desde a concepção, vedando-se a privação arbitrária da vida
do nascituro.

Não houve a abolição da pena de morte: o Pacto admite a sua aplicação nos países que já a previam (porque
já adotavam antes de 1969, ou porque aderiram ao Pacto depois), apenas aos crimes mais graves. Os países
que aboliram a pena de morte, no entanto, não a podem reinstituir.

II. Trabalhos Forçados

• Artigo 6º: Vedação à servidão e à escravidão.


• PPL + trabalhos forçados → sentença judicial
• Não são considerados como trabalho forçado: os trabalhos normalmente exigidos de pessoa
reclusa em cumprimento de sentença, o serviço militar, os serviços exigidos em caso de perigo ou
calamidade e as obrigações cívicas normais.

III. Liberdades Individuais

• não poderá haver prisão por dívidas, exceto no caso de inadimplemento de obrigação alimentar.

IV. Direito de Suspensão

• situação temporária;
• guerra;
• perigo público;
• emergência que ameace a independência ou a segurança do Estado.

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Não poderão ser suspensos: Direito ao reconhecimento da personalidade jurídica; Direito à vida; Direito à
integridade pessoal; Proibição da escravidão e servidão; Princípio da legalidade e da retroatividade;
Liberdade de consciência e de religião; Proteção da família; Direito ao nome; Direitos da criança; Direito à
nacionalidade e Direitos políticos, nem das garantias indispensáveis para a proteção de tais direitos.

Garantias Processuais

• Presunção de inocência;
• O acusado tem o direito de ser assistido gratuitamente por tradutor ou intérprete, se não
compreender ou não falar o idioma do juízo ou tribunal.

Protocolo de San Salvador

Prescreve direitos de segunda dimensão, direitos sociais, econômicos e culturais, como os direitos
trabalhistas – previsão de percebimento de um salário mínimo, a possibilidade de promoção, estabilidade,
gozo de férias remuneradas, dentre outros.

Comissão Interamericana d e Direitos Humanos

• A Comissão Interamericana de Direitos Humanos constitui o órgão executivo, no âmbito da OEA,


responsável pela promoção, observância e defesa dos direitos humanos no Sistema Americano.
Poderá responder às consultas gerais formuladas pelos Estados-parte.

➢ São legitimados para apresentar as petições individuais: Vítimas de violação a seus direitos humanos,
grupos de pessoas e ONGs legalmente reconhecidas.

Corte Interamericana de Direitos Humanos

É órgão jurisdicional e consultivo, uma vez que analisa demandas dos Estados, interpretando-as e
observando sua compatibilidade com relação às normas constantes do ordenamento interno de cada
Estado-parte.

Legitimidade para o peticionamento: Estados-parte e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos têm


legitimidade para ingressar com ação na Corte.

Exceção: O indivíduo poderá peticionar junto à Corte Internacional, desde que a situação já esteja sendo
analisada pela Corte Internacional e exista situação de extrema gravidade e urgência, quando se fizer
necessário evitar danos irreparáveis às pessoas por meio de medidas provisórias.

DIREITO INTERNACIONAL

Aula 01

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1 – Direito Internacional Privado

1.1 - Casamento

No casamento se aplica a lei do domicílio da pessoa, mas os nubentes domiciliados em países que permitem
a poligamia podem se casar com mais de uma pessoa no Brasil? Não! O art. 7°, §1º, da LINDB trata das regras
específicas que deverão ser aplicadas na realização do casamento no Brasil (arts. 1.521, 1.548 e 1.550 do
Código Civil):Conforme o art. 7º, §1º: "Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira
quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração".

• § 1º Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos
dirimentes e às formalidades da celebração
• Casamento realizado no Brasil aplica-se a lei brasileira
• impedimentos e formalidades para celebração do casamento, aplicada-se a lei brasileira

O casamento será celebrado de acordo com a lei do país do celebrante. Mas o cônsul estrangeiro só poderá
realizar matrimônio quando ambos os nubentes forem nacionais. No Consulado Brasileiro em Pequim, o
Cônsul brasileiro só pode casar dois brasileiros, não um brasileiro com uma chinesa. Cessa a sua competência
se um deles for de nacionalidade diversa.

• § 2º O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou


consulares do país de ambos os nubentes
• O casamento de uma chilena com um chileno PODERÁ ser celebrado por autoridades
diplomáticas do Chile
• O casamento de uma chlilena com um argentino NÃO PODERÁ ser celebrado por autoridades
consulares nem do Chile, nem da Argentina

A invalidade do casamento será regida pela lei do domicílio comum dos nubentes ou pela lei de seu primeiro
domicílio conjugal. Por isso, se um marroquino casa com sua segunda esposa iraniana e, logo depois do
casamento, vem ao Brasil, estabelecendo domicílio, esse casamento é inválido, por força do art. 1.521, inc.
VI, do Código Civil (“Não podem casar as pessoas casadas”). Agora, se ambos são domiciliados no Marrocos,
o casamento é válido.

• § 3º Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do


primeiro domicílio conjugal
• Tendo os noivos domicílio diversso, como por exemplo, uma argentina a se casar com um
brasileiro, mudando-se os dois para a Argentina
• nos casos de invalidade do casamento
• Aplica-se a LEI ARGENTINA que é o primeiro domícilio dos noivos

A lei do domicílio dos nubentes vai disciplinar o regime de bens, legal ou convencional – fixado por vontade
dos nubentes –, no casamento. Assim, se um francês e uma belga se casam e imediatamente vêm ao Brasil
– que é o primeiro domicílio do casal, consequentemente –, qual o regime de bens entre eles? Aplica-se o
regime brasileiro, previsto no Código Civil:

• § 4º O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes
domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal

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• No regime de bens, legal ou convencional dos noivos aplica-se a lei do país de seu domicílio
• Argentina, primeiro domicílio dos noivos, aplica-se a lei argentina
• Uma brasileira e um argentino se casam e passar a ter domicílio na Argentina, aplica-se a lei
argentina (seu primeiro domicílio)

O estrangeiro naturalizado brasileiro, com a expressa anuência de seu cônjuge, pode requerer a adoção do
regime da comunhão parcial de bens, resguardados os direitos de terceiros:

• § 5º O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu
cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a
adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta
adoção ao competente registro
• Peruana, casada com argentino, se naturalizou brasileiro
• no ato de entrega do decreto de naturalização requererá a adoção do regime de comunhão
parcial de bens ao juiz
• respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro

1.2 - Divórcio

o art. 961, §5º, do Código de Processo Civil passou a prever que a sentença estrangeira de divórcio
consensual produz efeitos no Brasil, independentemente de homologação pelo Superior Tribunal de Justiça:
Art. 961, §5°: "A sentença estrangeira de divórcio consensual produz efeitos no Brasil, independentemente
de homologação pelo Superior Tribunal de Justiça".

A sentença estrangeira de divórcio consensual pode ser averbada diretamente no Registro Civil das Pessoas
Naturais, sem a necessidade de homologação judicial do STJ. A regra está no Provimento 53/2016, e vale
apenas para divórcio consensual simples ou puro, que consiste exclusivamente na dissolução do matrimônio.
Havendo disposição sobre guarda de filhos, alimentos e/ou partilha de bens – o que configura divórcio
consensual qualificado –, continua sendo necessária a prévia homologação pelo STJ. Em resumo, hoje o art.
7°, §6º, da LINDB tem de ser lido assim: "§6º. O divórcio [consensual puro e simples] realizado no
estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, será reconhecido [imediatamente] no Brasil,
[independentemente de homologação pelo] Superior Tribunal de Justiça".

1.3 - Morte e sucessão

Já relativamente à sucessão por morte ou por ausência, rege o art. 10 da LINDB: deve-se obedecer à lei do
país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.
A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder: Art. 10: "A sucessão por morte
ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja
a natureza e a situação dos bens".

A SUCESSÃO POR MORTE OU POR AUSÊNCIA

• Lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido


• Qualquer que seja a natureza e a situação dos bens

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A SUCESSÃO DE BENS DE ESTRANGEIROS SITUADOS NO PAÍS

• Regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que
não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus
• Regulada pela lei brasileira em benefício de quem os represente, sempre que não lhes seja
mais favorável a lei pessoal do de cujus

A LEI DO DOMICÍLIO DO HERDEIRO OU LEGATÁRIO

• regula a capacidade para suceder

A lei do domicílio do morto rege as condições de validade do testamento por ele deixado. Mas é a lei do
domicílio do herdeiro ou legatário que regula a capacidade para suceder.

1.4. Competência processual

Processualmente, ainda, o art. 12 da LINDB consigna que há competência da autoridade judiciária brasileira
quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação, Art. 12: "É competente
a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a
obrigação".

É COMPETENTE A AUTORIDADE JUDICIÁRIA BRASILEIRA, QUANDO

• Réu domiciliado no Brasil


• Réu tiver que cumprir obrigação no Brasil

SÓ À AUTORIDADE JUDICIÁRIA BRASILEIRA COMPETE

• conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil

Se o imóvel estiver localizado em mais de um país, a justiça de cada Estado será competente para resolver
pendência relativa à parte que se situar em seu território. O art. 515, inc. VIII, do Código de Processo Civil
inclui a sentença estrangeira “homologada pelo Superior Tribunal de Justiça” no rol dos “títulos executivos
judiciais”. E o art. 963 do referido diploma estabelece os requisitos indispensáveis à homologação da decisão
estrangeira, esclarece Carlos Roberto Gonçalves.

A AUTORIDADE JUDICIÁRIA BRASILEIRA CUMPRIRÁ

• concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida pele lei brasileira


• as diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente, quanto ao objeto das
diligências

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DIREITO AMBIENTAL

Introdução
Olá, pessoal!

Vamos intensificar os estudos de Direito Ambiental nessa reta final? Lembrem-se que duas questões fazem
total diferença na sua nota final! Quanta gente não é aprovada por conta de uma mera questãozinha...

Simbora!

Prof. André Rocha


@profandrerocha

Aula 01

Licenciamento Ambiental

• Incumbe ao Poder Público exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará publicidade.
• Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados por um único ente
federativo.
LICENÇAS AMBIENTAIS

Fase preliminar: requisitos


Licença Prévia Validade máxima: 5 anos
básicos

Licença de Instalação Início da implantação Validade máxima: 6 anos

Validade mínima: 4 anos


Licença de Operação Início da atividade
Validade máxima: 10 anos

Sistema Nacional de Unidades de Conservação

• As unidades de conservação são criadas por ato do Poder Público (não precisa ser lei, pode
ser decreto).
• A desafetação ou redução dos limites de uma unidade de conservação só pode ser feita
mediante lei específica.

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Mesmo instrumento normativo
Ampliação dos limites
que criou
Modificação de
uma UC
Desafetação ou
Lei específica
redução dos limites

Código Florestal

• As obrigações previstas no Código Florestal têm natureza real e são transmitidas ao sucessor,
de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural
(obrigação propter rem).
• A Reserva Legal somente é exigida em propriedade ou posse rural, diferentemente da Área
de Preservação Permanente (APP), que é exigida em áreas rurais e urbanas.

Meio Ambiente na Constituição Federal de 1988

• Incumbe ao Poder Público exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará publicidade.
• Incumbe ao Poder Público manter regime fiscal favorecido para os biocombustíveis
destinados ao consumo final, a fim de assegurar-lhes tributação inferior à incidente sobre os
combustíveis fósseis, capaz de garantir diferencial competitivo em relação a estes.

Bons estudos e contem comigo!

Prof. André Rocha

@profandrerocha

DIREITO CONSUMIDOR

Introdução
Olá, meus amigos, tudo bem? Firmes nos estudos? Me chamo Igor Maciel e quero apresentar para vocês um
resumo da matéria estudadas para auxiliar os seus estudos.
Quaisquer dúvidas, críticas ou sugestões fico à disposição dos senhores.

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Aula 01

Relação Jurídica de Consumo – Definição de consumidor e fornecedor

Para entendermos o âmbito de aplicação do Direito do Consumidor, faz-se necessário definirmos os termos
consumidor, fornecedor, produto e serviço. Vejamos um a um.

Consumidor

De acordo com o artigo 2º, do CDC:

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço
como destinatário final.

Ao considerarmos individualmente o consumidor, pela dicção do artigo 2º, perceberemos três elementos
essenciais na sua definição:

i. Aspecto subjetivo – Poderá ser considerado consumidor tanto a pessoa física quanto a pessoa jurídica,
independente se brasileiro ou estrangeiro, eis que o dispositivo legal não faz qualquer restrição;
ii. Aspecto objetivo – O consumidor é aquele que adquire ou utiliza um produto ou serviço;
iii. Aspecto teleológico – Necessário que a aquisição do produto ou utilização do serviço seja na qualidade
de destinatário final;

A destinação final nada mais é que a aquisição do produto ou utilização do serviço sem o intuito de
recolocação no mercado ou incremento no processo produtivo. Regra geral, tem-se uma aquisição de um
produto sem a intenção de com ele obter lucro.

Mas qual o alcance do aspecto teleológico na definição de consumidor?

Para definir o que seria o destinatário final da mercadoria, surgiram duas teorias: a interpretação finalista e
a interpretação maximalista.

Teoria Finalista ou subjetiva

Para a Flávio Tartuce (2016, pg. 88), o artigo 2º, do CDC, adotou expressamente a teoria finalista ou subjetiva
para a qualificação do consumidor. O consumidor deve ser, então, o destinatário final fático e econômico do
produto ou serviço, em razão da expressão destinatário final constante no dispositivo.

Assim, uma loja de roupas (pessoa jurídica) que adquire 20 (vinte) blusas de uma fábrica para revender não
pode ser considerada consumidora desta mercadoria, eis que não a adquiriu como destinatária final. A
aquisição das peças de roupas foi feita com o intuito de recolocá-las no mercado por um preço superior e,
naturalmente, obter um lucro com a operação.

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O Superior Tribunal de Justiça, tendo em vista a possível injustiça cometida coma a aplicação cega da teoria
finalista, vem reconhecendo em determinadas hipóteses em que esteja presente a vulnerabilidade do
adquirente do produto ser possível a aplicação do CDC:

(...) 2. A jurisprudência desta Corte tem mitigado os rigores da teoria finalista para
autorizar a incidência do CDC nas hipóteses em que a parte (pessoa física ou jurídica),
embora não seja tecnicamente a destinatária final do produto ou serviço, se apresente
em situação de vulnerabilidade. (...) (AgRg no AREsp 646.466/ES, Rel. Ministro MOURA
RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/06/2016, DJe 10/06/2016)

Assim, em algumas situações justificáveis, poderá ser dispensado o atributo da destinação final econômica
na caracterização do consumidor, desde que presente o requisito da vulnerabilidade do consumidor.

Fornecedor

Já a definição de fornecedor no CDC está prevista no artigo 3º:

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou


estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

Percebam que não há exceções para quem poderá ser classificado ou não como fornecedor. Assim, aquele
que exerce atividade com intuito de lucro poderá ser considerado fornecedor, independentemente de estar
com sua situação regularizada ou não.

Produto

O conceito de produto está expresso no CDC no §1º, do artigo 3º:

§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

Percebe-se que a definição legal é bastante genérica, incluindo no conceito qualquer bem, ainda que
imaterial. Ocorre que, como vimos acima, para aplicação do CDC necessário que haja o intuito de lucro do
fornecedor e, exatamente por isto, o produto deve revestir-se de onerosidade. É dizer: os bens recebidos a
título gratuito não devem enquadrar-se, a princípio, na definição do CDC.

Contudo, ao tratar especificamente dos produtos, o código não faz qualquer distinção quanto à
remuneração.

Assim, a melhor interpretação dos dispositivos é a que abrange no conceito de produto as amostras grátis,
os brindes e demais artifícios utilizados pelos fornecedores com o intuito de fidelizar ou ampliar sua clientela,
independente da contraprestação paga pelos consumidores.

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Serviços

Por fim, os serviços são definidos pelo CDC no §2º, do artigo 3º:

§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante


remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo
as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

Percebam que aqui o dispositivo fala que apenas os serviços fornecidos mediante remuneração estariam
abarcados na definição de serviço. Contudo, a doutrina definiu que o termo remuneração previsto no
dispositivo legal deve ser entendido no sentido genérico.

Assim, ainda que o serviço seja prestado gratuitamente, mas com o preço embutido em outro serviço ou
produto, deve este ser considerado para efeitos de incidência do Código de Defesa do Consumidor.

Jurisprudência acerca da Aplicabilidade do CDC

Instituições Financeiras

Súmula 297 – STJ - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições


financeiras.
Súmula 479 - STJ - As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos
gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito
de operações bancárias.

Contratos de Planos de Saúde

Súmula 608 – STJ - Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de
saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão.

Instituições de Ensino Superior

Súmula 595 – STJ - As instituições de ensino superior respondem objetivamente pelos


danos suportados pelo aluno/consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo
Ministério da Educação, sobre o qual não lhe tenha sido dada prévia e adequada
informação.

Relação Passageiro X Companhia Aérea

A Convenção de Varsóvia regula algumas disposições sobre o transporte aéreo de passageiros. Todavia, para
o STJ, às relações entre passageiros e companhias aéreas deve ser aplicado o Código de Defesa do
Consumidor, ainda que em relação ao transporte internacional de passageiros:

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AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO (ART. 544 DO CPC) - AUTOS DE AÇÃO ORDINÁRIA DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS - DECISÃO MONOCRÁTICA CONHECENDO
DO RECLAMO, PARA, DE PLANO, NEGAR SEGUIMENTO AO APELO NOBRE. IRRESIGNAÇÃO
DA COMPANHIA AÉREA.
1. É iterativa a jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça no sentido de prevalência
das normas do Código de Defesa do Consumidor, em detrimento das disposições insertas
em Convenções Internacionais, como as Convenções de Montreal e de Varsóvia, aos casos
de falha na prestação de serviços de transporte aéreo internacional, por verificar a
existência da relação de consumo entre a empresa aérea e o passageiro, haja vista que a
própria Constituição Federal de 1988 elevou a defesa do consumidor à esfera
constitucional de nosso ordenamento. Súmula 83/STJ. Precedentes.
2. O acolhimento da tese vertida no recurso especial não se limita à valoração das provas
dos autos, pois a alteração a cognição exarada no decisum impugnado a respeito da
ocorrência do dano material, exige, na verdade, o reexame das provas e dos fatos
colacionados aos autos, o que, forçosamente, atrai o óbice da Súmula 7 deste Superior
Tribunal de Justiça, sendo manifesto o descabimento do recurso especial.
3. A indenização por danos morais fixada em quantum em harmonia ao princípio da
razoabilidade não enseja a possibilidade de interposição do recurso especial, dada a
necessidade de exame de elementos de ordem fática, cabendo sua revisão apenas em
casos de manifesta excessividade ou irrisoriedade do valor arbitrado, o que não se
evidencia no presente caso. Incidência da Súmula n. 7/STJ.
4. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no AREsp 145.329/RJ, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em
20/10/2015, DJe 27/10/2015)

Este entendimento manteve-se por um longo período.

As empresas aéreas, contudo, permaneceram discutindo a questão sob a ótica do artigo 178, da Constituição
Federal:

Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre,
devendo, quanto à ordenação do transporte internacional, observar os acordos firmados
pela União, atendido o princípio da reciprocidade. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 7, de 1995)

A matéria chegou, então, ao Supremo Tribunal Federal e foi afetada pelo Tema de Repercussão Geral de
número 210.

Em suma, alegavam as empresas aéreas que, conforme disposto no artigo 178, da Constituição Federal, a
ordenação do transporte aéreo internacional deve obedecer aos acordos internacionais firmados pela União
e não às regras do Direito do Consumidor.

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Naturalmente, a Convenção de Varsóvia é bem menos protetiva aos direitos do passageiro como o é o CDC.
Apenas para se ter uma ideia, o artigo 22 da referida Convenção estabelece um limite/teto de valor
indenizatório a ser pago pelas companhias aéreas aos consumidores em razão do serviço prestado.

Trata-se de ideia absolutamente dissociada da lógica adotada pelo Código de Defesa do Consumidor.

Mas professor, o que decidiu o Supremo Tribunal Federal?

Amigos, em julgamento encerrado em 25/05/2017 (acórdão ainda não publicado), o Supremo Tribunal
Federal entendeu que a Convenção de Varsóvia prevalece sobre o CDC no que tange à limitação da
responsabilidade de transportadoras aéreas de passageiros.

No caso concreto, o STF reduziu a condenação imposta a uma Companhia Aérea aos limites previstos na
Convenção. Eis a tese fixada e que possivelmente será cobrada em provas:

Nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados


internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros,
especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao
Código de Defesa do Consumidor.

A inversão do ônus da prova

A inversão do ônus da prova no processo judicial é um direito básico do consumidor visto quando tratamos
do Princípio da Hipossuficiência e do Princípio da Vulnerabilidade.

Diferenciando os institutos da vulnerabilidade e da hipossuficiência, Leandro Lages afirma que (2014, pg.
58):

A vulnerabilidade independe da condição social, cultural ou econômica do consumidor,


caracteriza-se pelo fato de o consumidor desconhecer as técnicas de produção. O
consumidor hipossuficiente, além de desconhecer as técnicas de produção, tem a sua
situação agravada em virtude de fatores econômicos, sociais e culturais, justificando a
concessão de direitos e garantias extras, como a inversão do ônus da prova.

Todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente.


(Tartuce, 2016, pg. 37).

Trata-se, pois, de direito previsto no artigo 6º, inciso VIII, do CDC e que estabelece como instrumento
facilitador da defesa do consumidor em juízo a inversão do ônus da prova:

Contudo, a inversão do ônus da prova a favor do consumidor não deve ser feita cegamente. Não se trata de
um direito que deve ser aplicado em todas as hipóteses de relações consumeristas. O juiz é que deverá, caso

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a caso, analisar a verossimilhança das alegações do consumidor ou a sua hipossuficiência para reconhecer o
direito à inversão do ônus da prova.

Conforme pacificado pelo STJ:

A inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII, do CDC, não ocorre ope legis, mas
ope iudicis, vale dizer, é o juiz que, de forma prudente e fundamentada, aprecia os aspectos
de verossimilhança das alegações do consumidor ou de sua hipossuficiência.

O art. 6º, inciso VIII, do CDC, com vistas a garantir o pleno exercício do direito de defesa do consumidor,
autoriza a inversão do ônus da prova quando sua alegação for verossímil ou quando constatada sua
hipossuficiência. Assim, necessário que o juiz, analisando o caso concreto, defira a inversão do ônus da prova
ao consumidor, caso verifique a verossimilhança de suas alegações ou a hipossuficiência do autor.

Nesse sentido:

AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. PLANO DE


SAÚDE. CIRURGIA PLÁSTICA REPARADORA. OBRIGAÇÃO DA OPERADORA EM CUSTEAR O
PROCEDIMENTO COM MÉDICO NÃO CREDENCIADO. INEXISTÊNCIA. INVERSÃO DO ÔNUS
DA PROVA. AUSÊNCIA DE VEROSSIMILHANÇA E HIPOSSUFICIÊNCIA. REVISÃO. MATÉRIA
FÁTICO-PROBATÓRIA. SÚMULA 7/STJ. REVOGAÇÃO DA LIMINAR EM SEDE DE SENTENÇA.
POSSIBILIDADE. AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. A inversão do ônus da prova não ocorre em todas as situações em que a relação jurídica
é regulada pelo Código de Defesa do Consumidor. De fato, nos termos do art. 6º,
VIII, do referido instrumento normativo, a facilitação da defesa somente ocorre nos casos
em que as alegações sejam verossímeis, ou a parte seja hipossuficiente. (...)
(AgInt nos EDcl no REsp 1478062/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado
em 15/12/2016, DJe 06/02/2017)

Responsabilidade dos Fornecedores por seus Produtos e Serviços

Dos tipos de responsabilidade previstos no CDC

O Código de Defesa do Consumidor, ao prever a responsabilidade civil dos fornecedores por seus produtos
e serviços, estabeleceu uma diferença prática entre a responsabilidade pelo fato e a responsabilidade pelo
vício.

A responsabilidade pelo fato é decorrência de um acidente de consumo gerado por um defeito no produto
ou serviço.

Já o vício no produto ou serviço não gera um acidente e está ligado à quantidade ou qualidade que torna o
produto impróprio ou inadequado ao consumo a que se destina e lhe diminui o valor.

A título de exemplo podemos trazer a hipótese em que um consumidor adquire um automóvel com defeito
nos freios. Ao conduzir por uma via, caso ocorra um acidente em razão da ausência de freios no veículo,

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haverá um acidente de consumo e serão aplicadas as regras da responsabilidade pelo fato do produto ou
serviço.

Contudo, caso o condutor consiga parar o veículo utilizando uma redução de marchas, por exemplo, e, por
isso, nenhum acidente seja causado, haverá um vício impróprio no produto que lhe diminui o valor.

Responsabilidade pelo fato do produto

A responsabilidade pelo fato do produto é regulada pelo CDC em seu artigo 12:

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador


respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos
causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção,
montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos,
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se
espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - sua apresentação;
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi colocado em circulação.

Percebam, meus amigos, que o fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador
irão responder pela reparação do acidente de consumo ocorrido com seus produtos independentemente
da existência de culpa.

Mas professor, o que isso quer dizer?

Essa é a diferença entre a Responsabilidade Civil Objetiva e a Responsabilidade Civil Subjetiva.

Na responsabilidade civil objetiva, o Autor quando propõe uma demanda em juízo deve demonstrar nos
autos a conduta praticada pelo Réu (comissiva ou omissiva), o dano que sofrera e que merece ser reparado
e o nexo causal entre a conduta e o dano sofrido.

O elemento subjetivo dolo ou culpa do agente que praticou o dano não precisa ser demonstrado pelo Autor;
eis a regra do Código de Defesa do Consumidor.

Já na Responsabilidade Civil Subjetiva, o Autor da ação deverá demonstrar em juízo, além da conduta do réu,
do dano ocasionado e do nexo causal entre ambos, a existência de dolo ou culpa na ação ou omissão do
agente. Trata-se, assim, de uma forma de responsabilização muito mais trabalhosa para o Autor da ação.

E como o fornecedor pode não ser responsabilizado?

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O próprio Código prevê hipóteses de excludente de responsabilidade em que o fabricante, o construtor ou
importador não irão ser responsabilizados quando conseguirem provar nos autos (§3º):

i. Que não colocaram o produto no mercado;


ii. Que, embora tenham colocado o produto no mercado, o defeito não existe;
iii. Que a culpa pelo defeito fora exclusiva do consumidor ou de terceiro;

Percebam que o ônus de provar as excludentes de responsabilidade é todo do fabricante, construtor ou


importador, jamais do consumidor.

Mas professor, não seria mais fácil o artigo 12 falar em fornecedor ao invés de
fabricante, produtor, importador e construtor?

Essa é uma hipótese de silêncio eloquente do CDC, conforme doutrina de Flávio Tartuce. Como o caput do
artigo 12 não dispõe sobre o fornecedor, mas elenca aquelas pessoas que seriam responsáveis pelo fato do
produto, a doutrina se consolidou no sentido de que o comerciante não deve ser incluído nesse rol.

A responsabilidade civil do comerciante é regulada especificamente pelo artigo 13, do CDC, que assim
estabelece:

Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor
ou importador;
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito
de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do
evento danoso.

Ou seja, o comerciante apenas responderá pelo fato do produto nessas hipóteses e de forma subsidiária.

Percebam que a responsabilidade do comerciante é cabível quando não é possível identificar o fabricante, o
produtor, o importador ou o construtor ou quando o comerciante, por sua culpa, não conserva os produtos
perecíveis.

Além disso, o parágrafo único do referido dispositivo estabelece que aquele que efetivar o pagamento do
débito poderá exercer o seu direito de regresso contra os demais responsável pelo dano. É dizer: caso o
comerciante venha a pagar o débito para o consumidor, poderá exercer o seu direito de regresso contra o
fabricante, por exemplo.

Certo é que no curso do processo não poderá qualquer fornecedor denunciar outro à lide, sendo necessário
o ajuizamento de uma outra ação autônoma.

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Em resumo, para se beneficiar o consumidor e não trazer novo elemento para os autos (a responsabilidade
entre fornecedores opera-se de forma subjetiva, enquanto na relação consumidor x fornecedor a
responsabilidade é objetiva), o CDC vedou a denunciação lide, permitindo que os fornecedores discutam
entre si o responsável pelo dano em um novo processo autônomo, conforme inteligência do artigo 88

Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste código, a ação de regresso poderá
ser ajuizada em processo autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos
mesmos autos, vedada a denunciação da lide.

Responsabilidade pelo fato do serviço

Já quanto à Responsabilidade pelo fato dos serviços, o CDC aplicou a regra geral da solidariedade para todos
os fornecedores, não excluindo o comerciante. No artigo 14, o CDC utiliza a palavra fornecedor.

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa,


pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação
dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e
riscos.
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode
esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.

O CDC estabelece não ser o serviço defeituoso pela simples adoção de novas técnicas.

E quais seriam as excludentes de responsabilidade?

O §3º estabelece que quando o fornecedor de serviços provar que o defeito inexiste ou a culpa exclusiva do
consumidor ou de terceiro, não terá cabimento sua responsabilização.

§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:


I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

E quanto aos profissionais liberais? Como funciona a responsabilidade por fato dos
serviços?

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Profissionais liberais são aqueles prestadores de serviço que em geral não possuem uma organização
empresarial. São os médicos, advogados, dentistas, arquitetos e outros profissionais que prestam serviço de
natureza técnica e pessoal.

Segundo o CDC, a responsabilidade destes profissionais deve ocorrer de forma diferenciada, excepcionando
a regra da responsabilidade objetiva e imputando-lhe a regra da responsabilidade subjetiva.

§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a


verificação de culpa.

Assim, quando o consumidor demandar contra um profissional liberal em juízo, deverá o Autor (consumidor)
demonstrar o ato cometido, o dano causado, o nexo causal entre ambos e, ainda, que o agente praticou o
dano com dolo ou culpa. Isso se faz necessário porque, uma vez contratados os serviços desses profissionais,
ao consumidor não é oferecido o resultado esperado, mas tão somente uma garantia de que o serviço será
prestado da melhor forma possível.

Explica-se: a obrigação dos profissionais liberais é uma obrigação de meio e não de resultado. O advogado,
ao ser contratado, deve defender a causa com a maior dedicação possível, fazendo o seu melhor para que o
resultado seja atingido. Contudo, não pode o profissional garantir que o cliente irá ganhar a demanda. Nesse
sentido, a jurisprudência do STJ é trilhada também aos profissionais médicos:

3. Portanto, como se trata de obrigação de meio, o resultado final insatisfatório alcançado


não configura, por si só, o inadimplemento contratual, pois a finalidade do contrato é a
atividade profissional médica, prestada com prudência, técnica e diligência necessárias,
devendo, para que exsurja obrigação de indenizar, ser demonstrada a ocorrência de ato,
comissivo ou omissivo, caracterizado por erro culpável do médico, assim como do nexo de
causalidade entre o dano experimentado pelo paciente e o ato tido por causador do dano.
(REsp 992.821/SC, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
14/08/2012, DJe 27/08/2012)

Mas professor, não há exceções?

Atenção!

No STJ encontramos decisões excepcionando a regra da responsabilidade subjetiva dos profissionais liberais.
São hipóteses nas quais o Tribunal entendeu que os profissionais devem sim entregar o resultado esperado
e, exatamente por isto, a responsabilidade civil destes profissionais deve ser objetiva.

O melhor e mais comum exemplo é a cirurgia plástica meramente embelezadora. Deve o profissional médico
contratado exclusivamente para realizar uma cirurgia plástica estética entregar o resultado prometido para
a consumidora.

Nesse sentido:

(...) 2. Possuindo a cirurgia estética a natureza de obrigação de resultado cuja


responsabilidade do médico é presumida, cabe a este demonstrar existir alguma

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excludente de sua responsabilização apta a afastar o direito ao ressarcimento do paciente.
3. Agravo regimental não provido.
(AgRg no REsp 1468756/DF, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em
19/05/2016, DJe 24/05/2016

Responsabilidade pelo vício do produto

Os vícios do produto são regulados pelo artigo 18, do CDC. Percebam que o dispositivo legal fala que todos
os fornecedores (inclusive os comerciantes) devem responder solidariamente pelos vícios de qualidade ou
quantidade que tornem os produtos impróprios para consumo ou lhe diminuam o valor.

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem


solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por
aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de
sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.

Assim, se o consumidor adquire um produto com um vício de qualidade (uma televisão que o controle
remoto não funciona, por exemplo) deverá ele dirigir-se até o fornecedor e solicitar que o vício seja sanado,
inclusive com a substituição das partes viciadas.

E se o fornecedor não resolver o problema?

Em primeiro lugar, devemos destacar que o consumidor terá o prazo de 30 (trinta) dias para solucionar o
problema. Contudo, caso o vício não seja sanado, após o prazo de trinta dias poderá o consumidor escolher
entre as alternativas previstas no §1º, do artigo 18:

§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.

Além disso, o consumidor poderá sempre fazer uso destas alternativas quando o vício for tão extenso que a
substituição das partes viciadas possa comprometer a qualidade, as características do produto ou diminuir-
lhe o valor, ou ainda, caso seja um produto essencial (§3º).

Identificado o vício de qualidade:

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Restituição
do Valor

Após 30 dias
o
consumidor
escolhe
Abatimento Substituição
do Preço do Produto

E se o consumidor optar por substituir o produto e a substituição não for possível?

Imagine a seguinte situação: o consumidor compra a última unidade de um computador no estoque da loja,
mas este apresentou um defeito que o fornecedor não conseguiu solucionar no prazo de 30 (trinta) dias.

Apesar do consumidor ter optado pela substituição do produto por outro da mesma espécie e em perfeitas
condições de uso, o fornecedor não poderá cumprir tal solicitação, tendo em vista que o equipamento era a
última peça no estoque da loja.

Nesses casos, o CDC estabelece que o consumidor poderá escolher um produto com espécie, modelo ou
marca diversos, mas deverá ou pagar a complementação do preço ou receber a diferença de volta (a
depender se o produto for mais caro ou mais barato que o originalmente escolhido).

§ 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e não


sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie,
marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual
diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1° deste artigo.

Além disso, o CDC estabelece que no caso de produtos in natura, será responsável perante o consumidor o
fornecedor imediato, a não ser quando o produtor seja claramente identificado (§5º). Trata-se, assim, de
situação um pouco diferente da regra geral para os produtos em que todos os fornecedores (fabricante,
importador, comerciante) irão responder de forma solidária pelo vício do produto.

E se o vício do produto não for na qualidade, mas na quantidade?

O CDC regula o vício de quantidade do produto especificamente no artigo 19 e estabelece que todos os
fornecedores respondem solidariamente por tais vícios. E, diferentemente do vício de qualidade, o
consumidor não precisa esperar prazo algum para escolher entre o abatimento proporcional do preço, a
complementação do peso ou medida, a substituição do produto ou a restituição do seu dinheiro.

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Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do
produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo
líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou
de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - o abatimento proporcional do preço;
II - complementação do peso ou medida;
III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os
aludidos vícios;
IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos.

Identificado o vício de quantidade:

Complemento
do Produto

Consumidor Abatimento
Substituição escolhe do Valor

Restituiç
ão do
Valor
Pago

Destaca-se que, caso o comerciante esteja com a sua balança com defeito, será ele o responsável pelo vício
no produto, conforme se extrai do §2º do referido artigo:

§ 2° O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o


instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais.

E se o consumidor optar por substituir o produto e a substituição não for possível?

O procedimento adotado deve ser idêntico à situação quanto ao vício na qualidade do produto, dado o
disposto no §1º do artigo 19 do CDC:
§ 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo anterior.

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Responsabilidade pelo vício do serviço

Quanto ao vício na qualidade dos serviços, o CDC estabelece que poderá o consumidor exigir de imediato:

I - a reexecução dos serviços sem qualquer custo para o consumidor e quando esta for
cabível. Poderá ser feita, inclusive por terceiros, desde que devidamente pagos pelo
fornecedor;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.

Trata-se do disposto no artigo 20 do CDC, que ainda dispõe sobre a definição do serviço impróprio:

§ 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que


razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas
regulamentares de prestabilidade.

Prescrição e Decadência no Direito do Consumidor

Os prazos estabelecidos em lei para que o consumidor exerça o seu direito de reclamar quanto ao vício de
determinado produto ou serviço estão previstos nos artigos 26 e 27 do CDC, estabelecendo diferenciação
entre vícios ocultos e aparentes e produtos duráveis e não duráveis.

Mas qual a diferença entre vício oculto e aparente?

Vício aparente x Vício oculto

De fácil Aparece pelo


Vício Aparente
constatação uso normal

Aparece
De difícil apenas após
Vício Oculto
constatação algum tempo
de uso

Qual seria o prazo para reclamação?

De acordo com o artigo 26, do CDC, em caso de vícios aparentes ou de fácil constatação, o prazo para o
consumidor reclamar caduca em:

I. 30 dias em caso de fornecimento de bens e produtos não duráveis;

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II. 90 dias em caso de fornecimento de bens e produtos duráveis;

Quando se inicia a contagem do prazo?

Tratando-se de vício aparente, a contagem do prazo se inicia com a entrega efetiva do produto ou com o
término da execução dos serviços (§1º). Contudo, tratando-se de um vício oculto o prazo decadencial apenas
terá início no momento em que ficar evidenciado o defeito. Este o teor do §3º, do artigo 26:

§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar


evidenciado o defeito.

Os prazos decadenciais, portanto, são os mesmos, diferenciando-se tão somente o início da contagem.

Se o produto tiver garantia, como ficam os prazos decadenciais?

Antes de adentrarmos na resposta a tal questionamento, cabe-nos diferenciar a garantia legal da garantia
contratual. A garantia legal está prevista nos artigos 24 e seguintes do CDC e será de 30 dias para serviços
ou bens não duráveis e de 90 dias para serviços ou bens duráveis (artigo 26, CDC).

Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo expresso,
vedada a exoneração contratual do fornecedor.

A garantia legal, portanto, decorre do texto normativo e não depende da assinatura de qualquer termo. Não
pode ser tal garantia, ainda, exonerada em contrato pelo fornecedor, eis que decorrente da legislação. A
garantia legal não pode sofrer restrições nem ser limitada.

Já a garantia contratual, comum na venda de automóveis, é sempre complementar à legal e deve ser
contratada por escrito, mediante termo padronizado e de fácil compreensão, conforme disposto no artigo
50 do CDC:

Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo
escrito.

O STJ possui entendimento firmado no sentido de que o prazo de garantia legal apenas se iniciará após o
encerramento do prazo da garantia contratual. Nesse sentido:

(...) 2. O prazo de decadência para a reclamação de vícios do produto (art. 26 do CDC) não
corre durante o período de garantia contratual, em cujo curso o veículo foi, desde o
primeiro mês da compra, reiteradamente apresentado à concessionária com defeitos. (...)
(REsp 547.794/PR, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em
15/02/2011, DJe 22/02/2011)

Defesa do Consumidor em Juízo

Aqui transcrevo as principais “frases” que resumem a matéria:

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1. O processo coletivo nada mais é que uma demanda litigiosa em que uma das partes (sujeito ativo ou
passivo) é um ente de natureza coletiva. Um sindicato, uma associação, o Ministério Público e a
Defensoria Pública são exemplos de litigantes que demandam em juízo interesses coletivos,
inerentes a um determinado grupo de pessoas.
2. Interesses como a defesa de consumidores, do meio ambiente, do patrimônio artístico, histórico e
cultural, saúde, são exemplos de matérias passíveis de defesa pela via da ação coletiva.
3. A Lei nº 7.437/85, surgida antes da Constituição Federal de 88, trouxe em seu artigo 1º a possibilidade
de se proteger por intermédio de Ação Civil Pública a responsabilidade por danos morais e
patrimoniais causados ao meio ambiente, ao consumidor, aos bens de valor artístico, estético ou
histórico, e a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.
4. Diz-se que o processo coletivo brasileiro é regulado por um microssistema de tutela coletiva,
composto por disposições previstas no Código de Defesa do Consumidor, na Lei da Ação Civil Pública,
na Constituição Federal e no próprio CPC, além de outros dispositivos esparsos.
5. São princípios que regem o processo coletivo brasileiro:
I. Devido Processo Legal Coletivo, que inclui os subprincípios da adequada legitimação ativa ou
passiva, da publicidade e da competência adequada.
II. Primazia do conhecimento do mérito do processo coletivo, consubstanciado no artigo 16, da Lei
7.347/85, segundo o qual:

Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência
territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência
de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico
fundamento, valendo-se de nova prova. (Redação dada pela Lei nº 9.494, de 10.9.1997)

Além disso, a coisa julgada no processo coletivo dá-se de acordo com o resultado da demanda.

Caso a demanda seja julgada improcedente, não haverá coisa julgada em relação aos titulares individuais do
direito, que poderão ajuizar demandas individuais, sem qualquer vinculação com a demanda coletiva. Pode-
se, portanto, resumir a coisa julgada da sentença coletiva da seguinte forma:

a) Processo extinto sem resolução do mérito – produz apenas coisa julgada formal;
b) Pedido julgado improcedente por insuficiência de provas – Não atinge as demandas
individuais que porventura venham a ser propostas;
c) Sentença julgada procedente – Transporte da coisa julgada – todos beneficiados de acordo
com a lei;

III. Princípio da indisponibilidade da demanda coletiva, consubstanciado no artigo 5º, §3º, da Lei
7.347/85, segundo o qual:

Artigo 5º.

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§ 3° Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o
Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.
IV. Princípio da Reparação Integral do Dano

V. Princípio da não taxatividade

VI. Princípio da predominância dos aspectos inquisitoriais;

6. Quanto à classificação dos direitos coletivos, destaca-se o artigo 81 do CDC:

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser
exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os
transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e
ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os
transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de
pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de
origem comum.
7. São legitimados para a defesa dos consumidores em juízo:
I. O Ministério Público;
II. A União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
III. As entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade
jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este
código;
IV. As associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins
institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a
autorização assemblear.
8. Todos são legitimados concorrentes, ou seja, qualquer um destes, a qualquer momento pode entrar
com a ação desejada, não dependendo de qualquer providência prévia de outro legitimado.
9. A Defensoria Pública não consta no rol dos legitimados ativos para a defesa dos interesses dos
consumidores em juízo e, originalmente não constava também entre os legitimados para propor a

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Ação Civil Pública. Contudo, a jurisprudência foi pacificada no sentido da possibilidade da defesa dos
interesses dos consumidores em juízo pela Defensoria.
10. A sentença coletiva que seja referente a direitos coletivos em sentido estrito ou a direitos difusos
pode ser executada nos próprios autos pelo autor coletivo ou pela vítima através do transporte in
utilibus da coisa julgada coletiva.
11. Tal liquidação, quando feita nos próprios autos pelo legitimado coletivo, não se distingue do processo
individual, eis que apenas irá se buscar a identificação do quanto é devido.
12. É possível a inversão do ônus da prova em demandas que versem quanto a questões de consumo,
mesmo quando o Ministério Público é o autor da ação.

DIREITO FINANCEIRO

Introdução

Olá, pessoal!

Estamos na reta final da tua preparação para a prova da 1ª fase da OAB.

Como esta nossa disciplina (Direito Financeiro) é nova no exame de ordem, ainda não temos dados
estatísticos para nos balizar, razão pela qual escolhemos focar em assuntos juridicamente relevantes, com
grande probabilidade de serem exigidos.

Bons estudos e uma excelente prova a todos!

Um forte abraço do

Prof.º Rodrigo Martins.

Aula 01

1 - Leis Orçamentárias

O art. 165 da CF/88 determina que a União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios devem
elaborar 3 Leis Orçamentárias, quais sejam:

 O PPA - Plano Plurianual;


 A LDO - Lei de Diretrizes Orçamentárias; e
 A LOA - Lei Orçamentária Anual.

Em resumo, eis os principais aspectos das leis orçamentárias em questão:

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QUADRO COMPARATIVO DAS LEIS ORÇAMENTÁRIAS
PPA LDO LOA
Tipo de norma Lei Ordinária Lei Ordinária Lei Ordinária
Iniciativa privativa do Iniciativa privativa do Iniciativa privativa do
Iniciativa
Poder Executivo Poder Executivo Poder Executivo
Aprovação privativa pelo Aprovação privativa pelo Aprovação privativa pelo
Aprovação
Poder Legislativo Poder Legislativo Poder Legislativo
Deve ser aprovada em Deve ser aprovada em Deve ser aprovada em
âmbito Federal, em âmbito âmbito Federal, em âmbito âmbito Federal, em
Estadual, no Distrito Estadual, no Distrito âmbito Estadual, no
Origem
Federal e pelos Federal e pelos Distrito Federal e pelos
Municípios, por cada uma Municípios, por cada uma Municípios, por cada uma
das entidades federativas das entidades federativas das entidades federativas
31/08
15/04 31/08
Prazo limite de
(4 meses antes do
envio ao (8 meses e meio antes do (quatro meses antes do
encerramento do primeiro
Legislativo encerramento do exercício encerramento do
exercício financeiro após o
financeiro) exercício financeiro)
início do mandato)
Prazo limite de 22/12 17/07 22/12
devolução ao
Executivo para (encerramento da sessão (do primeiro período da (encerramento da sessão
Sanção legislativa) sessão legislativa). legislativa)
1º/01 do ano a que se
Início de vigência Data da Publicação Data da Publicação
refere
31/12 do ano seguinte ao
31/12 do ano a que se 31/12 do ano a que se
Final de vigência do término do mandato do
refere refere
chefe do Poder Executivo
Periodicidade Quadrienal Anual Anual
Indicar as programações
Planejamento estratégico que devem ser Planejamento operacional
Objetivos
de longo prazo comtempladas na LOA de curto prazo
seguinte

1.1 - Créditos adicionais na LOA

A LOA contém créditos orçamentários, que correspondem aos valores nela estipulados para atender as
despesas do exercício financeiro a que se refere.

Ocorre, porém, que ao longo da execução orçamentária, alguns "ajustes orçamentários" precisam ser
realizados quando os valores previstos no orçamento não sejam suficientes. Isso é feito por meio de créditos
adicionais, que são classificados em:

 Suplementares, quando destinados a reforço de dotação orçamentária;


 Especiais, quando destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica; e

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 Extraordinários, quando destinados a despesas urgentes e imprevistas, em caso de guerra, comoção
intestina ou calamidade pública.

Em regra, os créditos adicionais devem ser criados por meio de lei (Princípio da Legalidade), salvo os
extraordinários, que podem ser criados por Medida Provisória (ou Decreto, no âmbito dos Estados, dos
Município e do Distrito Federal), nos termos do art. 62, § 1º, I, "d" e do art. 167, § 3º, da CF/88.

1.2 - Controle de constitucionalidade do orçamento

Historicamente o STF sempre entendeu que não era possível o controle abstrato de constitucionalidade das
normas orçamentárias.

Contudo, o STF mudou esse seu entendimento, tendo o atual posicionamento de que as leis orçamentárias
são leis e que, por isso, podem ser objetos de controle concentrado de constitucionalidade (ADI 4048, ADI
4049).

2 - Orçamentação

O orçamento público "acontece" em ciclos, que correspondem à uma série de atos que se sucedem. As
diferentes etapas do ciclo orçamentário são: iniciativa da lei, apreciação e emendas ao projeto de lei
orçamentária, sanção ou veto, execução e controle.

Quanto à iniciativa das leis orçamentárias, de acordo com o art. 84, inciso XIII, da CF/88, as leis orçamentárias
são da iniciativa privativa do Poder Executivo, enquanto a aprovação é ato privativo do Poder Legislativo.

3 – Principais princípios orçamentários

O orçamento público é dirigido por alguns princípios gerais que orientam a elaboração da lei orçamentária
e guiam sua interpretação. Vamos revisar os principais:

3.1 - Princípio da Legalidade

De acordo com o Princípio da Legalidade no Direito Financeiro, previsto em vários artigos da CF/88, como,
nenhum recurso público poder ser gasto (isto é, realização de despesa pública) sem prévia autorização
legal (lei, emanada do Poder Legislativo).

Existe, porém, uma exceção ao Princípio da Legalidade em questão no art. 62, § 1º, inciso I, alínea "d" e
167, § 3º, da CF/88, que permite o uso de Medida Provisória para criar créditos extraordinários para
atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou
calamidade pública.

3.2 - Princípio da Não Afetação (Não Vinculação/Destinação) das Receitas de Impostos

De acordo com esse princípio, é vedada a vinculação (afetação/destinação) por meio de lei da receita de
impostos a órgão, fundo ou despesa. Tal princípio emana da própria CF/88, que estipula tais vedações. Mas
a própria CF/88 estipula diversas exceções, que podem ser resumidas no seguinte quadro:

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EXCEÇÕES COMSTITUCIONAIS AO PRINCÍPIO DA NÃO VINCULAÇÃO DA RECEITA DE IMPOSTOS
Repartição constitucional e obrigatória da receita de impostos 167, IV, da CF/88
Destinação de um percentual dos impostos arrecadados para a saúde 167, IV, da CF/88
Destinação de um percentual dos impostos arrecadados para a educação 167, IV, da CF/88
Destinação de um percentual dos impostos arrecadados para as atividades de
167, IV, da CF/88
administração tributária
Prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita 167, IV, da CF/88
Garantia, contragarantia e pagamento de débitos para com a União 167, § 4º, da CF/88
Garantia de financiamento para o pagamento de precatórios quando os Estados,
100, § 19, da CF/88
DF e Municípios não tiverem condições de quitá-los nos prazos constitucionais
Vinculação de até 0,5% da receita tributária líquida dos Estados e do DF para os
204, PÚ, da CF/88
Programas de Apoio à Inclusão e Promoção Social
Vinculação de até 0,5% da receita tributária líquida dos Estados e do DF a fundos
216, § 6º, da CF/88
destinados ao financiamento de programas culturais

3.3 - Princípio da Proibição de Estorno (de remanejamento, transposição e transferência de recursos


orçamentários)

Decorrente do Princípio da Legalidade, de acordo com esse princípio o gestor público não pode repriorizar
as ações governamentais através de transposição, remanejamento ou transferência (estorno) de recursos
públicos previstos no orçamento, sem prévia autorização legislativa, nos termos do art. 167, incisos VI e
VIII, da CF/88.

Logo, somente o Poder Legislativo, por meio de lei, pode transpor, remanejar ou transferir um recurso
orçamentário; o Poder Executivo, não.

Importa destacar que a EC 85/2015 criou uma exceção ao Princípio da Proibição de Estorno e,
consequentemente, ao Princípio da Legalidade, ao permitir, no âmbito das atividades de ciência, tecnologia
e inovação, a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de
programação para outra sem prévia autorização do Poder Legislativo, conforme art. 167, § 5º, da CF/88.

4 - Receita Pública

"Receita pública" corresponde ao produto da entrada de recursos nos cofres públicos ("dinheiro que entra"),
recursos esses que, integrando-se ao patrimônio público sem quaisquer reservas ou condições, vêm
aumentar o referido patrimônio.

Assim como ocorre com as despesas, a realização da receita pública passa por diferentes fases ou estágios,
que são (i) a previsão, (ii) o lançamento, (iii) a arrecadação e (iv) o recolhimento.

4.1 - Renúncia de receita tributária

A renúncia de receitas públicas se dá, em regra, por meio da concessão de benefícios fiscais, que se
submetem ao princípio da estrita legalidade (art. 150, § 6º, da CF/88 e 97, VI, do CTN).

Justamente porque a concessão de benefícios fiscais de natureza tributária impactam o orçamento, o art.
165, § 6º, da CF/88 prescreve que o projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo

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regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios
e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia.

Adicionalmente e complementarmente ao quanto disposto no art. 165, § 6º, da CF/88, o art. 14 da LRF
também traz um importante regramento sobre a renúncia de receitas:

Lei Complementar nº 101/2000 (LRF): Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou


benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar
acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que
deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes
orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições:
I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de
receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de
resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias;
II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput,
por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da
base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.
§ 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de
isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que
implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que
correspondam a tratamento diferenciado.
§ 2o Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata o caput
deste artigo decorrer da condição contida no inciso II, o benefício só entrará em vigor
quando implementadas as medidas referidas no mencionado inciso.
§ 3o O disposto neste artigo não se aplica:
I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos I, II, IV e V do art. 153 da
Constituição, na forma do seu § 1º;
II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos custos de
cobrança.

4.2 - Responsabilidade na gestão fiscal

De acordo com o caput do art. 11 da LRF (Lei Complementar nº 101/2000), as entidades federativas devem
prever e arrecadar todos os tributos da sua competência constitucional, ou seja, devem prever e arrecadar
todos os tributos que lhe são previstos pela Constituição Federal, sendo que o parágrafo único desse
dispositivo estipula, por sua vez, que é vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que
não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos, vedação essa julgada constitucional pelo
STF (ADI nº 2.238/DF).

5 - Despesa Pública

"Despesa pública" corresponde ao conjunto de gastos efetuados pelo Poder Público para a realização das
suas atividades voltadas à satisfação das necessidades públicas.

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Assim como ocorre em relação à receita, a despesa pública também passa por fases ou etapas, que são: (i)
o empenho, (ii) a liquidação e (iii) o pagamento.

De acordo com o art. 60 da Lei Federal nº 4.320/64, toda despesa deve ser precedida de empenho.
Portanto, atenção: nenhuma despesa, ou seja, nenhum gasto público pode ser realizado se não for feito,
previamente, o respectivo empenho. É absolutamente vedada a realização de qualquer despesa pública
sem prévio empenho.

Contido, a emissão do documento da Nota de Empenho poderá ser dispensada por lei específica da
administração pública em alguns casos especiais, nos termos do art. 60, § 1º, da Lei 4.320/64.

6 – Precatórios e Requisições de Pequeno Valor

Existe, para a Fazenda Pública, um sistema próprio de pagamento de débitos judiciais decorrentes de
sentenças condenatórias transitadas em julgado: é o denominado sistema de precatórios ou o sistema das
Requisições de Pequeno Valor, previstos no art. 100 da CF/88.

6.1 - Requisição de pequeno valor (RPV)

De acordo com o art. 100, § 3º, da CF/88, o regime de precatórios não se aplica aos pagamentos de
obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de
sentença judicial transitada em julgado. Esse regime simplificado e mais rápido de pagamento é chamado
de Requisição de Pequeno Valor (RPV).

O referido dispositivo estipula que as próprias Fazendas Públicas da União, dos Estados-membros, do
Distrito Federal e dos Municípios é quem devem definir em leis suas próprias leis que é "pequeno valor"
para fins de pagamento de uma RPV - Requisição de Pequeno Valor.

Mas, de acordo com o artigo 87 do ADCT, até que cada entidade federativa publique suas próprias leis,
serão considerados de "pequeno valor" os seguintes valores: 40 salários-mínimos no âmbito dos Estados
e do Distrito Federal e 30 salários-mínimos no âmbito dos Municípios.

Pois bem. A definição de pequeno valor para fins de pagamento por meio de uma RPV devida pela União é
dada pela Lei Federal nº 10.259/02, que fixou o valor em 60 salários mínimos.

Mas, para que as Fazendas Públicas não cometam abusos, fixando valores irrisórios, o constituinte
reformador estipulou, no referido § 4º, um "piso" (valor mínimo) que precisa ser observado, mínimo este
que corresponde ao valor do maior benefício do regime geral de previdência social.

O parágrafo único do art. 87 do ADCT traz uma regra interessantíssima, facultando ao exequente a renúncia
ao crédito do valor excedente, para que possa optar pelo pagamento do saldo por meio de RPV.

De acordo com o inciso II do § 3º do art. 535 do CPC, o prazo para a Fazenda Pública pagar uma RPV -
Requisição de Pequeno Valor é de 2 meses contado da entrega da requisição à Fazenda Pública, mediante
depósito na agência de banco oficial mais próxima da residência do exequente.

6.2 - Precatórios

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Quando o valor a ser pago pela Fazenda Pública for superior àquele que pode ser pago por meio de RPV,
então a quitação ocorrerá por meio do regime de precatórios.

De acordo com o disposto no "caput" do artigo 100 da CF/88, os precatórios obedecem a uma ordem
cronológica de pagamentos, de acordo com a ordem de apresentação, salvo em relação aos pagamentos
definidos em lei como de pequeno valor (as RPV's acima estudadas), que são pagas antes do que todos os
precatórios (conforme artigo 100, § 3º, da CF).

Ocorre, porém, que existem regras que disciplinam a ordem de pagamento dentro dessa "fila" geral da
ordem cronológica. De acordo com essas regras, os precatórios dessa "fila" geral podem ser classificados,
por sua vez, em "comuns" ou "alimentares" (sem esquecer que existem, ainda, as RPV's, fora da fila dos
precatórios).

Em resumo, basicamente, de forma simples, de acordo com todas as disposições constantes na CF/88, eis
a ordem de pagamento considerando os precatórios e as Requisições de Pequeno Valor (RPV's):

ORDEM DE PAGAMENTO
1º Requisições de Pequeno Valor (RPV's)
Alimentar superpreferencial (aqueles decorrentes de salários, vencimentos,
proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e
2º indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil,
cujos titulares, originários ou por sucessão hereditária, tenham no mínimo 60
anos de idade, portadores de doença grave ou pessoas com deficiência).
Precatório
Alimentar preferencial (aqueles decorrentes de salários, vencimentos,
proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e

indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil,
dos demais titulares que não se enquadram na situação acima)
5º Comum (não alimentar)

6.5 - Cessão de precatório

De acordo com o art. 100, §§ 13 e 14, da CF/88, o credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos
em precatórios a terceiros, independentemente da concordância do devedor, mas a cessão de precatórios
somente produzirá efeitos após comunicação, por meio de petição protocolizada, ao Tribunal de origem e
ao ente federativo devedor. Assim, para fins de cessão de precatórios:

 1) Não precisa da concordância da Fazenda Pública devedora do precatório;


 2) Mas, muito embora não necessite dessa concordância, produzirá efeitos somente após a
comunicação, por meio de petição devidamente protocolizada, ao Tribunal de origem e também ao
ente federativo devedor; e
 3) Se o precatório cedido não tiver natureza alimentar e se o cessionário (aquele que adquiriu o
direito ao precatório, por meio do ato de cessão) for pessoa com 60 anos de idade ou mais, portador
de doença grave ou com deficiência, nos termos da lei, a esse precatório cedido NÃO SERÃO
atribuídos os privilégios preferenciais previstos na CF/88 para os precatórios alimentares especiais,
uma vez que a cessão não altera a própria natureza do precatório (o precatório já "nasce" ou não
preferencial).

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Pessoal,

Tenho certeza que o conteúdo desta aula contribuirá bastante para a tua aprovação!

Um forte abraço e bons estudos a todos!

Prof. Rodrigo Martins

@professorrodrigomartins

DIREITO ELEITORAL

Introdução
Olá pessoal, tudo bem?!
Este é um resumo pontual e objetivo sobre temas “quentes” em Direito Eleitoral. Tenho certeza que será de
grande utilidade para este momento.
Bons estudos e muita luz nesta reta final de preparação!
Te vejo na 2ª fase!
Prof. Savio Chalita
@savio.chalita

Aula 01

Conceitos

O Direito Eleitoral é o ramo do Direito Público que visa a tutelar e a regular, respectivamente, o direito ao
sufrágio e o exercício da soberania popular. Além disso, organiza e disciplina o processo eleitoral de forma a
concretizar os direitos políticos.
Assim, fundamental observar a relação intrínseca que este ramo possui com a manutenção da democracia
(chamada por alguns autores como “antecedente lógico do Direito Eleitoral”), justamente pelos mecanismos
que proporciona.
➔Direito fundamental, relacionado no Título II da CF (art. 14). Por sua natureza, qualquer privação
deve ser estabeledida de modo claro e específico pelo texto constitucional.
➔Vedada a cassação dos Direitos Políticos. Suspensão e Perda é possível nas hipóteses taxativas do
art. 15, CF.

Para lembrar:

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Nacionalidade: vínculo jurídico mantido pelo indivíduo com relação ao estado. Os critérios
que, se cumpridos, garantirão este vínculo são estabelecidos pelo estado (soberania
nacional).

Cidadania: vínculo político. É estabelecido a partir do alistamento eleitoral junto à justiça


eleitoral. Poderá se alistar nacional (nato, naturalizado e o quase nacional 1). Também é
chamado de “nacional qualificado”. Ou seja, nacional qualificado pelo vínculo político.

Sufrágio
Direito Público subjetivo do indivíduo de participar das decisões do estado. Poderá ser Restrito ou Universal.
➔Restrito: Censitário, capacitário, de gênero, étnico-racial, além de qualquer outra modalidade
restritiva.
➔Universal: visa o alcance universal. Estabele condições mínimas de serem satisfeitas. Adotada pela
CF88.

Fontes do Direito Eleitoral

➔Competência legislativa Privativa da União (art. 22, I e XIII, CF)


➔Vedação de edição de Medidas Provisórias sobre nacionalidade, cidadania, direitos políticos,
partidos políticos, direito eleitoral (art. 62, §1º, I, a, CF)

Fontes Primárias (Diretas):

a) Constituição Federal. Fonte maior do Direito Eleitoral Brasileiro, pois é nela que se funda o processo de
validação jurídica de todas as outras normas, ou seja, é na Constituição Federal que as demais normas
encontram seu pressuposto de validade (dogmática jurídica). Além disso, o Texto Constitucional trata,
especificamente, nos arts. 14 ao 17 e arts. 118 ao 121 sobre matéria ligada ao nosso objeto de estudos.
b) Código Eleitoral (Lei 4.737/1965)
c) Lei das Eleições (Lei 9.504/1997)
d) Lei Orgânica dos Partidos Políticos (LOPP – Lei 9.096/1995)
e) Lei das Inelegibilidades (LC 64/1990) com as alterações trazidas pela Lei da Ficha Limpa (Lei
Complementar 135/2010)

Fontes Secundárias (Indiretas ou Subsidiárias):

a) Resoluções do Tribunal Superior Eleitoral.


Trata-se de ato normativo do órgão Pleno do Tribunal Superior Eleitoral, com competência fixada pelo
parágrafo único do art. 1º e art. 23, ambos do Código Eleitoral, com a limitação do art. 105 da Lei das Eleições.
b) Consultas.
Esta fonte, bastante peculiar, refere-se às consultas a serem direcionadas ao Tribunal Superior Eleitoral,
acerca de matéria eleitoral, sempre em tese (não em caso concreto, pois admitiria a condição de pré-
julgamento da questão duvidosa), a ser formulada por autoridade com jurisdição federal ou por órgão

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nacional de partido político (conforme art. 23, XII, do Código Eleitoral). Importante dizer que as respostas
serão dadas também em tese, não olvidando-se que não possuem caráter vinculante, podendo ou não ter
seu conteúdo confirmado por uma decisão na Justiça Eleitoral. As consultas também poderão ser
direcionadas aos Tribunais Regionais Eleitorais, conforme depreendemos da leitura do art. 30, VIII, do Código
Eleitoral, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, também em tese, por autoridade pública
ou partido político.
c) Jurisprudência
Posição adotada pelos Tribunais poderão ser tomadas como fonte do direito eleitoral, especialmente os
Tribunais Eleitorais, sem excluir os demais órgãos.
d) Código Civil.
De modo geral, quanto a capacidade das pessoas, conceituação de bens públicos, numa leitura conjunta de
dispositivos que venham a exigir complementação.
e) Código de Processo Civil.
Contagem de prazos, diretrizes recursais. Aplicação subsidiária ao processo eleitoral.
f) Código Penal.
Parte Geral do Código Penal, especificamente sobre questões ligadas a tempo e lugar do crime, concurso de
agentes etc.
g) Código de Processo Penal.
Será aplicado subsidiariamente ao processo penal eleitoral, conforme dispõe neste sentido o art. 364 do
Código Eleitoral: “No processo e julgamento dos crimes eleitorais e dos comuns que lhes forem conexos,
assim como nos recursos e na execução, que lhes digam respeito, aplicar-se-á, como lei subsidiária ou
supletiva, o Código de Processo Penal.”.

Princípios de Direito Eleitoral.

Princípio da anualidade eleitoral: também “princípio da anterioridade da lei eleitoral”, “antinomia eleitoral”
ou “conflito de leis no tempo.
O art. 16 da CF consolida o princípio da anualidade ao dispor que “a lei que alterar o processo eleitoral
entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de
sua vigência”. Por este princípio, toda lei que vier a alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de
sua publicação, porém apenas será aplicada ao pleito que correr até um ano após a data de sua vigência.
Segundo o STF, a concepção de lei abrangeria tanto leis infraconstitucionais quanto leis constitucionais
(Emendas Constitucionais). Importante mencionar, também, que este princípio deverá ser observado no
caso de alteração de jurisprudência pelos Tribunais. Trata-se de um direito fundamental do cidadão-eleitor,
cidadão-candidato e dos próprios partidos políticos.
Princípio da vedação da restrição de direitos políticos: não poderá o intérprete da lei estender
interpretação da norma, de maneira a aumentar restrição de direitos políticos ao indivíduo (seja do
candidato ou do eleitor). Diante da dúvida deverá o julgador (juiz ou tribunal) prezar pela não restrição de
direitos políticos.

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Princípio da democracia: 4ª dimensão de direitos fundamentais, juntamente com o direito à informação e
ao pluralismo. A democracia situa-se como princípio insculpido na Constituição Federal de 1988, condição
para os fundamentos estabelecidos no art. 1°, parágrafo único.
A democracia participativa ou semidireta foi adotada pela Constituição vigente em nosso país, sendo
disposta logo no art. 1° da Constituição Federal, em necessária leitura conjunta com o art. 14, CF, trazendo
como instrumentos diretos (o exercício do voto que se dá de forma direta, a lei de iniciativa popular e as
consultas populares através do plebiscito e referendo), e indiretos (através da escolha de representantes,
através do voto).
Princípio da celeridade da justiça eleitoral: o Poder Judiciário tratará com maior prioridade, aos demais
casos, as questões que tratem acerca de matéria eleitoral, com exceção da natural prioridade do habeas
corpus e mandado de segurança. Como reflexo deste princípio na norma eleitoral, podemos destacar o prazo
de 3 dias para a interposição da maioria dos Recursos (art. 258 do Código Eleitoral), o prazo de 24 horas para
recorrer às instâncias superiores no caso de decisão sobre o exercício do direito de resposta (art. 58, § 5º,
da Lei das Eleições), a irrecorribilidade da decisões do Tribunal Superior Eleitoral (observadas as exceções:
art. 121, § 3º, da CF), bem como a preclusão instantânea, salvo matéria de ordem constitucional ou legal de
ordem pública (concluída uma fase, dentre as previstas a um assunto hipotético – registro de candidatura,
propaganda eleitoral, votação etc., não se pode mais impugnar ocorridos pretéritos).
Princípio da moralidade eleitoral: vetor interpretativo e de inspiração indicado no art. 14, §9º, CF.
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua
cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de
mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das
eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo
ou emprego na administração direta ou indireta.

Regime

O Brasil adota a democracia semidireta ou semirepresentativa, isto porque prevê instrumentos de atuação
direta (nos termos da CF) e instrumentos representativos (em maior número), o que se dá por meio de
representantes eleitos.
Instrumetos diretos: Voto, plebiscito, referendo e iniciativa popular.
a) Voto:
Direto: o eleitor vai pessoalmente à sua seção eleitoral, não há intermediários nem é possível que se
outorgue a terceiro a atribuição de manifestar sua vontade (o que, inclusive, comprometeria a características
seguinte). Portanto um ato personalíssimo.
Secreto: historicamente o Brasil enfrentou os famosos “votos de cabresto”. Atualmente, ainda que casos
criminosos sejam identificados, nosso ordenamento prevê o voto secreto, de maneira a preservar a
convicção íntima de cada cidadão. Cabe destacar que por ocasião da Lei 13.165/15, o Congresso Nacional
aprovou a inserção do art. 59-A na Lei das Eleições (Lei 9.504/1997).
O dispositivo criou a obrigação de que no processo de votação eletrônica houvesse uma impressora para
que realizasse o registro físico (impressão) de cada voto, que seria depositado automaticamente após o
eleitor conferir que a impressão corresponderia à sua escolha (não seria possível qualquer contato físico
com o material impresso) em uma urna lacrada, o que possibilitaria futura auditoria dos resultados.
Posteriormente, quando enviado à sanção presidencial, sob a natureza de controle de constitucionalidade

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(controle jurídico) a presidenta da república vetou tal dispositivo sob a alegação de que tal procedimento
permitiria a ocorrência de violação ao sigilo do voto.
Ocorre que o Congresso Nacional, após votação nesse sentido, derrubou o veto presidencial trazendo vigor
à disposição, que deveria ser implantada para a eleição presidencial de 2018. Em razão dos apontamentos
quanto à temerária possibilidade de afronta ao sigilo da votação, a PGR, através da ADI 5889, conseguiu
deferimento de medida liminar que suspendeu a eficácia da norma até decisão final acerca do assunto. Até
a data de fechamento desta edição não houve qualquer modificação desta decisão, sequer perspectiva de
pauta para o julgamento da Ação Direta.
Universal: todos são titulares do sufrágio (direito subjetivo), homens, mulheres, negros, brancos etc., sendo
necessário apenas o preenchimento de requisitos básicos previstos em nosso ordenamento (art. 14, CF).
Esta possibilidade ampla de participação dá origem ao próprio conceito “universal”.
Periódico: as eleições ocorrerão a cada 4 anos, com mandatos eletivos de 8 anos para senador e 4 anos para
todos os demais cargos. Nosso ordenamento autoriza única reeleição para os cargos do Poder Executivo e
não impõe limites aos do Poder Legislativo. No caso dos Senadores, relevante mencionar que embora o
mandato seja de 8 anos, a cada 4 será realizada a renovação da representação de estados e DF de 1/3 e 2/3,
conforme § 2º, art. 46, CF (cada estado possui representação de 3 senadores, no total. Portanto, a
alternância será sempre de 1 ou 2 a cada eleição presidencial).
Obrigatoriedade: atualmente o voto no Brasil é obrigatório (caput, art. 14, CF) muito embora seja certo que
sua obrigatoriedade recai quanto ao comparecimento às urnas e não ao voto em si considerado. Isto porque
é possível que o eleitor “anule” o seu voto como expressão de vontade, de repúdio ou manifestação.
Importante também a consignação que o art. 60, §4º, CF, estabelece as chamadas cláusulas pétreas. Ou seja,
disposições protetivas contidas em nosso texto constitucional que mesmo diante do Poder Constituinte
Derivado Reformador não poderá ser alterado de forma tendente a abolir o que ali o Constituinte relacionou.
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I – a forma federativa de Estado;
II – o voto direto, secreto, universal e periódico;
III – a separação dos Poderes;
IV – os direitos e garantias individuais.

É de importante alerta o destaque feito acima. Dentre as características relacionadas pelo protetivo rígido
constitucional, especificamente quanto ao voto temos que a característica da OBRIGATORIEDADE não é
cláusula pétrea, podendo ser alterada por meio de EC (alteração formal da constituição).
b) Plebiscito e referendo
Plebiscito: é convocado com anterioridade ao ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, aprovar
ou denegar o que tenha sido submetido à consulta (art. 2°, § 1°, da Lei 9.709/1998). Será de observância
obrigatória quando na incorporação, subdivisão, anexação, criação de novos estados e municípios (art. 18
§§ 3º e 4º, CF). Também poderá ser convocado em razão de relevância nacional (art. 3°, Lei 9.709/1998).
Referendo: referendo é a convocação feita posteriormente ao ato legislativo ou administrativo, cabendo ao
povo ratificar ou rejeitar o ato através da consulta (art. 2°, § 2°, da Lei 9.709/1998). Em regra, será uma

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consulta facultativa a ser convocada em caso de relevância nacional (art. 3°, Lei 9709/1998), a menos que
prevista expressamente no texto legislativo.
Como exemplo temos o Estatuto do Desarmamento➔ o art. 35, § 1º, condicionou a entrada em vigor de seu
caput ao resultado de referendo popular. “É proibida a comercialização e arma de fogo e munição em todo
o território nacional, salvo para as entidades previstas no art. 6° desta Lei”.
Assim, com o resultado “NÃO” tendo sido vencedor na consulta, não temos em vigor tal proibição.
Importante observação é que as duas espécies de consultas populares são, na verdade, consultas aos
cidadãos, uma vez que é imprescindível a inscrição eleitoral para poder votar, tanto no plebiscito quanto no
referendo.
E, desta forma, aplicam-se as mesmas regras dispostas no art. 14, § 1°, I e II, da CF: obrigatoriedade do
voto aos maiores de dezoito anos e facultatividade aos analfabetos, maiores de setenta anos e maiores de
dezesseis e menores de dezoito anos.
Na mesma linha de raciocínio é possível verificar que cada eleitor obedecerá a sua zona e sessão eleitoral
(principalmente nos casos em que o plebiscito interessar a Estados determinados – art. 4° da Lei
9.709/1998), os brasileiros residentes no exterior não votam (afinal, a resposta à estas consultas –
Plebiscito e Referendo – são feitas através do exercício de aposição de voto no “SIM” ou “NÃO”) e os que
no exterior estiverem será necessária a justificativa quando do regresso.
➔Quanto ao resultado das consultas (Plebiscito e Referendo): o resultado das duas formas de consulta
vincula o poder público? A resposta, entendemos, deve ser afirmativa. Isso porque estamos diante de
situação onde o titular do poder se manifesta (o povo), sendo que contrariar o que foi decidido só se for por
via idêntica (ou seja, através de outra consulta, na modalidade escolhida anteriormente).
c) Iniciativa popular
Art. 13 da já referida Lei 9.709/1998, como a apresentação de projeto de lei à Câmara dos Deputados,
subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por 5 Estados, com não menos
de 0,3% dos eleitores de cada um deles.
O projeto de lei originário de iniciativa popular deverá “circunscrever-se a um só assunto” (art. 13, § 1°, da
Lei 9.709/1998), não podendo ser rejeitado pela Casa por vício de forma, cabendo ao órgão competente da
Câmara providenciar as correções de eventuais impropriedades técnicas (legislativas ou de redação).
É possível que as Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais tragam previsão, em seus textos legais
(Constituição Estadual e Lei Orgânica, respectivamente), da iniciativa popular referentes às suas
competências.
No Brasil não é possível PEC (Proposta de Emenda Constitucional) de origem por iniciativa popular. Não que
sejamos contra (muito pelo contrário, seria uma forma de garantir que mudanças substanciais pudessem ser
originadas diretamente), mas atualmente não há tal possibilidade em vigor, ainda que amplamente criticado
pela doutrina e jurisprudência.

Instrumentos representativos (direitos Políticos Passivos)


Quanto aos direitos políticos passivos devemos compreender aqueles relacionados à atuação em posição de
quem busca candidatar-se a cargo público eletivo (e não simplesmente no ato de votar). Para candidatar-se
a qualquer cargo o cidadão deverá cumprir com as condições de elegibilidade e não incorrer nas hipóteses
de inelegibilidade (constitucionais ou infraconstitucionais). Além disso, filiado a um partido político

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(considerando que no Brasil não se admite as candidaturas avulsas – art. 11, § 14, Lei das Eleições – e que a
filiação é uma condição de elegibilidade estabelecida) e devidamente escolhido em convenção partidária.
Tudo conforme veremos em sequência.
a) (+) Condições de elegibilidade
-Condições a serem ostentadas (positivas)
Nacionalidade -Art. 12, I e II (nato e naturalizado)
-Nacional equiparado/quase nacional (Tratado da amizade= Português,
residente há 3 anos ininterruptos, reciprocidade, pleno exercício dos direitos
políticos em Portugal.
-O Tratado da Amizade (Decreto 3.927/2001) celebrado entre Brasil e
Portugal, em 22.04.2000 (por ocasião das comemorações de 500 anos do
descobrimento do Brasil), estabelece que ao português residente
ininterruptamente no Brasil por 3 anos, havendo reciprocidade, será
garantido o exercício de direitos políticos (situação que suspenderá a
possibilidade de exercício destes mesmos direitos em seu país de origem).
Pleno -Inexistência de condenação suficiente a resultar na suspensão ou perda dos
exercício dos direitos políticos
direitos -Vedada a cassação de direitos políticos
políticos -Suspensão ou perda (art. 15, CF) só se dará nos casos de:

I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;


II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem
seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
Alistamento -Antecedência: 6 meses antes da eleições
eleitoral
Domicílio -Antecedência: 6 meses antes das eleições
eleitoral -Domicílio eleitoral é mais flexível que o civil (não exige permanência)
Filiação -Vedação à candidatura avulsa
partidária -Vedação à candidatura nata
-Condição instransponível
-Antecedência mínima: 6 meses (salvo se o estatuto partidário estabelecer
tempo superior. Não pode prever tempo inferior a 6 meses) – art. 20, Lei
9096/95.
-O prazo de filiação partidária fixado no estatuto do partido, com vistas à
candidatura a cargos eletivo, não pode ser alterado no ano da eleição.
Idades 35- PR, VP e Senador
mínimas 30- Governados
21- Prefeitos e Deputados
18- Vereador

Obs.: o interessado deve possuir a idade mínima no momento da posse.


Exceto para o cargo de vereador, em que deverá possuir a idade mínima no

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momento da data limite do pedido de registro de candidatura (15.08 do ano
eleitoral).

Atenção!

Não confundir condições de elegibilidade com condições para o exercício do cargo. As


condições de elegibilidade deverão ser cumpridas por aqueles que intentam concorrer em
um pleito eleitoral. Ou seja, somente poderão ser exigidas quando para este claro
propósito, o que é aferido nos autos de um pedido de registro de candidatura (RCan).

Por outro lado, as condições de cargo devem ser observadas em qualquer situação de sua ocupação, seja via
eleição ou mesmo através da linha de substituição, que no caso de presidente da república está indicada no
art. 80, CF.

b) (-) Inelegibilidades
➔Hipóteses constitucionais
a) Inalistáveis: o art. 14, § 2º, da Constituição Federal dispõe que são inalistáveis os estrangeiros e, durante
o período do serviço militar obrigatório, os conscritos. Pode-se, ainda, considerar inalistáveis os que tiveram
seus direitos políticos perdidos ou suspensos. O inalistável não preenche todas condições de elegibilidade
(art. 14, § 3º, III, da CF) e, consequentemente, é naturalmente inelegível.
b) Analfabetos (art. 14, § 4º, da CF): Não há um critério unânime para se determinar o que é um “analfabeto”.
Mas são considerados “analfabetos” aqueles que não dominam a escrita e a compreensão de textos, ainda
que singelos, em seu próprio idioma. De outro lado, o domínio em algum grau justifica o status de
alfabetizado ou semialfabetizado. Para fins eleitorais, pouca instrução não pode ser considerada como
analfabetismo.
Observação importante: a condição de analfabeto pode ser, logicamente, provisória, uma vez que o
indivíduo pode vir a ser alfabetizado, afastando esta hipótese de inelegibilidade.
c) Inelegibilidade reflexa, relativa ou por vínculo de parentesco: a Constituição Federal também dispõe que
“são inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o
segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito
Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já
titular de mandato eletivo e candidato à reeleição” (§ 7º do art. 14 da CF).

➔Cônjuge e Companheiros (União Estável): Compreende-se por cônjuge também o


companheiro/convivente na constância da União Estável (registrada ou reconhecida
judicialmente), incluindo também os casais de mesmo sexo, não havendo qualquer
distinção.
➔Súmula Vinculante 18: A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do
mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal.

➔Parentes Consanguíneos e Afins ou por Adoção até o 2º Grau: Parentes consanguíneos até o 2º grau de
um cidadão compreendem os seus os avós, pais, irmãos, filhos (não havendo distinção entre adotivos e não

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adotivos) e netos. Parentes por afinidade até o 2º grau de um cidadão compreendem o sogro, sogra, sogro-
avô, sogra-avó, genro, nora, genro-neto, nora-neta, cunhado e cunhada.
d) Elegibilidade dos Militares (art. 14, §8, CF): Militares alistáveis x inalistáveis
Militares com menos de 10 anos de serviço: Deverá afastar-se da carreira, deixando de integrar os quadros
efetivos das Forças Armadas.
Militares com mais de 10 anos de serviço: Será agregado pela autoridade superior. Se eleito, passará, no
ato da diplomação, à inatividade (reserva). Se não eleito, retornará às atividades originais.
e) Limite à recondução ao cargo de chefia do Executivo: por fim, destacamos especial atenção aos §§ 5º e
6º do art. 14 da CF que, nitidamente, tratam de estabelecer a possibilidade de uma única recondução ao
cargo de chefe do Executivo, não limitando aos ocupantes de cargos legislativos, e trazendo a ideia do que
conceituamos como desincompatibilização.
Vejamos:

i) Os chefes do Executivo, para concorrerem a outros cargos, devem renunciar aos seus mandatos até 6
meses antes do pleito.
ii) Os chefes do Executivo, concorrendo à reeleição (mesmo cargo), não precisam renunciar aos seus
mandatos por falta de previsão legal, muito embora seja incoerente à lógica de se tutelar a lisura das
eleições, uma vez que a previsão de desincompatibilização até 6 meses anteriores ao pleito intenta evitar o
abuso do poder em razão de função frente a chefia do Executivo.

Importante: Titular e Vice são cargos diferentes, no entanto, quem ocupar o cargo de TITULAR por dois
mandatos consecutivos ficará impedido de candidatar-se a VICE, consecutivamente, pois haveria a
possibilidade de se tornar TITULAR nas hipóteses de Substituição (caráter temporário, ex: titular em viagem,
enfermo etc.) e Sucessão (caráter definitivo, ex: morte do titular).
“Aquele que ocupar o cargo de Vice por 2 mandatos consecutivos poderá candidatar-se a
Titular em uma terceira eleição consecutiva, desde que não tenha substituído o Titular nos
6 meses anteriores ao pleito” (TSE, REsp 19.939/SP).
Importante: As inelegibilidades constitucionais não precluem, podendo ser arguidas tanto na impugnação
de candidatura (AIRC – Ação de Impugnação ao Registro de Candidatura) quanto no recurso contra
expedição de diploma (RCED – Recurso Contra a Expedição do Diploma).

Hipóteses infraconstitucionais/legais de inelegibilidade


São aquelas previstas na LC 64/1990 e visam proteger a probidade administrativa, a moralidade no exercício
do mandato, considerando a vida pregressa do candidato, e a normalidade das eleições contra a influência

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do poder econômico ou o abuso do exercício de função ou emprego na administração direta ou indireta,
como bem estabelece a norma constitucional de eficácia limitada contida no § 9º do art. 14 da CF1.

Inelegibilidades infraconstitucionais absolutas e relativas:

Inelegibilidades absolutas
Poderão ser arguidas por qualquer candidato, partido político, coligação, e pelo Ministério Público Eleitoral.
São elas:
a) Perda de mandato legislativo (art. 1º, I, “b”, da LC 64/1990)
b) Perda de mandato executivo (art. 1º, I, “c”, da LC 64/1990)
c) Renúncia ao mandato eletivo (art. 1º, I, “k”, da LC 64/1990)
d) Abuso de poder econômico e político (art. 1º, I, “d”, da LC 64/1990)
e) Abuso de poder político (art. 1º, I, “h”, da LC 64/1990)
f) Abuso de poder: corrupção eleitoral, captação ilícita de sufrágio, captação ou gasto ilícito de recursos em
campanha, conduta vedada a agente público (art. 1º, I, “j”, da LC 64/1990)
g) Condenação criminal (art. 1º, I, “e”, da LC 64/1990)
h) Rejeição de contas (art. 1º, l, “g”, da LC 64/1990)
i) Cargo ou função em instituição financeira em liquidação judicial/extrajudicial (art. 1º, l, “i”, da LC 64/1990)
j) Improbidade administrativa (art. 1º, I, “l”, da LC 64/1990)
k) Exclusão do exercício profissional (art. 1º, I, “m”, da LC 64/1990)
l) Simulação conjugal (art. 1º, I, “n”, da LC 64/1990)
m) Demissão do serviço público (art. 1º, I, “o”, da LC 64/1990)
n) Doação ilegal (art. 1º, I, “p”, da LC 64/1990)
o) Aposentadoria compulsória e perda de cargo: Magistrados e Membros do MP (art. 1º, I, “q”, da LC
64/1990)

Inelegibilidades Relativas
a) Para Presidente e Vice-Presidente da República
É necessário a desincompatibilização de agentes públicos e membros de certas categorias que intentem
candidatar-se aos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República (v. art. 1º, II, da LC 64/1990).

1
. Art. 14, § 9º CF: “Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade
administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições
contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta”.

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b) Demais cargos: Governador e Vice; Prefeito e Vice; Senador; Deputado Federal e Estadual; Vereador
Aplica-se, no que couber, as regras para o cargo de Presidente e Vice-Presidente da República, por
identidade de situações (art. 1º, III ao VII, da LC 64/1990).
c) Casos específicos
A LC 64/1990 enumera ainda casos específicos nos quais é necessário a descompatibilização a depender do
cargo a que se pretende, abaixo os 3 principais:
• Magistrados: Afastamento definitivo (exoneração ou aposentadoria) 6 meses antes do pleito;
• Membro do MP: Ingressantes na carreira antes da EC 45/2004 não necessitam afastar-se
definitivamente; ingressantes na carreira após a referida EC deverão afastar-se definitivamente;
Res. TSE 22.045/2005: “A proibição do exercício de atividade político-partidária ao membro
do Ministério Público tem aplicação imediata e linear, apanhando todos aqueles que o
integram, pouco importando a data do ingresso”;
Posição Contrária: TSE REsp 26.768/SP e Res. TSE 22.717/2008.

Importante: Acerca da arguição de inelegibilidade, a competência será absoluta da Justiça


Eleitoral em suas 3 instâncias, a ser definida pelo tipo de eleição (federal, estadual ou
municipal), e dar-se-ão nas seguintes formas:

Inelegibilidade infraconstitucional: Ação de Impugnação de Registro de Candidatura – AIRC (prazo


preclusivo), podendo resultar em negação ou cassação do Registro do Candidato. As inelegibilidades
infraconstitucionais devem ser arguidas na ocasião do registro de candidatura, sob pena de preclusão (TSE,
AgRg em AgIn 3.328/MG; REsp 19.985/SP).
Inelegibilidade constitucional: Recurso contra Expedição do Diploma – RCED, podendo resultar na cassação
do diploma ou perda de mandato eletivo. Não precluem, podendo ser arguidas tanto na impugnação de
candidatura quanto no recurso contra expedição de diploma.

Desincompatibilização

A desincompatibilização é o ato pelo qual o candidato afasta a situação que o torna inelegível em razão de
alguma hipótese legal, como as previstas na LC 64/90. Pode compreender o afastamento de determinado
cargo (por renúncia ou exoneração – cargos do Executivo) ou mesmo licenciamento (agentes
administrativos, membros do Ministério Público).

Para Presidente/Vice, Governador/Vice

3 meses Servidores públicos em geral/


empregado público
4 meses Cargos ou funções em:
a) Entidade de classe (CRO,
CORECON, CRM, etc)
b) Sindical
6 meses Regra geral

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-Ministro de Estado
-Secretários Nacionais e de Estado

Para Prefeito/Vice

3 meses Servidores públicos em geral/


empregado público
4 meses Autoridade policial (civil ou militar), MP,
Defensoria, Entidades de classe
4 meses Para as hipóteses de 6 meses para
Presidente e Governador

Para Vereador

6 meses Nas situações de 4 meses para Prefeito


3 meses Servidores públicos em geral/
empregado público

Outros casos especiais


Auditor fiscal - 4 meses (Prefeito)
- 3 meses (Vereador)
Cargo em comissão 3 meses (Prefeito/ Vereador)
Diretor de escola 3 meses (Prefeito/ Vereador)
Presidente ou dirigente sindical 4 meses (Prefeito/ Vereador)
Atenção: Carto de Ministro/ Secretário ➔ 6 meses

Súmula TSE 5: Serventuário de cartório, celetista, não se inclui na exigência do art. 1º, II, l,
da LC nº 64/1990.

Partidos políticos

Art. 17, CF: Liberdade de criação, fusão, incorporação e extinção; Autonomia para
estabelecer estrutura interna, regras de escolha de candidatos e coligações.
Natureza jurídica: pessoa jurídica de direito privado
Registro (art. 7 e 8 da Lei 9096/95 + art. 17, CF):
i) Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas (aquisição de personalidade)
-Apoiamento mínimo de 101 cidadãos, com domicílio em pelo menos 1/3 dos estados da federação
ii) TSE

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-Apoiamento de cidadãos não filiados a outros partidos. Deve ser obedecido um critério mínimo: 0,5% do
eleitorado nacional, distribuído em 1/3 dos estados, mínimo de 0,1% em cada estado.
➔ Para participar das eleições o partido deve estar registrado com antecedencia mínima de 6 meses antes
das eleições (inclusive para poder viabilizar a filiação partidária, que exige essa antecedência mínima) - art.
4º, Lei 9504/97 (Lei 13.488/2017).
Cláusula de desempenho/ de barreira
O partido político, após registrado junto ao Cartório de Pessoas Jurídicas (Personalidade Jurídica) e junto à
Justiça eleitoral, deverá cumprir com a cláusula de desempenho para que possa ter acesso ao FUNDO
PARTIDÁRIO e ao DIREITO DE ANTENA (acesso ao tempo gratuito de TV e rádio).
Desempenho mínimo:
a) Obter 3% dos votos válidos para a Câmara dos deputados, divididos em pelo menos 1/3 dos estados. Cada um
dos estados deve apresentar votação equivalente a 2% dos votos válidos correspondentes (ou seja, um critério
praticamente impossível de ser cumprido pelos chamados “partidos nanicos”, que anteriormente se
beneficiavam pela inexistência do critério de desempenho).
b) Alternativamente, ao invés de cumular com os critérios acima, a Constituição também possibilita que o
partido possa comprovar a eleição de 15 deputados federais, distribuídos em pelo menos 1/3 dos estados, sem
necessidade de um subcritério interiormente aos estados (como verificamos no primeiro item).
➔Importante mencionar que esta cláusula de desempenho indicada é a que constou formalmente inserida
no dispositivo do art. 17, § 3º, CF. Este destaque é pertinente à medida que tal critério apenas será, de fato,
obedecido, a contar de 2030.
Explico: A EC 97/2017 trouxe um escalonamento relativamente a este critério de “desempenho”, como
forma de garantir às agremiações políticas a possibilidade de ajustarem-se ao longo dos processos de escolha
de candidatos.
Este escalonamento, tratado no art. 3º, EC 97/2017, pode ser assim compilado:
Art. 3º
(...)
Parágrafo único. Terão acesso aos recursos do fundo partidário e à propaganda
gratuita no rádio e na televisão os partidos políticos que:
I – na legislatura a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no
seguinte às mínimo, 1,5% (um e meio por cento) dos votos válidos,
eleições de 2018: distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
Federação, com um mínimo de 1% (um por cento) dos votos
válidos em cada uma delas; ou

b) tiverem elegido pelo menos nove Deputados Federais


distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
Federação;
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no
II – na legislatura mínimo, 2% (dois por cento) dos votos válidos, distribuídos em
seguinte às pelo menos um terço das unidades da Federação, com um
eleições de 2022: mínimo de 1% (um por cento) dos votos válidos em cada uma
delas; ou

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b) tiverem elegido pelo menos onze Deputados Federais
distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
Federação;
III – na legislatura a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no
seguinte às mínimo, 2,5% (dois e meio por cento) dos votos válidos,
eleições de 2026: distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
Federação, com um mínimo de 1,5% (um e meio por cento) dos
votos válidos em cada uma delas; ou

b) tiverem elegido pelo menos treze Deputados Federais


distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
Federação.
➔E se o Partido não atingir a cláusula de desempenho mínimo: o eleito poderá trocar de Partido sem que
isso characterize infidelidade partidária. Esta troca não afetará a contabilização para fins de distribuição de
recursos.
Coligações Partidárias
As coligações partidárias são expressão de alianças realizados entre partidos políticos como forma de melhor
se organizarem e se apresentarem diante dos pleitos eleitorais específicos. Após a EC 97/2017, apenas será
possível formar coligações para cargos do sistema majoritário (chefes de executivo e senador federal).
Federações Partidárias
Dois ou mais partidos políticos poderão reunir-se em federação, a qual, após sua constituição e respectivo
registro perante o Tribunal Superior Eleitoral, atuará como se fosse uma única agremiação partidária (no
entanto, internamente, não perderão a sua autonomia).
➔Somente partidos com registro definitivo no TSE poderão compor uma federação
➔Prazo mínimo de 4 anos de duração (sob pena de vedação de ingressar em outra federação, de realizar
coligação nas duas eleições seguintes, até completar o prazo mínimo remanescente para o computo de 4
anos).
➔Poderá ser constituída até a data final do período da realização das convenções partidárias (20.07 a 05.08
do ano eleitoral).
➔A federação tem abrangência nacional (Atenção! Na coligação existe a não obrigatoriedade de
verticalização. Ou seja, em cada esfera – federal, estadual, local/municipal- poderá existir uma formação. Na
federação teremos o efeito em âmbito nacional).
➔Em caso de desligamento de um ou mais partido, mantendo-se ao menos 2, a federação continuará em
funcionamento até a eleição seguinte.
Convenção Partidária
Convenção partidária é a ocasião em que a agremiação se reune para definir a formação de coligações, bem
como escolha de candidatos que irão concorrer aos cargos públicos eletivos.
➔Deverá ocorrer entre o dia 20.07 a 05.08 do ano eleitoral

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➔As normas para a escolha e substituição dos candidatos, bem como para a formação das coligações, serão
estabelecidas no estatuto do partido político. Em caso de omissão, caberá ao órgão de direção nacional
estabelecer as normas relativas a estes critérios de escolha e formação.
➔Se a convenção partidária de nível inferior se opuser, na deliberação sobre coligações, às diretrizes
legitimamente estabelecidas pelo órgão de direção nacional, nos termos do respectivo estatuto, poderá esse
órgão anular a deliberação e os atos dela decorrentes.
ATENÇÃO: não é admitida a figura da candidatura nata (§1º, art. 8, Lei 9504/97 – ADI 2530-
9) nem a candidatura avulsa (cidadão não filiado ou, se filiado, não escolhido em
convenção).
Fidelidade Partidária
➔As regras deverão ser estabelecidas pelo Estatuto do Partido político. No entanto, existem disposições no
art. 22-A, Lei 9096/95, EC 91/2016 (janela partidária), Resolução TSE 22610/2007.
➔ Inflidelidade partidária poderá resultar em perda de mandato caso o cargo seja de provimento através
do sistema proporcional (deputado federal, estadual e vereador). Para os cargos majoritários, não afeta
(Súmula TSE 67).
➔Hipóteses de justa causa para a troca de partido (sem resultar em perda de mandato)

Sistemas Eleitorais

Majoritário
No sistema majoritário considera-se vencedor do pleito eleitoral aquele candidato que obtiver maioria dos
votos. No caso de eleições que se resolvam em apenas um turno (Senadores e Prefeitos em Municípios com
menos de 200 mil eleitores), será necessário que o vencedor possua a maioria simples dos votos, ou seja,
que o vencedor possua a maioria dos votos, ainda que os candidatos vencidos, juntos, possuam votação
superior ao vencedor.
Nas eleições para Prefeito em cidades que possuam mais de 200 mil eleitores, ou nas eleições para
Governador (de Estado ou do Distrito Federal) e Presidente da República, será adotado o sistema majoritário
de maioria absoluta, situação onde observamos a necessidade de apuração de 50%+1 de todos os votos
válidos em favor de um candidato para que seja então definido o vencedor da eleição.
Caso não seja atingido o valor necessário para definição de vencedor, será realizada nova eleição (2° turno) no
último domingo do mês de outubro, onde constarão nas urnas os dois candidatos mais bem votados em
primeiro turno. Será considerado vencedor, então, aquele que obtiver maioria simples dos votos válidos (arts.
29, II e 77 da CF e arts. 2° e 3° da Lei 9.504/1997).
Proporcional
Pelo sistema PROPORCIONAL, a ser adotado nas eleições para os cargos de Vereador, Deputado Estadual,
Deputado Distrital e Deputado Federal, não encontraremos a mesma sistemática das maiorias (simples ou
absoluta), mas sim regras específicas trazidas pelos arts. 105 a 113 do Código Eleitoral.
Podemos classificar 4 passos para que cheguemos até os vencedores de um pleito no sistema proporcional.
Abaixo, exemplificaremos com informações fictícias as eleições no sistema proporcional (Vereadores) do
Município de Lorena/SP, minha amada cidade natal.
1º Passo: Votos Válidos

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O primeiro passo é verificar qual o número de votos válidos obtidos na eleição analisada. Para isso,
devemos ter em mãos o número total de votos subtraindo deste valor os votos nulos e brancos.

2º Passo: Quociente Eleitoral


Segundo passo a ser tomado é descobrir o quociente eleitoral, que é obtido a partir da divisão dos
votos válidos pelo número de cadeiras a serem ocupadas pelos vereadores.

Ex.: Município de Lorena/SP, tem 17 cadeiras, o que geraria a seguinte fórmula e consequente
resultado. Para exemplo, será indicado o número de 27.300 votos válidos:

Quociente Eleitoral = (votos válidos) / (nº de cadeiras)


Quociente Eleitoral = 27.300 / 17
Quociente Eleitoral = 1.605,88 = 1.606*
*Observação: de acordo com o que dispõe o art. 106 do Código Eleitoral, despreza-se a fração, se igual
ou inferior a 0,5 (cinco décimos), ou arredonda-se para 1,0, se superior. Por esta razão, no exemplo, o
quociente eleitoral será de 1606.

3º Passo: Quociente Partidário


O terceiro passo é a determinação do QUOCIENTE PARTIDÁRIO, o qual será obtido através da
divisão realizada entre o total da votação alcançada por cada partido (votos nominais + votos de legenda)
e o quociente eleitoral (lembrando que a EC 97/2017 extinguiu as coligações para fins de eleições em
que o sistema de apuração seja o proporcional).

Abaixo, tabela exemplificativa:


Partidos Votos totais Quociente Quociente
(Nominais + Eleitoral (1.606) Partidário*
Legenda)
Partido A 12.000 12.000 / 1.606 7,47= 7
Partido B 7.300 7.300 / 1.606 4,54= 4
Partido C 4.500 4.500 / 1.606 2,8= 2
Partido D 3.500 3.500 / 1.606 2,17= 2

Observação: o art. 107 do Código Eleitoral determina que a fração deverá ser desprezada, não havendo a
regra do arredondamento, como ocorre na obtenção do quociente eleitoral.
O art. 108 do Código Eleitoral dispõe que estarão eleitos, entre os candidatos registrados por um partido
que tenham obtido votos em número igual ou superior a 10% (dez por cento) do quociente eleitoral, tantos
quantos o respectivo quociente partidário indicar, na ordem da votação nominal que cada um tenha
recebido.

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Ou seja, no nosso exemplo, podemos identificar 15 eleitos nesta apuração inicial, sendo que os candidatos
mais votados, nominalmente (uma espécie de apuração majoritária dentro do sistema proporcional, por
assim dizer), serão considerados eleitos dentre o número de cadeiras indicadas pelo quociente partidário.
Observemos melhor na tabela abaixo:

Candidatos do Partido A Votos Quociente Situação


nominais Eleitoral
(1.606)
10% QE =
16,06
José 1.805 ELEITO
Maria 1.660 ELEITO
Antônio 1.750 ELEITO
Carlos 1.740 ELEITO
Marina 1.630 ELEITO
João 1.620 ELEITO
Aparecida 1.610 ELEITO
Bruno 90 Suplente
Fábio 80 Suplente
Edson 15 Suplente*
(não alcançou os
10% do
quociente
eleitoral)
Pelo dispositivo em vigor, art. 108 do Código Eleitoral, temos que os sete candidatos José, Maria, Antônio,
Carlos, Marina, João e Aparecida foram eleitos nesta primeira apuração. Visto que 7 (sete) é o número
relativo ao quociente partidário, tendo todos alcançado pelo menos a “barreira” referente ao atingimento
de 10% do quociente eleitoral obtido pelas apurações indicadas.
Bruno e Fábio alcançaram a condição de suplentes, visto que atingiram a barreira dos 10%, mas, no entanto,
não constaram como os sete candidatos mais bem votados do partido/coligação. Na impossibilidade de
permanência no mandato (por qualquer que seja a razão) assumirão na ordem de suas votações nominais.

Atenção!

Já quanto a Edson, este não avançou a barreira dos 10%, portanto, consta como não eleito.
No entanto, conforme parágrafo único do art. 112 do Código Eleitoral, não existindo mais
suplentes a ocupar cadeiras vagas (após a diplomação e posse dos eleitos) poderá ser
chamado a assumir o cargo vago, mesmo que não tenha alcançado a barreira dos 10%. Não
se trata de uma exceção a barreira na análise dos eleitos, mas tão somente no caso em que
este candidato, no caso Edson, seja chamado a ocupar cargo vago por candidatos mais
votados do partido.

Esta análise de candidatos eleitos foi feita tendo-se por base o partido que obteve o maior número de votos
somados. Por razões de objetividade não demonstraremos todas as apurações fictícias. Não obstante, cabe

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perceber que no total das apurações iniciais, 15 candidatos foram eleitos, além de seus respectivos
suplentes. Considerando que o total de cadeiras do município de Lorena/SP, como dito inicialmente, é de
17, ainda restam lugares a serem distribuídos entre os candidatos, ou seja, as chamadas sobras eleitorais.
Avancemos ao próximo passo.
4º Passo: Sobras Eleitorais (apuração da Maior Média – MM)
Analisando a tabela acima é possível constatar que o quociente partidário determina o número de cadeiras
a serem ocupadas por cada partido, além de estabelecer uma votação mínima, que chamamos de barreira,
equivalente a 10% do quociente eleitoral estabelecido pelos cálculos indicados.
Pelo que apresentamos até agora a Câmara de Lorena/SP manteria, ainda, 2 cadeiras vagas, já que 15 foram
ocupadas pela primeira análise, dentre as 17 existentes.
O art. 109 do Código Eleitoral dispõe sobre as sobras eleitorais, tendo sido alterado pela Lei 13.165/2015 e,
recentemente, pela Lei 13.488/2017.
Pelo regramento alterado em 2015, eis o procedimento de apuração das sobras:
a) deverá ser feita a divisão do número de votos válidos de cada partido (total de votos – nulos e brancos)
pelo número total de lugares definidos para o partido (valor do quociente partidário), somando-se 1 (um
número inteiro).
b) o partido que obtiver a maior média terá direito a um dos lugares de “sobra”. Em análise do art. 109, com
as alterações indicadas é possível notar que aqui também é imposta a obrigatoriedade de que o candidato
tenha obtido votos suficientes a atingir a barreira dos 10% do quociente eleitoral, como já dito.

Registro de Candidatura

a. Convenção Partidária: deverá ser realizada entre os dias 20.07 a 05.08 do ano eleitoral. Ocasião em
que são escolhidos os candidatos, bem como a formação de coligações.
b. RCan
Requerimento é apresentado pelo Partido Político através do sistema CANDEX. Cada partido poderá
registrar candidatos para as casas legislativas no total de até 100% do número de lugares a preencher + 1
(Art. 10, Lei Eleições).
Após a distribuição do RCan, é publicada a relação de pedidos.
➔Prazo de 2 dias para que o interessado requeira seu próprio RCan (em caso de omissão do Partido).
➔Prazo de 5 dias para que sejam apresentadas as impugnações por candidatos, Partido Poplítico, Coligação,
Federação ou MP (o que será feito através de um AIRCan).
➔O que pode ser alegado: não cumprimento das condições de elegibilidade, incorrência em hipótese de
inelegibilidade, outros vícios no processo de registro.
➔Após o prazo, haverá preclusão quanto aos temas possíveis de serem aventados nesta ocasião, com
exceção das mateérias de ordem constitucional (que ainda poderão ser arguidas em sede de RCED).

➔Substituição de candidato

Art. 13. É facultado ao partido ou coligação substituir candidato que for considerado
inelegível, renunciar ou falecer após o termo final do prazo do registro ou, ainda, tiver seu
registro indeferido ou cancelado.

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§ 3o Tanto nas eleições majoritárias como nas proporcionais, a substituição só se efetivará
se o novo pedido for apresentado até 20 (vinte) dias antes do pleito, exceto em caso de
falecimento de candidato, quando a substituição poderá ser efetivada após esse prazo.

Eleições

➔NO DIA DAS ELEIÇÕES


-PERMITIDA manifestação individual e silenciosa
-PERMITIDO o uso de bandeiras, broches, dísticos e adesivos (vedação aos fiscais de partido e componentes
da mesa)
-PROIBIDO aglomerações, até o término do horário de votação, de pessoas com vestuário padronizado ou
manifestações coletivas (com ou sem veículos).
-PROIBIDO aos servidores da Justiça Eleitoral, aos mesários e aos escrutinadores o uso de vestuário ou objeto
que contenha qualquer propaganda de partido político, de coligação ou de candidato

➔APURAÇÃO
-Competência exclusiva da Justiça Eleitoral:
TSE – Eleições presidenciais
TRE – Eleições estaduais
Juntas Eleitorais – Eleições Municipais
-A apuração inicia-se tão sejam encerrados os trabalhos
-Com a totalização dos votos: proclamação dos eleitos

➔DIPLOMAÇÃO
-É o último ato do processo eleitoral
-Competência da Justiça Eleitoral (mesmo raciocínio da apuração das eleições)
-Estará habilitado a tomar posse aquele diplomado pela Justiça Eleitoral.
-A contar da data de diplomação, inicia-se o prazo para a impugnação de mandato eletivo (AIME) e Recurso
contra a expedição de diploma (RCED)

AIRCAN

-É no pedido de RCAN que as condições de elegibilidade devem estar satisfeitas e as hipóteses de


inelegibilidade devem ser verificadas.

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-A AIRCAN (AIRC) visa impedir o registro de candidatura do pré candidato escolhido em convenção e que
não preencha os requisitos necessários (constitucionalmente estabelecidos).
Fundamento legal: art. 3° ao 14, LC 64/90
Finalidade: impugnar os pedidos de registro de candidaturas em razão de não preenchimento dos requisitos
para pleitear determinado cargo eletivo (existência de inelegibilidade, por exemplo).
Prazo: 5 dias a contar da publicação dos pedidos de registros.
-Prazo decadencial, improrrogável.
-Preclusão não alcançará as matérias constitucionais (que poderão ser arguidas através do RCD – Recurso
Contra a Expedição de Diplomação).

Decisão
Pedido de Registro Recurso ao TRE
(3 dias após
(até 15.08, às 19h) (3 dias)
diligências)

Alegações finais (5 Recurso ao TSE


Publicação do Edital
dias) (3 dias)

Impugnação via
Recurso ao STF
AIRC – 7 dias para defesa
(3 dias)
5 dias

Legitimação: qualquer candidato, partido político ou o Ministério Público (5 dias).


Atuação do candidato impede atuação do MP?
-Não!
Limitação de atuação do membro do MP?
-que nos último 4 anos tenha disputado cargo eletivo, integrado diretório de partido ou exercido atividade
político-partidária..

Cidadão pode realizar impugnação ao registro de candidatura?

-Não é legitimado

-TSE possui o entendimento de que o cidadão pode noticiar causa de inelegibilidade ao juiz eleitoral (art. 38
da Resolução nº 23.221/2010 do TSE).

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-Testemunhas: máximo de 6

-Prazo de contestação (ao impugnado): 7 dias

-Alegações finais: 5 dias.

-Todos os prazos da AIRC são peremptórios e contínuos

-Todos os prazos correm em secretaria ou cartório e, a partir da data do encerramento do prazo para registro
de candidatos (até as 19 horas do 15.08 do ano da eleição), não se suspendem aos sábados, domingos e
feriados

RECURSO CONTRA A EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA (RCED)

Art. 262. O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos casos de
inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e de falta de condição de
elegibilidade.
c. Distribuição territorial

Circunscrição Eleitoral – É cada ente da federação ao qual todo o procedimento eleitoral, comportado pelos
limites políticos, estará vinculado.

Zona Eleitoral – Toda circunscrição é dividida em zonas eleitorais, as quais poderão abranger um ou mais
municípios. Também é possível que em um mesmo município exista mais de uma zona eleitoral.

Seção Eleitoral – Dentro de cada zona eleitoral haverá seções eleitorais, que serão subdivisões funcionais,
onde efetivamente serão coletados os votos.

➔Importante mecanismo de fiscalização é concedido aos partidos que poderão nomear dois delegados
(por partido ou coligação) para cada zona eleitoral (no caso de municípios com mais de uma zona eleitoral,
poderão ser nomeados dois delegados para cada zona) e dois fiscais para cada seção eleitoral (art. 131 do
CE). Os fiscais e delegados não poderão ser escolhidos entre aqueles que, nomeados por juiz eleitoral,
façam parte da mesa receptadora da sessão, nem entre as pessoas menores de 18 anos.

Transporte no dia das eleições (zonas rurais)

-Lei 6091/74

AIJE

Ação que visa garantir a não interferência pelo Poder Econômico, abuso de poder e uso indevido dos meios
de comunicação.
-LC 64/90 (art. 22)

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➔ Poderá ser proposta até a data da diplomação (durante o processo eleitoral)
➔O objetivo é apurar o abuso de poder ecônomico ou político e o uso indevido dos meios de comunicação
➔ A procedência da ação: declarará a inelegibilidade do representado e daqueles que participaram do ato.
AIME
-Art. 14, §10, CF
➔Poderá ser proposta até 15 dias após a diplomação
➔Tem como objetivo impedir que o candidato que tenha obtido o mandato por meio de abuso de poder
economico, corrupção ou fraude, permaneça no cargo.
➔ A ação tramitará em segredo de justiça (mas o julgamento é público).
➔A procedência da ação poderá declarar a inelegibilidade, cassar o registro ou diploma.

RCED
-Art. 262, CE
➔Poderá ser interposto no prazo de 3 dias após o último dia limite para a diplomação.
➔Cabimento:
Inelegibilidade superveniente (ocorrida até 15.08 do ano eleitoral)
Inelegibilidade constitucional
Falta de condição de condição de elegibilidade

Justiça Eleitoral.
➔Justiça especializada, conforme art. 92, V, CF
➔Possui funções típicas e atípicas, dentre elas: judicial, administrativa/executiva, normativa/regulamentar,
consultiva.
➔ Órgãos da Justiça eleitoral:
TSE
-Composição 7 membros, sendo:
3 ➔ STF (1 exercerá a presidência, 1 a vice presidência) – eleito pelo voto secreto
2 ➔ STJ (1 exercerá a função de Corregedor Geral Eleitoral) – eleito pelo voto secreto
2 ➔ Advogados (+10 anos, notório saber jurídico, idoneidade moral)- stf organizará uma lista tríplice. O
presidente da república escolherá um (nomeação pelo PR).
-Não haverá sabatina pelo Senado ou qualquer outra casa.

Atenção:
-Exceção à incompatibilidade do art. 28, II, EOAB

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-Exceção à vedação do inciso V, parágrafo único, art. 95, CF
-Advogados poderão exercer a atividade profissional da advocacia, exceto em âmbito da Justiça Eleitoral.
-Não se trata do “quinto constitucional” (art. 94, CF, dispõe que 1/5 das vasgas dos TRFs e Tribunais Estaduais
serão compostos por membros do MP e advogados).
-TSE não possui competência penal originária, diferentemente dos TREs, que processarão e julgarão crimes
eleitorais cometidos por juízes eleitorais.

Competência criminal (crimes eleitorais):

Ministros TSE – julgamento pelo STF

Membros do TREs e Governadores (E/DF)- julgamento pelo STJ

➔ Irrecorribilidade das decisões do TSE, exceto as denegatórias de HC e MS (Recurso Ordinário) e as que


contrariarem a CF (Recurso Extraordinário). Em ambas as situações, o prazo para interposição do recurso é
de 3 dias.
-Súmula STF, 728
-Art. 281, CE

Outras competências do TSE: art. 23, CE

Art. 23 - Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior,

I - elaborar o seu regimento interno;

II - organizar a sua Secretaria e a Corregedoria Geral, propondo ao Congresso Nacional


a criação ou extinção dos cargos administrativos e a fixação dos respectivos vencimentos,
provendo-os na forma da lei;

III - conceder aos seus membros licença e férias assim como afastamento do exercício
dos cargos efetivos;

IV - aprovar o afastamento do exercício dos cargos efetivos dos juizes dos Tribunais
Regionais Eleitorais;

V - propor a criação de Tribunal Regional na sede de qualquer dos Territórios;

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VI - propor ao Poder Legislativo o aumento do número dos juizes de qualquer Tribunal
Eleitoral, indicando a forma desse aumento;

VII - fixar as datas para as eleições de Presidente e Vice-Presidente da República,


senadores e deputados federais, quando não o tiverem sido por lei:

VIII - aprovar a divisão dos Estados em zonas eleitorais ou a criação de novas zonas;

IX - expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste Código;

X - fixar a diária do Corregedor Geral, dos Corregedores Regionais e auxiliares em


diligência fora da sede;

XI - enviar ao Presidente da República a lista tríplice organizada pelos Tribunais de


Justiça nos termos do ar. 25;

XII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por
autoridade com jurisdição, federal ou órgão nacional de partido político;

XIII - autorizar a contagem dos votos pelas mesas receptoras nos Estados em que essa
providência for solicitada pelo Tribunal Regional respectivo;

XIV - requisitar a força federal necessária ao cumprimento da lei, de suas próprias


decisões ou das decisões dos Tribunais Regionais que o solicitarem, e para garantir a
votação e a apuração; (Redação dada pela Lei nº 4.961, de 1966)

XV - organizar e divulgar a Súmula de sua jurisprudência;

XVI - requisitar funcionários da União e do Distrito Federal quando o exigir o acúmulo


ocasional do serviço de sua Secretaria;

XVII - publicar um boletim eleitoral;

XVIII - tomar quaisquer outras providências que julgar convenientes à execução da


legislação eleitoral.

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Art. 23-A. A competência normativa regulamentar prevista no parágrafo único do art.
1º e no inciso IX do caput do art. 23 deste Código restringe-se a matérias especificamente
autorizadas em lei, sendo vedado ao Tribunal Superior Eleitoral tratar de matéria relativa
à organização dos partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 14.211, de 2021)

a) TREs

-Haverá um por estado (embora seja indicado como “regional”)


-Composto por 7 membro, sendo:
2➔ desembargadores do TJ (1 será presidente, outro vice + corregedor)
2➔ juízes de direito
1➔ desembargador federal (se sede for na capital) ou juiz federal – TRF escolhe
2➔ advogados (TJ indica 6. Presidente escolhe 2)
-Não haverá sabatina pela Assembleia ou qualquer casa.
-Não há regra específica sobre quem funcionará como CGE. A maioria dos TREs indica que será cumulado
com a função de vice presidente do tribunal regional respectivo. No entanto, poderá ser exercido por
qualquer membro do TRE. Fica a cargo de cada TRE dispor em seu RI.

➔ Decisões proferidas pelo TRE: possibilidade recursal indicada no art. 121, §4º, CF

§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando:

I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei;

II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais;

III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou


estaduais;

IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais;

V - denegarem habeas corpus , mandado de segurança, habeas data ou mandado de


injunção.

Outras competências dos TREs: art. 29, CE

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Art. 29. Compete aos Tribunais Regionais:

I - processar e julgar originariamente:

a) o registro e o cancelamento do registro dos diretórios estaduais e municipais de


partidos políticos, bem como de candidatos a Governador, Vice-Governadores, e membro
do Congresso Nacional e das Assembléias Legislativas;

b) os conflitos de jurisdição entre juizes eleitorais do respectivo Estado;

c) a suspeição ou impedimentos aos seus membros ao Procurador Regional e aos


funcionários da sua Secretaria assim como aos juizes e escrivães eleitorais;

d) os crimes eleitorais cometidos pelos juizes eleitorais;

e) o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, contra ato de


autoridades que respondam perante os Tribunais de Justiça por crime de responsabilidade
e, em grau de recurso, os denegados ou concedidos pelos juizes eleitorais; ou, ainda, o
habeas corpus quando houver perigo de se consumar a violência antes que o juiz
competente possa prover sobre a impetração;

f) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto
a sua contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos;

g) os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos pelos juizes eleitorais em


trinta dias da sua conclusão para julgamento, formulados por partido candidato Ministério
Público ou parte legitimamente interessada sem prejuízo das sanções decorrentes do
excesso de prazo. (Redação dada pela Lei nº 4.961, de 1966)

II - julgar os recursos interpostos:

a) dos atos e das decisões proferidas pelos juizes e juntas eleitorais.

b) das decisões dos juizes eleitorais que concederem ou denegarem habeas corpus ou
mandado de segurança.

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Parágrafo único. As decisões dos Tribunais Regionais são irrecorríveis, salvo nos casos
do Art. 276

b) Juízes Eleitorais

➔Responsáveis pelas zonas eleitorais (uma zona eleitoral pode alcançar mais de um municípío ou parte de
um município)
➔O TRE respectivo designará o juiz eleitoral para atuação por 2 anos, admitida uma recondução. Se for o
único juiz, poderá atuar por prazo indeterminado.
➔Não poderá funcionar como juiz eleitoral: cônjuge, parente consanguíneo ou afim até o 2º grau de
candidato(a).

Competências: art. 35, CE.

Art. 35. Compete aos juizes:

I - cumprir e fazer cumprir as decisões e determinações do Tribunal Superior e do


Regional;

II - processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos,


ressalvada a competência originária do Tribunal Superior e dos Tribunais Regionais;

III - decidir habeas corpus e mandado de segurança, em matéria eleitoral, desde que
essa competência não esteja atribuída privativamente a instância superior.

IV - fazer as diligências que julgar necessárias a ordem e presteza do serviço eleitoral;

V - tomar conhecimento das reclamações que lhe forem feitas verbalmente ou por
escrito, reduzindo-as a termo, e determinando as providências que cada caso exigir;

VI - indicar, para aprovação do Tribunal Regional, a serventia de justiça que deve ter o
anexo da escrivania eleitoral;

VII - (Revogado pela Lei nº 8.868, de 1994)

VIII - dirigir os processos eleitorais e determinar a inscrição e a exclusão de eleitores;

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IX- expedir títulos eleitorais e conceder transferência de eleitor;

X - dividir a zona em seções eleitorais;

XI mandar organizar, em ordem alfabética, relação dos eleitores de cada seção, para
remessa a mesa receptora, juntamente com a pasta das folhas individuais de votação;

XII - ordenar o registro e cassação do registro dos candidatos aos cargos eletivos
municiais e comunicá-los ao Tribunal Regional;

XIII - designar, até 60 (sessenta) dias antes das eleições os locais das seções;

XIV - nomear, 60 (sessenta) dias antes da eleição, em audiência pública anunciada com
pelo menos 5 (cinco) dias de antecedência, os membros das mesas receptoras;

XV - instruir os membros das mesas receptoras sobre as suas funções;

XVI - providenciar para a solução das ocorrências que se verificarem nas mesas
receptoras;

XVII - tomar todas as providências ao seu alcance para evitar os atos viciosos das
eleições;

XVIII -fornecer aos que não votaram por motivo justificado e aos não alistados, por
dispensados do alistamento, um certificado que os isente das sanções legais;

XIX - comunicar, até às 12 horas do dia seguinte a realização da eleição, ao Tribunal


Regional e aos delegados de partidos credenciados, o número de eleitores que votarem
em cada uma das seções da zona sob sua jurisdição, bem como o total de votantes da zona.

➔ Poder de polícia dos juízes eleitorais: art. 35, XIII, CE + art. 41, §1º, Lei das Eleições.

§ 1o O poder de polícia sobre a propaganda eleitoral será exercido pelos juízes eleitorais
e pelos juízes designados pelos Tribunais Regionais Eleitorais. (Incluído pela Lei nº
12.034, de 2009)
c) Juntas Eleitorais

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➔3 ou 5 membro (1 juiz + 2 ou 4 cidadãos)
-cidadãos de reputação ilibada (presunção de idoneidade)
-nomes serão publicados 10 dias antes da nomeação, possibilitando impugnação por petição
fundamentada (no prazo de 3 dias).
➔Nomeação deverá ocorrer até 60 dias antes das eleições
 TRE aprova e nomeia os membros
 Será presidida, necessariamente, por um juiz (juiz de direito ou juiz eleitoral – que é um juiz de direito
também).

Competências: arts. 36 ao 41, CE.

Art. 36. Compor-se-ão as juntas eleitorais de um juiz de direito, que será o presidente, e de
2 (dois) ou 4 (quatro) cidadãos de notória idoneidade.
§ 1º Os membros das juntas eleitorais serão nomeados 60 (sessenta) dia antes da eleição,
depois de aprovação do Tribunal Regional, pelo presidente deste, a quem cumpre também
designar-lhes a sede.
2º Até 10 (dez) dias antes da nomeação os nomes das pessoas indicadas para compor as
juntas serão publicados no órgão oficial do Estado, podendo qualquer partido, no prazo de
3 (três) dias, em petição fundamentada, impugnar as indicações.

§ 3º Não podem ser nomeados membros das Juntas, escrutinadores ou auxiliares:


I - os candidatos e seus parentes, ainda que por afinidade, até o segundo grau, inclusive, e
bem assim o cônjuge;
II - os membros de diretorias de partidos políticos devidamente registrados e cujos nomes
tenham sido oficialmente publicados;
III - as autoridades e agentes policiais, bem como os funcionários no desempenho de cargos
de confiança do Executivo;
IV - os que pertencerem ao serviço eleitoral.

Art. 37. Poderão ser organizadas tantas Juntas quantas permitir o número de juizes de
direito que gozem das garantias do Art. 95 da Constituição, mesmo que não sejam juizes
eleitorais.
Parágrafo único. Nas zonas em que houver de ser organizada mais de uma Junta, ou
quando estiver vago o cargo de juiz eleitoral ou estiver este impedido, o presidente do
Tribunal Regional, com a aprovação deste, designará juizes de direito da mesma ou de
outras comarcas, para presidirem as juntas eleitorais.

Art. 38. Ao presidente da Junta é facultado nomear, dentre cidadãos de notória


idoneidade, escrutinadores e auxiliares em número capaz de atender a boa marcha dos
trabalhos.
§ 1º É obrigatória essa nomeação sempre que houver mais de dez urnas a apurar.

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§ 2º Na hipótese do desdobramento da Junta em Turmas, o respectivo presidente nomeará
um escrutinador para servir como secretário em cada turma.
§ 3º Além dos secretários a que se refere o parágrafo anterior, será designado pelo
presidente da Junta um escrutinador para secretário-geral competindo-lhe;
I - lavrar as atas;
II - tomar por termo ou protocolar os recursos, neles funcionando como escrivão;
III - totalizar os votos apurados.
Art. 39. Até 30 (trinta) dias antes da eleição o presidente da Junta comunicará ao
Presidente do Tribunal Regional as nomeações que houver feito e divulgará a composição
do órgão por edital publicado ou afixado, podendo qualquer partido oferecer impugnação
motivada no prazo de 3 (três) dias.
Art. 40. Compete à Junta Eleitoral;
I - apurar, no prazo de 10 (dez) dias, as eleições realizadas nas zonas eleitorais sob a sua
jurisdição.
II - resolver as impugnações e demais incidentes verificados durante os trabalhos da
contagem e da apuração;
III - expedir os boletins de apuração mencionados no Art. 178;
IV - expedir diploma aos eleitos para cargos municipais.
Parágrafo único. Nos municípios onde houver mais de uma junta eleitoral a expedição dos
diplomas será feita pelo que for presidida pelo juiz eleitoral mais antigo, à qual as demais
enviarão os documentos da eleição.
Art. 41. Nas zonas eleitorais em que for autorizada a contagem prévia dos votos pelas
mesas receptoras, compete à Junta Eleitoral tomar as providências mencionadas no Art.
195.

Ministério Público Eleitoral.

-Atribuição do MPF com designação do MPEstadual, em primeira instância (princípio da delegação e


cooperação).
-Função essencial à justiça (Art. 127, CF)

Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional


do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis.

➔Art. 18, CE
➔Art. 24, CE
➔LC 75/93
➔Lei 8625/93 (art. 10, IX, h; art. 32, III)

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d. Composição.
PGR ➔ PGE (TSE)
PRE ➔ Procurador da República designado pelo PGE (2 anos) – (TRE)
Promotor Eleitoral ➔ Atuação pelo promotor de justiça (delegação e cooperação) (Juiz eleitoral e junta
eleitoral)

Principais atribuições:
a) Fiscalizar o exercício da propaganda política
b) Ajuizar AJE, AIME, AIRCan, RCED, Representações
c) Promover ação penal eleitoral
d) Impugnar atuação de mesário, fiscal ou delegado de partido
e) Fiscalizar a entrega das urnas de votação
f) Fiscalizar a instalação da junta eleitoral
g) Acompanhar a apuração dos votos
h) Fiscalizar a expedição dos diplomas eleitorais
Impedimento (EC 45/04)
➔aos que exercerem atividade político-partidária, ficam impedidos de
exercerem as funções eleitorais do Ministério Público desde a filiação ao partido político até dois anos do
seu cancelamento (art. 80 da Lc nº 75/93)
➔Os que ingressaram após a EC 45 não poderão exercer atividade político-partidária (deverão pedir
exoneração dos cargos, caso pretendam)
➔Art. 29, §3º, ADCT

→Resolução CNPM 05/2006

e. Eleições municipais extraordinárias e Emenda Constitucional 107/20


➔EC n. 107/2020
-Prorrogação das eleições
-Pandemia
-Art. 16, CF não foi desconsiderado. Fato que atingiu a todos de forma equivalente. Não houve abalo à
igualdade de chances entre os candidatos.

f. Nulidade de votos e convocação de novas eleições


Tema costumeiramente mal interpretado e que, há tempos, temos tentado esclarecer nos escritos e redes
sociais. Os arts. 219 ao 224 do Código Eleitoral estabelece disposições acerca da nulidade das votações. A
primeira grande confusão que se verifica é considerar sinônimas as expressões votos nulos e nulidade dos
votos.
No primeiro caso estamos diante da opção do eleitor em anular o seu voto. Isto, pois, a obrigatoriedade do
voto, imposto pelo art. 14 da CF, tem relação com o comparecimento às urnas, e não propriamente ao
conteúdo material do voto. Assim, é possível que o voto seja anulado, por exemplo, votando em siglas
inexistentes. Este é o voto nulo.
No segundo caso temos a nulidade do voto ou da votação. Não se trata mais uma vez do conteúdo material
do voto, mas verdadeiramente da aplicação da teoria de Pontes de Mirando quanto aos atos jurídicos. Um

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ato apenas será eficaz (produzirá efeitos) se satisfeitos os chamados degraus da escada de Pontes de
Miranda (Teoria Ponteana, ou Teoria das escadas de Pontes de Miranda).

A primeira análise a ser feita é se o ato é existente. Se negativo, sequer avançamos nos degraus sequentes.
Por outro lado, se existente, avançamos para a análise de validade. Por sua vez, cumpridas exigências legais
para tanto, avançamos a ponto de verificar sua eficácia. De maneira superficial e objetiva é esta a ideia
tratada pela citada Teoria.
Por outro lado, cabe análise da Teoria adotada no Brasil quanto a questões envolvendo a não validade de
atos, qual seja, a Teoria da Nulidade. Por esta teoria, o ato inválido é um ato nulo, natimorto, írrito. Ou seja,
incapaz de produzir efeitos, devendo ser visto incapaz de produzir efeitos desde sua constatação de
existência (primeiro degrau).
Esta é classificação que se atribui à nulidade de votos, pois aqui consideramos todos aqueles votos fruto de
um ato inválido, ou seja, votos exercidos por meio de fraude, de alistamentos/transferências de domicílios
eleitorais fraudulentos etc.
Os arts. 221 e 222 do Código Eleitoral cuidam de tratar de situações compreendidas como aptas a anular a
votação (tal como o extravio de documentos essenciais, quando negado o direito de fiscalização, voto sem
as cautelas de identificação do eleitor, do art. 147 do Código Eleitoral, votação viciada de falsidade, fraude,
coação ou meios de que trata o art. 237 ou emprego de processo de propaganda ou captação de sufrágio
vedado por lei).
Assim, a nulidade da votação poderá ser decretada de ofício pela Junta Eleitoral (que é órgão da Justiça
Eleitoral) ou em momento posterior, nos termos do art. 223 do Código Eleitoral.
O art. 224, em seu caput, assevera que se a nulidade decretada (de ofício) ou reconhecida (posterior)
alcançar mais da metade dos votos (qualquer que seja o pleito), serão julgadas prejudicadas as demais
votações e será designada nova eleição no prazo de 20 a 40 dias a contar de tal fato (decretação ou
reconhecimento).
Portanto, não se trata de nova eleição no caso em que se observe mais da metade dos votos nulos, mas sim
de votação nula, com as distinções já apresentadas.
A alteração que verificamos neste ponto é quanto à inclusão dos §§ 3º e 4º ao art. 224:
§ 3º A decisão da Justiça Eleitoral que importe o indeferimento do registro, a cassação do
diploma ou a perda do mandato de candidato eleito em pleito majoritário acarreta, após o
trânsito em julgado, a realização de novas eleições, independentemente do número de
votos anulados.
§ 4º A eleição a que se refere o § 3º correrá a expensas da Justiça Eleitoral e será:
I – indireta, se a vacância do cargo ocorrer a menos de seis meses do final do mandato;

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II – direta, nos demais casos.” (NR)
No primeiro caso, imaginemos a situação hipotética em que um Presidente da República é eleito pelo voto
majoritário da população. Posteriormente, após vários indícios que se comprovaram com o transcorrer do
processo eleitoral, foi constatada nulidade da votação obtida por este candidato eleito ao cargo mais alto da
nação, acarretando na cassação de seu diploma.
Pela nova redação, independentemente se os votos anulados correspondam à mais da metade dos votos,
ante a consequência que a nulidade da votação trouxe (a cassação do diploma, ou do registro, se antes da
diplomação), deverão ser convocadas novas eleições.
Quanto ao § 4º, uma questão que gerará discussões:
Dispõe o referido parágrafo que, no caso de novas eleições, estas se darão de forma indireta, se a vacância
do cargo se der nos últimos 6 meses de mandato, e direta, se nos demais casos. Trata-se do chamado
mandato tampão, em que é necessária a convocação das eleições evitando-se manter substitutos legais
(Presidente da Câmara, do Senado e do STF), que apenas assumem temporariamente, nos termos do art. 80
da CF.
Ocorre que a Constituição Federal, art. 81, § 1º, estabelece outro regramento, qual seja, que no caso de
vacância no cargo de Presidente e Vice-Presidente da República, novas eleições diretas serão convocadas
em 90 dias a contar da abertura da última vaga (do Vice). Na situação onde a vacância se der na segunda
metade do mandato, estas eleições serão convocadas em 30 dias, e serão realizadas de maneira indireta,
pelo Congresso Nacional.
Pelo princípio da simetria, mesmo que a questão esteja estabelecida para o cargo de Presidente e Vice-
Presidente da República, se aplicará aos demais Chefes do Executivo.
O § 3º, art. 224, Código Eleitoral, menciona que a questão de convocação de novas eleições estaria adstrita
às eleições majoritárias, ou seja, eleição de cargos cujo sistema de apuração de votos se dá pela técnica
majoritária (o mais votado nominalmente).
Neste sistema temos a figura dos Chefes de Executivos (Prefeitos, Governadores e Presidentes, com seus
respectivos Vices) e os Senadores da República. Não há qualquer menção ao que se denomina “dupla
vacância”, ou seja, a vacância do titular e vice, mas tão somente, quanto aos cargos majoritários e a
convocação de novas eleições.
A Constituição Federal quando trata da hipótese de vacância trata expressamente desta dupla ocorrência,
de modo que é preciso verificar como “vago” tanto o cargo de Presidente quanto de seu Vice (quando o Vice
assume e, posteriormente, também deixa vago o cargo, seja por morte, cassação ou impedimento).
Reside aqui a primeira grande distinção. O Código Eleitoral trata de cargos majoritários, mas não da dupla
vacância. A Constituição Federal é específica quanto aos cargos de Presidente e Vice (e aos demais cargos
de chefia do Executivo em razão do já aventado princípio da simetria), no entanto é enfática na dupla
vacância de cargos (vide art. 80, Constituição Federal).
Desta forma, não há sentido invocar o princípio da especialidade da norma fazendo-se aplicar o Código
Eleitoral em detrimento da Constituição Federal, uma vez que esta última criou um verdadeiro regime
próprio de sucessão presidencial ante a ocorrência da já citada dupla vacância, não deixando azo a dúvidas
ou demanda de complemento quanto ao que intentou.
O legislador infraconstitucional (Lei 13.165/2015) trouxe uma nova sistemática, simplesmente
desconsiderando a vontade do Constituinte.

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PROPAGANDA POLÍTICA

Propaganda Política: diferentemente da propaganda de cunho mercadológico, possui o intento de interferir


na decisão de ideário político. É regulamentada por legislação e veiculada gratuitamente na Rádio e
Televisão.
Divide-se em:
a) Propaganda Eleitoral: realizada em momento pré-eleitoral (durante o processo eleitoral), após o dia 15
de agosto do ano eleitoral, com vistas a angariar maior número de votos. Regulamentada pela Lei
9.504/1997 (Lei das Eleições) e Resoluções do TSE acerca de cada eleição;
b) Propaganda Partidária: realizada fora de período pré-eleitoral, visa difundir e divulgar os ideais da
agremiação política com o intuito de atrair mais militantes e simpatizantes. É regulamentada pela Lei
9.096/1995 (Lei dos Partidos Políticos). Importante destacar que foi extinta pela Lei 13.487/2017. Posterior-
mente, reinserida pela Lei 14.291/2022, através dos novos artigos 50-A ao 50-E, todos da Lei 9.096/95 em
como objetivo a difusão dos programas partidários, ideologia da agremiação, posicionamentos etc. A propa-
ganda somente é gratuita ao partido, vez que as emissoras de rádio e televisão possuem direito à
compensação fiscal pela cessão do “horário gratuito”;
c) Propaganda Intrapartidária: É aquela realizada antes da convenção partidária (situação onde escolhe-se
os candidatos que irão concorrer às eleições). O art. 36, § 1º, da Lei 9.504/1997 dispõe que a Propa-ganda
Intrapartidária é permitida nos 15 dias que antecedem a convenção, vedado o uso de rádio, televisão e
outdoor;
d) Propaganda Institucional: Aquela realizada pela Administração, divulgando de maneira honesta, verídica
e objetiva seus atos e feitos, sendo o objetivo INFORMAR A POPULAÇÃO. Deve ser custeada com recursos
públicos. Destaca-se que é proibida a propaganda institucional nos 3 meses que antecedem o pleito, salvo
em caso de grave e urgente necessidade pública, assim reconhecida pela Justiça Eleitoral;
A reforma de 2015, como já destacado, tinha um intento declarado que era a redução dos custos da cam-
panha eleitoral. Uma das atuações neste sentido foi o encurtamento do período permitido para a realização
das campanhas. Atualmente dois prazos devemos nos atentar:
Prazo limite para o pedido de registro de Candi-datura Prazo em que é permitida a campanha eleitoral
Até o dia 15 de agosto do ano eleitoral Após o dia 15 de agosto do ano eleitoral (ou seja, do dia 16 em
diante)
Pontos importantes:
• indicação do vice
A indicação dos vices (cargos de Presidente, Governador e Prefeito) e do suplente (no caso do Senador)
deverá obedecer a uma indicação clara e legível, em tamanho nunca inferior a 30% do nome do titular.
• propaganda antecipada:
Não será considerada propaganda antecipada, desde que não envolvam pedido explícito de voto (é
permitido o pedido de “apoio político” e a divulgação da pré-candidatura, das ações políticas desenvolvidas
e das que se pretende desenvolver), a menção à pretensa candidatura, a exaltação das qualidades pessoais
dos pré-candidatos e os seguintes atos, que poderão ter cobertura dos meios de comunicação social,
inclusive via internet (art. 36-A, Lei das Eleições):

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I – a participação de filiados a partidos políticos ou de pré-candidatos em entrevistas,
programas, encontros ou debates no rádio, na televisão e na internet, inclusive com a
exposição de plataformas e projetos políticos, observado pelas emissoras de rádio e de
televisão o dever de conferir tratamento isonômico;
II – a realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente fechado e a
expensas dos partidos políticos, para tratar da organização dos processos eleitorais,
discussão de políticas públicas, planos de governo ou alianças partidárias visando às
eleições, podendo tais atividades ser divulgadas pelos instrumentos de comunicação
intrapartidária;
III – a realização de prévias partidárias e a respectiva distribuição de material informativo,
a divulgação dos nomes dos filiados que participarão da disputa e a realização de debates
entre os pré-candidatos;
IV – a divulgação de atos de parlamentares e debates legislativos, desde que não se faça
pedido de votos;
V – a divulgação de posicionamento pessoal sobre questões políticas, inclusive nas redes
sociais;
VI – a realização, a expensas de partido político, de reuniões de iniciativa da sociedade civil,
de veículo ou meio de comunicação ou do próprio partido, em qualquer localidade, para
divulgar ideias, objetivos e propostas partidárias.
VII - campanha de arrecadação prévia de recursos na modalidade prevista no inciso IV do
§ 4o do art. 23 desta Lei (crowdfunding, que será tratada abaixo).
➔É vedada a transmissão ao vivo por emissoras de rádio e de televisão das prévias partidárias, sem prejuízo
da cobertura dos meios de comunicação social, onde podemos incluir todas as formas de divulgação pela
internet.
➔Impulsionamento de conteúdo na internet
É permitido o impulsionamento de conteúdo político-eleitoral, desde que não haja pedido explícito de votos
e que seja respeitada a moderação de gastos. Neste caso, o impulsionamento somente será possível nas
redes sociais cadastradas na Justiça Eleitoral, sendo que a contratação poderá ocorrer através dos partidos
políticos, candidatos, federações e coligações partidárias.
Na modalidade de impulsionamento, é vedada a propagação de propaganda negativa. Também, é vedado o
disparo massivo de mensagens, utilização de robôs ou de impulsionamento ou ferramentas digitais não
disponibilizadas pelo próprio provedor (mesmo que gratuitas).
c) uso de bonecos em bens públicos, de uso público, condicionados a autorização ou licença de uso
O art. 37 da Lei 9.504/1997 sofreu sensível alteração, incluindo o uso de bonecos no rol das proibições
quando no uso de bens que dependa de cessão ou permissão do poder público ou que a ele pertença, e
ainda, nos bens de uso comum.
d) propaganda eleitoral em bens particulares
O § 2º, art. 37, reafirmou que a propaganda eleitoral em bens particulares independe de licença municipal
ou autorização da justiça eleitoral, no entanto, torna obrigatório que seja feita em adesivo ou papel e que

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não exceda a 0,5 m² (meio metro quadrado), e não contrarie a legislação eleitoral em outros pontos,
submetendo o infrator às multas tratadas no § 1º, art. 37 (multa de R$ 2.000,00 a R$ 8.000,00).
e) conceito de carro de som e os veículos de tração animal
No art. 39 podemos perceber atuação legislativa com o intuito de combater a má-fé e imaginação dos en-
volvidos em campanhas eleitorais, visto que teve como escopo situações que vinham sendo observadas na
prática, a cada pleito eleitoral.
A legislação permite a utilização de carros de som, criando limitações e algumas proibições (utilização de trio
elétrico, exceto para sonorização de comícios).

FINANCIAMENTO DE CAMPANHAS ELEITORAIS

O financiamento de campanhas eleitorais é composto por fontes pública (direito de antena – horário gratuito
na TV e no rádio, Fundo Especial de Financiamento de Campanha e Fundo Partidário), bem como por fonte
privada (apenas pessoas naturais – vedado o financiamento por pessoas jurídicas). Esclareceremos os
principais pontos:

Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC)

A Lei 13.487/2017 e a Lei 13488/2017 criaram o chamado fundo especial de financiamento de campanha
(FEFC) como forma de possibilitar o custeio das campanhas eleitorais. A inserção legislativa restou prevista
nos artigos 16-C e 16-D da Lei 9.504/97. O FEFC é constituído por dotações orçamentárias da União.
O art. 16-D dispõe sobre os critérios que seguirá a distribuição deste fundo, que de modo objetivo pode ser
compreendido na seguinte proporção:
2% divididos igualitariamente entre todos os partidos com estatutos registrados
no Tribunal Superior Eleitoral
35% divididos entre os partidos que tenham pelo menos um representante na
Câmara dos Deputados, na proporção do percentual de votos por eles
obtidos na última eleição geral para a Câmara dos Deputados
48% divididos entre os partidos, na proporção do número de representantes na
Câmara dos Deputados, consideradas as legendas dos titulares
15% divididos entre os partidos, na proporção do número de representantes no
Senado Federal, consideradas as legendas dos titulares.

Para que o candidato tenha acesso aos recursos do FEFC é necessário que realize requerimento por escrito
ao órgão de seu partido. Os recursos provenientes do Fundo Especial de Financiamento de Campanha que
não forem utilizados nas campanhas eleitorais deverão ser devolvidos ao Tesouro Nacional, integralmente,
no momento da apresentação da respectiva prestação de contas.
Por outro lado, os partidos podem comunicar ao Tribunal Superior Eleitoral até o 1º (primeiro) dia útil do
mês de junho a renúncia ao FEFC, vedada a redistribuição desses recursos aos demais partidos.

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CROWDFUNDING COMO FORMA DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS PARA CAMPANHA
ELEITORAL

O §3o, art. 22-A, Lei das Eleições, estabelece que desde o dia 15 de maio do ano eleitoral é facultado aos
pré-candidatos a realização de arrecadação prévia de recursos para suas futuras campanhas eleitorais. Trata-
se das chamadas “vaquinhas virtuais” ou “crowdfunding, realizada através de sites especializados, com
plataformas que atendam aos seguintes requisitos (art. 23, §4º, IV, Lei 9504/97):
a) cadastro prévio na Justiça Eleitoral, que estabelecerá regulamentação para prestação de contas,
fiscalização instantânea das doações, contas intermediárias, se houver, e repasses aos candidatos;
b) identificação obrigatória, com o nome completo e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas
(CPF) de cada um dos doadores e das quantias doadas;
c) disponibilização em sítio eletrônico de lista com identificação dos doadores e das respectivas quantias
doadas, a ser atualizada instantaneamente a cada nova doação;
d) emissão obrigatória de recibo para o doador, relativo a cada doação realizada, sob a responsabilidade da
entidade arrecadadora, com envio imediato para a Justiça Eleitoral e para o candidato de todas as
informações relativas à doação
e) ampla ciência a candidatos e eleitores acerca das taxas administrativas a serem cobradas pela realização
do serviço;
f) não incidência em quaisquer das hipóteses listadas no art. 24 desta Lei;
g) observância do calendário eleitoral, especialmente no que diz respeito ao início do período de arrecadação
financeira, nos termos dispostos no § 2º do art. 22-A desta Lei;
h) observância dos dispositivos desta Lei relacionados à propaganda na internet;
Os valores obtidos através desta modalidade, no caso de não ser efetivado o registro da candidatura, serão
devolvidos individualmente aos doadores através da própria entidade arrecadadora.
Prestação de contas
As prestações de contas dos candidatos concorrentes às eleições majoritárias (Presidente e vice, Governador
e Vice, Prefeito e vice, Senador) serão feitas pelos próprios candidatos, devendo ser acompanhada por
extratos das contas bancárias (já vimos que estas são obrigatórias apenas nas localidades onde existam
agências ou postos de atendimento bancário) e relação de cheques recebidos, com suas descriminações.
A prestação de contas dos candidatos concorrentes às eleições proporcionais (Deputado estadual, federal e
distrital e vereadores) será feita pelos próprios candidatos, em modelo próprio anexo à Lei das Eleições (a
lei traz um modelo de prestação de contas anexo a ela).
Deverão ainda, os candidatos, partidos políticos e coligações, divulgar em sítio da Justiça Eleitoral (link
específico com acesso ao sistema da Justiça Eleitoral):
a) os recursos em dinheiro recebidos para financiamento de sua campanha eleitoral, em até 72 (setenta e
duas) horas de seu recebimento;
b) no dia 15 de setembro, relatório discriminando as transferências do Fundo Partidário, os recursos em
dinheiro e os estimáveis em dinheiro recebidos, bem como os gastos realizados.
Tais informações deverão ser acompanhadas das indicações de nomes e CPF dos doadores respectivos.

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Gastos em campanha e sua contabilização

Nesse ponto, algumas alterações que obedecem à demanda real de muitas campanhas que vinham
colecionando problemas formais nas prestações de contas. Vejamos em pontualidade:
a) Os gastos com passagens aéreas efetuados durante as campanhas poderão ser comprovados através das
faturas ou duplicatas emitidas por agência de viagem, quando for o caso, desde que informados os
beneficiários, as datas e os itinerários, vedada a exigência de apresentação de qualquer outro documento
para esse fim.
b) A Justiça Eleitoral adotará sistema simplificado de prestação de contas para candidatos que apresentarem
movimentação financeira correspondente a, no máximo, R$ 20.000,00 (vinte mil reais), atualizados
monetariamente, a cada eleição, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC da Fundação Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE ou por índice que o substituir.
Ou seja, o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) deverá ser atualizado a cada nova eleição.
Pelo sistema simplificado, impõe-se tão somente a indicação das seguintes informações:
a – identificação das doações recebidas, com os nomes, o CPF ou CNPJ dos doadores e os respectivos valores
recebidos;
b – identificação das despesas realizadas, com os nomes e o CPF ou CNPJ dos fornecedores de material e dos
prestadores dos serviços realizados;
c – registro das eventuais sobras ou dívidas de campanha.

Importante: nas eleições para Prefeito e Vereador de Municípios com menos de 50 mil
eleitores, a prestação de contas será feita sempre pelo sistema simplificado.

As contas deverão ser julgadas e publicadas em até 3 dias antes da diplomação. Na situação de
irregularidades na prestação de contas, será possível que a Justiça Eleitoral requisite informações e
determine diligências para complementação dos dados faltantes/conflitantes para que as falhas sejam
sanadas.

Despesas com Contador e Advogados


Os gastos com honorários de advogado e contabilidade (consultoria e assessoria) relacionados à prestação
de serviços em campanhas eleitorais, não estão sujeitos a limites de gastos (ou limites que possam impor
dificuldade ao exercício da ampla defesa), no entanto, deverão ser contabilizados.

FILOSOFIA DO DIREITO

Introdução
Olá, pessoal.

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Este e-book de Direito Empresarial foi elaborado para facilitar a sua preparação para o Exame de Ordem.
Nosso objetivo é simplificar e destacar os principais tópicos que você precisa dominar.
Então, bora juntos.
Desejamos a você bons estudos e muito sucesso!
Prof.º Alessandro Sanchez
@profalessandrosanchez

Aula 01

Espécies de Justiça

Justiça Social

O indivíduo deve colaborar para o bem da sociedade (solidariedade)

Justiça Distributiva

A sociedade deve aplicar recursos para melhorar a vida dos desfavorecidos.

Justiça Comutativa

A justiça nas relações interpessoais (dar a cada um o que lhe é devido)

Interpretação

Quanto ao AGENTE Quanto à NATUREZA Quanto ao RESULTADO

+ Autêntica ou Legislativa + Gramatical ou Literal + Ampliativa ou Extensiva


+ Jurisprudencial + Lógica ou Racional + Declarativa
+ Doutrinária + Sistemática + Restritiva ou Limitadora
+ Histórica
+ Teleológica
+ Axiológica

Integração Jurídica

Jurisprudência - conjunto de julgados de um Tribunal.


Analogia - na falta de uma lei, busca-se lei aplicável a um caso semelhante.
Equidade - é a utilização da “justiça” por parte do juiz.
Princípios gerais de direito - são aqueles princípios válidos para todos os ramos do direito.

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Normativismo

❑ Dentro da teoria normativista, Hans Kelsen foca na norma jurídica sob a perspectiva exclusiva da
validade/invalidade, abandonando noções de “verdadeiro” ou “falso” (próprias de uma perspectiva
moral). A validade da norma é aferida por seu ingresso no ordenamento jurídico, o que significa: (a)
a observância fiel às regras do processo legislativo; e (b) o respeito à hierarquia do ordenamento
jurídico (cada norma tem como fundamento de existência e validade uma norma hierarquicamente
superior, retrocedendo até a norma hipotética fundamental – pressuposto lógico do sistema).

Observância do Respeito à VALIDADE da


processo hierarquia norma
legislativo normativa

Ordenamento Jurídico

❑ Norberto Bobbio é o autor mais cobrado em provas da OAB.


❑ Ele declara expressamente que sua obra pode ser considerada uma continuação ou complementação
do trabalho de Hans Kelsen.
❑ A abordagem avalorativa, priorizando-se o aspecto formal e não o material do fenômeno jurídico –
único caminho para a construção de uma genuína ciência do direito.
❑ Definição do direito centrada no aspecto coativo (base empírica).
❑ Preponderância da legislação sobre as demais fontes.
❑ A norma jurídica como imperativo.
❑ Bobbio discorda de Kelsen, contudo, que o direito seria uma mera regra formal da conduta humana
(interessa à ciência jurídica não o que os homens fazem, mas como o fazem). Cita então, o exemplo
do testamento, que possui imensas formalidades, mas isso não exclui a apreciação do conteúdo, uma
vez que o testador não pode desrespeitar a legítima dos herdeiros necessários.

Chegamos ao fim deste e-book de Filosofia do Direito, preparado especialmente para o Exame de Ordem.
Esperamos que tenha sido uma preparação eficaz e desejamos sucesso em sua jornada rumo à aprovação.
Estamos aqui torcendo por você!

Prof.º Alessandro Sanchez.

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