Você está na página 1de 8

JORNAL dos BAIRROS

ANO I - N» 4 - RECIFE, SETEMBRO/OUTUBRO/NOVEMBRO DE 1978 - PREÇO Cr$ 2,00

A POLÍTICA
MA BOCA DO P

E mais:
UM DEBATE COM 8 CANDIDATOS
OS BAIRROS DÃO NOTÍCIA
4 LUTA SALARIAL DOS METALÚRGICOS
Prezados
amigos
Como vocês estão notando, o nosso
JORNAL DOS BAIRROS sofreu um gran-
de atraso.
Devido a problemas que vamos expli- Boi
car mais na frente, o número de setembro
não pôde sair no tempo certo e está circu- Voador
lando agora este número, que junta os • "Do jeito que as
meses de setembro, outubro e novembro. coisas estão, daqui a
pouco a gente vai acre-
O que aconteceu foi que a gráfica Mori, ditar naquela história do
do Rio de Janeiro, onde nosso jornal era boi voador. É que o pre-
impresso (por um preço mais barato do ço da carne está subin-
que qualquer gráfica daqui do Recife, do tanto que a gente
mesmo incluindo o transporte), resolveu pode dizer que o boi
aumentar muito o preço. "está lá em cima". Gos-
tei muito da reportagem
Procuramos, então, várias gráficas do de vocês sobre o custo
Recife, numa segunda tentativa. Mas os de vida. Continuem",
preços eram sempre muito altos. Final- José Eleuzier Lima -
mente, encontramos, em São Paulo, a Casa Amarela
gráfica PAT, que fez um preço mais ra-
zoável.
Ruas anônimas
Enquanto tudo isso era resolvido, o jor-
nal ficou parado. • Eu, abaixo assinado, desejo por in-
termédio desta agradecer a uma de
De qualquer forma, aqui estamos, no- suas colaboradoras que mensalmen-
vamente, com vocês. E o jornal continua à
disposição de todo o pessoal dos bairros, te tem me vendido este jornal, peque-
para suas noticias e seus comentários. no no tamanho, mas grande no valor,
É pena não ser semanário para que,
Até o próximo número.
com mais freqüências, fosse levado a
público as reclamações e lamúrias
deste povo que sofre sem ter a quem
Jornal dos Bairros apelar, pois me considero, como to-
dos, em uma encruzilhada: "se correr
Ano I - N= 4 o bicho pega, se ficar o bicho come".
Recife, Setembro/Outubro/No- O que fazer? Sim, reclamar, até
vembro de 1978 que um dia a voz do povo, o seu eco
se transforme em poluição e fulmine
COLABORADORES os gafanhotos, que no momento de-
voram o verde da esperança deste
Sçverina Ramos sofrido povo.
A- sdeu Nascimento
Sr. Redator, desejo usar as páginas
Edson Noia
de seu prestimoso jornal, para fazer
João Geisen
um apelo às autoridades públicas, as
Maria Bernadete Santos
quais têm sobre sua responsabilida-
Maria Georgete
de, manter e zelar pelas coisas de uti-
Yolanda Carvoret
lidade e de interesse da população
Vicente Amado
Maria José Lemos das cidades, como Recife, Olinda, Bom exemplo Um leitor mineiro
Garlúcio Souza Paulista, Cruz de Rebouças e outras
Man Carvalho mais da periferia do Grande Recife, • A comunidade do Jardim Brasil • "Amigos do Jornal dos Bairros
Sr. redator, refiro-me simplesmente congratula-se com a equipe do Jornal dos do Recife.
Sueli Freitas
às placas de ruas destas cidades, Bairros e quer seguir seu exemplo de Acabamos de contemplar com
Luiz Alves doação e amor ao semelhante. Para tal,
pois sou um trabalhador destes que emoção os primeiros números do jor-
Lenira Carvalho estamos nos reunindo, trabalhando, senti-
andam nas ruas, batalhando para nal, irmão mais novo do nosso, que já
Jorge Luiz do o problema um do outro em prol do
sobreviver, e que dependo dos no- está completando dois anos.
Vera Regina Baroni bem comum.
mes das ruas, as quais não têm as Maria, minha esposa, que é reci-
Margarida Serpa Há necessidade de pessoas que te-
placas que lhes identifiquem, tornan- nham coragem de levar ao mundo esta in- fense como eu, ficou feliz de ver Ibura
Maria Argemiro
do o meu trabalho e de muitos outros, vasão de amor: "aquilo que fizeres ao me- e Coque nas páginas do Jornal.
Augusto Pimental árduo e penoso. Conto com sua cola-
Maria Lilia Alves nor dos meus irmãos é a mim que o fa- Brasília, Guarabira, Coelhos, Cama-
boração e seu valioso jornal para so- reis". ragibe, Imbiribeira, Paulista, Macaxei-
Manoel Inácio de Lira Grupo comunitário do Jardim Brasil-
lucionar este problema, que parece ra. Abreu e Lima, Nova Descoberta,
Antônio Carlos Olinda
pequeno, mas é, para muitos, bastan- Santo Amaro, Córrego do Genipapo,
Marlos Duarte
te necessário, pois é ridículo chegar- Casa Amarela, cada lugar relembra
Homero Fonseca
se a um destes bairros, perguntar-se
Ivan Maurício
qual o nome da rua e o pior é que Torcedora na gente tanta coisa, porque em cada
um ficou um pedaço de nós mes-
Eduardo Homem
muitos moradores não sabem o nome mos...
Emerson Xavier da Silva • "Prezados amigos do Jornal dos Bair-
da rua onde moram. Gostei de ver o emprego do corpo
Severma Aliança ros,
Edson de Lima Quando pergunto, a resposta vem maior nos textos do jornal, pois facilita
Marcos Cirano de imediato, dizem sempre a mesma Meus parabéns. Li umas três vezes o a leitura, com os espaços em branco.
coisa: a culpa é da prefeitura, que último número do jornal e achei um bara- Também acho interessante a gente
Márcio Di Pietro
não coloca a placa. E eu pergunto to, pena nâo poder acompanhar e curtir transar os dois jornais irmãos em ter-
Valdir Claudino Ferreira todos os números que com certeza virão.
mais: no caso do turista, como fica? mos de crítica. Mais fácil fazê-lo pes-
Luiz Augusto Falcão Fico torcendo para que vocês vão em
Ele vem e vai sem saber o nome do soalmente, e também estou emocio-
Vera Lúcia Galvão frente. Estendendo os cumprimentos a to-
logradouro onde visitou. Como vê, o nado com a primeira çlhadela nestes
Valdecira Maria Vieira dos os colaboradores do jornal, pois co-
que reclamo é simples, mas ridículo nheço alguns pessoalmente e nesta carta três primeiros números, antes de ir
Nila Cordeiro
para a Veneza Brasileira, e também mando um abração enorme a todos. Co- trabalhar. Só vejo a beleza.
Maria da Conceição
para a cidade histórica e, por que não ragem gente. Para todos os amigos, meu saudo-
Maria da Penha Silva
dizer, para o hoje chamado Centro In- Da conterrânea que tem muitas sau- so abraço. Daqui de Belo Horizonte
Vilson
dustrial de Pernambuco - Paulista, dades do Recife," seguem também muitas lembranças
Normando
Cruz de Rebouças. Isabel Maria Viana - Bahia do pessoal do Jornal dos Bairros
Paulo Santos
Certo da Vossa compreensão, es- todo, sem falar nos elogios sobre o
Roberto Arrais
pero na próxima abordar um tema de Jornal que, com muita luta e con-
Moacir Gomes Filho
suma gravidade, como moradia e
saúde.
Elogio fiança, vocês fizeram já três números.
José Maria Andrade Por hoje é só, estou indo pro baten-
(Editor Responsável) Manuel Francisco de Souza • A Associação Atlética dos Qualhadas, te. Fico devendo outras linhas oportu-
Conj. Habitacional do Jardim Paulista da cidade de Paulista, parabeniza a dire- namente".
Jornal dos Bairros é uma publica- ção deste jornal pelo trabalho que o mes- Tilden - Belo Horizonte
ção da Editora Nossa Ltda. Redação Rua 12 - Quadra 13 - Lote 20 -
Casa 25. mo vem fazendo pela comunidade do
e Administração: Rua dos Coelhos, grande Recife, e acredita plenamente que
317 - Recife - PE - Diretores: Amadeu no futuro teremos mais um jornal de alto
Nascimento, Margarida Serpa, Vera INVISÍVEL nível em nosso estado. - Ficamos contentes com sua car-
Regina Baroni. Composto e Impresso A.A.Q - Paulista ta, Zé. Também achamos muito im-
nas oficinas da PAT — Publicações e • "Vivo constrangida de ver o posto portante essa troca de experiências
Assistência Técnica Ltda. Rua Dr. médico, que ainda nâo foi inaugurado e já - Muito obrigado pelo parabéns, que entre os dois jornais que são, na ver-
Virgílio de Carvalho Pinto, 412 - Pi- se encontra aos pedaços. O prefeito ficou transmitimos a todos os nossos colabora- dade, um só Jornal doa Bairros.
nheiros - São Paulo - Telefone: 853- de inaugurar em dezembro do ano passa- dores. Afinal somos um jornal que depen- Vamos ver, daqui pra frente, o jeito
7461. do e até agora nada". de da participação de todos, as críticas e que a gente encontra para partilhar
Elza Ester de Araújo - Vila da Mirueira os elogios devem ser para todos. melhor nossas descobertas, tá?
Jornal dos Bairros - Sstsmbro/Outubro/Novombro do 1078
f.fi
Um operário desabafas "Seu" Qonçalo, tocelfto:
Conrarelanto:
"O que aparece aqui "Operário de vergonha
6 gente de paletó" 'Tenho que »er náo vota na Arena"
da Arena"
Romildo Gomes da Silva, resi-
dente em Abreu e Lima, profissão
comerciante autônomo, foi entre-
vistado pelo Jornal dos Bairros.
J. dos B. — Sr. Romildo, o que
você acha dos candidatos este
ano, para deputado estadual e fe-
deral, principalmente aqui de
Paulista?
Romildo — Os candidatos são
quase sempre os mesmos aqui
em Paulista. A grande novidade é
um tal de Cunha Primo, pai do
atual prefeito, que por sinal, está
fazendo uma péssima administra-
ção, o pior prefeito que já passou
na Prefeitura de Paulista. Mas o
candidato mais cotado a ganhar,
ou melhor, sair eleito aqui em'
Paulista é o Sérgio Logman, o Cí-
nico que tem condições de ser
eleito.
J. do» B. — O Sr. é simpati-
zante do MDB ou da Arena?
Romildo — Eu voto na Arena.
J. do» B. — Por que?
Romildo — Bem, é ..., prá me-
MsrcoSf opwwto) lhor dizer, quem é comerciante
- Que vale o voto para vocô? tem que ser Arena, senão é per- Nome: Gonçalo Nunes, tecelão, residente em Paulista.
- Poder manifestar a minha insatisfação, mesmo sabendo que seguido pelo governo. J. dos B.: - O Sr. vota no MDB ou na ARENA?
esta posição não vai satisfazer muita coisa, eu voto. Gonçalo - Eu voto no MDB. Operário que tem vergonha não vota
- Você conhece algum candidato mais ligado ao povo? «I. do» B. — E o povo que está na ARENA.
- Não conheço. O único que conheço ...(como é mesmo o nome comentando por aí, acredita em J. dos Bairros - Por que Sr. Gonçalo?
quem? Gonçalo - Ah, eu não sei náo. O que eu acho, é que o operário
dele?) tem baixado nos terreiros da gente, mas acho que é com outro
sentido. Romildo - Q povo está con- que vota na ARENA, tá negando mais uma lata de leite a seu próprio
- O que um candidato poderia fazer? fiante no MDB e eu acho que o filho.
- Talvez chegando ao Senado. Mesmo não podendo fazer nada, partido da Oposição vai fazer
ele levantaria a bandeira do trabalhador, ao menos do Nordeste. Ago- maioria em todo estado de Per- Dona Altlna dá
ra eu acho muito difícil um candidato que nunca teve uma vinculação
de vida nas condições da gente poder representar a gente. Acho mui-
nambuco e até mesmo no Brasil.
Apesar dos candidatos da Arena
valor ao eeu voto
to difícil. terem muito dinheiro para com- Altlna P»rrolra, 4S ano», da Rua do Campo, Coquot
- Por que é difícil? prar votos, o povo está muito re-
- Quando a pessoa é do povo, vivendo no dia a dia com o meio voltado com toda essa situação. Que acha do problema da troca do voto ou o valor do voto?
popular e passa a ser politiqueiro, ela começa a utilizar o meio como - A troca do voto não resolve nada. Bom seria que todos tives-
escada. Se a gente confiava, lutava por ele e o eleger, quando ele as- sem isto na cabeça. Será que eu só vou comer de 4 em 4 anos? Ou
sume, a gente perde a confiança porque ele muda todinho. Q que ele
queria era promoção, se acomoaou num salário de 22 mil cruzeiros "O povo ainda não descobriu de 2 em 2 anos? Ou vestir, ou calçar um sapato, na época de elei-
se esquecendo da gente. Dali a 4 anos ele volta... o valor que tom nas mãos ness» ções? Ou então pegar um dinheiro na eleição? Não. Eu quero comer
- Que você e seus companheiros na fábrica andam pensando momento, nessa época d» elei- todos os dias, gozar um pouco do meu país, quero viver e, não, vege-
desse momento de eleição? ção. No dia que ei» descobrir, tar.
- A gente está por aqui. A turma tem necessidade de ter um ai sim, as coisas mudam. Ago- O que você acha dos comícios, programas e fala dos cândida-*
representante dos trabalhadores, mas o' que aparece 6 o pessoal de ra, a g»nto deve escolher os tos?
terno e gravata, Mando dlfícÜ. E o pior de tudo, foi o vetoaos Sindica- candidatos • var depois sa alas - Não gosto porque não é assim que se resolve a situação. A si-
tos de falar em potftica. O governo eatt tirando da gente todas as pos- fazem o que prometem. Se não, tuação mais ou menos será resolvida se a gente vivesse lendo jornais
sibilidades. A turma foi muito contra o jwonunclamento, mesmo sa* a g»nto risca eles". (Uma dona e soubesse alguma coisa sobre estes homens. Faço-lhe uma pergun-
bendo que os Sindicatos são do governo. Vai ver que com isso eles é docas») ta: Não adianta surgir um candidato do nosso povo? Esses tinham al-
que perdem mais voto». guma coisa para dizer lá àquele homem bem grande, que nem o seu
nome eu sei.

Rasgou o título depois de 1964


Entrevista na barraca com car é caladinho. Senão é sub- mandaram as passagens da aprendi a assinar o nome no
Sr. Silva, Sr. Antônio, Zé da versivo e comunista. E querrvé gente. Agora, se eles num Mobral.
Barraca e D. Alice, no bairro que vai melhorar? Ele ganha mandarem, a gente não vai. Sr. Vllv» — Governo bom
do Totó. mas não deixam ele fazer me- Daqui pra Bom Conselho, foi o de Agamenon. Governo
- Sr. Antônio, o que o se- lhoria pro pobre. Botam abai- passagem tá é cara. que se incomodava com as
nhor acha do Custo de Vida e xo, derrubam mesmo. Sr. Silva - Agora, eu misérias do povo. Getúlio tam-
das eleições? Sr. Silva — No final das acho que o MDB ganha esse bém foi um bom presidente.
- Tá absurdo. A semana contas, só tem um que manda ano. O povo já tá cansado de Trouxe muitos benefícios para
passada eu comprei uma lata mesmo, o resto as vezes quer apanhar, já apanhou muito. os pobres.
de óleo por 18,00, hoje com- fazer alguma coisa, mas é im- Ontem, eu passei num comí- Outro dia deu no rádio, que
prei por vinte. Tudo sobe pedido, e às vezes até morto. cio do Cid Sampaio, tinha o presidente disse que o
todo dia". Eu votei em Miguel Arraes, quase ninguém. Só criança, salário-mínimo era para o
que prometia vida melhor pro criança vai a qualquer lugar. dono da casa; a mulher e o fi-
Zé da Barraca — A coi- pobre, qual foi o fim? Agora eu Antônio — Eu acho que lho mais velho tinham que
sa do jeito que vai, ninguém nâo voto mais. Rasguei o títu- depois que os militares passa- trabalhar também. O que ele
controla não. lo, o meu e o de minha mu- ram a comandar, a situação não sabe, é que uma mulher
Antônio — A gente desani- lher. piorou. que tem seis, sete filhos, vai
ma, fica' sem esperança de D. Aüca — ■Meu ^ pesspaj D. Âllea — .Agora tem o deixar seus meninos com
melhora. E a gente tem que fi- vota 'noTntériórVelès' sempre Fúnrural, o Mobral. Èu mesmo quem?
Jornal doa Bairro» - Sotembra/Outubro/Nowambra da 1878
ARÉCA
Para ele,
todo político
calça 40
- Seu Alberto, o er. está animado com as eleições
que vêm aí?
- Quer saber de uma coisa? Todos os políticos, como se
diz, calçam 40. Só se lembram da gente na hora de pedir vo-
tos.
- Então, não gosta de eleições?
- Espere aí... gostar, eu gosto sim. Só que não acredito
nas que estão pintando agora!
- Mas, porque? Não pode escoihsr o candidato
que você gosta?
- Olhe, de todas as pregações que escutei até aqui -
e vamos supor que não sejam só promessas - não escutei ne-
nhuma que falasse dos nossos problemas de operários. Todos
falam que tem que melhorar, que vai melhorar, que a gente
tem direito a um Brasil ainda melhor... mas, quem é que fala
em lei para o patrão não poder despedir um pai de família,
quem é que fala em diminuir os lucros para aumentar os salá-
rios, quem fala em entregar as discussões sobre salários,
horas-extras, assistência médica, refeitório, etc, em nossas
mãos., me diga se já ouviu falar em coisas assim bem práticas
onde a gente tenha vez?
— Quer dizer que não vai votar?
- Tenho muitos companheiros que dizem: "só voto para
não ter problemas com os documentos". Se houvesse um par-
tido que fizesse campanha para o voto nulo prá mostrar que a
gente quer outra coisa, talvez votasse nulo. Mas, já que são só.
2 partidos, prá pelo menos mostrar que eu não concordo com
a vida que a gente tem, eu voto na oposição. E, vou dizer mais:
para mim, operário que tem vergonha na cara não pode votar
no partido dos industriais, dos donos de terras e usineiros.
— E, se vocõ ganhar, vai mudar aiguma coisa?
- Já lhe disse que não acredito. Mesmo honestos, os de-
putados não podem decidir nada. Mas, quem sabe se a ex-
pressão do povo for mesmo forte talvez leve a algumas con-
cessões, que não vão resolver mas ajudam.
— Como assim?
— Bem, se a gente tiver sindicatos menos ccfOfUtilados,
se a gente puder fazer greve, se reunir sem perder o emprego
ou ir preso, a gente pode aproveitar para conversar melhor
sobre tudo isso. Aí talvez nasça um partido dos operários que
seja da gente mesmo a até vai ser melhor.
Alberto - Metalúrgico - Residente em Beberibe

«
Um pessoal acredita que
Não se podo comprar o
eleição não resolve tudo que uma pessoa pensa"
Entrevista com Eliene, se- J. dos B. - As eleições sâo J. dos B. - E dos comícios
O Sr Alfredo, de Córrego fio Qenlpepo, diz sus opinião cretária, moradora na Iputin- do interesse do povo? e propagandas?
sobre ss eleições: ga: Eliene - Do jeito que está Eliene - É ridículo pelo
- A gente tem que saber em quem vai votar e nâo votar em peie- sendo feita, não. modo que o fazem, porque
gos. Se a gente vota no partido que está dominando, vai continuar o J. dos B. - O que você
acha das eleições? J. dos B. - Por que? vão com palavras difíceis para
mesmo sofrimento. Faz um ano e seis meses que ando para cima e o pessoal, que não entende, e
para baixo para conseguir 12 lâmpadas para o bairro. Fiz cinco EÍiene - Uma palhaçada Eliene - Ó povo não tem
abaixo-assinados e nada. condições de escolher e es- fazendo promessas que eles
sem limite. Para que haver não têm condições de cum-
eleições se o pessoal é o que colhe na doida. Eles têm
O Sr. Msneei, também do Córrego do Oenlpapo, fal» medo de escolher certo, por- prir.
sobre o assunto: eles querem mesmo? O povo J. dos B. - Por que não tem
- A coisa só muda se a gente se organizar nas associações não sabe o que é política, nâo que o certo é o contrário do
que está acontecendo. condições de cumprir?
dos bairros, no sindicato, exigir deles. Se a gente nâo abrir a boca, foi educado para escolher um Eliene - Os candidatos do
não vai adiantar nada a,mudança. 86 digo que existe melhoramento líder e, sim, simplesmente J. dos B. - O que você es- MDB têm certas intenções em
se baixar o preço da carne, do feijão, se baixar o custo de vida. para se acomodar. fazer o que prometem, mas
pera dos candidatos?
J. dois B. - Existe relação Eliene - Eu não tenho can- eles são apertados pela Arena
O Sr. Alfredo completa o assunto: e ficam sem poder cumprir,
entre eleições e custo de vi- didato, porque não vejo nin-
- Mesmo que essa eleição nâo resolva tudo, já muda alguma da? guém em condições de rece- porque não têm condições fi-
coisa. Pelo menos o sindicato, a gente pode mudar quem está lá. Se o ber meu voto. nanceiras, só o governo tem.
MDB faz o senador e faz mais deputados, a gente pode fazer alguma Eliene - Sim, porque a elei- J. dos B. - Será que tem
coisa. A esta altura, já temos condições de eleger um representante ção é quem bota no poder J. dos B. - O que você candidato que está defenden-
do bairro, mas quem é o representante aqui? Isso depende de nós. este pessoal que sacrifica o acha da troca de votos? do a classe do povo?
Se a gente tivesse um represantante do bairro já tínhamos uma esco- pobre, porque não têm cora- Eliene - As pessoas deviam Eliene - Não. Eles defen-
la, uma farmácia, porque a gente podia exigir dele. gem de ir contra a burguesia. ser esclarecidas para sabe- dem o bolso deles em 1o lu-
O Sr. Antônio, do mesmo bairro, entrou na conversa: E uma classe de poder econô- rem o valor do voto delas, por gar, depois pensam na classe
- A classe operária deve ter sua organização e nâo ficar espe- mico e num país' capitalista exemplo: por dinheiro nenhum, pobre. Mas têm a desculpa de
rando pelos políticos. Eles nâo vâo'mudar se nâo tiver a pressão da não se pode ir contra quem um candidato pode comprar o que estão sendo pressiona-
classe nossa. tem dinheiro. que uma pessoa pensa. dos.
Jornal dos Bairros - Sstembro/Oufubro/Novsmbro da 1978
mkÈüS®
móOBM VIVE Wt ?BKoM, FOR èxeMFLo, wajriFtVtfeü-
somnof TX foRumpo
oiATme. oe OtP SUA OPIMI&),
FOJBçOL.

KbUNmvo eM con oorm owt r


MULB
tez *wi t vtMw) WhNCX),

CJBO, O
PAMIUfl- ^ VAI

Josete, tecelã, 18 anos. Vota pela primeira vez. ti


— O que você acha das eleições?
— Na fábrica não vejo nenhum candidato. 0 dele- A rouricA e penocRATic/i QUAMPO TOPO
WVWDO fARTiClPA, 6, No FWAL, VeMU A
gado do Sindicato na fábrica é o único que vive dando <fA ov Pec-A Asrvc/fv A '
papel. As meninas dizem no banheiro, que vão votar /^voi e BRANCO■■ * •oroOA/eAi^y"os-x
nulo porque não vêem resultado nos candidatos.

Essm aqui acha


que a Arena tem
mala condições
Antônio. Profissão: oporador d* mtquliun. Rsaldarrts na Váriaa.
- Para que servem as eleições?
- Para eles fazerem qualquer coisa. Serve para eleger o candidato que a gente gos- m PAÍS 6 yMA ^
ta. FoUnooç 5Ãu A$ Pe$ça*<,
- Para que você vota, adianta votar? 'M6í^A AfíOCiA^AO. 9<ie TRAÇAmA"^ WA Píí?e- TfZAM WA rolÁTicA
- Adianta porque eles agem, eles ajudam as pessoas. t<?po$ c?oe (^Êt^. ÇAo po fAfc. NOS PAi'ses FRfi PEfevpee os
- Conhece algum político que prometeu durante o comício e durante o mandato
Tí?A9Aí.HAM/P«0 iNTtfies$e$. nvci
cumpriu a promessa? peMocRATtcos eurs. sÁb & ("teSMOSu:
- Conheço, Luiz Heráclio, de Limoeiro. Prometeu calçar as estradas de Passira e AíUA CONTAI f5ü/- CC/IOAPOI ríov seu
tez. Prometeu um mercado de azulejo e fez.
- O que você acha dos partidos Arena e MDB?
- Acho que a Arena tem mais condições de fazer as coisas junto ao qoverno o MDB
P6 ^AKTiílfAP
C7M VBdçóeí e
tão o* oe
/ ^ue ÊA/r^A í^A , MOCfiArAÍ,
»M(6o
5
só faz prometer e nada. WoUXiCA PoRQVB e?ve oefeü
- Você acha que a Arena e o MDB estão comprometidos com o povo? vep- SUA /oiv/rApe Oer* C5 /A/"
- O partido da Arena, onde eu moro, se preocupa cornos pobres, pelo menos lá. RespeirAPA- repezsec
wiros PArçe^, A
"Dom Hólder devia foff.fA AIWA VIA^PA

era apoiar o MDB" &sw !i®®mg


ATUAtMe^re, WOJÍÍâí
Antônio, carpinteiro, residente em eleitor fica dependendo de alguma poUrao &m PoPBMOS
Abreu e Lima, não quis responder às coisa dos políticos, principalmente siLeido, exií- (o Peesioerste, os zoveR--
perguntas do nosso repórter, prefe- IO WTO
da Arena, para ficar sempre deven- otPeTo;
rindo fazer um comentário mais do favores a eles, mas isso faz parte
aberto sobre a atual campanha elei- g£$cpoe 6o- -PPES/PEMÍfe
da programação do atual sistema. -vejíeAP(«ej
toral em Paulista e de Pernambuco Antônio ainda acrescentou: "Ago- ve&upiw o 'PRBf&Toi
de um modo geral.- ra eu fico sem entender, porque a PMÇ: porte* P«J
Po (WTÊftoP
- Primeiro, diz Antônio, não Igreja não se define. Deveria tomar tsrAPe*
adianta fazer este tipo de pergunta uma posição, não ficar em cima do oexizcoTiWf -PêíV7AJ>Oí -rittfeiTos
para o povo, porque o povo está vi- muro, como ela sempre ficou. Você &TA0VMS OMCAFI'
ciado com a política de assistencia- já pensou se D. Helder Câmara de- e PecceA/f fA»í
lismo e não tem muita visão da reali- clarasse à Imprensa, jornais e televi-
5 o eoDefi
dade política brasileira. Não que o -1/7 P«?Ç
são, que a Igreja de Pernambuco, seiOAPoj?eS
povo tenha culpa, nem que o povo todo clero ia apoiar Jarbas para o
não tem condição de participar e de- Senado? Você já pensou que vitória
cidir seu destino político, que o povo
não tenha condições de votar. A ver-
seria para a Oposição? Isso parece
uma loucura, mas seria uma atitude
®m&<&mfémo)
dade é que este sistema fez com que das mais dignas e gloriosas do bispo hi&SA P/ZOXÍMA eU€lf A« vtNOeK o \I0'
o povo se viciasse em uma política D. Helder. Eu quero é que você colo- v/Arívve>5 e$cou+efz ve.-
assistencialista, de favores, onde o VtNOltfí OU COWfcAQ To é o MêSMO
que no seu Jornal, certo? PuTAvoS eSTAOUAiS QOe tferJoefí.
e FeoedAtç, e d/3 ^OTO. pope fKÍG DAa
CWBlA... A corJ$oieH'
Oo9 9e>JAt*>&eS- ?* Ot HoMeM

Leio e o&c, e pscAí-íí-A-rt. o


6o\feRNO, ^Aí" <?Uif

assine o
ANUNCIE NO
Jornal JORNAL DOS BAIRROS
Página indeterminada:
Página determinada:
Cr$ 7.500,00
Cr$ 10.000,00
Última página:

dos Meia página:


1/4 de página:
1/8 de página:
Cr$ 15.000,00
Cr$ 4.000,00
Cr$ 2.250,00
Cr$ 1.250,00
(Você pode colocar um anúncio pequeno , sobre um objeto que quer
vender, uma casa que quer alugar, um serviço que sabe executar, por Çr$

Bairros 150,00, ou Cr$ 100,00 ou Cr$ 50,00. Baratinho mesmo. Converse com nos-
so pessoal, com os distribuidores do Jornal ou em nossa sede, na Rua dos
Coelhos, 317).

Jornal dos Bairros • Satambro/Outubro/Novambro da 14ti


No começo de outubro, os
candidatos a deputado federa
Marcus Cunha e Roberto Freire
(atuais deputados estaduais) e a
deputado.estadual Antônio Mar-
los Duarte, Hugo Martins Gomes,
João de Lima Neto, Manoel Teo-
dósio, Sérgio Longman e Eduar-
do Pandolfi (todos pela legenda
do MDB) participaram de um de-
bate, na sede do JORNAL DOS
BAIRROS, sobre as questões
políticas do momento.
Eles foram interrogados a res-
peito de sua posição osbre os as-
suntos considerados mais impor-
tantes pelas dezenas de pessoas
entrevistadas para a matéria das
páginas anteriores ("A Política na
Boca do Povo").
Houve momento, durante os
debates, que mais de 100 pes-
soas - entre colaboradores do
nosso jornal e pessoal de vários
bairros — estavam presentes no
local da reunião.
Aqui estão os trechos princi-
pais do debate.
"Constituinte é para "O parlamentar é
Opovo passar o pano nisso aí" um instrumento"
J.d.B. - Se fala em Constituinte. Já houve, por exemplo a J. d B. - A gente gostaria que vocês colocassem para
paràcipí Constituinte de 46, onde os trabalhadores estavam representa-
dos e deu no que deu: quase nada mudou para nós. Que espe-
nós qual é o papel dos parlamentares, porque a gente nota
que há muita confusão a respeito.
ranças poderíamos ter agora numa outra constituinte se parti- Roborto — Quem está decidindo em Brasília sobre as
cipação popular é praticamente nula no Parlamento?
k RobOTto — A Constituinte é uma proposta de passar o
lers são aqueles que foram eleitos por vocês. Se tivéssemos
escolhidos políticos que defendessem os interesses do tra-
balhador, que votasem contra a lei antigreve que saiu agora
pano nisso tudo que está aí e fazer outra coisa que pode até
propinas? ser pior do que aí está se o povo nâo estiver organizado e em
condições de votar representantes de acordo com os interes-
era ou nâo importante para o trabalhador? Nâo é a lei que vai
resolver, mas a lei ajuda, e o papel do parlamentar seria ba-
talhar para que saia uma lei que seja boa. O parlamentar nâo
ses dos trabalhadores. E necessário parlamentares que, na manda nada; ele nâo é um executivo. Executivo é o governo
J. d B. - Vocês têm seus hora de votar as leis, vote contra o F.G.T.S., contra a tutela do e vocês nâo escolhem o governo. A gente nâo escolhe o pre-
programas. A gente queria sa- Ministério do Trabalho sobre os sindicatos, contra o pelego sidente, nâo escolhe o governador. A gente só escolhe o de-
ber qual foi a participação do etc Se os trabalhadores estiverem organizados, a.Constituinte putado. Ele nâo vai resolver o problema de vocês, mas ele
povo, das bases populares será diferente da de 46. Vocês vâo ter deputados lá que vão fa- pode ser um instrumento que venha ajudar a resolver.
nestes programas. zer uma lei que garanta a-estabilidade do trabalhador, vâo fa- Marcus — Na verdade o político nâo deve limitar sua
zer uma lei de reforma urbana que nâo permita a especulação atuação dentro dos limites do parlamento, mas, tentando
Marcus - O trabalho parla- nos bairros populares. Isso só vai ser conseguido mesmo
mentar não deve se restringir romper esta limitação, deve se ligar ao povo na base, já que
ao Parlamento. O deputdo es- quando o povo estiver estruturado com um partido que de fato o poder se encontra dentro da própria coletividade que tem
tadual deveria comparecer à represente os seus interesses. que se organizar.
Assembléia parei denunciar J. d B. - Essa idéia de que o parlamento é um executi-
e também participar do traba- J.d.B. - E importante isso que vocês colocaram, mas éa vo, que é uma idéia errada, a gente estava se perguntando
lho de base. Me liguei ao tra- gente mesmo que tem que procurar se organizar dentro daqui- de onde ela saiu. Na verdade, muitas vezes, nos comícios os
balho das Terras de Ninguém \o que a gente está vivendo, dentro do problema de cada um candidatos dão a entender que vâo fazer alguma coisa. Há
e um outro trabalho na Zona Se eu sou doméstica, tenho que tentar me organizar é com as promessas onde eles aparecem como executivos e isso teria
da Mata Sul de Pernambuco. domésticas a partir dos problemas das domésticas. E muito
Isso naturalmente tem influen- levado o povo a criar a idéia de que o Parlamentar é um exe-
difícil que os projetos das domésticas que estão na Câmara se- cutivo e não apenas um legislativo, um homem que faz á lei.
ciado a minha atividade parla- jam aprovados porque lá todo mundo é patrão e nâo sabe dos
mentar. Se eu conheço o J. D B. - Quando um trabalhador pede a um parlamen-
nossos problemas, e isto é uma dificuldade da gota serena. No tar que faça uma ponte, por exemplo, inconscientemente o
problema urbano através do bairro, a gente tem mais condições do que um deputado de fa-
movimento Terras de Ninguém que ele quer é um melhor salário, uma ponte, uma rua limpa.
naturalmente tenho que lutar zer alguma coisa porque ele não mora lá e só aparece no tem-
po das eleições. Agora a gente tem que se organizar e cobrar Então, qual seria o papel do parlamentar, nesse caso, prá fa-
na Câmara por uma reforma zer a ponte? Será que ele tem condição? De que maneira?
urbana. Se conheço o proble- isto tudo que eles estão dizendo. Porque se a gente está pas^
sando fome, a gente é que sabe se vai comer sardinha ounão, Ele tem alguma responsabilidade nisso?
ma dos camponeses tenho
que lutar por uma reforma a gente é que resolve e não quem nunca passou fome. João — Diante de uma reivindicação concreta, a
agrária. posição bonesta e sincera do político é de abrir o jogo clara-
Ourl — De fato, a população Pandolfi — A questão da Constituinte é uma questão de mente. É dizer que a única coisa que a gente pode fazer e
não participa. Há essa dificul- forma: se muda uma forma de governo sem se mudar a pro- mesmo prometer é que vai utilizar os diversos instrumentos
dade que só ò período eleitoral priedade. E uma mudança de forma pacífica que não implique que a gente tem como parlamentar, chegando até à denún-
tem permitido que nós tenha- numa luta por meios violentos da classe oprimida. cia. Isso e somente isso. A ponte depois pode vir ou nâo vir.
mos possibilidade de fazer um Mano — A posição política tem que ser essa.Temque se
trabalho de arregimentação Não sei se chegaremos a ter uma Constituinte, se conse- construir uma ponte. Então, o político que pretende repre-
popular. Estamos tentando fuiremos derrubar essa ditadura por uma via pacífica, mas sentar o desfavorecido numa Assembléia deve incentivar a
criar comitês para, mais tarde, através de um processo político eleitoral nós conseguiremos organização naquele bairro.
transformar estes comitês de enfraquecer este bloco no poder. Joio - A luta parlamentar será forte, sua voz será mais
bairro em embriões de organi-
zações, às qyais viríamos de- Essas reformas de Geisel são uma tentativa clara de per- respeitada na medida em que ele estiver respaldado por uma
pois, resplados num mandato petuação e de superação da idéia da Constituinte. Ele quer di- mobilização daquela localidade.
e sem temor de estarmos ali zer ao povo brasileiro: "Olhe, se vocês quiserem venham por Marloa — Muitas vezes acontece que o parlamentar
apenas eleitoralmente. outros meios, porque do jeito que vocês estão querendo nâo assume uma posição de que foi ele quem fez. Lá em Gara-
Sérgio — Essa ligação do vão conseguir". nhuns a gente tentou uma experiência diferente. Tinha um
candidato com os setores po- problema das contas de luz da Celpe que vinham erradas.
pulares depende da organiza- Só a denúncia minha na Câmara de Vereadores nâo adianta-
ção desses setores, da ex- va. Começamos a nos organizar em grupo. Aí começaram a
pressão que estes setores te-
nham. Acredito que alguns Anistia e o trabalhador surgir outros problemas: lixo, água. etc. Foi então possível ter
uma mobilização lá no bairro, Só a minha voz nao bastava.
candidatos tentaram essa co-
municação e continuam ten- J. dos B. — Vocês falam em tu queria apenas ser ipm porta-voz deles na Câmara, pois
Mano — Tenho tido contato para isso tenho mandato. O fundamental é a organização do
tando refletir as aspirações de- anistia, mas esse tema, como é com várias bases. Por exemplo,
las nos seus programas. Algu- apresentado, não parece ser estive com um grupo de estivado- povo.
mas participaram da execução compreendido pelo povo. res do porto que hoje estão desli- Roborto — O parlamentar seria um martelo. O marte-
do programa e têm participado Sorglo — Quando a gente fala gados de toda participação. Fo- lo é necessário para bater o prego. Vocês podem ou não
no desenvolvimento da cam- em anistia é se referindo a Indiví- ram cassadbs em 64 porque usar o martelo, vocês podem ou não saber bater o prego
panha. Não foram todas. Algu- duos que estão privados de parti- exerciam c^rgo de liderança. mas vocês precisam na hora em que forem bater o prego dê
mas foram ouvidas. A ligação cipar como nós aqui. E anistia
com os setores vai se dar atra- ter o martelo. Agora, quem usa o martelosâo vocês. O nos-
para participação: que o maior Quando hoje- a gente fala em so papel é esse: poder encontrar melhores formas legais
vés da ação que a gente vai número de pessoas participe de anistia geral, ampla e irrestrita é
desenvolver durante a campa- todas as decisões do país. Que uma anistia que atinge,isso tudo. para que vocês tenham melhores condições de vida.
nha e durante o mandato. se discuta tudo: sindicatos, gre- Atinge aquelas pessoas que nem J. d B. - O parlamentar nâo é o martelo. O mart .Io
ves, a ponte no bairro. emprego conseguem mais. que bate o prego é a própria força do trabalhador.
Jorrai dm aairro* - Sotombro/Ottubra/NovoMbrO d* itti
Metalúrgicos
TRABALHADORES ganham 2% a
Governo cassa direito de greve mais
O Presidente da República, general
Ernesto Geisel, enviou para o Con-
Quando o governo mandou essa lei
para o Congresso muitos Sindicatos
de Novembro. no dissídio
Que fizeram, então, os líderes do Os metalúrgicos pernambucanos
gresso Nacional um decreto-lei que protestaram e com a pressão dos Sin- governo no Congresso? Ficaram
proíbe as greves em alguns setores estão ganhando 44% a mais. Esse foi
dicatos, deputados e senadores do adiando a votação do decreto e, por
de atividade que o governo considera o resultado do dissídio coletivo, no
MDB começaram a trabalhar para im- fim, no dia em que ele iria ser votado,
de "segurança nacional". qual o Sindicato dos Metalúrgicos ti-
pedir que o decreto-lei fosse aprova- os deputados e senadores da Arena
Pela lei do governo, ficam proibi- do. nha pedido um reajustamento de
não compareceram ao Congresso. E, 52%, mas os patrões não' concorda-
dos de fazer greve, em quaisquer cir- Criou-se, então, uma situação como lá existe um prazo para todo
cunstâncias, os funcionários públi- ram.
difícil para os deputados e senadores decreto-lei ser discutido e votado,
cos, os trabalhadores das compa- da Arena, pois para o, projeto ser Q índice oficial do governo para se-
passado esse prazo o decreto é apro- tembro foi de 42%. Dessa forma, os
nhias de água e esgotos, de energia aprovado eles teriam que votar em vado mesmo sem ter sido discutido e
elétrica, petróleo, gás, transportes, massa a favor. Mas, como estamos metalúrgicos conseguiram 2% a mais
votado. do que aquele índice. Os trabalhado-
comunicações e descarga, dos hos- em tempo de eleições e o decreto do Quer dizer, hoje, no Brasil,
pitais, ambulatórios, maternidades, governo era muito impopular e, além res nas empresas metalúrgicas, ele-
milhões de trabalhadores estão legal- trônicas e metalmecânicas que rece-
farmácias, drogarias e os bancários. do mais, muitos sindicatos começa- mente impedidos de fazer greve em
Além de todos esses trabalhadores, ram a dizer que iriam denunciar para bem salário-minimo também tiveram
defesa dos seus direitos porque a um reajustamento, só que de 10%. O
também serão considerados crimino- seus associados os nomes dos políti- maioria dos deputados e senadores
sos os trabalhadores que fizerem gre- cos que votassem a favor do decreto, Sindicato tinha pedido outras coisas,
da Arena e alguns do MDB se omiti-
ve em "indústrias essenciais à segu- os deputados e senadores da Arena como fardamento grátis nas empre-
ram daquilo que é sua obrigação sas que exigem farda e também
rança nacional", e que o governo ain- ficaram com medo de votar a favor e mais importante: discutir e votar as
da ficou de dizer quais são. depois não serem mais eleitos em 15 transporte gratuito, etc. O que conse-
leis do país.
guiu foi apenas que as empresas pa-
gassem a metade do fardamento.
"Trabalhadores repudiam novo ato de exceção" Antes do dissídio, o Sindicato fez
Com esse titulo, dirigentes de treze cialização e distribuição, quando deveria, uma assembléia geral para discutir as
Diante de mais essa demonstração de
sindicatos, duas federações e uma as- isto sim, tê-los protegido melhor da pene- prepotência, os trabalhdores vêem que reivindicações. Compareceram mais
sociação de trabalhadores de Sfto Pau- tração e controle estrangeiros, realmente aumenta o abismo entre o Estado e aNa- de 100 operários sindicalizados. O
lo, Minas Gerais, Rio de Japeiro e Rio lesivos à segurança nacional; çâo, entre o governo e o povo. Ao invés presidente do Sindicato, José Luiz,
Grande do Sul, divulgaram o seguinte de atender os desejos generalizados de começou dizendo que "a gente deve
documento em repúdio ao recente de- c) O decreto aumenta ainda mais o grau
de subordinação e tutela das entidades melhores salários e maior autonomia e li- mostrar maturidade, não pedir muito
creto baixado pelo general Geisel, limi- berdade sindical, o governo concentra alto, senào^os patrões não dão". Ou-
tando o direito de greve. O texto do do- de trabalhadores ao aparelho repressivo
do Estado, submetendo a ação de seus seus esforços e a sua imaginação na ela- tros diretores do Sindicato falaram a
cumento é o seguinte: boração de decretos-lels repressivos vi-
dirigentes e associados ao arbítrio do Mi- mesma coisa, assim como o advoga-
Os trabalhadores, representados pelas nistério do Trabalho; sando intimidar a classe trabalhadora. do.
entidades sindicais profissionais que este Engana-se, porém: não serão decretos
d) Da mesma forma, ampliou o arbítrio deste tipo que diminuirão a capacidade A assembléia foi a mais movimen-
subscrevem, nesta data, resolveram tor- dos patrões, tornando possível que até tada dos últimos anos - conforme to-
nar público o seu repúdio ao Decreto-lei de luta dos trabalhadores e seu empenho
mesmo trabalhadores estáveis sejam de- em construir um Brasil próspero para to- dos reconheceram. Dessa vez, apa-
n0 1632, de 4 de agosto de 1978, pelos mitidos mediante inquéritos sumários;
seguintes motivos: dos e nâo para uma minoria. receram muitos metalúrgicos interes-
e) O governo, que nâo encara como se- Reafirmamos que num regime demo- sados pelos problemas de sua classe
a) No exato momento de uma propalada gurança nacional a alta de juros exorbi- crático serão inócuas quaisquer medidas que queriam debater esses proble-
abertura "democrática", o governo tripu- tantes dos bancos, protege os banqueiros que busquem a estabilidade sócio- mas.
dia sobre os anseios de autonomia reite- quando concebe a atividade bancária econômica, se não se levar em considera- Por conta desse interesse, aconte-
radamente expressos pelos trabalhado- como de "segurança nacional" e, por is- ção que somente o pleno exercício do di-
res, decretando medidas coercitivas e ar- ceram dois problemas na assembléia.
so, tenta impedir nela o direito de greve; reito de greve pode estabelecer o justo
bitrárias contra o exercício legíimo do di- f) O mesmo critério fica claro quando o equilíbrio no relacionamento entre empre- Primeiro, um operário queria dar sua
reito de greve; governo tenta evitar que os operários de- gado e empresa. opinião sobre os debates. Aí a direto-
b) No seu afã repressor, o governo tenta fendam seu nível de salário pela greve em ria disse que ele só podia falar se
impedir o direito dos trabalhadores em atividades que, embora essenciais, nem Santos, 8 de agosto de 1978 desse o nome completo e dissesse
importantes setores de produção, comer- por isso são menos lucrativas. (Transcrito de "Movimento" n0 163) onde trabalhava. Ele falou: "Eu sou
um metalúrgico e quero falar". Aí a di-
retoria não deixou ele falar.
Os deputados fujões O outro problema aconteceu com
uma metalúrgica que fez algumas
Abaixo o Jornal doe Bairros publica quim Guerra, Joalaa Leite, Augusto Bultrlns críticas ao Sindicato. O encarregado
o nome dos deputados pernambucanos Line e Silva, Ricardo Pluaa a Marco
que nâo compareceram ao Congresso no Antônio Maciel, todos da Arena, e Sér- da subsede do Sindicato em Abreu e
dia da votação da lei do governo que proí- gio Murilo do MDB. Lima, Amaro Trajano, ameaçou cor-
be as greves, permitindo, assim, a sua No dia 15 de setembro o prefeito de tar a moça do quadro de associados
Compareceram ao Congresso, para vo-
aprovação: Aderbal Jurema, Alron tar contra a lei que proíbe as greves, os Olinda, Germano Coelho, se reuniu do Sindicato.
Rios, Carloe aiberto Oliveira, Carlos deputados Jarbas Vasconcelos, Fer- com as pessoas que moram na Estra-
Wilson Campos, Geraldo Quedes, da dos Bultrins e que estão tendo suas Reposição Salarial
nando Lyra, Fernando Coelho e Tha-
Gonzaga Vasconcelos, Inocénclo casas desapropriadas pela Prefeitura,
les Ramalho e o senador Marcos Frei- que ali quer fazer obras do Projeto Cu- Um assunto muito debatido na as-
Oliveira, Joaquim Coutinho, Jea- re, todos do MDB. sembléia foi a questão da reposição
ra. Abaixo o Jornal doa Bairros
publica algumas frases e promessas salarial. Essa reposição é uma reivin-
do prefeito: dicação dos trabalhadores de todo o
Penaiidades previstas na os funcionários públicos, variando de 8
Brasil, que tiveram 34% a menos de
legislação para os grevis- meses a 20 anos, e até mesmo prisão per-
pétua ou pena de morte caso ocorra mor- aumento em seus salários, nos anos
tas te durante o movimento grevista). - Estamos ao lado do nosso povo de 72/73, porque o Governo, ao fixar
As várias penalidades estão previstas para resolver os seus problemas. Ja-
mais encaminharemos uma solução o índice oficial de reajuste daqueles
na CLT, lei 4330 (Lei de Greve), lei de se- Penalidades previstas anos, calculou o custo de vida abaixo
gurança nacional e decreto-lei 1632, bai- sem poder dar uma alternativa ao nos-
xado recentemente pelo general Geisel. para entidades e so povo, para onde ele iria. do que ele realmente era. Por isso, os
Essas penalidades são: advertência, mul- dirigentes sindicais operários de São Paulo, Rio de Janei-
ta, suspensão, dispensa, prisão (as penas Advertência, suspensão, demissão, ro e outros Estados estão exigindo
- Se o Projeto Cura nâo beneficias-
de prisão previstas pela lei de segurança cancelamento de registro para entidade se a área pobre, a primeira voz contra agora, na Justiça, a reposição daque-
nacional são particularmente severas para que liderar movimento grevista, multa. seria a minha. les 34% que eles tiveram a menos. A
diretoria do Sindicato não queria
aprovar essa luta pela reposição, o
Passaram-se algumas semanas e a advogado da entidade chegou a dizer
única certeza que os moradores dos

ANUNCIE NO Bultrins têm é que vão receber uma in- que era "tempo perdido" e que "nâo
denização da Prefeitura por suas ca- adianta", mas como muitos metalúr-
sas. D. Rosemari, por exemplo, vai re- gicos insistiram, a Diretoria se com-
ceber Cr$ 2.827,40 pela sua. Ela diz: prometeu a convocar uma outra as-
sembléia, depois do dissídio, para

JORNAL "O prefeito falou que meu barraco nâo


vale mais, mas pra mim tem todo o va-
lor do mundo, porque ele cobre a mim
tratar do encaminhamento da luta
pela reposição.
Outra reivindicação dos metalúrgi-
e a minha família". cos é a queda do pré-julgado 56/76,

DOS Apesar das belas palavras do prefei-


que permite descontar os aumentos
dados espontaneamente pelas em-
presas quando chega a época do
to Germano Coelho, até hoje ò povo dissídio. Se eles conseguirem isso, aí
dos Bultrins não sabe para onde vai,
BAIRROS nem o que vai fazer com a indenização
.da Prefeitura.
a antecipação de 8% que as empre-
sas farão em fevereiro próximo nâo
poderá serdescontada no reajuste sa-
larial do ano que vem".

Jornal dos Bairros - Setembro/Outubro/Novembro de 1978

•Vít-Kiív*, «
Mlruelra Ipsep Abreu e Uma
Buracos e mais buracos Santista continua poluindo
O chão é de Os moradores do Timbó, em Abreu e Lima, encaminharam à Se-
quem mora cretaria de Saúde do Estado um abaixo-assinaçiocom720 assinatu-
ras, reividnicando providências imediatas no sentido de proibir que a
Santista Industrial Têxtil continue poluindo o rio Timbó.
E, como lembra Reginaldo Silva, um dos que assinou o docu-
mento, "o trabalho de muita gente está sendo prejudicado". Explica
ele: "As lavadeiras de ganho estão passando necessidade, porque
não podem lavar as roupas e muitas pessoas que pegavam camarão
para vender estão sem pescar. Outros criavam uma vaquinha e o ani-
mal não pode mais beber água no rio Timbó. Tudo isso por causa de
uma fábrica que está prejudicando meio mundo de gente".

Paulista
E haja buracos
O Ipsep adquiriu um terreno no
bairro do Sancho e pretende ago- A&Jl EM fMMSTA A V/DA
ra lotear a área para ser vendida.
' REALMEAJTE ÜM. BURACO l
Em carta encaminhada aos mora-
dores do lugar, comunicou que
os lotes serão vendidos preferen-
cialmente ao pessoal que já mora
ali e cujas casas foram cadastra-
Os moradores de Mirueira e a fim de melhorar as condições das pelo Instituto.
Jardim- Paulista estão fazendo do tráfego.
constantes apelos às autoridades A situação é assim cpntanda
municipais de Paulista, para que por um morador: Os moradores estão preocupa-
seja concluído o calçamento do dos. Fizeram uma assembléia,
- No momento, os buracos vi-
trecho da rua Aurora, passando1 vem zombando da Prefeitura e dia 2 de agosto, com o compare-
pelo Jardim Paulista e indo até o cimento de 150 pessoas. Quem
esta, por sua vez, zomba dos não foi cadastrado teme ter de
terminal de coletivos de Mirueira, usuários.
sair (a maioria trabalha perto, nas
fábricas do Curado). È mesmo
Coque quem foi cadastrado pode não ter
condições financeiras para com-
prar um lote. Além disso, não sa- NomAc"-u£o
Moradores exigem bem como serão indenizados.
As ruas da Vila Presidente Var- difícil até as pessoas passarem a
limpeza das ruas Eles estão se reunindo e preten- gas, em Paulista, estão totalmente pé. As reclamações são constan-
Os moradores das ruas do Campo e Cabo Eutrópio, no^Coque, dem levar suas reivindicações até esburacadas e no maior descaso. tes, mas até o momento a Prefei-
o Ipsep. Tanto que, em muitas delas, não tura Municipal não tomou qual-
cansados de esperar as máquinas da Prefeitura que só aparecem às é possível o tráfego de carros e é quer providência.
vésperas das eleições para nunca mais voltar, encaminharam ao Pre-
feito um abaixo-assinado com 240 assinaturas exigindo de imediato o
aterramento e a limpeza dessas duas ruas. Cumbe — Cristo Redentor
Mais ônibus
Córrego do Qenipapo A luta por
O pessoal do Cristo Redentor fez umabáixo-assiinado com 1.800
uma escola assinaturas e enviou, há uma porção de tempo, à Prefeitura de Jaboa-
Lixo das ruas tão, pedindo a volta dos ônibus da Metropolitana até o terminal, no
traz doenças "Tentamos por todos os lados: abrigo Cristo Redentor, quehavia sido interditado devido à pista, em
Prefeitura, vereadores, pessoas péssimo estado.
No Córrego do Genipapo, elas estão se reunindo e discutindo influentes. Não adiantou. Resol- Até umas Kombis que serviam ao povo nos dias de feira, carre-
sobre o problema da saúde. Depois de verem que havia tantas doen- vemos, então, contar mesmo com gando as pessoas de Cavaleiro até Cristo Redentor, foram proibidas
ças no bairro, resolveram descobrir como fazer para prevenir e não o pessoal daqui. Formamos uma de fazer esse serviço pela Polícia Rodoviária.
remediar. sociedade, com diretoria e tudo.
O resultado é que viram que a maior fonte de impurezas e doen-
ças vem dos lixos que são jogados na rua, pois a Urb não se lembra
de passar com freqüência neste lugar. E agora? Como fazer para ter-
Somos hoje 48 sócios, contri-
buindo pessoalmente com Cr$ Cohab Olinda
48,00 por mês. Promovemos fes-
minar com o lixo que se amontoa nas ruas? Com a palavra a Urb e o tas, sorteios e outras formas de Muitos problemas
Prefeito. conseguir dinheiro. Aos domin-
gos, os homens vêm ajudar na Os moradores das ruas C-0, C-1 e C-2, da Vila da Cohab, Olinda
Nova Descoberta construção. O prédio já está de
pé".
7° RO, encaminharam um abaixo-assinado com 210 assinaturas ao
Secretário da Saúde de Olinda e à Compesa solicitando das autorida-
É assim que os moradores do des uma atenção maior com os moradores daquelas ruas e com a Vi-
Mulheres lutam Cumbe - dona Esmeralda, seu la.
por uma creche Medino, dona Luíza, dona Alda. No abaixo-assinado, os moradores se queixam da falta de sa-
seu lido - contam a luta que o neamento, do acúmulo de lixo que não é recolhido diariamente e do
Um grupo de mulheres, em Nova Descoberta, está mandando pessoal da rua Estêvão vem calçamento de ruas e calçadas, que estão estourados por falta de ma-
brasa. Elas estão se organizando e discutindo o meio de conseguir tendo, com dificuldades mas nutenção.
uma creche para atender os filhos das mulheres do bairro que traba- sucesso, para construii1 uma es- Mauro Pessoa de Lima, um dos que assinaram a reivindicação,
lham foram de casa. cola ali. espera que "as autoridades tenham um pouco de consciência".

Domésticas Um congresso proveitoso


O III Congresso Nacional das Empregadas Domésti- ção ao menor-, segurança, salário família, gratificação do o Congresso contou com a presença de várias auto-
cas foi realizado, com grande proveito, de 03 a 06 de Natal, férias.); outras propostas sugeriam modificação ridades: o próprio ministro do Trabalho esteve presente
agosto, em Belo Horizonte. nas Leis Trabalhistas, para levar em conta a situação das na Sessão de Encerramento. Ele fez um elogio da profis-
Comparecerar^ 57 delegadas, de 8 estados do Bra- Domésticas. Por exemplo: jornada de trabalho, período são da empregada doméstica e declarou receber com
sil, sendo que a do Recife foi a única representante do de experiência, direito ao estudo, amparo ao empregado carinho a proposta das Congressistas, prometendo estu-
Norte e Nordeste. O passo principal do Congresso foi que for levado de uma localidade para outra, caso, ao ser dar sua aplicação.
dado com a aprovação de dois projetos complementares demitido, ele quisesse voltar para a primeira localidade. É peha que tão poucas domésticas, entre o milhão e
que foram incluídos no Documento Final. meio de membros desta classe no Brasil, tiveram esta
O Io Projeto, preparado pela Associação do Rio, O 2o Projeto, que surgiu do próprio plenário, formu- oportunidade de ver a caapacidade que tem a doméstica
apresentava propostas para ampliação da Lei das Do- lava a determinação das empregadas domésticas de se- para debater os problemas da classe, para traçar planos
mésticas. Umas propostas reclamavam a extensão das rem consideradas como os demais trabalhadores, sendo in- de ação em vista de melhorar a situação das companhei-
Leis Trabalhistas ao empregado doméstico (exemplo: cluídas nas Leis Trabalhistas e podendo lutar para ras. Elas teriam sentido muitoestímulo em ver este Con-
descanso semanal, aviso prévio, salário mímino, prote- melhorá-las. gresso organizado e dirigido pelas domésticas.

Jornal dos Bairro* - Setembro/Outubro/Novembro d» 1978

Você também pode gostar