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Efeitos Do Som Sobre A Germinação Das Sementes
Efeitos Do Som Sobre A Germinação Das Sementes
Jundiaí
2008
Parecer do Orientador: _______________________________________________________________
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Nota: _______
EFEITOS DO SOM SOBRE A GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE TREMOÇO
BRANCO (Lupinus albus L.)
Érika Cristina Giamundo*
Flávio André Santana**
Wanderley Carvalho***
RESUMO
sobre processos biológicos vêm sendo desenvolvidos, muitos dos quais com resultados
para quem o padrão vibratório de uma determinada molécula biológica possui uma
correspondência em uma nota musical ou freqüência sonora específica que, por sua vez, é
freqüência pode atuar como inibidora de uma dada molécula. Este estudo buscou investigar a
(Lupinus albus L.) durante o processo de germinação, sob condições ambientais controladas.
As sementes foram divididas em três grupos, cada qual acondicionado em uma câmara de
tratamentos: sem som, ruído branco e seqüência sonora estimuladora da L-alfa asparginase.
Embora não tratados estatisticamente, os resultados sugerem uma atividade mais intensa da
sonificação.
∗
Graduanda em Ciências – Habilitação em Biologia pelo Centro Universitário Padre Anchieta.
**
Graduando em Ciências – Habilitação em Biologia pelo Centro Universitário Padre Anchieta.
***
Licenciado em Ciências e Biologia. Doutor em Educação: Currículo, pela Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo. Professor das disciplinas de Biologia Celular, Histologia, Prática de Ensino e Fundamentos da
Pesquisa do curso de Ciências - Habilitação em Biologia do Centro Universitário Padre Anchieta.
INTRODUÇÃO
1982, p. 206). Ondas sonoras são variações de pressão, de origem mecânica, baseadas no
CALDAS; CHOW, 1982). Podemos utilizar ondas sonoras para estimular as partículas
Tompkins e Bird (1985) citam uma série de trabalhos que apresentaram resultados positivos
petúnia, cosmos, cebola, gergelim, rabanete, batata-doce, mandioca, arroz, milho, soja e trigo.
Realizando experimentos de cultivo e crescimento com malmequer (Tagetes erecta L.), sob o
efeito de diversas músicas, Klein e Edsal (1965) não obtiveram nenhuma diferença
Weinberger e Das (1972), utilizando freqüências de 4.000 Hz e 19.000 Hz, estudaram o efeito
Chod. Detectaram que, na freqüência de 4.000 Hz, houve uma interrupção no processo
mitótico após 48 horas do desligamento do som, período que corresponde a 2 ciclos de vida
da alga. Na freqüência de 19.000 Hz houve, nos dois primeiros ciclos de vida, um aumento do
processo mitótico, seguido por um período de decréscimo nos 7 ciclos seguintes e posterior
de absorção de água na germinação de sementes de nabo (Brassica rapa). Para isso, utilizou
freqüências sonoras entre 100 Hz e 9.000 Hz com intensidade de 100 dB, por períodos
variando entre 16 e 25 horas, constatando que a absorção hídrica não era afetada pelos
tratamentos.
plantas, Weinberger e Graefe (1973) expuseram sementes de alfafa, feijão, linho, aveia,
milho, pepino, alface e ervilha a três períodos de som contínuo, representado por ruído branco
e músicas étnicas canadenses em sete arranjos vocais e instrumentos distintos. A partir dos
resultados concluíram que as músicas empregadas afetavam o crescimento das plantas e que a
flauta, com freqüência de 450 Hz, era o instrumento que apresentava diferença
300 Hz e 12.000 Hz com intensidade entre 89 e 120 dB, com o intuito de determinar os
das plantas. Os melhores efeitos foram obtidos com a freqüência de 5.000 Hz a uma
trigo.
Hebling e Silva (1995) trabalharam com sementes de milho variedade IAC Hs 7777,
hídricas. Os resultados obtidos demonstraram que o ultra-som não afeta a taxa de absorção de
água das sementes durante o processo de germinação. Segundo os autores, há efeitos do ultra-
som sobre as plantas em situação de déficit hídrico, mas essa interferência não é significativa.
Creath e Schwartz (2004) procuraram determinar os efeitos da música e ruído sobre a taxa de
tanto em relação ao grupo controle quanto em relação ao grupo ruído. O teste ruído em
relação ao controle também obteve resultados positivos quanto à taxa de germinação, mas esta
intensidades de 0,5 a 1,0 W/cm2 por períodos que variavam, conforme a intensidade do som,
embebição, e aumento da taxa de crescimento, não sendo afetado por freqüências abaixo
desse valor. P. resinosa não foi afetada por nenhuma das freqüências testadas e L. europaea
de 4 W/cm2, mas esse resultado foi considerado estatisticamente irrelevante pelos autores.
escalas, se era possível estimular a aleurona de feijão (Phaseolus vulgaris) a sintetizar a alfa-
Para tanto, realizaram um ajuste para mais ou para menos na escala temperada proposta por
cents em freqüências de som. Cent pode ser definido como uma unidade linear de medida de
intervalos musicais onde, por definição, 100 cents equivalem a meio tom da escala temperada
Para isso, utilizaram uma melodia estimuladora e outra de inibição da alfa-amilase, além de
ruído branco por 2 períodos, sendo um de 60 horas com sonorização de 12 minutos a cada 6
horas e outro de 66 horas com sonorização de 12 minutos a cada 12 horas. As sementes foram
fonte sonora posicionada na parte superior. Para avaliação dos resultados, foi determinado o
Apesar dos resultados ainda não terem sido avaliados estatisticamente, houve diferenças dos
inicial melhor que nos demais tratamentos, que só foi observada após 30 a 36 horas. Não
houve diferença notável em relação ao peso da matéria seca do hipocótilo em nenhum dos
tratamentos.
Como se pode notar, os estudos realizados nessa área ainda não são suficientes para permitir
generalizações que levem a leis e princípios consistentes a respeito dos efeitos do som sobre
processos biológicos, entre eles, a germinação de sementes e o posterior desenvolvimento e
crescimento das plântulas. Há, portanto, muito ainda a ser explorado nesse campo, o que
acurado sobre os processos, suas causas e seus efeitos. No presente estudo, buscamos
(Lupinus albus L.) em condições hídricas e térmicas monitoradas. Essa enzima possui cadeia
A investigação aqui descrita pode ser considerada pioneira, já que nada equivalente foi
produzido a respeito da espécie em questão, fato que atesta a relevância do estudo. Além
2003), pois seus usos incluem fins alimentícios humanos e animais, adubação verde do solo,
al., 2007).
Lupinus albus, por exemplo, leguminosa da família das Fabáceas, de origem européia, rica em
proteínas e com alto teor de alcalóides, é utilizado principalmente para alimentação humana e
como adubo verde, pois promove a fixação simbiótica do nitrogênio por meio das bactérias
presentes em seus nódulos (BRAGA et al., 2006). Atua também na inibição de crescimento de
plantas daninhas (CORSATO et al., 2007), destacando-se como a espécie de tremoço mais
25º C com intensidade luminosa artificial de 150 Watts. Nessas condições e no prazo
O experimento teve como base o estudo conduzido por Petraglia, Ferreira e Delachiave
sementes de tremoço branco foram submetidas a três tratamentos: sem som, ruído branco, que
sonora estimuladora da L-alfa asparginase, enzima alvo codificada como P50288 no Expert
deveria ter sido submetido a três repetições, porém problemas operacionais ocorridos durante
Tomando como referência a escala temperada de notas musicais para estímulo proposta por
Foram construídas três câmaras de germinação, cada qual composta por um recipiente
plástico de 60 litros instalado no interior de outro recipiente plástico de 100 litros. O espaço
entre os dois recipientes foi revestido com papelão e isopor de 1,5 cm de espessura para
absorção acústica. Uma camada de areia cobriu o fundo de cada câmara de modo a evitar que
Na superfície da areia havia uma fina camada de manta acrílica, sobre a qual formas de metal
foram colocadas com as sementes de tremoço branco. Dentro de cada forma foram colocadas
duas folhas de papel filtro para posterior disposição das sementes1. Um alto-falante marca
1
Segundo Petraglia, Ferreira e Delachiave (2008), os estudos realizados dispondo as sementes de feijão em
formas de metal obteve uma resposta mais significativa em relação à germinação do que àqueles realizados
com sementes dispostas em placas de petri.
Multicon com potência de 5 Watts foi posicionado na parte superior de cada câmara com a
Cada alto-falante foi conectado a um receiver áudio/vídeo Sony modelo STR-DE705 com sete
entradas stereo e cinco canais na modalidade surround. Os níveis de saída para cada alto-
estimuladora foram aplicados por meio de dois aparelhos MP3 Player Chipset (Foston, Japão)
conectados ao amplificador (figura 1). No interior de cada câmara foi instalado um termo-
higrômetro marca Icoterm, por meio do qual foi feita diariamente, à mesma hora, do dia a
experimento. As câmaras foram fechadas com tampas compostas parcialmente por vidro a fim
sala isolada (figura 2). A abertura dessas câmaras ocorreu apenas para a contagem de
sementes germinadas e leitura da temperatura e umidade relativa2. Cada câmara recebeu uma
Antes de iniciar o experimento, cada bandeja, já com o papel filtro, recebeu cerca de 60 mL
de água destilada. Em seguida, as sementes foram dispostas nas formas de modo organizado.
2
A contagem de sementes foi feita a intervalos de 6 horas e a leitura da temperatura e umidade relativa a cada 24
horas.
A cada 12 horas, aproximadamente, foi verificada a umidade do papel e, sempre que
horas, sendo que a sonorização foi aplicada seqüencialmente para os tratamentos, com
exceção do grupo controle, a cada seis horas, por 12 minutos. Minutos antes de cada
O teste empregado foi o “Teste de Velocidade de Germinação” que consiste na análise diária,
germinadas que começou no dia seguinte à instalação dos experimentos. Petraglia, Ferreira e
Delachiave (2008) sugerem que a semente de feijão seja considerada germinada quando a
radícula atingir cerca de 2 mm ou mais. Neste estudo, os mesmos critérios foram adotados. As
radículas das sementes de tremoço branco foram medidas com auxílio de um paquímetro
(figura 4).
Figura 1. Amplificador e MP3
Figura 2. Acima: as três câmaras de germinação utilizadas para a realização dos três
tratamentos; abaixo: câmara de germinação com a tampa composta parcialmente por
vidro a fim de permitir a entrada de luz
Figura 3. Vista das sementes de tremoço branco na bandeja de metal acondicionada no
interior da câmara de germinação
Como se pode observar nas figuras 5 e 6, tanto a temperatura quanto a umidade relativa
apresentaram variações ao longo do experimento, porém seus valores foram os mesmos para
as três câmaras.
31,5
31
30,5
Temperatura (ºC)
30
29,5
29
28,5
28
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º
Dias
98
96
Umidade Relativa (%)
94
92
90
88
86
84
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º
Dias
158, 157 e 159 para os tratamentos sem som, ruído branco e som de estímulo,
respectivamente.
Os resultados demonstrados nas figuras 7 e 8 indicam que os três tratamentos apresentaram
tratamentos com ruído branco e sem som, tanto em relação ao tempo de germinação quanto ao
45
Nº de Sementes Germinadas
40
35
Sem Som
30
25 Ruído Branco
20
15 Sequência
Estimuladora
10
5
0
0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 132 144
Tempo (em horas)
Nos grupos que receberam os tratamentos com ruído branco e sem som, o início da
um número crescente de sementes germinadas a cada intervalo de seis horas. Já no grupo que
recebeu o tratamento com a seqüência estimuladora, a germinação teve início 12 horas antes
dos outros dois grupos; além disso, podem-se constatar oscilações bastante expressivas na
quantidade de sementes germinadas por período de seis horas entre as 72 e as 120 horas pós-
início do experimento, com um pico em 108 horas. Note-se que todos os tratamentos
correspondente a 108 horas, fenômeno que pode estar relacionado à temperatura de 29º C
verificada nesse período, a mais baixa durante todo o experimento. Contudo, somente o grupo
tratado com a seqüência estimuladora apresentou uma ascensão abrupta no número de
180
Nº de Sementes Acumuladas
160
140
Sem Som
120
100 Ruído Branco
80
60 Sequência
Estimuladora
40
20
0
8
4
0
18
36
54
72
90
10
12
14
Tempo (em horas)
oscilações do número de sementes germinadas por intervalo de seis horas entre as 72 horas e
as 114 horas após o início do experimento. Como a literatura não refere nenhum estudo
CONCLUSÃO
seqüência estimuladora em relação aos demais tratamentos. Assim, embora não avaliados
estatisticamente, os resultados sugerem uma atividade mais intensa da enzima estudada entre
revisão e eventuais ajustes na metodologia, serão necessárias para melhor elucidar os efeitos
constatados, incluindo-se os que se referem à pronunciada oscilação no número de sementes
germinadas por intervalo de seis horas. Apesar disso, acreditamos ter demonstrado, por meio
AGRADECIMENTOS
Ao nosso professor e orientador Wanderley Carvalho que, com seu conhecimento e sugestões,
Ao estimado Marcelo Petraglia, pela disponibilidade em nos receber em sua residência, guiar-
Ao senhor Romeu da Casa Fortaleza que, com generosidade, nos forneceu as sementes de
Ao nosso colega Augusto Moreno que nos forneceu o fungicida utilizado neste experimento.
Ao Gabriel Giamundo Paiva que, embora tão pequenino, mostrou compreender os momentos
Às nossas mães, familiares e amigos pelo apoio, carinho, força e compreensão. Sem eles, esta
REFERÊNCIAS
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using a seed germination bioassay. The Journal of Alternative and Complementary Medicine,
v. 10, n. 1, p. 113-122, 2004.
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