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Evolução tecnológica e

paradigmas que permitiram


cloud computing
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Reconhecer aspectos de computação orientada a serviços e da com-


putação como uma utilidade.
„„ Definir paradigmas tecnológicos subjacentes à cloud computing.
„„ Analisar a convergência de filosofias que originaram ambientes de
cloud computing.

Introdução
Gravar informações que podem ser acessadas em qualquer parte do
mundo, utilizar máquinas virtuais, acessar bibliotecas e visitar locais de
forma remota, entre outras possibilidades, tudo por meio da internet, é o
que podemos chamar de estar conectado na nuvem. A computação em
nuvem, ou cloud computing, consiste em acessar aplicações ou arquivos
por meio de páginas da internet ou programas específicos de conexão
remota. Onde quer que você esteja, havendo uma conexão com a internet,
será possível estabelecer acessos. Grandes centros computacionais, como
centros de processamento de dados (data centers), estão espalhados pelo
mundo, para favorecer os diversos tipos de conexões existentes. Além
disso, é possível contar com o compartilhamento entre máquinas de
usuários, que funcionam como uma nuvem.
Assim, a computação em nuvem trouxe flexibilidade aos serviços
computacionais, uma vez que data centers em diversos locais executam a
função de hospedagem e compartilhamento de informações e soluções,
por meio de grandes velocidades de banda larga. Ainda, existe uma faci-
lidade de adaptação dos serviços, de acordo com a carga computacional
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exigida, já que esse modelo de serviço oferece virtualização de hardware


e dos ambientes de desenvolvimento.
Neste capítulo, você vai estudar aspectos da computação orientada
a serviços e da computação como uma utilidade. Você também vai
compreender os paradigmas tecnológicos subjacentes à computação
em nuvem e a convergência de filosofias que originaram ambientes de
cloud computing.

1 Aspectos da computação orientada a serviços


e da computação como uma utilidade
Segundo Garfinkel (2000), o que conhecemos hoje por cloud computing foi ide-
alizado pelo professor John McCarthy (1927-2011) na década de 1960. Professor
do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), cientista da computação,
criador da linguagem de programação Lisp e do termo inteligência artificial,
McCarthy discursou no MIT Centennial em 1961 usando as seguintes palavras:

Se os computadores, da forma como eu imagino, se tornarem os computado-


res do futuro, então a computação poderá ser organizada como um serviço
público, assim como a telefonia é... Cada assinante pagará apenas pelos re-
cursos que ele realmente utilizará, mas ele terá acesso a todos os recursos
oferecidos pelas linguagens de programação de um grande sistema... Alguns
assinantes poderão oferecer serviços a outros assinantes... A computação
como um serviço público poderá ser base de uma nova e importante indústria
(GARFINKEL, 2000, p. 95).

Assim, McCarthy mostrou que a computação pode ser entregue como


serviço de utilidade, de forma semelhante à eletricidade. A influência dessas
palavras e das ideias de McCarthy acompanharam grandes evoluções tecno-
lógicas ao longo do tempo, concretizando atualmente o que entendemos por
computação em nuvem. A computação em nuvem reúne diversos recursos
importantes para se estabelecer uma conexão, como capacidade de processa-
mento, tipos de armazenamento, modos de conexão, modelos de plataformas,
aplicativos e muitos outros serviços que são disponibilizados na internet.
O tema da cloud computing tem relação com a virtualização de serviços
e hardware, pois, por meio da computação em nuvem, é possível uma pessoa
utilizar equipamentos, software e armazenamento indiferentemente do local
em que se encontra, pois o acesso é todo feito por meio da internet. Além disso,
é possível escalonar os serviços de acordo com cada necessidade. Ou seja, de
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acordo com a demanda, é possível utilizar determinados espaços e sistemas,


uma determinada largura de banda e demais recursos computacionais sem a
necessidade de interação humana — tudo acontece por meio de plataformas
amigáveis para utilização.
Os serviços podem ser interpretados como a disponibilização de uma
função computacional de um dado sistema para outro sistema, funcionando de
forma independente, com interface definida. O serviço, na computação, sempre
será uma ação decorrente de algum pedido ou solicitação — por exemplo, uma
pergunta sobre o telefone de alguém. A resposta será uma prestação de serviço
de informação. A flexibilização dos serviços oferecidos aos clientes permite
uma escalabilidade do que está disponível para que o cliente usufrua, de acordo
com suas programações de atividades. Em alguns momentos, o usuário pode
ter um pico de atividades e, em outros, uma redução desse fluxo, não neces-
sitando de todas as ferramentas solicitadas em um momento anterior. Dessa
forma, pode-se seguir um perfil já traçado ou utilizar os serviços de forma
aleatória. Por esse motivo, os data centers devem oferecer alta disponibilidade
durante 24 horas, pois os serviços em nuvem não costumam ter horas fixas
para acontecer — as solicitações acontecem o tempo todo.
De acordo com Sousa Neto (2015), em 2016, já era previsto um grande
faturamento em cima da modalidade de software como serviço. Muitos in-
vestidores de tecnologia da informação planejavam aumentar em cerca de
42% o investimento em computação na nuvem, a exemplo da Microsoft, que,
naquele momento, injetava um grande faturamento no Office 365. Segundo
Santino (2020), o produto Office 365, então, mudou de nome para Microsoft
365, e, além dos software-padrão disponibilizados na nuvem, passou a incluir
ferramentas próprias e de parceiros relacionadas a tratamento de imagens,
vídeos e outros recursos, incluindo medição e monitoramento de crianças. A
intenção dessa reformulação foi a inclusão de aplicativos externos, tornando
o pacote da Microsoft cada vez mais completo e atrativo para o usuário.
Essa reformulação realizada pela Microsoft tem relação com a computação
orientada a serviços (SOC, do inglês service-oriented computing), a nova
geração da computação distribuída, possuindo elementos como arquitetura
orientada a serviços (SOA, do inglês service-oriented architecture).
A Figura 1 mostra o tratamento dado aos serviços na SOC, que é direcionado
a dispositivos, de acordo com os objetivos a serem alcançados. Na camada
superior, temos usuários utilizando equipamentos e dispositivos para executar
ações ou solicitar serviços, que podem ser o acesso a uma plataforma web, o
envio de e-mails, o download ou upload de alguma informação, dentre outras
atividades comuns aos usuários desses dispositivos. Logo abaixo, temos uma
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camada ilustrada por um fluxograma, que descreve um processo, um sistema ou


um algoritmo de computador, representando a tomada de decisão dos usuários
da camada acima. Mais abaixo, na terceira camada, vemos as engrenagens,
que representam o processamento das informações; nesse ponto, será definido
para onde essas informações deverão seguir ou o que as ações dos usuários
deverão executar. A quarta camada ilustra o tratamento dos indicadores-chave
de desempenho, representando a técnica de gestão de desempenho e a análise
dos destinos e das ações em relação às tarefas a serem executadas. Nesse ponto,
deve-se oferecer suporte e permitir decisões de negócios. Por fim, para permitir
todas essas atividades, observa-se a distribuição em rede, de forma que, de
acordo com a ação executada na primeira camada, o respectivo destino receberá
a informação ou a ação enviada, podendo ser um dispositivo, um computador, um
sistema, um servidor, entre outros. A plataforma de SOC é muito abrangente no
que tange a modelos e princípios de design, orientação a serviços, padronização
de linguagens, frameworks, tecnologias e demais conceitos.

Figura 1. Computação orientada a serviços.


Fonte: TechnoVectors/Shutterstock.com.

Segundo Papazoglou (2003), a SOC é um molde computacional que


permite utilizar serviços de todas as complexidades, sendo a estrutura
principal para o desenvolvimento de aplicativos e a busca por novas so-
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luções em tecnologia. Esse modelo de atendimento aos usuários pode ser


implementado em diversos segmentos, por meio de métodos inteligentes
de programação, utilizando-se linguagens de programação, como XML,
e interfaces autoexplicativas e interativas, baseadas em padrões diversos,
para atender aos dispositivos encontrados no mercado e às plataformas ou
sistemas que os acompanham.
Nesse sentido, a SOA (Figura 2) é importante para garantir a funcionali-
dade dos aplicativos no que tange à infraestrutura de software, pois abrange o
gerenciamento e a coordenação de transações de serviços, a segurança, entre
outros fatores relacionados à disponibilização de serviços. A SOA abrange a
capacidade de implementar ações voltadas para as necessidades de negócio,
contando com análises de diretrizes, políticas e metodologias corporativas.
A SOA pode sugerir, propor, definir e possibilitar a criação de serviços que
poderão ser utilizados e compartilhados em qualquer perfil de aplicação
empresarial, tudo por meio de serviços web e com base no princípio da com-
putação distribuída, a partir do método de solicitação e repetição (request/
replay) entre clientes e serviços.

Figura 2. Arquitetura orientada a serviços.


Fonte: Adaptada de Bakhtiar Zein/Shutterstock.com.

Segundo Bhowmik (2017), a SOC foi estabelecida em um contexto que


apresenta as seguintes características:
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„„ infraestrutura de computação escalável, que conta com diferentes recur-


sos que podem ser escalonados em tempo real, conforme a necessidade
de um projeto;
„„ ambientes de computação distribuída espalhados ao redor do globo,
como os data centers, que contam com uma rede de alta velocidade
denominada backbone, a espinha dorsal da rede;
„„ instalações de trabalho colaborativas em diferentes locais, o que permite
a utilização de máquinas e equipamentos conforme a necessidade dos
clientes, por meio de plataformas web disponibilizadas para o acesso
virtual;
„„ arquitetura flexível para os aplicativos, contando com inúmeras for-
mas de se modelar uma solução de acordo com o cliente ou a implemen-
tação ou mudança de negócio pretendida, com base nos fundamentos
da SOA.

Podemos fazer uma analogia da internet como uma estrutura formada por
várias estradas, onde trafegam veículos (dispositivos) de diversos tamanhos,
carregando pacotes (de dados) de diferentes tamanhos. O aumento do número
de dispositivos somado à virtualização permitiu a inclusão de uma alternativa
de tráfego, denominada utility computing, ou computação como utilidade. Nela,
os fornecedores podem oferecer seus serviços, e cada cliente pagará pelo que
lhe interessar, com base no modelo de informação sob demanda proposto
por McCarthy. De acordo com Bhowmik, (2017), esse modelo apresenta dois
recursos importantes:

„„ a disponibilidade sob demanda, em que o cliente avalia sua necessidade


de uso em cima do que é oferecido; e
„„ a forma de pagamento sob demanda, com base no uso do cliente.

Uma vez que o pagamento é calculado conforme o uso, não haverá ne-
cessidade de os clientes se preocuparem com a aquisição ou o gerenciamento
de sistemas, o que gera um grande benefício em relação aos custos. Trata-se
de um processo de cobrança bem semelhante ao dos tradicionais serviços
públicos, como eletricidade, água ou telefone.
Evolução tecnológica e paradigmas que permitiram cloud computing 19

A computação em nuvem não é uma inovação repentina. Ao longo dos anos, ela
amadureceu com o desenvolvimento contínuo em diferentes campos da computação.
Os avanços tecnológicos nas áreas de hardware, software e comunicação de rede
contribuíram para o seu surgimento e a sua evolução.

2 Paradigmas tecnológicos subjacentes


à cloud computing
Os paradigmas tecnológicos acompanham a evolução computacional e as
inovações em sistemas de comunicações, favorecendo o dia a dia de pessoas,
empresas, negócios e transações, a economia e todo o tipo de relação que
envolva o fluxo de trabalho e as relações entre seres humanos e máquinas.
Segundo Sousa Neto (2015), a necessidade de armazenamento e compartilha-
mento por parte dos usuários vem aumentando desde o surgimento da internet,
e a dependência desses serviços cresce a cada novo aplicativo ou ferramenta
que surge no mercado.
As redes sociais passaram a ser instrumentos de trabalho, permitindo a
disponibilização de vídeos, e-books, revistas, álbuns e fotos; além disso, os
escritórios estão se tornando cada vez mais virtuais. Com isso, a quantidade
de informações digitais e documentos eletrônicos só aumenta, obrigando
a rede internet protocol a ser capaz de suportar cada vez mais dados, de
forma segura e eficiente. Por esse motivo, o número de data centers e equi-
pamentos também vem aumentando, exigindo a aplicação de estratégias
de escalabilidade e flexibilidade para suprir a necessidade crescente de
armazenamento, compartilhamento e disponibilidade de dados em tempo
real para os usuários.
Conforme leciona Chandrasekaran (2015), para se chegar à computação
em nuvem, surgiram, ao longo dos anos, inovações em diversas áreas,
como projetos de alto desempenho, computação paralela, computação
distribuída, sistemas de clusterização, computação em grade, biocompu-
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tação, redes de computadores, entre outros. Todos esses projetos estão


associados à velocidade do avanço tecnológico computacional de sistemas
e máquinas ou dispositivos, tudo direcionando para a nuvem, conforme
descrito a seguir.

Computação de alto desempenho


Nesse modelo, encontramos um conjunto de elementos computacionais,
como os computadores, conectados em rede para a execução de tarefas
entre eles, não importando que sejam homogêneos ou heterogêneos. O
modelo legado da computação de alto desempenho (HPC, do inglês
high-performance computing) pode ser entendido como o conceito de
supercomputadores, em que há utilização de vários processadores, discos
e memórias, formando um único elemento. Exemplos de HPC vão desde
pequenos clusters de computadores pessoais até os supercomputadores, mais
rápidos e com maior poder de processamento, normalmente encontrados em
aplicações para solucionar problemas científicos, já que essas ações exigem
simulações complexas.

Computação paralela
Uma técnica oriunda do HPC, a computação paralela funciona com o
trabalho cooperativo entre um conjunto de processadores para resolver
vários cálculos ou um problema específico na área da computação. Sua
principal exigência é que os dispositivos sejam homogêneos; logo, podemos
entender que os supercomputadores, com centenas ou milhares de proces-
sadores, estarão interconectados com outros recursos para desempenhar
suas soluções por meio de bits, instruções, dados ou tarefas. De acordo
com Asanovic et al. (2006), o consumo energético gerado pela computação
paralela é muito alto, devido à grande quantidade de processadores; com
isso, os equipamentos passaram a utilizar processadores multinúcleos. No
Quadro 1, é apresentada uma comparação entre a computação convencional
e a paralela.
Evolução tecnológica e paradigmas que permitiram cloud computing 21

Quadro 1. Comparações entre sistemas computacionais simples e paralelos

Computação
convencional Computação paralela

Executado em um único Executado em vários processadores


Aplicativo
processador

Dividido em uma série Dividido em partes discretas que po-


Problema
discreta de instruções dem ser resolvidas simultaneamente

Executadas uma após Ocorre a divisão de instruções em série,


Instruções a outra e as partes serão executadas simultanea-
mente em diferentes processadores

Todos os processos são controlados por


Outros meio da ação de um mecanismo de
coordenação

Fonte: Adaptado de Chandrasekaran (2015).

Computação distribuída
A computação distribuída é um formato de execução de tarefas computacio-
nais por meio de computadores conectados em rede, admitindo dispositivos
homogêneos ou heterogêneos e trabalhando como um sistema único. Por se en-
contrarem conectados em redes, não importa a distância entre eles para executar
as tarefas. Nesse formato de sistema distribuído, haverá suporte suficiente para
aceitar qualquer modelo de configuração das máquinas conectadas, podendo
existir desde um servidor até estações de trabalho. O objetivo da computação
distribuída é fazer com que essa rede funcione como um único computador.
Esse modelo ou formato de computação oferece vantagens, como:

„„ escalabilidade de dispositivos, em que mais equipamentos, sem importar


suas configurações, poderão fazer parte da força-tarefa de processamento
em rede ou poderão ser retirados sem afetar a configuração existente;
„„ redundância ou replicação, em que, em caso de falha de algum equipa-
mento, outras máquinas poderão assumir o funcionamento sem afetar o
desempenho ou o processamento de informações, já que várias máquinas
podem fornecer os mesmos serviços.
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Sistemas de clusterização
O sistema em cluster trabalha com diversas máquinas conectadas em uma
infraestrutura de rede dedicada, e esse conjunto fará o processamento de
determinada tarefa. O compartilhamento de funções acontece por meio de um
diretório único entre as máquinas. O gerenciamento ocorre pelo tratamento de
mensagens por um software responsável pela comunicação entre os processos
existentes, como o message passing interface, que, por meio de suas rotinas
e comandos, permite que os programas sejam executados em todos os nós
(computadores na rede) simultaneamente. O cluster surgiu também para atender
aos sistemas computacionais de alta performance, em que o conjunto de nós
individuais pode desenvolver grandes tarefas e resolver de forma conjunta
problemas complexos facilmente e rapidamente. Tudo funciona como uma
cooperativa de computadores em redes.

Computação em grade
A computação em grade parte da ideia da utilização de diversos computadores
conectados em rede contínua, mas com esse conjunto de recursos formando
uma estrutura em grade, funcionando como um supercomputador virtual,
que também será utilizado para soluções de grandes problemas em menor
tempo de execução, em comparação a outros formatos. Nesse caso, ocorre o
aproveitamento de recursos de computação, que, por determinado momento,
serão disponibilizados para se unirem na resolução da tarefa. Ou seja, surge
o conceito de aproveitar o poder computacional ocioso para se juntar à força-
-tarefa designada, gerando, dessa forma, um retorno de investimento em cima
de equipamentos que porventura estariam parados ou sem função, sem ficarem
dependentes ou vinculados ao modelo.
O gerenciamento ocorre por meio de um software do tipo middleware, que
fornece serviços e recursos comuns a aplicações. Ele tem o papel de conectar
aplicações, dados e usuários por meio de recursos remotos. Esse formato
se popularizou a partir dos serviços oferecidos por ele, como controle de
acesso, segurança, acesso a dados — como bibliotecas e bancos de dados —,
instalações e manutenções remotas, funcionando em larga escala e por longos
períodos. Ainda, permite a utilização de dispositivos ociosos, sendo uma
solução econômica e que reduz investimentos, permitindo que computadores
com diferentes características se juntem na solução de tarefas.
Evolução tecnológica e paradigmas que permitiram cloud computing 23

Redes de computadores
A arquitetura de redes é o alicerce de todos os modelos citados anteriormente,
além de fazer parte da definição de internet — afinal, esta consiste na rede
mundial de computadores. Por meio da arquitetura de redes, podemos simular
e executar tarefas, operar dispositivos, tomar decisões, participar de encontros,
entre muitas outras oportunidades. A relação entre clientes e servidores é a
realidade para todas as pessoas e negócios, pois todas as ações executadas
na rede passam por algum tipo de servidor, como de redirecionamento, de
localização, de controle, entre outros. Estamos conectados praticamente 24
horas por dia, utilizando ou não algum serviço diretamente. Os smartphones
precisam estar em sintonia com a rede, para sempre atualizarem aplicativos,
correios eletrônicos e demais funções.
Quando falamos de cloud computing, o cenário de economia em infraes-
trutura está relacionado diretamente aos clientes, já que grandes estruturas
devem existir em algumas partes do mundo para garantir toda essa distribuição
de rede. Dessa forma, essas empresas buscam equipamentos que forneçam
espaço e velocidade e suportem boas larguras de banda, para que a rede de
backbone mantenha o grande fluxo de informações atravessando o planeta.
Redes de comunicação trabalham com grande volume e tráfego de dados;
assim, surge o big data, significando o tratamento, o processamento e o
armazenamento dessas informações, exigindo da rede variedade, volume
e velocidade. Ele é importante para as empresas coletarem informações e
analisá-las, identificando, dessa maneira, novas oportunidades de negócios,
de acordo com cada atividade exercida.
Diante dos modelos apresentados, percebemos a evolução da computação
em nuvem e a quantidade de atividades que podem ser desenvolvidas em rede.
Atualmente, diversos dispositivos, como eletrodomésticos, equipamentos de
segurança, brinquedos, carros e outros, já estão saindo de fábrica com soluções
voltadas para a nuvem, como aplicativos de realidade aumentada ou realidade
virtual e de acesso remoto, que permitem a conexão com e entre os objetos
do nosso dia a dia. Surgem também as soluções de Internet das Coisas (IoT,
do inglês Internet of Things), fazendo com que permaneçamos conectados na
nuvem por mais tempo ou o tempo todo.
Segundo Chou (2016), a IoT é vista como a solução atual de acesso a dis-
positivos, que podem ser controlados de qualquer parte por meio da internet.
Nesse sentido, podemos abordar diretamente a relação da IoT com a cloud
24 Evolução tecnológica e paradigmas que permitiram cloud computing

computing, pois os eletrodomésticos, os meios de transporte, os objetos re-


sidenciais, as roupas, entre muitos outros objetos que surgem atualmente, já
possuem conexão direta com a internet, seja para controle e monitoramento
ou para avaliações e acompanhamento.
Os sistemas de telecomunicações em redes metálicas, fibra óptica
ou redes de celulares evoluem continuamente. Dessa maneira, novas
aplicações e soluções têm sido desenvolvidas, permitindo aos usuários
utilizarem maior quantidade de aplicativos em seus dispositivos, sejam
eles computadores, tablets, celulares, entre outros. Essa diversificação
de aplicativos oferece funcionalidades para gerenciamento e acesso da
internet, utilização de streaming de áudio e vídeo, download de arquivos,
serviços de localização, jogos em tempo real e multimídia em geral. Servi-
ços como M2M (machine to machine), em que é possível o monitoramento
do funcionamento ou do abastecimento de máquinas, e D2D (device to
device), em que a conexão ocorre entre dispositivos diversos, são exem-
plos de como a computação em nuvem nos rodeia e está cada vez mais
em nossas vidas, podendo ser vista como a disponibilidade de objetos ou
dispositivos físicos na internet.

M2M é a técnica usada pela indústria para uma máquina se comunicar com outra
máquina, obtendo informações e realizando transferência de dados. D2D é o serviço
de comunicação ou transmissão direta de dados por proximidade entre dispositivos.

3 Análise da convergência de filosofias que


originaram ambientes de cloud computing
Dimensionamento e alcance são fatores incalculáveis em cloud computing,
devido à grande extensão alcançada pela rede. Esta é a grande vantagem da
nuvem: acesso em tempo real em toda parte. Dentro desse cenário, o uso dos
serviços de virtualização se tornou frequente; dessa forma, diversos recursos
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podem ser disponibilizados em tempo real, sem a necessidade de recursos ou


dispositivos físicos, atendendo, dessa maneira, à grande demanda computa-
cional existente na nuvem.
Pode-se dizer que a origem de todo esse sistema em nuvem partiu da
introdução do sistema de computação distribuída durante a década de 1980,
associada ao avanço dos sistemas computacionais, que passaram a ser mais
elaborados e complexos, e ao aumento de máquinas interligadas em redes. A
partir desses dois segmentos, surgiram a computação em cluster, utilizando
equipamentos e estrutura homogênea, e a computação em grade. Com isso,
o mundo computacional ganhou maior poder de processamento, aumentando
a carga de trabalho e o número de usuários e oferecendo melhor tempo de
resposta e maior confiabilidade. Agora, não se fala mais em trabalhos indi-
viduais, e sim em uma espécie de cooperativa computacional de máquinas
diferentes, interligadas em redes públicas ou privadas por meio de intranet
ou internet.
A computação em grade, introduzida nos anos 1990, foi a sucessora da
computação em cluster, oferecendo aperfeiçoamentos em cima de algumas
desvantagens apresentadas pelo antigo sistema. Entre essas melhorias está
a possibilidade de desenvolvimento e construção por meio da utilização de
dispositivos heterogêneos, permitindo a descentralização do controle existente
no padrão de cluster, que só permitia estrutura homogênea. Assim, em síntese,
entre os fatores que caracterizaram a nova era da computação, conhecida como
computação em nuvem, destacam-se:

„„ a força de cooperação entre as máquinas na computação em grade;


„„ a combinação de diferentes avanços tecnológicos no campo da compu-
tação, como os desenvolvimentos nas áreas de hardware, tecnologia da
comunicação, tecnologias na web, arquitetura de aplicativos, sistemas
interativos, entre outros; e
„„ a grande disponibilidade de recursos distribuídos na rede, em que o
acesso é baseado em modelagens de serviços.

Com base no que foi apresentado em Bhowmik (2017), a Figura 3 apresenta


as diferentes tecnologias que contribuíram, por meio de sua combinação, para
o surgimento da computação em nuvem.
26 Evolução tecnológica e paradigmas que permitiram cloud computing

Figura 3. Convergência de tecnologias para a evolução da computação em nuvem.


Fonte: Adaptada de Imagem baseada em Bhowmik (2017).

Assim, a computação em nuvem é um conjunto de serviços que se tor-


nou realidade para todos, sejam usuários comuns ou empresas de todos os
tamanhos, partindo da necessidade de hospedagem de arquivos, serviços
remotos, aplicativos web, que agora chegam a qualquer indivíduo por meio
de seus dispositivos. As empresas de software e hardware vêm tornando
essa realidade cada vez mais comum, com grande volume de investimento
em tecnologia e segurança. A favor desse cenário, as empresas em geral vêm
necessitando cada vez mais de plataformas que suportem cada vez mais novas
ferramentas de vendas, seja um simples anúncio, seja uma propaganda 3D ou
com realidade virtual.
A virtualização de recursos agregou ainda mais às soluções para dispositivos
portáteis, pois trouxe independência aos sistemas, que antes eram aplicados
em dispositivos únicos e locais. Com a disponibilidade em nuvem, foi possível
não apenas testar como aplicar e diversificar o desenvolvimento de muitas
soluções, oferecendo a portabilidade entre hardware diversos, eliminando
problemas de escassez e oferecendo o conceito de escalabilidade, fazendo
com que ocorra um crescimento da disponibilização de serviços, conforme
Evolução tecnológica e paradigmas que permitiram cloud computing 27

a demanda e o pool de recursos oferecidos e compartilhados na rede. O pool


de recursos é uma necessidade primordial na criação de um ambiente de
computação grande e robusto.
A Figura 4 representa a evolução da computação em nuvem, relacionando
a filosofia com a metodologia aplicada.

Figura 4. O caminho para a computação em nuvem.


Fonte: Adaptada de Bhowmik (2017).

Muitas filosofias computacionais contribuíram para que esse mundo, co-


nectado em qualquer parte, viesse a se tornar realidade, a partir de diferentes
metodologias aplicadas aos conceitos que envolvem soluções em hardware
ou software. A SOA e a SOC são exemplos de utilização de ferramentas
desenvolvidas para o ambiente computacional e aprimoradas para a nuvem.
Nesses casos, temos a utilização de equipamentos disponíveis como serviços
e sistemas de back-end, como bases de dados, aplicações em pacotes, software
de gestão de relacionamento com clientes e gestão empresarial, entre outros,
funcionando em diversas plataformas disponibilizadas por meio da nuvem. O
que faz a nuvem se tornar uma solução tão fascinante é a sua característica de
elasticidade na rede, pois consegue ser alcançada a partir de uma infraestrutura
dinâmica e um grande pool de recursos, disponível ao alcance de todos.
28 Evolução tecnológica e paradigmas que permitiram cloud computing

A computação em nuvem surgiu a partir da evolução dos sistemas computacionais e,


assim, trouxe uma revolução no campo da computação, extinguindo a dependência
de máquinas locais. Seus recursos podem ser acessados ou desenvolvidos em qualquer
parte do mundo, em conjunto, por meio da internet.

ALVES, L. Guerreiros da internet em português: PTBR. 2013. Disponível em: https://www.


youtube.com/watch?v=O9tg_gr_iIY. Acesso em: 9 jul. 2020.
ASANOVIC, K. et al. The landscape of parallel computing research: a view from Berkeley.
Berkeley: University of California, 2006.
BHOWMIK, S. Cloud computing. Cambridge: Cambridge University, 2017.
CHANDRASEKARAN, K. Essentials of cloud computing. Boca Raton: CRC, 2015.
CHOU, T. Precision: principles, practices and solutions for the internet of things. [S. l.]: Lulu, 2020.
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SANTINO, R. Microsoft inclui novos recursos no Office 365, que agora se chama 'Microsoft 365'.
2002. Disponível em: https://olhardigital.com.br/noticia/microsoft-inclui-novos-recursos-
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SOUSA NETO, M. V. Computação em nuvem: nova arquitetura de TI. Rio de Janeiro:
Brasport, 2015.

Leituras recomendadas
BUYYA, R.; VECCHIOLA, C.; SELVI, S. T. Mastering cloud computing: foundations and
applications programming. [S. l.]: Morgan Kaufmann, 2013.
ERL, T. SOA: principles of service design. Upper Saddle River: Prentice Hall, 2007.
MARINOS, A.; BRISCOE, G. Community cloud computing. In: IEEE INTERNATIONAL CON-
FERENCE ON CLOUD COMPUTING, 2009. Proceedings [...]. [S. l.]: Springer, 2009. p. 472–484.
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SEMINAR, 2006, Wadern. Proceedings [...]. Wadern: [s. n.], 2006.
Evolução tecnológica e paradigmas que permitiram cloud computing 29

Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
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local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
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