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Ensaios Criminologia - Oabrs
Ensaios Criminologia - Oabrs
ENSAIOS CRIMINOLÓGICOS:
Produções Coletivas de Resistência
Porto Alegre
OAB/RS
2018
Michelle Karen Batista dos Santos
Lucas e Silva Batista Pilau
(Organizadores)
ENSAIOS CRIMINOLÓGICOS:
Produções Coletivas de Resistência
Augusto Jobim
Betina Warmling Barros
Caroline Bussoloto de Brum
Cibele de Souza
Domenique Assis Goulart
Fernanda Corrêa Osório
Fernanda Martins
Franchesca Inácio Zandavalli
Laura Gigante Albuquerque
Leandro da Cruz Soares
Lucas Dall'Agnol Pedrassani
Lucas e Silva Batista Pilau
Michelle Karen Batista dos Santos
Osmar Antônio Belusso Júnior
Patrícia Martins Saraiva
Porto Alegre
OAB/RS
2018
Copyright © 2018 by autores
Todos os direitos reservados
Diretora de Cursos Permanentes da Escola Superior da Advocacia da OABRS
Fernanda Corrêa Osório
Revisores
Betina Warmling Barros
Domenique Assis Goulart
Thiago Ribeiro Rafagnin
Capa
Carlos Pivetta
E52
Ensaios Criminológicos: produções coletivas de resistência/ Michelle
Karen Santos, Lucas e Silva Batista Pilau (Organizadores); Augusto
Jobim [et al.]. Porto Alegre/OABRS. 2018. 241p.
CDU 343.9
DIRETORIA/GESTÃO 2016/2018
CORREGEDORIA
OABPrev
COOABCred-RS
Ricardo Breier
Presidente da OAB/RS
PREFÁCIO
Fernanda Osório
Advogada
Diretora de Cursos Permanentes da Escola Superior da Advocacia da
OABRS
Prof. da Escola de Direito da PUCRS
SUMÁRIO
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1
Mestranda em Sociologia no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFRGS.
Atualmente é bolsista de Mestrado CNPQ. Possui Graduação em Ciências Jurídicas e
Sociais da Faculdade de Direito/UFRGS. Atuação na área da Sociologia da Violência,
Criminologia, Direito Penal e Direito Penal Juvenil. E-mail:
barros.betina3@gmail.com.
2
Pesquisador e Advogado. Mestre em Ciências Criminais pelo Programa de Pós-
Graduação em Ciências Criminais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul (PUCRS). Graduado em Direito pela Universidade Católica de Pelotas
(UCPel). Professor convidado na Pós-Graduação (lato senso) em Ciências Criminais
da Faculdade Campo Real (Guarapuava/PR). Advogado do Centro de Defesa de
Direitos Humanos (CDDH) de São Leopoldo. E-mail: lucas.pilau@hotmail.com.
16
3
Entre 1993 e 2010 tramitaram no Legislativo brasileiro 37 propostas de Emenda
Constitucional visando a redução da maioridade penal. (CAPPI, Ricardo. Pensando
As Respostas Estatais às Condutas Criminalizadas: um estudo empírico dos debates
parlamentares sobre a redução da maioridade penal (1993 - 2010). Revista de Estudos
Empíricos em Direito, 1 (1), 10-27, 2013. p. 15.)
4
BERLOFF, Mary; MÁXIMO, Langer. Myths and realities of juvenile justice in latin
america. In: MÁXIMO, L.; TANENHAUS D. S; ZIMRING, F. E. (Org.). Juvenile
Justice in Global Perspective. New York: New York University Press, 2015. p. 205.
17
5
MÉNDEZ, Emílio Garcia. Infância, Lei e Democracia: Uma Questão de Justiça. In:
e BELOFF, Mary orgs. Infância, Lei e Democracia na América Latina, p. 42., apud,
COSTA, Ana Paula Motta. As garantias processuais e o direito penal juvenil: como
limite na aplicação da medida socioeducativa de internação. Porto Alegre: Livraria
do Advogado, 2005. p. 58.
18
6
MÉNDEZ, Emílio Garcia. Infância e Cidadania na América Latina. São Paulo:
HUCITEC, 1998. p. 34.
7
Idem, p. 35.
19
8
BERLOFF, Mary; MÁXIMO, Langer. Myths and realities of juvenile justice in latin
america.
9
SARAIVA, João Batista Costa. Compêndio de Direito Penal Juvenil: adolescente e
ato infracional. 3. ed. ampl. rev. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006. p. 18.
10
Constituição Federal de 1988, art. 227, parágrafo 3º, inciso V.
11
“A Doutrina da Proteção Integral, além de contrapor-se ao tratamento que
historicamente reforçou a exclusão social, apresenta-nos um conjunto conceitual,
metodológico e jurídico que permite compreender e abordar as questões relativas às
crianças e aos adolescentes sob a ótica dos direitos humanos, superando o paradigma
da situação irregular para instaurar uma nova ordem paradigmática.” (SARAIVA,
João Batista da Costa. Compêndio de Direito Penal Juvenil: adolescente e ato
infracional. p. 18).
20
12
SARAIVA, João Batista da Costa. Compêndio de Direito Penal Juvenil:
adolescente e ato infracional. p. 27.
13
BERLOFF, Mary; MÁXIMO, Langer. Myths and realities of juvenile justice in latin
america. p. 210.
21
14
FONSECA, Cláudia; SCHUCH, Patrice. Políticas de proteção à infância: um olhar
antropológico. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009. p. 77.
15
NICODEMOS, Carlos. A natureza do sistema de responsabilização do adolescente
autor de ato infracional. In: ILANUD (Org.), Justiça Adolescente e Ato Infracional:
Socioeducação e responsabilização. São Paulo: ILANUD, 2006, p. 62-85.
16
PAULA, Liana de. Liberdade assistida: punição e cidadania na cidade de São
Paulo. 2011. - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de
São Paulo, São Paulo, 2011. p. 61
17
PAULA, Liana de. Liberdade assistida: punição e cidadania na cidade de São
Paulo, p. 61.
18
CASTRO, Françoise. Foucault par lui même. Disponível em:
22
21
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Petrópolis, Rio de
Janeiro: Vozes, 2009, pp. 131-163.
22
DERRIDA, Jacques. Espectros de Marx: o estado da dívida, o trabalho do luto e a
nova Internacional. Tradução de Anamaria Skinner. Rio de Janeiro: Relume-Dumará,
1994, p. 23.
24
23
SILVA FILHO, José Carlos Moreira da. Da “invasão” da América aos sistemas
penais de hoje: o discurso da “inferioridade” latino-americana. IN: WOLKMER,
Antônio Carlos (org). Fundamentos de História do Direito. Belo Horizonte: Del Rey,
1996. p. 165 a 209.
24
SAFATLE, Vladmir. Do uso da violência contra o Estado ilegal. In: TELES, Edson;
SAFATLE, Vladimir (orgs.). O que resta da ditadura? - a exceção brasileira. São
Paulo: Boitempo, 2010, p. 238.
25
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua. Tradução de
Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002, p. 16.
26
BATISTA, Nilo. Ainda há tempo de salvar as forças armadas da cilada da
militarização da segurança pública. In: BATISTA, Vera Malaguti (Org.); Ana Luiza
Nobre [et. al]. Paz Armada. Coleção Criminologia de Cordel. Rio de Janeiro: Revan,
2012, 1ª reimpressão, setembro de 2013, p. 51.
25
27
FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. 10º Anuário Brasileiro de
Segurança Pública, 2016, p. 06.
26
28
FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade: curso no Collège de France
(19751976). Tradução Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p.
91.
29
Em referência à tese IX das teses “Sobre o conceito da história” de Walter Benjamin
(BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e
história da cultura. Tradução Sérgio Paulo Rouanet; prefácio Jeanne Marie Gagnebin
– 8ª Ed. Revista – São Paulo: Brasiliense, 2012 – (Obras Escolhidas v.1, pp. 245-246).
30
Em referência ao famoso quadro O Grito, de Edvard Munch, em que uma criatura
demonstra, com as mãos coladas na face, angústia e desespero.
27
Não faz muito tempo que uma onda – e assim é chamada pelo
fato de vir e voltar constantemente, não tendo lugar definido – de
ressocialização acossou os sistemas penais do mundo. Terminada a
Segunda Guerra Mundial, parte da segunda metade do século XX, nos
países centrais, conheceu-se o chamado welfare state, onde o Estado,
diante de uma memória recente de terror, passou a dar assistência direta
aos indivíduos. Para os criminalizados e encarcerados da época, o
discurso estava centrado na busca pela ressocialização – a ideia de um
previdenciarismo penal girava em torno da prosperidade da sociedade,
incluindo nela os criminalizados sob cuidado agora de um Estado
31
Para uma visão geral, ver: ANITUA, Gabriel Ignacio. Histórias dos pensamentos
criminológicos. Tradução Sérgio Lamarão. Rio de Janeiro: Revan: Instituto Carioca
de Criminologia, 2008.
28
32
GARLAND, David. A cultura do controle: crime e ordem social na sociedade
contemporânea. Rio de Janeiro: Revan, 2008, p. 110.
33
ZIMRING, Franklin E.; LANGER, Máximo. One theme are many? The search for
a deep structure in global juvenile justice. In: LANGER, M.; TANENHAUS D. S;
ZIMRING, F. E. (Org.). Juvenile Justice in Global Perspective. New York: New York
University Press, 2015. p. 389.
34
Idem, ibidem.
35
COSTA, A.P. M.Os direitos dos adolescentes em cumprimento de medidas
socioeducativas e sistema constitucional brasileiro. In: CRAIDY, C. M.;
SZUCHMAN, K. (Org.). Socioeducação: Fundamentos e Práticas. Porto Alegre:
Evangraf, 2015. p. 19.
29
36
SARAIVA, João Batista da Costa. Compêndio de Direito Penal Juvenil:
adolescente e ato infracional. p. 50.
30
37
BATISTA, Vera Malaguti. Marx com Foucault: análises acerca de uma
programação criminalizante. Veredas do Direito, Belo Horizonte, v.02, n.04, p. 25-
31, julho-dezembro de 2005, p. 28.
31
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
1
Pós-Graduanda na Especialização em Direito Penal e Políticas Criminais na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Advogada.
2
SAJÓ, András. Abuse of Fundamental Rights or the Difficulties of Purposiveness
(29-98). In: Abuse: The Dark Side of Fundamental Rights. Edited by András Sajo.
Eleven International Publishing. 2006. p. 43.
36
3
SAJÓ, András. Idem. p.43.
4
FILHO, Ciro Marcondes. Violência Política. Coleção polêmica. Editora moderna,
1987. p. 54.
5
FILHO, Ciro Marcondes. Idem. p. 56.
6
FILHO, Ciro Marcondes. Idem. p. 72.
37
7
ARENDT, Hannah. Origens do Totalitarismo: Anti-semitismo, Imperialismo e
Totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. p. 361.
8
PUIG, Santiago Mir. La Delinquência Relacionada com el Abuso de Poder Aspectos
Criminológicos (41-50). In: BERISTAIN. A.; CUESTA. J. (Orgs.) La Criminologia
frente al Abuso de Poder. Editorial Universidade del Pais Vasco. IX Curso de Verano
en San Sebastian - II Cursos Europeos, 2001. p. 45.
38
9
BATISTA, Vera Malaguti. Introdução crítica à criminologia brasileira. Rio de
Janeiro: Revan, 2011, 2ª edição. p. 45/46.
10
PUIG, Santiago Mir. La Delinquência Relacionada com el Abuso de Poder
Aspectos Criminológicos (41-50). In: BERISTAIN. A.; CUESTA. J. (Orgs.) La
Criminologia frente al Abuso de Poder. Editorial Universidade del Pais Vasco. IX
Curso de Verano en San Sebastian - II Cursos Europeos, 2001. p. 43.
39
11
PUIG, Santiago Mir. Idem. Ibidem.
12
BATISTA, Vera Malaguti. Idem. p. 41.
13
PUIG, Santiago Mir. La Delinquência Relacionada com el Abuso de Poder
Aspectos Criminológicos (41-50). In: BERISTAIN. A.; CUESTA. J. (Orgs.) La
Criminologia frente al Abuso de Poder. Editorial Universidade del Pais Vasco. IX
Curso de Verano en San Sebastian - II Cursos Europeos, 2001. p. 44.
14
SANTOS, Juarez Cirino dos. A criminologia radical. 3ª ed. Curitiba: ICPC Lumen
Juris, 2008. p. 4.
40
15
SANTOS, Juarez Cirino dos. Idem, Ibidem.
16
SANTOS, Juarez Cirino dos. Idem. p. 7.
17
SANTOS, Juarez Cirino dos. Idem, Ibidem.
18
ANIYAR, 1977, p. 92-93 apud SANTOS, 2008 p.13.
41
19
SANTOS, Juarez Cirino dos. A criminologia radical. 3ª ed. Curitiba: ICPC Lumen
Juris, 2008. p. 14.
20
YOUNG, 1979, p.16 e ss. apud SANTOS, 2008, p. 14.
21
SANTOS, Juarez Cirino dos. Idem. p. 15.
22
TAYLOR et alii 1980, p. 33 e ss. apud SANTOS, 2008, p. 25.
23
TAYLOR et alii 1980, p. 33 e ss. apud SANTOS, 2008, p. 26
42
24
BARATTA, 1978, p. 10 apud SANTOS, 2008, p. 46 e ss.
25
TRIFFTERER, Otto. Tipos Criminológicos De Abuso De Poder Y Sus Posibles
Respuestas Em Derecho Penal Material (11-24). In: BERISTAIN. A.; CUESTA. J.
(Orgs.) La Criminologia frente al Abuso de Poder. Editorial Universidade del Pais
Vasco. IX Curso de Verano en San Sebastian - II Cursos Europeos, 2001. p. 13.
43
26
TRIFFTERER, Otto. Idem. p. 14.
27
TRIFFTERER, Otto. Idem, Ibidem.
28
PUIG, Santiago Mir. La Delinquência Relacionada com el Abuso de Poder
Aspectos Criminológicos (41-50). In: BERISTAIN. A.; CUESTA. J. (Orgs.) La
Criminologia frente al Abuso de Poder. Editorial Universidade del Pais Vasco. IX
Curso de Verano en San Sebastian - II Cursos Europeos, 2001. p. 46.
44
29
TRIFFTERER, Otto. Tipos Criminológicos De Abuso De Poder Y Sus Posibles
Respuestas Em Derecho Penal Material (11-24). In: BERISTAIN. A.; CUESTA. J.
(Orgs.) La Criminologia frente al Abuso de Poder. Editorial Universidade del Pais
Vasco. IX Curso de Verano en San Sebastian - II Cursos Europeos, 2001. p. 16.
30
TRIFFTERER, Otto. Idem. p. 16.
31
TRIFFTERER, Otto. Idem. Ibidem.
32
TRIFFTERER, Otto. Idem. p. 17.
45
33
TRIFFTERER, Otto. Tipos Criminológicos De Abuso De Poder Y Sus Posibles
Respuestas Em Derecho Penal Material (11-24). In: BERISTAIN. A.; CUESTA. J.
(Orgs.) La Criminologia frente al Abuso de Poder. Editorial Universidade del Pais
Vasco. IX Curso de Verano en San Sebastian - II Cursos Europeos, 2001. p. 18.
34
PUIG, Santiago Mir. Problemas Dogmáticos Generales de la Delinquência de
Abuso de Poder (111-120). In: BERISTAIN. A.; CUESTA. J. (Orgs.) La
Criminologia frente al Abuso de Poder. Editorial Universidade del Pais Vasco. IX
Curso de Verano en San Sebastian - II Cursos Europeos, 2001. p. 113.
46
35
NEUMAN, Elías. El Abuso de Poder em la Policia Latinoamericana (131-148). In:
BERISTAIN. A.; CUESTA. J. (Orgs.) La Criminologia frente al Abuso de Poder.
Editorial Universidade del Pais Vasco. IX Curso de Verano en San Sebastian - II
Cursos Europeos, 2001. p. 135.
36
NEUMAN, Elías. El Abuso de Poder em la Policia Latinoamericana (131-148). In:
BERISTAIN. A.; CUESTA. J. (Orgs.) La Criminologia frente al Abuso de Poder.
Editorial Universidade del Pais Vasco. IX Curso de Verano en San Sebastian - II
Cursos Europeos, 2001. p. 136.
37
NEUMAN, Elías. Idem. p.136.
47
CONSIDERAÇÕES FINAIS
38
NEUMAN, Elías. Idem. p. 141.
39
ARENDT, Hannah. Origens do Totalitarismo: Anti-semitismo, Imperialismo e
Totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. p. 167.
40
ARENDT, Hannah. Idem. p. 167.
48
41
FREITAS, Gilberto Passos de; FREITAS, Vladimir Passos de. Abuso de
Autoridade: notas de legislação, doutrina e jurisprudência à Lei 4.898 de 9.12.65 - 4ª.
ed. ampl. e rev. de acordo com a Constituição de 1988 - São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 1991. p. 15-16.
49
42
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: a) ordenar ou executar medida
privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder;
[...]
43
ARNS, Dom Paulo Evaristo. Brasil: nunca mais. Petrópolis: Vozes, 1987. p. 16-17.
50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Cibele de Souza1
1
Advogada com inscrição na OAB/RS nº 92.686. Pós-graduanda em Ciências Penais
pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2016). Formou-se em
Ciências Jurídicas e Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul (2012). Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisa em Direito Penal
Contemporâneo e Teoria do Crime, sob a coordenação do Prof. Dr. Fabio Roberto
D'Avila, e do Grupo de Criminologias da OAB/RS; e do Grupo de Pesquisa em
Políticas Públicas de Segurança e Administração da Justiça Penal (GPESC - PUCRS),
coordenado pelo Prof. Dr. Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, e do grupo de pesquisa
Processo Penal Contemporâneo: fundamentos, perspectivas e problemas atuais
coordenado pelo Prof. Dr. Nereu José Giacomolli. E-mail:
cibele_de_souza@hotmail.com
2
DA SILVA, Rosane Leal e Outros. Discursos de ódio em redes sociais:
Jurisprudência brasileira. Revista direito FGV, São Paulo, 7(2)|p.445-468|jul-
dez2011.Sitio em: http://direitosp.fgv.br/publicacoes/revista/artigo/discursos-de-
odio-redes-sociais-jurisprudencia-brasileira. Acesso em 20 de fev. 2017.
53
3
Juarez Cirino dos Santos3 a criminologia radical visa: “contribuir para a formulação
de políticas criminais democráticas e humanistas, opostas ao boom repressivo e
intolerante das políticas penais próprias do período de globalização da economia
capitalista ...”. SANTOS, Juarez Cirino dos. A criminologia Rádical/ Juarez Cirino
dos Santos. – 3. Ed. – Curitiba: ICPC: Lumen Juris, 2008.
4
FERRÉZ. Literatura marginal: talentos da escrita periférica. São Paulo: Agir, 2005.
132 p. Quarto de despejo: diário de uma favelada, na qual conta sua vida de catadora
de lixo e a luta pela sobrevivência. (Carolina de Jesus), LINS, Paulo. Cidade de Deus.
São Paulo: Companhia das Letras, 1997. 550 p.
5
“Numa acepção estritamente artística, marginais são as produções que afrontam o
cânone, rompendo com as normas e os paradigmas estéticos vigentes.” OLIVEIRA.
Rejane Pivetta de. Literatura marginal: questionamentos à teoria literária. Sitio em:
Ipotesi, Juiz de Fora, v.15, n.2 - Especial, p. 31-39, jul./dez. 2011. Acesso em 08 fev.
2017.
54
6
SOARES. Luiz Eduardo y GUINDANI, Miriam. A violência do Estado e da
sociedade no Brasil Contemporâneo. Nueva Sociedad Nro. 208. Marzo- Abril 2007.
55
7
TIBURI. Marcia, 1970. Como conversar com um fascista: reflexões sobre o
cotidiano autoritário brasileiro/ Marcia Tiburi. – 7ª ed. – Rio de Janeiro: Record,
2016.
8
Referência a crença nacional lendária que diferencia os cidadãos entre bons e maus,
entre dignos e indignos de direitos. “No Brasil, em razão das redes de TV utilizarem
o mesmo enquadramento jornalístico quando tratam os temas crime, criminalidade e
criminosos, foram criadas duas categorias fixas em permanente oposição: bandidos x
cidadãos de bem. Os primeiros deveriam ser esmagados, mas são bem tratados e
protegidos pelos defensores dos direitos humanos. Os outros são vítimas inocentes
cujos direitos à vida e à propriedade (não necessariamente nesta ordem) seguem sendo
pisoteados pelos bandidos e ignorados pelos advogados deles. As Leis brasileiras
seriam muito permissivas e o Judiciário não é tão rigoroso quando deveria.” Sitio em:
http://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/cidadaos-de-bem-bandidos-
sintese-da-civilizacao-barbarie-produzida-no-brasil. Acesso em 17 de fev. 2017.
9
BAUMAN, Zygmund, Vida líquida/ Zygmund Bauman; tradução Carlos Alberto
Medeiros. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Ed.2007.
56
10
HOLLANDA, Heloisa Buarque de. As fronteiras móveis da literatura. Disponível
em http://www.heloisabuarquedehollanda. com.br/?p=67. Acesso em: 20 de fev. de
2017.
57
11
SOARES. Luiz Eduardo y GUINDANI, Miriam. A violência do Estado e da
sociedade no Brasil Contemporâneo. Nueva Sociedad Nro. 208. Marzo- Abril 2007.
12
GLENNY, Misha. O dono do Morro: Um homem e a batalha pelo Rio/ Misha
Glenny; tradução Denise Bottman. – 1º ed. – São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
P.22.
58
13
O conceito representa a busca pelo fim da mediação: a pessoa que sofre preconceito
fala por si, como protagonista da própria luta e movimento. É um mecanismo que
surgiu como contraponto ao silenciamento da voz de minorias sociais por grupos
privilegiados em espaços de debate público. Ele é utilizado por grupos que
historicamente têm menos espaço para falar. Assim, negros têm o lugar de fala - ou
seja, a legitimidade - para falar sobre o racismo, mulheres sobre o feminismo,
transexuais sobre a transfobia e assim por diante. Sitio em:
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/01/15/O-que-%C3%A9-
%E2%80%98lugar-de-fala%E2%80%99-e-como-ele-%C3%A9-aplicado-no-debate
Acesso em: 12 fev. 2017.
14
QUINALHA, Renan. “Lugares de fala” e a urgência da escuta. Sitio em:
http://revistacult.uol.com.br/home/2015/11/lugares-de-fala-e-a-urgencia-da-escuta/
Acesso em 22 jan. 2017.
15
Ibdem.
59
16
Matheus Moreira & Tatiana Dias. O que é ‘lugar de fala’ e como ele é aplicado no
debate público. Sitio em: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/01/15/O-
que-%C3%A9-%E2%80%98lugar-de-fala%E2%80%99-e-como-ele-%C3%A9-
aplicado-no-debate-p%C3%BAblico Acesso em 12 de fev. 2017.
17
QUINALHA, Renan. “Lugares de fala” e a urgência da escuta. Sitio em:
http://revistacult.uol.com.br/home/2015/11/lugares-de-fala-e-a-urgencia-da-escuta/.
Acesso em 22 jan. 2017
18
GIACOMONI, Marcello Paniz & Vargas, Anderson Zalewski. Foucault, a
Arqueologia do Saber e a Formação Discursiva. Veredas on line – análise do
discurso – 2/2010, p. 119-129 – ppg linguística/ufjf – juiz de fora - issn 1982-2243.
p.4.
60
19
QUINALHA, Renan. “Lugares de fala” e a urgência da escuta. Sitio em:
http://revistacult.uol.com.br/home/2015/11/lugares-de-fala-e-a-urgencia-da-escuta/ .
Acesso em 22 jan. 2017.
20
MADARASZ, Norman R.; JAQUET, Gabriela M.; FÁVERO, Daniela N.;
CENTENARO, Natasha (Orgs.).
Foucault: leituras acontecimentais.[recurso eletrônico]/ Norman R. Madarasz,
Gabriela M. Jaquet, Daniela N. Fávero, Natasha Centenaro (Orgs.) -Porto Alegre, RS:
Editora Fi, 2016. p. 152.
61
21
FOUCAULT, Michael. História da sexualidade 2: o uso dos prazeres. Rio de
Janeiro: Graal, 1984. p. 13.
22
QUINALHA, Renan. “Lugares de fala” e a urgência da escuta. Sitio em:
http://revistacult.uol.com.br/home/2015/11/lugares-de-fala-e-a-urgencia-da-escuta/.
Acesso em 22 jan. 2017
23
A título exemplificativo, assim leciona Machado: ” O corpo, por exemplo, só passou
a existir a partir das modificações discursivas da passagem da Idade Média para a
modernidade. Com o desenvolvimento da patologia, o corpo passa a ser percebido
como um conjunto de órgãos, e a Medicina passa a discursivizá-lo, ou seja, a formular
práticas e efetuar dizeres sobre ele.” - Veredas on line – Análise do discurso – 2/2010,
p. 119-129 – ppg linguística/ufjf – juiz de fora - issn 1982-2243
62
24
BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direito penal: introdução
à sociologia do direito penal. Tradução de Juarez Cirino dos Santos. 3. ed. Rio de
Janeiro: Revan: Instituto Carioca de Criminologia, 2002, p. 86
25
Ibdem.P. 161.
26
FISCHER, R. M. B. Foucault revoluciona a pesquisa em educação? Perspectiva.
Florianópolis, v. 21, n. 2, 2003, p. 378.
27
SOARES. Luiz Eduardo y GUINDANI, Miriam. A violência do Estado e da
sociedade no Brasil Contemporâneo. Nueva Sociedad Nro. 208. Marzo- Abril 2007.
28
VEIGA-NETO, A. Foucault & a Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. p.
113.
63
enunciado não tem vinculação com a “verdade”, mas sim com “as
verdades” intrínsecas ao sujeito que o enuncia.
A par disso, o questionamento proposto a priori volta à voga: a
literatura não ficcional/marginal, por conjugar as diferentes falas sobre
um mesmo fato ou individuo, contrapondo estes com a fala do próprio
individuo, cumpriria, de modo satisfatório, o papel de oportunizar a
“fala” destas minorias e, por conseguinte, determinaria um modo de
empoderamento social?
29
LOBO, Tatiana. Introducción: verdad, saber, poder e historia en la literatura
policiaca. Sitio em:
https://www.academia.edu/10117131/INTRODUCCI%C3%93N_VERDAD_SABE
R_PODER_E_HISTORIA_EN_LA_LITERATURA_POLICIACA. Acesso em 18
de fev. 2017.
64
30
GUIMARÃES, Eduardo. Semântica do acontecimento. Campinas: Pontes, 2005 p.
18.
31
QUINALHA, Renan. “Lugares de fala” e a urgência da escuta. Sitio em:
http://revistacult.uol.com.br/home/2015/11/lugares-de-fala-e-a-urgencia-da-escuta/ .
Acesso em 22 jan. 2017
32
NEIVA, Gerivaldo. Fernando Beira – mar: esse cara sou eu.
65
http://justificando.cartacapital.com.br/2017/02/14/luiz-fernando-beira-mar-esse-
cara-sou-eu/ Acesso em 18 de fev. 2017.
33
NEIVA. Gerivaldo. “Luis Fernando (Beira-mar): esse cara sou eu”. Sitio em:
http://justificando.cartacapital.com.br/2017/02/14/luiz-fernando-beira-mar-esse-
cara-sou-eu/. Acesso em 17 de fev. 2017.
66
34
Ibdem.
35
A autora faz uma forte critica a visão empregada por Deleuze e Foucault em suas
obras, tendo em vista o desconhecimento da realidade vivenciado pela população dos
países de terceiro Mundo.
67
36
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o sulbaterno falar? Belo Horizonte: Editora
da UFMG, 2010.P. 12.
37
FERRÉZ. Literatura marginal: talentos da escrita periférica. São Paulo: Agir, 2005.
38
BRAGA FILHO, Edmar. M. Voz, agência e representação: Spivak e os sujeitos
subalternos. Sitio em : https://circuitoacademico.com.br/2014/10/02/voz-agencia-e-
representacao-spivak-e-os-sujeitos-subalternos/. Acesso em 10 de fev. 2017.
68
39
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o sulbaterno falar? Belo Horizonte: Editora
da UFMG, 2010.P. 14.
40
Entende-se por “autorrepresentação” o
41
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o sulbaterno falar? Belo Horizonte: Editora
da UFMG, 2010.P. 8.
42
OLIVEIRA. Rejane Pivetta de. Literatura marginal: questionamentos à teoria
literária. Sitio em: Ipotesi, Juiz de Fora, v.15, n.2 - Especial, p. 31-39, jul./dez. 2011.
Acesso em 08 fev. 2017.
43
OLIVEIRA. Rejane Pivetta de. Literatura marginal: questionamentos à teoria
literária. Sitio em: Ipotesi, Juiz de Fora, v.15, n.2 - Especial, p. 31-39, jul./dez. 2011.
Acesso em 08 fev. 2017. P.32.
69
44
Ibdem. P .33.
45
SCHWARZ, Roberto. Os pobres da literatura brasileira. São Paulo: Brasiliense,
1983. 246 p. Apud OLIVEIRA. Rejane Pivetta de. Literatura marginal:
questionamentos à teoria literária. Sitio em: Ipotesi, Juiz de Fora, v.15, n.2 - Especial,
p. 31-39, jul./dez. 2011. Acesso em 08 fev. 2017. P.33.
46
Ibdem. p. 34.
70
47
OLIVEIRA. Rejane Pivetta de. Literatura marginal: questionamentos à teoria
literária. Sitio em: Ipotesi, Juiz de Fora, v.15, n.2 - Especial, p. 31-39, jul./dez. 2011.
Acesso em 08 fev. 2017. P.33.
48
OLIVEIRA. Rejane Pivetta de. Literatura marginal: questionamentos à teoria
literária. Sitio em: Ipotesi, Juiz de Fora, v.15, n.2 - Especial, p. 31-39, jul./dez. 2011.
Acesso em 08 fev. 2017. P.33.
49
VELLOSO, Mônica Pimenta. A Literatura como Espelho da Nação. Estudos
Históricos, Rio de Janeiro, vol. 1, n. 2, 1988, P. 240.
71
50
Ibdem. p. 240.
51
OLIVEIRA. Rejane Pivetta de. Literatura marginal: questionamentos à teoria
literária. Sitio em: Ipotesi, Juiz de Fora, v.15, n.2 - Especial, p. 31-39, jul./dez. 2011.
Acesso em 08 fev. 2017. P.34.
72
BREVES CONCLUSÕES
52
Ferréz, fundou o grupo 1DASUL; Sérgio Vaz, ficou conhecido pelos saraus que
organiza na Zona Sul da cidade; Sacolinha, criou, em 2002, o projeto Literatura no
Brasil, que veio a tornar-se uma Associação Cultural. Além de produzir uma revista
especializada com o mesmo nome, a Literatura no Brasil realiza concursos literários.
73
53
Sobre o tema, Soares observa que: “Hoje, estamos diante de um genocídio de jovens
pobres e negros, que morrem e matam em um enfrentamento autofágico e fatricida,
sem quartel, sem bandeira e sem razão. Apesar da maioria resistir, muitos jovens sem
perspectiva e esperança, distantes das oportunidades geradas pela educação e a
cultura, sem lazer, esporte, afeto, reconhecimento e valorização, com suas auto-
estimas degradadas, acabam cedendo à sedução exercida pelo crime. Ao se deixarem
recrutar, aceitam a arma como passaporte para visibilidade social e o reconhecimento,
antes de usá-la em benefício de estratégias econômicas.” SOARES. Luiz Eduardo y
GUINDANI, Miriam. A violência do Estado e da sociedade no Brasil
Contemporâneo. Nueva Sociedad Nro. 208. Marzo- Abril 2007.
54
SOARES. Luiz Eduardo y GUINDANI, Miriam. A violência do Estado e da
sociedade no Brasil Contemporâneo. Nueva Sociedad Nro. 208. Marzo- Abril 2007.
74
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Domenique Goulart1
1
Graduanda em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFRGS). Cofundadora e integrante do Grupo Interdisciplinar de Trabalho e
Assessoria para Mulheres (GRITAM/SAJU). Bolsista de iniciação científica (CNPq).
E-mail: domenique.goulart@gmail.com.
79
2
BUENO, Winnie. Hoje eu acordei branca, fev 2017. Disponível em:
<https://www.facebook.com/ninebueno/posts/10208124557302698>. Consultado
em: fev. 2017.
3
RIBEIRO, Djamila. Linguagem, Gênero e Filosofia: Qual o mundo criado para as
mulheres?, Periódico Sapere Aude, Revista de Filosofia - PUC Minas Gerais, v. 5, n.
9, 2014. Disponível em: <http://periodicos.
pucminas.br/index.php/SapereAude/article/view/7674>. Consulta em: fevereiro de
2017.
80
4
BEAUVOIR, Simone. O Segundo Sexo. Tradução de Sérgio Milliet. - Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1980, pg 450.
5
“Todos os grupos sociais fazem regras e tentam, em certos momentos e em algumas
circunstâncias, impô-las. Regras sociais definem situações e tipos de comportamento
a elas apropriados, especificando algumas ações como “certas” e proibindo outras
como “erradas”. Quando uma regra é imposta,a pessoa que presumivelmente a
infringiu pode ser vista como um tipo especial, alguém de quem não se espera viver
de acordo com as regras estipuladas pelo grupo. Essa pessoa é encarada como um
outsider.” BECKER, Howard Saul.. Outsiders: estudos de sociologia do desvio.
Tradução Maria Luiza X. de Borges; revisão técnica Karina Kushnir. - 1.ed. - Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008, pg. 15.
81
6
GIACOMOLLI, Nereu José. O devido processo penal: abordagem conforme a
Constituição Federal e o Pacto de São José da Costa Rica. - 3. ed. rev., atual e ampl. -
São Paulo: Atlas, 2016, pg. 87.
82
7
RIBEIRO, Djamila. Linguagem, Gênero e Filosofia: Qual o mundo criado para as
mulheres?, Periódico Sapere Aude, Revista de Filosofia - PUC Minas Gerais, v. 5, n.
9, 2014. Disponível em: <http://periodicos.
pucminas.br/index.php/SapereAude/article/
83
8
LGBTT é a sigla do movimento político que representa as lésbicas, os gays, as
pessoas bissexuais, trans e travestis. De modo mais objetivo, a LGBTTfobia é a
opressão e a violência pautadas no preconceito, na aversão, na não aceitação, na fobia
que pessoas sentem pelas pessoas LGBTT’s. Enquanto as letras L, G e B, se referem
à sexualidade, as letras T’s se referem à identidade de gênero. Para melhor elucidar a
questão, à: “nível de conceituação moderna o termo trans, prefixado historicamente
na palavra transexual, é cunhado para significar identidades de gêneros que estejam
em oposição com a norma cultural vigente de que os órgãos genitais (pênis e vagina)
definem o gênero (homem e mulher). Ao longo da história a palavra transexual era
utilizada como sinônimo de homossexualidade, enquanto interpretação de que
homens e mulheres homossexuais possuíam desejo de trocar o sexo e por conseguinte
o gênero. Hoje, já se construiu um termo que abrange a experiência de incômodo
existencial com o gênero ofertado pela relação sexo-gênero, o termo transgênero. Do
latim, trans, aquilo que está em oposição, observamos que seres humanos transgêneros
se qualificam enquanto existirem em oposição ao gênero definido somente por
carregarem tal ou qual órgão genital. Mais tarde se popularizou o termo transexual
masculino e feminino, para por fim definirmos, atualmente, os conceitos de homem
transexual (gênero inicialmente ofertado foi o de mulher por possuir vagina) e mulher
transexual (gênero inicialmente ofertado foi o de homem por possuir pênis).”
ROVEDA, Atena Beauvoir. Transantropologia: corpos, existências e humanidades
em oposição, fev. 2017. Disponível em: <http://atenabeauvoir.blogspot.com.br/>.
Acesso em: fevereiro de 2017.
84
9
Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/atividade-
legislativa/plenario/discursos/escrevendohistoria/25-anos-da-constituicao-de-
1988/mulher-constituinte>. Acesso em: 05 de fevereiro de 2017.
10
Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/atividade-
legislativa/plenario/discursos/escrevendohistoria/25-anos-da-constituicao-de-
1988/constituinte-1987-1988/panorama-da-constituinte>. Acesso em 05 de fevereiro
de 2017.
11
Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/atividade-
legislativa/legislacao/Constituicoes_Brasileiras/ constituicao-
cidada/constituintes/parlamentaresconstituintes/parlamentaresconstituintes/constituic
ao20anos_bioconstituintes?pk=103478>. Acesso em: 05 de fevereiro de 2017.
85
12
DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. Tradução Heci Regina Candiani. - 1. ed.
- São Paulo: Boitempo, 2016, p. 127.
13
Disponível em: <http://www.geledes.org.br/e-nao-sou-uma-mulher-sojourner-
truth/?gclid=CjwKEAjw387JBRDPtJePvOej8kASJADkV9TLncTWCOSezoICzX0
kHIVH3RydGqm0oMzuUwE3eYGszxoCLsHw_wcB#gs.D36j1ks>. Acesso em:
junho de 2017.
86
14
CARNEIRO, Sueli. Mulheres em Movimento. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40142003000300008>, dezembro de 2003. Acesso em: junho de 2017.
15
Algumas das formas de violência contra as mulheres se encontram elencadas na Lei
Maria da Penha. Uma conquista significativa ao movimento de mulheres foi ver
validadas enquanto violências as formas descritas no art. 7° do referido dispositivo.
Senão vejamos:
Lei n. 11.343/06, Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a
mulher, entre outras:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou
saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano
emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno
87
18
Demarcar quais são os privilégios e opressões da pessoa a qual está sendo dada a
voz (ou que a toma com afinco) é substancial, pois são expostos quais os pressupostos
de onde partem a pessoa para que se construa o que se quer dizer. Ao salientar isso,
não se entende, por exemplo, que somente possa falar sobre uma opressão aquele que
sofre com isso. Entretanto, implica dizer que se deve refletir a realidade por meio da
própria posição de quem se manifesta em determinado contexto. Ninguém que não
sofre com alguma opressão é legítimo para apontar o que é e o que não é uma forma
de discriminação, uma vez que este sentimento é subjetivo e individual (ainda que
também estrutural, porém no caso em concreto deve ser respeitada a autonomia da
89
pessoa que é diretamente atingida), não cabendo a quem causa um sofrimento dar
(in)validade ao ato ocorrido. Por outro lado, cabe a esta pessoa pensar e (des)construir
a conduta ou disseminação de uma opressão a partir da sua posição no mundo. Nesse
sentido é que se fala, por exemplo, que pessoas brancas devam falar sobre sua conduta
enquanto racistas e os homens enquanto machistas, cabendo refletir e buscar formas
de diminuir e extinguir as opressões por elas mantidas e alimentadas.
19
“O Direito Penal do autor configura-se quando a reprovabilidade social, bem como
a aplicação das sanções penais são baseadas não na ocorrência de um fato ilícito, mas
sim no modo de ser do agente. A sanção deve ser aplicada, portanto, fundamentada
na personalidade do agente, na atitude interna jurídica corrompida do agente. A
conduta realizada seria apenas uma das características inerente aquele ser que nasceu
para delinqüir.” MOTTA, Alessandra Costa da Silva. Uma análise sobre a aplicação
do direito penal do autor nos dias atuais relacionada ao pensamento de Lombroso.
Disponível em: <http://www.ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13862&
revista_caderno=3>. Acesso em: fev. de 2017.
20
ROBALDO, José Carlos de Oliveira. Direito Penal do autor ou Direito Penal
do fato? Disponível em <https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1599865/direito-penal-
do-autor-ou-direito-penal-do-fato>. Consultado em: 05 de fevereiro de 2017.
90
21
“Uma nova forma de hierarquia se estabelece, desta maneira, sob a forma de uma
sociedade individualista e administrativa. Se todos se tornam juridicamente iguais,
elas vêm a ser igualmente dominados por uma instância que lhes é superior. A
uniformidade, a igualização e a homogeinização dos indivíduos facilita o exercício do
poder absoluto em vez de impedi-lo.” WARAT, Luis Alberto. Saber crítico e senso
comum teórico dos juristas. Sequencia, 3(5): p. 40. 1992.
22
Entendo por empatia o exercício de tentar se colocar no lugar da outra pessoa.
Tentar “vestir” suas vivências a fim de enxergar e sentir como a pessoa vê e sente as
experiências que a atingem. É o esforço de abdicar dos preconceitos e dos julgamentos
morais para entender a realidade subjetiva da outra pessoa.
23
“Mais adequado conceituar imparcialidade como um princípio supremo do processo
(...), pois dela decorre uma vinculação da conduta dos magistrados, que devem
comportar-se na condução do processo como terceiros alheios aos interesses das
partes” MAYA, André. Imparcialidade e Processo Penal, da Prevenção da
Competência ao Juiz de Garantias. São Paulo: Atlas, 2014, p. 102.
91
24
Sobre o assunto: “Mais de 70% das prisões em flagrante por tráfico de drogas têm
apenas um tipo de testemunha: os policiais que participaram da operação. E 91% dos
processos decorrentes dessas detenções terminam com condenação. O problema, para
quem estuda a área, é que prender e condenar com base, principalmente, em
depoimentos de agentes viola o contraditório e a ampla defesa, tornando quase
impossível a absolvição de um acusado.”. RODAS, Sérgio. 74% das prisões por
tráfico têm apenas policiais como testemunhas do caso. Consultor Jurídico.
Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2017-fev-17/74-prisoes-trafico-apenas-
policiais-testemunhas>. Acesso em: fevereiro de 2017.
25
“Trata-se, como afirmou Luigi Lucchi, de “um corolário lógico do fim racional
consignado ao processo” e também a “primeira e fundamental garantia que o
procedimento assegura ao cidadão: presunção juris como sói dizer-se, isto é, até prova
contrária”. A culpa, e não a inocência, deve ser demonstrada, e é a prova da culpa -
ao invés da inocência, presumida desde o início - que forma o objeto do juízo”.
FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão: teoria do garantismo penal. Prefário da 1. ed.
italiana, Norberto Bobbio. - 4. ed. rev. - São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2014, pg. 505.
92
26
Evidente exposição da generalização e da simplificação dos casos judiciais é a
forma cada vez mais recorrente que os Tribunais Superiores vêm julgando casos com
repercussão geral, limitando demais tribunais a realizarem maior análise das
especificidades do caso em concreto.
27
“Conceito de fixação de pena: trata-se de um processo judicial de discricionariedade
juridicamente vinculada visando à suficiência para prevenção e reprovação da
infração penal. O juiz, dentro dos limites estabelecidos pelo legislador (mínimo e
máximo, abstratamente fixados para a pena), deve eleger o quantum ideal, valendo-se
do seu livre convencimento (discricionariedade), embora com fundamentada
exposição do seu raciocínio (juridicamente vinculada)”. NUCCI, Guilherme de
Souza. Código Penal Comentado. 11. ed. rev., atual e ampl. - São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2012, pg. 414.
28
SANTOS, Boaventura de Souza. Para uma revolução democrática da justiça. - 3.
ed. - São Paulo: Cortez, 2011, pg. 86-87.
93
29
Constituição Federal/1988: art. 207. As universidades gozam de autonomia
didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão
ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
30
Programa de extensão voluntário, pautado em protagonismo estudantil, em que as
pessoas participantes atuam com o objetivo de proporcionar acesso à justiça a pessoas
em situação de hipossuficiência socioeconômica. O SAJU/UFRGS atualmente conta
com vinte grupos, cujas temáticas se especificam para melhor atender as demandas
sociais.
94
O ensino jurídico dialoga com casos tão simplórios que não dão
conta da materialidade dos casos reais. Reflexo disso é que no próprio
Poder Judiciário os conflitos sociais são simplificados à nível de meras
demandas jurídicas, acarretando uma fragmentarização do indivíduo, o
qual deixa de existir e de ser visto em sua humanidade e complexidade,
passando a ser enxergado como um objeto, um case, uma lide. Da
necessidade de se lidar com um conflito real de uma relação social,
passa-se a trabalhar com as folhas dos autos, com números de processos.
31
SAJU: Breves apontamentos e suas tendências. Disponível em:
<http://www.ufrgs.br/saju/sobre-o-saju/historia-1>,. Consulta em: 19 de fevereiro de
2017.
32
“Es decir, la segregación social de los excluidos a través de la división de ciudades
en zonas salvajes y zonas civilizadas. Las zonas salvajes son las zonas del estado de
naturaleza de Hobbes. Las zonas civilizadas son las zonas del contrato social, y viven
bajo la amenaza constante de las zonas salvajes. Para defenderse a sí mismas, las zonas
civilizadas se convierten en castillos neofeudales, enclaves fortificados que son
característicos de las nuevas formas de segregación urbana: urbanizaciones privadas
cerradas, comunidades valladas. (...) En relación al Estado, la división agrega un doble
criterio de acción estatal en las zonas salvajes y civilizadas. En las zonas civilizadas,
ek Estado actúa de forma democrática, como un Estado protector, incluso si en
ocasiones es ineficiente y poco fiable. En las zonas salvajes, el Estado actúa de una
manera fascista, como un Estado predador, sin ningún respeto, ni siquera en aparencia,
por el Estado de derecho.” SANTOS, Boaventura de Souza. Sociología jurídica
crítica - Para un nuevo sentido común en el derecho. p. 560.
95
33
SANTOS, Boaventura de Souza. Para uma revolução democrática da justiça. - 3.
ed. - São Paulo: Cortez, 2011, pg. 85.
34
ACHUTTI, Daniel. Justiça restaurativa e abolicionismo penal. - São Paulo:
Saraiva, 2014, pg. 109.
96
35
SANTOS, Boaventura de Souza. Sociología Jurídica Crítica, p. 542.
36
SANTOS, Boaventura de Souza. Para um revolução democrática do Direito,
pg. 68.
97
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RODAS, Sérgio. 74% das prisões por tráfico têm apenas policiais
como testemunhas do caso. Consultor Jurídico. Disponível em:
<http://www.conjur.com.br/2017-fev-17/74-prisoes-trafico-apenas-
policiais-testemunhas>. Acesso em: fevereiro de 2018.
Fernanda Martins1
Augusto Jobim2
EX-POSIÇÃO
1
Mestre em Teoria, Filosofia e História do Direito pelo PPGD/UFSC, doutoranda em
Ciências Criminais pela PUCRS, professora de Direito Penal, Processo Penal e
Criminologia da UNIVALI.
2
Doutor em Altos Estudos Contemporâneos pela Universidade de Coimbra
(Portugal); Doutor em Ciências Criminais pela PUCRS e Professor de Criminologia
do Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais (Mestrado e Doutorado) da
PUCRS.
3
DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A Nova Razão do Mundo: ensaio sobre a
sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.
101
4
Cf. ŽIŽEK, Slavoj. Arriesgar lo imposible: Conversaciones com Glyn Daly.
Traducción de Sonia Arribas. Madrid: Editorial Trotta, 2006.
5
DERRIDA, Jacques. Vadios: Dois Ensaios Sobre a Razão. Coordenação, Tradução
e Notas de Fernanda Bernardo. Coimbra: Palimage, 2003, pp. 219 e 239.
6
DERRIDA, Jacques. “Como se fosse possível, “within such limits”...”. In: Papel-
máquina. Trad. Evandro Nascimento. São Paulo: Estação Liberdade, 2004, pp. 258-
259.
7
DERRIDA, Jacques. “Em direção a uma Ética da Discussão” In: Limited Inc..
Tradução Constança Marcondes Cesar. Campinas: Papirus, 1991, p. 161.
8
DERRIDA, Jacques. Mémories – pour Paul de Man. Paris: Galilée, 1988, p. 38 e
DERRIDA, Jacques. Rastro e arquivo, imagem e arte. Diálogo. In: Pensar em não
ver: escritos sobre as artes do visível. MASÓ, Joana; MICHAUD, Ginette;
BASSAS, Javier (Orgs.). Trad. Marcelo Jacques de Moraes. Florianópolis: Ed. da
UFSC, 2012, p. 138.
103
9
DERRIDA, Jacques. Vadios, p. 251 (sobre os equívocos na sua acepção a parte da
Destruktion heideggeriana, consultar p. 263, nota 4).
10
DERRIDA, Jacques. Vadios, p. 31.
11
DERRIDA, Jacques. “Pensar em não ver”. In: Pensar em não ver: escritos sobre
as artes do visível. MASÓ, Joana; MICHAUD, Ginette; BASSAS, Javier (Orgs.).
Trad. Marcelo Jacques de Moraes. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2012, p. 70 e
DERRIDA, Jacques. “Uma certa possibilidade impossível de dizer o acontecimento”
(tradução de Piero Eyben). In: Revista Cerrados (Revista do Programa de Pós-
Graduação em Literatura da UnB). Brasília: Vol. 21, nº 33 (2012), p. 244-5.
104
12
DERRIDA, Jacques. Vadios, p. 96-7.
13
DERRIDA, Jacques. “Auto-imunidade: suicídios reais e simbólicos – Um diálogo
com Jacques Derrida”. In: Filosofia em Tempo de Terror: diálogos com Jürgen
Habermas e Jacques Derrida. BORRADORI, Giovanna. Tradução Roberto Muggiati.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004, p. 130.
105
14
DERRIDA, Jacques. Vadios, p. 164-168.
106
15
DERRIDA, Jacques. Espectros de Marx: o estado da dívida, o trabalho do luto e a
nova Internacional. Tradução de Anamaria Skinner. Rio de Janeiro: Relume-Dumará,
1994, p. 93.
16
O tratamento mais aprofundado do tema pode ser lido em DERRIDA, Jacques. Dar
la muerte. Traducción de Cristina de Peretti y Paco Vidarte. Barcelona: Paidós, 2006,
p. 94-129.
17
Para tanto, indispensável referir o colóquio “Desconstruction and the Possibility
of Justice” na Cardozo Law School em outubro de 1989 que dará origem, em parte,
à obra DERRIDA, Jacques. Força de Lei: o fundamento místico da autoridade.
Tradução Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Martins Fontes, 2010, p. 03-58.
107
18
DERRIDA, Jacques. Força de Lei, pp. 27-8.
19
DERRIDA, Jacques. Vadios, p. 265.
108
20
DERRIDA, Jacques. Vadios, p. 238.
109
21
DERRIDA, Jacques. Políticas da Amizade. Seguido de O Ouvido de Heidegger.
Tradução de Fernanda Bernardo. Porto: Campos das Letras, 2003, p. 42.
110
22
DERRIDA, Jacques. Vadios, p. 276.
23
DERRIDA, Jacques. Vadios, p. 36.
111
24
SOUZA, Ricardo Timm de. Ética como fundamento II: Pequeno tratado de ética
radical. Caxias do Sul: Educs, 2016, p. 145-152.
25
Intervenção “Murar o Medo” de Mia Couto nas Conferências de Estoril de 2011.
26
SAFATLE, Vladimir. O Circuito dos Afetos: corpos políticos, desamparo e o fim
do indivíduo. São Paulo: Cosac Naify, 2015.
114
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1
Mestranda em Ciências Criminais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul (PUCRS). Especialista em Ciências Penais pela PUCRS. Graduada em
Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Porto Alegre/RS.
Brasil.
2
Mestre em Ciências Criminais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul (PUCRS). Professora da Escola de Direito da PUCRS. Diretora de Cursos
Permanentes da Escola Superior da Advocacia da ESA/OABRS. Advogada. Porto
Alegre/RS. Brasil.
116
3
Na lição de Foucault (1998, p. 10), o discurso não é apenas aquilo que traduz as lutas
ou sistemas de dominação, mas aquilo por que ou pelo que se luta: o poder do qual
queremos nos apoderar.
4
“Numa sociedade de origem patriarcal, de herança escravocrata, o homem, o branco,
torna-se a norma, o totalizante, e [a] linguagem além de designar coisas e objetos, será
um modo de interpretação de mundo que atribuirá valores a determinados grupos
como forma de (manter) poder ou de opressão” (Ribeiro, 2014, p. 459).
117
como crime (morte, lesão corporal, etc), que somente pode ser atribuída
ao agente que detinha a especial responsabilidade de evitar o resultado,
ou seja, a pessoa que ocupa a posição de garantidor.
5
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), mesmo nos países
em que a participação das mulheres no mercado de trabalho vem aumentando, elas
ainda são responsáveis, em média, pelo dobro do trabalho doméstico e de cuidados
121
(não remunerado) do que aquele realizado pelos homens. Fonte: OIT. Mulheres no
Trabalho: tendências de 2016, p. 68. Disponível em:
<http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---dgreports/---dcomm/---
publ/documents/ publication/wcms_457317.pdf>. Acesso em: 20 de junho de 2017.
6
Notas metodológicas: Considerando os limites de espaço e tempo do presente
estudo, a pesquisa qualitativa foi realizada apenas no âmbito do Tribunal de Justiça
do Rio Grande do Sul. A fim de analisar as práticas discursivas em torno da
responsabilização de mães por omissão imprópria, foram analisados acórdãos
publicados entre os anos de 2000 e 2016, contendo a expressão “omissão imprópria”
ou a expressão “crime comissivo por omissão”, ambas relacionadas à palavra “mãe”.
Foram encontrados 21 acórdãos na primeira chave de pesquisa (“omissão imprópria”
e mãe) e 6 acórdãos na segunda (“crime comissivo por omissão” e mãe), sendo
excluídos aqueles que tratavam de outros tipos de crimes de omissão imprópria, como
por exemplo aqueles praticados por médicos. Os acórdãos pertinentes foram
cuidadosamente lidos e tiveram alguns trechos selecionados para serem reproduzidos
no presente artigo. Sabe-se que toda opção do(a) pesquisador(a) implica, por outro
lado, em uma exclusão de demais dados que poderiam ser relevantes. A seleção dos
trechos analisados no presente artigo teve a finalidade de demonstrar alguns discursos
oficiais, por parte do Poder Judiciário, que reproduzem estigmas e papéis de gênero
atribuídos às mulheres.
122
7
Como há muito já acentuado por Elena Larrauri (1994, p. 21-29) o direito penal trata
as mulheres como os homens tratam as mulheres, pois ao próprio direito também são
relacionadas as características do “masculino” (racional, ativo, objetivo).
128
CONSIDERAÇÕES FINAIS
8
Habitus é conceituado por Bourdieu como “produto da incorporação de uma
estrutura social sob a forma de uma disposição quase natural, frequentemente dotada
de todas as aparências do que é inato, o habitus é a vis insita, a energia potencial, a
força dormente, de onde a violência simbólica, em particular aquela exercida pelos
performáticos, extrai sua misteriosa eficácia.” (Bourdieu, 2001, p. 205).
129
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
9
Nas palavras de Andrea Bispo, “(...) o arquétipo junguiano da Grande Mãe continua
operando invicto no inconsciente coletivo e dando conteúdo às normas todas as vezes
que as relações familiares são analisadas. Assim, se de um lado, a guarda, via de regra,
é concedida à mulher, por outro, a mãe que abandona os filhos é extremamente
reprovada, e uma vez que violou os estereótipos da maternidade, passa a ser
considerada incapaz de educar a prole e indigna de conviver com ela. (...) o
comportamento masculino semelhante, ao invés de gerar o mesmo ódio, ou no mínimo
o mesmo furor argumentativo, é absorvido com absoluta naturalidade.” (BISPO,
2016, p. 31).
131
CASTRO, Helena Rocha Coutinho de. O dito pelo não dito: uma
análise da criminalização secundária das traficantes na cidade do
Recife. 192f. Dissertação (Mestrado em Ciências Criminais). Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil,
2016.
D'AVILA, Fabio Roberto. Ofensividade e crimes omissivos próprios:
contributo à compreensão do crime como ofensa ao bem jurídico.
Coimbra: Coimbra Editora, 2005.
FACHINETTO, Rochele Fellini. Homicídio contra mulheres e campo
jurídico: a atuação dos operadores do direito na reprodução das
categorias de gênero. In: AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli de (Org.).
Relações de gênero e sistema penal: violência e conflitualidade nos
juizados de violência doméstica e familiar contra a mulher. Porto
Alegre: EDIPUCRS, 2011, p. 107-136.
FACHINETTO, Rochele Fellini. Quando eles as matam e quando
elas os matam: uma análise dos julgamentos de homicídio pelo
Tribunal do Júri. 421f. Tese (Doutorado em Sociologia). Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil, 2012.
FIGUEIREDO, Débora de Carvalho. Discurso, gênero e violência: uma
análise de representações públicas do crime de estupro. Language and
Law / Linguagem e Direito, v. 1, n. 1, 2014, p. 141-158.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso: aula inaugural no
Collége de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Tradução
de Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Edições Loyola, 1998.
JESCHECK, Hans-Heinrich. Tratado de Derecho Penal: parte
general. 4. ed. Tradução de José Luis Manzanares Samaniego. Granada:
Comares, 1993.
LARRAURI, Elena. Una crítica feminista al derecho penal. In:
Mujeres, derecho penal y criminología, 1994, p. 19-40. Disponível
em: <https://www.researchgate.net/publication/
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de junho de 2018.
OIT. Mulheres no Trabalho: tendências de 2016. Disponível em:
<http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---dgreports/---dcomm/---
132
INTRODUÇÃO
1
Graduanda em Direito pelo Centro Universitário Ritter dos Reis (UNIRITTER).
134
2
BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. População carcerária
brasileira chega a mais de 622 mil detentos, Brasília, DF, 2016. Disponível em:
<http://www.justica.gov.br/noticias/populacao-carceraria-brasileira-chega-a-mais-
de-622-mil-detentos>. Acesso em: 18 de fevereiro de 2017.
3
Batista, Vera Malaguti. Difíceis ganhos fáceis - drogas e a juventude do Rio de
Janeiro. 2 ed. Rio de Janeiro: Revan, 2003. p.134.
4
Carvalho, Salo de. A política criminal de drogas no Brasil: estudo criminológico e
dogmático da Lei 11.343/06. 8 ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 31
135
5
A primeira declaração de “Guerra às Drogas” foi feita em 1971 pelo então presidente
norte-americano Richard Nixon.
136
6
KARAM, Maria Lúcia. Drogas, é preciso legalizar. Law Enforcement Against
Prohibition, maio de 2012. Disponível em: <http://www.leapbrasil.com.br/textos>.
Acesso em: 05 de fevereiro de 2017.
7
KARAM, Maria Lúcia. Drogas: legalizar para respeitar os direitos humanos. Law
Enforcement Against Prohibition, agosto de 2015. Disponível em:
<http://www.leapbrasil.com.br/textos>. Acesso em: 05 de fevereiro de 2017.
137
8
Batista, Vera Malaguti. Difíceis ganhos fáceis - drogas e a juventude do Rio de
Janeiro. 2 ed. Rio de Janeiro: Revan, 2003. p. 36
138
9
BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. População carcerária
brasileira chega a mais de 622 mil detentos, Brasília, DF, 2016. Disponível em:
<http://www.justica.gov.br/noticias/populacao-carceraria-brasileira-chega-a-mais-
de-622-mil-detentos>. Acesso em: 18 de fevereiro de 2017.
139
10
G1, Um em cada três presos do país responde por tráfico de drogas. Disponível em:
<http://g1.globo.com/politica/noticia/um-em-cada-tres-presos-do-pais-responde-por-
trafico-de-drogas.ghtml>. Acesso em 13 de fevereiro de 2017.
11
Carta Capital, Legalizar as drogas. Disponível em:
<http://www.cartacapital.com.br/sociedade/legalizar-as-drogas-2566.html>. Acesso
em 13 de fevereiro de 2017.
140
12
KARAM, Maria Lúcia. Drogas, é preciso legalizar. Law Enforcement Against
Prohibition, maio de 2012. Disponível em: <http://www.leapbrasil.com.br/textos>.
Acesso em: 05 de fevereiro de 2017.
141
ilícitas só existe porque estas foram tornadas ilícitas, mas que na relação
comercial em si não há qualquer violência. ”13.
13
VALOIS, Luís Carlos. O direito penal da guerra às drogas. IBCCRIM. Setembro,
2016.
14
Batista, Vera Malaguti. Difíceis ganhos fáceis - drogas e a juventude do Rio de
Janeiro. 2 ed. Rio de Janeiro: Revan, 2003. p. 36
143
CONSIDERAÇÕES FINAIS
15 KARAM, Maria Lucia. Direitos Humanos, laço social e drogas: por uma política
solidária com o sofrimento humano. Law Enforcement Against Prohibition,
144
A forma com que esses crimes são retratados pela grande mídia
faz com que a sociedade aceite essas mortes partindo da premissa que
“bandido bom é bandido morto” não importando a circunstâncias que
ocasionaram esses homicídios. A população tem admitido essas mortes
como se fosse algo inevitável para o combate do crime.
17
Batista, Vera Malaguti. Difíceis ganhos fáceis - drogas e a juventude do Rio de
Janeiro. 2 ed. Rio de Janeiro: Revan, 2003. p. 103
18
GENRO, Luciana. Guerra às drogas. 2014. Disponível em: <
https://lucianagenro.com.br/2014/03/guerra-as-drogas/>. Acesso em: 19 de fevereiro
de 2017.
146
considerados hoje como ilegais é um dos caminhos para que haja uma
redução da violência e um alívio no sistema carcerário. Ser a favor do
fim desta repressão contra comerciantes e usuários é compreender que
o consumo da droga deve ser tratado como problema de saúde pública,
não de polícia. Conforme salienta Salo:
19
Carvalho, Salo de. A política criminal de drogas no Brasil: estudo criminológico e
dogmático da Lei 11.343/06. 8 ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 435.
147
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
1
Graduação. Pós-Graduação em andamento. Advogado. E-mail:
leandro@leandrosoaresadv.com.br
150
2
AVENA, Norberto. Processo penal: esquematizado. 6ª ed. RJ: Forense; São Paulo:
método, 2014. p. 151.
151
3
LOPES JR, Aury; GLOECKNER, Ricardo Jacobsen. Investigação preliminar no
processo penal. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 228.
4
AVENA, Norberto. Processo penal: esquematizado. 6ª ed. RJ: Forense; São Paulo:
método, 2014. p. 152.
5
RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 25 ed. ver. E atual. SP: Atlas, 2017. P.
73.
6
LOPES JR, Aury; GLOECKNER, Ricardo Jacobsen. Investigação preliminar no
processo penal. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 90.
152
7
PACELLI, Eugênio de Oliveira. Curso de Processo Penal. 11 ed. RJ. Editora Lumen
Juris, 2009. p. 43.
8
É a existência de justa causa, onde há elementos mínimos de autoria e materialidade.
Onde por sua vez, o Estado – Juiz menciona se existem possibilidades para dar início
a persecução penal. (LOPES JR, Aury; ROSA, Alexandre Morais.
http://www.conjur.com.br/2014-nov-14/limite-penal-quando-acusado-vip-
recebimento-denuncia-motivado acesso em 18/07/2017).
9
É quando “o particular é titular de uma pretensão acusatória e exerce o seu direito
de ação, sem que exista delegação de poder ou substituição processual”, ou seja, atua
unicamente em direito próprio. (LOPES, Aury Jr. Direito processual penal. 11ª ed.
SP: Saraiva, 2014, p. 404).
10
Também conhecido como princípio da legalidade que é um dos princípios mais
importantes da Constituição Federal. O referido princípio tem aplicação diferenciada
para o Estado e para o Particular. Naquele tem o dever de fazer o que está determinado
em Lei, para o particular esse pode fazer o que a lei não proíbe. (MARTINS, Flávio.
Curso de direito constitucional. 1 ed. SP. Editora Revista dos Tribunais, 2017. p. 839).
11
TOVO, Paulo Cláudio. Opinião sobre investigação Criminal (CPI – assunto
momentoso). Boletim do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais n.º 154 – setembro
de 2005.
12
GIACOMOLLI, Nereu José; SILVA, Pablo Rodrigo Alflen. Direito penal e
processo penal: estudos em homenagem ao Prof. Paulo Tovo. Porto Alegre: Sapiens,
2010. Artigo: O princípio da Legalidade no direito penal alemão: um exemplo a ser
seguido(?) p. 278.
153
13
RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 25 ed. ver. E atual. SP: Atlas, 2017. P.
100.
14
RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 25 ed. ver. E atual. SP: Atlas, 2017. P.
100.
15
RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 25 ed. ver. E atual. SP: Atlas, 2017. P.
100.
154
16
AVENA, Norberto. Processo penal: esquematizado. 6ª ed. RJ: Forense; São Paulo:
método, 2014. p. 158.
17
REIS, Alexandre Cebrian Araujo; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito
processual penal esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 5ª edição. SP: Saraiva,
2016. p. 67.
18
RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 25 ed. ver. E atual. SP: Atlas, 2017. P.
102.
155
19
RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 25 ed. ver. E atual. SP: Atlas, 2017. P.
103.
20
CASTRO, Henrique Hoffmann Monteiro de Castro. Inquérito policial tem sido
conceituado de forma equivocada, 2017. Disponível em:
http://www.conjur.com.br/2017-fev-21/academia-policia-inquerito-policial-sido-
conceituado-forma-equivocada. Acesso em 17/07/2017.
21
AVENA, Norberto. Processo penal: esquematizado. 6ª ed. RJ: Forense; São Paulo:
método, 2014. p. 159.
156
22
AVENA, Norberto. Processo penal: esquematizado. 6ª ed. RJ: Forense; São Paulo:
método, 2014. p. 159.
23
RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 25 ed. ver. E atual. SP: Atlas, 2017. P.
103.
24
RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 25 ed. ver. E atual. SP: Atlas, 2017. P.
103.
25
D`URSO, Luiz Flávio Borges. O sigilo do inquérito policial e o exame dos autos
por advogado, 2004. Disponível em: https://www.ibccrim.org.br/artigo/6889-Artigo-
O-sigilo-do-inquerito-policial-e-o-exame-dos-autos-por-advogado. Acesso em
17/07/2017.
157
26
RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 25 ed. ver. E atual. SP: Atlas, 2017. P.
105.
27
AVENA, Norberto. Processo penal: esquematizado. 6ª ed. RJ: Forense; São Paulo:
método, 2014. p. 159.
28
RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 25 ed. ver. E atual. SP: Atlas, 2017. P.
106.
158
29
COUTRIM, Eujecio Lima Filho. Lei nº. 13.245/16 e o caráter inquisitivo do
Inquérito Policial,2016. Disponível em: https://canalcienciascriminais.com.br/lei-no-
13-24516-e-o-carater-inquisitivo-do-inquerito-policial. Acesso em 22/05/2017.
30
LOPES, Aury Jr. Lei 13.245/2016 não acabou com o caráter “inquisitório” da
investigação, 2016. Disponível em: http://www.conjur.com.br/2016-jan-29/limite-
penal-lei-132452016-nao-acabou-carater-carater-inquisitorio-investigacao. Acesso
em 17/07/2017.
31
BARBOSA, Ruchester Medeiros. Investigação criminal também deve cumprir
prazo de duração razoável, 2015. Disponível em: http://www.conjur.com.br/2015-
nov-03/academia-policia-investigacao-criminal-tambem-cumprir-prazo-duracao-
razoavel#_edn2, acesso em 27/06/2017.
159
32
ROSA, Alexandre Morais da. Duração razoável do processo sem contrapartida é
como promessa de amor, 2014. Disponível em: http://www.conjur.com.br/2014-jul-
18/limite-penal-duracao-razoavel-contrapartida-igual-prometer-amor. Acesso em
27/06/2017.
33
ROSA, Alexandre Morais da. Duração razoável do processo sem contrapartida é
como promessa de amor, 2014. Disponível em: http://www.conjur.com.br/2014-jul-
18/limite-penal-duracao-razoavel-contrapartida-igual-prometer-amor, acesso em
27/06/2017.
34
LOPES, Aury Jr. Direito processual penal. 11ª ed. SP: Saraiva, 2014, p. 188.
35
LOPES, Aury Jr. Direito processual penal. 11ª ed. SP: Saraiva, 2014, p. 187.
36
GIACOMOLLI, Nereu José. O devido processo pemal. Abordagem conforme a
Constituição Federal e o Pacto de São José da Costa Rica. Cases da Corte
Interamericana, do Tribunal Europeu e do STF. SP: Atlas, 2014, p. 07.
160
37
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
38
LECHENAKOSKI, Bryan Bueno. A razoável duração do processo X prescrição
retroativa após alteração da Lei 12.234/2010, 2016. Disponível em:
http://emporiododireito.com.br/a-razoavel-duracao-do-processo-x-prescricao-
retroativa-apos-alteracao-da-lei-12-2342010-por-bryan-bueno-
lechenakoski/#_ftnref3, acesso em 27/06/2017.
161
39
PACELLI, Eugênio de Oliveira. Curso de Processo Penal. 11 ed. RJ. Editora Lumen
Juris, 2009. p. 48.
40
RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 25 ed. ver. E atual. SP: Atlas, 2017. P.
115.
41
PACELLI, Eugênio de Oliveira. Curso de Processo Penal. 11 ed. RJ. Editora Lumen
Juris, 2009. p. 48.
162
42
RANGEL, Paulo; BACILA, Carlos Roberto. Lei de drogas: comentários penais e
processuais. 2. Ed. SP: Atlas, 2014, p. 179.
43
AVENA, Norberto. Processo penal: esquematizado. 6ª ed. RJ: Forense; São Paulo:
método, 2014. p. 193.
44
AVENA, Norberto. Processo penal: esquematizado. 6ª ed. RJ: Forense; São Paulo:
método, 2014. p. 193.
45
AVENA, Norberto. Processo penal: esquematizado. 6ª ed. RJ: Forense; São Paulo:
método, 2014. p. 190.
163
46
AVENA, Norberto. Processo penal: esquematizado. 6ª ed. RJ: Forense; São Paulo:
método, 2014. p. 191.
47
LOPES, Aury Jr. Direito processual penal. 11ª ed. SP: Saraiva, 2014, p. 193.
164
(09) e dos quatro (04) fatos delituosos – não foi configurado o excesso
de prazo na formação da culpa.
No mesmo sentido assim novamente a Terceira Câmara
Criminal decidiu:
HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO DUPLAMENTE
QUALIFICADO. COAÇÃO NO CURSO DO
PROCESSO. DESNECESSIDADE DE
MANUTENÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA DO
ACUSADO. INOCORRÊNCIA. EXCESSO DE
PRAZO NA FORMAÇÃO DA CULPA.
INEXISTÊNCIA. SEGREGAÇÃO CAUTELAR
MANTIDA. A prisão preventiva, no caso concreto, não
configura antecipação da punição penal. Caso em que o
decreto de prisão encontra-se adequadamente
fundamentado – na garantia da ordem pública e
conveniência da instrução criminal – e embasado em
circunstâncias específicas do caso concreto, havendo
comprovação da materialidade e suficientes indícios da
autoria delitiva em nome do paciente. Embora primário o
paciente, as circunstâncias fáticas, diante do contido nos
autos – evidente, no caso, o periculum libertatis, ante a
ameaça do paciente à vítima sobrevivente, bem como as
testemunhas, o que tem dificultado o andamento do feito,
inclusive, para seu encerramento já que as testemunhas
em razão do temor que sentem não compareceram em
duas solenidades aprazadas –, são desfavoráveis e pesam
contra o acusado, pelo que não há ilegalidade na
manutenção da prisão preventiva.
a razoável duração do processo deve ter em consideração
as circunstâncias específicas do caso concreto, como a
complexidade do feito e o comportamento das partes e do
magistrado. Nesta linha, o excesso de prazo na formação
da culpa não decorre do simples descumprimento de
prazos processuais isolados, como simples operação
aritmética. Embora o paciente esteja preso há
aproximadamente nove meses, não há qualquer retardo
provocado pelo juízo ou ministério público na condução
do processo, pelo que, no momento, não se vislumbra o
alegado excesso de prazo sustentado. Excesso de prazo
não configurado. ORDEM DENEGADA. (Habeas
corpus nº 70073832867, terceira câmara criminal,
tribunal de justiça do rs, relator: Sérgio Miguel Achutti
Blattes, julgado em 05/07/2017).
168
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ainda foi feito uma análise, mesmo que breve, sobre o prazo
para a conclusão do inquérito policial que, em regra geral, se guia pelo
o que está consagrado no art. 10 do CPP. Se por ventura o indiciado
estando preso e a autoridade policial não concluiu o inquérito policial é
necessário à sua soltura por constrangimento ilegal. As características
estudadas estão em consonância com a finalidade do inquérito policial,
e aos princípios fundamentais que garantem a preservação da dignidade
do indivíduo consagrada na constituição federal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
nao-acabou-carater-carater-inquisitorio-investigacao. Acesso em
17/07/2017.
LECHENAKOSKI, Bryan Bueno. A razoável duração do processo X
prescrição retroativa após alteração da Lei 12.234/2010, 2016.
Disponível em: http://emporiododireito.com.br/a-razoavel-duracao-do-
processo-x-prescricao-retroativa-apos-alteracao-da-lei-12-2342010-
por-bryan-bueno-lechenakoski/#_ftnref3, acesso em 27/06/2017.
PACELLI, Eugênio de Oliveira. Curso de Processo Penal. 11 ed. RJ.
Editora Lumen Juris, 2009.
RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 25 ed. ver. E atual. SP:
Atlas, 2017.
RANGEL, Paulo; BACILA, Carlos Roberto. Lei de drogas:
comentários penais e processuais. 2. Ed. SP: Atlas, 2014.
REIS, Alexandre Cebrian Araujo; GONÇALVES, Victor Eduardo
Rios. Direito processual penal esquematizado. Coordenador Pedro
Lenza. 5ª edição. SP: Saraiva, 2016.
ROSA, Alexandre Morais da. Duração razoável do processo sem
contrapartida é como promessa de amor, 2014. Disponível em:
http://www.conjur.com.br/2014-jul-18/limite-penal-duracao-razoavel-
contrapartida-igual-prometer-amor. Acesso em 27/06/2017.
TOVO, Paulo Cláudio. Opinião sobre investigação Criminal (CPI –
assunto momentoso). Boletim do Instituto Brasileiro de Ciências
Criminais n.º 154 – setembro de 2005.
MARTINS, Flávio. Curso de direito constitucional. 1 ed. SP. Editora
Revista dos Tribunais, 2017.
172
O ENSINO DO MEDO
INTRODUÇÃO
Com os levantes de junho de 2013, a aproximação dos
denominados “megaeventos” como a Copa do Mundo FIFA de 2014 e
as Olimpíadas de 2016, houve uma intensificação nos mecanismos de
controle social, também no intuito de vender melhor a imagem do país
1
Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(PUCRS). Integrante do G10- Assessoria à Juventude Criminalizada (SAJU/UFRGS).
Graduando em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Advogado. E-mail: lucasdpedrassani@gmail.com.
2
GALEANO, Eduardo. De pernas pro ar: a escola do mundo avesso. Porto Alegre:
L&PM, 1999, p. 81
173
3
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. Do pensamento único a consciência
universal. Record: Rio de Janeiro/São Paulo, 2000a, p. 19.
174
4
OLIVEIRA, Samir. Protesto envolvendo Tatu-Bola segue repercutindo entre
policiais e ativistas de Porto Alegre. Sul21, Porto Alegre, 6 de fev. 2013. (Disponível
em: <http://www.sul21.com.br/jornal/protesto-envolvendo-tatu-bola-segue-
repercutindo-entre-policiais-e-ativistas-de-porto-alegre/>. Acesso em: 28 set. 2015).
5
Eugênio Raul Zaffaroni que assim dispõe: “O direito penal [do inimigo] tem como
uma de suas marcantes características o combate a perigos, isso representa, em muitos
casos, a antecipação de punibilidade, na qual o inimigo é interceptado, em um estado
inicial, apenas pela periculosidade que pode ostentar em relação à sociedade. Para ele
não é mais o homem o centro de todo o Direito, mas sim o sistema, puramente
175
6
WACQUANT, Loic. As prisões da miséria. Rio de Janeiro: Zahar, 2001, p. 7.
7
ELY, Débora. Robocop na Copa: o traje que os policiais usarão no Mundial. Para
atuar em possíveis protestos durante os jogos, Brigada Militar receberá 300
exoesqueletos do governo federal. Zero Hora, Porto Alegre, 21 de mai. 2014.
Disponível em <http://zh.clicrbs.com.br/rs/esportes/copa-
2014/noticia/2014/05/robocop-na-copa-o-traje-que-os-policiais-usarao-no-mundial-
4505977.html>. Acesso em: 28 set. 2015.
8
CONTRA protestos em SP, PM compra 'supercaveirão'. Estadão, São Paulo,
12 de mar. 2015. Disponível em <http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-
estado/2015/03/12/contra-protestos-em-sp-pm-compra-supercaveirao.htm>. Acesso
em: 28 set. 2015.
9
JAKOBS, Ghunter; MELIÁ, Manuel Câncio. Direito Penal do Inimigo:
noções e críticas. Porto Alegre. Livraria do Advogado, 2005, p. 37.
177
10
No início da obra o Homo Sacer: o Poder Soberano e a Vida Nua I,Agamben nos
antecipa o que virá a ser objeto de seu dedicado olhar:“A tese de uma íntima
solidariedade entre democracia e totalitarismo (que aqui devemos, mesmo com toda
prudência,adiantar) não é, obviamente (como,por outra,aquela de Strauss sobre a
secreta convergência entre liberalismo e comunismo quanto à meta final),uma tese
historiográfica, que autorize a liquidação e o achatamento das enormes diferenças que
caracterizam sua história e seu antagonismo; não obstante isto, no plano histórico-
filosófico que lhe é próprio, deve ser mantida com firmeza, porque somente ela poderá
permitir que orientemo-no diante das novas realidades e das convergências
imprevistas do fim de milênio, desobstruindo o campo em direção àquela nova política
que ainda resta em grande parte inventar.”AGAMBEN, Giorgio.Homo sacer: o poder
soberano e a vida nua.Belo Horizonte:UFMG,2002,p. 18.
11
Ibidem, p. 16.
178
de lei12 sem lei, que suspende as garantias legais em nome da sua própria
manutenção. Ora, não tem sido exatamente esse o paradigma central do
discurso predominante na política nacional, em especial naquilo que
remete a (in)segurança pública?
12
Conforme Agamben O sintagma “força de lei” vincula-se a uma longa tradição do
direito romano e no medieval, [...] tem o sentido geral de eficácia, de capacidade de
obrigar. [...] O conceito “força de lei”, enquanto termo técnico do direito define, pois
uma separação entre vis obligandi ou aplicabilidade da norma e sua essência formal,
pela qual decretos, disposições e medidas, que não são formalmente leis, adquirem,
entretanto, sua “força’. AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. São Paulo:
Boitempo, 2004, p.60.
13
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. Obras Escolhidas; v. 1. São
Paulo: Brasiliense, 1994, p. 226.
179
14
A crítica referida pode ser analisada de forma mais explícita no seguinte trecho do
livro O que é Ideologia: “O Estado não é um poder distinto da sociedade, que a ordena
e regula para o interesse geral definido por ele próprio enquanto poder separado e
acima das particularidades dos interesses de classe. Ele é a preservação dos interesses
particulares da classe que domina a sociedade. [...]O papel do Direito ou das leis é o
de fazer com que a dominação não seja ti da como uma violência, mas como legal, e
por ser legal e não violenta deve ser aceita. CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. São
Paulo: Brasiliense, 1984. p. 90.
15
A passagem de Meszáros a que se refere a menção pode ser compreendida a partir
da obra O poder da Ideologia: “A verdade prosaica de que o Estado na verdade não é
a encarnação do “princípio da legitimidade”, mas das relações de poder prevalecentes,
e que não é constituído a partir de decisões individuais soberanas, mas em resposta
aos contínuos antagonismos de classe, permanece oculta sob o véu da impressionante
fachada teórica da ideologia dominante.” MÉSZÁROS, István. O poder da ideologia.
São Paulo: Boitempo, 2004. p. 26.
180
16
BENJAMIN, Walter. Crítica da violência – crítica do poder. ___. Documentos de
cultura, documentos de barbárie: escritos escolhidos. (Trad.: Willi Bolle). São Paulo:
Cultrix e Editora da Universidade de São Paulo 1986, p. 162.
181
17
Ibidem. p. 166.
18
Ibidem. p. 226.
182
19
MATTE, Reyes. Meia-noite na história: Comentários sobre às teses de Walter
Benjamin. Sobre o conceito de história. Ed. Unisinos.2010. p. 125.
20
NETO, Moysés Pinto. A matriz oculta do Direito Moderno: crítica do
constitucionalismo contemporâneo. Cadernos de ética e filosofia política, São Paulo,
n. 17, p.131 – 152, jan./jun. 2010.
183
21
A menção se refere à ação impetrada pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro
para ver declarado o raríssimo Direito dos adolescentes de não serem presos a não ser
que estivessem cometendo algum delito. OUCHANA, Giselle. Vara da Infância e
Juventude proíbe PM de apreender adolescentes sem flagrante Decisão foi tomada
após adolescentes serem retirados de ônibus a caminho das praias da Zona Sul no mês
passado. O Globo, 10 de nov. 2015. Disponível em:
<http://oglobo.globo.com/rio/vara-da-infancia-juventude-proibe-pm-de-apreender-
adolescentes-sem-flagrante-17456925#ixzz3mpSv8gQL>. Acesso em: 10 de out.
2015.
22
VICE, Marie Declercq da. “PM do Rio impede adolescentes da periferia de ir às
praias da zona sul”, Folha de São Paulo, 25 de ago. 2015. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/vice/2015/08/1673548-pm-do-rio-impede-
adolescentes-da-periferia-de-ir-as-praias-da-zona-sul.shtml>. Acesso em: 07 de out.
2015.
23
A menção faz referência ao brilhante artigo escrito por Eliane Brum em que expõe
a matabilidade e ausência completa de empatia, de emocionabilidade com o que já se
tornou tão corriqueiro no cenário (bio)político nacional. Intitulado “ECA do B”, busca
explicitar com uma ironia ácida a lei real (ou a força de lei sem lei) que é a exceção
184
27
AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. São Paulo: Boitempo, 2004, p. 13.
186
28
JUSTIÇA paulista livra ativista de ser enquadrada na Lei de Segurança Nacional.
Rede Brasil Atual, 1 de jul. 2014. Disponível em:
<http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2014/07/justica-paulista-livra-ativista-
de-ser-enquadrada-na-lei-de-seguranca-nacional-4018.html>. Acesso em: 12 de out.
2015.
188
29
A íntegra da Redação Final pode está disponível em
<http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegracodteor=1373970
&filename=REDACAO+FINAL+-+PL+2016/2015>. Acesso em: 12 de out. 2015.
30
ORWELL, George. 1984. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
189
31
WACQUANT, Loic. As prisões da miséria. Rio de Janeiro. ED. Jorge Zahar 2001.
P. 8.
32
Ibidem. p. 10.
33
Ibidem. p.. 13.
190
34
SOUZA, Taiguara Libano Soares e. Estado Policial e Criminalização dos
Movimentos Sociais: Notas sobre a Iconstitucionalidade do Decreto nº 44.302/13 do
Governo do Estado do Rio de Janeiro. \R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, p.
185 - 205, jan - fev. 2015, p. 193.
35
A frase se deu em postagem em sua página pessoal nas redes sociais. Disponível
em: <https://pt-
br.facebook.com/permalink.php?story_fbid=303931759743679&id=280113148792
207>. Acesso em: 11 de out. 2015.
191
36
AMARAL, Augusto Jobim Do. Polícia e democracia: o tempo que resta das
jornadas de junho de 2013. Sistema Penal & Violência, Porto Alegre, v. 6, n. 2, p.
174-195, jul.-dez. 2014. p. 38
37
AGAMBEN, Giorgio. Profanações. São Paulo: Boitempo, 2007, p. 79.
38
GALEANO, Eduardo. As palavras andantes. Porto Alegre: L&PM, 1994.
192
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
39
MELCHIONNA, Fernanda. Milhões nas ruas, mais de 20 motivos e uma
prisão. Sul 21. Disponível em: <http://www.sul21.com.br/jornal/milhoes-nas-ruas-
mais-de-20-motivos-e-uma-prisao/>. Acesso em: 13 de out. 2015.
193
INTRODUÇÃO
1
Mestranda em Ciências Criminais (PPGCCRIM/PUCRS). Pós-Graduanda em
Ciências Penais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(PUCRS). Graduada em Direito pela Universidade Católica de Brasília (UCB/DF).
Coordenadora do Grupo de Estudos em Criminologia(s) da Escola Superior de
Advocacia (ESA/OAB-RS). Pesquisadora vinculada ao Grupo de Pesquisa em
Políticas Públicas de Segurança e Administração da Justiça Penal (GPESC/PUCRS),
coordenado pelo Prof. Dr. Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo..
2
Graduado em Ciências Jurídicas e Sociais pela PUCRS. Assessor Jurídico do Projeto
Cada Jovem Conta! – Centro de Prevenção às Violências. Advogado do Grupo de
Estudos e Intervenção em Matéria Penal (GEIP-SAJU/UFRGS). Integrante do Grupo
de Pesquisa em Políticas Públicas de Segurança e Administração da Justiça Penal
(GPESC/PUCRS).
197
3
BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro:
Zahar, 1999. p. 17.
198
4
BAUMAN. Ibidem. p. 18.
5
VIRILIO, Paul apud BAUMAN. Ibidem. p. 20.
199
6
MELO, Patricia Bandeira de. Criminologia e teorias da comunicação. In: LIMA, R.
S.; RATTON, L. L.; AZEVEDO, R. G. (Orgs.). Crime, polícia e justiça no Brasil.
São Paulo: Contexto, 2014. p. 165.
7
No entanto, em que pese as redes sociais digitais tenham possibilitado um ambiente
em que é possível o estabelecimento de diversas discussões que dizem respeito a
questões sociais ou das agendas políticas, não conseguiram garantir, ainda, a sua
inclusão no debate público, onde as chamadas "velhas mídias" - televisão, jornal,
rádio, etc. - ainda detêm o monopólio de "tornar as coisas públicas", dando
visibilidade a determinados assuntos em um espaço formador de opinião pública.
LIMA, Venício de A. Mídia, rebeldia urbana e crise de representação. In: Cidades
rebeldes: passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. São Paulo:
Boitempo, 2013. p. 90.
8
MELO. Criminologia e teorias da comunicação. Ibidem. p. 165-166.
9
MELO, Patricia Bandeira de. Histórias que a mídia conta: o discurso sobre o crime
violento e o trauma cultural do medo. Tese (Doutorado em Sociologia) - PPGS,
Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2010. p. 154.
200
10
MCCOMBS, Maxwell. The Agenda-Setting Role of the Mass Media in the Shaping
of Public Opinion. Austin: University of Texas at Austin, 2003. p. 1.
11
MELO. Histórias que a mídia conta. Ibidem, p. 155.
12
MELO. Histórias que a mídia conta. Ibidem, p. 158.
201
13
KATZ, Elihu apud MELO. Histórias que a mídia conta. Ibidem, p. 161.
14
MELO. Criminologia e teorias da comunicação. Ibidem. p. 170.
15
A incompreensão do “herói” sendo punido como se “vilão” fosse: "Homem preso
por balear criminosos desabafa: 'Tratado como vagabundo'", In: G1, 26/02/2015.
Disponível em <http://glo.bo/1833dXd>. Acesso em 15/02/2017.
16
BATISTA, Nilo. Mídia e sistema penal no capitalismo tardio. Biblioteca On-line
de Ciências da Comunicação. ISSN: 1646-3137. 2003 Disponível em
202
<http://www.bocc.ubi.pt/pag/batista-nilo-midia-sistema-penal.pdf>. Acesso em
09/02/2017. p. 6-7.
17
BATISTA. Ibidem, p. 9.
18
BATISTA. Ibidem, p. 14.
19
Ainda, sobre a violência dos bons: "Marconi: Entre o cidadão de bem e o bandido,
nós todos estamos ao lado do cidadão de bem", In: Jornal Opção, 06/04/2016.
Disponível em <http://www.jornalopcao.com.br/ultimas-noticias/marconi-entre-o-
cidadao-de-bem-e-o-bandido-nos-todos-estamos-ao-lado-do-cidadao-de-bem-
63018/>. Acesso em 15/02/2017.
203
20
FOSCARINI, Léia Tatiana. O discurso midiático nos meandros da criminalização:
contemporaneidade e movimentos sociais. 2008. Disponível em:
<http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/33559-43484-1-PB.pdf>.
Acesso em 15/02/2017. p. 4.
21
ZAFFARONI, Eugenio Raúl. O inimigo no direito penal. 2ª ed. Rio de Janeiro:
Revan, 2007. p. 18.
22
Impossível não trazer o clássico exemplo da discrepância entre duas manchetes do
mesmo jornal de grande circulação nacional: "Polícia prende jovens de classe média
com 300 kg de maconha no Rio", In: G1, 27/03/2015. Disponível em
<http://glo.bo/1NhRaoR>. Acesso em 15/02/2017; e "Polícia prende traficante com
204
27
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>.
Acesso em 07/02/2017.
28
ANDRÉA, Fernando de. O protagonismo dos meios de comunicação social:
algumas reflexões. In: Discursos sediciosos - crime, direito e sociedade. Rio de
Janeiro: Revan, Ano 19, n° 21/22, p. 464.
29
ANDRÉA. Idem.
30
ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 1984. p. 57.
206
31
ANDRÉA. Ibidem, p. 465.
32
ANDRÉA. Ibidem, p. 467.
33
LOPES JR., Aury. Introdução crítica ao processo penal – fundamentos de
instrumentalidade garantista. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004. p. 15.
34
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo: Comentários sobre a Sociedade do
Espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 2008. p. 28.
35
BATISTA. Ibidem. p. 3.
207
36
ANDRÉA. Ibidem, p. 468.
37
WACQUANT, Loïc. As prisões da miséria. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001, p.
21.
38
SILVEIRA FILHO, Sylvio Lourenço. Neoliberalismo, mídia e movimento de lei e
ordem: rumo ao Estado de Polícia. In: Discursos Sediciosos. Rio de Janeiro: Revan,
n° 15/16, 262.
39
ANDRÉA. Ibidem, p. 469.
208
40
BARATA, Francesc. A midiatização do direito penal. In: Discursos sediciosos -
crime, direito e sociedade. Rio de Janeiro: Revan, Ano 19, n° 21/22, p. 471.
41
BARATA. Ibidem, p. 476.
42
BARATA. Idem.
43
SOBRINHO, Sergio Francisco Carlos Graziano. Reflexões sobre os fundamentos
de uma sociedade de controle. In: Discursos sediciosos - crime, direito e sociedade.
Rio de Janeiro: Revan, Ano 19, n° 21/22, p. 333.
44
BAIERL, Luzia Fátima. Medo social: da violência visível ao invisível da violência.
São Paulo: Cortez, 2004. p. 39.
209
45
FELETTI, Vanessa Maria. Vende-se segurança: a relação entre o controle penal da
força de trabalho e a transformação do direito social à segurança em mercadoria. Rio
de Janeiro: Revan, 2014. p. 125.
46
FELETTI. Ibidem, p. 126.
47
BAUMAN, Zygmunt. Medo líquido. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008, p. 11.
210
48
FELETTI. Ibidem, p. 127.
49
SALAS, Denis apud FERRAJOLI, Luigi. Democracia e medo. Discursos
sediciosos - crime, direito e sociedade. Rio de Janeiro: Revan, Ano 19, nº 21/22. p.
118.
50
BARATA. Ibidem, p. 485.
51
GARLAND, David. La cultura del control: crimen y orden social en la sociedad
contemporánea. Barcelona: Gedisa, 2005. p. 93-94.
211
52
BARATA. Ibidem, p. 486.
53
AMARAL, Augusto Jobim do e ROSA, Alexandre Morais da. Cultura da punição:
a ostentação do horror. 2º ed. Florianópolis: Empório do Direito, 2015, p. 71.
54
FERRAJOLI. Ibidem, p. 124-125.
55
BARATA. Ibidem, p. 487.
56
GARLAND. Ibidem, p. 45.
212
na agenda penal, isto fica mais claro quando constatamos que os meios
de comunicação estão atuando como o ator principal nas dinâmicas
atuais das políticas criminais57. Sem a mídia, restaria uma grande
dificuldade de compreender o auge do populismo punitivo e a
consolidação do Estado Penal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
57
BARATA. Ibidem, p. 487.
213
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
1
Advogada, especialista em Direito Público – FMP/RS; Integrante dos grupos de
Criminologia OAB/RS, Garantias processuais penais FMP; Cátedra Sérgio Vieira de
Mello UFRGS e Rede de Justiça, Direitos Humanos e Segurança/RS.
217
2
A definição de facção/crime organizado sofre críticas, para Zaffaroni não existe um
limite claro entre o que pode ser considerado legal ou ilegal, sendo a sua tentativa de
categorização um fracasso, para Maria Lúcia Karam a conceituação científica de
crime organizado somente se presta para a criação de leis de exceção e para os adeptos
da labelling aproach a adoção do termo facção é criadora do desvio. Discussão esta
que foi resolvida pelos nossos ilustres legisladores com a edição da lei nº 12.850/13,
que traz no seu art.1º o conceito de organização criminosa e que consiste em:
Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que
informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer
natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam
superiores a 4(quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.
3
SHIMIZU, Bruno. Solidariedade e gregarismo nas facções criminosas: um estudo
criminológico à luz da psicologia das massas. Disponível em:
218
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2136/tde-31072012-092234/pt-
br.php.>Acesso: 20/11/2016.p. 71
4
ELBERT, Carlos Alberto. Novo Manual Básico de Criminologia. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2009. p.155.
5
Destaca-se o “surgimento” da Sociologia criminal nos Estados Unidos (final século
XIX e inicio do XX) devido a crescente industrialização o que demandou um grande
fluxo migratório de mão de obra, o que gerou a concentração destes nos grandes
centros como Detroit e Chicago, onde formavam guetos com idioma, costumes e
valores distintos da classe dominante. ANITUA, Gabriel. História dos pensamentos
criminológicos. Rio de Janeiro: Revan, 2008.
219
6
Escola de Chicago surgiu entre os anos de 1915 e 1940 a partir de Estudos feitos na
Universidade de Chicago, sendo desenvolvida por Robert Park, Ernest Burgess e
Mckenzie. Como explica Vera Malaguti, Estes trabalhos de campo sobre grupos
sociais específicos, que não eram hegemônicos na sociedade estadunidense,
revelavam que havia subculturas que produziam comportamentos considerados
marginais. BATISTA, Vera Malaguti. Introdução crítica à Criminologia Brasileira.
2º Ed. Rio de Janeiro: Revan, 2011.p. 68.
7
ELBERT, 2009.p. 159.
220
8
ANITUA, Gabriel Ignácio. Histórias dos pensamentos criminológicos. Rio de
Janeiro: Revan, 2008. p. 425.
9
ANITUA, 2008.p. 427.
10
Thrasher realizou uma pesquisa de campo com 25 mil membros de cerca de 1300
bandos da cidade de Chicago. Traçou um quadro que inicia com amizades de infância
e sua evolução para grupos delinquentes. Thrasher concluiu pela existência de 4 tipos
de bandos o difuso, solidificado, convencional e o estritamente criminoso. ANITUA,
2008.p. 427.
11
ANITUA, 2008.p.427.
221
12
ELBERT, 2009. p. 167
13
ANITUA, Gabriel Ignácio. Histórias dos pensamentos criminológicos. Rio de
Janeiro: Revan, 2008. p.500.
14
ANITUA, 2008.p. 498.
222
15
ELBERT, 2009.p. 167-68.
16
ANITUA, 2008.p. 502.
17
Zaffaroni traz os apontamentos feitos por Sykes e Matza a respeito dos cinco tipos
de técnicas de neutralização como negação da responsabilidade “são as circunstâncias
que me fazem assim”, “a sociedade me fez assim”; negação do dano “havia ofendido
minha mãe”, “têm muito mais grana”; negação da vítima “foi a vítima que me
agrediu”, “são todos negros”, condena os condenadores “ a policia é corrupta”, “juízes
são hipócritas” e por fim apelo a lealdades superiores “ não posso faltar com os
amigos”. ZAFFARONI, 2013. p.125.
18
ZAFFARONI, 2013.p.124.
223
cultura na qual a lei se ampara, mas sim que se acha inserida nela”.19
Através da introjeção destas técnicas é que o indivíduo torna-se
delinquente.
19
ANITUA, 2008.p. 506.
20
Expressão trazida na monografia de SHIMIZU, BRUNO. Solidariedade e
gregarismo nas facções criminosas: um estudo criminológico À luz da psicologia das
massas. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2136/tde-
31072012-092234/pt-br.php.>Acesso: 20/11/2016.p 62
21
Na sua obra de 1940 denominada “A comunidade da prisão”, o autor afirma que o
indivíduo que quiser sobreviver na prisão, deve adaptar-se e integrar-se a estes
códigos da subcultura carcerária. Assim, ele adotara, ou será adotado por um grupo,
seguirá seu modo de falar, vestir e conduzir-se na cadeias, e principalmente o papel
que representa dentro desta organização. ANITUA, Gabriel Ignácio. História dos
pensamentos criminológicos. Rio de Janeiro: Revan, 2008.
224
22
As Maras se desenvolveram em El-Savador, Honduras, Guatemala, Estados
Unidos, México, Canadá e até na Europa. Em Honduras, segundo dados de 2013,
havia cerca de 36 mil “pandilleros”. A atuação das Maras é mais proeminente em El
Salvador, Honduras e Guatemala. COMISIÓN ESPAÑOLA DE AYUDA AL
REFUGIADO. Maras en Centroamérica y México (Costa Rica, Guatemala,
Honduras, Nicaragua, Panamá, EL Salvador. Disponível em:< http://cear.es/wp-
content/uploads/2013/10/CENTROAMERICA.-2013.-Maras.pdf acesso em:
01/03/2016.
23
Associação de criminalidade e migração não é um fenômeno novo em nossa
sociedade. Sempre há a busca do “bode expiatório”. O imigrante sempre é visto com
desconfiança, como uma ameaça externa, um outsider. Nas palavras de Zygmunt
Bauman: Os refugiado são refugo humano, sem função útil para desempenharem na
terra a que chegaram e na qual permanecerão temporariamente, nem a intenção ou
perspectiva realista de serem assimilados e anexados no corpo social.” BAUMAN,
Zygmunt.Vidas Desperdiçadas. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.p. 99.
24
No combate ao crime os Estados Unidos adotou apolítica do “Three strikes and
you’re out”. Segundo Zaffaroni esse nome surgiu de uma jogada do beisebol, onde na
terceira vez que o rebater não devolver o arremesso do adversário, ele está fora.
Reforça o autor que estas leis obrigam o judiciário a aplicar de forma impositiva
prisão perpétua aqueles condenados por três ou mais delitos entendidos como graves.
Neste conjunto de leis, até a família é excluída da convivência social, e ocorre o
cancelamento dos benefícios sociais. ZAFFARAONI, Eugenio Raúl. A questão
criminal. Rio de Janeiro: Revan, 2013.
25
O nome Mara na verdade tem origem nas formigas Marabuntas, conhecidas como
carnívoras e migratórias, que por onde passam deixam um rastro de destruição, graças
a sua coesão e trabalho em grupo feito de forma cooperativa. Em El Salvador é usado
o termo Mara para designar “gente alborotadora”. COMISIÓN ESPAÑOLA DE
AYUDA AL REFUGIADO. Maras en Centroamérica y México (Costa Rica,
225
28
FAYET JÚNIOR, p. 53
29
O papel das mulheres nas Maras reproduz o mesmo papel da mulher na sociedade,
ou seja, passam por discriminação, tratamento desigual e possuem um papel
segundário dentro da organização. Seu ingresso na pandilla, passa por rituais de
ingresso, que variam do rito do brinco (sessão de espancamento que dura cerca de
vinte segundos) ao estupro coletivo pelos membros do grupo. Na Mara Salvatrucha,
seu ingresso é proibido. Na maioria das pandillas elas representam apenas a parceira
sexual do Marero, em alguns casos, excepcionais há clickas formadas por mulheres.
Maras en Centroamérica y México (Costa Rica, Guatemala, Honduras, Nicaragua,
Panamá, EL Salvador. Disponível em:< http://cear.es/wp-
content/uploads/2013/10/CENTROAMERICA.-2013.-Maras.pdf acesso em:
01/03/2016.
30
Segundo dados do ACNUR do ano de 2012, cerca de 1.600 Salvadorenhos
solicitaram asilo e 8.200 conseguiram o “status de refugiado”. Destaca ainda que cerca
de 3.735 pessoas dos países conhecidos por “triângulo norte” (Guatemala, salvador,
Honduras) solicitaram asilo e que 17.129 saíram com status de refugiado, os países
que mais receberam pessoas são Estados Unidos, Canadá, México, Nicarágua, Costa
Rica e Panamá. Conforme pode-se extrair de: ACNUR: las maras son em El Salvador
La principal causa de “desplaziamento forzado”. Disponível
227
35
O Comando vermelho-CV, surgiu em 1979, no presídio Cândido Mendes no rio de
Janeiro, através do convívio entre presos comuns e presos políticos que combatiam o
regime militar. Um de seus principais fundadores era conhecido como o “Professor”,
seu crescimento entre final doas anos 70 e meados dos anos 80 se deu através do
tráfico de drogas. Seu campo de atuação é variado (tráfico de drogas, armas, assalto a
banco, sequestros). O CV tem sua “sede” carcerária no presídio Bangu 1, bem como
exerce controle em favelas cariocas. O crescimento exagerado e conflitos internos
levou a divisão do grupo e surgimento de outras facções como PCC, TC (terceiro
comando), ADA (amigos dos amigos) e PCJ (primeiro comando jovem). Hoje seu
principal líder é Fernandinho Beira Mar. FOLHA ONLINE. Organização nasceu do
convívio de grupos de combate ao regime militar. Disponível em:<
http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2002/traficonorio/faccoes-cv.shtml>.
Acesso: 19/01/2017
36
A partir de 2006, após o Marcola ter assumido o PCC, verificou–se a expansão da
facção em outros Estados como Mato Grosso, Paraná, Florianópolis/SC, onde
ocorreram rebeliões, ataques a postos policiais, agências bancárias, queima de ônibus.
37
Conforme podemos extrair do Estatuto do PCC, que no 13º item afirma: “temos que
permanecer unidos e organizados para evitarmos que ocorra novamente um massacre
semelhante ou pior ao ocorrido na casa de Detenção em 02 de outubro de 1992 (...)
Porque nós do Comando vamos mudar a pratica carcerária, desumana, cheia de
injustiças, opressão, torturas, massacres nas prisões.” Com isso os presos fundaram o
PCC aproveitando-se do descaso do Estado, das mazelas do sistema prisional e da
cultura do “bandido bom é bandido morto.” Folha Online. Disponível em:<
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u22521.shtml>. Acesso em:
19/01/2017.
38
O massacre do Carandiru ocorreu outubro de 1992 em São Paulo, quando a policia
militar invadiu o presídio para controlar uma rebelião de presos, durante a invasão
229
foram mortos 111 detentos. O Fato, que expressou toda a banalidade do mal, foi objeto
de livro e filme, sendo que mais recentemente após o 24º dia do aniversário do
massacre o TJSP anulou o julgamento que condenou os 74 policiais, reforçando assim
a lógica do Bandido bom é bandido morto. COUTINHO, Leonardo. A Origem.
Revista Veja, nº40, p.85-86, out. 2016.
39
MARTINS, Rodrigo. O terror à espreita. Revista Carta Capital, nº935, p. 22-15,
jan.2017.
40
DIAS, Camila Caldeira Nunes. Da guerra à gestão: a trajetória do Primeiro
Comando da Capital (PCC) nas prisões de São Paulo. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/ts/v23n2/v23n2a09.pdf >. Acesso em:19/01/2017. p. 4
41
Quando a organização se deu conta que suas comunicações eram interceptadas,
passou a usar códigos: 1533 no lugar de PCC; 1631 para matança; Um exemplo, são
as citações bíblicas como Salmo 2110 para rebelião – “Ateia fogo neles como a um
forno, no dia em que te manifestares.”; São Lucas 1512 para informar que haveria
matança a ser realizada pelo integrante novo no grupo. SHIMIZU, Bruno.
230
43
Existem outras categorias “marginais” aos integrantes da facção, como os “primos”
(presos que vivem nas cadeias dominadas pelo PCC, mas não são batizados), “irmãos”
(membro batizado), “coisas” (inimigos), “Zé Povinho” (quem está fora da
organização, não é do crime). SHIMIZU, Bruno. Solidariedade e gregarismo nas
facções criminosas: um estudo criminológico à luz da psicologia das massas.
Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2136/tde-31072012-
092234/pt-br.php.>Acesso: 20/11/2016.
44
Conforme recente reportagem da Revista Carta Capital “(...) o PCC ergueu uma
gestão hierarquizada e extremamente organizada, subdividida em setores chamados
de Sintonias. Em última instância, encontra-se a Sintonia Geral, cúpula formada por
Marcola e seus apadrinhados. É essa cúpula, de forma colegiada, que toma todas as
decisões do PCC. A principal atividade da organização é o tráfico de drogas, chamado
de Progresso. Este por sua vez, é dividido em três instâncias. A mais baixa é a
Disciplina, responsável por disseminar e fiscalizar a implantação da ideologia em um
bairro ou cidade. Cabe a essa instância, seja um indivíduo, seja um grupo, a primeira
decisão sobre os problemas da comunidade onde a facção atua, resolução para brigas
entre integrantes e cumprimento de punições. A disciplina reporta-se ao Sintonia-
Geral, segunda instância que cuida de uma grande região ou de cidades vizinhas e
deve se reportar ao Sintonia final. Essa última instância encontra-se logo abaixo da
cúpula do PCC e é responsável pelas grandes regiões.” MARTINS, Miguel;
MARTINS Rodrigo. Na desordem, a força do mal. Revista Carta Capital, n.935, p.
16-25, 18 fev.2017.
45
SHIMIZU, Bruno. Solidariedade e gregarismo nas facções criminosas: um estudo
criminológico à luz da psicologia das massas. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2136/tde-31072012-092234/pt-
br.php.>Acesso: 20/11/2016.p. 117
232
46
As principais facções que dominam o sistema prisional no norte/nordeste são o CV,
PCC, FDN, Bonde dos 40 e Sindicato do Crime. A Família do Norte, com atuação no
norte e nordeste, surgiu em 2007, sendo aliada do CV, exerce o controle das rotas de
tráfico nos rios amazônicos, seu “salto” no crime se deu com a tomada da “rota dos
Solimões” que passa pelo Peru, Colômbia até chegar em Manaus, consta que
contribuíram inclusive para a eleição do atual governador do Estado. O Bonde dos
40, nasceu em 2007 na capital do Maranhão, ganhou destaque com os assassinatos
dentro da penitenciária de Pedrinhas entre 2013/14 e ataques na rua, já o Sindicato do
Crime surgiu em 2013 no Rio Grande do Norte, na cidade de Natal, trata-se de uma
dissidência do PCC, ganhou evidência após a instalação de bloqueadores de celular
na cadeia de Parnamirim, onde de início a uma onde da ataques a prédios públicos,
delegacias, transporte coletivo. LEITÃO, Leslie. Permitido matar e decapitar.
Revista Veja, edição 2512, nº2, p.50-53, janeiro 2017.
233
presente nas prisões, para este, se o preso fez o mal, deveria receber o
mal e os presos se conduziam desta maneira. Os acertos de contas eram
feitos nas próprias cadeias pelos “Robôs” (presos responsáveis pela
execução do serviço sujo na cadeia).47
47
DORNELLES, Renato.Falange Gaúcha. Porto Alegre: RBS publicações, 2008.
234
48
AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli de; CIPRIANI, Marcia. Um estudo comparativo
entre facções: O cenário de Porto Alegre e o de São Paulo. Disponível
em:<http://revistaseletronicas.pucrs.br/face/ojs/index.php/sistemapenaleviolencia/art
icle/view/22162/13927>. Acesso: 04/11/2016. p.164
49
ZALUAR, Alba. Da Revolta ao Crime S.A. São Paulo: Moderna, 1996.p.100
235
50
TORRES, Eduardo. O esquema das cantinas piratas no Presídio Central.
Disponível em: < http://diariogaucho.clicrbs.com.br/rs/policia/noticia/2013/10/o-
esquema-das-cantinas-piratas-no-presidio-central-4290344.html>. Acesso em:
02/02/2017.
51
ZALUAR, 1996. p. 100.
52
A divisão dentro do sistema carcerário conforme relata Vinicius Sallin, não se dá
apenas entre facções, se dá ainda em outros grupos como “Os Crentes” , compostos
de católicos e evangélicos, “Os Duques” ou seguro, são aqueles que praticaram crimes
sexuais, permanecendo isolados, uma outra galeria que abriga policiais, presos com
curso superior, militares, outra galeria é composta por presos transgêneros. SALLIN,
Vinicius Ricardo. As facções e o grupo da segurança no presídio central de Porto
Alegre. Disponível em:<
http://repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/4998/1/000411102-
Texto%2bCompleto-0.pdf >. Acesso em: 20/11/2016.
53
Segundo relato de Mariana Py Muniz Capellari, o Estado não ingressa mais nas
galerias, sua atuação vai até o plantão da chave. Para a manutenção da integridade dos
presos, estes são agrupados segundo as facções. O Presídio Central, hoje renomeado
para Cadeia pública, está dividido em pavilhões: A, B, C, D, E e F e construídos mais
recentemente os pavilhões G, H, I e J. Estes pavilhões são divididos em galerias que
estão divididas da seguinte forma: Galeria 1ºB e 2ªA é dos “Abertos”; Galeria 2ª A e
3ª B dos “Manos”; Galeria 1ª e 2ª dos “Unidos pela paz”; Galeria 1ª e 3ªD da facção
Farrapos; Galeria 1º E dos idosos, desintoxicados e cadeirantes, foi reinaugurada a 1ª
A para presos com necessidades especiais; Galeria 2ª E para presos com curso
superior, ex- policiais, agentes da segurança pública, presos primários da lei de
drogas; Galeria 3ªF dos “Bala na Cara”; Galeria J reservados aos presos incursos na
lei Maria da Penha; Galeria 3ªH dos travestis e homossexuais. CAPPELARI, Mariana
236
56
VASCONCELLOS, Hygino. PM diz que grades separam facções em “inferninhos”
de Porto Alegre. Disponível em:<http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-
sul/noticia/2016/07/pm-diz-que-grades-separam-faccoes-em-inferninhos-de-porto-
alegre.html>. Acesso em: 19/01/2017.
57
RBS TV. Facções Criminosas atuam em quase metade dos bairros de Porto Alegre.
Disponível em:< http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2016/09/faccoes-
criminosas-atuam-em-quase-metade-dos-bairros-de-porto-alegre.html> Acesso
em:19/01/2017.
58
RBS TV. Facções Criminosas atuam em quase metade dos bairros de Porto Alegre.
Disponível em:< http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2016/09/faccoes-
criminosas-atuam-em-quase-metade-dos-bairros-de-porto-alegre.html> acesso em:
19/01/2017.
59
FARINA, Jocimar. Criminosos lançam “manifesto” e querem limites para violência
do RS. Disponível em: <http://gaucha.clicrbs.com.br/rs/noticia-aberta/criminosos-
lancam-manifesto-e-querem-limites-para-violencia-no-rs-178159.html.> Acesso:
19/01/2017.
238
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
manifesto-e-querem-limites-para-violencia-no-rs-178159.html.>
Acesso: 19/01/2017
FOLHA ONLINE. Organização nasceu do convívio de grupos de
combate ao regime militar. Disponível em:<
http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2002/traficonorio/faccoes
-cv.shtml>. Acesso: 19/01/2017
http://diariogaucho.clicrbs.com.br/rs/policia/noticia/2016/04/como-
nasce-uma-faccao-entenda-o-surgimento-dos-principais-rivais-dos-
bala-na-cara-5758161.html> acesso em 19/01/2017.