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HISTÓRIA DO ASSARÉ

ANTÔNIO CRISPIM DE MELO

ASSARÉ-CEARÁ ( 2019 )

FICHA TÉCNICA

DIGITALIZAÇÃO: Samuel Freire e Silva

FOTOS DA CAPA: Arquivo de Cícero de Telma

CAPA E DIAGRAMAÇÃO: Natanael Bertoldo

GRÁFICA / DADOS DA GRÁFICA

PARCEIROS / APOIO / PATROCINADOR ( PODE SER NESTA FOLHA


INICIAL OU NUMA FOLHA FINAL)
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DEDICATÓRIA

Dedico História do Assaré a todas as pessoas que nasceram ou não aqui,


viveram e vivem na “terra onde o ar é manso e a brisa é leve”, gostaram e
gostam daqui.

Crispim ( autor )
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que me ajudaram com informações, incentivos e, em
especial, aos meus antepassados que deixaram seus lugares de origem para
virem parar aqui, para que eu pudesse ter nascido, criado, educado, vivido, e
acima de tudo, amado esta terra.
Um agradecimento todo especial à Secretaria de Cultura, Turismo, Lazer e
Esporte de Assaré, extensivo a todas as pessoas que fazem esta casa.
Crispim (autor)

INTRODUÇÃO

Assaré – signo: Escola - regência em todos os astros e planetas.


Juntos formaram uma conjunção e uniram suas forças nesse dia - (1º de
agosto de 1838) para que desse certo, pois tinha tudo contra, principalmente a
localização.
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Tudo conspirava para dar errado, mas deu certo. E como deu certo...
Tudo começou com a passagem de Alexandre por essas terras ermas, quando
o mesmo vinha do lugar denominado Fazenda – propriedade de seu pai na
Serra do Quincuncá indo para São João do Príncipe ( Tauá ) para visitar sua
fazenda situada naquela vila. Era o ano de 1775.
Alexandre da Silva Pereira adquire as terras da Sesmaria chamada
de Geremoabo, pertencente ao Capitão - Mor de São João do príncipe ( Tauá ),
José do Vale Feitosa. A Barganha (troca) se deu na permuta pela fazenda que
Alexandre herdara de seu pai, o Português Manoel da Silva Pereira, em São
João dos Príncipe. Pela troca Alexandre voltou ao Capitão - Mor a importância
de 400$000,00 (quatrocentos mil reis).
No dia 12 de outubro de 1775 foi lavrada a escritura (particular) da
permuta feita por Alexandre de sua fazenda em São João do Príncipe (Tauá)
com o Capitão – Mor José do Vale Feitosa de sua Sesmaria do Geremoabo
(Assaré), no lugar Boa Viagem ( antigo Cavalo Morto), escrita pela mão do frei
Antônio do Monte Alverne, irmão do frei Francisco do Monte Alverne.

CAPÍTULO I

SESMARIA DE GEREMOABO

O interesse de Alexandre por essas terras se deu pelo fato das


estradas reais que vinham uma dos Inhamuns e outra de Aquiraz, passando
por Icó ( na época a principal cidade do interior da província do Ceará), Várzea
da telha ( Iguatú), São Mateus (Jucás) e subindo pela Ribeira dos Bastiões
encontrando-se no lugar denominado Geremoabo (Pedra de Fogo) e cerca de
300 metros depois, se bifurcam indo uma para o Cariri e a outra para
Pernambuco, esta, dois quilômetros adiante, no lugar chamado Silêncio, segue
uma outra estrada para o Piauí, passando por Várzea da Vaca (depois Nova
Roma e hoje Campos Sales). Este pequeno trecho de estrada tinha um trânsito
intenso de viajantes e, principalmente, comboieiros (pessoas que faziam o
transporte de mercadorias em lombos de animais), que transportavam
mercadorias, legumes e cereais diversos.
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Apesar do trânsito intenso, não havia moradias, a mais próxima


ficava a três léguas (18 quilômetros) de distância e, Alexandre adquiriu as
terras com intuito de montar um entreposto comercial e assim o fez. O
proprietário tinha tanto de franqueza, boa conversa e bonachão que logo se
tornou conhecido pela franqueza e seriedade no trato com as pessoas que ali
passavam fazendo com que o lugar se tornasse pouso certo e obrigatório para
os viajantes.
Na vinda de Alexandre com a esposa, D. Ana Maria da Conceição,
também conhecida como D. Ana da Silva Pereira, devido ao sobrenome do
marido, seus filhos e escravos vieram também na comitiva o Padre Serafim da
Penha – primo de D. Ana e o afilhado do padre, José Serafim para montarem
uma escola para os filhos da família Silva Pereira. A chegada da família Silva
Pereira ao Geremoabo se deu por volta de 1780 a 1783.
A alegação do Reverendíssimo padre Serafim da Penha junto ao
clero para se afastar da Igreja por algum tempo foi “Razão de Família” – titulo
dado à escola e ao manuscrito do reverendíssimo, o qual conheço muito
pouco do seu teor. Essa escola era regida sob a disciplina e a didática da
palmatória. Eram lecionados Religião, Latim, Português, Álgebra, Geografia,
História e Ciências Naturais.
Logo a notícia da criação dessa escola se espalhou pela região, até
mesmo por lugares bem distantes, levadas pelos viajantes que aqui passavam
e faziam pouso para pernoite ou para descanso no meio dia. Como escola era
coisa rara naquela época, até mesmo em cidades já desenvolvidas, começou a
chegar alunos de outras localidades como: Crato, Palmeirinha, Santana do
Brejo Grande (Santana do Cariri), Serra de São Pedro (Caririaçú), Saboeiro,
São Mateus (Jucás), Várzea da Telha (Iguatú) e outras localidades. Após
algum tempo o Pe. Serafim da Penha foi nomeado Vigário de uma Paróquia
próxima de Assaré, deixando a Escola “Razão de Família” sob a direção e
orientação de seu afilhado e pupilo José Serafim. Com a chegada de novos
alunos de outras localidades e o consequente crescimento da escola foram
contratados professores no Icó. O crescimento da escola fez com que se
construíssem casas para abrigar essas pessoas que para cá se dirigiam, e
Alexandre doava os terrenos para que as casas fossem construídas no entorno
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da Escola. Nascendo assim um povoado, ou seja, a cidade nasceu para


atender às necessidades de uma escola, diferentemente das demais cidades
onde as escolas surgiram para atender os seus habitantes. Outra peculiaridade
de Assaré foi não ter sito criado próximo a rios ou lagos, ou ainda nascentes.
OBSERVAÇÕES
1- A Telha é muito mais próximo do Icó do que de Geremoabo, mas,
os pais preferiram mandar os filhos para cá em vez de mandá-los para o Icó,
devido as rivalidades políticas.
2 – Outra cidade que nasceu no entorno de uma escola (no meu
conhecimento) foi a cidade de São Paulo que nasceu no entorno da escola do
Padre José de Anchieta, no Piratini.
3 – A Escola pública de Assaré é das primeiras Província, sendo o
Liceu do Ceará a primeira Escola pública do Ceará, fundada em setembro de
1845 e o seu primeiro diretor que também foi o primeiro diretor da Instrução
Pública do Ceará foi o Senador Pompeu (Pe. e Dr. Antônio Pompeu de Souza
Brasil). A escola pública do Assaré foi criada nos primeiros anos de 1850
porque em 1858 Antônio Gonçalves Dias (O Poeta do Maranhão) visitou o
Assaré, hospedando-se na casa de Inácio Gonçalves de Loiola, chefiando a
Missão Cientifica criada pelo Imperador D. Pedro II que a entregou a
Gonçalves Dias, que era professor Pedro II no Rio de Janeiro para fazer um
levantamento da situação da vida do Norte. Naquele tempo ainda não existia o
Nordeste, tudo era Norte e neste ano já foi de seca e em 1958 também foi
seca, se repetindo um centenário depois. Nesta visita Gonçalves Dias fez o
levantamento da escola Pública de Assaré, bem como de seus alunos e de seu
funcionamento.
Procurei informações a respeito na Secretaria de Educação do
Estado do Ceará, porém não encontrei os registros antigos.
Procurei informações no Instituto do Patrimônio Público do Ceará,
porém estava em obras e fechado para o público.

CAPÍTULO II

TRANSFERÊNCIA DO POVOADO
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A decisão de Alexandre pela transferência do povoado do


Geremoabo para um pouco mais afastado, ao norte, se deu por conta do solo
coberto por barro de louça, ficando facilmente enlamaçado no período
chuvoso, muito liso, se tornando intransitável. O local escolhido por Alexandre
foi de solo de piçarra, que não formava lama, tornando-se mais propício para o
trânsito das pessoas.
Apesar de próximo, o novo povoado não levou o nome de
Geremoabo e Alexandre o batizou de Assaré.
Para alguns estudiosos, Aça-ré tem o significado de lugar de atalho (
Raimundo Batista Aragão e Barão de Studart ) e outros folclóricos como assa-
ré ( Ré era um pássaro da região e um índio estava com um espécime em um
espeto em brasas e na pressa para que o pássaro assasse rápido para puder
fugir do colonizador branco, gritava: Assa-ré, assa-ré). Segundo José da Silva
Pereira (Professor Pereirinha) - Assaré recorda as façanhas de um famoso
morubixaba que muito se distinguia nas lutas entre as Tabas Cariús, Carás e
Timbiras. Porém o verdadeiro significado da palavra Assaré, foi levado para o
túmulo por seu fundador, a quem coube batizá-lo não deixando com ninguém
seu significado ou origem.
Por este e muitos outros motivos o povoado cresceu e por Lei
provincial de nº 1111, assinada pelo presidente da província do Ceará, Manoel
Felizardo de Sousa e Mello (presidente de dezembro de 1837 a fevereiro de
1839) elevou-se o povoado à categoria de vila em 1° de agosto de 1838.
A localização da vila é contestada pelo antigo gerente da fazenda
São Miguel, Manoel Fernandes de Oliveira, que alegava não conhecer cidade
alguma que não fosse localizada às margens de rios ou lagos para abastecer-
se d’água nos períodos de estiagem. Querendo assim a localização da vila na
ribeira de São Miguel para a Boa Vista, às margens do Rio São Miguel. A
questão foi para a justiça e perdurou por muito tempo, com a pendência
jurídica, a vila não pôde ser instalada de imediato, ficando para tempos
posteriores.
A Fazenda São Miguel que tinha os limites da estrada Inhamuns -
Cariri até as Cachoeiras Grandes e do depender das águas das Serra da
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Formiga e Serra dos Porcos, pertencia ao convento das freiras de Olinda, por
acordo feito entre os governos das Capitanias de Pernambuco e do Ceará
quando da separação destas capitanias ocorrida a 17 de Janeiro de 1799 por
decreto da Rainha de Portugal D, Maria I – “a louca”.
Com a desistência do convento em continuar com esta fazenda, a
mesma passou por herança para seu administrador, Manoel Fernandes de
Oliveira, e deste para seus filhos, João Fernandes de Oliveira e Joaquim
Fernandes de Oliveira.
João Fernandes de Oliveira casou-se e teve filhos (não tendo
registros de sua esposa e de seus filhos), foi dono da casa-velha do São
Miguel, com data de sua construção registrada em algumas telhas de 1813.
Foram embora para o Maranhão e seus familiares daqui perderam o contato
com estes parentes.
Joaquim Fernandes de Oliveira casou-se com Maria Rosa da
Conceição e tiveram os filhos:
1. Major Antonio Fernandes de Oliveira que se casou
com Ana (Naninha) Fernandes de Oliveira; pais de Manoel
Fernandes de Oliveira (prefeito de Assaré em 1932, candidato único
e primeiro Prefeito eleito); Francisco Fernandes de Oliveira (Chico
Fernandes) e Sampaio (Antônio Sampaio de Oliveira);
2. Capitão João Fernandes de Oliveira (* 26/02/1894, †
03/01/01936) casou-se duas vezes. A primeira com Joaquina
Fernandes de Oliveira e tiveram: Antonio Fernandes Sobrinho,
Manoel Fernandes de Oliveira, João Fernandes de Oliveira, Pedro
João (Pedro Janjão), Enoque, Francisco Fernandes de Oliveira
(Neco), Chico Foster, Maria dos Anjos e Dona (mãe de Mário Claro);
e a segunda com Joana Fernandes Barbosa com quem teve Gualter
Fernandes de Oliveira e Gualberto Fernandes de Oliveira, morador
de São Miguel.

Com a morte de Manoel Fernandes de Oliveira assume a causa o


Dr. Gonçalo Batista Vieira, mais tarde Barão de Aquiraz (São Mateus *
17/05/1819, Fortaleza † 10/03/1896), grande latifundiário, fazendeiro na região,
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empresário do Ceará, e chefe do partido conservador (Partido do Imperador D.


Pedro II), sobrinho e Genro (duas vezes) de Francisco Fernandes Vieira -
Visconde do Icó.
O Dr. Gonçalo Batista Vieira queria a localização do Assaré nos
seus domínios, às margens da lagoa do Infincado, onde ficava a sede de suas
fazendas. O “casarão do Barão no Infincado” construído por volta de 1850, e
ainda perdura aos dias de hoje, é de arquitetura italiana, uma construção
imponente, muito bem projetada e de ótima construção e acabamentos com
requintes. Os mestres foram trazidos de Recife.
O caso foi submetido ao arbítrio do Dr. Felinto Elísio de Carvalho
Couto, nomeado Juiz de Direito da então vila do Crato, no fim de 1863 para
início de 1864, a quem competiu o julgamento, o qual se deu por meio de um
plebiscito popular que decidiu a favor do partido de Alexandre (Partido Liberal),
que triunfou por uma maioria insignificante. O que levou a causa de Alexandre
(já falecido) à Vitória no plebiscito foi o peso dos ex-alunos da Escola “Razão
de Família”, pois o voto era facultado apenas para os alfabetizados. A grande
massa da população era formada por analfabetos e escravos não votantes.
Naquela época as mulheres também não tinham direito ao voto.
O plebiscito foi uma saída estratégica usada por Dr. Felinto Elísio
para fazer justiça sem ter que bater de frente com o todo poderoso Gonçalo
Batista Vieira. Este plebiscito foi no dia 19/07/1865.
Segundo o Barão de Studart em seu livro História do Ceará - termo
II, Parte III - Lavrou-se a primeira Ata para a fundação da Vila em 19/07/1865 –
“ata da primeira casa”, a qual foi considerada irrita por força do Partido
Conservador chefiado pelo excelentíssimo Sr. Dr. Gonçalo Batista Vieira, Barão
de Aquiraz. Devido a esse entrave a Vila não pôde ser instalada.
A demarcação dos limites do Assaré ocorreu em 1859 por
determinação do Governo de João Silveira de Sousa, que governou de
06/06/1857 a 15/09/1859. Em 19 de julho de 1865 é criada a vila (município)
desvinculando-se de Saboeiro por Lei provincial de nº 1152, assinada pelo
presidente da província do Ceará Dr. Francisco Mascarenhas Homem de Melo
que Governou o Ceará de 08/04/1865 a 08/11/1868. Devido aos entraves e
principalmente a Guerra do Paraguai (novembro de 1864 a março de 1870)
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não pôde ser instalada a Câmara do Assaré. A solenidade ocorreu em 11 de


janeiro de 1869 quando se lavrou a “Ata da Câmara do Assaré” (Ata da
segunda casa) que vigorou, recebendo as sansões dos poderes públicos.
Nesta seção foi aclamado como Intendente Pedro Pereira
Tamiarana (o mesmo que Prefeito); o primeiro intendente de Assaré. Era o filho
caçula do Alferes Inácio Gonçalves da Costa, portanto, sobrinho de Dona Ana
da Silva Pereira.
O secretário da Câmara de Assaré, que lavrou a ata da segunda
casa foi Joaquim Pereira Pinto – Pai de João Pereira Pinto.
Pedro Pereira Tamiarana ficou no cargo até 10/01/1871, assumindo
a Intendência Joaquim Pereira Pinto em 11/01/1871, que passou o cargo a
Pedro Pereira Tamiarana em janeiro de 1873, que passou o cargo a Joaquim
Pereira Pinto.
Cópia da Ata da segunda casa (*) Cópia original em anexo.
1869 – 1870
Ata da Câmara do Assaré
Auto de instalação da nova Câmara Municipal e Inauguração da Vila do
Assaré como abaixo se declaram.

Passo da Câmara Municipal da Vila do Assaré na seção Interina no dia


11 de janeiro de 1869
Ilmo Exmo Sr.
Joaquim Pereira Pinto - Secretário

Da cópia do auto de instalação da nova Câmara e inauguração


desta Vila do Assaré lavrou ata que no dia 11 do corrente foi instalada essa
Câmara inaugurada a Vila, a que consumaria a da segunda casa desta Vila
que muitos amamos.

Ilmo Exmo Sr. Diogo Velho Cavalcante de Albuquerque MD (Mui


Digníssimo) presidente da Província do Ceará.
Vicente de Souza Pereira
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Reginaldo de Barros Alencar


Antônio Rodrigues Freire
José Romeiro da Costa
Antônio Leite da Silva
Francisco Gomes de Lima
José Arnaldo Pereira de Alencar

Auto de instalação da Nova Câmara Inauguração da Vila do Assaré como


abaixo se declara. (*) Cópia original em anexo.

Ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de Mil Oito


Centos e Sessenta e Nove, aos onze dias de janeiro do dito ano, nesta Vila do
Assaré, Província do Ceará, Comarca do Saboeiro, na casa destinada para
reunião e seção da Câmara Municipal da Mesma Vila, onde presentes se
acharão o Presidente da mesma Câmara, o Padre Manoel Francisco D’Araújo
e Vereadores na lei – Jerônimo Pereira Bandeira – José Romeiro da Costa e
Antônio Leite Leão, e os vereadores suplentes – Antônio Roiz Pereira – João
Antônio Gonçalves e Francisco Paulino de Lima, comigo e o Secretário abaixo
nomeado.
Além do mesmo presidente foi declarado, que no tempo comprazido
os vereadores acham - , dar efeito de ser empossados em nova Câmara, o
mesmo Presidente, usando da faculdade que lhe contém o artigo de 31 de
maio de 1849 fez convocar e juramentar supra ata o nº necessário de haver
seção. Então passou o mesmo Presidente a dar posse aos três vereadores e
assim declaram, que se acham presentes também a fim de ser instada a nova
Câmara Municipal d’esta Vila, segundo a lei de sua criação e portaria. Exmo
Presidente da Província de cinco de agosto do mesmo ano.

CAPÍTULO III
IGREJA MATRIZ
Com a transferência do povoado do Geremoabo para o Assaré
propriamente dito, o seu crescimento foi espontâneo e rápido.
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A população para fazerem suas obrigações religiosas teriam que se


dirigirem à São Matheus (Jucás) ou ao Crato. Diante destas dificuldades, além
da distância serem grande, as pessoas viajavam a cavalo ou a pé. Foi então
que Alexandre da Silva Pereira resolveu construir uma capela para a população
assareense poderem rezar. Nesta época, para se ter direito de construir uma
capela, era necessário requerer junto a visitadoria da província e fazer doação
de terras para a padroeira no valor de 500$000 (quinhentos mil reis), pois, até
então, o Ceará não possuía Bispado, pertencendo eclesiasticamente ao
Bispado de Pernambuco – somente com a nomeação de Dom Luiz Antônio dos
Santos – por decreto imperial de 31 de janeiro de 1859, confirmado pela Santa
Sé em 28 de setembro de 1860, é criado o Bispado do Ceará. Dom Luiz
assume em 29 de setembro de 1861, inaugurando de fato o Bispado do Ceará.
Em julho de 1838 chegou ao Assaré o visitador geral da província,
Pe. Lourenço Correia de Sá (natural de Aquiraz) acompanhado pelo os
avaliadores indicados por ele. A doação foi submetida à avaliação dos
avaliadores, não atingindo aos (500$000 mil reis) requeridos. Para completar a
dita importância, o senhor Gonçalo Rodrigues da Cruz, natural de Tacaratú
Pernambuco, genro dos doadores (casado com dona Maria da Silva Pereira),
proprietário da Fazenda Boqueirão doou mais 30 braças (66 metros) de terra à
visitadoria que se deu por satisfeita e no dia primeiro de agosto deste ano de
1838 foi lavrada a escritura de doação das terras à Padroeira de Nossa
Senhora das Dores da Ribeira dos Bastiões, no termo de Boa Viagem. As
escrituras foram assinadas por Dona Maria Antônia da Silva Pereira, irmã de
Alexandre e moradora em Boa Viagem.
A data de primeiro de agosto de 1838 é duplamente histórica para o
Assaré, pois, foi também nesse dia, o povoado de Assaré elevado a categoria
de vila por lei provincial assinada pelo o presidente da Província do Ceará
(Governador) Manuel Felizardo de Souza e Mello – Presidente de dezembro de
1837 a fevereiro de 1839.
Cumprido assim os trametes legais, foi dado início a construção da
capela com o dinheiro da venda do gado pertencente á Nossa Senhora. Gado
este, criado nas três fazendas designadas por Alexandre para dar suporte à
empreitada. As fazendas eram: Cidade sobe a responsabilidade do Cel.
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Joaquim Onofre de Farias – Neto de Alexandre, Poço do Cavalo sobre a


responsabilidade do Cabo de Esquadra Antônio da Silva Pereira – filho de
Alexandre e Assaré sobre a responsabilidade do Major Antônio Gonçalves de
Alencar Tamiarana – sobrinho de Dona Ana da Silva Pereira. O gado de Nossa
Senhora das Dores era ferrado com o 7, para significar “as sete espadas de dor
que transpassaram o coração da Santa Virgem”. O titulo de Nossa Senhora
das Dores dado a paróquia pelo o doador do patrimônio, provém da
circunstância de residir a família Portuguesa Silva Pereira numa paróquia de
mesmo nome em Portugal.
A capela foi erguida, quase no topo de uma colina para que a
mesma pudesse ser vista de qualquer ponto do povoado. Foi a lei provincial de
26 de agosto de 1838 que desmembrou da freguesia do Crato sob a invocação
de Santana do Brejo Grande (Santana do Cariri) e erecta esta freguesia, cujo
vigário era dito – “Vigário Colado” de Santana e Assaré, isto é, o mesmo vigário
servia às duas localidades, cuja matriz foi transferida depois para o Assaré, sob
a invocação de Nossa Senhora das Dores por lei provincial de 4 de dezembro
1850.
O primeiro padre que se oficializou (ainda no Geremoabo) foi o
Padre Serafim da Penha – primo de Dona Ana. Logo que foi concluído os
trabalhos da capela, foi nomeado o padre – Capelão Antônio Pereira de
Oliveira e Alencar, parente bem próximo de Alexandre da Silva Pereira e que
foi aluno da escola Razão de Família. Em 1842 a capela já não comportava
mais a demanda da população e sob a orientação e o trabalho braçal do padre
Antônio Pereira de Oliveira e Alencar, a capela foi demolida, e construída a
Igreja um pouco mais a cima (questão de poucos metros) que sofreu reformas,
ampliações e modificações com o passar dos tempos. Consta na tradição oral
que o padre Antônio Pereira carregava tijolos em suas próprias mãos, para a
construção da Igreja. Tamanha era a sua dedicação.
Com a construção do Banguê em 1842, como manancial de
abastecimento de água da população, o cemitério que ficava às margens da
represa foi transferido para o lado da Igreja, ficando entre a Igreja e a casa de
Maria Izabel da Penha e Alencar, hoje rua Claraval Catonho, fundos da Igreja
e fundos da dita casa de Maria Isabel. Em 1912 o cemitério foi deslocado deste
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lugar para onde se encontra até hoje à rua Dr. Paiva, perto da Usina. Esta
remoção do cemitério se deu para uma nova ampliação da Igreja neste ano de
1912 quando era vigário o Pe. Francisco Silvano de Araújo. Nesta ampliação a
Igreja sofreu várias modificações, tais como: seu enlarguecimento, sendo
retirada a parede lateral esquerda e construída outra mais próxima da casa de
Maria Izabel, construindo-se assim, aquelas colunas de sustentação, os arcos
e acrescentando-se o vão da sacristia na parte de traz da Igreja. A ampliação
da igreja ficou a cargo do mestre Joaquim Pereira da Silva (mestre Joaquim
Salvador) que mudou-se de Santana do Cariri para o Assaré em 1912 para
realizar estes trabalhos.
O mestre Joaquim Salvador, como era conhecido, era natural de
Juazeiro do Norte e trabalhou na construção da Igreja Matriz de Juazeiro, se
especializando neste tipo de construção, mudando-se com a família para
Santana do Cariri com a incumbência de construir a Igreja Matriz desta cidade.
Foi nomeado a 17 de agosto de 1924 o Pe. José Correia Lima. Logo
que chegou encomendou um novo sino para a matriz de Assaré, o que se
encontra na torre até hoje, que custou, incluindo o frete, a importância de
1052$300 (um conto, cinquenta e dois mil e trezentos reis) e foi instalado a 25
de dezembro de 1925 e batizado com o nome de “EMILIO” em homenagem ao
Pe. Emilio Leite Alvares Cabral, já falecido. A 03 de julho de 1926, sob a
direção do Pe. José Correia, foi lançada a pedra fundamental para o
acabamento e remodelação da Igreja de Assaré, com a presença das pessoas
importantes da cidade e do município, entre estas o Intendente Tertuliano
Claraval Catonho. O Pe. José Correia saiu daqui logo em seguida, a 02 de
fevereiro de 1927 e com sua saída o projeto ficou arquivado até a chegada do
Padre Joaquim Sabino Dantas que chegou a 12 de março 1933 e em princípios
de 1934 deu inicio às obras, no que tange o revestimento interno, o
revestimento das colunas e dos arcos que une as colunas. O Pe. Sabino como
era conhecido, permaneceu a frente da freguesia até 30 de janeiro 1938.
O Pe. Agamenon de Matos Coelho foi nomeado vigário de Assaré a
14 de maio de 1938 e tomou posse da freguesia a 15 de maio do mesmo ano e
logo que chegou, nomeou José Ferreira do Nascimento (Zé de George) seu
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sacristão, secretàrio e ajudante e, com a convivência, ambos se tornaram


grandes amigos e companheiros de todos os momentos.
O Pe Agamenon não achou a torre da igreja adequada para uma
igreja grandiosa como esta, situada numa colina imponente, com uma “torre
pequena e até certo ponto, feia”. Foi então que o Pe. Agamenon convidou o
mestre Zezinho Salvador (José Pereira da Silva) para tomarem um café na
Casa Paroquial, logo após a missa de domingo a qual o mestre Zezinho era
assíduo. O café foi regado a uma boa conversa sobre a construção de uma
torre com a imponência da matriz e os estuques adornando os umbrais das
portas janelas e das claraboias (vãos de ventilação), o forro interno as
molduras nas colunas e as sancas nas paredes. Acertado os detalhes de como
deveria ser a nova torre, o mestre Zezinho se prontificou para logo no dia
seguinte, ou seja, a partir da segunda-feira, começar as medições e os
levantamentos do projeto e assim o fez. Dentro de alguns dias o mestre
Zezinho procurou o Pe. Agamenon e apresentou os projetos e o orçamento dos
materiais e mão-de-obra necessários para a construção. Acertado os preços, o
Pe. Agamenon incumbiu a Zé de George uma viagem ao Tabuleiro dos
Mendes para empreitar a fabricação da cal necessária para tal obra. A opção
pela cal do Tabuleiro se deu por dois motivos: primeiro, por ser a melhor cal
superando as fabricações das Guaribas (hoje pertencendo a Tarrafas), São
Nicolau (Aiuaba) e São Romão (Farias Brito); segundo, por ser bem mais perto
para o seu transporte. Chegada as primeiras remessas da cal, era
transportada em pedras ensacadas para formar as cargas para o transporte
animal. A cal era caldeada no local do trabalho, molhando-se, para que se
tornasse um pó bem fino (cloreto de cálcio) próprio para o trabalho. A cal era
misturada com areia de rio lavada e peneirada, numa proporção de uma lata de
cal para três latas de areia, depois era molhada e misturada numa forma de
farofa e então era batida com um pau sobre um chão bem firme até que se
tornasse uma massa homogênea e consistente. Em seguida, amontoada em
um canto para curtir por algum tempo. Para aplicá-la na construção, cortava-se
com uma enxada, quebrando-se os torrões, molhando-a e ralando-a com a
enxada sobre uma superfície dura, para que ela readquira sua consistência.
Esse tipo de argamassa foi utilizada na construção da torre, desde o
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assentamento dos tijolos, reboco (emboço) até os acabamentos de estuques.


Esse tipo de argamassa depois de seca, fica enrijecida e de uma durabilidade
sem fim.
Obs: “O Mestre Zezinho Salvador” era filho do Mestre Joaquim
Salvador, com quem apreendeu a profissão. (e por que não – “a arte” de
construir Igrejas?). e trabalhou com o pai na ampliação da mesma em 1912,
quando o mestra Zezinho tinha 17 para 18 anos.

CAPÍTULO IV
O AÇUDE BANGUÊ

Com a questão levantada por Joaquim Fernandes de Oliveira de que


não se devia localizar uma vila sem ter água permanente e abundante para o
abastecimento da população e, tendo em vista o grande crescimento do
aglomerado populacional urbano, e em consequência os cacimbões cavados
nas várzeas dos arredores do povoado já não era mais suficientes para a
demanda, resolve Alexandre, construir um açude na confluência dos riachos do
Cajueiro, Serrinha dos Dias, Viração, Pocinhos e Lagoa da Pedra. A barragem
desses riachos se deu logo após os seus encontros no lugar por nome Alto
(hoje Alto do Banguê). O Açude Banguê foi locado e bancado com recursos do
próprio Alexandre que foi o seu último trabalho, pois ele já estava em idade
avançada (94 anos), vindo a falecer aos 95 anos, no ano seguinte, em 1843,
em casa de seu genro Gonçalo Rodrigues da Cruz no Boqueirão.
Alexandre já tinha experiências na construção de açudes porque
havia construído dois anteriormente: o primeiro foi o açudinho da Moêda e o
segundo foi o açude da Lagoa da Pedra. Os dois ainda existem como “Marco”
a desafiar o tempo.
O nome oficial é “Açude Nossa Senhora das Dores” e foi apelidado
de Banguê, assim como acontece aqui no Assaré com ruas e logradouros
públicos, como: Rua de Baixo (Rua Alexandre da Silva Pereira), Rua do Meio
(Rua H Firmeza – Hermenegildo), Rua do cemitério (Rua Dr. Paiva), Beco do
Cemitério ( Rua Tenente Moacir Freire), Rua da Cadeia ( Rua Pe. Agamenon
de Matos Coelho), Rua do Pernambuquim (parte da rua Padre Emilio Cabral),
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Beco do Pecado ( parte da Rua Padre Emilio Cabral), Rua dos Pereiros
(continuação da Rua Padre Emilio Cabral), Rua da Usina (Rua Euclides
Onofre), Rua dos Paletó – alusiva a família Paletó que iniciaram e moravam
nesta rua ( Avenida São Francisco), Beco dos Morcegos ou Beco do Pecado
(Rua Vicente Liberalino), Rabo da Gata (Rua Tertuliano Catonho), Quadro da
Igreja ( Praça .....) e quadro do mercado (praças: Mário Gomes de Matos,....) e
Beco dos Coros – foi aberto na administração do Prefeito Raimundo Claraval
Catonho ( Bel Catonho) em 1943 para facilitar o acesso ao açude Banguê. Este
beco desapareceu para dar lugar ao Terminal Rodoviário Assaré do Patativa e
o Fórum Dr. José Peixoto de Alencar Cortez.
Hoje tem o Alto do Banguê, Alto de Zé Dodô, Alto de Joana de Gois
e Alto do Cemitério novo.
A alcunha de Banguê provém de um utensílio chamado de padiola
para transportar materiais para todo tipo de construção, com a aparência de um
andor para se carregar os santos nas procissões religiosas. Consiste na
fixação de um caixote de madeira em dois paus de cerca de 1,60 metros de
comprimento, dispostos paralelamente e distantes 50 centímetros um do outro.
Já o banguê tem o mesmo formato, sendo os paus um pouco mais compridos e
no lugar do caixote de madeira, colocava-se um couro de boi e como na
padiola, o banguê também era carregado por duas pessoas – uma na frente e
a outra atrás.
No final do dia de trabalho os banguês eram empilhados nas
extremidades da parede do açude pelo os seus trabalhadores.
Ao comentarem sobre seus trabalhos, indicavam que estavam
trabalhando no “Açude dos Banguês”, daí surgiu o apelido e com o passar dos
tempos ficou somente Açude Banguê.
O Banguê foi, portanto, o primeiro manancial construído para o
abastecimento público. Como foi construído no período de estiagem – do mês
de junho a dezembro – de 1842, vindo a receber suas primeiras águas no
período chuvoso – de janeiro a maio – de 1843. A partir de então, forneceu
água, peixes e muito capim nas vazantes feitas em suas represas. O Banguê
serviu ao Assaré de 1843 a 1998, ano em que foi inaugurado o abastecimento
de água proveniente do Açude Canoas. Portanto, foram 155 anos de utilidades
18

múltiplas, inclusive para todo tipo de animais matarem sua sede, bebendo de
suas águas. Houve um pequeno intervalo de tempo que foi interrompido este
abastecimento por conta de seu arrombamento devido ao “colossal” inverno de
1917, sendo reconstruído, em 1934 (17 anos de interrupção). O padre Sabino,
então Vigário desta Paróquia, fez campanha junto aos seus paroquianos afim
de adquirir doações para custearem as obras de reconstrução. Os donativos
foram em: arroz, milho, feijão, farinha, ( tudo medido em quartas – uma quarta
de feijão, por exemplo, era 80 litros). As doações em rapaduras eram por carga
ou mala de rapaduras – uma carga era um cento de rapaduras e uma mala, a
metade de uma carga. As doações em algodão eram em arrobas – uma arroba
são 15 quilogramas. Houve doações em gado, cavalo, burro, jumento, ovelha,
bode e porco. A doação destes animais eram contados por cabeças.
Inicialmente, as obras ficaram sob a tutela do senhor Agnelo Onofre
e depois passou para o senhor Abel Mota que as concluiu. Foram gastos
13$500000 ( treze contos e quinhentos mil reis) sendo 5$000 (cinco contos de
reis) de ajuda do Governo do Estado do Ceará e 8$500000 (oito contos e
quinhentos mil reis) e das doações dos paroquianos.
Os trabalhos de reconstrução ficaram sobe a orientação e direção do
Mestre Zezinho Salvador ( José Pereira da Silva).
O advento do “PROGRESSO” transformou o Banguê num depósito
de esgotos pois, a rede de saneamento básico (parte encanamento
subterrâneos e parte a céu aberto) foram todos despejados dentro de sua
bacia, tornando- o em um lago de poluição.
Em 2003 o Prefeito Benjamim Oliveira mandou arrombar a parede
de pedra e cal por baixo desta, para a instalação de manilhas para que as
águas escoassem descendo pelo riacho e desaguando no rio São Miguel na
localidade denominada Extrema. com a construção de um bueiro na passagem
do riacho Laranjeiras ( afluente do Banguê) na passagem deste pelo Alto de
Juana de Gois, obra esta da prefeitura, por ordem do Prefeito Benjamim
Oliveira. O Bueiro consta de quatro fileiras de maninhas emparelhadas, com
um metro de diâmetro cada, sendo niveladas as barreiras do riacho com um
aterro por cima das manilhas, perfazendo uma altura total de 2,20 metros de
altura - manilhas mais aterro.
19

O riacho com enchentes de médio porte e grande porte, as manilhas


não são suficientes para a vasão e as águas transbordam por cima do aterro. O
primeiro transbordamento ocorreu em 1998, causando inundações nas ruas
que ficam por trás do Centro Comunitário, sendo a mais grave ocorrida em
2017 por conta de uma chuva torrencial – 225mm registrada na Coruja – a
partir do Assaré até as cabeceiras dos riachos que formam a bacia do riacho
laranjeiras que se compõem do depender das águas da Serra da Ema até os
Pocinhos e o depender das águas dos Pocinhos até a Viração e no depender
das águas da Serra das Pombas, passando pelos Barreiros, Coruja, Tabuleiro
dos Montes, Várzea Grande e juntando-se todas essas águas na Laranjeira.
Tudo isso acrescido do rompimento do Açude dos Montes, aumentando em
muito o nível das águas que ao chegarem no bueiro do Alto de Joana de Gois
encontraram três – lava jatos construídos à suas margens e estreitando o seu
caminho, fazendo com que o nível das águas subissem sobre o bueiro cerca de
1,20 metros de altura, inundando ruas e casas acima, numa destruição
monstruosa. Não houve mortes de pessoas porque a chuva foi na parte da
manhã e as pessoas tiveram tempo para saírem e retirarem de casa aqueles
que estavam sem locomoção, impossibilitados de se salvarem por conta
própria. Ficando o prejuízo com bens materiais e animais que foram levados
pela enchente. Em decorrência dessa catástrofe o prefeito Francisco Evanderto
Almeida mandou derrubar a parede do velho Banguê. Alexandre da Silva
Pereira o construiu em 1842 e 175 anos depois, o prefeito Evanderto mandou
derrubar sua parede em 2017. O pior de tudo: O Banguê não teve nada a ver
com essas inundações. Pagou o preço pelas pessoas que obstruíram o riacho
com construções inadequadas muito acima de suas represas.
O Banguê trouxe alegria a muita gente, não merecendo um fim triste
como o que teve.

CAPÍTULO V
AÇUDE CANOAS

Chega ao Assaré o capitão e engenheiro Dr. José Gondim e sua


esposa Dona Clotilde, no inicio de 1918 com a incumbência de projetar um
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açude no Boqueirão, logo abaixo do Banguê 3,5 quilômetros, por determinação


do Governo do Estado do Ceará, sendo o Governador o engenheiro Dr. João
Tomé de Saboia e Silva que governou o Ceará de 1916 a 1919. O Dr. Gondim
e sua esposa ficaram no Assaré de 1918 a 1922, morando na casa de número
12 da Rua Padre Agamenon de Matos Coelho – próximo à Igreja Matriz.
Feito o levantamento topográfico do local, verificou-se que suas
águas inundariam grande parte da sua área urbanizada, pois o sangradouro do
açude seria pela Baixa da Formiga, descendo pelo riacho do mesmo nome e
desaguando logo depois no rio da Fortuna, na localidade Volta, e ficaria com a
lâmina d’água de 52 metros de altura.
Constatada que parte da vila seria inundada, o então Governador
Justiniano José de Serpa que governou o Ceará de 1920 até sua morte em
1923, mandou que o Dr. Gondim locasse o açude em outro local e este local
escolhido foi o Boqueirão da Canoa no rio da Fortuna. Esse projeto ficou
hibernando (feito urso) até a década de 90 do século XX no Governo de Tasso
Ribeiro Jereissati, tendo as suas obras de construção iniciadas em 1996 e
concluída a Barragem do Açude Canoas em julho de 1999, no Governo de
Tasso Jereissati.
Entre o Banguê e o Canoas como mananciais de abastecimento,
houve algumas tentativas de canalizar águas na cidade em 1959 .O prefeito
Dr. Dogivaldo Ribeiro construiu uma caixa d’água enfrente a Igreja Matriz para
distribuição de água nas residências e logradouros públicos com a malha de
encanamentos partindo da caixa d’água e ramificando-se por suas ruas (essa
tubulação era de amianto) e construiu-se, nessa mesma época, uma caixa na
Laranjeira para recolher as águas capitadas de cacimbões e poços artesianos
cavados na região. Essa caixa é no solo para o bombeamento para caixa de
distribuição. Hoje é feito o bombeamento desta para uma caixa ( de ferro que
foi utilizada no poço do mercado) na Serra da Ema para de lá ser canalizada
por gravidade para os bairros: Serra da Ema, Serragem e Vila Feliz. O restante
da cidade é abastecido pelas caixas construídas no Canto Alegre sendo que a
povoação dos Barreiros, distante 3 Km do centro, tem uma estação de
bombeamento no Bairro Coruja, para uma caixa de distribuição nessa
localidade. Porém todas essas tentativas foram frustradas por dois motivos: a
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vazão era pequena tornando insuficiente e salinidade altíssima tornando-se


inviável.
Neste ultimo período de estiagem mais alongado entre 2012 e 2016
com precipitações muito abaixo da média e com chuvas em regiões isoladas e
os reservatórios secando, voltou-se a recorrer a prática dos poços artesianos
(poços profundos), com máquinas modernas e pessoas capacitadas para
localizar os lenções freáticos nas fendas do subsolo. Nesse período foram
perfurados uma quantidade gigantesca desses poços, com uma grande maioria
na zona rural, em vista dos poços nos leitos dos rios, cacimbões nas margens
dos rios e riachos e até mesmo os açudes secarem, recorreu-se a esse meio
com alguns de baixa vazão, mas, muitos com vazões excelentes, superando as
expectativas e o advento da energia elétrica em todas as regiões rurais –
provenientes do Projeto São José, do Governo do Estado do Ceará, foi
possível a estação de bombas apropriadas de diferentes capacidades, de
acordo com a demanda de seus moradores. Dessa forma foi possível
atravessar um dos mais longos períodos de estiagens que se tem
conhecimento.

CAPÍTULO VI
CEMITÉRIOS
O primeiro cemitério foi o São João Batista, sem data de sua
criação, mas remonta do inicio da povoação e foi localizado na Várzea, ficando
bem perto do povoado de Geremoabo (Pedra de Fogo). O cemitério ficava
onde hoje tem alguns pés de carnaúbas entre o Terminal Rodoviário e a Pedra
de Fogo, tendo parte de sua área onde passa a estrada asfaltada. Ficando
entre os riachos da Cachoeira e o riacho da Serrinha dos Dias e um pouco a
cima da foz destes com o riacho da Lagoa da Pedra.
Com a construção do Banguê em 1842, em consequência de ficar
localizado muito próximo as suas represas, Alexandre o transferiu para um
local onde hoje é a Rua Claraval Catonho, parte da lateral esquerda e sacristia
da Igreja Matriz.
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Com a ampliação da Igreja em 1912, o cemitério foi novamente


transferido deste local para onde se encontra hoje à Rua Dr. Paiva. Nessas
transferências foram removidos os restos mortais das covas que eram
encimadas por estrados de madeira que as identificavam. Houve outros
cemitérios que já desapareceram. Foram os cemitérios das epidemias. O
Cemitério do Cólera foi construído por volta de 1860 com a orientação do padre
José Tavares Teixeira que tinha conhecimentos de medicina, pois estudou até
o segundo ano de medicina na Faculdade de Medicina da Bahia. Este cemitério
foi locado à margem direita do riacho Laranjeiras, onde hoje é o Alto de Joana
de Gois, ficando por trás da Creche Pe. Manoel Alves Feitosa. Outro cemitério
do Cólera foi construído ao lado da estrada Assaré – Baixio Grande, à margem
direita do Riacho da Goiabeira, próximo ao São Miguel, por ser aquela região
das mais densamente povoadas e, para que seus féretros não serem
transportados por longas distâncias até a sede do Assaré. Nos distritos sempre
tiveram seus cemitérios e nos distritos mais antigos (já existentes à época do
Cólera) também tiveram seus cemitérios do Cólera. O cemitério do Cólera de
Xiquexique (Potengi) fica próximo ao Pau Preto, ainda existindo algumas
catacumbas (túmulos).
Havia um cemitério bem pequeno nas Três Barras próximo ao Sitio
Cipó que diziam ser um cemitério indígena mas era bastante utilizado para
sepultamentos de anjinhos (crianças recém-nascidas). Era a margem da
estrada Assaré – Tarrafas – via Cajazeiras do Jiló.
Com uma reforma e ampliação da estrada nos anos 90 (século XX),
esta passou por cima da metade do cemitério tendo as cruzes desta parte
retiradas e colocados sobre a cerca do terreno ao lado. E a construção da
estrada asfaltada destruiu o restante, hoje estando apenas na memória de
algumas pessoas. No final da década de 60 (século XX) construiu-se um
cemitério na saída da estrada Assaré – Antonina do Norte, lado esquerdo, que
foi batizado de Cemitério São Sebastião, mas é conhecido pelo apelido de
Cemitério Novo e o São João Batista passou a ser apelidado de cemitério
velho.
O cemitério São Sebastião foi projetado e construído pelo Mestre
Zezinho Salvador, na administração do Prefeito Raul Onofre de Paiva porque o
23

cemitério São João Batista não tinha mais espaços para sepultamentos em
covas por estar lotado de túmulos e os sepultamentos continuaram somente
nestes túmulos apesar do cemitério São Sebastião ocupar uma área grande, já
foi necessário se fazer uma ampliação estendendo – o para o terreno ao lado
adquirido pela prefeitura já na primeira década do século XXI.
O cemitério da Varíola (popularmente chamada de bexiga) foi
construído no Besouro à margem esquerda do Riacho do Banguê na epidemia
de 1915 que, assim como O Cólera, matou muita gente, devastando grande
parte da população, levando-se em conta o fato de que as duas epidemias
ocorreram muito próximas uma da outra, isto porque em 1899 ainda foram
registrados óbitos vitimados pelo O Cólera e a Varíola chegou logo em seguida,
apenas 16 anos separando-as. No local deste cemitério tem hoje alguns
frondosos cajueiros e algumas catacumbas existentes no local foram demolidas
na década de 50 (século XX), pelos proprietários das terras a fim de
reaproveitá-las para o plantio de produtos agrários.

CAPÍTULO VII
ALENCAR

O tronco “Alencar” é oriundo de Portugal. Está ligado a uma


povoação de nome Alanquer, fundada pelos Álamos, povo de origem
germânica oriental.

Hoje, esta povoação se chama Portuguesa, cabeça de comarca


pertencente ao distrito de Lisboa, distante 15 quilômetros.
Alencar tem origem no cruzamento de Bárbaros, Alámos e Judeus –
os Judeus chegaram a Península Ibérica na primeira diáspora ocorrida em 424
(ac) , fugidos de Israel devido a invasão dos Ititas – povos da Babilônia – além
de dominarem, escravizaram o povo Judeu. Os que conseguiram fugir, o
fizeram através do Mar Mediterrâneo. Depois de algum tempo, grande parte
migrou pela Europa e se fixaram nas regiões de origens Germânicas.
24

O prefixo “Alan” – de Alámos – mais a palavra “Quer” – Quer


significa templo ou igreja para os Alámos – se tornou “Alanquer” – que significa
templo dos Alamos, depois passou para Alenquer e com o passar do tempo,
para facilitar a pronúncia se tornou “Alencar”. Uma particularidade do
sobrenome Alencar é que, todos que o carregam, são parentes.
Os descendentes da família Alencar do Brasil e Moçambique (África)
vêm do casal de Portugueses Martinho Francisco Pereira do Rêgo e Doroteia
de Alencar, ambos naturais de Viana do Castelo, Província do Ninho,
arcebispado de Braga, Portugal.
- No livro “Dona Bárbara do Crato” de Juarez Aires de Alencar – traz
o nome de Joaquim Pereira do Rêgo em vez de Martinho Francisco do Rêgo.
Martinho e Doroteia Pereira de Alencar jamais vieram ao Brasil, mas
são os genitores de nossos Alencar. Além dos quatro filhos que vieram para o
Brasil: Leonel Pereira de Alencar Rêgo, Alexandre Pereira de Alencar Rêgo
(este foi o primeiro de muitos Alexandre da família), João Francisco de Pereira
de Alencar (com este houve uma troca na colocação do sobrenome e Marta
Pereira de Alencar Rêgo, o casal tinha mais seis filhos que são eles: Maria,
Ricardo, Guiomar, Eugênia, Dalício e Fabião. Antes de casar-se com Doroteia,
Martinho era viúvo de Maria de São Rafael, com quem teve uma filha de nome
Gerônima. Quando ainda solteiro Martinho teve uma filha com Domingas Alves,
chamada de Feliciana, todas nascidas em Freicheiro de Soutelo, Portugal.
Depois de mais de dois meses de viagem, onde se viam céu e mar,
vez por outra algum pássaro marinho, enfrentando as calmarias da costa da
África e ao se afastarem da costa, enfrentam as tempestades do Médio
Atlântico – rumo ao Brasil – numa caravela de veleiros corroídos pela salsugem
Marinha, entra na Bahia de Todos os Santos, atracando em frente das ladeiras
da cidade do Salvador. Era o ano de 1680.
Passageiros e tripulantes se alvoroçam para saírem rapidamente da
embarcação e poderem pisar em terra firme. De cabelos longos e soltos e
barba por fazer a meses, respiraram fundo o ar fresco da Terra e davam graças
a Deus por terem chegados ao continente, embora cansados, abatidos e
acabrunhados – muitos estavam doentes – porém, felizes por estarem em
novas terras que tanto sonharam. Os passageiros destas viagens eram, sem
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via de regra, aventureiros que deslumbravam o Novo Mundo como o “El-


Dourado”.
Dentre os passageiros vinham três irmãos muito jovens ainda. O
mais velho chamava-se Leonel Pereira de Alencar Rêgo – rapaz refeito de uns
vinte e poucos anos – e com ele desembarcavam seus irmãos Alexandre e
João Francisco (conhecido por Francisquinho, entre os irmãos e amigos).
Entre as inúmeras famílias que buscavam o Brasil, uma se afeiçoara
aos três moços – a de Manoel Pereira (não tinha parentesco com os três
moços) casado com dona Joaquina e tendo os filhos Maria de Assunção e José
( Zezinho). Maria de Assunção vivia a brincar com Leonel que se divertia com
ela, ainda criança com apenas 12 anos de idade e ele bem mais velho, alto,
forte, louro de olhos azuis. As duas famílias se conheceram e se afeiçoaram
durante a viagem, a ponto de ficarem juntos.
Agora era a realidade; o continente que tanto deslumbraram nas
longas noites de travessia do mar imenso, que se descortinava aos olhos do
moço, mostrando-lhes a terra vermelha e os caminhos que haviam de percorrer
em busca de seus sonhos.
Um a um os jovens Alencar e os Pereira carregando os seus
pertences que conseguiram embarcar em Lisboa, seguiram para o tombadilho,
em demanda da terra que lhes recebia de braços abertos, pronta para acolher-
lhes como uma mãe aos filhos.
Atravessaram as ruas tortas e sujas de São Salvador e se abrigaram
nas latadas do mercado, quando falou-lhes um cicerone encarregado de aliciar
os recém – chegados. Os senhores, se querem trabalhar, vão à Casa Torres.
Lá é que se abre caminho para aqueles que aqui chegam e querem vencer. E
lá se foram à Casa Torres dos Garcia D’ávila, pertencente ao donatário de
vasta porção de terras Coronel Francisco Dias Garcia D’ávila. Como não
tinham dinheiro, era o único meio de começarem. E assim o fizeram.
Os Pereira foram encaminhados para os Sertões de Geremoabo
(este é na Bahia) e Leonel com os irmãos, para o São Francisco, onde
trabalharam com a criação de gado dos Senhores da Casa Torres, tornando-se
em poucos anos as pessoas de maior projeção da fazenda Várzea Grande.
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Ora trabalhando nos currais, ora lavrando ouro nos sertões de


Jacobina, Leonel ativo e trabalhador, adquiriu um meio de vida e negociou com
aqueles que lhes abrigaram no começo.
Iniciou comprando ouro e animais no São Francisco e vendendo nos
mercados de Jacobina e Feira de Santana, na Bahia.
Ao adquirir uma estabilidade financeira, procurou se fixar como
arrendatário da Casa Torres nos Sertões. Com informações detalhadas do Vale
do Açú no sopé da Chapada do Araripe – lado de Pernambuco – informações
fornecidas por Arnaud, membro da Casa Torres, aliado do grande cacique
Araripe – senhor de toda região.
Leonel organizou uma bandeira com ajuda de seus irmãos
Alexandre e Francisquinho e tendo por guia, o negro João Bueno que viera
antes com Arnaud em visita a Araripe. Na bandeira de Leonel, além de
Alexandre, João Francisco, João Bueno e alguns escravos, vieram também
aventureiros atrás de garantir o futuro de suas famílias.
Ao chegarem no Vale do Açu no final de 1685 onde ficava a taba
dos Cariris, João Bueno se dirigiu até lá para se ter com o Cacique Araripe, de
quem se tornaram amigos de sua primeira viagem acompanhando Arnaud e de
visitas de Araripe à fazenda Várzea Grande no São Francisco. A bandeira de
Leonel foi bem recebida pelos Índios que logo, além de se tornarem amigos, os
ajudaram na montagem da fazenda, a qual Leonel a batizou de “Fazenda
Várzea Grande” em homenagem a Várzea Grande dos Garcia D’ávila no São
Francisco.
Escolheram uma grande várzea bem perto da taba dos amigos
Índios para construírem currais para o gado e demais animais e ali próximo
levantou-se uma grande taipa para a sede da fazenda e colocaram uma placa
no frechal da casa com nome de “Fazenda Várzea Grande” e nas
proximidades da casa grande, levantou-se também, as casas dos escravos e
colonos que vieram com os irmãos Alencar. Os roçados também já estavam
prontos para serem semeados, Leonel mandou João Bueno com alguns
escravos ao São Francisco para trazerem sementes de milho, feijão, arroz,
cana-de-açúcar, jerimum, abóbora e de vários tipos de árvores frutíferas, e,
trazerem também as famílias dos colonos, sendo que a esposa de Alexandre –
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Maria Alves da Fonseca, mulher, altiva – tomou a decisão de vir com a


caravana, sem ter que esperar que seu marido construísse sua casa para
poder ir buscá-la, como combinado. A fazenda prosperou com uma safra muito
além das expectativas e os animais em geral se reproduzindo como nunca se
tinha visto, graças à pastagem farta e água boa o ano inteiro.
Leonel tratou logo de montar a fazenda Bodocó (hoje a cidade do
mesmo nome) para seu irmão Alexandre. O nome Bodocó provém de uma
lagoa nas proximidades que os Índios a chamavam por este nome.
Já beirava o final do século XVII e Leonel começou a se sentir muito
só, desejoso de uma companhia feminina na sua vida para ter com quem se
preocupar e dividir suas atenções além do labor da fazenda. Foi aí que passou
a se lembrar de Maria de Assunção – a garotinha que tanto se afeiçoara a ele
durante a viagem de Lisboa a São Salvador. De repente, estremeceu com o
pensamento; já faz muito tempo que nos separamos, ela pode até já estar
casada e constituído família. Essas lembranças o atormentaram e ele resolveu
conferir. Juntou uma boiada e uma tropa de animais para vendê-los na Feira
de Santana e ao chegar ao povoado de Geremoabo (Bahia) que ficava no
caminho, procurou informações do seu amigo e companheiro de viagem
Manoel Pereira. Era noite quando entrou em Geremoabo e na primeira casa
que encontrou com as portas abertas, bateu palmas e quando o morador o
atendou, Leonel perguntou logo pelo senhor Manoel Pereira que viera alguns
anos para aquela localidade e o anfitrião lhes respondeu de chofre: o capitão
Pereira trabalhou para a Casa Torres, economizou e findou comprando dos
Garcia D’ávila a fazenda Carnaúba que prosperou bastante com braço forte do
seu novo proprietário. O anfitrião por nome de Antônio Geraldo de Carvalho,
pequeno comerciante naquele povoado indagou – com quem tenho o prazer de
conversar? Leonel respondeu – Com Leonel de Alencar Rêgo e antes de
Leonel lhe perguntar mais alguma coisa o senhor Antônio Geraldo foi logo lhe
dizendo: Senhor Alencar, o Cap Pereira mora na fazenda com a família: Dona
Joaquina, uma moça muito bonita Assunção e um rapagão forte que se chama
Zezinho. Com essas informações Leonel explodia de felicidade e perguntou a
que distância e o caminho para Carnaúba, o que o Senhor Geraldo o fez
apontando para o caminho e dizendo – são duas léguas. Leonel
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instantaneamente montou em sua burra Caroba e rumou para Carnaúba. Ao


chegar e bater à porta do solar dos Pereira, foi recebido pelo Capitão que logo
reconheceu, mandando-o apear-se e entrar, tratando de chamar sua esposa e
filhos. O encontro foi emocionante. Se abraçaram todos e Leonel não tirava os
olhos de Assunção e nem ela dele. Conversaram bastante e no dia seguinte
Assunção o convidou para cavalgarem juntos pela fazenda afim de que ele
pudesse conhecer. Na volta do passeio foram chamados à mesa para o almoço
e Leonel aproveitou a ocasião para fazer o pedido de casamento, o que foi de
pronto aceito. Naqueles tempos, Leonel foi um dos poucos que conheceu a
noiva e puderam namorar antes do casamento.
Estava havendo missões no Geremoabo e o capitão Pereira foi ao
povoado para convidar os Jesuítas do colégio do Salvador para celebrarem o
casamento na sua fazenda Carnaúba – era o dia de Nossa Senhora – 08 de
dezembro de 1695.
Após a festa, formou-se uma caravana para a viagem dos noivos –
da fazenda Carnaúba em Geremoabo Bahia para a fazenda Várzea Grande no
Exu – Pernambuco e junto à caravana, montado num belo cavalo de sela,
vinha José Pereira (Zezinho) irmão da noiva que queria conhecer a região,
agora dominada por Leonel e seus irmãos. Foi atravessando os sertões à
margem esquerda do São Francisco que Zezinho tomou a decisão de mudar-
se logo que pudesse para aquelas terras, onde “a pastagem era boa e a água
era pura”. Voltando ao Geremoabo, veio depois se fixar nos sertões de Pajeú,
onde mandava Dona Ana Rosa e com uma de suas duas filhas – Francisca
Rosa – casou-se.
Ao chegarem os noivos à Várzea Grande, foram recebidos com
muita festa organizada pelos irmãos e cunhada ( Maria Alves da Fonseca –
esposa de Alexandre), Índios e escravos. Durante a viagem Leonel toma a
decisão de dar outro rumo a sua vida e logo no dia seguinte, entregou a
incumbência a Francisquinho de comercializar animais nos Inhamuns e vendê-
los na Feira de Santa, enquanto isto, cuidou apenas dos afazeres da fazenda,
para não se afastar por muito tempo. O que queria mesmo era ficar no
aconchego de seu lar ao lado da amada Assunção. Mais de três anos se
passaram com o casal morando na Várzea Grande sem que aparecessem os
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tão sonhados filhos. A rotina da fazenda e os haveres da casa já viraram rotina,


Leonel resolveu passear com a esposa em Portugal para visitar e rever suas
famílias. Ficaram em Portugal até a entrada do século XVIII, retornando ao
Brasil e à Várzea Grande em meados de 1701, trazendo com eles a irmã –
Marta Pereira de Alencar Rêgo, já casada com o madeirense (natural da ilha da
madeira – Portugal) Valério Coelho Rodrigues, perfazendo-se assim, os quatro
irmãos Alencar no Brasil.
Logo que chegou, Leonel tratou de organizar um curral – quase na
confluência do Rio Açu com o São Francisco, que deu o nome de fazenda
“Carnaúba” em memória da fazenda do capitão Pereira, seu sogro, entregando-
a a Valério e Marta.
Entretanto, um belo dia – ou melhor - uma bela noite – quando as
esperanças se esvaneciam, um choro de criança na casa – grande, quebrou o
silêncio e todos pularam de alegria e os escravos cantando e pulando no
terreiro deram vivas ao Senhorzinho que acabara de chegar, para a alegria de
todos.
Depois que nasceu o primeiro, vieram mais oito filhos, totalizando
nove ao todo, que são
1 – Damaso Pereira de Alencar casado com Maria Rabelo do Carmo – não
encontrei seus descendentes.
2 – Leonel Pereira de Alencar (filho) casado com Juana Soares – segundo
casamento.
3 – Maria José Pereira de Alencar casada com o Português Braz Luna
comerciante em Granito – PE.
4 – Joaquim Pereira de Alencar casado com Teodora Rodrigues da Conceição
(filha da viúva dona Antônia, irmã da esposa de seu tio Zezinho) e são os pais
de Bárbara de Alencar.
5 – Gerônima Pereira de Alencar casada com João Lopes Caminha – Não
encontrei seus descendentes.
6 – Serafim Pereira de Alencar – não sei se foi casado e se deixou
descendentes.
7 – José Antônio Pereira de Alencar casado com Maria Francisca da
Conceição em Icó-CE – pai de Gonçalo de Alencar – grande comerciante em
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Icó e casado com uma irmã do coronel Joaquim Pinto Madeira – inimigo atroz
dos Alencar do Cariri.
8 – Rita da Exaltação Alencar casada com o comerciante de Granito – PE,
Nicomedes Teiva da Barra – são os pais de Francisca e João Silvério –
Nicomedes foi assassinado por José Antônio que não queria o casamento da
irmã.
9 – Ana Maria Pereira de Alencar casada com o Português Ciríaco da Costa,
cujo casamento se deu no dia do nascimento de dona Bárbara de Alencar.
Alexandre Pereira de Alencar Rego era mais novo que Leonel, porém casou-se
bem antes com Maria Alves da Fonseca quando ainda trabalhavam para os
Garcias D’ávila no São Francisco. Não encontrei nomes de seus filhos, mas
encontrei descendentes com sobrenome Fonseca.
Marta Pereira de Alencar Rego casada com o Português Valério
Coelho Rodrigues – parte da família de Marta e Valério se radicaram no Piauí,
sendo seu neto Manoel de Souza Martins – Visconde de Parnaíba – foi
Presidente da Província do Piauí e desses descendentes do Piauí, alguns
vieram para São João do Príncipe (Tauá), que são os Rego dos Inhamuns,
também descendem do casal, os Coelhos de Pernambuco, Ceará e Piauí. Os
Rodrigues da Região do Assaré, Potengi e Araripe também são descendentes
do casal e vieram do Piauí.
João Francisco Pereira de Alencar casado com Cipriana Soares em
Brejo Seco (Araripe) tiveram uma filha de nome desconhecido e também não
encontrei com quem se casou. Seu filho era João Inocêncio Rodrigues da
Fonseca.
João Inocêncio teve papel preponderante no desenvolvimento do
Assaré.
Era neto de João Francisco de Alencar Rego, não trouxe o
sobrenome Alencar, porém é um Alencar e pelo os seus sobrenomes,
descende também de Marta (o Rodrigues de Valério Coelho Rodrigues – o
primeiro Rodrigues da região do Pernambuco, Piauí e Ceará) e de Alexandre (o
Fonseca de Maria Alves da Fonseca). De seus onze filhos, quatro casaram-se
com os parentes, filhos de Alexandre da Silva Pereira e deixaram uma
31

descendência dos quatro irmãos Portugueses: Leonel, Alexandre, Marta e João


Francisco.
Visitava sempre o Assaré, um oficial da polícia militar do Ceará o
Coronel Alenquer – Francisco Alenquer Filho – natural de Fortaleza casado
com Terezinha Soares filha de Chico Cazuza. Seus filhos e netos moram no
Juazeiro do Norte.
A nobreza da família Alencar por Alexandre Fontele.
A família Alencar não descende de nobres Portugueses com
estandartes, bandeiras, brasões e títulos nobiliárquicos concedidos a familiares
e amigos das cortes. A nobreza da família Alencar foi conquistada pelas
atitudes de seus antepassados, através de sua busca incessante pela honra,
pela dignidade, pela retidão de seus atos, com muito trabalho e dedicação,
onde a fé cristã e a família vinham em primeiro lugar.

CAPÍTULO VIII
LEONEL FILHO

Leonel Pereira de Alencar (Filho) foi para “As Gerais” à procura das
minerações, fixando-se em Vila Rica (hoje Ouro Preto) onde casou-se pela
primeira vez com moça desconhecida e tiveram uma filha de nome Gertrudes
da Conceição César de Menezes, provavelmente a mãe de Gertrudes morreu
do seu parto, porque todos os registros sobre Gertrudes dão conta de que foi
criada, desde criança, pelo pai e não há nenhuma menção sobre sua mãe.
Leonel adquiriu recursos nas minerações, pois estava sendo vigiado por parte
da fiscalização da coroa Portuguesa porque não estava pagando o quinto
(20%) de suas produções para a coroa, cominando na abertura de devassa dos
seus bens, e principalmente nas suas lavras, por este ter feito uma grande
festa para comemorar o aniversário de onze anos de sua filha Gertrudes sem
ter declarado e pago o quinto correspondente aos gastos com a festa, de
impostos cobrados pela fiscalização da coroa. Como hoje, naquela época,
também existiam alguns amigos (com favores prestados) trabalhando lá dentro
e avisaram-no do perigo que ele e sua filha estavam correndo. Se fossem
pegos sonegando impostos, os castigos seriam terríveis. Ele seria preso,
32

torturado e provavelmente condenado à morte na forca e ela seria vendida


como escrava para regiões bem distantes, onde ninguém a conhecesse para
se condoer do seu sofrimento e quem sabe, até lhe dar alforria. Todas essas
precauções eram tomadas para inibir até mesmo aqueles mais afoitos. Os
impostos da coroa eram coisas levadas muito a sério. Ninguém de bom censo,
podia desafiar o visitador (espécie de auditor da coroa) que tinha carta branca
para tudo, inclusive condenar a morte sem julgamento. Ao ser avisado Leonel
não pensou duas vezes; na mesma noite montou num cavalo e pôs Gertrudes
na garupa do cavalo e partiu rumo a Bahia, numa viagem longa e cansativa,
cheia de riscos até mesmo de serem capturados, além de ladrões e onças nas
travessias.
Chegando à Bahia, Leonel ruma para o Exu-PE e procura seus
familiares ,que já contavam as dezenas e conversou com alguns mineiros
(trabalhadores das minerações) e se inteirou das lavras existentes no Riacho
Salgado- PE, Lavras da Mangabeira, Riacho do Sangue (Solonópoles) e
Ribeira dos Bastiões (São Sebastião-Cariús) ambos no Ceará. Com
informações que essas prospecções já estavam estagnadas, Leonel dirigiu-se
com sua filha para o São Sebastião onde havia umas prospecções e a notícia
de que escravos garimparam uma botija (garrafa de barro) cheia de ouro em
pó. Aqui chegando, Leonel não ficou entusiasmado com o que viu; estava
acostumado com lavras abundantes em Vila Rica (Ouro Preto) e aqui
encontrou apenas migalhas garimpadas apenas por alguns mineiros
abnegados e sonhadores. Desistiu da mineração e tendo informações de que
na Serra do Quincuncá havia terras férteis e boa, tanto para o plantio de milho,
arroz, feijão, mandioca, cana-de-açúcar, fumo e fruteiras, como também para a
criação de gado, cavalos, cabras, ovelhas e porcos, então Leonel e sua filha se
dirigem para a Serra do Quincuncá e adquirem terras e montam uma fazenda.
É no Quincuncá que eles conhecem o Português Manoel da Silva Pereira,
viúvo e depois de algum tempo este se casa com Gertrudes, sendo ele bem
mais velho que ela.
Depois que Gertrudes casou-se, Leonel casou-se novamente, com
Juana Soares e não tiveram filhos.
33

CAPÍTULO IX
MANOEL DA SILVA PEREIRA

Os irmãos Portugueses Manoel da Silva Pereira e Tomaz da Silva


Pereira chegaram ao Brasil em 1734, à procura de riquezas na colônia. Foram
atraídos pelo ouro dos garimpos do Riacho do Sangue (Solonópoles) e lá
encontraram o minério tão sonhado. Em anos de trabalho árduo e muito
economia, juntaram ouro para viverem independentes.
Tomaz da Silva Pereira se radicou em Fortaleza e depois voltou para
Portugal, se perdendo assim, os vínculos com o irmão que aqui ficou.
Manoel da Silva Pereira foi para os Inhamuns e com o ouro
adquirido comprou terras onde hoje é Tauá e Cavalo Morto (Boa Viagem).
Manoel da Silva Pereira casou-se com Maria Eugênia nos Inhamuns.
Maria Eugênia era mulher de “cor”, negra ou mulata, criada pelo coronel
Feitosa. Era pessoa de sua estima, provavelmente filha ou neta sua – visto o
esmero com que era tratada na casa grande – com alguma escrava de sua
senzala.
Manoel da Silva Pereira e Maria Eugênia Foram morar em Oeiras,
primeira capital da província do Piauí. Lá Manoel da Silva Pereira matara Maria
Eugênia porque o traíra com outro homem. Ao chegar em casa, antes do
horário costumeiro para o almoço surpreendeu Maria Eugênia com seu amante
no sótão e Manoel atirou com uma carabina, matando-os. Após o ocorrido
Manoel volta para os Inhamuns com os três filhos havido daquele casamento,
que são eles:
1 – Maria da Silva pereira
2 – Manoel da Silva Pereira
3 – João da Silva Pereira.
Manoel chega aos Inhamuns só com os filhos e não conta na casa
do coronel Feitosa a causa da morte de Maria Eugênia. Pensando ter sido
“morte natural” o coronel Feitosa acolhe Manoel e seus filhos que vivem
naturalmente, até que um dia o coronel Feitosa descobre que Maria Eugênia
fora assassinada por Manoel da Silva Pereira e o coronel enfurecido determina
que um de seus “cabras” de confiança faça uma emboscada e mate Manoel.
34

Só que o coronel não contava, que por ironia do destino, o cabra escolhido
chamava-se Antonio da Silva Cavaco e este, com a convivência se tornara
amigo íntimo de Manoel que não exitou em contá-lo do macabro plano e
ambos combinaram para seguirem as instruções do Coronel e assim o fizeram
sem que ninguém desconfiasse de nada, combinaram a tal viagem – como o
coronel ordenara para a execução de Manoel. Ao saírem para viagem,
mudaram de caminho e os dois amigos fugiram juntos, pois Antônio da Silva
Cavaco sabia que se voltasse para a Fazenda sem ter executado as ordens do
patrão, ele também seria morto por outro cabra que não pensaria duas vezes
para matá-lo.
Esta fuga se deu a cavalo e ao anoitecer, indo ambos para bem
distante, na Serra do Quincuncá (hoje pertence a Farias Brito). Chegando à
Serra do Quincuncá encontram terras boas tanto para agricultura como para
criar. Manoel da Silva Pereira comprou terras para ele e para o amigo. Nas
suas terras Manoel montou uma fazenda que a batizou de “Fazenda” e nas
terras do seu amigo ele também montou uma fazenda que a batizou de
“Cavaco”, do seu nome.
Manoel da Silva Pereira já está morando na Serra do Quincuncá,
quando chega naquelas paragens o mineiro (trabalhador nas minerações)
pernambucano de nome Leonel Pereira de Alencar (o filho) acompanhado de
sua filha de onze anos de idade Gertrudes da Conceição Cézar de Menezes
fugidos de Vila Rica (Ouro Preto) nas gerais, que também adquirem terras
naquele lugar e montaram fazenda passando a serem vizinhos de Manoel.
Com a convivência de vizinhança, se tornam amigos e com o passar do tempo,
Gertrudes se torna moça e se casa com Manoel e juntos têm os filhos:
1 – Alexandre da Silva Pereira que nasceu na Serra do Quincuncá em 1748 e
faleceu no Boqueirão-Assaré em 1843 e foi sepultado em São Mateus (Jucás),
casado com Ana Maria da Conceição – depois Ana da Silva Pereira.
2 – Sargento – Mor (major) Carlos da Silva Pereira casado com Maria José
irmã de Dona Ana da Silva Pereira.
3 – Pedro da Silva Pereira – Professor – casado com Maria Tereza de Jesus.
4 – Manoel da Silva Pereira – solteiro
35

5 – Prima Feliciana do Espírito Santo, casada com João Gonçalves da Costa,


também irmão de Dona Ana da Silva Pereira.
6 – Romana da Silva Pereira.
7 – Constantina da Silva Pereira.
8 – Maria da Páscoa da Silva, era cega e faleceu solteira.
9 – Maria Antônia da Silva Pereira, casada e deixou descendência nos
Inhamuns.
10 – Rita da Silva Pereira.

CAPÍTULO X

ALEXANDRE DA SILVA PEREIRA


Alexandre, nascido em 1748 na Serra do Quincuncá, freguesia de
Nossa Senhora do Carmo de São Mateus dos Inhanmuns (Jucás),filho de
Manoel da Silva Pereira e de Gertrudes da Conceição César de Menezes,
sendo Gertrudes filha de Leonel Pereira de Alencar (filho), por tanto, sem
Alexandre ter “Alencar” no seu sobrenome, é um descendente legítimo da
família Alencar, casado com Ana Maria da Conceição – depois de Casada
passou a assinar com Ana da Silva Pereira – nascida no Engenho Santo
Antônio, hoje Cariutaba (Farias Brito) em 1758, filha do senhor de Engenho
Capitão João Gonçalves da Costa e de Joana Gomes Ferreira, pernambucana.
Os descendentes de Alexandre da Silva Pereira e Dona Ana da Silva
Pereira, hoje constam-se aos milhares, sendo a maioria da população do
Assaré tanto da sede como do restante do município.
Os filhos de Alexandre e Dona Ana são:
1 – Comandante das Armas João da Silva Pereira. Com a rejeição da
independência do Brasil por parte das províncias do Piauí e Maranhão, mais
precisamente do Português, Major João José da Cunha Fidié – Comandante
das Armas de Oeiras capital da província do Piauí, toma conhecimento da
resolução de Parnaíba de ignorar a rejeição e proclamou o evento com
festividades em 23/11/1822. Essa noticia irritou o major comandante Fidié que
partiu para a reprimenda armada, fazendo deslocamento de tropas e
ameaçando passar a “ferro e fogo” quaisquer focos contrários à Coroa
36

Portuguesa, com quem se deparassem. Enquanto isso, deixando a capital livre


da opressão de Fidié, o chefe da Junta Governativa comemorara o acontecido
e pede ajuda ao Ceará. Chegou ao Crato uma “deputação” de Oeiras,
solicitando o apoio do Ceará. A Câmara do Crato apreciou a matéria, deu sua
aprovação e entregou o ônus da execução a José Pereira Filgueiras.
Simultaneamente idêntica resolução foi adotada pelo Conselho de Província
dispondo favoravelmente e sendo Filgueiras o chefe provisório do Governo e
titular das Armas, a ele foi concedida a responsabilidade de promover a guerra
contra Fidié.
Em 24/01/1823 fez-se um acampamento onde hoje é a praça da
matriz de Assaré sob o comando de João da Silva Pereira – comandante da
artilharia do Ceará – a quem coube a responsabilidade de organizar o “Exército
de Salvação”, posteriormente denominado “Junta Expedicionária” onde reunira
tropas vindas dos Inhamuns, Icó, Cariri e regiões vizinhas. Depois de reunidos
este exército, levantou-se acampamento em Assaré indo para Várzea das
Vacas (Nova Roma e depois Campos Sales), o ponto final de encontro dessas
tropas e as da região norte da província, das Vilas de Granja e Viçosa
arregimentados por Pereira Filgueiras que veio de Fortaleza pela região norte
da Província, com este fim. Num só exército, segue para a libertação das
províncias do Piauí e Maranhão em abril de 1823, enquanto isso, Tristão
Gonçalves veio a partir de Fortaleza Aracati, Icó, Lavras e Crato arrecadando
fundos junto as intendências desses municípios para a manutenção deste
exército. Ao chegar a Várzea das Vacas (Campos Sales) Tristão Gonçalves
requereu o comando Geral das tropas, o que não aceitou João da Silva
Pereira, alegando este que fora ele quem organizou o exército, então ninguém
melhor que ele para comandá-lo. Após alguns desentendimentos, o Padre –
Capelão das tropas Padre Antônio Pereira de Oliveira e Alencar, parente de
ambos, interveio sugerindo que o comando geral seria entregue a Pereira
Filgueiras e os dois seriam sub comandantes, e assim, foi resolvido o
desentendimento.
O Padre Antônio Pereira de Oliveira e Alencar foi aluno da “Escola
Razão de Família”.
37

João da Silva Pereira recebeu, por seus patrióticos serviços, a


estima e considerações dos “Poderes Competentes”, um medalhão de ouro, no
qual se lia: ao Comandante Superior das Armas João da Silva Pereira.
O comandante João da Silva Pereira faleceu em 1842 na sua
fazenda Lajes (próxima ao Poço Cumprido) depois da Fortuna e foi sepultado
em São Mateus (Jucás).
2 – Antônio da Silva Pereira – Cabo de esquadra - que serviu até 02 de julho
de 1818, conforme documento onde se acha a sua baixa, trazida do Rio de
Janeiro pelo Capitão – Mor da Vila do Crato – José Vitoriano Monteiro. Foi
provedor dos “Santos Lugares” por nomeação dada pela coroa. Casou-se em
1806 com Dona Maria Isabel da Penha e Alencar (1789 – 1867) sua prima
legitima – Filha do Alferes Inácio Gonçalves da Costa e de Ana Rita da
Exaltação Alencar, natural de Exu – Pernambuco. Ana da Silva Pereira era
Irmã do Auferes Inácio Gonçalves da Costa e receberam a bênção do seu
casamento de Frei Joaquim do Monte Alverne.
3 – Manoel Pereira da Silva (ou Manoel da Silva Pereira), casou-se com
Terezinha Francisca de Jesus Filha de João Inocêncio Rodrigues da Fonseca e
de Francisca Moreira Pinto, filha do Português Francisco Moreira Pinto.
4 – Elena da Silva Pereira, casada com Francisco Rodrigues da Fonseca filho
de João Inocêncio Rodrigues da Fonseca e de Francisca Moreira Pinto.
5 – Maria da Silva da Conceição casada com Gonçalo Rodrigues da Cruz eram
os donos da fazenda Boqueirão.
6 – Leonilda da Silva Pereira casada com José Monge Rodrigues.
7 – Joaquim da Silva Pereira casado com Joana Rodrigues da Fonseca filha de
João Inocêncio Rodrigues da Fonseca e de Francisca Moreira pinto.
8 – José da Silva Pereira casado com Maria Rodrigues da Fonseca filha de
João Inocêncio Rodrigues da Fonseca e de Francisca Moreira Pinto.
9 – Germana da Silva Pereira, não encontrei com quem foi casada e se foi
casada.
10 – Francisco Pereira da Silva - solteiro

CAPÍTULO XI
INTENDENTES E PREFEITOS
38

A administração pública de Assaré foi depois dos capitães-mores, já no período


em que o administrador era chamado de Intendente.
- Pedro Pereira Tamiarana – primeiro intendente em 11 de janeiro de 1869;
- Joaquim Pereira Pinto ( não eram parentes) – segundo intendente;
Estes dois se reservaram no cargo algumas vezes.
Não tenho alista pela ordem de todos eles. Somente de alguns:
- José Romeiro da Costa
– Vicente Geminiano
- João Gualberto – neto de Antônio da Silva Pereira e Maria Izabel da Penha e
Alencar.
- Coronel Antônio Mendes Bezerra, 1914 ( já havia sido antes).
- Hermenegildo Brito Firmeza, 1916.
- João Pereira Pinto, 1917 ( filho de Joaquim Pereira Pinto ).
- José Onofre de Souza ( seu Zequinha ) – 1918
- Tertuliano Catonho ( de 1920 a 1929 )
- João Pereira Pinto ( 1930 a 1932 ), com o golpe de Estado de Getúlio Vargas
( 24 de setembro de 1930, mudou o nome de Intendente para Prefeito e João
Pereira Pinto continuou no cargo, tornando-se o primeiro prefeito de Assaré.
- Manoel Fernandes de Oliveira em 1932 como candidato único, elegeu-se o
primeiro prefeito eleito de Assaré.
- Tertuliano Catonho foi nomeado prefeito em 1934 e governou até 1942,
quando faleceu, sendo nomeado em seu lugar seu filho Raimundo Claraval
Catonho ( Bel Catonho) – de 1942 a 1945. “Este ano foi um período bastante
conturbado na política do Assaré.
- José Romeiro de Carvalho em 1945.
- José Brilhante de Paiva (Dedé Brilhante) em 1945.
-Doutor Francisco Evandro de Paiva Onofre em 1946 ( filho de José Onofre de
Sousa).
- Francisco Bento ( tenente da polícia do Ceará – em 23 de dezembro de 1946,
este teve que se ausentar por algum tempo, para ir à Fortaleza nomeando, em
seu lugar, José Alves da Silva ( Zé soldado ), soldado da polícia do Ceará,
destacado no Assaré. Natural de Santana do Cariri.
-Clodoaldo Ribeiro – foi nomeado prefeito em 1947.
39

-Raul Onofre de Paiva – foi eleito nas eleições de 1947 e assumiu em 1948 até
1950.
- Doutor Dogivaldo Ribeiro ( irmão de Clodoaldo ) – foi eleito nas eleições de
1950 e assumiu em 1951 até 1954.
-Raul Onofre de Paiva – de 1955 a 1958.
- Doutor Dogivaldo Ribeiro de 1959 a 1962; neste pleito foi eleito para vice-
prefeito Vicente Gonçalves de Alencar, o primeiro vice- prefeito de Assaré,
sendo que, o vice- prefeito era votado numa chapa separada da chapa de
prefeito. Acontecendo do prefeito ser de um partido e o vice de outro.
-Leovigildo Claraval Catonho – de 1963 a 1966 ( filho de Tertuliano Catonho),
vice Raimundo Mendes Rates, tendo obtido mais voto do que o prefeito eleito.
-Raul Onofre de Paiva – de 1967 a 1970 – vice prefeito - doutor Gentil Braga,
ambos eleito na mesma chapa.
- Vicente de Paula Rodrigues Paiva de 1971 a 1972 – vice- prefeito - Pedro
Pereira Leonel.
- Raul Onofre de Paiva – de 1973 a 1976 – vice- prefeito - Raimundo Moacir
de Alencar Mota.
- Vicente de Paula Rodrigues Paiva – de 1977 a 1982 – vice- prefeito – Oscar
Alves e Filho (Oscar de Rufino) que foi vereador em quatro mandatos
anteriores.
- Pedro Gonçalves de Oliveira – de 1983 a 1988 – vice- prefeito – Vicente
Gonçalves Liberalino ( Vicentão ).
- Antônio Benjamim de Oliveira Filho – de 1989 a 1992 – vive- prefeito –
Plácido Paiva ( Placinho ).
- Pedro Gonçalves de Oliveira – de 1993 a 1996 – vice- prefeito – Cornélio
Laurentino de Barros.
- Antônio Benjamim de Oliveira Filho – de 1997 a 2000 – vice- prefeito – Doutor
Laércio.
-- Antônio Benjamim de Oliveira Filho – de 2001 a 2004 – vice -prefeito –
Doutor Laércio.
-Francisco Evanderto Almeida – de 2005 a 2008 – vice- prefeito – Doutor
Geraldo Leite de Melo
40

-Francisco Evanderto Almeida – de 2009 a 2012 – vice- prefeito – José Edson


Silva.
- Luís Samuel Freire – de 2013 a 2016 – vice- prefeita– Maria É.
-Francisco Evanderto Almeida – 2017 (...) – vice -prefeita – Maria É.
OBSERVAÇÃO: Meu irmão Francisco Crispim de Melo ( Tico Melo ) foi
vereador em cinco mandatos consecutivos e nosso tio José Esmeraldo de Melo
foi vereador algumas vezes

CAPÍTULO XII
FAMÍLIAS QUE CONTRIBUÍRAM PARA O CRESCIMENTO DO ASSARÉ

Além dos Silva Pereira de Alexandre, os Gonçalves da Costa, Tamiarana e


Penha da família de Dona Na João Pereira Pinto, outras famílias contribuíram
para o crescimento do Assaré.
Os Alencar (são a família de Alexandre) vieram de Pernambuco, sendo que, a
maioria dos descendentes de Alexandre não assinam com Alencar, mas o são
da gema e a maioria descendem dos quatro irmãos portugueses que vieram
para o Brasil.

1 – Os Almeida - vieram do Riacho do sangue (Solonópoles) e se


estabeleceram na região do Quixará (Farias Brito), Santa Tereza (Altaneira) e
aqui no Assaré. Em 1877 já eram os donos do Baixio e Baixa Grande
(Altaneira). São ligados por casamentos aos Pinheiro e Alves.
2 – Os Alves e Pereira das Guaribas (Tarrafas) e Ribeira dos Bastiões
descendem de Francisco Gomes de Alencar e Francisca Pereira de Alencar
que vieram do Pernambuco por dissidências familiares e se estabeleceram na
Serra da Palmeira (Tarrafas) e faz parte da Serra do Quincuncá. São ligados
por casamento aos Pinheiro, Carmo, Pinho, Dias e Silva e Oliveira.
3 – Os Araújo - existem algumas famílias Araújo, porém, não tive informação
de seus parentescos: os Lourenço de Araújo do (Pernambuco), descendem de
Alexandre da Silva Pereira.
41

Os Araújo da Serra de Santana.


Os Araújo do Tenente Araújo de Juazeiro do Norte.
Os Araújo de Joaquim Evangelista de Araújo do Trapiá casado com Joana
Renovato da Cacimba Velha (Tarrafas), pais de: Francisco Evangelista de
Araújo casado com Franca Vieira Vitor (dos Araçás).
Elói Evangelista de Araújo casado com Joana Vieira Vitor, irmã de Franca.
Maria Evangelista de Araújo casada com Pedro Alves Feitosa (Capitão Feitosa)
dos Inhamuns, o Capitão Feitosa enviuvou e se casou pela segunda vez com
sua cunhada Raimunda Evangelista de Araújo (Mundoca).
Antônio Evangelista de Araújo casado com Maria Assucena de Carvalho
Araújo (dos Carvalho de Saboeiro).
4 – Os Arrais -vieram da Bahia e descendem de Bernardo da Cruz Arrais que
chegou a Bahia em 1630 – se localizaram primeiramente no Poço dos Paus
(hoje, Cariús), por motivo de brigas e morte de uns dos irmãos, os outros dois
subiram pelo Rio da Conceição, colonizando vários núcleos, como Poço de
Pedra (Itaguá), São Domingos (Quixariú) e muitas outras localidades.
5 – Os Bantim - de origem Alemã (Judeus Alemães) se estabeleceram na
Ribeira dos Bastiões com ramificações no Brejo Grande (Santana do Cariri) e
aqui na sede.
6 – Os Barata - descendem de Dona Maria Isabel da Luz, apelidada de
Barata-Descascada por ser muito branca, como não se incomodava com o
apelido, passou a ser chamada de “Dona Barata” e seus descendentes
adotaram Barata como sobrenome. Ela era dos Firmeza que vieram do Brejo
seco (Araripe). Morou no Boqueirão e na casa de nº 101 da Rua Alexandre da
Silva Pereira.
7 – Os Barros - vieram da Paraíba com passagem pelo Lameiro (Crato) e são
família dos Mendes e Brito. Se estabeleceram no São Félix e casaram-se nos
Freire e Albuquerque, nos Silva Pereira e Gonçalves (de Alexandre e Dona
Ana).
8 – Os Belchior – Belchior de origem francesa e Oliveira de origem Judaica.
Descendem de José Belchior de Oliveira (meu bisavô materno) natural de Poço
de Pedra (Itaguá), descendente dos Dias da Serrinha, dos Andrades de Poço
de Pedra, São Domingos (Quixariú) e redondezas. Casou-se com Tereza Maria
42

de Jesus, filha de José Sampaio da Silva (filho de Sampaio da Taboquinha) e


de Tereza Francisca de Jesus, moradores nos Mororós e Baixio.
9 – Os Bento – descendem de Bento José de Macedo que veio da localidade
Pau Seco (Crato) e se estabeleceu na Cana-Brava (entre a Serra de Santana e
a Serra das Pombas).
Encontrei muitas famílias que adotaram como sobre nome, o nome do
patriarca.
10 – Os Borges - vieram da Serra do Quincuncá e se estabeleceram na
Ribeira do São Miguel e Boa Vista.
11 – Os Brilhantes - vieram do Brejo Grande (Santana do Cariri) e se
radicaram no Xiquexique (Potengi), Brejo Seco (Araripe) e Assaré.
12 – Os Brito - vieram do Crato e já foram citados.
13 – Os Caetano e Caldas descendem de Vicente Caetano de Lima (não sei
se são parentes dos outros Lima daqui), oriundos de Rancharia (Várzea
Alegre) e se radicaram na Paciência e os Caldas no Juá e Amaro.
14 – Os Carcarás – vieram de São Matheus (Jucás), Saboeiro, Marrecas (
Tauá), Aiuaba, São Nicolau (Aiuaba) Quixeramobim e Iguatu, que são: Gomes
Braga, Fernandes Vieira, Batista Vieira, Gomes Cavalcante, Claro dos Santos,
Lino Braga, Oliveira Braga e Paulino da Silva ( do meu bisavô José Paulino da
Silva). O Coronel Francisco Gomes de Oliveira Braga (Cel. Chico Gomes)
Advogado e politico influente, foi vereador, presidiu o Conselho de Intendência
(03/02/1890 – 13/02/1892) e deputado provincial e presidente da Assembleia
Legislativa do Ceará. Casado com Dona Assucena Braga Fernandes Vieira
(Assucena Braga de Oliveira) eram primos legítimos, neta de Francisco
Fernandes Vieira (Visconde de Icó) que visitava constantemente o Assaré,
assim como o seu sobrinho e genro (duas vezes), Dr. Gonçalo Batista Vieira
(Barão de Aquiraz) filho do Capitão – Mor de São Matheus (Jucás) Gonçalo
Batista Vieira, cujas fazendas que herdara de seu pai são no município de
Assaré e aqui era o principal reduto eleitoral da família. O Coronel Miguel
Batista Fernandes Vieira morava no casarão da família no Infincado e era
assíduo às feiras do Assaré.
15 – Os Carvalho – todas famílias Carvalho de Assaré (município e sede)
vieram de Saboeiro, por tanto, pertencem ao mesmo tronco. Descendem do
43

casal de portugueses Manuel da Rocha Franco e Maria Sanches de Carvalho


(Madeirenses).
16 – Os Catonho – descendem do Tenente Antônio Claraval Catonho casado
com Alexandrina Almeida (desconheço o nome de seus pais). O Tenente
Catonho era do Urucuzinho (Tarrafas), tiveram os filhos Tertuliano Claraval
Catonho (Terto Catonho), Antônio Claraval Catonho, Rosa Carmo de Almeida,
Elias Claraval Catonho, Canuto Claraval Catonho – Pai de Antônio Totó,
Antônia Claraval Catonho (Totonha) e Miguel Claraval Catonho. Terto Catonho
foi chefe politico daqui, Intendente e depois Prefeito (nomeados) até sua morte
em 1942, assumindo em seu lugar (também nomeado) seu filho Raimundo
Claraval Catonho ( Bel Catonho), um prefeito enérgico e realizador.
Outro filho – Leovigildo (Leovigi) Claraval Catonho foi prefeito eleito assumindo
a prefeitura em 1963.
Seu Terto foi casado com Dona Lídia Gomes Braga (prima do Coronel Chico
Gomes) e tiveram os filhos Luiz Claraval Catonho e Leovigildo Claraval
Catonho, enviuvou e casou-se pela segunda vez com Dona Júlia Gomes
Braga, irmã de Dona Lídia e tiveram os filhos Raimunda Claraval Catonho
Braga (Dona Braguinha) e Raimundo Claraval Catonho (Bel Catonho).
Antônio Claraval Catonho (o filho) casado com a irmã de Lídia e Júlia, Maria do
Carmo Gomes Braga (Carminha).
17 – Os Cazuza - da Caiçara e Serra do Umbuzeiro (Tarrafas), os daqui do
Assaré de Chico Cazuza (Francisco Leocádio dos Santos) Baiano de
Hidrolândia, próximo de Paulo Afonso–Ba. Casado pela segunda vez com a
cunhada Maria José Soares, sendo sua mãe Baiana. Os Cazuza da Volta e
São Rafael são dos Alencar.
18 – Os Carlos - de Francisco Carlos Augusto natural de São Gonçalo do
Soen (Araripina – PE), foi trazido de Araripina e criado por José Augusto de
Oliveira (primo de Terto Catonho). Zé Augusto foi advogado, professor e
músico. Um homem de uma inteligência rara. Seu Chico Augusto, como era
conhecido, se estabeleceu no Assaré, casou-se e constituiu família.
De Antônio Carlos de Alencar, natural de Várzea Alegre, se estabeleceu na
Bonita (Serra de Santana) e constituiu família. Foi o primeiro membro da
“Congregação Batista” no Assaré. Por seu intermédio os pastores americanos
44

Seu Pedro e Seu Aroldo vieram para o Assaré e construíram a primeira igreja
evangélica de Assaré – A Igreja Batista na Rua São Francisco.
Os Carlos da família de Dona Maria Gordim, eu desconheço a origem.
Moravam na rua dos Pereiros (hoje continuação da rua Padre Emilio Cabral).
19 – Os Coelho - descendem de Marta Pereira de Alencar Rego (quatro
irmãos Alencar) casada com Valério Coelho Rodrigues, Português da Ilha da
Madeira, radicados na Fazenda Carnaúba (organizada pelo Coronel Leonel
Pereira de Alencar Rego em homenagem à Fazenda Carnaúba em Geremoabo
Bahia de seu sogro), quase na confluência do Rio Açú com o são Francisco,
PE. Seus descendentes migraram para o Piauí, Ceará e Paraíba. São também
família dos Rodrigues (a mesma descendência de Valério Coelho Rodrigues) e
os Rego de Tauá, Inhamuns e Paraíba.
Sendo o Padre Agamenon de Matos Coelho uma pessoa de muito relevo para
os assareenses, tendo visto que esse Sacerdote foi Vigário de Assaré de
14/05/1938 – nomeação e posse a 15/05/1938 até o seu falecimento ocorrido
em 01/07/1980 (42 anos, 09 meses e 13 dias).
20 - Os Cotoco (apelido) – descendem de José Evangelista de Sousa – herói
da Guerra do Paraguai – hoje “Tríplice Aliança”. José Evangelista de Sousa era
escravo do alferes Marcos Arrais do Mulungu e Casa Nova. José Evangelista
negociou a sua ida para a guerra no lugar de um dos filhos de seu senhor, em
troca de sua alforria. No seu retorno, como herói e na condição de “liberto”,
veio morar no Assaré.
Nas lutas travadas corpo-a-corpo nos campos de batalha no Paraguai,
usavam-se facões como arma em vez de espadas (espadas eram somente
para oficiais), teve um braço decepado a golpes de facão, logo acima do
cotovelo, e ao chegar em Assaré com um pedaço de braço foi logo apelidado
de “Zé Cotoco”.
Seus descendentes carregam o apelido de Cotoco e vivem na Serra da Ema
aqui na sede, Baixio Grande, Ribeira dos Bastiões, no município de Tarrafas e
em muitos outros lugares. A família é muito grande e se espalharam por toda
parte.
45

20 – Os Crispim - descendem de Joaquim Crispim da Silva e Izabel Maria da


Conceição (Dona Bela), sendo Joaquim dos Curnicheiros; o apelido é oriundo
do Sitio Curnicho (próximo ao Apodi) na Ribeira dos Bastiões. O nome
“Curnicho” provém do Baixio que se encontra com o morro que vem das
Queimadas e esse Baixio se bifurca formando duas pernas (de Baixio) e de
cima da Serra Verde se avista, com a aparência de uma cabeça de vaca com
dois chifres.
Os Curnicheiros descendem de Joaquim Canuto da Volta e São Rafael casado
com Maria Feitoza (Maria Gorda), que descendem dos Marinheiros de origem
portuguesa e eram os antigos donos da Várzea.
21 – Os Daniel - descendem dos Firmeza que vieram do Brejo Seco (Araripe).
22 – Os Dias -descendem dos pais de Castro da Viração Vertentes, Ariais,
Olho D’água do Mato e Serrinha (dos Dias).
23 – Os Duarte - descendem de Joaquim Duarte Pinheiro e Maria de Jesus
Duarte, (vaqueiro da Fazenda Cachoeira de Felipe Bezerra), veio da Ingazeira
(Icó), próximo a Lavras da Mangabeira e fazendo divisa com a Paraíba .Os
Duartes do Genezaré vieram de Várzea Alegre e Lavras, da mesma região de
Joaquim Duarte, portanto, suponho que seja a mesma família.
24 – Os Esmeraldo de Melo, Ferreira de Melo e Aguiar (são famílias conjuntas
devido a casamentos) e vieram do Cariri, principalmente do São José – Crato.
São as famílias do meu pai Odílio Esmeraldo de Melo, natural do São José
Crato.
25 – Os Fernandes de Oliveira são oriundos de Olinda – PE e se
estabeleceram na Ribeira do são Miguel.
26 – Os Ferreira – encontrei vários ramos de Ferreira e não descobri ligações
familiares.
a) Os Ferreira do São Miguel são ligados as Moreira de Souza (não sei da
sua descendência)
b) Os Ferreira dos Santos (dos Belchior do Pelado, do Riacho da Jurema,
do Felipe e de Zé de Moura do Martins (Amaro)) são dos Oitis e regiões
próximas a Jucás.
c) Os Ferreira de Melo de Ananias Ferreira de Melo são do São José –
Crato.
46

d) Os Ferreira Rodrigues da Costa (de Pedro Ferreira (vaqueiro), Zica,


Irismar e Henrique Ferreira são de Várzea Alegre.
e) Os Ferreira de Manuel Ferreira do Nascimento, casado com Benta (filha
do Coronel Antonio Luiz Alves Pequeno – o segundo) são oriundos da
Redonda.
27 – Os Firmeza -vieram do Brejo Seco (Araripe) e provavelmente vieram do
Pernambuco.
28 – Os Fiuza são oriundos do Baixio de Facundo – Aratama, são dos Leite e
Leão e se estabeleceram na Sede. Encontrei ligações também com os Libórios.
29 – Os Freire e Albuquerque vieram de Aracati e Trairí, com passagem por
Jucás (o casal José Rodrigues Freire e Ana Joaquina de Oliveira – são de
outros Rodrigues) Moraram em Jucás por pouco tempo, por volta de 1820. Se
radicaram no Junco Pitombeiras e Olho D’água (próximo da Várzea) e
casaram-se nos Barros, Tavares, Paiva, Barata, e outras famílias.
30 – Os Gois - descendem de Joaquim Félix de Gois do Cavaco e se
estabeleceram no São Rafael e Volta.
31 – Os Holanda – viveram aqui no Assaré os Holanda Cavalcante do são
Pedro (Jucás), não os conheci e os Holanda do barreiro do Jorge – serra do
Quincuncá.
32 – Os Lima - vem de Manoel Lima de Souza, pai de Antônio Lima de Souza
dos Enbrejados, Luiz Lima de Souza do Junco, Rita Maria de Lima da Volta e
outra que desconheço o nome e onde morava são de origem alagoana.
33 – Os Moreira - são da família do Padre José Tavares Teixeira.
34 – Os Matias surgiram do nome Mathias (alemão) de seus ancestrais, como:
a) Os Matias do Trapiá descendem de Matias da Costa Passos, casado com
Rosa Carmo de Almeida - Irmã de Terto Catonho.
b) Os Matias do Saquinho (Tarrafas) descendem de Matias Alves de Oliveira
(dos Alves e Oliveira já citados), casado com Guilhermina Libório, da Volta.
c) Os Matias das Cacimbas (Tarrafas), Barreiros e Santana do Cariri
descendem de Matias Paz de Castro que era o pai de João Matias Paz, casado
com Ana Clara do Espirito Santo (Mãe Naninha – Por ser a parteira da família.
35 – Os Mota - descendem de seu Abel de Alencar Mota e seu irmão seu
Otávio de Alencar Mota de São Domingos (Quichariú) e são família dos
47

Belchior de Oliveira (dos Mororós), dos Liberalinos (de Vicente Liberalino) e


dos Matias Paz.
36 – Os Oliveira - já foram citados.
37 – Os Paiva - descendem do Dr. Manoel Ramos de Paiva Cavalcante e
Francisquinha de Souza Martins ambos de Martins - RN, primeiro casamento e
de Maria da Natividade Alencar do São Pedro (Jucás), do segundo casamento.
Dona Natividade era irmã do Coronel Chico Gomes.
38 – Os Pereira - de Carvalho do Escondido, Tabuleiro, Serra de Santana e
Sede descendem de José Pereira de Carvalho (filho de portugueses) e Ana
Alexandrina da Conceição que vieram de Jacobina Bahia em 1850 e se
estabeleceram na Cana Brava e Escondido. São os pais de Francisco Pereira
de Carvalho (Chico Pereira) e João Pereira de Carvalho, são dos Pereira de
Potengi (Selézio) e de Sérgio e sua irmã casada com José Cassimiro do
Caldeirão, próximo do Poço Cumprido.
39 – Os pinto - vieram do Icó para comercializar animais e revendê-los
no Icó. Não tenho informações de quem e quando chegaram os pioneiros,
porém, nas primeiras décadas do século XIX já era morador na povoação de
Assaré Joaquim Pereira Pinto que foi o Secretário da Câmara do Assaré na
instalação da vila em 11 de janeiro de 1869 e redigiu a ata da segunda casa ( a
que vigorou) e foi o segundo Intendente. Os Pinto se estabeleceram no Limão,
Três Barras, Serra de João Paz, Sede e Serrote (hoje Tarrafas).
40 – Os Pio - descendem de Pio Paz de Alencar do Periperi.
41 - Os Ribeiro - de José Ribeiro da Silva (Zé Ribeiro do Mulungu) - foi
vereador. Era filho de Antônio Clemente Paraibano. Zé Ribeiro casou-se com
Maria Melita de Menezes e tiveram os filhos Lorivaldo Ribeiro, Dr. Dorgivaldo
Ribeiro – advogado e prefeito duas vezes de Assaré e suplente de Deputado
Estadual; Clodoaldo Ribeiro – Poeta e prefeito de Assaré. Numa troca de tiros
com o delegado Sargento Aldízio e dois soldados no Mercado Público sendo
que, quem atirou em Clodoaldo pelas costas, foi um dos soldados e Clodoaldo
atirou no Sargento. Ambos morreram no mesmo dia em março de 1947;
Osvaldo Ribeiro; Maria Alda Ribeiro; Áurea Ribeiro e Alzenir Ribeiro.
São famílias de Seu Bandeira Ribeiro, de Antônio Ribeiro – Vaqueiro de Zeca
de Almeida e da família de Seu Antão das Barrocas.
48

42 – Os Roberto – de seu Josino – descendem de escravos de Alexandre da


Silva Pereira, que foram seus vaqueiros.
Os Robertos do Saquinho (Tarrafas) descendem de Joaquim Roberto da Costa
Casado com Maria José da Glória, que vieram de Várzea Alegre em 1947.
Seus descendentes se estabeleceram no Saquinho, Riacho Verde, Tarrafas e
aqui na Sede.
43 – Os Rodrigues - do Assaré, Potengi e Araripe e outras localidades vieram
do Pernambuco e Piauí, e, são descendentes do mesmo tronco dos Coelho e
Rego – de Marta Pereira de Alencar Rego e Valério Coelho Rodrigues, porque
alguns descendentes do casal migraram para o Piauí. Seu neto Manoel de
Souza Martins – filho do Português Manoel de Souza Martins casado com uma
filha de Marta e Valério, foi politico de destaque, se tornando Presidente da
Província do Piauí (o mesmo que Govenador) e Visconde de Parnaíba.
44 – Os Rosado - vieram do Rio Grande do Norte e deram uma contribuição
muito grande para o crescimento do Assaré, com seu trabalho e bom humor.
Pretim (como era conhecido) com seu jeito boêmio, contador de piadas e botar
apelidos em todo mundo. Chico Rosado era uma alegria ambulante. Zé Rosado
com suas tiradas de repente, se alguém falasse uma bobagem, ele tinha uma
resposta na ponta da língua (bem afiada). Era do tipo que podia perder o
amigo, mas a piada jamais. Suas famílias foram criadas nesse clima alegre e
de camaradagem que continua nos seus descendentes. É muito engraçada a
história do banquinho de Chico Rosado que virou até poesia de Patativa.
45 - Os Rosal - descendem de espanhóis. O nome Rosal de apelido e
significa “lugar onde abunda as rosas”. Tem origem em Castela, Leon (como
tronco mais antigo a Don Pedro Del Rosal). Estes dados nos oferecem a
garantia e certeza do elo que liga o Rei Don Ordoño de Leon a Pedro Del
Rosal. Houve quatro rezes Leones que se chamaram Ordoño. Segundo outros
informes houve casos deste apelido em Astúrias, Montanha de Santander e
Catalunha. Da nobreza da “Ordem de Calabrava”, vários membros são
apelidados de Rosal pertencentes a família Rosales estabelecida na cidade
Loja (Granada). Daí é que alguns autores entendem que o apelido Rosal, Del
Rosal e Rosales são o mesmo. No índice de personalidades do “Arquivo geral
49

militar de Segóvia”, tenho registro de alguns portadores deste apelido que se


destacaram nas fileiras do Real Exército Espanhol.
Se estabeleceu aqui na Sede de Assaré José Libório Cavalcante casado com
Ananias Rosal vindos do Baixio de Facundo que são os pais de: Aristides
Rosal Sobrinho casado com Dona Nália Amarante Arrais Rosal; José Rosal (Zé
Mudo) casado com Maria Pereira de Souza e Irinéia Rosal Araújo casada com
José Correia Araújo (Zé Tubiba da Serra do Valerio).
Fonte: La História Del Apelido
Rosal
Origem: España
Do “Blason de Armas”.

46 – Os Soares – existem três famílias Soares no Assaré e não encontrei


parentesco entre ambas:
a) de José Soares (da Formiga), vieram do Crato.
b) de Maria Soares, Júlio Soares, João Soares (do Tamboril), vieram de Várzea
Alegre.
c) de Maria saturnino Soares sogra duas vezes de Chico Cazuza, vieram da
Bahia.
47 – Os Tiburcio - vieram do Piauí e se estabeleceram na Boa Vista, Baixio
Grande, Baixa Queimada e Xiquexique (Potengi).
48 – Os Timbira -descendem dos Índios Timbira da Serra de São Benedito.
No conflito entre os Índios e o homem branco, todas tribos (mesmo aquelas
inimigas) se uniram contra o inimigo comum , o homem branco. Os primeiros
ataques ocorreram no Rio Grande do Norte, ataques esses, dos Índios
Potiguares e Jandoins a fazendeiros e moradores de vilarejos, no início do
último quartel do século XVII. Foram mais de 30 anos de guerra, e teve início
em 1686 com o ataque dos Índios a Vila de Aquiraz, à capital do Ceará,com
este ataque desencadeou a guerra propriamente dita .Para alguns autores foi
chamada de Guerra dos Bárbaros e para outros, foi a confederação dos
Silvículas (Confederação dos Tamois no Sul do País). Essa confederação
reuniu nações indígenas do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Piauí
50

e principalmente do Ceará. Foi uma luta desigual porque os portugueses


tinham armas de fogo e espadas enquanto que os Índios tinham apenas arco-
e-flecha e tacape. Com a derrota dos Índios parte dos Índios Timbira migraram
para Oeiras-Pi e outra parte vieram parar no Assaré.
49 – Os Umbelino -de Manoel Umbelino da Silva (Nezinho Umbelino -
Carcereiro) do Baixio de Facundo, Aratama e regiões circunvizinhas e se
estabeleceu no Assaré e constituiu famílias.
50 – Os vieira -descendem de um padre com o sobre nome “Vieira”
(desconheço seu nome completo e sua origem) – falam-se que veio do
Pernambuco ou da Bahia – não há certeza.
Era proprietário de fazendas nos Araçás, Anduras, e Papa-Mel. Deixou filhos
que deram origens aos Vieira, que são ligados por casamentos aos Vitor.
51 – Os Vila Nova descendem de Antônio Francisco de Assunção e Honório
Francisco de Assunção (não deixou filhos). São filhos de José Francisco de
Assunção proprietário do Ourucum e veados (hoje Vila Nova – Tarrafas).
Diziam eles que eram família dos Alencar e por isto, suponho que eram
descendentes de João Francisco Pereira de Alencar ( dos quatro irmãos
portugueses), por ser este o único que assinava como Francisco (sobrenome
do pai); sendo assim, os são além de João Inocêncio da Fonseca e Arcângela
da Fonseca Furtado de Alencar.
O apelido Vila Nova surgiu no Araial de Canudos – Bahia quando Antônio e
Honório foram para a Vila Nova (hoje Capim Grosso – Bahia) e de lá para o
Arraial e seus moradores os chamavam de Seu Antônio da Vila Nova e Seu
Honório da Vila Nova e com o passar do tempo ficaram conhecidos como
Antônio e Honório Vila Nova. Como Honório não deixou filhos, os
descendentes de Antônio herdaram o sobrenome “Vila Nova”.

CAPÍTULO XIII
AS CADEIAS

A cadeia do Assaré funcionou por muito tempo em prédios


particulares, alguns desses prédios foram demolidos e reconstruídos em seus
lugares ( alguns mais de uma vez).
51

Nas minhas informações, a primeira cadeia foi na Rua de Baixo


(hoje Rua Alexandre da Silva Pereira nº 21 e 25), vizinha a casa de Alexandre
da Silva Pereira Nº 36.
Um episódio que abalou a população de Assaré e vizinhanças:
delegado Antônio Alves Porfírio (Tenente da Policia do Ceará) estava em
diligência do Baixio de Facundo para prender o assassino do avô de João de
Biluca (João Paiva Arrais). Ao entrar na casa de Patricio Leite encontrou uma
arma de fogo e a aprendeu, causando a ira nos Leite que se sentiram
ofendidos e mesmo após ter se certificado de quem se tratavam, o delegado
mandou devolver a dita arma, porém esta atitude por parte do delegado não foi
o suficiente para aplacar tamanha ira. Os Leite vieram matar o delegado e o
encontraram numa das bodegas da Rua Padre Emilio Cabral, arrastaram-no
para o meio da rua e Felinto Leite o matou a facadas; Chica Timbira (mãe de
Salú e sogra de Zé Daniel) que passava no local botou a vela em sua mão.
Quando a noticia do assassinato do delegado chegou à cadeia, João
Alcino (neto do Padre Zé Tavares) que ali se encontrava preso, deu “vivas” a
Felinto Leite por ter matado o delegado, o que foi repreendido pelo guarda
municipal que estava de plantão na cadeia que disse para ele não repetir e
este repetiu aos gritos, então o guarda o matou esfaqueando-o dentro da
cadeia e João Alcino morreu no colo de sua mãe. Este guarda fugiu para a
Bahia e o mataram lá, algum tempo depois.
No inicio do Século XX a cadeia era na Rua do Meio (hoje Rua H
Firmeza – Hermenegildo Firmeza – jornalista filho de Assaré), no local que hoje
é a casa de nº 10.
Funcionou na Rua do Cemitério (Rua Dr. Paiva nº 74), numa casa
que pertencia a Chico Dias que era o Delegado ou a seu irmão Mariano Dias,
ambos da Serrinha.
Funcionou no casarão do Major Camapum (hoje O Memorial
Patativa do Assaré).
Em 1877 iniciou-se a construção da cadeia pública de Assaré, nos
Lajedos (o Lajeiros como chamamos), hoje à Rua Padre Agamenom nº 148,
que ficou por muito tempo conhecida como Rua da Cadeia. Esta construção
era de pedra e cal, suas paredes ficaram numa altura, aproximadamente, de
52

uns 4 metros e foi interrompida, passando a servir de mictório masculinos nos


dias de feiras (segundas- feiras) e festas. Esta construção ficou interrompida
até 1943, quando o prefeito Bel Catonho resolveu concluí-la. Para isto ele
adquiriu, por meio de compra a casa de Neném Arrais situada hoje à rua
Neném Arrais nº 26 a 31, que era grande e ficava próxima e seus materiais
(tijolos, maderame e telhas seriam suficiente para tal). Estes materiais já
estavam prontos, enquanto que, se fosse mandar confeccionar: tijolos, telhas e
madeiras ia demandar muito tempo. Foi concluída e logo em seguida entrou
em funcionamento. No final da década de 60 (século XX), a mesma passou por
uma reforma na gestão do prefeito Raul Onofre de Paiva. Serviu de presidiu até
2015 ou 2016 quando aconteceram algumas fugas, onde os presos abriram um
buraco na parede de pedra, removendo-as e escaparam para o quintal da casa
vizinha e se evadiram pelos telhados ganhando as ruas próximas. Daí então,
os presos condenados ou aguardando julgamentos foram transferidos para
outros presídios como no Araripe e no Juazeiro do Norte.
Quando alguém ia preso, se dizia: “fulano subiu o lajeiro”.
A Delegacia Municipal de Policia Civil de Assaré, teve a sua
construção na gestão do Prefeito Evanderto Almeida e sua inauguração em
2013 já na gestão de Samuel Freire. Está localizada na Avenida Perimetral
Raimundo Mendes Rates, entre o Terminal Rodoviário e a Pedra de Fogo.

CAPÍTULO XIV
FEIRAS - LIVRES

Não sabemos exatamente quando começaram as feiras- livres e se


já existiam no tempo do povoado de Geremoabo.
Já se tinha noticias da existência de feiras nos anos 20 do século
XIX, onde é hoje a Praça da Matriz e parte da Rua Padre Emilio Cabral. Alguns
anos mais tarde, foram construídos uma fileira de quartos para o
funcionamento de bodegas (mercearias) na Rua Padre Emilio Cabral, esquina
com a Rua Coronel Pedro Onofre até a Pracinha da Escola Raul Onofre.
Alguns destes quartos sobreviveram até os anos 50 no século XX.
53

O Mercado Público de Assaré foi construído em 1914 pelo


Intendente Coronel Antônio Mendes Bezerra, que doou os terrenos em sua
volta para que se construíssem casas residenciais, contanto que obedecessem
o alinhamento demarcado pelo o Intendente, é tanto que, qualquer lado do
Mercado tem a mesma distância para as casas à sua frente. Os espaços entre
o Mercado e as casas foram destinados para construções de Praças.
Somente na gestão do prefeito Leovigildo Catonho é que foi
construída a Praça Bel Catonho em 1965, no lado sul do Mercado. Nesta Praça
foi erigido um obelisco comemorativo ao centenário (o que se comemora) do
Assaré. Logo que Raul Onofre assumiu a Prefeitura, substituindo a Leovigildo
demoliu a Praça e construiu outra (bem mais feia) no mesmo lugar,
preservando apenas o obelisco. No lado norte do Mercado ele destruiu um
parque infantil que Leovigildo também havia construído, deixando vazio os
lados leste (nascente) e oeste (poente). O que ele queria mesmo, não era
construir nada e sim destruir o que seu antecessor fizera, assim como fez com
o prédio do Grupo Escolar construído por Bel Catonho no lugar da Pracinha em
frente da atual Escola Raul Onofre, de frente para a casa deste. Este prédio era
muito bonito, se parecendo com o Liceu do Ceará. Tudo isto porque Bel e
Leovigildo eram de partidos políticos diferentes do seu, apesar de serem
parentes bem próximos.
O Mercado Público tinha a sua construção em torno de um pátio
interno que passou a funcionar as feira livres, tendo no seu centro, uma coberta
de palha (latada) para o açougue. O Intendente João Pereira Pinto substituiu
essa latada por uma coberta de telha em 1917. Este novo açougue tinha as
colunas de madeira trabalhada e seu telhado de quatro águas. Ganhou o
apelido de Arapuca do Açougue e as mesas de madeira para se cortarem
carnes e toicinhos, etc. E foram substituídas por bancadas de lajes de
Santana.
O telhado do Mercado tem duas águas: uma para a parte interna e a
outra para a calçada externa, ficando as biqueiras sobrando um pouco das
paredes e ficando baixas para os lados de fora, facilitando o acesso de
pessoas que roubavam as bodegas. Em 1943 o Prefeito Bel Catonho fez uma
substancial reforma, levantou as quatro frentes com platibandas bem altos e
54

as águas das biqueiras passaram a ser colhidas por calhas e escoarem por
canos embutidos nas paredes. Nesta reforma as portas de vários tipos foram
substituídas por portas de “Cedro” padronizadas.
Na década de 70 do século XX a Arapuca (como era chamada) foi
demolida e construída uma coberta com telhas de amianto e suas colunas
eram de concreto armado. No seu interior foram construídos boxes para o
açougue e para as vendas de refeições, cafés, lanches e bebidas. Esta reforma
foi na gestão do Prefeito Raul Onofre.
Com esta reforma a feira livre que era na parte interna entre o
açougue e as bodegas passou a funcionar nas praças em volta do mercado.
As feiras-livres do Assaré sempre foram tradicionalmente nas
segundas- feiras, porém, de uns anos para cá, passou a haver feiras, quase
que diariamente no entorno do mercado, sendo que estas feiras se encerram
por volta do meio dia.
A parte interna passou por uma nova reforma mudando-se
novamente o teto, sendo substituído por um telhado moderno e mais
confortável (bem menos quente que o de amianto), novos boxes sendo
retirados, os açougues para frigoríficos fora do mercado, ficando os boxes para
pequenos restaurantes e lojinhas diversas. Esta reforma ocorreu na gestão do
prefeito Evanderto Almeida (2008 a 2012), que construiu as praças em volta do
mercado e calçadões, sendo a praça do lado sul demolida novamente e junto
com ela o obelisco, talvez por falta de conhecimento de seus assessores de
que um obelisco é para perdurar por todo sempre.
Na primeira construção chamou-se Praça Bel Catonho. Na
segunda, Praça Euclides Onofre e na terceira, Praça Mário Gomes de Matos
(farmacêutico e morador em frente a esta praça).

CAPÍTULO XV
PRÉDIOS ANTIGOS

Restam poucos prédios históricos no Assaré, que conseguiram


sobreviver à gana da destruição humana.
55

Não há e nunca houve uma política pública de conservação de


nossa memória. Se destrói tudo e as autoridades não tomam nenhuma
providência, como se não tivessem nada a ver. A primeira casa construída no
Assaré propriamente dito, pois ainda não tinha este nome, a casa de Alexandre
da Silva Pereira na Rua de Baixo (hoje Rua Alexandre da Silva Pereira nº 36).
Tinha a frente de tijolos e o restante de taipa. Até os anos de 1960 era assim.
Teve a sua taipa substituída por alvenaria e seu teto foi substituído,
porém conservaram o estilo de sua frente e teto com duas águas: Uma para
frente e a outra para trás.
No Quadro da Igreja (Praça da Matriz) ainda sobrevive à destruição,
alguns prédios, sendo que, dois desses prédios foram restaurados por pessoas
competentes que os revitalizaram, deixando-os como foram construídos,
ambos na Rua Coronel Chico Gomes, são eles: O sobrado da professora
Candinha, casada com o Coronel Antônio Mendes Bezerra que é o prédio de
nº 14. Foi construído em 1877 pelo seu pai, o Padre José Tavares Teixeira,
quando ela se formou (primeira professora de Assaré) e se casou. Este prédio
tem o apelido de Girafinha. Outro prédio de nº 82 é a casa do Major Camapum,
construída em 1884 pelos mesmos mestres que vieram de Olinda, para
realizarem algumas construções residenciais. O casarão da família Camapum
é um prédio suntuoso, ao lado da Igreja Matriz com acabamentos em
“estuques”, de primeira qualidade. Situa-se numa esquina com a Rua Vicente
Liberalino, com três pavimentos e foram gastos a importância de 4$000000
(quatro contos de reis). A família o vendeu e foram embora para Oeiras Piauí,
se perdendo assim, o contato com os familiares daqui. Eu conheci seu
Ancelmo Pereira Camapum (sobrinho neto do Major) que morava em frente a
nossa casa e ainda tem seus descendentes. Neste casarão já funcionou de
tudo: foi Delegacia e Cadeia, Escola, Hotel, Casa de Prostituição, a primeira
Sede e Fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Estas passagens
pelo o casarão não estão na ordem cronológica.
Hoje funciona o Memorial Patativa do Assaré que foi adquirida e
restaurada pelo o Governo do Ceará, na pessoa do Governador Tasso Ribeiro
Jereissati.
56

Quando era criança, vi uma placa de venda que dizia: “Exposta à


venda” e eu fiquei impressionado com aquela informação. Dizia comigo mesmo
– como é que se constrói uma casa para criar a família e viverem e depois que
ela está velha querer vender? No meu entendimento de criança, a casa que a
gente nascia, se criava e vivia até a vida adulta, era como se fizesse parte da
família.
Em 2012 eu lendo algumas crônicas encontrei uma de Moacir Scliar
que teve o mesmo pensamento que eu de não entender porque queriam
vender uma casa residencial em sua cidade, quando ele também era criança.
Nesta mesma rua Coronel Chico Gomes que teimam em desafiar
“os destruidores do patrimônio” e ainda estão de pé, são elas: a casa de nº 02
e nº 06 que pertenceram a Luiz de Matos Arrais, avô de Ibraim Arrais. A casa
de nº 10 era de Dona Esmeralda Delfina da Glória mulher do Padre José
Tavares Teixeira – não moravam juntos. Ela nesta casa e ele na casa
Paroquial na Rua Coronel Pedro Onofre do outro lado da Praça da Matriz. As
casas de números 18, 22, 26 e 34 (todas construídas pelo Padre José Tavares)
para seus filhos. A casa de nº 38 pertencia a Betim (dos Lagoa da Pedra –
como eram chamados os descendentes de Alexandre da Silva Pereira). Na rua
Padre Emilio Cabral tem algumas casas que não foram modificadas que são: a
de nº 62 de Margarida Arrais que pertenceu a Inácio de Mato Arrais tio de
Margarida, que foi adquirida de Joaquim Roberto de Souza pai de Seu Josino
(músico), Dona Lígia (professora) e Dona Ideuzuite Roberto Firmeza. A de nº
70 que pertenceu a Dona Naninha Freire e Né Dodô pertence a Cocisfran
Saldanha Freire. A de nº 122 pertencia a José Maropo e sua esposa Maria
Maropo do Carrancudo e são família de João Domingos. Seus descendentes a
venderam.
Na Rua Coronel Pedro Onofre tem a casa paroquial que conserva a
frente original, tendo sido demolida o restante da casa que era de taipa, sendo
substituída por uma construção de alvenaria. A casa do professor Pererinha na
esquina com a Rua padre Agamenon também conserva a frente original e a
taipa foi substituída por alvenaria em 1916 – na lateral tem a placa no alto
escrita MCMXVI.
57

Do lado direito (oeste) havia duas cassa: a de Dona Mirandolina


Onofre casada com Raimundo Ferreira de Souza (dos Moreira) e a outra
pertencia ao sacristão do Padre José Tavares (***********), durante a
Intendência do coronel Antônio Mendes Bezerra, já estavam em ruínas e
tiveram as suas demolições concluídas. Na rua Padre Agamenon tem três
casas sendo a da esquina com a Rua Claraval Catonho (que Mora Beta de Tia
Vilanir) é a primeira casa construída totalmente de tijolos do Assaré. Foi
construída por Maria Isabel da Penha e Alencar sobrinha e nora de Dona Ana
da Silva Pereira, em 1843, é a casa de nº 20. A de nº 12 foi construída por seu
Nuca da Serra de Santana, filho de Maria Isabel e Antônio da Silva Pereira, que
passou por herança para seu neto Antônio Valdez, que a vendeu. A casa de nº
04 foi construída por Inácio Gonçalves de Loiola Filho de Maria Isabel da
Penha e Antônio da Silva Pereira, que passou por herança para sua neta Dona
Tudinha, casada com Chico Dias de Alencar. Sua família a venderam.
Recentemente fizeram algumas mudanças na fachada, mas a parte interna
continua a mesma.
Os mestres que construíram o prédio do Memorial, também
construíram a casa da Várzea do Coronel Chico Gomes, algum tempo depois
ele negociou a casa com o terreno da Várzea com Dr. Paiva, seu cunhado,
trocando por uma chácara em Maranguape e o Coronel Chico Gomes passou a
morar numa casa de sua propriedade na Rua Euclides Onofre nº 138, onde
funciona os Correios.
Construíram também a casa da Vitória do Major Neco que pertence
a Dr. Geraldinho seu bisneto. Construíram a casa de Antônio Vila Nova na
Rua Padre Agamenon nº 04, que passou por herança para Luiz Catonho, seu
genro, que fez uma reforma descaracterizando-a, mudando inclusive o telhado,
que antes era de duas águas: Uma para frente e a outra para trás, passando a
ser de quatro águas. Construíram a casa do Major Suassuna nos Veados (Vila
Nova – Tarrafas) e uma casa próxima ao São Sebastião (Cariús), a qual
desconheço quem a mandou construir. Essas casas eram com dois
pavimentos, sendo a do Major Camapum com três pavimentos e a do Major
Neco apenas o térreo e um sótão. O acabamento de muito bom gosto com
estuques e adornos feitos em cal batido, assim como os seus revestimentos
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internos e externos. Os assoalhos de madeira e assim como as escadas e


corrimãos. Os pisos de ladrilhos (tijolos lavados), portas e janelas de cedro,
inclusive as internas.

O AUTOR
Antônio Crispim de Melo nasceu no dia 09 de maio de 1950, no sítio Mororós,
no município de Assaré (CE). Filho de Odílio Esmeraldo de Melo e de Tereza
Crispim de Melo. Tico Melo, Maria do Socorro e Tanta são os irmãos do
professor Crispim.

Casou-se com Maria Marlúcia Freire de Melo e desse matrimônio tiveram uma
filha, Adelaide Maria Freire de Melo.

No Mororós, fez alfabetização com dona Neli Prudêncio, irmã de dona Deusa.
E não tendo como estudar no sítio, Crispim veio à cidade de Assaré para
cursar o primário nas escolas reunidas, sendo suas professoras: Lígia
Firmeza, Altamira, Nedina, Irene Liberalino e dona Maria Ester.

Estudou no Ginásio Assareense de Doutor João Bantim e fez cursinho no


prédio de São Vicente de Paula, para prestar o exame de admissão ao curso
ginasial.

Terminou o Ginásio na capital cearense, Fortaleza, no Colégio Brasil. Ainda


em Fortaleza, fez o primeiro científico no Colégio Estadual Castelo Branco ,
Montese, e o restante do científico no Colégio da Arquidiocese de
Fortaleza(particular), Colégio Castelo, na Avenida Dom Manoel. Neste mesmo
solo, Crispim serviu ao Exército Brasileiro durante 10 meses e 16 dias.

Em 12 de janeiro de 1972 chega ao Rio de Janeiro, faz a Faculdade de


Matemática e em seguida recebe um convite verbal para trabalhar na
Universidade de Ouro Preto, Minas Gerais, convidado por Tacísio
Gonçalves, Assareense, professor naquela Instituição.
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Não aceita o convite e em 13 de janeiro de 1982 retorna ao sítio Mororós,


seu torrão natal.
Trabalha 30 anos na rede pública de ensino como professor de
Matemática, mais precisamente nas escolas Raul Onofre e Moacir Mota.

Aposentado desde 2013, Crispim tem como atividade “viva” pesquisar,


dialogar e registrar a HISTÓRIA DO ASSARÉ.

ANEXOS
FOLHAS DAS ATAS

REFERÊNCIAS
1.Manuscrito do Livro - O Centenário do Assaré – do professor Pereirinha.
2.Manuscrito sobre os Alencar, Pereira e Alves de seu Antônio Alves.
3.Cópias do Livro Cariri-Itaitera.
4.História do Ceará – Dos Índios à Geração Cambeba – de Airton de Farias.
5.História do Ceará – volumes 1º ao 5º - de Raimundo Batista Aragão.
6.O Ceará é Assim – de Filgueira Sampaio.
7. Dona Bárbara do Crato – de Juarez Aires de Alencar.
8.Roteiro Histórico e Genealógico de Assaré, Ceará - de Adauto Alencar.
9.Memorial do Centenário: José Rodrigues Tavares Paiva (1896-1996) – de
Melquides Pinto Paiva.
10.Revista de História da Biblioteca Nacional.
11.Genealogia da Família Arrais – Desde as origens Medievais
Até Izabel Arrais Bandeira – de Izabel Arrais Bandeira.
12.Conselhos de Intendências do Ceará - de Valdir Uchoa Ribeiro.
13.Informações colhidas da oralidade popular em diálogos com pessoas que
me passaram muitas informações, principalmente Djacir Augusto.
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A Secretaria da Cultura e o Governo Municipal ASSARÉ DE TODOS, no


XV PATATIVA DO ASSARÉ EM ARTE E CULTURA “110 ANOS DE
PATATIVA DO ASSARÉ vêm valorizar e divulgar a nossa cultura através da
edição do livro “HISTÓRIA DO ASSARÉ” do Professor Crispim.

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