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Sumário

Capa
Folha de rosto
Sonhando Santos Dumont
Sobre a autora
Ficha catalográfica
Quando era garotinho,
um garotinho mineiro,
Alberto Santos Dumont
brincava com os amiguinhos
(muito arteiro)
e perguntava assim:
— Passarinho voa?
— Voa!

(Todos levantavam os dedos.)


Eta vidinha tão boa!
Quantos folguedos,
enredos, segredos, artes,
histórias de Malasartes,
Cinco semanas num balão!
Eram as histórias preferidas
de Alberto Santos Dumont.

No meio de uma zoeira,


voltavam à brincadeira:
— Borboleta voa?
— Voa!
— Borboleta voa à toa!

— E será que gente voa?


— Não voa!
Alberto Santos Dumont gritava
e exclamava:
— Gente voa, voará,
voaremos, voarei,
Eu sei que sei!

— Gente não voa, aprenda!


Quem erra paga uma prenda!
— berraram os amiguinhos.

— Toda a gente tem direito


de imitar os passarinhos!
— teimava Santos Dumont,
armando uma confusão.

Os meninos se embolavam,
Santos Dumont apanhava,
era o mais pequenininho.
Tadinho!
Apanhando, ele teimava:
— Gente voa, voará,
asa, asa, vento, vento,
o que invento... será!
Nos dias de ventania,
para a sua alegria,
Santos Dumont, garotinho,
soltava pipas pro céu!
Tico-ticos, periquitos
faziam um escarcéu:
— Saia daqui, dona Pipa,
tu és feita de papel,
volta pra terra, ó pipa,
lá é que é tua moradia!
Ousadia!
Quem não for bicho de asa
que fique em casa!

Mas o menino Dumont


soltava o fio da pipa;
ela ia pras alturas,
tão bonita!
E, quando a noite chegava,
o menino ia pra cama,
sonhava ser passarinho,
via Minas lá do alto...
Ai, que belo panorama!
O menino virou homem,
foi pra França, em Paris,
fez seu primeiro balão,
não era ainda avião,
como o tal 14-bis!

— O meu primeiro balão,


o menor, o mais bonito,
o único que teve nome:
Brasil
— declarou Santos Dumont,
e muitos voos previu.
Alberto Santos Dumont
voava na maravilha.
Inventou uma mobília
para o seu apartamento:
cadeironas muito altas,
pernaltas,
com mesa pernilonguenta.
Quem aguenta?
(Isso aconteceu na França.
Nosso Pai da Aviação
foi um adulto criança!)

Era um homem pequenino


que crescia nas alturas.
Quantas aventuras!
Com o balão Número 1,
sucedeu um acidente:
depois de voar em círculos,
depois de voar pra frente,
o balão, tipo charuto,
foi se dobrando ao meio,
que bamboleio!

Mas Dumont era valente,


inventor inteligente:
com ajuda de crianças
que brincavam no lugar,
pediu que elas segurassem
um tal de cabo pendente
que já tocava o chão
e corressem contra o vento.

Quanta emoção!
O pouso foi arriscado...
o balão caiu de lado,
sem ferir Santos Dumont!
Em julho de 1906,
Dumont fez uma experiência
que vou contar pra vocês:
um pequenino avião,
mais pesado do que o ar,
voou, ali em Paris.
Era o 14-bis!

Foi com este avião


que nosso Santos Dumont
virou Pai da Aviação!
Certo dia, num impulso,
Dumont foi a um joalheiro,
pedindo confecção
de um relógio, o primeiro
dos tais relógios de pulso.
Voando, não dava jeito,
com as mãos sempre ocupadas,
de tirar da algibeira
um relógio de corrente.
Hoje, o relógio de pulso
serve bem a tanta gente!

Noutro dia, brincalhão,


Dumont pousou seu balão,
somente por um momento,
lá em Paris, bem em frente
do seu belo apartamento.
— Aconteceu um acidente?
— perguntou uma francesa.
Respondeu Santos Dumont:
— Não, senhora, é um instantinho,
vim tomar um cafezinho;
é saudade brasileira,
saudade de um bom café... pois é!
Visitando o Brasil,
a pátria de onde saiu,
Santos Dumont hospedou-se
em Petrópolis, lá na serra,
saudoso da sua terra.
Ficou no Palace Hotel.

Espreguiçou-se, contente,
largou de lado o chapéu,
viu um monte encantado
que arranhava a neblina.
Coisa fina!

Era o morro do Encantado,


bambus, florzinhas, barranco.
Gostou tanto!

Ponha azuis e amarelos,


alaranjados e vermelhos,
muito verde que te quero,
ó, ilustrador,
por favor, não seja austero!
Vai surgir a casa-fada,
tão sonhada!
Santos Dumont projetou
sua casa: A Encantada,
no morro, bem-assentada,
com uma escada de doideira:

cada degrau comportava


somente um único pé.
Repara bem no desenho
pra entender como é.
(Será que o ilustrador
vai desenhar teu chulé?)

O pé direito inicia
a subida, sorte boa,
em volta da casa voa
uma linda borboleta.
Pirueta!

O chuveiro é um balde
com água bem esquentada
por aquecedor a álcool,
coisa por ele inventada.
O tempo passou voando,
que tempo é coisa ventosa.
Passou o tempo na casa,
aquela casa: A Encantada,
formosa!

O antigo Palace Hotel


virou universidade...
hotel foi pro beleléu?

Petrópolis, um povoado,
agora é uma cidade.
Tem uma praça tão linda...
a praça da Liberdade!

Tem um relógio de flores,


onde gnomos pequeninos
vivem novelas ao vivo
e a cores.
Esplendores.
Certas noites, diz o povo,
um beija-flor pequenino
sai de dentro de um ovo,
toma banho no chuveiro
lá da casa.
É arteiro:
flor e asa.
Só que o tal do passarinho
tem bigode e um chapéu.
Depois de brincar na casa,
sai voando pelo céu.
A casa, A Encantada,
é mimosa, tão bonita!
Em noites enluaradas,
ela ronca com um som
de motor de avião.
São os encantos da casa...
sonhando Santos Dumont!
Quem foi Sylvia Orthof?
Acervo pessoal

Sylvia Orthof nasceu no Rio de Janeiro, em 3 de setembro de 1932. Aos 15 anos se apaixonou
pelo teatro e estudou em Paris. Mais tarde dirigiu peças com operários em Brasília (quando a
cidade estava nascendo), criou os grupos Casa de Ensaios, no Rio, e Teatro do Livro Aberto, que
dirigiu em Petrópolis. Foi nesta cidade que morreu, em 1997.
Foi convidada a colaborar com a revista Recreio criando histórias. Em 1981, a editora Codecri,
do jornal O Pasquim, publicou Mudanças no galinheiro mudam as coisas por inteiro. Nascia a obra
de uma das escritoras mais irreverentes, engraçadas e inventivas da literatura para crianças no
Brasil.
Ganhou vários prêmios, como o Jabuti (A vaca Mimosa e a mosca Zenilda), o Prêmio
Odylo Costa, filho de Poesia da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (Ponto de tecer
poesia) e muitos outros. Sua obra é estudada em seminários e encontros nas universidades, e
seus livros (quase 130 ao todo) ganham novas edições e novos ilustradores com o passar dos
anos.
Sylvia vive, viva Sylvia!

Luiz Raul Machado


Quem é Rosana Urbes?
Meus voos muitas vezes aterrissam, com cores e rabiscos, em folhas de papel.
Um dia depois de receber o convite da Daniele para ilustrar Sonhando Santos Dumont, fui a
Petrópolis conhecer A Encantada. Lá, entre fotos e histórias contadas na casa, e embalada pelo
texto cheio de graça da Sylvia Orthof, começou minha maior alegria em fazer este livro: imaginar
a criança que teria sido esse tão ilustre sonhador. Surgiram ali os primeiros traços e formas do
menino Santos Dumont.
Quanto mais descobria sobre o personagem, maior o encanto.
Parte desse encanto fica impressa aqui, nas páginas do livro. A outra na imaginação, que,
assim como o nosso personagem, insiste em querer flutuar.

Rosana Urbes

Quem foi Santos Dumont?


Nascido a 20 de julho de 1873 em Palmira, Minas Gerais, Alberto Santos Dumont era filho de
um grande fazendeiro de café da região, o engenheiro Henrique Dumont. Ainda novo, Santos
Dumont foi enviado para Paris para continuar seus estudos. Lá, foi influenciado pelos livros de
aventuras escritos por Júlio Verne e descobriu sua paixão pelo ar. Mais tarde, veio a
desenvolver e construir diversos modelos de balões, disputando e vencendo várias competições
e quebrando os primeiros recordes da aviação mundial. Seu avião experimental 14-bis, de
1906, o consagrou para sempre, e muitos o consideram o Pai da Aviação. Esse genial inventor
nunca apoiou o uso dos aviões em guerras. Em 31 de julho de 1932, poucos dias depois de sua
morte, o município onde nasceu foi rebatizado como Santos-Dumont.
Copyright © by herdeiros de Sylvia Orthof, 2013
Coypright © das ilustrações by Rosana Urbes

Direitos de edição da obra em língua portuguesa adquiridos pela EDITORA NOVA FRONTEIRA PARTICIPAÇÕES S.A. Todos os
direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo
similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação etc., sem a permissão do detentor do copirraite.

Editora responsável: Daniele Cajueiro


Produção: Adriana Torres e Ana Carla Sousa
Produção editorial: Pedro Staite e Guilherme Vieira
Diagramação: Lúcio Pimentel

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO


SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

O88s
2. ed.
Orthof, Sylvia, 1932-1997
Sonhando Santos Dumont / Sylvia Orthof ; ilustração Rosana Urbes. - 2. ed. - Rio de Janeiro : Nova Fronteira,
2014.
32 p. : il. ; 24 cm.
ISBN 978.85.209.4026-6
1. Santos Dumont, 1873-1932 - Literatura infantojuvenil. 2. Literatura infantojuvenil brasileira. 3. Poesia
infantojuvenil brasileira. I. Urbes, Rosana. II. Título.

CDD: 028.5
CDU: 087.5

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Bonsucesso — Rio de Janeiro — RJ
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Para o dr. Mauro Sérgio Vieira de Melo, com a minha gratidão.

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