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PROTOCOLO CLÍNICO E
DIRETRIZES TERAPÊUTICAS DA
PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA
IDIOPÁTICA
BRASÍLIA – DF
2020
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde
Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias e Inovação em Saúde
BRASÍLIA – DF
2020
2020 Ministério da Saúde.
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença CreativeCommons – Atribuição – Não Comercial –
Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra,
desde que citada a fonte.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: www.
saude.gov.br/bvs.
Ficha Catalográfica
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Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde.
Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias e Inovação em Saúde.
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Púrpura Trombocitopênica Idiopática [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de
Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias e Inovação em Saúde.
– Brasília : Ministério da Saúde, 2020.
44 p.
Este Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas compreende o conteúdo da Portaria Conjunta SAES/SCTIE nº 9, de 31 de julho de 2019.
Modo de acesso: World Wide Web: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_clinico_terapeuticas_purpura_trombocitopenica.pdf
ISBN 978-85-334-2809-6
CDU 616-008.852
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Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2020/0184
1 INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------ 4
2 CLASSIFICAÇÃO ESTATÍSTICA INTERNACIONAL DE DOENÇAS
E PROBLEMAS RELACIONADOS À SAÚDE (CID-10) ---------------------------------- 6
3 DIAGNÓSTICO ----------------------------------------------------------------------------- 6
4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO --------------------------------------------------------------- 7
5 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO -------------------------------------------------------------- 8
6 CASOS ESPECIAIS ------------------------------------------------------------------------ 8
6.1 SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA -------------------------------------------------------------- 8
6.2 PTI NA GESTAÇÃO -------------------------------------------------------------------------- 9
7 TRATAMENTO ----------------------------------------------------------------------------- 10
7.1 CRIANÇAS E ADOLESCENTES -------------------------------------------------------------- 11
7.1.1 Corticosteroides --------------------------------------------------------------------- 11
7.1.2 Imunoglobulina Humana Intravenosa ----------------------------------------------- 12
7.1.3 Imunoglobulina anti-D ------------------------------------------------------------- 13
7.1.4 Esplenectomia --------------------------------------------------------------------- 13
7.2 ADULTOS --------------------------------------------------------------------------------- 14
7.2.1 CORTICOSTEROIDES ---------------------------------------------------------------- 14
7.2.2 Imunoglobulina humana intravenosa ----------------------------------------------- 15
7.2.3 Imunoglobulina anti-D -------------------------------------------------------------- 16
7.2.4 Esplenectomia ---------------------------------------------------------------------- 16
7.3 DOENÇA REFRATÁRIA --------------------------------------------------------------------- 17
7.4 FÁRMACOS ------------------------------------------------------------------------------- 19
7.5 ESQUEMAS DE ADMINISTRAÇÃO -------------------------------------------------------- 20
7.5.1 Doença inicial ---------------------------------------------------------------------- 20
7.5.2 Doença refratária ------------------------------------------------------------------- 21
7.5.3 Situações de emergência (ver item 6.1) -------------------------------------------- 22
7.6 TEMPO DE TRATAMENTO ---------------------------------------------------------------- 22
7.7 BENEFÍCIOS ESPERADOS ----------------------------------------------------------------- 22
8 MONITORIZAÇÃO ----------------------------------------------------------------------- 23
9 REGULAÇÃO/CONTROLE/AVALIAÇÃO PELO GESTOR --------------------------- 25
10 TERMO DE ESCLARECIMENTO E RESPONSABILIDADE – TER --------------- 25
REFERÊNCIAS ------------------------------------------------------------------------------- 26
APÊNDICE – METODOLOGIA DE BUSCA E AVALIAÇÃO DA LITERATURA ----- 31
ANEXO - TERMO DE ESCLARECIMENTO E RESPONSABILIDADE --------------- 42
4 MINISTÉRIO DA SAÚDE
1 INTRODUÇÃO
A púrpura trombocitopênica idiopáti- Classifica-se como PTI recentemente diagnos-
ca (PTI), também conhecida como púrpura ticada quando o é em até 3 meses do seu apa-
trombocitopênica imunológica, autoimune recimento e como persistente se tem duração
ou isoimune, foi renomeada recentemente entre 3 e 12 meses (incluindo os pacientes que
pelo Grupo de Trabalho Internacional para não alcançam remissão espontânea ou que não
trombocitopenia imune devido ao reconhe- mantêm resposta completa à terapia, chamados
cimento da patogênese imunológica e pelo refratários). Já a forma crônica ocorre quando a
fato de muitos pacientes não apresentarem doença ultrapassa 12 meses de duração.
púrpura ou manifestações de sangramento Essa doença pode ser classificada, ainda,
na sua vigência. É uma doença geralmente como PTI grave, quando se apresenta com
benigna e de causa desconhecida, que se ca- sangramento suficiente para se indicar trata-
racteriza por trombocitopenia (baixas conta- mento imediato ou na ocorrência de nova he-
gens de plaquetas). Pode ser classificada, de morragia que suscite ou o aumento da dose
acordo com a faixa etária acometida, como terapia adicional com outro medicamento que
infantil ou adulta, e quanto ao tempo de evo- aumente as plaquetas (2).
lução da doença (1). O Quadro 1 resume a classificação da PTI.
Fases da doença
PTI recentemente diagnosticada Diagnóstico até 3 meses
PTI persistente Diagnóstico de 3 a 12 meses
PTI crônica Diagnóstico há mais de 12 meses
Presença de sangramento suficiente para indicar tratamento imediato ou na ocorrência
PTI grave
de nova hemorragia que necessite terapia adicional com outro medicamento.
A PTI é uma das causas mais comuns de pla- aumento desses parâmetros conforme a ida-
quetopenia em crianças, com uma incidência de (1,3). Não há, até o momento, publicações
anual em torno de 4,1 a 9,5 casos por 100 mil a respeito de sua incidência e prevalência na
crianças, com maior número de casos entre 1 população brasileira.
e 5 anos de idade e leve predomínio no sexo Apesar da etiologia desconhecida, reconhe-
masculino, enquanto a distribuição entre sexos cem-se autoanticorpos, geralmente da classe
é igual em adolescentes (1). Dados de estudos IgG, direcionados a antígenos da membrana
epidemiológicos internacionais com adultos plaquetária. Uma vez que a plaqueta apresen-
fornecem uma estimativa de incidência de 1,6 ta um anticorpo aderido à sua membrana, é
a 2,7 casos por 100 mil adultos e uma preva- reconhecida por macrófagos localizados no
lência de 9,5 a 23,6 casos por 100 mil pessoas/ baço e em outras áreas de tecido reticuloen-
ano, com predominância do sexo feminino e dotelial, sendo então destruídas, o que acarre-
5 PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS DA PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA
ta um menor tempo de vida médio plaquetá- nos frequentes o sangramento do trato gas-
rio e, consequentemente, menores contagens trointestinal e genituritário, e raramente há
de plaquetas circulantes (4). sangramento intracraniano. A gravidade dos
Entre crianças e adolescentes, a apresenta- sintomas também está associada com a conta-
ção clínica típica é a ocorrência de sangramentos gem de plaquetas (1,3), sendo maior quando
em pacientes previamente saudáveis. Frequen- em níveis abaixo de 10.000/mm3.
temente, há histórico de processo infeccioso vi- Os pacientes assintomáticos e com conta-
ral nas semanas anteriores ao início do quadro. gem plaquetária acima de 30.000/mm3 tendem
Os sangramentos incluem petéquias, equimo- a seguir um curso clínico favorável, sendo o tra-
ses, sangramento mucoso (gengival, nasal, do tamento restrito aos poucos casos que evoluem
trato urinário e digestivo) e dependem das con- para trombocitopenia grave ou com contagens
tagens de plaquetas, sendo mais comuns e clini- persistentemente abaixo de 20.000/mm3. Sé-
camente significativos quando estão abaixo de ries de casos de pacientes com PTI acompanha-
20.000/mm3, mas sobretudo abaixo de 10.000/ dos ao longo de vários anos demonstram que a
mm3. A ocorrência de sangramento intracrania- morbimortalidade relacionada à doença é bai-
no, complicação grave e potencialmente fatal, é xa, aproximando-se daquela encontrada na po-
rara em crianças, ocorrendo em cerca de 0,5% pulação geral, ao passo que as complicações re-
dos casos, em geral com plaquetas abaixo de lacionadas ao tratamento não são desprezíveis
20.000/mm (3,5). (5,7,8). Tais dados sugerem que o tratamento
Cerca de 70% das crianças acometidas deva ser reservado a pacientes com trombo-
apresenta a forma recentemente diagnostica- citopenia grave e sintomática, uma vez que o
da e autolimitada da doença, definida como a risco de complicações deste decorrentes, como
recuperação das contagens de plaquetas (aci- efeitos adversos, pode ser até maior do que o
ma de 150.000/mm3) em até seis meses, mes- sangramento (5).
mo na ausência de tratamento específico (6). A identificação da doença em seu estágio
A terapia medicamentosa é direcionada para inicial e o encaminhamento ágil e adequado
controle precoce dos sintomas e redução do para o atendimento especializado dão à Aten-
risco de sangramentos graves, não afetando o ção Primária um caráter essencial para um
prognóstico no longo prazo. melhor resultado terapêutico e prognóstico
Na população adulta, ao contrário, as re- dos casos.
missões espontâneas são infrequentes, ocor- Este Protocolo visa a estabelecer os crité-
rendo em menos de 10% dos casos. A apre- rios diagnósticos e terapêuticos da púrpura
sentação clínica caracteriza-se comumente trombocitopênica idiopática. A metodologia
pela presença de petéquias, equimoses, epis- de busca e avaliação das evidências estão de-
taxe, gengivorragia e menorragia, sendo me- talhadas no Apêndice 1.
6 MINISTÉRIO DA SAÚDE
2 CLASSIFICAÇÃO ESTATÍSTICA
INTERNACIONAL DE DOENÇAS E
PROBLEMAS RELACIONADOS À SAÚDE
(CID-10)
3 DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de PTI requer avaliação do históri- • ausência de outras condições clíni-
co clínico e exame físico, além de hemograma com- cas que cursam com trombocitopenia,
pleto e esfregaço de sangue periférico. A confirma- como infecções, doenças autoimunes,
ção do diagnóstico é realizada quando houver (9): neoplasias, efeitos adversos de medica-
• presença de trombocitopenia (menos de mentos, entre outras.
100.000 plaquetas/mm3) isolada, sem al- As causas mais comuns de trombocitopenia
terações nas outras séries do hemogra- constam do Quadro 2.
ma e no esfregaço de sangue periférico;
Fonte: Provan D, Stasi R, Newland AC, Blanchette VS, Bolton-Maggs P, Bussel JB, et al10.
7 PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS DA PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA
Atualmente inexiste exame laboratorial es- crônicas de PTI. A realização de outros exames
pecífico para o diagnóstico de PTI, não sendo laboratoriais pode ser necessária, conforme a
recomendada a dosagem de anticorpos anti- situação clínica, a fim de excluir outras causas
plaquetários devido à baixa acurácia diagnósti- de plaquetopenia, como a medicamentosa,
ca. Pesquisas de anticorpos anti-HIV e anti-HCV devida a doenças mieloproliferativas e defici-
no soro devem ser rotineiramente solicitados ências imunes. Além disso, deve-se avaliar a
em adultos como diagnóstico diferencial, uma medula óssea (obtida por biópsia e aspirado)
vez que a infecção crônica, previamente as- sempre que houver suspeita de neoplasias ou
sintomática, pode se manifestar inicialmente mielodisplasia como causa de plaquetopenia,
com trombocitopenia. A pesquisa para Helico- assim como quando houver anemia ou leuco-
bacter pylori pode ser realizada para investigar penia associadas à plaquetopenia (1,10,11).
essa infecção crônica, em especial nas formas
4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Serão incluídos neste Protocolo os pacientes com diagnóstico de PTI, conforme o item 3 Diag-
nóstico, independentemente da idade, que apresentem:
Para o tratamento de PTI crônica e refratária em adultos (a partir de 18 anos de idade), são
incluídos os pacientes com todas as seguintes características:
5 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Serão excluídos deste Protocolo os pacientes com outras causas de plaquetopenia. Do mesmo
modo, a intolerância medicamentosa ou a contraindicação de um ou mais medicamentos preco-
nizados excluem o paciente de seus respectivos usos.
6 CASOS ESPECIAIS
6.1 Situações de emergência
riores ao parto. Já a metilprednisolona pode ser Para os casos de neonatos com tromboci-
administrada em altas doses (1.000 mg), com- topenia, a verificação da contagem de plaque-
binada com IVIg ou azatioprina. tas e a observação clínica são suficientes. Se a
Nas pacientes com PTI crônica e plaquetopenia contagem de plaquetas for inferior a 20.000/
persistente, sem resposta às medidas terapêuti- mm3 ou ocorrerem hemorragias, a aplicação
cas anteriormente citadas, recomenda-se poster- de dose única de IVIg 1mg/kg é recomenda-
gar, dentro do possível, a realização de esplenec- da, pois produz resposta rápida. Algumas ve-
tomia, visto que parte das pacientes recupera a zes, uma segunda dose de IVIg é necessária
contagem de plaquetas após o parto (10,16). em quatro a seis semanas após o nascimento.
A PTI neonatal de mães com a doença é res- As hemorragias com risco de vida, por sua vez,
ponsável por apenas 3% de todos os casos de devem ser tratadas com transfusão de plaque-
trombocitopenia pós-parto e raramente preci- tas combinada com IVIg (10).
sa ser tratada, contudo pode durar vários me- Em revisão sistemática Cochrane, foi iden-
ses e requer monitorização em longo prazo. tificado um ensaio clínico randomizado que
Revisões mais recentes sugerem que a mor- comparou o uso de betametasona em baixas
talidade neonatal de mães com PTI é menor doses com placebo em gestantes com PTI, não
que 1%. A trombocitopenia grave em neona- havendo prevenção da trombocitopenia ou da
tos (plaquetas < 50.000/mm3) ocorre em torno hemorragia no neonato ao nascimento e na
de 8,9% a 14,7%, enquanto que a hemorragia primeira semana de vida (17,18).
intracraniana ocorre em 0% a 1,5% daqueles
com trombocitopenia10.
7 TRATAMENTO
O objetivo da terapia para PTI é reduzir o risco cerca de 90% dos casos. Os estudos acerca do
de sangramento clinicamente relevante. Assim, prognóstico e da terapêutica em adultos são
a necessidade de intervenção é guiada por sin- mais escassos em relação aos disponíveis para
tomas de sangramento e contagem de plaquetas as crianças, o que contribui para que muitos
(inferior a 20.000mm3). A escolha da terapia de- resultados obtidos no tratamento da forma in-
pende da rapidez com que a contagem de pla- fantil sejam utilizados no da forma adulta.
quetas precisa ser aumentada e dos diferentes No Brasil, um estudo sobre os padrões de
perfis de toxicidade das terapias disponíveis (12). tratamento da PTI em dois estados mostra que
O tratamento convencional da PTI em crian- a monoterapia (Corticoide como primeira li-
ças começa com a observação clínica e labora- nha de tratamento) é a mais comumente utili-
torial (contagem de plaquetas), uma vez que zada, seguida de combinação de terapias (cor-
80% delas melhoram espontaneamente, ou ticoide associado a IVIg). Esse estudo apontou
seja sem tratamento, em até seis meses. A mes- a necessidade de esplenectomia em 22% dos
ma conduta é adotada com adultos, desde que pacientes após falha da primeira linha de tra-
não haja sangramentos. No entanto, a maioria tamento e que os recursos e gastos com exa-
dos adultos necessita de tratamento (11). mes laboratoriais e tratamentos com medica-
A história natural de PTI em adultos é di- mentos e cirurgia são os que mais impactam
ferente da forma infantil, sendo crônica em na carga da doença (19).
11 PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS DA PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA
mg/m2/dia) com o de placebo por 21 dias e ob- 2004, foram incluídos na revisão sistemática e
servaram uma redução significativa do período na meta-análise realizada por Beck e colabo-
de plaquetopenia com o emprego do corticos- radores (44). Essa meta-análise incluiu dez en-
teroide. Já Bellucci e colaboradores (31) com- saios clínicos randomizados que compararam
pararam o uso de baixas doses de corticosteroi- o uso IVIg ao de corticosteroides em crianças
de (0,25 mg/kg/dia de prednisona) com doses (3 meses a 18 anos) com diagnóstico de PTI
convencionais (1 mg/kg/dia de prednisona) em sem tratamento prévio. Os esquemas de tra-
crianças e adultos com PTI, sem evidência de tamento variaram de acordo com os estudos,
diferenças após 21 dias de tratamento. tanto em relação ao uso de imunoglobulina
Os efeitos adversos dos corticosteroides in- humana quanto ao de corticosteroides. O des-
cluem alterações do comportamento, distúr- fecho principal foi a presença de contagem de
bios do sono, aumento do apetite, ganho de plaquetas acima de 20.000/mm3 após 48 horas
peso, edema, osteoporose, hiperglicemia, in- do início do tratamento. Os desfechos secun-
fecções oportunistas e sintomas gástricos (11). dários foram desenvolvimento de PTI crônica
Além disso, há possibilidade de aumento de (definida como contagem de plaquetas abaixo
pressão e de metrorragia. de 150.000/mm3 após seis meses), presença de
Prednisona e metilprednisolona estão in- sangramento intracraniano e mortalidade (44).
dicadas no tratamento inicial de crianças com Dos dez estudos incluídos na meta-análise,
sangramentos sem repercussão clínica signi- seis permitiram a identificação do desfecho
ficativa, como petéquias, púrpura, epistaxe e principal, totalizando 401 pacientes. Os dados
gengivorragia leves (32). demonstraram significativa redução relativa de
Para crianças com PTI persistente ou crônica, risco de 26% em favor do grupo que recebeu
o objetivo é manter a contagem de plaquetas imunoglobulina humana em comparação ao
em níveis que controlem a homeostase com o que recebeu corticosteroide, com um número
medicamento de primeira linha, minimizando o necessário para tratar (NNT) de cinco pacientes.
uso de corticoides por tempo prolongado. De- Análises de subgrupo, contudo, sugerem que
xametasona (de 28 mg/m2/dia a 40 mg/m2/dia) esse benefício seja independente do esquema
pode ser utilizada para casos refratários, com de imunoglobulina humana ou corticosteroide
resposta em 86% dos pacientes e com 67% des- utilizado. O desenvolvimento de PTI crônica
tes atingindo níveis de plaquetas de pelo me- ocorreu em 25% dos pacientes que recebe-
nos 50x109/L por uma média de 26 meses. No ram corticosteroides e em 18% dos que rece-
entanto, os efeitos adversos são significativos beram imunoglobulina humana (p=0,04), com
(insônia, agressividade, perda de concentra- dados disponíveis de nove estudos. Dados re-
ção). Como alternativa ao uso de IVIg, também ferentes a sangramento intracraniano e morte
pode ser usada metilprednisolona em doses al- estavam disponíveis para 586 pacientes (nove
tas em um curso de sete dias, começando com estudos), tendo ocorrido dois casos de sangra-
30 mg/kg/dia por três dias, seguido de 20 mg/ mento intracraniano no grupo que recebeu cor-
kg/dia nos dias restantes (10). ticosteroide, com relato de boa recuperação ao
evento, e um episódio entre os pacientes que
7.1.2 Imunoglobulina humana intravenosa receberam imunoglobulina humana, represen-
tando o único óbito identificado (44).
Diversos ensaios clínicos randomizados Um ensaio clínico randomizado desenhado
avaliaram o uso de IVIg em crianças com PTI para determinar se o uso de imunoglobulina
(25,33-43). Os principais deles, publicados até previne o desenvolvimento de PTI crônica em
13 PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS DA PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA
12 meses não observou diferenças entre o uso Estudo semelhante, publicado por Taranti-
de imunoglobulina em relação à observação no e colaboradores (43), comparou o uso de
criteriosa, encontrando taxas de PTI crônica imunoglobulina anti-D (doses de 50 mcg/kg
em 10,2% e 10,4%, respectivamente (45). e 75 mcg/kg) com o de imunoglobulina con-
Já em ensaio clínico randomizado duplo-ce- vencional (0,8 g/kg) em crianças com PTI agu-
go, controlado por placebo, houve a compara- da sem tratamento prévio e com plaquetas <
ção de imunoglobulina com ou sem alta dose 20.000/mm3. O desfecho principal foi a conta-
de metilprednisolona em crianças com PTI que gem de plaquetas acima de 20.000/mm3 após
apresentaram sangramento grave. A taxa de 24 horas de tratamento, mostrando resultado
resposta em 24 horas, definida como plaquetas semelhante com imunoglobulina convencio-
> 50.000/mm3, foi significativamente maior na nal (77%) e imunoglobulina anti-D na dose de
terapia combinada (77% vs 50%) (46). 75 mcg/kg (72%), que foram superiores à anti-
Diante do exposto e da potencial recupera- -D na dose de 50 mcg/kg (50%; p=0,03).
ção mais rápida da plaquetopenia em mais de Um terceiro estudo comparando o uso de
80% das crianças em comparação com corticoi- imunoglobulina anti-D (75 mcg/kg) com imu-
des ou tratamento expectante, a IVIg é indicada noglobulina convencional (1g/kg por dois
para casos de sangramento mucoso com maior dias) em crianças com PTI aguda e contagem
repercussão clínica (epistaxe e gengivorragia de plaquetas abaixo de 20.000/mm3, sem tra-
volumosas ou sangramento do trato digesti- tamento prévio, foi publicado por Shahgholi e
vo ou urinário). Recomenda-se dose única de colaboradores (42). A resposta ao tratamento
0,8 mg/kg a 1 mg/kg, podendo ser repetida após 72 horas foi superior no grupo que rece-
conforme contagem de plaquetas. A resposta beu imunoglobulina convencional (98% versus
acontece entre um e dois dias. Nos casos com 76%; p=0,017). Dois outros ensaios clínicos
sangramento grave e situações de risco, reco- não mostraram vantagens quando compara-
menda-se a associação com alta dose de metil- dos a imunoglobulina, sendo que houve maior
prednisolona ou transfusão de plaquetas (10). taxa de queda de hemoglobina nos pacientes
Os efeitos adversos mais comuns da imuno- que usaram anti-D (48,49).
globulina convencional incluem náusea, vômi- Os mais recentes estudos a compararem
tos, cefaleia, febre e neutropenia (10) . esses tratamentos apresentaram resultados
semelhantes, com tendência a maior benefí-
7.1.3 Imunoglobulina anti-D cio com o uso da imunoglobulina convencio-
nal (50). Tendo em vista que a imunoglobulina
A comparação do uso de imunoglobulina anti-D não apresenta vantagens clínicas sobre
anti-D (50 mcg/kg, repetida semanalmente a imunoglobulina convencional, seu uso não é
conforme a necessidade) com imunoglobuli- recomendado neste Protocolo.
na convencional (250 mg/kg por dois dias) em
crianças com PTI crônica, contagem de pla- 7.1.4 Esplenectomia
quetas abaixo de 30.000/mm3 e episódios re-
correntes de sangramento foi motivo de estu- Em crianças com a forma crônica da doen-
do publicado por El Alfy e colaboradores (47). ça, o tratamento deverá seguir as mesmas re-
Após sete dias, não houve diferença entre os comendações da forma crônica adulta. Um
grupos em relação à presença de contagem pequeno percentual de crianças com a forma
de plaquetas acima de 50.000/mm3 (66,6% e persistente e crônica apresentará sangramen-
75%, respectivamente). tos recidivantes e necessidade de tratamentos
14 MINISTÉRIO DA SAÚDE
com resposta completa de 50,5% x 26,8% laboradores (53), envolvendo 18 adultos com
(46). O controle de longo prazo em um ano foi PTI crônica, sem esplenectomia prévia, tendo
maior no grupo que usou dexametasona 77% como desfecho principal a contagem de pla-
x 22%. Essa dose pode ser repetida a cada quetas. A resposta seria considerada comple-
14 dias em 4 ciclos, produzindo resposta em ta se a contagem estivesse acima de 150.000/
86% dos pacientes e tendo duração média de mm3, e parcial se acima de 50.000/mm3. Todos
8 meses em 74% (52). Portanto, a dexameta- os pacientes responderam inicialmente ao tra-
sona está indicada para o tratamento inicial tamento (resposta completa em 13 e parcial
de adultos com plaquetopenia grave (abaixo em 5), sem diferença entre os grupos. Porém,
de 20.000 plaquetas/mm3) assintomática ou após 90 dias, as contagens plaquetárias de 11
com sangramentos sem repercussão clínica pacientes retornaram a valores semelhantes
significativa, como petéquias, púrpura, epis- aos registrados previamente, o que foi consi-
taxe e gengivorragia leves. derado falha do tratamento. Novamente, não
A administração parenteral de altas doses houve diferença entre os grupos em relação à
de metilprednisolona tem sido usada em vá- falha terapêutica, embora o pequeno número
rios esquemas para tratar pacientes com falha de pacientes limite maiores conclusões.
na primeira linha terapêutica, obtendo 80% Em ensaio clínico randomizado, publicado
de taxa de resposta. Entretanto, pela duração por Jacobs e colaboradores (54), foi compa-
curta do seu efeito, corticoides orais são ne- rado o uso de corticosteroide oral (1 mg/kg/
cessários para manutenção da resposta (11). dia de prednisona) com o de imunoglobulina
humana intravenosa (400 mg/kg nos dias 1 a
7.2.2 Imunoglobulina humana intravenosa 5) ou a combinação de ambos, tendo como
desfecho principal a contagem de plaquetas
Não foram identificados estudos randomi- acima de 50.000/mm3 em 43 adultos com PTI
zados comparando o uso de imunoglobulina sem tratamento prévio. A imunoglobulina hu-
humana com o de placebo no tratamento de mana, combinada ou não ao corticosteroide,
adultos com PTI durante a busca realizada para não demonstrou superioridade em relação à
elaborar este Protocolo. Estudos ao longo dos monoterapia com corticosteroide.
últimos 20 anos demonstram que o efeito de Diferentes doses de imunoglobulina huma-
altas doses de IVIg é comparável ao dos corti- na (0,5 g/kg e 1 g/kg no dia 1) foram compara-
coides, mas com resposta em menor tempo. A das em ensaio clínico randomizado publicado
resposta para muitos dos pacientes acontece por Godeau e colaboradores (55) envolvendo
em 24 horas e, tipicamente, entre dois e qua- 37 adultos com PTI. A resposta era avaliada
tro dias. Até 80% dos pacientes respondem no dia 4, sendo considerados respondedores
inicialmente, e metade alcançou contagem de os pacientes com plaquetas acima de 80.000/
plaquetas normais. A duração da resposta sus- mm3 e com pelo menos o dobro do valor ini-
tentada é usualmente transitória, com as pla- cial. A taxa de resposta foi significativamente
quetas voltando aos níveis pré-tratamento em maior no grupo que recebeu a dose de 1 g/kg
duas a quatro semanas, podendo persistir por (67% versus 24%; p=0,01). Não houve acom-
meses em alguns pacientes (11). panhamento em longo prazo dos pacientes.
A comparação entre duas doses diferentes Os mesmos autores publicaram o maior en-
de IVIg (1 g/kg contra 2 g/kg, ambas em dois saio clínico em adultos disponível, envolvendo
dias consecutivos) foi o propósito do ensaio clí- 122 pacientes com PTI e contagem de plaque-
nico randomizado publicado por Godeau e co- tas abaixo de 20.000/mm3, sem tratamento
16 MINISTÉRIO DA SAÚDE
ta foram, respectivamente, 29% e 39%. Já no adversos, quatro (21%) do grupo que recebeu
subgrupo com contagem de plaquetas abaixo alcaloides da vinca e um paciente (5,8%) do
de 10.000/mm3 (n=20), as taxas de resposta grupo tratado com danazol. Os autores con-
parcial e completa foram, respectivamente, cluíram que, apesar de eficácia semelhante, os
35% e 40%, com 25% dos pacientes não apre- efeitos adversos limitam o uso da vincristina.
sentando resposta ao tratamento (62). Estudo realizado por Maloisel e colabora-
O danazol foi avaliado em um total de 90 dores (64) avaliou a resposta a danazol em pa-
pacientes, provenientes de 11 estudos obser- cientes com PTI crônica e refratária (n=27) e
vacionais diferentes, os quais demonstraram em pacientes com contraindicação ou recusa
haver resposta clínica completa, resposta par- a corticosteroides e esplenectomia (n=30). Foi
cial e ausência de resposta em, respectiva- utilizada dose inicial de 600 mg/dia, a qual po-
mente, 1 (1%), 53 (59%) e 36 (41%) indivíduos, deria ser reduzida para até 200 mg/dia após
quando analisados conjuntamente. Ao avaliar seis meses de tratamento se a remissão fosse
os subgrupos de pacientes com contagens mantida. A taxa de resposta global foi de 67%,
de plaquetas abaixo de 30.000/mm3 (n=52) e dos quais nove pacientes (16%) apresenta-
abaixo de 10.000/mm3 (n=15), as taxas de res- ram remissão completa da doença. A resposta
posta parcial foram, respectivamente, 71% e ao tratamento não diferiu entre os pacientes
93%. Não houve pacientes com resposta com- submetidos previamente à esplenectomia e
pleta nesses subgrupos (62). não esplenectomizados. A duração média da
O uso de vincristina foi avaliado em 103 resposta foi de três anos. Na maior parte dos
pacientes de 12 estudos observacionais dife- pacientes houve boa tolerância ao tratamen-
rentes, que, analisados conjuntamente, de- to, com efeitos adversos leves. Contudo, nove
monstraram haver resposta clínica completa, deles (16%) abandonaram o uso de danazol
resposta parcial e ausência de resposta em, por eventos adversos significativos, sendo os
respectivamente, 9 (9%), 46 (45%) e 48 (46%) mais comuns alteração de aminotransferases/
indivíduos. Quando avaliados os subgrupos transaminases - AST/TGO e ALT/TGP - (n=5) e
com contagens de plaquetas abaixo de 30.000/ hipertensão intracraniana (n=2).
mm3 (n=34) e abaixo de 10.000/mm3 (n=8), as O uso de eltrombopague, um estimulador
taxas de resposta parcial foram, respectiva- da trombopoetina, tem se mostrado eficaz na
mente, 50% e 63%. No subgrupo com conta- elevação da contagem de plaquetas e na re-
gens de plaquetas abaixo de 30.000/mm3, a dução de sangramentos em pacientes adul-
taxa de resposta completa foi de 9% (62). tos e crianças a partir de 6 anos de idade com
O estudo observacional publicado por PTI e previamente tratados com pelo menos
Schiavotto e colaboradores (63) buscou avaliar uma linha de tratamento. Tal resultado pôde
a resposta a condutas de tratamento em pa- ser verificado por meio de ensaios clínicos
cientes com PTI refratária ou com contraindi- randomizados (65-68) com período curto de
cação a esplenectomia e corticosteroides. Os acompanhamento, variando de seis semanas
pacientes foram alocados de forma não ran- a seis meses. O medicamento é bem tolerado,
domizada para receber alcaloides da vinca (19 mas está associado a eventos adversos, como
pacientes), azatioprina (11 pacientes) ou da- alterações das enzimas hepáticas aminotrans-
nazol (17 pacientes), e as taxas de resposta fo- ferases/transaminases, risco de complicações
ram, respectivamente, 63%, 45% e 56%, sem trombóticas/tromboembólicas, cefaleia, insô-
diferença significativa entre os grupos. Dois nia, fadiga, anemia, náusea, diarreia, mialgias,
pacientes (18%) do grupo da azatioprina inter- estado gripal, astenia, edema periférico, sín-
romperam o tratamento em virtude de efeitos drome gripal e rash cutâneo.
19 PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS DA PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA
As diretrizes de 2011 da Sociedade America- ta a maior experiência com seu uso e com o
na de Hematologia recomendam os agonistas controle de efeitos adversos. Na ocorrência
do receptor da trombopoietina somente para de falha terapêutica, os pacientes devem ser
pacientes com risco de sangramento e recidiva tratados com eltrombopague. No caso de fa-
após a esplenectomia ou com contraindicação lha deste, os pacientes deverão ser tratados
ao procedimento e após falha a pelo menos com danazol, com exceção de crianças e ado-
uma terapia. Ou seja, esses medicamentos são lescentes pré-púberes, em vista do potencial
indicados apenas para doença refratária (58). de virilização desse medicamento e de segu-
Na atualização do presente Protocolo, foram rança incerta nessa faixa etária. A vincristina
avaliadas as inclusões dos medicamentos el- é reservada aos casos de falha terapêutica ou
trombopague e romiplostin, dos quais somente refratariedade aos demais agentes (azatiopri-
o eltrombopague foi incorporado (69,70). na/ciclofosfamida, eltrombopague e danazol)
Recomenda-se que pacientes com PTI re- ou a crianças e adolescentes pré-púberes com
fratária sejam inicialmente tratados com refratariedade ou falha a ciclofosfamida/aza-
azatioprina ou ciclofosfamida, tendo em vis- tioprina e eltrombopague.
7.4 Fármacos
Prednisona: comprimidos de 5 mg e 20 mg
Ciclofosfamida: drágeas de 50 mg
Azatioprina: comprimidos de 50 mg
Prednisona
Adultos: 1 mg/kg/dia, por via oral, com redução progressiva da dose após adequada
resposta terapêutica
Dexametasona
Adultos: 40 mg/dia, por via oral ou intravenosa, durante quatro a oito dias
Metilprednisolona
Crianças e adolescentes: 0,8 g/kg a 1 g/kg por dia, por via intravenosa, durante um
a dois dias (repetir no segundo dia se a plaquetometria estiver abaixo de 20.000
plaquetas/mm3)
Adultos: 1 g/kg por dia, por via intravenosa, durante um a dois dias (repetir no se-
gundo dia se a plaquetometria estiver abaixo de 20.000 plaquetas/mm3)
21 PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS DA PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA
Azatioprina
Ciclofosfamida
Crianças, adolescentes e adultos: 50 mg/m2 a 100 mg/m2, por via oral, diariamente
Eltrombopague
Crianças acima de 6 anos, adolescentes e adultos: dose inicial de 50 mg, por via oral,
uma vez ao dia. Ajustar dose para atingir contagem de plaquetas > 50.000/mm3
até dose máxima de 75 mg/dia. Para pacientes com ascendência asiática, incluindo
aqueles com insuficiência hepática, a dose inicial deve ser de 25 mg, por via oral,
uma vez ao dia
Danazol
Vincristina
Crianças, adolescentes e adultos: 1,4 mg/m2 (até a dose máxima de 2 mg), por via
intravenosa, uma vez por semana, por quatro semanas consecutivas, a cada seis
semanas
22 MINISTÉRIO DA SAÚDE
Metilprednisolona
Imunoglobulina humana intravenosa: 0,8 g/kg a 1 g/kg por um a dois dias (repete-se a dose
no segundo dia caso a contagem de plaquetas permaneça abaixo de 50.000/mm3)
8 MONITORIZAÇÃO
Crianças e adolescentes com quadro agu- 10.000/mm3. Quando as contagens estiverem
do de PTI devem contar com hemograma entre 10.000/mm3 e 20.000/mm3, o hemogra-
completo diariamente enquanto houver ma com plaquetas deve ser realizado sema-
sangramento ativo ou a critério médico se nalmente até que três contagens estáveis se-
as contagens de plaquetas estiverem abaixo jam obtidas, momento em que o exame pode
de 10.000/mm3. Uma reavaliação clínica é ser espaçado para cada duas ou três semanas
sugerida após três semanas do quadro ini- a critério médico. Quando as contagens esti-
cial, com nova contagem de plaquetas. Re- verem acima de 20.000/mm3, o hemograma
comenda-se ainda uma avaliação entre três com plaquetas pode ser realizado inicialmente
e seis meses com novo hemograma comple- a cada quatro semanas, intervalo que pode ser
to, a fim de identificar os eventuais casos ampliado para cada seis ou oito semanas após
que evoluirão para a forma crônica. Pacien- três medidas estáveis.
tes que desenvolverem essa forma deverão Deve ser realizada monitorização clinico-
ser monitorizados do mesmo modo propos- -laboratorial adicional, independentemente
to para os adultos. do que foi referido para acompanhamento da
Os adultos devem ser monitorizados, ini- doença, nos pacientes em tratamento para PTI
cialmente, com hemograma completo diaria- crônica e refratária, de acordo com o medica-
mente enquanto houver sangramento ativo mento em uso, conforme descrito abaixo.
ou a critério médico, se as contagens de pla- Pacientes em uso de azatioprina devem
quetas estiverem abaixo de 10.000/mm3. O contar com dosagem de aminotransferases/
hemograma com plaquetas deve ser repetido transaminases hepáticas (AST/TGO e ALT/TGP)
após três semanas e cerca de três a seis meses a cada oito semanas. Se houver elevação des-
do episódio inicial. sas enzimas entre 3 e 5 vezes o valor de re-
Nos pacientes com contagens normais no ferência, recomenda-se redução da dose pela
acompanhamento, a solicitação de exames metade. Se houver elevação superior a 5 ve-
futuros ficará a critério do médico assisten- zes o valor de referência, o medicamento deve
te, conforme a evolução clínica. Para aqueles ser suspenso. Também deve-se atentar para a
que evoluírem para a forma crônica, sugere- ocorrência de leucopenia e neutropenia. Em
-se avaliação médica e hemograma com pla- pacientes com contagens de leucócitos entre
quetas a cada três ou quatro meses quando o 3.000/mm3 e 4.000/mm3, sugere-se observa-
quadro for estável e as contagens seguras (aci- ção com hemogramas pelo menos a cada duas
ma de 30.000 plaquetas/mm3) nos primeiros semanas e, se houver persistência por quatro
dois anos de acompanhamento, podendo-se ou mais semanas, redução de 25% da dose. Se
espaçar as avaliações após esse período nos os leucócitos se situarem entre 2.000/mm3 e
pacientes com evolução favorável. 3000/mm3 ou se os neutrófilos estiverem en-
Os pacientes com a forma crônica refratária tre 1.000/mm3 e 1.500/mm3, sugere-se redu-
com indicação de tratamento por este PCDT ção de 50% da dose. Se as contagens de leucó-
deverão realizar hemograma com plaquetas citos estiverem abaixo de 2.000/mm3 ou as de
de duas a três vezes por semana enquanto as neutrófilos estiverem abaixo de 1.000/mm3,
plaquetas estiverem em contagens abaixo de sugere-se a interrupção do uso do medica-
24 MINISTÉRIO DA SAÚDE
mento. Nos casos de suspensão, pode ser ten- ária. A dose diária não pode ser maior que 75
tado o reinício com redução da dose em 50%, mg, e caso o paciente não apresente resposta
caso esta não tenha sido realizada previamen- após quatro semanas, é indicado suspender o
te. Nos casos que necessitem de duas ou mais tratamento. Se houver necessidade, pode-se
suspensões por toxicidade, o medicamento considerar diminuição da dose para 25 mg/dia
deve ser interrompido de forma definitiva. em dias alternados. Monitorar as contagens
Pacientes em uso de ciclofosfamida devem de plaquetas sempre que a dose for ajustada,
realizar hemograma para avaliar a ocorrência pelo menos uma vez por semana durante duas
de leucopenia a cada duas semanas. Se a leu- a três semanas. Além das plaquetas, há neces-
cometria estiver entre 2.500/mm3 e 3.500/ sidade de avaliar hemograma, esfregaço peri-
mm3, deve ser realizada redução da dose em férico e provas de função hepática ao longo do
25%. Na ocorrência de leucometria entre tratamento até a estabilização do quadro (71).
2.000/mm3 e 2.500/mm3, a redução da dose Pacientes em uso de danazol deverão reali-
deve ser de 50%. O medicamento deve ser zar provas hepáticas (AST/TGO, ALT/TGP, fosfa-
suspenso temporariamente se a contagem de tase alcalina) e perfil lipídico (colesterol total,
leucócitos estiver abaixo de 2.000/mm3, devi- DHL e triglicerídeos) mensalmente, nos pri-
do ao risco de infecções oportunistas. Nos ca- meiros três meses e, após, a cada seis meses,
sos de suspensão, pode ser tentado o reinício e ultrassonografia abdominal anualmente. Na
com redução de dose em 50% (se já não reali- ocorrência de elevações entre 3 e 5 vezes o
zada previamente). Nos casos que necessitem valor da normalidade das aminotransferases/
de duas ou mais suspensões por toxicidade, o transaminases (AST/TGO e ALT/TGP), a dose
medicamento deve ser interrompido de forma de danazol deve ser reduzida em 25%. Eleva-
definitiva. Nesse cenário, a dosagem de creati- ções superiores a 5 vezes o valor da normali-
nina deve ser realizada mensalmente. dade requerem interrupção do medicamento
Pacientes em uso de eltrombopague devem e reinício com dose 50% menor. Pacientes que
avaliar os níveis séricos de ALT/TGP, AST/TGO apresentarem alterações em dosagem de ami-
e bilirrubina antes de iniciarem o tratamento, notransferases/transaminases devem ter seus
a cada duas semanas durante a fase de ajus- níveis avaliados pelo menos a cada oito sema-
te da dose e mensalmente após o estabeleci- nas até a estabilização. Alterações no perfil li-
mento de uma dose estável. Deve-se realizar pídico devem ser manejadas inicialmente com
contagens de plaquetas uma vez por semana orientações dietéticas, ficando o tratamento
no primeiro mês de tratamento e, posterior- medicamentoso reservado aos casos com al-
mente, uma vez ao mês, até atingir a conta- teração persistente ou a critério do médico
gem > 50.000/mm3. Se as plaquetas persisti- assistente. O surgimento de lesão hepática
rem < 50.000/mm3, é indicado aumentar a suspeita de neoplasia diagnosticada por meio
dose diária. Se contagem de plaquetas estiver de ultrassonografia abdominal deve acarretar
entre 200.000/mm3 e 400.000/mm3, é indica- suspensão imediata do uso de danazol.
do diminuir a dose em 25 mg/dia, avaliando Pacientes em uso de vincristina deverão re-
novamente em duas semanas. Se a contagem alizar hemograma a cada seis semanas para
de plaquetas for > 400.000/mm3, é necessá- avaliar a contagem de leucócitos. Para pacien-
rio interromper o tratamento e reavaliar a tes com contagens entre 3.000/mm3 e 4.000/
contagem duas vezes por semana até atingir mm3, sugere-se observação com hemogramas
< 150.000/mm3, quando o paciente poderá pelo menos a cada duas semanas e, se houver
reiniciar o tratamento com a menor dose di- persistência por quatro ou mais semanas, redu-
25 PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS DA PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA
ção da dose em 25%. Se a leucometria se situar verão, ainda, ser monitorizados clinicamente, a
entre 2.000/mm3 e 3.000/mm3 ou os neutrófi- cada seis semanas, em relação à ocorrência de
los encontrarem-se entre 1.000/mm3 e 1.500/ neuropatia periférica. Pacientes que apresenta-
mm3, sugere-se redução da dose em 50%. Nos rem neuropatia periférica sensitiva ou motora
casos em que a contagem de leucócitos for me- deverão ser monitorizados a cada três semanas.
nor de 2.000/mm3 ou a de neutrófilos menor Naqueles com alterações leves (sem qualquer
de 1.000/mm3, sugere-se a suspensão do uso repercussão na vida diária), a dose deverá ser
do medicamento. Nos casos de suspensão, po- reduzida em 25%; naqueles com grau mode-
de-se reiniciar o tratamento com redução da rado (repercussão leve nas atividades de vida
dose em 50% (se já não realizada previamente). diária), a dose deverá ser reduzida em 50%;
Se forem necessárias duas ou mais suspensões pacientes com neuropatia grave, com limitação
por toxicidade, o medicamento deve ser inter- significativa nas atividades diárias, deverão ter
rompido de forma definitiva. Os pacientes de- o tratamento interrompido em definitivo.
9 REGULAÇÃO/CONTROLE/AVALIAÇÃO
PELO GESTOR
Devem ser observados os critérios de inclu- seu adequado diagnóstico, inclusão no proto-
são e exclusão de pacientes neste Protocolo, colo de tratamento e acompanhamento.
a duração e a monitorização do tratamento, Verificar na Relação Nacional de Medica-
bem como a verificação periódica das doses mentos Essenciais (RENAME) vigente em qual
prescritas e dispensadas e a adequação de uso componente da Assistência Farmacêutica se
dos medicamentos. Doentes de púrpura trom- encontram os medicamentos preconizados
bocitopênica idiopática refratária devem ser neste Protocolo.
atendidos em serviços de hematologia para
10 TERMO DE ESCLARECIMENTO E
RESPONSABILIDADE (TER)
Deve-se cientificar o paciente ou seu responsável legal sobre os potenciais riscos, benefícios e
efeitos colaterais relacionados ao uso dos medicamentos, levando-se em consideração as infor-
mações contidas no TER.
26 MINISTÉRIO DA SAÚDE
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71. Eltrombopague [Bula de remédio]. São Paulo: Novartis Biociências S.A.; 2017.
72. Matschke, J. et al. A Randomized Trial of Daily Prednisone versus Pulsed Dexamethasone
in TreatmentNaive Adult Patients with Immune Thrombocytopenia: EIS 2002 Study. Acta
Haematol., [s.l.], v. 136, n. 2, p. 101-107, 2016.
73. Wei, Y. et al. High-dose dexamethasone vs prednisone for treatment of adult immune
thrombocytopenia: a prospective multicenter randomized trial. Blood, [s.l.], v. 127, n. 3, p.
296-302, 2016.
31 PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS DA PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA
APÊNDICE
METODOLOGIA DE
BUSCA E AVALIAÇÃO
DA LITERATURA
32 MINISTÉRIO DA SAÚDE
B) Grupo Elaborador
Eltrombopague
Foi elaborado um parecer técnico-científico a fim de revisar a literatura sobre a eficácia, efe-
tividade e segurança do eltrombopague. Este foi submetido para avaliação inicial na 66ª reunião
da CONITEC, em 9 de maio de 2018. Posteriormente, foi submetido a consulta pública no período
de 26 de maio a 16 de junho de 2018, e para avaliação final na 72ª Reunião da CONITEC, em 8 de
novembro do mesmo ano. A decisão do secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos
foi favorável à incorporação do eltrombopague olamina no tratamento da púrpura trombocitopê-
33 PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS DA PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA
nica idiopática (PTI), no âmbito do Sistema Único de Saúde, mediante a Portaria SCTIE/MS nº 72,
de 11 de dezembro de 2018.
Romiplostim
Este medicamento foi avaliado pela CONITEC, inicialmente, na 65ª reunião, em 4 de abril de
2018. Submetido a consulta pública no período de 28 de abril a 17 de maio de 2018, e para avalia-
ção final na 72ª Reunião da CONITEC, em 8 de novembro. A decisão do secretário SCTIE foi de não
incorporar o romiplostim para o tratamento de púrpura trombocitopênica idiopática (PTI) crônica
e refratária em alto risco de sangramento, no âmbito do Sistema Única de Saúde, mediante a Por-
taria SCTIE nº 69, de 11 de dezembro de 2018.
A fim de guiar a revisão do PCDT vigente, foi realizada busca na literatura sobre intervenções
terapêuticas definidas pela pergunta PICO estabelecida no Quadro 3.
Tipos de estudos Revisões sistemáticas com ou sem meta-análises e ensaios clínicos randomizados
Além da pergunta PICO, a seleção dos artigos levou em consideração os seguintes critérios de inclusão:
• Medicamentos registrados no Brasil
• Estudos de intervenção terapêutica.
O Quadro 4 apresenta as estratégias de busca utilizadas, bem como o número de artigos loca-
lizados e selecionados.
A fim de guiar a revisão do PCDT vigente, foi realizada busca na literatura sobre diagnóstico nos
principais consensos e guidelines internacionais. O Quadro 5 apresenta as estratégias de busca
realizadas, bem como o número de artigos localizados e selecionados.
A seleção dos artigos levou em considerações os seguintes critérios de inclusão:
• Diagnóstico de PTI
• Aspectos epidemiológicos da PTI
• Testes laboratoriais para PTI.
Para informações adicionais de dados nacionais sobre a doença, também foi realizada uma
busca, conforme Quadro 6, que apresenta as estratégias de buscas realizadas, bem como o núme-
ro de artigos localizados e selecionados.
Da versão anterior do PCDT, 50 referências foram mantidas e 8 novas acrescentadas a partir das
buscas e da seleção de artigos realizadas. Também foram acrescentadas quatro referências para
atualização de outras informações do PCDT.
35 PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS DA PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA
A randomized, double- - Ensaio clínico randomizado, Número de - Idade média: 8 Intervenção: Primário: - A proporção de pacientes com - Estudo em
blinded, placebo duplo-cego, controlado por participantes: 32. anos (1,2-17,5). - Metilprednisolona - Melhora na plaquetas ≥ 50x109/L nas primeiras 24 população
controlled study of IVIG placebo. IV 30 mg/kg (máx. contagem de horas foi de 77% na terapia combinada pediátrica.
Vs. IVIG with high dose - 22 do sexo 1g) durante 1 plaquetas nas vs. 50% na terapia isolada (p<0,0001).
methylprednisolone Critérios de inclusão: crianças masculino e 10 do hora, seguida de primeiras 24 - Avaliação de
in rapidly augmenting (1-17 anos) com púrpura sexo feminino. imunoglobulina IV horas que se - Houve queda estatisticamente curto prazo.
platelet counts in trombocitopênica primária 1 g/kg em infusão seguiram à significativa na Hb média pós-
childhood ITP, 201646. aguda (< 6 meses desde o - 16 com doença rápida (máx. de 3 administração da tratamento em todos os pacientes, - Situações de
diagnóstico) ou crônica (> 6 aguda e 16 com horas). terapia. não havendo diferença entre tipos urgência.
meses), com contagem de doença crônica. sanguíneos O e não O ou entre os
plaquetas < 20x109/L e com Controle: Secundários: grupos de tratamento (133,3 [13,6] g/L
indicação de tratamento com - 11 com tipo - Placebo IV durante - Número de dias para 121,6 [14,2] g/L no tempo +8h).
imunoglobulina IV. sanguíneo O, 14 1 hora seguido de para queda das
com tipo A e 7 com imunoglobulina IV 1 plaquetas para <
Objetivo: avaliar a rapidez do tipo B. g/kg. 20 x 109/L.
aumento das plaquetas e os - Efeitos adversos.
eventos adversos associados - 14 pacientes - Qualidade de
em ambos os esquemas. randomizados vida.
para receber
metilprednisolona IV
+ imunoglobulina IV
e 18 para placebo +
imunoglobulina IV.
Tempo de
acompanhamento:
21 dias.
CONTINUA
36 MINISTÉRIO DA SAÚDE
CONTINUAÇÃO
Título do artigo/ População do Intervenção/ Limitações/
Desenho Amostra Desfechos Resultados
ano estudo controle considerações
Treatment with - Ensaio clínico Número de - 109 pacientes Intervenção: infusão Primário: - Não houve diferença - População
Intravenous randomizado. participantes: do sexo masculino de 0,8 g/kg de - Evolução para estatisticamente significativa quanto pediátrica.
Immunoglobulin 200. e 91 do sexo imunoglobulina IV. PTI crônica ao desenvolvimento de PTI crônica
Does Not Prevent Critérios de inclusão: feminino. (contagem de entre os grupos: 10,2% no grupo - Estudo aberto.
Chronic Immune crianças de 3 meses Controle: plaquetas < imunoglobulina vs. 10,4% no grupo
Thrombocytopenia a 16 anos de idade - Observação 100x109/L em 12 controle.
in Children: Results com PTI recentemente e tratamento meses).
of a Randomized diagnosticada, contagem somente em caso de - Recuperação completa (contagem de
Controlled Trial, 2016 de plaquetas < 20x109/L sangramento grave. Secundários: plaquetas ≥ 100 x 109/L) foi maior no
45. e sangramento leve a - Taxas de grupo imunoglobulina em 1 semana,
moderado. - 100 pacientes recuperação e de 1 mês e 3 meses após o diagnóstico.
randomizados resposta.
Objetivo: avaliar a eficácia para receber - Preditores de - Preditores de recuperação completa
de imunoglobulina IV vs. imunoglobulina e 100 recuperação e de em 12 meses incluíram pacientes com
observação em crianças para observação. resposta. menor idade (p=0,03), menor duração
com PTI recentemente de sintomas anteriores ao diagnóstico
diagnosticada. Tempo de (p<0,001), sangramento gengival
acompanhamento: no diagnóstico (p=0,038), maior
12 meses. contagem de leucócitos (p=0,044) e
de linfócitos (p=0,018) no diagnóstico.
CONTINUA
37 PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS DA PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA
CONTINUAÇÃO
População do Intervenção/ Limitações/
Título do artigo/ano Desenho Amostra Desfechos Resultados
estudo controle considerações
Comparison of anti-D - Ensaio clínico Número de - 33 pacientes do Intervenção/controle: - Eficácia. - Sem diferença no número de - População
immunoglobulin, randomizado. participantes: sexo masculino - Anti-D 50 ug/ - Custos. plaquetas no D3 (p=0,15). pediátrica.
methylprednisolone, or 60. e 27 do sexo kg IV dose única; - - Efeitos - Estudo aberto.
intravenous Critérios de inclusão: feminino. metilprednisolona colaterais. - Grupo metilprednisolona com - Amostra
immunoglobulin therapy in crianças recentemente 2 mg/kg/dia VO plaquetas mais baixas no D7: 85,150 + pequena.
newly diagnosed pediatric diagnosticadas com PTI - Idade média: 6,74 divididos em 3 doses 59,180 metilprednisolona vs. 119,850
immune thrombocytopenic aguda, com menos de (+ 3,6 anos). durante 3 semanas + 111,830 anti-D imunoglobulina vs.
purpura, 201348. 20.000/mm3 plaquetas, com redução 168,050 + 105,960 imunoglobulina IV
Coombs (-) e Rh (+). posterior de 25% a (p=0,03).
cada 5 dias.
- Imunoglobulina IV - Redução da Hb e Ht no D3 e D7
Objetivo: avaliar a eficácia, 0,4 mg/kg/dia por 5 significativamente maior no grupo
o custo e os efeitos de dias. anti-D (p<0,05): Hb 10,9+1, 11,9+0,9
imunoglobulina anti-D, - Os 60 pacientes e 11,4±0,9 g/dl no D3 e 10,7±0,8,
metilprednisolona e foram randomizados 12,2±1,3 e 11,7 ± 1,1 g/dl no D7 nos
imunoglobulina IV no em 3 grupos de 20 grupos anti-D, metilprednisolona e
desenvolvimento de doença pacientes cada. imunoglobulina IV, respectivamente.
crônica nas crianças Rh (+) Ht 33,2±3,7, 37,3±3,2 e 34,5±2,7%
com PTI aguda. Tempo de no D3 e 32,4±2,3, 38,0±3,6 e 35.3
acompanhamento: ± 2.7 % no D7 nos mesmos grupos,
os pacientes foram respectivamente.
seguidos por pelo - Sem diferença significativa no
menos 12 meses. desenvolvimento de PTI crônica: 30%
x 35% x 25%
(p>0,05).
CONTINUA
38 MINISTÉRIO DA SAÚDE
CONTINUAÇÃO
População do Intervenção/ Limitações/
Título do artigo/ano Desenho Amostra Desfechos Resultados
estudo controle considerações
A comparison - Ensaio clínico randomizado. Número de - 48 pacientes do Intervenção/ - Eficácia. - No grupo imunoglobulina IV - População
of intravenous participantes: 78. sexo feminino e 30 controle: (dose total 2 g/kg), as plaquetas pediátrica.
immunoglobulin (2g/kg Critérios de inclusão: do sexo masculino. - Anti-D IV 50 ucg/ aumentaram significativamente em
totally) and single doses pacientes entre 1 e 18 anos kg, dose única; 24, 48 e 72 horas, no 7º e 30º dias, - Ensaio aberto.
of anti-D immunoglobulin portadores de PTI sem - Idade média: 91,5 anti-D IV 75 ucg/ comparado aos grupos anti-D 50 ucg/
at 50μg/kg, 75μg/kg in tratamento prévio e com + 50 meses (11-180 kg, dose única; kg e 75 ucg/kg (p<0,001). - Amostra
newly diagnosed children plaquetas < 20x109/L. meses). imunoglobulina IV pequena.
with idiopathic 400 mg/kg/dia, 5 dias - Não houve diferença significativa nas
thrombocytopenic Objetivo: comparar a (dose total 2 g/kg). plaquetas em 24, 48 e 72 horas, no 7º
purpura: Ankara hospital eficácia da imunoglobulina e 30º dias entre os grupos anti-D IV
experience, 201349. IV a doses padrões e maiores - 19 pacientes 50 ucg/kg e 75 ucg/kg.
de imunoglobulina anti-D IV. randomizados para
receber anti-D IV
50 ucg/kg, 20 para
anti-D IV 75 ucg/kg
e 39 para 400 mg/
kg/dia.
CONTINUA
39 PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS DA PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA
CONTINUAÇÃO
População do Intervenção/ Limitações/
Título do artigo/ano Desenho Amostra Desfechos Resultados
estudo controle considerações
Comparison between IV - Ensaio clínico Número de - 47 pacientes com Intervenção: - Eficácia. - No 3º dia, ambos os tratamentos - Ensaio aberto.
immune globulin (IVIG) randomizado. participantes: 60. PTI aguda e 13 com - 1-50 ug/kg de - Taxa de aumentaram o número de plaquetas,
and anti-D globulin for PTI crônica. imunoglobulina resposta. mas no grupo Anti-D o aumento - População
treatment of immune Critérios de inclusão: anti-D, infundida por - Segurança. foi significativamente maior: pediátrica.
thrombocytopenia: a crianças de 1 a 15 anos - Idade média em 15 minutos. 76000+44381 vs. 43400+25008,
randomized open-label de idade portadoras anos: grupo IVIG (p<0,001). - Tempo de
study, 2016 de trombocitopenia 5,3+1,5, grupo Controle: - Ambos os medicamentos causaram seguimento curto.
27
. imune aguda ou crônica, anti-D 5,2+1,7. - 1 g/kg IVIG, elevação semelhante no número
virgens de tratamento infundida por 8 de plaquetas no 7º e 14º dias de
ou tratadas com anti-D - Grupo IVIG: 60% horas. tratamento.
ou IVIG há menos de 3 masculino, 40% - 14 (46,6%) pacientes do grupo
semanas. feminino. - 30 pacientes anti-D tiveram plaquetas >50000/ul
randomizados para no 3º dia; no grupo IVIG, 10 (33,3%)
Objetivo: comparar o - Grupo anti-D receber anti-D e 30 pacientes tiveram plaquetas >50000/
efeito da imunoglobulina 36,6% masculino, para receber IVIG. ul no 3º dia.
IV (IVIG) e da anti-D 63,4% feminino. - No 7º dia, 12 (40%) dos pacientes
globulina (anti-D) para Tempo de em cada grupo tiveram plaquetas
o tratamento da PTI em - Plaquetas acompanhamento: >50.000/ul.
crianças. basais: grupo IVIG 14 dias. - No 14º dia, 1 (3,3%) paciente no
13300+5454, anti-D e 5 (16,6%) no grupo IVIG
grupo anti-D tiveram plaquetas >50000/ul.
15000+5135. - Três pacientes (10%) em cada grupo
não responderam ao tratamento até
o 14º dia.
- Comparada à IVIG (exceto por queda
na concentração de Hb [p<0,001]),
o anti-D mostrou menos efeitos
colaterais, incluindo febre (p<0,05).
Alergia (p<0,01) e cefaleia (p<0,001)
só foram observadas em pacientes do
grupo IVIG.
- Antes do tratamento, em pacientes
que receberam imunoglobulina
anti-D, a concentração média de
Hb era de 12,69 ± 0,91 g/dL. Após
6 horas, baixou para 12,28+-0,98
g/dL (p<0,001), sem evidência de
hemólise. Nos pacientes do grupo
IVIG não ocorreu queda significativa
na concentração de Hb.
CONTINUA
40 MINISTÉRIO DA SAÚDE
CONTINUAÇÃO
41 PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS DA PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA
CONCLUSÃO
População do Intervenção/ Limitações/
Título do artigo/ano Desenho Amostra Desfechos Resultados
estudo controle considerações
High-dose - Ensaio clínico Número de - Idade média no Intervenção: Primários: - Maior número de respostas - Ensaio aberto.
dexamethasone vs randomizado. participantes: grupo HD-DXM: pulsoterapia com - Resposta inicial (plaquetas completas (50,5% vs. 26,8%,
prednisone for treatment 192. 43 anos (18-73); dexametasona, 40 > 30x109/L e aumento p=0,001) e menor tempo de
of adult immune Critérios de inclusão: grupo PDN: 44 anos mg/dia por 4 dias. de pelo menos 2 vezes resposta (p<0,001) com HD-
thrombocytopenia: a pacientes com idade (18-75). Dose adicional se a contagem basal de DXM.
prospective multicenter mínima de 18 anos, no sétimo dia com plaquetas, com ausência de
randomized trial, 201673. portadores de PTI plaquetas < 30x109/L. sangramento). - HD-DXM resultou em maior
primária recentemente - Resposta sustentada incidência de resposta inicial
diagnosticada, nunca Controle: prednisona (plaquetas > 30x109/L (82,1% vs. 67,4%, p=0,044).
tratados e com plaquetas VO, 1 mg/kg/dia sem sangramento e sem
< 30x109/L ou com por 4 semanas com necessidade de tratamento - Resposta sustentada sem
sangramento. subsequente redução adicional para PTI por 6 diferenças significativas entre
gradual da dose meses após a resposta os grupos.
Objetivo: comparar a durante 4-6 semanas inicial).
eficácia e a segurança até 15mg/dia. - O sangramento foi melhor
de dexametasona em Secundários: controlado no grupo HD-DXM,
altas doses (HD-DXM) e - 95 pacientes - Escores de sangramento. com menos eventos (12 vs.
prednisona convencional receberam HD-DXM e - Tempo de resposta 25, p=0,028) e com menores
(PDN). 97 PDN. (tempo entre o início do escores de sangramento
tratamento até alcançar (P=0,030).
Tempo de resposta completa ou
acompanhamento: resposta). - Efeitos colaterais foram
12 meses. - Duração da resposta mais frequentes no grupo
(tempo desde o alcance prednisona, especialmente
da resposta completa aparência cushingoide e
ou resposta até a perda aumento de peso em > 10%
da resposta, com queda dos pacientes.
de plaquetas abaixo de
30x109/L ou sangramento).
- Efeitos adversos.
42 MINISTÉRIO DA SAÚDE
ANEXO
TERMO DE
ESCLARECIMENTO E
RESPONSABILIDADE
43 PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS DA PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA
Eu,_________________________________________________________(nome do paciente),
declaro ter sido claramente informado(a) sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais
efeitos adversos relacionados ao uso de azatioprina, ciclofosfamida, danazol, eltrombopague,
imunoglobulina humana, prednisona, dexametasona, metilprednisolona e vincristina,
medicamentos indicados para o tratamento de púrpura trombocitopênica idiopática (PTI).
Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico (nome
do médico que prescreve).
Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber
pode trazer as seguintes melhoras:
• cessação dos sangramentos ativos;
• prevenção da ocorrência de sangramentos volumosos;
• aumento da contagem total de plaquetas.
Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais
efeitos adversos e riscos do uso destes medicamentos:
• Prednisona: medicamento classificado na gestação como fator de risco B (estudos em
animais não mostraram anormalidades e, embora estudos em humanos não tenham sido
feitos, o medicamento deve ser prescrito com cautela).
• Dexametasona, metilprednisolona, eltrombopague e imunoglobulina humana: medicamentos
classificados na gestação como fator de risco C (estudos em animais mostraram anormalidades
nos descendentes, porém não há estudos em humanos; o risco para o bebê não pode ser
descartado, mas o benefício potencial pode ser maior que os riscos).
• Azatioprina e vincristina: medicamentos classificados na gestação como fator de risco D (há
evidências de riscos ao feto, mas um benefício potencial pode ser maior que os riscos).
• Ciclofosfamida e danazol: medicamentos classificados na gestação como fator de risco X
(seu uso é contraindicado para gestantes ou mulheres que planejam engravidar).
• Efeitos adversos da prednisona/dexametasona/metilprednisolona: retenção de líquidos,
aumento da pressão arterial, problemas no coração, fraqueza nos músculos, problema nos
ossos (osteoporose, problemas de estômago (úlceras, inflamação do pâncreas (pancreatite,
dificuldade de cicatrização de feridas, pele fina e frágil, irregularidades na menstruação e
manifestação de diabetes melito.
• Efeitos adversos da imunoglobulina humana: dor de cabeça, calafrios, febre, reações no
local de aplicação da injeção (dor, coceira e vermelhidão); problemas renais (aumento de
creatinina e ureia no sangue, seguido de oligúrio e anúria, insuficiência renal aguda, necrose
tubular aguda, nefropatia tubular proximal, nefrose osmótica).
• Efeitos adversos da azatioprina: diminuição das células brancas, vermelhas e plaquetas do
sangue, náusea, vômitos, diarreia, dor abdominal, fezes com sangue, problemas no fígado,
febre, calafrios, diminuição de apetite, vermelhidão de pele, queda de cabelo, aftas, dores
nas juntas, problemas nos olhos (retinopatia, falta de ar, pressão baixa.
• Efeitos adversos da ciclofosfamida: náusea, vômitos, queda de cabelo, risco aumentado de
infecções, anemia, toxicidade para medula óssea, infecções na bexiga, risco de sangramento
(redução do número de plaquetas).
44 MINISTÉRIO DA SAÚDE
Local: Data:
Nome do paciente:
__________________________________
Assinatura e carimbo do médico
Data:
Nota 1: Verificar na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente em qual componente da Assistência Farmacêutica se encontram os
medicamentos preconizados neste Protocolo.
Nota 2: A administração intravenosa de metilprednisolona é compatível com o procedimento 03.03.02.001-6 - Pulsoterapia I (por aplicação), da Tabela de
Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais do SUS.
Nota 3: A administração intravenosa de vincristina é compatível procedimento 03.03.02.006-7 – Tratamento de defeitos da coagulação, púrpura e outras
afecções hemorrágicas, da Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais do SUS, que é compatível com o código D69.3 – Púrpura
Trombocitopênica Idiopática, da CID-10.
Nota 4: A administração intravenosa de imunoglobulina é compatível com os procedimentos 06.04.31.001-3 Imunoglobulina humana 0,5 G injetavel (por
frasco), 06.03.03.002-5 Imunoglobulina G 250 mg injetavel (por frasco), 06.03.03.003-3 Imunoglobulina humana 1,0 G injetavel (por frasco) e 06.03.03.004-1
Imunoglobulina humana 320 mg injetável (por frasco), da Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais do SUS.
BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE DO
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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