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Ele era uma lenda, e como uma lenda, surgiu de origens incertas, não

há rostos sob tricórnios que possam dizer de onde Lince viera, ao menos
não os que ainda são capazes de respirar.

Seu cabelo dourado e emaranhado reflete o sol forte inerente ao mar


aberto, suas botas grandes e surradas ressoam pelo assoalho de madeira do
convés, é um rapaz agitado, vale dizer.

Sua espada, sua fúria, banhada em rum, outrora em sangue. Sua pele
bronzeia sob o ardor, sua língua profere palavras gélidas, junto de seu olhar
afiado que é digno de ser comparado à própria lâmina.

Lince é temido em todos os sete mares, um pirata de apenas quinze


primaveras, capaz de derrubar uma dezena de homens mesmo que seus
olhos estejam pungentes pela água salgada. Carrega um espírito livre,
sempre em companhia da mais fatal tripulação, e igualmente só.

No bar do navio, lambuza os lábios de molho de mariscos, seus olhos


verdes nunca deixando as costas do moreno atrevido.

Oh, Duck. Se não fizesse parte do Tempestade Sombria, Lince já havia de


ter separado sua cabeça do corpo.

Estúpido, atrevido, otimista demais. Duck é tudo que Lince mais


repudia, um metro e meio de pirata o enraivece tanto que seria capaz de
implorar ao capitão de joelhos que lhe atirassem ao mar.
E talvez, apenas talvez, haja culpa em sua vontade de provar de seus
lábios toda vez que o vê sorrir. Espere, isto é calúnia..

Porém, não culpe Lince, não quando aquele pirata de bochechas


sardentas sujas de pólvora carrega tanta alegria vívida em seus olhos âmbar,
o desafiando a compartilhar.

Ele beberica seu rum aguado desviando o olhar. Bastardo.

Ponha-se a esquecer os últimos versos, Lince está bravo.

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