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LEI N. 12.

527/2011
Lei de Acesso à Informação – Classificação de Informações
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LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO – CLASSIFICAÇÃO DE INFORMAÇÕES

RELEMBRANDO
Conforme visto no bloco anterior, existem dois tipos de informações que estão sujeitas à
restrição de acesso público, ou seja, que não serão disponibilizadas por transparência ativa
(independente de solicitação do requerente) nem por transparência passiva (referente à
espécie que depende de pedido de acesso à informação): as informações sigilosas e as
informações pessoais.
A informação sigilosa refere-se a uma informação que é imprescindível para a segurança da
sociedade e do Estado, dependendo de classificação para ficar restrita do acesso público.
Por sua vez, a informação pessoal é aquela relacionada a uma pessoa natural, dizendo
respeito à sua vida privada, imagem, honra, intimidade etc. e independe de classificação,
ficando restrita pelo prazo de até cem anos a partir de sua produção.

Nos termos do artigo 4º da Lei n. 12.527/2011, Lei de Acesso à Informação:

Art. 4º (...)
III – informação sigilosa: aquela submetida temporariamente à restrição de acesso público em razão
de sua imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado;
IV – informação pessoal: aquela relacionada à pessoa natural identificada ou identificável;

CLASSIFICAÇÃO

O procedimento de classificação necessário para que uma informação sigilosa fique res-
trita do acesso público somente poderá ocorrer em algumas hipóteses, conforme expressa o
artigo 23 da Lei de Acesso à Informação (LAI):

ATENÇÃO
Cabe ressaltar que, de acordo com a Lei de Acesso à Informação, o sigilo é uma exceção, a
regra é a publicidade. Nesse sentido, existem algumas hipóteses legais de sigilo elencadas
pela referida Lei que devem ser respeitadas, não excluindo-se, no entanto, outras espécies
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de hipóteses de sigilo previstas em outras leis.
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Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado e, portanto,


passíveis de classificação as informações cuja divulgação ou acesso irrestrito possam:
I – pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integridade do território nacional;
II – prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as relações internacionais do País,
ou as que tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e organismos inter-
nacionais;

Obs.: cabe apontar que o Decreto n. 7.724/2012 apresenta nove, e não oito, hipóteses em
que as informações são passíveis de classificação para que tenham o acesso irrestri-
to. No entanto, as hipóteses elencadas são exatamente as mesmas da LAI, posto que
no referido Decreto o inciso II da Lei n. 12.527/2011 é desdobrado em dois incisos.

III – pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população;


IV – oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica ou monetária do País;
V – prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégicos das Forças Armadas;
VI – prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desenvolvimento científico ou tecnológi-
10m co, assim como a sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estratégico nacional;

Obs.: observe que não é qualquer tipo de projeto de pesquisa e desenvolvimento científico
ou tecnológico que poderá ser classificado para o acesso restrito ao público: para que
tal ato ocorra o projeto deve, necessariamente, estar relacionado ao interesse estra-
tégico nacional.

VII – pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autoridades nacionais ou estrangeiras


e seus familiares; ou
VIII – comprometer atividades de inteligência, bem como de investigação ou fiscalização em an-
damento, relacionadas com a prevenção ou repressão de infrações.

Obs.: qualquer uma das hipóteses acima poderá ser classificada em qualquer grau de sigilo
existente, a depender da sensibilidade do assunto, da autoridade classificadora e do
período de tempo que a informação deverá ficar restrita do acesso público.
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ATENÇÃO
Lembre-se que as espécies de informações arroladas pelo artigo 23 são passíveis de
classificação, isto é, não são automaticamente sigilosas, de modo que dependem de
um momento em que uma autoridade classificadora determinará que devem ficar restritas
do acesso público.

GRAUS DE CLASSIFICAÇÃO E PRAZOS DE RESTRIÇÃO

O artigo 24 da LAI expressa quais são os graus de classificação e os prazos máximos de


restrição de acesso aos documentos, que sempre devem ser contados a partir da data de sua
produção, conforme reproduzido abaixo:

Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades públicas, observado o seu teor e em razão
de sua imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada como
ultrassecreta, secreta ou reservada.
§ 1º Os prazos máximos de restrição de acesso à informação, conforme a classificação prevista no
caput, vigoram a partir da data de sua produção e são os seguintes:
I – ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos;
II – secreta: 15 (quinze) anos; e
III – reservada: 5 (cinco) anos.

É importante apontar que:


• A autoridade classificadora deve utilizar o critério menos restritivo sempre que possível;
• Uma informação classificada como secreta, por exemplo, não ficará restrita necessaria-
mente por 15 anos, mas até 15 anos; nesse sentido, a autoridade classificadora poderá
15m
optar por um período inferior a este para seu sigilo;
• A autoridade classificadora pode definir que um evento anterior ao prazo máximo de
sigilo seja o termo final da classificação. Assim, é possível que a autoridade classifica-
dora defina que um documento deve ficar restrito ao acesso público até as Olimpíadas
de determinado ano, por exemplo.
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Obs.: caso o evento anterior referido pela autoridade não ocorra, o documento será desclas-
sificado quando for alcançado o prazo máximo referente ao tipo de sigilo que lhe fora
atribuído.

Transcorrido o prazo máximo de restrição de acesso, a informação torna-se automatica-


mente pública, podendo apenas os documentos classificados como ultrassecretos terem o
prazo de sigilo prorrogado, por uma única vez, pela Comissão Mista de Reavaliação de Infor-
mações (CMRI), última instância recursal de pedido de acesso.

O artigo 24 da Lei de Acesso à Informação dispõe ainda o seguinte:

Art. 24. (...) § 2º Informações que puderem colocar em risco a segurança do Presidente e Vice-pre-
sidente da República e respectivos cônjuges e filhos(as) serão classificadas como reservadas e fi-
carão sob sigilo até o término do mandato em exercício ou do último mandato, em caso de reeleição.

Perceba que as informações classificadas como reservadas têm o prazo máximo de res-
trição de acesso pelo período de 5 (cinco) anos. No entanto, de acordo com o parágrafo 2º da
Lei n. 12.527/2011, reproduzido acima, havendo, por exemplo, uma eleição presidencial em
2018, cujo mandato se inicia em 2019, as informações sobre o atual Presidente e Vice-presi-
dente da República e seus respectivos cônjuges e filhos(as) ficarão sob sigilo até o término do
mandato, isto é, até 2024. Em caso de reeleição, as informações deverão continuar em sigilo,
ficando restritas até o final do último mandato.

Por fim, os últimos parágrafos do artigo em análise expressam que:

§ 3º Alternativamente aos prazos previstos no § 1º, poderá ser estabelecida como termo final de
restrição de acesso a ocorrência de determinado evento, desde que este ocorra antes do transcurso
do prazo máximo de classificação.
§ 4º Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o evento que defina o seu termo final, a
informação tornar-se-á, automaticamente, de acesso público.
§ 5º Para a classificação da informação em determinado grau de sigilo, deverá ser observado o
interesse público da informação e utilizado o critério menos restritivo possível, considerados:
I – a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e do Estado; e
II – o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que defina seu termo final.
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AUTORIDADES CLASSIFICADORAS

De acordo com o artigo 27, inciso I, da Lei de Acesso à Informação:

Art. 27. A classificação do sigilo de informações no âmbito da administração pública federal é de


competência:
I – no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades:
a) Presidente da República;
b) Vice-Presidente da República;
c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prerrogativas;
d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; e
e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes no exterior.
20m

Cabe destacar que após a classificação do documento como ultrassecreto pelas autorida-
des referidas nas alíneas “d” e “e”, é necessário o encaminhamento para o respectivo Ministro
(Ministro da Defesa ou Ministro das Relações Exteriores, respectivamente) para a ratificação
em 30 (trinta) dias. Enquanto não ratificada, a classificação considera-se válida, para todos os
efeitos legais.
Para recordar quem são as autoridades competentes para a classificação de documentos
como ultrassecretos basta lembrar do seguinte mnemônico:

• Você foi para o US? (UltraSsecreto)


• Sim.
• Comeu bem?
• CO MI. (COmandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; MInistros de Estado
e autoridades com as mesmas prerrogativas)
• Mas não era caro?
• Sim, mas eu PRE VI os gastos e paguei em CHEque. (PResidente da República; VIce-
-Presidente, CHEfes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes no exterior).
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Por sua vez, o inciso II determina quais são as autoridades competentes para classificar
documentos como secretos:

II – no grau de secreto, das autoridades referidas no inciso I, dos titulares de autarquias, fundações
ou empresas públicas e sociedades de economia mista; e

Perceba que o inciso II obedece à regra básica do Direito Administrativo (e do Direito em


geral) de quem pode mais pode menos. Assim, as autoridades referidas no inciso I poderão
classificar também os documentos no grau secreto, juntamente com os chefes da Administra-
ção Pública Indireta.
Por fim, o inciso III refere-se às autorizadas competentes para classificar os documentos
no grau reservado:

III – no grau de reservado, das autoridades referidas nos incisos I e II e das que exerçam funções
de direção, comando ou chefia, nível DAS 101.5, ou superior, do Grupo-Direção e Assessoramento
25m Superiores, ou de hierarquia equivalente, de acordo com regulamentação específica de cada órgão
ou entidade, observado o disposto nesta Lei.

Quanto ao inciso acima reproduzido, cabe apontar que o nível DAS corresponde ao modo
como se estruturam os cargos de chefia no Poder Executivo Federal, classificando-se de 1 a
6. Acima do DAS 5 encontram-se o DAS 6 e o Cargo de Natureza Especial (NES).

CONTROLE DAS INFORMAÇÕES SIGILOSAS

O acesso, divulgação e tratamento das informações sigilosas são restritos a quem tenha:
NECESSIDADE DE CONHECER + CREDENCIAMENTO, conforme dispõe o artigo 25, pará-
grafo 1º da Lei de Acesso à Informação:

Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a divulgação de informações sigilosas produzidas
por seus órgãos e entidades, assegurando a sua proteção.
§ 1º O acesso, a divulgação e o tratamento de informação classificada como sigilosa ficarão restri-
tos a pessoas que tenham necessidade de conhecê-la e que sejam devidamente credenciadas na
forma do regulamento, sem prejuízo das atribuições dos agentes públicos autorizados por lei.

De acordo com o expresso no artigo 26:


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Art. 26. As autoridades públicas adotarão as providências necessárias para que o pessoal a elas
subordinado hierarquicamente conheça as normas e observe as medidas e procedimentos de segu-
rança para tratamento de informações sigilosas.
Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada que, em razão de vínculo com o poder
público, executar atividades de tratamento de informações sigilosas adotará as providências ne-
cessárias para que seus empregados, prepostos ou representantes observem as medidas e proce-
dimentos de segurança das informações resultantes da aplicação desta Lei.

DELEGAÇÃO (ART. 27, § 1º)

Os titulares do poder de classificação podem delegar essa competência para seus subor-
dinados, respeitando-se o disposto no artigo 27, parágrafo 1º, da LAI:

Art. 27. (...)


§ 1º A competência para classificação como ultrassecreta e secreta poderá ser delegada pela
autoridade responsável a agente público, inclusive em missão no exterior, vedada a subdelegação.

30m
TERMO DE CLASSIFICAÇÃO DE INFORMAÇÃO (TCI)

O Termo de Classificação de Informação é um documento que acompanha a informa-


ção classificada, apresentando as informações sobre a classificação. Desse modo, conforme
dispõe o artigo 28 da LAI:

Art. 28. A decisão que classificar a informação em qualquer grau de sigilo deverá ser formalizada
em decisão (Termo de Classificação de Informação) que conterá, no mínimo, os seguintes elemen-
tos:
I – assunto sobre o qual versa a informação;
II – fundamento da classificação;
III – indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses ou dias, ou do evento que defina o seu
termo final;
IV – identificação da autoridade que a classificou.
Parágrafo único. A decisão referida no caput será mantida no mesmo grau de sigilo da informa-
ção classificada.

Cabe apontar que:


• No caso da informação classificada como ultrassecreta pelas autoridades referidas nas
alíneas “d” e “e” do artigo 27, parágrafo 3º, da LAI (Comandantes da Marinha, do Exér-
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cito e da Aeronáutica; e Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes),


em que é necessário o encaminhamento para o respectivo Ministro para a ratificação
em 30 (trinta) dias, a ratificação deverá também ser registrada no TCI.
• Todas as autoridades classificadoras de informação ultrassecreta devem encaminhar o
TCI para a Comissão Mista de Reavaliação de Informações (CRMI).

PUBLICAÇÃO DE LISTAGENS

Todos os órgãos que se submetem à Lei de Acesso à Informação devem realizar a publi-
cação de listagens, nos termos do artigo 30 da referida Lei:

Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade publicará, anualmente, em sítio à dispo-
sição na internet e destinado à veiculação de dados e informações administrativas, nos termos de
regulamento:
I – rol das informações que tenham sido desclassificadas nos últimos 12 meses;
II – rol de documentos classificados em cada grau de sigilo, com identificação para referência
futura (+ extrato com data, grau de sigilo e fundamentos da classificação);
III – relatório estatístico sobre pedidos de informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem
como informações genéricas sobre os solicitantes.
§ 1º Os órgãos e entidades deverão manter exemplar da publicação prevista no caput para consulta
pública em suas sedes.
§ 2º Os órgãos e entidades manterão extrato com a lista de informações classificadas, acompanha-
das da data, do grau de sigilo e dos fundamentos da classificação.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Mariana Barros Barreiras.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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