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1974
por
Observações:
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Apresentação:
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Coringa 1 - Agora, sentemo-nos em terra para contar histórias
de reis desaparecidos. Uns foram destronados, outros mortos
na guerra; alguns perseguidos pelos fantasmas daqueles que
depuseram; muitos envenenados pelas esposas ou mortos
durante o sono, mas enfim, todos assassinados. Porque no
círculo oco que envolve a têmpora de um rei, a morte também
ostenta sua corte. É ela que domina, ridicularizando toda a
sua pompa, concedendo-lhe um sopro, uma pequena cena para
representar o papel de rei, tornar-se temível, matar com um
simples olhar, iludindo-se com seu egoísmo e com suas leis
inúteis, como se esta carne, que protege esta vida, fosse
feita de um bronze impenetrável. (Ricardo II)
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1ª PARTE – A AMBIÇÃO DO PODER
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Atriz - Eu as encontrei no dia da vitória e vim a saber mais
tarde, por testemunho irrefutável, que possuem mais do que
a mera inteligência humana. Quando mais ardia na ânsia de
fazer novas perguntas, elas se transformaram em ar e nele
desapareceram. Estava ainda pasmo de espanto quando chegaram
mensageiros do rei que me saudaram com “Tane de Cawdor”, o
mesmo título com que minutos antes, me haviam saudado as
três bruxas, vaticinando-me o futuro com as palavras “Salve,
rei que serás”. Pareceu-me bem que soubesses destas coisas
para que não perdesse a tua parte de júbilo, ignorando a
grandeza que te está prometida. Guarda isto em teu coração
e até breve.
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Coringa 1 - Ora, vejam só como ela fala. Se conhecesse por
experiência própria, as intrigas da corte.... Se soubesse
como é arriscado abandonar ou mesmo manter o poder
conquistado, cuja simples obtenção já significa uma queda
irremediável.... Mal sabe ela que a vertigem escorregadia de
estar lá em cima, traz tanto sofrimento quanto a própria
queda. Isso sem falar nos horrores da guerra, desgraça de
ter que enfrentar o perigo em nome da honra e da glória.
Quem alimenta esse tipo de esperança, consegue quase sempre
apenas um epitáfio infame, como recordação de algum um belo
feito. E o que é pior: quantas vezes o mal não recebe a
recompensa que é devida ao bem. (Cimbelino)
(Ator e atriz)
Lady Mac – Que o sol nunca veja esse amanhã!... Teu rosto,
meu senhor, é como um livro em que os homens podem ler
estranhas coisas.... Para conquistar o mundo é preciso ser
semelhante ao mundo. Põe boas vindas em teus olhos, tuas
mãos e tua língua e apresenta-te como a flor inocente, mas
seja a serpente que se esconde debaixo dela. É preciso que
me ocupe daquele que esta para chegar, e quanto ao grande
negocio de hoje a noite, que dará majestade e poderio a todas
as nossas noites e dias futuros, deixa que tratarei de
tudo....
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Macbeth - Falaremos disso mais tarde.
Lady Mac – Limpa o teu olhar! Deixa serena tua fronte, pois
a aparência perturbada é que é perigosa. Deixa o resto a meu
cuidado.
Macbeth - Se fracassarmos?
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Lady Mac – Fracassarmos?... Empertiga tua coragem e coloca-
a de pé que não fracassaremos. Quando o rei estiver dormindo,
a viagem cansativa de hoje cedo, o levará a sono profundo,
levarei seus dois camareiros a beber vinho preparado por
mim, de modo que a memória, essa sentinela do cérebro, se
transformará em fumaça e a parte que contem o raciocínio em
simples alambique. Quando saturados de bebida, durmam o sono
dos porcos, totalmente insensíveis, que não poderemos fazer,
tu e eu, com o rei indefeso? E porque não imputar o nosso
crime aos oficiais irresponsáveis e indecentemente bêbados?
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Coringa 1 – Enfim, que o céu perdoe a todos nós! Uns sobem
à custa do pecado, outros caem por causa da virtude; muitos
saem de uma selva de vícios sem ter que prestar contas a
ninguém, enquanto outros são condenados por uma única falta!
(Medida por Medida)
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2.O Ressentimento
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Coringa 1 - Ah! As crises do tempo que atravessamos... quase
não me atrevo a dizer nada, mas cruéis são os dias em que
somos traidores por acaso, quando ouvimos falar do que temos
medo, sem sabermos ao certo do que devemos ter medo, quando
somos jogados de um lado para o outro, num mar agitado e
violento. Mas enfim.... Quando as coisas não podem ser ainda
piores, ou param onde estão ou voltam a ser o que eram
anteriormente. (Macbeth)
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3. O orgulho (As concessões)
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Volumnia – Porque agora você deve falar ao povo, não de
acordo com os seus pensamentos, nem segundo os impulsos de
seu coração, mas com palavras murmurada da boca para fora,
mesmo que sejam palavras falsas e sílabas sem valor conforme
sua convicção. Eu dissimularia minha natureza sem perder a
honra, se fosse para salvar a minha fortuna e os meus amigos
em perigo. Mas você, não. Para salvaguardar o seu orgulho,
você prefere mais exibir um ar severo diante do populacho,
em lugar de obter com um sorriso a sua simpatia. Sou eu quem
lhe pede, meu filho. Apresente-se ao povo e para conquistar
sua amizade, diga a todos que você que, daqui para frente
pertencer e dedicar a eles seu poder e a sua pessoa. O povo
está sempre pronto a perdoar, desde que lhe peçam. Basta uma
boa palavra.
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Volumnia – Faça então o que quiser. É mais desonroso para
mim ficar suplicando um favor seu, do que desonroso para
você suplicar um favor do povo. Que caia tudo em ruinas!
Mais vale que sua mãe suporte as consequências do seu
orgulho, do que viver com medo por causa da sua teimosia. Eu
desprezo a morte com um coração tão forte quanto o seu, faça
o que quiser. Sua valentia foi minha, você a sugou do meu
peito, mas o orgulho é exclusivamente seu.
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4. A persuasão (A demagogia)
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5.A miséria (A necessidade)
(Ator e atriz)
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Alcoviteira - Em dois minutos ela transformou o coitado em
comida para os vermes. Foi tiro e queda. Vamos ao mercado.
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Coringa 1 - O bom pregador é aquele que segue seus próprios
conselhos. Por mim, acho mais fácil ensinar o bem para vinte
pessoas do que ser uma delas e obedecer minhas próprias
recomendações. (O Mercador de Veneza)
(A Tempestade)
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2◦ PARTE: O EXERCÍCIO DO PODER.
1.A Justiça
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Coringa 1 - Uma coisa é ser tentado, outra é cair em tentação.
É bem possível que se encontre num júri, decidindo a vida de
um prisioneiro, dois ladrões entre os doze jurados, mais
culpados que o próprio homem que estão julgando. A justiça
só se apodera daquilo que descobre. Que importa as leis que
ladrões condenem ladrões? (Medida por Medida).
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2.A prepotência
(Ator e atriz)
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vivo, passando bem, amigo de Cesar e não seu prisioneiro,
farei cair uma chuva de ouro e pérolas sobre tua cabeça.
Cleópatra - Ótimo.
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Mensageiro – O mais forte de todos, a cama.
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Cleópatra - Ele se casou? Não posso odiar-te mais do que já
te odeio, se repetires que sim.
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Coringa 1 - Que uma mulher tenha me concebido, é coisa que
lhe agradeço: que me tenha criado, também é coisa pela qual
merece meus mais humildes agradecimentos; mas depois do que
acabamos de assistir, queiram me perdoar todas as mulheres.
Não querendo cometer a injustiça de desconfiar de algumas,
reservo-me o direito de desconfiar de todas. Antes de morrer
de cólera, de doença ou de fome que morrer de amor. E para
concluir, resolvi viver solteiro. Se alguém provar que o
amor me fez perder mais sangue do que vinho pode me dar,
permito desde já que arranquem meus olhos com a pena de um
poeta qualquer e me pendurem na porta de um bordel, como se
eu fosse um cupido cego.
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3.A CORRUPÇÃO
(Ator e atriz)
Isabel - Eu sei.
Isabel - É verdade.
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Isabel - Faria por meu irmão o que faria por mim mesma.
Encontrando-me condenada à morte, eu me enfeitaria para
entrar no túmulo, como um leito cobiçado apaixonadamente,
mas não cederia o meu corpo à vergonha.
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Isabel – Hipocrisia. Hipocrisia. Tome cuidado ou eu o
denunciarei. E agora assina já a graça para meu irmão ou
então eu gritarei ao mundo, com todas as minhas forças, que
tipo de homem é o senhor.
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4.A TORTURA.
(Atriz e Coringa)
Grumio - Tenho medo que seja uma carne muito indigesta. Não
seria melhor uma dobradinha bem gorda, cuidadosamente assada
na grelha?
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Catarina - É um dos meus pratos favoritos!
(ENTRA O ATOR)
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Petruchio - Vamos logo. Continuemos a viagem para a casa de
seu pai. Santo Deus! Como a lua brilha clara e serena!
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Catarina – Então abençoado seja Deus! É o abençoado Sol! E
não será mais o sol se você disser que não é, e voltará a
ser a lua conforme tua vontade! O que você quiser que seja,
será também para Catarina. (A Megera Domada)
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5. A Humilhação
(Ator e atriz)
Regan – Calma, senhor, por favor. Espero que esteja tão longe
de aprecia-la devidamente quanto ela de faltar a seu dever.
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Regan - Não posso acreditar que minha irmã tenha faltado com
sua obrigação. Se por acaso reprimiu as ordens de seus
seguidores, terá sido por motivos tão justos que a isentam
de qualquer censura.
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Lear – Voltar para ela? Não, preferiria ficar sem qualquer
abrigo e enfrentar a inclemência do tempo, ser companheiro
do lobo e do mocho, sentindo na carne, os apertos da
necessidade. Voltar para ela, nunca! Por favor, minha filha,
não me faças ficar louco. Não irei importunar-te, minha
criança.
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Coringa 1 - Quem possui um livro onde estão escritos todos
os atos dos poderosos, agirá sabiamente se o mantiver
fechado. Os reis são deuses na terra e mesmo quando estão
errados, a vontade deles é a própria lei. E se Deus se
extraviar, quem terá coragem para dizer que Deus esta agindo
mal? O melhor é não tocar em certos assuntos, que quando não
são divulgados, parecem ainda mais monstruosos. Todos amam
a própria barriga que alimenta seu corpo. Permitam então que
minha língua se cale, por amor a minha cabeça. (Péricles,
Príncipe de Tiro)
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6. A SABEDORIA DA LOUCURA.
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7. A Clemencia.
(Ator e Atriz)
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Volumnia - Não, não nos deixe assim. Diga que minha súplica
é injusta e então expulsa-me daqui. Mas se isso não for
verdade, que os deuses o castiguem por ter negado essa
obediência a que uma mãe tem direito. Ajoelhem-se mulheres!
Vamos humilhá-lo com nossas genuflexões! Ajoelhem-nos pela
última vez; depois partiremos para Roma e lá morreremos em
companhia de nossos vizinhos. E se ele nos mandar embora eu
me calarei até que nossa cidade esteja em chamas.
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8. A Revolta
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Coringa 2 - Nem torres de pedra, nem muralhas de bronze
forjado, nem masmorras sem ar, nem correntes de ferro, podem
sujeitar a força do espírito! A vida, quando se cansa dessas
barreiras do mundo, nunca perde o poder de libertar-se a si
mesma. E já que eu sei isso, saiba também o mundo inteiro
que da parta da tirania que eu suporto, poderei libertar-me
quando tiver vontade. (Julio César)
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3ª Parte: A perda do poder
(Prólogo)
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1.A profecia.
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2.A soliedariedade.
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Antônio – Perdoa-me pedaço sangrento de terra, que eu me
humilhe perante teus verdugos! És a ruína do mais nobre homem
que já viveu. Ai das mãos que derramaram este sangue
precioso! Agora, diante de tuas feridas ainda aberta, eu
profetizo: cairá uma maldição sobre os ossos dos homens; os
furores da guerra civil.
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3.O desespero.
Timon – Deixai-me olhar ainda uma vez para ti! Ó muralha que
rodeia esses lobos, mergulha no chão e não proteja mais
Atenas. Matronas, ficai depravadas! Filhos perdei a
obediência! Escravos e loucos arrancai das assembleias os
graves e veneráveis senadores e governai no lugar deles.
Virgens adolescentes transformai-vos em cloacas públicas sob
o olhar de vossos pais! Permanecei firmes, homens falidos,
e ao invés de pagar vossas dívidas, cortai o pescoço de
vossos credores. Roubai empregados de confiança. Vossos
patrões não passam de ladrões que saqueiam com a autoridade
da lei! Criadas, correi para o leito de vossos patrões,
porque vossa ama estará num bordel! Piedade, escrúpulo,
religião, paz, justiça, verdade, respeito, repouso, amizade,
instrução, costumes, cultos, profissões, hierarquia,
tradições e leis transformai-vos no oposto do que sois - e
viva o caos! Pragas que atormentais a humanidade, amontoai
ossos contágios infecciosos sobre Atenas, maduro para todas
as pestes! Que os reumatismos estropiem vossos governantes,
para que eles fiquem tão mancos quanto a sua moral! Que a
luxúria penetre na alma dos jovens, para que eles se afundem
na devassidão! Sarnas, úlceras, semeai vossos germes no
coração de todos os atenienses, para que eles contraiam uma
lepra universal! Que o hálito infeccione o hálito para que
a sociedade nada mais seja do que um veneno! Nada levarei de
ti, a não ser a minha nudez, cidade amaldiçoada! Ficai nua
também, com milhares e milhares de exilados! Timon se
refugiará nos bosques onde encontrará no animal mais
selvagem, maior afeto do que no gênero humano. Que os deuses
destruam os atenienses, permitindo que Timon veja crescer
com os anos o ódio que dedica a toda a raça humana! Amém!
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Coringa 2 - Quando ouvimos um infeliz gemer oprimido pela
adversidade, pedimos que ele se cale; mas se tivéssemos que
carregar o peso da mesma desgraça, a gente se queixaria tanto
ou mais que ele. (Comédia dos Erros)
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4.O SUICÍDIO.
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Coringa 1 - Deveria ter morrido mais tarde. Então haveria
lugar para uma tal palavra, o amanhã, o amanhã, o amanhã,
avança com pequenos passos, dia após dia, até a última sílaba
do tempo... E todos os nossos ontem iluminaram para os loucos
o caminho para a poeira da morte. Apaga, apaga tocha fugaz.
A vida é só uma sombra que passa, um mau ator que se agita
uma hora em cena, para cair no completo esquecimento. A
vida é uma história contada por um idiota, com grande furor
e alarde, significando nada. (Macbeth)
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5.RENUNCIA.
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6. O ÓDIO.
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Margarida – E por acaso eu iria esquecer-me de ti? Para trás,
cão. Também deves me ouvir. Se o céu te reserva desgraças
tão horríveis, que superam as que desejo para ti, que as
guarde até que teus pecados estejam todos amadurecidos, e
então as arroje sobre ti, perturbador da paz de mísero
Universo. Que o verme do remorso roa constantemente tua alma.
Enquanto ainda viver que teus amigos sejam os teus mais
pérfidos traidores. Que jamais o sono feche teus olhos
fatais, a não ser para um pavoroso pesadelo que te agite
como um inferno de horrorosos horrendos demônios. Aborto,
suíno, foste marcado pelo espirito do mal, deformado ao
nascer como escravo da natureza e filho do inferno. Difamador
do ventre prenho da tua mãe. Produto maldito das tripas do
teu pai. Farrapo de honra. Odiado... (Ricardo III)
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7. A RESIGNAÇÃO.
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8.O REMORSO.
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9. A DESILUSÃO.
(Henrique VI)
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(Epílogo)
FIM
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