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Jaid Black

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Depois da Tempestade

Jaid Black
Depois da Tempestade
Traduzido do Inglês e Espanhol
Disp em Espanhol: El Club de Las Excomulgadas
Envio do arquivo e Formatação: Gisa
Revisão Inicial:
Neia até Cap. 11
Cris Reinbold do Cap. 11 até cap. 50
Revisão Final:
Lisa de Weerd: Até cap. 30
Lucilene: do cap. 31 até o epilogo
Capa: Elica Leal
Colaboração: Joely
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Na atualidade, a antropóloga Maya Jones foi contratada por uma universidade escocesa para
ajudar a desenterrar e catalogar antigas relíquias dentro de uma guarida secreta descoberta
recentemente onde foi uma vez o castelo MacGregor. Desde o princípio de sua atribuição, Maya
sentiu-se inexplicavelmente atraída por todas as referências que pôde encontrar sobre o brutal clã
do século 14 e seu misterioso laird Thomas MacGregor.
Igualmente intrigantes para ela são as pinturas que fazem referência às histórias da esposa de
McGregor, conhecida na antiguidade apenas como Lady M. As pinturas foram totalmente
carbonizadas em um incêndio fora de controle no castelo uns dois séculos antes, mas Maya pode
refazer o suficiente dos retratos danificados para supor que, por incrível que pareça, ela e Lady M
possuíam o mesmo cabelo e cor de olhos. Quando um furacão causa ferozes estragos na cidade
natal de Maya, descobre que ela e a Lady de características físicas semelhantes são mais do que
uma mera coincidência...

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Comentário da Revisora Cris Reinbold: Um livro muito engraçado de ler, muito divertido.

Comentário da Revisora Lisa de Weerd: Nunca julgue o livro pela capa, já ouviram? Nesse
livro seria não julgue pela autora,rs. Eu tinha um certo preconceito pela autora.
A história é super legal, a autora enche uma linguiça legal. Mas o enredo prende a atenção. Os
ingredientes são: históricos, viagem no tempo, um escocês super mandão e algumas cenas hots.

Comentário da Revisora Lucilene: Leitura leve e gostosa de ler. A mocinha faz uma viagem
no tempo e lá encontra o amor nos braços de um mocinho super fofo, apesar de ser conhecido
como temível nas batalhas, apaixonado e super possessivo. Tem momentos engraçados, nunca
tinha lido algo da Jaid Black nesse estilo. Vale a pena ler.

Prólogo

1314 d. C, The Highlands escocesas, próximo a Point Strathy

O MacGregor desmontou de seu cavalo, suas roupas e corpo estavam manchados com a
sujeira endurecida que parecia ir colada às viagens longas e o clima desolador. Ele olhou para seu
comandante de armas e lançou-lhe um raro meio sorriso.
A batalha terminara e os vermes ingleses foram levados de volta para suas guaridas de
iniquidade, obrigados a reconhecer Bruce como o único e verdadeiro governante dos escoceses.
Nunca mais o rei da Escócia seria obrigado a reverenciar os caprichos da monarquia inglesa. A
Escócia foi purgada de seus párias e MacGregor sentia-se orgulhoso e honrado por ter participado
de tal eventualidade.

O laird e seus homens estavam finalmente em casa. De volta ao seu leal clã e às moças
libidinosas. De volta à boa cerveja e abundante comida. De volta as Terras Altas. Seu Lar.
—Och, mas é bom vê-lo de novo Thomas, – uma voz ressoou da torre.
MacGregor virou-se para cumprimentar um dos anciãos de seu clã. Ele assentiu
respeitosamente, e depois deu-lhe uma boa palmada nas costas.
—É bom estar em casa, John. Venha para dentro e ceie conosco. Quero um relatório
completo sobre tudo o que aconteceu em minha ausência.
John assentiu e sorriu.
—É uma honra, milorde.
Thomas, o MacGregor, jogou as rédeas da sua montaria para um rapaz que estava a espera
e se dirigiu até as portas de sua fortaleza. Ele não se incomodou em esperar por John, ou Sir
Dugald, seu comandante de armas, porque sabia que ambos estavam bem atrás dele. Thomas

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empurrou as pesadas portas de madeira, abrindo-as, com um ligeiro movimento de seu pulso e
entrou no grande salão para esperar por sua refeição.
O laird suspirou de satisfação quando deu uma olhada ao redor. As travessas de comida
estendiam-se diante ele, os sons das moças servindo, correndo prestes a fazer sua vontade, o riso
de seus homens ecoando em toda torre.
—É realmente bom estar em casa. – Era a lembrança deste salão e de suas terras que
esquentava todas as suas as longas tristes noites em Bannockburn, e depois na sempre cansativa
corte.
Sir Dugald observava as reações de Thomas intensamente, entendendo muito bem como ele
se sentia. Ele sorriu e levantou uma caneca de cerveja em homenagem a ele, sem esperar que
MacGregor lhe devolvesse o sorriso. Isso era algo que ele simplesmente não fazia. Portanto, o
comandante de armas não se surpreendeu quando Thomas levantou sua caneca de cerveja e
devolveu a saudação, sem mostrar nenhum sorriso.
Sir Dugald tomou um longo gole de cerveja e depois deixou-a e atacou sua muito esperada
refeição. Mastigou pensativo um pedaço de faisão, observando o bulício da atividade que se
mantinha a seu redor, enquanto comia. Ele sorriu e revirou os olhos quando percebeu as
expressões preocupadas nos rostos das servas que estavam a ponto de tropeçar uma nas outras
em sua corrida por aplacar MacGregor.
Não, preocupadas não era a palavra certa. Apavoradas ia mais direto ao ponto. Era como se
temessem cometer o menor erro em sua presença em sua presença, o que provocaria sua ira.
Sir Dugald percebeu que laird era um homem que parecia rude. Além de ser alto e
musculoso, o semblante de MacGregor era tão negro como o cabelo e os olhos. Ele nunca ria,
raramente sorria, e nada mais pensava que gritar ordens às mulheres, com a mesma ferocidade
com que gritava com os homens sob seu comando.
Coerente com seu aspecto escuro e sombrio, a reputação de MacGregor era só ferocidade.
Dizia-se que ele podia matar um homem com suas próprias mãos, sem sequer suar. Também dizia
que nenhum clã se atreveria a atacar as terras do clã MacGregor por temor às represálias do Laird.
Sim, tudo isso era verdade, mas ele ainda não conseguia compreender por que as mulheres
se acovardavam diante do laird assim. Ele nunca havia machucado nenhuma mulher, afinal.
Mesmo durante os ataques, quando os MacGregors roubavam mulheres de clãs rivais, o
laird nunca havia permitido que as moças fossem usadas à força. Ele as forçava a escolher um
marido dentre os membros do clã que estavam dispostos a tomá-las como esposas, mas ele nunca
as tinha obrigado a ter relações com todos os MacGregors que as queriam entre suas coxas.
Sir Dugald sorriu, e continuou a observar a atividade perto dele. As servas da torre tinham
que ser cientes do fato de que MacGregor não as machucariam, no entanto, elas ainda corriam
como potrancas assustadas contra uma iminente ameaça. Ele balançou a cabeça, pensativo.
Thomas estivera fora por muito tempo, sem o benefício de uma moça em sua cama, e tinha
certeza que o laird não pretendia passar sua primeira noite de volta com alguém a quem tivesse
que cortejar. Não era de estranhar que MacGregor não levasse nenhuma serva para seu
dormitório. Ele não podia respeitar a covardia de ninguém, fosse homem ou mulher.

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Sir Dugald pegou o laird franzindo o cenho, com a atenção posta nas mulheres que se
apressavam em torno dele e riu. E percebeu que MacGregor devia estar pensando o mesmo que
ele.
—Preocupado de que as moças não caiam na cama com você, Thomas?
MacGregor franziu o cenho para seu comandante de armas, fazendo com que o velho John
risse baixinho, antes de beber mais cerveja de sua caneca.
—Não é medo, laird. As jovenzinhas podem ter receio cair em vossa cama, mas nunca lhe
dirão não.
Thomas revirou os olhos. Ele não levaria uma mulher relutante. Sim, ele montaria esta noite,
mas a moça teria que desejar isso. Apesar da maioria das moças estarem tão temerosas dele,
ainda existiam aquelas que cairiam de bom grado em sua cama com apenas a promessa do prazer.
Com 1,96 de altura e músculos tão grossos como troncos de uma árvore, ele era
monstruosamente grande, com certeza, mas felizmente esse atributo propagava-se à cada um de
seus reinos físico.
O laird voltou sua atenção de seus pensamentos libidinosos e concentrou-os no idoso.
—Então diga-me, John, esteve tudo bem por aqui?
John assentiu enfaticamente, assegurando que cuidou das necessidades do clã em seu lugar.
—Aye, milorde, nada mais que a bondade esteve presente na sua ausência. O número de
bovinos aumentou em um terço e as colheitas foram abundantes nesta safra. Passaremos este
inverno sem problemas para alimentar os nossos.
MacGregor assentiu satisfeito.
—Algum problema com os MacAllister? – Perguntou sem muita emoção, com sua poderosa
voz.
—Não, – negou John, – não nos deram nenhum problema. – O ancião desembainhou sua
adaga e cortou a carne que foi colocada no pedaço de pão oco* diante dele. Ele colocou uma
gorda porção de peixe na boca, depois parou, antes de mordê-la também. – Como foi a luta,
milorde ? Por todos os santos, como sinto saudades de ser suficientemente jovem para entrar na
batalha!
Sir Dugald pôs-se a rir.
—Não teve nenhuma diversão na torre, enquanto estávamos fora?
John revirou os olhos.
—Diversão? Se chama resolver brigas mesquinhas de um monte de jovenzinhas histéricas de
diversão, então sim, me diverti muito.
Sir Dugald riu ainda mais forte. MacGregor não sorriu, mas pôde ver um brilho em seus
olhos… a habitual indicação de que estava de bom humor.

O comentário de John, trouxe de volta a Thomas o pensamento de seu dormitório vazio. Ele
dirigiu seus olhos em torno do salão e notou diversos olhares que algumas das mulheres mais

*
(N.da Trad: há relatos de que antigamente não se existia prato, mas sim, pães duros, onde se retirava o miolo, cortava-se
a tampa e ali se colocavam a comida)

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atrevidas lançavam. Como sempre, havia mais de uma moça disposta a ser bem montada por
algumas horas.
MacGregor captou o olhar de Matilde, uma viúva que nunca havia experimentado antes.
Não sabia muito da moça que servia, só que era originaria da França, mas havia se casado com
alguém do clã MacGregor há vários anos. Seu marido Gideon fora morto por um javali, poucos
meses antes de Thomas sair com seus homens para Bannockburn, portanto, agora ela trabalhava
no interior da torre com as outras viúvas.
Justo quando Thomas estava prestes a estabelecer suas intenções para Matilde, ele
percebeu a expressão raivosa no rosto da jovem Judith. Judith teve a honra de receber seus
favores antes dele deixar a torre, de forma que ela provavelmente não aceitaria bem que ele
levasse Matilde como fez com ela anteriormente. Thomas suspirou. Mulheres. Elas conheciam o
ciúme como nenhum um homem sentiria, pelo menos não este homem.
Sempre cavalheiro, MacGregor abandonou suas intenções de cair sobre Matilde e favoreceu
Judith com uma piscadela e um movimento de cabeça dirigido para a porta de seu dormitório.
Judith enrubesceu e correu até a escada para esperar por ele.
John limpou a garganta, ciente do fato de que o Laird não ficaria no salão por muito tempo.
Ele se dirigiria para seu dormitório a qualquer momento e só os santos saberiam quanto tempo
passaria antes que saísse de novo. MacGregor era conhecido por seu apetite libidinoso, mesmo
antes de ter ido à guerra. Sem o benefício dos prazeres de uma mulher pelo tempo em que
estivera fora, este sabia que muito provavelmente Judith não seria capaz de caminhar na manhã
seguinte.
—Laird, há algumas coisas que devo mencionar antes que se retire.
Thomas voltou seu olhar para o ancião e assentiu. John tomou isso como um sinal para
continuar.
—Tem havido estranhas ocorrências com o clima nas colinas nos últimos tempos.
Thomas encolheu os ombros, olhando para Sir Dugald. O comandante de armas tomou um
gole de cerveja antes de responder à observação benigna de John.
—E?
O mais velho suspirou, encolhendo os ombros enquanto falava a Sir Dugald.
—Duvido que seja algo para se preocupar, mas alguns dos anciãos do conselho acharam
melhor que eu informasse o Laird sobre isso. Estão temerosos de um presságio, e têm muito
medo porque poderia afugentar os rebanhos.
Sir Dugald assentiu e dirigiu-se a Thomas. O laird não pareceu impressionado com as
preocupações do conselho de anciãos.
—Que tipo de ocorrências climáticas? – Perguntou Thomas finalmente.
—Nos campos no topo das falésias, há pastores se queixando de alguns acontecimentos
estranhos. Disseram-me que mais de uma vez uma parte do céu se tornou negro como a noite em
um abrir e fechar de olhos. Fortes chuvas, vento e relâmpagos encontravam-se dentro. Afirmam
ter visto faixas de cor negra em toda a massa e, depois, tão rápido como apareceu, desaparece.
Thomas ficou pensativo enquanto meditava sobre o que o ancião dissera.

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—Os pastores não pensam que são tempestades típicas?


—Não, – negou John, sacudindo a cabeça. – Dizem que é algo estranho, que só uma porção
do céu se põe negro e com tempestades, enquanto o resto do céu é tão azul como a relva é verde.
Sir Dugald franziu as sobrancelhas juntas e olhou para o laird.
—Talvez devêssemos cavalgar para as colinas amanhã cedo, milorde.
Thomas concordou, em seguida, se levantou para despedir-se.
—Amanhã, então. Por agora devo dizer-lhes adeus.
John e Sir Dugald viram Thomas passar do vestíbulo para a escada.
—Milorde! – Chamou John, – Quase me esqueci.
Thomas inclinou a cabeça.
—Sim?
—É sobre os Hamilton, – continuou John. – Três de seus homens se ofereceram para as
viúvas Maria, Judith, e Matilde. Estão dispostos a dar gado e cultivos para tirá-las de nossas mãos.
Isso o agrada?
Thomas concordou sem hesitação.
—Sim, eu sei que eles perderam muitas mulheres em suas batalhas com os Hays. Podem
enviar Maria e Judith aos Hamilton amanhã.
John sorriu, satisfeito.
—E Matilde, milorde?
Thomas ponderou a pergunta por menos de um momento e depois franziu a boca sem
humor.
—Sim, pode enviá-la também, mas não até dentro de alguns dias. Gostaria de prová-la antes
que se despeça.
John e Dugald riram.
—Em poucos dias, então, milorde, – concordou John.
O laird assentiu, depois virou-se e subiu a escada de dois em dois. Matilde era para os
prazeres de amanhã, mas esta noite havia Judith.
No momento em que ele chegou as pesadas portas de madeira para seu quarto,Thomas
abriu-as e se caminhou para dentro. Judith o estava esperando, sentada timidamente na cama,
com um rubor em suas faces de querubim. Ele suspirou. Quantas vezes tinha se deitado com a
moça, era pedir demais que não tivesse que cortejá-la cada vez que deitassem juntos? Ele não
tinha que bajulá-la para que ela o montasse assegurando que era seu dever velar pelas
necessidades de seu Laird, que não tinha por que se sentir culpada por sentir prazer.
Mesmo assim, MacGregor não era selvagem. Se ele precisava conquistar Judith para obter
seus favores, então a cortejaria. Thomas olhou para a serva e enrugou um lado dos lábios para
acima em um sorriso desajeitado, ciente do fato de que a moça parecia desejar uma pequena
amostra de carinho antes de deitar com seu amo.
—Levante-se, Judith, – gritou ele enquanto tirava a espada e a deixava cair junto de seu
plaid no chão.

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Seu eixo grosso e ereto surgiu livre quando ele acenou para a moça se levantar. Judith
obedeceu de imediato, caminhando para ficar diante de seu laird, de olhos baixos fixos em seus
pés.
Thomas assentiu, satisfeito de que sua generosa tentativa de um semi-sorriso ter feito o
cortejo completo.
—Tire suas roupas, garota.

Capítulo 1

2001 DC, Tampa, Florida

Parecia uma cidade fantasma.


Era quase metade do dia ainda nem um único carro podia ser encontrado na rua. Os
letreiros de neón não piscavam. Os turistas não estavam bloqueando o tráfego, não estavam
chateando infernalmente os nativos enquanto tentavam estudar seus mapas e conduzir ao mesmo
tempo. Não havia prostitutas perambulando pelas ruas em busca dos clientes em potencial.
Diabos, não havia sequer um policial solitário pendurado ao redor da loja de rosquinhas local. Em
conclusão, a cena era malditamente muito assustadora. Era como se os habitantes da cidade
tivessem se levantado e coletivamente se afastado.
Maya Jones olhou ao redor através de olhos estreitos e especulativos enquanto conduzia
pela Avenida Kennedy a 65 km por hora em uma zona de 45. Algo não estava bem. Talvez fosse
antropóloga durante tempo demais, mas quanto mais ela refletia sobre o vazio absoluto de uma
das ruas mais movimentadas de sua cidade natal, tornava-se mais a assustadora comparação
entre Tampa e o que se parecia uma civilização perdida.
Roanoake.
Sim, era este local que o ambiente vazio lhe trazia à mente. Era exatamente igual a colônia
de Roanoke, Virgínia, que foi colonizada em 1585, e depois foi encontrada abandonada por
exploradores ingleses, sem nenhuma pista para onde os colonos haviam se dirigido... ou levados.
A única mensagem que foi deixada para trás era uma única palavra, "CROATOAN", que foi talhada
no tronco de uma árvore. Se a mensagem foi escrita por um colono ou um assassino, os
arqueólogos ainda não haviam descoberto o que significava.
—Poderia reduzir a velocidade, Maya, antes que nos multem?
Maya regressou bruscamente sua atenção dispersa do ano 1585, e a canalizou no ano de
2001, e olhou para sua companheira de viagem e melhor amiga, a Dra. Sara Chance.
—Hein?
Sara sorriu, desconcertada com a distração de Maya. Se conhecia Maya, e ela
definitivamente conhecia Maya, então, não havia dúvida de que sua mais antiga e melhor amiga
estava refletindo sobre o significado das ruas vazias de Tampa. Maya nunca foi alguém que

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aceitava as coisas sem as questionar. Ela tinha que sondar, escavar e investigar até estar
convencida de que sabia os prós e os contras de qualquer enigma que tivesse conhecimento.
Claro que, isso era também o que fazia de Maya uma grande arqueóloga. Quando escavava
em um local, escavava completamente. Não deixava nenhuma pedra sem remover, ou uma teoria
sem explorar. A Dra. Maya Jones era a melhor. Tão boa como ela mesma, refletiu Sara.
—Duvido muito que nos pare, Sara. Não há nenhum policial à vista. Diabos, não há ninguém
à vista. – Maya olhou na direção de Sara, pois ela trazia um copo de café, situado entre suas coxas,
levando-o até os lábios para um gole. Bebeu um generoso gole e suspirou com satisfação.
Sara sorriu, estendendo a mão para um gole de cerveja colombiana, quente. Uma vez que se
sentiu saciada, ela voltou sua atenção de novo para sua melhor amiga.
—Bom Maya, o que você está pensando?
Maya reprimiu um suspiro dramático. Ela devia saber que seus pensamentos não passariam
despercebidos de Madame Detetive. A mulher a conhecia muito bem. Isso é o que acontecia
quando se era amiga de alguém desde a infância.
—Exatamente o que você acha que eu estou pensando ... que esta cidade parece um pouco
estranha neste momento.
Sara balançou a cabeça, sua expressão adquirindo um olhar brincalhão.
—Querida Maya, odeio ser a pessoa que jogara água nas suas hipóteses intelectuais, mas a
maioria das pessoas foram evacuadas e se dirigem para o interior, devido a um furacão que está a
caminho. Supõe-se que o olho do furacão chegará até a costa, apesar de tudo.
Maya moveu bruscamente a cabeça ao seu redor.
—Furacão? Que furacão?
Sara riu, e depois deu um tapinha no joelho de Maya.
—Olhe para a estrada, não para mim, – ela a repreendeu enquanto levava o copo até a boca
para outro gole. – Se você alguma vez se preocupasse em olhar um jornal ou ligar a TV, perceberia
que há muito mais na vida do que ossos antigos e ruínas.
—Não gosto de jornal, é muito deprimente, – interveio Maya, – e, bem, eu não acho TV tão
emocionante quanto um bom livro.
—Acontece que, – continuou Sara, sem responder à avaliação de Maya sobre os
entretenimentos modernos, – estamos esperando a maior tempestade que Tampa já enfrentou.
Somos, sem dúvida, duas de apenas um punhado de tolos que ainda andam por aí para ver o
drama desenrolar.
Um furacão. Ha! Ela deveria ter sabido. Com sua sede de explicações saciada, Maya olhou
para Sara pensativa.
—Então, você quer ficar aqui ou quer ir para o interior?
Sara riu.
—O que você acha?
Maya voltou sua atenção completamente à estrada com um sorriso no rosto.
—Acho que, como eu, também deseja seguir a tempestade.
Sara concordou e acrescentou rapidamente.

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—Ademais ouvi dizer que Pete e seus amigos vão dar uma festa pelo furacão. – Ela revirou
os olhos. – Você sabe como eles saem para sentar na praia e enchem a cara enquanto veem a
tempestade chegar.
O sorriso de Maya aumentou ao pensar na última festa do furacão de Pete. Só estiveram ali
os nativos da Flórida e algumas poucas almas corajosas que vieram do norte. A maioria de seus
amigos havia fugido com a primeira promessa de uma tempestade, dirigindo-se para cidades
como Orlando para enfrentar o mau tempo dali.
Maya e Sara eram como Pete, haviam crescido com a ameaça dos furacões durante toda a
vida, vivido um bom número deles, e de fato chegado a antecipar a excitação nervosa que chegava
cada vez que uma nova ameaça surgia. Não, não iriam. Elas ficariam em casa, trabalhariam em
algumas de suas pesquisas, depois iriam na festa de Pete, beber cerveja e participar do churrasco,
enquanto a tempestade se aproximava.
—Este ano vai ser um pouco diferente, – refletiu Sara vertiginosamente, –Que festa vai ser!
Maya olhou para Sara com curiosidade. Sara não era o tipo de pessoa que se animava com
uma festa. Demônios, Sara não era o tipo de pessoa que se animava com nada. A mulher era
imperturbavelmente serena e inegavelmente estoica. Como uma espécie de Rochedo de Gibraltar
com seios.
Curiosamente, o fato de Maya e Sara derem polos opostos, tanto em personalidade como
em temperamento, fazia com que sua amizade e seu relacionamento profissional funcionassem
tão maravilhosamente.
Maya era espirituosa, rápida e ria facilmente e perdia os estribos da mesma maneira. Era
uma idealista, uma filosofa com a cabeça nas nuvens, uma aquariana. Para sua amizade, Maya
trouxe entusiasmo e diversão. Para sua parceria no trabalho, ela trouxe a capacidade de ver além
do branco e preto e olhar mais profundamente os mistérios do passado para formar grandes
teorias para suas descobertas arqueológicas.
Sara, por outro lado, era completamente tranquila, plácida e lógica. Era realista e
pragmática, uma capricorniana. Para sua amizade, ela trouxe estabilidade e calma. Para seu
trabalho, ela trouxe sensatas decisões de negócio, sabedoria em lidar com doações monetárias, e
um doutorado em línguas antigas que ajudavam Maya a prosseguir compreendendo qual o
significado que as relíquias desenterradas tinham para os antigos povos desaparecidos que
estavam pesquisando atualmente.
Sim, Sara era a pessoa mais centrada, homem ou mulher, que Maya já tinha conhecido. Vê-
la tão obviamente entusiasmada por uma festa pelo furacão despertava sua curiosidade.
—Então, qual é a diferença entre esta festa e as outras do bom e velho Pete?
Sara sorriu.
—É uma festa a fantasia. Pete pensou que já que estamos tão perto do final de outubro, nós
poderíamos combinar as duas e ter uma Festa de Halloween pelo Furacão.
Maya riu.
—Sim, isso soa realmente como Pete. – Ficou calada por um momento e depois cutucou
Sara com o cotovelo . – Do que você vai?

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—Não sei, – admitiu Sara. – Vamos estar muito ocupadas pesquisando para ir às compras, de
modo que estava pensando em ir como uma sexy diabinha outra vez. Ainda tenho esse vestido
colante vermelho do ano passado em algum lugar do apartamento.
Maya suspirou.
—Tem razão. Não temos tempo para sermos criativas. Supõe-se que devemos viajar para a
Escócia, em… o quê, um mês? Sim, temos muito trabalho de campo para fazer nesse projeto
antes de começar o resto da escavação. Acho que vou vestir o mesmo que do ano passado
também.
Sara franziu o cenho.
—Ah, talvez eu esteja ficando um pouco senil, mas esqueci do que você estava usando no
ano passado.
Maya sorriu ironicamente.
—De Elvira* , é claro.

—É bom estar em casa.


Maya deu uma respiração ofegante e deixou-se cair no sofá. Esticou as pernas e bocejou
enquanto observava Sara ir direto para a porta do banheiro.
—Vai tomar banho? – Perguntou ela enquanto fechava os olhos e relaxava.
—Sim, – respondeu Sara sem olhar para trás, – e é melhor você tomar um depois de mim,
caso a gente fique sem água quente durante alguns dias.
Maya abriu os olhos com um gemido enquanto a porta do banheiro se fechava. Sara tinha
razão. Melhor esperar para dormir, pelo menos até depois dela tomar banho, porque o furacão
poderia muito bem afetar a obtenção de água corrente durante um tempo.
Além disso, a escavação de emergência da qual acabaram de voltar as tinha mantido fora de
suas pesquisas sobre o clã escocês que estiveram estudando durante quase três dias. Agora elas
tinham uma penca de trabalho atrasado para fazer antes de voarem para a Grã-Bretanha no
próximo mês. Era algo bom ela e Sara dividirem o apartamento, decidiu Maya, porque poderiam
trabalhar hoje à noite se necessário para compensar o tempo perdido, enquanto estavam na
expedição de emergência.
Expedição de emergência. Maya nunca havia percebido quantas emergências um
arqueólogo viria a ter até que ela terminou sua pós-graduação. Não que os mortos precisassem de
um médico ou coisa parecida. Ela pensava que as emergências eram exclusivas para o âmbito dos
Doutores em Medicina, não dos Doutores em Investigação, mas ela e Sara foram corrigidas a esse
respeito antes que seu primeiro trimestre na escola de pós-graduação finalizasse.
As emergências eram divertidas, no entanto, correr no meio da noite para garantir uma cena
antes que alguém adulterasse, analisar e teorizar sobre os dados que encontravam nas
escavações, eram momentos maravilhosos. O trabalho era sujo, os dias longos e as noites mais
longas, mas valia a pena.

*
Elvira do filme: Elvira rainha das trevas. http://www.elviracostume.com/

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A escavação de emergência da qual acabavam de regressar havia acontecido ao longo de


Alligator Alley, na rota para Miami. Uma equipe noturna de construção acidentalmente descobriu
alguns ossos antigos, cerâmica e colares durante uma inspeção de rotina do local onde estavam
planejando perfurar. Eles chamaram à equipe de Maya imediatamente, sabendo por ter
trabalhado com ela no passado, que ela empolaria seus ouvidos, até que estivessem tentados a
estrangulá-la, se começassem a perfuração antes que as relíquias fosse devidamente escavadas e
catalogadas para posterior análise na universidade.
As relíquias eram indígenas e para o deleite de sua equipe, muito, muito antigas. Ver o quão
antigas, isso ficou por ser analisado, mas Maya mal podia conter o entusiasmo de ter seu palpite
confirmado. Ela teria que esperar para que seus alunos de pós-graduação no laboratório
terminassem as análises, mas ela calculava que pelas camadas de estratos que foram localizados
no interior das relíquias e pelas partes incompletas dos símbolos arcaicos que Sara havia
decodificado na cerâmica, que a tribo tinha que ser do Paleolítico. Os prováveis estavam
definitivamente a favor de sua teoria.
Prováveis? Santo Deus! Ela estava começando a pensar como Sara. Sara sempre pensava em
estatísticas e falava em prováveis. "Prováveis" era a forma abreviada de Sara dizer "a
probabilidade de". Ela começava a maioria de suas frases com “prováveis são que..."
De qualquer forma, se as probabilidades resultarem verdadeiras, e esta tribo de índios
percorreu a América do Norte durante a Idade de Pedra Lascada, então esta seria a evidência mais
antiga encontrada que sugeria que houve povos na Flórida antes das placas na terra se deslocarem
e o Estreito de Bering se abrisse. Coisas emocionantes.
—Ai! – Maya fez uma careta enquanto sua iguana de estimação lançava-se sobre seu
abdômen. Falando de uma sacudida volta à realidade. – Caramba, Fred, eu realmente preciso
aparar as unhas de suas patas. Você pode causar alguns danos sérios com essas coisas.
Fred estendeu sua língua de lagarto e lambeu o rosto de Maya, aparentemente alheio a
qualquer desconforto que sua travessa saudação poderia ter causado. Ela sorriu e coçou a cabeça.
—Eu também senti saudades, rapaz.
Fazendo uma careta, Maya soltou um suspiro enquanto Barney, a iguana de Sara, saltava em
sua barriga para juntar-se a Fred. Ela sorriu para o lagarto igualmente tenaz, e de maneira
tranquilizadora coçou sua cabeça.
—Barney, você sabe que também senti saudades suas. Mas você vai fazer com que Fred
fique com ciúmes...
Maya beijou ambos e depois enxotou Fred e Barney de seu estômago e sentou-se.
—Vocês estão ficando muito velho para isso. Ambos estão com quase 2 metros de
comprimento, com a cauda incluída. Já não são pesos leves, garotos.
Maya olhou na direção do banheiro quando ouviu o barulho da porta se abrindo.
Sara surgiu em um vestido branco acetinado, seu longo cabelo negro envolvido em uma
toalha.
—Sua vez, – ela anunciou, enquanto deslizava para o sofá e sentava.

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—Com prazer. – Maya moveu as sobrancelhas comicamente, fazendo Sara rir, enquanto
saltava sobre seus pés e corria para a ducha, agora vaga.

As cores dançavam na escuridão e as moças demônio aparecerem. Os dragões dançavam


para fazer sua oferta e logo os homens se aproximaram. Vejam! As moças não eram demônios,
mas feiticeiras que vieram para morar aqui.

Maya franziu o cenho.


—Ok, além de ser uma tentativa realmente péssima de escrita poética, que diabos
significava isso? – Ela levantou-se para se servir de uma xícara de café enquanto Sara contemplava
o pedaço de prosa que a Universidade de Glasgow havia descoberto, fotocopiado e enviado por
mala direta.
A poesia foi fotocopiada do original feito em pele de cabra, escrito na parte interna da pele,
no que se supunha ser do início dos anos 1300. Isso, junto com um pacote que continha as xérox
de outras relíquias, foram enviadas aos Estados Unidos por uma equipe de escavação das terras
altas, para que a equipe americana se familiarizasse com estes.
O Castelo MacGregor foi completamente escavado há muito tempo, mas não foi até
recentemente que os arqueólogos escoceses descobriram um esconderijo secreto dentro da torre
que foi usado para abrigar alguns dos artefatos mais sagrados para os Highlanders.
Muito já se conhecia sobre o Clã MacGregor; ou seja, que eles foram inusitadamente
prósperos para um povo escocês e que eram avançados em matéria médica para o seu tempo.
Mas não haviam compartilhado seus segredos com estranhos, e que sobreviveram e floresceram
por mais alguns séculos, até 1700, na verdade. Mas agora os cientistas tinham a oportunidade de
aprender ainda mais, e Maya e Sara estavam excitadas por ser parte do processo de descoberta.
O pacote enviado pela equipe escocesa de arqueólogos continha uma grande quantidade de
cópias de algumas relíquias originais, relíquias que na realidade elas não teriam a oportunidade de
ver até que chegassem às Terras Altas no próximo mês. A equipe escocesa quis dar à equipe
americana tantos antecedentes sobre a descoberta quanto possível, de modo que o pacote foi
enviado a Sara e Maya com a maior celeridade.
—Ainda não tenho certeza do que significa, mas é muito interessante, – concluiu Sara
enquanto revisava os documentos com uma lupa. – Há pelo menos cinco documentos aqui que
fazem referência a estas moças demônio.
Maya riu enquanto sentava-se com sua caneca de café e entregava uma outra cheia à Sara.
—Típico dos homens. As mulheres sobre as quais escreveram não devem ter sido do tipo
que toleravam suas tretas. Portanto, qualificaram-nas como demônios.
Sara sorriu.
—Isso é definitivamente possível. Pelo que pude perceber, no entanto, essas moças
demônio chegaram a ser importantes para o Clã MacGregor.
Maya arqueou uma sobrancelha.

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Jaid Black
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Depois da Tempestade

—Talvez as mulheres fossem míticas, então? Você sabe, uma fábula que os Highlanders
criaram?
Sara assentiu, com uma expressão séria no rosto.
—Isso é muito possível, mas…
—Mas, o quê? – Maya cutucou quando era evidente que Sara não iria continuar seu
pensamento em um curto prazo.
—Não sei. – Suspirou Sara. – É só que essa conclusão não me parece certa.
Maya sentou-se ereta em sua cadeira à medida que sentia-se mais interessada no quebra-
cabeça que se descortinava diante delas.
—Por que não?
—Bom, – Sara começou, – pelo que pude deduzir destes outros registros, parece que as
nossas moças demônio mais tarde se casaram no clã. Ao que parece, uma das mulheres realmente
se tornou na Senhora dos MacGregor e a outra casou-se com um soldado de alta categoria
chamado Sir Dugald, embora ainda não esteja segura de quem era este Dugald para o clã em
termos de sua função ou importância.
Maya sorriu abertamente.
—Ah, então as ilustres moças demônio eram reais, e foram sem dúvida harpias irritantes
segundo os homens MacGregor.
Sara riu enquanto pegava sua caneca de café e levava aos lábios.

—Sim, os prováveis são de que você está certíssima sobre as moças. – Ela sorriu. – Embora
os membros do clã, sem dúvida vieram a aceitar as harpias com o passar do tempo.
Maya revirou os olhos.
—Homens.
Poucas horas depois, Sara deixou de lado o documento que estivera traduzindo e olhou com
admiração a fotografia que sua amiga estava segurando.
—Uau! Maya, nunca imaginei que o Castelo MacGregor fosse tão impressionante em seu
apogeu.
Maya concordou, enquanto colocava uma segunda foto na frente dela.
—Esta é outra foto da pintura que a equipe escocesa encontrou. É muito raro que um laird
medieval encomendasse uma pintura de um castelo, assim, apenas pelo fato de encontrá-la a
torna uma joia, de fato.
Sara concordou enquanto passava seus dedos ao longo dos fossos do castelo que foram
detalhados na pintura.
—Uma fortaleza inexpugnável em seu dia, sem dúvida.
—Sem dúvida, – murmurou Maya.
As duas mulheres sentaram-se em um silêncio sociável, enquanto estudavam cada
centímetro das fotografias. Elas se pegaram a cada torre e memorizaram os extraordinários
detalhes da cada parapeito. O Castelo MacGregor era impressionante de acordo com os modernos
padrões arquitetônicos. Não era de estranhar que o laird deste clã fosse considerado todo-

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Depois da Tempestade

poderoso durante sua vida. Esta fortaleza foi construída de uma maneira bem mais fantástica do
que a típica casa de torre medieval escocesa.
—Thomas era o nome dele, – ofereceu Maya. – Consegui isso em alguns dos documentos
que li, mas ainda não foi traduzido por você.
Sara assentiu, nem um pouco surpresa. Maya não falava latim como Sara, mas era
extremamente hábil com o gaélico e inglês antigo e, portanto, capaz de traduzir partes dos
registros por si mesma.
—Sim, – confirmou Sara. – O nome de Thomas aparece muito nos documentos antigos.
Parece que ele viveu até uma idade avançada e governou o clã por muitos anos.
Maya lançou um de seus rebeldes cachos dourados por acima do ombro e fitou Sara
fixamente.
—Não estou certa se li com exatidão porque muitos deles estão em latim, mas tenho a
sensação de que ele era um homem muito temido. Não só por seu próprio clã, mas,
supostamente, pelos clãs com os quais competia também.
Sara concordou.
—Isso é verdade. Há inúmeras histórias de batalhas, que são narradas nestes registros
antigos e o nome de Thomas aparece algumas vezes em cada um deles. Na verdade, o único
nome que aparece quase tanto quanto, embora não com tanta frequência, é o desse personagem
Sir Dugald.
Maya fechou os olhos enquanto passava os dedos pelos cabelos.
—O que você pensa dele? Parece que ele era o comandante de armas do laird ou algo assim,
não é?
Sara assentiu de novo.
—Os prováveis são de que ele era. – Sua voz foi se apagando melancolicamente enquanto
continuava. – Ele certamente foi um personagem muito interessante.
Maya arqueou uma sobrancelha.
—Interessante?
Sara deu de ombros, um acentuado rubor enchendo suas faces.
—Ele foi descrito nos registros como um homem leal a seu laird e parentes, e rápido para
retaliar aqueles que causavam dano a sua gente, enquanto ao mesmo tempo, possuía uma
personalidade divertida e afável. Em suma, o homem perfeito.
Maya sorriu enquanto assimilava as palavras que Sara acabava de dizer. Por Deus e ela que
pensava que era um pouco estranho começar a ter uma queda pelo herói do último romance de
Dara Joy que havia lido.
—Você não está desenvolvendo uma afeição por um fantasma de setecentos anos de idade,
está?
Sara revirou os olhos.
—Não sou tão tonta, querida.
Maya lhe piscou um olho.
—Certamente que não.

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Depois da Tempestade

O MacGregor pensou que sua senhora fosse um demônio e um diabo não se podia expulsar.
Certamente, era bom que ela fosse uma dama ou ele teria que queimá-la...

Maya franziu o nariz enquanto ela e Sara contemplavam a última referência que
encontraram sobre às moças demônio.
—Eu me pergunto a quem Thomas MacGregor contratou para escrever sua poesia, o bufão
da corte?
Sara riu. Queria responder, mas estava demasiado cansada para pensar e mais ainda para
conjecturar sobre quem foi o autor do documento de setecentos anos. Ela esticou os braços acima
dos ombros e bocejou como um gato sonolento.
—São duas da manhã e estamos nisso durante horas. Eu digo que devemos deixá-lo por
agora.
Maya suspirou.
—Provavelmente devemos. Estou demasiado cansada para ser útil de qualquer maneira. –
Levantou-se e limpou sua área de trabalho. Depois de guardar o laptop, recolheu e jogou as
migalhas de pizza que ela e Sara haviam divido na lata de lixo e se dirigiu à cozinha para lavar as
duas canecas de café que haviam utilizado.
Poucos minutos depois, Maya meteu-se na cama. Estava mais cansada do que podia
recordar, mas também muito agitada para dormir. Merda, isso sempre acontecia quando ela e
Sara estavam envolvidas em um novo projeto! E agora elas tinham dois novos projetos para
mantê-las acordada até tarde da noite, teorizando sobre eles. Primeiro o achado indígena e agora
o das Terras Altas. Ela adorava seu trabalho, mas a adrenalina que muitas vezes gerava,
atrapalhavam na hora de relaxar e dormir.
Uma hora mais tarde, Maya, finalmente, caiu em um sonho profundo. Sonhava com moças
demônio e dragões, castelos e membros do clã, e com um homem enfartante chamado Thomas.
Mesmo dormindo, ela reconheceu a ironia da situação. Afinal, ela teve a ousadia de provocar Sara
sobre desenvolver uma paixão por um homem morto há setecentos anos.
Ocorreu a Maya que era melhor cobiçar apenas os galãs gerados pela imaginação de Dara
Joy.

Capítulo 2

Maya e Sara trabalharam durante toda a manhã seguinte, até a tarde. Sara traduziu um total
de sete documentos nesse período de tempo, um recorde pessoal para ela. Maya estudou as
fotografias dos outros fragmentos de arte arcaica, joia e cerâmica, que foram enviados pela
equipe escocesa, acrescentando mais e mais detalhes em sua teoria de quem eram as moças
demônio e o papel que desempenharam no clã, com cada peça.

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Entre os odes* que foram escritas sobre Lady M, como o autor mais tarde chamou à moça
demônio que se casou com Thomas, e as obras de arte que foram encomendadas por MacGregor
para capturar a imagem de sua esposa, era bastante óbvio para Maya que essa misteriosa dama
foi de extrema importância para seu clã adotivo. E Thomas, obviamente, a amou muito.
E deveria ter amado . Afinal, ela estava certa por outros documentos que Sara traduziu, que
o laird foi um homem severo, que as pessoas naturalmente se encolhiam de medo dele. Ele não
seria do tipo que sucumbiria a algo que parecesse trivial, especialmente nos assuntos secretos do
coração como o amor. Isso estaria abaixo de um homem como Thomas. Sim, a boa e velha Lady M
havia derrubado o valentão no chão e virado seu mundo ao avesso e de cabeça para baixo. Justo o
que merecia, no que dizia respeitava a Maya.
Era uma pena que as duas pinturas que foram criadas com a aparência de sua esposa fazia
sete séculos, não sobrevivessem intactas a um incêndio que tomou conta do castelo há pouco
mais de 200 anos, porque Maya estava curiosa para saber qual era a aparência de Lady M. As
imagens estavam agora totalmente carbonizadas e, portanto, irrecuperáveis. A única coisa que
pode distinguir foi o cabelo da dama e um olho.
Lady M possuía uma longa cabeleira de cachos dourados e olhos de três cores que
continham anéis verdes e azuis com manchas de ouro em volta das pupilas. Assim como ela,
pensou.
Ela deu uma mordida no sanduíche de salada de frango que havia preparado fazia alguns
minutos e seguiu contemplando a mulher. Pelo visto, Thomas MacGregor foi um homem tirânico,
arrogante, teimoso e temperamental. Maya nunca poderia aguentar o tipo. Mas Lady M
aguentou. A mulher tivera a paciência de um santo ou bom senso suficiente para enfrentar o
bárbaro e domá-lo. Algo lhe dizia que era a última explicação que soava verdadeira. Um homem
como Thomas não poderia ter respeitado nada menos.
Ela sorriu para si mesma enquanto estudava os restos da pintura da dama
—Você realmente manteve aquele grandalhão na ponta do dedo, não é, amiga?
Um segundo depois o telefone tocou, tirando Maya de seus pensamentos contemplativos.
—Pelo menos ainda dispomos de eletricidade, – ela murmurou para si enquanto chegava ao
aparelho sem fio. A tempestade já tirara o abastecimento de água.
—Alô?
—Oi Doc, como diabos você está?
Maya sorriu.
—Muito bem, Pete e você?
—Sem queixas, Doc.
—Bom.
Pete afastou a boca do receptor tempo suficiente para gritar com alguém, ao fundo,
obviamente um trabalhador da construção de sua equipe que não fizera algo do jeito que ele
queria que fosse feito, e depois voltou ao telefone.

*
Ode é uma composição poética que surgiu na Grécia Antiga, e era cantada e acompanhada pela lira. Ode, em grego
significa canto.

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Depois da Tempestade

—Só estou ligando para dizer a vocês que o tempo parece que vai melhorar em
aproximadamente uma hora. Já estamos dando por finalizado o dia aqui. Venham assim que
puderem, certo?
Maya sorriu. Assim era Pete, ainda tinha sua equipe trabalhando, até o último segundo
possível. Assim foi como ela o conheceu para começar. Sua construtora ganhou a licitação em um
local que o governo queria construir e depois de algumas poucas horas de perfuração, Pete e seus
trabalhadores descobriram algumas relíquias indígenas, uma ocorrência não rara para os
trabalhadores da construção, na Flórida. A equipe de Maya foi chamada ao local, e ela e Sara
foram para recuperar as relíquias, apesar dos avisos meteorológicos terríveis contra elas.
Sara havia gostado de Pete no ato. Maya teve suas reservas, mas isso não era nada
incomum, pois ela sempre tinha reservas a respeito de qualquer um que exibisse um pênis. No
final, o tempo piorou, e Pete convidou Maya e Sara à sua casa para participarem de sua festa de
furacão, relutantemente Maya concordou em ir, e os três se tornaram amigos no final da
tempestade.
Pete era agora como um irmão mais velho para Maya e Sara. Nada romântico ocorreu entre
ele e uma das mulheres e nada romântico aconteceria jamais. Pete era muito feliz no casamento e
tentava junto com a esposa engravidá-la. E Maya e Sara adorava Chanel, a esposa de Pete, desde
o princípio.
—Claro, Pete. Estamos apenas terminando um trabalho aqui e depois planejamos ir
diretamente pra aí.
Pete gritou obscenidades que Maya sabia estarem dirigidas a um de seus homens e não a
ela.
—Legal. E não se esqueçam de suas fantasias, ok?
Maya riu.
—Não, não vamos esquecer, docinho.
Eles desligou alguns segundos mais tarde, depois Maya levantou-se e limpou seu espaço de
trabalho. Gritou para Sara que já era hora de começarem a se prepararem e se dirigiu para o
quarto para vestir sua fantasia.

A festa de Halloween do Furacão de Pete foi a mais divertida que Maya e Sara
compareceram em anos. Não puderam superar alguns dos trajes, que iam desde o mundano ao
ultrajante para o assustador. Pete e Chanel, bom, eles pareciam francamente um sacrilégio.
—Um sacerdote e uma freira grávida, Pete? – Maya revirou os olhos enquanto bebia de uma
garrafa de Michelob*.
Pete jogou a cabeça para trás e riu enquanto Chanel piscou para ela. Maya sorriu.
—Vocês dois realmente devem ter odiado aquele colégio católico em que se conheceram.
Chanel riu.
—A melhor coisa que posso dizer sobre isso é que conheci Pete lá.

*
N.da Trad: marca comercial de cerveja

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Depois da Tempestade

Maya conversou com o casal por mais alguns minutos antes de decidir procurar Sara. Ela
encontrou sua amiga perto da mesa de petiscos, e parecia que ela estava fazendo todo o possível
para se defender de um ávido pretendente que estava fantasiado como o que suspeitava ser Thor,
o deus viking.
Maya sorriu. Não podia culpar o homem por tentar. Afinal, a Dra. Sara Chance estava
extraordinária esta noite. Ela estava usando um vestido vermelho, longo e justo que abraçava
todas as suas curvas admiravelmente e mostrava uma quantidade respeitável de seu colo. Este se
abria nas laterais até os joelhos, mostrando suas bem torneadas pernas. O aveludado cabelo preto
de Sara fluía até o meio das costas, com dois chifres vermelhos saindo do alto de sua cabeça.
A hipótese de Maya era que, se Thor não retirasse suas mãos ansiosas da cintura da diaba
logo, ele iria sentir os efeitos de um tridente. Conhecendo Sara, doeria como o inferno.
Maya viu Thor apalpar à cintura de Sara durante alguns segundos mais, e depois decidiu que
era hora de resgatá-la de suas garras. Mas justo quando estava a ponto de pôr fim à perseguição
do deus viking, ela sentiu fortes braços ao redor de sua cintura por trás.
—Adivinha quem é? – O homem sussurrou em seu ouvido.
Maya gemeu internamente. Nick. Seu ex-namorado.
Ela plantou um sorriso superficial em seus lábios e virou-se para cumprimentar o homem
que uma vez tinha rompido seu coração. Ela estivera muito apaixonada por Nick há poucos anos,
planejava casar-se com ele, de fato, mas descobriu logo após o noivado, que a dela não era a
única cama que o havia aquecido durante a noite.
—Oi Nick. Como está?
Nick deu seu sorriso mais cativante. Era um homem bonito, não podia negar esse fato da
vida, tanto como Maya gostaria de ter. Nick era um homem alto e musculoso, loiro, com olhos
azuis e um corpo assassino.
—Estou muito bem, Maya, – respondeu ele, enquanto deixava os olhos passearem por seu
corpo. – E vejo que você está muito bem também. Caramba, você parece melhor do que quando
éramos um casal.
Maya sorriu. Ela realmente não achava ter mudado tanto para melhor, mas se ele dizia,
então era melhor assim.
—Na verdade, eu a estive observando durante a noite toda. Fiquei me perguntado quando
você viria me cumprimentar, – ele a repreendeu.
—Sinto muito, – Maya respondeu com a expressão mais inocente que pôde conseguir. – Não
sabia que você estava aqui.
Ha! Isso era uma mentira se alguma vez tinha dito uma. Ela viu Nick no momento que ela e
Sara entraram no apartamento de Pete. A verdade do assunto era que ela simplesmente não
podia suportar ficar perto dele. Especialmente desde que a trouxe à festa com ele.
Mindy.
A cabeça oca de sua secretária. A mulher que ela havia surpreendido na cama com ele.
Nick deu seu sorriso de vendedor, apesar de Maya saber que sua mentira o havia afetado.
Bem, disse a si mesma, deixe-o pensar que sou completamente alheia a sua presença.

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Depois da Tempestade

—Que vergonha, Maya, – respondeu ele suavemente, – porque eu não fui capaz de pensar
em mais nada além do fato de que você está aqui.
Os olhos de Nick percorreram todo o corpo de Maya, uma vez mais. Sua mandíbula tornou-
se tensa enquanto ele a reprendia por sua escolha de vestuário.
—Você realmente acha que é conveniente vestir essa fantasia de Elvira?
Maya piscou para Nick, fingindo esquecimento do porquê ele deveria se preocupar com o
seu traje.
—O que quer dizer?
Ha! Ela sabia exatamente o que Nick queria dizer e estava muito grata aos deuses por não
ter tido tempo suficiente para comprar uma nova fantasia. Ela sabia que ele odiara este vestido
desde a primeira vez que ela o vestiu.
O vestido de Maya era uma peça preta, colante, que mostrava todas as curvas que ela
possuía, para sua melhor vantagem. O vestido chegava até os tornozelos, mas era cem por cento
escandaloso. A abertura no lado esquerdo começava no tornozelo e fazia todo o caminho até o
quadril. A frente do vestido caía sobre seu estômago com seus seios fartos levantados e
sobressaindo, igual ao da Elvira real. Seu único pesar era que ela não foi capaz de encontrar sua
peruca preta. Sua longa cabeleira de cachos dourados caía em cascata pelas costas, arruinando um
pouco o efeito de vampira – um pouco, mas não o bastante para que as pessoas não soubessem
quem se supunha ser.
Verdade seja dita, Maya nunca achou-se exatamente bonita. Ela poderia se passar por bela,
talvez, mas assim podiam fazer a maioria das mulheres. O importante era que Nick achava que ela
era, pelo menos por esta noite. Apenas o suficiente para vingar o seu senso de justiça, um
pouquinho.
Sim, Nick odiava o vestido. Ele era muito possessivo para não fazer. Mesmo após todo esse
tempo.
—Você sabe exatamente o que quero dizer, Maya, – resmungou. – Que tipo de ideias você
está tentando colocar na cabeça dos homens por aqui?
O sentimento de alegre satisfação de Maya às custas de Nick rapidamente desvaneceu,
dando lugar as emoções mais obscuras de irritação e raiva.
—Você, Nick Johnson, renunciou seu direito de comentar sobre minha fantasia de
Halloween quando se deitou com Mindy em nossa cama. – Ela respirou profundamente, fazendo
com que seus seios se sobressaíssem ainda mais. Foi divertindo irritá-lo, mas agora ela falava
sério. Além disso, eles haviam rompido há muito tempo para que ele reagisse de forma tão bizarra
sobre sua escolha de vestuário. – Esta conversa terminou. – Ela se virou para fazer sua retirada.
Nick deteve Maya pelos ombros e fê-la girar para encará-lo.
—Mindy nunca significou uma maldita coisa para mim, – ele apertou os dentes. – Ainda não
significava. Eu amo você, Maya.
Maya ficou boquiaberta. Ela o fitou de maneira surrealista.
—Isso é para me fazer perdoá-lo? – Ela perguntou com incredulidade. – Bom, não! A única
coisa que me faz sentir, de fato, é um profundo sentimento de ódio por você e um sentimento de

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Depois da Tempestade

pena por Mindy. Como você pode estar com ela todo este tempo e me dizer de maneira tão
casual que ela não significa nada para você ?
Nick encolheu-se de ombros, aparentemente sem se afetar pela observação de Maya.
—Ela é só uma secretária. Pareço do tipo que se casaria com sua secretária? Sou um homem
importante e um homem importante precisa de uma mulher importante e educada.
—O que você é, – rebateu ela com olhos entrecerrados, – é um imbecil.
Maya girou nos calcanhares e dirigiu-se para Sara. Ela queria dar uma volta, sair ou, algo,
qualquer coisa para ficar longe de Nick, e esperava dizer a Sara para onde estava indo.
Maya chegou à mesa de petiscos, só para se sentir ainda mais irritada quando percebeu que
Sara ainda não havia sido capaz de se desfazer do deus viking excessivamente entusiasta. Suas
mãos estavam toda sobre ela.
Homens. Que brincadeira de mau gosto de Deus para com Eva quando Ele a casou com
Adão.
Maya cerrou os dentes enquanto se dirigia para onde estava sua amiga. Ela pegou o
tridente da mão de Sara e empurrou-o diretamente no peito do viking. Sem estado de ânimo para
preliminares, ela foi direta ao ponto.
—Caia fora Thor, ou você vai descobrir o que se sente ao ter esta coisa enfiada na bunda!
Ou Thor era um covarde total e absoluto ou Maya o fitou com raiva suficientemente como
para ser levada a sério, mas de qualquer maneira ela ganhou. O viking tirou suas patas da cintura
de Sara e ergueu as mãos em sinal de rendição.
—Vá com calma, senhora. Eu não fiz nada com má intenção.
Maia revirou os olhos.
—Vocês, homens nunca fazem com má intenção, não é? Cortejam uma mulher até que ela
está em suas mãos, a faz sentir que é a pessoa mais especial do planeta, até mesmo a pedem em
casamento. Qualquer coisa para levá-las para a cama! E depois as enganam com outra, quebram
seu coração em mil pedaços, e fazem com que seja impossível para ela confiar em alguém o
suficiente para amar outra vez!
Maya empurrou o tridente mais profundamente nas costelas de Thor, fazendo com que um
pequeno gemido saísse da garganta de seu prisioneiro viking. Isso mesmo, disse a si mesma com
um feroz senso de saber que só uma mulher desprezada pode possuir, mostrando que conhecia o
seu jogo.
—Conheço os do seu tipo, docinho. Já lidei com vocês antes. São todos iguais. Esta noite
você vai mostrar a Sara todas as maravilhas de sua cama em Valhalla, mas amanhã à noite estará
levando alguma outra pobre desavisada mulher para a mesma turnê grandiosa!
Thor parecia mais confuso do que Maya pensava que fosse possível ver em um deus viking.
—Santo Cristo, mulher, tudo o que eu estava fazendo era dançar com ela.
Maya virou bruscamente a cabeça e olhou para Sara.
—Isso é verdade?
Sara corou em mil tons de vermelho antes de se fixar no olhar de Maya.
—Não havia espaço na pista de dança, então dançamos aqui, – ela murmurou.

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Depois da Tempestade

Maya gemeu, elevando os olhos em direção ao teto com auto-recriminação. Falando a


respeito de projetar os atributos de Nick em outros. Freud teria ganhado o dia psicanalisando-a.
Maya retirou o tridente da parte central de Thor e devolveu-o à Sara. Deu uma rápida olhada
ao redor e percebeu que as pessoas a estavam olhando, Nick e Mindy incluídos. Ela suspirou.
Grande, ela acabara se tornar um motivo de chacota. E na frente dele, nada menos.
Decidida a retirar-se da cena com toda a dignidade que pudesse reunir, Maya endireitou as
costas à sua altura máxima, ergueu a cabeça, e ofereceu a Thor o que ela suspeitava ser uma fraca
tentativa de um pedido de desculpas.
—Você sempre foi o meu deus favorito, – ela murmurou. – Por favor, continuem como
estavam.
Envergonhada, Maya girou nos calcanhares e caminhou regia e lentamente em direção ao
quarto onde estava sua capa. Ela precisava dar um passeio.
Sara viu Maya sair e, em seguida, voltou-se para Thor com um sorriso hesitante.
—Peço desculpas por essa cena. Ela geralmente é uma pessoa muito doce. – A julgar pelo
olhar no rosto do viking, ela adivinhou que Thor não acreditava nessa descrição de Maya nem por
um minuto. – Sinto muito, – ela sorriu, – mas realmente preciso ir atrás dela. Ela precisa de mim.
Poucos minutos depois, Sara encontrou Maya no quarto de Pete e Chanel, sentada na cama,
com Fred e Barney. Ela e Maya haviam trazido os iguanas com elas, apenas para o caso da
tempestade ficar muito pesada e não serem capaz de retornar ao apartamento por um tempo.
Maya esfregava suas barrigas, ambos parecendo sumamente contentes.
—Você está bem?
Maya olhou para Sara, um pouco surpreendida com sua presença. Ela não tinha ouvido a
porta do quarto se abrir.
—Nick está aqui, – ela ofereceu em forma de explicação enquanto voltava seu olhar às
iguanas.
Sara sorriu enquanto se deixava cair em cima da cama com um suspiro.
—Sim, eu sei. Eu o vi.
Maya não disse uma palavra durante um longo tempo e Sara não a pressionou. Ela deu a sua
amiga todo o tempo que precisava. Depois do que pareceu uma eternidade, ela finalmente
respondeu. Sua voz era quase um sussurro.
—A única razão pela qual ele ia se casar comigo era porque eu seria a esposa adequada para
ele.
Sara franziu as sobrancelhas e depois estendeu a mão para Maya, acariciando suas costas.
—Uma esposa adequada, querida?
Maya encolheu os ombros e suspirou.
—Ele disse que não se casaria com Mindy porque ela é só uma secretária e um homem tão
importante como ele precisa de uma esposa educada. O que devo pensar? Soa-me que a maior
parte do que fiz pelo cara foi proporciona-lhe uma imagem suficientemente respeitável. – Ela
gemeu. – Deus, Sara, tenho vinte e sete anos, tinha vinte e cinco quando nos separamos. Alguém
poderia pensar que não me importaria mais as suas razões.

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Jaid Black
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Depois da Tempestade

Sara revirou os olhos. Era como se Nick deliberadamente plantasse sementes desagradáveis
na cabeça de Maya. Se não podia reconquista-la, então faria todo o possível para aborrecê-la.
—A mim soa como se ele dissesse isso de propósito. Pense nisso, Maya. Ele sabe o quanto
que você despreza a ideia de se casar com alguém por razões inadequadas por causa do terrível
que foi o casamento de seus pais. Seu pai casou-se com sua mãe por razões de conveniência, o
que na sua época significava que ela parecia bem em seu braço, então ele a traiu até o dia de sua
morte. Sua mãe morreu com o coração partido. Nick sabe disso. Nick usou isso. Ele só queria
machucá-la porque não pode ter você.
Maya ponderou a análise de Sara por um longo tempo antes de se virar e sorrir para ela.
Sorriu suavemente.
—Graças a Deus que eu tenho você, Sara, – ela murmurou. – O que eu faria sem você?
Sara sorriu serenamente para Maya enquanto retirava de sobre os olhos alguns cachos
perdidos.
—Os prováveis são que você nunca vai ter que descobrir.

Algo estava afligindo o rebanho. Hamish não sabia o que era, mas não gostava da sensação.
Ele temia que, se o gado se assustasse demasiado, sairiam correndo ,talvez vagassem para o
território do Clã MacAllister no processo.
MacGregor não gostaria disso. Não, ele não gostaria nada de perder cerca de duzentas
cabeças de gado para seus maiores inimigos. Especialmente quando MacAllister teria motivos para
dizer que o rebanho reclamado era seu de direito, já que o gado tinha perambulado por suas
terras por conta própria.
Hamish deu uma rápida olhada ao redor do campo, tentando descobrir o que estava
colocando o rebanho em pânico. Olhou tão longe quanto seus olhos podiam ver, mas não viu
nada. Hamish coçou a cabeça e, em seguida, a barba, mas sua perplexidade não diminui.
Então ele ouviu. Os sons. Eram os mesmos sons estranhos que assustavam o gado nos dois
últimos dias. Hamish sentiu os cabelos de sua nuca se arrepiar enquanto lentamente se virava
para ver o que já sabia em seu coração, estaria ali. Não se decepcionou.
Nuvens negras giravam ao redor das outras, até que pouco a pouco se uniram em uma só.
Elas tomavam apenas uma parte do céu, deixando o resto tão azul como o mar ao meio-dia.
Dentro da escuridão total que a união das nuvens criava, as chuvas começaram a cair e o trovão
ressoava com voz profunda. Era só na escuridão que os céus se abriam e derramavam. Em
nenhuma outra parte do céu a chuva caía.
Hamish engoliu fortemente, enquanto observava as nuvens negras com os olhos
arregalados. Deveria gritar por ajuda? Deveria correr das colinas por sua vida? Não, MacGregor
nunca perdoaria ou esqueceria tal ato de covardia. Mas o que podia um homem fazer? De alguma
maneira ele precisava pedir ajuda. E, preferivelmente, antes que o gado fugisse, porque depois
nada poderia ser feito.

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Depois da Tempestade

Hamish olhou enquanto a escuridão gemia e as faixas de cores começavam a dançar em seu
interior. As cores eram majestosas, rosas, roxos, dourados e todas as tonalidades imagináveis. Era
impossível. As tempestades nunca criavam essas belas cores .
—O que, em nome de São Gabriel, é isso?
Hamish se virou para ver a expressão de espanto e medo de seu colega de clã, Leonard.
Louvado sejam os santos, ali estava alguém que podia ajudar!
—Lenny, não posso dizer que eu sei. Já vi isso antes e mesmo assim estou confuso. Por
favor, meu amigo, vá até MacGregor. Corra até ele agora e diga-lhe para vir. Ele e Sir Dugald
precisam ver esta coisa para acreditar! Diga-lhes que precisamos de ajuda, que o gado está
assustado e está pronto para correr. São tantos animais que não posso contê-los sozinho.
Isso deveria ter sido suficiente para que o rapaz saísse correndo, e mesmo assim ele ficou
paralisado, olhando para as nuvens negras. Hamish impacientou-se, sabendo que não tinha muito
tempo.
—Lenny! Corra, rapaz! Agora!
Lenny voltou a si, finalmente, assentiu para Hamish, e saiu correndo em direção ao Castelo
MacGregor. O rapaz correu mais depressa do que ele pensava que seus pés o levariam e não
parou até que esteve no grande salão do castelo. Estava assustado e sem fôlego no momento em
que chegou ao salão, e devia transmitir medo em seu olhar, pois Sir Dugald e MacGregor olharam
para o rapaz e rapidamente se levantaram com as espadas na mão.
—Estamos sob ataque? – Perguntou o laird com um berro.
Lenny negou enfaticamente enquanto tentava recuperar seu fôlego. Ele apontou para as
portas da torre, dizendo ao laird, entre respirações irregulares, o que estava errado.
—Milorde, você deve ir até as colinas! Hamish me disse que o levasse rapidamente.
Precisamos de homens para tranquilizar o rebanho. É a escuridão, digo, que se abateu sobre nós
novamente. Eu nunca teria acreditado se não a tivesse visto com meus próprios olhos!
Thomas gritou para que trouxessem sua montaria dos estábulos, em seguida, interrogou
Lenny enquanto ele e Dugald se dirigiam à parte frontal da torre com um punhado de soldados os
seguindo.
—O que você viu, rapaz?
Lenny estabilizou sua respiração e depois falou com os olhos arregalados.
—As nuvens negras, laird! Elas habitam em apenas uma parte do céu e estão cheias de
chuva, ventos e trovões. Cores como nunca vi, e que certamente dançam na escuridão. É um
presságio, eu vos digo!
Thomas bateu nas costas de Lenny e depois montou em seu cavalo, que um rapaz do
estábulo havia trazido.
—Bom trabalho em chegar a mim tão rapidamente, rapaz. Você honrou seu laird no dia de
hoje.
Lenny estufou o peito com um sentimento de orgulho, enquanto observava seu senhor se
afastar cavalgando, com mais homens em seus calcanhares. O rapaz se benzeu e rezou aos santos
por sua proteção.

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Jaid Black
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Depois da Tempestade

Era um presságio. Ele tinha certeza que era.

Maya e Sara caminhavam pela praia com Fred e Barney atrás delas. Fazia um pouco de frio
ali fora, e elas que sabiam que não podiam ficar muito tempo. Em termos de temperatura,
sentiam-se bem, já que ambas haviam colocado suas capas de veludo antes de saírem para um
descanso da festa de Pete. A capa de Maya era preta, para combinar com sua fantasia de Elvira e a
de Sara era vermelha, para fazer jogo com sua fantasia de diaba.
Eram Fred e Barney por quem estavam preocupadas. Sendo criaturas de sangue frio, não
eram capazes de manter seu próprio calor corporal e, portanto, dependiam do clima para fazer
isso por eles. Eles só podiam manejar breves períodos de tempo frio em cada oportunidade, então
elas se asseguraram de não se caminharem para muito longe do condomínio.
Maya puxou o capuz de seu casaco sobre a cabeça e agarrou-se mais calidamente dentro do
veludo. Sara tratou de fazer o mesmo, mas percebeu que não podia porque seus chifres estavam
no caminho. Maya viu a expressão confusa de Sara e riu.
—Ok, docinho, você conseguiu me fazer esquecer daquela cena horrível com Thor. Acho que
é melhor voltar para dentro, se não para nosso próprio bem, ao menos pelo de Fred e Barney.
Sara sorriu e concordou.
—Sim, é melhor. Meu Deus, – acrescentou com espanto quando se aventurou dar uma
olhada ao redor, – Não tinha percebido o quão longe que chegamos.
Maya olhou para trás em direção ao apartamento de Pete e depois se virou para enfrentar
Sara de novo.
—Tem razão. É melhor irmos embora. Posso ouvir um trovão a distância. A tempestade está
vindo definitivamente, – ela suspirou. Deram a volta bruscamente e começaram a caminhar de
volta para o condomínio.
Um calafrio inexplicável percorria as costas de Sara. Ela estremeceu, encolhendo-se mais
firmemente em sua capa.
—Talvez esta não foi uma ideia tão brilhante, Maya. Acho que devíamos ter ido para
Orlando até que a tempestade terminasse.
Maya olhou por cima de seu ombro a sua esquerda e viu as nuvens negras que estavam
aumentando de tamanho desde o golfo. Eram as nuvens mais escuras que já havia visto.
—Acho que você está certa, – ela concordou baixinho.
Fred e Barney, de repente se tornaram agitados, quase como se pudessem sentir algum
perigo iminente que Maya e Sara não podiam. Eles mordiscaram seus calcanhares, querendo ser
levantados. Maya inclinou-se e pegou Fred em seus braços, ajudando-o a recuperar um pouco de
seu calor corporal perdido.
—Você é um garoto pesado, – o reprendeu amorosamente enquanto o envolvia em seus
braços por debaixo da capa.
Sara tomou nota de como Maya cuidava de Fred e imediatamente pegou Barney para fazer
o mesmo.
—Desculpe amigo, eu não estava pensando.

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Depois da Tempestade

As mulheres caminharam alguns metros mais antes que uma delas, finalmente rompesse o
silêncio.
—É realmente muito bonito, não? – Sara comentou em um sussurro de admiração, quase
para si mesma.
—O que é bonito? – Perguntou Maya, sem saber o que a estava deslumbrando tanto.
—A tempestade, – esclareceu Sara, – se você olhar para ela... Quero dizer, realmente olhar
para ela, é linda além das palavras.
Maya sorriu enquanto ela e Sara paravam. Elas estavam proporcionando a Fred e Barney
calor corporal, de modo que, o que importava se elas se misturassem com a tempestade que se
aproximava por mais alguns minutos?
—Sim, é muito be... Meu Deus, Sara, olha isso! Falando de lindo!
Sara olhou para Maya, em seguida, lançou seu olhar para a área na praia que deixou sua
amiga estupefata. Ela não podia acreditar no que estava vendo.
—Deus meu, Maya. Nunca via nada assim!
Maya e Sara ficaram boquiaberta diante de um ponto do céu que tinha se tornado negro
como se estivesse em luto. Não havia vento e a chuva rodeava dentro do fenômeno em
movimento, mas ainda não caía em nenhum lugar.
Dentro da escuridão, Maya e Sara viam cores belas, magníficas. Era encantador. Era de tirar
o fôlego.
Ela foi se aproximando diretamente sobre elas.
—Uh... Sara, – anunciou Maya enquanto limpava a garganta ressecada, – Acho que é melhor
darmos o fora daqui. Estamos diretamente embaixo dessa coisa, mas não estamos nos molhando.
Isso não parece um pouco estranho?
Sara engoliu forte, e depois voltou a cabeça para olhar para Maya.
—Sim, tem razão. Na verdade, é mais do que estranho, diria eu. Vamos voltar direto para o
apartamento de Pete agora!
Maya nunca precisava dizer duas vezes algo que pudesse salvar sua vida. Ela assentiu para
Sara e saiu correndo rapidamente da escuridão que estava sobre elas. Ou tentou correr da
escuridão, o que se ajustava à situação.
No momento em que as mulheres tentaram dar mais um passo para fora do recinto negro,
os redemoinhos de cores agarraram seus corpos e os lançaram de volta para dentro. Sara gritou.
Maya arremessou contra eles, tentando com todo seu vigor, para conseguir se libertar das cores.
Elas logo se perderam nas cores, incapazes de ver qualquer coisa ao seu redor. Não havia
cor, nem havia escuridão. Não havia mais nada. O condomínio de Pete não era visível. A praia não
era visível. Nem sequer a tempestade era visível dentro da escuridão. Maya teve um pensamento
horrível de que ela e Sara haviam sido pegas dentro do olho do furacão e logo entrariam em
combustão espontânea. Não havia outra explicação. Elas iam morrer.

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Depois da Tempestade

Maya pegou a mão de Sara e se agarrou a ela como se fosse sua própria vida. Se elas iam
morrer, morreriam juntas, pensou dramaticamente. Assim como Thelma e Louise*. Assim como
Richie Valens e Big Bopper*.
Assim como as duas idiotas que deveriam ter ido para Orlando passar a maldita noite longe
da tempestade, pensou tristemente.
Maya gritou quando sentiu que ela e Sara flutuavam para cima, ainda mais para dentro do
olho do furacão, sem dúvida. Fred e Barney se soltaram de suas capas e caíram fora de sua
proteção. Mas as cores não os deixavam ir também. As cores agarraram os iguanas, recusando-se
a deixá-los cair.
As mulheres fecharam os olhos e gritaram. Não havia nenhum lugar para onde correr nem
havia maneira de se soltar das garras das faixas coloridas. De todas as maneiras que existem para
morrer, nenhuma delas pensava que seria desta forma.
E então elas começaram a flutuar para baixo. Rápido, no entanto, com uma facilidade
surreal ao mesmo tempo. Sara apertou a mão de Maya de tal forma que esta suspeitou que os
ossos se quebrariam. Não que isso importasse. O olho as transformaria em um suflê humano de
todos os modos. Deixou que Sara agarrasse sua mão para contentar seu coração.
E então elas estavam no chão, com Fred e Barney a seus pés. Os aros de cor englobaram
Maya e Sara por alguns momentos mais,logo liberando a posse de seus corpos e recuaram para
acima em direção ao céu.
Maya ficou sem fôlego. A escuridão se foi. Ela soltou a mão de Sara enquanto olhava
boquiaberta para o céu, aturdida, com o que acabara de acontecer.
—Uh... Maya, – Sara sussurrou em um tom de urgência enquanto a cutucava nas costelas, –
acho melhor você dar a volta e ver isso.
Maya inclinou a cabeça e começou a girar lentamente, com medo, sem saber por que tinha
que se virar e olhar para qualquer coisa. O que estava atrás delas que havia deixado tão
transtornada a imperturbável Sara? Um demônio, sem dúvida, pela forma como a sorte a estava
perseguindo hoje, pensou sombriamente.
Maya fez uma careta quando finalmente se virou e abriu os olhos. Um demônio… Ah! Elas
estavam mesmo com sorte. Não havia nenhum demônio. Mas sim homens a cavalo. Um monte
deles. E eles tinham espadas.
Espadas levantadas.
Espadas levantadas e rostos zangados.
Oh, merda. Por que não haviam ido para Orlando?

Capítulo 3
*
N.da Trad: *Filme americano de 1991, Cansadas da vida monótona que levam, duas amigas, uma garçonete quarentona
(Susan Sarandon) e uma jovem dona-de-casa (Geena Davis) resolvem deixar tudo para trás num fim de semana. Mas no caminho se
envolvem em encrencas e acabam sendo perseguidas pela polícia.
*
N.da Trad: **Em três de fevereiro de 1959 um avião se choca em uma montanha em Iowa matando seus três célebres
passageiros: Big Bopper, Ritchie Valens e Buddy Holly, tornando o dia mais conhecido como "O Dia que a Música Morreu".

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Depois da Tempestade

Dez homens a cavalo olhavam com olhos arregalados e boquiabertos à Maya e Sara. Havia
um outro homem de cabelos vermelhos que estava bem na frente delas, olhando para as duas
mulheres com terror, como se temesse que Maya e Sara pudessem estender a mão e devorá-lo no
jantar.
O homem usava uma roupa estranha, o que um antigo escocês poderia ter chamado de
plaid. Seu cabelo estava sujo, longo, e destroçado, com uma trança de cada lado do rosto. E ele
tinha o pior halito que Maya já havia sentido em sua vida. Este homem nunca teria que se
preocupar em ser devorado por ela no jantar, isso era certo.
Sara estava tão atordoada que não conseguia respirar, quanto mais ajudar a entender o que
estava acontecendo no mundo, de modo que Maya decidiu tomar o assunto em suas próprias
mãos. Mas primeiro ela precisava fazer com que Billy Mau Halito retrocedesse um passo. Ela ia
desmaiar com certeza se ele não parasse de respirar sobre ela.
Maya levantou a mão em um movimento que indicava que ela estava prestes a falar. O
homem com o hálito fétido deu apenas uma olhada na sua mão levantada, ofegou um profundo e
malditamente perto dela, caiu de joelhos com seu cheiro, e desmaiou.
Aparentemente, Billy Mau Halito se horrorizou com a ideia de que ela falasse com ele, Maya
franziu o cenho. Ha! Como se ele pudesse criticar. O homem, obviamente, nunca ouvira falar de
Listerine*.
—Por todos os santos, milorde, ela lançou seu feitiço sobre Hamish! Ele caiu no chão como
um morto!
Maya voltou sua atenção para o cavaleiro que falava. Havia algo estranho em seu discurso
acentuado encarregado. Era quase como se fosse uma outra língua. Era quase como se fosse…
Gaélico Antigo?
Os dez cavaleiros se benzeram. O maior de todos, aquele que era, obviamente, o
responsável, levantou a espada e apontou-a para Maya e Sara. Ele parecia malditamente raivoso.
Maya nunca havia visto um caráter mais intimidante em sua vida.
—Falem moças demônio. De que poço do inferno vocês foram libertadas?
Maya olhou para Sara com uma expressão verdadeiramente perplexa no rosto. Moças
demônio? Profundezas do inferno?
Foi nesse momento que a lógica de Sara finalmente voltou à vida. Ela cutucou Maya na
lateral e indicou que ela devia olhar para uma área de terreno além dos cavaleiros.
Maya obedeceu, e ficou sem fôlego.
—Onde estamos, Sara? – Ela sussurrou.
Sara engoliu duramente, tentando fazer as glândulas salivares trabalharem novamente. .
—Eu não sei, – ela gritou, – mas não me lembro de ter visto nenhum castelo na Flórida.
Maya olhou para além do olhar feroz do homem com a espada apontada, para a estrutura
sinistra que aparecia no fundo por trás dele.
*
N.da Trad: Marca comercial de enxaguante bucal.

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Depois da Tempestade

Era formidável. E impressionante. E terrivelmente familiar. Parecia-se com as fotos do


Castelo MacGregor.

—Como em nome de Deus, isso é possível? – Maya murmurou baixinho para que somente
Sara pudesse ouvir.
Sara balançou a cabeça, seu olhar nunca vacilante fixo no homem de aspecto feroz que
apontava sua espada diretamente para elas.
—Não sei, Maya, mas estamos aqui. Não há como negar isso. – As duas estudaram as
fotografias daquele castelo por um bom tempo. – Nós duas sabemos o que estamos vendo. E
basta olhar para eles.
Eles, Maya captou o significado dos cavaleiros. Eles, definitivamente, não tinham a aparência
de um escocês dos tempos moderno. E o castelo... o castelo havia sido reduzido a ruínas apenas
dois séculos atrás. No entanto, agora ele era alto e maravilhoso em todo seu esplendor, como
havia sido no passado distante.
Maya fez uma careta, e depois levou sua mão dramaticamente à testa, confusa e
perturbada. Os cavaleiros pareciam reagir à cada um de seus movimentos de modo que fizeram
suas montarias se afastarem para atrás dando um espaço à vista de sua mão ligeiramente
levantada.
—Ela, certamente, vai transformar todos nós em pedra, milorde! – O cavaleiro de língua
solta que Maya estava começando a achar irritante, berrou. – A moça demônio vai matar todos
nós hoje mesmo!
Maya revirou os olhos, sua preocupação momentaneamente esquecida. Ela levantou a voz
suficientemente para todos a pudessem ouvir.
—Não sou um demônio, rapazes. Sou apenas uma mulher. Nem mais, nem menos.
Os cavaleiros olharam para ela com curiosidade, depois deram um grito de terror quando
seu animal de estimação, o iguana Fred saiu mancando de trás de seus pés. Até mesmo o
grandalhão deixou escapar um pequeno grito.
—Ela trás com ela os dragões do poço do inferno, milorde! Temos que fugir! Não podemos
lutar contra eles!
Maya sorriu com satisfação. Ela e Sara estavam obviamente delirando, sendo assim bem que
elas poderiam tirar vantagem desta viagem medieval psicodélica. Deixe que os homens pensem o
que quiserem. Mas por favor, Deus, ela rezou silenciosamente, faça-os irem embora...
Maya inclinou-se e deu um tapinha na cabeça de Fred.
—Bom garoto, –elogiou enquanto ele soltava sua língua de lagarto para lamber-lhe o braço.
O grandalhão apontou sua espada para Maya e berrou uma pergunta.
—Que língua falas, moça demônio?
—Fala a língua do próprio diabo, milorde! Ela vai matar todos nós! Fujamos para que
possamos ver outro dia!

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Jaid Black
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Depois da Tempestade

Maya queria envolver o cavaleiro com sua voz melancólica e triste numa boa. Ele estava a
ponto de matá-las se ela não fizesse algo logo. Estava cansada desse delírio. Ela e Sara tinham,
obviamente, perdido suas mentes quando estavam no interior do olho da tempestade.
—Ela fala Inglês, – ofereceu Sara em gaélico, saindo de seu estupor.
O grandalhão olhou para Sara e esbravejou.
—Eu sei inglês, moça, e inglês isso ‘não é’.
Sara aplacou o guerreiro com um sorriso antes de continuar.
—É uma forma diferente de inglês, o que ela fala. Nós viemos de um clã chamado, humm,
Tampa, em uma terra chamada América. Não é o mesmo da Inglaterra.
—Talvez antes que se juntassem aos demônios do inferno, mas agora é claro, mas agora é
claro sois amaldiçoadas. – O grandalhão cuspiu na terra e benzeu-se.
—Não sou amaldiçoada, – Sara respondeu, – e não sou um demônio.
O homem sentado ao lado do grandalhão falou, dirigindo o seu discurso para Sara.
—Você mente, moça. Podemos ver os chifres no alto de sua cabeça.
Oh, droga! Maya e Sara pensaram, já que ao mesmo tempo empalideceram. Elas haviam se
esquecido que estavam usando as fantasias.
—Meu bom senhor, – começou Sara, fazendo com que Maya levantasse uma sobrancelha, –
Eu lhe asseguro que não sou nenhum demônio. Estes chifres não são reais. Trata-se de uma
fantasia. Você sabe o que é uma fantasia?
Maya fincou o cotovelo nas costelas de Sara, fazendo com que ela recuasse.
—Está louca, Sara? – Ela sussurrou asperamente. – Se isso for real, então o fato deles nos
temerem é o que nos mantém vivas até agora.
Sara lançou a Maya um olhar de reprimenda antes de responder.
—Não, se eles acreditarem que somos demônios não ficaremos. Seremos queimadas na
fogueira por heresia em um piscar de olhos.
Maya estremeceu.
Merda, ela não tinha pensado nisso.

—Fantasia? O que é um fantasia, moça? – O grandalhão cuspiu no chão novamente e


benzeu-se de novo. Maya estava começando a achar um pouco desagradável esse hábito irritante.
Sara, imperturbável, mesmo diante da perspectiva da morte, sorriu tranquilizadora para o
gigante.
— Fantasia é a roupa que você usa quando está fingindo ser algo que você não é. Talvez, não
tenha fantasias aqui?
O gigante murmurou algo baixinho, em seguida, cuspiu e se benzeu novamente.
—Não, não temos.
Sara alcançou os dois chifres no alto da cabeça, desprendeu-os de seus cabelos, e atirou-os
para o gigante.
—Veja... não são reais.

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Depois da Tempestade

Thomas capturou-os e examinou cuidadosamente os chifres falsos, depois mostrou-os para


Sir Dugald.
—Eles são de seda fina, – murmurou à seu comandante de armas.
Sir Dugald tomou os chifres das mãos de seu laird e roçou-os contra sua face.
—Sim, milorde, são de seda.
O grandalhão olhou de volta para Maya e Sara, sua voz e expressão tão inflexíveis como
sempre.
—Se não são demônios, então, como explicam estas criaturas de proteção? Certamente vós
não tentarás me dizer que eles não são reais.
Sara soltou uma gargalhada enquanto se abaixava para acariciar Barney, seu animal de
estimação. Era óbvio para Maya que sua melhor amiga estava fazendo um trabalho muito melhor
em desarmar os cavaleiros de sua hostilidade do que ela podia ter feito. Se fosse por Maya e sua
língua insensível, as duas já estariam assadas, atadas em um espeto com maçãs na boca , agora
mesmo.
—Ele não é um protetor, mas apenas um animal de estimação, meu senhor. A julgar pelos
olhares em seus rostos, suponho que vocês não têm animais de estimação como este aqui
também?
Sir Dugald sorriu.
– Não, milady, não temos.
Sara olhou para Sir Dugald e corou.
—São criaturas inofensivas, senhor. É verdade. Se puder desmontar, ficarei encantada em
apresentá-lo.
O sorriso do cavaleiro alargou-se a ponto de Maya suspeitar que a pele ao redor dos cantos
de sua boca poderiam se rachar. Ele queria Sara, o que era óbvio.
—Como é que vós, senhoras, vieram parar aqui? – O grandalhão perguntou de sua montaria,
enquanto o outro homem descia de seu cavalo e se encaminhava para inspecionar Fred e Barney.
Sara deu de ombros.
—Na verdade, milorde...
A sobrancelha de Maya se levantaram. Na verdade?
–… Estamos tão confusas quanto vocês. Em um minuto estávamos no meio de uma
celebração do clã e no minuto seguinte, o céu ficou preto e nós estávamos aqui.
Maya bufou. Celebração de um clã de fato. Se o grandalhão pensava que suas roupas
estavam em conluio com o demônio, ela se perguntava o que pensaria a respeito de Pete, o
sacerdote e Chanel, a freira grávida.
Sir Dugald veio para ficar na frente de Sara, sorrindo-lhe o tempo todo. Ele não era
demasiado duro de se olhar, admitiu Maya. Não era difícil em absoluto. Sara podia fazê-lo muito
pior. O homem agarrou a mão de Sara primeiro e depois a de Maya.
—Sou chamado de Sir Dugald, miladies, e vocês quem poderiam ser?
Sara conteve o fôlego. Seu rosto tornou-se totalmente branco.
Sir Dugald.

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Depois da Tempestade

Os batimentos cardíacos de Maya se aceleraram enquanto ela engolia em seco


nervosamente.
Sir Dugald franziu o cenho.
—Qual é o problema?
Sara recobrou a compostura rapidamente e fez uma reverência para o soldado.
—Perdoe-me, Sir Dugald pela minha grosseria. É que nos surpreendeu, é tudo. Meu nome é
Lady Sara. Esta é Lady Maya.
Sir Dugald inclinou a cabeça para ambas, seu sorriso de volta no lugar.
—Estão perdoadas, naturalmente, mas por que se assustaram em primeiro lugar?
Sara olhou para Maya como se procurasse uma resposta adequada. Maya respondeu por
ela, mas desta vez em gaélico, decidida a encontrar sua voz uma vez mais.
—Ouvimos falar de seu laird e de você também, senhor. A força de seu clã é bem conhecida.
O peito de Sir Dugald estufou com arrogância. Aparentemente, Maya havia conseguido até
mesmo mexer com a arrogância do grandalhão, pois este desmontou com as palavras de Maya e
veio caminhando até ela.
O gigante parou em frente a Maya e olhou-a de acima a baixo. Ele, aparentemente, nunca
tinha ouvido falar da palavra sutil, pensou ela sombriamente. Maya estava agradecida aos deuses
por sua capa que ocultava seu vestido, porque, seguramente, ele a teria rebaixado do status de
lady para o status de prostituta se visse como ela estava vestida escandalosamente.
—Sou MacGregor. Como ouviram falar de mim?
Os olhos de Maya se arregalaram quando compreendeu suas palavras. MacGregor? Igual a
Thomas MacGregor? Uau! Era ainda maior e mais feroz do que ela imaginava que fosse. E como Sir
Dugald, não era difícil de olhar também. Na verdade, ele era ainda mais bonito do que Sir Dugald,
a sua maneira de pensar. Ela rapidamente fez uma reverência oferecendo-lhe um sorriso.
—Suas habilidades com a espada são bem conhecidas em muitas terras, milorde.
Satisfeito, Thomas concordou com um grunhido. Claro que suas habilidades eram bem
conhecidas. Ele era o MacGregor, afinal. Ele pegou a mão de Maya e inclinou-se sobre ela,
surpreendendo com seu espetáculo cortesia de graça.
—Lady Maya, deve me chamar de Thomas. É uma honra tê-la conhecido.
Maya estremeceu e então meneou a cabeça, seu olhar nunca deixando o do Laird.
Thomas percebeu estremecimento de Maya e franziu o cenho, assumindo que era por causa
do tempo frio, e não por que ela estava apavorada.
—Está frio para você e Lady Sara estarem andando aqui fora. E perigoso também. Tiveram
sorte por eu tê-las encontrado e não os MacAllister. Venham, as levarei ao Castelo MacGregor
para aquecerem-se.

Robert MacAllister sorriu maliciosamente para as mulheres que cavalgavam à distância


montadas nas selas com MacGregor e Sir Dugald. Ele veio às terras de MacGregor, neste dia, com
a esperança de encontrar algum gado que pudesse roubar para o uso de seu próprio clã. Ele

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Depois da Tempestade

cavalgara por alguns momentos possivelmente após a chegada de MacGregor só para vê-lo
apontando sua espada na direção das duas moças.
Robert observara-o das árvores, fazendo todo o possível para dar uma boa olhada nas
moças, então, quando finalmente o fez quase caiu de seu cavalo. Ele nem percebeu a aparência da
moça de vermelho, mas a moça de preto era bonita de verdade. Ela era a mais atraente das
donzelas, com longos cabelos dourados e uma figura que fazia um homem querer enterrar sua
carne profundamente dentro dela.
Era evidente para Robert que a mulher não era uma MacGregor, Thomas reagiu como se
nunca a tivesse visto antes. Robert pensara em levá-la para si mesmo, achando que MacGregor
deixaria as mulheres para trás depois que ele e seus homens as provassem. Por que pensou
aquilo, ele não tinha a mínima ideia. Era um desejo de sua parte, sem dúvida.
Robert amaldiçoou com raiva quando deixou a reclusão das árvores e se dirigiu de novo à
fortaleza dos MacAllister, todos os pensamentos sobre o gado afastado, uma vez que se foram.
Não era justo. Os MacGregors sempre superavam os MacAllister. O laird MacGregor era o
mais temido na Escócia, os rebanhos de seu clã eram abundantes, e possuíam inúmeras mulheres.
E agora Thomas MacGregor tinha reivindicado as moças estrangeiras para eles. Não, não era justo,
no mínimo.
Mas Robert ia mudar a má sorte de seu clã para melhor. Era laird agora, afinal, com seu
irmão mais velho morto e enterrado há quase uma quinzena. Ele não era fraco, como seu irmão
havia sido, sem vontade de enfrentar MacGregor como ele deveria ter feito nos últimos anos.
Não, Robert era forte, e maldito fosse se não comprovasse. Logo seria ele que Bruce
procuraria por sua orientação sábia. Logo seria ele que seria bem recebido na corte do rei.
E, Robert acrescentou para si mesmo com um sorriso, logo entraria no cio entre as pernas da
cadela todos os dias.
Ele a roubaria dos MacGregor. Por todos os santos que o faria.

Capítulo 4

De uma maneira ou outra “Lady” Maya e “Lady” Sara terminaram no castelo com Fred e
Barney a reboque. Era evidente que tanto Thomas como Dugald teriam preferido deixar os
iguanas para trás, mas as mulheres não quiseram ouvi-los.
Sara convenceu Sir Dugald para que Barney viajasse com eles da forma que ela melhor sabia
trabalhar para verter a situação a seu favor... ela o deslumbrou com elogios e se dobrou em
sorrisos. Maya, por outro lado, conseguiu que Thomas levasse Fred da única maneira que
conhecia, procedendo a sua própria maneira... ela fincou seus calcanhares e se recusou a ceder
em sua postura.
Thomas cuspia e amaldiçoava em uma legião de diferentes idiomas e… finalmente cedeu
quando percebeu que Maya era obstinada o suficiente para fazer o que havia dito que faria e

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Depois da Tempestade

permanecer no morro, se ele deixasse seu bicho de estimação para trás. Thomas lançou a melhor
de suas carrancas, gritou com ela a plenos pulmões, inclusive ameaçou colocá-la sobre seus
joelhos.
Tudo foi em vão. A obstinada mulher recusou a obedecer. Era extremamente óbvio para
Thomas que o laird do clã de Tampa havia estragado a moça ao extremo.
MacGregor ainda estava com um humor terrível quando se deixou cair em seu assento no
grande salão ao lado de Maya para participar das atividades da noite. Ele resmungou enquanto se
sentava, assegurando-se de que Lady Maya estivesse bem ciente de sua presença. Por todos os
santos, ela podia entrar debaixo da pele de um homem!
Quando seus rosnados não atraíram a atenção de Lady Maya da conversa entre Sir Dugald e
Lady Sara, Thomas limpou a garganta e gritou para ela.
—Você deve olhar para mim, Lady Maya.
Isso foi feito.
Maya cerrou os dentes com irritação. O homem possuía as maneiras de um porco selvagem.
Primeiro, ele a acusou de ser irmã de Satanás, então tentou deixar seu amado Fred para trás para
cuidar de si mesmo no frio, depois ele chegou, inclusive, ao extremo de gritar com ela e ameaçá-la
com uma surra. Agora, ele tinha a audácia de ordenar que olhasse para ele! Se não fosse pelo fato
de que ele obviamente estava em vantagem no momento, ela o teria estrangulado.
Maya se virou e fitou o laird com uma carranca no rosto suficientemente feroz para fazer
com que um homem menor estremecesse.
—Sim? Laird?
Agora que Maya estava olhando para ele, Thomas não estava seguro de qual deveria ser seu
próximo passo. Ele realmente não tinha nada para lhe dizer e nunca foi bom em conversa fiada. A
única coisa que sabia era que gostava de olhar para Maya, e gostava quando dela o fitava.
Maldição, qual homem não iria querer que a linda moça o favorecesse com sua atenção. Ela
era mais fina do que ele achava possível que uma mulher fosse. Seu cabelo até a cintura estava
solto e a sombra de seus cachos eram dourados como o trigo. Seus olhos eram de três cores
diferentes, todos ao mesmo tempo, com anéis de azul e verde e uma mancha de ouro em cada
um. Seus lábios, bem, ele não deveria sequer pensar em seus carnudos lábios vermelhos. Um
homem podia ser torturado com o desejo de chupar esses lábios.
Thomas franziu o cenho enquanto estudava Maya e Maya franziu o cenho de volta.
—Queria falar comigo, milorde?
Thomas quebrou a atenção de suas fantasias e lançou sua mais temida carranca para Maya.
—Os servos estão preparando as vossos quartos, seu e o de Lady Sara, o mais cedo possível.
Em algum momento após a comida, Matilde deve levá-las até lá. Banhos serão levados a vós e
vestidos limpos também, elas subirão banheiras, bem como vestidos limpos, pois notei que
nenhuma de vocês trouxe seus baús.
A expressão de Maya suavizou-se com o gesto atencioso de Thomas. Ela sorriu para ele,
fazendo com que seu fôlego se prendesse no fundo de sua garganta.
—Isso é muito gentil de sua parte, milorde. Ficaremos muito agradecidas.

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Depois da Tempestade

Thomas assentiu, então, levantou ligeiramente um dos cantos da boca para cima.
Maya suspeitou que era sua tentativa de um sorriso. Aparentemente, ele não cultivava
muito essa arte ainda, por que mais parecia um sorriso de escárnio para ela. No entanto, ela se
recusou a pensar sobre o porquê esse sorriso estranho acelerava seu coração.

Maya estava em cima das muralhas, olhando para abaixo no pátio inferior. Moveu a cabeça
para limpá-la, não acreditando por um momento que estava vendo as coisas que estava vendo,
experimentando as coisas que parecia estar experimentando. Ela estava segura de que ia acordar
a qualquer momento, ainda em sua cama, de Tampa. Ou talvez ela tivesse sofrido um ferimento
na cabeça durante o furacão e até agora estava em estado de coma no Hospital Geral de Tampa.
Ela era uma mulher de ciência… não havia outra explicação.
Maya puxou seu manto ao redor dela firmemente, , o ar frio da montanha deixava a pele de
seus braços arrepiada. Estranho, mas nunca havia sentido sensações de temperatura em um
sonho antes. Talvez, quando acordasse devia ir até o laboratório na universidade e deixar que um
excêntrico doutor estudasse os padrões anormais do sono em uma de suas máquinas e ter em um
dia genial a custa dele.
Ela precisava encontrar Sara e obrigá-la a acordar. Neste sonho, Maya negava-se
resolutamente a acreditar que poderia ser mais do que isso, Sara havia se afastado de mãos dadas
com o personagem, Sir Dugald, após a refeição no grande salão.
Maya resmungou. Sim, ela tinha que estar sonhando. Sara simplesmente não era do tipo que
caia apaixonada após conhecer um cara por apenas duas horas.
O vento soprava o capuz da capa de Maya em todo seu rosto, espalhando seus cachos
dourados em suas costas. Ela não havia percebido, mas um momento depois, um arrepio a
sucumbiu e não era inteiramente devido ao ar frio da noite. Ela não estava mais sozinha nas
ameias. Não estava segura de como sabia, mas talvez sua percepção extrassensorial se
desenvolvia quando estava sonhando... ou alucinando.
—Seu quarto está pronto, Lady Maya.
Ah, ela tinha razão. Não estava mais sozinha.
Maya inclinou a cabeça para cima para poder ter uma melhor visão do rosto do gigante
guerreiro.
—Obrigada, – ofereceu ela debilmente.
Thomas assentiu quase imperceptivelmente, reconhecendo suas palavras.
—Você é bem-vinda.
Virou-se para o pátio inferior, uma vez mais, incapaz de sustentar o olhar de MacGregor por
mais um momento. Olhar para ele fazia toda esta experiência muito intensa, muito real.
—Não subirá até seu quarto, lady?
Maya fechou os olhos diante de suas palavras. Sua voz era tão profunda e suave, o mais rico
dos tons graves. Soava todo masculino, todo poderoso, e longe de ser imaginário. Ela se
aconchegou em sua capa, cruzando os braços sobre o peito e esfregando-os com força para
afastar o frio assustador.

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Depois da Tempestade

Depois do que pareceu ser uma eternidade em silêncio, com este homem de seus sonhos,
Maya já não pôde suportar a calma. Ela se virou e atravessou-o com olhos atormentados e
redondos.
—Você é real? – Ela sussurrou para ele.
Thomas arqueou uma sobrancelha.
—Real? É claro que sou real. – Estendeu a mão para tocá-la na testa, um sentimento
incomum de simpatia brotando dentro dele. – Será que você não bateu a cabeça, moça? Estai
febril? – Sentiu sua cabeça em busca de calor, acariciando suas têmporas no processo. – Posso
chamar um curandeiro, se precisar de um.

Maya fechou os olhos contra a sensação de sua mão acariciando a cabeça dela. Seus dedos
eram grandes e mais ou menos calejados, mas sentia-se extraordinariamente bem roçando suas
têmporas suaves. Era demasiado para suportar, demasiado para acreditar. Coisas como esta
simplesmente não aconteciam.
Thomas teve a ideia desconcertante de que poderia ser um homem feliz, acariciando a
mulher pelo resto de sua vida e nunca se cansar disso. Seu rosto voltou-se para sua mão como
uma criança assustada que busca proteção, que era um completo contraste com seu típico
comportamento confiante. Era tudo o que podia fazer para não chegar e dar o que ela estava
precisando. Talvez a lady não soubesse o que ela estava procurando, mas ele sim.
Ela precisava de conforto. De que tipo, ele não tinha nenhuma ideia.
Thomas baixou lentamente a mão para acariciar a face de Maya, esfregando-a suavemente
para acalmá-la. Uma vez mais, ela se virou para ele como se estivesse procurando algo que ela
mesma não podia nomear. Ela manteve os olhos fechados, apenas sentindo as sensações sem ver.
Um sentido de possessividade e um forte desejo de proteger a pequena moça estendeu-se por seu
ser, combatendo sua resolução. Ele a atraiu para si, desistindo de lutar, segurando-a
delicadamente em um caloroso abraço.
Maya fechou os olhos com força enquanto permitia que o guerreiro a abraçasse. Ela
experimentou um sentimento obscuro de segurança em seus braços, como se fosse sua única
ligação com a realidade, com a vida. Era curioso que uma figura de um sonho pudesse
proporcionar tal conforto básico. Ela queria chorar, até ficar sem lágrimas, mas se negou a fazê-lo.
Quanto mais ele a abraçava, mais real se convertia o guerreiro. E mais assustada ela ficava.
Thomas pôs o queixo sobre sua cabeça e aspirou o cheiro dela. Ela se sentia tão perfeita, sua
carne macia aconchegada no calor de seu corpo rígido como o aço. Ele sentiu seu eixo se inchar
contra seu plaid, cutucando contra seu ventre. Quando ela respirou profundamente, ele percebeu
que ela sabia o efeito que tinha sobre ele. Será que ela usaria isso contra ele, como outras
mulheres gostariam de tentar? Ele se recusou a lhe dar a chance de descobrir.
Thomas empurrou Maya para longe dele, fazendo com que ela levantasse o rosto para fita-
lo. Ela engoliu em seco, os olhos ainda assombrados, atormentados. Ele sentiu um tremor
momentâneo de culpa, mas se recusou a reconhecê-lo. MacGregor não daria seu coração, sua
vontade, ou mesmo seu eixo a esta graciosa harpia.

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Depois da Tempestade

—Vá até aquele quarto para se banhar e o fará isso agora.


Maya piscou. Ela não tinha ideia do que o deixou mal-humorado, mas a mudança brusca de
seu humor foi um choque para o sistema dela.
Sim foi.
Maya afastou-se para longe do abraço da serpente, os olhos uma vez preocupados agora em
chamas. Ela não podia e nem negaria a atração que sentia por ele, mas se recusou a se acovardar
diante do pomposo Laird Idiota.
—Muito bem! – Cuspiu ela.
—Ótimo! – Ele rosnou de volta. – Você agora antes que eu mude de ideia e gostosamente
viole seu disponível corpo. Vou decidir se você voltará para sua casa ou não, quando sumir de
minha vista!
—Corpo disponível ? Decide para onde vou? – Maya lançou punhais pelos olhos ao encarar o
gigante selvagem, esperando por um momento insano que ela realmente estivesse ali e não
sonhando, para poder arrancar os olhos dele. – Escute amigo, eu sou a única que decidirá onde é
que vou! E eu vou para minha casa. Agora mesmo! – Ela girou nos calcanhares, dando-lhe as
costas.
Ele, porém, não pegou nada daquilo.
Thomas agarrou-a pela parte de trás da capa e a girou para encará-lo. Suas narinas, a veia
em sua têmpora marcada.
—Você farás o que lhe foi proposto, – disse ele bem baixinho. – Você subirá a escada até seu
quarto sem dizer nenhuma outra palavra sobre isso. Me entendeu, ou precisa ser colocada sobre o
meu joelho?
Seu joelho? Seu joelho? Maldito seja o homem!
Muito enfurecida para pensar em uma resposta, e muito menos uma espirituosa, uma
malditamente inteligente, Maya bateu o pé no chão e olhou para ele.
—Tudo bem! – Ela conseguiu cuspir. Incapaz de reprimir sua raiva, ela levantou-se na ponta
dos pés, agarrou as tranças negras que desciam de suas têmporas, e puxou-as com toda sua força.
Ele sorriu. Um sorriso genuíno, divertido.
Ela queria matá-lo.
—Ohhhh! – Ela se irritou, incapaz de dizer algo mais. Ela se virou e saiu das muralhas, como
uma criança mimada ao ser enviada para seu quarto.
Thomas observou entretido enquanto a pequena harpia batia em retida em um acesso de
raiva. Ele devia estar louco, mas não estava. Ele também tinha seu humor. Talvez ele a mantivesse
apesar de tudo.
Ele balançou a cabeça, determinado a encontrar sua determinação ausente. O que a
graciosa harpia fez aos seus sentidos não era uma coisa boa. Ela poderia enfraquecê-lo, torná-lo
suave, fazer com que seu coração sentisse coisas que ele não queria sentir.
Não, ele não podia nem queria manter a pequena moça.

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Depois da Tempestade

Thomas sentou-se na cadeira junto à lareira no grande salão com uma cerveja na mão e uma
carranca no rosto. Ele engoliu o resto da bebida, em seguida, gritou para Matilde lhe trazer um
pouco mais. Quando Matilde não se materializou instantaneamente, ele amaldiçoou e gritou para
seu escudeiro vir até ele. Thomas havia se esquecido por um momento que Matilde estava lá em
cima, mostrando para Lady Maya e Lady Sara suas alcovas.
Thomas resmungou depois que seu escudeiro Gilfred encheu sua caneca, em seguida, voltou
para sua efervescência. Era evidente para os homens MacGregor que Thomas se encontrava em
um humor cruel, pois ninguém se atrevia a se aproximar dele. Mesmo Dugald permaneceu
notavelmente ausente, talvez por medo, mas o mais provável era que desejava deixar Thomas se
acalmar por si mesmo.
Como se ele pudesse se acalmar, Thomas reconheceu para si mesmo com outro grunhido.
Lady Maya ia ser sua morte!
Depois de pensar na cena no alto das muralhas, ele decidiu que seu humor estava bem longe
de ser divertido. A mulher simplesmente não sabia seu lugar. Ela, obviamente, não tinha medo
dele e essa verdade era o que o Laird considerava inaceitável. De fato, uma garota devia saber
respeitar humildemente e temer seu senhor. Claro que, Thomas não era exatamente seu senhor…
ainda.
Ainda? Não. Thomas negou com a cabeça. Ele se recusava a pensar nesse sentido. Ele
mandaria as damas de volta ao seu clã com grande rapidez. Certamente, seus senhores deviam
temer por sua segurança agora. No entanto, não podia deixar de considerar o que seria de sua
vida se ele se recusasse a enviar Lady Maya de volta ao seu povo. Ele franziu o cenho. Sua vida
seria uma complicação após outra, isso é o que aconteceria. Lady Maya não era do tipo agradável
e, mais que nada, sua língua acabaria por envergonhá-lo diante de seus homens se ficasse com
ela.
E Lady Maya seria obrigada a batalhar se ele a ordenasse permanecer aqui. Ela não era o
tipo de mulher que ficaria de braços cruzados enquanto MacGregor decidia seu destino por ela.
Não, ela exigiria que ela e sua amiga fossem enviadas de volta a seu local de origem.
—Seria seguro falar com você agora ou quer franzir o cenho para sua cerveja um pouco
mais?
Thomas levantou a vista para ver um sorridente Dugald e o fulminou-o com o olhar.
—Acho que deve esperar um pouco mais, Dugald.
Dugald estalou a língua e meneou a cabeça, fingindo irritação. Na realidade, ele achava a
situação muito divertida para estar seguro.
– Vamos Thomas, você sabe que pode falar livremente comigo.
Thomas encarou Dugald enquanto tomava outro gole de cerveja.
—Talvez você ache isto divertido Dugald, mas eu asseguro que não acho.
Dugald riu enquanto Thomas golpeava suas costas, em seguida, sentou-se no banco mais
próximo ao do Laird.
—Não pode ser tão ruim assim, milorde. Diga-me agora, qual o problemas ?

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Depois da Tempestade

Se ele soubesse, suspirou Thomas. Queria acreditar que estava zangado com Lady Maya por
causa de sua teimosia e tendência obstinada, mas ele sabia que não estava zangado por isso nem
um pouco. Irritado, sim, mas com raiva, não. Era verdade que se pensava manter à lady teria que
ser diligente e instruí-la de seu lugar, mas seu comportamento não era nada irreversivelmente.
O verdadeiro problema era a própria Lady Maya. Ela era simplesmente muito bonita para a
paz de espírito de Thomas. Nada bom vinha ao manter uma mulher bonita, já que muitos homens
tentaria levá-la para suas camas.
Assim como sua mãe. Sim, o ex-Laird MacGregor conhecia muito bem o desgosto que
acompanhava reclamar uma esposa bela.
A mãe de Thomas, Elizabeth, era considerada a mais bela sobre a terra, no seu tempo. Por
muitos anos, que Thomas pudesse recordar, seu pai Angus havia adorado sua mãe, cedendo à
cada um de seus caprichos. Mas, ao que parece, Elizabeth nunca devolvera o amor de Angus,
porque certamente não devolvera sua fidelidade.
Angus nunca soube exatamente quantos amantes sua esposa havia levado para sua cama,
embora soubesse apenas de um em particular. Mas havia um, teria que ter outros, chegou à
conclusão após a morte de Elizabeth. Thomas nunca esqueceria a maneira em que Angus havia
descoberto que sua amada esposa o tinha traído.
Angus regressava de volta à torre após uma incursão bem sucedida sobre o clã Hamilton só
para descobrir que sua esposa havia tirado a própria vida em seu quarto. Fora de si pela dor,
Angus perguntou aos servos por longo tempo e, finalmente, descobriu o que fez sua justa
Elizabeth tirar a própria vida.
Foi um jovem cavaleiro que havia sido enviado por um clã vizinho para treinar com Angus,
que mostrou os pecados de Elizabeth. Ele a tinha visto brincar com um homem a quem não
reconheceu na parte baixa de Bailey. Após seu sórdido jogo contra a parede do castelo, o
escudeiro tinha ouvido o homem desconhecido brigar com Elizabeth, terminando seu caso
naquele dia. Segundo o rapaz, Elizabeth implorou ao homem para levá-la com ele e quando este
se recusou , ela fugiu para o seu quarto em lagrimas.
Angus tinha expulsou seu escudeiro da fortaleza naquele dia por não ter posto um fim à
conduta imoral de sua esposa no momento em que viu o que acontecia. Não que ele tivesse feito
certo em lançar o rapaz do castelo, uma vez que sua esposa já o havia traído e estava morta.
O pai de Thomas nunca foi o mesmo após a morte de Elizabeth. Ele levava uma moça para a
cama quando sua necessidade se tornava demais, mas ele nunca entregou seu coração a outra. Os
pecados de Elizabeth haviam destruído Angus e o ódio de Angus mudou a maneira como Thomas
via o mundo, especialmente às mulheres.
Thomas era frio e cínico, no concernente às moças, assim como seu pai o havia ensinado.
Houve muitos problemas ao longo dos anos que fez pai e filho divergirem antes da morte de
Angus, mas havia um assunto sobre o qual os dois sempre concordaram. Nada de bom vinha
quando se tinha uma mulher bonita por esposa.
—Bem, – perguntou Dugald, chamando a atenção de Thomas de volta para seu comandante
de armas, – que falar sobre isso?

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Depois da Tempestade

Thomas olhou para a lareira sem pestanejar, seu olhar nunca o abandonando.
—É Lady Maya, meu amigo.
Dugald assentiu e suspirou, após ter esperado muito.
—O que acontece com ela, Thomas?
O laird lançou seu olhar pétreo à Dugald.
—Ela é linda. É linda demais. Preciso dizer mais?

Capítulo 5

As mulheres seguiam atrás de Matilde como em um sonho. Nenhuma delas havia aceitado
totalmente o fato de que o que estavam vivenciando era de fato real. Ainda parecia ser um sonho,
mas principalmente para Maya. Ou uma alucinação incrivelmente detalhada, e altamente vívida.
Escócia medieval? Meu Deus, como podia ser?
Matilde parou primeiro no quarto de Sara para mostrar-lhe onde dormiria. Sara agradeceu
profusamente a serva, então, perguntou a Matilde se esta se importaria se elas as segui-las até o
quarto de Maya. Sara explicou-lhe que ela e Lady Maya tinham algumas coisas para discutir em
privado antes de se banhar.
—É claro que não me importo, – insistiu com um forte sotaque francês, – me honra fazer a
vossa vontade, milady.
Maya deu uma olhada ao redor resignada, enquanto era escoltada até seu quarto, ou o que
Matilde chamava sua “câmara”. O quarto era suficientemente grande para atender as suas
necessidades, quase três vezes o tamanho de seu quarto em Tampa.
A cama era espaçosa, enorme de fato, e coberta com peles e peles de animais. Tapeçarias
estavam penduradas nas paredes, dando ao quarto um ar muito acolhedor, e os vasos e caixas
ajudavam a aumentar o efeito. A única coisa que Maya não gostou de seu novo lar temporário foi
o gélido chão de pedra fria. No entanto, o crepitar do fogo aceso na lareira conseguia diminuí-lo
tornando apenas um pequeno desconforto.
Maya suspirou. O lugar não era exatamente o Trump Tower*, mas também não era o
modesto apartamento que ela e Sara possuíam em Tampa. Como alcovas, não estavam de todo
ruim.
Maya agradeceu a Matilde por mostrar-lhe seu quarto, então educadamente pediu-lhe para
sair para que Sara e ela pudessem conversar. Matilde assentiu e fez uma reverência, fechando a
porta atrás dela enquanto saía tranquilamente.

*
N.da Trad: Trump Tower é um arranha-céu localizado na cidade de Nova Iorque,Estados Unidos. Possui 202 metros de
altura e 58 andares. Foi inaugurada em 1983 e é conhecida pelo seu enorme luxo.Foi fundada e construída pelo empresário Donald
Trump.

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Depois da Tempestade

Assim que a serva partiu, a realidade começou a se afundar em Maya. Sara agarrou-a pelo
braço e puxou-a para o extremo mais afastado do quarto para assegurar-se de que sua conversa
não seria ouvida. Ela se sentou a seu lado na cama.
—Ok, – exigiu baixinho, – o que diabos está acontecendo? Será que estamos mortas?
Sara negou e olhou nos olhos de Maya.
—Duvido sobre isso. Sinto-me muito viva, você não?
Maya suspirou e lançou-se de novo às peles de animais que se encontravam na cama. Ela
respirou com dificuldade por alguns instantes, em seguida, olhou para Sara.
—Se não estamos mortas, então a única outra possibilidade é que nós ... – Ela balançou a
cabeça. – Não é possível, – murmurou baixinho.
—Aparentemente, é, – respondeu Sara. – Estamos aqui, Maya. Você não pode negar isso.
Maya pulou em pé na cama e agarrou a mão de Sara.
—Está dizendo que... que... quero dizer, nós ... – Maya gemeu. Ela não se atrevia a afirmar o
óbvio.
—Viajamos no tempo? – Ofereceu Sara. – Sim, é exatamente o que estou dizendo, Maya.
Estou dizendo que viajamos de volta ao passado quase 700 anos.
Maya enterrou o rosto nas mãos e sacudiu a cabeça.
—Isto é um pesadelo é o que é. Como é que vamos voltar?
Sara respirou profundamente, em seguida, acariciou Maya nas costas.
—Eu não sei. E não estou certa de que poderemos, querida.
Maya levantou a cabeça abruptamente para olhar para Sara e acusou-a com olhos
entrecerrados.
—Não tem certeza de que poderemos ou não tem certeza de que quer?
Maya não era cega, depois de tudo. Ela notou a forma que Sara e Dugald haviam se
entrosado desde o início. Dugald não era nada parecido com Thomas. Era descontraído, gentil,
bem-humorado e bastante conversador para um rufião do século XIV. Thomas, por outro lado, era
intenso, enérgico, dominador, e quase nunca falava, mesmo quando falava.
Sara e Sir Dugald passaram a noite inteira conversando, rindo e corando um para o outro. Foi
o suficiente para fazer Maya querer colocar o dedo na garganta e vomitar. Especialmente quando
tudo o que Thomas fez foi grunhir para ela, ou ameaçar violentá-la e espancá-la, ela pensou mal-
humorada.
A expressão de Sara endureceu enquanto respondia à acusação de Maya.
—Eu gosto dele, se é isso o que você está dizendo. Mas mal o conheço. Pelo menos não o
suficiente para ficar aqui se me fosse dada a oportunidade de ir para casa. Acredite em mim Maya,
eu estaria no primeiro furacão fora daqui se fosse possível.
Maya suspirou e apertou a mão de Sara. Ela não deveria ter saltado sobre a sua melhor
amiga assim. Elas estavam compartilhando o mesmo trauma depois de tudo.
Sara sorriu e deu um tapinha no joelho de Maya.
—Sabe querida, que não a mataria ser mais agradável com Thomas. Na verdade, eu gostaria
de sugerir-lhe isso.

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Os olhos de Maya se arregalaram quanto estudou o rosto de Sara.


—O homem é um pomposo idiota. Por que eu iria querer ser amável com ele?
—Porque, – Sara começou de maneira bastante casual, – ele é o macho alfa por aqui.
Maya revirou os olhos, fazendo com que Sara risse.
—E daí? – Perguntou ela.
—Daí que, – explicou Sara, – este é o século XIV. Você é uma arqueóloga, Maya. Use seu
cérebro. Sem a proteção de Thomas, é provável que você seja estuprada por alguém aqui.
Maya engoliu em seco fortemente enquanto arregalava os olhos. Sara estava certa. O
estupro era uma possibilidade muito real neste mundo. – Meu Deus, Sara, não quero nem pensar
nisso.
Sara suspirou, e depois forçou um sorriso, tentando tornar o momento mais leve.
—Você já examinou às mulheres por aqui? Em comparação, que Highlander do século XIV
não quereria uma de nós?
Maya forçou uma risada, mas sabia que o que Sara havia dito era verdade. Elas eram jovens,
bem arranjadas, não cheiravam e possuíam todos os dentes. Matilde era a mulher mais bonita dali
e mesmo assim tinha pelo suficiente no lábio superior para fazer inveja a Tom Selleck*.
Não havia nenhuma dúvida sobre isso: sem a proteção de Thomas, estar na companhia
destes bárbaros seria como pendurar dois pedaços de queijo maduro em frente a um buraco de
ratos famintos.
Caramba, isto estava ficando cada vez pior, à cada minuto que passava.
—Tudo bem, – concedeu Maya com os dentes apertados. – Vou fazer um esforço para ser
mais hospitaleira com Conan, o Bárbaro.
Sara riu enquanto se aproximava e dava uma palmadinha no topo da cabeça de Maya.
—Boa menina.

Uma banheira foi trazida para Maya poucos minutos depois da saída de Sara de seu quarto.
Ela suspirou enquanto se forçava a sair da cama e mover os pés. Tudo o que ela realmente queria
fazer era deitar nos cobertores quentes, com Fred e chorar até não poder mais. Ela nunca havia
tido verdadeiramente medo de nada em sua vida, mas no momento, estava bem apavorada.

E se ela e Sara ficassem presas aqui? Ou pior ainda, e se encontrassem o caminho a casa
depois de um mês ou algo assim, só que então, Sara estaria até o pescoço apaixonada por Dugald
e se negasse a ir? Realisticamente esse cenário parecia improvável, mas situação toda a
preocupava ao extremo.
Maya encarou a banheira que foi trazida para seu uso, passou os dedos pelos cabelos com
frustração, em seguida, resignou-se a aceitar a situação com um suspiro. Se esperasse muito
tempo, a água estaria fria. Seria melhor se meter nela agora.
Ela abriu o zíper da capa e tirou-a lentamente, assegurando-se de não rasgá-la com seus
saltos altíssimos. Aparentemente, Thomas não tinha notado seus sapatos estranhos, ela pensou,
*
N. da Trad: Tom Selleck, ator que participava do seriado de TV, Magnum e que tinha um bigode chamativo.

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ou ele sem dúvida teria perguntas sobre eles também. Como estavam as coisas, ele já exigira que
ela falasse com ele "no dia seguinte" para que pudesse lhe dizer tudo o que sabia de como havia
chegado aqui.
Como se ela o soubesse. Bem que desejava fazê-lo.
Maya dobrou sua capa com cuidado e colocou-a no final de sua cama. Ela elevou as mãos às
costas para desabotoar o vestido de Elvira, mas descobriu que o zíper estava preso num pedaço de
tecido e não se movia.
—Isto é ótimo, – murmurou para si, – agora o que faço?
Justo quando pensou que sua sorte já estava em seu ponto mais baixo de todos os tempos,
ela mergulhou para pior. A porta abriu-se nesse mesmo instante e Maya soube num piscar de
olhos que a voz gritando para ela do limiar da porta não pertencia a nenhum outro senão ao
próprio laird.
—Lady Maya, gostaria de falar com você antes que se banhe. Eu…
Maya engoliu em seco, enquanto observava Thomas vê-la. Seu olhar nunca traindo sequer
uma vez seus pensamentos. Isto estava muito bem para ela, verdade seja dita, ela tinha receio de
saber o que ele estava pensando.
O vestido de Elvira era escandaloso mesmo para os padrões do século XXI. Maya imaginou
que ela se parecia à rainha de todas as prostitutas para o cálculo de um homem do século XIV. A
fenda do lado esquerdo do vestido percorria todo o caminho até o quadril e o decote de seu
vestido caía no vale abaixo de seus seios, mostrando todo o seu seios, exceto seus mamilos.
Bom, Maya disse para si com uma careta, os estrategistas de esportes sempre afirmavam
que a melhor defesa era o ataque. Ela decidiu que um bom ataque nesta situação seria bobagem.
—Há algo errado, milorde?

Quando Thomas chegou lá em cima para falar com Lady Maya, não esperava vê-la vestida
tão arbitrariamente. Era um escândalo. Era pecaminoso. O deixava duro.
—Não Lady Maya, – ele conseguiu botar pra fora, – nada está errado.
Maya assentiu e olhou pensativa para Thomas.
—Suas mulheres não usam trajes como este nas festas do clã?
Thomas pensou nas palavras de Maya por um momento e depois franziu o cenho. Se era
assim que as mulheres se vestiam no clã Tampa então isso queria dizer que os seus não eram os
primeiros olhos masculinos que a contemplaram neste estado de quase nudez. Uma sensação
arrepiante de possessividade subiu por suas costas e abriu caminho para seus olhos. Ele os
entrecerrou ameaçadoramente para Maya para mostrar sua desaprovação.
—Está me dizendo que seu Laird aprova essa forma de se vestir?
Maya assentiu com a cabeça enquanto fechava os olhos como ele.
—Sim, Thomas, todas as mulheres de meu clã se vestem assim. Ora, nós até mesmo
vestimos trajes assim para ir a igreja. Você não gosta? – Ela girou em torno de si, tal como
costumava fazer quando estava na frente dos espelhos nas grandes lojas quando experimentava
uma roupa nova.

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Depois da Tempestade

Maya ocultou seu sorriso do olhar indignado no rosto de Thomas. Ha! Ele não podia acusá-la
de ser uma prostituta, se todas as mulheres do clã Tampa se vestiam como ela, e até iam à igreja
assim.
—Para a capela? – Thomas gritou, os punhos apertados ao seu lado. – Seu Laird sabe que vai
vestida com essas roupas em um lugar santo?
Maya piscou, parecendo surpresa com sua reação.
—Bom, é claro, Thomas, o que mais nós mulheres usaríamos? – Ela sorriu plenamente,
exibindo os dentes brancos perolados. Ah, sim, isso era muito divertido.
Thomas bateu a porta da alcova de Maya e deu três grandes passadas através da sala até
ficar diante dela.
Ou talvez não fosse tão divertido, ela admitiu cautelosamente enquanto ele pairava sobre
ela.
—Você não se vestirá com isto enquanto estiver aos meus cuidados, isso sim eu posso dizer!
– Ele fez uma carranca para ela com o cenho franzido ferozmente, desafiando-a a dizer o
contrário.
Maya não tinha nenhuma intenção de usar seu traje de Elvira pelo castelo MacGregor, mas a
ameaça de Thomas era exasperante.
—Vou usar o que eu desejar, – disse ela com calma, claramente, com as mãos em punhos,
descansando na cintura.
—Como o inferno que fará, mulher! – Gritou ele, agarrando-a pelos braços. – Quando eu
voltar em seu quarto em uma hora, você estará banhada e vestida adequadamente. Caso não
preste atenção, serás colocada no meu joelho e, desta vez sem piedade vou mostrar a
consequência de não me obedecer!
Maya franziu a testa, a raiva crescendo rapidamente. Esta era a terceira vez que ele vinha
com esse negócio de bater nela. Nesta terceira vez, ela ficou ainda mais furiosa do que das outras
duas ameaças. Então o que importava que ele fosse ainda mais alto? E daí se a superava em mais
de uma centena de libras? E que a sua vida estava em suas mãos enormes? Sim, ok, de modo que
ela era uma idiota irascível! Sara sempre estava lhe dizendo o quanto.
Maya cerrou os punhos ferozmente nas laterais do corpo, sacudiu a cabeça com raiva, deu
um grito de guerra ilegível das profundezas de sua garganta, e chutou-o na canela.
—Não sou uma criança! Você não vai bater em mim!
O sangue de Thomas ferveu a uma temperatura suficientemente quente para deixar seu
rosto vermelho. A moça o havia chutado! Ele não podia acreditar! Em todos os seus trinta e cinco
anos, ela fez o que nenhum outro jamais ousou.
Thomas levantou Maya do chão pela parte posterior de seu vestido com uma mão e puxou
seu rosto para perto do dele. Falou-lhe com uma voz tão calma e controlada que Maya soube que
era hora de recuar.
—Não faças isso de novo, se não quiser conhecer mais do que uma surra de criança.
Golpeie-me mais uma vez, e conhecerá a minha ira.

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Depois da Tempestade

Maya engoliu em seco rapidamente e balançou a cabeça, lançando os olhos para o peito de
Thomas.
—Nunca deveria ter feito isso. Eu... eu sin-sinto muito.
Thomas nada disse em resposta por um momento, enquanto seguia sustentando Maya em
pleno ar. Ela sentia a tensão de seu corpo musculoso tão fortemente que tinha medo de olhar nos
olhos dele.
Quando por fim falou, sua voz retomou seu tirânico tom habitual, fazendo com que Maya
respirasse de alivio. Ela podia lidar com ele quando estava assim, pelo menos.
—Agora, fará como foi dito. Será que fui claro, pequena laird?
Maya encontrou o cenho de Thomas com um dos seus próprios, mas cedeu no final com um
breve gesto.
—Muito bem, então, – El sussurrou em um tom de pura satisfação masculina, – Voltarei em
uma hora.
Justo quando estava a ponto de baixar Maya, o material do vestido dela cedeu à pressão de
suas mãos e caiu de seu corpo. O vestido rasgou-se em duas partes, fazendo com que Maya
gritasse enquanto ela caia no chão.
Sem pensar, Thomas passou o braço livre ao redor de Maya, em um esforço para impedi-la
de bater no duro chão de pedra. Ele perdeu o equilíbrio e acabou tropeçando no chão, caindo bem
em cima dela. Maya conteve o fôlego quando o golpe a nocauteou, seu rosto ficando em um tom
branco pálido.
—Maya! Você está bem? – Thomas exigiu que respondesse enquanto alisava os cachos
dourados atrás de sua cabeça e estudava o rosto dela. – Fale comigo moça, está bem? Eu nunca
deliberadamente a machucaria.
Maya se concentrou para que sua respiração se estabilizasse, depois ofereceu a Thomas um
débil sorriso uma vez que esteve de volta ao controle.
—Estou bem, – ela engasgou. – Só quero descansar depois do banho.
Thomas assentiu enquanto se movia para levantar-se do corpo de Maya. Ele sentou-se em
cima dela em posição vertical, olhando para baixo enquanto se preparava para içar seu corpo por
completo do dela.
E então ele não pôde.
Mal podia respirar, muito menos se mover.
Maya, percebeu que estava nua.

Capítulo 6

Maya encontrou os olhos de Thomas e percebeu que sua carranca já não estava ali. Ele não
estava zangado. Não estava preocupado...
Estava excitado.

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Depois da Tempestade

Se o olhar vidrado em seus olhos não delatasse seu estado de excitação, a protuberância
dura e grossa em seu ventre certamente o faria.
Ela não queria que ele a desejasse. Também não queria sentir-se atraída por ele. Ela não
precisava nem desejava complicações em seu plano para escapar de volta ao seu próprio tempo.
No entanto, era difícil fingir que a sua proximidade não a afetava. Ela o achava brutalmente
atraente desde o momento em que ele havia desmontado arrogantemente diante dela algumas
horas atrás. Ela o achou provocante desde que abriu o primeiro documento que relatava as
histórias de suas proezas nas batalhas.
Maya suspirou, resignada. Fisicamente, ela o desejava. Mais do que quis um homem em
toda sua vida. Mil vezes mais do que alguma vez desejou Nick.
Ah, que diabos!...
Lentamente ela levantou os braços do chão de pedra do quarto e envolveu o pescoço de
Thomas. Abriu os lábios e olhou ansiosamente para ele, dizendo sem palavras como ela se sentia.
Thomas piscou quando percebeu que a bela mulher deitada debaixo dele o queria tanto
quanto ele a queria. Sua carne cresceu dolorosamente com o conhecimento disso. Amaldiçoou-se
por sua fraqueza, sabendo muito bem que não podia fazer amor com ela. Se amasse esta dama da
forma como seu corpo queria, nunca a deixaria ir, e isso causaria milhares de complicações que ele
não desejava ter.
Mesmo assim, queria saborear sua sensação, o gosto de seus lábios nos dele. Apenas um
beijo. Um beijo não machucaria ninguém.
Thomas sustentou a cabeça de Maya em seus braços e baixou lentamente sua boca para a
dela. Ele puxou suavemente o lábio superior, em seguida, assim como em toda a sua doçura
inferior. Ele permaneceu no lábio inferior, retendo-o entre os dentes e sugando suavemente sobre
ele.
A respiração de ficou presa em sua garganta. Os sentimentos estavam além de toda sua
experiência.
Thomas gemeu mentalmente. Isto não foi suficiente, não era suficiente. Apesar de não
querer fazer amor com Maya, ele queria pelo menos conhecer o sabor de seus beijos plenamente.
Sua boca deixou o lábio inferior para sugar o superior, depois voltou a baixar para saborear o lábio
inferior uma vez mais. Ao som de seu gemido, ele abandonou toda a precaução e deslizou sua
língua entre os lábios ligeiramente separados. Ele a beijou, hesitante, incerto de como ela reagiria.
Maya gemeu quando seu ventre começou a se contrair de desejo. Ela não podia acreditar. O
homem mal havia tocado nela, mas ela o queria com um desejo que não compreendia. Ela
precisava de mais, e rápido.
Ela agarrou Thomas pela sua nuca e puxou o rosto dele para baixo para cobrir os seus
próprios. Ela reforçou seu beijo com uma paixão animal, lançando sua língua dentro e fora da sua
boca para juntar-se com a dele. Eles se beijaram apaixonada e intimamente e, por alguns minutos
sem fim, nenhum deles se dispôs a soltar o outro.
A ereção de Thomas ficou mais rígida. A reação de Maya ao seu beijo foi mais provocativa e
inebriante do que ele podia suportar. Ele perdeu o controle. Sua mente gritou para que

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Depois da Tempestade

recuperasse sua sensatez e saísse de seu corpo obedientemente. Seu coração e seu corpo exigindo
o contrário.
Thomas continuou a invadir sua boca com a língua, enquanto sua mão passeava por entre
seus corpos e marcava sua carne com possessividade, a mesma com a qual ele reclamava sua
boca. Ele primeiro acariciou seu pescoço e depois os ombros, gradualmente, fez seu caminho em
direção aos seios. Continuou a beijá-la enquanto cobria um seio roliço em cada mão e provocou os
mamilos convertidos em bicos franzidos.
Maya ofegou em choque e deleite. Talvez tivesse suposto erroneamente que este
“primitivo” Highlander não saberia agradar o corpo de uma mulher moderna com a habilidade
que ela possuía, mas agora viu-se obrigada a descartar essa ideia por completo. Seus dedos
apoderaram-se de seus mamilos com uma firmeza que era indescritivelmente prazerosa. Ele os
acariciou entre o polegar e o indicador, alongando-os mais com cada movimento ascendente.
—Por todos os santos, como eu a desejo. – Thomas arrastou sua língua quente da boca de
Maya para o seio. Ele amoldou a plenitude de seus seios uma vez mais, juntando-os e
aproximando-os o mais possível de sua boca. Apressou-se de um mamilo a outro uma e outra vez
enquanto os chupava, incapaz de decidir qual deles queria mais, não podia fazer sua escolha e
exigia ambos com uma paixão frenética.
Maya gemeu e golpeou seus quadris contra Thomas, desejando que a possuísse por
completo. Ela se abaixou e esfregou seu peito, provocando os mamilos para o mesmo estado de
excitação que os dela. O peito ele era elegante e bem musculoso, com um revestimento de pelo
negro suficiente para que ela corresse os dedos por ele. Ela pensou que ia explodir se ele não a
tomasse logo.
—Por favor, Thomas. Por favor. Faça amor comigo.
Uma batida soou na porta, fazendo com que Maya gemesse, e não em um bom sentido. Ela
queria matar quem estava do outro lado da mesma.
—Milady, sou eu, Matilde. Estou aqui para ajudá-la com o banho. – Bateu outra vez. –
Milady?
Maya suspirou descontente e depois limpou a garganta. Ela elevou a voz para ser ouvida por
trás da porta .
—Estarei pronta em um momento, Matilde. Por favor, volte mais tarde.
Nenhum som veio do corredor, Maya supôs que a empregada havia ido embora. Ela
respirou de satisfação e sorriu para Thomas. Envolveu seus braços ao redor do pescoço do laird e
olhou-o com expectativa.
—Vamos continuar de onde paramos? – Ela sussurrou.
Thomas piscou como se saísse de um transe. Isto tinha ido longe demais. Se não fosse pela
interrupção de Matilde, ele teria feito amor com Maya sem pensar duas vezes.
Ele entrecerrou os olhos para a mulher que estava por baixo dele e tirou seus braços do seu
pescoço como se o queimassem.

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Depois da Tempestade

—Você é uma pequena sedutora moça, não é? – Ele sorriu friamente para os olhos
arregalados e provocou-a ainda mais. – Suponho que pensou em me seduzir e obter uma criança
minha para prender-me? – Sacudiu a cabeça e debochou dela. – Isso não vai acontecer.
Maya ficou sem fôlego, afastando-se dele imediatamente. Ela não conseguia acreditar que
este era o mesmo homem que a tinha tocado tão ternamente apenas momentos antes. A traição
que sentiu era facilmente legíveis em seu olhar.. Duas vezes já tinha feito isso com ela, rodeando-
a como um cão raivoso.
—Sai, – ela sussurrou, mais com dor em sua voz que com raiva. – Vou partir amanhã. Apenas
saia. – E quando ele não fez nenhum movimento para deixá-la, disse: – Agora!
As palavras de Maya aborreceram Thomas, mas ele não entendia o porquê. Devia estar
contente, pois ela pretendia deixá-lo. Devia estar, mas não estava. Ele encolheu os ombros com
indiferença, se recusando a mostrar o contrário.
—Que assim seja. Há moças em abundância que querem ficar aqui comigo.
—Então, fique com elas, – ela sussurrou baixinho enquanto rolava de seu lado e se erguia
para ficar de pé.
Maya aproximou-se da banheira sem olhar para trás e meteu-se dentro dela, para
mergulhar. Ela sentia as lágrimas ardendo por trás de suas pálpebras, exigindo cair, assim ela
continuou de costas para ele, caso elas caíssem.
O eixo de Thomas engrossou com a visão das nádegas arredondadas de Maya baixando na
tina de madeira. Ele suspirou enquanto passava a mão agitada por seu cabelo. Ele estava errado e
sabia disso. A dama nunca tentara prendê-lo. Foi ele quem invadiu seu quarto. Ele foi quem
rasgou a roupa dela e a beijou profundamente. Foi ele quem teve seus seios na boca e os sugou.
Ele. Era tudo obra sua.
—Maya, eu…
—Esqueça, Thomas, – ela o interrompeu sem emoção na voz. – Isso não importa. Apenas
deixe-me. Por favor.
Ele hesitou. Após um longo momento, meneou a cabeça em sinal de rendição, embora não
pudesse vê-l, porque ela estava de costas para ele. Ele se levantou, dirigiu-se rapidamente para a
porta do quarto, e desapareceu para o outro lado da mesma.
Maya soltou uma profundo suspiro e concedeu aos seus olhos à necessidade de derramar as
lágrimas. Nenhum homem jamais a tinha feito se sentir tão baixa antes. Nem mesmo Nick. As
duras palavras de Thomas eram mil vezes mais dolorosas que a infidelidade de Nick.
Ela puxou seus joelhos até seu peito e chorou silenciosamente. Ela tinha que sair dali. Ela
precisava sair dali. Mas, Como?

Capítulo 7

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Depois da Tempestade

Thomas cavalgou rapidamente para o nordeste, flanqueado por um punhado de seus


homens em ambos os lados. Ele havia partido da torre já fazia uma semana para entregar as
viúvas Mary, Judith e Matilde ao clã Hamilton. Os Hamilton era bons aliados antes de Bruce
chegar ao poder, pois se um Sassenach* quisesse atacar os MacGregor, teria que passar pelas
terras dos Hamilton primeiro.
Não que um Sassenach já tenha tentado atacar a fortaleza MacGregor. O Inglês era
corajoso, mas não estúpido. O terreno montanhoso era demasiado avassalador e mortal para um
homem não acostumado a isso. Especialmente na direção norte, onde o reduto de Thomas estava
situado.
Ainda assim, os Hamilton eram bons aliados, por isso mesmo que a proteção de suas terras,
uma vez previstas não eram tão necessárias quanto na Escócia de Bruce, Thomas continuaria a
premiar sua aliança, sempre que possível.
Os Hamiltons estavam precisando de mulheres, de modo que MacGregor entregou três
jovens viúvas suficiente jovens para se casarem e procriarem. Em troca, os Hamilton ofereciam ao
laird grãos em abundância e umas poucas cabeças de gado, suas terras eram ideais para o cultivo
de diversas variedades de culturas, bem como animais de pastoreio.
Thomas não tinha planejado acompanhar seus homens para ver o trabalho realizado, mas
após sua briga com Lady Maya havia feito exatamente isso. A cena que ele criou em seu quarto na
noite de sua chegada era bastante ruim, mas a argumentação que haviam se envolvido na manhã
seguinte era demais para se acalmar rapidamente. Ele partira da fortaleza ao invés de ficar,
sabendo que precisava da cada instante que estava longe de casa para recuperar seu humor.
A manhã após Lady Maya ter lhe ordenado que saísse de seu dormitório, Thomas a procurou
e tentou se desculpar. A moça, atrevida que era, se recusou até mesmo a reconhecer o fato de
que ele estava falando com ela. MacGregor não gostou dessa demonstração de desrespeito e, de
fato, ordenou que ela falasse com ele.
Ele deveria ter pensado melhor. Maya falou com ele depois disso, se alguém poderia chamar
assim. Na verdade, ela falou sem cessar por uma hora, ferindo seus ouvidos com todo tipo de
palavras feias. Thomas não pôde determinar o que significava "butt-head"*, mas suspeitava pela
forma como os olhos dela brilharam quando disse, que não era algo bom.
Maya exigiu que ele a deixasse ir para casa, mas é claro que ele não permitiu. Ela então
começou a querer saber o porquê, o que, é claro, ele não pode dizer, porque ele mesmo não
entendia suas próprias emoções a maior parte do tempo. Ele deixou a torre, depois disso, de fato,
saiu correndo, deixando maus sentimentos entre eles em seu lugar.
Thomas cavalgava em silêncio, sem prestar atenção às conversas ao seu redor. Seus homens
estavam em um estado de ânimo muito bom, ansiosos por ver os olhares de admiração nos rostos
do clã quando chegassem com tanto grão e alguns outros despojos a reboque.

*
O termo gaélico para um saxão, muitas vezes dito com hostilidade.
*
Beavis e Butt-head. Fizeram sucesso na MTV, na década de 90, com um desenho que sacaneava as músicas (que eles
consideravam) ruins e os adereços exagerados dos roqueiros da época, os famosos cabelos de boneca velha. Butt-head significa
literalmente "cabeça de bunda".

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Depois da Tempestade

Normalmente, Thomas estaria muito animado, mas hoje não podia estar. Ele iria ver Maya
em menos de uma hora de viagem e se perguntava o que aconteceria entre eles quando chegasse
em casa. Também se perguntou se ela havia tentado fugir enquanto ele estava fora.
MacGregor suspirou quando abriu sua mão e olhou o colar em sua palma calosa. Ele tinha
comprado a corrente de ouro e pedra, entre outras bugigangas, como uma oferta de paz para
Maya em uma feira que ele e seus homens visitaram em seu caminho de volta dos Hamilton.
A primeira vista, podia ver a grande pedra que o comerciante chamava de rubi, sendo usada
por nenhuma outra mulher do que Maya. A pedra era brilhante e ardente, assim como sua futura
dona. Só rezava para que fosse suficiente para persuadi-la a perdoá-lo por suas palavras e ações
descuidadas.
E mesmo assim, após quase uma semana, o Laird não tinha ideia do que o havia possuído
para se comportar com Maya como fizera naquela noite que a encontrara pela primeira vez. Ele
havia batalhado com ela nas ameias, mas no final ela se agarrou a ele. Ele invadiu seus aposentos,
no entanto, ela não o expulsou. Ele rosnou e a ameaçou, mas quando ele a beijou, ela reagiu com
paixão, em vez de ódio ou mesmo medo. Ele excitou seu corpo como queria e ela o aceitou com
entusiasmo ao invés de se afastar dele.
E ele a premiou ferindo seus sentimentos , fazendo com que suas espinhosas defesas
chicoteassem para fora.
Thomas meneou a cabeça, totalmente atormentado, com arrependimento. Ele
provavelmente era esse “butt-head” que ela o acusara de ser. Se ele tivesse mantido a boca
fechada, saberia o que era estar enterrado profundamente dentro de sua carne rendida.
Conheceria o sabor de todo o seu corpo. Conheceria o olhar em seu rosto enquanto ela tremia em
seus braços e alcançava o êxtase. Ele conheceria o céu de possuí-la, em vez do inferno em que se
submeteu nestes últimos sete dias por estar longe dela e imaginado como seria fazer amor com
ela.
Thomas rodou o rubi entre seus grandes dedos calejados e suspirou. Ele esperava que a
pedra fosse capaz de mudar seu humor o suficiente para torná-la agradável uma vez mais.

—Maldição. – Maya baixou a tapeçaria que estava trabalhando com Sara e sua nova criada
Lena. Franziu o cenho.
Sara riu.

—Não se preocupe, querida, você vai pegar o jeito.


—Não sei se quero pegar o jeito dessa coisa.
—Bom, melhor. Não que não tenha nada que fazer neste lugar e suas duas tentativas de
fuga terminaram com um final amargo se você se lembra.
Maya franziu o cenho para esse lembrete. Percebendo que suas opções eram costurar uma
tapeçaria ou aborrecer seu cérebro, ela deu um dramático e profundo suspiro, depois apanhou o
final da trama novamente.

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Depois da Tempestade

Sua nova criada Lena, que substituiu Matilde, dirigiu-lhe um olhar especulativo antes de
perguntar.
—Não sei, milady. Você não costuravas em sua casa?
Maya olhou para Lena. Era uma linda garota, muito jovem, e possuía uma personalidade
borbulhante, vivaz. Lena havia pedido permissão a Maya para se tornar sua nova criada pessoal
logo após a partida de Matilde. A menina parecia tão animada com a perspectiva que Maya
nunca diria nada mais que sim. Ela não conseguia entender por que alguém iria realmente aspirar
cuidar dela, mas ali estava.
—Não realmente.
Lena riu.
—Juro que não poderia ver como poderia fazer outra coisa. Eu morreria de tédio se não
costurasse. Você tinha outros entretenimentos no clã Tampa enquanto os homens estavam fora?
Maya bufou. Depilar a virilha era uma das coisas mais dolorosa da face da Terra, porem era
mais divertido do que esse negócio de costura. Ela estava prestes a dizer, mas moderou-se,
percebendo que só serviria para colocar mais lenha na fogueira.
Além disso, já era hora dela começar a usar seu cérebro novamente... o cérebro encerrado
em seu crânio extremamente duro.
Este estava no século XIV, pelo amor de Deus. Isto era o que uma mulher do século XIV
fazia… costurar. Por mais trágico que isso podia ser, estar constantemente cuspindo veneno não
mudaria este fato da vida. Na verdade, o veneno podia causar-lhe alguns problemas. Problemas
como os que ela atualmente tinha com Thomas.
Ela pensou que sua língua estivera por demais assustada para seguir incitando Thomas, no
entanto, ela tinha que instigá-lo, melancolicamente se lembrou. Estava decidida a fechar a boca a
partir de agora. E de preferência antes que ela terminasse assassinada por suas mãos.
Sara sorriu enquanto costurava a armadura de Robert de Bruce na tapeçaria, obtendo êxito
na costura após sua primeira tentativa.
—Mal posso esperar para ver Dugald de novo. John , o Ancião disse que eles estariam de
volta amanhã ou no dia seguinte.
Maya revirou os olhos enquanto seguia adiante em uma tímida tentativa de costurar as
botas de Bruce no tecido.
Sara mordiscou os lábios enquanto deixava a costura.
—Por favor, não zombe de mim, Maya, – ela murmurou.
Os olhos de Maya se arregalaram, depois voltaram a seu tamanho normal.
—Sinto muito.
Sara concordou, mas não disse nada. Finalmente ela pegou a costura largada e retomou seu
trabalho.
As três mulheres costuraram em silêncio durante alguns minutos até que Maya deu um
suspiro de riso. Sara e Lena a fitaram como se ela tivesse perdido a cabeça, o que a fez rir outra
vez porque provavelmente assim se sentia.
—Que diabos é tão engraçado? – Perguntou Sara desconcertada.

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Depois da Tempestade

Maya meneou a cabeça, tentando encontrar as palavras certas para descrever seu humor.
—É só... É…
—É o quê? – Perguntou Sara com exasperação, quando ela não continuou.
Maya encolheu os ombros e sorriu.
—É só que acho que estou com inveja de você.
Os olhos de Sara se arregalaram com assombro.
—De quê?
—Dugald é o homem perfeito. Se terminarmos presas nesta montanha esquecida por Deus,
você não poderia pedir um companheiro melhor para ficar presa aqui. Minhas perspectivas, no
entanto, são inexistentes. – Ela riu de novo, só que desta vez seu riso não era nada divertido.
Lena moveu sua cabeça, negando essa alegação fora de mão.
—Isso não é verdade, eu asseguro. Milorde Thomas tem muito amor por você. É só que ele
ainda não se deu conta, é tudo.
Maya balançou a cabeça em confusa irritação para sua donzela, espetando sua agulha no
tecido para cruzar os braços sobre o peito.
—Como é que você chegou a essa selvagem conclusão? O homem é horrível comigo. Ele
rosna e late para mim em um suspiro, me para perto dele por um beijo, então me empurra com
toda sua força no seguinte. Eu chamaria isso de uma mistura de desejo e ódio, não amor não
realizado.
Lena balançou a cabeça novamente, certa de sua romântica afirmação como estava segura
de que a grama era verde.
—Posso ter só quinze verões, mas conheço o meu laird melhor do que você. É meu primo,
sabe? Que ele tente afastá-la, acho que é um bom sinal, porque ele nunca mostrou tanta paixão
para uma mulher anteriormente. – Lena riu. – Os servos acham muito divertido que milorde não
permita que você vá para casa.
Maya franziu o cenho.
—Perdoe-me se não consigo ver o humor da situação.
—O humor?
—Uh... a diversão.
—Ah! Bem, pode acreditar em mim quando digo que é uma boa coisa. Na verdade o laird
nunca esteve tão apaixonado por uma mulher. – Lena encolheu os ombros. – Fora da cama, –
qualificou com um sorriso.
Sara levantou a vista de sua costura, de repente mais interessada no que contava a criada.
—O que você quer dizer?
Lena encolheu os ombros de novo, mas desta vez com seriedade.
—Milorde não se preocupa nem um pouco com as mulheres. Ele as leva para sua cama e
este é sempre o final da história. O fato dele não levar uma mulher tão bela como Lady Maya para
sua cama quando assim desejar, obviamente, diz muito. – Lena suspirou e meneou a cabeça
tristemente. – Foi Lady Elizabeth quem lhe fez isso.

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Depois da Tempestade

Maya juntou as sobrancelhas e olhou para sua donzela. Uma lady, hein? Por alguma razão,
ela não gostou de saber que Thomas amava outra . De fato, já odiava essa mulher.
—Quem é Lady Elizabeth? – Murmurou.
—Sua mãe.
Maya soltou um suspiro possessivo. A mulher foi a mãe de Thomas, e não um antigo amor
dele.
—O que, diabos, sua mãe fez com ele?
Lena encolheu os ombros.
—Ninguém sabe. Suspeito que Sir Dugald sim, mas ele nunca trairia a confiança do Laird.
—Mas você disse que foi Elizabeth que lhe fez isso. O que você quis dizer com isso?
Lena ponderou a pergunta, pensativa por um instante. Ela bateu o dedo contra seu rosto e
estreitou os olhos um pouco, obrigando-se a recordar um evento há muito tempo esquecido.
—É um rumor que começou na aldeia muito antes que eu nascesse. Pouco se sabe da morte
de Elizabeth, mas já faz muito tempo que se diz que abalou o laird tão ferozmente que ele
prometeu nunca mais se deixar amar por uma mulher. – Lena estalou sua língua. – É triste, se você
me perguntar.
Maya olhou para Sara, a tristeza indizível por Thomas no ar entre elas. Perder a mãe deve ter
sido extremamente difícil.
—Tem razão, Lena. É triste.
E realmente era. Maya podia entender o que era não querer dar uma parte de si mesma a
outra pessoa mais que ninguém. Ninguém quer ser ferido. Se sair de um estado emocional era
suficientemente difícil no século XXI, então fazer no século XIV, onde a morte de seus entes
queridos era algo comum e chegava muito cedo na vida, sem dúvida, era extremamente difícil.
Ela gemeu mentalmente. Por mais que desejasse o contrário, ela simplesmente não podia
ficar com raiva de Thomas após ouvir a história de Lena.
—Será que falta muito para a refeição do meio-dia? – Sara perguntou a Lena com um sorriso
sereno no rosto, felizmente mudando o assunto.
—Sim, milady. A qualquer momento, creio.
A conversa das mulheres foi interrompida poucos minutos depois pelo som de cascos de
cavalo e vozes provenientes do exterior da torre. As três se entreolharam com os olhos
arregalados, todas tendo o mesmo pensamento singular, o castelo estava sendo sitiado.
Maya gritou para John, o Ancião, quando o viu passar pela porta da frente.
—O que está acontecendo, John? Estamos sob ataque?
John sacudiu a cabeça para responder a Maya. Ele não pôde reprimir o riso leve que se
sobrepôs quando viu as expressões de pavor nas três mulheres que o fitavam.
—Não, milady, nosso senhor voltou.
O círculo de mulheres lançou um suspiro coletivo, fazendo com que o idoso risse
novamente.
—Venham saudá-lo. Milorde e seus homens voltaram com um grande espólio.

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Maya franziu o cenho. espólio significava roubo, mas não disse nada. Além disso, ela tinha
um impulso irresistível de ver Thomas e não queria se demorar por mais tempo. Ela estava um
pouco preocupada sobre como ele i reagiria ao vê-la após sua briga, mas deu de ombros e afastou
isso de sua mente. Seja qual fosse a reação dele, ela encontraria uma maneira de lidar com ele.
—Pensei que ele estava para voltar amanhã ou depois, – ela murmurou.
John deu de ombros.
—Eles cavalgaram duro para voltar.
Maya assentiu e se levantou.
—Então, vamos.
Ela seguiu atrás de John, o Ancião e caminhou para fora do castelo enquanto Thomas
desmontava. Sara passou por ela e correu para os braços de Dugald, cobrindo-o de beijos e
abraços. Dugald riu e jogou-a por cima do ombro, enquanto Thomas olhava de relance para o
casal.
Ele suspirou. Estava certo de que não seria tratado com tal acolhimento por Lady Maya.
—Olá, Thomas.
Os ouvidos do Laird animaram-se ao som da familiar voz rouca enquanto se virava para
encontrar Maya. Ele a localizou perto das portas da torre, caminhando em sua direção
determinadamente.
Ele respirou fundo. Ela ia começar uma cena ao ar livre na frente de todos os seus homens?
Ele a observou enquanto ela se aproximava, uma sensação de medo iminente escoando
através de sua pele. Sem dúvida esperava que ela não estivesse disposta a discutir sobre o fato de
que havia negado permissão para sair de sua fortaleza. Ele foi informado por um cavaleiro que
veio saudá-lo a um quilometro de distância da torre que ela havia tentado fugir por duas vezes
durante sua viagem.
Thomas observou com admiração enquanto Lady Maya aproximava-se mais. Que bela moça
ela era! Mesmo as suas lembranças não faziam justiça à mulher. Ela era cem vezes mais desejável
do que ele se lembrava. E era algo mais do que apenas sua beleza física. A lady era a encarnação
de todos os traços que ele admirava nos outros: espírito, coragem, obstinação, orgulho. Até
mesmo sua natureza teimosa era um giro para um homem acostumado às mulheres a seus pés.
Maya reuniu sua coragem enquanto caminhava na direção de Thomas, mas uma vez
superada por um medo intrínseco de como ele reagiria ao vê-la após sua viagem. Talvez ele não a
tivesse perdoado ou esquecido sua última discussão ainda. E ela podia culpá-lo? Ela disse muitas
coisas ruins, embora a maioria foi pelo despeito e pela mágoa que ele lhe causou. E depois de
saber por Lena por que ele lhe havia causado tal dor, para começar. A culpa estava pesando sobre
ela poderosamente.
Olhando para MacGregor agora, tudo o que Maya podia pensar era sobre ele. Ele era tão
grande, tão forte, no entanto, mas ela sabia quão ternamente o corpo gigantesco a embalaria. De
algum modo, de alguma maneira, ela o faria se esquecer de suas preocupações e abraça-la assim
novamente. O faria esquecer seu voto e dos cuidados com ela, apesar da morte de Elizabeth. Nem
que fosse apenas por pouco tempo.

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Depois da Tempestade

—Olá Maya. – Thomas sussurrou as palavras enquanto fitava seus olhos.


Os dois ficaram paralisados, nenhum deles se moveu, nenhum deles pronunciou uma
palavra. Olharam-se nervosamente, como se eles não tivessem se visto em anos em vez de uma
semana e, portanto, não podia adivinhar o que seu parceiro poderia pensar ou dizer em seguida.
Maya limpou a garganta e sorriu para ele. Sabia que ele nunca dar o primeiro passo, então
decidiu enterrar seu orgulho ferido e fazer isso por ele. Caminhou o último passo que a colocou ao
alcance de suas mãos, lentamente seus braços enlaçaram sua cintura, e deitou sua cabeça no
calor do seu peito enorme.
Thomas estava tão atordoado que não reagiu de imediato. Esta demonstração de carinho
era a última coisa que ele esperava quando cavalgara para a torre hoje. No entanto, era bem-
vindo. Muito bem-vindo.
Ele deslizou os braços ao redor de Maya e puxou-a para mais perto dele, tão intimamente
quanto humanamente possível. Deixou cair seu queixo e pousou-o sobre a cabeça de sua lady,
respirando seu perfume encantador.
Amá-la era um risco. Desejá-la era um risco. Ele passou muitos anos endurecendo seu
coração contra esta grande intromissão. Mas, quando Thomas segurou-a contra ele, foi como se o
passado não parecesse brilhar com tanta intensidade assim. Não pairava sobre ele e o ameaçava
bombardeá-lo com lembranças dolorosas.
Maya podia fazê-lo esquecer os pecados de Elizabeth. Maya podia fazê-lo confiar
novamente. Era uma conclusão que chegou durante sua viagem à terra dos Hamilton e uma
conclusão que ele não podia mais negar.
Ele queria aquela mulher. Ele precisava dela ao seu lado.
Seja qual fossem seus argumentos, ele nunca a deixaria sair de seu lado.

Capítulo 8

O jantar foi uma ocasião festiva no Castelo MacGregor com os homens fazendo alarde de
todos os despojos que haviam adquirido, enquanto estiveram fora. Os relatos eram fortes e, sem
dúvida exagerados, mas Maya mal os ouvia de qualquer maneira. Ela estava atenta no homem
sentado a seu lado, com as mãos entrelaçadas sobre seus joelhos.
—Não gostou do punhal que comprei para você comer? – Thomas apontou para a faca
ornamentada que adquiriu na feira.
Maya mastigou o pedaço de peixe e engoliu-o antes de fita-lo com um sorriso.
—Foi muito gentil de sua parte. Na verdade, não posso esquecer o quão bela ela é com
todas aquelas pedras.
Thomas resmungou. Era bom ver o quão feliz ele estava fazendo sua dama desde sua
chegada. Ele mal podia esperar até que ficassem sozinhos mais tarde nesta noite para lhe dar o
colar que ele havia comprado para ela na feira.

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Depois da Tempestade

Maya estava confusa com todas as atenções gentis e os presentes generosos que Thomas
lhe concedeu. Ele trouxe uma caixa dourada de ouro, incrustado com pedras raras e
transbordando com tecidos e sedas caras. Ela imaginou que os tecidos foram dados a ela para que
costurasse vários vestidos com eles.
A antropóloga nela não podia deixar de achar toda a situação irônica, em uma espécie de
forma científica. Afinal, o laird foi logo mostrando que, desde o princípio dos tempos, os homens
usavam bijuterias e presentes para agradar suas amantes furiosas.
Thomas inclinou-se e sussurrou baixinho para Maya.
—Isto significa que você me perdoou, moça?
Maya deu -lhe um sorriso brilhante, mostrando seus dentes brancos e apertou sua mão
debaixo da mesa.
—Antes mesmo de você voltar.
Ele resmungou.
—Se eu soubesse disso não teria invadido meus cofres antes de partir. – Diante do bocejo
fingido de Maya, Thomas riu. Os homens que o rodeavam na mesa se voltaram em direção ao
som e olharam para ele boquiabertos.
Thomas franziu o cenho. Soltou a mão de sua dama por baixo da mesa e cruzou os braços
sobre o peito.
—O que vocês estão olhando?
Um coro de "nada" soou em todo o salão seguido de pigarros e de homens com o rosto
vermelho observando Lady Maya com olhos estupefatos. Só Dugald teve a coragem de rir de
forma ruidosa. Esse ato de ousadia valeu-lhe uma carranca de Thomas. Dugald apenas riu mais
forte.
Maya e Sara se entreolharam e deram de ombros. Nenhuma delas entendeu a sutil
comunicação que ocorreu entre Thomas e seus homens. Se tivessem sabido que esta era a
primeira vez que Dugald ouvia a risada de Thomas em anos, e a primeira vez que o resto dos
homens ouvia seu laird rir, elas teriam entendido. Mas ambas estavam abençoadamente
inconscientes da importância da pequena amostra de humor do laird.
Desconfortável com os olhares dos homens de MacGregor, Maya se virou para Thomas e
sorriu.
—Você terminou de comer? Você me prometeu um passeio nos jardins ao luar, lembra?
Com o som dos gritos de seus homens rindo desenfreados, Thomas teve a graça de se
enrubescer.
—Ao luar? – Gritou seu homem, Stephen.
—Jardins? – Outra gargalhada.
Thomas olhou seus homens com resolução no rosto sombrio, decidido a pôr fim às suas
provocações de uma vez.
A sala imediatamente se acalmou, embora fosse evidente que os soldados tiveram que
trabalhar duro para sufocar o riso.

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Depois da Tempestade

—Vocês riem como prostitutas, – ele rosnou. – Acho que terei algumas peles nas listas*,
amanhã.
Os soldados deixaram de sorrir. Thomas grunhiu, satisfeito por ter recuperado seu senso de
masculinidade aos olhos de seus homens.
—Vamos, milady, e deixemos estas mulheres com suas fofocas.
Maya balançou a cabeça, confusa. Ela levantou-se imediatamente e seguiu atrás dele para
as portas da torre.
Eles caminharam lado a lado nos jardins, seu caminho bem iluminado pela luz da lua cheia.
Maya não conseguia apagar o sorriso que levava nos lábios desde a chegada de Thomas. Seu laird
não podia usar as poéticas palavras floreadas de Dugald ou ser rápido para rir e brincar como ele,
mas ele mostrava seu carinho de outras maneiras.
Era mais do que os presentes, mais até do que andar de mãos dadas. Era o olhar em seus
olhos, a maneira como ele acariciava a palma de sua mão, enquanto apertava a mão dela, o fato
de que não havia tentado evitar seu passeio ao luar, mesmo sabendo que os seus homens
estariam a espera para provocá-lo quando eles voltassem.
Este era o lugar que ela queria estar. Só desejava poder ficar ali com a consciência tranquila.
Thomas apertou a mão dela quando a levou para debaixo de um pinheiro perfumado.
—Você parece feliz, moça. Estai contente hoje, então?
Maya enterrou o rosto em seu peito e abraçou-se firmemente nele.
—Sim.
Ele riu enquanto passava os braços em torno de sua mulher e puxava-a o mais próximo
possível.
—Alegro-me de que seja assim.
—Hummm. – Maya não conseguia formular qualquer palavra, apenas som. Isto era o mais
próximo à felicidade que ela havia tido. As palavras simplesmente não pareciam apropriadas.
Thomas segurou-a firmemente em seus braços por longos minutos. Ele gentilmente esfregou
suas costas e acariciou seus cabelos enquanto colocava ocasionais beijos castos no topo de sua
cabeça. Ele não dizia nada, simplesmente desfrutava da sensação de segurá-la.
Isso parecia tão certo. Era como se a mulher tivesse sido criada para ele e só ele. Nem
mesmo a pregação preconceituosa de Angus sobre as mulheres em geral importava quando
abraçava Maya desta forma. O ódio que Angus usou para moldar as primeiras impressões de
Thomas era tão fraco agora, como a luz de uma tocha se apagando.
A constatação de que ele queria Maya apesar dos pecados de Elizabeth, fez com que os
sentimentos possessivos que nutria em relação a ela crescessem ainda mais fortes. Muitos
homens quereriam Maya, mas ninguém poderia tê-la. Ela era sua. Mesmo que ele tivesse que
trancá-la em seu quarto por toda a eternidade, ela seria sua e não de outros.
—Tenho um último presente para você, milady.
Maya esticou o pescoço para trás e olhou para o rosto de Thomas. Ela meneou com a
cabeça.
*
(listas) local de treino. Paliçadas encerrando um área para um torneio.

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Depois da Tempestade

—Você não precisa me dar mais nada, Thomas. Basta passar o tempo com você como agora,
este é o maior presente de todos.
MacGregor sentiu uma onda de calor inundar seu coração morto há muito tempo e abrir
caminho para abaixo, até seus pés. Ela não estava mentindo. Ele era muito bom em julgar o mérito
das palavras das pessoas e sabia que sua dama queria dizer o que dizia. Ele sorriu para ela. Um
sorriso autêntico, genuíno e de tirar o fôlego, que obrigou Maya a respirar fundo de tão belo que
era.
—Estou contente de ouvir essas palavras, querida, mas tenho outro presente que desejei
lhe dar o dia todo.
Thomas mexeu por baixo da túnica e tirou o colar que ele estivera usando pela cabeça. Ele
sorriu novamente quando viu a expressão de espanto no rosto dela. Ele gentilmente colocou o
colar de rubi sobre sua cabeça, em seguida, esperou pacientemente que ela sustentasse o cabelo
para acima para que ele pudesse colocar a corrente em volta de seu pescoço.
—Eu sabia que ele estava destinado a você no momento em que coloquei os olhos nele.
Quero que você o use sempre para que possa pensar em mim tantas vezes quanto penso em você.
—Oh! Thomas, é lindo. Simplesmente... lindo. – Sentia que algo muito próximo a uma
lágrima se formava em seu olho. A lágrima não derramada brilhava intensamente, deixando-o
saber que estava ali. – Obrigada.
Maya deitou a cabeça contra o peito de Thomas de novo, sentindo-se totalmente satisfeita.
Ela fechou os olhos e sorriu enquanto ele corria seus longos dedos calejados através de seu cabelo
dourado e sedoso. Ele girou um cacho em torno de seus dedos e levou-o ao rosto para inalar o
cheiro doce dela.
—Seja bem vinda, amor.
Maya suspirou quando ele envolveu seus longos e musculosos braços ao redor dela e a
beijou na testa. O beijo era possessivo e inocente, ao mesmo tempo, foi terno o suficiente para
fazê-la desejar ficar com esse homem para sempre.
Mas ela não podia. Ela sabia que voltaria para casa se o destino lhe mostrasse o caminho
para regressar. Ela era uma arqueóloga respeitada, afinal. A universidade, em geral, e seus alunos
de pós-graduação, em especial, contavam com ela. Ela não podia se afastar de seus compromissos
como se não fossem importantes só porque ela havia encontrado seu primeiro gostinho de
felicidade nos braços de um laird do século XIV.
No entanto, Maya não podia deixar de desfrutar da sensação pesada de Thomas envolvido
ao redor de seu corpo. Ele era construído como um poderoso deus da guerra, no entanto, estava
mais do que preparado para lidar com a ternura de suas emoções, ao mesmo tempo. Ela não
podia negar o que sua alma já sabia, que ele se importava com ela. Maya envolveu o rubi na palma
da sua mão e segurou-o com força. A pedra lhe deu uma sensação de calor sentimental nas
profundezas de sua alma geralmente cínica.
Que Deus a ajudasse. Ela sabia que estava se apaixonando por esse homem.

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Depois da Tempestade

Capítulo 9

Thomas escoltou Lady Maya até seu quarto, pouco depois. Eles caminharam lentamente até
a porta, de mãos dadas o tempo todo. Ele abriu a porta para sua dama, em seguida, fechou-a
silenciosamente por trás deles depois que entraram.
—Parece que sua criada deixou seu banho pronto.
Maya girou e olhou para a lareira. Efetivamente, um banho a estava esperando, sendo
mantido aquecido pelas chamas bruxuleantes da lareira. Ela sorriu. Parecia o céu. Ela voltou sua
atenção para Thomas, deslizando os braços ao redor de seu pescoço musculoso no processo. Ela
ficou na ponta dos pés e beijou-o suavemente nos lábios, agradecendo-lhe sem palavras por uma
noite maravilhosa.
Thomas a beijou de volta, puxando-a para mais perto dele. Ele aprofundou o beijo tanto
como se atreveu, forçando sua língua entre os lábios semi-separados. Maya gemia baixinho,
aceitando-o plenamente.
O som alto de seus beijos molhados era tão excitante para Thomas como para Maya. Ele
imaginou o ruidoso som que sua feminilidade faria quando ele se enterrasse dentro dela. Era uma
mulher apaixonada, a sua Maya, e ele sabia, sem reservas, que ela seria a melhor amante que ele
já havia levado para sua cama.
Por mais que Thomas a desejasse, ele também queria esperar para reclamá-la até que se
casassem. Ele não tinha nenhum desejo de desonrar sua dama com uma gravidez antes de
dizerem seus votos. As más línguas teriam muito que comentar com essa notícia. Ele afastou os
lábios do dela delicadamente, hesitante. Descansou sua testa em cima de seu cabelo e suspirou.
—É melhor pararmos agora antes que eu não possa parar, amor.
Maya gemeu de desapontamento.
—Não quero que você pare, Thomas.
Ele suspirou.
—Deus me ajude, mas também não quero parar. Mesmo assim, devo. Não vou deixá-la
grávida até depois que nos casemos.
Seus olhos se arregalaram. Casar-se?
Por sorte, Thomas não viu sua reação, porque seu rosto estava ainda enterrado em seu
peito.
Casar com ele? Oh! Deus, como ela podia ferir este homem maravilhoso? Mas ela não podia
se casar com ele! Ela pertencia ao século XXI, não ao XIV.
Maya fechou os olhos contra a dor que se alojou no fundo de seu coração. Não seria capaz
de ficar naquele século e amá-lo do jeito que ela queria, mas pelo menos podia deixá-lo com uma
boa lembrança dela.
Ela se afastou de Thomas e começou a puxar atrapalhadamente suas roupas. Seu olhar
nunca se separou dele enquanto ela desabotoava seu vestido e o abria. Thomas conteve a

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Depois da Tempestade

respiração e ficou olhando para sua dama, incapaz de se mover ou dizer alguma coisa. Ela se
despia. Em um momento ela estaria nua...
Maya descartou o vestido que Lena havia costurado para ela, o deixando cair no chão e
amontoar-se a seus pés.
O sexo de Thomas engrossou, erguendo-se debaixo de seu plaid. A visão do corpo nu de seu
amor era mais inebriante que os mais ricos de todos os vinhos. Seus seios eram redondos e cheios,
feito para amamentar bebês, e para ele. Suas pernas eram longas e flexíveis, e estendiam-se para
acima em direção ao vale estreito entre as coxas. A moita de pelo entre suas pernas era dourado e
encaracolado. Thomas chegou até ela, incapaz de deter-se, e descobriu, para seu deleite, que sua
cobertura era tão suave e acolhedora como parecia.
Maya fechou os olhos enquanto Thomas corria seus dedos calejados sobre seu monte de
Vênus. Ela gemeu e sentiu que seus mamilos se endureciam em pontos dolorosamente apertados
quando ele aprofundou sua exploração e esfregou carinhosamente as dobras de sua carne úmida.
Ela sofria por seu toque de uma maneira que nunca doera antes.
O último rastro de boa vontade de Thomas desvaneceu-se abruptamente. Se sua dama
desejava estar em sua cama antes de seu casamento, então que assim fosse. Ele a levantou e
caminhou em direção à cama, deitando-se em cima dela quando caíram juntos.
Thomas sentou-se e estudou o corpo de Maya ansiosamente. A luxuria o consumia. Ele
estendeu a mão e tomou seus mamilos entre os dedos. Eles eram longos e duros e Thomas os
fitou gulosamente, querendo chupá-los. Ela gemeu quando ele se inclinou para frente, em direção
ao seu corpo, e enterrou o rosto em seus seios.
Thomas sugou com força seus mamilos, fazendo com que seus quadris se agitassem
embaixo dele. Ela gemia de prazer enquanto ele sugava, agitando-se ainda mais. Ela conteve o
fôlego quando um calor intenso se acendeu dentro dela.
—Faça amor comigo, Thomas, – ela sussurrou respirando entrecortadamente. – Eu não
quero esperar por outro momento.
Ela abriu as pernas amplamente enquanto acariciava-lhe as costas.
—Por favor, Thomas. Sinto que vou explodir. Toma-me agora.
Ele soltou o mamilo de Maya com um rosnado e sentou-se sobre os joelhos. Olhou para
baixo, para as pernas abertas e grunhiu de satisfação. Esta era a primeira vez que dava uma olhada
no tesouro que estava escondido entre as coxas.
Thomas sentiu-se enfeitiçado, incapaz de tirar os olhos de sua feminilidade. Ele abriu mais as
pernas, querendo visualizá-la melhor. Ele gemeu. Se ele pensava que seus mamilos estavam tão
saboroso como frutas, então podia muito bem imaginar o que este banquete lhe faria.
Não era possível negar a si mesmo, sua boca mergulhou na carne de Maya, cobrindo-a
completamente. Ele encontrou seu clitóris inchado esperando por sua língua e levou-o entre os
dentes. Chupou-o avidamente, saboreando o aroma e o sabor dela. Ela jogou a cabeça para trás e
gemeu, certa de que não seria capaz de adiar sua excitação até que ele a penetrasse.
Maya arqueou as costas, indicando que não podia suportava mais. Ela sacudiu-se
violentamente, fazendo com que a cama tremesse sob ela.

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Depois da Tempestade

—Thomas! – Ela gritou enquanto seu corpo rendia-se a seu toque e atingia seu clímax.
Thomas bebeu vorazmente seus sucos, em seguida, colocou-se de joelhos uma vez mais. Foi
mais difícil do que alguma vez havia sido em sua vida. Ele queria que Maya - ou melhor, precisava
de Maya - mais do que ele achava possível. Ele tomou seu sexo inchado nas mãos e guiou-o para o
corpo que o esperava. Ele não conseguia suportar estar separado dela um momento mais.
—Milorde, você deve vir!
Thomas rosnou de raiva e frustração com a convocação vinda do outro lado da porta do
quarto.
Maya suspirou. As pessoas deste castelo tinham um senso de oportunidade de merda.
—O quê? – Thomas gritou enquanto virava a cabeça para à porta fechada.
Maya reconheceu o dono da voz imediatamente. Pertencia ao mesmo homem cuja voz de
pessimismo e condenação quase fizera com que Thomas a matasse na colina, quando ela e Sara
haviam chegado.
—São os MacAllister, milorde. Eles foram vistos em nossas terras. Dugald diz que devem
estar loucos o suficiente para nos atacar!
Os olhos de Maya arregalaram-se em estado de choque enquanto sua boca se abria.
—Atacar? Oh, meu Deus, Thomas!
O laird rapidamente beijou Maya na boca, depois se ergueu para vestir seu plaid.
—Você não tem nada a temer, amor. Eu morreria antes de deixar que outro homem a
magoe.
Morrer? Ah, não! Pensou Maya, ela não queria que ele morresse. Ela havia se esquecido do
quão violento era o século XIV na realidade. Ao diabo com os MacAllister de qualquer maneira!
—Thomas, por favor, tenha cuidado. Tenho medo por você!
—Por mim? – Thomas meneou a cabeça e franziu o cenho enquanto sentava-se para calçar
suas botas. – Não é sábio me insultar, lady.
Insultá-lo? Porque ela estava preocupada com ele? Maya esqueceu tudo sobre a trégua que
havia encontrado nos braços de Thomas neste dia e retomou a sua guerra de palavras.
—Como se atreve a dizer que estou insultando você!? Porque me preocupo o suficiente por
seu bem-estar estou insultando-o?
—Maya, não tenho tempo para ouvir seus absurdos agora, – gritou Thomas, seu cenho
franzido de volta no lugar, enquanto se levantava. – Tenho uma fortaleza para proteger e um laird
para matar.
—Ótimo! – Lamentou Maya enquanto pulava da cama e apertava suas mãos em punhos na
cintura. – Deixe-me com meus absurdos e vá. Eu deveria ter pensado melhor ao confiar em você
com os meus sentimentos de qualquer maneira.
—Maya! – Rugiu Thomas enquanto abaixava-se no chão para pegar sua espada. – Vamos
discutir você e suas infantilidades mais tarde. Vá banhar-se. – Ele lançou-lhe outra de suas
carrancas para em seguida caminhar rapidamente para a porta do quarto.
—Você não terá que se preocupar em discutir qualquer coisa comigo, docinho, – murmurou
Maya, – porque não estarei aqui quando você voltar!

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Thomas fez uma pausa antes de sair do quarto, tempo suficiente para zombar dela.
—Você verá o quão longe irá se tentar me deixar outra vez. Vou caçá-la como a um cão e a
trarei de volta se tentar fugir.
Como um cão!?
Maya gritou em fúria, em seguida, virou-se e caminhou em direção a banheira. Ela pulou
para dentro com tanta força que a água espirrou para todos os lados.
Thomas resmungou, então abriu a porta do quarto e dirigiu-se para o pátio inferior. Maldita
língua da malvada mulher! Ela sabia como irritá-lo melhor do que ninguém que jamais fez. Melhor
até que os inimigos de seu país em Bannockburn.
Thomas encontrou Dugald e correu para onde seu comandante de armas o estava
esperando, já sobre seu cavalo. Se os MacAllister queriam uma batalha, Thomas rosnou, então ele
era o homem certo para dá-la.

Capítulo 10

Maya passou o perfumado sabão de rosas pelos cabelos e se reprendeu uma e outra vez até
que esteve mentalmente triste e de mau humor. Quando é que ela iria aprender a controlar sua
boca? Ela era uma antropóloga pelo amor de Deus! Estava agindo como uma garotinha de dois
anos de idade.
Ela sabia que para um Highlander do século XIV, questionar sua capacidade de proteger a si
mesmo e seu lar era semelhante ao mais grave dos insultos.. No entanto, quando Thomas
chamou de absurdos o que dizia ele, a magoou mais do que ela queria reconhecer. Naquele
momento, ela era uma amante ferida e não uma cientista.
Ela não podia deixar de se preocupar com Thomas. Ele podia se considerar poderoso e
onipotente e, portanto, incapaz de sucumbir à morte pela espada, mas Maya sabia que ele era
apenas um homem. Um homem suficientemente formidável para despertar seu interesse e um
homem suficientemente poderoso para merecer o respeito de chefes e reis, mas ainda assim um
homem.
Maya rodeou os joelhos levantados com os braços e considerou seus sentimentos. Ela
respirou profundamente enquanto olhava para as chamas da lareira. A quem estava enganando?
Sim, não havia como negar que temia pela segurança de Thomas, mas também percebeu que ela o
havia expulsado para longe dela com suas ameaças por outra razão que não tinha nada a ver com
a primeira.
Ela estava com medo de se aproximar dele.
Maya temia que se Thomas continuasse sendo gentil com ela, a mantê-la em seus braços e
fazendo-a se sentir como um tesouro delicado, ela abandonaria todos os seus planos de tentar
encontrar um caminho de volta para casa. Maldição, mas por que tinha o homem de seus sonhos
que viver em um século tão longe do seu próprio tempo?

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Ela franziu o cenho enquanto se sentava na água morna e se lembrou do que Thomas havia
dito antes de deixá-la. Ele havia prometido que, se ela tentasse fugir, ele a perseguiria como um
cão e a traria de volta.
Um cão! Como um cão!
O franzido no cenho de Maya lentamente tornou-se um sorriso irônico.
Demônios, o homem nunca poderia conseguir um emprego escrevendo cartões Hallmark,
mas havia algo primitivamente provocativo em sua promessa, no entanto.
Ela meneou a cabeça. Uma coisa era certa: quanto mais tempo ficasse aqui, mais ela
vacilaria em sua decisão de ir para casa. Se ela não encontrasse um caminho para casa logo, ela
nunca iria querer sair dali.

Sara entrou no quarto de Maya uma hora mais tarde com uma expressão preocupada em
seu rosto. Maya sabia exatamente o que estava na mente de sua melhor amiga porque ela
estivera lidando exatamente com os mesmos medos desde que Thomas saíra de seu quarto. Pela
primeira vez, a imperturbável Sara parecia bastante abalada.
—Você está bem?
Sara negou enquanto subia nas peles de animais e deitava do lado dela na cama.
—Não. Não estou.
Maya assentiu, deixando que Sara soubesse que a entendia.
As duas amigas ficaram na cama em silêncio por um longo tempo até que Sara finalmente
falou.
—Eu menti para você, Maya, e sinto muito por isso.
Maya sentou-se lentamente, olhando para Sara enquanto o fazia. Ela tinha pensado que o
estado melancólico de Sara se devia à iminente batalha do clã MacGregor com os MacAllister.
Aparentemente, não era.
—Pensei que estava se referindo a este ataque que fomos submetidos. O que quer dizer,
então?
Sara suspirou enquanto subia uma pele de animal até o queixo para manter o frio longe. Ela
evitou olhar nos olhos de Maya.
—Eu li os documentos Maya. Eles não vão perder hoje.
—Então, o que é?
A voz de Sara estava em silêncio. Com um suspiro, ela meneou a cabeça e admitiu tudo.
—Não quero ir, Maya. Eu nunca quis. Sei que vai parecer loucura para você, pois para mim
parece, mas acho que me apaixonei por Dugald antes mesmo de viajar através do tempo. Infernos,
ler sobre ele foi o suficiente para agitar as minhas fantasias, mas vê-lo em carne e osso... – Sara
gemeu.
Maya sorriu para ela, mas Sara não estava olhando para ver.
—Sara, – sussurrou com voz suave: – Eu estava com medo no outro dia quando disse o que
disse. Eu nunca poderia pensar que se apaixonar é uma traição para mim.

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Sara rapidamente olhou-a para ver se ela estava dizendo a verdade. Ela deixou escapar um
suspiro de alívio quando percebeu que estava.
—Obrigada, Maya.
Maya sorriu-lhe, então, deslizou sob as cobertas para pegar sua mão entre as suas.
—Eu te amo Sara. Desde que éramos crianças. Se Dugald é o que te faz feliz, então estou
feliz. E digo isso de coração.
Lágrimas vieram aos olhos de Sara, provocando os olhos de Maya também. Nunca, jamais
havia visto Sara, sequer remotamente perto de chorar antes. Era mais do que ela podia suportar
ao ser testemunha deste momento.
—Por favor, não chore. Não acho que posso lidar com isso agora.
Sara olhou para a cama, sabendo que se olhasse para Maya quando lhe dissesse o resto do
que tinha que dizer, ela poderia muito bem chorar.
—Por favor, não me deixe, Maya. – Sua declaração saiu como um sussurro.
Maya riu, fazendo com que Sara a fitasse com irritação.
—Não é para você debochar dos meus sentimentos!
Maya riu novamente, em seguida, bateu alegremente na cabeça de Sara com os nós dos
dedos.
—Não quis ofendê-la, mas você disse como se tivéssemos um meio de voltar para casa.
Um sorriso malicioso passou através do lindo rosto de Sara.
—Espero que você nunca encontre um.
—Sara! – Maya ofegou com indignação fingida, – essa é uma coisa terrível para me desejar!
Você pode ter realmente encontrado um nobre cavaleiro em Sir Dugald, mas tudo o que eu
encontrei aqui é um homem que rosna e manda em mim como se eu fosse uma criança... ou a
idiota da aldeia.
Sara riu, desconcertada com a expressão frustrada que Maya ostentava.
—Você o ama, não é?
Maya olhou para Sara e encolheu os ombros. Ela não pretendia fingir que não entendia
exatamente o que sua amiga estava se referindo.
—Eu não sei. Não. Sim. Não sei. Eu sei que ele é um tirano.
Sara riu. Maya jogou uma pele de animal para ela.
—Não é engraçado!
—Diabos que não é! – Sara riu. – Dugald diz que Thomas a chama da mesma coisa!
Maya sorriu. Um homem como Thomas, chamando-a de tirana era um verdadeiro louvor. Ela
se calou por um momento e então olhou para sua amiga.
—Talvez eu esteja.
—O quê? – Perguntou Sara.
—Apaixonada por ele, – esclareceu Maya. – É difícil dizer. Quer dizer, conheço o cara a
pouco mais de uma semana? No entanto, há momentos quando estou com ele que sinto como se
o tivesse conhecido toda a minha vida. É estranho, sabe? Eu me sinto como se quase tudo o que

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aconteceu em minha vida até este ponto aconteceu apenas para me preparar para o que eu
encontraria aqui, neste momento.
Sara sentou-se na cama, puxando a mão de Maya de novo para a sua.
—Prováveis são de que essa afirmação é verdadeira.
Maya sorriu.
—Você só está dizendo isso para que eu não brinque de Dorothy* e tente encontrar o
próximo ciclone para voltar para o Kansas.
Sara riu disso.
—Bem, é isso. Mas há mais.
Maya arqueou uma sobrancelha inquisitiva.
Sara sorriu, em seguida, aproximou seu rosto para mais perto do de Maya e sussurrou
maliciosamente.
—Já ocorreu a você, no entanto, oh! Moça demônio, que VOCÊ poderia muito bem ser a
misteriosa Lady M?
Maya empalideceu, e depois, lentamente, sorriu.
Maldição. Ela não tinha pensado nisso.

O escudeiro, quase um homem, agitou-se com medo, enquanto olhava nos frios e negros
olhos de MacGregor. Não havia compaixão em suas profundidades sem vida, nenhum indício de
piedade nas piscinas mortas de cor de suas emoções. Ele ia morrer.
Como um soldado, o jovem Niall estava preparado para este dia desde que sua primeira
formação começou. Quando o novo Laird Robert declarou sua intenção de roubar os MacGregor,
soube naquele momento que o dia chegaria mais cedo do que o esperado. Maldito fosse esse
tolo! Apesar de Niall não ter feito parte dos grupos de ataques, ele ainda era um MacAllister.
MacGregor nunca ignoraria esse fato. Aos dezesseis anos, a vida de Niall estava prestes a
terminar.
MacGregor iria tirá-la rapidamente, e ele podia se sentir feliz por isso. O Laird não era
conhecido por torturar um homem desnecessariamente. Ele o mataria, sim, mas o faria
rapidamente.
—Eu... eu disse tudo o que sei, milorde. N… nunca estive a p… par dos p… planos de
MacAllister.
Dugald empurrou Niall para o chão, fazendo-o cair em uma posição sentada.
—Não minta para MacGregor, ou morrerás. Faças o que digo, e viverá.
Viver? Niall nunca pensara nisso como uma possibilidade. O escudeiro sacudiu a cabeça
enfaticamente, os olhos arregalados e assombrados.
—Eu juro, Sir Dugald! Não sei para onde MacAllister foi. Levou consigo cinco de seus
homens mais leais para roubar à moça, mas não sei dizer para onde irão e se tiveram sucesso.

*
N.da Trad: Dorothy Gale é um personagem fictício, protagonista dos Livros de Oz de L. Frank Baum.Dorothy aparece pela
primeira vez no clássico infantil “O Maravilhoso Mágico de Oz” e reaparece em muitas outras sequências. Dorothy Gale e seu
cachorro Totó foram carregados por um ciclone na fazenda dos tios, em Kansas, e acabaram na imaginária Terra de Oz.

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Thomas levantou uma sobrancelha. Até este ponto, desde o momento em que seus homens
haviam avistados os plaids MacAllister em sua encosta até a hora que ele matou todos eles salvo
Robert que ele não conseguiu encontrar, MacGregor assumiu que Robert MacAllister havia
cruzado suas terras com a intenção de roubar gado. Nem uma só vez ele pensou que o homem
desafiaria à morte para roubar uma mulher. Ele estava intrigado.
Thomas olhou ao redor da fortaleza MacAllister e debochou dele enquanto meneava a
cabeça. Robert tinha realmente pensado que essa desculpa patética de torre com seus portões
mal equipados teriam coragem de resistir seu ataque? Ele lançou seu olhar negro sobre Niall uma
vez mais.
—Uma moça? Ele me provocou para roubar uma moça da aldeia?
Niall negou e disse a MacGregor tudo o que sabia.
—Não, milorde, não foi uma moça da aldeia que chamou sua atenção, mas uma dama. Não
sei tudo sobre ela, mas sei que o laird disse que era a mais graciosa de todas as moças. MacAllister
disse que a viu pela primeira vez na encosta que divide nossa terra com a sua. Disse que ela usava
um manto negro e estava com uma amiga que estava vestida de vermelho. O laird se vangloriou
de que estaria se satisfazendo entre as pernas da dama dentro de uma semana.
Thomas deu um grito indignado com a força de seus pulmões enquanto fechava sua mão em
um punho. Era Lady Maya de quem o jovem Niall falava. Não poderia ser outra.
—O tolo! – Thomas sibilou, fazendo com que Niall estremecesse.
—Ele pensou que poderia levá-la de mim.
MacGregor estreitou seu olhar em Niall, fazendo com que o escudeiro se perguntasse se
deveria ter sido tão corajoso para ser o portador de más notícias. Matar o mensageiro… Os lairds
sempre matavam o mensageiro.
—Há algo mais, rapaz? Seja sensato e me fale agora.
Niall engoliu secamente e malditamente desejou ter mais o que dizer. MacGregor não ia
gostar do fato de que ele não sabia nada mais. Ele limpou a garganta e gaguejou as palavras.
—Tan-tanto... quanto eu gostaria de ter mais para di-dizer... juro por minha honra que nã-
não sei mais nada. – Respirou profundamente , se firmando, forçando para controlar sua gagueira.
– Sei que você provavelmente não tem a honra de um MacAllister em alta estima no momento,
mas juro que a maioria de nós fomos contra ao seu plano. Até mesmo Robert, seu irmão mais
novo, não pôde persuadi-lo desta loucura.
Thomas bufou, desconcertado pela bravura do rapaz para falar em nome de seu clã.
—Você é um bom rapaz, não tenho a honra de um MacAllister em alta estima. No entanto,
eu acredito em você. Porventura atreverias a fazer-me de idiota?
Niall negou enfaticamente, sentindo o primeiro vislumbre de esperança que experimentava
desde que MacGregor adentrara os portões da fortaleza.
—Não, milorde, nunca.
Dugald grunhiu quando olhou para Thomas.
—Que dizer? Nosso assunto aqui está concluído?
Thomas franziu o cenho, baixando o olhar para Niall então o levantou no ar com um punho.

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—Dará a seu laird uma mensagem. Compreende, rapaz?


Uma mensagem? Niall percebeu que MacGregor tinha que mantê-lo vivo para que ele
pudesse entregar algo. Tão apavorado como estava pelo que via nos olhos do laird, ele deixou
escapar um suspiro de alívio.
Os lábios de Thomas se curvaram em um sorriso sinistro e disse ao ouvir o suspiro de Niall.
—Aye garoto, você viverá. MacGregor não mata jovens crianças. Mas você dará a minha
mensagem, certo?
Niall assentiu com os olhos arregalados para MacGregor e aguardou as instruções dele.
—Diga a seu laird isso... – Thomas enfatizou suas palavras lenta e uniformemente de modo
que o rapaz não perdesse nada. – Diga a Robert que ele vai morrer se tentar levar a minha dama.
Diga-lhe que mesmo que demore vou caçá-lo e matá-lo até o meu último suspiro. Por tentar
roubar gado mutilei-os, por tentar roubar minha mulher não terei misericórdia.
Thomas libertou Niall e afastou-se, sem se importar em olhar para trás enquanto o rapaz se
esparramava no chão. Com uma carranca montou seu cavalo e atravessou os portões da torre
MacAllister.
Maya.
Essa sangrenta revolta foi tudo por Lady Maya.
Não, nada bom acontece quando se reclama a uma bela moça.

Capítulo 11

Thomas irrompeu o quarto de Maya algumas horas mais tarde, tão furioso como estava
quando deixara a fortaleza dos MacAllister. Não importava o quanto tentasse, não conseguia se
acalmar. A mulher o estava conquistando. No começo, ele tentou dizer a si mesmo que era só a
beleza dela o que desejava, mas a verdade era que havia muito… Muito mais… O que desejava
dela.
Ela possuía espírito e coragem. Tinha bom coração e paixão suficiente para rivalizar até
mesmo com a sua própria. E sim, ela era linda. Bela o suficiente para que o tolo do MacAllister se
atrevesse a fazer guerra para possuí-la. Robert realmente pensara em roubá-la. Maldito fosse o
homem!
Thomas estava com humor para uma boa luta. E sabia que se tinha algo com que podia
contar no que concernia a sua dama, era a sua vontade de obrigá-lo a esse respeito.
Ele se encaminhou até a cama de Maya preparando-se para gritar com ela, depois deteve-se
repentinamente quando olhou para baixo. Ela estava dormindo, percebeu, e tranquilamente,
parecendo mais linda do que era quando estava acordada. Thomas passou os dedos por seu
cabelo e suspirou. Não seria justo acordá-la. Ela parecia muito serena, muito feliz.
Muito bonita.

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Jaid Black
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Depois da Tempestade

Thomas sentou-se na cama sem fazer barulho e olhou para Maya. Seus traços eram ainda
mais perfeitos ao luar. Era difícil acreditar que esse anjo adormecido era a mesma mulher que se
tornava uma megera berradora quando acordada. Ele passou os dedos pelo cabelo dela, ,
varrendo alguns fios dourados para trás de sua orelha esquerda.
Olhou-a durante alguns minutos mais, então decidiu que era melhor se a deixasse com seus
sonhos. Ele se ergueu lentamente e moveu-se silenciosamente para sair do quarto.
—Thomas?
A voz de Maya estava grossa pelo sono quando se sentou na cama. As cálidas peles de
animais caíram sobre seu estômago, deixando apenas a fina camisola que ela usava como
cobertura. Seus mamilos se sobressaíam no material fino devido ao choque com o ar frio da noite.
Thomas voltou-se para responder e ficou imóvel quando a viu sentada na cama com
somente a frágil camisola para protegê-la dele. Ele balançou a cabeça para limpá-la de seus
pensamentos luxuriosos. Ele caminhou de volta para a cama e sentou-se ao lado dela.
—Sim, amor, sou eu.
Ele se preparou para a língua de Maya, certo de que ela lançaria sobre ele as palavras que
dissera antes dele partir atrás dos MacAllister. Ele ficou surpreso, embora não desagradavelmente
assim, quando ela jogou os braços ao redor de seu pescoço, em vez disse.
—Thomas... Thomas, sinto muito por termos brigado. Estou contente por você estar bem. Eu
nunca quis insultá-lo.
Ele acariciou o cabelo de Maya e segurou-a contra o peito..
— Hush amor, eu sei disso agora. Por ventura essas palavras não são um insulto no clã
Tampa, por isso você não têm nada que explicar. É assim? – Em sua concordância, ele a beijou na
testa. – Bem como eu pensava. Tudo bem que se preocupe comigo, pois é assim que demonstra
o seu amor, mas você não pode dizer essas palavras na frente de meus homens, ou eles vão
pensar que você tem vergonha de mim. Compreende?
Maya inclinou a cabeça e agarrou-se mais fortemente ao corpo de Thomas. Ela se deu conta
de muitas coisas enquanto ele estava fora. Depois que ela e Sara conversaram, Maya
compreendeu que este homem, com todos os seus defeitos, era o seu destino. Ela percebeu que
não tinha que tentar voltar para casa porque já estava aqui.
Ela passou horas, após Sara ter saído, se debatendo se era ou não possível que ela de fato
fosse Lady M da antiguidade. Se recordou da pintura da Lady, que possuía o mesmo cabelo e
olhos. No final, ela decidiu que Sara tinha razão. Ela realmente era Lady M. E ela também
percebeu que não se opunha precisamente a essa ideia.
—Prometa-me Thomas que não importe o quê aconteça, você nunca mais vai se separar
novamente de mim com raiva. Por favor, Thomas. Prometa-me!
Thomas ergueu o queixo e olhou em seus olhos. Ele ficou surpreso pela quantidade de
cuidado e preocupação que viu neles. Ninguém desde sua mãe havia se preocupado assim com
ele. Elizabeth. Não, ele não pensaria em sua mãe agora. Não deixaria que seus erros arruinassem
sua chance de conhecer a felicidade com Maya.
—Sim, – ele prometeu: – Prometo.

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Depois da Tempestade

Maya suspirou, em seguida, descansou o rosto contra seu peito novamente.


Então isto era amor? Ela pensou que havia conhecido o amor com Nick, mas nada poderia
tê-la preparado para os sentimentos que Thomas extraía dela.
—Quer se casar comigo, amor?
Maya conteve um suspiro enquanto levantava bruscamente a cabeça para fitar Thomas.
Dizer “sim” significava que ela realmente e verdadeiramente estava disposta a se despedir de sua
antiga vida para sempre. Nunca mais voltaria a saber dos confortos da vida moderna.
Mas, dizer não a Thomas... o resultado disso ela não podia suportar pensar. Nunca mais vê-
lo novamente, nunca saber a sensação de tê-lo dentro de si, não ouvir suas palavras suaves de
amor ou até mesmo seu tom raivoso... ela não podia suportar.
—Casar com você?
Thomas franziu o cenho. Não, era melhor que ela nem pensasse em dizer não.
—Sim, casar comigo, lady. – Passou os dedos pelo cabelo com agitação e franziu o cenho
para ela. – Os santos sabem a esposa inadequada que será com essa sua língua perversa, mas
mesmo assim preciso de você.
A boca de Maya curvou-se em um sorriso enquanto Thomas olhava em seus olhos em
expectativa.
—Uma esposa inadequada? Você acha que eu não sou adequada?
O cenho de Thomas aprofundou-se.
—Você tem o porte de uma rainha, admito, mas a língua afiada de uma megera também.
Maya lembrou-se de Nick e de seu desejo de casar com ela por razões de conveniência social
apenas. Seu sorriso rapidamente se ampliou. Ela jogou os braços ao redor do pescoço de Thomas
e riu.
—Isso é a coisa mais doce que você já disse para mim! Claro que vou me casar com você!
Thomas grunhiu, incerto quanto ao que dissera para fazer a sua dama tão feliz. Não eram
muitas as mulheres, de fato, nenhuma que pudesse nomear, que teria ficado encantada por ter
sido chamada de megera inadequada. Mas esta era Maya, ele pensou.
Sua Maya.
Isso era tudo o que mais importava.

Maya acordou na manhã seguinte com irritantes golpes na porta de seu quarto.
—Milady! – Uma voz gritou da sala, – é hora do seu café da manhã!
Ela franziu o cenho. A voz pertencia ao mesmo cavaleiro da encosta que dizia a Thomas que
todos morreriam se não fugissem dela. Ótimo, exatamente o que ela precisava. Ser acordada pelo
pregoeiro.
—Vá embora! – Ela respondeu com um resmungo irritado.
O silêncio envolveu o quarto por um momento, fazendo com que Maya pensasse ser seguro
fechar os olhos. Ela sorriu com satisfação. Livrar-se da voz melancólica e fúnebre foi mais fácil do
que pensava.

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Depois da Tempestade

—Milady! – A voz gritou novamente. – MacGregor enviou-me para buscá-la e levar até ele.
Já é quase de dia. Você precisai comer!
Quase de dia? Maya gemeu. Não é a toa que ela estava tão cansada. Provavelmente dormira
apenas uma hora atrás. A proposta de casamento de Thomas tinha lhe dado o suficiente para
pensar, garantindo que ela ficasse acorda durante horas. Ele a deixou após se declarar, com
grande desapontamento, que não a "reclamaria" até depois que eles se casassem.
Maya suspirou. Valia realmente a pena ficar dormindo para colocar este rapaz em problemas
com Thomas de novo? Ela sempre poderia esgueirar-se para dar um cochilo depois.
—Tudo bem. Vou estar lá em... uh... com grande rapidez. E por falar nisso, qual é seu nome?
—Obrigado, milady, e eu sou chamado de Argyle.
Argyle*? Como a meia? .
—Bom dia para você, Argyle. Vou abrir a porta depois de ter me vestido.
—Eu a esperarei, senhora.
Maya franziu o cenho. De alguma forma, não duvidava que o fizesse.

Capítulo 12

O café da manhã consistia em pernas de carneiro, pão, queijo, frutas e cerveja. E a refeição
estava realmente deliciosa, ou Maya estava com mais fome do que pensara inicialmente. O estado
de ânimo de todos era bastante jovial, especialmente depois do anúncio de que Thomas se casaria
com ela. A única pessoa que não estava tão animada era, curiosamente, Sara. Ela logo descobriria
o motivo.
—Querida Sara, não se preocupe com isso, – murmurou Maya no que Thomas se referia
como o idioma inglês de Tampa. – Você leu os relatos históricos. Você sabe que vai se casar com
Dugald. Ele a pedirá em breve.
Sara franziu o cenho, enquanto furava o queijo com a adaga que Thomas lhe dera para usar.
Ela falou a mil por hora em sua língua estrangeira, fazendo com que tanto Thomas como Dugald as
olhassem de forma estranha.
—E se os livros estiverem errados? E se estou presa neste buraco abandonado por Deus para
sempre, sem nunca me casar com ele? E se eu acabar como uma velha e amarga solteirona
solitária?
Maya sorriu para Sara. Ela não pôde se conter.
—Que diabos é tão engraçado? – Exigiu Sara por entre os lábios apertados.
Maya deu um tapinha nas costas dela.

*
Nota da Trad: Argyle é um padrão de losangos multicoloridos (inspirados no tartã do clã escocês Argyle) tricotado à mão
na Grã-Bretanha, mas hoje feito à máquina em todo o mundo. O padrão Argyle é mais frequentemente encontrado em meias,
cachecóis e suéteres

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Depois da Tempestade

—Já disse alguma vez o quão adorável você fica quando não está se comportando tão
condenadamente plácida?
Sara lançou-lhe um olhar mordaz, fazendo com que Maya se curvasse de tanto rir.
Thomas franziu o cenho e Dugald o imitou, nenhum deles apreciava ser deixado de fora da
conversa.
—Maya, tem de falar em gaélico agora. Esse inglês de Tampa não é mais a sua língua.
Compreende? – Thomas cruzou os braços sobre o peito e desafiou-a a dizer o contrário.
Maya arqueou uma sobrancelha.
Thomas se contorceu em sua cadeira, tentando ficar mais confortável. Ele tinha a sensação
de que teria que ensinar Lady Maya sobre o que era considerado o devido respeito para com ele
muito mais cedo do que ele desejava.
Maya estava prestes a contradizê-lo, mas decidiu não fazer quando olhou a seu ao redor,
para os rostos expectantes dos homens de Thomas. Ela não o constrangeria na frente deles, sem
uma razão melhor do que sua tendência ditatorial. Não, ela esperaria e encheria suas orelhas
quando estivessem a sós. Ela limpou a garganta.
—Perdoe-me, milorde. É um velho hábito.
Maya sentiu vontade de rir quando viu a expressão no rosto de Thomas. Parecia como se
não soubesse se acreditava ou agradecia por seu inesperado tato ou ambos. Bom, pensou, nunca
deixe que o grandalhão pensar que sua boa disposição poderia obrigar-lhe conceder algo.
—Milady— Argyle perguntou, —Onde está esse clã chamado Tampa? Você e Lady Sara são
das Terras Baixas?
Maya teve que sorrir diante do olhar inquisitivo no rosto do jovem soldado. Antes que
tivesse aberto a porta de seu quarto essa manhã, havia sido preparado para não gostar dele. Mas
Argyle a cativou e imediatamente, deixou cair de joelhos e professou sua dor por ter pensado
alguma vez que era uma moça do demônio. Ela o deixou suar por um momento, depois o
perdoou. Já estava perdoado.
—Não Argyle, não somos das Terras Baixas. Está em outra terra longínqua, através dos
oceanos.
Thomas levantou uma sobrancelha.
—Através dos oceanos? Vocês disseram alguma vez como é que chegaram aqui?
Agora era a vez de Maya retorcer no banco. Thomas notou sua apreensão, mas deixou
passar quando Lady Sara comentou.
—Como disse antes, não sabemos como chegamos aqui. Tudo o que posso dizer é que
aquelas nuvens negras devem ser mágicas. As cores nos atraiu para dentro delas contra a nossa
vontade e quando finalmente nos liberaram estávamos aqui.
Uma animada conversa encheu a sala depois da proclamação de Sara. Esta era a Idade
Média, afinal, quando as pessoas ainda acreditava na mística. Depois de viver através do que
viveram, Maya teve que se perguntar até que ponto a —primitiva— medieval esteve em suas
hipóteses.

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Jaid Black
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Depois da Tempestade

—Foi provavelmente uma bruxa que invejava a beleza de ambas e pensou em matá-las por
isso, mas em vez de morrer, vocês foram trazidas para a proteção do MacGregor em troca. —
Argyle decidiu com um reflexivo olhar, como se fosse uma autoridade no assunto.
—Sim— concordou o Velho John, —é melhor que achem que isso é verdade. De que outra
forma pode explicar isso?
O grande salão foi invadido com conversas animadas mais uma vez, enquanto os soldados e
os servos davam suas teorias sobre como, o aparentemente impossível, aconteceu. Era evidente
que até mesmo Thomas e Dugald estavam impressionados com a história. Thomas falou, fazendo
com que o ambiente ficasse em silêncio.
—E este Tampa... Como sabem que está tão longe?
—Sim, — Dugald o secundou enquanto deixava sua caneca de cerveja, — Como podem
saber?
Sara limpou sua garganta, depois olhou para Thomas. Ela ainda estava furiosa com Dugald e
se recusou a reconhecer o seu interesse.
—Meu pai me falou da Escócia quando era uma criança. Disse que estava em um lugar
longínquo como a Inglaterra e que teríamos que atravessar o oceano para alcançá-la. Ele disse
que seria necessário semanas, talvez meses, chegar a ela de navio.
—Talvez até mesmo anos, — ofereceu Argyle enquanto balançava a cabeça com espanto.
Maya pensou. Tentem 700 anos. Argyle não fazia nem ideia de como estava perto da
verdade.
—Não conhecem nenhuma bruxa ou mago que queira vê-las mortas, Lady Maya?— John
perguntou,então se recostou em seu banco e coçou a barba enquanto esperava sua resposta.
Bruxas? Magos? Infernos, apenas Nick veio à mente.
—Na realidade sim—, respondeu Maya, fazendo com que não só Sara, mas também todos
se engasgassem com a comida. —Houve um.
O salão borbulhou novamente com a conversa. Desconcertada, Sara deu-lhe uma
cotovelada.
— Diga-nos, Lady Maya.
Maya franziu a testa para Sara, em seguida, depois olhou para a multidão de MacGregors
cativados que a rodeavam. Até mesmo Thomas parecia que estava pendurado em cada uma de
suas palavras. Infernos, poderia muito bem dar-lhes uma boa história. Seus olhos se abriram de
maneira espetacular, como se estivesse contando uma história de fantasmas no acampamento do
verão.
—Houve um mago malvado que capturava as damas do clã Tampa. Era conhecido por nós
como Nick Arse*. — Os soldados riram, aparentemente apreciando o novo sobrenome de Nick,
tanto quanto Maya. —Ele pensou se casar comigo e me forçar para sua guarida com enganos,
mas fugi dele e sua diabólica serva, a moça Mindy.
Maya sorriu, pretensiosa. Ela estava gostando dessa versão de eventos passados.

*
Em inglês Arse significa: bunda (Gíria Britânica); pessoa estúpida ou repulsiva (Gíria Britânica Ofensiva) .Nádegas,
traseiro.

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Jaid Black
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Depois da Tempestade

—Eu disse a Nick Arse que preferiria morrer antes que tê-lo como marido. Ele tentou-me
com bugigangas e ouro, mas me mantive firme.
Argyle assentiu sério.
—Não temos nenhuma dúvida que morreriam se sucumbisse diante dos truques do mago,
milady.
Maya estava muito cativada com sua história para dar a Argyle mais que um gesto
superficial.
—Em sua última tentativa por me reclamar, durante a celebração do clã que já conhecemos,
ganhar-me com suas palavras suaves na casa de m... Uhh... Lorde, Lorde Pete.
Sara arqueou uma sobrancelha. Lorde Pete, hein?
—Mas Lady Sara e eu fugimos das garras do mal de Nick Arse. Ele nos perseguiu, mas logo as
cores nos reclamaram e Lady Sara e eu fomos arrastadas até as nuvens negras. Depois chegamos
aqui.
Dugald franziu a testa enquanto ouvia conto de Maya.
—Talvez as nuvens não foram enviadas por uma bruxa então, mas por Deus, para que
escapassem das garras de Nick Arse.
Argyle levantou-se depois dessa proclamação, aparentemente muito comovido pela história
para dar uma de suas famosas advertências apaixonadas.
—Ouça isto, Oh Nick Arse. Se atrever reclamar à querida Lady Maya agora, os MacGregor
rasgarão seu coração, cortarão sua virilidade, e cuspirão em seu corpo sem vida!— Cuspiu no chão
para enfatizar seu justo castigo.
Maya fez uma careta enquanto os vivas subiam ao longo do salão. Nick era um imbecil sem
dúvida, mas esse justo castigo era muito.
—Sim!—, Gritou John enquanto ficava de pé, — Os MacGregor o matarão!
Uma versão destemida de —sim— encheu o ar quando os guerreiros mostraram a Lady
Maya seu apoio.
Thomas se instalou na cadeira com presumida satisfação. É claro que ele iria matá-lo. Ele era
o MacGregor e Maya seria sua esposa.
Maya sorriu timidamente para Thomas. Nick Arse tinha mais era que rezar que as nuvens
negras nunca o transportasse para este lado do arco íris. Nossa, ela realmente tinha que aprender
a controlar sua boca!

A fortaleza foi um lugar animado nas três semanas que seguintes com os preparativos do
casamento. Maya ficou um pouco atemorizada ao saber que a cerimônia seria no exterior, porque
nas Terras Altas nessa época do ano congelavam. Só rezou para que não estivesse nevando no dia
de seu casamento.
—Você é tão linda, milady. Como eu gostaria de ser tão linda como você. — Lena a elogiou,
provocando um rubor nela. Nunca pensou em si mesmo como linda enquanto vivia no século XXI,
mas estes Highlanders pareciam pensar que era. Hey, gostos diferentes para épocas diferentes ,
ela decidiu.

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Jaid Black
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Depois da Tempestade

Maya deixou o pente que estava usando em seu cabelo e virou-se para sua criada. —Lena,
você está quase quinze anos e já bonita. Não tenho nenhuma dúvida que quando crescer ficará
mais bonita.
Lena levantou a vista da costura do vestido de noiva de Maya e sorriu.
—Verdade, milady?
—Verdade, — assegurou Maya. —Você vai casar muito bem, sem dúvida.
Lena se ruborizou e continuou com sua costura.
—Ele a ama, sabe.
Maya arqueou uma sobrancelha enquanto olhava para Lena.
—Thomas?
—Sim.
Maya assentiu.
—Espero que sim se vou casar-me com ele.
Lena riu.
—Você diz como se fosse a mais comum das coisas. Claro, sabe que não é. Têm sorte de se
casar com um poderoso laird, e muito mais com um que a ama assim. A maioria das mulheres não
teriam tal recompensa. É obvio você também é mais lindas que a maioria das mulheres.
Maya sorriu. Finalmente ela entendeu aonde Lena estava indo com essa conversa. Afinal, a
menina encheu seus ouvidos na última semana com histórias de amor e casamento com o homem
dos seus sonhos. Por ser sobrinha de Angus MacGregor, ela poderia reclamar uma pequena
herança, tinha medo de ser obrigada a uma união que não queria. As heranças eram escassas nas
escarpadas montanhas e, portanto, muito cobiçadas.
—Assim espera poder escolher seu homem e ser capaz de casar por amor?— Maya riu com
o rubor de Lena. —Não se preocupe com isso, Lena. Vou falar com Thomas em seu nome quando
chegar o momento. Se estiver dentro de meu poder influir, casará com quem quiser. Eu prometo.
Lena sorriu.
—Sabia que entenderia milady. Graças a Deus por sua bondade que a trouxe para nosso clã.
Maya desviou o olhar.
—Você exagera.
—Não milady, nunca.
Maya virou as costas para Lena e retomou a tarefa de escovar o cabelo úmido para secá-lo
ante que o fogo enfraquecesse. Não estava absolutamente acostumada às pessoas que influíam
sobre ela e elogiavam a cada palavra. Supunha que teria que acostumar se ia ficar aqui, porque
era assim que essa cultura funcionava. Entretanto, todos os elogios imerecidos fazia com que se
sentisse francamente... Bom, estranha.
—Não está animada, milady?
Maya virou-se na cadeira novamente.
—Sobre o quê?
Lena riu.
—Seu casamento, milady!

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Jaid Black
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Depois da Tempestade

Ela sorriu.
—Claro que estou animada!— E então baixinho murmurou, —mas também estou um
pouco nervosa.
Maya pensou a princípio que Lena não ouviu sua confissão, mas enganou-se enquanto a
menina tagarelava sobre todas as razões pelas quais deveria estar animada em vez de nervosa. —
... E depois de dizer seus votos, teremos o festim de todos os festins. O cozinheiro preparará mais
pratos dos quais nunca viu e haverá baile e risada toda a noite. Até mesmo Harold o Sotted
cantará para você! Eu que...
—Harold o Sotted?— Maya a interrompeu. —Quem é esse?
Lena deixou a costura e olhou para Maya com entusiasmo. Pegou o pente de prata da mão
de Maya e começou a escovar seu cabelo. Maya sorriu. Lena era tão doce e com vontade de
agradar. Não pôde evitar sentir carinho pela garota.
—Harold o Sotted é menestrel dos MacGregor, milady. Cantará muitas canções para você e
o Laird em honra a seu casamento. É sempre muito emocionante quando ele canta!— Lena
suspirou, como uma voz sonhadora. —Suas baladas são tão encantadoras. Espero ser uma das
mulheres lindas para quem ele cantará algum dia.
Maya balançou a cabeça e riu.
—Mas por que ele é chamado de Harold o Sotted*?
Lena riu, fazendo com que duas covinhas pouco perfeitas aparecessem em ambas as faces.
—Ele bebe muitas taças, milady.
Maya começou a rir.
—Em outras palavras, querida Lena, você está me dizendo que o bêbado da aldeia cantará
balidas em meu casamento?
Lena riu de novo e assentiu.
—Reze para não ofendê-lo, milady. Já tem uma certa idade e é pouco provável que mude.
Mas suas canções são lindas, é só esperar e ver.
Maya curvou os lábios com ironia. As recepções dos casamentos medievais eram
tristemente célebres pelas brincadeiras obscenas e insinuações sexuais que os acompanhavam.
Quanto conseguiria Harold o Sotted cantar em seu casamento? Isto, sorriu, poderia ser
interessante.

Capítulo 13

O som das espadas chocando no pátio chamou a atenção de Thomas. A prática tinha
terminado mais de uma hora atrás, por isso não havia nenhuma razão justificável para continuar

*
Palavra arcaica para: bebe álcool habitualmente. Gíria: bebum, cachaceiro

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Jaid Black
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Depois da Tempestade

lutando. O laird andou sobre as ameias para obter uma visão do combate. Parou abruptamente
quando viu sua presa.
Dugald?
Thomas levantou uma sobrancelha e olhou inquisitivo.
Dugald estava lutando contra um jovem que foi enviado por seu pai para ser treinado para
batalha pelo MacGregor. Do alto das muralhas, Thomas podia ver que o rapaz olhava ferozmente,
assustado. Seus olhos estavam arregalados e suava profusamente.
—Ondeia mais forte!—, ordenou Dugald enquanto lançava outro golpe feroz. —Morrerá se
lutar como uma moça na batalha!
Thomas se irritou com Dugald imediatamente. Este moço chegou na torre há quase quinze
dias. Dugald sabia que não devia esperar que o rapaz lutasse como um experiente guerreiro em
tão curto tempo. Que levaria anos, não dias. Thomas decidiu que já tinha visto o suficiente.
—Dugald!— Ele gritou do alto das muralhas.
Dugald pediu um tempo de descanso, em seguida, se virou e olhou para ele.
—Sim?
—Enviem ao moço ao salão para o jantar e me espere no pátio inferior. Eu gostaria de falar
com você antes do jantar.
Dugald fez uma careta, mas cedeu, sabendo que ele não tinha escolha senão ceder.
—Sim, milorde.
Poucos minutos depois, Thomas encontrou Dugald caminhando pelo pátio inferior, sua
disposição ranzinza como sempre.
—Então—, exigiu, ainda irritado com seu comandantes de armas, — Que inferno foi isso? O
que queria provar ao golpear um rapaz recém separado das saias de sua mãe?
Dugald parou seu ritmo e enfrentou Thomas.
—Ele não estava prestando atenção durante a instrução, milorde. Estava tentando que não
fazê-lo partir agora.
Thomas franziu as sobrancelhas e olhou para Dugald.
—Pareceu-me que o moço esteve fazendo um bom trabalho vigiando seus golpes. Ao fazer
isso, esteve prestando atenção muito bem. Talvez deva pensar em outra mentira para me dizer.
Dugald fez uma careta. Nunca em sua vida MacGregor o acusou de mentir. E a pior parte,
ele percebeu, que o que dizia não era nada mais que a verdade. Tomou a briga com o moço. E por
nenhuma boa razão. Ele suspirou, desviando o olhar para o chão.
—Sinto muito, Thomas. Vou pedir desculpas ao rapaz. Nunca quis prejudicá-lo, entretanto.
Thomas assentiu com um grunhido.
—Acredito em você, mas acredito que é melhor que diga isso ao menino. Ele tem que ter
confiança em seus superiores ou não confiará o suficiente para aprender de nós. Pode fazer?
—Sim.
—Bem.

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Jaid Black
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Depois da Tempestade

Dugald ficou de pé, em silêncio olhando as folhas dispersar sobre a terra. Sabia que
MacGregor o estava olhando, querendo saber o que havia acontecido com o controle de seu
comandante.
Dugald não disse nada e nem Thomas. Ambos ficaram ali, tão silenciosos como dois monges
que tomaram seus votos. Enfim, muito cansado para continuar sob o escrutínio tão estreito,
Dugald suspirou e confessou tudo.
—Ela me ignora, milorde.
As sobrancelhas de Thomas arquearam, a princípio não pôde captar seu significado. Quando
finalmente fez, os lábios do laird se curvaram em um sorriso e em pouco tempo ria tão forte que
não podia suportar.
—Não ria, Thomas. Não é engraçado. — O olhar negro de Donald raiava a insolência, mas
em vez de irritar o laird como deveria, o fazia rir ainda mais forte.
Thomas secou as lágrimas em seus olhos enquanto tentava recuperar a compostura.
Percebeu imediatamente que os homens que estavam passando, eles não estavam acostumados a
ver o seu sorriso e muito menos vê-lo rir, e agora lançavam olhadas intrigadas. Era como se
tivessem um medo tolo. Por alguma estranha razão, esse conhecimento fez Thomas rir de novo.
Ah, isto era o que Lady Maya estava fazendo! Provavelmente o estava transformando em um tolo.
—Acho que é divertido o fato de que apenas há duas semanas esta conversa seria sobre
meu humor negro em vez do seu. Era você que me imaginava franzindo o cenho, Não lembra?
Dugald cruzou os braços sobre seu peito enquanto se preparou para reconhecer o óbvio.
—Sim. Por todos os Santos, sim.
Thomas sorriu.
— Isso não pode ser tão mau. Talvez você tenha ofendido ou magoado a dama. Talvez
devesse pedir desculpas.
Dugald franziu o cenho.
— Você é muito bom para a falar, Thomas. Você já pediu desculpas a lady Maya pela cena
que fez e que fomos testemunhas ontem?
O sorriso superior de Thomas desapareceu em um instante. Franziu o cenho para Dugald
por lembrá-lo de sua posição precária dentro de sua fortaleza. Demônios, Maya não estava
falando com ele tampouco.
—Isso é diferente, Dugald, — concluiu com irritada convicção, —Pelo menos, o laird não
pede desculpas. Nem sequer à mulher com quem vai casar.
Dugald bufou e deu um tapa nas costas de Thomas.
—Boa sorte quando fazer sua futura esposa a ver as coisas a seu modo. Acredito que sua
cama conhecerá muitas noites frias, meu amigo. — Agora era Dugald quem sorria e Thomas, quem
franzia a testa.
—Estou contente de ver que está de bom humor de novo Dugald, mas não contente que
seja as minhas custas.
Dugald começou a rir.

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Jaid Black
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—Não é as suas custas, Thomas. Estou mais aplacado pelo fato de que já não sou o único
por aqui que está de mau humor.
Thomas lançou um grunhido. Pelo menos fez alguém feliz.

Sara esteve deprimida em seu quarto quando o incidente aconteceu, por isso Maya teve que
explicar o ocorrido. Contou a história no Inglês de Tampa, e tudo quando Thomas se atreveu a
exigir que revertesse seu discurso para o gaélico.
—Ainda não posso acreditar, Sara. Tudo o que fiz foi dar um passeio pelos arredores,
porque estava curiosa. Ia pedir que viesse, mas você parecia não querer companhia nesse
momento. Assim que fui sozinha e caminhei até a aldeia, apresentando-me as pessoas dali e tudo.
—Sério?— O ânimo de Sara pareceu melhorar com isso. —Você deveria ter me convidado.
Eu gostaria de ir na próxima vez.
Maya assentiu.
—Foi muito interessante. Poderia tirar partido. E as pessoas foram bastante amigáveis.
Havia um homem que conheci chamado Hamish. Era o mesmo que desmaiou quando
misteriosamente nos materializamos na colina. Ele não é um mau sujeito. Ele estava
envergonhado por ter desmaiado, obviamente, mas se sentiu muito melhor quando sugeri que
provavelmente foi devido ao calor.
Sara arqueou uma sobrancelha negra.
—Mas estávamos tremendo de frio, quando chegamos aqui.
Maya encolheu os ombros.
—Eu sei. Eu só estava tentando poupar seus sentimentos. E funcionou. Ele ficou satisfeito
com essa explicação. De qualquer forma, estou divagando ... Então, lá estava eu, conversando com
os moradores e tendo um momento agradável , quando de repente escuto o tamborilar de cascos
de cavalos procedentes da colina no vale.
Sara balançou a cabeça em desgosto. Ela tinha a sensação que sabia para aonde esta
história ia e como ela estava de saco cheio com a espécie masculina em geral, e sem dúvida, faria
o mesmo sobre as ações de Thomas assim como Maya fez .
—Eu olho para cima e quem vejo?— Maya agitou as mãos no ar em frustração, fazendo com
que Thomas e Dugald resmungassem. Eles não tinham ideia do que significava suas palavras, mas
eles tinham uma sensação que não eram gentis. —Vejo Robin Hood e seus burros felizes à cavalo
vindo em minha direção como homens possuídos!
Sara balançou a cabeça e disparou um olhar arrasador sobre Thomas e Dugald. Os homens
franziram a testa, as suas suspeitas de que Lady Maya estava falando sobre os eventos de ontem à
noite se confirmaram.
—Assim, fiz gestos a Thomas pensando que ele veio a se juntar a mim —, continuou Maya,
cuspindo seu Inglês de Tampa em um tom que sugeria que era muito infeliz. —Tive esse idiota
sorriso no meu rosto o tempo todo, feliz por vê-lo. Ele cavalgava com Dugald e seus homens à
reboque e… começou a gritar e amaldiçoar comigo a todo pulmão na frente da metade da
aldeia!

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Sara ficou sem fôlego.


—Não!
Maya negou enfaticamente.
—Sim, ele certamente fez. — Ela estendeu a mão para sua amiga reconfortante —Oh, Sara,
nunca estive mais envergonhada. E da maneira que ele puxou-me para cima de seu cavalo e
colocou-me na frente dele, você pensaria que eu era uma prisioneira escapou ao invés da mulher
que está para ser sua esposa!
Sara estalou a língua.
—Isso é terrível. Ele deveria ter vergonha de si mesmo.
Maya soprou.
—Sim que deveria, mas não está. E o pior de tudo É que ainda não sei o que supostamente
fiz errado!
Thomas apunhalou um pedaço de faisão e o colocou na boca com sua adaga. Era claro para
seus olhos que Maya que Maya ainda não o havia perdoado por envergonhá-la na frente dos
membros de seu clã. Franziu o cenho, bravo. O que era um pouco de vergonha quando era sua
vida que estava em jogo?
Claro, ele tinha que se lembrar, que Maya não sabia que sua vida estava em perigo. Não era
consciente da luxúria de Robert, nem de seu desejo por reclamá-la. Até que o homem fosse
encontrado e morto, não deixaria que ela fosse a nenhuma parte sem ele.
Thomas suspirou. A simples verdade era que não podia suportar a ideia de perder Maya
quando levou trinta e cinco anos para encontrá-la. Talvez devesse seguir seu próprio conselho e
pedir desculpas, mas enfurecia ao extremo que precisasse fazer isto. Maya sempre devia pedir-lhe
permissão antes de fazer alguma coisa, ir a qualquer lugar ou falar com alguém. Ela era dele,
raciocinou, e portanto estava sob suas ordens.
Thomas olhou para Maya que cortava uma parte de queijo com sua adaga. Por todos os
Santos, Daria de presente todo o ouro que possuía em um instante por ser capaz de entender o
Inglês da Tampa agora mesmo! Era evidente que sua dama estava expressando seu desagrado
com ele para Lady Sara.
Talvez devesse obrigar sua amiga a afastar-se dela ou algo assim, deixando Maya sem
ninguém com quem compartilhar suas insatisfações salvo a si mesma. Franziu o cenho. Não, isso
não serviria para nada e só colocaria sua dama ainda mais contra ele. Este assunto de ser um
homem compreensivo era exasperante.
—Lady Maya, falarei com você depois do jantar. Vamos dar um passeio, juntos e você
sorrirá. Não verei mais cenhos franzidos hoje. — Thomas inclinou a cabeça para ela, deixando-a
saber que o assunto não estava discussão.
Aparentemente, Maya não concordou.
—Oh, vamos, poderoso laird.
Thomas franziu o cenho diante da inflexão que ela colocou na palavra poderoso. Se não a
conhecesse melhor, diria que a mulher zombava dele burlou.

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Depois da Tempestade

—Sim. E, além disso, Lady Sara vai conversar com Sir Dugald. Birras não serão mais
permitidas nesta fortaleza.
Dugald grunhiu, obviamente satisfeito pela ordem de Thomas. Sara fez uma careta,
obviamente, sentindo o oposto.
Argyle limpou a garganta e, em seguida deu um sorriso para Maya, esperando para distrair
todas as partes envolvidas.
—Milady, vai se casar na manhã. Nada mais que felicidade deve se sentir na véspera.
Maya fulminou-o então se conteve. Afinal, não era culpa dele que seu quase-futuro-marido
fosse um arrogante, autocrata tirânico, berrador. Queria dizer a Thomas em seu rosto o que
pensava dele, mas não conseguiu descobrir como traduzir tudo isso em gaélico. Dirigiu seu olhar a
sua refeição, distraída, brincando com ela.
—Isso se eu casar-me com ele—, ela murmurou para ninguém em particular.
Maya olhou com surpresa para os ofegos surpreendidos que suas palavras causaram.
Thomas deu um murro sobre a mesa, derramando cerveja para os lados junto com várias canecas
de cerveja também.
—Você foi muito longe!— Rugiu, com uma expressão assassina em seus olhos.
Não, pensou Maya, não foi. Ela já teve o suficiente, entretanto. Ia voltar para século XXI,
nem que tivesse que passear pelas colinas e esperar até que tivesse oitenta anos de idade, pela
próxima nuvem negra que passasse por ali. Ao diabo com Thomas! Ao diabo com Lady M e a
história! Ele mereceu essa observação. Ela estava cansada de ser ordenada constantemente!
Maya se levantou, recolheu suas saias e saiu correndo do grande salão, correndo em alta
velocidade em direção às portas do castelo. Uma vez lá fora, ela pulou para cima do primeiro
cavalo que viu e olhou em torno para enfrentar a colina à distância.
Uma tempestade se aproximava. Talvez fosse apenas a tempestade que ela precisava.
—Maya— uivou Thomas quando abriu as portas da torre. —Vai desmontar neste instante!
Seus olhos arregalaram hesitantes. Mas um momento depois, ela balançou a cabeça em
negação e correu para a noite.
Ela sabia onde tinha que ir...Para casa. Esqueça dos relatos históricos, disse, porque a
história estava a ponto de mudar. Estava doente e cansada que gritassem com ela como se fosse
uma criança errante. Ela não ficaria aqui. A tempestade viria para ela finalmente, e ela
encontraria seu caminho de volta para o futuro.
A fantasia de se tornar esposa de Thomas era inebriante, mas a realidade era que ela não
poderia suprimir sua natureza o suficiente para ser o tipo de mulher que ele queria que ela fosse.
Dócil, obediente, servil… Não era nenhuma dessas coisas e sabia que nunca seria.
À medida que cavalgava, Maya se consolou com a esperança de que Thomas não poderia
encontrá-la antes da tempestade. A terra era muito grande e ele não saberia onde olhar primeiro.
Quando olhasse na colina, a tempestade a teria reclamado e estaria no século XXI tomando um
cappuccino e lendo o último romance de Dara Joy. Só desejava que o pensamento fosse tão
reconfortante como deveria ser.

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Depois da Tempestade

—Por favor, senhora da sorte —, ela sussurrou para o destino, não exatamente segura do
que estava pedindo, — Coloque -se ao meu lado.

Capítulo 14

Maya desmontou alguns minutos mais tarde. Ela deu uma olhada rápida ao redor para ter
certeza que estava sozinha, em seguida, deu um tapa na anca do cavalo para fazer com que ele
voltasse de novo para o castelo. Aprendeu — Golpe no traseiro do cavalo — ao ver uma repetição
de —Bonança— e esteve contente por ver que realmente funcionava. Afinal, ela não precisaria de
uma montaria para onde estava indo.
Maya se sentou no chão e esperou com impaciência que as nuvens negras chegassem até
ela. Queria terminar com isto já, que mostrassem no caminho, por assim dizer. E queria que
acontecesse antes que tivesse tempo de pensar sobre isso e mudasse de opinião.
Ela olhou ao redor e franziu a testa. A tempestade que viu mover só há alguns minutos
parecia estar diminuindo. Bravo Senhora da Sorte, pensou sombriamente.
Maya levantou seus joelhos e rodeou os braços ao redor deles, encolhendo-se para evitar
que o ar frio da noite se infiltrasse até seus ossos.
E então pensou em Thomas.
Grande erro.
Ela soltou um suspiro e amaldiçoou-se quando percebeu que não conseguia conter as
lágrimas. Elas caíram e continuavam caindo e não havia absolutamente nada que ela pudesse
fazer sobre isso.
—Por que fugiu que mim, moça?
Maya ergueu a cabeça com os olhos arregalados ao ouvir o som da voz de Thomas. Não
parecia zangado ou frustrado, como ela esperava que ele estivesse. Condenado se não soava...
ferido.
Ela balançou a cabeça, s disposta a não sucumbir a emoções mais suaves. Ela precisava
manter-se forte. Ela precisava voltar para casa.
—Isso nunca vai funcionar entre nós, Thomas.
Thomas suspirou enquanto se deixava cair de joelhos para sentar-se ao lado de Maya.
Tomou as mãos dela entre as suas e as levou aos lábios para beijá-las.
—Não Thomas—, Maya pediu num sussurro, sem vontade de encontrar o seu olhar. —Você
está tornando tudo mais difícil.
Thomas riu quando colocou o braço em torno de Maya e puxou-a para seu lado em busca de
seu calor.
—Esse é o ponto, amor.
Maya inalou o cheiro dele enquanto ele a segurava. Aproximou e pôs os braços em volta do
pescoço dele, prontamente caiu no choro. Ela chorou como um bebê enquanto ele acariciava e

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Depois da Tempestade

arrulhava, passando os dedos pelo seus cabelos. Estava cansada e afligida e não tinha ideia da
coisa certa a fazer.
—Está bem, amor. Prometo. Sei que não pode ser tão ruim.
Ela se permitiu desfrutar da sensação de calor de Thomas e sua força durante alguns
minutos mais, depois reuniu sua resolução e levantou-se.
Ele se levantou também, mas não fez nenhum movimento para segurá-la. Era óbvio que
alguma coisa muito grave a estava perturbando e ele queria dar-lhe o espaço para dizer.
—Thomas tenho que ir para casa. Não posso ficar aqui.
— Maya, se isto é pelo que aconteceu ontem, eu gostaria de explicar...
—Não. — Maya balançou a cabeça. —Ontem de noite foi só um exemplo do porquê tenho
que ir para casa.
Thomas franziu o cenho, não seguro de estar seguindo a lógica desta conversa.
—Eu não posso. Nunca baterei em você, sempre serei fiel, nunca deixaria que outro lhe
fizesse mal, darei tudo o que me pedir. O que mais posso fazer, Maya?
Ela suspirou. O fato dele realçar sua falta de espancamento era um lembrete que assinalava
o selvagem mundo em que se encontrava
— Não sei como fazê-lo entender, Thomas.
—Tente, amor.
Maya enroscou os dedos no cabelo enquanto começava a caminhar em círculo. Parou
abruptamente e o enfrentou uma vez mais.
—De onde eu venho, as mulheres são mais importantes do que são aqui.
—Maya, sabe que sou importante, para mim, eu...
Ela levantou uma mão.
—Isso não é o que quero dizer, Thomas. Quero dizer que as mulheres de meu clã podem
fazer tudo o que os homens podem fazer. — Ignorou seu grunhido incrédulo e continuou. —Há
mulheres em meu clã que são grandes curadoras, grandes filosofas, e até mesmo grandes
guerreiras.
Maya teve que sorrir ao ver a expressão de incredulidade em seu rosto.
—É verdade, Thomas. Na verdade, no meu clã, Lady Sara e eu somos consideradas por
todos duas das antropólogas mais apreciadas no mundo.
Thomas fez uma careta.
—Mesmo se assim fosse, o que isso tem a ver conosco?
Maya respirou calmamente, determinou que esta seria a última conversa que teria com ele
e não a terminaria em discussão.
—As mulheres que são muito boas em alguma coisa estão acostumadas a dar ordens, não às
seguir. É desagradável ao extremo receber ordens como se fôssemos idiotas de mente fraca.
Ah, pensou Thomas, por fim pôde ver aonde esta conversa ia.
—Maya—, começou, seguro de que teria este problema resolvido em um abrir e fechar de
olhos, — Esforçarei em ser mais atencioso com seus sentimentos no futuro se assim desejar, mas

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Depois da Tempestade

não aprovarei seus hilariantes contos selvagens para gravar a importância de seus sentimentos
sobre mim. Sou razoável. Eu...
Foi suficiente.
—Razoável? Chama a si mesmo de razoável? Humilhou-me ontem à noite diante da metade
do clã, proibiu-me de falar em meu próprio idioma, deu-me ordens por cerca de quatro dias como
se eu não tivesse uma mente própria... — Maya pisoteou com o pé o chão, enquanto sua agitação
a afligia. —Chama isso ser razoável?
—E ainda mais— ela assobiou quando viu que Thomas estava prestes a falar: — Eu não sou
um mentirosa. E realmente me incomoda que me chamem assim.
Foi a vez de Thomas para mostrar a sua própria agitação. Com as narinas dilatadas,
enquanto agarrava Maya pelos braços e voltava a dirigir-lhe um olhar negro.
—Você mente e sabe muito bem! As mulheres não são guerreiros e filósofos, Maya. Que
tipo de idiota pensa fazer de mim?
Maya encolheu os ombros e escapou de Thomas, afastando-se dele. Ele a perseguia de perto
e ela girou para encará-lo.
—Eu não sou uma mentirosa! De onde eu venho, as mulheres são todas essas coisas e muito
mais!
—Então, eu me rendo, Lady Maya, por nunca ter ouvido falar de uma terra como essa! Não é
de outro país o que dizem, a não ser totalmente de outro mundo!
—Exatamente—, gritou Maya, — E vou casa… para ele!
Uma urgência predatória percorreu Thomas, enquanto arrastava Maya para mais perto de
seu corpo. Através de seus dentes apertados emitiu sua advertência.
—Vocês nunca me deixará, Maya. Não permitirei isso. Se escapar, vou encontrá-la. Não
duvide.
Maya riu sem humor como separou de Thomas.
—Teria que fazer uma longa viagem de fato, tentando me encontrar!
—Então que assim seja!— Rugiu enquanto agarrava Maya pelos ombros e a sacudia. —Se
tiver necessidade de navegar pelos oceanos para encontrar, Farei! Se levar meses não me
importa! Se precisar de anos, Não me importará!
—Tente 700 anos!— Maya cuspiu antes que estivesse suficiente calma para pensar melhor.
Imediatamente ficou séria, consciente de que disse muito. Se ele pensava que era uma mentirosa
antes, pensaria nela como uma louca agora.
—O que estão dizendo?— Thomas gritou enquanto agarrava os ombros de Maya novamente
e a obrigava a levantar o queixo até encontrar com seu olhar.
Maya separou-se dele e respirou fundo. Era muito tarde para voltar trás. Ela poderia muito
bem dizer-lhe tudo, deixar que ele a abandonasse porque pensava que estava louca, depois
esperar que as nuvens a levassem para casa. Suas palavras foram firmes, sua voz controlada.
—Estou dizendo que não sou apenas de outra terra, mas também de outro momento
também. Estou dizendo que sou do futuro, Thomas. Estou dizendo que por forças que não

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Depois da Tempestade

conheço, Sara e eu fomos enviadas a 700 anos no passado e caímos aqui, no seu tempo. Eu estou
dizendo ...
Ela respirou acalmar e balançou a cabeça.
—Que importa o que eu diga, quando você não vai acredite em mim de qualquer maneira.
Thomas olhou em silêncio para Maya pelo que considerou uma eternidade. Ele não se
atreveu acreditar em sua história, mas algo dentro dele dizia que ela estava, de fato, dizendo a
verdade. Ou pelo menos o que ela acredita ser a verdade.
Ele pensou na roupa estranha que ela usava no dia que a encontrou. Nunca falou com Maya
a respeito, mas ele manteve as vestes e as examinou depois de serem tiradas de seu quarto.
Tinha um mecanismo estranho que nunca viu que as pessoas utilizassem para abrir e fechar o
objeto de vestir. Era feita de um metal fino e as peças eram muito pequenas para ser golpeadas
por um ferreiro.
E depois havia os sapatos estranhos dela - Era como se tivessem sido montado
perfeitamente para seus pés. Havia um sapato feito para o pé esquerdo de Maya, assim como seu
direito, em vez de um sapato normal que poderia caber em qualquer um de seus pés. E logo
estavam os picos estranhos que se sobressaíam para o exterior do fundo. Não, nunca viu nada
como isso ou a grande qualidade deles anteriormente.
E depois, claro, havia a maneira em que ela apareceu na colina.
Era como se tivesse materializado com os ventos. Ele não podia impor bruxaria à Maya, era
muito amável para ser da própria família do diabo. Pelo menos para qualquer um menos ele!
—De que ano?— Ouviu-se perguntar.
Maya olhou para ele estupefato, como se ela não esperasse que ele lhe desse o menor
benefício da dúvida.
—2001—, ouviu-a sussurrar em resposta.
Thomas assentiu. Por alguma razão que não podia nomear, Maya sendo uma antropóloga no
futuro era mais fácil de acreditar que Maya sendo uma antropóloga em sua época que vivia em
uma terra longínqua.
—E no ano 2001, você é uma mulher estudiosa
Maya olhou-o nos olhos, sem determinar o quanto acreditava ou não e sem saber se queria
que acreditasse ou não.
—Sim. Tanto Sara como eu somos antropólogas. Somos professoras em uma universidade.
Nossa profissão se chama antropologia. — Sua expressão tornou-se interrogativa, mas continuou.
—Um antropólogo é uma pessoa da ciência que dedica sua vida a estudar as pessoas que
morreram há centenas, milhares, até mesmo milhões de anos. É muito difícil explicar, mas
basicamente o que faço é cavar a terra, recolher ossos velhos, cerâmica, e joias, e dou
conferências na universidade sobre o que aprendi com eles. Quando aprendo o suficiente,
escrevo, e converto em um livro, e todo mundo aprende através dele.
Thomas não disse nada, por isso Maya continuou.
—No momento de minha vida em que as nuvens negras apareceram, Sara e eu fomos
arrastadas para elas, e estivemos estudando... Bom, você e seu clã para ser precisos. Alguns

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Depois da Tempestade

cientistas em Glasgow encontraram alguns documentos que foram escritos por você e outros
escritos a seu respeito, seu clã, sua mulher, você...
—Minha esposa?— Thomas a interrompeu, enquanto punha as mãos em seus quadris e a
olhava.
—Bom, sim—, confirmou Maya com um rubor nas faces. —Os documentos antigos,
documentos que ainda não foram escrito se referem a ela como lady M. Os escritos disseram que
a primeira vez que a encontraram, pensavam fosse amaldiçoado, por ser uma... — Tossiu
discretamente, — Moça demônio.
Thomas grunhiu quando cruzou os braços sobre o peito. Pensou em Maya como uma moça
demônio quando a viu pela primeira vez.
Ela riu pela ironia de todo isso.
—O que eu acho engraçado é que passei dois dias lendo tudo o que eu poderia encontrar
sobre esta misteriosa Lady M na esperança de descobrir o que significava esse negócio de moça
demônio. — Agitou uma mão impaciente para Thomas enquanto tentava explicar. —Sara e eu
pensávamos que talvez as moças demônio fossem simbólicas, sabe, quando a forma das palavras
significa algo mais que a poesia em que se lê.
Com o gesto de Thomas de compreensão, ela continuou.
—Quero dizer, era difícil acreditar que esta moça demônio poderia ser levada como verdade
literal. Imagina minha surpresa quando estou em uma festa que requer o uso de fantasias e me
encontro um momento depois rodeada de homens com espadas levantadas gritando que sou uma
moça demônio. — Sacudiu a cabeça e suspirou. —Não foi agradável, eu garanto você
Thomas, entretanto, estava encantado com este giro dos acontecimentos.
—Mas que não ver amor? Se o que diz é a forma como foi ou como vai ser, então isso
significa que se supunha que chegariam até mim. Supõe que seria minha esposa. — Cruzou os
braços sobre o peito. —Não pode tentar a sorte, Lady Maya.
Ele enfatizou sua convicção de que ele estava com a razão e ela se enganou ao fugir dele
com uma inclinação de cabeça.
Maya sorriu, surpresa por que parecia que ele estava levando sua história muito melhor do
que teria sido se a situação fosse à inversa. Inclinou a cabeça e estudou suas facções. Seu sorriso
tímido foi rapidamente substituída por um rosto sério.
—Você realmente acredita em mim, não é Thomas?
Ele ficou em silêncio por um longo momento, enquanto debatia consigo mesmo sobre o
que acreditava. Por fim, disse
— Sim. Os Santos me guardem, mas acredito em você.
Surpreendida e humilhada pelo voto de confiança que Thomas acabava de dar, Maya voou
para os braços dele e se agarrou fortemente em seu peito.
—Eu te amo, Thomas. Deus como te amo! Se não estava segura antes desta noite, sei agora.
Impressionado, mas satisfeito por sua confissão, ergueu-lhe o queixo para que o olhasse.
Seus olhos procuraram os dela.

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Depois da Tempestade

—Na outra noite pediu-me uma promessa e eu dei de boa vontade. Agora devo pedir uma
a você.
—Sim?
—Não me deixe nunca, Maya. Prometa e prometa-me agora.
Seus se arregalaram. Sabia que se desse sua palavra teria que cumpri-la. Não haveria volta
atrás. Depois de um longo momento, mordeu o lábio e assentiu em sinal de conformidade.
— Eu prometo.
Thomas grunhiu algo imperceptível enquanto levantava Maya e a rodeava em seus braços.
Beijou-a perto da boca, a língua acariciando seus lábios que abriram para reclamá-la. Maya o
beijou de novo com uma grande necessidade, primitiva, que só Thomas poderia fazer com que
sentisse.
—Não fuja de mim de novo, amor, — disse com voz áspera contra seus lábios —Não posso
suportar.
Beijaram-se para momentos intermináveis, saboreando o gosto e tato um do outro.
Quando não pôde suportar mais, Maya estendeu a mão entre seus corpos e esfregou pelo
material que cobria sua ereção. Com sua respiração, levou seu toque ainda mais abaixo de seu
plaid e riscou sua virilidade dura com sua palma. Acariciou o eixo suavemente, mas com firmeza
em um movimento ascendente e descendente.
Thomas conteve a respiração de novo enquanto baixava seus corpos ao chão.
—Eu preciso de você, minha Maya —, murmurou contra sua boca. —Não posso suportar a
ideia de uma vida sem você.
Thomas continuou a beijar sua boca e garganta, ele rapidamente se atrapalhou com os laços
de seu vestido. Frustrado por uma necessidade incontrolável de reclamá-la, de um só golpe ele
rasgou o vestido de seus seios até a cintura.
Maya ficou sem fôlego quando o ar frio atingiu seus seios, transformando seus mamilos nos
pontos endurecidos que Thomas gostava de chupar. Ela cravou suas unhas em suas costas e
arqueou o corpo contra o dele quando ele inclinou a cabeça para reivindicar um mamilo.
Ele tomou um seio em cada uma de suas grandes mãos e alternou para chupar cada um
enquanto um som gutural rasgava sua garganta.
Ela obrigou à boca de Thomas a baixar até seus seios, desejando que chupasse inclusive
mais forte. Gemendo, jogou a cabeça para trás e desfrutou da sensação.
Thomas gemeu como um possesso enquanto levantava as saias de Maya para tomá-la.
Lançou seu plaid ao chão e a obrigou a abrir as pernas com o joelho. Ele abriu bem suas pernas e
ficou entre elas.
—Você é minha —, murmurou. —Agora e para sempre. Você é minha . — Olhou-a nos olhos
e entrou nela com um impulso poderoso.
Maya ficou sem fôlego enquanto as lágrimas escorreram em seus olhos. Sabia que ele era
maior que a maioria dos homens, mas nada poderia tê-la preparado para o membro grosso que
invadiu seu corpo.

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Depois da Tempestade

Instintivamente, Thomas ficou quieto para dar a Maya tempo para adaptar-se a sua
grossura. Pegou dois punhados de seu cabelo loiro e olhou possessivamente em seus olhos.
—Me pertence agora, minha Maya. Matarei a qualquer um que se atrever a sequer olhar
para você mais do que deveria. Você entendeu?— Suas palavras eram profundas e contundentes,
seus olhos brilhavam com uma advertência negra.
Maya esfregou as mãos no peito de Thomas, acariciando seus mamilos e brincando com o
pelo escuro que os cobriam. Sua voz era sensual e sedutora.
—Sim. Agora prove que precisa de mim. Fazer amor comigo agora.
Com um rosnado baixo ele mergulhou nas profundezas do corpo de Maya, uma vez mais. Ela
gemia de prazer enquanto envolvia suas pernas ao redor de seus quadris e se agarrava a ele para
que a montasse duro. Thomas bombeou em sua carne apertada com estocadas longas e violentas,
levando-a para um patamar de êxtase que ela nunca pensou ser possível. Suas narinas infladas,
seus músculos tensos e agrupados, enquanto ele continuava sua corrida dentro e fora dela. Ela se
retorcia em seus braços, arqueando para ele enquanto se entregava às contrações de seu feroz
orgasmo.
Thomas montou seu corpo cada vez mais rápido, bombeando com seu eixo em seu calor
pegajoso todo o caminho até sua raiz, e logo à ponta, uma e outra vez até que seu corpo pediu a
gritos sua liberação. Agarrou os quadris de Maya e a ergueu, golpeando com mais força e mais
profundo até que não pôde suportar mais. Jogando a cabeça para trás, gritou seu nome enquanto
ele se derramava em seu ventre.
Transpirando apesar do ar frio da noite, Thomas desabou seu corpo sobre ela enquanto
reunia sua força e estabilizava sua respiração. Deixou-se aproveitar a sensação de ter as sensuais
carícias de Maya enquanto esfregava suas mãos por todo seu traseiro. Nunca antes uma mulher
roubou todo seu controle. Nunca antes uma mulher o deixou tão satisfeito depois da união que
não acreditava ter força para tomá-la de novo, caso ela desejasse.
Thomas saiu de Maya e puxou-a em seus braços, colocando sua cabeça em seu peito.
Acariciou-a enquanto pensava no medo que sentiu diante da ideia de que ela o deixasse para ir de
novo a um mundo do qual ele não sabia nada. No dia seguinte, ele lembrou a si mesmo, ela seria
sua por lei. Um homem não podia contar muito com uma mulher com o espírito de Maya, mas
sabia que podia contar com seus votos de casamento.
Thomas conteve a respiração quando ela começou a acariciar sua carne semi-flácida
levando-a a uma dureza inflexível mais uma vez. Riu quando percebeu que se enganou com sua
reflexão. Podia levantar-se de novo.
Ele rolou em cima de sua dama e demonstrou aos dois.

Capítulo 15

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Jaid Black
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Depois da Tempestade

— Eu ainda não posso acreditar que você disse a ele. — Sara passeava ao longo do quarto de
Maya, enquanto que Maya se sentava com as pernas cruzadas sobre a cama e a olhava.
Maya despertou essa manhã com o som de Sara batendo em sua porta. Sara ficou aliviada
ao encontrar a sua melhor amiga viva e inteira, já que estava certa de que Thomas a espancaria
quando a encontrasse na noite passada.
Sara descreveu o estado de ânimo do laird, enquanto esperava que seu cavalo fosse
preparado, como — volátil— Seu temor sobre o que aconteceu a Maya foi rapidamente
substituído pelo desejo de enforcá-la ela mesma.
— O que você estava pensando? Isso não pode ser um bom! E se ele disser a Dugald?
Maya deu de ombros.
— Se ele disser , nós vamos lidar com isso, mas duvido que ele vai dizer algo ainda. Falamos
um pouco na viagem de volta para casa ontem à noite e, embora ele tenha algumas dúvidas sobre
o futuro, ele concordou deixá-las de lado até depois do casamento.
O casamento de Maya seria em poucas horas, fora, na capela das terras MacGregor. Ela
meio que esperava acordar com os nervos em frangalhos, mas para sua surpresa e alívio, sentia-
se calma e certa de sua decisão em se casar com Thomas.
Argyle havia trazido uma bandeja de comida não muito depois que Sara bateu em sua porta
e quando viu a grande variedade de pães, frutas e queijos,percebeu que estava dolorosamente
faminta.
—Então Sara—, sorriu Maya enquanto pegava um pedaço de pão e o partia em dois, — O
que aconteceu com Sir Dugald ontem depois que tive minha birra?
A áspera disposição da Sara imediatamente tomou um giro para melhor enquanto um
sorriso sereno envolvia seu rosto.
— Ele obrigou-me a falar com ele, o que finalmente fiz. Falamos de muitas coisas, mas
respondendo à pergunta mais importante de sua mente, ele declarou que a única razão pela que
ainda não me pediu que casasse com ele era por respeito a Thomas. Disse que você e o laird
precisavam receber todo o devido respeito, por isso esta semana pertencia só a vocês dois. Jurou
que pediria isso imediatamente depois do casamento.
Maya sorriu maliciosamente a Sara.
— Concordo plenamente com essa coisa toda de respeito. Na verdade, quando for
oficialmente a senhora por aqui, eu acho que quero que você se dobre diante de a mim cada vez
que eu entrar em uma sala. — Quando Sara levantou o dedo do meio, Maya caiu de costas na
cama e riu.
Sara sorriu e sentou junto a Maya. Distraiu momentaneamente com Fred, que jazia contente
como um rei sob o cobertor de Maya. Deu uma cotovelada em sua amiga no joelho.
—O que vai fazer com Fred? Sabe que Thomas não vai compartilhar a cama com ele.
Maya manteve seu riso sob controle, limpou as lágrimas dos olhos, e respondeu a Sara.
—O velho John tem um dos homens da aldeia construindo uma cama. De fato, está
construindo uma para Barney também. Disse que seria entregue hoje, mais tarde, como presente
de casamento.

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Jaid Black
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Depois da Tempestade

Sara assentiu. Passou seus dedos pelo cabelo com agitação e suspirou.
— Você está certa de que ele acreditou em você?
Maya entrecerrou os olhos, esquecendo por um momento que esta conversa originalmente
era sobre ter divulgado suas origens do século XXI a Thomas.
— Sim, absolutamente certa. Acreditou em mim, Thomas nunca hesita em chamar-me de
qualquer coisa. Se não tivesse acreditado, sem dúvida eu teria um traseiro dolorido pela manhã. O
homem tem essa coisa de açoites. — Ela franziu a testa e balançou a cabeça.
Sara riu.
—Suponho que tem sentido, entretanto.
—O quê?
—Ele acreditar em você. Quero dizer, trata da Escócia medieval. As pessoas ainda acreditam
no poder das forças invisíveis. Nada a ver com as pessoas de nosso tempo, sabe.
Maya assentiu.
—Suponho que nesta situação passa a ser algo bom. Se alguém tentasse vender-me esta
história, em minha mente do século XXI nunca a teria comprado.
Sara balançou a cabeça.
—Nem eu.
A conversa parou por um golpe na porta. Maya se sentou e puxou as cobertas até o queixo.
—Entre.
Um momento depois, Lena entrou correndo no quarto exsudando suficiente entusiasmo
para Maya e Sara sorrirem.
—Está pronta para tomar o banho, milady?
—É Claro. Acredito que é melhor que comecemos o espetáculo, não é Lena?— A testa de
Lena se enrugou e Maya se corrigiu. —Quer dizer, é melhor começar a preparar para o casamento.
Lena assentiu, enfaticamente, e depois retornou à porta. Abriu-a totalmente e gritou uma
ordem para Argyle ver o banho de sua dama.
—Lady Sara sua criada a espera em seu quarto. É melhor que se apronte —, repreendeu
Lena enquanto saltava de novo pelo quarto.
Sara sorriu e a saudou, provocando outro olhar curioso no rosto de Lena.
—Sim, sim Comandante Lena—, brincou Sara enquanto dava tapinhas na cabeça da garota e
se dirigia para a porta.
Sara virou-se e lançou um beijo a Maya. Maya fingiu pegá-lo. Sara riu e deixou o
quarto, fechando a porta suavemente atrás dela.
Um momento depois chegou Argyle com o banho de Maya e outros dois soldados.
—Tomem cuidado, — Lena disse em tom de advertência, — estão derramando água sobre o
chão de Milady.
Argyle colocou a banheira em frente a lareira, enxotou os outros soldados do quarto, e virou
para enfrentar Lena.. —Acredito que é bastante bruxa, Lena.
Lena franziu o nariz e ergueu-se em toda sua estatura.

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—Acredito que alguém precisa corrigir seu comportamento descuidado, Argyle. Deixam
muito trabalho para que os criados limparem.
Maya sorriu de sua cama diante da troca acalorada de palavras do casal durante um minuto
ou menos. Era evidente que eles gostavam um do outro, mas que não estavam muito dispostos a
admitir ainda.
Argyle levantou a voz, fazendo Maya para ampliar seus olhos, surpresa.. Nunca antes o ouviu
tão zangado.
— Você podem ser a mais elevada das criadas por aqui, porque é prima de MacGregor e
porque serve apenas a milady, mas ainda é apenas Lena para mim! Fariam bem em recordar isso
antes que eu a ponha sobre meu joelho!
Lena assumiu uma postura arrogante que Maya frequentemente fazia diante da agressão.
—Nos deixem Argyle, antes que faça com que Milady se atrase. MacGregor não ficará muito
satisfeito com você.
Argyle corou, inclinou para Maya, e dirigiu-se para à porta.
—Perdão, milady. Sinto muito pela cena que se viu obrigada a presenciar. — E saiu sem
esperar resposta.
Lena balançou a cabeça e soprou para a cama.
—Peço desculpas, lady Maya. Argyle não toma as discussões muito bem. Aprenderá com o
tempo.
Lena parecia tão segura que Maya teve que sorrir de novo.
— Diga-me Lena, Você... Um... — ela limpou sua garganta —você gosta de Argyle?
O rosto da Lena tornou-se tão pálido como os lençóis.
—Santo Deus não! Eu nunca poderia amar alguém tão dominante como Argyle!
Uma meia hora mais tarde, Maya submergiu seu corpo na banheira, enquanto Lena lavava
seus cabelo, e seguia destrambelhando e delirando sobre todas as razões pelas quais nunca
poderia amar Argyle. A julgar pela lista exaustiva de Lena, era evidente para Maya que esse jovem
soldado era justo o homem para sua criada. —... E já mencionei sua arrogância, milady?
— Cerca de cinco vezes
— Sim, bom, é um arrogante desgraçado… tenta me contradizer em todo momento.
—Não se esqueça de seu temperamento.
—Terrível temperamento,com certeza.
Maya fez uma careta enquanto Lena começava a puxar a raiz do cabelo, enquanto o lavava.
Sua criada estava deixando se levar em sua apaixonada negação de seu amor por Argyle e estava
arrancando o maldito cabelo de Maya no processo.
—... E não esqueçamos que pode ser deprimente para o espírito, às vezes, milady. Argyle é a
voz da melancolia e desgraça.
Maya assentiu. Nesse sentido, podia concordar com ela.
— E sua teimosia, — Lena balançou a cabeça com uma risada sarcástica —sua maldita
obstinação.
—Uh Lena, — declarou Maya, —Acha que poderia não puxar o cabelo tão forte, querida?

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Lena puxou o cabelo de Maya, seu rosto vermelho igual às brasas da lareira. —Oh milady,
me perdoe. Não quis... Dizer...
—Não se preocupe Lena, — Rapidamente Maya a tranquilizou com um sorriso. —Entendo o
que o amor pode fazer a uma garota.
Lena franziu o nariz e balançou a cabeça em consternação.
—É tão óbvio Milady?
Maya sorriu.
—Só para outra mulher. Estou segura que seu segredo estará a salvo de Argyle até que
esteja pronta para deixá-lo saber.
Lena enxaguou o cabelo de Maya e depois a ajudou a sair da banheira. Guiou-a até uma
cadeira perto da lareira e começou a escovar os longos cachos de ouro de sua senhora. O
sentimento de felicidade roçava igual ao pente contra seu couro cabeludo, combinado com o calor
tranquilo do fogo Maya quase adormeceu de novo. Fechou os olhos e sorriu serenamente
enquanto Lena trabalhava sua magia.
—Como soube que MacGregor a amava?— Lena perguntou em voz baixa enquanto
continuava com o trabalho de pentear o comprido cabelo de Maya.
Maya sorriu sem abrir os olhos. Riu ao pensar na comparação entre ela e Thomas e Lena e
Argyle.
—Ele sempre queria me bater.

Duas horas mais tarde, Maya era um feixe de nervos. Passeava ao longo de seu quarto, à
espera de Sir Dugald, que a escoltaria até a capela. Devido ao fato de Maya não ter família aqui,
Thomas decidiu que Dugald deveria ter a honra de levá-la e entregá-la.
—Jesus, Maya, para com isto!—, queixou Sara. —Está começando a deixar-me tão nervosa
como você.
Maya parou bruscamente e virou-se para ela.
—Sinto muito. Pareço bem?
Sara sorriu, sua calma imperturbável como sempre e em seu lugar.
—Maya querida, está mais linda do que pensei que fosse possível para uma noiva.
—Eu não iria tão longe.
—Eu sim, Maya. Parece... Impressionante.
E sim parecia. Seu vestido era feito de uma seda fina que caía até o chão. Lena costurou á
mão dezenas de joias pequenas e delicadas flores de seda no corpete de veludo verde intrincado.
O cabelo de Maya estava solto, como Thomas gostava, mas recolhido aos lados e preso com as
mesmas flores de seda e ouro que havia no pequeno brocado que Lena teceu em seu vestido.
Parecia uma princesa medieval.
Um golpe soou na porta do quarto, e fez com que o coração de Maya pulsasse rapidamente.
Olhou para Sara e fez um gesto emocionado, respirando profundamente e ordenando a sir Dugald
que entrasse. Ele apareceu momentos mais tarde vestido com seus melhores ornamentos e
estendeu a mão a Maya.

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—Por todos os Santos, milady. Thomas cairá de traseiro quando a vir tão linda!
Sara riu pelo rubor de Maya. Aproximou-se de Maya e beijou a sua melhor amiga na face. As
lágrimas não derramadas brilhavam em seus olhos e foi tudo o que Maya pôde fazer depois.
—Amo você.
—Também te amo, Sara.
—Vai e se case.
—Se você insistir.

Capítulo 16

Thomas permanecia na porta da capela junto ao Padre Ryan e respirava fundo, calmo. Ele
sabia que não se sentiria seguro até que visse Maya desmontar com Dugald e caminhar ao seu
lado. Não dormiu na véspera, porque ele estava tão preocupado que sua mulher tentasse fugir
dele durante a noite para voltar para este futuro do qual falou. Ele havia postado guardas em sua
porta para ter certeza, entretanto, não pode dormir.
Em breve, em menos de uma hora, Maya seria dele por lei. Até então... Suspirou.
Simplesmente não podia relaxar.
Um moço correu para a parte posterior da capela e anunciou ao padre Ryan que Lady Maya
e Sir Dugald chegaram e se dirigiam para a frente.
Thomas soprou. Estava a um passo de reclamar seu amor.
Padre Ryan ordenou a todos os presente ficar de pé em silêncio, o que demonstrava respeito
à nova Lady MacGregor enquanto caminhava para as portas da capela para saudar seu novo
senhor e amo.
Thomas olhou para a multidão de convidados que estavam se acalmando e sentiu-se tenso
de novo. Das dúzias de soldados MacGregor, aos anciões da aldeia, passando pelos três lairds dos
clãs vizinhos que viajaram para presenciar a feliz ocasião, todos esperavam com impaciência dar
uma olhada em Lady Maya, a maioria deles pela primeira vez. O único de seus amigos que não
pôde estar presente era Hamilton que estava distraído com a necessidade de suprimir outra
revolta com os Kirkpatrick.
Quando por fim Maya apareceu com Dugald a seu lado, suspiros de excitação e temor
ergueu-se da reunião. Thomas olhou para sua futura esposa com uma expressão que não revelava
nada enquanto ela abria caminho entre a multidão. Mas por todos os Santos, sua mulher era a
mais linda de toda Escócia!
O sorriso mais acolhedor que Thomas viu envolvia o rosto de Maya. Embora seus olhos não
traíssem seus sentimentos, seu coração nunca se sentiu mais orgulhoso e em paz. Era difícil
acreditar que uma mulher nascida no mundo quase 700 anos depois de sua morte, era a única
mulher que poderia contribuir com algo em sua vida. Um sentimento primitivo de possessividade
masculina varreu Thomas como uma maré furiosa. Ela era sua.

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Dele.
Maya escutou emocionada os ofegos a seu redor, mas só tinha olhos para Thomas. Ele
parecia maior e bonito que um demônio com seus melhores ornamentos. Seu rosto não dava
pistas sobre como parecia, mas aprendeu a ler seus olhos. Viu o amor e a plenitude em suas
escuras profundidades e o dar conta disso fez que seu ritmo cardíaco se acelerasse. Apesar de que
nunca o expressou na realidade com palavras, sabia que nesse momento seu amor por ela era
real. Maya nunca se sentou com mais sorte. Era dele.
Dele.
Dugald guiou Maya, adequadamente, ao lado de Thomas até a frente da capela e depois os
deixou com uma reverencia oficial. Os convidados se colocaram em torno do casal, todos queriam
ver o laird e a lady tomar seus votos.
Maya sorriu para a imponente figura de Thomas, que lhe deu uma pequena piscada. Tirou o
plaid de seus ombros, que se manteve em seu lugar por um broche e o entregou ao padre Ryan. O
sacerdote sorriu para Lady Maya, pôs a mão dela em cima da do laird e os envolveu com o plaid ao
redor da união.
Maya respirou fundo. Era isso. Seu destino
Padre Ryan selaria seu destino.

****
A recepção foi uma ocasião festiva que contou com a participação de todos os mais antigo
do clã MacGregor e um bom número de pessoas de posição superior dos três clãs vizinhos que
eram aliados de Thomas. Maya suportou felicitações na última hora do que em toda sua vida até
esse momento.
Ela foi colocada ao lado do marido no grande salão numa mesa de honra levantada. Sara
estava sentado a sua esquerda e Dugald estava à direita de Thomas.
Maya olhou para o marido e sorriu. Nunca o viu em um estado de ânimo tão alegre e isso
comovia profundamente às testemunhas. Ele sorria rápido, ria rápido, e até brincava. O
casamento estava fazendo muito bem a ele.
A sala parecia fabulosa. Os criados fizeram, sem dúvida, um trabalho elogiável preparando-o
para os muitos convidados. O ruído na sala era buliçoso e feliz e trazia um sorriso de satisfação a
seus lábios.
Sara deu uma cotovelada em Maya com o braço e sorriu.
—Aí vem ele.
Maya olhou ao redor em confusão, depois lançou de novo seu olhar interrogante a Sara.
—Quem?
—Harold o Sotted. Fui apresentado a ele antes da cerimônia. Parece que ele está se
preparando para cantar uma balada para você.
Maya riu.

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—Parece que ele está engolindo mais um litro de cerveja antes de sua performance. —
revirou os olhos. —Eu não posso esperar para ouvir o tipo de balada que ele inventou.
Thomas colocou a mão sobre a de sua esposa, chamando a atenção de Maya na direção
dele.
—Harold o Sotted cantará para nós agora, amor. Espero que suas reflexões sejam de seu
agrado.
Maya sorriu.
—Tenho certeza que vão ser. Estou ansiosa para ouvi-lo.
Harold o Sotted foi renomado apropriadamente, Maya decidiu. Ele era um homem mais
velho com um sorriso torpe, uma barriga ligeiramente inchada e olhos vidrados que davam o
aspecto de um homem que gostava da cerveja.
Harold fez uma longa reverência diante do Laird MacGregor e sua lady, limpou a garganta e
começou a dedilhar a sua harpa. Quando sua música começou, Maya e Sara se
entreolharam e riram. Parecia que a balada que ia ser cantada, curiosamente, soava
perigosamente igual a da Ilha de Gilligan*. Era tudo o que Maya e Sara podiam fazer para evitar
cair das cadeiras e morrer da rir.
Basta sentar e descontrair neste conto, um conto de um bela noiva.
Ela era tão linda como um anjo ... e tinha uma pele bonita.
Ela tinha uma pele bonita.

Os homens na sala aplaudiram.


Maya franziu a testa.
Não só eram as recepções de um casamento medieval como imaginou, mas sim se tornou
rapidamente evidente para ela que foi o autor dessa prosa ridícula que escreveu os documentos
antigos que falava sobre ela. Grandioso, franziu o cenho, seu legado foi comprometido com a
história de um bêbado pervertido.
No versículo quatro da paródia de Harold o Sotted de A Ilha de Gilligan, Maya estava
chegando a sua terceira taça de cerveja. Não acreditava que seu rosto já esteve mais vermelho do
que era agora.

O Laird nunca amou anteriormente


Seu coração uma cápsula vazia
Então ele deu uma olhada em sua dama
E a queria em seus joelhos.
Ele a queria em seus joelhos.

*
Ilha de Gilligan é uma série de televisão estadunidense do gênero Comédia, produzida pela United Artists Television. Foi
exibida em três temporadas no canal CBS, de 26 de setembro de 1964 até 4 de setembro de 1967. O programa contava as aventuras
de sete náufragos em uma ilha tropical desconhecida e aparentemente inabitada, as dificuldades para sobreviverem e suas
tentativas de voltarem à civilização.

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O grande salão explodiu em gargalhadas. Os brinde se levantaram de entre os soldados


MacGregor. Thomas rugiu com alegria. Dugald levantou a caneca de cerveja em comemoração a
Harold o Sotted.
Sara abanou o rosto brilhante.
Maya fervia de mortificação.
No décimo verso, Maya estava rezando para que os deuses a matassem no ato.

Laird Thomas é um homem duro


Lady Maya é tão suave
Esta noite montará entre suas pernas
Igual ao cavaleiro Croft.
Igual ao cavaleiro Croft.

Maya suspirou. Esta ia ser a noite mais longa de sua vida.


Maya sentou na cama de Thomas. Lena acabava de terminar sua preparação para a
consumação de seus votos e foi tão rápida como entrou. A qualquer momento, Thomas seria
levado nos braços pela escada por seus lascivos soldados e o deixariam cair em sua cama
matrimonial.
Maya vestia nada mais que uma camisa fina que se agarrava a seu corpo como lingerie.
Havia um frio no ar de outono que seus mamilos endureceram e deixava sua pele arrepiada. Ela
puxou uma das pele de animal até seu queixo para se afogar com seu calor. Maya suspirou
enquanto ela se aconchegava nela, refletindo sobre os eventos do dia.
O dia de seu casamento tinha começado tão maravilhosamente, ela pensou. Thomas
parecendo rudemente bonito com sua túnica fina e seu melhor plaid e disse seus votos com tal
convicção que sabia que sempre os manteria. Era, pelo menos, um homem de honra. Nada a ver
com Nick.
Mesmo a recepção foi além de qualquer coisa. Se fosse honesta consigo mesma, tinha que
admitir que foi um grande momento. Ainda assim, teria passado muito melhor se Thomas não
tivesse cortado sua cerveja.
—Não, amor, — disse enquanto tirava a quinta taça de cerveja da frente dela, — Quero que
recorde esta noite muito bem, Entendido?
Isso foi há três horas atrás. O festim veio depois, tempo durante o qual Maya apreciou
imensamente. Infelizmente, depois do festim, os homens MacGregor convenceram Harold o
Sotted que cantasse outra vez, fazendo com que corasse infinitamente.
Ao invés de solidarizar-se com sua situação, Thomas riu quando viu o quão completamente
envergonhado estava sua esposa. Que só a fez franzir a testa. E seu marido nem sequer a permitia
beber.
—Não vai beber mais, Maya. Talvez já carregue minha criança.
Este aviso pôs fim à súplica de Maya, mas ficou decepcionada, no entanto. Afinal de contas,
é claro, ele não tinha parado de beber. Sabia que não estava embriagado, mas ainda assim...

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O riso e o canto dos soldados embriagados chamou a atenção de Maya e afastou seus
pensamentos, chegavam à porta de Thomas, e agora dela também, seu quarto. Franziu o cenho.
Maya podia ouvir algo sentimental sobre uma das —baladas de amor— de Harold o Sotted.
E pensar que a jovem Lena não podia esperar para ter este maldito homem cantando em sua
honra. Maya meneou a cabeça. As jovens medievais tinham uma estranha noção do romance.

Esta noite vou montar entre suas pernas


Igual ao cavaleiro Croft.
Igual ao cavaleiro Croft.

Maya fez uma careta na porta. Os homens MacGregor nunca se fartariam daquela música
ridícula?
Um momento depois a porta do quarto se abriu de repente e Thomas foi içado no interior
por seus homens.
Foram necessários cinco soldados para levá-lo e Maya viu Sir Dugald e Argyle
imediatamente. Thomas foi depositado sobre a cama matrimonial e os soldados fizeram sua saída
tão rápido como entraram. Dugald virou-se para olhar brevemente o casal, piscou para Maya, e
saiu.
Thomas sorriu quando viu a expressão irritada escrita em todo seu rosto.
—Och moça, mas prometo, que não vai escutar essas canções outra vez. É só em um
casamento de uma monarquia que pode sair cantando baladas como essas.
Maya cedeu, ao perceber que nada tão mal aconteceu que pudesse justificar arruinar sua
noite de casamento.
—Isso me faz sentir melhor, sabendo que ele não vai estar cantando para mim novamente.
Thomas balançou a cabeça.
—Não disse que ele não cantaria para você de novo, amor. Disse que não vai cantar canções
de natureza tão íntima sobre você outra vez, entendeu?
Maya assentiu.
— Tudo bem doçura, eu posso aceitar isso. Contanto que nenhuma de suas futuras baladas
tenha algo a ver com traseiros, seios e montar entre minhas coxas.
Thomas riu.
—Ouvirá de novo só durante as recepções de casamento, mas não para você. Dugald disse-
me que tomará Lady Sara por esposa. Harold o Sotted cantará para ela também.
Maya sorriu maliciosamente. Deve ser interessante ver o quão imperturbável, Sara a Serena
permaneceria em sua recepção de casamento.
Thomas estendeu ao lado Maya na cama e puxou-a para seus braços. Ela suspirou e
aconchegou em seu calor. Beijou sua esposa na testa e a olhou nos olhos.
—Já disse como linda esta hoje, minha Maya?
Ela sorriu.
—Não, mas seus olhos sim.

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Thomas procurou em sua expressão uma resposta. Quando nada foi revelado, perguntou.
— Meus olhos?
—Sim, Thomas, seus olhos. Aprendi a ler essas belezas marrom chocolate para julgar seus
pensamentos. Muito bem, devo acrescentar.
—Marrom chocolate?
—Sim, chocolate. De onde eu venho, o chocolate é mais saboroso de todos os doce de
confeitaria
Thomas sorriu para sua esposa. Aproximou ainda mais, tocando-a sob as peles e acariciando
sua coxa.
—Pode dizer o que meus olhos estão desejando, agora, moça?— sussurrou com voz rouca.
Maya se excitou imediatamente, tanto por suas palavras como pela protuberância dura que
aparecia saliente debaixo de seu kilt.
—Hmm—, brincou enquanto estendia a mão e mordia a orelha de Thomas com os dentes.
—Quer montar entre minhas coxas como um cavaleiro Croft?
Thomas jogou a cabeça para trás e riu.
—Sim.
Baixou as peles de animais para revelar o corpo à espera de sua esposa. Ele inalou
profundamente com a visão de seus mamilos duros e despertos sob a camisa.
—Nunca me cansarei de chupá-los. — Acariciou-os suavemente, Ele acariciou-os
suavemente, em seguida, baixou a cabeça para provocar um mamilo através do tecido translúcido.
Uma onda avassaladora do desejo tomou conta de Maya. Ela se sentou na cama, tirou a
camisa sobre ela cabeça, e a jogou ao chão. Thomas ronronou sua alegria enquanto forçava o
corpo de sua esposa debaixo do seu, depois depositou seus beijos em seus seios outra vez. Atraiu
um amadurecido mamilo até seus lábios e o mordiscou entre os dentes. Maya conteve um suspiro
enquanto o prazer a percorria em cascata.
Thomas sugou o seio de sua esposa, até que seus gemidos o deixaram doendo de
necessidade. Levantou a cabeça de seus mamilos e sentou para tirar a roupa. Maya ajudou no
longo processo, não estando segura de quanto mais tempo podia suportar não ter seu marido
enterrado profundamente dentro dela.
—Preciso de você Thomas, — disse em voz baixa. —Tome-me agora.
Thomas gemeu diante das palavras de sua mulher e se colocou em cima dela. Nunca antes
uma mulher o fez sentir tão desejado.
— Vou tomar mais vezes esta noite do que possa contar esposa. Vou tomar agora e para o
resto de nossas vidas.
E logo demonstrou a verdade de suas palavras, enquanto ele se agitava em seu corpo uma e
outra vez, de novo e novamente. Ela se agarrou a ele firmemente, com as pernas em volta de sua
cintura, seus gemidos ecoando em todo o mal iluminado quarto enquanto ele bombeava para
dentro e para fora dela.
—Thomas. Oh, Deus sim. Mais forte.

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—Você quer mais forte agora?— Apurou. Levantando seus quadris, estrelou contra sua
carne ao mesmo tempo, dando golpes profundos. Fechou os olhos e gemeu, amando a sensação
de cada novo impulso.
—É assim como quer?—, perguntou com arrogância, bombeando mais rápido, empurrando
mais forte.
—Sim. Oh, Deus sim.
Ele pegou uma de suas pernas, puxou-a por cima de seu ombro, e investiu com maior
rapidez. —E assim?
—Oh meu Deus.
Maya jogou a cabeça para trás com um gemido e chegou ao clímax convulsivamente.
—Toda minha—, ele rosnou. Thomas conteve seu clímax, com a sensação de não querer
terminar nunca. Golpeou a carne uma e outra vez enquanto fechava os olhos e se entregava à
sensação de bombear dentro dela.
Estava tão molhada que cada vez que estocava em seu interior, o som de sua carne sorvia
até seu pênis e fazia eco no quarto. Não demorou muito antes que ele não pudesse segurar mais
e com um impulso final, todo o seu corpo convulsionou quando ele jorrou-se profundamente
dentro dela.
Thomas caiu em suas costas, levando sua mulher com ele. Acariciando a fenda íntima entre
suas nádegas, ele segurou-a firmemente em silêncio.
Depois de muito tempo, Maya levantou a cabeça de seu peito e o olhou, com uma luz
brincando em seus olhos.
—O que estão pensando?— Murmurou.
—Que quero fazer novamente.
—Sim? Já?
—Mmm. Disse que iria tomar-me uma e outra vez esta noite... E logo outra vez pelo resto de
nossas vidas.
Em menos de um segundo estava de costas e o pagamento foi sua ereção dura entre suas
coxas.
—Ah, e farei. Será melhor que acredite.
Maya sorriu.
—De acordo com os livros de história viveremos até uma idade avançada. Acha que pode
mantê-lo duro tanto tempo?
—Por você, moça? Isso não será um problema.

Capítulo 17

Durante as semanas seguintes, Maya conseguiu evitar o assunto de onde ela e Sara vieram
completamente. Thomas trouxe-o à baila apenas algumas vezes, mas não pressionou quando ela

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disse que era muito doloroso para falar e que precisava de tempo para que as lembranças
desvanecessem.
Thomas podia entender isso. Sua esposa foi forçado a deixar tudo o que ela conhecia para
trás, salvo sua melhor amiga e o animal de estimação. Ainda assim, ele não poderia sentir pena
por isso e não mudaria esse fato, mesmo se pudesse. Mudá-lo seria perder sua Maya, e isso era
algo que ele não aceitaria.
Maya trouxe um lado de Thomas que ele não sabia que possuía, até que ela
apareceu,literalmente, em sua vida. Ela trouxe-lhe uma satisfação e uma leveza que ele se
alegrava.
Para a maioria, Thomas nunca revelou este lado de si mesmo a ninguém, exceto para sua
esposa. Embora Dugald dissesse várias vezes que Lady Sara comentou sobre o quanto mais feliz o
laird parecia. Esperava que isto só fosse notado por mulheres, pensou, porque não queria que
seus homens acreditassem que estava ficando suave.
Por tudo o que Maya deu, Thomas sentiu que devia dar-lhe o tempo que necessitava para
que as lembranças de sua antiga vida desaparecessem e deixasse de sentir tristemente perdida e
apática. Assim foi bastante inesperado quando sua esposa começou a falar do futuro por conta
própria. Claro, foi devido à tristeza de Lady Sara que Maya finalmente revelou mais disso.
—Não é que ela não te ama, Dugald, ela só está um pouco nervoso com o casamento tão
próximo e ter você. — Assegurou Maya ao comandante de armas do amor de sua noiva enquanto
tomava o café da manhã com ele, Thomas, e Argyle.
Dugald suspirou.
—Eu não entendo, milady. Ela fala da falta de seu pai e de querer que a leve ao altar. Eu
disse que enviasse uma mensagem para que ele venha, mas mesmo assim não aceitou. Acredito
que... — Ele balançou a cabeça com outro suspiro.
—Você acredita o quê?— Maya cravou.
—Acredito que ela teme que seu pai ache que se casou abaixo de sua classe. Eu sou um
cavalheiro, é verdade, mas não um com terras. Não posso…
—Não é isso, Dugald, eu garanto.
—Como sabe?
—Eu sei como pensa. É minha melhor amiga.
—Então, por quê?
Maya suspirou. Não era um lugar para contar a Dugald segredos de Sara. Isso era ela quem
deveria fazer.
—Está muito orgulhosa de você, Dugald, tenho certeza. Entretanto, sente falta de seu pai.
Ela e ele eram muito próximos. E tenho certeza de que ele sentirá muitíssimo saber que não pode
estar aqui para ver sua filha se casar. Não é que não queira convidá-lo, é que não pode.
Dugald passou os dedos pelo cabelo com agitação.
—Isso é o que diz milady, mas quando pergunto a razão pela qual não pode vir não diz !
Maya olhou para Thomas e percebeu que seu marido estava escutando atentamente.

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—Não posso revelar seus motivos. Cabe a Sara fazer. — Disse estas palavras enquanto
olhava a Thomas, dizendo sem palavras que não ia falar mais sobre o assunto.
—Talvez ela e o pai estão em desacordo neste momento, Sir Dugald. — Ofereceu Argyle em
uma explicação aparentemente razoável para o recente comportamento de Lady Sara, depois
continuou comendo.
—Não Argyle, ela jura que eles são tão próximos como um pai e filho podem ser!— Dugald
negou com a cabeça. —Não saber seus problemas me desgosta profundamente.
Maya respirou fundo. Esta situação só... Desagradava. Pobre Dugald, estava se culpando de
coisas que não podia mudar inclusive se soubesse o porquê disso. Ia ter que falar com Sara. De
uma forma ou outra ia convencer sua melhor amiga a se abrir para Dugald e confiar nele.
—Dugald, juro que falarei com ela e verei o que posso fazer. Mas por agora só terá que
acreditar em minha palavra quando digo que a tristeza não tem nada que ver com o casamento.
Ela te ama. Tenho certeza disso.
Dugald olhou para Maya durante um longo momento, em silêncio.
—Você sabe o motivo, não milady?
Maya olhou rapidamente para o prato e distraidamente estudou os alimentos nele..
—Sim—, admitiu em um sussurro, — eu sei.
—Então me diga isso.
—Eu não posso.
Maya prendeu a respiração, esperando desesperadamente que Dugald deixasse o assunto
por completo. Mas a dama da Sorte nunca se incomodou em ter amizade com Maya.
—Milady, tenho que saber que os sentimentos de Sara não mudaram. Tenho que saber que
quer se casar comigo. Como posso saber qual é seu problema?
Maya começou a irritar-se rapidamente tanto com Dugald como com Sara por tê-la posto no
meio. Cravou seu faisão com um golpe desesperado, querendo deixar esta conversa como uma
lembrança que uma vez foi.
—Dugald, juro que Sara te ama. — Agitou a mão com impaciência no ar. —Ela amava você
antes mesmo de conhecê-lo. Quando tudo o que tinha feito era ler sobre você. Isso é tudo que
precisa ser dito.
Os olhos de Maya se arregalaram, refletindo Dugald. Maldição, tinha dificuldade para
manter a boca fechada quando estava zangada! Piscou e balbuciou olhando rapidamente ao
redor, rezando para que Sara ainda estivesse em seu quarto.
Mas, é obvio, não estava. Maldita dama da Sorte.

Sara decidiu que passou tempo suficiente em seu quarto sentindo pena de si mesma. O que
estava feito, estava feito. Agora ela vivia no século XIV e nada poderia mudar esse fato. E ela
amava Dugald - desesperadamente. Ela queria dizer-lhe tudo, assim como Maya tinha confiado em
Thomas, mas não se atrevia a dizer as palavras.
—Oh Dugald, a razão pela qual meu pai não pode assistir a nossa cerimônia é porque não
nasceu ainda.

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Depois da Tempestade

Ela sorriu com sarcasmo. Como diabos alguém podia facilmente tocar nesse assunto com
delicadeza?
Sara caminhou rapidamente para o grande salão, o apetite baixava freneticamente. Mas
enquanto se dirigia ao salão para tomar o café da manhã com Maya a ouviu dizer:
— Ela amava você antes mesmo de conhecê-lo. Quando tudo o que tinha feito era ler sobre
você. Isso é tudo que precisa ser dito.

—Sara eu posso explicar ... — Maya levantou-se e retorcia as mãos enquanto fazia uma
careta diante do olhar de desprezo escrito no rosto horrorizado rosto de sua melhor amiga.
—Você disse. — Sara abriu a boca, estupefata. —Traiu-me.
—Não!— Declarou Maya enquanto sacudia a cabeça vigorosamente. —Não disse nada. Eu
juro !
—Traiu-me e mentiu!— Sara gritou com acusação. —Eu ouvi você dizer a ele que eu o
amava antes que eu o conhecesse, quando e só tinha lido sobre ele! Como isso poderia fazer
sentido para ele se você não lhe disse nós somos do futuro?
Com os ofegos chocados de Dugald e Argyle, Sara percebeu que havia acusado falsamente
sua melhor amiga. Maya realmente não disse a Dugald a verdade. Sara disse.
—Oh Deus, sinto muito, Maya! Deveria saber que nunca seria desleal, Mesmo se sua vida
dependesse disso!
Maya assentiu.
—Fiquei irritada e deixou escapar coisas que não deveria , mas eu nunca teria dito a ele. Eu
juro!
Thomas finalmente interveio, levantando a mão para silenciar as duas mulheres.
—Lady Sara, não tomarei como ofensa o que disse a minha esposa porque sei que fortes
emoções há atrás disto. Entretanto, já passou o momento de explicar tudo. Certamente não pode
fazer um anúncio como este, depois não falar mais disso?
Sara olhou para Maya, assentindo a Thomas, depois virou-se para Dugald. Ele e Argyle
estavam sentados na mesa boquiabertos, tão imóveis como estátuas de pedra. Sara juntou as
mãos, tentando falar, mas as palavras não vinham. Finalmente, ela virou o rosto para Maya, em
silêncio, suplicando em silêncio para que interviesse.
Maya captou a indireta e agarrou a mão de Sara. Ela a acompanhou até a mesa colocou em
seu lado habitual ao outro lado de Dugald, e sentou-se junto a Thomas.
—Thomas—, disse em voz baixa, — Por favor, assegure de que nenhum dos criados ou
soldados, exceto Argyle e Dugald é claro, entrem nesta sala até que você diga o contrário. Já
passou da hora de falarmos sobre isso ... juntos.
Thomas assentiu, então gritou sua ordem. Um escudeiro veio correndo da cozinha um
momento mais tarde, depois foi cumprir a ordem do Laird.
—Tragam mais cerveja antes de sair —, Maya chamou o moço com um sorriso. —Tenho a
sensação de que Sir Dugald e Argyle vão precisar.

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Depois da Tempestade

Capítulo 18

Pobre Argyle.
Era um pensamento que se repetia uma e outra vez na mente de Maya como um disco
quebrado quando ela contemplava o rosto afetado do pobre jovem. Ele não estava levando a
revelação de que ela e Sara viajaram 700 anos ao passado muito bem. Estava tentando, realmente
estava, mas parecia tão devastado que tudo o que Maya podia fazer para evitar saltar na mesa…
onde ele estava deitado tentando se recuperar, era consolá-lo com um abraço amigável. É claro,
seu marido nunca permitiria isso. E isso era o que impedia de dar consolo.
—Por favor, diga-me que está bem, Argyle. Você chegou a significar muito para nós e eu
gostaria de saber se Sara e eu não desgostamos—, Maya suplicou enquanto ela e Sara se
desdobravam de ambos os lados de seu rosto cinzento.
—Realmente, Argyle, — Sara o repreendeu. — Você está fazendo-nos sentir horríveis em ter
confiado em você
Thomas e Dugald estavam a alguns metros observando a cena com o cenho franzido. Se
outro tivesse estado ali como testemunha, teria sido rapidamente evidente que a nenhum dos
dois gostavam que as mulheres mimassem Argyle. É obvio, neste caso ambos sabiam que era
necessário cuidar do moço, já que não podiam culpá-lo por seu estado de choque. Entretanto...
—Argyle!— Gritou Thomas. —Acredito que segurou a saia de minha esposa bastante tempo,
moço. Recupere por você mesmo!
Em um primeiro momento, Maya ficou moderadamente irritada com brutalidade de seu
marido, mas como resultado, foi o impulso para a realidade que Argyle necessitava. O jovem
soldado se tornou imediatamente contrito, sentando-se sobre a mesa a toda pressa.
—Peço desculpas, milorde, — ele corou. —É muito para digerir em quase uma hora.
Thomas assentiu, mas não baixou o olhar.
O laird e Sir Dugald se dirigiram de novo à mesa e voltaram a tomar suas posições. Argyle
sacudiu a cabeça uma vez mais em confusão, em seguida, ergueu-se lentamente em seus pés,
como se provasse que eram o suficientemente resistentes para sustentá-lo. Satisfeito de que não
falhariam de novo, ele tomou seu assento. Ele correu os dedos pelos cabelo e soltou um suspiro
alto..
—Peço desculpas, Lady Maya e Lady Sara. Por favor, continuem.
As mulheres olharam para ele com cautela, perguntando se ele realmente estava preparado
para escutar algo mais do futuro.
Maya hesitou por um breve instante, e então voltou ao seu assunto.
—Então, como eu estava dizendo ... sim, é realmente possível para os homens a ir à lua. E as
mulheres também. Não podemos esquecer que no futuro aquilo que o homem pode fazer, uma
mulher pode fazer tão bem se não melhor. — Maya acrescentou com um aceno definitivo da
cabeça.

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Jaid Black
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Depois da Tempestade

Thomas bufou. Ele não tinha tanta certeza se gostava deste aspecto do futuro. Maya
chamava a palavra no Inglês de Tampa de igualdade. Thomas o chamava a palavra em gaélica da
Escócia de tolice. Entretanto, manteve esta última parte para si mesmo porque não queria que sua
mulher se incomodasse com ele esta noite, quando via condições para amá-la. Parecia que Dugald
não foi tão inteligente.
—Posso acreditar em muitas coisas—, disse Dugald, — mas não posso acreditar neste
assunto de que a mulher vá à Lua, lute nas guerras e coisas do gênero. É uma loucura.
Sara golpeou seu pé no chão.
—Bom, é verdade, Dugald. Não tem que ser um grande e um bruto corpulento para lutar,
sabe?
—De fato—, adicionou Maya com altiva indignação, — as mulheres são muito boas em
apanhar o inimigo corpo a corpo. Porque são menores, mais fáceis de camuflar atrás de uma
árvore ou do que seja.
Dugald levantou uma mão para silenciá-la.
—Rendo-me, milady. Não posso acreditar, mas dou-me por vencido.
—Está me chamando de mentirosa?
Dugald se ruborizou.
—Não, milady. Nunca faria isso.
—A lady Maya não mente.
Cinco rostos aturdidos olharam de acima a abaixo, à esquerda e à direita, mas nenhum pôde
ver quem fez essa afirmação. Argyle empalideceu uma vez mais enquanto ficava de pé e tomava
sua espada na mão.
—É um mago que fala milorde! Talvez seja Nick Arse, procurando sua mulher! Temos que
fugir! Não podemos lutar com o que não podemos ver!
Maya revirou os olhos. Havia alguém aqui, mas definitivamente não era um mago.
—Se acalme Argyle. Não há nenhum mago aqui. — Maya se baixou debaixo da mesa e tirou
Harold o Sotted dali. O homem cheirava a álcool. —Só há um menestrel aqui, literalmente,bebeu
debaixo da mesa.
Argyle suspirou com alívio, mas Thomas não teve absolutamente a mesma reação. Voou
para o lado de Maya, pegou um Harold o Sotted completamente surpreso pelo pescoço de sua
túnica, e o atravessou com seu olhar negro.
—Que parte da história de minha mulher você ouviu Harold?— Suas palavras foram
grunhidas com um inconfundível tom ameaçador.
Harold levou as mãos à cabeça, fazendo uma careta de dor já que a voz do laird causavas
ondulações através dele.
—Tudo.
Narinas de Thomas se moveram. Se esta história saísse, havia outros que possivelmente
acusariam sua esposa de bruxaria. Advertiu o trovador com os dentes apertados.
—Mas não repetirá, entendeu velho?

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Depois da Tempestade

Harold assentiu rapidamente, tratando de se libertar. O menestrel agradeceu a MacGregor


por sua compaixão, em seguida, virou-se para Maya.
—Asseguro que seus segredos estão a salvo comigo, milady. Afinal de contas, os viajantes
do tempo devem ficar juntos. — Lançou uma piscadela de entendimento, como se os dois
compartilhassem algum segredo íntimo.
Maya revirou os olhos, rezando por paciência. A última coisa que ela tinha vontade de fazer
era atender a imaginação hiperativa do bêbado da aldeia.
—Sim, é claro Harold, devemos. Agora vá embora daqui. Eu tenho muito a discutir com o
meu marido. — Jogou um olhar descontente a Thomas, suplicando em silêncio que fosse paciente
com o velho trovador.
Dugald pegou Harold o Sotted pelo braço para levá-lo, sem dúvida estava parcialmente
bêbado dos festejos das vésperas no grande salão, piscou dramaticamente uma vez mais a Maya
enquanto Dugald o afastava.
Maya passou seu olhar por Sara e riu com o desconcerto de sua amiga. Sara, obviamente,
achava Harold divertido. Bom, era divertido admitiu, mas do tipo incomodo, um bêbado. Maya
sorriu enquanto escutava Harold cantar para si mesmo enquanto era conduzido para fora do
salão.
Só reclinem e escutem a história
A história de uma viagem fatídica
Iniciou neste porto tropical
A bordo deste navio pequeno.1
Maya deixou de sorrir. Olhou para Sara e empalideceu.
—Oh, Meu Deus!— Gritaram juntas.
—Harold, Realmente esteve ali!— Gritou Maya.
—Dugald Traga-o de volta aqui imediatamente!— Exigiu Sara.
Thomas arregalou os olhos quando levantou a cabeça para estudar o rosto de sua esposa.
—Como sabem amor?
—Sim, Como sabem?— Argyle guinchou.
—Ele tomou muitas taças—, Dugald racionalizou, com os olhos.
Maya, no entanto, não se distraiu. Ela marchou até onde Harold o Sotted estava. Pôs as
mãos nos quadris e o olhou.
—Sabia! Maldição. Eu sabia que as infelizes canções que cantou em meu casamento eram da
melodia da Ilha de Gilligan! Você... Você... Infrator de direitos autorais!
Sara balançou a cabeça com uma risada.
—Grande maneira de mandá-lo ao inferno, Maya.
Maya virou-se para Sara e grunhiu.
—Pare com isto imediatamente—, exigiu Thomas com uma mão levantada. —O que é a Ilha
de Gilligan e o que tem a ver com o futuro?
Maya considerou a aparência confusa de seu marido por um momento e logo respondeu.
1
Primeira estrofe da canção da ilha de Gilligan.

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Depois da Tempestade

—Lembra-se do conto que contei da coisa chamada televisão?


—Sim.
—A Ilha de Gilligan é sobre este artefato. Harold só podia saber se ele tivesse estado ali.
Dugald e Argyle exclamaram, entusiasmados por este novo desenvolvimento. Maya voltou
toda sua atenção de novo para Harold o Sotted. Sorriu maliciosamente para ele.
—me chame de cética, doçura, mas preciso de mais provas.
Harold se queixou de dor quando se agarrou o crânio, sua ressaca piorava a cada momento.
Por fim, cedeu.
— Sim, milady.

Harold o Sotted lançou seus olhos de ida e volta para as duas damas. Ele devia parecer um
delinquente recentemente detido junto com detetives de polícia que estavam trabalhando
friamente a cada lado - igual a um desses programas de televisão do futuro, pensou.
—Eu estive lá quatro vezes até agora, milady. Fiquei ali durante quase um ano, mas voltei
para casa não pude encontrar as nuvens negras.
—Assim está dizendo que é possível viajar de ida e volta entre os dois mundos?—,
Perguntou Maya com emoção, sua mente já digerindo as possibilidades.
—Sim, mas não recomendo. Nunca se sabe quando as nuvens virão. Fiquei preso no tempo
cerca de um ano.
—Mas pode fazer?— Ela mordeu o lábio inferior.
—Sim.
Thomas balançou a cabeça e olhou com raiva para Harold.
—Acredito que é um história muito boa, mas poderia inventá-la só ao escutar minha esposa
desde debaixo da mesa. Não vai pedir mais prova que essa, esposa?
Maya ficou olhando seu marido distraidamente, depois inclinou a cabeça. Sorriu mais a
Harold.
—Ouviu doçura. É hora de jogar as vinte perguntas.
Argyle ergueu para aproximar da mesa.
—É um jogo do futuro, milady?
—Oh, sim— sorriu Maya. —Que comece o jogo.
Alguns minutos mais tarde, Maya apontou um assento ao lado de Thomas enquanto Harold
estava sentado do seu outro lado.
Cruzou os braços sobre seu peito e se preparou para conseguir a prova sobre o que Sotted
sabia.
A boca de Thomas curvou com ironia quando viu o olhar onipotente no rosto de sua esposa.
E não podia esperar que o jogo começasse como ela o chamou.
—Vamos começar pequena laird?
Maya sorriu para seu marido e voltou sua atenção para Harold. Podia ouvir Thomas rir
fracamente junto a ela. Decidiu ignorá-lo.
—Agora Harold, posso considerar que viu a televisão antes, não?

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—Sim.
—Demonstra. Diga-me algo que só outro viajante do tempo poderia saber.
Harold o Sotted olhou sonhadoramente enquanto coçava a barba. Sua cabeça estava
girando, sua mente cambaleando - um efeito colateral do deplorável estado de sobriedade, ele
decidiu.
—Bom, devo confessar, milady, que eu não pude ver grande parte dela. A Ilha de Gilligan eu
gostava,a linda Ginger poderia ter qualquer fantasia. Além desse programa, a televisão não me
chamou muito a atenção.
Maya procurou no rosto de Sara. Poderia dizer que sua melhor amiga estava só um pouco
mais convencida, assim como ela. Depois de tudo, não disse muito, mas sabia quem era Ginger.
Ele imaginou, Maya pensou com um suspiro. O homem era um pervertido.
—Por favor, continue Harold.
Harold tomou um gole de água que foi colocada diante dele. Assentiu enquanto se recostava
em seu assento, recordando com um sorriso outros tempos.
—Não me importou muito a televisão, mas era um ávido leitor de livros. Li todos os dias.
Maya se retorceu em seu assento com entusiasmo. Talvez ela e Harold tinham algo em
comum depois de tudo.
—De verdade, Harold? Quem você leu? Krentz? Joy? King?
Harold meneou a cabeça.
—Não, milady. Meus favoritos eram Hustler e Penthouse. Até mesmo deixei passar uns
copos algumas vezes quando tive moeda para comprar um ou outro.
Maya avermelhou. Baixou o olhar para seu colo, fazendo com que Argyle pressionasse por
mais detalhe.
—Hustler e Penthouse não são de seu gosto, milady?
—Não!— Ela fez uma careta. —É pura e absoluta porcaria masculina!
—Porcaria?— Thomas inclinou mais perto de sua esposa. Ela estava envergonhada,
obviamente, a respeito de alguma coisa, mas não tinha ideia do que era. —Que tipo de livros são
os livros de porcaria masculina?
Maya se agitou inquieta em sua cadeira. Thomas, sem dúvida encontraria sua resposta
impactante, mas...
—São livros que têm desenhos de mulheres nuas neles. As mulheres em geral se mostram
tendo relações sexuais com homens ou entre si.
Thomas assentiu, mas não disse nada. Maya sorriu enquanto observava o rosto do marido
por sua vez ainda mais escarlate do que o dela esteve.
Argyle, em troca, parecia profundamente extasiado pela possibilidade de ler tais
passatempos.
—Talvez trouxe um destes livros, Harold? Possivelmente eu poderia dar um rápido … —
Argyle grunhiu pelo beliscão que Dugald lhe deu. —Ou talvez não —, ofegou ele.

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Depois da Tempestade

Maya olhou a Sara que estava sacudindo a cabeça ausente e riu. Não podia aprovar o gosto
de Sotted pelas revistas, mas quem era ela para criticar? Além disso, o relato de Harold estava se
tornando em mais e mais aceitável para Maya enquanto os minutos passavam.
Bom, esteve no futuro. Mas Teria estado em Tampa? Ou talvez as nuvens o levaram a outro
lugar? Tinha que descobrir como trabalhavam as nuvens.
—Para que cidade você viajou Harold?
—A Tampa, milady, a mesmo que vocês.
Maya juntou as sobrancelhas, enquanto tentava pensar na maneira em que Harold poderia
provar sem sombra de dúvida que foi em Tampa onde viveu durante um ano.
—Bom, se esse é o caso, então deve conhecer grande parte de minha cidade.
—Sim. Conheci uma moça linda que me mostrou suas maravilhas.
Maya grunhiu. Apostaria que sim.
—Muito bem. Então, diga-me, por favor, qual é o nome do desfile que acontece ali todos os
anos? Um desfile no qual os homens da cidade se vestem como piratas e lançam moedas e colares
à multidão.
Harold franziu o cenho.
—Gasparilla.
Maya e Sara ficaram sem fôlego.
—É isso mesmo, Harold!—, Comentou Sara com entusiasmo. Juntou suas mãos e sorriu.
Maya olhou para o menestrel com curiosidade .
—Por que está zangado, Harold?
Harold deu um ronco alto quanto sua ira chegou à superfície. Levantou rapidamente de sua
cadeira, golpeando seu punho contra a mesa.
—Os senhores da Parada da Gasparilla me extorquiram, milady! As moedas não eram reais.
Descobri quando tentei trocá-las por uma bebida no lugar das maravilhas os sonhos que se torna
realidade.
Maya sorriu.
—O lugar das maravilhas e sonhos?
—Sim. — confirmou Harold com um olhar de assombro em seus olhos. —Era conhecido
como O níquel de Madeira.
Maya revirou os olhos. Sara riu. Thomas, Dugald, e Argyle ficaram perplexos.
—O níquel de Madeira?—, Perguntou Thomas.
Maya suspirou e balançou a cabeça.
—É um lugar em Tampa que tem centenas de diferentes variedades de cerveja, milorde.
—Centenas de variedades diferentes?— O grito de perplexidade e temor saiu em uníssono
do laird e seus dois homens.
Harold assentiu, com o olhar de um homem que tudo sabe no mundo asfixiando seus traços.
—O lugar das maravilhas onde os sonhos se tornam realidade, pode estar seguro.
—Centenas, — ecoou Argyle em um sussurro, — Há muito que esperar. E os livros. Por todos
os Santos, são...

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Depois da Tempestade

Maya levantou a mão para silenciar Argyle e suas reflexões. Deu um olhar para Sara,
pedindo que dissesse com a expressão se estava convencida. Com o gesto de Sara, Maya se dirigiu
a Harold, uma vez mais.
—Com tudo o que o futuro tem para oferecer, é uma pena que as mulheres nuas e a cerveja
seja tudo o que chamou sua atenção Harold. Entretanto, Lady Sara e eu estamos seguras de sua
veracidade. — Suspirou. —esteve realmente ali.
Dugald estudou Maya durante um longo momento antes de reagir a sua expressão
exasperada.
—Não posso entender por que isto não a faz feliz, Milady. Não se alegra ter encontrado
alguém que tenha compartilhado suas experiências?
Maya olhou para Harold pensativa antes de responder. Respirou fundo e voltou para seu
marido.
—O problema que vejo é este: agora que sabemos que é possível ir e vir entre os dois
mundos, o que fazemos com este conhecimento?

Capítulo 19

Thomas pairava sobre a cama e olhou para sua esposa, com as mãos em punhos cerrados .
Qualquer homem sensato sentiria um medo feroz se MacGregor o olhasse assim. Usava só o plaid
reunido ao redor de seus quadris, deixando seu peito nu e seus músculos tensos como cabos
muito visíveis. Suas narinas queimavam, sua respiração era forte e pesada, com os olhos como
fragmentos de ônix negro.
Maya recusou-se a estar com ele esta noite, fez o que Lady Sara chamou a lei do gelo desde
que ela saiu pisando forte do grande salão depois do interrogatório do menestrel.
A mulher realmente queria voltar para seu futuro. É claro que ele foi forçado a declará-la de
outra maneira! Ele não era tolo, afinal. Maya disse que só queria voltar com Sara para deixar tudo
bem e que voltaria na próxima nuvem negra que se dirigisse para a Escócia.
Thomas não queria correr riscos. Talvez sua esposa perceberia que amava seu clã de Tampa
mais do que ela chegou a amá-lo. Não, havia muito risco.
Maya não disse uma palavra a Thomas por sua negação gritada no grande salão. A maioria
dos maridos acharia este tratamento preferível à língua perversa de sua dama, mas não ele.
Preferia que ela gritasse e fizesse cara feia, pelo menos, então ele poderia saber a extensão da sua
raiva.
Thomas temia que o silêncio de Maya fosse uma tentativa de enganá-lo, fazendo acreditar
que eventualmente cederia a suas ordens, quando na verdade ela provavelmente estava
tramando agora mesmo como fugir dele. Assim, naturalmente triplicou sua escolta. Agora, três
soldados a seguiam em seus calcanhares em vez de só Argyle.

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Thomas bufou em triunfo. Ela pensou que poderia fugir dele, não é? Logo ela aceitaria que
nunca poderia fugir.
Maya estava na cama lendo um livro grosso de latim. Decidiu que, gostasse ou não, tratava
de um idioma que devia aprender a ler e escrever se ia viver aqui. Era o idioma utilizado por
escribas e eruditos e o único idioma em que praticamente todos os documentos estavam escritos.
Ela estava ciente da presença ameaçadora de seu marido sobre ela, mas ela se recusou a lhe
dar o benefício de torná-lo público. O bastardo tinha colocado guardas para ela! Cães de
vigilância! Isso era suficiente para fazê-la ferver.
Mas desta vez Maya fervilhava por dentro. Tomou uma decisão e se ateria a ela… não
reagiria a seu miserável marido e sua miserável ordem. Mas seria condenada antes que permitisse
pensar que poderia continuar fez antes e que decidisse trancá-la e jogar a chave fora.
Já era ruim o suficiente quando Maya foi condenada a não deixar o castelo sem Thomas
depois que vagou até a aldeia, mas agora ela não conseguia nem sequer caminhar através de sua
própria casa sem que os três homens tropeçassem com ela. Era um insulto muito grave para
deixar passar.
Sabia que estava além da fúria, muito furiosa para ter uma discussão racional com seu
marido a respeito de algo, no momento, por isso mordeu a língua e não disse nada. Ele podia
suportar mais que ela e conter em seu coração, mas não estava disposta a mover.
E porque ele estava furioso? Sexo! Ha! Ele estava agindo como uma criança que foi negado
seu brinquedo favorito.
O que mais incomodava Maya em toda a situação era que ela já havia mudado de opinião e
decidido não correr o risco de uma viagem ao futuro antes que Thomas jogasse tudo por terra
com seu espetáculo temperamento mais cedo e sua ordem de pôr mais guardas para vigiá-la. A
história estava clara em um ponto, o século XIV era onde Maya e Sara estavam destinadas a estar.
Até mesmo Sara concordou. Ela e Maya queriam enviar a alguém ao futuro, o mais provável
era que fossem Harold ou Argyle, para recolher algumas de seus pertences e que informassem ao
pai de Sara de seu destino, porque elas mesmas não podiam ir.
E se alguma coisa acontecesse e não pudessem retornar?
Não, não podiam se arriscar.
Tinham que encontrar alguém que pudesse ir, mas que não importasse ficar ali para sempre
se o destino desse uma reviravolta. É obvio, zangada como Maya estava com seu marido nesse
momento, não estava tão certa de que contaria sua decisão de não viajar ao século XXI pelo resto
de sua vida.
Mas por seu bebê - o bebê de Thomas, o bebê deles- não podia suportar a ideia de negar a
seu marido o direito de ter em seus fortes braços seu primeiro filho. Nunca vê-lo arrulhar e mimar
sua pequena criação, não voltar a ver a imensa satisfação que sabia que ele irradiaria só por olhar
seu filho... Não, não podia suportar.
Tampouco podia suportar, entretanto, o risco de que seu filho morresse ao nascer. Esta era
a Idade Média, depois de tudo e as taxas de mortalidade infantil eram astronomicamente altas.
Não era absolutamente estranho que um bebê morresse antes de viver um ano. Isso era mais do

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que Maya podia suportar emocionalmente. Especialmente se seu pequeno morresse de algo que
pudesse facilmente ser remediado no século XXI, como uma febre. Aturdiu ao pensar no bem que
um vidro de Tylenol poderia fazer neste mundo.
Talvez devesse tentar de explicar estas preocupações a Thomas. Talvez cederia e permitiria
que alguém do clã viajasse para o futuro se estivesse a par do bem que poderia trazer para seu
povo. Poderiam ter recursos que não estavam destinados a aparecer durante centenas de anos,
mas Maya não teve escrúpulos sobre a mudança do futuro se ia ser em benefício da humanidade.
Talvez devesse dizer a Thomas sobre o bebê. Nunca permitiria que o sofrimento e a morte
pudessem chegar sobre seu próprio filho, se pudesse evitar, afinal. O pensamento de Maya ficou
nessa ideia por um momento, então desprezou o assunto de sua mente por completo. De maneira
nenhuma podia dizer ainda! Provavelmente triplicaria ou quadruplicaria seus guardas se soubesse
que estava grávida.
Maya olhou para seu marido e pigarreou, saindo de sua estado de reflexão. O bruto foi
muito longe ao tirar o livro de suas mãos e fechá-lo com um estrondo retumbante.
—Se pode me dar atenção esposa, não poderá dar a ninguém, nem a nada, como é o caso.
— Thomas cruzou os braços sobre seu peito e olhou para Maya.
Maya levantou uma sobrancelha pela arbitrariedade de seu marido, mas não falou uma
palavra. Ele queria jogar o jogo de controle com ela, verdade? Bem. Podia jogar esse jogo.
Deu a volta para a parede, dando as costas a Thomas, e concentrou em dormir. Felizmente
para ela, os estágios iniciais da gravidez eram favoráveis à hibernação, então ela caiu em um sono
profundo em minutos.
Justo antes que fizesse, ouviu seu marido grunhir enquanto se metia na cama.
Em algum lugar do fundo de sua mente sabia que Thomas se rendeu e foi dormir, embora a
contra gosto.

Maya gemeu em seu sono, uma onda de prazer em cascata sobre ela. Sua mente
inconsciente não sabia o que estava sonhando, só que era agradável. Não queria despertar por um
longo, longo tempo.
Era tarde e a lua estava cheia enquanto Thomas pairava sobre o corpo nu de sua mulher.
Conseguiu tirar a camisa, sem que ela soubesse e rezava para que não percebesse do que estava
fazendo até que fosse muito tarde. Uma vez que sua paixão superasse sua ira, estava certo que
não lutaria contra sua união.
Ele precisava dela, esta noite mais que nunca. Toda a conversa sobre voltar para o futuro o
assuntou enormemente, fez reviver os temores de perder sua Maya que abrigou nas semanas
anteriores a seu casamento.
Passadas algumas semanas, depois de seu casamento, foi abençoado. Não brigaram nem um
pouco. Entretanto, agora voltaram a brigar. Ele poderia lidar com o argumento, mas ele não
conseguia lidar com o medo que derivava da causa desse argumento. Não podia perdê-la. Não
agora. Nem nunca.

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Depois da Tempestade

Thomas queria a segurança que só o pequeno corpo de sua esposa podia dar. Quando
estava dentro dela, sentia mais vivo que em qualquer outro momento. Era então e só então que
parecia seguro, sabendo que não iria a nenhuma parte.
Passou a mão sobre o ventre de Maya, sem parar até chegar ao ápice de suas coxas. Sua
outra mão sustentando seu pescoço posou seu cotovelo para ver o efeito que seu contato tinha
nela.
Ao momento em que seus dedos entraram em contato com a carne úmida de Maya, seus
mamilos responderam e endureceram, elevando-se para o céu iluminado pela lua. Thomas gemeu.
Era como se seus mamilos fizessem gestos, deixando saber que estavam ali e que queriam ser
chupados. Não pôde resistir.
Continuou acariciando a carne entre as coxas de sua esposa enquanto inclinava a cabeça
para capturar um mamilo em sua boca. Ele levou seu tempo, sabendo que ele poderia saborear
cada um durante o tempo que lhe agradasse, já que Maya estava adormecida a seu lado. Em geral,
sua esposa se tornaria selvagem e rogaria que a tomasse depois de chupá-la por poucos
momentos, por isso estava aproveitando desta exploração sem travas do corpo de sua esposa.
Seus mamilos se levantaram mais alto e mais deliciosos em seus seios do que percebeu, e o
conhecimento disso fez com que sua carne crescesse mais do que já estava. Tomou seu tempo
com cada mamilo, partido em direção à base do mesmo, lentamente, chupando todo o caminho a
cada extremo vermelho.
Um leve gemido saiu da garganta de Maya enquanto a pele úmida dos dedos de Thomas a
percorriam acariciando seus sucos com sua mão. Gemeu. Não podia suportar mais a tortura.
Thomas deu a cada um dos mamilos de sua esposa uma última e exaustiva chupada e depois
abriu caminho, em silêncio, para baixo da cama, para poder sentar em seus joelhos e entre suas
coxas. Abriu bem as pernas e começou a persuadir, com mais urgência, a protuberância de carne
escondida entre as dobras de sua condição de mulher. Sua esposa arqueou as costas enquanto
murmurava incoerências em resposta a seu toque. Thomas sabia que sua necessidade se
aproximava rapidamente, que de um momento a outro renderia-se se a seu clímax...
Os olhos de Maya se abriram enquanto gemia com o dito orgasmo. Despertou bem a tempo
para ver seu marido empalar-se em sua carne. Seus dentes estavam apertados, com a mandíbula
rígida. Ela gemeu de novo, pela visão e a sensação do grosso eixo de seu marido empurrando
dentro o suficiente para enviar seu corpo a todo o caos outra vez.
Thomas montou o corpo de sua esposa duro, golpeando em suas profundidades com golpes
possessivos. Olhou fixamente seus olhos todo o tempo, seus olhares nenhuma só vez se
quebraram.
Maya chegou até o peito de seu marido, a masculina sensação que nunca falhava por levá-la
a borda. Um som primitivo saiu da garganta de Thomas pelas sensações que produzia ao tocá-la.
Agarrou as duas mãos juntas atrás da cabeça, e colocou a si mesmo nela uma e outra vez.
Maya gemia em êxtase enquanto uma nova onda de prazer a golpeava como um muro. Era
surpreendentemente intenso, fazendo com que seu ventre se movesse em ferozes espasmos.

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Depois da Tempestade

Enquanto as paredes da carne ao redor de seu pênis começavam sem trégua a apertar em
torno dele, Thomas gritou o nome de sua esposa e derramou sua semente profundamente em seu
corpo.
Sem fôlego, agarraram um ao outro depois, sem falar, nem mover.
Em êxtase contente, ambos adormeceram.

Capítulo 20

A semana seguinte foi muito difícil para os MacGregor. Thomas, sempre com medo que
Maya fugisse dele se tivesse a chance, ainda tinha três guardas com sua esposa a todo momento,
e não só Argyle.
Suspeitava que sua esposa não se importava com esta nova mudança, já que nunca disse
nada. Na verdade, para seu desânimo, ela nunca dizia muito, com temperamento ou não. Ainda
recordava claramente sua reação quando disse que o número de seus guardas aumentariam. Os
olhos de Maya brilharam por um breve momento, depois inclinou a cabeça com resignação e
partiu. Esperou uma discussão, não houve nenhuma. Ouch, mas a mulher deixava suas emoções
em caos.
Thomas tomou seu banho, em seguida, desceu para participar das atividades da noite. Antes
de casar, nunca se incomodou em banhar antes da última refeição do dia, mas sabia que sua
esposa nunca iria para ele com paixão se não o fizesse. Agora se banhava regularmente, contra a
doutrina da igreja ou não.
—Boa tarde, esposa.
Maya se encontrou com seu olhar e sorriu com serenidade, muita serenidade.
—Boa tarde, milorde.
Thomas lançou um grunhido. Ela sorria, sim, mas era como se seus olhos estivessem olhando
através dele.
—Como foi seu dia?
—Bem. E o seu?
—Bem.
Maya assentiu, em seguida, pegou a taça de leite de cabra. Deu um pequeno gole antes de
colocá-lo da mesa.
Thomas suspirou.
—Onde estão Sir Dugald e Lady Sara?
Maya encolheu os ombros.
—Não saberia dizer.
—Não sabe ou não quer?

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Depois da Tempestade

—Eu não sei onde eles estão, Thomas, — anunciou em tom razoável, desprovido de
qualquer emoção. —Não sou seu guardião. — Ela espetou uma fatia de queijo e levou-a
lentamente aos lábios.
O resto da refeição transcorreu em silêncio. Maya acabou rapidamente os alimentos em seu
trencher* e então se levantou e pediu permissão para retirar. Ele grunhiu sua aceitação e indicou
com um movimento de pulso que sua mulher podia ir para o quarto.
Thomas pegou uma caneca de cerveja e se retirou para o seu lugar favorito ao lado da
lareira no salão grande. Sentou com um suspiro dramático e esfregou as têmporas enquanto
observava o crepitar das chamas. O fogo era quente e estava cheio de vida… igual estava
acostumado a ser sua mulher.
Soltou um grunhido. Thomas precisava pensar na maneira de devolver o fogo nos olhos de
Maya.
Rapidamente.

O Natal chegou e passou sem muito alarde. Porque o laird ainda estava apreensivo sobre
deixar alguém entrar no castelo até que Robert MacAllister fosse capturado, não permitiu que os
habitantes da aldeia entrassem na festa como sua esposa desejava.
Tampouco permitiu que os artesãos se aventurassem no interior para que pudessem ajudar
a decorar. Ela quis celebrar a tradição de acordo os costumes de seu próprio clã, por isso declarou
que no próximo ano seria diferente.
Thomas não se incomodou em explicar suas razões para dizer não este ano, simplesmente
disse que não. Para sua decepção e irritação, ela não perguntou sobre o porquê disso. Limitou a
assentir e se afastou.
Thomas pensou em tentar melhorar o ânimo de sua esposa com presentes. Para Natal, lhe
deu as mais finas sedas, fitas, renda, e três peças ornamentais de joalheria que foram adquiridas
de novo na feira Hamilton, mas que as manteve guardadas para esta ocasião.
Maya ficou satisfeita com os presentes, todos que Thomas juntou. Assombrou sobre tudo
com os bonitos materiais que comprou para fazer vestidos. Mas ainda assim, o brilho não estava
em seus olhos. Foi para a cama cedo cada véspera, alegando que estava muito cansada para
manter os olhos abertos.
O dia depois do Natal, Thomas voltou a reduzir o tamanho do guarda privada de Maya de
três a um. Mais uma vez, ele sabia que sua esposa ficaria satisfeita com esta decisão, mas
novamente ela apenas sorriu, acenou com a cabeça, e fingiu fadiga.
Ele estava perdendo a paciência e sem importar muito o sentimento. Como faria para sua
Maya a amá-lo como antes? Como é que ele colocaria de volta o fogo em seus olhos?

—Vejo canecas de cerveja e levanto canecas, milady.


Maya soprou a Harold. Não havia maneira que ele fosse ganhar a mão. Seus lábios se
curvaram com ironia enquanto considerava seu novo companheiro de pôquer.
*
Trencher:Uma placa de madeira ou travessa em que o alimento eram servidos.

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Depois da Tempestade

—Tem certeza de que quer aumentar as apostas, Harold?


O menestrel arqueou uma sobrancelha cinza a sua lady enquanto se inclinava para trás na
cadeira. Cruzou os braços sobre seu peito e sorriu triunfante.
—Não há suor.
Maya sorriu.
—Isso é sem suar, Harold, não sem suor.
Agitou a mão com impaciência no ar.
—O que seja.
Maya riu. Ela estava apreciando cada vez mais o velho menestrel MacGregor. Ele acabou
por ser um homem bastante divertido, nada de mau caráter. E, claro, ele tinha conseguido trazer
ao passado um jogo de cartas como lembrança do futuro, pelo qual ela estaria eternamente
agradecida a ele.
Sem Harold e Argyle, Maya teria enlouquecido durante as duas últimas semanas de seu
confinamento. Agora ela estava de volta com apenas um guarda, em determinado momento, um
escudeiro chamado Gilfred que a seguia a todas partes enquanto Argyle estava treinando com
Thomas. Pelo menos sempre que ela não estava à vista de seu marido.
Thomas ainda se recusava a deixar Maya vagar além das portas do castelo, e para seu pesar,
também manteve seus arrogantes motivos para si mesmo. Ela suspeitava que era porque seu
marido ainda não confiava nela, entretanto e, saber, era pior que outra coisa.
A diferença impostas entre marido e mulher nos últimos tempos ocorreu,no entanto, com o
assunto do século XXI. Ou, melhor dizendo, pela falta de conversa a respeito. Thomas
simplesmente se negava a falar do assunto e saía de qualquer sala em que estivesse se o assunto
fosse abordado em sua presença.
Thomas e Maya estavam se comportando… quase… civilizadamente durante o dia, mas a
tensão entre eles era o suficientemente tensa para cortá-la com uma faca. Maya esperava que
fosse só uma questão de tempo antes que seu marido permitisse discutir o futuro de novo com
ele. Logo depois disso, finalmente poderia ser capaz de sugerir sua ideia de que um dos homens
MacGregor poderia ser enviado ao futuro para recolher as posses que considerava necessárias,
assim para recolher o pai de Sara para seu casamento. Uma vez que ela ficaria aqui, devia ser
capaz de transportar alguns medicamentos de volta há este tempo, pelo menos.
Maya já discutiu este plano com todos os detalhes com Harold e Argyle e ambos estavam
ansiosos por ser os escolhidos. Ela se mostrou cética com os homens em algum grau, mas por
outro lado, confiava neles mais que em qualquer outro. Seus temores eram pequenos,
corriqueiros no melhor dos casos, mas não menos persistentes.
De Harold, temia que uma vez que chegasse ao futuro, fosse esquecer sua missão e se
dirigisse ao lugar onde as maravilhas e os sonhos se tornam realidade— De Argyle, temia tomasse
o gosto às revistas de garotas ou bar nudista e nunca quisesse voltar. Ainda assim, Maya percebeu
que alguém tinha que ir. E Thomas não duvidaria em atá-la até que fosse velha e decrépita antes
que permitir que esse alguém fosse ela.
Argyle pôs suas cartas para baixo com um palavrão e um gemido.

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Depois da Tempestade

—Temo que devo me retirar. Não posso seguir com esta mão, sinto muito.
Maya riu.
—Argyle tem muito que aprender, moço. Não se lembra da lição sobre blefar.
Argyle ficou com o rosto vermelho e olhou para a mesa.
—Não me sinto bem mentindo, milady.
Harold revirou os olhos e grunhiu.
— E você quer viajar para o futuro para fazer os assuntos de nossa lady em meu lugar?— Ele
soprou. —Eles o comerão vivo, rapaz.
Maya escondia seu divertimento sobre o aspecto descontente que asfixiava o rosto de
Argyle. Sabia que ele estava envergonhado, mas chamar a atenção sobre esse fato só pioraria as
coisas. E, além disso, Harold tinha razão. Mesmo se um menino no século XIV se considerava um
homem aos dezoito anos, Argyle ainda era muito ingênuo.
Entretanto, a diferença de Thomas ou Dugald, não importava ver o futuro absolutamente, e
menos importava que Argyle realmente quisesse vê-lo. E quanto mais Maya pensava sobre seu
plano, menos gostava da ideia de enviar um só homem. Depois de tudo, se Harold ou Argyle se
decidiram que estavam dispostos a arriscar essa possibilidade, dois teriam alguém de sua própria
época ao lado, era a melhor ideia. Maya teria se tornado louca sem Sara aqui para apoiá-la.
Suspirou. Argyle realmente tinha que aprender uma coisa ou duas antes que o deixassem
solto no século XXI.
—Na realidade não é o mesmo que dizer mentiras, quando se espera, Argyle. É um jogo. Se
não fosse uma jogo, eu poderia concordar com você.
Argyle avermelhou
— Não sou um bom companheiro de pôquer como Sotted, não é?
—É claro que sim! Só que não tem a prática que Harold e eu temos. Deve continuar jogando.
Argyle sorriu, satisfeito, mas balançou a cabeça.
— Eu adoraria senhora, mas temo que não posso pagar a aposta de novo. Se perder a
próxima mão, não terei cerveja com meu jantar.
Harold suspirou concordando.
—Isto é bem verdade, nossa lady é implacável com as cartas. Eu estive sóbrio pelas noites já
há quase três dias. — Franziu o cenho, mostrando seu extremo desagrado sobre este fato. Olhou
para Maya e levantou uma sobrancelha. — Quase poderia acreditar que Lady Maya está fazendo
seu melhor para manter o menestrel longe de seus copos.
Maya lançou rapidamente o olhar em direção a Harold, um olhar de surpresa. Ele a leu como
um livro aberto. —Eu... hã... Eu...
Harold riu.
—Está tudo bem, milady. E você está no certo. Não posso estar bêbado o tempo todo.
Maya ficou boquiaberta de espanto. Não pensou que Harold cederia tão facilmente.
—Não é brincadeira, é?
—Não.
—Então você vai desistir?

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Depois da Tempestade

—Sim.
Ela piscou.
—Só sim?
—Sim.
Maya o olhou atônita, mas feliz. Ela reuniu suas cartas e riu alegremente.
—Mas então como vamos chamá-lo se não toma suas taças mais? Não poderíamos
continuar referindo-se a você como Harold o Sotted.
Argyle e Harold riram alegremente.
—Talvez podemos chamá-lo de Harold o Unsotted!— Argyle sugeriu com um sorriso com
covinhas.
—Ou Harold o Sóbrio—, adicionou Maya com uma piscada perversa.
—Não— riu Harold, de repente com o tom grave. —Continuarei sendo Sotted.
—Mas por quê?—, Perguntaram Maya e Argyle juntos.
Harold encolheu os ombros.
—Como um aviso. — Olhou para seus amigos e sorriu. —Um aviso do que era e um aviso do
que não voltarei a ser.

Uma hora mais tarde, a lição de Argyle sobre — blefar—, continuou a um ritmo exaustivo.
Maya ensinou todos os pontos finos de blefar com os olhos e Harold ensinou a usar a linguagem
corporal para colocar um oponente suficientemente nervoso. Desta vez, entretanto, as apostas
eram fatias de queijo e as porções extras de guisado de cordeiro. Já não parecia correto jogar por
cerveja, com a sobriedade recente de Harold em jogo.
Sara era uma jogadora de pôquer malditamente boa e quando Maya considerou esse fato,
quis ser capaz de convencer sua melhor amiga a jogar uma mão ou duas. Mas ela não queria. Em
troca, Sara estava fazendo uma lista, justo como fez desde que Maya informou de sua decisão de
falar com Thomas para o envio de um homem para o futuro para trazer de volta o pai de Sara,
entre outras coisas. Isso fazia quase uma semana.
Maya percebeu que Sara estava se tornando compulsiva nos últimos dias devido ao fato de
que sua querida amiga estava preocupada. Porque ainda que Maya fosse capaz de dissuadir
Thomas de sua rígida postura e ele permitisse um homem ir, ainda poderia resultar uma
empreitada descabelada. Quebraria o coração de Sara se as nuvens não chegassem, se Harold ou
Argyle não pudessem chegar ao futuro. Ou pior ainda, se chegassem ali e nunca pudessem
retornar.
—Eu vejo você*, Argyle. — Maya falou com ele em Inglês de Tampa, satisfeita de que ele
estivesse aprendendo rapidamente e tão bem.
Argyle sorriu. Moveu sua mão para a mesa e soprou sua resposta no mesmo Inglês de
Tampa.
—Olhe isto e chore milady.
Maya sorriu abertamente.

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Jaid Black
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Depois da Tempestade

—Muito bem feito, sabe? Você realmente fez isso. Um Full house* Argyle, muito
impressionante..
Argyle ergueu tão reto como uma flecha e com orgulho para Maya e Harold.
—Sou o que vocês poderiam chamar ‘Mau até os ossos’.
Maya e Harold riram, e a conversa voltou para gaélico.
—Dará a oportunidade de recuperar essa parte de queijo? —Perguntou Maya.
Argyle considerou a opção por um momento.
—Não! Sei quando me retirar.
—É mais sábio do que parece, moço. — Adicionou Harold no final enquanto se levantava. —
Vou para meu quarto para uma sesta. Verei vocês na hora do jantar.
Maya e Argyle disseram adeus e depois ficaram cara a cara um com o outro. Ela jogou seus
cabelos soltos sobre os ombros e riu.
—Sempre podemos apostar outra coisa, doçura.
Argyle arqueou uma sobrancelha.
—Por exemplo?
Maya sorriu maliciosamente ao jovem.
—Liberdade.
—Liberdade?
—Uh huh. Se você ganhar, eu vou não vou lhe causar nenhum problema durante um dia
inteiro e vamos fazer somente as coisas que você considera divertido. Mas se eu ganhar, então
você tem que esgueirar-me para o lago para que eu possa desfrutar de um passeio agradável.
Argyle corou. Não queria decepcionar a sua senhora, mas não tinha desejos de morrer nas
mãos do laird tampouco.
—Milady, acredito que não é uma boa ideia. Milorde não me deixará viver para ver outro dia
se a tirar do castelo.
—Mas ele não teria que saber.
—E se ele descobrir o que fizemos?
—Ele definitivamente descobrirá .
Maya congelou. A última declaração não foi pronunciada por Argyle, mas sim pelo último
homem que esperava ver durante esta conversa. Virou-se lentamente, um sorriso que esperava
que fosse visto como encantada em seus lábios.
—Olá, Thomas. Não o ouvi entrar.
Thomas olhou para sua mulher com olhos entrecerrados. Sua ira era tão evidente que até
mesmo Maya engoliu em seco quando o olhou. Bom, disse, é conveniente que uma mulher tema a
ira de seu marido. E, neste momento, a fúria era a única emoção que morava em seu corpo
enfurecido.
—Vamos para nosso quarto. Agora.

*
Uma das jogadas no jogo de Pôquer. Full House or Full Hand Uma trinca e um par, caso de empate ganha o
jogador com o trinca mais alta, caso permaneça o empate ganha aquele com o maior par, caso permaneça o empate o pote é
dividido.

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Depois da Tempestade

Maya assentiu. Thomas estava comportando assustadoramente. Estava muito calmo, muito
controlado, completamente assustador. Não havia maneira de que fosse discutir com ele nesse
estado. Ela levantou-se, Argyle lançou-lhe um olhar de desculpa, e caminhou rapidamente,
passando ao lado de seu marido, e saiu pela porta.

Capítulo 21

Thomas sentou-se na sua cadeira junto à lareira, uma caneca de cerveja na mão. Ele olhou
para o crepitar do fogo, olhando as chamas que pulsavam de ida e volta. As brasas dançavam em
uma tela quente vermelha, amarela e laranja. Era bonito. E fascinante. Mas não dava respostas.
Ele suspirou. O que ia fazer?
Ele enviou sua esposa para seus aposentos fazia bastante tempo. A princípio, sua intenção
foi segui-la logo depois, só dando a Maya o tempo suficiente para se preocupar com seu castigo, e
então fazer sua aparição e fazê-la chorar com suas palavras abrasadoras. Talvez até mesmo a teria
sobre seus joelhos desta vez.
Tornou-se evidente a Thomas antes de Maya chegasse à escada, que não estava de humor
para ir até ela nesse momento. Ele temia o que diria, o que punições daria. Sabia que era
realmente necessário se acalmar antes de ir a seu quarto.
Assim, ele passeou pelos corredores por mais de duas horas e logo se instalou na cadeira
por outra. Pensando muito e três canecas de cerveja mais tarde, ainda não estava de humor para
ver sua esposa.
MacGregor já sabia o que aconteceria se fosse. Nada bom poderia resultar disso. Haveria
palavras, ele perderia a paciência, Maya perderia a dela, ele a castigaria com mais restrições que a
fariam estar mais abatida e ele gostaria ainda menos, se isso fosse possível… e seu casamento
estaria em um estado ainda mais deplorável do que já estava.
Havia bastante tensão entre os dois. Maya era agradável quando ele passava junto a ela ou
quando a comprovava na sala durante o dia. Sim, era civilizada, mas isso não era mais que um
favor que lhe concedia. Era só durante as noites em que ele manipulava seu corpo para levá-lo a
um estado de necessidade onde sua esposa se agarrava a ele, chamando por seu nome entre as
exclamações de amor como estava acostumado a fazer. E mesmo isso perdeu sua comodidade.
Maya já não ia para ele nas noites por vontade própria, já não roubava beijos durante o dia.
Ele queria isso uma vez mais, necessitava mais do que percebeu. Não se podia enganar mais a si
mesmo ao acreditar que era suficientemente bom que o aceitasse quando assaltou seu corpo
fazendo-a desejá-lo enquanto dormia sem dar conta. Não, ele precisava de sua obstinada,
travessa e apaixonada esposa de volta, e precisava dela quando estava acordada.
Maldição, A mulher nem sequer discutia mais com ele! Ultimamente, quando dava uma
ordem que sentia que não gostava, Maya não fazia mais que suspirar e acatá-la. Thomas não sabia
o que sua aceitação significava exatamente, só que não podia ser um bom sinal de felicidade

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Depois da Tempestade

futura. Se ele tivesse quebrado o seu espírito? E se tivesse esmagado sua vontade
completamente? Estremeceu diante do pensamento. Essa nunca foi sua intenção.
Seu objetivo a longo prazo foi duplo: manter sua esposa em seu próprio tempo longe de seu
futuro e, o que era mais importante, mantê-la a salvo de qualquer pessoa que lhe fizesse mal.
Robert MacAllister em particular.
O MacAllister continuava vagando em liberdade. Thomas enviou patrulhas cinco vezes desde
que o laird rival concebeu uma tentativa fracassada de roubar Maya sob seu nariz. As cinco vezes
foram em vão. Se o homem se encontrava ainda na região, estava se escondendo. E não havia
forma no céu, inferno ou purgatório, que Thomas relaxasse sua guarda e deixasse sua esposa
perambular enquanto Robert não estivesse morto.
Maya não entendia que tudo o que ele fez foi em nome de seu amor por ela? Não percebia
que preferia morrer aqui e agora que viver um dia sem sua esposa?
Não, não sabia. Ou talvez soubesse e simplesmente já não importava.
Thomas suspirou. Orou para que a verdade fosse a primeira explicação, mas temia além da
razão que fosse a última.

Capítulo 22

Maya se revolvia em auto-piedade e com não pouca apreensão quando se sentou


estoicamente em seu tamborete de banho e esperou que Lena terminasse de lavar seu cabelo.
Lena estava conversando a respeito de Argyle, como era costume da garota desde que soube
que Maya sabia de seu amor por ele.
Maya fingia interesse, assentindo de vez em quando, quando parecia apropriado, mas sem
dizer nada. Culpou seu marido por seu lamentável estado de desinteresse. Normalmente, gostava
que Lena tagarelasse sobre Argyle, mas hoje não podia se concentrar no que sua criada estava
dizendo.
—Pode acreditar nisso, milady?
Maya piscou rapidamente, logo torceu o pescoço para olhar para a Lena.
—Huh?
Lena riu enquanto continuava seu trabalho com o sabão de pétalas de rosa através do
cabelo de sua lady.
—Não é nada, Milady. Eu só estava dizendo como Argyle esteve quente ontem quando me
convidou para caminhar com ele pelos jardins, tão congelados como estavam. — Lena suspirou.
—Foi realmente romântico.
Maya sorriu. Pela menos alguém no castelo tinha um romance nestes dias. Sara e Dugald
brigavam mais do que se amavam, embora Maya soubesse que era só pelo desejo de Sara ter seu
pai levando-a até o altar e a negativa de Dugald em permitir que Sara fosse de volta para o futuro

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Depois da Tempestade

para trazê-lo. Sara ficou fortemente zangada por um tempo, refletiu Maya. Não podia recordar a
última vez que viu sua amiga tão fora de si.
E ela e Thomas? Ha! Agora eram um caso lamentável de romance a considerar. Apenas se
falaram nas últimas duas semanas, provavelmente porque nenhum dos dois queria quebrar a
frágil trégua que tinham desde que seu marido explodiu e, como Dugald, negava-se a permitir que
Maya falasse do futuro.
—Não têm necessidade disso, moça—, Thomas disse mais de uma vez, — O Castelo
MacGregor é seu lar agora e deve dissipar esses pensamentos.
Ao qual, estranhamente Maya havia só suspirado e cedido a seus desejos. Estivesse ou não
de acordo com ele não vinha ao caso.
Maya queria como o inferno ainda possuir força para dar a Thomas uma boa briga, mas não
a tinha. Ultimamente, o bebê a estava deixando muito cansada para se mover, e muito menos
gastar um sopro em discussão. Sabia que a fadiga era muito comum no primeiro trimestre, por
isso sua necessidade constante de dormir não a preocupava. Entretanto, a falta de energia era
ruim, estava segura. Ela mal podia esperar até que deixasse seu primeiro trimestre para trás e
voltasse para seu nível normal de lucidez mental. Então encheria profundamente de críticas os
ouvidos de seu marido.
Maya flexionou os músculos de suas costas, se esticou com um bocejou.
—Milady meu Deus! Saia desta banheira e sente junto ao fogo para secar seu cabelo. E logo
poderá tirar uma sesta. É bom para a criança MacGregor.
Os olhos de Maya se arregalaram com surpresa. Mas antes que pudesse perguntar a Lena
como sabia de sua gravidez, um balde de água foi jogado sobre sua cabeça para enxaguar o sabão
de seu cabelo.
—Não se preocupe, não direi a ninguém, — prometeu Lena em um tom reconfortante. —
Guardarei seu segredo até que você e meu primo, o laird, queiram tornar público.
Maya fez uma careta. Obviamente, sua criada pensava que Thomas já estava informado da
situação. Quase disse a verdade a Lena, mas pensou melhor. O que aconteceria era Lena ser
castigada por manter o conhecimento de seu filho escondido dele.
Maya não tinha vontade de ouvir isso. E, além disso, Lena e Thomas raramente se viam . Não
era como se tivesse medo que seu marido soubesse sobre seu filho por sua prima.
Maya secou a água de seus olhos e levantou-se para ir sentar-se junto ao fogo.
—Mas, como soube?
Lena encolheu os ombros.
—Vejo seu corpo nu à luz todos os dias, milady. Foi bastante fácil notar as mudanças.
—Por exemplo?
Lena sorriu.
—Seus seios estão maiores.
Maya riu.
—Suponho que deveria estar agradecida que sejam meus seios em vez de meu traseiro.
—Milady!— repreendeu Lena com o rosto vermelho que fez Maya rir.

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Depois da Tempestade

Dez minutos mais tarde, Maya ronronou de prazer quando Lena passou o pente por seu
cabelo. O suave toque da Lena parecia como maná do céu. Entre o calor do fogo e o calmante
trabalho de Lena em seu cabelo, Maya sabia que estava a poucos minutos da sesta.
Sorriu diante da ironia de tudo isto. Devia se preocupar com as novas vinganças que Thomas
teria com ela depois de escutar seu acordo com Argyle. Deveria estar preocupada, sim, mas seu
bebê fez o contrário. . Estava felizmente esgotada.
Thomas ia estar zangado quando viesse, sabia e aceitava como um fato. Maya suspirou.
Quando as coisas voltariam para a normalidade entre eles? Quando ele confiaria nela o suficiente
para saber que não ia deixá-lo? Quando confiaria suas preocupações a ela? Quando? Ora! Qual era
o ponto? O homem era muito teimoso e arrogante. Entretanto, era o único homem que poderia e
amaria sempre. A rixa entre eles a estava matando.
—Vamos milady, — Lena sussurrou enquanto a ajudava Maya gentilmente a ficar de pé. —
Vamos para cama.
Maya assentiu muito cansada para pensar, muito cansada para combater a decisão de sua
criada. Sim, Lena tinha razão. O sono era justo o que precisava. Mais tarde, Maya poderia pensar
na maneira de arrumar as coisas entre ela e seu marido. Mais tarde encontraria a energia para
fazer ver as coisas de seu ponto de vista. Mais tarde. Por agora não havia mais que um delicioso
sono.
Lena levou Maya à cama, afastou os lençóis, e delicadamente depositou a sua lady. Ela
estava nua, como era o costume. Lena cobriu-a com a coberta até o queixo e silenciosamente se
foi para a porta do quarto. Deu uma olhada rápida de volta à cama antes de sair e sorriu para si
mesmo enquanto via que lady MacGregor já estava dormindo.

Thomas subiu a escada com longas passadas e disposto a falar com sua esposa. Ainda estava
zangado e, provavelmente, estaria por bastante tempo, mas precisava vê-la. Encontrou com Lena
na sala e acenou desejando bom dia, ao que a criada de sua mulher respondeu com um precavido:
shhhh.
Thomas levantou uma sobrancelha. Estava o doce temperamento de sua prima chegando a
ser tão descarado como o de sua dama?
Sempre atenta, Lena notou a careta no rosto do laird e ficou contrita imediatamente.
—Perdoe-me, milorde primo, — ruborizou. —É só que milady acaba de dormir. Está tirando
um cochilo.
Cochilo? Não soava como Maya, uma bola ilimitada de energia que ela era, não era uma
preguiçosa nas horas do dia.
Ou não? Thomas lançou um grunhido. Era evidente que sua lady o estava evitando.
—Ela dormirá mais tarde. Vou falar com ela agora.
Lena se ergueu completamente , negando-se a mover de seu lugar entre o laird e a porta do
quarto.

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Depois da Tempestade

—Espero que não me desterre para cozinha por dizer isto, mas temo que não pode
incomodá-la. Ela precisa dormir, sim. Não há necessidade de despertá-la agora quando pode
grunhir mais tarde.
Thomas jogou a cabeça para trás com atenção. A pequena estava se tornando tão mandona
como sua dama! E pior ainda, quase obedeceu Lena e caminhou de volta para a escada com o
rabo entre as pernas. Isto não podia ser! Ele era o MacGregor!
Thomas abriu a boca para dizer algo à garota, mas apanhou sua ira no momento preciso. Ela
estava só protegendo Maya na forma que podia. E, além disso, Lena era uma boa garota a maior
parte do tempo.
Entretanto, tinha que fazer saber que MacGregor não se prestaria para ser contrariado.
—Lena, não tenho nenhuma intenção de grunhir para minha esposa— o que era uma
mentira, se alguma vez ele disse uma... —E mesmo se assim fosse não podem interferir. Não
acha, garota?
O rosto de Lena se ruborizou quando voltou seu olhar envergonhado ao chão.
—Sinto muito, primo—, sussurrou com voz castigada. —Não quis desgostá-lo.
Thomas lançou um grunhido.
—Já sei moça. Agora vá. Levarei em conta seu conselho e deixarei minha esposa dormir. Só
quero ver como ela está. — Sorriu preguiçosamente. —Vou grunhir mais tarde.
Lena corou novamente, em seguida, assentiu.
—Obrigada, milorde. Eu sabia que era bom. Além disso, — acrescentou com um sorriso doce
com covinhas, ― dormir é o melhor para sua esposa e seu filho.
O rosto de Thomas ficou tão branco como o rosto da Lena era vermelha.
—Meu o quê?— ele quase gritou.
Lena confundiu sua surpresa com raiva e empalideceu. Levou a mão à garganta em um
gesto nervoso.
—Não... ... Não sabia?— Sussurrou, recordando a Thomas por seu tom de voz que precisava
se acalmar de novo.
—Não, não sei!
—Oh, Meu Deus!
Lena o olhou suplicante nos olhos e pediu para não dizer a Lady Maya que contou seu
segredo.
—Só assumi que sabia por Milady Maya, já que nunca disse o contrário. Oh, por favor, não
diga que foi por mim que soube. Ela nunca me perdoará!
Thomas balançou a cabeça em perplexidade. Um filho? Seu filho? No ventre de sua dama?
Sorriu enquanto um sentido de paz e alegria se estendia por seu corpo.
—Não vou dizer moça. Têm minha palavra. Agora se apresse.
Lena assentiu enfaticamente e fugiu para o corredor.
Thomas observou sua prima descer pela escada à velocidade de um raio. Respirou
profundamente e se aproximou da porta de seu quarto.
Um filho. Seu filho.

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Depois da Tempestade

Thomas sorriu. Ele ia ser pai.

Maya despertou lentamente, com o atordoamento que experimentou frequentemente nos


últimos dois de meses ainda puxando. Tinha suficiente sono para ficar na cama pelo resto da
noite, mas a fome em seu ventre exigia o contrário. Ela precisava de comida, e muita.
Com os olhos ainda fechados, Maya sorriu para si mesma enquanto considerava o que teria
para o jantar. McDonalds.
Mmm, sim — um Big Mac, meio frito— não muito cozido, um milk-shake de chocolate
espesso para lavar as alimentos salgados, e depois uma coca gelada para lavar para baixo o milk-
shake de chocolate. Ela lambeu os lábios e praticamente salivou a imagem do Big Mac para forçar
a consciência.
Abriu os olhos devagar, permitindo-se adaptar aos fracos raios de luz que entravam em seu
quarto. Ela sentou-se devagar, ainda dominada por exaustão. Fred estava profundamente
adormecido debaixo da janela, como sempre, mas estava dormindo em um depósito com teto de
palha que estranhamente não recordava ter comprado para ele na loja de mascotes...
Seus olhos se estreitaram enquanto lutava para dominar a fadiga que a alagava. Deu uma
rápida olhada para verificar o que a rodeava. Passou os dedos pelo cabelo e suspirou. Era o século
XIV. Isso explicava a cama de Fred. O velho John encarregou um aldeão que a fizesse.
Maya respiração profundamente.
—Suponho que isto significa que não há McDonald's para mim—, murmurou para si em sua
própria língua.
—O que disse amor?
Surpresa com sua presença, Maya moveu a cabeça ao redor, só então determinou de quem
era a voz. De Thomas. Seu marido. É isso mesmo, ela tinha um marido. Estranho que sua mente
adormecida esquecesse. Claro, ela pensou enquanto se erguia, provavelmente não quis recordar.
Sem dúvida, seu marido, como verdadeiro desmancha-prazeres que era, estava aí para seu sério
sermão de algum pecado que tivesse cometido.
—Olá Thomas.
Thomas arrastou seu olhar do rosto de sua esposa para seus seios inchados. Lena estava
certa. A mulher estava definitivamente grávida. Os seios de Maya sempre foram grandes e
arredondados como uma exuberante vegetação, mas agora cresceram além de qualquer coisa.
Tão grandes como eram as mãos de Thomas, nunca mais seria capaz de tomá-los completamente
tão somente com uma delas. Sua carne tornou-se imediatamente dura, lutando contra o
confinamento de seu plaid.
—Como se sente esposa?
Maya olhou a si mesmo quando percebeu a excitação evidente pinçando contra o kilt de seu
marido. Só então percebeu seu estado de nudez. Olhou para seu marido que estava sentado junto
a ela em uma cadeira que colocou perto da cama e sorriu.
—Sonolenta, mas bem. Com fome, muita fome. Vamos comer em breve?
—Sim.

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Maya assentiu, mas não disse mais nada. Tampouco Thomas, para o caso. Continuou
olhando-a, com uma estranha expressão perplexa no rosto. Ela suspirou. Estava começando a
sentir-se como um criminoso à espera de sua sentença. Desejava que acabasse de dar sua
conferência e desfazer dele.
—Suponho que está aqui para me dizer a má garota que fui?
Os olhos de Thomas brilharam com diversão, a única indicação de que pensava que a
pergunta de sua esposa era divertida.
—Sim.
Maya estabilizou, preparou-se para fingir como se estivesse escutando. Ela praticava
mentalmente suas respostas, estava muito cansada para discutir com o homem por ter sido pega
tentando enganar a seu marido com a ajuda de Argyle. Sim, marido. Não, marido. Imediatamente,
marido. Tudo o que desejar marido. Maya sorriu. Sem dúvida uma dessas respostas seria a correta.
Quando começou a olhar como se a repreensão não fosse a chegar logo, inclinou a cabeça e
estudou o olhar de seu marido.
—Vai continuar com isto, Então? Estou bastante cansada.
Thomas franziu a boca com ironia, com os olhos ainda fixos em sua esposa. Estava
esperando uma briga, Não? Pois bem, hoje não daria uma. Hoje a surpreenderia. Desta vez não
haveria castigo, apesar de que certamente merecia um ano deles.
—Captei sua conversa com Argyle que queria dar um passeio pelo lago. Por que não me
disse isso, moça?
Maya encolheu os ombros e franziu o cenho para seu marido.
—Você está determinado a manter-me prisioneira em minha própria casa de qualquer
maneira.
Thomas franziu o cenho para Maya. Prisioneira? Sua esposa parecia como uma prisioneira?
—Não, esposa, não quero que sintam assim. Eu...
—Você tem uma maneira engraçada de mostrar isso.
—E você têm o mau hábito de questionar sempre meus motivos.
—Talvez se você tentasse explicá-los para mim antes que eu não iria questioná-los.
Thomas grunhiu. Por que sua mulher não aceitava sua palavra, sem querer saber o porquê
disso? Por que não podia ser como as outras mulheres das Terras Altas, aceitando cegamente
suas decisões como lei? As mulheres do futuro eram uma frustração que não tinha fim.
—Sou seu amo e senhor. Não tenho por que dar explicações.
Maya olhou para seu marido enquanto virava-se para enfrentá-lo. Puxou a pele de animal
ao redor de seu ventre.
—Não posso aceitar isso. Certamente já sabe a estas alturas.
Thomas suspirou. Estava certo. Ele era consciente disso e sabia que era pouco provável que
dobrasse por sua maneira de pensar. E quando estava nua, como agora, não se preocupava muito
por corrigi-la de todos os modos.
—Maya, eu…
Maya levantou a mão para silenciá-lo.

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Depois da Tempestade

—Thomas, não me importa brigar com você sobre isto. Se sentisse que estou errada,
consideraria seus desejos como fiz ultimamente, mas estou cansada de ceder quando estou
certa. Se quiser que seja infeliz, então continue igual. Mantenha sua força, sua vontade sobre a
minha sem justificação. continue ladrando e grunhindo. Continue fazendo com que me ressinta do
fato de ter me casado com você. Destrua nosso casamento. Está fazendo um bom trabalho de
qualquer maneira.
Thomas conteve a respiração, arregalando os olhos de dor.
—Retire isso— disse com voz rouca. —Eu não, nunca destruirei nosso casamento.
Maya baixou o olhar com ar de culpa aos pés de seu marido. Suas palavras incomodavam,
doíam ainda. Não teve a intenção de fazer isso. Estava tão condenadamente cansada de lutar com
ele.
—Thomas—, suspirou, sem saber quanto ou como devia levar esta situação corretamente,
— Eu não queria machucá-lo. Eu te amo com todo meu coração. Mas isto deve parar. Estou
cansada de que me dê ordens, sem saber o raciocínio por trás delas. Estou cansada de ser tratada
como se fosse uma criminosa que você tem medo que vá tentar fugir de você na primeira
oportunidade. Não teria me casado com você se minha intenção fosse ir. Eu... — Maya suspirou.
—Não posso fazê-lo entender—, ela murmurou para si mesma.
Thomas pegou a mão de sua esposa e acariciou-a suavemente enquanto falava com doçura.
— Ach moça, mas não sabia que a estava fazendo tão infeliz. Não posso ser feliz se você não
for. Nunca quis que sentissem como uma prisioneira. Tenho minhas razões. — Disse o último com
o cenho franzido, olhando paro o outro lado de sua esposa enquanto murmurava.
Seu cenho franziu.
—Que razões?
Thomas encolheu os ombros e suspirou. Sentiu uma estranha sensação ardente atrás de
seus olhos e orou aos Santos que não estivesse a ponto de chorar. Estreitou a mão de sua esposa
com mais força, perfurando-a com um olhar de preocupação.
—Não poderia viver se me deixar, minha Maya. Não poderia.
Sua voz estava abatida, por isso Maya se sentiu culpada. Ele era um homem muito forte para
vê-lo nesse estado.
Lentamente desceu da cama e se aconchegou em seu colo.
—Thomas, nunca o deixarei. Por que a dúvida?
—Falou várias vezes de voltar para seu futuro. Você…
—Não— Maya o tranquilizou com um movimento de cabeça. —mudei de opinião depois de
pensar nisso por um tempo. Se voltasse, poderia ficar presa aí, e nunca poderia voltar para casa
com você. Não poderia suportar isso.
Thomas trouxe sua esposa mais perto, beijando-a ao redor dos lábios.
—Jura Maya?
—Sim.
—Então, por que ainda está zangada comigo? Por que já não vêm a meus braços desejosa?
Por que já não briga comigo?

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Depois da Tempestade

Maya sorriu. Ele se importava com seu temperamento verdade?


—Thomas—, disse em voz baixa, enquanto levantava a mão e pegava seu cabelo trançado
de ambos os lados de seu rosto entre seus dedos, — vim a você agora, não?
Ele sorriu, com um brilho juvenil em seus olhos.
—Sim. E embora eu vou aproveitar desse fato em um momento, ainda tenho que saber por
que já não discute mais comigo. Quebrei tanto assim seu espírito, esposa?
Maya sorriu calidamente para seu marido. Evidentemente, preocupou por esta questão por
dias. Era o momento de ser corajosa e dizer a verdade.
—Estive muito cansada para discutir meus sentimentos como esta tarde. Isso é tudo o que
há. Acredite-me, quando o cansaço me deixar, minha língua se voltará contra você outra vez.
Thomas sorriu. Baixou a cabeça e mordeu a orelha de Maya, esfregando suas costas
enquanto a segurava. Provou com sua língua os recessos exteriores de seu ouvido, causando-lhe
arrepios .
Ela conteve o fôlego.
—Thomas—, gemeu com voz rouca, seus olhos revoando fechados.
—Por que está tão cansada?—, Perguntou preguiçosamente, acariciando sua pele em
erótica submissão. Passou os dedos sobre seu ventre suave, sussurrando ferozmente excitado. —
Carrega meu filho, amor?
Maya abriu os olhos e a boca, sua mente lutando com as emoções conflitantes de
preocupada surpresa e excitação prazenteira. A excitação ganhou.
— Sim, — sussurrou duramente, fechando os olhos e puxando a cabeça para trás para que
seu marido pudesse arrastar seus beijos quentes por sua garganta. —Por dois meses.
—Por que não me disse isso, amor?
Maya não pôde pensar em uma mentira rápida. Disse a verdade.
—Tinha medo que me pusesse mais guardas.
Thomas jogou a cabeça para trás e riu, induzindo sua esposa a sair de seu lânguido feitiço.
—Talvez ainda faça. Embora não para fazer sentir-se uma prisioneira. Nunca isso.
—Então, por quê?
Thomas agarrou o queixo de Maya suavemente. Olhou-a nos olhos, procurando em suas
profundidades.
—Não entende moça?— Encolhendo os ombros e vacilante diante de Maya, respirou fundo,
depois a beijou suavemente na boca. —Porque a amo com todo meu coração. Porque já amo meu
filho. Porque não posso viver sem nenhum de vocês e eu não posso permitir que algo aconteça a
minha família.
O coração de Maya disparou. Ele disse que a amava!
—Oh, Thomas, eu te amo muito. Você não compreende que nunca deixaria você? Não tem
que colocar guardas ao redor de mim para manter-me aqui. . Estou feliz. Mesmo quando
discutimos estou mais feliz aqui do que estava no futuro. Não o deixaria inclusive se tivesse a
oportunidade.
—Não é por isso, meu amor. É outro assunto .

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Depois da Tempestade

Maya entrecerrou os olhos. Outro assunto? Sentou no colo de seu marido e passou uma
suave mão sobre o peito.
—Diga-me.
—Não. Não a preocuparei.
—Thomas, estou mais preocupado sem saber do que poderia sem todos os fatos. Por favor.
diga-me.
Thomas suspirou, em seguida, assentiu com resignação. Se dizer tudo faria feliz sua mulher
outra vez, então isso era precisamente o que faria.
—É um clã rival, amor. O MacAllister. Seu laird a viu na colina na amanhã que a encontrei e a
quer para ele.
Os olhos de Maya se arregalaram.
—Meu Deus, mas ele não me viu aparecer do nada, verdade? Sabe que sou do futuro?
Thomas moveu a cabeça, negando enfaticamente.
—Não, amor. Estou seguro de que viu depois do fato. Deseja por pura luxúria. Tentou levá-
la da torre na noite que vimos os MacAllister em nossas terras, mas o interrompi. Seus homens
estão mortos, mas Robert MacAllister ainda vive. Até que não esteja morto não poderá sair destes
muros sem mim.
Maya respirou, colocando mão no coração.
—Por que não me disse isso? Entenderia por que tinha todos os guardas atrás de mim se
soubesse.
—Eu disse esposa, não queria preocupá-la.
Maya ficou olhando seu marido com assombro por um longo momento, logo jogou os
braços ao redor de seu pescoço.
—E todo esse tempo eu pensei que você era apenas ser um idiota!
Thomas lançou um grunhido.
—Idiota? O que é idiota?
Maya ruborizou.
—Não importa.
Thomas arqueou uma sobrancelha enquanto ele procurava o rosto da esposa.
—Suspeito que um idiota é algo mau em Tampa e em seu Inglês.
Maya sorriu enquanto levantava o plaid de seu marido até sua cintura e se sentava
escarranchado sobre ele.
—Às vezes é uma má palavra, mas às vezes, — disse enquanto se abaixava e guiava sua
carne para sua estreita abertura, — é uma palavra muito boa.
Maya deslizou suas nádegas para baixo sobre as coxas de seu marido, envolvendo seu pênis
dentro dela com o calor pegajoso no processo. Thomas gemeu e conteve a respiração. Pôs suas
mãos em ambos os lados de seus quadris, guiando os movimentos de seu corpo em cima dele.
—Sim—, queixou em um sussurro rouco enquanto ela começava a montá-lo, — às vezes é
uma muito boa palavra.

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Depois da Tempestade

Ela o montou duro e desejosa, seus seios balançando-se com seus movimentos. Fechou os
olhos, permitindo que suas sensações a dominassem enquanto o cavalgava para cima e para
baixo, uma e outra vez, uma e outra vez.
—Mais rápido Maya —, grunhiu ele, empurrando com golpes profundos. —me montem mais
forte.
—Deus sim.
Envolveu seus braços ao redor do pescoço de Thomas, que utilizou de apoio para que seu
corpo se agitasse mais rápido na parte superior dele.
—Mmmmm,— Murmurou em seu ouvido enquanto agarrava a carne de suas nádegas com
as mãos, —A quem pertence este corpo?
—A você—, exclamou. —Oh, Deus, Thomas é tão bom.
—Então foda-me mais forte, esposa. Tire meu leite.
Maya agarrou a ele, depois fechou os olhos e inclinou seu pescoço nu a ele como se seu
corpo oferecesse. Thomas mordeu seu pescoço, emitindo sons guturais de sua garganta
enquanto bombeava seu pênis mais e mais rápido.
E então eles gozaram, sustentando entre si, enquanto chegavam a seu clímax.
Maya sorriu no cabelo de Thomas, abraçando-o firmemente contra ela. Era bom estar de
volta em sua casa, em seu braços novamente, exatamente onde ela pertencia.

Maya sorriu, satisfeita, ela estava deitada em silêncio ao lado do marido. Ela acariciou seu
peito, brincando com os pelos negros que o cobria. Era um homem tão bem feito, além da
perfeição física. Sua musculatura geral era enorme e elegante, e entretanto estranhamente
confortável. De fato, o bíceps esquerdo levantado de Thomas se tornou no travesseiro favorito de
Maya. Podia passar horas e horas com a cabeça apoiada contra seu braço, olhando seu rosto
bonito.
Seu rosto era de sonho, como um anjo guerreiro, ostentando os lábios sensuais, um nariz
intransigente e olhos negros como ônix. Seus olhos combinavam com seu cabelo escuro
impecável, a longitude chegando aos ombros em ondas grossas varrendo sua linha de visão por
uma trança celta nas têmporas.
Os olhos de Maya baixaram, olhando o resto de sua dotação. Seu peito era poderoso. Seu
estômago tenso, plano e ondulado pelos músculos. Seu umbigo, diabolicamente lambivel. E seu
pênis, uma categoria em si mesmo. Eixo de seu marido teria sido a inveja de qualquer estrela
pornô masculina no século XXI, Maya admitiu com diversão e orgulho. Era grosso, comprido e
dava muito prazer, geralmente quando estava inchado.
Ele era um homem vigoroso, seu marido.
Essa noite foi à melhor que passaram juntos desde que se casaram. Thomas pediu uma
refeição à base de pescados, frango, queijo, maçãs com especiarias e pão para que fosse enviada a
seu quarto. Passaram algumas horas fazendo amor, comendo, bebendo… vinho diluído no caso de
Maya… e fazendo amor de novo. Ele tomou-a quatro vezes... Quatro luxuriosas, carnais,

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orgásticas, mentalmente transcendentais vezes. Nunca conheceu nenhum homem com um


apetite sexual tão exigente como seu marido. Não que ela estivesse reclamando.
Estar com Thomas fazia com que qualquer inconveniente das ásperas Terras Altas valesse a
pena. Não tinha água corrente, nem eletricidade, mas tinha amor e paixão. Não tinha a
comodidade de um automóvel ou Internet, mas havia paz e alegria. Cada simples luxo do futuro o
haveria devolvido, ao pensar Maya nos três tesouros que ganhou.
Entretanto, havia uma coisa de seu tempo que cobiçava, e eram os conhecimentos de
medicina.
Tylenol. Penicilina. Antibióticos. Epidural. Maya gemeu interiormente. Graças a Deus a dor
do parto era algo que ela não teria que se preocupar por sete meses ou mais. Se pudesse
convencer Thomas a enviar Argyle e Harold para o futuro, então poderiam recolher o pai de Sara.
Além de ser um homem que tanto ela e Sara adoravam, o bom doutor era do mesmo modo, um
obstetra que trazia bebês ao mundo para ganhar a vida. O homem sabia como pôr uma epidural
com a mesma habilidade que Maya tinha para desenterrar velhos ossos.
Ela suspirou. Simplesmente tinha Trazer o Dr. Chance ao Castelo MacGregor. A dor do parto,
não a acovardava,não obstante, havia também o risco de um parto complicado. Um nascimento
que poderia matar seu bebê, ou ela mesma. Quanto mais pensava nisso, mais assustada ficava.
Sua voz tremeu um pouco quando falou.
—Thomas, temos que falar sobre o futuro. Alguém tem que ir até ele.
Thomas respirou fundo, tentando manter a irritação fora de sua voz.
—Eu pensei que você estava dormindo.
—Não.
—Eu vejo .
Maya se sentou na cama e olhou para o marido recostado.
—Eu sei que você não gosta de falar dele,mas devemos. Estou com medo. — Ela balançou a
cabeça, recusando-se a permitir que a cachoeira de lágrimas começassem a sair em cascata de
seus olhos. Sua gravidez não só a fazia sentir cansada, mas também muito sensível. —Tenho muito
medo.
Thomas se ergueu e pôs o rosto de sua esposa contra seu peito. Ele acariciou suas costas
suavemente, cantarolando palavras carinhosas para ela em voz baixa.
—Têm medo dos MacAllister?— Suspirou, se auto-odiando, enquanto seguia embalando
Maya em seus braços. —Maldição, mas eu sabia que o estaria! Nunca deveria ter contado seus
planos em primeiro lugar. Amor, nunca vou deixar que o homem se aproxime, entendeu?
Maya sorriu enquanto olhava a seu marido nos olhos.
—Eu tenho total confiança em sua capacidade de proteger-me.
Ele grunhiu, satisfeito com sua resposta.
—Meu temor é por outra coisa, Thomas.
—Qual o problema, moça?
—É o bebê, Thomas. Temo a dor de parto. E mais do que isso, tenho medo de perder nosso
bebê. É possível em seu mundo que eu e o bebê possamos morrer.

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Depois da Tempestade

Thomas aproximou Maya com força, exigindo que não falasse dessas coisas.
—Maya, por favor, não posso suportar a ideia disso.
Maya respirou. Rogou aos céus, pedindo ser perdoada de antemão pela quantidade de
manipulação que estava prestes a desencadear sobre seu marido.
—Thomas, se me ama e ama nosso filho, então você vai fazer tudo ao seu alcance para
manter-nos longe do mal.
—É claro.
Maya assentiu, agarrou o queixo de seu marido, olhando.
—Argyle e Harold estão dispostos a ir e trazer o pai de Sara para nós. Permita. Eu lhe
imploro.
Thomas não disse nada durante um bom momento. Estudou a expressão de horror nos
olhos de sua esposa e soube nesse instante que faria algo razoável para acalmá-la. Mas enviar
seus próprios parentes a um mundo desconhecido? Estava pedindo um pouco mais que sua boa
vontade.
—Maya, não gosto que se preocupe, mas não posso permitir ir ao futuro. O que tem a ver
trazer o pai de Sara a este tempo acalmar seus temores?
—Tudo!— Exclamou ela, enquanto virava e levantava. Rapidamente colocou a camisa de
seda que encontrou jogada no chão do quarto e começou a passear pelo quarto freneticamente.
—Maya!— ordenou Thomas enquanto saía da cama para unir-se a ela no centro do quarto,
— O que em nome de Deus está acontecendo com você?
—Sara precisa de seu pai! Eu preciso seu pai! Nosso filho preciso seu pai!
—Acha que este individuo do futuro pode protegê-los melhor que eu?—, Exigiu com raiva.
Seu nariz queimando, seu rosto avermelhado.
—Não!— Gritou Maya, tentando acalmar seu marido antes que desse um de seus ataques.
—Não é isso, asseguro !
—Então, o que é exatamente, esposa?
Maya estremeceu. Não importava a forma ameaçadora em que jogou a palavra esposa.
Tomou as mãos de seu marido e sorriu de uma maneira que o aplacava.
—Seu pai é um curador, um curador muito bom.
Encolheu os ombros.
—Temos curandeiros em abundância aqui.
Maya soltou as mãos de Thomas e as agitando concisamente pelo ar.
—Em comparação com um curandeiro do século XXI, seus curandeiros são como crianças
soltos em uma batalha. Não sabem nada do cuidado de si mesmos e muito menos ser
responsáveis por outros.
—Acredito que conheço alguns curandeiros MacGregor que se sentiriam ofendidos .
Maya balançou a cabeça e olhou para seu marido. Apertou as mãos em punhos e empurrou
sua soberba.

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—E acha que poderia me importar com isso! Não digo estas coisas para fazer amigos! Digo
por que não quero morrer. Quero viver! Quero que nossos filhos vivam! E ambos teremos maiores
probabilidades se o pai de Sara supervisionar o parto!
—E esqueça de minhas próprias razões egoístas por um momento e pensa na pobre Sara.
Tenho a sorte de não ter uma família para se deixada atrás. Estão todos mortos. Mas, Sara? Sabe
o muito que se aflige com seu pai? Imagina o quanto que ele se aflige por ela, não sabendo o que
aconteceu com qualquer uma de nós?
—Imagina quanto me aflijo por ele? Pensava em mim como sua própria filha!— Maya
agarrou as mãos de Thomas e se agarrou com firmeza, por sua conta. Tinha que fazer entender,
tinha que fazê-lo ver as coisas de sua perspectiva. —Por favor, marido. Por favor. O pai de Sara
pode evitar que eu e o bebê morramos. Pode tirar toda a dor do parto, para que quase não sinta
nada. Pode fazer.
—O quê? Pode tirar a dor do parto? É quase impossível. A dor é ordenada por Deus. É seu
dever pelo pecado de Eva que a sinta.
Maya apertou os dentes em sinal de frustração.
— Eu achei que era um homem mais inteligente do que isso!
Thomas parou e olhou para sua esposa. E Pensar que sentiu que se importava com esta
moça de caráter descarado!
—Questiona minha inteligência, mulher?
Maya franziu o cenho. Seu uso da palavra —mulher— era tão depreciativo como seu uso da
palavra esposa um momento antes. A ira a possuiu, afastando qualquer vacilação por sentir que
tinha um homem de quase dois metros e só Deus sabe quantos quilos grunhindo.
—Sim! Questiono! Obviamente tenho que fazer se insistir em que sofra uma agonia
desnecessária para que possa manter as primitivas noções de seu mundo selvagem!
Thomas piscou rapidamente, sem poder pensar em uma resposta para essa afirmação. Então
ela o considerava um primitivo, não é? Sorriu sedutoramente para sua mulher e tomou dois
punhados de seu cabelo dourado.
—Não me acha um selvagem quando a levo para minha cama—, grunhiu.
Maya hesitou, então colocou os braços ao redor da cintura do marido e sorriu para ele.
—Eu não quis gritar… na realidade não fiz!— Respondeu quando ela deu-lhe um olhar
cético. —Mas Thomas, muitas coisas boas podem sair da viagem de Argyle e Harold. Podem trazer
medicamentos que funcionam como verdadeiras maravilhas. Podem trazer sedas, veludos e
especiarias que custariam a um homem o resgate de um rei em seus dias, mas que podem ser
trocados por quase nada no meu. Podem trazer de volta as coisas que nos fazem a vida mais fácil,
Thomas. E,— suspirou, parando-se para tomar fôlego, — Podem trazer o pai de Sara.
Thomas meditou tudo o que sua esposa disse. Soltou os punhados de cabelo que pegou
deliberadamente e coçou o queixo. Sabia que sua esposa tinha razão e que tudo o que disse era
lógico. Não podia arriscar perdê-la nem seu filho no parto desnecessariamente. Morreria sem a
língua afiada da pequena bruxa em sua cama.

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Depois da Tempestade

Entretanto, Thomas sentiu o desejo de provocar o temperamento de sua mulher um


pouquinho, para fazê-la pagar pela observação sobre sua falta de inteligência.
—Hmm, Sedas finas e especiarias disse?
Maya soprou e o golpeou totalmente no peito.
—De tudo o que acabo de dizer, Só as sedas e especiarias são o que o preocupa? E o nosso
bebê por nascer? O que tem que… —
—Silencio amor—, sorriu Thomas. —Só estava brincando.
Maya balançou a cabeça, depois sorriu de volta.
—Promete?
Thomas riu enquanto a tomava em seus braços uma vez mais.
—Vocês sabe que mudei de ideia, seu pedido significaria, possivelmente, que o pai de Sara
pode trazer nosso bebê para este mundo de forma segura. As sedas e especiarias são uma bênção
adicionada, amor.
Maya sorriu enquanto se levantava nas pontas dos pés para beijar o queixo de seu marido.
—Eu acho que você teve o suficiente do meu temperamento por esta noite e para ser
honesta, provavelmente o máximo que você vai ver dele por um tempo. —Bocejou. —Esgoto-me
muito nestes dias.
— E aqui eu pensei que o benefício acrescentado seria a seda.
—Se cale, doçura.
—Sim, amor.

Capítulo 23

Maya foi tão boa como sua palavra. Durante as semanas seguintes, não mostrou seu gênio
nenhuma vez. É claro, se isso era porque ela estava cansada demais para fazer ou porque
MacGregor esteve cuidando de sua esposa grávida com todos os caprichos, não poderia dizer. Ela
estava com três meses, assim ainda não notava, mas o laird estava mais que feliz.
Todo mundo no Castelo MacGregor se alegrou pela mudança que deixou o laird de bom
humor. Depois de tudo, sabiam que quando Lady Maya estava feliz, o laird estava eufórico.
Quando sua esposa tinha alguma sensação de mal-estar, estava em um estado de agitada
preocupação. Quando Lady MacGregor se zangava, MacGregor se tornava louco como um animal
enlouquecido. Seu humor sempre espelhava o de sua amante até o extremo.
— Desculpe por isso. — Maya olhou seus pés e se voltou para a multidão de rostos
preocupados ao redor dela. Juntou as mãos às costas e sorriu com doçura para seu marido,
Harold, e Argyle. Enquanto devolviam o sorriso, olhou para Sara e Dugald. — Qual é o problema?
Nunca viram uma mulher grávida vomitar antes?
Sara riu quando notou o olhar confuso escrito no rosto de seu noivo.

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Depois da Tempestade

—Apostaria que não, querida. Mas você parece vomitar com o mesmo entusiasmo e talento
com o qual faz tudo na vida … nunca viu uma mulher com cinco tons de púrpura antes de perder
seu café da manhã. — piscou com malícia para Maya, para conseguir o sorriso que desejava saísse
dela. —Mal posso esperar para ver no parto.
Maya abruptamente parou de sorrir e empalideceu.
—Meu Deus, não quis... É que... — Sara suspirou, incapaz de encontrar as palavras
adequadas.
Maya levantou uma mão.
—Esquece. Traremos seu pai aqui a tempo para o parto e para seu casamento. — Inclinou a
cabeça e sorriu para Argyle e Harold. —Tenho toda a confiança.
—Sobre isso—, começou Thomas, indicando com seu gesto que o grupo devia reatar seu
caminho agora que o estômago de sua dama parecia melhor, — acredito que deveriam deixar de
discutir sobre as nuvens negras, não é assim, Lady Sara?
Sara limpou sua garganta antes de abordar Thomas.
— Eu me sentiria muito mais segura se sairmos destas árvores e falamos ao ar livre onde
podemos ter certeza que ninguém está escutando. Você concorda,milorde?
Thomas assentiu em seguida, liderou o grupo de seis pessoas para a beira do lago.
Era a terceira vez em semanas que deixou Maya e Sara passear além dos limites do castelo
com os homens e as duas estavam profundamente agradecidas por isso. Thomas deixou claro que
Maya nunca poderia vagar sem sua permissão nem presença e ela nunca tentou contradizê-lo.
Agora que conhecia suas razões tinham tudo a ver com a necessidade de impedir Robert
MacAllister de sequestrá-la e nada que ver com o temor de que o abandonasse, o confinamento
não parecia ser uma carga tão pesada.
Tendo decidido MacGregor que tanto Harold o Sotted como Argyle se aventurariam ao
futuro, o grupo de seis utilizava seu passeio semanal como uma oportunidade para conversar de
seus planos em privado. Hoje caminharam pelos subúrbios do bosque para pegar um atalho para o
lago. Era bonito para as damas, as duas nunca o viram antes. As árvores eram mais verdes do que
nunca viram, com seu aroma suave de inverno.
—Aqui estamos ladys. — Harold deu a volta e ofereceu uma reverência cortês. Ele e Argyle
sacudiram seus plaids e peles de animais que trouxeram da torre e os estenderam no chão junto à
fossa que foi escavada para a fogueira há duas semanas.
—Dugald, vamos acender o fogo. — Ordenou Thomas. —Está muito frio para as damas e
meu filho.
Dugald inclinou a cabeça para Maya e Sara e logo partiu junto a Thomas para ajudar a
acender as chamas.
As mulheres se ocuparam da preparação da comida do piquenique. Dispuseram todos os
alimentos que o cozinheiro fez para eles, incluindo uma variedade de queijos, dois tipos diferentes
de pão, frango, e uma maçã gordinha para cada um.
Maya sorriu abertamente para sua amiga. Sara devolveu o sorriso. Ambas adoravam estas
saídas semanais. Não havia nada como um passeio tranquilo por um bosque da Escócia que

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culminaria em um piquenique junto a um pitoresco lago nas terras altas. Mesmo se estivesse mais
frio do que esperavam.
Thomas caminhou de volta ao lado de sua esposa e sentou-se à esquerda dela. Puxou sua
mão e a esquentou entre as suas.
—Está o suficientemente abrigada, milady, ou precisa de mais peles?
Maya revirou os olhos de brincadeira e sorriu.
—Já me sinto bastante atada. Acredito que as quatro que tenho por agora são mais que
suficientes.
Ele soltou um grunhido. Entrelaçando seus grandes dedos calosos com os menores de seda
de sua esposa, uniu-os cruzando sobre a coxa.
Argyle se deixou cair do outro lado de Maya. Agradeceu pela comida pela comida que ela
ofereceu ele, então, passou a língua pelos lábios em uma nova frase do Inglês da Tampa que
adquiriu recentemente.
—Milady, atreveria a dizer que estou mais nervoso e animado do que eu ficaria antes de
uma batalha contra os MacAllister. Esta viagem no tempo será de fato uma grande aventura.
Maya sorriu.
—Simplesmente não fique ansioso quando as cores se unirem e levantar você do chão. Eu
quase morri do choque
Sara bufou o seu acordo.
—Nunca me deu tanto medo—, anunciou Harold. Ele coçou a barba e fez uma careta para
sua com sua própria lembrança. —É claro, estavam também meus goles dessa vez.
O grupo começou a rir, incitando um sorriso de Sotted.
—Sim, isto poderia ser mais interessante sóbrio.
Thomas balançou a cabeça e sorriu. Colocou uma fatia de queijo na boca e o engoliu.
—Bom então Lady Sara como foi parar no bosque...
Sara limpou sua garganta enquanto Harold se deixava cair a seu lado. Os seis estavam agora
encolhidos ao redor do fogo em um círculo completo.
—Maya e eu fizemos todos os cálculos teóricos e matemáticos que existem de nosso tempo
com a informação que recolhemos das viagens de Harold e a nossa. — escutou um monte de
perplexas vozes guturais, Sara esclareceu sua declaração ainda mais. —Nós, uh, acreditamos que
esclarecemos o das nuvens.
Ela continuou, já que ninguém voltou a grunhir.
—Sabemos que no futuro as nuvens negras foram invisíveis em sua maior parte porque
estavam cobertas sob a aparência de uma tempestade feroz. Outras vezes, tendem a acompanhar
uma tempestade.
—Também sabemos—, adicionou Maya — que as terras MacGregor, são o portal das nuvens
negras. É aqui onde as nuvens se originam e não em alguma outra parte.
—Como podem estar seguras?— Thomas perguntou.
Encolheu os ombros.

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Depois da Tempestade

—Sara e eu estudamos todas as civilizações antigas imagináveis e o clã MacGregor das


Terras Altas é o único que escreveu destas nuvens misteriosas. Acho se tivesse acontecido em
outras terras, alguém teria registrado.
Dugald assentiu, concordando com sua conclusão.
—É uma hipótese muito razoável, miladies.
—Sim, — adicionou Sara, —e, além disso, as nuvens nas terras MacGregor não precisam de
uma tempestade para que proporcione energia. São poderosas aqui, muito fortes. Thomas, você
não disse que seu homem Hamish viu nuvens muitas vezes sem sequer uma insinuação de que
uma tempestade se aproximava?
—Sim.
Maya assentiu.
—Pois bem, aí o têm.
—Mas milady, — Argyle perguntou decidido, já que não parecia completamente firme em
seu plano, — Como vamos, ou seja, como saberemos se não houver uma tempestade para nos
avisar?
Maya lançou um cacho rebelde por cima de seu ombro e sorriu tranquilizando Argyle.
—Vamos esperar pelos informe de Hamish. Ele não sabe por que Thomas os solicitou, mas
sabe que deve informar no mesmo momento em que as nuvens aparecerem. Vai funcionar. Sei
que vai.
Harold assentiu, aceitando a teoria de Maya.
—E para chegar em casa não podemos fazer nada mais que esperar. Com nossa boa sorte
essa Tampa terá muitas tempestades em um ano para nos advertir, por isso voltaremos logo.
Sara assentiu vigorosamente. Logo inclinou a cabeça para Harold e sorriu.
— Os prováveis dizem que você está correto. A razão de que mais pessoas de nosso tempo
não tenham terminado em terras MacGregor é sem dúvida porque a maioria não seria tão tola,
como Maya e eu, de caminhar pela praia durante a proximidade de um furacão.
Os homens riram enquanto comiam, coincidindo plenamente com a coragem de Sara da
situação. Thomas olhou para sua esposa e piscou.
—Tola, sim, mas não posso dizer que sinta.
Maya sorriu para seu marido.
—Agora Argyle, Thomas se comprometeu em reduzir o tempo nas listas de cada dia para
que Harold, Sara, e eu possamos continuar ensinando o inglês de Tampa a você.
Argyle engoliu um bocado de maçã e depois assentiu.
—Sim. E se me permite dizer, milady, acredito que estou me saindo muito bem. Vou ser
capaz de conversar com suas pessoas até o entardecer.
Thomas grunhiu.
—Acredito que quando voltarem moço terá que instruir seu laird nessa futura língua. Eu
gostaria de conhecer as palavras que minha mulher diz quando me insulta zangada em vez de ter
que supor.
Argyle levantou a mão até boca e tossiu desconfortavelmente.

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Jaid Black
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Depois da Tempestade

—Acredito que você não gostariam de saber, milorde—, murmurou.


Maya corou, perfurando-o com o cenho franzido.
— Fiquem quietos, Argyle!
—Sim mil…
—Não, Argyle, não— ordenou Thomas. — Eu suponho que vocês estão falando a respeito
do ocorrido há quinze dias quando minha esposa pisoteou o grande salão dizendo algo sobre mim
em sua língua?
Argyle estudou as peles de animal que estavam debaixo dele. Suspirou em tom de desculpa.
— Sinto muito milady, eu não estava pensando. Não quero ser o que as pessoas do futuro
chamaria de fofoqueiro.
Sara começou a rir.
—Está bem, Argyle. Seu lorde e lady já não brigam. — Ela olhou para Thomas e sorriu. —
Estou segura de que MacGregor pode perdoar ter sido chamado— voltou para seu inglês da
Tampa e riu — de chupador de pau*.
Harold se engasgou com sua caneca de leite de cabra, o branco de seus olhos se tornou
vermelho com a tosse.
—Eu não posso dizer que me lembro disso, moça. Isto aconteceu, enquanto ainda estava
sóbrio.
—Sim!— Maya franziu o cenho para ninguém em particular. Cruzou os braços sobre seu
peito à defensiva.
—Minha curiosidade me aflige milady—, Dugald riu: — Não posso saber o que significam
essas palavras.
—Ai, esposa—, Thomas arrastou as palavras com olhos entrecerrados — Tampouco entendo
o que significam. — Olhou para Maya, à espera de sua resposta. —Importaria em me dizer, amor?
—Não!— ela se irritou,, o cheiro do medo cada vez mais perto a cada momento. Lançou um
olhar para Argyle e prometeu vingança.
Ele fez uma careta pela reação, encolhendo-se ainda mais nas peles de animais.
—Perdão, milady, mas prometo recompensá-la.
—Como?
—Quando soubermos que voltaremos o Sotted e eu pararemos em seu restaurante favorito
e traremos um desses Big Mac e batatas fritas que às vezes a ouço gritar em sonhos antes do
jejum de cada manhã.
Maya ficou pensativa, como se considerasse a proposta de Argyle para perdoá-lo ou não.
— E um milk-shake de chocolate?— Murmurou.
—Sim.
—E uma coca. Não se pode esquecer a maldita coca.
—Eu não me esquecerei, milady.
Maya inclinou a cabeça com a aceitação de seus termos.

*
O termo em inglês é cock sucker: Um insulto comumente usado para descrever alguém que você odeia. Derivada de
referência ofensiva ao sexo oral. Cock é a forma vulgar para o pênis!

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Depois da Tempestade

—Muito bem. Então o perdoo por qualquer punição que receber quando traduzir minhas
palavras a meu marido.
Thomas arqueou uma sobrancelha.
—É tão mau?
—Bom, não acredito—, respondeu Maya, tentando pôr um sorriso sedutor que
imediatamente pareceu falso. —Mas como você gosta de distribuir punições sobre qualquer
ofensa pequena— Agitou a mão no ar com um gesto de desaprovação, um gesto que seu marido
sabia que era em sentido defensivo. —Sempre quer enviar-me a meu quarto por tolices.
—Bom—, respondeu Thomas enquanto jogava para trás suas mãos
— Então diga-me Argyle. Traduza as palavras de minha esposa para que eu possa ver se me
parecem tolices.
Argyle pigarreou nervosamente, suplicando a sua senhora com os olhos arregalados que o
perdoasse.
—Um pau… —
—Argyle, por favor!— pediu Maya. —Não diga mais!
—Argyle continua—, encomendou MacGregor.
—Sim,milorde. Como ia dizendo, um pau…
—Espere Argyle!— Maya levantou-se e rogou a seu marido. —Posso ter pelo menos uma
vantagem, Thomas? As portas do castelo se encontram à vista! Seus homens me verão chegar.
Sara pode ir comigo. Não é assim, Sara?
—É claro— respondeu Sara, tentando ocultar sua diversão pelo pânico de Maya.
Thomas franziu as sobrancelhas e fez uma careta para sua esposa.
—Não, mulher, ficará a meu lado enquanto ouço as palavras de Argyle.
—Por favor!— Implorou Maya, decidindo que não era demais um pouco de servilismo. —
conceda-me este pedido e não pedirei outro em um longo tempo!
Thomas deliberou em silencio durante o maior momento da vida de Maya antes de ceder.
—Bem. — Sacudiu seu pulso para a torre. —Vá.
Maya deixou escapar um suspiro de alívio, em seguida agarrou a mão de Sara e correu com
ela do acampamento. Dugald balançou a cabeça e riu enquanto observava a carreira sua ama
correndo como se os demônios do inferno estivessem pisando nos seus calcanhares.
—Não posso esperar para escutar o significado disto, Thomas. Sei que não pode ser tão mau
como isso. — Ele moveu a mão em direção a Maya para enfatizar seu significado.
Thomas balançou a cabeça. Certamente suas palavras não poderiam ter sido desagradáveis
para justificar sua corrida. O laird riu e em seguida assentiu para Argyle.
— Por favor, continue moço. Conte-nos o que significa ser um chupa-pau.

— Pelo amor de Deus, Maya. Poderia ir mais devagar? Estou a ponto de cair. — Sara parou
abruptamente, obrigando Maya a fazer o mesmo, uma vez que estavam de mão dadas .
—Por favor, Sara, vamos rápido. Quero trancar a porta do quarto para ele!
Sara riu, o esforço era tão considerável que lutava por recuperar o fôlego.

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Jaid Black
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Depois da Tempestade

—Olhe atrás de você. Os homens claramente retornaram por ali. — Fez um gesto com a mão
para o lago. —E as portas do castelo se encontram a pouca distância.
Maya suspirou com resignação.
—Tem razão. Não poderia me apanhar…
—Maya!
Maya fez uma careta e se voltou para o lago quando ouviu o grito de guerra bramado e
arrancado da garganta de seu marido. Thomas estava a uma boa distância, mas estava correndo
para ela mais rápido que um touro.
—Não acredito que vá caminhando o resto do caminho!— Gritou enquanto recolhia sua
saia e fugia para a torre.
Sara deixou escapar uma respiração dificultosa e se deixou cair sobre a grama para esperar
que Dugald a alcançasse. Sorriu ao ver o hilariante laird correndo até a colina como um louco.
Maldição, Desejava ter uma câmara! Este era definitivamente um momento Kodak.

—Quem... É... O maldito chupa-pau... Maya?


Thomas falou entre empurrões enquanto penetrava a carne inchada de sua esposa por
atrás. Ela estava de quatro, gemendo enquanto golpeava sua carne pegajosa como um aríete.
—Oh, Deus, Thomas!— Ela gritou de prazer. —Eu! Sou eu!
Ela jogou a cabeça para trás e sucumbiu ao orgasmo mais intenso que seu marido já lhe
dera. Não havia nada mais delicioso que seu um e noventa de altura, cento e dez quilos e um Laird
com um proporcionalmente grande pênis empenhado em demonstrar sua dignidade.
Thomas esperou a liberação de sua esposa, em seguida, puxou para fora de seu eixo e virou-
a de suas costas.
Levou seu pênis a seus lábios e exigiu a entrada com uma ordem áspera.
—Demonstre.
Maya o olhou com olhos frágeis e sorriu sem motivo para ele.
—Sim, milorde, — murmurou.
Ela abriu os lábios e sua língua giravam em torno da ponta, depois percorreu o resto do
caminho. Thomas grunhiu enquanto baixava a cabeça de sua virilidade para a boca de sua mulher,
colocando o mais lentamente como era possível.
Maya tinha outros planos. Tomou Thomas por suas musculosas nádegas e puxou para ela,
obrigando seu eixo a chegar até a parte posterior de sua garganta.
Um grito selvagem de prazer se arrancou do fundo de sua garganta, enquanto se submetia a
seus desejos e montava a boca de sua esposa da forma em que frequentemente montava seu
corpo. Empurrou dentro e fora com golpes profundos, dando tanto como ela podia tomar. Estava
a ponto de gozar. Jogando a cabeça para trás, as narinas infladas e seus músculos tensos.
Ela chupou seu clímax, ordenhando tudo o que tinha. Seu bramido de erótica liberação pôde
ser escutado ao longo da torre. Ela corou, imaginando a risada calada dos soldados a seu redor
quando se sentasse para comer com eles essa noite.

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Depois da Tempestade

Maya deixou de estar envergonhada e sorriu de satisfação em silêncio. Os Céus tenha


misericórdia! Talvez ela devesse chamar seu marido por nomes com mais frequência.

Capítulo 24

—Maldito seja o inferno. — Maya destacou quando espetou o dedo e levou-o aos
lábios sugando o sangue escorrendo dele . Esta toalha de mesa estava tentando destruir os nervos
de uma mulher. Mas bom, decidiu, quando estiver em Roma faça como os romanos. E na Idade
Média, não havia muito mais para uma mulher fazer além de ter filhos e costurar. Suspirou,
odiando esse fato.
Sara riu quando puxou a mão de Maya em seu colo para um rápido exame.
—É pequeno, não está mal em absoluto. Poderia utilizar um pouco de antisséptico… meu
Deus esqueci que não existe ainda.
Maya franziu o cenho.
—Acrescenta na sua lista, Argyle. — Quando ele não respondeu imediatamente, olhou em
sua direção com atenção. Ela sorriu a Sara, notando que seu guarda-costas não ouviu o que disse
por que estava muito ocupado com Lena.
Lena estava de pé do outro lado do grande salão dirigindo dois soldados para que
pendurassem a última tapeçaria que Maya e Sara teceram.
—Argyle—, brincou Maya enquanto levantava a mão diante de seu rosto para chamar sua
atenção. —Yu-huu, Argyle!
Argyle piscou alguns vezes em rápida sucessão, depois voltou à cabeça para olhá-la.
—Perdão, milady.
Maya e Sara riram do rosto do soldado, que de repente ficou vermelho, induzindo-o a se
transformar em um encantador tom púrpura.
—Por que não se casa com a garota quando retornar do futuro?— Perguntou Sara, com um
sorriso de prazer em seu rosto.
Seus olhos baixaram ao chão.
—Não posso dizer que goste de Lena, Lady Sara. Ela é prima de MacGregor com um dote, já
sabem.
Maya soprou.
—E Você está cego? Ela adora o chão que você pisa.
Argyle iluminou consideravelmente com essa noção.
—Vocês pensam assim?
—Eu sei. Argyle é tudo do que a garota fala. Peça antes de ir.
—Eu não posso. — Argyle respirou fundo e sacudiu a cabeça. —Não posso —, sussurrou.
—Mas por quê?
Argyle olhou a Maya nos olhos e deixou escapar outra respiração profunda.

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Depois da Tempestade

—O que acontece se eu não posso retornar?


Maya e Sara franziram o cenho. Ambas estiveram tão presas em suas próprias razões
egoístas para enviar o moço ao futuro com Harold que nenhuma delas pensou no tipo de
ramificações que seu afã poderia ter na vida de outras pessoas.
—Então não vá—, Maya pediu tomando uma mão nas suas.
—Não, milady, tenho que fazer seu pedido. Não posso...
—Não!— Sara implorou segurando a outra mão. —Nós nunca deveríamos ter perguntado
isso de você.
Maya balançou a cabeça em concordância.
—Sara tem razão. Nós todos vamos sentir sua falta terrivelmente e eu não poderia viver
comigo mesmo se algo der errado e você nunca e voltar para Lena. A garota te amou durante
anos. Eu não posso ser responsável, mesmo que indiretamente, por sua miséria.
Argyle ruborizou não acostumado a tais demonstrações de afeto.
—Não mudarei de opinião, ladys. Mas juro que não descansarei até que esteja de volta em
casa.
—Mas Argyle—, insistiu Maya, — Por favor…
—Não vamos falar mais disto, milady, — Argyle interrompeu, soando mais amadurecido
além de sua idade. —Cumprirei seu pedido e então voltarei para casa.
Maya suspirou, cedendo.
—Se insistir.
—Eu insisto.
—Muito bem, faça a sua maneira. Mas escute minhas palavras, Argyle. Se você não voltar
dentro de três quinzenas irei atrás de você. E quando o encontrar darei-lhe um chute no traseiro
do futuro até o passado.
—Isso vale para mim também—, adicionou Sara com uma piscada ciumenta.
Argyle sorriu.
—Miladies se preocupam comigo, não é verdade?
Maya revirou os olhos. Sorriu.
—O que quer que seja que nos tenha possuído, não tenho nem ideia.

Thomas aceitou o cálice de vinho da mão do escudeiro e fez sinal para seus homens se
sentarem mais perto dele junto ao fogo no grande salão. Sua mulher já havia se retirado, a fadiga
de levar seu filho ainda se cansava com regularidade.
—Queria falar comigo, John?
John, o velho tomou um gole de sua própria caneca antes de responder.
—Graças a vocês por aceitar ver em tão pouco tempo. E a você também, Sir Dugald —,
reconheceu com uma inclinação de cabeça.
—É obvio John—, respondeu Dugald. —O que preocupa você?
John balançou a cabeça.

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Depois da Tempestade

—Não, não isso. Não há preocupações com suas pessoas. Bom, não de maneira direta. É
sobre os MacAllister.
Thomas se endireitou em sua cadeira, com os músculos tensos.
—Diga-me.
John assentiu e deixou seu vinho na pequena mesa ao lado dele.
—Um rumor esteve circulando pela aldeia. Diz que Robert foi visto por perto alguns vezes.
Isto— disse— esteve investigando entre os ferreiros e outros artesãos sobre os hábitos da lady,
milorde.
Thomas franziu o cenho.
—O que pode esperar ao falar com um ferreiro ou um comerciante? Eles não podem saber
sobre minha esposa.
John assentiu.
—Os aldeãos concordaram, é por isso que vieram até mim com as suas preocupações. Não
sabiam o que fazer.
Dugald coçou o queixo e suspirou.
—Acredito que MacAllister está agarrando a nada. Não é inteligente, isso é seguro, mas
tampouco falta criatividade para perguntar que soldados veem Lady Maya todos os dias. Seu
outro recurso só seria perguntar aos habitantes da aldeia e na esperança de que eles saibam algo
do dia-a-dia de lady MacGregor.
—Sim— suspirou John. —Este é meu raciocínio também.
Thomas deu um murro em sua coxa, jogando fumaça entre os dentes apertados.
—Dói bastante saber que o sujeito me evitou até o momento. E agora saber que realmente
caminha em minhas terras e pergunta a meu povo a respeito de minha esposa? É mais do que
posso suportar. Terá que agarrá-lo. Quero pentear o bosque outra vez.
Dugald assentiu e voltou então sua atenção de novo para John.
—Vou enviar mais homens para patrulhar. Avisem os aldeãos para que alertem os soldados
se virem MacAllister.
John assentiu.
—Feito.
Dugald alcançou sua taça de vinho enquanto olhava para Thomas.
—Qualquer outra coisa, milorde?
Thomas franziu os lábios com ironia quando brindou o homem com a bebida.
—Sim. Matá-lo no ato. E ser rápido nisso. Minha dama quer ver a feira quando chegar na
aldeia e não a deixarei ir se ele ainda viver.
John sorriu.
—É bom escutá-lo, milorde. Os membros do clã desejam conhecer sua dama. A maioria
deles não a viu ainda. Esta notícia será bem recebida.
—Não, — respondeu Thomas com uma mão levantada. —Não diga nada. Não quero… —
parou na metade da frase e olhou para Dugald.
Dugald sorriu, em seguida deu uma palmada no joelho enquanto ria.

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Jaid Black
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Depois da Tempestade

—Esta pensando no que eu acho que você está pensando, Thomas?


—Sim, — sorriu Thomas. Voltou seu olhar para John e sorriu. —mudei de opinião. Assegure
de que toda a aldeia saiba do plano de minha esposa de ver a feira. Quero que se propague a
notícia como um incêndio florestal, Entendido?
John ficou desconcertado por um breve momento. Olhou seu laird com curiosidade até que
verdade o atingiu.
A boca do ancião se curvou em um sorriso preguiçoso.
—Querem atrair MacAllister dessa maneira?
—Sim. E vamos estar preparados para ele. Se Robert vier à feira, nunca a deixará com vida.

Capítulo 25

— Tem certeza que meu plano não a aborrece, amor? Prometo que estará mais protegida
que uma rainha na feira, entretanto, estão preocupada e vou cancelar tudo. — Thomas olhou para
sua mulher, já que davam um passeio de mãos dadas nos jardins.
Quanto mais pensava em seu plano para capturar MacAllister com sua mulher como isca ,
menos gostava. Não queria o canalha no mesmo país que sua dama, e muito menos na mesma
feira. Mesmo assim, não podia pensar em outra maneira de tirar a serpente de seu buraco.
—Não, Thomas. Não me preocupa absolutamente. Tenho toda a fé em sua capacidade de
proteger-me e sei em meu coração que nem sequer teria sugerido se acreditasse que houvesse
mínima possibilidade de que algo pudesse sair errado. — Maya inalou o aroma das árvores a seu
redor, desprezando o assunto. Ah, as Terras Altas. Tinha que amá-las.
Marido e mulher passeavam em silencio no que seria um exuberante jardim, quando as
flores descongelassem essa primavera. Thomas percebeu que Maya não gostava de estar fechada
fortaleza durante dias a fio, de modo que ele fez questão de tirar um tempo para andar com ela
todos os dias antes da refeição do jantar. Maya se encontrava no que ela chamava seu segundo
trimestre e afirmava ter mais energia.
E para sua surpresa, percebeu que esperava estas saídas diárias com seu amor. Nunca saiu
para caminhar em círculos sem um fim, antes de casar, mas agora fazia exatamente isso com sua
esposa.
Caminharam durante outros dez minutos antes que Maya fizesse uma parada abrupta.
—O que é isso, Thomas? Assinalou um crucifixo e uma lápide junto aos jardins. Deitado ao
lado do lugar havia um monte de ossos.
Thomas dirigiu seu olhar para onde sua esposa estava apontando. Conteve a respiração e
fez o sinal da cruz.
— Bom Deus. São os restos de minha mãe. Os cães os escavaram.
—Sua mãe? Não sabia… — Maya ofegou quando Thomas esmagou a seu lado e escondeu
seu rosto da vista. —Sinto muito, meu amor. Não queria que se perturbasse vendo isto.

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Depois da Tempestade

—Thomas—, Maya grunhiu enquanto se soltava de seu abraço. —Eu recolhia ossos para
viver antes de casar-me com você, lembra-se? Isto não me preocupa.
Seu marido a olhou com olhos zombadores, sem a certeza de que devia ceder. À maioria das
mulheres não gostavam de presenciar espetáculos como este, afinal. É obvio, ela não era como a
maioria das mulheres. Esta era Maya. Soltou-a.
O casal caminhou até o túmulo profanado em silêncio. Maya franziu a testa enquanto se
abaixava para inspecionar o que aconteceu.
—Os cães não fizeram isto, Thomas.
Olhou a seu marido enquanto ele considerava seu significado.
—Mas a terra parece arranhada. Que outra coisa seria a não ser os cães?
—Oh, não sei. — Franziu o cenho enquanto se levantava e colocava suas mãos nos quadris.
—Talvez um laird descontente fazendo todo o possível para feri-lo?
Entrecerrou os olhos quando viu seu significado.
— MacAllister, você quer dizer?
Maya suspirou enquanto ficava em cócoras sobre os ossos.
—Não há marcas de dentes nos restos de sua mãe. Os cães não foram responsáveis por este
asqueroso evento, garanto que haveria abundantes marca de dentes. Estes ossos estão limpos.
O rosto de Thomas ficou vermelho, as narinas infladas.
—Não posso esperar para matar o filho da puta—, anunciou entre dentes.
Maya suspirou.
—Depois disso, eu não posso dizer te culpar. — ficou de pé outra vez e apertou a mão de
seu marido, enquanto esfregava com doçura. —E depois de tudo o que sua mãe sofreu em vida,
ser profanada assim em sua morte. — Ela balançou a cabeça e franziu a testa.
Thomas soltou a mão de sua esposa e retrocedeu um passo.
—O que quer dizer? Nunca falei a respeito de minha mãe antes. Quem foi?
Maya encolheu os ombros.
—Ninguém. Sempre me perguntei por que nunca fala dela, mas agora que vejo seus restos
com meus próprios olhos, imagino que foi porque o assunto ainda o faz entristecer.
Pegou a mão de seu marido, levou aos seus lábios e a beijou brandamente.
—Sinto muito que sua mãe tenha sido assassinada.
Thomas puxou sua mão como se tivesse sido picado.
—Ela não foi assassinada—, apertou com irritação. —Minha mãe tirou sua própria vida. Era
uma puta que teve amantes em sua cama de boa vontade e se matou quando o último quebrou
seu compromisso!
Maya inclinou a cabeça e colocou suas mãos nos quadris indignadas.
—Por favor, não volte a referir a uma mulher como uma qualquer, especialmente sua
própria mãe, nesses termos de novo. Não permitirei.
Thomas grunhiu enquanto agarrava Maya pelos pulsos e a atraía perto de seu corpo.
—Não vai me contradizer no que diz respeito a minha mãe, entendeu?
Maya puxou seus pulsos das mãos de seu marido e se afastou passos.

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Depois da Tempestade

—Muito bem. Não vou mencionar outra vez. Chame-a como quer, mas não diga em minha
presença... Entendeu?
Thomas passou os dedos pelo cabelo com agitação antes de ceder com um gesto breve.
—Sinto muito, Maya. Nunca devia gritar. Tinham razão anteriormente quando disse que este
assunto me entristecia enormemente. Ainda não posso pensar nisso.
Ele começou a caminhar atrás e a frente, o que deu a Maya a impressão de que seu marido
queria falar dela, mas não estava seguro de como devia começar.
—Fale-me dela, meu amor.
Thomas parou e olhou fixamente a sua esposa. —Eu nunca falei disto antes. Na verdade,
apenas Dugald sabe disso e foi porque ele estava comigo quando descobri que ela levava outros
homens sua cama.
Maya ficou sem fôlego.
—Sinto muito. Ela não amava seu pai? Não era amor correspondido?
Ele balançou a cabeça e franziu a testa.
—Isso foi o inferno dele. Eu sempre achei que minha mãe amava meu pai com sua vida, mas
se descobriu que estava dormindo com outro.
—Ouch. Imagino que seu pai não aceitou as notícias muito bem. Como descobriu?
Thomas hesitou, sem saber se queria ou não falar mais disto. Por último, encolheu os
ombros e disse a sua mulher o que sabia.
—Soube na noite em que se suicidou. Um escudeiro dos MacAllister foi enviado a meu pai
com a informação, alegou que Elizabeth foi vista pulando com um individuo nesse mesmo dia no
pátio inferior.
—Um MacAllister? Por que diabos seu pai acreditou em um MacAllister?
—Não éramos inimigos naquele tempo. Naquele tempo. Os Hamilton eram com quem
lutávamos nesses dias. Na verdade, meu pai vinha de um ataque contra o clã Hamilton naquele dia
quando soube da morte de Elizabeth... E da infidelidade.
Maya suspirou. Que coisa terrível para descobrir sobre seu cônjuge! Entretanto...
—Não entendo. Então, quando foi atacada? Depois de sua morte?
Thomas encolheu os ombros.
—Nunca foi atacada.
—Sim foi.
—Maya, eu diria isso se fosse assim. Elizabeth não foi atacada.
Maya estreitou os olhos e franziu o cenho. Tinha que provar que sabia do que estava
falando.
—Elizabeth morreu por repetidas punhaladas na área do coração. Estou certo?
A boca de Thomas abriu enquanto olhava com assombro para sua mulher.
—Como pode saber disso?
Ela sorriu tristemente para o marido enquanto fazia gestos para os restos de sua mãe.
—É o que eu fazia para viver no futuro, lembra? Venha aqui e deixe-me mostrar o que é que
eu fui treinado para ver.

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Depois da Tempestade

Thomas hesitou por um brevíssimo de momento, em seguida, abaixou-se ao lado de sua


esposa.
—Sim?
Maya apontou para a área de restos de Elizabeth que teria contido o seu coração em vida.
—Estes ossos de proteção foram muito fragmentados. É impossível para a sua mãe ter se
esfaqueado tantas vezes - e de forma tão violenta - antes de finalmente sucumbir à morte. —
Além disso, posso dizer por que feridas a faca a cortou de um ângulo que é impossível que se
causasse os cortes com sua própria mão. Estas feridas foram causadas por outro alguém. — Maya
balançou a cabeça. —Sua mãe não tirou sua própria vida. Tenho certeza disso.
Thomas levantou-se lentamente. Ele não falou uma palavra no que pareceu uma eternidade.
Se o suicídio de sua mãe era uma mentira, não era possível que sua alegada infidelidade fosse uma
mentira também? Talvez a razão da infidelidade de Elizabeth ser tão impactante para ele e Angus
foi porque ela não infiel a princípio. Provavelmente Angus passou o resto de seus anos
amargurado e pelos pecados que Elizabeth nunca cometeu.
E Elizabeth, sua amada mãe, foi confinada aos jardins confinada aos jardins em morte, em
vez de junto de seu marido porque este acreditou que era muito imoral para terrenos
consagrados.
—Maya, eu preciso levá-la ao castelo—, disse em um sussurro rouco. —Eu preciso ficar
sozinho.
Ela olhou para o marido com pena em seus olhos. Ele parecia tão quebrado. Ela assentiu
soltando os dedos de seu marido, e se foi sem dizer uma palavra.
Maya respirou profundamente enquanto refletia tudo o que soube hoje. Talvez tivesse
ouvido muitas histórias dos MacAllister ultimamente, mas o fato de que se tratava de um membro
desse clã o mesmo que disse ao pai de Thomas sobre a suposta relação de sua esposa tinha que
chamar a atenção em sua mente. Algo nesse cenário não estava bem.

Capítulo 26

Maya esfregou o ventre arredondado e lambeu os lábios. Quase ofegou quando os servos
colocaram os pratos que o cozinheiro fez diante dela. Tudo cheirava francamente delicioso.
Inferno, mesmo galo era tentador nestes dias. Agora que estava em seu quinto mês de gravidez,
sentia geralmente esfomeada, até o ponto de que muitas vezes parecia como se levasse dez bebês
em vez de um.
—Por favor, passe-me o pão doce, Argyle.
—Sim, milady. — Argyle fez e então sorriu a sua senhora enquanto ela inalava o pão
perfumado
—Meu Deus, Maya—, Sara a admoestou, sacudindo a cabeça. —Vai se engasgar com sua
comida se engolir mais rápido.

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Depois da Tempestade

Maya grunhiu, depois, novamente, e voltou a atacar outro manjar.


Thomas e Argyle riram.
—Esposa, Lady Sara tem razão. Melhor reduzir a velocidade. Prometo que não vou deixar
que sua comida fugir de você.
Maya parou de comer no meio de mordida e levantou uma sobrancelha dourada.
—Você está tirando sarro de mim, Thomas? Estou alimentando seu bebê, sabia?
Ele sorriu.
—Sim, eu sei. E eu temo que o rapaz ou moça, não queira sair se continuar alimentando-o
dessa maneira.
Sara riu disso.
—Eu posso imaginar o parto agora, milorde. Vamos ter que convencer seu bebê a sair do
ventre de sua mãe com uma perna de cordeiro em uma mão e um pão doce na outra.
Os homens uivavam alegremente com a visão que provocava as palavras de Sara.
Maya rasgava uma perna de cordeiro com seus incisivos e franziu o cenho. Sustentou o osso
no ar e apontou com ele para seu marido.
—Você não deve tirar sarro de sua esposa. Não tenho culpa que seu bebê seja um porco.
Thomas levantou as mãos em sinal de fingida rendição. Infelizmente, ele não conseguia
parar de rir para salvar sua própria vida.
—Perdoe-me amor. Sei que é minha culpa.
—Sim— Argyle piscou um olho, — tudo é a culpa do Laird.
—Sim—, brincou Sara, — todos sabemos disso.
Maya fez uma careta para o grupo de pessoas olhando para ela com expressões divertida em
seus rostos. Ela apontou a perna de cordeiro que estava comendo com o marido mais uma vez.
—Você tem sorte eu achar que você é tão bonito.
Thomas corou.
Sara e Argyle riram mais forte.
Agora, até mesmo Maya estava sorrindo. Voltar às coisas para seu marido sempre era muito
divertido.
—Qual é o problema, meu amor? Eu o envergonhei?
—Thomas!
Os quatro deixaram de rir e dirigiram sua atenção para a entrada do salão. Dugald se
aproximava rapidamente, espada em mão, parecendo como se estivesse possuído.
—O que aconteceu?— Thomas gritou enquanto se levantava. — MacAllister?
—Não. — Dugald balançou a cabeça e embainhou sua espada. —Não, milorde, são as
nuvens negras! A mensagem foi enviado por Hamish!
Maya se levantou, agarrando a mão de Argyle no processo. Ela olhou para seu guarda-
costas, olhando enquanto engolia a notícia.
—É tempo então?— Ele perguntou.
—Sim—, anunciou Dugald com uma inclinação de cabeça com seus olhos sobre Argyle. —
Sotted o espera lá fora, moço.

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Depois da Tempestade

Argyle olhou com os olhos arregalados para Sir Dugald, incapaz de desviar seu olhar para
longe do rosto do comandante.
—Está tudo bem, Argyle?— perguntou Maya enquanto apertava sua mão. —Não tem que ir
se não quiser.
Argyle quase engoliu, depois virou-se para sua senhora e se inclinou em um joelho.
—Vou agora, Milady. Não falharei.
Maya estava prestes a discutir com ele quando percebeu pelo olhar determinado em seus
olhos que não havia sentido em fazer. Ela apertou a mão de Argyle e ordenou que se levantasse.
Quando ele obedeceu, ela se levantou na ponta dos pés e deu um beijo casto em seu rosto. .
Argyle suspirou sonhador, eufórico pela amostra de afeto da lady. Thomas fez uma careta,
com ciúmes.
—Argyle!— Grunhiu.
—Sim, milorde?
—Vamos. Esposa, você e Sara esperarão aqui até nossa volta.
—Mas Thomas, — respondeu Maya, com vontade de ir à colina para ver Argyle e Harold
irem.
Thomas levantou uma mão para silenciá-la.
—Não, esposa. Permanecerá aqui ou ninguém irá.
Maya estava a ponto de protestar quando Sara segurou sua mão e em silêncio rogou que
não fizesse qualquer coisa que pudesse fazer Thomas mudar de opinião. Ela cedeu, lançando uma
aceno a seu marido, rígido no processo.
Thomas suspirou com suas mãos sobre seus quadris.
—Entenderá minhas razões para esperar aqui no castelo, amor. Isso não é ser um tirano.
Maya suspirou.
—Já sei. — voltou-se para Argyle e suplicou com olhos preocupados. —Por favor, se cuide.
Por favor, volte para casa logo.
Argyle assentiu, em seguida, levantou a mão de sua senhora aos lábios e a beijou
suavemente.
—Não tema. Farei o que me pediu e estarei em casa antes do nascimento do filho de
milorde .
Maya assentiu.
—Diga a Harold que sentirei falta dele.
—direi.
Argyle se libertou das garras de sua senhora e seguiu Thomas e Dugald em direção as portas
da frente da fortaleza.
—Vigie sua lady!— Thomas disse por cima do ombro, a Gilfred enquanto saía do salão e se
dirigia ao exterior. —Não vou me demorar.

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Depois da Tempestade

Maya e Sara caminhavam sem parar diante da lareira do grande salão. Sara olhou com
expectativa para a parede, como se olhasse para um relógio que se encontrava ali. Ela suspirou ao
recordar que os relógios de parede não foram inventados ainda.
—Por que diabos está levando tanto tempo?
Maya retornou ao pão doce e continuou com seu ritmo frenético.
—Eu não sei—, confessou com a boca cheia. —Maldição, este pão está saboroso.
Sara revirou os olhos para Maya. Ela parou de andar e olhou sua amiga devorar seu quinto
pão doce desde que os homens haviam partido do castelo. Ela teve que sorrir, acalmar sua
preocupação um pouco. Sua querida amiga estava transformando em uma porca em posição
vertical para caminhar. A mulher comia tudo o que não pôde comer no princípio de sua gravidez.
Era surpreendente que não estivesse tão gorda como uma casa.
As portas do castelo assobiaram ao abrir, induzindo às mulheres a virarem-se para a entrada
do grande salão com antecipação. Thomas e Dugald apareceram depois. O laird se dirigiu
resolutamente para sua esposa, parando brevemente para dizer a Gilfred para sair.
Maya engoliu o último pedaço de pão doce enquanto olhava para seu marido, procurando
em seus olhos. Ele parecia pálido. Seu imperturbável, heroico, senhor da guerra que era seu
marido parecia bastante abalado. Ela engoliu o pão apesar que a massa grudou na garganta.
—O que aconteceu, Thomas? Qual é o problema? Não funcionou?— Sussurrou.
Thomas e Dugald ficaram sem fala, nenhum deles capaz de localizar suas faculdades para
falar.
—Diga-me antes que morra de curiosidade!— lamentou Maya. —Funcionou ou não?
—Por favor!— disse Sara. —Não podemos suportar o suspense por mais tempo!
Thomas respirou fundo e lentamente assentiu.
—Nunca vi coisa como essa amor —, murmurou. Negou. —Nunca.
Maya colocou a mão sobre seu coração para acalmar sua respiração.
—Então funcionou?
Thomas balançava a cabeça num movimento para cima e para baixo, o que indicava que
sim.
—Sim, amor. Eles foram daqui.

Capítulo 27

Thomas sentou-se na sua cadeira junto à lareira, bebendo cerveja de sua caneca enquanto
ele e Dugald refletiam sobre os eventos do dia. As damas fazia tempo que se retiraram, ambas
esgotadas de toda a agitação que tiveram essa tarde, enquanto esperavam a volta de seus
homens.
Thomas sentia o mesmo cansaço, mas estava muito ferido para dormir.

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Depois da Tempestade

—Tenho que admitir, Dugald, que uma parte de mim não acreditava na história de minha
mulher. Parecia muito fantástica para ser verdade.
Dugald suspirou e abaixou sua caneca.
—Me envergonha dizer que também havia uma parte de mim que pensava o mesmo.
—Não há como negar o que vimos hoje, meu amigo. Nossas damas são realmente desse
futuro de que falam.
Dugald balançou a cabeça.
—É aterrorizante, não é verdade? Pensar que nossas mulheres são do ano 2001! Por todos
os Santos, Thomas, Como pode ser?
Ele deu de ombros.
—Não saberia dizer. Não acredito que alguém possa.
—Acha que Argyle e Harold voltarão, ou acha que vão querer ficar lá, no futuro, quando
chegarem lá?
Thomas engoliu um gole de cerveja e suspirou. Refletiu em silencio por um momento,
tentando ordenar seus sentimentos.
—Sim, acredito que vão querer voltar para casa, para agradar às damas se não houver outra
razão.
Dugald assentiu.
—Há mais. E sei do afeto de Argyle por Lena. Só espero que seja suficiente para deixar o
futuro—, murmurou.
Thomas sorriu enquanto levantava e dava uns tapinhas nas costas de Dugald.
—Assegurei de que tivesse um incentivo para voltar para casa antes que se despedissem.
—Eu não entendo.
Thomas encolheu os ombros, sorrindo o tempo todo.
—Sabem que serão nomeados cavalheiros se voltarem antes que meu filho nasça.

O doutor Reginald Chance sustentava o porta retrato com a imagem em suas mãos e sorria
com lábios trêmulos. Estava sentado em seu escritório e chorou baixinho, enquanto as lembranças
o afligiam.
Sua filha parecia tão feliz nessa fotografia. Foram as melhores amigas de infância. Pelo
menos estiveram juntas quando morreram no pior furacão desta costa. Por isso, sempre estaria
agradecido a Deus. Ainda assim, era pouco consolo.
O doutor Chance baixou o porta retrato com a foto e pegou outro. Passou a maior parte do
ano pensando que suas filhas morreram, entretanto, cada dia se tornava mais tedioso que o
anterior. Estava sozinho no mundo agora, sua esposa morreu fazia anos, e agora sua Sara e Maya
se foram para estar com sua esposa. Não podia encontrar felicidade em nada nestes dias, nem
sequer em sua obra. Cada vez que ajudava a trazer uma nova vida ao mundo, em silêncio se
perguntava em quanto tempo os destinos cairiam sobre eles. Sua esposa não teve tanto tempo.
Suas meninas receberam muito menos.

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Depois da Tempestade

O doutor Chance entregou sua renúncia fazia um mês, e então vendeu sua casa com tudo
dentro. Foi difícil de fazer, vender sua casa, já que continha tantas lembranças da vida de sua
família reunida. Mas tinha que fazer, por sua própria prudência, e não por outra razão.
Deu uma olhada na sala que era seu antigo escritório com nostalgia, sabendo que esta noite
seria a última vez que poderia fazer. Amanhã os Crenshaws estariam vivendo aqui, criando novas
lembranças para substituir as antigos. Suspirou e secou as lágrimas de seus olhos. Entretanto,
como podia continuar?
Um som alto batendo veio da sala de estar, fazendo com que Reginald saltasse.
Parecia como se a porta de entrada fosse derrubada.
Meu Deus, além de tudo, também seria roubado?
Indiferente à ameaça da morte abriu a porta de seu escritório e se dirigiu resolutamente
para a outra sala.
O espetáculo que o esperava não era um com o qual pudesse lutar. Desde quando os ladrões
brandiam espadas e usavam saias escocesas? Havia dois homens, um com a cabeça prateada por
causa de sua idade e uma espessa barba, o outro jovem, loiro e barbeado. Ambos eram
sinistramente altos e grossos, todo músculos. Ambos usavam o cabelo comprido, com uma trança
em cada têmpora.
O mais velho, mais sinistro, deu um passo adiante e enfrentou Reginald.
—É o curandeiro conhecido como Chance, senhor de Lady Sara?
Reginald franziu o cenho pelo acento estranho. Seu acento era espesso. O homem parecia
tão Escocês como era.
—Sim, eu sou. Ou era. Minha filha está morta agora. — moveu com cansaço, com os olhos
avermelhados pelo pranto. —Que diabos estão fazendo em minha casa?
O mais jovem, o loiro escocês sorriu, movendo a mão em sinal de saudação.
—Meu nome é Argyle. Sua filha não está morta, milorde. Estamos aqui para levá-lo até ela e
Lady Maya.

Capítulo 28

— Por favor, não grite comigo Dugald. Você está me fazendo sentir horrível
—Bem, Sara! Alegro-me de não ser o único! Como pode estar tão malditamente calma? Faz
com que ache que se importa muito pouco casar comigo!
—Você sabe que eu quero esperar meu pai! Há! Agora estou gritando também! Isso me faz
sentir melhor?
—Sim, malditamente que faz! Estou pensando que…
—Basta.
A única palavra, pronunciada em voz baixa, mas com força, pelo MacGregor colocou fim
imediatamente a briga.

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Depois da Tempestade

Thomas fulminou Dugald com o olhar enquanto cravava sua adaga em um pedaço de perdiz.
—Vocês estão arruinando a refeição de todos na mesa. Quebram a paz e saem gritando
como malditas megeras.
Maya olhou com os olhos arregalados para o marido, mas não o contradisse. Sara e Dugald
estiveram brigando há quase uma semana. Aparentemente, seu marido estava tão cansado da
luta do casal como ela mesma.
—Sinto muito, Thomas, — respondeu Sara, —mas eu não comecei.
MacGregor balançou a cabeça em frustração, estando tão bravo com Sara quanto estava
com Dugald.
—Não, não sinta moça, entretanto, posso entender o que incomoda o meu comandante.
Harold e Argyle se foram há quatro quinzenas. É possível que não retornem. Vai adiar seu
casamento com Dugald para sempre?
Sara arqueou as costas tão rígida como uma lança. Lançou um olhar mordaz para Maya e
franziu o cenho.
—Suponho que você concorda?
Maya levantou a vista da mesa e lançou seus olhos entre Dugald, Sara, e seu marido.
Mastigou lentamente, sem dizer nada. Por fim, suspirou e assentiu.
—Querida, a conheço e sei que quer que seu pai a veja quando casar, mas Thomas está
correto. É hora de ser realista.
—Mas Maya…
—Não, Sara, — interrompeu-a. —Seja realista. — Maya baixou a voz para que ninguém
salvo eles pudessem ouvir suas palavras. —Não é nenhum segredo nesta torre que você pode
estar carregando seu filho.
Sara teve a decência de ruborizar. Fechou os olhos e baixou a cabeça.
—Estou—, sussurrou densamente. —E eu estou apavorada.
—Sara amor, — Dugald cantarolou, —está carregando meu filho?— Arqueou os lábios em
um sorriso arrogante enquanto se inclinava sobre a mesa e acariciava suas mãos.
—Uh huh—, admitiu. —Eu estou.
—Então parece — Thomas decidiu imediatamente, deixando claro com seu tom de voz
intransigente que ele não ouviria nenhum contra-argumentos. —Casará com Dugald o mais breve
possível. Comece a planejar a celebração com grande rapidez.
—Por que parece tão séria, milady? Não quer ter meu filho?
Sara levantou a cabeça e sorriu para Dugald através das lágrimas que brilhavam em seus
olhos.
—Claro que sim—, declarou. Encolheu os ombros sem poder fazer nada. —Mas tenho medo
do parto.
Maya começou a rir, esfregando seu ventre bem arredondado. Ela balançou a cabeça e
sorriu.
—Não,doçura, isto é aterrador!
Ela ignorou o comentário que provocou risadas e se inclinou para frente.

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Depois da Tempestade

—Sara, a diferença de mim, que estou tão grande para ter sete meses, não pode ter mais de
um mês. Isso é a ciência certa. Deseja dar a seu pai mais tempo para chegar até aqui, planeja o
casamento para o último momento, até que esteja perto de tê-lo, mas pelo menos planeje! Não
está sendo justa com Sir Dugald e sabe tão bem como todos os que estão sentados nesta mesa!
Sara assentiu ao contemplar os prós e os contra de dizer que sim. Dizer que sim significava
que prosseguiria com seu casamento se seu pai chegasse a tempo para presenciar ou não. Dizer
que não significava que seu filho poderia terminar levando a marca de bastardo, uma carta
praticamente escarlate no século XIV. Não, ela não podia se permitir o luxo de ser egoísta. Não
faria isso com seu bebê.
—Está bem, — cedeu, —vamos planejar. — E com o sorriso triunfal de Dugald acrescentou,
—Mas definirei a data para três meses. A diferença do resto de vocês continuo acreditando que
vão voltar e não privarei meu pai da oportunidade de ver-me às portas da capela.
—E se não retornarem?— Perguntou Thomas.
—Então ainda prosseguirá segundo o previsto—, declarou Sara. —Não quero que meu filho
leve a marca de bastardo neste mundo.
MacGregor assentiu.
—Está resolvido então.
—Sim, — disse Dugald, —Está resolvido .

—Que diabos ele está fazendo? Ele esteve monopolizando o banheiro durante uma hora.
Preciso de um banho!
Harold levantou a vista da espada que estava polindo e Reginald considerou
cuidadosamente. Ele olhou para a porta do banheiro do quarto de motel e para trás.
—Já sabe como é o moço quando se aproxima de seus livros de nus femininos. Agora você
imagine o que o moço está fazendo no banheiro.
Reginald estremeceu, olhando para a porta, pensativo.
—Não se preocupe, — murmurou. —Já não tenho o desejo de tomar banho ali.
Harold grunhiu, voltando ao seu polimento espada.
Uma hora mais tarde, Harold estava brincando com Argyle assim como Reginald.
—Quanta semente pode um sujeito pode derramar, moço?— Bateu na porta do banheiro,
gritando a plenos pulmões. —Saiam daí! Argyle! Tenho que fazer xixi no banheiro!
Reginald olhou para a porta enquanto cruzava os braços sobre o peito.
—Estou começando a pensar que é mais sábio alugar dois quartos em vez de um.
—Não—, Harold negou insistentemente, — é um desperdício de moedas. — E depois,
Argyle! Sairá deste banheiro antes que eu ponha fogo até ao último de seus malditos livros!
Um momento depois, Argyle saiu do banheiro parecendo um satisfeito pachá árabe que
retorna dos prazeres de seu harém. Suspirou com satisfação enquanto se dirigia diretamente à
cama e se deixava cair sobre ela para aconchegar-se nos cobertores.
—Como dizemos no futuro, Sotted, pode ir agitar a doninha.

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Depois da Tempestade

Harold passou pela porta do banheiro com a velocidade de um cavalo de guerra em busca do
inimigo.
—Se continuar com esses livros, moço, não terá uma doninha que agitar—, gritou por cima
do ombro.
Reginald caiu na cadeira mais próxima à televisão e fulminou com o olhar a nada em
particular.
—Como diabos terminei gastando minha aposentadoria com estes dois idiotas?—,
murmurou.

—Sara?
—Sim, Maya?
—Estou começando a pensar que é hora de começar procurar uma parteira na aldeia.
Sara levantou a vista da tapeçaria que Maya, ela e Lena costuravam e sorriu com doçura
para sua amiga. Maya estava agora em seu oitavo mês e cada vez mais assustada com cada dia
que passava.
—Vai dar tudo certo, Maya. Ele virá, eu sei que ele vai.
—Lady Sara está certa—, anunciou Lena. —Sei que Argyle voltará a toda velocidade. Talvez a
navegação seja difícil no oceano nesta época do ano.
Maya se atrapalhou com a agulha, em seguida, espetou-a na tapeçaria.
—Difícil—, murmurou com cansaço. —Tenho certeza de que você está certa.

—O que os boletins meteorológicos dizem?— Reginald perguntou a Harold, que se deixou


cair na cadeira do lado. Aceitou uma lata de Budweiser de Argyle que estava sentado a seu lado
enquanto esperava uma resposta iminente de Harold.
Sotted desligou o televisor com o controle remoto e voltou seu olhar para o médico. Pegou
seu copo de suco da mesa e tomou um gole saudável.
—A tempestade está se formando na costa da África. A esperam em duas semanas. Temos
uma quinzena para nos preparar.
—Então é melhor nos preparar—, decidiu Argyle enquanto desembrulhava uma fatia de
queijo e o devorava em três mordidas. Através de uma boca cheia ele proclamou: — Por todos os
Santos, Como vou sentir saudade destas misturas saborosas!
—Eu não vou sentir falta de vê-lo comer, isso é certo.
—Você critica tudo o que faço, Sotted!—, Argyle colocou as mãos nos quadris indignado. —
Está começando a me fazer sofrer um complexo de inferioridade!
—De onde demônios tirou essa ideia, moço?
Reginald suspirou e balançou a cabeça.
—Quando não está descarregando sua luxúria em uma mulher no canal da Playboy, está
ocupado com Oprah.
—Quem em nome de Deus Todo-poderoso é esta Oprah?—Perguntou Harold.
Argyle revirou os olhos.

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Depois da Tempestade

—É o nome de uma deusa da Núbia—, suspirou romanticamente.


Reginald revirou os olhos e levantou-se.
—É rica como MIDAS e no do seu tipo . — Pôs as mãos nos quadris e olhou para os dois
escoceses. —Vou dar um passeio. Não posso suportar ficar fechado nesta jaula com vocês dois um
momento mais. Entre seu desejo sexual— agito a mão apontando a Argyle —e seus gritos, —
lançou outra mão para Harold —Nunca sinto um minuto de paz neste pobre lugar.
—Deixa de choramingar, Reggie—, respondeu Harold com um bramido. —Vi muitos dias
melhores que este!
—De algum jeito duvido. — Reginald dirigiu à porta do quarto do motel,virando-se só depois
que alcançou a porta. —E não—, acrescentou ele com os olhos apertados e narinas inflamadas, —
chame-me de Reggie!

Maya encontrou Sara sobre as ameias, olhando melancolicamente para a noite.Estava


vestida com um tênue vestido de seda vermelha, seu cabelo negro comprido solto e derramado
até a cintura. A luz da lua se refletia em suas tranças, dando um tom azulado a elas.
Maya se encontrou com sua melhor amiga cada noite durante a semana passada neste
mesmo lugar. Não se enganava. Sabia o que Sara estava fazendo. Estava esperando e observando,
esperando que com o tempo tivesse sorte e veria seu pai à caminho do castelo MacGregor.
Maya caminhou balançando-se como um pato até Sara e ficou ao lado dela, olhando para a
noite negra. Não disse nada, apenas observava a estrelas brilhantes como parecia fazer apenas em
solo MacGregor, à espera que Sara falasse primeiro. Se quisesse permanecer em silêncio, não
insistiria na questão. Sara começava a parecer tão desesperada e desamparada como Maya .
Aproximou e pegou sua mão, apertando com força na sua própria.
Longos minutos passaram em silêncio, os sons da noite escocesa estranhamente plácidos na
acidentada Highlander. Maya levantou o capuz de sua capa em torno de seu rosto, o ar do verão
da meia-noite tornando-se frio pelas rajadas de vento fraco formando redemoinhos ao redor
delas.
—Maya?
—Sim, Sara?
—Procure a parteira.

Capítulo 29

Maya olhou para o teto enquanto ela estava deitada na cama ao lado do marido
adormecido. Apertou a grande pedra de rubi, que seu marido lhe deu durante seu noivado contra
seu peito.

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Depois da Tempestade

Quase completou os nove meses. Era mais que provável que Harold e Argyle estivessem
presos no ano 2001 e que ela fosse obrigada a dar a luz à maneira antiga. Sem drogas. Sem
analgésicos de qualquer tipo. Só agitação total, gritos, empurrões e rezas.
Tudo o que podia fazer neste momento era rezar a Deus e a todos os Santos de Thomas para
que ela e seu bebê conseguissem atravessar o parto com êxito. Seu marido não seria capaz de
suportar se ela ou o bebê morressem. Ela não seria capaz de descansar em paz sabendo que seu
marido estava angustiado com isso.
Thomas rolou para o lado, poucos minutos depois e colocou a sua esposa na dobra de seu
braço, tirando Maya de seu lânguido estado. Passou a mão sobre seu ventre inchado e sorriu para
ela, ainda grogue de sono da noite anterior.
—Bom dia, meus amores.
Maya inclinou o rosto para cima e sorriu.
—Bom dia. Dormiu bem?
—Sim. E você e meu filho?
—Sim.
—Bem.
Maya pegou a mão do marido e entrelaçou os dedos com os deles. Ele a beijou no ventre
logo levantou as mãos unidas a seus lábios e pôs um beijo quente em seus dedos.
—Qual o problema moça?
—Nada. — Suspirou. —Nada. Só me abrace, Thomas.
MacGregor puxou sua esposa para mais perto e a abraçou com amor.
—A feira é hoje, meu amor. Isso deveria fazê-la feliz.
Maya sorriu para seu marido preocupado com uma serenidade que estava longe de sentir e
assentiu.
— Sim, Thomas. Só me abrace enquanto isso.

Poucas horas depois, Maya admitiu para si mesma que a feira estava fazendo maravilhas
para levantar seu triste estado de ânimo. Havia tanta coisa para ver, tantos aldeãos para
conhecer, e para sua interminável alegria, havia muita comida diferente para comer. A única coisa
que azedava a ocasião, de maneira doce, era o fato de que os soldados MacGregor a rodeavam a
de cada lado. Parecia uma princesa com seu séquito de guarda-costas sobre ela.
Thomas insistiu em que cinco guardas de sua escolta pessoal fossem com ela através da
multidão que frequentava a feira, enquanto que um contingente ainda maior vigiaria o recinto.
Como seu marido esperava tirar Robert MacAllister da toca com todos estes homens ao redor ia
além do que sua capacidade de perceber. Não que estivesse procurando com interesse o
confronto inevitável.
—É uma honra conhecê-la por fim, milady. Apresento meu marido, Stephen, é um dos
homens MacGregor, mas não teve o prazer de conhecer.

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Depois da Tempestade

Maya sorriu afetuosamente a jovem que se apresentou como Margaret. Estava tão pesada
com uma criança como estava Maya, mas não parecia estar preocupada sobre o iminente
nascimento. Como ela desejou ter a força desta mulher!
—É um prazer conhecê-la, Margaret. Espero chegar a conhecê-la melhor. Por favor, sinta
livre para vir até o castelo em qualquer momento, qualquer dia.
—Eu nunca me imporia— corou Margaret. Ela riu com gosto enquanto sorria a Maya. —Meu
marido logo teria minha cabeça se me permite abusar da hospitalidade do Laird!
—Tolices!— Maya assegurou com um brilhante, e branco sorriso. —É minha convidada e,
portanto dou boas vindas a qualquer momento. Sara e eu poderíamos agradecer a companhia.
Além disso— acrescentou com um encolhimento de ombros, —Nossos bebês vão chegar mais ou
menos ao mesmo tempo. Talvez possam ser companheiros de brincadeiras!
Margaret começou a rir alegremente, assentindo.
—Eu gostaria milady. É melhor eu ir, meu marido esperou para comer os alimentos daqui
desde a última semana.
—Foi um prazer conhecê-la, Margaret—, anunciou Sara com um sorriso.
—O mesmo digo, lady Sara. Foi agradável conhecê-las.
Margaret fez um gesto com a mão para sua amiga, enquanto caminhava para o lado de seu
marido. Maya olhou para Sara e sorriu.
—É simpática, não?
—Sim, muito.
As mulheres passaram a explorar mais a feira, parando de vez em quando para falar com
outro aldeão ou para apreciar a variedade de doces que os comerciantes que viajavam levavam.
Maya rapidamente decidiu que ia fazer com que seu cozinheiro preparasse doces de gengibre
laminados de açúcar… com a maior frequência possível.
Ela devorou seu quinto, apontando para outra barraca que desejava visitar no processo.
Meia hora mais tarde, Thomas e Dugald se encontraram com suas mulheres em uma barraca
onde estavam agora absortas em uma conversa com um artesão. Nenhuma das mulheres foi
consciente da presença de seus homens até o momento.
O ancião que dirigia a barraca fabricava todo tipo de vasos e criações de vidro, cerâmica e
uma variedade de cristais que adquiria durante suas viagens.
—Provavelmente precisam por volta de cinquenta até cem pedaços—, disse Maya ao velho.
— Você realmente acha que poderia completar todo esse trabalho para o final de
dezembro?— Perguntou Sara com cepticismo, enrugando o nariz. —Restam somente alguns
meses.
O velho assentiu vigorosamente, obviamente encantado diante da perspectiva de ganhar um
trabalho estável.
—Sim, miladies. Trabalharei dia e noite se tiver que fazer. Não só posso forjar o vidro, mas
também sou ferreiro. E seria uma honra fixar minha residência nos salões MacGregor. Não tenho
nenhuma família a quem perguntar, por isso não tenho necessidade de mais que um chão para
dormir.

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Depois da Tempestade

—Tolices—, anunciou Maya com um gesto da mão. —Nunca pensaria em pô-lo no chão.
Terá seu próprio quarto e três refeições ao dia, junto com sua comissão.
Thomas levantou uma sobrancelha. Havia muitos quartos vagos no castelo, mais do que ele
conhecia provavelmente, mas não apreciava que sua esposa estivesse dando quartos em sua casa
sem pedir sua permissão primeiro.
—Isso é muito amável de sua parte, milady—, o artesão corou, — mas talvez devesse falar
com o laird antes de me oferecer tal recompensa.
Thomas assentiu com gravidade. Pelo menos o velho entendia como eram as coisas.
—Já tenho sua permissão—, insistiu Maya com um encolhimento de ombros desdenhoso.
Thomas olhou para sua esposa pelas costas quando assumiu sua postura mais desafiante.
—Oh, o que faz agora, mulher?
Maya virou-se ao som da voz de seu marido. Em vez de mostrar o próprio temor que deveria
ter depois de ser surpreendida dizendo uma mentira, na realidade parecia feliz de vê-lo, refletiu.
—Thomas!— Exclamou enquanto agarrava sua mão e o levava até seu lado. —Quero que
conheça alguém. Seu nome é Hamish, assim como o pastor MacGregor. — Sorriu. —Não é bonito?
Thomas encolheu os ombros. Sabia o que sua esposa queria dizer em Inglês de Tampa, mas
não via o porquê deste descobrimento. Muitos homens escoceses eram chamados de Hamish,
afinal. Parecia que sua esposa não sabia tanto, mas não disse nada.
—Hamish—, reconheceu com um gesto breve de sua cabeça.
—Milorde, — replicou Hamish com uma reverencia.
Maya apertou a mão de seu marido com emoção.
—Sara e eu encontramos por fim um homem que tem o talento para fazer todo tipo de
adornos para colocar em nossa árvore de Natal este ano! Não é genial?
Dugald avançou em seu caminho entre Maya e Sara.
—Árvore de Natal?
—Vocês não se lembram?— Maya perguntou, olhando-os.
Thomas encolheu os ombros.
—Aparentemente não. O que tenho que recordar?
Maya fez uma careta para o marido, liberando sua mão de uma vez. Sara sorriu ao laird e
falou rapidamente, com a esperança de evitar a cena que Maya poderia causar se pensasse que
seu marido voltou atrás com sua palavra.
—Thomas, você prometeu a sua mulher no último Natal que este ano celebraríamos as
festas de acordo às tradições de nossa terra, com meias e pinheiros. Disse a Maya que podia
encontrar um artesão com talento para a criação dos enfeites que desejava para a árvore no
grande salão, poderia convidá-lo para permanecer na torre.
A mandíbula de Thomas se abriu enquanto sua memória era sacudida. Sua esposa não disse
uma mentira, afinal. Ele foi o único que tirou uma conclusão errada.
—Ah, sim fiz. Perdoe-me, amor. Então este é o homem que pode fazer os enfeites com suas
especificações?
Maya sorriu para o marido, com seu entusiasmo de volta.

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Depois da Tempestade

—Certo. Olhe seu trabalho —, insistiu dando um golpe de sua mão para a mesa da barraca.
—É brilhante!
O rosto de Hamish ficou vermelho e arrastou os pés torpemente para frente e para trás.
— Seus elogios me fazem sentir um homem velho digno, Milady.
Maya balançou a cabeça, trazendo um sorriso de prazer ao artesão.
—Somos nós que tivemos sorte de encontrá-lo. Portanto, — continuou, —Pode empacotar
suas coisas e informar ao castelo, uma vez que esteja preparado. Gilfred aqui terá um criado que
terá seu quarto preparado. Não é , Gilfred?
O jovem cavalheiro se aproximou de sua lady e assentiu.
—Sim, milady. Verei isso eu mesmo.
—Obrigado, Gilfred, Eu…
Maya parou no meio da frase. Seu sorriso exuberante desapareceu, substituído por um
olhar pálido.
—O que é amor?— O coração de Thomas se acelerou a medida que se aproximava para
acalmar sua esposa.
Maya contemplou seu marido e forçou um olhar de tranquilidade em seu rosto.
—É hora—, sussurrou.
Sara arregalou os olhos em forma de lua cheia.
—O bebê?— Gritou ela.
Maya assentiu.
Thomas levantou sua esposa e a embalou na segurança de seus braços.
—Deixe-me levá-la para o castelo—, gritou por cima do ombro a seus homens enquanto
abria caminho entre a multidão.

Robert MacAllister viu MacGregor levar sua esposa da feira para o castelo MacGregor a
toda velocidade. Franziu o cenho. Maldito seja o homem! Era impossível aproximar de sua linda
cadela!
Passou as mãos pelo cabelo, agitado, enquanto considerava seu próximo movimento. Com
tristeza evidente MacGregor nunca relaxaria a guarda de sua esposa enquanto acreditasse que
estivesse vivo. Se Thomas não acreditasse que estava morto, nunca se aproximaria o suficiente do
castelo para entrar nele.
Robert conhecia a forma de penetrar à fortaleza MacGregor, uma rota de fuga abandonada
enquanto dava volta com Angus MacGregor em sua juventude. Matou Elizabeth por essa rota.
Mataria a atual Lady MacGregor através dessa rota também.
E igual a Elizabeth, cavalgaria entre as pernas da cadela primeiro. Talvez ela não daria boas
vindas a seus impulsos violentos mais do que Elizabeth fez. Robert encolheu os ombros. Não era
importante. A resistência sempre tornava a vitória ainda mais saborosa.
A questão para Robert era o que ia acontecer com a dama uma vez que a tivesse, mas
estabeleceria seus planos. Como podia fazer com que MacGregor acreditasse que estava morto?

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Depois da Tempestade

Como ele poderia encenar sua própria morte para que pudesse chegar perto o suficiente do
castelo para encontrar o caminho para entrar?
Robert coçou a cabeça, os piolhos do couro cabeludo faziam que sua dor se prolongasse.
Então ele sorriu lentamente, o primeiro vislumbre de esperança real que teve em meses. Pegou
uma larva que encontrou em sua cabeça e a esmagou entre suas unhas enegrecidas.
Ah, sim.
Sabia exatamente o que tinha que fazer.

Capítulo 30

Sara pegou a toalha molhada que a parteira entregou e limpou suavemente a testa de
Maya.
— Sua contrações são de cerca de 15 minutos de diferença, querida. — Ela balançou a
cabeça inquieta, pensando em como muito mais fácil saber com certeza. Se ela tivesse tido a
clarividência de estar usando um relógio quando ela e Maya foram apanhadas pelas nuvens
negras. —Você ainda tem um grande caminho pela frente.
—Estupendo—, respondeu Maya com sarcasmo. Ela apertou os dentes. —Não há nada
como a prolongação da agonia pelo tempo que for possível.
A parteira Maris estalou a língua.
—Esta dor é parte da vida, e terminará antes que perceba. Seus quadris são o
suficientemente redondos para trazer uma criança saudável ao mundo e você é tão forte como
um boi. Não há nenhuma razão para ter medo.
Maya franziu o cenho e olhou com expectativa para Maris.
—Você realmente acredita nisso?
—Sim—, predisse com um aceno de cabeça.. — Agora bem, se somente pudéssemos
conseguir com que seu semblante ficasse da mesma forma de seu corpo, passaríamos todos por
isso.
Sara riu.
Maya franziu a testa, depois estremeceu enquanto ela se preparava para uma outra
contração.
—Tem sorte que gosto de você Maris—, advertiu. —Eu não estou de bom humor hoje.
—Sim você não disse?— Maris estalou a língua e balançou a cabeça de novo. Maya
avermelhou, sentindo-se devidamente castigada. Havia alguma coisa na parteira que impunha
respeito e a fez confiar na sua capacidade de cura.
Talvez fosse o fato de que Maris tivesse uns cinquenta anos, entretanto, mas ao contrário
das pessoas do século XVI, ainda tinha todos seus dentes e tinha as costas reta como uma flecha.
A mulher teve dez filhos, mas seu corpo parecia tão fresco e bem cuidado como uma mulher de

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Depois da Tempestade

meia idade. Era a personificação de todas as coisas boas. Dava esperança a Maya de que uma
mulher pudesse ter muitos filhos e ainda vivesse sua vida com firmeza neste momento.
Uma contração se impôs no ventre de Maya, o que a fez dobrar de dor. Maris esfregou suas
costas e sussurrou docemente enquanto Sara se apoderava de suas mãos para sustentar até que a
intensidade passasse.
—Estão cada vez mais próximas. —, sussurrou Sara, com excitação e medo ao mesmo
tempo.
Abaixo, no grande salão, Thomas empalidecia ao escutar os gritos de sua esposa pela dor.
Nunca se sentiu tão impotente, tão completamente perdido, em todos seus dias. Se só Argyle e
Harold tivessem conseguido conseguir o senhor a tempo para o nascimento, então não estaria tão
preocupado.
Dugald se aproximou do laird e deu-lhe uns tapinhas nas costas.
—Tudo vai ficar bem, Thomas. Sua esposa é uma garota forte.
O laird parou o ritmo o suficiente para suspirar e passar as mãos pelo cabelo.
—Continue me dizendo isso, meu amigo, — disse em voz baixa enquanto reatava seu andar
rígido. —Por favor, continue me dizendo isso.

— Vocês dois são loucos! Eu não, repito eu não, caminharei mais perto do maldito
furacão!— O Dr. Reginald pôs as mãos nos quadris e franziu o cenho com ferocidade para Argyle e
Harold. —Por outra parte, sinto-me como um maldito idiota vestido assim. Se morrermos nesta
praia, Não quero ser encontrado usando uma saia!— Franziu o cenho, fazendo um gesto para o
tartán que Harold MacGregor o obrigou a colocar essa manhã.
—Não é uma saia!— Argyle respondeu com um gesto tão feroz como Reginald. —É o plaid
dos MacGregor e você deveria estar honrado por usá-lo!
—Bom perdoe-me, mas não! Sinto-me como um maldito travesti!
—Um quê?
—Um travesti!
—O que é um travesti?
—É um…
—Basta!—, Harold levantou uma mão silenciando-os e sacudiu seu dedo acusador para
Reginald. —Já nos demoramos tempo suficiente. Quer ver sua filha de novo ou não?
O corpo rígido de Reginald ficou imóvel, com os ombros cansados.
—Não posso acreditar que permiti vocês dois me enganar com isso—, apertou. —Minha
filha está morta. Por que me fazem sofrer mais?
—Saberá se mentirmos em alguns minutos mais—, disse Harold com um gesto da mão. —
Não tem nada a perder e uma família a ganhar se cooperar conosco.
—Tenho minha vida a perder se o furacão matar todos nós!
Harold encolheu os ombros.
—E isso seria tão mau?—, Perguntou em voz baixa. —O que tem para viver agora, Reggie?
Reginald endireitou sua postura e olhou seus dois captores.

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Depois da Tempestade

—Nenhuma maldita coisa.

Maya apertou a mão de Sara enquanto outra contração se abateu sobre ela. Sara olhou para
Maris e engoliu nervosamente..
—Estão cada vez mais próxima. Quanto tempo você acha que vai demorar?
—Nossa lady será mãe dentro de uma hora.

—Jesus Cristo!—, Reginald gritava obscenidades e outras coisas mais quando seus pés foram
retirados do chão e começou a voar no ar por uma faixa cor rosa brilhante. —Que porra é isto?
Argyle cobriu os olhos com suas mãos e rezou a todos os Santos que pôde nomear por uma
aterrissagem segura.
Harold fez uma careta para ele, revirando os olhos com enfado.
—Por que está cobrindo os olhos, moço?—, Rugiu. —Você sabe o que vai acontecer!
—Tenho medo de altura, — admitiu Argyle, com os olhos fechados apertado o mais firme
possível.
Harold meneou a cabeça e suspirou. Foram as oito quinzenas mais longa de toda sua
miserável vida.

Capítulo 31

O som dilacerador dos gritos de Maya causava que Thomas juntasse suas mãos sobre suas
orelhas. Como uma mulher poderia sobreviver tais torturas? Incitar Adão a comer uma maldita
maçã não poderia ser um suficiente e vil pecado para condenar a todo o sexo feminino a esta
loucura.
O MacGregor se deixou cair pesadamente em sua poltrona favorita junto à chaminé no
grande salão. Aceitou a jarra de cerveja que Dugald entregou com sombria resignação. Dugald se
afundou em uma cadeira junto a ele e suspirou.
—John, o Ancião, acaba de falar com a matrona fora do quarto. Maris diz que terminará
logo.
Thomas assentiu, mas não disse nada. Bebeu de sua jarra de cerveja e a deixou a um lado.
Fechou os olhos e orou, cruzando seus dedos duas vezes para estar seguro. Deixa que minha
esposa e criança viva. Silenciosamente suplicou aos céus. É tudo o que peço.
—Meu senhor!— Disse John, o Ancião, sem fôlego na grande sala e sorriu a seu laird. —
Argyle e o Sotted voltaram! Eles estão se aproximando!
Thomas e Dugald se levantaram de suas cadeiras como se tivessem estado incendiadas.
—Há alguém com eles?— Dugald bramou.
—Sim — riu John. —Acredito que trouxeram o pai de Lady Sara dessa terra longínqua que as
mulheres proclamavam!

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Depois da Tempestade

Thomas deixou escapar um suspiro de suspeita que esteve segurando desde que as dores de
sua esposa começaram.
—Tragam-no imediatamente, John!
—Sim, senhor.

Maya respirou fundo e logo apertou os dentes. Maris disse que era quase a hora de
empurrar. Queria empurrar agora. Desejava muito. Sentia como se estivesse sendo lentamente
torturada até a morte.
—Está bem querida. — cantou Sara enquanto limpava o suor da testa de Maya. —Está
fazendo maravilhosamente.
—Como demônios sabe?— Chorou dramaticamente, mas todos eram gritos de agonia.
Maris estalou a língua e sacudiu a cabeça.
—Não preste atenção a nossa senhora, Sara. É comum durante o parto, está com raiva.
Sara sorriu pacientemente a Maya, e fez que Maya quisesse estrangulá-la ainda mais.
—Me alegro de que alguém possa encontrar uma razão para sorrir por aqui — murmurou.
A porta do quarto se abriu com um estalo um momento depois.
—Estamos recebendo um bebê aqui!— Sara repreendeu enquanto ficava de pé. —Quem
quer que seja é melhor…
Sara congelou em seco e segurou o coração.
—Sara?— Reginald sussurrou com incredulidade, enquanto entrava no interior do quarto e
olhava a sua filha de cima a baixo.
—Papai— disse ela com voz fraca. Encaminhou para ele lentamente, com um sorriso que
substituiu rapidamente seu cenho franzido. —Papai!— Correu para Reginald para abraçá-lo e
jogou os braços ao redor de seu pescoço. —Papai!— Riu enquanto seu pai a levantava do chão e
dava voltas ao redor.
—Tudo isto é muito comovedor— sussurrou Maya venenosamente de sua cama. —Agora
bem, se os dois podem transferir esta reunião para mais tarde, necessito os serviços de Daddy C2!
—Maya— Reginald baixou a sua filha. —Reconheceria essa língua de troll em qualquer
parte!
—É muito tarde para parar a dor, mas ao menos pode ajudar Maris com o nascimento. —
Gritou Maya enquanto outra contração passava em seu ventre.
—É tempo de empurrar— anunciou Maris enquanto pedia a Sara que fechasse a porta do
quarto.
Reginald se aproximou de lado de Maris e se inclinou. Agarrou-lhe a mão e a beijou
brandamente.
—Sou o pai de Sara, minha bela dama. E quem é você?
A parteira se ruborizou profusamente enquanto oferecia a mão aos lábios de Reginald.
—Meu nome é Maris, meu senhor.

2
Conhecido, day care na Florida

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Depois da Tempestade

—Papai, não sabia que falava gaélico. — Sara sorriu afetuosamente a seu pai enquanto
caminhava de volta ao lado de Maya.
Reginald encolheu os ombros.
—Frick e Frack3 me obrigaram a aprender enquanto esperávamos o furacão.
Maya revirou os olhos.
—Olá! Olá!— Gritou. —Acredito que estou tendo um bebê aqui!— sentou na cama e
apertou os dentes. —Talvez, Sara, possa guardar suas brincadeiras para mais adiante. E talvez,
Daddy C possa seduzir a minha parteira depois de tirar meu bebê!
Reginald e Maris estalaram a língua e sacudiram a cabeça juntos.
—É uma pequena impertinente, não é verdade?

Argyle e Harold desfrutaram de uma bem-vinda de heróis depois na grande sala. Embora
nenhum fosse parente do laird, e Sir Dugald soubesse de seu verdadeiro destino, os homens do clã
MacGregor ainda estavam conscientes que desafiaram uma jornada intensa para trazer Lorde
Chance, assim como a grande quantidade de saques que se gabariam em mostrar muito mais
tarde.
Thomas estava desfrutando de uma boa cerveja chamada Budweiser que lhe deu Argyle em
um estranho empacotamento de lata. Estava bastante boa, teve que admitir.
Depois de que a volta inicial para casa passou, os homens na sala se reuniram ao redor da
chaminé e esperaram tranquilamente com suas latas de cerveja pelas notícias da esposa do laird e
seu filho. Thomas olhou os rostos que o rodeavam e que refletiam com apreço pelo que o céu
havia dado.
Aí estava John, um homem que conheceu desde que sua mãe deu a luz. Estava Dugald, um
leal amigo da infância. Estava Argyle, um rapaz órfão que teve o privilégio de criar como um bom
homem. E logo estava Harold, um homem que conheceu fazia vinte anos e que se congraçou
recentemente a si mesmo em sua família.
E logo, de um momento a outro, ia ser pai. Thomas piscou com rapidez, obrigando às
lágrimas que queimavam atrás de seus olhos a parar.
Maris apareceu um momento depois. Caminhou com graça do alto das escadas e se dirigiu
para o Laird. Thomas ficou de pé e observou a descida da matrona com o mesmo interesse que
seus homens. Todos estavam em silêncio, nenhuma palavra se falou.
Depois do que pareceu uma eternidade, Maris finalmente parou frente a Thomas e sorriu.
—Felicitações, meu senhor. É o pai de duas crianças sadias!
—Duas?— a pergunta foi arrancada de seus lábios.
Maris começou a rir alegremente quando chegou à mão de Thomas.
—Seu filho nasceu primeiro e sua filha pouco depois.
Os gritos na sala foram lançados enquanto Thomas levava Maris a seu lado e a beijava na
bochecha.

3
Tolo e ré-tolo, protagonistas de um show de comédia

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Depois da Tempestade

Levantou a lata do Budweiser a seus homens, assim como às outras pessoas que se reuniram
em torno dele com sorrisos em seus rostos. —Um filho e uma filha!— Gritou. —Os nomeio neste
dia Angus e Elizabeth, como meu pai e minha mãe!
Outro coro de aplausos soou ao longo da torre. Thomas tomou sua cerveja de um gole,
jogou a lata a Argyle, e se dirigiu para as escadas. Era tempo de ver sua esposa e seus filhos.

Capítulo 32

—Nomeou o meu filho de Angus?


—É um bom nome escocês, amor.
—Odeio! Nego-me a chamar meu filho com esse horrível nome!
—Chamará a meu filho por seu nome… Angus!
—Agora meninos— interveio Reginald. —Não é bom brigar assim. Maya acaba de dar a luz.
— Colocou os braços sobre o peito e franziu o cenho ao casal. Quando o rosto de Thomas se
tornou adequadamente vermelho, Reginald grunhiu de satisfação, logo se voltou e escoltou Sara
fora do quarto, deixando as disputas dos cônjuges a sua sorte.
Maya franziu o cenho a seu marido enquanto levava a seu filho nos braços e o colocava em
seu peito. Quando Angus conseguiu se amamentar em um mamilo, ela fez um gesto a Thomas de
que entregasse Elizabeth. Thomas deu um beijo em sua filha na cabeça e logo a colocou no outro
peito de sua mãe.
Maya sorriu a seus bebês. Não podia acreditar o que estes anjinhos pequenos eram para ela.
Thomas observou enquanto seus filhos bebiam do seio de sua mãe e secou as lágrimas que
caíram de seus olhos. Esta era a felicidade. Isto era o que parecia ser um homem completo.
Maya olhou a seu marido e sorriu satisfeita. Seu coração se encolheu mais à visão de suas
lágrimas.
—Suponho que Angus não é um nome tão ruim — cedeu em voz baixa.
Thomas sorriu enquanto se sentava na cama junto a sua esposa.
—Convenceu-me da inocência de minha mãe, meu amor. Minha mãe e meu pai foram
obrigados a se separar por enganos, é o mínimo que posso fazer para reparar o dano.
Maya suspirou e assentiu com resignação. Como ia discutir a lógica disso?
Chamariam-se Angus e Elizabeth MacGregor.

Argyle e Harold visitaram Lady Maya uma hora mais tarde, deleitando-a com todo tipo de
histórias emocionantes de suas aventuras com o clã Tampa. Argyle segurava Angus nos braços,
enquanto que Harold murmurava e mimava à pequena Elizabeth.
—É incrível Milady, que depois de só algumas horas de vida nosso herdeiro já tem o aspecto
de um laird enquanto que a doce Elizabeth se assemelha a você.

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Depois da Tempestade

Sara riu entre dentes, aceitando-o de todo coração. Ela se aproximou da cama, com Dugald
diretamente atrás dela, e Maya tomou sua segunda vitamina de chocolate desde que deu a luz.
—Os gêmeos devem ser iguais.
Maya lambeu os lábios e aceitou com avidez a vitamina, e não respondeu ao comentário de
sua melhor amiga.
—Economiza um pouco dessa beberagem para mim, amor — Thomas a repreendeu ao
chegar e roubar o copo. Tomou um gole grande, depois secou a boca e lançou um suspiro. —É
bom, este chocolate.
Maya riu, trazendo sua vitamina de volta.
—Eu a ganhei.
—Muito certo, esposa. Assim, me digam— insistiu Thomas com um movimento de sua mão
para Argyle e Harold — Desfrutaram de sua aventura no futuro?
Argyle moveu a cabeça de cima a baixo com força.
—Foi mais maravilhoso do que posso dizer, senhor.
—Imagino que sim.
—Querem retornar?— Maya perguntou em voz baixa, rezando para que a resposta fosse
não. Sentiu saudades de seus amigos mais do que podia pôr em palavras.
—Não senhora— anunciou Argyle. —Foi uma experiência que nunca esquecerei, mas esta é
minha casa.
—Sim — Harold a secundou. —Tomei alguma ideia mais para minhas baladas de amor,
enquanto estava no futuro, mas meu lugar está aqui também.
Maya sorriu maliciosamente a Sara.
—Vai cantar no casamento de nossa querida Sara?
Os olhos de Sara se abriram como pratos, o que fez que Maya jogasse sua cabeça para trás e
risse.
—Por favor, Harold — Sara murmurou, —seria bom.
Harold piscou um olho para lady Maya e logo sorriu a Sara.
—Como dizem no futuro, milady, o que é bom para o ganso é bom para o peru.
Sara gemeu, com as mãos no rosto. Todo mundo começou a rir.
Um momento depois, Maris e Reginald entraram no quarto. A parteira estalou a língua e
negou com a cabeça a Maya.
—O que fiz de errado agora, Maris?
—As crianças precisam dormir. Entendo que todo mundo está feliz fazendo suas visitas, mas
os deixe comigo e com Lorde Chance. Vamos colocá-los em seus berços.
Maya assentiu, assinalando ao Harold e Argyle para que entregassem os meninos à parteira
e ao médico.
—Vou me vestir tão logo vocês se forem. Harold e Argyle, os verei lá embaixo em poucos
minutos. — Sorriu logo chegando à mesa junto a sua cama e roubando um baralho de cartas.
—Senti saudade de meus companheiros de pôquer mais do que posso dizer.
Harold riu enquanto permanecia de pé e deu tapinhas nas costas de Argyle.

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Depois da Tempestade

—Tome cuidado, milady. Nosso doce Argyle se converteu em todo um jogador enquanto
no... hã... — olhou a Maris e avermelhou, e logo olhou de novo a Maya. —Enquanto nos
encontrávamos no clã de Tampa.
—Ela sabe. — Sorriu Maya.
Os ocupantes da câmara olharam a Maris.
—Ela sabe?— Thomas perguntou. —Como?
Sara negou, divertida e riu entre dentes.
—Meu senhor, você sabe que sua esposa não pode controlar sua língua em um dia normal.
Poderá imaginar todas as coisas boas que tinha que dizer enquanto dava a luz a seus filhos.
A sala se encheu do som de risadas, Maya franziu o cenho.
—Ouça, não foi fácil! Em meu tempo, as mulheres não têm que sentir toda essa dor! E não
tenho por que sentir na próxima vez. Não é verdade, Daddy C?
Reginald beijou a testa da pequena Elizabeth e a pôs brandamente no interior do berço ao
lado de seu irmão. Aproximou-se de Maya e se sentou a seu lado na cama.
—Há algo que estive querendo dizer a você e a Sara.
Sara soltou a mão de Dugald e observou os gestos nervosos de seu pai.
—Tenho a sensação de que é algo que não quero ouvir.
Reginald fez um sorriso sem humor e encolheu os ombros.
—Não posso, em sã consciência, dar a nenhuma das duas, medicamentos para a dor aqui.
—O que?— Gritaram juntas.
—Me escutem— insistiu Reginald com um gesto de sua mão. —Se algo saísse errado e
administrasse acidentalmente muita droga, poderia matá-las ou causar paralisia permanente. —
Negou com a cabeça. —Sinto garotas. Posso usar todos meus conhecimentos para ajudar a nascer
os bebês que gerarem a salvo, e posso diminuir o mal-estar a um grau considerável com ervas,
mas não com drogas sintéticas. Não temos as máquinas adequadas aqui para ver seus sinais vitais.
Maya olhou a Thomas e franziu o cenho.
—Planejo mantê-lo afastado de meu lado da cama por muitos anos.
O quarto se encheu de risadas.
Thomas franziu o cenho a sua esposa.
—Não vou fazer tal coisa.
—Sobreviveu ao dia de hoje o bastante bem— repreendeu Maris. —Você e Lady Sara
sobreviverão a muitos nascimentos que estarão por vir. — Passou sua mão para a porta e disse
sua seguinte ordem: — Todo mundo fora. As crianças precisam descansar. Podem continuar com
esta discussão em outro lugar.
Maya sorriu à parteira. Estavam cortadas pelo mesmo mau caráter, Maris e ela.
—Permanecerá na torre, não, Maris? Não posso pensar em ninguém melhor qualificada para
ajudar a criar meus bebês.
—É óbvio que não pode— insistiu Maris com gesto majestoso.
O som da risada foi calado, fez um gesto para a porta uma vez mais.
—Agora fora. Todos.

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Capítulo 33

O grupo MacGregor se reuniu na sala adjacente a grande sala e se encerraram na câmara.


Argyle ficou de pé e mostrou todo o botim que adquiriu durante suas viagens às pessoas sentadas
ao redor da mesa.
—O primeiro assunto se refere aos negócios das propriedades das Senhoras Sara e Maya. —
Argyle alcançou a primeira bolsa de pano que havia e que remontava ao século XIV e tirou duas
bolsas menores. Entregou a primeira a Maya e a segunda a Sara. —Como o dinheiro de papel não
tem valor em nosso mundo, Lorde Chance negociou todo seu dinheiro em efetivo por estas finas
joias.
Maya e Sara abriram seus sacos e derramaram as gemas sobre a mesa.
—Meu Deus!— Dugald proclamou. —É quase uma fortuna!
Thomas lançou um grunhido. Analisou a riqueza de sua mulher com um olho e depois tomou
as pedras e as colocou de novo no saco. Deu uns tapinhas no joelho de sua esposa e sorriu.
—Casei com uma herdeira.
Maya sorriu a seu marido.
—Podemos utilizá-lo para comprar terras e títulos para qualquer um dos filhos nascidos
depois de Angus.
Thomas assentiu, impressionado. Uma pensadora ardilosa era sua mulher.
Maya olhou sua bolsa e franziu o cenho.
—Argyle, não vejo…
—Está aqui, senhora.
—O que?— Perguntou Thomas.
Maya sorriu enquanto acariciava o colar de rubi em sua garganta.
—É um segredo. Descobrirá no Natal— piscou um olho e não disse nada mais.
Thomas lançou um grunhido, mas obedeceu.
Durante a seguinte hora, Argyle e Harold apresentaram ao grupo todas as coisas que
acumularam no futuro, enquanto que as pessoas comiam Big Mac, batatas fritas e tomavam goles
de cocas em lata. Thomas e Dugald passaram o primeiro quarto de hora maravilhados pela
praticidade de seus canudos para chupar. A seguinte meia hora pareceram surpreender e
intimidar pelas várias invenções futuras, tais como o acendedor Bic, uma caixa de fósforos, e
fotografias.
—Juro— anunciou Thomas com tom reverente, — Que estes pergaminhos que chamam
fotografias parecem muito reais— Sorriu a uma foto de bebê de Maya no álbum do Dr. Chance. —
Elizabeth já é parecida a você, amor.
Maya sorriu, recordando tempos passados enquanto olhava o álbum com seu marido.
—Estas somos Sara e eu em nosso baile de graduação. — riu. —Olhe nosso cabelo, Sara!

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Depois da Tempestade

Sara levantou de seu assento e ficou atrás do ombro de Thomas. Passou a seguinte página e
sorriu.
—E aqui estamos em nossa graduação da universidade.
Thomas passou a seguinte página do livro e franziu o cenho.
—Quem é esse cara com os braços ao redor de você, Maya?
Maya mordeu uma batata e logo olhou para baixo no álbum. Engoliu com os olhos muito
abertos.
—É... Ninguém especial. — Pegou o álbum e habilmente trocou à página seguinte. —Oh,
olhe isto!— Anunciou, com a esperança de distrair seu marido. —Estas somos Sara e eu em Paris.
Sua tática não funcionou. Thomas voltou à página anterior e assinalou com veemência na
fotografia ao homem bonito e loiro atrás de Maya, com seus braços rodeando sua cintura.
—Quem é ele?
Maya estremeceu.
—Estive comprometida com ele por um tempo— admitiu em voz baixa.
Thomas levantou a frente, formando uma barra com os olhos.
—O nome?
—Nick.
—Nick?
—Sim.
—Nick Arse?
—Sim.
Três gritos de assombro chegaram da boca do Argyle, Dugald, e Harold.
—Se soubesse isso, mataria o homem quando estava no futuro, meu senhor. — Harold
olhou a Maya enquanto cruzava os braços sobre o peito.
—Esteve comprometida com um mago?— perguntou com incredulidade Argyle.
—Um mago?— Reginald perguntou com expressão perplexa. —O que é isso de um mago?
—Agora papai — interveio Sara, dando a seu pai um olhar de não-se-atreva-a-me
contradizer, — os dois sabemos que Lady Maya terminou seu namoro com Nick Arse quando
soube que era um mago. Não é assim?
Reginald coçou a cabeça e deu a sua filha um olhar de: melhor-explicar-que-inferno-é-isto-e-
quero-que-explique-sem-demora.
—Sim. Sim, é óbvio, já sei. Todo mundo sabe que Maya não pôde suportar casar com um
mago.
Thomas lançou um grunhido, apaziguado.
—Tirará esta fotografia imediatamente e a queimará. Não conservarei qualquer pergaminho
de minha esposa nos braços de outro homem, mago ou não. — Franziu o cenho a Maya, à espera
que cumprisse sua ordem.
Maya encolheu os ombros, tirou a fotografia de sua coberta protetora de plástico, e passou
o acendedor Bic por ela. Jogou-a ao chão, vendo-a arder até se tornar cinzas.
—Feliz agora?

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Depois da Tempestade

Thomas lançou um grunhido.


Dugald cruzou os braços sobre o peito e franziu o cenho a Sara.
—Se houver qualquer fotografia no álbum de você com outro homem, será melhor que se
desfaça antes que a veja.
Sara mordeu o lábio e assentiu. Pegou o álbum das mãos de Thomas e passou as páginas.
Tirou um total de dez imagens, Dugald estava visivelmente mais e mais zangado a cada retirada de
pedaço de pergaminho. —foi amada por todos estes homens?— voltou para Reginald e franziu o
cenho. —permitiu que a cortejassem todos eles?
Reginald avermelhou, arrebatando as fotografias das mãos da Sara enquanto olhava a seu
futuro genro.
—Agora vejamos, em nosso tempo os homens têm muitas mulheres antes de se estabelecer
com uma somente!— Brincou com o montão de fotos e franziu o cenho. —A metade destas são
imagens dos homens de Maya de todos os modos.
—Os homens de Maya?— Gritou Thomas.
Maya se queixou, afundando-se ainda mais em sua cadeira.
—Obrigada, Daddy C—, murmurou em voz baixa.
—Agora vejam isto!— Reginald declarou a Thomas e Dugald com justa indignação, —
Minhas meninas não foram cortejadas mais que por dez homens cada uma. Eram garotas boas,
ambas.
—Dez homens cada uma?— Gritaram Thomas e Dugald juntos.
Maya e Sara fecharam os olhos, ambas fantasiando sobre todas as formas em que podia
torturar Reginald quando estivessem sozinhas.
—Dez homens? Dez homens?— Thomas olhou a sua esposa, com as fossas nasais dilatadas.
Maya revirou os olhos enquanto ficava de pé.
—Thomas—o repreendeu enquanto tirava um longo fio do ombro — Acabo de dar a luz a
seus filhos faz umas horas. Não estou de humor para que grite. Irei a meu quarto. — girou sobre
seus calcanhares e olhou para a porta da sala.
—Maya!— Gritou Thomas. —Volta aqui e se explique neste mesmo instante!
—Não, não farei!— Cuspiu enquanto dava a volta para enfrentá-lo de novo. —Você, meu
próprio marido, me insulta. — Correu ao lado do Reginald, tomou as fotografias de sua mão, e as
jogou em seu marido. —Este cortejo era o costume de nosso tempo, as coisas eram assim. Não
pode me culpar por viver da única maneira que conhecia!
Suas palavras defensivas transpassaram Thomas, fazendo-o ver as coisas da perspectiva de
sua esposa. Foi para trás imediatamente, ainda zangado, mas não disse mais.
—Agora — anunciou Maya por cima do ombro enquanto caminhava para a porta da sala —
Vou a minha antecâmara, alimentar meus bebês, e logo irei dormir em minha cama! Boa noite!

MacGregor passeava pela muralha inferior, orando para que logo se acalmasse o suficiente
para visitar sua esposa e a seus filhos. Ninguém se atrevia aproximar dele enquanto passeava com
ira para trás e para frente, nem sequer Sir Dugald.

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Depois da Tempestade

No fundo de seu coração, Thomas sabia que não era justo que estivesse tão zangado com
sua esposa, entretanto, saber disso fazia pouco para dissipar seu estado de ânimo assassino.
Queria matar o filho da puta do Nick, queria vê-lo morrer por suas próprias mãos.
Thomas não era ingênuo para acreditar que Maya era virgem e também reconheceu o fato
de que sabia isso muito antes de casar. Entretanto, uma coisa era saber de alguns homens
esquecidos fazia muito tempo de seu passado e outra totalmente diferente era ver uma fotografia
do homem abraçado ao corpo de sua esposa como se tivesse direito.
Nenhum homem tinha esse direito. Maya era sua esposa, seu bem, sua posse por lei. Se tão
somente tivesse albergado a previsão de ir com Harold e Argyle ao futuro, então o filho da puta do
Nick estaria morto e sua honra vingada. Em seu lugar, caminhava com ritmo no pátio, desejando
algo que poderia ser e que nunca seria.
Era certo que poderia incursionar no futuro só e tomar vingança, mas sabia que nunca
deixaria seu lugar ao lado de sua esposa durante o tempo que poderia tomar fazendo. Não, não
podia suportar ser arrancado dela por um longo tempo.
Thomas suspirou, derrotado. Chegou a um abrupto fim e passou os dedos por seu cabelo.
Sua Maya estava correta. Tais costumes de cortejo eram a forma das coisas no mundo que
utilizava para reclamá-la como dele. Além disso, ele ganhou. Maya pertencia irrevogavelmente a
ele. Possivelmente poderia deixá-lo passar, sabendo que era o vencedor quando tudo estava dito
e feito.
Depois de tudo, era em sua cama que Maya chegava cada noite. Seu corpo o que exigia o
dela, amando com toda sua paixão. Eram seus filhos os que sugavam de seus seios em sua câmara
agora. E seriam seus filhos os que cresceriam em seu ventre no futuro.
Thomas encolheu os ombros, meditando cada vez menos cada momento. Suspirou com
resignação, consciente de que devia estar em cima das escadas com sua esposa e seus filhos, não
caminhando com ritmo no pátio como louco.
Era o momento de aceitar ao óbvio. Nick Arse poderia ter ganhado a primeira batalha, mas
era uma batalha anteriormente a que conheceu sua Maya. Além disso, MacGregor cobrou o
último prêmio. Ele era o homem que ganhou a sangrenta guerra.

Maya dispensou Maris de seu quarto, insistindo em que a parteira — e agora tutora – fosse
ao grande salão para comer algo. Ela aceitou com facilidade, o cansaço das últimas horas caiu
sobre ela.
Angus despertou ao ouvir a voz de sua mãe e chorou. Maya abriu seu vestido, liberando seu
seio no processo, enquanto corria ao berço que compartilhava com sua irmã. Levantou-o e sorriu
calidamente.
—Sim que é um homem com fome, pequeno.
Angus se lamentou em resposta e continuou fazendo até que esteve felizmente
amamentado pelo leite de sua mãe.
Thomas entrou em seu quarto um pouco mais tarde, encontrando sua mulher arrulhando a
seu filho enquanto o alimentava de seu seio. Olhou-os em silêncio durante um longo momento,

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Depois da Tempestade

sem dizer nada, mas se sentindo muito contente. Elizabeth começou a pedir atenção com
pequenos gemidos, quebrando Thomas de sua leitura lânguida de mãe e filho. Aproximou-se do
berço e pegou sua filha. Esfregou com doçura suas costas enquanto girava sua cabeça perfeita e
dava paternais beijos carinhosos.
Maya o olhou depois, entrecerrando os olhos.
—Não o ouvi entrar — admitiu rigidamente.
Thomas olhou a sua esposa e sorriu, querendo uma trégua.
—Estava olhando você e Angus, do canto. A pequena Beth deveu ter escutado entrar seu
papai—. Pôs outro beijo de amor em cima de sua testa logo olhou a Maya. —Sinto a forma em que
me comportei, minha Maya. Não tinha direito a me zangar por algo que aconteceu enquanto
estavam ainda no futuro.
Maya encolheu os ombros, com suas defesas imediatamente desarmadas. Sorriu
lentamente, seu aborrecimento se dissipou.
—Está bem. A verdade seja dita, provavelmente reagiu da mesma maneira em que o fez se
estivesse inesperadamente frente a uma mulher de seu passado. — Ela sacudiu sua cabeça e
franziu o cenho. —me deixe retificar isso. Definitivamente teria reagido do mesmo modo que fez
se eu, inesperadamente, me visse confrontada por uma mulher de seu passado.
Thomas sorriu.
—Bem. E rezemos para que nunca tenha a experiência pelo tipo de sentimentos de que fui
objeto.
Thomas se aproximou de sua mulher enquanto continuava dando palmadinhas à costas de
Elizabeth.
—Acredito que está esperando sua vez por seu seio, esposa. Melhor os trocarmos, tão logo
Angus acabe de comer.
Maya assentiu.
—Terminou agora. Vou alimentar Elizabeth enquanto faz Angus arrotar.
—Arrotar?
Maya sorriu.
—Ponha-o sobre seu ombro e lhe dê tapinhas brandamente nas costas. Ao ouvi-lo arrotar,
então saberá o que fez um bom trabalho.
Maya teve que rir quando uns minutos mais tarde, seu filho arrotou... E seu marido teve um
olhar tão orgulhoso que qualquer um teria pensado que acabava de ser coroado rei da Escócia.

Capítulo 34

Entre os preparativos do casamento de Lady Sara e Sir Dugald, a cerimônia de nomeação de


cavalheiros de Sir Argyle e Sir Harold, que tiveram lugar no dia seguinte de sua volta, o anúncio
dos esponsais de Sir Argyle e Lena, e a chegada de Hamish, o Artesão, à torre, o Castelo

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Depois da Tempestade

MacGregor fervia de atividade sem fim no mês seguinte. E tudo isto, refletiu Maya, enquanto se
ajustava à maternidade com o senhor da guerra de seu marido.
―Vai estar casada amanhã Sara. Pode acreditar?
—Incrível, não? Só tive que esperar O que, um ano?
Maya tomou sua mão de cartas e sorriu.
—Bem, mas valeu a pena. Daddy C chegou para te acompanhar às portas da capela.
—Já sei. — Sara sorriu. —E tenho Harold e Argyle para agradecer por isso.
Harold ruborizou enquanto tomava a mão de cartas que Maya dava.
—Não foi nada, senhora.
Argyle assentiu.
—Agora que tudo se resolveu, os quatro vamos falar de negócios. Tenho uma mão aqui
garantida, a mão para enviar a todos vocês para comer poeira.
—Vou ser o único fugindo, moço — insistiu Harold com uma sacudida de cabeça indignado.
Nesse momento, Reginald entrou na sala e franziu o cenho.
—Não deixem que os Tweedle Dee e Tweedle Dum4 as assustem, meninas. Nenhum deles
tem nada a ver com vocês no pôquer.
Maya e Sara riram, o que causou que o cenho já franzido de Harold, o Sotted, para o doutor
Chance se fizesse mais duro.
—Possivelmente devem entrar no jogo, Reggie, e veremos quem faz quem comer poeira.
—Não me chame Reggie, Harry.
—Não me chame Harry, Reggie. E quem me vai parar?
—Eu o farei.
—Você? Já! Você não pode nem sequer segurar uma espada!
Reginald pisoteou ao lado do Harold, com o rosto vermelho de ira fantástica.
—Ainda tenho meus punhos!
Harold ficou de pé, desafiando Reginald nos olhos.
—É a isso ao que chamam coisas de mulher fraca?
—Adoentados? Femininas? Agora venha aqui e traz seu traseiro de cavalo…
—Traseiro de cavalo?— Balbuciou Harold. Suo rosto ficou do mesmo tom zangado carmesim
que o de Reginald. Ergueu-se até sua altura máxima e colocou o dedo no peito do doutor. —Sou
de borracha, vocês são cola. O que dizem ricocheteia em mim de boa forma e pega em você!
Maya revirou os olhos.
—Rapazes, é suficiente. Angus já mostra mais maturidade que qualquer um de vocês.
Sara começou a rir e Argyle, induzido pelos gritos dos homens se ruborizou brilhantemente.
—Bem!— Cuspiu Harold.
—Bem!— Respondeu Reginald.
Os homens se sentaram em um lugar atrás. Maya entregou a Reginald uma mão de cartas
enquanto balançava com a cabeça pelo entretenimento.
—Bom— declarou Argyle em um tom de ansiedade, — vamos começar o jogo.
4
Gêmeos de Alice no Pais das Maravilhas.

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Jaid Black
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Depois da Tempestade

Harold cuspiu na culatra de sua espada, depois a fez brilhar usando uma pele de animal
descartada. Repetiu a ação sobre o punho inteiro, concentrado em seu trabalho. Levantou a vista
quando viu Reginald se aproximar pelo pátio.
—Lorde Chance— resmungou.
—Sir Sotted — reconheceu Reginald, queixando-se somente pelo tom.
Harold voltou para seu trabalho, cuspindo e polindo.
Reginald se sentou no banco junto a Harold e o olhou em silencio durante um bom
momento. Por último, suspirou. —Tinha razão. Não posso empunhar uma espada. Não era algo
que tinha que saber como fazer em meu mundo.
Harold deixou seu trabalho e olhou fixamente a Reginald. Escutou, mas não disse nada.
—Suponho que me sinto... Bom... Como um fraco aqui— admitiu Reginald. —Podia cuidar
das meninas no século XXI, mas não tenho nem ideia de como fazer no século XIV.
Harold coçou o queixo barbado reflexivamente. Deu-se conta de quanto havia custado ao
médico admitir tudo.
—Eu poderia te ensinar, Reggie.
—Poderia?
—Sim.
Reginald assentiu.
—Estaria para sempre em dívida com você.
Quatro horas mais tarde, Maya, Sara, e Argyle passavam por Reginald e Harold enquanto
passeavam pelo pátio. Corriam rapidamente e em silêncio atrás de uma fileira de arbustos,
observando o duelo do dueto sem ser vistos.
—Perguntava-me onde desapareceram— murmurou Sara.
Argyle entrecerrou os olhos aos homens.
—Parece que Sir Sotted o está ensinando como lutar em batalha— ofereceu.
Maya sorriu enquanto sacudia a cabeça.
—Nunca pensei que viveria para ver o dia em que seu pai estivesse em uma luta de espadas,
enquanto vestisse saia escocesa—, sussurrou.
Sara riu em voz baixa.
—Disse que parecia como uma menina na escola católica usando esse plaid.
Maya deu ao doutor Chance um bom olhar.
—Uma muito corpulenta garota de escola católica, talvez.
—Já à batalha, Reggie!— Harold gritou do centro da muralha inferior quando suas espadas
soaram juntas. —vamos trabalhar em melhorar suas habilidades depois de amanhã.
—Por que esperar tanto tempo?— Reginald perguntou enquanto batia em Harold de novo.
―O casamento de sua filha é amanhã pela manhã. Tenho canções que preparar. Não posso
lutar a não ser até o dia depois.
Reginald amaldiçoou quando, um momento depois, Harold o desarmou e assinalou com a
ponta de sua espada a garganta de Reginald.

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Depois da Tempestade

—Um dia, Sotted, — advertiu. —Um dia será minha espada a que apontará a sua garganta.
Harold sorriu.
—E vou sentir como um orgulhoso pai quando chegar esse dia.
Reginald pôs os olhos nos céus.
—Vamos tomar alguns prisioneiros, Harry.
—Eu estava a ponto de sugerir o mesmo, Reggie.
Duas mulheres e um cavalheiro desconcertado riram baixo nas sombras.
—Acredito que caem bem o um ao outro— sussurrou Maya.
—Tenho que dizer que estou de acordo—, refletiu Argyle.
—Espero que não ensine meu pai a cantar— adicionou Sara.
O trio olhou e começaram a rir.

Capítulo 35

―Não posso acreditar que vou casar com um cavalheiro. — Lena levou sua mão a seu
coração e suspirou dramaticamente.
Maya e Sara levantaram a vista da tapeçaria que o trio estava costurando e sorriram ao
mesmo tempo.
—Deve se sentir orgulhosa dele— disse Sara. —Obteve seu título de cavalheiro.
—Estou orgulhosa de meu Argyle. Muito orgulhosa Milady. — Lena sorriu, levantando sua
fina tapeçaria uma vez mais. —Disse que pensou em mim durante toda sua viagem. Disse que sou
mais linda que inclusive as mulheres dos livros que lia, enquanto estava de viagem. — Franziu o
cenho e encolheu os ombros. —Não posso entender o que quis dizer com isso, mas me tocou
igual.
Sara tossiu, limpando a garganta com delicadeza.
—Estou segura de que foi o maior dos elogios.
Maya negou ausente, depois furou o dedo e franziu o cenho.
—Ai!— Fez uma careta. —depois de todo um ano nisto, as pessoas poderiam pensar em
deixar as feridas de guerra da costura.
Sara começou a rir alegremente.
—As tapeçarias MacGregor não seriam o mesmo sem gotas de sangue tecidas ao longo
delas.
—Sim — Lena riu, —dão um efeito muito real, milady.

OH dizer Sir Dugald verá


As primeiras luzes da alvorada
Depois de que a Senhora Sara fará na cama
E quase dá um susto.

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Depois da Tempestade

A risada na recepção do casamento ecoou em toda a grande sala. Maya sorriu com um
sentido de vingança imperturbável, dando a Angus tapinhas nas costas enquanto arrotava. Olhou
Sara que estava convertendo-se em uma sombra deliciosa em rosa.
—Pelo menos está sendo humilhada com o tom do The Star Spangled Banner5 ao invés da
Ilha de Gilligan — brincou.

A Senhora Sara é justa


Sir Dugald necessita um herdeiro
Oremos de noite
Que seu joelho tome cuidado.

Sara gemeu. Pelo menos Maya não mostrou seu traseiro frente a seu pai na recepção de seu
próprio casamento! Cautelosamente tomou sua taça de hidromel com especiarias e esvaziou seu
conteúdo. Depois fez gestos desesperadamente a Gilfred, o que indicava a necessidade de uma
dose adicional.

—Penso que a recepção foi bastante boa— sussurrou Maya na cama enquanto seu marido
estava sentado junto ao berço dos bebês.
—Sim— afirmou em voz baixa. —Foi um bom momento. — Tirou seu cinto de seu plaid,
deixando-os cair ao piso da câmara. Caminhou para a cama nu e sorriu a sua esposa. —Embora
não houve um bom momento como o houve na nossa.
Thomas se estendeu sobre a cama de barriga para cima junto a sua esposa e pôs suas mãos
atrás de sua cabeça enquanto olhava para o teto.
Maya engoliu. Planejara originalmente que esperassem as seis semanas completas antes de
reatar suas relações sexuais com seu marido de novo, mas não podia parar o bater de asas no seu
estômago à vista da grossa ereção que seu pênis causava.
—Thomas— sussurrou.
Ele estirou a cabeça para ela, sorrindo sabendo de que enquanto o chamava, comia-lhe o
corpo com os olhos.
—Sim?
Maya se arrastou ao lado de seu marido na cama, apoiando seu corpo em um cotovelo, e
olhou para ele. Estendeu sua mão livre sobre seu peito, sentindo o sexy cabelo negro debaixo das
pontas de seus dedos.
Thomas conteve a respiração, seus mamilos cravados em pequenos pontos. Seus músculos
tensos como cabos, o entusiasmo cambaleando através de suas próprias fibras. Desfrutava de
cada momento ao tocar a sua esposa, sendo muito tempo desde que explorou seu corpo disposto,
a sua maneira de pensar. Seu eixo se inchou dolorosamente rígido.

5
Hino dos Estados Unidos.

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Jaid Black
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Depois da Tempestade

Maya se tornou mais audaz, visível e indevidamente consciente da fome de seu marido,
assim como da sua. Ela alcançou entre suas pernas e segurou seu pênis para introduzi-lo em sua
mão. Acariciou-o de cima a baixo, com seu toque provocando familiares gemidos de prazer.
—Maya, meu amor, não posso sobreviver a isto—, admitiu com voz rouca. —Se não pode
terminar, não comece.
Maya continuou acariciando a carne de seu marido enquanto inclinava a cabeça para
aproximar um de seus mamilos a sua boca. Thomas grunhiu incapaz de suportar a tortura muito
mais tempo.
Ficou mais insistente em suas carícias, até que por fim substituiu a mão no eixo de seu
marido por sua boca. Tomou a cabeça de sua masculinidade entre seus lábios, logo engoliu a
metade, sugando longo e baixo. Thomas se apoderou da parte posterior de sua cabeça, seu fôlego
girando irregular e pouco profundo. Maya mamou acima e abaixo do seu comprimento, uma e
outra vez, com o sabor salgado de seu pré-sêmen em sua língua.
Thomas não pôde resistir mais. Forçou à boca de sua esposa a sair de seu eixo e se derrubou
sobre ela. Beijou-a rudemente nos lábios, devorando sua boca com a sua, enquanto alcançava
entre suas pernas para acariciar sua carne preparando-a.
Já estava empapada. Tinha que tê-la… já.
Thomas acomodou seu musculoso corpo entre as coxas de sua esposa e brandamente
provou os espaços exteriores de sua abertura com sua excitação, avançando lentamente, pouco a
pouco em seu interior. Maya gemeu mais forte, alheia a algo exceto o prazer que ela sabia ia
seguir.
Tomou o rosto de sua esposa, obrigando-a a sustentar seu olhar. Olhou-a nos olhos, com
vontade de ver sua reação quando a tomasse. Passou tanto tempo. Muito tempo.
Thomas colocou o eixo no corpo de sua esposa com um poderoso golpe. Ela abriu a boca,
sua natureza apertando sua condição de mulher depois do nascimento de seus filhos. Era quase
como perder sua virgindade outra vez. Só que esta dor não durava tanto.
Thomas acalmou, com o suor vertendo em sua testa.
—Faça-me saber quando posso me mover em você, meu amor. Permita-me saber quando
seu corpo recordar ao meu.
Maya estirou e moveu o rosto de seu marido para baixo para aproximá-lo. Deu um
possessivo e apaixonado beijo nos lábios, logo o soltou e agarrou suas nádegas, as amassando com
os dedos.
—Tome agora, Thomas, — declarou ela.
—Maya— grunhiu quando emergiu dentro de sua estreita abertura de novo.
Montou-a por momentos sem fim, com seu cenho franzido enquanto bombeava dentro e
fora de seu corpo. Rodou seus quadris, o que provocou um profundo gemido de aprovação de seu
marido enquanto empurrava dentro e fora em movimentos mais rápidos.
Continuou sua viagem, lutando com sua própria liberação, até que sentiu o batimento do
coração familiar de sua carne ao redor de sua virilidade. Thomas jogou atrás a cabeça e gemeu,
derramando seu sêmen profundamente dentro dela.

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Depois da Tempestade

Acalmou-se em cima de sua esposa, respirando profundamente. Depois de duas longas


quinzenas, finalmente se sentiu repleto. Rodou fora e sobre suas costas, movendo Maya para
baixo para pô-la sobre seu musculoso braço. Moveu o cabelo ensopado de suor atrás das orelhas e
sorriu.
—Pensei que não me queria a seu lado na cama por muitos anos— brincou.
Maya sacudiu a cabeça fora de seu peito e o olhou nos olhos. Sorriu.
—É por isso que o fizemos do seu lado.
Thomas começou a rir, dando-lhe tapas de brincadeira no processo.
—Tenho a sensação de que vou estar a meu lado da cama muitas mais vezes esta noite,
minha Maya.
—É uma promessa?
—Uma promessa? Juro, meu amor.

Capítulo 36

Robert MacAllister se inclinou para baixo e coçou a cabeça enquanto observava sua obra.
Levou meses encontrar um aldeão que acertasse ter a cor do seu cabelo e o tamanho corporal,
mas o trabalho finalmente estava feito. Lástima que teve que matar ao plebeu, mas não pôde
evitar.
Robert sorriu. Realmente estava todo brilhante e digno. Arrebatou o corpo do homem
morto para perversamente rasgá-lo com a presa de um animal que procurou para que parecesse
como se um javali tivesse esmigalhado a Robert MacAllister em pedaços. Só que não era
MacAllister o que estava morto no chão.
—Era um plebeu, usando a roupa de Robert.
Robert ficou de pé e se dirigiu à cobertura de árvores, sentindo-se cada centímetro ardiloso
por sua estratégia. Coçou o peito, a roupa de lã grossa fazia que seu corpo picasse tanto como
seus piolhos infestados em seu couro cabeludo o faziam.
Não importava. Robert estava muito bem de ânimo para preocupar-se com algo além do
trivial. Os homens MacGregor encontrariam o corpo do suposto MacAllister em qualquer
momento. Então o MacGregor relaxaria sua guarda. E a cadela seria dele.
MacAllister seria melhor que MacGregor… de novo. Era suficiente para fazê-lo rir de alegria.

Capítulo 37

Angus e Elizabeth MacGregor se sentaram no colo de seu pai junto à chaminé na grande sala
e sorriram com adoração para ele. Cada um dos meninos montou escarranchado sobre uma das

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Depois da Tempestade

poderosas coxas de seu pai, com o deleite que só os bebês de quatro meses de idade podem
enquanto Thomas os subia de ida e volta em suas pernas com o jogo do cavalinho.
—É um cavalo de guerra que vocês bem estão montando, filho. — Thomas fez relinchar ao
cavalo de batalha que imitava enquanto sacudia a seu herdeiro de um lado a outro. Angus sorriu a
seu papai, seu cabelo escuro e olhos eram a viva imagem de seu pai.
—E você minha Lady Beth, a um corcel domesticado. — Os olhos claros de Elizabeth se
mostraram brilhantes enquanto ria, seus brilhantes cachos loiros ricocheteavam ao mesmo tempo
que o joelho de seu pai.
Thomas olhou a sua esposa e sorriu, olhando-a enquanto ela e Lady Sara ladravam ordens
aos homens para pendurar os adornos que Hamish construiu para a decoração do pinheiro de
Natal. As meias que as senhoras costuraram já penduraram sobre a chaminé, pelo qual o que ficou
para o final foi a árvore.
Hamish estava perto de Lady Maya, fazendo caretas cada vez que parecia que um soldado
MacGregor não era tão cuidadoso com as criações de vidro que havia formado como deveria ter
sido. Maya lia a preocupação escrita no rosto do artesão e castigava os homens imediatamente.
—Gilfred e Argyle, tomem cuidado, por favor. Hamish trabalhou dia e noite nestas peças.
Faltam somente três dias para natal, por isso não teremos tempo para substituí-las.
Argyle olhou a sua senhora e franziu o cenho.
—Minha senhora, está impossivelmente alto aqui. Estou fazendo o melhor que posso
enquanto tento manter meu equilíbrio.
Maya sorriu.
—É um cavalheiro valente, feroz com medo às grandes, digo, médias alturas?
—Sim, terrivelmente, e não estou orgulhoso de admitir coisas assim.
Maya e Sara se puseram a rir. Hamish sacudiu a cabeça e riu entre dentes.
—Argyle— Thomas gritou do outro lado da sala — Tira seu feminino traseiro dai e venha
segurar meus filhos. Vou pôr eu mesmo os adornos.
Argyle se ruborizou, mas cumpriu facilmente. Correu até o lado do laird e recolheu Angus e
Beth do colo de seu pai.
—Seu devoto primo Argyle fará o melhor cavalinho que possam ter alguma vez.
Thomas grunhiu em desacordo, depois se dirigiu para a árvore.
Dugald entrou na grande sala um momento depois. Parou junto à chaminé e fez cócegas aos
bebês, sentados em cima de Argyle, em seus joelhos.
Satisfeito de que os fez felizes, aproximou-se de sua esposa e beijou a parte posterior de seu
pescoço.
Sara deu a volta.
—Assustaste-me!— riu, e o beijou de novo.
—Eu nunca tentaria assustar a mãe de meu filho.
Ela sorriu e deu palmadinhas na barriga. Lançou seu olhar em direção aos filhos de Maya e
se voltou sentimental.
—Não está emocionado? Vamos ser pais em alguns meses!

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Depois da Tempestade

—Sei querida. — Dugald beijou a mão de sua esposa e sorriu. —Entretanto, teria gostado
que estivéssemos casados antes de ter concebido e não depois. Dá às fofoqueiras menos gordura
que mastigar.
Sara encolheu os ombros.
—Não me importa o que digam.
Dugald sorriu.
—A mim tampouco.
Lady Lena perambulava na sala próxima partindo com entusiasmo para o lado de Maya.
—Bom, milady, posso por último dizer que tudo está feito. O cozinheiro contratou ajuda
suficiente no povoado para preparar um banquete esplêndido. Os aldeãos estarão muito
impressionados.
Maya sorriu, aplaudindo com as mãos juntas de emoção.
—Obrigada por cuidar disso, Lena. Sabia que podia contar com você... Como sempre.
Lena ruborizou diante do elogiou.
—Não foi nada.
—Não menosprezem seu duro trabalho, mulher — Argyle a repreendeu enquanto
caminhava para Lena e Maya. —Estou muito orgulhoso de como tudo saiu bem.
Lena sorriu satisfeita a seu marido, tomando Elizabeth de seus braços no processo.
Maya assentiu em acordo.
—Argyle está correto. É um verdadeiro tesouro, Lena. — Sorriu a seus filhos, ambos muito
contentes com Sir Argyle e nos braços de Lady Lena. Sussurrou e estalou a língua a cada um deles
enquanto dava tapinhas na cabeça carinhosamente, logo retornou a seu trabalho como
supervisora da decoração da árvore de Natal.
—Um pouco mais acima, Thomas. Quero que o ângulo seja perfeito para que a luz do sol se
reflita nele.
Thomas assentiu e levantou o adorno mais acima.
—Mais à direita.
Thomas se moveu à direita.
Maya inspecionou seu trabalho pendurado com o cenho franzido, inclinando a cabeça com
indecisão.
—Talvez estivesse melhor onde estava. O que pensa você, Hamish?
Hamish limpou a garganta, com um sorriso no olhar pela exasperação no rosto do Laird.
—Mmm — contemplou coçando barba pensativo — eu gosto onde está.
Maya assentiu, decidindo que o artesão tinha razão.
—Muito bem. Thomas pode proceder com o seguinte adorno.
Thomas olhou à bruxa de sua esposa.
—Oh, posso lady Maya? Não posso agradecer o suficiente— disse com sarcasmo.
Sara sorriu enquanto caminhava para Maya e de brincadeira batia no seu braço.
—A este ritmo, será Natal antes que Thomas finalize.
O MacGregor soprou seu acordo.

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Depois da Tempestade

—Por desgraça, é a voz da razão.


Nesse momento, Sir Harold e Lorde Reginald entraram rebolando na grande sala, ambos
suarentos pelo manejo da espada.
—Ah olhe, — Maya brincou —Aqui vêm Beavis e Butthead6 agora.
As risadas de Argyle e Sara causaram que Harold e Reginald franzissem o cenho. Harold pôs
seus punhos sobre seus quadris e franziu o cenho.
—Posso dizer qual de nós é Butthead e não sou eu.
—Agora vemos— Reginald brincou, — se alguém for Butthead é definitivamente você. Sou
muito mais fino como Beavis.
—Há!— Harold disse, com uma palavra de desafio que lady Maya recolheu.
Reginald revirou os olhos.
—Não está mais que magoado comigo, porque finalmente o derrotei.
—Você superou a Sotted?— Perguntou Argyle com um brilho nos olhos.
—Assim é, menino, sem dúvida fiz. — Reginald se gabou.
Harold moveu a cabeça.
—Meu corpo estava cansado ainda da boa noite de amor que deu minha senhora às
vésperas passadas.
Reginald revirou os olhos, era uma ocorrência comum quando conversava com Harold.
—Se eu fosse sua senhora, a única coisa boa que ia encontrar a respeito de seu amor seria
abstinência.
—Eu sou de borracha, vocês são de cola.
—Rapazes!— gritou Maya enquanto levantava a mão silenciando. —Basta já.
Reginald e Harold grunhiram, mas deixaram de brigar.
—Portanto, — queixou Reginald enquanto fazia um gesto com a mão ausente no ar — O
que está fazendo a tribo Brady7 medieval ultimamente?
Sara rebolou para seu pai e beijou-lhe a bochecha.
—O que parece?
—Decoração de Natal?
—Sim — respondeu enquanto Thomas pendurava outro adorno no ramo do pinheiro. —
Minha esposa megera está me ordenando como se fosse uma moça do serviço.
Maya soprou seu desacordo.
—Será melhor que tenham muitos presentes sob sua árvore, amor.
—Segue me insultando— advertiu Maya com um sorriso docemente falso grudado aos
lábios — E posso dizer que um presente definitivamente não terá este Natal, ou qualquer outra
noite em nosso quarto para que importe.
Os gritos e uivos de risada se ecoaram em toda a grande sala. Thomas sorriu maliciosamente
a sua esposa.

6
Protagonistas de uma serie da MTV 1990.
7
Serie de televisão norte americana onde tudo é quase perfeito.

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Depois da Tempestade

—Com o apetite que demandou ontem? Não me preocuparia com não ter muito do que me
preocupar.
As gargalhadas se fizeram mais fortes.
Maya abriu a boca para expressar outro sentimento irônico, então fechou suas mandíbulas.
Franziu o cenho a seu marido, incapaz de pensar em uma só coisa inteligente que dizer em
represália. Maldito seja, ganhou este round!
Thomas fez uma piscada a sua esposa, sabendo exatamente o que estava pensando.

A festa de Natal MacGregor foi um êxito terminante. Os aldeãos se alternavam para se


mover dentro e fora da torre, cada um deles comendo até que seu coração esteve contente. Maya
apresentou a Hamish, o Artesão, com o Hamish, o Pastor, ainda desconcertada pelo fato de que os
homens tivessem o mesmo nome. Nenhum deles parecia muito fascinado pelo conhecimento
como Maya estava, mas, entretanto, ficaram amigos rapidamente, deleitando-a no final.
—Estão seguros de que têm que ir já?— Perguntou Maya se dirigindo a seus novos amigos.
—Sim, senhora. — disse Sir Stephen. —Sinto de verdade, entretanto, o pai de minha
Margaret está doente. Dissemos que levaríamos um prato de comida, se não importar.
—É óbvio que não me importa!— Maya ruborizou. —Tomem tudo o que quiserem. E
Margaret, por favor, me prometa que vai trazer seus adoráveis filhos para voltar a brincar com
Angus e Beth muito em breve.
—Prometo— sorriu Margaret, ruborizando belamente. —E não posso agradecer a você o
suficiente por sua bondade, Milady.
Maya riu quando se voltou para Stephen.
—Quantas viagens à torre demorarão antes que me chame por meu nome, e deixe o
Milady'?
Stephen sorriu.
—Estou pensando que em sua próxima visita.
Uma hora mais tarde, Sara se uniu com Maya na grande sala, batendo em suas costas para
ganhar sua atenção.
Maya deu a volta e lançou um sorriso a sua melhor amiga.
—Está tudo bem?
Sara assentiu enfaticamente.
—Estou me divertindo muito, embora Dugald esteja ansioso por ver o final.
—Por quê?
Ela encolheu os ombros.
—Está emocionado a respeito de abrir seus presentes. Não pode esperar para abrir os
presentes de sua meia depois que os habitantes do povoado saiam e só o resto da família fique
aqui.
Maya sorriu.
—Que infantil.
Sara começou a rir.

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Depois da Tempestade

—Diga isso.
—Maya!
Thomas ressoou seu nome enquanto caminhava pelo corredor.
—Venha aqui, amor.
Ela girou sobre seus calcanhares e sorriu a seu marido. Não passou algum tempo a sós com
ele em horas.
Thomas e Dugald estavam de pé junto a um terceiro homem e uma mulher entre eles.
—Quem são eles?— Sara sussurrou com assombro e os olhos muito abertos.
—Não sei— exclamou sem fôlego Maya.
O desconhecido de pé entre seus maridos era o homem mais bonito que qualquer uma delas
havia visto. Cabelo escuro, olhos azuis, e tão alto e forte como Thomas e Dugald. Nenhuma das
duas estava interessada nele, é óbvio, mas uma mulher tinha que estar cega para não dar uma
olhada... Ou duas.
A mulher que estava com o estranho era bastante gordinha, não era uma grande beleza,
mas era fácil ver por que o homem a seu lado a assinalava. Tinha seios grandes como qualquer
garota da Penthouse e a julgar por seu decote, estava também muito orgulhosa desse fato. Movia-
se bem, capaz de levantar seus atributos.
Maya e Sara detiveram a leitura atenta da mulher e voltaram sua atenção ao homem em
seguida. Uau! Que homem!
Thomas e Dugald franziram o cenho, ambos percebendo que suas mulheres estavam dando
a Hamilton mais de um olhar de uma vez. O laird sorriu a Maya e Sara alheio a que seus amigos
estavam franzindo o cenho.
—Minhas senhoras— sorriu — é uma honra finalmente conhecer ambas. Ouvi muito sobre
vocês por parte de Sir Dugald e MacGregor.
Maya deixou sua leitura do estranho e se aproximou de seu lado.
—Você deve ser a famosa Lady Maya — disse Hamilton. Levando sua mão a seus lábios para
dar um beijo.
—Thomas, com segurança, não exagerou sua beleza. De fato, suas palavras não lhe fizeram
justiça.
Maya se ruborizou e decidiu que gostava do homem já.
Thomas lançou um grunhido, com o cenho franzido, diante da finura do Hamilton.
—E você deve ser a justa Lady Sara — sorriu. —Juro que é também tão linda como Sir Dugald
se gabou. — levou a mão de Sara aos lábios, beijando-a brevemente. Ela suspirou com deleite.
Dugald franziu o cenho.
—Patrick — ronronou a mulher a seu lado. —Não vai me apresentar a esposa de
MacGregor?
A mulher tinha um brilho inquietante em seus malvados olhos que Maya viu direto através
dela. Maya olhou para seu marido só para ver que se movia de atrás para frente sobre seus pés e
não a via.

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Depois da Tempestade

—Esta é Meg— o Hamilton encolheu os ombros, indiferente nos olhos entrecerrados de


Maya.
—Sua esposa?— Perguntou com frieza, orando para que soasse assim.
—Não. — respondeu Meg, sorrindo maliciosamente para ela. —Sou sua amiga. — Ressaltou
Meg com sua atenção para o MacGregor. —Vocês não vão me dar boas vindas, Thomas? Passou
muito tempo — fez uma pausa significativa — passou muito tempo.
Thomas deu um rápido olhar a sua esposa. Não importava converter na pior parte pela ira
que viu crescendo como cerveja ali. Deu um meio sorriso a Meg e inclinou a cabeça.
—É óbvio que é bom vê-la, Meg.
Meg lambeu os lábios timidamente, sorrindo a MacGregor.
Maya lançou adagas a seu marido, fazendo-o saber de maneira inequívoca que não
pretendesse estar mais feliz com esta visita do que já estava fingindo. Pelo menos, fingiu melhor,
pensou mal-humorada.
—Então— perguntou Maya, com veneno no olhar, à cara do desconhecido alto — Quem
demônios é você?
—Maya!— repreendeu Thomas.
Hamilton deu um sobressalto, mas deu um jeito para se inclinar com graça, sorrindo para
Maya enquanto falava.
—Sou o Laird Patrick, do clã Hamilton.
—Patrick— Maya assentiu enquanto segurava sua mão e começava a rir, esquecendo seu
aborrecimento por um momento.
—É maravilhoso por fim conhecê-lo! Meu marido fala de você todo o tempo. Disse que ia vir
hoje!
Thomas se aproximou ao lado de sua esposa e moveu com força a mão de Patrick.
—Não quis falar dele tanto. Estou pensando que não me importa muito mais o homem.

Maya franziu o cenho a seu marido, envergonhada por sua rudeza e recordando que seguia
estando zangada porque sua ex-amante se encontrava em sua casa.
Patrick, sem se deixar desalentar pela possessividade de MacGregor para sua esposa, jogou
a cabeça para trás e começou a rir.
—Perdoe a meu marido — murmurou Maya —Tem as maneiras de um porco selvagem.
Patrick riu mais forte, segurando Thomas pelo braço.
—É tão descarada como meu amigo Thomas afirmou, milady.
Meg fulminou com o olhar a seu oponente, sem importar ser eclipsada por uma mulher,
dama ou outra coisa. Pôs suas mãos nos quadris tentadoramente e piscou um olho a Thomas.
—Nunca pensei que tivesse maus maneiras. Suas maneiras fazem sempre as situações
elogiáveis... Certamente.
E faziam.
Maya deu um passo ameaçador para Meg enquanto Sara e Thomas rapidamente puseram as
mãos com restrição sobre seus ombros.

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Depois da Tempestade

—Quero deixar uma coisa perfeitamente clara aqui, Meg.


Thomas fez uma careta, com medo de que sua esposa estivesse a ponto de insultar a
amante do laird visitante. Com quem estava brincando? Sabia que estava a ponto de insultar a
amante de Hamilton.
Ante o olhar altivo de Meg com provocação desafiante, Maya pressionou.
—Estou muito contente de por fim conhecer Patrick, e de que seja bem-vindo aqui a
qualquer momento. Mas não nos enganemos… a presença do Hamilton não me dissuadirá de jogá-
la fora de minha casa se continuar enviando sugestões sutis a meu marido dessa maneira. É meu—
disse com baixo fôlego, para o deleite dos soldados MacGregor que se reuniram ao redor para ver
o espetáculo. —Todo meu!
Os olhos de Thomas quase se sobressaíam de sua cabeça. Não podia parar a euforia que
inchava em seu coração com as palavras de sua esposa ferozmente ciumenta e possessiva. Olhou
rapidamente para a ex de Patrick por sua reação, vendo ao mesmo tempo que o laird estava
sorrindo a Maya. Aparentemente, Meg não significava nada mais para Hamilton que um objeto.
Ela foi muito divertida quando Thomas necessitou diversão, mas a outra mulher não podia esperar
segurar o demônio de uma mulher.
—E, além disso, — continuou Maya enquanto a fulminava com o olhar agora jogando
fumaça a Meg — se deseja permanecer em minha casa como convidada, mostrará a quantidade
adequada de respeito para mim como senhora desta casa e mulher de MacGregor!— Maya nunca
se preocupou muito por seu título até este momento, à sensação de consolo que deu adicionou
influência à situação. —Expressei à perfeição, total e claramente inequívoca, Meg?
Meg levantou o queixo desafiante, olhando para baixo a Maya enquanto falava.
—Acredito que a outra é a que tem os maneiras de um porco selvagem.
—Nisso tem razão, companheira! E sou tão mortífera quanto um, nunca o esqueça!
Thomas não pôde reprimir seu sorriso. Tomou sua esposa e a levantou alto tornando a rir,
deixando-a a seu lado até que embainhasse suas garras.
—Acredito que Meg sabe quando retroceder, verdade, Meg?
—Acredito que não posso ficar aqui por mais tempo!— Meg anunciou com um bufo. —
Patrick, exijo ser devolvida ao castelo o mais breve possível!— Patrick sacudiu a cabeça, tentando
não rir para evitar a imagem divertida de Maya ameaçando a uma mulher tão alta e grande como
Meg.
—Meg, não posso sair daqui até depois da Hogmany8. Ficarei aqui com meu velho amigo,
Thomas.
—Então exige que me envie com uma escolta para casa!
Patrick encolheu os ombros, com vontade de livrar do incômodo chamado Meg depois do
aborrecimento que causou à mulher não só de um amigo próximo, mas também de um aliado
muito importante. Fez um gesto a um de seus homens, indicando que fizesse o que mandou. Ele
se ocuparia dela mais tarde, quando retornasse para casa.
Meg jogou um olhar fulminante às maneiras de Hamilton.
8
Ano novo escocês.

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Depois da Tempestade

—Bom, até nunca!— Balbuciou também indignada para pensar e muito menos falar. Pôs
suas mãos em seus quadris, desafiante e partiu com um soldado acompanhando.
Maya sorriu triunfalmente depois da saída de Meg. Sorriu maliciosamente a Sara, induzindo
a sua melhor amiga a rir também.
—É seguro que a desça agora, pequena bruxa?— Perguntou Thomas com diversão.
Maya franziu o cenho a seu marido, mas cedeu.
—Se ela já foi então sim! E não ria de mim!
Patrick soltou uma gargalhada ao ver Thomas colocando sua esposa brandamente sobre
seus pés. Era óbvio que amava muito a sua mulher.
Maya recuperou a compostura, e logo tratou de aplacar Patrick com um genuíno sorriso. De
repente, sentiu-se um pouco culpada.
—Realmente sinto. Não era minha intenção que passasse as férias longe da mulher que ama.
Patrick riu mais forte, fazendo uma piscada a Maya depois.
—Era uma amiga, nada mais. Não posso estar apaixonado por ela. Não posso esperar para
terminar com ela, milady. Na verdade sinto porque a insultou tão fortemente. Não pode perdoar à
moça?
Ela sorriu com prazer ao bonito laird, agradecendo sua compreensão inesperada.
—Sim.
Maya entrelaçou os dedos nos de seu marido e sorriu. Thomas sorriu, sacudindo a cabeça
para limpá-la do que só poderia ser chamado desconcerto. Ela disse que ele era dela. —Todo
meu!— Foi seu termo exato. O conhecimento de que lhe importava tão apaixonadamente
agradava-o até o extremo.
Decidindo pôr fim à feia cena e recuperar o que ela esperava parecesse sua real compostura,
Maya voltou sua atenção a Patrick.
—Entendo que vai passar as férias conosco, claro, até o ano novo. Estou certa?
—Sim, senhora. —Sorriu retirando-se do fiasco com graça. —Agradeço por me convidar e a
meus homens. E espero que seus filhos e o senhor goste dos presentes que trouxe.
—Não tinha porque fazer isso.
—Foi uma honra, Lady Maya.
—Bom — Maya riu, —Alegra-me que ache, porque temos um presente ou dois para você
também.
Patrick ruborizou.
—Vocês são tão amáveis.
Thomas revirou os olhos, incapaz de suportar por mais tempo os sentimentos
asquerosamente doces que eram trocados entre sua esposa e seu bom amigo.
—Se tiverem terminado de beijaram-se os traseiros, vamos nos retirar à mesa e comer.
Patrick começou a rir, pensando que não teve um melhor momento que este em anos. Maya
soprou.
—As maneiras de um porco selvagem— murmurou em voz baixa enquanto se deixava
conduzir por seu marido à mesa.

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Depois da Tempestade

Capítulo 38

—Amor, é tempo de abrir os presentes. Vai deixar passar e se unir à diversão?


Maya seguiu o ritmo do piso em seu quarto enquanto olhava a ninguém e nada em
particular. Parou diante de seu marido, levantou o peito, e imitou Meg em tom de falsete.
—Hei você! Não vai me dar boas vindas, Thomas? Passou muito tempo desde que… — fez
uma pausa como Meg fez—… nos vimos.
Thomas riu entre dentes, desconcertado pela imitação de sua esposa da agora já deportada
Meg.
—Você está ciumenta, Milady.
—É óbvio que estou!— Respondeu Maya, com suas fossas nasais dilatadas.
Thomas cruzou os braços sobre o peito e olhou a sua esposa.
—Me acaba de ocorrer, que possivelmente este encontro com Meg foi algo bom.
Maya deu a volta para encarar a seu marido.
—Como pode dizer isso?— perguntou realmente desconcertada.
—Porque agora sabe como me senti quando vi essa foto de você e Nick Arse.
—Isso é diferente.
Thomas arqueou uma sobrancelha negra.
—Ah, sim? Como é isso?
—Nick não estava aqui ao vivo, fazendo um montão de insinuações perversas.
—E vocês têm sorte de que não esteja, porque mataria o homem.
Maya entrecerrou os olhos a seu marido, logo, lentamente, sorriu. Negou com a cabeça, por
fim ao ver a ironia e o humor da situação.
—Agi como uma verdadeira harpia, não?
Thomas sorriu.
—Sim. Mas não tenho queixa.
—Sinto muito, Thomas, — admitiu Maya com um suspiro. —Não devia jogá-la contra você.
Amo você, isso é tudo. A ideia de que ela estivesse entre suas pernas um pouco mais... Mata-me
— admitiu com tristeza.
Thomas a tomou pelo queixo e a obrigou brandamente a olhá-lo até encontrar seu próprio
rosto.
—Como disse Patrick, isso já terminou meu amor. Alegro-me que acontecesse, porque agora
me dou conta de quanto verdadeiramente me ama.
—Não poderia viver sem você— sussurrou com voz rouca.
—Nem eu, milady. — Thomas esfregou as costas enquanto a puxava em um apertado
abraço.
—Nossos filhos e os amigos nos esperam no grande salão. Vamos participar do Natal?

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Depois da Tempestade

Maya assentiu.
—Amo você, Thomas.
—E eu a amo também, Minha Maya.

—É vinho de minha terra — Maya disse. —Espero que goste.


Patrick estudou a garrafa de vidro esquisitamente desenhada que brilhava como uma
infusão de sangue vermelho e sorriu.
—Juro, Milady, a própria garrafa é um presente digno. Sei que sem dúvida vou desfrutar
muito dele.
Maya mordeu o lábio e olhou a Sara. Deu a sua melhor amiga um silencioso agradecimento
por fazer um bom trabalho em tirar a etiqueta do Califórnia Merlot da garrafa de vinho e substituí-
la por um pergaminho escrito de seu punho e letra. Depois de tudo, a etiqueta original continha a
verdadeira data de seu engarrafado. Esta tinha uma data falsa.
Maya olhou a seu redor à grande sala e sorriu. Todos os que significavam algo para ela
estavam aqui, desfrutando de seus presentes imensamente. Angus e Elizabeth estiveram sentados
rapidamente pelo chão, brincando com os brinquedos feitos à mão que seu pai e Patrick
esculpiram para eles. Argyle e Lena estavam sentados no canto se abraçando e beijando,
enquanto que Lena adulava um bracelete de pedras preciosas que Argyle conseguiu para ela no
futuro.
Harold estava estudando intensamente o livro de baladas que Reginald lhe deu, enquanto
que Reginald estava sobre a radiante espada nova que Harold mandou fazer com o ferreiro
artesanal para ele. Maris estava sentada com Harold e sua amada Helena, ambas olhando seus
novos colares com aceitação. John, o Ancião, se sentou com Hamish, o Artesão, ambos os homens
extraordinariamente satisfeitos com a túnica e adaga que seu senhor e senhora lhes deram. Sara e
Dugald riam ambos afligidos pelos presentes que se concederam um ao outro.
E logo estava Thomas. Thomas se sentou pensativo em sua cadeira junto a seu bom amigo
Patrick, olhando por cima das sedas, especiarias e finas túnicas tecidas que sua senhora deu com
um ávido e feliz olhar nos olhos. Maya sorriu. Nunca viu um mais ansioso, ávido olhar no rosto de
felicidade de seu marido. Bom, exceto na cama, mas decidiu que não contava.
—Tenho dois presentes mais que dar a meu marido — anunciou Maya enquanto ficava de
pé e passava para a cadeira de seu marido.
A sala se calou, todos os olhos curiosos fixos no laird e sua esposa. Thomas arqueou uma
vertiginosa sobrancelha.
—Há mais? Já me deu muito, amor.
Maya encolheu os ombros enquanto colocava um pequeno presente envolto nos joelhos de
seu marido. Thomas olhou o presente e logo a sua esposa.
—Abre— pediu ela.
Ele assentiu e obedeceu.
Thomas abriu o presente de sua esposa, tirando um colar de grandes rubis do pergaminho.
Era uma pedra que pertenceu a seu pai e ao pai deste antes dele. Ela ordenou a Argyle que

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Depois da Tempestade

encontrasse seu paradeiro antes que o doutor Chance e Harold deixassem o futuro. Thomas
levantou a pedra, bem-sucedidas exclamações envolveram a grande sala enquanto o fazia.
—Juro— Dugald anunciou — É uma grande pedra.
—Digna de um rei— coincidiu Patrick sem fôlego.
Maya sorriu a seu marido com os olhos abertos e inclinou para lhe dar um beijo na
bochecha. Tirou a pesada corrente e o amuleto de suas mãos e o colocou ao redor de seu pescoço.
—Esta pedra passou em minha família por gerações. Quando estávamos de cortejo, Thomas
me deu um colar similar a este. Disse que pensasse em você cada vez que o olhasse, assim nunca o
tirei. — Ela sorriu. —Agora pedirei o mesmo a você. Você é minha vida, meu coração e quero que
o use sempre para que nunca me esqueça.
Um coro de ahhhs soou em toda a sala. Thomas puxou a sua esposa em seu colo e a beijou
mais ou menos a fundo e nos lábios. Tocou o rubi que pendurava de seu pescoço, em silêncio,
preocupado de que poderia ficar com vergonha de si mesmo frente a seus parentes se chorava.
—Nunca o tirarei, minha Maya. Nunca.
Ela beijou seu marido durante um bom momento, fazendo tremer a terra. Inclusive
escorregou um pouco sua língua, para o deleite e risada dos ocupantes da grande sala.
Maya saiu do colo de seu marido um momento mais tarde. Ajoelhou no chão, recolheu
Angus e Elizabeth com amor e os colocou no colo de seu papai. —E agora meu último presente—
,anunciou com um sorriso malicioso.
—Sim? — Perguntaram juntos, perguntando o que poderia superar o último presente.
Maya olhou a seu marido, sorrindo radiantemente.
—É um bom pai, Thomas. Ama nossos filhos até a distração.
—Ai, amor, faço.
—Acha que terá espaço em seu coração para amar a outro, assim também?
—É óbvio que sim. Eu… — Thomas parou a frase pela metade, coçando a cabeça enquanto
as palavras de sua esposa penetravam em sua mente. —Maya— sussurrou, — O que está dizendo,
amor?
Sara disparou de sua cadeira e riu quando ela e sua forma muito grávida rebolaram até o
lado de Maya. Esfregou o ventre com um movimento circular e sorriu a Thomas.
Thomas ficou sem fôlego, inclinando a cabeça para olhar a sua mulher.
—Já? Estão esperando outro filho já?
Maya riu, assentindo.
Os brindes soaram ao longo do corredor. Thomas se sentiu atordoado. Olhou seus jovens
querubins de rostos gordinhos que estavam sentados contentes em seu colo e começou a rir. Logo
sorriu a sua mulher, sem palavras.
—Uau— respirou, com uma perda de qualquer palavra, exceto a singular exclamação inglesa
de Tampa que sua esposa frequentemente murmurava.
—Uau está bem— coincidiu Maya. Ela mordeu o lábio inferior, lutando com um pensamento
que só apareceu em seu cérebro. Ela olhou a Thomas e franziu o cenho. —E eu darei o nome a
este.

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Depois da Tempestade

Capítulo 39

—Olhem aqui!— O soldado gritou, chamando a atenção de todos os presentes. Gilfred


cavalgou rapidamente a seu lado, sorrindo com triste satisfação quando viu os olhos do soldado a
seus pés.
Era Robert MacAllister. Morto.
Gilfred reconheceria o cabelo vermelho e o plaid mate em qualquer parte.
—Bom trabalho, Philip, — Gilfred assentiu. —MacGregor ficará muito satisfeito.
Philip sorriu, fortalecido pela ideia de obter a aprovação de seu Laird. Viajou todo o caminho
das terras baixas para que o ensinassem a lutar.
Gilfred desmontou e se ajoelhou sobre a carne esmiuçada do antigo laird. Estudou as feridas
atentamente. Com um ramo caído, levantou o corpo outra vez, para cima. Um javali. Não havia
dúvida de que o fez um animal selvagem, um javali era a hipótese mais lógica.
Gilfred sabia que este não era como o corpo do Robert MacAllister. Entretanto, teria
preferido saber com segurança e teria sido difícil dizer com toda segurança quando o rosto do
homem foi mutilado. Encolheu os ombros. Tinha que ser MacAllister. Não podia ser outro.
Nenhum estranho, a não ser Robert, seria tão tolo para se aventurar nas terras MacGregor sem
ser bem-vindo.
Gilfred ordenou que o corpo de MacAllister fosse empacotado e posto em um cavalo.
—Tomem cuidado— advertiu aos homens — Deixaremos os homens do castelo que o
perseguiram decidir sobre a identidade deste inseto.
Os soldados resistiram juntos, nenhum deles desejando tocar os restos grotescos de Robert.
Gilfred girou os olhos e suspirou.
—Não atuem como mulheres. São soldados MacGregor, todos vocês. Alguém tem que
recolhê-lo. — estremeceu e fez uma careta. —E não serei eu.

—Juro, Thomas, sua esposa é a mais linda das moças. Terá alguma irmã por aí, à espera de
ser tirada pelos pés pelo mais bonito dos lairds? — perguntou Patrick com um sorriso, bloqueando
um golpe da espada do MacGregor no processo.
—Não — respondeu Thomas enquanto escutava baixo, o som do tamborilar de metal contra
metal. —Não tem irmãos ou irmãs.
Patrick lançou um grunhido, já fosse pela notícia da falta de irmãs de Maya ou pelo efeito
irritante do bloqueio que o último golpe de Thomas teve a seu braço armado, que nenhum
homem pôde controlar.
Os dois lairds lutaram em silêncio durante meia hora, aproveitando uma grande multidão de
espectadores MacGregors e Hamiltons a seu redor para vê-los. Os soldados MacGregor animavam
Thomas, chamando Patrick com todas as formas de nomes de mulher. Os homens de Hamilton,

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Depois da Tempestade

para não sentirem inferiores, difamavam Thomas, mostrando a estima que tinham por seu próprio
laird.
Thomas e Patrick se olharam e sorriram. Por todos os Santos, como sentiu saudade disto os
dois! Eram, sem dúvida, seu outro único rival em toda Escócia. Sempre foi assim.
Os lairds lutaram ferozmente, os dois estavam nus, exceto por suas saias. Seus tensos
músculos avultados brilhavam grosseiramente com o sol do meio-dia, seus corpos brilhantes de
suor em cada polegada quadrada dos mesmos, inverno ou não. Lançavam-se com cada golpe,
gemiam com cada ataque, e, entretanto, nenhum deles mostrou sinais de esgotamento diante do
outro em nenhum momento.
—Meu senhor!— Gilfred gritou enquanto ele e um punhado de soldados MacGregor
atravessavam as portas do interior.
—Sim?— Gritou Thomas sem perder sua concentração.
—Acreditam que podem ter encontrado o corpo de MacAllister!
Thomas chamou o afastamento das espadas, induzindo sons de lamentos de decepção em
todo o interior. Deu uma palmada nas costas de Patrick em agradecimento pela boa batalha,
depois se dirigiu para Gilfred que desmontava.
—Está vivo ou morto?
—Morto. Muito morto. Rasgado pedaços peças por um javali selvagem.
Thomas assentiu. Olhou a Patrick e Dugald para que chegassem a seu lado.
—Isso parece muito fácil — murmurou para seus amigos.
—Sim — disse Dugald com convencimento — depois de tanto tempo, seria muita boa sorte
por fim encontra-lo morto pelo ataque de um javali. Embora comum, não vou questionar a
sabedoria dos céus.
Patrick cruzou os braços sobre o peito e fulminou com o olhar o saco que continha os restos
de MacAllister.
—Abre a bolsa, rapaz, e nos deixe ver.
Gilfred assentiu a Philip, o soldado que segurou o corpo, o que indicava que devia fazer
como Hamilton ordenou.
—Philip encontrou o corpo, mas tenho que admitir que tenho as mesmas reservas que você,
meu senhor.
—Por quê?— Perguntou Thomas.
Gilfred encolheu os ombros, apontando para os restos a seus pés.
—Seu rosto está mutilado ferozmente. Digo, não posso ter a certeza de que seja ele. Me
sentiria melhor se pudesse ao menos ver seu rosto.
Thomas deu uma palmada em Gilfred e Philip na parte posterior.
—Bom trabalho a vocês dois. Sir Argyle está dentro com minha esposa. Peçam aos dois que
venham, quero com toda pressa suas opiniões. Argyle lutou com MacAllister tanto como Dugald
fez. E Lady Maya, bom... Já sabem seu talento para o exame dos mortos.
Gilfred e Philip assentiram. Voltaram a montar em seus corcéis e se dirigiram às portas a
toda velocidade.

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Depois da Tempestade

—Thomas!— repreendeu Patrick, sacudindo a cabeça em desacordo. —Não acredito que


esta seja uma visão suave para que sua esposa possa ver.
Thomas e Dugald riram entre dentes. O MacGregor deu palmadas em Hamilton nas costas e
sorriu.
—Em primeiro lugar, não há nada suave a respeito de minha esposa, em caso de que a cena
com Meg não tenha dado nenhuma pista. Em segundo lugar, tinha a tarefa de examinar mortos
em, hã, sua pátria, por isso a morte não assusta a moça. E em terceiro lugar, ela saberá se
realmente o fez um javali ou não.
Patrick negou com a cabeça, a visão de uma mulher de tão alta linhagem como Lady Maya
que não adoecesse com a vista de um homem quase feito pedaços afligia sua sensibilidade.
Finalmente, encolheu os ombros.
—Digo isso, meu amigo. Sua pátria deve ser um lugar estranho.
Thomas assentiu. Se só ele soubesse como estranho, pensou com ironia.
Thomas dirigiu a seu comandante de armas.
—O que parece, Dugald?— O MacGregor baixou com a espada o corpo do morto, com o
punho volteando o rosto para um lado para uma melhor inspeção.
Dugald negou com a cabeça. —Não é tarefa fácil dizer, Thomas. Eu gostaria de acreditar,
entretanto, e não ter dúvidas.
—Sim — assentiu Patrick. —Não conheço os MacAllister tanto como qualquer um de vocês
conhece. Embora fosse obrigado a tratar com sua má conduta, entretanto, ouvi muito a respeito
deles. Robert é muitas coisas, mas não acredito que sucumbiria à morte desta maneira. Ele é
muito melhor caçador que isso. — O Hamilton apontou sua mão para o cadáver e a seus pés,
fazendo insistência em seu significado.
Thomas inclinou, rodeando o corpo com cuidado. A altura e a largura do mesmo eram
definitivamente de acordo com o tamanho de MacAllister. Inclusive o cabelo do mesmo tom de
vermelho fogo. Entretanto... —Vocês estão corretos, ambos estão— reconheceu. —Robert é um
caçador muito bom, sempre foi. Estou ansioso por conseguir as opiniões de Maya e Argyle.
Sir Argyle e a Senhora Maya apareceram juntos uns minutos mais tarde, montados a cavalo,
em sua poderosa égua de cor negra. Thomas arqueou a sobrancelha diante de sua esposa e um
soldado.
—Chegaram muito rápido. Posso considerar que não estavam no castelo propriamente dito?
Maya sorriu a seu marido enquanto Argyle a ajudava a desmontar.
—Não riqueza, Argyle está me ensinando a montar esta beleza que me deu de presente no
Natal. — Acariciou o cavalo na cabeça e logo se voltou para seu marido com o cenho franzido. —
Ainda não sei como chamá-la.
—Podem decidir mais tarde, amor. Mas agora, quero que olhem este corpo morto e me
digam como morreu. E você, Argyle, me diz se parecer que este pode ser MacAllister.
Maya e Argyle assentiram ao mesmo tempo, enquanto caminhavam para os restos do
homem não identificado.

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Depois da Tempestade

Patrick olhou com assombro e respeito enquanto Lady Maya ficou de cócoras junto ao corpo
e o examinou. Não mostrou emoção alguma, nem sequer o menor indício de que encontrava a
tarefa posta diante dela como repulsiva, como qualquer outra dama de seu conhecimento a
tivesse encontrado.
—Não é o MacAllister — Argyle anunciou apenas vacilante.
—Como podem estar seguro?— Thomas perguntou com ceticismo.
—Sim — Dugald cravou —Estou tão receoso de sua suposta morte, igual a todos vocês,
apesar de que se parecer com Robert.
Argyle se ruborizou, limpando a garganta.
—Vocês esquecem que quando era um jovem escudeiro e com excesso de zelo, eles
conseguiram me capturar. — Argyle encolheu os ombros. —Robert gostava de descer ao
calabouço e me atormentava com todo tipo de descrições feias do que me aconteceria. Vi o
homem de perto muitas vezes. Não se trata dele.
Thomas suspirou. Colocou as mãos nos quadris e considerou Argyle.
—Não o esqueci. É por isso que o chamei para que viessem desde o começo.
Dugald sacudiu a cabeça e gemeu.
—Então, o que significa isto? É estranho o fato de encontrar morto o MacAllister nos
bosques e uma coincidência muito estranha, quando o homem tem quase o aspecto exato do
Robert!
—Possivelmente os MacAllister esperavam que o matassem— ofereceu Patrick.
Thomas olhou a seu amigo e franziu o cenho.
—Uma armadilha. Quer que baixe minhas defesas, talvez.
—Sim— assentiu Patrick.
Maya ficou de pé e se voltou para enfrentar seu marido.
—Provavelmente foi a presa de um animal selvagem o que matou a este homem, mas
duvido que foi o próprio animal o que fez um dano real.
Patrick negou com a cabeça, suas palavras não tinham sentido para ele.
—Não entendo milady.
—Explique esposa— insistiu Thomas.
Maya assumiu um ar reflexivo enquanto se ajoelhava de novo ao lado do corpo.
—Vi os restos de muitos homens e mulheres assassinados por animais selvagens e os cortes
destes definitivamente têm o mesmo aspecto que aqueles. Entretanto, — Anunciou enquanto
inclinava a cabeça para encontrar os olhares de interrogação dos homens — Minha melhor ideia é
que um ser humano fez isto.
Os olhos de Patrick se abriram em forma de pires. Estava cada vez mais interessado neste
conto no momento.
—Ainda não o entendo.
Maya suspirou, com vontade de voltar para sua aula de equitação e longe do fedor da morte
e da decomposição do corpo que a faziam sentir suficiente náusea durante as primeiras etapas de

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uma gravidez. Entretanto, sabia que seu marido não a soltaria até que explicasse em sua
totalidade.
—Um homem provavelmente utilizou a presa de um javali que matou para mutilar a este
homem. Ele queria que as pessoas acreditassem mais provavelmente que esta pobre alma foi
assassinada por um animal em vez de por um homem. — encolheu os ombros. —Talvez o homem
tema a forca por assassinato. Quem sabe.
—Ou possivelmente— Argyle fulminou com o olhar — Era apenas um homem tolo que
sentia prazer com a dor de outras pessoas. Sim, isso seria o bom MacAllister.
Thomas grunhiu seu acordo.
—Por que parece que o javali não poderia ter feito isto, amor?
—Olhe as marcas de dentes— insistiu Maya com uma indicação de sua mão para o corpo da
vítima. Ficou de joelhos como os homens para conseguir um olhar mais de perto. —Este homem é
alto. Para que o javali pudesse levá-lo até o chão para uma morte teria tido que pegá-lo no centro.
Ao fazê-lo, seria na parte posterior da cabeça e as feridas cortariam para cima. Estas feridas
correm para baixo, algumas delas inclusive para os lados.
—Possivelmente o homem foi atacado enquanto dormia — sugeriu Patrick, embora mais
para brincar de advogado do diabo que porque ele mesmo acreditasse.
Maya encolheu os ombros.
—Isso é possível, mas é pouco provável. Os animais não matam os homens que se deitam
para dormir. Atacam quando se sentem ameaçados. Que ameaça é um ronco do MacAllister?
Argyle pigarreou.
—Não muito. — Endireitou as costas com indignação, com a esperança de salvar o que
sentia como um golpe a sua virilidade nos olhos de todos. —Nem sequer senti medo por ele
enquanto inclusive estive na prisão e Robert estava atacando em vigília. — Soprou. —É pouco
provável que o homem pudesse assustar a um porco selvagem enquanto dormia.
Thomas girou os olhos.
— Deixa ir, moço. Isso foi faz muitas temporadas. Todos sabem que chegou a ser um grande
guerreiro enquanto isso.
Argyle ruborizou, jogando o olhar para o chão.
—Sim, milord — murmurou.
—Agora bem— disse Maya enquanto ficava de pé e sacudia as folhas e a sujeira de seu
vestido — Se tiver terminado comigo e Argyle, senhor, estávamos em meio de uma aula de
equitação quando nos interrompeu. — levantou nas pontas dos pés e roçou seus lábios contra seu
marido. —Nos vemos na refeição do meio-dia.
Thomas deu-lhe um tapa de brincadeira na parte traseira e sorriu.
—Vamos, amor. Aprende o que puder de Argyle esta manhã e cavalgaremos juntos esta
noite depois do jantar.
Maya assentiu. Agarrou Argyle pela mão e puxou com força atrás dela para seu novo cavalo.
Realmente queria esta aula de equitação. A experiência no cavalo, no qual fugiu de Thomas fazia

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Depois da Tempestade

tanto tempo, era um cheio de altos e baixos, aterrador. —Vamos. Se tivermos pressa e pego o
jeito disso logo, ainda teremos tempo para uma ou duas rondas de pôquer.
Argyle se iluminou grandemente com essa ideia enquanto saltava atrás de sua senhora na
égua.
—E a deixarei limpa, milady.
Maya deu um bufo muito pouco feminino.
—Sonha.

—Bom, o que parece?


Dugald expôs a questão aos dois lairds enquanto se reclinava na cadeira e tomava um gole
de sua taça de vinho. Thomas olhou a seu redor, à grande sala, distraidamente enquanto
contemplava sua próxima resposta. Aproximava-se a hora da tarde, entretanto, sua esposa ainda
não saiu da sala com seus “amigos de pôquer”. Perguntou-se com um toque de diversão se o
obrigaria a tirá-la dali para comer como ele tão frequentemente se encontrava fazendo.
Patrick fez gestos a seu escudeiro para voltar a encher sua taça enquanto se acomodava em
sua cadeira junto ao fogo. Piscou um olho a um grupo de empregadas que, rindo, caminhavam
através da grande sala, olhando a Hamilton.
Os olhos de Patrick devoravam a moça no centro, sabendo que ele levaria a voluptuosa loira
a seu quarto esta noite. Já teve a moça da esquerda a noite anterior. Possivelmente pediria à
moça do meio que ajudasse no banho antes do jantar.
Patrick voltou para o grupo, esquecendo-se da moça tão rápido como se sentiu ambicioso
por ela.
—Me uno ao pensar que tudo é um estratagema. — Olhou a Thomas, efetivamente
ganhando sua atenção. —A julgar pelo que contou que seu desejo de roubar sua esposa de
debaixo do seu nariz, inclusive indo tão longe para preparar uma emboscada, não fica nenhuma
dúvida de que tudo isto foi um esforço por se fazer parecer por morto.
Thomas suspirou, ajustando seu enfoque disperso da conversa que levava ao final.
—Sim, estou de acordo. A questão agora é o que o que vou fazer com esta informação agora
que sei seu jogo.
Dugald encolheu os ombros, a solução óbvia para ele.
—Prepararemos uma emboscada ao filho da puta.
—Não — respondeu Thomas. —Não sabemos em onde está escondido, embora seja óbvio
que deve permanecer perto do bosque.
Patrick esfregou a parte posterior de seu pescoço enquanto considerava a possibilidade que
tinham. —Eu sempre estou disposto em participar de uma boa briga, mas estou de acordo com o
Thomas. Acredito que o melhor movimento seria deixar ao diabo acreditar que o tomamos por
morto e que, portanto, baixou a guarda com sua esposa. Logo, quando tentar levá-la, o matamos.
Thomas grunhiu, ficando de pé.
—Pensei nisso, Patrick, me acredite que pensei. Mas, como vou baixar a segurança de Maya
sem de fato baixar?

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Depois da Tempestade

Patrick coçou o queixo e sorriu.


—Não sei.
Dugald revirou os olhos e começou a rir.
—Muito útil Hamilton.
Patrick levantou e deu um tapa em Thomas carinhosamente nas costas.
—Vou estar aqui por outra noite, velho amigo. Vamos resolver tudo isto antes que viaje de
volta para casa.

Capítulo 40

Maya estava junto a seu marido e ficou parada sobre as tumbas sob seus pés. Thomas viu
que os restos de sua mãe Elizabeth foram enterrados em terra sagrada. Já não estava relegada aos
jardins, um lugar onde os indignos eram proibidos pela igreja de passar, sob seus terrenos, a
eternidade. Ela estava em um lugar de terreno santo agora, em um descanso para sempre junto a
seu marido Angus.
A lápide de Elizabeth era grande em si, um monumento digno de uma rainha. Maya apertou
a mão de seu marido e sorriu.
—É linda. O pedreiro fez um bom trabalho.
—Sim. E agora mamãe está onde devia ter estado, descansando em paz junto a seu marido.
Maya estudou o perfil do homem de pé junto a ela com amor e orgulho. Depois de quase um
ano e meio passado a seu lado, este guerreiro atraente, orgulhoso, ainda podia fazer que seu
coração batesse as asas como um amor de colegial que a golpeava. Perguntava-se divertida, se
sempre seria assim. Algo dizia que sim. Este senhor da guerra, com atributos e defeitos por igual,
era seu coração.
—No que está pensando?
—Umm? — Maya encolheu os ombros, saiu de seus abertos pensamentos sobre seu marido
e piscou. Deu-se conta de como devia parecer estúpida olhando-o com uma expressão
maravilhada no rosto. —A verdade?
—Sim.
—Estava pensando em como afortunada sou de encontrá-lo, como estou agradecida de
qualquer poder que teve a boa vontade de me enviar a você.
Thomas apertou-lhe a mão e sorriu.
—Sou eu o afortunado, amor.
—Nunca esqueça— brincou.
—Deixará algum dia?
—Nem por equívoco, riqueza.

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Depois da Tempestade

O casal se tomou pelas mãos e reatou a contemplação tranquila da tumba. Maya percebeu a
sensação de paz, uma serenidade, inclusive, que impregnou a mesma fibra de Thomas da
aceitação da inocência de sua mãe.
Thomas percebeu, um pouco a contra gosto, que nunca soube exatamente o que aconteceu
essa noite terrível da morte de Elizabeth fazia tantos anos, mas sim também chegou a um acordo
com o fato de que, em tudo o que aconteceu, sua mãe era inocente de tudo o que seu pai
enganado acreditou que era culpado.
Não importava se Thomas não tinha indiscutíveis feitos para respaldar sua confiança na
moral de sua mãe. Acreditava. Era suficiente para ele. E isso teria que ser suficiente para satisfazer
à igreja.
MacGregor falou.

Robert MacAllister terminou de cavar o buraco no chão e levantou. Colocou a mão em sua
túnica de camponês e puxou o cabelo vermelho chamejante que caiu de sua cabeça. Era estranho
que passasse a sensação de quase não ter cabelo. Entretanto, sua cabeça já não picava pelas
criaturas diminutas que habitaram nela durante tantos anos. Todos estavam no interior do feixe
de cabelo que já não chamava dele.
Robert puxou o montão de cabelo no buraco e sorriu. Seria quase impossível de se
reconhecer sem seu característico cabelo vermelho. Era inteligente, fez o corte de cabelo, só para
ser cauteloso. Os MacGregors iriam ter outra festa na noite. Ouviu rumores no povoado que a
pátria estrangeira da Senhora MacGregor tinha o costume de celebrar a passagem do ano a um
novo.
Na vila MacGregor já estavam falando sem cessar sobre o próximo evento, todos eufóricos
de que iam ser convidados para jantar como foram no Natal. Era bom o costume, porque o dia que
precederia à celebração significaria uma cadeia sem fim de atividades entre o povoado e o castelo
nos próximos dias.
Lástima que não se preparou para ver seus planos no Natal, mas MacGregor não acreditava
que estivesse morto nesse momento. Se pudesse confiar nos fofoqueiros do povoado, agora sem
dúvida Thomas MacGregor acreditaria que já foi afastado deste mundo.
Na noite, o desejo que afetou cada um de seus pensamentos e ações por mais de um ano
finalmente passaria. Por fim teria o prazer de bombear sua vara ao calor da cadela, o prazer de seu
olhar de rogo por misericórdia enquanto tirava-lhe a vida. Robert gemeu. Estava ficando duro só
ao pensar nisso. O pai do Robert o chamou tolo, louco. Disse inumeráveis vezes que dava graças a
Deus cada dia porque seu filho mais velho, o da compaixão, era o que o elegeria como laird e não
seu sanguinário segundo filho Robert. Como incomodaria o velho saber que seu herdeiro se
encontrava junto a ele em uma tumba pouco profunda e que ele, Robert MacAllister, era o
MacAllister.
Depois de tudo, seu pai sabia seu segredo. Foi seu pai, que não sentiu temor pelo que era
seu filho, quem manteve sua boca fechada e deixou Angus MacGregor viver seus últimos anos
pensando que sua esposa morta foi uma puta infiel.

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Depois da Tempestade

Logo, na noite, Robert poderia voltar para seu sustento, aonde devia estar. Voltaria um
herói, um conquistador, um homem engenhoso bastando ter mais habilidades que os mais
temidos lairds na Escócia. Gemeu, apertando os olhos e os fechando fortemente.

Capítulo 41

—Alguma vez sente saudade, moça?


—Do futuro?
—Sim.
Maya encolheu na cadeira de montar enquanto trotava junto a seu marido; ela sobre sua
égua e ele, em seu poderoso e muito maior cavalo. Viajavam juntos, os dois, como fizeram cada
noite desde o Natal. Maya estava desfrutando dos passeios a passo leve enquanto podia, pois
sabia que seu excessivamente protetor marido a proibiria montar em alguns meses quando o bebê
se fizesse maior.
—Bom, sente?
—Não, não sinto. — Sorriu de lado a ele. —Há certas comodidades no futuro que sinto falta,
mas não as trocaria por tudo o que tenho aqui.
Thomas assentiu.
—Estive pensando muito no último tempo.
—Por quê?
—Não sei. Suponho que nunca pensei muito nele anteriormente porque me negava. Sempre
associava meus sentimentos do futuro com o temor de perdê-la. — encolheu os ombros. —
Possivelmente porque agora me sinto seguro ao saber que você não me deixará, é que me
permito refletir sobre o que Harold e Argyle tiveram oportunidade de experimentar. — Suspirou
com nostalgia. —Seus contos são apaixonados, podem estar segura.
Maya contemplou a seu marido e franziu o cenho.
—Não está pensando em viajar a minha época, verdade?
Ele negou com a cabeça.
—Não. Não sou tão tolo.
Lançou um suspiro preocupado e sorriu. —Graças a Deus por isso.
—Por que graças a Deus?
—Porque eu não sou tão tola para pensar que íamos ter sorte cada vez que se utilizassem as
nuvens negras. O destino poderia decidir repartir uma mão perversa e nos impediria de chegar até
ali, ou nos impediria de retornar. Somos afortunados de que Harold e Argyle chegassem em 2001
e voltassem sem nenhum incidente.
Thomas esteve totalmente de acordo e disse o mesmo.
—Eu nunca tentaria ir, entretanto, uma parte de mim não pode deixar de invejar Harold e
Argyle por sua boa fortuna por conhecer.

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Depois da Tempestade

Maya negou com a cabeça, fazendo saber que uma olhada ao futuro não valia a pena todos
os problemas que entrelaçava chegar ali.
—Thomas, realmente não é diferente do que está aqui. As pessoas de meu tempo querem
as mesmas coisas, lutam pelos mesmos objetivos, e assim sucessivamente. É só que temos mais
mecanismos no futuro para lutar por nossos objetivos. — encolheu os ombros, dando-se conta
pela primeira vez desde sua chegada que realmente não perdia nada de sua vida anterior no
mínimo.
Thomas sorriu a sua esposa, tomando sua mão para aproximá-la a si mesmo.
—Só me dize isso para me fazer sentir melhor, moça, ou realmente é verdade?
—Digo a sério, Thomas. E é uma promessa.
Ele assentiu, aceitando as palavras de sua senhora, sabendo de que nunca viveria para ver o
dia que pudesse demonstrar que estava equivocada de todos os modos. Não podia arriscar-se a
sair, para não voltar para suas Terras Altas. Isto era sua casa. E agora muito mais que uma casa por
ter encontrado sua Maya e convertê-lo em pai de Angus e Beth. Pelos Santos, Como chegou a ser
tão afortunado?

Thomas segurou a mão de sua esposa enquanto trotava a seu lado na noite. Olhou para
cima, para o céu estrelado, silenciosamente dando obrigado por este presente tão prezado. Foi
um milagre o que trouxe sua Maya a ele. Foi um milagre ainda maior que tivesse lhe dado seu
amor. Sim, pensou, era realmente muito afortunado.
Mas por que este presente outorgou a ele em primeiro lugar? Não tinha nenhuma ideia. E
não importava refletir tanto sobre isso.
Algumas coisas, admitiu às estrelas piscando por cima dele, era melhor as apreciar em sua
bobeira.
Ela era dele e o amava. Era o único que importava.

Capítulo 42

—Alguma vez pensou em casar e ter filhos próprios?


Maya formulou a pergunta a Patrick, enquanto caminhava com ele pelo pátio inferior.
Hamilton esteve brincando no chão da grande sala com Angus e Beth quando ela o viu pela
primeira vez esta manhã, com um olhar de desejo puro e total para seus próprios filhos escrito em
seu bonito rosto. Patrick ficou de pé e se inclinou para Maya ao vê-la, então pediu o privilégio de
acompanhá-la até seu marido quando anunciou que ia procurar e recolher Thomas.
Patrick apertou o braço de Maya e piscou um olho para ela.
—Como posso pensar em me casar quando a única mulher que quero já está felizmente
casada?
Maya sorriu ao encantado Hamilton.

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Depois da Tempestade

—Vou tomar essa resposta como uma forma amável e poética de dizer 'não' e me dizer que
me meta em meus próprios assuntos.
Patrick riu de boa vontade, encantado com seu rápido engenho.
—Seria mais inadequado para eu dizer se foi ou não em brincadeira.
—Certo.
—Mas direi isto: sim, penso sobre me casar, ter uma esposa e um filho. Penso nisso muito
mais agora que vejo você fazer muito feliz a MacGregor.
—Ele me faz igualmente feliz.
—Já sei. Vocês são afortunados, ambos foram tão abençoados. — Sorriu, pondo seus
sentimentos no assunto a seguir. —Sim, milady, desejo o mesmo para mim mesmo. — Apertou-
lhe o braço de novo e sussurrou em cumplicidade. —Assim me economize o incômodo de
encontrá-la e encontre uma garota tão linda e com espírito como são vocês, para mim.
Maya riu entre dentes.
—Talvez devesse falar com Thomas sobre a quantidade de problemas que uma mulher de
espírito produz. O homem me repreende quase todos os dias com respeito a algo ou alguma coisa
que fiz para ofender as massas.
Patrick começou a rir, imaginando mentalmente a visão.
—Entretanto, está contente. Um homem cego e surdo poderia ver.
Maya bateu o dedo contra sua bochecha enquanto contemplava a ideia que apareceu em
seu cérebro.
—Sabe uma coisa, Patrick? Acaba de estabelecer uma tarefa para mim que vai dar uma
muito necessária distração. Algo divertido que não requererá levantar uma agulha e colocar o
sangue nos dedos para me entreter.
—Ah, sim? E o que poderia ser, moça?
Maya sorriu.
—Vou tentar ajudá-lo a encontrar uma esposa.

Patrick parou frente à janela da antecâmara que ocupava no castelo MacGregor e olhou para
baixo ao pátio. Lady Maya estava lá abaixo, dirigindo aos serventes quanto aonde deviam colocar
as mesas que se estavam arrastando pelo castelo propriamente dito para a próxima festa do
Hogmany.
Seus cachos dourados compridos estavam soltos ao redor de sua cintura como um halo,
dando um efeito como o de um anjo, um etéreo visitante dos céus.
Ou possivelmente estava sendo puramente romântico.
Patrick suspirou enquanto passava uma mão por seu longo cabelo negro como de um corvo.
Onde estar louco de amor pela esposa de seu mais antigo e próximo amigo era ser como um vilão
mal educado? As vésperas passadas, a moça loira que servia e se chamava Nicola o levou ao
orgasmo três vezes. Nicola era o suficientemente linda, entretanto, Hamilton fechou os olhos e
fingiu que esse corpo, ao que estava bombeando sua semente, foi o de Maya. Com cada gemido

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Depois da Tempestade

que seu eixo provocava na moça, permitiu acreditar que era a esposa de Thomas a que estava
colocada debaixo dele, tremendo em seus braços, rogando que desse mais de seu grosso membro.
Patrick nunca esteve mais excitado.
Nunca esteve mais aborrecido consigo mesmo.
Logicamente, sabia que era normal para um homem sentir luxúria por uma linda mulher,
casada ou não, mas se dar conta deste fato não impediu as torturas pesadas de culpa que
passavam os laços sem eu coração cada vez que pensava em ter prazer com a senhora MacGregor.
Thomas era um bom aliado, um amigo de verdade. O único que conheceu. E ali estava disposto a
vender sua alma ao diabo, inclusive, por uma noite na cama com Lady Maya.
Patrick sacudiu a cabeça com desgosto. Que miserável era!

Capítulo 43

Thomas montou seu corcel rapidamente através da ladeira, sem um destino em mente.
Tinha que sair da torre, precisava sentir o vento em suas costas. E mais que nada, precisava
conseguir aplacar seu fulminante temperamento.
Algo estava acontecendo em sua casa. Algo que estava mau e o havia sacudido até a medula
em seu próprio ser.
Tinha medo de reconhecer seus medos para si mesmo, já que os faria parecer mais reais.
Mas estava começando a temer, a acreditar realmente, que o destino pouco cerimonioso de seu
pai se converteria no seu. Só que o destino de Angus foi o que imaginou, enquanto que não seria
de reflexões de uma imaginação muito fértil e possessiva.
Desde a primeira visita de Hamilton, Thomas percebeu de que seu amigo desejava sua
esposa. Estava em cada olhar de Patrick a Maya, na forma em que a olhava, despia com o olhar.
Era evidente na maneira que se unia a sua esposa com cada palavra, como se vomitasse o
conhecimento enviado diretamente de cima dos céus.
Thomas não disse nada, acreditando que o amor de Patrick logo passaria como todos os
amores tendiam a fazer. Mas agora se perguntou se poderia ter sido um engano não ter feito
nada.
Estaria obrigado a matar seu melhor amigo e manter a sua esposa na torre com o fim de
vingar sua honra? Fechou os olhos contra a dor, rogando aos Santos para que dissessem que não
era assim.
Durante três dias, Hamilton esteve evitando-o. E cada vez que Thomas tinha a oportunidade
de ir a ele, sempre o encontrava nas saias de Maya, movendo-se atrás dela como um rapaz
inexperiente obcecado.
E logo estranhou que lhe virasse o rosto ao entrar em contato com os olhares trocados entre
ele e Patrick ultimamente. Cada vez que seu amigo buscava seu olhar, este baixou sempre, como
se estivesse muito envergonhado para sustentar o seu. Thomas conhecia esse olhar, sabia o que

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Depois da Tempestade

queria dizer quando um homem ficava com o rosto vermelho e olhava todas as partes, exceto seus
olhos enquanto falava.
Chamava-se culpa.
Thomas foi testemunha da auto expressão no rosto de Dugald o dia que seu comandante de
armas sofreu a audiência com o rei. Foi o dia depois que Dugald tomou à esposa de Bruce.
Thomas pegou o rubi pendurado contra seu coração, segurando-o em reverência como um
amuleto que tinha o poder de afastar o mal. Fechou os olhos brevemente contra a miséria que o
impregnava.
Sua Maya nunca o trairia.
Por favor, querido Deus no céu, não sua amada Maya.

Maya acariciou as cabeças adormecidas de Angus e Elizabeth enquanto os olhava se


entregar ao estado de felicidade do sono. Sorriu com ternura a seus filhos pequenos, que estavam
crescendo mais e mais com sua própria personalidade enquanto passavam os dias.
Era estranho pensar que um dia, muito logo, deixariam de ser bebê. Cresceriam
rapidamente para serem adultos fortes, que levariam uma vida que ia ser própria. O bonito Angus
seria laird de seu clã um dia, enquanto que a linda pequena Elizabeth se casaria com um senhor
poderoso que a amaria tanto como Thomas, adicionou Maya. Mas sempre seriam seus amados
bebês, seus tesouros primogênitos.
Maya inclinou e beijou seus filhos, então, em silêncio se dirigiu à porta. Já era hora de
encontrar seu marido.
Thomas esteve agindo estranho ultimamente, como se estivesse enfeitiçado por um
fantasma ou uma ameaça iminente que não tinha nome. Não estava segura do que fazer com seu
estranho e volátil humor dos últimos dias, mas estava decidida a averiguar a causa antes que essa
noite terminasse. Além disso, amanhã era a festa, e queria que seu marido se divertisse, sem
fantasmas.
Maya passeou até a grande sala e procurou rapidamente algum sinal de seu marido. Não
estava aí. Só estavam Argyle, Sara, e Dugald. Franziu o cenho a eles.
—Alguém viu Thomas?
Sara negou com a cabeça e sorriu.
—Não, ele não esteve aqui desde meio-dia, acredito.
—Possivelmente está no pátio— respondeu Dugald.
Maya assentiu.
—Acredito que tudo o que posso fazer é ir ver.
—Se não estiver lá — adicionou Argyle, — Possivelmente então se uniu a lorde Chance e Sir
Sotted a sua viagem ao povoado. — encolheu os ombros. —Mencionaram que iriam recordar ao
Conselho a festa do dia seguinte.
—Obrigada, Argyle. Vou ver se ainda está na torre. — Maya recolheu sua saia e caminhou
rapidamente para o pátio, esperando que estivesse ainda dentro dos limites do castelo. Franziu o
cenho quando chegou à muralha, só para descobrir que estava vazia.

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Depois da Tempestade

Maya encaminhou para a parede mais próxima do castelo e se apoiou nela, com os braços
cruzados sobre seus seios ao contemplar a possibilidade de onde seu marido poderia estar. Não
esteve na grande sala. Não esteve no pátio. Não mencionou o desejo de ir cavalgar com ela essa
noite. Parece ter saído com Chance e Sotted. Tinha que estar no povoado. Onde mais poderia
estar?
Os pequenos cabelos da nuca de Maya se agitaram, alertando-a sobre o fato de que já não
era a única pessoa de pé no pátio. Deu a volta com um sorriso espectador, esperando que fosse
Thomas o que se aproximasse.
—Patrick— sussurrou, tentando seu melhor esforço para ocultar sua decepção.
Hamilton viu seu esforço. Doía muito dar conta de que nunca poderia amá-lo como amava a
seu marido, mas sabendo ao mesmo tempo em que era melhor para ele mesmo ter a força de
reconhecê-lo como um fato.
—Vejo que a decepcionei milady. Sinto ser eu e não MacGregor.
Maya avermelhou, com a sensação de ser uma anfitriã ogra.
—Não Patrick, não me decepcionou absolutamente. —Ela negou e o olhou. —É só que me
parece que não posso encontrar meu marido em nenhum lugar e estou começando a me
preocupar com ele. Sabe você onde está Thomas?
—Não — admitiu com um pequeno suspiro. —Não o vi desde esta tarde.
—Esse parece ser o consenso por aqui. — Sacudiu a cabeça, baixando o olhar para o terreno.
—Não é próprio dele sair sem dizer seu destino. Estou começando a me preocupar.
Patrick sorriu.
—Tem sorte este Thomas, de que uma mulher como você esteja triste por ele.
Maya olhou para cima pelas palavras em voz baixa que sussurrou Patrick, seus olhos
redondos, com a suspeita que acolheu por uns dias. E quando aproximou sua mão a sua bochecha
e a acariciou com melancolia, sua suspeita se converteu em uma confirmação precisa.
Hamilton a desejava.
—Patrick— sussurrou, alcançando sua mão e puxando com cuidado, mas com força, de sua
bochecha.
—Sinto-me lisonjeada. Muito lisonjeada. Mas…
—Mas você não me ama. — Suspirou. —Ama Thomas, como deve.
Maya assentiu.
—Sinto muito.
—Não se arrependa.
Patrick deu a Maya um brilhante sorriso com covinhas, mas triste. Respirou fundo, seus
olhos azuis fechados, piscando brevemente. Abriu-os com a mesma rapidez, então se inclinou e a
beijou castamente na testa.
—A fiz se sentir incômoda, moça. É meu problema esta luxúria, não seu. — Negou com a
cabeça com tristeza, não podendo sustentar seu olhar. —Não pude olhar meu melhor amigo nos
olhos nestes dias, sabendo que o traí com meus pensamentos.
—Patrick, não acredito que deva me dizer isto.

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—Sim, devo. Devo tirar de meu peito. Moça, não posso sair daqui sem que vocês saibam
meus sentimentos. Amo você, Maya. Estou muito apaixonado por você.
Maya ficou olhando com a boca aberta a Hamilton, incapaz de acreditar o que acabava de
ouvir. Conhecia Thomas seus sentimentos? Era por isso que a esteve evitando como a peste negra
ultimamente?
—Patrick— exalou — OH Deus, não quero magoá-lo. E não quero ser a causa de uma
disputa entre você e Thomas tampouco. Eu... — Sacudiu a cabeça e suspirou. —Patrick estou
casada. E feliz.
—Pensa que não sei isso?— Perguntou. —Deus meu Maya! Estive dizendo por dias que não
posso seguir tendo este tipo de pensamentos que estive albergando. Ele é meu melhor amigo, por
todos os Santos!— Fez uma careta quando passou os dedos pelo cabelo laconicamente. —Sinto-
me inferior a um inglês. Sei que Thomas conhece meus sentimentos.
Maya respirou fundo e refletiu sobre tudo o que sabia sobre Patrick. Pensou em como
honorável era, o bom amigo que sempre foi com Thomas, amável e generoso como era com Angus
e Beth. Negou com a cabeça.
—Você não me ama, Hamilton.
Patrick deu a volta para olhá-la outra vez.
—Você não pode saber o que sinto milady.
—Equivoca-se. Posso. E sei que não me ama.
Ele franziu o cenho.
—Não sabe.
Maya respirou bem o ar frio da noite, enquanto movia um cacho solto atrás de sua orelha.
—Não me parece absolutamente o tipo de homem que cai de cabeça sobre os calcanhares,
louco de amor por uma mulher que não conhece, uma mulher com a que passou pouco tempo e
poucas horas. Acredito que está apaixonado, mas não por mim. — encolheu os ombros. —Ama o
que eu represento.
—O que você... representa?
—Sim. Vê Thomas, um senhor da guerra endurecido que conhece toda a vida, de repente é
feliz e está contente de ficar em casa com sua nova família em lugar de montar a cavalo para a
última batalha. — Sorriu, tomando suas mãos entre as suas. —Vejo como olha Angus e Beth.
Posso ver o desejo que tem de uma família em seus olhos. Mas você é o tipo de homem que não
se daria conta do que é exatamente o que é querer, inclusive quando o olhasse fixamente à cara
porque, por isso entendi a respeito de você, sempre foi que tipo que evita comprometer-se a
qualquer custo. E agora se está encontrando sozinho, desejando o que Thomas tem. — encolheu
os ombros e sorriu. —Acabo de passar a ser a mulher mais próxima a você quando finalmente
percebeu do que era o que necessitava.
Patrick pensou muito na verdade de suas palavras, perguntando-se se poderia ser verdade.
Poderia ver coisas a respeito dele, como um terceiro imparcial, que não podia ver claramente por
si mesmo? Ela era uma mulher inteligente, a esposa de Thomas.

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Depois da Tempestade

E finalmente, depois de três dias tortuosamente longos e carregados de culpa, e três


igualmente miseráveis noites sem dormir, uma grande carga se levantou do coração de Hamilton.
—Você está certa, senhora— Patrick sussurrou. Sorriu lentamente. —Vocês está certa.
—É óbvio que sim!— Maya disse emocionada, efetivamente pondo fim ao estado de ânimo
sombrio crescente ao redor deles. —Sou a esposa de McGregor, depois de tudo. Posso costurar
tapeçarias, organizar festas luxuosas, e parar sabujos como Meg, tudo em um só dia!
Patrick jogou a cabeça para trás e começou a rir alegremente. Não se sentiu melhor em...
Bom, três dias e noites para ser exatos. Puxou Maya pelo braço e a levou lentamente às portas do
castelo.
—Meu bom amigo Thomas sabe o tesouro extraordinário que encontrou em você?
—Umm. Não sei—, brincou, — mas é melhor que saiba!

Dos arbustos perto da parede do castelo, Thomas ficou olhando as costas de sua esposa e
seu melhor amigo. Fechou os olhos e respirou profundamente para se acalmar.
—Sim, meu amor— sussurrou com voz rouca: — Sim, sei o tesouro que tenho.
E logo, com um grande alívio e gratidão, inclusive mais, Thomas MacGregor, o mais temido
laird de toda Escócia, caiu sobre seus joelhos com cicatrizes de batalha, e chorou de alívio.

Capítulo 44

Maya se sentou na cama, sem poder conciliar o sonho. Thomas ainda não voltou para casa.
Fazia tudo, dentro de seu poder, ao pensar em outras coisas, ao pensar em algo, exceto na
conclusão dilaceradora que albergou de que algo horrível aconteceu a seu marido.
Entrou na sala três vezes para verificar Angus e Elizabeth. Costurando os buracos em duas
das túnicas de Thomas e tinha as furadas para provar. Caminhou pelas ameias, olhando a noite,
orando pelo menor vislumbre dele. E agora estava sentada na cama, tentando se concentrar no
grosso livro sobre a América que nunca conseguiu terminar.
Uns minutos mais tarde, a porta da quarto rangeu, causando que o olhar de dardo de Maya
se dirigisse para ela. Suspirou de alívio quando percebeu que era Thomas entrando no quarto.
Fechou o livro com um golpe pequeno e saiu da cama para dar boas vindas.
—Graças a Deus— sussurrou para si mesma mais que para alguém, apesar de que ele a
ouviu também. O olhou e sorriu com alívio. —Estava tão preocupada com você. Está bem?
—Sim.
Seus olhos se abriram quando caiu em conta de que seu marido esteve chorando. Tinha os
olhos avermelhados e injetados em sangue, a garganta áspera e áspera.
—Thomas? O que acontece? Aconteceu algo?— agarrou o coração. —São os meninos?
Acabo de estar no berçário, por favor, me diga.
—Não, as crianças estão muito bem, amor.

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Depois da Tempestade

Maya inclinou a cabeça para cima e para os lados, tratando de discernir o que estava
preocupando a seu marido.
—Então, o que é? Por que chora? O que está errado?
Thomas negou com a cabeça lentamente enquanto estudava o rosto de sua esposa. Sentia
mais amor por ela agora do que nunca antes sentiu. O qual, reconheceu, era muito dizer.
—Não há nada errado. — Sorriu calidamente. —Tudo está muito bem. — Estendeu suas
mãos. —Vamos moça, venha mim. Permita-me abraçá-la. Permita-me amá-la.
Maya não duvidou nem por um momento. Correu aos braços estendidos de seu marido, as
lágrimas brotando de seus olhos enquanto a abraçava, sem sequer saber por quê.
Amor. Era tanto amor o que irradiava dele que a afligia.
—Necessito minha Maya. Preciso fazer amor.
Thomas se deixou cair ao chão da quarto com sua esposa nos braços e mostrou todo o amor
que brotava de seu coração. Penetrou seu disposto corpo uma e outra vez, nunca querendo
terminar, precisando permanecer dentro dela para sempre.
E muito tempo depois, quando finalmente verteu sua vida em seu ventre, sabia que venceu
o destino. Ele, o MacGregor, aprendeu a fazer o que seu pai antes que ele nunca pôde. Aprendeu
a confiar.
E agora conhecia a paz.

Capítulo 45

Patrick estava de pé junto a seu cavalo de guerra, esfregando as mãos com força sobre os
músculos do elegante cavalo, trabalhando as cãibras. Viajou com força essa manhã, possivelmente
muito duro, mas teve uma grande quantidade de coisas no que pensar e o cavalo sempre ajudava
a esclarecer seus confusos pensamentos.
Maya estava certa. Ele queria um herdeiro, assim como uma amante mulher para esquentar
seu coração e sua cama. Também tinha razão em que foi a cobiça do que pertencia a Thomas pelo
que ela representava para ele. OH, era bastante linda e animada certamente, e qualquer homem
seria um tolo se não se desse conta, mas era também um símbolo, uma musa. Havia, depois de
tudo, conseguido levar ao mais poderoso e temido senhor da guerra das terras altas remotas e
escarpadas a seus calcanhares. Se Thomas MacGregor podia ser domesticado e desfrutar de cada
momento, então também poderia Patrick Hamilton.
—Hamilton.
Patrick disparou seu olhar na direção de onde a voz saiu. Seu rosto avermelhou quando se
encontrou com os olhos de Thomas, por isso rapidamente desviou o olhar, de volta a seu cavalo
de guerra.
—MacGregor.

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Depois da Tempestade

Thomas passeava lentamente ao lado de Patrick, vendo mover suas mãos sobre o escudo de
seu cavalo de batalha. Não disse nada durante um bom momento, simplesmente olhando. —É um
bom pedaço de carne esse cavalo, seu garanhão.
Patrick assentiu, mas não retirou seu olhar da crina de suas arreios.
—Sim. É árabe.
Thomas não disse nada durante uns minutos mais. E finalmente, quando se fez óbvio que o
Hamilton não ia fazer outra coisa e que não se derrubaria em seu próprio estado induzido de
miséria, clareou a garganta e falou em voz baixa.
—Deixe ir, homem.
Patrick se voltou duro sobre seus calcanhares, olhando a seu velho amigo. Fechou os olhos
brevemente, e logo estalou de novo abrindo.
—Ela disse isso, verdade?
—Não. — Thomas sorriu, dando uma mão às portas da muralha mais próxima. —Estive
escutando nos arbustos a totalidade de sua conversa.
—A totalidade dela?— Patrick estava afogando.
—Sim.
Patrick ruborizou, depois voltou a esfregar o garanhão, uma vez mais.
—Deve pensar que não é necessário me chamar mais de amigo, porque não sou digno. —
Tomou uma respiração profunda. —Não posso dizer que o culpe.
—Não, está equivocado.
Patrick deixou cair à cabeça sobre seu peito e fechou os olhos brevemente.
—Não posso acreditar em mim mesmo, Thomas, assim como pode você?
—Porque o conheço.
—O que quere dizer?— deu a volta e olhou a seu companheiro e amigo mais próximo.
Thomas coçou o queixo, e logo passou os dedos por sua juba de cabelo comprido até os
ombros. Elevou a vista ao céu como procurando as palavras adequadas, então, se voltou outra vez
a Hamilton.
—Nos últimos dias me dei conta de que você estava se sentindo culpado por algo que fez—.
Ele balançou a cabeça. —Tenho que admitir que queria matá-lo, porque pensei que deitou com
minha esposa. Pode imaginar meu alívio quando ouvi Maya falando com você e me dei conta de
que sua culpa se devia a seus pensamentos e não a suas ações.
Patrick riu sem humor, sacudindo a cabeça em desgosto consigo mesmo.
—A culpa não começa a descrever — disse entre dentes.
Thomas sorriu.
—Sei agora. — encolheu os ombros. —Não posso culpar a nenhum homem por desejar a
minha esposa, já que teria que estar quase morto ou ser um envelhecido, mas o agradeço por ser
um homem o suficientemente honorável e não fazer nada, exceto pensar nela.
Patrick avermelhou, movendo-se de ida e volta sobre seus pés.
—Acredito que não pode deixar ir isto tão facilmente.
Ele negou.

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Depois da Tempestade

—Não acredito que poderia.


—Está correto, embora não é a forma escocesa. Entretanto, é um amigo, e porque o é,
castigou-se o suficiente. — Thomas colocou suas mãos nos quadris e o olhou. —Não há
necessidade de ter um desafio pelo acontecido. Você se castigou com mais do que poderia
qualquer homem com sua consciência e estou contente com isso. Não tenho nenhuma má
vontade, Hamilton, porque se você não fosse um verdadeiro amigo, então já teria sofrido as
consequências.
Patrick sorriu ao pensar nas palavras de Thomas.
—Você está com a razão. Castiguei-me muito. E merecia isso. — Fez uma careta, passando a
mão pelo cabelo com agitação. —Entretanto, estou preparado para deixá-lo ir. Quero que sua
camaradagem fácil volte, meu amigo.
—Igual a mim.
Patrick assentiu, satisfeito.
—Então, o que fazemos?
Thomas deu uma palmada nas costas de Hamilton.
—Em primeiro lugar, agradeço por fazer isto. — Moveu o braço para trás com todas suas
forças, lançou-o, e marcou a mandíbula de Patrick. O Hamilton caiu sem olhares ao chão,
esfregando a mandíbula dolorida enquanto caia estendido aos pés de Thomas.
—Obrigado? Acreditava que me perdoou!— Disse com incredulidade.
O MacGregor piscou um olho em troca. —Agora fiz.
Patrick ficou olhando Thomas com os olhos abertos. E logo, lentamente, sorriu.
Jogou a cabeça para trás e começou a rir.
—Agora ambos nos sentimos melhor?— O gesto de MacGregor, Patrick ficou de pé e sorriu.
—Graças a você.
—Por nada.

—Maldição!
Maya mostrou sua mão derrotada de cartas a Argyle, os três doces de gengibre polvilhados
de açúcar que acabava de perder logo seguiram. Argyle apanhou os doces com a boca, os engoliu,
e logo se esfregou o ventre dramaticamente.
Thomas e Patrick começaram a rir, ambos olhavam atentamente para aprender a jogar
pôquer. Sara embaralhou as cartas, e logo repartiu a seguinte mão a Maya, Argyle, Harold, seu pai,
e a ela mesma. Olhou os dois lairds e sorriu.
—Estão dispostos a participar?
—Não. — riu Patrick. —Devo ver um pouco mais antes de perder o trabalho de minha vida
com estes jovens cavalheiros.
Thomas secundou isso, logo perguntou:
— Onde está seu marido?

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Depois da Tempestade

—Dugald está fora explorando com seus homens. — encolheu os ombros, parecendo não
estar preocupada. —Procurando o MacAllister, como de costume. — Terminou repartindo, logo
levantou suas cartas.
Harold analisou suas cartas, as considerando com olhos ambiciosos drasticamente, e sorriu
com ar de suficiência.
—Não necessito outra. Esta mão vale a pena assim.
—Está se gabando. — Reginald agitou a mão no ar. —Tudo o que faz é gabar. Sara querida,
me dê dois.
—Gabar? Agora vê isto Reggie, não me gabo neste momento. Fala muito cedo, quando ainda
restam doces de gengibre. Quando já não ficarem, então não fale. — Harold grunhiu, franzindo o
cenho. Moveu o dedo para Maya e Argyle. —Estes aqui são o senhor e a senhora do clã chamado
Farol.
—Não me gabo— Argyle declarou a questão de maneira casual. —Minha prima pode dizer.
Maya sorriu.
—Tem razão. Nunca aprendeu a fazer. Seu rosto sempre fica vermelho quando diz uma
mentira.
—Há!— Desafiaram Harold e Reginald juntos. Reginald disparou um dedo de reprimenda
para Argyle. —Seu rosto não se avermelhou durante sua lastimosa mão passada, mas teve que
dobrar e tudo o que tinha eram dois e oito.
Os olhos de Maya se abriram em forma arredondada como pires. Enrugou o rosto e lançou
um olhar mordaz a Argyle.
—Dois e oito?
Argyle encolheu os ombros sem arrependimento.
—Estas cartas são a guerra!
—A guerra? Vou mostrar o resultado da guerra, Argyle! Sara!—, gritou, — Me dê uma!
A risada soou em toda a sala. Sara sorriu, e logo trocou uma das cartas de Maya por uma na
parte superior do montão.
Maya tomou a carta que foi mudada, então sorriu docemente para Argyle.
—Vai ficar com a mão ou deseja negociar, riqueza?— Sorriu a ele de novo, com um brilho
perverso em seus olhos.
Argyle tragou, seus olhos rodaram. Respirou fundo e suspirou aceitando.
—Me dê três — declarou mal-humorado.

—Agradeço por me perdoar, milady. — Patrick sorriu a Maya enquanto caminhavam através
do pátio, examinando a última das mesas que estavam sendo arrastadas à grande sala para a festa
dessa noite. Maya negou, apertando seu braço. —Não havia nada que perdoar. — Fez uma pausa
por um momento, então, adicionou. —Pensou no que o disse ontem à noite?
—Sim — admitiu. —Muito. E, é obvio, tem razão. Não estou apaixonado por você.
Maya parou abruptamente e deu a volta quando Hamilton se referiu a isso com o cenho
franzido.

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Depois da Tempestade

—Não tem que ser tão contundente a respeito!


Patrick começou a rir.
—Não senhora, o que quis dizer é que a amarei sempre, mas vou ser nobre a respeito disto e
amarei de longe.
Maya sorriu, apontando com o dedo em seu peito.
—Está melhor!
Patrick começou a rir, então, tomou seu braço e reataram seu passeio pelo pátio.
—Sério, Maya, e não digo isto para soar doce… é uma mulher maravilhosa. Thomas é muito
afortunado na verdade. E embora não posso dizer que não me sentiria distinto se as circunstâncias
fossem diferentes e a conhecesse antes que MacGregor, agora me dou conta que me apaixonei
mais do que dá a Thomas que da própria mulher. — Sacudiu a cabeça com nostalgia. —Deste
muito.
Maya sorriu calidamente à cara do atraente Patrick e apertou-lhe o braço uma vez mais.
—Sabe de uma coisa? Sempre tive boa intuição e neste momento minha intuição me diz que
vai conhecer a mulher adequada para você muito em breve.
Patrick suspirou.
—Como sabe?
Maya sorriu maliciosamente.
—Sou a esposa do MacGregor!
Começou a rir.
—Ai! Como poderia esquecer?
Caminharam em silêncio até que chegaram às portas do castelo. Logo Patrick se inclinou e
sussurrou:
— E sabe quem é?
—Sei quem não é.
—Oh, sabe? E quem não é ela?
—Ela não é — inchou seu peito zombeteiramente. — Meg.
Patrick riu a gargalhadas, fazendo que a cabeça dos serventes e cavalheiros por igual se
voltassem brevemente para eles. Sorriu para ela, realmente divertido.
— Esforçarei-me em lembrar isso.

Capítulo 46

Thomas e Maya deitavam em sua cama, suarentos e saciados de fazer amor.


Maya teve dois clímax em uma hora. Ele sorriu com satisfação, sabendo que sempre seria
bom o amor entre eles. Quanto mais chegavam a conhecer as necessidades do outro, mais
completa sua paixão se convertia.
Thomas passou a mão grande e de batalha sobre o ventre de seda de Maya e sorriu.

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Depois da Tempestade

—Acreditam que não pode ter ficado grávida tão logo depois de Angus e Beth.
Maya o olhou e riu entre dentes.
—Não deveria ser.
—Por que dizem isso, se tudo o que faço é monta-lo?— Ele passou seus dedos sobre seu
ainda cheio mamilo e o esfregou brandamente entre o polegar e o indicador. Maya conteve o
fôlego.
—Alto!— Meio riu e a outra metade rogava enquanto tirava a mão de seu marido de seu
seio. —Outra vez vamos chegar tarde à festa!
—É claro que sim, maliciosa.
Maya sorriu, descendo sua boca para cobrir a dele. Ela moveu sua língua dentro de seus
lábios quando se abriram e saboreou a boca úmida durante um bom momento. Thomas rodou na
parte superior de sua esposa e se acomodou entre suas coxas, liberando-se de seu beijo para olhá-
la. Gentilmente investigou os espaços exteriores de sua pele escorregadia com sua ereção. —por
que dizem que não deveriam estar esperando meu filho?—, sussurrou com voz rouca.
Os olhos de Maya estavam frágeis pela necessidade enquanto envolvia seus braços ao redor
dele e passou os dedos por cima de suas nádegas.
—Supõe-se que a lactação materna faz que seja difícil conceber— sussurrou. —E ainda
estava lactando quando fiquei grávida.
—Ah. Então, como pode estar grávida de meu filho?—, perguntou.
Maya arqueou os quadris em convite enquanto agarrava uma nádega de aço com cada mão
e a apertava.
—Não sei, mas estou segura de que estou.
—Embora não seja possível?
—Aparentemente não.
Thomas moveu a sua esposa com um movimento uniforme. Apertou os dentes pelo prazer
contra a estreita resistência do corpo que sempre dava a seu eixo grosso. Seu gemido fez que os
dentes doessem mais forte.
—Quando nascerá meu filho? Quanto tempo…
—Thomas— repreendeu Maya enquanto brandamente cobria-lhe a boca com a mão.
—Sim? —Murmurou por debaixo dos dedos fechados.
—Por favor, silêncio.
Thomas tirou a mão de sua esposa de sua boca quando subiu profundamente por sua
estreita abertura. Ela grunhiu em resposta.
—Quer que eu nem mais fale?— Sussurrou contra seu pescoço, fazendo que a pele
arrepiada corresse por sua espinho dorsal.
—Não, a menos que diga algo sujo— qualificou com outro gemido de prazer.
—Sujo, hein?— Acariciava-a a sua vez, empurrando até seu punho. Ela gemeu como ele
sabia que faria. —Não importa então se falar sobre sua vagina apertada e do muito que amo
penetrá-la?
—Não me importa— admitiu em um gemido.

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Depois da Tempestade

Sentou completamente, balançando lentamente dentro e fora de seu canal úmido, da


cabeça até o punho, uma e outra vez. Colocando tão profundamente como era possível, depois,
acalmado, agarrou um punhado de seus cabelos de ouro com os punhos.
—A quem pertence seu corpo?— perguntou através de olhos entrecerrados e cheios de
luxúria.
—Ao MacGregor— sussurrou sem hesitar.
—Sim— admitiu ele. —E não esqueça.
Colocou nela grosseiramente, e logo a montou rápida e ferozmente. Maya tremia enquanto
ele a levava ao clímax, cada um de seus impulsos duros enviando uma nova onda de prazer
golpeando.
Era primitivamente sexual seu marido, e ela sabia que não havia melhor afrodisíaco que
saber. Chegou a seu clímax de novo, dizendo em voz alta seu nome enquanto golpeava
violentamente sua carne. Ele disparou sua semente um momento mais tarde, saindo a fervuras
em seu ventre enquanto ela pulsava ao redor de seu pênis.
Pondo os braços entrelaçados nos do outro, cansados e saciados, respirando profundamente
para acalmar suas desiguais respirações.
—Deveríamos tomar um banho antes de descermos?— Perguntou Thomas.
Maya sorriu.
—É óbvio. Pareço como o inferno.
—Vocês não poderia parecer como o inferno nunca.
—Thomas?
—Sim?
—Amo você.
—Já sei minha Maya. E eu também a amo.

O folguedo e as alegres disputas entre os MacGregors e os Hamiltons podiam ser ouvidos


por toda a torre e sem dúvida a quilômetros de distância. O som de alaúdes e gaitas de fole
tocadas na noite, o aroma dos bolos de carne, pães, guisados, bolos doces e frutas maduras
flutuavam na brisa.
Robert MacAllister observava das árvores enquanto um grupo de aldeãos abriam caminho
através das portas do castelo. Fez um gesto a quatro de seus homens contratados, todos sedentos
de sangue como seu mestre. Saíram do esconderijo das árvores com passos suaves, integrando-se
no grupo de aldeãos com facilidade.
Robert sorriu. Fazia dois dias quase se rendeu, dando-se conta que a rota de fuga não ia
funcionar e a abandonou. Agora estava selada. Mas ele estava aqui, caminhando através das
portas do castelo com sua roupa suja e com seus sócios atrás. E ninguém era mais acertado.
Robert viu sua presa um minuto depois de entrar na ampla e grande sala. Estava de pé junto
a uma moça grávida, batendo palmas ao compasso da música enquanto olhava seu marido dançar.
Robert ficou imediatamente ereto. Ia ser condenadamente fácil isto.

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Depois da Tempestade

Capítulo 47

Maya parecia divertida enquanto seu marido e Maris dançavam através da grande sala ao
compasso da música. Sentiu um pouco de pena por seu homem, sabendo melhor que ninguém,
que ficara completamente exausto só uma hora antes em seu quarto. De fato, tinha já bastante
tempo mantendo o espírito que a tutora tinha.
—Vá devagar comigo, moça — Thomas brincou enquanto recolhia Maris e a girava a seu
redor.
—Nem por um momento — riu de volta.
—Acredito que não está sendo justa com seu laird. Minha esposa me utilizou bem esta
tarde.
Maris estalou a língua, mas não cedeu.
—E que acredita que Lorde Chance e eu fazemos quando desaparecemos da sala? Costurar
tapeçarias e cantar baladas?
Thomas começou a rir a gargalhadas.
—Não, moça, não penso isso. E, diga-me por favor, Este Reginald vai lhe fazer uma mulher
honesta?
—Em San Miguel.
—San Miguel? Por que esperar até setembro quando pode casar com você agora?
—Porque— piscou um olho Maris, —Eu gosto de brincar de ser a ama de Reggie. Conseguir
mais presentes, acredito.
Thomas fez um som rico de risada enquanto recolhia Maris e girava a seu redor.
—Maliciosa.
Maya e Sara riram da audiência, ambas ouviram a conversa entre o Laird e a tutora. Maya
trocou sua atenção longe deles e olhou algumas das caras mais familiares do grupo de bailarinos.
Balançou a cabeça e riu entre dentes, empurrando Sara para que olhasse na direção de Sir Harold
e sua amada que se encontravam na sala grande junto à outra sala. Tão vasta como era a grande
sala, aberto para dar capacidade a todos os farristas e havia um segundo salão que foi preparado
em caso de que se necessitasse.
—Por que apontou sua mão?— Perguntou Sara enrugando o nariz e nas pontas dos pés para
ver por cima da multidão.
Maya girou os olhos.
—Está acossando, como o perverso que é.
Sara riu entre dentes.
—Ah, parece que Hamilton está economizando a pobre Helen à vergonha das garras muito
longas do Harold.
As duas amigas riram entre dentes, tendo um grande momento essa tarde.

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Depois da Tempestade

Reginald se pavoneava com Maya e Sara os poucos minutos e inclinou formalmente diante
das mesmas. Olhou Maya e piscou um olho.
—Devido a que a seu marido dá um ataque selvagem cada vez que um homem se aproxima,
não pedirei que dance querida Maya.
Maya pôs suas mãos indignadamente em seus quadris. —Não faz!
—Sim faz!
—Bom, estou segura de que faria a exceção com você, Daddy C.
Reginald fez uma careta.
—Não acredito ser o suficientemente bom com minha espada ainda para pôr a prova essa
teoria.
—Papai!— Sara sacudiu a cabeça. —É impossível.
—E você, minha filha?— Reginald perguntou com um sorriso. —Seu marido e Lady Lena
estão dançando, por isso dará a seu velho o privilégio de reclamar esta dança?
Sara tomou sua mão e sorriu.
—É melhor que sim.
Um escasso momento mais tarde, Sir Argyle levantou Lady Maya do chão e deu voltas a seu
redor. Ela jogou a cabeça para trás e riu, desfrutando de cada momento.
—Suponho que me perdoou por ganhar todos os doces de gengibre de novo esta tarde,
Argyle?
—Sim — admitiu-o com uma fingida queixa. —Perdoei minha senhora prima, entretanto,
não perdoei seu marido.
—Ah — brincou Maya —ainda está bravo porque aprendeu o jogo tão rápido, não é?
—Sorte de principiantes, acredito, mas me alegro de está-lo afligindo neste momento.
—Afligindo? Como é isso?
Argyle mostrou seu sorriso com covinhas, peralta.
—Se eu posso dançar com você, a esposa do laird, e você o fizer acreditar que está
paquerando, então serão evidentes as adagas que sentirá nas costas pela dança que estou tendo
com sua senhora esposa.
Maya riu com incredulidade, mas inclinou a cabeça para ver se estava correto.
—Bom, eu vou ser a condenada,— Exalou, tratando de manter o rosto sério. —Realmente é
evidente que tem adagas sobre você.
Argyle sorriu triunfalmente.
—É um homem bom, acredito.
Maya considerou essa noção um momento, o brilho malvado de Argyle, que sabia muito
bem tudo isso, brilhava intensamente em seus olhos.
—Ele faz uma —tossiu discretamente— atuação de poder quando está ciumento.
—Hmm, — Argyle cravou, —então deixa seu primo preferido vê-la bem acamada esta noite.
—O que quer dizer?
—Faça o que digo e envolve seus braços ao redor de meu pescoço, bem apertado como
agora, moça.

212
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Depois da Tempestade

Maya o fez, rindo de seu plano enquanto Argyle dava a volta em círculo e dançava com ela
com seu corpo apertado contra ele.
—Vai chegar a qualquer momento— sussurrou Argyle com cumplicidade. —É muito
possessivo para poder lidar com isso, esteja casada ou não com seu primo.
—Argyle!— Thomas gritou do outro lado do pátio. Ele lançou os braços de Regina Maris
longe e se dirigiu rapidamente para sua esposa e seu primo. —dançou suficiente com minha
senhora, não é? Vá procurar a sua própria esposa!
Thomas arrancou Maya das garras de Argyle uma só vez, e logo colocou seu corpo apertado
contra o seu. Maya fez uma piscada a Argyle por cima do ombro de seu marido, pronunciando um
silencioso agradecimento.
Argyle começou a rir, sacudindo a cabeça de alegria enquanto tomava seu caminho através
do pátio em busca da esposa de Sir Dugald.
—Vocês não dançará com ninguém mais exceto eu esta noite, Maya. Entendido?
—Thomas— Maya respondeu — Argyle é o único homem com o que dancei a exceção de
você, em toda a noite.
O nariz de MacGregor explodiu enquanto olhava para baixo à esposa que grudou contra seu
lado como uma peça de bagagem.
—Não há nada de mal nisso, moça, posso dizer isso. — Grunhiu ele, a veia marcando sua
têmpora ao lado de sua trança. —Estou pensando na necessidade de recordar a quem pertence,
esposa.
Maya engoliu. O desejo corria por seu sangue. Não esperava que reagisse com tanta rapidez,
mas decidiu não se queixar. Ela e Argyle teriam que pôr isso na cabeça mais frequentemente.
Maya acariciou com as mãos o rosto de seu marido e puxou brandamente as tranças a cada
lado de suas têmporas. Beijou-o na boca provocativamente.
—Acredito que tem razão, marido. Por favor, recorde-me. — Thomas grunhiu, ferozmente
ereto. Plantou a sua esposa sobre seu quadril e partiu através da grande sala, levando-a longe
como uma boneca de pano. Encontrou uma câmara vazia na ala oeste do castelo e a içou contra a
parede. Levantando a saia, pôs o plaid a um lado, e entrou nela com força plena.
—Digam-me isso agora, — apertou enquanto a estocava. —A quem pertence esta carne
úmida?
—Ao MacGregor, — gemeu ela, envolvendo suas pernas ao redor de seus quadris. —A você.
—Sempre — grunhiu ele golpeando sua carne uma e outra vez. Juntando suas nádegas com
suas mãos calosas, tomando o ritmo ao fazer amor e empurrando sem piedade dentro dela.
Maya gemeu enquanto secretamente sorria.
Seus olhos rodaram em sua cabeça.
Sim, ela e Argyle definitivamente teriam que falar mais frequentemente.

Capítulo 48

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Depois da Tempestade

Maya escapou até seu quarto para limpar as pegajosas sequelas de ter feito amor
recentemente com seu marido. Apressou o passo, pois não queria perder a festa que o cozinheiro
e seus ajudantes estariam finalizando a qualquer momento. Podia cheirar o aroma da comida no
ar que se elevava das cozinhas, e sabia que ia estar tão bom como cheirava. O cozinheiro se
converteu em um chef superior desde que Harold e Argyle trouxeram baldes de especiarias do
futuro.
Maya recolheu a saia e correu escada acima e logo quase se chocou contra o peito sólido de
um aldeão calvo. Foi como golpear uma parede de aço, pensou.
—Oh, olá. Sinto muito, não o vi. Perdeu-se?
Robert MacAllister sorriu docemente para ela, fazendo uma cortês reverencia.
—Não, senhora, estive esperando-a.
—A mim?
—Sim.
Pegou com força a parte posterior da sua cabeça, colocando-lhe uma mão sobre a boca para
sossegar seus inevitáveis gritos.
—Estive esperando por você por muito tempo, doce. — Substituiu sua mão por sua boca,
marcando dolorosamente seus lábios. Depois, forçou a mão de Maya para baixo em sua virilha
para que pudesse sentir a ereção feroz que o fez ter. Maya mordeu o lábio, causando que o
sangue escorresse daí.
—Você cadela!— Gritou lançando uma bofetada sonora sobre seu rosto.
Maya caiu no chão, mas não perdeu os sentidos. Gritou com todas a força de seus pulmões,
chamando a seu marido em estado de pânico. Robert a puxou a seus pés e a segurou com a mão
para baixo, mais ou menos tampando-lhe a boca de novo.
Lutaram juntos por um longo momento até que Robert recuperou o controle da situação e
segurou Maya firme, irrevogavelmente contra seu lado. Bateu no seu rosto outra vez, logo a
levantou e a levou pelo corredor, abrindo a porta da câmara em que tudo começou fazia tantos
anos.

A pequena Margaret, nomeada assim por sua mãe, foi despertada pelos gritos da Lady. Ela
colocou as mãos sobre as orelhas em seus cinco anos de idade, temerosa de que a amiga de sua
mãe estivesse morrendo.
Margaret olhou a seu irmão, assim como a Angus e Elizabeth, que dormitavam juntos no
berçário, então se dirigiu para a porta da câmara. Abriu em silêncio, com medo de que sua mãe ou
pai se dessem conta de que estava escondida.
A senhora estava chorando. Um mau homem a estava machucando.

A risada, música e dança na grande sala e mais à frente subiam em um frenesi todo o tempo.
Thomas sorriu triunfante enquanto perambulava entre a multidão e se dirigiu direto para o
Hamilton.

214
Jaid Black
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Depois da Tempestade

Deu uma palmada a seu amigo nas costas.


—Estão se divertindo?
Patrick sorriu perversamente a Thomas e assentiu.
—Várias vezes já esta noite, meu amigo.
Thomas ululou de risada, feliz por seu êxito com as damas. Piscou um olho.
—Sempre e quando não for com Maya, será bem-vindo com seu botim.
Patrick começou a rir.
—Não falemos disso, suplico-lhe. — Deu um olhar à multidão especulativamente, olhando a
seu redor. —Sua esposa, com certeza, pode dirigir uma boa festa.
—Sim, sim pode.
—Onde está ela de todos os modos? Não a vi em muito tempo.
Thomas franziu o cenho.
—Não o posso dizer. Passou algum tempo desde que a deixei. Estava a ponto de procurá-la
quando o vi aqui.
—Vamos procurá-la juntos então. Assim comeremos mais cedo.
Thomas e Patrick vagaram entre a multidão, procurando algum rastro de Maya. Detiveram-
se uns minutos mais tarde, derrotados. —Não a vejo por nenhum lugar— admitiu Patrick.
—Tampouco eu—, disse Thomas, coçando o queixo com perplexidade. —Minha esposa
nunca perde uma festa.
Patrick endireitou as costas e entrecerrou os olhos enquanto seu olhar se detinha em um
homem em particular.
Os pequenos cabelos na nuca de seu pescoço se eletrificaram e soube em um instante que
algo não estava bem. O aldeão. Era muito familiar.
—Thomas.
—Sim?
—Que nome tem o aldeão que vai por ali?
—Quem?
Patrick apontou com a cabeça para a posição no lado mais longínquo da grande sala. O
homem de cabelo escuro estava incomodando uma moça do serviço, rindo com seus amigos
enquanto ela o rechaçava.
—Não o conheço—, Thomas admitiu com o cenho franzido. —Mas está a ponto de me
conhecer. Não vou tolerar que usem uma mulher contra sua vontade.
Ficaram ali por um momento, olhando em silêncio, decidindo não fazer nada no momento já
que o homem deixou a moça ir. E então Patrick caiu na conta enquanto o reconhecimento o
enchia. Seus olhos se aumentaram.
—Thomas, não é um aldeão comum.
—Não?
Patrick se voltou para ele.

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Depois da Tempestade

—Algo está muito mal, meu amigo. Conheço esse homem de Bannockburn. Está louco como
um cão!— Assinalou com veemência para ele. —O homem é um cavalheiro, entretanto, está
vestido com a roupa grosseira de um plebeu.
Thomas olhou ao homem em questão, com o cenho franzido. —Mas por que… — Tomou
uma pausa enquanto se estabilizava tirando sua espada. —Não tenho necessidade de perguntar —
anunciou enquanto caminhava rapidamente pela multidão e em linha reta para sua presa.
—Sim — sussurrou Patrick de seu lado. —É um dos MacAllister.
Se Thomas teve alguma dúvida de Patrick tinha razão ao acreditá-lo, ficaram descansando
quando o forasteiro, e seus três amigos “aldeãos” viram MacGregor e Hamilton dirigirem-se para
eles como dois homens possuídos. Os homens MacAllister tiraram as espadas que estiveram
ocultando à vista com seus mantos e deram seu grito de guerra em uníssono. Thomas e Patrick
gritaram, e então todo o inferno efetivamente se desatou.
Do outro lado do caminho, Harold e Reginald estavam com Dugald e Argyle que riam quando
todos, exceto Harold, bebiam sua cerveja. Pela extremidade do olho, Harold notou uma falta de
definição de movimento. Inclinou a cabeça para ver o que acontecia, seus olhos cada vez se faziam
maiores ao compreender enquanto MacGregor dava um grito de vingança que não pôde ser
escutado pelo ruído, então, dirigiu sua espada a um homem, decapitando-o imediatamente. Tirou
sua espada e gritou:
— Às armas!
Dugald e Argyle reagiram imediatamente, tirando as espadas de suas bainhas e se dirigiram
para o laird a toda velocidade. Reginald ficou olhando, com a boca aberta, pelo banho de sangue
que se desdobrava diante de seus olhos.
—Vamos Reggie! Temos que lutar com os homens!— Gritou Harold.
Reginald piscou, com a boca ressecada.
—Nãããooo infernos!— Gritou sem importar que ouvissem seu ato covarde.
—Reggie!— Grunhiu Harold. —Pode fazer isso! É parte da vida aqui. E quanto a sua filha
grávida? Deixará que seja violentada e assassinada por ficar sem brandir uma espada?
Reginald engoliu, com os olhos muito abertos. Negou com a cabeça, então, seguiu Harold
em uma louca corrida para o coração do drama.
—Merda— gritou o doutor Chance enquanto corriam. —Nunca pensei que na realidade teria
que utilizar esta maldita coisa!

Capítulo 49

—Meu marido vai matá-lo, filho da puta!


Maya observava cada movimento de MacAllister com apreensão enquanto estava presa
pelos pulsos na cama cheia de poeira, com uma grande dor no rosto e todo seu corpo tremendo.
Robert lentamente se despiu diante dela, encolhendo os ombros.

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Depois da Tempestade

—Possivelmente. — Sorriu. —Mas vou utilizar você primeiro. — Sorriu, abrindo e fechando
seus olhos com a alegria de um louco. —Igual usei sua mãe.
Maya conteve o fôlego, com olhos muito abertos.
—Você a matou.
Era uma afirmação, não uma pergunta, mas MacAllister a tratou como o último.
—Sim. Tive um bom momento antes de afundar minha adaga através do coração dessa
cadela.
—Me deixa doente.
Robert começou a rir, desfrutando e saboreando cada momento desta conquista tão
esperada. Lançou seu plaid ao chão, de pé ante a cama totalmente ereto.
—Me chame do que quiser, mas estou a ponto de conseguir foder sua vida.
—Com esse pequeno verme?— Maya debochou, sem importar se o enfurecia. Ia-se ser
violentada e assassinada, pelo menos zombaria dele com tudo o que tinha. —Seriam melhores
cócegas.
—Sua puta!— Cuspiu, com o rosto vermelho de ira. — vou lhe mostrar um verme!

—Onde está ela?— Gritou Thomas. —Alguém viu minha esposa?


MacGregor não esperou uma resposta enquanto carregava através dos corredores com o
Hamilton, Dugald e Argyle pisando seus calcanhares.
—Não está em seu quarto!— Anunciou Argyle. —Já olhei.
Dirigiu-se às escadas, subindo-a de dois em dois, logo parou na parte superior.
—Quem é a garota?— Perguntou Patrick.
—A filha de Stephen — respondeu Thomas ausente enquanto caminhava junto a ela e abria
as portas do berçário para assegurar que seus filhos estivessem ilesos. Fechou as portas um
momento mais tarde, muito aliviado por seus filhos, entretanto, temendo por sua mãe.
Thomas olhou à pequena Margaret, então, ficou em cócoras e deu um tapinha em cima da
sua cabeça. Tinha os olhos redondos de medo.
—O que acontece, moça? Tem medo das pessoas como eu?
Ela negou com a cabeça.
—Então, o que é?— Perguntou.
—É... É... O homem mau!
Quatro pares de orelhas se animaram com a pouca informação. Os olhos de Thomas se
abriram com surpresa e muita apreensão.
—Viu Lady MacGregor, querida?
Ela assentiu.
Thomas tomou uma respiração profunda para se controlar, sabendo que nunca tiraria nada
da menina se a assustava.
—Aonde foi, moça?
Margaret assinalou o corredor à esquerda, uma ala que não se utilizava frequentemente.

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Depois da Tempestade

—O... O homem mau sem cabelo levou Milady ali. Milady gritou quando o homem mau a
machucou com seu punho.
O cabelo na nuca de Thomas se arrepiou. Conseguiu manter a calma, enviando a menina ao
berçário.
—É uma boa garota. Fique aqui e vigie meus filhos até que venha por vocês. Fecha as portas
atrás de você.
Margaret assentiu com olhos muito abertos enquanto fechava a porta sem fazer ruído atrás
dela.
Thomas se voltou rápido sobre seus calcanhares e correu pelo corredor.
—Dividam-se! Cada um de vocês procurará em uma antecâmara diferente!

Maya gritou quando Robert a golpeou no rosto, logo agitou seus pés enquanto ele tratava
de levantar sua camisa. Estava começando a se preocupar de que Thomas não chegasse a tempo.
Suas mãos estavam atadas e inúteis, Robert já conseguiu rasgar seu vestido.
—Bastardo!
Começou a rir.
—Continua lutando, moça. Eu adoro, assim. Faz que seja mais doce.
Robert arrancou a camisa de seu corpo, triturando a seda em duas partes.
—Mmm— sorriu enquanto dava uma olhada a seu corpo nu com apreciação. —Acredito que
vou foder por um momento.
Maya gritou a todo pulmão, rezando para que alguém, qualquer um, ouvisse. Um medo se
lançou através de seu corpo quando percebeu de que tudo o que o MacAllister tinha que fazer era
abrir suas pernas. E então seria capaz de violá-la.
As portas da câmara se abriram um instante depois. Maya lançou seu olhar à porta, logo
sorriu, com lágrimas de histeria escorrendo de seus olhos. Era Thomas. Veio a tempo.
Robert saltou da cama, agarrando sua espada e dando um grito de guerra. Thomas gritou o
seu. Maya voltou o rosto do inevitável açougue, sabendo sem olhar quem sairia vencedor e quem
deixaria a câmara como um homem morto.
Patrick e Argyle chegaram um momento depois, vendo que Thomas se encarregava do
MacAllister o suficiente, então correram para Maya que estava atada, nua e chorando na cama.
Argyle chegou primeiro a seu lado.
Argyle tirou a adaga de seu plaid e cortou as cordas que cortaram sua pele e a mantinham
como refém. Maya jogou os braços ao seu pescoço e se manteve chorando por sua vida
incontrolavelmente.
—Foi violada?— Argyle exigiu enquanto a depositava em seu colo e acariciava seu cabelo.
Ela continuou chorando, incapaz de falar. Por último, negou com a cabeça. Os homens
deixaram escapar uma respiração coletiva, aliviados.
—Mas esteve perto. Tão perto —, exclamou, abraçando mais forte contra Argyle. —Oh,
Argyle, Deus!
Patrick tirou sua túnica sobre sua cabeça, logo brandamente chegou a Maya.

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Depois da Tempestade

—Aqui moça, ponha isto.


Maya olhou a Hamilton através dos olhos ensopados de lágrimas e assentiu em
agradecimento. Ergueu-se sobre os joelhos de Argyle e ficou diante de Patrick, com os braços
levantados em cima de sua cabeça, ainda em estado de choque, alheia a sua nudez.
Patrick pôs a túnica sobre sua cabeça brandamente, cobrindo seu corpo uma vez mais.
—Tem um belo traseiro— anunciou Argyle, com a esperança de produzir que Maya saísse do
choque e risse. Patrick sorriu, com um brilho em seus olhos azul mar. Maya engoliu, movendo seus
olhos muito abertos olhando em torno de Argyle.
Com seu sorriso, ela entendeu o que estava tentando fazer. Sorriu lentamente, agradecida
que fosse abençoada com tantas pessoas que se preocupavam com ela e por sua prudência, tanto.
Ela emitiu um som gutural, metade risada e metade pranto, logo se lançou por volta dos dois
homens.
—Amo vocês! Aos dois!
—E quanto a mim?
Maya liberou os homens que a libertaram das cordas e deu a volta com o som da voz de seu
marido. Começou a chorar de novo, incapaz de parar. Estendeu os braços, incapaz de se mover.
Thomas a levantou sem hesitar, puxando com força para levá-la até ele. Por cima do ombro,
viu Dugald colocar um lençol sobre os restos de Robert MacAllister e esteve agradecida com ele de
que ela não teve que ver o rosto do homem louco e sádico de novo.
Thomas segurou a sua esposa com reverência, com temor de deixá-la no chão, com um
medo além da razão de deixá-la ir. Ela se agarrou a ele, dizendo sem palavras o muito que sempre
o necessitava.

Capítulo 50

Thomas e Maya MacGregor passeavam de mãos dadas através dos terrenos da feira. Angus
e Elizabeth correndo frente a eles, incapazes de conter sua excitação.
—Angus! Beth!— Thomas gritou. —Retornem aqui com sua mamãe e papai, agora.
As crianças prontamente viraram-se instavelmente e derrapando, pararam na frente de seus
pais.
Thomas soltou a mão de sua esposa e abaixou-se para ficar à altura dos olhos de seus filhos.
Piscou enquanto envolvia seu primogênito e sua filha em um abraço MacGregor.
—Ficarão correndo perto e não se afastarão de sua mãe, ou deixaremos de comprar doces.
Entenderam?
— Eu ouvi isso!— Maya riu.
Thomas a olhou com fingida ignorância.
—Não sei o que quer dizer, esposa.
— Ha!

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Depois da Tempestade

Thomas sorriu para seu amor, então se virou para os filhos mais uma vez.
—Vamos comprar algumas guloseimas. Querem que os carregue?
Elizabeth estendeu os braços, abrindo e fechando seus olhos azuis enquanto sorria. Thomas
a levantou e a beijou na bochecha.
—Sabia que gostaria de ser carregada, linda. E você, Angus?
Angus sorriu para seu pai e esperou que ele o para jogasse por cima do ombro. E quando o
fez, ele riu com uma alegria borbulhante que só uma criança de um ano de idade pode fazer.
—Thomas, tome cuidado com ele, por favor — repreendeu Maya.
—Mantenha sua língua em silêncio, harpia. Estou brincando com meu filho.
Maya revirou os olhos e cedeu. Quando se tratava de seus filhos, Thomas sabia o que estava
fazendo. Por outro lado, MacGregor sempre parecia saber o que estava fazendo.
O quarteto se aproximou da cabana mais próxima em busca de doces e comprou quatro
diferentes variedades de passas confeitadas e misturas de doces. Thomas pagou com moedas de
ouro, logo tratou de baixar as crianças para que pudessem comer. Angus desceu facilmente,
pulando na direção de sua mãe para pegar sua mão, segurando-a firmemente com a sua outra
mão também. Elizabeth, entretanto, não foi nada disso.
— Qual é o problema, Beth, minha boneca? Não pode descer o suficiente para comer?—
Elizabeth balançou a cabeça negativamente, dramaticamente mordendo seu lábio inferior.
Thomas riu. —Querem que ajude com meu dedo polegar a levantar?
Elizabeth sorriu, tomando as tranças de cada lado das têmporas de seu pai. Puxou
suavemente e riu, e logo se inclinou para ele e o beijou intensamente na bochecha.
—Bom, quando diz assim, garota, como posso recusar?
Maya riu das travessuras de sua filha quando ela pegou seu filho e beijou-o no topo de sua
cabeça.
Ela caminhava ao lado de seu marido e sorriu para sua filha e a beijou em sua pequena mão.
—Maya— Thomas disse, seus olhos se estreitaram. —Dê-me meu filho. Vou levar os dois
para que você não os carreguem.
Maya revirou os olhos drasticamente.
—Thomas…
—Maya, não vou escutar seus argumentos. Têm o ventre redondo com meu filho e não
deixarei que os levantem. Minha palavra é definitiva.
—Como vai comer?
—Vocês podem me alimentar. Dê-me Angus.
Dez minutos mais tarde, Sir Argyle e Lady Lena encontraram o laird equilibrando um menino
de cada lado de seu quadril, enquanto abria a boca e deixava que seu filho jogasse caramelos nela.
Lena riu.
—Olhem o laird e veja o que faz Argyle. — Acariciou seu ventre um pouco inchado. —Logo
chegará sua vez.
—Escuta a minha prima, moço— assentiu Thomas. —Olhe o mestre e aprenda— vangloriou-
se

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Depois da Tempestade

—Oh, por favor—, replicou Maya, sacudindo a cabeça.


Argyle sorriu.
—Se a criança de minha Lena me dá seus doces, então acredito que terei que ganhar nas
cartas, milady prima.
Maya franziu o cenho.
— Você ganhou uma vez esta semana e já subiu diretamente ao cabeção.
Lena e Thomas riram, sabendo o quão seriamente Maya e Argyle levavam seus jogos de
pôquer.
Sir Dugald e Lady Sara passaram por entre a multidão e encontraram seu caminho para o
resto do grupo. Dugald tinha o bebê Niall dormindo, chamado assim em homenagem a seu avô, no
ombro.
—Olá!— Disse Maya. —Onde estiveram?
—Esperando Dugald— admitiu Sara em evidente desgosto.
—Não usem esse tom, esposa — Dugald a repreendeu. —Estava esperando que meu
cavaleiro se fosse. — deu uma piscada a sua esposa e sorriu. —Não me demorei muito, não?
Ela sorriu.
—Não, não realmente.
Os ouvidos de Thomas se animaram com as palavras de Dugald. Engoliu até que o caramelo
de Angus saiu de sua boca, logo inclinou a cabeça para seu comandante.
—De que cavaleiro falam?
—Ah, me esquecia — Dugald admitiu enquanto esfregava as costas de Niall. —Era um
cavaleiro dos Hamilton. Patrick deve chegar à torre ao cair da noite.
—Patrick?— Repetiu Maya. —Será bom vê-lo. Passou tanto tempo!
—Sim — concordou Argyle, coçando o queixo. —foi alguns dias depois do novo ano. Não
temos tido a oportunidade de vê-lo depois.
Thomas assentiu.
—Será bom vê-lo de novo.
Lorde Reginald e Sir Harold se pavoneavam, com os braços cheios de diversos doces.
Harold parou diante de Maya e se inclinou.
—Veja, abasteci de doces, garota. Estou preparado para jogar seu malvado jogo de cartas,
assim, será melhor que deixe MacGregor a representar.
—Agora vejam aqui, — disse Reginald. — Maya não precisa estocar nada, quando ela pode
ganhá-los de você.
—O que está tentando dizer, Reggie?— Grunhiu Harold.
—Acredito que disse bastante claro, Harry.
—Não me chame de Harry, Reggie.
—Não me chame de Reggie, Harry.
—Ah, sim? E o que farão a respeito disso, mulher?
—Mulher? Agora venha aqui engenhoso idiota!
—Engenhoso idiota? Sou de borracha, vocês são de cola.

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Depois da Tempestade

—Tudo o que dizem, — terminou um grupo de MacGregors sorrindo ao trovador guerreiro,


— Ricocheteia em mim de boa forma e fica colado em você!
Harold grunhiu.
—São reais essas palavras.
Maya deu uns tapinhas carinhosamente nas costas de Harold.
—Vejo que algumas coisas nunca mudam. — Fez uma pausa, com os olhos cada vez maiores.
Thomas olhou sua confusão, inclinando a cabeça para sua esposa.
—O que é amor?
Maya sorriu com ironia e antecipação.
—Acredito que há algo nas feiras que me faz ter bebês... Literalmente.
—O bebê— gritou Sara rindo.
—Harold! Argyle! —Gritou Thomas.
—Sim?
—Vocês terão que levar meus filhos para eu poder levar minha esposa à fortaleza.
Harold tirou Angus dos braços do laird e Argyle pegou Elizabeth. Thomas levantou sua
esposa e a embalou na segurança de seu musculoso peito.
—Reginald— gritou.
—Sim?
—Vá buscar Maris, depois retornam para ver o nascimento. — Fez uma pausa, franzindo o
cenho. —E você não verá entre as pernas de minha esposa, enquanto faz.
Reginald revirou os olhos.
—Ela é como uma filha para mim, Thomas. — MacGregor grunhiu.
—Thomas— Maya o repreendeu. —Quero que deite-me na cama. Por favor, grunha mais
tarde!
Ele voltou a grunhir. Então ele se virou para comandar Sara,
—Vamos, moça.
Sara sorriu, saudou Thomas enquanto se aproximava de seu lado.
—Sim, sim capitão!
Ele franziu o cenho, mas não disse nada. Thomas respirou fundo, depois se dirigiu a todo o
grupo.
—Eu não quis gritar com vocês, mas esse negócio de nascimentos é um assunto difícil.
—Olá! Olá!— Gritou Maya. —Acredito que na realidade sou eu que vou ter o bebê!
Thomas simplesmente grunhiu a isso. Um momento depois começou a correr como um
morcego do inferno para sua casa, Sara em seus calcanhares...
—Bom, — sorriu Argyle com seus faiscantes olhos azuis. —É tempo de brindar com uma boa
cerveja.

Thomas aceitou a caneca de cerveja que foi entregue a ele, e depois continuou a andar para
trás e para frente diante da lareira no grande salão. Angus sentou-se no colo de Argyle, rindo
ruidosamente enquanto brincava de cavalinho. Elizabeth se sentou no chão, brincando com a

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Depois da Tempestade

boneca que seu papai havia comprado para ela na feira. Niall voltou para olhar seu pai, sorrindo
antes de tentar levantar com suas fortes pernas sobre o colo de Dugald.
— Você está deixando-me tonto, amigo. — Patrick repreendeu, com os braços cruzados
sobre o peito.
Thomas lançou um grunhido, mas parou. Passou uma mão calosa pelo cabelo e suspirou.
—Vocês acreditariam que minha esposa se importaria em ser breve o suficiente ao dar a luz
ao meu filho, de modo que não deveria me preocupar.
Patrick jogou a cabeça para trás e riu.
—Ela está em trabalho de parto há apenas cinco horas. É cedo ainda.
Elizabeth caiu para o lado de seu pai e sorriu docemente para ele enquanto levantava os
braços, o que indicava que queria ser carregada. Thomas sorriu para ela, levantando-a.
—Você não pode suportar estar longe de mim, não é, boneca?
Elizabeth deu um grande sorriso a sua maneira, mostrando seus quatro dentes brancos
nacarados. Pôs sua mão no rosto de Thomas e o beijou nos lábios.
—Pá.
Patrick riu quando estendeu a mão e girou um dos cachos de ouro de Elizabeth entre os
dedos.
—Escutei de Argyle que a moça não se afasta de suas vista.
Thomas revirou os olhos com exasperação fingida, sabendo todo o tempo que entesourava o
quanto que sua garota Beth o amava.
—É verdade, meu amigo. Quando saio para minhas práticas de cada dia, tenho que deixá-la
furtivamente na torre, do contrário Beth se zanga quando percebe que a deixei.
Patrick sorriu.
—Têm sorte, com certeza que sim.
—Efetivamente.
Uma hora mais tarde, Elizabeth estava encantando Patrick, sentada em seu colo e dando
beijos, enquanto que Thomas seguia seu ritmo. Estava muito nervoso para fazer algo mais.
Pouco depois apareceu Maris na parte superior da escada, deslizando para baixo com o
porte de uma rainha. Os homens deixaram o que estavam fazendo e todos os olhos ficaram
paralisados na iminente chegada da parteira.
Thomas esperou com antecipação, tão silencioso como eles. Maris parou diante dele e
sorriu.
—Você é pai de dois saudáveis bebês!
—Dois?— A pergunta saiu de cinco conjuntos de lábios, tal como tinha sido um pouco mais
de um ano atrás.
Maris riu, assentindo com entusiasmo.
—Ambos meninos, são gêmeos, embora não são idênticos.
Thomas levou a mão à testa, sentindo a necessidade de sentar.
—Minha esposa não pode fazer nada de forma fácil? — Perguntou com assombro, mas com
muito prazer.

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Depois da Tempestade

Depois de se tranquilizar, Thomas pegou uma caneca de cerveja da mesa mais próxima, e
com uma euforia que podia sentir só depois do nascimento de um de seus próprios filhos,
levantou-a e gritou:
—Por meus filhos! Os nomearei no dia de hoje… — Fez uma pausa e limpou a garganta,
recordando sua promessa de Natal a sua esposa. —Acredito que será melhor esperar e falar
primeiro com minha bruxa.
O som de um grande salão cheio de risadas soou, levantou a jarra de novo e sorriu.
—Por meus filhos!
—Por seus filhos!
Thomas deixou sua caneca de cerveja, fazendo um gesto a Patrick para que o seguisse com
Beth e Angus, e se dirigiu à escada. Era hora de ver sua esposa e a seus bebês.

—Patrick? Nomeou meu filho disto, mulher?


Hamilton riu com Thomas, então reatou seu arrulho e cantou a seu xará. Olhou lady Maya e
sorriu.
—Como chamará o outro?
Maya deu de ombros enquanto sorria para seu quarto filho nascido, o filho que já estava
mostrando o temperamento de todos os temperamentos. Ela sorriu.
—Bom, já chamei o que tem o temperamento de um gatinho com um homônimo
igualmente jovial, me ocorre só um nome para este quarto menino exigente.
MacGregor grunhiu.
—E qual será, amor?— Perguntou.
Maya sorriu.
—Este meu filho é um 'Thomas' se alguma vez vi um!
O Hamilton explodiu em um ataque de riso. Mesmo Thomas teve que sorrir. Ele pegou seu
quarto filho nos braços de sua mãe e o beijou intensamente na bochecha. O pequeno Thomas o
encheu com o leite de sua mãe, arrotando.
Patrick riu.
— Ele é filho de seu pai agora mesmo!
Maya viu como Hamilton chovia beijos em cima da cabeça diminuta de Patrick. Sorriu,
sabendo o grande pai que seria.
—Assim Patrick, — sorriu, —conheceu alguém digno de casar com você ultimamente?
Patrick fez uma careta.
—Não, milady. Estive muito ocupado este ano passado com os Kirkpatrick.
—Ainda não se desfez de seu líder rebelde?— Perguntou Thomas.
—Sim.
—Bem. Então é tempo de procurar uma garota.
Maya riu.
—É melhor se apressar, Hamilton. Meu Angus está prometido a sua filha primogênita. No
ritmo que está avançando, vai ter oitenta anos antes que chegue seu herdeiro!

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Depois da Tempestade

Thomas riu.
—Isto é verdade , esposa.
Patrick negou.
—Vocês continuam como se fossem meus pais e eu só uma moça e não um laird poderoso.
Thomas deu-lhe uma palmada nas costas.
—Acredito que alguém tem que fazer isso.
O resto da ninhada MacGregor moveu-se para o quarto, parte deles foram descendo para
comer depois do parto. Elizabeth caminhou em linha reta diretamente até seu papai, Angus
diretamente para sua mãe.
Angus subiu na cama e sorriu a Maya.
—Mamãe.
Deu-lhe um beijo na bochecha em troca, um som de estalo se escutou em todo o quarto.
Thomas trouxe Beth para seu lado para outro beijo, os seis sentados na cama, enquanto
apresentavam a primeira e ao segundo o terceiro e quarto.
Maya olhou para seu marido e sorriu, uma lágrima brilhava em seus olhos. Thomas sorriu,
consciente.
Ela era a mais feliz das mulheres.
Ele era o mais feliz dos lairds.
— Eu te amo Thomas MacGregor.
—E eu a amo, minha Maya.

Epílogo

Mãos velhas e ásperas que conheceram uma vida longa e feliz, abriram o livro que fora
comprado no Natal passado. Tremiam por causa da idade enquanto folheavam as páginas, então
pararam quando alcançou o primeiro capítulo.
O proprietário das mãos ásperas havia sido inexplicavelmente atraído por este livro, a partir
do momento em que ele o recebeu pela primeira vez como um presente de seus netos, alguns
meses atrás. O velho estava gastando seu tempo em lê-lo, na esperança de aprender tudo o que
podia sobre o misterioso clã MacGregor, que tinha governado as Highlands por centenas de anos.
Ele colocou seus óculos enquanto se sentava na cadeira atrás da mesa de carvalho cereja
em sua biblioteca particular. E começou a ler.
A matriarca do clã MacGregor, Lady Maya MacGregor, legou a seu marido Thomas
MacGregor (mais tarde o primeiro conde de Clannock, ver pp 301) seis filhos9, com duas de seus
gravidezes produzindo gêmeos. Até o final de sua idade fértil, Lady Maya legou a seu marido um
total de quatro filhos e duas filhas.

9
no original está seven children, que seriam sete filhos.

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Depois da Tempestade

A filha mais velha, Elizabeth MacGregor, carinhosamente conhecida como "Beth", alguns
anos mais tarde se casou com um duque Inglês e tornou-se a terceira duquesa de Browning.
Além da reputação de temida ousadia de Thomas MacGregor e destreza nas batalhas (ver p.
50-75), foi através de alianças poderosas, como o casamento com Elizabeth, que o clã MacGregor
prosperou enquanto tantos outros clãs Highlander desapareceram na pobreza e obscuridade.
Um caso ilustrativo é o de Angus MacGregor, o segundo conde de Clannock, que se casou
com a filha mais velha do poderoso latifundiário Patrick Hamilton (o Conde de Kintane). A esposa
de Angus, Madeline Hamilton MacGregor, legou a seu marido três filhos e duas filhas, todos eles
casados com herdeiras e intitulados lordes...
O velho foi passando através das páginas, até chegar ao próximo capítulo que fazia
referência a Matriarca MacGregor.
Lady Maya MacGregor possuía a fama de ser uma mulher de coração sensível e de grande
beleza. Seu ferozmente devotado marido Thomas encomendou dois artistas diferentes para
retratá-la em tela. Estes retratos (um pintado pelo mestre italiano Giotto, o próprio) foram
pendurados sobre a lareira, no grande salão do castelo por centenas de anos até que foram
totalmente carbonizados durante um incêndio iniciado na cozinha, que fugiu de controle à dois
séculos atrás.
As pinturas não foram sequer conhecidas até o ano de 2001, quando uma equipe de
cientistas escoceses as descobriu. Infelizmente, ambas as obras estavam irreconhecíveis no
momento da descoberta, de modo que os antropólogos não foram capazes de restaurá-las ao seu
esplendor original até dois anos atrás, durante o boom tecnológico de 2058.
As pinturas restauradas novamente foram penduradas acima da lareira do Castelo
MacGregor, onde elas estiveram inicialmente colocadas, da mesma maneira que há centenas de
anos atrás (ver pág. 402).
Hoje em dia, o atual conde de Clannock, que assumiu recentemente a residência reformada
dos MacGregor, fora citado em um jornal britânico dizendo: "retratos da minha avó ..."
As mãos do velho tremeram violentamente com antecipação, conforme ele foi folheando
em direção à parte de trás do livro para a página 402. Ele realmente começava a ver com quem
lady Maya parecia.
Em seu coração, ele já sabia.
O velho tinha conhecido uma vida longa e próspera com uma mulher quente e carinhosa ao
seu lado. Ela tinha lhe dado três filhos e os filhos o tinham presenteado com dez netos. Ele era um
homem feliz.
E ainda, há quase 60 anos, ele tinha carregara consigo uma grande tristeza, um fardo que
ele tinha a pedido Deus para aliviá-lo, diversas vezes mais do que ele poderia contar. Em sua
juventude arrogante e idiota, ele machucara uma mulher. Ele a fizera chorar, a correr dele, e por
causa disso, ele havia sido a causa indireta de sua morte em uma tempestade tropical.
Ou então ele tinha acreditado.

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Jaid Black
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Depois da Tempestade

O velho, de mãos retorcidas e de coração pesado, virou a página 402. Lágrimas de alívio e
felicidade escorriam pelo seu rosto vincado de rugas, quando ele passou os dedos tremendo, por
toda a imagem feliz da mulher que ele amou uma vez.
Foi ela. Ela fizera isso.
De alguma forma, além de sua compreensão, além de sua interpretação, ela havia feito isso
depois da tempestade. Ela tinha vivido uma vida longa e plena. Ela havia conhecido um casamento
longo e feliz. Ela produziu seis10 filhos, todos em consequência.
Ela fizera isso.
E de alguma forma ele sabia que na sua felicidade, ela havia crescido para perdoá-lo.
Nick Johnson fechou o livro. Ele tirou os óculos e reclinou-se na cadeira com o coração
aliviado.
A tempestade passara.
E, como Maya, ele tinha paz.

Fim

** Essa tradução foi feita apenas para a


leitura dos membros da Tiamat.
Muita gente está querendo ganhar fama e seguidores usando os livros feitos por nós.
Não retirem os créditos do livro ou do arquivo.
Respeite o grupo e as revisoras.

10
De novo: seis ou sete filhos?

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