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EMILIA FERGUSON
SINOPSE
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OSCAR WILDE
Esta história é especialmente dedicada a você, meu
mais caro leitor!
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— Glenna?
— Mmm? — Glenna olhou para cima de onde ela estava
sentada costurando no quarto das costureiras. Ela ainda
estava perdida em uma névoa de prazer, pensando na bela
noite com Conn. Ela recordava cada momento com ele, da
doçura da dança e da alegria de seu beijo à doce e suave
ternura de suas palavras com ela. Ela piscou, deixando os
pensamentos se afastarem enquanto se concentrava na
pessoa que acabara de entrar pela porta. — O que foi?
Ela se viu diante de uma mulher de aparência
assustada, cerca de quatro anos mais jovem que ela. Ainsley,
lembrou-se do nome — uma das servas das damas que estava
no mesmo corredor que ela. Ela franziu a testa.
— Desculpe por atrapalhar o seu trabalho, — Ainsley
disse rapidamente, também peculiarmente nervosa. — Mas eu
vim para entregar uma mensagem.
— Sim? — Glenna franziu a testa.
— Você deve ir para o pátio. Agora. Você é necessária lá.
— Eu sou? — Isso era estranho. Lady Amabel não tinha
voltado de cavalgar ainda. Quem poderia precisar dela? —
Quem precisava de mim, Ainsley?
— Eu... melhor se você vier. É difícil de explicar.
Glenna se levantou, sentindo seu coração batendo em
seu peito.
O que era tudo isso?
— Por quê? — Ela perguntou. — Por que é tão difícil de
explicar?
Ainsley apenas fez uma careta.
— Melhor se eu não fizer, Glenna.
Eles desceram as escadas juntas. No salão, Glenna fez
uma pausa. Ela colocou a mão em seu coração, sentindo uma
inquietação batendo lá no fundo do peito.
— Eu vou sozinha, Ainsley, — ela disse suavemente.
— Obrigada, Glenna. — Ainsley fez uma reverência
desconfortável e correu sem olhar para trás.
Glenna cruzou o salão por onde tinha saído. O pátio
estava fresco sob o sol da tarde. Ela franziu a testa, sentindo-
se um pouco ofuscada pela luz do dia.
— Olá, — ela chamou.
Quem estava esperando aqui e por que era tão urgente?
Sem resposta. Ela foi até o portão perto do estábulo,
sentindo-se tola.
Quem a convocou aqui?
— Olá?
Foi quando alguém saiu de trás do estábulo e cobriu sua
boca com a mão. Ela quis gritar em alarme. Nenhum som
saiu. Então ela chutou para trás. Quem quer que fosse, jurou
e ela teve um flash de realização quando ouviu a voz irritada.
Alexandre
Então algo bateu forte na sua cabeça e a última coisa
que ela viu foram estrelas brancas, brilhando na escuridão.
A luz voltou, embora devagar. Além disso, com isso veio a
dor. Glenna gemeu e tentou abrir os olhos. Parecia que um
peso pesado pressionava suas pálpebras. Ela piscou,
gemendo.
Onde estou?
Ela esticou as mãos para a frente. Seus dedos
trabalharam e ela abriu os olhos, tentando se concentrar. A
dor atravessou seu cérebro e ela gemeu novamente.
— Ah. Você está acordada, sim?
A voz era rouca e cruel de seus pesadelos. Glenna
estremeceu e rolou. Ela sentiu o desespero apertar seu
coração.
O que eu posso fazer?
Ela estava aqui nas garras de Alexander. Ela ficou lá,
tentando pensar em um plano. Ela estava com frio, com fome
e cansada.
O que ela poderia fazer?
Ela tentou se sentar. A cabeça dela doeu e ela sentiu o
desejo de vomitar. Ela se dobrou, o estômago doendo
dolorosamente.
— Você não gosta muito de mim, não é? — A voz riu.
Glenna sacudiu a cabeça.
Ela ouviu o homem em pé e o som de uma cadeira sendo
puxada pelo chão. Então botas, pesadas, atravessando o chão
de laje. Ela sentiu uma mão descer sobre ela e afastar sua
cabeça. Ela gemeu e fechou os olhos. Os dedos cravaram-se
em seu couro cabeludo e ela estremeceu, dor e medo fluindo
através de seu corpo como filetes de gelo.
— Você vai começar a gostar de mim em breve, — disse
ele com um sorriso.
De tão perto, ela podia ver os dentes manchados, os
duros olhos cinzentos. Ela fechou os olhos, querendo chorar.
Ele não iria ver as lágrimas dela.
— Não, — ela sussurrou. — Eu nunca vou gostar de
você.
Ele riu. O golpe, quando veio, feriu o lado de sua cabeça.
Ela ofegou e rolou sobre si mesma instintivamente,
escondendo-se da dor.
— Por favor, — ela sussurrou. — Por que estou aqui?
Onde estou?
— Você está em uma cabana, — ele disse com relutância.
— Em algum lugar perto de Edimburgo. Porquê? Bem,
simplesmente porque você é dele. Uma maneira de consertar
suas maneiras tolas.
O que? Isso não fazia sentido.
— Ele não gosta de mim, — disse ela em voz baixa.
— Você tenta me dizer isso, — ele riu duramente. — Você
acha que eu vou acreditar? Não. Eu conheço um homem
apaixonado por uma moça. Vejo frequentemente. E ele está
muito doente por você.
Glenna sacudiu a cabeça.
— Deve ser... por alguma outra moça. — Ela sentiu uma
lágrima escorrer, espontaneamente, pela sua bochecha.
— Tente isso, — disse Alexander. — Eu também não vou
acreditar. — Ele agarrou seu ombro e a puxou, torcendo-a
dolorosamente para encará-lo. — Você pode parar com as
suas mentiras.
— Eu não estou... mentindo, — sussurrou Glenna com
voz rouca. Seu coração estava acelerado de pânico e ela
sentiu a necessidade de fugir dali, se apenas seu corpo a
carregasse. Ela estava paralisada de medo, incapaz de se
mover, mesmo que desejasse.
— Ha, — disse ele. Estava de pé a poucos centímetros
dela e Glenna sentiu-se recuar quando ele fez um punho
novamente. Ela podia sentir o tremor dos músculos em seu
braço, a poucos centímetros de seu rosto e sabia que ele
estava se segurando em sua raiva.
— O que você vai fazer? — Ela sussurrou.
Ele riu, severamente.
— Não faço ideia ainda, — disse ele. — Mas sei o que
quero fazer agora, — acrescentou.
Ela ouviu a luxúria em sua voz e tremeu quando ele se
abaixou e acariciou seus cabelos. Ela se enrolou mais forte,
querendo ser o menor possível.
Se ela pudesse simplesmente desaparecer, estaria
segura.
— Por favor, — ela sussurrou.
Ele riu.
— Eu não tenho pena, — disse ele.
Ela percebeu com algum horror que não era nada além
da verdade.
— Se ele não fizer o que eu vou com você, não é culpa
minha.
O homem deve ser louco.
Glenna estremeceu. O que alguém fazia com alguém que
perdeu o controle sobre sua sanidade? A melhor coisa — a
única coisa — que ela conseguia pensar era ameaçá-lo com
alguma consequência por sua ação.
— Você será punido se eu for machucada, — disse ela.
O golpe quase a surpreendeu. Ela sentiu o sangue
escorrer pelo queixo e soluçou em choque. Ela cobriu o rosto
com a mão, sentindo o fluido viscoso quente de sangue em
seus dedos.
— Você pensou em ameaçar. Você me ameaçou? — Ele
riu novamente. — Eu não temo ninguém.
— Você tem medo, — Glenna sussurrou. A realidade a
atingiu de repente. — Você tem medo por ser um covarde.
Ela ouviu o silvo de respiração ofegante. O próximo golpe
a deixou inconsciente.
Quando ela acordou de novo, foi na escuridão. Glenna
abriu os olhos, a sonolência da contusão enchendo sua
cabeça como plumas em um travesseiro. Ela tentou se sentar.
Sua boca estava seca. Ela tossiu.
— Água, — ela murmurou.
Ela respirou pelo nariz da melhor forma possível. Ela
podia sentir o cheiro dos troncos queimando.
Alguém fez um fogo.
Ela notou a luz cintilando através da fenda de suas
pálpebras. Uma sombra caiu sobre ela enquanto ele se movia.
— No balde ali, — disse ele. — Você terá que ficar de pé
para conseguir isto, eu não a servirei.
Glenna suspirou. Ela sentiu muito medo de se mover.
No entanto, o que ela poderia fazer?
Sua sede iria sufocá-la se ele não a matasse logo. Ela se
levantou e cambaleou para frente, indo em direção ao fogo.
Ela encontrou o balde e fez de suas mãos um copo, colocando
o líquido gelado em sua boca. Ela escorreu pela garganta,
fazendo com que a língua — que doía de ressecamento — de
repente se umedecesse de novo. Ela engoliu em seco e ofegou.
Ela o ouviu passar perto do fogo, arrojando gravetos
novos. As chamas se acenderam mais e ela se virou para ele,
tropeçando de volta para seu lugar. Foi quando ela caiu.
Chorando com um medo desesperado, ela tentou
levantar, mas o terror e a fome a deixavam incrivelmente
fraca. Ela ficou de joelhos e permaneceu lá. Ela sentiu uma
mão acariciar seus cabelos. Ela fechou os olhos.
Ele a empurrou para o chão e sua mão traçou por seu
rosto, acariciando seus seios. Quando ele deslizou o polegar
na gola do vestido, ela congelou.
— Por favor, — disse ela.
Ele riu. A mão trabalhava mais abaixo e depois de volta.
Ele abriu os botões na parte de trás do vestido e ela sentiu
uma lágrima escorrer pelo rosto quando ele a despia.
Foi quando ela ouviu o que nunca pensou que
aconteceria. O som de batidas de cascos de cavalo. Vindo pelo
caminho... em direção a eles.
CAPÍTULO DOZE
UMA LUTA
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[←1]
Espineta é um instrumento musical de cordas beliscadas, dotado de teclado, da
família dos cravos. As cordas são beliscadas com uma pena de ave. Seu uso foi muito
difundido na Europa, paralelamente ao do cravo, desde o final do século XV até o século XVIII.
Cravo e espineta eram pra camente sinônimos, na França.