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Elas Gostam de Kilt

Allie MacKay
Sinopses

O coração de uma mulher precisa de uma casa


amorosa...
Mesmo que esteja um pouco assombrada.
Mindy Menlove vive em um castelo que foi
transportado pedra-a-pedra da Escócia. Mas quando seu
noivo morre em um escândalo e Mindy decide vender a
propriedade sombria, seus planos se modificam. Ela deve
viajar para as Hébridas, onde é confrontada com o
construtor original do castelo - que é irritante e irresistível
e setecentos anos jovem.
Bran of Barra era um laird lendário. Desde que
morrera, então, ele aprecia seus prazeres fantasmáticos, até
que a presença de Mindy os perturbe. Agora, se Bran não
mudar a mente de Mindy – e ele mesmo – sobre sua terra
natal nenhum deles encontrará a paz.
Agradecimentos

A Escócia é sempre a minha maior inspiração e sinto-me


abençoada por ter uma carreira que me permite passar meus
dias de trabalho revisitando lá meus lugares favoritos. Embora
eu ame toda a Escócia, meus próprios laços ancestrais me
ligam mais fortemente às Hébridas. Por essa razão, eu
realmente gostei de trazer o mundo de Bran de Barra à vida.

As Hébridas são conhecidas como — as Ilhas à beira do


mar, — e há mais de quinhentas delas esticadas ao longo da
costa oeste da Escócia. Selvagens, magníficas e quase lindas
demais para descrever, lançam a imaginação do poético,
enchem os sonhos da diáspora escocesa e roubam o coração de
quem às visita.
Bran de Barra tem ocupado um lugar especial no meu
coração durante anos. Na verdade, um agrupamento de vinte
pequenas ilhas no remoto interior daHébridas, Barra é
realmente notável. A faísca do conto de Bran veio a mim na
minha primeira visita ao Castelo Kisimul, antigo lar da Barra
MacNeils. Esta impressionante fortaleza de cinturão da ilha
tornou-se a amada torre de Bran.

Minha afeição por Barra inclui os próprios Barrach,


especialmente a Barra MacNeils. Quando eu originalmente
precisava de um laird corajoso, maior do que a vida em
Hebridean, eu não procurei mais longe do que os MacNeils.
Espero que Bran de Barra os faça orgulhosos. Eu certamente
tentei dar-lheso amor feroz de Barra, o seu espírito de grande
coração e generosidade aberta, e sua alegria marca na vida.
Uma raça orgulhosa e nobre, eles também tinham um
sentido de humor brincalhão. É verdade que, em tempos
passados, um dos mais coloridos lairds de MacNeil enviou um
trompetista às ameias todas as noites para fazer uma farra,
anunciando que o grande MacNeil de Barra jantara e agora que
ele tinha feito isso, o resto do mundo estava então, livre, para
começar sua própria refeição da noite.

Também é verdade que, após a queda do castelo de


Kisimul, a eventual restauração foi realizada inteiramente pelos
homens de Barra. Os fundos para o projeto vieram de MacNeils
ao redor do mundo, provando sua devoção ao lar ancestral do
clã.
Acredito que escolhi bem em deixar que Barra MacNeils e
seu clã mudasse a mente de Mindy sobre a Escócia. Eu sabia
que ela iria se apaixonar pelas Hébridas. Mas eu queria que
seu herói fosse um homem hebrideano muito especial. Um que
ela não poderia resistir. Apenas Bran de Barra faria!
Mil agradecimentos a Roberta Brown, a melhor agente do
mundo. Ela é minha amiga mais íntima, minha confiável
confidente e muito mais. Eu não pderia fazer isso sem ela
Agradecimentos especiais ao meu editor fantástico, Kerry
Donovan. Eu aprecio seu apoio e entusiasmo. E eu sou
especialmente grata por sua sugestão de incluir algo mágico
para ligar Bran e Mindy. Seu comentário sobre algo mágico
tornou-se real com a espada de Bran, o Destruidor de corações.
Muito obrigado ao meu bonito marido, Manfred. Ele prova
todos os dias que os heróis da vida real existem. Como sempre,
meu doce Jack Russell, meu companheiro constante e maior
amor. Suas caridades e sacudidas da cauda significam mais
para mim que fazer tudo o ouro do mundo. Eu queria que
todos os cães fossem tão queridos.
Agradecimentos especiais aos meus leitores — vocês são
fantásticos! Para aqueles que desejam visitar Barra de Bran, há
serviço aéreo. Os voos são únicos, pousando em uma praia, o
1
Trahor Mhor. Mas eu prefiro o ferry . De qualquer maneira, eu
prometo que vocês vão amar Barra!
— Enquanto eu não vou-argumentar que um homem em
um kilt é maior do que qualquer outro, estou aqui para dizer-
lhe que um Highlander de kilt é mais. Ele é um deus.

A Saor MacSwain, fantasma de Highlander, mestre de


coragem e kilt — são portadores de um poderextraordinário.
Prologo
A longa galeria em MacNeil's Folly
New Hope, Pensilvânia
Em uma dimensão que não é nossa.

— Desde quando MacNeils faz guerra às mulheres?

Roderick MacNeil, orgulhoso laird de seu clã do século XV,


enganchou os polegares em seu cinto da espada e olhou em
volta para os outros fantasmas que se aglomeravam no quarto
estreito e com painéis escuros que eles chamavam de seus por
mais tempo do que era tolerável.
Ele também teve um imenso prazer em como sua voz
profunda ecoou das vigas.
Infelizmente, os olhares teimosos nos rostos de seus
companheiros fantasmas indicaram que eles não estavam
prestando a ele qualquer atenção.
— Eu digo isso a você, não vou ser parte disso.

Ele baixou as sobrancelhas e franziu o cenho até que a


névoa brumosa na sala se esquivou e se afastou de sua ira.
— E eu digo que não temos escolha!
Silvanus, igualmente um MacNeil do século XV, e primo
de Roderick, agitava os braços até que a névoa ondulante
voltasse na direção de Roderick.
— Se deixarmos a moça nos escapar, só os santos saberão
quantos séculos mais estaremos condenados a chafurdar aqui.
— Bah! — Roderick tirou sua espada e usou-a para cortar
a névoa. — Tem que haver outra maneira.

— Não, não há. — Geordie, do mesmo sangue do clã,


embora do século XVI, levantou sua própria voz. Ele deu um
passo à frente, as cores azuis e verdes de seu kilt a brilhar
contra a névoa do quarto. — Estou com Silvanus. Precisamos
agir agora, mesmo se o que fizermos deixar um gosto sujo em
nossas bocas.
— Ouçam, ouçam! — outro parente concordou da
extremidade da longa galeria. — É essa loucura que faz minha
bílis subir, não. Os meios que precisamos para corrigir as
coisas.
Roderick enfiou sua espada de volta em sua bainha, então
girou afastando-se como um furaçãoparao comprimento da
sala. Ele se esforçou para ignorar seus parentes e ainda mais
cuidando para não olhar para as fileiras de retratos vazios que
revestem as paredes da longa galeria.
Enormes, douradas, e recentemente desocupadas, os
retratos, que haviam sido o orgulho de cada um dos respectivos
lairds de MacNeil, agora tinham a vergonha de prendê-los em
um mundo que eles desprezavam.
MacNeil's Folly ainda deve ser a Torre de MacNeil.Forte,
seguro e intacto.
Acima de tudo, em sua localização original na ilha
hebrideana de Barra, não empoleirada em cima de uma
pequena colina em New Hope, Pensilvânia, transportada ali
pedra a pedra por um desprezível descendente que escolheu
não só emigrar para a América, mas para tomar o lar ancestral
de MacNeil junto com ele.
Foi escandaloso.Uma abominação além do alcance.
E — ele tinha de admitir — soprando vapor pelas orelhas e
apertando os dentes tão ferozmente que sua mandíbula doía
não iria resolver essa coisa.Seus primos tinham o direito de
opinar.

Mindy Menlove era sua única esperança.


Rodeando-os, Roderick viu imediatamente que seus
parentes reconheciam sua capitulação. Silvanus não se
incomodou em esconder como seu peito inchava de satisfação,
e Geordie, como um espinho em seu lado, bateu com força a
bengala no chão. Outros trocaram olhares triunfantes,
enquanto um ou dois arrastavam os pés ou se preocupavam
com seus tartans, claramente não à vontade em se mexerema
sua volta.
Apenas um se mostrou inconsciente.
Não que fosse provável que Bran de Barra soubesse de seu
dilema. Se o fizesse, as chances eram de que ele ficaria
descontente. As interrupções inevitáveis poderiam incomodá-lo.
Ao contrário do resto deles, o MacNeil do século XIV não se
assomouem seu retrato. Ele escolheu permanecer em seu salão
principal, comemorando as revelações noturnas com outros
amigos espectral,que tinham a sua mesma mentalidadee que
apreciavam sua habilidade em manter Torre de MacNeil como
era em seus dias de festa.

Bran de Barra, o fantasma da torre magica que era.


A verdadeira torre estava aqui, através dos grandes
destroços do Atlântico. Exatamente ondenão deveria estar. E se
Roderick gostava ou não, era por ele e seus parentes que
deveriamter cada pedra retornada para a ilha de Barra.
Enrolando a mão ao redor do cabo de sua espada, ele
franziu o cenho para o retrato de Bran, e o sorriso do
lairdmusculoso e seu ar de jovialidade o ofendendo
profundamente.Parecia que estava a ponto de jogar a cabeça
para trás e rir.Roderick sentiu seu próprio rosto ficar roxo de
fúria.

— Você, Silvanus! — Ele lançou um olhar para seu primo.


— Eu ouvi o que você disse antes. Talvez você tenha se
enganado e a moça...
— Shh, eu a ouvi direito e o suficiente.-Silvanus jogou
para trás seu tartan xadrez com um suave movimento. - Eu
posso estar no lado errado da vida, mas não há nada de errado
com meus ouvidos! Ela está empenhada em vender o castelo,
ela quer se mudar para um lugar chamado Havaí.
- Haw... wah... ee? -Roderick arqueou as sobrancelhas.
Silvanus encolheu os ombros.
- Isso é o que soou, sim. Disse que estava cansada de
chuvas, de madeiras escuras e de paredes velhas e sombrias e
queria ir a algum lugar onde brilhasse o sol e — ele levantou
um dedo dramático, — onde ela tem certeza de que não vai
encontrar um MacNeils!
— Bhhhh! — Geordie fez um gesto de desprezo. — Ela só
conheceu o MacNeil errado.
— De fato! — Roderick pulou em sua cadeira. — É por isso
que eu não sou a favordeste plano tolo! Assustar o seu juízo e a
sua vontade só a fará pensar mau de nós.
— Não, vai fazer com que ela nos ajude. — Geordie
balançou a bengala para dar ênfase. — Se lhe dissermos que a
seguiremos até o fim da terra, assombrando-a e incomodando-
a todos os seus dias, ela certamente verá a razão e concordará
em mandar nosso castelo de volta para onde ele pertence.
— E se ela se recusar? — Roderick franziu o cenho para
ele. — Você está preparado para perseguí-la até algum lugar
pagão com um nome que nem podemos pronunciar? —
Roderick estremeceu.
MacNeil's Fally.O plano era bastante vergonhoso, mas a
idéia de ter que suportar um lugar chamado Haw — wah — ee
era ainda pior.A própria noção gelificou seus joelhos.
— Bem? — Ele trovejou, fixando sua ira em Geordie. —
Vou perguntar de novo. O que você vai dizer se ela recusar?
— Ela não vai. — Geordie pousou a bengala com um click.
— Ela já tem medo de nós. Você não pode negar como ela se
apressa caminhando por aqui nos corredores, sempre olhando
por cima de seu ombro como se ela esperasse que nós
saltássemos para fora de nossos retratos e a levássemos para
algum destino angustiante.
— Geordie fala a verdade — disse uma voz do canto de
trás. — Ela vai fazer qualquer coisa, em vez de arriscar em ter-
nos pairando em torno dela.
— Eu nunca pensei em mim mesmo como um homem
para colocar as mulheres assustadas. — O orgulho de Roderick
era profundo. — Se você soubesse o jeito disso, as senhoras de
hojeestão mais ousadas. E eu não me importei com sua
atenção! Mindy Menlove é uma moça fina. Ela não mereceu o
que lhe foi feito e não precisa...

— É o único caminho, Roderick. — Silvanus apertou uma


mão em seu ombro. — Se perdê-la, pode ser mais cem anos
antes que alguém apareça provavelmente para nos ajudar.
— Você sabe disso tão bem como o resto de nós. —
Geordie falou o inevitável. — Temos que fazer isso.
Roderick virou-se e se soltou do aperto de seu
primo.Então ele balançou a cabeça.Ele ficaria amaldiçoado se
expressasse seu consentimento. Um tolo teria que o fazer.
Ainda fumegando, ele foi ficar debaixo de seu retrato.
— Quando você propõe que a confrontem?
Silvanus olhou para os outros.

— Ela já está falando com agentes imobiliários.


A névoa rodopiando em torno de Roderick ficou fria e
brilhava sombriamente.Ele cruzou os braços, ignorando o frio.
— Em breve?

— Eu sugeriria esta noite. — Geordie olhou para as


janelas altas de vidro. — A lua cheia vai dar uma pitada de
transparência a nossa aparição.
Roderick rosnou.
Ignorando-o, seus parentes aclamaram, e então a neblina
do outro mundo na sala começou a oscilar em redemoinho,
flutuandoas individualidades giraram de volta para os quadros
dos retratos de onde eles vieram.
Somente Roderick esperava, olhando com desgosto
enquanto assumiam suas poses usuais, seus rostos mais uma
vez se tornando tão frios e silenciosos quanto a lona oleada que
os segurava.

— Assim seja. — Roderick falou para o quarto vazio. — Eu


sei quando estou em desvantagem.
Depois, ele também se recolheu ao pesado quadro
dourado.E quando ele se acomodou, olhou para o silêncio da
longa galeria, recusando-se absolutamente a pensar no que
aconteceria quando a lua se levantasse.Ele só sabia que seria
um desastre.
Capítulo 1

MacNeil’s Folly
New Hope, Pensilvânia
Definitivamente nossa dimensão...

Mindy Menlove morava em um mausoléu.


Um castelo medieval de paredes espessas cheio de
sombras e com apenas um traço correto da era Tudor e o gótico
para cobrir o sangue de qualquer pessoa corajosa de medo o
suficiente para passar por sua porta maciça de ferro-cravejado.
Uma vez dentro, a aventura continuou com um labirinto
de passagens escuras e quartos cheios de tapeçarias ricas e
móveis pesados e envelhecidos. As marcas de poeira
prosperavam, muitas vezes girando estranhamente na luz que
se derramava através de janelas altas e com muros de pedra.
Algumas portas rangiam deliciosamente, e certos assoalhos
eram conhecidos por darem os mais deliciosos rangidos. As
grandes lareiras de pedra esculpidas ainda continham traços
persistentes na atmosfera de fumaça de turfa e urze. Ou então
foi reivindicado por visitantes com narizes sensíveis a tais
coisas.
Poucas eram as configurações modernas.
No entanto, o castelo se orgulhava de água quente, calor e
eletricidade. Para não mencionar TV a cabo e Internet de alta
velocidade. MacNeil's Folly também estava dentro da área de
entrega da loja de pizza mais próxima. E o jornal chegava sem
falta nas escadas todas as manhãs.
Esses luxos eram possíveis porque a antiga torre não
estava mais em seu local original, em algum lugar recuadona
ilha hibrideana desolada e varrida pelo vento, mas na crista de
uma colina densamente arborizada, não muito longe da
pitoresca e agradável meca antiga de New Hope, na
Pensilvânia.
Mesmo assim, o castelo era um refúgio para eremitas.O
sonho de um recluso.O único problema era que Mindy tinha
uma idéia inteiramente diferente do paraíso.
A areia branca, palmeiras e luz do sol vieram-lhe à mente.
Brisas suaves e perfumadas e a alegria das alegrias –sem a
necessidade de se aquecer novamente. Um traço da loção de
manteiga de cacau a maise observou o por do sol.
Um por do sol tropical.
— Quase lá — lembrou a sua mente, de qualquer maneira.
Mindy imaginou a sala aquecida do castelo se afastando dela.
Pouco a pouco, tudo recuou. O tapete xadrez e cada pedaço de
mobiliário desajeitado, de carvalho esculpido, e até mesmo as
pesadas cortinas azuis escuras.
Ela deu um passo mais perto da janela e respirou fundo.
Fechando os olhos, ela inalou o cheiro úmido da chuva fria do
Condado de Bucks e dos pinheiros úmidos e pingados, com o
perfume inebriante de jasmim e orquídeas.
E, porque era o seu sonho, um cheiro de café fresco de
Kona.
— Você nunca deveria ter namorado um passageiro.
— Agggh! — Mindy saltou, quase deixando cair a bolacha
de chocolate e hortelã que ela estava prestes a colocar em sua
boca. Tinha esquecido que não estava sozinha.Todos os
pensamentos do Havaí desapareceram como um balão picado.
Girando ao redor, ela devolveu a bolacha a um prato
delicado de porcelana em uma bandeja de chá e enviou um
olhar despreocupado pela sala e para sua irmã, Margo, mais
velha que ela em um ano.

— E quanto ao seu romance de refrigerador com o Sr.


Geek pelo computador no ano passado? — Mindy enxugou os
dedos em um guardanapo e franziu o cenho quando juntou o
chocolate derretido, fazendo uma bagunça ainda maior. — Se
me lembro, ele deixou você depois de menos de seis semanas.
— Nós nos separamos amigavelmente.

Margo olhou para ela de uma cadeira de espaldar alto


perto da lareira.
— Nem era um caso de refrigerador. Ele só veio a mim
quando os computadores deOlde Pagan se puseram a piscar. E,
— ela se inclinou para a frente, seus olhos se estreitaram de
uma maneira que Mindy sabia temer — nem me mudei com
ele. Eu nem o amei.
Mindy mordeu o interior de sua bochecha para não gritar.
Não faria nada para lembrar a sua irmã que ela tinha
cantado uma canção diferente no verão passado. Como fazia
com todos os novos Romeus que cruzavam seu caminho, sem
importar se ele entrou na loja da Nova Era onde Margo
trabalhava, ou simplesmente tropeçou com ele na rua.
Margo Menlove era papel para moscas e os homens eram
as moscas.Eles simplesmente não podiam resistir a ela.Não que
Mindy se importasse.
Especialmente quando ela devia estar de luto por um
noivo infiel que tinha se engasgado e morridocom uma espinha
de peixe durante um jantar íntimo com uma dançarina de
show de Las Vegas.
Um noivo que ela agora sabia não tinha intenção de casar
com ela, que a tinha usado e para grande espantolhe deixara
um castelo escocês de sua família e uma grande quantia de
dinheiro. Generosidade nascida de sua culpa, ela tinha certeza.

A dançarina de pole dancede Vegas não tinha sido a única


amante de Hunter MacNeil. Mindy tinha visto pelo menos três
outras possíveis no funeral.Elas se levantaram diante das
lembranças de sua mente, cada um mais carrancuda do que a
outra. Franzindo o cenho, Mindy tentou baní-las esfregando
com mais força as manchas de chocolate dos dedos. Mas,
embora seus rostos estivessem desbotados, ouviu cada um de
seus suspiros e choro, de repente, se sentiu como se
fragmentos de gelo lhe cortasse em lugares macios que ela
nunca deveria ter exposto.Ela estremeceu.Margo percebeu.
— Não me diga que você ainda se importa com o bastardo?
— Ela se inclinou para frente, eriçada. — Ele usou você como
testa de frente! Seus advogados quase nos disseram que ele só
precisava de você para cumprir os termos da vontade atrasada
de seus pais. Que se preocuparam com seus excessos e fizeram
arranjos para que ele perdesse tudo, a menos que se tornasse
um baluarte da comunidade, apoiando suas caridades e se
casando com uma boa e decente garota!
— Margo!

— Não me diga Margo'. Eu estava lá e ouvi tudo. — Margo


agarrou os braços da cadeira até que seus nós dos dedos
branquearam. — O que eu não posso acreditar é que você não
viu através dele, seus planos, em primeiro lugar.
Mindy desistiu de tentar se livrar do chocolate.
— Você teria se apaixonado por ele também — disse ela,
esfregando o guardanapo na mão. — Se ele tivesse...
— O quê? — Margo se levantou. — Se eu fosse uma
comissária de bordo de primeira classe e ele se sentasse na
última fila — deu um piscar de olho e um sorriso — e como seu
kilt...Ah, assim-convenientemente-enganchado no cinto de
segurança?

— Não foi assim... — Mindy deixou as palavras no ar.


Tinha sido assim e ela era a maior tola do mundo por não
ter visto seu estratagema.
Mas seu sorriso de covinha a tinha encantado e ele corou,
realmente corou, quando ela se abaixou para ajudá-lo com a
fivela do cinto de segurança e seus dedos acidentalmente
roçaram uma parte muito nua dele.
Quando a fivela soltou-se e seu kilt se levantou, revelando
sua nudez, parecia tão envergonhado que aceitar o convite para
jantar parecia o mínimo que podia fazer para fazê-lo sentir-se
melhor.
Ele também era incrivelmente bonito e tinha um jeito de
falar, mesmo que não tivesse um sotaque escocês. Podia olhar
para uma mulher e fazer com que ela se sentisse como se
nenhuma outra mulher no mundo existisse, e no topo de tudo,
ele tinha um grande senso de humor. E, além disso, que
menina com sangue vermelho em suas veias poderia resistir a
um homem em um kilt?

É que não era para amá-lo?Tudo bem, ela sabia agora.


Furiosa consigo mesma, Mindy lançou um olhar ao fogo
da lareira. Um retrato de um de seus antepassados estava
pendurado lá, reivindicandoorgulhoso o lugar acima dotampo
preto do mármore. Um antigo laird de MacNeil, ou pelo menos
assim dizia Hunter, chamando o homem de Bran de Barra, o
único retrato ancestral no castelo que não dava a mínima para
Mindy.
Era um homem grande e forte, cheio de insígnias das
Highlanders, e com uma juba de cabelo selvagem castanho-
avermelhado e uma linda barba vermelha, ele não tinha o
brilho feroz dos outros lairds de clãs cujos retratos alinhavam a
longa galeria do castelo. Seu retrato, o mesmo, pendia
pendurado ali também. Era um rosto cheio de alegria que
sempre procurava quando estava convencida de que os olhares
dos outros lairds seguiam cada movimento dela.
Bran de Barra de olhar azul cintilante olhava em outra
parte, em algum lugar dentro de seu retrato que ela não podia
ver. No entanto, ela sempre sentira que, se ele tivesse tido
consciência de sua fascinação, ele se voltariapara ela. Seus
olhos brilhariam ainda mais e ele diria algo corajoso e
ultrajante, garantido fazê-la sorrir. Ele era aquele tipo de
homem. Ela só sabia disso.
Mindy respirou fundo.
Ela não pôde deixar de comparar Hunter com seu
antepassado áspero e destemido. Onde Hunter a repreendesse
por seus medos, Bran de Barra os teria banido.
Tola ou não, ele a fez se sentir segura. Só mantendo os
olhos nele podia atravessar a interminável galeria de painéis
escuros sem explodir em arrepios de medo.Infelizmente, seu
sorriso pateta agora a lembrava de Hunter.

Franzindo o cenho novamente, ela se afastou do retrato e


juntou as mãos em punhos apertados. Muito apropriado que
Hunter também tenha mudadoo único meio de alcançar os
andares superiores do castelo sem ter um ataque extensivo de
nervos.
— Você não pode voltar para os voos, sabe disso. — Margo
pisou na frente dela, um brilho conspiratório em seus olhos. —
Você já pensou em transformar o castelo em um centro
esotérico? Sei que os clientes do Old Pagan Times adorariam
fazer sessões aqui. O espalhafato de Hunter sempre foi sobre a
sua imagem, ele iria transformar-se em sua própria sepultura.
Mindy olhou para ela.

— Você não ouviu o que eu disse antes? Estou vendendo o


castelo. Eu não quero nada mais do que ficar tão longe daqui
como...
— Mas você não pôde! — Margo agarrou seu braço,
apertando forte. — O castelo está assombrado. Eu lhe disse, eu
tenho uma foto em que aparecem uns globosque eu peguei na
longa galeria de ontem. Três fotos se contarmos as duas que
tirei depois.
— São manchas de poeira. — Mindy tentou não revirar os
olhos. — Todo mundo sabe disso.
Margo fungou.
— Há fotos e fotos. O que eu tenho no filme são globos, é
energia espiritual. Eu estou lhe dizendo — ela soltou o braço de
Mindy e jogou para trás seu cabelo louro de comprimento até
queixo, um estilo e cor que ambas as irmãs compartilhavam —
você pode colocar este lugar no mapa paranormal. As pessoas
virão de todo o país para caçar fantasmas e...
— Oh, não, eles não virão. — Mindy caiu sobre uma
cadeira, sua cabeça começando a pulsar. — Não há fantasmas
aqui. Hunter tinha certeza disso e eu também. E, — ela
apontou seu melhor olhar de decisão final para a irmã dela —
éo único lugar em que estou colocando este monte de pedras
miserável é no mercado.
— Mas isso é loucura. — Margo parecia escandalizada. —
Possuir um castelo assombrado é a chance de uma vida.
— Sim, é. — Mindy sentou-se e cruzou os braços. — É
minha chance de voltar às companhias aéreas e me mudar
para o Havaí. Eu posso investir o dinheiro da venda do castelo
eo que Hunter me deixou e viver bem, fora o meu salário de
assistente de voo. Não teria nenhum problema para transitar
de Honoluluou mesmo Havai. E o melhor de tudo — ela se
sentiu maravilhosamente livre ao pensar — duvido que haja
muitos escoceses no Havaí. Eles não podem pegar calor.
— Os escoceses prosperam com frio, chuva e névoa. —
Mindy ergueu o queixo, bem ciente de que suas palavras não
iam bem com sua irmã. — Você sabia que o artigo de roupas
mais vendidas na Escócia é roupa interior térmica?

— Você não está pensando claramente. — Margo pegou


sua bolsa e se moveu para a porta. — Eu voltarei amanhã
depois que você tiver uma boa noite de sono. Então falaremos.
— Só se você estiver pronta para me ajudar a encontrar o
corretor de imóveis certo, — disse Mindy após a retirada da
irmã. — Já falei com alguns.E cada um tinha soado mais do
que ansioso para vender MacNeil's Folly.
Mindy sorriu e estendeu a mão para a bolacha de
chocolate e hortelã que quase tinha comido antes. Então ela
ajudou a si mesma e pegou uma e outra até que o pequeno
prato de porcelana estava vazio. O chocolate era bom para a
alma.

E não havia nenhuma alma fantasmagórica que


assustasse o castelo.Não disfarçados como poeira deglobos ou
de outra forma.Sua irmã estava louca.E ela estava indo para o
Havaí.Mas primeiro ela precisava dormir um pouco. Margo
estava certa sobre isso.
Lamentavelmente, quando saiu da sala de estar,
encontrou o restante do castelo cheio de uma fina névoa.
Frágeis e prateados, os fios finos se juntavam nos corredores e
serpentearam pelos altos e góticos arcos da janela. Uma ilusão
que certamente tinha tudo a ver com a lua cheia da noite,
apenas quebrando as nuvens de chuva em movimento rápido e
nada a ver com os globos que sua irmã afirmou,foramdando
voltas em torno do comprimento da galeria.

Ou então, — ela pensou assim, — até que se aproximou


daquela sala temida e ouviu as notas inconfundíveis de uma
gaita de foles. Um velho e assustador ar gaélico que parou no
instante em que se aproximou da porta aberta da galeria.
Uma porta que ela sempre teve o cuidado de manter
fechada.

O estômago de Mindy se contraiu e seus joelhos


começaram a tremer. Mas quando ouviu passos no assoalho de
madeira polida da longa galeria e o baixo murmúrio de muitas
vozes de homens, ela ficou louca e caminhou para frente.
Não a surpreenderia se Margo e seus amigos loucos da
Nova Era estivessem brincando com ela.
Uma idéia que ela teve que descartar no momento em que
chegou ao umbral e olhou para os rostos carrancudos dos
Highlanders,antepassados dos lairds de Hunter. Não podia
haver dúvida de que eram eles porque, com exceção do retrato
de Bran de Barra no extremo mais distante da longa sala, os
quadros dos retratos de ouro dourado, de ferozes aparências,
estavam vazios.

Ela também os reconheceu.E desta vez eles não estavam


apenas seguindo-a com seus olhos de óleo na tela.Estavam na
galeria. E eles estavam olhando para ela.Irritados e flutuando a
seu modo.Alguns até brandiram espadas.
— Oh meu Deus! — Os olhos de Mindy se arregalaram e
ela bateu uma mão em sua bochecha.
Com o coração trovejando, ela tentou abrir a porta e
correr, mas um punhado de homens mais carrancudos do clã
foi mais rápido. Antes que ela pudesse piscar, eles a cercaram,
seus enormes corpos avantajados bloqueando sua fuga.
Kilts, xadrez-drapeado em corpos que ela poderia ver
através deles!
Mindy sentiu o chão sumindo sob seus pés enquanto eles
se aproximavam, seus cenhos negros como a noite e seus olhos
cintilando furiosamente ao luar. Logo, ela tremia, poderia estar
doente. Desejava poder desmaiar.
Sua irmã não era a louca.Ela era.Ou então ela estava
prestes a encontrar um bando de fantasmas vivos.E como o
último parecia improvável, acabara de perder ojuízo. Ela
respirou fundo e ergueu o queixo, olhando-os como se não
fossem um bando de Highlanders de olhos selvagens e
transparentes.
Então ela cruzou os braços e esperou calmamente. Era
um truque que ela aprendera no treinamento de companhias
aéreas.Como manter-se serena todas as vezes que fosse
necessário.Ela só esperava que eles não pudessem dizer que
ela estava fingindo.
Ela tinha certeza de que não queria saber o que
aconteceria se eles adivinhassem.

****

Nesse mesmoinstante, mas em toda a extensão escura e


gelada do Atlântico Norte, Bran de Barra sorriu enquanto
observava seu grande salão lotado. Nunca em setecentos anos
a Torre de MacNeil parecia tão grande. Mas então, ele usou
cada um desses séculos para aprimorar suas habilidades em
manter seu salão como lhe agradava.
Alto, estridente, e cheio de alegria.
As noites eram passadas na companhia de foliões de
ânimo semelhante ao seu e que gostavam de seu fantasma
tanto quanto deleitava o dele. Esta noite eles chegaram em
número surpreendente. Amigos em espírito de todos os cantos
das Terras Altas e Ilhas Hebridean encheram os bancos e
mesas de cavalete, cada homem — e não poucas mulheres —
rindo e arrebatados de bom ânimo enquanto jantavam ou
dançavam, cantando elogios ao seu anfitrião o tempo todo.
Merecidamente, nenhum outro lugar poderiater
assegurado um bem-vindo mais quente. Hospitalidade como
apenas um laird de Hebridean de mãos abertas sabia como
dar. Com orgulho, Bran deslumbrou seus convidados com
suculentas carnes assadas e as cervejas espumantes. Chifres
de beber, com bordas de prata e, pontas pontiagudas ornado
com jóias. Cada mesa coberta com toalha de linho branca, e
iluminada pelo brilho de velas finas de cera, embora, na
verdade, as tochas armadas brilhassem suficientemente para
iluminar o corredor por conta própria.
Os cremes e as amêndoas açucaradas tentavam o paladar,
enquanto o excelente vinho do Reno impressionava os
apreciadores. Se um sabor estivesse faltando, Bran poderia
fornecê-lo com um estalo de seus dedos. Mas principalmente,
ele pensou em tudo. Tal como o gaiteiro pavoneava que
garantiria música animada para os dançarinos. E as alcovas
discretamente cortinadas nas sombras entre tochas que
ofereciam privacidade àqueles que queriam certa intimidade.
Após o banquete, enxergascom palhas frescas e jogos
estavam disponíveis para todos, com quartos suntuosamente
decorados mantidos prontos para uns poucos favorecidos.
A vida — ou melhor, a única vida — era boa na bela Ilha
de Barra.Não importava que Bran de Barra estivesse em uma
dimensão que desafiasse tempo e lugar.
A Torre de MacNeil era tão real para ele como os dois pés
em que ele se encontrava, e desafiaria qualquer um que
alegasse o contrário. Agora mesmo, em celebração e alegria da
noite, ele sentiu a necessidade de outro tipo de jogo.
Um que jogaria fora a tensão estranha que o tinha tomado
ultimamente. Na maioria das vezes nada mais do que uma
picada em sua nuca, mas às vezes um zumbido estranho em
seus ouvidos que o enviou para cima das ameias, onde o
estrondo das ondas eo rugido do vento afogava o rápido bater
de seu coração.
Ele sentiu aquela peculiar aceleração em seu sangue se
aproximando e pretendia derrubá-lo antes que os calafrios
começassem ondulando para cima e para baixo em sua
espinha.
— Amigos! — Ele olhou ao redor, deixando um sorriso
largo dividir seu rosto. — Quem vai colocar a sua força contra
mim? Quem — ele empurrou um punho no ar, bombeando
seus músculos — testaria sua habilidade na queda de braço? O
vencedor...
Uma explosão de calor chamuscou seu quadril, ele saltou
e se virou, certo de que um de seus amigos mais cabeçudo
tinha tocado-o com a chama da tocha.Seria muito louco para
fazê-lo.Mas ninguém estava a uma curta distância de um
braço.E as tochas mais próximas crepitavam inocentemente em
seus suportes de parede, as chamas fumegantes eram uma
fonte impossível para o que lhe queimara.Ele esfregou seu
quadril, seu sorriso se apagando.
Na mesa alta, seu bom amigo e companheiro
fantasmaSaor MacSwain jogou para trás sua cabeça escura e
riu.
— Oh, Bran! — A voz profunda do Hebridean explodiu. —
É uma nova dança ou uma mordida de pulgasque picou
emvocê?
Bran fez uma careta para ele.

— Mas você — ele se aqueceu com a idéia — só se


tornouhomem para provar sua proeza, embora já tenha perdido
o prêmioporque esteeu ganhar!
— Eu vou ganhar! — Saor se levantou, rindo ainda. — E
mesmo porque eu já tenho o meu prêmio! — Ele lançou um
sorriso perverso nos lábios, folheado o que compartilhavam na
sua taboa de carne. — Nada que você pudesse oferecer me
satisfaria mais.
— Sem dúvida. — Bran sentiu seu bom humor retornar.
Ele até mesmo colocou um braço de camaradagem em
volta dos ombros de seu amigo.
— Maili — lançou um olhar para a companheira de taboa
de carnede Saor, piscando — vai agradar você muito bem.
O brilho nos olhos de Saor disse que ele sabia disso.
Da mesma altura e largura de Bran, e com sua alta força,
Saor também era o único homem no salão que provaria ser um
digno adversário de queda de braço para o anfitrião. Mesmo
assim, Bran seria melhor que ele. A força bruta de que
precisaria ao fazê-lo tiraria sua mente dos calafrios que o
apertavam.
E, a verdade deve ser dita, com seus outros amigos
próximos tendo sido atraídos para longe do reino
fantasmagóricos nos últimos anos, escolhendo de vez passar
seus dias com as seduções americanas do mundo moderno,
Saor era uma das poucas almas restantes cuja presença Bran
verdadeiramente apreciava.
Saor, como Bran, não tinha nenhuma aspiração de deixar
seu paraíso espectral. Bran vivia com prazer e, Saor glorificava
estar nas ruidosas e coloridas armadilhas de seu próprio
século XIV. Ele não abrigava desejos arrogantes de se envolver
em mundos onde não pertencia.
Por isso, Bran era grato.Não que ele admitiria tal
suavidade.Mas ele estava extremamente cansado de perder
amigos.
Fez-lhe bem saber que Saor, com seus olhos risonhos e
seu sorriso pronto, não seria tentado em outro lugar por uma
mulher americana que vinha às Terras Altas com o único
propósito de reivindicar um homem de kilt.Um tolo saberia que
a fixação dessas mulheres com xadrez era tudo o que as
atraía.E, talvez, uma apreciação para joelhos bonitos!
Bran puxou um suspiro aborrecido.
Soltando Saor, ele virou o seu própriokilt xadrez e tirou
amulher de bronze de sua mente. A experiência tinha provado
a sua persistência e — ele estremeceu — a sua propensão para
encontrar Highlanders do século XIV, ainda mais atraente do
que os escoceses de seu próprio tempo. Pouco importava
quantas delas eram abençoadas com longas pernas e seios
saltitantes e bem arredondados. Elas percorriam as colinas de
Heathery da Escócia como predadoras famintas e sanguinárias
e deveriam ser evitadas a todo custo.
Se um homem quisesse manter sua inteligência.
E Bran o fez então. Ele flexionou seus ombros e caminhou
até uma mesa de cavalete contra a parede. Um movimento de
seus dedos jogou para fora a toalha de linho e a propagação de
víveres dispostos ao longo do comprimento da tábua. Um
segundo clique de dedo acendeu duas velas de sebo baixas e
gordas, cada uma queimando ardentemente em um braço do
castiçal de ferro plano.
Contente, lançou um olhar para Saor, aguardando
ansiosamente a reação de seu amigo.

— Aí está! — indicou as velas. — O primeiro homem a


apagar as chamas com o braço do outro é o vencedor, levando
tudo!
Saor arqueou uma sobrancelha.
— Tudo o quê?

Bran pensou um momento, depois se balançou sobre os


calcanhares.
— Todo o prazer de perseguir qualquer moça americana
que possa aparecera minha porta!
Vislumbres de risosterminaram em explosão. Muitos
foliões bateram em suas coxas ou bateu nas mesas do cavalete.
Alguns deram um suspiro de horror.Todos se divertiram.
Saor simplesmente olhou-o fixamente.
— Uma americana?
— Então,foi o que eu disse. — Bran assentiu, não muito
certo de onde a noção tinha vindo. — Não me diga que você
nunca ouviu falar delas. Todo mundo sabe que elas gostam de
cutucar nossos vales e castelos, procurando por nossas raízes,
por assim dizer!
Mais risos ofegantes responderam-lhe.
Bran atravessou o estrado para enfiar um dedo no peito
drapeado do tartan xadrez do homem que riu mais alto.
— Você cantaria outra canção se umamoça de dedos
longos o arrebatasse em seu dia!
Ele se inclinou para baixo, nariz a nariz com o outro
fantasma.
— Eu estive na América deles. Uma vez, fui! Um lugar
chamado Pen-seal-somewhere. A lembrançadeixa gelado os
meus joelhos, — ele se endireitou — ainda tem o poder de
amarrar meus dedos dos pés em nós. Confiem em mim, vocês
não querem aterrissar nas garras de uma americana,
2
especialmente as que se chamam Scotophiles .Elas são as
piores do lote.E eu não vou tê-las aqui. — Bran olhou em volta,
em advertência. A idéia de cair presa de tal mulher em Barra —
ou em qualquer outro lugar — fez suas almas tremerem.
Abençoadamente, a possibilidade não era um perigo
provável. Ele raramente visitava os tempos modernos e
absolutamente se recusava a trazer para Barra algo dos dias
atuais.
Mas não faria mal ter um plano se o impensável
acontecesse.
Aliviado por isso, levantou os braços acima de sua cabeça
e estralou os dedos, ansioso para lutar contra o braço de Saor e
tirar as garras da americana de sua mente. Uma piscada e um
sorriso eram tudo o que ele precisava para encontrar-se
sentado à mesa que tinha preparado. Orgulhoso de seu
sucesso, ele empurrou a manga e plantou o cotovelo
firmemente na mesa, sorrindo.
Para não ficar atrás, Saor sacudiu o pulso para buscar
uma taça de cerveja do ar, misturandoe preparando-se para
um longo gole. Ele riu quando o copo vazio desapareceu de
seus dedos, e rápido como o piscar, ele, também, tinha
reivindicado o seu lugar em frente a Bran.
— Então, meu amigo! — Ele colocou seu próprio braço
sobre a mesa e agarrou a mão de Bran. — Vejamos quem terá o
prazer de perseguir moças americanas desta bela ilha! Mas seja
advertido. Sua voz profunda continha um tom de diversão. —
Os fantasmas que evocamos, são convocados!

Risadas e piadas ondulavam pelo grupo de espectadores


reunidos. Vários cutucavam um ao outro ou trocavam olhares
alegres, embora um ou dois tentassem ocultar seus risos por
trás de súbitos ataques de tosse.
Bran ignorou todos eles e concentrou-se em manter o
braço firme. A seu cotovelo, a chama da vela docastiçal saltou e
dançou. Ele podia sentir o calor da vela lambendo-o,
esperando. Sem se preocupar, ele deixou os lábios se
contraírem, seguro da vitória. Seus pulsos estavam livres de
cicatrizes de queimaduras e ele não pretendia colocar uma lá
agora.
Então ele manteve o braço relaxado e deixou Saor fazer o
esforço. Já a mandíbula de seu amigo estava se pondoduro,
seus dentes cerrados, e pequenas gotas de suor começaram a
formar em sua testa. Não rindo mais, a multidão ao redor da
mesa aproximou-se, alguns homens se inclinando para bater
na mesa com os punhos. Saor fez uma careta, empurrando
ferozmente enquanto a batida se tornava um ritmo.
Bran não prestou atenção, o rugido de seu próprio sangue
em seus ouvidos mais alto que o estímulo de seus amigos. Saor
estava apertando sua mão agora, o aperto do outro homem
quase esmagando os ossos enquanto tentava empurrar o braço
de Bran para a vela.
— Você não pode vencer. — Bran esboçou as palavras,
sua própria testa se tornando úmida. — Renda-se e poupe-se
uma marca!
Saor sorriu e empurrou mais forte.
— Você está prestes a ser queimado!
Bran rosnou.Na verdade, ele estava queimando.
Os músculos de seu pescoço e seus ombros tinham
pegado de repente fogo, enviando um calor abrasador
disparando através de suas veias. Mas ainda assim empurrou o
braço de Saor para perto da chama, determinado a triunfar.
Até que o sangue correndo em seus ouvidos se tornou um
agudo zumbido, e um brilho escaldante de dor quente explodiu
contra seu quadril.
Rápido como um relâmpago, ele bateu o braço de Saor
contra a vela, o sibilo e fedor de carne queimada perdida nos
gritos de seus homens ea agonia do calor cegante e marcante
apunhalando-o em seu lado.
Saor piscou e recostou-se, seu sorriso retornando.
— Parece que a moça americana será sua — anunciou,
sacudindo o pulso.
Ao redor deles, os foliõesbrandiam as espadas e as
elevavam em homenagem. Bran empurrou lentamente seus pés
e deixou a mesa, escassa, vendo e ouvindo a multidão
aclamando, sentia a furiosa chama que ele não podia ignorar.
Não mais apenas em seu quadril, o calor correu através dele,
abrasando sua própria alma.Cada centímetro de seu corpo
queimava.
Seu sangue chiou e cada respiraçãoe deixou um rastro
ardente que assava seus pulmões.Foi uma miséria que ele
finalmente reconheceu.Embora ele preferisse cortar-se a
admitir que as chamas vieram da pedra cravejada do punho de
sua espada.
Sua mente se espantou com a possibilidade e arrepios
gelados aceleraram sua espinha. Dizia-se que o cristal de
Heartbreaker– destruidor de corações — estava encantado.
Formada pelas lágrimas de uma ancestral MacNeil que perdeu
o seu amor em uma batalha antiga, se acreditava que a pedra
preciosa tinha o poder de aquecer e brilhar em tempos de grave
perigo para o clã.

Ou assim dizia a lenda.


Não querendo pensar nas outras reivindicações, Bran
atravessou o salão, examinando o ar frio da noite, só quando
teve certeza de que nenhum de seus homens estava olhando
para ele. A névoa escura rodopiava através dos pedregulhos eo
vento estava soprando, o ar úmido com o cheiro da chuva.
Além das cortinas, podia ouvir o mar batendo contra as rochas.
A Torre de MacNeil, afinal, reivindicou sua própria ilha
pequenina, definida apenas fora da costa próxima de Barra. A
fortaleza era quase inexpugnável e totalmente indefesa contra o
terror que se agitava dentro dele.
Ele parou perto da beira de uma parede, deixando suas
pedras imponentes e a névoa à deriva o protegerem dos olhos
curiosos. Se Heartbreaker — destruidor de corações — estava
marcando-o, ele queria manter seu destino para si mesmo.
Mesmo assim, custou-lhe grandemente atirar para trás
seu tartan xadrez e colocar a mão ao redor do punho
arredondado da espada.O calor era excruciante.Mas era a luz
azul brilhante que escorria através de seus dedos que quase
parou seu coração.
Uma luz azul brilhante que a lenda chamavadeVerdade da
Espada e que — pelo qual ele sempre foi muito grato — nunca
tinha se dignado a se mostrar em todos os longos séculos que
ele possuía a lâmina lendária.
Era verdadeiramente magnífica — aço finamente afiado,
tão fantasmagórico como ele mesmo. E sua folha ainda possuía
a poderosa magia da verdadeira Heartbreaker.
Bran estremeceu.Só os santos sabiam onde a espada
terrena agora descansava.
Não importava. Seus principais juízes já lhe disseram que
sua amada espada tinha determinado interromper sua paz
eterna.
Agora ele olhava horrorizado, enquanto a luz se
intensificava em brilho e começava a curvar-se além de seus
dedos para tecer e dançar adiante dele. De olhos arregalados,
ele cambaleou para trás, soltando seu cabo. Mas se agarrou ao
cristal que tinha desatado sua mágica, deixá-lacair não
quebraria o feitiço.
Longe disto, a luz azul começou a girar como uma varinha
longa, brilhante que balançou e saltou no ar, lentamente
esticando-se em um retângulo brilhante, contra o cinza frio de
suas paredes do castelo.
Ele estava frio também.
O calor abrasador já nãoo aquecia, um arrepio negro o
varria agora. Era um aperto terrível e gelado em sua garganta
que teria feito um homem menor ficar de joelhos.Bran fez o
possível para não se encolher.Tal fraqueza estava abaixo de seu
status principal.Os lairds de Hebridean, em particular, eram
conhecidos por sua coragem e valor. Os intestinos congelados
não eram nada para os homens de sua classe.Fantasmagórico
ou não.Mas quando uma mulher apareceu dentro da forma de
luz azul pairando na frente dele, sua boca secou e ele podia
sentir sua garganta trabalhando.
A mulher não era qualquer mulher.Ela era uma mulher
moderna, ele tinha certeza.
Graciosa e leve, ela olhou diretamente para ele, seus olhos
arregalados de horror e tão azuis quanto a luz cintilante que a
rodeava. Um vento invisível lançou seus cabelos brilhantes
sobre seu rosto que — sob circunstâncias diferentes — enviava
a luxúria que trovejava diretamente aseu corpo. Mas sua boca,
doce e exuberante, abriu-se em um grito silencioso, a visão
quebrava tais impulsos, antes que, pudesse se levantar.

Ele deu um passo mais perto, desenhado com um traço a


chama mesmo que soube que deveria fugir.
Mas suas curvas exuberantes acenaram e sua necessidade
se fez urgente...
Bran estendeu a mão ejurou confortá-la. Como se
soubesse, seus belos olhos se arregalaram com um olhar ainda
maisaterrador. Então ela se desviou, afundando mais
profundamente na névoa, presa, dentro da luz azul e brilhante.
Ela desapareceu quase tão rapidamente quanto ele a
vira.Infelizmente, não antes de notar sua roupa.Ela estava
usando calça azul.A pesada espécie azul do seu dia chamava
jeans.
Bran engoliu em seco, seu próprio horror se agravando
enquanto a luz azul brilhante se contraía em um único feixe
giratório. Uma coluna brilhante de luz deslumbrante que
novamente balançava e dançava no ar diante dele. Até que de
repente parou de tecer e flutuou em direção a ele, apontando
diretamente para seu coração, com um zumbido crepitante, a
coluna saltou de volta para dentro do cristal Heartbreaker,
deixando-o sozinho com a verdade gelada.
Os bardos não haviam mentido sobre a lâmina
mítica.Houve momentos em que a angústia de uma mulher
podia evocar a magia do cristal.Mulheres que levavam sangue
de MacNeil em suas veias. Ou mulheres que — Bran não podia
negar — estavam inexplicavelmente ligadas a um MacNeil
macho, geralmente um chefe, um laird.
De qualquer maneira, a verdade da espada infalivelmente
não revelava o MacNeil destinado a defender a mulher.Tais
destinos foram gravados na pedra.
Bran passou a mão pelo cabelo, certo de que os
paralelepípedos sob seus pés haviam se aberto para engolí-lo.
Sentia-se decididamente doente. Depois de setecentos anos de
ser um alegre fantasma, sua amada espada finalmente mostrou
seu mundo caindo ao seu redor. Não poderia haver fuga.
Não da profecia de Heartbreaker. Nem da moça americana
que ele sabia que viria em breve pousar em sua porta. Ele
deveria ter ouvido a advertência de Saor sobre evocar
fantasmas.
Agora estava condenado.
Embora o cristal de Heartbreaker estivesse em silêncio
agora, sua redondeza cintilante, fria e benigna como a névoa
gelada da noite, Bran ainda podia ver os surpreendidos olhos
azuis da mulher. Eles o perfuraram através das dimensões e —
ele sabia — em grandes distâncias.
Bran franziu o cenho. Seu peito apertou com fúria.
Como se Heartbreaker pretendesse atormentá-lo ainda
mais, imagens inundaram sua mente. Eram visões indecentes e
lascivas de derrubar a moça sobre um leito de relva e urze.
Isso, ele poderia imaginar.Mais condenável ainda, ele podia
sentir sua presença. Prove seu beijo saboreie sua língua como
se ele já tivesse lhe feito amor. Logo, ele sabia e não podia
evitar, ela estaria aqui. Tentando-o como só as sereias
modernas poderiam fazer.
Bran gemeu. Então inclinou a cabeça para trás e olhou
para a lua, espiando-o por trás de nuvens rasgadas. Se ao
menos pudesse estar em algum lugar distante.Mas a Torre de
MacNeil era sua casa e ele não iria sair.Ele trataria com a
americana quando ela chegasse. Contanto que ela não fosse de
Pen-seal-where'er, suas chances de resistir a ela eram boas.
Era apenas uma questão de preparação.
Capítulo 2

Mindy ficou de pé na porta da galeria, recusando-se a se


mover. Não que suas pernas a carregariam a qualquer lugar,
mesmo que quisesse fugir. Seus joelhos tremiam furiosamente,
seus pés pareciam chumbo, e uma boa dúzia de fantasmas dos
MacNeil zangados estavam bloqueando seu caminho. Grandes
e medonhos fantasmas medievais com barbas espessas e
espadas brilhantes, e — ela tinha certeza — nenhum deles
estava sob seus pés.
Eles eram imponentes, cobertos de mantos xadrez e de
ameaças.Em uma palavra, eles eram aterrorizantes.
Mindy engoliu em seco. Um arrepio de medo riscou até os
dedos dos pés. Se ela tivesse pensado que os antepassados de
Hunter pareciam ferozes antes — seguramente aprisionados
dentro de telas oleadas dos quadros dourados e pesados —
agora eles dariam a Atila, o Hunoa aparência corrida de
santo.Seus gritos transformaram seu sangue em água.Pior
ainda, fugir significava atravessar suas fileiras brilhantes e
translúcidas.
Exigiria também uma vestimenta como o aço. As espadas
empunhadas que de alguma forma conseguiriam derreter um
olhar, muito mais substancial, do que os que os fantasmas lhe
dedicavam.
Claramente retirar-se não era uma opção.
Como se soubessem, os Highlanders que lhe olhavam e se
aproximavam tinham os olhos brilhando de malícia.
Uma estranha névoa azul brilhou e ondulou ao redor
deles, enchendo a longa galeria e lançando seu comprimento de
painéis escuros em uma luz misteriosa e ultra-humana.
Fumaças geladas da névoa deslizavam pela porta aberta para
flutuar além do corredorpairando como se estivessem lhe
esperando.

Era uma situação de não-vitória.


Então ela permaneceu onde estava, com cuidado para
manter as costas retas e sua expressão imperturbável. Os
rostos dos escoceses escureciam, os seus cenhos tornando-os
formidáveis. Aqueles que ainda não brandiam espadas
sacudiram suas lâminas agora, como se fossem flores. Alguns
rosnaram e rosnaram. Um moveu as sobrancelhas mais
assustadoras que Mindy já tinha visto. Ela engoliu em seco e
tentou fingir que os fantasmas eram passageiros irados,
irritados por voos lotados e atrasos no tempo. Um assento no
meio quando o passageiro jurou que ele tinha reservado uma
janela ou corredor.A lista de perturbações era longa e Mindy
tinha ouvido — e lidou com — todos eles.Infelizmente, em todos
os seus dez anos de voo, ela nunca encontrou queixas com
espada empunhada. Mesmo os mais desagradáveis viajantes de
negócios e VIPs não tinham embalado nada mais assustador do
que laptops e jornais. Alguns se armaram com bagagem de
mão de grandes dimensões e poderiam se tornar ameaçadores
quando confrontados com suas objeções.

Mas nenhum deles estava morto.Poeira e osso por


séculos.Mindy estremeceu.
Então ela se lembrou das bolachas de chocolate e hortelã
que tinha comido, devorando todo o prato e — a vergonha a
escaldou — até mesmo engolindo a última que permanecia no
pacote.
Ela não estava vendo fantasmas.
Ela estava vivendo uma compulsão de chocolate — um
pesadelo induzido por açúcar.
Certa disso agora, ela soprou sua franja de sua testa e
inclinou a cabeça para olhar para o longo teto de madeira
embutido da longa galeria. O arrependimento calórico rodava
em puro alívio. Mesmo assim, ela respirou profundamente,
banindo os fantasmas da mente e começou a contar até dez,
certo de que os fantasmas iriam embora quando ela voltasse a
olhar.
Infelizmente não foram.
Ao contrario: eles tinham se aproximado.O mais próximo
apontou uma bengala para ela.
— Vai embora, moça!?
— Esteja avisada! — Um segundo fantasma, muito mais
feroz, apontou a ponta da espada para o seu lado. A névoa azul
cintilante ao redor deles escureceu, até crepitar quando ele
passou pelos outros fantasmas com um brilho aquecido. —
Estamos aqui para avisar a moça, não perseguí-la!
— Avisar-me? — O sangue de Mindy congelou.Seus olhos
arregalados.
— Ahh, errr.. — Suas objeções se apagaram em sua
garganta. Isso era maior do que as alucinações de chocolate e
os panfletos freqüentes.
Ela apertou uma mão contra seu peito, não tinha certeza
se podia respirar. Ela reconheceu os fantasmas de seus
retratos com pequenas placas de ouro no fundo de cada quadro
dourado pesado. O primeiro — o fantasma de vai embora — era
Geordie MacNeil, um dos ancestrais de Hunter no século XVI.
O outro, o espectro agora apontando a ponta afiada de sua
espada para ela, tinha que ser Silvanus, um laird MacNeil da
fama do século XV. A lenda afirmava que ele tinha sobrevivido
a seis esposas e morreu pouco tempo depois de casar com uma
sétima vez, uma de grande beleza que foi dito ter sido mais de
metade da sua idade na época.Ninguém sabia muito sobre
Geordie.

E Mindy não queria nada com nenhum deles.


— Você não tem que me perseguir em nenhum lugar. —
Ela não sabia como conseguiu falar. Ela começou a se afastar,
ainda meio esperando que fossem fruto de muito chocolate
comido. — Eu estou saindo agora e...
— Você não vai a lugar nenhum. — Uma voz profunda
ecoou pelas costas da longa galeria. — Não até que tenhamos
uma palavra com você. E então — a névoa azul se separou para
revelar Roderick MacNeil, outro laird do século XV, em toda
sua formidável glória — você pode escolher o seu caminho!
Resplandecente com o kilt das Highlanders, ele partiu
para a frente, o kilt balançando sobre os joelhos, a espada no
quadril. Ele parou bem na frente dela e deu-lhe um olhar
afiado antes de passarabaixo de um arco galante.
— Roderick MacNeil — trovejou desnecessariamente
enquanto se endireitava após uma saudação. — Sou MacNeil
de Barra, laird daquela ilustre raça! Esses outros lairds — fez
um gesto largo com o braço — respondem-me. Eu...

— Nós somos todos Lairds MacNeil de Barra, — outro


objetou de mais fundo na névoa girando. — Pelo menos nós
éramos no nosso próprio dia e hora!
Ao lado dele, Silvanus inchou seu peito.
— Então, eu disse isso e foi apenas ontem. Não há aqui
ninguém mais laird do que o outro. Esse é o caminho.
— Ouçam, ouçam! — Geordie bateu a bengala contra a
mesa. — Um por todos e todos por um é o nosso credo.
Roderick virou-se para olhá-los.
— Se é assim, por que devo dizer a moça o que queremos
dela?

Silvanus rosnou algo ininteligível. Então ele cutucou o


fantasma parando ao lado dele até que este, também, deu um
grunhido inarticulado.
Perto da mesa, Geordie arrastou os pés, enviando
redemoinhos de névoa azul brilhante. Ele não parecia ter uma
opinião diferente.

— Mulher sem entendimento! — Roderick colocou as mãos


nos quadris. — Um tritão cego veria por que eu sou de Barra!
No fundo da longa galeria, alguém rosnou. Era uma voz
profunda, ricamente gutural, e soou mais divertido que
irritado. A voz também era mais distante. Diferente o suficiente
para as torcidas sobrancelhas vermelhas de Roderick se
encaixarem, enquanto ele girava para soltar um olhar irritado
nos confins mais distantes da sala cheia de neblina.
Mas nada, exceto a névoa, estava lá.
Era só o rosto mudo e pintado de óleo de Bran da Barra
que olhava para eles, seu sorriso perverso como sempre. Ele,
pelo menos — e Mindy estava agradecida — não saíra de seu
retrato como os outros.
Na verdade, Mindy tinha certeza de que seu retrato era
apenas isso.Uma semelhança pintada, nada mais.
Mesmo assim, Roderick sacudiu um punho para ele.
— Você ficou calado setecentos anos, primo. Não pense em
meter seu nariz em nosso negócio agora!
— Ouçam, ouçam! — Geordie bateu de novo na mesa.
Outros brandiam suas espadas em acordo. Alguns
jogaram para trás seus tartans e olharam orgulhosos. Todos
lançaram olhares agitados para o quadro do retrato do laird do
século XIV.

Mindy poderia beijá-lo.


Ele tinha fornecido apenas a distração que ela precisava
para começar a avançar para trás. Lamentavelmente, ela estava
tendo dificuldade em conseguir que as pernas pudessem
cooperar e conseguiu apenas chegar no batente da porta.

— Ah, moça! — A voz de Roderick rugiu logo atrás dela. —


Onde você acha que está indo? Ainda não discutimos nossos
planos com você.
Mindy virou-se para encontrá-lo se elevando sobre ela. Ele
ficou de pé com as pernas plantadas no ar e uma mão
descansando magistralmente em seu cabo de espada.
Obviamente adepto da intimidação, ele estava usando cada
centímetro de seu corpo de Highlanderpara sua vantagem
temível.
Mindy piscou.Quando seu queixo começou a escorregar,
Roderick sorriu.
— Não sabia que os fantasmas podiam se mover tão
rápido, hein?
Uma onda de gargalhadas dos outros lairds provou que
apreciavam seu humor.
— Eu... — A língua de Mindy parecia presa ao teto de sua
boca. Ela tentou não tremer quando o sorriso de Roderick
desapareceu e ele se inclinou para ela, chegando tão perto que
seu queixo de barba crespa quase fez cócegas nas suas
bochechas.
Seu olhar queimou dentro dela, quente, azul e
aterrorizante.
— Você está pronta para nos ouvir?
Mindy mordeu o lábio para segurar o grito que ela tinha
certeza de que seria sua única resposta.
— Bem? — Ele tirou a espada de um cinto real. — Eu
nunca tive chance de usar isso em uma mulher, — ele falou,
olhando para a lâmina, — mas há sempre uma primeira vez.
— Essa espada não é real. — Mindy não sabia de onde as
palavras vinham. Talvez fosse um toque de recusa-a-morrer-em-
bravuraque usava na linha aérea. Ela tinha sido treinada para
enfrentar desembarques de acidentes com um sorriso.Nervos
de aço e a calma de um santo tinham sido perfurados nela por
anos.
Neste caso, era provável desespero.
De qualquer maneira, sua ousadia tinha sido um erro,
porque assim que as palavras saíram de sua boca, os olhos de
Roderick brilharam perigosamente. Recuando, ele jogou a
espada no ar, rindo, enquanto a pegava na queda e
apresentou-a a ela, paraaexaminar.
— Veja como é real ou irreal a lâmina, minha senhora. —
Sua voz soou em desafio. — Eu juro que você mudará de idéia
sobre falar conosco depois disso!
— Eu não preciso tocá-la. — Mindy ignorou seus joelhos
trêmulos e ergueu o queixo. Ele a deixara furiosa agora. —
Você é um MacNeil. Isso conta mais comigo do que se sua
espada fosse real ou não. Como um MacNeil — ela quase
engasgou com o nome odiado — você encontrará uma maneira
de me prejudicar independentemente da arma que você
escolher.
Para sua surpresa, suas sobrancelhas se juntaram e ele
balbuciou algo.Ele quase parecia envergonhado.
Mas o momento passou depressa e ele cruzou os braços,
dando-lhe seu pior olhar.

— Então, o-o-o-o! — Ele ergueu-se até sua altura total


imponente. — Se é assim que sopra o vento, sem dúvida fará a
nossa proposta.
— E o que poderia ser? — O simples aborrecimento
impediu a voz de Mindy de quebrar.

— Nós — Roderick passou a seus amigos fantasmagóricos


um olhar furioso — queremos que você restaure a torre para
nós.
— Estou vendendo o castelo. — Mindy tinha certeza de
que já sabiam disso. — Além disso, vocêso tem de qualquer
maneira. Vocês moram aqui, não é? — Olhando para seus
retratos através da galeria longa e...
— Você não está dizendo a ela direito. — Silvanus
apareceu no cotovelo de Roderick com um redemoinho de
xadrez e uma série de faíscas azuis girando. — Diga a ela...
— Estou chegando a essa parte! — Roderick olhou para
ele.

Mindy não tinha certeza, mas pensou que Geordie riu.


Ele deve ter rido porque Roderick lhe lançou um olhar
escuro antes de voltar-se para ela. Tomando uma respiração
profunda — se os fantasmas pudessem até fazer o mesmo,
embora parecia que, na verdade, eles poderiam muito mais —
ele embainhou sua espada e, mais uma vez, colocou as mãos
nos quadris.
— Ouça isso, senhora, e pense bem antes de responder —
começou ele, observando-a sob as sobrancelhas. — Queremos
que você restaure a Torre de MacNeil à sua glória original e —
ele pausou para efeito dramático — nós queremos que você
devolva o castelo a seulugar legítimo.

Mindy olhou para ele.


— Aolugar do legado do castelo?
Roderick assentiu significativamente.
Os outros lairds fizeram o mesmo.
Um sentimento doentio começou a se espalhar pelo meio
de Mindy.
— Não sei ao certo o que quer dizer. — A mentira fez seu
coração bater e secou a boca. Ela tinha uma idéia muito boa do
que ele queria dizer e o pensamento a paralisou.Ainda assim
ela blefou. — A loucura está na forma maravilhosa como esta
Torre é.
— A Torre é uma abominação e permanecerá assim até
que ela volte para Barra! — A voz de Roderick levantou-se em
cada palavra. — Você deve levar o castelo de volta para a
Escócia para nós. Pedra pela pedra mesmo sangrando.
Mindy arregalou os olhos.

— Isso é impossível. Eu...


— Foi possível trazer o castelo aqui! — Geordie sacudiu a
bengala. — Levá-lo de volta não deve ser mais incômodo.
Um coro de sins e batidas do pé concordaram com ele.
Roderick cruzou os braços e sorriu.
— Bem? O que você acha de nossa proposta?
Mindy não podia responder.
***

O chão estava mergulhado descontroladamente sob seus


pés. Ela tinha certeza de que as paredes estavam fechando. E
um brilho de luz azul brilhante na parte de trás da longa
galeria quase a cegava. Piscando, viu com horror que a chama
de luz era do retrato de Bran da Barra.
Pior, o Construtor da Torre MacNeil já não usava seu
sorriso pateta.
Ele estava olhando para ela, seu orgulhoso rosto de óleo
sobre tela com um cenho mais assustador do que todos os seus
principais descendentes juntos.
Se ele, também, saltar para baixo e mover-se até ela, só
restava desmaiar. Afinal, se o artista não tivesse usado a
licença poética, sua espada era a mais longa do lote. Agora
mesmo, a pedra do punho da lâmina queimava com o mesmo
azul impetuoso do retrato. Ele também desembainhou a espada
e — era muito óbvio — ele estava segurando o cabo da lâmina
em um aperto que deixava seus dedos brancos.
Ele parecia mais do que pronto para usá-lo.Mindy
estremeceu. Suas palmas se molharam.

Mas então a chama azul desapareceu tão rapidamente


como tinha aparecido. Mais uma vez, o lairdantigo lhe sorriu
como se estivesse desfrutando de alguma piada privada. Sua
espada retornou com segurança à bainha pintada em seu
quadril.
Se ele realmente estivesse olhando para ela, ele era apenas
óleo e pó agora.

***
Mindy piscou e estremeceu novamente, não surpresa ao
descobrir que os lairds fantasmagóricos haviam chegadomais
perto. Eles a haviam rodeado e agora a olhavam
interrogativamente. Alguns tinham empurrado as extremidades
pontiagudas de suas espadas na névoa azul em seus pés e
estavam inclinados sobre os hilts.
Nenhum deles parecia ter notado a iluminação do retrato
de seu antepassado.

Todo o foco estavanela.


— Então, moça! — Roderick levantou uma sobrancelha
esperançosa. — Você concorda em cumprir nossos desejos?
Mindy respirou fundo. Ela ainda não podia acreditar que
estava conversando com fantasmas.
— Eu lhe disse, eu estou vendendo o castelo. Você terá
que encontrar outra pessoa. Estou me mudando para o Havaí
assim que o negócio estiver fechado.
O rosto de Roderick caiu. Ficou imóvel como pedra.
A mandíbula de Geordie escorregou.

— Fechado?
— Ela quer dizer quando vender o castelo. — Silvanus
lançou-lhe um olhar irritado, então voltou-se para Roderick. —
Mas ela não vai fazer isso, vai?
Roderick deu um suspiro pesado.
— Tive medo de que isso acontecesse.
Mindy tinha certeza de que não queria saber o final disso.
— Nosso plano alternativo deve ser desagradável. —
Roderick roubou um olhar para os outros, depois limpou a
garganta. — Esperávamos que você fosse mais razoável.

— Eu só quero sair daqui. — Mindy estava começando a


se perguntar se não eram as sardinhas apimentadascom alho
que ela tinha comido para o almoço que tinha evocado em vez
das bolachas de hortelã e chocolate.
Sardinhas, pimenta e alho pareciam uma possibilidade
mais provável.

Era uma chance remota, mas suficiente para manter o


queixo erguido.
— Isso que significa — ela endireitou os ombros, também.
— Em breve estarei fora daqui e vocês podem ter certeza de que
não vai ser para voar para a Escócia.
— Uma pena, isso — Geordie olhou para a bengala. — Eu
não acho que vou me importar muito com este Hah-wah-ee.
Os outros assentiram com prontidão.
Mindy sentiu-se doente.
Ela se virou para Roderick.

— O que ele quer dizer com não vai se importar com o


Havaí?
— O que ele disse, só — o tom de Roderick era pura
resignação. — Se você não vai levar nosso castelo de volta para
Barra, onde ele pertence, não temos escolha, mas seguí-la onde
quer que vá quando você sair daqui.
— Você já viu o quão rápido podemos nos mover. — Um
toque de orgulho iluminou seus olhos. — Nós também podemos
ir a qualquer lugar. Assim o-o-o, se você não vai cumprir com o
nosso pedido...
— Vocês vão me seguir para o Havaí? — Mindy olhou para
ele. — Você está dizendo que vai me perseguir?

— Cada um de nós, sim. — Roderick olhou para os outros,


que todos balançavam a cabeça. — Nós a seguiremos até os
confins da terra, se necessário. E, — ele fez uma inclinação de
cabeça solene — estamos preparados para fazê-lo durante
todos os seus dias.
Mindy sentiu seus olhos se arregalarem.

— Isso é loucura. Eu...É chantagem!


Roderick estendeu as mãos.
— É uma medida drástica, com certeza. Nem algo que
faremos levemente.
Mindy não se importava. Imagens de névoa fria, ovelhas e
chuva constante brilharam em sua mente. Brilhante pratos de
3
haggis fumegantes, seguidos de lingüiças de sangue, salsicha
e rios de chás quando ela era tão só uma pessoa de café.
Longas noites escuras de inverno e verões que não eram
quentes.

Todos sabiam que os escoceses consideravam sete graus


uma grande onda de calor.
Eles se dirigiram pela esquerda da escada que só
poderiam ser chamadas escuras. Todo mundo que conheceu
alegou ser descendente de Robert Bruce. E — para horror —
venderam barras de doces de Marte nas lojas de peixes e
batatas fritas.
Mindy sentiu-se sob ataque.
Seu estômago começou a doer.
— Eu não quero ir para a Escócia.
— Você pode ir embora depois que fizer a nossa
solicitação. — Roderick afastou em definitivo a sua objeção. —
Nós estamos aqui, neste lugar miserável de Pen-seal, por
séculos. Queremos ir para casa.
— E levar nosso castelo junto com a gente — Silvano
interveio, olhando-a severamente. — Vimos essas muralhas
durante todos esses anos pela honra de salvaguardar cada
pedra. Agora — ele colocou as mãos nos quadris, parecendo
mais decisivo — é hora de você nos ajudar a desfazer esse
grande erro.
— A escolha é sua. — Geordie levantou um dedo
significativamente.
— Vocês não estão me dando uma escolha. — O coração
de Mindy afundou nas palavras.
Roderick virou o tartan xadrez, o sorriso triunfante.
— Nós estamos dando-lhe mais. Você vai passar um
tempo na Escócia, moça. Escócia! Você verá a ilha mais linda
das Hébridas, nossa própria Barra.
— Muitos caíram de joelhos em gratidão. — A voz
profunda de Silvanus falou com orgulho.
— Abençoada Barra! — Uma rodada de aplausos encheu a
longa galeria. Em toda parte, os peitos inchados e as dobras
dos tartansxadrez eram deslocados e alisados. Os queixos
barbudos se erguiam, enquanto as espadas — e uma bengala
— se elevavam no ar.
Os fantasmas desfrutaram da vitória.
Mindy olhou para eles.
Ela não duvidou pelas batidas, de coração, que a
seguiriam até o Havaí.Eles eram MacNeils, afinal.

Um MacNeil já tinha feito sua vida uma miséria. Ela não


estava prestes a ver o que um bando inteiro deles faria se ela os
desafiassem. Não levava em consideração. Porém ela jogou e
perdeu.Ela não tinha muita escolha a não ser fazer o que
queriam.
Ela estava condenada.

*****

Bran sabia que ele estava em apuros quando fechou um


olho para olhar através de sua espada no dormitório. A fenda
do olho tinha que ser sua milésima vez,desde que ele procurou
sua cama para descansar a noite. Ele se recusou a torturar-se
contando quantas vezes tinha virado e se revirado. Quantas
vezes ele tinha perfurado e socado seus travesseiros não
suportado pensar. No entanto, por mais penetrante que ele
olhasse através da escuridão de sua lâmina, não conseguia
detectar nada de incomum.Mais especificamente, ele não
conseguia captar o mais leve brilho de luz azul na pedra do
punho de Heartbreaker.A jóia fabulosa parecia insultantemente
inócua.No entanto, Bran sabia o que tinha visto no pátio.
E embora o calor ardente que tenha queimado seu lado
não deixou cicatrizes de marca, seu quadril da espada, sentia
como se a pele estivesse em bolha. Ele também juraria que
suas veias doíam da explosão ardente que as varreu,
inflamando todo o seu corpo.
Sua cabeça o afligia com tanta ferocidade que até mesmo
apertar suas mãos contra suas têmporas não aliviava o
palpitar. E se ele não soubesse melhor, pensaria que tinha
engolido um balde cheio de cinzas.Sua boca estava seca.
Muito condenavelmente, ele ainda podia ver os olhos azuis
assustados da americana olhando para ele. Fechar seus
próprios olhos não o ajudou em nada. De qualquer forma, cada
vez que ele conseguia começar a escorregar em um sono
profundo, muito necessário, ele via mais do que os olhos da
mulher.
Ele a viu toda.E ele a viu nua.

Completamente desnuda em toda a sua glória


maravilhosa, ela ficara a poucos metros de onde ele tinha
apoiado Heartbreaker contra a parede. Tentando-o além da
razão, ela cintilou em um feixe de luz azul brilhante que
escondia seus segredos mais íntimos, mesmo quando o
redemoinho luminoso de cores insultou-o com apenas
vislumbres suficientes de suas curvas e sombras para delimitá-
lo como granito.
— Bolas de Odin! — Ele virou as costas e abriu os olhos.
Do outro lado da sala, a névoa azul girando em torno da
mulher acalmou e mergulhou baixouapenas o suficiente para
lhe dar uma visão clara de seus seios completos e redondos.
Brilharam lindamente na suave luminosidade que a envolveu,
provocando-o com suas ondulações cremosas e exuberantes.
Seus mamilos estavam tensos,suavemente franzidos e
empurrado para frente, como se ela sentisse o ar frio e úmido
entrando através das lajes do obturador.
Oh! Que os santos o ajudassem, era como se ele estivesse
com as palma das mãos nos seios dela, esfregando os polegares
ao redor de suas pontas cor-de-rosa, tornando-as apertadas de
excitação.
Bran franziu o cenho.
Ele não queria nada com essa mulher, não importava que
ela tivesse seiosexuberantes e cremosos.

Desejando não ser notado, enrolou os dedos nos lençóis,


apertando as mãos até que seus nódulos doessem. Ele engoliu
em seco, indignado porque a magia de sua espada chamara a
americana aqui, para a santidade de seu quarto?Mas furioso
ou não, ele era incapaz de desviar o olhar.
Uma luxúria feroz abateu sobre ele, escaldando seu
sangue e condenando-o com uma necessidade abrasadora que
fez seu membro pulsar e queimar insuportavelmente.
Quando a névoa azul começou a se mexer de novo,
escondendo novamente os seios, soltou seu feroz aperto dos
lençóis e passou um braço sobre sua testa suada. A névoa
estava brilhando ainda mais agora, girando mais rápido em
cores brilhantes, sinais seguros — ele esperava — que a visão
logo terminaria.
Em vez disso, o fulgor profano se separou novamente,
desta vez apresentando-o com um rápido vislumbre das
sombras tentadoras no ápice de suas coxas.
— Maldição! — Bran pulou da cama, seu controle
quebrando-se.

Para seu horror, a mulher pulou como se o tivesse ouvido.


Seu olhar correu para o dele, seus olhos azuis assustados se
arregalaram quando ela o pegou olhando para sua nudez.
Ela colocou uma mão em seus seios e a outra sobre o
triângulo de cachos dourados que — ele estava condenado —
Bran não conseguia parar de tentar ver através de seus dedos
espalmados.
Nu, pegou um travesseiro e segurou-a estrategicamente,
esperando que sua surpresa a tivesse impedido de perceber o
quanto ela o afetava.
Infelizmente, a cor profunda em suas bochechas disseram
que ela tinha visto.
— Você não pode estar aqui! — Ela finalmente falou, os
redemoinhos azuis a circulando, brilhando, mais
brilhantemente do que nunca. — Este...
— É meu quarto de dormir e você é a intrusa. — Bran fez
o possível para falar com autoridade. Não era uma tarefa fácil,
de pé, nu e agarrando um travesseiro da cama, bordado na
frente de sua virilha.
Ele limpou a garganta.
— Saia! Fora e deixe-me retornar ao descanso da minha
noite.
— Não. — Tinha a temeridade de discutir. — Como eu
estava dizendo, este é meu sonho e você não pode estar aqui.
— Posso estar em qualquer lugar que eu deseje. — Bran
olhou para ela, sua ousadia fazendo-oesquecer sua dignidade.
— Não em meus sonhos. — Ela falou firme, levantando o
queixo.

Ele franziu o cenho para ela, então lançou um olhar ainda


mais sombrio para Heartbreaker. A maldita espada era única
em sua chama azul, sua luz mais brilhante do que mil fogos de
artifícios.
— Não em seus sonhos, você diz? — A raiva fez com que
Bran se afastasse da coluna da cama. Um músculo saltou em
sua mandíbula e ele estreitou os olhos, agradecido que a névoa
azul escondesse seus mamilos de sua vista.
Ele deu um passo na direção dela, seu olhar fixo nos dela.
— Você sabia que há mulheres que vivem e respiram para
irema cama de um laird hebrideano?

— Você é um fantasma.
— Sim, eu também sei.
— Um MacNeil.
— Isso, também. — O brasão do Clã orgulho flamejava no
peito de Bran. — Uma raça maior não andou nesta terra.

— Os MacNeils são... — Ela não terminou, apertando os


lábios. Seus lindos olhos azuis brilhavam perigosamente. — Eu
vou acordar agora. Quando eu fizer isso, você não estará mais
aqui e não me lembrarei desse pesadelo.
— Tenho uma idéia melhor. — Bran caminhou para
frente, atraído pelo modo como sua respiração agitada faziam
seus seios se moverem em cada inspiração e ser impulsionado
por um desejo louco de beijá-la. — Como você está aqui, e nós
dois estamos nus...
Ela desapareceu antes que ele pudesse alcançá-la. O
quarto estava vazio como sempre.
Bran jogou de lado a almofada da cama. Rodando,
examinou as sombras, mas sabia que ela tinha desaparecido.
Também não o surpreendeu ao ver Heartbreaker inclinar-se
benignamente contra a parede, a lâmina de aço frio e a pedra
de punho de cristal brilhando vagamente.
Bran franziu o cenho e passou ambas as mãos pelo
cabelo. Seu coração trovejou descontroladamente. O suor frio
escorria pela testa e até as palmas das mãos estavam úmidas.
A frustração e a fúria cuidavam do problema contraindo as
costas, mas mesmo quando relaxava erecuava, o sangue rugia
tão intensamente em seus ouvidos que mal conseguia ouvir a si
mesmo pensar.
Embora — ele tinha que admitir — no momento, não
pensar era uma coisa muito boa.

Todo pensamento que cruzou sua mente desde o aviso de


Heartbreaker no pátio, enviou arrepios terríveis cortando sua
espinha.E ele, Bran de Barra, Laird hebrideano, apreciador de
mulheres, e escocês até os ossos, não era um homem a ser
conhecido por sofrer arrepios.Ele era uma alma
vigorosa.Sorrisos amplos, gargalhadas e um apetite voraz eram
detalhes de sua personalidade.

Ele nunca esteve apaixonado.


Não sei por que essa verdade apareceu em sua mente, ele
voltou para a cama e puxou um travesseiro sobre sua cabeça.
Por precaução teve que fecharos seus olhos para não chamar a
americana despida de volta. Não estava com vontade de vê-la
novamente. Não esta noite ou qualquer outra.
Que Heartbreaker fosse condenada.
A lâmina escolhe seu mestre.
As palavras de seu avô voltaram a sua mente, trazendo ao
longo, uma série de outras sabedorias creditadas à espada
meio-mítica. Sussurrou contos de temor que ele ouviu em seus
primeiros anos como um rapaz. O mais preocupante era a
insistência de seu avô de que não poderia prometer a espada a
Bran. De acordo com a crença do clã, Heartbreaker procurava
a mão para manejá-la, buscando um novo MacNeil em cada
geração e magicamente colocando-se no caminho do escolhido.
Mas Bran não se importava com a lenda do clã.
Ele queria a espada. Então, ele a tinha tido depois de seu
avô, implorando para ser o próximo mestre da lâmina. Dá idade
de quatro e dez anos, tinha enfrentado seu primeiro oponente
digno no jogo de espadas — um primo muito amado, vários
anos mais velho — e, desenhara sua própria lâmina para
enfrentar o desafio de seu primo, mas agrande e brilhante
Heartbreaker agarrou-se em sua mão.

A lâmina era sua desde então.Pelo menos a espada


fantasmagórica se desvanecendo tão inocentemente nas
sombras. Sem dúvida, a lâmina verdadeira tinha procurado
outros lairds MacNeil ao longo dos tempos, mas Bran sempre
sentiu uma afinidade especial com a espada.
A deles era um vínculo especial.

Mesmo sendo fantasma, ele se orgulhava de manter


Heartbreaker ao seu lado.
Agora ele desejava não ter visto a lendária espada. Mas ele
tinha e podia sentir sua presença poderosa agora, chamando-o
através do quarto escuro. Não que ele fosse arriscar outra
espiada de olho no cristal. Conhecia seu quarto bem o
suficiente para saber que havia uma estranha espessura
semelhante ao zumbido no ar. Uma qualidade estranha que ele
tinha notado antes, ao entrar, e que parecia se intensificar
agora.
Mesmo a vela da noite em sua mesa de cabeceira emitiu
um som estranho sibilante. E sem olhar, ele sabia que as
tapeçarias ricamente decoradas em suas paredes estavam
ondulando com movimento. Podia ouvir barulhos e os rumores
de uma pesada seda. Um fenômeno muito curioso, dado que o
vento não era tão forte e que ele tinha o cuidado de fechar as
persianas do quarto.
Igualmente inquietante, deixou queimar o fogo e o cheiro
frio de cinzas de turfa e de madeira que enchia o aposento
estava coberto por um cheiro fresco e delicado, diferente de
qualquer outro que tivesse encontrado, exceto as poucas vezes
que os negócios fantasmagóricos o haviam forçado.Era um
olordiferente no reino presente.
Era um perfume excepcionalmente limpo que ele agora
reconhecia. O cheiro da americana, tentando atormentá-lo. Luz
como um prado de sollavado com bastante lírio do vale para
fazer um homem suspirar na apreciação.
Bran fez uma careta e grunhiu.
Ele também fez o seu melhor para ignorar a fragrância
enfeitiçada. Infelizmente, quanto mais ele tentava, mais o
cheiro flutuava sob seu nariz. Ele considerou enterrar seu rosto
mais fundo em seu travesseiro. Como um fantasma, não
precisava se preocupar em se machucar.Mas ele queria fazer
algo para não respirar o perfume assombroso. Especialmente
porque ele tinha uma boa idéia do que estava fazendo para que
o perfume permanecesse.
Heartbreaker certamente sentiu sua resistência e estava
listando cada truque do outro mundo em seu arsenal de aço,
refletindo para lembrá-lo de seu destino.
Um destino que ele não tinha intenção de reivindicar,
então rolou para o lado e levou uma mão sobre o rosto antes
que pudesse gemer. Gemer, como arrepios, não era uma
característica que um homem das Highlanders reconheceu
alegremente.Era uma fraqueza a ser evitada a todo custo de
como eram as mulheres americanas dos dias modernos,
estivessem nuas ou não.Não importa como cheiravam
deliciosamente.Ou como eles provariam...
— Fogo do inferno e condenação! — Bran sentou-se e
olhou para o quarto sombrio, certo de que sua espada pegaria
fogo azul de novo a qualquer momento. Ou pior, que a sereia
americana sem nome reaparecesse, desta vez sem seu
misterioso véu de luz azul reluzente.
Da próxima vez, ele sabia que ela estaria nua sem
nenhuma bruxaria que a escondesse. E então ele seria
duramente pressionado para resistir a ela.Isso ele também
sabia.E a verdade disso o assustou até a medula.

O golpe súbito em sua porta irritou-o. Murmurando,


saltou da cama e atravessou a sala em três passos largos para
puxar a porta e ver quem se atreveria a invadir sua
privacidade. Ele tinha informado de dores de cabeça e dado
ordens expressas de que ninguém devia perturbá-lo.Claro, o
tolo sorridente que estava na porta não se considerava obrigado
por tais desejos.

Saor MacSwain pensava e agia por si mesmo.Como o


fantasma que ele tinhasido na vida.
— É melhor você ter uma boa razão para me incomodar.
— Bran deu a seu amigo um olhar azedo. — Eu estava
dormindo.
Saor ergueu uma sobrancelha e olhou por ele e para os
lençóis.
— Se você voltar para o salão, eu diria que depois poderá
descansar melhor no seu quarto.
Bran arqueou a mandíbula.
— Este é o meu quarto, se esqueceu?

— achhhh! — Saor riu. — Vim chamá-lo, pensando que


você se esqueceu de que Serafina está realizando sua dança
dos véus para nós, desta vez.
Bran piscou. Esquecera-se da promessa de Serafina de
uma dança.
Uma beleza sarracena escura que raramente visitava seu
salão, ela fora bem recebida quando chegou a Torre. Sua dança
de véu — e sua vontade de deleitar os amigos viris de Bran de
qualquer da maneira que eles desejassem — fizeram dela uma
das fantasmas mais populares e procuradas no
outromundo.Bran também a admirava.

A última vez que ela se apresentou em seu salão, terminou


sua dança em seu colo. Ele ainda podia sentir como ela tinha
deslizado suas longas pernas bem torneadas ao redor dele. As
rotações sinuosas de suas nádegas nuas em suas coxas e
depois o suave e sedoso calor de sua umidade enquanto se
abaixava sobre ele. Ele lembrou, também, como seus seios
grandes e escuros tinham saltado e balançado. Como, em
última instância, ela tinha se inclinado para esfregá-los contra
seu peito enquanto ela o montava.
Sem dúvida, ela era a mulher mais sedutora e qualificada
que ele já havia encontrado. Apenas a menção de seu nome era
suficiente para enviar uma onda de calor pulsando em sua
virilha.Geralmente.Hoje à noite, o pensamento dela nem sequer
trazia uma única contração.Seus sentidos masculinos e seu
membro viril, — e, de fato, todos eles — permaneceram tão
frios como o ar frio da noite que infiltrava através das ripas do
obturador.
Um discreto olhar para baixo provou isso. Como a cama
nua onde ele estava, não havia dúvida, de que ali voltaria.
Bran franziu o cenho.

— Dê a Serafina minhas felicitações e meus


arrependimentos. — Ele chegou a esfregar a parte de trás de
seu pescoço, esperando que Saor acreditasse nele. — A dor em
minha cabeça esta demasiado grande até mesmo para seu
maravilho serviço.
— Você realmente deseja permanecer aqui? Sozinho? — O
sorriso de Saor desapareceu. Ele lançou um rápido olhar pelo
corredor mal iluminado e de volta para a escada da entrada. —
Serafina não ficará satisfeita.
— Talvez — Bran sacudiu os dedos para produzir duas
moedas de ouro — Isso adoçará sua decepção.

— Sim, e o sol cairá do céu no dia seguinte. — Saor


parecia cético, mas ele pegou as moedas.
Ele também olhou para Bran um pouco mais, então deu
de ombros e girou sobre seu calcanhar para correr pela
passagem. Ele desapareceu a alguns passos da entrada
arqueada para a torre da escada, aparentemente preferindo
voar de volta para o salão em vez de tomar a escada estreita e
sinuosa.
Em qualquer outro momento, Bran teria jogado a cabeça
para trás e rido. Certamente, compreendia a ânsia de Saor de
voltar para o lado de Serafina.Mas sua própria falta de desejo
de estar lá o incomodava mais.
Na verdade, tomou todo o controle dele para não bater
com o punho no batente da porta. Algo que ele estava ainda
mais tentado a fazer quando se voltou para seu quarto e
percebeu o leve clarão de luz azul piscando de dentro da pedra
encantadora de Heartbreaker.
— Fogo do inferno e condenação, — ele rosnou, não pela
primeira vez naquela noite.

Se a espada o ouviu — ou se importou — não deu sinal


algum.Infelizmente, seu intestino lhe dizia muita coisa.
Decepcionada ou mesmo irritada, Serafina era a menor de
suas preocupações. Na verdade, seus problemas nem sequer
tinham começado. E quando o fizesse, seriam piores do que
qualquer coisa que enfrentou em longos setecentos anos.Muito
pior.Os deuses o ajudassem.
Capítulo 3
— Fantasmas?

A voz de Margo Menlove levantou-se. Seus olhos se


arregalaram e ela agarrou os braços de Mindy, apertando
fortemente.
— Uma porção inteira deles aqui, fantasmas de barbas e
loucos, e você não me contou!

— Eu estou dizendo a você agora. — Mindy se libertou do


aperto de sua irmã e foi ficar ao lado da mesa de refeitório
antiga na cozinha. Sua solidez a acalmava. Assim como os
utensílios de cozinha ultramodernos que alinhavam as grossas
paredes de pedra. Brilhantes obras de artes, refrigeradores e
coisas que não causavam qualquer colisãona noite.Melhor
ainda, o zumbido silencioso da máquina de lavar louça fazia
difícil imaginar o barulho de uma espada sendo
desembainhada de sua bainha.
O cheiro persistente de bacon e de café-da-manhã ajudou,
também.Mindy duvidou que os fantasmas tivessem muito
apetite.Mesmo assim, sentia-se grata por não haver retratos
ancestrais no enorme espaço arqueado.

Apenas a enorme lareira de arco duplo sugeria as origens


medievais da sala, mas ela tomou o cuidado de não olhar nessa
4
direção. A Equipeda Loucura — invisível e discreta como a Era
Victoriana — tomou grandes cuidados para manter o fogo da
cozinha em chamas, e suas chamas crepitantes e bem-feitas
eram apenas um pouco atmosféricas demais.Sob as
circunstâncias que era,Mindy estremeceu.
Ela também se recusou a pensar no brilho da misteriosa
luz azul que tinha visto antes — a silhueta de um grande
homem refletida perto do brilho quente do fogo. Tampouco se
debruçaria sobre a fraca onda de vozes e fumaças de
cachimbos que ela ouvira vindo de um dos cantos mais escuros
da cidade.

Acima de tudo, ela não iria mencionar o sonho de ontem à


noite. Margo não precisava saber tudo. E ela escolheu acreditar
que o acontecido foi incidente dos nervos.Ela esfregou os
braços, determinada a suprimir os calafrios passando por
ela.Não significa uma façanha se se considerasse tudo.
Mindy engoliu em seco, seu olhar deslizando rapidamente
para a parede ao lado da lareira da cozinha. Havia uma coleção
de utensílios de cozinha do século passado. Altamente
preservados e polidos, taças de cobre, potes e chaleiras,
panelas, além de geléias e moldes brilhantes, atraindo olhos
curiosos. Mas nada se mexia. Sem sombras dançantes e
certamente nenhuma silhueta de homem. Mas o brilho do fogo
lançava um estranho matiz avermelhado na cesta de ramos de
zimbro aromáticos que a equipe do castelo apreciava jogar nas
chamas para a sala cheirar.
Mesmo assim, Mindy sabia o que tinha visto.
O contorno do homem grande, sem substancia e fugaz
como tinha sido, tinha-lhe lembrado instantaneamente Bran de
Barra. O musculoso construtor do século XIV não a tinha
abordado exatamente como os outros fantasmas de MacNeil
tinham feito, mas ele a olhara de dentro de seu retrato.
O céu a ajudasse se ele realmente tivesse invadido seu
sono.Seu pulso acelerou apenas ao lembrar.
Ela também lembrou que sua espada no retrato era a mais
longa, era o mais perverso de todos os ancestrais ferozes de
Hunter. Podia ter sido a sua imaginação, mas tinha a certeza
de que o homem da silhueta tinha usado uma lâmina
excepcionalmente longa na altura do quadril.
Um arrepio acelerou sua espinha.
Houve realmente um tempo que ela romantizava com
homens de espadas? Dias insensatos quando ela secretamente
pensava em homens com espadas e orgasmos ambulantes?
Ela fechou os olhos e mordeu o lábio, sabendo que era
verdade.
Desejando que não fosse, ela arrastou os dedos pela borda
grossa e lisa da mesa. Uma estratagema para impedir que sua
irmã percebesse que sua mão tremia. Ela olhou para a janela
mais próxima, não surpresa ao ver a chuva começar a
descascar as antigas vidraças chumbadas. A janela de pedra
brilhou maldosamente com a umidade.
A névoa ondulou através dos pinheiros próximos, pairando
baixo, e fazendo as madeiras escuras ainda mais sombrias do
que o habitual, a manhã molhada mais desagradável do que
seria necessário. Mindy sufocou uma careta. Para todos os
efeitos, a Loucura, talvez, já estivessem em alguma ilha
escocesa abandonada por Deus.Apenas a Escócia, ela tinha
certeza, seria muito pior.
— Você deveria ter me telefonado — Margo estava próxima
a seu rosto novamente. — Eu teria vindo imediatamente.

Mindy começou.
— Eu não queria incomodá-la.
Margo arqueou as sobrancelhas.
Mindy tirou um copo da mesa.
— Eu sabia que você estava ocupada.’
Ela também sabia que se tivesse chamado Margo no meio
de sua turnê de quatros dias, Old Pagan Times, patrocinada
por Gettysburg Ghostwatch Tour, teria arriscado ter sua irmã
chegando à porta da Loucura com um caminhão inteiro de
cameraman felizes, e fanáticos paranormais.Teria sido como
viver dentro de um aquáriode peixinho dourado.Com a música
tema Twilight Zone canalizada para definir a cena.
— Você não queria que eu aparecesse com caçadores de
fantasmas a reboque. — Margo provou o quanto ela era
perspicaz. — É por isso que você não me ligou.
— E se fosse? — Mindy colocou o cabelo para trás. — Você
sabe o que eu penso sobre malucos-doidos-pirados.
Margo riu.
— Isso inclui-me?
— Você é minha irmã.
— Sim, sou. — Margo deu uma tapinha com uma unha de
manicura francesa perfeita. — A pessoa que sempre cheira a
gordura de vela e a lenha aqui dentro não importa — enrugou o
nariz, cheirando. — Mas quanto bacon você frita para o café da
manhã ou quantos galões de café Kona você prepara?
— Esta cozinha está presa no passado e sempre será. —
Ela olhou ao redor, seus olhos iluminando com excitação. —
Não importa quantos refrigeradores de aço inoxidável você
transportepara cá. Acontece queeste quarto é um portal,
sempre o soube.
Mindy jogou outra migalha de pão da mesa.Esta outra vez
foi invisível.
— Os fantasmas estavam na longa galeria, — ela
argumentou não pronta para ouvir nada estranho sobre a
cozinha.
— Você acha que eles não podem se mover? — O brilho
nos olhos de Margo se intensificou. — Posso sentir batalhões
inteiros de espíritos rastreando por aqui. Talvez sejam
empregados medievais, cozinheiros e garotinhas — ela olhou
em volta, esquentando o assunto — ou talvez apenas homens
do clã famintos entrando para invadir a despensa a meia-noite.
— Isso é ridículo. — Mindy revirou os olhos.
— Os escoceses medievais eram grandes e fortes homens.
— Margo dirigiu seu longo olhar para a tampa fechada do pote
de manteiga. — Tenho certeza que eles tinham apetite para
combinar.
— Se eles estão aqui e com fome, eles podem ter o que
quiserem desde que me deixem em paz. — Mindy cruzou os
braços, começando a se chatear.
Margo saltou para cima da mesa, balançando as pernas.
— O tempo para isso é passado. E você está
interrompendo sua paz agora. Eles não terão prazer em vê-la
trazendo trabalhadores e motores. Fantasmas nunca gostam
dessas coisas. O barulho e...
— Os fantasmas estão insistindo que eu faça isso! — A
cabeça de Mindy estava começando a doer. — Eles apareceram
para mim. Eles exigiram que eu tivesse a doideira de
desmontar e...
Várias latas de leite de cobre arranjadas com arte em um
cantofoi derrubada, quebrando um pote de manteiga
igualmente antigo. O barulho com o eco que se seguiu foi
ensurdecedor e trouxe um enorme sorriso para o rosto de
Margo.
— Veja? — Ela cruzou suas pernas alegremente. — Os
espíritos do castelo não querem que você os perturbe. O castelo
é seu santuário. Eles estão deixando você saber que eles
querem ficar aqui. Eles consideram o Condado de Bucks sua
casa agora.

Mindy rosnou.
— Os Gasparzinhos da longa galeria deixaram claro o que
eles pensam do condado de Bucks e — ela olhou para o arco da
porta, meio esperando vê-los encolhidos nas sombras,
escutando — onde eles não querem estar. Vou levá-los para
Barra, e depois vou para a Flórida.

— Flórida? — Margo parecia horrorizada.


Mindy concordou, mas manteve o sentimento para si
mesma.
Ela atravessou a cozinha para buscar um prato típico de
fazenda: Cheddar, salame fatiado e um pedaço de pão francês
crocante.
— Aqui — ela colocou a bandeja sobre a mesa, ao lado de
sua irmã — coma alguma coisa antes que a fome coloque
noções mais loucas em sua cabeça.
— Mas...
— Florida? — Margo mordeu uma fatia do salame em sua
boca. — Você queria ir para o Havaí. Se estabelecer em Maui
ou, pelo menos, em North Shore, em Oahu. — Ela engoliu o
salame e pegou outro pedaço. — Eu mesmo peguei você
procurando pela a Internet por casas em Haleiwa e Waialua
— Meu orçamento não vai permitir um aluguel em North
Shore, muito menos o tipo de casa que eu estava esperando
comprar. — Mindy começou a cortar um pedaço de Cheddar,
em seguida, colocou a faca sobre oqueijo.
Mas surpreendentemente ela não estava com fome.Ela
franziu o cenho.
— Florida é minha única opção. É ensolarado, quente e
acessível. Posso ficar com os amigos da companhia aérea em
Tampa até que eu tenha guardado o suficiente para alugar um
lugar meu. Se a Global me deixar começar a voar a qualquer
lugar recebendo perto do meu antigo salário, eu devo
agradecere tudo bem.Eu vou visitar o Havaí em minhas férias.
— Ela deu de ombros a perspectiva de fazer seu coração
afundar. — Não vai ser tão ruim. Contanto que eu esteja longe
da chuva e da névoa fria, eu estarei...

— Você vai ficar infeliz. — Margo pulou da mesa. — Tenho


uma idéia melhor. Fique aqui e deixe Old Pagan Times tirar
proveito de seus fantasmas. Olhe como muitas pessoas se
reúnem para nossos passeios em Gettysburg. Os passeios são
reservados com mesesde antecedência, às vezes um ano
inteiro. Um quadro de fantasmas de Highlanders irados em um
castelo escocês real vai fazer de você uma hoteleira. E — ela
acenou um pedaço de pão no ar — você será capaz de manter
cada centavo da fortuna que o Caçador deixou.
Mindy esperou até que sua irmã ficou sem ar.
— Este pode ser um verdadeiro castelo escocês, mas está
no lugar errado. E os fantasmas irados vão ser fantasmas
voláteis e lívidos se eu não fizer o que eles querem.

— Mas...
— Não há nenhum mas.
— Você está cometendo um grande erro. — Margo ajustou
o lenço de seda emrolado elegantemente ao redor de seu
pescoço. — Nós também podemos chamar algumas das equipes
de TV fantasma-arrebentando. Hollywood pode até engajar o
lugar para as configurações de um filme. Ou você poderia
alugar as salas de armas para escritores reclusos. As
possibilidades são...
— Um ponto discutível. — Mindy permaneceu firme. — E o
único erro que cometi foi ajudar Hunter com o cinto de
segurança.

— Então vá embora. — Margo provou que ela era


implacável. — Deixe o castelo cair em ruína romântica e pegue
o dinheiro que ele deixou para você.
Mindy foi fazer mais café. Ela precisava de cafeína. Ela
não estava segurade dizer a Margo que tinha tentado sair. Sua
irmã se emocionaria ao ouvir sobre como os fantasmas que
haviam ladeado o caminho como árvores alinhadas em colina
de algum castelo. Como eles haviambrandido suas espadas
contra ela e, pior de tudo, como os três líderes da gangue
Loucura, Roderick, Geordie e Silvanus, tinham esperado por
ela no fim da alameda. Os faróis de seu carro os haviam
acolhido em pé diante do portão de ferro forjado deportas
duplas.Armaram-se com lanças compridas.Lanças mortais, de
aparência perversa, com pontas de quatro centímetros de
comprimento, de aço, que pareciam sair direto do filme de
5
Braveheart .O pior de tudo, quando ela pensou em passar
através deles, o sensor remoto do portão se recusou a
trabalhar. Ela tinha sido efetivamente trancada dentro da
propriedade, para a diversão dos três fantasmas.O que se
chamava Silvanus tinha jogado a cabeça para trás e riu.Então
desapareceu no ar.Só para reaparecer no banco de trás de seu
carro!
Ela tinha visto ele sorrindo para ela no espelho retrovisor,
a lembrança coagulando seu sangue até agora.Seu rádio de
carro tinha tocadouma música de gaita de fole de modo que a
movimentação pudessecobrirtodo castelo.O rádio não estava
ligado.
E — Mindy sabia — sua irmã não iria ouvir a razão. Mas
ela compreendia os fatos frios e duros. Margo poderia vestir-se
como um modelo das páginas de English Country Living, mas
Old Pagan Times pagavasomente o seu amendoim. A aparência
chicde Margo era puramente bom gosto e um saudável traço de
caça de barganha, combinado com o parcimônia de segunda
mão.
Então, enquanto Mindy esperava o café ferver, pegou uma
braçada de papéis e rabiscou notas e as levou de volta a
cozinha. Ela jogou-os sobre a mesa, depois deu um passo atrás
e enxugou as mãos.

— Eis por que eu não posso ira qualquer lugar. — Ela


pegou um bloco amarelo e o entregou a sua irmã. — Eu lhe
disse como os fantasmas ameaçaram me seguir em qualquer
lugar que eu vá. Essas figuras — ela apertou a folha superior
do bloco de notas, indicando linhas de números e seu próprio
roteiro em destaque — mostra exatamente quanto custará ter a
Torre Folly desmontada, transportada através do Atlântico e
então remontada na Hebridean ilha de Barra.
Mindy cruzou os braços, esperando enquanto Margo
escaneava as anotações.
Não demorou muito para que a cor fugisse do rosto de
Margo.

— Esta é uma soma astronômica.


— Uh-huh. — Mindy assentiu. — Uma vez que todos os
custos são computados, não permanecerá muito. Agora você vê
— ela foi servir seu café — por que eu tenho que voltar a voar e
por que vou me mudar para a Flórida e não para o Havaí.
— Mas isso é tão injusto! — Margo acenou de lado o café
que Mindy lhe ofereceu.
— Tudo acontece por um motivo. — Mindy tomou um gole
de sua própria mistura de Kona. — Talvez não seja meu karma
ser rica e independente e, viver a boa vida no Havaí. Não é isso
que você sempre diz? — Ela colocou a xícara e convocou o que
ela esperava que fosse um sorriso tranqüilo. — Que todos os
nossos altos e baixos fazem parte do grande ciclo cármicos?
— Sim, mas...
Mindy apertou um dedo nos lábios de sua irmã.
— Não há nada de mas...lembra?

Margo afastou a mão dela.


— Bem, é só isso...
— Não, é só isso. — Mindy suspirou interiormente. Ela
sabia que era melhor deixar que a irmã entrasse em uma
tangente. — Eu adoro voar, de qualquer maneira. Não é como
se...
— Estas citações não podem estar certas. — Margo franziu
o cenho para o bloco de notas. — Você poderia enviar o castelo
para a lua e de volta com este montante de dinheiro.
Mindy sacudiu a cabeça.
— Eu verifiquei em todos os lugares imagináveis. Esses
números são os mais competitivos e vieram dos especialistas.
Um dos capitães globais que conheço tem um irmão que
trabalha no Comitê de Aquisições do Metropolitan Museum, em
Nova York. Ninguém sabe mais sobre essas coisas que ele.
— Eles compram tudo, desde moradias da Toscana a
palácios franceses inteiros e trazem tudo para Nova York, pedra
por pedra. Aparentemente... — fez uma pausa para olhar por
cima do ombro, quase certa de que havia sentido alguém atrás
dela, escutando — até têm armazéns secretos em toda a cidade
para guardarem esses tesouros até decidirem o que fazer com
eles.
Mindy enfiou uma mecha de cabelo atrás da orelha,
lembrando-se de suas conversas telefônicas com os
funcionários do museu.

— O conselho de administração do Metropolitan


recomendou gentilmente várias empresas de remoção mais
adequadas para... — ela olhou para a irmã e forçou um sorriso
— uma tarefa tão monumental como a que estou prestes de
realizar.
Margo se iluminou.

— Talvez o Metropolitano queira a Loucura? Deixe-os lidar


com...
— O castelo não está à venda. — Mindy drenou seu café.
— Será desmanchado, cada pedra e cada pau de mobiliário e o
que tiver que ser embalado em palha, papel sem ácido e
plástico bolha, em seguida, enviados para casa em pelo menos
dez mil caixas.
— Eu ainda digo que você está cometendo um erro. —
Margo olhou para o lugar onde Mindy tinha certeza de que
alguém invisível estava de pé. — Até a senhora Zelda disse que
era seu destino viver neste castelo. Ela não disse nada sobre
você se livrar dele. Ela...

— Isso foi nos primeiros dias em que eu tinha acabado de


conhecer Hunter. — Mindy não podia acreditar que Margo
traria consigo a adivinhadora residente de Old Pagan Times. —
Além disso, nós duas sabemos que ela só diz às pessoas o que
eles querem ouvir. E — ela não pôde resistir levantando um
dedo — seu nome não é Madame Zelda da Bulgária. Ela é
Marta López e é porto-riquenha.
— Ela é precisamente assim. — Margo serviu-sede outra
fatia de salame e então colocou sua bolsa de couro sobre seu
ombro. — Você se mudou para cá pouco depois de ler seu tarô
— ela foi para o arco da porta, parando apenas fora das
sombras. — E ela estava certa sobre Hunter. Ela disse que seu
único e verdadeiro amor seria um grande e musculoso escocês
que preferia kilts e era notório com senhoras.
Mindy tentou não rosnar.
Ela começou a lembrarque Margo dissera, que a
cartomante também falara que o escocês carregava uma
espada, mas ela se apegou ao tempo atual e apenas a olhou
com ironia.Notoriedade era bom.

Ela fez isso até que sua irmã acenou um adeus


despregado e desapareceu na escuridão do corredor estreito.
Mas, no instante em que a batida dos saltos de Margo nas lajes
de pedra se afastou e ela ouviu a porta do castelo fechar-se
com um rangido abafado, o sorriso escorregou de seu rosto.
Maldita seja a irmã dela por lembrá-la das previsões de
Marta Lopez / Madame Zelda.
E cobrou a si mesma por lembrar da espada.Hunter não
teria tocado em umanem com um dedo.Ele alegou que seus
pais lhe deram o armamento e ele mesmo considerou vender a
coleção de artilharia medieval de Folly inteiro. Algo que
certamente teria feito se o testamento de seus pais não
proibisse a venda de artefatos que eles consideravam parte de
sua herança familiar.
Mindy estremeceu, as palavras da adivinha ecoando em
sua mente.Elas estavam voltando mais claras no momento,
lembrando-lhe coisas que ela preferia esquecer. Como os olhos
de Madame Zelda se alargaram quando ela professou ver a
espada do escocês, alegando que nunca tinha visto
umaassim.Depois, ela se tornou tímida. Ela sorriu
secretamente e abaixou a voz, olhando para Mindy por baixo de
seus cílios como ela tinha declarado que outra parte deste
escocês seria extralonga, também.
As palavras lembradas atingiram Mindy como um punho
no estômago.Hunter fora um dos homens menos dotados que
já tinha visto.Ele era alto e arrojado. Seu sorriso era sedutor o
suficiente para encantar mulheres. Ele sabia
qualerasuashabilidadesem torno de umacama e era tão hábil
com seus dedos e língua que ele deveria ter levado um
certificado. Mas grande e musculoso não era uma descrição
para ele.

****

No entanto, o homem coberto de pelos, de kilt xadrez, de


cabelos vibrantes, de perfil para ela perto do fogo da cozinha,
comendo o que parecia ser uma costela de carne de carneiro,
era definitivamente grande e musculoso.
Na verdade, ele definiaessas palavras.
Pelo menos desta vez ele não estava nu, exceto por um
travesseiro medieval.Mesmo assim, Mindy sentiu seu mundo
começar a girar.
Ela piscou e fechou os olhos, mas ele não foi embora.
Longe disto, ele simplesmente mastigou sua costela de carne,
encarando o fogo o tempo todo. Mindy apertou uma mão contra
seu peito, incapaz de desviar o olhar dele.
Enorme, poderosamente constituído e musculoso, tinha a
aparência um tanto amassada de um homem que acabara de
sair da cama. Ou, se ela estivesse certa, saísse de algum catre
áspero da era medieval. Sem dúvida, a lã grossa e antiga de tal
cama grosseira, ou mesmo os pedaços espinhosos de palha no
chão, não o incomodariam.
Ele parecia tão difícil.Ele também era um fantasma.
Embora não houvesse nada de transparente, frágil e
irrisório sobre ele. Ele tinha um ar de força bruta,
positivamente de poder, e se Mindy não estava enganada, seu
nariz era apenas um pouco torto. Ele parecia real, sólido e —
até agora — totalmente desconhecido de sua presença.
Toda sua atenção parecia concentrada em devorar sua
costela de carne. Uma atividade que refutou sua suposição de
que os fantasmas não tinham apetite. Esse fantasma
claramente tinha. E ele também não era qualquer fantasma.
Ela não precisava ver a espada de aparência perversa,
excessivamente longa em seu quadril para especular sobre sua
identidade.Ela sabia exatamente quem ele era. Ele era Bran de
Barra.
— Oh, Deus, é você! — Mindy apoiou-se contra a mesa do
refeitório, choque e reconhecimento batendo nela como o soco
de um punho de ferro.
O fantasma se virou para encará-la, sua costela de
carneiro voando de seus dedos. Uma tocha — uma tocha! —
flutuava na parede enegrecida de fumaça atrás dele e uma
chuva de faíscas azuis iridescentes explodiam da pedra do
punho de cristal de sua espada. O brilho e a chama da tocha
iluminaram uma cozinha que não era a que Mindy conhecia.

Bran de Barra a conhecia bem.


A possessão — e a fúria — estavam em cima dele
enquanto colocava as mãos em seus quadris e olhava
boquiaberto para ela. — PorDeus! — Ele rugiu, o corpo deste
guerreiro era um aglomerando de músculos. Seu olhar fixo
percorreu o seu comprimento lentamente, depois voltou para
seu rosto, seus próprios olhos arregalados e incrédulos.
— Você despedaçou meu último nervo, menina! Pode um
homem comer em paz? — Ele lançou um olhar para a costela
de carne semi mordida.
Mindy olhou para ele também, sentindo-se doente.
Seu coração podia estar disparando, mas não havia nada
de errado em seus olhos. Elaobservou que a costela estava
descansando nodesagradávelemaranhadode juncos e não na
cozinha tão-impecável-que-você-poderia-comer-no-chão-polido-
do-piso de pedra.
Ela engoliu em seco.

Bran da Barra deu um passo à frente.


— Eu não sei como você encontrou o caminho até aqui,
mas é melhor você partir antes que alguém a veja. — Ele se
aproximou e lançou um braço, mostrando o arco da porta.
Era um arco que Mindy reconhecia, mas que parecia tão
diferente na escuridão da sombra profunda e da luz das tochas
medievais.
Bran da Barra parecia ainda mais medieval.
Pelo menos doisde guerreiroe quatro de testosterona de
puro Highlander, era simplesmente esmagador. Os olhos azuis
brilhantes de seu retrato e o sorriso pateta não lhe fizeram
justiça.

A imagem dos seus sonhos chegou perto, mas agora... Em


um estado irritado, ele era um plano extra magnífico.
Mindy olhou para ele, a boca seca e os joelhos tremendo.
As palavras e tudo o mais que ele disse em sua rica, e
calma suavidade — pendurou no ar entre eles. Sua voz era
profunda e real, quase tátil. Era um toque sensual que
deslizava ao seu redor. O sotaque escocês deliciosamente sexy
zombou e provocou, fazendo seu pulso pular e acender faíscas
de consciência feminina, mesmo quando cada polegada viva
dela tremeu ecomo tremia os nervos.
Ela prometeu nunca mais ser envolvida por qualquer
outra coisa escocesa.
Ela notou sua barba e fez seu rosto em chama e sua
cabeça girar. Admitindo que ele era forte e podia jogá-la por
cima do seu ombro, levá-la até as escadas da torre, e
arrebentarcom qualquer resistência que ela tivesse, alémde que
era muito atraente,e isso era ainda mais irritante.

Ela tinha sido usada uma vez.Ela não seria enganada de


novo. Mais especialmente, ela não seria enganada por um
escocês de setecentos anos de idade. Mesmo que ele tivesse
uma barba de derreta-a-sua-calcinha, ela estava imune e ficaria
assim.
Como se soubesse, seus olhos se estreitaram e — sombras
6
de Twilight Zone — a pedra de sua espada de cristal começou
a brilhar com um azul pulsante.
— Maldição! — Ele apertou uma mão sobre a pedra
preciosa, seu cenho virando feroz. — Foi você equem é você?
Há outras que faria mais do que apenas brilhar,mas o brilho
caiu sobre você!

Era a coisa errada a dizer.


Mindy se endireitou, o calor escaldando suas
bochechas.Nenhum escocês, vivo, fantasmagórico, ou de outra
forma, jamais iria fazer issocom ela novamente.
— Eu sou Mindy Menlove — levantou o queixo para atirar
os punhais do olhar nele — e eu já conheci os outros, então
você não pode me assustar mais que eles.
— Que outros? — Ele lançou um olhar para o arco da
porta, as sobrancelhas se juntando enquanto ele
esquadrinhava as sombras. — Saor era um deles?Diga quem?
Mindy piscou. Ela começou a contar a ele sobre a longa
galeria de fantasmas, mas antes que ela pudesse fechar a boca,
ele estava bem na frente dela. Seu corpo grande tapou tudo,
exceto seu largo peito de tartan drapeado e ombros quase
indecentemente musculosos.O olhar quente que ele lhe deu foi
indecente.Tanto assim que sua respiração falhou e seus joelhos
quase dobraram.
Ela mordeu o lábio e tentou fugir, mas ele pegou seu pulso
e puxou-a contra ele. Tão perto, ela podia sentir o tecido áspero
de seu tartan xadrez, a dureza de mármore e rocha de seu peito
esmagando-a, e — ela mal acreditou, considerando que ele não
era real — o suave toque de sua respiração em sua bochecha.
Ela também podia cheirá-lo. O cheiro de ar frio e fresco
inundou seus sentidos. Era um cheiro embriagador, de ar livre
atado com apenas uma pitada de lã, fumo e lenha, e puro
homem.
Intoxicante, e diferente de qualquer coisa contido em um
vidro de perfume.De fato, ela tinha certeza de que os homens
pagariam qualquer preço se tal perfume estivesse no
mercado.Pena que o perfume pertencia a um homem que não
era real e vivo.

Como se sentisse seu pensamento, ele passou o polegar


pela pele sensível de seu pulso interno, seu toque tão real e
quente como um dia de sol. Ele também enviou uma
arremetida de arrepioscorrendo por seu braço.O coração de
Mindy galopeou.
Ele sorriu.
— Você é um fantasma! — Ela tentou se libertar e não
conseguiu.Seu aperto era como ferro.
Seu olhar voltou a se aquecer e ele recuou o suficiente
para esquadrinhar com um tipo de olhar, que a teria feito ficar
macia e quente sob outras circunstâncias. Isso fazia ela se
sentir como se deveria se cobrir. Por um momento louco, ela
temeu que pudesse até estar nua. Afinal, se ela estava aqui
conversando com um fantasma, quem sabia o que mais era
possível? Mas então seus olhos cintilaram com alguma emoção
indefinível e ele a soltou. Ele retrocedeu apenas o tempo
suficiente para segurar suas mãos de cada lado dela,
efetivamente prendendo-a em seus braços.

— Sim, eu sou um fantasma. — Ele parecia orgulhoso. —


Já discutimos isso. E não é sobre mim que estamos falando.
Saor, e outros aqui, saqueariam sua doçura em um toque. São
almas bem-consoladoras e insaciáveis que não perderiam
tempo mostrando que lábios tão exuberantes como os seus são
destinados a beijar ou que...
— Beijar foi a última coisa que os outros fantasmas
quiseram. — Mindy engoliu em seco. Ele trouxe seu rosto tão
perto do dela que poderia facilmente beijá-la agora, se quisesse
fazê-lo.
Ela temia que ele quisesse.Ele certamente quis fazer isso
em seu sonho.Por enquanto...
Ela podia ver a batida rápida de seu pulso em sua
garganta. Ela também sentiu um ligeiro movimento dos
músculos em sua mandíbula ou seus cabelos brilhantes e de
cobre claramente visíveis onde seu tartan xadrez
mergulhavaabaixo em seu poderoso peito. Os cabelos
brilhavam como ouro à luz das tochas.
Engolindo, ela afastou o olhar dele, forçando sua mente ir
para os fantasmas de galeria com as pernas abertas, com as
testas franzida, com seus olhos carrancudos e gritando
ameaças.
— Os outros fantasmas gritaram comigo. — Ela deixou
escapar as palavras, nervosa, fazendo sua voz se levantar.
Aqueles pelos no peito dele era sua ruína. Ela respirou fundo,
desejando apenas pensar nos velhos fantasmas rabugentos.

— Eles correram para me cercar, sacudindo suas espadas


egahhhhhhhh!
Ela saltou assustada, seus olhos se arregalaram quando
uma enorme fera cinzenta passou por eles para saltar sobre a
costela descartada de carne. Claramente um cão — embora
muito maior e mais peludo do que qualquer canino que ela já
tinha visto — o animal se agachou perto do fogo da lareira para
devorar seu osso.
Ele manteve seu olhar sobre eles e, ao fazê-lo, Mindy teria
jurado que estava sorrindo.Certamente estava em êxtase
induzido por carne de carneiro.
— Ele é Gibbie. — O súbito calor na voz de Bran de Barra
a assustou. Na verdade, ela teria derretido se ele não a tivesse
segurando; bem, ele era Bran de Barra.
Mindy franziu o cenho.
Ele era um escocês MacNeil. E pior de tudo, ele era um
fantasma. Como era seu cachorro, sem dúvida. Seu
relacionamento não devia importar um figo para ela. Mas a
maneira como eles estavam olhando um para o outro apertou
seu coração.
— Ele é seu? — Ela falou o óbvio. A cauda entusiástica do
cão chiava e a devoção em seus olhos provou seu vínculo.
— Gibbie foi meu por mais de setecentos anos. — Bran
manteve seu olhar fixo no cão quando ele falou, sua expressão
suavizada. — Ele era meu quando em vida e então — ele
pausou para balançar a cabeça, como se isso fosse uma
maravilha — quando eu não vivia mais, ele estava lá para me
cumprimentar, a cauda sacudindo e feliz como você o vê agora.
Nós estamos juntos desde então.

— Assim cães fazem... — Mindy não conseguiu terminar.


Ela pestanejou em vez disso, e depois engoliu contra o
calor crescente em sua garganta. Ela amava cães e sempre quis
um. Mas voar não era compatível com ter um amigo de quatro
patas. E Hunter não permitia cães em Folly, alegando que ele
era alérgico a pelos.

Bran da Barra parecia se não se importarem ficar com


cheiro de cão molhado e rir em voz alta ao ver trilhas de lama
em um chão apenas varrido e polido. Mesmo que o chão sujo
que estavam vendo atualmente aparelhava-sea mais sujeira de
cocô do que mera lama.Ao olhar fixamente nesse assoalho
agora, e no animal peludo e feliz queroía seu osso, era bastante
para trazer o mundo de Mindy virabaixo em torno dela.
Ela poderia ter sido forçada a aceitar fantasmas, e detanto
ver através deles e este mais recente, cheio de músculos e ser
capaz de agarrar-seu-pulso-em-um-aperto-de-ferro-bloqueando-
sua-mãoera uma variedade, mas o tempo deslizava ou o que
quer que o tenha alterado A aparição da cozinha estava fora de
seu sistema de crenças.

Era tempo de viajar, lugar para escolher, e este não


pertenciama romances. Como não traziam fantasmasescoceses
sexy e — era preciso dizer — as suas coxas maravilhosamente
musculosas.
Mindy fechou os olhos, com certeza estava perdendo o
juízo.
Mas quando olhou de novo, nada mudou. Bran de Barra
ainda estava apertando-a em seus braços, prendendo-a contra
uma mesa de cozinha que, embora pelo tamanho e robustez
semelhantes, era muito menos usada do que a mesa de
refeitórios, antiga e cheia no castelo daLoucura.
E Gibbie, o cão fantasma, ainda estava roendo
alegremente sua costela de carne.
Mindy respirou fundo e soltou o ar lentamente.
— Então, cães... — Ela tentou de novo, só para ter as
palavras em confusão em sua garganta.
— Sim, eles fazem... Esperam por nós — Bran de Barra
confirmou, olhando para longe de seu cão como a perfurá-la
com outro olhar azul aquecido. — Você pode tirar uma lição de
Gibbie. Algo que você vai ouvir se você for sábia.
— Se eu for sábia? — Mindy se eriçou.
Sua inversão rápida e de volta à ameaça imponente baniu
qualquer sensação crescente de simpatia que ela poderia ter
sentido sobre a chegada do seu cão. Especialmente com ele
claramente definindo usar a besta para assustá-la.
— Eu acho que você está enganado, — disse ela,
assumindo uma postura desafiadora.
Ela jogou para trás seu cabelo, tentando fingir que não era
um escocês fantasmagórico, mas o texano que uma vez se
plantou em um braço na primeira classe e se recusou a mover-
se de um voo lotado.A lembrança do segurança que o levava do
avião lhe dava coragem.
— Alguns podem dizer que eu seria mais sábia — ela
levantou o queixo, usando seu tom mais legal — se parasse de
falar com um fantasma.
— Sim, você seria. — Para sua surpresa, ele sorriu.
Recuando, finalmente, ele sacudiu os dedos para produzir
outra costela de carne bem assada e suculenta.
— Oh, Gibbie! — Ele chamou, estendendo o petisco. —
Mostre à moça quão voraz você é.

Gibbie saltou para cima e voou em direção a eles, o osso


roído esquecido. Ele deslizou para patinar uma parada aos pés
de Bran, todo seu corpo tremendo de excitação.
Em um piscar de olhos, ele se sentou nas pernas e ergueu
a pata, arrebatando o petiscono ar.
Bran de Barra deu-lhe a nova costela de carne, que,
juntamente com Gibbie, desapareceu em um instante enquanto
o cão beliscava o osso, riscava os juncos, e então — a
mandíbula de Mindy escorregou — correu
atravessandoaspedras maciças da parede da cozinha.
A conduta fria de Mindy desapareceu como um sopro de
fumaça.Mesmo assim, ela se manteve firme.
— Se você fez isso para provar que ele é um cão fantasma,
você não precisava se incomodar. — Ela esperava que sua voz
não soasse tão trêmula como ela se sentia. — Já acreditei em
você.
— Ah... — Bran de Barra enganchou seus polegares em
seu cinto da espada e balançou de volta em seus calcanhares.
— Mas agora você viu como os machos MacNeil gananciosos
são. Como pode serem vorazes quando um doce tentador está
pendurado diante de nós.
Mindy tinha certeza de que não queria saber.
Ele sorriu e encolheu os ombros. Mas então ele enviou um
olhar aguçado para o arco da porta.
Mindy seguiu seu olhar e compreendeu imediatamente.
Ele não quis dizer o que podia ver no arco — as sombras de
tinta e uma única tocha de parede fumegante, — mas os ruídos
saindo de além da entrada da cozinha.
Um baixo murmúrio de vozes e outros tumultos variados,
sons que ela não tinha notado, levantaram-se de uma distância
próxima. Mas ela ouvia agora, suas orelhas captando rajadas
de riso masculino e feminino, o click inconfundível de jarras e o
raspão de pernas de banco de madeira sobre a pedra. Era o
tipo de desordem que se associava com a alegria medieval.
E por baixo de tudo — a percepção atingiu o terror no
coração de Mindy — surgiu o rugido incessante do mar, o som
de ondas quebrando sobre pedras e retrocedendo.

O sangue de Mindy esfriou.


Ninguém amou o oceano mais do que ela, mas não havia
nenhum martelar de surf em qualquer lugar perto de Bucks
County, Pensilvânia. E as ondas que ouviam pareciam as que
ela conhecia. O ruído era real e até mesmo reconhecível, mas
mais distante do que se ela tivesse pressionado sua orelha em
concha.
Era como se ela estivesse escutando um espaço que não
podia ser medido em milhas.Mindy engoliu em seco, ela estava
ouvindo através do tempo.
Uma negação se elevou em sua garganta, mas antes que
ela pudesse formar as palavras, um barulho alto de jarras
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colocadas a mesa eo som de violinos encheu o ar frio e
esfumaçado. Em algum lugar os cachorros latiam e — ela tinha
certeza — uma mulher gritou, então riu. Os sons da dança
vigorosa seguiram-se, batimentosde pés e muitos gritos
masculinos.
Mindy começou a tremer.
— Aqui não é lugar para americanas. — Bran de Barra
falou as palavras perto de sua orelhaapele macia de seus lábios
contra seu cabelo quase em um beijo.
— Fora, Mindy Menlove, antes que um dos meus homens
decida provar você.

— Você não entende. — Ela se virou para discutir,


espantada com as pernas tremulas e ele ainda segurando-a. —
Eu não quero nada mais do que...
As palavras morreram em sua garganta.
Bran de Barra tinha desaparecido.

Assim como o chão e as manchas de fuligem que


enegreceram as paredes da cozinha. Desapareceram também
as tochas. E o único som além do som da chuva era o zumbido
constante da máquina de lavar louça.
Isso e as batidas de seu coração.
Uma suave pisada atrás dela e — ela reconheceu — o mais
leve farfalhar de lã.
— Lembre-se de Gibbie e seu osso, moça. — As palavras
passaram por ela. — Você foi avisada.
E ela tinha sido.Mas não importava.
Ela já estava em seus ouvidos em loucura paranormal e
algo disse a seus cães fantasmas, sons de alegria, e ondas que
não estavam lá eram apenas o começo.
Quanto a Bran de Barra...
Ele não a enganou nem por um instante. Não eram amigos
espirituosos e não era com seu clã que ela precisava se
preocupar.
Era com ele.
Capítulo 4

Bran de Barra se colocou diante do fogão de sua cozinha e


se perguntou como uma americana chamada Mindy Menlove
tinha encontrado o caminho nas chamas eternas até o local de
seu sustento. Não conseguia tirar a sensação condenável de
que sua presença em sua cozinha ultrapassava a magia da
espada, que a fizera brilhar dentro da luz azul de Heartbreaker
em seu pátio e então — ele estremeceu — dentro de suas
próprias paredes da Torre.
Passou uma mão pelos cabelos e lançou um olhar de
soslaio para Gibbie, meio esperando que seu amigo de longa
data fornecesse uma resposta ao enigma. Mas o cão fantasma
simplesmente abanou a cauda, esperando claramente outra
costela de carne. Sabendo que Gibbie manteria seu olhar
canino fixo, sem piscar nele até que ele produzisse outra, Bran
fez exatamente isso. Ele sacudiu os dedos para conjurar um
osso suculento, que ele jogou para Gibbie antes de soltar um
longo e derrotado suspiro.
Se apenas seus cuidados pudessem ser tão facilmente
remediados.Mas um grande mistério estava a caminho e ele
não tinha respostas.
Nunca antes uma mulher moderna tinha entrado em seu
mundo. Ele usara toda suas habilidades e ofício
fantasmagórico para manter a Torre de MacNeil como tinham
sido em seus dias de mortal. E assim como ele sabia que a
ponta de uma espada em seu punho matava ou um pedaço de
urze de um espinheiro feria, ele tinha certeza que
haviaprotegido o seu tempo. Que ele não tinha ido a lugar
algum. Mas a moça apareceu em sua cozinha. Aqui na Torre de
MacNeil e em sua própria amada Ilha de Barra. E, desta vez,
ela tinha feito isso sem ser envolta em uma misteriosa luz azul.
De alguma forma, ela havia quebrado o delicado véu que
escondia seu reino dos vivos.

Foi uma ação que encheude terror seu coração. Ele


acariciou sua barba e sentiu seu pulso acelerar, seu intestino
apertar e torcer. Como o seu fresco e delicado aroma de lírio do
vale permanecesse no ar somente para provocá-lo,o que só
piorava a situação. Mas ele estava mais especialmente
alarmado porque estava certo de que ela não era apenas
qualquer mulher americana.Ela era a moça que ele vira mais
de duas vezes.
Bran engoliu em seco, não de todo satisfeito que sua vida,
por falta de uma palavra melhor,estava ido tão
desastrosamente errado. No entanto, não poderia haver dúvida
de que Mindy Menlove era a mulher da visão que lhe foi
mostrada pela mágica profana de Heartbreaker.
E a não ser que tivesse perdido a orelha por acentos, ela
saíra daquele lugar onde era tão mal para os Highlanders
medievais.
Como um Highlander Hebridean — um bravo e respeitado
laird das Ilhas — ele certamente seria ainda mais irresistível
para uma fêmea assim. Não havia uma mulher nascida que
não se derretesse na presença de um homem da ilha. Ele não
podia imaginar que Mindy Menlove provasse ser imune.Mais
especialmente com um nome como Menlove, por todos os
santos!
Bran sentiu um arrepio até os dedos dos pés.
O pavor o agarrou e foi tudo o que pôde fazer para não se
curvar, apoiando as mãos nos joelhos, e aspirando profundas
lufadas de ar para parar airritação em suas entranhas.Não que
alguém pudesse culpá-lo por um comportamento tão
desastroso.Ele tinha amplo motivo de preocupação. Afinal de
contas, cada um de seus amigos fantasmagóricos que tinham
tido suas cabeças viradas por uma mulher moderna tinha
caído em seu laço, sob o feitiço de uma moça.

Não houve exceções.


Mesmo agora, depois que ele conseguiu afastar-se dela, a
pedra da alavanca de Heartbreaker ainda brilhava com uma
suave luz azul. E — ele não queria admitir — o cristal parecia
estar sorrindo para ele, quase parecendo satisfeito.
Seu brilho azul dançava sobre as espessas paredes
escuras eesfumaçadas da cozinha e chegava até os cantos e
outros lugares escuros da sala, tingindo as sombras e lançando
a tudo numa luz mágica e reluzente.
Quase como se as fadas e não uma mera mulher
americana tivesse reclamado a sua casa.
Bran estremeceu.
A luminosidade da pedra era uma terrível confirmação do
significado da mulher.Não que ele negasse seu apelo. Como um
escocês ainda possuía o mesmo sangue vermelho aquecido que
o tornara tão vivo na vida, teria que ser cego para não notar
seus encantos. Mas ele permitiu-se a satisfação de deixar suas
sobrancelhas juntarem-se em uma carranca escura.

Ele ainda podia ver a moça diante dele. O olhar penetrante


de sua mente capturou a inclinação atrevida de seu queixo e
seus olhos azuis piscando. Ele lembrou como ela tinha jogado
para trás seus brilhantes cabelos loiros e então separou seus
lábios tão provocativamente quando ele a olhou. Quase como
se esperasse que ele a tomasse nos braços e a beijasse.
Bran rosnou.A verdade era que ele quase a beijara.Ele
tinha sido tentado a fazer mais.
— Bolas de Odin! — Ele rosnou sua maldição favorita para
o quarto vazio.
Ele podia sentir seus lábios docemente curvados próximo
dele, sabia exatamente como sua língua deslizaria contra a dele
em um emaranhado sinuoso, sedoso. Ele sabia também como
ela se pressionaria contra ele, deixando seus seios exuberantes
se esfregarem contra ele, enquanto ela deslizaria os braços ao
redor de seu pescoço e enfiaria seus dedos em seus cabelos.
A boca de Bran ficou seca e suas mãos coçaram para tocá-
la novamente. Ele a tinha tocado! E tinha sido um grande erro,
porque podia recordar o suave calor de sua pele, a suave batida
de seu pulso. Ele imaginou segurando seu pulso agora, talvez
substituindo seu dedos por circundantes beijos.
Beijos e caricias que levaria a... Franzindo o cenho com
ferocidade, interrompeu o pensamento antes de se transformar
em loucura. Sem dúvida, havia algo na água em Pen-seal que
transformava as mulheres em sereias. Elas viviam, em
turbulenta sedução que nenhum homem, vivo ou de outra
forma, poderia resistir.
Agora ele também corria o risco de ser enganado por uma.
O problema era que, ao contrário de seus amigos, que
gostavam de fazer com que essas fêmeas jorrassem por toda
parte, ele gostava de ser um fantasma.Ele não queria que
nehuma mulher sedutora americana o levasse de seus dias
atuais. Ele — Bran de Barra, laird Hebrideano de grandes
elogios — era um fantasma por escolha e com orgulho.
No entanto, enfraqueceu os joelhos ao pensar que não
poderia visitar assua cozinha durante as primeiras horas sem
ter uma fêmea americana se materializando diante do seu
nariz. Dizendo banalidadese o assustando, arruinando a paz de
sua noite e roubando seu apetite.
Bem, ela não tinha tomado seu apetite.Ele tinha um
voraz.E ele ainda estava com fome, louvado seja Thor e seus
trovões!
Começando a sentir-se melhor, ele ergueu a orelha,
satisfeito por notar que a folia em seu salão permanecia alta e
estridente. As espessas paredes de pedra da cozinha abafavam
muito do ruído, mas ele ainda podia ouvir o silvo selvagem de
gritos e as tensões vigorosas de um violino.
Assim como o uivo e os gritos ocasionais chegaram a ele, a
explosão alegre do riso feminino e — ele sorriu — o selo
energético dos pés dançantes enquanto seus amigos se moviam
e giravam pelo salão das Highlanders.
Que bom que eles estavam se divertindo.Bran alargou o
sorriso e esfregou as mãos, determinado a fazer o mesmo.
Apenas no momento, seu maior desejo era se juntar aos
convidados em seu salão, mas para comer. Ele poderia devorar
várias tortas de peixe e enguia e até mesmo um prato inteiro de
ostras antes de procurar sua cama, seu estômago estava vazio
agora.
Na verdade seu estomago rugiu como se ele não tivesse
comido em dias.
Então ele flexionou seus dedos e depois os estalou,
usando sua mágica fantasmagórica para encher ambas as
mãos com costelas de carne bovina perfeitamente assadas,
cada uma carnosa, pingando com sucos e cheirando
delicioso.Sua boca começou a molhar.Como Gibbie, ele adorava
as costelas de carne.Mas antes que ele pudesse tomar a
primeira mordida, houve um grito e um acidente em algum
lugar acima dele. Bran franziu o cenho e correu para a entrada
iluminada pela tocha da cozinha, suas costelas de carne ainda
apertadas firmemente em suas mãos. Infelizmente, no
momento em que ganhou o arco, Saor veio trovejando pelos
degraus de pedra da torre da escada.Os dois homens
colidiram.As costelas de carne de Bran voaram.
Gibbie e dois dos outros cães do castelo vieram correndo.
Saltaram para pegar os ossos no ar antes que pudessem
pousar no chão pavimentado de pedra. Apenas uma costela de
carneiro escapou de suas mandíbulas quebrando e se
arremessando nas sombras, deixando um rastro de gordura
onde passava.
Bran olhou fixamente após a costela desaparecer e girou
então ao redor para olhar fixamente em seu amigo.

— Pelos ossos de Deus, MacSwain! — Bran rugiu as


palavras, sem se importar com quem ouviu. — Você perdeu o
juízo?
— Eu... ahh... Errr... — Saor passouuma mão trêmula
através de seu cabelo, olhou por cima de seu ombro.Ele ficou
branco como um fantasma.A verdade seja dita, ele parecia
como se tivesse visto um.
Bran recuou e apertou as mãos nos quadris. Seu humor
estava agora completamente arruinado.
— O que aconteceu?. — Ele decidiu falar claro. — Parece
que você viu um fantasma sangrando!
Bran esperava que seu amigo risse.

Em vez disso, Saor lançou outro olhar atrás dele. Quando


ele se voltou para Bran, passou uma mão por sobre seu rosto,
fechando seus olhos.
— Não fui eu. — Ele se inclinou mais perto, sua voz baixa.
— Você não ouviu o choro e a batida no pavimento de cima
agora? Isso foi o que aconteceu
— Eu ouvi, sim. Mas eu pensei que era você correndo para
abaixo. — Bran lançou um olhar de relance na escuridão da
torre de escada. — Pensei que você bateu o cotovelo ou algo
assim e gritou como uma mulher.
— Isso seria o que eu teria feito se algo assim me
ocorresse. — Saor arqueou as sobrancelhas. — Mas você
barrou o meu caminho.
— Você esfaqueou um dedo do pé em vez de esmagar um
cotovelo? — Bran não conseguiu resistir.
O olhar que Saor lhe deu desfez a sua leviandade.

— Não, você é um velhaco. Eu quis dizer que a queda eo


grito veio de uma mulher. Era Serafina. Ela viu três fantasmas
na longa galeria.
Bran rosnou.
— Isso? Eu digo — ele empurrou os braços para os lados e
fingiu examiná-los — que não há ninguém na Torre MacNeil
que não sejaum fantasma, além de nós!
Ele se recusava a contar a Saor sobre Mindy Menlove.Ela
era seu negócio, seu problema.
Então fingiu uma expressão de inocência e limpou a
garganta.

— Nós somos visitados freqüentemente por recém-


chegados a nosso reino. Me atreveria a dizer isso, somos
renomados pela nossa hospitalidade. Três fantasmas teriam
ouvido falar de nossas festas e banquetes e decidiram entrar.
— Eles não eram apenas fantasmas. Não como nós, de
qualquer maneira. Eles podem — Saor esticou o pescoço para
olhar o arco da janela mais próximo, como se esperasse ver os
três fantasmas olhando para eles — ficar transparentes!
— Besteira! — Os lábios de Bran se contraíram. —
Qualquer um de nós pode aparecer assim se quisermos. É uma
das primeiras complexidades do fantasma a ser dominado.
— Há mais. — Saor soou verdadeiramente alarmado. —
Serafina disse que eram lairds de MacNeil. Mas eles não eram
MacNeils que ela já tivesse visto aqui antes. Ela duvidava que
fossem do nosso século XIV. Em sua estimativa bem-viajada,
ela acredita que eram do décimo quinto ou mesmo décimo
sexto século.
— Bem melhor. — Bran cruzou os braços e sorriu. — Se
eles são lairds de MacNeil após mim, podem me dizer como o
clãfez após minha...errrr... Ah... Morte.
— Sim, e isso é o que irritou Serafina. — Saor quase
engasgou com as palavras. — Ela afirma que eles estavam
andando de um lado para o outro da longa galeria, falando alto
e delirando porque a Torre não existia mais.
— Ela os ouviu mal. — Bran acenou para longe tal
palavrão tolo. — A Torre de MacNeil existe com certeza como o
dia é longo. Neste reino ou em qualquer outro, estas pedras
ainda permanecem.
Ele deu uma olhada pela janela, tranqüilizado pela chuva
que passava pelo arco de pedras, o estrondo das ondas nas
rochas além das muralhas do castelo.

— Esta torre ficará mil, mesmo dois mil anos. Isso eu sei!
— Ele cruzou os braços novamente, com a certeza.Ele
simplesmente não iria dizer ao seu amigo malandro,
deslumbrante, como ele sabia.
Ficou claro que Mindy Menlove era uma turista americana
que tinha estado cutucando a guarda etérea em seus próprios
dias. Todo mundo sabia que essas pessoas não amavam nada
melhor que isso. Amoça era, sem dúvida, uma das mais
lúcidas. O pior do lote, que pensava que castelos antigos e
colinas nevoentas eram românticas. Certamente, ela andava a
espiar, a brincar, quando alguma falha no véu entre os tempos
lhe permitiu aparecer de repente em seu mundo.

Que ela tenha feito isso era prova clara de que sua torre
ainda estava de pé.O peito de Bran aumentou com o
pensamento.Seu coração apertou.Ele amava sua casa.
Mas ele não iria ficar com os olhos enevoados na frente de
Saor, então ele jogou para trás a ponta de seu tartan xadrez em
um gesto viril e enganchou seus polegares em seu cinto da
espada. — Eu gostaria de falar com esses três fantasmas — ele
anunciou. — Se são lairs de MacNeil, merecem uma boa
acolhida em Barra.Vá buscá-los para o salão. — Bran acenou
com a cabeça, terminando seu discurso.
Saor não se moveu.
— Isso não é possível. Eles se foram.
— Ah? — Alguns dos benefícios de Bran desapareceram.
— O que você quer dizer com eles se foram?
Saor esfregou a nuca, parecendo miserável.
— Por isso Serafina gritou e largou o jarro de óleo
perfumado que levava. Ela ficou ofendida porque os três lairds
não lhe prestaram atenção. Reconhecendo seu valor, ela disse
que sorriu e começou a convidá-los para o salão, mas — ele
pausou dramaticamente — eles estavam discutindo tão
acaloradamente entre si que eles disseram-lhe para parar bater
com seu chicote neles e saísse de seus caminhos. Que tinham
negócios importantes e não tinham tempo para ela.
— Não há tempo para Serafina? — Bran mal podia
acreditar. Os homens haviam lutado até tirarem sangue por
uma hora das atenções da sedutora. — Você tem certeza?
Saor assentiu.
— Sim, é o que eles disseram, apenas. Então eles
franziram o cenho e desapareceram.

— Já vejo. — Bran se esforçou para fazê-lo — Talvez os


três fantasmas não estivessem aqui por causa de nossasfestas
e iguarias finas. Poderia ser que eles estavam andando a longa
galeria em seu próprio tempo e Serafina acabou encontrando
com eles. — Ele acenou com a cabeça sagazmente — Eu ouvi e
vi coisas estranhas assim.
Saor encolheu os ombros.

— Pode ser — concordou ele. — Uma vez eu tropecei com


uma mulher viúva MacNeil com cara de ameixa no saco. Ela
também era de um século diferente do nosso e — ele
estremeceu — o olhar que ela me deu fez-me sentir muito
arrependido de ter, de alguma forma, entrado em seu tempo. —
Ele esfregou os braços como se a lembrança tivesse o poder de
lhe dar arrepios. — Barra é um lugar justo e lindo, mas as
camadas entre as épocas são mais finas aqui do que em
qualquer outro lugar.
— Sim, é muito fácil para um como nós entrarmos onde
não deveria! — Bran assentiu novamente, ciente de que era
assim. — Eu acho que você deveria ir ver Serafina, —
Bransugeriu. A beleza sarracena tendia a ser temperamental.
— Eu não vou ter seus humores arruinando o alto nível dos
outros. As pessoas não veem aqui para intrigas e desordem.
— Como você quiser. — Saor não conseguiu manter o
sorriso fora de sua voz.
Bran sabia que seu amigo tinha uma fraqueza pela
tentadora de pele escura, com seus cachos de corvo e perfume
exótico. A velocidade com que Saor se virou e voltou a subir as
escadas, subindo-os de dois em dois, provou isso.
Bran franziu o cenho.Houve um tempo em que ele,
também, teria corrido para o lado de Serafina.Na verdade, ele
poderia ter jogado Saor fora do caminho para chegar á
ela.Agora...

Seu cenho se aprofundou e ele estalou os dedos. Não para


conjurar uma costela de carne, embora ele ainda estivesse
faminto, mas para arrancar uma jarra cheia de cerveja do ar
frio, com fumaça, da cozinha.Ele bebeu a bebida espumosa em
um gole rápido.
Ele poderiabeber a um barril inteiro de cerveja. Ou talvez
um gole de uisge beatha. Os espíritos ardentes de Highlander
certamente iriam banir a carne de ganso que estava comendo
pois estava começando a picar sua nuca. Uisge beatha era,
afinal, a cura da Escócia para todos os males conhecidos do
homem.
Mas ele, Bran de Barra, se orgulhava de tomar as coisas
em suas próprias mãos.Ele não precisavatomar um gole de
Uisge beatha para reforçar sua coragem.E Bran MacNeil não
temia a nada.
Então, ele passou a mão pela boca, assegurando que
nenhuma mancha de cerveja se agarrava à sua fina barba
vermelha e se preparava para fazer o que nunca tinha feito
antes.

Dar uma olhada na Barra moderna.


Mesmo se o pensamento remexesse seu estômago e fosse
tão atraente como cair, nu, em um arbusto de urtigas picantes.
Ele era qualquer coisa menos um tolo e esquadrinharia
dentro e fora de outras localidades. Highlanders com
freqüência, ao longo dos séculos, para saber como manter o
que eramseu não foram bem através dos tempos. Quase todas
as antigas moradias perderam seus telhados. Muitos viram as
paredes boas e sólidas se desintegrarem e caírem. E alguns
foram reduzidos a pilhas vergonhosas de escombros.
Louvado seja Deus, ele sabia através da aparição de Mindy
Menlove que sua torre ainda estava de pé.Uma turista
americana não estaria interessada em um lugar fora do padrão
de como Barra era.
Mesmo assim, se três MacNeilfantasmas e Mindy, fossem
mandados para tentá-lo, Menlove tinha perfurado todos os
escudos cuidadosamente forjados que mantinha em torno de
sua adorada fortaleza do século XIV, seguindo de uma grande
atividade que deveria estar acontecendo na Barra dos tempos
modernos.
Bran pôs os ombros para trás e respirou fundo.Era seu
dever descobrir o que estava errado.
Ansioso para discutir, fechou os olhos e concentrou-se em
sair de seu salão. Mas não para o pátio movimentado de seu
próprio dia, um lugar colorido e barulhento que ele conhecia e
amava tanto que, às vezes, feria seu coração em apenas
percorrer seus pedregulhos.
Não, ele esquadrinharia tudo o que restava de seu
salãonos tempo de Mindy Menlove.Ele sabia que tinha
conseguido quando não conseguiu mais sentir os pedregulhos
sob seus pés.Ele estava de pé na grama.Bran engoliu em seco.
Seu coração começou a golpear forte. Ele não estava pronto
para abrir os olhos, mas o ar frio e salgado o confortava.
Também era familiar o som do vento agitando o mar além de
suas paredes de cortina. Eles eram ruídos que ele conhecia e
amava e isso significava estar em casa.
Não importava o século.Ou que seu pátio havia perdido
seus pedregulhos em algum lugar na longa passagem do
tempo.Umalufada de vento jogou com seu tartan xadrez,
lembrando-o de por que ele viera ali. Então ele respirou fundo e
abriu os olhos. Infelizmente, ele não via nada além de uma
névoa sopradora e — se não estivesse enganado — de alguns
cachos de urzes estragados.O que restava de seus muros
estava escondido atrás dos lençóis de névoa à deriva. Os
arrepios aceleraram por sua espinha e por um momento
enlouquecedor, ele se perguntou se tinha chegado no lugar
errado. Mas o ar frio e úmido era tão denso como o cheiro do
mar, e o solo — com ou sem calçada — era dele.
Isso, ele conhecia como as raízes de sua alma.Era apenas
uma questão de se orientar e depois espiar através da névoa.

Ele deu alguns passos para frente, consciente de


quaisquer pedras tombadas ou coisas do tipo que ele pudesse
encontrar. Mas quando a névoa se fez leve tempo suficiente
para ele ver mais do que alguns metros na frente dele,
percebeu que não precisava ter se incomodado. Nada o
circundava, a não ser o solo coberto de urzes e fagulhas e o
mar tingido de espumas brancas.
A Torre de MacNeil tinha desaparecido.
Bran pestanejou e se virou em um círculo completo e
incrédulo. Ele não queria aceitar a verdade diante de seus
olhos. Mas estava tudo lá mesmo. E o frágil horror dele era pior
do que qualquer coisa que ele ousou imaginar.Sua casa havia
sido varrida da terra como se nunca tivesse existido.Nem uma
única pedra permaneceu.Somente a noite fria, as ondas e a
névoa estranha, movida pelo vento. Olhava com uma dor
terrível perfurando seu coração e sua alma. Angustiado, ele
jogou a cabeça para trás para rugir a negação, mas uma
escaldante espessura fechou sua garganta, cortando seu
grito.Ele fechou as mãos, mal percebendo que suaves gotas
começavam a cair. As gotas geladas se agarravam a seus
cabelos e rolavam pelo rosto, mas não faziam nada para
resfriar a agonia ardente dentro dele.Ele esperava pelo menos
um muro em ruínas.
Lágrimas borraram sua visão, mas como todos os
escoceses, ele era homem o suficiente para esconder seus
sentimentos. Ele se curvou para pegar um punhado de terra
úmida e de mau cheiro, agarrando a turfa e levando ao peito,
como se fazendo isso pudesse fazer sua casa se levantar da
névoa girante.
Mas nada se moveu a não ser o súbito borrão cinza
correndo em direção a ele através do relvado pátio.O coração de
Bran deu um salto.Era Gibbie.O cão se lançou sobre ele, quase
derrubando-o. Bran caiu de joelhos e estendeu a mão, puxando
seu velho amigo contra ele. Ele acariciouospelos de Gibbie e
esfregou-lhe as orelhas, algumas das dores em seu coração
diminuindo.
— Och, garoto, você me seguiu aqui também? — Bran
abaixou a cabeça, pressionando sua bochecha contra o ombro
da grande besta molhada de chuvas. — Não é um ótimo lugar
para nós agora, nossa Barra. Mas estou feliz por estar vendo
você!
Como se isso fosse tudo o que importava — e Bran supôs
que, para Gibbie, era — o cachorro latiu alegremente echegou
mais perto dele, espremendo Bran com beijos molhados.
— Venha, vamos embora. — Bran empurrou seus pés e
forçou um sorriso, não querendo que Gibbie visse a sua aflição
e achasse que ele estava chateado porque o cão tinha se
juntado a ele.Na verdade, Gibbie era sua salvação.
Como era sua habilidade — elogiou os santos — para
levarem os dois de volta ao século XIV a Torre de Barra, onde
eles pertenciam. Era sua alegria manter uma lareira acesa,
amigos joviais, e todas as costelas de carne assadas em seus
corações fantasmagóricos.
E quando Bran se esticou para enrolar os dedos ao redor
do colar de Gibbie — apenas para ter certeza de que não o
perderia no caminho de volta para casa — ele prometeu nunca
mais visitar Barra dos tempos modernos.

Uma vez o tinha quase desfeito.Ele não cometeria o


mesmo erro duas vezes.

***

A primeira coisa que Mindy fez ao entrar no Aeroporto


Internacional de Newark Liberty, um mês depois, foi jogar fora
os seis guias da Escócia desatualizados e vários mapas
desbotados e bem distribuídos das Highlanders e das Ilhas que
Margo insistiu em dar-lhe como leitura obrigatória. Material
para o voo para Glasgow.
Margo Menlove nunca estivera na Escócia. Mas como uma
— morta — duraScotophile, ela tinha uma tonelada de
parafernália de tartan entupindo seu apartamento minúsculo e
considerava-se uma autoridade em todas as coisas escocesas.
Ela queria fazer-lhe bem.
E seus olhos tinham brilhado com tanta excitação quando
ela buscou seus tesouros em sua bolsa de grandes dimensões e
apresentou-os para Mindy.Margo simplesmente não entendia
que Mindy não iria para a Escócia como turista.
Ela não era uma das montanhasgenealógica e obcecada
americana cujos antepassados emigraram da Escócia há
duzentos anos e viajavam em pacote de negócio para ver a
Escócia, em sete dias em ônibus turismo como uma viagem
que estava levando-os para casa.
Ela não gostava de frio, chuva e ovelhas.Nem era uma
Kilt-maníaca.Não mais, de qualquer maneira.
Ela estava indo para Barra por uma única razão. E seu
maior desejo era sair o mais rápido possível. Embora ela tivesse
certeza de que tomou tempo para pegar alguns guias e mapas
recém-impressos para a coleção de Margo. Talvez, também, um
bom terno da cor das urzes que Margo, poderia sem
dúvida,usarcom algo deslumbrante.
Mindy sorriu. Desejava ter o senso de estilo de sua irmã.
Mas tendo passado toda a sua vida adulta vestindo um
uniforme de companhia aérea deixou-a um pouco estragada.
Para ela, um top era um top nada mais. E como algumas
mulheres em relaçãoaos sapatos, bem, ela simplesmente não
conseguiaessa paixão.
Ela fez uma pausa para deixar uma tripulação de
aeromoças passarem depressa, os comissários de bordo
elegantes em azul e aeromoça com saltos altos bem polidos
para combinar. Olhando para eles Mindy sentiu uma pontada
enquanto eles desapareceram na multidão, o barulho das rodas
da bagagem da tripulação e o clique de seus calcanhares
trazendo as suas lembrançasde um passado não distante.Ela
olhou para seus próprios sapatos, comprou especialmente para
esta viagem, e quase riu em voz alta.As botas de couro preto,
de espessura grossa, eram demasiado volumosas para a sua
mala, eram por isso que ela já estava usado-as. Ela esperava
que elas a protegessem de virar um tornozelo em algum
pântano hebrideano esquecido por Deus.
Nada mais importava.
Exceto talvez entrar no portão de embarque antes que ela
mudasse de idéia e fizesse trilhas diretas para a sala de
tripulação da Global Newark, amigos que ela perdeu e — se
alguém poderia sonhar — um bilhete de acesso rápido para seu
antigo emprego!
Ela estava tentada.
Especialmente quando — quase uma hora mais tarde e
muito aborrecimento — ela chegou ao portão de embarque e
teve a má sorte de se sentar ao lado de um conversador.

— Vamos fazer um tour de história e patrimônio — disse a


mulher de meia-idade, com os olhos iluminados pelo cuidado
de um escocês. — Nós somos todos escoceses — ela indicou o
pequeno grupo de pé bem perto, todos com crachás
proclamando seus nomes e que eles estavam em uma turnê
Celtic Twilight — e vamos visitar os castelos ancestrais de cada
um de nós.
— Pisaremos nos passos de nossos antepassados e — ela
soltou um grande suspiro, ficando com os olhos enevoados —
respiraremos no ar de nossa terra natal.
Mindy assentiu com a cabeça. Ela desejava ter notado a
mulher do beije-me, eu sou da Escócia antes que ela tivesse se
sentado ao lado dela. Anos de sofrimento e o incessante
interesse de Margo pelas Terras Altas a afastou dessas pessoas.
Ela começou a dizer algo, qualquer coisa, para ser educada,
mas antes que pudesse fugir da situação, a mulher se inclinou
para perto.
— Você deve ter raízes escocesas. — Ela puxou um cartão
do bolso da jaqueta e o pressionou na mão de Mindy. — Eu
tenho um negócio on-line que vende lembranças escocesa. Nós
fazemos desde camisetas, canecas de café brasonado com seu
nome e cristal do clã, aos ursos de pelúcia que vestem seu
próprio tartan da família.
— Eu não sou escocesa. — Mindy resistiu ao anunciar que
ela, como a própria mulher, era americana.
— Eu devo dizer a você — a mulher falou bem sobre ela —
estamos terminando nossa viagem com um fim de semana de
gala em Ravenscraig Castle perto de Oban. Eles têm um museu
daarte genealógica no centro de pesquisa chamada One Cairn
Village onde podemos referenciar tudo o que aprendemos na
turnê.

— O castelo de Ravenscraig? — O coração de Mindy


afundou.
Ela tinha reservado sua primeira noite na Escócia no hotel
do castelo. Tinha atraído seus olhos por causa de sua
proximidade com Oban, onde embarcaria no Ferry CalMac para
Barra. E porque era um castelo hotel,soou luxuoso e ela
merecia uma noite de mimos antes de encalhar-se em uma ilha
rochosa Hebridean que certamente faltava conveniências
modernas.Mas de alguma forma tinha esquecido que
Ravenscraig tinha um centro de genealogia. O lugar seria
invadido por amantes da história e entusiastas
ancestrais.Mindy estremeceu.
A conversadora estava se aquecendo.
— Sim é isso. Castelo de Ravenscraig. É propriedade de
um laird real, senhor Alexander Douglas, e sua esposa
americana. Acredito que o nome dela é Lady Mara. Eles são
conhecidos em todaa Highlanders com os seus festivaisde
encenação medieval
— Encenação medieval?

— Ah sim. Seus fins de semana 'Medieval Dayes' são


conhecidos por serem fabulosos. Muito autêntica. — Ela
agarrou o braço de Mindy, falando com tanto prazer como se
estivesse falando de participar de um torneio no Palácio de
Buckingham — Mas eles são famosos pela pesquisa
genealógica que patrocinam. Eles até dão certificados que
verificam suas raízes. E em alguns casos onde têm conexões
com os lairds, apresentam-lhe uma propriedade de terra em
metros quadrado de seu próprio Cume Home!
Mindy engoliu em seco.Ela apenas estava piorando.
As arvores genealógicas eram ruins. O pensamento de
chegar ao hotel do castelo no meio de umaencenação medieval
foi o suficiente para ela sair da colméia.

Ela tinha de se enchido de medievais ultimamente e não


queria mais. Milhares de pedras do castelo numeradas e
embaladas em palha foram mais do que em qualquer parte da
Idade Média. Agora que aquelas pedras estavam a caminho do
Auld Hameland — e muito provavelmente já estivesse lá — ela
deveria ser capaz de considerar sua parte na história um
negócio feito.
De fato, quando um anúncio de PA Global tocou através
do sistema de som chamando passageiros para embarcar em
um voo para St. Croix, Mindy decidiu que as pedras agora já
em Barra eram suficientes. Ela não estaria fazendo nada
demais e nem estaria voando para Glasgow, ficaria e alugaria
um carro, e dirigindo-se à esquerda através de urze e
névoa.Seu coração não estava nas Terras Altas.Iriaa uma praia
ensolarada onde a areia queimaria seus pés eo cheiro de
manteiga de cacau e óleo de bronzeamento perfumaria o ar.
Quase saboreando os trópicos, ela levantou-se.
Infelizmente, sua companheira de assento saltou acima,
também. Mais uma vez a mulher agarrou seu braço, segurando
apertado.
— Esqueci-me de lhe dizer a melhor parte sobre
Ravenscraig. — Ela parecia excitada o suficiente para explodir.
— O castelo e One Cairn Village não é apenas um centro de
pesquisa. Eles também tem a sua aldeia própria Highlander
com casas de férias para os visitantes, um bazar e loja de chá,
e até mesmo um memorial para o MacDougalls, que
originalmente construiu o castelo.É dito — ela se aproximou,
seus olhos ainda mais brilhantes do que antes — que a aldeia
poderia estar bem fora de Brigadoon!
— Eu vou manter isso em mente. — Mindy se libertou e
apressou-se sair da sala de espera.Ela não iria a Brigadood
nem a qualquer lugar.

— Não demore — disse a mulher — Eles vão nos embarcar


em breve.
— Sem mim, — Mindy murmurou para si mesma
enquanto ela apressava-se a descer evitando passageiros e as
tripulações aéreas que iam na outra direção.Ela era boa em
fugir através de aeroportos movimentados.

Mas ela parou quando chegou ao final do pátio. Ela


chegou muito perto de um dos postos de controle de segurança
e — seu sangue ficou frio — os três fantasmas ancestrais da
longa galeria estavam ali olhando-a.
— O-o-oh, não! — Seu grito fez vários empresários
olharem para ela.Eles, é claro, não viram nada errado.Mindy
franziu o cenho quando os homens passaram por ela. Não lhe
surpreendeu que pensassem que ela estava louca.Ela sabia o
suficiente por Margo e outros entusiastas paranormais de Old
Pagan Times para entender que — se alguém acreditasse em
tais coisas — fantasmas poderiam se tornar visíveis, ou não, a
qualquer pessoa que eles escolhessem visitar.Embora houvesse
sempre sensitivos que os viram, independentemente.

Desejando não os ver, Mindy sacudiu a cabeça.


— Oh, não, — ela repetiu, seu peito apertado de pavor.
— Och, sim. — O fantasma chamado Roderick sacou sua
espada e brandiu para ela.Geordie fez o mesmo com sua
bengala.Silvanus apenas sorriu. Ele também tinha a bochecha
dura o suficiente para cortar um arco facilmente.
Então, antes que ela pudesse correr para trás — algo que
ela já considerava — os outros lairds fantasmas da longa
galeria apareceram atrás deles, cada um brandindo uma
espada ou lança e parecendo ter acabado de sair do filme
Coração Valente.Quando eles correram para a frente, suas
armas baixaram e sua batalha com o clã dividindo o ar,
fazendo Mindy mudar de idéia sobre a fuga.
Como se soubessem, desapareceram imediatamente.Bem,
todos exceto Silvanus.Aquele de repente apareceu ao seu lado.
— Você fez a escolha certa, moça, — ele disse, piscando
para ela. — Você vai adorar a Escócia.

E então ele também se foi.


— .Senhoras e Senhores, esta é a última chamada de
embarque para o voo Continental dezesseis para Glasgow.
Todos os passageiros ainda não estão a bordo, por favor,
venham imediatamente para o portão C — 127.
Mindy ouviu o anúncio e mordiscou um gemido.Era agora
ou nunca.Mas uma coisa ela sabia quando se apressou de volta
para o portão de embarque, desta vez indo com o fluxo rápido
de passageiros.Ela não ia amar a Escócia.
Capítulo 5

Quase sete horas de cruzamento ao atlântico, Mindy


acordou de um sono agitado. Anos de voo em serviço — ela
preferia voos noturnos em dias de trabalho — faziam quase
impossível descansar bem em aviões. Nem era seu assento de
janela muito propício para um sono profundo. Mas mesmo que
o espaço ao lado tivesse um garoto de seis anos eo travesseiro
que deveria torná-la mais confortável poderia ser passado por
um pano muito fino, ela não queria fazer alarde na classe
executiva.
Era suficiente inteligente para pagar tarifa
completa.Afinal, ela estava acostumada a voar em primeira
classe por quase nada.Ela também tinha um instinto infalível
para quando um avião estava prestes a começar a sua descida.
Como se para provar se seu nariz para desembarques
iminentes ainda era nítida, o som dos motores mudou mesmo
antes que ela tivesseaberto completamente seus olhos.
Momentos depois, a voz do comandante se anuncioupelo alto-
falante, desejando aos passageiros um bom dia e informando-
os de que haviam passado pela costa da Irlanda. Ele então
disse a sua tripulação de cabina para se preparar para a
aterrisagem em Glasgow.
Glasgow.
Uma explosão de aplausos e palmas subiu de algumas
fileiras atrás dela. Os passageiros que vão para casa na turnê
Celtic Twilight.
Mindy não compartilhava seu entusiasmo. Ela sentiu a
boca secar e as palmas das mãos se molharem. Nunca um
nome de cidade tinha afligido mais medo em seu coração. E ela
nem sequer ainda estava lá. Ela não tinha vínculos com
Glasgow, além de pousar em seu aeroporto e pegar seu carro
alugado.

Mas Glasgow significava Escócia.


Mindy estremeceu. Ela não acreditava em tais coisas —
embora ela tivesse se tornado uma firme crente em fantasmas
— mas não conseguia abandonar a estranha sensação de que a
Escócia estava esperando por ela. Ela quase podia sentir o que
espreitava lá embaixo, sob o descenso rápido do avião, como
uma besta gigantesca pronta paraa atacarno momento em que
ela chegasse.
Esperando dissipar o sentimento, ela empurrou a cortina
de plástico da janela, com a intenção de olhar para as
Hébridas, pelo que ela sabia, eles tinham que estarem se
apressando agora. Mas as cadeias de ilhas que se curvavam ao
longo da costa oeste da Escócia não estavam lá embaixo.
Nada.
Só via o que parecia ser um mar sem fim de bastões de
algodão. Bastão de algodão cinzento, tanto quanto o seus olhos
podiam ver. Nuvens de chuva. Mindy pressionou a testa na
janela, esforçando-se para distinguir algo de qualquer maneira.
Qualquer coisa que ela pudesse detectar para provar que ela
não estaria gastando seu tempo na Escócia vivendo em um
mundo de sombras ininterruptas. Infelizmente, quando ela
encontrou uma pausa na cobertura de nuvens, foi para ver
folhas de névoa rolante a deriva através de um mar que só
poderia ser chamado de preto em tinta. Ela também pegou um
flash de disjuntores brancos cremosos e duas ilhas estéreis que
eram tão minúsculas que eram pouco mais do que rochas e
mais mar.
Vazios, silenciosos e claramente desabitados, eles
possuíam penhascos íngremes e escuros. Entradas profundas e
estreitas que os tornavam ainda mais ameaçadores. Cavernas
de aspecto secreto nos lados alto e murados daquelas entradas
emprestavam às ilhas um ar de mistério. Eles não eram nada
como as Hébridas da música, bela, etérea e romântica.Essas
duas manchas de rocha dentada eram o verdadeiro negócio. E
vendo-os em sua ninhada, envolta em névoa só confirmou o
que ela já sabia.
A Escócia não era seu tipo de lugar.
Duas horas mais tarde, enquanto ela dirigia — para a
esquerda! — através de nuvens de chuva ao longo da Escócia,
supostamente cênica A-82, ela estava pronta para esculpir essa
opinião em pedra. Felizmente seu carro alugado era pequeno.
Caso contrário, teria tido sérios problemas para percorrer a
estrada fina que corria em uma série de torções e voltas ao
longo da costa ocidental do Loch Lomond, que ela supunha que
estava em algum lugar à sua direita.Ela não podia ver o famoso
lago através das cortinas de chuva.Um aguaceiro interminável
que, no mínimo, funcionouas maravilhas para seu estado de
animo.
Não havia nada mais poderoso do que o medo de sair da
estrada e entrar em um lago que ela não podia ver para manter
seus olhos abertos e todos os seus sentidos alerta.A raiva a
manteve também.

Dirigir para a esquerda era pior do que ela esperava. Era


um pesadelo vivo projetado seguramente para manter para
baixo o fluxo dos turistas dirigindo a direita. Mas seria
condenada se admitisse a derrota voltando ao aeroporto e
devolvendo o carro. Então, ela manteve as mãos apertadas no
volante, cerrou os dentes, e tentou não gritar cada vez que um
ônibus ou carroaparecia atrás dela. Pior ainda eram as casas
de rodas sobre automóveis, também conhecidas como veículos
de recreio, que continuavam a surgir passando por ela do lado
oposto.
Ela tinha parado de contar os buggers quando ela atingiu
vinte.

Quem conhecia todos os pesadelos que ameaçavam a


estrada chamada de A-82 da Escócia?Ela sabia disso.
E ela também sabia que se ela parasse em uma pousada
mais promissora com cama e café-da-manhã só para ser
afastada com um — Desculpe; nós estamos cheios, — ela logo
iria ter um grande colapso nervoso.

Ela não queria passar a noite no Castelo Ravenscraig.


Infelizmente, estava começando a parecer que não tinha
escolha. E de jeito nenhum ela iria dormirem seu carro. Não
importava se ela deixasse A-82, sem dúvida se encontraria
cercada por morros e morros que durariam para sempre sem
nenhum sinal de habitação humana e ninguém para se opor a
uma mulher americana exausta e irritável que se perdessena
noite.
Não, não era para ela.Mesmo a bela Escócia tinha
assassinos de machado, ela tinha certeza.Ela já sabia que
tinha fantasmas.
Bran da Barra lhe veio à mente.

Mas pensar nele só a fez ruborizar. Tinha certeza de que o


grande e musculoso fantasma das Highlanders com o nariz
ligeiramente torto e um sorriso sedutor quase a beijara. E isso
só serviu para irritá-la ainda mais.Ela não queria pensar em
fantasmas.E ela especialmente não queria pensar em beijar um
deles.
Então ela endureceu a mandíbula e continuou, tentando
ignorar os horrores da direção à esquerda, as lufadas de vento
que poderiam facilmente rivalizar com um furacão, ea
incessante bateria de chuva no teto de seu carro. Ela também
fez o possível para não começar a rir histericamente com a
imagem da Escócia retratada em todos os cartazes de viagem.
Ela não viu nada dos castelos, kilts e gaiteiros jogando seus
corações em algum colina solitária cobertas de urzes..
Na verdade, se a chuva não diminuísse em breve, ela
precisaria de óculos de mergulho para ver qualquer coisa!Ela
também estava perdida.
Pelo menos ela pensou que estava até chegar à junção de
Crianlarich. A pequena aldeia piscando-seus-olhos foi o
cruzamento onde o agente de aluguel de carros tinha lhe dito
que ela precisaria começar a virar para o desvio A-85. Essa
estrada virava para o oeste, levando-a através de Glen Lochy e
do Passe de Brander em direção à Ilha de Oban e depois —
sentou-se como um peso de ferro em seu estômago –ao Castelo
Ravenscraig de genealogia e fama de encenação medieval.
Duas coisas graves contra o lugar em sua opinião já
histérica.Ela se recusou a pensar na inclinação de Brigadoon.
Mas então, depois do que parecia ser um trecho sem fim
de uma tortuosa estrada costeira, ela avistou o portão de duas
torres de Ravenscraig. Ela também viu um enorme cão cinzento
sentado dentro do arco em túnel da entrada. Peludo e temível,
o cão parecia estar observando a estrada. Isso não a
incomodaria normalmente — ela amava cães — mas este tinha
olhos brilhantes de âmbar que ela jurava estar olhando
diretamente para ela. No entanto, quando ela desacelerou o
carro, ele se levantou e mergulhou na floresta profunda atrás
da entrada.
Mindy piscou.
Ela achava que a Escócia ainda tinha lobos, mas isso não
a surpreenderia.O cão, ou o que quer que fosse, certamente
poderia ser passado facilmente por um.
Ela estremeceu, gelada, apesar da jaqueta pesada parao
clima frio que tinha comprado para a viagem. Um casaco
Barbour encerado que Margo tinha insistido era um clássico e
uma necessidade absoluta para viagens na Grã-Bretanha.
Ela fez sua jaqueta se sentir simples ao em vez de
luxuosa.
Especialmente com o colar de gola de cashmere de alce e
lenço de seda correspondente que Margo tinha feito comprar
para fazer conjunto com a jaqueta. Contanto que ignorasse
suas botas de passeio desajeitadas, poderia ter saído de uma
das revistas de sua irmã, a English Country Living.
Uma reviravolta para uma garota que sonhava em viver
em biquínie sandálias. Ela poderia ter rido, mas...
A criatura lobo-cão tinha acrescentado um grande medo
em um dia já ruim. Seu olhar penetrante a fez sentir como se
estivesse esperando por ela.Não apenas observando a estrada,
mas olhando para ela.
Mindy moveu uma mecha de cabelo em seu rosto,
determinadaem não se preocupar com isso.
Pelo menos, Ravenscraig parecia cumprimentá-la
amavelmente. Os portões de ferro forjado da portaria estavam
bem abertos e, não podia acreditar, quando ela se aproximou e
entrou na imponente entrada, a chuva parou.
Ainda chuviscava. Mas ela não esperava mais nada de um
lugar tão frio e úmido como a Escócia. Pelo menos agora ela
podia ver para onde estava indo sem os limpadores de pára-
brisa para frente e para trás à velocidade da luz. Pena que a
primeira coisa que chamou sua atenção foi um sinal indicando
o caminho para One Cairn Village.
A curiosidade a fez parar. Ela baixou a janela e foi
imediatamente tratada com uma explosão de ar frio que
cheirava a pinho, terra úmida e argilosa, e a mar. De fato,
tinha certeza de que podia ouvir ondas distantes batendo sobre
pedras.
O pulso de Mindy saltou. Ela se lembrou da reserva on-
line através do site do hotel Castelo que Ravenscraig se estava
em aberto.
Ela adorava o mar.

Impressionante — nesse cenário sombrio e nebuloso — o


som de ondas arrebentando apenas a lembrava dos antigos e
assustadores contos celtas que ouvira no Old Pagan Times de
Margo. Histórias estranhas e arrepiantes de ondas do
atlânticos que se erguiam para transformar-se em serpentes
marinhas de ferozes olhos enquanto as ondas espumantes
corriam para a costa.
Mindy franziu a testa e apertou o botão para erguer
novamente a janela, apagando o som.Era uma coisa boa que
ela não acreditasse em mudança de forma.
Agora em fantasmas...
Seu cenho se aprofundou e ela bateu no acelerador,
contente de dirigir para longe do desvio paraOne Cairn Village.
Podia não ter visto a aldeia — claramente estava aninhada no
bosque para ser avistada do caminho principal — mas ela
sentira seu poder.
Uma coisa estranha que levantou os cabelos finos em sua
nuca e a fez quase sentir como se ela tivesse entrado em um
lugar muito antigo, esquecido por suavez, quando ela tinha
deixado a estrada da costa e passou pelo portão de
Ravenscraig.
Pelo menos ela não os tinha visto em lugar algum.A Longa
Galeria Tripla, como ela agora e em definitivo chamaria o trio
de fantasmas ancestrais da Loucura Folly.Mas quando ela saiu
das árvores e pegou seu primeiro vislumbre do hotel castelo,
ela tinha certeza de que estavam aqui em algum lugar.
Ravenscraig poderia ter saído das páginas de um conto de
fadas.
Tinha que ser um refúgio para fantasmas.
Mindy engoliu em seco, incapaz de tirar o olhar do castelo.
A Loucura era — e seria outra vez — uma torre medieval
robusta, de forma quadrada. Este lugar se observava como um
castelo adequado para Disney World.
Era alto, de ameias, construído de arenito cor de rosa que
brilhava em reflexo vermelho da chuva recente, com janelas de
fendas estreita que pareciam fitá-la através de uma varredura
de gramado bem aparado. A névoa levantou-se da grama,
pairando baixo e adicionando ao castelo o sentido do outro
mundo. E — ela não estava nem um pouco surpreendida —
nuvens de chuva escuras preenchiam um enorme pedaço de
céu logo atrás do castelo, provando que Ravenscraig realmente
se encontrava no limite de um penhasco.
Não que fosse importante para ela onde o castelo estava.

Tudo o que ela queria era uma cama limpa e confortável,


um banho quente, e, de manhã, um café substancial
paraafortalecer antes de ira Barra.
Ela gostava de comer.
Então, ela seguiu o caminho curvo ao redor do gramado
em direção às duas torres arredondadas que guardavam a
enorme porta de ferro do castelo.
Uma porta que se abriu no instante em que parou diante
dos amplos degraus de pedra de Ravenscraig. O coração de
Mindy saltou para sua garganta. Por um momento louco, ela
esperava que aLonga Galeria Tripla saísse correndo, gritando
seus slogans, espadas e bengala em punho.

Com grande cautela, ela saiu do carro, o olhar fixo na


porta do castelo.Mas as únicas almas que se apressaram a
cumprimentá-la eram três cães.Dois Jack Russells que voaram
para baixo os passos em velocidade vertiginosa e um collie com
marchas e focinho molhado o marcou como um cão sênior.
O animal lobo estava longe de ser visto.

Antes que ela pudesse ser grata pelo pequeno milagre, um


homem de aparência baixa em um kilt apareceu nos degraus.
Suas franzidas sobrancelhas brancas agarravam-se em uma
feroz carranca quando viu os três cachorros cheirando e
rodeando-a. Quando os dois Jack Russells começaram a saltar
sobre ela, ele caminhou para frente, agitando os braços como
um moinho de vento.
— Afastem-se,traquinas peludos! — Seus olhos azuis
brilharam enquanto os repreendia. — Dottie, Scottie, desça! —
Ele apertou um punho na jaqueta. — Isso não é maneira de
cumprimentar nossos convidados!
— E você, Ben... — Ele começou a falar com o collie. —
Você deveria fazer melhor!
Os cães o ignoraram, agora correndo em círculos ao redor
do carro, cada um latindo uma tempestade. Até Ben, o velho
collie, mantinha o ritmo, sua cauda emplumada segurava a
emoção e sua língua rosada caía.Era um caos canino.
Mindy riu.
Até o kilt do velho balançar e seu“r”grosso lembrar onde
ela estava. Esta era a Escócia — muito perto das Ilhas
Ocidentais e da amada Barra dos MacNeils — e ela não deveria
encontrar nada aqui para rir.
Nem mesmo cães escoceses.Não importa o quão divertido
ela possa achá-los.
Como se quisessem mudar aidéia, os três cães a cercaram
outra vez,brincando ao redor de seus pés e sacudindo suas
caudas. O collie aproximou-se e esfregou-seem sua mão. Para
não serem ultrapassados, os dois Jacks pequenos, seus narizes
molhados frios encostaram-se emseus joelhos. Eles também a
beijaram, e então todos saíram, saltando pelo gramado em
direção a uma grossa arvores de rododendros.
— Oh, meu Deus! — Mindy passou as mãos pelas pernas
de suas calças.
— Você não lhes dê atenção, moça. — O velho olhou
furioso para os cães. — Bestas mimadas, sem valor, eles são.
Bom para nada! Vamos limpar as roupas. Temos um bom
serviço de lavandaria
— Não, não. — Mindy desejou não ter golpeado as calças.
— Eu amo cães e não há uma partícula de sujeira. Mesmo que
houvesse, eu não...
— Você é a senhorita Menlove. Ele ergueu uma de suas
sobrancelhas extraordinárias, espiando-a bruscamente. — Nós
estivemos esperando você. Sou Murdoch MacEwan, mordomo
da casa. Bem-vinda a Ravenscraig.Estamos sempre satisfeitos
por termos convidadas americanas. — Ele estendeu a mão,
quase esmagando os dedos dela em um aperto que parecia
muito forte para um homem tão velho. — Você vai desfrutar da
sua estadia conosco. E de nosso centro de genealogia.
— Eu não estou aqui para traçar minhas raízes. — Mindy
poderia ter mordido sua língua. Ela não tinha a intenção de ser
rude. — Eu quero dizer...Eu não sou escocesa. Eu nem sei ao
certo de onde vieram meus antepassados, embora eu ache que
eles eram ingleses.
— Ingleses? — Os olhos de Murdoch MacEwan se
estreitaram ligeiramente.
Mindy desejava poder afundar-se no caminho de
cascalho.Quem diria que os escoceses ainda guardariam
rancores históricos?Mas omordomo definitivamente tinha
eriçado.
— Se você vir por aqui — voltou para os degraus baixos do
castelo — Vou levá-la até a recepção e depois cuidar de seu
carro e bagagem.
— Na verdade, eu sou de Bucks County, Pensilvânia. —
Mindy o seguiu pelos degraus, sentindo uma necessidade
ridícula de explicar. — Está perto da Filadélfia. Nós gostamos
de pensar que a América nasceu lá. Há também muitos campos
de batalha Colonial e Revolucionário nas proximidades, onde
lutamos com os ingleses.
— Filadélfia, você diz? — O homenzinho se virou, seu
rosto inteiro iluminado como uma árvore de Natal. — Lady
Mara, ela é de Filadélfia — disse ele, radiante. — nossasenhora
do castelo.

Mindy sorriu de volta, agradecida — como tantas vezes —


que o treinamento de sua companhia aérea também a
ensinasse a mudar tópicos incômodos num piscar de olhos.
— Eu tinha ouvido falar que ela era americana. — Isso era
verdade. — Eu adoraria conhecê-la — ela acrescentou para ser
educada, não muito certa de que queria conversar com uma
americana que obviamente devia amar a Escócia e até ter se
casado com um verdadeiro laird das Highlanders.
Elas não teriam absolutamente nada em comum.Pensou
até Murdoch deixá-la sozinha na entrada de painéis escuros.
Ele se apressou, desaparecendo por uma escada espaçosa
aberta no final do corredor, tendo prometido voltar com Lady
Mara. Ele partiu dois segundos antes de Mindy sentir frio de
dentro para fora.Era o mesmo arrepio que muitas vezes tivera
em Folly.
Como se alguém a estivesse observando.
Esfregou os braços, tinha certeza de que lady Mara
reconheceria a sensação. Isso é o que eles sentiam. Qualquer
um que se vivesse em um lugar histórico tão antigo
provavelmente conhecia o sentimento. E estava ficando mais
forte quanto mais ela permanecia no silêncio do vestíbulo.Ela
começou a andar de um lado para o outro, mas depois parou
para olhar para um vasto e sombrio quarto que só podia ser o
antigo salão do hotel do castelo.
Tal como na passagem de entrada, armaduras
resplandecentessaiam partir de nichos definidos e em
intervalos ao longo das paredes da sala. Uma incrível variedade
de armamentos medievais deslumbrou-lhe os olhos, como
espadas, lanças e escudos parecendo ocupar cada centímetro
do espaço de exibição.
O ambiente também ostentava um impressionante teto de
vigas pintadas e até mesmo oferecia vistas deslumbrantes do
mar através de uma parede de janelas altas e arqueadas. Ou
então Mindy assumiu, como no momento, nuvens espessas e
altasnévoa eram tudo o que poderia ser visto dos painéis de
vidro antigos.
Mas nada disso era responsável pelo momento de déjà vu
que ela experimentara ao olhar para uma sombra na grande
sala. Todos sabiam que havia um senso de parentesco
compartilhado por aqueles que viviam em lugares antigos.Mas
isso era demais.
Era o homem que estava perto da enorme lareira da sala,
com seu peito largo, coberto com um tartan xadrez quase a
mandou de volta para a porta.

Grande, musculoso, e com um toque de cabelos queimado


pelo solchegando aos ombros poderosos, ele tinha um ar
medieval sobre ele. Poder e força masculina se derramado fora
dele de modo que mesmo na frente da enorme lareira — uma
lareira grande o suficiente para assar dois bois inteiros —
dominou o espaço, parecendo uma torre, sobre tudo ao seu
redor, como se ele fosse maior que a vida.

Ele poderia ter sido Bran da Barra.


Não, era ele!
A mandíbula de Mindy escancarou. Ela deu um passo
adiante, o coração batendo forte. Sua boca ficou seca, tão mal,
que poderia ter engolido uma colher de giz. Como se soubesse,
o fantasma girou lentamente, seu olhar azul se encontrou com
o dela. O reconhecimento lhe atravessou o rosto e ele lhe deu
um sorriso perversamente íntimo.
Mindy abraçou os próprios ombros.
— Eu disse-te para não vires aqui.
Suas palavras passaram por seus ouvidos como se ele
estivesse de pé ao lado dela. A voz dele... Era pecaminosamente
provocante. Mindy tentou manter-se inalterada. Mas os tons
sedosos e suaves demoravam-se, zombando de tudo o que era
feminino dentro dela.Nenhum homem — corpóreo ou não —
deveria falar com ela dessa maneira.
Irritantemente Bran de Barra o fez.Profundo, baixo, e
ricamente sensual, sua voz suave de Highlandera teria
derretido se ela já não tivesse a experiência A.H.
Antes de Hunter.
Como as coisas estavam, ela deveria ser imune ao charme
escocês. Então ela ergueu o queixo e olhou fixamente para ele.
De jeito nenhum ela estava cruzando os limites. Eles estavam
em seu território agora, afinal, e isso poderia lhe dar alguma
vantagem sobrenatural.
Mindy engoliu em seco, esperando que não fosse assim.
— Você me avisou para ficar longe de seus amigos no
Folly, — respondeu a ele, tendo satisfação em franzir suas
sobrancelhas.

Percebeu o jeito que ele piscouao ouvir a palavra Folly.


Contente, colocou as mãos nos quadris.
— Você não disse nada sobre Ravenscraig. Na verdade,
estou surpresa que você esteja aqui. Ou você está me
seguindo.É um fantasma, você sabe.
— Aggghhh! — Mindy virou-se para encontrar uma
minúscula mulher de cabelos brancos espiando para ela.
Semelhante a um pássaro e vestindo um avental branco, ela
sorriu docemente.
— Casou-se com a nossa Lady Mara, — ela resmungou,
seus brilhantes olhos azuis assumindo um brilho malicioso e
infantil. Agarrou um cesto de vime de sabonetes e velas
encaixotadas, engatando o cesto no seu quadril quando se
aproximou. — Seu nome é Lord Basil e...
— Innes. Você sabe que é Alex. — Uma jovem de cabelos
castanhos flamejantes e um sotaque de Filadélfia pegou a cesta
da velha, mexendo um bocado de ervas e lavanda enquanto a
prendia em seu próprio braço. — Ele está discutindo nossos
planos para a Festa Ancestral Outonal com seu amigo
Hardwick. — Ela deu a Mindy um sorriso de desculpas, seu
olhar se movendo para a porta aberta do grande salão. — Lorde
Basil não está mais conosco.
— Ele estava lá. — Innes alisou o avental com uma mão
manchada pela idade. — Ele estava falando com a moça, não é,
senhorita?
Ela virou um olhar esperançoso para Mindy.
— Ele disse que você não deveria estar aqui.
— Innes! — Lady Mara pegou o cotovelo da velha e
começou a guiá-la. — Você não deveria estar na loja de chá? —
Ela olhou para Mindy por cima do ombro. — Innes dirigea
lojade chá e de presentes em One Cairn Village. Ela é a nossa
fabricante de sabão e velas.
Mindy ignorou as duas, muito chateadas, como diriam os
britânicos, para ver dois homens em conversa profunda perto
da lareira do salão.Bran de Barra não estava com eles.Ele tinha
desaparecido como se ele nunca tivesse estado lá.
E em seu lugar — exatamente onde ele estivera de pé há
um momento — esses dois homens novos estavam
conversando. Como se tivessem estado lá o tempo todo,
discutindo, ela agora sabia, um evento ancestral próximo.
Esse pensamento lhe deu outro calafrio. Esperando não
demostrar, ela olhou para os homens. Ambos eram altos e bem
musculosos, e tinham um ar medieval. Mas seus jeans, botas
pesadas de trabalho e suéteres grossos demostravam que
eramdo século XXI.
Ambos se voltaram para sorrir para ela.
Um deles tinha cabelos escuros, ombros largos e olhos
brilhantes que lhe davam a aparência de um pirata. O outro
era um pouco mais alto e tinha cabelos castanhos brilhantes
que, como os do outro homem, apenas roçavam os ombros. Ele
também tinha covinhas. E os olhos mais verdes que Mindy já
vira. Quando seu olhar verde-mar deslizou para Lady Mara,
tudo ficou quente e adorado, e ele levantou uma mão em
saudação antes de se voltar para seu amigo, Mindy adivinhou
que ele era Alex.
Sir Alexander Douglas, como o folheto do castelo o
chamava, o que o tornaria o laird e mestre de Ravenscraig.
Mas sua beleza viril deixou Mindy pasma.Mesmo em
algum canto escondido de seu coração, daria qualquer coisa
para que um homem a olhasse da maneira como ela acabara
de vê-lo olhar para sua esposa.
Nem pense que eu não estou aqui só porque você não pode
me ver.
Mindy saltou.
O folego de Bran da Barra estava ainda mais perto do que
antes. Ele também parecia divertido. Ela quase podia ver o
canto de sua boca levantado. Ela sentiu sua mão pressionar
sua bochecha, embalando seu rosto. Seu coração parou e sua
respiração se prendeu em sua garganta. Seu toque era bom,
seus dedos fortes e quentes enquanto a roçavam — não,
enquanto acariciavam –a parte sensível atrás de sua
orelha.Então sentiu que seus lábios também estavam lá. E
suas mãos se moveram para seus ombros, segurando-a
firmemente enquanto ele se inclinava para acariciar seu
pescoço.
Mindy estremeceu. O homem sabiaexatamente
ondeencaixar o nariz.
Por um momento, ela foi levada de volta para às vezes em
que ela fixou seu olhar em seu retrato na longa galeria da
Loucura, deixando sua imagem ajudá-la a passar pelas outras
pinturas. Seu sorriso pungente e seus olhos brilhantes a
tinham assegurado que a protegeria dos outros ancestrais se
saltasse de seus quadros dourados. Ele era seu herói.
Agora...

Seus dentes roçaram levemente o lóbulo de sua orelha,


enviando ondulações de um delicioso calafrio por toda ela.
Resmungou um suspiro e resistiu ao impulso de inclinar o
pescoço e oferecer mais de si mesma às suas atenções.
“Você deveria ter ouvido meu aviso, Mindy Menlove.É tarde
demais agora.”

A voz da americana Lady Mara encheu a porta de entrada,


assim como um vento gelado e úmido quando ela fechou a
porta do castelo atrás dela.
Mindy tremeu. Seus nervos estavam estrangulados e —
que o céu a ajudasse, — sua pele realmenteestava
formigandopelas caricias nopescoço provocados porBran de
Barra, a suavidade surpreendente do toque que ela sabia com
certeza tinha sido sua barba.
Ela sabia que seu rosto estava rubro. Alisando seu cabelo,
ela tentou sorrir, esperando que não parecesse ter
compartilhado um momento íntimo com um fantasma.
A outra mulher estava se caminhandopara a frente, seu
lindo rosto corado pelo frio. Abençoadamente, ela não parecia
desconfiada.
— Desculpe, — ela disse novamente, sorrindo. — Eu tive
que encontrar alguém para levar Innes de volta para sua loja
de chá. Ela fica confusa às vezes. Lord Basil era o marido da
antiga dona de Ravenscraig, a falecida Lady Warfield. Pobre
Innes muitas vezes confunde outros homens com ele.
— Mas, de qualquer maneira — ela alcançou Mindy, e
estendeu a mão para ela — Eu sou Mara MacDou...quero dizer
Mara Douglas. Bem-vinda ao Ravenscraig.
— Mindy Menlove. — Mindy pegou sua mão, não perdendo
que ela quase se chamou MacDou... — algo assim.
UmaScotophile! Não é de admirar que ela acabasse vivendo em
um castelo escocês e casada com um homem que Margo
chamaria de um escocês quente.
Mas ela parecia agradável.
E, como Margo, parecia que pertencia a uma revista
inglesa em casa e estilo. Tinha uma saia curta e uma jaqueta
que Margo se mataria para ter e uma camiseta de um azul
pálido, de seda e que ia até o cotovelo. Ela tinha colocado um
casaco de aspecto caro na mesma tonalidade ao redor de seus
ombros, adicionando uma pitada chique da Europa. Seus
sapatos bege de salto baixo também pareciam continentais.
Provavelmente, eles eram italianos.
Ela deu a Mindy um sorriso aberto, sua saudação calorosa
e genuína.
— Se você vier por aqui — ela indicou uma porta aberta
perto do pé da escadaria arrebatadora — vai entrar e se
instalar nas suas acomodações. Eu tenho certeza que você
teria gostado de um dos chalés da aldeia, mas estamos cheios
com dois ônibus da Cameron Canadense.

— Nós demos a você a suíte de Havbredey na Casa de


Treinamento do Victorian Lodge. Ela olhou por cima do ombro
enquanto a conduzia para a recepção. — Eu não acho que você
vai ficar desapontada. O Havbredey é...
— Havbredey? — Mindy piscou. Por alguma razão, o nome
fez seu pulso acelerar.
— Era a linguagem nórdica para as Hébridas — Lady Mara
informou-a. — O nome significa Ilhas a beira do mar.
— É uma descrição muito apropriada. — Ela ergueu uma
sobrancelha amigável.
— Você não estaria indo para lá, não é?

— Para as Hébridas? — Mindy quase engasgou. — Não, —


ela mentiu, com certeza não poderia dizer a verdade. — Estou
aqui a negócios e não vou ficar muito tempo.
Ela estava prestes a dizer, masse o fizesse, ela temia que
teria que contar toda a história — incluindo Bran de Barra e
aLonga Galeria Tripla. Especialmente se ela admitisse que
estava indo para as Ilhas. Língua solta como ela era, poderia
até balbuciar o papel de Hunter no conto.Mindy estremeceu,
apenas imaginando.
Mara Douglas parecia realista. Não era o tipo de mulher
que teria caído na conversa deHunter-o-enganador e seu
estratagema de cinto de segurança. Mindy não queria que ela
pensasse que ela era uma daquelas loucas por-tartan-kilt-
xadrez. Americanas que perderam a cabeça — e provavelmente
muito mais — no primeiro flash de um kilt.Ela também não
queria parecer louca se mencionasse a Loucura e seus
fantasmas.
— É uma vergonha que você não venha aqui por muito
tempo. — Lady Mara mostrou-lhe uma cadeira de escrivaninha
coberta de tartan, entregou-lhe um formulário de check-in. —
Entendo... — Ela deu a Mindy um olhar curioso. — Havia uma
ou duas outras suítes disponíveis, mas algo me disse que
Havbredey é para você.
Mindy teve que morder a língua para não pedir um dos
outros quartos.
— Eu tenho certeza que eu vou adorar, — ela falou
novamente.
Um quarto chamado as Hébridas — independentemente
da língua — deu-lhe a vontade de ficar.Isso a lembrava demais
de por que ela estava aqui.

Sem mencionar ele.


Bran de Barra.
O fantasma cuja meracaricia no pescoço a tinha feito
formigar claramente seus dedos dos pés.
— Você está bem? — Lady Mara estava olhando para ela
estranhamente. — Você parece um pouco cansada.
— Estou exausta da viagem. — Mindy terminou de
rabiscar seu nome e endereço no formulário do hotel. — O
homem de cabelos castanho-avermelhados no grande salão era
seu marido? — Ela se levantou, agarrando qualquer coisa para
mudar de assunto. — Ouvi dizer que você era da Filadélfia e se
casou com... — interrompeu ela, ruborizando.
— Um laird das Highlands? — Lady Mara não parecia
ofendida. Longe disso, seus olhos brilhavam com diversão. — É
o sonho de todas as Scotophile, não é? Obteraos seus pés um
guerreiro escocês musculoso. — Ela riu. — A coisa é simples
mesmo que eu nascesse uma MacDougall e meu pai fosse o
baluarte da genealogia maior no planeta, eu nunca tive
qualquer desejo de vir aqui.
— Eu estava na indústria de viagens e passei turnês na
Inglaterra. — Ela parou para ajustar o casaco em torno de seus
ombros. — Eu vivi e respirei para estar em Londres. Visitar o
Harolds na praça de alimentação, fazer compras na Liberty, ou
um passeio pelo Hyde Park poderia me manter em uma
adrenalina por dias. — Ela balançou a cabeça como se
lembrando. — Oh, sim, eu era uma anglófila durona. Eu
mesmo comecei meu negócio de turismo apenas para passar o
tempo lá e ser mais barato.
Mindy olhou para ela, incrédula.
— Eu era uma comissária de bordo. Na verdade, vou
voltar a voar depois desta viagem.
— Você vai, agora? — Mara MacDougall Douglas de
repente soara ser muito escocesa.
Mas então ela deu de ombros levemente, seus olhos
brilhando novamente.

— Talvez seja uma boa coisa que você esteja por perto
para a nossa próxima Festa Ancestral. Alguns dos amigos de
Alex podem ser bastante charmosos. Você viu um deles com ele
no grande salão. Mas ele está fora da corrida. Ele é casado e
vive em Sutherland, onde ele e sua esposa ajudam a executar o
Dunroamin Castle, um lar residencial que está na família
dela.Ela também veio aqui a negócios, querendo ficar um verão.
— Lady Mara olhou para as unhas dela, um sorriso puxando
seus lábios. — Mas então tudo mudou.
Uma batida suave na porta a interrompeu. Mindy olhou ao
redor para ver um jovem Highlander em um kilt pairando no
limiar. A luz de um dos candelabros de parede do escritório
brilhava em seu cabelo, mostrando que era um vermelho ainda
mais brilhante do que o de Lady Mara.

— Murdoch disse que há uma convidada nova que tinha


chegado para Havbredey. — Sua voz macia de Highlander era
amigável. — Ele me mandou para levá-la lá. Já cuidei de seu
carro e sua bagagem. — olhou para Mindy — Eu acendi a
lareira no salão da suíte e preparei um drink de boas-vindas.
— Excelente, Malcolm. — Lady Mara assentiu. —
Certifique-se de levá-la através da aldeia. — Ela sorriu
enquanto entregava a Mindy uma chave. — Uma aldeia de
Cairn pode ser nossa própria encenação moderna da velha
Escócia, mas nós gostamos de pensar que há alguma mágica
das Highlanders.Céltica e tudo isso, você sabe? — Ela piscou.
— Acho que você vai gostar.

— Tenho certeza de que gostarei — Mindy mentiu pela


terceira vez desde que conheceu Mara MacDougall Douglas.
Pior do que isso, quando ela seguiu Malcolm, de rosto
rosado, com a fisionomia cerrada e de kilt, saindo da recepção
e descendo a entrada do castelo em direção à porta, ela tinha a
sensação mais estranha de que se pusesse o pé na vila das
Highlander, não veria a América novamente.

Os cabelos haviam se erguido em sua nuca quando


passara pelo desvio para a aldeia. Mesmo assim, seguramente
dentro do carro, sentira o poder do lugar. Podia ter sido a
escuridão do bosque ou as persistentes correntes de névoa que
se enrolavam entre as árvores.
Ela sabia que coisas estranhas aconteciam na Escócia.E
se ela considerasse seu próprio recorde escocês, ela poderia
estar se dirigindo para o problema.Na verdade, agora estava
certa disso.
Capítulo 6

Malcolm saiu pela porta da suíte de Havbredey, mas não


desceu os degraus de pedra que levavam ao lado da Casa de
Treinadores Vitorianos de Ravenscraig. Em vez disso, ele parou
no patamar, claramente procurando um significando útilnas
forças da natureza.
Ele olhou para o céu noturno, onde a lua estava saindo
por trás de nuvens escuras e rápidas.
— O tempo vai mudar antes de uma hora, é tão verdade
como eu estou aqui. Tem certeza de que não vai querer que eu
a leve para um chá depois que você tiver uma chance de se
refrescar?Você ficará encharcada se tentasse voltar para o
castelo ou até mesmo para a aldeia, uma vez que a chuva
comece. — Encolheu os ombros contra o vento acelerado,
lançou outro olhar às nuvens. — Há um buffet completo na
sala de jantar do castelo ou... — seu peito parecia inchar — um
bom chá das Highlander servido na parte de trás da loja de
Innes. Ela faz um sanduíche de atum picante em pão caseiro,
servido com sua própria sopa, legumes e frango dadia. Ou você
pode ter peixe e batatas fritas, o melhor deste lado de Oban.

Mindy forçou um sorriso e sacudiu a cabeça.


— Estátudo bem, obrigada. Tudo que eu quero é dormir.
— Você tem certeza? — Ele arqueou uma sobrancelha cor
de gengibre, parecendo preocupado.
— Absolutamente. — Mindy deixou seu sorriso iluminar e
começou a fechar a porta. Ela não queria parecer desagradável,
mas estava chegando muito perto de dizer a ele que, o que ela
realmente precisava era de uma aspirina. Ou várias.
Ela se preocuparia com comida mais tarde.
Depois de colocar o Castelo de Ravenscraig atrás dela. O
lugar era muito misterioso e muito velho, e tinha muitos
homens que poderiam ser considerado aglomeração medieval
nas suas antigas muralhas. Sem mencionar que ele estava
aqui.
Não tinha imaginado encontrar Bran de Barra.
O áspero e bonito laird hebrideano não era o tipo de
homem que uma mulher esqueceria. Fantasma ou não, era o
tipo que entrava em cada quarto com um floreio, estreitando,
olhando e fazendo o espaço dele próprio. Resplandecente em
seu kilt e com um orgulholevantando seu queixo, que atrairia a
atençãode uma fêmea em cem passos, não obstante a
dimensão.
Mindy enxugou a testa. Ele estava no grande salão. E ele
definitivamente tinha estado no vestíbulo com ela, invisível ou
não. Ela ainda tremia pelo encontro, droga!
Mesmo agora, ela podia ouvir sua voz rouca no ouvido
dela, sentir sua respiração provocando sua pele e sua
mandíbula firme movendo-se tão suavemente contra seu
pescoço, a fazendo tremer e lembrando que ela sempre tinha
sido atraída por homens grandes e fortes com mãos suaves.
Esses homens poderiam derretê-la em tempo rápido.
Mindy soltou um suspiro lento e trêmulo. Não era do seu
interesse pensar em quão fácil Bran de Barra poderia seduzí-la
bastava que ele envolvesse seus poderosos braços ao redor
dela, puxando-a contra seu corpo enorme e repleto de
músculos.Ou o que aconteceria se ele a beijasse.
Por enquanto, ela o tiraria de sua mente e ficou feliz por
Malcolm finalmente ter se virado e tersubido de volta os
degraus, deixando-a sozinha. Não que ele não fosse um rapaz
simpático e cortês, a culpa sem dúvida era do imponente hotel-
castelo.

Dele também!
Mas genial ou não sua turnê a One Cairn Village a tinha
inquietado.E suas histórias longas e detalhadas dos
MacDougalls, os construtores originais do castelo, lhe tinham
dado uma dor de cabeça furiosa. A tinham levado através dos
séculos, e claro, de volta aos dias de Robert de Bruce!

Imagens passaram pela mente de Mindy. Ela quase podia


ver o rei guerreiro da Escócia trovejando na vila
zombeteiramente, montando um grande corcel negro. Os
homens aplaudiam e se apressavam a rodeá-lo, cada um
ansioso para se juntar ao seu exército. As mulheres competiam
por sua atenção, empurrando e empurrando para chegarema
frente, em seguida, desmaiarem se ele lhes devotasse algum
olhar.
Margo — se ela estivesse lá — teria chegado ao clímax no
mesmo momento.Mindy sorriu, com essa certeza.
Sua irmã poderia ficar mais animada sobre Robert de
Bruce do que algumas mulheres ficariam sobre os
conquistadores de corações em Hollywood. E, no entanto, ela
tinha ficado toda latejante quando um fantasma tinha
esfregado sua barba de setecentos anos contra seu pescoço!
Mindy franziu a testa de novo e arrancou sua pesada
jaqueta, jogando-a sobre uma cadeira.
Tinha que ser o cansaço.
Ela tinha ficado sem dormirdireito bem mais de vinte e
quatro horas. E a privação de sono faz coisas estranhas para
as pessoas. Sem mencionar o cruzamento de cinco fusos
horários e...Aterrissar em um lugar onde até mesmo a
proprietária americana falou da magia das montanhas!
Ela estremeceu e esfregou os braços, de repente frio.Não
que alguém pudesse culpá-la.
Caminhar por uma aldeia de Cairn sob o cinza enevoado
da noite e com a aglomeração da vila de chalés cobertos de
palha, tinha se sentido como deslizando nas páginas de um
livro de história. Embora duvidasse de que uma verdadeira
aldeia do século XIV tivesse sido tão limpa e ordenada. As
casas de uma aldeia de Cairn tinham uma porta azul brilhante
bonita e as velas flutuantes nas janelas, embora Malcolm lhe
tivesse dito que não eram reais. Eram luzes elétricas feitas para
que se parecessem velas.
Mas as flores e a urze do fim do outono que floresciam por
toda parte, decorando a porta e percorriam os caminhos que
atravessavam a aldeia, eram reais. Como era o grande marco
memorial com sua cruz celta alta no centro da vila.
Dedicado a MacDougalls há muito tempo, Malcolm havia
afirmado que o monte de pedras e sua cruz de aparência antiga
haviam lhe dado arrepios. Assim como os finos fios azuis de
fumaça de turfa subiam das chaminés baixas das casas. A
fumaça parecia pendurar no ar, dando à aldeia um cheiro de
terra-rica-de-velhos-tempo.

Pena que ela não foi feita nosvelhos tempos.


Sem dúvida, existia uma fantasia celta na vila de
Cairn.Simplesmente não era para ela.
Infelizmente, ela ficou atônita ao descobrir que a suíte
Havbredey sim, era. Arejado e leve, não era nada como ela
esperava, provando ser um grande espaço aberto. Pisos de
madeira muito polida com uma dispersão de tapetes de lã de
cor creme batiam uma nota convidativa, enquanto o mobiliário
de pinho ficou bem com as paredes lisas. Cortinas até o chão,
no mesmotom esbranquiçado, tapetes emoldurando uma janela
alta perto da lareira, onde um sofá de tartan confortável foi
elaborado para pegar o calor do fogo. Uma estreita escada de
pinho na parte de trás da sala levava a um pequeno quarto tipo
loft.
O banheiro, também no andar superior, era o sonho de
um hedonista. Todo em mármore de mel-ouro com preto,
oferecia uma banheira de canto e um chuveiro separado por
vidro-fechado, e estava abarrotado com uma variedade
surpreendente dos óleos de banho finos, de sabões, e de loções
perfumadas.
A única coisa que ela mudaria seria abandonar o grande
jato de urze branca e bagas vermelhas em um vaso. Ela iria
substituir a exibição oh-tão-Highlanderpor algo de polinésio.
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Um arranjo de bom gosto de ave-do-paraíso veio à mente. Ou
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talvez ela escolhesse orquídeas selvagens e plumerias .
Caso contrário, ela adorou a suíte à primeiravista. Seu
fôlego tinha parado no instante em que Malcolm abriu a porta.
Mesmo o sofá xadrez e as várias grandes fotografias em preto e
branco das Hébridas não podiam prejudicar o sentimento
imediato de acolhida e pertencimento.

Ela podia ver-se enrolada diante do fogo, ouvindo o vento


uivar fora enquanto bebia chocolate quente e perder-se em um
bom livro de mistério acolhedor.Era o tipo de lugar onde ela
poderia ter ficado para sempre.
E isso a assustava mais do que se uma multidão de fadas
de asas reluzentes e de vestes verdes saísse de trás do Cairn
memorial da vila para acenar suas varinhas de condão para
ela.
Ela não queria gostar de nada dali, ainda...
— Basta! — Ela deu umasacudida e atravessou a sala
para o sofá — habilmente fingindo que não era um tartan —
antes ela se transformou em uma daquelas pessoas que
constantemente anseiam por um pote de chá e bolinhos.
Ou deveria ser boloe whisky?
Claro que ela não queria saber, ela caiu no sofá e pegou
um dos livros na mesa lateral de pinho. Depois de algum tempo
relaxando ela esperava que um pouco de leitura a ajudasse a
adormecer.

Infelizmente, o primeiro livro que ela pegou foi Rivers of


Stone: Highlanders Ancestral — Jornal de uma pequena
viagem com Hughie MacSporran. Meio com medo de que o
título pudesse convocar a Longa Galeria Tripla, Mindy deu um
tapa no livro e o colocou de volta a mesa lateral e pegou outra
revista.
Esta tinha na capaa foto em tamanho normal de um alto,
bastante musculoso Highlander em um kilt. Obviamente, o
orgulhoso autor desta série: Highlander, pequeno Hughie
MacSporran tinha bochechas vermelhas rosadas e cabelo
castanho-avermelhado, e estava ao lado da famosa estátua de
Robert de Bruce, de Bannockburn.

Mindy olhou para a foto da capa, pensando que o homem


parecia um ursinho de pelúcia. Mas foi o título que a fez lançar
arevista de volta para a pilha. Royal Roots: Guia de um escocês
para descobrir ilustres antepassados.
Sem se importar quando o livro deslizou pela pequena
mesa e pousou no chão, ela puxou os pés para baixo dela e
depois estremeceu.Todos os Highlanders eram tão
ancestralmente loucos?
Franzindo o cenho, ela estava prestes a pegar o terceiro e
último livro quando seu celular tocou. O identificador de
chamadas disse que estava restrito, mas poderia ser apenas
Margo, então ela o abriu e pegou a ligação.

— Alô?
— Mindy! — A voz de sua irmã veio através da linha. —
Você está na Escócia! Como você está? O que você está fazendo
agora?
Mindy puxou um tartan sobre seus joelhos e olhou para a
lareira. O fogo já estava morrendo e a sala estava começando a
esfriar.Não, estava ficando frio.
Mindy franziu o cenho.
— O que estou fazendo? — Ela lançou outro olhar para as
brasas de turfa. Eles se assemelhavam a marshmallows com
apenas uma pitada de brilho alaranjado. — Eu estou relaxando
próximoum fogo crepitante, bebendo um único malte e
romantizando sobre minha viagem às Ilhas amanhã.
— O-o-oh! — A excitação de Margo era palpável. — Eu
sabia! Só um dia e você caiu sob o feitiço da Escócia. Isso
acontece com todos. Eu te disse.
— Desculpa. Eu menti — Mindy se mexeu no sofá. — Mas
eu estou enrolada diante de umalareira de turfa. Infelizmente, é
pouco mais do que um pedaço de cinza ardente agora. Eu não
estou bebendo whisky, embora eu poderia estar, se eu
quisesse. Há uma pequena garrafa de boas-vindas e um copo
na mesa de cabeceira.
— Caso contrário, eu estou em uma suíte escura em uma
casa de treinador vitoriana em uma noite molhada e ventosa no
meio do nada. Se você ignorar o vento — ela olhou para a
janela enegrecida pela noite e estremeceu — é tudo muito
quieto. E embora eu não tivesse acreditado, está ficando cada
vez mais frio a cada minuto que passa.
— Mas você viu alguma névoa? — o entusiasmo de Margo
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não foi amortecido. — Dizem que rola para baixo as brae e
agarra-se ao corries.
— Eu não sei o que é um corrie.
— É uma fenda no lado de uma montanha, um pouco
como um profundo e estreito desfiladeiro, — explicou Margo, a
especialista da Escócia. — Um brae é a própria encosta e...
— Eu não me importo com o que são. — Mindy olhou para
a janela escura novamente. As rajadas de vento começavam a
balançar os vidros. — Se há braes e corries lá fora, eu não vi
nenhum. A névoa estava em toda parte, a sopa de ervilha
espessa encobriria qualquer colinas cheia de urzes ou ruínas
de um castelo romântico que poderia me encantar.
— Você vai ver por aí! — Margo riu. — Eu ousaria dizer
que ninguém iria para a Escócia e não se apaixonaria. De jeito
nenhum minha irmã vai ser a única exceção.
Mindy apertou a ponta do nariz e tentou não suspirar.
— Na verdade, — ela começou, sentindo uma pontada de
culpa pela irmã porque Margo realmente amava a Escócia, —
minha suíte é muito agradável. Tem dois níveis e é arejado. Eu
podia viver em algo assim Havaí ou Flórida, se eu mudou o
mobiliário de pinho e tartan para impressões tropicais e
bambu. Livrar-se de todas as fotos das Hébridas e substituí-los
com pôr do sol de Maui.A suíte é chamada de Havbredey — sua
língua torcida na palavra — e significa...
— Eu sei o que isso significa, tonta! — Margo riu de novo.
— Eu deveria saber.
— Sim, você deveria saber. Posso lhe contar todo tipo de
coisas sobre Escoc...
Margo interrompeu-se abruptamente e Mindy pôde ouvir o
murmúrio de vozes no fundo. Então o rangido de uma porta
seguido pelo tinkle distintivo do vento no carrilhão que
anunciava novos clientes em Old Pagan Times.
— Estou de volta. — Margo estava na linha novamente,
soando um pouco sem fôlego. — De qualquer forma, é sobre as
Hébridas que...
— Você está no trabalho? — Mindy conhecia alaird de
Margo, uma anciã excêntrica chamada Patient Peasgood,
embora fosse agradável, não apreciaria Margo conversando em
horário de trabalho. — Você pode me ligar quando sair. Eu vou
ouvir o telefone, mesmo se eu estiver dormindo. Eu não quero
Patient...
— Essa é a melhor parte! — Margo quase gritou as
palavras. — Foi Patient quem me disse para te ligar. Ela e
Madame Zelda insistiram nisso.
— Você quer dizer Marta López. — Mindy revirou os olhos.
— A leitora de tarô porto-riquenha.
— Ela é boa você gostando dela ou não.
— Sorvete é bom, também, mas olha o que acontece se
você comer o tempo todo ô-ô-ô.
— Você está apenas cansada. Ouça...
— Eu sou toda ouvido. — Mindy recostou-se contra as
almofadas. — E aí?
— Estou voando para te ver! — a voz de Margo inchou de
alegria. — Você pode acreditar? A Patient deu-me licença sem
vencimento para ir e...
— Eu não estou lá ainda. — Mindy apertou o telefone. —
Não em Barra, de qualquer maneira. Vou ficar em um dos
melhores hotéis da ilha e você sabe como foi difícil para obter
uma reserva. A senhora disse que estavam cheios e...

— Não se preocupe! Não quero dizer agora. — Margo


estaria agitando uma mão, Mindy sabia. — Patient colocou
algumas restrições em minha licença, mas isso não é
incômodo. Ela está procurando por outra garota para ajudar as
tardes e fins de semana. Assim que ela encontrar alguém
adequada, disse que eu posso ter o tempo livre para voar e me
juntar a você. A menos queo negócios fique muito lotado e, em
seguida...
Mindy ouviu o som de Margo. Suas chances de chegar não
pareciam tão sólidas. Mesmo assim, uma onda de terror caiu
sobre ela ao pensar em sua irmã entusiasta e nosfantasmas
que apareceu em Barra.
— Isso é maravilhoso! — Mindy esperava que sua voz não
fosse tão estridente. Mas ela sabia que sim.
— Não fique tão alarmada. — A resposta de Margo
provocou. — Minha viagem pode nem acontecer. Mas se isso
acontecer, prometo não te envergonhar.
— Eu não quis dizer isso... — Mindy passou a mão pelos
cabelos, incapaz de terminar.

Margo já a tinha envergonhado — ou teria — Mindy nem


sempre estava um passo à frente dela. Sentindo o suor escorrer
pela testa, Mindy olhou para a bagagem de mão, no chão, perto
da grande cama de dossel da suíte.
Um dispositivo supermoderno de detecção de fantasmas
foi enfiado dentro do bolso lateral da bagagem de mão. O mais
recente em tecnologia de detecção para espiões, de acordo com
Margo e todos em Old Pagan Times usavam, a coisa era um
11
leitor EMF .Projetado para pegar flutuações nos campos
eletromagnéticos onde os fantasmas fossem se reunir, o
medidor EMF tinha todos os sinos e assobios. Ele incluía um
tom de alarme estridente que soava se a atividade registrada
paranormal revelasse especialmente forte.
A única razão pela qual Mindy não o tinha lançado em
Newark era que Margo tinha pegoemprestado de Patient
Peasgood. Depois da viagem de Mindy, tinha que ser devolvido
à loja.
Assim Mindy tinha feito a única coisa razoável: removeu
as baterias.Felizmente, ninguém em segurança tinha
encontrado o medidor de EMF, exigindo respostas a perguntas
que só a faria parecer pateta.Se Margo chegasse a Barra, ela
ficaria aturdida com mais coisas. Sem mencionar termômetros
infravermelhos e câmeras e tudo o que mais praticava
caçadores de fantasmas qye estavam carregados com eles.
As pessoas notariam.
E Mindy não ficaria apenas envergonhada.Ela ficaria
mortificada.
— Eu sei o que você quis dizer. — A dor na voz de Margo
trouxe de volta a facada de culpa de Mindy. — Eu não vou levar
nenhum equipamento, exceto minha câmera diggy. Você já tem
um bom leitor EMF. Isso será suficiente.
— E não se preocupe. — Margo riu novamente. — Eu não
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vou fazer uma sessão de EVP ou qualquer coisa.
Mindy fechou os olhos. Ela estava certa de que tentar
capturar vozes fantasmagóricas em um gravador seria uma das
primeiras tentativas de sua irmã para atrair Espíritos de
Highlanders.
— Eu vou te segurar isso. — A manta de Mindy deslizou e
ela chegou a colocá-la em torno de seus joelhos novamente. —
Não,não-não para o fato de acontecer algo estranho e eu ficarei
feliz em não vê-lo.

Isso, pelo menos, era verdade.Ela amava Margo, apesar de


sua propensão para o estranho e inexplicável.Mas tendo Margo
sob os seus pés, lisonjeando e ficando poética sobre as Terras
Altas da Escócia, também não estava na agenda de Mindy para
esta viagem.Todos sabiam que os escoceses pensavam que os
americanos eram um pouco exagerados sobre a Escócia. Assim
como era bem conhecido que o telégrafo Highlander estava vivo
e trabalhando melhor do que nunca, mesmo nesses tempos da
Internet.
Margo teria todo mundo nas Ilhas pensando que ambas
tinham ido lá para bisbilhotar. O veredicto se espalharia como
um fogo no páramo. Elas seriam marcadas como não
confiáveis, o que poderia até mesmo vazar para a Global,
prejudicando as chances de Mindy de retornar a seu antigo
trabalho de voo.As linhas aéreas tomavam providenciassobre
qualquer coisa ou alguém que fosse considerado
desequilibrado.
— Madame Zelda fez uma leitura para mim — disse
Margo. — Ela tem certeza de que estou condenada a fazer esta
viagem. Mas se você preferir que eu não...

— Não, não! — Mindy mordeu a língua para não lembrar a


Margo que se ela tivesse revelado seus sonhos a adivinha, é
claro, Madame Zelda diria que eles se tornariam realidade.
Com a esperança de mudar de assunto, Mindy olhou ao
redor do quarto mal iluminado. Seu olhar caiu em um saco
grande de presente que carregava o tartan com fitas de cardos
da vila de Cairn. O pacote estava em um baú antiquado ao pé
da cama. Mindy correu para lá agora, pegando a sacola e
tirando umalinda jaquetae tweed compradapara Margo na loja
de cháe presentes de Innes.
— Claro, você deve vir. — Mindy abraçou a jaqueta,
desejando que Margo pudesse vê-la agora. — Eu peguei uma
jaquetae tweed impressionante para você esta tarde.

— Jaqueta e tweed? — A voz de Margo levantou-se com


excitação. Seus planos de férias Highlander tomou um pé no
traseiro ao estilo. — Você comprou uma jaquetaescocesae
tweedgenuína para mim?
— Eu comprei. — Mindy sorriu, contente por ela ter
esquecido o outro tema. — Ele foi feito aqui no Castelo de
Ravenscraig, onde eu estou ficando. Chama-se Beijo no
Coração e é toda na cor malva com um toque de rosa. Você vai
amar.
— Eu já amo. — Margo fez uma pausa. –Otweed há o
suficiente para fazer uma saia?
Mindy voltou para o sofá.
— Isso é o que eu pensei que você poderia fazer com ele.
— O-o-oh! — Margo gritou como se ela pudesse saltar
através do telefone. — Eu não posso esperar para vê-lo.
Obrigadae-oh, aqui vêm mais clientes.Preciso ir! — Ela desligou
quando o carrilhão de vento de Old Pagan Times começou a
tilintar.
Mindy olhou para o telefone desligado. Ela esfregou os
olhos, sentindo como se tivesse sido apanhada por um ciclone.
Margo falando da Escócia poderia esgotar qualquer um.
Especialmente com o vento gritando em volta do beiral e
fazendo estranhos barulhos na chaminé. Não ajudava que o
céu noturno — o que pouco que podia ver através da janela —
já não parecia frio e cinzento, mas agora era frio e negro.Muito
negro. O tipo de escuridão que ela tinha certeza não poderia ser
encontrado do outro lado do Oceano Atlântico.
E graças a sua irmã, ela agora imaginava aquele vazio com
todos os tipos de perigos. Se existiam fantasmas — mesmo em
casa em New Hope, — então quem sabia dizer que criaturas
percorriam as colinas da Escócia após o anoitecer?
Ela já tinha visto um cachorro que poderia ter sido um
lobisomem!
Estremecendo, ela soprou as franjas de sua testa e pegou
outro livro da mesa de apoio. É melhor ler sobre o ancestral do
feijão do que preocupar-se com bestas celtas que poderiam —
ou não — estar rondando pelos bosques sob a janela.
Determinada a entediar-se com os passeios genealógicos
do Pequeno Hughie MacSporran, ela olhou para o livro em sua
mão. Era outro volume da série do autor Highlander. Mas este
13
foi intitulado Contos de Hearthside : O olhar de um escocês
no mito, e nas lendas dos clãs.
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A renderização de um artista ruim de Nessie enfeitou a
capa.
— Ackkk! — Mindy deixou cair o livro como se fosse uma
batata quente.

Ela não ia ler sobre as criaturas que ela estava tentando


tirar de sua mente. O que ela precisava era de um bom banho
quente ou de um longo mergulho na luxuosa banheira de
hidromassagem de mármore. Não havia nada melhor do que as
sutilezas modernas para banir as coisas que iam chocá-la
durante a noite.
Mas no instante em que ela se levantou, o vento soprou eo
quarto ficou estranhamente quieto.Até o ar parecia diferente,
tornando-se grosso e pesado.
— Pahhh! São nervos, Menlove, nervos puros. — ela
murmurou, andando pelo quarto.
Ela não conseguiu chegar a meio caminho da banheira
antes que um uivo penetrante parasse seu frio. Coração
disparando, ela bateu uma mão em seu peito, escutando,
enquanto o som terminava em um grito assustador e agudo.
Era o tipo de som triste que Margo chamaria do outro
mundo.Mindy tinha certeza que era uma coruja híbrida.Certa
de que não dormiria até que soubesse, foi até a janela,
espiando pelo vidro até que seus olhos se ajustaram à
escuridão.
Quando o fez, ela pôde distinguir um ou dois pontos de luz
de One Cairn Village do outro lado da madeira. Mais perto de
Victorian Lodge Coach House, ela viu vários grandes
afloramentos de rochas. Nada se movia exceto a suave névoa
que flutuava entre as árvores.Mindy soltou um suspiro de
alívio.Mesmo que ela não tivesse visto a coruja, tudo parecia
como deveria. Até que algo enorme e escuro passou por trás da
coruja.
— Gahhhh! — Ela pulou e a criatura parou, girando para
olhar para ela com os brilhantes olhos âmbar.Era o cachorro-
lobo do portão.

Ele, ao invés de uma coruja mutante, devia ter feito o uivo


ensangüentado. E o coração de Mindy parou quando ela olhou
para ele, incapaz de desviar o olhar — ela agora sabia por que
ele tinha dado a ela tais arrepios.
Ela o conhecia.
Ou melhor, ela se lembrava dele.Ele era Gibbie.
Era o cão fantasma de Bran de Barra que tinha visto na
noite que o laird Hebrideano tinha aparecido bem na frente
dela na cozinha da Loucura.Então, como agora, os dois eram
inseparáveis...
Ambos a observaram da borda da madeira. Gibbie estava
de pé onde ele se virara para olhá-la, e seu mestre estava bem
ao lado dele, onde ele se manifestara do nada, aparecendo num
piscar de olhos.
Mindy engoliu em seco e puxou a cortina para ver melhor.
Estava espantosamente escuro e uma fina chuva de outono
estava começando a cair. Gotículas estavam salpicando o vidro
da janela, correndo pelas vidraças.Mas ela não estava
enganada.
Bran de Barra estava lá embaixo.
O brilho de seu cabelo vermelhado brilhava à luz do luar e
seu tartan se movia em torno dele, preso pelo vento que
começava a rajadas. As sombras lançadas em seu rosto
tornavam difícil ver sua expressão, mas ela podia sentir raiva e
paixão irradiando dele.
Ele estava olhando para ela.
Todo instinto lhe dizia para recuar da janela. Ou pelo
menos um passo atrás das cortinas, protegendo-se de seu
olhar audacioso, avaliador.

Mas não podia desviar o olhar.


Bran de Barra e seu cão se aproximaram. Tão perto que
ela podia ver pingos de chuva cintilando em seus cabelos e
ombros. Ele estendeu a mão para acariciar as orelhas do
cachorro, mas seu olhar nunca deixou seu rosto.
Ele a olhou com um olhar que fez suas entranhas
tremerem.
Não era o tipo de olhar que os homens modernos dariam
às mulheres. Era o tipo de olhar penetrante, tão
intransigentemente masculino, que só os homens atrevidos e
descarados de tempos passados fixavam numa mulher quando
desejavam seduzir e desestabilizar.

E estava funcionando.
Espontâneo ou não, sua força teceu um feitiço sedutor em
torno dela. E a maneira como ele às vezes deixava seu olhar
cair em seus lábios, como se contemplando a melhor maneira
de saqueá-los, bem, aquele olhar aquecido a encheram de
antecipação formigante. Mindy podia sentir seu corpo inteiro
flamejando.
Ela não deveria pensar em seus beijos.
Ela endireitou as costas, não querendo que ele visse o
quanto estava fascinada.
Ele inclinou a cabeça e estava certa de que seus lábios
estavam se contorcendo em um sorriso. Mas então olhou para
o cão e deu mais alguns passos em direção a ela, seu fiel
companheiro ao seu lado.
Mindy ficou congelada, tentando fingir que ele e sua besta
não passavam de um redemoinho de névoa. Bem, dois
redemoinhos. Na escuridão da noite, muitas coisas podiam
assumir a forma de um homem e um cão. Tal erro foi
especialmente possível quando aqueles redemoinhos foram
vistos por alguém além exaustão.
Era uma pena que os luminosos olhos dourados do cão e
as brilhantes faíscas azuis que dançavam ao redor da pedra do
punho da espada de Bran de Barra entorpecessem sua teoria
de névoa.Ela duvidava mesmo que os nevoeiros das
Highlanders sugerissem cores. Cinza esbranquiçada era
praticamente padrão mundial.
Mindy engoliu em seco. Seu pulso acelerou e ela podia
sentir seus nervos picando. Mas quando Bran de Barra deu
outro passo em sua direção ela saltou para trás, tropeçando no
livro do pequeno Hughie MacSporran e aterrizando com um
doloroso golpe no chão polido, ela ficou louca.
Ela levantou-se, chutou o livro do pequeno Hughie para
um canto, e marchou de volta para a janela. Ela levantou as
cortinas, preparou-se para olhar para baixo e dizer exatamente
onde ele e seu cachorro-lobo poderiam ir.
Mas no curto espaço de tempo que tinha levado para ela
cair e se pôr em pé, os céus se abriram. Assim como Malcolm
previu, grandes nuvens de chuva estavam soprando através da
clareira sob sua janela. Na verdade, estava despejando tão forte
que ela nem conseguia distinguir os pinheiros que marcavam a
borda da clareira.
Em algum lugar o trovão explodiu e um relâmpago
irrompeu no céu.
Bran de Barra e Gibbie tinham desaparecido.
Franzindo o cenho, Mindy abriu a janela e se inclinou
para fora. Mas a única coisa para cumprimentá-la era o vento e
a chuva. Bran e sua besta realmente tinham desaparecido. E
no instante em que percebeu que tinha chamado o fantasma de
Bran, fechou a janela tão depressa que quase quebrou o vidro.
Ela não tinhavindo para obter o primeiro nome pessoal de
um homem que não estava vivo.Por mais real que ele pudesse
parecer.
Ou mesmo sexy.
Mas apesar de suas tentativas de tirá-lo de sua mente e ir
para a cama em sua melhor atitude de não ser afetada por ele,
se encontrou movendo-se pela sala, acendendo lâmpadas, luzes
e até mesmo a televisão. Não que ajudou muito para criar uma
atmosfera anti-fantasma com as luzes de teto,e as lâmpadas de
mesa projetadas como antiquadas lâmpadas de óleo, acessas.

A TV não era muito reconfortante com o único programa


sem neve e a estática foi um filme dos anos 50 em
gaélico.Mindy não queria olhar muito de perto, mas ela
15
suspeitava fortemente que era Brigadoon .Quando Gene Kelly
entrou na tela, tinha certeza.
— Não é para mim. — Ela pegou o controle remoto da
mesa de centro e clicou.A tela ficou preta assim que Bran de
Barra apareceu na frente dela, seu grande cão desgrenhado
nos calcanhares e um sorriso no rosto.
— Gahhhh! — Mindy saltou. O controle saiu voando de
seus dedos.
Bran de Barra esperou até que ele caiu com um ‘clack’ no
chão de madeira, e então colocou as mãos em seus quadris
cobertos pelo kilt.
— Então, moça, nos vemos de novo. — Ele olhou ao redor
da sala, com uma sobrancelha arqueada, pensativo. — Acho
que é uma pena que você fique nesse belo alojamento. Tal
conforto vai suavizar você, ah vai. Você não achará Barra muito
hospitaleira. É um lugar frio, varrido pelo vento, onde as ondas
gigantescas balançam os penhascos e os ventos são fortes o
suficiente para explodi-las em um piscar de olhos. Não será de
seu gosto.Se for — seu olhar voltou para ela. — É para lá que
você está indo, não é?
Mindy suprimiu o desejo de rir. Se ela não estivesse tão
perturbada — o que ela sabia que era seu ponto — ela teria,
sem dúvida, gargalhado. Como estava, ela inclinou a cabeça
para um lado e apertou suas próprias mãos em seus quadris.
— Onde eu vou é meu problema. — Ela manteve a voz fria,
contente de que certos programas de TV de caça fantasma,
estrela-psíquico-e-fala-com-o-outro-lado pareciam achar meio
normal conversarem com eles. — Quanto a Barra, você não
precisa se preocupar tentando me convencer de que não vou
gostar. Eu já sei disso muito bem.
Para sua surpresa, ele piscou, parecendo quase ofendido.
— Barra é a pérola das Hébridas. — Seu peito inchou e
sua voz soou orgulhosa — Embora seja possível que apenas um
16
Barrach possa apreciar plenamente o verdadeiro valor da ilha
e seus muitos esplendores.
Ele cruzou os braços, olhando para ela como se esperasse
um acordo.
Quando ela não disse nada, ele colocou seus lábios em
uma linha dura e sacudiu uma mancha invisível da lã de seu
tartan.Ele estava claramente chateado.
Seu cão começou a se arrastar pelo quarto, cheirando os
móveis. Ele passou perto dela uma vez, seu nariz frio cheirou
sua mão e sua cauda plumada sacudiu algumas vezes, como se
fossem amigos.Mindy se recusou a se distrair.
Nem ela admitiria que a forma como as pessoas se
sentiam sobre os cães era uma das medidas de bondade de
uma pessoa. A devoção de Bran a seu cão atraiu-a fortemente.
E que o cão o amava tanto em troca também disso
tinhacerteza.
Ela saiu de mais de um relacionamento porque o homem
em questão não gostava de cães. A maneira como Bran deBarra
se expressava e suavizava o olhar quando olhava Gibbie
parecia tão significante.Como todo o seu status
fantasmagórico. Até o nome dele... MacNeil.
Mas ela não queria se apaixonar por ele.
Ela pôs os ombros para trás, levantando o queixo.
— Por que você está me seguindo? Por que você não me
quer...– Uma rajada feroz de vento sacudiu os vidros da janela,
cortando-a.
Bran de Barra observou o grito de vento com atenção.
Ele levantou uma sobrancelha ruiva.
— Querer você minha senhora?

— Eu quis dizer — Mindy passou a mão pela frente do


suéter, com certeza tinha encolhido dois tamanhos desde que
ele entrou no quarto — por que você não me quer na Barra? Os
outros fantasmas...
— Os outros fantasmas já não são sua preocupação. —
Sua boca quase torceu em um sorriso. — Eu sou.
— Cada um de vocês é um problema para mim.
— Não, você é. — Ele colocou a mão no punho de sua
espada. A pedra de cristal era azul incandescente. — Meus
amigos não têm nada a ver com isso. Você os ouviu no meu
salão. Eles só desejam — ele olhou para a janela escurecida —
paz para desfrutar seus dias e se alegrar como quiserem.Eu
avisei uma vez que suas paixões são perigosas se despertadas.
Agora é comigo que você deve ter cuidado. Se... — ele fechou os
dedos ao redor da pedra do punho de sua espada, escondendo
o cristal — você visitar meu salão de novo.
— Eu não tenho medo de você. — Mindy sentiu seu
temperamento subir. — E eu estou acostumada a problemas.
— Ahhh, mas ainda não comecei a causar problemas para
você, Mindy. Eu prometo a você — ele falou suavemente, sua
voz profunda enviando arrepios por toda ela –que saberá
quando eu o fizer.
Mindy mordeu o lábio, sem duvidar dele.Ela deu um passo
para trás.

Ele parecia muito real. Tudo sobre ele era muito parecido
com os bravos guerreiros escoceses que ela tinha fantasiado
nos anos anteriores a Hunter. Sua voz, aquele sotaque...
O olhar que ele estava lhe dando colocou seu coração
acelerado.
Ainda mais alarmante a sala de repente ficou menor. Bran
de Barra, um dos homens mais altos e musculoso que já tinha
visto, agora parecia ainda maior. Ele parecia crescer em força e
estatura, um urso musculoso e um homem cujo olhar intenso
a estava chamuscando.
Mindy engoliu em seco.
Ela tinha certeza de que não havia homem como ele em
lugar nenhum. Não em seu mundo ou dele, nem em qualquer
lugar. Ele era uma força da natureza. E ele estava vindo para
ela com passos lentos e seguros que tornavam difícil respirar.
Não, era o calor em seus olhos fazendo isso.
Ele queria beijá-la.

— Não-o-o! — Ela esbarrouno sofá, colocando este entre


eles.
Ele riu.
— Och, moça, você realmente acha que pode escapar de
mim tão facilmente?
Pelas palavras ele estava bem ao lado dela. Mas em vez de
assustá-la, ele simplesmente levantou uma mão para passar os
nós dos dedos em sua bochecha. Era o mais leve dos toques,
mas isso produzia tremores ondulando ao longo de seus
nervos, fazendo-a ficar quente e encolhida.
— Não vai ser bom se você for para Barra. — Seu olhar se
moveu sobre seu rosto, então caiu para seus lábios. — Fique
longe. — Ele abaixou a cabeça, beijando-a tão suavemente que
ela mal podia notar a frieza de seus lábios antes que ele tivesse
terminado.
E, porra, ela queria mais!
Sentiu-se trêmula e a vergonha a escaldou. Ela não
precisava disso. Colocando uma mão, ela recuou e desta vez ele
não seguiu.
— Você verá,meu doce — de repente ele estava do outro
lado da sala onde seu cachorro estava deitado diante da lareira
— o tipo de problema que você vai trazer para si mesmo se agir
imprudentemente.
Mindy olhou para ele com raiva.
Ele teve a coragem de encolher os ombros com desprezo.
— Vá para casa, para a América e fique tranqüila que você
não vai perder muito. Não há mais nenhuma pedra na Barra
para ver.

Mindy jogou os cabelos para atrás.


— Eu sei porque eu os mandei para lá!
Ela inclinou a cabeça, pronta para saborear seu choque,
mas somente o vazio olhou para ela. Ela girou ao redor, com
certeza ele estaria atrás dela, sorrindo. Mas ele não estava. Ele
se foi. Certa de que ela nunca tinha sido mais abalada caiu no
sofá.
Ela queria que ele a beijasse.
Um fantasma!
Sentindo-se quente e fria — e ainda excitantemente
enlouquecida — ela puxou o tartan sobre ela, adicionando dois
travesseiros para uma boa medida.
Ela estava tão sonolenta. Se ela fechasse os olhos...
Trrrrring! Um tom alto de sirene encheu a sala. O ruído
crescia mais alto, machucando suas orelhas. Ela saltou para
cima, tropeçando sobre lençóis, enroscando-se como eles em
torno de suas pernas. Ela levantou aos tropeçou através da
escuridão, tentando encontrar a lâmpada de cabeceira.O som
era muito estridente para o celular dela. Mindy tentou livrar-se
do nevoeiro da sonolência, sentindo-se confusa.
Até que ela se lembrou de que Margo tinha todos os sinos
e assobios EMF que estava em sua bolsa. Ela agarrou sua
bolsa, puxando para fora o dispositivo de destruição de
fantasma enquanto a sirene diminuiu até silenciar.
Ela franziu a testa ao pequeno armário, lembrando-se
muito tarde de que tinha descartado suas baterias antes de
sair do aeroporto de Newark.
Nesse momento, o ruído trrrrring começou novamente. Só
que desta vez não era tão alto. E certamente não era o medidor
EMF.Era o despertador no criado-mudo.
Tinha-oprogramado para as seis da manhã para que não
perdesse o café-da-manhã escocês completo de Ravenscraig,
servido na sala de jantar do castelo das sete às nove. O
dispositivo de caça fantasma de Margo não tinha tocado. Ela
tinha dormindo e sonhado tudo. Muito provavelmente, a visita
de Bran de Barra, também.
Ela se afundou na beira da cama e esfregou as mãos sobre
o rosto, tentando se lembrar de se despir e escorregar sob as
cobertas. Ela não podia, mas lembrava de todos os detalhes de
seu encontro no sonho com Bran.
Ela deveria estar feliz por não ter sido real.Em vez disso,
ela estava quase arrependida. E isso poderia significar apenas
uma coisa.
Problema.
Capítulo 7

Bran de Barra nunca se sentira tão canalha.


Não, canalha não era odioso o suficiente. Franzindo o
cenho, andou de um lado para o outro, em busca de um epíteto
mais adequado. Ele se revoltou com a descrição, mas não podia
negar sua aptidão a idiotas. Ele não era um mero vagabundo.
Ele era um idiota de pernas de pau.

Ele fez uma pausa, estremecendo.


Para um homem orgulhoso que se considerava ter jeito
com as senhoras, não se saiu bem com o que ele
deliberadamente se propôs em intimidar Mindy Menlove.
O fato de ele ter tido pouca escolha não fez nada para
banir sua culpa.
Igualmente condenatório, quando ele voltou para Barra —
retornando ao pátio frio e enevoado fora de sua torre e não o
calor animado de seu salão — isso revelou que ele se
transformara em um covarde também.
Nunca, em todos os seus longos séculos de fazer incursões
ocasionais de Barra, hesitou em entrar em seu salão
abarrotado e turbulento. Ele apreciava a familiaridade
acolhedora e todos os rostos esperando lá para cumprimentá-
lo. Almas que — se ele tivesse reaparecido no meio deles —
veriam imediatamente que algo estava errado.
Eles o perseguiriam de bom humor, sem se arrependerem
até que lhe tirassem a verdade.Assim, pela primeira vez em sua
vida após a morte, ele se viu evitando sua própria lareira.Seu
cenho franzido se aprofundou.
Furioso, atravessou o salãoe e elevou a cortina, onde
olhou através da água da chuva, enegrecida pela noite a
mancha escura das colinas que se erguiam atrás da praia de
Barra. Pela primeira vez, lamentou que tivesse construído sua
torre em sua própria pequena ilha rochosa no meio da baía.
Seria melhor para ele estar no pico mais alto da ilha maior,
deixando o vento gelado do mar soprar longe de seus cuidados.
Ele apertou as mãos na fria borda da parede. Ele estava
enganando a si mesmo e sabia muito bem. Mesmo a
tempestade mais forte não era o suficiente para perseguir a
moça em sua mente.Seu abraço parecia inescapável como uma
maré de inundação que ele não podia escapar.
Bran enfiou a mão pelo cabelo e olhou para o céu. Embora
uma leve chuvinha caísse, não havia sinal da chuva que
molhava Ravenscraig, e um pedaço de lua espreitava através
das nuvens.
Gibbie estava encostado nele, seu grande peso contra as
pernas de Bran. Ele estendeu a mão para acariciar a cabeça do
cachorro, feliz por sua companhia. Minúsculos fios de névoa se
enrolavam ao redor deles, frios e úmidos. E abaixo das
cortinas, enormes ondas caíram sobre as rochas, enchendo o
ar de espuma.Poderia ter sido uma noite comum, se apenas...
— Maldita americana. — Bran sentiu sua mandíbula
apertar.
Ele desejou ter medo dela. A experiência lhe ensinara que
a maioria doshomens e mulheres dos tempos modernos temiam
os delicados fios que envolviam a vida extracorpórea. Não
importava se os fantasmas pareciam sólidos, como Bran se
orgulhava de ser. Os arrepios trêmulos ondulavam em suas
espinhas, mesmo assim.
Mas Mindy o enfrentara com coragem, desafiando-oseu
direito de estar em Ravenscraig. Um lugar que ele visitava com
freqüência, como muitos outros da sua classe.
Os fantasmas sabiam onde eram bem-vindos.
Assim como Mindy sabia quando não queria ser
incomodada.
A imagem dela levantando o queixo e jogando para trás
seu cabelo loiro atravessou sua mente. Assim como a centelha
de raiva que ele tinha visto em seus olhos e — maldito seja
seuesconderijo — como ela tinha atravessado o sofá
rapidamente e tentou afastá-lo quando ele tinha a intenção de
beijá-la.
Não, ele corrigiu, tinha planejado tomá-la em seus braços,
içá-la por cima do ombro, e levá-la para sua cama, esperando
ela desmaiar de susto antes de ser forçado a fingir que estava
prestes a ter algo mais com ela.
Mas ela não tinha desmaiado e sua coragem — algo que
todos os Highlanders honravam — haviam despertado sua
admiração.
Deus tem pena dele.
A última coisa que precisava era sentir simpatia por ela.
Essa estima tinha rasgado suas intenções em pedaços de
modo que ele tinha olhado para o pulso pulando na base de
sua garganta e, sentiu o impulso ridículo de acalmá-la. Ele
poderia tê-la puxado para si e esmagando sua boca com a da
dele.
Em vez disso, ele tinha alisado seus nódulos em sua
bochecha e roçado seus lábios contra os dela tão levemente que
a intimidade do beijo tinha feito seu coração bater de uma
forma que nunca tinha acontecido antes.
Ele nunca beijou uma mulher com tanto cuidado.
Nem tinha andado na chuva, horas depois — em verdade,
séculos a parte — e se torturou com lembranças do quanto era
macia sua pele. Ou o quanto seus doces e exuberantes lábios o
tentavam, cegando-o para raciocinar e fazer-lhe desejar...
Ele se inclinou mais forte contra a parede e suspirou.
Gibbie deu um gemido revoltado e trotou para investigar
as sombras e os cheiros do outro lado do salão, claramente
encontrando-os mais interessantes. Mas assim que ele
desapareceu na névoa, uma mão firme apertou o ombro de
Bran.
Ele começou a pegar sua espada, mas uma risada familiar
o deteve.
Saor MacSwain ergueu a voz acima do vento.
— Desde quando você volta de Ravenscraig olhando como
se tivesse engolido um barril de cerveja?
— Talvez eu tenha? — Bran girou para olhar para o outro
laird,a única alma que ousaria perturbá-lo quando ele tão
obviamente queria ser deixado sozinho.
Para enfatizar esse ponto, voltou-se para a parede e olhou
para o mar.

— A verdade é que eu me arrependi de fazer a viagem.


Duvido que eu volte a visitar nossos velhos amigos.
— O que diabo você diz! — Saor aproximou-se e inclinou a
cabeça para olhar para o rosto de Bran. — O que será doBaile
Ancestral de Ravenscraig se você não estivesse lá para
adicionar uma pitada de autenticidade das Highlanders? Os
visitantes que o reconhecem como um fantasma são excitados
para ter sua opinião confirmada que todos os castelos
escoceses são assombrados. E os que o veem como um homem
— ele lançou um sorriso malicioso — talvez as muitas moças
americanas que vão a Ravenscraig, bem, elas...
— Elas podem contentar-se com os outros fantasmas das
Highlanders que darão um jeito de atravessar a ponte para
assistir a tais festas. — Bran deu a seu amigo um olhar
estreito. Tenho assuntos muito mais importantes em minha
mente do que jogos galante a turistas kilt-enlouquecidas.
Saor arqueou uma sobrancelha.
— O quê, então? Você está apaixonado por Serafina e
zangado com os três lairds de MacNeil que a aborreceram?
— Isto não tem nada a ver com Serafina ou com os
fantasmas que a assustaram, e quem eles eram! — Bran
franziu o cenho.
Tinha a ver com uma mulher moderna que ele não iria
mencionar.
E — o pensamento gelificou seus joelhos — era algo tão
incrível, e condenadamente extraordinária que não queria
pensar nas possibilidades, porque se provasse ser verdadeira
essa maravilha,poderia parar seu coração.
— Ochh, bem... — Saor olhou suas unhas. — Se nãofor a
nossa encantadora pequena sarracena ou os nossos visitantes
misteriosos, só pode ser uma moça que o atormenta. — Ele
olhou para cima rapidamente, seus olhos escuros brilharam
com diversão. — Uma serviçal que ainda não conheci, estou
pensando.
Bran manteve sua boca apertada em uma linha dura.
Saor parecia pronto para virar de lado.
— Talvez seja eu que deva ir até Oban e ver o que
aconteceulá que lhe virou a cabeça.
— Você não vai a lugar algum. — Bran estendeu a mão
para agarrar o braço de Saor, suas sobrancelhas se juntaram –
E você realmente acha que eu estaria franzindo a testa tão
ferozmente se algum pedaço de bunda me chamasse a
atenção?
Saor se soltou, sorrindo.
— Sim, isso eu creio!
— Bem, você está errado.

Para a irritação de Bran, seu amigo jogou a cabeça para


trás e uivou de riso.
Ignorando o grunhido de protuberância, Bran cruzou os
braços.
— Se você quer saber, seu narigudo, meu humor
miserável tem que ver com Barra.
— Você? — Saor parou de rir.
— Não, não eu. Embora... — Bran olhou através da baía
para o contorno escuro da ilha que fazia parte dele tanto
quanto o ar que respirava. Ele era Barra. E muito mais do que
seu mero título.Havia ocasiões em que ele atravessara aquelas
colinas e charnecas, ou ao longo do Traigh Mhor, o grande
tronco de casca de Barra, e teria jurado que sentia o coração
da ilha batendo firmemente sob seus pés.
Ele engoliu em seco, lembrando-se.
Saor seguiu seu olhar.
— A ilha, então?
— Veja, eu quero dizer esta pequena ilha rochosa onde
estamos em pé. — Bran esticou um braço, gesticulando para o
silencioso salão eo forte volume cinza de sua torre. — É a
minha casa que está me incomodando. Esse é o meu orgulho e
isso dá refúgio aos meus amigos.

Saor recostou-se na parede e cruzou as pernas longas nos


tornozelos. Ele não disse nada, apenas ergueu uma
sobrancelha, esperando.
— Já se foi, meu amigo. — A admissão tinha gosto amargo
na língua de Bran. –A Torre de MacNeil não existe mais. Isto...
— ele moveu a mão na direção da torre, soube que o outro laird
entenderia o que significava o mundo, que ele manteve vivo
através de uma invenção fantasmagórica — é tudo o que
resta.Uma sombra conjurada do que outrora foi. — A dor
cortou Bran como uma faca. — Nenhuma pedra permanece nos
dias modernos. Nem um pedaço desmoronado de muros, nem
mesmo um pedaço de escombros.
Bran sentiu a garganta engrossar, mas não se
envergonhou de seus sentimentos.
Ele amava a Barra muito.
— Tudo desaparecido, Saor. Este rochedoestá limpo como
se a minha torre nunca existiu.
— Como você pode saber? — Saor estava olhando para a
fortaleza, seu olhar em uma das estreitas janelas de fenda.
Uma luz amarela esbatida brilhava lá, mostrando que um dos
amigos de Bran havia reivindicado um quarto para a noite.
— Você jurou que nunca visitaria Barra nos dias atuais.
— Saor olhou para ele, interrogando.
— Bem, eu fiz.
Saor arregalou os olhos.
— Quando? Eu não percebi que você tinha escapado.
Bran rosnou.
— Você acha que eu demoraria muito? Vendo o que eu vi
ou — ele estremeceu — eu deveria dizer, o que eu não vi!
— Você não disse quando foi.
— Isso importa?
— Estou curioso.
— Foi na noite que você me contou sobre Serafina e os
três lairds MacNeil. Os fantasmas que não foram derrubados
lateralmente por seus encantos. — Bran sacudiu os dedos para
conjurar uma jarra de cerveja, tomou um gole profundo, e
jogou a jarra de lado.Ela desapareceu antes de atingir os
pedregulhos.Ele enxugou a boca, lembrando que a noite era a
mesma que Mindy havia aparecido em sua cozinha.
— Com tantos acontecimentos estranhos, pensei que algo
devia ter despertado interesse em Barra. — Ele se manteve o
mais próximo possível da verdade. — Parece provável que tal
perturbação teria acontecido no momento presente. Como
lairdsabia que era meu dever dar uma olhada.
Saor deu um assobio baixo.

— Agora você sabe por que nossas mães pregaram que


não fazia sentido espreitar debaixo de pedras.
— Sim, esse é o caminho.
— Então, por que você foi a Ravenscraig? — Saor esfregou
a sobrancelha. — Eu acho que você tinha tido o suficiente do
mundo moderno por um tempo.
— Pahhhh! — Bran virou-se para olhar para o mar
novamente. — Esse lugar é tão familiar quanto nossas próprias
águas espalhadas pela ilha. Alex já foi um de nós, se você
esqueceu. Eu queria uma distração e ter uma boaidéia sobre o
próximoBaile Ancestral de Ravenscraig.

— Então, por que achei você tão triste?


— Porque... — Bran girou, — ouvi algumas notícias
interessantes de uma convidada lá.
— Uma convidada?
— Não importa, — Bran retrucou, percebendo tarde
demais que seu tom seco confirmou as suspeitas de Saor.
— O que é importante — ele sentiu uma onda de emoção.
— É que me disseram que as pedras da torre foram devolvidas
a Barra.
Saor olhou para ele.
— Isso não tem sentido. Primeiro, sua revolta porque a
torre se foi e agora você está me dizendo que está de volta.
Bran enrolou as mãos ao redor do cinto de espada para
que ele não as enterrasse no cabelo.
— Eu não posso dizer se o castelo está ou não. Nem sei se
a mulher falou a verdade. Ou se ela sabe o que foi feito com as
pedras em sua chegada aqui.O proposito é saber como
desapareceram em primeiro lugar? — Ele lançou um olhar para
a fortaleza, incapaz de manter a frustração fora de sua voz. —
Nós dois vimos bastantes ruínas de fortalezas que foram
poderosas para saber que mesmo quando eles caem, algo
permanece.Contudo — franziu o cenho — quando eu fui na
Barra moderna, foi como eu lhe disse. Eu me vi cercado de
desolação sem nem sequer um pedaço de poeira. Eu digo-o
outra vez, mesmo se a torre de MacNeil caiu, aquelas pedras
deveriam ter permanecidos como escombros. Nelas não
brotaram asas e voaram para longe. Então, onde elas foram e
como...
— Por que você não perguntou a moça? — Saor fez soar
tão simples.

Bran respirou fundo e soube que estava prestes a se


envergonhar.
— Porque, seu estupido, fiquei tão assustado quando
mencionou as pedras que eu acidentalmente vimparar aqui.
— Então talvez você devesse retornar! — Saor recostou-se
novamente contra a parede e cruzou os braços. — Volte para
Ravenscraig e encontre a paz. Ou — inclinou a cabeça escura,
— vá para a Barra atual e dê outra olhada.
Bran rosnou.
— Você já foi uma vez, — Saor pressionou. — Outra
espiada é o que importa agora.
Bran olhou para ele.
— Sou necessário aqui.
— Ochhh, sim. — Saor estendeu uma mão para esfregar
as orelhas de Gibbie quando o cão se juntou a eles. — Não há
outra alma branca entre nós, capaz de usar um pouquinho de
truque fantasmagórico, para manter a boa-vida que gostamos
aqui.
Gibbie sentou e latiu, claramente de acordo.Bran esfregou
as mãos sobre o rosto e ignorou os dois.Era uma desculpa
ruim.
Mas ele não poderia arriscar o dano a seu coração se ele
voltasse e tivesse que sofrer descobrindo que sua casa amada
tinha de fato sumido de suaslembranças.
Quanto a ver Mindy novamente...
Bran olhou para a pedra do punho de Heartbreaker e
depois para longe. Louvado seja Deus, o cristal encantado não
tinha escolhido este momento para luzes azuis e atormentá-lo
com golpes de dor flamejante do seu lado.
Mas ele foi atingido com uma súbita inspiração.
— Ohooo eu tenho uma idéia! — Ele agarrou o braço de
Saor, segurando apertado. — Você pode ir para a Barra
moderna. Dê uma volta e veja se a garota estava contando
histórias ou se ela realmente enviou minhas pedras de volta
aqui!
— Eu? — A fúria de Saor explodiu. — Eu não posso...
Gibbie latiu de novo e olhou para Saor com um sorriso de
doggy adorável, sua cauda balançando para frente e para trás
através dos pedregulhos molhados.
— Bahhh! — Bran o soltou e ficou para trás, satisfeito. —
Você apenas elogiou suas próprias habilidades. Até mesmo
Gibbie — ele lançou um olhar ao cachorro — sabe que você é o
único a descobrir a verdade para nós.
— Eu quis dizer que eu não posso ira qualquer lugar
agora. — Saor limpou a garganta, lançou um olhar para a torre
escura. — Eu disse a Serafina que iria me juntar a ela.
Bran riu.
— Você esteve aqui fora comigo por muito tempo para ela
ter esperado. Aquela é mais quente do que um ardente carvão
incandescente do fogo. Ela vai aquecer a cama de outra pessoa
agora e, você sabe disso.
O cenho de Saor disse que sim.
Ele começou a andar.
— Eu não vou ficar muito tempo. Só uma rápida olhada e
17
eu voltarei. O Thon dos tempos moderno é muito cheiode
adornos para minha preferência.
Parando para tirar uma gota de chuva de sua testa, ele
olhou para Bran.
— Você já viu ou ouviu — ele estremeceu — aquelas coisas
que eles chamam de sopradores de folhas?
— Você ainda encontrará Barra como sepultura.

— Então — Saor se levantou para olhá-lo. — Se você está


tão certo de que nada está lá, por que me pedir para ir?
— Porque eu sou Barra e posso. — Bran apertou seu
queixo, inflexível.
Não era freqüente ele seirritar, principalmente
demonstrando superioridade.
— E porque — ele se virou, não querendo que Saor visse
sua expressão suavizar — você é o único que eu sei que me
dirá a verdade.
Ele tinha perdido seus outros amigos de confiança para as
americanas!
Sentindo um súbito sentimento de perda, ele apertou as
mãos atrás das costas e esperou que Saor discutisse. Ele
manteve seu olhar fixo na baía, onde o vento em lufadas estava
enviando ondas agitadas e cortadas de espumas brancas.
Atrás dele, tudo estava em silêncio.
A consciência de Bran começou a se contorcer e se
retorcer. A Barra MacNeils poderia ser, bem, a Barra MacNeils,
mas como laird dos MacSwains, Saor reivindicou uma longa e
orgulhosa linhagem própria. Bran mudou de posição e soltou
um longo suspiro. Ele não deveria ter usado sua superioridade
de laird sobre seu amigo.

Desejando reparar, Bran virou-se, mas Saor já se fora.


O salão estava escuro e vazio.Apenas Gibbie permaneceu.
E sua cauda estava abanando, seu olhar animado fixado
em um ponto donada que ainda crepitava com os brilhos de ar
deixados pela rápida partida de Saor.

— Então ele foi, hein, Gibbie? — Bran não se incomodou


em dizer onde.
O cão sabia.
E como a besta — que Bran suspeitava ser tão intuitiva
quanto qualquer vidente das montanhas — não parecia
perturbada, esperava que seu amigo voltasse com boas novas.
Bran se recusou a considerar qualquer outra coisa.
Mas quando a espera se estendeu para o que parecia uma
eternidade, ele começou a ter alguma dúvida. Saor não era um
MacNeil, mas amava a torre de Barra e Bran com a plenitude
de seu coração.

Ele era um MacNeil em espírito.


E, como tal, ficaria tão perturbado quanto Bran ao ver seu
bem-amado pedaço de casa reduzido a nada mais do que um
eco no escuro.
Saor retornaria imediatamente.
A menos que...
— Pelas bolas de Odin! — O pulso de Bran pulou. Se fosse
um homem menor, ele não balançaria tudo. Como não era, ele
bateu uma mão em seu peito drapeado pelo tartan xadrez e
fechoua outra em um apertado e doloroso punho.
Só poderia haver uma razão para o atraso de Saor.

Mindy não mentira.


O ar deslocou-se então, uma mera ondulação rápida e
Saor apareceu.
— Você ouviu bem — anunciou. — Barra, esta pequena
ilha da baía está coberta de pedras. Eu dei-lhes uma boa
olhada, e estou certo de que elas são de seu próprio castelo. E
— ele sorriu — pelo que eu vi delas, não parecem pior pelos
séculos de desgaste.
Bran olhou para ele. Por um momento, ele não conseguia
respirar ou falar. Uma onda de tonturas o agarrou e ele ouviu o
rugido de sangue em seus ouvidos.
Ele sentiu seu peito apertar.
— As pedras da torre...
— E as que estão nas paredes e na capela, nas
dependências e nos cantos e sabe o que mais. — Saor rodou os
ombros. — Havia muitos empilhados aqui e ali. Acho que até vi
a velha amarra de pedra que costumávamos ter em nossas
galerias.
O coração de Bran espremeu. Ele tinha roubado seu
primeiro beijo ao lado daquela baliza.
Como se Saor tivesse lido sua mente, ele colocou as mãos
nos quadris e riu.
— Pouco a reconheci, eu sei. A pedra ficou nova como
umacriança. Provavelmente os séculos que MacNeils usou,
investindo com suas linhas de amarração o deixou assim.
— E você viu a moça que me falou sobre as pedras? —
Bran tinha que saber. — Ela é uma moça atraente. Cabelo da
cor dosol-brilhante cortado perto de seu queixo e profundos
olhos azuis. Ela é — tentou não fazer careta — uma americana.

As sobrancelhas de Saor se ergueram, mas ele balançou a


cabeça.
— Eu não vi nada além de pilhas de pedras. E — ele
franziu a testa — a escuridão de um poço.
— Um fosso? — Bran piscou.

— Sim, então eu disse. — Os olhos de Saor cintilaram na


escuridão. — Foi por isso que demorei tanto. Manifestei-me no
fundo de um grande vazio e pensei que tinha me aterrado na
própria câmara de tortura do Escuro.
— Fiquei parado por muito tempo, sem querer me afastar
para que a agitação no ar não atraíssea atenção de alguém.
Mas então — seu sorriso retornou — meus olhos se ajustaram
à penumbra e eu vi onde eu estava.
— E onde foi isso?
— No fundo das ruínas das passagenssubterrâneas
antigas, onde está os pergaminhos,onde você construiu sua
fortaleza em cima.

— O quê? — o queixo de Bran escorregou.


Saor deu-lhe uma palmada no ombro.
— O jantar, não me diga que você esqueceu? Na época, em
que os velhos que ficaram em Barra, quando essas ilhas eram
jovens e consideravam esta ilha um bom lugar para ofracasso,
você lhesdiriaque era local perfeito para um castelo de MacNeil.
— Eu entendo o que disse — o interior de Bryan estava
começando a tremer — mas essespergaminhos estavamnos
subterrâneo mesmo em nossos dias. Parte disso era a nossa
fundação e o porão, o restante preenchido com terra e
escombros.

— Bem, não está preenchido agora.


— Mas por que...
Bran deixou as palavras se afastarem, não querendo fazer
a ligação que dançavam na tela de sua mente. Fazê-lo o teria
mais ligado a uma certa Americanalinda, e seu senso de
autopreservação lutava contra o aprofundamento de quaisquer
laços possíveis com ela.
— Eu vou te dizer o que eu penso. — A excitação na voz de
Saor mostrava que ele não compartilhava a hesitação de Bran.
— Tendo visto o que eu vi, está claro que alguém, talvez esta
moça voraz, não acaba de devolver as pedras da sua torre
simplesmente para jogá-las no chão. Seja quemforo
responsável significa reconstruir o castelo. E eles já começaram
cavando a velha fundação. — Ele sorriu novamente. — Esse era
o poço que eu aterrissei. A velha ruína do folheto, esperando
para suportar sua torre restaurada, como era no passado.
Bran engoliu em seco. Ele sabia que Saor estava certo.Era
a última coisa que ele esperava.E a própria idéia era fazer com
que seus olhos ardessem com uma salmoura cegante e ardente
que não tinha nada a ver com o ar cheio de fumaça e, tudo a
ver com uma americana que ele teria que encontrar muito em
breve e oferecer seus agradecimentos.Seu senso de
cavalheirismo exigia isso.Assim como sua posição como laird.
Na verdade, tal encontro poderia ser bastante agradável.
De fato, a idéia estava se tornando cada vez mais atrativa
quanto mais pensava sobre isso.
Sentindo-se melhor, mesmo flutuando, ele agarrou o
cotovelo de Saor e puxou-o através do salão para a torre.
— Venha, meu amigo... — Olhou por cima do ombro para
Gibbie, trotando fielmente atrás deles. — Parece que temos
algumas comemorações para fazer!

Ele não mencionou que esperava que uma barriga cheia e


um sono de boa noite depois disso o ajudassem a se preparar
para seu encontro com Mindy.
“Da sedução dela.”
O pensamento veio de nenhuma parte.

Mas quando ele abriu a porta da torre e se afastou para


deixar Saor e Gibbie entrarem na fortaleza, ele sabia que
gostava muito da idéia.
Poderia acontecer.
Ele olhou para Heartbreaker, desta vez olhando para a
pedra do punho de cristal sem medo. Até que ele se lembrou de
um detalhe perturbador que colocou umapálida explosão de
espírito em alto e com otimismo.Por todas as suas boas obras e
beleza, a americana tinha uma falha séria.Ela alegou que
detestava a Barra.
Em pouca distância de dimensões, mais perto do que Bran
teria acreditado, três almas que amavam Barra estavam fora do
imponente Terminal de Balsa de Oban e observavam os
passageiros chegando com crescente trepidação. Era como se
eles tivessem muita experiência como Caledonian MacBrayne
— carinhosamente conhecido como CalMac — e seus negócios
de transportar gente boa aqui e em todo o conjunto das Ilhas
Ocidentais.

***
Geordie, Roderick e Silvanus — sendo de uma época em
que aquelas águas eram mantidas apenas por belos e
magníficos guerreiros dos mares — estavam mais do que
dispostos a deixarem o negócio de transportar as pessoas
modernas, para aqueles mais à vontade com tanta algazarra.
CalMac estava indo bem até onde eles podiam dizer.
Mas era tarde e Mindy Menlove tinha reservado
umapassagem na balsa para Barra.Alarmantemente, ela ainda
tinha chegado.

E isso sim, dizia respeito àLonga Galeria Tripla.


— Eu disse a ambos que não deveríamos ter deixado ela
fora de nossa vista. — Silvanus olhou para os outros dois
fantasmas com as sobrancelhas levantadas de irritação. — Se
você se lembrar — ele soprou no próprio peito — eu queria
entrar no carro dela. Apenas para ter certeza de que ela não se
perderiano caminho, era isso somente!
— Você é quem precisa se importar. — Geordie levantou
sua bengala e sacudiu-a para ele. — Da última vez que você se
plantou dentro doautomóvel dela, de volta a Folly, ela quase
saiu da estrada e foi parar dentro das árvores!

— Ela não estava esperando me ver, isso é tudo. —


Silvanus mexeu seus ombros. — Desta vez tenho certeza que
ela teria apreciado minha ajuda.
— Ahhhh! — Geordie abaixou sua bengala e se inclinou
sobre ela. — Você faztudo como sempre gostou, não tendo
nenhum cuidado com o nosso descanso.
— Parem de briga, vocês dois. — Roderick ficou entre eles.
— Manter um olho na multidão é o que nós precisamos fazer, e
não agitação entre nós. Se vocês continuarem, poderemos não
perceber quando ela chegar.
— Se ela vier, — rosnou Silvanus.
— Ela vai vir. — Roderick cruzou os braços, seu olhar
afiado no fluxo interminável de passageiros da balsa. — Veja
todas essas pessoas ocupadas, ansiosas para visitar nossa
própria Barra! Aquece o orgulho, eh?
— Tantas almas vêm de perto e de longe. — Ele se
acalmou um pouco, alisando seu tartan — A moça também
estará aqui em breve. Eu sinto isso nos meus ossos.

— Meus ossos dizem que ela virou a cauda e fugiu para


seu Haw-wah-ee. — Silvanus começou a andar de um lado
para outro na frente da entrada do portão de vidro da balsa. —
Está chovendo desde que ela chegou aqui e ela deixou claro o
que pensa de frio e névoa.
— Mas isso é névoa escocesa! — Roderick fez um gesto
alto apontando a beira d'água e as grandes colinas que
circundavam a cidade.
A névoa das montanhas estava em toda parte, rolando
suavemente pelas cadeiras e pairando acima da água agitada
na baía. Cortinas ondulantes, macias e cinzentas, flutuavam ao
longo da estrada, tirando as bordas afiadas dos edifícios
modernos e amortecendo o barulho dos carros e o movimento
apressando das pessoas.
Roderick não via essa névoa há anos e a emoção quase o
dominou.
Ele limpou a garganta e correuseus olhos.
— Não me digam que a moça não estará encantada pelo
nossaterra natal. Eu acredito que ela já está gostando.
Silvanus piscou.
Geordie sacudiu a cabeça.
— Ela está perdida, eu digo a você. — Ele levantou a
bengala outra vez, desta vez apontando para a cidade. — Ou
nenhum de vocês notou quantas estradas estão bloqueadas
com os sinais de 'Homens Trabalhando' e 'Diversão'? Posso não
ser um especialista nos tempos modernos, mas mesmo eu sei
que uma alma pode ficar confusarapidamente se seguir
subitamente neste vai e vem de tantas outras maneiras!
Silvanus e Roderick trocaram olhares.
— Todos esses turistas encontraram seu caminho aqui. —
Silvanus olhou para a crescente multidão. — Se ela quer
apanhar a balsa, ela estará em cima delaa tempo. — Ele
esticou o queixo. — Mas eu acredito que ela deseja estar aqui!
— Hah! — Geordie golpeou sua bengala mais forte. —
Vocês dois são cegos como morcegos! São populares e não
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turistas. Eles são Highlanders e Islesmen , assim como nós.
Vários séculos adiante, é claro.
Silvanus esfregou a nuca, franzindo o cenho.
— Eu me pergunto o que eles querem na Barra.
— E por que eles não deveriam visitar Barra? — Roderick
lançou-lhe um olhar sombrio. — Você pode nomear uma ilha
mais linda?
— Está estranho e você sabe disso. — Silvanus olhou para
ele. — Mesmo em nossos dias, os únicos povos que vieram a
Barra eram os nossos próprios...
— Lá está ela! — Geordie apontou para um pequeno carro
azul na direção do terminal da balsa.
Mindy podia ser vista ao volante, as mãos brancas e o
rosto sombrio.
Silvanus girou sobre Roderick e Geordie.
— Eu disse que ela é infeliz aqui. Basta olhar para ela!

— Ela está aqui. Isso é tudo o que importa. — Roderick


ficou mais reto, alisando seu tartanxadrez. — Há tempo
suficiente para ela embarcarna balsa.
— E você acha que nossa saudação de boas-vindas à
Barra vai impressioná-la? — Silvanus não se incomodou em
esconder seu ceticismo.

— Eu pensei que era um aviso? — Geordie falou.


— Vocês dois estão errados. — Roderick lançou um olhar
para a baía coberta de nevoeiro, seu coração já trovejando de
excitação. — O que estamos prestes a fazer é um novoflorescer.
Silvanus revirou os olhos.
— Eu digo que é um erro.
Roderick passou o braço pelos ombros de Geordie.
— Você está em desvantagem. Geordie está comigo.
Silvanus lançou um olhar furioso para ambos, observando
que o braço de Roderick estava preso pelos dedos de Geordie.

Fingindo não perceber, avançou e deu uma tapa nas


costas de Roderick, com a maior força.
— Então vamos para fora para participar de nossa
surpresa!
Mas quando os três se viraram e seguiram pela estrada
para a baía, os kilts balançando, Silvanus jurou que, quando
tudo fosse dito e feito, ele ajudaria a moça.
Um florescimento, na verdade.
Se ela os visse através da névoa espessa, ela poderia
nunca mais ser a mesma. E tudo seria sua falha de
interferência.

Silvanus franziu o cenho. Sim, ele teria que fazer algo de


bom para ela e ele faria.
De alguma forma, algum dia.
Capítulo 8

Foi mordendo a pele de seus lábios com os dentes que


Mindy embarcou na balsa para Barra. Mas agora que ela
estava a bordo, seu carro de aluguel encaixado no lugar entre
uma van maltratada e um RV, ambos pertencentes aos outros
retardatários que tinha chegado no último minuto, ela descobriu que não
podia se mover.

Suas mãos agarraram o volante em um aperto de morte e


seus joelhos tremeram, ela duvidou que suas pernas a
sustentariam novamente. Pelo menos, até que ela se recuperasse
de seu pânico tentando chegar abalsa de Oban e, pudesse
respirar novamente.
Não tinha sequer sido ela que tinha encontrado a balsa.
Ela não precisou.
Ela tinha visto de longe, afinal, uma balsa gigante de preto
e branco Caledonian MacBrayne não era fácil de perder, mas
quem teria adivinhado que cada estrada que levava ao terminal
de balsa teria barricada e que a alternativa-desviava-a-rota do
trânsito seria um labirinto de ruas unidirecionais de sentido
único e confusão?

Ruas de sentido único que só pareciam levá-la mais longe


do lugar que ela estava tentando alcançar.Tinha sido uma
experiência angustiante.E tinhapiorado por ter que passar por
isso enquanto dirigia à esquerda.Ela odiava dirigir para a
esquerda.
A única coisa que ela não gostava mais estava fazendo, era
um espetáculo de si mesma. E ela estava fazendo um ótimo trabalho
nesse sentido agora. Ela não precisava olhar para o espelho
retrovisor para saber que seu rosto estava vermelho-tomate-
brilhanteou que seus olhos brilhavam com lágrimas não derramadas de
frustração.

Os olhares que os tripulantes da van e o motorista de RV e


seus passageiros haviam dado a ela,quando eles haviam
pulado para fora de seus veículos e saíram do estacionamento
porãoda balsa tinha dito tudo.

E se seus olhares não bastassem, os olhares fixos dos


trabalhadores de balsas vestidos com ajaqueta do ferryde pretos e
amarelos, que a acenaram a bordo disseram tudo.Eles
pensaram que ela estava louca.E, Mindy admitiu, ela estava
começando a acreditar que estava.Por que outra razão ela estaria
aqui?

Ela franziu o cenho e soprou a franja de sua testa. Tinha


sido um erro continuar dirigindo em círculos quando ela
percebeu como estava perto de perder a balsa. O que ela
deveria ter feito era aproveitar o momento, vê-lo como
destino,virar-se para voltar a Glasgow eao próximo voo
disponível para Newark.Ou, aliás, qualquer avião que ela
pudesse alcançar.Em vez disso, ela continuou, até parando
para pedir instruções a um velho andando com um
cachorro.Infelizmente, ele sabia exatamente como poderia
chegar à balsa.
E agora...

Mindy respirou fundo. Ela não teria acreditado que fosse


possível, mas as batidasdos joelhos estavam finalmente
começando a diminuir. Agradecida, ela olhou para os três
homens da balsa de jaqueta preta e amarela, aliviada ao ver
que eles haviam se afastado e não estavam mais olhando para
ela.
Se ela fosse rápida, poderia escapar para o nível superior
do navio.
Ela podia ficar no trilho e deixar o vento frio soprar o calor
de suas bochechas. Ou, talvez uma idéia melhor, poderia se
perder em um dos salões de espera ou reivindicar um local
tranqüilo na cafeteria.Ela só precisava sair do carro e correr
pelas escadas.
Era agora ou nunca.
Mas quando ela se inclinou para pegar sua bolsa e saiu do
assento do passageiro tropeçou em algo que acendeu o alarme
do carro.

Bleep, bleep, bleeeep!


— Oh, não-o-o! — Seu coração parou.O ruído era
ensurdecedor.
— Oh, Deus! — Frenética, ela empurrou de volta para a
bolsa e brincou com a chave do carro. Quando não parou de
tocar, ela começou a apertar cada botão que podia ver até que,
finalmente, ela cravou em algo que parou o sinal sonoro.
— Tendo problemas, moça? — Um dos trabalhadores
abriu a porta do carro, olhando para ela.
— Não, eu... — Ela não pôde terminar. Não havia nenhum
ponto para mentir quando era dolorosamente óbvio que ela
estava prestes a morrer de estresse.

— Certo, então. — O homem se afastou quando ela saiu


do carro. Ele olhou para seus companheiros e depois olhou
para ela, seu rosto marcado pelo tempo e simpático. — Você
tem cinco horas completas antes de chegarmos em Barra. Isso
deve ser longo o suficiente para resolvero que a estava
incomodando.Se eu fosse você, buscaria ter um pequeno
banquinho no andar de cima. — Ele indicou a escada a poucos
metros atrás dele, sorrindo. — Um bom gole e você vai se sentir
melhor que em nenhum momento.
— Eu...Eu farei isso, obrigada. — Mindy forçou um
sorriso, sabendo que era instável.Era o melhor que podia
fazer.O próprio sorriso do homem era torto, lembrando-a de
Bran de Barra e seusorriso torto.
Com este pensamento, seu pulso se acelerou. Antes que
ela pudesse evitar,enrubesceu, colocou sua bolsa em seu
ombro e apressou-se para os degraus, indo tão rápido quanto
suas pernas bambas a levariam.
Ela teria um ataque.Na verdade, ela poderia até ter dois.

Mas quando finalmente localizou um salão, foi para


descobrir que toda a área de grandes janelas acarpetadashavia
lugares somente para ficar de pé. Os homens estavam no bar e
embora houvesse alguns sofás e pequenas mesas redondas,
cada um com pelo menos quatro cadeiras, não havia um
assento vazio em qualquer lugar que pudesse ser visto.
A lanchonete era pior.Mesmo da porta, ela podia ver que
cada mesa estava ocupada. E a fila serpenteando para as
ofertas de serviço estilobuffet parecia tão longa que ela duvidava
que conseguiria passar por todos eles antes da balsa ancorar
na Barra.
Mindy suspirou.
Quem teria imaginado que tantas pessoas gostariam de
visitar uma pequena ilha no interiordas Hébridas?Se pensaria
que eles estavam até oferecendo algo.
Claro que não queria nada disso, fosse o que fosse, tirou
um lenço do bolso da jaqueta, amarrou-o ao pescoço e foi em
busca da escada de saída para os passeios de fora. Ficou claro
que a maioria dos passageiros — escoceses, e não turistas, pela
aparência deles — estavam mais interessados em ficar dentro
do que enfrentar o vento frio no convés.E como ela não estava se
sentindo muito sociável, era onde ela deveria estar.
Então abriu caminho através dos passageiros da balsa que
atravessavam os corredores até encontrar a saída mais próxima
para o convés exterior. Escapando à vista, ela disparou um
último olhar franzido para o salão do navio repleto, em seguida,
abriu a porta e saiu para o ar gelado, e com vento.
Foi um grave erro.
Não porque o vento em lufadas lhe lançasse um spray
gelado. Tampouco lhe incomodou que, depois de dois segundos
ao sair, seus olhos estavam rasgados e seus dedos pareciam
picolés.O que a imobilizou — e roubou o fôlego — foi o choque
da alegria. Atingiu-acom força total.E era tão inesperado, tão
desagradável, que ela só podia atravessar o convésse
arremessando, rolando, se agarrando ao trilho, e olhar sobre
ela, de boca aberta e olhos arregalados.
Eles haviam deixado a Baía de Oban — barcos de pesca se
moviam por toda parte e ela ainda podia ver a cidade e os faróis
de carros se movendo pelas estradas da costa — mas já sentia
uma espécie de liberdade espinhosa que a surpreendeu
totalmente. Frio, ventos, e cinza, especialmente quando
molhado, apenas não entendia sua idéia de felicidade.
E ainda...
A água agitada, coberta de espumasbrancas, tão áspera
pela correnteza rápida, e as muitas aves marinhas gritando e
voando acima, até mesmo a chuva batendo em seu rosto — era
tudo tão selvagem.
Como se o tempo, como ela sabia, ainda não tivesse
acontecido.
Era — ela não podia acreditar quando o pensamento
cruzou sua mente — como se o mundo impetuoso e moderno
que ela conhecia e sempre amara não importava em nada neste
momento.
Os penhascos escuros que se aglomeravam na baía, ondas
de afluência contra eles, disseram tanto. No alto, uma lua
crescente estava apenas começando a lançar seu brilho na
água azul-enegrecida, aumentando o acesso ao transe. Era um
mundo solitário, lavado pelo mar, que não deveria afetá-la.Ela
não era sua irmã Scotophile.As Hébridas, especialmente, ela
deveria repelir.
Em vez disso, seu coração trovejou e seu aperto no trilho
ficou branco de tanto apertar os dedos. Sentiu um poder
estranho — uma beleza feroz e áspera — nos elementos ao seu
redor que a deixaram um pouco deslumbrada.

Esses mares revoltos, os promontórios rochosos e as


praias vazias não tinham nada a ver com as Hébridas da
canção — aquelas ilhas famosas, de gemas, que Margo podia
passar poéticas horas falando, ficando enevoadas sobre água
cintilante turquesa e ametista. E baías brilhantes.
Margo também mencionaria, sem dúvida, Bonnie, Príncipe
Charlie, Culloden, ea angústia dos exilados escoceses
espalhados pelo mundo inteiro, sempre desejando voltar.
Mindy se encolheu mais profundamente em sua pesada
jaqueta engomada, certa de que não estava olhando para a
romântica Escócia da irmã — um país das maravilhas
sentimental, que tinham assistindo juntas, cobertas por um tartan
Braveheart e lido em romances.

Isto anteela era a Escócia real.


Era o mundo de Bran de Barra.
Um vasto e exuberante lugar de marés, penhascos,falésiase
recifes que deu sentido ao velho ditado de que você está onde
mora. Cadaalma nascida, talhada e moldada para isso.
— É um lugar amploe o mais velho do mundo, hein? —
Uma voz aguda falou atrás de Mindy.
Virando-se, ela olhou ao redor.
Ela,no inicio, parecia não ter visto nada, quando viu a
pequena e velha mulher olhando-a. Como um pássaro e
seuolhar azul penetrante, a mulher enrugada estava vestida de
preto e tinha um emaranhado de cabelos brancos erriçados.
Ela poderia ter sido a bruxa que empurrou os pobres Joaozinho
e Maria no forno. Pelo menos, ela poderia facilmente pertencer
a um outro tempo.Mindy piscou, sentindo um tremor de
inquietação.Mas os olhos da mulher eram brilhantes, cintilantes
mesmo, e ela estava sorrindo.
— Eu sou muito parcial com as Hébridas, — anunciou,
juntando-se a Mindy.
Um movimento que rapidamente revelou que, embora ela
parecesse uma velha de um conto de fadas bastante sombria
por sinal, seu manto negro não era mais sinistra do que uma
jaqueta engomada de tons escuros. E suas botas não eram
antiquadas ou ruins–de bruxa em tudo. Eram simplesmente
práticas, grossas,solidas,cano longo, e amarradas com cordões
vermelhos de plaid.A primeira avaliação de Mindy tinha sido
errônea.
Mesmo assim...Havia algo na mulher.
Mindy estremeceu e estreitou os olhos, tentando tudo
quanto possível descobrir se ela podia ver através da mulher.
Ela não podia.
Mas o alívio não a relaxou.
Permaneceu estranho que a mulher aparecessejustamente
quando Mindy estava se sentindo como se ela tivesse entrado
em um novo e ousado mundo. Um lugar que a tinha cativado
assim que ela pisou no convés, e — seu coração disparou — ela
não sabia o que fazer com seu súbito e inexplicável
encantamento.
A velha mulher murmurou.
— Estas águas espalhadas pela ilha — ela fez um grande
gesto, mostrando as ondas de arremesso e as manchas escuras
das ilhas — formaram os homens que governam aqui.
Mindy piscou.
— Governam?
Ela poderia ter mordido a língua, dando a mulher
estranha o motivo perfeito para prosseguir o que estava se
transformando em um encontro muito bizarro.
— Mantenha o controle, minha querida. — A mulher olhou
para ela — Os Senhores das Ilhas e todos os pequenos lairds,
cada um vivendo como um rei em seu próprio reino. São
somente homens — a velhinha voltou-se para o trilho, sua
expressão quase sensorial — fortalecidos por mares frios,
ventos fortes e longos, e escuros invernospodem ser
grandiosos.
— Não há ninguém como eles em qualquer lugar.
A mulher assentiu presunçosamente.
— Em nenhum lugar vale a pena ser!

— Você é daqui? — Mindy podia sentir sua facilidade


retornando, um desejo crescente de se afastar da mulher e
correr para dentro da balsa lotada. — Eu posso ver que as
Hébridas é um lugar bastante impressionante.
— Achh! — A mulher gargalhou. — Eu moro em Doon.
Mas todas essas ilhas têm seu encanto. — Ela deu um pequeno
suspiro, apertou uma mão nodosa em seu peito. — Espere até
que você os veja em um dia de verão claro. Isso é quando...
— Não estarei aqui no verão.
— Não?
— Não. — Mindy cruzou os braços sobreo trilho. — Eu não
vou estar aqui na primavera. Eu estou viajando a negócios e partirei
assim que possível.
A mulher levantou uma sobrancelha franzida.
— É assim mesmo?
Mindy assentiu com a cabeça.

— Então você não estará vendo a água de Thon quando


torna tudo claro e em ametista. Ou — a velha deu-lhe um
sorriso misterioso — como o sol pode brilhar em nossas costas
brancas de concha e definir nossas baias em brilho?
— As Hébridas de canção e lenda!Você é uma leitora de
mente? — Mindy disse antes que ela pudesse deter as
palavras.Era estranho que a mulher repetiu quase vagamente
seus pensamentos sobre as Hébridas de Margo.
Mas a velha só riu deliciada.
— Eu sou apenas uma velha mulher que ama sua casa.
Agrada-me quando essas ilhas são apreciadas. — Ela virou um
olhar benevolente para a água. — A maioria dos americanos
vem aqui em busca de...
— Não estou aqui como turista. — Mindy voltou a olhá-la,
quase certa de que, se ela olhasse duramente o suficiente,
desta vez, seria capaz de ver através dela.
Novamente, ela não podia.
Mas ela franziu o cenho.
— Eu sei que muitos americanos sonham em visitar a
Escócia. Mas — Mindy manteve seu tom neutro, não querendo
ofender — eu não sou um deles. E eu não estou procurando
nada.
— Talvez você devesse estar?

— Eu?
A respiração de Mindy deixou-aangustiada. A velha não
era transparente, mas havia um homem parado na calha a
poucos metros atrás dela. Um homem de kilt.E Mindy tinha
certeza de que não estivera lá antes.Ele ficou em pé na sombra,
com o queixo erguido orgulhosamente e o olhar fixo no mar,
mas não precisava iraté ela para que o reconhecesse.
Ele era Bran de Barra.
E aqui, em seu elemento natural, sua poderosa silhueta
inclinada contra o mar ondulante e as nuvens escurasele era
magnífico. Glorioso de uma forma que nenhum homem
moderno poderia rivalizar. O vento levantou-lhe os cabelos e
moveu o tartan xadrez, ficou mais alto e inflexível, como se as
rajadas de ventos e umidade não o perturbassem.
Ela certamente parecia uma galinha molhada e suja.
Ele era de tirar o fôlego.
E ele não era apenas um talento deste mundo selvagem e
aquoso. Ele era seu mestre e não era tímido, proclamando sua
supremacia. Eledemonstrava através de cada centímetro
musculoso que cintilava no ar ao redor dele, deixando sem
dúvida que governava esses domínios. E que ele amavacom uma
ferocidade que quase chegavaao profano.Mindy engoliu em
seco, seu coração batendo loucamente.
Quando ele virou a cabeça e olhou diretamente para ela,
quase engasgou. Ela corou. Uma grande onda de calor a
varreu, começando pelas raízes de seus cabelos e formigando
através dela, até aos dedos dos pés.
— Então, Mindy, diga-me a verdade. — Ele não se moveu,
mas sua voz chegou tão perto como se seus lábios tivessem
colado a sua orelha. — Você está impressionada?

— Eu acho que... Eu quero dizer..., — Ela balbuciou,


horrorizada reconhecendo que quase o chamasse de
desonesto.Afinal de contas, esse era o século XXI.
Ela lançou um olhar para a velha, mas ela estava olhando
para o mar, o olhar fixo nos penhascos de uma ilha à sua
esquerda.Ela não parecia notar a presença de Bran da
Barra.Mindy estava muito consciente dele.
Tremendo, ela começou a andar em direção a ele, mas a
balsachacoalhou, emum sacolejo violento e eladeslizou batendo
contra o trilho.
— Eu pensei que sonhara com você! — Ela agarrou o
corrimão escorregadio, para manter o equilíbrio. — E, não, foi real
e não me impressiona, — ela mentiu, olhando para ele. — Eu
acho que você está...
— Ohooo, o que é isso? — Ele ergueu as mãos. — Eu
nãoquis dizer pelo meu amor próprio. Eu queria saber — seus
olhos azuis cintilaram e ele lançou um de seus sorrisos torto —
se você cairia sob o feitiço de minhas ilhas.

— Eu não acredito em feitiços.


— Mas você acredita em sonhos.
— Eu não disse isso.
— Ooh, mas você não precisava. — Ele deu um passo para
frente, seu sorriso se tornando mortal. — Eu vi nos seus olhos
quando você falou de nosso beijo.
— Eu não disse nada sobre isso! — Mindy sentiu seu rosto
flamejar. Ela tinha realmente se referidoao beijo quando disse
que pensou que tinha sonhado com ele. — E não foi real.
Ela parou ao som de uma risada atrás dela.

Esquecera-se da velha estranha.


Voltando-se, começou a dizer à mulher de Doon que se
importasse com seu próprio negócio, mas onde a mulher estava
parada de pé antes, estava vazio. Não havia nada lá exceto
sombras e ossalpicos das ondas do mar. Igualmente alarmante,
se a velha tivesse voltado para dentro, ela teria que passar por
Mindy de caminho para a porta de saída.
E, claro, ela não tinha.
— Oh, Deus! — Mindy colocou a mão em sua bochecha. — Ela
realmente era uma bruxa! Ou um fantasma...
— Um fantasma? Onde... ? — — Um jovem alto, esbelto
ficou olhando para ela, de queixo caído.
Seus amigos — um grupo de adolescentes, igualmente
aglomerados na porta de saída aberta, boquiabertos olhando
para ela com olhos assustados, arregalados, embora um jovem
de cabelos espetados com um parafuso enfiado em seu nariz,
mostrava definitivamente um sorriso falso. A garota ao lado
dele, uma ruiva pequena vestida de preto e com os olhos
pesadamente pintados de negro, cutucou-o nas costelas e
disse:
— Eu não vi nenhum fantasma, mas eu vi a Boa Esposa
de Doon! Ela viaja sobre feitiços e magia do trabalho, fazendo o
bem, como nos velhos tempos. Eu sei porque minha mãe
conhecia alguém que implorou sua ajuda uma vez, quando seu
bebê não queria desmamar e estava fazendo mal a mãe e
nenhum médico poderia ajudar. O povo da nossa aldeia
acredita que sua magia é real.Reconheci-a porque a vi uma vez
saindo da casa da amiga de minha mãe. — A moça colocou o
cabelo atrás de uma orelha, o queixo em desafio.
— Mais como, vou achar que vocêestevetomando o whisky
da sua mãe, se me disser que viu uma mulher idosa que não
estava lá! — O jovem de cabelo espetado se aproximou do
trilho, rindo.
A menina seguiu, claramente inclinada a discutir.
Mindy os ignorou e virou-se para Bran. Mas, como a
velha, quem quer que ela fosse, ele também desaparecera.
Ou então, ela assim pensava até que chamou seu melhor eu-
estou-acima-disto, atravessou o convés, e passou através dos
adolescentes observando-a como idiotas, para reentrar na
balsa, e sentir uma mão forte, familiar e totalmente invisível
apertando seu ombro.
Quando ela sentiu Bran de Barra — também
incorpóreo,mas oh-tão-sexy-de-barba — roçandoem seu
pescoço, o mundo começou a girar de uma maneira que não
tinha nada a ver com as ondas e sacudirda balsa.
Ela congelou.
Quem saberia que o simples toque de uma barba de
setecentos anos poderia transformar os joelhos de uma menina
em água e fazer com que sua cabeça se sentisse leve?

Como se estivesse bem ciente, Bran de Barra riu.


Ele se aproximou mais, o calor dele contra suas costas,
fazendo toda ela tremer. Ela respirou fundo e tentou fugir, mas
seus esforços só o fizeram deslizar a outra mão em seus
cabelos e inclinar-se para baixo, roçando seus lábios ao longo
de sua mandíbula.
— Você não deveria ter dito que nosso beijo não foi real,
Mindy-moça. — Sua respiração afagando sua bochecha,
eletrizando-a. — Você não me deixa outra escolha a não ser
provar a você que era real. E — seu tom saiu significativamente
— para demostrar que o beijo suave que lhe dei foi apenas um
prelúdio para beijos mais profundos, muito mais apaixonados.

Ela sentiu seu polegar roçar em seu lábio inferior. Antes


que ela pudesse ofegar, ele tomou seu rosto em suas mãos.
Elas eram grandes, quentes e fortes contra suas bochechas.
Então sua boca se inclinou sobre a dela, seus lábios frios,
firmes e determinados. Seu coração bateu contra seu peito — o
beijo era tão real, tão maravilhoso — mas quando ele apertou
sua bochecha, para separar seus lábios e começou a sondá-la
com a língua, procurando aprofundar a intimidade, ela sabia
que estava em perigo. Mindy empurrou seu peito.
— Eu não quero seus beijos!
— Ah, mas você vai.
— Oh, não, eu não vou. — Ela olhou para ele.
— Você fará mais do que desejar, Mindy-moça. Eu digo
que você vai precisar deles. Você vai implorá-los.
A suprema confiança em sua voz — sua voz
perturbadoramente escocesa — fez seu coração acelerar.
— Nunca, — ela retrucou antes de lembrar que ninguém
mais poderia vê-lo.

E, pior, que todos pudessem vê-la e ouví-la.


As pessoas estavam olhando.
Mindy respirou fundo para acalmar os nervos que
começavam a se desfazer. Ela ficou mais reta e puxou a frente
de sua jaqueta, ajustou o lenço que tinha amarrado ao redor de
seu pescoço.
Qualquer coisa para conseguir um senso de equilíbrio.
Ela não olhou para outras pessoas. E ela realmente não
gostava de ser o centro de tal atenção.
— Olhe aqui. — Ela teria perfurado Bran de Barra no peito
se não quisesse correr o risco de se parecer ainda mais estúpida. —
Não acho...
Grosseiro como ele era, riu.
— Nunca tema, doçura. — As palavras chegaram perto de
seu ouvido novamente, embora desta vez ele não estivesse
tocando nela. — Eu sei bem que este não é o lugar para nos
divertirmos.Nós nos encontraremos em Barra. — Ele a tocou então,
estendendo a mão e acariciando cabelo dela. — E quando o
fizermos, você nunca mais duvidará de minhas capacidades
amorosas. Vou te beijar até que a terra trema sob seus pés. Ou
— ele riu de novo — pelo menos até os dedos do pé
enrolar!Certifique-se disso! — Inclinando-se, ele deu-lhe um
beijo duro e rápido na bochecha.
Ela soube instintivamente que ele se curvou ligeiramente
quando afastou-se dela. Ela também tinha certeza de que
haveria um sorriso incrivelmente irritante se contorcendo em
seus lábios. E que seus olhos azuis dançantes mostrariam que
ele sabia que a deslumbrava. Então, tão rápido como ele tinha
aparecido, se foi, levando seu endiabrado riso com ele.
Mindy recostou-se contra a parede, sem fôlego.

Beijá-la até que seus dedos do pé enrolassem! — O homem


não era um fantasma, era um desonesto, arrogante e
insuportável canalha. Mas seus olhos azuis provocantes e
aqueleângulo profundo e cheio de malicia o fazia muito além de
perigoso.
Mindy mordeu o lábio. Teria realmente acreditado que
pudesse permanecer imune a um sotaque escocês?
Não havia uma mulher viva que pudesse!
Mesmo agora, aqueles tons suaves e lânguidos ecoavam
em sua mente, seduzindo-a com cada ‘r’ deliciosamente
enrolado e toda aquela riqueza melosa que fazia a tentação
escocesa seduzir.
E Highlanderseram os piores!
Eles deviam serem proibidos de existirem.
Mindy passou a mão pela testa, certa de que a umidade
não tinha nada a ver com o vento que vinha soprando ao longo
do convés do exterior da balsa.
Hunter, e o seuantepassadocadáver, de setecentos anos de
idade, tinham chegado a ela.
Suas promessas — sobre beijos, nada menos —
conjuraram um turbilhão de imagens que fizeram seu corpo
inteiro formigar.
Mal podia suportar a onda quente de sensações que a
atravessava. Ela não precisava de dedos enrolados para
aumentar a sua miséria. A última coisa que queria era ser
beijada por Bran de Barra.
Ele não precisava convencê-la de suas habilidades de
sedução.

Ele já a tinha demonstrado.


Apenas lembrando a sensação de sua respiração macia
contra a pele dela — sua mão segurando seu ombro tão
firmemente, a outra enredada em seu cabelo, seus dedos
acariciando a nuca — acendia tudo que eralascivo dentro dela,
varrendo-a com um feroz e inegável desejo.
Ela estava a caminho da loucura.
E ela não precisava dele fazendo a terra tremer debaixo
dela.
Ele já o fizera.

Determinada a fazer algo a respeito daquele tremor, ela se


recompôs e afastou-se da parede antes que alguém confundisse
sua postura encolhida com um caso ruim de mal de mar. Ou,
pior, uma overdose de drama de whisky.
Ela não tinha tocado uma gota de malte Highlander, mas
agora parecia ser tempo muito bom para um.

Especialmente quando, ao entrar no salão mais próximo,


ela descobriu que dos homens que aglomeravam no balcão do
bar agora restavam apenas dois em vez de quatro. Infelizmente
todos os assentos ainda pareciam estarem tomados, e agora
que eles estavam em navegaçãohá um tempo, toda a área mal
iluminada cheirava fortemente a peixe e batatas fritas, casacos
de lã úmidos, e cerveja derramada.
Mas a lanchonete da balsa parecia ainda mais cheia ede
nenhuma maneira ela iria se aventurar no convés novamente.
Ela não queria dar a Bran de Barra outra chance de pegá-
la sozinha.
E o risco de encontrar a estranha velha de Doon
novamente — onde quer que Doon fosse — era apenas mais
uma excelente razão para tomar um gole rápido da mais
famosa libação da Escócia.
De alguma forma, ela não achava que nenhum deles a
abordassem no bar movimentado. Então, ela colocou os
ombros para trás e tentou fingir que as pessoas que se
aglomeravam no salão não eram escocesas em uma balsa para
Barra, muitas delas dando-lhe olhares de esguelha, como-você-
veio-parar-aqui, e imaginou que eles eram passageirosem um
de seus voos.
Sentindo-se imediatamente melhor, ela abriu caminho
através da multidão e até mesmo conseguiu chegar perto o
19
suficiente do bar para encomendar um — Jacket Potato com
20
Bangers 'n' Beans , — contente por ela ser o suficiente
escolada para saber que bangerse beans eram salsichas e
feijões.
Quanto ao seu único malte...
Eram tantas garrafas de vidro nas prateleiras atrás do bar!

Mas um — whiskyLaphroaig — parecia acenar para ela. A


favorita de Margo, e pronunciada La-froyg, era a única que
reconhecia, lembrando-se de que sua irmã insistia que embora
o whiskytivesse um gosto diferente, nenhum outro era tão
suave e turfoso, quase degustando como um fogo de turfa
esfumaçado.
Mindy olhou para a garrafa, hesitando.
Ela estava molhada e fria pelo passeio no convés. Seu
pesado casaco, contra todas as reivindicações publicitárias,
deixara a umidade se infiltrar para resfriá-la. E, apesar de suas
robustas botas de caminhada de montanha, igualmente de
cano longo, suas meias pareciam encharcadas de água e os
dedos dos pés estavam congelados. Ela não se importou em
reconhecer que seu cabelo estava embebido e murcho em sua
cabeça, suas franjas pingando. Quanto que sua maquiagem
podia parecer...
Ela estremeceu e tentou não pensar nisso.

Ela poderia fazer um drama agora.


Mas — lembrou-se dos suspiros de arrebatamento de
Margo sempre que falava de seu whisky favorito — qualquer
coisa como turfa com sabor a fumaça de fogueiras, poderia ser
apenas um toque Highlander para seu gosto.
— Não sei qualé seu melhorwhisky? — O barman de
muitos brincos, tremeluziu sua sobrancelha para ela.

— A maioria dos americanos pedem Glenlivet ou Famous


Grouse. — Ele sorriu, já estendendo a mão para o último. —
Você vai gostar...
— Eu vou querer Laphroaig. — Ela o olhou diretamente
nos olhos. — Eu aprecio seu sabor esfumaçado.
O homem olhou para ela com um novo respeito.

— Muitos poucos turistaspedem um, e muito menos — ele


se virou para tomar a garrafa da prateleira — pronuncia seu
nome corretamente.
Mindy colocou os cabelos atrás da orelha e sorriu,
olhando-o enquanto lhe derramava uma medida generosa.
Ele lançou um olhar para ela, muito mais quente dessa
vez.
— Água ou refrigerante?
— Puro.
— Nada mesmo?

— Eu prefiro isso como está, obrigada. — Mindy pagou-o e


encontrou um assento contra as janelas. Ela tomou um gole de
seu Laphroaig, sentindo-se extraordinariamente orgulhosa de
si mesma. Sentiu-se bem por ter colocado um ponto na opinião
do barman sobre os americanos, mesmo que ela tenhausado o
conhecimento Scotophile de Margo para fazê-lo.
O resultado foi gratificante.
Até mesmo os escoceses no salão haviam parado de lhe
dar olhares estreitos. E a névoa que soprava ao longo das
grandes janelas do salão tinha engrossado o que ela sabia que
os habitantes chamavam de haar de mar. A consistência da
sopa de ervilha, o nevoeiro agora bloqueando todas as opiniões
do mar Hébrideano e as ilhas escuras, pitorescas que se
mantiveram surgindo do nada.
Mindy se mexeu no assento, satisfeita.
Ela não queria fazer uma cena.
Um nevoeiro impenetrável lhe serviria melhor. Bastantes
tremores haviam corrido por ela quando tinha saído do convés.
Todo o seu mundo seguro, tudo o que ela sentia — ou, melhor
dizendo, não queria sentir — sobre a Escócia, caiu ao seu redor
quando ela entrou naquela paisagem selvagem e romântica.
E isso foi antes de Bran de Barra fazer uma aparição.
Sua chegada só piorou as coisas.
Ele parecia tão perfeito, tão certo, contra o pano de fundo
acidentado de mares agitados, ásperos e todos aqueles
penhascos íngremese reluzentes de preto. As baías
profundamente recortadas com pequenas extensões de praias
de areia brilhante. Lugares assustadoramente atmosféricos
onde ela tinha certeza de que poucos, e se alguns, homens já
tinham pisado.
Fora do mapa, lugares ermos, onde Bran de Barra podia
ficar com as pernas afastadas, as mãos nos quadris, o tartan
xadrez voando ao vento, e ninguém — nem uma alma viva —
ousaria desafiar seu direito de estar lá.
Ele era esse tipo de homem.
Ele usava bem o afastamento.
E vendo-o como ela tinha visto, no convés da balsa, ainda
assim em seu ambiente indomável, quase lendário, tinha
agitado sua atração por ele com tanta ferocidade que ela se
perguntou se não tinha se queimado em chamas.
Ela estremeceu.

Ela ainda podia vê-lo, sentir seu olhar fixo no dela e quão
facilmente a seduziu com um olhar, envolvendo-a em sua
paixão ousada, maior do que a vida após a morte e desfazendo
sua resistência com promessas de beijos devastadores.
Beijos que ela sabia quesó levariam...
— Agggh.. — O suspiro escapou dela antes que pudesse
deter.
Ela olhou ao redor, mas ninguém parecia tê-la ouvido.
Agradecida, se aconchegou mais fundo em sua jaqueta, dando
as boas-vindas ao denso mar de haar que manchava seu ponto
de visão. Era mais fácil ficar aqui, no salão lotado da balsa, e
pensar de outras coisas.
Então, ela se inclinou para trás e bebeu seu Laphroaig em
silêncio até que o copo ficou vazio e escapou de seus dedos
para pousar com um pequeno click na mesa, rolar através de
sua superfície polida e cair no chão.
Mindy virou-se, e então piscou ao perceber que o salão
estava quase vazio. Somente alguns poucos passageiros da
balsa permaneceram, e pelos olhares deles, cochilavam. O
barman estava de costas para ela, ocupado,lavando copos de
cerveja sobre uma pia de água fumegante.
Ela estava muito tranqüila.
Um olhar para o relógio mostrou o que ela não acreditaria:
ela adormecera.
Em breve estariam chegando a Barra.
E, ela reconheceu com alarme, não tinha sido a caída de
seu copo que a tinha acordado. Tinha sido um estranho ruído
parecido com um gongo que ela ainda podia ouvir, batendo
com firmeza, mesmo que os outros passageiros e o barman
lavandocopos não parecessem notar.
Um arrepio ondulou por sua espinha.
A nuca dela estremeceu.
Ela não queria ouvir ruídos que ninguém mais ouvisse.

Já era bastante ruim ser atraída por um fantasma e ter


conversas com pequenas senhoras de preto que, se não fosse
exatamente fantasmagóricas, não eramtampouco as-grandes-
mães-da-casa-ao-lado.
— Oh, cara. — Muito cuidadosamente, ela se inclinou
para pegar o copo caído. Quando se endireitou, algo chamou
sua atenção com o canto do olho.
Era algo fora das janelas.
E era terrível.
O coração de Mindy parou. A descrença bateu nela como a
galera medieval de proa alta passando pela balsa lentamente.
21
Os remos da galera fantasma emitiram nuvens de espuma
enquanto acelerava na névoa somente para chicotear ao redor e
escorrer pelas janelas outra vez.
— O-o-oh, não... — Mindy olhou fixamente,o sangue
gelado.
Que era um navio fantasma isso estava fora de dúvida.
Roderick, Silvanus e Geordie estavam radiantes na popa, os
braços erguidos em saudação orgulhosa, aquecendo-se com a
exibição extravagante.
Mindy também reconheceu o timoneiro. Ele era um dos
ancestrais da Longa Galeria Tripla da Loucura. Como eram os
remadores que tão incansavelmente mantiveram a galera
voando de um lado para o outro ao lado da balsa.
Em sua quarta passagem, Silvanus agarrou a bengala de
Geordie e a levantou para cima, usando a bengala para fazer
grandes círculos radicais no ar, acima de sua cabeça. Alguns
dos fantasmasgritavam, seus gritos se elevando acima do ritmo
do gongo do timoneiro.
O sangue de Mindy começou a rugir em seus ouvidos. Ela
sabia o que elesestavam fazendo.
Eles estavam recebendo-aem Barra.
E, como sempre, só ela os via.
Ela engoliu em seco.
O brilho nos olhos de Silvanus quase chegou até ela.
Assim como a excitação, e o orgulho, que brilhou nos rostos
dos outros fantasmas. Se o batedor do gongo inchasse seu
peito um pouco mais, certamente explodiria.
Ele parecia tão vitorioso.

Todos estavam.
Ela devia se afastar da janela, descansar as mãos contra a
solidez da mesa, e respirar profundamente e imaginarque seria
maravilhoso deslizar em sua cama na pousada. E, depois, ela
puxaria as cobertas até o queixo, esquecendo-se da
LongaGaleria da Loucura e seus amigos zelosos.
Em vez disso, ela continuou olhando para eles e teve que
lutar contra o retorno de suas náuseas.Seu entusiasmo era
contagiante.E ela tinha a sensação mais estranha que não era
só isso. A Escócia — ou, pelo menos, as Hébridas — parecia ter
um efeito comportamental e mental alterado nela.
Ela deveria estar horrorizada.

Ela estava horrorizada.


Mas o que a enfurecia era descobrir que estava
observando os fantasmas — seres de outro mundo, pelo amor
de Deus — como se suas atuações fosse comum.
Mindy estremeceu. Não havia nada de comum em ser
recebida por um bando de guerreiros das Highlanders
medievais em uma galera fantasma velejando para cima e para
baixo, passando pelas janelas de uma balsa moderna.
A visão devia mandá-la fugir.
Era tão bizarro como se pequenos homens verdes em
umanave, comantenas de prata de repente aparecessem fora
das janelas do avião em um de seus voos de trabalho.Não havia
uma grande diferença entre marcianos e fantasmas.
Ainda...
Ela se inclinou para perto da janela, pressionando sua
testa contra o vidro frio para ver melhor através da névoa. Ela
deveria não querer ver a galera fantasma mais claramente. Mas
alguma coisa acontecera com ela em algum lugar entre
aterrissar em Glasgow, dirigir para a esquerda e umabalsa para
Barra.
Algo indefinível.
E agora, vendo os ancestrais da Loucura se divertirem
tanto com seus floreios, como Margo chamaria de palhaçadas,
apenas lhe lembrou que Bran também planejava dar-lhe uma
saudação especial de boas-vindas à Barra.
Mindy ficou sem fôlego. Seu pulso se acelerou apenas por
lembrar suas palavras. Como seus olhos haviam ardido e seu
sorriso se tornara malicioso quando havia dito sua advertência.

Seu próximo beijo não seria inocente. Não seria nada


como o primeiro, um leve e fugaz, roçar de seus lábios nos dela.
Nem ele a deixaria se afastar como ela tinha feito no
corredor da balsa.
Da próxima vez não haveria escapatória.

Ele apareceu do nada, agarrou-ae esmagou-a num abraço


de urso, roubando a respiração, apertando-a, beijando-a
apaixonadamente. E então, como o trapaceiro que ele era,
tinha começado a provar sua destreza.
E então ela estava em grande dificuldade.
Porque ela suspeitava fortemente que não seria capaz de
resistir a ele.
Capítulo 9

A névoa estava mais espessa do que nunca quando Mindy


finalmente dirigiu-se para fora da balsa de CalMac no cais de
Castlebay em Barra. Na verdade, a névoa, não, haar do mar era tão
impenetrável que ela ainda não tinha sido capaz de ter um vislumbre da
ilha rochosa de Bran, quando a balsa atravessou o local do
castelo em sua rota para o cais. As luzes tremiam levemente ao
longo da cidade a beira-mar, se os sinais pintados de amarelo
brilhantes pertenciam a casas de campo, lojas, ou até mesmo
uma frota de barcos de pesca, era algo que ela simplesmente
não poderia dizer neste momento.
Ela sabia que todos saindo da balsa pareciam estar indo
para o mesmo lugar.
E,enquanto ela considerava como Barra era pequena, e as
direções muito explícitas que ela recebera, parecia que aquele
lugar era seu destino.
O Hebridean House Hotel.

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House Hotel. Um hotel de gerência familiar, de quatro estrelas,
apenas a alguns minutos da principal vila de Castlebay. De
acordo com a fonte de Mindy — um amigo da companhia aérea
escocesa que, ao contrário de Margo, tinha ido da verdade à
Escócia e fazia freqüentes visitas de retorno — aHebridean
House era o melhor lugar para ficar na Barra.
Os quartos eram espaçosos e confortáveis, as lareiras
eram mantidas acesas, a comida era excelente, e a vista divina,
ou então o seu ex-colega era um entusiasmado. Havia também
um pub, onde moradores freqüentemente, realizavam
improvisadas sessões de música.
Melhor de tudo, os banheiros eram modernos e, Mindy
tinha sido assegurada,que ela não teria que se preocupar em
aprender como operar chuveiros complicados que eram quase impossível
de obter a temperatura certa..

Ela se apaixonaria por Hebridean House.


Mas agora, enquanto caminhava lentamente pela noite fria
e úmida, seguindo uma longa série de luzes traseiras
vermelhas pela pequena aldeia à beira-mar e subindo a colina
até o grande e vacilante hotel, ela tinha sérias dúvidas.

Com exceção dos fantasmas, Mindy esperava que Barra


fosse um lugar selvagem e vazio. O tipo de grandioso lugar que
parece assombrar em pinturas a óleo, mas onde, na vida real,
ela não encontraria nada se mexendo, talvez a ondulação do
vento no mar, e, talvez, a calda ocasional de um cachorro.
Longe disto, a ilha a atingiu como a Grande Estação
Central das Hébridas.
Barra saltou de atividades.
E ela não tinha se enganado. Todo mundo estava indo
para o hotel dela.
Mindy estremeceu e agarrou o volante com mais força.
Pelo menos duvidava de Silvanus, Roderick, Geordie, e os
outros que a fizeram abandonar a sua cozinha para arrastá-la
no saguão de um superlotado hotel de casa de campo da era
vitoriana. Ela não os tinha visto desde que a balsa tinha
desligado seus motores e atracadono cais de Castlebay.
Bran era um grande ponto de interrogação.
Ela não podia ter certeza, mas poderia ter vislumbres de
um cão enorme, vadio e desgrenhado,na estrada ao lado de seu
carro lento de aluguel.
Se assim fosse, o cão poderia ser Gibbie.
Ela estreitou os olhos e tentou penetrar mais fundo na
névoa. Quase juraria que, quando a neblina se dissipou um
pouco em alguns lugares, ela avistou a figura grande e
musculosa de um homem que andava a poucos metros atrás
do cão. Ainda mais reveladora, ela também tinha visto pelo
menos uma ou duas estranhas explosões de luz azul brilhante,
cada chama de luz vindo de perto do quadril do homem em
movimento.
A espada de Bran de Barra tinha uma pedra preciosa que
brilhava. Ela tinha visto a pedra do punho disparar chamas
azuis mais de uma vez.
Ele poderia estar a seguí-la.
A possibilidade fez seu coração bater. Embora ela tivesse
adivinhado que, como os ancestrais da Loucura, ele escolheria
evitar confrontá-la em um lugar tão repleto como aHebridean
House parecia estar.
Não muito satisfeita com a multidão, ela entrou no parque
de estacionamento do hotel — surpreendentemente grande — e
começou o que ela temia seria uma busca infrutífera por um
espaço de estacionamento vazio.
As pessoas estavam em toda parte.

Carros circulando, muitos da balsa, cruzaram lentamente


passando, dando voltas e voltas, como motoristas e passageiros
ficariam de olho em um lugar para estacionar. Finalmente,
depois de se virar e dirigir um pouco mais baixo na estrada
estreita e torcida, ela encontrou um ponto para estacionar
perto de uma parede.
Um vento torrencial quase a fez explodir quando saiu do
carro, mas a umidade ea escuridão deram-lhe a energia que ela
não sabia que tinha, fazendo-a caminhar pela estrada,
chegando ao parque de estacionamento com o que parecia ser
apenas alguns passos rápidos.
Ela ignorou o bar do hotel, localizado ao lado do prédio e
indicado por um sinal pintado à mão sobre sua porta
vermelha:O capturadorde arenque, Est. 1878. Embora,
certamente, fedendoa atmosfera e idade, o pub parecia — e
soava — cheio de rebentar.
Não surpreendida, ela seguiu direto para a entrada
principal do Hebridean, onde ainda mais pessoas estavam
fluindo através do limiar.

Quando ela chegou lá, ela viu o porquê.


Um cartaz pregado na portadizia: Você tem um conto para
contar? Se assim for, o Highlander Contador de Históriasquer
colocá-la em seu próximo livro!
Mindy parou para ler a cópia menor perto da parte inferior
do anúncio. Um rápido exame explicava que o pequeno Hughie
MacSporran, historiador e escritor das Highlanders, estava
hospedado no hotel para ouvirhistórias, contratações e — a
razão infalível para a multidão — ele estava procurando
histórias para incluir em seu próximo livro:MaisContos de
Hearthside : O olhar de um escocês sobre a lenda, mitos e
sabedoria do clã.

— Ele está escrevendo uma história da tradição familiar


local e do mito. — Um homem pequeno apareceu no cotovelo de
Mindy. Ele tinha tufos de cabelo gengibre e estava ostentando
uma jaqueta Harris Tweed que cheirava a bolas de naftalina. —
O livro é um acompanhamento para o seu best-seller Contos de
Hearthside:Um Olhar EscocêsPara a Lenda e o Mito dos Clãs.
— É este. — Ele estendeu o volume para a inspeção de
Mindy. — Foi um sucesso tão grande que ele está expandindo o
novo livro com histórias das Hébridas. É por isso que estamos
todos aqui. — O homem olhou ao redor, suas bochechas
brilhando, enquanto ele examinava a multidão. — Nós viemos
compartilhar nossas lendas familiares. E, esperamos, que ele
coloque nossas histórias no livro.

— Eu ouvi falar dele. — Mindy olhou para o corpulento


escocês na capa do livro. Ela o reconheceu porque ele lembrava
um ursinho de pelúcia. — Seus livros estavam no meu quarto,
em Oban, no Castelo de Ravenscraig.
O homem acenou o livro com importância.

— Pequeno Hughie é conhecido e respeitado em toda a


Highlanders. Até mesmo os centros de visitantes em Culloden e
Glencoe realizam seu trabalho.E — ele se inclinou, abaixando a
voz — se ele usar minha história em Mais Hearthside, eu
pretendo escrever meu próprio livro. Minha família tem uma
22
ancestral Selkie e posso traçar minha linhagem diretamente
para ela. — Ele recuou, levantando o queixo. — Haveria muitas
pessoas que gostariam de ouvir minhas histórias.
— Eu tenho certeza. — Mindy tentou passar por ele.
Ele segurou seu braço, inclinando-se novamente.
— Espero que MacSporran me apresente ao seu editor.
— Eu vou manter meus dedos cruzados para você. —
Mindy se libertou e quase correu para a recepção.
— Eu tenho um quarto. — Ela levantou a voz, tentando
chamar a atenção de uma mulher de aparência apavorada em
um casaco de cardigã azul com uma lista vermelha de
Hebridean House. — Mindy Menlove. Eu reservei por e-mail.
— Menlove? — A mulher se virou para encará-la. — Não
me lembro de tal nome.
— Eu tenho uma confirmação. — Mindy começou a
vasculhar sua mochila. — Aqui está. — Ela puxou o e-mail
amassado, colocando-o sobre a mesa. — Você pode lê-lo.
— Hmmm. — A mulher agarrou o papel. — Isso é nosso,
com certeza — disse ela, franzindo a sobrancelha. — Mas eu
ainda não acho que você tenha reservado. Deve haver algum
engano
— Mas não pode ser. — Mindy agarrou o e-mail,
apontando para a data. — Aqui mesmo diz...
— Och, eu posso ver isso, sei lero bastante. — A mulher
ajeitou seus óculos acima de seu nariz. — É só — lançou um
olhar para as pessoas que se aglomeravam no saguão e na sala
de estar — As coisas ficaram um pouco confusas
ultimamente.Nós estamos lotado, você vê. — Ela olhou de volta
para Mindy, encolhendo os ombros. — Se você não tiver uma
reserva... — Ela deixou as palavras morrerem
significativamente.
— Mas eu tenho sim.
A mulher ergueu uma sobrancelha duvidosa.
— Eu me lembraria de um nome como Menlove.
— Você pode pelo menos verificar? — Mindy podia sentir
seu rosto esquentar. — Tenho certeza que está no seu
computador.
Os lábios da mulher diminuíram.
— Moça, desde que o escritor chegou — olhou para um
cartaz na parede atrás de sua mesa; era o mesmo que da porta
— todos no exterior e interior das Hébridasfez uma reserva
conosco. Algumas pessoas chegaram até do Lago Ness. — Ela
voltou a ajustar os óculos. — Famílias que afirmamverem o
monstro Nessiee nunca tinham passadopela parede dolagoou
em volta a cada terceira lua cheia. Como todo mundo, eles
estão interessados em contar sua história, entrar em um livro e
tornarem-se famosos.
— Eu não estou aqui para encontrar a fama. — Mindy
estava ficando com raiva agora. — Eu só quero um quarto.
— Ah bem... — A mulher foi até o outro lado da recepção e
pegou um grosso livro vermelho. — Eu ainda não vejo o seu
nome, — disse ela, folheando páginas cobertas de rabiscos
ilegíveis.
Mindy jogou os cabelos atrás da orelha.

— Você pode verificar seu computador?


A mulher olhou para Mindy e fechou o livro. Sem dizer
uma palavra, ela se moveu para ficar de pé diante do teclado do
computador, seus dedos batendo com a eficiência do tec-tec
sobre as teclas.
— Hmmm... — Ela olhou para Mindy novamente. —
Receio que ainda não tenha você.
Mindy olhou para ela e depois para as pessoas em pé em
pequenos grupos no saguão. A sala de estar parecia tão cheia
como uma lata de sardinha.
Ela se voltou para a mulher.

— Eu vim da América. Eu trouxe as pedras de um castelo


e...
— Och! — — O rosto da mulher se iluminou. — Então
você é a americana? Bem, então! — Ela recuou, alisando as
mãos no casaco. — Isso muda as coisas.
— Você tem um quarto? — Mindy não se importou que
trazendo as pedras parecesse impressioná-la.
23
— Michty me , eu estou pensando o que fazer. — Ela
pressionou seu lábio, considerando. — Mas... — Ela olhou para
o espaço, batendo o queixo com um dedo.

— Eu não preciso de nada extravagante. — Mindy estava


ficando desesperada. — Estou tão cansada que eu poderia
dormir em um armário de vassouras. Conquanto a cama
estiver limpa e houver um banho.
Um banheiro privativo era essencial.
Mindy aprumou-se. Ela não estava preparada para
compartilhar uma casa de banho no hall com inúmeros
escoceses que querem entrar em um livro famoso.
Mas o olhar que a mulher lhe deu disse que talvez não
tivesse escolha.
— Então você não tem nada? — Mindy agarrou sua bolsa,
que estava começando a deslizar fora de seu ombro. — Nem
mesmo um pequeno quarto com banheiro privativo?
— Och, há algo. E há um banho. — A mulher hesitou. —
É apenas...
— Apenas o que?
— Não está aqui.

Mindy piscou.
— O que quer dizer com não está aqui?
— Exatamente o que eu disse, minha querida. — A mulher
parecia envergonhada. — Estamos realmente lotados. Tanta
essa gente aqui quer conhecer o autor, — disse ela, sua voz
defensiva. — Os outros hotéis e pousadas estão cheios,
24
também. Até mesmo os menores bed-and-breakfasts .
— Mas há um pequeno chalé auto-suficiente no outro lado
da aldeia. — A mulher começou a tocar o queixo de novo. — É
chamado de Âncora e é apenas passando um antigo píer de
pedra que ninguém usa mais.

— Eu vou ficar.
— Ele não está limpo ou arejado.
— Eu não me importo. — Mindy disse, mas ela também
não iria dormir em seu carro.

— Bem... — A mulher lançou um olhar para a porta. —


Acho que Jock, o dono, ficará no Herring Catcher esta noite.
Vou apenas certificar-me de que ele não se incomodaria de você
ficar lá.
Ela se voltou para a mesa, todos os negócios pareciam vivo
e rápidos novamente.
— Se ele disser que está bem, você encontrará a chave
acima da porta. Ou — ela sorriu — pode muito bem estar
aberta. Não nos preocupamos muito com essas coisas na
Barra.
— Eu tenho certeza. — Mindy se inclinou contra a
escrivaninha, olhandopara a mulher, enquanto ela atravessava a
recepção e saía pela porta do hotel.
Foi então que ela o viu.
Ele estava perto da lareira do outro lado da recepção,
parecendo estar ali para apreciar o calor do fogo. Mas não
havia nada casual na maneira como ele se encostou na porta
da sala de estar, com os braços cruzados e o olhar queimando
para ela.
Seu cão grande e peludo estava sentado ao lado dele.
Gibbie, também, olhou para ela. Mas a expressão do cão era
amigável. Ele até parecia que estava sorrindo.
Sua cauda abanou parecendo aprovar seu prazer em vê-la.
Bran de Barra estava claramente satisfeito, também.
Mas o calor em seus olhos indicavam um tipo de prazer
muito diferente do de seu companheiro canino.
Mindy engoliu em seco.
Todasas pessoas entrando e saindo do lobby movimentado
daHebridean House parecia desvanecer-se. Até mesmo o
barulho diminuiu, até que o único som que Mindy ouviaera o
bater duro de seu coração ea pulsação de seu sangue.
Os lábios de Bran de Barra se contraiu.
Ele também não estava vestindo seu kilt.
Mindy piscou, incapaz de olhar fixamente. Nunca teria
acreditado que as calças de veludo e a túnica de pescador
podiam ser tão sexy. Mas o olhar quente e profundo lhe dava
um ar promissor. Com seu cabelo em um rabo de cavalo e sua
barba bem aparada, o efeito era devastador.
Nem a impactava que ele estivesse da cabeça aos ombros
acima de qualquer outro homem na sala. Homens altos,
especialmente grandes, musculosos, sempre foram sua
fraqueza.
Mindy apertou uma mão contra seu peito, com certeza ela
não conseguia respirar.
Os lábios de Bran de Barra se descontraíram e se abriram
em um sorriso.
A cauda de Gibbie se agitou mais rápido.
Quando o cachorro latiu alto — e ninguém mais na
recepção notou, Mindy percebeu que, novamente, ela era a
única que via qualquer um deles.
Não importava.
Ele estava lá apenas para ela e sua aparição não poderia
ter sido mais eficaz, que se um publicitário de Hollywood
altamente remuneradoe que tivesse estilo o tivesse feito posar
para ele.
Não, isso estava errado.
Bran de Barra era o tipo de homem que riria diante de
qualquer artifício de encenação. E era o seu incrível carisma, e
o modo como fixava seu olhar — e permanecia — nela, que a
fazia se sentir tão quente por dentro.
E antes mesmo de saber que ele tinha atravessado o salão,
ela se viu diante dele.
— Por que você está vestido assim? — Ela olhou para ele,
sentindo boba porque era a única coisa que poderia pensar em
dizer.
— Você desaprova?
— Não, eu...
— Mindy-moça. — Ele se endireitou e pegou sua mão. —
Você está nas Hébridas Exteriores. Há pessoas aqui que — ele
olhou de relance — apesar de seus tempos modernos, ainda
veem coisas que outros não podem, incluindo fantasmas.
Então eu escolhi aparecer de uma maneira que não atraia
muita atenção.
Mindy quase engasgou.
Sua mão estava quente e calosa. Seu aperto era forte,
firme e masculino, de uma maneira que a atravessava como
umadescarga de eletricidade de alta potência.
A intensidade de seu olhar era pior.
Ela lutou contra a vontade de se contorcer.
— Você está brincando, certo?

— Como assim? — Ele piscou com aquele sorriso torto


novamente.
— Oh... Só que eu tenho certeza de que você sabe que só
tem que respirar para chamar a atenção.
Seus olhos se enrugaram de prazer.

— Eu estou feliz que você pense assim. — Ele levantou


sua mão, beijando a ponta de seus dedos. — Mas eu não vim
aqui para impressioná-la. Não. Noutro momento,de qualquer
maneira, sim.
Mindy piscou, decepcionada.
— Oh, eu pensei...
— Que eu estou aqui para causar problemas para você? —
Ele soltou sua mão, mas se inclinou para lhe dar um beijo,
rápido na sua bochecha. — Eu lhe disse, doçura, quando eu
fizer os seus dedos do pé se curvarem, não há como confundir
o meu propósito.

— Então, qual é o seu propósito? — Mindy olhou para a


entrada do hotel, não querendo que a proprietária voltasse e a
pegasse falando com o ar.
Felizmente, ninguém mais parecia estar consciente dela.
Ela se voltou para Bran, seu coração acelerando ao ver
que seu sorriso tinha passado de torto a ardente.
— Você tem que fazer isso? — Ela lançou outro olhar para
a porta, nervosa.
— Fazer o que?
— Sorrir para mim como...
— Como se eu estivesse pronto para te comer? — Seu
sorriso tornou-se malicioso. — Och, moça, você não me ouviu?
Este não é o momento ou lugar para...
— Então por que você está aqui? — Ela não estava
afimdedeixá-lo terminar uma frase tão carregada.
Ele colocou as mãos nos quadris.

— Estou aqui porque esta é Barra. Minha Barra — a


emoção vibrou em sua voz — Quero agradecer por você ter
devolvido minhas pedras. Sei que a torre se foi e agora...
— Elas nunca deveriam ter sido retiradas. — As palavras
vieram de algum lugar profundo dentro de Mindy.
Era um pensamento que nunca antes tinha passado por
sua mente.
Mas estava lá agora.
E — ela não teria acreditado — o amor de Bran com sua
casa começou a brotar em seu peito. Um sentimento
inesperado e inusitado, era uma espécie estranha e um agitado
tipo de consciência que a fazia de repente muito feliz por estar
fazendo o que era certo, mesmo que tivesse iniciado essa
aventura por razões muito diferentes.
Ela quase disse isso, mas só então ela sentiu uma pata
cutucar sua coxa. Gibbie. O cão tinha vindo para seus pés e se
apoiado nela, patas molhadas, deixando saber que ele não
queria ser excluído.
Ele inclinou a cabeça para ela, seus olhos escuros
expectantes.
— Eu não tenho nada para ele. — Mindy olhou para o
cachorro, depois para Bran.
Mas ele também estava observando o cachorro.
— Alguns arranhões nas orelhas iráagradá-lo. — O olhar
em seu rosto eo amolecimento de sua voz enquanto ele falava
sobre seu cachorro a derretia. — É tudo o que ele está pedindo.
— Bem então... — Mindy estendeu uma mão e deixou seus
dedos tocarem nos ombros de Gibbie. Seu peloera grosso e
desgrenhado, mas ela podia sentir seu calor através da pele.
Encorajada, ela o esfregou um pouco e depois — muito ousada
— acariciou suas orelhas.

A cauda de Gibbie abanou em excesso.


O coração de Mindy parou.
— Como ele pode ser tão real? — Ela enrolou seus dedos
na pele grossa do cão. — Quer dizer, vocês dois não são... —
Ela parou, envergonhada.
Bran de Barra não parecia ofendido.
— Não, como você esperaria que os fantasmas
parecessem?
— Eu quis dizer...

— Eu sei bem o que você quis dizer. — Sorrindo, ele pegou


sua mão novamente, inclinando-se para beijar acima de seus
nós dos dedos. — Eu lhe asseguro que somos reais. Nós só
moramos em um lugar diferente. — Ele deu de ombros. —
Estamos entre vocês sempre, apenas atrás do véu que nos
divide.Alguns, como eu, andamos para frente e para trás no
tempo, quando o humor nos atinge. Todos nós temos essa
habilidade. — Soltando-a, ele estalou os dedos para produzir
um petisco, que ele deu a Gibbie. — Outros não fazem uso de
tal mágica.Eu gosto do ser fantasma. — Ele recuou, enxugando
as mãos, enquanto Gibbie triturava seu deleite.
— Mas vocês são sólidos.
— Sim.

— Eu sempre pensei que os fantasmas eram finos e


tênues. — Mindy olhou para baixo, cutucando o tapete de
tartan. — Você sabe, não substancial. Transparente.
Bran de Barra pegou em seu queixo, levantando seu rosto.
— Diga-me, moça. — Seu olhar azul segurou o dela,
penetrante. — Pareço o tipo de homem que gostaria de flutuar
como uma névoa?
Mindy ficou vermelha.
— Não, mas...
Ele riu.
— E o que tem isso? Eu gostava da vida demais para ficar
minha vida após a morte em uma nuvem.
— E agora... — Mindy não conseguiu terminar. Agora a
incomodava pensar nisso. Realmente não devia.
Especialmente não em uma área de recepção cheia de
hotel, onde, mais cedo ou mais tarde, alguém iria notá-la e ver
que ela estava tendo uma conversa com um fantasma,
independentemente de quão sólido ele poderia ou não ser.
Ela começou a dizer isso, mas nesse exato momento um
homem alto e musculoso com um kilt saiu da sala de estar.
Sua jaqueta de tweed Argyll estava pendurada sobre um ombro
e ele usava uma camisa branca, gola aberta. O estilo jacobino
antiquado da camisa e seu cinto sporran coberto de pele com
três franjas fizeram as franjas agitarem-se com seu passo
rápido e, confiante.
Somente sua barriga e o pouco cabelo vermelho diminuiu
a imagem da magnificência das montanhas.
E — notou Mindy — talvez, o brilho de arrogância em seus
olhos pequenos de porco.
— Saco de vento azul — Ao lado dela, Bran de Barra
puxou sua espada, segurando-a ameaçadoramente.
Mindy piscou.
Ela tinha certeza de que ele não estava usando um
momento antes. Suas roupas eram, e ainda apareciam,
totalmente modernas. Exceto, e seu coração começou a bater,
pelo o cinto da espada agora circulando seus quadris e o
grande, reluzente comprimento de puro aço que ele tinha em
sua mão.
— Quem é esse? — Ela assistiu uma multidão se reunir
em torno do recém-chegado, algumas pessoas murmuravam
oooooh e aaaah, quando o homem parou.
Ele pôs os ombros para trás, acenando com a cabeça,
enquanto as pessoas se inclinavam sobre ele. Então alguém se
moveu ea luz de um cartaz de parede brilhou completamente
em seu rosto e Mindy ofegou, o reconhecimento batendo nela
como um balde de água gelada.

O pseudo jacobita era o escritor.


Pequeno Hughie MacSporran.
E se o som — quase um furioso grunhido — vindo do
fundo do peito de Bran era indício, seu corajoso laird
hebrideano não pensava muito bemdo homem que se intitulava
25
The Highlander Storyweaver .
— Você não gosta dele, não é? — Ela olhou para Bran,
apenas para encontrar-se olhando para os olhos escuros de um
homem grande e volumoso com um emaranhado de cabelos
preto encaracolado e um rosto castigado pelo tempo, tipo rosto de
marinheiro.

Bran de Barra — e seu cão — tinham desaparecido


novamente.
Mindy engoliu seu suspiro, não querendo que o pescador
pensasse que ela estava louca. Ela apertou a alça de sua bolsa
no ombro novamente e depois alisou seu cabelo, tentando
parecer normal.

— Thon windbag? — O homem empurrou sua cabeça escura


na direção do escritor, usando o título de Barra, fazendo-o
imediatamente simpático.
— Não, eu não gosto dele. — O homem olhou como se
estivesse cuspindo no tapete — as pessoas estavam em
qualquer lugar, exceto na recepção finamente decorada da
Hebridean House.
— Ele não vem aqui para colocar as pessoas nos livros. —
Ele enganchou os polegares no cinto, mantendo o olhar fixo em
pequeno Hughie. — É tudo show, eu digo para você.
— Show? — A atenção de Mindy, também, foi fixada no
escritor.

Estava claro que ele era um performance.


— Sim, é isso que o ele quer. — O tom do pescador era
cínico. — Ele está aqui esperando encontrar a espada de Barra.
Isso é o que ele colocou em seu livro! Depois de tudo — olhou
para Mindy, ainda parecendo pronto para cuspir que ela quase
saltou para trás — ele faz de tolo todas essas pessoas boas e
confiantes.Então ele vai vender a espada para algum museu em
Londres de qualquer maneira e rir de todos nós.
— Desculpa; eu não estou seguindo você. — Mindy não
queria ser rude, mas ela não podia parar de olhar além do
homem, na esperança de ver Bran e Gibbie reaparecerem.
E ela não entendia o que ele queria dizer da espada.

Até...
Ela ficou quente e fria, agarrando o braço do pescador
quando ele começou a se afastar.
— O que é isso sobre a espada Barra? Acabei de chegar
aqui e não ouvi nada sobre...

— Isso é porque não há uma espada aqui há séculos. — O


homem se virou, mas seu olhar continuou a piscar para o
escritor. — Ninguém, exceto um historiador ou arqueólogo,
saberia o que nunca foi dito que existia.Se existe mesmo —
acrescentou, abaixando a voz. — A espada pertencia ao velho
Barra MacNeils e era meio mítica. Tinha poderes estranhos.A
espada sumiu na névoa do tempo, como tantosdos dias
passados. Mas — seus olhos cintilaram — há alguns que
acreditam que ela pode estar escondida com todas as pedras
que uma americana rica trouxe de volta a Barra.
Mindy olhou para ele.
— E você acha que pequeno Hughie MacSporran está
esperando encontrá-la?

Ela lançou outro olhar ao escritor.


Ele parecia arrogante, verdadeiro.
Mas duvidava que fosse um ladrão de espadas.
O pescador encolheu os ombros, a reticência inata das
Highlanders se assentando sobre ele, fechando sua expressão.
Ele estava claramente arrependido de ter dito tanto.
— Sim, bem. — Ele não conseguiu ocultar um traço de
indignação. — Se esse é o seu plano, saberemos em breve se
ele encontrar a espada.
— Mas você está esperando que ele não rncontre?

— Quem sou eu. — O homem assentiu solenemente. — Há


algumas coisas que não devem ser perturbadas.
As palavras faladas, ele atravessou a multidão, saindo
pela porta do hotel para a noite escura.
Mindy começou a correr atrás dele, certa de que a espada
que ele falara era Bran de Barra. Mas antes que ela chegasse a
meio caminho da recepção, a proprietária de casaco azul
aproximou-se dela, o rosto radiante da mulher anunciando o
sucesso.
— Você está com sorte! — A mulher parou diante de
Mindy. — Eu acabei de atropelar oJock e ele concordou que
você pode dormir em âncora. Na verdade, ele está indo para lá
agora colocar roupa de cama fresca e acender o fogo da lareira
para você.
Mindy piscou.
— Isso é maravilhoso.
Ela esperava que fosse!

Ela tinha esquecido tudo sobre a Hebridean House não ter


um quarto para ela.
A cabana âncora não tinha soado muito convidativo.
Mas os mendigos não podiam ser escolhedores.
E se a cabananão fosse exatamente luxuosa, pelo menos
teria um teto sobre sua cabeça. Melhor ainda, de acordo com a
descrição anterior da proprietária, a âncora também ostentava
seu próprio banheiro.
Teria privacidade.
O tempo necessário para relaxar e — seu coração se
esgueirando — para pensar em Bran e na misteriosa espada de
Barra, uma antiga herança de MacNeil.
O pulso de Mindy trepidou.
Ela tinha certeza de que os dois estavam conectados.
Quando saiu deHebridean House e viu que a noite tinha
se esvaziado, todas as dúvidas que pudessem ter permanecido
a deixaram. Ela nunca tinha visto tantas estrelas, e mesmo
daqui, no alto de uma colina acima da aldeia, as luzes ao longo
da margem cintilavam brilhantemente, refletindo na água que
parecia tão imóvel e vidrada como um espelho preto.
Era uma noite linda.
E com uma onda de empolgação que teria surpreendido
Margo e os outros em Old Pagan Times , ela quase acreditava
que o desaparecimento da névoa de-sopa-de-ervilha era um
sinal.
Um bom presságio.
E uma que significava que ela deveria estar aqui.

Então ela puxou seu casaco mais apertado contra o frio e


começou a descer a estrada em direção ao seu carro, mais feliz
do que ela tinha sido em um tempo muito longo.
Ela inalou profundamente enquanto caminhava, enchendo
seus pulmões com o ar frio da noite. Ela saboreava como o ar
cheirava não só depois da chuva fresca, mas também do mar.
E, ela tinha certeza, um traço de urze e fumaça de madeira.
Encantada, ela inclinou a cabeça para trás e sorriu para os
céus brilhante, esperando que um certomusculoso-e-também-
cheio-de-vida-para-ficar-em-uma-nuvem-flutuante-de-
fantasma em breve lhe faria outravisita.
Mindy sorriu quando ela alcançou seu carro, surpresa ao
encontrar-se quase ansiosa para dirigir pelaesquerda, descendo
para baixo e para Âncora. A pequena aldeia de repente lhe
pareceu aconchegante. E com a chuva parada e tudo tão
pacífico, ela não podia deixar de lembrar o ruído e agitação do
aeroporto de Newark que tinha sido seu último vislumbre da
América — mais o fedor daárea de fumantes,dos táxis e o
esmagamento de passageiros e pessoal do aeroporto na área
sempre cheia de check-in. A segurança tinha sido um pesadelo
que ela se recusava a reviver, mesmo como uma lembrança.
Comoos corredores e portões de embarque...
Ela estremeceu.
Então ela olhou ao redor, sentindo o silêncio como uma
presença viva, respirando. Sentia-se como no paraíso, decidiu
ela, procurando na sua mochila as chaves do carro. Sua mão
realmente tremeu quando seus dedos se fecharam sobre elas. E
não era porque ela estava chateada. Ela estava se sentindo
muito bem, quase delirante.
Margo diria que era a magia das terras altas.

E até este momento, Mindy teria zombado da própria


idéia.
Mas agora...
Uma noite nas Hébridas e ela era uma mulher mudada.
Quem teria pensado nisso?
Capítulo 10

A exaltação de Mindy começou a evaporar enquanto


passava pela aldeia. Embora as luzes continuassem cintilando,
muitas refletindo na água enegrecida pela noite, não havia um
sinal de vida em lugar algum. Toda a orla e o porto se
estendiam cheios de vazio. Do outro lado da baía, ela captou o
flash de disjuntores brancos nas rochas dailha de Bran. Ela
também viu as grandes pilhas de pedra daTorre de Folly, a
visão fazendo sua respiração parar.
As pedras — agora melhor chamar de ruínas, ela supunha
— estavam em toda parte. E embora algumas parecessem estar
empilhadas em formações de parede, era óbvio que qualquer
coisa que estivesse em pé na pequena ilha era silenciosa e sem
telhado.
Mesmo assim, ela diminuiu o ritmo do carro. Era difícil
olhar para longe dos contornos afilados que começavam a
tomar forma na ilha de Bran. Mas ela não podia olhar para a
água enquanto dirigia, então olhou para a aldeia em vez disso,
cada volta da roda fazendo ela se sentir mais longe da
civilização. Nenhuma sombra se agitou atrás das cortinasdas
casas caiadas ao longo da estrada. Até mesmo as chaminés
pareciam frias, sem um traço de fumaça subindo acima delas.
Uma minúscula loja, ao lado do armazém e logo apóso
correio estavam fechada a essa hora. E o bar, chamado
Orgulho do Islesman, apareceu igualmente fechado para a
noite.
Somente a loja de peixeestava aberta, mas enquanto
passava pela placa da grande janela de vidro, era fácil ver que
os balcões estavam vazios e não havia ninguém parado atrás
do caixa.
Ninguém estavanas docas, também.
E se os barcos de pesca que balançam em toda parte
fossem mais escuros, seriam invisíveis.
Mindy seguiu em frente, recusando-se a ficar intimidada.
Ela ergueu o queixo, tentando reconquistar a maravilha
que a levara a sair de Hebridean House. Era a mesma noite,
depois de tudo. Então ela se inclinou para a frente, espiando
brevemente pelo pára-brisa, o alívio inundando-aao ver o céu
ainda brilhante com estrelas.
Quando ela olhou para a estrada, foi recompensada pela
aparição súbita de uma pequena praia de areia. Curvava-se ao
longo do muro do porto, lindamente banhada pelo brilho
prateado da lua.
Sentindo-se melhor, ela passou pelo deserto Village Hall
sem nem mesmo uma pontada de duvida. Sua mente prática
lhe dizia que todos os habitantes locais estavam em Hebridean
House, sem dúvida disputando a atenção do pequeno Hughie.
E, se fosse de uma mente caprichosa, como Margo, teria de
admitir que o silêncio, juntamente com a linda noite,
emprestava à aldeia uma qualidade fascinante, quase etérea.

Elapensou como era escorregar dentro do ar atmosférico,


também belo e verdadeiro, em aconchegantes paisagens de
pinturas que viu em muitos shopping, nas lojas de presentes
nos Estados Unidos.Ela não conseguia pensar no nome do
artista, mas seu trabalho colorido e luminoso estava bem na
frente dela.
Venha viver na Barra!
Algo lhe dizia que ela, também, encontraria a si própria
aqui.
Aquele céu cinzento, uma chuva selvagem e fria, e noites
estreladas como esta, logo a fariam acreditar que encontrara
algo que não sabia que estava procurando.
Mas antes de deixar sua mente vagar por um caminho tão
fantasioso, ela precisava encontrar a cabana Âncora.
Quando um monte inclinado, quebrado e apedrejado pelo
vento na extremidade da praia apareceu em seus faróis, ela soube
que era a cabana de campo que estava procurando.
Especialmente porque a estrada parecia um beco sem saída
contra um penhasco de rápida aproximação, que se erguia logo à
frente, com suas alturas escarpadas e molhadas, sinalizando
efetivamente que não poderia ir adiante.
Com certeza, quando ela parou ao lado do cais,
imediatamente avistou uma pequena casa de paredes espessas
em frente à estrada. Um letreiro feito à mão apoiado em uma
janela assegurava-lhe em letras grandes e cuidadosamente
impressas,comouma casa de bonecas das histórias, com o seu
telhado de zinco e porta pintada de azul, era de fato Âncora.

Ela saiu do carro, com certeza nunca tinha visto nada


mais doce.
Seu pulso acelerou quando ela pegou suas malas e cruzou
a estrada. Quando entrou — como a mulher de Hebridean
House dissera, a porta não estava trancada — achou o chalé
frio e cheirando a umidade. Ela estremeceu, mas duvidou que o
frio durasse muito. Alguém, provavelmente Jock, o
proprietário, acendeu um pequeno fogo e até ligou uma
pequena unidade de aquecimento que estava em um canto.
Melhor ainda, um nicho de cozinha abria para fora da sala
principal e ela podia ver os ingredientes para chá arrumados
no balcão. Uma chaleira elétrica moderna prometia que ela não
teria que esperar muito tempo para ter água fervida. E pacotes
de chá paracafé-da-manhã escocês e creme de Earl Grey
deram-lhe boas-vindas, uma caixa generosamente feita dos
bolinhos amanteigados local lhe fez recordarháquanto tempo
tinha comido.

Havia também uma grande jarra de chocolate quente, o


que a deixou pensativaque tudo era para impressioná-la.
Em todos os anos de voar e dormir em diferentes quartos
de hotel todas as noites, ela não conseguia se lembrar de ter
encontrado uma jarra de chocolate quente esperando-a.
Alarmes digitais que ela não conseguia descobrir, paredes
muito finas, e televisões que pareciam mostrar apenas
informações de hotel ou filmes de aluguel, sim.
O ruído do elevador, os condicionadores de ar
chacoalhantes que poderiam congelá-la em segundos e o seu
favorito e pessoal — a loucura de ficar muito perto de uma
máquina de gelo.
Mas chocolate?
Nunca.
A âncora também tinha o quarto limpo.
Pode não ter sido arejado por um tempo, mas era
encantador. O assoalho de pedra, bem esfregado, lembrava-lhe
a acolhedora e antiquada cozinha da casa onde sua avó
crescera em White Horse, na Pensilvânia. E a lareira em uma
das extremidades do salão pequeno, tudo em uma área de
jantar, embora minúsculo, a fez se sentir confortável como o
inseto proverbial em um tapete.
Para não mencionar um deleite que era cheirar o fumaça de
madeira real ao mesmo tempo que poderia olhar fixamente
para fora as janelas na baía, eouvir as batidas de água de
encontro ao caisà beira da estrada.
O efeito foi mágico.
Mindy afundou em um pequeno sofá, começando a
entender por que sua irmã e outras pessoas como ela, ficaram
todas loucas no primeiro flash de tartanxadrez ou vislumbre de
urze roxa espalhados em uma encosta.
Escócia era especial.
E havia algo sobre âncora que fez seu coração bater. O
ceticismo insistiu que a estranha sensação de paz e retidão
tinha a ver com a falta de uma televisão e telefone na cabana.
Percebeu que, no mundo louco de hoje, um lugar sem o que
Margo chamava de inconvenientes modernos tinhauma certa
atração.
Mesmo assim...
Ela olhou ao redor, tentando identificar por que a casa
limpa, mas humilde fez seu pulso acelerar e até mesmo deixou
seus sentimentos bastante ofegantes.
Ela não podia ver nada fora do comum.
Do outro lado dela, uma porta se abria para um quarto
sombrio. Podia distinguir um guarda-roupa antigo e uma cama
de casal, cobertos com o mesmo tartan vermelho do sofá e uma
poltrona junto à lareira.

Só quando voltou sua atenção para a cozinha, talvez


atraída pela promessa de uma xícara de chocolate quente para
sorver enquanto olhava para a fogueira, ela percebeu por que
tinha sido embalada por uma percepção tímida de formigamento.
Não era Âncora.
Era Bran de Barra.
Estava observando-a da cozinha, com as mãos
entrelaçadas nas costas e Gibbie ao seu lado. Ainda usando
seu traje moderno de cordões desgastados e um suéter de
Aran, ele era a personificação de tudo o que era irresistível para
as mulheres que amavam homens musculosos e viris.
E como sempre, seu olhar azul a chamuscou. Quando ele
começou a avançar, seus passos longos trazendo-o em linha
reta em direção a ela, seus lábios curvando-se naquele sorriso
oh-tão-sexy-e-torto, Mindy saltou, seu coração vibrando.
— Aggggh!... — Ela balbuciou como que possuída. — É
você!
— Sim. — Ele continuou vindo. — Sou eu mesmo e, de
qualquer maneira a última vez que te olhei, sabias que eu viria.
Mindy bateu uma mão em seu peito. Ela tinha certeza de
que o chão estava se abrindo debaixo dela. Ela sabia que sua
aparição, apenas a visão dele, faria o resto do mundo
desaparecer. Só havia ele, o trovejar de seu coração, e sua
incapacidade de se concentrar em qualquer outra coisa.
Ele a afetava tanto.
A lenta chama em seus olhos disseram que ele sabia
disso.
— Nós fomos interrompidos. — Sua voz era macia e rica,
mais profunda do que o habitual, e — ela engoliu em seco —
tão-malditamente-sexy que fizeram suas três simples palavras
soarem como uma declaração de amor eterno e devoção.
— Você não precisa me beijar novamente. — Mindy
correupara trás do sofá. Se ele a tocasse, estaria perdida.
Seus ombros largos bloquearam a entrada da cozinha. O
sorriso de puro pecado brincando em seus lábios refutou a
nota de espanto em sua voz.
Ele não ficou surpreso.
Ele estava se divertindo.
— Mindy-moça... — Ele ergueu as mãos, as palmas para
fora. — Eu não vou te beijar a não ser que você queira, mas...
— ele olhou para o sofá coberto de xadrez, seus olhos brilhando
— não me diga que você esqueceu que um pouco de madeira e
enchimento não me impedirá de ir até você, se eu quiser estar
ao seu lado?
Mindy engoliu em seco.

Ela tinha esquecido.


Mas ela se lembrou muito bem quando o viu erguendo-se,
a um passo de distância dela. Gibbie também se movia como
um relâmpago. O cão agora estava deitado sobre o sofá, seu
pêlo cinza desgrenhado e olhando como se ele quisesse ficar ali
por muito tempo.
O mestre da besta passou os braços pelos quadris de
Mindy.
Ela enrijeceu, aquecida e um formigamento correndo
através dela.
— Você disse que não ia me beijar! — Ela olhou para ele,
vendo imediatamente que ele sabia que a deixava
absolutamente febril de desejo.
Por que ela estava pensando assim?
...A menos que ela o desejasse?
Ela respirou fundo. Ele a fez se sentir como se estivessem
representando uma cena de um romance. Ela era a heroína
resistente, mas logo a ser-forçada-a-amá-lo e ele era o herói
incontrolável, sexy, impossível, e a levava para fora ao por do
sol. Ou, em seu caso, atirá-la sobre seu ombro e levá-la pela
escada, a caminhoda grande cama de dossel em sua torre do
castelo.
E, o céu a ajudasse, ela queria, desejava que ele fizesse!

Em vez disso, levantou o queixo.


— Sobre esse negócio de beijos, você disse...
— Nada disse sobre te tocar. — Ele apertou seus braços
em volta dela, sorrindo. — Eu disse que não queria te beijar.
Um beijo não significa estar tocando.

— Tocando leva a beijos! — Mindy tentou se libertar.


Ele riu.
— Eu poderia te tocar e dar o mais profundo prazer. Se eu
tivesse vontade de fazê-lo.
— O-o-oh! — Sua arrogância deu-lhe a força para se
afastar.
Ela correu para a lareira, apenas conseguindo morder
uma maldição quando quase tropeçou sobre o tapete colorido
no chão de pedra lisa.
Ela girou para encará-lo.

— Você é insuportável! Um grandeesnobe, dominador.


— Sou Barra. — Ele cruzou os braços, parecendo mais
divertido do que nunca. — E como tal, não vou estar sempre
argumentando essa parte. Quanto ao resto...
— Por que você está aqui?
— Eu estava te dizendo antes de você me dizer para nãoa
beijar.
— Então me diga agora.
Para sua surpresa, seu rosto ficou sério e ele foi para a
janela, olhando para a baía e — ela sabia — seu próprio ilhéu e
as pedras que uma vez foram a própria substância de sua casa.

A vida dele.
Que era assim, que seu pequeno aglomerado de rocha na
baía e o amontoado de pedras que ela tinha feito voltar
significava tudo para ele, estava gravado em cada centímetro de
seu poderoso e musculoso corpo. Estava ali no orgulhoso
conjunto de seus ombros enquanto olhava para a escuridão.

Ela viu na forma como ele apertou as mãos ao lado dele.


Como seus nódulos ficaram brancos e até mesmo o ar em torno
dele parecia tomar nota.
Ele limpou a garganta, permanecendo comsuas mãos ainda
mais apertadas.
— Eu vim aqui pela mesma razão que eu fui para
Hebridean House. Quero agradecer-lhe por ter devolvido as
pedras da minha torre. — Ele olhou para ela e pôde ver a
paixão em seu interior. — Na verdade, moça, eu estou — sua
bela voz ficouembargada, o som apertando seu coração — um
pouco sem saber colocar em palavras minha gratidão.

— Um amigo foi lá — ele lançou outro olhar para a baía —


e ele me disse que as pedras não somente foram trazidas de
volta, mas que você está fazendo minha casa ser restaurada.
Construí-la novamente, como se não tivesse sido derrubada?
Mindy assentiu, incapaz de falar.
Ela engoliu em seco.
Ela não esperava que ele a agradecesse. E — sua cabeça
estava começando a latejar — ele tinha errado. Ela não merecia
sua gratidão. Ela não era a responsável pela restauração de
sua torre.
Ela era apenas o instrumento.
Os três fantasmas da Loucura Folly e seus companheiros
ancestrais estavam por trás de tudo. Eles eram os que
deveriam ser agradecidos.
Não ela.
— Eu não tive nada a ver com isso. — Ela deixou escapar
a verdade antes que a vergonha tornasse impossível falar.

E sentiu a dor que, até muito recentemente, ela estivesse


disposta vender o castelo ao melhor licitante e nunca mais ver
uma pedra do lugar novamente. Nem um pedaço de mobília,
nem mesmo um pedaço de poeira girando.
Agora...
Sentia-se como uma idiota insensível.
E tanto quanto a verdade a chamuscava, sentiu-se
compelida a se certificar de que Bran de Barra entendesse. Só
então ela poderia olhar no espelho novamente. E, no final do
dia, apesar de seus anos em uma profissão muito moderna, ela
ainda permanecesseuma garota à moda antiga no coração.
Para ela, a honra era tudo.

Bran de Barra definia honra.


Ela não teria acreditado que existiam homens assim no
mundo e — seu coração apertado com a admissão —
suspeitava que não existisse. Pelo menos, não no mundo
moderno que ela chamava de seu.
Ela engoliu um nó súbito em sua garganta e olhou para o
lado, certa de que quando voasse para casa, poderia olhar para
longe e não encontrar um homem como ele.
Ela se acercou e olhou o fantasma sexy de Hebridean nos
olhos.
— As pedras do seu castelo estão lá fora — ela também
lançou um rápido olhar para a baía — porque três primos seus
fantasmagóricos ameaçaram que me perseguiriam para sempre
se eu não as devolvesse.
Bran de Barra piscou.
— Três primos fantasmagóricos?

Mindy assentiu com a cabeça.


— Primos, parentes, ou como você quiser chamá-los. O
fato é que são lairds de Barra MacNeil, que não sei como dizer
isso, mas viveram vários séculos depois do seu tempo.
— Entendo.
Mindy colocou as mãos na parte de trás do sofá, contente
por seu apoio.
Bran de Barra começou a passear, sua espada — ele ainda
estava usando — batendo suavemente contra seu quadril
enquanto ele andava de um lado para outro no pequeno salão
deÂncora.

— Acredito que conheço os três lairds que você disse. —


Ele olhou para ela quando passou pela lareira. — Eles
visitaram minha casa há algum tempo. Sua chegada foi
inesperada e assustou uma convidada porque, ao invés de vir
para desfrutar as festas do meu salão, como a maioria costuma
fazer, eles foram vistos caminhando em uma passagem de
corredor, brigando entre si.
Mindy sorriu.
— Isso parece com eles. Eles gostam de resmungar. Mas
— seu coração travado outra vez — eu penso que estão felizes
agora. Vi-os assim que minha balsa se aproximava de Barra.
Eles estavam em uma galera de aparência medieval e
navegando para trás e para frente perto da abertura para a
baía, fazendo um tumulto e...
— Sim, eles eram Barra MacNeils! — Bran soou
novamente. — Era um floreio que eles estavam lhe dando. —
Ele sorriu, o orgulho brilhando em seus olhos. — Como se
fosse boas-vindas, eles estavam recebendo você em nossa linda
ilha!

— Isso foi o que eu pensei. — A idéia aqueceu Mindy.


Ela nunca teria acreditado, mas ela lentamente se
apaixonou pela Longa Galeria da Loucura.
— Há algo que eu não entendo. — Bran parou de repente,
e ficou esfregando sua barba. — Onde estava a minha torre? E
por que os meus primos pressionaram você para devolvê-lo?
Mindy hesitou. Não porque ela não estivesse disposta a
responder a essas duas perguntas, mas sabia que elas levariam
a mais. E ela não estava interessada em dizer a Bran sobre
Hunter.
Então ela recorreu ao treinamento de sua companhia
aérea e fez uma pergunta sua.
— Você disse que os outros três fantasmas estavam no
seu salão. Como pode ser isso se — a implicação a deixou
desconfortável — na época, sua torre não estava em Barra?
— Não? — Suas sobrancelhas se ergueram. — Minha doce
moça, minha torre sempre esteve como uma estrela. Nunca
uma pedra é mudada, nem uma lâmina de grama.
— Mas como?
— Porque — seu sorriso torto brilhou — eu sou assim.
— Você quer dizer em seu reino fantasmagórico.
— Sim, isso. — Ele assentiu, parecendo satisfeito.

Aparentemente cansado de passear, ele caiu no sofá ao


lado de Gibbie, lançando um braço ao redor dos ombros da
besta. — Agora que você sabe, eu quero ouvir onde minha casa
foi parar em seu mundo. Que não era onde deveria estar, eu já
sei. Então fale a verdade. Vou saber se você estiver tentando
mentir.

O primeiro instinto de Mindy foi fazer exatamente isso. Em


vez disso, respirou fundo.
— Sua torre estava em Bucks County, Pensilvânia. Perto
de uma cidade chamada New Hope. MacNeils ricos de um
século passado transportou o castelo para lá.
— Penn-seal-landia? — Ele levantou-se de um salto, com
os olhos arregalados. — A proposito! É pior do que eu pensava.
Gibbie latiu, compartilhando sua angústia.
Bran de Barra passou uma mão através de seu cabelo,
olhando quase selvagem.
— Então eu estava certo! Eu suspeitava que vocêtivesse
saído daquele lugar perverso. Mas eu nunca sonhei que minha
torre seria...
— Na Pensilvânia? — Mindy não entendia sua
preocupação. — É um lugar muito bonito. Bucks County, de
onde eu sou, é especialmente agradável. Não é o mesmo que
aqui, mas é adorável. É como uma espécie de campo que você vê
na Inglaterra.
— Inglaterra? — Ele parecia ainda mais horrorizado.
Mindy poderia ter se chutado.
Não sendo uma grande fã de Coração Valente, tinha
esquecido que os escoceses de Bran da Barra não eram muito
apaixonados pelos ingleses.

Sua gafe estava fazendo a parte de trás de seu pescoço


quente.
Ele parecia tão chateado.
— Eu sinto muito. — Ela tomou várias respirações
calmantes. — Concordo inteiramente com você de que sua casa
nunca deveria ter sido despedaçada e...
— Então minha torre foi despedaçada? — Os olhos de
Bran se estreitaram. — E feito deliberadamente?
Mindy assentiu com a cabeça.
— Alguns de seus descendentes foram para a América e se
estabeleceram em New Hope. Eles fizeram tudo muito bem. Um
deles — ela tomou outra respiração profunda, desejando poder
pular essa parte — fez uma fortuna em aço e
ferrovias.Acredita-se que ele nunca esqueceu suas raízes
escocesas, e assim que se tornou rico, ele viajou para cá. Ele
veio a Barra e ordenou que seu castelo fosse desmembrado e
transportado para a Pensilvânia, onde ele a reconstruiu, pedra
por pedra.
— Deus, misericórdia! — Bran de Barra esfregou as mãos
sobre o rosto. — Como é que um homem de meu próprio
sangue poderia cometer uma travessura dessas? — Ele abaixou
as mãos e balançou a cabeça. — Se ele amava essa ilha, nossa
boa e bela Escócia, por que ele não voltou para cá?
Mindy olhou para baixo e puxou um fio solto na manga.
De jeito nenhum ela ia dizer a ele que seu descendente
deNew Hope, por mais habilidoso que fosse, tinha sido
impulsionado pela pompa e pela ganância. Sua cabeça virou-se
pelos luxos e conveniências do Novo Mundo. E, Mindy
suspeitava os ooohs e aaahs que ele esperava ouvir quando as
pessoas olhassem seu castelo escocês em uma colina de Bucks
County.
Algumas pessoas desejavam grandeza e atenção.
Mindy estremeceu, desgostosa e as lembranças de Hunter
fazendo seu estômago apertar.
Bran atravessou a pequena sala e agarrou seus braços,
olhando-a atentamente.
— Por que você está tão pálida? Você estava... Quero dizer,
você é da linhagem desse homem?
Ela piscou.
Demorou um momento para entender o que ele estava
perguntando. Ela não conseguia pensar quando ele estava tão
perto, suas mãos grandes e fortes segurando-a apertada.
— Não, eu não tenho uma gota de sangue MacNeil. — Ela
estava tão feliz que não tivesse o sague dele nas veias.
— Isso é bom, então. — Ele a soltou e deu um passo para
trás, passou uma mão pelo cabelo novamente. — Mas eu ainda
quero ouvir como você está associada a isso.Por que — ele a
olhava de perto — meus três primos colocaram-na para
classificar e trazer de voltao castelo para nós?
— Eles... Seus nomes são Silvanus, Roderick e Geordie, —
ela começou, protegendo-se.
— Bons nomes escoceses. — Bran acenou sabiamente. —
Então serão bons homens.
— Eu sei que são bons. — Mindy tentou não se contorcer.
— Quanto ao motivo pelo qual eles me escolheram, suponho
que eles sabiam que eu tinha dinheiro para ver a ação feita. —
Ela se forçou a segurar seu olhar. — Eles achavam que eu não
gostava de MacNeils o suficiente para fazer o que queriam. Eles
sabiam que eu não queria que me perseguissem pelo resto da
minha vida.
— Pah! — Bran de Barra sacudiu a cabeça. — Isso não
pode ser. Nunca houve uma mulher nascida que não gostasse
de MacNeils, especialmente Barra MacNeils.
— Exatamente. — Mindy lhe deu seu mais brilhante
sorriso. A lembrança do perverso apelo dos homens de MacNeil
surgiu em seus sentidos.
— Você bateu na mesma razão que eu tive problemas com
eles. — Ela colocou suas mãos em seus quadris. – Muitas
mulheres são loucas pelos homens do seu clã e...
— Pela Cruz! — Bran deu uma tapa na testa. — Eu tenho
sido um tonto cabeça dura. Mas agora eu entendo! — Ele olhou
para ela, seus olhos piscando. — Um MacNeil vagabundo,
canalha e perseguidor de saiasa pegouem suas fantasias e, em
seguida, pisou feio em seu coração.Och, moça. — Ele
enganchou seus polegares em seu cinto da espada e se
balançou sob seus calcanhares. — Dói-me dizer isso, mas
todos os clãs têm seus canalhas, até MacNe...
— Podemos, por favor, não falar sobre isso? — Mindy
olhou de lado, não querendo ver o fogo em seus olhos. Embora
ouví-lo referir-se a Hunter como um vagabundo e um canalha
era doce bálsamo para sua alma.
Sua indignação em seu nome era perigosa.
Ela já o tinha identificado como o tipo de homem de quem
uma mulher poderia depender. Um homem de profunda
integridade, cheio de amor por sua terra, sua herança, e por
aqueles com quem ele se preocupava. Ele sempre teria um
ombro pronto e enfrentaria qualquer um que olhasse feio para
a sua dama. Ele usaria sua espada se fosse necessário e — ela
ficava sem fôlego em pensar nisso — ele beijaria uma mulher
até que seus dedos do pé se curvassem.
E o que ele faria, nu, com uma mulher presa naqueles
poderososbraços musculosos, ela não suportava sequer
imaginar.
Ela engoliu em seco, o pulso disparando.

Seria tão fácil ir até ele, deslizar os braços ao redor de seu


pescoço, sentir seu cheiroviril, e inclinar-se para ele, dizendo-
lhe que, sim, o desejava.
Sim, ela queria — não, desejava — seus beijos.
Felizmente, ela tinha bastante inteligência para saber que
dar-se tal paixão,resultariade uma maneira mais má do que o
que Hunter poderia ter feito em mil anos. Na verdade, ela nem
conseguia lembrar do que o bastardo se parecia.
Mas nunca esqueceria Bran.
Nem sequer poderia pensar no que isso significava em
termos de conseqüência e logística, ela apertou uma mão na
parte inferior de suas costas –ali pulsava e doía, machucando
quase tanto quanto o latejar em suas têmporas — e tentou
pensar em uma maneira de banir Bran antes que ele cruzasse
a sala de novo e a alcançasse.
Disso tinha certeza.
Ela viu em seus olhos. Sentiu a paixão crescer dentro dele.
A qualquer momento ele iria buscá-la. E se deixasse, a vida
como ela tinha conhecido até agora terminaria.
Ela poderia se apaixonar.
E isso levaria à loucura.
Abençoadamente, seu bom senso cavalgou para o resgate,
e ela de repente sabia, apenas, como orientá-lo em uma direção
muito diferente.
— O que há com você e o escritor deHebridean House? —
Ela falou rapidamente. — Pequeno Hughie MacSporran. Eu vi
seu rosto quando ele entrou da sala de estar, ouvi você chamá-
lo de um...

— Um saco de vento azul?


— Acho que foi isso, sim.
— Você se lembra corretamente. — Bran olhou para ela,
seus olhos surpreendentemente azuis. — O bastardo tem mais
ar quente nele do que um camponês forçado a existir em uma
dieta de feijão.
Mindy riu.
Mas ela parou imediatamente. Não conseguia se lembrar
da última vez que um homem a fizera rir. E ela sabia
instintivamente que Bran de Barra, se fossem um
companheiro, encheria seus dias, não apenas com uma paixão
e um significado cintilantes, mas com humor e diversão, os
quais ela sabia que a deliciariam todos os seus dias.
— Eu vou te dizer. — Sua voz endureceu. — O homem só
pensaem si mesmo.
— Ele era um pouco arrogante.
— Arrogante? — Suas sobrancelhas arquearam para cima.
— Ele é um pavão envaidecido!
— Foi por isso que você desembainhou sua espada? — O
coração de Mindy martelou. Isso era muito mais do que armas
medievais. — Estou curiosa. Os homens no seu dia puniam a
presunção com um rápido balanço de aço frio e duro?

Ele arqueou o queixo.


— Eu queria apenas para dar-lhe um susto.
— Mas por quê?
— Porque, sim
Mindy franziu o cenho.

— Isso não é uma resposta’


— Eu bem sei. — Um músculo marcou em sua mandíbula.
— Se você quer ouvir a verdade, o boi inchado simplesmente
me irrita. Ele é irritante como uma pedra no meu sapato.
Ele cruzou os braços, a boca em uma linha firme e dura.
Sob diferentes circunstâncias, Mindy teria rido. Bran de
Barra não era exatamente um homem modesto. Como se
tivesse lido sua mente, de repente deu um passo adiante,
sacudindo um dedo para ela.
— Ouça isso, Mindy-moça. — Ele manteve o dedo
abanando. — Quando eu ando por Edimburgo, Glasgow, ou
ondefor, os homens ficam de lado, saindo do caminho. Eles
fazem isso porque eu sou Barra, não porque eu os acenei ou
porque alguém fez um alarde em uma trombeta, alertando as
pessoas para que saíssem do meu caminho.MacSporran é um
arremedo de trompete. — O movimento do dedo parou. — Esse
fanfarrão vai contra tudo o que um Highlander acredita. Ou
você nunca ouviu o ditado — ele sorriu — é a queimadura mais
superficial que faz mais barulho.Nós, os verdadeiros homens de
Barra, vivemos com isso!
Parecendo satisfeito, esfregou as mãos.
— Da próxima vez que eu ver o HighlanderContador de
Histórias, vou apenas golpeá-lona barriga! Livrando-odo
excesso de vento.

Ele piscou.
Mindy se viu rindo.
Ela não podia evitar. Misericórdia, mas ela poderia perder
seu coração para este homem.

— Por enquanto, — ele estava dizendo, ainda parecendo


correto. — Estou pensando que você precisa aprender sobre
um verdadeiro Barrach. — Sua voz tornou-se profunda e
aparentemente tímida de novo, os tons suaves e ricos
perseguindo o riso dela.
Ela começou a se afastar.
Ele sorriu e inclinou a cabeça, o calor em seus olhos
fazendo-asentir falta de ar.
— Nós não somos todos como o patife que te tratou mal,
Mindy-moça.
— Eu não disse isso. — Ela correu para a cozinha,
desejando que fosse maior do que dois pés quadrados,no
máximo.

Bran de Barra permaneceu onde estava, mas ele estava


olhando para ela com incrível intensidade.
— Você não tem que dizer as palavras. Estão escritos em
você, claros como o dia.Quando eles se forem, ou pelo menos
estiveremum pouco afastados, eu vou te mostrar que sou
diferente. Até então — ele olhou para o cachorro e estalou os
dedos, acenando com a cabeça uma vez, quando Gibbie saltou
do sofá e trotou para ele — vamos deixar você descansar esta
noite.
— Não, espere... — Mindy começou a andar, esperando
que os dois desaparecessem num piscar de olhos.

Mas desta vez, Bran de Barra simplesmente se virou e


caminhou até a porta, saindo com seu cão para fora na noite
fria e úmida como um homem real, de carne-e-sangue faria.
E ele parecia tão real que seu coração quebrou.
Desejando que ele fosse real, correu até a janela,
esperando vê-lo de pé na estrada, esperando que ela saísse e o
convidasse de volta.
Talvez — se não houvesse a tal coisa como magia das
Highlanders — ele estaria lá fora, exatamente como imaginava.
Mas quando olhou, ele tinha ido.
A estrada estreita estava vazia.
E o cais quebrado em frente a Ancora se inclinava para a
água escura. No luar, ela podia ver que suas pedras estavam
encrostadas com conchas e alga reluzente. Mas de um homem
grande, musculoso e seu cão, não havia nenhum sinal.
Porra, queria vê-lo de qualquer maneira.

****
O que Mindy não viu foi a minúscula mulher vestida de
preto perto da desertaVillage Hall apenas a um curto caminho
abaixo da estrada de Âncora.
Desacostumada às armadilhas modernas, a velha ajustou
sua jaqueta pesada contra o vento cortante e então se abaixou
para amarrar um dos cordões vermelhos de tartan nas suas
robustas botas pretas.
Quando se endireitou, esfregou as mãos nodosas e cruzou
a estrada para melhor espreitar através da baía o pequeno
ilhéu escuro, do qual tinha visto a agitação de atividade nos
últimos dias.

Vendo as pilhas de pedra lá deu uma gargalhada cheia de


alegria.
Era bom ver pessoas desfazendo alguns dos males, que as
Terras Altas havia sofrido de vez em quando.
Suas próprias queridas Hébridas eram especialmente
merecedoras!

Comotambém era a jovem americana, ela sabia!


Ela também gostava de Bran de Barra.
Ele podia explodir evociferarum pouco, e, apesar de suas
afirmações, não havia um osso modesto em seu corpo grande
epesado. Seu coração estava no lugar certo, entretanto, e isso
era algo que ela honrava acima de tudo.
Mas ajudá-los poderia ser uma prova além de sua
poderosa magia.
Esperando que não fosse assim, a velha deu um tapinha
nos cabelos brancos e voltou a olhar para os laços vermelhos
de tartan nas botas.

Os laços eram um toque fino, ela disse isso a si mesma.


Mesmo uma velha como ela desfrutava de um pouco de
charme.
Satisfeita, levantou o queixo ao vento e voltou seu olhar
para a pequena ilha na baía. Logo haveria mais do que apenas
26
paredes de castelo robusto e baileys de paralelepípedos
enfeitando as margens longas de praias vazias da ilha.
Era o tempo do amor e da felicidade reinar lá, também.
Se ela tivesse qualquer dizer e alguma força sobre o assunto,
sua magia iria ajudá-los a acontecer.
Capítulo 11

Mindy estava no Havaí.


Ela podia ouvir o martelar do surf e o barulho das
palmeiras em uma brisa tropical. Os raios de sol eram uma
carícia, aquecendo-a da cabeça aos pés, e sua toalha de praia
supergrande com detalhes de hibiscos era a mais macia, a mais
confortável que ela já deitou. O melhor de tudo era que ela
podia sentir o cheiro do café fresco de Kona, o aroma delicioso
flutuando no ar, tentando-a...
Chamando-a do mais doce dos sonhos.
Mas ela ainda não estava pronta para despertar.
Dormir era bom.
E as primeiras horas da manhã eram sua idéia de paraíso.
Quem se orgulhava de ser uma cotovia nunca tinha provado os
prazeres da vida como uma coruja.
Então ela virou de bruços, satisfeita por desfrutar do
esplendor ensolarado da Praia de Poipu, em Kauai, apenas
alguns minutos mais.

Pena que o chocalhar das palmeiras começava a soar


como o barulho da chuva. E embora ela permanecesse
agradável e quente, o calor do sol estava começando a ser
suspeitosamente como muitas camadas de cobertores de lã e
um edredom extremamente espesso.
Mindy franziu o cenho.
Ela tinha certeza de que estava suando.
Ela abriu um só olho para olhar sua toalha de praia de
hibisco e ver se ela de alguma forma se tornou emaranhada em
seu tamanho grande, mas em vez de flores vermelhas tropicais,
ela foi tratada com um vislumbre de xadrez vermelho.

Mindy acordou de vez. Sentou-se na cama, no pequeno


quarto de âncora, vendo que se enrolara num casulo de
tartaruga da cama vermelha. E, embora houvesse um
agradável traço de algo assado que flutuava e fazia seu nariz
estremecer, não era o aroma de seu muito amado café Kona.
Era o cheiro persistente de cinzas de madeira no ar frio da
manhã.
E agora que ela tinha jogado fora as cobertas, estava frio.
Mais do que isso, o pequeno quarto estava abaixo dezero,
gelado-sua-bruxa-inferior quase em congelamento.
Era tudo o que ela podia fazer para evitar que os dentes
tagarelassem. A manhã ainda escura do lado de fora da janela
parecia molhada e fria e — ela inclinou a orelha para o teto — o
som de palmeira chacoalhantes realmente tinha sido o toc-toc-
toc de chuva caindo no telhado de ferro de âncora.
Ela gemeu e pensou em voltar a se embrulhar nos lençóis
vermelhos de xadrez.

Mas...
Ela também podia ouvir o rugido selvagem do mar —
aquele som, pelo menos, tinha sido real — e como sempre, o
estrondo das ondas quebrando emsurf a estimulava.
Mesmo assim, o caloroso conforto de sua cama a fez puxar
as cobertas até o queixo. Infelizmente, quando ela rolou para o
lado e levantou uma mão para dar um soco nos travesseiros,
ela ouviu um barulho que não era nada agradável.
Alguém estava batendo na porta.
Os olhos de Mindy se abriram. Um rápido olhar para seu
alarme de viagem disse que nem eram oito da manhã. Sentou-
se novamente, esperando que o relógio estivesse errado.

Mas a hora, assustadoramente, não era um erro.


Tampouco imaginara o barulho na porta da casa.
Ela podia ouví-lo ainda, alto e persistente.
— Oh, cara. — Ela tropeçou saindo da cama e olhou ao
redor em busca de suas roupas, franzindo o cenho. Quem
esperaria companhia — logo de manhã cedo — em uma
pequena casa de campo, em uma pequena aldeia junto ao mar?
Não ela, com certeza.
Ela pensou em não responder. Afinal, ninguém sabia que
ela estava ali. E mesmo que alguém soubesse, ela não conhecia
ninguém que quisesse falar com ela. A única pessoa que ela
gostaria de ver não ficaria na chuva batendo na porta dela.
Ele apareceria do nada, com as mãos nos quadris, e
ofuscando-a com um sorriso.
Então não era Bran.

Poderia ser o polícia da aldeia. Dada os arremessos


selvagens do mar,que ela podia ver da janela do quarto ea
chuva, não a surpreenderia se a maré subisse e arrastasse seu
carro.
Ela tinha deixado praticamente parado na estrada, ao lado
do píer humilde.
Preocupada, ela se precipitou, rapidamente puxando suas
roupas descartadas, embora um pouco acidentalmente.
Curvando-se, ela enfiou os pés em suas meias de lã, não
querendo tomar tempo para recuperar as botas de
caminhadano banheiro. Nem estava acordada o suficiente, para
discutir com as enfias deles.

Ela ignorou seu cabelo, exceto para passar os dedos pelos


emaranhados.
Quanto à maquiagem, quem quer que a perturbasse antes
das dez horas da manhã merecia vê-la como a natureza
pretendia, com a cara nua e sem rímel, embora ela tenha
entrado na gelada casa de banho para dar um gorgolejo de
bochechos.

Assim preparada, ela correu pelo salão e abriu a porta.


Não era o policial da aldeia que estava parado ali.
Era o pescador grande,de peito largo do Hebridean House
Hotel. Aquele com rabode cavalo nos cabelos preto
encaracolado, que tinha falado com ela no saguão do hotel,
alegando que opequeno Hughie MacSporran tinha vindo a
Barra para procurar a espada mítica dos MacNeils.
— Jock MacGugan. — Ele balançou sua cabeça escura. —
Espero não estar despertando você?
Mindy piscou. O jeito que estava apertando o boné que
segurava com as mãos, dizia-lhe que sabia muito bem que ele a
pegara na cama.
— Ehhh... — Ela piscou novamente. Ela não era uma
pessoa da manhã e às vezes — como agora — sua voz não
funcionava bem em horas tão ímpias.
Ela suspeitava secretamente que suas cordas vocais
desfrutavam de seu sono ainda mais do que ela e que, por mais
sábias que fossem, recusavam-se a funcionar até que tivessem
o devido descanso.
— Quero dizer, não. Er, ah... Sim, eu estava dormindo, —
ela finalmente conseguiu, não vendo porque negar o que ele
poderia ver claramente olhando para ela. — O que posso fazer
para você?

— Este é o meu chalé. — Ele estendeu a mão direita,


então, percebendo que apertava seu boné, estendeu a mão
esquerda e agarrou a dela em um aperto firme. — Pensei em
me certificar de que se sentia em casa....
Mindy olhou atrás dela para o salão escuro.

Mesmo agora, a pequena casa tinha um ar de aconchego


que a encantou.
A atração da Escócia, como Margo o chamaria, era de fato
uma força a ser reconhecida.
Vá saber.
Jock arrastou os pés.
— Eu sei que a casa é pequena...
— É perfeita. — Ela sorriu. — Você gostaria de entrar?
Ela se afastou, mas o pescador Jock se moveu primeiro,
estendendo a mão para pegar uma grande mochila
impermeável que colocara ao lado da porta.
Abrindo, ele tirou uma caixa de mantimentos, que
entregou a ela.
— Não havia tempo para estocar a cozinha para você na
noite passada, então minha esposa enviou alguns ovos e
bacon, cogumelos e tomates. Há também manteiga irlandesa,
uma garrafa de leite e — ele deu uma tapinha em um pacote de
27
pano — alguns de seus scones caseiros de café da manhã,
com geleia de amêndoas. — Ele olhou para ela. — Os scones
ainda estão quentes.
Mindy sentiu sua mandíbula deslizar. Quando ele se
abaixou, o vento frio e ventoso a pegou no rosto e ela só
precisou desse rápido olhar da estrada para ver que a manhã
estava ainda mais úmida e escura do que ela pensara.
No entanto, agora, devido à sua bondade e ao delicioso
cheiro dos bolinhos caseiros de sua esposa, o dia parecia mais
brilhante e mais acolhedor.
— Isso é muito gentil de sua parte. — Ela colocou a caixa
de comida em uma pequena mesa dentro da casa. — Eu não
sei o que dizer. Por favor, diga à sua esposa o quanto eu
aprecio...
— Ach, não há necessidade de nos agradecer. — Ele fez
um gesto brusco com a mão. — O merceeiro não abre até as
dez e acho que você não sabia que, como inquilina de Âncora,
você é bem-vinda a um café da manhã escocês em Hebridean
House ou... — olhou para a rua, epara o centro da aldeia —
você também pode comer no Islesman's Pride.
— Eles abrem cedo para o café da manhã, servindo-nos o
que há da pesca, principalmente. Embora... — voltou-se para
ela, franzindo o cenho, — às vezes o povo de Islesman esquece
que temos um arranjo para nossos convidados de Âncora.
Então, se você for lá emuma manhã, não deixe que os patifes a
cobrem.
Mindy começou a sorrir, e disse:..
— Eu não vou. Obrigada por me avisar.
Ela parou, olhando por cima do ombro para onde sua
bolsa estava no chão ao lado do sofá.
— Ninguém me disse o que devo a você por ficar aqui.
Posso te pagar agora, se quiser, ou...
— Ach, não haverá nada disso, não. — O pescador
balançou a cabeça, parecendo envergonhado. — Eu devia ter
sabido ontem à noite, que você era a americana que tinha
trazido de volta as pedras da nossa torre. Você não vai
encontrar uma só alma em Barra que venha lhe cobrar uma
noite de estadia aqui. Por mais tempo que você permaneça
conosco. Vejo você, nós...
— Mas isso não está certo
— Foi a retirada de nossa torre que não esteve certo. —
Ele se virou para olhar pela baía e Mindy viu que pingos de
chuva se agarravam a seus cachos pretos e molhavam os
ombros de sua jaqueta. As gotas cintilavam na luz da manhã,
de alguma forma tão direita e apropriada.
Como seestivesse em uma manhã ardente, uma parte dela
estava quente de uma maneira que poucos outros poderiam
entender.
Exceto, talvez, o verdadeiro Barrach.
O pensamento comprimiu algo dentro dela, e por um
momento, sentiu como se estivesse muito perto de entender a
magia de Barra.
Para seu horror, um nó começou a se formar em sua
garganta e ela inalou profundamente, na esperança de poder
desalojá-lo.
— O que eles fizeram, anos atrás, levando o castelo,
arrancou o coração desta comunidade. — Jock se virou para
ela, falando como se tivesse acontecido ontem. — Estamos
muito agradecidos a você. Se estiver precisando de alguma
coisa, qualquer coisa — sua voz profunda e grosseira — meu
número de celular está em um bloco de notas na gaveta da
cozinha.Ou apenas pergunte por Jock. — Ele sorriu, deslizando
uma mão avermelhada pelo trabalho em sua bochecha. — Há
apenas um Jock nesta ilha e esse sou eu. Eu pesco arenque, e
agora estou dirigindo o trabalho para a restauração do castelo
de Thon, então as pessoas sabem onde me encontrar.

— Você está trabalhando na torre? — Mindy estava


confusa. — Você está com a firma de Glasgow que contratei?
MacFadyen e Filhos? Construções Gaels?
Ela tinha certeza de que eles eram os melhores e mais
rápidos.
E eles não eram locais.

Ela sabia disso. Envergonhava-a agora admitir, mas ela


havia buscado especificamente uma empresa de restauração e
construção que não tivesse vínculo com Barra e os MacNeils.
Ela olhou para o pescador.
— Eu sinto muito... Eu não entendo
— Poderia ser os homens de Barra, dessas ilhas, temos
homens suficientes que são habilidosos com um martelo e uma
espátula.
Jock, o restaurador, pescador e senhorio, endireitou-se.
Já era um homem grande, seu suéter de lã grossa e sua pesada
jaqueta de chuva faziam com que ele parecesse gigantesco.

Havia uma centelha de orgulho em seus olhos azuis —


todos os escoceses tinham olhos azuis? — fez dele o homem
mais bonito que Mindy já vira.
Com exceção de Bran de Barra, é claro.
Quando ela encontrou sua voz novamente, engatou.
— Sei que os MacFadyens estão aqui. Eu liguei e lhes dei
dinheiro para que eles pudessem começar. E — ela olhou
através da água para a ilha de Bran, onde à luz fraca da
manhã, além de pilhas de pedra e algumas paredes, ela
também podia ver algumas estruturas cobertas com lonas e
andaimes — é óbvio que eles estiveram ocupados. Como você
pode ver.

— Vejo o trabalho que meus homens têm feito. — O


pescador seguiu seu olhar. — Todos são bons chefes
construtores, todos! — disse ele, com as costas ferozmente
retas. — Nós vamos fazer um trabalho tão bom, como estável,
se não melhor do que os homens de Glasgow. Sandy Budge,
nosso marceneiro, que também cuida de nossos serviços bancários
para nós, tem o dinheiro que você pagou as Construções Gaels. Eles
nos deram o dinheiro que você lhes enviou antes de voltarem
para Glasgow.
— Eu não entendo.
Jock, o pescador, colocou o boné de lã em sua cabeça,
puxando-o para baixo em torno de suas orelhas.
— É justo e apropriado que nós de Barra reconstruamos
nossa torre. Com nossas mãos de Barra e nenhuma outra.
Ele galantemente fingiu não ver o espanto de Mindy.
— Quando você estiver pronta para visitar o local me
avise. Eu também sou aquele que conduz o barco para a ilha
etrás de volta.

Mindy mal ouviu a parte sobre o barco.


— Você quer dizer que mandou embora os construtores?
— Ela tinha que saber. — E eles simplesmente partiram,
assim?
— Sim, bem... — Jock arranhou a bota no pavimento
molhado. — Eles partiram, é tudo o que importa.
— Mas...
O pescador tocou o boné e assentiu.
— Eu vou seguir o meu caminho, então.
E antes que Mindy pudesse piscar, ele se virou e em
segundos estava caminhando pela estrada. Ela franziu o cenho
e partiu atrás dele, as meias nos chinelo ficariam encharcadas —
elas já estavam encharcadas, de qualquer maneira — mas
antes que tivesse dado três passos, uma profunda risada atrás
dela a impediu de seguir em frente.
— Jock é um bom homem. — A voz de Silvanus ecoou em
seu ombro. Ela reconheceria seu barítono em qualquer lugar.
— Mas não acho que foram só os seus esforços que nos
livraram dos Weedgies.
Mindy girou ao redor, surpresa ao encontrar nada além da
porta vazia de Âncora.
— Os Weedgies são trabalhadores de Glasgow, — Silvanus
entoou tudo ao mesmo tempo. Mindy podia imaginá-lo
colocando suas mãos em seus quadris e tomando uma
respiração profunda e regozijando-se — E se você Dinnae
28
ken , irá perceber tal como nós o temos feito, quetambém se
pode assustar alguns sujeitos queesperam ver uma galera de
fantasma vir voando através da nevoa!
— Você fez isso? — Mindy falou para o ar frio, sem se
importar com o quão tola parecia ser.
— Nós fizemos! — O orgulhoso entusiástico da resposta de
Silvanus a recompensou.
Então ele apareceu diante dela, apenas o tempo suficiente
para desenhar um arco jovial com as mãos e desaparecer
novamente.
Mindy olhou fixamente para o local onde ele estivera,
então olhou novamente para a estrada onde ela ainda podia ver
Jock, o pescador se afastando.
Então ela se recostou contra a parede de Âncora, embora
suas pedras estivessem,fria e molhada, e passou uma mão em
sua bochecha. Ela podia sentir a vibração de seu coração e —
novamente, ela não deveria se surpreender –a quente e imensa
emoção inchando mais uma vez em sua garganta.
Ela sempre tinha ouvido falar que a Escócia era uma terra
de heróis.
Agora ela sabia que era verdade.

***

Mindy sentiu os nervos tremerem no instante em que ela


pisou no limiar de Âncora. Suas bochechas se aqueceram e
formigas dançaram sobre sua pele. Ela sabia o porquê quando
viu que a caixa de mantimentos de Jock não estava mais na
pequena mesa de madeira ao lado da porta da casa.
A mesa estava vazia.
E na suave luz cinza da manhã, ela viu imediatamente o
lugar onde os produtos do café da manhã tinham ido parar.
Estavam bem alinhados no balcão da cozinha, a caixa
encostada inocentemente nas frias lajes de pedra do chão.
Pena que ela tinha uma boa idéia de como os alimentos
foram parar ali.
Tinham tido ajuda de natureza sobrenatural.
E duvidava muito que Silvanus tivesse feito a ação. Ele
estava muito ocupado se gabando de como ele e seus amigos
ancestrais haviam usado suas habilidades flutuantes para
assustar os Construtores de Gaels, perseguindo a equipe de
trabalhadores de MacFadyen em Barra, diretamente de volta a
Glasgow, seu lugar nativo.
Nem podia ser Roderick ou Geordie entrando furtivamente
no chalé para levar suas compras.
Somente um fantasma que desejasse despertar o seu lado
bom faria tal coisa.
E isso significava Bran.
Ela esperava vê-lo encostado no balcão, com um sorriso
malicioso e olhos cintilantes para deixá-la saber como estava
satisfeito com seus esforços para impressionar. Mas como não
o via na cabana, talvezestivesse mais empenhado em provocá-
la e permanecer invisível. Ou — era possível — ele poderia
estar permitindo que o tempo ficasse melhor antes de fazer
uma aparição.
Ela parecia assustada.
Envergonhada, passou a mão sobre o cabelo molhado pela
chuva, tirou as meias encharcadas e correu para o quarto e se
vestir adequadamente.
Infelizmente, o pequeno quarto estavamais frio do que
antes. De alguma forma a janela tinha aberto e agora o ar não
era apenas frio, mas molhado e cheirando a mar. Ela quase
podia provar o sabor de algas marinhas e salmoura. E — ela
mal podia acreditar — sua impressão crua e revigorante fez seu
pulso saltar.
Ela nunca gostara do frio.
E molhada — como as cortinas cinza de chuva começando
a soprar por sua janela — eraa pior transgressora do frio,
escuro e melancólico.
A Escócia era fria nesses dias.
Todos sabiam disso.
Mas agora...

O lugar estava de repente cheio de heróis e um dia


molhado em Barra parecia convidativo.
Mindy estremeceu e esfregou os braços.
Surpreendente, olhando pela janela para o dia selvagem e
tempestuoso, quase a fez concordar com a alma anônima que
dissera, que quem pensava, que a luz do sol trouxesse
felicidade nunca dançara sob a chuva.
Barra estava trazendo uma dançarina da chuva para fora
dela.
Se ela acrescentasse o quanto desejava ver um fantasma
— um grande e musculoso fantasma com um nariz torto e um sorriso
como o pecado — tinha certeza de que estava em seu caminho para
o hospício.

Algo estava seriamente errado com ela.


Mas ela se preocuparia com isso depois do café da manhã.
Qualquer coisa, exceto que fosse uma menina magra, já
ela tinha um apetite saudável, e como sua mãe sempre dizia, o
mundo parece mais rosado com o estômago cheio.
Assim, ela caminhou direto para a cozinha e abriu
imediatamente o pacote de biscoitos recentemente assados e
embrulhado no pano da mulher de Jock MacGugan. Para seu
deleite, ela descobriu que não eram apenas scones.
Eles eram osscones.
Enormes, quente do forno e leve como o ar, eles vieram em
dois tipos: scones de queijo e de canela com maçã, como os que
ela tinha visto apenas uma vez antes. Ambos cheirando
esplendidamente, e, molhado com um espesso cremede
manteiga Irlandesae geléia de casca caseira, experimentados
assim eram ainda melhor.

Mindy comeu todos eles.


Ela estava apenas lambendo as migalhas de seus dedos
quando o ar atrás dela se agitou e sentiu um beijo suave na
pele descoberta de sua nuca. Ela pulou, o prazer chocante
rasgou-acomo feixe luz de uma barba lhe fazendo cócegas no
pescoço. Então duas mãos grandes e fortes seguraram seus
braços, puxando-a contra um peito musculoso.
Bran de Barra numa voz profunda provocou-a com
sussurros em sua orelha.
— Você estava com fome?
Sem ver seu rosto, Mindy sabia que ele estava sorrindo.
Ela sentiu seu tartan xadrez se esfregar contra ela. Sua lã
pesada era morna e áspera, cheirando levemente a lenha.
Seus sentidos fizeram motim.
Ele riu e deslizou um braço ao redor de sua cintura,
segurando-a perto enquanto beliscava suavemente seu
pescoço.

— Estou contente em ver você se divertindo, Mindy-moça.


Sua diversão arrasou-a como água fria nos formigamentos
quentes que corriam por ela.
— Você disse que não me beijaria! — Ela se soltou,
girando para encará-lo.
Isso foi um erro.
Visível, real, olhando sexy como sempre, ele tinha fogo em
seus olhos que quase chamavam por ela. Ela puxou seu suéter,
recuando até que bateu na minúscula geladeira.
— Och, moça, você me fere. — Ele ficou onde estava e
bateu com uma mão no peito, conseguindo imporum olhar
tanto culpado e devastadoramente atraente. — Você acreditaria
em mim se lhe dissesse que até mesmo eu não poderia me
ajudar neste sentido?Além disso — ele estendeu a mão e
agarrou seu pulso, puxando-a para ele novamente — eu quis
dizer beijos verdadeiros. Pequenos beijinhos ao longo do seu
pescoço não contam.

— Oh, sim, eles contam!


Ele riu.
— Você não vai dizer isso depois que eu realmente te
beijar.
Mindy olhou para ele, segura de que não conseguia
respirar.
— Como decidimos que não haveria tais beijos, isso é um
ponto discutível, não é?
Ela arqueou o queixo, sabia que nunca tinha parecido
mais altiva.

Bran de Barra ergueu seu nariz.


— Eu gosto de uma donzela com espírito, assim dinnae
penso que você está me dissuadindo.
— Eu não sou uma donzela! Eu... — Mindy fechou a boca,
percebendo muitotarde como isso soou.
Com certeza, a chama em seus olhos se transformou em
um lento e perigoso incêndio.
— Isso eu sei, doçura, — ele ronronou, sua rica voz
fazendo tremer seus joelhos. — Mas você poderia muito bem
ser e poderia então ser amada como você nunca foi por um
verdadeiro homem de Barra!

— Nunca serei... — A escaldante cor nas bochechas de


Mindy a impediu de terminar.
Ele sorriu.
— Sim, seráMindy-moça. — Ele enrolou sua mão ao redor
de seu pescoço, deixou seus dedos brincarem com seus
cabelos. — Não vale a pena dizer o que não é verdade.

— Ahhh... — Sua objeção se arrastou para o nada quando


ele apertou seus dedos em torno de seu pulso e olhou para ela
com tanta intensidade que podia sentir toda a virilidade e poder
vindo dele.
Sua força — e o desejo que ela quase podia ver correndo
por ele — a balançou até o âmago, deixando-a tonta e úmida.
Ela umedeceu os lábios, o coração galopando.
— A verdade, doçura, é que nenhum de nós quer isso. No
entanto... — colocou uma mão sob o queixo dela, levantando
seu rosto para que ela fosse forçada a olhar para ele — aqui
estamos nós.

Mindy sentiu sua mandíbula tremer. O desejo dentro dela


a estavadeixando desesperada.
— Aqui estamos o quê? Você está sempre aqui? Esta é a
sua Barra, não é?
— Minha, sim. Embora... — Fez uma pausa, algo
indefinível brilhando em seus olhos. — Nenhum laird digno do
título negaria que nossas propriedades nunca pertencem a um
só homem. Por que você acha que o pescador e seus amigos
não vão permitir que ninguém, exceto Barrachs, reconstrua
minha torre?Eles vão porque é deles, também. — As suas
palavras e a paixão em sua voz, fizeram a respiração de Mindy
parar. — É assim que foi no meu dia e — ele fez uma pausa,
seu orgulho quase uma presença na sala — estou certo em ter
oprazer dever que isso não mudou! Nós,lairds, asseguramos
que tudo esteja bem, cuidando do nosso povoe vendo as coisas
certas se desenvolverem. Mas a terra, Mindy-moça, a terra
pertence a todos nós.E você está certa. Estou sempre aqui.
Mas... — ele alisou seu polegar sobre sua mandíbula e ela
tremeu sob a carícia — Estou aqui, com meus amigos, no meu
lugar e tempo. Não é meu costume visitar Barra dos tempos
modernos.
— Mas você está aqui agora.
— Sim, eu estou.
— Você parece estar aqui toda vez que eu me viro.
— Isso, também. — Ele parecia muito sério. — Não vou
negar.
— Por que você está aqui, então? — Mindy sabia que ela
parecia sem fôlego. A intensidade de seu olhar e a maneira
como seu polegar continuava circulando sobre sua bochecha
tornavam o discurso normal impossível.

O homem precisava de uma licença para exercer tal


comportamento!
E ela estava indo para autocombustão, se ele não parasse
de olhar tão profundamente em seus olhos.
— Och, moça. — Ele balançou a cabeça lentamente. —
Certamente você sabe que eu estou aqui por sua causa.
— Eu? — Mindy piscou, seu coração parou. — Não é por
causa da torre?
— A torre me interessa. — Ele sorriu. – — Não vou mentir.
Mas eu poderia assistir melhor o trabalho na minha ilha do que
dentro deste chalé pequenino.

Mindy olhou de lado.


— Realmente não é uma boa idéia você estar aqui.
— Para ter certeza.
— Alguns diriam que é louco.
— Sem dúvida. — Ele deslizou seus braços em volta dela.

Ela se agarrouao tartan xadrez.


— Realmente louco, — ela argumentou, embora as ondas
de estremecimentos correndo através dela dissessem o
contrário. Ela o desejava, esperava que ele pelo menos a
beijasse eesse desejo que ela sentia construindo dentro dela era
tão contra tudo o que acreditava e esperava.
Ela já tinha sentido isso antes — especialmente com
umescocês — e ela certamente não precisava estar falando com
um Highlander que usava kilt, e que não se incomodava em
negar que tinha setecentos anos de idade.
Um fantasma!

No entanto, lá estava ela, tremendo de antecipação,


ardendo com uma necessidade que nunca sentira por nenhum
homem.
Ele estava apenas olhando-a, seus braços abraçando-a,, e
ela compreendeu a frase encontrada tantas vezes em romances
escoceses: o amor do herói colocava a urze em chamas.
Ou eram as colinas?
De qualquer maneira, ela estava em chamas.
E Bran de Barra sabia disso.
O triunfo brilhou em seus olhos e ele mesmo parecia
quase pronto a gritar. Quando ele apertou seus braços em
torno dela e sorriu, ela quase podia ouvir as palavras da
conquista piscando no ar entre eles.
Ele levantou uma mão para acariciar seu rosto em um
gesto suave, reivindicando.
— Então, você está finalmente pronta?

Mindy engoliu em seco.


Sua boca parecia serragem.
— Você não precisa me dizer. — Sua voz se aprofundou,
sua naturezadizendo coisas maliciosas para ela. — Eu posso
ver isso em você. Mas vou manter a minha palavra até que você
admita...
— Admitir o quê?
— Que você quer isso. — Ele tomou seu queixo em sua
mão e baixou a cabeça para levemente tocar sua boca com a
ponta de sua língua. — Meus beijos.

— Eu não! — Mindy mentiu.


— Eu digo que sim, — ele a desafiou, olhando para baixo,
como ela tinha colocado suas mãos em seu tartanxadrez,
mergulhando os dedos de uma mão dentro de sua túnica.
Ela seguiu seu olhar e se ruborizou.
Mas ela não retirou a mão.
Ela não podia. A força quente do seu peito poderosamente
musculoso parecia tão bom sob seus dedos, e a mãoespalmada
nos pêlos cor de gengibre que ela descobrira ali a intoxicou
positivamente. Ela continuou passando os dedos sobre eles,
incapaz de parar.
Ele tinha um corpo de um guerreiro.
Tudo nelea excitava.
E — ela podia dizer — ele acabava com vontade dela de
resistir.
Ela engoliu em seco. Estava profundamente ciente da
espessura grossa, quente e dura pressionada contra seu
ventre. E não era o cabo de sua espada. Ela tinha olhado
discretamente para baixo para ter certeza. Era todo ele.
O homem da Highlander puro, ansioso e pronto.
— Eu...uhhhh.. — Ela mordeu o lábio, sabia que estava
perdida.
Os olhos de Bran de Barra brilharam de uma maneira que
deveria ter-lhe enviado a correr em direção a porta. Não que ele
a tivesse deixado ir. Seu braço era como uma faixa de ferro em
torno dela, esmagando-a tão fortemente, que mal conseguia
respirar.
Ela tentou se concentrar.

— Este não é o lugar...


— Não. — Ele se afastou para olhar para ela. — Não para
o que você está pensando. Só a grandeza da minha própria
câmara na torre serviria para isso. Mas... — ele apertou seus
braços ao redor dela e ela tinha certeza de que seus corpos logo
pegariam fogo... — um simples beijo pode ser em qualquer
lugar.
Ela quase engasgou.
— Duvido que haja alguma coisa meramente remota sobre
seus beijos.
— Sim, isso é verdade! — Ele riu, seus olhos brilhando de
prazer.
Mindy tremeu, certa de que ela estava derretendo.
Ela estava úmida, Deus a ajudasse!
Na verdade, essa parte dela nunca vibrou com tal abandono. As
sensações eram esmagadoras, quase insuportáveis, mas
deliciosamente inconfundíveis. Como poderia ser, ela estava
fria até pouco tempo, e neste momento e com este homem, ela
nem sequer sabia tamanha devassidão de sentidos existia. Ela
sabia que estava perto de chegar ao clímax apenas em está em seus
musculosos braços escoceses.

Como se soubesse, abaixou a cabeça e começou a


mordiscar sua orelha. Então, rapidamente, ele atacou com
beijos ao longo de sua mandíbula e abaixo do seu pescoço.
Suas mãos estavam fazendo coisas perversas com suas costas,
fazendo-a gemer.
Quem poderia dizer que um toque nas costas poderia ser
tão sexy?
— Apenas diga sim, doçura. — Seu tom a fez sentir-se
quente e fria, a pequena cozinha estava girando... — Uma
palavra simples e...
— Sim! — Mindy se agarrou a ele, abraçando-o com força.
— Moça! — Suas mãos correram para cima, acariciando
seus ombros. Ele pressionou seus lábios contra seu cabelo,
esfregando sua bochecha contra ela. Por um louco momento
ela tinha certeza de que ele estava tentando beber do cheiro
dela, marcando-acomodele de uma forma selvagem,
primordial,a excitando tanto que seus joelhos quase estavam
dobrados.
Ela estava tremendo.
— Deuses, mas você é doce. — Sua voz era rouca, as
palavras suaves contra sua têmpora. — Diga-me que você
precisa dos meus beijos, Mindy. Eu quero ouvir você dizer isso.
Agora!
— Sim, agora! — Ela enfiou as mãos em seu cabelo,
passando seus dedos nos fios grossos, frios. — Beije-me, Bran,
me beije, por favor...

Ele deu um gemido agudo, cortando-a enquanto inclinava


sua boca sobre a dela, beijando-a profundamente. Ela
entrelaçou os dedos com mais força em seu cabelo, puxando-o
para perto e abrindo a boca sob a dele, acolhendo sua língua
quando ele a mergulhou entre seus lábios para deslizar e girar
capturando a dela.
Ele a beijou e beijou, sondandosua boca de uma maneira
que só podia ser chamada assim: arrebatadora. Ou, talvez, era
mais como uma pilhagem. Seja o que for nada, jamais,estivera
tão mais perfeito e correto.
Ela não se cansava dele, doía por querer todo o seu corpo
duro e sólido, nu, contra ela, pele a pele, e sem um pedaço de
ar entre eles. A necessidade rugiu dentro dela e retornou a
seus beijos em uma paixão mais selvagem do que ela jamais
teria acreditado ser possível.
A sensação, o cheiro,ele e o gosto dele faziam-
naenlouquecer — seus beijos selvagens, profundos, eram quase
uma tortura a suportar, tão requintado era cada toque, cada
emaranhado de línguas vertiginosas e que a respiraçãose
acelerava. Cada toque de sua barba era um êxtase erótico que
a fazia girar em espiral, caindo num exultante turbilhão de
necessidade quente,a fazendoestremecer.
Ela estava se desfazendo, de desejo. Ele deslizou suas
mãos sobre seus seios, tocando-os e pesando-os, então os
cobriu com seus dedos, apertando com suavidade, antes de
começar a esfregar os mamilos com os polegares.

— Bran... — Ela arqueou-se contra ele, sentindo o


orgasmo mais estrondoso do mundo se aproximando quando
ele acariciou entre suas pernas separadas e deslizou
lentamente sua coxa duras como uma rocha entre as dela. Ele
empurrou seus quadris contra ela, encorajando-a. Ela não
precisava de persuasão.

— Não agüento mais... Ooh! — Ela pressionou-se contra


ele, esmagando-se sobre sua perna, esfregando-se em sua
coxa, não se importando com nada exceto com o calor que
chamejava entre eles.
O mundo explodiu, o chão de pedra da cozinha inclinando
loucamente. De algum lugar, a expressão — sexo selvagem —
percorreu sua mente e ele nem sequer a tinha tocado em seu
sexo! E então tudo estremeceu e ficou negro...
— Ahhh... — Ela agarrou-o com força, como se disso
dependesse a sua vida.
Sua língua mergulhou em sua boca, sondou quente sobre
a dela, então se retirou, apenas para empurrar ainda mais
fundo em seu retorno. A intimidade de seu beijo a fez ofegar e
se contorcer, a sensação de sua coxa esfregando em seu lugar
mais sensível, mais latejante desenhando o melhor clímax que
já sentiu em toda a sua vida.
— Pelas bolas de Odin! — Ele saltou para trás, dobrando-
se enquanto agarravasua cintura. — Agggh...
Mindy caiu de encontro ao balcão, ofegante. Ela quase
deslizou para o chão — ela tinha ficado fraca e languida — as
faíscas de luzes azuis ardentes disparando da pedra do punho
de sua espada a pararam.
A paixão esvoaçou, ela olhou fixamente, horrorizada.
Ela tinha visto sua espada brilhar antes, mas sempre à
distância. Inclusive tinha pensado que imaginava. Agora, de
perto e pessoal, achama era assustadora. Como os fogos de
quatro de julho, os reluzentes flashes azuis explodiam e
estalavam e Mindy de olhos arregalados observava, eles quase
cheiravam a enxofre queimado!
O cheiro pairava no ar, assim como um matiz de névoa
azul fumegante.

— Oh, Deus! — Ela apontou antes que pudesse falar. — O


que é isso?
Bran gemeu. Ele olhou para baixo, apoiando uma mão em
sua coxa e agarrando o cabo da espada com a outra.
Respirando com dificuldade, fechou os dedos sobre o punho em
faíscas.
— É a maldita razão para que eu não estivesse aqui! — Ele
olhou para ela, seu rosto uma máscara de agonia.
Gibbie apareceu na porta da cozinha e se aproximou,
choramingando. Mindy começou a avançar, seu próprio medo
esquecido ao ver a aflição do cão.

Se Gibbie estava preocupado, então algo estava


seriamente errado.
Bran endireitou-se e cambaleou para trás, afastando-a
com a mão estendida.
— Não é boa idéia, doçura. Você só vai piorar se vir para
mim.
— Mas... — Mindy continuou assim mesmo.
— Eu quero isso, moça. — Ele balançou a cabeça,
segurando seus dois braços agora.
Seu cabo de espada tinha parado de flamejar.

— Não vai funcionar. — Suor estava em sua testa e ele


abaixou as mãos, apertando-as. — Eu pensei que tinha a força
necessária para ignorá-la. Para te beijar, satisfazer a
necessidade ardendo entre nós, e então... — Ele passou a mão
pelos cabelos e balançou a cabeça. — Agora vejo que...
Mindy olhou para ele, lembrando-se das palavras de Jock
naHebridean House.
— Avisei você para não me tocar? É por isso que...
— Och, não, Heartbreaker não é mau. — Para sua
surpresa, ele riu. — E quer que eu toque em vcê. É por isso que
provocou a explosão de luzes. E por quê? — ele estralou os
dedos para seu cão, acenando com a cabeça quando Gibbie se
inclinou para ele — A maldita enviou línguas de fogo
queimando-medo lado.
Mindy podia sentir sua mandíbula escorregar.
— Eu não entendo...
— É bem simples. — Ele olhou bem para ela. — A espada
está me dizendo que estamos destinados a acasalar.
— Acasalar? — A palavra antiquada enviou uma emoção
sacudindo-a.
— Sim, acasalar. — Ele falou qualquer coisa, satisfeito. —
E, — ele parecia pronto para amaldiçoar novamente —
considerando que eu sou um fantasma, minha honra me
deixará concordar com ela.
— Mas por que eu?
Ele esfregou a testa.
— Além do óbvio — seu olhar voltou a ficar quente de
novo, olhando-a por completo — e considerando o poder da
espada, eu suspeito, que parece que estamos bem preparados.
Eu não sou um homem fácil, como você já percebeu. — Um
sorriso relutante repuxou seus lábios. — Meu orgulho por
Barra é grande. Setecentos anos é muito tempo, e com cada
século, meu amor por esta pequena ilha não deixou espaço no
meu coração para uma mulher.
— Então por que agora?

— Seria você? — Ele olhou para ela, a consciência


crepitando entre eles. — Alguns podem dizer que nunca houve
uma mulher capaz de compartilhar meu amor por Barra. As
mulheres daqui — olhou pela pequena janela, para o céu cinza
enevoado, tão cheio de lágrimas ainda naquela hora, — amam
a terra como eu, mas não sabem fazer mais nada.Você faz. —
Ele caminhou para frente e agarrou seu pulso, puxando-a para
ele. — Você, acima de todos os outros, pôde apreciar melhor,
por que, chamar essas ilhas selvagens e ásperas de casa
significa não apenas morar aqui, mas viver! — Ele levantou sua
mão e pressionou um beijo em sua palma. — Mindy-moça, é
por isso que Heartbreaker sabe que você é a única para mim.
Nas palavras, ele desapareceu, levando consigo sua
espada de faísca azul e seu cachorro. E deixando para trás um
vazio horrível, doloroso, pior do que qualquer coisa Mindy
jamais tinha conhecido.
Mas era um vazio que ela não ia aceitar.
Não agora que ele a tinha beijado tão apaixonadamente. E
ensinou-lhe o significado de sexo-louco-louco-quebrando-a-
terra sem mesmo tocar um dedo nela! E especialmente não
depois das coisas que ele tinha acabado de dizer a ela.
O coração de Mindy começou a bater devagar e com força,
e um calor maravilhoso se espalhou por ela, fazendo-a sentir
quase como se estivesse brilhando por dentro.

Ela concordou com sua espada. Eles estavam destinados a


ficarem juntos. E — ela tinha certeza — se tal coisa era mesmo
possível, a Escócia era o lugar onde isso poderia acontecer. Ela
só precisava descobrir a logística.
E ela o faria.
Era apenas uma questão de tempo.
Capítulo12

Bran de Barra girou e saiu através da grossa névoa


cinzenta do Mundo Crepuscular do Grande Além, o mais rápido
que podia de volta para sua amada torre. Infelizmente, sua
fúria retardou sua passagem pelo lugar escuro, que se tornou o
umbral severo a todas as almas audazes que ousasse manchar
o silencioso nevoeiro,com explosões da agitação.

Pensando nisso agora, apertou a mandíbula, tentando


esconder sua expressão. Mas era tarde demais. As névoas
girando estavam escurecendo e raios irregulares rasgavam
passando por ele, curvando-o em punição. Alguns chegaram
tão perto que ele tinha certeza de que queimariam seu tartan
ou chamuscariamsua barba.
Em toda parte o trovão crescia. Cada estrondo
ensurdecedor rolava sobre ele como uma onda irritada e
sulfurosa, ferindo seus ouvidos e ecoando profundamente na
neblina negra e roliça que ele não conseguia percorrer com
rapidez suficiente.
Ele deveria ter pensado melhor antes de suas ações.

Outros haviam reclamado — e avisado — sobre coisas


semelhantes. Contado histórias de como o vasto e vazio lugar
de descanso para os condenados mudavam em um instante de
um redemoinho inócuo de névoa cinza voluptuosa, para um
pesadelo infernal preto e gelado, mais angustiante, cada nuvem
escura disparando através dos punidos choques de relâmpagos
e trovões ensurdecedores aos ouvidos.
— Joelhos de Lúcifer! — Ele apertou os punhos, o barulho
infernal chocalhando os dentes.
Mal ele se esquivou de um choque particularmente
perverso de relâmpago, que apontava — estremeceu — a uma
parte mais sensível de seu corpo.

Alguns de seus amigos mais queridos haviam sido


apanhados por esses relâmpagos, porém, resistiram
bravamente, ea dor desapareceu rapidamente. Ou seja, uma
vez que a vítima liberava qualquer humor sujo ou pensamento
que tinham marcado sua mente.
O Mundo Crepuscular do Grande Além não tolerava
aborrecimento.

Um capricho que nunca antes havia envolvido Bran,


porque ele sempre tinha passado pelo alto nível.
Esta passagem era diferente.
Ele não estava de bom humor.
E no momento, ele merecia seu mau humor.
Mas quando estava prestes a se entregar a um poderoso e
não acessível sentimento, um cheiro forte de ferrugem, raios e
trovões, o fez agir como um condenado — ele aterrissou com
um grande zumbido no seu destino desejado: seu opulento
quarto bem decorado em sua preciosa Ilha de Barra.

Infelizmente, o quarto parecia ocupado.


— Eu não achei que você voltaria. — Serafina esticou-se
voluptuosamente em sua cama, seus olhos escuros,
pesadamente semicerrados em um toque ressentido.
Bran cerrou seus próprios olhos, com certeza ele estava
imaginando-a.
Mas a beleza sarracena estava lá.
Sentando-se contra o esplêndidoespaldar alto da cama, ela
brincou com a borda de uma fronha ricamente bordada
colocada timidamente sobre seus seios.
Estava claro o que aqueles seios, como a própria mulher,
esperavamdele sob as cobertas.
— Serafina! — Houve uma época em que Bran teria
sorrido e tirado o tartan. Agora ele olhava furioso. — O que
você está fazendo aqui?
Ela ignorou seu olhar e lambeu um dedo, arrastando sua
ponta úmida lentamente pelopescoço.

— Eu estava sozinha. — Sua voz era um ronronado


fumegante, tão sedutor e lânguido como a maneira como ela
esticou os braços sobre a cabeça, deixando o lençol escorregar
para revelar as ondulações maduras de seu seio.
Um sorriso sensual curvou um canto de sua boca
enquanto arqueava suas costas em um movimento deliberado
para exibir melhor seus seios exuberantes e bem
arredondados. Seus mamilos grandes e de ponta escura
estavam apertados e empurrados na direção de Bran.
Ele olhou, o sangue rugindo em seus ouvidos.
Mas era fúria, não paixão, que fazia seu pulso acelerar.

— Desde quando você tem tempo para ficar sozinha? —


Ele cruzou os braços, permanecendo onde estava. — Há
dezenas de homens no salão abaixo.Cada um, com certeza,
ansioso para...
— Eles estão todos agitadosouvagabundeando. — Ela
jogou para trás os lençóis e escorregou da cama, de pé diante
dele em toda sua glória de pele nua. Seus brilhantes cabelos
negros caíam em um novelo brilhante até seus quadris e, Bran
notou com aborrecimento, que ela adornara seu umbigo com
um rubi.
— Seus amigos no grande salão se esqueceram de que eu
existo — ela reclamou, batendo com amabilidade nele. — Eu
poderia dançar nua na mesa alta e eles não iriam notar.

— Duvido. — Bran atravessou o dormitório e abriu a


porta, indicando que ela devia partir. — Eu sugiro que você
execute novamente. Eles certamente ficarão agradecidos.
— Eles se transformaram em eunucos! — Ela jogou para
trás seu cabelo, enviando um toque de seu perfume
almiscarado sob seu nariz. Mas ela não fez nenhum movimento
para sair. — Eu poderia oferecer-lhes o prazer dos deuses e
eles ainda não olhariam com interesse. Todos eles têm suas
atenções sobre o barulho e...
— Que barulho?
— Se você tivesse estado aqui, deveria ter notado. — Ela
mandou-lhe um olhar mal-humorado, seus lábios vermelhos
apertando firmemente.
— Sim, bem, eu não estive aqui, então me diga. — Bran
arrancou um tartan de um prego na parede e colocou em torno
de sua nudez.
Seus olhos brilharam calorosamente, mas ela segurou o
tartan xadrez no lugar, aninhando-o habilmente em seu ombro.
— Todos dizem que são os modernos.
— Modernos? — Bran sentiu o chão abrir sob seus pés. –
Na minha torre não há pessoas assim.
— Talvez não antes de você se retirar, mas eles estão aqui
agora. — Ela parecia satisfeita em transmitir essa informação.
— Há dezenas e dezenas deles, pisoteando sobre a ilha e
fazendo um barulhão durante todo o dia. Martelando,
serrando, cavando e... — ela pôs os ombros para trás,
encarando os seus olhos — Podeacreditar, não se ouve mesmo
um trompete através de seu salão!
— Isso não pode ser. — Bran balançou a cabeça.

— Oh, não? — Serafina colocou uma mão em seu lindo


quadril. — Eu não minto.
— Mas... — Bran perplexo, coçou a ponta do nariz.
Uma sensação doentia se espalhou pelo seu intestino.
Havia modernos correndo por toda a sua ilha. Como se não
fosse somente isso, eles também estavam falando no estado
atual de sua torre. Pelo menos, ele imaginou que eles sairiam
uma vez que a Torre estivesse novamente refeita. Esse era seu
objetivo, afinal. E por último ele lhe deu um breve olhar, se o
que ela dizia era certo, eles estavam fazendo um progresso
excelente.
Ele estava muito emocionado.
Ele nunca tinha sonhado que esses acontecimentos
perturbariam a si mesma
— Você pode perguntar a Saor se não acredita em mim. —
Serafina passou por ele e para fora da porta. — Ele tem estado
em cima das ameias nestes últimos dias, observando tudo se
desdobrarem.

As palavras faladas, ela lançou-lhe um outro olhar


desdenhoso e, então,curvando-se afastou-se, desaparecendo
nas sombras da escada da torre.

****

Bran atravessou o quarto no instante em que ela


desapareceu, caminhando e passando por trás das janelas alta,
de arco, ao lado de sua cama. Ele se inclinou para fora,
preparando-se para o que ele ia ver, mas tudo o que o
cumprimentou foi uma rajada de ar frio e úmido eo som das
ondas quebrando nas rochas abaixo de sua torre. As marés
estavam correndo rápido e uma lua falciforme bordejava o
horizonte de prata.
Tinha parado de chover e um campo de estrelas brilhantes
iluminava os céus.
Bran sentiu-se um idiota.

O mar noturno, ele sabia, parecia o mesmo em todos os


séculos.
E, se uma certa americana, que ele nunca deveria ter
beijado não tivesse mudado de idéia, ele teria se lembrado de
que as janelas de seu quarto de dormir caiam para as águado
mar aberto.
Em cima das ameias, com Saor, era onde ele precisava
estar.
Seu amigo poderia informá-lo sobre o que tinha acontecido
em sua ausência. Embora ele duvidasse mesmo que Saor teria
respostas satisfatórias. Ele também era um fantasma, afinal. E,
como Bran, Saor apreciava sua estridente existência. Nenhum
deles tinha se preocupado em pensar demais nos prós e os
contras dos fantasmas.
Eles só gostavam de existir.
Assim como cada um de amigos de Bran, que agora, segundo
Serafina, rondavam pelo grande salão, a habitual brincadeira
noturna os perturbava porque Mindy Menlove estava
restaurando a Torre de MacNeil.
Ansioso para chegar ao fundo da questão, Bran saiu do seu
quarto e subiu correndo as escadas até as ameias, saltando
dois degraus de cada vez. Abriu a porta do parapeito,
encravado na parede, no mesmo instante em que Saor
inclinava a cabeça para entrar pelas escadas na torre.
— Maldição! — Bran saltou de lado, apenas evitando uma
colisão.
Saor deu um salto para trás, rindo.
— Bem-vindo de volta, canalha! — Ele colocou as mãos nos
quadris, sacudindo Bran para cima e para baixo com um olhar
divertido. — Você não parece pior pelo desgaste de ter
sucumbido aos encantos de um americana!
— Eu não sucumbi a ninguém — Bran mentiu, esperando
que a luz brilhante das estrelas não mostrasse seu rubor.
— Mas você a seduziu? — O sorriso de Saor brilhou.
— Eu... — Bran enfiou a mão no cabelo, parando pouco
antes que a agitação o fizesse rugir, que não só beijara Mindy.
Ela tinha desfrutado de um orgasmo terrível enquanto se
esfregava na coxa dele.
Havia algumas coisas que um homem guardava para si
mesmo.

Sua paixão o tinha marcado.


E a lembrança era só dele.
Então, ele assumiu sua postura mais importante e fixou
seu amigo com um olhar severo.
— Onde eu apareço e o que faço é de minha própria
preocupação e de ninguém mais. Eu prefiro ouvir por que você
não acha que o fim do mundo tenha chegado à nossa bela
Barra do século XIV? Uma certa beleza sarracena reclamou
quando a encontrei no meu quarto!
— Ah bem... — Saor parou perto da parede do parapeito,
apoiando suas mãos na pedra. — Houve bastante agitação. É
verdade.

— Os modernos e seu trabalho de restauração? — Bran


ergueu uma sobrancelha, esperando.
Mas antes que Saor pudesse responder, o barulho de
garras na pedra os interrompeu e Gibbie apareceu na entrada
da torre. Com a cabeça abaixada e a cauda balançando, ele
trotou para se juntar a eles. Ele fungou ao longo da base da
parede e depois sentou sobre as patas traseiras ao lado de Bran.
— Então você os viu? — Saor falou assim que Gibbie se
deitou.
— Para ter certeza, eu os vi. — Bran balançou seu pulso
para produzir um osso carnudo para seu cão, e depois de dar a
ele, lançou um olhar irritado para Saor.Um homem chamado
Jock MacGugan, um pescador de profissão, reuniu todos os
homens de Barra. — Bran olhou para Saor, mas quando ele
apenas acenou com a cabeça, continuou. — Eles devem
estartrabalhado por um bom tempo, dia e noite ou a uma
velocidade incrível. A última vez que vi as paredes do mar e a
torre estavama uma altura considerável.De fato, não havia nenhum
sinal do poço profundo e escuro que você descreveu e embora
houvesse bastantes pilhas de pedra, cada vez que eu olhava,
eles tinham diminuído em número.
— E como eles fazem, — Bran ajustou seu tartan xadrez
contra o vento, seu olhar fixo no horizonte — as novas
estruturas sobem para substituir as antigas. Acredito ter
reconhecido a torre de vigia ea capela. Foi uma maravilha que
eu nunca pensei em ver, eu te digo.
— Mas não estão aqui para destruir nossos pensamentos
de sustentação de nossa Torre fantasmagórica, sobre a
reconstrução dessa torre em um tempo que não é nosso, não é?
— Saor falou como um sábio enrugado, seu tom irritante.
Bran olhou para ele.

— Então é verdade?
Saor encolheu os ombros.
— Sem dúvida Serafina exagerou ao dizer para você que
nosso mundo está chegando ao fim. A verdade — ele puxou seu
tartan xadrez sobre seus ombros, como se a admissão o
esfriasse — é que estamos sendo perturbados pelo barulho do
prédio.
— Isso não pode ser.
— Então,também lhe teria dito.
— Mas você não vai mais dizer? — Bran tinha certeza de
que não queria a resposta.
Saor deu de ombro de qualquer maneira.
— Não. — Ele balançou a cabeça. — Não, depois de tentar
comer a minha carne em paz à noite passada e não ser capaz
de tomar um único gole de cerveja, sem ter os meus ouvidos
cheios de marteladas, serragem, eo barulho de vozes quando
ninguém estava lá. Eu ouvia falar em torno de mim, mas sem
que eu pudesse ver alguém ou entender uma palavra do que
eles estavam dizendo.
— Talvez você tenha sido levado lá? — Era uma pequena
chance, mas valia a pena sugerir.
— Tolice! Você não está me ouvindo. O caos era muito
grande para eu tomar o gole mais leve. — Saor colocou uma
mão sobre seu coração. — Alguns homens até viram
vislumbres dos modernos. Aqueles que viram dizem que se
movem entre nós como se fossem os fantasmas e nós os vivos.
Bran olhou para seu amigo, incrédulo.
Mas estava claro que Saor estava falando a verdade.

— Como pode ser isso? — Bran não conseguia envolver


sua mente em torno de algo tão absurdo.
Este era o seu mundo e deveria ser impossível para um
moderno entrar nele.
— Dinnae e não pergunte-me. — Saor encolheu o ombro
novamente. — Só posso dizer que os homens estão reclamando.
Alguns até falaram de sair.
O coração de Bran afundou com as palavras.
Mas ele não duvidava.
Seu salão era um lugar onde os homens de alto astral
passavam para desfrutar de uma hospitalidade sincera, com
cerveja de fluxo livre, excelentes víveres e tanta alegria quanto
desejassem — ou não. Bancos limpos ou camas quentes eram
fornecidas para todos, sensualidadeaplacadas, e nunca uma
pergunta foi feita ou uma sobrancelha levantada, tolerância e
simpatia eram a medida do dia da casa.
Os hóspedes podiam entrar e sair como quisessem.
Ninguém jamais foi rejeitado.
E, por mais que o coração de Bran soubesse que sua torre
logo estaria totalmente restaurada na Barra dos dias atuais,
ainda assim, se ressentiu tanto quanto pensar, que o caos
dareconstrução poderia mandar seus amigos embora.
— Isso é apenas a metade da história. — O tom de Saor era
sério.
Bran olhou-o severamente.
— Tem mais?
Saor assentiu.
— Você se lembra dos nossos três visitantes que
colocaram Serafina em uma situação difícil?
Bran começou a dizer que não só se lembrava deles, mas
agora conhecia seus nomes, quando Saor voltou o olhar
rapidamente para o mar. Ele olhava como se esperasse que os
três lairds fantasmagóricos subissem sobre a cortina espessa
de nevoa.

— Eles foram vistos também. — Saor manteve sua voz


baixa. — Mas eles não vieram para a torre. É lá fora que eles
foram avistados. — Ele fez um gesto arrebatador que moveu a
água agitada, branca. — Eles apareceram em uma galera,
navegando para frente e para trás através da baía, enviando
nuvens de espuma e gritando como loucos.Alguns dizem que
são a razão pela qual os modernos estão trabalhando tão
rápido e furiosamente na torre. Que os três lairds ameaçaram
os operários e...
— São MacNeils. — Bran se viu defendendo-os. — Eles
não vão incomodar os homens de Barra.
— Ohhh! Você fala como se os conhecesse. — Os olhos de
Saor se afiaram.

— Eu entendo todos os MacNeils.


— Não foi isso que eu quis dizer e você sabe disso. — Bran
inclinou a cabeça para trás e olhou para o céu. — Se há um
Deus lá em cima, eu estou pedindo que me diga por que escolhi
um idiota como você para amigo!
— Então você os conhece? — Saor sorriu.
Bran sufocou o desejo de socá-lo no nariz.
— Não, eu não os conheço. Eu sei quem são eles. Seus
nomes são Silvanus, Geordie, e Roderick. Serafina estava certa
em julgá-los como lairds MacNeil dos séculos XV e XVI.

— Como você sabe seus nomes? — As sobrancelhas


escuras de Saor se juntaram em suspeita. — Isto é, sabendo
agora que você não os conhece.
Um músculo começou a marcar na mandíbula de Bran.
— Mindy me disse.

— Mindy?
— Então,ela me disse, apenas!
— Esse é o nome da moçaque eu ouvi falar. — Saor
cutucou o braço de Bran. — Eu estou pensando que é uma
moça americana!
Bran ignorou o puxão de braço e concentrou-se em
colocar sua mais feroz carranca.
— Sim, ela é.
— Oh! — Desta vez Saor bateu na coxa dele. — A donzela
do Castelo de Ravenscraig, verdade?
Bran acenou secamente.

Não se deu ao trabalho de olhar para Saor. Ele sabia, sem


olhar, que o caipira estava sorrindo.
A risada de Saor provou isso de qualquer maneira.
— Aposto minha espada que ela é daquele lugar de Penn-
seal-landia.
— Ela vem do Condado de Bucks. — Bran quase engasgou
com as palavras. — Um lugar chamado New Hope.
— Certo! Mas — Saor inclinou-se, erguendo as
sobrancelhas — onde na América é este Condado de Bucks?
Bran apertou sua boca em uma linha dura.

Saor lançou um sorriso triunfante.


— Então ela é de Penn-seal-landia. A proposito homem!
Seu tempo está chegando...
— Meu tempo foi há séculos atrás, eu me importariamais
com você. — Bran olhou para ele. — Sendo assim, você pode
puxar e planejar tudo o que desejar. Não vai mudar nada.
Bran cruzou os braços, assinalando o fim da discussão.
— O que sua dama tem a ver com os três fantasmas
MacNeil? — Saor provou que ele era um mestre na
persistência.Ou um idiota.
Sem se importar com isso, Bran agarrou o braço do
velhaco, segurando com força.
— Ela não é minha dama. Mas eu aprendi com ela por que
os três lairds estão aqui.
Ele soltou Saor tão rapidamente como tinha agarrado e
então esperou até que ele colocou sua manga no lugar antes de
continuar.
— Eles são a razão para a restauração — ele anunciou,
tendo uma pequena satisfação ao ver o queixo barbudo de Saor
cair. — Umaterrível aberração de um MacNeil, da última
geração, desmontou minha torre e transportou-a para a
América, precisamente para New Hope em Penn-seal onde
estavam os três lairds, cuidando dela. Os três fantasmas e,
como não, tudo o que estava aqui naquele tempo seguiram as
pedras!Você sabe que eu estivemantendo meu próprio
pensamento, preferindo usar habilidades fantasmagóricas para
preservar Barra como eu conhecia e amava em meu dia.
Assim...
— Você perdeu o maior desastre na história dos MacNeil!
— Saor estava esfregando o pescoço, parecendo atordoado pela
primeira vez.
Bran encolheu os ombros.
— Assim parece!
— E os três lairdsSilvanus, Roderick e Geordie, foram
juntos? — Saor se recuperou rapidamente. — É eles?
— Eu acabei de lhe dizer! — Bran começou a andar de um
lado para o outro. — Eles acompanharam as pedras. Mas — ele
se virou e apontou um dedo para Saor — eles não ficaram
felizes com isso. E então pressionaram Mindy para que a torre
voltasse para sua casa de direito, aqui na Barra.É por isso que
eles estavamnavegando na baía, causando um tumulto. —
Bran olhou para o mar. — Eles estavam comemorando.
A noção disso fez seu coração apertar e ele jurou, em
silêncio, oferecer seus melhores vinhos e bens em uma festa
para eles, se os seus caminhos se cruzassem.
Devia muito a eles.

Mesmo se a restauração estivesse apresentando


dificuldades. Os problemas passariam, ele estava certo disso.
Ninguém vivia setecentos anos e não sabia disso. Problemas
que pareciam altos como montanhas um dia muitas vezes
provaram ser menos do que um remansodo oceano.
Quanto a Mindy... Ele se recusava a pensar nela.
Ele ergueu os ombros e limpou a garganta.
— Esses três lairds tiveramo prazer de voltar para casa
onde pertencem, e nossa torre com eles. Eu digo que eles
podem fazer tantas agitações através da baía como eles
desejam!

Ao seu lado novamente, Gibbie deu um latido.


Bran estendeu a mão para afagar as orelhas do cachorro.
— Diga aos nossos amigos para serempaciente com o
barulho da construção. Só os santos sabem por que podemos
ouví-los, muito menos vislumbrar os acontecimentos, como
você diz, mas tenho certeza de que as interrupções não durarão
para sempre.E — ele sabia que isso era importante —
tranqüilize a todos que eu não vou a lugar algum. Meu salão
permanecerá como é. Eu não sou um homem de mudar!
Saor assentiu e foia porta da torre. Mas antes que ele se
agachasse dentro da escada iluminada pela tocha, ele olhou
por cima do ombro.
— Eu tenho a sua palavra? — Ele parecia cético. — Você
não vai seguir o caminho de nossos velhos amigos Alex,
Hardwick e outros? Depois de que alguma atraente garota
americana apareceu em seu próprio tempo e no nosso?
Bran olhou para Gibbie, enrolando os dedos no pêlo
grosseiro do cão. Quando olhou de novo para cima, não
hesitou.
— Não, eu não vou.
— Estou feliz em ouvir isso. — Saor deu outro aceno
rápido, e então desceu as escadas.
Mas assim que os sons de seus passos se afastaram, um
nariz frio golpeou a mão de Bran que olhou para Gibbie. Viu
imediatamente que seu velho amigo sabia o que Saor não fazia
idéia. Era a mesma verdade que, ainda agora, fazia seu lado
doer como se mil agulhas de fogo ardentes estivessem cravando
em seus lugares mais ternos.
Ele seguiria Mindy no seu mundo impetuoso e impiedoso
dos dias modernos.

— Eh, Gibbie? — Ele acariciou a cabeça do cachorro. —


Nós obteremos de alguma forma, não é?
A língua de Gibbie saiupara o lado de sua boca e sua
cauda abanou.
O peito de Bran se apertou.

Ele seguiria Mindy até o Condado de Bucks, se desejasse,


embora não conseguisse deter o estremecimento que o invadiu.
Não importava.
Ele caiu de joelhos e passou um braço ao redor de Gibbie,
apertando o corpo quente e familiar do cachorro contra ele.
Gibbie lambeu sua mão, entendendo.
Todas as habilidades fantasmagóricas de Bran — e havia
muitas — não podiam fazer a única coisa necessária se as
centelhas azuis de Heartbreaker e os golpes de dor fossem-
lhedado a escolher.Ele poderia ser capaz de defender seu
mundo, fazendo parecer real, e com certeza, ele poderia entrar
e sair dos dias de Mindy, fácil como uma brisa.

Mas ele não podia fundir os dois em um só.


Aquela era uma magia longe do seu coração.
E, agora lamentava, não era um fantasma como seus
velhos amigos que encontraram felicidade e amor com as
americanas. Nenhuma maldição ou magia pairava sobre ele,
esperando para ser quebrada, para que ele pudesse ser um
homem mortal novamente.
Ele era simplesmente um fantasma.
E — até agora — ele estava feliz em ser um.
Que pena que tinha mudado.

****

Sem o conhecimento de Bran, ou de qualquer outra


pessoa, uma minúscula mulher vestida de preto, que possuía
grande magia, sentou-se no antigo poste de pedra, uma vez
usado por Bran e seus amigos para amarrarem suas galeras.
Duplamente restituído no mesmo lugar que uma vez
esteve durante séculos, o poste de amarração era agradável,
frio e úmido parauma mulher idosa,esperou Jock MacGugan
embarcar em seu barco os últimos de seus trabalhadores paraa
aldeia Castlebay de Barra no continente.
Agora que o dia de trabalho delestinhaterminado, os
homens estavam agrupados na beira de uma parede do mar,
abrigando dos elementos da natureza, bebendo o forte chá
preto de uma grandegarrafa térmica que passava entre eles.
Nenhum deles lhes deu atenção.

Mas então, ela morava em seu próprio pequeno nicho no


grande esquema das coisas, por assim dizer. Mesmo assim, era
mais do que provável que um ou dois pudessem vê-la se
dirigissem um olhar mais concentrado para ela.
29
Todos os Gael tinham tal talento.
Infelizmente, muitos haviam desacostumados a olhar para
aqueles como ela. Menos, ainda, acreditavam nas maravilhas
que ela poderia fazer. Para aqueles que a notariam, ela seria
exatamente o que aparetava ser: uma velha.
Esses homens, em particular, haviam estado muito
ocupados em seu trabalho para se preocuparem com uma
mulher velha curvada, caminhando no meio deles, fazendo-
lhesfavores enquanto eles martelavam e serravam.
Além disso, tinhamtrabalhado desde a manhã. Não que o
dia de tempestade os tivessem dissuadido. Sendo bons e
corajosos Hebrideanos, eles trabalhavam incansavelmente. Eles
haviam ignorado o vento frio soprando, a chuva sobre eles
enquanto se dedicavam as suas tarefas. Nenhum deles se
queixara ou lançava olhares de desejo pela baía para onde as
luzes de suas casas brilharam através da névoa.
Assim eram os Barrachs.
E embora ela tenha vindo de Doon, não era menos que
qualquer uma hebrideana.
Ela provaria seu valor, também. Mas teria de esperar até
que os homens saíssem da ilha, deixando-a sozinha. Sua tarefa
não era para os outros verem.
Não porque não fosse importante.
Era.
Mas os homens da Barra não eram apenas fortes,
corajosos e dedicados. Eles também eram orgulhosos. E a
última coisa que ela queria fazer era ofender qualquer um deles
se a vissem e adivinhassem a razão dela está ali.
Então ela ficou na pequena amarra, sentada tão ereta
quanto seus antigos ossos permitiam. Manteve as mãos
nodosas dobradas em seu colo, e passou o tempo observando o
mar agitado. E, de vez em quando, olhando para baixo para
admirar as suas botas de cordões vermelhos de tartan xadrez.
Então, finalmente, Jock MacGugan voltou.
Os homens restantes subiram em seu barco balançando,
fazendo pressa para saltar a bordo. A velha cantava feliz para
eles. Eles certamente estavam ansiosos para se livrarem de
suas roupas molhadas e se aquecerem antes seus fogos na
lareira.
E quando voltassem no dia seguinte, ficariam mais uma
vez espantados com o trabalho que haviam realizado no dia
anterior.
Observando-os partiremà velha senhora empurrou seus
pés, ansiosa para chegar a seu própriotrabalho. Ela era, afinal
de contas, parte da razão pela qual a restauração da torre se
movia tão rapidamente.
Encantada de que fosse assim — esta era uma das causas
mais importantes que ela já tinha tomado sobre si — ela fez o
seu caminho lento para a parede em direção ao mar, onde os homens
haviam se reunido. Ela não se preocupava em ser vista agora. Se
algum dos homens olhasse para trás, ela se misturaria nas
sombras.
Quando ela alcançou a parede, parou para jogar seu
cabelo branco eriçado para trás,para fora de seu rosto e depois
respirou fundo.

Ela também estendeu as mãos e torceu os dedos uma ou


duas vezes.
Então, enfiou a mão no manto e retirou uma bolsa de
couro pequena e um pequeno frasco de prata. Na bolsa havia
grãos de areia da crosta magnífica da casca de caramujo de
Barra, o Traigh Mhor. Mas, havia também, terra escura e rica
que ela recolhera do poço que havia sido escavado como a nova
base de sustentação do castelo. Uma pitada de ervas secas e
outros produtos de ortografia, trazidos de sua própria Ilha de
Doon, que emprestava um poder adicional.
O frasco continha água do mar da baía de Barra.
Com grande reverência, colocou o frasco em uma pedra. A
magia da água devia esperar. Primeiro desatou a bolsa pequena
e começou a espalhar cuidadosamente o seu conteúdo ao longo
da base da parede recém-estruturada.
Ela cantava enquanto mancava por todo o comprimento
da parede.
— Oh, Antigos, ouça-me. Pelo poder de vocês, não
permitam que este solo sejaperturbado mais. Aceite esta oferta
— ela ergueu a mão em concha para os lábios e soprou uma
parte da mistura de terra e areia na parede — e mantenha
essas pedras tão fortes e poderosas como eram antes. Guardai
e vigiai os que habitam aqui, mantendo-os orgulhosos, seguros
e honrados como eles nasceram para ser.
Com sua bolsa agora vazia de ortografia, a velha enfiou
cuidadosamente dentro das profundezas de seu manto e se
inclinou para pegar seu frasco.
Ela abriu com a mesma solenidade que tinha feito com a
bolsa, embora agora ela se mudara para o centro da pequena
ilha. Lentamente, porque seus joelhos doíam, ela se ajoelhou e
usou um dedo nodoso para cavar um pequeno buraco na terra.
Ela sabia — pois sua sabedoria era vasta — que estava agora
diretamente sobre o coração dailha, o antigo pergaminho que
dormia debaixo da Torre dos MacNeils, de bom grado compartilhando
sua força como o centro da espinha dorsal desustentação da
Torre.
Tais lugares eram santos. E por essa razão, ela inclinou a
água do mar de seu frasco para o buraco com a mão mais firme
e o mais profundo respeito.
Quando a água se infiltrou na terra, ela ergueu a voz mais
uma vez.
— Oh, Antigos, eu invoco vocês e peço-lhes. Vejam como
eu devolvi esta água para o lugar amado e cercado. Conceda
que nenhuma onda ou maré tocando nessa ilha irá novamente
levar o que pertence aqui, em repouso.
— E você, Poderes do Ar — ela virou o rosto para o vento
— e você, Poderes de Fogo — desta vez ela olhou através da
baía para as luzes das casas da aldeia — sejam um com os
Deuses Antigos, junte-se e...
Ela deixou as palavras se afastarem e respirou fundo,
preparando-se para seu último pedido, algo incomum.
— Ajudem esses homens a levantarem a torre com toda a
velocidade! — Ela falou o apelo rapidamente, meio esperando
que um raio de relâmpago a fizesse voar e a fritasse.
Mas como com cada noite que ela tinha executado este
feitiço, nada se agitou para condená-la. Nenhum demônio se
levantou para agarrá-la por seu descaramento.
Então, como sempre, ela apertou uma mão em seu peito
magro e gritou as palavras finais.
— Honra aos Deuses Antigos! Meu agradecimento e bendito
sejam!
Mais uma vez, ela olhou ao redor apressadamente,
malousando respirar. Os antigos eram poderosos e os
relâmpagos eram apenas uma maneira de mostrar sua ira
contra os servos que os irritavam.
Mas a noite permaneceu imóvel.
Nada se movia, a não ser as espumas brancas na baía eo
vento sempre presente, açoitando agora o manto da velha
senhora e lembrando-lhe que era hora de buscar o calor e a
alegria de sua próprialareira em seu nicho.
Mas antes de partir, ela cuidadosamente escolheu seu
caminho de volta pelo novo muro, apenas para ver se seus
esforços tinham feito qualquer bem.

Ela não ficou desapontada.


O muro estava três metros mais alto do que tinha estado
momentos antes.
— Eeeeeie! — Ela interrompeu seu grito alegre,
rapidamente convocando um sorriso humilde. Ela também
balançou a cabeça em mais demonstração de agradecimento.
Só no caso de que os Antigos Anciões estarem assistindo.
Então ela se virou e coxeou na névoa, desaparecendo
antes de cantarolar novamente.
Era a recompensa mais que suficiente, na manhã
seguinte, os homens de Barra viessem o muro e se felicitassem
por um trabalho bem feito.
Eles mereciam a glória.
Capítulo13

Quase uma semana depois, Mindy ficou do lado de fora de


Âncora, mal acreditando que tivesse sobrevivido tanto tempo
em um isolamento completoe glorioso. Também a surpreendeu
que o encanto dos dias úmidos ainda não tivesse desaparecido.
O clima frio e violento de Barra continuou a revigorá-la. Ainda
mais surpreendente, ela não estava perdendo o barulho e o
ritmo agitado de sua vida habitual. Não que New Hope, na
Pensilvânia, fosse exatamente uma metrópole.
Mas comparado com Barra — um lugar verdadeiramente
na ponta do mundo — em qualquer outro lugar era mais
movimentados.
Naturalmente, Hebridean House estava estourando ainda
nas emendas de hospedes. Mas as pessoas que aglomeravam o
maior e melhor hotel da Barra não eram movimentadoras e
agitadoras e nem os moradores da cidade que andavam rápido
e sem se olharem. Eles eram apenas escoceses que esperavam
ser imortalizados em um livro.
Não que tivesse visto nenhum deles desde a sua chegada.

Preferindo não admirar a travessia da baía no barco


surpreendentemente pequeno de Jock MacGugan — pelo
menos, enquanto o clima continuasse feroz e ela tivesse visto
em primeira mão como o vento golpeava seu barco e como o
navio Teensy mergulhava e subia nas enormes e
turbulentasondas — ela passara seu tempo caminhando pela
Barra, explorando os muitos pontos de beleza da ilha e sítios
arqueológicos.
A ilha foi adorável.
E com todo mundo nos cascos de pequeno Hughie
MacSporran e tantos homens da Barra trabalhando na torre de
Bran, a aldeia ficou praticamente vazia.

Então ela ficou sozinha.


E considerando que ela precisava de dias para recuperar a
suamente do encontro alucinante e de-um-orgasmo-na-coxa-
de-um-fantasma-de-kilt,com Bran de Barra, o afastamento de
Âncora lhe serviria muito como escape.
Não se sentia confortável em admití-lo, mas Bran era uma
das razões pelas quais se alegrava pelo vento forte e pelos
mares agitados. O clima tempestuoso deu-lhe uma desculpa
válida para recusar repetidas ofertas de Jock para levá-la a
ilha.
Bran estaria lá, ela sabia.
O excelente progresso da restauração o atrairia. Jock e
seus homens eram claramente mais habilidosos do que
admitiam. Em um tempo relativamente curto, as paredes
domuro já estavam sólidas e a própria torre agora podia ser
vista subindo acima delas. O trabalho estava galopando um
ritmo incrível.
Mas não era realmente a torre que interessava Mindy, não
mais.
Era Bran.
Sentia muito a falta dele, ansiava por estar em seus
braços de novo, queimada por mais de seus beijos — e isso a
aterrorizava. Apenas o pensamento dele a enchia de trepidação
e excitação. Acima de tudo, pensar nele enviou ondulações de
desejo por toda ela. Ela levantou uma mão para sua bochecha,
não surpresa ao encontrar sua pele quente.
Bran de Barra podia trazer um rubor até numa pedra.
Ela ainda não podia acreditar que tinha tido o melhor
clímax de sua vida contra sua perna. Tampouco havia
esquecido o que ele havia dito sobre a grandeza de seu quarto.
O que ele insinuara era que, — ou, melhor dizendo, — o que
eles fariam lá deixava-acom os seus nervos a flor da pele e a
fazia estremecer.
Ela esfregou uma mão em sua testa, sentindo que ia
desmaiar.
O homem era letal. E ela definitivamente não estava
pronta para vê-lo novamente.
Mas ela não podia evitá-lo para sempre.
Os deuses do mau tempo tinham virado as costas para ela
e, embora a névoa, aparentemente, estivesse sempre presente
em toda parte, não estava chovendo agora. E a baía parecia
muito menos abismal do que tinha sido durante toda a
semana. Nãoo bastante calma, mas não eraameaçadora,
tampouco, a água que batia sobre as pedras do cais, e as
ondas não eram em nenhuma parte, tão altas como tinham
sido antes.
Na verdade, era um bom dia.

Do outro lado da baía veio o som de martelar eo buzzzzz


constante de serras, mas a orla em si era silenciosa. O ar
cheirava a lenha e ao mar. Barcos de pesca coloridos, já
voltandocom suas capturas da madrugada, enchiam o porto,
balançando pacificamente em suas amarras. Ela também tinha
visto algumas focas deslizando nas ondas ou trepidando sobre
as rochas que bordejavam o cais.
Barra estava mostrando seu rosto mais galante.
E logo, ela sabia, Jock iria bater à sua porta,
perguntandose hoje seria o dia em que finalmente desejaria ver
a ilha.
Pena que ele não soubesse que ver a ilha também a levaria
diretamente aos braços de Bran de Barra. Ela tinha certeza
disso.
Ela também estava morrendo de fome.
Uma condição que a levaria para casa pelos cheiros de
cozinha flutuando para ela no vento. Era meio-dia, afinal de
contas, e ela tinha aprendido rapidamente que os Barrachs
almoçavam ao meio-dia. E se ela seguia o aroma tentador de
peixe frito e bacon chiando na frigideira por todo o seu
caminho das casas caiadas de branco, que se alinham na
estrada da aldeia, sendo que cada cozinha era um lugar
ocupado agora.
A boca de Mindy estava com água. Seu estômago roncava.
Ela mordeu o lábio, olhando entre Âncora e o coração da
aldeia, onde ela tinha certeza de que poderia pegar um
saboroso almoço no Islesman's Pride.
Ela começou a caminhar pela estrada, não precisando
considerar muito.
A comida era uma excelente alternativa para fazer de si
mesma uma idiota, sobre um homem — um fantasma! — que,
embora ele a tivesse beijado e provavelmente a
tivessearruinado para toda a vida, deixara claro que vira seu
beijo como um grave erro que não deveria ter acontecido.
Sua espada defogos de artifícios de quatro de julho lhe
provou isso.
Destinado a acasalar, ele dissera.
Isso fez o coração de Mindy doer ao lembrar como ele
tinha olhado tão profundamente em seus olhos, quando
explicou por que acreditava que sua espada a reconhecia como
seu único e verdadeiroamor. Um arrepio deslizou por ela, e seu
pulso acelerou. Ela ainda podia sentir seus lábios em sua
palma, enquanto beijava sua mão pouco antes de desaparecer,
deixando-a sozinha e desejosa.
Ela não devia pensar nisso, mas ele tinha feito mais do
que dar um beijo na palma da mão. Ele tinha beliscado oque de
mais sensível existia dentro de seu pulso com os dentes e
depois brincaracom a língua na borda do polegar.

Ele a fez tremer, suas entranhas se derreterem.


E agora...
Ela piscou, recusando-se a deixar que a emoção picasse e
queimasse seus olhos. Então começou a ver que já tinha
alcançado o pub. O cheiro tentador de comida era ainda mais
forte aqui, mas ela tinha certeza de que o Orgulho de Islesman
estaria cheio de amigos trabalhadores de Jock. Então ela
endireitou suas costas e respirou fundo antes de abrir a porta e
entrar no bar lotado.
O interior era baixo, estreito e escuro, e as vigas pretas e
pesadas que percorriam o comprimento do teto, sinalizavam que
o pub era muito velho. Pelo que ela podia ver através da névoa de
fumaça e sombras, fotografias emolduradas de barcos de pesca cobriam as
paredes, juntamente com uma variedade heterogênea do que parecia
30
ser a pesca de séculos e a parafernália Crofting .
Havia também alguns sinais de madeira pintados à mão
em gaélico que ela não podia ler e nem queria tentar
pronunciar.
Margo diria que o bar rescendia a atmosfera do lugar e ela
teria de concordar. Mas também estava presa ali. Ainda mais
cheio do que ela imaginara.
Mas ela tinha sido notada.
Ela podia sentir as pessoas olhando para ela. E a última
coisa que ela queria fazer era ofender as pessoas locais por
entrar em seu pub e sair um segundo mais tarde.
Ela especialmente não queria parecer rude na frente dos
amigos de Jock.
Mas assim que seus olhos se ajustaram à penumbra, ela
viu que o orgulho do Islesman não estava cheio de pescadores.
As pessoas sentadas em mesas e ao longo do bar que parecia
um barco serrado ao meioeram pessoas que ela reconheceu da
BalsaCalMac.
Ela também sabia quem era o homem de kilt segurando a
tribuna em uma mesa perto da retaguarda. Se ela tivesse
alguma dúvida, a pilha de livros em seu cotovelo o identificava.
Ele era pequeno Hughie MacSporran.
E ela quase havia entrado em uma fila para assinatura de
livros.
Mindy gemeu.
O escritor olhou diretamente para ela, deu-lhe um aceno
de cabeça. Ele claramente pensava que ela viria lhe contar uma
história para seu próximo livro. Ou, pior, assumiu que ela
estava lá para comprar uma cópia do livro atual e obter seu
autógrafo.
Mindy ficou de pé no lugar, incapaz de se mover. Antes
que ela tivesse entrado no pub, tinha feito o seu melhor para
chamar uma expressão aberta e amigável. E agora ela podia
sentir seu rosto congelando.
Podia ser que ela teria que seguir pela vida dando um
sorriso insípido.
Ao pensar, seu senso de ridículo entrou em cena, e uma
gargalhada começou a borbulhar dentro dela. Ela apertou uma
mão em seu peito e começou a avançar para a porta, suas
pernas finalmente cooperando novamente. Mas antes que ela
pudesse alcançar e agarrar a trava da porta, o escritor
apareceu na frente dela, um livro dobrado debaixo do braço
dele.
31
— Eu sou o Highlander Storyweaver , — ele anunciou,
esperando um reconhecimento pela sua reação. — Além de
escrever, eu trabalho em Heritage Tours, guiando pequenos
grupos em suas próprias viagens ancestrais através da Escócia.
Eu também me especializei em clã individualizado ou pesquisa
histórica escocesa.Robertde Bruce, foi meu tataravô, há dezoito
gerações.
Mindy arqueou os olhos. Sua língua parecia presa ao teto
de sua boca. Certamente se recusava a se mover. Afinal, o que
sedeve dizer a um homem que afirmava que o rei herói da
Escócia fora seu avô?
Igualmente irritante, ela estava ficando com um torcicolo
em seu pescoço olhando para ele.
Ele era muito alto.

E ele parecia inchar o peito enquanto olhava para ela.


Quando ela não respondeu a seu discurso, ele limpou a
garganta. Ele de alguma forma conseguiu fazer do som um
ruído afetado, e quando ela o ouviu, a opinião de Bran sobre
ele passou por sua mente.
“O bastardo tem mais ar quente nele do que um camponês
forçado a existir em uma dieta de feijão.”
Mindy respirou fundo e tocou com um dedo nos lábios,
tentando conter outra risada. Mas quando olhou para cima,
não foi fácil.
O homem realmente estava envaidecido.

Enquanto olhava, ele alisou a frente de sua jaqueta de


Tweed Argyll. Desta vez ele usava a jaqueta, em vez de lançá-la
artisticamente sobre um ombro. Ele estendeu uma cópia de seu
livro para ela.
Contos de Hearthside: O olhar de um escocês no mito e nas
lendas escocesas.

Mindy não aceitou.


Mas as boas maneiras a fizeram dizer:
— Oi. Mindy Menlove.
— Ahhh, a americana. — Ele continuou a oferecer o livro.
— Você é umaheroína local. Eu queria saber quando você
chegaria, quer autografado?
— Estou aqui para almoçar, na verdade. — Mindy olhou
em volta, fingindo procurar um assento.
O que ela queria fazer era tirar aatenção dele.
— Eu ouvi dizer que eles têm realmente boa comida aqui.
— Ela esticou o pescoço para passar por ele. — Estou
pensando em peixe e batatas fritas ou talvez um bife e torta
com cerveja. Algo como costeletas, sabe?
Pequeno Hughie continuou como se ela não tivesse falado.
— Eu tenho cópias de meus outros livros na mesa se você
já leu este. Eles são — ele limpou a garganta de novo — todos
best-sellers. A National Trust trouxe para a Escóciaparavende-
los em suas lojas de presentes. Culloden não pode mantê-los
em estoque.
— Eu não sou uma leitora. — Mindy adorava livros.
Ela também viu uma mesa vazia contra a parede e se
apressou para passar por ele. Mas antes disso, lembrou-se das
suspeitas de Jock de que o escritor estava em Barra por causa
da espada mítica dos MacNeils.
Era uma espada que agora acreditava ser de Bran.
E isso mudou tudo.

Desta vez, foi Mindy quem limpou a garganta.


— Ehhh... — Sua língua enroscou de novo. Ela odiava
fazer isso. Pessoas pomposas realmente irritavam seus nervos.
Mas o mal menor às vezes trazia grandes recompensas.
E Bran de Barra valia a pena.
Ela estava enganando-se ao pensar que poderia ignorar o
que estava entre eles. Ela queria ir atrás dele.
E se oHighlander Storyweaver pudesse ajudá-la...
Que assim seja.
Ela olhou para o escritor, desejando que ele fosse alguns
centímetros menor.

— Podemos conversar?
Ele a segurou pelo cotovelo, afastando-a suavemente
quando uma família com quatro filhos atravessavam a porta.
Eles seguiram direto para a mesa de trás, onde seus livros
estavam empilhados, esperando para ser assinados.
Mindy reconheceu a família da balsa de Oban.
Pequeno Hughie balançou a cabeça para cumprimentá-
los, e então se virou para ela.
— Como você não é uma leitora, o que não parece
provável, mas se você estiver querendo me perguntar como
obter algo publicado, eu tenho cursos de escrita on-line em
meu site.Aqui, eu lhe dou o meu cartão. — Ele olhou para
32
baixo, estendendo a mão para soltar seu sporran . — As
minhas taxas são muito razoáveis. Eu só cobro...
— Não. — Mindy sacudiu a cabeça. — Eu não sou uma
escritora tampouco, e não quero ser. E... — Ela respirou fundo,
então exalou lentamente. — quero falar com você sobre a
espada de Barra. Heartbreaker.
— Você já ouviu falar? — Suas sobrancelhas se
arquearam. — Muitas pessoas não sabem o verdadeiro nome
da espada.
O coração de Mindy quase parou com suas palavras.
Era a confirmação de que a espada de Bran erafabulosa.
Mas ela não queria que o Highlander Storyweaver
soubesse disso, então ela fingiu que seu coração não estava
batendo tão rápido, e mentiu.
— Bem, — ela começou, — eu vivi em Folly, você sabe. Era
assim que a torre era chamada, nos Estados Unidos. O nome
Heartbreaker era apenas boatosaté agora e até então, nunca
ninguém realmente soube a lenda da espada.Eu esperavaque
você — ela odiou isso — poderia ser capaz de me contar?
Ela não acreditaria que fosse possível, mas o peito de
Pequeno Hughie inchou ainda mais.
— Eu escrevi um capítulo sobre a espada para o meu
próximo livro, Mais Contos de Hearthside: O olhar de um
escocês no mito, clãs escocês e nas lenda.Se você esperar até o
último dos meus fãs sair, eu vou dizer tudo o que sei.
— Isso seria maravilhoso. Obrigada. — Mindy sorriu,
sentindo-se como um hipócrita.

Ela queria ouvir a lenda, mas Pequeno Hughie era tão


oleoso, e temia que flutuasse como um pato depois de falar
com ele.
Então, quando ele a deixou para voltar para sua mesa de
assinatura, ela fez a única coisa que uma menina em perigo
poderia fazer. Ela foi direto para o bar e pediu Steak and Ale
33 34
Pie eo Hungry Islesman que não era ruim, e sim umamassa
folheada duplae batatas fritas crocantes.
E batatas fritas americanas.
Eraseu alimento favorito.
Assim fortificada, ela sabia que seria capaz de agüentar o
envaidecido pavãoescritor. E, ela esperava aprender tanto com
ele quanto possível.
Ela já sabia que Heartbreaker era importante.
Algo lhe disse que poderia ser ainda mais crucial do que
ela percebia.

Possivelmente até seu bilhete para chegar em definitivo a


Bran.
— A Espada da Verdade? — – murmurou.
Apenas em pronunciar as palavras enviou um calafrio na
coluna de Mindy. Passaram horas mais tarde — ela não podia
acreditar em quantas pessoas haviam querido uma cópia
assinada do livro de Pequeno Hughie — e ela sentou em uma
mesa de canto tranqüila com o escritor, ouvindo-o regá-la com
seu conhecimento sobre a lenda de Heartbreaker.
Ela também estava tentando não se sentir tão recheada,
tendo comido cada pedaço de seu delicioso Hungry Islesman's
Steak and Ale Pie.

Para uma zelosa de batata como ela, não tinha sido uma
violação da etiqueta alimentar comer batatas fritas com uma
torta de carne que foi servido com uma massa de batata
crestada.
Tinha sido uma indulgência decadente.
O aroma de sua refeição ainda pendia no ar acima da
mesa, especialmente o cheiro um pouco gorduroso, mas
delicioso debatata fritas.
Elas tinham sido bem gordurosas, e se ela não fosse tão
relutante em se envergonhar, ela pediria uma terceira porção.
O cheiro persistente estava fazendo água na sua boca
novamente.
Mas ela resistiu e tomou outro gole da cerveja de gengibre.
Uma versão menos forte da cerveja altamente avaliada que o
Highlander Storyweaver bebia, mas era incrivelmente potente.
Ela tinha optado pela bebida de cano duplo, pensando que
precisaria de umdrink extra.
Agora, depois de ouvir o relato de Pequeno Hughie sobre a
fabulosa lâmina de MacNeil, ela estava feliz por ter escolhido
tão sabiamente. Infelizmente, a cerveja estava tornando um
pouco difícil concentrar-se nas divagações do escritor.
E, apesar de toda a sua aparente sabedoria, sentiu-se
muito cansada.
Ela piscou quando um cão enorme rastejou para fora,
saindo de debaixo de uma mesa próxima e sacudiu a si mesmo,
antes de obedientemente seguir seus proprietários de partida
para a porta. Por um momento, ela pensou que a besta era
Gibbie.
Vendo que não era ele, sentiu uma pontada de decepção.
— So-o-o... — Ela pousou o copo de cerveja um pouco
apressadamente e olhou para o escritor. — Você está dizendo
que a luz azul brilhante, que sai da pedra do punho de cristal
da empunhadura é chamada a Verdade da Espada?
Pequeno Hughie assentiu.
— Isso é o que minha pesquisa indica, sim. — Ele tomou
uma tragada saudável de sua própria cerveja. — O título
corresponde a tudo o que sabemos sobre a lâmina lendária e —
ele se inclinou sobre a mesa, abaixando a voz — poderia até
apoiar a crença popular sobre a origem dos poderes da espada.
Mindy piscou.
— Eu sinto muito. O que você disse que esses poderes
foram?
Para sua melhor lembrança, ele ainda não havia dito nada
sobre acasalamento.
E isso era o que ela estava mais ansiosa para ouvir.
Pequeno Hughie endireitou-se, assumindo uma postura
quase real.

— A lenda diz que a espada tem muitos poderes.


Infelizmente, apenas algumas das histórias foram transmitidas
através dos séculos. Aquelas que conhecemos, as temos graças
à tradição oral dos Highlander. Entre os contos mais
interessantes é que a espada escolhia seu mestre. Sempre que
a lâmina mudou de mãos, ocorreu porque Heartbreaker foi
atraída magicamente para a mão do novo proprietário.Sempre
— ele sorriu — em um momento mais propício, é claro.
— Claro. — Mindy olhou para o copo cheio de cerveja, mas
resistiu.
Ela não tinha nenhum escrúpulo em persuadir Pequeno
Hughie.

— Você não disse algo sobre mulheres ea espada?


— Há um pouco de conhecimento sobre as mulheres
eHeartbreaker. — Pequeno Hughie recostou-se. Ele inalou
profundamente e então soltou uma respiração ofegante. —
Alguns historiadores alegaram que, às vezes, a angústia de
uma mulher poderia liberar a magia do cristal na
empunhadura.Acreditam-se que eram mulheres de sangue de
MacNeil. Ou eram mulheres que de alguma forma estavam
ligadas a um homem MacNeil, na maioria das vezes um laird.
Ele olhou para Mindy como se esperasse alguma resposta,
então ela acenou com a cabeça.
Aparentemente apaziguado, ele continuou.
— Quem quer que a mulher fossea luz azul da pedra da
empunhadura sempre procurou e revelou o macho MacNeil
destinado a defendê-la.
— Ele também estava destinado a acasalar com ela? —
Mindy não conseguiu resistir.
O Highlander Storyweaver não perdeu uma batida.

— Quem sabe? Nos tempos antigos, os homens que


defendiam uma mulher em particular,freqüentemente,se
casavam com ela.
— Você quer dizer que eles estavam destinados a ficar
juntos? — Ela era tão patética.
Pequeno Hughie apreciava colocar o que sabia para fora.
— Eu acho que sim. Certamente o mito e o saber que
cercam a espada são indicativos de tais uniões. Qualquer par
nascido da lâmina também poderia ter sido esculpido em
pedra.

Mindy colocou o cabelo atrás de uma orelha. Seu coração


estava começando a parar.
— É isso que você quis dizer quando falou que o título da
Verdade da Espada suporta as histórias sobre a fonte dos
poderes da espada?Porque — ela buscou as palavras certas —
a espada reúne homens e mulheres destinados uns aos outros?

— Não exatamente. — Ele desfez suas esperanças. —


Embora você pudesse certamente colocá-lo dessa maneira.
Mindy se iluminou.
Ele ficou em silêncio por um momento enquanto a porta
da cozinha se abria perto deles e um homem passou correndo,
carregando uma enorme bandeja cheia de pratos fumegantes
de peixe e batatas fritas. Mindy olhou para ele, com medo de
que seu estômago voltasse a roncar.
Tudo cheirava tão delicioso.
Pequeno Hughie agarrou a borda da mesa e se inclinou
para frente, reclamando sua atenção.

— O que eu quis dizer — ele parecia auto importante — foi


o que ninguém, a não ser eu, conseguiu reunir, o significado
por trás dos vários apelidos da espada ea verdadeira origem de
seu poder.
— Eu sou toda ouvidos. — E Mindy era.
Pequeno Hughie olhou para as mesas vizinhas.
– — Lembra-se de ter lhe dito que a pedra da espada
estava presumidamente ser encantada? — Ele pareceu
satisfeito quando ela assentiu. — Bem, — ele respirou fundo —
como eu disse, a lenda diz que a pedra preciosa foi formada
pelas lágrimas de uma ancestral MacNeil que perdeu seu amor
em uma batalha antiga.

Fez uma pausa, esperando enquanto o proprietário do


local passava pela sua mesa de novo, desta vez voltando para a
cozinha com a bandeja vazia.
Assim que a porta se fechou atrás dele, Pequeno Hughie a
prendeu com seu olhar azul.

— A palavra Verdade da Espada não se refere apenas à luz


mágica azul da lâmina. Acredito que o termo foi escolhido
35
porque Veleda, a ancestralda história, era uma das Valas .
— Vala? — perguntou.
— Eram uma raça de profetisas nórdicas meio míticas. Às
vezes chamadas de Norns, seu dom de adivinhação era
incrivelmente poderoso. Elas eram muito reverenciadas, suas
predições nunca deixaram duvidas.
Mindy podia sentir seus olhos se revirarem.
— Você está dizendo que os MacNeils são descendentes de
deuses nórdicos?

Pequeno Hughie sacudiu uma gota de condensação do


copo.
— Eles poderiam muito bem ser. — Ele olhou para cima.
— Afinal, os nórdicos governaram as Hébridas por
quatrocentos anos. Estou apenas afirmando a história como eu
pesquisei.Ninguém hoje pode dizer com certeza se Veleda era
uma das Valas. Mas ela era Viking. E ela perdeu seu marido
MacNeil em uma feroz batalha naval. — Ele sorriu e alisou as
mãos sobre a mesa. — Esses são os fatos, indiscutíveis. Se
Veleda fosse uma Vala, então os poderes atribuídos a
Heartbreaker teriam sido formidáveis. Eu diria mesmo que a
lenda conhecida por nós são apenas a ponta do iceberg
proverbial.

— Uau. — Mindy não pôde evitar.


— Exatamente. — O Highlander Storyweaver ficou
satisfeito.
Mindy não podia culpá-lo. Ele tinha contado um conto.

— Você acha que a espada está por aqui em algum lugar?


— Ela tinha que perguntar.
Pequeno Hughie estendeu a mão para pegar o copo,
drenando-o.
— Se assim fosse, alguém certamente tê-la-ia encontrado.
Esses artefatos podem ser um generoso localizador de fortuna,
para não mencionar fama, como Heartbreaker, tal tesouro é
lendário.Então há aqueles que vendem tais relíquias no
mercado negro. — O desgosto em sua voz negou qualquer
suspeita restante de que ele poderia ser um ladrão de espada.
— Eles ganhariam um lucro ainda maior.Então, não.Eu não
acredito que a espada esteja aqui. Embora — ele considerou —
poderia muito bem estar em algum lugar nas pedras que você
trouxe dos Estados Unidos. Se estiver, espero que nunca seja
encontrada.
Mindy ergueu uma sobrancelha, curiosa.
— Eu pensava que você gostaria de vê-la.
— Ah bem... — Ele se inclinou para trás, seus cabelos
brilhando à luz de uma lanterna de parede. — Claro, eu
gostaria de dar uma olhada. Mas o risco de ter a espada
explorada não valeria a pena. Eu gosto de escrever sobre tais
tesouros e suas histórias. Eu odiaria ver Heartbreaker desfilar
como um artista de circo.
— Duvido que haja algum perigo disso. — Mindy se
curvou e tomou um pequeno gole de sua cerveja. — Se não
estiver aqui,em qualquer lugar, tenho certeza que não
estavaem Folly. O MacNeils americano teria exibido se assim
fosse.
Ela estava certa disso.
Ela não mencionou que a espada fora retratada nos dois
retratos de Bran que tinham pendurado no castelo. Ela não
conseguia se lembrar de nenhum dos outros ancestrais que
usavam Heartbreaker, mas isso não significava que não
estivesse em sua posse.
Pequeno Hughie acenou com seu copo vazio para ela.
— Outra cerveja?
— Não. — Mindy não tinha sido capaz de terminar a
primeira.
Ela olhou para a frente do pub, para a única janela, que
revelou que a tarde lá fora estava começando a parecer
seriamente fria e cinza novamente. — Eu deveria estar
começando a voltarantes que esfrie mais.

— Uma pergunta, se você não se importa? — O escritor


sentou-se para a frente. — Você já pensou no que fará com a
Torre MacNeil quando o trabalho estiver terminado? — Ele
também lançou um olhar para a janela do pub. — Eles estão
fazendo progressos incríveis. Os que estão agora em Barra
apostam que será habitável muito em breve, talvez dentro de
alguns dias.
— Pode ser. — Mindy não ficaria surpresa.
Ela nunca tinha visto uma construçãoavançar tão rápido,
muito menos um castelo medieval.
— Mas... — Ela bateu no queixo, pensando em sua
pergunta.

A resposta veio rapidamente.


— Vou transformá-lo em um centro de patrimônio gaélico.
— Ela olhou para um dos sinais gaélicos pintados à mão na
parede. — Jock MacGugan e seus homens recusaram o
pagamento por seu trabalho, de modo que o dinheiro
permanece intocado. Há mais do que suficiente para financiar
tal...

Gritos altos e pés pisando forte na frente do pub


interromperam-na.
Pequeno Hughie não parecia notar.
O coração de Mindy batia contra suas costelas.
Quase com medo de olhar, novamente através das
sombras, em direção à entrada do pub. Com certeza, aLonga
Galeria da Loucura ocupava a mesa ao lado da porta. Sorrindo
como tolos, eles estavam olhando diretamente para ela, com
suas canecas de cerveja levantadas no ar enquanto
aclamavam.
— Urrra-hooo! — Geordie pulou e balançou sua bengala em um
círculo rápido ao redor de sua cabeça.

Silvanus olhou para ele e agarrou o kilt de Geordie,


puxando-o de volta para seu assento. Mas quando ele soltou
Geordie e olhou para Mindy, estava radiante novamente. Ele
passou a manga sobre a bochecha suja, o brilho em seus olhos
fazendo sua respiração parar.
O fantasma tinha lágrimas nos olhos!
— Oh, Deus! — Os próprios olhos de Mindy ficaram
turvos.
— Você está bem? — Pequeno Hughie estendeu a mão
através da mesa, agarrando seu braço. — Posso pegar água
para você?

Mindy piscou.
— Não, eu estou bem. Eu só... — Ela olhou novamente
para a mesa perto da porta, mas a família com quatro filhos
que ela tinha visto antes estava lá agora.
Os três fantasmas tinham desaparecido.

O coração de Mindy estava pequeno.


— Engoli de forma errada — mentiu, pegando um
guardanapo para limpar os olhos.
— Você tem certeza? — O escritor parecia preocupado.
— Sim, mas eu preciso ir agora. — Ela se levantou,
pegando sua jaqueta e bolsa. — Muito obrigada por
compartilhar suas histórias comigo.
Ela queria dizer isso.
Pequeno Hughie levantou seu corpo alto de sua cadeira.
— Foi um prazer. E eu acho que você está fazendo uma
coisa maravilhosa, transformando o castelo em um centro
cultural gaélico. — Ele falou como se fosse o príncipe de Gales,
sua altivez usual deslizando sobre ele.
— Muitos dos nossos jovens já não falam o gaélico e até
esqueceram nossas tradições. — Seu peito começou a inchar
novamente. — Como tataraneto de Robertde Bruce, vejo como
responsabilidade pessoal assegurar que nossa cultura seja
mantida.
Ele estendeu a mão para ajudá-la com seu casaco.
— Mas me diga, o que você vai fazer com você mesma?
Você pretende voltar para os Estados Unidos? Ou está
pensando em ficar aqui?

Ela daria qualquer coisa para ficar!


As palavras gritavam em sua cabeça, tão alto e forte que
ela quase temia ter falado em voz alta.
— Voltarei ao meu trabalho nas companhias aéreas. —
Colocou a bolsa no ombro, falando o inevitável.

Nunca o voo parecera menos atraente. A idéia de voltar a


seu trabalho dos sonhos,mais uma vez, pesou sobre ela como
uma tonelada de tijolos.
Ela nem sequer queria pensar em edifícios de vidro e aço
ou vias expressas lotada com tráfego na hora de rush.
Seu peito apertou e ela de repente achou muito difícil de
engolir.
Ela tinha se apaixonado pela Escócia.
Mas ela estava prestes a ficar sem Bran.
Ela não podia suportar isso agora.
Capítulo 14

Mindy saiu do Orgulho dos Islesman apenas para entrar


diretamente em uma explosão de ar frio. A tarde tinha se
tornado mais fria, e uma espessa névoa pairava sobre a baía e
rolou silenciosamente pela estrada da aldeia. As luzes das casa
daaldeia brilhavam, mas eram pouco para quebrar a escuridão.
Ela seguiu seu caminho, percebendo que era muito mais tarde
do que pensava.

Passara horas no bar.


Mas valera a pena cada minuto para aprender tanto sobre
a espada que — ela tinha certeza — pertencia ao homem que,
sóem tocarcom o nariz seu pescoço, seus sorrisos ardentes,
tinha descongelado todo o gelo que tinha dentro dela e lhe
ensinou tanto sobre paixão e necessidade.
Ela não pensaria em detalhes.
O incidente da coxa era uma ferida muito recente para
pensar.
Era suficiente — e certamente mais do que muitas
pessoas já experimentaram — o que eles tinham desfrutado de
alguns momentos de felicidade incrível. O tipo de alegria total,
de tirar o fôlego, de sensualidade que nunca acreditaria que
existiam fora dos romances.
Bran de Barra lhe tinha mostrado a verdade.
Ela sabia que o amava.
Ela também amava sua casa. Não era um mundo de aço
impessoal de vidro e concreto. Proliferas cidades com pessoas
que parecia que seus rostos se despedaçariam se eles
sorrissem. Ou subúrbios cheios de gentes, todos iguais e
muitos sem caráter.

O mundo de Bran era um lugar onde o passado


caminhava lado a lado com o presente, ea tradição importava.
Mostrar-lhe a maravilha de Barra e toda a magnífica varredura
de suas Hébridas — abrindo-lhe os olhos para que ela pudesse
realmente ver — era apenas mais um presente que ele lhe dera.
E ela queria dar-lhe muito mais.
O Centro Patrimonial Gaélico seria apenas o começo.
Sabia que lhe agradaria ver sua casa usada de uma maneira
boa, beneficiando a comunidade. A propriedade sendo
administrado pelo povo de Barra, em vez de uma grande
organização nacional de companhia de proteção a natureza e
de conservação de um lugar, como o National Trust da Escócia.
Pior ainda teriam sido seus planos originais — ver o
castelo transformado em um hotel ou pousada de juventude.
A sugestão de Margo, de abrir um centro de estudo de
parapsicologia, teria sido um completo desastre. Embora
soubesse que sua irmã teria suplicado de outra forma se ela
tivesse sido capaz de voar para cá como foi planejado.
O coração de Mindy apertou-se. Ela sentiu falta de sua
irmã e realmente esperava vê-la.
Infelizmente, a chefe de Margo, Patient Peasgood, tinha
escorregado ao saltar sobre o trampolim de seus netos, ferindo
seu joelho gravemente que ela precisou de cirurgia. Sua
ausência deixou Old Pagan Timesfirmemente nas mãos de
Margo.
Mindy caminhou mais rápido.
Desejava que Margo tivesse visto a restauração da torre. E
ela esperava, amando a Escócia como Margo, que ela chegasse
e concordasse que o Centro de Patrimônio Gaélico era a melhor
solução. A torre de Bran pertenceria à Barra. E ela iria se
certificar de que nunca isso iria mudar. As idéias estavam
vindo rápido e furiosamente agora.

Jock MacGugan estaria interessado em ajudar a executar


esse centro. E se não, certamente conhecia alguém igualmente
qualificado. Seu amigo Sandy Budge, que cuidava das finanças
da ilha, poderia estabelecer o Centro. Tudo seria maravilhoso.
E ela queria contar a Bran, ver o orgulho e o prazer iluminar
seus olhos quando ouvisse a notícia.

Não que ela pudesse, não agora.


O encontro na cozinha tinha sido um adeus.
E ela pensava assim porque não o tinha visto desde então.
Ou mesmo por causa das coisas que ele tinha dito antes que
tivesse desaparecido. Ela soube com uma dor repentina, feroz
que rasgou seu coração e a deixou tão mal que estava
surpresa, que ainda estava na vertical, andando pela estrada.
Ela sentiu como se estivesse se quebrando.
— Droga! — Ela chutou uma pedrinha e estendeu a mão
para virar a gola do casaco.
Estava glacial.

O vento gelado sibilava das colinas que se erguiam atrás


da aldeia, as rajadas fortes voando em volta dos beirais das
casas e ecoando na água. O som era solitário e agudo, e a fazia
tremer.
— Sim, certo. — Ela curvou seus ombros contra o frio e
continuou marchando para cabana Ancora. Ela tentou enganar
a si mesma por um momento.
Ela estava tremendo por causa de Bran.
Não pelo estranho uivo do vento.
Era Bran esobretudopor ele. Sentia falta da calorosa
intimidade de seu abraço. A emoção de sentir seus poderosos
braços apertá-la, aproximando-a. Com um olhar intenso ou
apenas aspirando seu perfume poderia derretê-la. Ou o que ele
fez com ela quando sentiu o macio roçar de sua barba. Até
mesmo o toque mais leve de seus lábios contra os dela a
envolvendo em êxtase. Ninguém nunca a tinha excitado assim.
Não como ele.

E isso era apenas uma fração disso.


Ela estava ansiavae dolorida pelo gosto e pela sensação
dele. A excitação pulsante que lhe acometia cada vez que ele
aparecia. Ela ansiava por ver seus olhos azuis brilhando e ouví-
lo dizer Mindy-moça. Deixar seu riso rico lavá-la, e ouvir como
retumba fundo em seu peito. Ela queria tudo isso.
Especialmente para reviver, como em apenas estar perto dele
poderia fazer o ar em torno deles engrossar com o desejo
crepitante e — ela tinha que dizer — um senso de retidão.
Como se estivessem realmente destinados a acasalar.
— Oh, Bran... — Ela sussurrou seu nome, ignorando
como sua voz embotou quando ela chutou outro seixo.
Falando com Pequeno Hughie sobre Heartbreaker tinha
colocado o seu espírito nas nuvens. Algo lhe tinha dito que a
espada era a chave para tudo. No entanto, quando ela tinha
deixado o Islesman's, a estrada se fizera longa e vazia.
Era um vazio que a atingia mais do que o frio.
Ela mordeu o lábio e puxou sua jaqueta mais perto dela.
Desejou ter vestido mais camadas, ou roupa interior térmica
mesmodesgastada. Mas em seu coração, duvidava que tais
medidas tivessem feito à diferença.
Se Bran continuasse afastando-se dela — e ela temia que
fosse isso — nunca mais ficaria realmente quente novamente.

Determinada a se arranjar em uma mentalidade melhor,


ela olhou para a baía, tentando imaginar a torre como um
Centro de Patrimônio Gaélico. Ela não podia ver o castelo
devido muita névoa ondulante estendida entre a costa e a ilha,
mas ela viu o barco de Jock amarrado a um poste de
amarração.
Estava vazio, o pescador não estava à vista.

Mas um movimento na água chamou sua atenção e ela


pensou que vira a vela quadrada da galera da Longa Galeria da
Loucura acelerando através das ondas. No entanto, quando ela
piscou e olhou novamente, era apenas um trecho de nuvens
baixas e rápidas, sopradas pelo vento.
Mesmo assim, seu coração acelerou.
Ela tinha certeza de que alguém estava olhando para ela.
Titubeando, ela espiou através da névoa, olhando para
trás o caminho que tinha vindo. Ela esperava e não esperava
ver Bran se aproximando, seu rosto iluminado por um sorriso e
seus braços abertos.

Mas, é claro, ele não estava lá.


Nada, exceto, o nevoeiro e a escuridão invadindo.
Mesmo assim, quando voltou a caminhar, a sensação de
ser observada se intensificou a cada passo. Isso lhe causou
náuseas e provocou calafrios ao longo de sua pele. Resistiu ao
impulso de lançar outro olhar sobre seu ombro.
Ela acelerou o passo. E foi então, quando se aproximou da
entrada da Vila, que ela percebeu de onde a sensação estranha
estava vindo.
Alguém estava olhando para ela.
Era o cachorro do pub.

Era Gibbie. Ela sabia que era ele!


Agora ele estava sentado no abrigo das portas de vidro do
centro comunitário fechado, esperando por ela. E...ela teve que
balançar a cabeça, afastar a umidade de suas bochechas — ela
não tinha ouvido o lamento do vento.
O ruído lamentável tinha sido os uivos do velho cão.
Como se para prová-lo, ele inclinou a cabeça para trás e
deu um longo, perfuranteuuuuuuuuu. Era um som para
estourar os ouvidos, atrair a atenção e quebrar o coração de
quem amava cães.
Mindy amava.
E ela gostava especialmente desse cachorro.
— Gibbie! — Ela correu em direção a ele. Mas ele saltou e
afastou-se, passando por ela para correr pela estrada em
direção ao porto. Sua respiração ficou presa e ela começou a
tremer novamente.

Os cães correriam assim apenas quando estavam indo


para seus mestres.
— Oh, Deus! — O coração de Mindy se acelerou.
Ela se virou a tempo de ver Gibbie desaparecer na
escuridão. Quando ouviu latidos felizes e um riso profundo e
rico de um homem.Bran veio de dentro da névoa giratória e
impenetrável, e ela poderia ter gritado mais alto do que a
LongaGaleria da Loucura tinha feito no pub.
— Bran! — Ela gritou seu nome, sem se importar com
quem a ouvia.
Então ela correu, atravessando a estrada tão rápido que
algo cutucou em seu lado. Mas ela continuou, quase caindo
quando deslizou sobre o pavimento liso e seus pés quase foram
voando de debaixo dela.
— Mindy-moça. — Bran a pegou, segurando-a em seus
braços e puxando-acom força contra seu peito. — Eu jurei que
não viria, mas... — ele pressionou os lábios contra os cabelos
dela, chovendo beijos de sua têmpora até a orelha, esfregando o
nariz e mordiscando o pescoço dela — Eu não podia ficar longe.
Ao lado deles, Gibbie latiu. Ele estava correndo em
círculos ao redor deles, sacudindo a cauda.
Mindy pensou que seu coração explodiria.
— Eu vi Gibbie no pub. Então novamente na entrada da
vila.
Bran se inclinou para sorrir para ela.
— E quem você acha que o enviou?
— Oh, Bran. — Ela entrelaçou seus braços ao redor de
seu pescoço, seu coração batendo violentamente. — Eu fiquei
louca por ter perdido você. — Ela se agarrou a ele, esfregando
seu rosto contra seu tartan xadrez. Sua lã era áspera contra
sua pele e ela nunca sentira nada mais maravilhoso. Seu corpo
inteiro estava tremendo, por dentro e por fora, mas ela não se
importava. Ele cheirava a fumaça de madeira e à noite fria e
gelada.
Ela queria beber dele.
Bran parecia pronto para jogá-la sobre seu ombro e levá-la
para sua torre.
Ela desejou que ele fizesse!
— Eu achei que não iria vê-lo novamente. — Ela não podia
acreditar que ele estava aqui. — Eu pensei...
— Você pensou e estava errada. — Ele alisou sua
bochecha com sua mão quente e calosa. — Eu sabia que te
veria. Nada poderia ter me impedido de vir.
Seus olhos brilhavam ardentemente.
— Eu tenho que te beijar agora. Depois... — Sua voz era
baixa e profunda. A última palavra pendia no ar, latejando com
promessa. Ele a puxou para mais perto dele e inclinou sua
boca sobre a dela, mergulhando sua língua entre seus lábios
para beijá-la vorazmente.
O mundo mergulhou e girou.
Castlebay, suas casas e porto desapareceram, deixando
apenas o calor ardente entre eles. O beijo quente e urgente que
Mindy não queria acabar.
— O-o-oh! — Ela cambaleou, seu suspiro perdido no sopro
misturado de seu beijo. Abriu a boca sob a dele, precisando da
intimidade furiosa, da excitação de sua língua girando e se
entrelaçando com a dela.
Nada existia exceto a sensação de seus lábios se movendo
sobre os dela, a corrida de seu coração, e seu desejo louco de
que ele nunca deixasse de beijá-la.
Ela agarrou seu pescoço, enterrando seus dedos em seu
cabelo. Os fios estavam frios e grossos, suaves ao toque. Ela
empurrou a outra mão dentro de seu tartan xadrez, precisando
sentir sua pele, os músculos rochosos e o triângulo nítido de
cabelos no peito que tinha sido o material de seus sonhos.
Fantasias sobre acariciar seus pêlos do peito a tinham mantido
acordada à noite, fazendo-adesejar e arder, se corroendo para
tocá-lo e explorá-lo.
Então, sem que ela percebesse que haviam se movido, ele
a estava colocando na beira do cais, muito perto do pequeno
barco de Jock. Só que o que ela via agora não era o barco de
Jock, este ainda era muito menor.

Era um barco a remos.


Mas se assemelhava a umacasca de concha do mar com
remos. Ela olhou para ele, compreendendo de repente. Era
medieval. Ela tinha lido em algum lugar — ou talvez visto em
um documentário de TV — que uma xicara de chá na água era
chamada de barco de palha. E ela só conseguia pensar em uma
razão para ele estar aqui.
Mindy engoliu em seco.
Bran sorriu, parecendo encantado.
— Você não pode querer que nós entremos nisso. — Todo
o prazer que tinha crepitado dentro de Mindy tinha congelando
em uma bola fria e apertada de medo.
Bran segurou seus braços com suas mãos grandes e
fortes.
— Eu precisava de dias para invocar a energia necessária
para trazer o barco aqui. Agora que ele está balançando na
água diante de nós, você acha que eu o deixaria afundar
embaixo de você?
Gibbie saltou no pequeno barco, provando sua própria fé.
Mindy não estava tranqüila.
— Ahhh...´ — Ela olhou do cachorro para Bran, depois
para a baía. A água que apenas alguns minutos antes pareceu
ligeiramente agitada agora parecia marejada, mergulhando nas
mares.
— Doce moça, quero mostrar a você a minha casa. — Bran
passou um braço em torno dela, puxando-a para perto. — A
grandeza da minha torre...

— Seu quarto na torre — Mindy terminou para ele, sem


perder a implicação.
Ele queria fazer amor com ela.
Não, ele tinha acabado de dizer que ia fazer amor com ela.
E aquela fina diferença enviou um turbilhão de vibrações
através de seu estômago e em lugares mais baixo.

Mas o frio, cortante e o nó de medo de seu coração não


seria removido.
— Sim, meu quartoe você sabe por que eu quero levá-la
até lá. — Bran falou como se não pudesse ter objeções. Ele a
soltou para fazer um gesto amplo e expansivo, mostrando a
baía e sua ilha com sua torre e paredes de muro alto. — Eu
também desejo que você veja minha casa antes de se tornar um
Centro de Patrimônio Gaélico.
Seu sorriso dizia que estava satisfeito com seus planos.
— Como você sabia? — Mindy olhou para ele, acasca de
concha do mar esquecida. Ela lançou um olhar para Gibbie. —
Certamente ele não poderia...

— Dizer-me de sua conversa com um certo


escritorestufado como um pavão? — Bran plantou suas mãos
em seus ombros e balançou sua cabeça. — Gibbie é uma besta
fina, mas os poderes da fala não são um de seus talentos.
Ele riu.
— Foram três amigos lairds que me contaram. — Ele
olhou para a água onde, logo após a abertura da baía, uma
pequena luz amarela e uma grande vela quadrada podiam ser
vistas, se alguém olhasse e espreitasse profundamente a noite.
Mindy olhou fixamente.
— Você os conheceu?

Bran seguiu seu olhar.


— Esta é a minha Barra, moça. Ninguém vem aqui sem o
meu conhecimento. Nem mesmo os outros lairds da minha
própria raça orgulhosa!Com certeza, falei com eles. — Ele se
inclinou para beijar sua testa. — É do seu interesse, como é
meu, que isso termine bem. Embora, só agora, eu sei que eles
sevão para visitar amigos que não viam em séculos.
Ele deslizou um braço ao redor dela, apertando-a
enquanto a galera atravessava a água escura do mar aberto.
— Talvez algum dia os vejamos novamente. Realmente há
magia na Escócia, você sabe! — Ele olhou para ela, piscando. A
espada em seu quadril brilhava azul. — O escritor lhe contou
sobre o meu Quebrador de Corações, não?
Mindy assentiu com a cabeça. Ela podia sentir o calor
escorrendo do cabo encantado da espada.
— Agora entendo por que...
Ele pressionou um dedo em seus lábios, silenciando-a.

— Pequeno Hughie MacSporran não é tão completo


quanto ele gostaria de pensar. Só para que não haja dúvidas
em sua mente — ele retirou seu dedo nos lábios, dando-lhe um
beijo suave e rápido — Heartbreaker só deixa os homens de
MacNeil saberem onde a mulher do nosso coração está
esperando por nós.A magia da espada não escolhe essa
mulher. Nossos corações fazem isso.
— Oh, Bran! — Mindy piscou forte. Ela engoliu em seco
contra a espessura quente em sua garganta. — Eu te amo
tanto.
— Eu sei disso! — Ele sorriu novamente. — E você está
prestes a ver e sentir em primeira mão como um laird de Barra
mostra a sua mulher o quanto ele a ama.

Nas palavras, ele a segurou em seus braços novamente,


depositando-a no barco com Gibbie. Então ele entrou no barco
ao lado dela, tomando os remos e navegando rapidamente para
sua ilha, onde, ela via agora, as luzes parecendo as chamas das
tochas medievais cintilarem nas estreitas janelas de fenda do
quadrado.

Outra tocha parecia pendurar em um suporte de ferro na


parede do mar perto de um pequeno píer inclinado, repleto de
degraus de pedra e até mesmo um trilho.
A luz daquela tocha — a do píer — brilhava na água.
E então eles estavam lá.
Gibbie saiu do barco primeiro. Bran seguiu-o rapidamente
e depois se virou para levar Mindy em terra. A torre — e já nem
sequer se assemelhava à Loucura que conhecia do condado de
Bucks — surgia escura e sólida diante deles. Um lugar
magnífico que, ela sabia, não era de seu século.
Ela olhou para Bran, maravilhada, tomando fôlego.

— Esta é a sua Barra, não é?


— Você sabe que é.
— Mas como?
Ele atirouum olhar quente a sua pergunta. Agarrou sua
mão, e a estava levando pelo caminho curto e íngreme para
uma porta maciça de ferro profundamente encravada na
parede do muro das ameias.
— Venha, moça, é a hora. — Ele abriu a porta e a puxou
para dentro do pátio escurecido pela noite.
Mas não era realmente escuro.

Aqui, tochas ardiam em arcos no alto acima deles, no que


ela sabia que tinha de ser os parapeitos ao longo da parede do
mar. A luz era suave e luminosa, brilhando em piscinas de
ouro sobre os pardais úmidos do pátio.
Bran lançou um olhar para ela.

— Muito mais bonito do que as luzes frias do seu dia,


hein?
— Oh, meu Deus, sim. — Mindy disse.
Havia uma diferença. E foi em detrimento de seu tempo.
Mas ela não teve tempo para admirar o ambiente medieval
do pátio. Bran estava conduzindo-a até seu salão, onde — seu
coração disparou, batendo loucamente — ela podia ouvir
canções altas e música de violino, risadas estridentes. Os sons
de muitos homens divertindo-se e, ela pensou, alguns de riso
feminino, também.
Estavam aproximando-se do vestíbulo e ela olhou para ele,
de repente insegura.

Aqui, em seu mundo, a poucos passos da entrada de sua


torre, ele parecia ainda maior, mais irresistivelmente
musculoso e orgulhoso do que jamaisela vira.
Mas ela...
Olhou para suas calças pretas e jaqueta, suas botas
desajeitadas.
— Espere! — Ela parou em seus saltos, olhando em volta.
Ainda bem que eles ainda não encontraram ninguém.
Um medieval.
Querido Deus! Ela passou uma mão sobre seu cabelo,
puxou seu casaco.
— Bran espera!
Ele já estava segurando a trava da porta.
— Sim?
Ela engoliu em seco, sua boca realmente estava seca.

— E se alguém nos vir? Estiver me vendo?


— Todos que estiverem em meu salão te verão,Mindy-
moça. E — ele brilhou com aquele sorriso malicioso — eu
ficarei muito orgulhoso quando o fizerem!
— Mas minhas roupas...
— Você acha que algum amigo meu não vai saber que você
é de um tempo moderno? — Ele falou como se tudo estivesse
resolvido.
Ele estendeu a mão para a porta, mas ela se abriu antes
que ele pudesse fechar os dedos no enorme e preto punho de
ferro.

— Então você finalmente retornou! — Um homem


incrivelmente bonito, de cabelos escuros e olhos risonhos,
estendeu um braço, recebendo-os lá dentro.
— Saor MacSwain, minha dama.
Ele curvou um joelho galante, seu charme quase físico.
— Há muito tempo que esperávamos por você!
— Mindy Menlove. — Mindy se sentia como se ela tivesse
pisado no palco de uma ópera.Mas o sorriso dos olhos
brilhantes do homeme a firme aderência da mão de Bran a
deixaram à vontade.

— MacSwain, eu sei que você estava ansioso! Mas vai ter


que esperar mais tempo, ainda, para atender adequadamente a
minha dama. — Bran começou a avançar, puxando-a com ele
através do salão lotado. — Temos negócios pessoais para
atender primeiro.
Ele jogou as palavras por cima do ombro, olhando para a
frente enquanto a arrastava, praticamente, até um arco
sombrio que, ao mesmo tempo, via-se apenas a entrada de uma
torre de escadas iluminada por uma tocha.
Contudo, conduzindo à torre mais antiga do castelo, o arco
tinha sido murado acima da Loucura.
Antes que pudesse digerir isso, Bran parou. Ele sacudiu o
pulso, produzindo uma grande costela de carne, que ele jogou
para Gibbie. O cão estava trotando ao lado deles. Ele pulou
para pegar o osso no ar, antes de sair com o deleite preso em
sua mandíbula.
Bran voltou-se para Mindy.
— Eu não quero que o pobre Gibbie sofra enquanto eu
tenho você para mim. — Ele se inclinou para beijá-la
rapidamente — ela ofegou, — passou uma mão por seu quadril
para apertar suas nádegas!
— Venha, agora. — Ele agarrou sua mão novamente,
puxando-a ainda mais rápido do que antes. — Eu não posso
esperar muito mais tempo...
— Ei, Bran! — Saor MacSwain se apressou até eles
quando alcançaram a escada inferior.
Desta vez uma mulher estava ao seu lado. Seu olhar deu
calafrioem Mindy. Pior, ela era a mulher mais linda que Mindy
já vira. Ela tinha brilhantes cabelos lustrosos e negros que
caíam até seus quadris, pele dourada cremosa e incríveis olhos
que a fitavam com desdém.

Mindy sentiu-se empalidecer.


A mulher sorriu como uma gata.
Ela era claramente uma espécie de exótica cortesã, a
julgar pela sua roupa quase transparente e pelo quase
irresistível perfume de almíscar que girava em torno dela como
uma nuvem. Ela também tinha lábios vermelhos e olhos
pesadamente puxados.
Eram olhos que olhavam furiosos para Mindy.
E Mindy viu que Saor não os tinha perseguido pelo
corredor.
A mulher tinha.
O amigo de Bran claramente se apressou atrás dela, um
fato exibido pela maneira como ele segurava o braço da mulher
em um aperto feroz.
— Serafina preparou seu quarto como você pediu. — Saor
falou com Bran.

Serafina manteve seu olhar felino em Mindy.


— Eu preparei tudo, — ela ronronou, sua voz tão
enfumaçada e sedutora como Mindy sabia que seria. —
Embora, — ela estreitou seus olhos escuros, olhando as roupas
de Mindy — esteja certa de que você não vai precisar de tais
pertences por muito tempo. Na verdade, eu me pergunto por
que você desejou que eu resolvesse esse problema?
Bran ficou entre ela e Mindy. Sua voz endureceu.
— Se você não tratar minha dama com respeito, vai se
arrepender da próxima tarefa que eu colocar diante de você.
Isso envolveria — ele deslizou um olhar significativo pelo
corredor — sair andando por aquela porta e nunca mais voltar.

— Eu sinto muito. — A mulher falou. Ela se inclinou sobre


Saor, colocando um braço no dele e pressionando seus seios
em seu lado. — Lady — ela olhou para Mindy — desejo-lhe
umaboa estadia aqui.
Mindy assentiu, sem acreditar em uma palavra.

Serafina lembrou-lhe tudo o que ela não gostava —


especialmente as mulheres que eram descritas como sendo
semelhantes a uma felina. Infelizmente, ela também se sentiu
insuportavelmente quente, e não de uma boa maneira.
Nem tinha nada a ver com o calor geral do salão da
enorme lareira empilhada com troncos, que queimavam com
um rugido crepitante.
Ela estava ruborizada porque a mulher chamada Serafina
a tinha feito se sentir como uma grande árvorechacoalhante,
até os sapatos da loba pareciam pontinhos de seda fiado.
Os sapatos foram mesmo bordados.
Com joias!

Mindy pensou em suas próprias botas robustas, de


espessura grossa, e queria morrer.
Foi por isso que a ponta de suas orelhas queimaram como
chamas. E por que, ela tinha certeza, teria corado como um
tomate vermelho.
Mas antes que ela pudesse recuperar o fôlego e contar até
dez, Bran tomou-a em seus braços novamente e estava
carregando-a pelas escadas da torre sinuosa.
Quando ele parou no segundo patamar e olhou para ela,
tratando-a com toda a força de seu sorriso mais devastador, ela
esqueceu tudo sobre Serafina-a-sedutora.

— Esqueça-a — disse Bran, como se tivesse lido sua


mente. — Ela está aqui para o entretenimento dos meus
amigos. Eles são bons homens que, na vida, nem sempre foram
tratados com bondade e agora merecem um lugar de prazer e
diversão.Ela não significa nada para mim. — Como para
provar, ele abaixou a cabeça e beijou-a, sua língua mais uma
vez penetrando profundamente em sua boca, seu domínio
fazendo-aesquecer de tudo, exceto que eles estavam aqui,
juntos.
E que logo estariam nus em sua cama...
Tudoestava acontecendo rápido, ela sabia, porque eles
tinham chegado ao topo da escada e ele estava praticamente
correndo com ela ao longo de um logo corredor. Ele parou
diante de uma porta, abrindo-a. Colocou-ano piso e deu um
passo para trás, deixando-a entrar na surpreendente opulência
do quarto.
— Uau. — O maxilar de Mindy escorregou.
Bran assentiu, satisfeito.

Nenhum filme de Hollywood ou até mesmo livros de


pesquisa altamente respeitados sobre o período medieval e
castelos poderia combinar com a glória de seu quarto.
O mobiliário de Folly em nada era comparável.
Tapeçarias ricamente bordadas em cores deslumbrantes
pendiam das paredes brilhantes de calcário, e velas brilhavam
por toda parte, certamente dúzias delas. O quarto era um país
das maravilhas cintilante de luz dourada.
Uma lareira queimava urzes. E ela nunca acreditou que
isso fosse verdadeiramente feito, mas não podia duvidar disso
agora — os juncos do chão estavam cheios de ervas aromáticas
e pétalas de rosa. O resultado era uma festa para os sentidos.

Uma mesa perto de uma das janelas altasde tampo


segurava um tipo diferente de arranjo. Odre de vinho e canecas
de cerveja tinham sido colocados ao lado de grandes jarras,
obviamente cheias com as melhores bebidas. Uma bandeja de
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capões magnificamente torrados, ainda quentes, cheirava de
forma celestial. Havia também pratos de queijo e doces frescos, e
vários pequenos pratos de amêndoas.
Nada parecia menos do que suntuoso.
Havia até bacias cheias de água e guardanapos de linho
cuidadosamente dobrados.
Bran de Barra sabia viver.
Mas era a cama que realmente tomou a respiração de
Mindy.
Ela era enorme.
E tão alta que havia escadas para subir nela. Quatro
postesnos cantos, com sua madeira escura reluzente esculpida,
a cama ostentava espessura, cortina bordada pesadamente
com cobre. Uma mescla de almofadas e travesseiros igualmente
finos arredondadasna cama, enquanto mantas de cama
estavam perfeitamente dobradas aos pésesperando para
oferecer calor extra, se desejado.
Era uma cama de sonhos, saída de um conto de fadas.
O coração de Mindy bateu descompassado.
— Você sabia... — O esplendor fez-lhe agudamente
consciente da simplicidade de seu século XXI — que houve um
tempo de grandeza aqui, na sua Barra, tempos mais tarde do
que o seu dia, quando umlaird MacNeil ordenou que seus
trompetistas ficassem nas ameias durante a noite e
tocassemusica? Seu dever era anunciar que, agora que laird
jantara, o resto do mundo poderia comer a própria ceia.
Bran arqueou os olhos. Então ele sorriu.
— Venha, querida...
— É verdade! — Mindy acenou com a mão. — Você pode ler
sobre isso em qualquer livro de história.Creio que as palavras
foram: 'Ouve, ó povo, e escutai, ó nações. O grande MacNeil de Barra
tendo terminado a sua refeição, os príncipes da terra pode jantar!'Agora
— ela olhou sobre o luxuoso dormitório — Eu entendo por
que eles estavam tão orgulhosos.
— Mindy-moça! — Bran colocou as mãos sobre seus
ombros e olhou para ela muito intensamente. — Eu estou
dividido entre jogar para trás minha cabeça e rirou vira-la
sobre meus joelhos! Tenho certeza de que somos orgulhosos e
não vou negar tal louvor.
— Como não — seus lábios se contraíram — tal toque foi
iniciado por seu próprio laird Silvanus e seus amigos. Mas eu
te prometo, a maior magnificência que vejo neste quarto é você.
— Nem — ele deslizou suas mãos por seus lados,
bloqueando seus braços ao redor de seus quadris — eu trouxe
você aqui para ser ensinado em uma lição de história. Você
esquece que eu sou a história!
— Foi por isso que lhe disse. — Mindy olhou de lado. — É
só isso
— É sobre nós, doçura. — Seu olhar não queria deixá-la,
ele arrancou o grande broche celta em seu ombro, em seguida,
jogou no chã seu tartan xadrez. — Nada mais importa. Esta
noite, nós faremos nossa própria história.
Mindy olhou para ele, seu coração batendo.
Ele sorriu e puxou a túnica sobre a cabeça. Então tirou as
botas.

Ele não usava mais nada.


Sua pele nua brilhava com as chamas tremulantes da
vela, o cabelo cor de canela cobrindo seu largo, poderosoe
musculosopeito reluzindo como ouro. Ele ficouorgulhoso,
totalmente inconsciente quando seu olhar baixou, vendo o
quanto ele a desejava.

Mindy engasgou e mordeu o lábio. Ela deveria ter estado


preparada, mas ela não estava. Ela engoliu em seco, seu rosto
inteiro corando.
— Querido Deus, você é tão...
Ele sorriu.
— É o belo e vivo ar de Barra, que o faz assim e você!
Levantando os braços acima da cabeça, ele estalou os nós
dos dedos, claramente apreciando sua leitura corporal. E havia
muito dele para ver.
Mindy afastou o olhar dele, com certeza pegaria fogo se
continuasse olhando.

— Agora você. — Ele estendeu a mão para seu casaco,


tirando-o fora dela com uma velocidade incrível. Ele quase
arrancou os botões da camisa e o zíper das calças, depois caiu
de joelhos e usou seus dentes, também, rasgando suas roupas
intimas, pouco a pouco, até que ela se colocou diante dele,
igualmente despida.
— Mãe de Deus, você é linda. — Seu olhar a assaltou,
fazendo-aestremecer em toda parte. Ele correu lentamente as
mãos para cima e para baixo pelas costas de suas pernas, suas
coxas, segurando-a diante dele enquanto esfregava devagar seu
rosto contra suas coxas nuas e os cachos úmidos.
Ela se segurou em seus ombros, ofegante, enquanto ele
beijava seu ventre e seu estômago. Então ele olhou para ela,
segurando seu olhar enquanto, lentamente, a
lambiapercorrendoo mesmo caminho dos beijos de antes, indo
cada vez mais baixo até que, piscando um sorriso malicioso,
afastou suas pernas e varreu com a língua ao longo do
comprimento molhado e aquecido da fenda dela.
— Och, moça. — Ele soprou as palavras contra sua pele em
um sussurro rouco. — Eu poderia provar você para sempre.
— Ahhhh... — Mindy enfiou os dedos em seus ombros
quando ele a lambeu de novo. Pulsando de prazeres e
estremecimentos brandos que lhe atravessaram.
Ela esfregou-se contra ele, cada centímetro de sua fenda
capturada por seus lábios, abrindo mais as pernas para lhe dar
maior acesso.
— Você é tão doce, Mindy-moça. — Ele virou a cabeça,
mordiscando suavemente a parte interna de sua coxa, antes de
mais uma vez, deixar sua língua sondar e girar, cada
dobradura ondulante de sua intimidade, inundando-a com a
sensação.

Nenhum homem jamais tinha feito isso com ela.


E quando ele fez uma pausa para olhá-la, a ponta de sua
língua preparada para passar rapidamente pelo seu ponto mais
sensível, ela enfiou os dedos em seus cabelos, segurando-se
rapidamente.
Estava a ponto de se despedaçar.
— Não-o-o — Ela chorou quando sua língua tocou seu
clitóris, circulando levemente. — Não desse jeito...ainda. Eu
quero mais
— E eu quero te agradar, te dar prazer. — Seus olhos
escureceram e ele amamentou a pressãonaquele pontosensível.
— Desta maneira e de todas as maneiras, Mindy-moça. Eu
ardia por você e...
— Mas eu vou... — Ela não pôde terminar, apenas ofegou
e arqueou-se contra ele, tremendo, tentando não ceder ao
prazer que estava tomando-a. — Por favor, Bran, espere...
— Ach, como você deseja... — Ele levantou a cabeça,
voltando sua atenção para seus seios. Ele estendeu as mãos
sobre seus seios, apertando e soltando, circulando seus
mamilos com os polegares, antes de se aproximar para lamber
e sugar, cada redemoinho de sua língua fazendo-aquerer mais.
O clímax que ela acabara de afastar ameaçava chegar de
novo, enquanto ondas de sensação eletrizante passavam por
ela, fazendo com que seus lugares femininos mais profundos
palpitassem com uma necessidade quente.
— Bran... — Ela estava tremendo. — Por favor...
Ele se levantou e mergulhou suas mãos em seus cabelos,
segurando-afirmemente, enquanto a beijava longamente,
saqueando sua boca. Então — ela esperou por tanto tempo — a
pegou e a levou para o outro lado da sala, deitando-ana cama.

Estendeu-se ao seu lado, puxou-a para que estivessem


encostado um contra o outro, pele a pele. Ela amava a
sensação de seu membro duro e quente ao lado dela, enquanto
ele a acariciava por toda parte. Seu toque transformou sua pele
em chamas e a fez tremer de desejo como nunca tinha
conhecido. Ela começou a rebolar os quadris contra ele, desta
vez querendo mais do que um clímax na coxa.
Como se soubesse, ele se segurou sob os cotovelos para
olhar para ela, seus olhos escuros e ardendo de paixão.
— É todaminha, Mindy-moça. — Não tirando seu olhar
dela, deslizou sua mão entre suas pernas para sondá-la e
acariciá-la.

Mindy gemeu.
Bran sorriu, sabendo o que ela queria. Ele acariciou suas
coxas, rastreando o quente, suave e liso centro feminino,
circulando seu polegar em seu lugar mais sensível. Seus dedos
trabalhavam em uma magia, fazendo-a derreter e molhar.

Quando ela rebolou e gritou, levantando seus quadris fora


da cama, empurrando contra sua mão, ele se colocou entre
suas pernas e deslizou sobre ela. Ele a beijou profundamente
enquanto mergulhava dentro dela, fazendo-a dele finalmente.
Ele começou a se mover, os ardores aquecidos enquanto a
beijava repetidas vezes, usando sua língua para combinar com
o ritmo de seus quadris. Ele manteve uma mão entre eles, seus
dedos questionando, provocando e acariciando, levando-a cada
vez mais perto de um clímax expendido, enlouquecedor e
magnifico.
Quando ela estremeceu, sua vulva se apertou e ela gritou.
Ondas quentes e cintilantes de sensações rolavam por ela,
levando-a a um glorioso clímax de prazer infinito.

Parecia quenão ia parar e ela se agarrava a ele, quase


tonta, quase cega pela explosão do êxtase. Como era bom tê-lo
dentro dela. Então, mesmo através da neblina lânguida, ela
podia ver que ele se retirava. Ele não a estava beijando mais,
tampouco se mexia, estava deitado quente e pesado em cima
dela. Sua barba maravilhosa agradava seu queixo, e seu peso
sobre ela estava começando a incomodar, quase sufocante...
Bran de Barra era um grande homem.
Mindy deixou seus braços se afastarem de suas costas,
mas ele não rolou para o lado dela. Tentou afastar-se dele sem
perturbá-lo — ela podia dizer que ele tinha adormecido — mas
não estava conseguindo e estava ficando tão quente porestar
deitada debaixo dele.
Ela torceu a cabeça para o lado, apenas para recuperar o
fôlego. Mas quando ela abriu os olhos, gritou.
A cortina ricamente bordada do quarto de Bran tinha
desaparecido. Ela estava entre a bagunça emaranhada de seu
edredom vermelho excessivamente grosso em Âncora.

Era o pesado edredom empilhado em cima dela que estava


tomando seu fôlego e fazendo seu rosto pingar com suor.
Mindy empurrou-o de lado, saltando da cama.
O horror a dominou.
Não estava no quarto esplêndido de Bran na ilha, tendo
sido apenas um sonho de ter feito amor com o homem, que
sabia que não poderia viver sem ele.
Ela estava no pequeno quarto deÂncora.
Não podia ser, mas era.

No entanto, tinha certeza de que estivera com Bran. Ela


podia sentir o cheiro almiscarado do sexo no ar e — ela tinha
que fazê-lo — quando ela deslizou um dedo entre as pernas
para verificar, ele voltou molhado e reluzente com evidências de
sêmen o que provavaque estiveram juntos.
Ela também estava nua, os seios ainda corados de
excitação e — isso realmente a despedaçava — ela podia ver as
marcas vermelhas de grandes mãos em seus quadris,
exatamente onde Bran a tinha agarrado.
— Oh, Deus! — Ela caiu de joelhos, pressionou sua testa
contra a borda da cama, e chorou.
Ela tinha estado com Bran.

E ela estivera com ele em seu tempo e tudo tinha sido tão
real. Ela ainda podia se lembrar do terror dela ao atravessar a
baía no barco medieval. Lembravada mulher chamada de
Serafina edo amigo de Bran, o homem de cabelos escuros e
olhos e risonhos chamado de Saor MacSwain. O querido, doce
Gibbie e seus ossos carnudos. Todos estavam lá, certo como o
dia brilhava ao redor dela.

Acima de tudo, Bran tinha sido real.


Seu paixãoamorosa o melhor que ela já teve.
Agora...
Algo tinha acontecido eestava terrivelmente errado. Ela
sabia disso com uma certeza que nunca tivera antes.
Desta vez, Bran realmente se afastara dela.
E um arrepio terrível que Margo e a boa gente de Old
Pagan Timeschamariam de sexto sentido lhe disseram, que
esse desastre era o mesmo que Bran, dissera com sua mágica
fantasmagórica, que não poderia violar.

Suapaixão e seu amor devia ter violado algum código não


escrito de comportamento entre fantasmas e mortais.
E agora eles estavam sendo punidos. Mindy nunca mais o
veria.
Tinha acabado.
Capítulo 15

Bran de Barra iria matar alguém.


Esperava que não fosse Serafina.
Ele nunca em todos os seus dias colocou uma mão em
uma mulher com raiva. Não em setecentos anos de vida. Nem
mesmo quando vivo, como alguns povos, certamente,insistiria
em dizer sobre castigos. Mas se a sensual sarracena tivesse
algo a ver com o desaparecimento de Mindy, ele poderia ser
persuadido a ajustar seu pensamento.
Uma dor imensa brilhou em seus olhos.
Seu crânio estava se dividindo em dor.
E — o pior de tudo — ele não tinha bebido uma gota. Uma
cabeça, cheia de vinho, não era a razão de sua miséria. As
libações e iguarias que ele tinha encomendado para seu quarto,
esperando seduzir e deleitar os apetites de Mindypermaneciam
intocadas.
Nem ele nem Mindy haviam se comido e bebido nada.

Ele a levara para sua cama e fizera amor com ela.


— Pelas bolas de Odin! — olhando com expressão de raiva,
ele rasgou os lençóis. Deixou-se cair de joelhos e olhou debaixo
de sua cama, meio esperando,encontrá-la ali, dormindo no
chão.
Ela não estava lá.
Assim como ele sabia que ela não estaria aqui.
— Não! — Ele jogou a cabeça para trás e rugiu em
negação.
Correu para as janelas, abrindo as persianas. O frio vento
matutino se precipitava, gelado e cortante, mas nenhuma
rajada de maldição deu uma pista de onde Mindy tinha ido.

No entanto, ele sabia que a trouxera para seu mundo — o


lugar fantasmagórico que o mantinha ali junto com a força de
sua vontade.
Era como se não tivessem estado juntos em seu mundo,
um lugar onde ela poderia ter vindo, ter feito amor e ido
embora como se nada, nenhuma piscadela e um sorriso tivesse
se passado entre eles.
Ele a trouxe para cá, convocando todo o poder que tinha
para trazê-la a seu próprio século XIV. E, que os Grandes
Ancestrais Antigos o escaldassem e esfolassem, mas ela parecia
impressionada e ter gostado...
Oohhhhhe aahhhh que ela dissera tinha-o feito entender
que houvera notado egostado de sua Barra. E, ele tinha
certeza, julgando cada maravilha maior do que o que ela tinha
em seu próprio dia dos modernos, onde, ele esperava, ela não
estivesse ansiosa para voltar agora.
Ele usara tanta de sua força para trazê-la aqui.

Poderia levar dias — talvez até semanas — antes que


pudesse reunir poder suficiente para acertar as coisas se ela
realmente estivesse fora do alcance dele.
Ele a deixara só para ir ao banheiro.
Pensar que uma necessidade tão simples, procurada no
meio da noite, poderia ter custado tanto.
Estava além do seu alcance.
— Saia das Valquírias! — Ele agarrou suas roupas do
chão cheio de juncos, ainda perfumado com pradaria e pétalas
de rosas. Maldizendo, ele puxou sua túnica, jogou seu tartan
xadrez em torno de seus ombros.

Mindy não poderia ter voltado para o mundo dela.


Não sem ele mandá-la para lá.
Seus longos anos de fantasma lhe tinham ensinado isso.
Ele a trouxe aqui e ela veio de boa vontade. Assim sendo,
ela não poderia ter ido embora sem que ele lhe desse permissão
para fazê-lo. E — ele poderia rir se a verdade não doesse — ele
certamente não a tinha mandado embora.
Ele ardia por ela!
Sua cabeça estava se abrindo em duas.
Franzindo o cenho, esfregou a mão no rosto, fazendo o
possível para ignorar a dor. Embora ele ficasse rangendo os
dentes e apertasse os punhos, enquanto olhava de novo em
volta de seu quarto, procurando por pistas.
Uma razão pela qual ela o deixara.
Ele não encontrou nenhuma.
Apenas lembranças ardentes da noite que haviam
compartilhado. Cada lembrança caindo sobre ele, roubando o
fôlego e assombrando-o. Podia sentir seu cheiro e o gosto dela
na parte de trás da língua. Suas mãos estavam marcadas com
a sensação do corpo dela, cada curva e cariciaem sua pele lisa,
uma marca para sempre que ele sabia que nunca iria deixá-lo.
Seu amor tinha sido pungente e doce, abençoado pela
Heartbreaker. E, ele sabia, desejado pelos Antigos. Eles
compartilharam um amor que havia sido previsto antes de
qualquer um deles ter tomado sua primeira respiração.
Mesmo assim, seu amor não fora um mero capricho dos
deuses.
Como era o modo de tais coisas, tinham tido a escolha de
procurar e reconhecer o seu par.
Agora que tinham se encontrado, ele sabia que não
poderia existir sem ela.
Não poderia haver nenhuma razão para ela ter
desaparecido sem sequer dizer adeus. A menos que alguém em
sua casa a tivesse confrontado, enchendo-a de tolices e
mentiras. Para enviá-la embora antes que ele acordasse. Ele
não queria acreditar. Nem mesmo que tenha sido Serafina. Mas
ele não conseguia pensar em mais nada que explicasse por que
sua cama estava vazia.
Ele esperava acordarpela manhã com Mindy em seus
braços.
Em vez disso, ele estava sozinho no frio cinza da manhã,
franzindo o cenho para sua cama bagunçada. O temperamento
levantado, ele elevou sua mão direita e depois puxou para trás
seu punho, batendo-ana palma de sua mão esquerda.
A dor era aguda e cegante.
Afinal, ele era um homem forte e de sangue quente.

Se fosse necessário, faria buracos nos muros de seu


silencioso quarto. Ele transportaria cada membro de sua
família, parente ou amigo, para dentro de seu quarto e
interrogaria todos até que dissessem a verdade.
No pior do caso, ele iria para Barra dos modernos, buscá-
la. E — a possibilidade esvaziou-o — se ela já tivesse viajado
para o condado de Bucks, ele iria para lá.
Ele faria qualquer coisa para recuperá-la.
Eles dormiram juntos docemente. Eles se deitaram de
uma maneira que nunca compartilhou com outra mulher.
Depois do amor, ele a segurou, puxando-a para seus braços,
sabendo que eles poderiam ter complicações com a diferença
épocas no dia seguinte, após o nascer do sol.
Nunca sonhara que o novo dia lhe traria tristeza.
Ele andava em volta de seu quarto, com a testa enrugada
mais profundamente a cada passo. A luz cinzenta começava a
penetrar na sala. Abaixo de sua torre, ele podia ouvir as ondas
lavando as rochas, o vento da manhã começando a subir.
E, observou com irritação, as brasas do fogo da noite que
já não brilhavam. A pilha desarrumada de cinzas de madeira
na lareira nem sequer brilhava. Como a própria Mindy, sua
noite juntos estava se transformando em uma lembrança que
se desvanecia rapidamente.
Só que ele não queria que se desvanecesse!
— O que posso fazer? — Ele rosnou as palavras para
ninguém.
Seu estômago revirou e ele se virou para olhar novamente
para sua cama vazia. Cenas da felicidade maravilhosade pouco
tempo antes, importavamuito agora. Logo, ele teria que ir para
baixo e enfrentar seus homens. Um deles saberia de algo.
Mas, por enquanto, não estava preparado para enfrentar
ninguém.
O choque ea dor ainda eram muito grandes.

****
— Serafina não teve nada a ver com isso.
A voz profunda de Saor veio da porta. Bran poderia ter
voado para ele e estrangulado o arruaceiro. Em vez disso, ele
respirou fundo, tentando se controlar. Ele não queria olhar
furioso para um homem que, certamente, significava muito
para ele.
Masao ouvir o nome de Serafina acaboucom seu último
vestígio de nervo.

— Você tem boas razões para defendê-la? — Bran olhou


para seu amigo do outro lado da sala.
Ele não se surpreendeu quando o rosto de Saor se coloriu.
— Você sabe que eu gosto dela. — Ele se aproximou, as
mãos estendidas. — Ela esteve comigo por toda a noite, Bran.
Juro-lhe que, o que quer que você pense dela, ela não fez
nenhum mal a sua americana.
— Então, onde ela está? — Bran sabia que Saor
entenderia o que ele queria dizer.
A verdade era que o nome de Mindy — sua presença —
pendia no ar, tangível e vibrante, como se ela tivesse acabado
de escapar da sala e retornasse a qualquer momento.

Bran sabia que não o faria.


Ele se apoiou contra o arco da janela, dando as boas-
vindas ao ar gelado que entrava pelas persianas abertas. Ele
precisava do ar fresco para pensar.
Mas nenhuma resposta veio a ele.
Até mesmo Saor estava em silêncio.Seus olhos sempre
estonteantes e risonhos,eram agora, os mais solenes que Bran
jamais tinha visto.
— Pelo menos, o barulho infernal do prédio diminuiu —
observou Saor, cruzando a sala para sorver uma canela de
cerveja da manhã.

— Por um tempo — ele ergueu a canecaa seus lábios,


drenando-a — Eu tinha certeza que todos com ouvidos, ou
mesmo desejosos de uma boa noite de sono, nãose importariam
com o barulho.
— É realmente intolerável. — Saor pousou o copo,
limpando a boca. — Vamos ficar felizes que o caos esteja atrás
de nós.
— Eu não tinha notado. — Bran cruzou os braços.
Ele não estava com disposição para ser bom e espirituoso
sobre qualquer coisa.
Nem mesmo a cessação da restauração da Torre.
— Och, venha. — Saor caminhou até ele, segurando seu
cotovelo. — Você não pode se esconder aqui toda a manhã. Os
homens estão falando no salão, querendo saber o que o aflige.
Sua americana não está perdida. — Ele deu um puxão no
braço de Bran. — Eu digo que ela simplesmente fugiu para
cuidar de negócios urgentes...

— Ahhhh. — Bran olhou para ele.


— E — Saor ignorou o grunhido — ela ficará ainda mais
feliz em correr para seus braços quando você forbuscá-la de
volta.
— Pensa que é assim tão simples? — Bran foi até a janela,
olhando para a manhã fria e cinzenta.
Ele apertou a boca, recusando-se a dizer mais. Se os
deuses fossem gentis, eles tomariam coragem e incentivariam
Saor a deixá-lo.
— Eu acho que... — Saor deixou as palavras se afastarem
e graças aos santos, o deixou sozinho.

Quando seus passos se afastaram, Bran ergueu uma mão


para esfregar seu ombro. Um peso terrível e esmagador
estavam lá e todas as boas palavras e encorajamento de Saor
não tinham feito nada para ajudá-lo a livrar-se de sua carga.
Seu amigo queria dizer algo que lhe fizesse bem, mas ele
não entendia.

Levara dias de concentração feroz para Bran assegurar-se


seus mundosse unissem o suficiente, para que Mindy pudesse
se juntar a ele aqui, ainda que brevemente.
Mesmo assim, ele havia feito a melhor mágica fantasma
que já tinha conseguido em todos os séculos, e — seu coração
caiu como uma pedra para admitir uma verdade tão escaldante
— Mindy deveria ter sido capaz de ficar com ele por muito mais
tempo.
Pelo menos até que sua honra lhe disse que era hora de
devolvê-la.
A menos que ela partira por sua própria escolha.
De qualquer maneira, ele sabia que não seria capaz de ir
até ela agora. E esse conhecimento o esvaziou. Não lhe tinha
dito que nada o impediria de chegar a ela?
Ele dissera as palavras com um sorriso e arrogância.
Seu coração tinha inchado e ele estava tão orgulhoso. Ele
tinha sido capaz de falar tais palavras porque tinham sido
verdadeiras.
Mas agora...
Algo não estava certo.
Podia sentir a diferença no ar, embora não soubesse o que
era.

Bran se encostou contra o lado do arco da janela. Ele


sabia que as rochas abaixo de sua torre e as ondas cobertas de
branco pareciam mais borradas no momento. Até mesmo a
borda afiada e cinzenta do horizonte já não era distinguível. Ele
não sabia dizer onde o mar terminava e o céu começava.
E quando ele se afastou da janela, descobriu que não
podia ver seu quarto muito bem, também.

Seus olhos picavam e ardiam muito.


— Maldito seja! Dane-se tudo! — Uma tensão dolorosa
apertou seu peito, pulsando e queimando até que ele mal podia
respirar. Quando uma lágrima rolou por seu rosto, ele apertou
seu punho e quase o bateucontra a parede.
Em vez disso, ele caiu de joelhos e enterrou o rosto em
suas mãos.
Mas quando os passos familiares anunciaram o retorno de
tolo de longonariz, e pés chatos, Bran levantou-se e alisou seu
plaid.
Quebrado ou não, ele era Barra. E ninguém, nem mesmo
seu melhor amigo, iria vê-lo em tal estado. Então ele pegou um
guardanapo de linho da mesa, assuou o nariz o mais
discretamente possível. Estava de pé junto à janela, com as
mãos entrelaçadas às costas, quando Saor entrou no quarto.
— Falei com todos no salão. — Saor aproximou-se da
janela. — Ninguém viu a moça. Nem ninguém tem idéia de
onde...
— A palavra se espalhou como um fogo na urze, não? —
Bran lançou-lhe um olhar.
— Eu pensei que você quisesse que eu os questionasse?
— O que eu quero... — Bran não pôde terminar.

Se ele tivesse falado o quanto amava Mindy e precisava


dela, doía por ela, o rosto de Saor ficaria cheio de piedade. E ele
não queria ter a simpatia de seu amigo por estar sofrendo.
Ele queria Mindy.
— Não há nada que eu possa fazer por você? — Saor
estava olhando para ele estranhamente.
Bran endureceu a mandíbula, tentando parecer resoluto
ao invés de desmoronar.
— Não. Não preciso de nada.
Saor olhou-o alguns instantes mais do que o necessário,
depois saiu da sala.
De repente, Bran desejava estar em outro lugar, também.
Seu quarto continha traços persistentes do cheiro de Mindy. E,
embora ele tivesse puxado as cortinas da cama para esconder
os lençóis enrolados, ele sabia que eles estavam lá.
Ele provavelmente nunca mais dormiria em sua cama.

Se pudesse ser, ele evitaria o quarto inteiramente.


E agora precisava de ar. Uma volta sobre o pátio, ou dois
ou três, seguido por uma hora ou mais de vigorosa prática de
espada deveria ajudar a banir– Deus sabia — terrível dor no
seu peito.
Ele esperava que assim fosse de qualquer maneira.
Se fosse necessário, ele desceria para o porão do prédio e
passaria o dia empurrando barris de vinho pesados de uma
extremidade dos depósitos para o outro.
Ele faria o que fosse preciso até que pudesse pelo menos
andar novamente sem se sentir como um homem idiota.

Uma pena que ele não pudesse abordar a tristeza em seu


coração tão facilmente. Desejando poder, ele se dirigiu para a
porta.
— Venha, Gibbie. — Olhou para o cachorro, estalando os
dedos.
Gibbie estava esparramado, roncando bem alto, em sua
cama coberta de tartan diante do fogo. Mas agora ele abriu um
olho e olhou para o seu mestre.
— Venha, rapaz. — Bran esperou no limiar. — Eu vou
para o pátio.
Compreendendo a palavra pátio, Gibbie achou que valia a
pena abandonar o conforto de sua cama. Saltando, atravessou
a sala, fazendo sua saída favorita do quarto de dormir. Era
uma pequena seção de parede perto da porta que, ao contrário
das outras paredes, não estava coberta por uma tapeçaria.
Mas em vez de atravessar a parede, Gibbie parou diante
dela e latiu.
Bran entrou no corredor, esperando.

Quando Gibbie não se juntou a ele, cruzou os braços. Ele


deveria ter sabido que mesmo seu amigo mais fiel faria esta
manhã difícil para ele.
— Gibbie, venha! — Bran estava ficando impaciente.
Gibbie começou a lamentar-se.
— Bolas de Odin! — Bran caminhou de volta para o
quarto.
Então ele olhou, intrigado. Sua mandíbula escorregou.
Sua grande besta estava tremendo diante da parede. Bran
esfregou a barba, sem saber o que fazer. Gibbie não era um cão
molenga de sentir calafrio, choramingando feito um
cachorrinho.
Ainda...
Mas estava agora encolhido.
Bran franziu o cenho e foi para a mesa do outro lado da
sala. Ainda guardava os restos dos alimentos da noite passada.
Ele pegou um pouco de queijo.
Jogou o queijo no local de onde o cachorro estava próximo
a parede, sabendo que Gibbie iria perseguí-lo. Então eles
poderiam seguir o seu caminho para o pátio.
Mas o queijo não atravessou pela parede.
Elebateu na parede e caiu no chão.
Gibbie latia como louco. Ele nem sequer tocou no queijo.
Bran olhou fixamente, descrente.
Então, como seu cachorro, ele começou a tremer.

Poderia haver apenas uma razão que o queijo não


atravessasse a parede de sua câmera.
A parede era sólida.
Mas isso não podia ser. Não no reino fantasmagórico de
Bran, onde, graças à sua força de vontade e experiência, tudo
parecia real, no entanto, na verdade, era tão insubstancial
como a névoa das Highlanders.
Bran sentiu um terrível temor o assolando. Atravessou o
quarto e caiu de joelhos ao lado de Gibbie. Então, ainda
tremendo tanto quanto seu cão, ele pressionou sua mão contra
a parede.

Sua mão não passou.


Sua palma e seus dedos permaneceram espremidos contra
a pedra fria e dura.
— Meu Deus no céu! — Bran olhou para sua mão, as
lágrimas borrando sua visão. Seu corpo inteiro tremia e o
sangue rugia em seus ouvidos.

Gibbie estava de repente ao lado dele, lambendo-lhe o


rosto. Bran empalideceu, embora estendesse um braço ao redor
do cão para atraí-lo para perto.
Ele precisava do apoio de seu velho amigo.
O insondável acontecera. Algo que ele nunca teria
sonhado ser possível — ou mesmo desejado — mudara seu
mundo, levando-ocomele, tudo e todos de volta para seu tempo.
Não eram mais fantasmas.
Não poderia haver outra explicação.
Bran olhou para Gibbie. Viu imediatamente que o cão
sabia. Seus olhos excitados e o abanar da cauda diziam tanto.
Observou queum repentino silêncio tinha descido sobre a torre,
tão assustadoramente, anunciando que todos acreditavam que
era uma parada para o ruidoso trabalho de restauração.
Sob diferentes circunstâncias, Bran teria se dobrado em
gargalhadas.
Parece que a cessação do ruído do edifício era devido a sua
torre já não estar no dia dos modernos.
Só que agora — ele ainda não podia acreditar — o mundo
do século XIV à sua volta era real.
Assim como ele era real de novo.
E Gibbie.

E todos os demais em sua desavisada casa.


De alguma forma, o retorno das pedras de sua torre para
seu legítimo cenário, também os empurrou de volta para o seu
próprio tempo. Era um milagre inesperado que o teria
encantado se tivesse acontecido antes.

Antes que ele estivesse desesperadamente apaixonado por


Mindy.
Uma mulher que, agora ele sabia com certeza, nunca mais
voltaria a ver.
A magia fantasmagórica faria qualquer coisa possível, mas
a divisão entre o verdadeiro século XIV e os dias modernosde
Mindy era uma barreira que ele não podia atravessar.
Pela primeira vez em sete séculos, Bran de Barra sentiu-se
amaldiçoado.
Ele achava que não poderia suportar.

***

Semanas mais tarde, Mindy estava sozinha no pátio da


torre de Bran, fazendo a mais difícil despedida que ela já teve
que fazer em sua vida. Completamente restaurada com a sua
antiga força e glória, a torre com todas as suas dependências e
paredes de ameias, verdadeiramente apareceu como se nunca
tivesse estado em qualquer outro lugar exceto aqui, nesta
pequena ilha onde foi construída pela primeira vez há muitos
séculos.
Jock MacGugan e seus homens tinham feito um belo
trabalho.

E, ela sabia, as Hébridas inteiras ficaram admiradas com


a velocidade com que eles tinham feito o impossível.
A torre de MacNeil era magnífica.
E só Mindy sabia o quanto mais grandioso era realmente
nasua época.

A cada dia que passava, era mais difícil acreditar que ela
realmente tivesse estado lá. Que Bran a tinha levado através da
baía em um balsa medieval, conduzindo-a até o cais de pedra
minúsculo, onde Jock MacGugan tinha atracado uma hora
atrás, relutante em aceitar seu desejo de passar a tarde
sozinha na ilha.
Ela precisava despedir-se em privado.
E, pelo que certamente era a milésima vez desde que
entrara na torre, ela colocou a mão no bolso da jaqueta, pegou
seu lenço de algodão úmido e enxugou as lágrimas de seu
rosto.
Era por isso que ela queria ficar sozinha.

Ela não queria que ninguém mais, nem mesmo um


homem tão gentil como Jock, chegasse a vê-la chorando por se
separar de Barra.
E ela estava sofrendo.
Em todos os lugares que olhava, via Bran. Ela o viu
parado nas sombras dos arcos da porta. Ou ela o via
passeando pelo pátio pavimentado. Ele também estava nas
ameias. Ela o viu como ela o conhecia e amava: um homem
grande e musculoso, olhando para o mar, examinando seu
mundo. Mas, então, ele se viraria e ao vê-la seu rosto se
iluminaria com seu sorriso perverso e malicioso e desceria os
degraus de pedra correndo para ela, seus braços estendidos.
Ele a agarraria pela cintura, levantando-a no ar e girando ao
redor e em volta até que eles caíssem, rindo e tonto, no chão.
E então ele a abraçaria novamente, desta vez entrelaçando
seu rosto com suas mãos fortes e calosas enquanto a beijava e
beijava.
E ela jogaria seus braços em volta dele eo beijaria de volta.

Tão ferozmente!
Ela o seguraria o mais forte que pudesse e nunca deixaria
de beijá-lo, porque ela, absolutamente, não poderia suportar
soltá-lo.
Que triste que, quando se tratava dos dois, a escolha não
fora dela.
Ou dele, tinha certeza.
Ela sabia que ele a amava com a mesma ferocidade. E
sabendo como que ele lhe fez amor, fazia com que tudo doesse
ainda mais.
— Oh, Bran... — Ela soltou uma respiração irregular, a
dor a tomando por inteiro. A agonia de perdê-lo parecia como
se fosse perfurada por centenas de lâminas abrasivas e afiada.
Ela. Somente, ela.
Não podiaficar de pé.
Precisando sentar-se, ela caiu sobre um poste de pedra
perto da capela recém-restaurada. Ela fechou os olhos e
inclinou a cabeça para trás, tomando respirações longas e
profundas e soltando-as lentamente. Finalmente, quando a
borda mais afiada da dor aliviou, ela se abaixou para tocar as
amarras do poste.
Usada, lisa e brilhante pelas linhas que tinham segurado
incontáveis galeras de MacNeil, ou então ela tinha sido, o
baluarte datado do tempo de Bran. Sentar-se nela a fazia se
sentir, de alguma forma, mais perto dele. Afinal, era algo que
ele teria passado perto e visto, todos os dias.
Grande parte do castelo pertencia a séculos posteriores.
Como muitas vezes em outros lugares, cada geração de lairds
tinha acrescentado suas próprias transformações. Então
decidiu passar o tempo procurando todos os pontos especiais
que, ela sabia com certeza, saíram dos dias de Bran.
Como a pequena amarra de pedra.
Ela estava acumulando lembranças.
Não a história como Bran tinha assegurado que eles
fariam em suas acomodações naquela noite juntos. Ela estava
tocando, vendo e absorvendo imagens — lembranças — que
poderia apreciar depois, quando voltasse para casa.
— Droga! — Ela pegou de novo seu lenço amassado,
desejando ter trazido mais do que apenas um.
Quem ousaria achar que ela pensaria em Barra como um
lar?
Mas ela pensava.
E ia esmagá-la partir na manhã seguinte.
Seu último laço com Bran... se foi.
Não querendo pensar nisso — não era capaz de fazê-lo —
ela virou o rosto para o vento. Ela não estava surpresa que seu
último dia em Barra fosse também o mais bonito. Um belo dia,
cheio de sol e com apenas uma pequena barra luminosa na
baía, parecia à indignidade final.
Ela tinha chegado a amar os dias cinzentos e úmidos de
névoa e chuva.
Este dia eradeslumbrante.
Ela teria preferido a selvagem tempestade enfurecida.
Mindy suspirou. Em algum lugar um cão latiu. O som era
fraco, então deve ter sido um cachorro na praia. Muito mais
perto, ela podia ouvir as ondas se lançarem contra as rochas
que cercavam a base das paredes dasameias de Bran. E logo
acima dela, várias aves marinhas voavam e mergulhavam, seus
gritos estridentes e solitários quase pareciam ter vindo para
dizer adeus.
Pena que ela odiava ir.
Pelo menos Margo lhe ofereceria um ombro simpático.
Irmãs eram boas para isso e a dela era o melhor. Ela sentira
falta de Margo e ficaria feliz em vê-la. Talvez algum dia elas
pudessem voltara Escócia juntas e — se ela pudesse suportar
— iria trazer Margo aqui, para Barra.
Ela sabia que Margo ficaria em êxtase em visitar as
Hébridas.

Mas agora...
Mindy engoliu a quentura em sua garganta. Era muito
doloroso pensar em voltar para Barra quando sabia que Bran
não estaria aqui.
— Droga! — Ela chorou novamente, desta vez não se
incomodando em procurar seu lenço.
Ninguém podia ver suas lágrimas.
Ou que ela estava apertando os punhos com tanta força
que suas unhas estavam furando suas palmas.
Nem podiam imaginar porque ela estava tomando grandes
goles de ar, não apenas para acalmar-se, mas porque esperava
que, quando estivesse de novo longe,recordasse que — e
muitas de suas respirações tivessem gosto de fumaça do
tráfego e cheiros da cidade — aqui em um poste de pedra em
Barra, respirava e bebiao ar limpo e frio que cheirava ao mar.
— Gaaaahhh! — Ela apertou um punho em sua boca, não
querendo soluçar.

Isso a estava matando.


Não, ela morrera na manhã em que acordara sem Bran
emÂncora.
Ela não parecia morta, mas estava. Sua alma tinha
sangrado e nunca mais seria a mesma. Não, depois de terem se
encontrado e caído tão loucamente, maravilhosamente
apaixonada pelo homem que sabia que estava destinado a ser
dela.
Como era horrível que seus séculos não haviam
combinado.
E o maisirritante chato era que Jock tinha esquecido a
sua promessa de não transportar em sua balsa, qualquer outra
pessoa para a ilha, até que ela disse adeus e fosse embora.
Uma mulher velha estava cantarolando e cutucando
dentro da capela.
Não que Mindy tivesse planejado entrar no pequeno prédio
de pedra que era a capela. Mesmo sabendo muito bem, que a
capela era do tempo de Bran. Por isso mesmo, ela decidiu não
entrar nela.
A capela teria sido onde Bran teria se casado com ela,
setivesse sido capaz de ficar com ele em seu tempo.
— Ohho-o-o.

Mindy passou a mão em seu rosto novamente. Ela sabia o que


era bom para ela e o que não era.
A pequena capela estava fora dos limites.
Mas ainda a incomodava que alguém estivesse lá.
Ela queria tanto — não, ela precisava — passar esse
tempo aqui sozinha.
Então ela se sentou um pouco mais reta no poste de
amarração, dobrou as mãos em seu regaço, e olhou para o
calçamento, fingindo que não tinha visto a mulher.
Mas quando uma sombra se aproximoudela e — oh, não!
— viu duas botas pretas muito pequenas amarradas com
cordões vermelhos de tartan xadrez, ela não podia ignorar a
mulher por mais tempo.
Era a velha com aparecia de bruxa de Joaozinho e Maria
da balsa de Oban.
A minúscula velha com roupas preta que desaparecera do
convés da balsa. E quem a moçada pele vermelha tinha
chamado “A boa esposa de Doon.”
Quando ela se lembrou, um arrepio percorreu a espinha
de Mindy.
Ela saltou da amarra, olhando para a mulher.
— Eu conheço você.
— Muita gente assim diz. — A mulher sorriu com seus
olhos azuis brilhando. — Isso é um poste de amarração, eh? —
Ela coxeou até ela, pegando o assento de Mindy. — Eu gosto
muito de me sentar aqui.
— Então, por favor, não me deixe incomodá-la. — Mindy
apertou seu casaco com mais força. O dia parecia
repentinamente mais frio.
A velha deu-lhe umapiscadinha.
— Você não precisa me temer, sabe moça. — Ela deu um
pequenarisada. — Estou do seu lado.

— Meu lado? — Mindy ficou de olhos arregalados.


— Então, foi o que eu disse. — A velha levantou uma mão
nodosa e apertou um punho, significativamente.
Por alguma estranha razão, o coração de Mindy começou a
bater. Como se a velha soubesse, seu rosto enrugado brilhou
com outro sorriso.
Era um sorriso um tanto atrevido que arrepiou os cabelos
finos na nuca de Mindy.
— Temo não entender. — A boca de Mindy também estava
seca. Algo estranho estava definitivamente acontecendo. — Eu
só estou aqui para dizer o meu adeus

— Och! Eu sei bem por que você está aqui. — A velha


colocou suas mãos em seus joelhos. — E quem você está
procurando.
— Eu não estou procurando nada. Eu... — O coração de
Mindy bateu contra suas costelas. Ela piscou, seus olhos
subitamente se arregalando novamente. Havia algo nas
palavras da velha que a eletrificavam.
Ela colocou suas mãos em seus quadris.
— Já que você parece saber muito, por que não me diz...
— Não há necessidade. Você verá em breve.
— Isso não está fazendo nenhum sentido.

— Não? — A velha riu novamente. — Então, talvez, você


deva visitar a sua capela... — Ela virou a cabeça, olhando para
o antigo edifício de pedra.
— A capela? — Mindy não pensava assim.
A velha acenou com a cabeça mais uma vez.

Então ela se levantou e começou a andar lentamente em


direção ao cais. Mindy não tinha certeza, mas pensou que a
mulher estava rindo para si mesma, enquanto partia.
Assim que ela desapareceu em uma esquina, Mindy correu
direto para a capela. Ela não queria mais evitar ir lá.
Pequena, úmida e mofada, e antiga, era exatamente como
ela imaginara que seria. Até a estranha atmosfera de um sonho
que parecia pendurar no ar, quase uma névoa azulada e suave.
Estava gelado na capela, também.
Mindy virou a gola da jaqueta e desejou ter trazido luvas.
Na verdade, estava muito frio — e escuro — para ficar no
pequeno prédio por mais tempo.
Ela tinha vindo. Ela tinha visto. E ela não tinha
encontrado nada diferente como a velha tinha insinuado que
seria. Então ela encolheu os ombros no casaco e se virou para
sair. Mas o chão era uma mistura irregular de pedra quebrada
e terra que ela tropeçou quando se aproximou da porta de
saída.
— O-o-ohh! — Ela bateu comforça um joelho no chão, com
certeza tinha quebrado sua rótula em uma rocha. Mas quando
puxou seu joelho e olhou para baixo para alisar suas calças,
viu que não tinha sido em uma pedra que tinhatropeçado tão
dolorosamente.

Era o punho negro e corroído de uma espada enferrujada.


Metade enterrada na terra úmida, dura e semi-escondida
por lajes de pedra rachada ecoberta de musgo, a espada
claramente demonstrava ter centenas de anos de idade e em
condições terríveis.
Mindy caiu de joelhos na terra, desta vez com cuidado.

Ela olhou para a espada.


Parecia que iria se desintegrar se ela encostasse um dedo.
De jeito nenhum era Heartbreaker.
Mas havia algo mais. Tinha um punho arredondado.
Mordendo seu lábio, Mindy tirou seu lenço de algodão e tentou
afastar a lama e poeira do punho. Quando seus esforços
revelaram uma preciosa pedra de cristal, ela apertou uma mão
em seu peito, quase com medo de respirar.
Poderia ser Heartbreaker!
Quando o cristal de repente se tornou brilhante,
luminosamente azul, ela sabia que era.E da luz quase cegante,
pulsando dentro da pedra preciosa, ela sabia que essaera
Heartbreaker — averdadeiraQuebrador de Corações — –que
possuía ainda mais poder do que a espada fantasmagórica que
Bran usava em seu quadril.
— Oh, Deus! — Ela começou a tremer, pressionando os
dedos trêmulos contra a boca. — Oh, Deus, oh, Deus...
Ela começou a cavar, raspando a terra com os dedos e
puxando as lajes de pedra. Mas suas mãos estavam tremendo
demais para conseguir muito bem seu intento e seus olhos
deixavam cair lágrimas. Não conseguia se lembrar de ter
chorado tanto. Ela derramou rios quentes e rápidas de
lágrimas que escorriam por seurosto, escoando sobre sua
bochecha e pingando na espada enferrujada.

Ela piscou forte, sem entender como ou por que a espada


estava aqui. Talvez tivesseestado enterrada na terrada
capelapor todos estes séculos eo trabalho da reconstrução
afrouxou a terra em torno dela? Ou talvez estivesse alojada no
recesso de uma fenda nas pedras ou no solo subterrâneo.
Talvez agora, através de alguma magia que ela não poderia
entender, estava se mostrando a ela?
Qualquer que fosse a razão, ela trabalhava com afinco e
estava cada vez mais difícil de cavar ao redor da espada na
terra fria e dura.
Finalmente, levantou-a, tirando-a cuidadosamente do
chão. Não se desintegrou como ela temia, mas parecia tão leve
e quebradiça quanto velha, que segurá-la era uma agonia.
Poderia este pedaço de aço fino e enferrujado realmente
ter sido o aço brilhante que estava no quadril de Bran?
Que o cristal azul permanecesse relativamente intacto, e
ainda tão valente e leal à sua missão apesar dos anos e danos,
rasgou sua alma.

Segurando a espada contra seu coração, ela cruzou as


mãos em torno do punho áspero. Deixou seus dedos se
fecharem sobre o cristal, como tinha visto Bran fazer. Só que
ela sabia que ele tinha feito isso em desespero, no início, de
qualquer maneira, na esperança de resistir à magia da espada.
Mindy segurou a lâmina com reverência.
— Oh, Bran.. — Ela fechou os olhos, a dor a envolvendo.
De uma grande distância, suas palavras passaram por sua
mente:
— Para que não haja qualquerdúvida em sua mente,
Heartbreaker só permite que MacNeil homens saibam onde a
mulher do nosso coração está esperando por nós.

Ela apertou seus dedos sobre o cristal, seu coração se


esmagando. Ela não só tinha ouvido as palavras. Ela também
ouviu a voz de Bran dizendo-lhe. Sua palavrasuave, tão
profunda e sedutora.
Uma voz que nunca mais voltaria a ouvir, a menos que a
magia de Heartbreaker pudesse funcionar em sentido inverso.
Não levando um homem MacNeil para sua mulher, mas
levando a mulher para seu homemMacNeil.
Valiaà tentativa.
Mas antes que ela pudesse pensar em uma oração, algum
canto, ou qualquer outra coisa, a espada começou a escorregar
de suas mãos.
— Agggh! — Ela lutou contra, perdendo seu equilíbrio e
quase a derrubando. Ela não podia deixá-la cair. Mas era tão
pesada, o punho tão suave. Estava escorregadia como uma
enguia, de repente a sentiu quase viva, e já estava deslizando
para fora de seu aperto novamente.

— Oh, não, você não vai! — Ela segurou a espada com


ambas às mãos, agarrando a pedra preciosa do punho com
tanta firmeza como ela nuncaimaginou. A sentia quente, agora,
quase em chamas, mas ela manteve os dedos apertados em
torno da espada de qualquer maneira. Até que — ela ofegou —
percebendo que não estava segurando mais nada.
A espada tinha desaparecido.
Mas a névoa azul suave na pequena capela estava em toda
parte.
Espessa, rodopiante e cheia de brilhos, quase a cegando.
Assim como o brilho da espada que piscava para ela a partir do
quadril de um homem alto, de ombros largos, na entrada
aberta da capela.

A espada era Heartbreaker.


E o homem era Bran de Barra.
Mas não era nem o brilho da espada nem a luz azul,
girando na névoa azul que estava cegando-a agora. Era o brilho
do sorriso malicioso de Bran de Barra e as lágrimas quentes
que ardiam em seus olhos.
— Querido Deus! — Mindy se levantou, correndo para ele.
— É você! Você, você, você! Você está aqui e...
— Não, Mindy-moça, é você que está aqui! — Ele a puxou
para ele, esmagando-a contra seu corpo grande, de kilt, como
se ele quisesse tomarparte da respiração dela. — Você está
aqui, comigo, em Barra, no meu tempo, e eu digo que você é
mais que bem-vinda! Agradeço a todos os santos ea magia que
trouxe você de volta para mim!Eu quase perdi a cabeça, sem
você. — Ele agarrou seu rosto entre as mãos e beijou-a
calorosamente. — Eu te amo tanto que não podia respirar sem
você. Dinnae...Não me deixe novamente. O mundo se tornará
um lugar muito perigoso se você fizer isso, então esteja
avisada!
— Eu não partirei! — Mindy envolveu seus braços ao redor
dele, agarrando-se como a própria vida a. — E, confie em mim,
eu não vou a lugar nenhum. Nunca. Eu prometo. Eu serei
como um papel de mosca...
— Papel de msca? — Ele ergueu a sobrancelha.
Mindy negou com a cabeça, rindo.
— Não importa! Beije-memeu excelente e grande escocês!
Bran sorriu, depois riu com ela.
— Por todos os santos, mas senti sua falta!

Ao seu lado, Gibbie latiu, deixando-a saber que também


sentira falta dela. Saltando para a frente, ele pulou sobre ela,
quase derrubando-a em seu entusiasmo.
Rindo, Mindy caiu de joelhos para abraçá-lo, aceitando
sua acolhida. E esfregando-lhe as orelhas de modo que ele
soubesse que o afeto era mútuo.

— Basta! — Bran estalou seus dedos, chamando Gibbie.


— Ele pode te dar as boas-vindas mais tarde. Agora, você é
minha. Eu não vou deixá-la partir!
E então, tal como Mindy fantasiara, agarrou-a pela
cintura, levando-a da capela para fora, para o pátio, onde a
elevou no ar e girou com elaem círculo, rindo e beijando-auma e
outra vez enquanto eles giravam ao redor.

Quando eles pararam, Bran de Barra sendo, assim, Bran


de Barra, ele não parecia nem um pouco tonto.
Ele lançou um olhar para seus amigos que estavam
alinhados no parapeito das ameias aplaudindo e levantando
suas espadas no ar.

Até Serafina estava ali, pendurada no braço de Saor


MacSwain, acenando com um véu de seda acima de sua
cabeça. E — Mindy ficou espantada — a expressão da cortesã
era suave, seus olhos um pouco enevoados. E os olhos da
mulher não eram os únicos que pareciam úmidos.
Barrachs de Bran realmente estavam lhe dando as boas-
vindas a seu novo.
Mindy engoliu em seco e olhou para todos eles, mais uma
vez sentindo uma necessidade enorme de seu
lenço.Especialmente quando viu uma bengala sendo levantada
no ar, junto com todas as espadas. Ela também ouviu um grito
muito distinto que poderia ser apenas de Silvanus.

— Não pode ser... — Ela lançou um olhar para Bran, mas


ele apenas sorriu e deu de ombros.
— Eu disse que tinha a sensação de que os veríamos de
novo. Eles ainda são fantasmas e veem de vez em quando. Você
vai entender — ele piscou para ela — nenhum de meus homens
se importam com suas visitas. Não há ninguém aqui com medo
de fantasmas!
— Como é que pode e não pode ser...
Ele plantou as mãos nos quadris e riu de bom grado.
— Eu posso ver que vou precisar te ensinar sobre magia
das Highlanders. A Escócia é um lugar cheio de maravilhas. E
a Barra... — Seu peito inchou orgulhosamente. — Barra é
Barra! Não há nenhum lugar mais lindo em toda a terra, como
eu te mostrarei logo, quando a levar ao redor de Barra, para ver
as outras ilhas.Mas primeiro — seu sorriso tornou-se malicioso
novamente — venha aqui, e me deixe te beijar corretamente.
E ele o fez.

De novo e de novo e de novo — até que seus dedos dos pés


se enrolaram.
Epilogo
Old Pagan Times
New Hope, Pensilvânia
Vários meses depois

— Mantenha os olhos fechados.


A voz reconfortante de Madame Zelda ressoou no silêncio
do quarto escuro da loja da Nova Era. Cada palavra
suavemente falada se fixava na consciência de Margo como um
impulso mais suave, ponderado que deveria, ou não, enviá-la
em espiral num estado relaxado, onde ela esperava estabelecer
contato com sua irmã.
— Concentre-se na sua respiração. — A adivinha estava
inclinada sobre ela. Margo podia sentir o cheiro do perfume de
limão da outra mulher, o leve traço de cebola que sabia que
Madame Zelda tinha comido no almoço. — Inale
profundamente, então expire lentamente, liberando toda a
tensão e preocupação que está te incomodando.Sinta a paz e
serenidade ao seu redor. — Madame Zelda tinha se
afastadosua voz estava ficando mais fraca. — Relaxe e deixe
sua mente se mover. Imagine mãos calmantes acariciando sua
testa e seu rosto, sinta dedos suaves.
— Não está funcionando. — Margo sentou-se no sofá de
terapia, franzindo o cenho.
Ela acreditava tão firmemente quanto qualquer outra
pessoa no poder dos laços da alma e que ninguém jamais está
verdadeiramente separado daqueles a quem amamos muito.
Uma conexão estava sempre lá.
Pelo menos, ela tinha certeza, através dos laços
inquebráveis de energia. Os fios kármicos que mantinham
nossas vidas tão intimamente entrelaçadas com aqueles
destinados a compartilhar nossa jornada.

Mesmo agora, tanto tempo depois do inexplicável


desaparecimento de Mindy, Margo sabia que sua irmã estava
bem.
Sentiria isso se algo ruim tivesse acontecido.
Em vez disso, cada vez que pensava em Mindy, sentia
apenas um forte sentimento de alegria e paz.
Sua irmã estava viva e feliz.
Ela sabia!
Certo, Margo não conseguia suprimir um bocejo. Ela
pensou em se deitar. Madame Zelda tinha jurado que poderia
chegar a Mindy, e Margo estava disposta a tentar qualquer
coisa para saber a verdade.
Mas o perfume pungente do óleo de aromaterapia de
eucalipto estava fazendo seu nariz contrair-se. E não importava
o quão difícil ela tivesse tentado respirar em um estado suave
para descobrir o verdadeiro paradeiro de sua irmã, cada
tentativa de ir para o estado alfa, provou ser um fracasso
abismal.
— Você não estava visualizando. — Madame Zelda alisou
seu volumoso caftan roxo. — Você precisa imaginar uma luz
branca brilhante no topo de sua cabeça e então sentir seu calor
descendo, escorregando através de seu corpo para...
— Não posso ser hipnotizada. — Margo colocou o cabelo
atrás da orelha, desejando ter forças para saltar e sair da sala.
Mas estava tão cansada.
Suas pernas estavamcomo chumbo para saltar fora do
sofá. E mesmo que conseguisse se levantar, duvidava que
pudesse fazê-lo sem cair. Não que sua exaustão tivesse nada a
ver com as tentativas de Madame Zelda de ajudá-la a investigar
o cosmos em busca de sinais de Mindy.
Ela estava apenas cansada de ter que trabalhar emOld
Pagan Timesnestes últimos meses, durante a ausência
inevitável de Patient Peasgood quando ela se recuperou de uma
cirurgia no joelho.

Horas extras e nenhum sono tomou um grande pedágio em todo


mundo.

Ela merecia um descanso.


Deixou-se cair de volta no sofá, fechando secretamente os
ouvidos a voz suave e calmante de Madame Zelda. Ela dormiria
apenas dez minutos e depois acordaria, revigorada e livre da
tensão dolorosa que parecia se assentar rapidamente entre
seus ombros nas últimas semanas.
Dormir era bom.
Embora seu merecido descanso fosse mais restaurador se
não sentisse Madame Zelda se aproximando, inclinando-se
para ela.
Irritada, Margo abriu os olhos para dizer isso, mas a visão
diante dela roubou suafala.
Tinha crescido uma barbaem Madame Zelda?
Na verdade, o rosto olhando para ela não era a mulher
porto-riquenha.
Pertencia a um escocês envelhecido, magnificamente
trajando um kilt que tinha saltado para trás e lhe fazia um arco
gracioso eformal.
— Saúdo-te, minha dama. — A voz dele se elevou
enquanto ele se endireitava, o enorme broche celta fixando
notartan xadrez, em seu ombro cintilando brilhantemente. —
Pode me chamar de Silvanus.
— Sil...? — Margo piscou.
Ele tinha uma barba que iria colocar todos os barbeiros do
shopping center emuma santa vergonha. A grande espada no
cinto ao seu quadril poderia ser apenas uma peça de museu. E
embora não parecesse disposto a desembainhar a lâmina de
aparência perigosa, ele a olhava com um olhar firme e
determinado.
Margo empurrou os cotovelos, com certeza estava
sonhando.
— Onde está Marta? Quero dizer, Madame Zelda? —
perguntou de qualquer jeito, olhando em volta.
A cartomante estava longe de ser vista.
Silvanus — quem quer que ele fosse — ignorou sua
pergunta e, com um grande floreio, agarrou uma pequena bolsa
de couro do ar, do nada.
Margo ficou olhando, desconfiada.

— Como você fez isso?


— Muitos anos de prática! — Ele sorriu, seus olhos
brilhando como se tivesse escutado uma piada particular.
Margo não compartilhava sua diversão. Havia algo
estranho nele.
E se ela não estava dormindo, precisava escorregar do sofá
de terapia e pressionar o botão de alarme de emergência
escondido debaixo de uma prateleira perto da porta.
— Eu trouxe isso de sua irmã. — As palavras do homem a
congelaram exatamente quando ela estava prestes a ficar de pé.

— Mindy? — O coração de Margo começou a correr.


— Ela mesma, e nenhuma outra. — O homem estendeu o
pacote, um velho saco feito de pele de ovelha oleada, Margo viu
como ele pegou algo de dentro dele. — Embora — ele aclarou
sua garganta — eu acho que tenha algum significado para você
encontrá-la por conta própria. Algum dia, por assim dizer.

— Onde ela está? — Desta vez Margo saltou.


— Ela... — A mandíbula dela escorregou ea bolsa de couro
quase caiu de suas mãos.
Ela estava falando para o ar.
O homem de kilt tinha desaparecido.
Mas ela ainda segurava o pacote oleado. Seu corpo inteiro
tremendo, ela afundou no sofá e começou a desatar a frágil fita
vermelha que segurava a pele de carneiro. Ela não tinha notado
quão frágil era a fita até que começou a arrancá-la, fazendo-a
desmoronar.
Querido Deus...

O couro também estava se desintegrando.


Não oleada, mas rachada e seca, estava se dividindo em
suas mãos. Como também a peça dobrada do pergaminho grosso
e amarelado que a bolsa tinha trazido. Mas não estava
desaparecendo tão rapidamente, que ela não tenha visto seu
próprio nome rabiscado através da nota de Mindy, e sua
elegante caligrafia.
— Oh, Deus! — Margo não podia respirar.
O mundo parou de repente e começou a girar loucamente,
o pequeno quarto escuro girando em torno dela tão rápido, que
ela ficou tonta.

Suas mãos tremeram quando ela desdobrou o pergaminho


e sua visão borrada e as lágrimas quentes tornando difícil ler
as palavras.nadando diante de seus olhos.

“Querida Margo,
Você estava certa — a Escócia é mágica. E se você estiver
lendo estas linhas, saberá que eu estou bem e mais feliz do que
sempre sonhei ser possível. Você deve se lembrar do grande
retrato de Bran de Barra, o laird MacNeil do século XIV que
construiu a torre? Se você lembrar, saberá que eu estava sempre
sendo atraída para sua pintura e agora, graças a um maravilho
milagre, que eu não posso começar a explicar, estou com ele em
seu tempo. Nós nos casamos e...”

A nota se transformou em pó, passando dos dedos ao


chão, antes que ela pudesse terminar de ler. Em um piscar de
olhos, suas mãos estavam vazias. O pergaminho, a bolsa de
couro e sua fita vermelha de cordão — tudo desapareceu como
se ela só tivesse sonhado com eles.

Mas ela sabia que não tinha — teria sido tão bom ter algo
para ficar com ela. Algo que provasse que tal milagre era
realmente verdadeiro.
— Meu Deus, o que aconteceu com o medidor EMF da
Patient?
Madame Zelda estava na entrada, com os olhos
arregalados enquanto olhava para os pés de Margo.
— Parece que foi enterrado em um esgoto!
— Hahhh! — Uma segunda voz, profunda e com um
espessocontestarescocês, veio de fora da janela. Mas quando
Margo deu uma olhada, ela não viu ninguém.

Ela olhou para o tapete, seu coração disparado novamente


quando reconheceu o dispositivo de detecção de fantasmas
super-hiper de Patient Peasgood.
Era o mesmo que ela tinha emprestado a Mindy para sua
viagem a Barra.

Devia ter caído da bolsa de couro quando ela desamarrou


afita, a nota distraindo-a. Ela estendeu a mão para ele, o alívio
varrendo-a enquanto ela fechava os dedos ao redor de sua
massa sólida e, graças a Deus, não sentia que começava a se
dividir em suas mãos.
Mas estava corroído.
Enegrecido com a idade, como Madame Zelda
erroneamente adivinhou.
E Margo nunca tinha visto nada mais bonito.
Um certohomem escocês de kilt estava olhando através da
janela e viu seu sorriso trêmulo e,era uma visão muito bonita.

— Eu disse a você dois seus espertalhões que ela estaria


querendo esse engenho! — Seu peito inchou quando ele se
voltou para seus amigos. — Todos nós sabíamos que o resto
não duraria muito tempo. Mas essa pequena caixa negra,
agora, pertence ao seu dia e...
— Eu sabia disso também, seu grande nódulo ambulante!
— Geordie o cutucou com sua bengala. — Ora, foi eu quem
sugeriu trazê-lo junto. Como bemme lembro.
— Vocês dois são aborrecidos. — Roderick rosnou. — A
idéiafoi minha e de ninguém mais.
— Sua? — Silvanus arqueou as sobrancelhas. — Eu
precisei de todos os meus poderes de persuasão para fazer
vocêsviremcomigo.

— E com razão, eu estive pensando. — Roderick virou


para trás seutartan xadrez e olhou em volta, estremecendo. —
Ou você esqueceu quantos séculos passamos neste lugar?
— Ouçam, ouçam! — concordou Geordie, entusiasmado.
— Era uma questão de honra. — Silvanus se manteve
firme. — Você viu o quanto o pacote significava para a moça.
— Bem, ela tem agora, então eu estou indo embora. —
Roderick cruzou os braços.
— E você? — Silvanus virou-se para Geordie.
O outro fantasma examinou o final de sua bengala, sem
encontrar os olhos de Silvanus.
— Estou bastante doente, sim.
— Então vamos embora. — Silvanus bateu uma mão em
ambos os ombros, sabendo que eles instantaneamente
poderiam estar de volta em Barra.

E eles voltaram, para seu alívio.


Ele não queria que eles o vissem dar uma última olhada
pela vitrine da loja. Ele tinha feito uma promessa uma vez que
faria algo para ajudar Mindy e agora que tinha feito, queria ter
certeza de que não tinha falhado.
Então ele respirou fundo, pôs os ombros para trás e
caminhou até a janela. Ele olhou bem a tempo de ver a irmã de
Mindy envolver reverentemente a pequena caixa preta em um
pano azul macio.
Ela ainda estava sorrindo.
E quando ela apertou a caixa enrolada no pano em seu
peito e suspirou, parecendo mais contente, Silvanus sabia que
ele também poderia ir para casa.
Mas primeiro deu um pequeno salto no ar.
Tinha sido um longo tempo desde que tinha feito uma
moçaatraente feliz. E sentia-se bem.
Realmente muito bem.

FIM
Notas
[←1]
Balsa
[←2]
Que tem um amor imenso para com os escoceses ou para a Escócia.
[←3]
Haggis é um prato tradicional da cozinha escocesa e consiste num bucho de carneiro recheado com
vísceras, ligadas com farinha de aveia.
[←4]
Assim a personagem Mindy para a chamar os fantasmas da galeria.
[←5]
Filme Coração Valente com Mel Gibson.
[←6]
Zona do Crepúsculo
[←7]
A palavra violino vem do latim médio, vitula, que significa instrumento de cordas.[3] Sua origem vem de
instrumentos trazidos do leste da Europa do Império Bizantino. Os primeiros violinos foram feitos na Itália
entre os meados do fim do século XVI e o início do século XVII, evoluindo de antecessores como a rebec[4], a
vielle e a lyra da braccio.
[←8]
cultivada em jardins de regiões tropicais e sub-tropicais e bastante apreciada pela beleza das suas flores, que
com aproximadamente 15 cm são de cor laranja e azul e assemelham-se à cabeça de uma ave do paraíso.
[←9]
A Pluméria é muito popular no Havaí onde são cultivadas inúmeras variedades e as flores são utilizadas na
confecção dos colares típicos usados na recepção de seus visitantes. Sua variante no Brasil seria o jasmim-
manga.
[←10]
"Brae" é também a palavra de linguagem Lowland Scots para uma inclinação ou a frente de uma colina .A
palavra "Brae" no dialeto de Shetland tem um significado diferente; Pode vir da palavra nórdica antiga breiðr
significado amplo
[←11]
Medidor de Campo Eletromagnético.
[←12]
Electronic voice phenomenon, - Vozes eletrônicas paranormal.Sons em gravações de áudio
eletrônicas interpretadas como vozes espirituais
[←13]
Hearthside - espaço ao redor de um fogo ou lareira ou s pode sentar para contar histórias ou conversas.
[←14]
é o processo pelo qual se obtém o produto final de um processamento digital qualquer.Ou seja, toda um
seqüência de imagens que se monta na linha do tempo precisa ser condensada em um vídeo.
[←15]
Brigadoon - A Lenda dos Beijos Perdidos. O filme conta que Brigadoon é uma cidade encantada na Escócia,
que aparece para o mundo normal somente um dia a cada século. Tommy Albright se apaixona por uma das
moradoras da cidade e tem que resolver se fica ou vai embora para sempre, quando a cidade desaparecer.
[←16]
Barrach - Um chefe, um laird, um espicialista ou um nativo.
[←17]
Atum ou tubarão - Forma de linguagem
[←18]
Ilesmen - um nativo ou habitante de um grupo de ilhas (como as Ilhas Hebrides ou Shetland)
[←19]
Jacket Potato – Batata assada e recheada
[←20]
Beans Bangers – salsicha e feijões
[←21]
Galera ou Galé - podem designar qualquer tipo de navio movido a remos. Algumas variações possuem mastros
e velas para auxiliar a propulsão; eram navios muito usados no Mediterrâneo, eram navios de guerra usados
na Antiguidade; tinham bordas baixas, movidos à remo, mas tambémpodiam ser dotados de 2 ou 3 mastros.
[←22]
Selkie - Selkies (também conhecidos como silkies ou selchies) são criaturas mitológicas encontradas no folclore
das Ilhas Faroé[1], Islândia, Irlanda e Escócia. A palavra deriva do escocês primitivo selich, (do inglês antigo
seolh significando selo).[2] Os selkies são ditos viverem como focas no mar, mas mudam a sua pele para se
tornar humanos na terra.
[←23]
Michty me – Uma exclamação de espanto, surpresa ou exasperação (Bnff, 1866 Gregor D. Bnff, 11.4), uma
forma reduzida de Deus Almichty , usada de forma exultante . " Michty me , é muito trabalho para terminar
este fim de semana !" Dicionáio de Lingua escocesa.
[←24]
Cama e café da manhã.
[←25]
O Highlander contador de histórias.
[←26]
Bailey - Muralha que pode ser externa e interna. Ver imagem no final deste livro.
[←27]
Scones - O scone é um biscoito rápido (quick bread – expressão usada para diferenciar os pães que não
utilizam fermento biológico) de origem escocesa. Ele é muito popular no Reino Unido e também nos Estados
Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Irlanda. Geralmente feitos de trigo, cevada ou aveia, e que são
feitos em porções individuais, assim como o cupcake.
[←28]
Dinnae ken – Giria escocesa. Cuja tradução seria: Ah dinnae ken. – I don’t know. / Ah dinnae ken. - Não sei.
[←29]
Gael – Gaélico, celta ou escocês.
[←30]
Crofting é um sistema social tradicional na Escócia definido pela produção de alimentos em pequena escala,
em particular para as Terras Altas da Escócia , as ilhas da Escócia e anteriormente na Ilha de Man. Nos
municípios do século XIX, os crofts individuais forão estabelecidos na terra melhor, e uma grande área de
morro de montanha de qualidade mais baixa é compartilhada por todos os crofters do município para o
pastoreio de seus gado
[←31]
Storyweave – Contador de histórias.
[←32]
Sporran – bolsa feita de couro ou pele de animais usadas na cintura, presa ao cinto e por cima do kit.
[←33]
Steak and Ale Pie é uma torta que como o nome já diz, leva carne (steak) e um tipo de cerveja (ale).
A massa é folhada (puff pastry) e o recheio é molhado.
[←34]
Hungry Islesman – Nativo Faminto.
[←35]
Vala – Videntes e profetizas nódicas.
[←36]
Capão – galo capado para engorda.

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