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ESPLENDORES DA FÉ
li
» os
DA F É
accordo p e r f e it o da rev ela çã o e da sciencia , .
DA FÉ E DA RAZÃO
^ •
.
PELO ,
REVERENDO M01GN0
* CONEG O D E S. DYONISIO
V E R SÃ O PO RTU GU EZA
DO
C o m a u c to r ia a ç ã o e a p p r o v a ç ã o d o em.” ' sn r. D. A M É R IC O
CARDEAL-BISPO DO PORTO
DA Q U A R T A E D I Ç Ã O F R A N C E Z A
TOMO II
A REVELAÇÃO É A SCIEN CIA
PRIMEIRA PARTE
PORTO .
A N T O N IO DO U RA D O - E D I T O R
Rua dos Martyres da Liberdade, 137
1889
?
f í l V R 0 SEGUNDO
A S C IB N C IA E A F É
CAPITULO PRIMEIRO
Situações respectivas e relações nnitnas
da Sciencia e da Revelação
pau lo disse em sua segunda epístola a Timo-
theo, cap. iii, f 16: «Toda a escriptura divina
mente inspirada é util para ensinar, reprehen-
‘ der, corrigir e formar na justiça, afim de que o
de Deus seja completo e perfeitamente idoneO'
para toda a obra boa.»
O Concilio de Trento formulou o decreto seguinte:
« Se alguém não receber como sagrados e canonicos es
tes livros (do Antigo e do Novo Testamento, pois Deus
é o auctor de um e do outro) taes como a Egreja ca-
tholica tem o costume de os ler, e como se encontram
na antiga edição Vulgata. .. seja anathematisado b
Deve ter-se como certo: l.° que Deus revelou im-
mediatamente aos auctores sagrados não só as prophe-
cias, mas todas as verdades que não podiam conhecer-se
/
14 OS ESPLENDORES DA FÉ
20 OS ESPLENDORES DA FÉ
28 OS ESPLENDORES DA FÉ
CAPITULO SEGfUNDO
A Scienciíi da Biblia
seu sangue, porque seu san vem nas aguas, comereis es
gue é sua vida. E vós não tes : Comei os que tem bar
deveis comer sua vida com batanas, mas não comais d’a-
sua carne. Deut., xn, 13. quelles que não tem barba
— Estava ali um homem tanas, nem escamas, porque
de estatura muito elevada, são immundos. . .
que tinha seis dedos em cada Comei de todas as aves
uma das mãos e em cada um que são limpas; mas não co
dos pés, a saber, vinte e qua mereis das immundas: quaes
tro dedos, e que era originá são a aguia, o gryfo e o es-
rio de Nepha. n Reis, xxi, 20. merilhão, o ixião e o abutre
— Vimos ali gigantes, fi e o milhafre segundo o seu
lhos de Enoch, junto dos genero, e todo o genero de
quaes pareceriamos gafanho corvos, e o abestruz e a co
tos. Num. xill, 24. ruja, e a gaivota e o açor,
segundo o seu genero : a ce
HYGIENE gonha e o cysue, e o ibis, e
o mergulo, o porfyrião e o bu
Não comais o que for im fo, o onacrotalo e o earadrio,
p u ro ... Comereis de todos cada um no seu genero, a
os animaes que tem a unha poupa também e o morcego...
fendida em duas partes, e E tudo o que anda de rastos
que ruminam: o boi, a ove e tem azas, será immundo, e
lha, a cabra, o veado, a cor não se comerá. . . Não co
ça, o búfalo, a cabra montez, mais cousa alguma de animal
o unicornio, o onyx, o camelo que morresse por si. Deut.
pardo. * Não comereis dos XIV, 6 e segg.
que ruminam, mas não tem a — Terás fóra do arraial um
unha fendida, como são o logar aonde vás satisfazer as
camelo, a lebre, o cherogryl- necessidades da natureza...
lo : estes, porque ruminam, e e depois de satisfeita a ne
não tem a unha fendida, se cessidade, cavarás ao redcr,
rão immundos para vós. e cobrirás com a terra que
O porco também sem para tiraste aquillo, de que te alli-
vós immundo, porque ainda viaste .. Que teu campo seja
que tem a unha fendida, não santo, e não appareça nada
rum ina: não comereis da sujo. Deut. xxiii, 12 e segg.
carne d’estes animaes, nem Evitai com o maior cuida
tocareis nos seus cadaveres. do cahir na chaga da lepra.
De todos os animaes que vi Fazei tudo o que os sacerdotes
vos ensinam. Deut. xxiv, 8.
* A girafa. Aquelle que houver tocado
N. do T. animal que morresse de si
A SCIÊNCIA D A B ÍB L IA 81
tes de uma figura formam essa figura, sem que haja lo-
gar para entre ellas distinguir successão de tempo. Não
obstante, a geometria ensina-nos a desenhar essa figu
ra, traçando as linhas umas apoz outras.
Segundo svstemn. Creação prophetica. E’ sempre
admissível com S. Agostinho, que tudo foi creado em
um só instante; mas em logar de attribuir a distincção
dos seus quadros á successão methodica que o escriptor
sagrado devia empregar em sua narração, attribuir-se-
hia ao modo de revelação que lhe teria sido feita. Deus,
para instruir os prophetas dos successos futuros, pu-
nha-lh’os algumas vezes deante dos olhos, fazia-lhes ver
os personnagens em acção.
Porque é que uão teria dado da mesma maneira a
Moysés a intuição dos factos passados? liealmente pa
rece que a narração mosaica confirma este sentimento :
a vivacidade da percepção, a nitidez da exposição, o
pitoresco e o colorido do quadro, levam a crer que o
narrador viu as cousas de que fala. Durante sete dias
consecutivos estas scenas desenrolam-se aos olhares do
vidente, até que o conjuncto da creação haja sido com
pletamente exposto.
Cada scena representa um dos traços salientes do
grande drama, uma das faces d’aquelle conjuncto, uma
das partes do todo. E ’ assim que a creação se repartiu
em seis actos divinos; mas os seis dias não teriam rea
lidade senão em a forma, pela qual sua historia teria
sido revelada a Moysés.
Terceiro systema. Creação antehexamerica. Nossa
terra, com seus elementos materiaes, suas floras e suas
faunas geológicas, teria existido muito antes da creação
do homem. Durante séculos ou series de séculos, te-
riam-se formado estas camadas ou assentadas sedimen
tares onde viveríam os animaes extinctos, cujos despo-
jos fosseis encontramos. Uma derradeira catastrophe
que se poderia explicar pelas camadas espessas do dilu-
A COSMOGONIA D A B ÍB L IA E A COSMOGONIA D A SCIENCIA 121
(i) 0 Snr. Bavle, disse-nos lia dias, que se tinham encontrado insectos
nas liulheiras de Sarrebruck; a excepção confirma a regra! A regra tambein
a h ! 6 que toda a aflirmação de uin geologo seja fatahnente contradicta por
um outro!
12 8 OS E SPLEN D O R E S D A F É
CONJECTURA E POSSIBILIDADE
l5 â ÕS ESPLENDORES DA FÈ
1 Quanto a mim, não hesito em crer que os seres, cujos despojos en
contramos na terra viveram realmente ; mas nunca a sciencia poderá demons
trar que não pudessem ser creados no estado fóssil! Seja pois modesta ! Cha-
teaubriand, cuja imaginação era viva por certo, menos exaltada porém do
que a dos apostotos do moderno naturalismo, disse no Geniodo Christianismo,
liv. IV, cap. V : «Deus deveu crear e sem duvida creou o mundo com todos os
signaes de vetustez que lhe vem os... E ’ verosimil que creasse plantas-e ve
lhas florestas e mattos novos; que os animaes nasceram uns cheios de força,
outros com as graças da infancia... Sem esta velhice imaginaria não teria
havido nem pompa, nem magestade na obra do Eterno» !
1 54 OS ESPLENDORES DA FÉ
l
162 OS E SPLEN D O R E S D A F É
CAPITULO QUARTO
I
creaçao do ho m em 183
o p a r a ís o t e r r e s t r e e a e d a d e d o u r o
«
A TER RA CEN TRO DO MUNDO 225
i
A terra centro do mundo 259
é um acto intellectual e voluntário que não vem de modo algum de fóra, que
tem como causa de existência, no seio e superiormente á machina, um agente
ou eu, que abre ou fecha a torneira, quando lhe apraz, que intercepta ou estabe
lece o cireuito a seu bel prazer. [Im homem de muita imaginação, o snr.
Tremaux, chegou por um estudo muito atíenfo dos phenomenos da memória a
uma comparação feliz que nos dá o segredo do andamento ou interceptação
de que se fala, «O cerebro. diz, oa o orgão da memória no cerebro, pode re
ceber sensações e impressões só pelas forças materiaes das correntes nervosas...
Quando uma camada mui delgada de matéria impressionável ou insensível roi
exposta á luz projectada por um cerfojobjeefo e repartida pela lente do da-
guerreotypo, esta camada, onde o olho nada distingue por então, está no en
tanto coberta de uma infinidade de matizes e de contornos perfeitamente de
finidos... Se as sensações se imprimissem de modo analogo na matéria do
cerebro, o phenomeao da memória viria a ser uma simples acção mechanica.
Mas não haja pressa de tirar conclusões, as difficuldades não tardam a apare
cer. Quando por um erro, ou quer que seja, os photographos expõem a
mesma camada a muitos objectos ou paizagens differentes, antes de a imagem
se produzir, o resultado é o mais confuso e indecifrável que é possível.
A analogia diz-nos ainda que outro tanto deveria dar-se no cerebro, se
a acção material obrasse só. •
Ao contrario porém, quando este orgão se tem exercitado muito, tem
recebido muitas imagens, a percepção e o juizo são muito nitidos. A mesma
differença deparamos entre a funcção material que não se aperfeiçoa, que an
tes perde em certos casos, e a funcção intellectua! em que a alma iníervem
para aperfeiçoar a acção.. . Comprehende-se facilmente que o cerebro seja
impressionado de um modo analogo pelos sentidos,, e que possua assim esse
fundo persistente de iinpri ssões que constitue a memória. Comprehendemos
que as eousas que nos tem impressionado na infancia, quando a substancia do
cerebro não estava sobrecarregada de impressões, possuam todos os traços os
mais vivos e os mais nitidos ; comprehendemos ainda melhor que as-impres
sões as mais recentes sejam por via de regra as mais presentes á memória i
e fmalmente que os objectos que sobre nós tem aetuado por muitos sentidos
sejam, coeteris paribus, os que melhor se sentem. Eis-nos pois em presença
A TE R R A CENTRO DO MUNDO 267
I
A T E R R A CEN TRO DO MUNDO 283
guir seu fim ultimo que é Deus, de tal sorte que pode
usar d’ellas, ou abster-se consoante o aproximam ou af-
fastam de Deus; de tal sorte ainda, isto é o cumulo da
perfeição humana, que relativamente a todos os bens
ou a todos os males da terra, a saude ou a enfermidade,
a pobreza ou a riqueza, ou longa vida ou uma morte
prematura, a honra ou o desprezo, o homem deve estar
em uma indifferença absoluta, n’este sentido que elle
deve escolher sómente aquillo que o conduz mais segu
ramente a seu fim que é Deus.
Apenas o homem é creado e installado no paraiso
terreal, Deus declara-se seu Soberano Senhor, dando-
lhe leis, prohibindo-lhe sob pena de mortõ' corporal e
espiritual que coma do fructo da arvore da sciencia do
bem e do mal, ordenando-lhe que se abstenha de toda
a iniquidade. Girava no mais profundo do ser humano o
sentimento da divindade; dota ao mesmo tempo sua
alma d’estes dois attributos càracteristicos da sua espe-
cie: a religiosidade e a moralidade. Relativamente a esta
questão de ordem puramente sobrenatural, que pode
mos perguntar á sciencia, á historia, á geographia, á
ethnographia, á physiologia? Uma só cousa, que nos
mostrem em todas as sociedades humanas, ainda as
mais atrazadas, esta dupla faculdade da religiosidade e
da moralidade; ora é isso precisamente o que ellas tem
feito superabundantemente, como o prova o sr. de
Quatrefages em sua Unidade da especie humana, paginas
22 e seguintes.
Entre as nações as mais selvagens, até mesmo no
seio d’aquellas, que de commum accordo se collocam
no ultimo degrau da escala humana, actos públicos ou
privados nos revelam que por toda a parte o homem ao
lado e acima do bem e do mal physico descortina al
guma cousa de mais elevado... Por toda a parte se
crê num mundo differente d:aquelle que nos rodeia,
A T E R R A CENTRO 1)0 MUNDO 303
dos Ap., cap. xvii, 26): «Mie fez que o genero humano,
gerado de um só, habitasse toda a superfície da terra,
marcando para cada povo os tempos de sua duração e
os limites de sua estancia.»
A Egreja catholica e todas as communhões christãs
entendem as palavras da sancta Biblia, referentes á ori
gem do genero humano, no sentido de um só par pri
mitivo; estimulam-nos a buscar a origem da fraternidade
humana e christã a mais perfeita que se possa imagi
nar na identidade numérica de tronco e de berço.
Esta fraternidade christã é dupla: uma natural
pela unidade do pai connnum; a outra sobrenatural
pela unidade do Redemptor commum. Nós somos todos
filhos de Adão, todos peccámos em nosso pai commum;
todos fomos chamados a participar do beneficio da re
paração e da restauração por Jesus Christo. Conde se
segue que todos, Judeus, Gregos, Barbaros, somos du
plamente irmãos, em Adão e em Jesus Christo, no sen
tido o mais rigoroso : unidade de pai, unidade de Re
demptor.
Preadamitas
JA P H E T
Japeti gerais (Europeus)
1 I 1 1 I 1
G omer M agog. M adai J avan T hubal M osoch T iiiras
Kimri, Cimbros. Scythas. Medas. Jonios. Thobeli Moscovitas Thru ios.
■Cimmerianos. Iberios.
{ 1 1 i 1 I I
A scenez R iphat T hogorma E lisah T harsis Cethim D odaxím
Aseaniie Riphcei Thyqrammeanos Hellnde Tharso Cethianos ou Rodanim
Ponto-Euxino. Montes ou Phrygios. ou Grécia na Cilicia de Thracia Dodona
Turcomanos. ou Rhodes.
CITAM
Ammonia (África)
1 1 i
C hüs M esraim P hut Chanaan
'Kuschitas-Ethiomos Terra de Mesraim Phuleus Terra de Chanaan
Kuschad- Widpa, a índia Egypto. Lybios. Palestina.
1 1 1
Seis filhos : Seis filhos : Onze filhos:
S aba L udim SlDON SlN
Sabeus Lydda ou Cidade de Sidon Sineus
H e vila Diospolis. H eth A rad
<£havilattei (Arabia Petrea) A namim Hetheus Aradianos
Sabatha Nasamoneus .1EBIJS Sa m a r
Sabatheus (Arabia Feliz) L aabim Jebusetis Samaritanos
R egma I Sa b a Libya Jerusalein A math
Regma sobre o golfo) Sheba N ephtuim A mor Am ntheus.
Pérsico. ) D adan Nephta na Ethiopia. Amorrheus
Rama da índia. >Daden P hatrusim G erges
S abathyca Phatros perto de Thebas. Gerqeseus
Sabidaca na Carmania. C hasluim H er
N emrod Goub ou Cobiil Hereus
R a b y lo n ia . Philisteus, Cophtas. A rac
Araceanos.
SEM
Raça semitica (Asia)
1 i 1
E lam A ssur A rphaxad L ud A uaíi
A Us
Sa l e Terra de Hus
Sala Salem H ul
A Hui na America
H eber G ether
Hebreus Katasa sobre o golfo
JectaN P haly M es
Árabes Jeclumidris Phalsga Messa-Massamitce
*
UNIDADE DA ORIGEM 329
* Não concordamos com este modo de ver do A., por motivos que
seria fastidioso e despropositado enumerar n’uma nota. Mas o que é mais no
tável é que o proprio A. não foi sempre d’este pensar, como pode o leitor ve
rificar no Quadro da Segunda Unidade de Origem, inserto n’este mesmo capi
tulo. Devemos pois para o conciliar admittir as immigrações phenicias sem ex
cluir outras que viessem das plagas orientaes do Mediterrâneo. N’esíe sentido
todos estamos de aceordo.
N. do T.
UNIDADE DA OEIGEM 335
a dizer (p. 188, 2.a ed.): «Deveremos nós crer em uma fi
nalidade qualquer, em um destino d’antemão assignado?
Não o julgamos assim. A finalidade ê uma especie de
previsão divina, e o mundo n’esta hypothese está ainda em
tutela! Um Deus creador, um Deus legislador, uma Pro
videncia seria um attentado contra o mundo, seria fa
zer do mundo um escravo ou uma creança.» Que de
mência! E porque é que o sr. Pouchet não regeitará
também o principio da paternidade, porque não mal
dirá de seu glorioso pai ? Um pai é forçosamente uma
finalidade, uma tutela. Não é por ser sabio que elle
tanto exalta o sr. Izidoro G-odofredo Saint-Hilaire,
mas porque sua incredulidade encontra muito onde res-
pigar na ousadia exuberante de idéias do pai da phi-
losophia da historia natural; ora este pensador infati
gável cahiu um dia em dizer em plena Academia (ses
são de segunda-feira lõ de janeiro de 1837. Relatórios,
t. iv, p. 78): «Foi depois de ter reflectido profunda
mente que imprimi, lia algumas semanas, que a scien-
cia antes confirma, do que nega, que as revelações de
nossos livros sagrados são obras emanadas ou de Deus
directamente, ou o resultado debaixo de sua inspiração
de um parto providencial da pliilosophia racional.» E
o moço garraio, que tem lido muito, mas observado
pouco, e que no entanto quer emittir opinião, ousa in-
orepar o nobre ancião por não ter podido libertar-se com
pletamente da influencia nefasta do christianismo. (Plura
lidade das raças humanas, p. 4). Que presumpção! O sr.
Paulo Broca, outro joven campeão da escola polyge-
nista franceza, é ainda mais temerário e mais injusto. E ’
o primeiro a confessar que a doutrina polygenista data
d’ha um século apenas, em quanto que a douctrina não
do monogenismo, mas da unidade do tronco do genero
humano é de todos os tempos; e ainda assim ousa (Es
tudos sobre o hybridismo animal e humano, p. 660) accu-
sar-pos de oppormos nossa fé a sua sciencia. « E ’ sem
Ü N ID A B Ê D A O R IG EM 345
(I) Isto não quer dizer que admitta e possibilidade d’esta transmu
tação ; não, eu fico fiel á these da fixidez das espeeies que o genio do
grande Buffon presentira e formulara muito antes de ter sido submettida á
discussão e á experiencia em termos que não é possível esquecer :
«Que numero immenso e porventura infinito de combinações não seria
preciso para poder sómente suppor que dois animaes, macho e femea, de
uma certa especie, tem não só degenerado bastante para não serem mais
d'essa especie, i é, para não poderem já procrear com aquelles, de quem
eram semelhantes; mas também degenerado ambos precisamente ao mesmo
ponto, e a este ponto necessário para não poderem procrear juntamente; e
em seguida que outra prodigiosa immensidade de combinações não seria pre
ciso ainda para que esta nova producção dos animaes degenerados seguisse
exactamente as mesmas leis, que se observam na producção dos animaes per
feitos!,.. Muito embora não possa demonstrar-se que a producção de uma es
pecie por degeneração seja eousa impossível á natureza, o numero das proba
bilidades contrarias é tão grande, que, até mesmo philosophieamente, se pode
afoutamente affirmar que a não tem havido.»
348 os esplendo res da fé
sua mãe e a seu irmão, que até ali não mostrava amar,
mandava chamar o cura da freguezia e pedia-lhe que o
ouvisse de confissão, e morria enfim da maneira a mais
-edificante. No delirio precursor da morte, falava com
volubilidade, citando por vezes factos inconnexos, pas
sados havia muitos annos, e nos quaes ninguém pen
sava que tivesse tomado a menor parte. Eis seu retrato:
a face era larga, as maças do rosto salientes, a fronte
estreita, os cabellos rudes e estendendo-se até perto das
sobrancelhas, o nariz grosso e achatado, os lábios espes
sos, os dentes irregulares, nove sómente no maxillar su
perior, sete no inferior; apenas articulava algumas pa
lavras, e só imperfeitamente.
Nada, as mais das vezes, distingue e caracterisa a
creança destinada ao cretinismo. Ora é um facto an-
ihropologico importante, o da parecença dos recem-nas-
cidos de todas raças; todos nascem brancos ou quasi
brancos, os brancos e os negros pouco differem no pi-
gmentum, todos com o embigo á mesma altura, todos
com o nariz apenas esboçado.
E’ pois fóra de duvida que o meio por sua aptidão
para modificar o tvpo inicial, e a hereditariedade por
sua tendencia invencível para obstar a estas modifica
ções, bastam para dar a explicação de todas as varia
ções da especie.
Esta tendencia em todo o ser vivo a repetir-se em
sseu producto, é universal, e encontra-se por toda a
parte. Estende-se ao ser todo inteiro; ao conjuncto das
proporções, aos traços, e á estatura; aos caracteres ex
teriores e interiores; ás propriedades physiologicas, a
parturição, a duração da vida, as doenças ou ao menos
a aptidão para as contraliir; ás faculdades psychologi-
-cas, etc., etc. Já atraz dissemos, ao falar do atavismo,
-como é que uma semelhante transmissão se effectua
atravez de uma ou de muitas gerações, e como resulta
.que ao mesmo tempo que sendo conservadora por es-
YOL II "24
OS ESPLENDORES DA FÉ
i O sr. Poiichet é mais franco do que o sr. Broca, porem mais te
merário. Diz elle a p. 160 : « Não nos damos ao trabalho de provar a uni
versalidade de reproducção entre todas as especies de homens.. . admiltimos
que todas as raças humanas produzem umas com as outras.. . A reproducção
não é senão uma func;ão, um caracter physiologieo muito improprio para as
classificações...» Que heresia ! Todos confessam que a reproducção é o cara
cter essencial da especie.
382 OS ESPLENDORES DA FÉ
3 96 OS ESPLENDOKES DA FÉ
Antiguidade do homem
Estado da questão
430 OS ESPLENDORES DA FÉ
Chronologia da Bíblia
A GRANDE PYRAM1DE
i
ANTIGUIDADE DO HOMEM 443
*
ANTIGUIDADE DO HOMEM 445
Libra de 16 onças.
N. do T.
ANTIGUIDADE DO HOMEM 455
470 OS E SPLEN D O R E S D A F É
I
A N TIG U ID A D E DO HOM EM 471
Antiguidade do homem
(Continuação;
EP1SODIO
QUESTÃO _ PREVIA
ESTADO DA QUESTÃO
MONUMENTOS DE PEDRA
1 No dia seguinte porem o sr. padre Bourgeois fez esta nova de
claração : «Havia um silex que eu não vira. 0 sr. Ribeiro m ostrou-m’o,
e devo declarar que é impossível deixar de reconhecer n’este objecto o
trabalho do homem. Todavia, como a camada em que foi encontrado,
não apresentava elementos paleontologieos e estratigraphicos determ i
nados, reservo a questão do jazigo, como fez o sr. Franck.» (Ibidem).
2 Em sua obra : Ms Origens da Terra e do Homem ou o Hexarne-
ron Genesiaco, Paris, Perisse freres, 1873, o sr. padre Favre d’Envieu,
professor de Escriptura saneia na Faculdade de Theologia de Paris, não
duvida form ular esta proposição, p. 54, linha 27. Prop. xx: «A arclieo-
logia prehistorica e a paleontologia podem, sem se porem em opposição
com a Sagrada E scriptura, descobrir nos terrenos terciários e na pri
m eira parte do período quaternário, vestígios preadam itas: não se oc-
cupando das creações anteriores ao penúltimo dilúvio, a Revelação bí
blica deixa-nos livres para adm ittir o homem do diluviano pardo, o ho
mem pliocenio e mesmo o homem eocen io ; por outra parte os
geologos não tem fundam entos para sustentar que os homens que ti
vessem habitado sobre a te rra n ’essas epochas prim itivas devem ser
contados em o num ero de nossos antepassados.»
Não creio que esta proposição seja verdadeira, aflgura-se-me esta
concessão fatal, mas com prchendo o desejo de a fazer, pois salvaguarda
a fé do sr. padre Bourgeois. Mas o sr. abbade Favre de Envieu vai muito
longe e perde-se, quando diz a p. 4 de seu prefacio : «Admitto que se
568 OS E SPLEN D O R E S D A E É
(I) 0 sr. Bourlot quo crê que o homem creado no estado sel
vagem pôde sahir d’ellc por suas próprias forças, e que erradam ente
ousa censurar o grande Limieu de ter adm itlido implicitam ente a opi
nião extrem a da origem simiana do homem, é obrigado não obstante
a reconhecer que na convicção de Linneu, convicção apoiada em fa
ctos, o homem isolado, entregue a si mesmo, se em brutece com pleta
mente. «Os homens encontrados depois de muitos annos passados nas
florestas, tinham perdido o uso da p alav ra; eram pelludos como ma
cacos ; corriam sobre quatro patas e trepavam ás arvores com grande
agilidade ; não reconheciam já nos outros homens seres sem elhantes, e
fugiam d’elles espantados.» (Log, cit. p. 221.) E stranha preoccupação do
esp irito ! O sr. Bourlot n ’esta degradação via um a volta ao estado si
miano! E não veria ao mesmo tempo, o que é mais claro que a luz, a
impossibilidade da passagem do simio ao homem. Termino por um a re- .
flexão muito simples: Se todos os seres e o simio pôr conseguinte se vão
aperfeiçoando incessantem ente, porque é que o simio quo outrora te-
ria gerado homens, os não geraria hoje? Deveria engendrar mais que
homens e todavia gera apenas simios !
A N T IG U ID A D E D O H O M E M 647
CAVERNAS
#
A N T IG U ID A D E D O H O M E M 683
CIDADES LACUSTRES
%
A N T IG U ID A D E D O H O M E M 69 3
9
69 4 OS E S P L E N D O R E S D A F É
O HOMEM FÓSSIL
♦ .
728 OS ESPLENDORES DA FÉ
CONCLUSÕES
APPEXDICEA
Resumo geral da concordando, dos fados da geogeina e da
geologia com o texto sagrado. Quadro sijnotico d este
parallelismo e d'esta concordância. (Extracto do vo
lume intitulado: Accordo da Biblia e da Geologia, in-8.%
xxv-658 paginas; Paris, Yaton, 1876; pelo sr. padre
(xainet, parocho de Cormontreuil-lez-Reims, auctor
da Biblia sem a Biblia).
PRIMEIRA PARTE
A Astronomia e a Geogenia
O GEXESIS OS FA CTO S DA SC 1ENCIA
APPESDICE B 13*
■ ’ A Evolução e a Creação
)
A P P E N D IC E D 31*
blia nos m ostra os Hebreus obrigados a perco rrer lodo o paiz para a
e n c o n tr a r ... Todos os porm enores da fabricação dos tijolos estão re
presentados nos monumentos, que são uma verdadeira illustraçâo do
texto bíblico. Entre os operários, e entre os estrangeiros distinctos dos
indígenas pela côr, uns estão occupados em extrahir a terra com a en
xada, outros em am assar o limo ou o barro, em dar o feitio aos moldes
de m adeira, em os levar ás costas, etc. Egypeios armados de paus su
perintendem -nos e vigiam -nos; a legenda faz-lhes dizer aos trabalha
dores : «Vòde o pau, nada de preguiça.»
São os capatazes, os mandjains, de que fala a narração b íb lic a ; e,
caso notável, estes m andjains são mencionados em um docum ento do
tempo de Ramsés, docum ento decifrado pelo sr. Chabas, e no qual o
escriba Kaouscar dá conta de uma ordem que lhe fòra dada : «Entrega
as rações aos soldados, assim como aos a p e ric e s que acarretam as pe
dras para o grande Beiken do rei Ramsés Meriamon.» A o e r ic e é tradu-
cção a mais exactaVjue é possível fazer-se em egypcio da palavra A p e r ic
os Hebreus.
Estes A p a r ic e s não podem ser outros senão os H ebreus. O velho
papyro sahiu da te rra para prestar teslim unho á Biblia
No m useu de Berhir figura um a estatua colossal de Meneptah, cujo
lilho priinogenilo, p r ín c ip e r e a l, c o rre g e n te (lo re in o , o filh o que e lle a m a ,
aparece como ju s t if ic a d o e d e fu n c to .
Não pode ser acoimado de cega credulidade, diz o sr. Lauth,
aquelle que vir iTeste príncipe, primogênito de Meneptah, morto antes
de seu pai, e cujo irmão segundo sobe ao throno, o filho do pharaó,
de quem Deus diz no livro do E xodo:
«Eis abi que vou fazer m orrer o teu filho mais \ellio, porque não
queres deixar sahir do Egypto meu filho primogênito «o povo de Is
rael)» e ao qual a Biblia mais adeante nos m ostra assentado sobre o
throno de seu pai. 0 pharaó do Exodo é pois Meneptah, successor de
Ramsés ii .
APPENDICE E 61*
cognita até ao dia d’hoje, e que não era de 365 dias so
lares, porem muito mais curto.
Seu primeiro argumento ó tirado das longas vidas,
quinhentos, oitocentos, novecentos annos, concedidos
aos patriarclias. 1
«Por mais alto que se remonte na historia dos po
vos, a vida humana aparece nas condições, em que a
vemos hoje. A palavra do psalmista é sempre veridica:
para os fortes oitenta annos! ... os centenários são raros,
este dizer parece infirmar a longevidade que os chro-
nologistas attribuem aos patriarchas. 2»
O segundo argumento contra a chronologia classicai2
* Antes do dilúvio
C h aídeus............................................................ 4229
E g y p c io s............................................................ 4229
Nascimento de Christo, talvez.......................... 4280
Chronologia Bíblica
CANON BÍBLICO
J úlio O ppert .
A P P E N D IC E G
VOL. I I 54
A1TEND10E II
. A P P E N U IC E H 111*
»
126* OS ESPLENDORES DA r é
Caracteres e x t e r i o r e s ..................................................................................395
P o l l o ............................................................................................................... 395
Villosidades........................................................................................................398
Caracteres a n a tô m ic o s ..................................................................................398
Cabeça e f a c e ................................................................................................ 398
Craneo e c e r e l f r o .................................................... . . . . 399
Caracteres p h y s i o l o g i c o s .................................................... ....... . iflO
G e r a ç ã o ........................................................................................................ 400
Caracteres psychologicos. Instincto e intelligencia . . . . 400
Ideia de D e u s ................................................................................................. 403
Irmãos desherdados e irmãos d e g r e d a d o s ............................................ 403
Experiência ahlhropologica a e ffe c tu a r.................................................... 404
As linguas e a unidade da especie l i u n i a n a ............................................406
Estado da q u e s t ã o ......................................................................................... 406
Philologia monogenista e p o l y g e n i s t a ....................................................407
Confusão das l i n g u a s .................................................................................. 410
Aflinidades intimas das diversas l i n g u a s ............................................ 415
Testimunho dos pliilologos os mais illustres.............................................415
Conclusão rigorosa dos f a c t o s ................................................................... 418
Ethnographia pliysiologica e Ethnograpbia pbilologica . . . 419
Laço e-fusão'das r a ç a s ..................................... 433
Conclusões. Questão p re v ia .......................................................................... 434
Capitulo v i i . Antiguidade do h o m e m .................................................... 436
Estado da q u e s t ã o ......................................................................................... 436
Chronologia da B i b l i a ........................................................... 433
Chronologia dos p o v o s .................................................................................. 438
Chronologia egypcia. A grande P y r a n h d e .............................................441
A sciencia dos a n t i g o s .................................................................................. 443
Os historiadores e a historia do E gypto.................................................... 474
Astronomia dos E g v p c i o s .......................................................................... 489
Chaldeus. Assyrios, B abylonios.................................................................. 498
í n d i o s ................................................................................................................504
C h i n e z e s ........................................................................................................509
Capitulo viu. Antiguidade do homem (Continuação). Ensinam en
tos da Geologia e da paleo n to lo g ia........................................................ 51.8
Questão p r e v ia .................................................................................................533
Estado da q u e s t ã o .........................................................................................534
Terrenos, em que se encontram restos do homem e da industria
h u m a n a .........................................................................................................553
Definições geraes dos t e r r e n o s ................................................................ 553
O pretendido homem dos terrenos t e r c i á r i o s ........................................557
O homem dos terrenos q u a te r n á r io s ........................................................573
A maxilla de M o u lh i - Q u ig n o n ................................................................ 573
ÍNDICE 133*
72 48 elevar-nos- ed u ca r-n o s
ER R A TA S DO TOMO II
Pagina* linhas onde sp fc* 1.-ia-se Paginas liuhos onde sp IP leia-se
APPENDICES
Paginas linhas onde se lá leu-se
14 18 in te rm id ia rio s in te rm e d iá rio s
29 8 so cie d a d e sacied ad e
35 4 dos do
36 2 d is tin tin g u ir d is tin g u ir
52 1 in tru id o s in s tru íd o s
G7 11 fica ficam
92 19 e m ittir a m e m ittiv e m
104 18 s u p p la n ta d o s s u p p la n ta d a s
105 10 em a
108 4 c o m m u íh a ccnvm una
yfl
PORTO
TY P. D E A R T H U R JO S É D E SO U SA & IR M Ã O
74, Largo de S . D om ingos, 76
1890