EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA 6ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE

SÃO GONÇALO - RJ.

PROCESSO Nº 2007.004.068070-0

AUTOR: HÉLIO LESSA DA SILVA

RÉU: AMPLA COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO RIO DE JANEIRO

Pedro G. Sepulveda, Perito do Juízo nos autos da Ação

em epígrafe, vem respeitosamente submeter a V. Exa. e às partes o Laudo
Pericial.

Na oportunidade, requer a V. Exa. o mandado para

levantamento dos honorários que se encontram depositados na conta do Juízo,
conforme guia de fls 143.

Nestes termos,

Pede Deferimento.

São Gonçalo, 04 de março de 2008.

PEDRO G. SEPULVEDA
Perito do Juízo
 LAUDO PERICIAL

Processo nº 2007.004.068070-0

Autora: Hélio Lessa da Silva

Réu: AMPLA Companhia de Eletricidade do Rio de Janeiro

Ação de Defesa do Consumidor com Danos Morais e Tutela

Antecipada

Data da vistoria: 15 de fevereiro de 2008

1 – Princípios e Ressalvas

O Laudo Pericial observou criteriosamente os seguintes princípios

fundamentais:

 O Laudo Pericial foi elaborado com estrita observância dos postulados

constantes do Código de Ética Profissional;

 Os honorários profissionais do Perito não estão, de forma alguma,

sujeitos às conclusões deste laudo;

 O Perito não tem nenhuma inclinação pessoal em relação à matéria

envolvida neste laudo, nem contempla, tanto no momento atual,
quanto no futuro, qualquer interesse nos bens relativos a esta perícia;

 No melhor conhecimento e crédito do Perito, as análises, opiniões e

conclusões expressadas no presente trabalho são baseadas em
dados, diligências e levantamentos verdadeiros e corretos, de acordo
com os padrões normalmente aceitos.

2 – Objetivos

Inspecionar o imóvel do Autor, as instalações elétricas e o sistema de

medição de energia; e, atender os quesitos formulados pelas partes.

3 – Vistoria

A vistoria foi realizada no dia 15 de fevereiro de 2008 as 13:00hs no

imóvel localizado a Rua Celso Queiroz, n. 285, Barro Vermelho, São Gonçalo,
RJ. A filha e Advogada do Autor, Dra. Maria da Glória Lessa da Silva e Silva e
os técnicos, que realizaram a aferição dos medidores, participaram da vistoria.

4 – Descrição da Localidade e do Imóvel Objeto desta Ação

A localidade é dotada de infra-estrutura urbana, ruas pavimentadas e

serviços públicos, tais como: iluminação, redes de água, esgoto, telefone,
coleta de lixo, etc. Nas proximidades, a ocupação é residencial e comercial.

O imóvel, objeto da lide, é um lote de terreno com aproximadamente 150

m2. No local, foi edificada uma casa, com aproximadamente 100 m2 de área
construída, dividida em 3 quartos, banheiro, salas de estar e jantar, copa
cozinha e área de serviço. No local residem 5 pessoas, o Autor, sua esposa,
duas filhas e uma neta. O casal de aposentados e uma das filhas passam a
maior do tempo em casa. A outra filha é advogada e defende o Autor nesta
Ação. A neta do Autor está em idade escolar.
 Foto 1 – Vista da Residência do Autor

Foto 2 – Vista da Fachada Lateral da Residência do Autor

5 – Descrição e Aferição dos Medidores

O sistema de aferição do consumo no imóvel objeto da lide é o Sistema

de Medição Eletrônica Centralizada.

Esquema Ilustrativo

Fonte: Manual do Sistema - CAM

O Sistema é composto pelos seguintes elementos:

 Concentrador de Medida
 Módulos de Medida
 Módulo Conversor
 Acessórios

O sistema que atende a residência da Autora é monofásico. Há dois

sistemas de medição paralelos e independentes entre eles. O medidor eletro -
mecânico e o módulo de medida eletrônico foram aferidos, e no momento da
vistoria, funcionavam corretamente atendendo parâmetros definidos pelo
Inmetro, conforme os pareceres técnicos anexos neste laudo. Não há fuga de
carga considerável (foto 4). Há vestígios de sobrecarga de tensão nas
instalações do medidor eletro - mecânico (foto 3).

O módulo de medida eletrônico identificado com o n. de série 91126435,

com tensão nominal de 127V e corrente nominal de 15A, Imax 100 A, marca
Landis.

O medidor eletro - mecânico, localizado no interior do lote no muro

lateral, mede o consumo paralelamente ao módulo eletrônico citado. O medidor
eletro- mecânico, identificado sob o número de série 1785317, modelo MF 79
G, marca FAE, com tensão nominal de 120V e corrente nominal de 15A, Imax
100 A, 60 Hz, indicava, no momento da inspeção, leitura de 26.783 kWh e é o
mesmo que se encontrava instalado à época. No momento da vistoria, os
lacres estavam conformes, sendo o primeiro lacre lente n. 0304734, o segundo
lacre lente n. 0304716 e o lacre de borne n. 0349358.

Foto 3 - Vista do Medidor do Autor

Foto 4 - Vista do Medidor do Autor (Teste de Fuga de Carga)

Foto 5 - Vista do Equipamento de Aferição do Medidor Eletro Mecânico -
Etiqueta de Calibração

Foto 6 - Vista do Equipamento de Aferição do Sistema Centralizado –

Etiqueta de Calibração
6 – Análise Comparativa do Consumo Estimado e Registrado

A demanda por equipamento elétrico foi estimada levando em

consideração: tipo de utilização informada pela filha e advogada do Autor,
características dos equipamentos existentes, número de ocupantes e seus
hábitos.

No momento da vistoria foram relacionados os seguintes equipamentos

elétricos instalados (TAB.1):
TABELA 1
Consumo Estimado – KW/mês

A carga instalada total é de 9.325 W. O consumo de energia médio

estimado é de 401 Kwh/mês.

Evolução do Consumo Registrado

O gráfico abaixo demonstra a evolução do consumo registrado para o

AUTOR no período entre junho/04 e janeiro/08, sendo que o consumo médio
neste período foi de 392 Kwh/mês. Em setembro de 2006 foi instalado o
módulo de medida eletrônico, o consumo médio registrado até esta data
(inclusive) foi de 336 Kwh/mês e o consumo médio registrado após esta data
foi de 487 Kwh/mês, o que representa um aumento de 24%.
 Evolução do Consumo Faturado Mês a Mês Kwh (julho/04 – janeiro/08)

jan/08 723
507
nov/07 574
509
set/07 427
397
jul/07 301
325
mai/07 485
566
mar/07 593
635
jan/07 619
436
nov/06 358
343 Substituição do
set/06 333 sistema de medição
381
jul/06 275
285
mai/06 433
379
mar/06 509
607
jan/06 466
403
nov/05 364
290
set/05 280
235
jul/05 232
341
mai/05 252
287
mar/05 227
450
jan/05 353
302
nov/04 233
306
set/04 301
238
jul/04 310

Fonte: contas do Autor (fls. 21 a 37) e contas levantadas durante a vistoria

7 – Quesitos do Réu (fls. 133):

1- Descrever a unidade consumidora do Autor.

Resposta: Atendido nos ítens 4 e 5 deste laudo.

2- Qual a carga instalada na unidade consumidora do Autor?

Resposta: Atendido no ítem 6 deste laudo.

3- Se os registros de consumo da unidade do Autor são compatíveis com a
carga instalada em seu imóvel.

Resposta: Sim. Atendido no ítem 6 deste laudo.

4- Se o medidor que assiste a unidade do Autor encontra-se em perfeito estado

de funcionamento?

Resposta: Sim. Atendido no ítem 5 deste laudo.

5- Se a concessionária Ré efetuou inspeção no medidor que atende a unidade

consumidora do Autor?

Resposta: Sim. Os medidores foram aferidos durante a vistoria.

6- Em caso positivo, qual foi o laudo dessa inspeção?

Resposta: Atendido no ítem 5 deste laudo. Cópias dos pareceres técnicos

estão em anexo a este laudo.

7- Se o Autor possui débitos junto à Concessionária Ré, referentes ao

fornecimento de energia de sua unidade consumidora? Em caso de positivo em
quanto montam esses débitos?

Resposta: Sim, no valor de R$ 4.008,50 (quatro mil e oito reais e cinqüenta

centavos), referente ao consumo registrado no período entre fevereiro/2007 e
fevereiro/2008. (fonte: SAC da AMPLA)

8 – Quesitos do Autor (fls. 137 e 138):

1 – Queira o Dr. Perito, informar se o medidor instalado na residência da

Autora, encontra-se, em perfeitas condições de uso, sem defeito ou violação?

Resposta: Sim. Atendido no ítem 5 deste laudo.

2 – Queira o Dr. Perito, informar se o chip eletrônico instalado na residência da

Autora com a finalidade de apurar a medição?

Resposta: Sim.

3 – Queira o Dr. Perito, informar qual a data da instalação do chip eletrônico?

Resposta: Setembro de 2006 (vide gráfico).

4 – Queira o Dr. Perito, informar se o método de medição, anteriormente

utilizado pela empresa ré (antes da instalação do chip) encontrava-se em
consonância com as normas da ABNT, INPEM, INMETRO ou outro instituto
oficial?
Resposta: Prejudicado. O sistema de medição inspecionado pode não
apresentar as mesmas características do “anteriormente” instalado.

5 – Queira o Dr. Perito, informar se o chip instalado pela empresa Ré foi

devidamente homologado junto aos institutos técnicos acima, informando o
número de série e a procedência do chip e o lote de fabricação?

Resposta: Atendido no ítem 5 deste laudo.

6 – Queira o Dr. Perito, informar se o chip instalado pela empresa Ré possui

teste em fábrica, de qualidade, enfim laudo técnico e de qualidade do chip?

Resposta: Conforme ítem 5 deste laudo no momento da vistoria o medidor

eletromecânico e o modulo de medida eletrônico foram aferidos e funcionavam
corretamente atendendo parâmetros definidos pelo Inmetro, conforme os
pareceres técnicos anexos neste laudo.

7 – Queira o Dr. Perito, informar se confrontando o medidor instalado na

residência da Autora, com o chip, existe disparidade de consumo?

Resposta: Não.

8 – Queira o Dr. Perito, informar quantas pessoas residem na residência da

Autora?

Resposta: Atendido no ítem 4 deste laudo.

9 – Queira o Dr. Perito, informar com base nos equipamentos, aparelhos e

etc...., instalados na residência da Autora, qual a media mensal do mesmo?

Resposta: Atendido no ítem 6 deste laudo.

10 – Queira o Dr. Perito, informar se a forma de medição através do chip é

aceitável como procedimento oficial para aferição do consumo da Autora em
substituição do antigo medidor?

Resposta: Sim.

11 – Queira o Dr. Perito, informar se o consumo apurado pela metodologia do

chip instalado reflete a realidade de acordo com os equipamentos e eletrônicos
instalados na residência da autora? E a metodologia do medidor por disco

Resposta: Sim.

12 – Queira o Dr. Perito, informar se a ANEEL – AGENCIA NACIONAL DE

ENERGIA ELÉTRICA, obriga que o consumidor tenha que se adequar a
tecnologia do chip ou pode optar em manter o medidor de disco, usual na
maioria das casas em todo o território nacional?

Resposta: Sim.
13 – Queira o Dr. Perito informar quando ocorreu o corte de energia na
residência da Autora e quando houve restabelecimento?

Resposta: Não há registro nos Autos de corte de energia na residência da

Autora.

14 – Queira o Dr. Perito, informar quando se a empresa ré está devidamente

adequada em suas atividades as regulamentações emanadas da ANEEL?

Resposta: Sim.

15 - Queira o Dr. Perito, informar tudo o mais que for necessário para o
deslinde da questão?

Resposta: Nada além deste laudo.

9 – Conclusão

De todo o exposto, resta ao Perito concluir que o sistema que atende a

residência da Autora é monofásico. Há dois sistemas de medição paralelos e
independentes entre eles. O medidor eletromecânico e o módulo de medida
eletrônico foram aferidos, e no momento da vistoria, funcionavam corretamente
atendendo parâmetros definidos pelo Inmetro, conforme os pareceres técnicos
anexos neste laudo. Não há fuga de carga considerável (foto 4). Há vestígios
de sobrecarga de tensão nas instalações do medidor eletromecânico (foto 3).

O consumo de energia médio estimado com base na carga instalada é

de 401 Kwh/mês e compatível com o consumo médio registrado no período
entre junho/04 e janeiro/08 que foi de 392 Kwh/mês. Em setembro de 2006 foi
instalado o módulo de medida eletrônico. O consumo médio registrado até esta
data (inclusive) foi de 336 Kwh/mês e o consumo médio registrado após esta
data foi de 487 Kwh/mês, o que representa um aumento de 45%.

10 – Encerramento

E, nada mais havendo, encerro o presente laudo ressalvando o disposto

no art. 435 do CPC.

São Gonçalo, 04 de março de 2008.

PEDRO G. SEPULVEDA
Perito do Juízo