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LAUDOS PERICIAIS

Eng.ª Janaina Linhares Souza

Rio de Janeiro,
2012
1

SUMÁRIO

1. Laudo ................................................................................................................................. 3

2. Estrutura do laudo............................................................................................................ 3

2.1 - Petição inicial, folha de rosto ...................................................................................... 3


2.2 - Considerações iniciais ................................................................................................. 4
2.3 - Descrição dos fatos observados .................................................................................. 4
2.4 - Apresentação dos critérios adotados e métodos utilizados ......................................... 4
2.5 - Conclusão .................................................................................................................... 5
2.6 - Respostas aos quesitos ................................................................................................ 5
2.7 - Encerramento .............................................................................................................. 5
2.8 - Anexos ........................................................................................................................ 5

3. O parecer técnico ............................................................................................................ 10

4. Laudo pericial - exemplo ................................................................................................ 10

5. Propriedades do laudo.................................................................................................... 41

5.1 - Clareza ...................................................................................................................... 41


5.2 - Objetividade / pertinência ......................................................................................... 45
5.3 - Concisão .................................................................................................................... 45
5.4 - Concludência ............................................................................................................ 46
5.5 - Correção .................................................................................................................... 46

6. Língua portuguesa na prática ....................................................................................... 46

6.1 - Novo acordo ortográfico da língua portuguesa ......................................................... 46


6.2 - Colocação pronominal ............................................................................................... 49
6.3 - Pronomes demonstrativos .......................................................................................... 50
2

6.4 - Pronomes relativos ..................................................................................................... 50


6.5 - Pronomes de tratamento............................................................................................. 51
6.6 - Abreviações de uso frequente .................................................................................... 52
6.7 - Grafia e uso da palavra porquê .................................................................................. 54
6.8 - Particípios irregulares ................................................................................................ 54
6.9 - Crase .......................................................................................................................... 56
6.10 - Sinais de pontuação ................................................................................................. 59
6.11 - Concordância verbal ................................................................................................ 62
6.12 - Concordância nominal ............................................................................................. 65
6.13 - Regência................................................................................................................... 65
6.14 - Vícios de linguagem ................................................................................................ 68
6.15 - Dúvidas frequentes .................................................................................................. 69

Referências bibliográficas .................................................................................................. 74


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1. Laudo
Parecer técnico escrito e fundamentado, emitido por um especialista indicado
por autoridade, que relata o resultado de exames, vistorias e avaliações, responde aos
quesitos formulados ou deferidos pelo juiz e conclui sobre matéria submetida à análise.

Na Engenharia Legal:

Laudo - elaborado pelo perito judicial, nomeado pelo juiz.

Parecer técnico - elaborado pelos assistentes técnicos, indicados pelas partes.

2. Estrutura do laudo
Não há regra legal para a estrutura de um laudo, mas, de forma geral, o
documento apresenta a seguinte configuração:

2.1 - Petição inicial, folha de rosto

Deve conter cabeçalho indicando a quem é dirigido o trabalho, contemplando a


vara cível onde o perito foi nomeado, o número do processo, ação, nomes do autor e do
réu, data, nome e qualificação do profissional.

Nos laudos destinados a processos judiciais, deve-se deixar espaço de, no


mínimo, 10 cm de altura para o destinatário registrar seu despacho.

Pode conter um breve resumo e/ou histórico dos fatos, acontecimentos e


questões que resultaram na necessidade de elaborar um parecer técnico para auxiliar a
decisão judicial.

Em trabalhos extrajudiciais, a folha de rosto deve informar o nome do


solicitante, o objeto da perícia, local e data, além do nome e qualificação do profissional
responsável.
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2.2 - Considerações iniciais

Descrever o objetivo e a finalidade do laudo, além de apresentar informações


consideradas relevantes, como norma(s) seguida(s) para o desenvolvimento do trabalho,
nome de assistente(s) do perito (se houver), data e hora da vistoria etc.

2.3 - Descrição dos fatos observados

Neste item deverão ser apresentados todos os dados obtidos durante a vistoria,
como endereço; características da região; informações sobre a infraestrutura do local,
terreno e construção. Além disso, devem estar descritos os acontecimentos ocorridos
durante a diligência considerados relevantes para elucidar a questão.

Com o objetivo de esclarecer e ilustrar pode-se ainda inserir mapa da região,


com indicação da fonte e data da consulta, além de relatório fotográfico.

Segundo o artigo 429 do Código de Processo Civil, é permitido ao perito e aos


assistentes técnicos “instruir o laudo com fotografias”, não sendo mencionada a
necessidade de juntar os respectivos negativos. Cabe, portanto, ao profissional
responder pela procedência, fidelidade e autenticidade do material utilizado, sob pena
de responder civil e criminalmente em caso de dolo ou prejuízos a terceiros.

As fotos devem ser numeradas e acompanhadas de legenda. Têm como principal


objetivo auxiliar na compreensão dos fatos e, por isso, precisam ser claras com relação
ao que se deseja demonstrar. É recomendado que, quando necessário, a foto contenha
algum objeto de tamanho conhecido, como trena, régua, caneta etc., para funcionar
como elemento de referência.

2.4 - Apresentação dos critérios adotados e métodos utilizados

Descrição de técnicas e metodologias adotadas, operações realizadas, análises,


diagnósticos, avaliações, cálculos, resultados, justificativas da escolha e as respectivas
fontes de informações e pesquisas.

Essa apresentação deve ser feita de forma clara e objetiva, considerando que será
analisada por leigos, técnicos e/ou especialistas.
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2.5 - Conclusão

Apresentação dos resultados da perícia de forma conclusiva, fundamentada,


clara, objetiva e concisa a respeito da matéria que deu origem ao parecer. É essencial
mencionar a data de referência dos resultados apresentados.

2.6 - Respostas aos quesitos

As respostas devem ser claras, objetivas, concisas, pertinentes, coerentes,


fundamentadas e conclusivas. É importante se ater apenas ao que foi perguntado,
evitando abrir espaço para questões que fogem do objetivo da perícia. As partes não são
obrigadas a apresentar quesitos.

O perito tem a obrigação de responder aos quesitos deferidos pelo juiz, porém os
que fogem da matéria em análise devem ser desconsiderados com a devida justificativa.

Se a pergunta já foi respondida em item específico e extenso no corpo do laudo,


a resposta deve remeter a tal item.

Durante os trabalhos periciais e/ou após a entrega do laudo, as partes podem


apresentar quesitos suplementares que, caso deferidos pelo juiz, devem ser respondidos
pelo perito com a mesma atenção e responsabilidade.

2.7 - Encerramento

Deve informar o número de páginas contidas no laudo e nos anexos (se houver),
formato do papel e número de faces utilizadas para a impressão, ressaltando que todas
as folhas estão rubricadas. Além disso, deve conter a data e o nome do profissional
responsável.

2.8 - Anexos

Os anexos são apresentados após o laudo e devem conter os documentos


utilizados e citados na perícia, além de plantas, croquis, fotos de satélite, mapas,
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cálculos, gráficos, demonstrações, referências bibliográficas e demais elementos


considerados relevantes e elucidativos.

Os anexos não precisam seguir a mesma formatação do laudo nem obedecer à


numeração. Devem ser precedidos por uma folha de rosto com o título do anexo, por
exemplo: Planta de localização do imóvel.

Quando houver dois ou mais anexos, os mesmos devem ser numerados.


Exemplo: Anexo I: Planta de localização do imóvel. Anexo II: Planta de forma das
fundações.
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Recomendação das Normas Técnicas

Quando se trata de laudo de avaliação, a norma especifica informações e


requisitos mínimos que o documento deve apresentar.

NBR 14653-1:2001

10. Apresentação do laudo de avaliação

10.1 Requisitos mínimos

O laudo de avaliação deverá conter no mínimo as informações abaixo


relacionadas:

a) identificação da pessoa física ou jurídica e/ou seu representante legal que tenha
solicitado o trabalho;

b) objetivo da avaliação;

c) identificação e caracterização do bem avaliando;

d) indicação do(s) método(s) utilizado(s), com justificativa da escolha;

e) especificação da avaliação;

f) resultado da avaliação e sua data de referência;

g) qualificação legal completa e assinatura do(s) profissional(is) responsável(is) pela


avaliação;

h) local e data do laudo;

i) outras exigências previstas nas demais partes da NBR 14653.

10.2 Modalidades

O laudo de avaliação pode ser apresentado nas seguintes modalidades:

a) simplificado - contém de forma sucinta as informações necessárias ao seu


entendimento;
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b) completo - contém todas as informações necessárias e suficientes para ser


autoexplicável.

10.3 Laudo de avaliação de uso restrito

Obedece a condições específicas pré-combinadas entre as partes contratantes e


não têm validade para outros usos ou exibição para terceiros, fato que deve ser
explicitado no laudo.

NBR 14653-2:2004

10.1 Laudo de avaliação completo

O laudo de avaliação completo deve conter no mínimo os seguintes itens:

a) identificação do solicitante;

b) finalidade do laudo, quando informado pelo solicitante;

c) objetivo da avaliação;

d) pressupostos, ressalvas e fatores limitantes - Atender ao disposto em 7.2. da ABNT


NBR 14653-1:2001;

e) identificação e caracterização do imóvel avaliando - Atender ao disposto em 7.3 da

ABNT NBR 14653-1:2001, no que couber;

f) diagnóstico do mercado - Relatar conforme 7.7.2 da ABNT NBR 14653-1:2001;

g) indicação do(s) método(s) e procedimento(s) utilizado(s) - Relatar conforme seção 8


da ABNT NBR 14653-1:2001;

h) especificação da avaliação - indicar a especificação atingida, com relação aos graus


de fundamentação e precisão, conforme seção 9. Quando solicitado pelo contratante,
deve ser apresentado demonstrativo da pontuação atingida;

i) tratamento dos dados e identificação do resultado - explicitar os cálculos efetuados, o


campo de arbítrio, se for o caso, e justificativas para o resultado adotado. No caso de
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utilização do método comparativo direto de dados de mercado, deve ser apresentado o


gráfico de preços observados versus valores estimados pelo modelo, conforme 8.2.1.4.1;

j) resultado da avaliação e sua data de referência;

k) qualificação legal completa e assinatura do(s) profissional(is) responsável(is) pela


avaliação.

10.2 Laudo de avaliação simplificado

O laudo de avaliação simplificado deve atender no mínimo, de forma resumida,


aos itens a) a h) de 10.1 da ABNT NBR 14653-1:2001.

10.3 Anexos

Para a identificação do valor de mercado, podem ser incluídos, de acordo com o


grau de fundamentação, os seguintes anexos: documentação dominial, fotografias do
imóvel avaliando, plantas, identificação dos dados de mercado, memória de cálculo ou
relatórios originais dos programas computacionais utilizados.

É recomendado que os laudos de avaliação sejam laudos completos.


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3. O parecer técnico
A partir das análises e conclusões do perito, os assistentes técnicos podem
elaborar o parecer técnico, que pode ser concordante, parcialmente
concordante/discordante ou discordante do laudo pericial, sempre apresentando
justificativas, considerações, cálculos, argumentos e conclusões fundamentados, com o
objetivo de fornecer subsídios para a decisão judicial.

Recomenda-se que o parecer técnico apresente um breve resumo do laudo


pericial para que fiquem claros os pontos que serão apontados como convergentes e/ou
divergentes em relação ao mesmo. Usualmente, é feita a análise apenas dos itens
discordantes.

É importante ressaltar que o principal compromisso do assistente técnico é com


a ética profissional e com a verdade. Sua função é auxiliar o perito durante os trabalhos
periciais e depois da entrega do laudo, através da elaboração do parecer técnico. A
crítica deve ser feita ao laudo pericial e não à pessoa do perito.

Deve-se ter sempre em mente que o responsável pela defesa da parte é o


advogado e não o assistente técnico.

Após a juntada do parecer técnico e a pedido de uma ou de ambas as partes, o


juiz pode requerer, através de despacho, que o perito preste os esclarecimentos
solicitados, o que deve ser feito com clareza e objetividade, atendo-se sempre à matéria
em análise sem entrar em questões pessoais ou que fogem do contexto.

4. Laudo pericial - exemplo


A seguir será apresentado um laudo pericial com o objetivo de exemplificar e
elucidar os itens expostos anteriormente.
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(1- PETIÇÃO INICIAL, FOLHA DE ROSTO)

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 11ª VARA CÍVEL DO RIO DE JANEIRO – RJ

10cm
PROCESSO N.º 2000.001.XXXXXX-X
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA – EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL
AUTOR: XXXXXXXXXX
RÉU: XXXXXXXXXX

Pedro G. Sepulveda, Perito do Juízo nos autos da Ação em


epígrafe, vem respeitosamente submeter à V. Ex.ª e às partes o LAUDO PERICIAL.
Nesta oportunidade, requer o Mandado de Pagamento para levantamento dos honorários
periciais que se encontram depositados na conta do Juízo, consoante à guia de fls. 1429.

Rio de Janeiro, 11 de Novembro de 2011.

Pedro G. Sepulveda
Perito do Juízo
CREA/RJ nº 88102407-5
TJ/RJ – nº 0464
(CPF 648.714.607-20)
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LAUDO PERICIAL

PROCESSO N.º 2000.001.XXXXXX-X

11ª Vara Cível do Rio de Janeiro

NOVEMBRO DE 2011
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(2- CONSIDERAÇÕES INICIAIS)

1 – Objetivo do laudo

1.1 – Vistoriar o imóvel em lide acompanhado dos assistentes técnicos indicados nos
autos e produzir LAUDO DE AVALIAÇÃO apresentando estimativa atualizada do
seu valor de mercado para venda e locação.
1.2 – Responder aos quesitos ofertados pelas partes.

2 – Considerações

O Laudo Pericial observou criteriosamente os seguintes princípios fundamentais:


O Laudo Pericial foi elaborado com estrita observância dos postulados
constantes do Código de Ética Profissional do CONFEA.
Os honorários profissionais do Perito não estão, de forma alguma, sujeitos às
conclusões deste laudo.
O Perito não tem nenhuma inclinação pessoal em relação à matéria envolvida
neste laudo, nem contempla, tanto no momento atual quanto no futuro, nenhum
interesse nos bens relativos a esta perícia.
No melhor conhecimento e crédito do Perito, as análises, opiniões e conclusões
expressas no presente trabalho são baseadas em dados, diligências e levantamentos
verdadeiros e corretos, de acordo com os padrões normalmente aceitos.
O Laudo Pericial observou rigorosamente o disposto na ABNT-NBR14.653-2
(Avaliação de Bens – Imóveis Urbanos).
Nesta avaliação, este Perito contou com a assistência da Eng.ª Civil Janaina
Linhares Souza, CREA/RJ nº 1996122526.
A vistoria ao imóvel foi realizada no dia 4/10/2011 a partir das 14h.
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3 – Finalidade desta avaliação

Obter o justo valor de mercado para venda e locação do imóvel em lide tomando
como referência o mês de Outubro de 2011.

(3- DESCRIÇÃO DOS FATOS OBSERVADOS)

4 – Descrição do imóvel

O endereço do imóvel objeto desta Ação é Rua Alfredo Ceschiatti, nº 55, bloco
1, apartamento 701 (Ed. Veneza) – Condomínio Rio2. Esta rua é transversal à Avenida
Embaixador Abelardo Bueno, onde fica localizado o referido empreendimento, no
bairro de Jacarepaguá (próximo à Barra da Tijuca), nesta cidade.
A região onde fica situado o imóvel foi urbanizada recentemente com o
lançamento simultâneo de diversos empreendimentos imobiliários, restaurantes, casas
de shows e, principalmente, as obras destinadas às Olimpíadas de 2016 que acontecerão
no Rio de Janeiro, pois as competições de diversas modalidades esportivas acontecerão
nas cercanias do autódromo de Jacarepaguá. Portanto, trata-se de localidade que será
alvo das atenções de todo o mundo nos próximos anos. Portanto, a valorização dos
imóveis lá situados é crescente.
O Rio2 é praticamente um bairro, com área de quase um milhão de m 2
equivalente ao Leblon, para se ter uma ideia de sua dimensão. Dispõe de grandes áreas
verdes, 4 km de ciclovias, transporte exclusivo para as principais regiões da cidade (em
ônibus do próprio Condomínio), quadras de esportes, áreas de lazer (piscinas, saunas,
churrasqueiras, salões de festas, bares etc.) e toda a infraestrutura compatível com um
empreendimento deste porte.
O Residencial Verona é composto por duas torres com doze andares: Ed. Porto
Veneza (bloco 1), com 8 (oito) apartamentos por andar, e Ed. Porto Trieste (bloco 2)
com 4 (quatro) apartamentos por andar. A unidade em questão está localizada no bloco
1 que fica voltado para a Av. Embaixador Abelardo Bueno, na altura do Parque
Aquático e Autódromo de Jacarepaguá, que ficam no lado oposto da via.
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4.1 Aspectos gerais


A Av. Embaixador Abelardo Bueno é uma importante via que interliga a Av.
Ayrton Senna à Av. Alfredo Baltazar da Silveira. É pavimentada, possui traçado
retilíneo, pista dupla separada por canteiro central e o trânsito fluindo em dois sentidos.
A movimentação de veículos é intensa durante todo o dia e a noite. No trecho
onde o imóvel está situado, o logradouro é plano e urbanizado. Estão disponíveis na
localidade as principais facilidades e serviços urbanos, além de transporte para diversas
localidades da cidade. A região está situada no contexto urbano próxima ao Parque
Aquático Maria Lenk (300 m) e ao Autódromo de Jacarepaguá (500 m).
Nas cercanias, a ocupação é predominantemente residencial e composta, em sua
maioria, por conjuntos de torres verticais destinadas à classe média.

Foto aérea da região

(Fonte: Google Earth, foto de 24/6/2009. Consulta em 31/10/2011)


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RELATÓRIO FOTOGRÁFICO

Foto 1 – Saguão do Residencial Verona (Rio2)

Foto 2 – Jardins do Residencial Verona (Rio2)


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Foto 3 – Jardins do Residencial Verona (Rio2) – vista aérea

Foto 4 – Salão de Ginástica – Residencial Verona (Rio2)


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Foto 5 – Fachada do Edifício Veneza (Residencial Verona Rio2)

Foto 6 – Entrada do Edifício Veneza


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Foto 7 – Cozinha

Foto 8 – Piso da cozinha, em cerâmica


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Foto 9 – Varanda

Foto 10 – Quarto
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Foto 11 – Quarto

Foto 12 – Sala
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Foto 13 – WC

Foto 14 – Piso da área social com revestimento laminado imitando madeira


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4.2 - Descrição do imóvel avaliando


Trata-se de unidade residencial (apartamento) com 147 m2, dividida em varanda,
sala de jantar, sala de estar, quatro quartos (uma suíte), circulação, banheiro, lavabo,
copa-cozinha, área de serviço e dependências de empregada (suíte). O padrão de
construção e o estado de conservação foram considerados bons e a idade aparente é de 5
(cinco) anos. As paredes são emassadas e pintadas na cor branca, o piso da área social é
revestido com material laminado imitando madeira corrida. Na cozinha, área de serviço
e banheiros o piso é revestido em material cerâmico. As esquadrias das janelas e portas
voltadas para as varandas são de alumínio e vidro. As portas internas são de madeira.
Todo o material empregado na construção é de boa qualidade.

(4- APRESENTAÇÕES DOS CRITÉRIOS ADOTADOS E MÉTODOS


UTILIZADOS)

5 – Da avaliação

5.1 – Valores de Mercado


“É aquele encontrado por um vendedor e comprador sem que estejam
compelidos à negociação, tendo ambos plenos conhecimentos das características do
bem, do livre mercado e das condições da transação” (Avaliação de Complexos
Industriais – Fundamentos e Práticas – Bens Corpóreos – Rogério Bustamante – Ed.
Forense – 1ª Ed.).

5.2 – Métodos empregados nesta avaliação – MÉTODO COMPARATIVO


DIRETO DE DADOS DO MERCADO (Item 8.2.1 ABNT-NBR14. 653-2).
Em síntese, este método consiste na obtenção do valor de mercado do imóvel
avaliando através da comparação com outros imóveis de características semelhantes.
Neste caso, tomamos como amostra os valores de oferta de imóveis à venda e
informações de mercado para imóveis localizados na região de influência.
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Item 8.2.2.1 (ABNT-NBR14. 653-2) – Planejamento da pesquisa.


No planejamento de uma pesquisa, o que se pretende é a composição de uma
amostra representativa de dados do mercado de imóveis com características, tanto
quanto possível, semelhantes às do avaliando, usando-se toda a evidência disponível.
Esta etapa – que envolve estrutura e estratégia da pesquisa – deve iniciar-se pela
caracterização e delimitação do mercado em análise, com o auxílio de teorias e
conceitos existentes ou hipóteses advindas de experiências adquiridas pelo avaliador
sobre a formação do valor.
Na estrutura da pesquisa são eleitas as variáveis que, em princípio, são
relevantes para explicar a formação de valor e estabelecidas às supostas relações entre si
e com a variável dependente.
A estratégia de pesquisa refere-se à abrangência da amostragem e às técnicas a
serem utilizadas na coleta e análise de dados, como a seleção e abordagem de fontes de
informação, bem como a escolha do tipo de análise (quantitativa ou qualitativa) e a
elaboração dos respectivos instrumentos para a coleta de dados (fichas, planilhas,
roteiros de entrevistas, entre outros).

Item 8.2.1.3 (ABNT-NBR14. 653-2) – Levantamento de dados do mercado.


8.2.1.3.2 – O levantamento de dados tem como objetivo a obtenção de uma amostra
representativa para explicar o comportamento do mercado no qual o imóvel avaliando
esteja inserido e constitui a base do processo avalia tório.
Nesta etapa, o engenheiro de avaliações investiga o mercado, coleta dados e
informações confiáveis preferentemente a respeito de negociações realizadas e ofertas,
contemporâneas à data de referência da avaliação, com suas principais características
econômicas, físicas e de localização.
8.2.1.3.3 – As fontes devem ser diversificadas tanto quanto possível. A necessidade de
identificação das fontes deve ser objeto de acordo entre os interessados. No caso de
avaliações judiciais, é obrigatória a identificação das fontes.
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5.3 – Do Tratamento de Dados (Item 8.2.1.4)


Neste trabalho, foi adotado o tratamento por fatores: homogeneização por fatores
e critérios, fundamentados por estudos conforme 8.2.1.4.2, e posterior análise estatística
dos resultados homogeneizados.

5.3.1 – Tratamento por Fatores (Item 8.2.1.4.2)


Os fatores a serem utilizados neste tratamento devem ser indicados
periodicamente pelas entidades técnicas regionais reconhecidas e revisados em períodos
máximos de 2 (dois) anos e devem especificar claramente a região para a qual são
aplicáveis. Alternativamente, podem ser adotados fatores de homogeneização medidos
no mercado, desde que o estudo de mercado específico que lhes deu origem seja
anexado ao Laudo de Avaliação. Neste trabalho, os fatores empregados foram obtidos
junto ao IEL/RJ (Instituto de Engenharia Legal do RJ, entidade que congrega os
profissionais filiados ao sistema CREA/CONFEA, que atuam na área de engenharia
legal e avaliações).

São eles:

Fa = Fator de área = 1,0


Desde que limitadas no intervalo de 0,5 a 1,5 em relação ao paradigma.

Fo = Fator de oferta
Ajusta a amostra em razão da variação entre o preço ofertado e o preço de venda
(efetivo).
Apresenta variação de 0,8 (para imóveis em oferta a mais de 60 dias) a 1,0 (imóvel
negociado).

Feq = Fator de equivalência


Ajusta o valor do elemento pesquisado de acordo com suas características construtivas e
estado de conservação.
O fator admite variação de 0,8 a 1,2.
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Ft = Fator de transposição
Também chamado de fator de localização, é utilizado para transpor os valores do local
pesquisado para o local do imóvel avaliando.
O fator admite a variação de 0,8 a 1,2.
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5.4 – Composição das Amostras

5.4.1 – Imóveis para venda


A seguir, estão relacionados os elementos pesquisados e dados relativos a cada
um, com os respectivos valores homogeneizados:

Resultado da Pesquisa
Endereço /
Preço/m²
N° Ofertante / Características Valor (R$) Área (m²) Preço/m² Fa Fo Feq Ft
Homogeneizado
Contato
Residencial Verano - Rio2 11º andar, 4
Lopes Consultoria de Imóveis S/A quartos (2 suítes, 2
1 Raika – (21) 7842-6575 vagas), vista para o 950.000,00 144,00 6.597,22 1,0 0,9 1,0 1,0 5.937,50
Consulta em out/2011 bosque e lagoa. (1ª
locação)
Residencial Verano - Rio2 9º andar, 4 quartos
Lopes Consultoria de Imóveis S/A (2 suítes, 2 vagas),
2 Raika – (21) 7842-6575 vista para a 880.000,00 144,00 6.111,11 1,0 0,9 1,0 1,0 5.500,00
Consulta em out/2011 piscina. (1ª
locação)
Residencial Verano - Rio2 3º andar, 4 quartos
Lopes Consultoria de Imóveis S/A (2 suítes, 2 vagas),
Raika – (21) 7842-6575 vista para a
3 850.000,00 144,00 5.902,78 1,0 0,9 1,0 1,0 5.312,50
Consulta em out/2011 piscina. (1ª
locação)

Residencial Verano - Rio2 12º andar, 4


Imóvel Fácil RJ quartos (3 suítes, 2
4 930.000,00 159,00 5.849,06 1,0 0,9 1,0 1,0 5.264,15
Vinícius – (21) 7859-8960 vagas), vista para o
Consulta em out/2011 bosque e lagoa.
Residencial Verano - Rio2 1º andar, 4 quartos
Fernanda – (21) 8798-2682 (1 suíte, 2 vagas),
5 Consulta em out/2011 vista para a rua e 800.000,00 138,00 5.797,10 1,0 0,9 1,0 1,0 5.217,39
área da
churrasqueira.
Residencial Sardenha (Rua Alfredo Andar alto, 4
Ceschiatti, 50) - Rio2 quartos (2 suítes, 2
Apartamentos RJ vagas), vista
6 Alex – (21) 8791-3010 frontal lagoa, sem 810.000,00 150,00 5.400,00 1,0 0,9 1,0 1,0 4.860,00
Consulta em out/2011 armário e sem piso
nos quartos. (1ª
locação)
Residencial Sardenha (Rua Alfredo Andar alto, 4
Ceschiatti, 50) - Rio2 quartos (2 suítes, 2
7 Apartamentos RJ vagas), vista 900.000,00 150,00 6.000,00 1,0 0,9 1,0 1,0 5.400,00
Alex – (21) 8791-3010 frontal lagoa, com
Consulta em out/2011 armários.

SOMATÓRIO DOS PREÇOS / M² HOMOGENEIZADOS 37.491,54


MÉDIA ARITMÉTICA DOS PREÇOS / M² HOMOGENEIZADOS 5.355,93
DESVIO PADRÃO DA AMOSTRA 325,67
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5.4.1.1 – Tratamento estatístico da amostra

Pelo Critério de Chauvenet, verificaremos se os elementos da amostra pertencem ao rol,


a saber:

n=7
d/S crítico = 1,80 (tabelado)

Para o maior valor do rol amostral:

d(1)/S = [(X – X1)]/S


d(1)/S = [(5.355,93 – 5.937,50)]/325,67 = 1,79

Como d(1)/S < d/S(crítico), o elemento 1 será mantido.

Para o menor valor do rol amostral:

d(6)/S = (X – X6)/S
d(6)/S = (5.355,93 – 4.860,00)/325,67 = 1,52

Como d(6)/S < d/S(crítico), o elemento 6 também será mantido.

Logo, todos os elementos pertencem ao rol amostral.

No presente caso, será adotada a Teoria Estatística de Pequenas Amostras com


distribuição de Student (n – 1) graus de liberdade e confiança de 80%. Os limites de
confiança vêm definidos pelo modelo:

Xmáx = X + tc.S/(n –1)1/2

Xmín. = X – tc.S(n –1)1/2


29

Onde tc = valores (em %) para a distribuição de Student com 7 elementos, 6 graus de


liberdade e 80% de confiança = 1,44 (tabelado).

Assim, temos:

Xmáx. = 5.355,93 + 1,44 . 325,67/ (6)1/2 = 5.547,38

Xmín. = 5.355,93 - 1,44 . 325,67/ (6)1/2 = 5.164,48

A amplitude deste intervalo é de R$ 5.547,38 – R$ 5.164,48 = 382,90

Adotaremos 3 (três) classes e em cada uma delas verifica-se quais os elementos que nela
estão contidos. A classe que contiver o maior número de elementos do rol saneado terá,
na ponderação a ser efetuada, peso maior.

Dividindo-se a amplitude pelo número de classes, temos:

R$ 382,90/3 = 127,63

. A primeira classe abrangerá os valores entre Xmín.= 5.164,48 e R$ 5.292,11 (5.164,48


+ 127,63), onde estão contidos os elementos 4 e 5, portanto, esta classe terá peso 2.

. A segunda classe abrangerá os valores entre R$ 5.292,11 e R$ 5.419,74 (5.292,11 +


127,63), onde estão contidos os elementos 3 e 7, portanto, esta classe terá peso 2.

. A terceira classe abrangerá os valores contidos no intervalo de R$ 5.419,74 a R$


5.547,37 (5.419,74 + 127,63), onde está contido o elemento 2, portanto, esta classe terá
peso 1.

Somatório dos valores ponderados (Sv) = R$ 10.481,54 (somatório dos elementos 4 e 5)


+ 10.712,50 (somatório dos elementos 3 e 7) + 5.500,00 (elemento 2)
30

A razão Sv/Sp nos dará o valor unitário procurado. Assim, temos que Sv/Sp =
26.694,04/5 = 5.338,81 = valor unitário.

Logo, o valor de venda do imóvel será de R$ 5.338,81/m2 x 150m2 = 800.821,50;


ou, aproximando, temos R$ 800.000,00 (oitocentos mil reais).
31

5.4.2 – Imóveis para locação


A seguir, estão relacionados os elementos pesquisados e dados relativos a cada
um, com os respectivos valores homogeneizados:

Resultado da Pesquisa
Endereço /
Preço/m²
N° Ofertante / Características Valor (R$) Área (m²) Preço/m² Fa Fo Feq Ft
Homogeneizado
Contato
Residencial Cote D'Azur - Edifício 11º andar (ap.
Nice (R. Mario Agostinelli, 55) - Rio2 1.102) (4 quartos,
1 XXXXXXXXXX 2 suítes, 2 vagas), 3.900,00 153,47 25,41 1,0 0,9 1,0 1,0 22,87
Aurélio – (21) 9177-7527 vista para a
Consulta em out/2011 Abelardo Bueno.
Residencial Cote D'Azur - Edifício 11º andar (4
Nice (R. Mario Agostinelli, 55) - Rio2 quartos, 2 suítes, 2
2 Expan Imóveis vagas), vista para a 3.900,00 153,00 25,49 1,0 0,9 1,0 1,0 22,94
Emiko – (21) 7709-9794 piscina.
Consulta em out/2011
Condomínio Rio2
Lopes Consultoria de Imóveis S/A
3 4quartos 4.150,00 150,00 27,67 1,0 0,9 1,0 1,0 24,90
Duquesa – (21) 8101-0494
Consulta em out/2011
Condomínio Rio2
Imóvel Fácil RJ
4 4quartos 3.750,00 150,00 25,00 1,0 0,9 1,0 1,0 22,50
Vinícius – (21) 7859-8960
Consulta em out/2011
Condomínio Rio2
Apartamentos RJ
5 4quartos 3.750,00 150,00 25,00 1,0 0,9 1,0 1,0 22,50
Alex – (21) 8791-3010
Consulta em out/2011
Condomínio Rio2
Imobiliária Marcelo
6 4quartos 4.500,00 150,00 30,00 1,0 0,8 1,0 1,0 24,00
Marcelo – (21) 2843-1753
Consulta em out/2011

SOMATÓRIO DOS PREÇOS / M² HOMOGENEIZADOS 139,71


MÉDIA ARITMÉTICA DOS PREÇOS / M² HOMOGENEIZADOS 23,29
DESVIO PADRÃO DA AMOSTRA 0,96

5.4.2.1 – Tratamento estatístico da amostra

Pelo Critério de Chauvenet, verificaremos se os elementos da amostra pertencem ao rol,


a saber:

n=6
d/S crítico = 1,73 (tabelado)
32

Para o maior valor do rol amostral:


d(3)/S = [(X – X3)]/S
d(3)/S = [(23,29 – 24,90)]/0,96 = 1,68

Como d(3)/S < d/S(crítico), o elemento 3 será mantido.

Para o menor valor do rol amostral:

d(4e5)/S = (X – X4e5)/S
d(4e5)/S = (23,29 – 22,50)/0,96 = 0,82

Como d(4e5)/S < d/S(crítico), os elementos 4 e 5 também serão mantidos.

Logo, todos os elementos pertencem ao rol amostral.

No presente caso, será adotada a Teoria Estatística de Pequenas Amostras com


distribuição de Student (n – 1) graus de liberdade e confiança de 80%. Os limites de
confiança vêm definidos pelo modelo:

Xmáx = X + tc.S/(n –1)1/2

Xmín. = X – tc.S(n –1)1/2

Onde tc = valores (em %) para a distribuição de Student com 6 elementos, 5 graus de


liberdade e 80% de confiança = 1,48 (tabelado).
Assim, temos:

Xmáx. = 23,29 + 1,48 . 0,96/ (5)1/2 = 23,93

Xmín. = 23,29 - 1,48 . 0,96/ (5)1/2 = 22,65

A amplitude deste intervalo é de R$ 23,93 – R$ 22,65 = 1,28


33

Adotaremos 3 (três) classes e em cada uma delas verifica-se quais os elementos que nela
estão contidos. A classe que contiver o maior número de elementos do rol saneado terá,
na ponderação a ser efetuada peso maior.

Dividindo-se a amplitude pelo número de classes, temos:

R$ 1,28/3 = 0,43

. A primeira classe abrangerá os valores entre Xmín.= 22,65 e R$ 23,08 (22,65 + 0,43),
onde estão contidos os elementos 1, e 2, portanto, esta classe terá peso 2.

. A segunda classe abrangerá os valores entre R$ 23,08 e R$ 23,51 (23,08 + 0,43), onde
não estão contidos os elementos da amostra, portanto, esta classe terá peso 0.

. A terceira classe abrangerá os valores contidos no intervalo de R$ 23,51 a R$ 23,94


(23,51 + 0,43), onde não estão contidos os elementos da amostra, portanto, esta classe
terá peso 0.

Somatório dos valores ponderados (Sv) = R$ 45,81 (somatório dos elementos 1 e 2)


A razão Sv/Sp nos dará o valor unitário procurado. Assim, temos que Sv/Sp = 45,81/2 =
22,91 = valor unitário.

Logo, o valor de locação do imóvel será de R$ 22,91/m2 x 150m2 = 3.436,50; ou,


aproximando, temos R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais).
34

(5- CONCLUSÃO)

6 – Conclusão

Em razão do exposto, temos que o valor de mercado do imóvel objeto desta


avaliação para o mês de Outubro de 2011 foi estimado em R$ 800.000,00
(oitocentos mil reais) e o aluguel mensal em R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos
reais).

Rio de Janeiro, 4 de Novembro de 2011.

Pedro G. Sepulveda
Perito do Juízo
CREA/RJ 88102407-5
TJ/RJ nº 0464
35

(6- RESPOSTAS AOS QUESITOS)

7 – Quesitos do Réu – XXXXXXXXXX (fls. 1316-1317):

1) Caracterize a unidade residencial em questão, apresentando, com base em vistoria no


local e/ou nos documentos fornecidos pelas partes, os dados técnicos pertinentes, tais
como: localização, área e descrição do imóvel;

Resposta: Informado no corpo do laudo.

2) Esclarecer se os acabamentos do imóvel em questão e do residencial a qual este


pertence, foram melhorados pela XXXXXXXXXX em comparação ao que havia sido
prometido pela Construtora Encol (Ex.: piso previsto pela XXXXXXXXXX – carpete,
instalado pela XXXXXXXXXX – porcelanato).

Resposta: Os acabamentos do imóvel em questão foram modificados após a entrega pela


XXXXXXXXXX.

3) Caso a resposta ao quesito anterior seja afirmativa, queira o Perito elucidar se o autor
pagou alguma diferença à Ré por tais melhorias.

Resposta: Ver resposta ao quesito anterior.

4) Utilizando os elementos amostrais existentes no próprio empreendimento RIO2,


calcular o valor de locação do imóvel em questão pelo método comparativo, praticado
atualmente pelo mercado, descontando de tal valor as melhorias referentes ao imóvel
não arcadas pelo autor e citadas nos quesitos acima.

Resposta: Informado no corpo do laudo.


36

5) A partir do valor final encontrado no quesito 4 acima, queira o expert multiplicar pelo
número de meses correspondente ao período de agosto de 1999 até a entrega das chaves
em outubro de 2005.

Resposta: R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais) X 74 meses = R$ 259.000,00


(duzentos e cinquenta e nove mil reais).

8 – Quesitos do Autor – XXXXXXXXXX (fls. 1319-1321):

1) Considerando que a presente perícia versa sobre avaliação de imóvel, informe o r.


Perito se é engenheiro civil?

Resposta: Respondo negativamente.

2) Caso negativa a resposta do quesito anterior, diga o I. Perito qual é sua formação e
especialidade, esclarecendo ainda qual é a normativa do CREA/RJ que permite
engenheiros de sua formação ou especialidade realizar perícias da área civil?

Resposta: Este Perito é formado em Engenharia Mecânica e pós-graduado em Eng. de


Segurança do Trabalho; atuando desde o ano de 2006 como Professor e Coordenador
Técnico do Curso de Perícias e Avaliações Judiciais realizado no CREA/RJ (Conselho
Regional de Engenharia e Arquitetura) em convênio com a UFF – Universidade Federal
Fluminense. Insta salientar que, neste trabalho, este Expert foi acompanhado de sua
assistente, a Eng.ª Civil Janaina Linhares Souza, CREA/RJ nº 1996122526.

3) A presente perícia foi realizada de forma direta (visita ao imóvel) ou indireta (através
de documentos)? (Peço que justifique o critério e o motivo na resposta deste quesito).

Resposta: A presente perícia foi realizada de forma direta com vistoria ao imóvel da
qual participaram os assistentes técnicos indicados nos autos.
37

4) Esclareça o r. Perito ser deverá ser cumprida a norma da ABNT NBR 14.652-2, que
regulamenta os procedimentos de periciais, que determina expressamente ao perito
apresentar as fontes das amostras elencadas, bem como os seus contatos, endereços, e a
respectiva vistoria com foto cada amostra, para permitir a análise comparativa, bem
como informar se os imóveis possuem 1 ou mais vagas de garagem?

Resposta: Informado no corpo do laudo.

5) Queira o r. Perito informar se utilizou amostras ofertadas por qualquer das partes em
seu laudo. Caso positivo, esclareça por que parte, quantas amostras foram e qual o seu
peso na influência destas amostras na apuração do resultado; bem como esclareça o
motivo de não ter preferido o r. Perito utilizar amostras independentes.

Resposta: As amostras foram pesquisadas no mercado imobiliário do Rio de Janeiro nos


meses de Setembro e Outubro de 2011 pelo Perito do Juízo e sua assistente.

6) Queira o r. Perito descrever pormenorizadamente o imóvel objeto da avaliação.

Resposta: Informado no corpo do laudo.

7) Queira o r. Perito descrever pormenorizadamente os equipamentos da área comum


(piscinas, saunas, quadras e etc.) (doc. fls. 20/71).

Resposta: Informado no corpo do laudo.

8) No entendimento do r. Perito qual é o valor econômico (valor de mercado) do


apartamento atualmente?

Resposta: R$ 800.000,00 (oitocentos mil reais).


38

9) Considerando o valor econômico do imóvel apurado no quesito anterior, quanto


corresponde 10% do seu valor, para fins de apuração na condenação da sucumbência da
entrega do imóvel, transferência de posse e propriedade deste imóvel?

Resposta: R$ 80.000,00 (oitenta mil reais).

10) No entendimento do r. Perito qual é o valor locatício do imóvel atualmente?

Resposta: R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais).

11) Considerando a praxe de mercado, queira o r. Perito informar se nos contratos de


locação de imóvel os juros moratórios são fixados em 1% ao mês e calculados por rata
dia?

Resposta: Geralmente sim.

12) Queira o r. Perito informar quanto monta na presente data (hoje) o valor de R$
3.000,00 (três mil reais) contido no pedido (fl. 15) atualizado monetariamente pela
UFIR/RJ considerando como a data temporal de base inicial de calculo de atualização
monetária a data de 31/08/2000 quando foi distribuída a Ação (fl. 02)?

Resposta: R$ 3.000,00 / 1,0641 (valor da UFIR/RJ – 2000) = 2.819,28 UFIR/RJ.


2.819,28 UFIR X 2,1352 (valor da UFIR/RJ – 2011) = R$ 6.019,73 (seis mil e
dezenove reais e setenta e três centavos).

13) Queira o respeitável Perito elaborar e apresentar um cálculo aritmético descritivo do


dano material dos lucros cessantes sofridos pelo Autor, de um aluguel por cada mês de
atraso na entrega do imóvel desde 1/8/1997 (fls. 345) até 21/10/2005 (fls. 461/462),
computando mês a mês, acrescidos de respectivos juros moratórios mensais aplicáveis
39

às relações locatícias de praxe até a presente data calculados por rata dia (obs. Aplicam-
se o art. 293 do CPC e a Súmula n.º 254 do STF ao caso em tela).

Resposta: Prejudicado. O cálculo de lucros cessantes não é matéria relativa a esta


perícia.

14) Qual o valor total do dano material apurado no cálculo do quesito acima, e qual é o
valor do mesmo acrescido de honorários de sucumbência arbitrados em 10%?

Resposta: Ver resposta ao quesito anterior.

15) Considerando o lapso temporal que possivelmente ocorrerá entre a elaboração do


presente cálculo de liquidação dos lucros cessantes até o efetivo pagamento da
indenização, queira o r. Perito esclarecer como deverá ser elaborado o simples cálculo
aritmético de correção monetária e juros moratórios estes calculados por rata dia, para
fim de futuras liquidações e atualizações.

Resposta: Ver resposta ao quesito n.º 13 desta série.

16) Protesta pela elaboração de quesitos suplementares e quesitos de esclarecimentos.


40

(7- ENCERRAMENTO)

9 – Encerramento

E nada mais havendo, encerro o presente Laudo de Avaliação composto de 28


(vinte e oito) páginas formato A4 impressas em um só lado, devidamente rubricadas
pelo Perito que subscreve.

Rio de Janeiro, 11 de Novembro de 2011.

Pedro G. Sepulveda
Perito do Juízo
41

5. Propriedades do laudo

5.1 - Clareza

É a capacidade de se fazer entendido por todos, mesmo que sejam leigos no


assunto. A coerência e a coesão são as grandes responsáveis para que um texto se torne
compreensível por todos.

Coerência: consiste na relação entre as ideias e os significados, é o que dá


sentido ao texto. A coerência é obtida através da correção na escolha, disposição e
combinação dessas ideias. É resultante da não contradição entre os segmentos do texto.

Coesão: é o correto estabelecimento dos vínculos entre as ideias, palavras e


expressões que exprimem as ideias, facilitando a compreensão do texto. É estabelecida
por pronomes, advérbios, preposições, conjunções e seleção vocabular.

Exemplo: O advogado do réu apresentou um pedido ao juiz, mas o magistrado


não acatou a solicitação do defensor do acusado.

No exemplo acima, as palavras magistrado, solicitação, defensor e acusado


conferem coesão ao texto, pois retomam, respectivamente, os termos juiz, pedido,
advogado e réu. A conjunção adversativa mas também contribuiu para o
estabelecimento do vínculo entre as ideias. Observa-se que a substituição de um termo
pelo seu sinônimo, além de evitar a repetição, enriquece o texto.

Para um texto ser claro, é ideal que cada parágrafo tenha apenas uma ideia
central. É importante lembrar que o texto deve ser bem compreendido tanto por
especialistas quanto por leigos no assunto.

O laudo não deve conter neologismos nem palavras estrangeiras que possam ser
fielmente traduzidas para a língua portuguesa. Recomenda-se evitar linguagem jurídica
e termos técnicos sem a devida explicação.

Deve-se ter cuidado com a repetição de palavras, com a redundância (repetição


de ideias) e com palavras e construções ambíguas que permitem mais de uma
interpretação e que proporcionam um sentido vago ou obscuro ao texto.
42

A formatação do texto também contribui para a sua clareza. Por isso, sugere-se
que seja adotado o padrão que a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
recomenda para a apresentação de trabalhos científicos, conforme descrito a seguir.

Margens: 3 cm em cada um dos lados do papel (esquerdo, direito, superior e


inferior). Alguns autores defendem o uso de 3 cm para a margem esquerda e superior e
2,5 cm para a direita e inferior. Entretanto, o mais recomendado é 3 cm para todas as
margens.

Fonte: Times New Roman, corpo 12. Alguns autores defendem o uso facultativo
da Arial, porém deve-se adotar a Times New Roman como padrão.

Alinhamento: justificado.

Papel: a norma recomenda o de cor branca, formato A4 (21 cm x 29,7 cm) e


impresso somente de um lado, em cor preta. Normalmente são utilizados os com
gramatura de 75 g/m2 ou de 90 g/m2.

Parágrafo: 1,25 cm na primeira linha.

Espaçamento: no texto corrido e nas transcrições, utilizar 1,5 cm (mesmo que


alguns autores defendam o uso facultativo do espaço duplo. Entre parágrafos, seções e
subseções, deve-se usar o espaço triplo (três espaços simples). O espaçamento das
citações longas e das referências bibliográficas deve ser simples.

Abreviaturas e siglas: a norma recomenda que as abreviações devem sempre


ser seguidas por ponto, exceto as unidades de medida e siglas (ex.: 20 cm, CREA). Os
meses do ano são abreviados pelas três primeiras letras, exceto maio, que não se abrevia
(abril = abr.; maio = maio). Quando uma sigla for utilizada pela primeira vez, deve ser
precedida do nome por extenso (ex.: Universidade Federal Fluminense - UFF).

Numerais: usa-se escrever por extenso os números de 0 a 9 (um, dois, três,


quatro, cinco, seis, sete, oito, nove) e, a partir de 10, usar os algarismos (10, 11, 12 etc.).
A forma escrita pode ser empregada para indicar quantidade aproximada e unidades de
ordem elevada. Ex.: A rodovia possui, aproximadamente, cem quilômetros de extensão
e dezenas de casas serão desapropriadas. Porcentagens devem ser expressas por número
e símbolo (ex.: 25%), não se usa zero antes de números (correto: 1, 2, 3; errado: 01, 02,
43

03), meses de datas são escritos de forma extensa ou abreviada (ex.: 5/4 ou 5 de abril) e
as horas são representadas da seguinte forma: 10h, 10h30.

Citação: é a utilização de informações, ideias e textos retirados de outras fontes,


que devem sempre ser mencionadas, lembrando sempre que plágio é ilegal. As citações
podem ser indiretas ou diretas, de acordo com o tipo de transcrição. São indiretas
quando as palavras de outro autor são utilizadas, sem haver a transcrição fiel do texto
original. Quando ocorre transcrição literal, a citação é direta.

A citação indireta, também chamada de livre, pode ser feita das seguintes
formas:

Segundo FIKER e MEDEIROS JÚNIOR (2006), o perito deve se utilizar de


clareza, pureza e persuasão na hora de redigir seu laudo, para que o mesmo não gere
dúvida ou ambiguidade capaz de abrir margem para questões polêmicas.

Ou então:

O perito deve se utilizar de clareza, pureza e persuasão na hora de redigir seu


laudo, para que o mesmo não gere dúvida ou ambiguidade capaz de abrir margem para
questões polêmicas (FIKER e MEDEIROS JÚNIOR, 2006).

A citação direta, também chamada textual, pode ser feita de duas formas
conforme o tamanho do trecho a ser reproduzido. Se tiver menos de três linhas, deve
estar inserida no próprio parágrafo, entre aspas e acompanhada da menção da fonte.
Caso tenha mais de três linhas, deve ser recuada na formatação do texto, colocando-se
em novo parágrafo, entre aspas, com recuo de 4 cm, entrelinhamento simples e corpo
11. Seguem exemplos:

Citação direta curta (menos de três linhas):

Entre os princípios éticos seguidos pelo perito, está o “princípio da clareza,


pureza e persuasão na linguagem, necessário para não ensejar interpretações dúbias,
possíveis originadoras de polêmicas” (FIKER e MEDEIROS JÚNIOR, 2006:152).

Citação direta longa (mais de três linhas):

Entre os princípios éticos seguidos pelo perito, estão:

“o da lealdade e da verdade (corolário da imparcialidade) para com o


juiz e seus colegas, especialmente os assistentes, inclusive o de ter a
44

humildade de voltar atrás quando detectados erros ou impropriedades


em seu trabalho, por iniciativa própria ou em função de críticas de
assistentes, sem temor de ficar diminuído perante o magistrado, ainda
que a atitude resulte em dissabores.” (FIKER e MEDEIROS
JÚNIOR, 2006:152).

Referências bibliográficas (ou bibibliografia): todas as fontes consultadas -


livros, textos, artigos, documentos, sites etc. - devem ser citadas em ordem alfabética
pelo sobrenome do(s) autor(es). É recomendada a divisão entre a bibliografia de livros e
outras fontes, como revistas, sites, artigos etc.

Exemplo:

FIKER, José; MEDEIROS JÚNIOR, Joaquim da R. A perícia judicial: como


redigir laudos e argumentar dialeticamente. São Paulo: Liv. e Ed. Universitária de
Direito, 2006.

Quando a obra pertence a mais de três autores, usa-se a expressão latina et al


(que significa “e outros”) escrita em itálico logo após o nome do autor principal
(geralmente o que encabeça a lista de autores) e os outros nomes são suprimidos.

As recomendações da norma são utilizadas com a finalidade de garantir a clareza


e a padronização dos textos, mas não são obrigatórias, podendo ser substituídas por
outras formas conforme a preferência do autor do trabalho. A seguir serão relacionadas
diferentes opções de uso.

Além do papel no formato A4, outra opção é o tamanho ofício. É recomendado o


branco, portanto outras variações são utilizadas, sendo aconselhável evitar exageros,
como papel colorido, por exemplo. É permitido o uso de papel timbrado.

Sobre as fontes, a norma recomenda a Times New Roman, tamanho 12, porém
outros tipos são, frequentemente, utilizados como opção: Arial, Verdana e Tahoma.

O título de cada capítulo deve ser numerado por algarismos arábicos (1, 2, 3 etc.)
e os subtítulos respeitarão a sequência dos capítulos (1.1, 1.2, 1.3 etc.). O mesmo
acontece com as subdivisões, que não devem passar do terceiro nível (1.1.1, 1.1.2, 1.1.3
etc.). Se houver necessidade de novos itens, utilizar letras (a, b, c etc.) e caso se opte por
45

usar marcador, este deve ser único, não sendo recomendado o uso de mais de um tipo no
trabalho.

Antes de imprimir, é fundamental verificar a quebra de páginas, pois a quebra


em local indevido pode comprometer o bom entendimento do texto.

Os laudos judiciais não devem ser encadernados, visto que serão juntados nos
Autos. Normalmente, são entregues com grampo tipo trilho.

5.2 - Objetividade / pertinência

O laudo deve se ater à matéria da causa, sempre com base em fatos e em


fundamentos teóricos. Não deve se estender para outras áreas, evitando abrir margem
para questões que fogem do tema.

As questões jurídicas não são objeto do laudo e devem ser tratadas pelos
advogados. A missão do perito é emitir um parecer técnico que forneça subsídios para a
decisão do juiz.

O texto não deve expressar opiniões pessoais nem ser construído em primeira
pessoa. Ex.: substituir a frase “adotei o seguinte procedimento” por “foi adotado o
seguinte procedimento”.

5.3 - Concisão

As ideias devem ser expressas de forma sucinta, coerente e precisa. Um texto


prolixo torna-se cansativo, pouco convincente e propicia a dispersão do raciocínio.

Por outro lado, deve-se tomar cuidado para não omitir informações úteis e
relevantes. O texto deve resumir a ideia, mas sem prejudicar o conteúdo. Se necessário
para o bom entendimento do assunto que está sendo tratado, pode-se citar exemplos,
transcrever trechos da norma e citação de livros técnicos.

Caso seja necessário apresentar pesquisas extensas, demonstrações detalhadas de


cálculos, orçamentos, referências bibliográficas etc., o material deve ser apresentado em
46

anexo, deixando no corpo do laudo apenas as informações diretamente relacionadas ao


assunto abordado e que possam ser compreendidas por qualquer pessoa.

5.4 - Concludência

O laudo deve ser conclusivo com relação às análises técnicas, pesquisas e


cálculos apresentados, de forma que forneça informações consistentes para o juiz
proferir sua sentença.

5.5 - Correção

Além da correção nos cálculos e análises, o laudo tem que ser escrito
corretamente, em conformidade com a norma culta da língua portuguesa. Um texto bem
elaborado, claro, objetivo, conciso e coerente proporciona o bom entendimento e
contribui para a credibilidade e a seriedade do trabalho que está sendo realizado.

Visando esclarecer as dúvidas mais frequentes com relação à língua portuguesa,


serão apresentados, de forma prática, alguns tópicos e conceitos da norma culta.

6. Língua portuguesa na prática

6.1 - Novo acordo ortográfico da língua portuguesa

Alfabeto

K, W e Y foram incluídas no alfabeto, que passa a ter 26 letras.

Trema

O trema não existe mais. Permanece apenas nos nomes próprios e seus
derivados. Ex.: cinquenta, consequência, frequentemente.
47

Acentuação

Os ditongos abertos ei e oi não são acentuados em palavras paroxítonas - que são


aquelas cuja sílaba tônica é a penúltima (ex.: ideia, joia). Nos ditongos abertos de
palavras oxítonas - aquelas cuja sílaba tônica é a última - e nas monossílabas, o acento
permanece (ex.: papéis, faróis).

Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e u tônicos quando


vierem depois de um ditongo (ex.: feiura). Se a palavra for oxítona e o i ou o u
estiverem na posição final (ou seguidos de s), o acento permanece (ex.: Piauí).

As palavras terminadas em oo e eem não são mais acentuadas (ex.: voo, veem,
leem). Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir,
assim como de seus derivados manter, deter, reter, conter, convir etc. Ex.: eles têm, eles
vêm.

Não existe mais o acento diferencial em palavras homógrafas (possuem a mesma


grafia). Ex.: para (verbo); pela (substantivo e verbo); pelo (substantivo); pera
(substantivo); polo (substantivo). O acento diferencial permanece no verbo poder (3ª
pessoa do pretérito perfeito do indicativo – pôde) e no verbo pôr, para diferenciar da
preposição por. É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras
forma / fôrma.

Não se acentua mais a letra u nas formas verbais arrizotônicas (o acento tônico
não está no radical – parte invariável da palavra à qual se justapõem os afixos), quando
precedidas g ou q e antes de e ou i (que, que, gui, qui). São válidas as formas: enxague
ou enxágue; enxaguemos ou enxáguemos; apazigue ou apazígue; averigue ou averígue;
oblique ou oblíque. A regra vale também para os verbos aguar, desaguar, delinquir etc.
Deve-se dar preferência para as formas que contêm o a e o i tônicos. Argui só admite
essa forma.

Hífen

- Sempre se usa hífen diante de h. Ex.: super-homem, anti-higiênico. Exceção:


subumano, que perde o h e se aglutina com o prefixo.

- Palavras formadas por prefixo terminado em vogal:


48

Sem hífen diante de vogal diferente. Ex.: infraestrutura, semiaberto,


socioeconômico.

Sem hífen diante de consoante diferente de r e s. Ex.: anteprojeto, semicírculo.

Sem hífen diante de r e s, sendo que essas consoantes devem ser dobradas. Ex.:
antissocial, cosseno, ultrassonografia, antessala, contrarregra.

Com hífen diante da mesma vogal. Ex.: contra-ataque, micro-ondas.

- Palavras formadas por prefixo terminado em consoante:

Sem hífen diante de consoante diferente. Ex.: intermunicipal, supersônico.

Sem hífen diante de vogal. Ex.: interestadual, superinteressante, hipermercado.

Com hífen diante da mesma consoante. Ex.: inter-regional, super-resistente.

- Observações:

Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n
e vogal. Ex.: circum-navegação, pan-americano.

O prefixo co aglutina-se, em geral, com o segundo elemento, inclusive quando


este se inicia por o. Ex.: coautoria, coordenar, cooperação, copiloto.

Usa-se sempre o hífen com os prefixos vice, ex, sem, além, aquém, recém, pós,
pré, pró. Ex.: vice-presidente, ex-aluno, pós-graduação, pré-requisito, sem-terra, recém-
construído.

Não se usa hífen em palavras que perderam a noção de composição (ex.:


girassol, mandachuva, pontapé). Com exceção de paraqueda e paraquedista, outros
compostos com para continuam separados por hífen. Ex.: para-brisa, para-choque, para-
lama.

Usa-se hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim. Ex.:
capim-açu.
49

Usa-se hífen para ligar duas ou mais palavras que, ocasionalmente, se


combinam, formando encadeamentos vocabulares. Ex.: ponte Rio-Niterói, estrada Rio-
Petrópolis.

Quando a palavra é composta, usa-se o hífen apenas quando não há elemento de


ligação. Ex.: guarda-chuva, segunda-feira, bem-vindo, matéria-prima, mão de obra, dia
a dia, passo a passo, fim de semana, sala de jantar.

Em palavras compostas que denominem animais e vegetais, usa-se hífen mesmo


quando há elemento de ligação (ex.: erva-doce, joão-de-barro, bem-te-vi).

6.2 - Colocação pronominal

Os pronomes átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes) podem ser
colocados:

Antes do verbo (próclise)

Palavras de sentido negativo, advérbios, pronomes, conjunções subordinativas,


preposição em antes de verbos no gerúndio atraem o pronome. Ex.: Não se esqueça da
reunião.

Depois do verbo (ênclise)

O pronome é colocado após o verbo no infinitivo, gerúndio e imperativo


afirmativo. Ex.: Devolva-me o livro.

O pronome átono pode ser colocado antes ou depois de ter e haver quando esses
verbos formam um tempo composto, mas nunca pode ser colocado após o particípio.
Ex.: Eu tinha me lembrado de que você viria.
50

No meio do verbo (mesóclise)

O pronome é colocado no meio de verbos no futuro do presente e no futuro do


pretérito. Entretanto, se antes do verbo tiver palavras negativas ou pronomes e advérbios
interrogativos, o pronome fica antes do verbo. Ex.: Convidar-lhe-ia para ser meu
assistente. Quem me faria este favor?

6.3 - Pronomes demonstrativos

São aqueles que indicam a posição no tempo e no espaço de um determinado ser.


Os mais comuns são:

Este(s), esta(s), isto - referem-se à primeira pessoa do discurso. O objeto/ser está


próximo da pessoa que fala.

Esse(s), essa(s), isso - referem-se à segunda pessoa do discurso. O objeto/ser está


próximo da pessoa com quem se fala.

Aquele(s), aquela(s), aquilo - referem-se à terceira pessoa do discurso. O objeto/ser está


distante da pessoa que fala e da pessoa com quem se fala.

Quando se pretende retomar a elementos já mencionados no texto, usa-se aquele


(e variações) para se referir ao elemento que foi citado em primeiro lugar e este (e
variações) para o que foi citado por último. Ex.: Advogados e assistentes técnicos
compareceram à vistoria; aqueles (=os advogados), nervosos, estes (=os assistentes
técnicos), tranquilos.

Os pronomes demonstrativos esse(s), essas(s) e isso podem ser usados para


destacar um elemento mencionado anteriormente. Ex.: O parecer técnico foi entregue. O
juiz vai analisar esse documento após reler o laudo pericial.

6.4 - Pronomes relativos

São os que remetem a um termo expresso anteriormente. São eles: que, quem,
onde, o(a) qual, os(as) quais, cujo(a), cujos(as), quanto, quantos(as). Observar que a
forma quanta não é utilizada como pronome relativo.
51

Observar que, de acordo com a regência dos verbos, os pronomes relativos


devem ser acompanhados de preposição. Ex.: Este é o laudo sobre o qual (ou do qual)
lhe falei. (quem fala, fala sobre ou de algum assunto) / Essa é a informação da qual o
perito precisa (quem precisa, precisa de algo).

O pronome relativo quem equivale a o qual (e variações) e deve ser sempre


precedido de preposição. Ex.: Esse é o engenheiro a quem entreguei o documento.

Onde é pronome relativo quando equivale a em que, no qual e variações. Só


deve ser utilizado quando se refere a lugar. Ex.: Este é o local onde foi feita a vistoria.

6.5 - Pronomes de tratamento

São palavras e expressões usadas para pessoas se dirigirem a outras. Também


indicam o grau de formalidade necessário em determinados contextos.

Alguns pronomes de tratamento e suas abreviações:

Vossa Alteza (V.A.) - para príncipes e duques;

Vossa Eminência (V.Em.a) - para cardeais;

Vossa Excelência (V.Ex.a) - para altas autoridades, incluindo desembargadores da


Justiça, promotores. Vocativo: Excelentíssimo Senhor;

Vossa Magnificência (V.Mag.a) - para reitores de universidades;

Vossa Majestade (V.M.) - para reis e imperadores;

Vossa Reverendíssima (V.Rev.ma) - para sacerdotes, abades;

Vossa Santidade (V.S.) - para o papa;

Vossa Senhoria (V.S.a) - para oficiais, funcionários graduados. Utilizado na linguagem


comercial.

Quando o trato não é direto, o pronome Vossa deve ser substituído por Sua. Em
ambos os casos o verbo deverá sempre estar na 3ª pessoa.
52

Outros casos:

Comendador (Com.);

Doutor (Dr.);

Meritíssimo Juiz (M.M. Juiz) - para juízes de Direito. Vocativo: Senhor Juiz;

Professor (Prof.).

Senhor, senhores (Sr., Srs.);

Senhora, senhoras (Sra., Sras.);

Senhorita, senhoritas (Srta., Srtas.);

Você (v.).

6.6 - Abreviações de uso frequente

Advogado - Adv.º, Advo.;

Ao ano - a.a.;

Ao mês - a/m;

Ao(s) cuidado(s) de - a/c.;

Apartamento - ap., apart.;

Associação - assoc.;

Citação - cit.;

Companhia - Cia.;

Conforme - cf.;

Decreto - dec.;

Departamento, departamentos - dep., deps.;

Em mãos - E.M.;

Engenheiro - Eng., Eng.o, Engo.;

Excelentíssimo, Excelentíssima - Ex.mo, Exmo., Ex.ma, Exma.;


53

Folha, folhas - f., fl., fs., fls.;

Idem - id.;

Ilustríssimo, Ilustríssima - Il.mo, Ilmo., Il.ma, Ilma.;

Isto é - i.e.;

Limitada - Ltda.;

Mês - m.;

Observação - obs.;

Ofício - of.

Organização - org., organiz.;

Página(s) - p., pág., pp., págs.;

Parecer - par.;

Por exemplo - p.ex.;

Por procuração - p.p.;

Promotor - Prom.;

Respeitável - r.;

Referência, referente - ref.;

Registro - rg., reg.;

Remetente - remte.;

Sociedade anônima - S.A.;

Rubrica - rubr.;

Seguinte(s) - seg., segs., ss.

Dica: consultar o Manual de Redação da PUC RS em


http://www.pucrs.br/manualred/abreviaturas.php.
54

6.7 - Grafia e uso da palavra porquê

Se estiver no início ou no meio de frases interrogativas, escreve-se por que. A


mesma forma é usada quando for possível substituir por pelo qual (e flexões) e por que
motivo ou por que razão. Ex.: Por que a data foi adiada? Entendo por que (razão) o
prazo foi adiado.

No final de frase interrogativa, escreve-se por quê. Ex.: O prazo foi prorrogado.
Por quê?

Para respostas e/ou explicações, usa-se porque. Ex.: Ninguém compareceu


porque estava chovendo.

Quando precedido de artigo, usa-se porquê. Ex.: Não entendi o porquê do


comentário.

6.8 - Particípios irregulares

O particípio geralmente indica o resultado de uma ação terminada. Alguns


verbos admitem mais de uma forma, além da regular construída com os verbos
auxiliares ter e haver mais os verbos principais com sufixos ADO e IDO. Ex.: O
advogado do réu tinha recorrido ao juiz.

As formas irregulares são construídas com o verbo ser. Ex.: O recurso não foi
aceito.

Algumas formas regulares são evitadas na norma culta, preferindo-se a forma


irregular com quaisquer outros verbos auxiliares. É recomendável, por exemplo, as
formas ganho (para o verbo ganhar), gasto (para o verbo gastar) e pago (para o verbo
pagar).

A seguir, os particípios irregulares mais usuais.


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Infinitivo Particípio regular Particípio irregular

Aceitar Aceitado Aceito

Acender Acendido Aceso

Benzer Benzido Bento

Eleger Elegido Eleito

Emergir Emergido Emerso

Entregar Entregado Entregue

Enxugar Enxugado Enxuto

Expressar Expressado Expresso

Expulsar Expulsado Expulso

Extinguir Extinguido Extinto

Imergir Imergido Imerso

Imprimir Imprimido Impresso

Inserir Inserido Inserto

Matar Matado Morto

Morrer Morrido Morto

Prender Prendido Preso

Salvar Salvado Salvo

Soltar Soltado Solto

Submergir Submergido Submerso

Suspender Suspendido Suspenso


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6.9 - Crase

É a fusão da preposição a com o artigo feminino definido a(s), indicada pelo


acento grave.

Ocorre nos seguintes casos:

- Expressões que indicam hora. No entanto, junto à palavra hora sem especificação, a
crase não é utilizada. Ex. A vistoria será às 10 horas. A hora de contestar é essa.

- Locuções prepositivas, conjuntivas e adverbiais formadas de substantivos femininos,


tais como: à medida que, à proporção que, às vezes, à tarde, à direita, à esquerda etc.
Ex.: É impossível visualizar fissuras tão pequenas à noite.

- Expressão à moda de, mesmo que o termo esteja subentendido. Ex.: Ele desenha à
Oscar Niemeyer (à moda de Oscar Niemeyer).

- No termo à distância de, quando a distância está determinada. Ex.: Estava à distância
de dez metros do local do acidente. Estava a pequena distância do local do acidente.

- A preposição a se funde com o a inicial dos pronomes demonstrativos aquele(s),


aquela(s), aquilo. Ex.: Refiro-me àquele assistente técnico que não concordou com o
laudo (quem se refere, se refere a alguém ou a alguma coisa). Dirigi-me àquela casa na
esquina (quem se dirige, se dirige a alguém ou a algum lugar). Fiz críticas àquilo com
que não concordei (quem concorda, concorda com alguém ou com alguma coisa).

Na dúvida, se for possível substituir: aquele por: a aquele, para aquele, naquele;
aquela por: a aquela, para aquela, naquela; aquilo por: a aquilo, para aquilo, naquilo;
ocorre a crase.
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- Junto aos pronomes relativos que, qual, quais, dependendo do termo antecedente
(feminino) e do regente. Ex.: Admiro as causas à que você se dedica (quem se dedica, se
dedica a alguma coisa ou a alguém). Estas são as normas às quais o laudo obedece
(quem obedece, obedece a alguém ou a alguma coisa).

- Diante de nomes de lugar usa-se a crase quando à pode ser substituído por para a.
Caso seja substituído apenas por para, não se usa a crase. Na dúvida, trocar o verbo ir
pelos verbos voltar e vir. Se for necessário usar voltar (vir) da, usas-se a crase. Caso
seja utilizado voltar (vir) de, a crase não é utilizada. Ex.: Vou à Espanha (venho da
Espanha). Vou a Portugal (venho de Portugal).

- Diante dos pronomes de tratamento senhora, senhorita, dona. Ex. Referi-me à senhora
sua vizinha.

Dicas: na dúvida, substituir a palavra feminina por um termo masculino e ver se


aparece ao. Se aparecer, a crase deverá ser usada no caso em questão. Essa regra não é
aplicável a nomes próprios. Outra sugestão é substituir a preposição a por outra (para,
em, de, por etc.) e verificar se usaria para a, na, da, pela etc.

Ex.: A neblina é prejudicial à visibilidade. Passando para o masculino: A neblina


é prejudicial aos resultados. Então, ocorre a crase.

Entreguei o livro à secretária. Substituindo a preposição: Entreguei o livro para a


secretária. Então, ocorre a crase.

No caso dos pronomes relativos, se ao trocar o antecedente feminino por um


masculino tiver ao que, ao qual e aos quais, ocorre crase.

Ex.: Eis a pesquisa à qual dediquei dois meses de estudo. Passando para o
masculino: Eis o cálculo ao qual dediquei dois meses de estudo. Então, ocorre a crase.

Eis a máquina a qual utilizo sempre. Passando para o masculino: Eis o


instrumento o qual utilizo sempre. Então, não ocorre a crase.
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Não se usa crase nos seguintes casos:

- Antes de palavra masculina. Ex.: Foi levado a julgamento.

- Antes de verbo. Ex.: Ele começou a pesquisar.

- Antes de palavras no plural. Ex.: Não me refiro a pesquisas de campo.

- Antes de pronomes pessoais, inclusive os de tratamento. Ex.: Dirijo-me a V.Ex.a para


explicar o ocorrido.

- Antes da palavra terra quando indica “terra firme” (em oposição a mar). Caso a
palavra esteja modificada, admite artigo e, portanto, exige crase. Ex.: Voltei a terra para
terminar o trabalho. Voltei à terra de origem para fazer as pesquisas.

- Antes da palavra casa quando significar o próprio lar. Caso a palavra esteja
modificada, admite artigo e, portanto, exige crase Ex.: Voltei a casa para pegar a
máquina fotográfica. Voltei à casa paterna para buscar documentos antigos.

- Antes de expressões formadas por palavras repetidas. Ex.: Passo a passo para fazer um
bom laudo.

- Antes de pronomes indefinidos. Ex.: Ele está sempre exposto a alguma situação de
risco.

- Expressões adverbiais constituídas de a mais palavra feminina no singular que indica


instrumento. Ex.: Esse documento foi escrito a máquina. A carta foi escrita a mão.
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O uso da crase é facultativo nos seguintes casos:

- Antes de nomes próprios femininos. Ex.: Você referiu-se a (à) Júlia e não a mim.

- Antes de pronomes possessivos femininos. Ex.: Refiro-me a (à) sua apresentação.

6.10 - Sinais de pontuação

Ao contrário do que muitos dizem, pontuar um texto não é questão de respiração


e, sendo assim, deve obedecer a determinadas regras. A pausa não é oral e, sim, gráfica.

Vírgula

Destaca uma explicação ou um adjunto adverbial no início da frase. Ex.: O


perito, cujo trabalho já era conhecido pelo juiz, foi indicado novamente. No início da
tarde, todos foram avisados.

Separa elementos repetidos, o nome do lugar nas datas, palavras que exercem a
mesma função sintática. Ex.: A secretária falava baixinho, baixinho. Rio de Janeiro, 5
de abril de 1993. João, José, Antônio não compareceram ao local.

Isola o vocativo. Ex.: Meritíssimo, o prazo será cumprido rigorosamente.

Indica supressão de palavra subentendida. Ex.: Todos chegaram cedo; ele,


atrasado (ele chegou atrasado).

É utilizada quando a oração não está na ordem direta (sujeito / verbo /


complemento). Ex.: Para o perito, o elemento constitui uma prova.

É empregada antes da conjunção e somente quando vier repetida ou em função


da presença de sujeitos diferentes. Ex.: As pessoas chegaram, e gritaram, e reclamaram.
O autor se manifestou a favor, e o réu, contra.

É utilizada quando o quê tiver valor explicativo. Ex.: a pesquisa continha outros
dados, que não foram anexados.
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É usada antes das conjunções adversativas. Ex.: Eles apelaram, mas não
obtiveram o resultado desejado.

Ponto e vírgula

É utilizado para separar diversos itens de uma enumeração e das partes de um


todo. Ex.: Um laudo deve conter os seguintes itens: petição inicial; folha de rosto;
considerações iniciais; descrição dos fatos observados; apresentação dos critérios
adotados e métodos utilizados; conclusão; respostas aos quesitos; encerramento e,
quando necessário, anexos. A entrega do documento causou discussões: uns reclamaram
da dilatação do prazo; outros da forma de apresentação.

Ponto-final

É usado quando há necessidade de concluir uma ideia, marcando o fim de uma


oração declarativa. Ex.: Ninguém reivindicou novos cálculos, apenas a comprovação
dos dados.

Também é utilizado após o ano em datas escritas da seguinte forma: Rio de


Janeiro, 5 de abril de 1993.

Dois-pontos:

São utilizados para introduzir enumerações e citações. Ex.: Todos


compareceram: autor; réu; advogados e assistentes.

Reticências

Não são utilizadas em documentos formais, já que indicam que o sentido da


frase está em aberto, permitindo uma interpretação pessoal do leitor. Ex.: A norma não
permite, mas...
61

Ponto de interrogação

É colocado no final de uma palavra ou frase, indicando uma pergunta. Ex.: Qual
a data da reunião?

Ponto de exclamação

É colocado no final de uma palavra ou frase, indicando surpresa, espanto, alegria


etc. Não deve ser utilizado em documentos formais. Ex.: A chuva atrapalhou a vistoria!

Aspas

São utilizadas nas citações e para indicar neologismos ou termos técnicos


limitados a determinadas categorias profissionais. Se a citação começar com caixa
baixa, fechar aspas antes do ponto; se com caixa alta, fechar aspas após o ponto. Ex.:
“dolarização”. Ex.:

“no laudo, o perito, além de um resumo das alegações e posições dos


litigantes, formulará um relatório a respeito dos fatos apurados e sua
interpretação e, em função disso, apresentará englobadamente as
conclusões fundamentadas a respeito da matéria discutida.” (FIKER e
MEDEIROS JÚNIOR, 2006:42).

Travessão

Em documentos formais, são utilizados para enfatizar palavra ou trecho


importante no contexto ou para destacar uma explicação. Ex.: O processo - arquivado
em 2005 - foi reaberto devido ao surgimento de novas provas.

Parênteses

Utilizados para isolar parte do texto que encerram uma reflexão, comentário ou
explicação. Ex.: As pesquisas (iniciadas há apenas dois meses) já se mostram obsoletas.
62

6.11 - Concordância verbal

A regra geral é o sujeito concordar com o verbo, no entanto existem alguns casos
que geram dúvida, seguem os principais:

- Quando o sujeito for constituído por um coletivo, o verbo fica no singular. Se houver
especificação dos elementos, o verbo pode ficar no singular ou no plural. Ex.: O grupo
compareceu à aula. Um grupo de pessoas invadiu (ou invadiram) o prédio.

- Se o sujeito for constituído por uma expressão que indica quantidade aproximada
(perto de, cerca de, aproximadamente), o verbo geralmente fica no plural e os números
devem ser arredondados. Ex.: Perto de mil profissionais entraram em greve.

- Se o sujeito for constituído por uma expressão que indica parte de um todo, o verbo
pode ficar no singular ou no plural. Caso seja empregado o verbo ser, este concorda
com o predicativo. Ex.: A maioria das pessoas assistiu (ou assistiram) à demolição. A
maioria das pessoas eram mulheres.

- Se o sujeito for constituído pelo pronome relativo que, o verbo concorda com o
antecedente do pronome. Se o pronome relativo vier antecedido pelas expressões um
dos ou um dos + substantivo, geralmente o verbo fica na 3ª pessoa do plural. Ex.: Foram
eles que detectaram o problema. Ele é um dos engenheiros que integram a comissão.

- Se o sujeito for constituído pelo pronome relativo quem, o verbo pode ficar na 3ª
pessoa do singular ou concordar com o pronome pessoal, sujeito da oração anterior. Ex.:
A partir deste momento, sou eu quem assume (ou assumo) o cargo.

- Quando o sujeito for constituído pela expressão mais de um + substantivo, o verbo


fica no singular, exceto nos casos em que transmite ideia de reciprocidade. Ex.: Mais de
63

um engenheiro participou do cálculo estrutural. Mais de um profissional se ofenderam


na reunião.

- Se o sujeito for constituído por expressões como quais de, quantos de, alguns de,
vários de etc., seguidas dos pronomes nós, vós ou vocês, o verbo fica na 3ª pessoa do
plural , ou concorda com o pronome que representa o todo. Se a expressão estiver no
singular, o verbo acompanha. Ex.: Quantos de nós foram (ou fomos) convocados? Um
de nós foi convocado.

- Quando o sujeito é composto e vem após o verbo, este concorda com o núcleo mais
próximo ou com todo o sujeito. Ex.: Abordou-nos (ou abordaram-nos) o engenheiro e o
arquiteto.

- Se os núcleos dos sujeitos compostos forem ligados por ou ou nem, o verbo fica no
plural quando todos os sujeitos praticam a ação. Se a ação for atribuída a apenas um
sujeito, o verbo fica no singular. Ex.: Dinheiro ou joias não o corromperam. Sua
honestidade ou desonestidade revela o seu caráter.

- Se o sujeito for constituído por um ou outro ou nem um nem outro, geralmente o verbo
fica no singular. Ex.: Um ou outro prédio será demolido.

- Se o sujeito for formado por um e outro, o verbo pode ficar no singular ou no plural.
Com o verbo ser, geralmente a concordância fica no singular. Ex.: Um e outro assistente
entregaram (ou entregou) o parecer técnico. Um e outro advogado é contrário à decisão.

- Se elementos do sujeito forem ligados por expressões do tipo assim...como, não


só...mas também, tanto...como, nem...nem, geralmente o verbo fica no plural. Ex.: Nem
o vento, nem a chuva atrapalharam a reunião.
64

- Se os núcleos do sujeito estiverem unidos por com, como, assim como etc., o verbo
pode ficar no singular ou no plural. Ex.: O leigo, assim como o técnico, compreendeu
(ou compreenderam) o texto.

- Se pronomes pessoais do caso reto forem o núcleo do sujeito, a concordância se faz da


seguinte forma: eu e tu; eu, tu e ele(s); eu e ele(s) = nós / tu e ele(s) = vós. Ex.: Eu, você
e ele decidiremos o horário.

- Quando o sujeito é formado por uma expressão numérica em que se enfatiza a ideia de
conjunto, o verbo ser fica no singular. Ex.: A extensão do muro é dez metros.

- O verbo haver se flexiona normalmente quando: é empregado como verbo auxiliar;


possui sentido de comportar-se ou ajustar as contas, além de alcançar, conseguir e
obter. Ex.: Eles hão de chegar a um consenso. Eles se houveram muito bem durante a
audiência. Eles houveram o que desejavam.

- O verbo haver se conjuga apenas na 3ª pessoa do singular quando é impessoal, ou seja,


não tem sujeito. Isso acontece quando é empregado no sentido de existir ou quando
indica tempo. Nesse caso, quando o verbo haver fizer parte de uma locução, seu auxiliar
deve ficar na 3ª pessoa do singular. Ex.: Há vários pontos obscuros. O caso está parado
há três meses. Deve haver muitas maneiras de comprovar seus direitos.

- O verbo existir se flexiona normalmente. O mesmo ocorre com seu auxiliar quando o
verbo existir fizer parte de uma locução. Ex.: Existem muitos casos parecidos com o
seu. Devem existir muitas provas para esse argumento.

- O verbo fazer é impessoal quando possui sentido temporal ou quando indica


fenômenos da natureza, sendo empregado apenas na 3ª pessoa do singular. Nesse caso,
quando o verbo fazer fizer parte de uma locução, seu auxiliar deve ficar na 3ª pessoa do
65

singular. Ex.: Faz dois meses que iniciei o trabalho. Fez vários dias de sol durante o
período do projeto.

- O verbo ver é conjugado as da seguinte maneira no futuro do subjuntivo: quando eu


vir, quando tu vires, quando ele vir, quando nós virmos, quando vós virdes, quando eles
virem. A mesma regra é aplicada aos verbos rever e prever. Ex.: Quando eu vir os
cálculos, darei minha opinião.

6.12 - Concordância nominal

- As palavras anexo, obrigado, mesmo, próprio, incluso, leso e quite concordam


normalmente com os substantivos ou pronomes a que se referem. Ex.: As pesquisas
serão entreguem anexas (ou em anexo) ao laudo. Ela mesma vai fazer o levantamento
dos dados.

- As palavras alerta e menos são invariáveis. Ex.: Estamos sempre alerta. Dessa vez ele
recebeu menos críticas.

- Quando a palavra meio é empregada como adjetivo, concorda com o nome a que se
refere. Quando empregada como advérbio (modificando um adjetivo) permanece
invariável. Ex.: Escrevi apenas meia página. A pesquisa ficou meio incompleta.

6.13 - Regência

Regência é a relação de subordinação que existe entre um verbo (ou um nome) e


seus complementos. Quando o termo regente é um verbo, tem-se um caso de regência
verbal. Quando é um nome (substantivo ou adjetivo), tem-se um caso de regência
nominal. Deve-se observar que os termos regentes vêm ligados aos regidos por meio de
preposições ou sem nenhum elemento intermediário.
66

Ex.: Preciso de informações.

termo regente termo regido

preposição

Pedi adiamento.

termo regente termo regido

Ele confia em você.

termo regente termo regido

preposição

A seguir, serão apresentados alguns casos de regência verbal e nominal que,


frequentemente, causam dúvida.

Regência Verbal

Assistir: é utilizado com a preposição a no sentido de: estar presente,


presenciar, caber, competir, socorrer, prestar assistência. No sentido de estar presente,
presenciar, o verbo não admite o pronome lhe(s). Quando significa socorrer, prestar
assistência, o verbo também pode ser usado sem a preposição. No sentido de morar,
pouco utilizado hoje em dia, é acompanhado da preposição em. Ex.: Assisti à audiência.
O profissional assistiu seu cliente. Assisto no Rio de Janeiro.

Implicar: sem preposição no sentido de acarretar, provocar. Com a preposição


com no sentido de antipatizar. Ex.: Isso implicará a prorrogação do prazo. O autor
implicava com o filho do réu.

Informar, avisar, certificar, notificar, prevenir: com a preposição a ou com


de ou sobre. Informar algo a alguém ou informar alguém de ou sobre algo. Ex.:
Informei o resultado das pesquisas aos presentes. Informei os presentes sobre (ou do)
resultado das pesquisas.
67

Obedecer, desobedecer: são utilizados com a preposição a. Ex.: É fundamental


obedecer às normas.

Precisar: sem preposição de no sentido de indicar com precisão. Nos demais


casos é utilizado com a preposição de. Quando o verbo for precedido de uma oração,
normalmente omite-se a preposição. Ex.: O perito precisou o local do acidente. O réu
precisa de provas a seu favor. O laudo precisa ser claro e objetivo.

Preferir: com a preposição a. O profissional preferiu este método àquele.

Responder: com a preposição a. Ex.: Responda aos quesitos. Respondi aos


assistentes que obedeci à norma.

Visar: sem preposição no sentido de apontar, pôr o visto. Com a preposição a


quando significa ter em vista, desejar, não admitindo nesse caso o pronome lhe(s).
Quando o verbo visar é seguido de infinitivo, geralmente a preposição é omitida. Ex.: O
cálculo visou (apontou) o erro. O profissional visa à nomeação. Ele visa ser nomeado
pelo juiz.

Regência nominal

A seguir será apresentada uma lista de nomes (substantivos e adjetivos) com


suas regências mais usuais.

Acostumado: a, com / Aflito: com, por / Alheio: a, de / Ansioso: de, para, por /
Antipatia: a, com, contra, por / Apegado: a / Apto: a, para / Assíduo: a, em / Atenção: a,
com, para, para com, sobre / Atencioso: a, com, para com / Atento: a, em / Aversão: a,
para, por / Avesso: a / Bom: a, com, de, em, para, para com / Capacidade: de, para /
Capaz: de / Comum: a, entre / Confiança: com, entre / Conforme: a, com /
Consideração: a, acerca de, a respeito de, de, sobre, com, por / Contente com, em, de,
por / Contrário: a / Curioso: de, por / Desejoso: de / Digno: de / Empenho: de, em, por /
Equivalente: a, de / Estima: a, de, por / Fácil: a, de, em, para / Farto: de, em / Gosto: a,
de, em, para, por / Habituado: a, com / Idêntico: a, em / Inclinação: a, por, para /
Ingrato: a, com, para, para com / Medo: a, de / Nocivo: a / Obediência, obediente: a /
Peculiar: a, de / Predileção: para com, por / Preferência: por, sobre / Preferível: a /
Pronto: a, em, para / Próprio: a, de, para / Próximo: a, de / Relacionado: com / Respeito:
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a, de, para com, por / Satisfeito: com, de, em, por / Simpatia: com, para com, por /
Suspeito a, de / Último: a, de, em / União: a, com, de, entre / Único: a, entre.

6.14 - Vícios de linguagem

São assim denominadas tanto as construções que se desviam da norma culta


quanto as que tornam a mensagem ambígua ou produzem sons desagradáveis. Os vícios
de linguagem devem ser evitados. Seguem os mais comuns:

Cacofonia (ou cacófato): ocorre quando a sequência de palavras provoca som


desagradável. Ex.: É provável que o prédio vá cair.

Pleonasmo: é a redundância que nada acrescenta à frase. Ex.: Ele saiu para fora
do prédio.

Ambiguidade: ocorre quando o texto permite mais de uma interpretação. Ex.: O


autor participou de uma reunião com o réu, na qual ele se desculpou. (Ele quem?)

Eco: é a repetição, sem efeito estilístico, de alguns sons iguais ou muito


semelhantes em palavras próximas. Ex.: Certamente o carro estava parado na frente da
rua São Clemente.

Hiato: efeito desagradável causado por sequência de vogais. Ex.: Eu o ouvi


atentamente.

Colisão: sequência de consoantes iguais ou semelhantes. Ex.: Corrija já seus


cálculos.

Estrangeirismo: emprego indevido de termos e construções estrangeiras. Ex.: A


performance do advogado foi perfeita. (substituir por desempenho)

Queísmo: repetição excessiva de quês. Ex.: É provável que o documento que


esqueci seja o mesmo que ele disse que havia deixado com o porteiro.

Gerundismo: construção formada por verbo auxiliar + verbo auxiliar +


gerúndio. Ex.: O engenheiro vai estar refazendo as considerações.
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6.15 - Dúvidas frequentes

Acerca / a cerca / há cerca - acerca = a respeito, sobre; cerca = o entorno, o


que cerca; há cerca = tempo passado apropriado ou existe uma cerca. Ex.: Conversamos
acerca do problema. A cerca da propriedade foi levada pela ventania. Está chovendo há
cerca de dez dias. Há cerca em todos os terrenos.

Acontecer - evitar o uso. Quando possível, substituir por outros termos. Ex.: A
vistoria será realizada amanhã às 11h.

À custa de - está correto. Às custas de está errado. Ex.: Consegui o cargo à custa
de muito trabalho.

A cinco anos atrás - está errado duas vezes: para indicar tempo decorrido, usa-
se o verbo haver e há cinco anos atrás é redundância. Ex.: Comecei o curso há cinco
anos.

A meu ver - está correto. Ao meu ver está errado. Ex.: A meu ver, o resultado é
coerente.

A ponto de - está correto. Ao ponto de está errado. Ex.: Ele se arriscou a ponto
de sofrer um acidente.

Adiar para depois - é redundância. Ex.: Seu compromisso foi adiado para as
16h.

Afim / a fim - afim corresponde a semelhante. A fim pode significar para, com
finalidade. Ex.: Nossos objetivos são afins. Farei isso a fim de buscar novos dados.

Além - não deve ser usado com também ou ainda. Ex.: Além de engenheiro, ele
é arquiteto.

Alternativa - nunca usar outra alternativa, pois é redundância. Alternativa é


sempre outra. Ex.: Proponho uma alternativa para resolvermos este problema.

Ao invés / em vez - ao invés = ao contrário (ideia de oposição); em vez = no


lugar (ideia de substituição). Na dúvida, preferir em vez. Ex.: Ele preferiu divulgar o
resultado ao invés de manter sigilo. Ela mostrou as fotos em vez de apresentar o texto.

Através - quando significar por meio, preferir essa forma. Ex.: Cheguei ao
resultado por meio desta fórmula.
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Cessão / seção / secção / sessão - cessão é o ato ceder; seção significa


departamento, setor; secção vem de seccionar; sessão é o tempo que dura uma sessão
referente a alguma atividade (cinema, fisioterapia etc.).

Checar - é recomendado substituir por: verificar, conferir, comparar.

Consigo - é pronome reflexivo e indica que o sujeito pratica e recebe a ação.


Ex.: Ele falava consigo (= com ele mesmo) baixinho sobre a questão.

De + pronome - não se deve fazer a contração antes de verbos no infinitivo. Ex.:


Expliquei tudo antes de ele chegar.

De encontro / ao encontro - de encontro a significa condição contrária; ao


encontro de significa concordância. Ex.: Meu pensamento vai de encontro ao seu
(contra). O resultado veio ao encontro das minhas expectativas.

De forma que / de maneira que / de modo que - expressões corretas. É errado


usar a em vez de que. Ex.: A simulação foi feita de forma que a realidade fosse
perfeitamente retratada.

Deferir / diferir - deferir = aprovar; diferir = postergar, distinguir-se,


diferenciar-se. Ex.: O pedido foi deferido. Sua opinião difere da minha.

Despercebido - significa sem ser notado. Desapercebido significa desprevenido.


Ex.: O fato passou despercebido por todos.

Discriminar / descriminar - discriminar = distinguir, classificar; descriminar =


descaracterizar o crime, inocentar. Ex.: A discriminação dos valores contribui para a
clareza do orçamento. O documento descriminou o réu.

Em nível de / ao nível de - em nível de = no âmbito de; ao nível de = no mesmo


nível. A nível não existe. Ex.: Em nível de Brasil, a norma utilizada é a ABNT. A
complexidade do caso está ao nível da sua experiência.

Etc. - significa e tais coisas. Não deve ser precedido de vírgula e deve ser
seguido de ponto. Ex.: No laudo, devem ser descritos os dados obtidos durante a
vistoria, como endereço, características da região, informações sobre a infraestrutura do
local etc.
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Eu e mim após preposição - o pronome eu é utilizado antes de verbo no


infinitivo, exceto quando houver inversão na frase. Nos demais casos, emprega-se mim.
Ex.: Isso é para eu fazer. Para mim, trabalhar é fundamental. Não há problema nenhum
entre mim e você. Não há problema nenhum entre você e eu.

Grama - quando equivale a peso, é palavra masculina. Ex.: O material em


análise pesava duzentos gramas.

Haja vista – é sempre invariável. Haja vista o prazo, o laudo teve que ser
entregue.

Infligir / infringir - infligir = aplicar pena; infringir = desrespeitar, transgredir.


Ex.: O juiz infligiu uma pena muito severa ao réu. Seus cálculos infringiram a
recomendação da norma.

Intervir - conjuga-se como vir. Ex.: O policial interveio na discussão.

Lhe – substitui a ele, a ela, a você e a vocês. Ex.: Não lhe respondi antes por
falta de tempo.

Mais / maiores - maior é usado para exprimir tamanho. Ex.: Para mais
informações, é aconselhável recorrer à norma.

Mal / mau - mal é o contrário de bem; mau é o contrário de bom. Ex.: Ele
avaliou mal os riscos. Ele não o acusou de ser mau profissional.

Mandado / mandato - mandado = ordem judicial; mandato = representação,


incumbência. Ele recebeu o mandado de prisão. Seu mandato é de quatro anos.

Nenhum / nem um - nenhum = zero; nem um = nem sequer um. Após palavra
negativa, emprega-se nenhum(a) e não qualquer ou algum(a). Ex.: Não tenho nenhuma
dúvida. Nem um profissional ficou até o fim da palestra.

Onde / aonde - onde é usado com verbos de permanência e aonde, com verbos
de movimento. Ex.: Onde estão os documentos? Aonde você vai?

Por hora / por ora - por hora = por 60 minutos; por ora = por agora. Ex.: Ele
cobrou por hora para fazer o projeto. Por ora, não tenho mais nenhuma consideração a
fazer.
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Ratificar / retificar - ratificar = confirmar; retificar = corrigir. Ex.: Ele ratificou


a decisão anterior. O cálculo foi retificado.

Regra geral - é redundância, pois toda regra é geral.

Senão / Se não - senão = caso contrário; se não = se por acaso não. Ex.: Melhor
anotar a data, senão você vai esquecer. Avise se não for à reunião.

Sentar-se à - está correto. Sentar-se na ou ao está errado. Ex.: Sentou-se à mesa


com o advogado.

Sequer - deve ser usado com palavra negativa. Ex.: Ele nem sequer foi
informado.

Ter de - no sentido de obrigação, usa-se ter de e não ter que. Ex.: Tenho de
avaliar a procedência dessa informação.
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Dicas de consulta:

Dicionário impresso. Ex.: Aurélio e Houaiss.

Dicionário on-line. Ex.: Aulete (aulete.uol.com.br).

Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), no site da Academia


Brasileira de Letras (ABL) (www.academia.org.br, link VOLP).

Nunca confie totalmente no corretor ortográfico do Word, busque sempre outras


fontes.
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Referências bibliográficas

Livros:

FIKER, José; MEDEIROS JÚNIOR, Joaquim da R. A perícia judicial: como redigir


laudos e argumentar dialeticamente. São Paulo: Liv. e Ed. Universitária de Direito,
2006.

HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Minidicionário Houaiss da língua


portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008.

TUFANO, Douglas. Estudos de língua portuguesa: gramática. São Paulo: Ed.


Moderna, 1985.

Manuais:

Manual de redação, estilo e comunicação do departamento Nacional do SESC. Rio de


Janeiro: SESC, Departamento Nacional, 2010.

SILVA, Cirlene Mendes da. Laudos Periciais. IBAPE/SP, 2011.

Meio eletrônico:

Site Academia Brasileira de Letras, disponível em: www.academia.org.br - acessado em


19/abril/2012.

Site Manual de Redação - PUCRS, disponível em:


http://www.pucrs.br/manualred/index.php - acessado em 19/abril/2012.
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didáticos. Qualquer referência ao conteúdo aqui descrito necessita de atribuição dos créditos à
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É proibida a reprodução parcial ou total para fins comerciais.

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