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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
SELEÇÃO DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA MECÂNICA

PROJETO DE SELEÇÃO DOS MATERIAIS PARA A ESTRUTURA DA SUSPENSÃO


TRASEIRA DE UM MINI BAJA

TURMA: T-01 (24M34)

ALUNOS: José Gabriel Andrade Silva


Reginaldo Da Cunha Moto Junior

PROFESSORA: Ana Cristina Ribeiro Veloso

São Cristóvão - SE
2019
1
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................5
2. OBJETIVOS...............................................................................................5
3. METODOLOGIA........................................................................................5
4. DESCRIÇÃO DOS COMPONENTES........................................................7
5. DIMENSIONAMENTOS...........................................................................10
6. BRAÇOS DA SUSPENSÃO.....................................................................12
6.1. Tradução.................................................................................12
6.2. Triagem...................................................................................12
6.3. Classificação e Documentação...............................................14
7. MANGA DE
EIXO.....................................................................................18
7.1. Tradução.................................................................................18
7.2. Triagem...................................................................................19
7.3. Classificação e Documentação...............................................20
8. ORELHAS DE
FIXAÇÃO..........................................................................24
8.1. Tradução.................................................................................24
8.2. Triagem...................................................................................24
8.3. Classificação e Documentação...............................................25
9. AÇOS DE BAIXA
LIGA.............................................................................29
9.1. Braços da suspensão..............................................................31
9.2. Manga de eixo.........................................................................32
9.3. Orelhas de
fixação...................................................................33
10. CONCLUSÃO..........................................................................................34
11. REFERÊNCIAS........................................................................................34

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Lista de Ilustrações

Figura 1 – Estratégia para seleção de materiais conforme Ashby.................6


Figura 2 – Definição de requisitos do projeto.................................................7
Figura 3 – Desenho técnico dos braços (ou bandeja) inferiores....................7
Figura 4 – Desenho técnico do braço superior...............................................8
Figura 5 – Desenho técnico da manga de eixo..............................................8
Figura 6 – Desenho técnico das orelhas inferiores da manga de eixo...........9
Figura 7 – Desenho técnico das orelhas superiores da manga de eixo.........9
Figura 8 – Montagem dos componentes em suas respectivas posições.......9
Figura 9 – Montagem unilateral completa da suspensão.............................10
Figura 10 – Simulação de orelhas superiores pelo Solidworks....................11
Figura 11 – Diagrama de propriedades com eixos Módulo de Young x
Densidade.....................................................................................................14
Figura 12 – Fórmula do Desvio Padrão........................................................16
Figura 13 – Diagrama de propriedades com eixos Limite elástico x
Densidade....................................................................................................20
Figura 14 – Diagrama de propriedades com eixos Limite elástico x Densidade
.....................................................................................................................25

3
Lista de Tabelas

Tabela 1 – Fatores utilizados para determinar um coeficiente de segurança


para materiais dúcteis.................................................................................11
Tabela 2 – Braços da suspensão: Grupos candidatados e suas
propriedades...............................................................................................15
Tabela 3 – Braços da suspensão: Desvio Padrão de Custo no Excel........16
Tabela 4 – Braços da suspensão: Intervalos e notas para cada
propriedade.................................................................................................17
Tabela 5 – Braços da suspensão: Matriz de decisão.................................18
Tabela 6 – Manga de eixo: Grupos candidatados e suas propriedades......21
Tabela 7 – Manga de eixo: Intervalos e notas para cada propriedade........22
Tabela 8 – Manga de eixo: Matriz de decisão.............................................23
Tabela 9 – Orelhas de fixação: Grupos candidatados e suas
propriedades................................................................................................25
Tabela 10 – Orelhas de fixação: Desvio padrão de custo no Excel............27
Tabela 11 – Orelhas de fixação: Intervalos e notas para cada
propriedade.................................................................................................27
Tabela 12 – Orelhas de fixação: Matriz de
decisão........................................................................................................28
Tabela 13 – Braços da suspensão: Propriedades do AISI 9310.................31
Tabela 14 – Braços da suspensão: Composição do AISI 9310..................31
Tabela 15 Manga de eixo: Propriedades do AISI 6150..............................32
Tabela 16 Manga de eixo: Composição do AISI 6150...............................32
Tabela 17 Orelhas de fixação: Propriedades do AISI 4140.......................33
Tabela 18 Orelhas de fixação: Composição do AISI 4140........................33

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1. Introdução

Geralmente, ao comprar-se um produto, o consumidor pouco está ciente sobre a


complexidade dos processos que ocorreram até o momento do consumo. Entretanto, sabe-se que
as falhas ou defeitos são responsáveis por enormes danos financeiros e colocam em risco a vida
humana. Por isso, em qualquer tipo de projeto mecânico, a escolha do material adequado é
fundamental. É a partir dela que são otimizados o bom funcionamento da peça, como para maior
eficiência do projeto em questão como também para a segurança do produto e de seu usuário.

Diante Waddel et. al (1933), "engenharia é a ciência e a arte de tratar eficientemente com
materiais e forças. Ela envolve o design e a construção mais econômicos e assegura, quando
realizada adequadamente, a combinação mais vantajosa de acuidade, segurança, durabilidade,
velocidade, simplicidade e eficiência possível para as condições de design e serviço verificadas".
Dessa forma, a escolha de um material é bastante criteriosa, envolvendo várias etapas, que
auxiliam o projetista a escolher o material mais adequado para o uso pretendido.

Com isso, esse relatório objetiva expor e destrinchar o que se diz respeito a seleção do
material e dimensionamento dos componentes estruturais da suspensão traseira de um mini baja
para uma competição Baja-Sae Brasil. O componente como um todo, trata-se de uma suspensão
independente com geometria do tipo H-arm.

2. Objetivo

O trabalho tem como objetivo selecionar, dentre um conjunto de materiais possíveis, aquele
que possuiu as características e propriedades mais adequadas à aplicação dos esforços e
restrições exigidas para uma suspensão traseira de um mini baja, sem comprometer as
geometrias obtidas com a suspensão.

Desse modo, faz-se uso das ferramentas dos processos de seleção dos materiais, como
índices de Mérito, Mapas de Propriedades dos Materiais e matrizes de decisão, considerando
para tal um objetivo bem definido, restrições e variáveis livres.

3. Metodologia

A metodologia de seleção de materiais adotada para este trabalho utilizou a abordagem do


livro Seleção de Materiais no Projeto Mecânico escrito Michael Ashby. Esse método pode ser
dividido em 4 partes, conforme ilustra, abaixo, a figura 1. Vale ressaltar, que foi decidido
acrescentar a parte de identificação dos requisitos do projeto como um passo adicional à
metodologia proposta como forma de melhor organizar o processo.

5
Figura 1: Estratégia para seleção de materiais conforme Ashby
Fonte: Seleção de Materiais no Projeto Mecânico, Ashby

Uma breve descrição das peças e da metodologia do dimensionamento dos componentes são
apresentadas. Logo após inicia-se as etapas de tradução, ou seja, traduzir requisitos de projeto
expressos como a função do produto que se pretende escolher o material e da identificação das
variáveis livres do projeto. No que diz respeito a sua restrição e objetivos, estes são descritos em
termos de parâmetros, ou propriedades, dos materiais para que, no caso dos objetivos, fosse
possível começar a pensar-se em índices de mérito – ferramentas fundamentais para o processo
de seleção. Já na parte das restrições, pudessem ser estabelecidos os limites de atributos, os
quais serviram de base para a etapa seguinte.

A etapa de triagem, significa, como a palavra mesmo diz, triar usando restrições para eliminar
materiais que não podem fazer o serviço e utilizar ferramentas para otimizar a eliminação, a
exemplo dos diagramas de seleção dos materiais. Em seguida, é feita a etapa de Classificação,
em que os materiais aprovados na parte de triagem foram ordenados de acordo com os seus
Índices de Mérito. Por fim, é feita a parte de Documentação, no qual os materiais melhor
classificados na etapa anterior foi utilizada uma matriz de decisão para considerar outros fatores
na seleção do material final além dos índices de mérito, sendo que esse entrou como um dos
critérios. Foram procurados dados de uso, de preço,

6
Figura 2: Definição de requisitos de projeto
Fonte: Seleção de Materiais no Projeto Mecânico, Ashby

4. Descrição dos componentes

Como dito anteriormente, a suspensão em si é classificada como independente e possui sua


geometria classificada como H-arm. Serão analisados seus componentes estruturais, os quais se
dividem em: Braços da suspensão, Manga de Eixo e Orelhas de fixação.

Por ser um veículo off-road, projetado com a finalidade de estudo e pesquisa, espera-se dele
um ótimo desempenho dinâmico aliado a uma otimização do custo. Sabe-se que esse modelo de
carro é submetido a situações brutas de choques de baixa e alta frequência, aliados
respectivamente a altas e baixas amplitudes. Em questão ao outro quesito, para tornar-se mais
viável sua fabricação, o custo torna-se algo importante.

Dessa forma, a seleção correta dos materiais será imprescindível para a realização e,
também, otimização do projeto. A seguir são mostrados os desenhos dos componentes.

Figura 3: Desenho técnico dos braços (ou bandeja) inferiores.


7
Figura 4: Desenho técnico do braço superior.

Figura 5: Desenho técnico da manga de eixo.

8
Figura 6: Desenho técnico das orelhas inferiores da manga de eixo.

Figura 7: Desenho técnico das orelhas superiores da manga de eixo.

Figura 8: Montagem dos componentes em suas respectivas posições.

9
Figura 9: Montagem unilateral completa da suspensão.

5. Dimensionamentos

Para dar início a etapa de dimensionamento dos componentes do sistema de orelhas de


fixação, braços, manga de eixo, fez-se necessário quantificar as cargas e esforços aos quais
estes elementos serão submetidos. Deste modo, foi feita uma estimativa destes valores
baseando-se em prováveis situações a serem enfrentadas durante as provas da competição.

Assim, foram estimadas cargas de impacto vertical, na qual foi feita uma consideração
conservadora onde buscou-se simular um salto onde o veículo “caia de bico” apenas com as duas
rodas traseiras no chão. Para tanto adotou-se 3g de aceleração vertical estando 60% da massa
está localizada na traseira e assim, encontrou-se 2,8kN em cada roda. Para a carga de impacto
lateral adotou-se um valor igual a 3,5kN a fim de simular um capotamento provocando um
possível empenamento da bandeja de suspensão. Com os valores estimados de impacto lateral e
vertical em mãos e utilizando-se o recurso Unit load point forces do software Lotus Suspension
Analysis, aplicou-se estes esforços no centro da roda e obteve-se o valor das componentes de
reação em cada ponto da suspensão. A seguir, com os dados obtidos dispostos em uma tabela,
foram analisadas as duas condições, a de impacto vertical e a de impacto lateral.

A partir destas duas condições, verificou-se qual delas gerou mais esforços em cada ponto do
sistema, para desta forma, utilizar suas cargas no dimensionamento dos componentes. Devido à
complexidade geométrica dos demais componentes, seu dimensionamento foi feito com base em
simulações em elementos finitos com auxílio do software Solidworks, onde foram aplicadas as
devidas condições de contorno e avaliadas as tensões de von Mises.

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Figura 10: Simulação de orelhas superiores pelo Solidworks.

Para determinar o coeficiente de segurança do projeto utilizou-se uma abordagem simplificada


utilizada no livro Projeto de Máquinas de Robert L. Norton, visualizada na Tabela 1 abaixo. Para
materiais dúcteis, mais à frente será verificado que é o caso do presente trabalho, o coeficiente ou
fator de segurança real, será o maior valor entre os três que se considerou:

Ndúctil ≅ MAX (F1, F2, F3) (1)

Tabela 1: Fatores utilizados para determinar um coeficiente de segurança para materiais dúcteis.

Logo, consideramos:

 F1 = 2 (Os materiais selecionados são amplamente testados e utilizados na engenharia e


existe grande quantidade de dados disponíveis)
 F2 = 2 (As condições ambientais onde o material vai ser utilizado já foram abordadas de
forma conservadora durante o dimensionamento)

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 F3 = 2 (Foram utilizados softwares como o Lotus Suspension Analysis e o Solidworks para
modelar forças e tensões)

Portanto, será adotado um coeficiente de segurança de 2 para os braços e orelhas. Para a


manga de eixo deve ser considerado que o processo pelo qual a mesma será fabricada é o de
usinagem, encruando superficialmente o material, e após as orelhas de fixação serão soldadas
nela, criando uma zona termicamente afetada, somando esses fatores, a região de fixação
manga-orelhas terá concentradores de tensão, o que levou a escolha de um coeficiente de
segurança 3 para este componente.

6. Braços da suspensão

6.1. Tradução

 Função: os braços da suspensão têm a função de proporcionar a geometria de controle da


dinâmica veicular, ser a estrutura que liga a massa não suspensa à massa suspensa do
veículo, aguentando os esforços a qual é submetida.
 Restrições: Ter uma deflexão máxima de 1 mm, pois os parâmetros da dinâmica veicular
são sensíveis a mudanças da geometria dos pontos da suspensão. Utilizou-se a equação
da linha elástica para calcular a rigidez, utilizando as dimensões apontadas na seção 4,
obtendo-se um valor mínimo, aplicado o coeficiente de segurança, de 143 GPa para a
rigidez. Além disso, o material deve ter soldabilidade no mínimo regular (valor igual a 3 no
CES) e tenacidade a fratura de mínima de 18 MPa.m1/2, valor convencionalmente utilizado
para eliminar materiais frágeis, os quais não resistiriam aos impactos que uma suspensão
de um mini baja sofre.
 Objetivos: são objetivos para o melhor desempenho na competição minimizar a massa, o
preço, maximizar a rigidez, a resistência ao escoamento a tenacidade e a soldabilidade.
Ademais, foi discutido entre os projetistas incluir um outro critério importante, a resistência
a corrosão. Todavia, na fabricação dos braços, eles recebem uma pintura externa para
evitar tal processo. Sendo assim, esse critério foi deixado de fora dos principais objetivos.
 Variáveis livres: raio interno e material.

6.2. Triagem

As restrições determinam limites de propriedades, objetivos definem índices de material.


Quando objetivos estão ligados a restrições pode-se combinar os dois para obter o material com o
melhor conjunto. Para os braços da suspensão, buscamos um projeto rígido e leve, para tal,
define-se a função objetivo como:

m= ALρ=π r 2 Lρ(6.2 .1)

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Sua rigidez à flexão S deve ser no mínimo S*:

C 1 EI
S= 3
≥ S ¿ (6.2 .2)
L
Onde:

m=massa do componente ;
A=área da secção transversal;
L=comprimento normal à secção transversal ;
r =raio;
C 1=constante que depende somente da distribuição das cargas ;

E=módulo de elasticidade do material ;

π r4
I =momento de segunda ordem de área= .
4

Podemos diminuir a massa reduzindo r, porém somente até o ponto em que a restrição de
rigidez ainda é atendida. Usando as duas últimas equações para eliminar r na função objetivo
temos:

( ) (E )
¿ 1/ 2
4S
m= ( L5 /2 ) ρ1 /2 ( 6.2.3)
C1

Onde cada parêntese, respectivamente, significa a restrição funcional, a restrição geométrica e


as propriedades de material. As quantidades S*, L e C 1 são especificadas, logo os melhores
materiais para construir os braços da suspensão de forma leve e rígida são os que tem maiores
valores de Índice de Mérito dado por:

( )(6.2.3)
1/ 2
E
ℑ=
ρ

Note que o perfil utilizado nos braços é tubular, para a realização dos cálculos do Índice de
Mérito foi realizada a simplificação para um perfil circular a fim de simplificar os cálculos que se
tornariam intratáveis para nossa finalidade, para verificar que essa mudança não alteraria a

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função do Índice de Mérito, a qual é indicar que quanto maior o valor do mesmo menor será
massa necessária para cumprir as restrições, pegou-se três materiais que foram aprovados no
mapa de propriedades, calculou-se os seus IMs, o novo raio interno para cada material com a

equação da linha elástica utilizada na fase de restrições, Ri=∜ ℜ4 − ( F L3 4


3 δπE ), e a massa,

m=π ( ℜ2−Ri2 ) Lρ, para cada material, verificando que o material que tinha maior IM tinha menor
massa, o de IM intermediário massa intermediária e o de menor IM maior massa.

Com as restrições e o IM em mãos, podemos montar um diagrama de propriedades com o auxílio


do software CES para eliminar os materiais que não cumprem as restrições e os que têm IM
menor do que um material de referência, graficamente, os materiais abaixo da linha de IM
constante de inclinação 2 que passa pelo material de referência são eliminados. A inclinação de 2
E1/ 2
se deve a; =Constante, tomando logaritmos (pois os eixos dos diagramas de propriedades
ρ
estão em escala logarítmica), log ( E ) =2 log ( ρ )+2 log(Constante) .

Figura 11: Diagrama de propriedades com eixos Módulo de Young x Densidade

O uso dessa ferramenta reduziu o número de materiais a serem analisados e viabilizou o


projeto, facilitando as próximas etapas. Os materiais que passaram na triagem foram todos
metálicos, coerente com as restrições de tenacidade, módulo de Young e foi considerado o
processo de fabricação de soldagem. Sendo assim, os projetistas utilizaram na classificação de

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soldagem mínima, como “regular” a partir do software. Com isso, passou-se de 100 grupos de
materiais para apenas 7.

6.3. Classificação e Documentação

Após a escolha das famílias de materiais, através do diagrama montado a partir do programa
CES, foram feitas pesquisas para encontrar dados a respeito das principais características de
cada um desses materiais. Como a variação nos valores dessas características dentro de cada
família é, de certa forma, elevada, o primeiro critério utilizado pelos projetistas foi considerar que
seriam utilizados os melhores tipos de cada material escolhido, ou seja, distribuindo os melhores
dados de cada grupo de materiais.

Sendo assim, representamos estes 7, distribuídos na Tabela 2 abaixo:

MATERIAIS DENSIDA Preço Módulo LIMITE DE TENACIDAD IM Soldabilidade


DE (KG/ (BRL/Kg) de ESCOAME E (MPA× m0.5
3
m) Young NTO (MPA) )
(GPa)
Aço 8100 13,00 210 1300 150 56,57 5
inoxidável
Super ligas a 8650 54,60 245 1900 110 57,22 4,5
base de
Níquel
Aço de 7900 1,27 216 900 92 58,83 4
médio
carbono
Aço de alto 7900 1,27 215 1160 92 58,69 4
carbono

Aço de baixo 7900 1,25 215 395 82 58,69 5


carbono

Aço de liga 7900 1,35 217 1500 200 58,97 5


leve

Liga de 8500 55,00 220 460 110 55,18 4


Cromo e
Níquel
Tabela 2: Braços da suspensão: Grupos candidatados e suas propriedades.

A forma de avaliação ocorreu de forma semelhante na maioria das propriedades, uma vez que
era tomado como o valor de referência superior o maior valor que um material possuía para uma
determinada propriedade ou uma aproximação. Com o valor de referência inferior, considerou-se
como o menor valor que um material possuía ou uma aproximação. Após encontrar o valor
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superior, subtraiu-se do inferior e dividiu-se por cinco e dessa forma são estabelecidos os
intervalos e as notas respectivas para esse intervalo.

Com tudo, no avaliativo “Custo” foi considerado como máximo considerando seu desvio
padrão, pois os custos, quando comparados, mostravam um desequilíbrio muito grande. Dessa
forma, gerava pouca precisão na nota dos materiais. Os projetistas, então, perceberam que
utilizando um cálculo simples de Desvio Padrão, a precisão melhora. O cálculo, algebricamente,
fica como:

Figura 12: Fórmula do Desvio Padrão

Fonte: Site “Calcular e Converter”

Entretanto, afim de agilizar o projeto, utilizou-se a ferramenta Excell. Para o devido cálculo,
utilizou-se o algoritmo: =DESVPAD(B2:B8). Foi feito, também, o cálculo de média aritmética:
=MÉDIA(B2:B8). O intuito foi demonstrar que o desvio padrão traria, realmente, mais precisão que
a média e que a diferença entre os maiores e menores valores. Com isso, obtivemos o seguinte
resultado:

Tabela 3: Braços da suspensão: Desvio Padrão Custo no Excel.

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O Desvio padrão foi considerado como 25,34. Assim, através da Tabela 2, pode-se observar
claramente como foi a escolha de cada nota.

AVALIATIVOS Valor INTERVAL INTERVAL INTERVAL INTERVAL INTERVAL


máximo - O PARA O PARA O PARA O PARA O PARA
mínimo NOTA 5 NOTA 4 NOTA 3 NOTA 2 NOTA 1
Custo *25,34 0 - 6,00 6,00 - 12,00 – 24,00 – 30,00 - ...
(R$/Kg) (Desvio) 12,00 24,00 30,00

DENSIDADE 8650 - 7900 - 8060 - 8220 - 8380 - 8540 -


(KG/m3) 7900 8060 8220 8380 8540 8700

Limite elástico 1900 - 390 1598 - 1296 - 994 - 1296 692 - 994 390 - 692
(Mpa) 1900 1598

Índice de mérito 58,97 – 58,2 - 59 57,4 – 58,2 56,6 – 57,4 55,8 – 56,6 55 - 55,8
55,18

MÓDULO DE 245 - 210 238 - 245 224 - 238 224 - 231 217 - 224 210 - 217
YOUNG (GPA)

TENACIDADE 200 - 82 176 - 200 152 - 176 128 - 152 104 - 128 80 - 104
(MPA× m0.5 )

Soldabilidade 5,0 – 3,0 5,0 4,5 4,0 3,5 3,0

Tabela 4: Braços da suspensão: Intervalos e notas para cada propriedade.

A partir disso, montamos a matriz de decisão, na qual cada valor receberá o valor
correspondente ao intervalo de cada propriedade. Sabendo – se que cada avaliativo contém seu
peso respectivo, tomando em conta sua importância para o componente do projeto. Essa
distribuição de peso segue a seguinte condição:

Peso 5 – Muito importante

Peso 4 – Importante

Peso 3 – Média Importância

Peso 2 – Pouca importância

Peso 1 – Sem importância

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Sendo assim, logo abaixo, é construída a tabela com essas condições e a somatória dos
valores com os pesos. Com isso, pode-se achar a melhor família de materiais para os braços da
suspensão.

MATERIAIS DENSIDAD Preço Módulo LIMITE DE TENACIDAD IM Solda ANS=


E (KG/m 3) (R$/Kg) de Young ESCOAMEN E (MPA× m0.5 4 5
5 5 (GPa) TO (MPA) )
5 4 5
Aço 4 3 1 4 3 2 5 118
inoxidável
Super ligas a 1 1 5 5 2 3 4 98
base de
Níquel
Aço de 5 5 2 2 1 5 3 102
médio
carbono
Aço de alto 5 5 2 3 1 5 3 106
carbono
Aço de baixo 5 5 2 1 1 5 5 108
carbono
Aço de liga 5 5 2 4 5 5 5 146
leve
Liga de 2 1 3 1 2 1 3 72
Cromo e
Níquel
Tabela 5: Braços da suspensão: Matriz de decisão.

Desse, a família de materiais selecionada foi o Aço de liga leve.

7. Manga de eixo

7.1. Tradução

 Função: ser a estrutura de suporte para as orelhas e fazer a ligação com o cubo de roda,
suportar os esforços aos quais são submetidas.
 Restrições: assim como nas orelhas, a deflexão é baixa neste componente, portanto suas
restrições são trabalhar no regime elástico, após simulação no Solidworks utilizando
material genérico e dimensões apontadas na seção 4, aplicado o coeficiente de segurança,
obteve-se uma tensão de escoamento mínima 372 MPa. Além disso, assim como nos
braços da suspensão e orelhas, o material deve ter soldabilidade no mínimo regular (valor
18
igual a 3 no CES) e tenacidade a fratura de mínima de 18 MPa.m1/2, o material escolhido
também deve ter usinabilidade no mínimo regular (valor igual a 3 no CES).
 Objetivos: são objetivos para o melhor desempenho na competição minimizar a massa, o
preço e maximizar o limite elástico, a rigidez, a resistência a corrosão, tenacidade.
 Variáveis livres: o diâmetro externo de 121 mm por um comprimento de 35,5 mm visto na
seção A-A da Figura 4 e o diâmetro de 114 mm interno por um comprimento de 84,5 mm
também na seção A-A da Figura 4 e o material.

7.2. Triagem

Para este componente, buscaremos otimizar a resistência ao escoamento e a densidade. A


função objetivo é dada por:

m= ALρ (7.2.1)

e a área A deve ser suficiente para suportar a força F, logo:

F
≤ σ esc (7.2 .2)
A

onde σesc é a tensão de escoamento do material. Eliminando A entre essas duas equações temos:

m=( F )( L )
( σρ )(7.2.3)
esc

sendo cada parêntese, respectivamente, a restrição funcional, a restrição geométrica e as


propriedades de material. Isso nos dá um Índice de Mérito:

σ esc
ℑ= (7.2.4)
ρ

Escolheu-se como material de referência para a construção do diagrama de propriedades a


seguir o aço de baixo carbono pelos mesmos motivos indicados na secção 6.2., a reta de IM

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constante agora terá inclinação 1, pois log ( σ esc )=log ( ρ ) + log(Constante ). Aplicadas as devidas
restrições encontrou-se o seguinte diagrama:

Figura 13: Diagrama de propriedades com eixos Limite elástico x Densidade

O resultado encontrado aprovou 14 materiais para serem analisados, sendo todos metais,
devido a restrições como os processos de fabricação exigirem soldabilidade e usinabilidade. Os
projetistas interpretaram, através da classificação do CES, como pelo menos “regular” as
soldabilidade e usinagem. Além de que, foram consideradas as restrições de Tensão de
escoamento e Tenacidade mínimos.

7.3. Classificação e Documentação

Os materiais candidatos foram selecionados, mais uma vez, com o auxílio do CES. Sendo
assim, da mesma forma, os projetistas pesquisaram a respeito dos materiais, afim de encontrar as
principais características requeridas de cada um desses deles. Considerou-se, novamente, a
escolha das melhores características de cada propriedade, interpretando ser o melhor material de
cada grupo.

Dessa forma, os 14 materiais e suas características estão distribuídos como representa,


abaixo, a Tabela 6.

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Materiais DENSI Preço Módulo LIMITE TENACIDA IM SOLDABILID Usinagem
DADE (BRL/ de DE DE (MPA ADE
(KG/ Kg) Young ESCOAM 0.5
×m )
m 3) (GPa) ENTO
(MPA)
Aço 8100 13,00 210 1300 150 16,05 5 3,0
inoxdável
Aço de 7900 1,27 215 1160 92 14,68 4 3,5
alto
carbono
Aço de 7900 1,27 216 900 92 11,39 4 3,5
médio
carbono
Aço de 7900 1,25 215 395 82 5,00 5 3,5
baixo
carbono
Aço de 7900 1,35 217 1500 200 19,00 5 3,5
liga leve
Ligas 2900 5,29 80 610 35 21,00 3,5 4,5
forjadas
endureci-
das com o
tempo
Latão 8550 14,70 110 500 60 5,85 4,5 4,5
Bronze 9300 21,70 105 500 60 5,38 4,5 4,5
Níquel 8950 40,90 220 900 110 10,10 3,5 3,0
Superli- 8650 54,60 245 1900 110 22,00 4,5 3,0
gas a
base de
níquel
Liga de 8500 55,00 220 460 110 5,42 4 3,0
Cromo e
Níquel
Liga de 4800 56,30 120 1200 70 25,00 4,5 3,0
titanium
Liga de 1950 8,34 47 410 18 21,00 4 5,0
magnésio
forjado
Titânio 4520 26,90 105 600 60 13,27 4,5 3,0
puro
comercia-
vel
Tabela 6: Manga de eixo: Grupos candidatados e suas propriedades.

Assim como foi feito com os braços, o processo ocorreu de maneira semelhante. Entretanto,
como a discrepância entre os custos não foi tão alta, essa classificação seguiu da mesma forma
como os demais. Sendo assim, todos os avaliativos foram tomados em conta os menores e

21
maiores valores, divididos em 5 intervalos de nota. Assim, através da Tabela X, pode-se observar
claramente como foi a escolha de cada nota:

AVALIATIVO Valor INTERVA INTERVA INTERVA INTERVA INTERVA


S máximo LO PARA LO PARA LO PARA LO PARA LO PARA
NOTA 5 NOTA 4 NOTA 3 NOTA 2 NOTA 1
Custo 56,30 0,00-12,00 12,00 - 24,00 – 36,00 – 48,00 –
(R$/Kg) 24,00 36,00 48,00 60,00

DENSIDADE 9300 1950 - 3420 - 4890 - 6360 - 7830 -


(KG/m3) 3420 4890 6360 7830 9300

Limite elástico 1900 1599 - 1298 - 997 - 1298 696 - 997 395 - 696
(Mpa) 1900 1599

Índice de 25 20 - 25 15 - 20 10 - 15 5 - 10 0-5
mérito

MÓDULO DE 245 205 - 245 165 - 205 125 - 165 85 - 125 45 - 85


YOUNG
(GPA)
TENACIDADE 200 160 - 200 120 - 160 80 - 120 40 - 80 18 - 40
(MPA× m0.5 )
Soldabilidade 5,0 5,0 4,5 4,0 3,5 3,0

Usinagem 5,0 5,0 4,5 4,0 3,5 3,0


Tabela 7: Manga de eixo: Intervalos e notas para cada propriedade.

Com os valores das propriedades em mãos e os intervalos para as notas definidos, pode-se
montar a matriz de decisão para averiguar o material mais indicado para a nossa aplicação. A
atribuição de pesos segue a lógica dos braços da suspensão, em que

Peso 5 – Muito importante

Peso 4 – Importante

Peso 3 – Média Importância

Peso 2 – Pouca importância

Peso 1 – Sem importância

Com isso, construiu-se a tabela a seguir com os resultados obtidos para a seleção da melhor
família de materiais.

22
MATERIAI DENSIDA Preço Módulo LIMITE DE TENACIDA IM SOLDA. USINA. ANS=
S DE (KG/m3 (BRL/Kg) de ESCOAMEN DE (MPA 4 4 5
) 5 Young TO (MPA) 0.5
×m )
3 (GPa) 5 4
4
Aço 1 4 5 4 4 4 5 1 120
inoxdável
Aço de alto 1 5 5 3 3 3 4 2 113
carbono
Aço de 1 5 5 2 3 3 4 2 108
médio
carbono
Aço de 1 5 5 1 3 2 5 2 103
baixo
carbono
Aço de liga 1 5 5 4 5 4 5 2 134
leve
Ligas 5 5 1 1 1 5 2 4 101
forjadas
endurecidas
com o
tempo
Latão 1 4 2 1 2 2 4 4 88
Bronze 1 4 2 1 2 2 4 4 88
Níquel 1 2 5 2 3 3 2 1 80
Superligas 1 1 5 5 3 5 4 1 106
a base de
níquel
Liga de 1 1 5 1 3 2 3 1 70
Cromo e
Níquel
Liga de 4 1 2 3 2 5 4 1 89
titanium
Liga de 5 5 1 1 1 5 3 5 110
magnésio
forjado
Titânio puro 4 3 2 1 2 3 4 3 91
comerciável
Tabela 8 – Manga de eixo: Matriz de decisão

Logo, o selecionado foi o Aço de liga leve.

23
8. Orelhas de fixação

8.1. Tradução

 Função: fazer a ligação entre a manga de eixo e os braços da suspensão, suportar os


esforços aos quais são submetidas.
 Restrições: a deflexão é baixa neste componente, portanto suas restrições são trabalhar
no regime elástico, após simulação no Solidworks utilizando material genérico e dimensões
apontadas na seção 4, aplicado o coeficiente de segurança, obteve-se uma tensão de
escoamento mínima 216 MPa. Além disso, assim como nos braços da suspensão, o
material deve ter soldabilidade no mínimo regular (valor igual a 3 no CES) e tenacidade a
fratura de mínima de 18 MPa.m1/2.
 Objetivos: são objetivos para o melhor desempenho na competição minimizar a massa, o
preço e maximizar o limite elástico, a rigidez, a resistência a corrosão, tenacidade.
 Variáveis livres: espessura e material.

8.2. Triagem

Para as orelhas, assim como na manga de eixo buscamos maximizar a resistência ao


escoamento e minimizar a densidade, logo os cálculos de desenvolvimento do Índice de Mérito
são os mesmos dos apresentados na secção 7.2. Isso nos dá um Índice de Mérito:

σ esc
ℑ= (7.2.4)
ρ

Mais uma vez o material de referência para a construção do diagrama de propriedades a


seguir é o aço de baixo carbono pelos mesmos motivos indicados na secção 6.2., a reta de IM
constante terá inclinação 1, pois log ( σ esc )=log ( ρ ) + log (Constante).

24
Figura 14: Diagrama de propriedades com eixos Limite elástico x Densidade

Um número maior de materiais foi aprovado para este componente do que para o anterior,
contabilizando um total de 17 selecionados, isso se deve ao limite de escoamento de restrição ser
mais baixo que na manga de eixo e de não se exigir usinabilidade do material.

8.3. Classificação e Documentação

Os materiais que foram aprovados na fase de triagem foram organizados na tabela a seguir
listando-se os valores de propriedades a serem analisadas na matriz de decisão para a obtenção
do material que tem a melhor combinação de todas as propriedades desejadas.

MATERIAI DENSIDA Preço Módul LIMITE DE TENACIDA IM Soldabilidad


S DE (KG/ (BRL/Kg o de ESCOAME DE (MPA e
m 3) ) Young NTO (MPA) × m0.5 )
(GPa)
Aço 8100 13,00 210 1300 150 16,0 5
inoxidável 5
Aço de alto 7900 1,27 215 1160 92 14,6 4
carbono 8
Aço de 7900 1,27 216 900 92 11,3 4
médio 9
carbono

25
Aço de 7900 1,25 215 395 82 5,00 5
baixo
carbono
Aço de liga 7900 1,35 217 1500 200 19,0 5
leve 0
Ligas 2900 5,29 80 610 35 21,0 3,5
forjadas 0
endurecidas
com o
tempo
Latão 8550 14,70 110 500 60 5,85 4,5
Bronze 9300 21,70 105 500 60 5,38 4,5
Liga 2900 5,27 89 330 35 11,3 3,5
Fundida 8
Titânio puro 4520 26,90 105 600 60 13,2 4,5
comerciável 7
Cobre 8940 19,80 148 350 90 3.92 3
Níquel 8950 40,90 220 900 110 10,1 4,5
0
Superligas 8650 54,60 245 1900 110 22,0 4,5
a base de 0
níquel
Liga de 8500 55,00 220 460 110 5,42 4
Cromo e
Níquel
Liga forjada 2900 5,33 72 286 42 9,86 3,5
endurecida
não
envelhecida
Liga de 4800 56,30 120 1200 70 25 4,5
titânio
Liga de 1960 122 380 800 60 40,8 3,5
tungstênio 2
Liga de 1950 8,34 47 410 18 21,0 4
magnésio 0
forjado
Tabela 9 – Orelhas de fixação: Grupos candidatados e suas propriedades.

A metodologia para a escolha dos intervalos, correspondentes a cada nota que o material irá
receber, foi a mesma utilizada para os braços. Ou seja, os custos relativos dos materiais também
possuíam disparidades grandes quando comparados. Desse modo, foi utilizado o mesmo método
de Desvio Padrão, utilizando-se, novamente, o Excel como ferramenta.

26
Tabela 10 – Orelhas de fixação: Desvio padrão de custo no Excel

Com isso, dispomos das seguintes notas para o que se quer avaliar de cada família de
materiais:

AVALIATIVO Valor INTERVA INTERVA INTERVA INTERVA INTERVA


S máximo LO PARA LO PARA LO PARA LO PARA LO PARA
NOTA 5 NOTA 4 NOTA 3 NOTA 2 NOTA 1
Custo *31,06 0-8 8 - 16 16 - 24 24 - 32 32 - ...
(R$/Kg) (Desvio)

DENSIDADE 9300 1950 - 3420 - 4890 - 6360 - 7830 -


(KG/m3) 3420 4890 6360 7830 9300

Limite elástico 1900 1577 - 1200 - 931 - 1254 608 - 931 285 - 608
(Mpa) 1900 1577

Índice de 40,82 26 - 45 27 - 36 18 - 27 9 - 18 0-9


mérito

MÓDULO DE 380 313 - 380 246 - 313 179 - 246 112 - 179 45 - 112
YOUNG
(GPA)
TENACIDADE 200 160 - 200 120 - 160 80 - 120 40 - 80 18 - 40
(MPA× m0.5 )

Soldabilidade 5,0 5,0 4,5 4,0 3,5 3,0

27
Tabela 11 – Orelhas de fixação: Intervalos e notas para cada propriedade.
Com os valores das propriedades em mãos e os intervalos para as notas definidos pode-se
montar a matriz de decisão para averiguar o tipo de material mais indicado para a nossa
aplicação. Da mesma forma, como foi feita com os dois componentes anteriores, a matriz é
composta pelos valores de intervalos e os respectivos pesos de cada avaliativos, justificados
assim:

Peso 5 – Muito importante


Peso 4 – Importante
Peso 3 – Média Importância
Peso 2 – Pouca importância
Peso 1 – Sem importância

Dessa forma, foi feita a matriz de decisão para a melhor família de materiais que será
selecionada para as orelhas de fixação.

MATERIAI DENSIDA Preço Módulo LIMITE DE TENACIDAD IM SOLDA ANS=


S DE (KG/m3 (BRL/Kg) de ESCOAMEN E (MPA
) Young TO (MPA) 0.5
×m )
(GPa)
Aço 1 4 3 4 4 2 5 104
inoxidável
Aço de alto 1 5 3 3 3 2 3 90
carbono
Aço de 1 5 3 2 3 2 3 85
médio
carbono
Aço de 1 5 3 1 3 1 5 86
baixo
carbono
Aço de liga 1 5 3 4 5 3 5 117
leve
Ligas 5 5 1 2 1 3 2 80
forjadas
endurecidas
com o
tempo
Latão 1 4 1 1 2 1 4 64
Bronze 1 3 1 1 2 1 4 59
Liga 5 5 1 1 1 2 2 71
Fundida
Titânio puro 4 2 1 1 2 2 4 67
comerciável
Cobre 1 3 2 1 3 1 1 52

28
Níquel 1 1 3 2 3 2 4 70
Superligas 1 1 3 5 3 3 4 89
a base de
níquel
Liga de 1 1 3 1 3 1 3 56
Cromo e
Níquel
Liga forjada 5 5 1 1 2 2 2 75
endurecida
não
envelhecida
Liga de 4 1 2 3 2 3 4 80
titânio
Liga de 5 1 5 2 2 5 2 88
tungstênio
Liga de 5 4 1 1 1 3 3 75
magnésio
forjado
Tabela 12: Orelhas de fixação: Matriz de decisão.

Sendo mais uma vez escolhido o Aço de liga leve.

9. Aços de Baixa Liga

Todo aço contém carbono, porém quando é necessário que o produto atinja outras
propriedades mecânicas que o aço carbono comum não atinge, os elementos de liga — cromo,
níquel, vanádio, entre outros — são adicionados à composição química. Os aços-liga costumam
ser designados de acordo com o elemento predominante, por exemplo: aço-níquel, aço-cromo,
aço-cromo-vanádio. A seguir algumas características dos aços de baixa liga:

 São aços com adição intencional de pequenos teores de outros elementos de liga (1,5% -
5,0%).
 Em sua Composição Química a soma dos teores dos elementos de liga não ultrapassa
5%.
 Obtenção de melhores propriedades mecânicas
 Aumento de dureza e resistência mecânica
 Redução de custos

Cada elemento de liga é adicionado com o intuito de melhorar determinadas características, a


seguir alguns elementos de liga e como eles influenciam as propriedades mecânicas do aço:

Cromo (Cr):

29
 Aumenta a resistência a corrosão e a oxidação.
 Aumenta a resistência em altas temperaturas (granulação fina).
 Resistência ao desgaste.
 Reduz a velocidade crítica de têmpera.
 Aumenta a dureza.

Molibdênio (Mo):

 Influência favoravelmente a dureza e a resistência a quente.


 Aumenta a resistência a Tração.
 Aumenta a Temperabilidade.
 Aumenta a resistência em altas temperaturas.

Vanádio (V):

 Inibe o crescimento do grão.


 Aumenta a resistência mecânica.
 Aumenta a resistência à abrasão.
 Aumenta a resistência à fadiga.
 Melhora a usinabilidade.

Silício (Si):

 Auxilia a desoxidação e a grafitização.


 Aumenta a resistência à oxidação em elevadas temperaturas.
 Aumenta a resistência a tração.
 Melhora a Temperabilidade.
 Aumenta a fluidez.

Níquel (Ni):

 Refina o grão.
 Melhora a resistência a tração.
 Aumenta a resistência à oxidação e corrosão.
 Aumenta a resistência ao impacto.

Cobalto (Co):

 Aumenta a resistência a corrosão.


 Aumenta a resistência a tração.
 Aumenta a dureza.
 Diminui a temperabilidade.

30
9.1. Braços da suspensão

O aço de baixa liga escolhido para os braços da suspensão foi o AISI 9310, um aço-níquel-
cromo-molibdênio de baixo carbono, o que confere boa soldabilidade e tenacidade (devido ao
refinamento de grão provocado pelo níquel), restrições do componente, além disso o cromo
proporciona uma melhor resistência a corrosão e o molibdênio boa resistência. A seguir a
composição química e algumas propriedades desse aço obtidas no CES:

DENSIDA Preço Módulo de LIMITE DE TENACIDADE


DE (KG/ (BRL/Kg) Young (GPa) ESCOAME (MPA× m0.5 )
3
m) NTO (MPA)
AISI 3140 7800 2,60 216 630 115

Tabela 13: Propriedades do AISI 9310.

COMPOSIÇÃO PORCENTAGEM

C (CARBONO) 0,08 - 0,13%

CR (CROMO) 1 - 1,4%

FE (FERRO) 97,3 - 98,2%

MN (MANGANÊS) 0,45 - 0,65%

MO (MOLIBDÊNIO) 0,08 - 0,15%

NI (NÍQUEL) 3 - 3,5%

P (FÓSFORO) 0 - 0,025%

S (ENXOFRE) 0 - 0,025%

SI (SILÍCIO) 0,15 - 0,3%

Tabela 14: Composição do AISI 9310.

31
9.2. Manga de eixo

Para este componente, levamos em conta a sua condição de fabricação ser usinabilidade,
logo os aços da série 61xx são os indicados devido ser um aço-cromo-vanádio, este componente
melhora a usinabilidade desse material. O aço escolhido foi o AISI 6150, também de médio
carbono, garantindo boa resistência ao material, o cromo aumenta a resistência a corrosão do
material. A seguir a composição química e algumas propriedades desse aço obtidas no CES:

DENSIDA Preço Módulo de LIMITE DE TENACIDADE


DE (KG/ (BRL/Kg) Young (GPa) ESCOAME (MPA× m0.5 )
3
m) NTO (MPA)
AISI 6150 7800 1,59 212 680 108

Tabela 15: Propriedades do AISI 6150.

COMPOSIÇÃO PORCENTAGEM

C (CARBONO) 0,48 - 0,53%

CO (COBALTO) 0,25%

CR (CROMO) 0,8 - 1,1%

CU (COBRE) 0,25%

FE (FERRO) 97,4 - 98,2%

MN (MANGANÊS) 0 - 0,04%

NI (NÍQUEL) 1,1 - 1,4%

P (FÓSFORO) 0 - 0,035%

S (ENXOFRE) 0 - 0,04%

SI (SILÍCIO) 0,1 - 0,35%

V (VANÁDIO) 0,15 - 0,25%

32
Tabela 16: Composição do AISI 6150.

9.3. Orelhas de fixação

O material escolhido foi do tipo aço-molibdênio, o AISI 4140, aço de médio carbono
(permitindo uma boa compatibilidade com a manga para a soldagem) cuja presença de molibdênio
aumenta a resistência a tração e de cloro a resistência a corrosão. A seguir a composição química
e algumas propriedades desse aço obtidas no CES:

DENSIDA Preço Módulo de LIMITE DE TENACIDADE


DE (KG/ (BRL/Kg) Young (GPa) ESCOAME (MPA× m0.5 )
3
m) NTO (MPA)
AISI 6150 7800 1,35 216 715 107

Tabela 17: Propriedades do AISI 4140.

COMPOSIÇÃO PORCENTAGEM

C (CARBONO) 0,38 - 0,43%

CR (CROMO) 0,8 - 1,1%

FE (FERRO) 96,8 - 97,8%

MN (MANGANÊS) 0,75 - 1%

MO (MOLIBDÊNIO) 0,15 - 0,25%

P (FÓSFORO) 0 - 0,04%

S (ENXOFRE) 0 - 0,04%

SI (SILÍCIO) 0,1 - 0,35%

Tabela 18: Composição do AISI 4140.

33
10. Conclusão

A primeira conclusão que podemos chegar é que a seleção de materiais não é uma tarefa
fácil, mas dá resultados mais precisos de material selecionado para o uso escolhido. Após várias
etapas de seleção encontramos matérias que condizem e são satisfatórios para o nosso uso de
um veículo mini baja. Os aços de baixa liga têm propriedades superiores aos dos aços carbonos
simples (material de referência), o que proporcionará um melhor desempenho. Com o material
escolhido, o projeto pode seguir para a fixação das outras variáveis livres, otimizando-as.

11. Referências

Seleção de Materiais no Projeto Mecânico, ASHBY, Michael F., Editora Elsevier, 3ª Ed.
Ciência e Engenharia de Materiais: uma introdução. CALLISTER JR, William D., Editora LTC, 5ª
Ed.
Seleção de Materiais no Projeto Mecânico, ASHBY, Michael F., Editora Elsevier, 3ª Ed.
Aços e Ferros Fundidos, CHIAVERINI, Vicente, ABM, 6ª Ed.
Mecânica dos Materiais, F. Beer, 4a edição, 2011.
Fundamentals of Vehicles Dynamics, Thomas D. Gillespie, Society of Automotive Engineers, 1992.

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